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Artigo sobre Villa-Lobos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MSICA DA UFBA

Disciplina: Fundamentos da Educao Musical IProfessora: Mara Menezes KrgerSemestre: 2015.1Alunos(as): George Lavigne dos Santos, Jlia Lins e Liana Falco.

Artigo sobre Villa Lobos e o Canto Orfenico1924 a 1944

Salvador - Bahia2015

Resumo: Villa Lobos inseriu o canto orfenico no Brasil com o apoio de Getlio Vargas com o objetivo de disciplinar a sociedade para que fosse manipulada atravs da msica. Nesse perodo, muitas instituies foram abertas e muitas leis foram criadas para que o ensino de canto orfenico fosse obrigatrio nas escolas brasileiras. A educao musical tinha uma misso cvica por meio de composies sobre as virtudes do trabalho, o paternalismo de Vargas, entre outros temas como antdotos morais sociedade. Existe todo um motivo poltico, econmico e social por trs de cada acontecimento entre os anos de 1924 a 1944.Palavras-chave: patriotismo, leis, ditadura, msica erudita, disciplina.

I. Breve histrico sobre Villa Lobos

Heitor Villa-Lobos nasceu noRio de Janeiro, no dia 5 de maro de 1887. Recebeu orientao musical ainda criana. Em 1905, comeou uma viagem pelo Brasil, passando pelo Esprito Santo, Bahia e Pernambuco, passando temporadas em engenhos e fazendas do interior, em busca do folclore local.Tempos depois, seguia para outra viagem - uma excurso pelo interior dos estados do Norte e Nordeste - que se estenderia por mais de trs anos. Foi nesse momento que teria conhecido a Amaznia - fato ainda no comprovado - o que teria marcado profundamente sua obra.Por onde passava, Villa-Lobos ia recolhendo temas folclricos que utilizaria em suas composies, como no "Uirapuru", e em seu futuro trabalho de educao musical, atravs da coleo "Guia Prtico".No ano de 1915, Villa-Lobos comeou sua vida profissional como instrumentista. Sua primeira composio foi aos onze anos e a nomeou "Panqueca".Sua relao com a msica se deu atravs do paiRaul Villa-Lobos, funcionrio da Biblioteca Nacional e msico amador. Recebeu sua primeira instruo musical aos seis anos, vinda do pai, que adaptou uma viola para que o filho pudesse estudar violoncelo.Em 1922, participou da Semana de Arte realizada em So Paulo. No ano de 1923, aps um pedido de financiamento do governo, viajou para Paris com o intuito de divulgar sua msica retornando em 1924. Nessa primeira viagem, Villa-Lobos no obteve tanto sucesso quanto na sua segunda temporada em Paris.Em l927, quando o compositor retornou a Paris para organizar concertos e publicar vrias obras. Fez amigos, e muitos artistas de renome frequentavam sua casa e participavam das feijoadas dos domingos. A partir dessa segunda temporada na capital francesa, ganhou prestgio internacional, apresentando suas composies em recitais e regendo orquestras nas principais capitais europias, causando forte impresso, ao mesmo tempo em que provocava reaes por suas ousadias musicais.Aos 12 anos, rfo de pai, Villa-Lobos passou a tocarviolonceloem teatros, cafs e bailes; paralelamente, interessou-se pela intensa musicalidade dos "chores", representantes da melhor msica popular doRio de Janeiro, e, neste contexto, desenvolveu-se tambm noviolo onde ficaria conhecido pela utilizao do instrumento em suas composies e apresentaes. Instrumento esse que sofria preconceito por ser "popular".Aps o primeiro casamento, envolveu-se com Arminda Villa-Lobos, a Mindinha, que faria um grande trabalho de divulgao de sua obra aps a morte do compositor. Casaram-se em 1948 e nunca tiveram filhos.Alguns dizem que por conta desse fato, a Villa-Lobos nunca ter tido filhos, foi que comeou o projeto de Canto Orfenico no Brasil com o apoio do ento presidente Getlio Vargas.Villa-Lobos morreu no dia 17 de novembro de 1959 noRio de Janeiro, aos 72 anos, vtima de cncer de estmago.

