as crianças no mundo africano

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As Crianças no mundo Africano Página3 Trabalho da disciplina de: Economia Realizado por: Ana Silva, 12.3 As Crianças no mundo Africano Direitos Humanos Orientador: Francisco Carvalho Junho de 2012

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Page 1: As crianças no mundo Africano

As Crianças no mundo Africano

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Trabalho da disciplina de:

Economia

Realizado por:

Ana Silva, 12.3

As Crianças no mundo Africano

Direitos Humanos

Orientador: Francisco Carvalho

Junho de 2012

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As Crianças no mundo Africano

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Índice

1 – Introdução ................................................................................................................... 3

2 – O que são os Direitos Humanos? ............................................................................ 4

3- Direitos das Crianças .................................................................................................... 6

4- Prémio das Crianças do Mundo .................................................................................. 12

5- As Crianças no mundo Africano .............................................................................. 14

Moçambique ........................................................................................................ 17

6- Conclusão ................................................................................................................... 21

7- Webgrafia ................................................................................................................... 23

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As Crianças no mundo Africano

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Introdução

Para este trabalho individual sobre o tema dos “Direitos Humanos”, escolhi o

subtema As crianças no mundo africano. Este subtema vai permitir, que eu perceba e

deia a perceber aos outros quando lerem este trabalho, como se vive no mundo

africano quando se é criança.

Os Direitos Humanos são os direitos que todas as pessoas têm devido à sua

condição humana, de forma a viverem em liberdade e dignidade. Estes são

interdependentes, universais, inalienáveis e indivisíveis. Assim sendo, esta declaração

engloba todos os seres humanos existentes no globo terrestre, contudo muitos dos

direitos não são respeitados por todos. Todas as pessoas têm os mesmos direitos

universais, tais como liberdade, igualdade e não-discriminação. Existem porém grupos

vulneráveis que têm direitos fundamentais – crianças, minorias, populações indígenas,

refugiados, deslocados, deficientes, idosos e migrantes.

Além dessa declaração, existem direitos que são dirigidos apenas para uma

“classe” de pessoas, como acontece com os direitos das crianças.

Depois de abordar o continente africano no geral, vou tentar focar-me apenas num

país específico para ser possível mostrar com mais intensidade como é ser criança num

país diferente do nosso.

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As Crianças no mundo Africano

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O que são os Direitos Humanos?

A luta pelos direitos, pela liberdade e pela abolição de

várias discriminações (etnias, géneros…) marcou o século XX

mas essa luta ainda está longe de terminar pois ainda não foram

atingidas todas as metas necessárias para se viver em harmonia,

embora já se verifiquem grandes progressos.

Ainda que todas as pessoas nasçam iguais em direitos, o

reconhecimento e uso desses mesmos é, por incrível que

pareça, ainda hoje, uma miragem para milhões de pessoas.

Existe ainda um caminho muito longo para se percorrer, em todo o mundo.

O conceito de direitos humanos já foi dado anteriormente, onde diz que estes são

direitos que todas as pessoas têm. Mas o facto de estes estarem consagrados na lei

não suficiente, é necessário que as pessoas usufruam deles, ou seja, os direitos

humanos têm de ser realizados.

Estes apresentam quatro características que os definem, são:

Universais, ou seja, pertencem a todas as pessoas sem exceção, e todas

têm o mesmo estatuto relativamente a esses direitos.

Inalienáveis, ou seja, não podem ser retirados ou cedidos a ninguém, é algo

que pertence inquestionavelmente a qualquer ser humano

Indivisíveis, pois não há hierarquia entre eles, são todos igualmente

importantes e necessários para garantir uma vida digna.

Interdependentes, porque todos estão inter-relacionados, sendo que a

ausência ou a violação de um põe em causa a realização de outros direitos.

