as intervenções antrópicas que atuam na dinâmica hidrológica e geomorfológica dos canais fl...

9
  Aula 9 Otavio Miguez Rocha Leão Leonardo B. Brum  As inter venções antrópicas que atuam na dinâmica hidrológica e geomorfológica do s canai s uv iais

Upload: anderson-souza

Post on 05-Oct-2015

24 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Apresentar as principais intervenções realizadas pela ação humana nos rios enas Bacias Hidrográfi cas e suas consequências para a dinâmica hidrológica e geomorfológica dos canais fluviais.

TRANSCRIPT

  • Aula 9

    Otavio Miguez Rocha LeoLeonardo B. Brum

    As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

  • 192

    Geomorfologia Continental

    Meta da aula

    Apresentar as principais intervenes realizadas pela ao humana nos rios e

    nas Bacias Hidrogrfi cas e suas consequncias para a dinmica hidrolgica e

    geomorfolgica dos canais fl uviais.

    Objetivos

    Esperamos que, ao fi nal desta aula, voc seja capaz de:

    1. Identifi car os tipos de intervenes antrpicas nos sistemas fl uviais;

    2. Caracterizar os tipos de intervenes realizadas no canal fl uvial;

    3. Discutir as aes antrpicas produzidas nas bacias hidrogrfi cas e as

    consequncias dessas interferncias para os no canais fl uviais.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    193

    INTRODUO

    Os rios, por seus mltiplos usos, sempre foram condicionantes

    para as sociedades, desde as antigas at as atuais civilizaes. De

    acordo com as necessidades da sociedade, conhecer sua dinmica,

    transformar e reconFigurar os cursos dgua sempre foram pauta

    de ateno e discusso.

    So inmeras as alteraes que o homem tem feito diretamente

    nos canais fl uviais, a exemplo do canal retilinizado a seguir (Figura

    9.1), ou na bacia hidrogrfi ca, que iro interferir em todo o sistema

    fl uvial.

    Figura 9.1: Canal retilinizado em rea urbana com manuteno de margens para transbordamento em enchentes excepcionais (Santiago Chile).Fonte: foto dos autores.

    Nesta aula, estudaremos como as sociedades interferem e

    degradam os rios e as bacias hidrogrfi cas e quais seus efeitos nos

    sistemas fl uviais.

  • 194

    Geomorfologia Continental

    Os tipos de intervenes antrpicas nos sistemas fl uviais

    A literatura especializada (CUNHA, 1994) costuma diferenciar

    as mudanas fl uviais induzidas pelo homem em dois grandes grupos:

    a) Alteraes realizadas diretamente no canal: atravs de obras de

    engenharia na rea do canal que visam a um melhor benefi ciamento

    ou reduzir imprevistos da dinmica fl uvial sociedade (Figura 9.2).

    Figura 9.2: Exemplo de obra realizada diretamente na rea do canal, com fi ns de retifi cao do canal e evitar inundaes. Rio Quitandinha Petrpolis (RJ)Fonte: Foto dos autores.

    b) Alteraes realizadas no mbito da bacia hidrogrfi ca: so

    aes fora da rea do canal, mas que interferem na dinmica do

    rio. Esse tipo de alterao est ligado ao tipo de uso do solo, que

    a sociedade pratica na bacia de drenagem.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    195

    Figura 9.3: Exemplo de aes na bacia que interferem nos rios, como a urbanizao e impermeabilizao parcial do solo. Nova Friburgo (RJ).

    Fonte: Foto dos autores.

    Atende ao Objetivo 1

    Basta olharmos mais atentamente para os canais fluviais de nossa cidade para

    identifi carmos intervenes da sociedade nos mesmos. Assim, como se classifi cam essas

    intervenes?

  • 196

    Geomorfologia Continental

    Resposta Comentada

    De acordo com a literatura do tema, diferenciamos as mudanas fl uviais induzidas pelo homem

    em dois grandes grupos: as alteraes que so realizadas diretamente no canal fl uvial e as

    alteraes indiretas, ou seja, as realizadas no mbito da bacia hidrogrfi ca, fora da rea do

    canal, que interferem na dinmica do rio.

