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http://6cieta.org São Paulo, 8 a 12 de setembro de 2014. ISBN: 978-85-7506-232-6 AS GEOTECNOLOGIAS E A ANÁLISE GEOGRÁFICA DO USO DA TERRA Gustavo Teramatsu Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP [email protected] INTRODUÇÃO Paulatinamente, desde os inícios da ação do homem sobre a superfície terrestre, no decorrer de cada período, num processo contínuo de apropriação do espaço, as relações da humanidade com seu meio, mediadas pelo trabalho e pelas técnicas, tornaram-se mais complexas, mais intensas e mais contraditórias. No período atual, a necessidade da compreensão destas relações é cada vez mais urgente. O mapeamento do uso da terra responde a uma preocupação eminentemente geográfica: a representação da paisagem – isto é, das manifestações concretas decorrentes da ocupação humana no espaço geográfico. Portanto, contribui para o entendimento da localização, da distribuição, da organização e da relação entre os variados modos de ocupação da superfície terrestre em um dado momento. É então que mapear do uso da terra se apresenta ainda como recurso metodológico de relevância, uma vez que permite compreender as relações entre os elementos que constituem o espaço geográfico. Referindo-se ao mapeamento, Keller (1969, p. 151) afirma que “não há meio mais eficiente de mostrar a localização atual e a distribuição dos vários tipos da utilização da terra”. Luchiari (2005, p. 8191) assinala que “os levantamentos do uso e do revestimento da terra constituem informações básicas para o entendimento das manifestações humanas, caracterizadas, principalmente, pelas paisagens”. Para Anderson e outros (1979, p. 13), os “dados sobre o uso da terra são necessários na análise de processos e problemas ambientais que precisam ser compreendidos, se há que melhorar ou manter nos níveis as condições e os padrões de vida”. Assevera-se, ainda, que o levantamento do uso e da cobertura da terra “é de grande utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocupação do espaço, 1628

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AS GEOTECNOLOGIAS E A ANÁLISE GEOGRÁFICADO USO DA TERRA

Gustavo Teramatsu

Universidade Estadual de Campinas -UNICAMP

[email protected]

INTRODUÇÃO

Paulatinamente, desde os inícios da ação do homem sobre a superfície terrestre,

no decorrer de cada período, num processo contínuo de apropriação do espaço, as relações

da humanidade com seu meio, mediadas pelo trabalho e pelas técnicas, tornaram-se mais

complexas, mais intensas e mais contraditórias. No período atual, a necessidade da

compreensão destas relações é cada vez mais urgente.

O mapeamento do uso da terra responde a uma preocupação eminentemente

geográfica: a representação da paisagem – isto é, das manifestações concretas decorrentes

da ocupação humana no espaço geográfico. Portanto, contribui para o entendimento da

localização, da distribuição, da organização e da relação entre os variados modos de

ocupação da superfície terrestre em um dado momento.

É então que mapear do uso da terra se apresenta ainda como recurso

metodológico de relevância, uma vez que permite compreender as relações entre os

elementos que constituem o espaço geográfico. Referindo-se ao mapeamento, Keller (1969,

p. 151) afirma que “não há meio mais eficiente de mostrar a localização atual e a distribuição

dos vários tipos da utilização da terra”. Luchiari (2005, p. 8191) assinala que “os

levantamentos do uso e do revestimento da terra constituem informações básicas para o

entendimento das manifestações humanas, caracterizadas, principalmente, pelas

paisagens”. Para Anderson e outros (1979, p. 13), os “dados sobre o uso da terra são

necessários na análise de processos e problemas ambientais que precisam ser

compreendidos, se há que melhorar ou manter nos níveis as condições e os padrões de

vida”. Assevera-se, ainda, que o levantamento do uso e da cobertura da terra “é de grande

utilidade para o conhecimento atualizado das formas de uso e de ocupação do espaço,

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constituindo importante ferramenta de planejamento e de orientação à tomada de decisão”

(IBGE, 2006).

Ao longo de praticamente um século de realização de levantamentos

sistematizados do uso e da cobertura da terra em diversos países, a metodologia desses

mapeamentos foi alterada com o surgimento e a utilização crescente de novas técnicas,

entre as quais destacamos o sensoriamento remoto – as fotografias aéreas e,

posteriormente, as imagens de satélite de cada vez maiores resoluções espaciais –, o

sistema de posicionamento global (GPS) e os sistemas de informação geográfica (SIG). Tais

técnicas, necessárias para a aquisição, o tratamento e a produção da informação

georreferenciada, aqui são reunidas sob a denominação comum de geotecnologias (MATIAS,

2001).

