artigo do mês - ano v - nº 46 – janeiro de 2006 · o bom velhinho, além de indicar ao governo...

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Artigo do Mês - Ano V - Nº 57 – Dezembro de 2006 MILTON FRIEDMAN: A MORTE DE UM CONSERVADOR Ubiratan Iorio No dia 16 de novembro faleceu o Prof. Milton Friedman, aos 94 anos, nos Estados Unidos. Laureado com o Nobel de Economia em 1976, notabilizou-se por sua defesa intransigente da liberdade em todos os campos, o econômico, o político e o de consciência. Considerado o pai do monetarismo, doutrina que, partir dos anos 50, levou para o papel a chamada “tradição oral” da Universidade de Chicago, ousou desafiar o keynesianismo dominante nos cursos de economia no mundo inteiro. De baixa estatura física, mas dono de um temperamento que não admitia que perdesse duelos com alunos ou pares, era dotado de grande coragem e elevada estatura intelectual, qualidades que o colocaram, ao lado de outros gigantes da liberdade - como os austríacos Mises e Hayek e outros colegas norte-americanos, do calibre de Frank Knight (mais velho), George Stigler, Gary Becker (seus contemporâneos) e Thomas Sargent e Robert Lucas (bem mais jovens) -, no topo dos poucos e valorosos economistas que não se deixaram contaminar pela falácia maior do século XX, a de que as “soluções políticas”, caracterizadas pelo intervencionismo estatal na economia, eram superiores às respostas voluntárias proporcionadas pelo processo de mercado. Friedman foi muito mais do que o “consultor econômico da ditadura de Pinochet”, como nossa mídia – majoritariamente formada pelos velhinhos da “Irmandade dos Órfãos do Muro de Berlim” – fez questão de frisar nos obituários dos jornais e na TV. Aliás, se o Chile é hoje uma democracia sólida e uma economia que cresce de forma sustentada há muitos anos, a “culpa” é de Friedman e dos Chicago Boys, como são pejorativamente chamados seus ex- alunos e seguidores... Quando morre um conservador - e Deus me livre de aplicar-lhe aqui o termo liberal, transformado em insulto -, ao invés de enaltecer-lhe as virtudes, nossas carpideiras socialistas entregam-se à compulsão de rotular-lhe rútilos vícios e de lançá-lo ao opróbrio, expurgando-o do noticiário, tal como os regimes totalitários que defendem fazem com os dissidentes... Nos dias que se

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Artigo do Mês - Ano V - Nº 57 – Dezembro de 2006

MILTON FRIEDMAN: A MORTE DE UM CONSERVADOR

Ubiratan Iorio

No dia 16 de novembro faleceu o Prof. Milton Friedman, aos 94 anos, nos Estados Unidos. Laureado com o Nobel de Economia em 1976, notabilizou-se por sua defesa intransigente da liberdade em todos os campos, o econômico, o político e o de consciência. Considerado o pai do monetarismo, doutrina que, partir dos anos 50, levou para o papel a chamada “tradição oral” da Universidade de Chicago, ousou desafiar o keynesianismo dominante nos cursos de economia no mundo inteiro.

De baixa estatura física, mas dono de um temperamento que não admitia que perdesse duelos com alunos ou pares, era dotado de grande coragem e elevada estatura intelectual, qualidades que o colocaram, ao lado de outros gigantes da liberdade - como os austríacos Mises e Hayek e outros colegas norte-americanos, do calibre de Frank Knight (mais velho), George Stigler, Gary Becker (seus contemporâneos) e Thomas Sargent e Robert Lucas (bem mais jovens) -, no topo dos poucos e valorosos economistas que não se deixaram contaminar pela falácia maior do século XX, a de que as “soluções políticas”, caracterizadas pelo intervencionismo estatal na economia, eram superiores às respostas voluntárias proporcionadas pelo processo de mercado.

Friedman foi muito mais do que o “consultor econômico da ditadura de Pinochet”, como nossa mídia – majoritariamente formada pelos velhinhos da “Irmandade dos Órfãos do Muro de Berlim” – fez questão de frisar nos obituários dos jornais e na TV. Aliás, se o Chile é hoje uma democracia sólida e uma economia que cresce de forma sustentada há muitos anos, a “culpa” é de Friedman e dos Chicago Boys, como são pejorativamente chamados seus ex-alunos e seguidores...

Quando morre um conservador - e Deus me livre de aplicar-lhe aqui o termo liberal, transformado em insulto -, ao invés de enaltecer-lhe as virtudes, nossas carpideiras socialistas entregam-se à compulsão de rotular-lhe rútilos vícios e de lançá-lo ao opróbrio, expurgando-o do noticiário, tal como os regimes totalitários que defendem fazem com os dissidentes... Nos dias que se

seguiram à sua partida, procurei em vão nos jornais alguma reportagem mais profunda sobre sua vida e obra, mas já sabendo de antemão que estaria a tentar achar um chifre em cabeça de cavalo. Afinal, em nossa incrível América Latina e, em especial, aqui no Brasil, ainda se fala do “debate” - ultrapassado há muito ano nos meios acadêmicos e na prática em sociedades sérias – entre “monetaristas” e “desenvolvimentistas”... Como se os primeiros (que nem existem mais, pois hoje os seus herdeiros são denominados de novos clássicos) adorassem o desemprego e os segundos fossem os ungidos para salvar os pobres...

Quando morre um conservador, parece que no Brasil isto é motivo de festa, pois aqui ainda se podem ver economistas rupestres, jornalistas e ministros dizendo que “afinal, um pouquinho de inflação é até desejável para que o país possa voltar a crescer”... Parece que, à ignorância econômica embutida em afirmativas deste tipo, podemos acrescentar a hipótese plausível de que a memória desses pseudo-“desenvolvimentistas” deve ocupar área semelhante à da cabeça de um alfinete...

O bom velhinho, além de indicar ao governo militar do Chile o caminho correto – algo que, infelizmente, não aconteceu no Brasil – ousou reafirmar o que era sabido desde São Tomás e os pós-escolásticos: que a inflação, sempre e em qualquer lugar, a par de ser um mal intolerável, é um fenômeno monetário, verdade considerada um crime de lesa-pátria em plagas latino-americanas, o que nos levou, apenas no Brasil, a fazer cinco congelamentos de preços, cada um pior e mais nefando do que o anterior.

Teve discernimento para modernizar, dois séculos e meio depois, a incrível percepção de Richard Cantillon, quando, agora calcado nos avanços da Econometria, mostrou que, em ambiente de expectativas adaptativas, os efeitos das variações na oferta de moeda sobre a economia real diferiam no curto prazo e no longo prazo. Com isso, mostrou que não existe dilema, a não ser temporariamente – entre inflação e desemprego! Demonstrou também – tarefa que, a partir dos anos 70 Lucas e os teóricos das expectativas racionais desenvolveram –, que as políticas ativistas de expansão da demanda, de natureza keynesiana, apenas aumentam os níveis de emprego e de renda de forma fictícia e transitória, enquanto houver erros de expectativas.

Mostrou também às viúvas do intervencionismo, com outras tintas, algo que Hayek já percebera nos anos 30, que, quando os bancos centrais mantêm as taxas de juros artificialmente reduzidas para “estimular o crescimento”, o efeito de longo prazo é a estagflação; que não existe nada grátis em economia; que liberdade econômica e liberdade política são, cada uma, condição necessária para a existência da outra; e que sai mais barato e é mais eficiente o

Estado pagar para que todos possam estudar e ter acesso à saúde do que ele cuidar diretamente desses setores.

Embora discorde de sua defesa à liberalização das drogas – já que o mercado não é nenhum deus e dada minha profunda convicção de que o sistema econômico, assim como o político, deva subordinar-se à lei moral -, faço questão de frisar que o mundo acadêmico e jornalístico (pois Friedman foi um excelente comunicador) perdeu um campeão da liberdade!

Mas outros surgirão. E é nosso dever formá-los.

Artigo do Mês - Ano V - Nº 56 – Novembro de 2006

O TORMENTO TRIBUTÁRIO

Desde os assim chamados pós-escolásticos, dentre os quais podemos destacar São Bernardino de Sena, Santo Antonino de Florença e Azpilcueta Navarro, sabe-se que nem todo imposto é justo e nem toda a evasão é injusta. Impostos servem para manter o Estado, cuja função principal deve ser – assim ensina a Filosofia Moral, que serviu de alicerce para o que hoje se chama de Teoria Econômica – a de servir aos cidadãos, isto é, pessoas físicas e empresas, que o sustentam exatamente para que cumpra com esta finalidade.

Mas, quando o Estado exorbita de suas funções, quando se torna grande demais a ponto de ser incapaz de resolver pequenos problemas, ao mesmo tempo em que, paradoxalmente, seu gigantismo o transforma em um ente pequeno demais para solucionar os grandes problemas, é evidente que algo está muito errado e que, portanto precisa ser corrigido.

Esperar que a correção dessa disfunção nasça no próprio Estado, que é a rigor o seu grane beneficiário, é um sonho irrealizável, porque ninguém que detenha uma fração do enorme poder político que o crescimento do setor público sempre provoca desejará ceder e, portanto, perder poder. Por isso, sabendo que a solução para nossa injustificavelmente elevada carga tributária só poderá partir de baixo para cima, dos segmentos mais informados para o

grosso da população, fazendo uma pressão social para que o Leviatã volte a ser nosso servo e abandone a mania de ser nosso senhor. Este artigo tem um intuito informativo e espera contribuir, mesmo que modestamente, para que todos comecem a conscientizar-se de que nós, brasileiros, somos explorados por um Estado perdulário e estróina, que pouco ou mesmo nada nos dá em troca.

