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As novas regras de rotulagem da União Européia sobre alimentos para consumo humano e animal resultantes de engenharia genética Implicações no mercado de produtos transgênicos (OGMs) e não-transgênicos

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As novas regras de rotulagem da União Européia sobre alimentos para consumo humano e animal resultantes de engenharia genética Implicações no mercado de produtos transgênicos (OGMs) e não-transgênicos

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Índice Introdução................................................................................................................3

Novas regras de rotulagem e rastreabilidade da UE...............................................4

Novo limite: 0,9% de qualquer ingrediente..................................................................4

Rotulagem de óleo, amido, açúcar, etc..........................................................................5

Exemplos de rotulagem de alimentos transgênicos para consumo humano e

alimentos transgênicos para consumo animal..............................................................5

Quais OGMs?....................................................................................................................6

Conceito e regras gerais da rastreabilidade....................................................................6

Novas regras e procedimentos para aprovação de OGMs em alimentos para

consumo humano e alimentos para consumo animal.............................................8

Situação de mercado e impacto no mercado...........................................................8

Soja em grãos.....................................................................................................................8

Milho.................................................................................................................................10

Milho em grãos destinado ao processamento e aos alimentos para consumo

animal..........................................................................................................................10

Glúten de milho para consumo animal.................................................................11

Milho doce para consumo humano direto........................................................... .11

“Masa”, preparado especial para produção de frituras........................................12

Canola (Colza oleaginosa)..............................................................................................12

Outras variedades transgênicas.....................................................................................12

Atitude dos consumidores......................................................................................13

Atitude dos consumidores europeus em relação a alimentos transgênicos...........14

A resposta da indústria...........................................................................................14

Supermercados................................................................................................................14

Principais produtores de alimentos para consumo humano....................................15

Produtores de alimentos para consumo animal.........................................................15

Produtores de carne, leite e ovos..................................................................................15

O processo na OMC contra a moratória de facto da UE.......................................16

O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança....................................................18

Diretrizes do novo Codex Alimentarius.................................................................19

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Introdução A União Européia está implementando uma nova legislação para rastreabilidade e rotulagem de alimentos para consumo humano, alimentos para consumo animal e ingredientes geneticamente modificados que será a mais severa em todo o mundo. Essas novas regras, que são válidas para o maior mercado único do mundo, terão importantes repercussões no futuro mercado de commodities, legumes, frutas, alimentos para consumo humano e animal fabricados a partir de organismos geneticamente modificados (OGMs). As duas mudanças mais importantes com relação às duas legislações anteriores e que afetarão 90% de todas as importações para a União Européia são: 1) A exigência de rotulagem de alimentos transgênicos para consumo animal (até o

momento, esta exigência só se aplicava a alimentos para consumo humano). 2) A exigência de rotulagem de todos os produtos derivados de ingredientes

transgênicos, sejam tais ingredientes detectáveis ou não no produto final (até o momento, a rotulagem só era exigida quando o DNA ou a proteína do OGM pudessem ser detectados no produto final).

Após anos de debate público sobre a questão, os consumidores europeus

continuam a ter uma atitude desfavorável à presença de OGMs nos alimentos, e a maioria dos varejistas e produtores de alimentos têm um política contrária aos OGMs ou, pelo menos, evitam produtos rotulados como transgênicos. Com a nova ampliação das exigências de rotulagem, o mercado europeu se tornará ainda mais fechado à importação de alimentos transgênicos. Isso se aplica não somente à importação de commodities a granel como milho e soja, mas também a todos os alimentos processados ou ingredientes alimentícios importados para a União Européia.

Os barcos que carregam quarenta mil toneladas de soja e milho em grãos serão tão afetadas quanto coberturas de pizza congelada, barras de chocolate, atum em lata e sardinhas em óleo, refrigerantes contendo adoçantes a base de glicose e todos os alimentos processados contendo emulsificantes (lecitina) ou amido. Os países que exportam seus produtos para o mercado europeu também serão diretamente afetados pelas novas regras de rotulagem e podem vir a reconsiderar suas políticas de importação de mercadorias transgênicas tais como óleo, amido e adoçantes derivados do milho.

O mercado europeu de alimentos para consumo animal, o maior do mundo, tem se voltado cada vez mais para suprimentos não transgênicos. Ainda que a rotulagem de produtos animais não venha a ser obrigatória, a maioria dos produtores e varejistas de carne, leite e ovos começam a dar voluntariamente garantias de alimentação animal isenta de OGMs. E como a rotulagem de todas os alimentos para consumo animal importados e preparados para animais passa a ser obrigatória, a diferenciação no mercado de alimentos para consumo animal tende a ser acelerada. Tais restrições de mercado entram em vigor, para produtos finais, em 18 de abril de 2004. Aproximadamente no mesmo momento, a atual moratória da UE relativa à aprovação formal de novos OGMs, que está sendo desafiada pelos EUA no Órgão de Solução de Controvérsias da Organização Mundial do Comércio, poderá ser suspensa, deixando parado o processo dos EUA na OMC, mas os mercados europeus ainda mais fechados às importações de produtos transgênicos.

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Novas regras de rotulagem e rastreabilidade da União Européia A nova legislação da União Européia sobre alimentos transgênicos para consumo humano e animal, assim como a regulamentação sobre rastreabilidade, foram finalmente aprovados pelo Parlamento Europeu em 2 de julho de 2003 e entraram e vigor em outubro de 2003. A partir do dia 18 de abril de 2004, quando passam a ser aplicáveis, esses regulamentos transformarão substancialmente as regras e práticas de rotulagem de organismos geneticamente modificados em produtos para consumo humano e animal. Esta primeira legislação realmente abrangente de rotulagem também estabelecerá padrões globais, pelo fato de ser adotado no maior mercado único do mundo. As mais importantes mudanças são: 1. Todos os produtos que contenham, consistam em ou derivem de um

ingrediente contendo mais de 0,9% de OGM devem receber o rótulo “este produto contém organismos geneticamente modificados” ou “este produto é fabricado a partir de organismos geneticamente modificados”. Rotulagem adicional poderá ser exigida se as propriedades nutricionais do produto forem diferentes das de seus correspondentes convencionais ou quando a modificação genética puder suscitar preocupações de caráter ético ou religioso.

2. A rotulagem também será exigida mesmo que o DNA ou a proteína

específicos do OGM não possam ser identificados no produto final. 3. OGMs em alimentos para consumo animal e aditivos também deverão

ser rotulados.

Empresas de processamento de alimentos, comerciantes e revendedores já começaram a implementar os novos regulamentos e exigirão que seus fornecedores se adequem aos seus subseqüentes padrões particulares de qualidade e rastreabilidade e esquemas de certificação. Isso poderá resultar em padrões globais de certificação e especificações comerciais para commodities não transgênicas e outros produtos agrícolas, particularmente no que concerne ao milho, à soja, à semente de canola (colza oleaginosa) e ao trigo, caso variedades transgênicas de trigo venham a ser comercializadas nos EUA, Canadá e outros países. Novo limite: 0,9% de qualquer ingrediente O limite máximo de contaminação transgênica (“presença acidental ou tecnicamente inevitável”) isenta de exigências de rotulagem foi reduzido de 1% para 0,9%. Esse percentual se aplica a cada ingrediente específico de um produto. Por exemplo, 0,9% de transgênicos na lecitina usada em uma barra de chocolate implica rotulagem da barra como um todo, mesmo que ela contenha apenas 0,5% de lecitina. Também é importante notar que esse percentual é válido apenas se a empresa puder comprovar que tomou todas as medidas necessárias para evitar tal contaminação.

