as possibilidades de uso dos potenciais … · eles o óleo diesel destaca-se em volume importado,...

10
AS POSSIBILIDADES DE USO DOS POTENCIAIS ENERGÉTICOS DE MATO GROSSO EM SUBSTITUIÇÃO AOS COMBUSTÍVEIS IMPORTADOS E DANOSOS AO MEIO AMBIENTE *OTACÍLIO BORGES CANAVARROS NOEL FLÁVIO COSTA FERREIRA MOISÉS CÂNDIDO DE MELO JOSÉ ERMETE RABELLO LEITE *ENG° QUÍMICO E PROF. DR - PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT ENG° ELETRICISTA – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT ENG° QUÍMICO ESP. – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT ENG° CIVIL – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT Resumo O texto apresenta as informações essenciais para o entendimento das reais possibilidades do uso dos potenciais energéticos de Mato Grosso em substituição aos combustíveis importados e danosos ao Meio Ambiente. Abstract The text presents the essentials information’s to the understanding of the possibilities of use of energetics potentials of Mato Grosso in substitution to imports fuels and dangerous to the environment. 1. Introdução O texto apresenta uma síntese das características do Estado de Mato Grosso e de suas mesorregiões, uma resenha do consumo total de energia por grupos de energéticos e sua projeção no cenário tendencial no período 2005 a 2011.Os potenciais energéticos de Mato Grosso com possibilidades reais de aproveitamento nos próximos anos são mostrados, objetivando a substituição de energéticos importados e nocivos ao meio ambiente. 2. Mesorregiões de Mato Grosso Figura 1 – Mato Grosso e suas Mesorregiões

Upload: phamnhu

Post on 20-Jan-2019

214 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

AS POSSIBILIDADES DE USO DOS POTENCIAIS ENERGÉTICOS DE MATO GROSSO EM SUBSTITUIÇÃO AOS COMBUSTÍVEIS

IMPORTADOS E DANOSOS AO MEIO AMBIENTE

*OTACÍLIO BORGES CANAVARROS NOEL FLÁVIO COSTA FERREIRA

MOISÉS CÂNDIDO DE MELO JOSÉ ERMETE RABELLO LEITE

*ENG° QUÍMICO E PROF. DR - PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT

ENG° ELETRICISTA – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT ENG° QUÍMICO ESP. – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT

ENG° CIVIL – PESQUISADOR NO NIEPE/UFMT Resumo O texto apresenta as informações essenciais para o entendimento das reais possibilidades do uso dos potenciais energéticos de Mato Grosso em substituição aos combustíveis importados e danosos ao Meio Ambiente. Abstract The text presents the essentials information’s to the understanding of the possibilities of use of energetics potentials of Mato Grosso in substitution to imports fuels and dangerous to the environment. 1. Introdução O texto apresenta uma síntese das características do Estado de Mato Grosso e de suas mesorregiões, uma resenha do consumo total de energia por grupos de energéticos e sua projeção no cenário tendencial no período 2005 a 2011.Os potenciais energéticos de Mato Grosso com possibilidades reais de aproveitamento nos próximos anos são mostrados, objetivando a substituição de energéticos importados e nocivos ao meio ambiente.

2. Mesorregiões de Mato Grosso Figura 1 – Mato Grosso e suas Mesorregiões

3. Características do Estado O Quadro 1 apresenta uma síntese das características sócio-econômicas e energéticas de Mato Grosso e de suas cinco mesorregiões.

(*) Taxa de câmbio: R$/US$ = 3,04 (Dólar/venda médio no ano 2003) (**) PIB de MT no ano de 2002 (1) FONTE: SEPLAN/MT

(2) A FIBGE apresenta uma área de 901.420,70 Km², portanto 1.919,07 Km² superior à declarada pela SEPLAN/MT, diferença esta não incorporada a nenhum dos municípios do Estado, conforme informação da SEPLAN/MT.

(3) FONTE: FIBGE - População estimada nd – não disponível

MESORREGIÃO

ESPECIFICAÇÃO UNIDADE

MESO CENTRO

-SUL

MESO SUDESTE

MESO SUDOESTE

MESO NORDESTE

MESO NORTE

MATO GROSSO

ÁREA (1) Km² 99.529 71.987 70.184 177.049 480.749 899.501 (2) POPULAÇÃO (3) hab 978.207 380.883 289.643 242.955 759.647 2.651.335 • POPULAÇÃO URBANA hab nd nd nd nd nd nd • POPULAÇÃO RURAL hab nd nd nd nd nd nd DENSIDADE DEMOGRÁFICA hab/km² 9,83 5,29 4,13 1,37 1,58 2,95 PRODUTO INTERNO BRUTO (1) 10