Para que o leitor tenha uma idéia embasada em números da extorsão tributária praticada contra cidadãos e empresas “deste país”, por parte da União, estados e municípios, transcrevo abaixo dados do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário. Desnecessário comentá-los. São impressionantes. Chocantes. Alarmantes. E falam por si. Leia-os até o fim.

Eis os percentuais de tributos que você paga sobre os preços finais dos seguintes produtos:

Medicamentos - 36%; água, 29,8%; luz, 45,8%; telefone, 47,9%; gasolina, 57,0%. Produtos alimentícios básicos: carne bovina, 18,6%; frango, 17,9%; peixe, 18,0%; sal, 29,5%; trigo, 34,5%; arroz, 18,0%; óleo de soja, 37,1%; farinha, 34,5%; feijão, 18,0%; açúcar, 40,4%; leite, 33,7%; café, 36,5%; macarrão, 35,2%; margarina, 37,1%; molho de tomate, 36,7%; ervilha, 35,9%; milho verde, 37,4%; biscoito, 38,5%; chocolate, 32,0%; achocolatados, 37,8%; ovos, 21,8%; frutas, 23,0%.

Sobre produtos básicos de higiene e limpeza: sabonete, 42%; xampu, 52,4%; condicionador, 47,0%; desodorante, 47,3%; aparelho de barbear, 42,0%; papel higiênico, 10,0%; pasta de dente, 42,0%; álcool, 43,3%; detergente, 41,0%; saponáceo, 41,0%; sabão em barra, 41,0%; sabão em pó, 42,3%; desinfetante, 38,0%; água sanitária, 38,0%; esponja de aço, 45,0%.

E sobre o material escolar (sim, é isto mesmo!): caneta, 48,7%; lápis, 36,2%; borracha, 44,4%; estojo, 41,5%; pastas plásticas, 41,2%; agenda, 44,4%, papel sulfite, 39,0%; livros, 13,2%; papel, 39,0%; mochilas, 40,8%; régua, 45,9%; pincel, 36,9%; tinta plástica, 37,4%.

Sobre bebidas: refresco em pó, 38,3%; suco, 37,8%; água, 45,1%; cerveja, 5,06%; refrigerante, 47,0%.Percentuais sobre os preços de utensílios de cozinha: pratos, 44,8%; copos, 45,60%; garrafa térmica, 43,2%; talheres, 42,7%; panelas, 44,5%.

E sobre os preços dos produtos de cama, mesa e banho: toalhas (mesa e banho), 36,3%; lençol, 37,5%; travesseiro, 36,0%; cobertor, 37,4%.

Nos eletrodomésticos: fogão, 39,5%; microondas, 57,0%; ferro de passar, 44,4%;telefone celular, 41,0%; liquidificador, 43,7%; ventilador, 43,2%; refrigerador, 47,1%; vídeo, 52,1%; aparelho de som, 38,0%; computador, 38,0%; batedeira, 43,6%; roupas, 37,8%; sapatos, 37,4%.Sobre materiais de construção: casa popular, 49,0%; telha, 34,5%; tijolo, 34,2%; vaso sanitário, 44,1%; tinta, 45,8%; fertilizantes, 27,1%; móveis (estantes, cama, armários), 37,6%.

Em cima das mensalidades escolares, 37,7% (com ISS de 5%)

Sobre mais alguns itens: automóvel, 43,6%; CD, 47,3%; DVD, 51,6%; brinquedos, 42,0%; mesa de madeira, 30,6%; cadeira de madeira, 30,6%; sofá de madeira/plástico, 34,6%; armário de madeira, 30,6%; cama de madeira, 30,6%; motocicleta de até 125 cc, 44,4%; motocicleta acima de 125 cc, 49,8%; automóvel, 43,7%; bicicleta, 34,5%; vassoura, 26,3%; tapete, 34,5%; passagens aéreas, 8,7%; transporte aéreo de cargas, 8,7%; transporte rodoviário interestadual de passageiros, 16,7%; transporte rodoviário interestadual de cargas, 21,7%; transporte urbano metropolitano de passageiros, 23,0%.

“Neste país” de um povo manso e ordeiro, quem vive na verdadeira “Casa Grande” é o Estado, enquanto nós, trabalhadores e empreendedores do setor privado, ricos, remediados e pobres, vivemos na “Senzala”. Leitor, se você não tem sangue de barata, se não é uma viúva da antiga URSS nem uma carpideira do socialismo, ou mesmo se não é tem a vocação conhecida como “mulher de malandro”, tão bem desenhada por Nelson Rodrigues, comece a protestar contra esta criminosa espoliação de que é vítima, muitas vezes, sem o saber!

Artigo do Mês - Ano V - Nº 55 – Outubro de 2006

A ÉTICA EM JULGAMENTO

Ubiratan Iorio *

Outubro, mês de eleições. Eleições que deverão ser decididas desta vez não pelo desempenho da economia, mas pelo julgamento dos brasileiros sobre os valores éticos que vêm sendo tão maltratados nos últimos tempos. Este foi, embora com exceções, o ensinamento que pudemos extrair dos resultados do primeiro turno, em que, mesmo elegendo alguns corruptos convictos e contritos, o povo jogou a eleição presidencial para um segundo turno, contrariando os institutos de pesquisa que, sabe-se lá porque escusas razões, apontavam para a vitória ao Apedeuta Maior, o atual presidente, aquele que nunca viu, ouviu ou soube de qualquer coisa, desde que lhe interessasse assim agir.

“Três coisas um homem de bem não deve fazer: comprar mula

desdentada, casar com mulher mal falada e votar no PT”... A sábia frase no pára-choque daquele caminhão, em uma esburacada estrada mineira – com a ressalva de que há pessoas desinformadas, mas de bem, que ainda crêem no presidente – cabe para encabeçar este artigo, de um brasileiro que, se não se sente enganado, porque jamais votou na estrela vermelha, vem sendo sucessivamente ultrajado por tantas agressões à ética, à moral e aos bons costumes cometidas por um governo, que, no dizer do então ministro José Dirceu, “não roubava e nem deixava roubar”...

São de impressionar as contorções verbais que o referido ex-ministro e outros acólitos petistas, como Tarso Genro e Marco Aurélio Garcia, vêm espasmodicamente desenvolvendo, como se fôssemos um bando de parvos. O amigo de Waldomiro, mostrando que vergonha é palavra inexistente em seu dicionário revolucionário e tentando desviar a atenção dos leitores do escândalo do dossiê que estourou pouco antes do primeiro turno, vem tentando atribuir à oposição e à “mídia conservadora” (sic), em seus nauseabundos artigos no Jornal do Brasil – sempre revelando total ignorância em Economia -, um pretenso “moralismo farisaico” (sic), um “falso moralismo” (sic) que estaria tornando “opaca” (sic) a questão central a ser debatida na eleição. Tentativas de desqualificar os adversários com base em mentiras sempre fizeram parte dos manuais gramscianos, mas precisam ser repudiadas e desmascaradas com veemência.

Por que o moralismo seria farisaico ou falso e porque julgar quem são os agressores da ética revestiria de opacidade o pleito? Por que luar por valores morais básicos, como honestidade e compostura, em um momento grave como o atual, em que a política nacional submerge na areia movediça de tantos escândalos, seria tentar desviar a atenção dos eleitores?

Ora, quem é o grande fariseu? Quem consumiu décadas em denúncias raivosas? Quem sempre se julgou monopolista da moral? Quem, no final de

1989, derrotado por Collor, mostrou seu caráter despido de ética, montando um antipatriótico “governo paralelo”? E quem se revelou, ao assomar ao poder, absolutamente alheio a qualquer princípio moral? Não foram alguns dos principais nomes do PT, estes, sim, fariseus ideológicos, falsos moralistas, verdadeiros sepulcros caiados? E aquela montanha de dinheiro sujo para pagar o dossiê, é opaca?

A política econômica do PSDB e do PT (?), é a mesma, mas as políticas externas e os projetos políticos são bem diferentes. O Itamaraty de Lula envergonha a tradição de Rio Branco, ao abraçar, sob o comando externo de Celso Amorim, o pintassilgo do Itamaraty, e concebida por Marco Aurélio Garcia, um terceiro-mundismo equivocado, sob a égide de dois falsos teoremas: (a) “somos pobres porque “eles” são ricos” e (2) “o somatório das pobrezas é igual à riqueza”. E tome alianças com Chávez, Morales, Fidel e outras fantasmagóricas figuras que tresandam o odor de empoeirados livros tomados por traças...

Quanto aos projetos políticos, temos de um lado a social-democracia tucana, no estilo europeu, uma esquerda civilizada e, de outro, a volúpia autoritária de perpetuação no poder, que sempre norteou as ações petistas, desde que o partido foi fundado, uma esquerda raivosa.

Quem é o Grande Fariseu, senão aquele que simula desconhecer todas as bandalheiras praticadas ao seu redor? É impossível, absolutamente impossível, que o presidente não tenha tomado conhecimento delas, a não ser que, ao atributo de iletrado, acrescentemos os de alienado, poltrão, leniente e sem qualquer autoridade, de duvidosa aplicação à sua pessoa. E quem, no passado, bradou colericamente impropérios contra Sarney, Barbalho, Newtão, Quércia e Collor e que agora, em ávida busca de votos, busca agasalhar-se nessas mesmas asas, avariadas pelos ventos pretéritos de tantas acusações, formuladas por ele mesmo e por sua seqüela de súcubos e bajuladores?