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O limite de 0,9% é válido somente para OGMs aprovados pelo Food and Feed Regulation e em conformidade com a Diretiva 2001/18 sobre liberação deliberada de OGMs no meio ambiente. Uma isenção transitória de três anos foi atribuída a alguns poucos OGMs ainda não aprovados mas beneficiados por um parecer favorável do Comitê Científico da União Européia (EU Scientific Committee) antes que esse regulamento entrasse em vigor. Tais OGMs podem estar acidentalmente presentes até 0,5%. Rotulagem de óleo, amido, açúcar, etc. A rotulagem de alimentos transgênicos para consumo humano e animal também será exigida nos produtos em que o DNA ou a proteína específica do OGM não podem mais ser detectados, mas que tenham sido fabricados a partir de OGMs. Uma distinção é estabelecida entre produtos fabricados a partir de transgênicos, os quais devem ser rotulados, e produtos feitos por OGMs (como enzimas, vitaminas, auxiliares transgênicos de processamento e também produtos de animais alimentados com OGMs), os quais, de acordo com esse regulamento, não necessitaram de rótulos. Entre os produtos afetados pela nova regra e anteriormente isentos da exigência de rotulagem estão o amido, o óleo, o açúcar, a glicose e o álcool.

Aproximadamente 90% das importações de transgênicos para a União Européia são utilizadas como alimentos para consumo animal e para a produção de óleo ou amido. Pela primeira vez, esses produtos serão rotulados como alimentos transgênicos para consumo humano ou animal.

Exemplos de rotulagem de alimentos transgênicos para consumo humano e alimentos transgênicos para consumo animal:

Tipo de OGM Exemplo Rotulagem de acordo

com nova legislação Rotulagem de acordo

com legislação anterior planta transgênica chicória Sim sim semente transgênica semente de milho Sim sim Alimento transgênico milho, broto de soja,

tomate Sim sim

Alimento farinha de milho Sim sim Processado a partir de alimento transgênico

óleo de milho altamente refinado, olho de soja, oléo de canola

Sim não

Produzido a partir de OGM

xarope de glicose produzido a partir de amido de milho

sim não

Produtos de animais alimentados com transgênicos

ovos, carne, leite não não

Alimentos produzidos com auxílio de uma enzima transgênica

produtos de panificação produzidos com auxílio de amilase

não não

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aditivos alimentares ou aromatizantes derivados de OGMs

lecitina altamente filtrada extraída de soja transgênica e utilizada no chocolate

Sim não

alimento transgênico para consumo animal

milho Sim sim

alimento para consumo animal fabricado a partir de OGM

glúten de milho, farelo de soja

Sim não

aditivo de alimento para consumo animal fabricado a partir de OGM

vitamina B2 (riboflavina)

Sim não

Fonte: European Commission, Questions and Answers on the regulation of GMOs in the EU8 Quais OGMs? Um número total de 18 transgênicos foi aprovado pela Diretiva 90/220 (agora substituída pela Diretiva 2001/18) antes do estabelecimento, em 1998, da moratória de facto para aprovações de comercialização de OGMs. Aí se incluem quatro variedades de milho, a soja Roundup Ready (não para plantio mas apenas para consumo) e três variedades de canola. Outras aprovações abrangem o cravo, o tabaco e os testes e vacinas vivas. Contudo, em muitos casos, variedades aprovadas foram posteriormente banidas por países membros. Em outros casos, a decisão final de aprovação pelo país membro foi mantida. Tais aprovações necessitam de reavaliação à luz da nova Diretiva durante um período de transição. Atualmente, 24 novos requerimentos de introdução de OGMs no mercado estão pendentes (alguns esperam há seis anos). Em sua maioria, solicitam permissão de utilização em alimentos para consumo humano ou animal; outros solicitam também a permissão para plantio. Uma lista atualizada de todas as aprovações pendentes é fornecida pelo Joint Research Centre da União Européia. Alguns deles já receberam avaliação favorável por parte das autoridades competentes nacionais e dos comitês científicos da União Européia. Em muitos outros casos, as autoridades competentes nacionais fizeram questões e objeções à aprovação, ou então, a autoridade competente responsável pela avaliação inicial ainda não está satisfeita com as informações fornecidas pelos requerentes ou com a qualidade de suas avaliações e documentações. Conceito e regras gerais da rastreabilidade De acordo com a Comissão Européia “a rastreabilidade é definida como a capacidade de rastrear OGMs e seus produtos fabricados a partir deles em todos os seus estágios de colocação no mercado ao longo das cadeias de produção e distribuição, facilitando o controle e garantindo a possibilidade de retirada de produtos, se necessário. A obrigatoriedade da rastreabilidade foi concebida para facilitar a rotulagem precisa do produto final e fornecer os meios para inspeção e controle de exigências de rotulagem. É uma resposta direta às vozes dos consumidores que expressaram claramente que desejam e que têm o direito de fazer escolhas conscientes. Esta proposta obriga todas as partes envolvidas na cadeia de produção a fornecerem tais informações. Baseia-se também no atual programa de rotulagem alimentícia da UE, mas acrescenta cláusulas adicionais a fim

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de permitir a inspeção e o controle do cumprimento das regras atuais, e reduz a dependência de métodos analíticos de detecção de presença de OGMs.” As empresas que colocam um OGM autorizado no mercado são obrigadas a informar às empresas que o recebem, por escrito, se o produto contém OGMs, consiste em OGMs ou foi fabricado a partir de OGMs, e também os identificadores únicos atribuídos a esses OGMs. Tal informação deve ser transmitida a quaisquer empresas subseqüentes que venham a receber o produto. Os registros de tais transações devem ser guardados pelas empresas por um período de cinco anos.

Este conceito de rastreabilidade “da fazenda ao prato” não concerne apenas aos ingredientes OGMs. Trata-se de uma filosofia geral adotada pela União Européia em relação à segurança alimentar e à informação do consumidor, estabelecida em 2002 por meio do Regulamento da Comunidade “definindo os princípios e requisitos gerais da lei alimentar, instaurando a European Food Safety Authority e estabelecendo procedimentos relativos a questões de segurança alimentar”13. Esse regulamento será complementado por legislações setoriais, tais como o regulamento de rotulagem de OGMs, e orienta o desenvolvimento adicional da lei alimentar no interior da UE e de sua recém-criada European Food Safety Authority, EFSA. Outra legislação setorial em fase de elaboração é o regulamento de higiene alimentar, recentemente proposto pela Comissão. Como pré-requisito para sua autorização, requer-se de todo OGM um “identificador único”, isto é, um método de identificação e teste para o OGM específico, que deve ser submetido ao European Reference Laboratory pelo requerente. Os detalhes sobre o conceito dos identificadores únicos ainda já foram estabelecidos pela Comissão. Atividades relacionadas à identificação de OGMs estão sendo realizadas pelo Joint Research Laboratory da União Européia e seu European Network of GMO Laboratories, ENGL, e complementadas pelo European Committee for Standardisation, CEN . A padronização internacional de identificadores únicos para OGMs será realizada dentro da estrutura do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. A União Européia adotou a legislação de implementação do Protocolo de Biossegurança em junho de 2003, que governa também os termos das eventuais exportações de OGMs pela União Européia. O conceito e o significado da rastreabilidade de OGMs também é discutido no Codex Alimentarius, elaborado conjuntamente pela WHO (Organização Mundial da Saúde) e pela FAO (Organização para Agricultura e Alimentação) da ONU (Organização das Nações Unidas), no qual uma “Força Tarefa Inter-governamental Ad Hoc sobre Alimentos Resultantes de Biotecnologia” (Ad Hoc Intergovernmental Task Force On Foods Derived From Biotechnology) foi estabelecida em 1999 e apresentou suas recomendações na Reunião da Plenária do Codex em Roma (30 junho a 7 de julho de 2003). Nenhum acordo foi alcançado até o presente momento no que se refere à rastreabilidade, mas um acordo sobre padrões mínimos de avaliação de riscos para a saúde foi adotado em Roma. Esses princípios deverão ser baseados em avaliações anteriores à introdução no mercado, realizadas caso a caso, incluindo uma avaliação tanto dos efeitos do transgênico quanto de quaisquer efeitos involuntários. Embora os princípios do Codex não sejam obrigatórios nas legislações nacionais, poderiam ser usados como referência em caso de controvérsias comerciais. As atuais regras dos EUA podem não estar em plena