    Mudanas nos canais fl uviais

    Para diversos fi ns, principalmente nos ltimos sculos, o homem

    vem fazendo inmeras alteraes no canal fl uvial, seja para controlar

    inundaes (Figura 9.1), construir reservatrios, desviar cursos de

    rios, aumentar a velocidade de escoamento, dentre outras.

    A literatura especializada costuma dividir as mudanas no

    canal fl uvial em obras de canalizao e obras de barragens para

    manuteno de reservatrios.

    Canalizao dos Rios

    Segundo Cunha (1994), a canalizao uma obra de

    engenharia realizada no canal fl uvial que desencadeia considerveis

    impactos no prprio rio e na plancie de inundao.

    H diferentes intervenes antrpicas nos rios. So

    consideradas obras de engenharia de canalizao:

    retifi cao do canal fl uvial;

    dragagem: alargamento e escavamento do canal fl uvial;

    construes de canais artifi ciais / desvio de canais;

    diques;

    retirada de obstculos.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    197

    importante lembrar que os rios so sistemas geomorfolgicos

    dinmicos e que, por isso, todas as obras de canalizao exigem que

    ocorra manuteno constantemente. Os intervalos de manuteno

    dependero do tipo de obra realizada no canal.

    Retifi cao de canal

    A retifi cao do canal tem o objetivo de reduzir os eventos

    de cheias, a partir do aumento da velocidade de escoamento das

    guas no canal retilneo. Com essa interveno, aumentam-se as

    possibilidades de escoamento, drenando mais rapidamente esse

    trecho do canal retifi cado. Esse tipo de obra ainda muito utilizado

    no Brasil (Figura 9.4).

    Voc, ao observar os sistemas fl uviais, principalmente em reas

    urbanas, constatar que esse tipo de interveno amplamente

    utilizado para controlar as inundaes no Brasil.

    Figura 9.4: Canal retilinizado em rea urbana. Rio Quitandinha Petrpolis (RJ).Fonte: Foto dos autores.

  • 198

    Geomorfologia Continental

    Dragagem: alargamento e escavamento de canal

    Esse tipo de interveno consiste em aumentar a rea de

    escoamento do canal. Aumenta-se a largura e a profundidade,

    possibilitando ao canal mais rea de drenagem. Assim, reduz a

    possibilidade de cheias nas plancies de inundao. um tipo

    de interveno que exige manuteno constantemente.

    Cunha (2012), ao discutir o assunto, apresenta, por exemplo,

    que canais de leitos arenosos, por apresentarem maior sedimentao,

    requerem uma frequncia de dragagem com intervalos de 10 anos

    em condies normais. O tipo de material do canal e o uso do solo

    na bacia em questo determinar o tempo de manuteno.

    Construes de canais artifi ciais / desvio de canais

    Ao retilinizar rios, por exemplo, j se est construindo um

    canal artifi cial. Geralmente, constroem-se canais artifi ciais e/ou

    desviam-se, com intuito de controlar vazes, evitar inundaes ou

    transpor guas de um rio para outro.

    Plancie de inundao rea adjacente ao canal, que inunda durante a cheia.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    199

    A transposio do rio So Francisco o projeto

    de transposio de parte das guas do rio So

    Francisco, nomeado pelo governo brasileiro como

    Projeto de Integrao do Rio So Francisco com

    Bacias Hidrogrfi cas do Nordeste Setentrional.

    O projeto um empreendimento do Governo Federal.

    A obra prev a construo de mais de 700 quil-

    metros de canais de concreto em dois grandes eixos

    (norte e leste) ao longo do territrio de quatro estados

    (Pernambuco, Paraba, Cear e Rio Grande do Norte)

    para o desvio das guas do rio. Ao longo do cami-

    nho, o projeto prev a construo de nove estaes de

    bombeamento de gua.