É inaceitável que os petistas – alguns dos quais deveriam estar em cadeias - tentem desviar o debate da ética para a economia, pois não é esta a questão em jogo, mas uma gravíssima crise moral, protagonizada por eles próprios! Não se esqueça, leitor, de que o Procurador Geral da República referiu-se à montagem de uma quadrilha para saquear o erário e que legitimar corruptos com o seu voto não é ser mero eleitor, mas conivente e cúmplice de corrupção!

Definitivamente, não é a oposição esquerda versus direita que está em jogo, mesmo porque tanto o PSDB como o PT são, ambos, partidos de

esquerda. São valores morais e éticos que estarão sob o crivo do julgamento do povo, nessas eleições. Os brasileiros serão chamados a escolher entre carimbar a bandalheira e expulsar os “mensaleiros”, sanguessugas e demais exemplares da espécie. Esperemos que se decidam pela ética.

Artigo do Mês - Ano V - Nº 54 – Setembro de 2006

QUANDO OUTUBRO VIER...

Quando vier outubro – e restam poucos dias – os brasileiros, este povo pacífico, a

ponto de assemelhar-se a mansos cordeirinhos; alienado, ao extremo de, seguindo o exemplo do presidente do país, dar a entender que não ouviu nada, não viu nada e não sabe de nada sobre tantos escândalos; e, até certo ponto, covarde, porque só a covardia pode explicar a resignação com que vem demonstrando aceitar um oceano de corrupção e um furacão de impostos que tudo lhe tira e nada lhe dá, os brasileiros, dizia, vão eleger um novo presidente, novos governadores, senadores e deputados federais e estaduais.

Dizem, há muito tempo, que a esperança é a última que morre. Só que, infelizmente, nem a esperança é eterna. O que podemos esperar de bom das próximas eleições?

As pesquisas – das quais temos razões de sobra para desconfiar – apontam para a reeleição de Lula, aquele que, no seu próprio dizer chulo, reinventou o Brasil. “Mensalões”? “Sanquessugas”? Suspeitas sobre os assassinatos dos prefeitos de Santo André e Campinas? Uso da máquina federal em benefício do partido? Valério, Zés Genoíno e Dirceu, Humberto? Tentativas de calar a imprensa? Parece que, se as pesquisas estiverem corretas, nada disso contará...

Recuso-me a sepultar a esperança, mas é desesperador ver como a democracia funciona – ou melhor, deixa de funcionar – em nosso pobre rico país! Em qualquer nação séria, o presidente teria sofrido o impeachment, se não por participação direta nos roubos e tramóias perpetrados contra o povo, ao menos por omissão. Mas o homem está lá, firme como uma rocha, mentindo como um Pinóquio de barbas, dizendo bobagens e sandices como uma criança inocente.

No nosso maltratado Rio de Janeiro – que dizem ser a caixa de ressonância do país - o segundo turno se daria entre Lula e Heloísa Helena, de acordo com a última pesquisa do Ibope, que retrata a senadora - que consegue simular defender socialismo e liberdade a um só tempo - à frente de Alckmin, com 19% das intenções de voto. E o mais preocupante é que a referida senhora tem o melhor desempenho entre os eleitores cariocas com maior renda e escolaridade: alcança 26% dos votos entre os eleitores com ensino superior! Lula, por sua vez, tem 29% dos votos. Se a escolha de quem estudou é entre o PT ou PSOL, podemos concluir que algo de muito errado está acontecendo com o sistema de educação.

A “esquerdopatia” fluminense vai mais longe, colocando como favorita para o Senado a senhora Jandira Feghali, aquela do PCdoB da linha albanesa, um autêntico atraso em busca de idéias... E elegendo para governar o nosso surrado estado o sr. Sérgio Cabral, apoiado simplesmente pelo casal Garotinho...

Como escreveu Nelson Rodrigues, subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos... Desde o primeiro governo de Brizola o estado do Rio e, particularmente, os cariocas, vêm sofrendo um progressivo processo de degradação política e econômica, do qual parece não estarem dando a menor conta.

O carioca instruído, o mesmo que parece desejar entregar a Heloísa Helena mais de um quarto dos votos, é o mesmo que normalmente mora na zona sul, adora um chopezinho gelado no Leblon, freqüenta os restaurantes da Barra da Tijuca e usa roupas de boas grifes, não entende absolutamente nada de política ou economia, porque seus professores universitários, com raríssimas exceções, enfiaram em sua cabeça todas as falácias marxistas possíveis e imagináveis. E os impediram de exercer o mais elementar dos direitos de qualquer pessoa humana, que é o de pensar por conta própria.

Como li em uma mensagem na internet, “os cariocas se acham malandros, espertos e adoram colocar as emoções acima da razão. Depois não entendem porque os empregos estão migrando para São Paulo... É lamentável que certas pessoas jamais aprendam com os próprios erros ou com a experiência passada”.

Brizola, Moreira, Marcelo, Garotinho, Benedita e Rosinha... Isto é pior do que a escalação do “Tabajara F.C.”... Que povo pode suportar essa sucessão de demagogos sem mergulhar no enfraquecimento econômico? Será que somos mesmo “malandros”?

Como escreve o missivista da internet, “a cidade maravilhosa está infestada pela esquerda festiva. Seus representantes estão por todos os lugares. Os professores são marxistas, os jornalistas chamam o ditador Fidel Castro de presidente e os padres (aqui, uma ressalva, os padres da “teologia da libertação”) defendem o MST. Os vereadores votam

centenas de leis inconstitucionais. Isso para não falar que somos a cidade dos funcionários públicos, herança dos tempos de capital”.

Se o Rio é mesmo a cara do Brasil, mamma mia, che faccia brutta!

Artigo do Mês - Ano V - Nº 53 – Agosto de 2006

A FARSA ELEITORAL

Em tempos de campanha eleitoral, o verbo prometer é, certamente, o mais

conjugado pelos candidatos, em sua condenável caça de votos não importando a que preço, mesmo porque aquele que deveria ser alto e inexorável - o da desmoralização futura por conta do não cumprimento do prometido -, possui, em um país que nunca deu a devida importância ao capital humano e em que o sistema cultural parece inerme de cansaço e débil de valores morais, uma probabilidade de ocorrência bem perto de zero. Para não recuarmos muito no tempo, o presidente Lula e o PT estão aí para comprovar esta afirmativa. Por isso, a maioria dos candidatos promete com todas as suas forças e cumpre segundo todas as suas fraquezas.

Assim, o partido que fazia da ética a sua bandeira e que, uma vez no poder, proporcionou o espetáculo mais triste de corrupção de nossa história, ainda mostra uma falta completa de autocrítica ao pedir votos para o presidente que nada viu, de nada soube e tampouco nada escutou, bem como para seus parlamentares e pretendentes a tal; deputados, senadores e ministros sanguessugas, aparentemente não satisfeitos com o sangue tirado dos contribuintes, imploram a estes para cederem, cada um, mais alguns litros, ao longo dos próximos anos; a combativa candidata do partido cuja sigla por si só já é uma contradição total, promete que vai reduzir a taxa de juros pela metade, adotar o câmbio fixo, nada diz sobre cortar gastos correntes do Estado e ainda anuncia que não provocará inflação, façanha que, certamente, se concretizada, lhe garantiria o Nobel de Economia por unanimidade e aclamação...

A essência do jogo democrático representativo é a confiança que os eleitores precisam depositar naqueles que postulam os diversos cargos, credibilidade que só pode ter alicerces em programas bem elaborados, com pé e cabeça, princípio, meio e fim. Sem isso, corre-se o risco da encenação do triste espetáculo – da farsa! - que presenciaremos até o final de setembro. Como é lamentável ver a ambição subir

morros, sob a proteção de seus “donos”, e prometer migalhas, o populismo galgar palanques e anunciar restos, a falta de ética pôr-se à frente de uma câmera e assegurar benefícios! Migalhas, restos e benefícios que soam como palavras ao vento, mas que, infelizmente, ainda servem para garantir a muita gente diversas regalias a que os cargos a que concorrem lhes dão direito...

Para que a democracia não seja uma farsa, é necessário que os mentirosos, demagogos, malversadores do erário e congêneres sejam, a cada pleito, expurgados do poder, algo que dificilmente acontece na terra do futebol, onde milhões sequer sabem o que significam as expressões “mensalão”, “sanguessugas” e outras que denotam práticas semelhantes. Convido o leitor a verificar se o passado de alguns parlamentares e ocupantes de cargos executivos é limpo ou tisnado por práticas imorais e, em seguida, a investigar quantas vezes foram reeleitos. A conclusão será lamentavelmente triste e, se não atinarmos para o fato de que é errando que se aprende, poderemos ser tomados por uma total desesperança.

Nossa democracia ainda é uma farsa e tudo indica que continuará a sê-lo por bastante tempo. Temos o dever moral de aperfeiçoá-la, porque, mesmo sendo assim, é melhor do que qualquer sistema totalitário. A tarefa do eleitor é separar o joio do trigo.

Pelo amor de Deus, não votem em candidatos cujos nomes estejam envolvidos com qualquer forma de corrupção. Pelo bem do Brasil. Pela ética. E pelo nosso próprio bem.

Artigo do Mês - Ano V - Nº 52 – Julho de 2006

SOBRE EDUCAÇÃO

I

Com educação não se faz tudo, mas sem educação não se faz nada! Em linguagem matemática, investir em educação é condição necessária, porém não suficiente, para a prosperidade dos indivíduos e das nações. De fato, a evidência empírica de, rigorosamente, todos os países do planeta é farta em demonstrar que nem todos os que investiram em educação conseguiram desenvolver-se e melhorar o padrão de vida de seus cidadãos, mas todos os que lograram este objetivo investiram

e continuam a investir em capital humano e, portanto, em educação. Desenvolvimento, resumindo, depende de investimentos em capital humano e de boas instituições.

