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Os 60 anos da Escola Nacional de Ciências Estatísticas nº 4 | jan / fev / mar 2013 As ibgeanas fazem história As ibgeanas fazem história

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Os 60 anos da Escola Nacional de Ciências Estatísticas

nº 4 | jan/ fev / mar 2013

As ibgeanas fazem história

As ibgeanas fazem história

nº 4 | jan/ fev/ mar 2013

Publicação do Instituto Brasileiro de Geogra� a e Estatística - IBGE, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Governo Federal.

Centro de Documentação e Disseminação de Informações - CDDI

Coordenação de MarketingRua General Canabarro, 706 - 3º andarMaracanã - Rio de Janeiro - RJ - 20271-205Tel.: (21) 2142-0123 ramais 3597 / 3547

Coordenação de MarketingDanielle Macedo

Editora-executivaAgláia Tavares (MTB. Nº 18 033)

EdiçãoMarcelo Benedicto Ferreira e Mario Grabois

ReportagemAgláia Tavares, Camila Ermida Pinto, Marcelo Benedicto Ferreira, Mario Grabois e Pedro Henrique de Barros Girão (estagiário)

Edição de ImagensLicia Rubinstein e Helga Szpiz

Projeto Grá� coAlexandre Facuri

NESTA EDIÇÃO:Editoração EletrônicaAlexandre Facuri e Helga Szpiz

CapaAlexandre Facuri (fotos: Licia Rubinstein)

Fotogra� as/ImagensAcervo fotográ� co do IBGE, Acervo da Memória Institucional do IBGE, Álvaro Vasconcellos, Eduardo Gomes de Pontes, en.wikipedia.org, Licia Rubinstein, Maria do Carmo R. Trugillo, Marisa Ghidetti, maps.google.com.br, Pedro Girão, photos.com, SDI/MS, Sebastião Matos e militaria.blogger.com.br

Ilustração/ArteAlexandre Facuri e Eduardo Sidney Araújo

Infográ� coMarcos Balster

ColaboradoresCarlos Jose Lessa de Vasconcellos, Danielle Macedo, Rose Barros, Silvia Maia, Marco Santos e Unidades Estaduais do IBGE (ES e RS)

Revisão de TextosGerência de Editoração: Kátia Vaz CavalcantiCopidesque e Revisão: Anna Maria dos Santos, Cristina R. C. de Carvalho e Kátia Domingos VieiraProdução Grá� ca: Evilmerodac Domingos da Silva

Impressão Ediouro Grá� ca e Editora Ltda.Circulação IBGETiragem 20.000 exemplares

Permitida a reprodução das matérias e das ilustrações desta edição, desde que citada a fonte.

facebook.com/ibgeo� cial

twitter.com/ibgecomunica

O ano de 2013 está sendo muito especial por diversos motivos. Há um esforço de todos, dia a dia, passo a passo, para realizar com excelência uma série de projetos que estão em curso atualmente na instituição.

Na sede, nas Unidades Estaduais, nas Agências, em todos os cantos do país, vejo as ibgeanas e os ibgeanos darem o melhor de si para alcançarmos o sucesso nas metas programadas para esse ano. É um registro que não poderia deixar de fazer. Mas quero destacar também outras questões.

Em março, comemoramos os 60 anos da nossa Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), fundada em 1953, e que, ao longo de todas estas décadas, tem sido uma casa de excelência acadêmica, identi� cadora de talentos e promotora de um sistema de quali� cação e de treinamento para todos nós.

Gostaria de comentar, ainda, a homenagem especial que esta edição da Fala, IBGE faz às ibgeanas. É justa, legítima e oportuna, pois a história do IBGE é inseparável da trajetória de conquistas e do reconhecimento do papel desempenhado pelas mulheres em todos esses momentos.

Saudações,

Wasmália BivarPresidenta do IBGE

Carta da Presidenta

6 Notas

7 Espaço do Leitor

8 ENCE A escola comemora 60 anos.

13 Sistema de gestão Novo banco de dados operacionais.

16 Na Internet IBGE nas redes sociais.

18 Capa Nossa homenagem às ibgeanas.

23 SNPA Conheça o novo sistema de pesquisas agropecuárias.

26 Geociências DGC completa Base Cartográ� ca na escala 1:250.000.

29 Aqui tem IBGE As agências nos extremos do país.

30 Internacional Assessoria mostra seu trabalho.

32 Nossa história Como surgiram as agências municipais.

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A primeira edição da Fala, IBGE de 2013 tem o prazer de dedicar várias de suas páginas a duas importantes homenagens. Inspirados no Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, preparamos uma matéria especial sobre as ibgeanas, na qual vamos conhecer como elas vêm se inserindo na história da instituição – sem deixar de ouvir algumas delas, é claro.

A outra homenageada é a Escola Nacional de Ciências Estatísticas (ENCE), que no dia 6 de março completa 60 anos dedicados à formação de pro� ssionais e ao desenvolvimento do campo da estatística no Brasil.

Duas outras matérias mostram que as áreas de geociências e de estatística trazem novidades que vão ampliar nosso retrato do país: a Base Cartográ� ca Contínua do Brasil na escala de 1:250.000, que cobre todo o território nacional numa escala mais detalhada, e o Sistema Nacional de Pesquisas Agropecuárias por Amostragem de Estabelecimentos Agropecuários (SNPA), que vai investigar diretamente o produtor rural.

O Banco de Dados Operacionais (BDO), voltado para a gestão das Unidades Estaduais e agências, e a página do IBGE no Facebook são duas novidades que valem a pena conferir. E por falar em redes sociais, a matéria sobre a Assessoria de Relações Internacionais (RI) do IBGE mostra que conectar-se com o mundo sempre foi uma meta do instituto.

Aproveitamos para agradecer pelas contribuições que temos recebido de diversos ibgeanos, ativos e aposentados. Esperamos que todos tenham uma agradável leitura.

Equipe de redação

jan/fev/mar 2013 •

Carta da Redação

Panorama da Saúde Está prestes a ir a campo a Pesquisa Nacional de Saúde - PNS - que promete ser um levantamento minucioso sobre a situação da saúde e estilos de vida da população brasileira. A pesquisa vai a campo em julho desse ano e é um projeto em parceria do IBGE com o Ministério da Saúde.

Domiciliar e de âmbito nacional, a PNS terá amostra com 80 mil domicílios que serão visitados pelos pesquisadores por um período de três meses. Está prevista coleta domiciliar de material biológico (sangue e urina) para o morador de 18 anos ou mais, escolhido aleatoriamente, em 25% dos setores selecionados. Tal coleta será feita por um laboratório contratado pelo Ministério da Saúde.

De acordo com a gerente da pesquisa, Maria Lucia Franca Pontes Vieira, o objetivo do levantamento é também apurar informações sobre o acesso e uso dos serviços de saúde, sobre a continuidade dos cuidados e � nanciamento da assistência à saúde.

Foram realizados treinamentos pedagógicos no Rio de Janeiro em fevereiro e um teste piloto nas Unidades Estaduais do Acre, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Espírito Santo em março.

Novo site da biblioteca

Fruto do trabalho em conjunto desenvolvido pela Gerência de Biblioteca e Acervos Especiais (GEBIS) e Gerência de Serviços On-line (GEON), ambas do Centro de Documentação e Disseminação e Informações (CDDI), o novo do site da biblioteca já está no ar.

O endereço pode ser acessado pelo portal do IBGE na internet através do link “Produtos e serviços”, no menu localizado na lateral esquerda, ou digitando http://biblioteca.ibge.gov.br/ .

Com uma interface amigável para os usuários, seu novo sistema de busca é ágil e preciso, graças à integração das bases de dados da biblioteca.

Antes o usuário tinha que escolher a base onde queria realizar a busca. No site novo, ele consulta todas de uma só vez e consegue saber que tipo de material sobre o assunto pesquisado cada uma possui.

Há bases de documentos territoriais, instrumentos de coleta, fotogra� as, livros, mapas e também periódicos.

Os usuários também encontram informações sobre os serviços prestados pelas bibliotecas da instituição, como empréstimo domiciliar e entre bibliotecas.

E é possível também acessar o site do portal de periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Biblioteca Digital da Unicamp, por exemplo.

IBGE publica sua Política de Comunicação IntegradaO IBGE acaba de publicar a sua Política de Comunicação Integrada, com a � nalidade de melhorar as práticas de comunicação interna e externa. Trata-se de um documento onde estão descritos os valores, os objetivos, as diretrizes, os procedimentos, as responsabilidades e a regulamentação envolvidos no processo de comunicação.

A aplicação dessa Política marca um momento histórico para o Instituto e o trabalho de mobilização dos servidores já começou, pois é fundamental que todos a conheçam. Além de estar disponível na intranet da Presidência, a Política será impressa e distribuída para todos os servidores. Também estão sendo preparados cartazes, folders e outros materiais de divulgação. A Política de Comunicação Integrada é resultado de um esforço conjunto. Foram meses de trabalho de um Comitê, composto por membros de todas as diretorias e um representante das Unidades Estaduais, que também incorporou sugestões do Conselho-Diretor, a quem coube aprovar o documento � nal. Foi elaborado, ainda, um Plano de Ações com base, entre outros, nos resultados da pesquisa interna sobre Hábitos de Comunicação do Servidor, realizada no ano passado, que foi respondida por 2.753 pessoas.

Para possibilitar que as novas ações de comunicação comecem a ser colocadas em prática ainda neste ano, a Direção do IBGE criou um Comitê de Coordenação e Execução, com representantes do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), da Coordenação de Comunicação Social (CCS) e da Diretoria-Executiva (DE). O trabalho integrado desses pro� ssionais de comunicação é fundamental, mas não é su� ciente para o sucesso da Política. Ele depende, sobretudo, da consolidação de uma autêntica "cultura de comunicação" no IBGE, ou seja, que todos os ibgeanos entendam que são responsáveis pela comunicação, com mais agilidade e clareza.

Para conhecer a Política de Comunicação Integrada do IBGE, acesse: http://w3.presidencia.ibge.gov.br/comites_comissoes_grupos/interna/pdf/cpc/politica_comunicacao.pdf .

