as correntes da engenharia na canoagem -...
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MIEM/FEUP Projeto FEUP
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Curso de Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
As Correntes da Engenharia na Canoagem
Unidade curricular: Projeto FEUP
Coordenador de Curso: Teresa Duarte
Supervisor: Ana Reis
Monitor: Marieta Rocha
Equipa: 1M8_02
201303399- Gonçalo Leal de Figueiredo
201305897- João Pedro Donas Boto Carvalho
201306044- Ricardo Fernando Fonseca Santos
201306046- Ricardo Jorge dos Santos Mota Marques Guimarães
201307799- Rodrigo Maria de Melo Machado Cerejeira Namora
Data de entrega: 4 de Novembro de 2013
1º Semestre
Ilustração 1 - Remadores de competição
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2 1M8_02 As correntes da engenharia na canoagem
Resumo
Este trabalho aborda o tema “Mecânica na canoagem”. É apresentado um breve
resumo histórico e da evolução da canoagem.
Em foco analisa as principais características dos materiais constituintes das suas
embarcações (fibra de vidro, fibra de carbono, Kevlar).
Numa fase seguinte, refere os processos de fabrico de cada material abordado neste
relatório.
Finalmente, apresenta-se as diferentes vertentes da canoagem, desde canoagem de
velocidade, slalom, Freestyle e turismo, e relacionamo-las com o género de materiais mais
adequados à sua prática.
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Agradecimentos
Primeiramente, gostaríamos de agradecer à professora Teresa Duarte, coordenadora
da unidade curricular “projeto FEUP” e também à supervisora do projecto, a professora Ana
Reis. Os seus conselhos foram fulcrais para todo o desenrolar do relatório.
Por último, mas não menos importante, gostaríamos de valorizar e demonstrar apreço
por toda a ajuda e guiamento que nos foi fornecido pela monitora Marieta de Sousa Rocha,
que sempre se demonstrou disponível para qualquer dúvida e nos forneceu sugestões valiosas
para melhorar o nosso trabalho.
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4 1M8_02 As correntes da engenharia na canoagem
Índice
Índice de figuras ............................................................................................................................ 5
1. Introdução ................................................................................................................................. 6
2. Como surgiu a canoagem .......................................................................................................... 7
3. O que é a canoagem .................................................................................................................. 8
4. Quais os materiais utilizados no fabrico de canoas? ................................................................ 9
4.1. Compósitos ......................................................................................................................... 9
-Fibra de vidro ....................................................................................................................... 9
-Fibra de carbono ................................................................................................................ 10
-Kevlar ................................................................................................................................. 11
4.2. Madeira ............................................................................................................................ 13
-Moldes: .............................................................................................................................. 13
-Madeira utilizada nas canoas ............................................................................................. 14
5. Quais os processos de fabrico na construção de canoas ........................................................ 15
5.1. Materiais Compósitos ...................................................................................................... 15
5.2. Plásticos ............................................................................................................................ 16
5.3. Madeira ............................................................................................................................ 17
6. Vertentes da Canoagem .......................................................................................................... 17
6.1. Canoas de turismo e passeio ............................................................................................ 18
6.2. Canoagem de mar ............................................................................................................ 19
6.3. Canoagem Freestyle ......................................................................................................... 20
6.4. Canoagem de Slalom ........................................................................................................ 22
6.5. Canoagem de Sprint ......................................................................................................... 24
7. Conclusão ................................................................................................................................ 26
8. Referências bibliográficas ....................................................................................................... 27
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Índice de figuras
Ilustração 1 - Remadores de competição ...................................................................................... 1
Ilustração 2- Rolo de fibra de vidro ............................................................................................... 9
Ilustração 3 - Canoa feita em fibra de vidro ................................................................................ 10
Ilustração 4 - Fibra de carbono a microscópio ............................................................................ 11
Ilustração 5 - Canoa feita de fibra de carbono ............................................................................ 11
Ilustração 6 – Kevlar ampliado .................................................................................................... 12
Ilustração 7 - Execução de canoas em Kevlar.............................................................................. 12
Ilustração 8 - Canoa em madeira ................................................................................................ 17
Ilustração 9 - Caiaque de mar da empresa NELO ........................................................................ 19
Ilustração 10 - Caiaque de mar ................................................................................................... 19
Ilustração 11 - Um atleta em prova............................................................................................. 20
Ilustração 12 - Caiaque de freestyle ............................................................................................ 21
Ilustração 13 - Atletas numa prova de C2 ................................................................................... 22
Ilustração 14 - Canoa C1 de slalom ............................................................................................. 23
Ilustração 15 - Caiaque K1 de slalom .......................................................................................... 23
Ilustração 16 - Atletas em competição de sprint ........................................................................ 24
Ilustração 17 - Canoa C1 de sprint .............................................................................................. 24
Ilustração 18 - Caiaque K4 de sprint ............................................................................................ 25
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1. Introdução
Na dinâmica da disciplina Projeto FEUP, no curso de Mestrado integrado em
engenharia mecânica (MIEM), foi proposto um relatório técnico cujo tema seria “As correntes
da engenharia na canoagem”.
