caracterização geológica e geomorfológica

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CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA 1. INTRODUÇÃO

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Page 1: Caracterização Geológica e Geomorfológica

CARACTERIZAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA

1. INTRODUÇÃO

Através do raciocínio e de procedimentos específicos da Geologia é feita

a caracterização dos materiais, das formas de energia e das suas interações

no espaço e no tempo, definindo-se como um conjunto de parâmetros inter-

relacionados que servem de padrão de referência do meio físico. Este padrão

leva a compreensão do ambiente físico local e de suas relações com o

contexto sociocultural, estendendo-a para o contexto mais amplo, até chegar à

concepção da Terra como sistema evolutivo complexo, que favoreceu o

surgimento e evolução dos organismos, humanidade e que modificam a

superfície terrestre. Guimarães (2004).

Geologia é considerada a ciência que estuda a história física da terra,

sua origem, os materiais que a compõem e os fenômenos naturais ocorridos

durante as várias eras e períodos da escala geológica terrestre. Se propõem

ainda a estudar alguns fatores essenciais para a Plano de Gestão e

Gerenciamento de uma Bacia Hidrográfica:

1. Descrever as características do Interior e da superfície da terra, em

várias escalas.

2. Compreender as razões de ordem física e química que levaram o

planeta a ser tal como o observamos.

3. Definir de maneira adequada a utilização dos materiais e fenômenos

geológicos como fonte de matéria-prima e energia para melhoria da

qualidade de vida da sociedade.

4. Resolver os problemas ambientais causados anteriormente e

estabelecer critérios para evitar futuros danos ao meio ambiente, nas

várias atividades humanas.

Ainda, segundo Rebellatto (2000) conhecer os recursos naturais, dentre

eles os solos, torna-se fundamental para o planejamento de uso e manejo

sustentável das terras.

Não somente física mas química também

Acredito que o termo “tempo” seria melhor

Antropogênicos também

Subsuperfície?

Page 2: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Com relação a geomorfologia, (do latim geo = terra, morfo = forma, logos

= estudo) tens no conceito o estudo das formas de relevo, tendo em vista a

origem, a estrutura, a natureza das rochas, o clima da região e as diferentes

formas internas e externas que formam o relevo terrestre. Volta-se

principalmente, à gênese e à evolução do relevo terrestre, considerada,

portanto uma ciência descritiva e genética. (ambientebrasil).

As formas descritas acima são resultantes dos processos atuais e

pretéritos ocorridos sobre a litologia originados a partir de dois tipos de forças:

as endógenas, resultado da dinâmica interna da Terra e

responsáveis por esculpir as formas de relevo;

as exógenas, resultado da interação sol, água e litologia que

modelam a superfície terrestre.

A partir da morfogênese, ou seja, da ação das forças endógenas e

exógenas, a superfície da Terra está em constante mudança. As formas de

relevo se alternam entre as regiões como resultado da ação conjunta dos

componentes da natureza, que, por sua vez, também são influenciados em

diferentes proporções pelas formas de relevo.

(http://www.abagrp.cnpm.embrapa.br/areas/geomorfologia.htm)

O objetivo principal da caracterização geomorfológica de uma região é

representar as formas atuais da superfície dos terrenos, tendo como foco neste

estudo a sua interferência com o ciclo hidrológico da região.

A preocupação com o conhecimento dos solos acha-se registrada desde

os tempos históricos, facilmente entendível, a partir do momento em que os

homens passaram a cultivar plantas, logo procuraram reconhecer as melhores

terras para seus cultivos. A expansão dos estudos geomorfológicos no Brasil

se deu nas últimas décadas, devido à valorização das questões ambientais e

por aplicar-se diretamente à análise ambiental. As primeiras contribuições

geomorfológicas datam do século XIX, quando pesquisadores “naturalistas”

buscavam de maneira diversificada compreender o meio ambiente e

pesquisadores "especialistas", ou seja, botânicos, cartógrafos, geógrafos e

geólogos, dedicavam-se a conteúdos específicos.