Ao longo da história, os direitos humanos sofreram uma evolução, passando por

diferentes gerações de direitos. Os direitos de 1ª geração,

ou seja, direitos individuais, civis e políticos tais como a

liberdade de expressão, de manifestação, de voto que

surgiram com a Revolução Francesa (séc. XVIII). Estes

direitos estão consagrados na Declaração dos Direitos do

Homem e do Cidadão, aprovada em 1789.

Durante o século XX, o processo de industrialização

desenvolveu-se e consequentemente a classe operária,

oprimida e explorada por um capitalismo desenfreado também cresceu. As greves que

surgiram contra a exploração abusiva são brutalmente enfrentadas pelo patronato.

Com estas lutas, surgem os direitos de 2ª geração, ou seja, direitos económicos,

sociais e culturais tais como o direito à greve, ao trabalho, à educação, que se vão

consolidando ao longo dos séculos XIX e XX.

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Assim, com base nestes princípios que em 10 de Dezembro de 1948 é aprovada

pelas Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Neste documento

estão presentes direitos civis, políticos, económicos, sociais e culturais que constituem

um precioso património de toda a Humanidade.

As Nações Unidas acrescentam uma nova perspetiva aos Direitos Humanos, o

direito ao desenvolvimento, à paz e à qualidade do ambiente, em 1986. Surgem então

os direitos de 3ª geração, ou seja, direitos coletivos.

A Declaração dos Direitos Humanos reconhece a indivisibilidade, a inalienabilidade

e a universalidade dos direitos humano, sendo assim uma importante base para a

igualdade, justiça e paz no mundo.

Com o intuito de alertar os governantes de todo o mundo para o cumprimento da

Declaração Universal e assegurar a igualdade de todos os cidadãos, o direito a uma

vida digna, o direito à saúde e à educação, o respeito pela diversidade e pela dignidade

de todas as pessoas, criou-se o “Dia Internacional dos Direitos Humanos” a 1o de

Dezembro de 1950 pela Organização das Nações Unidas.

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Direitos das Crianças

A Declaração dos Direitos da Criança

foi proclamada pela Resolução da

Assembleia Geral 1386 (XIV) e aprovada por

unanimidade em 20 de Novembro de 1959,

pela Assembleia Geral da ONU. Sendo que

integralmente é fiscalizada pela UNICEF, que

é um organismo unicelular da ONU. Esta tem

como base e fundamentos os direitos a

liberdade, estudos, brincar e convivo social

das crianças que devem ser respeitados e preconizadas em dez princípios.

Assim, na data anteriormente referida, foi aprovada a Declaração dos Direitos

das crianças passando a vigorar, sendo que com ela toda a criança tem direitos por

igual. Esta Declaração é constituída por dez princípios.

Princípio I - À igualdade, sem distinção de raça, religião ou nacionalidade.

A criança desfrutará de todos os direitos enunciados nesta Declaração. Estes

direitos serão outorgados a todas as crianças, sem qualquer excepção,

distinção ou discriminação por motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião,

opiniões políticas ou de outra natureza, nacionalidade ou origem social,

posição económica, nascimento ou outra condição, seja inerente à própria

criança ou à sua família.

Princípio II - Direito a especial proteção para o seu desenvolvimento físico, mental e

social.

A criança gozará de protecção especial e disporá de oportunidade e serviços a

serem estabelecidos em lei e por outros meios, de modo que possa

desenvolver-se física, mental, moral, espiritual e socialmente de forma

saudável e normal, assim como em condições de liberdade e dignidade. Ao

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promulgar leis com este fim, a consideração fundamental a que se atenderá

será o interesse superior da criança.

Princípio III - Direito a um nome e a uma nacionalidade.

A criança tem direito, desde o seu nascimento, a um nome e a uma

nacionalidade.

Princípio IV - Direito à alimentação, moradia e assistência médica adequadas para a

criança e a mãe.