O grupo nº2 da turma 1M8, composto por João Carvalho, Ricardo Guimarães, Rodrigo
Namora, Gonçalo Figueiredo e Ricardo Santos, preocupou-se em fazer uma breve e simples
focagem sobre os materiais mais eficientes para de uma canoa tirarmos o máximo de
rendimento.
Os objetivos deste tema são que os alunos tenham noções bases de que género de
materiais existem, neste caso para canoas, e conhecer as suas propriedades e respetivos
processos de fabricação.
Assim, os alunos estariam um pouco mais familiarizados com a indústria da mecânica e
o que está por trás do seu palco.
Este relatório também vem de encontra aos principais objetivos da disciplina Projeto
FEUP, sendo eles:
Integrar os novos estudantes da FEUP;
Dar, em parte, uma preparação aos novos estudantes para futuros trabalhos de equipa
durante a sua etapa académica;
Proporcionar umas noções da estrutura de um relatório técnico, de um poster e as
melhores dicas para uma eficiente apresentação.
É nestes tempos que correm que as grandes empresas tentam inovar nos materiais
que utilizam para fabrico, a fim de serem elas pioneiras e estar no topo dos mercados.
Na canoagem destaca-se uma empresa de produção de canoas, sendo neste momento
a maior produtora a nível mundial, a NELO. “Ao longo dos anos fomos adquirindo o
conhecimento, tecnologia e know-how necessário para sermos capazes de produzir diferentes
tipos de embarcações e outras peças em compósitos com a mesma qualidade artesanal de
sempre.” (Fonte M.A.R. Kayaks).
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2. Como surgiu a canoagem
A história da canoagem começou há séculos atrás, altura em que os índios da América
do Norte usavam troncos afiados à frente e revestidos com pele de animal para navegar os
rios. Estas embarcações eram chamadas de pirogas.
No entanto, este desporto apenas foi inventado em meados do século XIX, após a
Guerra Civil Americana. O pioneiro da canoagem foi John McGregor, que fundou o Royal
Canoe Club em 1865.
Este desporto foi crescendo até se tornar numa modalidade olímpica (1936) e foi
também ganhando diferentes modalidades com o passar do século XX.
Em Portugal a canoagem difundiu-se nos anos 30 e actualmente temos 2 campeões
mundiais, Emanuel Silva e João Ribeiro. Além disso, o maior fabricante de canoas é uma
empresa portuguesa, NELO.
As canoas contemporâneas já não apelidadas de pirogas. Existem 2 tipos de canoas:
as canoas canadianas e os caiaques, diferenciando-se pela sua composição, estrutura e
medidas. Por seu lado, as peles de animais foram substituídas por madeira envernizada ou
fibra de vidro.
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3. O que é a canoagem
A canoagem é um desporto náutico no qual uma ou mais pessoas se sentam em
embarcações (canoas ou caiaques) e, com a ajuda de remos, percorrem um determinado
percurso no menor tempo possível.
