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Um Importante Episdio na Histria da Gestodos RecursosHdricos no Brasil: O Controle da Coroa Portuguesa Sobre o Uso da gua nas Minas de Ouro Coloniais Tratamento semelhante ocorre no livro Gesto de recursoshdricos: aspectos legais, econmicos, administrativos e sociais (Silva, 2000), que no seu item 2.1 - Evoluo da administrao das guas no Brasil aborda os fatos ocorridos somente a partir da criao do INEMET em 1909. Scare (2003, p. 72), baseado neste mesmo livro, disse, descuidadamente, em sua dissertao de mestrado, que "o processo de gerenciamento dos recursos hdricos no Brasil teve incio em 1904 com a criao da Comissode Audes e Irrigao de Estudos e Obras Contra os Efeitos das Secase da Comissode Perfurao de Poos". O presente trabalho - ao estudar o controle que a Coroa portuguesa exerceu sobre o uso da gua nas minas de ouro de Minas Gerais - pretende desfazer esses equvocos e demonstrar que, na verdade, j existia gerenciamento de recursos hdricos durante o perodo colonial.

pIorado, e, nesse sentido, acreditavam que existia, na cabeceira de diversos rios que desaguavam no oceano Atlntico, uma lagoa "mgica", a qual, pondera Holanda (2000, p. 68), "se deslocavafreqentemente segundo a caprichosa fantasia dos cronistas, cartgrafos, viajantes ou conquistadores". Essalagoa (veja uma de suas supostaslocalizaes na FIG. 1), de nome tambm varivel - Lagoa Dourada, Eupana, Upavuu (Holanda, 2000, p. 48) -, conteria enormes riquezas.

A DESCOBERTA DO OURO: UM liTERAL DIVISOR DE GUASA descoberta do ouro - ocorrida simultaneamente em diversasregies da zona que hoje Minas Gerais, por diferentes grupos de paulistas nos anos entre 1693 e 1695 (Boxer, 2000, p. 61) - alm de inaugurar um novo "ciclo econmico" e concorrer para o aumento do comrcio interno e o fortalecimento da unidade nacional, significou um literal divisor de guas na histria da relao dos colonos com asguas. Antes da descoberta do ouro, predominava na colnia uma viso ednica da natureza (Holanda, 2000), na qual os rios eram identificados com os rios do paraso. Os cronistas que aqui estiveram entre os sculos XVI e XVII, assim como fizera Pero Vaz de Caminha em sua famosa carta - "guas so muitas; infinitas. E em tal maneira graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se- nela tudo, por bem das guas que tem." -, exaltavam as guas da Amrica Portuguesa, conferindo-lhas o mito da inesgotabilidade. Exemplo disso pode ser lido no relato de Pero de Magalhesde Gndavo (2004, p. 52), que esteve na Amrica Portuguesa em meados do sculo XVI: "As fontes que h na terra so infinitas, cujas guas fazem crescer a muitos e mui grandes rios que por esta costa, tanto da banda do norte como do oriente, entram no mar oceano." Havia, alm disso, outro aspecto interessante na relao.dos antigos colonos com as guas.At o sculo XVIII, o interior do Brasil fora pouco ex-

Figura 1 - Detalhe da "Carta Altntica e do Pacfico Oriental", ca 1681. Reparar a insero de uma suposta lagoa na regio amaznica.Fonte: Costa (2004, p. 14)

Se se compara, entretanto, um mapa do Brasil elaborado antes dos setecentos com outro elaborado durante as atividades mineradoras, percebe-seque a descoberta do ouro e o progressivo avano dos portugueses para alm do que fora estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas fizeram com que o seu conhecimento acerca da hidrografia brasileira se ampliasse sobremaneira, e, com isso, ficasse evidenciada a inexistncia de tal lagoa. A partir da minerao, o valor dos rios cresceu grandemente, na medida em que eles passaram a indicar o caminho das minas de ouro ou a significar o prprio ouro (para os casosde ouro de aluvio). Antes do surgimento das vilas mineradoras, isto , at o incio dos setecentos, a gua era utilizada, principalmente, pela navegao e o saneamento bsico das poucas vilas litorneas, alm, claro, de atender aos diversos usos da gua que faziam as

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RBRH Revista Brasileiracomunidades indgenas do interior e do litoral. J existia, por certo, como explicita Freyre (1951, p. 5791) em seu estudo ecolgico sobre o Nordeste, uma degradao na qualidade dos recursos hdricos, notadamente naqueles situados prximos aos engenhos de cana de acar do Nordeste, mas nada que se compare que estavapor vir no sculo XVIII.

