as mÍdias sociais e a globalizaÇÃo do bullying...

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Mídias Sociais, Saberes e Representações Salvador - 13 e 14 de outubro de 2011 AS MÍDIAS SOCIAIS E A GLOBALIZAÇÃO DO BULLYING Andréa Cardoso - UFPI 1 Ana Paula Rocha do Bomfim- UFPI 2 Resumo O bullying está presente desde sempre nas salas de aula e nos pátios de escolas ao redor do mundo. Mas somente a partir da década de 1970, na Suécia, passou a ser objeto de pesquisas científicas. No Brasil, o fenômeno começou a ser investigado no ano de 2000, a partir de um estudo realizado por Cleo Fante e José Augusto Pedra. O presente artigo baseando-se em pesquisa aplicada, exploratória, bibliográfica de abordagem qualitativa, discute a transposição do bullying do ambiente físico para o ambiente virtual, tendo em vista os avanços tecnológicos recentes e a popularização das novas tecnologias da informação e comunicação; assim como o modo de atuação das mídias sociais na disseminação do ciberbullying e o papel das mesmas no enfrentamento desse problema. Palavras-chave: globalização, mídias sociais, ciberbullying. Antes mundo era pequeno/ Porque Terra era grande/ Hoje mundo é muito grande/ Porque Terra é pequena/ Do tamanho da antena parabolicamará/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ Antes longe era distante/ Perto, só quando dava/ Quando muito, ali defronte/ E o horizonte acabava/ Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ De jangada leva uma eternidade/ De saveiro leva uma encarnação/ Pela onda luminosa/ Leva o tempo de um raio/ Tempo que levava Rosa/ Pra aprumar o balaio/ Quando sentia que o balaio ia escorregar/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ Esse tempo nunca passa/ Não é de ontem nem de hoje/ Mora no som da cabaça/ Nem tá preso nem foge/ No instante em que tange o berimbau/ Meu camará/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ De jangada leva uma eternidade/ De saveiro leva uma encarnação/ De avião o tempo de uma saudade/ Esse tempo não tem rédea, vem nas asas do vento/ O momento da tragédia/ Chico, Ferreira e Bento/ Só souberam na hora do destino apresentar/ Ê, volta do mundo, Camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará.” 3 1 Graduanda em Comunicação Social Jornalismo pela Universidade Federal do Piauí (Bolsista Pibic CNPQ) integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Economia Política e Diversidade (COMUM) 2 Orientadora Professora assistente da Universidade Federal do Piauí. Integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Economia Política e Diversidade (COMUM) 3 GIL, Gilberto. Parabolicamará. In: Gilberto Gil: Unplugged. Warner Music, 2002.

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Mídias Sociais, Saberes e Representações Salvador - 13 e 14 de outubro de 2011

AS MÍDIAS SOCIAIS E A GLOBALIZAÇÃO DO BULLYING

Andréa Cardoso - UFPI1

Ana Paula Rocha do Bomfim- UFPI2

Resumo

O bullying está presente desde sempre nas salas de aula e nos pátios de escolas ao redor do

mundo. Mas somente a partir da década de 1970, na Suécia, passou a ser objeto de pesquisas

científicas. No Brasil, o fenômeno começou a ser investigado no ano de 2000, a partir de um

estudo realizado por Cleo Fante e José Augusto Pedra. O presente artigo baseando-se em

pesquisa aplicada, exploratória, bibliográfica de abordagem qualitativa, discute a transposição

do bullying do ambiente físico para o ambiente virtual, tendo em vista os avanços

tecnológicos recentes e a popularização das novas tecnologias da informação e comunicação;

assim como o modo de atuação das mídias sociais na disseminação do ciberbullying e o papel

das mesmas no enfrentamento desse problema.

Palavras-chave: globalização, mídias sociais, ciberbullying.

“Antes mundo era pequeno/ Porque Terra era grande/ Hoje mundo é muito

grande/ Porque Terra é pequena/ Do tamanho da antena parabolicamará/ Ê,

volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ Antes longe era

distante/ Perto, só quando dava/ Quando muito, ali defronte/ E o horizonte

acabava/ Hoje lá trás dos montes, den de casa, camará/ Ê, volta do mundo,

camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ De jangada leva uma eternidade/ De

saveiro leva uma encarnação/ Pela onda luminosa/ Leva o tempo de um raio/

Tempo que levava Rosa/ Pra aprumar o balaio/ Quando sentia que o balaio ia

escorregar/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ Esse

tempo nunca passa/ Não é de ontem nem de hoje/ Mora no som da cabaça/

Nem tá preso nem foge/ No instante em que tange o berimbau/ Meu camará/ Ê, volta do mundo, camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará/ De jangada

leva uma eternidade/ De saveiro leva uma encarnação/ De avião o tempo de

uma saudade/ Esse tempo não tem rédea, vem nas asas do vento/ O momento

da tragédia/ Chico, Ferreira e Bento/ Só souberam na hora do destino

apresentar/ Ê, volta do mundo, Camará/ Ê, ê mundo dá volta, camará.” 3

1 Graduanda em Comunicação Social – Jornalismo pela Universidade Federal do Piauí (Bolsista Pibic – CNPQ)

integrante do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Economia Política e Diversidade (COMUM) 2 Orientadora – Professora assistente da Universidade Federal do Piauí. Integrante do Grupo de Pesquisa em

Comunicação, Economia Política e Diversidade (COMUM) 3 GIL, Gilberto. Parabolicamará. In: Gilberto Gil: Unplugged. Warner Music, 2002.

