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ONDE O CÉU SE ENCONTRA COM A TERRA: UM ESTUDO SOBRE AS PEREGRINAÇÕES AO SANTUÁRIO DE N. SRA DAS GRAÇAS EM CIMBRES (PESQUEIRA-PE) Letícia Loreto Quérette

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Page 1: Artigo de Letícia

ONDE O CÉU SE ENCONTRA COM A TERRA: UM ESTUDO SOBRE AS PEREGRINAÇÕES AO SANTUÁRIO DE N. SRA DAS GRAÇAS

EM CIMBRES (PESQUEIRA-PE) Letícia Loreto Quérette

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ONDE O CÉU SE ENCONTRA COM A TERRA: UM ESTUDO SOBRE AS PEREGRINAÇÕES AO SANTUÁRIO DE N. SRA DAS GRAÇAS EM CIMBRES

(PESQUEIRA-PE)

Letícia Loreto Quérette Mestranda- Programa de Pós-Graduação em Antropologia da

Universidade Federal de Pernambuco

INTRODUÇÃO

O interesse por este objeto de pesquisa, se deve ao fato deste Santuário

apresentar condições bem diversas das de outros existentes no Brasil. Em torno

dele se desenrolaram acontecimentos que fizeram com que ele fosse transferido de

seu local original. Dentro da linha de pesquisa Religiões, serão estudados os

aspectos simbólicos (sacralidade do local), organizacionais, políticos e econômicos

(interesse na implantação do turismo religioso), a ele relacionados. Os santuários

têm despertado o interesse de estudiosos da religião numa busca pela

compreensão dos motivos que levam os peregrinos a se deslocarem para estes

locais. A pesquisa pretende ser uma contribuição para estes estudos buscando um

maior entendimento da religião no mundo contemporâneo através da análise de um

fenômeno antigo que é a peregrinação.

SANTUÁRIOS

O Santuário é considerado, por Giorgio Paleari (1993), como um dos

elementos fundamentais do catolicismo tradicional popular, que é, segundo ele, este

catolicismo trazido por portugueses pobres tendo penetrado no Brasil a partir da

colonização.

Um dos elementos fundamentais desse catolicismo é o santo e ao redor dele

é que tudo parece girar. Sua devoção se dá desde o pequeno núcleo familiar (o

oratório), passando pelos pequenos povoados (a capela), até as grandes massas (o

santuário). (PALEARI,1993, p.68-69)

Os santuários, que são centros de grandes devoções, se encontram num

âmbito mais amplo. No santuário é guardada a imagem do santo “mais forte” e

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que exige a peregrinação anual de multidões. Esta é uma experiência inesquecível,

começa com os preparativos, prossegue com a ida que pode ser de várias modos e

o ponto culminante é o encontro com a imagem do santo onde todo sofrimento é

esquecido, os problemas afastados e surge uma nova esperança na vida.

ANTECEDENTES HISTÓRICOS

O Santuário de N. Sra. das Graças situa-se no Sítio Guarda em Cimbres,

pequeno distrito da cidade de Pesqueira em Pernambuco, distante 215 quilômetros

do Recife. Este surgiu a partir do evento milagroso da aparição de N. Sra. a duas

meninas como mencionado no livro de Mário Fonseca (1978). Segundo ele, em

1936 a ameaça de uma invasão da cidade, comandada por Lampião, fez dezenas

de pessoas se refugiarem no Sítio do Guarda, nesse local então, no dia 06 de

agosto do mesmo ano, Nossa Senhora das Graças apareceu a duas meninas, Maria

da Luz, filha do casal Artur (Auta) Teixeira proprietário do Sítio, e Maria da

Conceição, uma moça pobre que se agregou à família.

Segue-se então um período de pressões da diocese local e principalmente

da polícia. A Igreja inibia a presença dos fiéis no local das aparições com medo

deste se transformar em local de fanatismo. Pois não interessava que pessoas não

autorizadas por ela tivessem acesso ao sagrado, pois ela precisava ser a

controladora das manifestações divinas.

