artigo cientifico - usucapiao extraordinaria enviar 2014

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  • USUCAPIO EXTRAORDINRIA

    RODRIGO MORAES S1

    RESUMO

    O enfraquecimento de uma das principais caractersticas da propriedade, consistente no seu

    absolutismo, vem cedendo espao para a construo de uma concepo baseada no idealismo

    solidrio, coletivo, na medida em que se exige o cumprimento de uma funo social onde se

    busca a harmonizao entre o interesse individual e o social. Nesse contexto, a posse ganha

    contornos de enorme importncia, vez que como pressuposto para a aquisio de

    determinados direitos, passa a ser erigida a elemento essencial para o cumprimento do

    funcionalismo dominial, j que a ausncia de seu exerccio poder acarretar o prprio declnio

    do direito de propriedade. Essa desdia do dono da coisa proporciona o surgimento de direitos

    reais pelo meio da usucapio para os bens imveis, seja para socorrer necessidades

    habitacionais, seja para explorao da terra para o trabalho, ou ainda, para o proveito em

    programas polticos destinados a populao carente. Assim, a posse se caracteriza como uma

    das formas de realizao da funo social da propriedade, e pode ser identificada atravs desta

    nova viso imprimida a usucapio imobiliria, com previso expressa na Constituio

    Federal, Cdigo Civil e Estatuto da Cidade (Lei n 10.257/01). A usucapio de bens imveis

    gera a apropriao individual e como tal, a sua utilizao dever atender a necessidade

    particular como tambm ofertar benefcios coletividade. Essa preocupao com as redues

    de prazos para o alcance de uma segurana jurdica plena, que pode ser alcanada por meio da

    usucapio, se apresenta com o escopo de minimizar os problemas sociais do pas ligados ao

    setor imobilirio, decorrentes que so de uma concentrao exagerada de terras nas mos de

    uma pequena parcela da sociedade, cumulao de misria na periferia das cidades, elevados

    ndices de crescimento demogrfico, escassez de moradia, dentre outros. Diante da situao

    apresentada, a importncia do trabalho resume-se em trazer a pesquisa centrada na

    modalidade de usucapio extraordinria e seus reflexos no mbito do ramo do Direito Civil,

    mais especificamente, no que se relaciona com as caractersticas e pressupostos para seu

    alcance.

    Palavras-chave: direito civil; usucapio; extraordinria.

    1 Procurador do Municpio de Diadema, Advogado militante nas reas de Direito Civil e Penal, Articulista,

    Parecerista, Ps-graduado com especializao em Direito Penal e Processual Penal pela Escola Paulista de

    Direito, Ps-graduado com especializao em Direito Processual Civil pela Universidade Cidade de So Paulo,

    Ps-graduado com especializao em Direito Administrativo pela Universidade Gama Filho. E-mail:

    [email protected]

  • 2

    SUMRIO

    INTRODUO.........................................................................................................................3

    1. GNERO DA PALAVRA USUCAPIO...........................................................................5

    2. CONCEITO DE USUCAPIO............................................................................................6

    3. FUNDAMENTOS DA USUCAPIO..................................................................................7

    4. POSICIONAMENTO NA LEGISLAO...........................................................................8

    5. USUCAPIO EXTRAORDINRIA...................................................................................11

    CONCLUSO..................................................................................................................... .....17

    REFERNCIA BIBLIOGRAFICA........................................................................................19

  • 3

    INTRODUO

    Num passado remoto, a intensificao do individualismo inseriu na propriedade

    caractersticas de inviolabilidade e absolutismo. Entretanto, atualmente j se confere

    propriedade privada um complexo de limitaes formais, formado por restries e ilaes que

    compem o contedo da funo social da propriedade.

    A Constituio Federal de 1988 insere dentre os direitos e garantias individuais, o

    direito a propriedade, condicionando-a ao atendimento da sua funo social (artigo 5, XXII e

    XXIII). Neste mesmo caminho, a norma superior tambm insculpiu a propriedade e sua

    funo social como um dos pilares formadores da ordem econmica (artigo 170, II e III).

    O carter social esta intimamente ligada ao uso da propriedade, modificando,

    consequentemente, determinadas particularidades relacionadas a essa relao externa que o

    seu exerccio. E por utilizao da propriedade, deve-se compreender o modo com que so

    exercitadas as faculdades ou os poderes inerentes ao direito de propriedade.

    Este preceito no desloca a propriedade para o direito pblico atravs do conceito de

    funo. A expresso funo social equivale a restries, controle, comedimento, em sentido

    amplo, impostas ao contedo do direito de propriedade. Tais limitaes imprimem nova

    roupagem a este direito e na poca contempornea faz com que o instituto da usucapio sirva

    de instrumento para o atingimento deste escopo.

