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ARTIGO DE ATUALIZAÇÃO ROTINA DE ENFERMAGE M NA AVALIAÇÃO DOS COMPROMETIMENTOS OCULARES NA HANSENI AS E Lúcia Cristofolini1 , Selma Reg ina Axcar 2 , Lourdes Pedro Biz3, Han nelore Vieth4 CRISTOFOLINI, L. et alii. Rotina de enfermagem na avalia- ção dos comprometimentos oculares na hanseníase. R ev. Bras. Enf , Brasília, 39 ( 2 / 3) : 86-89, abr./set. 1986. RESUMO. O reconhecimento do grande número de pac ientes com lesões oculares e a ine- xistência de um controle ofta lmo lógico sistematizado no Hospital Lauro de Souza Lima motivaram a dinamização do serviço de oftalmologià com a participação da e nf ermagem . Estabeleceram-se os seguintes objet ivos: - oferecer atendim ento permane nte e sistemat i- zado de prevenção e tratamento oftalmológico; - desenvol ver e aplica r técnicas s imples de prevenção e tratamento; - ampliar os conhecimentos específicos da equipe de enfer- meiras; - oferecer campo de treinamento profissional. O elemento básico para o sucesso da unidade foi a d ispos ição das enfermeiras em assumir o trabalho, a cooperação e a dis- ponib il idade do méd ico oftalmolog ista e o estabelecimento de rotinas de trabalho. A roti- na para a aval iação dos comp rometimentos oculares tem duas etapas: 1) Entrevista com o paciente para identificação dos s intomas subjetivos dos comprometimentos oculares; 2) Exame ocular: área supercil iar e ciliar; vias lacrimais; pálpebras; múscu los orbiculares; con- juntiva; episclera; esclera; córnea; pupila; cr istalino; pressão intra-ocular; acuidade visual. Na rotina descrita, utiliza-se um mínimo de recursos que permite, à enfermagem , identi- ficar os pr inc ipais problemas oftalmo lógicos do pac iente nos qua is pode intervir com ações preventivas e curativas. ABSTRACT. The acceptance of a great number of patients having eye inju ires and the nonxistence of an oflatmo logie control on the H LSL, has mot ivat the improvement of the oflatmo logy work with the paic ipation of the nursery itself. The following objec- tives were establ ished: - to offer a pe rmanent and systematic ass istance on the ofta Imolo- gist prevention and t reatment; - to increase the spec if ic acknowledgement of the nurses gramps; - to develop and apply simp le tecniques on prescripti on and treatment; - to offer a field for profissional tra ining. The bas ic element for the success o f the unit, was the disposition of the nurses in assum ing the work, the cooperat ion and ava ilability of the oftalmologist and settlement on the work routines. The rout ine for avaliation on th e inju- ry of the eye adopted by nurry has two fases: 1) I nterview for ident if ication of the subjective symptoms for the eye infury; 2) Sequence of examinat ions: superc iliary and cil iary area; lacr imal ducts; eye lids; orb icular musc les; conjuctive; ep isclera; le ra, cornea; pupil; crystalline ; intraocula r pressure. In the described routine it is used a minimum of resomces and it is possible to the nursery to ident ify the ma in oftalmologic problems of the H LSL patients, introduc ing preventive and curat ive actions. INTRODUÇÃO consciência de que o hospit não dispunha de um ser- viço sistematizado e constante de controle e atendi- mento de pacientes com lesões oculares. Histórico Ao ser feito o índice de incapacidade dos pa- cientes inteados no Hospital Lauro de Souza Lima, verificou-se que grande número deles apresentava comprometimentos ocules. Além sso , tomou-se Existia um consultório oſtalmolóco com os recursos básicos, onde o médico oſtalmologista aten- a du vezes por ma aos pacientes encaminha- dos . A enfeagem não tinha nenhum tipo de atua- 1. Enf ermeira. Mestre em Eermagem . Encarregada do Setor de aínica Médica do Hospital Lauro de Souz a Lima. Prof. Adjunto da Faculdade de Enfermagem "Sado Coração " - Bauru. 2. Enfermeira do Setor de aínica Cirúrgica do Hospital Lauro de Souza Lima. 3. Enfermeira do Setor de aínica Médica do Hospital Lauro de Souza Lima. 4. Enfermeira . Prof. de Enfermem da Universidade Livre de Berlim, a serviço da DAHW (German Leprosy Relief Associa- tion). Responsável pela Unidade de Oſtalmologia do Hospital Lauro de Souza Lima. 86 - Rev. Bras. En[, Brasma, 39 (2f3), abr. fmaiofjun . fjul· fo . fset . 1 986

