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O USO DE WEBQUEST PARA O ENSINO DE NÚMEROS INTEIROS
Autora: Maria Irenilda de Souza Ranucci Fernandes1
Orientadora: Francieli Cristina Agostinetto Antunes2
RESUMO
Os alunos presentes na escola cresceram e se desenvolveram em ambientes altamente mediados pelas tecnologias. Sendo assim, se a escola trabalhar na construção do conhecimento lançando mão também das tecnologias utilizadas pelos alunos no seu cotidiano, articuladas a outras abordagens metodológicas, contribuirá para a efetivação dos objetivos a que se propõe, da construção significativa de conhecimentos. O professor, por sua vez, ao utilizar tais recursos, tem maior possibilidade de atingir seus objetivos educacionais, visto que essas ferramentas permitem interações e experimentações de forma dinâmica. Por meio da implementação da Produção Didático-Pedagógica (WebQuest para o Ensino de Números Inteiros) objetivamos responder à seguinte questão: Qual é a contribuição de uma WebQuest no ensino de Números Inteiros? O desenvolvimento deste projeto se pautou em propor práticas pedagógicas para o ensino da matemática por meio do uso de mídias tecnológicas, que é uma das tendências metodológicas para o ensino da matemática proposta nas Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná. A proposta foi utilizar o modelo WebQuest para trabalhar o conteúdo dos Números Inteiros, tomando-se por base as informações provenientes da internet. Por meio dessa metodologia, tivemos a intenção de construir esse conhecimento matemático de forma reflexiva. Diante dos resultados obtidos, analisamos positivamente o uso de uma WebQuest para o ensino de Números Inteiros.
Palavras-chave: WebQuest; Números Inteiros; Internet e Matemática.
1 SEED – PR. Professora participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE). E-mail: [email protected].
2 UNIOESTE – Cascavel. Mestre em Ensino de Ciências e Educação Matemática (UEL). E-mail: [email protected].
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1 Introdução
Com a intenção de formação continuada dos profissionais da educação
pública, no estado do Paraná é disponibilizada, mediante um processo de seleção, a
participação desses docentes no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE,
que é uma política pública de Estado legalmente regulamentada. Um dos objetivos
do PDE é oferecer, aos professores da rede, subsídios teórico-metodológicos para
que o processo de ensino e o processo de aprendizagem se efetivem. Para tal, uma
das estratégias para a mudança da escola pública, mediante o PDE, é o
estabelecimento de diálogo entre professores do ensino básico e professores do
ensino superior.
A professora participante do PDE, com o oportuno acompanhamento de sua
Orientadora, após identificar uma situação pertinente de estudo, elaborou um projeto
de intervenção, produziu material didático-pedagógico e implementou as suas ações
na escola onde é lotada, na disciplina em que se inscreveu no PDE.
O presente trabalho tem o objetivo de descrever a trajetória percorrida
durante a Implementação Pedagógica do projeto: "WebQuest para ensino de
Números Inteiros".
2 Origem dos Números
O conhecimento matemático foi e é essencial na evolução da humanidade
desde os tempos imemoriais. Encontram-se vestígios das épocas mais remotas
sobre esse conhecimento. Parafraseando Boyer (1996), a Matemática surgiu como
parte da vida do homem em resposta às suas necessidades cotidianas.
Concomitante à evolução humana e à ampliação de sua relação com o meio
ambiente em atividades como, por exemplo, criação de animais e cultivo de plantas
em áreas agrícolas, aconteceu a evolução da ideia numérica. Contar usando os
dedos, amontoar pedras ou riscar ossos como forma de registro já não era suficiente
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para representar a informação de uma determinada quantidade da atividade
humana.
Marcas, sinais em pedra, ossos, argila, entre outros objetos, foram usados
para registrar valores que precederam as palavras para nomear os números. Saber
isso, no entanto, não nos ajuda a precisar exatamente quando e onde aconteceu o
início do desenvolvimento dos conceitos numéricos. Precisar lugar e época é
impossível, visto que diferentes civilizações usaram formas variadas para conceituar
uma mesma situação. Assim, é interessante que, no estudo da História dos
Números, se reconheça a diversidade e a importância das contribuições das
diferentes civilizações.
Antes do quarto milênio a.C., na Mesopotâmia, os babilônicos deixaram seus
registros em blocos que inicialmente eram de barro mole, blocos em que se faziam
marcas e depois eram cozidos em fornos ou secavam expostos ao sol. Os
caracteres dessa forma de registro foram chamados de cuneiformes (em forma de
cunha). São registros de grande durabilidade, assim, existem documentos
cuneiformes que duram até hoje.
Os egípcios registraram suas ideias em pedras ou em pedaços de madeiras,
fazendo incisões chamadas de hieróglifos. Outra fonte de informação sobre a
matemática dos egípcios são os papiros. O maior desses papiros com informações
matemáticas é o Papiro de Ahmes, que foi elaborado com cerca de 0,3 metros de
altura e 5 metros de comprimento. Ele também foi chamado de Papiro de Rhind,
nome dado em homenagem a Henry Rhind, um colecionador de antiquários que
ficou muito tempo com essa relíquia da Matemática egípcia antiga. Nele, os números
foram representados sob a forma de hieróglifos. Outra fonte de representação da
Matemática dos egípcios é o Papiro de Moscou. Quanto aos hieróglifos egípcios,
eles foram decifrados antes dos símbolos cuneiformes deixados pelos babilônicos
da Mesopotâmia.
Quanto aos gregos, sua Matemática efetivamente foi expressa por meio de
dois homens, Tales de Mileto e Pitágoras de Samos, no sexto século a.C. De acordo
com Boyer:
4
Tales e Pitágoras também são figuras imprecisas historicamente, [...]. Não sobreviveu nenhuma obra de qualquer deles, nem se sabe se Tales ou Pitágoras jamais compuseram tal obra. O que fizeram deve ser reconstruído com base numa tradição, não digna de confiança, que se formou em torno desses dois matemáticos antigos. Certas frases-chave lhes são atribuídas, tais como “Conhece a ti mesmo” no caso de Tales e “Tudo é número”, de Pitágoras, mas nada mais específico. No entanto, as mais antigas referências gregas à história da matemática, que não sobreviveram, atribuem a Tales e Pitágoras um bom número de descobertas matemáticas definidas. (BOYER, 1996, p. 31).