II. Era Vargas1929- Crise do caf (Repblica Velha)Brasil grande exportador de caf na dcada de 20. Em 128 com a produo muito alta e uma boa safra, a exportao cai consideravelmente, porque os principais pases importadores que eram EUA, Frana, Alemanha, Itlia e Holanda estavam comprando de outros fornecedores, porque estavam irritados com o jeitinho brasileiro que colocava pedras e cascalhos para aumentar o peso das sacas. Em outubro de 1929 os fazendeiros ainda exportavam safras de 1927 e 1928 por conta da alta valorizao do caf os fazendeiros tinham armazns lotados, entupidos de caf. Para piorar a situao, os EUA sofrem, no dia 24 de outubro de 1929 uma de suas maiores crises financeiras que acabou abalando boa parte do mundo. A populao fica revoltada com a falta de empregos e o grande ndice de desempregos. 1930- Governo ProvisrioNo Rio de Janeiro uma revoluo em nome do povo nasce contra o poder oligrquico vigente, pondo fim supremacia das elites cafeeiras. Uma das principais foras oposicionistas foi a Aliana Liberal, que tinha o forte apoio dos militares. Nisso, o governo de Washington Luiz foi derrubado e a posse do novo presidente eleito, Jlio Prestes impedida. Em 3 de novembro do mesmo ano o Governo Provisrio foi institudo pela Junta Provisria de governo sendo entregue a chefia a Getlio Vargas.Vargas assume o poder com grande crise em andamento, taxa de desemprego e falncia nunca antes vista na histria do pas. Com greves em todos os lugares, destacando a da Companhia Nacional de Tecidos e da Metalrgica Matarazzo. Em 25 de novembro daquele ano, o Dirio Nacional calculava em 8400 o total de grevistas e movimento abrangia cerca de 31 fbricas. O pas estava em total caos, sentimento de revolta por parte da populao. Em meio a todo o caos o quadro das foras militares acabaram contribuindo tambm para a instabilidade nacional, j que seus interesses no estavam sendo acalentados pela conjuntura poltica e econmica do pas, gerando assim uma srie de desordens e motins sangrentos. Revoluo Constitucionalista.Em meio a esse cenrio de desordem, a grande dificuldade em termos de ameaa ao Governo Provisrio viria com a ecloso da Revoluo Constitucionalista, a maior e mais organizada insurreio daquela poca. O Partido Revolucionrio Paulista que era o representante mximo das oligarquias regionais que caram em 1930 e o Partido Democrtico que era antigo integrante da Aliana Liberal (que mudou de lado porque julgava no estar participando suficientemente do governo que eles mesmos ajudaram a instituir) procuraram mobilizar a sociedade paulista para a derrubada de Getlio. A estratgia estaria no empenho em constitucionalizar o pas nos moldes da democracia liberal, na defesa da autonomia de So Paulo e tambm na tese da superioridade desse estado diante dos demais.Depois de 3 meses de tensos e violentos conflitos, sendo que grande parte da populao participava ativamente pagando at com a prpria vida, a situao foi controlada a favor das tropas federais. Mesmo vitorioso o governo percebeu que no podia ignorar uma elite feito So Paulo, os derrotados por sua vez, compreenderam que teriam de estabelecer algum tipo de compromisso com o dever central. Ningum estava feliz com nada, havia um choque de interesses em todas as classes. Em meio a tudo isso a atitude de Vargas seria de iniciar um processo de centralizao do poder, que viabilizasse a implantao de um estado autoritrio no pas. Foi-se criando uma mentalidade de que no deveria mais suportar os conflitos de classe e as reivindicaes, caracterizadas de uma vida democrtica os quais passariam a ser depositadas no mbito da irracionalidade, da desordem ou mesmo da traio para com a integridade da nao. a partir da que a autonomia e a centralizao estatal apareciam como solues polticas para aquela sociedade de conflitos. Uma das primeiras medidas nesse sentido foi quando liquidaram a constituio vigente de 1891 e nomearam pessoas de confiana para os lugares dos governadores dos estados.Trata-se de tendncias que tomaram foras durante o Governo Provisrio e procuraram se consolidar no decorrer dos anos seguintes:1-Poltica econmicaNada de manter o foco econmico nas atividades agrcolas, agora se fortalecia as trs faces da pirmide econmica; Lavoura Industria Comrcio. Resumindo, o modelo Varguista pode ser caracterizado pelo intervencionismo, pelo desenvolvimento industrial, pelo nacionalismo e pela ingerncia estatal, que permitia o controle de preos, a definio das polticas industriais e comerciais, a fixao dos salrios, as cotas de exportao, as prioridades econmicas, o planejamento, a fixao do cmbio, etc.2 - Poltica SocialA populao deveria participar ativamente da construo do progresso, se concebendo como pea chave do desenvolvimento. Em outras palavras, a populao teria que estar mais que disposta, disponvel e disciplinada ao trabalho. Algumas antigas reivindicaes da classe operria foram consideradas, para viabiliz-las foi criado o Ministrio do Trabalho, Indstria e Comercio isso ainda em novembro de 1930.No Governo Provisrio foi implantado: a criao da carteira de trabalho, a proibio do trabalho para menores de 14 anos, o estabelecimento da carga horria de trabalho de 8 horas para os trabalhadores da Indstria e do Comercio, frias remuneradas, proibio do trabalho noturno, entre outras. Houve tambm a regulamentao do trabalho feminino, com igualdade salarial e proteo gestante. O governo Vargas procurava, sem dvidas reconhecer a importncia do trabalhador, tendo em vista a nossa tradio escravocrata que via no trabalho uma atividade pouco nobre. Ao fazer esse reconhecimento, fortalecia seu projeto poltico. Getlio valeu-se bem dessa caracterstica preconceituosa de nossa cultura em relao ao trabalho e consolidou sua imagem como o poltico que o dignificava. (DArajo)Perodo ConstitucionalCom a rebelio paulista controlada, o governo permitiu a instalao de uma Assembleia Nacional Constituinte atravs do voto popular, possibilitado por alteraes implementares ao Cdigo Eleitoral de 1932. A ela coube a misso de elaborar uma nova constituio, em vista dos vrios interesses em conflito. Os trabalhos duraram praticamente 8 meses e culminaram em duas decises histricas para o pas: a promulgao de uma (outra) nova Constituio, no dia 16 de julho de 1934, e a eleio indireta de Vargas para a presidncia da repblica no dia 17.Devido ao carter mais flexvel, a Constituio permitia uma maior mobilizao social por parte dos trabalhadores: formam-se organizaes polticas acompanhada da ecloso de greves reivindicaes e agitaes sociais. O clima tenso ficou pior em 1935, com o embate das foras antagnicas, como a Ao Integralista Brasileira e a Aliana Nacional Libertadora que tomaram as ruas.As manifestaes pblicas organizadas pela ANL conseguiram alarmar o ncleo vigente do pas, a ponto de Vargas coloc-la na ilegalidade, a resposta da Aliana foi promover uma insurreio revolucionria conhecida como Intentona Comunista. Apesar do xtase revolucionrio, o Governo Federal controlou a situao sem maiores dificuldades.Plano Cohen Era um documento que comprovaria o andamento de uma conspirao comunista para a derrubada do poder, que provocaria massacres, saques e depredaes, desrespeito aos lares, incndios de igrejas, etc. O governo cria um clima de suspense na sociedade, dizendo que tinha em mos informaes poderosas, de notcias alarmantes, que no poderiam ser trazidas a pblico, mas que estavam tendo tratamento rigoroso. Com a difuso pblica do medo comunista, Vargas comearia a articular com alguns governadores a dissoluo da Cmara e do Senado.O Estado Novo-O Plano Cohen foi o grande pretexto para a consolidao do programa autoritrio do ncleo Varguista, ajudando-o a permanecer no poder. Baseando no seu contedo alarmante, o Estado Novo foi institudo a forma de ditadura a 10 de novembro de 1937, com a justificativa de salvaguardas a integridade nacional, ameaadas pelo comunismo e associaes como a ANL.Segundo Schwartzman, Bomeny e Costa:(...) o projeto nacionalista do Estado Novo valorizava, em outras palavras, a uniformizao, a padronizao cultural e a eliminao de quaisquer formas de organizao autnoma da sociedade, que no fosse na forma de corporaes rigorosamente perfiladas com o Estado. Da seu carter excludente e, portanto, repressor. A formao do Estado Nacional passaria necessria e principalmente pela homogeneizao da cultura, dos costumes, da lngua e da ideologia.

