artigo wilson josé gonçalves - 07-07-2014

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### Sabor do Saber – Alimentos ### Wilson José Gonçalves (organizador) Sabor Sabor do do Saber Saber – Alimentos – – Alimentos – Prefácio de Prefácio de José Antônio Braga Neto José Antônio Braga Neto 1ª edição 1ª edição 1

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### Wilson Jos Gonalves (organizador) ### ### Sabor do Saber Alimentos ### Wilson Jos Gonalves(organizador)

Sabor do Saber

Alimentos

Prefcio de Jos Antnio Braga Neto

1 edio

Academia de Letras Jurdicas do Estado de Mato Grosso do Sul ALJ-MS2014

Conselho Editorial:Prof. Dr. Karine de Cssia Freitas GiolowProf. Dr. Jos Antnio Braga NetoProf. Dr. Wilson Jos Gonalves

EditoraAcademia de Letras Jurdicas do Estado de Mato Grosso do Sul

Ficha CatalogrficaGONALVES, Wilson Jos.Sabor do Saber Alimentos / Wilson Jos Gonalves. Campo Grande-MS: ALJ-MS, 2014.Prefcio de Jos Antnio Braga Neto143 p.Inclui referncias1. Bebida 2. Produo de Texto 3. Leitura 4. Histria 5. Receita 6. CulturaCDD

Endereo:Rua Joaquim Murtinho, 93 Centro. Campo Grande-MS.79.002-100f. + 55 67 8419 1515e-mail: [email protected]

Wilson Jos GonalvesProfessor da UFMSe-mail: [email protected]

Sabor do Saber

Alimentos

DedicatriaAos nossos familiares e amigos que nos apoiam incondicionadamente.Aos que iniciaram a jornada do curso e que por um ou outro motivo ficaram no meio do caminho...Ainda que com o corao triste saibamos que no desistiram, apenas mudaram de rota...E que essa dedicatria no seja uma mensagem silenciosa, mas, estimulo em continuarmos o caminho do Sabor do Saber...

Agradecimentos

Ao CCHS Centro de Cincias Humanas e Sociais, na pessoa do Diretor Geraldo Vicente Martins.

Um especial agradecimento ao Afonso, Luiz e Arakaki, da secretaria do CCHS, equipe nota 10.

A Monitora Carolina de Souza Salgada, pela dedicao e competncia.

Sumrio

Apresentao6Prefcio de Jos Antnio Braga Neto9

Rtulos de Produtos Alimentcios: informaes e identidade12Wilson Jos Gonalves12Obteno da Matria-Prima Utilizada na Fabricao de Gelatina aparas e raspas de peles bovinas31Luana da Silva Barbosa31Alimentos Orgnicos: conceito e informaes48Ademir Bordignon Junior48Conhecimentos Quilombola: produo da farinha de mandioca59Marilda Ribeiro Soares59Intolerncia Lactose72Aline Nobre Emidio da Silva72Avaliao das Causas que Conduzem ao Desperdcio Alimentar82Janilson Santos Flres82Aditivos Alimentares: aperfeioamento e responsabilidade98Simone Keico Utinoi98Consumo de Polpa e Casca de Frutas nas Receitas: pessoas diabticas109Alessandra Filgueiras Guimares109Alimentos Funcionais: real necessidade de sua implementao em dietas com baixo teor de compostos funcionais119Ktia Sayuri Okagawa119Ocorrncia de PSE na Carne Suna135Hevelise de Menezes Fernandes135

Apresentao sempre uma satisfao e uma recompensa, pessoal e profissional, em organizar e trazer a pblico os esforos e trabalhos dos Acadmicos e Acadmicos, que como amigos, amigas, parceiros e parceiras souberam entender o processo de construo de Leitura e Produo de Texto, cuja materialidade se faz presente nesse livro.A ideia da publicao nasceu da vontade e dedicao de cada um dos seus jovens escritores que ao longo do semestre, ainda que com suas atividades profissionais, problemas de vida pessoal, ateno divida com outras disciplinas, souberam administrar e conduzir o equilbrio necessrio a uma disciplina ministrada, no sbado das 15:00-17:30, no qual exigiu o mximo de dedicao e empenho, pois, alm da ateno ao contedo ministrado imps um ritmo de leitura, reflexo e escrita. E mais, reescrita diversas vezes dos textos que tiveram suas verses aqui aprovadas e publicadas.O galardo da turma o coroamento do trabalho publicao e apresentado aos pares, familiares e incorporados, de forma definitiva ao currculo pessoal e profissional de cada, sob o trabalho impresso e materializado.As receitas e artigos aqui publicados so resultados da finalizao da disciplina Leitura e Produo de Texto, do Curso Superior em Tecnologia em Alimentos, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.A base terica e a didtica utilizada foram tcnica de pargrafo no qual se constri a lgica sequencial do texto, seja pelas normativas, seja pela necessidade do enredo narrativo.A produo de artigo cientfico, cuja escrita se pauta na objetividade, ou seja, uma forma diferenciada da escrita, no qual a impessoalidade deve prevalecer j no uso da terceira pessoa, a excluso de escalas de palavras, termos ou expresses de juzo, impreciso, lacunoso e outras formas de expresso que possam levar a uma dubiedade ou duplicidade de sentido.Esse contraponto entre a redao subjetiva e objetiva foi objeto de discusso e formao de raciocnios e instigaes ao longo da disciplina. O que resultou em uma tabela de questionamentos feitos que se registra como lembrana desse processo de produo:Pergunta-se:

Resposta SubjetivaResposta Objetiva

Voc mora: longe ou perto5 km.