Os chineses registraram seus conhecimentos matemáticos em livros. O mais
antigo deles é Chou Pei Suang Ching, que contém cálculos astronômicos,
introdução às propriedades do triangulo retângulo e estudo das frações. Usavam
barras de bambu, marfim ou ferro para registrar e ajudar nos cálculos. Surgiu, assim,
o ábaco. Tem-se registro, ainda de uma outra obra chinesa, chamada Chui-Chang
Suan-Shu, título traduzido para Nove Capítulos sobre a Arte Matemática. Apresenta
um grande número de problemas e suas resoluções. Foram criação dos chineses os
quadrados mágicos, demonstrando a habilidade na organização numérica.
Os símbolos numéricos que usamos hoje têm sua invenção datada por volta
do século III a.C., na Índia. Registros mostram que a organização dos valores
numéricos indianos seguia ordem decimal posicional.
Na Arábia também encontramos importantes registros de contribuições
acerca da organização numérica atual. Entre os famosos matemáticos e estudiosos
dessa civilização, Mohammed ibu-Musa Al-Khowarizmi se destaca, com mais de seis
publicações sobre Matemática e Astronomia. Dado seu importante papel na História
da Matemática, o nome de al-Khowarizmi foi passado para algorismi, que, na língua
portuguesa, finalmente, ficou algarismo.
Nos dias atuais, os valores numéricos estão presentes desde as atividades
mais simples até as mais complexas.
3 Números Inteiros
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Durante muito tempo, o homem ficou diante de uma situação matemática na
qual não conseguia explicação que fosse satisfatória. Tratava-se de uma “nova
espécie de número”. Os gregos, civilização antiga, conhecidos por seus estudos,
discussões filosóficas, não concebiam a ideia de número negativo, guiados por
estudos da etimologia da palavra, chegavam à ideia de que negativo era negação.
Dessa forma, era o mesmo que dizer não número, ideia que não estava em
conformidade com a maneira de pensar desse povo, daí a rejeição. De acordo com
Contador (2008, p. 182), os números negativos, como “[...] novos entes
matemáticos, totalmente estranhos aos números já conhecidos, precisariam ser
concebidos e entendidos como números normais”.
Diferentemente, no entanto, os chineses faziam uso de números negativos
desde o primeiro século de nossa era. Trabalhavam com cores, sendo o vermelho
usado para números positivos e o preto, para números negativos.
Sabe-se que, no século III d.C., Diophantus3, que viveu na Grécia, ficou
conhecido como “pai da álgebra” por usar símbolos para representar incógnitas e
quantidades desconhecidas. Quando, na resolução de equações do segundo grau,
ele descartava as raízes negativas, assim acreditava que uma equação só admitia
como resposta números positivos. De acordo com Cyrino e Pasquini (2010, p. 25),
“[...] apesar de Diophantus não considerar o número negativo como uma entidade,
ele estava ciente da regra para multiplicação com negativos”.
Depois, porém, já no século VII d.C., os indianos reconheciam a existência de
quantidades negativas, e usavam os termos “posse” e “débito” para nomear as
quantidades positivas e negativas, respectivamente. De acordo com Cyrino e
Pasquini, Brahmagupta4 mostrou, em seu principal trabalho,
“Brahmasphutasiddhanta – Correct Astronomical System of Brahma”, sua ideia sobre
cálculos envolvendo números negativos, embora não deixe claro como foram
deduzidos.
3 Matemático e filósofo grego. Sua principal obra foi o tratado "Arithmetica".
4 Matemático e astrônomo da Índia Central, estudou sistemas numéricos, incluindo algoritmos de raízes quadradas e da solução de equações do segundo grau em números inteiros. – Fonte: <http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/~history/Mathematicians/Brahmagupta.html>. Acesso em: 1º abr. 2011.
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Bem mais tarde, já no século XII, Bhaskara5 afirmava a existência de uma raiz
positiva e uma raiz negativa para a raiz quadrada de um número positivo,
evidenciando a impossibilidade de extrair raiz quadrada de um número negativo.
Foi Luca de Pacioli6 quem estabeleceu a regra “menos vezes menos dá
mais”, embora esta tenha sido repensada e reorganizada mais tarde.
Sobre a realização de cálculos envolvendo coeficientes e raízes negativas,
Berlinghoff e Gouvêia, dizem:
No início do século XVII, Descartes7 chamou as soluções negativas (raízes)
de ‘falsas’ e as soluções envolvendo raízes quadradas negativas de ‘imaginárias. [...]. Observe que nenhum desses estudiosos tinha qualquer dificuldade em operar com os números negativos. Podiam somar, subtrair, multiplicar e dividir com eles sem problemas. Suas dificuldades estavam no próprio conceito. [...] A despeito disso tudo, em meados do século XVIII, os negativos se tornaram aceitáveis como números, mais ou menos, em uma aliança difícil com os já familiares números inteiros racionais e positivos. (BERLINGHOFF e GOUVÊIA 2010, p. 98).
Em 1770, Euler8 publicou Elements of Algebra, onde mostrava conforto diante
de situações matemáticas que envolviam quantidades negativas. Ele considerava
números negativos como “débitos”.
Reconhecer a importância histórica da construção dos Números Inteiros pode
ajudar o professor no encaminhamento metodológico para o ensino desse conteúdo.
5 Matemático e astrônomo Indiano. Sua principal obra é Lilavati, um livro bem elementar e dedicado a problemas simples de Aritmética, Geometria Plana e Combinatória – Fonte: <http://www.mat.ufrgs.br/~portosil/bhaka.html>. Acesso em: 1º abr. 2011.
6 Italiano, monge franciscano e célebre matemático, que publicou o influente livro Suma, em 1494, dando resumo de toda matemática conhecida na época. – Fonte: <http://www-history.mcs.st-and.ac.uk/~history/Mathematicians/Pacioli.html>. Acesso em: 1º abr. 2011.
7 Filósofo da França, em 1637 escreveu seu mais célebre tratado, o Discurso do Método, publicou também A Geometria, mostrando a aplicação da álgebra na geometria. – Fonte: <http://www.somatematica.com.br/biograf/descartes.php>. Acesso em: 1º abr. 2011.
8 Nascido na Suíça, foi o matemático mais prolífico na história. Os 866 livros e artigos dele representam aproximadamente um terço do corpo inteiro de pesquisa em matemática, teorias físicas e engenharia mecânica publicadas entre 1726 e 1800. Em matemática pura, ele integrou o cálculo diferencial de Leibniz e o método de Newton em análise matemática; refinou a noção de uma FUNÇÃO; criou muitas notações matemáticas comuns, incluindo o e, i, o símbolo do pi e o símbolo do sigm. Fonte: <http://www.somatematica.com.br/biograf/euler.php>. Acesso em: 1º abr. 2010.