O constante processo de evolução das tecnologias da comunicação e dos transportes facilita o

acesso e a difusão de informações e interliga, a cada dia, mais povos e culturas, desafiando

barreiras temporais e geográficas.

Ainda bastante deslumbrados com o poder que as novas tecnologias têm de encurtar as

distancias e o aumentar a velocidade da transmissão de informações muitos tendem a enxergar

somente os benefícios trazidos pela popularização da internet e pela criação e

aperfeiçoamento das novas mídias.

O desenvolvimento tecnológico, por um lado, facilita e agiliza a vida das pessoas, mas por

outro, acirra as diferenças sociais e culturais. Sendo o Brasil um país tão desigual e tão

diverso social e culturalmente, não se pode imaginar que o acesso aos meios técnicos se

efetive de maneira homogênea para todas as populações. O analfabetismo, a pobreza e a

exclusão social e digital ainda afastam grande parcela da sociedade dos meios de

comunicação.

No ano de 1992, quando Gilberto Gil escreveu a música Parabolicamará, o desenvolvimento

da telefonia e da transmissão de sinais de rádio e TV já interligava o mundo desafiando

tecnologicamente tempo e espaço; a Internet chegava ao país, mas restringia-se apenas aos

ambientes acadêmicos. Computadores ainda eram considerados artigos de luxo, que apenas

um pequeno grupo da população poderia possuir. Não se imaginava que em um futuro não

muito distante eles tornar-se iam o centro da vida de uma significativa parcela da humanidade.

Na atualidade a internet transforma-se em mais um espaço de convivência. Nesse mundo

virtual torna-se possível a realização de atividades antes restritas ao mundo físico, como por

exemplo: fazer compras, ler livros na íntegra, estar virtualmente com pessoas que fisicamente

encontram- se há quilômetros de distância, estudar, trabalhar...

Se por um lado a internet anula as distâncias (conversamos em tempo real

com pessoas de qualquer parte do mundo), por outro, aqueles que não

participam disso ficam isolados. Sem falar no fato de que pela presença da

tecnologia, a educação tornou-se ainda mais cara – os equipamentos tornam-

se acessíveis, mas o alto grau de obsolescência faz com que eles devam ser

trocados frequentemente. Cada vez mais a educação é um privilégio

daqueles que podem pagá-la.4

Ao mesmo tempo em que torna-se um meio propício para a difusão de conhecimentos e para a

integração entre os povos, a Internet transforma-se em cenário de exclusão, isolamento,

disseminação da violência, propagação do ódio e da prática de crimes.

4 LAMAL, Andréia Cecília. Educação na Cibercultura – hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. São Paulo: Artmed, 2002.

Desde que o primeiro vírus de computador foi criado, em 1988, pelo estudante americano

Robert Morris Jr, aumentaram as ameaças à segurança de quem navega pelo espaço virtual.

Multiplicaram-se os programas maliciosos que visam obter dados dos usuários de

computadores; os golpes realizados em compras e vendas de produtos; o terrorismo virtual e o

ataque a sites de órgãos públicos e a sites detentores de informações pessoais, o ciberbullying,

dentre outras formas de violência praticadas no âmbito da Internet.

O advento das mídias sociais revolucionou as formas de comunicação e os modos de

interação interpessoal. Ao mesmo tempo que interligaram virtualmente pessoas e culturas

geograficamente distantes, acabaram por isolar indivíduos do contato físico além de

tornarem-se possíveis ferramentas de virtualização e propagação do ódio, presente no mundo

real, em escala global.

A simples menção do termo bullying, recentemente popularizado e até de certo modo

vulgarizado pela mídia trás ao imaginário de uma grande parcela da população mundial, que

acompanha os noticiários, cenas aterrorizantes como as ocorridas em Columbine e na Virgínia

Tech University (EUA) em que estudantes (supostamente vítimas desse tipo de violência)

assassinaram colegas e posteriormente suicidaram-se; ou cenas clássicas de filmes

americanos, como o nerd apanhando dos colegas, sendo ridicularizado, ou tendo a cabeça

enfiada em uma privada.

Mas essa triste realidade já ultrapassa as fronteiras do real e, com a propagação e a

popularização das novas tecnologias passa a ocorrer em meio virtual, recebendo a

denominação de ciberbullying.

Discutindo o papel das mídias sociais na disseminação do bullying virtual e no enfrentamento

desse problema, o presente artigo baseia-se em pesquisa aplicada, exploratória, bibliográfica

de abordagem qualitativa.

Apresenta na primeira parte um breve histórico do desenvolvimento e da interação das

tecnologias da comunicação com os modos de organização social, dos primórdios da

humanidade à era da informação.