Hoje est: quente ou frio28C

Voc : alto ou baixo1,65 mts

Voc : gorda ou magra65 kg

O paralelismo e a distino entre as maneiras de se escrever, faz, alm de outros fatores, um texto com qualidade tcnica e cientfica.Ainda, na produo do artigo utiliza-se tambm da tcnica de construo por pargrafo, sendo estruturado com os seguintes elementos: ttulo (resumo sinttico mais que perfeito, no pode conter palavra sem valor); nome, curso, instituio e e-mail; resumo (com cinco informaes contexto, objetivo, mtodo, resultado e concluso); palavras-chave; sumrio; introduo; objeto de estudo; problema; hipteses; metodologia de execuo; resultados; discusso; concluso e referncias.O estimulo a produo e, principalmente, a superao do medo de se escrever e publicar foi um dos pontos alto da disciplina, cujo mrito certamente ficar na lembrana de cada, bem como o Sabor do Saber de uma conquista. O que me deixa extremamente feliz e recompensado profissionalmente. Meus queridos Acadmicos e Acadmicas do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos, agora meus parceiros e parceiras, que me enchem de orgulho.E como nota derradeira, no poderia deixar de registrar o carinho e o reconhecimento do valor e da determinao de cada um dos autores presente nessa obra.Sei plenamente que o caminho foi rduo, duro e cansativo, mas, tenham certeza, na experincia desse mestre, que nada na vida que vale a pena vem de graa sem qualquer esforo ou dedicao.O caminho, sei que sabem, ao professor tem a misso de mostrar qual o caminho, mas, compete ao aluno trilhar e construir sua histria. Com essa publicao meus queridos parceiros sei que adentram no universo dos escritores, e j brilham como grandes escritores e excelentes profissionais sero.Despeo-me com alegria no corao e a certeza da misso cumprida, sei que vou sentir saudades das aulas de sbado, mas, lembrarei com muito carinho ao ver na estante um obra, um livro de meus alunos, ou mesmo cruzando nos corredores da UFMS, nos cursos de ps-graduao ou nos noticirios do sucesso e de novas conquistas de cada um.Levam o meu profundo respeito e admirao. Encerro dizendo o orgulho que tenho em participar, ainda que em folhas de papel, da vida e da formao profissionais de cada um dos autores que so signatrios dessa obra um verdadeiro Sabor de Saber.Obrigado pela oportunidade e de me fazer sentir, a cada dia, um professor melhor com a vitria e conquista de cada um de vocs.Um forte e carinho abrao, desse velho professor, que sabero perdoar as rabugices e intransigncias, pois, no se pode esperar menos dos melhores.

ProfessorWilson Jos Gonalves

Leitura e Produo de TextoCurso Superior de Tecnologia em AlimentosUniversidade Federal de Mato Grosso do Sul

Prefcio

Prefaciar essa obra algo impar e muito gratificante, sobretudo, por ser a primeira obra que estreiam no mundo das letras jovens escritores e, em particular, um grupo dedicado e empenhado do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos.Acompanhar a trajetria e a dedicao de cada um dos autores motivo de grande alegria. Pois, um texto publicado, no um trabalho esquecido, ser sempre lembrado, lido e relido por muitas geraes.No percurso de vida e na escolha da profisso o caminho nem sempre fcil, mas, o gosto da vitria algo que permite uma exploso do fundo do peito um gosto doce de vitria de ter alando, ainda que com muitas dificuldades e sacrifcios.Como Coordenador, ainda que distante, acompanho e busco compreender e participar da vida acadmica de cada um. E nesse momento, me sinto orgulhoso e compartilho minha alegria por meio destas palavras.Uma turma que ficar na memria do Curso e da Instituio. So exemplos de dedicao, perseverana e conquistas de muitas vitrias.Vencedores, no s pela escolha do Curso, mas, frutos de suas dedicaes e amor ao conhecimento.O livro que se apresenta a comunidade Acadmica Sabor de Saber Alimentos, j sinaliza para sua essncia e vocao. No sabor encontra-se a mais fina sensibilidade que se exige e espera de um profissional. E no saber a sua forma mais pura de demonstrar o que adquiriu ao longo do tempo nas cadeiras e disciplinas que compem o curso. A juno do sabor de saber leva sempre uma marca profunda de quem sempre ter sede de novos conhecimentos e fronteiras a serem exploradas.Este livro foi o produto da estratgia e metodologia aplicadas para a execuo da disciplina de Leitura e Produo de Texto desenvolvida com os acadmicos do Curso Superior de Tecnologia em Alimentos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Firmou-se na ferramenta que oportunizou o reconhecimento, a valorizao e a introduo dos alunos nos diferentes gneros textuais que podero ser observados nos desafios a serem enfrentados por toda sua vida acadmica e, certamente, pessoal e profissional.Trata-se de um relato do desenvolvimento da disciplina cujo processo foi, num primeiro momento, explorar as receitas escolhidas pelos acadmicos, relacionando seus ingredientes, contando sua histria, a apresentao do prato, suas curiosidades e eventuais benefcios sade alm de algumas particularidades. Culinria de pases vizinhos e tambm aquelas relacionadas cultura de imigrantes so citadas, mostrando a diversidade cultural daqueles que produziram esta obra, constituindo assim as narrativas gastronmicas de Mato Grosso do Sul.Num segundo momento so apresentados artigos estabelecendo as produes cientficas das receitas j apresentadas, explorando agora uma nova estrutura para composio textual, tendo em vista o enfoque cientfico adotado.Este resultado constitui-se em um estimulo, ao esforo dedicado para seguir em frente e atravessar os anos que se seguiro para a concluso do curso. Venceu-se assim o primeiro obstculo, superou-se o primeiro degrau, mesmo salpicado de possveis sofrimentos, o que s engrandece o feito, servindo como incentivo aos alunos para acreditarem em si, naquilo que fazem e no que podero fazer de acordo com os seus planejamentos e empenho na execuo.Com esses primeiros passos tenham certeza que o reconhecimento e as glorias sero colhidas e vivenciadas no Sabor do Saber.Votos de muitas felicidades e uma leitura prazerosa a todos.