6 • jan/fev/mar 2013

Notas

Críticas à revista“Bom dia, prezados,

Uma publicação não sobrevive apenas e tão somente de elogios, mormente quando os mesmos se nos parecem meramente super� ciais. É preciso externar as críticas reais, com franqueza, à revelia de possíveis melindres que as mesmas eventualmente hão de causar. Contudo, até para que se possa pensar em melhorias, em se cuidar melhor da excelência, opiniões francas são deveras procedentes, pois não? Bem, por este ponto de vista, vejamos aqui o que representa para o servidor ibegeano a revista Fala, IBGE (título virgulado, hã? Perdão, mas não � cou bom. Demais, independentemente da ‘autoria’, este nome é um mero plágio de um telejornal da Record, o Fala Brasil, só que este vem sem a vírgula, naturalmente, pois quem é do ramo sabe que é melhor evitá-la.

Senhores, falemos claramente, como bons colegas e sem muita rasgação de seda: a revista não é, queiram me desculpar a franqueza, boa, não. (...). A linguagem empregada não seduz o leitor, quase ninguém lê esta publicação, pelo menos é o que constatei fazendo uma pequena enquete aqui em Minas (...).

Um outro ponto (...): temos um tremendo parque grá� co na Avenida Brasil, por que razão esta revista é impressa em uma editora privada? E como justi� car uma tiragem que 20.000 exemplares, (...), quando somos apenas 6.000 servidores? Não seria um baita desperdício, não? (...).

Perdão se ofendi alguém, que não era este o propósito.Um Feliz 2013 para todos.”

César da Costa SampaioUE-MG

Prezado leitor,

Agradecemos o contato com as críticas e sugestões. Em relação a alguns pontos levantados, cabe esclarecer que:

• O nome da revista foi escolhido através de votação entre os servidores da casa. Vários nomes foram sugeridos pelos servidores e, dentre esses, um comitê interno da revista elegeu cinco. Desses cinco, os servidores elegeram o nome Fala, IBGE;

• em relação à tiragem de 20.000 exemplares, a revista é enviada a todos os servidores ativos e inativos do IBGE, além de ser distribuída em eventos institucionais e eventos externos com a participação do IBGE; e

• sobre a revista ser impressa em grá� ca externa é pelo fato de que a grá� ca do IBGE não tem capacidade de atender esta demanda, tendo em vista as demais publicações produzidas ao longo do ano.

Atenciosamente,Equipe Fala, IBGE

Parabéns “Agradeço o envio da revista, ao mesmo tempo, parabenizo toda equipe com o belo trabalho na elaboração da revista, com diversos assuntos, interessante a todos.

Atenciosamente,” Alberto Jorge Cavalcanti

Aposentado

Novo formato“Prezada Editora-Executiva,

Gostei bastante da primeira edição da Revista Fala, IBGE, e aproveito para parabenizar a equipe pelo trabalho.

E coloco a seguinte sugestão: avaliar a necessidade de envio de um exemplar da revista para cada servidor ativo do IBGE, considerando que hoje as agências contam com computadores e acesso por banda larga à Internet; a consulta ao periódico ocorreria digitalmente. Para não deixar os fãs da leitura do material "físico" - eu sou um deles - órfãos, pode-se enviar uma menor quantidade de revistas por agência.

Acredito que, se for possível, a diminuição de impressos representará economia de custos para a instituição e menor geração de material descartado após a leitura.”

Ricardo Verzegnassi VeríssimoChefe da Agência IBGE em Araras - SP

Prezado Ricardo,

Agradecemos seu contato. Informamos que existe uma proposta de se produzir um formato eletrônico da revista, o que não inviabiliza a continuação da edição impressa.

Atenciosamente,Equipe Fala, IBGE

Experiência ibgeana “Sinto-me prestigiado em trabalhar nessa instituição que me incluiu de um modo efetivo no envolvimento com a sociedade brasileira, capacitando-me a compreender, por meio das pesquisas, a realidade das condições socioeconômicas em nosso país, bem como a vastidão dos desa� os.”

Sandro Vieira de AraújoAgente de Pesquisa e Mapeamento – Agência Arcoverde-PE

Entre em contato através do e-mail [email protected] ou nosso endereço: Coordenação de Marketing / CDDI / IBGERua General Canabarro, 706 - Sala 320 - Cep: 20271-205 - Rio de Janeiro/RJTelefone: (21) 2142-0123 - Ramais 4789 / 3597 / 3547

Todo material enviado será analisado e selecionado pela equipe da revista, podendo ou não ser publicado. O material obedecerá a critérios editoriais que excluem todo o tipo de material impróprio. Informamos que as cartas não necessariamente são publicadas na íntegra por questão de espaço na seção. Outras comunicações para a redação podem ser enviadas para [email protected] .

Participe! Este espaço é seu.

7jan/fev/mar 2013 •

Espaço do Leitor

Construção do atual prédio da ENCE, inaugurado em 1968, ...

... na rua André Cavalcanti, 106, no bairro Santa

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ENCE

Em 60 anos de existência, a Escola Nacional de Ciências Estatísticas, a nossa ENCE, já formou 1.783 estatísticos, isso sem contar as centenas de alunos que concluíram os cursos de especialização e de mestrado. Se recuarmos no tempo, teríamos que ainda contabilizar os milhares de estudantes que povoaram as salas dos cursos técnicos que foram oferecidos pela escola até o início da década de 1990. E como contar gente é uma de nossas especialidades, não podemos deixar de fora os inúmeros alunos que buscam formação nas outras modalidades de cursos e treinamentos oferecidos, boa parte deles dirigidos aos servidores do IBGE - instituição a qual a ENCE integra de forma umbilical. Ser do IBGE é o grande diferencial da ENCE. Ter a ENCE é a prova de que o IBGE constrói e dissemina saberes com qualidade e de forma contínua.

Para falar da ENCE é preciso posicioná-la em um contexto amplo de atuação. Segundo Denise Britz, coordenadora-geral da escola, ela é

uma instituição federal de ensino superior e pesquisa como qualquer outra e, ao mesmo tempo, uma das unidades do IBGE, mas que também atua no âmbito das Escolas de Governo responsáveis pela capacitação dos servidores públicos em geral. Independente da esfera de atuação, a meta é fornecer ao país pro� ssionais quali� cados com os conhecimentos necessários ao desenvolvimento do campo da estatística. Para cumprir essa missão, um passo importante é a escola dispor de uma infraestrutura para apoiar os estudantes.

Vaga garantida no mercado de trabalhoSegundo Martha Bordallo, gerente de orientação pedagógica e pro� ssional da ENCE, a atenção ao aluno de graduação é constante. Uma preocupação é com o acompanhamento pedagógico, em especial dos alunos repetentes e com di� culdade no aprendizado, muitos com risco de serem jubilados. “Nós queremos a permanência do aluno até ele se formar, alcançar outro patamar na sociedade, fechar o ciclo que iniciou”, enfatiza Martha. Além das aulas normais, os estudantes contam com a ajuda de monitores para a resolução de exercícios e no esclarecimento de dúvidas. 

Texto Marcelo Benedicto

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dedicadas ao ensino da estatística

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Estatísticos formados na ENCE são bem vistos pelo mercado de trabalho.

“Nós queremos a permanência do aluno até ele se formar”, diz Martha Bordallo.

Maria Luiza Barcellos Zacharias se orgulha de ter estudado na ENCE.

O projeto Bolsa Auxílio é outra forma de incentivo. São distribuídas dez bolsas no valor de R$ 300,00 mensais para alunos que comprovem carência � nanceira. “Na seleção, o critério é a carência, mas a manutenção tem que ser pelo empenho e desempenho”, explica Martha. A escola também oferece bolsas de monitoria e de iniciação cientí� ca, sempre concedidas de acordo com o desempenho acadêmico.

A partir do quinto período, os graduandos podem concorrer a vagas de estágio oferecidas por empresas e instituições. Antes de participarem do processo seletivo, os alunos recebem orientações para conseguirem um bom desempenho.

Uma experiência marcanteTer sido aluno da ENCE não é tarefa para qualquer um, mas para os que conseguiram, foi um passo de� nitivo para toda a vida. Assim foi para Maria Luiza Barcellos Zacharias, da Coordenação de Métodos e Qualidade (COMEQ), que entrou para a ENCE aos 13 anos de idade para o antigo curso técnico em estatística. Como ao longo do curso estava entre as melhores alunas, foi chamada para fazer estágio no IBGE e, na formatura, foi escolhida para receber o diploma simbólico das mãos de Jessé de Souza Montello, na época presidente do IBGE (1979-1985).

“Os primeiros colocados ingressavam como funcionários do IBGE, mas na época eu tinha 16 anos, o que di� cultava minha contratação. Depois de seis meses insistindo para ser contratada, disse que tinha uma foto da formatura na qual recebia o diploma das mãos do presidente. E aí fui chamada para uma entrevista e consegui o contrato”, conta Maria Luiza, que também fez graduação na ENCE.

Para ela, ter sido aluna da ENCE é motivo de muito orgulho: “A gente pode bater no peito e dizer que somos formados na melhor escola de estatística do país. Tenho colegas que conheço desde o primeiro dia de aula na ENCE, que são as amizades de mais longo prazo que eu tenho. Apesar de ter acabado o curso técnico, a escola investiu em especialização e mestrado. Agora desejo como presente de 60 anos que ela consiga implementar o curso de doutorado”.

E por falar em experiências marcantes, o primeiro e único emprego de Marcos Gomes, da gerência administrativa da coordenação da ENCE, foi na escola. Com 19 anos de idade, pouco após terminar o serviço militar, ingressou na ENCE. De lá para cá, já são quase 42 anos de muito trabalho e a expectativa de não se aposentar tão cedo.

Colecionador de medalhas do IBGE, em homenagem aos 20, 30 e 40 anos de casa, Marcos espera ganhar a de 50 anos. Hoje lembra com saudade dos velhos tempos em que a ENCE

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10 • jan/fev/mar 2013

ENCE

mantinha cursos técnicos, como os de estatística e processamento de dados. Segundo ele, eram quase 500 alunos, os quais ele vigiava enquanto resolviam as provas, carimbava falta ou presença nas carteirinhas e não deixava transitar pelos corredores nos horários de aula. “Senti muito por causa dos alunos. Ficou um vazio”, lamenta Marcos.