A criança deve gozar dos benefícios da previdência social. Terá direito a crescer

e desenvolver-se em boa saúde; para essa finalidade deverão ser

proporcionados, tanto a ela, quanto à sua mãe, cuidados especiais, incluindo-se

a alimentação pré e pós-natal. A criança terá direito a desfrutar de

alimentação, moradia, lazer e serviços médicos adequados.

Princípio V - Direito à educação e a cuidados especiais para a criança física ou

mentalmente deficiente.

A criança física ou mentalmente deficiente ou aquela que sofre de algum

impedimento social deve receber o tratamento, a educação e os cuidados

especiais que requeira o seu caso particular.

Princípio VI - Direito ao amor e à compreensão por parte dos pais e da sociedade.

A criança necessita de amor e compreensão, para o desenvolvimento pleno e

harmonioso de sua personalidade; sempre que possível, deverá crescer com o

amparo e sob a responsabilidade de seus pais, mas, em qualquer caso, em um

ambiente de afecto e segurança moral e material; salvo circunstâncias

excepcionais, não se deverá separar a criança de tenra idade de sua mãe. A

sociedade e as autoridades públicas terão a obrigação de cuidar especialmente

do menor abandonado ou daqueles que careçam de meios adequados de

subsistência. Convém que se concedam subsídios governamentais, ou de outra

espécie, para a manutenção dos filhos de famílias numerosas.

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As Crianças no mundo Africano

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Princípio VII - Direito á educação gratuita e ao lazer infantil.

O interesse superior da criança deverá ser o interesse director daqueles que

têm a responsabilidade por sua educação e orientação; tal responsabilidade

incumbe, em primeira instância, a seus pais.

A criança deve desfrutar plenamente de jogos e brincadeiras os quais deverão

estar dirigidos para educação; a sociedade e as autoridades públicas se

esforçarão para promover o exercício deste direito.

A criança tem direito a receber educação escolar, a qual será gratuita e

obrigatória, ao menos nas etapas elementares. Dar-se-á à criança uma

educação que favoreça sua cultura geral e lhe permita - em condições de

igualdade de oportunidades - desenvolver suas aptidões e sua individualidade,

seu senso de responsabilidade social e moral. Chegando a ser um membro útil

à sociedade.

Princípio VIII - Direito a ser socorrido em primeiro lugar, em caso de catástrofes.

A criança deve - em todas as circunstâncias - figurar entre os primeiros a

receber protecção e auxílio.

Princípio IX - Direito a ser protegido contra o abandono e a exploração no trabalho.

A criança deve ser protegida contra toda forma de abandono, crueldade e

exploração. Não será objecto de nenhum tipo de tráfico.

Não se deverá permitir que a criança trabalhe antes de uma idade mínima

adequada; em caso algum será permitido que a criança dedique-se, ou a ela se

imponha, qualquer ocupação ou emprego que possa prejudicar sua saúde ou

sua educação, ou impedir seu desenvolvimento físico, mental ou moral.

Princípio X - Direito a crescer dentro de um espírito de solidariedade, compreensão,

amizade e justiça entre os povos.

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A criança deve ser protegida contra as práticas que possam fomentar a

discriminação racial, religiosa, ou de qualquer outra índole. Deve ser educada

dentro de um espírito de compreensão, tolerância, amizade entre os povos, paz

e fraternidade universais e com plena consciência de que deve consagrar suas

energias e aptidões ao serviço de seus semelhantes.

Mais tarde, em 20 de Novembro de 1989, as Nações Unidas adoptaram por

unanimidade a Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC), documento que refere

um amplo conjunto de direitos fundamentais (direitos civis e políticos, e também os

direitos económicos, sociais e culturais) de todas as crianças, bem como as respectivas

disposições para que sejam aplicados. É possível concluir que tal como na Declaração

dos Direitos Humanos, nesta declaração que é apenas dirigida para as crianças, são

utilizados o mesmo tipo de direitos (civis,

políticos, económicos….).