O Papel da Educao-Os princpios educacionais implantados pelo Estado Vargas sedimentaram-se, pouco a pouco, em funo das presses de grupos sociais desejosos de participar do bloco de poder. O setor pedaggico ento, seria vislumbrado como um artifcio de dominao, no sentido de exercer influncia sobre as mentes em escala nacional.Definindo o papel da escola, num manifesto nao de 1934, Vargas diz:(...) o melhor cidado o que pode ser mais til aos seus semelhantes e no o que mais cabedais de cultura capaz de exibir. A escola, no Brasil, ter que produzir homens prticos, profissionais seguros, cientes dos seus mais variados misteres. Era preciso valorizar o autntico nacional e combater o mau gosto nas artes, provenientes de culturas estrangeiras. Nesse sentido, o rdio e o cinema foram longamente utilizados. Em 1931, por exemplo, se iniciava A Hora do Brasil, que transmitia Getlio falando nao como um pai e divulgava sambas que enalteciam a figura do presidente e do pas.A escola e as manifestaes culturais foram, portanto, cenrios legtimos para a exortao ao progresso e seus postulados cvico-morais, um espao privilegiado para o incremento da ordem e um instrumento legtimo de comunicao entre governo e sociedade. A msica o canto orfenico no fugiu regra: a partir de um complexo debate sociocultural, caracterstico do incio do sculo XX, ela se apresentou ao governo Vargas como a utopia sonora de realizao da nacionalidade, projeto a ser orquestrado pela auspiciosa presena de Villa-Lobos.