A diferença entre as canoas e os caiaques reside não só na forma da embarcação,
mas também nos remos utilizados e na posição adquirida na prática di desporto.
Por um lado, as canoas são barcos com o convés aberto em cima. Já os caiaques têm
um convés fechado, apenas com um orifício onde se posiciona o remador. Por outro lado, os
remos das canoas apenas possuem uma pá na extremidade. Já no caiaque, o remo tem duas
pás, uma em cada extremidade. Por fim, nas canoas o remador fica de joelhos e nos caiaques
fica sentado.
Pode ser praticada em águas calmas ou bravias, de acordo com a vertente que é
praticada. Existem imensos tipos de canoagem, no entanto os mais importantes são:
canoagem de mar, sprint, slalom, e Freestyle.
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4. Quais os materiais utilizados no fabrico de canoas?
De seguida refirmemos alguns materiais, mais utilizados em canoas, das diferentes
vertentes.
Cada material para uma canoa deve ser escolhido baseado no uso que queremos dar e
o seu custo. Para diferentes fins existem canoas de vários preços, e há outros fins em que é
muito mais importante cumprimos com as exigências mínimas.
Procuramos classificar e definir cada material e caracterizá-lo consoante as exigências
que a canoagem impõe sobre eles.
4.1. Compósitos
-Fibra de vidro É um compósito gerado a partir da junção de finíssimos e flexíveis filamentos de vidro
com alguns tipos de resina, pois estes filamentos devido às suas composições químicas são
compatíveis com muitas delas. Geralmente nas canoas usa-se a fibra de vidro com resina
poliéster.
Ilustração 2- Rolo de fibra de vidro
Esta composição química permite com que este material seja muito rígido e resistente
a impactos, não se detorando com o passar dos anos.
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Usada nas canoas, dá-lhes uma grande estabilidade e torna-as muito mais leves do
que por exemplo canoas de madeira ou ate mesmo de plástico (policarbonato). Esta fibra de
vidro chega a ser 30% mais leve do que o aço com propriedades mecânicas semelhantes.
Para além disso, a fibra de vidro é reciclável e fácil de reparar, ou seja, confere grande
flexibilidade aos projetos permitindo a moldagem por uma segunda vez de peças simples ou
complexas de uma forma bastante rápida.
Ilustração 3 - Canoa feita em fibra de vidro
-Fibra de carbono A fibra de carbono é chamada de um compósito, pois é um material composto por
filamentos de carbono e outros elementos inseridos na sua estrutura, como se estivessem a
unir as fibras. É o caso de muitas resinas.
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Ilustração 4 - Fibra de carbono a microscópio
Tem como principais propriedades, ser muito mais forte que o aço, e de que outros
materiais utilizados nas canoas. Da sua resistência também podemos dizer o mesmo em
relação por exemplo à fibra de vidro (material anteriormente falado), que aliada à baixa
densidade faz deste material favorito na construção de protótipos. É um material que não sofre
corrosão e em questão de estética tem um aspeto mais atrativo e elegante apesar dos gastos
na sua produção que o faz ser um material ligeiramente caro.
Ilustração 5 - Canoa feita de fibra de carbono
-Kevlar Classificada como sendo uma fibra sintética, uma junção entre fibras de aramida, estas
que podem ser curtas ou longas de diâmetro reduzido.
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Ilustração 6 – Kevlar ampliado
Esta criação tem vantagens em relação aos materiais já falados. É o mais resistente
podendo sofrer deformações sem rasgar, tem mais estabilidade dimensional, embora mais caro
a sua grande durabilidade faz com que ao fim de algum tempo já consigamos tirar partido do
preço em relação ao tempo de uso.
Permite grande flexibilidade no projeto de peças complexas e com propriedades
específicas.