Pautando-se na teoria da Economia Política da Comunicação, definida por Mosco como o

estudo das relações sociais, em especial das relações de poder que constituem a produção,

distribuição e consumo de recursos incluindo os recursos da comunicação5, discute, na

segunda parte, a popularização das novas tecnologias da informação e comunicação levando

5 MOSCO, Vincent. Economia política da comunicação: uma perspectiva laboral. Comunicação e Sociedade 1- Cadernos do Noroeste, Braga, v.12, ns. 1-2, 1999. p. 97-120.

em conta o contexto pós-moderno da constante evolução tecnológica, da superinformação e

da hipervelocidade.

A terceira parte trata do conceito de mídia social e do impacto trazido pelo advento das

mesmas às relações interpessoais. E a seguinte discorre sobre o bullying, as definições, os

tipos de bullying, as formas de agressão, os perfis das vítimas e agressores e as consequências

para quem sofre e para quem pratica esse tipo de violência.

Relacionando a popularização das tecnologias ao fenômeno bullying, a quinta parte do artigo

discute a transposição desse fenômeno do meio físico para o ambiente virtual.

Os dois últimos itens questionam “De que modo as mídias sociais atuam na disseminação do

cyberbullying ?” e “Como elas são utilizadas no combate a esse fenômeno?”

1- Tecnologia, Comunicação e Transformação Social

Desde os primórdios a humanidade empenhou-se no desenvolvimento de tecnologias que

facilitassem a execução de tarefas quotidianas. Tecnologia, nesse sentido, não representa

apenas a alta tecnologia, mas qualquer dispositivo que torne mais simples e prática a vida do

homem.

O desenvolvimento de ferramentas simples construídas com pedras, ossos e madeira e o

domínio do fogo e da agricultura pelo homem pré-histórico representaram significativas

mudanças nos hábitos de vida e na organização das sociedades desse período.

Mas, os avanços tecnológicos que tornaram possível a sedentarização do homem também

foram responsáveis pela criação da propriedade privada, das desigualdades sociais e da

dominação de povos tecnicamente superiores sobre outros povos.

O advento da linguagem tornou possível a troca de conhecimentos entre os homens, criando

assim uma nova forma de poder, a evolução da escrita quebrou barreiras temporais e espaciais

na difusão da informação, imortalizando a palavra e, ao mesmo tempo, acirrando

desigualdades, pois quem domina leitura e escrita tem um poder maior que os não detentores

desse conhecimento.

Inicialmente, como suporte de escrita, foram utilizadas, na Mesopotâmia, tabuinhas de argila

e posteriormente no Egito o papiro. Desde o desaparecimento do papiro, por volta do século

VIII, até o século XV, utilizava-se na Europa o pergaminho, produzido com peles,

principalmente de carneiro, curtidas e preparadas para servirem de suporte à escrita.

Datado de 105 d.C. , o papel é um invento chinês inicialmente adotado pelo extremo oriente e

pelo mundo árabe, que vivenciavam um intenso florescimento cultural. Apenas a partir do

século XV, devido domínio da técnica de produção, seu uso tornou-se viável na Europa.

Nesse mesmo período, Gutemberg desenvolveu a imprensa, esse advento tecnológico

condicionou, por exemplo a Reforma Protestante, proporcionando a impressão de Bíblias em

maior escala e o acesso da população à essa obra e a disseminação da cultura e da ciência no

continente europeu no período posterior à Idade Media, mas

somente dois séculos depois da descoberta de Gutemberg, começam a surgir

os jornais periódicos – a constância na divulgação de informações e

conhecimento. O desenvolvimento da imprensa era lento e foi com

facilidade que as autoridades governamentais obtiveram seu controle. O

capitalismo em ascensão libertou-a desse domínio, mas a transferiu para o

seu poder. Através de processos diferentes, praticamente no final do século

XVIII, a imprensa estava livre do controle do estado, mas já presa às forças

do capitalismo em países como Inglaterra, França e Estados Unidos. Foi no

século XIX, com as profundas mudanças econômicas e sociais geradas pela

Revolução Industrial, que a imprensa teve sua afirmação, provocando um

primeiro momento do que poderia se conhecer hoje como imprensa de

massa. É dessa época o aparecimento e desenvolvimento das agências de

notícias, que tiveram importante papel nesse processo. Em países mais ricos,

com a instrução se generalizando, a divisão de trabalho se estruturando e o

padrão de vida se estabelecendo, o público dos jornais já era suficientemente

grande. Em outras áreas onde a situação era adversa, a imprensa caminhava

ainda muito lentamente. Constantes inventos ( técnicas de impressão em

grandes tiragens) e o crescimento da difusão da notícia através do telégrafo (

e de outros meios que foram surgindo com o emprego da eletricidade –

telefone, cinema, rádio) favoreceram sua consolidação. A imprensa deixava

para trás a época em que a maior parte da população era excluída de uma

vida social e política tão somente pelo desconhecimento dos fatos. O

consumo da informação passava a ser “em massa”6

Com o advento da “comunicação de massa”, representado, inicialmente, por uma maior

difusão da imprensa escrita, instalou-se na humanidade a ânsia por uma comunicação mais

veloz e eficaz. O desenvolvimento tecnológico e a evolução da eletrônica levou à invenção e

ao aperfeiçoamento de outros meios como o rádio e a televisão, que aceleraram e

dinamizaram o processo comunicativo.