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conformidade com essas normas, particularmente no que concerne aos testes anteriores à introdução no mercado. Novas regras e procedimentos para aprovação de OGMs em alimentos para consumo humano e alimentos para consumo animal A entrada em vigor das novas regras de rotulagem e rastreabilidade deverá ocasionar novas aprovações de uso comercial de alguns transgênicos este ano. Um novo procedimento de aprovação será aplicado, cuja realização ficará a cargo da European Food Safety Authority (EFSA) recém-criada pela União Européia. O pedido de aprovação pode ser requerido para os casos de utilização de transgênicos específicos no preparo de alimentos para consumo humano e animal, assim como para os casos de alimentos que contenham ou consistam em OGMs específicos. Uma avaliação detalhada de risco de segurança para consumo huma no e animal será exigida. Nos casos em que o OGM será liberado no meio ambiente, uma avaliação de impacto ambiental adicional também será exigida (detalhada na Diretiva 2001/18 da UE). Ambas deverão ser realizadas pela EFSA. A agência informará todas as Autoridades Competentes nacionais e poderá solicitar seus pareceres. Em casos de requerimentos para liberação no meio ambiente, a EFSA tem a obrigação de solicitar o parecer de uma Autoridade Nacional. Um parecer da EFSA a respeito da segurança do produto será então publicado, e o público terá a possibilidade de fazer seus comentários. Uma vez recebidos esses comentários, a Comissão anunciará uma decisão provisória ao Standing Committee on the Food Chain and Animal Health (Comitê para Cadeia de Produtos Alimentícios e Saúde Animal), composto por representantes dos países membros. A Comissão também poderá levar em conta “outros fatores legítimos relacionados à questão” que não sejam referentes à saúde e aos riscos ambientais. Se o Comitê concordar com a decisão da Comissão, a aprovação será concedida ou negada em conformidade com ela. Se o Comitê não concordar, por maioria qualificada, com a decisão proposta, tal decisão será submetida ao Conselho de Ministros, que deverá tomar a decisão por maioria qualificada. A autorização será concedida apenas por um período limitado de 10 anos, após o qual a aprovação precisará ser revista ou expirará. Situação de mercado e impacto no mercado Os ingredientes para consumo humano e animal afetados pela rotulagem são principalmente os produtos à base de soja e milho. A introdução do trigo transgênico nos EUA e Canadá, recentemente submetida à aprovação pela Monsanto, também poderá ter implicações maciças no comércio transatlântico e global de commodities . Soja em grãos Os grãos de soja, que chegam em grandes navios graneleiros, são processados em algumas poucas e centralizadas instalações, transformados em óleo, preparados

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protéicos, lecitina e diversos outros produtos, assim como em alimentos para consumo animal (farelo de soja), também importados diretamente em grandes quantidades.

A importação de soja em grãos é, de longe, a mais importante em termos de quantidade e valor. A UE é o maior mercado de importação de soja em grãos e farelo de soja do mundo. A soja em grãos representa mais de 40% de toda a importação de alimentos para consumo animal da UE e aproximadamente um quarto de toda a exportação agrícola dos EUA para a Comunidade Européia. A soja é também o mais importante ingrediente transgênico em termos de dispersão pela cadeia alimentar. Um só ingrediente derivado de grãos de soja, a lecitina, utilizada como emulsificante, representa aproximadamente 80% da presença potencial de substâncias transgênicas nos produtos das prateleiras dos supermercados. Ela é obtida a partir da pressão de uma pequena parte (0,5%) do óleo de soja cru. Cerca de 150.000 toneladas de lecitina são comercializadas em todo o mundo. A demanda está em crescimento, inclusive em razão de suas propriedades benéficas para a saúde. Existem métodos disponíveis de limpeza da lecitina, que impedem a detecção do DNA no produto. Entretanto, com as novas regras de rastreabilidade, a detectabilidade não será mais um ponto decisivo para a futura rotulagem. Impactos substanciais nesse mercado podem ser esperados.

Importações de soja em grão para a UE em toneladas métrica Fonte: European Statistical Office

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Importações de farelo de soja para a UE em toneladas métricas Fonte: European Statistical Office

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Uma vez que grandes processadores de óleo e gordura, entre eles a Unilever, solicitaram, nos últimos anos, matéria-prima não-transgênica para sua produção na União Européia, grandes quantidades de óleo derivado de transgênicos foram reexportadas por refinarias de óleo européias para refinarias de óleo de países do leste europeu. Entretanto, com a integração da Polônia, Hungria, República Tcheca e Países Bálticos à União Européia em 2004, as regras de rotulagem também deverão ser aplicadas nesses países. Tais fatores, associados à crescente demanda por alimentos não-transgênicos para consumo animal, são um grande incentivo para que refinarias de óleo aumentem as quantidades processadas de não-transgênicos. Atualmente, muitas delas alternam periodicamente as importações de transgênicos da Argentina ou EUA com as importações de não-transgênicos do Brasil ou de outras fontes não-transgênicas. A limpeza das instalações a ponto de garantir a permanência abaixo do limite de 0.9% de contaminação é dispendiosa e reduz as vantagens econômicas da alternância entre diferentes fontes de importação, o que poderá aumentar a pressão no sentido de uma mudança total para processamento não-transgênico. Milho Milho em grãos destinado ao processamento e aos alimentos para consumo animal A União Européia permite importações anuais de milho a tarifas alfandegárias reduzidas para a Espanha (2 milhões de toneladas) e Portugal (500.000 toneladas), regulamentadas por uma legislação específica de quotas tarifárias e organizadas por um procedimento licitatório. Por causa dessa legislação, as importações de milho dos EUA despencaram para praticamente zero desde 1999, devido ao fato de que as variedades transgênicas cultivadas nos EUA não são aprovadas para utilização alimentar (humana ou animal) dentro da UE. Funcionários dos EUA afirmam que a moratória de facto implica, para os fazendeiros norte-americanos, uma perda anual de mais de US$ 300 milhões em exportações de milho. A cifra seria correta se os EUA pudessem recuperar toda a parcela de mercado que tinham em 1996. Contudo, as vantagens nos preços de importados da Argentina (que só permite o cultivo de variedades transgênicas aprovadas pela UE) e do

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Importações de milho para a UE em toneladas métricas Fonte: European Statistical Office

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Brasil (onde nenhuma variedade transgênica foi aprovada) pode lançar algumas dúvidas sobre esses números.

Além disso, a nova legislação de rotulagem exigirá não apenas a rotulagem do milho transgênico mas também do amido e da glicose produzidos a partir desse milho. Isso continuará sendo uma importante barreira comercial para o milho transgênico, mesmo que aprovações para variedades adicionais de milho transgênico sejam concedidas no decorrer deste ano. Algumas dessas variedades, que contêm marcadores de resistência aos antibióticos e novas proteínas, também poderão enfrentar oposição por parte das autoridades nacionais. A utilização de marcadores de resistência aos antibióticos em transgênicos deverá estar extinta no interior da UE até o final de 2004. Glúten de milho para consumo animal Os resíduos do milho posteriores à moagem e à extração do amido são utilizados como fontes baratas de nutrição animal e representam aproximadamente 10% dos concentrados de nutrição animal da UE. Grandes quantidades vêm sendo importadas dos EUA para a União Européia. No passado, surgiram controvérsias quando à necessidade de considerar ou não o glúten de milho transgênico para nutrição animal como um OGM vivo (algumas sementes inteiras geralmente restam nas misturas). As novas regras exigirão claramente a rotulagem desse produto. Milho doce para consumo humano direto O milho doce, em geral enlatado, eventualmente congelado, é produzido pela França (300.000 toneladas), Itália (40.000 toneladas) e Espanha (20.000 toneladas). As importações provenientes dos EUA baixaram para aproximadamente 1000 toneladas. A Hungria, que passa a integrar o Mercado Comum da UE, é um importante exportador de milho doce, competindo com a França. O consumo decaiu em 1998 devido às preocupações dos consumidores, que relacionavam milho com transgênicos. Não há variedades transgênicas de milho doce aprovadas na UE atualmente. Todavia, a variedade transgênica Bt11 da Syngenta é uma variedade de milho doce e pode ser uma das primeiras variedades transgênicas a ser aprovada caso a moratória atual seja suspensa. Apesar de tal variedade ter que ser rotulada, os produtores de milho doce da Europa estão preocupados com o potencial impacto na reputação de seus produtos.