Em relação à canoagem, esta fibra é preferencial em canoas de competição pois
oferecem uma eficiência enorme minimizando as transferências de vibrações da água para a
canoa. As canoas feitas de Kevlar® são fáceis de transportar e manobrar devido à densidade
do material, ou seja, o seu reduzido peso. Para aumentar a eficiência enquanto se pratica
canoagem, também se usa remos de Kevlar® pois é um instrumento que necessita de ser
rentável, rígido e tolerante a fortes impactos.
Ilustração 7 - Execução de canoas em Kevlar
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Para uma melhor compreensão dos materiais apresenta-se a baixo uma tabela:
Resistência
Densidade (peso)
Durabilidade Flexibilidade
que dá ao projecto
Custo Estética
Fibra de vidro ++ ++ +++ +++ ++ ++ Fibra de carbono ++++ ++++ ++++ +++ +++ ++++
Kevlar +++++ +++++ ++++ +++ ++++ (o mais caro)
+++
Tabela 1 - Tabela das propriedades dos materiais
4.2. Madeira
-Moldes:
A madeira utilizada para fazer os moldes das canoas é o contraplacado. O
contraplacado é elaborado através da junção de vários tipos de madeira laminada, unidas pela
utilização de resinas e aplicação de pressão.
Esquema 1 – vantagens do contraplacado
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-Madeira utilizada nas canoas
Resistência Flexibilidade Preço
Cedro Sim Sim Sim
Contraplacado Sim Não Sim
Coniferas Sim Intermédia Não
Tabela 2 – propriedades das madeira utilizadas na construção da canoa
Como podemos verificar pelo quadro da Tabela 2, a madeira de cedros é a mais
adequada e, portanto, a mais utilizada na construção de canoas, cumprindo os requisitos
básicos necessários para a construção deste tipo de embarcação.
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5. Quais os processos de fabrico na construção de canoas
Na produção de qualquer canoa é necessário um pré-planeamento. Nesta parte do
processo de fabrico, são feitos esquemas, planificações, escolhas dos produtos a utilizar e
listagens de produtos.
5.1. Materiais Compósitos
A produção dos compósitos (fibra de vidro, fibra de carbono e kevlar) pode ser feita de
três formas diferentes: a fabricação manual, a fabricação por pulverização e a pré-forma.
Para este procedimento são necessários os seguintes materiais:
Moldes;
Resinas;
Pincéis;
Lixa d’água;
Solventes.
Fabricação Manual:
O processo que leva à produção deste compósito divide-se em três partes:
A amostra de fibra é colocada no molde, de acordo com o projecto;
Passar a mistura de resina e catalisador com um pincel e esperar que seque, sendo
repetido várias vezes para que obtenha mais resistência;
Por fim, retirar, com cuidado, o produto do molde.
Este trabalho demora cerca de uma hora, variando com o tamanho dos moldes.
Fabricação por Pulverização:
Este método é semelhante ao anterior. O único ponto em que diferem é que neste
procedimento a fibra e a resina são pulverizadas com uma pistola de pintura, que também corta
o produto em cilindros com 2.5 cm de comprimento cada.
Assim, é um processo mais elaborado e mais difícil de realizar do que o anterior, logo
exige melhor mão-de-obra. Em contrapartida, é muito mais rápido que a fabricação manual.
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Pré-Forma:
Este processo tem duas partes:
O molde é colocado diante duma câmara que produz vácuo e, após ser pulverizada, a
fibra é cortada em tiras de 2.5 cm, com uma cola, sobre o molde;
Junta-se a este molde a resina e a mistura é disposta numa prensa aquecida. Após
alguns minutos, graças às condições de pressão e temperatura, a peça está moldada.
Durante a produção dos compósitos devem ser tomados cuidados especiais, como o
uso obrigatório de luvas, máscara devido ao cheiro forte que pode causar dores de cabeça e
ainda roupa que cubra o corpo todo, visto que a fibra solta fiapos que podem entrar na pele.
5.2. Plásticos De um modo geral o fabrico do plástico processa-se em 4 etapas:
Preparação das matérias-primas e monómeros.
Realizar reacções de polimerização.
Processar os polímeros em resinas de polímero finais.
Fabricar produtos com acabamento.