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essasmquinas hidrulicas utilizadas na minerao provavelmente foram adaptadas dos engenhos de cana, uma vez que estesvieram antes do que aqueles.

OS TRABALHOSNAS MINAS DE OUROA Coroa portuguesa tinha, desde cedo, a esperana de encontrar fabulosas riquezas no Brasil, no sendo um mero acasoo fato de a instituio do Governo Geral da Bahia de Todos os Santos- significando uma interferncia mais direta nos negcios americanos - ter ocorrido apenas quatro anos depois da desc'obertadas minas de prata de Potosi. Os primeiros portugueses que aqui se instalaram, no entanto, no detinham os conhecimentos necessrios minerao. Foi preciso Coroa portuguesa enviar especialistaspara o Brasil, a partir de 1590 e 91. Esses especialistas, embora no tenham dado resultados que satisfizessema Coroa, foram fundamentais para difundir as tcnicas de minerao em uso na Europa, sobretudo na Alemanha, que, devido a condies favorveis, chegou a desenvolver grandemente a minerao de metais preciosos. Foi na Alemanha, alis, onde se publicou o famoso tratado De re metallica(deGeorgius Agrcola (Georg Bauer, sem latinizar), no qual vinham descritos os mais respeitados mtodos de extrao de metais da poca. Tudo isso o que nos conta Hollanda (1977) no captulo V - A Minerao: Antecedentes LusoBrasileiros - da Histria Geral da Civilizao Brasileira. As tcnicas empregadas nas minas, a partir da descoberta do ouro at o princpio do sculo XIX, sero baseadas,em parte, nessasantigas tcnicas de ultramar, no conhecimento dos africanos, que teriam contribudo com as canoas e as bateias (Eschwege, 1979, p.168), e, sobretudo, na prpria experincia, cabendo destacar que, em vez de empregar o sistema corporativista da minerao alem, aqui, em detrimento da tecnologia, preferiram o sistema do minerador individual (Renger, 1985, p.169). As principais ferramentas utilizadas eram a bateia, a alavanca,o carumb e o almocafre. Quanto s mquinas, destacavam-se duas: o rosrio (FIG. 2) e Q pilo, ambas movidas fora hidrulica. Em estudo sobre os engenhos de cana na comarca do Rio dasVelhas, Campos (1995, p. 224) observou que

Figura 2 - Detalhe do Rosrio presente na figura "Modocomo se estrai o ouro no Rio das Velhas e demais partes que Rios", ca. 1780. Fonte: Costa (2004. p. 104).

A mo de obra era escravae o tratamento do minrio dava-sepor processo hidrogravimtrico, isto , utilizando a gua para separar as partculas mais pesadas(o ouro) das mais leves (o rejeito). Os trabalhos de minerao deram-senos leitos dos rios, nas margens, nos vales e no interior e nas encostasdas montanhas. Nos leitos dos rios

o ouro, desde a formao do continente, foi pouco a pouco se transportando das ricas serras para o leito dos rios e crregos. No princpio, os aventureiros extraam esse ouro entrando na gua e colocando uma certa quantidade de cascalho rico e de gua na bateia, que, movimentada circularmente, concentrava no seu fundo, por ao da gravidade, o ouro, enquanto o material mais leve ia-se pelas.beiradas. Essemtodo conserva-se hoje na figura dos faiscadores. at Com o tempo, essemtodo foi se aperfeioando. Os mineradores perceberam que o cascalho situado a uma profundidade maior, recoberto por uma camada de estril no fundo do leito do rio, tambm era rico em ouro. E, para acess-Io, passaram a desviar o rio inteiramente, fazendo uma barragem e abrindo um canal lateral em uma das margens. Caso as margens do rio apresentassem dificuldades para se abrir um canal, os mineiros cercavam