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A R T I G O D E ATU A L I ZAÇÃO

R OT I NA DE E N F E R MAG EM NA AVA L I AÇÃO DOS COM P R OM E TI M E NTOS OCU LA R ES NA HANSE N IAS E

Lú cia Cr istofo l i n i 1 , Se l ma R eg i n a Axca r2, Lou rdes Ped ro B iz 3, H an ne l ore V i eth4

CRIS TOFOLINI , L . et alii . Rotina de enfermagem na avalia­ção dos compromet imentos oculares na hanseníase . R ev. Bras. Enf, Brasília , 39 (2/3) : 86-89 , abr ./ set . 1 9 86.

R ESUMO. O reconhecimento do grande número de pacientes com lesões ocu lares e a i ne­x i stência de um controle ofta l mológ ico s i stemat izado no Hospita l Lauro d e Souza L i ma mot ivaram a d i nam ização do serviço de ofta l m ologià com a part ic ipação da e nfermagem . E stabe leceram -se os segu i ntes objet ivos : - ofe recer atend imento permanente e s i stemat i ­zado de prevenção e tratamento ofta lmo lóg ico; - desenvolver e ap l icar técn icas s im ples de prevenção e tratamento ; - amp l iar os conhecimentos espec íf icos da equ ipe de enfer­me iras; - ofe recer campo de tre inamento prof i ss iona l . O e lemento básico para o sucesso da u n idade foi a d i sposição das e nfermeiras em assum i r o trabal ho , a coo peração e a d i s­pon i b i l idade do méd ico ofta l m olog i sta e o estabelecimento de rot i nas de t raba l h o . A rot i ­na para a ava l iação dos compromet i mentos ocu lares tem duas etapas : 1 ) E ntrev i sta com o pac iente pa ra ident i f icação dos s i ntomas subjet ivos dos compromet imentos ocu lares; 2 ) Exame ocu lar : á rea superc i l i ar e c i l i a r; v i as lacri ma is ; pá lpebras; múscu los o rb icu l ares; con­junt iva ; episc le ra; esc lera; córnea; pu p i l a ; cr i sta l i no; pressão intra-ocu lar ; acu idade v isua l . N a rot ina descr ita , ut i l i za -se u m m ín imo de recursos que pe rm ite , à enfermagem , ident i ­f icar os pr inc ipa is p roblemas ofta l mológ icos d o paciente nos q u a i s pode i nte rv i r com ações preventivas e curat ivas.

ABST R ACT. The acceptance of a great n u m ber of pat ients hav ing eye i nju i res and the no n-ex istence of an ofl atmologie control on the H LS L, has m ot ivated the i mprovement of the of l atmo logy work with the part ici pat ion of the nurse ry itse l f . The fo l lowing objec­tives were estab l ished : - to offe r a pe rmanent and systemat ic ass istance on the ofta Imo lo ­g i st p revent i o n and treatment ; - to i n crease the spec if ic acknowledgement of the n u rses gramps; - to deve lop and apply s i m ple tecn iq ues on prescri pt ion and treat ment ; - to offer a f ie ld fo r p rofission a l trai n ing . The basic e lement for the success of the un i t , was the d i sposit ion of the nu rses i n assu m i ng the work , the cooperat i o n and ava i l ab i l ity of the ofta lmolog ist and sett lement on the work rout i nes . The rout ine for aval i at ion on the i nj u ­r y of the eye adopted by nursery has two fases : 1 ) I nterv iew for ident if icat ion of the subject ive sym ptoms for t he eye infury; 2) Sequence of exa m i nat ions : superc i l iary and c i l i a ry area; lacr ima l ducts; eye l ids ; o rb i cu lar m usc les; conj uct ive ; ep i sc lera; sc lera , cornea; pu p i l ; crysta l l i ne ; intraocu lar p ressu re. In t he descr ibed rout ine it i s used a m in imum of resomces and it is possi b le to the nursery to ident ify the main ofta l mo logic prob lems of the H LS L pat i ents , i ntroducing preventive and curat ive act ions .