    A usucapio constitui forma de aquisio cuja consolidao do domnio da coisa se

    apoia principalmente na negligncia ou prolongada inrcia de seu proprietrio com a sua no

    utilizao. Caracteriza-se pela transformao da posse em domnio, pelo transcurso de tempo,

    mediante registro de sentena judicial, depois de satisfeitos os requisitos da lei.

    Existem diversas espcies de usucapio contempladas na legislao brasileira, quais

    sejam: ordinrio; extraordinrio; especial (urbano e rural); coletivo.

    Fundamentalmente no divergem entre si estas modalidades de usucapir, exigindo-se

    sempre, para a sua concesso, coisa hbil, posse, lapso de tempo, animus domini e, em alguns

    casos, capacidade, boa f, justo ttulo, o trabalho e a morada.

    O que caracteriza a diferena entre as espcies de usucapio a variao na

    obrigatoriedade da presena de alguns requisitos, tais como a flutuao dos prazos, as

    dimenses da rea e a morada.

  • 4

    A explicao atinente a cada qual se resumir a usucapio extraordinria, cerne do

    trabalho a ser desenvolvido atravs da presente pesquisa.

    No tocante a usucapio extraordinria, localizamos o instituto no artigo 1.238 do

    Cdigo Civil, por meio do qual aquele que, por quinze anos, sem interrupo, nem oposio,

    possuir como seu um imvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de ttulo e boa-

    f.

    Esta atividade cientfica de pesquisa tem por finalidade a reviso de um conjunto de

    obras literrias, bem como o entendimento dos Tribunais a respeito dos requisitos e

    pressupostos para a aquisio da propriedade pela usucapio, adotando como referncia o

    texto da legislao civil. A diretiva terica do presente trabalho constitui-se pelos preceitos

    constitucionais utilizados para o exerccio legal da propriedade. A reviso crtica da

    bibliografia envolver o posicionamento dos principais autores ligados a matria, com a

    reunio da doutrina mais reconhecida.

    Inicialmente se far necessrio um estudo, ainda que superficial, sobre alguns

    aspectos do direito para que a usucapio possa ser analisada sob o prisma da Constituio

    Federal e Cdigo Civil, que modificou o instituto com alguma profundidade.

    Estes aspectos iniciais abrangem uma razovel compreenso sobre o conceito,

    origem fundamento, dentre outros, que emergem da legislao ordinria a da Lei Maior. Isto

    porque a usucapio uma instituio de ordem constitucional, por intermdio da qual a posse

    transformada em propriedade mediante sentena judicial, decisrio este que levado a

    registro perante o Ofcio Imobilirio.

    Assim, por uma questo de sistemtica, e at mesmo de orientao pedaggica, os

    primeiros captulos sero dedicados ao estudo da conceituao, fundamento e posicionamento

    da usucapio na legislao brasileira.

    Entretanto, como no poderia deixar de ser, estas facetas do direito somente sero

    analisadas sob o prisma que trouxer interesse ao estudo da usucapio. Somente ento a

    usucapio extraordinria ser analisada sob o ponto de vista do direito substantivo.

  • 5

    1 - GNERO DA PALAVRA USUCAPIO

    Sob a tica gramatical, dissentem os glossrios no que concerne ao gnero do termo

    usucapio.

    De acordo com o Grande e Novssimo Dicionrio da Lngua Portuguesa, usucapio

    seria palavra de espcie masculina, de maneira que deveria se reportar ao usucapio. J o

    Vocbulo Ortogrfico da Lngua Portuguesa, elaborado pela Academia Brasileira de Letras,

    atesta que o vocbulo em apreo se apresenta de duas formas, sendo, portanto, um substantivo

    comum de dois gneros, admitindo-se o emprego masculino e feminino.

    Grande parte da doutrina sempre utilizou a expresso na flexo masculina, muito

    embora o uso na forma feminina estivesse mais de acordo com o estudo da origem das

    palavras. O prprio Cdigo Civil de 1916 consagrou na Seo IV, do Captulo II, Ttulo II do

    Livro II, a locuo do usucapio, maneira essa que seguia a tradio de nosso direito.

    Tupinamb Miguel de Castro do Nascimento (1992, p. 17), tambm compartilhava da

    utilizao do termo no gnero masculino.

    de se reconhecer, entretanto, que o Cdigo civil de 2002, em vigor desde janeiro de

    2003, recepcionou a expresso da usucapio (Seo I dos Captulos II e III, do Ttulo III do

    Livro III), afastando uma prtica h anos arraigada.

    Dessa forma, a partir de ento, sedimentou-se o emprego do vocbulo no seu gnero

    feminino, consoante apontado pela nova legislao civil.

