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ESTATÍSTICA: um conhecimento importante para o cidadão da sociedade atual

Autora: Ana Délia Lavaque Ruiz1

Orientador: Sebastião Gazola2

Resumo

O presente artigo descreve como se desenvolveu o projeto de intervenção

pedagógica “Estatística: Um Conhecimento Importante Para o Cidadão da

Sociedade Atual” e como ocorreu a implementação do Material Didático-Pedagógico.

Apresenta uma experiência aplicada em sala de aula na disciplina de Matemática

com os alunos da 7ª série D (8º ano), do período da tarde da Escola Estadual Cecília

Meireles - Ensino Fundamental no ano de 2011. Aponta que o trabalho com a

estatística em sala de aula é mais significativo para os alunos se ocorrer por meio da

realização de pesquisas estatísticas, onde eles possam construir procedimentos

para coletar, organizar e comunicar dados, utilizar tabelas, gráficos e representações

que aparecem frequentemente em seu dia a dia. A metodologia de ensino utilizada

visa facilitar a compreensão dos conteúdos para o desenvolvimento de alguns

conceitos básicos de Estatística. O objetivo foi promover atividades abordando a

estatística de forma contextualizada visando o desenvolvimento de atitudes críticas

diante de situações da vida cotidiana. Na pesquisa estatística sugerida neste

trabalho investigou-se como os moradores de um bairro “X” da cidade de Santa Fé

lidam com a questão do lixo produzido por eles em suas residências para assim

saber o que pensam, como agem e o que sabem sobre o lixo e sua reciclagem. Por

meio da realização da pesquisa estatística e do estudo dos dados coletados foi

oportunizado aos alunos o desenvolvimento de conceitos básicos da estatística e

reflexões sobre a questão do lixo. Sendo assim, o trabalho contribuiu para o

desenvolvimento de condições de leitura crítica dos fatos ocorridos na realidade do

aluno. 1 Professora da Rede Estadual de Ensino do estado do Paraná da Escola Estadual Cecília Meireles da cidade de Santa Fé. 2 Professor do Departamento de Estatística da Universidade Estadual de Maringá.

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Palavras-chave: Estatística; Coleta de dados; Tabelas e Gráficos.

1 Introdução

A sociedade atual convive com grande quantidade de dados numéricos

referentes à economia, à ciência, ao esporte, à política, à educação, à saúde e

outras tantas questões. Esses dados são colocados nos meios de comunicação

tornando possível um diagnóstico da situação.

Hoje, a maioria das pessoas têm acesso a todos os meios de comunicação,

que informam sobre tudo o que ocorre no mundo. Porém, para lidar com todas essas

informações em que somos envolvidos, é preciso desenvolver conhecimentos que

nos auxiliem a compreendê-las.

Lendo uma revista, um jornal, ou vendo TV depara-se com instrumentos

variados de comunicação, dentre eles tabelas e gráficos. Para fazer a leitura e

interpretação desses instrumentos é necessário ter conhecimentos elementares de

estatística.

Nesse sentido, a abordagem da Estatística se faz cada vez mais necessária

no currículo da disciplina de Matemática, pois atualmente a linguagem estatística

está presente em todos os meios de comunicação informando sobre as mais

variadas questões. Fazer uma leitura dessas informações, muitas vezes, exige do

leitor uma interpretação dos dados que estão sintetizados em tabelas e gráficos. E

essa interpretação nem sempre é fácil. Ao promover ações em sala de aula ou fora

dela visando o desenvolvimento de fundamentos básicos de estatística buscando o

desenvolvimento da leitura e interpretação de tabelas e gráficos é uma forma de

oportunizar ao aluno o acesso a esse conhecimento.

O destaque que a estatística vem recebendo nos últimos tempos é devido a

sua aplicação em praticamente todas as áreas do conhecimento. Portanto é

“imprescindível que a escola forme cidadãos capazes de ler informação estatística,

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de tal forma que quando esses se confrontarem com dados dessa natureza sejam

capazes de questioná-las”. (ECHEVESTE at. al, 2003, p.2).