Importações de glúten de milho para consumo animal para a UE em toneladas métricas Fonte: European Statistical Office

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“Masa”, um preparado especial para produção de frituras A presença de OGMs em frituras de milho foi uma das primeiras controvérsias envolvendo consumidores europeus. O preparado especial para sua produção está atualmente disponível em qualidade não-transgênica, proveniente tanto de novas fontes européias quanto de fornecedores tradicionais dos EUA e do México, que implementaram sistemas de Preservação de Identidade (IP, em inglês) para este fim. Canola (Colza oleaginosa) As exportações de canola provenientes do Canadá diminuíram drasticamente desde a introdução de variedades transgênicas em 1995/96. Pode-se prever um impacto das novas leis européias de rotulagem em outros mercados internacionais de canola, uma vez que a não utilização de óleo transgênico em alimentos processados importados para a UE (de cookies a peixes e legumes enlatados) será decisiva para evitar a rotulagem.

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O mel canadense também foi afetado pelas exigências de rotulagem por conter cada vez mais pólen de canola, sendo portanto sujeito a rotulagem como produto transgênico. Outras variedades transgênicas Outras variedades transgênicas que poderiam ser importadas, mas cuja importância econômica é menor, são o óleo de algodão e o mamão papaia, fresco ou processado. Os pedidos futuros de introdução no mercado poderão incluir a batata, o tomate (variedades transgênicas de ambos haviam sido comercializadas nos EUA mas foram novamente retiradas do mercado), o trigo, a beterraba, o girassol e, por fim, arroz, frutas e legumes.

Importações de sementes e óleo de canola canadense para a UE em toneladas métricas Fonte: Canola Council of Canada

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Atitude dos consumidores Os consumidores europeus continuam céticos a respeito dos transgênicos, particularmente quando se trata da comida que ingerem. Pesquisas contínuas do European Unions Eurobarometer e outras fontes demonstram uma rejeição constante quanto aos alimentos transgênicos, ainda que a confiança nos benefícios advindos das tecnologias de engenharia genética em outras áreas pareça aumentar. A atenção e a sensibilidade pública estiveram particularmente elevadas entre 1996 e 1999, quando os primeiros transgênicos alcançaram o mercado europeu. Diminuíram desde então, depois que a moratória de facto relativa a aprovações de OGMs foi estabelecida em 1998 e praticamente todos os grandes supermercados e marcas de produtos alimentícios se comprometeram com uma política não transgênica. Até agora, exceto algumas isenções e tentativas insignificantes, não há produtos transgênicos nas prateleiras de supermercados europeus. E como não há, atualmente, projetos de produtos transgênicos em andamento que prometam benefícios específicos ao consumidor, é improvável que esse panorama se modifique no futuro próximo. Com a possível suspensão vindoura da moratória de facto e a recente política agressiva dos EUA contra a rejeição de alimentos transgênicos por parte da Europa, o nível de consciência do público poderá aumentar, e as preocupações com a presença de transgênicos nos alimentos poderá se elevar novamente. Além disso, as preocupações com o impacto ambiental dos transgênicos parecem haver aumentado, somando-se às preocupações iniciais relativas à segurança alimentar. Discussões políticas recentes se concentram cada vez mais na questão de plantar transgênicos ou não, em escala comercial, no interior da UE, e também em como proteger a capacidade dos fazendeiros europeus de garantir, no futuro, o fornecimento de produtos não-transgênicos a seus consumidores. Se, por um lado, a rotulagem de produtos foi resolvida com o novo regulamento, a questão da “coexistência” permanece indefinida e altamente controversa. A maioria dos países membros não está satisfeita com as diretrizes não obrigatórias publicadas pela Comissão em julho de 2003, e demandam a criação de uma legislação européia de “coexistência”. Preocupações específicas são levantadas pelo setor orgânico, uma vez que seus padrões excluem categoricamente o uso de transgênicos. A polinização cruzada e a contaminação com transgênicos poderia colocar em grave perigo a pureza dos não-transgênicos e dos produtos de fazendas orgânicas. Iniciativas locais e regionais para declarar comunidades, regiões e distritos “áreas livres de transgênicos” são freqüentes na Europa, e costumam ser apoiadas pelas autoridades locais. Seu número é crescente, embora a Comissão da UE tenha declarado recentemente que áreas livres de transgênicos só seriam aceitas em regime voluntário.

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Atitude dos consumidores europeus em relação a alimentos transgênicos Fonte: Eurobarometer 55.2, Dezembro de 2001

Resposta da indústria Supermercados Desde 1999/2000, a maioria dos supermercados europeus seguem uma política de não utilização de transgênicos no que diz respeito aos produtos de suas próprias marcas, e não têm vendido quaisquer produtos rotulados como geneticamente modificados. Em junho de 2003, o British Retail Consortium (BRC), que representa 90% dos supermercados britânicos, enviou uma advertência inequívoca ao governo de que os alimentos transgênicos não são comercialmente viáveis no Reino Unido.

O verdadeiro poder é o dos consumidores. Os supermercados não darão espaço nas prateleiras a um produto que não se vende.

David Southwell, British Retail Consortium

Em 2001, o BRC publicou o abrangente “Technical Standard For the Supply of Identity Preserved Non-Genetically Modified Food Ingredients and Products” (Padrões Técnicos para Fornecimento de Ingredientes e Produtos Não Modificados Geneticamente com Identidade Preservada).

Pode-se prever que margens de segurança bem inferiores aos limites permitidos serão impostas aos fornecedores, em toda a cadeia alimentar, pelos atores com poder de mercado para fazê-lo.

Algumas redes de supermercados, entre elas o Carrefour (rede #1 da UE), não apenas impõem exigências de não transgenia aos seus fornecedores como também utilizam ativamente sua influência de mercado para garantir o necessário suprimento de não-transgênicos em cooperação com seus parceiros.

59,428,7

11,9

agree disagree

don't know

94,6 2,52,8

agree disagree

don't know

70,9

16,9

12,9

agree disagree

don't know

Eu não quero comer esse tipo de alimento: 70,9%

Eu quero ter o direito de escolher: 94,6 %

Eles podem ter algum efeito negativo sobre o meio ambiente: 59 %

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Principais produtores de alimentos para consumo humano A maioria dos produtores internacionais e os maiores produtores nacionais de alimentos se comprometeram, diante de seus clientes, a não utilizar ingredientes transgênicos. Esforços consideráveis foram feitos, nos últimos anos, para evitar qualquer necessidade de rotular produtos como geneticamente modificados. As novas regras de rotulagem acarretarão novos desafios para produtores de alimentos, particularmente no que tange aos ingredientes como óleo e amido. Uma pesquisa realizada em 2003 pelo Greenpeace na Alemanha revelou, entretanto, que a maior parte da indústria alimentícia já preparou sistemas a fim de cumprir e vencer tais desafios, e não pretende colocar quaisquer produtos com rótulo transgênico no mercado. Há seis meses, a lista das empresas que já faziam suas lições de casa incluía Apollinaris-Schweppes, Coca Cola, Barilla, Campbells, Frosta, General Mills, Karlsberg, Kraft Jacobs Suchard, Procter & Gamble e Unilever. Muitas outras responderam às perguntas do Greenpeace afirmando estar organizando, na época, a transição relacionada aos novos ingredientes de rotulagem obrigatória. Produtores de alimentos para consumo animal Embora, agora os alimentos transgênicos para consumo animal tenham que ser rotulados, os produtos para consumo humano derivados de animais alimentados com transgênicos, tais como carne, ovos e leite, não serão rotulados. Sendo assim, o impacto do novo regime de rotulagem nesse mercado não pode ser previsto. A tendência de aumento das importações de soja não-transgênica continuará, contanto que o abastecimento, do Brasil em particular, permaneça estável e confiável. Outras fontes de grãos de soja não-transgênica são o Canadá, a Índia, o Paraguai e, potencialmente, a China. Além disso, existem iniciativas dentro da Comunidade Européia no sentido de substituir parcialmente a soja importada por outras fontes de proteína que possam também ser cultivadas internamente, uma vez que o Blairhouse Agreement entre EUA e UE, que impõe restrições aos subsídios às sementes oleaginosas pela UE, está prestes a expirar. Nesse contexto, cabe mencionar o fato de que a Comissão da UE decidiu, recentemente, instaurar um procedimento de exame em resposta à queixa feita pela European Oilseed Alliance (EOA) a respeito dos subsídios dos EUA à soja em grãos. A Comissão ainda está coletando evidências sobre o impacto negativo dos subsídios norte-americanos às sementes oleaginosas e irá apresentá-las num relatório que deve ser apresentado até o final de 2005. Produtores de carne, leite e ovos Importantes produtores de carne, mas também alguns produtores de leite e ovos da Europa iniciaram esquemas voluntários de garantia de nutrição animal não-transgênica. Alguns exportadores, entre os quais Sadia e Perdigão – importantes produtores brasileiros de aves domésticas –, iniciaram programas não-transgênicos. A crise da BSE e os subseqüentes escândalos de contaminação de alimentos para consumo animal tornou a questão relacionada a esses alimentos extremamente sensível para o público europeu. A Comissão está preparando, atualmente, leis adicionais sobre listas de ingredientes permissíveis e sistemas de HACCP, Hazard Analysis and Critical