Se nossas instituições são precárias, por tolherem a livre iniciativa, nosso sistema educacional merece nota zero, apesar do alarde feito por sucessivos governos federais, estaduais e municipais e dos nada desprezíveis gastos públicos destinados a esse fim, incluindo as despesas com o numeroso e brancaleônico exército de pedagogos e burocratas de plantão no ministério, nas 27 secretarias estaduais e nas 5567 municipais e que consomem boa parte das verbas do setor. A questão central não é que o Estado gaste pouco em educação: é que gasta mal – e muito mal! Não vou comentar, por questão de espaço, o lamentável estado, em todo o Brasil, dos ensinos fundamental e médio – este ainda mais do que aquele -, nem a inversão ética absurda no sistema de mérito, em que as cotas representam apenas uma dentre tantas distorções; vou ficar apenas no superior, onde ensino há muito tempo, nos âmbitos público e privado.

Se as universidades privadas enfrentam problemas sérios, gerados, de um lado, por sua expansão desenfreada e, de outro, por altos índices de inadimplência, as públicas também vão mal. A situação da UERJ – onde sou Professor e ex-Diretor da Faculdade de Ciências Econômicas – é deplorável, tanto quanto a da maioria das universidades públicas. Não se trata de buscar os culpados hoje, porque a situação vem se deteriorando ano após ano e não se pode tampouco culpar a “falta de verbas”, porque elas existem, embora, no caso da UERJ, venham sendo cortadas por questões políticas.

A universidade pública padece de doenças graves. A primeira é a “democratite aguda”, com eleições diretas para muitos cargos e um “assembleísmo” que tudo decide, em reuniões que mais parecem convenções de partidos. A segunda é a sua apropriação quase total por professores socialistas - que ainda parecem lutar contra uma “ditadura” que terminou em 1985 -, por “entidades” (nada espirituais) e “movimentos sociais”, assim como por representações dos partidos políticos de esquerda, que instalam barraquinhas nos campi, agredindo duplamente o próprio conceito de universidade, ao só darem espaço para as suas crenças e ao inverterem a máxima de que o certo é que as idéias brotem nas universidades e sejam adotadas pelos partidos e não o oposto. A terceira é uma formidável crise de gestão, fortemente correlacionada com as duas primeiras, em que diretores não conseguem dirigir, chefes não podem chefiar e reitores são impedidos de reger, porque essas prerrogativas – tão óbvias! – são vistas como “ranço autoritário”, além de uma crônica ausência de informações, de indicadores e de incentivos para maior eficiência no uso de recursos e na premiação dos melhores. A quarta é uma centralização de recursos que torna as unidades de ensino dependentes das administrações centrais, bem nos moldes socialistas, tornando cada diretor – que deveria ser um gestor – um mero ser destinado a obter recursos pela via política e a esbarrar na incrível burocracia. A quinta é a gratuidade a todos os alunos, socialmente iníqua e agravante da penúria financeira: o auxílio aos estudantes pobres

deveria dar-se por bolsas e crédito educativo e os que podem pagar deveriam fazê-lo. Por fim, a sexta é a patologia chamada MEC, sempre arrogante, ineficiente, burocrático e centralizador.

II

O Estado tem um importante papel a desempenhar na educação. Pode-se discutir se deve exercê-lo direta ou indiretamente, gastando em escolas, universidades e em burocracia ou mediante bolsas ou créditos a serem ressarcidos a posteriori. Mas não se pode aceitar, sob qualquer hipótese, que use o seu poder coercitivo para doutrinar, ao invés de educar. Infelizmente, a história está cheia de exemplos do uso da educação como instrumento de inoculação de vieses ideológicos na juventude, para que possa servir a intentos totalitários de governantes. Nisto, esquerda e direita não divergem.

Na carta encíclica "Non abbiamo bisogno" (Não temos necessidade), de 29 de junho de 1931, o Papa Pio XI, ao criticar o fascismo que já dominava o panorama cultural italiano e perseguia quem se lhe opusesse, ressalta como o modelo educacional adotado na Itália transformava a juventude em vítima perfeita para o totalitarismo de direita que acabou arruinando o país, afirmando, no parágrafo 27, o seguinte: "Eis-nos ante um conjunto de autênticas afirmações e de fatos não menos verídicos, que não deixam dúvida quanto ao propósito, já executado em sua grande parte, de monopolizar completamente a juventude, desde os primeiros anos até à idade viril, em proveito pleno e exclusivo de um partido e de um regime, sobre a base de uma ideologia que explicitamente se resolve numa verdadeira estatolatria pagã, em flagrante contradição tanto com os direitos naturais da família como com os sobrenaturais da Igreja”.

Quando o Estado reivindica o monopólio escolar, ou atribui a si a tarefa de estabelecer as grades curriculares e os seus conteúdos, está exorbitando dos seus direitos, ultrapassando as suas funções e maculando a justiça. É aos pais que competem os direitos de escolher as escolas às quais desejam enviar seus próprios filhos e de criar e manter centros educacionais de acordo com suas próprias convicções. O Estado não pode, sem injustiça, apenas tolerar com desconfiança as escolas privadas, que prestam serviços para a sociedade e têm, portanto, o direito de exercer suas importantes tarefas sem qualquer interferência política ou doutrinária por parte do poder público.

O MEC vem arrogando a si, há bastante tempo, o estabelecimento dos currículos escolares em todos os níveis, amordaçando a liberdade de escolha, sufocando a criatividade e – o que é extremamente preocupante – politizando algo que não deve ser politizado. Lembro-me, sem saudade, das enormes limitações que

enfrentei quando montei o currículo de graduação em Economia para uma das melhores faculdades privadas do país, nos idos de 1994: a lei que estabelecia o currículo obrigatório mínimo, simplesmente, impedia a criação de um curso moderno, voltado para as demandas por profissionais atualizados com o mundo. Recordo-me, também, quando, como diretor da Faculdade de Ciências Econômicas da UERJ, tive que fazer sala para a comissão de “notáveis” designada pelo ministério para avaliar as condições de oferta da instituição, com critérios que soavam como um cântico de louvor à burocracia mais empedernida.

O governo atual vem tentando realizar, pela esquerda, o que Benito Mussolini fez pela direita, ou seja, procurando fazer germinar nas universidades as sementes serôdias do pensamento socialista, já plantadas pela maioria dos professores de História e Geografia desde o ensino básico. A proposta inicial de “reforma” do ensino superior do governo do PT, em que até universidades privadas passariam a ser controladas pelos chamados “movimentos sociais” (sindicatos, CUT, MST e outros), foi uma aberração tão grande que foi reformulada algumas vezes, mas, mesmo no estágio atual, permanece como prova inconteste de que o PT, também na educação, é um partido fascista, travestido de democrata.

Para essa gente, a cadeira de “Macroeconomia”, por exemplo, talvez devesse ser substituída por algo como “Invasões do Congresso e de Outras Propriedades Alheias”...

III

Os termos educação “liberal” e sociedade “livre” vêm da mesma fonte, da noção clássica de que podemos e devemos primeiramente governar a nós mesmos, de que tal regra está em nosso poder pessoal. Uma sociedade “livre” quer dizer uma sociedade composta por pessoas que de fato se regem a si mesmas, antes de tentar governar as demais. Regras impostas às demais pessoas são posteriores à liberdade auto-disciplinada. A palavra “livre” numa sociedade livre não se refere à capacidade de fazer tudo o que tivermos vontade de fazer, não importando o que seja. A definição clássica e pejorativa de democracia surge da liberdade indisciplinada que sobreleva a importância do que é escolhermos. Os filhos dos cidadãos atenienses que deixaram as famílias sem a capacidade de se auto-governarem, como nos conta Aristóteles (384-322 a.C.) no final da “Ética a Nicômaco”, requer um poder político de coerção para conter essa desordem interna de forma que não pudesse injustamente causar mal a outrem. Portanto, liberdade é, primeiramente, uma disposição interior e um hábito adquirido com o qual governamos a nós mesmos. Não se refere a fazer o que quer que seja, mas a fazer o que é certo, valoroso e nobre.

O propósito essencial da educação liberal é precisamente nos permitir ser livres para governar, dar e conhecer – governar a nós mesmos, dar a nossa abundância para os outros e conhecer qual é a verdade das coisas, a verdade das coisas do homem, e no que pudermos alcançar a verdade das coisas divinas.

Portanto, liberdade é, primeiramente, uma disposição interior e um hábito adquirido com o qual governamos a nós mesmos. Não se refere a fazer o que quer que seja, mas a fazer o que é certo, valoroso e nobre.

Também precisamos governar a nós mesmos para algum propósito. Traficantes, ladrões e quadrilheiros – oficiais ou não - são muitas vezes “disciplinados”, no modo de permitir que alcancem, com certa habilidade, algo indigno. Portanto, é possível governarmos a nós mesmos tanto para um propósito perverso quanto para um propósito nobre, sabendo muito bem a diferença entre um e outro. Além disso, é difícil ver o que possa ser um propósito nobre se primeiramente não formos conduzidos e habituados de modo apropriado. Essa capacidade de auto-governo requer mais do que conhecimento, requer esforço, escolha e experimentação.