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apenasum pedao do rio atravsde cercos (Antonil, 1982, p.189) ou diques longitudinais (Ferrand, 1998,p. 103). Em razo das infiltraes, o trecho do rio desviado, muitas vezes,era mantido seco com a ajuda dos referidos rosrios hidrulicos (Leme, 1896, p. 420). Sobreesses rosrios,diz Couto (1994,p. 63) em sua MemriaHiI'trica sobre Capitania de Minas a de 1799, que era muito incmodo, pois demandava mais de cinqenta escravospara ser transportado de um lugar para outro. Segundo Couto, era prefervel o uso de bombas hidrulicas. Essestrabalhos eram realizados durante a estaoseca,de abril a setembro, pois, com as fortes chuvas,o rio se avolumava rapidamente, inundando os trabalhos, desfazendo a barragem e destruindo em poucashoras os esforosde vrios meses. Quando os rios eram largos e no permitiam desvios,era utilizado um instrumento de pesca do cascalho. Esseinstrumento, que, segundo Brito (1732) (apud Renger, 1985, p. 166) era chamado "p de saco", consistia de um aro de ferro fixado em uma vara comprida, a que era preso um saco de couro. Os "pescadores"avanavampelo rio e lanavam a "p de saco" no fundo; o saco se enchia de cascalho e seu contedo era despejado no barco. Mantinham esseprocessoat o barco se encher.Nas margens dos rios

capaz de arrastar as areias revolvidas pelos escravos. Estesescravosse espaavamno canal, revolvendo o fundo com o auxlio de um almocafre, de maneira a permitir que as partculas mais leves fossem arrastadas enquanto o ouro depositasseno fundo. Depois de uma hora desse trabalho, a areia do fundo do canal era recolhida e levada para os depsitos de lavao. Depois de retirada esta camada, recomeava-seo mesmo processo. E assim se dava at que o canal ficasse completamente remexido e esgotado. Em seguida, recomeam os trabalhos em outro canal. Nos locais de grande declividade de Vila Rica (atual Ouro Preto), essescanais atingiam uma profundidade de dez a vinte palmos (Eschwege, 1979, p. 171).Nas encostas das montanhas

o servio realizado nas margens dos rios era conhecido como Servio Tabuleiros. de Por terem os cascalhos desses tabuleiros a mesma origem dos cascalhosdos rios, era natural que os mineiros se voltassempara eles quando estesltimos se esgotassem. No sendo necessrias obras do porte de desvios de rio, o trabalho nos tabuleiros era considerado relativamente mais fcil. O principal mtodo empregado era a cata, isto , escavaesde terra. Estas escavaes,que eram redondas na superfcie e se aprofundavam em forma de funil, atingiam 10 a 15 metros de profundidade, onde se encontravam as areias ricas em ouro, que posteriormente seriam apuradas. Grande cuidado tinha que se tomar durante o perodo das chuvas,pois estas,no raro, causavam desabamentos que, alm de se desdobrarem na morte de negros, fechavam a escavao. Durante o perodo de seca,todavia, no era menor a luta contra as guas,devido s infiltraes. (Ferrand, 1998, p. 106) Um outro mtodo, o dos canaisparalelos, em vez de "brigar'~com as guas,procurava tirar proveito delas. Abriam um canal em que faziam correr a gua barrada do rio em quantidade e velocidade

Os depsitos aluvies situados nos flancos das montanhas eram conhecidos como grnPiarase recebiam um tratamento adversodos precedentes. Conduziam a gua at o ponto mais elevado da grupiara por meio de canais nivelados que, em razo da necessidadede captar grande quantidade de gua, podiam se estender por algumas lguas (uma lgua, cumpre lembrar, tem cerca de 6600 metros) (Saint Hilaire, 2000, p. 115). Onde havia vales, construam andaimes de grandes madeiras e, sobre eles, canos de tbuaspara a corrente das guas "vencer e chegar altura de outros montes sobre que a queremlevar" (FJP,1.999, 484). De acordo p. com o desembargador Tom Gomes Moreira (FJP, 1999, p. 484), o preo do material empregado nessas obras era exorbitante e o servio chegavaa durar de dois a trs anos, conforme a distncia que a gua vinha. No toa Couto (1994, p. 66) criticou esses canais. Dizia ele que tanto a construo quanto a manuteno desseseram muito dispendiosos e aumentavam desnecessariamente escravatura. a Uma vez acionado o fluxo de gua sobre a grupiara, recolhia-se a terra rica desagregada em outro canal, mais largo, de pequena inclinao, com sucessivasbarragens, que ficava ao p do morro. Este canal, ento, era revolvido sucessivamente pelos escravos, analogamente s prticas dos tabuleiros, at que o material mais leve, estril, fossearrastado. Caso o mineiro no tivessequantidade suficiente de gua, a terra arrastadada grupiara era recolhida em um reservatrio de acumulao, que s se abria em certos intervalos para a apurao do ouro. Quando esses depsitos aluvies comearam a se esgotar, os mineiros voltaram-separa as rochas. E, por estarem habituados minerao a cu aberto,

