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ARTIGO PDE 2010A RELAÇÃO ENTRE METODOLOGIA E AÇÃO DOCENTE:

INTERRELAÇÕES QUE VISAM SUPERAR DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

NADIA ZABCZUK1

MÁRCIA MARLENE STENZLER2

RESUMO

O presente Artigo realizado como trabalho final de processo formativo do PDE, 2010 tem como propósito mostrar como alternativas simples trazem resultados significativos para alunos com dificuldades de aprendizagem enquanto Processo. O Projeto que deu origem a esse Artigo foi desenvolvido com catorze alunos da 5ª série/6° ano, sendo sete alunas e sete alunos que apresentavam características compatíveis com defasagem de aprendizagem nas áreas de leitura, escrita e raciocínio lógico-matemático. A opção por este tema se deve a ocorrências de alunos com dificuldades de aprendizagem, atrelado a comportamentos inadequados, manifesto na desatenção e indisciplina. Temos como Objetivo Geral promover um estudo com base no processo de ação – reflexão – ação, entre o corpo docente e equipe pedagógica, focando a aprendizagem desse grupo de alunos, de forma contínua e interdependente, visando superar as dificuldades vivenciadas, no sexto Ano. São objetivos específicos: analisar o processo de aprendizagem do aluno e suas implicações para o pleno desenvolvimento das atividades escolares; observar, refletir e apontar possibilidades pedagógicas tendo como base a avaliação realizada e seus efeitos na criança com dificuldades de aprendizagem; e por fim buscar através do reforço escolar desenvolver hábitos de estudos que permitam ao aluno ser agente no processo do aprender. Durante essa pesquisa, trabalhamos de forma complementar a aprendizagem lúdica, usando Metáforas para ilustrar e facilitar o entendimento e apreensão do conhecimento. Dessa forma pretendemos que o aluno desperte o gosto pela realização das atividades relacionadas ao cotidiano escolar.

Palavras-chave: Ensino – aprendizagem; atuação docente; processos avaliativos.

ABSTRACT

This article as work performed end of the formative process of PDE aims to show how simple alternatives bring significant results for students with learning difficulties while process. The project that gave rise to this article was applied to fourteen students from grade 5/6 year, seven students and seven students who had characteristics consistent with the learning gap in reading, writing and logical - mathematical. The choice of this subject is due to occurrences of students with learning difficulties, linked to inappropriate behavior, manifested in inattention and disruptive behaviors. We as a General Purpose promote a process of action - reflection - action between the faculty and teaching staff, focusing on the learning of this group of students, continuously and interdependent, in order to overcome the difficulties experienced in the sixth Year specific objectives are: analyze the process of student learning and its implications for the full development of school activities, observe, reflect and pointing pedagogical possibilities based on the evaluation and its effects on children with learning difficulties, and finally get through school support to develop habits studies that allow students to be agents in the process of learning. During this research, we work in a , using illustrate and facilitate the understanding and acquisition of knowledge. Thus I a taste for performing activities.

Key words: Education/learning, teaching practice, the evaluation process.

1 Autora. Graduada em Pedagogia. Pedagoga no Colégio Estadual Pedro Stelmachuk, União da

Vitória, Paraná. 2Orientadora. Pedagogia. Mestre em Educação pela UEPG. Doutoranda em Educação pela UFPR

.Professora do Curso de pedagogia UNESPAR/FAFIUV.

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1 INTRODUÇÃO

Optamos por discutir um tema, já várias vezes referenciado, que é a

avaliação no próprio processo educativo conjuntamente a seus entornos, como: a

complementação dos seus estudos em casa; a aquisição do hábito do uso do

dicionário; a prática lúdica e constante da realização das atividades; o conhecimento

e produção de Metáforas para seduzirem os alunos levando-os à sensibilização e

resgate da Autoestima.

Ao investigar essa temática constatamos um alto índice de crianças com

defasagem de aprendizado, sendo que muitas vezes a criança percorre o caminho

solitário e angustiante quando os alunos precisam aprender a aprender. Temos

também a problemática das atividades para casa que não são realizadas por não ser

do interesse e ou entendimento dos educandos.

Temos como finalidade expor resultados de dois anos de estudos e

investigações sobre o cotidiano escolar de catorze alunos com dificuldade de

aprendizagem e seu processo avaliativo. Ao trabalharmos com esse grupo usamos o

processo de amostragem – Seleção intencional de catorze alunos com dificuldades

de aprendizagem. Lançamos mão da pesquisação que se caracteriza pelo

envolvimento dos pesquisadores e dos pesquisados no processo de pesquisa. Para

Thiollent citado por Gil (1995, p.49),o qual compreende que“[…] a realidade não é

fixa e o observador e seus instrumentos desempenham papel ativo na coleta,

análise e interpretação dos dados.[...]”

Como tudo o que é novo, a princípio essa discussão pode causar alguma

resistência. Julgamos isso natural por parte dos alunos e professores, pois o Projeto

caracterizou-se como o novo para esses grupos. Apesar de se tratar de uma

temática que cabe a todos constatou-se pouco entusiasmo por parte de colegas de

Escola, talvez por falta de tempo para discutirmos sobre o mesmo, apesar de termos

marcado uma noite específica para fazermos a apresentação do mesmo.

