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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ FERNANDA DA SILVA ASSAF AS OBRIGAÇÕES QUE ACOMPANHAM O BEM IMÓVEL ARREMATADO JUDICIALMENTE Tijucas 2006

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

FERNANDA DA SILVA ASSAF

AS OBRIGAÇÕES QUE ACOMPANHAM O BEM IMÓVEL ARREMATADO JUDICIALMENTE

Tijucas

2006

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FERNANDA DA SILVA ASSAF

AS OBRIGAÇÕES QUE ACOMPANHAM O BEM IMÓVEL ARREMATADO JUDICIALMENTE

Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Educação Tijucas. Orientador: Prof. MSc Daniel Geraldo Gebler

Tijucas

2006

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FERNANDA DA SILVA ASSAF

AS OBRIGAÇÕES QUE ACOMPANHAM O BEM IMÓVEL ARREMATADO JUDICIALMENTE

Esta Monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Bacharel em

Direito e aprovada pelo Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de

Educação Tijucas.

Área de Concentração: Direito Privado

Tijucas (SC), 21 de novembro de 2006.

Professor MSc. Daniel Geraldo Gebler UNIVALI – CE de Tijucas

Orientador

Professor MSc. Juliano Garcia Gomes UNIVALI – CE de Tijucas

Membro

Professor MSc. Leonardo Matioda UNIVALI – CE de Tijucas

Membro

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ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade pelo

aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a Universidade do Vale

do Itajaí - UNIVALI, a Banca Examinadora e o Orientador de toda e qualquer

responsabilidade acerca do mesmo.

Tijucas (SC), 21 de novembro de 2006.

Fernanda da Silva Assaf

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A Deus que me deu força para finalizar mais um projeto

em minha vida.

Ao meu esposo, pelo incentivo, compreensão, paciência

e carinho demonstrados em todo momento desta jornada.

Aos meus pais e irmãos, pelo companheirismo e

confiança que tiveram na minha capacidade de alcançar mais

esta conquista.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu esposo, Gilberto, que sempre esteve ao meu lado, demonstrando

amor e confiança.

Aos meus pais Dirson e Luzia, meus irmãos Fábio e Ricardo, e minha avó

Leila, que me incentivaram a buscar e concretizar mais um sonho.

As minhas amigas Daniela Paschoal Ramos, Isolete Albano Fraga e

Fernanda Hasse Cabral, que me auxiliaram e que muitas vezes dedicaram seu

tempo e paciência nesta jornada, demonstrando o verdadeiro vínculo que nos une, a

amizade.

Ao Professor Daniel por sua paciência, dedicação e atenção, durante toda a

elaboração deste projeto.

As funcionárias da Univali, Amanda, Fernanda, Fabiana, Leandra, Salete e

Leila, que desde o início do curso, sempre estavam prontas a ajudar no que fosse

preciso.

A todos aqueles que de alguma maneira contribuíram para que este projeto

fosse concluído.

A todas as pessoas que eu conheci nesta caminhada e que passaram a fazer

parte da minha história.

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(...) não apresse os seus passos; é melhor que a jornada

demore muitos anos e seu barco só ancore na ilha quando

você já estiver enriquecido com o que conheceu no caminho.

Konstantinos Kavafis

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RESUMO

As obrigações, juridicamente falando, consistem em dar, fazer ou não fazer

alguma coisa, estabelecendo assim, vínculo entre duas ou mais pessoas. Seu

objetivo principal é a prestação economicamente alcançável, buscando a satisfação

do que foi estabelecido entre o devedor e o credor. No caso das obrigações propter

rem, estas aderem a coisa, tendo, portanto, sujeito passivo indeterminado e caráter

perpétuo, obrigando qualquer sujeito que seja titular ou possuidor do bem. É através

do processo de execução que o credor busca, mediante a atuação do Estado, o

adimplemento da prestação assumida pelo devedor. Caso não haja o pagamento da

obrigação, o devedor se sujeita a nomear bens a penhora ou ter os mesmo

nomeados pelo credor, ocorrendo assim a penhora, avaliação e expropriação de tais

bens. A aquisição de bens imóveis através da alienação judicial decorrente do

processo de execução, dar-se-á por quem, em hasta pública, ofertar o maior preço,

realizando assim a arrematação do bem e a conversão do mesmo em dinheiro para

que se possa realizar a liquidação do crédito do exeqüente. O adquirente dos bens

imóveis fica sujeito a alguns ônus de cunho pecuniário decorrentes do próprio bem e

outros judiciais, que deriva do processo de execução.

Palavras-chaves: Obrigações propter rem. Processo de execução. Bens

imóveis. Arrematação.

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RESUMEN

Las obligaciones, hablando jurídicamente, consisten en dar, hacer o no hacer

alguna cosa, estableciendo de esta forma un vínculo entre dos o más personas. Es

su objetivo principal buscar una prestación económicamente alcanzable logrando la

satisfacción de lo que fue establecido entre el deudor y el acreedor. En lo que

respecta a las obligaciones propter rem, estas se unen a la cosa, teniendo por lo

tanto un sujeto pasivo indeterminado y carácter perpetuo, obligando a cualquier

sujeto que sea titular o poseedor de un bien. El acreedor busca, a través de un

proceso de ejecución mediante la actuación del Estado, el pago de la prestación

asumida por el deudor. En caso de que no exista el pago de dicha obligación, el

deudor debe nombrar los bienes a ser embargados o los mismos son nombrados por

el acreedor, realizándose de esta forma el embargo, evaluación y expropiación de

tales bienes. La adquisición de los bienes inmuebles a través de la venta judicial que

resulta del proceso de ejecución se otorgará, en acta pública, a quien oferte el valor

más alto, realizándose de esta forma el remate del bien y la conversión del mismo en

dinero para que se pueda saldar la liquidación del crédito del ejecutor. Aquel que

obtiene los bienes inmuebles adquiere algunos gastos resultantes del propio bien y

otros judiciales que derivan del proceso de ejecución.

Palabras clave: Obligaciones propter rem. Proceso de ejecución. Bienes

inmuebles. Remate.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Art. Artigo

Arts. Artigos

c/c cominado com

CC Código Civil Brasileiro

CPC Código de Processo Civil Brasileiro

CTN Código Tributário Nacional

MSc. Mestre

n. Número

p. Página

STJ Superior Tribunal de Justiça

STF Supremo Tribunal Federal

TRF Tribunal Regional Federal

UNIVALI Universidade do Vale do Itajaí

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CATEGORIAS BÁSICAS E CONCEITOS OPERACIONAIS

ADJUDICAÇÃO – “Ato judicial em que o credor recebe a coisa penhorada em

pagamento de seu crédito. Só cabe se na praça ou leilão não houver nenhum

licitante (arts. 708 e 714).” (FUHRER, 1990, p. 138).

ARREMATAÇÃO JUDICIAL – “Consiste a arrematação no ato de expropriação

executiva com que o órgão judicial efetua, a qualquer concorrente da hasta pública,

a transferência coativa dos bens penhorados, mediante recebimento do respectivo

preço.” (THEODORO JÚNIOR, 2003, p. 215)

BENS IMÓVEIS – “[...] são aqueles bens que não podem ser transportados sem

perda ou deterioração” (VENOSA, 2006, p. 306).

EMBARGOS À ARREMATAÇÃO – “É o meio de defesa do devedor, para a anulação

de arrematação, em virtude de nulidade, pagamento, novação, transação ou

prescrição superveniente a penhora (art. 746).” (FUHRER, 1990, p. 142).

GARANTIAS REAIS – “[...] é onde o próprio devedor, ou alguém por ele, destina

todo ou parte do seu patrimônio para assegurar o cumprimento da obrigação

contraída.” (DINIZ, 2002, p. 208).

OBRIGAÇÃO – “[...] é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre

devedor e credor e cujo objetivo consiste numa prestação pessoal econômica,

positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o

adimplemento através de seu patrimônio.” (MONTEIRO, 2003, p. 8).

OBRIGAÇÃO PROPTER REM1 – “[...] é aquela em que o devedor, por ser titular de

um direito sobre uma coisa, fica sujeito a uma determinada prestação, que por

conseguinte, não derivou da manifestação expressa ou tácita de sua vontade. O que

o faz devedor é a circunstância de ser titular do direito real, e tanto isso é verdade,

1 Obrigação em razão da coisa. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 712).

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que ele se libera da obrigação se renunciar a esse direito.” (RODRIGUES, 2002, p.

79)

PROCESSO DE EXECUÇÃO – “[...] é o instrumento processual posto à disposição

do credor para exigir o adimplemento forçado da obrigação através da retirada de

bens do patrimônio do devedor ou do responsável, suficientes para a plena

satisfação do exeqüente, o que se operará em seu benefício e independentemente

da vontade do executado – e mesmo contra a sua vontade – conforme entendimento

doutrinário unânime.” (MONTENEGRO FILHO, 2005, p. 259)

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................15

2 OBRIGAÇÕES.............................................................................................18 2.1 CONCEITO ........................................................................................................19

2.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL ...................20

2.3 FONTES DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL.........................................................22

2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES .............................................................24

2.4.1 Obrigações Quanto ao seu Objeto ..................................................................24

2.4.2 Obrigações em Relação ao seu Vínculo .........................................................25

2.4.3 Obrigações Quanto ao Modo de Execução.....................................................25

2.4.4 Obrigações em Relação à Pluralidade de Sujeitos .........................................26

2.4.5 Obrigações Quanto aos Elementos Acidentais ...............................................27

2.4.6 Outras Classificações......................................................................................27

2.5 OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL ..............................................................29

2.6 OBRIGAÇÕES PROPTER REM........................................................................30

2.7 EFEITOS OBRIGACIONAIS ..............................................................................31

2.7.1 Pagamento ......................................................................................................32

2.7.2 Inadimplemento...............................................................................................36

3 PROCESSO CIVIL................................................................................................40 3.1 PROCESSO DE CONHECIMENTO...................................................................40

3.2 PROCESSO CAUTELAR...................................................................................41

3.3. PROCESSO DE EXECUÇÃO ...........................................................................42

3.3.1 Princípios no Processo de Execução ..............................................................43

3.3.1.1 Princípio da execução real ...........................................................................44

3.3.1.2 Princípio da limitação ao direito do credor....................................................44

3.3.1.3 Princípio da utilidade da execução...............................................................45

3.3.1.4 Princípio da economia da execução.............................................................45

3.3.1.5 Princípio da especificação da execução.......................................................46

3.3.1.6 Princípio dos ônus da execução...................................................................47

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3.3.1.7 Princípio do respeito à dignidade humana ...................................................47

3.3.1.8 Princípio da disponibilidade da execução.....................................................48

3.3.2 Requisitos Essenciais do Processo de Execução ...........................................48

3.3.3 Procedimentos da Execução...........................................................................51

3.3.4 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente ..................................51

3.3.4.1 Inicial ............................................................................................................52

3.3.4.2 Penhora........................................................................................................54

3.3.4.3 Avaliação......................................................................................................56

3.3.4.4 Expropriação ................................................................................................58

4 A EXPROPRIAÇÃO DE BENS NA EXECUÇÃO .................................................60

4.1 A ARREMATAÇÃO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO.....................................60

4.2 O PAGAMENTO AO CREDOR.........................................................................65

4.2.1 Da Entrega do Dinheiro ...................................................................................66

4.2.2 Da Adjudicação ...............................................................................................68

4.2.3 Do Usufruto de Imóvel ou de Empresa............................................................71

4.3 OS ÔNUS DO ADQUIRENTE DO BEM EXPROPRIADO..................................73

4.3.1 Ônus Fiscais....................................................................................................73

4.3.2 Ônus Condominiais .........................................................................................74

4.3.3 Garantias Reais.................................................................................................76

4.3.3.1 Penhor............................................................................................................77 4.3.3.2 Anticrese ......................................................................................................78

4.3.3.3 Hipoteca .......................................................................................................79

4.3.3.4 Alienação fiduciária ......................................................................................80

4.3.4 Embargos de Terceiros ...................................................................................82

4.3.5 Embargos à Arrematação................................................................................85

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................88

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................90

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1 INTRODUÇÃO O presente trabalho visará demonstrar a complexibilidade no que se refere a

determinação de quais obrigações devem ser suportadas pelo arrematante do bem

imóvel levado a hasta pública.

Para atingir tal finalidade, será traçado um caminho de estudo, apresentando

todos os fatores que estão ligados a tal tema, onde primeiramente se analisará as

obrigações em seu todo, o universo em torno do processo de execução judicial e por

fim, a expropriação do bem através da alienação judicial e os ônus do adquirente

deste bem.

A escolha do tema abordado terá como fundamento o aprofundamento neste

assunto, uma vez que há crescentes interesses comerciais e, conseqüentemente,

profissionais nesta área.

A intenção de tal estudo será o de verificar entre todas as obrigações do

executado, quais incidem sobre o bem imóvel quando este é arrematado

judicialmente, passando, portanto, a ser visto como obrigações do adquirente.

Desta forma, pretende-se analisar quais os pontos relevantes em relação às

obrigações, ao processo de execução judicial e os ônus do comprador do imóvel

através da hasta pública, buscando por fim concluir a ligação entre os tópicos

apresentados.

O método que será utilizado para a elaboração do presente projeto de

pesquisa é o dedutivo, onde parte-se de um estudo geral para se chegar ao

particular.

Conforme Pasold (2002, p. 104), método dedutivo é “Estabelecer uma

formulação geral e, em seguida, buscar as partes de fenômeno de modo a sustentar

a formulação geral [...]”.

Na presente pesquisa aproveitará como técnica para obtenção de

informações sobre o tema a investigação doutrinaria e da legislação brasileira, os

meio eletrônico, bem como algumas decisões judiciais de tribunais pátrios.

O objetivo geral do presente estudo será de investigar quais as obrigações

que incidem sobre o bem imóvel no momento em este é levado a hasta pública e

quais continuam acompanhando-o ou surgem após a arrematação judicial do

mesmo.

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Quanto aos objetivos específicos procurará: a) analisar os aspectos gerais do

direito obrigacional que está regulamentado na legislação pátria e que são

fundamentados nas doutrinas; b) verificar todo o funcionamento do processo de

execução judicial de bens móveis e imóveis, e onde se encontram estabelecidos os

parâmetros legais para tal procedimento; c) pesquisar quais as obrigações que

incidem sobre o bem imóvel, quais os acompanham quando este é levado a hasta

pública, ou quais surgem a partir de tal ato.

Como pode ser verificado em muitos outros negócios jurídicos, também na

aquisição de um bem imóvel através de hasta pública surgem inúmeras incertezas

para o arrematante que não sabe ao certo quais parâmetros são utilizados para se

estabelecer as obrigações que surgem ou acompanham tal processo.

Em virtude de tal fato, foram estabelecidos alguns questionamentos, que

serão utilizados como ponto de partida para desenvolvimento de tal trabalho, sendo

eles:

a) De que forma a legislação pátria regulamenta o processo de execução

judicial de bens imóveis?

b) Quais são os direitos e deveres do arrematante de bens imóveis perante a

legislação vigente?

c) Quais as obrigações, pecuniárias ou judiciais, que ficam a cargo do

arrematante de bens imóveis?

Está monografia será estruturada em três capítulos, objetivando assim facilitar

o desenvolvimento do trabalho e conferir maior organização estrutural ao estudo.

No primeiro capítulo será trabalhado o conceito, elementos, fontes,

classificação, efeitos, bem como as obrigações de eficácia real e propter rem,

existentes em nosso ordenamento jurídico, proporcionando desta forma uma visão

geral de tal assunto.

No segundo capitulo, será efetuada uma breve análise do processo civil e

suas espécies, passado a explanar de modo mais aprofundado o processo de

execução e os principais pontos que o tangem.

Por fim, no terceiro capítulo, será aprofundado o estudo da expropriação do

bem imóvel e das obrigações pecuniárias e judiciais que devem ser assumidas pelo

arrematante do imóvel, tendo em vista que as mesmas acompanham o bem quando

este é adquirido através da hasta pública.

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Encerrando, em Considerações Finais, serão apresentadas as conclusões

finais e os objetivos alcançados.

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2. OBRIGAÇÃO Para se falar em obrigações, necessário se faz, primeiramente, entender a

diferença existente entre dois campos do direito patrimonial, sendo estes o real, que

recai sobre a coisa, direta ou indiretamente, e o pessoal, também conhecido como

obrigacional, o qual encontra-se ligado ao direito que o credor tem de exigir certa

prestação do devedor. (GONÇALVES, 1999).

Rizzard (2004, p. 28) leciona que “Os direitos reais consistem, propriamente,

em gozos de coisas, pelo que as acompanham, criando, em favor de seus titulares,

o consectário jurídico da seqüela, ao qual se prende o direito de reivindicação.”.

Complementa Rodrigues (2002) que o direito real é aquele que, ao ligar a

coisa ao titular do direito, permite que este a procure em qualquer lugar, mesmo esta

se encontrando em poder de outrem, a fim de que possa exercer seu direito sobre

ela.

Pelo direito real, a coisa fica totalmente submissa ao desejo de seu titular, que

exerce total direito sobre tal, sem que ninguém possa intervir em suas vontades.

(AZEVEDO, 2004).

Já os direitos obrigacionais, segundo Pereira (2004a), são aqueles

representados por uma relação transitória, estabelecida entre o sujeito ativo (credor)

e passivo (devedor), que gera o direito do primeiro reclamar a realização de uma

determinada prestação (de dar, fazer ou de não fazer) do outro.

Salienta Gonçalves (1999) que o direito pessoal, por resultar da vontade das

partes, pode ser criado por um número ilimitado de contratos que não se apresentam

na legislação. Além disto, descreve que este direito é dirigido somente contra a

pessoa que se encontra na posição de devedor da relação jurídica, diferente do

direito real que recai sobre qualquer um que detenha a coisa propriamente dita.

2.1 CONCEITO

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Nas tarefas diárias, o homem está a todo momento em situações em que há

imposição, deveres ou obrigações. Muitas destas não são reguladas pelo nosso

ordenamento jurídico, estando somente ajustadas como deveres cotidianos da

sociedade. Outras, todavia, assumem natureza jurídica. (PEREIRA, 2004a).

A definição de obrigação, no sentido jurídico, embora não expressamente

determinada no Código Civil2, é estabelecida entre os juristas como sendo uma

relação de direito economicamente apreciável que consiste na prestação de dar,

fazer ou não fazer alguma coisa, determinando assim, vínculo entre duas ou mais

pessoas. (VENOSA, 2005).

Segundo, Pereira (2004a) a obrigação é definida como um vínculo jurídico

através do qual uma pessoa reclama o pagamento da obrigação economicamente

estimada. Monteiro (2003, p. 8), afirma que:

Obrigação é a relação jurídica, de caráter transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objetivo consiste numa prestação pessoal econômica, positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo, garantindo-lhe o adimplemento através de seu patrimônio.

Neste mesmo entendimento, esclarece Diniz (2004) que a obrigação é vista

como uma relação jurídica ao passo que se exclui de tal direito os deveres que não

estão estabelecidos no ordenamento jurídico. Salienta ainda que possui caráter

transitório, no sentido de que uma vez alcançada a prestação pretendida, por

qualquer dos meios cabíveis, tal obrigação é extinta, e possui caráter econômico

pois o patrimônio do devedor responderá pelo inadimplemento do mesmo.