Maria da Luz, para sair daquele ambiente de perseguições entra na

Congregação das Damas Cristãs, para receber uma educação e depois receber os

votos. Após os votos, Irmã Adélia, como passou a chamar-se, foi proibida de voltar

ao Sítio de sua família. Só muitos anos depois o assunto foi outra vez mencionado

quando do aparecimento de sua doença.

Em setembro de 1984, Irmã Adélia se submeteu a uma cirurgia para retirada

de um nódulo, que se revelou maligno. Sabendo que tinha poucos meses de vida,

segundo os médicos, ela sentiu vontade de contar toda a história do passado,

despertando o desejo nas religiosas de irem ao local onde tudo aconteceu.

Organizou-se assim uma viagem ao local, onde a Irmã recebeu nova mensagem, no

dia 09 de março de 1985, quebrando o silêncio de tantos anos.(PAIVA, sem data,

p.102)

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A irmã Adélia voltou então, com mais freqüência, ao local da aparição,

acompanhada por grupos em peregrinações. Por volta do ano de 1993 surgiram,

partindo da cidade do Recife, peregrinações a Cimbres organizadas por senhoras

pertencentes ao Movimento de Renovação Carismática Católica. Uma vez por mês,

geralmente aos sábados, partia do Recife, um ônibus com 48 pessoas, entre leigos

e religiosos, em direção a Cimbres. Essas peregrinações continuaram até o ano de

2002, quando foram suspensas devido aos conflitos surgidos entre os interessados

em transformar as peregrinações em um mega-evento de turismo religioso e os

índios Xukuru, habitantes do local.

A POSIÇÃO DOS XUKURU ANTE O SANTUÁRIO

Cimbres está situada na Serra do Ararobá, onde havia uma aldeia indígena

formada por dois grupos indígenas: os Xukuru e os Paratió, ambos pertencentes ao

tronco lingüístico Jê. Lá chegaram os padres do Oratório de São Felipe Néri e

fundaram em 1669 a Aldeia do Ararobá, que se tornou, em 1762, Vila de Cimbres

que deu origem à atual cidade de Pesqueira. (BARBALHO, apud SILVA, 2003, p.

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A terra é tudo para os indígenas, sua preservação é de suma importância

para seu povo. A área onde os Xukuru estão localizados atualmente mede 27.555

hectares, mas em 2000 os indígenas só ocupavam 12% desta área. Embora suas

terras já tenham sido demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e

homologadas pelo Presidente da República, posseiros e fazendeiros continuaram

desrespeitando a Lei e as invadindo. Esta disputa de terras já provocou muitas

mortes, a exemplo dos dois líderes indígenas: Chicão Xukuru, em 1998,

assassinado por seis tiros de pistola e Francisco de Assis Santana, o Chico Quelé,

em agosto de 2001.

Outro fator que contribuiu para aumentar o clima de tensão na região foi o

projeto de implementação do turismo religioso no município de Pesqueira/PE, mais

precisamente no Santuário de Nossa Senhora das Graças.

Conforme o relatório do assessor jurídico do CIMI/NE (Conselho Indigenista

Missionário), o advogado Sandro Lôbo, no dia 24 de julho de 2002 foi realizada uma

reunião na Aldeia Guarda, ocupada pela Família Teixeira, administradora do

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Santuário, cujas terras pertencem aos indígenas. Nesta reunião foi apresentado um

projeto arquitetônico com a finalidade de ampliar e melhorar a infra-estrutura

existente no local. Nele constava a construção de hotéis, de uma nova capela, além

de um estacionamento e da melhoria da pista de acesso ao Santuário, que seria

asfaltada do trecho Cimbres até o Guarda, com recursos do BIRD (Banco Inter

Americano de Desenvolvimento). Constava, ainda, a ampliação do museu e a

melhoria da própria estrada da cidade de Pesqueira.

Durante a reunião o Bispo de Pesqueira afirmou que ele não era contra a

realização do projeto, desde que fosse administrado pela igreja local e não pela

Família Teixeira. Quando foi concedida a palavra aos índios, estes alegaram não

serem contrários ao desenvolvimento de Pesqueira, mas lembraram que o local do

Santuário é terra indígena de posse exclusiva do Povo Indígena Xucuru, portanto os

autores do projeto deveriam verificar na Constituição Federal a legitimidade da

proposta.