A interligação do mundo via evolução tecnológica dos meios de transporte e comunicação

possibilitou o fenômeno da Globalização - movimento de integração a nível planetário - que

tornou mais simples e fácil a comunicação e a integração entre culturas e povos.

Não se pode pensar que a Globalização e o acesso à informação se propaguem de maneira

uniforme em todo o mundo, mas deve-se considerar que a criação e a popularização das novas

tecnologias vem provocando significativas mudanças nos modos de vida, de organização

social e na interação interpessoal.

6 PATERNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV – manual de telejornalismo. 3.ed. São Paulo: Editora Braziliense,

1991. p.16.

O desenvolvimento tecnológico é um fator sempre ligado a um jogo de poderes, então, assim

como pode representar um grande progresso para a humanidade, se bem empregado; se mal

utilizado pode causar grandes prejuízos aos seres humanos.

2- A Vida na Idade Mídia

A comunicação torna possível a interação entre os homens e ao mesmo tempo lhes

proporciona armas para a convivência, porque a integração de um indivíduo a seu ambiente e

tempo está relacionada, de forma intrínseca com o seu acesso à informação7.

Nesse período em que todos os que têm acesso aos media são bombardeados vinte e quatro

horas por dia de informações, prega-se que estejamos vivendo em uma sociedade da

democracia global, em que na Internet todos têm o mesmo poder e as mesmas oportunidades.

Mas, na verdade esse sistema esconde um viés perverso de dominação, e de subordinação de

todos à rede mundial de computadores. Na internet mascaram-se os jogos de poder, a falsa

idéia de democracia esconde um jogo de exclusão e de interesses mercadológicos.

Dados de 2009 do IBGE afirmam que, nesse período, no Brasil, apenas 35,1% dos lares

brasileiros possuíam um microcomputador e 27,7% acesso à internet.8 Em comparação com

os dados do ano de 2001 que demonstram que 12,6% das casas possuíam computador e

apenas 8,5% internet, pode-se concluir que o acesso a esses meios vem sendo ampliado, mas

ainda está longe de tornar-se democrático.

A pseudodemocracia da Internet começa na (in)disponibilidade de acesso aos meios, e é

ampliada pelo alto índice de analfabetismo e de exclusão digital (falta de qualificação técnica

para a utilização dos meios digitais).

No modo de ver de Baudrillard, a idéia de uma sociedade comunicacional

como a de hoje, em que todos estão interconectados, é uma utopia, já que o

tipo atual de comunicação resulta precisamente da incapacidade da própria

sociedade superar-se em vista de outros objetivos. O mesmo ocorre com a

informação: um excesso de conhecimento se dispersa pelas redes, em meio a

interlocutores plugados como tomadas elétricas, num „automatismo cerebral‟

e num „subdesenvolvimento mental‟ e para que se comuniquem bem, é

preciso que se ande de pressa sem tempo para o silêncio.9

7 PATERNOSTRO, Vera Íris. O Texto na TV – manual de telejornalismo. 3.ed. São Paulo: Editora Braziliense,

1991. p.16. 8 IBGE. Indicadores de domicílios particulares permanentes, segundo as características - Brasil 1981/2009. In:

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios: Síntese de Indicadores 2009. Disponível em:

<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/tabelas_pdf/sintese_serie_1.

pdf >. Acesso em 09/06/2011. 9 LAMAL, Andréia Cecília. Educação na Cibercultura – hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem.

São Paulo: Artmed, 2002.

Em relação aos celulares, pode ser percebido um aumento um pouco mais significativo no seu

uso. Em 2001, 31% dos domicílios brasileiros possuíam ao menos um celular, em 2009

79,1%.

A melhoria da renda das classes C e D e os investimentos das operadoras de telefonia em

planos e aparelhos que pudessem tornar-se acessíveis a essas classes em ascensão, o advento

da tecnologia 3G e o barateamento da internet móvel e dos serviços de mensagens SMS

fizeram com que a nova classe média brasileira se conectasse cada vez mais.

A popularização (e não democratização) das tecnologias da informação facilita e dinamiza

grande parte das atividades quotidianas dos indivíduos. Nos novos aparelhos celulares, por

exemplo, convergem as tecnologias de diversos equipamentos. Ao mesmo tempo em que são

telefones, alguns podem ser utilizados para outras funções como: ouvir e armazenar músicas,

ler e editar textos, tirar fotografias, gravar voz, fazer contas, consultar, relógio, calendários e

agendas, conectar-se à internet. Essa revolução tecnológica acaba por provocar mudanças na

forma de interação entre as pessoas.