Vale ressaltar que o Direito das Obrigações está amplamente ligado ao

princípio da autonomia da vontade, uma vez que os sujeitos da relação têm total

liberdade para pactuar da forma que melhor lhes convier, desde que com isso não

firam o direito, isto é, desde que tal obrigação esteja de acordo com o ordenamento

jurídico vigente. (AZEVEDO, 2004).

2.2 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL

2 Lei nº. 10. 406 de 10.1.2002.

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Partindo da conceituação estabelecida, pode-se determinar que a obrigação

está estruturada a partir de três elementos essenciais, sendo o subjetivo, o objetivo e

o vínculo jurídico.

Pereira (2004a) esclarece que o elemento subjetivo da obrigação apresenta a

peculiaridade de ser duplo, estando em um dos pólos da relação um sujeito ativo ou

também conhecido como credor, que tem a prerrogativa de exigir a prestação, e no

outro, o sujeito passivo, o devedor, que tem o encargo de prestar o dever assumido.

Existe a possibilidade de mudança dos sujeitos ativo e passivo, sem que haja

a descaracterização da relação obrigacional, através de transmissão ou por

sucessão, excetuando os casos em que a obrigação possui caráter personalíssimo.

Os sujeitos não precisam ficar individualizados desde o surgimento da obrigação.

(DINIZ, 2004).

Esclarece Pereira (2004a, p. 14-15) que:

Os sujeitos precisam de determinar-se, para que fique certo a quem o devedor há de prestar ou de quem o credor tem de receber. Isto não quer, entretanto, dizer que seja necessária, desde a criação da relação obrigacional, a individualização precisa dos sujeitos. Pode, momentaneamente, ser indeterminado um deles, mas neste caso é de mister sua determinabilidade. Indeterminado no instante de se constituir a obrigação; determinável, ulteriormente, pena de se não forma o vínculo.

Vale ressaltar que qualquer pessoa, seja física ou jurídica, pode ser sujeito

ativo ou passivo da relação obrigacional. Porém, conforme Diniz (2004), é

necessária a existência de ambos os sujeitos, pois se o credor e o devedor se

fundarem em uma única pessoa, tal obrigação será extinta sem que tenha se

efetivado a prestação, conforme determina o artigo 381 do CC.

O elemento objetivo diz respeito ao objeto da obrigação, isto é, a prática do

ato, ou conjunto de atos, que o credor pode exigir do devedor, e não a coisa, o bem

material, em que a prestação se materializa.

Essa prestação pode ser positiva, quando consiste em dar ou fazer algo, a

realização de um fato, ou negativa, não fazer, onde se encontra abrangida a

omissão ou abstenção da ação. (GOMES, 2004).

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A prestação, para que possa ser considerada válida e consequentemente

cumprida pelo devedor, precisa ser lícita, possível, determinada ou determinável, de

acordo com os arts. 104, II e 166, II e III do CC, e patrimonial. (DINIZ, 2004).

A licitude diz respeito à prestação estar de acordo com o direito, a moral, os

bons costumes e à ordem pública. Salienta Monteiro (2003, p. 21) que se o objeto da

relação obrigacional “[...] contraria as regras da moral universal, o hábito do bem e a

parte mais fundamental da legislação, numa palavra, a ordem pública e os bons

costumes, ter-se-á ostentado a ilicitude, que há de bani-lo do direito.”.

Já a possibilidade pode ser física ou jurídica, isto é, a prestação poder ser

realizada quando sua natureza admitir e quando for permitida em lei. Comenta Diniz

(2004, p. 38) que quando:

[...] a prestação for inteiramente impossível, nula será a obrigação; porém, se parcialmente impossível, não invalidará a relação obrigacional (CC, arts. 106 e 166, II), porquanto a parte possível pode ser útil ao credor, que poderá exigir a prestação, não se impedindo a formação do vínculo. É preciso não olvidar que se impossibilidade absoluta for temporária e cessar antes do implemento da condição, não será causa de nulidade da obrigação;

A determinabilidade diz respeito à perfeita individuação do objeto da

prestação. Não se faz necessário, entretanto, que o artigo seja determinado no início

da criação, bastando apenas que possua elementos suficientes para que seja

realizada sua determinação no momento de cumprir a prestação assumida. Portanto

o objeto será determinado quando já estiver sido indicado desde o momento de sua

instituição ou determinável que será caracterizado posteriormente. (GOMES, 2004).

Por fim, a patrimonialidade, como expõe Pereira (2004a, p. 20) é o modo pelo

qual a prestação

[...] apresenta-se francamente revestida de cunho pecuniário, seja por conter em si mesma um dado valor, seja por estipularem as partes uma pena convencional para o caso de descumprimento. E, como tal pena traduz por antecipação a estimativa das perdas e danos, a natureza econômica do objeto configura-se indiretamente ou por via de conseqüência.

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O último elemento, o vínculo jurídico, é aquele que coage o devedor a

realização da prestação positiva ou negativa em favor do credor, no sentido de que

se tal obrigação for não cumprida, o sujeito ativo tem o direito de exigir judicialmente

o seu cumprimento, investindo contra o patrimônio do sujeito passivo. (VENOSA,

2005).

2.3 FONTES DA RELAÇÃO OBRIGACIONAL

Fonte é o elemento gerador de obrigação, a causa da relação jurídica de onde

nasce o encargo e o dever de cada uma das partes entre si, podendo portanto, se

estabelecer que da fonte das obrigações surgem relações concretas e particulares

que buscam a realização da prestação delimitada pelos seus sujeitos. (MONTEIRO,

2003).

Na época clássica do direito Romano, dividia-se em quatro as fontes

geradoras de obrigações, o contrato, o quase contrato, o delito e o quase delito,

sendo que esta classificação quadripartida era oriunda das Institutas de Justiniano

do jurisconsulto Gaio. (PEREIRA, 2004a).

O contrato era a mais importante das fontes uma vez que resultava da

pactuação entre as partes. Tal fonte, conforme leciona Monteiro (2003) não estava

compreendida somente dos contratos propriamente ditos, mas sim de todas as

formas convencionais reconhecidas pelo direito civil.

Os quase contratos, apesar de se assemelharem ao contrato, eram

caracterizados pela inexistência de um acordo de vontades, faltando, portanto, um

mútuo consentimento dos sujeitos a respeito do objeto da obrigação. (MONTEIRO,

2003).

O delito era constituído de um ato ilícito intencional, doloso, o qual gerava a

obrigação de reparar o dano. E por fim, o quase delito, que também correspondia a

um ato ilícito, porém de natureza culposa, involuntária. (AZEVEDO, 2004).

Rodrigues (2002) acredita que as obrigações têm como fonte direita e

imediata a lei e como fonte mediata a vontade humana e os atos ilícitos, isto é, os

fatos jurídicos.

Neste mesmo sentido, aponta Pereira (2004a, p. 36) que:

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[...] todas as obrigações nascem da lei, pois que é esta a fonte primária dos direitos; mesmo no campo contratual, não haveria a força jurígena da manifestação volitiva se não fosse o poder obrigatório que a lei lhe reconhece. Mas, em contraposição, e um outro sentido, toda obrigação envolve um fato humano, já que a lei define tão-somente a responsabilidade abstrata, e esta não é convertida em obrigação juridicamente exigível, senão quando interfere um procedimento ou uma conduta, autuação qualquer do agente, em termos que a lei considera suscetíveis de criar uma relação obrigacional, mediante a instituição de um iuris vinculum3.

Conforme esclare Scavone Junior (2002), no direito brasileiro, o Código Civil

contemplou três fontes de obrigações, sendo o contrato e o ato ilícito, já definidos

anteriormente, e a declaração de vontade onde, apesar de bilateralidade da relação,

há obrigação de apenas um dos pólos.

Monteiro (2003) entende que existem ainda muitas outras relações

obrigacionais, reconhecidas pelo próprio direito, que não derivam propriamente das

fontes estabelecidas pelo CC, como, por exemplo, nos casos de risco profissional,

onde a obrigação de indenização não deriva da culpa do patrão ou do próprio

empregado.

Portanto, pode-se identificar como fontes de obrigações a lei, que é

classificada como imediata, causa eficiente das obrigações, e os fatos constitutivos

de obrigações, fontes mediatas, que são condições determinantes do nascimento

das obrigações, isto é, diversos fatos ou situações que produzem efeitos

obrigacionais. (GOMES, 2004).

2.4 CLASSIFICAÇÃO DAS OBRIGAÇÕES

3 Vínculo de direito. Essência da obrigação. Vínculo jurídico. (BACHINSKI, 2005, p. 198).

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As obrigações são classificadas em virtude de diferentes critérios, havendo,

portanto, a necessidade de distingui-los para melhor compreensão da matéria e

encaixe numa categoria. Através de tal classificação há a demonstração da forma

pela quais as obrigações se apresentam. (DINIZ, 2004).

2.4.1 Obrigações Quanto ao seu Objeto

Primeiramente, de acordo com o CC, podemos classificar as obrigações

quanto ao seu objeto, sendo estas as de dar, coisa certa ou incerta, de fazer e de

não fazer. (MONTEIRO, 2003).

As obrigações de dar e de fazer, conforme ilustra Gomes (2004), são

consideradas positivas pois são prestações que tem como objeto a realização de um

ou diversos atos do devedor.

De acordo com Rodrigues (2002, p. 19):

[...] a obrigação de dar se distingue em obrigação de dar coisa certa e obrigação de dar coisa incerta. A obrigação de dar coisa certa estabelece entre as partes um vínculo, pelo qual o devedor se compromete a entregar ou a restituir ao credor um objeto perfeitamente determinado, que se considera em sua individualidade [...]. A obrigação de dar coisa incerta, ao contrário, tem por objeto a entrega de coisa não considerada em sua individualidade, mas no gênero a que pertence. Ela será mencionada pela referência a esse gênero e à quantidade, pois se pressupõe ser, de certo modo, indiferente ao credor receber uma ou outra partida, visto que todas, em tese, são iguais e, por conseguinte, intercambiáveis.

Necessário ainda esclarecer, de acordo com Diniz (2004), que as obrigações

de dar podem se realizada também, além da entrega de coisa certa ou incerta, pela

restituição, onde o detentor de coisa móvel ou imóvel, que se encontra

temporariamente em seu poder, deve devolvê-la a seu dono, não havendo desta

forma a transferência da propriedade, mas sim a utilização temporária da coisa.

Já as obrigações de fazer são aquelas que prendem o sujeito passivo,

devedor, a uma prestação de serviço ou um ato, seu ou até mesmo de um terceiro,

em favor do credor ou também de uma terceira pessoa. (DINIZ, 2004).

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Por outro lado, as obrigações de não fazer, são negativas no sentido de que

impõem omissão ou abstenção ao devedor, explica Monteiro (2003). São aquelas

em que o devedor é compelido a não praticar determinado ato, que poderia realizar

normalmente se não houvesse sido impedido pela obrigação.

2.4.2 Obrigações em Relação ao seu Vínculo

Relativo à classificação das obrigações em virtude de seu vínculo, Daibert

(1972) expõem que estas podem ser civis, naturais e morais.

Civis são aquelas que podem ser cobradas do devedor que não cumprir as

prestações devidas. São assim tituladas por ter amparo do ordenamento jurídico,

podendo o credor cobrá-las judicialmente.

São obrigações naturais aquelas que o credor não tem o direito legal de

exigir, não estando o devedor obrigado a cumprir. Porém se este voluntariamente

fizer, não poderá discutir a devolução do que pagou. (GONÇALVES, 1999).

Já as morais, de acordo com Diniz (2004), são as compostas por deveres de

consciência, não estando protegidas no ordenamento jurídico, sendo cumpridas ou

não apenas por princípios do devedor.

2.4.3 Obrigações Quanto ao Modo de Execução

São também classificadas quanto aos seus modos de execução, sendo

divididas em simples e compostas ou complexas. Simples são aquelas que

apresentam seus elementos individualizados, ou seja, possui apenas um credor, um

devedor e um objeto. No caso das obrigações compostas são as que têm uma

pluralidade de sujeitos, de objetos ou de ambos simultaneamente. (AZEVEDO,

2004).

As obrigações compostas podem ainda ser cumulativas ou alternativas. As

primeiras são as que apresentam seus objetos ligados entre si e consequentemente

somados, onde só ocorre a extinção da obrigação com o cumprimento das diversas

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prestações comprometidas, não havendo exclusão de nem uma. Já as segundas

são aquelas em que há pluralidade de objetos, porém os mesmo não se encontram

ligados, havendo, portanto, opções para o cumprimento da obrigação. Finaliza-se a

obrigação como a simples satisfação de uma das opções. (AZEVEDO, 2004).

2.4.4 Obrigações em Relação à Pluralidade de Sujeitos

Da pluralidade de sujeitos da relação, podem classificar as obrigações em

divisíveis, indivisíveis e solidárias. Divisíveis são as que podem ser cumpridas

parcialmente, isto é, o objeto da obrigação pode ser dividido entres seus sujeitos,

cabe a cada credor o direito a sua parte e cada devedor a responsabilidade pela sua

cota. São indivisíveis aquelas prestações que só podem ser cumpridas por inteiro,

porém cada devedor só responde pela sua cota. (MONTEIRO, 2003).

Já a obrigação solidária, de acordo com Venosa (2005, p. 132), são aquelas

que

[...] possui dois ou mais sujeitos, ativo ou passivos, e, embora possa ser divisível, pode cada credor demandar e cada devedor é obrigado a satisfazer à totalidade, com a particularidade de que o pagamento feito por um devedor a um credor extingue a obrigação quanto aos outros coobrigados.

A definição de obrigações solidárias pode ainda ser encontrada no CC, em

seu artigo 264, que esclarece que “Há solidariedade quando na mesma obrigação

concorre mais de um credor, ou mais de um devedor, cada um com direito, ou

obrigação à dívida toda.”. (FIUZA, 2003).

A solidariedade pode ser classificada ainda como ativa, a qual tem

multiplicidade de credores e todos tem o direito de exigir a prestação por inteiro do

devedor que exonera do vínculo no momento que paga o débito a qualquer dos

credores, e passiva, que tem multiplicidade de devedores, sendo que cada um

responde pela totalidade do cumprimento da prestação como se fosse o único.

(DINIZ, 2004).

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2.4.5 Obrigações Quanto aos Elementos Acidentais

Os negócios jurídicos podem ainda possuir, além dos elementos essenciais,

estipulações ou cláusulas acessórias que modificam os efeitos naturais das

obrigações, denominadas estas como elementos acidentais. Portanto, a

classificação das obrigações quanto a esses elementos podem ser puras e simples,

condicionais, a termo e modais. (GONÇALVES, 1999).

Puras e simples são aquelas obrigações que não estão sujeitas a nenhum

tipo de encargo, condição ou termo para sua realização. Já as condicionais são as

que contêm uma cláusula que a subordina seu efeito, total ou parcial, ao

acontecimento de um episódio futuro e incerto, conforme estabelece o artigo 121 do

CC. (DINIZ, 2004).

Por sua vez, as obrigações a termo são que possuem cláusula que submete o

efeito decorrente do ato jurídico a um acontecimento certo e futuro, a uma

determinada data que pode ser o termo inicial ou final. (GONÇALVES, 1999).

Por fim, as modais são aquelas que, conforme conceitua Diniz (2004, p. 138), se

encontram oneradas “[...] com um modo ou encargo, isto é, por cláusula acessória,

que impõe um ônus à pessoa natural ou jurídica contemplada pela relação

creditória.”.

2.4.6 Outras classificações

As obrigações também podem ser classificadas como líquidas e ilíquidas. As

primeiras são aquelas que através de seus requisitos, permitem que seja realizada a

imediata identificação do seu objeto, sua qualidade, quantidade e natureza, isto é,

são as certa quando sua existência e determinada quanto ao seu objeto, conforme

dispunha o artigo 1.533 do Código Civil de 19164. As ilíquidas dependem de prévia

4 Lei nº. 3.071, de 01.01.1916, também denominado de Código Civil de 1916.

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apuração quanto ao seu valor, ou seja, verificação de seu exato objeto, já que este

se apresenta incerto. (VENOSA, 2005).

Com relação ao tempo em que se dá o adimplemento da obrigação, podem

as prestações serem instantâneas, também conhecidas como transitória ou isoladas,

as que se realizam de uma única vez, em um momento certo, ou ainda contínuas

(permanentes ou duradoras) que são aquelas que se cumprem por meio de uma

série de atos ou ainda de abstenções. (GOMES, 2004).

São ainda classificadas como principais, as obrigações que existem por si

própria, não dependendo de nenhuma outra prestação, e como acessórias que só

existem se houver uma obrigação principal, isto é, ela é juridicamente subordinada a

uma outra obrigação. Portanto pode-se concluir que não existe obrigação acessória

sem que haja uma principal. (GONÇALVES, 1999).

Finalmente, pode-se classificar as obrigações como de meio e de resultado.

As de meio, conforme ilustra Azevedo (2004, p. 54), são aquelas pelas quais:

[...] o devedor obriga-se a fornecer meios necessários para a realização de um fim, sem responsabilizar-se por ele, pelo resultado. O devedor deve desenvolver, neste tipo obrigacional, todos os esforços, todos os cuidados necessários à consecução do resultado, sem, contudo, obrigar-se a ele.

Por sua vez, as de resultado são as que o devedor tem que buscar um

determinado resultado para poder cumprir a obrigação. Portanto, enquanto não

alcançar o efeito que se pretende, o devedor não tem que cumprir tal obrigação.

(AZEVEDO, 2004).

Diniz (2004) também inclui nesta classificação, além das obrigações de meio

e de resultado, as de garantia, que são aquela que tem como substância a

eliminação de um perigo eminente, que pesa sobre o sujeito ativo, o credor.

2.5 OBRIGAÇÕES COM EFICÁCIA REAL

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As obrigações com eficácia real são aquelas que se situam entre os direitos

de crédito e os reais. Diniz (2004, p. 16) explica que “A obrigação terá eficácia real

quando, sem perder seu caráter de direito a uma prestação, se transmite e é

oponível a terceiro que adquira direito sobre determinado bem.”.

Encontra-se uma obrigação com eficácia real na preferência do inquilino em

adquirir o imóvel locado, quando há a pretensão de aliená-lo por parte de seu

proprietário, o locador. Portanto, conforme explica Venosa (2005, p. 67):

[...] existirá um direito real para o inquilino se tiver registrado devidamente o contrato, o qual lhe permitirá haver o imóvel, ou então, exclusivamente, um direito pessoal estampado em um pedido de perdas e danos. O contrato de locação, com o registro imobiliário, permite que o locatário oponha seu direito de preferência erga omnes5, isto é, perante qualquer pessoa que venha a adquirir a coisa locada. O contrato, portanto, nas condições descritas na lei, alcança eficácia real.

Ainda pode-se ter como exemplo deste tipo de obrigação a locação,

disciplinada no artigo 576 do CC, em que no caso de alienação, fica o comprador

compelido a respeitar o contrato celebrado entre o antigo proprietário com o

locatário, caso tenha sido consignada cláusula de vigência do mesmo. Ressalta-se

ainda que o contrato deve ter sido registrado no Registro de Imóveis para que esta

disposição tenha validade. (FIUZA, 2003).

Esclarece Diniz (2004) que a obrigação do devedor, contrariando a regra

geral da locação que estabelece que o contrato somente vincula as partes

contratantes, poderá ser transferida ao novo proprietário, que deverá respeitar o

contrato ao qual não fez parte.

