FACULDADES INTEGRADAS DE PATOS FIP

PS-GRADUAO LATO SENSU CURSO DE ESPECIALIZAO EM CINCIAS AMBIENTAIS

MARIA DAS GRAAS LINDOLFO BARBOSA

AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO MAMANGUAPE OCASIONADOS PELO CRESCIMENTO URBANO NO MUNICPIO DE MULUNGU,

ESTADO DA PARABA, NORDESTE DO BRASIL

GUARABIRA PB 2015

MARIA DAS GRAAS LINDOLFO BARBOSA

AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO MAMANGUAPE OCASIONADOS PELO CRESCIMENTO URBANO NO MUNICPIO DE MULUNGU,

ESTADO DA PARABA, NORDESTE DO BRASIL

GUARABIRA PB 2015

Artigo Cientfico apresentado coordenao de Ps-graduao do Curso de Cincias Ambientais, para Obteno do ttulo de Especialista em Cincias Ambientais.

Orientador Professor: Andr dos Santos

MARIA DAS GRAAS LINDOLFO BARBOSA

AVALIAO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS NO RIO MAMANGUAPE OCASIONADOS PELO CRESCIMENTO URBANO NO MUNICPIO DE MULUNG,

ESTADO DA PARABA, NORDESTE DO BRASIL

Aprovado em _________ de ____________________ de 2015

BANCA EXAMINADORA

GUARABIRA PB 2015

A Deus, que tem sido o nosso refgio de gerao em gerao, por ter concedido-me vida, inteligncia e dignidade para chegar a esse

momento to esperado em que realizaste a grandeza do teu amor no verdadeiro sentido da vida, DEDICO.

AGRADECIMENTOS

Em especial Deus, por ser minha fortaleza em tempos de aflio. Ao professor Andr dos Santos pelas leituras sugeridas ao longo dessa orientao

e pela dedicao. Ao meu pai Joo Lindolfo e ao meu esposo Marcelo, pela compreenso e apoio. A minha me Maria da Conceio (in memoriam), embora fisicamente ausente,

sentia sua presena ao meu lado, dando-me fora. A minha filha Graciele, pelo carinho. Aos meus sobrinhos e irmos, fontes em

que recarregamos nossas foras e compartilhamos nossas alegrias.

Aos professores do curso que me auxiliaram durante toda essa jornada. Aos colegas de classe pela troca de conhecimento, respeito, companheirismo,

ajuda durante todo tempo em que estive empenhada neste trabalho.

De tudo ficaram trs coisas...

A certeza de que estamos comeando...

A certeza de que preciso continuar...

A certeza de que podemos ser interrompidos antes de terminar...

Faamos da interrupo um caminho novo...

Da queda, um passo de dana...

Do medo, uma escada...

Do sonho, uma ponte...

Da procura, um encontro!

Fernando Sabino

Resumo

No presente trabalho pretende-se mostrar como o rio Mamanguape foi essencial para a formao da pequena cidade de Mulungu-PB, que surgiu e se desenvolveu ao redor dos domnios de sua bacia hidrogrfica. Para se atingir este objetivo foi feito um levantamento bibliogrfico a partir de artigos e monografias que tratam sobre o assunto. A anlise das informaes demostraram que com o passar do tempo e o gradual crescimento da cidade, o rio Mamanguape comeou a sofrer agresses ambientais que vem destruindo suas caractersticas naturais, tais como a perda da mata ciliar, provocada pela prtica da agricultura e criao de animais, a extrao indiscriminada de areia e a poluio provocada pelo esgoto que, atualmente, despejado diretamente no rio sem nenhum tipo de tratamento. Investigar-se- quais so os tipos de agresses que a atividade humana esta provocando ao rio Mamanguape, bem como as possveis consequncias ambientais e sociais que emergem impulsionadas por estes fenmenos.

Palavras Chaves: Ambiente; Poluio; Rio Mamanguape.

Abstract:

In the present work aims to show how the river Mamanguape was instrumental in the formation of the small town of Mulungu-PB, which emerged and developed around the areas of its watershed. To achieve this goal was made a literature from articles and monographs that deal with the subject. Analysis of the information showed that with the passage of time and the gradual growth of the city, the river Mamanguape began to suffer environmental damage that is destroying its natural features, such as the loss of riparian vegetation caused by the practice of agriculture and animal husbandry the indiscriminate extraction of sand and pollution caused by sewage that is currently dumped directly into the river without any treatment. It will investigate what types of attacks that human activity is causing the Mamanguape river as well as the possible environmental and social consequences that emerge driven by these phenomena.