Professor Jos Antnio Braga NetoCoordenador de Curso de AlimentosUnidade de Tecnologia de Alimentos e Sade Pblica

Rtulos de Produtos Alimentcios: informaes e identidadeWilson Jos GonalvesProfessor UniversitrioUniversidade Federal de Mato Grosso do Sule-mail: [email protected]

Resumo: Trata-se do entendimento e dos elementos de produo essenciais do gnero textual rtulos de produtos, de modo a compreender a organizao e estrutura do texto, sua relao de informaes para a composio de uma comunicao objetiva entre produtos e consumidores, na qual revela a prpria identidade do produto pelo texto do rtulo em sua essencialidade. Tm por objetivo reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo de produtos, seus principais elementos e a ordem que se deve haver em sua composio. O mtodo utilizado consiste na pesquisa bibliogrfica, tendo como resultado um trabalho de reviso, no qual buscou fundamentar na literatura encontrada no portal do Domnio Pblico, no site da ANVISA, legislao e referncias que processou de modo critico e reflexivo a obteno de dados que pudessem responder e fazer alcanar os objetivos propostos. Os resultados apontam para um gnero textual que possui uma estrutura rgida, no qual se tem um rgo fiscalizador, que obrigam a redao tcnica e precisa nas informaes de ingredientes, origem, prazo, validade, contedo, lote e advertncias. Impem uma linguagem sem erros, de contedo fiel, sem redundncias, sem promessas medicinais e teraputicas ou mesmo de aconselhamento. A concluso que o rtulo de produtos alimentcios um gnero textual que cumpre a finalidade de informaes do produto ao consumidor, bem como, estabelecer uma identidade ao produto descrito no rtulo.Palavras-chave: Gnero Textual. Rotulagem. Alimentos. Informao Nutricional. Ingredientes.

Sumrio: 1 Introduo. 2 Rtulo de Produtos Alimentcios. 3 Desconhecimento dos Elementos Compositivos dos Rtulos. 4 Conhecimento do Gnero Textual Rtulo. 5 Metodologia de Execuo. 6 Resultados. 7 Discusso. 8 Concluso. 9 Referncias.

1 IntroduoEm tempos passados, os alimentos eram vendidos na forma a granel e in natura, inexistindo o processo de industrializao, empacotamento e praticidade em alimentos pr-prontos ao consumo. E ainda mais, a concepo de venda limitava-se as explicaes diretas, vez que a prtica da leitura no era hbito e do conhecimento dos consumidores.Com o passar do tempo e a Revoluo Industrial os alimentos ganham o processo de industrializao e empacotamento, bem como os consumidores recebem tutela, direitos e conhecimentos, alm de crescente preocupao com que esta adquirindo e ingerindo. O que leva a necessidade do produto se comunicar com o consumidor. Estabelecendo, deste modo, um novo gnero textual que o rtulo.Ao pensar o gnero textual rtulo, em especial, o rtulo de produtos alimentcios, vez que o rtulo pode encontrar-se em produtos de higiene pessoal, veterinrios, mdicos, mdicos-veterinrios e outros. Assumindo uma dimenso comunicacional entre consumidor ou usurio e o produto. Nesse sentido, fixou-se o entendimento ou corte epistemolgico no que se denomina o campo de rtulos de produtos alimentcios, de forma a focar e restringir o campo de atuao. Alm, de observar, no processo de construo textual as informaes mnimas necessrias e sua localizao, entende-se que a construo do texto fundamental no processo de leitura e compreenso, bem como, o rtulo se apresenta como uma identidade do produto vinculado ou rotulado. Como o texto pode ter outros interesses do produtor no produto preciso ter a exata compreenso e saber reconhecer a estrutura desse gnero textual.O texto se restringe ao domnio das informaes e identidade que se pode extrair dos rtulos de produtos alimentcios. No se aplicando a outros rtulos existentes no mercado ou na literatura.O objetivo do texto reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo de produtos alimentcios, de modo a compreender quais os elementos principais e como se forma sua composio hierrquica de informaes. Como tambm estabelecer pelo rtulo a identidade do produto perante o consumidor.A questo problema que se impem ao texto a dificuldade que o consumidor tem diante do rtulo do produto, no qual desconhece quais os elementos compositivos e por consequncia no tem parmetros para julgar a adequao e exatido do rtulo lido, ou mesmo, se tem as informaes mnimas necessrias e exigidas na legislao vigente e cobrada pelos rgos de fiscalizao, no s a ANVISA, mas, INMETRO, rgo de defesa do consumidor, de propaganda e demais entes envolvidos com a disponibilizao do produto ao consumidor. Desta feita, tem-se a questo no desconhecimento dos elementos compositivos dos rtulos de produtos alimentcios, ou seja, quais so eles para se aferir ou ter como parmetros no processo de leitura e compreenso dos rtulos.As hipteses que se trabalham para responder ao desconhecimento, entre outros, pode ser a ausncia do conhecimento da lei, da estrutura do gnero textual, o desconhecimento da prpria composio dos rtulos de produtos alimentcios.Para desenvolver o tema buscou referncias e a literatura disponveis no Domnio Pblico, no Google Acadmico, no site da ANVISA e na legislao em vigor, bem como, estabelecendo os descritores rtulo, rotulagem e suas combinaes com alimentos e alimentos industriais.A fundamentao terica ou reviso bibliogrfica ficou restringida aos dados obtidos na metodologia, em decorrncia de uma opo de trabalho e da prpria limitao da pesquisa.Os principais resultados se voltam na possibilidade de reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo com um contedo pr-estabelecido e uma organizao no qual se podem estabelecer parmetros de conferncia no momento ou ato de leitura dos rtulos de produtos alimentcios no Brasil.A soluo proposta o domnio do gnero textual rtulo e sua constante observao nas exigncias estabelecidas na legislao brasileira.Para desenvolver e apresentar o trabalho optou-se por dividir em seis partes. Na primeira buscou uma definio conceitual do que seja rtulo de produtos alimentcios. Na segunda, verificou-se que h um desconhecimento dos elementos compositivos dos rtulos. Na terceira, estabeleceram-se algumas hipteses de trabalho. Na quarta, explicitou a metodologia utilizada. Na quinta, fez-se uma apresentao dos resultados obtidos. E por fim, estabeleceu-se uma discusso e as concluses da pesquisa.Ningum no mundo moderno sobrevive sem o domnio ou envolvimento dos rtulos dos produtos. E a melhor maneira de conhecer o produto e mesmo encontrar sua prpria identidade compreender o contedo dos rtulos dos produtos alimentcios, o que de certo modo, pode, inclusive garantir uma vida mais saudvel e evitar riscos ou complicaes alrgicas e outros fatores. Razo que o saber sobre os rtulos um imperativo a todos os consumidores. O que leva ao estudo inicial do conceito de rtulo de produtos alimentcios.