2.6 OBRIGAÇÕES PROPTER REM

5 Locução latina. Contra todos; oponível a todos. (DINIZ, 1998b, p. 357).

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De acordo com Rodrigues (2002, p. 79) podemos conceituar as obrigações

propter rem como sendo:

[...] aquela em que o devedor, por ser titular de um direito sobre uma coisa, fica sujeito a determinada prestação que, por conseguinte, não derivou da manifestação expressa ou tácita de sua vontade. O que o faz devedor é a circunstância de ser titular do direito real, e tanto isso é verdade que ele se libera da obrigação se renunciar a esse direito.

Nas obrigações propter rem surgem os conflitos decorrentes da falta de

necessidade da expressão de vontade para que o indivíduo se torne devedor de tal

prestação. Portanto, quem assume a posição de proprietário ou usufrutuário,

assume todas as obrigações que ficam presas à coisa, sendo estas, muitas das

vezes, desconhecidas do novo proprietário ao fechar tal negócio. Este, porém, se

torna responsável pela dívida, não podendo se eximir dela, tendo, entretanto, o

direito a uma ação regressiva. (VENOSA, 2005).

Diniz (2004) ainda ressalta que a obrigação propter rem tem sua origem no

momento em que o sujeito, sendo o titular do direito real, fica obrigado, devido à sua

condição, a satisfazer as obrigações decorrentes do domínio da coisa. É

caracterizada como uma espécie jurídica, que se encontra localizada entre o direito

real e o pessoal, concentrado nos direitos e deveres de natureza real advindos da

própria possessão. Portanto, torna-se clara a relação em que existe entre a

obrigação e a detenção ou propriedade da coisa em si.

As obrigações propter rem apresentam algumas conseqüências constantes,

sendo elas: a) o sujeito passivo está ligado ao vínculo obrigacional não em razão de

sua vontade, mas devido a sua singular situação com o bem, sendo esta de

proprietário ou possuidor; b) o abandono da coisa, por parte do devedor, libera a

dívida, porque desta forma ele se libera da condição de proprietário ou possuidor; c)

este tipo de obrigação contraria a categoria regular, onde os sucessores a título

particular não substituem o sucedido em seu passivo, pois nas obrigações propter

rem os sucessores assumem automaticamente as obrigações do sucedido, ainda

que não saibam de sua existência. (RODRIGUES, 2002).

Segundo Balbi (ANO, apud RODRIGUES, 2002, p. 82) “[...] obrigação real é

aquela em que o devedor é o titular de um direito real de gozo e que, extinto ou

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transmitido tal direito, se extingue ou se transmite contemporaneamente a qualidade

de devedor”.

Expõem Venosa (2005, p.65) que as particularidades das obrigações propter

rem derivam das seguintes considerações:

1. Trata-se de relação obrigacional que se caracteriza por sua vinculação à coisa. Não pode existir, por conseguinte, fora das relações de direito real [...] 2. O nascimento, a transmissão e a extinção da obrigação propter rem seguem o direito real, com uma vinculação de acessoriedade. 3. A obrigação dita real forma, de certo modo, parte do conteúdo do direito real, e sua eficácia perante os sucessores singulares do devedor confere estabilidade ao conteúdo do direito.

Portanto, conclui-se que nas obrigações propter rem o devedor tem sua

determinação de acordo com a ligação que o mesmo possui com a coisa que

determina tal obrigação. (DAIBERT, 1972).

2.7 EFEITOS OBRIGACIONAIS

Os vínculos obrigacionais, no qual o credor tem o direito de reivindicar o

cumprimento da prestação e o devedor tem o dever de cumprir tal obrigação, geram

como efeitos a extinção das obrigações, no momento em que os atos do devedor

cumprem as prestações estabelecidas, extinguindo o direito do credor de cobrá-las,

e as conseqüências advindas do inadimplemento da obrigação, que são os meios

pelo qual o credor irá buscar a realização de seu direito, incitando o devedor

executar tal prestação. (DINIZ, 2004).

Portanto, a ligação obrigacional é meio pelo qual o credor exige do devedor

as prestações, sendo que no caso de tal obrigação não ser personalíssima, este

vínculo pode ser reclamado pelos sujeitos da relação, como por seus respectivos

sucessores e representantes. (DINIZ, 2004).

As obrigações contraídas em consideração às qualidades especiais do

devedor, conhecidas como personalíssimas, só possuem a capacidade de vincular a

elas os sujeitos ativo e passivo da relação, não sendo transferidas, portanto, aos

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sucessores nas forças do quinhão hereditário. Já aquelas que não apresentam tal

característica, vinculam o credor, o devedor, bem como seus sucessores.

(GONÇALVES, 1999).

Destaca-se ainda que não é possível que tal obrigação vincule terceiros

estranhos à relação. Porém, aquele que promete conseguir de terceiro determinado

ato, responderá por perdas e danos no caso do prometido não se realizar, conforme

determina o artigo 439 do CC. (FIUZA, 2003).

2.7.1 Pagamento

As obrigações, normalmente, são finalizadas através do pagamento, o qual

libera o devedor da ligação que este tinha como o credor e de todos os encargos

decorrentes de tal vínculo. (SCAVONE JUNIOR, 2002).

De acordo com Rodrigues (2002), tal pagamento, também denominado de

adimplemento da obrigação, é a execução voluntária da prestação assumida,

compreendendo todos os modos possíveis, diretos ou indiretos, para satisfação do

sujeito ativo.

Diniz (2004) disserta que para o que o pagamento seja um meio direto e

eficaz para a finalização da relação obrigacional, são necessários alguns requisitos

indispensáveis sendo eles, a existência de um vínculo obrigacional que justifique o

pagamento, a intenção (animus solvendi6) de efetuar a prestação, a satisfação exata

da prestação, a presença da pessoa que efetue o pagamento e a presença da

pessoa que receba o pagamento.

Existem outros modos de extinguir a obrigação que estão dentro das normas

legais e produzindo os mesmos efeitos do pagamento, sendo eles a compensação,

a confusão, a novação, a consignação, a remissão, a sub-rogação, a dação,

prescrição e a imputação. (GOMES, 2004).

O devedor é o principal interessado em efetuar o pagamento, pois assim

cumpre a obrigação assumida. Entretanto, a satisfação da prestação, muitas vezes,

é proveitosa também para o fiador, o coobrigado, o herdeiro, outro credor do

6 Locução latina. Intenção de pagar ou de cumprir uma obrigação. (DINIZ, 1998a, p. 200).

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devedor e o adquirente do imóvel hipotecado, dentre outros. Todos estes possuem

legítimo interesse para cumprir a obrigação, sub-rogando-se em todos os direitos do

credor, conforme o artigo 346 do CC. (MONTEIRO, 2003).

Esclarece o Código Civil que:

Art. 304. Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser, dos meios conducentes à exoneração. Parágrafo único. Igual direito cabe ao terceiro não interessado, se o fizer em nome e à conta do devedor, salvo oposição deste.

A respeito da legislação supra mencionada, ensina Pereira (2004a, 170) que:

Quando a obrigação é contraída intuitu personae7 debitoris8 – em razão da pessoa do devedor – somente a este incumbe a solução. O credor não pode ser compelido a aceitar de outrem a prestação, ainda que se lhe apresente melhor do que fora de esperar do vero devedor. [...] Afora tais casos, regra é que qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la (Código Civil de 2002, art. 304), e não tem o credor o direito de recusar a solutio9, partida de um estranho.

Quanto terceiro não interessado realiza a obrigação em nome do devedor,

esse é visto como representante do mesmo. Já se paga em nome próprio, tem o

direito de reembolso, mas não se sub-roga nos direitos do credor, e ainda se realiza

a prestação antes de estar vencida, só terá direito a restituição na data de seu

vencimento. (GOMES, 2004).

Nos casos em que o terceiro não interessado realizar a obrigação com a

oposição do devedor, se este tiver bons motivos e meios para saciar a dívida,

conforme determina o artigo 306 do CC, não se pode falar em sub-rogação dos

direitos creditórios. (MONTEIRO, 2003).

Destaca Diniz (2004) que alguns pagamentos importam em transmissão de

propriedade dos bens, tendo o solvens10 legitimidade para aproveitar o produto da

7 Locação latina. Em consideração à pessoa. (DINIZ, 1998b, P. 899). 8 Devedor. (CASTRO, 1995, p. 37). 9 Solução. (CASTRO, 1995, p. 161). 10 Termo latino. 1. Qualquer interessado juridicamente no pagamento do débito como: devedor, fiador, coobrigado, herdeiro, outro credor do devedor, adquirente de imóvel hipotecado e até mesmo terceiro não

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obrigação, desde que o mesmo seja o titular do direito real. Entretanto, se o

pagamento se der através de coisa fungível e o credor, de boa fé, a consome, não

será mais possível reclamá-la.

O pagamento deve ser realizado ao credor, seja ele originário, a quem de

direito o represente ou quem estiver substituindo-o na titularidade do direito

creditório. Tal representante pode ser legal, judicial ou convencional. (GOMES,

2004).

Esclarece Gonçalves (1999, p. 57) que:

Legal é o que decorre da lei, como os pais, tutores e curadores, respectivamente representantes legais dos filhos menores, dos tutelados e dos curatelados. Judicial é o nomeado pelo juiz, como o inventariante, o sindico da falência, o administrador da empresa penhora etc. Convencional é o que recebe mandato outorgado pelo credor, com poderes especiais para receber e dar quitação.

Esclarece Monteiro (2003) que o pagamento realizado a um terceiro

desqualificado só terá resultado positivo se houver ratificação por parte do credor ou

se este tiver benefício comprovado.

Destaca Azevedo (2004) que o pagamento, para que se tenha validade e

desvincule o devedor da obrigação, deverá ser feito à pessoa capaz de dar a

quitação da obrigação, pois se feito, mesmo que de boa-fé, a um credor

absolutamente incapaz, este será totalmente nulo, não produzindo efeitos jurídicos

(art. 310, do CC). Já com relação aos relativamente incapazes, não tendo o devedor

conhecimento de tal fato, ou sendo o ato ratificado pelo que assiste o menor, terá

validade o pagamento.

Deve-se ainda enfatizar que sendo realizado o pagamento ao devedor

putativo – aquele que tem aparência de credor mas não o é – este terá validade

desde tenha agido o devedor com boa-fé e ignorância quanto a situação.

(AZEVEDO, 2004).

Os sujeitos da obrigação podem estipular no contrato onde será realizado o

pagamento. Entretanto, não o fazendo, este deverá ser realizado no domicílio do

interessado juridicamente que pagar débito em nome e por conta do devedor, por ter interesse moral, como é o caso do pai que paga dívida do filho. 2. Aquele que cumpre a obrigação assumida. (DINIZ, 1998d, p. 419).

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devedor, conforme determina o artigo 327 do CC, sendo esta conceituada como

dívida quesível. (RODRIGUES, 2002).

Todavia, ressalva Diniz (2204) que a regra geral referente ao lugar do

pagamento comporta quatro exceções, sendo elas:

a) Estipulação do contrário, onde cabe ao devedor efetuar o pagamento no

domicílio do credor, caso em que as dívidas são portável;

b) circunstâncias especiais que determinam outro lugar, que não o domicílio

do devedor, para se realizar o pagamento;

c) natureza da obrigação que por si só estabelece onde deverá ser

executado o pagamento;

d) determinação legal, que fixa o local de pagamento.

Determina ainda o art. 327, parágrafo único do CC que cabe ao credor a

escolha do lugar, no caso de sido designado dois ou mais lugares. E nos casos em

que houver motivo grave que impossibilite o devedor de efetuar o pagamento no

lugar determinado, poderá este fazê-lo em local diverso, desde que com isso não

prejudique o credor. (FIUZA, 2003).

Uma vez realizado o pagamento, pode o devedor cobrar do credor uma prova

de sua quitação da obrigação. Define Diniz (2004, p. 235) que:

[...] a prova de pagamento é a quitação [...] que consiste num documento em que o credor ou seu representante, reconhecendo ter recebido o pagamento do seu crédito, exonera o devedor da obrigação. Todo aquele que solver dívida deverá obter do credor a necessária quitação, uma vez que em juízo não se admitirá comprovação de pagamento por via testemunhal, se exceder a taxa legal.

O Código Civil, em seu art. 320, estabelece os requisitos necessários para

que a quitação tenha validade. Deve, portanto, conter a designação do valor e

espécie da dívida quitada, o nome do devedor ou de quem por este pagou, o tempo

e o lugar do pagamento e a assinatura do credor ou de seu representante legal. O

parágrafo único do mesmo artigo ainda determina que mesmo que a quitação não

apresente os requisitos enumerados no caput, esta terá validade se seus termos ou

circunstâncias puderem confirmar o pagamento da dívida.

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Ressalta Monteiro (2003) que o devedor que não receber a devida quitação,

poderá reter o dinheiro até que esta lhe seja dada, não incorrendo o mesmo em

mora.

Pode ainda o devedor realizar o pagamento em consignação (art. 335, I, CC)

se o credor se recusar em dar a quitação, ficando desta forma extinta a obrigação

pelo depósito. (RODRIGUES, 2002).

Explica Diniz (2004) que a quitação não é dada somente pelo recibo, mas

também pela devolução do título da obrigação. Entretanto tem o credor o direito de

retê-lo justamente, devendo, todavia, emitir uma declaração de comprovação de

quitação do pagamento.

Institui o artigo 325 do CC que as despesas como o pagamento e a quitação

da obrigação devem correr por conta do devedor.

2.7.2 Inadimplemento

As obrigações assumidas pelo devedor devem ser cumpridas inteiramente em

seu teor, no lugar e tempo determinado, cabendo ao credor o direito de exigir a

satisfação da prestação da maneira em que foi convencionada. (DINIZ, 2004).

Portanto, surge o inadimplemento quando não há o cumprimento da

obrigação, ou a mesma não é realizada da maneira e termos estabelecidos pelos

sujeitos da relação. Responderá o devedor, neste caso, por perdas e danos, mais

juros, correções monetárias e honorários advocatícios, de acordo com o art. 389 do

CC. (FIUZA, 2003).

Ressalta Monteiro (2003) que o pagamento de perdas e danos deve se

restringir ao que correspondia a obrigação assumida, isto é, o ressarcimento deverá

ser proporcional ao prejuízo experimentado.

De acordo com Pereira (2004a) o inadimplemento pode ser voluntário, caso

em que se aplica o dispositivo do artigo supra mencionado, ou involuntário, onde a

inexecução da prestação assumida é inimputável ao devedor, gerando como

resultado a pura e simples finalização da obrigação, sem outras conseqüências. São

os casos de não efetivação da obrigação por conta de caso fortuito ou força maior,

com determina o art. 393 do CC.

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Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado. Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.

Entretanto, o devedor responderá pelo não cumprimento da obrigação,

mesmo que tal acontecimento decorra de caso fortuito ou força maior, se estes

ocorrerem no momento em que ele já se encontrava inadimplente, de acordo com o

art. 399 do CC. (FIUZA, 2003).

O descumprimento da obrigação, voluntariamente, pode ser absoluto ou

relativo. Será absoluto, no entendimento de Pereira (2004a, p. 324) “[...] se tiver

faltando completamente a prestação, de forma que o credor não receba aquilo a que

o devedor se obrigou, seja a coisa, ou o fato, ou a abstenção, e não haja mais

possibilidade de ser executada a obrigação.”

Segundo Diniz (2004, p.375) “O inadimplemento relativo se dá quando a

obrigação não for cumprida no tempo, lugar e forma devidos, porém sê-lo, com

proveito para o credor, hipótese em que se terá a mora (CC, art. 394).”.

Embora os dois tipos de inadimplemento estejam relacionados com a

inexecução das obrigações, estes diferem principalmente no que diz respeito à

existência ou não de serventia ou proveito do credor quanto à realização da

prestação. (GONÇALVES, 1999).

O inadimplemento absoluto, por ter a obrigação se tornado inútil ao credor,

não pode ser purgado, restando ao credor a responsabilizado do devedor por perdas

e danos sofridos. (DINIZ, 2004).

Já do inadimplemento relativo surge a mora. No direito brasileiro são

admitidas três espécies de mora sendo a mora solvendi11 ou debitoris, também

conhecida como mora do devedor, a mora accipiendi12, a do credor, e a mora de

ambos os contratantes. (DINIZ, 2004).

Define o art. 394 do CC, que a mora por parte do devedor acontece quando

não for efetuado o pagamento, e por parte do credor quando este não quiser receber

a prestação que estiver de acordo com a lei ou a convenção das partes. Portanto,

11 Mora do devedor. (BACHINSKI, 2005, p. 278). 12 Mora do credor. (BACHINSKI, 2005, p. 276).

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dita a legislação brasileira que a mora pode se dar não só pela não realização da

obrigação como também pela efetivação da mesma de maneira diversa do pactuado.

(FIUZA, 2003).

Pode ainda se ter mora simultânea do sujeito passivo e ativo da obrigação,

quando, concomitantemente, estes não cumprem a prestação de acordo com o

estabelecido. Neste caso, tem-se como conseqüência a compensação de ambas as

moras, liberando, desta forma, as penas ajustadas e permanecendo a obrigação

como inicialmente assumida. (DINIZ, 2004).

Disserta Monteiro (2003) que tanto a mora por parte do devedor quanto do

credor tem como pressuposto a existência de dívida positiva e líquida. Entretanto, se

diferem ao passo que a primeira deve ter atingido seu vencimento, ter havido culpa

do devedor pelo seu não cumprimento e ter sido realizada a intimação judicial ou

extrajudicial, no caso da obrigação não ser a termo.

Já a do credor depende de possibilidade do devedor em cumprir a prestação,

da real intenção do mesmo em efetuá-la e de que o sujeito ativo tenha se recusado

em recebê-la.

Tem-se como conseqüência da mora do devedor a sua responsabilização

pelos danos causados ao credor, a possibilidade do sujeito ativo rejeitar a obrigação

que se tornou inútil ou perdeu seu valor, satisfazendo-a pela reivindicação de perdas

e danos, bem como a responsabilização do devedor pelo não cumprimento da

prestação decorrente de caso fortuito ou de força maior, se estes aconteceram no

momento do atraso, com exceção de se provar que não houve culpa por parte do

devedor ou o mesmo teria acontecido se já tivesse sido satisfeita a obrigação,

conforme estabelece os arts. 399 e 393 do CC. (DINIZ, 2004).

Esclarece Rodrigues (2002) que as conseqüências decorrentes da mora do

credor são a de subtração da responsabilidade do devedor no que se refere à

conservação da coisa, a obrigação do credor de assumir as despesas originadas da

manutenção da mesma, e por fim a imposição do sujeito ativo em aceitar a

prestação de forma mais benéfica ao devedor, se houver a variação entre o dia em

que deveria ter sido cumprida e o que realmente deu-se sua efetivação.

A mora é purgada por meio espontâneo pelo qual o contratante que a

provocou se disponha a corrigir o acontecimento que deu existência a tal fato,

aceitando todas as conseqüências advindas desta. (RODRIGUES, 2002).

Pereira (2004a, p. 316) esclare que para purgar a mora solvendi:

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[...] o devedor oferecerá a prestação, mais a importância dos prejuízos decorrentes até o dia da oferta, abrangendo os juros moratórios, e o dano emergente para o credor, acrescido daquilo que ele razoavelmente deveria ganhar, se a solutio fosse oportuna.

Já no caso de purgação da mora do credor, deve este se oferecer para

receber a obrigação no estado em que a mesma se encontre, arcando com as suas

conseqüências.