Respondendo por uma grande parcela dos consumidores das novas tecnologias o público

jovem é quem mais se utiliza dos novos meios, mas nem sempre crianças e adolescentes têm

consciência dos impactos e conseqüências da utilização das tecnologias.

No século XXI vive-se uma crise de padrões comportamentais, em um mundo onde as

referências que guiam os comportamentos individuais não são mais tão claras quanto no

passado, educar tornou- se uma tarefa muito mais desafiadora que há algum tempo.

A quebra do conceito de família formada por pai, mãe e filhos; a intervenção das mídias no

processo educacional e a disseminação de uma cultura do consumo, do individualismo e da

alta tecnologia; a importância crescente do papel do grupo de convivência para o

desenvolvimento da personalidade dos jovens e toda a ruptura pós- moderna com os rígidos

valores tradicionais tornam esse processo ainda mais complicado.

Em um contexto tomado pelas incertezas e pela fluidez de valores é urgente a necessidade de

criação de políticas educacionais que ensinem a criança e o jovem a conviver com os media e

utilizá-los da melhor forma possível para o crescimento pessoal e intelectual.

3- Mídias Sociais

Nesse cenário de superinformação, hipervelocidade, crise de conceitos e padrões

comportamentais, popularização da tecnologia e aumento da utilização das mesmas pelo

público jovem, surge a figura das mídias sociais.

LIMA JÚNIOR define Mídia Social como:

um formato estruturado por intermédio de máquinas computacionais

interligadas via redes telemáticas que permite a criação, compartilhamento,

comentário, avaliação, classificação, recomendação e disseminação de

conteúdos digitais de relevância social de forma descentralizada,

colaborativa e autônoma tecnologicamente. Possui como principal

característica a participação ativa (síncrona e/ou assíncrona) da comunidade

de usuários na integração de informações visando à formação de uma esfera

pública interconectada.10

Esse conceito abrange os blogs, fotologs, microblogging, as Redes Sociais, sites de

compartilhamento de fotos, slides, vídeos, ou seja, sites e programas que possibilitem a

interação entre os usuários e efetiva participação do público na produção de conteúdos.

Várias pessoas confundem os termos Redes Sociais com Mídias Sociais,

muitas vezes usando-as de forma indistinta. Elas não significam a mesma

coisa. O primeiro é uma categoria do último. Os sites de relacionamento ou

redes sociais são ambientes que focam reunir pessoas, os chamados

membros, que uma vez inscritos, podem expor seu perfil com dados como

fotos pessoas, textos, mensagens e vídeos, além de interagir com outros

membros, criando listas de amigos e comunidades. Sendo

assim: Facebook, Orkut, MySpace, entre outros = Redes Sociais ou como

chamava-se em 2005 sites de

relacionamento.Twitter (microblogging),YouTube (compartilhamento de

vídeos), SlideShare (compartilhamento de apresentações),

Digg (agregador), Flickr (compartilhamento de fotos), entre outros + Redes

Sociais = Mídias Sociais ou como chamava-se em 2005, novas mídias. 11

Desfeita a confusão conceitual, é importante compreender o papel das mídias sociais como

painéis de expressão da grande maioria dos usuários da rede mundial de computadores.

Através dos diversos aplicativos disponibilizados por elas, facilitam a integração entre os

usuários da Internet e permitem uma efetiva comunicação (interação) entre os mesmos ao

mesmo tempo em que criam relações virtuais superficiais.

Atuando na quebra da hegemonia (por permitir que os usuários comuns de internet tornem

seus textos, fotos e vídeos acessíveis a todos os que tenham possibilidades de se conectar à

Internet) e ao mesmo tempo construindo a hegemonia (pois existe um jogo de atração de

público entre as mídias sociais, ou seja, os modelos dessas mídias são rapidamente

substituídos por outros mais interativos e eficientes, que vão tornado-se hegemônicos para

depois perderem público e serem substituídos) e mascarando o jogo de poderes no ambiente

virtual as mídias sociais ( escondendo a existência da hegemonia pela possibilidade de

expressão do grande público da Internet ) quebram paradigmas e transformam os conceito de 10LIMA JÚNIOR, Walter Teixeira. Definição de Mídias Sociais Pelo Autor do Blog. In < http://labsocialmedia.blogspot.com/2008/11/refinando-o-conceito-de-mdias-sociais.html> (Acesso em 28/08/2011) 11 TELLES, André. Precisamos padronizar as definições entre Redes Sociais e Mídias Sociais!. In:<

http://www.midiatismo.com.br/comunicacao-digital/definicao-de-rede-social-e-midia-social> (Acesso em

13/08/2011)

comunicação e informação, chegando a por em questionamento o próprio papel do

webjornalismo.