  • 6

    2 - CONCEITO DE USUCAPIO

    O autor do Cdigo Civil de 1916 definiu o instituto como o modo de aquisio do

    domnio pela posse prolongada, acepo esta que se resumia ao contedo expresso no antigo

    artigo 550, que tratava exclusivamente da usucapio de imveis.

    A verdade que a usucapio pode estender-se a aquisio de outros direitos reais,

    tais como as servides, usufruto, uso e a habitao. Nesta linha de raciocnio, Caio Mrio da

    Silva Pereira (2008, p. 137) defini usucapio como a aquisio da propriedade ou outro

    direito real pelo decurso do tempo estabelecido e com a observncia dos requisitos institudos

    em lei.

    Seguindo a mesma linha de pensamento Carlos Roberto Gonalves (2013, p. 94)

    classifica usucapio como o modo originrio de aquisio da propriedade e de outros direitos

    reais suscetveis de exerccio continuado (entre eles, as servides e o usufruto) pela posse

    prolongada no tempo, acompanhada de certos requisitos exigidos pela lei.

    Nesse contexto, podemos qualificar a usucapio como a aquisio do domnio ou de

    um direito real sobre coisa alheia, mediante posse mansa e pacfica, durante o tempo

    estabelecido em lei.

    Essa conceituao adota como fundamento, as linhas gerais traadas por Orlando

    Gomes (2012, p. 186), que assim se expressa:

    Usucapio , no conceito clssico de Modestino, o modo de adquirir a propriedade pela posse continuada durante certo lapso de tempo, com os requisitos estabelecidos na lei: usucapio est adjectio dominii per continuationem possessionis temporis lege definit

    Para arrematar, Slvio Rodrigues (2007, p. 108) trata a usucapio como sendo o

    modo originrio de aquisio do domnio, atravs da posse mansa e pacfica, por

    determinado espao de tempo, fixado na lei.

  • 7

    3 - FUNDAMENTOS DA USUCAPIO

    Seja qual for a natureza do bem, mvel ou imvel, deve ele ser empregado para o

    crescimento do progresso social. Vale dizer, deve ser utilizado pelo proprietrio de maneira a

    acender proveitos.

    O abandono do bem por parte de seu dono, que negligencia no que se relaciona sua

    utilizao, desprovendo-o de suas finalidades prprias, comportando-se desprendidamente

    como se proprietrio no fosse, pode, com tal conduta, oportunizar, disponibilizar a outrem a

    ocasio favorvel de se apossar da mencionada coisa.

    Essa posse, branda e tranquila, por determinado lapso temporal previsto em lei,

    constituir meio hbil a motivar o alcance da propriedade por aquele que a exerce

    efetivamente, uma vez que importa sociedade a modificao e a sedimentao de tal

    situao de fato em situao de direito.

    Est atrelada a paz social a concretizao daquela situao ftica incerta na pessoa do

    possuidor, transformando-a numa posio de segurana jurdica, com a finalidade de impedir

    que a instabilidade do possuidor possa perpetuar-se, suscitando desavenas e demandas que

    perturbe temerariamente o equilbrio social.

    Portanto, o proprietrio descurado, omisso, que no se importa com aquilo que lhe

    pertence, que deixa seu bem em estado de desamparo, mesmo que no tenha o desgnio de

    abandon-lo, perde sua propriedade para aquele que, havendo ter destinado finalidade e

    cuidados necessrios, se apossando do bem, mansa e pacificamente, durante certo tempo

    previsto em lei, utiliza-o como se seu fosse.

    De forma geral, a doutrina acolhe duas espcies de fundamentos para a usucapio,

    quais sejam, subjetivos e objetivos. No que concerne natureza subjetiva, a privao da

    propriedade por usucapio encontra razo na abdicao presumida do titular deste direito, em

    benefcio do possuidor, interpretando-se seu comportamento desidioso em relao coisa,

    pelo perodo fixado em lei. Sob a tica objetiva, a usucapio representa segurana nas

    relaes envolvendo direitos reais, vez que inexistiria garantia jurdica aos titulares de tais

    prerrogativas se fosse admissvel pesquisar a legitimidade dos ttulos de propriedade

    indefinidamente. Nesse sentido, a posse prolongada isenta de vcios, seria capaz de gerar um

    domnio por modo prprio e autnomo, tranquilizando os proprietrios e a prpria sociedade.

  • 8

    4 - POSICIONAMENTO NA LEGISLAO

    O novo Cdigo Civil regulou a usucapio de bens imveis atravs dos artigos

    compreendidos entre o 1.238 a 1.244.

    O artigo 1.238, assim preceitua:

    Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupo, nem oposio, possuir

    como seu um imvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de ttulo e boa-f; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentena, a qual servir de ttulo para o registro no Cartrio de Registro de Imveis. Pargrafo nico. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se- a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imvel a sua moradia habitual, ou nele realizado

    obras ou servios de carter produtivo.

