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    Ano 1 - Nmero 2 - 2. Semestre de 2005www.unasp.edu.br/kerygma

    pp. 37-47

    ARTIGOS

    OS "FILHOS DE DEUS" EM GNESIS 6:1-4

    Reinaldo W. Siqueira, Ph.D.Professor de Antigo Testamento do curso de Teologia do Unasp

    Centro Universitrio Adventista de So Paulo, Campus Engenheiro [email protected]

    RESUMO:Gnesis 6:1-4 geralmente tida como uma passagem obscura e de difcilinterpretao. Muitos a consideram uma narrativa mitolgica que fala acerca do casamento deanjos ou seres celestiais com mulheres humanas. Outros vem nela um relato acerca do abusode poder por parte de poderosos reis e governantes do mundo antediluviano. Um terceiro grupo aentende como um relato que narra a apostasia dos descendentes de Sete ao se casarem commulheres da linhagem caimita. A interpretao dessa passagem tem dividido exegetas judeus ecristos ao longo dos sculos. O presente estudo aborda o texto, por meio do mtodo da "LeituraAtentiva" (Close Reading), e encontra em seu contexto literrio, na sua estrutura, na seqnciada narrativa de Gnesis 4 a 6 e nos temas e palavras a usados, indcios que apiam ainterpretao da expresso "filhos de Deus" como uma referncia aos setitas, e "filhas doshomens" como um referncia a mulheres da linhagem caimita.PALAVRAS-CHAVE:Gnesis, filhos de Deus, filhas dos homens, anjos, deuses, seres humanos.The sons of God in Genesis 6:1-4

    ABSTRACT:Genesis 6:1-4 is usually considered as an obscure passage difficult of interpretation.Many consider it as a mythological account depicting the marriage of angels, or other celestialbeings, with women. Others see in it a narrative that describes the violence and abuse of powerpracticed by kings and powerful rulers in the world before the Flood. A third group interprets thispassage as an account narrating the apostasy of men of the Sethite lineage when they unitedthemselves in marriage with women from the Cainite family. The present study approaches thetext from the perspective of the Close Reading Method. It finds in the literary context, in the text'sstructure, in the sequence of the narrative in Genesis 4-6, and in the themes and words that areused support for the interpretation of the "sons of Gods" as men from the Sethite lineage and the"daughters of man" as women from the Cainite family.KEYWORDS: Genesis, sons of God, daughters of man, angels, gods, human beings.

    1. Introduo

    Gnesis 6:1-4 tem sido considerado como uma das passagens mais obscuras de toda aBblia1. Dificuldades surgem em cada aspecto do texto e esses poucos versos tm provocadomuita controvrsia quanto sua compreenso e ao significado de seus temas2. Uma dessasquestes controversas diz respeito identidade dos "filhos de Deus" e das "filhas dos homens",mencionados nesses versos. Quem eram esses "filhos de Deus"? Seriam eles seressobrenaturais ou simples seres humanos? Quem eram essas "filhas dos homens"? Comoentender Gnesis 6:1-4? Seria uma passagem mitolgica que fala da unio de seres divinos commulheres humanas, de forma semelhante ao que encontrado na mitologia grega e na do AntigoOriente Mdio3?

    O presente estudo enfocar, primariamente, a questo da identidade dos "filhos de

    Deus", sendo que, assim fazendo, ir necessariamente abordar o problema da identidade das"filhas dos homens" tambm4.

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    Esta pesquisa no trata a passagem a partir da perspectiva do Mtodo Histrico-Crtico5,antes toma o texto tal como ele , na sua forma final, o abordando a partir da sua perspectivacannica6. Na primeira seo, ser apresentada uma reviso das principais interpretaes acercados "filhos de Deus", cobrindo os argumentos levantados a favor de cada interpretao e suasimplicaes para a compreenso da passagem bblica. A segunda seo trar uma anlise dotexto na qual sero abordadas as questes da delimitao do texto, problemas textuais, o seucontexto literrio e sua estrutura7. Ento ser feita uma proposta de identificao dos "filhos deDeus" a partir da perspectiva de uma "leitura atentiva" (Close Reading) do texto. Uma boaexposio da metodologia usada nesse estudo pode ser encontrada na obra sobre exegese doAT de Douglas Stuart8.2. As principais interpretaes

    Atravs da histria do estudo dessa passagem, trs interpretaes tm se destacado: Aprimeira, a interpretao mitolgica, na qual os "filhos de Deus" so vistos como seres celestes,sendo ou anjos ou deuses. A segunda, a interpretao real, na qual eles so considerados comosendo reis ou governantes, homens com statusde realeza. A terceira, a interpretao setita, aqual os considera como sendo os descendentes de Sete, homens da linhagem dos fiis a Deusdentre os descendentes de Ado. Na seqncia, cada interpretao ser revisada com um focona perspectiva de cada uma e nos seus argumentos9.2.1. A interpretao mitolgica

    A interpretao dos "filhos de Deus" como seres celestes era bem comum na antigaliteratura judaica. O livro de 1 Enoque, captulos 6 e 7, o Livro dos Jubileus, captulo 5, Filo deAlexandria (De Gigant2:358), Josefo (Ant. 1.31), os Manuscritos do Mar Morto (1QapGen2:1;CD2:17-19) identificaram os "filhos de Deus" como sendo anjos10. Alguns dos primeiros exegetascristos (como Justino, Clemente de Alexandria e Tertuliano) fizeram o mesmo11.

