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Artista Plástica
O trabalho da Manuela Pimentel relaciona uma abordagem conceptual entre o que está fora e dentro; desconstruindo a formalidade do pensamento entre as paredes e o que ela vê. Aproxima o sussurro e os rastos das pessoas numa procura constante para um mote onde as suas histórias, sejam elas visuais ou auditivas, ganham volume. O seu processo envolve uma temática de repetição onde o padrão procura uma conformidade com as paredes de Raymond Hains; num sentido inverso.
A ausência da matéria prima de Hains é a matéria prima de base deste trabalho. Cartazes de rua recortados em quadrados de catorze centímetros, remetendo-nos para a azulejaria. Alinhados em sequências sobre uma tela ou painel de madeira passa a suporte de intervenção, onde frases, stencils, desenhos e mensagens preenchem o murmúrio dos muros das cidades.
JAS
OUVE, 2017pastel d´óleo e acrílico s/cartazes de rua s/tela
18 x 18 x 18 cm
Manuela Pimentel nasceu em 1979, na cidade do Porto.
Estudou Artes Plásticas na Escola Superior Artística do Porto (ESAP), especializando-se em Litografia e Arte Multimédia. Nesse período, faz uma formação em Xilogravura Tradicional e Contemporânea Japonesa, orientada pelo Professor Hiroshi Maruyama (Tokyo).
O seu trabalho estende-se em diferentes áreas e práticas artísticas como a pintura, desenho, cenografia e vídeo. Expõe regularmente desde 2001 e as sua obras têm sido exibidas em várias exposições coletivas e individuais em Portugal e no estrangeiro, estando representada em distintas colecções publicas e privadas.
Desenvolve projetos em co-autoria com outros artistas, destacando as intervenções em Cenografia para Teatro, Cinema e Poesia, nomeadamente nas Quintas de Leitura, no Teatro Campo Alegre, no Porto. Desde 2008, é membro colaborador do coletivo Grupo Afrontamentos.
Atualmente vive e trabalha em Leça da Palmeira.
Exposições Individuais2017
2015
2014
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2003
O Sangue Todo na Cabeça | Galeria Artes Solar St. Antonio | Porto
Pouca Terra, Pouco Tua | Museu Municipal de Resende
Murmúrios de Muros | Galeria da Biblioteca Florbela Espanca | Matosinhos Murmúrios de Muros | Galeria St. António | Roma
Murmúrios de Muros | Galeria Municipal Vila Franca de Xira | Lisboa
Sabias que as paredes têm ouvidos | Edge Arts Galeria | Lisboa
As Paredes têm ouvidos | Galeria João Pedro Rodrigues | Porto.
+/- Fixação Proíbida “amo-te” | Galeria Jorge Shirley | Lisboa
Amo-te, Instalação | Galeria Servartes | Porto.
+/- Fixação Proíbida | Fábrica A2 | S.Tomé de Negrelos.
+/- Fixação Proíbida | Galeria Servartes | Porto. Fixação Proíbida | Galeria Esteta 7 | Porto.
Por entrespaço branco, reclama a perede fria | Galeria Maia Welcome Center | Maia.
Entrespaços | Centro de Congressos do Estoril - X Congresso Português de Ginecologia.
Linhas da Terra... | Palácio de Belomonte | Porto.