A CDC não é apenas uma declaração de

princípios gerais, quando ratificada representa

um vínculo jurídico para os Estados que a ela

aderem, os quais devem adequar as normas de

Direito interno às da Convenção, para a

promoção e protecção eficaz dos direitos nela

referidos.

Este tratado internacional é um

importante instrumento devido ao seu caracter

universal e também pelo facto de ter sido ratificado por quase todos os Estados do

mundo (192). Apenas dois países, os Estados Unidos da América e a Somália, ainda não

ratificaram a Convenção sobre os Direitos da Criança.

Portugal ratificou a Convenção em 21 de Setembro de 1990.

A Convenção assenta em quatro pilares fundamentais que estão relacionados

com todos os outros:

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A não discriminação, que significa que todas as crianças têm o direito de

desenvolver todo o seu potencial – todas a as crianças, em todas as

circunstâncias, em qualquer momento, em qualquer parte do mundo.

O interesse superior da criança deve ser uma consideração prioritária em

todas as acções e decisões que lhe digam respeito.

A sobrevivência e desenvolvimento sublinham a importância vital da garantia

de acesso a serviços básicos e à igualdade de oportunidades para que as

crianças possam desenvolver-se plenamente.

A opinião da criança que significa que a voz das crianças deve ser ouvida e tida

em conta em todos os assuntos que se relacionem com os seus direitos.

A Convenção contém 54 artigos, que podem ser divididos em quatro categorias de

direitos:

os direitos à sobrevivência (ex. o direito a cuidados adequados)

os direitos relativos ao desenvolvimento (ex. o direito à educação)

os direitos relativos à protecção (ex. o direito de ser protegida contra a

exploração)

os direitos de participação (ex. o direito de exprimir a sua própria opinião)

Alguns dos artigos presentes nesta convenção são:

Artigo 1

Todos os menores de 18 anos, no mundo inteiro, têm esses direitos acima

mencionados.

Artigo 2

Toda criança tem o mesmo valor.

Toda criança tem os mesmos direitos. Nenhuma pode ser discriminada.

Você não pode ser tratado/a de forma diferente por sua aparência, cor de pele,

sexo, língua, religião e opinião.

Artigo 3

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Aqueles que tomam decisões que afetam as crianças devem, antes de tudo,

pensar no que é melhor para elas.

Artigo 6

Você tem o direito à vida e um desenvolvimento saudável.

Artigo 7

Você tem direito a um nome e a uma nacionalidade.

Artigo 9

Você tem direito a viver com seus pais, desde que isso não seja prejudicial a

você. Você tem direito de crescer, se possível, na companhia dos seus pais.

Artigo 12 – 15

Toda criança tem direito de dizer o que pensa. As crianças devem ser

consultadas e sua opinião deve ser respeitada em todas as decisões que lhe

dizem respeito: no lar, na escola, junto às autoridades e nos tribunais.

Artigo 18

Seus pais têm a responsabilidade conjunta pela sua educação e

desenvolvimento. Eles devem sempre pensar no que é melhor para você.

Ser criança, é algo que é muito importante na vida de um Ser Humano. Por isso,

existe um dia que é celebrado em homenagem às crianças de todo o mundo. Este dia,

foi comemorado pela primeira vez em 1 de Junho de 1950, sendo celebrado todos os

anos no dia 1 de Junho o denominado “Dia Mundial da Criança”. Sendo que foi a parti

daí que a ONU reconheceu que qualquer criança, independentemente da raça, cor,

sexo, tem o direito a ter amor e compreensão, alimentação, cuidados médicos,

educação, proteção a contra todas as formas de exploração e crescer num clima de

paz.