A tia da escolaHá também aqueles que foram marcantes para a ENCE. A aposentada Neuza Martins de Souza é uma delas. No início de 1980, após deixar Boca do Acre, no Amazonas, veio trabalhar na sede do IBGE, mas sua história na ENCE só começou em 1987, onde � cou até se aposentar em 2012.

“Ah! Os alunos chegavam lá, aqueles carentes, né. Diziam: tia Neuza, tem aí um biscoitinho, um cafezinho? Aluno que morava distante, não tinha o que comer em casa, chegava do trabalho, eu servia um cafezinho pra ele, um lanche, biscoito, leite, entendeu?”, conta Neuza.

Não é segredo para ninguém que uma pessoa compete com a ENCE na disputa pelo coração de tia Neuza: o cantor Roberto Carlos. É uma paixão que começou aos 13 anos, quando morava no Amazonas. Então, desde que chegou ao Rio de Janeiro faz de tudo para não perder um show, inclusive os realizados em cruzeiros.

Ao encontro do IBGEO curso de graduação em estatística da ENCE teve início com a criação da escola, em 1953. Em 1997 foi criada a especialização em Análise Ambiental e Gestão do Território, em vigor até hoje. Já o curso de mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais começou em 1998. A expectativa é de que ainda neste ano seja aprovado o doutorado em População, Território e Estatísticas Públicas.

Segundo Aida Lazo, professora do mestrado da ENCE, em sua maioria os alunos do mestrado não são estatísticos e sim pessoas que precisam conhecer a metodologia estatística para usar em diferentes áreas do saber. “Um outro atrativo é aprender a usar os dados do IBGE, que estão disponíveis para qualquer pessoa usar, mas não é qualquer uma que consegue”, explica Aida. Os mestrandos contam com o apoio do IBGE na concessão de bolsas, além das que são oferecidas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

A imagem do IBGE como uma instituição que também se dedica à formação de pro� ssionais e de conhecimento nos campos da estatística e das geociências se concretizou com a criação e manutenção da ENCE. “É natural isso porque a estatística aparece no Brasil quase que como uma necessidade do governo formar e capacitar pro� ssionais para desenvolverem as estatísticas sociais. Então, a ENCE sempre foi voltada à formação de pro� ssionais que a instituição precisa para executar seus trabalhos e que não existiam no mercado ou existiam em quantidade insu� ciente”, contextualiza José Matias de Lima, professor da graduação da ENCE.

“Queria tirar uma foto na entrada da escola porque foi onde tudo começou. Não imaginava que iria ficar tanto tempo aqui”, conta Marcos Gomes.

De olho na agenda dos 60 anosSegundo os professores Aida Lazo e José Matias de Lima, integrantes do comitê que está organizando as comemorações, a ENCE vai celebrar suas seis décadas de vida ao longo de todo o ano de 2013. Na programação, eventos voltados aos ibgeanos, alunos e à sociedade em geral. Do dia 6 de março, data da criação da escola, em diante estão previstas a realização de palestras e o� cinas, participação nas comemorações no Dia Mundial da Estatística, em outubro, além do lançamento de um livro com artigos acadêmicos de professores e alunos da escola. Conforme a comissão organizadora, o objetivo é garantir o envolvimento máximo dos funcionários, alunos e ex-alunos, como também da comunidade externa.

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Capacitaçãodo servidor é prioridade

Apesar de os cursos de graduação e pós-graduação estarem abertos aos ibgeanos, a

ENCE tem como uma de suas prioridades cuidar do aperfeiçoamento pro� ssional dos servidores através de programas especí� cos. Nesse sentido, no Planejamento Estratégico 2012-2015 do IBGE foram incluídos diversos itens voltados ao treinamento e capacitação dos servidores. Dentre eles, estão a formulação de uma política de treinamento e de um projeto pedagógico de educação continuada, além do fortalecimento do papel da Educação a Distância (EaD). Outra meta é uma maior participação da ENCE na Rede de Escolas de Governo. Esse e outros aspectos serão cobertos pela Fala, IBGE ao longo do ano.

Em 1995, foi criada a Coordenação de Treinamento e Aperfeiçoamento (CTA), que atua ao lado da Coordenação de Ensino e Pesquisa. Com a criação dessa instância, a ENCE passou a ser responsável pela execução da atividade de capacitação institucional, com a incumbência de implementar o Programa Anual de Treinamento (PAT) – cujos cursos a serem oferecidos são de� nidos a partir de demandas encaminhadas pelos diversos setores do IBGE.

Já o Curso de Desenvolvimento de Habilidades em Pesquisa (CDHP), criado em 1997, abre inscrições para os interessados em obter uma visão abrangente de todo o processo de planejamento e execução de uma pesquisa domiciliar por amostragem.

Outro alvo de investimentos é a EaD. “A educação a distância é um componente importante porque a gente tinha, e ainda tem, uma demanda reprimida (por formação) muito grande espalhada nas Unidades Estaduais (UEs) e agências. Com a EaD você consegue garantir a uniformização de conhecimentos e que as pessoas desenvolvam mais autonomia (para estudar)”, explica Adilson Ribeiro da Silva, gerente de treinamento a distância.

Em relação à ENCE como escola de governo, Denise Britz, coordenadora-geral da escola, explica que o objetivo é apresentar propostas de cursos que possam ser oferecidos aos servidores públicos: “A rede está decolando esse ano. As 12 escolas vão apresentar seus projetos de trabalho e indicar o que poderia, a partir do seu saber, oferecer aos funcionários”.

Cada turma do CDHP realiza uma pesquisa solicitada por cliente externo ou do próprio IBGE.

Na Escola Virtual IBGE, o aluno pode escolher o melhor horário e local de estudo.

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ENCE

Inovação, integração

Uma ferramenta especialmente desenvolvida para as Unidades Estaduais (UEs) e para as agências, que possibilita o

acompanhamento, planejamento e controle das atividades do IBGE, como pesquisas, projetos, processos administrativos, procedimentos da área de recursos humanos, entre outros assuntos, por intermédio de uma interface amigável e prática de usar.

Esse é o objetivo central do Banco de Dados Operacionais (BDO), que chega para facilitar o dia a dia do pessoal das UEs a das agências e que faz parte da Plataforma Integrada de Sistemas de Gestão (PSG), sistema que está sendo implantado para ser a principal ferramenta de gestão do IBGE. 

Implantação do Banco de Dados Operacionais (BDO) moderniza e atualiza a gestão das unidades estaduais e agências

e colaboração

Conheça mais sobre o BDO. Acesse w3.bdo.ibge.gov.br

Texto Mario Grabois

13jan/fev/mar 2013 •

Sistema de gestão

Baseado no Banco de Dados Operacionais do Censo, o BDOC (plataforma desenvolvida para a gestão do Censo 2010), e aliado a uma experiência pioneira produzida pela Unidade Estadual de Santa Catarina (UE/SC), conhecida como BDOSC, o BDO nasceu com muitas funcionalidades e com o objetivo de agregar, cada vez mais, novos recursos e serviços. Alceu José Vanzella, gerente de Planejamento e Supervisão da UE/SC, que esteve à frente do BDOSC, esclarece que a utilização do BDO pelas UEs e agências “permitirá uma padronização de procedimentos e estabelecimento de critérios claros e objetivos facilitando o trabalho de todos”. Além de Alceu, participa ativamente do processo de desenvolvimento do sistema o analista Leonardo Soares Paulino.

Um dos pontos fortes da nova plataforma é a interatividade com os usuários e, nesse sentido, foi realizado um trabalho de levantamento das demandas para que pudessem ser incorporadas ao sistema. Os gerentes de planejamento e supervisão das UEs participaram e foram apresentadas cerca de 90 sugestões em um processo ocorrido em maio de 2012.

Vantagens e expectativasDe acordo com Maria Vilma Salles Garcia, coordenadora da Coordenação Operacional

dos Censos (COC), setor responsável pela implantação do BDO, existe uma característica que se destaca. “Ela chega na ponta, chega nas agências com muita facilidade, pois é uma aplicação muito simples”, esclarece Maria Vilma, ao mesmo tempo em que explica que as agências se habituaram a trabalhar no BDOC durante o censo, pois a ferramenta propiciava a inclusão de informações com facilidade, além de permitir consultas, execução de relatórios e outras tarefas.

O BDO é um sistema que, no momento, já possibilita a leitura de bancos de dados, o acompanhamento e o andamento do trabalho de campo, além de disponibilizar informações sobre as agências, calendário de atividades das unidades do IBGE, entre outras funcionalidades. Luciana Martins Prazeres, coordenadora de Planejamento e Acompanhamento de Atividades da COC, observa que o BDO não objetiva eliminar nenhum sistema da casa. “Ela pretende otimizar, trazendo as informações, lendo as informações, que os gestores julgam importantes”. Um outro ponto de grande interesse, segundo Luciana, é a construção de um sistema em que “a gente ouça quem precisa utilizá-la efetivamente”.

O pessoal das UEs já está vivenciando o processo de assimilação da nova ferramenta. Pedro da Silva Braga, gerente de Planejamento e

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O gerente de planejamento e supervisão da UE/SC, Alceu José Vanzella.

O gerente de planejamento e supervisão da UE/ES, Lionório Lisbôa Duarte

A coordenadora operacional dos censos, Maria Vilma Salles Garcia.

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Sistema de gestão

Um trabalho colaborativo inspirado na formação de comunidades de analistas e técnicos que, de diferentes regiões e locais, se articulam para criar e desenvolver softwares livres. Tomando por base princípios desta “� loso� a” de atuação, e de uma forma pioneira no IBGE, assim está sendo o processo de desenvolvimento do Banco de Dados Operacionais (BDO).

Ele agrupa analistas e desenvolvedores de diferentes Unidades Estaduais da instituição que através de teleconferências, chats e outras maneiras de diálogo e de trocas estão criando coletivamente o sistema. A iniciativa contou, desde o início, com o apoio da Diretoria de Informática (DI), ao permitir a adesão dos pro� ssionais que desejavam participar do projeto.