6 US$ nd nd nd nd nd (*) 5.884

(**) PRODUÇÃO DE ENERGIA PRIMÁRIA 10³ tEP 328,8 391,9 1.363,5 75,7 452,6 2.612,5

IMPORTAÇÃO TOTAL DE ENERGIA Importação Importação Estadual Importação Inter Regiões

10³ tEP

866,2 367,3 482,9 16,0

479,9 -

413,4 66,5

161,1 -

161,1 -

210,9 -

172,3 38,6

872,6 33,6

622,1 216,9

2.590,7 400,9

1.851,8 338,0

EXPORTAÇÃO TOTAL DE ENERGIA Exportação Exportação Estadual Exportação Inter Regiões

10³ tEP

-385,7 -

340,4 45,3

-20,2 -

19,7 0,5

-531,1 0,7

239,2 291,2

-8,3 -

7,9 0,4

-82,1 -

82,1 -

-1.028,0 0,7

689,3 338,0

OFERTA INTERNA DE ENERGIA 10³ tEP 802,2 838,0 853,3 267,2 1.222,0 3.982,7

CONSUMO FINAL DE ENERGIA 10³ tEP 1.002,4 756,9 702,1 257,8 1.142,9 3.862,1 CONSUMO FINAL DE GASOLINA 10³ tEP 91,6 27,6 13,5 15,5 45,9 194,1

CONSUMO FINAL ÓLEO COMB. 10³ tEP 8,2 18,9 0,3 3,0 0,3 30,7

CONSUMO FINAL DE ÓLEO DIESEL

10³ tEP 343,8 341,3 137,5 143,5 551,4 1.517,5

CONSUMO FINAL GLP ( RESID.) 10³ tEP 31,1 14,7 8,9 8,1 21,4 84,2

CONSUMO FINAL DE BAGAÇO 10³ tEP 12,1 81,1 375,1 11,9 110,8 591,0 CONSUMO FINAL ÁLCOOL ETÍLICO

10³ tEP 27,4 9,3 4,2 4,4 15,6 60,9

CONSUMO FINAL LENHA (RESID.)

10³ tEP 19,7 10,0 17,5 13,0 42,4 102,6

CONSUMO FINAL CARVÃO VEGETAL (RESIDENCIAL) 10³ tEP 1,2 1,0 0,4 0,4 1,0 4,0

OFERTA INTERNA DE ELETRICIDADE

GWh -1.330,0 204,5 -943,1 137,6 744,5 -1.188,6

GERAÇÃO DE ELETRICIDADE GWh 3.302,1 569,6 1.509,3 106,9 469,3 5.959,3 CONSUMO FINAL ELETRICIDADE GWh 1.544,8 660,3 455,5 211,0 1.048,3 3.920,0

CONSUMO DE ELETRICIDADE (INDUSTRIAL) GWh 303,1 205,2 145,5 45,9 345,5 1.045,2

CONSUMO ELETRICIDADE (RESID.)

GWh 554,8 160,3 97,9 69,3 272,4 1.154,8

CONSUMO ELETRICIDADE (COMERCIAL) GWh 355,9 109,7 47,6 39,0 207,6 759,6

No. DE CONSUMIDORES DE ELETRICIDADE (RESIDENCIAL)

unidade 229.899 94.737 59.698 43.315 142.280 569.929

EMISSÕES DE CO2 (Não Biogênicas) 103 ton. 2.394,1 1.306,1 507,6 537,8 2.120,7 6.866,3

4. Consumo Total de Energia por Grupos de Energéticos

Quadro 2 - CONSUMO TOTAL DE ENERGIA POR GRUPOS DE ENERGÉTICOS MATO GROSSO - UNIDADE: 10³ tEP Projeção: Período 2005 a 2011

ANOS

GRUPOS DE ENERGÉTICOS

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011

DERIVADOS DE PETRÓLEO 2.165,7 2.160,3 2.385,5 2.250,6 1.885,4 2.048,7 2.166,6 2.390,5 2.566,8 DERIVADOS DE BIOMASSA 940,3 1.079,2 1.083,6 1.115,1 1.384,3 1.304,2 1.341,8 1.443,4 1.435,9 ELETRICIDADE 611,5 732,3 884,5 930,0 1.136,8 1.295,2 1.422,5 1.612,8 1.782,0 GÁS NATURAL - - - 44,3 367,3 444,8 418,1 488,1 468,9