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utilizaram uma tcnica semelhante empregada nas grupiaras. Conduziam a gua, atravsde,canais nivelados que podiam chegar a quatro ou cinco lguas (Eschwege, 1979, p. 174), at a parte mais elevada do flanco aurfero e a armazenavamem um reservatrio. Quando se abria a comporta dessereservatrio, a gua descia com maior intensidade, de modo a decompor as rochas aurferas. No p da montanha, ento, recolhiam a lama arrolada em reservatrioschamados mundus .

As lavaes ou lavagens eram realizadas principalmente em canoas(FIG. 3), isto , condutos abertos, inclinados e forados por onde passavam uma corrente de gua sobre as areias aurferas destinadas concentrao que, por sua vez, ficavam sobre peles de animais ou tecidos de l. A gua que era conduzida pela parte superior da canoa levavaas partculas mais leves, enquanto o ouro ficava retido nas peles ou na l. Para obterem melhores resultados dispunham vrias canoasem forma de cascata.

Essesmunduseram retangulares, com profundidades que chegavam a 6 metros. Suasparedes, que, internamente, podiam se estender por at 30 metros, tinham espessurade quase 2 metros e eram formadas de blocos de pedra argamassadoscom uma mistura de argila e areia. Nos vales Nos vales, onde outrora corriam crregos, eram empregados os mesmos mtodos descritos no casodos serviosde tabuleiros. No interior das montanhas A explorao das jazidas embutidas nas montanhas o que constitui propriamente o servio de minerao. No caso aqui em questo, as tcnicas aplicadas eram bem rudimentares, resumindo-se em "perseguir" os veios aurferos montanha adentro atravs de galerias. Essasgalerias assemelhavam-se a um formigueiro, serpenteando pelo subsolo, por vezes,dando passagema apenas um homem deitado. No utilizavam vagonetes, preferindo retirar o minrio e a gua na cabea dos negros. Quando essasgalerias se prolongavam muito, o ar faltava (mesmo quando faziam sarrilhos de ventilao) e, no raro, desabavao teto em razo de escoramento mal feito ou carente. Tambm realizavam essaslavagens em bolinetes uma espcie de caixa de madeira, mais inclinada e profunda do que a canoa

Figura 3 - Esquemade Canoas.Fonte: Eschwege(1979)

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onde at trs

TRATAMENTO DO MINRIO AURFERO

Depois de recolhido ou separado o minrio aurfero nos locais acima discriminados nos itens anteriores, ele passavapor uma seqncia de lavaes e, em seguida, era apurado nas bateias.No caso das rochas duras, precedia a,triturao. E, em alguns casos, no final do perodo colonial, empregavama j amalgamaocom mercrio.

homens trabalhavam ao mesmo tempo, tendo produo superior da canoa. Aps as canoas ou bolinetes, podiam dispor algumas mesasfeitas de laje de pedra para realizaram outra lavagem, onde finalmente se obtinha o minrio pronto para ser apurado nas bateias. Por serem esses tratamentos realizados em locais descobertos, s podiam ser realizados quando no estavachovendo. A apurao na bateia ~ava-se, finalmente, da seguinte maneira. O apurador colocava um punhado do material j trabalhado nas canoas na bateia e juntava-lhe gua de maneira a formar uma polpa muito fina. Depois, adicionava mais gua e movimentava a bateia em moviment.o circular para que as partes mais leves sassembelas beiradas enquanto as mais pesadas (o ouro) acumulavam no fundo da bateia (Eschwege,1979,p. lSn O uso de amalgamao,apesar de raro, talvez devido ao seu alto custo (Mawe, 1978), tornou-se corrente sobretudo onde era difcil apurar conforme descrito acima. A tcnica utilizada era muito rudimentar. Segundo Eschwege (1979, p. 190), o minerador amassava com as mos o mercrio junto lama e depois lavavaa mistura. O amlgama obtido era ento colocado num prato de cobre coberto

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com folhas e, ento, levado ao fogo. O mercrio volatilizando se condensava sob a folha que, aos poucos, era substituda por outra. O produto desta condensao,isto , o ouro era finalmente recolhido em um vaso.