    A interpretao mitolgica tambm a mais comum entre os acadmicos de hoje. Algunsdesses acadmicos, permanecendo dentro de um contexto mais "bblico", identificam os "filhosde Deus" com os anjos12. Outros, aceitando a passagem como originria de um contexto

    politesta, vem os "filhos de Deus" como seres divinos, deuses mitolgicos que teriam vindo terra e se unido em casamento com mulheres humanas13.Os principais argumentos apresentados a favor da interpretao mitolgica so: Primeiro,

    em outras partes do AT, a expresso "filhos de Deus" se refere a seres celestes, a criaturasdivinas (como em Sl 29:1; 89:7; J 1:6; 2:1). Segundo, o contraste entre as expresses "filhos deDeus" e "filhas dos homens" indica seres de natureza diferente entre si. O primeiro grupo divinoe celestial, enquanto o segundo humano e terrestre. Terceiro, os paralelos encontrados naliteratura mitolgica das culturas contemporneas ao antigo Israel, as quais tambm falam dessetipo de casamento entre os deuses e mulheres. Ateno especial dada literatura ugartica,que usa a expresso "filhos de Deus" em referncia aos membros do seu panteo divino 14.2.2. A interpretao real

    Nessa interpretao, a expresso "filhos de Deus" vista como se referindo a reis, a

    governantes poderosos que estabeleceram harns reais pela fora ou que violentavam mulheresde forma indiscriminada. Esta interpretao tambm encontrada na antiga literatura judaica. OTargum Onkelose o Targum Jonathantraduzem a expresso "filhos de Deus" como "filhos dosnobres" (beny ravrevnayy); na LXX, Smacus traduziu a expresso por "filhos dos poderosos"(hoi huii dunasteuntn). Vrios exegetas judeus seguiram essa interpretao15, e assim ofizeram alguns intrpretes cristos, s vezes com uma certa nuance16.

    Os principais argumentos a favor dessa interpretao so: Primeiro, os juzes soaparentemente identificados com os deuses e os filhos do Altssimo em Salmo 82. O rei davdico chamado de "filho de Deus" em 2 Samuel 7:14 e Salmo 2:7. Alm dessa evidncia bblica,existe tambm a evidncia das culturas antigas, nas quais os reis eram identificados como tendouma origem divina. Segundo, esta interpretao toma a srio a frase "tomaram para si mulheres,as que, entre todas, mais lhe agradaram", que indica verdadeiros casamentos e no um tipo deunio mitolgica. Esta frase fala tambm acerca do poder dos reis de fazer o que bem

    quisessem. Terceiro, essa interpretao torna inteligvel o julgamento divino que sobreveio sobretoda a humanidade, em vez de atingir somente aqueles que estiveram envolvidos no ato em si

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    (os "filhos de Deus", as "filhas dos homens" e seus filhos). Na ideologia oriental no incomumque o destino de todo o povo esteja ligado ao destino do seu rei17.2.3. A interpretao setita

    Essa interpretao identifica os "filhos de Deus" com homens descendentes da linhagemde Sete, ou seja, daqueles que tinham se mantido fiis a Deus (Gn 5). As "filhas dos homens"seriam mulheres da mpia linhagem de Caim (Gn 4:17-24). Este modo de interpretar o texto temsido muito comum no meio cristo desde os tempos patrsticos18. Hoje, ele mais comum nomeio cristo conservador, mas h alguns exegetas mais liberais que o adotam tambm19.

    Os principais argumentos a favor dessa interpretao so: primeiro, homens eramtambm chamados de "filhos de Deus" na Bblia (x 4:22, 23; Dt 14:1; 32:5,6; Sl 73:15; 82:6; Os1:10; Ml 1:6). Segundo, no h nenhuma referncia na Bblia que apie a idia de que anjos oudemnios sejam seres dotados de funes sexuais, enquanto que o contrrio expressamentedeclarado em Mateus 22:30. A idia, mesmo de sexo em relao a Deus ou os anjos, algototalmente alheio ao pensamento hebraico. Terceiro, no contexto que precede o captulo 6, afamlia de Sete diferenciada da famlia de Caim num plano religioso. Os Setitas eram aquelesque invocavam "o nome do Senhor" (Gn 4:26); enquanto que os Caimitas eram os descendentesde uma linhagem mpia (Gn 4:17-24). Quarto, a expresso "tomar mulher" ( lqach yishshh) uma expresso comum no AT para o casamento e no denota nenhuma relao anormal entreanjos e seres humanos. Quinto, o vs. 3 deixa claro que o juzo divino concernia o ser humanosomente. Se os "filhos de Deus" eram anjos, alguma referncia de juzo sobre eles deveriaaparecer no texto tambm. No entanto, o juzo cai somente sobre os homens. Portanto, o textoparece indicar que somente a humanidade esteve envolvida na falta que foi cometida20.2.4. Avaliao das trs principais interpretaes