Ocorrendo o inadimplemento, o credor tem ainda como alternativa para

satisfação da obrigação, a execução de cláusula penal. Explica Diniz (2004, p. 405)

que:

A cláusula penal vem a ser um pacto acessório, pelo qual as próprias partes contratantes estipulam, de antemão, pena pecuniária ou não, contra a parte infringente da obrigação, como conseqüência de sua inexecução completa culposa ou à de alguma cláusula especial ou de seu retardamento (CC, art. 408), fixando, assim, o valor das perdas e danos, e garantindo o exato cumprimento da obrigação principal (CC, art. 409, 2ª parte).

Portanto, a cláusula penal serve para que o credor, ao ser descumprida a

prestação estabelecida, não precise comprovar seu prejuízo, bastando apenas

manifestar a inexecução da obrigação para invocar a multa estipulada em contrato.

(RODRIGUES, 2002).

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3 PROCESSO CIVIL Com a evolução da sociedade e a imposição de normas gerais de conduta a

todos os cidadãos, não se pode conceber que as lides sejam solucionadas através

da submissão dos mais fracos pelos mais fortes, isto é, pela autotutela, solução

encontrada em épocas em que não se acha presente um Estado politicamente

organizado. Atualmente o Estado passou a exercer a função jurisdicional, onde tem

o dever e o poder de solucionar os conflitos existentes entre os integrantes da

sociedade, sendo a autotutela admitida em raras hipóteses. (BARROSO, 2000).

Expõe Barroso (2000) que a sociedade por sua vez exige que a solução para

os conflitos seja feita através de regras previamente determinadas pela legislação

pátria, que regularizem a relação entre o poder jurisdicional e aqueles que o

procurem para findar seus litígios.

Portanto, o direito processual civil, conforme esclarece Ferreira (1998, p. 1),

tem como principal objetivo disciplinar “[...] a função soberana do Estado a fim de

distribuir a justiça e compor as lides civis nos conflitos intersubjetivos. Cabe ao

Poder Judiciário a solução dos litígios que lhe são apresentados mediante o

processo civil.”.

Explanam Cintra; Grinover; Dinamarco (2005) que o instrumento pelo qual o

Estado exerce sua função jurisdicional é o processo, e como o mesmo possui

natureza diversa de acordo com seu provimento legal, a doutrina passou a classificá-

lo através de seus pedidos, podendo, portanto, estar enquadrado como processo de

conhecimento, processo cautelar ou ainda processo de execução, no que tange ao

seus aspecto cível.

3.1 PROCESSO DE CONHECIMENTO

O processo de conhecimento é aquele em que o autor requer que o julgador

tome ciência dos fatos alegados pelo mesmo, proceda todas as etapas do processo

e finalize o litígio através da sua decisão. (FERREIRA, 1998).

Cintra; Grinover; Dinamarco (2005, p. 310) elucidam que:

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O processo de conhecimento (ou declaratório em sentido amplo) provoca o juízo, em seu sentido mais restrito e próprio: através de sua instauração, o órgão jurisdicional é chamado a julgar, declarando qual das partes tem razão. Objeto do processo de conhecimento é a pretensão ao provimento declaratório denominado sentença de mérito.

A sentença de mérito é a forma normal de extinção do processo, pois é

através dela que o juiz aplica ao fato concreto as normas legais, tendo como base as

alegações tanto de fato como de direito feitas durante o processo, podendo acolher

a pretensão do autor ou rejeitar, julgado assim pela improcedência do pedido.

(BARROSO, 2000).

Conforme explica Schlichting (2002), pode-se classificar as ações de

conhecimento de acordo com o objetivo aspirado pelo autor, podendo, portanto, ser

um processo condenatório, constitutivo ou meramente declaratório.

3.2 PROCESSO CAUTELAR

O processo cautelar está disciplinado do CPC13 no mesmo nível que o

processo de conhecimento e o de execução, buscando, entretanto, cada qual obter

uma finalidade diferenciada. (RIOS GONÇALVES, 1999).

O processo cautelar é a forma pela qual se busca a proteção dos direitos

subjetivos ou mesmo dos interresses protegidos pelo nosso ordenamento jurídico,

assegurando-os preventivamente, só tendo cabimento nos casos em que há

possível ameaça de dano iminente, ou ainda feito de improvável reparação.

Ressalta-se que só é aceitável no caso que em não seja possível evitar tal estado de

perigo através das outras formas de tutela jurisdicional. (SILVA; GOMES, 2002).

Esclarece Schilichting (2002, p. 41) que faz-se necessária a existência de dois

requisitos para a concessão da medida cautelar, sendo o fumus boni iuris14 e o

periculum in mora15, sendo que:

13 Lei nº. 5.869, de 11.01.1973, também denominada de Código de Processo Civil. 14 Aparência, pressentimento de validade jurídica de algo que se alega. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 331).

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O fumus boni iuris está diretamente ligado à plausibilidade do direito invocado ou a ser invocado na ação principal, ou seja, se constate que a tutela que se pretende na ação principal é embasada em uma pretensão razoável amparada pela lei. O periculum in mora está diretamente ligado ao processamento da ação cautelar e à medida cautelar requerida, cuja tutela, se não for concedida em vista da demora processual, poderá acarretar a ineficácia da sentença da ação principal, de forma a poder vir a causar uma lesão grave e irreparável ou de difícil reparação, pondo em perigo o “direito” plausível invocado na ação principal.

O processo, dependendo da situação, pode ser reclamado de forma

independente, através de um processo preparatório, ou ainda, nos casos em que já

houver sido iniciado o processo principal, por meio incidental. (CINTRA; GRINOVER;

DINAMARCO, 2005).

Salientam, por fim, Silva; Gomes (2002) que a tutela cautelar não tem caráter

satisfativo do direito, isto é, ela apenas concede segurança aos estados de

emergência, sem que assegure a efetiva e completa realização do próprio direito,

que deverá ser buscado no processo de conhecimento ou de execução.

3.3 PROCESSO DE EXECUÇÃO

O processo de execução é conceituado por Marques (2000, p. 1) como sendo

o “[...] meio e modo pelo qual se efetiva a prestação a que a lei concede pronta e

imediata exigibilidade.”. Lembra o autor que quando a obrigação não é cumprida

pelo devedor espontaneamente, pode o Estado, através do poder judiciário, obrigar

o mesmo a realizá-la, a pedido do credor e através dos meios adequados.

A execução, portanto, é meio para o credor obter o cumprimento forçado da

prestação, através da captura de bens do devedor, suficiente para a sua satisfação.

(MONTENEGRO FILHO, 2005).

Silva; Gomes (2002) advertem que o processo de execução não tem função

de julgar fatos, mas sim de efetivar, em favor do exeqüente, o direito que uma

sentença reconheceu como existente.

15 Perigo de dano pela demora. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 360).

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Lembra Furtado (1985, p. 182) que o processo de execução possui três fases

diferenciadas sendo:

[...] a) proposição, com predominância da atividade das partes sobre a jurisdicional, visando dotar o julgador dos elementos indispensáveis à realização dos atos executórios (constituição da relação processual); b)instrução, preparação e elaboração dos dados materiais sobre os quais deve o juiz operar; c) entrega do produto, fase destinada a realizar a satisfação do credo. Na primeira fase, encontram-se petição inicial e seu ajuizamento; a citação do devedor. Na segunda, ou de expropriação propriamente dita, estão a penhora, a avaliação, a arrematação ou a adjudicação, a remição. E na terceira, a entrega do produto (satisfação do credor).

Ressalta-se ainda que o processo de execução pode-se dar através de

diversos procedimentos, alterando-se de acordo com a obrigação constante no título

executivo do credor, sendo previsto pelo CPC a execução para entrega de coisa

certa e incerta, a execução para as obrigações de fazer e não fazer, a execução por

quantia certa contra devedor solvente, que será melhor analisada posteriormente, e

contra devedor insolvente, a execução contra a Fazenda Pública e a execução de

prestação alimentícia. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

3.3.1 Princípios no Processo de Execução

Todo ordenamento jurídico brasileiro encontra-se baseado em princípios, pois

são os mesmos que servem de alicerce para as leis e para os procedimentos

processuais desempenhado por todos aqueles que participam da manifestação

jurisdicional. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

Disserta Assis (2001) que os princípios não são como dogmas ou máximas

dentro do mundo jurídico, mas são vistos como resultados obtidos através da

reunião de diversas experiências realizadas ao longo da história, servindo para

orientar o andamento processual.

Complementa Santos (2004, p. 73) que:

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[...] são os princípios gerais de cada sistema que permitem ao legislador a criação de novos institutos, e ao intérprete dar a inteligência dos que no sistema se estruturam, o sentido e a aplicação das normas legais que os disciplinam, propiciando, assim, a colaboração da ciência jurídica na obra incessante do aprimoramento do processo, visando sua adaptação às circunstâncias ocorrentes com as transformações dos fenômenos sociais, dia a dia mais apressadas e até inesperadas e bruscas.

Pode-se destacar que Theodoro Júnior (2003), no processo de execução, lista

como princípios gerais o da execução real, da limitação ao direito do credor, da

utilidade, o da economia, da especificação, dos ônus, do respeito a dignidade

humana e da disponibilidade, os quais serão tidos como base e explanados a seguir.

3.3.1.1 Princípio da execução real

O princípio da execução real é aquele que determina que a atividade

jurisdicional deva sempre recair restritivamente sobre o patrimônio do devedor, e

nunca sobre sua pessoa. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

O artigo 591 do CPC, neste sentido, determina que o devedor responda com

todos os seus bens presentes e futuros a satisfação de suas obrigações, salvo as

restrições arroladas em lei.

Portanto, no processo de execução não se admite a prisão civil por dívida,

com exceção do devedor de alimentos e do depositário infiel, onde há determinação

constitucional (art. 5º, inciso LXVII) para a privação de liberdade. (RIOS

GONÇALVES, 1999).

3.3.1.2 Princípio da limitação ao direito do credor

Explica Theodoro Júnior (2003) que a execução deve-se limitar a satisfazer o

direito do credor, isto é, deve-se executar apenas a quantidade de bens suficientes

para que haja a satisfação total do exeqüente.

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Dispõem o art. 659 do CPC que somente deverão ser penhorados “[...] tantos

bens quantos bastem para o pagamento principal, juros, custas e honorários

advocatícios”.

Destaca ainda Rios Gonçalves (1999) que quando tiverem sido penhorados

diversos bens, suspende-se a arrematação dos mesmos no momento em que os

resultados obtidos pela expropriação bastarem para satisfazer a pretensão do

exeqüente.

3.3.1.3 Princípio da utilidade da execução

Tal princípio determina que não é possível utilizar a execução apenas com o

objetivo de prejudicar o devedor, devendo esta ser útil ao credor. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

Por este motivo, determina o § 2º do art. 659 do CPC que “Não se levará a

efeito a penhora, quando evidente que o produto da execução dos bens encontrados

será totalmente absorvido pelo pagamento das custas da execução.”.

Esclarece Nery Júnior; Nery (2003, p. 1022) que “Se o valor é de tal sorte

irrisório que a guarda, depósito e transporte do bem possa consumir o valor do bem

penhorado, a constrição judicial não deve ser realizada.”.

Portanto, somente poderá ser produto de penhora bens passíveis de suportar

a execução e satisfazer o credor. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

3.3.1.4 Princípio da economia da execução

O final almejado em um processo de execução é a satisfação do credor,

devendo, portanto o devedor responder com seu patrimônio da forma necessária

para que seja garantido o pagamento ao exeqüente, tal como se daria se o devedor

houvesse adimplido a obrigação de forma voluntária, sem a necessidade de se

buscar a tutela jurisdicional. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

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Entretanto, conforme esclarece Wambier; Almeida; Talamini (2005), o

processo de execução não pode ser tido como forma de punição civil do devedor,

mas sim com o objetivo de satisfazer o direito do credor.

Determina o art. 620 do CPC que quando houver vários meios para se

realizar a execução, deve-se buscar o menos prejudicial ao devedor.

Portanto, deve o juiz determinar que a execução seja realizada da forma

menos onerosa ao executado, evitando desta forma encargos desnecessários à

satisfação do credor. (RIOS GONÇALVES, 1999).

Destaca ainda Montenegro Filho (2005) que tal princípio não pode ser

utilizado com forma do devedor não submeter seus bens a penhora, ou ainda de não

obedecer a ordem para nomeação de bens estabelecida pela legislação vigente, nos

caso que esta não acarreta vulto prejuízo.

3.3.1.5 Princípio da especificação da execução

O princípio da especificação diz respeito ao credor obter, através da

execução, aquilo que ele teria direito se o devedor tivesse adimplido

espontaneamente a obrigação assumida. É permitido porém, que a prestação seja

realizada através do pagamento em dinheiro, isto é, do valor da coisa mais perdas e

danos, nos casos em que não haja possibilidade da entrega da coisa que se perdeu,

conforme estabelece o art. 627 do CPC. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Destaca ainda Nery Júnior; Nery (2003, p. 1009), tendo como base o art. 633

do CPC, que:

Se a relação obrigacional não foi constituída intuitu personae16, o credor pode exigir que o fato seja executado por terceiro à custa do devedor (CC249; CC/1916 881), se este estiver se recusando à prestação, ou descumprindo o prazo assinado. Pode, também, alternativamente, preferir pedir indenização por perdas e danos.

16 Em consideração à pessoa. Diz-se do ato jurídico levado a efeito em virtude de determinada pessoa. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 343).

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Elucida, por fim, Theodoro Júnior (2003) que tal substituição não pode ser

exigida pelo credor ou imposta pelo devedor, caso haja possibilidade da obrigação

ser prestada conforme firmada.

3.3.1.6 Princípio dos ônus da execução

O devedor moroso, que deu ensejo à execução, deverá arcar com todas as

despesas decorrentes do retardamento da prestação para poder se liberar do

vínculo obrigacional. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Portanto, o princípio dos ônus da execução determina que todo encargo

proveniente das ações que o credor é obrigado a executar para que possa obter o

que lhe é devido deverá correr por conta do devedor. (LOPES RODRIGUES, 1997).

Lembra Assis (2001) que o poder judiciário não trabalha gratuitamente, e que

para dar andamento no processo, deverá o executado arcar com todas as despesas

processuais, inclusive honorários advocatícios.

3.3.1.7 Princípio do respeito à dignidade humana

O processo de execução não poderá levar o devedor e sua família ao estado

de ruína, pois desta forma estaria ferindo o princípio constitucional da dignidade da

pessoa humana. Portanto, o CPC, em seu art. 649, institui os bens que são

impenhoráveis, resguardado da penhora os bens de valor estimativo e que de

nenhum modo atende à pretensão do credor. Já o art. 650, dispõe a respeito dos

bens que são relativamente penhoráveis, isto é, bens que somente podem sofrer o

processo de penhora quanto há ausência de outros bens livres. (RODRIGUES,

1997).

A Lei n. 8009/90 também protege os bens que são indispensáveis à

habitalidade mínima da família do devedor, bem como os necessários para a

manutenção da dignidade humana. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

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3.3.1.8 Princípio da disponibilidade da execução

O processo de execução tem como principal objetivo a busca da satisfação do

credor, cabendo a ele a disponibilidade ou não de buscar seus direitos na esfera

judicial. (ASSIS, 2001).

Determina o art. 569, caput, do CPC, que o credor tem livre arbítrio para

desistir da execução ou de parte dela, não sendo cabíveis objeções feitas pelo

devedor, referentes a tais atos.

Entretanto, o parágrafo único do artigo supra citado, estabelece duas

hipóteses que devem ser observadas para a desistência do credor. Theodoro Júnior

(2003, p. 277) esclarece que tal parágrafo

[...] faz uma distinção entre os embargos puramente processuais (de forma) e aqueles que suscitam questões substanciais (de mérito). No primeiro caso, a desistência da execução acarreta também a extinção dos embargos do devedor, mesmo porque extinta a relação processual executiva ficaria sem objeto a ação de embargos. Ao credor, porém, serão imputados os encargos sucumbenciais, isto é, a responsabilidade pelas custas e honorários advocatícios. No segundo caso, ou seja, nos embargos de mérito, a desistência da execução não afeta a ação do embargante, justamente porque lhe assiste o direito de prosseguir na ação incidental para encontrar uma solução judicial definitiva para o vínculo obrigacional litigioso.

Ressalta ainda Theodoro Júnior (2003) que no caso de desistência do

processo, extingue-se o direito do credor de executar novamente o mesmo título

executivo.

3.3.2 Requisitos Essenciais do Processo de Execução

Além dos requisitos gerais (partes legítimas, interesse de agir e possibilidade

jurídica do pedido) exigíveis para a propositura de qualquer processo na esfera cível,

devem-se observar o preenchimento de dois pressupostos específicos e

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indispensáveis para o processo de execução, sendo eles o inadimplemento do

devedor e o título executivo, judicial ou extrajudicial. (FIDA; GUIMARÃES, 1998).

Marques (2000, p. 13) esclarece que tais requisitos da execução “[...]

legitimam a atividade coativa do Estado para impor ao executado o cumprimento da

prestação executiva.”.

Somente com a junção dos dois requisitos é que se torna possível requerer

em juízo a execução, pois não é suficiente apenas um crédito comprovado através

de documento nem o descumprimento da obrigação. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

O inadimplemento do devedor, que é gerado pela configuração da mora e que

encontra-se estabelecido no art. 580, parágrafo único do CPC, se dará sempre que

o mesmo não satisfizer espontaneamente a obrigação determinada por sentença ou

constante em título executivo. (RIOS GONÇALVES, 1999).

Entretanto, lembra Montenegro Filho (2005, p. 303) que:

O adimplemento da obrigação pelo devedor é fato que pode ocorrer logo após ser proposta a ação de execução, independentemente da citação operada na pessoa do executado, o que impõem a extinção da ação executiva pela satisfação da obrigação, assunto tratado no art. 581 do CPC, não se afastando a obrigação do devedor de efetuar o pagamento das custas processuais e dos honorários advocatícios, por ter dado causa à postulação.

O devedor, para por fim ao débito existente, deve cumprir a obrigação de

acordo com o que está definido no titulo executivo, pois se não o fizer, poderá o

credor recusá-la e dar continuidade no processo de execução. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

Referente ao título executivo, duas correntes procuram explicá-lo e conceituá-

lo. A primeira, a teoria documental, qualifica o título em seu aspecto documental,

comprovando desta forma o direito subjetivo substancial. (GRECO FILHO, 2006).

A segunda, a teoria do ato, é aquela onde o título é tido como o ato ou fato

que o ordenamento jurídico elegeu como um diferencial, sem aumentar o papel

representativo do documento em si. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

Montenegro Filho (2005, p. 307) explica que o título executivo é a união das

duas teorias, visto que:

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O título executivo é o documento (mas não só documento) conduzido pelo credor que revela a ocorrência de um ato ou de um fato jurídico (mas não só o ato ou o fato jurídico) suficiente, por si só, para permitir seja invadida a esfera patrimonial do devedor na busca da satisfação do credor, reunindo os atributos da certeza, da exigibilidade e da liquidez da obrigação de cumprimento negado pelo devedor, de forma injusta, merecendo tratamento privilegiado do Estado.

O título executivo, conforme esclarece Rosenberg (1955, apud THEODORO

JÚNIOR, 2003, p. 30), por ser essencial para a execução, assume a função de “[...]

autorizar a execução; [...] definir o fim da execução; e [...] fixar os limites da

execução”.

Conforme dispõem o art. 586 do CPC, o processo de execução deve sempre

estar fundado em um título líquido, certo e exigível.