FONTE: UFMT/ELETRONORTE, 2005

GRÁFICO 1 – EVOLUÇÃO DO CONSUMO TOTAL DE ENERGIA POR GRUPOS DE ENERGÉTICOS

MATO GROSSO - UNIDADE: 10³ tEP Projeção: período 2005 a 2011

0,00

1.500,00

3.000,00

4.500,00

6.000,00

7.500,00

1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011

GAS NATURAL

ELETRICIDADE

DERIVADOS DE BIOMASSA

DERIVADOS DE PETRÓLEO

Analisando o Quadro 2 observa-se que o grupo de energéticos mais consumido corresponde aos derivados de petróleo, importados e não renováveis e ainda danosos ao meio ambiente. Dentre eles o óleo Diesel destaca-se em volume importado, a gasolina automotiva, o GLP bem ainda o óleo combustível em reduzida quantidade, combustíveis estes para os quais são analisadas as possibilidades de substituição da demanda dos mesmos. A total dependência externa destes derivados propicia a evasão de divisas, prejudica o estado já precário das rodovias de Mato Grosso em razão do intenso tráfego acarretado pelos caminhões tanques das distribuidoras destes derivados, com capacidade de transporte de até 50.000 litros, os quais diariamente utilizam as estradas transportando os combustíveis da Refinaria de Paulínia/SP, aumentando os riscos de acidentes e os desastres ecológicos. 5. Potenciais Energéticos de Mato Grosso O Quadro 3 apresenta as estimativas dos potenciais energéticos, especificados por mesorregiões e por energéticos, objetivando uma menor dependência energética externa, estimulando o uso dos elevados potenciais hidráulicos e principalmente o incremento dos derivados de biomassa na matriz energética do Estado. Assim exposto, as reais possibilidades de substituição passam a ser considerada, as quais devem ser feitas de forma criteriosa, ao longo do período do consumo dos energéticos (2007 a 2011), apresentado no Quadro 2.

Quadro 3 - Estimativas Atuais dos Potenciais Energéticos por Mesorregiões Unidade: 10³ tEP/ano

FONTE : UFMT/ELETRONORTE, 2005 5.1 – Potenciais Hidráulicos Os potenciais hidráulicos em Mato Grosso estão distribuídos em grande número de seus rios, notadamente naqueles localizados nas mesorregiões Norte e Sudeste, sendo que na primeira delas muitos municípios continuam sendo supridos com energia elétrica gerada nas termoelétricas a Diesel, de propriedade da concessionária CEMAT. Os potenciais energéticos localizados na mesorregião Nordeste encontram-se distantes, cerca de 500 km, dos municípios atendidos pelas termoelétricas, havendo a necessidade da construção de linhas de transmissão para o suprimento em substituição à energia gerada por meio de motores Diesel. O balanço energético do Estado assegura que no ano 2003, o consumo de óleo Diesel nos centros de transformação para a geração de eletricidade, localizados na mesorregião Norte, foi de 32,0 x 103 tEP, equivalente a 37,7 milhões de litros (BEEMT, 2004). Assim, é recomendável que os projetos de aproveitamento dos potenciais hidráulicos localizados nessa mesorregião sejam estimulados e até mesmo priorizados, quando da apresentação dos mesmos junto aos órgãos de financiamento, ressaltando que o PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica, aprovou dez PCHs totalizando 165,00 MW de potência contratada, bem ainda nove PCHs em fase de apreciação para serem aprovadas, totalizando 159,64 MW. 5.2 – Potenciais: Resíduos de Madeira e Casca de Arroz A utilização da biomassa em Mato Grosso para fins energéticos encontra-se muito aquém das reais possibilidades que estes produtos podem trazer de benefícios à matriz energética estadual. Em razão da ocorrência de consideráveis potenciais energéticos desses resíduos, acredita-se que um entendimento comercial entre as empresas produtoras e as consumidoras dos referidos produtos, bem ainda medidas de estímulo e fomento por parte do Governo Estadual, propiciariam consideráveis ganhos econômicos a ambas as partes e principalmente ao Estado, duplamente beneficiado tendo em vista a substituição de combustíveis importados e a eliminação da queima dos resíduos a céu aberto, a qual tem como conseqüência os problemas de saúde da população residente nas proximidades. O potencial energético relativo aos resíduos de madeira, estimado em 115,6 x 103 tEP médio/ano, estando localizado na Mesorregião Norte, distante em média 700 km de Cuiabá e tendo em vista a elevação substancial do seu custo de aproveitamento na hipótese do mesmo vir a ser transportado, é recomendável que os resíduos sejam utilizados na própria mesorregião. Sabe-se que algumas indústrias localizadas naquela mesorregião vêm substituindo, nos últimos anos, o óleo combustível pelos resíduos de madeira, a exemplo da fábrica de cimento do Grupo Votorantin localizada no município de Nobres, onde o coque de petróleo importado dos Estados Unidos está sendo paulatinamente substituído pelos resíduos da madeira e pela casca de arroz.