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Prémio das Crianças do Mundo

O Prémio das Crianças do Mundo, foi

criado há doze anos. Este, é um programa

baseado na Convenção das Crianças da ONU por

meio do qual crianças do mundo inteiro estudam e

discutem sobre os seus direitos e a democracia no

contexto local e mundial. Actualmente, mais de 23

milhões de crianças de 101 países participam

activamente nas discussões. Deste público fazem

parte menores que tiveram os seus direitos severamente violadas, como ex – crianças

soldado, escravas por divida, vítimas do tráfico sexual de crianças, órfãos que

perderam seus pais devido à Aids, ao genocídio ou a desastres naturais.

Somente em África, um continente abalado por violência, fome e pobreza,

mais de 30 países contam com participantes e amigos do Prémio das Crianças do

Mundo. Este programa está a mudar a realidade de milhares de crianças africanas que

se deparam diariamente com situações que violam os seus direitos universais.

Um internacional constituído apenas por

crianças seleciona três candidatos anuais a este

prémio consequentemente, milhões de crianças,

menores que 18 anos decidem quem será o principal

homenageado baseando-se principalmente na

pessoa que mais contribuiu para os direitos da

criança.

Em 2012 as três nomeadas para o Prémio das Crianças do Mundo são Anna

Mollel (devido à luta de mais de 20 anos em prol das crianças deficientes nas áreas

rurais pobres do nordeste da Tânzania), Sakena Yacoobi (devido à sua longa e perigosa

luta para proporcionar às crianças e mulheres afegãs o direito à educação, à saúde e a

aprender sobre os seus direitos) e Ann Skelton (devido aos 20 anos de luta bem

sucedida pelos os direitos de crianças afectadas pelo sistema judiciário; Ann realizou

um trabalho revolucionário pelas crianças da África do Sul).

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Os países que ratificaram a Convenção dos Direitos da Criança da ONU

comprometeram-se a informar periodicamente os seus cidadãos sobre os direitos para

a população infantil.

Várias crianças e adolescentes de 30 países do continente africano são amigos

mundiais do Prémio das Crianças do Mundo. Na página de internet da educacional, é

possível encontrar alguns depoimentos referente ao Prémio das Crianças do Mundo,

sendo alguns deles são referentes a crianças de África.

Fonte: http://www.educacional.com.br

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As Crianças no mundo Africano

O continente africano é vastamente conhecido devido às suas belezas

naturais, nomeadamente pelo facto da existência da grandiosa vida selvagem.

Contudo, neste continente encontramos uma enorme diversidade física e sócio –

económica, pois existe neste extensos vales férteis, onde a vida não parece ter fim, até

desertos enormes. O contraste riqueza/pobreza é bastante visível por todo o

continente, sendo caraterizado pelas péssimas condições de vida em muitos países.

África é considerada o “berço da humanidade” visto que, abriga uma das

civilizações mais antigas e intrigantes do globo, os egípcios. Assim, toda essa riqueza

cultural e natural presente neste continente, torna-o um espaço muito particular. Este

continente, está dividido em cinco regiões (Norte África, Oeste de África, África

Central, Leste da África e Sul da África).

Durante o século XX houve uma mudança drástica no conceito “guerra”, sendo

que na primeira Guerra Mundial a luta ocorreu entre os exércitos nacionais e apenas

14% dos mortos eram civis. Atualmente, nas guerras, pessoas matam pessoas… Ou

seja, 90% dos mortos nas guerras modernas são civis e crianças.

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As crianças não estão apenas a ser mortas como também estão a ser usadas

para matar. Crianças e jovens têm maior facilidade em aprender as coisas e têm maior

capacidade de movimento, sendo consideradas bons soldados (obedientes,

energéticos, versáteis e baratos).

As crianças tornam-se soldados por vários motivos, visto que muitos são

sequestrados ou obrigados de um modo extremamente violento, outros encontrando-

se longe de casa juntam-se aos soldados por comida e outros são enviados para vingar

os familiares ou lutar por uma causa.