UMA DEFINIÇÃO NECESSÁRIA: O QUE É USO DA TERRA

Antes de prosseguir, é preciso delimitar o conceito: uso da terra ou uso do solo?

Na prática, ambos são tomados por sinônimos e vêm sendo utilizados indistintamente nos

estudos geográficos em diversos países, sem que isso signifique qualquer diferença do

ponto de vista metodológico. No Brasil, por força de lei, mapas de uso e ocupação do solo –

assim denominados – abundam em planos diretores e o termo já foi incorporado ao

vocabulário do planejamento urbano e regional. Fato é que o exercício deste tipo de

mapeamento é por excelência uma atividade realizada por geógrafos e fornece subsídios

para finalidades variadas e em distintas escalas. Pode-se citar, como exemplos, o cálculo de

perda de áreas de vegetação natural, a avaliação do crescimento e da dispersão de manchas

urbanizadas, a gestão de bacias hidrográficas ou o estudo do avanço de áreas agrícolas em

frentes pioneiras.

De qualquer forma, falar em uso da terra (land use) permite refletir sobre seu

próprio significado. Antes de tudo, considera-se que a noção de terra é mais abrangente,

pois compreende

o meio físico, incluindo o clima, relevo, solos, hidrologia e vegetação na medida

em que estes possuem influência potencial no uso da terra. Isto inclui os

resultados da atividade humana do passado e do presente (tradução livre de

FAO, 1976).

Esta definição apresenta elementos fundamentais a serem considerados na

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análise do uso da terra: as condições naturais e as atividades humanas, em uma relação que

deve ser entendida sempre como característica de um determinado período. Fatalmente,

uma análise que inclui a variável temporal permite apreender o caráter dinâmico do uso da

terra – e da própria paisagem, que se transforma constantemente.

Isto posto, compreende-se que formas que definem a paisagem “decorrem dos

dados do meio ambiente natural ou são consequências da intervenção humana que

imprime seu selo no espaço” (DOLLFUS, 1973, p. 13). Outra definição que se alinha a essa

ideia afirma que a paisagem, portanto, é a “combinação de objetos naturais e de objetos

fabricados, isto é, objetos sociais, e (...) o resultado da acumulação da atividade de muitas

gerações” (SANTOS, 2009 [1982], p. 53). A multiplicidade de atividades humanas que cada

compartimento do espaço testemunha em cada período da história define usos da terra

distintos que podem ser, portanto, mapeados.

Carl Sauer (1889-1975), primeiro geógrafo interessado pelo mapeamento do uso

da terra (JANKOWSKI, 1975; LUCHIARI, 2005), em seus trabalhos de campo realizados no

estado de Michigan, nos Estados Unidos, “constatou que a importância da ação humana na

produção e transformação da paisagem era muito mais significativa do que a influência do

meio ambiente sobre o uso da terra” (MATHEWSON e SEEMANN, 2008, p. 75). Portanto, o

mapeamento do uso da terra é, por excelência, desde sua gênese, uma maneira de

representar a “atividade humana ou função econômica a que se destina determina área da

superfície terrestre” (MEIRELLES et al., 2007, p. 117) ou simplesmente “qualquer utilização ou

exploração da terra pelo homem” (OLIVEIRA, 1993, p. 454).

AS EXPERIÊNCIAS PIONEIRAS DA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX

A proposta seminal de Carl Sauer (1919) apontava a necessidade de ultrapassar

a mera representação da topografia e da distribuição dos elementos naturais, como os solos

e a vegetação. Ao mesmo tempo, este autor julgava que algumas deficiências gráficas, como

simbologias complicadas, tornavam confusos os mapas temáticos de então. Assim, postulou

que os mapeamentos das atividades econômicas fossem empreendidos de modo a

representar os diversos usos em toda a extensão da área mapeada – e não apenas ponto

por ponto, como era feito até então – e, se possível, avaliar o grau de eficiência de cada

utilização.