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4 Ensino de Matemática
A partir do final do século XX, a sociedade passou a conviver com um grande
avanço tecnológico, avanço esse que fez com que diversos setores da sociedade se
modificassem via a informatização. Um exemplo são os modos de comunicação e
informação, que tiveram uma mudança significativa. Para os indivíduos
contemporâneos, a transmissão da informação se dá de maneira rápida e até
mesmo interativa.
Aliar esse avanço tecnológico à pratica pedagógica permitirá que a escola
faça parte desse avanço, o que conta como fator positivo na construção do
conhecimento.
O ensino da matemática por muito tempo foi caracterizado pela repetição de
modelos sem representações, fechado no conteúdo pelo conteúdo, sem ligação com
situações praticas do dia a dia, sem demonstração ou simulação da situação
estudada. Com o uso da tecnologia que foi surgindo uma forma de superação dessa
situação, via novas abordagens. Para Borba e Penteado (2010), “[...] ao trazer o
computador para a sala de aula, o professor passa a contar não só com mais um
recurso para a realização das tarefas, mas está abrindo um novo canal de
comunicação com seus alunos”.
Mesmo assim, no entanto, se almejamos mudança no processo de ensino e
no processo de aprendizagem, devemos ter claro que apenas colocar computadores
nas escolas e conectá-los à internet não garante o sucesso de um novo processo de
ensino-aprendizagem. Surge a necessidade da formação continuada dos
profissionais da educação e ainda são necessárias políticas públicas que garantam
o uso dessas ferramentas, como, por exemplo, contratação de pessoal específico
para trabalhar nos laboratórios de informática.
8
Tendo em vista essa mudança, tanto no processo de ensino, quanto da
aprendizagem, sugerimos como encaminhamento metodológico o uso de uma
WebQuest para o ensino de Números Inteiros.
5. WebQuest
A utilização de mídias tecnológicas é uma das metodologias apontadas pelas
Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná (DCEs). Tal metodologia é tida como
caminho facilitador para o ensino dos conteúdos curriculares que potencializam o
processo pedagógico, uma vez que favorece a experimentação. De acordo com as
DCEs, “[...] o trabalho com as mídias tecnológicas insere diversas formas de ensinar
e aprender e valoriza o processo de produção de conhecimentos” (2008, p. 66).
Quando trabalhamos com as mídias tecnológicas, a construção do conhecimento é
dinâmica, pois oferece ao aluno possibilidades de visualizar e comparar situações-
problema.
Parafraseando Silva (2008), usar a internet como recurso em sala de aula
oferece vantagens quanto à rapidez para acessar e processar informação, grande
comodidade para obtê-las, facilidade em acessar pesquisas, artigos, opiniões,
acerca de um determinado tema, porém deve-se ter o cuidado com informações ali
presentes, que podem não condizer com o genuíno conhecimento científico. Uma
das formas de conduzir pesquisas na internet de forma confiável são as WebQuests,
que são produzidas por professores para orientar a pesquisa dos alunos, visando à
construção de um determinado conteúdo. As WebQuests são metodologias de
pesquisa, para abordagem de um certo conteúdo, que utilizam o computador
conectado à internet como recurso. De acordo com Silva (2008), a WebQuest
consiste numa metodologia de pesquisa direcionada, na internet. Ela irá orientar a
“navegação” do aluno na internet de forma que sua pesquisa seja uma investigação
orientada.
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Ao utilizar a WebQuest como recurso metodológico, o professor assume
papel de facilitador no processo de aprendizagem e passa a orientar mais do que
explicar. Ao usar uma WebQuest, o professor tem oportunidade de produção. Dessa
forma, outros profissionais da educação poderão fazer uso desse recurso, uma vez
que as produções ficam disponibilizadas na internet. Quando o professor se propõe
a elaborar uma WebQuest, deve, em primeiro lugar, delimitar e conhecer o tema,
fazer uma pesquisa detalhada sobre o mesmo, escolher fontes de informação sobre
o tema em sites confiáveis na internet.
O uso desse recurso metodológico tem como objetivos educacionais:
modernizar modos de fazer educação, garantir acesso a informações autênticas e
atualizadas, incentivar a criatividade, favorecer o trabalho de autoria dos
professores, favorecer o compartilhar saberes pedagógicos, entre outros.
Essa metodologia de pesquisa investigativa foi proposta, em 1995, por Bernie
Dodge9. Tinha ele a intenção de que a construção do conhecimento fosse
colaborativa e cooperativa. De acordo com Abar e Barbosa:
Entende-se por aprendizagem colaborativa uma estratégia educativa em que os alunos, em um grupo, têm um espaço de trabalho conjunto, participação ativa caracterizada pela interação, em que as ideias são compartilhadas, comparadas e discutidas, sendo, cada um, responsável pela própria aprendizagem e dos demais. Na aprendizagem cooperativa, além da interação e colaboração, deve haver uma relação de respeito mútuo entre os componentes do grupo, ações conjuntas e, principalmente, interdependência positiva (ninguém terá sucesso a não ser que todos tenham) e responsabilidade individual. (ABAR e BARBOSA (2008, p. 82, grifo meu).
Propiciando um ambiente de colaboração, por meio de uma WebQuest, a
construção do conhecimento tende a ser mais significativa, uma vez que o trabalho
em grupo estimula maior reflexão sobre determinada situação e todos os envolvidos
no processo trabalham coletivamente com um objetivo em comum.
9 Professor da Universidade Estadual da Califórnia, EUA.
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6. Percurso e algumas considerações sobre a Implementação Didático-
Pedagógica
As ações aqui relatadas correspondem à utilização da metodologia da
WebQuest para o ensino de Números Inteiros que foi ofertada para alunos da sexta
série (sétimo ano), do período vespertino do Colégio Estadual "Reinaldo Sass", da
cidade de Francisco Beltrão, que pertence ao Núcleo Regional de Educação (NRE)
de Francisco Beltrão. As atividades foram elaboradas pela Professora PDE/2010 e
desenvolvidas junto aos alunos citados anteriormente. Para o desenvolvimento das
atividades, usamos o Laboratório de Informática do Colégio, cujos computadores
com acesso à internet, fazem parte do programa Paraná Digital, que objetiva
promover o uso pedagógico das Tecnologias da Informação e Comunicação.
Para o relato e análise sobre a utilização da metodologia da WebQuest, a
professora PDE observou os alunos durante o desenvolvimento dessa atividade, de
acordo com a avaliação que é proposta e descrita em uma das páginas ou passos
da WebQuest. A avaliação é descrita detalhadamente no decorrer deste texto. Os
alunos foram fotografados em diferentes momentos da implementação pedagógica
e, de acordo com a legislação de direitos autorais, os pais dos alunos fizeram a
cessão de imagens e produções dos alunos.
