artigocaseforumdeinovacao

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1 Por Moysés Simantob Por Moysés Simantob Coordenador do Fórum de Inovação da FGV-EAESP e sócio- fundador da unidade de Inovação Estratégica da Pieracciani /Pritchett Brasil E-mail: msimantob@ fgvsp.br Por Tales Andeasssi Tales Andeasssi, Professor do Departamento de Administração da FGV-EAESP Cooperação universidade-empresa: a experiência do Fórum de Inovação da FGV-EAESP

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a experiência do Fórum de Inovação da FGV-EAESP Por Moysés SimantobPorMoysésSimantob Coordenador do Fórum de Inovação da FGV-EAESP e sócio- fundador da unidade de Inovação Estratégica da Pieracciani /Pritchett Brasil E-mail: msimantob@ fgvsp.br Por Tales AndeasssiTalesAndeasssi, Professor do Departamento de Administração da FGV-EAESP 1

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Por Moysés SimantobPor Moysés SimantobCoordenador do Fórum de Inovação da FGV-EAESP esócio- fundador da unidade de Inovação Estratégica daPieracciani /Pritchett BrasilE-mail: msimantob@ fgvsp.br

Por Tales AndeasssiTales Andeasssi, Professor do Departamento deAdministração da FGV-EAESP

Cooperaçãouniversidade-empresa:a experiência do Fórum deInovação da FGV-EAESP

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cooperação entre empresas,universidades e institutos de pesquisa

sempre foi um assunto de extremaimportância e também de acentuada

dificuldade, dados os caracteres emissões díspares dessas três

instituições e os inúmeroscasos de insucesso

envolvendo pesquisascooperativas nesses três

âmbitos.

O presente artigo pretenderelatar uma dessas

experiências, aimplementação do FórumFórumde Inovaçãode Inovação da Escola

de Administração deEmpresas de São Paulo,ligada à Fundação Getulio

Vargas. Sua missão é estimular eviabilizar a geração, sistematização,

difusão e aplicação de conhecimentossobre Organizações Inovadoras.

Até o presente momento, seisempresas já aderiram ao Fórum de

Inovação.

Analisar o processo de constituição doFórum, suas

principais ações, metodologias,empresas participantes e resultados,

são os objetivos deste

trabalho. Por se tratar de umaexperiência única no contextonacional, espera-se que o trabalhocontribua para inspirar outrasexperiências semelhantes nos diversoscentros de inovação implementados

em escolas no país.

Este trabalho estáestruturado em seis itens.

O item 1, esta breveintrodução, relata osobjetivos e a estrutura doartigo. O item 2 abrange arevisão bibliográfica

efetuada, concentradabasicamente na relaçãouniversidade-empresa. Oitem 3 discute a concepção

e evolução do Fórum, seguidopelos itens 4 e 5 que respectivamentetratam da mecânica de funcionamentodo Fórum e de suas perspectivas edesafios. Finalmente, o item 6apresenta as conclusões do trabalho,sendo seguido pelas referênciasbibliográficas.

1 . Introdução

A

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N o atual quadro econômico,marcado pela alta competitividade,

qualidade dos produtos e concorrênciaacirrada, cada vez mais o êxito

empresarial depende da capacidade daempresa inovar, colocando novos

produtos no mercado, a um custo-benefício maior, com uma qualidademelhor e a uma velocidade maior doque seus concorrentes. Assim, se no

âmbito interno a inovação está setornando cada vez mais uma condição

necessária para a sobrevivência daempresa, no âmbito externo a decisão

de inovar é uma condição essencialpara que a empresa consiga ganhar

mercados internacionais e atender osrígidos padrões desses mercados.

Se a inovação pode ditar o ritmo docrescimento de um país, conforme

afirma Marcovitch (1981), nada maisnatural o incentivo ao fomento de

políticas que efetivamenteincrementem a inovação de um país.

Dentre as várias políticas deincremento – incentivo fiscal, crédito à

inovação, incubadoras, programas deformação de mão-de-obra, entre

tantas outras – o incentivo à interaçãouniversidade-empresa seguramente

encontra-se entre as políticas que vemmerecendo um grande destaque, haja

2. A relação universidade-empresa

vista a recente criação do Fundo VerdeAmarelo pelo Ministério da Ciência eTecnologia.