    Ao se analisar as trs principais interpretaes, pode-se observar que cada uma temfortes argumentos a seu favor. A Bblia usa o termo "filhos de Deus" tanto para seres celestes,como para governantes e reis, como tambm para simples homens que faziam parte do povo deDeus. Cada interpretao, portanto, encontra apoio no texto bblico. Tanto a interpretao

    mitolgica como a real tm paralelos nas idias, costumes e mitos encontrados no mundo antigo.Este fato constitui em si um forte argumento a favor delas aos olhos da maioria dos exegetasmodernos. Para aqueles que apiam a interpretao setita, geralmente o testemunho da Bblia, eespecialmente as palavras de Jesus, acerca da natureza dos anjos se constitui no mais forteargumento dessa interpretao.

    No entanto, cada interpretao deixa em aberto muitas questes. O aceitar ainterpretao mitolgica, por exemplo, implica na negao do claro testemunho do resto dasEscrituras e de Jesus (Mt 22:30) acerca da natureza dos anjos. Alm disso, permanece tambmo questionamento quanto a razo de toda humanidade sofrer juzo pelo pecado de alguns serescelestes com algumas mulheres humanas21.

    Contra a interpretao real tem se levantado o questionamento de que, apesar de serencontrado referncia a reis como "filhos de Deus" no Egito, na Mesopotmia e em Cana; emIsrael esse tipo de linguagem parece estar restrita retrica da corte e a composies poticas,

    nunca sendo encontrada no Antigo Testamento, pelo menos, em textos com o estilo de simplesnarrativa como em Gnesis 6. Alm disso, o termo "filho de Deus" nunca atestado no AntigoOriente Mdio como uma referncia genrica a reis, mas somente em referncia especfica a umcerto rei22.

    Contra a interpretao setita tem sido objetado que visto o termo "homem" ser usado novs. 1 como uma referncia a toda a humanidade, no vs. 2 ele deve ser entendido tambm demodo genrico e no especfico, como se referisse linhagem caimita. Em Gnesis 6:1-2 seencontra, portanto, um contraste entre seres humanos e celestiais23.

    Em vista da fora dos argumentos tanto a favor como contra essas interpretaes, e emvista que todas as trs clamam estar bem fundamentadas na Bblia, nos parece que a questopoderia ser decidida somente a partir de uma investigao detalhada do prprio texto bblico e doseu contexto. Este o propsito da prxima seo.

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    3. Estudo exegtico de Gnesis 6:1-43.1. O texto

    Num primeiro passo, procuraremos confirmar os limites da passagem e lidar com seusprincipais problemas textuais antes de trabalhar numa tentativa de identificao dos "filhos deDeus".3.1.1. Delimitao da percope

    Gnesis 6:1-4 normalmente considerado como uma unidade literria pela maioria dosexegetas24. De fato, a temtica desses quatro versos demonstra que eles esto intimamenteinterligados. Alm dessa unidade temtica, o texto foi construdo de tal forma a claramente indicarsua unidade:

    (1) A expresso wayh k ... introduz a percope de Gnesis 6:1-4. Uma frmulasemelhante ir introduzir a seo seguinte (Gn 6:5-8), onde lemos wayyar YHWH k ...Portanto, a frmula w... k ... abre cada uma dessas sees.(2) No vs. 1, temos a seguinte frase bent yulled lhem, essas palavras encontramressonncia no vs. 4, na frase `el-bent hdm weyled lhem. Apesar do vs. 1 tratarda questo das filhas que nasceram aos homens, enquanto que o vs. 4 trata dos Nefilimnascido por meio das "filhas dos homens", a seqncia de palavras usadas nos doisversos muito prxima, e, num nvel mecnico, elas se repetem. Essa repetiomecnica parece formar um inclusioque enquadra os limites da passagem.(3) Outra repetio mecnica encontrada no incio e no final da passagem observadatambm no uso das expresses "filhos de Deus" e "filhas dos homens" que aparecem noincio do vs. 2 e do vs. 4.4) O advrbio de tempo encontrado no vs. 4 ("naqueles dias") nos remete ao vs. 1, onde dito que o homem tinha se multiplicado sobre a terra. Essa referncia temporal parececorroborar com o vss. 1 e 4 como um inclusioa essa unidade textual.No seu contexto amplo, Gnesis 6:1-4 pertence primeira parte do livro de Gnesis

    (captulos 1-11) a qual trata de temas universais e a questo das origens

    25

    . Hoje, amplamentereconhecido que o livro de Gnesis foi organizado e estruturado com base em genealogias. Cadanova seo do livro introduzida pelo termo "genealogia" ( tledt)26, e Gnesis 6:1-4 pertence segunda genealogia, a genealogia de Ado (5:1-6:8). Na diviso massortica do texto bblico,nosso texto pertence ao Seder dlet(5:1-6:8)27, o qual corresponde exatamente genealogia deAdo.