A liquidez, de acordo com Wambier; Almeida; Talamini (2005), diz respeito ao

título trazer sua perfeita determinação quanto a quantidade de bens devidos,

indicado diretamente ou presumível, objeto da prestação assumida. Já

Montenegro Filho (2005) explica que o título é tido como certo quando não existir

dúvidas a respeito do primoroso ato jurídico que produziu o documento e seus

aspectos formais.

Por fim, a exigibilidade é o momento em que o cumprimento da obrigação

pode ser reclamado, isto é, nasce com o vencimento da dívida ou com o trânsito em

julgado da sentença. (SANTOS, 1999).

Portanto, afirma Marques (2000) que título exigível é aquele que não depende

de condição, termo ou qualquer outra limitação.

Recorda Greco Filho (2006) que os títulos executivos extrajudiciais estão

relacionados nos diversos incisos do art. 585 do CPC, e os judiciais no art, 475-N do

mesmo diploma legal.

Rios Gonçalves (1999) informa ainda que os títulos executivos estão sempre

previstos no ordenamento jurídico, pois não será considerado como tal, o documento

não previsto em lei, ainda que os sujeitos da relação estejam de acordo em lhe

atribuir força legal.

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3.3.3 Procedimentos da Execução

Conforme mencionado anteriormente, Theodoro Júnior (2003)

esclarece que o processo de execução pode-se dar através de diversos

procedimentos, sendo alterando de acordo com a obrigação constante no título

executivo do credor. O CPC prevê a execução para entrega de coisa certa e incerta,

a execução para as obrigações de fazer e não fazer, a execução por quantia certa

contra devedor solvente, que será objeto de analise no presente trabalho, e contra

devedor insolvente, a execução contra a Fazenda Pública e a execução de

prestação alimentícia.

3.3.4 Execução por Quantia Certa Contra Devedor Solvente

A execução por quantia certa contra devedor solvente, conforme estabelece o

art. 646 do CPC, tem como principal objetivo a expropriação de bens do devedor

para satisfazer a pretensão do credor. (LEVENHAGEM, 1996).

Lembra Montenegro Filho (2005) que este tipo de execução é proposta

quanto se acredita que o devedor possui um ativo maior que o passivo, isto é, possui

bens suficientes para saldar as suas dívidas.

De acordo com Marques (2000, p. 151) este tipo de execução pode ser de

duas espécies, pois:

[...] será específica, tendo caráter repristinatório, quando deriva ou de dinheiro que o devedor recebeu para devolver, ou da obrigação de pagar quantia certa em dinheiro, proveniente de negócio jurídico realizado com o credor. Será genérica, quando tiver a finalidade de proporcionar ao credor utilidade equivalente àquela que foi sacrificada com a violação de seu direito. Ela é instrumento legal para compelir o devedor ao ressarcimento do dano causado com sua conduta antijurídica, como, ainda, pode ser o sucedâneo da execução específica que resulte impossível.

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O processo de execução desta natureza tem como procedimento a

provocação deste pelo credor, através da petição inicial, a convocação do devedor

(citação para pagar ou nomear bens a penhora), a realização dos atos de apreensão

de bens e sua posterior transformação em dinheiro através de sua desapropriação, e

por fim o pagamento ao exeqüente. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

3.3.4.1 Inicial

Igualmente ao processo de conhecimento, inicia-se um processo de execução

através da provocação do credor, isto é, através de uma petição inicial comum,

observando os requisitos estabelecidos pelos arts. 282 e 283 do CPC, fazendo as

indispensáveis adaptações. (LEVENHAGEM, 1996).

Esclare Dinamarco (2004) que a petição tem duplo objetivo, sendo o de iniciar

o processo de execução e o de identificar qual é a pretensão que o credor vem

recorrer.

Na inicial deve-se identificar e qualificar as partes do processo, fundamentar o

pedido através do título executivo e do inadimplemento do devedor, e realizar o

pedido solicitando a medida executiva e a citação do devedor para que no prazo de

24 horas cumpra a obrigação ou nomeie bens a penhora. (THEODORO JÚNIOR,

2003)

O pedido deverá ser expresso com um valor em moeda corrente, devendo ser

certo, pois não são admitidos pedidos alternativos neste tipo de processo.

(DINAMARCO, 2004).

Lembra Dinamarco (2004) que se a obrigação alegada no processo de

execução for ilíquida, não poderá ser executada até que se realize o processo de

liquidação da mesma, conforme art. 475 – A e seguintes do CPC. Só podem ser

objeto de liquidação as prestações constantes de título executivo judicial, pois os

extrajudiciais que não indicarem valores nem mesmo apresentarem possibilidade de

realizar seu cálculo são desprovidos de eficácia executiva.

O credor não tem prazo determinado para dar início ao processo de

execução, todavia, este também fica sujeito à prescrição, como qualquer outra

espécie de ação. (AMARAL SANTOS, 2003).

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A inicial poderá ser acolhida pelo juiz ou indeferida, de acordo com o art. 295

do CPC. Recebida, após o despacho inicial do juiz, a petição inicial e os documentos

que a acompanham serão devidamente registrados e autuados pelo cartório judicial,

sendo posteriormente expedido o mandado de citação do devedor, conforme a

determinação do magistrado. (LEVENHAGEM, 1996).

Adverte Rios Gonçalves (1999, p. 46) que:

No processo de execução por quantia, admite-se apenas a citação por mandado e por edital. Inadmissível, em qualquer espécie de execução, a citação por carta (CPC, art. 222, d). Também não cabe a citação com hora certa, na execução por quantia certa. A Súmula n. 196 do colendo Superior Tribunal de Justiça menciona a necessidade de nomeação de curador especial, ao executado citado por edital ou com hora certa, dando a impressão de que se poderia admitir a citação com hora certa no processo de execução. No entanto, a citação com hora certa há de ficar restrita às demais hipóteses de execução. Na execução por quantia, se o devedor ocultar-se e não puder ser localizado, a citação será feita por edital.

A citação por mandado será realizada por oficial de justiça e após tal

procedimento, o devedor terá o prazo de 24 horas para pagar sua dívida ou nomear

bens a penhora. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

No caso do oficial de justiça, após algumas diligências, não encontrar o

executado para realizar sua citação, deverá o mesmo arrestar bens do devedor para

garantir a execução, conforme o que determina o art. 653 do CPC. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

Após o arresto, nos dez dias seguintes, o oficial de justiça deverá por três

vezes procurar o executado, que não o encontrando certificará o ocorrido. Cabe ao

credor solicitar a citação do devedor por edital. (GRECO FILHO, 2006).

O arresto será convertido em penhora caso, findado o prazo da citação por

edital, não houver sido paga a dívida. (AMARAL SANTOS, 2003).

Citado, o devedor poderá adotar uma entre quatro medidas possíveis, sendo

elas a efetuação do pagamento do débito, a nomeação de bens à penhora, a

oposição da execução através de exceção de pré-executividade ou a omissão a

respeito de tal processo, sujeitando-se a penhora judicial. (MONTENEGRO FILHO,

2005).

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Destaca-se que para os títulos executivos judiciais não há processo de

execução, mas mero cumprimento de sentença, sendo expedido diretamente

mandado de penhora. Após a penhora, o procedimento do título judicial passa a ser

idêntico ao do extrajudicial. (GRECO FILHO, 2006).

3.3.4.2 Penhora

A penhora, conforme conceitua Marques (2000), é o ato que dá início a

expropriação no processo de execução, pois apreende bens oriundos do patrimônio

do devedor para garantir a obrigação assumida.

De acordo com Liebman (1980, apud SANTOS, 2003, p. 296) a penhora

apresenta dupla finalidade sendo:

1 – visa a individuar e apreender efetivamente os bens que se destinam aos fins da execução, preparando assim o ato futuro da desapropriação; 2 – visa também a conservar os bens assim individuados na situação em que se encontram, evitando que sejam subtraídos, deteriorados ou alienados em prejuízo da execução em curso

Após sua citação, o devedor tem 24 horas para nomear bens a penhora, isto

é, indicar ao juízo quais os bens constantes do seu patrimônio que devem ser

penhorados na execução movida. Esta faculdade de escolher é dada primeiramente

ao executado, podendo ser transferida ao exeqüente caso o anterior não a exerça.

(DINAMARCO, 2004).

Montenegro Filho (2005, p. 432) esclarece que a nomeação de bens deve ser:

[...] acompanhada: a) da indicação das transcrições aquisitivas, do detalhamento da coisa, sua divisas e confrontações, na hipótese de bem imóvel; b) da particularização do estado e do lugar em que se encontra, na hipótese de bem móvel; c) da especificação, da indicação do número de cabeças e do imóvel em que se acham, na hipótese dos semoventes; d) da identificação do devedor e sua qualificação, com a descrição da origem da dívida, do título que a representa e da data do vencimento, na hipótese dos créditos.

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Destaca Dinamarco (2004) que os bens nomeados devem observar a ordem

preferencial estabelecida pelo art. 655 do CPC, além de cumprir todas as exigências

legais, sob pena da nomeação se tornar ineficaz, de acordo com o art. 656 do

código anteriormente mencionado.

Esclarece Greco Filho (2006) que a ordem preferencial tem o objetivo de

facilitar o processo, visto que dá preferência as bens que mais facilmente são

convertidos em moeda corrente. Se o executado propuser bens fora de ordem,

poderá o credor recusá-los, mostrando outros que ocupem a preferência.

Também não terá validade, salvo com a concordância do exeqüente, a

nomeação: de bens que não forem objeto de lei, contrato ou ato judicial, de bens

que se encontra em lugar diverso do foro judicial havendo bens naquele local, de

bens embaraçados e de difícil comercialização caso haja outros livres, e quando

forem insuficientes para garantir o direito do credor. (FURTADO, 1985).

O credor deverá ser intimado para que, no prazo de 5 dias, se manifeste a

respeito dos bens nomeados pelo devedor. A recusa do credor a respeito da

nomeação de bens deverá ser fundamentada, pois a simples rejeição desrespeitaria

o princípio da economia da execução. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

Quando a nomeação é aceita pelo credor, determinará o juiz que o devedor

apresente a documentação necessária para que se comprove a propriedade do bem

e, em alguns caso, também exiba certidão negativa de ônus, sendo no final, a

penhora reduzida a termo nos autos, abrindo desta forma o prazo para que,

querendo, entre o devedor com embargos. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Lembra Greco Filho (2006, p. 79) que através da penhora:

[...] o credor adquire direito de preferências sobre os bens. Recaindo mais de uma penhora sobre os mesmos bens, cada credor conservará o seu título e ordem de preferências. [...] Essa preferência processual cessa se for instaurado o concurso universal de bens e credores contra o devedor comum, sendo-lhe decretada a insolvência.

A nomeação de bens será repassada para o credor no caso do executado

não realizá-la ou a fizer de forma ineficaz, sendo a mesma invalidada pelo juiz.

(AMARAL SANTOS, 2003).

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O oficial de justiça também procederá à penhora, caso o devedor não nomeia

bens ou se o ato for declarado inválido. Deve o oficial, ao realizar a penhora,

respeitar o que está estabelecido no art. 655 do CPC, procurando conciliar os

interesses do credor e do devedor. (AMARAL SANTOS, 2003).

Caso os bens do devedor encontrados estejam em outro foro, a execução

será realizada mediante carta para a comarca onde estão localizados os bens.

(AMARAL SANTOS, 2003).

Via de regra, a penhora é ato irretratável. Todavia, admite-se, em alguns

casos, a substituição do bem por dinheiro (art. 668 do CPC), a ampliação ou redução

quando se verificar a insuficiência ou a excessividade de bens (art. 685, I e II do

CPC), ou através da renovação, onde se realiza nova penhora quando ocorrer os

casos previstos nos incisos do art. 667 do CPC. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

O Código de Processo Civil, no art. 649, estabelece certos bens que são ditos

como impenhoráveis. Já os bens do art. 650, só poderão ser penhorados quando

não houver outros.

A penhora, de acordo com art. 644 do CPC, se considera realizada quando

houver a apreensão e depósito dos bens. Pode o próprio devedor ficar como

depositário, se não existir perigo de deteriorização ou desaparecimento do bem, ou

ainda, não concordando o credor com esta situação, pode o bem ser depositado em

outros estabelecimentos ou em mãos de terceiros, conforme estabelece o art. 666

do CPC. (GRECO FILHO, 2006).

Deve o depositário responder por qualquer prejuízo que vier a ocorrer com o

bem, sendo este por dolo ou culpa. (AMARAL SANTOS, 2003).

3.3.4.3 Avaliação

Após ter sido realizada a penhora, tem-se como ato subseqüente a avaliação

dos bens, que deverá ser realizada, conforme determina o art. 680 do CPC, por um

avaliador oficial ou por um perito nomeado pelo juiz. (GRECO FILHO, 2006).

Ressalta-se que a avaliação só será realizada se a penhora não for

embargada, ou os mesmo tenham sido rejeitados definitivamente pelo juiz.

(MARQUES, 2000).

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Dinamarco (2004, p. 545) esclarece que:

No processo executivo, avalia-se o bem penhorado com a finalidade de estabelecer parâmetros para sua futura expropriação forçada; a avaliação serve também para se saber desde logo se os bens penhorados são insuficientes ou também se, ao contrário, são excessivos.

Em regra, para que ocorra a transferência dos bens na execução, faz-se

necessária a avaliação dos mesmos. Entretanto, conforme dispõem o art. 684 do

CPC, dispensa-se a avaliação nos seguintes casos em que houver, pelo credor,

aceitação da estimativa de preço feita pelo devedor na nomeação de bens; quando

se tratar de títulos ou de mercadorias que possuam cotações em bolsa, comprovada

por certidão ou publicação oficial; e, quando os bens penhorados forem de pequeno

valor.(WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Conforme explana Amaral Santos (2003), a avaliação será realizada por um

perito nomeado pelo juiz, excetuado o caso de haver avaliador oficial na comarca em

que está ocorrendo o processo de execução.

O avaliador pode ser substituído pelo juiz caso o mesmo se enquadre nos

motivos de suspeição ou impedimento estabelecidos pelo ordenamento jurídico, ou

ainda se desrespeitar os prazos e prorrogações determinadas. (DINAMARCO,

2004).

O prazo para ser realizada a avaliação é de 10 dias e deverá ser apresentada

através de um laudo que conterá a descrição do bem, suas características, o estado

em que se encontra, e, por fim, o seu valor de mercado. (THEODORO JÚNIOR,

2003).

Após a apresentação do laudo, as partes têm um prazo de cinco dias para se

manifestar a respeito do mesmo, prazo este que mesmo não estabelecido na lei, foi

assentido pela 4º Turma do STJ17. (ASSIS, 2001).

Greco Filho (2006) relembra que a avaliação só será repetida nos casos em

que se comprovar erro ou dolo do avaliador, diminuição do valor do bem ou ainda

dúvida sobre o valor que foi atribuído pelo devedor quando ofereceu o bem a

penhora.

17 Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 9.6.92/GO. Relator Ministro Sálvio de Figueiredo. Publicado no DJU 03.08.92, p. 11.327.

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3.3.4.4 Expropriação

A expropriação é o ato pelo qual o juiz, representando o Estado, satisfaz a

pretensão do credor ao transferir bens pertencentes ao devedor, independentemente

da vontade deste. (MARQUES, 2000).

Esclarece Souza (1940, apud MARQUES, 2000, p. 204) que:

[...] os bens sujeitos à execução não podem, em regra, ser entregues ao credor, pelo princípio – aliud pro alio solvet non potest – que proíbe a dação em pagamento, sem o consenso das partes, invito creditore ou invito debitore, princípio que tutela não só os interesses do credor com também do devedor. Daí dizer com razão CARNELUTTI que o pressuposto do processo executivo para pagamento em dinheiro é a diferença de qualidade entre o bem devido e o bem penhorado, tornando-se, por isso, necessário, antes de proceder à entrega, converter este naquele, isto é, proceder à sua liquidação. Essa transformação do bem penhorado em dinheiro é conseguida por meio da arrematação, que vem a ser, consequentemente, a alienação judicial do bem penhorado para com o seu produto ser satisfeito o julgado.

Se o ato da penhora se deu sobre dinheiro, este será transferido ao credor ao

fim do prazo de embargos ou da rejeição dos mesmos. (WAMBIER; ALMEIDA;

TALAMINI, 2005).

Porém quando os bens penhorados são de natureza diversa à moeda

corrente, finaliza-se a execução através da expropriação, que pode ser atingida por

três formas diferentes, sendo pela arrematação, adjudicação ou pelo usufruto

forçado. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

A arrematação, transferência que se opera pela entrega do bem penhorado a

terceiro, de acordo com Marques (2000), será objeto de detalhada explicação

posteriormente.

Já a adjudicação se dá quando o próprio credor se torna proprietário do bem

penhorado, situação esta que se efetiva como o pagamento do débito do devedor.

(MONTENEGRO FILHO, 2005).

Por fim, o usufruto do imóvel ou da empresa, satisfaz o direito do credor

através dos rendimentos oriundos do bem pertencente ao devedor. Ressalta que

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nesta forma de expropriação, o executado não perde a propriedade do bem

penhorado. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

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4 A EXPROPRIAÇÃO DE BENS NA EXECUÇÃO 4.1 A ARREMATAÇÃO NO PROCESSO DE EXECUÇÃO

A arrematação, espécie de expropriação mais comum para se buscar a

satisfação do credor, é a forma pela qual se dá a alienação judicial dos bens

penhorados do devedor. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Destaca Montenegro Filho (2005) que a alienação do bem ocorre mesmo

contra a vontade do devedor sendo tal procedimento realizado pelo Estado, ou seja,

efetuado através do ato público de império do mesmo onde o magistrado o

representa e autoriza a invasão patrimonial.

Explica Amaral Santos (2003) que, de acordo com a teoria dominante, não se

pode dizer que há venda judicial dos bens penhorados na arrematação, pois é

incompatível se falar em natureza contratual nesta forma de alienação.

Tem-se desta forma um negócio jurídico processual, pois apesar de tal ato ser

realizado coativamente pelo órgão judicial, encontram-se ainda aspectos negociais

na manifestação de vontade do adquirente pelo bem. (WAMBIER; ALMEIDA;

TALAMINI, 2005).

O processo de alienação judicial por hasta pública tem a finalidade de vender

o bem a quem melhor remunerá-lo. Portanto seu procedimento busca garantir

igualdade entre os concorrentes, dar publicidade dos atos através da publicação de

edital e acesso ao processo, e por fim, obter o melhor resultado de maneira menos

onerosa para o devedor, respeitando o princípio da economia da execução.

(MONTENEGRO FILHO, 2005).

A hasta pública pode ser realizada de três formas, sendo pela praça, leilão ou

por pregão. A praça ocorre nos casos em que os bens penhorados se constituem de

imóveis, conforme determina o art. 697 do CPC. Já o leilão acontece para a

alienação de demais bens, de acordo com o art. 704 do mesmo diploma legal,

excetuado os títulos que podem ser alienados em bolsa de valores. (LEVENHAGEM,

1996).

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Observa-se ainda que os bens imóveis podem ser alienados em leilão, pois

de acordo com o art. 670 juntamente com o art. 1113, ambos do CPC, define a

possibilidade da venda antecipados de bens. (MARQUES, 2000).

Ressalta Theodoro Júnior (2003) que em caso do bem penhorado ser títulos

emitidos por pessoas jurídicas de direito público interno ou outros equiparados a

estes, sua alienação se dará em pregão da Bolsa de Valores, conforme determina a

resolução nº 238 do Banco Central.