Segundo Smith e Strik (2012, p. 20)

[...] embora supostamente as dificuldades tenham uma base biológica, com frequência é o ambiente da criança que determina a gravidade do impacto da dificuldade. A ciência ainda não oferece muito em termos de tratamento médico, mas a longa experiência tem mostrado que a modificação no ambiente pode fazer uma diferença impressionante no processo educacional de uma criança.

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Estas reflexões reiteraram a necessidade de criarmos de forma simples e

alegre um ambiente cercado de afetividade, aconchego e cumplicidade para juntos

aprendermos e ensinarmos. Para que isso realmente acontecesse na realidade,

elaboramos uma proposta metodológica que permitisse que o educando se despisse

dos pré-conceitos arraigados, às vezes, de forma equivocada.

No decorrer do projeto apresentamos e intensificamos o uso do dicionário

mostrando aos educandos que o mesmo é um instrumento facilitador e eficiente para

o domínio da língua escrita. Também tivemos intenção mostrar que as dificuldades

que encontramos aparecem em outras escolas.

Seu Projeto é muito importante, num primeiro momento a escolha do tema veio como oportunidade para discutir com os colegas como eles entendem a questão “A relação entre Avaliação,(in) disciplina e aprendizagem”. Pode-se perceber que em todas as escolas as angústias são semelhantes ficando claro a necessidade de apoio dos gestores da escola, quanto da família e sociedade. O curso fez refletir questões importantes, que não podem ser ignoradas, a busca por um referencial teórico, metodologias diversificadas, e o resgate à prática de valores. Não podemos correr o risco de refletir baseados no senso comum(PROFESSORA“A”, 2011)

Ressaltamos a importância de motivar o aluno elevando a sua autoestima,

por isso, usamos metodologias diversificadas para o ensino.

Segundo Gómez e Terán, citados por Muran e Ayres(2012, p.30) :

[...] o futuro dessas crianças está nas mãos das pessoas que estão ao seu lado na aprendizagem; a confiança em si mesmos, a sua capacidade de tomar decisões habilidade para solucionar problemas, a autoestima, a motivação para atingir objetivos dependerá do quanto elas forem apoiadas. Não existe uma receita única. Cada criança é um ser único importante. Respeitar essa individualidade, aceitar as diferentes formas de sentir, pensar, agir, de aprender e um ponto básico na educação dessas crianças.

No âmbito teórico, caracteriza-se como pesquisação sendo que, de acordo

com a definição de Thiollent, citado por Gil (1995, p 48)

[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos do modo cooperativo ou participativo.

A Metodologia utilizada foi de boa aplicabilidade, fazendo parte da mesma

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atividade diversificada, a partir do livro “Os Doze trabalhos de Hércules”3 , com

poesias, produções de histórias em quadrinhos, teatralizações. Utilizamos, também

o uso de Metáforas, Slides, Filmes.

Com o decorrer das aulas testemunhamos o crescimento e empolgação dos

alunos, pois, eles se sentiram desafiados a também realizar o que o herói Hércules

realizava. Percebemos de forma clara que eles mudavam de roupagem interior com

este herói, por vezes querendo ser chamados de discípulos de Hércules. O uso

constante do Dicionário exigido em todas as aulas surtiu um resultado excelente,

sendo usado fora do projeto. A forma lúdica com que as Metáforas foram estudadas

criou nos nossos alunos entusiasmo e criatividade não percebida antes do início do

Projeto.

Partindo desse princípio, o Artigo ficou organizado buscando compreenderas

seguintes questões:

a) Primeiramente, abordamos a experiência ao iniciar o projeto e a relação

com os estudos dos fatores biológico - sociais e que contribuem para as

dificuldades de aprendizagem;

b) No momento seguinte tratamos dos sinais de alerta na Escola quanto as

dificuldades de aprendizagem e o papel da escola no resgate da

Autoestima do aluno com dificuldade usando Metáforas;

c) Para finalizar debatemos sobre o encaminhamento e importância da Lição

de Casa, bem como a implementação do projeto na Escola e seus

resultados.

2 A INUSITADA EXPERIÊNCIA DO INICIAR

Após o angustiante momento para a definição do tema, a fase seguinte não

foi menos preocupante, pois agora partiríamos para o primeiro passo rumo à

³ O texto sugere um diálogo entre uma criança com seu avô e, através desse diálogo, uma “viagem” sobre a riquíssima mitologia grega descobrindo Hércules e fazendo de sua história lição para sua vida. Este herói como castigo por ação impensada em sua juventude deveria suplantar doze temíveis desafios, usando para cada um deles uma estratégia que é capaz de nos remeter aos desafios e problemas de viver o cotidiano. ”Os doze Trabalhos de Hércules “são: Primeiro trabalho: “O leão de Neméia”; Segundo trabalho: “A Hidra de Lerna”; Terceiro trabalho:” A veloz corça Cerinéia e seus pés de bronze”; Quarto trabalho; “O poderoso e feroz javali de Erimanto. Na Arcádia”; Quinto trabalho:” Limpar, em apenas um dia um dia os estábulos do Rei Augias. Sexto trabalho: Livrar os pântanos próximo ao Lago Estínfalo de aves estranhas”; Sétimo trabalho;” Livrar a Ilha de Creta de um grande touro, o Minotauro;” Oitavo trabalho: “Domar as éguas carnívoras do Rei Diomédes”; Nono trabalho:” Conquistar o cinto de ouro de Hipólita”; Décimo trabalho:” Os bois de Gerião”; Décimo primeiro trabalho: “As maçãs de ouro do jardim das Hespérides”; Décimo segundo trabalho: “ Cérbero, o guardião dos infernos”. (ANTUNES, 2005. P.13-59)