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Control Points (“Análise de Risco e Pontos de Controle Crítico”) para produtores de alimentos para consumo animal. Vários programas de qualidade regionais e nacionais voluntários tentam recuperar a confiança do consumidor. Um dos maiores desses programas, o QS (“Qualität und Sicherheit”), na Alemanha, não exclui, atualmente, alimentos transgênicos para consumo animal. Ao serem criticadas por organizações de consumidores, as indústrias responsáveis argumentaram que a ausência de rotulagem tornava difícil para os produtores o cumprimento de tais padrões. Isso mudará agora. Lista seleta das principais empresas que seguem políticas de opção não transgênica, representando um total de mais de 450 bilhões $ anualmente. Aldi Coca Cola Findus McDonald’s Superquinn Alpro Soya Colruyt Friki Migros Tegel Amadori Coop FujiOil Nestlé Tengelmann Asahi Corona Gerber Nutricia Tesco ASDA Danone Heinz ParknShop Trades Joe’s Barilla Delhaize Le Lion Hipp Perdigão Unilever Ben & Jerry’s DUC Kirin Sadia VitaSoy Burger King Edeka Kraft Jacobs Safeway Waitrose Cadbury’s Esselunga Marks & Spencer Soya Hellas Wiesenhof Carrefour Ferrero McCain Spar Wimpy Fast Foods Fonte: Innovest A demanda por ingredientes não-transgênicos parte também da indústria de alimentos para consumo de animais domésticos.

O processo na OMC contra a moratória de facto da União Européia Em maio de 2003, os EUA tomaram iniciativas formais contra a moratória de facto de aprovação de transgênicos por parte da UE e diversas outras proibições nacionais de comércio e importação por parte de países membros. Tais iniciativas foram apoiadas por solicitações similares feitas pelo Canadá e pela Argentina. Após o fracasso das discussões bilaterais em Genebra, os EUA solicitaram a instauração de um conselho de solução de controvérsias, que foi inicialmente apontado para 04 de março de 2004. O painel tem de seis a nove meses para julgar se a moratória da UE infringiu ou infringe as regras da OMC. A defesa poderá recorrer da decisão do conselho. O resultado final é esperado para meados de 2005. A moratória baseia-se em declarações unilateriais de países membros de que não seguirão as normas atuais de aprovação de transgênicos enquanto não houver avanços substanciais com respeito à avaliação de risco, rotulagem, rastreabilidade e responsabilização. Com a adoção da nova Diretiva de Liberação 2001/18/EC (que ainda precisa ser implementada pela maioria dos países membros) e do Food and Feed and

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Traceability Regulations, muitas das demandas iniciais desses países membros parecem ter sido satisfeitas. Contudo, normas de responsabilização e medidas “anticontaminação” relacionadas à liberação comercial de transgênicos ainda estão ausentes. A Comissão Européia argumenta que a moratória está prestes a ser suspensa ou nem mesmo existe mais. A atual moratória não é o principal e contínuo obstáculo às importações de transgênicos para a UE. Ironicamente, é o Food and Feed Labelling and Traceability Regulations, concebido para finalmente possibilitar a suspensão da moratória, que impedirá a negociabilidade de produtos transgênicos dentro da UE, uma vez que permite aos consumidores rejeitar efetivamente tais produtos presentes no mercado. Resta saber se os EUA também levarão as novas regras européias de rotulagem e rastreabilidade para uma solução de controvérsias na OMC, o que constituiria um sério precedente global e um drástico desafio à soberania e à capacidade da UE de proteger e informar seus cidadãos. Nos últimos anos, os EUA ameaçaram vários países que haviam estabelecido leis de restrição a transgênicos, com base no argumento de que isso violava as normas da OMC, acrescentando ainda pressão política e econômica direta. Um projeto de lei recentemente aprovado nos EUA chegou ao ponto de condicionar diretamente o apoio no combate a AIDS à exigência de que as nações beneficiadas aceitassem auxílio alimentar transgênico. A União Européia tem fortes meios para enfrentar tais pressões. Entre eles, duas recentes decisões da OMC permitindo à UE impor tarifas punitivas de até US$ 4 bilhões em retaliação a práticas desleais dos EUA no caso FSC (Foreign Sales Corporation), além de uma multa iminente de US$ 2,2 bilhões no caso dos subsídios ao aço norte-americano que violaram as normas da OMC. A primeira opção não foi utilizada até agora. A UE decidiu, no caso da carne tratada com hormônios, pagar as penalidades impostas em vez de acatar uma decisão da OMC não respeitada por ela. A contínua pressão sobre a China relacionada às restrições à importação de soja transgênica também não produziu resultados até agora. Deparou com firme rejeição por parte do governo chinês, que adotou regras de rotulagem muito similares aos padrões europeus. Países menores e mais dependentes, todavia, não têm tais opções. “A ação dos EUA na OMC foi claramente calculada para tornar a ratificação final do Protocolo inoperante. O projeto dos EUA é assegurar a predominância da OMC sobre o Protocolo ao definir as restrições a transgênicos como ‘barreiras comerciais’. Ao fazê-lo, esforça-se em bloquear o avanço na implementação do Protocolo. A utilização da OMC para minar o novo consenso global relativo à biossegurança tem como meta os países do Sul.”

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O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança

O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança, o qual está inserido na Convenção sobre Diversidade Biológica, entrou em vigor em 11 de setembro de 2003, ao mesmo tempo em que as negociações da OMC em Cancun estavam fracassando. Este tratado internacional determina padrões mínimos de segurança relacionados ao movimento de transgênicos entre fronteiras.

O Protocolo, inter alia, requer um acordo de informações prévias para importação de transgênicos de um país para outro, além de avaliações de risco ambiental, e estabelece explicitamente o direito dos países membros de recusar tal acordo com base no Princípio da Precaução. Isso significa que a falta de certezas científicas no que concerne aos transgênicos e seu efeito sobre a saúde humana e o meio ambiente é aceita como razão legal para a recusa da importação.

A maior controvérsia durante as negociações sobre o Protocolo estava em saber se o Protocolo se sobreporia às medidas da OMC ou vice-versa. O texto final coloca ambos os acordos no mesmo nível, o que poderia colocar o sistema de acordos ambientais multilaterais da ONU em conflito direto com o sistema da OMC. Entretanto, a OMC também poderia decidir aceitar o Protocolo de Biossegurança como um acordo de referência para suas próprias decisões, assim como fez em relação ao Codex Alimentarius e outros acordos internacionais. O processo dos EUA contra a moratória é, essencialmente, uma cartada política destinada a minar “o direito de dizer não” garantido pelo Protocolo na corrida para sua entrada em vigor. Seu alvo parece ser as muitas nações menos poderosas que também impuseram moratórias e outras restrições às importações de transgênicos.