Márcio Imamura, analista da COC e coordenador do projeto, comenta que “hoje em dia a tecnologia permite que a gente faça isso a distância”, e conta que pesquisou várias ferramentas de desenvolvimento para identi� car a que fosse mais adequada à sua realização.

Para a analista da Unidade Estadual do Paraná (UE/PR), Ana Cláudia Ritt, trabalhar dessa forma propicia atitudes de colaboração, compartilhamento e aprendizado, que permitem “colocar em prática conhecimentos prévios, aprender coisas novas, aceitar desa� os, conciliando as atividades na própria lotação”.

Dois analistas da Unidade Estadual de São Paulo (UE/SP) estão no projeto, André Proto e Miguel Suarez Xavier Penteado. Para André, essa é uma oportunidade de se “aliar a aplicação do conhecimento no trabalho com a oportunidade de conhecer novas pessoas”, e considera que esse fato “é primordial” para o desempenho dos técnicos na instituição. Miguel fala da iniciativa utilizando o jargão computacional. “O BDO é um MashUP, várias camadas de informação que são concatenadas em uma só”. Ele adianta algumas ideias que podem ser aproveitadas nos próximos passos da plataforma como a integração com a Geobase do IBGE.

Já Rogério Antonio Gaioso, analista da Unidade Estadual de Goiás, fala sobre a organização do trabalho entre os membros da “equipe”. Segundo ele, as tarefas como infraestrutura dos servidores, banco de dados, programação e documentação foram divididas entre os analistas, mas ressalta que o trabalho foi feito sempre com troca de conhecimento e dicas entre todos.

Rodrigo Gheller Luque, que está lotado na Unidade Estadual do Rio Grande do Sul (UE/RS), reconhece a importância de participar no projeto, pois é uma oportunidade de usar os conhecimentos e a formação adquirida, ao mesmo tempo em que abre novos horizontes. Rodrigo diz que o projeto o incentivou a “pesquisar diferentes tecnologias, bibliotecas e arquiteturas de sistema que espero aplicar no ano de 2013, na segunda etapa do projeto”.

Projeto participativo

Supervisão (GPS) da Unidade Estadual do Rio de Janeiro (UE/RJ), aponta, entre as vantagens da plataforma, o fato de que ela agrega todas as informações gerenciais em um único banco. “A expectativa é que, a curto e médio prazos, tenhamos nesta ferramenta gerencial um facilitador de nosso trabalho”, diz Pedro.

O gerente de Planejamento e Supervisão da Unidade Estadual do Espírito Santo (UE/ES), Lionório Lisbôa Duarte, observa que o BDO está em uma fase de implantação, mas que ele considera “excelente” a ferramenta. Ele informou ainda que fez uma apresentação para todas as che� as de agências.

Os analistas Ana Claudia Ritt, do Paraná, Rogério Antonio Gaioso (sentado, em pé ao seu lado, o servidor aposentado João Batista), de Goiás e Rodrigo Gheller Luque, do Rio Grande do Sul.

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Instituição amplia participação nas mídias sociais, que são ferramentas de interação e compartilhamento de conteúdo on-line, seja ele texto, imagem, vídeo, apresentação, entre outros

Com cada vez mais espaço na comunicação entre as pessoas, as mídias sociais fazem parte do cotidiano da maioria dos brasileiros com acesso à internet. Nesse contexto,

a presença do IBGE nas redes sociais vem se somar à nossa já tão conhecida função social de relacionamento com os usuários das nossas informações, produtos e serviços. E essa presença se dá através de dois canais o� ciais nas redes: Twitter e Facebook.

Somente em 2012, cerca de 30 milhões de brasileiros entraram no Facebook (www.facebook.com). Com crescimento de 84% no último ano, o Brasil passou a ser segunda maior audiência mundial nessa rede, com mais de 64 milhões de usuários, atrás apenas dos EUA. O Facebook é a maior rede social do mundo, tendo mais de 1 bilhão de usuários cadastrados.

No ar desde novembro do ano passado, a página o� cial do IBGE no Facebook conta com 4.564 fãs (dados apurados em 04/03/2013) e é alimentada com posts diários. “Divulgamos resultados de pesquisas e estudos, lançamentos de publicações, participação em eventos, funcionalidades do portal, além de outros assuntos referentes à instituição”, conta Camila Ermida Pinto, jornalista do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI), responsável pela alimentação e monitoramento da fan page.

Ela destaca que um dos objetivos da página é estreitar a comunicação com os mais diversos segmentos da sociedade: “Nossa atuação nas redes sociais mostra que o instituto valoriza a comunicação como um importante componente para o estabelecimento de relacionamentos da organização com seus mais diversos públicos”.

Texto Camila Ermida

Página do IBGE estreia no Facebook

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16 • jan/fev/mar 2013

Na Internet

O IBGE no microblog TwitterO Twitter (www.twitter.com) é um serviço de microblog no qual as pessoas escrevem por meio de 140 caracteres e de� nem quem querem seguir e acompanhar as atualizações. O Brasil também alcançou a vice-liderança nessa rede, com mais de 33 milhões de usuários.

A presença do IBGE no Twitter é mais antiga, data de agosto de 2010. De lá pra cá, já são mais de 28.010 seguidores (dados apurados em 04/03/2013). Segundo Luiz Eduardo Neves Peret, jornalista da Coordenação de Comunicação Social (CCS), o trabalho começou divulgando as datas e locais das coletivas, lançamentos e publicações, especialmente no que se referia ao Censo 2010, cuja coleta foi realizada na mesma época. “Também fazemos cobertura em tempo real das coletivas das pesquisas estruturais e procuramos, sempre que possível, responder aos questionamentos e às sugestões que nos chegam pela rede social”, completa.

Para ele, a presença do IBGE nesta rede social é bastante oportuna. “Entendemos que o IBGE precisa estar em linha com as formas e tecnologias contemporâneas de comunicação, com vistas ao melhor cumprimento de sua missão. Este é nosso objetivo primário”. Luiz Eduardo também ressalta a importância do relacionamento e dá mais detalhes sobre a dinâmica do trabalho: “‘retweetamos’ os tweets da mídia que se referem às divulgações do IBGE, promovendo assim os veículos da mídia ao mesmo tempo em que aumentamos a visibilidade de nossas pesquisas e nossos indicadores; respondemos a mensagens que nos são encaminhadas e fazemos informes especiais, se necessário”.

E o futuro?O objetivo neste momento é que os atuais per� s o� ciais do IBGE sejam os únicos canais de comunicação com o público nas mídias Facebook e Twitter, centralizando a divulgação de conteúdos e resposta aos usuários. Camila chama a atenção ainda para outra questão importante: “Os per� s do IBGE nas redes sociais, por serem canais de domínio público, não devem ser utilizados como instrumento de comunicação interna”. Assim, críticas à estrutura ou processos da organização devem ser discutidos e resolvidos internamente, através dos canais internos competentes.

Para o futuro estão previstas a criação de um canal do IBGE no Youtube (rede de compartilhamento de vídeos on-line) e a divulgação para o público interno de um guia de conduta em mídias sociais, com o objetivo de orientar o comportamento dos servidores nestas redes.

Siga, curta e compartilhe o IBGE nas redes sociais:

facebook.com/ibgeoficial

twitter.com/ibgecomunica

Vale lembrar que à época do Censo 2010 foram criados per� s nas redes sociais Twitter e Facebook, ambos administrados pela Coordenação de Marketing (COMAR/CDDI), que foram alimentados com informações sobre a operação censitária. O Twitter do Censo chegou a ter mais de 5 mil seguidores e foi alimentado até maio de 2011. Já o per� l do Censo no Facebook ultrapassou a marca de 8 mil fãs e teve atualizações postadas até fevereiro de 2011.

Fontes dos dados numéricos:

<http://www.socialbakers.com/blog/1290-10-fastest-growing-countries-on-facebook-in-2012> acesso em 23 de janeiro de 2013.

<http://www.proxxima.com.br/proxxima/redes_sociais/noticia/2013/01/18/Como-o-mundo-consome-social-media> acesso em 23 de janeiro de 2013.

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A força dasmulheres

Com muita competência, energia e sensibilidade, elas conquistam espaços e crescimento no IBGE

Ao longos dos últimos anos, o 8 de março foi deixando de ser apenas mais um dia no calendário das datas comemorativas recomendadas pela

Organização das Nações Unidas (ONU). O Dia Internacional da Mulher foi se constituindo em memória viva e expressão real de uma história de lutas, sacrifícios e injustiças, mas também de vitórias, conquistas e reconhecimento social.

No Brasil, nas últimas décadas, as mulheres lograram alcançar novas posições, pro� ssões e cargos, em um processo que está gerando uma profunda mudança na sociedade e que, seguramente, já transformou o nosso país de um modo irreversível. E é muito bom que seja assim.

Esse quadro nacional, como não poderia deixar de ser, se re� ete aqui no IBGE. Nos últimos anos, também em nossa instituição, houve uma expansão dos espaços ocupados pelas mulheres, e um bom exemplo, como sempre vale a pena lembrar, é a própria presidenta, Wasmália Bivar, além da presença de mais duas mulheres no Conselho-Diretor, Márcia Quintslr, diretora de Pesquisas e Denise Britz do Nascimento Silva, coordenadora-geral da ENCE.

Para procurar conhecer um pouco mais sobre a situação atual das mulheres no instituto, a Fala, IBGE fez uma reportagem especial na qual selecionou alguns pontos que pudessem, de algum modo, retratar essa realidade. Assim, além de apurarmos dados sobre o quadro atual da mulher no instituto, conversamos com as quatro mulheres que são chefes de Unidades Estaduais (UEs), ouvimos ibgeanas em diferentes regiões do país e registramos alguns momentos da história do IBGE, nos quais as mulheres se destacaram.

Texto Mario Grabois | Colaboraram Agláia Tavares e Danielle Macedo

Participação das mulheres nas unidades do IBGE*

AUD 20,0%

CCS 53,8%

CDDI 36,3%

COC 44,8%

DE 40,5%

DGC 37,1%

DI 30,9%

DPE 42,6%

ENCE 43,7%

GPR 40,0%

PF 53,3%

PR 57,1%

TOTAL 38,9%

UEs 29,7%

TOTAL GERAL 33%

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9%127

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Escolaridade Mulheres IBGE*(Cargo Nível Intermediário)

Ensino Superior

Outros

43%281

27%177

21%141

9%58 Ensino Superior

Escolaridade Mulheres IBGE*(Cargo Nível Superior)

Especialização

Mestrado

Doutorado

*Fonte: Todos os dados referem-se à � ta espelho dezembro 2012 (Siape) e as servidoras são as que têm situação 01 (ativo permanente). DE/CRH.