    De outra banda, o artigo 1.242 do mesmo diploma, dispe:

    Art. 1.242. Adquire tambm a propriedade do imvel aquele que, contnua e incontestadamente, com justo ttulo e boa-f, o possuir por dez anos. Pargrafo nico. Ser de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imvel houver

    sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartrio, cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econmico.

    No artigo 1.238, a legislao civil disciplina a usucapio extraordinria, enquanto no

    artigo 1.242, regula a usucapio ordinria. No momento apropriado, examinaremos

    detalhadamente a espcie de usucapio, que ser objeto do presente trabalho.

    Havendo uma reproduo quase que total do contedo extrado do artigo 183 da

    Constituio Federal, o Cdigo Civil alinhou o seguinte no artigo 1.240:

    Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, rea urbana de at duzentos e cinqenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposio, utilizando-a

    para sua moradia ou de sua famlia, adquirir-lhe- o domnio, desde que no seja proprietrio de outro imvel urbano ou rural. 1

    o O ttulo de domnio e a concesso de uso sero conferidos ao homem ou

    mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 2

    o O direito previsto no pargrafo antecedente no ser reconhecido ao mesmo

    possuidor mais de uma vez.

    Essa modalidade de usucapio tem sido denominada de usucapio especial urbano.

  • 9

    Por conseguinte, a Constituio Federal veio a tratar de assunto similar em seu artigo

    191:

    Art. 191. Aquele que, no sendo proprietrio de imvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposio, rea de terra, em zona rural, no superior a cinqenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua famlia, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe- a propriedade.

    Pargrafo nico. Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio.

    Trata-se de uma das espcies de usucapio constitucional, a que se tem denominado

    usucapio especial rural ou pro labore, que j tinha previso em nosso direito por meio da Lei

    n 6.969/81, profundamente alterada pela Lei Maior.

    A usucapio especial urbana regulada pelo artigo 183 da Constituio Federal, que

    assim dispe:

    Art. 183. Aquele que possuir como sua rea urbana de at duzentos e cinqenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposio, utilizando-a para sua moradia ou de sua famlia, adquirir-lhe- o domnio, desde que no seja

    proprietrio de outro imvel urbano ou rural. 1 - O ttulo de domnio e a concesso de uso sero conferidos ao homem ou mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 2 - Esse direito no ser reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. 3 - Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio.

    O chamado Estatuto da Cidade, institudo pela Lei n 10.257/01, posta em vigncia

    meses antes do novo Cdigo Civil, j havia estabelecido dispositivo semelhante ao do artigo

    1.240, em seu artigo 9, acrescendo, apenas o pargrafo 3, cujo teor se transcreve:

    3

    o Para os efeitos deste artigo, o herdeiro legtimo continua, de pleno direito, a

    posse de seu antecessor, desde que j resida no imvel por ocasio da abertura da sucesso.

    Mais adiante, o mesmo regulamento, prescreveu normas de ordenamento da espcie

    que nomeou de usucapio especial de imvel urbano, que nada mais representa do que a

    usucapio especial urbana tratada no artigo 183 da Constituio Federal, acrescida de normas

    complementares, dentre as quais aquela que retrata a usucapio especial coletiva de imvel

    urbano:

  • 10

    Art. 10. As reas urbanas com mais de duzentos e cinqenta metros quadrados, ocupadas por populao de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposio, onde no for possvel identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, so susceptveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores no sejam proprietrios de outro imvel urbano ou rural.

    1

    o O possuidor pode, para o fim de contar o prazo exigido por este artigo,

    acrescentar sua posse de seu antecessor, contanto que ambas sejam contnuas. 2

    o A usucapio especial coletiva de imvel urbano ser declarada pelo juiz,

    mediante sentena, a qual servir de ttulo para registro no cartrio de registro de imveis.

    3o Na sentena, o juiz atribuir igual frao ideal de terreno a cada possuidor,

    independentemente da dimenso do terreno que cada um ocupe, salvo hiptese de acordo escrito entre os condminos, estabelecendo fraes ideais diferenciadas. 4

    o O condomnio especial constitudo indivisvel, no sendo passvel de extino,

    salvo deliberao favorvel tomada por, no mnimo, dois teros dos condminos, no caso de execuo de urbanizao posterior constituio do condomnio.

    5o As deliberaes relativas administrao do condomnio especial sero

    tomadas por maioria de votos dos condminos presentes, obrigando tambm os demais, discordantes ou ausentes.