(http://www.jornallivre.com.br/173055/o-que-e-geomorfologia-.html)

Você pode resumir as forças físicas e químicas naturais somente citando “intempéries”

Page 3: Caracterização Geológica e Geomorfológica

2. GEOLOGIA REGIONAL

As regiões dos Estados do Paraná e Santa Catarina representam uma

parte da grande região geológica da antiga Terra de Gonduana. Formam

maciços parciais da região sul-brasileira, mostrando limitações nítidas e, assim,

zonas de paisagens naturais. O limite setentrional desta região contra o Estado

de São Paulo segue os talvegues do rio Paranapanema, que é um rio antigo

conseqüente do plano de declive, e do rio Ribeira de Iguape, relativamente

recente, originado tectonicamente. Para o sul, a região a descrever é limitada

contra o Estado do Rio Grande do Sul pelo vale de declive do rio Uruguai e

pela escarpa da Serra Geral com o rio Mampituba, o qual é um rio litoral e da

testa da escarpa.

A geologia do estado de Santa Catarina pode ser dividida basicamente entre Embasamento, encontrado

em todo o planalto litorâneo do estado e Bacia Sedimentar do Paraná cobrindo todo o restante. O

embasamento ou escudo, formado por rochas magmáticas e metamórficas mais antigas que 570 milhões

de anos, é recoberto pelas rochas vulcânicas e sedimentares paleozóicas e mesozóicas que constituem a

Bacia do Paraná. Esta cobertura foi posteriormente erodida, devido ao soerguimento da crosta

continental à leste, expondo o embasamento. Sedimentos recentes com idades inferiores a 1,8 milhões

de anos recobrem parcialmente as rochas da Bacia e do Escudo. 

2.1 BACIA DO PARANÁ

A Bacia Sedimentar do Paraná situa-se no centro-leste da América do

Sul, abrangendo uma área de aproximados 1.600.000 Km², dos quais

1.000.000 km² são situados em território brasileiro. A maior parte dos estados

de São Paulo, Paraná e Santa Catarina (regiões central e ocidental) e Rio

Grande do Sul (regiões norte, central e ocidental) situam-se nessa bacia. No

litoral sul de Santa Catarina e norte do Rio Grande do Sul a bacia chega ao

litoral e projeta-se pela plataforma continental. Pequena parte do sudoeste de

Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, e sul de Goiás também se

incluem na bacia de acordo com Zalán et al (1987).

A figura 01 ilustra as limitações físicas de cada bacia.

MAACK 1946 não dá né?

Page 4: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Figura 01: Bacias do território brasileiroFonte

Page 5: Caracterização Geológica e Geomorfológica

O posicionamento geotectônico e seqüências tectono-sedimentares

existentes, a Bacia do Paraná é considerada uma típica bacia intracratônica,

caracterizando-se basicamente como uma depressão topográfica, que foi alvo

de incursões marinhas e que recebeu sedimentos provindos das áreas mais

elevadas.

A bacia possui forma elíptica de eixo maior de direção NE-SW sendo

preenchida por pacotes de rochas sedimentares e vulcânicas com idades que

variam entre desde o Siluriano até o Cretáceo Superior (SCHOBBENHAUS,

1984). A Bacia do Paraná constitui uma grande área de sedimentação

paleozóica-mesozóica.

A bacia se implantou no início do período Ordoviciano sobre crosta

continental estabilizada por processos ligados ao Ciclo Orogênico Brasiliano /

Pan-Africano. Os registros estratigráficos existentes podem ser divididos em

seis grandes seqüências limitadas por expressivas discordâncias inter-

regionais que representam o seu preenchimento sedimentar-magmático e

documentam quase 400 milhões de anos da história geológica.

A figura 02 ilustra as eras geológicas detalhando o período e

época em que ocorreram.

Page 6: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Figura 02: Tempo GeológicoFonte:

3. GEOLOGIA LOCAL

Page 7: Caracterização Geológica e Geomorfológica

De leste para oeste, afloram hoje no território catarinense os sedimentos

recentes do litoral, uma faixa de rochas magmáticas e metamórficas mais

antigas, a sucessão das rochas sedimentares gondwânicas e os derrames de

lavas básicas, intermediárias e ácidas da Formação Serra Geral (Scheibe,

1986).