    Orado atualmente em R$ 8,5 bilhes, o projeto,

    teoricamente, irrigar a regio nordeste e semirida

    do Brasil.

    O principal argumento da polmica d-se, sobretudo,

    pela destinao do uso da gua: os crticos do projeto

    alegam que a gua ser retirada de regies onde a

    demanda por gua para uso humano e dessedentao

    animal maior que a demanda na regio de destino

    e que a fi nalidade ltima da transposio disponibili-

    zar gua para a agroindstria e a carcinicultura.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Transposio_do_rio_So_Francisco

    Se voc quiser saber mais sobre a maior obra de

    infraestrutura hdrica executada atualmente no Brasil,

    acesse o link abaixo:

    http://www.integracao.gov.br/projeto-sao-francisco1

  • 200

    Geomorfologia Continental

    Diques

    So intervenes que visam a elevar a altura das margens do

    canal e, com isso, proteger a plancie fl uvial de cheias. Elevadas

    vazes que inundariam a plancie fl uvial so barradas pela presena

    de diques nas margens.

    Essa tcnica utilizada h muito tempo com o objetivo

    de proteger a agricultura praticada nas margens dos eventos de

    inundao.

    Retirada de obstculos do canal

    Esse tipo de interveno objetiva remover qualquer obstculo

    no canal que difi culte a drenagem fl uvial.

    Segundo Cunha (2012), as obstrues dos canais so, em sua

    maioria, constitudas pelas irregularidades do fundo e pela presena

    de plantas aquticas, sendo seu crescimento anual um problema

    para a manuteno da capacidade do canal.

    Barragens

    A construo de barragens tem o objetivo de gerar

    reservatrios, geralmente com fi ns de produo de energia eltrica e

    ao armazenamento de gua. Esse tipo de obra de engenharia gera

    impactos em todo o sistema fl uvial, rompendo o equilbrio natural

    do rio (CUNHA, 1994).

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    201

    Figura 9.5: Barragem do Alqueva, no rio Guadiana, Portugal.Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Alqueva_dam.JPG - CeinturionLicena- Creative Commons e GNU

    montante da barragem, devido construo de um novo

    nvel de base (barragem), passa a ocorrer uma rea de deposio

    de sedimentos, gerando o assoreamento nessa parte do rio (Figura

    9.6). importante tambm relacionar essa taxa de assoreamento do

    canal ao uso do solo na bacia que controlara a eroso nas encostas.

    O aumento de sedimentos no fundo e em suspenso no

    reservatrio e a mudana no fl uxo de gua, visto que no reservatrio

    as guas fi cam praticamente paradas, interferem tambm na vida

    aqutica (Figura 9.6).

    J a jusante do represamento (reservatrio), com esse novo

    nvel de base (barragem) e essa descarga lquida concentrada, tem-se

    o aumento da capacidade da eroso neste ponto do canal fl uvial,

    que interferir no regime do rio longa distncia (Figura 9.6).

  • 202

    Geomorfologia Continental

    A montante do rio assoreia o reservatrio

    A alta velocidade da gua aumenta a capacidade erosiva do canal

    Canal fluvial antes da barragem

    Barragem formando uma represa

    Figura 9.6: Esquema representando a construo de uma barragem no canal fl uvial.Fonte: Adaptado do livro Para Entender a Terra.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    203

    Esse tipo de interveno j utilizado pelo homem h muito

    tempo com o objetivo de armazenar gua e regularizar vazes em

    perodos secos. Entretanto, atualmente h muita discusso em torno

    desse tema, at mesmo da sua necessidade, visto que tal obra acaba

    por inundar grandes reas, interferindo no equilbrio ecolgico da

    bacia e, em muitos casos, tambm necessrio desapropriar terras

    e remover a populao local.