    Alguns tomam Gnesis 6:1-4 como uma unidade isolada, sem ter qualquer ligao com omaterial que a precede e a segue28. Outros a consideram como uma introduo histria dodilvio que vem logo em seguida29. Outros, no entanto, a consideram como uma concluso genealogia de Ado30. Devido a organizao do livro de Gnesis em "genealogias", nos pareceque o ltimo ponto de vista o que faz mais justia ao texto. Essa seo, a genealogia de Ado(5:1-6:8), descreve, junto com o captulo 4, a histria do mundo antes do dilvio. Ela comea comuma referncia criao de Ado, descreve a multiplicao dos seus descendentes, e conclui

    com o anncio da destruio total de todo ser vivo na terra. Gnesis 6:1-4 pertence ao ltimoestgio dessa seo, vindo justo antes do anncio da destruio total (6:5-8), e nesse contextoque a passagem precisa ser entendida e analisada.3.1.2. Problemas textuais

    Gnesis 6:1-4 no apresenta muitos problemas textuais. De fato, no texto s existem doisproblemas: o primeiro est relacionado com a expresso beshagamdo vs. 3, a qual normalmente entendida como um composto da preposio be("em"), mais o relativo she("que") eo advrbio gam("tambm"), tendo a expresso como um todo o sentido da conjuno "porque".Vrios manuscritos lem beshagm, ou seja, o infinitivo construto do verbo shgag("errar, pecarsem pensar"), precedido da preposio be("em") e seguido do sufixo pronominal -m("eles,deles"), o que teria o significado "ao eles errarem" ou "ao pecar eles". Segundo o testemunho dasantigas verses bblicas, a leitura beshagam("porque") parece ser a mais provvel31. Assim, essa

    expresso seria um paralelo expresso composta hebraica baa

    sher("porque")32

    .A segunda questo textual envolve o verbo ylad("nascer") no vs. 4. O texto samaritanotem um 3. masculino plural, imperfeito hifil com vav consecutivo ( wayyld), fazendo assim dos

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    "filhos de Deus" os sujeitos do verbo; enquanto que o texto massortico tem um 3. comumplural, perfeito qal com vav conjuntivo (weyled). A forma massortica ambgua, podendo sereferir tanto a um sujeito masculino ou feminino (ver Gn 4:17-18). Visto que o verbo precedidoimediatamente pelas palavras "as filhas dos homens", elas aparentam ser o sujeito do verbo. Otexto da LXX to ambguo quanto o massortico, enquanto que o Targum l um 3. femininoplural33. Pela sua ambigidade e o aparente apoio da LXX, o texto massortico parece ter umamaior probabilidade de refletir o texto original. A forma do texto samaritano parece representar acompreenso de um antigo escriba, como o faz o Targum.3.2. O contexto

    Na seqncia do estudo, ser dada ateno ao contexto literrio no qual Gnesis 6:1-4se encontra, como tambm sua estrutura literria.3.2.1. O contexto literrio

    Como j discutido previamente, Gnesis 6:1-4 pertence segunda genealogia do livro deGnesis, a genealogia de Ado (5:1-6:8). Foi observado tambm que essa genealogia, junto como captulo 4, descreve o mundo antes do dilvio. Essas duas sees tm muitos elementosliterrios em comum que as interligam entre si. Essa interligao parece prover indciosimportantes para a identificao dos "filhos de Deus" em Gnesis 6:1-4.

    Um desses elementos literrios em comum o fenmeno das vrias semelhanas queocorrem na descrio das descendncias de Caim e de Ado relatadas nos captulos 4 e 5.34 Defato, nas duas listas aparecem muitos nomes com as mesmas formas ou com significados muitoprximos. O mais marcante o fato de que ambos os relatos atingem o clmax aparentemente aomesmo tempo de Lameque e seus filhos na linhagem Caimita (Gn 4:19-24), e tempo de No, filhode Lameque, da linhagem Setita (Gn 5:28-32). Isto parece indicar que ambos os relatos corremparalelo um ao outro, e o clmax atingido no tempo junto antes do dilvio.

    Outro aspecto marcante, que ambos os relatos se encerram com uma seo detransio. O relato Caimita encerrado por Gnesis 4:25-26, versos que servem tambm paraintroduzir na seqncia a descrio da linhagem Setita. J o relato da linhagem Setita encerrado por Gnesis 6:1-8, versos que tambm introduzem a histria do dilvio. Entre essas

    duas sees de transio existem muitas idias e expresses paralelas que parecem indicar umacorrespondncia literria entre si. O 3. singular perfeito pual do verbo ylad( yullad) em 4:26parece estar em paralelo com forma do 3. plural ( yulled) em 6:1. Estas so as duas primeirasocorrncias do pual de yladem Gnesis, e a forma s ser usada novamente a partir docaptulo 10 em diante. Alm do pual do verbo ylad, ocorre tambm a repetio do verbo chllal("comear"). Em 4:26 dito que o homem "comeou [hchal] a invocar o nome do Senhor"; j 6:1diz "quando o homem comeou [hchl] a se multiplicar". A repetio dos verbos ylade chlalem 4:26 e 6:1 aponta para existncia de um paralelismo entre ambos relatos. Alm dessestermos, a expresso "tomar mulheres" em 6:2 reflete o uso da mesma expresso em 4:19, onde dito que Lameque tomou para si duas mulheres. O paralelismo entre os dois relatos tambmsugerido pelo uso de outras expresses semelhantes como "foi o pai de", ou "tornou-se o pai de","nasceu", "filho", "filha", etc.