A bacia hidrográfica do Rio dos Queimados localiza-se em terrenos

constituídos por uma seqüência vulcânica de rochas Juro-Cretáceas, com

idades entre 65 e 135 milhões de anos, pertencentes à Formação Serra Geral,

Grupo São Bento, que é uma das formações que compõem a Bacia do Paraná

e depósitos sedimentares quaternários, derivados do intemperismo das rochas

vulcânicas.

A formação Serra Geral ocupa pouco mais de 50% da área do território

catarinense. Constitui-se por uma seqüência vulcânica, compreendendo desde

rochas de composição básica até rochas com elevado teor de sílica e baixos

teores de ferro e magnésio. A seqüência básica ocupa a maior parte do

planalto catarinense, sendo constituída predominantemente por basaltos e

andesitos.

A bacia do estudo é compreendida na chamada Zona Basáltica do

Planalto ocidental, verificando-se a ocorrência de afloramentos rochosos e de

matacões.

O basalto tem como material de origem as rochas ígneas (do latim ignis,

fogo) são também conhecidas como rochas magmáticas. Elas são formadas

pela solidificação (cristalização) do magma, que é um líquido com alta

temperatura, em torno de 700 a 1200ºC, proveniente do interior da Terra.

As rochas ígneas podem conter jazidas de vários metais (ouro, platina,

cobre, estanho, etc.) e trazem à superfície do planeta importantes informações

sobre as regiões profundas da crosta e do manto terrestre.

Nos vulcões, o magma atinge a superfície da crosta e entra em contato

com a temperatura ambiente, resfriando-se muito rapidamente. Como a

solificação é praticamente instantânea, os cristais não têm tempo para se

desenvolver, portanto muito pequenos, invisíveis a olho nu. Rochas deste tipo

são denominadas rochas vulcânicas, como o basalto.

O basalto É uma rocha ígnea extrusiva

Não se aplica aos derrames basálticos

Vale lembrar que o vulcanismo neste caso foi fissural não havendo formação de vulcões

Page 8: Caracterização Geológica e Geomorfológica

INSERIR FOTO MARCOS DE AFLORAMENTO DE BASALTO

4. GEOMORFOLOGIA REGIONAL

Tendo ciência que a geomorfologia estuda os processos endógenos e

exógenos que modelam a superfície terrestre, sua evolução, as trocas de

energia e matéria, a dinâmica dos processos erosivos e seus mecanismos,

entende-se assim a dinâmica dos processos e mecanismos erosivos atuantes

na transformação do relevo.

COMPARTIMENTAÇÃO TOPOGRÁFICA

Page 9: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Os limites da área de estudo ocupam a região geomorfológica do

Planalto das Araucárias, onde encontra-se uma seqüência de variação de

relevo muito relacionado ao nível de dissecação e do modelo de aplainamento,

sendo possível identificar sub-divisões definidas como Planalto dos Campos

Gerais, Planalto Dissecado Rio Iguaçu-Rio Uruguai, Serra Geral e Patamares

da Serra Geral.

Na área ocupada pela bacia hidrográfica do Rio dos Queimados

apresenta-se a Unidade Planalto Dissecado Rio Iguaçu/Rio Uruguai.

Pertencente à região Geomorfológica Planalto das Araucárias, esta unidade

apresenta descontinuidade espacial devido à sua ocorrência dentro da Unidade

Geomorfológica Planalto dos Campos Gerais (SANTA CATARINA, 1986). Tal

Unidade pode ser caracterizada por apresentar relevo muito dissecado com

vales profundos e encostas em patamares.

O estado de Santa Catarina tem 77% de seu território acima de 300m de

altitude e 52% acima de 600m, figura entre os estados brasileiros de mais forte

relevo Altimetricamente, as cotas ultrapassam 1.000m na borda leste, caindo

até cerca de 300 m gradativamente para oeste e noroeste, em direção ao eixo

central da Bacia do Paraná. Esta unidade apresenta modelados resultantes dos

processos de dissecação que atuaram na área associados a fatores

estruturais. Estes fatores são dados pela geologia da área, constituída por

seqüências de derrames de rochas efusivas que se individualizam por suas

características morfológicas e petrográficas.