    Assista na internet ao documentrio com depoi-

    mentos e fatos sobre a mais polmica obra de

    construo de barragem da atualidade no Brasil,

    que vem gerando diversas reaes na sociedade

    nacional e internacional. O documentrio Belo

    Monte, Anncio de uma Guerra, que tem 120 horas

    fi lmadas ao longo de 3 expedies ao Xingu, conten-

    do depoimentos e fatos sobre a obra.Link: http://www.belomonteofi lme.org/portal/br

    Leia tambm a reportagem Usina de Belo Monte

    dever enfrentar novas polmicas em 2014 no link

    abaixo, sobre a construo da Barragem de Belo Mon-

    te, no jornal Estado de Minas:Link: http://www.em.com.br/app/noticia/nacional/2014/01/01/interna_nacional,483963/usina-de-belo-monte-devera-enfrentar-novas-polemicas-em-2014.shtml

  • 204

    Geomorfologia Continental

    Atende ao Objetivo 2

    Complete o quadro abaixo com os objetivos de cada obra de canalizao de rios assinalada:

    Interveno direta no canal Objetivo

    Retifi cao de canal

    Barragem: alargamento e escavamento do canal fl uvial

    Construes de canais artifi ciais / desvio de canais

    Diques

    Retirada de obstculos

    Resposta Comentada

    Retifi cao de canal: A retifi cao de canal tem o objetivo de reduzir os eventos de cheias, a

    partir do aumento da velocidade de escoamento das guas no canal retilneo.

    Com essa interveno, aumentam-se as possibilidades de escoamento, drenando mais

    rapidamente esse trecho do canal retifi cado.

    Dragagem: consiste em aumentar a rea de escoamento do canal. Aumenta-se a largura e a

    profundidade, possibilitando ao canal mais rea de drenagem. Assim, reduz a possibilidade

    de cheias nas plancies de inundao.

    Construes de canais artifi ciais / desvio de canais: intuito de controlar vazes, evitar inundaes

    ou transpor guas de um rio para outro.

    Diques: visam a elevar a altura das margens do canal e, com isso, proteger a plancie fl uvial

    de cheias.

    Retirada de obstculos: objetiva remover qualquer obstculo no canal que difi culte a drenagem

    fl uvial.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    205

    Mudanas na bacia hidrogrfi ca

    So mudanas que no so feitas diretamente nos canais, mas

    que so de uso do solo da bacia e modifi cam o comportamento dos

    canais (Figura 9.7). Dentre essas mudanas, podemos destacar:

    Figura 9.7: Retirada de cobertura vegetal da Mata Atlntica e introduo de gramneas que, consequentemente, interferir no regime fl uvial.Bacia Hidrogrfi ca do Rio dos Frades (Terespolis RJ).Fonte: Foto dos autores.

    A urbanizao que, com a pavimentao desse solo, gera mais

    escoamento superfi cial, aumentando a descarga do canal e,

    dependendo do local drenado, degradando a qualidade das

    guas do canal (Figura 9.8).

  • 206

    Geomorfologia Continental

    Figura 9.8: Exemplo de urbanizao intensa na cidade do Rio de JaneiroFonte: Foto dos autores.

    O desmatamento diverso que interfere na infi ltrao da gua e nos

    processos erosivos, que interferir na quantidade de sedimentos

    que chegar ao canal (assoreamento) e na qualidade das guas

    (Figura 9.9).

    Figura 9.9: (a) Viso geral do canal fl uvial e mudana da cobertura vegetal a partir da margem esquerda e (b) encosta com obras de estabilizao e conteno aps evento de movimento de massa que interferiu, degradando a qualidade das guas e assoreando o canal. Bacia Hidrogrfi ca do Rio dos Frades (Terespolis RJ).Fonte: Foto dos autores.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    207

    As atividades industriais que, muitas vezes, utilizam-se dos canais

    para despejar seus efl uentes, comprometendo a qualidade das

    guas e, consequentemente, o equilbrio ecolgico dos mesmos.

    Atividades agropecurias, que intensifi cam o uso do solo e

    aumentam os processos erosivos atravs, por exemplo, do

    preparo tradicional do solo (agricultura) e compactao do solo

    (pecuria), assoreando os canais e degradando a qualidade das

    guas (Figura 9.10).