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aplicabilidade do Projeto. Segundo Nóvoa, (1990, p.25), “É no espaço concreto de

cada escola, em torno de problemas reais, que se desenvolve a verdadeira

formação”. De início contatamos com os pais, enviando-lhes uma correspondência

convidando-os a virem participar de uma reunião afim de autorizarem seus filhos a

fazer parte desse Projeto. Ficamos apreensivos com o desenvolvimento das

atividades pois, no dia da reunião realizada em dois turnos, manhã e tarde, apenas

os pais de três alunos compareceram.

Mas, esse fato nos alertou para o que ainda teria que ser construído e fomos

em busca dos pais dos catorze alunos restantes e não sabíamos onde todos

moravam. Para chegarmos à residência dos alunos tivemos que percorrer caminhos

desconhecidos por nós, igualmente desafiantes. Nos deparamos com uma realidade

muito diferente daquela que vivemos no cotidiano. Será que no dia da reunião

estariam ocupados que não foram? Ou, que lugar a Escola tem na vida deles?

Em muitas dessas visitas familiares que fizemos, o tempo não contribuiu; às

vezes enfrentamos chuva; outras vezes frio. Outro desafio foi o “Vale transporte”, os

quais tivemos que arcar com os custos para que os alunos pudessem participar do

Projeto. Também em muitas ocasiões fomos para cozinha fazer o almoçou o lanche

para eles. Esse contato inicial com as famílias promoveu um acolhimento maior ao

projeto e ao mesmo tempo serviu para nós como momento para questionamentos

que nos municiássemos com teoria suficiente para responder aos desafios da

aprendizagem.

2.1 FATORES BIOLÓGICOS, SOCIAIS E EMOCIONAIS QUE CONTRIBUEM PARA

QUE ACONTEÇAM AS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Os fatores biológicos que contribuem para as dificuldades de aprendizagem

podem ser divididas em quatro categorias gerais; Lesão Cerebral, Erros no

Desenvolvimento Cerebral, Desequilíbrios Neuroquímicos e Hereditariedade.

Segundo Smith e Strick (2012, p.20),“[...] a mudança no ambiente no qual a criança

está inserida ou sendo educada, pode fazer uma diferença impressionante no

progresso educacional da mesma.”

Notamos também que a baixa autoestima prejudica sobremaneira a

motivação escolar, os alunos com baixo rendimento escolar a longo prazo se veem

como incapazes de aprender eles antecipam o fracasso e não acreditam na

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persistência para alcançar o desempenho necessário para o sucesso.

A crença na própria capacidade de ter sucesso é essencial para poder se

conseguir o que se quer. Um estudo de alunos com dificuldade de aprendizagem

determinou que o Auto-Conceito e a motivação eram prognósticos bem mais

poderosos de progresso escolar do que a inteligência. Apesar das dificuldades de

aprendizagem serem causadas por problemas fisiológicos, a extensão em que as

crianças são afetadas por elas frequentemente é decidida pelo ambiente em que

vivem. As condições em casa e na escola podem fazer a diferença entre um déficit

leve e um problema verdadeiramente incapacitante, segundo afirmam Smith e Strick

Para Smith e Strick (2012), as dificuldades de aprendizagem só podem ser

formalmente identificadas quando uma criança começa a ter problemas na escola,

para que os mesmos sejam definidos como problemas que interferem no domínio de

habilidades escolares básicas.

Percebemos que o espaço existente entre o desempenho da criança e

aquele de seus pares, aumenta a cada ano – O currículo avança de forma tão rápida

que o aluno com problemas para processar as informações nunca consegue

acompanhar a classe. Dessa forma o aluno começa a se atrasar em relação aos

colegas, e nesse momento as escolas recomendam uma abordagem de “esperar e

ver”, tentando durante algum tempo, algumas formas tradicionais de ajuda extra, ou

seja, os alunos são inseridos em Salas de Apoio e ou Sala de Recurso.

Ao fazermos nossa seleção inicial, realizada no início de 2011 para escolher

os alunos que fariam parte do Projeto, averiguamos nas documentações escolares

que:

a) Sujeito 1 – apresentava falta de hábito de estudo e também não

comparecia a Sala de Apoio;

b) Sujeito 2 – deixava de realizaras tarefas solicitadas pela professora e

apresentava uma grande desmotivação diante de tudo que era proposto.

c) Sujeito 3- demonstrava dificuldade em aceitar e realizar encaminhamentos

propostos pelos professores, também não fazia as atividades.