Os Xukuru são aproximadamente 9.000 hab. divididos em 25 aldeias. Dentre

as 25 aldeias que integram a comunidade, três eram favoráveis ao projeto turístico:

Cimbres, Cajueiro e Guarda. Estas três tentaram até se separar do seu povo,

alegando constituírem uma outra etnia indígena, os “Xukuru de Cimbres”.

Em 14 de agosto de 2002 o Ministério Público Federal encaminhou a

diversos órgãos públicos estaduais e municipais da cidade de Pesqueira a

recomendação para que não tomassem nenhuma medida que visasse a

implantação de um projeto turístico-religioso na Vila de Cimbres, sem antes

consultar a União, a FUNAI (Fundação Nacional do Índio) e o povo indígena

Xucuru, legítimos proprietários das terras.

A maioria das aldeias é favorável à decisão do MPF, pois acreditam que o

empreendimento, além de provocar a invasão das terras indígenas, ofenderá a

cultura do povo indígena. Marcos Luídson, Cacique Xukuru, afirma: “não somos

contra a visitação do local tal como ela existe hoje, mas a transformação do

santuário num pólo turístico maior, pode comprometer alguns aspectos da cultura

dos Xukuru”. O Marcos Xukuru busca afirmar sua cultura, pois é uma das

estratégias de resistência encontradas pelos índios para afirmarem sua identidade

étnica e seus direitos históricos.

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Em 2001, por determinação da Diocese de Pesqueira, o Santuário foi

fechado para eventos religiosos como celebração de missas, confissões e retiros.

Recentemente o novo bispo de Pesqueira voltou a permitir as celebrações oficiais.

Não são mais organizadas as viagens de grupos partindo da cidade do Recife para

este Santuário. As visitações são permitidas, os índios não as proibiram, mas

segundo uma informante: “não é permitida a presença de padres, não há

celebrações, orações e cantos, nem no dia da Festa de N. Sra. das Graças”. Os

moradores do Sítio onde antes habitavam os parentes da Irmã Adélia, que são

pessoas ligadas aos índios, abrem a capela quando chegam os visitantes.

Um novo Santuário foi construído junto ao cruzeiro da cidade de Pesqueira,

conforme a mesma informante: “com uma santa igual, uma gruta e uma capelinha

com a Mãe Rainha”. Algumas participantes lembram com saudade das

peregrinações, dizem que alcançaram muitas graças e que não têm vontade de

voltar ao Sítio Guarda, depois dos conflitos e das mortes que ocorreram lá.

Curiosamente afirmam se referindo à imagem da N. Sra.: “A santa está lá”. Cabe-

nos aguardar para saber se o novo santuário será aceito pelos antigos peregrinos.

PEREGRINAÇÃO

“Santuários e imagens religiosas atraem multidões no

Brasil.

Um encarte no Jornal do Brasil, intitulado Roteiros da

Fé, de Setembro de 2000, estima que cerca de 15

milhões de pessoas se deslocam por motivos

religiosos todos os anos no país.” (STEIL, 2001, p.

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Carlos Steil em seu ensaio sobre Catolicismo e Cultura nos apresenta uma

estimativa do número de pessoas que peregrinam todos os anos no Brasil, conforme

vimos acima e menciona ainda que todas as sociedades marcam sua paisagem com

lugares significativos. Podem ser onde nasceram seus líderes, campos de batalhas

vitoriosas, túmulos de heróis etc. que tendem a se tornar ponto de afluência de

multidões. No Brasil eles se concretizam principalmente em santuários onde estão

as imagens de santos, beatos e divindades.