Para tanto, propôs cinco classes de uso da terra abrangentes o suficiente para

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contemplar terras produtivas (áreas florestadas, pastagens e campos e terras cultivadas),

terras improdutivas (pântanos, solos pobres etc.) e áreas urbanas. Cabe destacar que as

categorias ou classes de uso da terra que compõem a legenda dos mapas são o elemento

mais importante do mapeamento e estão presentes em todas as propostas subsequentes.

Tais classificações, que não se diferem muito daquelas propostas por Sauer, são geralmente

subdivisões de usos relacionados a terras cobertas por áreas florestadas (de porte

arbustivo, arbóreo etc.), por cultivos agropecuários (pastagens, cultivos perenes ou

temporários etc.), por áreas urbanas (residenciais, industriais etc.) ou por corpos hídricos

(rios, lagos, represas etc.), cada qual representada por uma cor característica.

Neste mapeamento pioneiro, a diversidade de usos é representada em uma

malha de quadrículas de tamanhos equivalentes (figura 1), sendo que cada uma representa

o uso em uma pequena área. Esta menor unidade de representação, é interessante notar,

remete à noção mais atual de pixel, isto é, o menor elemento gráfico de uma imagem digital.

O agrupamento destas quadrículas denota uma área de uso da terra homogêneo, o que

permite quantificar qual o uso mais representativo em relação à totalidade da área

mapeada.

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Figura 1. Detalhe do mapeamento do uso da terra proposto por Carl Sauer (Bridgeport Township,condado de Saginaw, Michigan, EUA. Escala original: 1:82.000)

Fonte: reprodução de Sauer (1919)

O principal recurso metodológico deste primeiro esforço de mapeamento é o

trabalho de campo. O mesmo se verifica em um grande esforço de mapeamento do uso da

terra realizado na Grã-Bretanha nos anos 1930 e 1940 e coordenado pelo geógrafo

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Laurence Dudley Stamp (1898-1966), o Land Utilization Survey of Britain (KELLER, 1969;

LUCHIARI, 2005). O levantamento foi conduzido por milhares de estudantes voluntários

supervisionados por seus professores, essencialmente por meio da observação direta em

campo, com a delimitação das áreas de usos diretamente em mapas-base. Trata-se de um

bom exemplo de Geografia aplicada, uma vez que forneceu subsídios para uma

regionalização da agricultura na Grã-Bretanha. Da mesma forma, o mapeamento adquiriu

importância durante a Segunda Guerra Mundial, ao permitir avaliar a extensão da produção

de alimentos durante o bloqueio alemão (HOLT-JENSEN, 2009).

Estas primeiras experiências na América do Norte e na Europa não eram,

contudo, algo inédito. Já em 1800, havia sido publicado pelo agrimensor Thomas Milne um

mapa do uso da terra em Londres e arredores cuja legenda consistia em cores distintas e

símbolos alfabéticos para a representação das classes de uso. A mesma metodologia foi

utilizada mais de cem anos mais tarde no Land Utilization Survey britânico (BULL, 1956).

Durante suas pesquisas, de fato, Stamp tomou conhecimento de um manuscrito da década

de 1840 que versava sobre o uso da terra, desaconselhando tirar conclusões apenas com

base em dados estatísticos, sem considerar os fatores de localização geográfica (STAMP,

1934), novamente reforçando o papel central do mapeamento em estudos deste tipo.

Com a seleção destes exemplos históricos, pretendemos demonstrar de que

maneira tais mapeamentos eram empreendidos nas primeiras décadas do século XX: por

meio de longas e dispendiosas expedições – o projeto de Laurence D. Stamp se prolongou

ao longo de uma década –, em que era necessário o esforço de muitos pesquisadores para

executar os levantamentos em campo.

O PAPEL DA UGI NA DIFUSÃO DOS ESTUDOS SOBRE USO DA TERRA

Já em fins da década de 1940, o Congresso Internacional de Geografia,

promovido pela União Geográfica Internacional (UGI) em Lisboa, em abril de 1949, marcou o

início dos debates sobre o desenvolvimento e a difusão de pesquisas relacionadas ao uso da

terra em diversos países (KELLER, 1969; JANKOWSKI, 1975; LUCHIARI, 2005), evidência de

que o mapeamento do uso da terra já era então reconhecido e incentivado como atividade

da Geografia. A Commision on World Land Use Survey, comissão temática então criada,

tinha por objetivo realizar o inventário de mapeamentos ao milionésimo da distribuição dos

diversos usos em todo o mundo, orientado por uma classificação preliminar e realizada

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essencialmente por meio de trabalhos de campo, mas também a partir da

fotointerpretação. O petit comité era formado por geógrafos de várias nacionalidades, como

o norte-americano Samuel van Valkenburg (1890-1976), o suíço Hans Heinrich Boesch

(1911-1978), o belga Pierre Gourou (1900-1999), o próprio Laurence Stamp e o alemão Leo

Waibel (1888-1951) (VALKENBURG, 1950).