Key Words: Environment; Pollution; Rio Mamanguape

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB PG.18 FIGURA 2 Foto area de parte do rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB PG.19 FIGURA 3 Destino do lixo em Mulungu-PB PG. 24

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

CPRM Companhia de Recursos Minerais

CAGEPA Companhia de gua e Esgoto da Paraba RSU Resduos Slidos Urbanos

SUS Sistema nico de Sade SIAB Sistema de Informao e Ateno Bsica

SUMRIO

1. INTRODUO................................................................................................11 2. MATERIAL E MTODO..................................................................................13 3. REFERENCIAL TERICO..............................................................................14

3.1. CARACTERIZAO DO RIO MAMANGUAPE NO PERMETRO URBANO DE MULUNGU-PB.....................................................................18

3.2. IMPACTOS CAUSADOS PELO CRESCIMENTO URBANO NO RIO MAMANGUAPE NO PERMETRO URNANO DE MULUNGU-PB.............20 3.2.1 POLUIO POR ESGOTO DOMSTICO........................................20 3.2.2 POLUO POR RESDUOS SLIDOS URBANOS.......................23 3.2.3 DESTRUO DAS MATAS CILIARES............................................25

4. CONSIDERAES FINAIS............................................................................28 5. REFERNCIAS...............................................................................................29

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1. Introduo

Apresentando uma populao estimada de 9.796 habitantes (IBGE 2015), O municpio de Mulungu est inserido na Microrregio Mulungu e na Mesorregio Agreste Paraibano do Estado da Paraba. Segundo dados da Companhia de Recursos Minerais (CPRM, 2005) sua extenso est dentro de uma unidade geoambiental denominada de Depresso Sertaneja. Com clima Tropical Semirido e detendo uma precipitao mdia anual girando em torno de 431,8mm, o municpio de Mulungu-PB possui aspectos hidrogrficos interessantes. Ele fica localizado nos domnios da bacia hidrogrfica do rio Mamanguape, que apresenta um mdio curso no permetro urbano de 1km e 800m. Esta proximidade permitiu que a cidade se desenvolvesse prximo ao rio e posteriormente, preenchesse outras reas mais distantes.

De um ponto de vista histrico, o processo de urbanizao da cidade de Mulungu-PB esta atrelado as atividades da extinta fazenda Camarazal como explica Souza (2011):

[. . .] sobre o processo de ocupao do municpio de Mulungu-PB, teve seu surgimento e consolidao vinculada inicialmente ocupao remota e ainda isolada por moradores e trabalhadores da fazenda denominada Camarazal, que ao passar do tempo foram construdas casas se configurando num espao urbano, e em seguida, a construo da estao ferroviria que provocou maior fluxo de pessoas e mercadorias pela cidade e sua ligao com as demais regies [. . .] (SOUZA, 2011. p. 43)

Souza (2011) nos mostra um panorama onde trabalhadores rurais tiveram que se estabelecer prximo a seu local de trabalho e a partir da comearam a construir uma pequena comunidade que posteriormente constituir-se-ia cidade.

De acordo com Souza (2011) no possvel dissociar o crescimento da cidade de Mulungu-PB do rio Mamanguape, uma vez que este foi o meio pelo qual as primeiras famlias conseguiram se estabelecer no local onde hoje se encontra o muncipio. A autora mostra que:

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Segundos relatos de antigos moradores da regio, lentamente o municpio foi se constituindo s margens do rio Mamanguape, casas foram sendo construdas nas terras da fazenda [Camarazal], o lugar comeou a abrigar uma comunidade que crescia a cada dia e desenvolvia suas atividades dirias. Com o passar do tempo rea passa a revelar-se enquanto um ncleo. (SOUZA, 2011. p.36)

No incio de sua formao o rio desempenhou um papel importantssimo para a populao local: toda a gua que era distribuda vinha diretamente do rio. Era muito comum as pessoas utilizarem a gua para alguns afazeres domsticos, porm ela no era ingerida pois no passava por nenhum processo de tratamento antes de ser bombeada para as residncias. A gua que a populao utilizava para beber era retirada de diversos audes prximos e, para quem tinha mais possibilidades financeiras, cisternas particulares. Com o crescimento populacional a demanda por gua obrigou a Companhia de gua e Esgoto da Paraba (CAGEPA) a substituir a abastecimento de gua que era retirado diretamente do rio, por gua potvel que vinha de uma estao de tratamento, mais adequada ao consumo humano.

Outro aspecto importante no qual o rio contribuiu para o crescimento do municpio foi a extrao de areia para ser utilizada na construo de casas de alvenaria. As primeiras residncias eram de taipas, construes de madeira e barro, mas com o desenvolvimento econmico do muncipio, estas construes primitivas foram sendo gradativamente substitudas por uma arquitetura mais moderna, onde as residncias passaram a ser construdas com tijolos, cimento e areia. A areia usada na construo dessas casas foi retirada, quase que em sua totalidade, do rio, uma vez que grande parte da populao era composta de agricultores que no tinham condies financeiras para comprar areia de outras regies. Retir-la do rio era sempre mais vivel.