    Figura 9.10: Exemplo de atividade agrcola no municpio de Terespolis - RJ.Fonte: Foto dos autores.

    Minerao que est muito associada ao comprometimento da

    qualidade das guas do canal.

    Todas essas aes na bacia indiretamente interferem no

    canal fl uvial e vo exigir que esse sistema fl uvial se ajuste s novas

    caractersticas - e nem sempre esses movimentos so interessantes

    sociedade que as provocou.

  • 208

    Geomorfologia Continental

    CONCLUSO

    Como visto nessa aula, so inmeras as alteraes que

    o homem tem feito diretamente nos canais fl uviais ou na bacia

    hidrogrfi ca, que direta ou indiretamente iro interferir em todo o

    sistema fl uvial. Nesta aula, identifi camos essas aes nos canais

    e nas bacias hidrogrfi cas e seus efeitos nos sistemas fl uviais.

    Percebemos que todas essas aes, sejam nos canais ou no mbito

    da bacia de drenagem, modifi cam o comportamento natural dos

    rios e vo exigir que esse sistema fl uvial se ajuste a estas novas

    caractersticas - e nem sempre esses processos so benfi cos para

    a sociedade que as provocou.

    Atividade Final

    Atende aos Objetivos 1, 2 e 3

    Com base na fi gura a seguir, do Rio dos Frades, no municpio de Terespolis, identifi que

    e caracterize o principal tipo de interferncia antrpica nesse trecho do canal destacado.

    Alm disso, pontue seus efeitos no canal fl uvial.

  • Aula 9 As intervenes antrpicas que atuam na dinmica hidrolgica e geomorfolgica dos canais fl uviais

    209

    Figura 9.11: Rio dos Frades Terespolis RJ.Fonte: Foto dos autores.

    Resposta comentada

    A principal ao na imagem representada est ligada s mudanas na bacia hidrogrfi ca, como

    o desmatamento e as atividades agropecurias que interferem na capacidade de infi ltrao e

    potencializam o escoamento superfi cial e, consequentemente, o potencial erosivo, assoreando

    os canais e comprometendo a qualidade das guas.

    RESUMO

    Os rios, por seus mltiplos usos, sempre foram importantes para as sociedades, que

  • 210

    Geomorfologia Continental

    ao longo do tempo vm interferindo em seu comportamento. De

    acordo com as necessidades da sociedade, os canais vm sofrendo

    alteraes direta e indiretamente.

    Costuma-se diferenciar as mudanas fl uviais induzidas pelo

    homem em dois grandes grupos: as alteraes realizadas diretamente

    no canal, que so atravs de obras de engenharia na rea do

    canal, e as alteraes realizadas no mbito da bacia hidrogrfi ca.

    As aes diretas no canal visam a um melhor benefi ciamento das

    guas desse canal ou a reduzir imprevistos da dinmica fl uvial,

    enquanto as aes no mbito da bacia so fora da rea do canal,

    mas interferem na dinmica do rio, estando ligadas ao tipo de uso

    do solo que a sociedade pratica na bacia hidrogrfi ca.

    Identifi cam-se como mudanas no canal fl uvial as obras de

    canalizao e obras de barragens que objetivam gerar reservatrios.

    J as aes na bacia hidrogrfi ca que iro interferir no

    comportamento dos canais, elencam-se o desmatamento, a

    urbanizao, as atividades industriais, agropecurias e a minerao.

    Informaes sobre a prxima aula

    Na prxima aula, iremos abordar as caractersticas

    geomorfolgicas das bacias hidrogrficas sob o ponto de

    vista de suas propriedades morfolgicas registradas nas cartas

    topogrfi cas. Sero apresentadas as principais caractersticas da

    anlise morfomtrica das bacias, destacando os parmetros mais

    importantes e a sua relevncia para a dinmica hidrolgica e

    geomorfolgica das bacias hidrogrfi cas.