MATO GROSSO E MESORREGIÕES Potênciais Energéticos Mato

Grosso Centro Sul Sudeste Sudoeste Nordeste Norte

Energia Hidráulica (MW) 4.067,5 118,2 1.071,2 267,1 478,2 2.132,8 Resíduos de Madeira 115,6 - - - - 115,6 Casca de Arroz 13,0 - - - - 13,0 Bagaço de cana 193,1 7,1 13,6 140,2 11,1 21,1 Palhas e Pontas 80,9 1,7 9,9 53,5 1,6 14,2 Biodiesel (a partir de 2007) 88,4 - 36,4 52,0 - - Energia Solar (kwh/m2.dia (média anual) 5,0 - - - - -

Energia Eólica - - - - - - Gás Natural 217,5 217,5 - - - - Conservação de Energia Elétrica (GWh/ano) 212,4 106,9 28,3 27,6 8,3 41,4

Os resíduos de madeira constituem-se de pedaços de tamanhos irregulares bem ainda de serragem e de pó, este predominantemente nos resíduos das serrarias que desdobram as toras em tábuas, linhas, caibros e ripões. Assim, a serragem e o pó poderiam ser aproveitados para a produção de “briquetes”, com possibilidades de substituir parte do GLP consumido nas residências localizadas na área urbana das cidades na Mesorregião Norte, em face ao elevado custo do GLP naquela mesorregião. Uma outra aplicação para estes derivados de biomassa seria a comercialização dos mesmos, sob a forma de “briquetes”, para aproveitamentos nas indústrias localizadas distantes, em substituição ao óleo combustível pelo fato do “briquete” ser economicamente transportável para outras mesorregiões. Face ao elevado potencial energético dos resíduos de madeira na Mesorregião Norte e levando em conta que se trata de uma região em franco crescimento populacional, agrícola, industrial e comercial, acredita-se que uma expressiva parcela do potencial poderia acionar uma termoelétrica, implantada sob a forma de uma cooperativa das próprias empresas madeireiras, propiciando a geração de energia elétrica para as suas próprias necessidades e ainda comercializando o excedente para a concessionária CEMAT, eliminando o consumo do óleo Diesel nas termoelétricas naquela mesorregião. Relativamente ao potencial energético alusivo à casca de arroz, estimado em 13,0 x 103 tEP médio/ano, também localizado na Mesorregião Norte, igualmente em face da elevação do seu custo na hipótese de transportá-lo para outras mesorregiões, acredita-se que o melhor aproveitamento possa ser sob a forma de “briquetes”, o qual tem possibilidades econômicas de atender ao mercado de outras mesorregiões para uso no setor industrial em substituição ao óleo combustível e no residencial em substituição ao GLP. 5.3 – Potenciais: Bagaço, Pontas e Palhas de Cana O potencial energético do bagaço de cana no Estado é de 193,1 x 103 tEP médio/ano, enquanto o potencial energético virtual das palhas e pontas de cana é de 80,9 x 103 tEP médio/ano, ressaltando que o mesmo só passará a ser efetivo a partir do momento em que a colheita da cana deixe de ser feita manualmente após o processo das queimadas, substituída pelas máquinas colheitadeiras. Tendo em vista que os potenciais representados pelo bagaço estarão sempre no pátio das indústrias sucroalcooleiras enquanto os de palhas e pontas nos canaviais, estes quase sempre situados nas proximidades das referidas indústrias, acredita-se que o aproveitamento energético dos mesmos, de forma economicamente viável, seja a conversão em eletricidade na própria indústria pelo processo de cogeração, objetivando a comercialização da eletricidade excedente, a exemplo do que vem ocorrendo em duas usinas sucroalcooleiras no Estado. Sabe-se que algumas usinas, situadas não muito distantes de indústrias que demandam o óleo combustível, vêm comercializando parte do seu excedente de bagaço de cana, a exemplo da Usina Jaciara, localizada no município de Jaciara, na Mesorregião Sudeste, a qual atende a demanda de algumas indústrias em Rondonópolis, possibilitando a substituição do óleo combustível.

5.4 – Potenciais: Biodiesel O projeto de pesquisa em fase final de implementação, ajustado entre a ELETRONORTE e a UFMT, buscando aperfeiçoar a tecnologia para a produção de biodiesel na comunidade isolada de Guariba, município de Colniza na mesorregião Norte em plena Amazônia Mato-grossense, vem despertando o interesse empresarial para com este novo combustível renovável no Estado. O biodiesel, produzido a partir de várias oleaginosas cultivadas na região pela comunidade, será testado em motores estacionários para a produção de energia elétrica em substituição ao óleo Diesel importado, procedente da Refinaria de Paulínia/SP, distante cerca de 2.500 km daquela localidade. A abertura do mercado brasileiro para o biodiesel em razão da autorização recente do Governo Federal para a adição do mesmo ao óleo Diesel, inicialmente na proporção de 2 % e posteriormente ampliada para 5 %, veio estimular ainda mais o interesse do empresariado em

investir em Mato Grosso na produção desse energético, tendo em vista a existência da matéria prima e a segurança de mercado para o produto no próprio Estado. O Quadro 4 apresenta o consumo de óleo Diesel em Mato Grosso por mesorregiões.