2 Rtulo de Produtos AlimentciosCom o processo de industrializao, empacotamento e distribuio de alimentos, a rotulagem passa a incorporar essa prtica, no s para atender as necessidades legais, mas, para permitir uma comunicao entre o produto e o consumidor. Nesse sentido, o rtulo assume, de forma literal, a voz do produto. E como tal, passa a incorporar uma das preocupaes dos que trabalham, manipulam, adquirem ou fazem uso dos alimentos, tornando o rtulo de produtos alimentcios um ponto importante e de preocupao conceitual e de compreenso em sua leitura.Lembrando que, em regra, todo produto industrializado possuem rtulos ou pode-se visualizar em cada categoria de produtos, a exemplo, rtulo em medicamento, rtulo em produto de limpeza, rtulo em matria prima, rtulo em brinquedos que traz a descrio do produto, a origem, o fabricante, a composio, a recomendao, as advertncias, os selos de seguranas, o telefone do SAC, cdigo de barra e outras informaes, conforme o tipo de produto.O foco de estudo ou objeto o rtulo, de produtos alimentcios, sendo este visto como voz do produto, o que torna um recurso tcnico e til ao consumidor no momento da escolha do produto, vez que deve ter informaes que lhe permita uma tomada de deciso correta e consciente sobre o produto que ir consumir. O rtulo assume, no plano comunicacional, os moldes de um texto que deve ser o instrumento de comunicao entre o produto e o consumidor.O dicionrio registra o significado de rtulo como sendo: pea geralmente de papel, com inscrio ou letreiro, que serve para informar sobre o objeto em que fixada; dstico, letreiro, etiqueta. (Dicionrio Online de Portugus. Disponvel em: http://www.dicio.com.br/rotulo/. Acesso em: 27 de maro de 2014).Nota-se que o dicionrio, como funo semntica e definidora, limita-se de modo genrico a dizer que o rtulo, no caso, utiliza-se a expresso geralmente de papel, podendo ser de plstico, pintura ou incrustado na prpria embalagem. No qual traz informaes sobre o objeto no qual fixado. No distinguindo ou particularizando, o que fica uma lacuna.Por outro lado, a Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ANVISA, em suas atribuies legais, percebendo a necessidade de definir a questo do rtulo em produtos alimentcios estabeleceu na Resoluo RDC n 259, de setembro de 2002, o Regulamento Tcnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados, publicado no Dirio Oficial da Unio, de 23 de setembro de 2002.Na Resoluo RDC n 259/2002, define que rotulagem: toda inscrio, legenda, imagem ou toda matria descritiva ou grfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento.A definio diz enquanto objeto apenas uma noo de suporte fsico para descrio. Porm, apresenta, nos princpios gerais o que no pode conter num rtulo, como tambm define o idioma a ser escrito, as informaes obrigatrias, a forma das informaes, bem como estabelece as categorias e o nome genrico da informao, inclusive detalhando a maneira de escrita e suas abreviaturas, as informaes nutricionais e os casos especiais de rotulagem.No entanto, a doutrina atribui alm da conceituao finalidade ou destinao do rtulo ou da rotulagem e sua fundamentao nos dispositivos da lei vigente. Isso pode ser visto nas prelees de Maria Clara Coelho Cmara, Carmem Luisa Cabral Marinho, Maria Cristina Guilam e Ana Maria Cheble Bahia Braga, quando da publicao de seu artigo A produo acadmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil que diz:A legislao brasileira define rtulo como toda inscrio, legenda ou imagem, ou toda matria descritiva ou grfica, escrita, impressa, estampada, gravada, gravada em relevo ou litografada ou colada sobre a embalagem do alimento. Tais informaes destinam se a identificar a origem, a composio e as caractersticas nutricionais dos produtos, permitindo o rastreamento dos mesmos, e constituindo-se, portanto, em elemento fundamental para a sade pblica. Cabe ressaltar que, no Brasil, as informaes fornecidas atravs da rotulagem contemplam um direito assegurado pelo Cdigo de Defesa do Consumidor que, em seu artigo 6, determina que a informao sobre produtos e servios deve ser clara e adequada e com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que apresentem.(cfr. CMARA, Maria Clara Coelho; MARINHO, Carmem Luisa Cabral; GUILAM, Maria Cristina e BRAGA, Ana Maria Cheble Bahia. A produo acadmica sobre a rotulagem de alimentos no Brasil. Rev Panam Salud Publica. 2008; 23(1):5258. Disponvel em: http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v23n1/a07v23n1. Acesso em: 27 de maro de 2014).A viso do rtulo ou da rotulagem, no qual se amplia o carter de suporte fsico para imprimir informaes, para um detalhamento das informaes e, sobretudo de sua destinao, assume uma dimenso mais complexa que permite visualizar o rtulo no s na tomada de deciso do consumidor, mas, ser elemento informativo em outros seguimentos, como por exemplo, na sade. Diante da informao dos ingredientes e composio do produto, pode-se sinalizar, no caso, qual o diagnostico ou tratamento indicado quele que consumiu o produto descrito no rtulo. Isto se confirma no trabalho de Letcia Pastor Gomez Martinez e Janana do N. Lima Matias de Paula ao afirmar que:A rotulagem de alimentos um elemento fundamental Sade Pblica, pois com ela o profissional de sade e a populao tm acesso a informaes sobre os alimentos, suas caractersticas, formas de conservao e informaes necessrias para a manuteno da sade e preveno de doenas.(cfr. Estudo sobre Rotulagem no Brasil. Disponvel em: http://www.cpgls.ucg.br/6mostra/artigos/SAUDE/LET%C3%8DCIA%20PASTOR%20GOMEZ%20MARTINEZ.pdf. Acesso em: 27 de maro de 2014).O que pode inferir que o rtulo ou a rotulagem de alimentos compreende na impresso no produto, bem como um conjunto de informaes que servem tanto ao consumidor no momento da deciso da compra e do uso, como tambm para outros profissionais, entre eles os da sade.Por essas peculiaridades o rtulo assume os contornos de um texto, que se estabelecem informaes e disposies na sua construo. O que se projeta pela peculiaridade em um gnero textual, vez que rene todos os elementos e reconhecimento de um gnero textual, no caso, o gnero rtulo. O que aponta para um texto com funo informativa e com forte tendncia ao uso da funo persuasiva no momento da compra do produto, o que leva a indicar um carter persuasivo em seu contedo. Exercendo tambm, por agregar o nome, a marca, as cores, a forma e outros elementos a prpria identidade do produto.O gnero textual rtulo assume uma composio peculiar que permite estabelecer informaes e identidade.A noo de gnero textual tem sido incorporada em diversas atividades sociais. Bakhtin (1997, apud MARCUSCHI 2002, p. 29), afirma que os gneros do discurso so tipos relativamente estveis de enunciados elaborados pelas mais diversas esferas da atividade humana.Desde modo, a compreenso do gnero textual permite uma organizao de contedo temtico e de composio formal.Nota-se que o domnio dos gneros possibilita, tanto o escritor como o leitor, a fixar parmetros de compreenso do texto e direciona-lo ou estabelecer expectativa para tanto. O que de certa maneira, permite a transferncia de elementos de um gnero ao outro, isto , de um ponto conhecido ao outro desconhecido, ou por conhecer. Isto permitido a partir de uma prxis e domnio das caractersticas e dos elementos compositivo do gnero.Com isso, estabelece-se um modelo didtico de gnero que autoriza apropriar se de estratgias que levam a compreender gneros textuais diferenciados ou de peculiaridades especificas. Pois, reconhece-se a sequencia e os elementos necessrios e suficientes para sua composio.O gnero textual torna-se uma ferramenta de sistematizao e organizao dos contedos, conferindo coerncia e credibilidade tanto no momento da produo de texto, como da prpria leitura em captar os dados e transformar em informaes.Assim, pode-se concluir que rtulo visto como uma pea agregada ao produto que lhe permite a identidade do produto, bem como registra um rol de informaes teis e necessrias, tanto no momento da tomada de deciso de compra e consumo, como a outros profissionais que necessitam das informaes nele contido. J como texto, reafirma-se, que assume os contornos de um gnero textual, permitindo a inferncia que o rtulo se reveste de texto informativo e de identidade do produto. A persuaso e outros fatores no devem integrar como elemento de essencialidade, mas, de acidentalidade.Todavia, percebe-se que, em especial, por parte do consumidor do produto o rtulo ainda se apresenta como um desconhecido, em particular um desconhecimento dos elementos compositivos dos rtulos que visto como um problema para a maioria dos consumidores leitores de rtulos. Tpico que ser visto a seguir.