Na primeira etapa da produção de plástico são recolhidos alguns materiais como:
etileno e propileno. São produzidos alguns monómeros de carbono e de hidrocarboneto.
Em seguida, os monómeros realizam reacções de polimerização em grandes usinas de
polimerização. As reacções produzem resinas de polímero, que são colectadas para um novo
processo. O processo pode incluir a adição de plastificantes, tintas e substâncias químicas
resistentes ao fogo. As resinas de polímero finais estão geralmente em forma de grânulos ou
bolhas.
Por fim, as resinas de polímero são processadas em produtos plásticos finais. Para tal
são utilizados vários processos, estando o método utilizado relacionado com o tipo de produto
que pretendemos produzir.
Estes processos são:
Extrusão
Moldagem por injecção
Moldagem por sopro
Moldagem por rotação
No caso das canoas o método utilizado é a moldagem por injecção.
Neste processo os grânulos de resina são aquecidos e misturados mecanicamente em
uma longa câmara, forçados sob bastante pressão para dentro de um molde que já esfriou.
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5.3. Madeira O fabrico da madeira é dividido em várias etapas:
Inicialmente, procede-se à extração deste material das árvores (a madeira ideal para a
canoagem é proveniente dos cedros);
A madeira é cortada em tábuas com medidas precisas, de forma a poder ser
trabalhada;
Dividir o material em partes, de acordo com a forma como devem ser trabalhados;
Limar o produto, tornando-o liso;
Retirar pedaços de madeira que possam estar em excesso;
Furar com uma broca e, finalmente, pregar as peças de forma a ficarem unidas,
originando o produto desejado.
Posteriormente, raspa-se, encera-se e enverniza-se a madeira, de modo a esta adquirir
uma cor mais bela e uma forma mais perfeita.
Ilustração 8 - Canoa em madeira
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6. Vertentes da Canoagem
6.1. Canoas de turismo e passeio
As canoas de turismos e passeio são características da região onde se encontram. Por
esse motivo, a aparência das canoas pode variar ligeiramente em alguns pormenores.
Numa primeira fase é necessário a produção de moldes. Para isso utiliza-se
contraplacado, no qual são primeiramente desenhadas as formas a adquirir, sendo
desenhadas ao pares e gradualmente mais pequenas. Seguidamente, com o auxilio de uma
serra eléctrica, o molde ganha a forma desejada. No final, os moldes são fixados numa mesa
ou suporte firme. Os moldes de menor tamanho dispõem-se nas extremidades e os maiores no
meio, havendo , assim, uma simetria a meio da canoa.
A segunda fase do processo é mais complicada e requer mais perícia do artesão.
Primeiramente, as tiras de madeira de cedro são colocadas longitudinalmente, uma a uma,
desde a base ate ao topo. Para que não existam fendas entras as tiras de madeira é colocada
cola entre elas, bem como agrafos. Nas extremidades, as pontas das faixas de madeira são
coladas e seguras por molas grandes.
O seguinte passo consiste na aplicação de fibra de vidro e resina no exterior da canoa.
Após a secagem, a canoa ficará estruturalmente mais rígida e consistente, mas principalmente
impermeável.
No final, a canoa é retirada do molde e estará pronta a ser utilizada.
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6.2. Canoagem de mar
Esta vertente da canoagem, de uma forma simples, consiste numa prova em alto mar,
em que os participantes têm de completar um determinado percurso que por vezes chega a ter
vários dias de competição. São fabricadas canoas específicas, devido às condições que o mar
possa exigir.
Nesta modalidade há características fundamentais para que se obtenha o máximo de
rendimento. São elas:
São barcos compridos, entre 4.5 a 6.5 metros;
Têm boca pequena entre 60 a 70 centímetros;
Na popa são mais largos do que na proa;
São mais altos na proa do que na popa;
Compartimentos estanques na proa e na popa de volume apreciável;
O deque é todo fechado, a não ser no cockpit mas que por sua vez também é fechado
por uma saia de neopreno vestida pelo remador;
Estas embarcações utilizam o casco quilhado (com uma quilha), pois no mar não
necessidade de fazer-se curvas acentuadas, por isso tenta-se que a canoa mantenha o
melhor possível a direção;
Ilustração 9 - Caiaque de mar da empresa NELO
Ilustração 10 - Caiaque de mar
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6.3. Canoagem Freestyle
A canoagem Freestyle entre todas as modalidades da canoagem é a mais recente,
sendo reconhecida pela Federação Internacional de Canoagem (ICF) em Outubro de 2004.