    J no campo processual, a ao de usucapio de terras particulares vem regulada nos

    artigos 941 ao 945 do Cdigo de Processo Civil., dessa forma disposta:

    Art. 941. Compete a ao de usucapio ao possuidor para que se Ihe declare, nos termos da lei, o domnio do imvel ou a servido predial. Art. 942. O autor, expondo na petio inicial o fundamento do pedido e juntando planta do imvel, requerer a citao daquele em cujo nome estiver registrado o

    imvel usucapiendo, bem como dos confinantes e, por edital, dos rus em lugar incerto e dos eventuais interessados, observado quanto ao prazo o disposto no inciso IV do art. 232. Art. 943. Sero intimados por via postal, para que manifestem interesse na causa, os representantes da Fazenda Pblica da Unio, dos Estados, do Distrito Federal, dos

    Territrios e dos Municpios. Art. 944. Intervir obrigatoriamente em todos os atos do processo o Ministrio Pblico. Art. 945. A sentena, que julgar procedente a ao, ser transcrita, mediante

    mandado, no registro de imveis, satisfeitas as obrigaes fiscais.

  • 11

    5 - USUCAPIO EXTRAORDINRIA

    O artigo 1.238 do Cdigo Civil define precisamente a usucapio na modalidade

    extraordinria, assim dispondo:

    Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupo, nem oposio, possuir como seu um imvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de ttulo e boa-f; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentena, a qual servir de

    ttulo para o registro no Cartrio de Registro de Imveis.

    O pargrafo nico desse dispositivo acrescenta o seguinte:

    Pargrafo nico. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se- a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou servios de carter produtivo.

    O preceito legal em apreo apresenta o conceito que a doutrina designou de

    usucapio extraordinria, em oposio usucapio ordinria, para a qual se reclama justo

    ttulo e boa-f.

    Constituem, portanto, requisitos para a usucapio extraordinria a posse (sem

    oposio), o tempo (decurso de quinze anos ininterruptos), animus domini (inteno de ser

    dono) e objeto hbil.

    A posse apta a conduzir a usucapio deve ser ininterrupta, o que significa dizer que

    deve ser contnua, constante, alm de no poder ser contestada, caracterizando sua mansido e

    pacificidade.

    Nas palavras de Caio Mrio da Silva Pereira (2008, p. 120), o possuidor no pode

    possuir a coisa a intervalos, intermitentemente, nem t-la maculada de vcios ou defeitos (vi,

    clam aut precrio).

    Maria Helena Diniz (2011, p. 161) disserta sobre a necessidade de pacificidade e a

    imprescindibilidade da ausncia de interrupo, assim dispondo:

    A posse deve ser mansa e pacfica, isto , exercida sem contestao de quem tenha legitimo interesse, ou melhor, do proprietrio contra quem se pretende usucapir. Se a posse for perturbada pelo proprietrio, que se mantm solerte na defesa de seu domnio, falta um requisito para a usucapio. Para que se configure a usucapio

    mister a atividade singular do possuidor e a passividade geral do proprietrio e de terceiros, ante aquela situao individual. Precisa ser ela contnua, ou seja, exercida sem intermitncia ou intervalos.

  • 12

    Existe a possibilidade, porm, de ataque posse por parte de terceiro que apresente

    determinado interesse sobre a coisa. Nessa hiptese, o artigo 1.210, 1, do Cdigo Civil

    oferece ao possuidor um recurso imediato de defesa, assim estabelecendo:

    1o O possuidor turbado, ou esbulhado, poder manter-se ou restituir-se por sua

    prpria fora, contanto que o faa logo; os atos de defesa, ou de desforo, no podem ir alm do indispensvel manuteno, ou restituio da posse.

    Havendo simples turbao em que o possuidor no se v despido da posse, no se

    poderia falar em sua interrupo, muito embora pudesse se cogitar em eventual mcula a

    tranquilidade da mesma.

    Ato preservativo exercitado com sucesso pelo possuidor tem o condo de afastar a

    investida do terceiro ou mesmo do prprio proprietrio de maneira a desconfigurar aquele

    vcio possivelmente suscitvel, vez que referida tutela particular, apesar de permitida em

    carter excepcional, ato absolutamente apropriado, posto que caracterizado como conduta

    devidamente regulamentada por lei, capaz de conservar a mansido da posse.

    Em contrapartida, poder ocorrer ligeiro intervalo no perodo possessrio decorrente

    de esbulho, facilmente obstado pelo desforo imediato do possuidor. Esse breve interstcio,

    todavia, no ter fora bastante para frustrar irremediavelmente a ininterruptividade exigida

    pela norma civil, devendo este nterim ser reputado como de continuidade da posse.