Exposições Coletivas2017
2016
2015
2013
2012
2011
2010
2009
2008
2007
La Mente Artistica | Giovani Donne Artiste a confronto, l’Ambasciata della Repubblica Araba D ’Egitto | Centro Culturale Egiziano | Roma Manuela Pimentel Vs JAS - Na Cama Com o Inimigo | Galeria Wozen | Lisboa
ARTRUA | Intervenção Urbana num galpão com 8000m2, 42 artistas | Porto Marvilha, Rio de Janeiro
Biennale Internazionale d'Arte | Sant 'Antioco | Sardenha, ItáliaA Journey of imagination“, inserida na Mostra - Iberian Suite: Arts Remix Across Continents no Kennedy Center | Washington DC
Exposicion 5 ARTISTAS | Teatro Municipal de Monção Pontos de Fuga | Galeria Artes Solar St António | Porto
Fado ao Norte | Casa da Galeria | Santo Tirso
Afrontamentos 6 | Palácio da Brejoeira | Monção
Colectiva/Instalação de arte Móvel sobre t-shirt | Galeria João Pedro Rodrigues | Porto
Estímulos Contemporâneos | Galeria João Pedro Rodrigues | PortoXV Bienal Internacional de Vila Nova de CerveiraAfrontamentos 5 | Galeria Quase, Espaço T | PortoAfrontamentos 4 | Galeria Jorge Shirley | Lisboa
Estímulos Contemporâneos | Centro Cultural | ChavesAfrontamentos 3 | Galeria João Pedro Rodrigues | PortoMatriz – Agua-forte – Intercâmbio de Gravura | Lisboa
A arte saiu à rua, 25 de Abril | Galeria Esteta | Porto
2006
2004
2003
2002
2001
IV Bienal de Pintura Arte Jovem de Penafiel | PenafielColectiva | Galeria Mercado das Artes | PortoCorpo em expressão – Concurso de artes plásticas | Galeria Servartes | PortoColectiva | Mercado das Artes Galeria | PortoSchool Out, Out School | Galeria de Exposições, ACERT | TondelaGravuras | Galeria Esteta | PortoSchool Out, Out School | Galeria Arthobler | PortoCumplicidades Musicais | Concurso de artes plásticas | Galeria Servartes, Porto
Artes Plásticas fora do sítio | V Jornadas de Comportamentos Suicidários - Departamento de Psiquiatria dos Hospitais da Universidade de Coimbra | LusoIII Prémio de Artes Plásticas-Baviera Séc.XXI | Museu de Vila Nova de Cerveira.
XII Bienal Internacional de Arte de Vila Nova de Cerveira | Museu de V. N. de CerveiraFinalistas de Artes Plásticas - ESAP | Galeria Crasbeeck | PortoHumaniarte – Porto escondido | Mercado Ferreira Borges | PortoCESAP/ESAP-20 ANOS | Mercado Ferreira Borges | Porto
Entre o Jogo e o Artifício da Persona-antologia de projectos artes plásticas | Fórum da Maia
Gravura 2001 | Palácio Belomonte-ESAP | Porto.
Prémios2007
2004
1º Prémio de Pintura Servartes, Corpo em Expressão | Galeria Servartes | Porto
1º Prémio ESAP, do Curso Superior de Artes Plásticas | Porto
2010
2009
2005
2004
Cyrano de Bergerac, espectáculo baseado na obra de Edmond Rostand, contou com a participação do actor Pedro Lamares (voz), do compositor Yury Popov (música original) e das pianistas Eugénia Moura e Olga Baranova (interpretação a dois pianos). A imagem foi enriquecida pelas ilustrações da artista plástica Manuela Pimentel, Teatro Diogo Bernardes Ponte de Lima.
Design e imagem - Voz e Arte num Projecto de Amor, cd resultante do espectáculo realizado no Teatro Sá da Bandeira, de apoio solidário com o Projecto Pegadas de Amor
Incontinência Urinária –Impacto no Feminino, de Anabela Abreu Azevedo, Ed. Formasau.
Águas Furtadas - Revista de Literatura, Música e ArtesVisuais, litografia, Linhas da Terra...Devaneios Junho´04, xilogravura, porentreespaços para o jornal JUPRezo Liberdade, Penso 25 de Abril, para o Jornal da Academia do Porto, JUP Psiquiatria Clínica - 25anos, Capa da Revista Clínica - Hospitais da Universidade de Coimbra.