Realizamos inicialmente, com os alunos, uma atividade de ambientação com
a metodologia da WebQuest. Com o uso da TV Multimídia foram apresentados
tópicos como: definição de WebQuest, como seria o acesso ao conteúdo, os passos
ou páginas que compõem a WebQuest, onde seriam desenvolvidas as atividades, o
porquê de se trabalhar em dupla e o que levou a professora a escolher o conteúdo
Números Inteiros.
Julgamos conveniente mencionar que, para essa série (sexta série/sétimo
ano) o conteúdo Números Inteiros normalmente é trabalhado no primeiro semestre,
no entanto, como a professora PDE/210 estaria retornando para a sala de aula no
início do segundo semestre para aplicação do projeto, houve uma conversa com a
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professora substituta para que deixasse o conteúdo para ser abordado no segundo
semestre.
Diante da exposição da metodologia WebQuest, os alunos se sentiram
motivados e percebia-se certa ansiedade pelo início das aulas no laboratório.
Mesmo assim, no entanto, antes de iniciar a atividades da WebQuest, os alunos
foram submetidos a uma pesquisa, elaborada pela professora, cujo objetivo era
detectar que conhecimentos possuíam sobre o conteúdo Números Inteiros. Para
isso, eles receberam uma ficha com a seguinte figura ilustrativa:
Figura 1: As Camadas da Atmosfera do Planeta Terra Fonte: Da Autora
A professora comentou sobre as camadas da atmosfera do planeta Terra,
características dessas camadas (troposfera, estratosfera, mesosfera, termosfera e
exosfera) e como essas camadas se diferenciam pela temperatura. Após
comentários, os alunos foram questionados sobre:
1. Qual a importância da camada de ozônio para o planeta Terra? A totalidade
respondeu:
Os alunos responderam que era para barrar a incidência de raios ultravioletas ou
proteger do envelhecimento precoce.
2. Na figura aparecem dois grupos de números que expressam medidas
diferentes. Quais são eles? Dê dois exemplos de cada um deles.
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Eles perceberam que as medidas eram os quilômetros e os graus e, na sua
maioria, como exemplo, expressavam números positivos e negativos.
3. De acordo com a imagem, qual é altura que atinge a mesosfera?
Essa questão exigia apenas análise gráfica da figura. Alguns conseguiram
efetuar essa análise, outros demonstraram dificuldades em mencionar uma
resposta apenas analisando a figura.
4. Qual é a maior temperatura que se registra na Estratosfera? E a menor?
5. Qual é a maior temperatura registrada na imagem? E a menor temperatura?
6. Qual é a menor temperatura: -10ºC ou - 40ºC?
7. Qual é a diferença de temperatura entre as altitudes 50 km e 110 km?
8. Qual é a menor temperatura registrada na altitude de 10 km?
Para as questões 4, 5 e 6, a grande maioria dos alunos não soube expressar
corretamente a ideia de maior ou menor relacionada ao conjunto dos Números
Inteiros. Assim percebemos que, apesar de reconhecerem e nomearem Números
Inteiros negativos, tiveram dificuldade em expressar entendimento sobre suas
características, demonstrando pouco conhecimento sobre o conteúdo. Entendemos
que, por meio da WebQuest, poderíamos encaminhar a construção desse
conhecimento matemático de forma diferenciada, pois os alunos estavam
demonstrando muito interesse pelo conteúdo e empolgados com as aulas.
Na aula seguinte, os alunos foram encaminhados ao Laboratório de
Informática já organizados em suas duplas para iniciar as atividades disponíveis na
WebQuest. Como todos os computadores já estavam conectados ao site
<https://sites.google.com/site/webquestnumerosinteiros/?pli=1>, que hospeda a
WebQuest, foi permitido aos alunos um tempo para que explorassem a WebQuest.
Percebemos, nesse primeiro momento de interação dos alunos com a
WebQuest, que, apesar de a metodologia ter sido apresentada e detalhadamente
explicada pela professora, quando os alunos se deparavam com as tarefas, o
primeiro intuito que tinham era o de acessar um site de pesquisa, digitar a tarefa
para encontrar possíveis resultados. Nesse momento aconteceu, em algumas
duplas, a intervenção da professora, que conduziu seus alunos para os processos
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das respectivas tarefas. Essa interferência ocorreu, porém, apenas algumas vezes,
visto que, quando a professora encaminhava uma dupla para o processo, como
forma de resolução da tarefa, os colegas que estavam em computadores próximos
iam observando, compreendendo e já repassando as demais duplas a informação
dada pela professora. Isso reforça o que foi dito anteriormente, de que os alunos têm
grande habilidade no uso do computador e agem de forma bastante natural diante
de uma situação mediada por essa ferramenta e conseguem ajudar os colegas na
realização das atividades, que a aprendizagem colaborativa.
Foi considerado o ritmo natural de cada dupla, não havendo tempo estipulado
para leituras ou registros. Concluímos que este fato não é um ponto positivo no
trabalho com a metodologia WebQuest, isso porque havia uma previsão inicial de
que as atividades fossem todas realizadas num período de 12 aulas, tempo esse
que foi extrapolado, pois o trabalho foi realizado em 18 aulas. Considerando a
grande quantidade de conteúdos que temos para trabalhar com essa série, julgamos
conveniente, em futuros trabalhos com essa metodologia, estipular e monitorar o
tempo para a realização de cada uma das tarefas..
Na página de introdução da WebQuest foi apresentado, aos alunos, por meio
de uma pequena historia, um personagem chamado Marcelinho, que, assim como
muitas crianças da mesma idade, tem sonhos e depara-se com as dificuldades na
realização desses seus sonhos. Na história, o personagem vive rodeado de números
e, na organização e entendimento desses, pode construir e buscar mais eficazmente
a realização dos seus propósitos.
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Figura 3: Página de Introdução da WebQuest Fonte: Da Autora
Percebemos que a história apresentada na introdução chamou a atenção dos
alunos e é relevante para a introdução ao conteúdo Números Inteiros, uma vez que
Marcelinho, o personagem da história, tem uma dívida a pagar para depois guardar
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dinheiro e realizar o sonho de comprar uma camiseta oficial do time de futebol de
que é torcedor.
A seguir, apresentamos a descrição e análise das tarefas desenvolvidas na
WebQuest para o ensino de Números Inteiros:
TAREFA 1
Nessa primeira tarefa, tínhamos o objetivo de ampliar a ideia do conjunto dos
Números Naturais, perceber a existência de valores negativos e realizar cálculos
com valores encontrados no texto da introdução.