O CONTROLEDA COROASOBREo USO DA GUA NAS MINAS DE OUROTodos essestrabalhos de minerao, fossem realizados nos leitos dos rios, nos tabuleiros, nos vales, nas encostasou no interior das montanhas -

como ficou visto -, dependiamfundamentalmenteda gua. Era tanta essadependncia que se tornou comum na poca o seguinte axioma: "Sem gua, de nada vale uma serra de ouro" (Ferrand, 1998, p. 109).Mas, at o final da segunda dcada do sculo XVIII, a regulamentao sobre o uso da gua na minerao era praticamente inexistente. Somente o artigo 46 da Carta Rgia, de 15 de agostode 1603, parece ter esboado uma tentativa de regulamentar esse uso, ao procurar conter o lanamento de entulho e mato nas correntes d'gua prximo s minas: "O entulho e mato que se tirar e cortar, para se lavrar a mina, se lanar em parte onde a corrente de gua em que a mina se lavrar o no possa levar nem impedir a lavar (...)" (Eschwege, 1979, p. 90) O Regimento dos superintendentes, guardasmorese mais oficiais deputadospara as minas de ouro, de 19 de abril de 170-2, principal documento normalizador nas minas, no que se refere gua, era praticamente omisso, s estabelecendo no seu artigo 23 critrio para definir o descobridor de um rio. E, ainda assim, era muito vago. De acordo com este artigo, o critrio a ser empregado para definir se um afluente descoberto pertenceria ao descobridor deste afluente ou ao descobridor do rio que recebe o afluente seria o tamanho. Se os afluentes "forem grandes, posto que venham dar no rio principal j descoberto, estes ento pertencer (sic) pessoa,

que os descobrir (...) (Pinto, 1896,p. 681).Ora, "grande" e "pequeno" varia no juzo de cada um, no sendo, por isso, um critrio muito lgico e funcional para decidir to importante assunto. de se supor, portanto, as confuses suscitadas em razo de tamanha impreciso. Nem mesmo o domnio jurdico das guas estava bem definido. As Ordenaes Filipinas, uma espcie de "C-onstituio Portuguesa" da poca, era muito clara ao estipular que o subsolo era um direi-

to real. Mas, em relao gua, dava margem para muitas dvidas. No seu livro 2, ttulo 20, pargrafo 8, dizia que era um direito real "(...) os rios navegveis, e os de que se fazem os navegveis,se so caudais, que corram em todo o tempo. E posto que o uso das estradase ruas pblicas e os rios seja igualmente comum a toda a gente, e ainda a todos os animais, sempre a propriedade delas fica no Patrimnio Real." (Almeida, 1870, p. 441) Entende-se,baseadona primeira frase deste 81!pargrafo, que ficava no patrimnio real somente os grandes rios, navegveis,caudais, perenes, e no os rios menores, isto , os crregos, filetes e nascentes d'gua. Mas a segunda frase do pargrafo define como patrimnio real os rios de maneira geral, no especificando se so caudais, perenes ou grandes. Essepargrafo - luz de hoje, estapafrdio e gerador de dvidas - no leva em considerao que um rio perene, caudal no existiria sem a contribuio dos rios no perenes e no caudais, e tampouco considera o caso, diga-se, controverso, no qual um rio navegvelnum trecho e no navegvelnoutro. Sendo a gua to imprescindvel minerao, e levando-se em conta a exploso demogrfica na regio das minas, entende-se que esta falta de regulamentao tenha proporcionado o surgimento de inmeras contendas. A gua tomou-se motivo de cobia e ganhou um valor econmico jamais presenciado na Amrica Portuguesa. Os mineiros mais poderosos se apoderavam delas e, ainda que no tivessem terras para minerar, s as repartiam por preos abusivos.Como conseqncia, muitos que deixaram suasregies em busca do ouro, viram-se impossibilitados de retirar o minrio por falta d'gua. As disputas, ento, surgiram numerosas, sendo algumas delas armadas (FJP, 1999). A falta de regulao sobre o uso da gua, obviamente, concorria para diminuir os impostos recolhidos pela Coroa. Nesse sentido, em 24 de fevereiro de 1720, o Conde de Assumar, tentando dar um basta situao, emitiu uma proviso, conhecida como Provisodas guas, a qual pode ser considerada um marco na histria da gesto dos recursos hdricos no Brasil. Nesta proviso ficou estabelecidoque os guardas-moresdeveriam repartir as guas conforme a possibilidade dos que mineravam, e que ningum poderia se apropriar da gua dos crregos sem licena por escrito dos guardasmores (Pinto, 1896, p. 692-693). Guardadas devias das propores, esta medida se assemelhaao 3 instrumento da atual Poltica Nacional de Recursos Hdricos: a outorga dos direitos de uso dos recursos hdricos