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Turner & Turner, em seu trabalho sobre as peregrinações na cultura cristã,

afirma a semelhança entre o turista e o peregrino pelo fato de ambos saírem de

seus mundos familiares para buscarem algo que vai enriquecer suas vidas e que

está lá fora, em contraste com seus modelos normais de existência e depois volta,

novamente, para o seu mundo familiar. Na peregrinação a pessoa acumula graças e

liderança moral na comunidade, no turismo moderno a pessoa adquire saúde física

e mental, status e experiências exóticas. Embora nem todos os autores concordem

com essa idéia, mas vale salientar o crescimento da indústria do turismo religioso

ao redor dos grandes centros de peregrinação.

Outra idéia presente a ser observada é a idéia de sagrado, embora não seja

condição indispensável para a peregrinação. É suficiente que seja um herói morto, o

contato com o outro lado é onde se baseia a peregrinação, numa busca do acesso

ao sagrado sem intermediários, ou seja, os representantes das religiões instituídas.

Interessante, também, é a noção da presença do ser sagrado, o encontro com o

herói ou santo que através da morte continua a viver simbolicamente.

As peregrinações cruzam os limites da religião oficial para a religião popular;

do turismo para o asceticismo (moral fundada no desprezo do corpo e das

sensações físicas); da diversão para a penitência que se manifestam em conflito,

tornando-as ambíguas.

Por fim, vale lembrar que peregrinação é uma atividade humana universal e

que se nós quisermos entendê-la como um fenômeno humano, precisamos fazer

perguntas e buscar respostas em todos os níveis possíveis.

MARCO TEÓRICO

A pesquisa será fundamentada em dois teóricos. Um deles é Emile

Durkheim, com sua teoria de que o traço distintivo do pensamento religioso é a

divisão do mundo em dois domínios: um o do sagrado e outro o do

profano.(DURKHEIM, 2000, p.19) O outro teórico é Pierre Bourdieu, quando analisa

a sociedade através de sua teoria de “campos”.

Para Durkheim, a essência da religião é essa divisão do mundo em dois

gêneros opostos. Não é a crença numa divindade transcendente, pois há religiões

sem esta divindade, nem definir a religião pelas noções de mistério, ou de

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sobrenatural, que só apareceram depois. O sagrado se compõe de um conjunto de

coisas, de crenças e de ritos. Quando estes mantêm entre si relações de

subordinação e coordenação, de modo a formar um sistema, com uma certa

unidade e que não se adaptam a nenhum outro sistema do mesmo gênero, este

conjunto das crenças e seus ritos correspondentes constituem uma

religião.(DURKHEIM, 2000, p.24)

Durkheime põe em evidência a importância de dois tipos de fenômenos

sociais: os símbolos e os ritos e afirma ainda, que estes ritos têm uma função social

importante; seu objetivo é manter a comunidade, acentuar o sentido de participação

num grupo, revigorar a crença e a fé. Uma religião só vive através das práticas,

símbolos de suas crenças e formas de renova-las. Bastante pertinente com a

pesquisa a ser realizada.

Pierre Bourdieu acredita, como Marx, que a sociedade é constituída de

classes sociais em constante disputa pela apropriação dos diferentes tipos de

capitais e as relações de forças e sentido concorrem para a perpetuação da ordem,

ou para seu questionamento. Ambos pensam a ordem social através do paradigma

da dominação. Não é possível ter acesso a uma compreensão clara do espaço

social sem evidenciar os antagonismos de classe: a realidade social é um conjunto

de relações de forças entre classes historicamente em luta umas com as outras.

Porém ele discorda da teoria de Marx, quando reduz o mundo social apenas ao

campo econômico, e define a posição social em referência apenas à posição nas

relações de produção econômica.

Bourdieu menciona que existem posições ocupadas nos campos e sub

campos, notadamente nas relações de produção cultural. No fundamento da teoria

dos campos, há a constatação de que o mundo social é um lugar de um processo

de diferenciação progressiva. A evolução das sociedades tende a fazer aparecerem

universos, áreas – campos no vocabulário de Bourdieu – produzidos pela divisão

social do trabalho. Esta, por oposição à divisão técnica que se refere apenas à

organização da produção, engloba toda a vida social, pois é o processo de

diferenciação pelo qual se distinguem umas das outras as funções religiosas,

econômicas, jurídicas, políticas,etc.