Figura 4: Tarefa 1 da WebQuest Fonte: Da Autora
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Figura 5: Processo 1 da WebQuest Fonte: Da Autora
Nessa tarefa, as atividades estavam relacionadas à história do Marcelinho,
apresentado na introdução.
Todos os itens foram desenvolvidos com bastante interesse dos alunos, que
voltavam todo momento à introdução, reliam o texto para responder às questões.
Percebemos que a matemática, quando colocada na forma de uma pequena história
que corresponda a temas do cotidiano dos alunos, como, por exemplo, pagar uma
pequena dívida, comprar uma camiseta do seu time de futebol, leva os alunos à
discussão e à correlação com suas intenções. Alguns alunos até falavam em preços
das camisas oficiais de seus times e quanto tempo teriam que juntar dinheiro para a
compra de uma delas. Consideramos que as atividades apresentadas na Tarefa 1
são relevantes, pois oportunizam aos alunos cálculos com o conjunto dos Números
Naturais e a constatação de que uma dívida pode ser expressa por meio de um
número negativo, atingindo os objetivos propostos, para o desenvolvimento dessa
tarefa.
TAREFA 2
Na tarefa 2, o objetivo era reconhecer e identificar situações do cotidiano nas
quais apareciam Números Inteiros negativos e socializar os dados da pesquisa com
a turma, por meio da confecção de cartazes.
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Figura 6: Tarefa 2 da WebQuest Fonte: Da Autora
Figura 7: Processo 2 da WebQuest Fonte: Da Autora
Para a realização da tarefa 2, os alunos foram orientados na aula anterior
sobre a atividade de pesquisa que deveriam fazer em suas casas. O material que
coletassem seria usado para a confecção de cartazes (um cartaz por dupla).
Na escola, com o material da pesquisa em mãos, nos reunimos no saguão
para a confecção dos cartazes. Os alunos receberam as cartolinas, canetas
coloridas, réguas, tesouras e cola.
Durante o desenvolvimento das tarefas, em especial na confecção dos
cartazes, os alunos estavam sempre atentos aos tópicos que seriam avaliados. Isso
porque eles tinham acesso, no momento em que julgassem necessário, aos itens da
avaliação. Consideramos esse fato como um ponto positivo, pois não gerou
ansiedade no que diz respeito ao ser avaliado pelo professor, pois os alunos sabiam
exatamente em que ponto seriam avaliados. Na confecção dos cartazes, eles seriam
avaliados de acordo com a ficha abaixo, que estava disponível na página de
avaliação da WebQuest e a nota máxima seria de 1,6.
Que será Iniciante Em Realizado Exemplar Nota
18
avaliado 0,1 desenvolvimento
0,2
0,3 0,4
Enganos
Ortográficos
Com três ou
mais enganos
ortográficos.
Com dois
enganos
ortográficos.
Com apenas um
engano
ortográfico.
Sem nenhum
engano
ortográfico.
Erros
Conceituais
Matemáticos
Com erros
conceituais e
matemáticos.
Com poucos
erros
conceituais e
matemáticos.
Com erros
mínimos
conceituais e
matemáticos.
Ideias e
conceitos
matemáticos
claros.
Estética,
organização e
sequência
Sem estética,
organização e
sequência.
Com estética,
organização e
sequência
insatisfatórios
para um cartaz.
Com pouca
estética,
organização e
sequência.
Organizado e
com excelente
estética.
Material da
pesquisa sobre
Números
Inteiros
O material da
pesquisa não
apresenta
Números
Inteiros.
O material da
pesquisa
apresenta
apenas
Números
Inteiros sem
uma situação
envolvendo tais
números.
O material da
pesquisa
apresenta
apenas uma
situação
envolvendo
Números
Inteiros.
O material da
pesquisa
apresenta
explicitamente
duas situações
envolvendo
Números
Inteiros.
Nota Final do cartaz
Os cartazes confeccionados pelas duplas foram recolhidos pela professora e
ao final de todas as atividades, cada dupla apresentou o seu para a turma e todos os
cartazes foram fixados em um mural na sala de aula.
Para os alunos, a confecção dos cartazes oportunizou o contato com
diferentes situações nas quais apareciam os Números Inteiros negativos.
Consideramos isso um fator positivo na compreensão e construção desse
conhecimento matemático, visto que, quando temos a oportunidade de aproximar os
conteúdos matemáticos de situações cotidianas, os alunos demonstram maior
facilidade de compreensão. Percebemos, no entanto, que o tempo gasto para a
realização do cartaz foi grande e, possivelmente, tenha colaborado com a
extrapolação do tempo previsto para a realização da WebQuest, como já
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mencionamos antes. Dessa forma, sugerimos que, para futuros encaminhamentos
com o uso desta WebQuest, a confecção dos cartazes seja realizada como tarefa de
casa.
Figura 8: Alunos Confeccionando cartazes sobre Números Inteiros Fonte: Da Autora
Figura 9: Cartaz produzido sobre Números Inteiros Fonte: Da Autora
TAREFA 3
Nesta tarefa, os objetivos foram conceituar Números Inteiros e reconhecer a
construção histórica desse conhecimento matemático.
Figura 10: Tarefa 3 da WebQuest Fonte: Da Autora
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Figura 11: Processo 3 da WebQuest Fonte: Da Autora
No processo 3, os alunos foram direcionados para quatro sites.: o primeiro
apresentava um tópico em forma de texto com a definição de Números Inteiros; o
segundo encaminhava para um vídeo que apresentava esse conjunto e definia o
porquê do uso da letra Z para representá-lo; o terceiro apresentava slides que
contemplam a participação de diferentes civilizações, ao longo da história da
humanidade, na construção desse conteúdo; e o quarto site apresentava situações
do cotidiano onde aparecem tais números. Percebemos que os objetivos de
proporcionar aos alunos compreensão, representação, definição, construção
histórica e o uso cotidiano dos números negativos foram alcançados com a
realização das atividades propostas nessa tarefa. É interessante salientar que, como
a disposição dos computadores era em semicírculo, quando uma dupla acessava o
site do vídeo, as demais já demonstravam curiosidade em avançar no processo.
Como os alunos demonstraram interesse pelo vídeo, julgamos totalmente positivo o
uso desse recurso dentro de uma WebQuest.
Nessa tarefa, os objetivos foram conceituar Números Inteiros e reconhecer a
construção histórica desse conhecimento matemático.
TAREFA 4
O objetivo, nessa tarefa 4, foi definir Reta Numérica, Módulo ou Valor
Absoluto, Números Opostos ou Simétricos para os Números Inteiros e ainda
comparar Números Inteiros positivos e negativos e representá-los por meio dos
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sinais maior ( > ), menor (< ) e igual ( = ).