De acordo com Ricardo (2004), a presena desses dois recursos naturais, gua e areia, foram essenciais para o crescimento da populao do municpio. Mas este crescimento trouxe consequncias ambientais que comearam a modificar as caractersticas naturais do rio. Como a cidade no apresentava saneamento bsico nem coleta seletiva, boa parte do lixo produzido pela populao juntamente com o esgoto formado pelos dejetos era jogado diretamente nas margens do rio. Ao longo

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do tempo isto provocou uma contaminao que diminuiu consideravelmente a quantidade de espcies aquticas que utilizava o rio como seu habitat natural.

O presente trabalho tem como objetivo fazer uma avaliao dos principais impactos ambientais ocorridos no rio Mamanguape, no que se refere ao permetro urbano do municpio de Mulungu-PB, gerados devido ao desenvolvimento urbano. A partir destas investigaes ser possvel traar um panorama das consequncias ambientais provenientes da ao humana mal planejada. Atravs de um levantamento bibliogrfico buscamos relacionar diferentes perspectivas de anlise, identificando as causas e as consequncias das agresses que o rio vem sofrendo nas ltimas dcadas. Pretendemos com isso, construir uma fonte de informaes claras que discrimine os problemas ambientais identificados, podendo servir de base para futuras aes de politicas pblicas que visem proteo deste recurso natural to importante para a populao mulunguense.

2. Material e Mtodo

Para a escrita do trabalho foi realizado um levantamento bibliogrfico que englobou artigos e monografias, entre eles A Cidade de Mulungu-PB: transformaes e resistncias no espao urbano (SOUZA,2011) e Contribuio ao Modelo de Gesto dos Resduos Slidos Urbanos do Municpio de Mulungu-PB (BARBOSA,2010) , com o intuito de coletar dados referente ao rio e para a melhor descrio dos problemas ambientais identificados. Os dados geogrficos mais especficos do rio Mamanguape e do municpio de Mulungu-PB foram retirados da base de dados referentes aos municpios brasileiros do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) e da Companhia de Recursos Minerais (CPRM).

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3. Referencial Terico

Desde os primrdios da humanidade os rios foram essenciais para o desenvolvimento de sociedades organizadas, pois oferecia condies ideais para a prtica da agricultura, para o transporte e, em cidades mais desenvolvidas, para o crescimento de atividades industriais. De acordo com Fleischfresser (2006) se pararmos para fazer um percurso histrico constataremos que as plancies de aluvio, esturios e deltas foram o ponto de partida para a construo de grandes cidades e civilizaes, a exemplo da civilizao mesopotmica que se desenvolveu ao longo do curso dos rios Tigre e Eufrates.

Com isto podemos concluir que os rios oferecem recursos para a fixao do ser humano em uma determinada rea e que a partir dele, possvel se iniciar a explorao de reas mais extensas. Em sociedades mais primitivas os rios eram a alma da cidade, pois dele era retirado a gua essencial para as mais variadas atividades humanas, desde o prprio consumo, passando pela higiene e chegando as diversas prticas agrcolas em reas cultivveis. As sociedades agrcolas eram completamente dependentes do fluxo dos rios para o desenvolvimento, o que justifica o fato do crescimento de aglomerados urbanos estarem associados a presena dos rios.

Com o desenvolvimento da agricultura foi possvel produzir mais alimentos do que os agricultores poderiam consumir. Dentro deste contexto o excedente passou a ser vendido dando origem a um sistema de comrcio que caracterizou o desenvolvimento das cidades. Nesta perspectiva, Souza (2005) argumenta que as cidades se desenvolveram em contraposio s zonas rurais:

A cidade, em contraposio ao campo, que de onde vinham os alimentos, foi se constituindo, paulatinamente, como um local onde se concentravam os grupos e classes cuja existncia, enquanto pessoas no-diretamente vinculadas s atividades agropastoris, era tornada possvel graas possibilidade de se produzirem mais alimentos do que seria necessrio para alimentar os produtores diretos. (SOUZA, 2005. p. 44)

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pertinente aqui fazermos uma caracterizao do que seria cidade, uma vez que no podemos afirmar que o que hoje chamamos de cidade manteve sempre as mesmas caractersticas ao longo da histria. A este respeito, Souza (2005, p.26) nos esclarece que . . . as cidades so assentamentos humanos extremamente diversificados, no que se refere s atividades econmicas ali desenvolvidas, diferentemente dos assentamentos rurais que so as aldeias e os povoados. Para o Souza (2005) o que difere as cidades das aldeias e dos povoados so as atividades econmicas predominantes em cada uma delas. Em quanto na primeira vamos ter um comrcio desenvolvido e, principalmente aps a revoluo industrial, a presena de indstrias, na segunda vai haver a predominncia de atividades ligadas a agricultura, a pecuria, ao extrativismo e, em alguns casos, a presena de pequenas comrcios. A partir desta definio podemos depreender que a degradao dos rios maior (ou tem uma grande tendncia de s-lo) nas cidades, uma vez que h uma maior produo de poluentes provenientes da atividade industrial.