QUADRO 4 - Consumo Total de Óleo Diesel em Mato Grosso

Unidade: 103 m3 Mesorregiões 1999 2000 2001 2002 2003 2004 Mato Grosso 1.503,2 1.691,1 1.796,1 1.744,0 1.789,5 2.004,5

Meso Centro Sul 413,7 503,1 581,5 396,7 405,4 488,7 Meso Sudeste 228,3 285,4 315,2 396,0 402,5 453,5 Meso Sudoeste 101.8 116,7 138,0 168,5 162,1 168,4 Meso Nordeste 94,2 110,7 124,7 152,8 169,2 169,1

Meso Norte 665,2 675,2 636,7 629,9 650,2 704,9 FONTE: BEEMT, 2004 Analisando os dados pode-se fazer uma estimativa da diminuição da demanda de óleo Diesel importado, em decorrência da introdução do biodiesel na mistura na proporção volumétrica de 5 %, a partir do ano 2007 quando já se prevê a oferta do biodiesel em Mato Grosso, estimativa essa que corresponderia a uma redução de 102.093 m3 de óleo Diesel equivalente a 86,6 x 103 tEP. Na estimativa admitiu-se o volume do óleo Diesel, projetado para o ano 2007, de cerca de 1.735.500 m3 demandado pelo Estado no atendimento aos setores da economia, exceto o setor energético, quantidade esta que representa uma diminuição de cerca de 2.552 viagens de carretas com capacidade de 40.000 litros, anualmente trafegando nas precárias estradas de Mato Grosso. 5.5 – Potenciais: Energia Solar O Estado deve melhor aproveitar as elevadas horas de insolação que o beneficia em razão de sua posição geográfica, não apenas para uso térmico bem como para a geração de eletricidade, valendo-se das tecnologias atualmente disponíveis, beneficiando a população de inúmeras comunidades localizadas nas regiões mais distantes, com remotas possibilidades de suprimento através da extensão das redes de energia elétrica da concessionária. 5.5.1 – Uso Térmico O uso térmico da energia solar, embora muito assimilada e em uso nos hotéis, hospitais, motéis, etc, ainda é pouco aceita pela maioria da população, em razão do seu custo ainda situar-se acima das possibilidades de aquisição, porém, a sua utilização pode ser ampliada para as residências situadas nas classes A e B, ambas de maior consumo de eletricidade. Nesse sentido é necessário o estabelecimento de estratégias para o barateamento do custo dos coletores solares e das condições de pagamento, além de campanhas de “marketing” buscando conscientizar e atrair a população para o uso da energia solar térmica, reduzindo o uso do chuveiro elétrico, exatamente no horário de ponta do sistema elétrico, propiciando a diminuição da quantia a ser paga à concessionária.Um incentivo governamental direcionado à população residente nas cidades muito distantes, onde o suprimento de energia é feito com a eletricidade gerada através de motores a Diesel, é uma outra possibilidade a ser analisada, visto que com o uso dos coletores solares haveria uma redução do consumo de um combustível importado e danoso ao meio ambiente. Uma pesquisa realizada há oito anos em nove bairros de Cuiabá atingindo um universo de 350 residências de pessoas das classes: A (53,4 %); B (35,1 %); C (11,5 %), teve o intuito de conhecer os motivos da pouca utilização de coletores solares nas residências e avaliar quais as reais possibilidades de expansão do uso dos mesmos (IEL, 1997). O resultado da pesquisa revelou que apenas 15,7 % das residências tinham o sistema de coletores solares instalados, sendo que 96,4 % delas estavam satisfeitas com o sistema instalado; 87,3 % tinham os sistemas instalados há mais de dois anos, sendo 30,9 % adquiridos de representantes locais, 34,5 % de empresas em outros estados. Revelou-se ainda que 30,9 % afirmaram que a economia na conta de energia foi na faixa de 10% a 20%. Dentre os 84,3 % que não dispunham dos sistemas de coletores, 35,0 % declararam que estariam dispostos a adquirir os sistemas a um preço de até R$ 1.000,00, à