O que fica marcado e evidente em relação às dificuldades é que a frustração

e o constrangimento por causa do fraco desempenho começam a destruir a

motivação e a autoconfiança da criança. A perda da confiança e da autoestima

talvez seja o efeito colateral mais comum de uma dificuldade de aprendizagem. As

crianças atribuem a si mesmas os problemas associados a tais dificuldades,

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sentindo-se culpados por não conseguirem se destacar na escola e nem serem

apreciados e ou populares entre os colegas.

A sua autoimagem negativa antecipa o fracasso, sem ao menos tentar e ser

persistente na luta, contra as dificuldades. Segundo Smith e Strick (2012, p.271):

[...] uma das ferramentas mais poderosas para mudar o comportamento das crianças é elogiá-las quando fazem a coisa certa e recompensá-las por isso. O feedback positivo também estimula a autoestima porque ajuda as crianças a se verem capazes e responsáveis [...].

Para reforçar atitudes positivas levamos para cada aula uma lembrança que

remetia os alunos a recordarem o conteúdo anterior e também para mostrar-lhes que

o que estavam produzindo dava resultados. Sem tentar sermos presunçosos,

fizemos algumas proposições que se mostraram bastante oportunas nas tentativas

de superar algumas dificuldades, a partir de nossa inserção no cotidiano escolar do

trabalho com Metáforas, pois julgamos que dessa maneira o educando teria maiores

oportunidades de apreensão dos conteúdos ministrados de maneira, lúdica e

interessante.

O aluno, ao perceber que os conteúdos eram apresentados diferentemente

dos métodos anteriores, mostrava interesse, pois o mesmo ainda não sabia como

seriam essas atividades. Testemunhamos que o entendimento acontecia, quando o

aluno, perseverava e constatava que conseguia realizar algo que antes lhe parecia

impossível. Estávamos convencidos de que valorizando a autoestima do aluno, o

seu interesse pelo conhecimento seria despertado e assim, o saber se faria

presente.

Foi esse o motivo principal que nos levou a percorrermos conjuntamente

com os alunos, “Os 12 Trabalhos de Hércules – Metáforas para Crianças”,

apresentado de forma inigualável pelo escritor Celso Antunes (2005)

O livro apresenta o Herói Grego “Hércules” que é desafiado a cumprir doze

Trabalhos, para reparar uma atitude inaceitável. Para a realização de cada trabalho

o herói era colocado à prova e precisava vivenciar um valor humano. À medida que

vencia os desafios, sua autoestima crescia e isso lhe dava mais perseverança para

continuar a realizar as tarefas. Com o decorrer das aulas fomos verificando que o

interesse dos alunos crescia e com ele a construção de comportamentos e hábitos

necessários ao bom aprendizado. Notamos que atitudes negativas eram

abandonadas e atitudes positivas ocupavam o lugar deixado por elas.

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Desde o princípio, quando ainda discutíamos com os colegas via Fórum,

tivemos um grande estímulo para realizar essa atividade. A Professora B(2011),

esclareceu, sobre esse Projeto que:

Através do projeto de implementação e a releitura dos Doze Trabalhos de Hercules observa-se a intenção ao resgate da autoestima do aluno, o autoconhecimento, adquirir o hábito do estudo, de superar as dificuldades do cotidiano escolar, através do exemplo do herói grego.

Celso Antunes (2005, p.8), traz elementos compatíveis com essa ideia na

medida em que esclarece para nós a importância de levarmos os alunos a um

mergulho na sabedoria da mitologia grega, desenvolvendo pensamento através das

Metáforas, além de contribuírem para a conquista do auto-conhecimento e da

autoestima.

[...] o texto é em todos os sentidos, uma metáfora, um diálogo fictício entre um avó e um neto de seis a oito anos em que se discute o mito dos 12 trabalhos de Hércules, usando a metáfora como via para induzir a criança a pensar sobre valores, exemplos e fundamentos de seu auto- conhecimento e sua autoestima. Desta forma, conta a epopeia de Hércules não apenas com a finalidade de relatar os desafios e a persistência desse herói, mas mostrar a criança leitora- em uma idade em que os super-heróis as sensibilizam tanto – que de lendas mitológicas podemos sempre extrair lições aplicadas aos desafios do cotidiano.

A cada novo encontro, reforçávamos os valores importantes à formação

integral do educando, para isso lançamos mão do livro “A Magia das virtudes”

(QUEIROZ; RIBEIRO, 2002), vários foram os textos deste livro que embasaram o

conteúdo que estávamos trabalhando.

O Livro citado é uma compilação de textos contendo poesias e fábulas, de

diversos autores. As histórias são contadas com clareza e enriquecidas de

ilustrações belíssimas, as quais se tornam inesquecíveis e constituem o alicerce da

formação da personalidade e do caráter das pessoas.

3 LIÇÃO DE CASA – OPORTUNIDADE OU CASTIGO?

A Lição de casa tornou-se para alguns alunos, um castigo, pois o educando

precisava passar por ela e apreendê-la sem achar sentido no que fazia. Realmente,

da maneira como a lição de casa é exigida dos alunos, com certeza a mesma não

seria apreendida e muito menos apreciada de forma a dar-lhes oportunidade de

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vivenciar um saber mais lúdico, sistematizado e organizado, de forma a fazer com

que o aluno, realize - a encontrando sentido nela.