Momentos de pioneirismoÉ possível observar na história do IBGE os re� exos da evolução do papel da mulher na sociedade ao longo do século XX e, como estamos presenciando, agora no século XXI. Nas décadas de 1940 e 1950 do século passado, já era comum a presença de mulheres na área administrativa do IBGE, inclusive em cargos de che� a. Nos censos, a mão de obra feminina já era amplamente utilizada em inúmeras tarefas e atividades.

Em relação ao Censo 1950, por exemplo, o pesquisador Manoel Antônio Soares da Cunha comenta que aproximadamente metade dos 2.500 contratados eram do sexo feminino. “Não só na perfuração, mas nas seções já havia mulheres”, informa Manoel Antônio.

Vera Lucia Cortes Abrantes, supervisora da Equipe de Memória Institucional da Gerência de Biblioteca e Acervos Especiais (Gebis/CDDI), lembra o pioneirismo de um grupo de mulheres que estudavam geogra� a na Faculdade Nacional de Filoso� a. “Elas vieram estagiar e � caram trabalhando no IBGE”, comenta Vera. Ela cita os nomes de Dora de Amarante Romariz, Marília Galvão, Lysia Bernardes, Maria Francisca Cavalcanti, entre outras, que participaram ativamente das Expedições Geográ� cas. “Essa foi uma ação pioneira, pois era ainda um território desconhecido e elas participaram desse trabalho de reconhecimento do território nacional”, explica a supervisora.

É Manoel Antônio quem lembra ainda um outro momento importante de a� rmação da mulher. Na reformulação do IBGE, na gestão de Isaac Kerstenetzky, nos anos de 1973/1974, várias pesquisadoras ingressaram no instituto para atuar nas novas pesquisas que foram criadas na casa, como o Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF).

Situação atualÉ o próprio IBGE quem diz. De acordo com o Censo 2010, as mulheres são mais instruídas que os homens e ampliam, a cada dia que passa, o nível de ocupação na sociedade, ou seja, cresce a participação feminina no mercado de trabalho. E aqui, em nossa própria casa, como andam as coisas?

Atualmente, trabalham no IBGE 2.131 mulheres, o que corresponde a 33% do total de servidores da casa, sendo 909 na Sede e 1.222 nas unidades estaduais. As aposentadas somam 2.964, o que corresponde a cerca de 50% do total de inativos. Já em relação aos cargos de che� a, 597 mulheres possuem funções grati� cadas (FG) ou cargos de direção e assessoramento superior (DAS).

Se por um lado, portanto, os homens ainda são maioria, por outro, as mulheres já ocupam posições importantes e postos de direção no IBGE, ao mesmo tempo em que estão presentes em todas as áreas de conhecimento da instituição. Paula Dias Azevedo, coordenadora de Recursos Humanos (CRH), aponta que nas UEs ainda permanece uma hegemonia masculina, mas no Rio de Janeiro já ocorre um equilíbrio. “Aqui na sede, a distribuição é mais homogênea. Eu avalio que essa situação é por conta do trabalho de coleta nas UEs. Historicamente sempre teve mais homens”, explica Paula.

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Com a palavra, as ibgeanas:Em diferentes regiões do Brasil, ocupando distintas posições, executando variadas tarefas, as ibgeanas estão aí, com muita garra, determinação, experiência e também, é claro, o toque feminino.

Ouvimos cinco servidoras para saber suas ideias a respeito do trabalho, sobre o crescimento da participação feminina na vida do país, suas lutas, sonhos e aspirações. São os depoimentos que publicamos a seguir.

Silvânia Vila Nova é chefe da agência de Maceió/AL

O avanço das mulheres em todos os aspectos da vida é algo natural, crescente e permanente. Seja como uma exemplar dona de casa ou como uma executiva de alto nível, a mulher hoje ultrapassa as barreiras do preconceito impostas por uma sociedade que tem sua raiz no machismo e intolerância, porque entendeu que pode ir muito além do que é predeterminado pelas ditas regras sociais.

A capacidade de transpor obstáculos ao construir seu caminho rumo à realização dos seus sonhos fez a mulher se tornar a essência do sucesso onde quer que ela decida se envolver, seja no ambiente familiar, acadêmico ou pro� ssional. Sua natureza conciliadora, doce, forte e sensível trouxe mais humanidade para as relações que constituem a sociedade. E o grati� cante é que para se tornar uma grande pro� ssional, para conquistar posições importantes nas empresas e governos, não é necessário deixar de ser uma bela dama, uma doce mãe, uma grande amiga, uma dedicada dona de casa, uma boa companheira. O que vale é o mérito e a competência, não o gênero!

Célia Maria Felisberto, aposentada, trabalhou 53 anos no IBGE

Vivemos em um momento de visibilidade das mulheres no mundo, e no Brasil não está sendo diferente, pois temos uma presidente da República, as indicações de várias mulheres que ocupam os cargos ministeriais, a presidência da Petrobras, além da presidência da nossa instituição, que estendeu também alguns cargos de coordenações e gerências de pesquisa.

Por outro lado ainda temos uma parcela grande de mulheres, e principalmente de mulheres negras, que trabalham na informalidade e em pro� ssões de pouco reconhecimento, como é o caso das empregadas domésticas, mas que fazem parte da estrutura doméstica das famílias brasileiras.

“O que vale é o mérito e a competência, não o gênero!”

“Vivemos em um momento de visibilidade das mulheres.”

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20 • jan/fev/mar 2013

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Maria Ângela Gemaque Álvaro, servidora da Supervisão Estadual da PNAD Contínua na UE/PA

As mulheres vêm realizando várias conquistas dentro do mercado de trabalho, mas ainda persistem desigualdades que precisam ser superadas, a exemplo das diferenças de rendimentos. É preciso também atentar para a questão da desigualdade social, pois as mulheres pobres não têm acesso às mesmas conquistas. Sua participação no mercado é restrita e elas acabam sendo absorvidas em posições bastante precárias, a exemplo do serviço doméstico. O Brasil apresenta um grande contingente de trabalhadoras domésticas, mas bem menos da metade têm carteira de trabalho assinada.

Uma situação particularmente grave é a violência contra a mulher. Essa violência é praticada tanto no espaço público quanto no privado, sendo que na maioria das vezes o agressor é pessoa próxima. Isso precisa mudar!

Katiane Iglesias Rocha Araújo, analista, atualmente trabalha na PNAD Contínua e é representante do Núcleo Sindical de Mato Grosso do Sul

Esse avanço é resultado da ruptura de muitos paradigmas. Vencendo barreiras, a mulher conquistou liberdade para exercer, a seu modo, sua independência nos diferentes papéis que assume na sociedade – pro� ssional, � lha, amiga, esposa, mãe. Ser livre para escolher a pro� ssão, o estado civil, entre outros aspectos da vida, é fundamental para a valorização da mulher como cidadã com autonomia para a conquista da realização pessoal e pro� ssional.

Andressa Schafascheck é chefe da agência de Rio Negro/PR

Há 50 anos era inimaginável que uma mulher conseguiria ter tanto destaque como tem atualmente, e isso em diversas áreas: estudo; trabalho; direitos; liderança; e família. E sim, a mulher é digna de poder atuar igualmente na sociedade, em todas as áreas.

Apesar de todas as di� culdades não se deixa abater, nos maiores obstáculos consegue descobrir seu potencial e superar-se, mesmo tendo que cuidar da família, trabalhar, estudar, cuidar de si mesma, essa mulher, através dos anos, foi forte o su� ciente para conquistar espaço e continua lutando por igualdade com dignidade e respeito. Parabéns a nós mulheres por tudo o que conquistamos e pelo que ainda vamos conquistar.

“Profissional, filha, amiga, esposa, mãe.”

“É preciso também atentar para a questão da desigualdade social.”

“Apesar de todas as dificuldades não se deixa abater.”

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Maria Antonia Esteves da Silva, chefe da UE/MG: “Percorremos um longo caminho até aqui, mas há muito o que se fazer (...)”.

Adriane Almeida do Sacramento, chefe da UE/SE: “A sociedade já percebeu que a competência de um líder não está associada ao sexo masculino ou feminino”. No detalhe, com os gêmeos Matheus e Marcelo.

Hellie Mansur é substituta de Adriane, que está de licença-maternidade.

Ângela Ilcelina Holanda Nery, chefe da UE/RO: “Mesmo com a correria do cotidiano, muitas mulheres estão aumentando seus anos de estudo, se especializando, acompanhando as mudanças”.

Carlita Estevam de Souza, chefe da UE/MS: “Quero desejar a todas as colegas de trabalho muita saúde, amor e força interior (...)”.

Entre as 27 unidades da federação, elas ainda são apenas quatro. À frente das Unidades Estaduais de

Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia e Sergipe, essas quatro mulheres possuem origens, histórias e formações diversas, mas têm muitos pontos em comum.

“Filha, esposa, mãe, pro� ssional, somos ‘várias’ em uma só, somos multitarefa”. A de� nição de Adriane Almeida do Sacramento, chefe da Unidade Estadual de Sergipe (UE/SE), sintetiza um sentimento que explica muito do espírito que anima a vida das mulheres nos dias de hoje.

Na visão de Maria Antonia Esteves da Silva, chefe da UE/MG, as coisas ocorrem em uma verdadeira “tripla jornada de trabalho”, já que a mulher acumula funções no mundo pro� ssional, nos afazeres domésticos e na educação dos � lhos.

Encarando um dia a dia repleto de decisões, questões e serem enfrentadas nas mais variadas áreas, problemas de última hora e um sem número de tarefas, elas comandam as unidades estaduais com � rmeza, determinação e são respeitadas por sua trajetória e competência.