Ilustrações
Coleções PúblicasFundação Luso Americana Museu Municipal de ResendeMuseu do Vinho do PortoHospital Público Senhora da Oliveira – GuimarãesA2 – Asdrubal J. A. SA – S.Tomé de NegrelosGinoclin - GuimarãesCâmara Municipal da Maia
Projectos de Arte Pública/ Cenografia 2013
2012
2011
2010
2009
2008
2006
2005
2002
“Quem anda há tanto tempo no meu coração devia pagar renda ou então pedir-me a chave” imagem para o espectaculo inserido nas Quintas de Leitura, Teatro Campo Alegre
Curtametragem "KINO" de Natalia Warth, (participação como intérprete), rodado em Roma Curtametragem "Check Point Sunset”, de Pedro Ludgero, (cenografia de JAS e Manuela Pimentel), rodado em Leça da Palmeira
Stencil Eunice Muñoz, 70 anos de Teatro, street art, Lisboa"O Fraseador" de Pedro Lamares no Teatro Campo Alegre, Porto“Vozes” imagem para o espectáculo inserido nas Quintas de Leitura, Porto"Cyrano de Bergerac" no Teatro Diogo Bernardes, (cenografia), Ponte de Lima
O Rapaz de Bronze- Espectáculo de Dança idealizado a partir do texto homónimo de Sophia de Mello Breyner com Cenografia de Manuela Pimentel, Auditório Municipal de Vila Nova de GaiaAmo-te - Espectáculo de Poesia, Piano e Imagem inserido no Projecto Coincidência do actor Pedro Lamares e do Pianista Alvaro Teixeira Lopes “Dia dos Namorados”, no TEMPO - Teatro de Portimão e “Festival de Musica” no Teatro Diogo Bernardes, Ponte de Lima.
Amo-te - Espectáculo de Poesia, Piano e Imagem inserido no Projecto Coincidência do actor Pedro Lamares e do Pianista Alvaro Teixeira Lopes, “Festival em Rotação” (entre o Porto e Vila Praia de Âncora) em Julho, e o “Festival de Outono” (Aveiro) em Setembro/Outubro.FUSÃO – Espectáculo de encerramento , com a participação de Musica: Cao Bei, Cristina Nóbrega e Celina Pereira; Dança: Companhia Amálgama; Poesia: Pedro Lamares; Imagem: Manuela Pimentel, no Auditório dos Oceanos - Casino de Lisboa.
Artista convidada com a participação da imagem no Recital, Irene , Irene, Sirva o leite creme, inserido no ciclo “Quintas de Leitura” de Novembro, Teatro Campo Alegre, PortoFlôr de algodão - Escultura, Fábrica A2, S.Tomé de NegrelosPessoas que vivem ao ritmo das estaçoes do ano – Intervenção plástica, Fábrica A2, S. Tomé de NegrelosNovas Figuras de convite – Painél de Azulejos, Fábrica A2, S.Tomé de Negrelos
Pinturas murais, Intervenção plástica, Urgência de Pediatria do Hospital Senhora da Oliveira-Guimarães
Mãe - Intervenção plástica, Ginoclin, Guimarães
Desenha esta ideia, desenha uma árvore, - Intervenção artística, juntamente com o Escultor João Pedro Rodrigues, Jardim da Praça do Infante, Porto.
Rodar como um piãoaté à tontura do sentido único;
o pino do corpo,o pino do poente,o pino da paisagem;esfregar os olhospara ver sangue e ouro.