    Esse paralelismo literrio parece indicar que ambos os relatos correm paralelo um ao

    outro, at atingirem o clmax, a situao do mundo justo antes do dilvio. Dentro desseparalelismo, portanto, Gnesis 6:1-4 descreveria o momento quando os "filhos de Deus", homensda linhagem Setita, passaram a ter o mesmo tipo de atitude que Lameque, o descendente deCaim, descrita em Gnesis 4:19-24. Estaria ento Gnesis 6:1-4 descrevendo a fuso das duaslinhagens que tinham sido descritas at ento? Este parece ser o caso. Gnesis 6:1-4 usadiretamente o vocabulrio e os temas que foram construdos nos captulos precedentes e assimlemos acerca de "filhos", "filhas", "homem", "terra", os verbos "comear", "nascer", "tomarmulher", etc.

    Logo, o contexto literrio parece apontar para a identificao dos "filhos de Deus" comoseres humanos e no como seres celestes ou divinos.3.2.2. A estrutura literria

    Gnesis 6:1-4 parece ter uma estrutura bem simples, a qual poderia ser dividida em

    quatro partes, cada uma correspondendo a um verso35

    , assim teramos:

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    Declarao introdutria vs. 1A crise vs. 2O juzo vs. 3Concluso vs. 4

    Esta estrutura simples claramente declara que o juzo (vs. 3) segue a crise (vs. 2) e que

    est intimamente relacionado com ela. A descrio do juzo divino no vs. 3 concerne o grupoenvolvido na crise do vs. 2 e o descreve coletivamente como "homem, pois ele carnal"36.Portanto, vs. 3 parece confirmar a direo apontada pelo contexto literrio, como discutido acima.A estrutura da passagem indica que o clmax da histria pr-diluviana foi atingido na fuso detoda humanidade, das linhagens Setita e Caimita, em uma unidade em estado de rebelio contraDeus.

    Alm disso, os vss. 2 e 3 ressoam vss. 5 e 7,37 reforando a identificao dos "filhos deDeus" como seres humanos:

    6:2 Os "filhos de Deus" vem que "as filhas dos homens" eram boas (formosas)6:5 Deus v que os pensamentos do homem eram maus6:3 O Senhor disse, "Meu Esprito no agir para sempre no homem"6:7 O Senhor disse, "Eu destruirei o homem"

    Os "ecos" existentes entre esses versos sugerem que cada ao est relacionada com a

    outra. A ao dos "filhos de Deus" est relacionada com os "pensamentos do homem" do vs. 5,indicando assim um paralelismo entre "filhos de Deus" e "homem". Vss. 3 e 7 apontam para ahumanidade como um todo. Portanto, as expresses "filhas dos homens" e "filhos de Deus"pertenceriam ao domnio humano.3.3. A identidade dos "filhos de Deus"

    Nas sees anteriores, vimos que tanto o contexto literrio como a estrutura do textoapontam para a identificao dos "filhos de Deus" como seres humanos. No entanto, duasquestes ainda permanecem e necessitam ser respondidas concernente a identificao dos

    "filhos de Deus". A primeira questo: Se os "filhos de Deus" foram seres humanos, teriam sidoeles necessariamente membros da linhagem Setita? No poderia ser uma referncia a reis ou apoderosos governantes, como sugerido na Interpretao Real? A segunda pergunta: Se eleseram seres humanos, como entender a expresso "filhas dos homens", que parece usar o termo"homem" de forma genrica e no como uma referncia a um grupo especfico? 38

    Concernente a primeira questo, o texto bblico parece dar uma indicao quanto identificao dos "filhos de Deus" em Gnesis 4:26 e 5:1-3. Primeiramente, Gnesis 4:26descreve o incio do relacionamento entre um grupo religioso organizado, os descendentes deSete, e Deus39. Tem sido observado, pelos defensores da Interpretao Setita, que dentro docontexto de uma relao religiosa e de fidelidade a Deus seres humanos tm sido chamados de"filho de Deus" na Bblia40. Alm disto, Gnesis 5:1-3 tem algumas caractersticas peculiares. Naapresentao da genealogia de Ado, vs. 1 retorna criao e apresenta Deus como o primeiromembro nessa genealogia. Ele criou o ser humano segundo a Sua imagem ( demt). Do mesmo

    modo, Ado gerou seu filho Sete segundo a sua imagem e semelhana ( de

    mte tselem41

    ).Deus aqui claramente colocado como o primeiro membro da linhagem Setita e Sua ao decriar o homem posta em paralelo, pelo uso do mesmo tipo de palavras, com a ao de Ado degerar um filho. A ao de Deus e a de Ado so colocadas no mesmo nvel no relatogenealgico. Deus verdadeiramente o pai do ser humano (Ado e Eva), quanto Ado era o paide Sete. Com uma identificao to clara no incio do captulo 5 no surpreendente encontraruma referncia aos descendentes de Sete como os "filhos de Deus" em Gnesis 6:1-4.