Para Ângela Ilcelina Holanda Nery, chefe da UE/RO,muitas vezes as mulheres conseguem encarar jornadas complicadas “no pessoal e pro� ssional com mais tranquilidade”. Ela analisa que, embora ainda sejam poucas as chefes de UEs, nos setores que dão suporte a presença e a importância das mulheres é muito signi� cativa. “Pode ter certeza que estão muitas mulheres dando força para o cumprimento de nossa missão”, a� rma Ângela.

Carlita Estevam de Souza, chefe da UE/MS, comenta as mudanças veri� cadas no IBGE e observa, também, os avanços alcançados. “Hoje as mulheres estão ocupando mais e mais cargos de che� a”, ela diz, embora reconheça que nas UEs ainda sejam um quantitativo muito pequeno. “A tendência é aumentar, pois estamos mostrando nossa força e competência sem deixar de lado a sensibilidade feminina”, conclui a chefe da UE/MS.

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22 • jan/fev/mar 2013

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O retrato do Brasil construído e constantemente atualizado pelo IBGE mostra diversos aspectos da realidade do país. Dentre eles, estão os relacionados

à agropecuária que vão ganhar um novo enfoque com a implementação do Sistema Nacional de Pesquisas Agropecuárias por Amostragem de Estabelecimentos Agropecuários (SNPA). A mudança tem por objetivo aprimorar o acompanhamento do setor, através da revisão das pesquisas atuais e da implantação de outras que serão realizadas diretamente com o produtor rural. O sistema vai permitir a produção contínua de informações sobre o conjunto dos estabelecimentos agropecuários e a investigação de novos temas, utilizando técnicas de amostragem probabilística.

A cada década o Censo Agropecuário traz informações coletadas diretamente com os produtores rurais. Porém, o atual sistema de pesquisas agropecuárias contínuas do IBGE faz diferente: coleta dados em empresas agroindustriais que adquirem produtos agropecuários, informações municipais de registros administrativos, especialmente, junto a informantes especializados.

“Hoje o IBGE conta com uma grande rede de informantes que fornecem a informação agropecuária. Entretanto, esse tipo de informação tem

limitações. Ela é sujeita a viés, pois o informante pode ter uma melhor visão dos pequenos produtores do que dos grandes

ou conhecer mais sobre certos produtos do que sobre outros”, explica Flavio Bolliger, coordenador de

Agropecuária da Diretoria de Pesquisas (DPE). 

Texto Marcelo Benedicto

A agropecuárianacional segundo os

produtores rurais

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23jan/fev/mar 2013 •

SNPA

Agropecuária

Ainda segundo Bolliger, o modelo atual de investigação permite o levantamento de informações sobre produção, mas não possibilita o atendimento às demandas de pesquisas sobre outras questões, como irrigação, agricultura familiar, agricultura empresarial, que só podem ser obtidas através de consulta direta ao produtor. “Hoje queremos obter um leque de informações muito mais amplo, o que o Censo Agropecuário consegue a cada dez anos, mas sem dar conta das variações anuais. Há um interesse muito grande por informações de eventos que variam e precisam ser investigados em intervalos menores”. Com a implantação do SNPA, o atual sistema de pesquisas contínuas será reestruturado.

O sistemaO SNPA vai comportar três pesquisas principais: Pesquisa Cadastro Estrutural (PCADE), Pesquisa Nacional da Atividade Agropecuária (PNAG) e Pesquisa Nacional da Produção Agropecuária (PNPA). Uma inovação é a criação de uma amostra-mestra que vai garantir mais coerência entre as pesquisas do sistema, tanto para as já programadas quanto para outras que venham a

ser incluídas. Segundo Bolliger, para a composição dessa amostra será selecionado um conjunto de setores censitários para representar a agropecuária nacional, que terá manutenção permanente:

“Vamos ter um sistema de rotação para atualizá-lo, no qual uma fração dos setores será revista a cada ano. Então, o IBGE vai se estruturar para ter acesso a esses setores de forma adequada e adquirir conhecimento sobre eles. Nos setores selecionados, será feita uma varredura para identi� car os produtores e adquirir conhecimento sobre as áreas, o que vai resultar em e� ciência”.

Parte da amostra será constituída a partir da seleção de setores censitários, nos quais serão enumerados e selecionados produtores. A outra parte terá como fonte uma listagem de produtores agropecuários gerada a partir do Censo Agropecuário 2006, com ênfase para os grandes produtores e os produtores especializados, que não podem faltar na amostra. Por serem pouco numerosos, seria mais custoso selecioná-los através do critério anterior. “Vamos aplicar uma técnica para evitar dupla contagem e tratar essas duas formas de seleção como complementares”, explica Bolliger.

Com o SNPA o país passa a ter uma radiografia dos estabelecimentos rurais.

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24 • jan/fev/mar 2013

SNPA

Para possibilitar a criação da amostra e sua manutenção será preciso elaborar uma infraestrutura de cadastros, tarefa em que a PCADE terá papel fundamental. A pequisa cuidará da caracterização e identi� cação dos produtores dentro dos setores selecionados ou daqueles selecionados para amostragem por lista. Nos setores da amostra, o processo será similar ao de uma pré-coleta, mas com uma coleta maior de informações, e sem se limitar a apenas fazer uma listagem. A PCADE ainda vai realizar coleta de dados por telefone, principalmente para as unidades selecionadas por listagem.

PNPA e PNAG: as pesquisas centrais do SNPA A PNPA será uma pesquisa trimestral que vai medir a produção agropecuária de forma continuada, sendo dirigida aos principais produtos de cada estabelecimento (no máximo três). Os produtores agrícolas, por exemplo, selecionados vão fornecer informações sobre o que plantaram no início do trimestre em curso e o que colheram no trimestre anterior. Sobre o movimento do rebanho serão coletadas informações sobre o efetivo animal no início do trimestre e sobre o movimento realizado no trimestre anterior. “Isso me dá a informação conjuntural e possibilita o acúmulo de dados ao longo do ano”, ressalta Bolliger. A proposta é aplicar um questionário curto que possibilite a inclusão de questões adicionais, como o uso de sementes transgênicas e de irrigação.

Já a PNAG será anual e composta por um questionário básico anual módulos de aplicação trienal que abordarão temas diversos. Dentre os objetivos da pesquisa, está o de conhecer o desempenho econômico e a situação � nanceira das unidades de produção agropecuária, as técnicas e padrões de produção e as condições de vida dos produtores. O questionário básico vai levantar dados de produção agropecuária e resultados econômicos, incluindo receitas, despesas e valores de investimentos.

Em relação aos módulos, o primeiro é dedicado à força de trabalho, como a mão de obra empregada e aspectos do rendimento da família agrícola, incluindo outras fontes de renda. O segundo módulo trata de � nanciamentos, comercialização,

operações contratuais para seu funcionamento, seja com fornecedores de insumo, compradores e especialmente a forma pela qual o processo produtivo é � nanciado, além de informações sobre o acesso e entorno do estabelecimento. E o terceiro módulo olha para dentro do estabelecimento e investiga a tecnologia utilizada, práticas agrícolas e questões ambientais, como contaminação de solos, uso de agrotóxico e práticas conservacionistas.

Passo a passoO primeiro passo do SNPA é a realização da PCAD. Após completada a implantação do sistema, os estabelecimentos selecionados para compor a amostra responderão quatro edições da PNPA, uma a cada trimestre, cujos dados consolidados vão dar consistência às informações econômicas a serem coletadas pela PNAG, que será realizada com os mesmos produtores no ano subsequente. Na PNAG, a cada ano, os produtores rurais responderão o questionário básico e um dos três módulos da pesquisa. Entretanto, na sua implantação será priorizada a PNAG, que comporta os principais avanços em oferta de novas informações.

O sistema irá possibilitar a realização de pesquisas especiais para investigar temas não contemplados ou que precisem ser aprofundados. Em 2012, foi feito um pré-teste do questionário básico e do módulo 1 da PNAG e outro da PCAD. Para 2013, estão previstos para setembro o piloto da PCAD e para novembro o da PNAG, utilizando coletor eletrônico. Mais informações sobre o SNPA podem ser encontradas na página do projeto: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/prpa/default.shtm.

De forma contínua, o produtor rural vai fornecer informações sobre a agropecuária.

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Cartografia brasileira avança com

Base Cartográfica em escala 1:250.000

Texto Mario Grabois

O IBGE deu um importante passo para o desenvolvimento da cartogra� a brasileira e do Sistema Cartográ� co Nacional ao disponibilizar, em

setembro do ano passado, a Base Cartográ� ca Contínua do Brasil na escala de 1:250.000, a BC250. A nova base passa a recobrir todo o território nacional numa escala de muito maior detalhe em relação à base que, até então, recobria todo o país, à Base Cartográ� ca Contínua do Brasil, ao milionésimo (1:1.000.000), a BCIM.

A nova escala será fundamental como ferramenta para os inúmeros níveis e dimensões das atividades de gestão e de planejamento estatal e privado em todo o Brasil, além de ser um instrumento de alta relevância para os órgãos e setores que trabalham com o meio ambiente. Resultado de um esforço iniciado em 2007, a produção da BC250 é um projeto pioneiro e inovador no IBGE em muitos aspectos.

(Da esq. p/ a dir.) Rafael Balbi Reis, supervisor da BC250, Alessandra Luiza Gouveia, supervisora da BCIM e Luiz Antônio Xavier, gerente de Bases Contínuas da CCAR.

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26 • jan/fev/mar 2013

Geociências

Para alcançar o território nacional em sua totalidade e em função dos recursos humanos necessários para esse tipo de trabalho, o instituto optou por executar a operação através da contratação de empresas especializadas na prestação de serviços de mapeamento e atualização cartográ� ca.

Desse modo, a Coordenação de Cartogra� a (CCAR), através da Gerência de Bases Contínuas (GBC), se concentrou nas tarefas de preparação das especi� cações técnicas dos editais para a contratação das empresas especializadas e nas atividades de � scalização, controle de qualidade e validação do trabalho produzido pelas empresas contratadas, e não mais no trabalho de campo. Patrícia do Amorim Vida Costa, coordenadora da Coordenação de Cartogra� a, explica que foram feitas várias contratações de 2008 em diante e que a administração do projeto � cou a cargo do Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI). “Foi um mundo novo para a gente fazer a � scalização do serviço”, diz Patrícia.