Regina Guimarães
O SILÊNCIO ATRÁS DO SILÊNCIO, 2017pastel d´óleo, acrílico e resina s/cartazes de rua s/tela
110 x 110 cm
PALIMPSESTOS 1Dentro da paredehá certamente a sombra do construtore a nostalgia da ruína. Dentro da paredehá o segredo que permite atravessá-lae a cólera que a mantém de pedra e cal Dentro da paredehá os suspiros dos amantes esperandoe as traições ao serviço do futuro Dentro da paredehá as vontades de brechae os desejos de pintura fresca Dentro da paredehá o esquecimento de um tempo sem paredese a memória de paredes caminhando
2A criança descobre as paredesum certo dia em que decidevê-las pela primeira vezcomo insectos pousadosna palma da mão de deus A criança fala com as paredesaté as tirar do sérioe as obrigar a confissõesque fazem corar de prazeros ouvidos e as maçãs do rosto
A criança descasca as paredespresumindo que são frutos bizarrose desenha labirintos nas paredespresumindo que são cadernosmais distraídos do que os seus
A criança derruba paredeslutando contra as boas intençõese também ergue paredescombatendo dos pensamentosque ameaçam emparedá-la A criança procura a companhia da paredepara se confundir com elapara ser música ininterruptaaparecer logo a seguir a ser ocultae esconder sabendo-se bela
3Às paredes, acredita,a criança ensina a dançada terra a girar sobre si mesmae do sangue subindo à cabeçacada vez mais vermelho e mais depressa Às paredes, acredita,a criança ensina a quedacom uma gargalhada a piquee poeira de palavras pobrespor amor de pouco amortecer Às paredes, acredita,a criança ensina a levitaçãoe toda a descrença que é precisopara colar os cacos do juízodescolando devagar do chãoAs paredes, acredita,a criança ensina o ultrajeo despir-se atrás e à frente de tudo e todoso ser lavado e enxovalhado num só gestoo chamar-se falha passando a ser resto Às paredes, acredita,a criança ensina a molduraa figura que se funde no suportecomo se cada parede levantada do chãofosse testemunha de uma execução
Regina Guimarães1 de Março de 2017
Pormenor de “The Font of Imagination” 2017
O SILÊNCIO ATRÁS DO SILÊNCIO, 2017pastel d´óleo e acrílico s/cartazes de rua s/tela
200 x 160 cm
Pergunto ao Anjose o embaraço das asas
lhe permite fazer ou imaginargestos singelos- coçar o sovaco
abraçar o ar com as mãostraçar no céu inconfidências e inconfissões.
O anjo não está habituado a responderpor isso sorri estupidamente
em estilo conclusivosugerindo que se nada tudo fosse
ainda assim tudo estaria à sua guarda
logo ao seu alcance. RG; 2017
Ovar
BTL - Feira de Turismo de Lisboa
Ovar, 2017acrílico e verniz s/cartazes de rua s/madeira
215 x 600 cm
Linhas da terra......as mesmas linhas que desenharam o desenvolvimento natural no tempo,... um tempo num lugar em que tudo parece subitamente possível e impossível.....um monstro que hoje faz parte do imaginário daqueles que o recordam com saudade e que ainda o ouvem com o ouvido bem encostadinho nos ferros do carris, como se conta nas lendas...Memórias de reflexos de imagens que vagueiam pelas janelas de um comboio num imaginário observado por qualquer um viajante, imagens que se repetem e que correm como o vento pelo olhar mais distraído de quem quer ver, é muitas vezes nesta confusão de paisagem imagens que se repete a minha mensagem, vezes e vezes sem conta.Uma viagem que, não só nos permitia usufruir da paz e da serenidade de paisagens quase inigualáveis, como também se tratava de um fio condutor.No mínimo, pretendo lançar um grito de alerta para os inconvenientes irreversíveis. Sendo esta uma região, única no património natural e cultural português, percorrendo e conhecendo a sua grande sensibilidade, o que para mim é rever vivendo com emoção a percepção da necessidade de nos assegurar-mos da conservação de um património que é único em Portugal....hoje, são quilómetros de linhas enfurrejadas, edifícios abandonados, túneis e viadutos em ruínas, ...Como as estações condicionam toda uma vida, a sucessão dos gestos e a sua malha apertada de funcionalidades e significações...São as linhas da terra que semeiam o percurso da memória.