Diante de observações feitas no âmbito de sala de aula percebe-se que

muitos alunos, ao final do ensino fundamental, ainda apresentam necessitar de um

ensino voltado à formação de conceitos estatísticos que não foram desenvolvidos

nesta etapa do estudo. Analisando os resultados médios de desempenho da Prova

Brasil observou-se que dois terços dos alunos avaliados não possuem a habilidade

de resolver problema envolvendo informações apresentadas em tabelas e/ou

gráficos, entretanto, quando solicitado que associassem informações apresentadas

em listas e/ou tabelas simples aos gráficos que as representam e vice-versa quase

dois terços dos alunos mostraram dominar a habilidade, identificando

adequadamente o gráfico relacionado à tabela dada.

Analisando essas situações, percebe-se que algumas competências estão

construídas, outras estão em processo de construção, então pensou-se em um

trabalho voltado para a realização de uma pesquisa estatística que fosse

significativa para os alunos, onde eles pudessem construir procedimentos para

coletar, organizar, comunicar os dados sintetizados em tabelas e gráficos e realizar

a leitura e interpretação dessas informações.

Sendo assim, realizou-se a implementação de um projeto visando a

promoção de atividades abordando a Estatística com a finalidade de desenvolver

atitudes críticas diante de situações da vida cotidiana do aluno.

Para tanto, neste trabalho, foi investigado como os moradores de um bairro

da cidade de Santa Fé lidam com a questão do lixo produzido por eles em suas

residências. Diante de tantas problemáticas que se depara a sociedade e diante de

tantos temas de interesse dos alunos nota-se que esse tema deve ser amplamente

debatido dentro das escolas e também pela sociedade, pois é um dos problemas a

ser enfrentado pelos países no século XXI.

Conforme aponta Felix:

Dentre os diversos problemas ambientais mundiais, a questão do lixo é das mais preocupantes e diz respeito a cada um de nós. Abordar a problemática da produção e destinação do lixo no processo de educação, é um desafio, cuja solução passa pela compreensão do indivíduo como parte atuante no meio em que vive (FELIX, 2007, p. 57).

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Estudar estatística a partir de situações reais oportuniza o contato com o

conteúdo de forma significativa, despertando o interesse do aluno. “[...] os

estudantes se recusam a aprender aquilo que, para eles, não faz o menor sentido,

ou não tem uma aplicação clara, objetiva, imediata.” (JULIANELLI, 2010, p. 34).

Sendo assim, o conteúdo deixa de ser abstrato e passa a ter a possibilidade

de ser aplicado em situações da vida cotidiana.

Estreitar as relações entre estatística e problemáticas sociais e ambientais

vivenciadas pelo aluno é uma forma de relacionar a Matemática com questões do

seu cotidiano, isso favoreceu a compreensão de que esta disciplina nos leva a

compreender e, às vezes, resolver problemas do dia a dia, o que nem sempre fica

evidente para o aluno, ele vê a Matemática como uma ciência desconectada de sua

realidade.

2 Desenvolvimento

Concomitantemente à evolução da humanidade a Matemática foi inventada

e vem sendo desenvolvida pelo homem em função das necessidades humanas, ou

seja, ela evolui juntamente com a humanidade. Ela é essencial para que a pessoa

compreenda e atue na sociedade de forma crítica.

Sendo a Estatística um ramo da Matemática, esta também, vem se

desenvolvendo para atender as necessidades da investigação de fenômenos

sociais, econômicos, políticos, ecológicos entre outros.

Hoje, a Estatística está presente em quase todas as atividades humanas,

ela é uma ciência que é “uma parte da Matemática Aplicada que fornece métodos

para coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados e para a

utilização dos mesmos na tomada de decisão”. (CRESPO, 2002, p.13).

Ela está presente na vida das pessoas e é importante que estas sejam

competentes nesta área para entender as informações que os meios de

comunicação veiculam e “com base na análise dos dados coletados e organizados,

é possível, em muitos casos, prever determinadas tendências que auxiliam a tomada

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de decisões, permitindo elaborar um planejamento mais adequado.” (GIOVANNI JR.

CASTRUCCI, 2009, p. 10).

Em seus estudos, Bifi (apud Gal (2002)) aponta que “[...] ser competente em

estatística é possuir um conjunto de elementos que contribuem com a habilidade das

pessoas para compreender, interpretar, avaliar, e, caso necessário, reagir a

mensagens estatísticas”. (BIFI, 2006, p. 11)

Existe uma gama de conteúdos matemáticos para serem abordados com

nossos alunos e acaba-se por não ser dada a ênfase necessária ao trabalho com

elementos da estatística, muitas vezes, em função do tempo acaba-se priorizando

outros conteúdos ou realizando um trabalho fragmentado, ou ainda, até mesmo, pela

estatística não ser um conteúdo tradicional nos currículos escolares, ao longo da

história da Matemática, sendo relativamente recente sua inclusão.