Os países signatários do Protocolo concordaram em estender as medidas do acordo às questões de rotulagem e responsabilização nos dois anos subseqüentes à sua entrada em vigor. Tais negociações se tornaram um outro “campo de batalha” entre as diferentes abordagens dos EUA e da União Européia. No entanto, apesar da maciça oposição e das táticas de obstrução adotadas pelos EUA, as partes do Protocolo, em seu primeiro encontro, realizado em Kuala Lumpur entre os dias 23 e 27 de fevereiro de 2004, já adotaram exigências mais detalhadas sobre a documentação e a rotulagem de OGMs, incluindo aqueles destinados à alimentação humana e animal e à indústria alimentícia. A documentação que acompanha movimentos transfronteiriços de OGMs terá que incluir os ‘nomes comuns, científicos e comerciais’ dos OGMs presentes no carregamento, bem como seus ‘códigos de transformação’, ou, quando possível, seus ‘códigos únicos de identificação’. Uma “Câmara de Biossegurança” (Biosafety Clearinghouse) já foi instaurada em Montreal, tendo como tarefa coletar todas as informações sobre movimentos de transgênicos entre fronteiras e fornecer um banco de dados para identificadores únicos de ocorrências de OGMs específicos.

Os EUA não ratificaram o Protocolo de Biossegurança nem a Convenção sobre Diversidade Biológica, além de criticarem fortemente o Princípio da Precaução, consolidado no Tratado da União Européia. A administração Bush pode estar se encaminhando para um conflito que parece difícil de vencer, especialmente depois que a comunidade internacional demonstrou um forte consenso em seguir adiante com a implementação do Protocolo. Forçar a entrada de produtos em nações relutantes e a seus cidadãos pode, no curto prazo, ter reperc ussões em alguns redutos agrícolas

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nacionais. Certamente não é uma maneira inteligente e promissora de arrebanhar mercados, enquanto estes continuarem livres. Diretrizes do novo Codex Alimentarius Em julho de 2003, a Comissão do Codex Alimentarius adotou duas novas diretrizes com respeito à segurança de alimentos fabricados a partir de organismos geneticamente modificados: “Principles for the Risk Analysis of Foods Derived from Modern Biotechnology” (“Princípios para a análise de risco de alimentos derivados da biotecnologia moderna”) e “Guideline for the Conduct of Food Safety Assessment of Food Derived from Recombinant-DNA Plants” (“Diretrizes para a condução da avaliação de segurança de alimentos derivados de plantas com DNAs recombinantes”). Tais documentos representam um passo importante na definição, em nível internacional, dos procedimentos aceitáveis para a avaliação da segurança de alimentos resultantes de engenharia genética. As diretrizes servem, especialmente, para destacar as inadequações e a falta de rigor científico que caracterizam o processo de aprovação utilizado nos EUA, onde são desenvolvidas e cultivadas a maioria das variedades transgênicas. O processo norte-americano é considerado extremamente inadequado em comparação com as novas diretrizes. O FDA (Food and Drug Administration), órgão norte-americano, não tem, na verdade, suas próprias diretrizes de testes nem padrões detalhados de segurança.

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Notas e referências 1 Regulation (EC)No 1829/2003 of the European Parliament and of the Council of 22 September 2003on genetically modified food and feed. http://europa.eu.int/eur-lex/pri/en/oj/dat/2003/l_268/l_26820031018en00010023.pdf Hereafter referred to as F&F Regulation 1 Regulation (EC) No 1830/2003 of the European Parliament and Council of 22 September 2003 concerning the traceability and labelling of genetically modified organisms and the traceability of food and feed products produced from genetically modified organisms and amending Directive 2001/18/EC http://europa.eu.int/eur-lex/pri/en/oj/dat/2003/l_268/l_26820031018en00240028.pdf Hereafter referred to as Traceability Regulation 1 F&F Regulation, Section 2, Article 12. 2."This Section shall not apply to foods containing material which contains, consists of or is produced from GMOs in a proportion no higher than 0,9 %of the food ingredients considered individually or food consisting of a single ingredient, provided that this presence is adventitious or technically unavoidable. to be easily identified and read." 1 F&F Regulation, consideration (28) "In order to establish that the presence of this material is adventitious or technically unavoidable, operators must be in a position to demonstrate to the competent authorities that they have taken appropriate steps to avoid the presence of the genetically modified food or feed." 1 Directive 2001/18/EC of 12 March 2001 on the deliberate release into the environment of genetically modified organisms and repealing Council Directive 90/220/EEC http://biotech.jrc.it/doc/2001-18-EC.pdf 1 F&F Regulation Section 2 Art. 12, 1."This Section shall apply to foods which are to be delivered as such to the final consumer or mass caterers in the Community and which: (a)contain or consist of GMOs, or (b)are produced from or contain ingredients produced from GMOs." And Consideration (22) "The labelling should include objective information to the effect that a food or feed consists of, contains or is produced from GMOs. Clear labelling, irrespective of the detectability of DNA or protein resulting from the genetic modification in the final product, meets the demands expressed in numerous surveys by a large majority of consumers, facilitates informed choice and precludes the potential misleading of consumers as regards methods of manufacture or production." 1 F&F Regulation, Consideration (17) "This Regulation should cover food and feed produced ‘from ’a GMO but not food and feed ‘with ’a GMO. The determining criterion is whether or not material derived from the genetically modified source material is present in the food or in the feed. Processing aids which are only used during the food or feed production process are not covered by the definition of food or feed and, therefore, are not included in the scope of this Regulation. Nor are food and feed which are manufactured with the help of a genetically modified processing aid included in the scope of this Regulation. Thus, products obtained from animals fed with genetically modified feed or treated with genetically modified medicinal products will be subject neither to the authorisation requirements nor to the labelling requirements referred to in this Regulation." 1Also available in French and German http://europa.eu.int/rapid/start/cgi/guesten.ksh?p_action.gettxt=gt&doc=MEMO/02/160|0|AGED&lg=EN&display= 1 A list is provided by the EU DG Sanco at http://europa.eu.int/comm/food/fs/gmo/list_author_gmo_en.pdf 1 e.g. Austria, Germany and Luxembourg have imposed a ban on Syngenta's "Bt-176" maize, Austria and Italy have imposed a ban on Monsanto's "MON-810" maize 1 http://gmoinfo.jrc.it/default.asp 1 "GM food and feed: A new regulatory framework ahead on authorisation, labelling and traceability", Consumer Voice, Special edition 1, April 2003, From the European Commission’s Health and Consumer Protection DG http://europa.eu.int/comm/dgs/health_consumer/newsletter/200305/consumervoice_en.pdf 1 Regulation (EC)No 178/2002, laying down the general principles and requ irements of food law, establishing the European Food SafetyAuthority and laying down procedures in matters of food safety http://www.efsa.eu.int/pdf/En_Base.pdf