3 Desconhecimento dos Elementos Compositivos dos RtulosA noo de que o rtulo um gnero textual e que carrega em si, no s informaes, mas, uma estrutura dispositiva de informaes obrigatrias e dados proibitivos, cuja ANVISA se encarrega de estar constantemente fiscalizando, orientando e retirando do mercado ou no permitindo que nele permaneam os produtos que no condiz com os elementos essncias que constitui esse gnero textual. Todavia, por parte do leitor/consumidor que precisa dominar esse gnero textual, uma vez tendo o domnio sua compreenso e leitura tem-se um agregar no conhecimento, mas, pela ausncia da constituio do gnero textual percebe-se um desconhecimento dos elementos compositivos dos rtulos.Nota-se que os rtulos em embalagem e produtos alimentcios algo relativamente novo, em se tratando de conhecimento social e humanstico, um saber para se perpetuar, em regra, perpassa por vrias geraes. No entanto, em se tratando de informaes o sculo XXI privilegiado com os mecanismos de mdias e outras fontes virtuais e da rede de computadores.Mas, no que tange a rtulo de produto e da concorrncia provocada pela globalizao e o prprio avano legislativo e cultura ou informativo de um povo os rtulos ainda representa uma comunicao direta e, at mesmo, nica, no momento da tomada de deciso da compra e do consumo. Ainda que essa prtica, as pesquisas vm demonstrando que est aqum dos nveis desejado. Machado, Santos, Albinati e Santos em pesquisa sobre Comportamento dos consumidores com relao leitura de rtulo de produtos alimentcios, concluem que: ainda existe a necessidade de campanhas educativas sobre o uso apropriado das informaes contidas no rtulo de forma que este possa contribuir na escolha dos alimentos pelos consumidores.Entre outros fatores a prpria ANVISA, em 2005, lana uma campanha Rotulagem Nutricional Obrigatria: Manual de Orientao aos Consumidores Educao para o Consumo Saudvel, que tem:O objetivo maior estimular que voc e a sua famlia leiam e entendam as informaes veiculadas nos rtulos dos alimentos. Isso tudo para contribuir com a melhoria da sua sade e qualidade de vida.Os rtulos so elementos essenciais de comunicao entre produtos e consumidores.Da a importncia das informaes serem claras e poderem ser utilizadas para orientar a escolha adequada de alimentos.Dados recentes levantados junto populao que consulta o servio Disque-Sade do Ministrio da Sade demonstram que aproximadamente 70% das pessoas consultam os rtulos dos alimentos no momento da compra, no entanto, mais da metade no compreende adequadamente o significado das informaes. (cfr. Manual de Orientao aos Consumidores - Educao para o Consumo Saudvel, Apresentao. p. 5).Essa importncia da informao e ao mesmo tempo o alerta da ANVISA que mais da metade no compreende adequadamente o significado das informaes faz com que se repense e passe a reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo de produtos.Ou seja, sem o domnio do gnero textual rtulo possvel uma leitura e compreenso das informaes do produto ou mesmo formular um juzo de valor acerca da qualidade do gnero textual rtulo?Para reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo de produtos preciso referenciar as orientaes normativas, sistematizar os pontos importantes, dominar e conhecer os processos de leitura e vocabulrios e outras possibilidades ou hipteses para se atingir o conhecimento do gnero textual rtulo. Temas que sero tratados no prximo tpico.