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Dada a extenso territorial da regio das minas e o pequeno nmero de fiscais, isto , de guardas-mores e seus substitutos, compreende-se que esta proviso no tenha sido, nem de longe, suficiente para conter os abusos no uso da gua entre os mineiros. Em 13 de maio de 1736, um bando que fazia alguns aditamentos ao mencionado Regimento dos superintendentes, guardas-morese mais oficiais deputados para as minas de ouro, de 19 de abril de 1702, procurou, entre outras coisas, aumentar o controle da Coroa sobre o uso da gua. Sete artigos - 13, 14, 15, 16, 17, 21 e 23 - foram acrescentados no sentido de racionalizar esse uso. Ficou estabelecido que os servios das minas tinham preferncia aos demais no uso da gua. S se permitiria o divertimento da gua para os engenhos ou para as "hortas" caso no houvesse demanda entre os mineiros. Campos (1995), ao estudar as cartas de sesmaria mineiras do setecentos na regio do Rio das Velhas, observou que, nessas cartas, "as terras doadas no incluam as guas dentro de seus limites" (p. 221) e que a Coroa reservava as margens dos rios navegveis contidos nessas terras para o caso de haver descobrimento de ouro algum dia. Ou seja, percebe-se que, durante o "ciclo do ouro", a Coroa procurou garantir o monoplio da produo aurfera na regio das minas atravs inclusive do controle da gua.

Tambm ficou estabelecida uma srie de medidas protecionistas. Proibiram o desperdcio das guasdas lavagense o corte de rvores em cabeceiras de crregos de pouca gua e em matas ciliares: "(...) e que os roceiros no possam roar de novo nas cabeceirasdos crregos de pouca gua, de que usa para servios minerais, e devam conservar o mato em distncia de quinhentos palmos para evitar o dano da falta de gua (..)" (Pinto, 1896, p. 710) H que se tomar cuidado, porm, com o anacronismo, e no interpretar esse regulamento como uma medida de cunho ecolgico. quela poca, aes como essasde proteger matas ciliares e nascentestinham propsitos econmicos, e, como neste caso,objetivaram simplesmente resguardar o desenvolvimento das minas de ouro. Apesar de todas essas medidas legais institudas pela Coroa nos setecentos,o uso da gua entre os mineiros no deixou de ser um problema. A exemplo do que acontece hoje, no havia fiscais suficientes para controlar to grande rea, faltavam meios de quantificar e, portanto, administrar os recursos hdricos, e era grande a corrupo dos guardas-mores repartio das guas. na