    Nesse tema, Adroaldo Furtado Fabrcio (1995, p. 643) discorre com propriedade:

    Problema delicado o de saber-se se a atividade contrria de outrem (proprietrio ou no), obrigando o possuidor ao desforo ou ao em juzo, retira posse o carter de pacfica. Nossa resposta negativa, sem desconhecer as respeitveis opinies em

    contrrio. Se o possuidor logrou sair vitorioso, seja no desforo prprio, seja no seu apelo ao Poder Judicirio, o carter de sua posse no foi afetado, porque a conduta ilcita de outrem no pode prejudicar o possuidor. Mesmo que o turbador seja o proprietrio, ineficaz a tentativa violenta de retomada da posse, eis que omisso em relao ao emprego do petitrio, nico remdio til de que se poderia servir ou, pelo menos, do protesto formal em juzo, para interromper o curso do prazo. Se

    outra fosse a interpretao da regra, a quem quer que interessasse obstar a usucapio bastaria atacar a posse para forar o possuidor reao.

    Esse raciocnio tambm dever embasar a elucidao de episdios nos quais o

    possuidor turbado ou esbulhado seja compelido a se utilizar de expedientes de manuteno ou

    reintegrao para continuar na posse do bem usucapiendo, j que sua legitimidade ser

    alicerada numa sentena judicial. Tupinamb Miguel Castro do Nascimento (1992, p. 115)

    afirma que:

  • 13

    Mesmo as oposies feitas na rea judiciria devem ser srias e procedentes. No bastam processos judiciais, citaes do possuidor e oposies indefinidas. O que importa que a ao tenha seu trmino com o reconhecimento do direito de quem se ope. Se a ao julgada improcedente, ao contrrio do que se poderia argumentar, declara-se, saciedade, que a oposio com exigncia formal no tinha contedo

    substancial.

    Nessa rbita, somente haver a caracterizao da ininterruptividade apta a rechaar a

    usucapio, se o possuidor for privado de sua posse de forma inquestionvel, antes de atingir o

    perodo de quinze anos, sem qualquer perspectiva de reconquistar a posse perdida. Bem por

    isso, prescreve o artigo 1.223, do Cdigo Civil:

    Art. 1.223. Perde-se a posse quando cessa, embora contra a vontade do possuidor, o poder sobre o bem, ao qual se refere o art. 1.196.

    Cumpre salientar que a oposio bastante para interromper o prazo de aquisio deve

    ser aquela perpetrada ou que se manifesta no seu decurso. Apenas esta rompe o

    prosseguimento do lapso prescricional aquisitivo, j que combate a vontade do possuidor uma

    outra vontade oriunda de contestao que direcionada ao exerccio daqueles poderes

    intrnsecos ao domnio qualificador da posse. Transcorrido todo esse perodo, qualquer

    impugnao, reclamao ser ineficaz, pois ir se deparar diante de um fato consumado.

    Por seu turno, o artigo 1.208, do Cdigo Civil, preceitua que:

    Art. 1.208. No induzem posse os atos de mera permisso ou tolerncia assim como no autorizam a sua aquisio os atos violentos, ou clandestinos, seno depois de cessar a violncia ou a clandestinidade.

    Posse violenta aquela decorrente do emprego de fora, em contrariedade posse

    pacfica, mansa, que aquela isenta de ato violento. Clandestina a posse obtida s ocultas,

    afastada do conhecimento de quem pode ou tem interesse em preservar seus direitos ligados

    ao domnio, contrapondo-se a publicidade, que caracteriza a posse exercida sem

    acobertamentos, disfarces. Posse precria a que deriva do abuso de confiana daquele que

    tendo recebido a coisa com o encargo de devolv-la, se recusa em momento posterior a faz-

    lo.

    Em princpio, a usucapio ser alcanada quando presente a posse justa, ou seja, livre

    de violncia, clandestinidade ou de precariedade, no momento de sua aquisio. Contudo,

    mesmo que a posse esteja revestida de violncia ou clandestinidade, existir viabilidade para

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    sua convalidao, a partir do instante em que cessarem os referidos vcios. Nesse sentido,

    Washington de Barros Monteiro (2013, p. 40):

    ...a violncia e a clandestinidade so vcios temporrios. Cessando estes, a posse comea a firmar-se de modo til e eficaz, de tal sorte que, volvidos os anos, lcito no mais ser despojar-se o possuidor, em virtude do vcio originrio de sua posse, a menos que vencido em ao petitria e nela condenado a restituir a coisa.

    Situao diversa ocorre com a posse viciada pela precariedade, em que no h

    possibilidade de legitim-la, posto que gerada por meio de atos de mera permisso ou

    tolerncia, consoante preceito legal anteriormente citado. Nas palavras de Silvio Rodrigues

    (2007, p. 29) a posse carregada deste atributo no merece convalescncia porque a

    precariedade no cessa nunca. O mesmo autor (2007, p. 29) cita como exemplos o dever do

    comodatrio, do depositrio e do locatrio de modo que o fato de a reterem, e de

    recalcitrarem em no entreg-la de volta, no ganha jamais foros de juridicidade, no gerando,

    em tempo algum posse jurdica.