4 Conhecimento do Gnero Textual RtuloO conhecimento do gnero textual, em especial o conhecimento do gnero textual rtulo, de maneira em geral, define-se pelo conjunto das caractersticas da qual o texto se constitui, tais como a linguagem, o contedo, a estrutura que de certa forma conduz o direcionamento para as seguintes perguntas: Qual o contexto ou situao que o texto foi escrito ou produzido? Para quem o texto foi escrito e quais as pessoas mais interessadas em l-los? Quem escreveu o texto? Quais as intenes, objetivos que levaram o escritor a produzi-lo?Essas questes permite o balizamento para responder ao problema e ao mesmo tempo verificar as hipteses indicadas.O rtulo, ainda que tenha surgido como identidade do produto, ao longo do tempo, a legislao e o Poder Pblico, pelos rgos fiscalizadores passaram a regulamentar.No caso do Estado a lei como referencia para leitura dos rtulos ou mesmo para sua composio implicaria em outro gnero textual prprio que a lei. Para isso, o consumidor deveria ser um jurista.Mas, mesmo assim, ao confrontar a Resoluo RDC n 259, de 20 de setembro de 2002, que trata do Regulamento Tcnico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados, percebe-se a sua amplitude e o vocabulrio tcnico empregado. Alm de ter uma sistematizao que inicia com pressupostos negativos, isto , aquilo que no pode escrever. Logo, o texto direcionado ao escritor do rtulo.O processo de leitura e vocabulrio contido nos rtulos deve ser algo de domnio do grande pblico, vez que este que se tem o enquadramento como possvel consumidor.Diante disso, a ANVISA criou em linguagem mais direta e popular o Manual de Orientao aos Consumidores Educao para o Consumo Saudvel. Mas, ainda assim, no explicita a estrutura do gnero textual rtulo.Assim, a compreenso e domnio do gnero textual rtulo integra um dos fatores e facilitadores da leitura de rtulos de produtos alimentcios.Essa propositura ou hiptese do domnio do gnero textual rtulo se projeta no percurso metodolgico ou na metodologia de execuo, realizado, ou seja, a pesquisa revela esse caminho de leitura.

5 Metodologia de ExecuoPara os trabalhos cientficos o percurso elegido ou como se procedeu na pesquisa permite, no s a qualidade do trabalho, mas, principalmente, autoriza outros pesquisadores a refazer o percurso e chegar mesma concluso ou concluso muito prxima. Todavia, a metodologia tem sua complexidade, ficando apenas o registro de como foi executado o trabalho no que diz respeito coleta de dados ou fontes, bem como a indicao de uma perspectiva terica critica dos contedos encontrados, razo de sua denominao para metodologia de execuo. O que indica para uma pesquisa de reviso e qualitativa.Destaca-se que no uma pesquisa quantitativa, que se reserva a pesquisa original que se pauta em dados nmeros e estatsticas.Assim, tem-se um estudo de reviso bibliogrfica no qual foi realizada coleta de dados informativos em stios eletrnicos e leitura de artigos cientficos. As bases de pesquisa de dados foram: Scielo, ANVISA, Domnio Pblico e legislao vigente, at maro de 2014.Dos dados coletados e obtidos pela metodologia de execuo podem-se reunir textos e informaes que se projetam em resultados, que sero apresentados no prximo item.