I NTROD UÇÃO consciência de que o hospital não dispunha de um ser­viço sistematizado e constante de controle e atendi­mento de pacientes com lesões oculares . H istórico

Ao ser feito o índice de incapacidade dos pa­cientes internados no Hospital Lauro de Souza Lima, verificou-se que grande número deles apresentava comprometimentos oculares . Além disso , tomou-se

Existia um consultório oftalmológico com os recursos básicos , onde o médico oftalmologista aten­dia duas vezes por semana aos pacientes encaminha­dos . A enfennagem não tinha nenhum tipo de atua-

1 . Enfermeira . Mestre em Enfermagem . Encarregada do Setor de aínica Médica do Hospital Lauro de Souza Lima. Prof. Adjunto da Faculdade de Enfermagem "Sagrado Coração" - Bauru .

2 . Enfermeira do Setor de aínica Cirúrgica do Hospital Lauro de Souza Lima. 3 . Enfermeira do Setor de aínica Médica do Hospital Lauro de Souza Lima. 4 . Enfermeira . Prof. de Enfermagem da Universidade Livre de Berlim , a serviço da DAHW (German Leprosy Relief Associa­

t io n) . Responsável pela Unidade de Oftalmologia do Hospital Lauro de Souza Lima .

86 - Rev. Bras. En[., Brasma, 39 (2f3), abr. fmaiofjun .fjul· fago.fset . 1 986

ção neste setor . Pensou�e então em dinamizar o que já existia

e envolver a enfermagem , aproveitando a chegada de uma enfermeira * da German l..eprosy Relief Associa­tion (DAHW) para prestar serviço no hospital .

No decorrer do 1<:' semestre de 1982 , reuniram­se o Diretor Clínico * * com o médico oftalmologis­ta * * * e a enfermeira para traçarem os planos de ins­talação de um serviço permanente de atendimento of­talmológico .

Imediatamente iniciou-se o treinamento da en­fermeira para as atividades específicas , auxiliada pelo médico oftalmologistà , elaborou-se uma rotina e mon­tou-se a unidade para o fim proposto .

Em julho de 1 982 deu-se início ao atendimen­to . A enfermeira deveria examinar , fichar e orientar todos os pacientes internados , iniciando pelos do Se­tor Social * * * * e selecionar aqueles que necessitassem de atendimento médico . Atenderia também os casos de urgência encaminhados pelos setores .

Decidiu-se posteriormente que todos os pacien­tes , ao serem internados, deveriam passar pelo exame oftalmológico feito pela enfermeira . O volume de tra­balho aumentou de tal forma que só foi possível dar­lhe continuidade com a entrada na equipe de mais três enfermeiras que dividiram seu tempo e acumula­ram mais esta função .

Com o desenvolver dos trabalhos os profissio­nais e os pacientes foram se mentalizando da impor­tância da prevenção e tratamento dos comprometi­mentos oculares, e passaram a procurar espontanea­mente o serviço.

Objetivos da u n idade A instalação da unidade tinha inicialmente o

objetivo único de oferecer ao paciente internado um atendimento permanente , de prevenção e tratamento dos comprometimentos oculares . Para isso a enfermei­ra providenciaria os recursos necessários para um atendimento diário .

À medida que as atividades foram se desenvol­vendo , outros objetivos foram sendo definidos e per­seguidos . A equipe de enfermagem conscientizou-se do pouco conhecimento que dispunha sobre o assun­to e de que necessitava estudos específicos . Propôs-se o segundo objetivo que seria aprofundar os conheci­mentos sobre os comprometimentos oculares , sua pre ­venção e tratamento . Além dos estudos individuais , começou-se a fazer reunião semanal do grupo para apresentação e discussão de casos e estudos . Dessas reuniões participam as quatro enfermeiras , o Diretor Clínico e posteriormente também o médico oftalmo­logista .

A dificuldade de se encontrar informações so­bre as técnicas de prevenção e tratamento dos pro -

blemas oculares e a necessidade de se desenvolver téc­nicas simples motivou o terceiro objetivo que é criar ou adaptar técnicas para o uso cotidiano.

Sendo o hospital campo de referência para as­suntos de hanseníase e campo de estágio para nume­rosos profissionais dessa área, o grupo se propôs a di­vulgar o resultado dos trabalhos e oferecer campo pa­ra treinamento do pessoal interessado .