Souza (2005) tambm faz uma considerao interessante a respeito da distribuio das pessoas ao longo das cidades. Segundo ele a cidade pode ser dividida basicamente em duas partes distintas: o centro e o espao periurbano. O espao periurbano seria o que comumente se chama de periferia da cidade, onde moram pessoas menos favorecidas economicamente. Na grande maioria dos casos o rio localiza-se no espao periurbano da cidade onde, quando no h um planejamento urbano adequado, a populao constri moradias precrias muito prximo das margens, desempenhando muitas vezes um papel duplo: o de vtima e o de poluidor. O de poluidor, pois como as moradias so feitas em locais imprprios, sem rede de esgoto nem planejamento, todos os dejetos produzidos por uma determinada comunidade lanado diretamente no rio. Esta mesma populao desempenha o papel de vtima quando ocorrem enchentes e as guas fluviais invadem as moradias, trazendo toda a poluio de volta s casas e causando doenas como as verminoses, por exemplo.

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Neste contexto do desenvolvimento urbano desordenado, Sirkis (2008) considera de fundamental importncia ter em mente na construo dos espaos urbanos o que ele denomina de ecologia urbana, em suas palavras:

A ecologia urbana, portanto, no se confunde com simples conservao do verde e de amenidades paisagsticas nem com um zoneamento nostlgico da vida rural. . . A ecologia urbana envolve a sustentabilidade econmica, social, energtica das relaes humanas e daquelas entre o ambiente natural e o construdo (SIRKIS, 2008. p. 218)

Para o autor pensar em desenvolvimento urbano sem ter em mente a ecologia urbana um prejuzo sem precedentes para o equilbrio homem-natureza, alm de ser um fator complicador das prprias relaes sociais urbanas. Em relao ao controle do lixo e das guas, Sirkis (2008) adverte que:

A gesto das guas e do lixo esto totalmente desassociadas. Uma depende frequentemente da esfera estadual, e a outra, dos municpios. Dentro da prpria gesto das guas, o abastecimento e o esgotamento esto separados da drenagem e da conservao dos corpos hdricos. A presena de lixo agrega-se dos esgotos, e qualquer estratgia visando a sustentabilidade precisa levar em conta ambos os fluxos poluentes. (SIRKIS, 2008, p. 225)

Aqui podemos perceber que na viso de Sirkis (2008) o impasse poltico s vezes acaba dificultando a tomada de decises que traria benefcios para a preservao ambiental e para a melhoria da sade pblica. Muitas vezes, durante o crescimento urbano, no se cria dispositivos legais claros e especficos para tratar das questes ambientais, o que acaba gerando ambiguidades legais provenientes da ausncia de um planejamento jurdico que abarque questes ambientais.

Quando uma cidade surge e se desenvolve, algumas formas de poluio tambm acabam aparecendo. Grandes centros urbanos tendem a apresentar mais fontes de poluio do que cidades menores, mais interioranas. Contudo, a poluio acontece em ambas e necessrio criar estratgias para cont-las.

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O ar atmosfrico e o solo tambm so focos de poluio dentro das cidades. Porm a poluio da gua torna-se mais preocupante devido a iminncia de seu desaparecimento, como alerta Souza e Panosso (2011):

Sendo que as fontes de gua doce so as mais vitais aos seres humanos e so justamente as que recebem mais poluentes, muitos lugares, cidades e zonas agrcolas correm o risco de ficar sem gua, ao ponto de chegarmos a uma poca onde no existam mais lugares com guas limpas. (SOUZA E PANASSO, 2011. p. 08)

Segundo explicita Fleischfresser (2006), aps a revoluo industrial o desenvolvimento urbano se intensificou consideravelmente e dentro de um novo panorama dominado pelas indstrias, os rios continuaram sendo importantes para a dinmica das cidades, porm ele tambm tornou-se, ao longo do processo de urbanizao, um repositrio de dejetos, de diversos tipos materiais e substncias qumicas. Parece que dentro de um crescimento urbano mal planejado o rio acaba sendo o primeiro local de destarte de tudo aquilo que no tem mais utilidade para a cidade. Sobre isto Moraes & Jordo (2002) salientam que:

A rpida urbanizao concentrou populaes de baixo poder aquisitivo em periferias carentes de servios essenciais de saneamento. Isto contribuiu para gerar poluio concentrada, srios problemas de drenagem agravados pela inadequada deposio de lixo, assoreamento dos corpos dagua e conseqente diminuio das velocidades de escoamento das guas. (MORAES & JORDO, 2002, p. 371)

Na viso de Moraes & Jordo (2002) a principal causa da poluio das guas fluviais dentro das cidades surge devido a um problema de poltica pblica que no d condies para que as pessoas construam suas residncias em locais adequados. Devido a isso, muitas destas residncias vo surgindo em locais que no apresentam estruturas de coleta de esgoto nem de lixo. Como consequncia disto, os moradores dessas localidades acaba procurando meios alternativos de descartar seus dejetos. Ainda para estes autores, quando famlias estabelecem residncias prximo s margens dos rios, esta ocupao acarreta vrios problemas

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como a diminuio da mata ciliar, utilizao do rio como depsito de lixo, descargas de dejetos, poluio das guas fluviais por meio do uso de substncias qumicas como detergentes, por exemplo. Os efeitos desta contaminao trazem consequncias graves para a sade humana e modificam o equilbrio ecolgico entre fauna e flora.