No recente "Compêndio da Doutrina Social da Igreja", promulgado em 2 de abril de 2004 pelo "Pontifício Conselho Justiça e Paz" encontramos no Capítulo V (A família, célula vital da sociedade), do parágrafo 238 ao 243, uma seção dedicada "A tarefa educativa da família". Dentre as inúmeras advertências, destacamos:

"Com a obra educativa, a família forma o homem para a plenitude da sua dignidade pessoal, segundo todas as suas dimensões, inclusive a social. A família constitui, efetivamente, 'uma comunidade de amor e solidariedade, insubstituível para o ensino e a trasmissão dos valores culturais, éticos, sociais, espirituais e religiosos, essenciais para o desenvolvimento e bem-estar de seus próprios membros e da sociedade' (Santa Sé. 'Carta dos Direitos da Família'. 1983, artigo 3). Exercendo a sua missão educativa a família contribui para o bem comum e constitui a primeira escola das virtudes sociais, de que todas as sociedades necessitam. As pessoas são ajudadas, em família, a crescer na liberdade e na responsabilidade, requisitos indispensáveis para assumir qualquer tarefa na sociedade. Com educação, ademais, são comunicados, para serem assimilados e tornados próprios por cada um, alguns valores fundamentais, necessários para serem cidadãos livres, honestos e responsáveis"(238).

"A família tem um papel todo original e insubstituível na educação dos fillhos. (...) O direito-dever dos pais de educar a prole se qualifica 'como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e, portanto, não delegável totalmente

a outros ou por eles usurpável”. (João Paulo II. Exortação Apostólica 'Familiaris consortio'. 1982, parágrafo 36. / 'Catecismo da Igreja Católica'. parágrafo 2221)" (239).

"Os pais são os primeiros, mas não os únicos, educadores de seus filhos. Compete, pois, a eles exercer com sentido de responsabilidade a sua obra educativa em colaboração estreita e vigilante com os organismos civis e eclesiais (...) Os pais tem o direito de escolher os instrumentos formativos correspondentes às próprias convicções e de buscar os meios que possam ajudá-los da melhor maneira na sua tarefa de educadores, mesmo no âmbito espiritual e religioso. As autoridades públicas têm o dever de garantir tal direito e de assegurar as condições concretas que permitem o seu exercício (Concílio Vaticano II. Decreto 'Gravissimun educationis'. 1966, parágrafo 6. / 'Catecismo da Igreja Católica', parágrafo 2229). Neste contexto, se coloca, antes de mais, o tema da colaboração entre a família e a instituição escolar"(240).

"Os pais têm o direito de fundar e manter instituições educativas. As autoridades públicas devem assegurar que se distribuam subvenções públicas de modo tal que os pais sejam verdadeiramente livres para exercer este direito, sem ter de suportar ônus injustos. Os pais não devem ser constrangidos a fazer, nem direta nem indiretamente, despesas suplementares que impeçam ou limitem injustamente o exercício desta liberdade' (Santa Sé. 'Carta dos Direitos da Família'. 1983, artigo 5. / Concílio Vaticano II. Declaração 'Dignitatis humanae'. 1966, parágrafo 5). (...)" (241).

CONCLUSÃO

Uma frase resume tudo: não existe educação liberal no Brasil e estamos cada vez mais nos distanciando dela.

Artigo do Mês - Ano V - Nº 51 – Junho de 2006

O “MILAGRE” DO TIGRE CELTA

Bons exemplos devem ser sempre divulgados, por isso é importante descrevermos o da Irlanda – o novo “Tigre Celta” –, com as políticas econômicas que vem adotando desde meados dos anos 70 e que têm levado aquela ilha a quase três décadas de prosperidade. Desde a obtenção de sua independência, em 1921, a Irlanda seguiu a trilha do nacionalismo paternalista, com a conhecida combinação de tarifas protecionistas, legislação avessa ao capital estrangeiro e forte presença de empresas estatais na economia. Tais políticas levaram o país, nos anos 70, a ser um dos mais pobres da Europa, uma economia basicamente agrícola, com taxa de desemprego média da ordem de 16% e uma relação dívida interna pública/PIB que ascendeu aos 160%.

Desde o ingresso na União Européia, em 1973, houve mudanças graduais, porém ininterruptas, aceleradas nos últimos anos, na política econômica e hoje o sucesso irlandês é conhecido como “o milagre do Tigre Celta”: baixa taxa de desemprego (em torno de 4%), forte queda na relação dívida/PIB (atualmente abaixo de 30%) e elevadíssimas taxas de crescimento do PIB (9% ao ano, entre 1995 e 2000 e 4% entre 2001 e 2005). Mas, como não existem milagres em economia, o sucesso do novo felino deve-se, então a que santos? Basicamente, aos três seguintes: (a) liberdade individual e respeito à propriedade privada; (b) economia de mercado e (c) governo limitado.

De fato, o arcabouço jurídico-institucional irlandês impede qualquer possibilidade de expropriação da propriedade, os acordos contratuais são seguros e tanto o judiciário como a administração pública são profissionalizados, não politizados e primam pela competência. Por esses motivos, a Irlanda é uma das economias de menor risco para as empresas que desejam investir. Como há liberdade de comércio quase completa e não existem barreiras para a entrada e a saída de capitais, as multinacionais mais importantes do mundo desembarcaram recursos volumosos no país e, muitas vezes, o elegeram como a matriz de seus negócios. Entre todos os membros da União Européia, o país foi, até o momento, o que recebeu o maior volume de investimentos externos per capita, praticamente o triplo do segundo colocado, a Holanda. O novo tigre europeu transformou-se em um centro de indústrias de software e de engenharia, que chegaram em 1997 a representar 54% do emprego gerado por firmas estrangeiras. A renda per capita, que era 63% da do Reino Unido nos anos 70, vem crescendo 9% ao ano e hoje atinge US$ 25.500, já superior à do Reino Unido, que é de US $ 22.300. A agricultura, que representava 43% do emprego até os anos 60 do século passado, hoje responde por menos do que 8%, enquanto o setor terciário – o grande gerador do crescimento sustentado no mundo atual – dobrou a sua participação, chegando hoje a gerar 65% do total de empregos.

A afirmativa de que tal desenvolvimento deve-se à ajuda recebida da UE na forma de incentivos e subsídios é falaciosa, porque outras nações que recebem o

mesmo auxílio, como Portugal, Grécia e Espanha, não obtiveram performances similares: entre 1990 e 2000, o crescimento médio do PIB foi de 2,6% ao ano em Portugal, de 2,5% na Espanha e de 2,2 na Grécia, enquanto na Irlanda foi de 7%. O Estado participa de apenas 13,3% do PIB e de 3,8% dos fluxos de investimentos produtivos. A taxa de inflação oscila entre 4% e 5% ao ano, desde 1993. A carga tributária sobre as empresas é de razoáveis 12,5% do PIB. Embora a Irlanda participe da política agrícola de subsídios da UE, é o mercado que determina a imensa maioria dos preços.

Enquanto isso, no Brasil e na América Latina, figuras que parecem emergentes de tumbas falam em abandonar um modelo “neoliberal” que jamais existiu aqui...

O caso irlandês demonstra cabalmente que a liberdade é o principal insumo para o progresso dos indivíduos e, portanto, das nações e nos permite extrair importantes lições e desmascarar diversos mitos cuidadosamente cultivados pela seita dos adoradores do Estado.

A primeira quimera a ruir é a de que os países com economias mais fracas tendem a ser prejudicados por alianças comerciais com economias mais fortes: é exatamente o contrário, porque tende a ocorrer uma convergência de salários e de outras rendas auferidas nos primeiros, no sentido de igualarem-se ou atingirem valores próximos aos dos segundos e, em alguns casos, podendo até superá-los, como demonstra a experiência irlandesa. A Irlanda é hoje um lugar seguro para investimentos externos, pela tranqüilidade proporcionada por seu sistema jurídico, bem como pelos custos menores de produção derivados de sua baixa carga tributária r trabalhista.

A segunda fábula demolida pelo tigre celta é a de que não é possível reduzir substancialmente dívidas públicas mediante a manutenção de uma trajetória de equilíbrio fiscal: também nesse caso, deu-se o oposto, uma queda da relação dívida interna/PIB de 140% para menos de 30%, acompanhada de um longo período prolongado de crescimento com altas taxas.

A terceira alegoria a ruir é a de que os investimentos externos substituem o trabalho local e empobrecem o país: mais uma vez, aconteceu o contrário, com a expressiva queda da taxa de desemprego de 16% para 4%, na presença de musculosos fluxos de investimentos estrangeiros, que geraram - como demonstra a experiência que analisamos - empregos genuínos, ou seja, naturais, não “forçados” artificialmente pelo Estado e, assim, contribuíram para o desenvolvimento econômico.

A quarta mentira desmascarada é a de que a abertura econômica, quando promovida por países pobres, tende a estimular o capital “especulativo”, de curtíssimo prazo: outra vez, deu-se a antítese dessa bobagem, porque a liberalização da economia, a ausência de controles de capital e a segurança de manutenção das regras do jogo atraíram capitais de longo prazo.

Outro logro despido pela Irlanda é o de que existem problemas e fatores “estruturais” que impedem o equilíbrio fiscal: novamente, a máscara caiu, porque a Irlanda, ao mesmo tempo, de forma contínua e sem interrupções, reduziu a relação gastos públicos/PIB, diminuiu fortemente a carga tributária, manteve a inflação baixa e fez cair drasticamente a relação dívida interna/PIB, mostrando claramente que, eliminando-se agências governamentais, privatizando-se empresas públicas e enxugando a máquina estatal pode-se atingir o equilíbrio fiscal intertemporal. Mais ainda, o caso irlandês mostra que é perfeitamente possível reduzir a carga tributária simultaneamente com as reformas liberais do Estado e com a redução da dívida pública!

O mito final desfeito é o de que, em países pobres, seria essencial a presença do Estado no setor financeiro: na Irlanda, o estado privatizou o Banco ACC em 2002, o que significou a sua retirada do sistema financeiro, enquanto a presença no país de bancos estrangeiros aumentou substancialmente, mostrando que a privatização de bancos estatais fortalece, ao invés de enfraquecer, o setor financeiro.