Embora os PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais Para o Ensino

Fundamental (1998) e as Diretrizes Curriculares da Educação Básica – Matemática

(2008) indiquem um trabalho sistematizado com elementos da Estatística, muitos

alunos estão chegando ao final do ensino fundamental, com defasagens

significativas nesta área do saber, apresentando necessitar de um ensino voltado à

formação de conceitos estatísticos, tão importantes para a formação do cidadão.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica apontam que “é importante o

aluno conhecer fundamentos básicos de Matemática que permitam ler e interpretar

tabelas e gráficos, conhecer dados estatísticos [...]”. (DCE’s de Matemática, 2008,

p.61).

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Matemática indicam que:

Esse estudo também favorece o desenvolvimento de certas atitudes, como posicionar-se criticamente, fazer previsões e tomar decisões ante as informações veiculadas pela mídia, livros e outras fontes. (Parâmetros Curriculares Nacionais, 1998, p.134).

Portanto, ter noções elementares de Estatística tornou-se necessidade

social para o indivíduo compreender as informações veiculadas, tomar decisões e

fazer previsões que influenciam sua vida pessoal e em comunidade.

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LOPES aponta que é importante que o trabalho com os alunos nesta área

possibilite

[...] o desenvolvimento de atividades estatísticas que partam sempre de uma problematização, pois assim como os conceitos matemáticos, os estatísticos também devem estar inseridos em situações vinculadas ao cotidiano deles. (LOPES, 2008, p.57).

Mostrar a presença e a utilidade da Estatística em diversas situações do dia

a dia do aluno, contextualizando os conhecimentos relacionados a essa área do

saber favorece a aprendizagem e faz com que o aluno perceba que a Estatística é

um conhecimento que pode ser usado na resolução de problemas.

E continua:

É necessário desenvolver uma prática pedagógica na qual sejam propostas situações em que os estudantes realizem atividades, as quais considerem seus contextos e possam observar e construir os eventos possíveis, por meio de experimentação concreta, de coleta e de organização de dados. A aprendizagem da estocástica só complementará a formação dos alunos se for significativa, se considerar situações familiares a eles, que sejam contextualizadas, investigadas e analisadas. (LOPES, 2008, p. 58).

Dessa forma a contextualização do conteúdo por meio de uma problemática

do cotidiano do aluno ou de qualquer problema da atualidade quer seja de sua rua,

seu bairro, sua cidade, seu estado, seu país ou até mesmo do planeta tornará o

conteúdo matemático significativo.

Para isso foram realizadas reflexões e feito levantamentos prévios dos

problemas que afetam a vida dos alunos, visto que para eles “parte dos assuntos

significativos é relativo à realidade mais próxima, de sua comunidade”. (PCN, 1998,

p. 190).

A definição do tema da pesquisa estatística que seria realizada foi motivo de

grande preocupação, pois ela deveria ir de encontro ao interesse dos alunos, sendo

que ela motivaria a abordagem de vários conceitos que oportunizariam aos alunos a

apropriação de conhecimentos básicos de Estatística. Deveria, portanto, responder

às necessidades e interesses dos alunos.

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Sabemos que o caminho mais apropriado na definição do tema de uma

pesquisa estatística é consultar os próprios alunos, ouvi-los para saber quais são as

suas necessidades, seus interesses, quais assuntos chamam mais a sua atenção.

Com as informações colhidas o professor lista os temas sugeridos e os alunos

decidem por aquele que queiram investigar.

Porém, neste trabalho, como já descrito anteriormente, definimos

previamente e com muito cuidado o tema a ser pesquisado, pois sabemos que um

tema que seja de interesse dos alunos implica muito na receptividade e participação

destes no projeto de intervenção pedagógica.

Diante de várias problemáticas pelas quais passa a comunidade do aluno,

elegeu-se o tema lixo, sabendo que este é um assunto pertinente à sua realidade,

da escola, do município, do estado, do país, enfim, é um tema global, amplo e por

outro lado restrito, depende do enfoque que é dado a ele.

