as 4 definiÇÕes da metafisica
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INTRODUÇÃO
A metafisica é considerada por Aristóteles como uma ciência divina por
dois motivos: o primeiro porque a ciência é de plena posse de Deus e a
segunda porque diz respeito as coisas divinas.
No conjunto de obras denominado Metafísica, Aristóteles buscou
investigar o “ser enquanto ser”. Significa que buscou compreender o que
tornava as coisas o que elas são. Nesse sentido, as características das coisas
apenas nos mostram como as coisas estão, mas não definem ou determinam o
que elas são. É preciso investigar as condições que fazem as coisas existirem,
aquilo que determina “o que” elas são e aquilo que determina “como” são.
Considerando que existe uma ciência que tem como objeto a unidade e
conhece os princípios primeiros, ela é primeira. Se existe uma ciência que
conhece profundamente as causas do Ser, essa é suprema. Mas se a
Metafísica apresenta essas duas características, então ela é superior.
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AS 4 DEFINIÇÕES DA METAFÍSICA POR ARISTÓTELES
Primeira definição
A metafisica como ciência das causas e dos princípios
primeiros e supremos
A primeira definição caracteriza a metafisica como ciência ou
conhecimento das causas e dos princípios primeiros ou supremos.
O primeiro tipo de saber limita-se à constatação do fato de a coisa ser,
ao contrário, o conhecimento verdadeiro ou ciência alcança o porque e a razão
de ser da coisa.
Em geral temos a constatação dos fatos serem de tal modo, aquele que
sabe o porque a coisa é de tal modo tem o verdadeiro conhecimento.
Portanto, quem possui a ciência não só sabe que as coisas são de
determinado modo, mas sabe porque são daquele modo determinado e não de
outro.
Quando se possui o conhecimento das causas e dos princípios de algo
sempre se possui ciência da coisa, mas não necessariamente ciência
metafisica.
Causa ou principio de algo não é mais do que o porque da coisa, é
aquilo porque a coisa é. A ciência metafisica é o conhecimento da causa ou
principio supremo ou primeiro de todos os seres, ou seja, as causas e
princípios que fundam os seres em sua totalidade.
A metafisica é ciência do porque último de todas as coisas, é ciência das
razões supremas da realidade.
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Segunda definição
Ciência do ser enquanto ser
Para começar, o termo "ciência" significa aqui conhecimento teórico. A
resposta inicial de Aristóteles dá-nos a expressão: "ser enquanto ser". Eis uma
interpretação disso: O primeiro "ser" da expressão identifica o tópico como
sendo a existência. O "enquanto ser" acrescenta que o foco da metafísica é a
existência em geral.
Trata-se da natureza geral da existência. Portanto, se a "filosofia
primeira" de Aristóteles for metafísica, então temos a proposta de que o objeto
de estudo da metafísica é a própria existência. A metafísica não é acerca de
quaisquer coisas que existam, nem da sua existência sob certas condições
limitadas. É apenas acerca da existência.
Assim, se o ser enquanto ser é a mera existência, então o objeto de
estudo da metafísica não se limita ao ser enquanto ser.
Esta investigação induz à elaboração de uma ciência suprema, superior
a todas as outras, dado que nela extrai o conhecimento dos princípios e das
causas supremas. As outras ciências lidam com um tipo particular de ser, mas
a metafísica ao Ser universal.
Essa investigação do ser enquanto ser consiste em investigar a
realidade em si, realidade enquanto realidade, e assim, o objeto de pesquisa
converge para a universalidade do ser e em suas propriedades essenciais,
desconsiderando as particularidades de responsabilidade das demais ciências.
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Terceira definição
Teoria da substância
Aristóteles define a questão da substância como a unidade indivisível de
matéria e forma, do particular e universal, de potência e ato. A substância é a
primeira coisa que se aprende, porque ela está presente em todos os entes e
consiste naquilo que é comum em todos eles.
Considerando uma outra substância, da unidade e ciência primeira, ela é
eterna, pura, imóvel e imutável. Caso contrário, por hipótese, ela fosse
corruptível, todas as demais substâncias seriam necessariamente corruptíveis.
Mas considerando que as características de tempo e movimento são eternas,
incorruptíveis e têm essência na substância, então deve existir tal substância
primeira, que possa dar caráter de unidade.
Essa substância não possui potência, dado que se encontra
eternamente como ato. Ela, porém move outras substâncias por atração a ela.
Se não o fosse, não seria imóvel e incorruptível.
É supremo o conhecer dessa substância e por isso a Metafísica,
responsável por tal estudo, é superior. Mas dado que existe uma outra
substância, imóvel, e que provoca a atração de outras substâncias, esta é a
filosofia primeira.
Logo, conhecer as substâncias primeiras e sua relação de atração e
criação das demais substâncias consiste em conhecer o compartilhamento da
unidade, da perfeição.
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Quarta definição
Ciência teológica
Na obra de Aristóteles esse conceito mescla-se com o outro, de
metafísica como ontologia, que é a ciência do ser enquanto ser. Isso é
expresso da seguinte forma por Aristóteles:
"Se há algo de eterno, imóvel e separado, o conhecimento disso deve
pertencer a uma ciência teorética. porém certamente não à física (que se
ocupa das coisas em movimento), nem à matemática, mas sim a uma ciência
que está antes de ambas. (...) Somente a ciência primeira tem por objeto as
coisas separadas e imóveis. Embora todas as causas primeiras sejam eternas,
essas coisas são eternas de modo especial porque são as causas daquilo a
que, do divino, temos acesso. Consequentemente, há três ciências teoréticas:
matemática, física e teologia; já que o divino está em todos os lugares, está
especialmente na natureza mais elevada, e a ciência mais elevada deve ter por
objeto o ser mais elevado. (...) Se não existissem outras substâncias além das
físicas, a física seria a ciência primeira; mas se há uma substância imóvel, esta
será a substância primeira e sua filosofia, a ciência primeira e, enquanto
primeira, também a mais universal porque será a teoria do ser enquanto ser e
daquilo que o ser enquanto ser é ou implica".
Portanto, diante da metafísica todas as outras ciências ficam em
condição de inferioridade: seu objeto é o finito, o irreal, ao passo que o objeto
da Metafísica é Deus, o infinito.
Logo, a causa e o princípio primeiro do Ser são divinos. As ciências que
estudam as essências das substâncias, suas causas, em particular: que lhes
deu forma, composição, finalidade ou origem são necessárias e não
suficientes. A ciência que estuda a unidade, verdade universal consiste na
ciência primeira e suprema.