Os bons resultados do serviço motivaram a ela­boração de presente trabalho . Pretende -se apresentar a técnica de avaliação inicial do paciente , pela enfer­magem , e com isso contribuir para que outros centros desenvolvam atividades de prevenção na área oftalmo­lógica.

T reinamento da equ ipe As enfermeiras que se envolveram com a unida­

de oftalmológica tiveram inicialmente um treinamen­to informal e auto-didático, auxiliadas peJa ex­periência do médico oftalmologista .

Valeram-se também dos conhecimentos especia­lizados de uma pesquisadora paramédica * * * * * holan­desa, que esteve no hospital por curtos períodos de tempo levantando dados sobre comprometimentos oftalmológicos em hanseníase .

Em 1 983 , a enfermeira coordenadora do pro­grama teve a possibilidade , através da DAHW, de fazer um treinamento com a oftalmologista Dra. Mar­gareth Brandt em Carville , Louisiana , USA. Isto foi concretizado nos meses de agosto e setembro do mes­mo ano .

Os conhecimentos adquiridos por ela foram re­passados , na medida do possível , ao restante da equi­pe , o que foi de grande ajuda no seu desenvolvimento .

ROTI NA D E A VALlACAo Todo paciente internado é agendado para aten­

dimento oftalmológico . São também atendidos os pa­cientes encaminhados pelo ambulatório e pelas enfer­marias, quer pelo médico responsável , quer pelas en­fermeiras .

O paciente é conduzido à sala de oftalmologia, sendo submetido inicialmente à avaliação pela enfer­magem , na seqüência :

Entrevista Inicia-se a entrevista com o preenchimento de

uma ficha onde são registrados os dados pessoais do paciente e específicos da hanseníase , bem como a queixa e a história da moléstia atual .

Em seguida , o paciente é submetido a um ques­tionário ordenado para informar sobre os sintomas subjetivos de prováveis lesões oculares .

Hannelore Vieth - Professora de Enfermagem da Universidade de Berlim - a serviço da German Leprosy Relief Asso­ciation (DAHW). Dr . Diltor Wladimir de Araújo Opromolla . Dr . Sérgio Passerotti . Nome dado à antiga Colônia, onde ficam pacientes asilados ou aguardando tratamentos ou paciente de auto.çuida­do. Luise Pannenborg-Stutterheim.

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As perguntas são simples e diretas . Como por exemplo : o seu olho arde? Quando? Tem dor no olho?

As respostas foram registradas na ficha de sinto­mas subjetivos .

Exame ocular Em ambiente com iluminação natural , o pacien ­

te sentado frente a uma janela, inicia-se a inspeção pe ­los anexos do olho e segue-se com exame dos elemen­tos da câmara anterior .

• Área superciliar e ciliar: procura-se identifi­car a presença de infiltrações , nódulos , manchas , que ­da dos cílios e supercl1ios (madarose), cílios voltados para dentro roçando sobre a córnea (triquíase).

• Vias lacrimais: avalia-se a produção lacrimal através do teste de Schirmer's . Uma pequena fita de papel de filtro de laboratório de 35mm x 5mm com a ponta dobrada, é encaixada no fundo de saco palpe­bral inferior na porção temporal ; após 5 minutos me­de -se a extensão da parte umedecida de fita , registra­se e compara-se com a normal ( 1 0 a 1 5 mm em 5 mi­nutos). Verifica-se se há obstrução dos canais lacri­mais observando a posição e abertura do ducto lacri­mal ; a exposição dos orifícios lacrimais (epífora) ; e a dacriocistite , fazendo-se compressão no canto interno do olho para constatar a presença de secreção puru­lenta .

• Pálpebra: verifica-se a presença de infiltra­ções, nódulos , inversão do bordo palpebral (entró­pio), eversão do bordo palpebral (ectrópio), preguea­mento exagerado da pele (blefarocálase) .

• Músculos orbiculares: avalia-se o tônus mus­cular . Pede -se ao paciente que feche os olhos suave ­mente . O examinador, com o dedo mínimo, tenta ele ­var a pálpebra superior observando sua resistência e ao soltar , a volta à posição normal . A diminuição da resistência caracteriza a paresia (lagoftalmo inicial). Se o paciente não consegue fechar os olhos ou o faz parcialmente , fato que se pode constatar olhando por um plano inferior , isto denomina-se lagoftalmo avan­çado .