Carvalho (2011) nos convida a seguirmos quatro etapas fundamentais para

o encaminhamento das tarefas que são: Planejamento, Orientação, Correção e

Avaliação.

A primeira etapa para a realização das atividades em sala de aula é o

planejamento prévio, propondo tarefas com objetivos claros e articulados ao

conteúdo visto. O educador ao encaminhar as tarefas para serem realizadas em

casa, deverá saber se a criança realmente terá condições físicas e emocionais de

realizá-las. Caso a criança não tenha acesso ao material necessário (livros, internet,)

para a realização da atividade, o objetivo do professor não será atingido e

consequentemente a criança começa a criar estigmas sobre si mesma.

A segunda etapa é a orientação das atividades encaminhadas, as mesmas

devem levar o aluno a descobrir diferentes caminhos para realizá-las, sem colocar-

se como dever acertá-las, mas sim, tentar sempre. Somente depois desse momento

é que passamos para o passo seguinte, que é a correção. Percebemos quão

necessário faz-se a revisão das atividades propostas antes das mesmas, serem

corrigidas pelo professor. Cada revisão feita proporciona ao aluno oportunidade

ímpar para refazer o caminho percorrido anteriormente e preencher as lacunas

cognitivas abertas pela falta de entendimento anterior.

Todo aluno percebe, se o professor da ou não valor as tarefas que são feitas

em casa. Como? Simples! Se o professor não as corrige ou se foram mandadas

apenas para gastar tempo na escola ao copiá-las.

Encerrado esse processo, o professor terá resultados reais que darão

subsídios necessários para fazer uma pré-correção do conteúdo trabalhado. A

observação do professor é de suma importância, mesmo que a nota não seja

computada como Avaliação, o olhar do professor nas atividades do aluno revela o

valor que ele dá ao seu trabalho, isto cria no educando uma admiração e senso de

responsabilidade. O Educador pode usar várias alternativas para a correção:

correção individual, nem sempre é a ideal pelo fato do grande número de alunos em

cada sala e também pela maratona do professor em várias escolas; discussão

Coletiva com auto-correção, onde o professor socializa as questões e são apontadas

as soluções, assim os alunos, fazem eles mesmos as correções em seus cadernos.

Cabe ao profissional da Educação perceber qual a melhor alternativa para

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cada turma sua, mas o imprescindível é que a correção seja realizada, valorizando

assim o empenho do educando.

Chegamos ao momento talvez mais complexo e potencialmente rico para

novas atividades, que é a quarta etapa, a avaliação. Hoffmann(2010, p.157) nos

alerta para o fato de que “[...] tomamos decisões em sala de aula a partir do que

somos e do que sabemos, porque ao avaliar revelamos nossas posturas diante da

vida”. Essa asserção nos remete diretamente ao grau de responsabilidade e

comprometimento que devemos ter comas práticas e instrumentos avaliativos, pois,

quando deles fazemos a escolha estamos utilizando-os na construção do

conhecimento dos nossos alunos. Segundo Vasconcellos (2005, p.71):

[...] a Avaliação deve ser contínua para que possa cumprir sua função de auxílio ao processo de ensino – aprendizagem. A Avaliação que importa é aquela que é feita no processo, quando o professor pode estar acompanhando a construção do conhecimento pelo educando; avaliar na hora que precisa ser avaliado, para ajudar o aluno a construir o seu conhecimento, verificando os vários estágios do conhecimento dos alunos e não julgando-os apenas num determinado momento. Avaliar o processo e não apenas o produto, ou melhor, avaliar o produto no processo.

Percebemos que o professor precisa ter percepção muito aguçada, pois a

avaliação não deve ser algo pontual, acabado, mas ser construída como um

processo sempre aberto a inovações, pois, vários são os fatores que estão presente

sem uma avaliação. Sendo assim, entendemos que a coerência nesse processo é

imprescindível, e que as etapas anteriormente apontadas são necessárias, pois uma

avaliação só tem sentido quando se realiza no interior do próprio processo de

aprendizagem.

A correção das tarefas permite que o professor tenha um referencial, uma

avaliação. Neste momento, ele pode verificar se os alunos entenderam o conteúdo,

ou não, quando a maioria não realizou as atividades. Afirma Vasconcellos, (2005,

p.89) que:

[...] O que se espera de uma Avaliação numa perspectiva transformadora é que os seus resultados constituam parte de um diagnóstico e que, a partir dessa análise da realidade, sejam tomadas decisões sobre o que fazer para superar os problemas constatados: perceber a necessidade do aluno e intervir na realidade para ajudar a superá-la.

Partindo deste princípio notamos que a avaliação é potencialmente eficiente e

justa, na medida em que alunos e professores tornam-se cúmplices do processo de

aprendizado, caminhando lado a lado e produzindo conhecimentos a partir de

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situações desafiadoras para o aluno e professor. Ambos precisam estar dispostos a

mudar, a reorganizar as formas de ensinar e aprender. Paciência, amor e

compreensão podem ser ingredientes fundamentais para essa mudança de postura.

3.1 NECESSIDADE DEMUDANÇA DA POSTURA DO PROFESSOR DIANTE DAS

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

Para haver mudança, antes de tudo precisamos entender como se

processam as dificuldades, que entendemos que nossos educandos tem. “Os

educadores, professores e outros profissionais ligados a área, têm de conhecer em

sua formação os aspectos neurobiopsicológicos, para compreender melhor as

concepções das dificuldades de aprendizagem” (JARDIM, 2005, p.134).