    Quanto questo acerca das "filhas dos homens", pode-se observar um fenmenosemelhante no texto bblico. Enquanto no caso dos "filhos de Deus" a referncia foi feita aoprimeiro membro que aparece na genealogia de Ado, ou seja, a Deus (Gn 5:1); a referncia smulheres caimitas feita em relao ao primeiro membro da linhagem de Caim, ao Homem(Ado e Eva, ver Gn 4:1)42. O texto bblico l literalmente "filhas do homem [Adam]" (benthdm). Assim as expresses "filhas dos homens" e "filhos de Deus", em Gnesis 6:1-4, teriam

    sido enquadradas pelos relatos genealgicos que as precederam nos captulos 4 e 5. Ambas asexpresses parecem fazer referncia ao primeiro membro mencionado nestas genealogias.

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    4. Concluso

    Tendo chegado ao final desse estudo, nos parece que o acmulo das evidnciasextradas do texto apontam para a interpretao Setita. O contexto literrio indicou nessa direo,como o fez tambm a estrutura do texto. Na anlise da identidade dos "filhos de Deus" e das"filhas dos homens", um indcio final veio do modo como Deus foi introduzido na genealogia deAdo no captulo 5 de Gnesis. Ele foi apresentado ali como um membro regular dessagenealogia, de fato, como o primeiro membro da mesma. Portanto, no seria nada estranhoapresentar os descendentes de Sete como "filhos de Deus". Quanto s "filhas dos homens",Gnesis 6:1-4 fez o mesmo tipo de referncia, apontando para Gnesis 4:1, ao Homem (Ado eEva) como os primeiros membros da genealogia de Caim.NOTAS1 Umberto Cassuto a chama como "um dos mais obscuros" pargrafos no Pentateuco; RobertDavidson a descreve como "uma das passagens mais estranhas de todo o Antigo Testamento";j John Skinner a designa como uma narrativa "obscura". Ver U. Cassuto, A Commentary on theBook of Genesis. Part I: From Adam to Noah (Genesis ICVI

    8) (Jerusalem: Magnes Press, The

    Hebrew University, 1961), 291; R. Davidson, Genesis 1-11 , The Cambridge Bible Commentary(Cambridge: University Press, 1973), 69; J. Skinner, A Critical and Exegetical Commentary onGenesis, 2nd ed., The International Critical Commentary, vol. 1 (Edinburgh: T. & T. Clark, 1951),139.2 Ver E. A. Speiser, Genesis. Introduction, Translation, and Notes, The Anchor Bible, vol. 1 (NewYork: Doubleday, 1964), 45.3 Ver E. G. Kraeling, "The Significance and Origin of Gen. 6:1-4," Journal of Near Eastern Studies6 (1947): 193-208; C. Westermann, Genesis 1-11. A Commentary(Minneapolis: AugsburgPublishing House, 1984), 379-381.4 Ao falar acerca de Gn 6:1-4, Brevard S. Childs observa que " crucial para a compreensodessa passagem que possamos determinar o significado do termo 'filhos de Deus'", todos osoutros elementos esto relacionados a ele. Ver B. S. Childs, Myth and Reality in the Old

    Testament, Studies in Biblical Theology, no. 27 (Naperville, IL: Alec R. Allenson, 1960), 49.5 Isto quer dizer o Mtodo Histrico-Crtico do AT em seus trs ramos principais: Criticismo dasFontes, Criticismo da Forma, Criticismo das Tradies. Ver G. F. Hasel, Biblical InterpretationToday. An Analysis of Modern methods of Biblical Interpretation and proposals for theInterpretation of the Bible as the Word of God(Washington, DC: Biblical Research Institute, 1985),6.6 Para uma discusso acerca do Mtodo Cannico ver B. S. Childs, Introduction to the OldTestament as Scripture(Philadelphia: Fortress, 1989), 69-83.7 No trataremos acerca do gnero literrio, pois, alm de seu carter como uma narrativa,Gnesis 6:1-4 no parece ter qualquer outro gnero em particular. Ver G. W. Coats, Genesis withan Introduction to Narrative Literature, The Forms of the Old Testament Literature, vol. 1 (GrandRapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1983), 86.8 Ver D. Stuart, Old Testament Exegesis. A Primer for Students and Pastors, 2nd ed., rev. and