Neste sentido a segunda fase do percurso transporta-nos em dois movimentos, um é movimento do comboio, o outro são as árvores que se mexem consoante a velocidade e o reflexo, pelo que temos dois movimentos paralelos, cada um dos quais corresponde ao outro. Além disso, há a simplificação das árvores em linhas que ditam formas que nos iludem num paralelismo elementar. É uma espécie de associação de reflexos numa memória de árvores cortadas em série num trajecto que se desloca no tempo e no espaço imaginário.
Linhas que seguem paralelas em janelas repetidas,reflectindo os troncos em linhas cortadas.
Este é um reflexo na ideia de repetição e é efectivamente pensar ainda que assumindo diferentes contornos em relação a esta apresentação deste trabalho, a original inspiração poético literária em Marcel Duchamp, se se tratar do acaso de vida ou, de um modo geral, o encontro casual e inesperado de sentidos, leituras e significações, justificando os pontos de partida essenciais que me motivaram e me conduziram à prática da repetição na mensagem, numa forma de leitura visual contínua, inserida num contexto real de viagem e observação do mundo delimitado pelo enquadramento da janela. É precisamente neste sentido que me refiro a Marcel Duchamp em “Pharmacie”de 1914,(M.D. observa pela janela de um comboio o reflexo de um ponto vermelho visualmente inserido na paisagem, na saída compra um postal ilustrado com a paisagem e intervem no postal acrescentando um ponto vermelho), em que os jogos de linguagem promovidos por uma criativa intitulação se constituirão como determinantes para um segundo momento igualmente radical de proposta artística de ready-made, e que admite em verdade uma maior influência dos jogos de significações em títulos muito mais ousados ao nível da provocação, ocultaçãoe resistência interpretativas.
Na minha proposta litográfica, com definições de série de Provas Únicas, no sentido de leitura das imagens como uma Só Obra, deve-se ao facto de poder trabalhar imagens fotográficas com caracteristicas de dentro para fora da impressão da fotografia e que se reflectem na forma de sobreposição da imagem em tons e formas como resultado final.Reflexos das imagens que vagueiam pelas janelas de um comboio num imaginário observado por qualquer um viajante, imagens que se repetem e que correm como o vento pelo olhar mais distraído que se possa ver, é muitas vezes nesta confusão de paisagem que se repete a minha mensagem, vezes e vezes sem conta.
Pouca Terra Pouco TUA
Museu Municipal de Resende, 2015
Pouca Terra, Pouco TUA, 2015acrílico e resina s/cartazes de rua s/madeira
215 x 600 cm
A Jouney of Imagination
John F. Kennedy Center for the Performing Arts - WDC
Se Eu Pudesse Trincar a Terra Toda, 2015acrílico e resina s/cartazes de rua s/madeira
215 x 600 cm
O Sal na PeleDepois, deixei o dia avançar com o barco.