O que notamos ao trabalhar de forma lúdica é que nossos alunos mudaram

de postura em relação assuas dificuldades iniciais:

a) Sujeito 1 (2011): “Esse projeto mostra que sempre podemos vencer nossas

dificuldades”.

b) Sujeito 2 (2011): “Eu aprendi que antes de desistir de alguma coisa temos

que pensar bem”.

c) Sujeito 3 (2011):“Sabemos que somos fortes e venceremos nossas

dificuldades”

Percebemos então que é necessário e urgente que o educador vá além da

sua formação específica e adentre a outros caminhos. Esse pode não ser simples,

mas só dessa maneira, conseguirá entender seu aluno e mudar sua prática.

Paulo Freire (1991, p.122), defende que:

[...] uma das virtudes indispensáveis a uma educador progressista é a coerência entre o discurso e prática. Diminuir a distância entre um e outro é um exercícios que se opõem a nós. Uma coisa é falar, ou escrever sobre as relações democráticas e criadoras entre professores e alunos, e outra são reprimi-los porque fazem perguntas incômodas ao professor.

Verificamos então que o professor precisa ser antes Educador, para poder

dar conta do aluno que ele recebe nos bancos escolares. Não basta somente os

conteúdos específicos e parcos que os modelos tradicionais deformação acadêmica

ofereciam. Atualmente, necessitamos uma apreensão de forma abrangente e

multidisciplinar. No momento atual o professor – educador precisa desenvolver

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características novas, compatíveis com a sociedade, mais complexa e que permitem

realizarmos um trabalho que dará resultados positivos para este aluno que se

apresenta.

Segundo Kounin citado por Rodrigues Junior (2011, p. 48) pode ser

elencados pelo menos sete comportamentos que levam os professores a serem

mais eficientes “[...] proatividade, onipresença, simultaneidade, continuidade, „pique‟,

cobrança e variedade.” Entendemos que fazem parte de um conjunto de saberes

com os quais o professor necessita aprender a trabalhar e que são potencialmente

transformadores para o cotidiano pessoal e profissional, sendo:

a) proatividade: conjunto de condutas do professor as quais mantém o

estudante engajados nas tarefas de aprendizagem e disposto a cooperar

de um modo geral;

b) onipresença; denomina-se habilidade que os professores eficiente

desenvolvem de se fazerem presente em todo espaço físico na sala de

aula;

c) simultaneidade; consiste na capacidade que os professores competentes

demonstram de poder realizar mais de uma atividade ao mesmo;

d) continuidade; habilidade que o professor desenvolve de manter firme a

sequência fazendo planejamento antecipado. Esses professores sabem

absorver o impacto de ocorrências perturbadoras reduzindo ao mínimo seu

efeito na classe;

e) pique: contrário de monotonia, mesmo com tarefas cotidianas o professor

eficiente imprime um ritmo ascendente;

f) cobrança; classes de professores eficientes não são tensas; podem até ter

um clima de descontração e brincadeira, entretanto nessas classes os

alunos sabem que não se “enrola” na hora de trabalhar;

g) variedade; Kounin, (1970), observou que, nas classes de professores

eficientes, as coisas nunca aconteciam exatamente do mesmo jeito de um

dia para o outro.

Diante do exposto, notamos que compromissos simples com o cotidiano de

vida e de trabalho, altera a postura e o grau de comprometimento com que um

professor se dedica para obter resultados diferentes na realidade escolar. Utopia?

Acreditamos que não, pois uma leitura de todos, aplicados como um conjunto pode

fazer a diferença diante de tantos desafios.

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Vasconcellos (2005, p.68), defende que “[...] O educador deve rever sua

prática pedagógica, pois a origem de muitos dos problemas de sala de aula

encontra-se aqui. Deve procurar desenvolver um conteúdo mais significativo e uma

metodologia mais participativa [...]”.Fica aqui nossa sugestão: juntos, professores e

alunos, somos capazes, de alcançar nossos objetivos e mudar uma realidade que

atualmente não dá conta do que o nosso educando precisa.

4 ODESAFIO DE IMPLEMENTAR O PROJETO NA ESCOLA E SEUS

RESULTADOS

O processo mais angustiante que vivenciamos foi a escolha do tema, pois

inúmeros eram os nossos questionamentos diante de tantos desafios que

encontramos na Educação. Mas, não menos difícil foi o início da Implementação do

Projeto, sabemos que o início de todas as mudanças, causam um certo impacto na

Escola, pois estamos desacomodando as estruturas educacionais postas e que de

certa forma funcionam.

Optamos por trabalhar com alunos do sexto ano - quinta série, que

demonstravam várias dificuldades, como: falta de hábito de estudo; desmotivação

para frequentar as aulas regularmente; não apresentavam organização e capricho

nas atividades não possuíam gosto e hábito pela leitura, incluindo familiares. Não

olhamos isso como problema, mas como um desafio que seria por nós aceito e que

com certeza traria excelentes resultados para os educandos.