    enl. (Philadelphia: Westminster Press, 1984).9 Para uma anlise dessas interpretaes ver P. S. Alexander, "The Targumim and EarlyExegesis of 'Sons of God' in Genesis 6," Journal of Jewish Studies23 (1972): 60-71; L. Pirot andA. Clamer, eds., La Sainte Bible. Texte latin et traduction franaise d'aprs les textes originauxavec un commentaire exgtique et thologique(Paris: Letouzey et An, 1953), 1:175-177; G. J.Wenham, Genesis 1-15, Word Biblical Commentary, vol. 1 (Waco,TX: Word Books, 1987), 139-140.10 Ver Wenham, 139. No concordamos com Wenham, no entanto, na sua posio de que aSeptuaginta e o NT (2Pe 2:4; Jd 6,7) interpretam os "filhos de Deus" como sendo anjos. ASeptuaginta traduz a expresso hebraica beny helhm, em Gn 6:2 e 4, como hoi huii toutheoe no como hoi ngeloi tou theo, como ela o faz em J 1:6 e 2:1, por exemplo. Em J, aSeptuaginta claramente entendeu os "filhos de Deus" como sendo anjos, mas este no o casoem Gn 6. O Cdex Alexandrinus tem hoi ngeloi tou theoem Gn 6:2, no entanto, esta frase

    parece ter sido escrita sobre a frase original hoi huii tou theo, a qual teria sido apagada nesseverso, mas foi mantida no vs. 4 desse cdex. Para mais discusso ver Alexander, 63-64. Quantoao NT, as duas passagens salientadas por Wenham no necessariamente se referem a Gn 6. O

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    pecado dos anjos mencionado em 2Pe 2:4, pode se referir a rebelio de um grupo de anjoscontra Deus antes da queda do homem. A seqncia dos eventos descrita em 2Pe 2:4-10 podeser entendida como se referindo rebelio dos anjos no cu, depois ao dilvio, e ento destruio de Sodoma e Gomorra. Alm disto, em outras partes da Bblia, o fato dos anjosrebeldes terem sido atirados ao inferno, est ligado expulso desses depois da rebelio no cue no com o casamento com seres humanos ver Ap 12:7-12. Em Jd 6 e 7 a comparao entre osanjos cados e Sodoma e Gomorra enfatiza a semelhana do juzo de Deus sobre ambos e nonecessariamente uma semelhana de pecado cometido por eles.11 Justin, Apologia, II,5; Clement of Alexandria, Stromata, II,vii; Tertullian, De idolis, IX; andothers, cf. Pirot and Clamer, 175.12 Ver Cassuto, 292-294; The Interpreter's Bible(New York and Nashville: Abingdon, 1952), 1:533-534; D. Kidner, Genesis. An Introduction and Commentary, The Tyndale Old TestamentCommentaries (Chicago: Inter-Varsity, 1967), 83-84; G. von Rad, Genesis. A Commentary, TheOld Testament Library (Philadelphia: Westminster Press, 1961), 110; Skinner, 141-143.13 A maioria dos comentaristas que adotam a interpretao mitolgica hoje mantm esse pontode vista. Ver W. Brueggemann, Genesis, Interpretation (Atlanta: John Knox Press, 1982), 71;Childs, Myth and Reality, 49, 54-55; R. S. Hendel, "Of Demigods and the Deluge: Toward anInterpretation of Genesis 6:1-4," Journal of Biblical Literature106 (1987):13-26; R. Marrs, "TheSons of God (Genesis 6:1-4)," Restoration Quarterly23 (1980): 218-224; D. L. Petersen, "Genesis6:1-4, Yahweh and the Organization of the Cosmos," Journal for the Study of the Old Testament13 (1979): 58-59; J. van Seters,"The Primeveral Histories of Greece and Israel Compared,"Zeitschrift fr die Alttestamentliche Wissenschaft100 (1988):5-9; Speiser, 44; Wenham, 140.14 Ver Wenham, 139 para essas trs razes.15 Ver Alexander, 62; M. M. Kasher, Encyclopedia of Biblical Interpretation. Trh Shelmh, AMillennial Anthology(New York: American Biblical Encyclopedia Society, 1953), 1: 182-183.16 Meridith G. Kline considera que os "filhos de Deus" uma referncia a uma dinastia Caimitaque governava o mundo antes do dilvio, de acordo com o relato pr-diluviano. Ela apia seusargumentos sobre o paralelismo acerca do motivo da realeza em Gn 4-6 e a tradio sumero-babilnica sobre o mundo pr-diluviano. Essa tradio apresenta a realeza como de origemcelestial e fala acerca dos reis que reinavam sobre as cidades. A. J. Greig aceita a identificao

    real dos "filhos de Deus", mas argumenta que o autor Javista tomou esse mito antigo e o aplicoua Davi e seus descendentes, os quais transgrediram a ordem social, legal e moral estabelecidapor Deus. Greig aceita a explicao etiolgica que Claus Westermann d para Gn 6:1-2. David J.A. Clines sugere uma combinao entre as interpretaes mitolgicas (anglicas) e real, os"filhos de Deus seriam ento tanto seres divinos e governantes antediluvianos". Ver M. G. Kline,"Divine Kingship and Genesis 6:1-4," Westminster Theological Journal24:2 (1962):187-204; A. J.Greig, "Genesis 6:1-4. The Female and the Fall," Michigan Quarterly Review26:3 (summer 1987):483-496; Westermann, 365-368, 370-373; D. J. A. Clines, "The Significance of the 'Sons of God'Episode (Genesis 6:1-4) in the Context of the 'Primeval History' (Genesis 1-11)," Journal for theStudy of the Old Testament13 (1979): 33-46.17 Ver Wenham, 140; e Clines, 34 para essas trs principais razes a favor da interpretao real.18 Julius Africanus (c. 160-240 A.D.) parece ter sido o primeiro defensor da interpretao setita.Para uma breve histria dessa interpretao, ver Alexander, 63; e Pirot e Clamer, 175-177.19