Diferencia-se ainda o leilão da praça, pois o primeiro realiza-se onde se

encontrarem os bens ou no lugar designado pelo juiz, sendo efetuado por leiloeiro

público da livre escolha do credor e o segundo ocorre no átrio do edifício do fórum

sendo apregoado pelo Oficial Porteiro. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

De acordo com Greco Filho (2006), o leiloeiro tem as obrigações de publicar

um edital anunciando o leilão, realizar o leilão, expor aos pretendentes os bens,

receber do arrematante a comissão, receber e depositar, em 24 horas, o produto da

alienação e, finalmente, prestar conta nas 48 horas subseqüentes ao depósito.

A arrematação, conforme esclarece Montenegro Filho (2005, p. 456, [sic]), é

precedida de atos processuais preparatórios sendo estes:

[...] a) da publicação do edital; b) da intimação pessoal do devedor, possibilitando-lhe remir a execução, efetuando o pagamento do valor do débito, incluindo o principal, juros, correção monetária, honorários advocatícios e todos os encargos processuais; c) da intimação do credor com garantia real (arts. 619 e 698 do CPC), objetivando oferecer-lhe a prerrogativa de adjudicar o bem que se encontra atado ao contrato que lhe defere a garantia, observando-se que a ausência da intimação impõe a ineficácia da alienação em relação à sua pessoa, permanecendo o gravante [...] em companhia do bem arrematado pelo terceiro.

O edital de arrematação tem o objetivo de tornar pública a data, hora e lugar

da alienação dos bens, levando desta forma ao conhecimento dos interessados as

informações necessárias. Deverá o mesmo conter, conforme determina o art. 686 do

CPC: a descrição dos bens com suas características e situação geral no caso de

imóveis; o valor de cada bem juntamente com seus pertences e acessórios ou ainda

o valor da última cotação anterior a sua publicação no caso de títulos de crédito e

mercadorias que tem cotação em bolsa de valores; o lugar em que se encontra o

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bem móvel, veículos ou semoventes e os autos processuais em que os mesmos

foram penhorados; o dia, o lugar e a hora em que se realizará a praça ou leilão; a

menção da existência de recursos, ônus ou causa pendente que tenham sidos

interpostos; e por fim, a designação do dia, hora e lugar em que se realizará a

segunda praça ou leilão, no caso da primeira não alcançar lanço superior ao valor da

avaliação, vendendo os bens para quem mais der. (AMARAL SANTOS, 2003).

Segundo Dinamarco (2004), deve o edital ser afixado em local de costume,

que ordinariamente corresponde ao átrio do fórum, e publicado, conforme determina

o art. 607, caput do CPC, em jornal que o público geral costume ler, de ampla

circulação local, preferencialmente em seções reservadas as publicações de

negócios imobiliários (no caso de imóveis), com antecedência mínima de 5 (cinco)

dias da data da hasta pública.

Relembra Wambier; Almeida; Talamini (2005) que nos casos de bens com

valores inferiores a 60 vezes o salário mínimo vigente, conforme estabelece o § 3º

do art. 686 c/c 275, ambos do CPC, há a dispensa da publicação do edital.

Entretanto, nos casos em que não houver sido realizado a divulgação do edital, não

pode-se haver arrematação por preço inferior ao da avaliação.

Montenegro Filho (2005) assinala que os requisitos do edital determinado pelo

CPC são essenciais para a validade da praça ou do leilão, pois a falta de algum

deles pode fornecer argumentos para oposição de embargos à arrematação,

ocasionando suspensão da execução.

Destaca Marques (2000) que se por algum motivo justificado a hasta pública

não acontecer, o juiz ordenará a publicação da notícia de transferência, conforme o

art. 688 do CPC. Determina ainda o parágrafo único deste mesmo artigo que o

responsável pela transferência responderá pelas suas despesas e poderá ser

suspenso por até 30 dias se culposamente deu causa ao evento.

No que se refere à intimação, informa Wambier; Almeida; Talamini (2005) que

deverá o devedor ser intimado pessoalmente da data, hora e local em que se dará a

arrematação, através de mandado, carta com aviso de recepção ou por qualquer

outro meio idôneo conforme fixa o art. 687, § 5º do CPC, não bastando a intimação

de seu advogado.

A intimação do devedor tem o objetivo de possibilitar ao mesmo remir a

execução, através do pagamento da quantia principal, mais os acréscimos legais, e

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de todas as outras despesas que decorrerão do processo de execução.

(MONTENEGRO FILHO, 2005).

Previne Montenegro Filho (2005) que os tribunais vem admitindo a intimação

por edital, com publicação mínima de 24 horas antes da realização da hasta pública,

nos casos em que o oficial de justiça não conseguiu cumprir a diligência por não ter

encontrado o devedor no endereço constante dos autos.

Deve-se ainda intimar os credores que possuam garantia real sobre os bens

penhorados, pois o descumprimento de tal intimação acarretará na ineficácia da

alienação judicial ao que se refere à exclusão do gravame que incide sobre o bem

penhorado. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

De acordo com Theodoro Júnior (2003) pode o credor não intimado optar por

permanecer com o direito real perante o adquirente do bem ou solicitar a anulação

da arrematação.

Tanto o leilão como a praça se iniciará com o anúncio dos bens que serão

objeto da arrematação. Resende Filho (1985, apud MARQUES, 2000, p. 213) explica

que:

Cada coisa deve ser apregoada três vezes, em voz alta e distinta com breve intervalo. Feito por um dos presentes o lanço, o porteiro repete-o três vezes. Se outro licitante oferecer quantia maior, o laço inutilizará o anterior e o porteiro vai sempre repetindo os lanços sucessivos três vezes em voz alta até que ninguém dê mais. Valerá, afinal, o lanço maior, concluindo-se a arrematação.

Na primeira praça ou leilão, não podem os lanços serem inferiores ao valor da

avaliação, isto é, deve-se iniciar a hasta pública com lanços que superem à

importância do bem penhorado, segundo a avaliação. (AMARAL SANTOS, 2003).

Theodoro Júnior (2003) ilustra que não havendo interessado em dar lanço na

primeira licitação, esta será frustrada, cabendo ao responsável a lavratura do auto

negativo. Desta forma aguarda-se a segunda hasta, designada preliminarmente no

edital, onde a arrematação não estará mais limitada ao preço da avaliação, não

admitindo, entretanto, arrematação do bem por preço vil, conforme estabelece o art.

692 do CPC.

Deve a arrematação ser efetuada com dinheiro à vista, ou ainda com um

prazo de três dias mediante caução idôneo, de acordo com o art. 690 do CPC.

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Todavia aceita-se outra forma de pagamento caso o edital, por decisão do juiz, a

tenha definido. (GRECO FILHO, 2006).

Wambier; Almeida; Talamini (2005) esclarecem que se não for efetuado o

pagamento dentro do prazo de três dias pelo arrematante ou mesmo por seu fiador,

é imposta uma multa de 20% sobre o valor do lanço, conforme o art. 695, caput, do

CPC. O exeqüente, caso perdure o inadimplemento, tem um prazo de 10 dias para

escolher entre nova hasta pública ou cobrar do arrematante e do seu fiador o preço

oferecido pelo mesmo no lanço mais multa, valendo esta decisão com título

executivo, conforme estabelece os § 1º e 2º do artigo supra citado.

O art. 690, § 1º, do CPC, determina que todos aqueles que estiverem na livre

administração de seus bens podem oferecer lanço, devendo, desta forma, ter o

licitante capacidade jurídica e do exercício de direitos. No entanto, o mesmo artigo

acima citado excetuam alguns da licitação, sendo:

[...] I – os tutores, os curadores, os testamenteiros, os administradores, os síndicos, ou liquidantes, quanto aos bens confiados à sua guarda e responsabilidade; II – os mandatários, quanto aos bens, de cuja administração ou alienação estejam encarregados; III – o juiz, o escrivão, o depositário, o avaliador e o oficial de justiça.

Recorda Amaral Santos (2003) que também não podem licitar o porteiro do

auditório, o leiloeiro, referente aos bens que lhes foram confiados para a

arrematação, bem como, o arrematante e o fiador que não efetuaram o pagamento

dos bens arrematados na hasta pública anterior.

Após a arrematação, é lavrado seu auto que deverá ser realizado no prazo de

24 horas depois do encerramento da hasta púbica. Este deverá ser firmado pelo juiz,

escrivão, leiloeiro ou porteiro e pelo arrematante. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

Destaca Wambier; Almeida; Talamini (2005) que durante este período pode

haver a remição dos bens pelo devedor, o que frustrará a alienação judicial.

Após o auto de arrematação, a alienação fica considerada perfeita, acabada e

irretratável, podendo somente ser desfeita, conforme destaca Greco Filho (2006, p.

98) e determina o parágrafo único do art. 694 do CPC, por:

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[...] I – vício de nulidade; II – se não for pago o preço ou se não for depositada a caução; III – quando o arrematante provar, nos três dias seguintes, a existência de ônus real na mencionado no edital; IV – nos casos de falta de intimação do credor hipotecário (art. 698) ou, se houver, no caso de execução de hipoteca de via férrea, por parte da Fazenda Nacional ou do Estado, o exercício do direito de preferência em igualdade de condições com o maior lançador (art. 699) ou se a Fazenda competente não for intimada.

Explica Amaral Santos (2003) que para que haja a transferência de domínio,

faz-se necessário a tradição da coisa, tratando-se de bem móvel e o registro no

Registro de Imóveis, para bens imóveis.

O art. 461-A, §2º do CPC, determina que em caso de não cumprimento da

obrigação, o juiz expedirá em favor de credor mandado de busca e apreensão para

a coisa móvel, ou imissão de posse para os imóveis. (MARQUES, 2000).

Theodoro Júnior (2003) assinala que a tradição é cumprida através da

entrega do bem ao adquirente e o registro é feito através da transferência forçada

por meio da expedição da carta de arrematação.

Deve a carta de arrematação conter a descrição do imóvel, a prova da

quitação dos impostos, o auto de arrematação e o título executivo, conforme

estabelece o art. 703 do CPC. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

O imposto a qual se refere o artigo acima citado, inciso II, está relacionado

aos tributos próprios devidos nos atos de transmissão de bens adquiridos através de

hasta pública. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

A arrematação tem como principais efeitos a transferência do domínio do bem

adquirido, a transmissão dos frutos pendentes referente ao bem, o dever do

arrematante, e consequentemente do fiador, em quitar a aquisição, e a extinção das

hipotecas inscritas sobre o imóvel arrematado. (MARQUES, 2000).

4.2 O PAGAMENTO AO CREDOR

O processo de execução por quantia certa se encerra com o pagamento ao

credor, ou seja, pelo cumprimento da obrigação do devedor, que pode ser realizado

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através da remuneração em dinheiro ou mediante a entrega de bens. (AMARAL

SANTOS, 2003).

O art. 708 do CPC dispõe que o pagamento ao credor será realizado através

da entrega do dinheiro, ou pela adjudicação dos bens penhorados, ou ainda pelo

usufruto do bem imóvel ou da empresa do devedor. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Expõe Marques (2000) que confrontando o artigo acima citado com o art. 647

do mesmo diploma legal, entende-se que a adjudicação e o usufruto se confundem

com o pagamento sem que haja, entretanto, a alienação propriamente dita para a

obtenção da satisfação do credor.

4.2.1 Da Entrega do Dinheiro

Existem três formas de se obter o dinheiro para a realização do pagamento

através da entrega do mesmo, sendo a primeira alcançada quando a penhora recair

desde o início sobre valor monetário. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Também se torna possível quando o devedor efetua, no transcorrer do

processo, o depósito em dinheiro correspondente à dívida, e, por fim, através da

alienação dos bens penhorados, forma esta mais comum entre as demais.

(THEODORO JÚNIOR, 2003).

Amaral Santos (2003, p. 253) assinala que se faz necessária a consideração

de dois casos na expropriação dos bens penhorados, sendo eles:

[...] a) o credor é um único e inexiste, em relação aos bens alienados, qualquer outro privilégio ou preferência, do qual terceiro seja titular, instituído anteriormente à penhora; b) vários são os credores, com multiplicidade de penhora sobre os mesmos bens, ou sobre estes existe qualquer privilégio ou preferência, instituído anteriormente à penhora.

Na primeira hipótese, a do credor singular, o juiz autoriza, através de

mandado, o levantamento do dinheiro até que haja a satisfação total do crédito.

Deverá o credor, mediante termo nos autos, dar ao devedor à quitação de

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pagamento, devolvendo a este a quantia que exceder a obrigação, conforme

determina o art. 709 do CPC. (GRECO FILHO, 2006).

Ressalta Theodoro Júnior (2003) que o juiz não poderá autorizar o imediato

levantamento quanto ocorrer a decretação de insolvência do devedor, pois neste

caso o montante da execução é mantido em favor de uma associação de credores

para que seja realizado o rateio universal, de acordo o art. 762, § 2º do CPC; e

quando, conforme mencionado anteriormente, houver sobre os bens alienados outro

privilégio anteriormente constituído, de acordo com o art. 709, II, do mesmo código

supra citado.

Nesta última hipótese haverá a instauração de um processo incidente

denominado de concurso de preferência, nos termos do art. 711 do CPC. (AMARAL

SANTOS, 2003).

Esclarece Wambier; Almeida; Talamini (2005) que em qualquer hipótese o

juízo competente para a apuração de tal concurso será o mesmo onde ocorreu a

execução, conforme estabelece a Súmula 270 do STJ.

As preferências entre os credores quirografários dependerão da ordem das

penhoras sobre o bem e as originárias de garantias reais, são respeitadas

independentemente de já ter sido promovido a execução do crédito. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

Portanto, a classificação dos credores para a realização do pagamento será

realizada, de acordo com Theodoro Júnior (2003, p. 237) pelos seguintes critérios:

a) independentemente de penhora, devem ser satisfeitos, em primeiro lugar, os que tiverem título legal de preferência, e possuírem, naturalmente, título executivo (“credores com garantia real sobre os bens arrematados”); b) não havendo preferências legais anteriores, ou depois de satisfeitas estas, os demais credores serão escalonados segundo a ordem cronológica das penhoras.

Explana Wambier; Almeida; Talamini (2005) que apesar do conflito existente

entre os arts. 711 e 612 do CPC, a respeito de quem deverá receber primeiramente

o produto da arrematação, a preferência é de quem primeiro penhorou o bem.

De acordo com o art. 712 do CPC, deverão os credores interessados formular

suas pretensões requerendo a produção de provas, em audiência, sendo que estas

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só poderão versar sobre o direito de preferência e anterioridade da penhora.

(DOWER, 1998).

Se os credores chegarem a um acordo em relação ao produto da alienação, o

juiz determinará a preparação de um plano de pagamento e posteriormente o

levantamento dos respectivos valores. Caso ocorra divergências, na audiência que

discutirá a preferência, o juiz proferirá sentença. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Destaca Wambier; Almeida; Talamini (2005) que se o produto arrecadado

com a alienação dos bens penhorados não for suficiente para a satisfação total do

credor, proceder-se-á uma nova penhora sobre outros bens do executado, dando

início novamente ao procedimento expropriatório.

4.2.2 Da Adjudicação

Através da adjudicação há a possibilidade do credor, mesmo contra a vontade

do devedor, adquirir o bem penhorado, mediante sua transferência forçada, para

satisfazer seu crédito. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Wambier; Almeida; Talamini (2005) conceituam a adjudicação com um ato de

expropriação executiva onde se dá a transferência in natura18 do bem penhorado

para o credor, tendo em vista a frustração da hasta pública.

Destaca Montenegro Filho (2005) que apesar do CPC somente regular a

adjudicação sobre bens imóveis penhorados, a doutrina e a jurisprudência entendem

que também há a possibilidade da incidência sobre bens móveis, devendo aplicar as

regras estabelecidas no diploma legal referente aos imóveis no que for possível.

Amaral Santos (2003) assinala que a adjudicação é um direito do credor,

cabendo a este a iniciativa deste ato. Do mesmo modo, de acordo com o art. 714, §

1º do CPC, possuem também tal direito os credores hipotecários com garantia real,

bem como, os que possuíam penhoras sobre o mesmo bem referente a outras

execuções. Lembra Theodoro Junior (2003, p. 240) que:

18 Locução latina. A coisa em si. (DINIZ, 1998b, p. 846).

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Dois são os requisitos básicos para tornar-se admissível a adjudicação, qualquer que seja o credor que a requeira, a saber: a) é preciso que tenha ocorrido a realização de praça ou leilão, sem lançador; e b) é necessário que o preço oferecido para a adjudicação não seja inferior ao do edital (art. 714, caput).

O credor deverá requerer a adjudicação oralmente ao encerrar a hasta

pública sem que tenha ocorrido a alienação, ou mediante petição dirigida ao juiz.

(AMARAL SANTOS, 2003).

Montenegro Filho (2005, p. 467) esclarece que:

O exeqüente que tem interesse na adjudicação do bem penhorado não necessita exibir o preço (depositando a importância em juízo), exceto se houver diferença entre o valor da avaliação e o montante da dívida (o primeiro maior que o segundo), o que reclama o depósito da diferença, a ser efetivado no prazo de 3 (três) dias, sob pena de desfazimento da adjudicação.

Na adjudicação aplicam-se as mesmas regras do credor arrematante,

estabelecidas no art. 690, § 2º do CPC, onde tratando-se de crédito superior ao valor

da adjudicação, prossegue-se com a execução sobre outros bens até a satisfação

do credor, e caso o valor do crédito seja inferior, deverá ser realizado o depósito

acima citado. (GRECO FILHO, 2006).

Pode a adjudicação ser requerida em três situações diferentes sendo por só

um credor, por vários credores com ofertas de preços diferentes ou ainda por vários

credores com mesmo preço, sendo nos dois últimos casos caracterizado o concurso

de credores. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

No primeiro caso a adjudicação segue os tramites normais. Entretanto, para

dirimir o concurso de credores, deve-se respeitar o estabelecido no art. 714, § 2º do

CPC, onde terá a preferência pela adjudicação aquele que oferecer a maior oferta

pelo bem. Havendo igualdade dos valores oferecidos, a preferência será do credor

privilegiado, que deve ser entendido como aqueles estabelecidos nas regras sobre

concurso de credores, apesar do artigo supra citado somente fazer menção ao

credor hipotecário. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

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No caso de igualdade de condições de credores em relação aos seus

privilégios, terá preferência aquele que tiver primeiramente penhorado o bem.

(WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Todavia, se todos os credores oferecerem o mesmo preço pela adjudicação,

deverá ser realizada a licitação entre eles, onde os mesmos serão intimados para

realizarem suas ofertas perante o juiz, o qual decidirá pelo melhor preço. (AMARAL

SANTOS, 2003).

O art. 715, § 2º do CPC, alude a decisão advinda do juiz como sentença.

Entretanto, este ato nada mais é do que uma decisão interlocutória, visto que não

põem fim ao processo, resolvendo apenas uma questão incidente dentro do mesmo.

(THEODORO JÚNIOR, 2003).

Do mesmo modo que a arrematação, a adjudicação não extingue a garantia

real de outro credor, podendo o mesmo sub-rogar-se no valor obtido, caso tenha

sido devidamente intimado, ou ainda pedir a anulação do ato, se não houve sua

intimação. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Se o credor adjudicante não houver depositado o valor pelo qual o bem foi

adjudicado, a hipoteca, que garante a terceiro, continuará incidir sobre o bem,

apesar da adjudicação. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Será expedido o auto de adjudicação, nos mesmos moldes da arrematação,

tornando perfeita e acabada a transferência, sendo emitida posteriormente sua

respectiva carta, conforme determina o art. 715 do CPC. (THEODORO JÚNIOR,

2003).