Na década seguinte, em que várias reuniões da Comissão foram realizadas, a

proposta do mapeamento do uso da terra em todo o mundo, contudo, revelar-se-ia

impraticável, já que a representação da diversidade dos fenômenos na escala proposta era

limitada (JANKOWSKI, 1975). A partir daí, cada país passou a produzir mapeamentos em

escalas diversas, mas seguindo a classificação proposta pela UGI, o que fez crescer a

quantidade de levantamentos realizados e, consequentemente, o acúmulo de conhecimento

sobre o assunto.

Os estudos sobre a utilização da terra no Brasil começam a ser executados de

forma sistemática no contexto mais geral dos esforços levados a cabo pela UGI de mapear o

uso da terra em todo o mundo. Já do ponto de vista histórico, político e econômico brasileiro

de então, pode ser destacado o projeto de integração nacional e da expansão das frentes

pioneiras de povoamento no território. A colonização de um grande contingente de terras

até então inexploradas promovia uma mudança do uso da terra em grande escala. A

intenção de se apropriar do vasto território exigia a ampliação do conhecimento de suas

características fundamentais. Os estudos exploratórios daquele momento – caso do

RADAMBRASIL –, portanto, procuraram inventariar em detalhe elementos geológicos,

geomorfológicos, pedológicos e de vegetação. Assim, entre outros, os levantamentos do uso

da terra – além de uma primeira classificação de classificação da capacidade de utilização

potencial da terra –, estavam inseridos num projeto de Estado ao qual a Geografia, realizada

principalmente nos órgãos federais, por muito tempo serviu.

Em 1968, o setor de Geografia Agrária do Departamento de Geografia do

Instituto Brasileiro de Geografia (IBG), em consonância com as diretrizes da UGI, apresentou

um projeto de mapeamento do uso da terra para o Brasil na escala 1:250.000 –

considerando que escala menores são demasiado generalizadoras (KELLER, 1969).

Quanto à sua metodologia, tal projeto já punha a fotointerpretação como a

primeira etapa dos trabalhos. Os levantamentos em campo consistiam em uma etapa

posterior que serviria para identificar detalhes que escapassem à interpretação visual, além

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de avaliar a qualidade do mapeamento prévio realizado e fornecer outras informações

relevantes. Keller (1969) resume esta nova metodologia apontando que o mapeamento seria

“feito através de operações combinadas de gabinete e de campo, mediante técnicas de

fotointerpretação, apoiadas em observações acuradas no terreno”.

O ano de 1968 também foi marcado pelo início das atividades relacionadas ao

sensoriamento remoto no Brasil (COELHO, 1972), quando houve o treinamento do primeiro

grupo multidisciplinar de pesquisadores em cooperação com a NASA para o uso da nova

técnica. Como se percebe, o início dos estudos sistematizados sobre o uso da terra no Brasil

e o início uso de produtos de sensores remotos são contemporâneos.

A EMERGÊNCIA DAS GEOTECNOLOGIAS

Os estudos sobre o uso da terra sofreram transformações engendradas, de

modo mais geral, no contexto do chamado período técnico-científico-informacional

(SANTOS, 2009 [1996]) – uma das diversas denominações para um período marcado, entre

outras diversas variáveis, pela consolidação da exploração espacial e pelo desenvolvimento

da informática.

Neste atual período chamado técnico-científico e informacional (SANTOS, 1996),

nascem os computadores e, mais tarde, os satélites artificiais. O avanço técnico

dos primeiros (velocidade de processamento, capacidade de memória e

armazenamento de dados, miniaturização de componentes, desenvolvimento de

aplicativos etc.) e o desenvolvimento dos satélites de observação da Terra (para

o uso civil) a partir dos anos 1970, combinam-se para permitir a produção de um

conhecimento digital de qualquer compartimento do espaço geográfico ou

natural (CASTILLO, 2002, p. 40).