Como o próprio nome diz esta modalidade é uma modalidade de estilo livre, ao contrário da
maior parte das modalidades em que esta pré-definido o que cada atleta tem de fazer, na
canoagem Freestyle cada atleta tem a liberdade de escolher as manobras que vai realizar em
cada competição.
As competições têm a duração de 40 segundos para cada atleta, e são realizadas em
ondas ou rolos dos rios, o objetivo é obter a melhor pontuação possível tentando realizar o
maior número de manobras possíveis e tentar variar ao máximo, as manobras e a respetiva
classificação estão preestabelecidas, as manobras estão divididas em manobras na crista da
onda ou na espuma da mesma. Nestas competições ganha normalmente quem é mais
consistente e tenta arriscar em manobras de elevada classificação, tentando elevar cada vez
mais o nível de dificuldade. Na canoagem Freestyle, a técnica e o estilo são os principais
parâmetros para se ter sucesso, bem como a imaginação em tentar misturar manobras
obtendo classificações cada ver mais altas.
A canoagem Freestyle não faz parte do lote de modalidades dos Jogos Olímpicos, uma
vez que é um desporto mais radical e livre, mas existem provas mundiais organizadas pela
Federação Internacional de Canoagem.
Na prática desta modalidade é obrigatório o uso de capacetes de proteção bem como
colete salva-vidas, já que é praticada em águas brancas extremamente agitadas com rochas
no meio da área de competição em que o perigo é constante, e a adrenalina atingida é
elevadíssima.
Ilustração 11 - Um atleta em prova
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Estruturas e materiais
As canoas de Freestyle são um pouco diferentes das canoas de outras vertentes da
canoagem em termos da sua forma ou estrutura, mas a nível de materiais não se altera muito.
Nestas canoas o atleta tem as pernas dentro da canoa, para manter a boa performance
das canoas não deixando entrar água na mesma é utilizado um pouco de neopreno para vedar
a distancia entre o corpo do atleta e a zona aberta da canoa.
Estas canoas por regra são pequenas em comprimento para a fácil utilização em águas
muito agitadas onde têm de ter um grande controlo. São canoas largas para facilitar o atleta
quando quer entrar nas ondas.
As canoas de Freestyle são construídas com umas filas de fibra de carbono uma vez
que é muito resistente e dificilmente quebra ao fazer as manobras, e coberta por plástico uma
vez que é leve e um bom flutuante. A canoa começa por ser fabricada através da laminagem
de fibras, em seguida, o casco das canoas em plástico é moldado para ter a forma que se
deseja este é o processo de fabrico mais utilizado uma vez que o plástico é maleável e
facilmente se altera a sua forma com a presença de calor ou pressão.
Ilustração 12 - Caiaque de freestyle
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6.4. Canoagem de Slalom
O slalom é uma das vertentes mais mediáticas da canoagem. É uma modalidade que
se disputa em águas bravias (rápidos), na qual um competidor tem de passar um percurso de
18 ou 25 portas no menor tempo possível, sem poder bater ou passar qualquer destas portas.
A canoagem de slalom foi introduzida nos jogos olímpicos em 1992, mas já tem
campeonato mundial desde 1949. Actualmente, slalom pode ser praticado com canoas ou
kayaks.
As canoas podem ser para uma pessoa (C1) ou 2 pessoas (C2). Quanto aos kayaks,
só podem transportar 1 pessoa (K1).