O Brasil e a América Latina precisam seguir o exemplo do Tigre Celta, adotando políticas econômicas semelhantes, que enfatizem a propriedade privada, a liberdade individual, a economia de mercado, o princípio da limitação do Governo e a abertura comercial. Mas isso, pelo andar da carruagem, ainda não passa de um sonho de “neoliberais entreguistas dilapidadores do patrimônio público e sem consciência social”...

Artigo do Mês - Ano V - Nº 50 – Maio de 2006

UM CASO TÍPICO DE INSANIDADE

Nosso Grande Apedeuta, Luiz Inácio, declarou recentemente que o sistema brasileiro de saúde estaria próximo da perfeição. Ele, que nada vê, ouve ou sabe

sobre a quadrilha que, segundo o Procurador-Geral da República, formou-se ao seu redor – o chamado “Núcleo Duro” – para assaltar os cofres do país; ele, que sequer comenta as acusações de favorecimento para si e sua filha, por parte de seu companheiro Okamotto; repentinamente, ele, o mesmo Lula, que também fecha a boca para as denúncias de vultosas quantias depositadas na conta da empresa de seu filho pela Telemar, subitamente deixa a cegueira, a surdez e a alienação de lado para soltar de sua boquirrota boca esta pérola sobre as condições da saúde pública no Brasil!

O povo brasileiro pode não ter instrução média razoável, mas está longe de ser idiota como o sr. pensa, presidente! O sr. é tão alienado, ou mesmo autista, para crer que não há filas, não é necessário madrugar em hospitais e postos públicos de saúde, as condições dos mesmos são excelentes, médicos e enfermeiras são remunerados dignamente, existe segurança e há abundância de equipamentos e medicamentos?

Este é o mundo de Lula, o Grande Apedeuta, um mundo que só ele vê, ouve e diz conhecer! Será que pensa o mesmo da educação pública, da previdência pública, da infra-estrutura e da segurança pública?

Sr. Presidente, como um brasileiro que trabalha de graça para o governo até exatamente, por coincidência, o dia do próprio aniversário, 24 de maio, para pagar os borbotões de tributos que seu governo só fez crescer; como cidadão “deste país” que, por não confiar no sistema de saúde em que o senhor deposita toda a sua confiança, nem no sistema de educação pública e tampouco no de previdência estatal e que ainda é forçado, como “contribuinte” compulsório, a arcar com os custos vultosos de uma corrupção jamais vista com a coisa pública e que ainda tem que trabalhar do dia 25 de maio até o último terço do mês de agosto de cada ano para pagar planos de saúde privados, escolas para meus filhos e planos de previdência complementar, revolta-me, causa indignação, entre tantas outras, a sua afirmação!

Nenhum país vai para frente, Excelentíssimo sr. Apedeuta, com tantos impostos, com alíquotas tão altas e com tanta malversação dos recursos públicos, que o seu governo só fez aumentar; nenhuma nação conseguiu desenvolver-se sem o mínimo de liberdade de escolha outorgada aos cidadãos, algo que seu governo da estrela antes vermelha e agora desbotada de vergonha vem desrespeitando continuamente!

Este humilde economista acaba de preencher a “Declaração de Ajuste Anual” de rendimentos, o pior dia do ano para os cidadãos “deste país”... Somos tratados como suspeitos pela Secretaria da Receita Federal, temos que dar conta de toda a nossa vida para o tal leão, que mais mereceria ser conhecido como hiena, porque ainda ri na nossa cara, ao apoderar-se das migalhas que nos sobram, do final de agosto até o último dia de cada ano. E olhe que não quero comentar, por falta de

conhecimento que me permitisse fazê-lo, as denúncias veiculadas pela revista Veja do último fim de semana, a respeito de operações, digamos, “pouco éticas”, de altos funcionários desse covarde rei das selvas, a começar pelo próprio secretário da Receita e pelo que exerceu o mesmo cargo no governo de seu antecessor.

Estes problemas de super-tributação e de malversação dos recursos públicos são anteriores ao seu governo, mas é evidente que, no seu período comandando o país do alto de seu Aero-Lula, eles só têm se amplificado.

Posso ser humilde, mas estou longe de ser um idiota e nunca me passou pela cabeça abaixá-la diante de ninguém, seja poderoso ou não! Sinto-me tungado, afanado, roubado, enganado, ludibriado. Para onde vão os recursos que me são subtraídos e de minha família? Mesmo se fossem para os mais necessitados, a carga tributária elevadíssima, a burocracia pesada, a corrupção enraizada e o fato de ter que pagar por duas saúdes, duas previdências e duas educações - a pública e a privada – já seria profundamente injusto, sr. Apedeuta-Mor! Mas o fato – claro, transparente, insofismável e conhecido até pelos paralelepípedos de que falava Nelson Rodrigues –, é que o dinheiro que suo para ganhar não vai para os pobres, ou o sr. tem o desplante de achar que sou também um idiota e acredito nessa balela das esmolas que seu governo vem distribuindo para ganhar votos?

Com a autoridade de um profissional que procura ser ético no exercício de suas atribuições e a de um brasileiro, afirmo – abertamente! – que sua declaração sobre o estado da saúde pública no Brasil configura um caso típico de insanidade. Só não sei se é mental e inconsciente ou eleitoreira e premeditada. Talvez, as duas...

Não sei se o sr. vai ler este artigo-desabafo mesmo porque sei que o sr. não é chegado a ler coisa alguma, porque pode puxar pela cabeça... Mas ele está aqui e tenho a convicção de que a imensa maioria dos brasileiros concorda com o que está sendo afirmado.

Sr. Luiz da Silva, por que não tenta buscar algum tipo de tratamento em um hospital público, mas sem apresentar-se como presidente? Corte a barba, encolha a barriga, vista as roupas que vestia quando ainda trabalhava e mantenha apenas o linguajar, que é o mesmo daqueles tempos difíceis. Garanto que sentirá, se restar um mínimo de dignidade em meio à insanidade que vêm denotando suas declarações, vergonha do Presidente Lula, em quem 52 milhões de incautos confiaram em 2002.

Amigos, sentar no meio-fio e chorar lágrimas de esguicho não adianta! Temos que enfrentar essa situação de peito aberto, fazer uma limpeza no Congresso e no Executivo em outubro e cobrar de todos os candidatos programas de governo. Mas como cobrar de quem não os tem?

Artigo do Mês - Ano V - Nº 49 – Abrilde 2006

DEMOCRACIA NELES! A desbragada asneira, a espevitada bandalheira, a descarada roubalheira, o

solerte aparelhamento do Estado pelo partido e o absoluto desprezo pela lei, por parte deste governo, compõem uma sinfonia de terror, uma orquestração macabra para esmagar os cidadãos de bem. São tantos massacres à paciência do eleitor, e a tamanha velocidade, que fazem de Catilina um aprendiz e do campeão Schumacher uma sonolenta tartaruga... O “democrático” partido da estrela vermelha – enrubescida agora pela vergonha! - comprova, a cada dia, que seu ethos, é autoritário e, portanto, que deve ser tratado como as saúvas: ou o derrotamos com o inseticida mortal do voto ou poderá causar ainda mais danos ao Brasil...

Pelo voto, porque qualquer outro tratamento os fortaleceria depois de algum tempo, os transformaria de verdadeiros carrascos em vitimas de um “golpe” e provocaria, depois de alguns anos, sua volta “gloriosa” e com direito a polpudas indenizações pelo erário, tal como aconteceu e ainda ocorre com os que, no governo de Jango, desejavam transformar o Brasil em uma república socialista e que hoje posam de heróis e com os guerrilheiros do Araguaia, traidores da Pátria que ostentam em seus currículos a vileza de sua traição como um gesto de destemido “heroísmo”.

Eis a lição, clara e irrefutável, que 39 meses dessa gente no poder nos passa: o PT jamais foi um partido verdadeiramente democrático, apenas usou e abusou da fantasia da democracia para ocultar seus verdadeiros intentos de implantação do socialismo em nosso país! Para esse fim, reza a cartilha de Gramsci, quaisquer meios são válidos, inclusive a corrupção, o domínio progressivo do Executivo sobre os outros poderes e a abolição paulatina das liberdades individuais. Eis alguns parcos exemplos dos porcos atos praticados por este governo, o pior de toda a nossa história.

O Executivo festeiro a tentar, despudoradamente, transformar em criminoso o caseiro que sabia de coisas sérias, tiro que lhe saiu pela culatra e que levou à queda de Palocci; a untuosa, patusca e patética deputada que, para impedir a cassação de um “companheiro”, teve o desplante de ler um documento de mais de 80 páginas na mesa do plenário – façanha merecedora de figurar no “Guiness” – a superar-se, executando aqueles passos desengonçados de uma dança animada pelo som de sua absoluta falta de decoro; o presidente apedeuta, como sempre, a bradar que de nada

sabia, sabe ou saberá – ou seja, assinando o atestado de sua própria incompetência - e a acusar a oposição de um suposto “golpe” para desestabilizar o seu ridículo governo; Dirceu, o ex-membro do triunvirato que governou o país até agosto do ano passado, a escrever, com a arrogância que lhe é peculiar, que o próximo passo na implantação da TV digital seria o seu “controle social” (?), deixando, de mencionar que os moldes do mesmo obviamente seriam os de seus ídolos Fidel e Hugo - o que não é novidade, para quem tentou empurrar pela goela dos brasileiros o ditatorial Conselho Nacional de Jornalismo e o autoritário Ancinave; o Judiciário, sobre o qual precisam repousar as garantias das instituições democráticas, a atuar várias vezes de forma a suscitar naturais suspeitas de sua politização e cooptação pelo Executivo; os infindáveis “pedidos de vista” por parte de parlamentares petistas, com o mero intuito de retardar cassações; as seguidas absolvições, no Congresso, de políticos acusados de corrupção, a exalar o almíscar das pizzas; estatais, como a Caixa, a estuprar o sigilo bancário alheio, em total arrepio à lei, para servir aos interesses do governo; a complacência oficial para com os criminosos da Via Campesina que incitam as mulheres bandoleiras guerrilheiras do MST a invadir e a depredar propriedades privadas, desonrando as valorosas mulheres de verdade, que trabalham, estudam, cuidam de filhos, de maridos e de suas casas com amor.