Em sua Instruopara o Governo CaPitania da deMinas Gerais 1780, o desembargadorda relao de do Porto, JosJoo Teixeira Coelho, chegou a incluir entre as causasda falta de ouro "a ignorncia e a cavilao" dos guardas-moresque concediam "grandes pores" de gua para pessoasque as no podiam lavrar. Essaspessoas,em desacordo com a legislao, utilizavam essagua para os seus moinhos e para "as plantas das suas roas, ficando ao mesmo tempo alguns mineiros, por falta de guas,impossibilitados para fazerem servios teis nas terras que possuem, e onde sabem que h Pinta rica" (Coelho, 1902, p. 502). Ainda, de acordo com o desembargador, esses guardas-mores chegavam a conceder por suas provises as guas das chuvas, s quais davam o nome de guas saudveis,"(...) pela ambio dos salrio, que vencem, multiplicando-se as ditas concessesdas mesmasguas,que j foram essencialmente concedidas aos mineiros a quem se concederam os crregos e lagrimais que se formo delas [das chuvas]." (Coelho, 1902, p. 502-503) Sobre este fato, cumpre indagar, se no teria sido antes uma conseqncia da ignorncia dos guardas-moresde no saber que as guasdas chuvas formavam oscrregos ou propriamente uma malcia ou uma irregularidade cometida com intuito de obter emolumentos. O mais provvel, pondera-se, que essaprtica de "vender" as guas das chuvas se dava tanto pela ignorncia quanto pela malcia. Com a decadncia da minerao, sobretudo a partir do terceiro quartel do sculo XVIII (Barbosa, 1971, p. 18), a demanda por gua nas minas de ouro entrou igualmente em decadncia e, ao mesmo tempo, deve ter aumentado o consumo desta nos engenhos, roas e, at mesmo, nos recm criados centros urbanos. Isso no significar, entretanto, que as leis aplicveis s minas de ouro deixaro de privilegiar o mineiro no uso das guas. Como d a entender o Alvar que trata da administrao das minas ouro e diamantes do Brasil, de 13 de maio de 1803, que no seu artigo 9 obrigava os possuidores de sesmariasa divertir suasgassuprfluas para os servios de minerao, enquanto para isso fosse necessrio(Ferreira, 1884, p. 68). O controle que a Coroa exerceu sobre o uso da gua nas minas de ouro teve o propsito de preservar seu prprio interesse. Ela queria, na verdade, permitir ao mximo o desenvolvimento da minerao e, por conseguinte, aumentar a arrecadao de impostos. O controle no tinha um carter preventivo, mas remediador. Nesse sentido, foi bastante ineficiente, estabelecendo medidas depois que o problema j havia se instalado.

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ASSOREAMENTO E ALTERAES NA PAISAGEM

Caio Prado Jnior disse, no sem razo, em seu antolgico Fmmao Brasil Contemporneo do que a minerao colonial foi, na verdade, uma aventura passageira"que mal tocava um ponto para abandon-Io logo em seguida e passar adiante". Segundo Prado Jnior (1999, p. 171), era esta a razo pela qual a minerao deixou to poucos vestgios,a no ser a assombrosa destruio dos recursos naturais. No contexto dessadestruio de que Prado Jnior fala, a gua foi tanto vtima quanto responsvel. Por um lado, foi ela quem desbarrancou os terrenos, sulcando cicatrizes e levando consigo o que frente encontrava; e, por outro, foi ela quem recebeu, morro abaixo, em forma de rio, as areias e sedimentos, ficando, assim,assoreada. A paisagemque vemos hoje nas partes onde outrora ocorreram os trabalhos de minerao no a mesma que os Paulistas encontraram no final do sculo XVII. As obras necessriaspara captar as guas das lavagens (e as prprias lavagens) transfiguraram a regio. O poder destruidor dessasobras pode ser observado, a ttulo de exemplo, na Exposiosobre estado decadncia Capitania de Minas o de da Gerais meios remedi-to governador da provne de do cia de Minas Gerais, D. Rodrigo Jos de Menezes.Ao explicar as razespor que eram to dispendiosos os servios de minerao, Menezes (1897) cita o caso de um mineiro que tentou romper uma montanha de uma a outra parte para ir buscar a gua que lhe era necessria, despendendo nisso grandes despesas, ao ponto de ficar completamente endividado. Durante o auge da minerao, no segundoquartel do sculo XVIII, o ribeiro do Carmo

As marcas deixadas nos rios e na paisagem impressionaram os vrios viajantes que estiveram em Minas Gerais no sculo XIX. Saint Hilaire (2000, p. 112) reparou que os trabalhos de minerao eram to multiplicados que o cascalho do rio Ouro Preto ficou a mais de cinqenta palmos de profundidade, de maneira que no compensava alcan-lo. Freyreiss (1982, p. 46), na primeira vez que esteve em Minas Gerais, viu os rios turvados pelas lavras de ouro e fantasiou que se tratavam de grandes estabelecimentos, mas ficou surpreso quando se deparou com dois negros nus utilizando to-somente "uma enxada, uma gamela redonda de madeira e uns pedaos de flanela". Poucos anos depois, outro se assustouao ver "em toda parte (...) terras revolvidas e escavadas causado ouro" (Pohl, 1976, p. 399). por