Além dessa situação, muitas das crianças em Africa são obrigadas a trabalhar,

estão na rua e sofrem de AIDS. É difícil, medir a extensão de crianças que trabalham,

pelo facto de a maioria dos países não possui tais estatísticas. Mas, a Organização

Operária Internacional (ILO) estima que 25% das crianças africanas (entre os 10 e os 14

anos) estão envolvidas em algum tipo de trabalho sendo que conjuntamente a

Comissão da ONU diz que as crianças compõem 17% da mão – de – obra de África. Os

salários das crianças são baixos e consequentemente estes não frequentam a escola.

Devido a estas situações anteriormente apresentadas e juntamente com a

vasta falta de condições básicas, a percentagem de mortalidade infantil é muito

elevada. No gráfico a seguir apresentado é possível verificar que até ao ano de 2006 a

percentagem de mortalidade apresentava valores da ordem dos 60%, tendo a partir de

2007 começado a apresentar uma descida, até que em 2011 apresentava um valor de

43,2% (sendo ainda um valor muito elevado).

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Fonte: CIA World Factbook

Segundo um relatório da UNICEF, a África subsariana é a região onde a vida dos

adolescentes apresenta maiores desafios, sendo que esta continua a crescer e prevê-

se que venha a ser a maior do mundo em 2050. Contudo, apenas metade das crianças

completam o ensino primário. A UNICEF também enunciou que a taxa de mortalidade

infantil nesta região, onde o número de mortes de menores de cinco anos era maior,

tem vindo a verificar uma velocidade de declínio que duplicou 1,2 por cento por ano

na década de 1990/2000 para 2,4 por cento por ano na década de 2000/2010.

Esta baixa na taxa de mortalidade

infantil, mostra que está a haver um

progresso no melhoramento das

condições, até nos países mais pobres.

Ainda assim, o valor de crianças que

morrem por dia é um número arrepiante (21,000 crianças). A UNICEF tem vindo a

direcionar um maior investimento para as comunidades mais vulneráveis para tentar

salvar a vida de mais crianças, ideia que tem vindo a apresentar bons resultados

(entre 1990 e 2010 a taxa de mortalidade infantil de crianças inferiores a cinco anos

desceu mais de um terço, ou seja, de 88 mortos por cada 1,000 nados-vivos para 57).

Ainda assim, ainda não é suficiente, pois os valores que são apresentados ainda

são bastante elevados. O quarto Objetivo de Desenvolvimento do Milénio (ODM4),

que apela à redução de dois terços na taxa de mortalidade infantil, ainda não foi

atingido pelo facto de o que está a ser aplicado ainda não ser suficiente.

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As Crianças no mundo Africano

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Para este estudo acerca dos direitos das crianças no mundo africano ser mais

claro e específico decidi abordar país específico,

Moçambique.

Em Moçambique, estima-se que 1000 crianças e

mulheres são traficadas de Moçambique para a África do

Sul todos os anos para efeitos de exploração laboral ou

sexual comercial. Este número referente ao tráfico

constituiu uma preocupação enorme.

Por outro lado, a exploração e abuso sexual da criança não ocorre apenas na

situação descrita anteriormente como também várias vezes acontece na própria casa.

O abuso e assédio sexual é também um problema nas escolas, estudos indicam que 8

por cento das crianças-alunas do ensino primário foram vítimas de abuso sexual e

outras 35 por cento sofreram assédio sexual.

Neste país, as atividades que envolvem crianças estão principalmente

associadas ao trabalho agrícola quer na indústria do

algodão ou do tabaco. Contudo, a maioria das

crianças/trabalhadoras não são renumeradas. Estima-se

que 22 por cento das crianças entre os 5 e os 14 anos de

idade estejam de algum modo ligadas a uma atividade

económica, sendo que em geral rapazes e raparigas estão

igualmente envolvidos, à exceção do trabalho doméstico (normalmente mais

destinado às raparigas).