Novo paradigmaA construção da BC250 remonta à IV Conferência Nacional de Geogra� a e Cartogra� a (Confege), realizada no CDDI, em 2006. Naquele momento, a partir de uma apresentação do projeto, a ideia começou a se transformar em realidade, em consonância com as diretrizes de um projeto maior, que também dava os seus primeiros passos, o Sistema de Informações Geográ� cas do Brasil (SIGBrasil).

Luiz Antônio Xavier, gerente de Bases Contínuas da CCAR, relembra esse momento e as primeiras ações que foram feitas no ano seguinte, em 2007. “Iniciou-se um estudo para a contratação das empresas especializadas, e a seguir foram elaboradas as primeiras especi� cações técnicas. Nessa época também se começou a organizar, em nível nacional, a Estruturação de Dados Geoespaciais Vetoriais (EDGV), na qual o projeto é calcado”, esclarece o gerente. Além disso, a BC250 já nasceu preparada para integrar a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais (INDE).

O trabalho, que começou efetivamente em 2008, foi dividido em 11 blocos (ver mapa abaixo) tendo por base os biomas brasileiros. O objetivo, de acordo com Patrícia do Amorim Vida Costa, era procurar atender determinadas prioridades, entre elas as necessidades da Coordenação de Recursos Naturais (CREN), principal usuário da base dentro do IBGE. “A CREN precisava destas áreas mais rápido”, esclarece Patrícia. 

Integração do mapeamento − no alto, mapa do Brasil com a divisão em 11 blocos, abaixo, o mapa já completamente integrado.

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Saiba maisSe você quer saber mais sobre o projeto BC250 e outros projetos e ações da Coordenação de Cartogra� a acesse o site w3.dgc.ibge.gov.br/ccar2009/projetos.html

Ao longo dos anos seguintes o mapeamento dos 11 blocos foi sendo feito com a inclusão inicial de sete categorias das 13 que são padronizadas pela EDGV. Desse modo, os blocos contêm informações sobre hidrogra� a, transportes, estrutura econômica, comunicação, limites, localidades e abastecimento/saneamento.

De acordo com Rafael Balbi Reis, supervisor da BC250, houve um esforço de toda a equipe para dar conta da grande quantidade de informação que chegava do campo, a partir do trabalho das empresas contratadas, e que era preciso � scalizar. Alessandra Luiza Gouveia, supervisora da BCIM, e que também colabora com o projeto, avalia que os técnicos sentiram a diferença na maneira de trabalhar, na “mudança de metodologia e tecnologia”.

O gerente Luiz Antônio Xavier argumenta que houve de fato uma mudança de paradigma na forma com que o IBGE está desenvolvendo esse trabalho. Ele esclarece que no inicio existiam dúvidas porque os técnicos que atuavam no campo e também no escritório executando os serviços para a confecção dos mapas passaram a ser os � scais das empresas contratadas para a prestação dos serviços.

“Nós tivemos que � scalizar as empresas, fazendo a avaliação do produto tanto internamente, como, também, com a con� rmação dos elementos em campo. Foi preciso elaborar um

manual de procedimentos para � scalização”, conta Xavier, se referindo ao manual técnico que foi preparado especialmente pelo IBGE para � scalizar, controlar a qualidade e validar todo o trabalho feito pelas empresas contratadas.

Atualização permanenteO lançamento da base contínua, feito em setembro de 2012, mostra o mapeamento com a divisão dos 11 blocos. O trabalho de junção de todos eles, para tornar completamente contínuo o mapa, está em fase de execução e o lançamento da base digital integrada está previsto para o � nal de 2013.

No entanto, isso não signi� ca o término do trabalho, pois a partir daí a BC250 passa a fazer parte do Programa de Atualização Permanente (PAP) do IBGE. Segundo Rafael Balbi Reis todos os mapas precisam de atualização constante, seja em função de alterações no território ou simplesmente de informações cadastrais.

Ele cita, como exemplos dessas necessidades, as mudanças ocorridas na paisagem de diversas regiões após desastres naturais, como os que ocorreram na região serrana do Rio de Janeiro, ou mesmo diante de obras e intervenções urbanas. “A base é contínua no sentido do território e contínua também em razão das demandas de atualização”, explica Rafael.

Parte da equipe da Gerência de Bases Contínuas. Da esquerda para a direita Leandro Soares de Almeida (estagiário), Denise da Silva Torres Baptista, Rafael Balbi Reis, Alessandra Luiza Gouveia, Luiz Antônio Xavier, Patrícia do Amorim Vida Costa (coordenadora da CCAR), Maurício Krumbiegel, Vania Rasga Gonçalves e Fernanda de Oliveira Barbosa.

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28 • jan/fev/mar 2013

Geociências

Texto Agláia Tavares

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do Arroio ChuíPertinho

Depois de apresentarmos, na edição anterior da revista, a agência Cruzeiro do Sul, no Acre,

a mais próxima do Rio Moa, agora vamos falar um pouco da agência Rio Grande.

Localizada no Rio Grande do Sul, a agência tem sua sede no município que leva seu nome e que está perto do Arroio Chuí, o ponto mais ao sul do país.

Tendo iniciado suas atividades em 1936, a agência tem sob sua jurisdição quatro municípios: Chuí, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar e São José do Norte, totalizando 9.274,5 km². Esses dois últimos só foram incorporados em 1971 com a criação da Rede Nacional de Agências de Coleta.

A agência funciona hoje com quatro servidores, incluindo a chefe, Maria do Carmo Rodrigues Trugillo, na função desde 1993, além de dois contratados. Ela a� rma que uma das características mais marcantes no trabalho de coleta nos municípios que sua agência abrange é o contato frequente com o “portunhol”, idioma que mistura o português e o espanhol, devido à proximidade com o Uruguai.

Maria do Carmo também destaca que comércio e serviços são as principais atividades econômicas de Chuí, por conta do grande número de turistas que transitam na fronteira com Uruguai e aproveitam para conhecer seus pontos turísticos.

Ela ressalta que Chuí é o município com maior número de pessoas que se declararam adeptas do islamismo, segundo o Censo 2010. A cidade tem 40,3% da população formada por estrangeiros, a maioria árabes.

O Arroio Chuí é um pequeno curso d'água que nasce ao sul dos banhados do Taim e corre do norte ao sul do município de Santa Vitória do Palmar.

Ao atravessar o município do Chuí, o arroio muda sua direção para leste, passando a marcar a fronteira do Brasil com o Uruguai. E deságua no Oceano Atlântico junto à Praia da Barra do Chuí.

A localização exata do ponto ao extremo sul é uma pequena curva do arroio, aproximadamente 2,7 quilômetros antes de sua foz, a 33° 45' 03" de latitude sul e 53° 23' 48" de longitude oeste.

A Agência Rio Grande (RS) foi criada em 1936 e durante esses anos ocupou alguns endereços na cidade. Atualmente está localizada no Largo Silveira Martins, no Centro de Rio Grande.

(No alto da página) O Arroio Chuí é um pequeno curso d´água que encontra o Oceano Atlântico e marca a fronteira entre o Brasil e o Uruguai.

29jan/fev/mar 2013 •

Aqui tem IBGE

internacionalPresença

Uma era transnacional conectada por novas tecnologias de informação e comunicação; um processo permanente

de intercambio, � uxos de dados e conhecimento; diferentes necessidades que surgem a todo momento. É nesse cenário mundial, no qual o IBGE tem responsabilidades e desa� os, que a Assessoria de Relações Internacionais (RI) atua e realiza o seu trabalho.

A globalização impôs uma nova dinâmica na qual a produção e disseminação de informações deve ser sempre mais ágil, � dedigna e comparável. Desse modo, os institutos de estatística e de geociências passaram a repensar não apenas a relação entre si e com as associações e organismos representativos do próprio setor, mas também com uma ampla gama de instituições internacionais.

A participação nas várias comissões da Organização das Nações Unidas (ONU), em órgãos como a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Organização Mundial da Saúde (OMS); o contato com a União Europeia (UE); a importância da atuação nos blocos regionais como o Mercosul e nos blocos econômicos, como o Brics (associação que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e

Quem é quemNove servidores integram a Assessoria de Relações Internacionais do IBGE.

Roberto Neves Sant´Anna é o assessor e coordenador do trabalho. Wanda Rodrigues Coelho é sua substituta. Renata Moreira Dias Correa, Renato Cosme Alves de Moura e Daniel Spitalnik são responsáveis pelos assuntos internacionais, entre eles, acompanhamento dos convênios, acordos, afastamentos do país, recepção a convidados estrangeiros, eventos internacionais sediados pelo IBGE, entre outros. Bianca Walsh é responsável pelo acompanhamento da organização de eventos internacionais, faz traduções e revisões de textos e, eventualmente, atua como intérprete. Célia Nogueira e Fernando Garcia da Silva são responsáveis por atividades de suporte administrativo e operacional. Maria Dionélia dos Santos cuida da organização dos serviços de copa, para apoio de reuniões internas e visitas internacionais.

Relações Internacionais é apoio e suporte para o IBGE em um mundo cada vez mais globalizado

Texto Mario Grabois

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30 • jan/fev/mar 2013

Internacional

África do Sul), tornaram-se parte ativa do dia a dia de muitos técnicos ibgeanos.

O objetivo é contribuir para o processo de desenvolvimento de integração mundial de acordo com a importância que atualmente o IBGE possui em nível internacional, além de promover as ações adequadas que visam a padronização e harmonização dos dados e informações, gerados por diferentes países em regiões e realidades distintas do planeta.

A globalização se realiza, também, em um outro plano: na intensi� cação do intercâmbio de experiências e práticas que se traduzem em políticas de cooperação por intermédio da realização de acordos, convênios, apoios e parcerias entre as nações.

Dois momentosRoberto Neves Sant’Anna, assessor de Relações Internacionais da Presidência do IBGE, explica que a história da inserção internacional do instituto no quadro da globalização ocorre de uma forma muito peculiar, em que se podem assinalar dois momentos. O primeiro momento ocorre ao longo dos anos de 1980 e 1990, quando o Brasil foi muito mais um país receptor de tecnologia e de conhecimento, principalmente na área de quali� cação técnica de mão de obra. Isso ocorreu através de uma série de projetos de cooperação, entre os quais, por exemplo, os efetivados com o Canadá e com a União Europeia.