ALA-ARRIBA; XIII, 2015acrílico e resina s/cartazes de rua s/madeira
160 x 215 cm
Limite; VII, 2015acrílico e resina s/cartazes de rua s/madeira
160 x 215 cm
Pouca Terra, Pouco TUA, 2015acrílico e resina s/cartazes de rua s/madeira
várias medidas
... um tronco de Homem, forte e “largo de ossos”, tão rude como humilde, tão
áspero como dócil, tao bruto como meigo. J.A.: I, 2016
Murmúrios de MurosAs meninas nunca deviam ser fechadas a sete chaves. Os sonhos nascem da carência. O príncipe encantado é um fantasma gerado pela falta de amor. As paredes transpiram desejo de liberdade. Mas o paradoxo do prisioneiro, descrito por Kafka, é inevitável: se, por um lado, a vontade do recluso está toda voltada para um único ponto de fuga – ou antes, de evasão – que orienta a perspectiva global, por outro, é preciso sobreviver à clausura e, para tanto, tornar a cela confortável ou, pelo menos, habitável. Forrar as paredes, decorá-las, grafitá-las. Ora, a liberdade é sempre condicional, condicionada. O horizonte está sempre tapado por paredes. Se o interior é, por essência, uma jaula, o exterior é um labirinto. E o dentro só se distingue do fora pelo tecto, não pelas paredes. E pelos respectivos ocupantes. Dentro, está-se em casa. Fora, circulam minotauros e caçadores de minotauros, e meninas amedrontadas, sacrificadas aos monstros. E talvez outras criaturas, tímidas ou envergonhadas, que inscreveram nas paredes a sua fome ou a sua profusão de amor, criaturas enclausuradas que sofrem de idênticas privações e em quem a prisioneira, sem as ver, reconhece as suas semelhantes, as suas irmãs. Uma solução consistiria em interiorizar as paredes da cidade, com os seus azulejos, os seus cartazes arrancados e os seus graffitis, com os seus contos, as suas promessas, os seus gritos – pois as paredes são faladoras para quem sabe escutá-las –, em transportá-las para dentro de casa, em pendurá-las como um correr de janelas tapadas nas paredes interiores da cela mental, em responder ao apelo que elas lançam. Porque a liberdade fica sempre do outro lado. Do lado de cá, há os dias contados, as declarações riscadas, as lágrimas contidas, os encontros falhados, os recados rasgados, os desejos emparedados, o pesar dos arrependimentos.
Saguenail
S/ Título , 2017pastel d´óleo e acrílico s/cartazes de rua
50 x 50 cm
O Desenho da Sara, 2016pastel d’óleo ae crílico s/cartazes de rua s/ tela
150 x 150 cm
Cabra Cega, 2013acrílico e resina s/cartazes de rua s/ tela
160 x 200 cm
Amo-te, 2015acrílico e verniz s/cartazes de rua14 x 14 cm
Amo-teParedes que falam... paredes que falam comigo(!), com sentidos e sentimentos em formas de stencils. Cartazes e tantas outras frases ou imagens que passam mensagens +ou– discretas, todos com um propósito significado: o de comunicar. E não sou só eu que vejo, nem que sinto. ...terão os outros as mesmas sensações? Talvez sim, talvez não, talvez +ou–. Não sei, mas gostava de saber! Mas que paredes são estas que falam e que ouvem, que respiram os sentidos e os significados das coisas deste quotidiano urbano?... E de repente, estou à procura de um percurso nestes desenhos, nos ritmos da repetição e no que se respira entre paredes que falam através das intervenções que se inscrevem por todos os lados. E então encontro-me na minha observação envolta das histórias das coisas e do que resultam... Sim, porque o que eu escuto é a minha crítica sobre o que eu vejo. Fascina-me a pulsação dos sentimentos que, irónicamente, nos acariciam em paredes frias. Trovadorescas provas de amor gravadas no testemunho da cidade.
AMO – T E Hoje, também eu fui testemunha desse amor. Torna-se público. Torna-se nosso. E é tão importante dizer “amo-te”, que terei de o escrever até à exaustão.São mensagens de amor, que se insinuam pelas paredes, indiferentes a conceitos estéticos, sem regras nem sentidos de ordem. Desafiando +ou- janelas e postigos, cimento e azulejos, como se as casas e os edificios fossem as molduras destas instalações de caracter tão artístico(?). ... já agora, hoje amo + ou - ?
Amo-te #352; #359, 2015acrílico e verniz s/cartazes de rua(14 x 14) (14 x 14) cm
Amo-te #350; #353, 2015acrílico e verniz s/cartazes de rua(14 x 14) (14 x 14) cm
Amo-te #345 #346, 2015acrílico e verniz s/cartazes de rua(14 x 14) (14 x 14) cm
Contactos/manuelapimentel.artistaplastica//manuelapimentel.79
/manuelapimentel_v_artist
www.manuelapimentel.com
Pormenor de “Silêncio” 2016