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Um campo pode ser considerado como um mercado em que os agentes se

comportam como jogadores. Um mercado no qual existem produtores e

consumidores de bens. Os produtores, indivíduos dotados de capitais específicos,

se enfrentam. A razão dessas lutas é a acumulação da forma de capital que garante

a dominação do campo. O campo, então, é um espaço de forças opostas.

Quanto à noção de campo religioso, Bourdieu define como:

“...um campo de forças onde se enfrentam o corpo de

agentes altamente especializados (os sacerdotes), os

leigos (os grupos sociais cujas demandas por bens de

salvação, os agentes religiosos procuram atender) e o

“profeta” ...” (BOURDIEU,1978, p.XXV)

Baseados em sua posição na estrutura da distribuição do capital de

autoridade religiosa, as diferentes instâncias religiosas, indivíduos ou instituições

podem lançar mão do capital religioso na concorrência pelo monopólio da gestão

dos bens de salvação.

A relação da Igreja católica Apostólica Romana de Pesqueira com o

Santuário de N. Sra. das Graças será analisada através desta concepção de Pierre

Bourdieu.

OBJETIVO GERAL

Realizar uma análise, com base nos relatos dos antigos peregrinos ao

Santuário de N. Sra. das Graças em Cimbres, e dos novos peregrinos ao Santuário

construído em Pesqueira, para perceber qual o perfil de cada um dos grupos, os

que aceitam o novo Santuário e os que não aceitam. Observaremos, também

através de relatos dos fatos ali ocorridos, a relação existente entre o Santuário e a

Igreja Católica Apostólica Romana em Pesqueira, verificando o interesse desta em

ser administradora daquele.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Detectar que significados tem para os peregrinos, o antigo Santuário;

- Buscar um entendimento dos motivos que levam os peregrinos até lá;

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- Investigar como os peregrinos vêem o novo Santuário, construído em Pesqueira;

- Verificar a postura da Igreja Católica diante do Santuário;

- Identificar a posição dos Índios Xukuru ante as peregrinações ao local.

METODOLOGIA

Utilizaremos o método de pesquisa Qualitativo, através da

observação participante, o contato direto, pessoal com o objeto estudado e com

entrevistas abertas. Como técnicas de investigação método utilizado será o

Monográfico, pois a partir de um estudo de caso, este ser considerado

representativo de muitos outros ou todos os casos semelhantes.

Elaboramos um roteiro para a execução deste projeto de pesquisa com

varias etapas. A primeira consiste no levantamento bibliográfico sobre o assunto,

pesquisas em jornais, inclusive pesquisa on line. A segunda consiste em leituras

teóricas pertinentes ao assunto estudado como: catolicismo popular, turismo

religioso, santuários, peregrinações, etc. A terceira etapa será a realização de

entrevistas semi-abertas ou estruturadas, ou seja, através de um roteiro elaborado

para as questões, porém com abertura para as livres expressões dos/as

entrevistados/as.

Os sujeitos das entrevistas serão divididos em três grupos. O primeiro grupo

serão os antigos peregrinos e organizadores das excursões ao Santuário original

em número de dez, sendo oito mulheres e dois homens. Este total de entrevistas por

grupo foi considerado suficiente para o que se pretende observar. O segundo grupo

será composto dos peregrinos atuais e organizadores das excursões ao Santuário

atual, também em número de dez, com a mesma constituição. Esta divisão por

gênero se deu devido à observação das antigas excursões onde havia uma

predominância muito grande de mulheres. O terceiro grupo de entrevistados será

para nos fornecer um maior entendimento do contexto geral dos acontecimentos.

Dele farão parte: um representante dos índios Xukuru; o advogado do CIMI, que

participou da reunião na qual foi apresentado o projeto de implantação do turismo

religioso, e dois representantes ou pessoas ligadas à Igreja Católica Romana de

Pesqueira. A quinta etapa será a sistematização dos dados coletados, através da

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elaboração de categorias analíticas e a última etapa então, será a redação do texto

da dissertação.

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REFERÊNCIAS

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