Okamotos, delúbios, dudas, genoínos, silvinhos “land hovers”, um irmão do apedeuta que se valeu dessa condição para obter ganhos, um de seus filhos sendo agraciado pela Telemar com R$ 5 milhões (talvez, com R$ 15 milhões), todas essas aberrações e outras precisam ser investigadas e vêm sendo bloqueadas pela “justiça”, que ora os livra de prestar depoimentos, ora os unge com a veste fétida do “direito de não dizer nada”. Assim como apareceu um Francenildo, humilde, porém corajoso, haverão de surgir outros, para desnudar toda essa sujeira!

É tempo de parar-se de “blindar” o presidente! Se um amigo paga-lhe as contas, se depositam milhões na empresa de um de seus filhos, se roubam debaixo de seu nariz e ele diz que de nada soube ou sabe, então, no mínimo, é um alienado, um idiota, um pai ausente e, portanto, despreparado para ser o presidente de uma nação com 180 milhões de habitantes. É caso, claríssimo, para “impeahment”!

Escribas do tempo dos almanaques, em que se amarravam cachorros com lingüiças, a proclamarem enormes bobagens sobre o liberalismo, arrotando falsa erudição, apenas para aspergirem nos incautos o líquido nauseabundo de sua má fé ideológica, batendo sempre na amarelecida tecla de que a pobreza de João é explicada exclusivamente pela riqueza de Pedro; receitando açúcar para sociedades diabéticas, ao idolatrarem o Estado e a política, onde o primeiro já é inchado e a segunda só tem servido para explorar os contribuintes e persistindo na premeditada falácia de tentar qualificar o governo Lula como neoliberal, quando, na verdade, é um governo de esquerda, autoritário, que inchou o Estado, promoveu a tomada deste

pelo partido, lotou as estatais de companheiros e parentes destes e aumentou sem piedade a carga tributária.

É evidente que o mercado não é um deus, mas isto não nos permite eleger a política como sua substituta. Ambos, economia de mercado e política, são instituições humanas e, portanto, apresentam falhas. Assim como há políticos que pensam no bem comum e os que pensam no próprio bem, há, também, mercados de mamadeiras e de drogas, que funcionam perfeitamente, os primeiros para o bem e os segundos para o mal. Aliás, a própria atividade política nada mais é do que um mercado, a serviço de interesses próprios...

Democracia neles! Os eleitores são como o elefante que, se soubesse a força que tem, desbancaria o leão do trono de rei dos animais. Nunca, “neste país”, votar bem será tão importante como neste ano! Fora com essas saúvas autoritárias, arrogantes, mentirosas e incompetentes!

Basta de PT e de “esquerdopatas”! Ou acabamos com eles, com destemor, coragem e amor à nossa terra, ou eles a transformarão em um presídio de idéias!

Artigo do Mês - Ano V - Nº 48 – Março de 2006

POR QUE A VIOLÊNCIA INTERESSA À ESQUERDA?

Nada mais verdadeira do que a afirmação do filósofo Olavo de Carvalho em

seu artigo da última quinta-feira no Jornal do Brasil, de que o crescimento do banditismo e da violência insuportável que assola as grandes cidades guarda forte correlação com a ascensão de governos – locais e, agora, em nível nacional – de esquerda. É uma constatação irrefutável e nem mil estratagemas podem desalojar a verdade que contém.

É gritantemente evidente que a causa da violência urbana e rural, bem como da proliferação de toda a sorte de vícios, só pode ser encontrada no relativismo moral, que o Papa Bento XVI, logo nos primeiros dias de seu Pontificado, apontou como o grande mal do mundo de hoje.

Quando esse relativismo endossado, praticado e estimulado pelas esquerdas em todo o mundo -, em que a culpa por crimes, desde o roubo de galinhas até assassinatos, passando por seqüestros, estupros e outras monstruosidades, é solertemente desviada de seus autores reais para entes tão abstratos quanto impalpáveis, como “pobreza”, “má distribuição de renda”, “capitalismo” ou “neoliberalismo”, é combinado com a idéia doentia de implantação do modelo socialista, chega-se ao lastimável estado em que se encontra a segurança pública no Brasil. Faz parte claramente da estratégia “esquerdopata” para a implantação do “outro mundo possível” a desagregação da sociedade, haja vista a semeadura do ódio que seus mentores e pretensos “intelectuais” lançam diariamente, de negros contra brancos, homens contra mulheres, heterossexuais contra homossexuais, “elites” contra “povo”, bem sucedidos contra os que não tiveram igualdade de oportunidades; integra seu torpe jogo a defesa do aborto, a título de “libertação” da mulher; alinha seu abominável arsenal midiático a execração da Europa e dos Estados Unidos e a defesa de narcotraficantes e terroristas internacionais.

Sim, tudo isto e muito mais está em seu repertório, em que seus fins execráveis de instalar nos trópicos algo como a desmoronada União Soviética ou a patética Cuba – afinal, há malucos para tudo - justificam quaisquer meios, mesmo que entre estes esteja o de acobertar ou, até mesmo, o de incrementar a violência, para desmontar a coesão social e econômica e, assim, permitir ao partido no poder a oportunidade de estabelecer a “redenção” – que prefiro chamar de servidão ao Estado. Até o ex-presidente Fernando Henrique, na mesma entrevista que lhe valeu um processo, por ter declarado que “a ética do PT é roubar” não deixou de afirmar que “eles não fazem isto por mal”, mas porque acreditam que é o melhor para o país... Como? Não fazem por mal? Então, o que seria o “mal”?

No Rio, até então a mais maravilhosa de nossas cidades, tudo começou no governo de Brizola, com aquela história – capaz de render muitos votos – de “polícia cidadã” e, desde então, já que os governos que se lhe seguiram emanaram quase todos da mesma fonte (Marcelo Alencar, os Garotinhos e César Maia nasceram nas hostes do “último caudilho”), o problema não fez senão crescer, sempre com o apoio da mídia, que sempre prefere criticar a violência policial e acobertar bandidos do que tratar a coisa como deve ser tratada. Para princípio de conversa, “polícia cidadã” é um mero pleonasmo, usado para enganar trouxas que são incapazes de pensar. Polícia é polícia e existe para combater o crime, ou não? Imaginem um coronel da PM invadindo um presídio em rebelião e dirigindo-se aos chefes da mesma nestes

termos: “Senhores meliantes, gostaria de pedir-lhes o obséquio de deporem as armas e entregar-se”...

Em nível federal, o PT nada mais fez do que repetir o discurso velho, desgastado, roto, esfarrapado e mentiroso de buscar causas “sociais” para justificar e deixar de combater com coragem e determinação o crime, para desespero da maioria dos cidadãos – da favela e do asfalto -, que vivem apavorados e engaiolados, prisioneiros do medo.

Se tivermos que esperar por uma “redistribuição de renda” ou por uma sociedade “igualitária” para nos sentirmos mais seguros, é melhor esquecermos... Mesmo porque, nos países socialistas, até parece que não existe violência... As diferenças são apenas duas: primeira, a mídia a oculta e, segunda, os criminosos são sumariamente executados...

Cadê os presídios que este governo prometeu construir? Para que tem servido a tal Força de Segurança Nacional? Onde está o reforço no aparelhamento e na inteligência das polícias? Por que abrandaram as penas sobre crimes hediondos? Será que em suas cabeças, todos os pobres – e existem milhões deles! – são criminosos ou têm algo como um salvo-conduto “social” para um dia virem a sê-lo?

Os cidadãos honestos – sejam pobres, ricos ou remediados -, mais do que nunca, têm que usar o seu voto para porem um fim a esta prestidigitação do “social”! Basta de tergiversações e divagações “esquerdopatas”, que só encontram eco em regiões povoadas por ignorantes, como a América Latina!

Queremos o nosso direito à segurança pública!

Artigo do Mês - Ano V - Nº 47 – Fevereiro de 2006

EM FEVEREIRO... TEM CARNAVAL!

Ubiratan Iorio

Não tenho Fusca, nem violão, nem nenhuma nega chamada Teresa e muito menos sou Flamengo: pelo contrário, tenho um Ford, um piano, minha doce esposa é loura e sou Fluminense! Portanto, a velha canção de Jorge Ben – que depois virou Jorge Ben-Jor –, em princípio, nada teria a ver comigo. Mas tem e a razão é simples: assim como o compositor popular, que, mesmo sendo rubro-negro,

consegue ser bastante talentoso, sou carioca e, portanto, brasileiro! E, “neste país” de um presidente que se orgulha de ser apedeuta e de fazer apologia à falta de cultura, em fevereiro tem carnaval, o que importa, para quem conhece a alma de nosso povo, que nada mais importa...