Com relação à drenagem, apresenta-se com características

semelhantes em toda a unidade, uma vez que se acha fortemente controlada

pela estrutura. Os rios possuem cursos sinuosos e vales encaixados, com

patamares nas vertentes. O controle estrutural é evidenciado pela retilinização

dos segmentos dos rios, pelos cotovelos e pela grande ocorrência de lajeados,

corredeiras, saltos, quedas e ilhas.

5. GEOMORFOLOGIA LOCAL

“formas” talvez fique melhor

Tratando-se de derrames não creio que seja necessário explicitar a natureza da rocha.

Que estrutura?

Page 10: Caracterização Geológica e Geomorfológica

A área correspondente a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados, é

geomorfológica influenciada pelo condicionamento litoestrutural, apresentando

topos planos e convexados. Os intrerfluvios da região são alongados e de

maneira geral estreitos, com vertentes que apresentam de dois à três

patamares bem definidos.

Nesta região os vales geralmente são profundos, com as cotas

altimétricas variando de aproximadamente 370 metros na foz, próxima as áreas

alagadas da represa da Usina Hidroelétrica Itá a 800 metros, próximo a

nascente.

As altas declividades predominam nas encostas voltados aos cursos

d’água da bacia, de forma geral, sendo os setores com forte suscetibilidade à

erosão por escoamento superficial e movimentos de massa.

Na figura 03 apresenta-se o mapa topográfico da região da bacia

hidrográfica do Rio dos Queimados.

Page 11: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Figura 02: Tempo Geológico Fonte:

Page 12: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Observa-se da figura acima as condições relacionadas com a topografia

da região, as curvas de nível com as cotas correspondentes, destacado na cor

vermelha os limites da bacia hidrográfica do Rio dos Queimados e a cor azul

representa os cursos d’água desta bacia.

A figura 03 foi gerada a partir de dados e cartas topográficas disponíveis

no Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de

Santa Catarina – CIRAM e adaptações necessárias incluindo os limites e os

cursos d’água da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.

5.1 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO RELEVO

A elevada precipitação pluviométrica na região, monitorada pela

Embrapa Suínos e Aves desde o ano de 1987, apontam a média anual em

1900 mm, bem como os processos pluviais relacionados ao clima úmido,

juntamente com os fluviais e os gravitacionais através dos movimentos de

massas localizados formam os principais processos morfogenéticos atuantes

no relevo da região.

A Bacia Hidrográfica do estudo recebe ações antrópicas, de forma

significativa, contribuindo para a alteração da cobertura vegetal e dos

horizontes superiores do solo, através da utilização por pastagens,

terraplanagens de terrenos, reflorestamentos, construção de edificações,

pavimentações de vias, assim, alterando algumas características físicas e

químicas da superfície.

As principais formas de perda das características físicas e químicas do

solo da bacia ocorrem através de processos erosivos pluviais, sendo o

escoamento de forma superficial e subsuperficial.

Na figura 04 observa-se a forma como ocorrem os escoamentos no solo.

Page 13: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Figura 05: Formas de Escoamento da água da chuva Fonte: Socioambiental (2005).

O escoamento superficial é considerado o mais generalizado e mais

importante na esculturação do relevo da região, pois age com maior

intensidade, promovendo o rastejamento, fluxos de lama, desmoronamento e

deslizamentos na área atingida.

Observando a figura 04 nota-se que a característica do relevo,

associada a cobertura do solo agem de forma significativa ao ciclo hidrológico,

muitas vezes fornecendo aos cursos d’água excesso de materiais, nutrientes e

água, provocando o desequilíbrio ambiental.

5.2 PRINCIPAIS FATORES DE FORMAÇÃO DOS SOLOS

Page 14: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Solo pode ser considerado como o material mineral inconsolidado sobre

a superfície terrestre servindo como meio natural as plantas.