Estando o paciente com os olhos abertos, olhando para frente em posição horizontal , observa­se se o bordo da pálpebra inferior se encaixa exata­mente no bordo inferior da córnea, isto é , na posição límbica . O aparecimento de uma faixa branca signifi­ca um desabamento da pálpebra inferior que pode ser início de um ectrópio e é normal no idoso .

• Conjuntiva: observa-se presença de hiperemia superficial , pterígio , secreção , cicatrizes , úlceras gra­nulosas (tracoma).

Para examinar a conjuntiva palpebral superior , utiliza-se um cotonete para everter a pálpebra, com o paciente olhando para baixo . Para examinar a conjun­tiva palpebral inferior traciona-se a pálpebra para bai ­xo com o paciente olhando para cima.

• Episclera: observa-se a presença de hiperemia segmentar e nódulos .

• Esclera: observa-se a presença de hiperemia, nódulos estafllomas (hérnia de esclera) .

• Córnea: observa-se o brilho , a transparência, homogeneidade (reflexo da janela), cicatrizes , corpos

estranhos , úlceras , vascularização e leu comas (pontos esbranquiçados).

Avalia-se a sensibilidade tocando-se de leve , com um fio dental (macio), lateralmente o centro da córnea duas ou três vezes e observa-se o reflexo de piscar imediato, demorado ou ausente .

• Pupila: observa-se a posição, contorno, re ­gularidade e a reação foto-motora (a irregularidade bem como a ausência de reflexo podem indicar ade­rência da iris no cristalino , isto é , sinéquias posterio­res).

• Oistalino: observa-se o fundo da pupila , pre ­to , esbranquiçado o u branco e m busca de sinais d e ca­tarata.

• Pressão intra-<>cular: estando o paciente com os olhos fechados e olhando para baixo , pressiona-se alternadamente com os dois indicadores o globo ocu­lar . Uma maior resistência , indica aumento da pressão intra-ocular - glaucoma.

• A cuidade visual: fazendo uso da escala de Snellen avalia-se a acuidade visual numa distância de 6 m . Quando a visão é inferior a 0 ,05 % aplica-se o teste de contagem de dedos a partir de 6 m e aproxi­mando-se progressivamente até o ponto de visão . Se o paciente não é capaz de identificar o número de de ­dos a uma disfancia de menos de 1 m verifica-se a percepção de vulto ou luz.

No decorrer do exame procura-se relacionar os dados encontrados com os sintomas subjetivos rela­tados pelo paciente .

As conclusões do exame foram registradas na ficha oftalmológica .

A partir disto inicia-se o programa de orienta­ção , prevenção e tratamento .

CO NC L USÃO O estabelecimento de uma rotina de avaliação

oftalmológica do paciente portador de hanseníase contribui como elemento básico, para a sistematiza­ção do atendimento de enfermagem no Hospital lau­ro de Souza Lima .

Verificou-se que , com os recursos básicos e um bom treinamento, as enfermeiras podem fazer a iden­tificação dos problemas principais e iniciar o trata­mento e orientar o paciente , tanto na hanseníase co­mo em outras dermatoses com envolvimento ocular.

O interesse e o envolvimento das enfermeiras possibilitou o desenvolvimento da unidade e envolveu toda a equipe hospitalar . Desta forma os pacientes são encaminhados e atendidos ao mínimo sinal de com­prometimento . As lesões podem assim ser identifica· das precocemente o que permite um melhor e mais eficiente controle .

A dinâmica do serviço, que exige orientação do paciente , conduz a uma maior participação e interes­se pela conservação dos seus olhos, e a buscar atendi­mento ao menor sintoma de lesão .

Desenvolveu-se um campo de treinamento utili­zado tanto pela equipe hospitalar quanto por profis­sionais de outros centros .

O bom relacionamento, apoio e retaguarda do médico oftalmologista auxiliou na melhoria dos co­nhecimentos teóricos e no desenvolvimento de habi­lidades específicas da equipe de enfermeiras .

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o desempenho e a dedicação resultou em reco­nhecimento da atividade profissional das enfermeiras e na eficiência das medidas de prevenção de compro­metimentos oftalmológicos.

CRISTOFOLINI, L. et alii . Nursing routine in the evaIuation of the hanseniatie eye injury . Rev. Bras. Enf , Bras ília , 39 (2/3) 86-89, Apr./Sept ., 1 9 86 .

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