O desenvolvimento de sensores remotos e da ciência da computação ocorre pari

passu. Na década de 1970, os primeiros sensores multiespectrais orbitais foram lançados ao

espaço a bordo do Earth Resource Technology Satellite (ERTS), que daria origem à série

Landsat, ainda na ativa. Na mesma época,

foram desenvolvidos computadores digitais com capacidade para armazenar,

processar, classificar e realizar cálculos sobre grandes volumes de dados em alta

velocidade. Tais computadores foram rapidamente incorporados à tecnologia de

Sensoriamento Remoto, já que a operação dos sensores a bordo de satélites e

aeronaves é por eles programada. A utilização das técnicas computacionais não

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se limitou à operação de sensores. Estendeu-se, também, à análise dos dados.

Assim é que foram desenvolvidos sistemas computacionais orientados para o

processamento de imagens obtidas no formato digital, uma vez que o dado

original já era disponibilizado naquele formato (NOVO, 2008, p. 254)

A análise do uso da terra está presente também nas origens dos sistemas de

informação geográfica (MATIAS, 2001; BOLFE et al., 2008; 2011). O Canadian Geographic

Information System (CGIS), projeto pioneiro do governo canadense desenvolvido em fins da

década de 1960 no âmbito do programa Canada Land Inventory, tinha como objetivo

justamente o processamento automatizado do mapeamento do uso da terra naquele país.

Ao mesmo tempo, a crescente utilização das novas imagens de satélite conduziu

tentativas de revisões teórico-metodológicas nos estudos sobre o uso da terra, de modo a

incorporar as técnicas que então despontavam (ANDERSON et al., 1979). Tais propostas

significam um avanço, ao buscar organizar classificações em níveis hierarquizados, cada um

deles mais ou menos apropriado para o nível de detalhamento necessário a cada escala de

trabalho possível, o que permite a realização de mapeamentos mais generalizantes e

mapeamentos de pequenas áreas de forma concomitante.

Da mesma forma, a conjugação de imagens de satélite e do geoprocessamento

permite análises multitemporais do uso da terra. Atualmente, um usuário pode dispor, de

forma sistematizada e gratuita, de informações geográficas disponíveis que constituem um

robusto inventário de imagens de satélite e de dados espaciais para ao menos os últimos

quarenta anos. Com relativamente pouco custo, é possível avaliar a dinâmica espacial em

uma determinada região realizando o mapeamento do uso da terra de distintos períodos.

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Figura 2. Detalhe de imagem de satélite da mesma área da figura 1, obtida cerca de cem anos após omapeamento de Sauer, na plataforma online Google Maps

Google Maps. Acesso: 31 de julho de 2014

O surgimento de uma etapa interpretativa no processo de mapeamento, e o fato

de esta fase passar a preceder a etapa de campo, embora pareça de início uma opção

metodológica pouco relevante, torna-se uma tendência cada vez mais crescente a partir da

década de 1970. Isto contribuiu para a definitiva consolidação dos estudos geográficos

sobre o uso da terra, em que o advento das geotecnologias, e especialmente dos produtos

do sensoriamento remoto, tiveram papel crucial. A existência de disciplinas específicas de

fotointerpretação, fotogrametria e sensoriamento remoto nos currículos dos cursos de

Geografia é tributária também desta época.

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A etapa interpretativa a que nos referimos é o processo em que “informações

são obtidas por técnicas de observação, desenvolvimento lógicos e acurados, chegando a

conclusões” (CRUZ, 1981, p. 8). Podem ser utilizadas ou não técnicas de processamento

automatizado de imagens digitais, ou ainda a restituição de pares de fotografias aéreas

analógicas com o auxílio de estereoscópios. Atualmente, esta etapa do trabalho é realizada

no gabinete, com a utilização do computador e de softwares específicos para o tratamento e

processamento de imagens digitais de satélite e fotografias aéreas digitalizadas por meio de

dedução e indução de atributos como tonalidade e cor, textura, sombra, forma, arranjos

espaciais e localização (IBGE, 2006; NOVO, 2008).

O crescimento do uso de produtos de sensores remotos e dos sistemas de

informação geográfica pode ser explicado pela necessidade “de obter informações

melhores, mais extensivas, em prazos mais curtos, com repetibilidade, grande economia e

que permitem tomadas de decisões urgentes face a determinados tipos de problemas”

(COELHO, 1972, p. 3). São estas, de fato, as maiores contribuições das geotecnologias aos

estudos sobre o uso da terra.