CONCLUSOEmbora no fosse utilizada a palavra "Gesto" ou "Gerenciamento" no perodo colonial (Bluteau, 1712; Dicionrio Houaiss, 2001),j existiam na poca, como ficou demonstrado, diversasatividades - desempenhadas tanto pelo poder pblico, no caso, a Coroa Portuguesa, quanto pelos usurios que faziam parte do processode gerir. Isto ,j existia a criao e a efetivao de regras, leis e procedimentos que visavam racionalizao e otimizao do uso da gua. As pesquisas efetivadas neste trabalho, no entanto, restringiram-se ao espao geogrfico da regio de Minas Gerais. Por isso, bastante provvel que, em futuros trabalhos, sejam identificados outros mecanismos gerenciais utilizados nos servios de minerao - no apenas de ouro, mas tambm de diamantes e outros metais preciosos - que se deram em outros locais, como So Paulo e Gois. No obstante, as pesquisasaqui realizadas j so suficientes para concluir que existia no Brasil Colonial, sobretudo durante o perodo auge da minerao, um emaranhado de dispositivos legais que atestam que a histria da gesto dos recursos hdricos no Brasil comeou muito antes do sculo XX. Que, a bem da verdade, o controle sobre o uso da gua foi inerente ao processo colonizador dos portugueses, variando conforme as conjunturas sociais,polticas, econmicas e ambientais. Nas regio das minas, estavam largamente presentes a ganncia, o ouro e a gua necessria para extra-lo. Esta confluncia permitiu um desenvolvimento urbano, econmico e demogrfico, que, para se sustentar, demandou um controle sobre o

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tinuao do ribeiro do Ouro Preto ou, como chamado hoje, do Funil, principal curso d'gua de Vila Rica -j se encontrava bastante assoreado,pois parte dos morros de Vila Rica descera rio abaixo. Uma conseqnciadisso foi que, na dcada de 1740, Vila do Carmo, hoje Mariana, sofreu uma srie de inundaes que trouxeram grandes inconvenientes vila. H vrios documentos no Arquivo Histrico Ultramarino relatando as causase os meios de remediar essas sucessivasinundaes. Propuseram, inclusive, a construo de "uma longa muralha de pedra e cal, e do comprimento de um quarto de lgua". Mas parece ter-Ihes escapadoagirem na causa principal qual seja, os mtodos predatrios de minerar que concorriam para o assoreamento dos rios.

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RBRH Revista Brasileirauso da gua jamais presenciado na Amrica Portuguesa.A Coroa instituiu leis, aplicou multas, penas, procurando remediar uma situao que se antepunha ao desenvolvimento da minerao e, por conseguinte, arrecadao de impostos. Essecontrole, no entanto, foi ineficiente, pois se imps tardiamente quando uma cultura perdulria e predatria j havia se instalado - e fracamente - com poucos guardasmores e meios de controlar to vasto territrio. Rios desviados,crregos secos,barras multiplicadas, nascentesmortas: foram essasalgumas das "externalidades" do empreendimento portugus nas minas de ouro do Brasil. A hidrografia que hoje desce as serras no , por certo, a mesma que os bandeirantes encontraram em fins do sculo XVII. O homem a transformou, em nome da Coroa, de Deus, do Barroco e de ns.

de RecursosHdricos Volume n.] 'uZ/Sei2006, 5-14

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A Major Episode In The History Of Water Resources Management In Brazil: The Control Of Water Use In The Colonial Gold Mines By The Portuguese Crown ABSTRACTThis paper reveals an important episode in lhe history of water resourcesmanagement in Brazil, which occurredduring Colonial times in lhe gold mines of Minas Gerais. lt presentsmining activities and llJater use in this line of work. lt also shows how lhe PortugueseCrOllJncontrolled water use and environmental impacts, such as siltation and landscape changes. Finally, it is concluded that water resources management in Brazil cannot be considereda recentPhenomenonthat only emergedduring lhe 2(Jh century, as many publications sggest, but a process inherent to Portuguesecolonization, varying according to social, political, economicand environmental situations. Key-words:Environmental history; Water Resources Management;Environment; Mining Techniques.

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