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As Crianças no mundo Africano

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Moçambique tem também uma das mais altas taxas de casamento prematuro

do país (práticas culturais específicas onde as crianças são consideradas prontas para o

casamento depois dos ritos de iniciação contribuem para o aumento desse valor). O

casamento prematuro compromete o direito da rapariga à educação e à saúde.

Consequentemente, a gravidez e parto entre as adolescentes estão associados aos

maus resultados da saúde quer para a mãe como para a criança.

Relativamente ao acesso aos serviços de

registo de nascimento, Moçambique, nos últimos

anos, fez passos significativo que contribuíram

para um aumento desso número. Anteriormente

a essa medida ser aplicada, apenas 6 por cento

das crianças abaixo dos cinco anos possuíam uma

certidão de nascimento, a partir da execução

dessa medida cerca de 31 por cento das crianças

menores de cinco anos foram registados.

Num estudo realizado acerca das crianças que se encontravam em conflito

como a lei verificou-se que pelo menos 25% de todos os reclusos inquiridos tinham

menos de 18 anos de idade, e 18% tinham menos de 16. Estas crianças são

maioritariamente do sexo masculino, pobres, órfãs ou separadas das suas famílias e

vivendo na rua. As condições a que estão sujeitas na prisão estão em violação direta

dos seus direitos, sendo que muitas vezes partilham celas com os adultos, estando

expostas ao abuso e à violência.

Moçambique, tem uma população estimada de 1,6

milhões de crianças órfãs, das quais 350 mil perderam os

seus pais devido à SIDA. As crianças órfãs enfrentam

várias vulnerabilidades e riscos, como a exploração,

trabalho infantil, fraco desempenho escolar e precária

saúde física, emocional e mental.

O Governo de Moçambique tem contribuído, nos

últimos anos, para um avanço para a proteção das

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As Crianças no mundo Africano

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crianças. Contudo, apesar dessas melhorias quer políticas como os instrumentos legais

para a proteção da criança, ainda existem várias crianças Moçambicanas que estão

sujeitas à violência, abuso, exploração e tráfico.

Moçambique ratificou já vários instrumentos internacionais e regionais de

direitos humanos relacionados com a proteção das crianças, incluindo a Convenção da

Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, a Convenção sobre a proibição e Ação

Imediata para a Eliminação das piores formas de Trabalho Infantil, a Convenção sobre

a idade mínima para Admissão ao Emprego, a Carta Africana sobre os Direitos do

Homem e dos Povos e a Carta Africana sobre os Direitos e Bem-estar da Criança. Além

disso, em 2004 foi realizada em Moçambique com o apoio da UNICEF uma análise das

lacunas existentes na legislação relativa à Proteção da Criança sendo que de seguida

foi criada a Lei sobre Proteção à Criança.

Em 2006, o Ministério da Mulher e Ação Social desenvolveu o Plano Nacional

de Ação para a criança (2006-2010), que contem várias atividades para proteger as

crianças da negligência e exploração sexual. O Governo Moçambicano aprovou no

mesmo ano o Plano de Ação para as Crianças órfãs e Vulneráveis que prevê a provisão

de serviços básicos indispensáveis à sobrevivência e ao desenvolvimento são da

criança.

Juntamente ao que já foi feito em Moçambique, a

Unicef e outros parceiros estão a dar apoio ao Governo de

Moçambique para testar diferentes modelos de proteção e

de prestação de serviços para as crianças mais vulneráveis

(incluindo o acesso ao registo de nascimento), de modo a

prevenir que as crianças não sejam expostas ao trabalho

infantil, tráfico, casamento prematuro, exploração e

outras várias formas de abuso.

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As Crianças no mundo Africano

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Atualmente, os Direitos das Crianças em Moçambique são uma crescente

preocupação pois apesar do que já foi feito é necessário haver melhorias em várias

áreas, como:

- Na saúde, onde o Estado deve expandir a rede

sanitária, deve haver uma maior percentagem de médicos

pediatras e de outros profissionais para o obter o direito à

saúde.