Na viso de Sirkis (2008) quando as pessoas se estabelecem em locais perifricos elas comeam a construir o que ele chama de cidade informal. Sobre elas ele pondera que Em todas as cidades brasileiras, em maior ou em menor escala, encontramos a cidade informal. A pobreza e a excluso social so, sem dvida alguma, desequilbrios que comprometem a existncia de um ecossistema urbano sadio. (p.220)

3.1 Caracterizao do Rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB

Figura 1: Rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB

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Figura 2: Foto area de parte do Rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB

Em relao ao aspecto hidrogrfico, o municpio de Mulungu-PB, de acordo com o que nos apresenta Souza (2011), est localizado nos domnios da bacia hidrogrfica do rio Mamanguape. Dentro do permetro urbano o rio possui um curso de 1 Km e 800m, com largura que varia de 35 a 37 metros e com aproximadamente 20 metros de profundidade. O rio Mamanguape um dos rios mais importantes do estado da Paraba tendo sido primordial em diversos processos histricos vivenciados por este estado. Da nascente at a foz, ele passa por uma extensa rea que compreende as cidades de Alagoa Grande, Mulungu, Mamanguape e Rio Tinto.

A bacia do rio Mamanguape abrange trs regies diferentes, sendo elas o Agreste, o Brejo e o Baixo-vale. Seu curso pode ser dividido em Baixo, Mdio e Alto curso, todos com caractersticas de revelo e clima distintos. Tal diviso permite que os estudos acerca do rio e seus afluentes sejam mais abrangentes uma vez que as condies de ocupao e de atividades econmicas desenvolvidas ao longo de toda sua extenso no so as mesmas e, portanto, devem ser levadas em considerao e analisadas separadamente.

O alto curso a parte do rio que compreende o trecho que est sobre o Planalto da Borborema, descendo a serra e passando pela cidade de Alagoa Grande-PB at chegar ao municpio de Mulungu-PB. Deste trecho, nos deteremos ao permetro urbano de Mulungu-PB que o foco deste trabalho.

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3.2 Impactos Causados pelo Crescimento Urbano no rio Mamanguape no Permetro Urbano de Mulungu-PB

3.2.1 Poluio por Esgoto Domstico

Em seu projeto de pesquisa Santos (2011) vai enfatizar que as redes de esgoto domstico so o principal problema que afeta o equilbrio ecolgico do permetro urbano do rio:

A cidade no possui saneamento bsico distribudo em todas as ruas, assim grande parte dos resduos slidos e dejetos so depositados no rio. Outro grande problema atribudo a poluio, o lixo domestico, o municpio no disponibiliza de uma coleta seletiva, onde poderia ter parte deste material aproveitado com a reciclagem. (SANTOS, 2011. p. 09)

Aqui o autor denuncia a problemtica do tratamento dos resduos domsticos como um fator importante para o desencadeamento do processo de poluio. Para tratar deste tema utilizamos o conceito de poluio apresentado por Souza e Panosso (2011) que a entende como um conjunto de atividades humanas que modifica as caractersticas fsicas do rio por meio da insero de substancias que ali no existiam. Branco (2003) esclarece que a palavra poluio vem do verbo latino polluere, que significa sujar e, por extenso de sentido, tambm pode significar corromper ou profanar. O termo poluio estaria mais ligado ao ideal esttico, a algo que modifica o visual natural das guas fluviais.

No caso da constatao de Santos (2011) os dejetos domsticos no s promoveriam a poluio, uma vez que so substncias externas que modificam a qualidade esttica da gua, mas tambm seria um importante foco de contaminao da fauna do rio, pois o esgoto traz alm de matrias seres patognicos causadores de diversas verminoses.