4-Bullying

Proveniente da língua inglesa, a palavra “bullying” origina-se do termo bully (que pode ser

traduzido para o português como “ indivíduo valentão, tirano, mandão, brigão”) e representa

“um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica de caráter intencional e

repetitivo praticado por um bully (agressor) contra uma ou mais vítimas que se encontram

impossibilitadas de se defender.”12

“ Se pararmos para pensar, todos nós já fomos vítimas de um bully em

algum momento de nossa vida. Os “valentões não estão somente nas escolas,

eles podem ser encontrados em qualquer segmento da sociedade. Os bullies

juvenis também crescem e serão encontrados em versões amadurecidas (ou

melhor, apodrecidas). No contexto familiar, os bullies crescidos e mais

experientes podem ser identificados na figura de pais, cônjuges ou irmãos

dominadores, manipuladores e perversos, capazes de destruir a saúde física e

mental e a auto-estima de seus alvos prediletos. No território profissional,

costumam ser chefes ou colegas tiranos, “mascarados” ou impiedosos. Suas

atitudes agressoras (ou transgressoras) estão configuradas na corrupção, na

coação, no uso indevido de dinheiro público, na imprudência arbitrária no

trânsito, na negligência com os enfermos, no abuso de poder de lideranças,

no sarcasmo de quem se utiliza da “lei da esperteza”, no descaso das

autoridades, no prazer em ver o outro sofrer... Assim, o termo bullying pode

ser adotado para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel,

proposital e sistemático inerente às relações interpessoais.”13

Além do bullying escolar, forma mais conhecida desse tipo de agressão, SILVA14

cita em

outros contextos diversas denominações para variações desses comportamentos violentos: o

mobbing ( assédio moral, abuso de poder no ambiente de trabalho), violência escolar (

humilhações, ameaças e perseguições travadas entre alunos e professores e professores e

alunos), bullying homofóbico e trotes universitários (que apesar de não terem uma ocorrência

repetitiva, acontecem em um contexto de desequilíbrio de poder e pelo trauma psicológico

desencadeado por atos violentos cometidos no trote).

O presente tópico detalhará alguns aspectos do bullying escolar, uma das mais devastadoras

formas de bullying, por ocorrer em uma fase em que a personalidade do indivíduo está sendo

formada e em um ambiente onde nele deveriam estar sendo construídas noções de respeito,

educação e cidadania.

Como base para esse artigo será utilizado o livro “ Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying”,

no qual SILVA define vítimas típicas de bullying como pessoas tímidas, reservadas com

12 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.21 13 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.22 14 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. 145 - 156

pouca habilidade de socialização, fisicamente mais frágeis, incapazes de reagir às agressões,

que podem possuir alguma marca que as destaque dos demais alunos, como, por exemplo,

usar óculos, ser gorda ou magra demais, “caxias”, apresentar sardas, ou manchas na pele, ter

orelhas ou nariz um pouco mais destacado, ser portador de alguma deficiência física, usar

roupas fora de moda, pertencer a uma etnia, credo, classe sócio-econômica ou ter uma

orientação sexual diferente.

A autora destaca que normalmente, essas crianças ou adolescentes “estampam” facilmente as

suas inseguranças na forma de extrema sensibilidade, passividade submissão, falta de

coordenação motora, baixa auto-estima, ansiedade excessiva, dificuldades de se expressar15

,

ou seja, por não conseguirem se impor perante o grupo, tornam-se alvos fáceis dos agressores.

SILVA afirma ainda que os agressores Possuem em sua personalidade traços de desrespeito e maldade, e, na

maioria das vezes, essas características estão associadas a um perigoso poder

de liderança que, em geral, é obtido e legitimado através da força física ou

de intenso assédio psicológico.[...] apresentam, desde muito cedo, aversão às

normas, não aceitam ser contrariados ou frustrados, geralmente estão

envolvidos em atos de pequenos delitos como furtos, roubos ou vandalismo,

com destruição de patrimônio público ou privado. O desempenho escolar

desses jovens costuma ser regular ou deficitário; no entanto, em hipótese

alguma, isso configura uma deficiência intelectual ou de aprendizagem por

parte deles.[...] O que lhes falta, de forma explícita, é afeto pelos outros.

Essa afetividade deficitária ( parcial ou total) pode ter origem em lares

desestruturados ou no próprio temperamento do jovem. Nesse caso,

manifestações de desrespeito, ausência de culpa e remorso pelos atos

cometidos contra os outros podem ser observados desde muito cedo (por

volta dos 5 a 6 anos). Essas ações envolvem maus-tratos a irmãos,

coleguinhas, animais de estimação, empregados domésticos ou funcionários

da escola.16

Agressões propositais e repetitivas, dependendo de sua forma podem dar origem a diversos

tipos de manifestações do bullying, que podem vir a ocorrer isoladamente ou em conjunto, e

podem ser praticados por um ou mais agressores a uma ou a um determinado grupo de

vítimas.

Insultar, ofender, xingar, fazer gozações, colocar apelidos pejorativos, fazer piadas ofensivas,

zoar, consistem em bullying verbal; bater, chutar, espancar, empurrar, ferir, beliscar, roubar,

furtar ou destruir pertences da vítima, atirar objetos contra as vítimas representam físico e

material; irritar, humilhar, ridicularizar, excluir, isolar, ignorar, desprezar ou fazer pouco caso,

discriminar, aterrorizar, ameaçar, chantagear, intimidar, tiranizar, dominar, perseguir, difamar,

passar bilhetes e desenhos de caráter ofensivo entre os colegas, fazer intrigas, fofocas,

15 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.38 16 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.43-44

mexericos, bullying psicológico e moral; abusar, violentar, assediar, insinuar, bullying sexual;

invadir perfis on line, difamar e destruir a imagem da vítima em redes sociais, espalhar por

qualquer meio eletrônico imagens ou mensagens que atinjam a honra e a moral, bullying

virtual.