Um trabalho como esse que desenvolvemos exigiu de nós postura criativa e

de diálogo permanente para sensibilização da comunidade escolar e família,

buscando uma proximidade maior entre o fazer educativo e a família. O espaço

escolar foi fundamental para o desenvolvimento das atividades e a compreensão por

parte da direção e colegas dos resultados da proposta avaliativa/ pedagógica,

proporcionou uma nova postura na escola quanto a possibilidades educativas e o

papel do professor nesta atividade.

Contamos também com colegas que depositaram em nós confiança e

admiração por termos tido a coragem de tentar modificar uma realidade educacional

que para muitos já havia se tornado normal, comum. Com a sequência das

atividades, os educandos mostravam-se mais animados e seduzidos pelo conteúdo

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que a cada aula fazia-se diferente e cativante. Como flores que demoram para

desabrochar, nossos educandos foram deixando-se levar por novas formas de

assimilar conhecimentos não tão novos. Trabalhamos com um roteiro de

encaminhamento que era básico para cada conteúdo novo. Também utilizamos de

forma constante o Dicionário, valorizamos a ordem e capricho nos cadernos.

Construímos o seguinte roteiro didático-pedagógico, de forma a analisar e

compreender “Os 12 Trabalhos de Hércules”.

a) Ler e reler de cada texto apresentado;

b) Sublinhar as palavras desconhecidas de cada texto;

c) Procurar no dicionário a palavras destacadas e colocar o significado das

mesmas acima das palavras;

d) Enumerar os parágrafos de cada texto;

e) Destacar as ideias principais de cada parágrafo;

f) Organizar as ideias destacadas formando um resumo;

g) Ilustrar o resumo feito;

h) Escrever em um parágrafo que Lição você aprendeu neste trabalho

específico;

i) Criar uma História em Quadrinhos utilizando um valor apreendido.

Para essas atividades criamos um roteiro de fácil entendimento para que os

alunos pudessem assimilar de forma mais rápida e eficiente, tornando-se parceiros

nesse trabalho com Hércules. Dedicamos muito do nosso trabalho ao resgate da

autoestima e a importância de realimentá-la a todo instante. O livro de Celso

Antunes: “Os 12 Trabalhos de Hércules”, foi muito bem recebido pelos nossos

alunos.

Observamos até este momento o crescimento da motivação para a

realização do próximo encontro, pois os alunos vinham mostrando alegremente suas

atividades agora feitas com organização e capricho. Constatamos, também, o

desenvolvimento do hábito de leitura, a assiduidade e o despertar da sua autoestima

e suas potencialidades diante do novo.

Uma vez finalizadas as etapas descritas por Carvalho (2011) e apontadas

anteriormente no texto, dedicamos um espaço particular para a avaliação do projeto,

tendo o maior cuidado, pois se tratava também de um momento muito delicado do

mesmo e que revelaria com maior intensidade o grau assertivo da metodologia. Os

participantes do projeto foram avaliados através das produções escritas sendo elas;

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Poesias usando Metáforas; Histórias em Quadrinhos; Fábulas e Resumos, no

decorrer da construção das mesmas, passando pelo processo de refazê-las e depois

a produção final.

Lembramos algo emocionante em relação ao aluno – sujeito 1: Na festa de

encerramento estava um alvoroço intenso, pois, os alunos recebiam seus livros de

presente e nesse momento observamos que o referido aluno quando recebeu o seu

afastou-se e ficou sozinho em um cantinho, onde deliciava-se viajando nas páginas

do seu livro. Foi uma visão extremamente emocionante parecia que nada além dele

e do seu livro realmente importava mesmo num ambiente de intensa agitação. Ele

acabou sendo seduzido pela Leitura.

O Sujeito 2, uma aluna, apresentou uma considerável mudança em relação

a sua autoestima e seu interesse em relação a sua frequência escolar. Por

problemas familiares a mesma não demonstrava interesse algum pelas atividades

relacionadas a escola. Com o decorrer do Projeto a aluna passou a comparecer

assiduamente a aula, mesmo nos dias mais chuvosos, precisando que fossem

emprestadas meias, secas, para que a ela pudesse permanecer até o fim do período

de aula. Percebemos nela uma elevação da autoestima, liderando com segurança e

propriedade uma apresentação para homenagear os funcionários do Colégio. Ela

nos reportou à Fábula do Patinho Feio.

Verificamos mudanças acentuadas também no Sujeito 3, pois, o referido

aluno não demonstrava interesse em realizar sua atividades, mas no andamento do

projeto a vontade ia aparecendo, de forma tímida mas firme. A sua preocupação

com a feitura das atividades tornou-se constante, a ponto de inquietá-lo quando não

saia-se bem nos conteúdos propostos, ele refazia-os sempre que necessário, sem

as costumeiras reclamações que aconteciam antes do início do Projeto. Essa

mudança clara de postura mostrou que ele havia se tornado mais disciplinado,

organizado e atencioso.