O projeto de pesquisa supracitado identificou a presena de residncias ao longo do curso do rio o que agrava ainda mais o problema de sade pblica, uma

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vez que estas famlias estariam mais suscetveis a possveis contaminaes. Em seu texto Santos (2011) revela que:

Com base nas observaes, o rio no tem mata ciliar e h uma deficincia do municpio em deveres para com o prprio rio neste sentido. A cidade se desenvolveu a margem do rio com o crescimento populacional tem causados vrios danos como assoreamento, poluio das guas entre outros. (SANTOS, 2011. p. 15)

Sobre este aspecto Souza (2011) relata, a situao dos moradores ribeirinhos, revelando o contato muito prximo que estes tm com o rio: Em visita a casa de uma das entrevistadas, no fundo do seu quintal nos deparamos com o rio e a criao de porcos. A mesma possua ainda um curral com algumas cabeas de gado. Havia tambm uma baa de cavalos, o filho da moradora vaqueiro. [. . .]. De acordo com a fala da entrevistada, alm de construir sua casa muito prximo as margens do rio, o que pode colocar sua vida em risco numa possvel enchente ou deslizamento de barreira, a moradora pratica a criao de sunos e bovinos e descarta todos os dejetos desses animais nas gua do rio. Esta atitude muito prejudicial, uma vez que pode contribuir para o surgimento de coliformes fecais.

O excessivo acmulo de restos de alimentos e fezes modifica as caractersticas da gua fluvial e promove o desenvolvimento de uma flora bacteriana que pode causar srios danos a sade humana, como explica Souza e Panosso (2011):

[. . .] a poluio que enxergamos aquela causada pelo esgoto das casas, que lana nos rios o resto de comida e um tipo de bactria que deles se alimenta: so as chamadas bactrias aerbicas, elas consomem oxignio e destroem a vida aqutica e alm disso podem causar problemas de sade se forem ingeridas. (SOUZA E PANOSSO, 2011. p. 14)

A ausncia de planejamento urbano e de polticas pblicas de moradias para a populao mais carente obriga muitas pessoas a construrem suas casas em lugares perifricos, constituindo assim o espao periurbano (Souza, 2005). Esta situao est presente no contexto de organizao urbana de vrias cidades

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brasileiras e no municpio de Mulungu-PB no diferente. Esta ocupao desordenada do espao periurbano acaba gerando muitos prejuzos ambientais. Souza (2011) nos revela que o municpio esta passado por um processo de degradao ambiental muito forte e salienta que:

[. . .] o atual processo de degradao no municpio, est relacionado ocupao irregular em reas ribeirinhas por falta de alternativas, a poluio das guas devido s fezes tanto de animais como da populao, pelo movimento de massa nas encostas [. . .] a falta de saneamento bsico, esgoto a cu aberto entre outros.(SOUZA, 2011. p. 60)

Alm da poluio causada por fezes e materiais provenientes do lixo domstico, tambm possvel notar a ocorrncia de poluio qumica causada pelo descarte de agrotxicos e substncias que vem direto de produtos de limpeza. Como no h rede de esgoto todos os qumicos usados na higiene pessoal e na limpeza de roupas e residncias so lanados diretamente no rio. Segundo Souza (2011) em alguns casos ainda comum perceber moradores lavando roupas dentro do rio:

comum, ainda, a prtica da lavagem de roupa no rio Mamanguape, que corta a cidade no sentido de norte a sul. Esse rio fica muito prximo da rea urbana, assim, possvel encontrarmos as lavadeiras agachadas ensaboando as roupas da famlia. Observa-se tambm animais bebendo gua nas proximidades. [. . .] (SOUZA, 2011. p. 50)

Os dejetos humanos provenientes dos esgotos, os resduos qumicos dos produtos de limpeza somado as fezes de animais e restos de alimentos so as principais formas de agresso ao rio dentro do permetro urbano de Mulungu-PB. Como o desenvolvimento da cidade comeou a partir das margens do rio, h uma significativa presena de construes em quase toda sua extenso. A medida que a populao aumenta e novas construes so feitas, a poluio do rio tambm aumenta, diminuindo ainda mais a qualidade das guas fluviais.

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3.2.2 Poluio por Resduos Slidos Urbanos

Atualmente dar um destino adequado aos resduos slidos um desafio urbano complexo, conforme nos mostra Sirkis (2008):

O destino dos resduos slidos das grandes cidades apresenta um problema capital a pressionar cada vez mais a vida das cidades, nas prximas dcadas, por que, at agora, a quantidade de resduos slidos produzidos na maioria das cidades vem crescendo sem parar. (SIRKIS, 2008, p. 227)

De acordo com o documento de do Plano Nacional de Resduos Slidos, podemos considerar Resduos Slidos Urbanos (RSU) os que correspondem aos resduos domiciliares e de limpeza urbana (varrio, limpeza de logradouros e vias pblicas e outros servios delimpeza urbana) (2010, p.6). Os RSUs so muito comuns nas cidades onde produzida uma grande quantidade de materiais que no so aproveitveis diretamente pelo ser humano. A quantidade de RSUs produzidos proporcional ao tamanho da cidade.