época, enquanto 29,8 % afirmaram que estaria interessado em receber informações a respeito para melhor avaliar os benefícios advindos. Sabendo-se que o consumo de eletricidade no setor residencial no Estado, em 2003, foi de 1.154.829 MWh (BEEMT, 2004), e admitindo que 10 % desse consumo (115.483 MWh), sejam devidos ao uso de chuveiros elétricos e aquecedores, pode-se estimar a energia solar captada pelos coletores solares para o aquecimento de água. Admitindo que as residências responsáveis por 20 % daquele consumo venham a optar pelo uso de coletores solares, estima-se um mercado de 23.096 MWh/ano , equivalente a 6,7 x 103 tEP médio/ ano. 5.5.2 – Solar Fotovoltaico

O uso da energia solar para a produção direta de energia elétrica é indicado para as comunidades isoladas, localizadas muito distantes das redes elétricas da concessionária, em razão do custo de extensão destas superar os custos da energia solar fotovoltaica. Sabe-se que o principal entrave à expansão do uso da energia fotovoltaica no interior do Brasil na década passada com o PRODEEM - Programa de Desenvolvimento Energético dos Estados e Municípios, foi a falta de manutenção do sistema de geração fotovoltaica. Com a extinção do PRODEEM e o incremento do Programa “LUZ PARA TODOS”, acredita-se ter chegado o momento de se implementar políticas públicas que possibilitem o aproveitamento da energia solar nas comunidades isoladas, viabilizando a aquisição dos “kits” solares pela população em condições facilitadas de pagamento, podendo para tanto o governo estadual adquiri-los em grande quantidade e obviamente a um custo reduzido, valendo-se de uma parte dos recursos financeiros decorrentes do ICMS, altamente incidente sobre a fatura mensal dos consumidores, notadamente os de maior consumo, cobrada pela concessionária CEMAT e recolhida ao cofre público estadual. A empresa ELETRONORTE, responsável por muito tempo pela implementação do PRODEEM, realizou, nos últimos anos, um levantamento em cerca de vinte e sete municípios do interior do Estado, relacionando nas comunidades isoladas, as escolas, os postos de saúde, centros comunitários, igrejas, etc., objetivando ao atendimento das mesmas com a energia solar através dos denominados “kits” de aproveitamento solar. Com base nas informações (ELETRONORTE, 2005), os municípios levantados e ainda não beneficiados com os kits solares totalizam vinte e sete, localizados, quase todos, nas mesorregiões Norte e Nordeste. Nesses municípios foram contabilizadas cerca de 940 unidades (escolas, postos de saúde, etc.) e calculados os tipos de Kits para cada uma delas, podendo os mesmos ser resumidos da seguinte forma: 43 % de Kits tipo 6 (8 placas de 75 W/cada), 35 % de Kits tipo 2 (5 placas de 57 W/cada) e 22 % de Kits tipo 3 (3 placas de 110W/cada). O Quadro 5 apresenta uma síntese das estimativas de mercado para a energia solar nas comunidades isoladas referidas.

QUADRO 5 Estimativas de Carga para o Atendimento com a Energia Fotovoltaica

FONTE: ELETRONORTE, 2005 5.6 – Potenciais: Gás Natural Com o pleno funcionamento do “city gate” da empresa MT GÁS, o potencial do gás natural boliviano em Cuiabá, há 3 anos disponível para usos em outros setores da economia estimado em 600x10³m³/dia, começou a ser utilizado em sua etapa inicial sob a forma de GNV - gás natural veicular, disponibilizado em alguns postos de abastecimento das cidades de Cuiabá e Várzea

Nº. de municípios levantados

Pontos de instalações Quantidade em Watts TOTAL

(MW)

Kits tipo 6 Kits tipo 2 Kits tipo 3

Mato Grosso

27 940 242.520 93.765 68.244 0,4

Grande (MTGÁS, 2005), propiciando uma pequena redução do consumo de gasolina automotiva, embora obviamente diminuindo também o consumo do álcool anidro, face à presença deste misturado à gasolina automotiva. O consumo do gás natural em alguns grandes estabelecimentos industriais, comerciais, bem ainda prédios e condomínios residenciais, localizados nas duas referidas cidades, também está sendo priorizado pela empresa MTGÁS com o início da construção do denominado “anel do gás” com 58 km de extensão, abrangendo parte do contorno da cidade de Cuiabá, estando sendo aguardado para o segundo semestre de 2006 o término da primeira etapa do anel com 10 polegadas de diâmetro. A empresa MTGÁS acredita em um aumento gradual do consumo do gás ao longo dos próximos 5 anos, atingindo no ano 2010 uma demanda da ordem de 350 x 103 m3/dia, o que corresponde a 127,8 x 103 tEP/ano, propiciando assim apreciáveis reduções da importação dos derivados de petróleo: GLP, óleo Diesel, óleo combustível e gasolina automotiva. O Quadro 6 apresenta a estimativa de mercado do gás natural.