A cooperação universidade-empresapode ser definida, no entender dePlonski (1992) apud Segatto e Sbragia(1996), “como um modelo de arranjointerinstitucional entre organizações denatureza fundamentalmente distinta,que podem ter finalidades diferentes eadotar formatos bastante diversos.Inclui-se nesse conceito desdeinterações tênues e poucocomprometedoras, como ooferecimento de estágiosprofissionalizantes, até vinculaçõesintensas e extensas, como os grandesprogramas de pesquisa cooperativa,em que chega a ocorrer repartição decréditos resultantes da comercializaçãodos seus resultados”.

Embora no âmbito internacional ainteração entre universidade eempresa não seja algo novo, foi só apartir de 1970 que esta tem sertornado mais formal, freqüente eplanejada, conforme aponta Vedovello(1996). A autora ressalta também quetal tema vem despertando umcrescente interesse, seja em paísesdesenvolvidos como em

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desenvolvimento, “que ainda aconsideram como um recurso

científico-tecnológico sub-utilizado”, oque demonstra a alta capacidade deexploração do tema em questão. É

interessante notar que tal sub-utilização também é verificada em

países desenvolvidos, uma vez que aOCDE tem enfatizado a ausência e/

ou inadequabilidade de análisesqualitativas e quantitativas sobre a

interação entre universidades eindústria (OECD, 1990 apud

Vedovello, 1996).

Uma das possíveis explicações paraessa sub-utilização é que a relação

universidade-empresa já se apresentacontroversa no momento em que se

analisam as motivações que a criaram.Segundo Segatto e Sbragia (1996), a

academia procura as empresas para aobtenção de conhecimentos práticos

sobre os problemas existentes,incorporação de novas informaçõesaos processos de ensino e pesquisa,obtenção de recursos financeiros e

materiais adicionais e para a divulgaçãoda imagem da universidade. Já os

principais motivadores que levamas empresas a procurar a academia são

o acesso aos recursos humanosaltamente qualificados, resolução de

problemas técnicos que geram anecessidade de pesquisa, redução de

custos e riscos envolvidos emprocessos de P&D, acesso a novos

conhecimentos desenvolvidos no meioacadêmico e identificação de alunos

para o recrutamento futuro. Emboratais motivações não sejam totalmente

incompatíveis, elas são certamentediferentes, e sem um gerenciamentoeficaz do processo tais diferençasacabam por se tornar obstáculosintransponíveis. No entender de BritoCruz (2001), “devemos transformar auniversidade no departamento deP&D que a empresa não tem”.Nesse sentido, Segatto e Sbragia (1996)apontam alguns empecilhos na relaçãouniversidade-empresa:

a busca do conhecimentofundamental pela universidade,enfocando a ciência básica e nãoo desenvolvimento oucomercialização;

a extensão do tempo do processo;

a visão de que o Estado deve sero único financiador de atividadesde pesquisa universitárias a fim degarantir a plena autonomiauniversitária e a liberdade depublicação;

ausência de instrumentos legaisque regulamentam as atividadesde pesquisa;

as filosofias administrativas dasinstituições;

o grau de incerteza dos projetos;

a carência de comunicação entreas partes;

a instabilidade das universidadespúblicas;

o excesso de burocracia dasuniversidades.

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Apesar de todas as dificuldadeslistadas acima, os ganhos oriundos deuma parceira eficaz entre universidade

e empresa são certamenterecompensadores. Conforme afirmam

Lima, Reis e Castro (1998), asvantagens que as relações

universidade-empresa trazem para asorganizações

envolvidas são a legitimação daatividade institucional, otimização dos

recursos, redução dos riscos, melhoria na qualidade das ações,

possibilidade de intercâmbio deinformações, melhor identificação de

demandas dos clientes, maior interaçãoentre técnicos e maior permeabilidade

institucional ou maior alcancegeográfico das ações.

Já Fonseca (1998) estudou a parceirauniversidade-empresa sob a ótica da

geração de inovação, e afirma que paraa configuração de relações duradouras

entre a universidade e o meioprodutivo mostrou-se necessária a

combinação de medidas de interaçãodas três categorias: os instrumentos

político-normativos, criando medidas deamparo às atividades inovadoras emparceria; os mecanismos administrativos,

criando condições culturais,motivacionais, comportamentais etécnicas favoráveis à parceria e ao

desenvolvimento de projetos deinovação tecnológica; e as estruturas

organizacionais, criando uma baseformal, capaz de viabilizar a execuçãoconjunta de projetos e a concretização

das inovações.