Figura 12: Tarefa 4 da WebQuest Fonte: Da Autora
Figura 13: Processo 4 da WebQuest Fonte: Da Autora
Nessa tarefa, os alunos foram estimulados a buscar a definição de reta
numérica, módulo ou valor absoluto, opostos ou simétricos, também comparação de
Números Inteiros. A tarefa é relevante para a construção do conhecimento de
Números Inteiros, pois, por meio dela, os alunos compreenderam as definições de
Reta Numérica, Módulo ou Valor Absoluto, Números Opostos ou Simétricos e ainda
conseguiram comparar Números Inteiros positivos e negativos. Percebemos que os
22
alunos a desenvolveram com facilidade e compreenderam de forma satisfatória as
definições propostas.
TAREFA 5
Nessa tarefa 5, o objetivo foi usar o conhecimento de comparação entre
números inteiros adquirido na tarefa 4 para jogar.
Figura 14: Tarefa 5 da WebQuest Fonte: Da Autora
23
Figura 15: Processo 5 da WebQuest Fonte: Da Autora
Concomitante ao objetivo da tarefa 4, de comparar Números Inteiros, a tarefa
5 encaminhou os alunos para um jogo de comparação desses números e, pela
destreza com que jogaram, ficou evidente que os conceitos pesquisados na
atividade 4 foram compreendidos. Dessa forma, consideramos relevante o uso do
jogo proposto no processo 5, para verificarmos a compreensão dos alunos quanto à
comparação de números inteiros negativos. Registramos, no entanto que o nível
desse jogo é bastante simples e que o aprofundamento poderia ser maior.
Consideramos que, em futuras WebQuest, esse jogo seja substituído por outro com
maior grau de dificuldade.
TAREFA 6
Na tarefa 6, o objetivo era compreender a adição e a subtração com Números
Inteiros.
24
Figura 16: Tarefa 6 da WebQuest Fonte: Da Autora
Figura 17: Processo 6 da WebQuest Fonte: Da Autora
Nessa tarefa, os alunos foram instigados a pesquisar sobre como acontece o
processo de adição e subtração com Números Inteiros negativos. Os sites
selecionados trabalhavam com essas operações tendo como recurso a reta
numérica. Percebemos que, no decorrer das leituras e anotações no caderno, as
duplas conversavam testando as situações exemplificadas. A tarefa foi positiva para
o aprendizado de somar e subtrair valores do conjunto numérico em questão.
TAREFA 7
O Objetivo da tarefa 7 foi realizar cálculos de adição e subtração com
Números Inteiros, por meio de três jogos.
Figura 18: Tarefa 7 da WebQuest
26
Figura 18: Processo 7 da WebQuest Fonte: Da Autora
Na tarefa 7, os alunos foram direcionados a três jogos. O objetivo dos jogos
era usar os conceitos construídos durante a tarefa anterior, para vencer os jogos.
No primeiro jogo foi explorada aplicação de conceitos da adição, com tempo
cronometrado para a realização das jogadas. Eles podiam escolher entre os níveis:
iniciado, médio e avançado. A proposta era de que a dupla participasse de, pelo
menos, um dos níveis, no entanto todas as duplas jogaram os três níveis,
demonstrando interesse. Ficou claro que compreenderam o processo de adição
envolvendo valores positivos e negativos e, ainda, gostaram muito do jogo.
No segundo jogo, usando fichas vermelhas representando quantidades
negativas e fichas pretas representando quantidades positivas, os alunos podiam
explorar e visualizar as operações de adição e subtração. Foi jogado por todas as
duplas, com bastante empenho.
No terceiro jogo, os alunos eram convidados a uma viagem cuja realização
dependia da resolução de cálculos matemáticos com Números Inteiros nas
27
situações de fuso horário, temperatura e saldo bancário. Na atividade de fuso
horário, os alunos demonstraram dificuldades na compreensão do uso de valores
negativos. Dessa forma, a professora interveio explicando, para todos, no quadro
disponível no laboratório, com exemplos diferentes daqueles presentes na
WebQuest, o uso dos números negativos nos fusos horários. A partir da explicação,
os alunos realizaram a atividade sem problemas.
Consideramos que os jogos propostos são convenientes ao objetivo de
realizar cálculos com números Inteiros. Logo, são adequados aos estudos dessa
WebQuest. Percebemos, por meio dos jogos, que os alunos haviam compreendido
os conceitos pesquisados na tarefa anterior, que foi de entender o conceito de
adição e subtração de Números Inteiros. Os alunos faziam os cálculos matemáticos
de forma bastante natural, o que nos leva a reafirmar a condição positiva do uso
desses jogos na WebQuest.
O Objetivo da tarefa 7 foi realizar cálculos de adição e de subtração com
Números Inteiros, por meio de três jogos.
TAREFA 8
O objetivo na tarefa 8 foi realizar cálculos com Números Inteiros a partir da
tabela do campeonato brasileiro de 2010, da série A.
Figura 19: Tarefa 8 da WebQuest Fonte: Da Autora
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Figura 20: Processo 8 da WebQuest Fonte: Da Autora
Nessa tarefa, os alunos foram direcionados a uma tabela do campeonato
brasileiro de futebol do ano 2010, da série A. De posse dos dados, gols pró e gols
contra, eles relataram como se calculava o saldo de gols, de cada time naquela
tabela. Escreveram também o nome dos times com maiores e menores saldos de
gols. Essa atividade foi realizada com muito entusiasmo por todas as duplas. O link
com a atividade futebol fez com que percebessem que conteúdos de matemática
podem ser explicados ou relacionados com uma prática simples do dia a dia. Eles
demonstraram essa compreensão quando expressaram corretamente os saldos de
gols de cada time. Essa atividade foi positiva e colaborou na construção do
conhecimento matemático acerca dos Números Inteiros. Avaliamos a atividade como
apropriada ao objetivo proposto na tarefa.
TAREFA 9
Na tarefa 9, o objetivo foi realizar cálculos de adição e de subtração com
Números Inteiros, reconhecer situações que envolvem Números Inteiros e comparar
Números Inteiros.
Figura 21: Tarefa 9 da WebQuest Fonte: Da Autora
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Figura 22: Processo 9 da WebQuest Fonte: Da Autora
Na tarefa 9, os alunos foram encaminhados para três atividades. Na primeira
delas, escreveram Números Inteiros para a situação indicada num desenho. Na
segunda, fizeram comparação entre Números Inteiros. E, na terceira atividade,
teriam de efetuar cálculos de adição e subtração, com valores positivos e negativos.