Além de afetar a auto-estima, atrapalhar o rendimento escolar, destruir os contatos sociais da

vítima, as agressões podem resultar em um quadro de profundo estresse e desencadear desde

sintomas psicossomáticos como cefaléia, cansaço crônico, insônia, dificuldades de

concentração, náuseas, diarréia, boca seca, palpitações alergias, crises de asma, sudorese,

tremores, sensação de “nó” na garganta, tonturas ou desmaios, calafrios, tensão muscular,

formigamentos a distúrbios mais graves como Transtorno do Pânico, Fobia Escolar, Fobia

Social, Transtorno de Ansiedade Generalizada, Depressão, Anorexia, Bulimia, Transtorno

Obsessivo Compulsivo, Transtorno do Estresse Pós-Traumático e em casos menos freqüentes

quadros de Esquizofrenia, suicídios e homicídios.

Não se trata de um fenômeno recente, o bullying está presente desde sempre nas salas de aula

e nos pátios das escolas, mas somente a partir do ano 2000, passou a ser pesquisado no Brasil.

Cleo Fante e José Augusto Pedra foram os primeiros a estudar a extensão do problema no país

e da pesquisa por eles realizada surgiu o “Educar Para a Paz”, programa de combate ao

bullying colocado em prática no mesmo ano em escolas do interior do estado de São Paulo.

Apesar de existirem alguns estudos, “no Brasil, as pesquisas e a atenção voltadas ao tema

ainda se dão de forma incipiente. A Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à

Infância e à Adolescência (Abrapia) se dedica a estudar, pesquisar e divulgar o fenômeno

bullying desde 2001”.

A ação das escolas perante o assunto ainda está em fase embrionária. A

maioria absoluta não está preparada para identificar e enfrentar a violência

entre seus alunos ou entre alunos e o corpo acadêmico. Essa situação se deve

a muito desconhecimento, muita omissão, muito comodismo e uma dose

considerável de negação da existência do fenômeno.17

Enquanto as escolas negligenciarem o fenômeno, por não conseguirem enxergar o ambiente

acadêmico como um espaço de interação humana onde os conflitos, por mais que indesejáveis

são inevitáveis e o bullying como fenômeno presente em maior ou menor grau em todas as

instituições de ensino e os pais não tomarem partido na educação de seus filhos, deixando

essa responsabilidade exclusivamente às instituições de ensino não se extinguirão problemas

17 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.38

como bullying e violência escolar, pois além de responsabilidade das instituições de ensino, a

educação é um dever da família.

5- Ciberbullying

O desenvolvimento, o barateamento e a conseqüente popularização das tecnologias faz com

que cada vez mais cedo os jovens tenham contato com computadores e celulares. Muitas

vezes a facilitação desse acesso sem a devida orientação sobre os modos e as conseqüências

do uso dessas tecnologias, pode causar resultados desastrosos.

A internet, assim como é utilizada para o compartilhamento de conhecimentos, para a

diversão, para o diálogo construtivo entre as pessoas pode tornar-se um meio de disseminação

do bullying, assim como recursos de mensagens SMS presentes em celulares, que, de

ferramentas úteis à comunicação, podem transformar-se em veículo de ódio e de desrespeito.

Os praticantes de ciberbullying ou bullying virtual utilizam, na sua prática,

os mais atuais e modernos instrumentos da internet e de outros avanços

tecnológicos na área da informação e da comunicação (fixa ou móvel) com o

covarde intuito de constranger, humilhar e maltratar suas vítimas. Essa nova

modalidade de bullying vem preocupando especialistas em comportamento

humano, pais e professores em todo o mundo. E isso se deve ao fato de ser

imensurável o efeito multiplicador do sofrimento das vítimas. Os ataques

perversos do ciberbullying extrapolam, em muito, os muros das escolas e de

alguns pontos de encontro reais [...] A grande diferença se encontra na forma

e nos meios que são utilizados pelos praticantes do ciberbullying. No

bullying [...] formas de maltratos eram diversas, no entanto, todas, sem

excessão ocorriam no mundo real. Dessa forma, quase sempre era possível

às vítimas conhecer e, especialmente, reconhecer seus agressores. No caso

do ciberbullying a natureza vil de seus idealizadores e/ou executores ganha

uma “ blindagem” poderosa pela garantia de anonimato que eles adquirem.

Sem qualquer tipo de constrangimento, os bullies cibernéticos (ou virtuais)

se valem de apelidos (nicknames), nomes de outras pessoas conhecidas ou

de personagens famosos de filmes, novelas, seriados.18

O ciberbullying espalha-se na internet de forma incontrolável e por diversos meios:

mensagens de caráter difamatório, fotos e vídeos comprometedores, perfis, comunidades,

blogs, listas de discussão propositalmente criados para atingir a honra e a moral de um

determinado indivíduo.

