as elições de 1974. as lições de uma eleição para o senado em sergipe
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As lições de uma eleição para o Senado em Sergipe
Jorge Marcos de Oliveira Professor de História e Técnico em Assuntos Historiográficos
A partir da publicação do AI nº 2, o Brasil passa a ter apenas dois partidos:
ARENA – Aliança Renovadora Nacional e o MDB – Movimento Democrático
Brasileiro.
O primeiro representava o grupo conservador e amparado pelo
oficialismo. Aqui em Sergipe, antigos inimigos políticos ligados ao PSD e UDN
tiveram que se contentar e abrigar-se em um mesmo partido.
Nas eleições de 1974 para o Senado Federal, a ARENA indicara sua
principal estrela política - Leandro Maciel, que buscava sua reeleição. Enquanto
isto, MDB, que havia sido derrotado nas duas eleições anteriores, via-se num
dilema: insistir no nome do empresário Oviedo Teixeira ou lançar um novo nome?
Faltava quadro político a oposição sergipana. O MDN não possuía em seu quadro
partidário, estrelas.
Quase resignado com mais uma derrota senatorial, o Partido lançou como
candidato, o jovem médico e professor João Gilvan Rocha, filho de José da Rocha,
um leandrista apaixonado, da cidade de Própria.
Gilvan Rocha,
“Nasceu em Própria, em 26 de agosto de 1932, estudou no Colégio Ateneu, em Aracaju, na Faculdade de Medicina da Bahia,
especializando-se em Ginecologia, fazendo pós –graduação em Oncologia, no Instituto de Ginecologia de Lisboa. Clínico e cirurgião do Hospital Santa Isabel, em Aracaju, professor da Universidade Federal de Sergipe, publicou diversos trabalhos sobre a função oposicionista no Brasil e abordando temas que pautaram a sua atuação no Senado Federal”. [...]Artista plástico, chargista de jornais locais, Gilvan Rocha ingressou na Academia Sergipana de Letras, ocupando a Cadeira 35, fundada e muitos anos ocupada pelo também médico e senador constituinte Augusto César Leite. (Barreto, Luis Antonio. Senado IX – Gilvan Rocha, Um fenômeno eleitoral. http://infonet.com.br/serigysite, publicado em 01/09/2006, 16:35. Acessado em maio de 2014)
O nome do Gilvan Rocha não despertava entre os dirigentes do MDB,
grandes entusiasmo. No entanto, por falta de opção, acabaram concordando com o
nome para enfrentar a velha raposa da política sergipana Leandro Maciel.
Segundo Barreto, “no dia do lançamento da candidatura de Gilvan Rocha,
quando ele apresentou um pequeno Manifesto, a sala do MDB contava com seis ou
sete pessoas”.
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O quadro era desolador! Entretanto, a situação não desanimou o neófito
político. Pouco a pouco a campanha começa a ganhar corpo. Ganha as ruas das
cidades, principalmente as de Aracaju e, silenciosamente, consegue penetrar o
interior.
Sem as mesmas condições do candidato da Arena, o MDB apostava na
propaganda no rádio e na televisão, instrumentos novos nas campanhas eleitorais,
melhores oportunidades para o enfrentamento. A campanha empolga os grupos
oposicionistas e que sonhava com a derrota do leandrismo.
Quando as urnas foram abertas, o “resultado eleitoral surpreendeu o
Estado”. O candidato da oposição, do MDB, Gilvan Rocha conseguira derrotar
Leandro Maciel. Na capital sergipana, ele obteve uma vantagem percentual de
cerca de 77% dos votos. Em números absolutos, sua vantagem era de
aproximadamente 30 mil votos, contra 15 mil, mais ou menos.
O feito de Gilvan Rocha era imenso. Ele foi eleito senador da República,
com mais de 103 mil votos, contra 86.611 votos dados a Leandro Maciel. As urnas
dizia ao regime militar que as coisas precisavam mudar.
É importante frisar que essa vitória do MDB em Sergipe não é um fato
isolado. Ela faz parte de uma grande contexto nacional, onde a oposição começa a
ameaçar o poder dos Militares.
Na opinião de Barreto,
“a vitória do MDB estaria incluída na avalanche de votos que o Brasil deu à oposição, em 1974. As
vitórias do MDB em 14 Estados levaram o presidente Ernesto Geisel a criar a figura do senador indireto,
ou “biônico”, premiando amigos nos Estados e garantindo ao partido governista um terço das cadeiras
do Senado Federal”.
No Senado Federal, Gilvan Rocha liderou o MDB. Com a volta do
pluripartidarismo (1979), aderiu ao Partido Popular (PP) criado por Tancredo
Neves e, depois retornou ao MDB, agora denominado PMDB, quando chegou a
ocupar a condição de líder do partido no Senado, Segundo Vice-presidente da Casa.