    Para alguns representantes entre especialistas conservativos e liberais ver H. Kaupel, "ZurErklrung von Gen. 6, 1-4," Biblica16 (1935): 205-212; C. F. Keil and F. Delitzsch, BiblicalCommentary on the Old Testament(Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1952), 3: 127-134; J.Murray, Principles of Conduct. Aspects of Biblical Ethics(Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans,1957), 243-249; Seventh-day Adventist Bible Commentary(Washington, DC: Review and Herald,1953), 1:250; J. T. Willis, Genesis(Austin, TX: Sweet Publishing Co., 1979), 161-165.20 Ver Murray, 244-247 para uma reviso desses cinco pontos e de outros mais.21 Esta tem sido uma das principais objees interpretao mitolgica. Ver Clines, 34.22 Ibid.23 Ver ibid., 33; e Childs, 49.24 Ver Brueggemann, 23,70-71; Cassuto, 290-291; Coats, 85-86; Speiser,44-46; Wenham, 136;Westermann, 368.25 Do captulo 12 em diante o texto trata das origens de Israel e no tem mais a perspectiva

    universal dos captulos anteriores.26 Assim, teramos a seguinte organizao do livro de Gnesis:

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    Prlogo, 1:1-2:31) Tledtdos cus e da terra, 2:4-4:262) Tledtde Ado, 5:1-6:83) Tledtde No, 6:9-9:294) Tledtdos filhos de No, 10:1-11:95) Tledtde Sem, 11:10-266) Tledtde Ter, 11:27-25:117) Tledtde Ismael, 25:12-188) Tledtde Isaque, 25:19-35:299) Tledtde Esa, 36:1-37:110) Tledtde Jac, 37:2-50:26

    Ver Wenham, xxii. Para a importncia das genealogias como elemento de organizao

    do texto ver tambm Westermann, 6; e Coats, 30.27 O livro de Gnesis foi dividido pelos Massoretas em 45 "ordens" (sedrm) e Gn 6:1-4 pertence quarta ordem. Ver K. Elliger e W. Rudolph, eds., Biblia Hebraica Stuttgartensia, 2nd ed.,corrected (Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft, 1984), 7.28 Ver Brueggemann, 70-71.29 Ver Coats, 85; Speiser,46.30 Ver Cassuto, 249-250; Wenham, 136.31 Assim foi entendido pela Septuaginta, a Peshita, os Targumim e a Vulgata. Ver Elliger eRudolph, 8, aparato crtico sobre 6:3.32 para uma discusso sobre essa forma ver Cassuto, 296; Wenham, 136.33 Ver A. E. Brooke e N. McLean, eds., The Old Testament in Greek, vol. 1, The Octateuch, part 1,Genesis(Cambridge: Cambridge University Press, 1906), 13; A. Sperber, The Bible in Aramaic,vol. 1, The Pentateuch According to Targum Onkelos(Leiden: E. J. Brill, 1992), 9.34 Ver Skinner, 138.35 Ver Coats, 84-85.36 Ver L. Eslinger, "A Contextual Identification of the bene ha'elohimand benoth ha'adaminGenesis 6:1-4," Journal for the Study of the Old Testament13 (1979): 65; Murray, 245-246.37

    Ver Wenham, 137.38 Esta provavelmente a principal objeo da parte daqueles que defendem a interpretaomitolgica. Ver Childs, 49.39 Ver Wenham, 116.40 Ver Keil e Delitzsch, 128-130.41Tselem a outra palavra usada no relato da criao do homem em Gn 1:26 e 27.42 No concordamos com Eslinger, que v nos "filhos de Deus" uma referncia aos Caimitas enas "filhas dos homens" uma referncia a mulheres Setitas. Ver Eslinger, 65-72. Parece-nos queo texto aponta em outra direo.BibliografiaAlexander, P. S. "The Targumim and Early Exegesis of 'Sons of God' in Genesis 6." Journal of

    Jewish Studies23 (1972): 60-71.Brueggemann, W. Genesis. Interpretation. Atlanta: John Knox Press, 1982.Cassuto, U. A Commentary on the Book of Genesis. Part I: From Adam to Noah (Genesis ICVI8).Jerusalem: Magnes Press, The Hebrew University, 1961.Childs, B. S. Myth and Reality in the Old Testament. Studies in Biblical Theology, no. 27.Naperville, IL: Alec R. Allenson, 1960._____. Introduction to the Old Testament as Scripture. Philadelphia: Fortress, 1989.Clines, D. J. A. "The Significance of the 'Sons of God' Episode (Genesis 6:1-4) in the Context

    of the 'Primeval History' (Genesis 1-11)." Journal for the Study of the Old Testament13 (1979):33-46.

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