III - Canto Orfenico

Surgiu na Europa no sculo dezenove como projeto educacional para mudar os padres estticos das classes sociais menos favorecidas. Os educadores acreditavam que atravs do canto as pessoas iam cultivar costumes e uma moral civilizada. A palavra orfeo surgiu em 1831 como nome de um grupo vocal escolar de Paris. O canto orfenico se oficializou em 1833 nos currculos franceses. Esse nome vem do deus grego Orfeu que encantava e amansava as feras com sua msica. Os educadores achavam que o povo ameaava a ordem social e deveriam ser civilizadas musicalmente. Isso implicava ensinar partitura, apreciar msica erudita ocidental e evitar a msica cultural (oral). As notas eram substitudas por letras, nmeros ou sinais de mo para simplificar. Villa Lobos se uniu a Vargas com o intuito de disciplinar as crianas e adultos atravs da sua msica, com o intuito de controlar a populao e mant-las sob controle. Suas canes falavam sobre trabalho e patriotismo num desejo de formar uma sociedade unida e produtiva.

Vossa Excelncia julga difcil estabelecer disciplina entre o povo em nossas eleies, no? Tenho uma proposta. Sou capaz de produzir esta disciplina, e com ela o entendimento cvico e social bem como noo de responsabilidade no mesmo sentido. Posso realizar por meio da minha arte o que Vossa Excelncia talvez no consiga com seus soldados. (Villa-Lobos)