A mistura de substâncias minerais resultantes da decomposição da

rocha matriz por fatores físicos e químicos e de matéria orgânica produzida

pela decomposição dos resíduos vegetais e animais derivam no elemento de

maior representatividade da complexidade dos ecossistemas, o solo.

O solo tem origem no intemperismo das rochas pré-existentes, que é

visto como o principal fenômeno responsável pela transformação da rocha em

solo. Os fatores responsável pela intemperização das rochas são os

organismos vivos, clima, material de origem, relevo e o tempo.

5.3PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DOS SOLOS DA REGIÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS.

A unidade geomorfológica Planalto dos Campos apresenta, entre os

seus principais solos, o Cambissolo, o Latossolo e o Nitossolo.

Na área da bacia de estudo considera-se a existência de apenas dois

solos, o Cambissolo e o Nitossolo, de acordo com a classificação de solos

realizada pelo Centro de Informações de Recursos Ambientais de Santa

Catarina – CIRAM, os quais estão descritos nos itens seguintes.

5.3.1 CAMBISSOLO

Page 15: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Originam-se de derrames de basalto com ocorrência dominante em

clima mesotérmico úmido de verão quente. Encontrado em relevo suave

ondulado e ondulado (nos patamares), quanto no forte ondulado a montanhoso

e topos de elevação, de forma geral são moderadamente drenados.

Ocorrem de forma generalizada da região oeste de Santa Catarina e

Vale do Rio do Peixe, geralmente em altitudes inferiores a 900m. Vale lembrar

que a bacia hidrográfica do Rio dos Queimados tem suas altitudes inferiores a

estas.

Quanto ao grau de limitação deste solo, com relação a fertilidade natural

considera-se ligeira a moderada, sendo as maiores limitações os baixos níveis

de fósforo (P) e menor escala o potássio (K) bem como a acidez.

Consideram-se solos suscetíveis a erosão de forma ligeira a forte, sendo

nos locais de relevo acidentado as áreas de maior risco. Ainda, nestes solos a

falta de água é tida como nula a moderada. Quanto mais acidentado o relevo e

maior a pedregosidade, maior a tendência a deficiência hídrica, porém não

superando o grau moderado, caracterizada como alta densidade de drenagem

natural e superficial (rios e/ou córregos).

Assim, os cambissolos tem as suas características ambientais

consideradas com um grau de amplitude de variação elevada, afetando

diretamente o seu uso e manejo, assim como a influencia no ciclo hidrológico,

pois a pedregosidade varia de nula a muito pedregosa, a profundidade de raso

a profundo e o relevo suave ondulado a montanhoso.

5.3.2 NITOSSOLO

Page 16: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Sua origem se deu a partir de rochas de derrames intermediários com

ocorrência em clima mesotérmico úmido de verão fresco. Encontrado com

maior facilidade em relevo ondulado e forte ondulado, pedregosidade nula a

ligeira, com boa drenagem, geralmente em área acima de 700m.

Os Nitossolos geralmente ocorrem nos divisores de água até junto aos

cursos d’água, mas predominam nas superfícies estáveis da paisagem, nos

patamares e junto aos cursos d’água.

Para uso e manejo destes solos as limitações quanto a fertilidade natural

caracterizam-se como forte. A suscetibilidade a erosão é considerada como

moderada a forte.

A sua pequena granulometria, associada com a declividade do terreno

são os fatores que mais expõem os nitossolos a erosão.

Com relação a falta de água, é tida como nula, pois apresentam boa

capacidade de infiltração e retenção de água e ocorrem em regiões onde a

evaporação tende a ser menor que nos solos situados nas cotas abaixo de

700m.

5.3.3 OS SOLOS DA REGIÃO OESTE DE SANTA CATARINA E DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DOS QUEIMADOS

Para compreensão da ocorrência dos solos na bacia hidrográfica do Rio

dos Queimados é necessários conhecer os existentes na região, esta parte do

capítulo apresentará as informações disponíveis a estes aspectos da área.