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criação do Fórum de InovaçãoFórum de Inovaçãofoi fortemente inspirada, no tocante à

sua estrutura, no MIT MediaLaboratory, inaugurado em 1985 por

Nicholas Negroponte e Jerome Wiesner,que previram a convergência entre

computação, editoração e televisão, nocontexto das mudanças na indústria de

comunicação. Ao se iniciar aestruturação do Fórum, a idéia era

desenvolver uma aliança entre empresase universidade, de modo que ambos os

lados aprendessem e estudassem aquestão da inovação, em um ambiente

de colaboração. Nesse sentido, o Fórumcomeçou a ser estruturado em 1999 e foi

oficialmente lançado em maio de 2000,tendo como principais objetivos:

sistematizar o conhecimento e aprática da inovação nas empresas;

integrar conceitos acadêmicos erealidade empresarial;

estudar a inovação comodirecionador estratégico para o país;

compartilhar conhecimento entreempresas de segmentos diversos,em uma comunidade multi-cultural e multidisciplinar;

gerar riqueza a partir da visão deinovação como estratégia.

É importante ressaltar que, ao sereferir à questão da inovação, o Fórumnão está, necessariamente, se referindoapenas à inovação tecnológica,caracterizada basicamente pelainovação de produto e processo, mastambém à inovação de gestão ou aindaà inovação relacionada ao modelo denegócio.

Em linhas gerais, as atividades doFórum se resumem, até o presentemomento, em quatro pontos:

Inventário de Inovações:realização de pesquisa einvestigação de casos, elaboraçãode diagnósticos e workshops comexecutivos das empresas

Compartilhamento de experiências:análise comparada dos casos,identificação de fatores que favorecema inovação e discussão de estratégias eações

Estruturação de metodologias:desenvolvimento de metodologia dediagnóstico, de gestão datransformação e de pesquisa setorial

Capac i t a ção acadêmica :implementação de disciplinasde Inovação na FGV-EAESP

3. Concepção e Evolução do Fórum

A

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“Expandindo fronteiras”

• Comunidade Global• Referência internac.• Ciência brasileira• Exportação deConhecimento

“Criando raízes”

• 4 empresas• Estudos de Facilitadores e Inibidores• Metodologia experimental MIS/IP

“Saindo da casca”

• Estudos de casosexternos• Website• Metodologia própriade investigação• Produção de artigos• ‘Swap’ de Inovação• Comitês de Inovação

“Ganhando massa”

• Novas categorias deassociação• Comunidade multidisciplinar• Linhas específicasde estudo – setoriaise temáticas•Geração de Ferramentas• Cursos regulares

Desenvolvimento(2002-2003)

Expansão(2003-…)

Criação(1999-2000)

Consolidação(2001-2002)

Figura 1: evolução planejada do Fórum

A concepção do Fórum obedeceu auma evolução planejada, segundo aqual podem ser identificadas quatro

fases distintas, conforme mostra afigura a seguir:

O período de 1999-2000 representa afase de criação do Fórum, na qual apreocupação maior era criar raízes e

garantir a o funcionamento de suaestrutura, contando com o apoio dequatro empresas: Brasilata, Copesul,

Embrapa e Monsanto. Nesse períodoforam desenvolvidos dois estudos de

caso, na Brasilata e na Copesul, quetinham como propósito básico analisar

fatores facilitadores e inibidores daatividade inovadora nessas empresas, a

fim de que tais fatores pudessem serreplicados ou evitados em situações

futuras.

A partir de 2001, o Fórum entrou emsua fase de consolidação, procurandodiversificar sua linha de atuação. Apartir dessa data, houve um maiorincentivo à produção de artigos e aodesenvolvimento de uma metodologiaprópria para o estudo da inovação nasempresas.

No ano de 2002 o Fórum entra em suafase de desenvolvimento, com oingresso de mais duas empresas –Banco do Brasil e Microsiga. A partirdaí seu leque de atuação aumentasignificativamente, seja na implantação

Fonte: Fórum de Inovação

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de cursos voltados àinovação na FGV-EAESP, seja na

criação de linhas específicas de estudo.