Já no caso da licitação de credores para adjudicação do bem, o juiz, conforme

mencionado anteriormente, preferirá uma sentença de natureza constitutiva, que

fornece os mesmos direitos da carta de adjudicação para efeitos de transferência do

bem. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Para bens imóveis, será emitida a carta que constará o teor da sentença

referente ao concurso de credores, para que se possa efetuar o respectivo registro

junto ao Registro Imobiliário. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

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4.2.3 Do Usufruto de Imóvel ou de Empresa

O Código de Processo Civil, em seu art. 716, prevê a substituição da

alienação forçada da empresa ou do bem imóvel penhorado, pelo usufruto dos

mesmos, em favor do credor, quando estes auferirem rendimentos significativos para

saldar o valor principal discutido no processo de execução, bem como, os juros,

custas e honorários advocatícios. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Wambier; Almeida; Talamini (2005, p. 215) define o usufruto judicial como:

[...] o ato pelo qual, dentro da execução, concede-se ao credor direito real limitado e temporário sobre a empresa ou imóvel penhorado, a fim de que receba seu crédito através das rendas geradas pelo bem. Constitui-se direito real, de modo que, se alienado o bem, ainda que em outra execução, permanecerá existindo o usufruto (art. 725).

Expõe Theodoro Júnior (2003) que tratando-se de um direito real, o usufruto

tem eficácia erga omnes, de modo que a partir da publicação da sentença que o

institui, tornará eficaz perante as partes e a terceiros, de acordo com o art. 718 do

CPC.

Este tipo de pagamento, conforme lembra Montenegro Filho (2005),

normalmente é tido com melhor opção para o devedor visto que o mesmo não perde

seu patrimônio, ficando apenas seus frutos ou rendimentos indisponíveis por certo

tempo, até a satisfação total dos créditos do exeqüente. Desta forma, tem-se a

aplicação e respeito ao princípio da menor onerosidade para o devedor.

Esclare Amaral Santos (2003) que esta forma de expropriação só poderá ser

instituída a pedido do credor, que deverá fazê-lo por escrito antes da hasta pública,

conforme determina os arts. 721 e 726 do CPC.

Ressalta Theodoro Júnior (2003) que no caso do usufruto recair sobre a

empresa, poderá o juiz, impor-lo mesmo contra a vontade do executado. Todavia, no

caso de bem imóvel, necessariamente deverá haver o consentimento do devedor

quanto a tal forma de satisfação do credor.

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Caso haja a concordância do devedor, estabelece o art. 722 do CPC, que o

juiz deverá nomear um perito para avaliar a situação e o tempo necessário para a

satisfação da execução. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

Após a elaboração do laudo pericial, o juiz determina abertura de prazo para

vistas dos autos pelas partes, para que as mesmas se manifestem a respeito do

levantamento realizado. Por fim, o magistrado profere sentença para sua instituição,

caso atenda ao pedido do credor. (MONTENEGRO FILHO, 2005).

Conforme assinala Amaral Santos (2003), a constituição do usufruto é pro

solvendo19 e não pro soluto20, isto é, o prazo estipulado na sentença poderá ser

ampliado ou reduzido para que se satisfaça inteiramente a pretensão do credor.

De acordo com o art. 722, § 3º do CPC, haverá, no caso do usufruto recair

sobre imóvel, a inscrição da carta de usufruto no Registro Imobiliário, efetivando

desta forma o direito real. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Greco Filho (2006) assinala que, de acordo com o art. 719 do CPC, deverá o

juiz nomear um administrador, o qual será investido de poderes de usufrutuário, tais

como a posse, o uso, a administração, o recebimento de frutos, etc.

Recorda Theodoro Júnior (2003) que o parágrafo único do art. supra

mencionado determina que poderá ser nomeado como administrador o próprio

credor, bem como, o devedor, desde que haja o consentimento da outra parte.

Caso o imóvel esteja sobre a administração de terceira pessoa contratada

pelo devedor, deverá se respeitar o contrato até sua extinção, devendo o inquilino

ser notificado pelo exeqüente sobre a nova situação e a quem deverá efetuar o

pagamento futuramente. (AMARAL SANTOS, 2005).

Se houver novas contratações locatárias pelo usufrutuário, deverão estas ter

a anuência do devedor no que se refere a todas as clausulas estabelecidas no

contrato. Caberá ao juiz dirimir possíveis divergências entre o credor e o devedor.

(THEODORO JÚNIOR, 2003).

Expõe Greco Filho (2006) que o usufruto do bem imóvel não impede que o

mesmo seja levado a hasta pública. Entretanto, o credor tem o direito de permanecer

com a posse do bem até a satisfação do seu credito, excetuando o caso do

arrematante saldar a dívida junto ao mesmo, extinguindo desta forma o usufruto.

19 Quantia destinada a um pagamento. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 361). 20 A título de pagamento, à guisa de pagamento, objetivando valer como pagamento. (COSTA; AQUAROLI, 2000, p. 361).

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No caso do usufruto forçado incorrer sobre a empresa, deverá o administrador

comunicar a Junta Comercial ou órgão competente sua função junto à empresa,

remetendo a certidão de despacho que o nomeou. É obrigatório que a Junta

Comercial anote o fato fazendo constar das certidões emitidas a respeito da

empresa. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

4.3 OS ÔNUS DO ADQUIRENTE DO BEM EXPROPRIADO

4.3.1 Ônus Fiscais

O adquirente de um bem que possua ônus fiscais é pessoalmente

responsável pelos mesmos, conforme determina o art. 130 do CTN21. Entretanto, a

mesma sistemática de sub-rogação dos débitos ocorridas na alienação comum não

se aplica às alienações judiciais. O parágrafo único do mesmo artigo esclarece que

na hipótese do bem imóvel ter sido adquirido através de hasta pública, haverá a sub-

rogação do encargo sobre o preço do mesmo. (CHIMENTI, 2001).

Marques (2000) assinala que o Supremo Tribunal Federal (RTJ, 89/272)22

decidiu que o arrematante não é obrigado a pagar tributos que sejam devidos pelo

executado, pois o preço depositado pelo adquirente responderá pelos encargos

devidos.

Lembra Machado (2000, p. 106) que se não fosse desde modo, “[...] ninguém

arremataria bens em hasta pública, pois estaria sempre sujeito a perder o bem

arrematado, não obstante tivesse pago o preço respectivo.”.

Haverá responsabilidade tributária pessoal, própria e inquestionável do

arrematante no que diz respeito aos tributos que possuam como fato gerador a

transmissão de domínio, estabelecidos estes no art. 35, I do CTN. Desta forma, a

prova de quitação dos impostos exigida pelo art. 703, II do CPC para a emissão da

carta de arrematação, não se refere a quitação de impostos incidentes sobre o

21 Lei nº. 5.172, de 25.10.1966, também denominada de Código Tributário Nacional. 22 Brasil. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário n.87.550. Relator Ministro Cordeiro Guerra. Publicado no DJ 09.03.1979.

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imóvel, mas sim sobre aqueles que dizem respeito a própria arrematação, isto é,

impostos referentes a transmissão do bem. (ASSIS, 2001).

De acordo com Baleeiro (1970, apud MARQUES, 2000, p. 233):

[...] se a transmissão do imóvel se opera por venda em hasta pública, ou seja o leilão judicial, o arrematante espaça do rigor do art. 130, porque a sub-rogação se dá sobre o preço por ele depositado. Responde este pelos tributos devidos, passando o bem livre ao domínio de quem o arrematou.

Portanto, conforme leciona Bueno (2004), os débitos fiscais que recaírem

sobre o bem imóvel arrematado, ficam sub-rogados no preço, em cumprimento do

art. 130 do CTN, não ficando o arrematante responsabilizado por eles, devendo

somente recolher eventuais impostos referentes à aquisição do bem.

4.3.2 Ônus Condominiais

As obrigações oriundas das taxas condominiais são obrigações propter rem,

também conhecidas como reais, que, conforme visto anteriormente, decorrem da

relação existente entre o devedor e a coisa propriamente dita. (DINIZ, 2004).

Bevilaqua (1977, p. 59, [sic]) relembra que a obrigação real tem lugar:

[...] quando o devedor é levado á prestação, não em consideração á sua pessoa, mas pela simples razão de ser possuidor de uma coisa certa. Assim, a obrigação imposta ao terceiro possuidor de um immovel hypothecado, de fazer a sua entrega deante da reclamação do credor hyphotecario, é real. E o que faz ilusão é justamente a consequencia normal, o consectario complementar desse direito, em virtude do qual elle adhere á coisa, acompanhando-a por toda a parte, sob a detenção de quem quer que seja.

O sucessor do condomínio, de acordo com Miranda (1955, apud KREBS,

2006, p. 2) e o art. 1345 do CC, “[...] sucede nos direitos e nos deveres, nas

pretensões e nas obrigações;”. Portanto, se o condômino não paga as despesas

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decorrentes do condomínio e aliena o imóvel, o novo proprietário se torna

responsável pelas mesmas, desde o momento em que se deu a transferência.

Deve-se recordar que o novo adquirente está atado ao vínculo obrigacional

não por vontade própria, mas pela sua situação de proprietário ou até mesmo de

possuidor do bem, tanto que o abandono da coisa o libera da obrigação. (DINIZ,

2004).

Mesmo no caso de imóvel obtido mediante alienação judicial pesa sobre o

novo proprietário a obrigação propter rem, pois a Quarta Turma do Superior Tribunal

de Justiça23 reconheceu que o comprador, mesmo através da arrematação, é

responsável pelo pagamento dos encargos condominiais, anteriores ou não à

aquisição, incidentes sobre ele.

A Lei nº. 4.591/64, que versa sobre o condomínio em edificação e

incorporações imobiliárias, em seu art. 4º estabelece o seguinte:

Art. 4º. A alienação de cada unidade, a transferência de direitos pertinentes à sua aquisição e a constituição de direitos reais sobre ela independerão do consentimento dos condomínios (VETADO). Parágrafo único. A alienação ou transferência de direitos de que trata este artigo dependerá de prova de quitação das obrigações do alienante para com o respectivo condomínio.

Desta forma, entende o STJ que o artigo supra mencionado constitui norma

de proteção do condomínio e que tal impõe cautela ao adquirente. Portanto, se o

comprador a desprezou e não observou os débitos existentes, ao comparecer a

execução, deverá arcar com as dívidas que recaiam sobre o imóvel.

Completa o Ministro Fernando Gonçalves24 que mesmo após a venda, o ex-

proprietário do imóvel não pode ser responsabilizado por eventuais dívidas

remanescentes e/ou pendentes de natureza condominial, pois trata-se de obrigação

real que é transmitida automaticamente ao adquirente, não podendo este furtar-se

da responsabilidade se no momento da alienação não foi observado o disposto no

Parágrafo único do artigo 4º, da Lei nº. 4.591/64.

23 Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n.572.767/SC. Relator Ministro Jorge Scartezzini. Publicado no DJ 16.05.2005, p. 354. (KREBS, 2006, p.8). 24 Brasil. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial n. 506.183//RJ. Relator Ministro Fernando Gonçalves. Publicado no DJ 25.02.2004, p. 183. (KREBS, 2006, p. 10).

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4.3.3 Garantias Reais

O devedor, ou alguém a seu nome, presta garantia real quando destina parte

ou todo seu patrimônio para assegurar o cumprimento da obrigação assumida com

seu credor. (RODRIGUES, 2003).

Desta forma, o titular do direito real de garantia tem o poder de alcançar com

ela o pagamento de seus créditos através do valor ou mediante a renda de um bem

aplicado especialmente para sua satisfação. (GOMES, 2003).

Diniz (2002) assinala que para que a garantia real seja válida são necessários

os preenchimentos de requisitos subjetivos, objetivos e formais. Os primeiros dizem

respeito a capacidade genérica do devedor para os atos da vida civil, bem como,

para alienar, conforme determina o art. 1420 do CC. Os objetivos referem-se aos

bens móveis ou imóveis, e determina que somente os suscetíveis de alienação

podem ser dado em garantia real por seu proprietário. No caso de bem pertencente

a vários proprietários, só ocorrerá com a anuência de todos.

Por fim, os formais, dizem respeito à especialização e publicidade dos direitos

reais de garantia. A especialização corresponde à caracterização da obrigação

assumida e a descrição do bem dado em garantia. Já a publicação é o registro,

tratando de bem imóvel, ou a tradição, de bem móvel. Estes requisitos são

essenciais para que os direitos reais de garantia possam valer contra terceiros.

(DINIZ, 2002).

Pereira (2004b) esclarece que o principal objetivo da garantia real é a do bem

assegurar o pagamento prioritário da obrigação assumida pelo devedor, ou seja,

extinguir a dívida através do produto obtido pela venda judicial.

O art. 1430 do CC determina que quando o bem dado em garantia não

alcançar, em hasta pública, importância suficiente para cobrir o pagamento da dívida

e despesas judiciais, continuará o devedor pessoalmente responsável pelo saldo

existente, passando este crédito a ter caráter quirografário. (RODRIGUES, 2003).

O ordenamento jurídico brasileiro dispõe com figuras da garantia real o

penhor, a anticrese, a hipoteca e a alienação fiduciária, que serão analisados

individualmente a seguir. (VENOSA, 2003).

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4.3.3.1 Penhor

Diniz (2002), com fundamento no art. 1431 do CC, conceitua o penhor como

sendo um direito real que consiste na tradição de uma coisa móvel ou mobilizável,

suscetível de alienação, realizada pelo devedor ou por terceiro ao credor, a fim de

garantir o pagamento do débito.

Tal garantia tem como sujeitos o devedor pignoratício, que pode ser tanto o

sujeito passivo da obrigação principal como terceiro que ofereça o ônus real, e o

credor pignoratício, que é o quem empresta o dinheiro e obtém o bem empenhado,

recebendo, pela tradição, a posse deste. (GOMES, 2003).

De acordo com Diniz (2002) o penhor é um direito real de garantia, acessório,

que dependente de tradição, recaindo, via de regra, sobre coisa móvel. Tem ainda

como características a exigência de alienabilidade do objeto, o bem ser de

propriedade do devedor, ser um direito real uno e indivisível, não admitir o pacto

comissório e ser temporário, não podendo ultrapassar o prazo estabelecido.

O penhor pode ser constituído através da convenção entre as partes que o

estipulam de acordo com seus interesses ou por meio da lei, no qual o próprio

ordenamento jurídico estipula os bens que podem ser apreendidos como garantia do

pagamento da obrigação assumida. (VENOSA, 2004).

O art. 1433 do CC relaciona os direitos do credor pignoratício, dos quais

Pereira (2004b) destaca com principais: a retenção da coisa, através de sua posse,

até o adimplemento do devedor; e a venda judicial do objeto para a solução da

obrigação assumida. Já o art. 1436 do mesmo diploma legal arrola seus deveres.

O Código Civil, em seu art. 1438 e seguintes, estabelece as espécies de

penhor, bem como suas disposições gerais, sendo estes o rural, o agrícola, o

pecuário, o industrial e mercantil, de direitos e títulos de crédito, de veículos e os

legais.

Extingue-se o penhor, de acordo com Diniz (2002), pelos modos

determinados pelo art. 1436 do CC, bem como pela resolução da propriedade, pela

nulidade de obrigação principal, pela prescrição da obrigação principal, pelo

escoamento do prazo, pela reivindicação do bem gravado e pela remissão da dívida.

Por fim, ressalta Pereira (2004b) que extinto o penhor por qualquer modo

possível, o credor deverá restituir o objeto empenhado para o devedor.

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4.3.3.2 Anticrese

Segundo Rodrigues (2003) a anticrese é conceituada com direito real advinda

de um contrato, mediante o qual o credor retém um imóvel útil do devedor e recolhe

seus frutos para conseguir a soma em dinheiro emprestada, imputando na dívida até

o seu resgate, as importâncias que for recebendo.

A anticrese desempenha, conforme explica Venosa (2004, p. 506), dupla

função sendo de:

[...] servir como garantia de pagamento da dívida, porque o credor anticrético tem direito de retenção do imóvel até sua extinção, bem como servir de meio de execução direta da dívida, pois ao credor é atribuído o direito de receber os frutos e imputar-lhes no pagamento dos juros e do capital.

Pereira (2004b) esclarece que para que ocorra a constituição da anticrese é

necessário a presença de alguns requisitos, sendo eles a capacidade das partes, o

instrumento escrito (particular ou público), a tradição do imóvel (posse direta), a

transcrição no Registro, e, por fim, o emprego das rendas no pagamento da

obrigação garantida.

O art. 1506, § 2º do CC permite a constituição simultânea ou sucessiva de

duas garantias, pois o devedor hipotecário pode dar o imóvel hipotecado em

anticrese ao credor hipotecário e o devedor anticrético pode hipotecar o imóvel

anticrético ao credor anticrético para segurança deste. (MONTEIRO, 2003).

Diniz (2002) leciona que o Código Civil, no art. 1506 e seguintes, estabelece

os direitos e deveres do credor anticrético, devendo ser destacado para o presente

trabalho, o direito de exigir seus direitos contra o adquirente e demais credores

posteriores ao registro da anticrese, bem como, o de preferência sob os créditos

hipotecários ulterior a mesma.

A anticrese se extingue quando há a eliminação total da dívida através de seu

pagamento, devendo o credor devolver a coisa ao seu dono, sob pena de sua posse

se tornar injusta. (VENOSA, 2004).

Extingue-se ainda através do término do prazo legal, pelo perecimento do

bem anticrético, pela desapropriação, pela renuncia do anticresista, pela execução

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judicial dos bens pelos outros credores, e pelo resgate do bem pelo adquirente que

pagar a totalidade da dívida antes do vencimento. (DINIZ, 2002).

4.3.3.3 Hipoteca

Diniz (2002, p. 473) conceitua a hipoteca como:

[...] direito real de garantia de natureza civil, que grava coisa imóvel ou bem que a lei entende por hipotecável, pertencente ao devedor ou a terceiro, sem transmissão de posse ao credor, conferindo a este o direito de promover a sua venda judicial, pagando-se, preferentemente, se inadimplente o devedor. É, portanto, um direito sobre o valor da coisa onerada e não sobre sua substância.

São caracteres jurídicos da hipoteca, conforme esclarece Pereira (2004b), a

natureza civil da mesma, o direito real de garantia, a possibilidade da coisa ser do

devedor ou de terceiro, a manutenção do devedor na posse do bem, a

indivisibilidade do ônus, pois o mesmo só se extingue com a liquidação total da

obrigação, e a acessoriedade em relação a dívida.

A validade e eficácia da hipoteca só serão verificadas caso haja o

preenchimento dos requisitos objetivos, subjetivos e formais da mesma. Os objetivos

dizem respeito sua incidência sobre bens imóveis pertencentes ao devedor, embora

em alguns casos especiais são passíveis também os móveis. O art. 1473 do CC

enumera os objetos que estão sujeitos a hipoteca. (DINIZ, 2002).

Os subjetivos referem-se ao devedor possuir capacidade para alienar o bem,

e a hipoteca ser constituída pelo próprio dono ou por quem responde por ele através

de procuração com poderes especiais. (PEREIRA, 2004b).

Os requisitos formais são decorrentes da constituição da hipoteca, que pode

ser convencional, quando constituída pelo acordo de vontade das partes através do

contrato, legal, por disposição expressa em lei, ou ainda judicial, através de

sentença que condena o devedor a cumprir sua obrigação. (DINIZ, 2002).