Em 1932, acontecem alguns eventos. Villa Lobos reivindica a Getlio a proteo do governo arte brasileira, assim, criado o Departamento Nacional de Proteo s Artes.Acontece tambm a criao do SEMA (Superintendncia de Educao Musical e Artstica) no Departamento de Educao da Prefeitura do Distrito Federal; Villa Lobos convidado por Ansio Teixeira para formular um plano de Educao Musical e Canto Orfenico para o Rio de Janeiro. O convite de Ansio Villa Lobos, visava solucionar e definir as vrias questes que se colocavam de incio, como, por exemplo, os processos a serem adotados pela Secretaria de Educao para o ensino do canto orfenico, a direo e a sistematizao dessa disciplina, a elaborao de uma orientao metodolgica nacional, a seleo do repertrio adequado e, enfim, a formao de educadores especializados para esse projeto simultneo de arte e civismo. Dentro da trajetria de implantao e afirmao do canto coletivo, esse seria, ento, o prximo passo a ser dado, uma vez que j estaria definida (...) a soluo para o caso da formao de uma conscincia musical no Brasil, e para a utilizao lgica da msica como um fator de civismo e disciplina coletiva (...). (Villa-Lobos, s.d.:27).Depois disso, o canto orfenico se torna obrigatrio nas escolas; e Villa cria o Orfeo dos Professores que tem o objetivo de fornecer aos educadores um modelo de execuo das peas musicais (alunos do curso de pedagogia). O setor pedaggico, ento, seria vislumbrado como um artifcio de dominao, no sentido de exercer influncia sobre as mentes em escala nacional. Nesse mesmo perodo acontecem os Concertos da Juventude que eram apresentaes gratuitas a operrios e para a parcela pobre da sociedade (canes cvicas, patriticas e de carter folclrico). Todos os estados brasileiros seguem o modelo da SEMA.No ano seguinte, 1933, atendendo s exigncias feitas pela lei, foram abertos os Cursos de Orientao e Aperfeioamento do Ensino de Msica e Canto Orfenico. A SEMA, buscando uma rpida difuso do canto coletivo nas escolas, procurou orientar estes cursos para um ensino prtico que pudesse formar quadros com rapidez e eficincia. Foram planejados quatro tipos de cursos, numa escala de especializao progressiva: 1 Curso de Declamao Rtmica, 2 Curso de Preparao ao Ensino de Canto Orfenico, 3 Curso de Especializado de Msica e Canto Orfenico e 4 Curso de Prtica Orfenica Os dois primeiros cursos funcionaram entre 1933 e 1936 e tambm em 1939, destinavam-se a dar aos professores das escolas primrias o preparo para a iniciao do ensino musical s turmas da 1, 2 e 3 sries, ministrando-lhes os princpios da disciplina do treino da voz (falada e entoada), necessrios ao ensino. O terceiro curso, destinado formao de professores especializados, tinha por objetivo estudar a evoluo dos fenmenos musicais nos seus aspectos tcnico, social e artstico, visando uma aplicao direta ao ensino do canto orfenico. O seu programa, alm das disciplinas de carter propriamente tcnico, como: Regncia, Anlise Harmnica, Teoria Aplicada, Solfejo e Ditado, Ritmo, Tcnica vocal e Fisiologia da voz, compreendia tambm o estudo da Histria da Msica, Esttica Musical, Etnografia e Folclore. O quarto curso estava organizado no formato de reunies e encontros, nos quais eram debatidos e discutidos assuntos musicais especializados, como programas, mtodos de ensino, etc.Nesse mesmo ano, nasce a Orquestra Villa Lobos, onde Villa o regente.Em 1934, atravs do decreto n 24794, o Governo Federal torna obrigatrio o ensino do canto orfenico nas escolas de primeiro e segundo graus do pas.Em 1936, o culto Bandeira e cantar o Hino Nacional Brasileiro se torna lei (n 259).Em 1937, Villa Lobos realiza conferncias dentro e fora do pas, publica materiais didticos e aparece em jornais e revistas.Em 1938, a SEMA acaba e o Departamento de Msica da Faculdade de Educao do Distrito Federal se responsabiliza por isso.Em 1942, criou -se o Conservatrio Nacional de Canto Orfenico, atravs do decreto-lei n 4993, de 26 de novembro de 1942 e da Reforma de Capanema (leis orgnicas do ensino).Em 1945, com a destituio de Vargas, as atividades musicais diminuem, as apresentaes pblicas encerram-se e em 1947, Villa Lobos se afasta do seu cargo de maestro no Conservatrio.

As apresentaes aconteciam em datas comemorativas. As canes eram marchinhas e as letras falavam sobre o Brasil, sobre o trabalho e disciplina para condicionar as crianas a seguirem aquele padro. A primeira demonstrao orfenica na Amrica do Sul foi em 1931, com o patrocnio do Estado de So Paulo. Depois disso, ocorreu a demonstrao com 18.000 vozes em 1932, realizado no Estdio do Fluminense Futebol Clube, no Rio de Janeiro. Na comemorao do dia da Msica houve 2.000 msicos civis e militares e mais de 100.000 vozes. Em 7 de setembro de 1940, o coro atingiu 40.000 vozes e 1.000 msicos de banda.O objetivo da prtica e ensino musical no era formar msicos, mas despertar aptides como disciplina, patriotismo e trabalho para serem manipulados pelo governo.

IV Consequncias para a educao musical no Brasil

A msica era vista com o carter cvico-moral-disciplinador. No tinha liberdade, de expresso, de harmonia, de ritmos. Era algo maante que visava a disciplina e obedincia ao governo e suas medidas. Apesar da grande contribuio musical de Villa Lobos para o Brasil com suas canes folclricas, suas msicas para orquestra e coro, e solos instrumentais, o canto orfenico no vista com bons olhos, pois sua formao era totalmente manipuladora e ditatorial.

Referncias:LOBOS, Villas. Canto Orfenico. Marchas, canes e cantos marciais para Educao consciente da Unidade de Movimento. Editora Irmos Vitalle - So Paulo, Rio de Janeiro, Brasil.GALINARI, Melliandro Mendes. A Era Vargas no Pentagrama: Dimenses Poltico-Discursivas do Canto Orfenico de Villa Lobos. Faculdade de Letras da UFMG Belo Horizonte, 2007.