Mesmo sendo uma cidade de pequeno porte, Mulungu-PB produz uma quantidade de RSUs que acaba provocando problemas ambientais devido a falta de meios adequados de descarte. De acordo com Barbosa (2010) em Mulungu-PB h um servio de coleta de lixo que funciona com certa regularidade e recolhe boa parte dos resduos slidos produzidos no municpio:

Quanto aos servios de limpeza urbana e/ou coleta de lixo, podemos afirmar que os tipos de lixo produzidos na cidade de Mulungu so os seguintes: domiciliar, pblico, comercial, de servios de sade, entulho de construes e podas de rvore e etc. Referindo-se quantidade coletada pode-se estimar empiricamente atravs de depoimento dos motoristas do caminho coletor que, nos dias de coleta transporta-se algo em torno sete (07) toneladas, sendo a mesma executada trs vezes por semana em dias intercalados e aos sbados em decorrncia da feira livre que produz aproximadamente quatro (04) toneladas de resduos slidos. (BARBOSA, 2010. p. 60)

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Barbosa (2010) demonstra que na cidade h um sistema de coleta de lixo que consegue retirar da cidade algo em torno de 25 toneladas de lixo por semana. Este lixo, segundo o autor, levado para lixes localizados nas proximidades da cidade. Barbosa (2010) nos traz um dado animador: boa parte dos RSUs produzidos pelos habitantes no so descartados do rio Mamanguape.

Mais adiante o autor mostra dados de uma pesquisa que foi realizada pelo Sistema nico de Sade (SUS), atravs dos Agentes de Sade do municpio e que consta no Sistema de informao de Ateno Bsica (SIAB) mostrando um grfico com percentuais dos diferentes destinos do lixo do municpio, o qual reproduzimos abaixo:

Figura 3: Destino do Lixo em Mulungu-PB. Retirado de BARBOSA 2010, p. 62.

A partir da anlise da figura podemos notar que 50% do lixo produzido na cidade coletado e lavado para lixes, 47% queimado ou enterrado, principalmente o lixo hospitalar, o restante (9%) jogado a cu aberto. Desta ltima porcentagem, quase que sua totalidade jogado nas margens do rio Mamanguape como salienta Barbosa (2010) o lixo no coletado deixado em terrenos baldios, becos, nas margens do rio Mamanguape que banha a cidade e em dois riachos (Camarazal e Cajueirinho), que cortam a cidade.

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O autor tambm apresenta uma entrevista que foi feita com alguns moradores para saber, entre outras coisas, qual destino que eles davam ao lixo que no era coletado. De acordo com os resultados mostrados, o rio um dos destinos mais usado para descartar o lixo que no recolhido pela prefeitura:

A segunda indagao consistia em saber o que faziam os moradores da rua quando a coleta no ocorria regularmente ou inexistia, cujas respostas foram: 30,2% d isseram jogar o lixo na rua, 23,2 % acumulava em casa (quintal) o lixo gerado no domiclio, 21% destinavam o lixo ao rio, outros 23,2% mandavam para terreno baldio o lixo no coletado, 2,3% jogavam o lixo no riacho. (BARBOSA, 2010. p. 72-73)

Com o exposto at aqui, podemos notar que a falta de um destino adequado para os Resduos Slidos Urbanos acaba fazendo com que alguns moradores se sintam obrigados a usar o rio como local de descarte de lixo, situao que agrava ainda mais a poluio do mesmo. Portanto conclumos que este se constitui o segundo maior problema ambiental que o rio Mamanguape sofre no permetro urbano da cidade de Mulungu-PB.

3.2.3 Destruio das Matas Ciliares

O problema do desmatamento tambm contribui para uma descaracterizao do ambiente natural do rio, principalmente no que diz respeito ao desmatamento das matas ciliares. A CARTILHA RECOMPOSIO FLORESTAL DE MATAS CILIARES define mata ciliar como sendo vegetao que se desenvolve s margens os rios, riachos, crregos, lagoas ou outros corpos dgua, sendo de grande importncia para proteo dos recursos hdricos, pois atua como uma barreira natural (p.12). Esta vegetao recebe este nome, pois atua como clios se desenvolvendo ao longo das margens dos rios e trazendo diversas contribuies para o equilbrio ecolgico.

De acordo com a cartilha supracitada, as matas ciliares formam uma barreira fsica nas que so bastante eficazes contra a eroso causada pelo escoamento das guas da chuva.

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[. . .] as gotas de chuva que, ao carem, batem primeiro nas folhas, no indo diretamente ao solo. Isso evita que a terra seja arrastada para dentro do rio. Se a chuva cair diretamente no solo, carrega grande quantidade de terra para dentro dos rios, tornando-se mais raros, prejudicando a vida dos peixes, dificultando a retirada de gua pra o consumo e podendo at mesmo sec-los. (BAHIA, 2007.p.13)

Ainda, segundo a cartilha, alm de possuir esta funo protetora, as plantas da mata ciliar contribuem para o desenvolvimento de algumas espcies aquticas, pois oferecem sementes que caem nos rios e so ingeridas por peixes, atraem insetos que servem de alimento para anfbios e so utilizadas como abrigo por algumas espcies de mamferos pequenos. Portanto, podemos notar que a mata ciliar cumpre um importante papel de manter as barreiras das margens dos rios e contribui significativamente para o crescimento de espcies de animais, sejam aquticos, sejam terrestres.