Venosa (2003) destaca ainda que é necessário a publicação e a

especialização da hipoteca para sua total eficiência perante terceiros.

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O principal efeito decorrente da hipoteca é o de vincular o bem hipotecado ao

cumprimento total da obrigação, gerando ainda efeitos em relação ao devedor, ao

credor, à relação jurídica e a terceiros. (DINIZ, 2002).

Destaca-se Pereira (2004b) que, conforme determina o art. 1501 do CC, a

arrematação e a adjudicação não terão forças para extinguir a hipoteca se os

credores hipotecários, que não fazem parte da execução que levou o bem a hasta

pública, não forem devidamente intimados.

A hipoteca, portanto, cria um vinculo real entre o credor e o imóvel, sendo

oponível em relação a todos os outros e conferindo ao hipotecário o direito de

seqüela. Desta forma, o bem permanecerá onerado até a extinção da obrigação, não

importando o modo de transferência do mesmo. (RODRIGUES, 2003).

Explana Monteiro (2003) que a hipoteca poderá ser remida, mesmo sem o

consentimento do credor, pelo credor subipotecário, pelo adquirente do imóvel

hipotecado, pelo devedor da hipoteca ou seus familiares, ou ainda pela massa falida.

O Código Civil em seus art. 1499, incisos, e 1500, estabelece as hipóteses de

extinção da hipoteca, destacando que no caso da arrematação e adjudicação (inciso

VI), o adquirente só receberá o bem livre e desimpedido caso o credor hipotecário

tenha sido intimado da praça. (DINIZ, 2002).

4.3.3.4 Alienação fiduciária

A alienação fiduciária é conceituada por Gomes (2005) como um negócio

jurídico onde uma parte adquire da outra a propriedade de um bem. Este adquirente

tem o compromisso de devolver o mesmo quando se verificar o acontecimento a que

está subordinado a obrigação, ou quando lhe for pedida a sua restituição.

Esclare Rodrigues (2003) que a transferência do domínio da coisa é feita para

garantir a realização do encargo a que está ligado o fiduciante. O domínio que passa

a ser exercido pelo fiduciário é resolúvel, pois se extingue com a realização da

obrigação.

De acordo com Diniz (2002, p. 515) a alienação fiduciária, como negócio

jurídico, apresenta as seguintes características:

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[...] a) é bilateral, já que cria obrigações tanto para o fiduciário como para o fiduciante; b) é oneroso, porque beneficia a ambos, proporcionando instrumento creditício ao alienante, e assecuratório ao adquirente; c) é acessório, pois depende, para sua existência, de uma obrigação principal que pretende garantir; d) é formal, porque requer sempre, para constituir-se, instrumento escrito, público ou particular; e) é indivisível, pois o pagamento de uma ou mais prestações da dívida não importa exoneração correspondente da garantia ainda que esta compreenda vários bens, exceto disposição expressa no título ou na quitação (CC, 1367 e 1421).

A alienação fiduciária também apresenta requisitos objetivos, subjetivos e

formais. Entretanto, destaca Pereira (2004b), que para a determinação dos mesmos,

devem ser analisadas atentamente as circunstâncias especiais de sua destinação

econômica e sua finalidade como garantia.

Os objetivos referem-se ao instituto incidir sobre a propriedade resolúvel de

coisa móvel fungível, imóveis, direitos reais, bem como sobre coisas imateriais. Por

sua vez, os subjetivos dizem respeito ao poder de qualquer pessoa física ou jurídica

de direito privado ou público alienar, desde que possuam capacidade genérica para

os atos da vida civil e de disposição. Por fim, os formais aludem a respeito da

exigibilidade de instrumento público ou particular para sua constituição. (DINIZ,

2002).

O Código Civil disciplina a propriedade fiduciária em seu art. 1361 e

seguintes, estabelecendo os direitos e deveres do fiduciante, bem como os do

fiduciário.

Caso haja o inadimplemento por parte do fiduciante, o credor poderá vender o

bem móvel judicial ou extrajudicialmente a terceiros, conforme determina o art. 1364

do CC. No caso de bem imóvel, o fiduciário deverá promover a hasta pública para a

alienação do imóvel, de acordo com o art. 27 da Lei 9.514/97, que dispõe sobre o

Sistema de Financiamento Imobiliário. (VENOSA, 2003).

Ressalta Pereira (2004b) que tanto os bem móveis quanto os imóveis não

poderão ficar com o credor como pagamento da dívida, pois a lei não admite o pacto

comissório.

De acordo com o art. 1367 do CC, a alienação fiduciária se extingue da

mesma forma que o penhor. (DINIZ, 2002).

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4.3.4 Embargos de Terceiros

Conforme determina o art. 1046 do CPC, quando alguém, que não é parte da

relação processual, sofre turbação ou esbulho na posse de seu bem através da

apreensão judicial, pode o mesmo defender a manutenção ou restituição desses

bens através de embargos. (NEGRÃO; GOUVÊA, 2005).

Tal recurso, conhecido como embargos de terceiros, é conceituado por

Wambier; Almeida; Talamini (2005, p. 345) como uma “[...] ação de conhecimento,

de caráter possessório, geradora de processo autônomo, cujo objetivo único é o de

livrar o bem de terceiro de atos indevidos de apreensão judicial.”.

Por isso, completa Theodoro Júnior (2003), tal embargo é cabível para liberar

o bem, pertencente a um estranho à lide, que venha a ser apreendido por um ato

judicial em casos como o de penhora, depósito, arresto, seqüestro, etc.

A legitimidade ativa dos embargos de terceiro é detida por quem, não sendo

parte no processo de execução, tem seus bens apreendidos. (WAMBIER; ALMEIDA;

TALAMINI, 2005).

Ensina Assis (2001) que se encontra na singular condição de terceiro quem

cumulativamente não estiver indicado no título executivo, não integrar a relação

jurídica processual e não se sujeitar aos efeitos do título.

Entretanto, não basta indiferença ao processo e ao título, porque é necessário

que o terceiro ostente a posse da coisa atacada. A lei protege todos os tipos de

posse, não distinguindo a direita da indireta, tampouco o título da mesma, isto é,

quer seja ela justa ou injusta. (ASSIS, 2001).

O art. 1046, § 2º e 3º do CPC, admite ainda como terceiro a parte que

defende os bens que não podem ser atingidos pelo título de sua aquisição ou pela

qualidade em que os possuir, bem como, o cônjuge que defende bens dotais,

próprios, reservados ou de sua menção. (TEIXEIRA FILHO, 2000a).

A Súmula 134 do STJ consagra que “Embora intimado da penhora em imóvel

do casal, o cônjuge do executado pode opor Embargos de Terceiro para a defesa de

sua meação.”.

Desta forma, o cônjuge possui dupla legitimidade, podendo interpor tanto

embargos do devedor quanto de terceiro. Ressalta-se, entretanto, que se desejar

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contestar a própria pretensão do credor de exigir a dívida só poderá se utilizar

embargos do devedor. (ASSIS, 2001).

O art. 1047, em seus incisos I e II do CPC, traz ainda duas outras causas de

legitimidade para opor embargos de terceira sendo elas, conforme expõe Teixeira

Filho (2000a, p. 14):

a) para a defesa de posse, quando, nas ações de divisão ou demarcação, o imóvel for sujeito a atos materiais, preparatórios ou definitivos, da partilha ou da fixação de rumos (CPC, 1047, I); b) para o credor com garantia real impedir alienação judicial do objeto da hipoteca, penhor ou anticrese (ibidem, inciso II). É interessante assinalar que os embargos de terceiro, nesse caso, destinam-se não à tutela da posse, mas sim à tutela do direito real de garantia, motivo por que não cabe ao embargante pedir, nem ao juiz conceder, mandado de manutenção de posse.

Já a legitimidade passiva de tal embargo é, em regra, do exeqüente. Todavia,

pode também o executado opor-se aos embargos de terceiro caso tenha sido ele

mesmo que indicou o bem a penhora. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Determina o art. 1049 do CPC, conforme ilustra Wambier; Almeida; Talamini

(2005), que os embargos deverão ser processados e julgados perante o mesmo juiz

que ordenou a apreensão judicial do bem.

No caso da constrição judicial ter sido realizada através de carta precatória,

isto é, tenha encaminhado a específica indicação do bem a ser penhorado, a

competência para examinar e decidir sobe os embargos será do juiz deprecante.

(WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

O prazo para a interposição dos embargos de terceiro, de acordo com o art.

1048 do CPC, ocorre desde da apreensão do bem penhorado até cinco dias após a

alienação do mesmo, devendo correr sempre antes da assinatura da respectiva

carta. (THEODORO JÚNIOR, 2003).

Ressalta Teixeira Filho (2000a, p. 26) que:

[...] se o juiz, seja por que motivo for, demorar-se mais do que cinco dias para assinar a carta, esse atraso não favorecerá o terceiro, de tal arte que se este ingressar com os embargos, digamos, no oitavo dia posterior à arrematação, adjudicação ou remição, tais embargos deverão ser considerados intempestivos – mesmo que a pertinente carta não tenha sido ainda assinada, repisemos. Se o terceiro ingressar com os embargos quando já esgotado o prazo legal, isso

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não significa que terá perdido, em definitivo, o direito de promover a defesa de seus direitos e interesses sobre o bem que foi objeto de apreensão judicial. A perda do prazo, apenas, faz com que se feche para ele a oportunidade de empreender essa defesa por meio de embargos de terceiro, embora lhe deixe aberta a possibilidade de defender o bem mediante ação própria, desde que também não se tenha exaurido o prazo para o exercício desta.

O efeito inerente aos embargos de terceiro, dependendo sobre o que

versarem, será a suspensão total ou parcial do processo principal, conforme

estabelece o art. 1052 do CPC. Tal regra é concebida a partir do recebimento do

embargo, não havendo a necessidade de ser determinada pelo juiz. (WAMBIER;

ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

O embargante, para interpor embargos de terceiro, deverá elaborar uma

petição inicial com todos os requisitos do art. 282 do CPC, e fazer prova sumária de

posse e da qualidade de terceiro. (TEIXEIRA FILHO, 2000a).

Ao receber os embargos, o juiz decidirá se concede liminarmente a

manutenção ou reintegração de posse em favor do embargante. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

O embargado será citado pessoalmente para no prazo de 10 dias, querendo,

apresente contestação, onde poderá ser alegada defesa específica em relação aos

embargos. (WAMBIER; ALMEIDA; TALAMINI, 2005).

A Súmula 195 do STJ determina que não poderá ser alegado em embargos

de terceiro a fraude contra credores, devendo esta ser requerida através do

ajuizamento da ação própria (ação pauliana).

De acordo com Teixeira Filho (2000a, p. 59), depois de decorrido o prazo para

que o embargado apresente contestação, o juiz, conforme o caso, adota os

seguintes procedimento:

a) Se o pedido não for contestado, presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados pelo embargante (CPC, art. 803, caput), exceto se: 1) não for admissível, a respeito desses fatos, a confissão; 2) a petição inicial não estiver acompanhada do instrumento público que a lei considerar da substância do ato; 3) os fatos estiverem em contradição com a defesa considerada em seu conjunto (CPC, art. 302, I a III, respectivamente). Não ocorrendo nenhuma dessas exceções, o juiz proferirá sentença em cinco dias (CPC, art. 803, caput).

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b) Se o pedido for contestado: 1) designará audiência de instrução e julgamento, desde que haja prova a se nela produzida (ibidem, parágrafo único), decidindo em dez dias (CPC, art. 189, II); 2) não será necessária a designação dessa audiência se: 2.1) os embargos versarem apenas sobre matéria de direito; 2.2) sendo de fato e de direito, a prova dor exclusivamente documental. Nessa hipótese, o juiz decidirá de plano.

O juiz proferirá sentença que acolherá ou rejeitará os embargos, podendo

ambas as decisões ser apeladas. Caso seja julgado improcedente, haverá o

prosseguimento do processo de execução, e sendo procedente, desconstitui-se a

constrição judicial e os atos do processo ficarão sem efeitos. (WAMBIER; ALMEIDA;

TALAMINI, 2005).

Os embargos de terceiro opostos por credor com garantia real, segundo

Theodoro Júnior (2003) e o art. 1054 do CPC, só podem ser defendidos pelo credor

embargado através da alegação de que o devedor comum é insolvente, de que o

título é nulo ou não obriga a terceiro, e de que é outra a coisa dada em garantia.

4.3.5 Embargos à Arrematação

De acordo com o art. 746 do CPC, pode o devedor, após a arrematação do

bem, oferecer embargos a esta, devendo os mesmo ter fundamentos na nulidade da

execução, no pagamento, na novação, na transação ou ainda na prescrição da

dívida, desde que tais fatos tenham ocorridos após a penhora. (THEODORO

JÚNIOR, 2003).

Esclarece Dower (1998) que os embargos à arrematação só podem alegar

fatos ocorridos após a penhora, pois de outra forma deveria ter o devedor proposto

embargos na primeira fase do processo de execução.

Wambier; Almeida; Talamini (2005, p. 331) lembra que a enumeração dos

casos em que pode-se embargar um arrematação, feita pelo artigo supra

mencionado, não é exaustiva:

Primeiro, porque contem entre os elementos enumerados uma cláusula genérica – nulidade da execução –, que abrange todo e

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qualquer vício processual superveniente à penhora, inclusive defeitos na própria arrematação ou adjudicação. Depois, porque os demais fatos extintivos, modificativos ou impeditivos do direito do exeqüente também poderão ser alegados, desde que supervenientes à penhora (mais precisamente: depois de escoada a oportunidade de oposição dos embargos de primeira fase). Ademais, a inexistência ou nulidade absoluta da citação no processo executivo, se houver importado em não comparecimento do devedor ao processo, também poderá ser apontada nesses embargos (pois implicam a própria inexistência jurídica da relação processual executiva).

Os embargos à arrematação, ou mesmo a adjudicação, podem ser propostos

após a assinatura do auto, uma vez que só se pode pensar em arrematação com a

emissão do mesmo devidamente assinado pelo juiz, escrivão, arrematante ou

adjudicatário e pelo leiloeiro. (TEIXEIRA FILHO, 2000b).

Negrão; Gouvêa (2005 p. 824) cita que o TRF - 6º Turma, no Agravo 58.22025

entendeu que “Inexistindo lançadores e, pois, negativa a praça, não há como se

admitir tais embargos.”.

Lembra Teixeira Filho (2000b) que o art. 746 do CPC, que determina a

legitimidade do devedor para embargar a arrematação, deve ser interpretado em

simetria com o art. 568, podendo também fazer uso deste recurso o espólio, os

herdeiros, os sucessores, o novo devedor, bem como, o fiador judicial, sempre que o

ato de expropriação tenha por objeto bens a eles pertencentes.

O prazo para a interposição dos embargos, conforme determina o art. 746,

parágrafo único, do CPC, é o mesmo dos embargos comuns, ou seja, de 10 (dez)

dias contados após a data da arrematação. (GRECO FILHO, 2006).

Informam Negrão; Gouvêa (2005, p. 826) que os tribunais entendem que:

Intimada a parte da data em que deva ser realizada a praça e lavrado o auto de arrematação com obediência do prazo legal, daí flui o prazo para embargos (STJ - 3º Turma, REsp 120.869-ES, rel. Min. Eduardo Ribeiro, j. 8.9.97, não conheceram, v.u.; DJU 3. 11.97, p. 56.279) [...] Não intimado o devedor para a praça, o prazo para opor embargos à adjudicação somente tem início quando do cumprimento do mandando de imissão na posse (RSTJ 43/488).

25 Brasil. Tribunal Regional Federal - 6º Turma.. Agravo de Instrumento n.58.220/SP. Relator Ministro Américo Luz. Publicado no DJU 07.08.1989, p. 12.741.

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Os embargos à arrematação ou adjudicação possuem efeitos suspensivos,

pois, apesar do CPC não ter atribuído tal resultado para estes embargos, seu art.

739, § 1º estabelece que os embargos do devedor serão recebidos com efeito

suspensivo, e o art. 746, parágrafo único determina que aos embargos à

arrematação devem ser adotados os dispositivos dos embargos do devedor.

(TEIXEIRA FILHO, 2000b).

Assinala Teixeira Filho (2000b) que os embargos serão rejeitados quando

forem apresentados fora do prazo estabelecido em lei, não estiverem

fundamentados nos casos do art. 746 do CPC, ou ainda por indeferimento da

petição inicial de acordo art. 295 do CPC, nos termos do art. 739, I, II e III do mesmo

diploma legal.

O juiz mandará citar o arrematante ou o adjudicatário para, no prazo de 10

dias, impugnar os embargos, conforme estabelece o art. 740 do CPC. A sentença do

recurso deverá ser proferida pelo juiz no prazo de dez dias, de acordo com o

parágrafo único do artigo supra mencionado. (TEIXEIRA FILHO, 2000b).

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo da presente monografia foi o de investigar quais as obrigações que

devem ser assumidas pelo adquirente de um bem imóvel arrematado mediante

alienação judicial. Tal tema foi escolhido em razão do crescente interesse comercial

e profissional do mercado, bem como da complexibilidade de se determinar tais

obrigações.

Destaca-se que foram investigados os pontos relevantes em relação as

obrigações, ao processo de execução e os principais ônus incidentes no bem que é

vendido judicialmente.

O primeiro capítulo foi destinado a pesquisar sobre as obrigações reguladas

pelo ordenamento jurídico brasileiro, e quais delas estão vinculadas ao bem imóvel,

não importando a forma de aquisição do mesmo.

No segundo capítulo foi dedicado a observação, principalmente, de todo o

processo de execução, tanto de bens móveis quanto de imóveis, estabelecendo os

parâmetros de diferenciação destes. Foi dado ênfase na execução por quantia certa

contra devedor solvente uma vez que é neste procedimento executivo que ocorre o

maior índice de venda judicial de bens penhorados.

Por fim, o terceiro capítulo destacou a expropriação de bens através da

arrematação judicial e o pagamento ao credor, bem como os ônus pecuniários e

judiciais que devem ser suportados pelo arrematante do bem imóvel.

Através dos assuntos pesquisados, constatou-se que a legislação pátria

disciplina o processo de execução judicial através dos artigos 566 e seguintes

Código de Processo Civil. Destaca-se que a Lei 11.232/2005, que passou a vigorar

em junho do presente ano, alterou inúmeras disposições que se referiam ao

processo de execução.

Através do estudo dos artigos supra mencionados e da doutrina

correspondente, também foi possível destacar os direitos e deveres do arrematante

de um bem imóvel.

Por fim, buscou-se determinar os ônus pecuniários e judiciais que incidem

sobre os bem arrematados judicialmente, e quais desde devem ser assumidos por

seu adquirente.

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O objetivo buscado com o presente trabalho foi atingido, uma vez que foi

possível determinar as obrigações pecuniárias, conhecidas como propter rem, que

acompanharão o imóvel obtido através da expropriação, bem como os ônus judiciais,

embargos à arrematação e de terceiro, que deverão ser impugnados pelo

comprador.

No decurso do estudo descobriu-se ainda que os ônus provenientes de

tributos fiscais, no caso de bens obtidos mediante alienação judicial, devem ser sub-

rogados no preço da aquisição, conforme determina a legislação pátria, não sendo,

desta forma, obrigação a ser cumprida pelo adquirente de um bem imóvel.

No que se refere as garantias reais, estas só terão que ser assumidas pelo

arrematante do imóvel caso seus credores não tenham sido devidamente intimados

sobre a expropriação dos bens que são onerados pela mesma.

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