QUADRO 6 - Estimativas de Mercado para o Gás Natural nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande

Unidade: 10³ m³/dia

Anos Veículos de Transporte

Distrito Industrial Indústria/Comércio

Condomínios Residenciais TOTAL

2006 20 50 - - 70 2007 30 60 30 5 125 2008 50 70 50 10 180 2009 70 80 70 15 235 2010 100 100 100 50 350

FONTE: MTGÁS Em uma primeira etapa está sendo propiciado o uso do GNV através de alguns postos de distribuição, estando programado para 2006 o atendimento às empresas do Distrito Industrial de Cuiabá localizado bem próximo ao “city gate” e a partir de 2007 a distribuição irá beneficiar grandes empresas comerciais e industriais localizadas fora da área do Distrito e ainda os edifícios e condomínios residenciais, em Cuiabá e Várzea Grande (MTGÁS, 2005). Em se concretizando a demanda de 500.000 m³/dia no ano 2012, haverá necessidade da vazão do gás na tubulação procedente da Bolívia, ser ampliada para, inicialmente, 3,8 milhões de m³/dia, fato este que exigirá a construção de estações de bombeamento ao longo dos 600 km de percurso do gasoduto, ao custo de U$ 50 milhões por estação (MTGÁS, 2005). Com a circulação dos veículos “flex fuel”, ocorrerá um aumento na demanda do álcool etílico hidratado no Estado e conseqüentemente uma diminuição no consumo da gasolina bem como uma redução também na demanda do álcool etílico anidro misturado à gasolina, daí porque a introdução do GNV deve ser estimulada nas duas cidades, através de um programa especial, em substituição ao óleo Diesel nas frotas de ônibus urbanos e camionetas. 5.7 – Potenciais: Conservação de Energia Elétrica Os potenciais decorrentes da conservação de energia elétrica em Mato Grosso podem ser estimados, desde que um programa nesse sentido seja equacionado e posto em prática com a participação efetiva de todos os segmentos organizados da sociedade a serem beneficiados. As principais linhas de ação de um programa dessa natureza seriam: - pesquisa de hábitos de consumo e posse de eletrodomésticos; - estudo das características de consumo residencial e comercial por grupo de consumidores atendidos através de um mesmo transformador e alimentador; - projeto piloto de substituição de aparelhos de iluminação usual em residências e logradouros públicos, por outros mais eficientes; - estudo do comportamento da curva de carga do sistema; - otimização do consumo de eletricidade nos setores: industrial, comercial e agropecuário.

Para efeito de estimativa do potencial elétrico que poderá surgir em decorrência do programa de eficiência energética acima sugerido, acredita-se que, na hipótese do mesmo vir a ser implementado ao longo dos próximos quatro anos, o percentual médio de perdas totais no Estado poderia ser reduzido em 25 %, isto é, decairia de 16 % para 12 % no Estado. O Quadro 7 apresenta a estimativa dos potenciais por mesorregiões decorrentes da redução de 25 % das perdas totais, considerando aquelas relativas ao ano 2003.

Quadro 7 - Potenciais de Energia Elétrica Decorrentes da Redução das Perdas

Unidade 103 tEP Anos 1999 2000 2001 2002 2003 2004

Mato Grosso 55,5 54,6 59,8 59,0 61,6 77,5 Meso Centro Sul 28,0 29,1 36,4 33,8 31,0 32,1 Meso Sudeste 9,2 7,1 6,6 7,2 8,2 11,0 Meso Sudoeste 6,3 6,1 5,8 5,3 8,0 18,7 Meso Nordeste 3,8 2,8 2,6 2,0 2,4 2,1 Meso Norte 8,2 9,5 8,4 10,7 12,0 13,5

Para efeito apenas comparativo, a diminuição das perdas de eletricidade estimadas em 61,6 x 103 tEP médio/ano, no ano 2003, equivalente a 212.413 MWh médio/ano, corresponde aproximadamente a 71 % do total de eletricidade consumida no setor agropecuário do Estado no mesmo ano (BEEMT, 2004). 5.8 – Estimativas das Substituições de Energéticos Após os comentários sobre as possibilidades de utilização dos potenciais energéticos, é apresentada uma estimativa de substituição de combustíveis importados bem ainda do aumento da oferta de eletricidade e/ou da economia da mesma, relativamente ao ano 2007. O Quadro 8 apresenta as estimativas de substituições decorrentes da utilização dos potenciais energéticos, alusivas ao ano 2007 escolhido para fins de exemplificação.