Quando falamos em “lixo” não há como permanecer inertes diante de

situações que presenciamos em nossa rua, no nosso ambiente de trabalho, em

nosso município, enfim, no planeta. Além de nos incomodar muito em ver

diariamente que os educandos não têm atitudes adequadas em relação ao destino

do lixo, por eles produzido, no ambiente escolar. Esta indignação nos potencializa

para realizarmos um trabalho voltado à conscientização dos nossos alunos.

Buscamos associar os conteúdos curriculares de nossas disciplinas com temas

atuais para que possamos favorecer a conscientização e mudanças desses hábitos

e costumes, mesmo que a longo prazo.

O ensino-aprendizagem da Estatística, neste trabalho, se deu pela

investigação do modo de vida de um grupo de pessoas, buscando analisar o que

sabiam, o que pensavam e como agiam em relação ao lixo produzido em suas

residências e sobre a reciclagem do mesmo. Diante dessas questões, para se fazer

o levantamento dessas informações fez-se necessário a realização de uma pesquisa

estatística.

As Diretrizes Curriculares da Educação Básica propõem “que o trabalho

com estatística se faça por meio de um processo investigativo, pelo qual o estudante

manuseie dados desde sua coleta até os cálculos finais”. (DCE’s, 2008, p.60).

O tema (lixo) da pesquisa estatística oportunizou reflexões sobre esta

problemática e observações das atitudes da população pesquisada, além do aluno

poder refletir sobre as suas próprias atitudes.

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Com esse procedimento, foi oportunizado ao aluno, além do

desenvolvimento de conceitos estatísticos o desenvolvimento de outros conceitos

relacionados ao tema da pesquisa e de conceitos de outros conteúdos matemáticos,

pois como recomendam os PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais Para o

Ensino Fundamental o ensino de Matemática deve propiciar múltiplas conexões

entre os conteúdos.

A seguir serão descritas as ações desenvolvidas na implementação do

material didático-pedagógico.

O Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola “Estatística: Um

Conhecimento Importante Para o Cidadão da Sociedade Atual” foi implementado

com os alunos da 7ª série (8º ano), período vespertino da Escola Estadual Cecília

Meireles – Ensino Fundamental do município de Santa Fé. Turma formada por 28

alunos, em sua maioria, proveniente, da zona urbana contando com poucos alunos

da zona rural.

Num primeiro momento, ocorreu a apresentação do projeto à turma, visando

a sensibilização dos alunos e destacando os objetivos, a relevância do tema, a

oportunidade de enriquecimento do conhecimento e também o cronograma. De

maneira geral, os alunos se demonstraram interessados em participar das atividades

e aceitaram desenvolver o referido trabalho demonstrando curiosidade em realizar

uma pesquisa estatística com coleta direta dos dados (pesquisa de campo). Apenas

alguns alunos demonstraram apatia e desinteresse.

Num segundo momento, houve uma conversa informal visando diagnosticar

conhecimentos sobre a estatística e atitudes e posturas em relação à produção de

lixo. Este momento foi significativo para a realização de reflexões iniciais a respeito

de posturas em relação ao lixo por nós produzidos, uma vez que muitos alunos já se

sensibilizaram diante das colocações de alguns colegas.

Após esse momento foram selecionados em revistas e jornais vários tipos

de tabelas e de gráficos que foram distribuídos à turma. Em seguida os alunos,

divididos em equipes, analisaram e discutiram as informações contidas naquele

material. A partir de reflexões acerca do que aqueles instrumentos apresentavam e

das experiências e dos conhecimentos prévios dos alunos, eles realizaram possíveis

leituras e interpretações desses instrumentos de comunicação. As informações

foram socializadas pelas equipes e esses materiais foram expostos na sala de aula.

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Neste momento, a professora apontou a finalidade e a importância desses

instrumentos de comunicação.

Partiu-se então para a definição do tema da pesquisa estatística. Para tanto,

foram feitos questionamentos, tais como:

Como lidamos com o lixo produzido na escola? Na rua? Em nossas casas?

Como este problema está sendo enfrentado na atualidade?