- Na educação, onde o Estado deve garantir bibliotecas

públicas municipais e escolares devidamente equipadas; há

necessidade de se investir na qualidade de ensino sendo que é

fundamental criar condições de acesso aos livros de modo a

que todas as famílias pobres possam ter acesso.

- E sobretudo na Justiça, onde é muito importante

que Moçambique invista na especialização das atividades

dos tribunais, criando sessões especializadas para menores

e acima de tudo é necessário criar mecanismos mais

eficazes de prevenção e de violação dos direitos da criança

no meio familiar.

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As Crianças no mundo Africano

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Conclusão

Inicialmente, neste trabalho tinha como objetivo abordar os direitos das

crianças no mundo africano mas, com o avanço do mesmo percebi que para ser

possível ter um trabalho mais objetivo necessitava de abordar um país pertencente a

esse continente. Decidi falar acerca de Moçambique, um país que exemplifica na

perfeição a situação nas crianças em quase todo o continente africano.

Os problemas de proteção que se colocam às crianças em Moçambique são

muito diversos, a violência física e sexual, o casamento precoce, o trabalho infantil e o

tráfico de crianças continuam a ser comuns. Existem várias causas subjacentes às

elevadas taxas de mortalidade e condições de saúde precárias das crianças

moçambicanas, bem como substanciais barreiras à melhoria da sua sobrevivência e

desenvolvimento.

Uma das principais causas da morbilidade e mortalidade infantil em

Moçambique é a falta de acesso a serviços públicos, tanto em termos de acesso físico

como económico, e a má qualidade destes serviços.

Nos últimos anos, foi-se alcançando um significativo progresso no quadro

legal e de políticas que dizem respeito à proteção da criança, nomeadamente a

aprovação da Lei sobre a Violência Doméstica, da Lei da Criança e da Lei da Justiça

Juvenil, entre outros. Apesar dessas melhorias, a resposta global continua a ser

fragmentada, fraca e insuficientemente provida de fundos, e é necessário que esta

nova legislação se traduza em regulamentos e programas eficazes.

As políticas e os programas de proteção social são meios eficazes de

responder às necessidades das famílias e crianças vulneráveis, dado o fundamental

papel da proteção social na redução da pobreza, na superação da exclusão social e na

formação de capital humano para se reduzirem os riscos e a vulnerabilidade

enfrentados por grupos vulneráveis, particularmente crianças e pessoas que delas

cuidam.

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As Crianças no mundo Africano

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Por outro lado, são significativas as melhorias que se têm registado nos níveis

de pobreza absoluta nas crianças medida pela abordagem baseada em privações. Os

avanços observados na pobreza baseada em privações estão em parte associados aos

grandes esforços feitos pelo Governo na prestação de serviços sociais. O Governo tem

investido fortemente em educação e saúde, o que se tem traduzido em melhorias

significativas na percentagem de crianças severamente privadas destes conceitos.

Embora a percentagem de crianças com privações tenha diminuído nos últimos

anos, quase metade das crianças moçambicanas continuam a enfrentá-las. As

privações mais frequentes são as de acesso a água potável, saneamento e

informação. Um investimento continuado em serviços essenciais significa um

investimento continuado no futuro das crianças de Moçambique.

Ser criança deve ser algo de que nenhum Ser Humano deve ser privado, mas

nem sempre isso é respeitado, com este estudo conclui que ser criança em Africa é na

maioria dos seus países, muito complicado. As crianças, não vivem a sua vida como

crianças que são, passam logo a ser adultas.

Em suma, este trabalho permitiu que eu pudesse perceber com clareza que as

crianças nestes países têm uma vida muito complicada, muito para além do que aquilo

que por vezes nós pensamos.

Page 23: As crianças no mundo Africano

As Crianças no mundo Africano

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