Esse trabalho foi muito gratificante e rompeu com práticas tradicionais,

informando que é possível mudar na escola, sempre que desejarmos. Além do brilho

no olhar dos alunos, as atividades foram sempre construídas com muita motivação,

especialmente pelo fato de haver entendimento dos colegas dos Grupos de Trabalho

em Rede – GTR, sobre a sua pertinência, conforme podemos observar a seguir:

Seu trabalho é de suma importância para nossa reflexão pois, é a realidade de muitas escolas , onde, a dificuldade dos alunos em se adaptar no novo

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ritmo do 6º ano (tempo das aulas, quantidade de atividades, disciplinas, número de professores, formas de correção das atividades, tarefas de casa...) e, principalmente o acompanhamento dos pais. Quanto a metodologia concordo que deve ser diversificada, que o professor deve utilizar todas as formas e recursos possíveis, buscando a qualidade do ensino e aprendizagem. As atividades propostas são atividades criativas, que chamam atenção dos alunos e, que levam a despertar o gosto pela leitura, pela pesquisa e produção. Também quero destacar a importância que deu em relação à auto-estima dos educandos, pois, todo trabalho desenvolvido com alegria e prazer gera bons resultados. O envolvimento dos pais através da pesquisa realizada com os filhos é uma forma de fazer os mesmos a refletirem sobre a importância do acompanhamento em suas atividades (trabalho de reflexão). E o que achei de maior relevância foi a reflexão proposta em relação a AVALIAÇÃO, que é uma das grandes dificuldades encontradas junto aos nossos educadores, que é a de avaliar somente nosso aluno e não todo o processo, para assim realizar o verdadeiro sentido da recuperação de conteúdos (qualidade e não quantidade).(PROFESSORA “C”, 2011)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Focamos nosso projeto nos alunos que apresentavam dificuldades de

aprendizagem; várias foram as situações de enfrentamento em relação as primeiras

resistências para o novo, mas a persistência e o caminhar junto ao aluno de maneira

atenta ao seu processo de apreensão e construção do seu conhecimento, fizeram

com que os obstáculos um a um fossem derrubados e foram surgindo lentamente os

progressos, primeiro de maneira tímida, depois mais acentuados e relevantes.

Com o despertar da autoestima e a sua realimentação a cada encontro, o que

antes era penoso para os alunos como a feitura das atividades; a leitura de textos

curtos e longos e a motivação para virem para o projeto, foram se dissipando e o

que vislumbramos foi o redesenhar de um novo caminho para o conhecimento agora

menos nublado e solitário.

Testemunhamos que despertar nos alunos o gosto pela leitura através da

visita à Mitologia Grega é mais um dos trabalhos que o poderoso Herói Grego,

Hércules, proporciona hoje aos professores, assim fazendo-os desenvolver o

pensamento e compreensão das Metáforas. Nosso Projeto procurou romper com

uma estrutura rígida de aulas ministradas de forma tradicional e propor tanto ao

professor quanto ao aluno, um conjunto de atividades lúdicas e motivadoras para

que os mesmos percebessem que aprender a aprender é um exercício prazeroso e

enriquecedor.

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Foi através desse Projeto que muitas das minhas angústias foram sanadas e

outras tantas apareceram, pois a Educação não é um fim em si mesma, a cada nova

situação resolvida, outras e outras surgem, mas agora aprendi a abrir brecha, aparar

arestas e acreditar que é sempre possível, pois trabalhamos com crianças, as quais

esperam um gesto de afetividade e crença, crenças nas suas habilidades, lentas

talvez, mas produto de uma “ostra solitária”. A sua “Pérola”, o seu Aprendizado.

REFERÊNCIAS

ANTUNES, Celso. Os 12 trabalhos de Hércules: metáforas para crianças. São Paulo: Vozes, 2005. CARVALHO, Pessoa Eulina Maria. Lição de Casa. In: Revista Nova Escola. São Paulo: Editora Abril, jun-jul/2011. FREIRE, Paulo. A Educação na Cidade. São Paulo: Cortez, 1991. GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Editora Atlas, 1995. HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Avaliar: respeitar primeiro, educar depois. Porto Alegre: Mediação, 2010. MURAN, Adriane Mudreck; AYRES, Lucinda Marcia do Nascimento. In: Anais: “Vivências de Iniciação à Docência”. União da Vitória: GolhGraf. 2012. NÓVOA, Antònio. Profissão Professor. Porto, Portugal: Editora Porto, 1999. QUEIROZ, Tânia Dias; RIBEIRO, Adriana Paula. A magia das virtudes. São Paulo: Rideel,2002. RODRIGUES JÚNIOR, José Florêncio. Como administrar a sala de aula: fundamentos e prática. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. SMITH, Corinne, STRICK, Lisa. Dificuldades de aprendizagem de A-Z: guia completo para educadores e pais. Porto Alegre: Penso, 2012.

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VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Avaliação concepção dialética-libertadora do processo de avaliação escolar. 15.ed. São Paulo: Libertad, 2005.

DEPOIMENTOS: PROFESSORA “A”. Depoimento via moodle: Dia-a-dia educação.Nov/2011. PROFESSORA “B”. Depoimento via moodle: Dia-a-dia educação. Nov/2011. PROFESSORA “C”. Depoimento via moodle: Dia-a-dia educação. Nov/2011. SUJEITO 1. Questionário avaliativo do Projeto. Nov/2011. SUJEITO 2. Questionário avaliativo do Projeto. Nov/2011.

SUJEITO 3. Questionário avaliativo do projeto. Nov/2011.