A partir de 2003, o objetivo do Fórumserá a expansão de suas fronteiras,através de convênios e acordos decooperação com outros institutos

relacionados à inovação, conformerelacionado na figura 2 a seguir.

Figura 2: Processo de Cooperação no Fórum

Apoio à tomando asdecisões estratégicos

Identificação denecessidades específicas

dos participantes doFórum

Aumento doConhecimento sobre a

nossa realidade.

Construção deacervo da ciência

administrativa Desenvolvimentosde Padrões

“Classe Mundial”

Fonte: Fórum de Inovação

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4. Mecânica de Funcionamento

O Fórum de Inovação está estruturadoem três pilares: geração, sistematização

e difusão de conhecimento. Comrelação à geração, as principais

atividades que compõem esse pilarestão concentradas nos estudos de caso.Trata-se de um trabalho de investigação,

realizado por meio de entrevistas comas empresas participantes, no que

concerne à sua capacidade de realizarinovações, identificando os fatores

internos e externos que condicionam talcapacidade, bem como os elementosiniciadores, facilitadores e inibidores

mais comuns.

Há também as linhas de estudo, cujosobjetivos para a empresa é criar e/ou

aumentar conhecimento existente sobredeterminado assunto, por meio do

estudo e da troca de experiências entreos componentes da linha. Para a FGV-

EAESP, o objetivo é aumentar ointeresse dos públicos da escola em

relação ao tema Inovação, propiciando adisseminação de conhecimento através

de cursos, teses, papers, projetos definanciamento etc. Já

para os participantes, as linhas de estudoobjetivam capacitá-los e sensibilizá-los

para os tópicos relacionados à Inovação.

No tocante à sistematização de

conhecimento, o Fórum, a partir deanálises de experiências bem sucedidas daliteratura e da experiência aprendida comas organizações gestoras, tem como metao desenvolvimento de uma metodologiaprópria voltada à investigação da inovaçãonas empresas. Além disso, a preocupaçãocom a intranet e o próprio website sãoferramentas importantes para aorganização e armazenamento e busca doconhecimento produzido pelo Fórum.

Finalmente, a difusão doconhecimento é exercida por meio doscomitês de inovação. Trata-se degrupos de trabalho montados pelaspróprias empresas, auxiliados pelosprofessores da FGV-EAESP e quetem como propósito capturar oconteúdo aprendido no fórum edisseminá-lo na empresa, através deuma eficiente comunicação interna(newsletter),grupos de debate e workshops. Umrecurso adicional é a utilização de linksestabelecidos entre o site do Fórum eos sites de cada uma das organizaçõesgestores para busca de artigos,literatura ou mesmo chat. Além doscomitês, a difusão também é realizadapor meio da exposição na mídia -refletida nas alianças com veículos decomunicação de massa no sentido de

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elaborar suplementos especiais sobreinovação encartados em veículos comgrande tiragem, artigos e seminários -

e por meio de alianças com instituiçõesligadas ao fomento e a pesquisa da

inovação, visando disseminar aexperiência do Fórum e a troca de

experiências com essas instituições.

Para uma empresa ingressar no Fórum,ela assina um convênio de mútua

cooperação para contribuição emanutenção do empreendimento

conjunto, convênio este que se dá entre aempresa interessada e a FGV-EAESP.Para a implantação e manutenção do

Fórum, as empresas afiliadas se obrigama destinar uma quantia mensal, por um

período de três anos. Não obstanteassumir o compromisso de manutenção

do Fórum pelo prazo de três anos,qualquer empresa poderá rescindir o

convênio.

O ingresso de novas empresas no Fórumsomente é possível mediante aprovação

unânime das empresas já participantes. Issose justifica para que não haja duas empresas

concorrentes diretas, o que acabariarestringindo a condução dos trabalhos.

A administração das atividades doFórum é conduzida por um

Coordenador, no caso uma empresaindependente, nomeado pelo Diretor daFGV-EAESP, mediante recomendaçãodo Departamento de Administração deProdução e Operações, com o apoio de

um Conselho Consultivo constituídopelos representantes designados pelas

Organizações Participantes. Esse é um

ponto crucial da mecânica defuncionamento do Fórum, ou seja, apreocupação com o controle de suasoperações. O Fórum é gerido pormecanismos semelhantes aos adotadosem uma empresa de serviços, tendocomo preocupação a eficáciaadministrativa e operacional. Para tanto,foi contratada uma empresaindependente que apóia e assessoraadministrativa e tecnicamente o Fórum.