Quadro 8 - Estimativas das Substituições de Energéticos em Mato Grosso - Ano 2007

Derivados de Petróleo

Especificação Potenciais

Óleo Diesel 10³ tEP

Gasolina Automotiv

a 10³ tEP

GLP 10³ tEP

Óleo Combustível

10³ tEP

Coque 10³ tEP

Economia de Eletricidade

MWh

Oferta Eletricidade

MWh

Mesorregiões Beneficiadas

Hidráulica (1) 1.105.652 Todas

Resíduos Madeira 23,0 6,6 (2) Norte Casca de Arroz (3) 13,0 6,6 (2) Norte Bagaço de Cana 19,7 129.207 (6) Todas

Pontas e Palhas de Cana

83.689 (6) Todas

Biodiesel (4) 86,6 Todas Energia Solar

Térmica 23.090 Todas

Energia Solar Fotovoltaica

876 Norte e Nordeste

Gás Natural (5) 7,1 3,5 4,0 Centro-Sul Conservação de Energia Elétrica

212.413 Todas

FONTE: UFMT/ELETRONORTE, 2005

(1) Consideradas as hidroelétricas com entrada em operação prevista até 2006, totalizando 210 MW, segundo a ANEEL - BIG - OUTUBRO/ 2005

(2) Levando-se em conta o máximo de substituição possível do coque (65%), segundo as normas técnicas operacionais da fábrica de cimento.

(3) A substituição não deverá ser concomitante tendo em vista que o potencial da casca de arroz é insuficiente para substituir todo o GLP e o coque de petróleo.

(4) O valor foi calculado levando-se em conta o percentual de substituição do óleo Diesel em 5 % ( B5), nos diversos setores da atividade econômica, exceto o setor energético

(5) Considerados os valores que se apresentam nas projeções relativas ao ano 2007, para o GLP e óleo combustível consumidos pelo setor industrial bem ainda pelas projeções fornecidas pela MTGAS no tocante ao consumo de GNV nas cidades de Cuiabá e Várzea Grande.

(6) Levando-se em conta o rendimento médio, em torno de 30% de uma térmica para gerar eletricidade utilizando este tipo de combustível.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

• ANEEL, 2005 – Agência Nacional de Energia Elétrica; BIG – Banco de Informações de Geração, Julho 2005; • ANUÁRIO, 2004 – Anuário Estatístico do Estado de Mato Grosso – Ano 2004; SEPLAN – Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral do Estado de MT.

• BEEMT, 2004 – Balanço Energético de Mato Grosso e Mesorregiões – Ano 2004; SICME – Secretaria Estadual de Indústria, Comércio, Minas e Energia, Março 2005; • CEMAT, 2005 – Centrais Elétricas Mato-Grossense S.A. – Boletim de Mercado com dados energéticos de produção e consumo de energia elétrica – Ano 2005. • DALL’OGLIO E OUTROS, 2005 – Dall’oglio, Evandro L. – “Biodiesel uma Visão de Futuro” – In: Informativo do Conselho Regional de Química – XVI Região /MT – Ano 2-3, Cuiabá , 2005; • DA SILVA, 1992 – Da Silva, Ennio. P. – “Energia Eólica” – AIPSE/ FEM/ UNICAMP – Apostila do Curso de Planejamento de Sistemas Energéticos – Campinas,1992; • FEMA, 2004, “Inventário de Resíduos Sólidos Industriais no Estado de Mato Grosso” – Governo de Mato Grosso – Fundação Estadual do Meio Ambiente – FEMA/MT, Ano 2002; • FIBGE, 2004 – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Censo Demográfico - Ano 2000 • FIBGE, 2005 – Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - Produção Agrícola Municipal – Período 1995 – 2003 • FIEMT, 2005, Entrevista com o Eng. Florestal Sr. Álvaro Fernando Cícero Leite – assessor da FIEMT para assuntos de Meio Ambiente – Setembro, 2005; • IEL, 1997, “Pesquisa Usos Coletores Solares Bairros Cuiabá e Várzea Grande” – IEL – Instituto Euvaldo Lodi – Ano 1997; • JANUZZI, 1993, Januzzi, G.M., “Planejando o Consumo de Energia Elétrica através de Programas de Difusão de Tecnologias mais Eficientes” – Revista Brasileira de Energia Vol. 3 n° 1 – Ano 1993; • MTGÁS, 2005, - Entrevista com o Eng º. Marcio Guimarães Júnior – Diretor Comercial da Empresa MTGÁS – Agosto, 2005; • SEPLAN, 2005 – Secretaria de Planejamento do Estado de Mato Grosso - Informativo Sócio-econômico de Mato Grosso – Ano 2005 • SINDALCOOL, 2005 – Boletim Informativo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso – Março, 2005; • TECBIO,2005 – “Projeto UNISELVA – Usina para a Produção de 100 l/h de Biodiesel em Mato Grosso, no município de Colniza na localidade de Guaribas – Contrato n° 010/2005 entre TECBIO/UNISELVA, Outubro 2005;