A tabela 01 mostra a porcentagem relativa a cada unidade de solo com

localização e a respectiva área ocupada em porcentagem no oeste de Santa

Catarina.

Unidade de Solo/ Mapeamento Localização Área (%)Cambissolos 92 Municípios 57,6Latossolos 58 Municípios 17,7Neossolos Litólicos 01 Município 0,4Nitossolos 92 Municípios 22,5

Page 17: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Sem Informação - 0,7Outros (Área Urbana e Alagada) - 0,8

Total - 100Tabela 01 – Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no oeste catarinenseFonte: CIRAM 2005

De acordo com os dados da Unidade de Planejamento Regional do

Oeste Catarinense – UPR 1, elaborado pelo Centro de Informações de

Recursos Ambientais de Santa Catarina – CIRAM, no município de Concórdia

ocorrem três unidades de solo, destas, publicadas com o percentual relativo

tem-se:

Unidade de Solo/ Mapeamento Área (%)Cambissolos 54,37Latossolos 1,67Neossolos Litólicos 41,73Outros (Área Urbana) 2,23

Total 100Tabela 03 – Unidade de mapeamento de solos ocorrentes no município de ConcórdiaFonte: CIRAM 2005

Page 18: Caracterização Geológica e Geomorfológica

De posse destes dados e com o mapa de Solos da UPR1 possibilitou

geração do Mapa de Solos da Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.

Apresentado como Figura 06.

Figura 06 – Classes de solos na Bacia Hidrográfica do Rio dos Queimados.Fonte: do autor

Das classes de solos existentes na bacia hidrográfica do Rio dos

Queimados, conclui-se que há maior concentração de Cambissolos, com

66,31% da área.

Como observado na Tabela 02 no município de Concórdia existem três

classes de solos, já na área ocupada pela bacia do estudo são apenas dois,

apresentados na tabela abaixo:

Unidade de Solo/ Mapeamento Área (%)Cambissolos 66,31Nitossolos 31,82Outros (Área Urbana) 1,87

Total 100Tabela 03 – Unidade de mapeamento de solos ocorrentes na Bacia Hidrográfica do Rio dos QueimadosFonte: do autor

Page 19: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Ressalta-se destes dados que tratam de percentuais aproximados,

assim como a área que ocupam, (Figura 06), porem servirão de subsidio para

estudos específicos na área da bacia.

6. HIDROLOGIA

A rede hídrica do Estado de Santa Catarina é rica e bem distribuída. Na

Vertente do Interior os rios apresentam, via de regra, perfil longitudinal com

longo percurso e perfil longitudinal com inúmeras quedas d'água, o que

evidencia o potencial hidrelétrico na região.

Em geral, a rede hidrográfica na Vertente Atlântica comporta dois tipos

básicos de rios: os que nascem na Serra do Mar e aqueles originados na

própria planície.

A figura 07 ilustra o sistema de drenagem do estado de Santa Catarina.

A RH 3 – Região Hidrográfica 3 – Vale do Rio do Peixe, é constituída

pelas bacias do rio do Peixe e do rio Jacutinga, que ocupam 7.923 km2;

O rio do Peixe, cuja bacia é de 5.476 km2, nasce na serra do Espigão,

município de Matos Costa, zona central de Santa Catarina, e percorre cerca de

290 km até sua foz no rio Iguaçu. Nesse trajeto, recebe as águas dos rios

Preto, São Pedro e Santo Antônio pela margem direita, e rios Bonito e Leão

pela margem esquerda.

O rio Jacutinga nasce na vertente oposta do rio Irani, tendo sua foz

situada no lago formado pela barragem de Itá. Do ponto de vista de

gerenciamento de recursos hídricos, essa bacia engloba afluentes diretos do

rio Uruguai, como o riacho Grande e rio do Engano e o Rio dos Queimados,

totalizando 2.447 km2.

Page 20: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Figura 07 – Sistema de Drenagem de Santa Catarina.Fonte: Panorama dos Recursos Hídricos de Santa Catarina – SDS.