Com a realização de uma conversa dirigida os alunos fizeram apontamentos

para as questões levantadas. Apontaram que é comum notícias na mídia sobre o

lixo. O tema, geralmente, é abordado por autoridades públicas, ambientalistas,

estudiosos, por artistas, pelas entidades educacionais, religiosas, pela sociedade

civil, enfim, por todos os seguimentos da sociedade. Demonstraram ter preocupação

com a quantidade de lixo produzida e com seu destino, pois é um produto humano e

hoje seu acúmulo já afeta o ambiente em que vivemos, contaminando lençóis

freáticos, provocando doenças, entre outros efeitos danosos à natureza. Também

demonstraram compreender que um dos problemas a serem enfrentados pelos

países neste século é o destino de milhões de toneladas de lixo produzidas

diariamente por nós. E concluíram que esse problema poderia ser amenizado se os

materiais recicláveis fossem separados nas residências, comércio e indústrias e

encaminhados para a reciclagem. Além disso, evitaria o consumo dos recursos

naturais para a produção de novos produtos.

Visto que:

O tratamento e a destinação final do lixo urbano ou resíduos sólidos urbanos sempre foi uma preocupação dos municípios e principalmente das organizações governamentais e não governamentais ligadas a área de saneamento ambiental. Na maioria dos municípios brasileiros de pequeno porte a administração se limita a varrer os logradouros e recolher o lixo domiciliar de forma nem sempre regular depositando-o em locais afastados da vista da população sem maiores cuidados sanitários. Essa situação é provocada ou pela falta de consciência das autoridades municipais com a problemática do lixo urbano ou pelas dificuldades financeiras que impedem a aquisição de equipamentos necessários e disponíveis no mercado para coleta, compactação, transporte e destinação dos resíduos sólidos. (JUNKES, 2002, p.16).

Definimos, então, que este seria o tema da pesquisa estatística, pois o tema

“lixo” era um assunto que merecia uma atenção especial, pois fazia parte dos

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nossos problemas ambientais e sociais e que seria importante realizar uma pesquisa

sobre ele devido a sua relevância ambiental e social.

Para maior enriquecimento sobre o assunto foi solicitado que os alunos

refletissem e levantassem as problemáticas sociais e ambientais ocasionadas pela

produção e acúmulo inadequado do lixo, para tanto, deveriam realizar uma pesquisa

informativa sobre o lixo.

Em um próximo momento os alunos trouxeram materiais que apresentavam

várias questões, desde os problemas ambientais ocasionados pela produção e

destino inadequado do lixo, passando pelo tempo aproximado de decomposição de

alguns materiais e os tipos de lixo que podem ser reciclados, até materiais

produzidos a partir do lixo, e problemas sociais retratados nos lixões, onde uma

parcela da sociedade busca materiais para vender e até alimentos, ou melhor,

restos, demonstrando a degradação humana. Com a pesquisa sobre o assunto

foram colhidas e socializadas várias informações, assim a turma ficou mais ciente

das questões relacionadas ao lixo, podendo continuar a realização do trabalho com

mais propriedade sobre o assunto.

Com levantamentos de informações sobre a produção média diária de lixo

dos brasileiros os alunos realizaram cálculos para estimar quanto de lixo produziram

até aquele momento de sua vida. Foi possível estimar quanto de lixo a população

municipal produz por dia.

Diante do estudo e discussões sobre o tema surgiram vários

questionamentos em relação às atitudes das pessoas. Para responder os

questionamentos necessitamos fazer uma investigação, realizar uma pesquisa

estatística, então recorremos à Estatística que é “uma ciência baseada na teoria

das probabilidades, cujo principal objetivo é nos auxiliar a tirar conclusões, em

situações de incerteza, a partir de informações numéricas de uma amostra”.

(NAZARETH, 1992, p.6).

A seguir, o assunto foi encaminhado para a construção do conceito de

população e amostra. Então foi possível perceber que para investigar sobre o

comportamento e atitudes que as pessoas têm em relação ao lixo, isto é, para fazer

uma pesquisa em todas as residências da cidade precisaria de muito tempo e muitos

entrevistadores para realizar todo o trabalho. O conjunto de todas as residências da

cidade seria a população de estudo. Percebeu-se que seria conveniente realizar

uma pesquisa com uma população menor e por amostragem, realizar a pesquisa em

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um bairro “X” da cidade, onde, mesmo com uma população menor poderiam ser

respondidas a essas curiosidades.

Neste caso, todas as residências deste bairro formaram a população de

estudo, ou seja, o conjunto de elementos sobre o qual se desejava obter informação.