Vrios motivos podem desencadear a destruio das matas ciliares. Na maioria dos casos esta destruio esta associada ao crescimento urbano desordenado e a prtica descontrolada da agricultura e da pecuria s margens dos rios. Sobre isso a CARTILHA RECOMPOSIO FLORESTAL DE MATAS CILIARES explica que:

Na maioria dos casos, a vegetao nativa beira dgua ou proximidades, retirada para dar espao implantao de roas e pastagens, construo de casas, estradas e demais obras de engenharia sem os devidos cuidados, e ainda para a utilizao da sua madeira na queima para gerao de energia. (BAHIA, 2007. p.15)

No caso da cidade de Mulungu-PB, a construo de casas e a prtica da agricultura so os principais responsveis pelo processo de retirada das matas ciliares, uma vez que necessrio ter espao para as estruturas das residncias. Como a grande parte dos moradores que vivem s margens do rio so pessoas de baixo poder aquisitivo, elas acabam aproveitando o solo frtil para plantar alguns legumes como milho e feijo ou razes como macaxeira e bata doce, que so

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consumidos pelos prprios moradores. Tambm muito comum as plantaes de capim que usado alimentar cabras e jumentos, por exemplo.

Todas estas atividades advindas da ocupao humana ao logo das margens do rio Mamanguape vem provocando srios danos s matas ciliares. Sobre isto Ricardo (2004) faz uma constatao alarmante:

[. . .] as matas ciliares do rio Mamanguape praticamente no existem mais, isto vem ocorrendo devido o grande desmatamento feito por pequenos e grandes produtores ribeirinhos, que fazem uso dessas terras que geralmente so mais frteis, na prtica da agricultura na plantao de capim e cana-de-acar. (RICARDO, 2004. p.20)

Sem as matas ciliares o rio Mamanguape fica suscetvel a diversos problemas ambientais. A CARTILHA RECOMPOSIO FLORESTAL DE MATAS CILIARES elenca vrias consequncias ambientais que os rios podem sofrer devido pela perda das matas ciliares:

Solos descobertos sujeitos eroso, reduzindo a fertilidade e a quantidade de solo til para agricultura, aumentando, assim, os gastos na produo; Assoreamento dos rios, substituindo a gua por terra nos seus leitos, o que tambm diminui a vida til de barragens e hidreltricas; Risco de secar as nascentes dos rios; Aumento das possibilidades de inundaes em reas urbanas e rurais; Poluio das guas pela presena de resduos diversos, carregados diretamente para rios, lagos, barragens e lagos, tornando a gua no utilizvel; Perda da biodiversidade, com o desaparecimento de plantas e animais importantes para o equilbrio da natureza [. . .] (BAHIA, 2007. p. 16)

Ricardo (2004) salienta ainda que Sem a vegetao as barreiras que formam as margens desmoronam com a eroso causada pelas guas das chuvas e das enchentes tornando assim o rio mais largo e raso, favorecendo as inundaes nos perodos de chuvas (p. 20). Sem dvida a perda da mata ciliar um problema ambiental importante que afeta o rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB. O crescimento urbano desordenado nas proximidades das margens do rio e a ausncia de orientaes que diminuam os impactos causados so situaes que prejudicam o equilbrio ecolgico do rio nesta localidade.

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4. Consideraes Finais

O rio Mamanguape teve um importante papel na construo da identidade do povo mulunguense, pois foi uma grande fonte de recursos naturais, principalmente gua e areia, sendo indispensvel para o processo de urbanizao do municpio.

Porm, a urbanizao provocou o crescimento da cidade de maneira desordenada e sem nenhuma preocupao com a preservao do rio. Como constatamos a partir das referncias disponveis, o grau de poluio das guas fluviais provenientes dos esgotos residenciais vem provocando, ao longo dos anos, a progressiva poluio e contaminao do rio Mamanguape no permetro urbano de Mulungu-PB.

Alm deste fator, a ausncia de um manejo adequado dos Resduos Slidos Urbanos faz com que uma quantidade cada vez maior de materiais sejam jogados diretamente no rio, ao invs de ser destinados ao sistema de reciclagem, por exemplo. A construo de residncias prximas s margens do rio tambm diminui a mata ciliar, deixando-o sem proteo, possibilitando que ele seja afetado por intempries naturais como a eroso.

Diante do que expomos, nos resta reivindicar que as autoridades competentes tomem providncias no sentido de diminuir a degradao do rio Mamanguape no permetro da cidade e possam construir projetos de recuperao das matas ciliares.

Esperamos que este trabalho sirva de alerta para as autoridades e para a populao em geral, para que se possa tomar atitudes no sentido de preservar um dos maiores bens naturais do municpio de Mulungu-PB.

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