As vítimas não apresentam um perfil determinado, podendo esse fenômeno ser apenas uma

continuação do bullying escolar e de suas variações ( mobbing, bullying homofóbico, dentre

outras) ou originar-se em meio virtual. Nesse segundo caso, são escolhidas aleatoriamente por

agressores, que em grande parte das vezes não as conhece no mundo real.

18 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.126

Escondendo-se atrás de fakes (perfis falsos) os agressores sentem-se seguros e protegidos para

atacar suas vítimas e multiplicar a dor e a angústia em escala global.

6- Mídias Sociais e a disseminação do bullying

De painel de expressão e ambiente de interação dos usuários da internet, as mídias sociais

transformam-se em ambientes “perfeitos” para o bullying. Disseminando imagens,

comentários, mensagens e vídeos em escala global, elas potencializam o efeito do assédio

moral.

Permitindo a criação de perfis falsos, e a publicação de comentários anônimos, essas mídias

acabam por dar a ilusão de proteção aos agressores que se escondem atrás de fakes .

Os praticantes do ciberbullying se utilizam de todas as possibilidades que os

recursos da moderna tecnologia lhes oferecem: e-mails, blogs, fotoblogs,

MSN, Orkut, You Tube, Skype, Twitter, My Space, Facebook, photoshop,

torpedos... Valendo-se do anonimato, os bullies virtuais inventam mentiras,

espalham rumores, boatos depreciativos e insultos sobre outros estudantes,

os familiares desses e até mesmo professores e outros profissionais da

escola. Todos podem se tornar vítimas de um bombardeio maciço de

ofensas, que se multiplicam e se intensificam de forma veloz e instantânea,

quando disparadas via celular (torpedos) e internet.”19

Nem sempre os praticantes desse tipo de agressão são descobertos, mas mesmo utilizando-se

perfis falsos eles podem ter suas identidades reveladas e responder por crimes conta a honra,

como injúria, difamação ou ameaça.

7- Mídias Sociais e o combate ao bullying

Ao mesmo tempo que alguns canais do You Tube, twitters, blogs, perfis de redes sociais

prestam-se à disseminar o ódio espalhando materiais de conteúdo agressivo, outros utilizam-

se da internet e das mídias sociais para promover o combate ao bullying.

São exemplos disso os canais de You Tube “Beatbullying”

(http://www.youtube.com/user/Beatbullying) que traz alguns vídeos com esclarecimentos a respeito

do tema, e o canal da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva

(http://www.youtube.com/user/anabeatrizbsilva) que traz entrevistas da mesma em diversos

programas televisivos falando sobre bullying e cyberbullying ; os blogs Bully: No Bullying

(http://bullynobullying.blogspot.com/) Bullying,estou fora!(http://bullyingestoufora.blogspot.com/)

os sites Observatório da Infância (http://www.observatoriodainfancia.com.br/), Bullying e

Cyberbullying (http://www.bullyingcyberbullying.com.br/) Stop Cyberbullying

19 SILVA. Ana Beatriz Barbosa. Mentes Perigosas nas Escolas: Bullying. São Paulo: Objetiva, 2010. p.127

(http://www.stopcyberbullying.org/) Cyberbullying. org (http://www.cyberbullying.org/ ), dentre

outros.

Sendo meios atrativos para os jovens, os sites e as mídias sociais podem ser utilizados de modo

criativo para informar e conscientizar a respeito do problema.

Algumas redes sociais também contribuem no combate ao ciberbullying como por exemplo o

Facebook, que trabalha em parceria com programas como o Stop Cyberbullying e em

conjunto com a campanha “A Thin Line” da MTV, tem parceria com uma equipe de

organizações para combater o ciberbullying anti-LGBT.

Conclusão

O desenvolvimento tecnológico é um fator sempre ligado a um jogo de poderes e de

interesses. Podendo promover igualdade ou dominação, progresso ou ruína, as tecnologias são

passíveis de serem utilizadas tanto para bem quanto para o mal.

O barateamento das novas tecnologias facilita o acesso dos mais jovens à ferramentas de

comunicação como os celulares e a Internet, mas nem sempre esses indivíduos têm

consciência das consequências trazidas pelo mau uso desses meios e das punições a que estão

sujeitos no caso da ocorrência de crimes virtuais.

Conclui-se que ao mesmo tempo em que redes sociais, listas de discussão, blogs, fotologs,

sites de compartilhamento de fotos e vídeos podem ser utilizadas para difamar, agredir e

chantagear pessoas, disseminando violência; podem servir como importantes ferramentas em

campanhas educativas anti- bullying e ciberbullying, pelo fato de serem meios atrativos aos

jovens, principal alvo dessas campanhas.

Desde cedo as crianças e jovens devem ser ensinados a utilizar de forma responsável as

tecnologias. Somente através da educação pode ser construído um mundo, mais justo, mais

responsável, mais tolerante de cidadãos mais conscientes.

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