Essas três atividades complementavam as atividades anteriores de reconhecimento,
comparação, escrita, adição e subtração de Números Inteiros. Consideramos que
essa atividade foi relevante, pois, quase ao final do desenvolvimento da WebQuest,
tivemos mais uma oportunidade de observar como as duplas realizavam as
atividades, se haviam compreendido o conceito de Números Inteiros. Assim,
asseguramos que o seu uso é oportuno com os objetivos que se propõe na
WebQuest.
Figura 22: Alunos no Laboratório de Informática Paraná Digital, realizando a WebQuest Fonte: Da Autora
Figura 23: Alunos no Laboratório de Informática Paraná Digital, realizando a WebQuest Fonte: Da Autora
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TAREFA 10
Nessa última tarefa, o objetivo foi diagnosticar dificuldades encontradas na
realização da WebQuest.
Figura 24: Tarefa 10 da WebQuest Fonte: Da Autora
Figura 25: Processo 10 da WebQuest Fonte: Da Autora
Na tarefa 10, os alunos foram convidados a escrever um texto relatando sua
experiência com o uso da WebQuest. Registraram em uma folha de sulfite e
entregaram à professora. Seguem, de forma resumida e geral, os comentários
registrados pelos alunos.
O que mais interessou o grupo no estudo dos Números Inteiros?
De forma unânime, registraram que o mais interessante foi trocar a sala de
aula pelo laboratório de informática. Também que, estudar com recursos da
31
internet é mais legal que apenas o livro didático e o quadro-negro. E, quanto
aos Números Inteiros, os comentários demonstraram que, embora
conhecessem esses números no dia a dia, como, por exemplo, na
temperatura e numa dívida a pagar, os conceitos estudados de reta numérica,
módulo ou valor absoluto, opostos ou simétricos e, ainda, adição e subtração,
foram inéditos.
Qual foi a maior dificuldade encontrada com relação ao estudo dos Números
Inteiros?
A maioria dos alunos registrou que eles não encontraram nenhuma
dificuldade no desenvolvimento da WebQuest. Alguns, no entanto,
registraram a dificuldade em usar números negativos nos fusos horários,
conforme já citamos anteriormente.
Na opinião do grupo, é importante o estudo de Números Inteiros? Justifique
sua resposta.
Todos anotaram que consideram importante estudar Números Inteiros tendo
em vista sua grande utilidade e uso em questões do dia a dia. Os comentários
desse tópico incluíam compreender fenômenos naturais relacionados à
temperatura, não ser passado para trás no pagamento de dívidas, controlar
bem as finanças pessoais, compreender notícias de jornal e TV que se
relacionam a fusos horários. Por meio dos comentários, percebemos que os
alunos realmente compreenderam a importância do conhecimento relativo a
Números Inteiros.
Alguém do grupo já tinha estudado algum conteúdo por meio de uma
WebQuest?
Nenhum dos alunos que desenvolveram a WebQuest sobre os Números
Inteiros tinha trabalhado ou estudo anteriormente por meio de uma
WebQuest. Nem mesmo, em outra disciplina. A maioria dos alunos aproveitou
esse tópico para registrar que gostariam que mais professores, de outras
32
disciplinas também, usassem a WebQuest como metodologia. Isso demonstra
que realmente gostaram do estudo por meio de ferramentas disponíveis na
internet.
Vocês encontraram dificuldades no estudo dirigido pela WebQuest?
Quanto ao desenvolvimento da WebQuest usando os passos ou páginas,
todos registraram que foi muito fácil, pois tudo foi bem explicado e
encaminhado pela professora. Comentaram ainda que o fato de a avaliação
estar sempre disponível para o acesso, é bom porque sabem onde têm que
prestar mais atenção.
O passo seguinte, na realização da WebQuest, foi a avaliação. Consideramos
que esse seja um importante momento para o processo de ensino e o processo de
aprendizagem. Por meio da avaliação, o professor tem subsídios para a reflexão
sobre as suas ações pedagógicas. É possível ter uma ideia mais clara se seus
objetivos na construção do conhecimento foram atingidos. Optamos por usar as
rubricas como forma de avaliação, no desenvolvimento da WebQuest. Assim, os
critérios que foram considerados estavam claros, procurando ao máximo evitar a
subjetividade. Como já mencionamos, durante o desenvolvimento da WebQuest os
alunos tinham acesso aos itens em que estavam sendo avaliados. Assim, considera-
se que a forma de avaliação adotada para a metodologia WebQuest foi bastante
satisfatória e que contribuiu de forma significativa para a reflexão sobre o que diz
respeito à compreensão dos alunos referente ao conteúdo estudado.
Os critérios foram estabelecidos em três fichas: a ficha número 1, já
apresentada neste trabalho, foi usada pela professora na avaliação dos alunos
quanto à coleta de material e produção do cartaz.
A ficha número 2 objetivou avaliar o aluno quanto ao desempenho na
realização da WebQuest no Laboratório de Informática. Cada aluno foi avaliado
individualmente pela professora. O valor dessa avaliação foi de 3,6.
Que será Iniciante Em Realizado Exemplar Nota
33
avaliado 0,2 desenvolvimento
0,4
0,6 0,9
Participação
nos jogos no
Laboratório de
Informática
Não participou
dos jogos.
Participou
apenas de
alguns jogos.
Participou de
quase todos os
jogos.
Participou,
demonstrando
interesse em
todos os jogos.
Organização do
conteúdo no
caderno
Não anotou
qualquer
informação do
conteúdo no
caderno.
Anotou metade
das
informações
sobre o
conteúdo no
caderno.
Apenas uma
das
informações
sobre o
conteúdo não
foi anotada no
caderno.
Anotou de forma
excelente todos
os conteúdos no
caderno.
Cooperação
entre os
companheiros e
tomadas de
decisões juntos
Nunca discute
com o
companheiro de
equipe.
Normalmente
faz as coisas à
sua maneira.
Raramente
argumenta.
Às vezes,
argumenta.
Normalmente,
considera o
ponto de vista
do colega de
equipe.
Normalmente
discute com o
colega de
equipe.
Sempre ajuda a
chegar a uma
decisão justa.
Texto Final Texto simples,
sem
argumentação
e não
contempla os
tópicos
propostos.
O texto
contempla
apenas alguns
dos tópicos
propostos.
O texto
apresenta todos
os tópicos
propostos,
porém é fraco
em
argumentos.
O texto
apresenta todos
os tópicos
propostos com
argumentação
sobre as
respostas.