No entanto, a partir das décadas de 2000 e 2010, a situação se altera em função do amadurecimento pro� ssional, dos avanços técnicos, tecnológicos e metodológicos do IBGE. É o segundo momento, e que está em curso atualmente, resultado do grau de excelência alcançado pela instituição, principalmente em relação ao sucesso dos censos e na aplicação das novas tecnologias e sistemas, em especial no uso de ferramentas como o computador de mão (PDA). É um esforço reconhecido nos fóruns internacionais e que coloca o IBGE em um novo patamar entre os órgãos de estatística e geociências.

Sant'Anna detalha o que foi esse processo, esclarecendo que a excelência do IBGE “já vem de algum tempo”, mas que ganha impulso na década de 2000. “Ela a� ora, dá esse salto, em função da própria inserção; a forma como a gente se insere no cenário internacional, onde o IBGE

passou a participar mais de congressos e também a sediar encontros e reuniões ”, diz o assessor.

Logística e apoioO trabalho da Assessoria abrange muitos aspectos que envolvem, há vários anos, a organização dos eventos internacionais promovidos pelo IBGE no Brasil. No ano de 2012, por exemplo, o IBGE sediou o I Seminário Internacional de Metodologia e o Seminário Mercosul, ambos realizados no Centro de Documentação e Disseminação de Informações (CDDI). Outra forma de apoio é em relação aos eventos nos quais o IBGE tem relevante participação, como no caso da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável - Rio+20, também em 2012, que ocorreu no Rio de Janeiro.

Mas o trabalho do pessoal da RI vai mais além. É responsabilidade da equipe cuidar de todas as questões relativas às viagens internacionais dos técnicos da instituição, o que inclui tanto a resolução das logísticas burocrática, administrativa e protocolar, quanto da logística que envolve a participação em si, isto é, os assuntos voltados à organização de agendas, traduções, levantamentos, entre outros pontos. Wanda Rodrigues Coelho, assessora substituta, comenta que o trabalho é feito coletivamente, uma vez que são muitos aspectos e detalhes. Ela relaciona esse espírito de equipe com os novos papéis assumidos pelo instituto no mundo. “A participação do IBGE se projetou ao longo desse tempo, trouxe uma visibilidade muito grande e culminou com a importância do trabalho”, explica a assessora.

A equipe da Assessoria de Relações Internacionais do IBGE.

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Distintivo da FEB, “a cobra vai fumar", desenhado originalmente pelo major Aguinaldo José de Senna Campos, que, de 1964 a 1967, já como general, foi presidente do IBGE.

Distintivo da FEB, “a cobra vai fumar", desenhado originalmente pelo major Aguinaldo José de Senna Campos, que, de 1964 a 1967, já como general, foi presidente do IBGE.

Texto Marco Santos

II Guerraprovoca criação das agências municipais

Às 7h55min do dia 7 de dezembro de 1941, soava a sirene na base naval norte-americana de Pearl Harbour, no Havaí, assinalando o

ataque aéreo japonês que colocou os EUA na II Guerra Mundial. A partir daquele momento, o Brasil, que � ertava com a Alemanha hitlerista, tendo dois de seus generais – Góis Monteiro e Eurico Dutra – condecorados com comendas nazistas, entendia que não seria possível continuar aquele namoro, após a agressão de um país do Eixo ao continente americano.

De 15 a 28 de janeiro de 1942, por solicitação do presidente norte-americano Franklin Roosevelt, acontecia no Palácio Tiradentes, no Rio de Janeiro, a III Reunião dos Ministros das Relações Exteriores das Repúblicas Americanas. Ali, seria decidido que o Brasil deixaria a neutralidade face à II Guerra, rompendo relações com os países do Eixo.

Em consequência a isso, em 15 de fevereiro daquele ano, o cargueiro brasileiro “Buarque” foi o primeiro afundado por submarinos alemães em mares do exterior. Quatro meses depois, entre 15 e 19 de agosto, o con� ito

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32 • jan/fev/mar 2013

Nossa história

Documento do Convênio Nacional de Estatística Municipal assinado pelo então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek.Documento do Convênio Nacional de Estatística Municipal assinado pelo então

chegava aos mares brasileiros, onde o submarino nazista U-507 pôs a pique seis navios da Marinha Mercante nacional. O Brasil entrou na guerra.

Desde o rompimento diplomático, o Estado-Maior do Exército entendeu que o mais rapidamente possível o Brasil precisava conhecer melhor o seu território para defendê-lo. Pelo desejo das Forças Armadas, seriam criadas as Seções de Estatística Militar pelo Brasil ligadas ao Estado-Maior, ignorando que o IBGE já tivesse algumas agências. Entretanto, Teixeira de Freitas e Macedo Soares – que tinha amplo acesso aos generais – agiram politicamente, convencendo os militares a associar as seções ao IBGE, criando uma rede nacional de agências municipais de estatística, inclusive previstas desde a criação do Instituto por lei em 1934.

Para o notável estatístico fundador da Casa, a elaboração das estatísticas necessárias à defesa nacional poderiam e deveriam ser feitas dentro do próprio IBGE. Deixá-las fora do Instituto seria um desperdício por duplicar as despesas e por deixar de lado uma estrutura e� ciente que dera sobejas mostras de competência. Em artigo publicado na RBE, ele defendia o conceito de “conhecer para prever” e “prever para prover”. Era a raiz do sistema que criara, apontando uma das principais funções do IBGE no seu posicionamento diante do Estado.

Seus argumentos eram tão sólidos e evidentes que, em 16 de março de 1942, Vargas assinou o Decreto-Lei nº 4.181, criando as Seções de Estatística Militar nas capitais dos estados com o intuito de “sistematizar e regularizar em todo o país, com a devida e� ciência, os inventários, registros e levantamentos estatísticos exigidos pela Segurança Nacional”, e, detalhe: � liadas ao IBGE, “com suas atividades supervisionadas e controladas pelos representantes dos Ministérios Militares na Junta Executiva Regional do Conselho Nacional de Estatística, devendo sua direção � car a cargo de um estatístico de comprovada idoneidade moral e técnica”.

No Artigo 6º do Decreto, dizia que os municípios deveriam delegar ao Instituto a “função administrativa concernente ao

levantamento da estatística geral da competência das municipalidades, por meio dos Convênios Nacionais de Estatística Municipal.” Seria o � m daquela estrutura � ácida que se seguiu à criação do IBGE, em que algumas prefeituras se dispunham a manter agências municipais de estatística. Não dera muito certo, visto que os recursos eram para lá de escassos, os escritórios eram improvisados, com funcionários indicados politicamente pelos prefeitos, recebendo pouco e tendo outras tarefas para executar.

Para custear as agências, foi criada uma taxa na forma de um selo especial, fornecido pelo IBGE, que seria cobrado sobre entradas e tíquetes de casas de diversão (cinemas, teatros, circos, parques etc.). Se a arrecadação fosse insu� ciente, caberia ao Governo Federal complementar a receita.

Os Convênios foram assinados em 1942, rati� cados um ano depois, mas, ainda por conta de trâmites burocráticos, somente em 1945, com a instalação das Inspetorias Regionais de Estatística Municipal nas capitais, efetivamente começaram a funcionar. Finalmente, completava-se a estrutura do sistema estatístico. A Memória Institucional guarda em seus arquivos todos os documentos autografados pelos prefeitos da época, incluindo o de Belo Horizonte, um certo Juscelino Kubitschek...

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Na imagem do setor de perfuração de cartões da apuração do Censo 1940, o primeiro realizado pelo IBGE, mais do que o retrato de uma época, o testemunho de uma presença.

PresençaPresençaFeminina

Texto Mario Grabois | Foto Acervo da Memória Institucional do IBGE

34 • jan/fev/mar 2013

Fotolegenda

A educação no Brasil em 2010

Para saber mais, acesse: www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/educacao_e_deslocamento/default.shtm

Fonte: Censo demográ�co 2010. In: IBGE. Sidra: sistema IBGE de recuperação automática. Rio de Janeiro, [2012]. tab. 3540, 3605. Disponível em: <http://www.sidra.ibge.gov.br/bda/>. Acesso em: mar. 2013.

Arte Marcos Balster

A publicação Censo Demográ�co 2010: educação e deslocamento apresenta dados que permitem traçar um quadro sobre a situação educacional no Brasil em 2010, além de fornecer informações sobre o deslocamento das pessoas de suas residências para seus respectivos locais de estudo ou de trabalho.

habitantes do Brasil com 10 anos ou mais de idade em 2010:Dentre os 161.981.299

121.311.825 NÃO frequentavam escola 74,89%

40.669.474 25,11%

36.738.111 22,68%

3.897.684 2,41%

33.678 0,02%

Frequentavam escola

no município de residência

em outro município

em país estrangeiro

50,2%81.386.577 indivíduosSem instrução e

fundamental incompleto

17,4%28.178.794 indivíduos

Fundamental completo e médio incompleto

23,5%37.980.515 indivíduosMédio completo e

superior incompleto

8,3%13.463.757 indivíduosSuperior completo

Nível de instrução dos 161.981.299 habitantes do Brasil com 10 anos ou mais de idade em 2010:

Não determinado

indígenas 0,5%

pardos 48,7%

amarelos 1,0%pretos 9,0%

brancos 40,7%

mulheres 49,2%homens 50,8%

indígenas 0,1%

pardos 20,8%

amarelos 2,0%pretos 3,8%

brancos 73,3%

homens 41,8%mulheres 58,2%

indígenas 0,3%

pardos 43,1%

amarelos 1,1%pretos 7,9%

brancos 47,6%

homens 48,8%mulheres 51,2%

indígenas 0,2%

pardos 37,3%

amarelos 1,2%pretos 7,2%

brancos 54,0%

homens 46,3%mulheres 53,7%

jan/fev/mar 2013 •

Infográ� co

ENCE 60 anosUMA TRAJETÓRIA DEDICADA À EDUCAÇÃO

PARABÉNS A TODOS QUE CONSTRUÍRAM ESSA HISTÓRIA!