    Nesses casos acima referendados pelo ilustre jurista, o detentor, legitimo possuidor

    direto, no exerce a posse com animus domini, cuja propriedade permanece na esfera dos

    possuidores indiretos (comodante, depositante e locador), que apenas confiam a coisa com

    obrigao posterior de restituio. Mera deteno, desprovida de nimo de proprietrio no

    leva prescrio aquisitiva.

    Desta forma, aquele que obtm a posse, estar, preambularmente, habilitado a

    adquirir por usucapio, com exceo das pessoas que no detenham o animus domini,

    mandatrio, comodatrio, locatrio e o usufruturio, j que esto impedidos de alterar por si

    prprios a causa de suas posses, assim tambm ocorrendo com relao aos fmulos da posse,

    eis que meros detentores das coisas que lhes so entregues.

    Destarte, o artigo 1.205 do Cdigo Civil, estabelece quem pode adquirir a posse,

    preceituando o seguinte:

    Art. 1.205. A posse pode ser adquirida: I - pela prpria pessoa que a pretende ou por seu representante; II - por terceiro sem mandato, dependendo de ratificao.

    No que tange a aplicao de determinado dispositivo a usucapio, srias dvidas

    surgem sobre a aquisio deste direito por parte de seus titulares, como por exemplo, no caso

    de condomnio. Caio Mrio da Silva Pereira (2008, p. 131) defende a impossibilidade pela

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    ilicitude da excluso da posse dos demais condminos por outro, j que existe

    incompatibilidade expressa entre esta forma de aquisio e a condio condominial, que por

    sua essncia exclui a posse cum animo domini. Por outro lado, a orientao jurisprudencial

    firmou-se em sentido contrrio, na hiptese de extino do condomnio pela posse exclusiva

    por parte de um dos possuidores, de maneira a obstar a composse dos demais.

    Outro requisito para a aquisio por usucapio o tempo, reduzido de vinte para

    quinze anos de acordo com o artigo 1.238 do Cdigo Civil de 2002. Outra novidade consiste

    tambm em nova diminuio de prazo para dez anos, assim disposto:

    Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupo, nem oposio, possuir como seu um imvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de ttulo e boa-f; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentena, a qual servir de ttulo para o registro no Cartrio de Registro de Imveis.

    Pargrafo nico. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se- a dez anos se o possuidor houver estabelecido no imvel a sua moradia habitual, ou nele realizado obras ou servios de carter produtivo.

    Caio Mrio da Silva Pereira (2008, p. 106) bem explicita o intuito do legislador:

    as caractersticas fundamentais desta categoria especial de usucapio baseiam-se no seu carter social. No basta que o usucapiente tenha a posse associada ao tempo.

    Requer-se, mais, que faa da gleba ocupada a sua morada e torne produtiva pelo seu trabalho ou seu cultivo direto, garantindo desta sorte a subsistncia da famlia, e concorrendo para o progresso social e econmico. Se o fundamento tico da usucapio tradicional o trabalho, como nos pargrafos anteriores deixamos assentado, maior nfase encontra o esforo humano como elemento aquisitivo nesta modalidade especial.

    Na realidade, essa reduo de perodo estabelecida pelo pargrafo nico do artigo

    1.238, somente veio a prestigiar e valorizar a funo social da propriedade, j propugnada

    pela Constituio Federal, cujo exerccio pelo possuidor do imvel fomenta implicaes

    jurdicas distintas, quando em comparao quelas decorrentes da posse desqualificada, sem

    destinao social, prevista no caput do mesmo dispositivo. Nesse sentido, a doutrina (2008, p.

    590) fundamenta esse intento do legislador na principiologia social, assim propalando:

    Dentro, portanto, do princpio da sociabilidade que norteou a feitura da lei - cujos reflexos tambm podem ser sentidos no Direito Contratual (arts. 421 e 422) -, verifica-se a constitucionalizao, em nvel ordinrio, das concepes de posse e propriedade concebidas na Magna Carta. Em outras palavras, no h grande

    novidade na idia de reduo de prazo, quando se demonstre a Carta da Repblica, valorizando o solidarismo social, a dignidade da pessoa humana e o trabalho, j determinava a necessidade de a legislao inferior observar estes vetores principiolgicos.

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    Ao analisar o dispositivo em comento, Benedito Silvrio Ribeiro (2012, p. 265)

    coloca o que se deve entender por marida habitual ou obras de carter produtivo, assim

    propalando:

    Moradia no imvel e produtividade de h muito vinham como caractersticas da

    usucapio rural. Moradia habitual constitui termo mais amplo que simplesmente moradia, sendo um ou outro mais restrito que residncia. No referente modalidade ora tratada, afasta-se daquelas outras que exigem requisitos especficos, como a urbana e a rural, em que o possuidor no pode ser proprietrio de outro imvel, tambm no se limitando a tamanho do imvel usucapiendo. Obras e servios de carter produtivo podem ocorrer com imvel urbano (imvel misto, com moradia e

    comrcio, microempresa, artesanato etc.). Ao juiz compete apreciar a utilizao do imvel, bem como a inteno do possuidor, seja morando, seja realizando obras ou servios de carter produtivo.