Como se nota, nas últimas décadas, a difusão e o desenvolvimento dos estudos

sobre o uso da terra estiveram bastante relacionados à evolução das características técnicas

dos sensores remotos orbitais e de seus produtos, bem como aos ganhos em termos de

capacidade de processamento e armazenamento de dados dos computadores. Portanto,

não é equivocado afirmar que as geotecnologias ampliaram sobremaneira a realização dos

estudos sobre o uso da terra.

A ampliação da resolução espectral e a diminuição da resolução espacial – que,

em alguns casos mais recentes, chega a ser submétrica – permitiram realizar estudos sobre

o uso da terra nas escalas de semidetalhe e detalhe com a utilização de imagens de satélite,

aumentando a importância relativa da etapa interpretativa no mapeamento. Alguns estudos

chegam mesmo a suprimir os trabalhos de campo. Deve-se assinalar que esta opção é

temerária, ao arriscar conduzir mapeamentos que não sejam fidedignos. A verificação em

campo e a pesquisa bibliográfica são necessárias para sanar efetivamente quaisquer

dúvidas de interpretação que possam ocorrer, além de cumprir o papel de validação da

etapa interpretativa.

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OS LEVANTAMENTOS DO USO DA TERRA E AS GEOTECNOLOGIAS: ATÉ QUE PONTO QUANTITATIVOS?

É certo que as análises dos padrões de distribuição espacial de uso da terra

realizadas, na Geografia, por meio de modelos lógicos, estatísticos e matemáticos estiveram

vinculadas às concepções quantitativas (HARVEY, 1976). Ainda na atualidade, as análises do

uso da terra que utilizam o sensoriamento remoto e as geotecnologias costumam ser

relacionadas ao paradigma quantitativo que marcou a ciência geográfica em meados do

século XX – considerado superado ou até reacionário por correntes críticas da Geografia. A

ênfase no uso de variáveis mensuráveis para caracterizar o espaço geográfico foi

posteriormente criticada, já que “as técnicas da Geografia Quantitativa não conseguem

explicar os processos socioeconômicos subjacentes a estas distribuições, nem capturar o

componente das ações e intenções dos agentes sociais” (CÂMARA et. al, 2003, p. 88).

Contribuiu para isso o fato de que os trabalhos de levantamento de uso e

revestimento da terra estiveram durante algum tempo mais concentrados em avaliar os

próprios produtos produzidos pelos sistemas orbitais e os novos procedimentos de análise.

Esses trabalhos de levantamento enfocaram esses aspectos das novas

tecnologias como um fim em si mesmos, e não como uma etapa do

mapeamento em que os resultados visam orientar, ou direcionar, a fase

seguinte, que consiste no levantamento de dados de campo (Luchiari, 2005, p.

8213).

O próprio Sauer (2000 [1956], p. 149), décadas após suas primeiras contribuições

ao tema, já no fim de sua carreira, sobre o grande crescimento da quantidade de estudos

sobre o uso da terra, havia adotado uma postura crítica e afirmado que

não devemos esforçar-nos para que se faça uma geografia quantitativa. A

quantificação é a tendência dominante em nossas ciências sociais, que estão

imitando as ciências mais exatas e experimentais (...) Penso que podemos deixar

a maioria das enumerações para os que realizam os censos e para outros cuja

tarefa é a de estabelecer séries numéricas.

Santos (2011 [2000], p. 22) reflete sobre os produtos do sensoriamento remoto e

afirma que

Por meio dos satélites, passamos a conhecer todos os lugares (...). a Terra é vista

em detalhe; pelo fato de que os satélites repetem suas órbitas, podemos captar

momentos sucessivos, isto é, não mais apenas retratos momentâneos e

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fotografias isoladas do planeta. Isso não quer dizer que tenhamos, assim, os

processos históricos que movem o mundo, mas ficamos mais perto de

identificar momentos dessa evolução. Os objetos retratados nos dão geometrias,

não propriamente geografias, porque nos chegam como objetos em si, sem

sociedade vivendo dentro deles.

Ao considerar que os produtos do sensoriamento remoto expressam mais as

geometrias do que geografias, pois revelam apenas a paisagem, momento congelado da

dimensão material do espaço geográfico, o autor chama a atenção para uma possível

confusão entre paisagem e espaço geográfico – duas categorias fundamentais para a análise

geográfica –, o que pode reduzir a geografia a um mero estudo das formas (CASTILLO, 2002).