6 ResultadosA noo de rtulo de produto alimentcio, como gnero textual que se pauta no reconhecimento de sua estrutura, seja em informaes e identidade, nas quais permitem e potencializam o entendimento e a compreenso no momento da leitura do rtulo, se o leitor desse texto tiver os pressupostos da lei ou do gnero. Isso sinaliza um dos resultados, sobretudo, na necessidade da identificao da estrutura rgida que esse gnero textual requer, tais como as informaes de ingredientes, origem, prazo, validade, contedo, lote e advertncias necessrias a preservao da sade do consumidor. E tambm proibies.Entende-se que a dificuldade da leitura de rtulo se opera, sobretudo, na ausncia do domnio do gnero textual. Nesse momento excluem-se as questes de dificuldade visual, seja por tamanho de letra, pelo suporte ou fatores biolgico do leitor. Isto no foi objeto de investigao, logo, no diz respeito aos resultados, ainda que seja uma varivel a ser considerada.Tambm no se questiona a forma de apresentao das informaes se em tabela vertical, horizontal ou linear. O que tambm influncia no processo de leitura e padronizao.Tem-se como resultado da leitura dos parmetros da lei, da Regulamentao pela ANVISA, pelas Campanhas, em particular pelo Manual de Orientao aos Consumidores Educao para o Consumo Saudvel, cujo foco se baliza na questo de abertura do Manual: Voc sabe o que est comendo?Logo a finalidade oferecer informaes ou comunicar ao consumidor o que ele estar comendo com a aquisio do produto. Carece a viso ou perspectiva da identidade do produto.A prpria ANVISA reconhece que com as normativas da: rotulagem nutricional, as informaes contidas nos rtulos passam a ser ainda mais complexas, exigindo maior habilidade do consumidor para interpret-las e entend-las.Porm, o gnero textual rtulo requer, nos parmetros de reconhecimento brasileiro, que contempla as informaes sobre: 1) Lista de Ingredientes, em ordem decrescente, no qual o primeiro tenha maior quantidade no produto at o ltimo com menor quantidade; 2) Origem ou procedncia, no qual indica o fabricante do produto; 3) Prazo de Validade; 4) Contedo Lquido indica a quantidade total de produto contido na embalagem; 5) Lote com indicao do nmero de controle de produo; 6) Informao Nutricional Obrigatria, prevista como tabela nutricional. Nas informaes nutricionais tem-se a indicao da poro e a medida caseira, para trazer uma linguagem mais coloquial. Dividindo em trs colunas que representam a primeira os componentes alimentares, seguindo do valor energtico, e por fim do percentual de Valores Dirios (%VD).Todavia, observa-se que a orientao de leitura e busca de compreenso proposta no Manual da ANVISA diz respeito alimentao saudvel:Para ter uma alimentao mais saudvel d preferncia a: Produtos com baixo %VD para gorduras saturadas, gorduras trans e sdio; Produtos com alto %VD para as fibras alimentares.(cfr. Manual de Orientao aos Consumidores - Educao para o Consumo Saudvel. p. 12).Logo a leitura do rtulo so informaes objetivas e concluses do leitor em seu grau de compreenso e julgamento se o alimento ou no mais saudvel.O que sinaliza para um gnero textual informativo. Porm, observa-se que no plano da identidade do produto, ainda h outras informaes no rtulo como a indicao do produto Diet e Light, cujas destinaes so formuladas para grupos especficos da populao ou dos consumidores.As advertncias para portadores de enfermidades, no qual o rtulo deve conter esse item, sobretudo aos: Diabetes Melitus; Presso alta; Colesterol alto; Triglicerdeo alto; Doena Celaca que deve indicar no rtulo se contm ou no glten.Ainda tem-se, enquanto gnero textual rtulo a dificuldade de moldar-se a leitura em virtude de seu suporte fsico. O que impem uma leitura de informaes distintas na sequencialidade do espao e na distribuio da ordem. O nome do produto vem em destaque, bem como o contedo lquido ou a quantidade.Em regra resguardam-se as informaes acima indicada no verso e na frente da embalagem a identidade ou marca do produto. O que integra o texto com leitura de forma (caso da garrafa da coca-cola), da cor (caso do amido de milho) e outros agregados.Ainda exige-se na construo do rtulo ou se condena a prtica de indicaes, como texto tcnico, a ausncia de:a) palavras ou qualquer representao grfica que possa tornar a informao duvidosa ou falsa a ponto de induzir o consumidor ao erro;b) elementos ou indicao de propriedades que o produto no possui ou no se pode demonstrar;c) destacar a presena ou ausncia de componentes que sejam prprios de alimentos de igual natureza;d) ressaltar alimentos ou qualidades comuns a todos os alimentos com tecnologia de fabricao similar;e) a indicao que o alimento possui propriedades medicinais ou teraputicas, de modo a melhor ou prevenir doenas ou tenha ao curativa.Circunstncia que obriga a um texto tico e transparente, vez que se trata de informaes objetivas e precisas. Sem qualquer cunho de venda ou de duvida ao consumidor no momento da compra e consumo.Assim, com os materiais coletados e realizada a anlise dos mesmos se chega ao resultado que a rotulagem de produtos alimentcios, em particular sua leitura e compreenso, exige do escrito e do leitor o pleno domnio do gnero textual com os seus quesitos de reconhecimento, para uma compreenso razovel.Dos resultados acima exposto, passa a formular uma discusso com a literatura, com vista consolidao ou no do mesmo.