    O ltimo requisito constitui o objeto hbil. Aqui temos que somente bens de domnio

    privado podem ser usucapidos, com excluso daqueles que possuem natureza pblica. Alis,

    sob a gide da atual Constituio Federal, nenhum bem imvel pblico poder ser mais

    usucapido, ex vi do disposto no 3, do artigo 183 e no pargrafo nico do artigo 191 da Carta

    Magna, nos seguintes termos: Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio..

    Nelson Godoy Bassil Dower (2007. p. 147) discorre com propriedade sobre a

    impossibilidade usucapir bens pblicos:

    Devido ao princpio da imprescritibilidade dos bens pblicos, estes no podem ser adquiridos por usucapio. A Constituio Federal colocou um ponto final na questo. Os imveis pblicos no sero adquiridos por usucapio (pargrafo nico do art. 191) ou como diz o art. 102 do CC: Os bens pblicos no esto sujeitos a usucapio. Portanto, as terras devolutas, aquelas que voltaram para o domnio da nao, mesmo que estejam na posse mansa e pacifica de particulares, mesmo pelo prazo superior a 15 anos, no podem ser objeto de usucapio.

  • 17

    CONCLUSO

    As consideraes finais procuram sintetizar as concluses da pesquisa realizada, cujo

    aprofundamento necessrio restou limitado pelas restries metodolgicas presentes em toda

    investigao em grau dissertativo, mantendo, porm, aberta a reflexo para futuro

    detalhamento, em sede prpria.

    Neste sentido, chegamos s concluses abaixo expostas.

    A posse constitui elemento essencial para a caracterizao da usucapio, que

    prolongada no tempo, pode conduzir a aquisio da propriedade se aliada a determinados

    requisitos estabelecidos em lei.

    O direito de propriedade no mais se reveste daquele carter absolutista de outra

    hora, cedendo espao para inmeras limitaes de natureza pblica com fundamento nos

    princpios de justia e do bem comum. A Constituio Federal assegura o direito a

    propriedade, condicionando-a, contudo, a uma funo social, que de modo superficial pode

    ser considerada como a submisso do direito individual ao direito coletivo.

    No tocante a usucapio, o Cdigo Civil de 2002, recepcionou a expresso no seu

    gnero feminino, afastando a forma comumente utilizada e h anos arraigada em nosso

    ordenamento jurdico.

    Podemos qualificar a usucapio como a aquisio do domnio ou de um direito real

    sobre coisa alheia, mediante posse mansa e pacfica, durante o tempo estabelecido em lei.

    De forma geral, a doutrina acolhe duas espcies de fundamentos para a usucapio,

    quais sejam, subjetivos e objetivos. No que concerne natureza subjetiva, a privao da

    propriedade por usucapio encontra razo na abdicao presumida do titular deste direito, em

    benefcio do possuidor, interpretando-se seu comportamento desidioso em relao coisa,

    pelo perodo fixado em lei. Sob a tica objetiva, a usucapio representa segurana nas

    relaes envolvendo direitos reais, vez que inexistiria garantia jurdica aos titulares de tais

    prerrogativas se fosse admissvel pesquisar a legitimidade dos ttulos de propriedade

    indefinidamente. Nesse sentido, a posse prolongada isenta de vcios, seria capaz de gerar um

    domnio por modo prprio e autnomo, tranquilizando os proprietrios e a prpria sociedade.

    O instituto da usucapio extraordinria foi posicionado no artigo 1.238, pelo novo

    Cdigo Civil, modalidade que se consuma com a reunio de requisitos tais como a posse

  • 18

    mansa e pacfica, ininterrupta, exercida com animus domini, pelo decurso de tempo de quinze

    anos. Inovao trazida pela nova legislao implica na previso de outra espcie de usucapio

    extraordinria, retratada no pargrafo nico do artigo 1.238, na qual houve reduo do prazo

    prescricional para dez anos na hiptese do possuidor estabelecer no imvel sua moradia

    habitual ou efetuar obras ou servios de carter produtivo. Trata-se da posse trabalho,

    valorizando mais uma vez a funo social da propriedade.

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    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

    DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 28.ed. So Paulo: Saraiva, 2011. v. 5.

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    2007. v. 4.

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    Janeiro: Forense, 1995.

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    Saraiva, 2013. v. 3.

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    de Janeiro: Aide, 1992.

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    2008. v. 4.

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