Essa empresa contratada apóia o necessáriobalanceamento que permite a coexistênciados dois segmentos envolvidos, oacadêmico e o empresarial, fazendo comque o Fórum não penda para nenhum doslados. Isso, conforme mostra a revisãobibliográfica, seria fatal para suasobrevivência. As empresas esperamcoerência na satisfação de suas demandasempresariais e acadêmicas. A empresacoordenadora atua como um balizador,imprimindo a visão holística necessária eatuando como “tradutor” de linguagem, deacadêmica para empresarial e vice-versa paragarantir o funcionamento equilibrado doFórum. Vale ressaltar que, até o presentemomento, o Fórum é sustentado apenascom os recursos das empresas participantes,o que exige o máximo de eficácia em suaaplicação para que os resultados e objetivossejam atingidos a contento.

Outro ponto importante é o processo deadesão. O ingresso de uma empresa noFórum não é uma tarefa fácil, em funçãodos recursos e da disponibilidade de tempoexigidos. Portanto, a abordagem deve ser oneto one, aplicando-se as técnicas desenvolvidaspelo marketing de relacionamento.

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5. Perspectivas e Desafios

ertamente as perspectivas e osdesafios do Fórum de Inovação são

muitos e dependem da sua viabilizaçãofutura. Tornar-se um centro de

referência nacional no estudo dainovação seguramente é o maior desses

desafios e para tanto é necessário oengajamento tanto de um número

maior de empresas quanto deinstituições e organizações de fomentoà inovação. Sem dúvida, a parceria do

Fórum com a FIESP, através daassinatura de uma carta de intenções, é

um passo importante nesse processo.

Um outro desafio para o Fórum éconseguir que as linhas de estudos se

transformem em verdadeirascomunidades de prática. Segundo

Wenger e Snyder (2000), comunidadesde prática são grupos de pessoas

informalmente unidas para a troca deexperiências sobre determinando

empreendimento. O processo paraessa troca de experiências é o mais

variado possível, podendo serpresencial ou remoto, obedecer a umaagenda prévia ou não. Porém, o mais

interessante é que essas pessoascompartilhem suas

experiências e conhecimento em umfluxo livre, favorecendo o

aparecimento de abordagens criativas e

alternativas para os problemasdiscutidos.

Outro ponto importante é aumentar oprocesso de virtualizacao do fórum,utilizando-se cada vez mais asferramentas disponibilizadas pelatecnologia da informação – vídeoconferência, acesso remoto, intranet esites interativos, grupos de discussãovirtuais, compartilhamento deinformações etc. Muitas ferramentasainda estão por vir e o Fórum tem queestar atento para as tecnologias quepotencializem a atividade central dofórum.

Para finalizar, ressalta-se a importânciade se transformar oFórum em um verdadeiro “laboratóriode gestão”, um campo deexperimentos. O Fórum deve ser vistocomo uma arena para a discussão deexperiências criativas relacionadas àgestão da inovação, e para que issoaconteça será necessário, a longoprazo, criar uma categoria de “sócioindividual”. A idéia é que essacategoria seja composta por expoentesque não teriam o papel de gestores doFórum, mas que poderiam contribuirpara a discussão por meio de palestras,relato de experiências vividas, etc.

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umarizando o que foi ditoanteriormente, para que a experiênciade criação e sustentação de um fórum

possa ser replicada em outrasinstituições, é recomendável que algunscuidados e parâmetros sejam seguidos,

a saber:

1. Mobilização e cooptação:

O engajamento de empresas em umfórum pressupõe uma atividade de

mobilização de recursos e deinvestimentos que possibilitariam umaatividade permanente de cooptação denovas adesões a partir de uma base deempresas potenciais bastante ampla. O

processo de captação é individual,taylor made. No caso específico do

Fórum de Inovação, fica claro que estenão pode ser vendido, ele precisa ser

comprado pelas empresas. Isso porqueas empresas precisam dedicar, além

dos recursos financeiros, recursoshumanos. O Fórum só existe em

função das pessoas que o compõem.