Neste momento foi oportuno discutir que para investigar todos os elementos de uma

população torna-se demorado e custoso, no nosso caso o tempo é limitado, as

pessoas envolvidas, a professora e os alunos, não são suficientes para realizar um

trabalho em todas as residências do bairro, então foi possível perceber que essas

dificuldades poderiam ser minimizadas realizando uma pesquisa por amostragem.

O bairro “X” possuía 104 residências, este era o total da população. Foi

selecionada uma amostra de 80 residências.

Decidido que a pesquisa seria realizada por amostragem e como e onde

faríamos a coleta, partimos para a construção do instrumento de coleta de dados.

Nesta etapa do trabalho a atenção estava voltada em se obter um

questionário eficiente, para isso foi orientado aos alunos quanto às precauções de

se construir um questionário, não deixando-o muito longo e buscando apenas

informações necessárias para a pesquisa, pois este instrumento deveria fornecer

apenas as informações que atendessem aos objetivos da pesquisa.

Antes de apresentar o questionário da Produção Didático-pedagógica que

fora construído em etapa anterior do PDE foi proposto aos alunos que, em equipes,

elaborassem perguntas para compor o questionário. Após, confrontamos cada uma

das 17 questões do questionário da Produção Didático-pedagógica com as questões

construídas pelos alunos com a intenção de complementar aquele instrumento de

coleta de dados. Realizada a análise das questões indicadas pelos alunos

observamos que elas estavam contempladas no questionário. Sendo assim,

concluiu-se a etapa de construção do instrumento de coleta de dados, mostrado a

seguir.

Antecedendo a aplicação do questionário, foi realizada a preparação da

turma quanto ao modo de aplicar o questionário e de abordar o entrevistado. Foram

orientados que deveriam explicar a finalidade da pesquisa, a entrevista era de

caráter confidencial, não poderiam influenciar os pesquisados, deveriam ter

cordialidade, simpatia e respeitar o entrevistado evitando constrangimentos. Por fim,

agradecer a disponibilidade do entrevistado.

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ESCOLA ESTADUAL CECÍLIA MEIRELES

PDE – 2011

QUESTIONÁRIO PARA COLETA DE DADOS

01. SEXO DO ENTREVISTADO

1 ( ) masculino 2 ( ) feminino

02. Nº de pessoas na família: .................... 03. GRAU DE ESCOLARIDADE:

1 ( ) 1ª a 4ª série 2 ( ) 5ª a 8ª série 3 ( ) 2º grau 4 ( ) 3º grau 5 ( ) sem escolaridade

04. ONDE VOCÊ JOGA O LIXO: 1 ( ) em qualquer lugar 2 ( ) na lixeira, se perto 3 ( ) sempre na lixeira 4 ( ) no quintal 5 ( ) em terreno baldio

05. ONDE DEVE SER COLOCADO O LIXO

PRODUZIDO EM SUA CASA? 1 ( ) num recipiente aberto 2 ( ) num recipiente fechado 3 ( ) no fundo do quintal 4 ( ) num terreno baldio 5 ( ) qualquer lugar

06. O LIXO PRODUZIDO EM SUA CASA É

COLOCADO EM LOCAL ADEQUADO PARA A COLETA PÚBLICA?

1 ( ) sim 2 ( ) não

07. É FEITA A COLETA SELETIVA DO LIXO?

1 ( ) sim 2 ( ) não

08. QUANTAS VEZES POR SEMANA VOCÊ COLOCA O LIXO PARA A COLETA? ( ) 0 ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 09. QUEM DEVE MANTER AS RUAS E

TERRENOS BALDIOS SEM LIXO? 1 ( ) a prefeitura 2 ( ) os moradores

3 ( ) moradores e prefeitura

10. O QUE O LIXO PODE PROVOCAR? 1 ( ) mau cheiro 2 ( ) doenças 3 ( ) atrair insetos e animais peçonhentos 4 ( ) todas as alternativas estão corretas

11. FORA DE CASA, QUANDO VOCÊ VÊ ALGUÉM

JOGAR LIXO NO CHÃO: 1 ( ) pede para pessoa recolher 2 ( ) recolhe e joga na lixeira 3 ( ) não faz nada