Page 21: Caracterização Geológica e Geomorfológica

7. HIDROGEOLOGIA DA ÁREA DE ESTUDO

Page 22: Caracterização Geológica e Geomorfológica

A diversidade de ambientes geológicos, aliada às condições climáticas,

deficiências hídricas nulas, e bons índices de excedentes hídricos conferem à

Santa Catarina um excelente potencial hídrico subterrâneo, com ocorrência de

águas minerais de ótima qualidade distribuídas nas mais diversas regiões,

inserida na Província Hidrogeológica Basáltica. Esta província possui pelas

suas características litológicas um meio hidrogeológico heterogêneo ou

anisotrópico.

A Província Hidrogrológica Basáltica está fortemente condicionada por

fraturamentos, correspondente aos planos de descontinuidade (falhas, fraturas,

fissuras, etc.), sendo estas estruturas favoráveis à ocorrência de água

subterrânea.

No oeste Catarinense existem basicamente dois grandes reservatórios

de água subterrânea, o Aqüífero Guarani ou Botucatu e o Aqüífero Serra Geral.

O Aqüífero Guarani encontra-se exclusivamente coberto por rochas

vulcânicas da Formação Serra Geral, conferindo-lhe o caráter de aqüífero

confinado. O topo deste aqüífero ocorre em profundidades que variam de 360

metros a 1.267 metros, no oeste catarinense. Sua área total é de

aproximadamente 1,2 milhões de quilômetros quadrados, com capacidade de

armazenar 46 mil quilômetros cúbicos de água. Com essas características

considera-se o maior aqüífero da América Latina e o terceiro maior do mundo

em extensão. Está presente em 8 estados brasileiros, entre eles Santa

Catarina, onde 54% dos municípios situam-se sobre este aqüífero. Além do

território brasileiro, o aqüífero Guarani abrange parte da Argentina, Uruguai e

Paraguai.

O aqüífero fraturado Serra Geral é o mais explorado na região sul do

Brasil assim como no oeste de Santa Catarina. Desenvolve-se nos derrames

basálticos cretáceos com condição de armazenamento e circulação da água

localizada em fraturas e outras descontinuidades.

Page 23: Caracterização Geológica e Geomorfológica

A recarga principal ocorre através da pluviometria, principalmente em

áreas com desenvolvido manto de alteração, topografia pouco acidentada e

considerável cobertura vegetal (mata nativa). Localmente onde há condições

piezométricas e estruturais favoráveis, pode ocorrer recarga ascendente a

partir do aqüífero Guarani.

Os locais onde existem as piores condições hidrogeológicas são nas

espessas zonas centrais de derrames localizadas em terrenos muito

dissecados e com topografia bastante acidentada, que mesmo interceptadas

por fraturas, demonstram baixíssima potencialidade.

No geral as características do aqüífero Serra Geral permitem a captação

de água subterrânea a um custo muitíssimo menor ao da captação no aqüífero

Guarani, suprindo de forma satisfatória comunidades rurais, industrias e sedes

municipais.

A figura 07 ilustra a composição e a localização de cada aqüífero citado

acima.

Figura 07: Aqüíferos Fonte: Socioambiental (2005).

Page 24: Caracterização Geológica e Geomorfológica

7.1 PONTOS DE ÁGUA NO OESTE DE SANTA CATARINA

De acordo com o Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC, sobre

Captação de Águas Subterrâneas, desenvolvido pela Secretaria de Estado do

Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, foram inventariados 2836 pontos

de captação de água subterrânea no oeste catarinense, entre os anos de 1998

a 2001.

Foram inclusos pontos de captação em fontes, poços escavados e

poços tubulares, conforme a tabela 04.

Pontos d’ água NúmeroCaptações de fontes 101Poços escavados 12Poços tubulares 2723

Total 2836Tabela 04 – Pontos de Captação de água no oeste de Santa CatarinaFonte: Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente

Page 25: Caracterização Geológica e Geomorfológica

Da tabela 04, os pontos na superfície terrestre, com surgimento

espontâneo de água subterrânea, são caracterizados como captações de

fontes. A proteção destas fontes, no estado de Santa Catarina é uma prática

comum e bastante disseminada.