2. Aprendizagem e descoberta:

Um fórum tem que dar asdiretrizes para os envolvidos, no

sentido de descobrir como trabalharem equipe, envolver as diferentes áreas

6. Conclusões

da organização, sensibilizar a altacúpula. Isso porque o investimento éalto, então é necessário gerar logo osprimeiros resultados. Além disso, osparticipantes devem aprender a ser umeducador para difundir o que foidiscutido no fórum nas empresas.

3. Arquitetura e difusão

O sucesso de um fórum também estábaseado na difusão da informação. Oparticipante precisa “colocar a mão namassa”, estudar, formar os comitês,reservar um número de horas mensaispara se dedicar ao fórum. Um fórumdeve ser visto e utilizado como um radar,prospectando questões de interesse paraa empresa e internalizando e discutindotais questões na empresa. O participantedeve também estar atento para aimportância de se criar talentossensibilizados para aquestão da inovação, e que a longo prazoserão os responsáveis por essa idéiadentro da organização.

4. Perpetuação

Para um fórum ser bem sucedido, apremissa é cumprir as metas previstas.No cumprimento dessas metas, doiscomponentes devem estar presentes - a

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qualidade e a excelência. Um fórumdeve ser rigoroso e possuir disciplina

metodológica no controle de suasatividade e no cumprimento das metasplanejadas. Paradoxalmente, apesar do

rigor e da disciplina, um fórum temque ter a capacidade de reinventar seu

modelo de negócio, e essacompetência deve vir do núcleo de

gestão do fórum.

Certamente que tais passos devem serentendidos como um reflexo daexperiência da FGV-EAESP na

constituição de um Fórum deInovação e que, com toda certeza,

outras instituições que se dispuserem aorganizar iniciativas similares

enfrentarão outros problemas. Oimportante é que tais experiências

também sejam compartilhadas, a fimde que o propósito maior, ou seja, a

promoção do crescimento econômicoe social do país, seja atingido.

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Brito Cruz, C.H. Entrevista concedidaao Jornal “O Estado de S. Paulo”, 16/

09/2001.

Fonseca, S. A. A Parceria Empresa-Universidade Gera Inovações na

Empresa? Anais do XX Simpósio deGestão da Inovação Tecnológica, São

Paulo, novembro 1998, pags. 515 a 526.

Lima, S.M.V.; Reis, A E.G. e Castro, AM.G. Gestão Estratégica de Parceriasem Instituição de P&D. Anais do XX

Simpósio de Gestão da InovaçãoTecnológica, São Paulo, novembro

1998, pags. 1356 a 1368.

Marcovitch, J. O centro de tecnologiana empresa: seu papel no processo de

inovação. Revista de Adminstração, Vol.16 (2), abril-junho 1981.

OECD. University-Enterprise Relationsin OECD Member Countries.Committee for Scientific and

Technological Policy, unpublishedreport, 1990. In Vedovello, C. Parques

Tecnológicos e a InteraçãoUniversidade-Indústria. Anais do XIX

Simpósio de Gestão daInovação Tecnológica, São Paulo,novembro 1996, pgs. 384 a 398.

7. Referências

Plonski, G. A (ed.) “Prefácio a LaCooperación Empresa-Universidad enIberoámerica”, Cooperación Empresa-Universidad en Iberoámerica, ProgramaCYTED, pp. VII-XIV, São Paulo, 1992.In Segatto, A. e Sbragia, R. CooperaçãoUniversidade-Empresa: Um EstudoExploratório. Anais do XIX Simpósiode Gestão da Inovação Tecnológica,São Paulo, novembro 1996, pgs. 337 a356.

Segatto, A. e Sbragia, R. CooperaçãoUniversidade-Empresa: Um EstudoExploratório. Anais do XIX Simpósiode Gestão da Inovação Tecnológica,São Paulo, novembro 1996, pgs. 337 a356.

Vedovello, C. Parques Tecnológicos e aInteração Universidade-Indústria. Anaisdo XIX Simpósio de Gestão daInovação Tecnológica, São Paulo,novembro 1996, pgs. 384 a 398.

Wenger, E.C. e Snyder, W.M.Communities of Practice: TheOrganizational Frontier. HarvardBusiness Review, January/February2000.