Não concordamos, contudo, que o sensoriamento remoto contribua para um

entendimento ainda mais limitado do espaço – já que, sob tal perspectiva, “somente é capaz

de apreender parcialmente ou estatisticamente a paisagem (parte, ainda que sistemática, da

parte)” (CASTILLO, 2002, p. 42). De fato, em um estudo sobre o uso da terra, as imagens não

são utilizadas em seu estado bruto – o que as aproximaria mais da cobertura da terra e não

de seu uso (LUCHIARI, 2005; ARAÚJO FILHO e MENESES, 2007) –, pois devem ser processadas

e cuidadosamente interpretadas de acordo com os objetivos da pesquisa. Tampouco é

recomendado, conforme já mencionado, que o processamento das imagens de satélite ou

fotografias aéreas e os demais procedimentos da etapa de gabinete sejam realizados sem a

complementação de dados primários colhidos em campo (ABREU, 1976; IBGE, 2006

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O mapeamento do uso da terra consiste, portanto, assim como as técnicas que

lidam com a informação espacial, em um instrumento entre tantos à disposição de

geógrafos e pesquisadores de áreas do conhecimento afins para auxiliar a difícil tarefa de

desvendar a realidade e compreender os processos dinâmicos que transformam o espaço

geográfico.

Consideramos que o desenvolvimento dos satélites de observação e das

geotecnologias e sua utilização cada vez mais comum proporcionaram a proliferação de

estudos de uso da terra na Geografia, sobretudo a partir da década de 1970. Se até então a

realização de tais levantamentos era dispendiosa, sendo necessário o esforço de diversos

pesquisadores, além de demorada, com base principalmente nas observações diretas em

campo, as geotecnologias permitiram o maior acesso aos dados espaciais, além de ganhos

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em custos, rapidez e precisão. A introdução de novas técnicas ao mapeamento também

incentivou uma mudança na metodologia dos estudos realizados. Atualmente, os estudos

de uso da terra são realizados quase em sua totalidade por meio de interpretação de

fotografias aéreas e imagens de satélite em alta resolução espacial e espectral, sendo que a

verificação em campo se tornou uma etapa acessória, perdendo seu papel fundamental de

outrora.

Apesar de o mapeamento do uso da terra, a utilização de produtos de sensores

remotos enfrenta críticas dentro da própria Geografia, devido sua relação com o paradigma

quantitativo. Contudo, concordamos com Capel (2013, p. 175), citando Richard Morril: “'os

métodos quantitativos se tornam radicais aplicando-os a problemas radicais'. Parece-me

uma perspectiva muito interessante e valiosa: os métodos quantitativos podem ser

aplicados, pois, de muitas maneiras”. Uma técnica a priori não é boa ou ruim: o que é a

define é a aplicação que a ela é dada.

O mapeamento da distribuição das formas de uso da terra, pode ser utilizado de

forma quantitativa, mas não deve deixar de lado sua dimensão mais qualitativa. Em si, ele é

pouco mais do que um mosaico de polígonos, e de pouco vale se não for acompanhado de

um esforço teórico de compreensão dos processos que expliquem sua configuração, numa

perspectiva que considere o tempo e o trabalho do homem.

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AS GEOTECNOLOGIAS E A ANÁLISE GEOGRÁFICA DO USO DA TERRA

EIXO 6 – Representações cartográficas e geotecnologias nos estudos territoriais e ambientais

RESUMO

O mapeamento é o principal meio de representar o uso da terra, conforme demonstrado desde as

primeiras experiências nesta temática. No decorrer do século XX, sobretudo a partir dos anos

1970, a metodologia do mapeamento do uso da terra passou por transformações significativas

relacionadas à emergência de novas técnicas, como os sensores remotos e os sistemas de

informação geográfica, e de novos métodos, como a fotointerpretação e o processamento digital

de imagens. A partir da experiência brasileira, procuramos avaliar a relevância de tais mudanças e

a importância atual deste tipo de mapeamento, considerando que as geotecnologias estão ligadas

à análise geográficas do uso da terra desde seu surgimento e foram fundamentais para sua

difusão.

Palavras-chave: uso da terra; geotecnologias; mapeamento temático.

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