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1 For an overview see http://europa.eu.int/pol/food/print_overview_en.htm 1 Proposal for a Regulation of the European Parliament and of the Council laying down requirements for feed hygiene and traceability, /* COM/2003/0180 final - COD 2003/0071 http://wwwdb.europarl.eu.int/oeil/oeil_ViewDNL.ProcViewCTX?lang=2&procid=6998&HighlighType=1&Highlight_Text=feed 1 Commission Regulation (EC) No 65/2004 of 14 January 2004 establishing a system for the development and assignment of unique identifiers for genetically modified organisms http://europa.eu.int/eur-lex/pri/en/oj/dat/2004/l_010/l_01020040116en00050010.pdf 1 ENGL, The European Network of GMO Laboratories, has been established in December 2002 by the European Commission. Details can be found on their web-site http://engl.jrc.it http://www.jrc.cec.eu.int/download/press/releases/gmomemo.pdf An outline of their tasks can be found at: http://eoi.cordis.lu/docs/int_36630.doc Methods for assured and reliable traceability of all genetic modifications elaborates especially on the task of detecting unapproved GMO varieties in the furture: http://eoi.cordis.lu/docs/int_28502.doc The predecessor project QPCRGMOFOOD is present on the web at http://www.entransfood.com/RTDprojects/qpcrgmofood/Qpcrgmofood.html 1 European food standardization: Elements for a CEN strategy and action plan-Annex I reference to the CEN standards on GMO testing under development in CEN TC 275 WG11 - Genetically modified foodstuffs- Six projects are currently under development. http://www.cenorm.be/sectors/food/resources/food_strat.pdf 1 Regulation of the European Parliament and of the Council on transboundary movements of genetically modified organisms http://wwwdb.europarl.eu.int/oeil/oeil_ViewDNL.ProcViewCTX?lang=2&procid=5973&HighlighType=1&Highlight_Text=Cartagena 1 Report Of The Fourth Session Of The Codex Ad Hoc Intergovernmental Task Force On Foods Derived From Biotechnology, Yokohama, Japan 11-14 March 2003 ftp://ftp.fao.org/docrep/fao/meeting/006/y9220e.pdf General information on the 26th Session of the Codex Alimentarius: http://www.codexalimentarius.net/session_26.stm 1 www.efsa.eu.int 1 For the state of the art of risk assessment see guidance document for the risk assessment of genetically modified plants and derived food and feed, March 2003, Prepared for the Scientific Steering Committee by The Joint Working Group on Novel Foods and GMOs Composed of members of the Scientific Committees on Plants, Food and Animal Nutrition http://europa.eu.int/comm/food/fs/sc/ssc/out327_en.pdf 1 The Committee is composed of competent representatives of all Member States, who vote with qualified majority. Until 1 November 2004, the date of the entry into force of the provisions in the Nice Treaty the qualified majority is set at 62 votes out of 87 (71%). Member States' votes are as follows: France, Germany, Italy and United Kingdom 10 votes each; Spain 8 votes; Belgium, Greece, the Netherlands and Portugal 5 votes each; Austria and Sweden 4 votes each; Denmark, Ireland and Finland 3 votes each; Luxembourg 2 votes. For details about the Standing Committee on the Food Chain see their homepage: http://europa.eu.int/comm/food/fs/rc/scfcah/index_en.html 1 For details about this "Commitology Procedure" see 1999/468/EC: Council Decision of 28 June 1999 laying down the procedures for the exercise of implementing powers conferred on the Commission, Official Journal L 184 , 17/07/1999 P. 0023 - 0026 http://europa.eu.int/eur-lex/pri/en/oj/dat/1999/l_184/l_18419990717en00230026.pdf 1 The EU while a net exporter of wheat also imports between 3,5 and 5,5 mio tons of wheat annually. See http://www.fas.usda.gov/grain/circular/2001/12-01/graintoc.htm

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1 SEAFOOD.COM NEWS, February 13, 2003, World soybean consumption rises rapidly as demand for animal and fish feed grows 1 USDA, July 2002, Livestock feeding and feed imports in the European Union – A decade of change http://www.ers.usda.gov/publications/fds/july02/fds0602-01/ 1 Commission Regulation (EC) No 1839/95 of 26 July 1995 laying down detailed rules for the application of tariff quotas for imports of maize and sorghum into Spain and imports of maize into Portugal, (OJ L 177,28.7.1995,p.4) http://europa.eu.int/eur-lex/en/consleg/pdf/1995/en_1995R1839_do_001.pdf 1 The value of US maize exports to the European Union dropped from US$ 305.1 mio in 1996 to US$ 2.6 mio in 2002 USDA Foreign Agriculture Service, BIOC Export Commodity database, http://www.fas.usda.gov/ustrade/USTExBico.asp 1 Directive 2001/18/EC of 12 March 2001 on the deliberate release into the environment of genetically modified organisms and repealing Council Directive 90/220/EEC http://biotech.jrc.it/doc/2001-18-EC-pdf 1 See GAIN Report #FR2054, 7/31/2002 "France Processed Sweet Corn French Sweet Corn Jeopardized by Biotech and Hungarian Sweet Corn 2002" http://www.faz.usda.gov/gainfiles/200207/145783462.pdf 1 In November 2002 Cargill opened £3.85 million state-of-the-art masa flour plant at its Seaforth site in Liverpool, which exclusively provides non-GMO masa for the European market. 1 For details see http://www.canola-council.org/markets/markets.html 1For falling honey imports to the EU see USDA's GAIN Report #CA2140 Canada Honey Production and Trade Update 2002 http://www.fas.usda.gov/gainfiles/200212/145784870.pdf 1 All Eurobarometers on the public opinion within the European Union can be found at: http://europa.eu.int/comm/public_opinion/index.htm 1 The Observer, June 8 2003, "Supermarkets tell Blair: We won't stock GM" http://observer.guardian.co.uk/politics/story/0,6903,972904,00.html 1 BRC/FDF Technical Standard For the Supply of Identity Preserved Non-Genetically Modified Food Ingredients and Products http://www.tso.co.uk/bookshop/bookstore.asp?AF=A10096&FO=38383&Action=Book&ProductID=0117028495 1 For an example see See Carrefour Sustainability report 2002 at http://www.carrefour.com/docs/carrefour_rapport_en.pdf 1 For details see www.greenpeace.de 1 On March 12, 2003, the European Commission adopted a Decision to open an examination procedure in response to a complaint by the European Oilseed Alliance (EOA) about US soybean subsidies. After the Commission will have completed its report in 2005, further action could then be taken, including bilateral negotiations or WTO consultations. Full details can be found in Council Regulation 3286/1994. http://europa.eu.int/smartapi/cgi/sga_doc?smartapi!celexapi!prod!CELEXnumdoc&lg=EN&numdoc=31994R3286&model=guichett 1 http://europa.eu.int/comm/trade/issues/respectrules/tbr/cases/usa_oil.htm 1 Some prominent representatives are "Wiesenhof", Germanys leading chicken producer, Carrefour and its suppliers Cooperl (Frances leading pork producers), Duc-Bourgoin and La Cana, Zaffini and LDC; Danpo, Denmarks biggest chicken produce r and Danish Crown, a world leading pork producer. 1 In 2002, Sadia and Perdigão announced that they will eliminate GM ingredients from all their food products, including meat, and introduce additional mechanisms to ensure its supplies are not genetically contaminated. The companies rank among the largest food companies in Brazil and are also respectively Brazil’s first and second largest processors and exporters of poultry meat. In 2000, Sadia and Perdigão together accounted for over 20% of the Brazilian broiler production and 50% of Brazilian broiler exports http://www.fas.usda.gov/gainfiles/200104/90680478.pdf

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Agência Estado, Brazil, September 13, 2002, "Perdigão se compromete a não usar transgênicos" 1 Innovest Strategic Market Advisors, Monsanto and Genetic Engineering. Risks for Investors, April 2003,can be downloaded at www.innovestgroup.com, (publications) 1 Excerpts from the requests of United States, Canada and Argentina (original documents are searchable as WT/DS291/1, WT/DS292/1 and WT/DS293/1 at http://docsonline.wto.org): WTO, WT/DS291/1, 20 May 2003: EUROPEAN COMMUNITIES - MEASURES AFFECTING THE APPROVAL AND MARKETING OF BIOTECH PRODUCTS. Request for Consultations by the United States, dated 13 May 2003. "Since October 1998, the EC has applied a moratorium on the approval of biotech products. The EC has suspended consideration of applications for, or granting of, approval of biotech products under the EC approval system. A number of applications for placing biotech products on the market have been blocked in the approval process under EC legislation and have never been considered for final approval. The approvals moratorium has restricted imports of agricultural and food products from the United States. Moreover, the member States maintain a number of national marketing and import bans on biotech products even though those products have already been approved by the EC for import and marketing in the EC. The national marketing and import bans have restricted imports of agricultural and food products from the United States." (...) These measures appear to be inconsistent with the SPS Agreement, the GATT 1994, the Agriculture Agreement and the TBT Agreement, including but not limited to the following provisions: (1) SPS Agreement, Articles 2, 5, 7 and 8, and Annexes B and C; (2) GATT 1994, Articles I, III, X and XI; (3) Agriculture Agreement, Article 4; and (4) TBT Agreement, Articles 2 and 5.“ WTO, WT/DS292/1, 20 May 2003: EUROPEAN COMMUNITIES - MEASURES AFFECTING THE APPROVAL AND MARKETING OF BIOTECH PRODUCTS. Request for Consultations by Canada, dated 13 May 2003. „The Government of Canada hereby requests consultations with the European Communities ("EC") ... concerning measures affecting the approval and marketing of products that contain, consist of, or are produced from, genetically modified organisms ("GM products"). As a result of measures taken by EC Member States, including Austria, Belgium, Denmark, Finland, France, Germany, Greece, Italy, Luxembourg, the Netherlands, and Sweden, since 1998, the EC has maintained a de facto moratorium on the approval of GM products. The moratorium prevents GM products from accessing or proceeding through the EC's approvals process. As a consequence of the m oratorium, Canadian GM products have been blocked at various stages of the EC's approval process. In addition, some EC Member States, including Austria, France, Greece, and Italy have prohibited the importation and marketing of GM products despite those products having been approved by the EC for importation and marketing. These measures appear to be inconsistent with the SPS Agreement, the TBT Agreement, the GATT 1994, and the Agreement on Agriculture. The provisions of these Agreements with which the measures appear to be inconsistent include the following: • SPS Agreement: Articles 2.2, 2.3, 5.1, 5.5, 5.6, 7, 8 and Annexes B and C;