7 DiscussoO processo de leitura, em particular, quando se h uma ruptura ou troca de suporte fsico de um texto escrito em folhas de papel, naturalmente, j traz um estranhamento. E o gnero textual rtulo se agrega e se apresenta acompanhando uma embalagem de produto, o que indica uma alterao no suporte fsico e de registro das informaes. Pontos que integram a discusso entre outros fatores.Todavia, o conjunto de informaes, distinto da prosa e da poesia, assume, por exemplo, na tabela nutricional trs possibilidades de apresentao, ou seja, apresentao vertical, horizontal e linear. O que j demonstra um gnero de construo amorfo. Sendo ainda, que outras informaes obrigatrias encontram-se distribuda ao longo da embalagem do produto, seja na parte superior, no verso, na frente ou mesmo no fundo da embalagem.Esses fatores colaboram para a dificuldade de leitura dos rtulos de produtos alimentcios. Dificuldade essa reconhecida pelos rgos fiscalizadores, o que inclui por parte dos interessados, os consumidores o desconhecimento dos elementos compositivos dos rtulos.O que se indica que a dificuldade de leitura e compreenso implica no prprio procedimento de leitura. A ANVISA foca a questo da escolha de alimentos saudveis. O que poderia ter outras leituras. Mas, o foco seria nas condies mnimas de compreenso dos elementos compositivos dos rtulos de produtos alimentcios para a tomada e escolha do produto mais saudvel ao consumo, de acordo com o perfil e a necessidade do consumidor.A leitura de um texto, sem o domnio do gnero textual, ou seja, a pr-compreenso dos elementos compositivos e sua distribuio espacial, leva a uma situao ilegvel do texto confrontado ou predisposto a leitura.O conjunto de informaes formativa ou compositiva do gnero texto, no s habilita o leitor, mas, permite no momento da leitura e compreenso captar os dados e promover uma anlise precisa para a finalidade que se propem a leitura.O gnero textual rtulo assume um duplo carter, enquanto texto, de um lado informar a todos que se aproxima do produto, seja indicando seu armazenamento ao comerciante, a composio existente para diagnstico mdico, a esttica para o colecionador ou profissionais de marketing, ao consumidor etc. E por outro lado, constri a identidade do produto, por meio de forma, cor, textura, brilho, imagem, nome, marca, logo etc. O equilbrio entre informao e identidade estabelecido pelo rtulo, agrega mais do que um simples gnero de texto linear formado por palavras.O gnero textual rtulo pode ser visto como um gnero fragmentado, vez que as informaes encontram dispostas na conformidade da embalagem ou do produto, sendo influenciado diretamente pela dimenso da mesma.Sendo certa, que no plano da ANVISA as informaes se destinam a tomada de deciso ao consumo saudvel, bem como busca a insero ou escrita que leva o consumidor a engano ou fazer opo por uma caracterstica ou qualidade comum a todos os produtos da mesma categoria, mas, induzido pelo rtulo. Alm de promessas teraputicas e preventivas que so destinadas aos remdios, ainda que ciente das propriedades funcionais dos alimentos. Hiptese que conduz apenas ao plano da informao ao texto rtulo.Visto que o rtulo tambm traz o nome, a marca, forma, cor e outros dados que permitem uma identificao do produto. Logo, o gnero textual rtulo constitui de informaes e identidade do produto que se comunica com o consumidor e demais atores sociais interessados na relao de suas atuaes com o produto. Como visto, atores sociais como o mdico, o fiscal, a vigilncia sanitria, o qumico, o lojista, o seguimento de marketing e tantos outros que se interessam pelas informaes ou a identidade do produto.Para tanto, o domnio do gnero textual rtulo se torna imperativo para o conhecimento e domnio tanto da escrita, como da leitura, no qual se pode enveredar para a obteno de informaes, sejam elas relevantes a tomada de deciso de compra, ou mesmo avaliao dos ingredientes existentes no produto, alm de estabelecer um grau de confiabilidade e alerta, no caso de advertncias sobre determinados ingredientes ou componentes na formula ou na receita do produto.Conforme visto, a embalagem ou a sua dimenso, a leitura objetivada da informao conduz o leitor a campo especfico no rtulo ou na prpria embalagem. Na hiptese do interesse pelo prazo de validade a informao nem sempre se encontra no rtulo, podendo vir ao fundo da embalagem. O quantitativo lquido, volume, unidade ou peso, em regra se encontra na frente do produto. Conhecer advertncias ou modo de armazenagem pode estar na lateral do rtulo. Impondo uma busca geogrfica distinta e aleatria em cada produto.Todavia, a hiptese do domnio de gnero pelo carter normativo impe releitura do fazer prtico do texto legal, o que se torna invivel ao leitor sem uma preparao jurdica. Razo do surgimento dos interesses e dos manuais de orientao, como no caso da ANVISA ao editar seu Manual de Orientao aos Consumidores Educao para o Consumo Saudvel, cujo objetivo transforma a linguagem legal em uma linguagem mais acessvel ao pblico em geral. Porm, ainda, pouco difundida.A noo de gnero textual, ainda que no seja de uma estrutura rgida, autoriza a compreenso de um conjunto de dados que permite o mapeamento e o norte da leitura e da compreenso no processo de leitura.Assim, a hiptese da compreenso do gnero textual como base de compreenso e leitura do rtulo, em muito contribui para o universo da leitura e da compreenso do mesmo.

8 ConclusoA compreenso e domnio do gnero textual rtulo de produtos alimentcios, em especial a localizao e conhecimento das informaes compositivas no rtulo, seja em sua distribuio espacial, bem como na tabela nutricional, ou ainda nas advertncias e nos pontos nos quais no se pode adentrar pela questo de levar ao erro o consumidor no momento da compra integra o conjunto definidor do gnero textual rtulo.Nesse sentido, a pesquisa estabeleceu como objetivo reconhecer a estrutura do gnero textual rtulo de produtos, focando em seus principais elementos e a ordem que se deve apresentar em sua composio.Isso foi alcanado na pesquisa e leitura da legislao vigente que estabelece os elementos compositivos dos rtulos, nos manuais explicitados pelos rgos de vigilncia e debatido na doutrina e textos obtidos nos bancos de dados.A questo problema da pesquisa reconhecer se sem o domnio do gnero textual rtulo possvel uma leitura e compreenso das informaes do produto ou mesmo formular um juzo de valor acerca da qualidade do gnero textual rtulo.Visto que sem parmetros ou sem a noo de gnero textual no possvel a leitura e compreenso do rtulo, vez que a identidade estabelecida no rtulo possvel, mas, no suas informaes. Ao ler um rtulo possvel a identidade do produto, mas, no a sua composio ou peculiaridades em sua composio.Ao fixar e dominar o gnero textual rtulo possvel uma leitura e compreenso, bem como verificar a ausncia ou a incluso de informaes, tanto desnecessrias, como aquelas que levam ao erro no momento da tomada de deciso do consumidor.Assim, a hiptese do conhecimento do gnero textual rtulo como forma didtica de processo de leitura e compreenso constitui um caminho seguro que atende tanto a leitura, como a produo textual desse gnero fixada nos parmetros que se tem dos rtulos de produtos alimentcios, em especial, a obteno das informaes e identidade dos produtos.

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