Carnaval em ano de eleições, com o governo envolto nas negras brumas de uma crise ética inacreditável, é uma ótima oportunidade para fazer o povo esquecer as denúncias, que perdem importância diante da transcendental relevância das escolas de samba, dos trios elétricos, das praias lotadas, da cerveja, das modelos despidas (de vergonha e de roupas) e da folia. A Rede Globo, porta-voz não oficial do governo (aliás, qualquer que seja o governo) e divulgadora oficial de imoralidades implícitas e explícitas, como suas telenovelas e seu Big Brother, além de monopolista da transmissão do desfile das escolas de (ex)-samba do Rio, entre um e outro elogio a Lula, mostra com riqueza de detalhes, embora sem escapar ao seu irritante estilo perfunctório, os enredos, as rainhas de bateria, os sambas que mais parecem marchas de hoje em dia e outros pormenores daquele que já era um evento popular importante desde os tempos de Chiquinha Gonzaga, mas que precisa, nestes tempos de crise ética, mais do que nunca, fazer crescer, avolumar-se, ganhar músculos e agigantar-se, para que – panes et circenses! – a massa de eleitores, muitos dos quais sequer têm condições para comprar fuscas e violões, possam extravasar sua pobreza na ilusão da riqueza e do luxo das fantasias.

E tome carnaval, entre uma e outra chamada do Big Brother e das novelas, em que as trocas de casais nos forçam a trocas de canais...

Depois, virá a Semana Santa, que foi transformada, no ambiente pernicioso de relativismo moral predominante, em um grande feriadão, exceto para os que insistem em alimentar a sua fé, uma fé massacrada intermitentemente pelos meios de comunicação. Depois – mas que governo de sorte! -, a Copa do Mundo, em que os dribles do Ronaldinho Gaúcho prevalecerão sobre os do mensalão em nossos bolsos, as arrancadas para o gol do Adriano sobrepujarão a indecência do acordão e os berros do locutor oficial do monopólio da transmissão do evento soarão mais fortes do que os gritos de revolta dos cidadãos conscientes, maltratados por um Estado perdulário, estróina, viciado, arrogante e vigarista! Se nossa seleção ganhar o hexa, já podemos ver o presidente em Brasília, envolto por jogadores e membros da nossa delegação, a levantar a taça, de preferência falando alguma bobagem e perto de algum jogador corinthiano... Sempre foi assim, desde os tempos de Getúlio, passando por JK, por Jango, por Médici e por todos os presidentes em cujos mandatos nossos jogadores ganharam a Copa do Mundo.

Bem, depois da Copa da Alemanha, ganhando ou perdendo, estaremos em cima das eleições e bastarão algumas mentiras e alguns turbilhões de promessas infundadas e tudo estará resolvido, porque somos uma população de

desmemoriados! Qualquer problema imprevisto, o Ibope estará aí mesmo para resolver...

Gente, quando vamos assistir a este povo – de índole boa, mas despido de um sentimento nacional efetivo, salvo nos jogos da seleção “canarinho” – acordar e aprender a cobrar do Estado, dos seus três poderes, das suas três esferas, das suas estatais, da sua polícia e da própria mídia as providências que todas as pessoas de bem e com um mínimo de conhecimentos gerais sabem bem quais são? Por que nada se diz sobre a reforma política base para todas as outras que se fazem necessárias e sem as quais continuaremos a dar voltas em círculos? A resposta está no excelente artigo do filósofo Olavo de Carvalho, publicado nesta semana (26 de janeiro) no Jornal do Brasil: a identidade nacional evolve naturalmente a partir da fusão espontânea de três ingredientes essenciais, que são o conhecimento e o respeito à língua pátria, a cultura e a religião. Nas nossas paragens, quem procura escrever e falar corretamente o português é logo estigmatizado como “elite” e quem faz de cada frase uma guerra entre sujeito, objetos diretos e indiretos e concordâncias verbal e nominal, como o nosso presidente, é incensado como “homem do povo”; quem não domina o idioma deixa de ter acesso à cultura verdadeira, muito diferente da “cultura” cujo xerife atual é Gilberto Gil e que mais se assemelha a um caleidoscópio de imbecilidades; e quem não sabe falar nem escrever não tem também capacidade de compreender o mundo, o que o torna a sua fé suscetível às investidas de seus mercadores, que se espargiram em diversas seitas.

Não sou contra o carnaval e quem me conhece pessoalmente sabe gosto bastante de futebol, de praia, de cerveja e de música, seja uma ópera de Verdi, uma sinfonia de Mahler ou um bom samba. Mas temos que aprender que a situação do país, o que implica dizer as nossas próprias vidas, situa-se bem acima disso! E só iremos compreender essa lição elementar quando fizermos da educação básica prioridade nacional. Até lá, bom carnaval para todos...

Artigo do Mês - Ano V - Nº 46 – Janeiro de 2006

O ANO NOVO E OS VELHOS VÍCIOS

Ubiratan Iorio

Ano novo é tempo de afastar as más lembranças, formular boas esperanças e tentar arrancar do tempo futuro suas inextricáveis tranças, que só ele poderá desenrolar. No plano pessoal – e isto é perfeitamente justo e desejável - cada um de nós deve aspirar a um ano novo feliz, examinando os próprios defeitos e tentando corrigi-los, fazendo novos planos, buscando, enfim, ser mais feliz. Afinal, podemos dizer, com Henri Bergson, que o tempo nada mais é do que “um fluxo contínuo e dinâmico de novas experiências”. Se soubermos usar nossa experiência, isto é, nosso estoque de conhecimentos desde que nascemos até o momento atual, se a interpretarmos corretamente, poderemos formular expectativas quanto ao futuro plausíveis com a nossa felicidade; no caso contrário, se utilizarmos mal nossa experiência, ao desdobrarmos o tapete do tempo, surgirá diante de nós uma estamparia de erros, decepções e ilusões. Pois o tempo real é como a música, possui uma estrutura dinâmica, que abrange a memória e a antecipação. Mas parece que os eleitores brasileiros desconhecem ambos...

O que reserva para a nossa sociedade o ano de 2006? Que tramóias em cada esquina, corrupções em cada quina e patifarias em cada oficina estarão aprontando o banditismo - oficial e informal -, que a cada ano mais se refina?

Nosso povo vai, mais uma vez, esperar o tapete das desilusões ser desenrolado por patifes travestidos de homens e mulheres públicos ou vai, por conta própria, tecer, ele mesmo, uma nova estamparia, mais racional e, portanto, mais apta a fazê-lo mais feliz?

Até o sapo cururu – aquele que coaxa na beira do rio - sabe que é impossível, dentro das condições atuais que constituem nosso estoque de conhecimento, o Brasil ser posto nos trilhos do progresso material, cultural e espiritual. Não é pessimismo, é apenas realismo, até porque ser otimista é uma coisa e ser boboca, trouxa, otário, é outra. Que caminhos os eleitores, no final deste ano, escolherão para o Brasil seguir? PT de novo? PSDB outra vez? Algum aventureiro populista semi-infantil? Ou um raivoso radical “esquerdopata”, seja aquela senadora de longos cabelos presos e camiseta barata ou um “histórico” de barba, mas ambos com aquela indefectível baba bovina e elástica que Nelson Rodrigues tão bem descrevia?

Minha convicção, neste início de 2006, dado o estoque de conhecimento disponível, ou memória, é que não há como se formular, em termos nacionais, algo que possa soar como um “feliz ano novo”. Infelizmente. É claro que tirar o PT – esse bando de arrogantes incompetentes e ímprobos - do poder é uma boa aspiração, mas aí surge a questão que vem martelando a consciência de todos os brasileiros de bem: quem colocar no lugar desses prestidigitadores?

Serra? É e sempre foi de esquerda e bem mais intervencionista, em se tratando da economia, do que Palocci. Se não Serra, mas qualquer outro “tucano”, não há como deixarmos de reconhecer que, embora sejam menos incompetentes do que os petistas, “tucanos” são apenas petistas mais educados e sem barbas e camisetas, como os oito anos de Fernando Henrique sobejamente demonstraram...

Garotinho ou algum outro do PMDB? Recuso-me a tecer qualquer comentário a respeito, até em respeito ao leitor. Basta lembrarmos que Sarney governou com o PMDB.

César Maia ou algum do PFL? Embora haja um ou outro nome interessante no partido – excluindo-se, evidentemente, o do prefeito carioca -, trata-se de lideranças jovens, locais e, portanto, sem visibilidade nacional.

A senadora Heloísa Helena? Francamente, o tempo do ferro de passar a carvão já se foi há muito...

Aonde chegaremos, então? A resposta é direta: à mesmice de sempre, sob aquele mesmo sol descrito no Eclesiastes, debaixo do qual tudo permanecia imutável, ano após ano.

A raiz da crise é moral e enquanto isto não for entendido – e praticado! -, enquanto a desinformação esquerdista continuar tentando achincalhar os princípios retos de moral e ética que tornam possível a vida coesa em sociedade e que deveriam servir de base para o sistema legal, enquanto houver juízes que exaram sentenças com base no “direito relativo”, uma aberração para justificar decisões políticas, enquanto não formos capazes de fazer uma reforma política de fôlego, seremos forçados a lembrar o gênio de Dante Alighieri, na Divina Comédia (Inferno, VI, 61):

“Li cittadin de la città partita; s´alcun v´è giusto ; e dimmi la cagione

per che l`ha tanta discordia assalita.”

(“Os cidadãos da cidade partida; será algum justo; e diz-me a razão dize-a para mim, porque tanta discórdia a assaltou.”)

Se há justos no Brasil, movidos por bons propósitos morais, definitivamente, precisamos encontrá-los!

No plano pessoal, desejo um feliz Ano Novo para todos os meus alunos, leitores e as suas famílias! No plano nacional, vou rezar muito pelo nosso país.