• TBT Agreement: Articles 2.1, 2.2, 2.8, 5.1 and 5.2;

• GATT 1994: Articles I:1, III:4, X:1 and XI:1;

• Agreement on Agriculture: Article 4.2.“

WTO, WT/DS293/1, 21 May 2003: EUROPEAN COMMUNITIES - MEASURES AFFECTING THE APPROVAL AND MARKETING OF BIOTECH PRODUCTS. Request for Consultations by Argentina, dated 14 May 2003. „Since 1998, the European Communities has suspended consideration of applications for approval of biotechnology products. In addition, some of their member States have introduced prohibitions, even infringing Community rules for biotechnology products. In effect, Argentina indicates that the action by the European Communities is detrimental to international trade in biotechnology products, as can be seen from the following: (a) de facto measures leading to the suspension of consideration or the non-

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consideration of various applications without sufficient scientific evidence or a proper risk assessment; and (b) undue delay in finalizing consideration of various applications for approval of biotechnology products submitted by various WTO Members. This action affects biotechnology products approved for marketing in Argentina and those still being considered, prior to approval, as indicated in Annex I. Furthermore, Argentina challenges the specific prohibitions introduced by the member States of the European Communities, which infringe Community legislation and affect, inter alia, biotechnology products approved for marketing in Argentina, as indicated in Annex II. The relevant measures by the European Communities and some of their member States infringe the following provisions of the WTO Agreements: (a) Inter alia, but not exclusively, Articles 2, 5, 7, 8, 10 and Annexes B and C of the Agreement on the

Application of Sanitary and Phytosanitary Measures; (b) Article 4 of the Agreement on Agriculture; (c) inter alia, but not exclusively, Articles I, III, X and XI of the GATT 1994; and inter alia, but not exclusively, Articles 2, 5 and 12 of the Agreement on Technical Barriers to Trade.“ 1 States which have been under US pressure because of their GMO policies include Egypt, Bolivia, Sri Lanka, Thailand, South Korea, Croatia. For a full assessment of the US strategy also see the briefing "The US war on Biosafety" published by Greenpeace International in June 2003. http://www.greenpeace.org/international_en/reports/?campaign%5fid=3942 1 "(...) Sense of Congress relating to food assistance for individuals living with HIV/AIDS. (...) (C) Although the United States is willing to provide food assistance to these countries in need, a few of the countries object to part or all of the assistance because of fears of benign genetic modifications to the foods. (...) 2) Sense of Congress - It is therefore the sense of Congress that United States food assistance should be accepted by countries with large populations of individuals infected or living with HIV/AIDS, particularly African countries, in order to help feed such individuals." Bill Number H.R.1298 for the 108th Congress (May 15, 2003) United States Leadership Against HIV/AIDS, Tuberculosis, and Malaria Act of 2003 (Enrolled as Agreed to or Passed by Both House and Senate) http://thomas.loc.gov/cgi-bin/query/F?c108:5:./temp/~c108JRD6En:e56633: 1 FINANCIAL TIMES: Brussels sets ultimatum in trade dispute with US (b Tobias Buck in Brussels). May 7 2003: „The European Union on Wednesday dramatically raised the stakes in the biggest trade dispute ever to hit the World Trade Organisation, when it issued an ultimatum to the US over a long-running battle over corporate tax breaks.Brussels is giving US Congress until the end of September to repeal the Foreign Sales Corporations provision, which benefits large exporters such as Microsoft and Boeing, or face sanctions worth $4bn - the largest retaliation package in the history of the WTO.The deadline was announced hours before the WTO in Geneva gave ist final approval to the list of 1,800 US products targeted by the EU, which means Brussels now only needs the approval of EU member states to impose the sanctions.“ 1 See The International Herald Tribune July 12, 2003: U.S. tariffs on steel are illegal; Europe and others are widely expected to impose sanctions (by Paul Meller, The New York Times): „U.S. import tariffs on steel products imposed in the spring of 2002 were deemed illegal Friday by the World Trade Organization, raising the likelihood that the EuropeanUnion and others will retaliate with sanctions on American exports... Richard Mills, spokesman for the U.S. trade representative, said the United States would appeal the decision...If the appeal fails to reverse Friday's decision, then the European Union will impose sanctions on American imports worth up to $2.2 billion almost immediately, the European Commission spokeswoman on trade issues, Arancha Gonzalez, said.“ 1 In 1998 a WTO dispute settlement body decided that the EU ban on beef treated with hormones to speed up growth was lacking scientific evidence of detrimental health effects and therefor was an unfair trade barrier. A penalty fee of US$ 116.8 million and additional Canadian $ 11,3 million was imposed on the EU by the WTO on 15 July 1999 allowing the US and Canada to impose 100 percent tariffs on selected European goods. Still the EU ban is not lifted but confirmed by the COMMISSION PROPOSAL AMENDING DIRECTIVE 96/22/EC CONCERNING THE PROHIBITION ON THE USE IN STOCK-FARMING OF CERTAIN SUBSTANCES HAVING A HORMONAL OR THYROSTATIC ACTION AND BETA-AGONISTS and by scientific findings. See: Growth promoting hormones pose health risk to consumers, confirms EU Scientific Committee, Press relase IP/02/604 , 23/04/2002: „The EU Scientific Committee on Veterinary Measures relating to Public Health (SCVPH) confirmed today (23 April 2002) that the use of hormones as growth promoters for cattle poses a potential health risk to

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consumers, following a review of 17 studies and other recent scientific data. Publishing its third opinion on the risks to human health from hormone residues in beef products, the SCVPH found no reason to change its previous opinions of 1999 and 2000.The final opinion of the SCVPH "Review of previous SCVPH opinions of 30 April 1999 and 3 May 2000 on the potential risks to human health from hormones residues in bovine meat and meat products" is available on the Internet at: http://europa.eu.int/comm/food/fs/sc/scv/outcome_en.html . For further background information on the "hormone-case", go to: http://europa.eu.int/comm/food/fs/him/him_index_en.html . For the WTO case see: http://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/dispu_subjects_index_e.htm#bkmk63 1 Taken from the briefing "The US war on Biosafety" published by Greenpeace International in June 2003. See note 44 or http://www.greenpeace.org/international_en/reports/?campaign%5fid=3942 1 The Cartagena Protocol on Biosafety homepage can be found at: http://www.biodiv.org/biosafety . The protocol text can be downloaded at http://www.biodiv .org/biosafety/protocol.asp 1 www.biodiv.org , UNEP/CBD/BS/COP-MOP/1/WG.1/CRP.3/Rev.1 1 Both documents can be found in the report of the third session of the Codex Ad Hoc Intergovernmental Task Force on Foods Derived from Biotechnology. Available from the Codex web site: ftp://ftp.fao.org/codex/alinorm03/Al103_34e.pdf. Accessed 30 June 2003. 1 Taken from Doreens’s report: New Codex Alimentarius guidelines show how out of step the United States is from world scientific opinion.