Ilustração 13 - Atletas numa prova de C2
Materiais e estrutura
Inicialmente, as embarcações deste desporto pesavam mais de 30 quilos e eram feitas
de fibra de vidro pesada e nylon. No inicio dos anos 70, começou a ser usado kevlar e
progressivamente os barcos foram perdendo volume e peso, à medida que novos designs
eram feitos. Por último, foram inventados novos regulamentos para controlar o peso das
canoas.
Assim, os materiais que constituem as embarcações do século XXI são fibra de
carbono, kevlar e pano de fibra de vidro, sendo usados epoxy e resina de poliéster para juntar
as camadas.
As canoas usadas nesta modalidade sâo:
C1, canoa para uma pessoa, com peso mínimo de 8 kg, comprimento mínimo de 3,5
metros e largura mínima de 0.6 metros.
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C2, canoa para duas pessoas, com peso mínimo de 13 kg, comprimento mínimo de 4.1
metros e largura mínima de 0.75 metros.
Ilustração 14 - Canoa C1 de slalom
O tipo de caiaque usado em slalom é o K1, para uma pessoa, com peso mínimo de 8
kg, comprimento máximo de 3.5 metros e largura mínima de 0.6 metros.
Ilustração 15 - Caiaque K1 de slalom
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6.5. Canoagem de Sprint
A canoagem de velocidade ou sprint é uma das mais conhecidas, sendo como o seu
nome indica um desporto ligado a rapidez. Como já devemos saber o tipo de materiais e
estrutura utilizados nas canoas vária com a categoria da mesma, logo a canoagem sprint
disputa-se em embarcações muito elegantes e rápidas.
Ilustração 16 - Atletas em competição de sprint
Materiais e estrutura
Os tipos de canoas utilizados para este tipo de provas são:
C1, canoa para uma pessoa, com peso mínimo de 16Kg e comprimento máximo de
5.20 metros.
C2, canoa para duas pessoas, com peso mínimo de 20Kg e comprimento máximo de
6.50 metros.
C4, canoa para quatro pessoas, com peso mínimo de 50Kg e comprimento máximo de
11 metros.
Ilustração 17 - Canoa C1 de sprint
Para esta modalidade também são utilizados caiaques:
K1, caiaque para 1 pessoa, tem 15 Kg e 5.20 metros de comprimento máximo.
K2, caiaque para 2 pessoas, tem 18 Kg e 6.5 metros de comprimento máximo.
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K4, caiaque para 4 pessoas, tem 30Kg e 11 metros de comprimento máximo.
Ilustração 18 - Caiaque K4 de sprint
O comprimento e o peso de uma canoa ou caiaque influenciam os movimentos destes.
Assim sendo, quanto maior o comprimento menor a velocidade de manobra, mas a
estabilidade e superior. Em relação ao peso estas embarcações não devem de adquirir uma
massa superior a 40Kg para que o transporte não fique complicado.
A técnica de um canoísta também e muito importante no movimento da canoa. Existem
três variáveis que avaliam os parâmetros cinemáticos da remada:
Comprimento médio da remada, sendo a distancia percorrida pela canoa.
Frequência da remada, o número de ciclos por unidade de tempo.
Velocidade media, um dos parâmetros mais importantes na canoagem, pois consiste
na distância percorrida por unidade de tempo.
Em relação aos materiais a fibra de carbono é muito utilizada nas canoas de velocidade
devido ao seu peso reduzido e a uma grande resistência.
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7. Conclusão
Neste trabalho acerca da mecânica existente na canoagem começou-se por investigar
o passado deste desporto, como também a sua evolução. Em seguida, são abordados os
vários tipos de canoagem (velocidade, turismo…), os materiais utilizados na construção das
canoas e a influência que estes tinham sobre elas.
Em suma, este é um trabalho objetivo com um grande número de informação que é
capaz de transmitir uma grande quantidade de conhecimentos importantes a alunos de
mecânica e não só.
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8. Referências bibliográficas
http://www.santiagodechile.com/kayak_de_mar_en_santiago_de_chile_3.html (08/10/2013)
http://www.modelglass.net/fibradevidro.htm (08/10/2013)
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