Nota Final
Com o propósito da autoavaliação, disponibilizamos aos alunos a ficha
número 3, para que pudessem, de forma individual, anotar sua avaliação quanto à
sua participação no grupo, coleta de material para a confecção do cartaz,
participação nos jogos expressos nas tarefas da WebQuest, realização das
atividades no caderno e a compreensão do conteúdo estudado. As respostas dadas
pelos alunos evidenciaram que todos foram sinceros e condizentes com o que
produziram e aprenderam. O valor dessa avaliação era de 4,8.
34
Que será
avaliado
Iniciante
0,2
Em
desenvolvimento
0,4
Realizado
0,8
Exemplar
1,2
Nota
Participação no
Grupo
Tive dificuldade
de
relacionamento e
não contribui em
nenhuma
atividade.
Participei pouco
das atividades.
Apresentei
algumas
contribuições,
que estavam
parcialmente
corretas.
Participei das
atividades,
cooperando com
o colega. Discuti
com o colega
sobre os temas
em pauta.
Participei
ativamente das
atividades,
cooperando com o
colega. Trouxe
informações
importantes para a
discussão. Minha
colaboração foi
relevante e
criativa.
Coleta do
material e
confecção do
cartaz
Não trouxe
informações para
a confecção do
cartaz e participei
pouco da
confecção.
Não trouxe
informações para
a confecção do
cartaz, porém
participei da sua
confecção.
Trouxe apenas
uma informação
para a confecção
do cartaz e
participei da sua
confecção.
Trouxe as duas
informações para
a confecção do
cartaz e participei
efetivamente da
elaboração e
confecção.
Participação
nos jogos sobre
Números
Inteiros
Não participei
dos jogos.
Participei apenas
de alguns jogos.
Participei de
quase todos os
jogos.
Participei de todos
os jogos.
Realização das
atividades no
caderno
Não anotei nada
no caderno.
Anotei apenas
algumas
atividades no
caderno.
Anotei quase
todas as
atividades no
caderno.
Anotei
detalhadamente
todas as
atividades no
caderno.
Conteúdo:
Números
Inteiros
Não aprendi
coisa alguma
sobre o assunto.
Tive algumas
noções sobre o
assunto.
Aprendi sobre o
assunto.
Aprendi muito e
tenho domínio
sobre o assunto.
Nota Final
Consideramos que o uso dessas fichas no processo avaliativo de uma
WebQuest é relevante.
35
7 Algumas Considerações
O propósito que tínhamos, com a implementação da Produção Didático-
Pedagógica, mediante o uso da WebQuest para o ensino de Número Inteiros, era o
de responder as questões: Os recursos tecnológicos podem agregar benefícios à
prática docente? Qual pode ser a contribuição de uma WebQuest no ensino de
Números Inteiros?
Dessa forma, a partir de reflexões sobre as observações realizadas durante a
implementação da metodologia da WebQuest junto aos alunos, pudemos
reconhecer que os recursos tecnológicos agregam benefícios à pratica docente, uma
vez que despertam o interesse dos alunos e fornecem uma gama de recursos
visuais de comparação, manipulação, jogos e acesso ao conhecimento científico,
favorecendo o processo de ensino-aprendizagem. Afirmamos que o uso de
WebQuest para a construção do conhecimento sobre Números Inteiros é
conveniente, pois contribui para a construção desse conhecimento de forma
significativa.
Durante o desenvolvimento da WebQuest para o ensino de Números inteiros,
percebemos um grande envolvimento por parte dos alunos. Quando foram
apresentados à metodologia, mostraram ansiedade pelo início das atividades no
Laboratório de Informática e, no decorrer das atividades, em momento algum
percebemos que o processo estava cansativo, pois as atividades eram realizadas
com muito entusiasmo.
Observamos que as conclusões das atividades propostas nas tarefas foram
realizadas com sucesso, já existiu entre as duplas a colaboração, pois as ideias para
a realização das atividades eram comparadas e discutidas, e existiu a cooperação,
uma vez que os alunos que tinham mais facilidade com as ferramentas tecnológicas
assessoravam os colegas, para que a atividade fosse realizada.
36
É importante reconhecer que o tempo previsto para a realização da Webquest
foi extrapolado, pois foi respeitado o ritmo natural de cada dupla, não havendo
tempo acordado para leituras, discussão e conclusão das tarefas. Esse fato em si
não é negativo, mas,compromete o tempo para o desenvolvimento dos demais
conteúdos previstos para o ano letivo. Sendo assim, em utilizações futuras dessa
WebQuest sugerimos que seja estipulado tempo em aulas para a realização das
tarefas.
Considerando os excelentes resultados alcançados pelos alunos, na
avaliação proposta nessa WebQuest, consideramos que houve aprendizagem
significativa do conteúdo Números Inteiros. Afirmamos, então, que o uso de
WebQuest para a construção desse conhecimento matemático é favorável.
8 Referências
ABAR, Celina Aparecida Almeida Pereira; BARBOSA, Lisbete Madsen. WebQuest: um desafio para o professor! – São Paulo: Avercamp, 2008.
BERLINGHOFF, William P.; GOUVÊIA, Fernando Q. A matemática através dos tempos: um guia fácil e prático pra professores e entusiastas. Tradução: Elza Gomide, Helena Castro. – 2. ed. São Paulo: Editora Blücher, 2010.
BORBA, Marcelo de Carvalho; PENTEADO, Mirian Godoy. Informática e educação matemática. 4. ed. Belo Horizonte, MG: Autêntica Editora, 2010.
BOYER, Carl B.; História da matemática. Tradução: Elza F. Gomide. 2. ed. São Paulo: Editora Blücher, 1996.
CONTADOR, Paulo Roberto Martins. Matemática, uma breve história. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2008. Disponível em: <http://books.google.com.br/books?id=HjD7WddjYdAC&pg=PP2&dq=A+hist%C3%B3ria+da+matem%C3%A1tica&hl=pt-br&ei=61CSTbreFsHAtger_rh1&sa=X&oi=book _result&ct=result&resnum=10&ved=0CFgQ6AEwCQ#v=onepage&q=A%20hist%C3%B3ria%20da%20matem%C3%A1tica&f=false>. Acesso em: 29 mar. 2011.
CYRINO, Márcia Cristina de Costa Trindade; PASQUINI, Regina Célia Guapo. Multiplicação e divisão de números inteiros: uma proposta para a formação de
37
professores de matemática. Organizado por Iran Abreu e Miguel Chaquiam. 2. ed. Londrina: SBHMat, 2010 (Coleção História da Matemática para Professores, 14).
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Matemática para as séries finais do ensino fundamental e para o ensino médio. Curitiba: SEED, 2008.
SILVA, Karine Xavier Soares. WebQuest: uma metodologia para pesquisa escolar por meio da internet. São Paulo: Blucher Acadêmico, 2008.