Já os poços escavados ou manuais são construídos através de

equipamentos simples por meio de pá e picareta, sem uso de máquinas, ou

seja, construídos manualmente, captando água do lençol freático.

Os poços tubulares, que representam a maioria dos pontos d’água

conforme o levantamento de realizado pela Secretaria de Estado do

Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente a campo, agrupam todos os tipo de

perfuração executados com máquinas específicas denominadas sonda.

Erroneamente esses poços são chamados de artesianos, no entanto esta

denominação é mal empregada, uma vez que artesiano constitui apenas uma

das modalidades de poço no qual a pressão confinante ascende até estabilizar

em uma posição acima daquela referida como de nível estático do local onde o

poço foi construído. Na grande maioria dos poços tubulares do oeste

catarinense não ocorre artesianismo.

INSERIR OS DADOS DE POÇOS ARTESIANOS DE CONCÓRDIA E BH RIO DOS QUEIMADOS

8. CONSIDERAÇÕES ENTRE A RELAÇÃO GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA SOBRE O CICLO HIDROLÓGICO

Page 26: Caracterização Geológica e Geomorfológica

O conhecimento da vocação hidrológica de áreas sob distintas

composições ambientais revela-se de aplicação direta para previsões

relacionadas à recarga de mananciais de águas subterrâneas: as enchentes ou

à propagação espaço-temporal de poluentes que convergem para os rios, entre

outras, auxiliando na definição do uso mais adequado da terra e no manejo dos

solos.

O fluxo sub-superficial decorrente do escoamento sobre a superfície do

excedente de precipitação em relação a capacidade de infiltração bem como o

fluxo de sub-superfície são agentes modeladores por meio de processos

erosivos, agindo assim na transformação do relevo.

A importância do conhecimento sobre como se dá a infiltração da água

no solo é de suma importância para orientação de obras de engenharia e

manejo/conservação e está diretamente ligada as características físicas do

mesmo. Tais características (porosidade e composição) aliadas a agentes

biológicos (animais escavadores e presença de raízes mortas) influenciarão

diretamente na maneira pela qual ocorre o fluxo de água pela sub-superfície.

É crescente a pressão exercida em escala mundial sobre os recursos

hídricos, num cenário de expansão demográfica, de crescimento econômico e

de alterações climáticas requer uma abordagem científica e tecnológica

multidisciplinar como meio para se conseguir o melhor conhecimento sobre os

processos envolvidos no ciclo da água. A obtenção de conhecimento científico

passível de apoiar a tomada de decisões respeitantes à gestão destes recursos

— à escala local, regional ou global — é francamente facilitada quando se

utilizam de forma integrada conceitos, métodos e técnicas provenientes de

diversas disciplinas científicas, num esforço que, além de multidisciplinar, pode

ser interdisciplinar. (Assaad et al. 2004).

BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

Page 27: Caracterização Geológica e Geomorfológica

GUIMARÃES, E. M. A contribuição da Geologia na construção de um Padrão de Referência do Mundo Físico na Educação Básica. Revista Brasileira de Geociências, n.34, p.87-94, 2004.

Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente – Projeto Oeste de Santa Catarina – PROESC. Captação de água subterrânea no oeste do Estado de Santa Catarina. Florianópolis, 2002.

Companhia de Águas e Saneamento - CASAN, Relatório Anual, Florianópolis, 2007.

TESTA, Vilson. Marcos, SANTO, F. R. C. do Espírito. Principais solos do Oeste Catarinense: aspectos gerais para identificação no campo e suas principais limitações ao uso agrícola. Florianópolis: EPAGRI, 1992. 75p. (EPAGRI. Boletim Técnico, 60).

REBELLATTO, Agostinho. Distribuição de solos B Texturais da Região de Lavras – MG, referenciada por correlação Geo-Pedológica. Lavras: UFLA, 2000. 77p.

Assaad, F.A.; LaMoreaux, P.E.; Hughes, T.H.; Wangfang, Z. & Jordan, H. (2004). Field methods for geologists and hydrogeologists. Springer-Verlag. 420 pp.