12. O LIXO PODE SER REAPROVEITADO ? 1 ( ) sim 2 ( ) não

13. VOCÊ CONSIDERA A RECICLAGEM DO LIXO

IMPORTANTE? 1 ( ) sim 2 ( ) não

14. EM SUA OPINIÃO, QUAL A PRINCIPAL RAZÃO PARA SE FAZER RECICLAGEM DO LIXO?

1 ( ) não poluir o meio ambiente, melhorando a qualidade de vida

2 ( ) fonte de renda 3 ( ) reduzir a quantidade de lixo que vai para o

lixão

15. QUE TIPO DE LIXO É RECICLÁVEL? 1 ( ) materiais com o rótulo 2 ( ) qualquer tipo de papel, vidro, plástico ou

metal

16. VOCÊ SE DISPÕE A SEPARAR OS TIPOS DE LIXO PARA QUE SEJA FEITA A COLETA SELETIVA DO LIXO?

1 ( ) sim 2 ( ) não 3 ( ) já separa o lixo para a coleta

17. EM SUA CASA É COMUM APARECEREM: 1 ( ) ratos 2 ( ) baratas 3 ( ) moscas e mosquitos 4 ( ) animais peçonhentos (cobra, aranhas,...)

5 ( ) Outros tipos de insetos. Quais? ___________ ___________________________________________

Adaptado do questionário U.E.M., Departamento de Estatística – Projeto PROMUD

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O questionário foi aplicado pelos próprios alunos, acompanhados pela

professora, nas residências selecionadas. Não foi possível realizar todo este

trabalho em nossa primeira visita ao bairro porque muitas casas estavam fechadas,

pois era horário e dia de trabalho. Retornamos, realizando uma segunda visita,

então foi possível concluir a aplicação do questionário.

É oportuno relatar que fomos muito bem recebidos pelas pessoas que nos

atendiam e que esta foi a etapa da proposta de implementação pedagógica em que

os alunos participaram mais ativamente, realizando o trabalho com notável interesse

e satisfação.

Esta etapa do trabalho foi muito enriquecedora para a formação dos alunos,

pois eles puderam conhecer e, mesmo que rapidamente, interagir com pessoas de

diferentes níveis socioeconômico e cultural. Observaram questões que não estavam

em pauta e apresentaram um comportamento muito adequado para realizar o

trabalho.

Após a aplicação do instrumento de coleta de dados, os questionários foram

enumerados e as informações contidas neles foram organizadas em uma planilha de

dados. Cada questionário correspondeu a uma linha na planilha de dados e cada

questão foi uma variável que correspondeu a uma coluna.

A turma foi dividida em grupos para fazer o preenchimento da planilha de

dados. Cada grupo preencheu a planilha, de aproximadamente, 6 questionários.

Essas planilhas “parciais” foram reunidas para a construção da planilha “final”.

Com a intenção de resumir e organizar os dados dispostos na planilha foi

proposto aos alunos, que a partir das variáveis, construíssem tabelas. Neste

momento os alunos foram orientados quanto às regras que devem ser obedecidas

ao se construir uma tabela. Elementos importantes (corpo, cabeçalho, coluna

indicadora, linhas, casa ou célula, título e rodapé) garantem uma boa leitura e uma

interpretação correta dos dados.

Foi solicitado aos alunos que construíssem mais uma coluna nas tabelas,

coluna da frequência relativa percentual. Com as informações dessa coluna ficou

mais evidente a comparação dos resultados com o número total de observações.

Para isso foi retomado o conteúdo “Regra de Três Simples”, diretamente

proporcional.

Com os dados organizados em tabelas possibilitaram aos alunos iniciarem a

realização de observações referente os dados coletados auxiliando a leitura e

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interpretação dos dados. A seguir são mostradas as tabelas para as variáveis “local

onde joga o lixo” e “onde colocam o lixo produzido em casa”:

Tabela 1: Local em que os moradores do bairro “X” jogam o lixo.

Opções Frequência Percentual

Na lixeira, se perto 18 22,5%

Sempre na lixeira 58 72,5%

No quintal 1 1,3%

Em terreno baldio 3 3,7%

Total 80 100,0%

Analisando os resultados mostrados na Tabela 1, pode-se dizer que a

maioria dos moradores do bairro “X”, 72,5%, joga o lixo “sempre na lixeira”, mas

existem moradores, 3,7%, que jogam o lixo em local indevido “em terreno baldio”.

Tabela 2: Onde os moradores do bairro “X” entendem que deve ser colocado o lixo

produzido em sua casa.

Opções Frequência Percentual

Recipiente aberto 6 7,4%

Recipiente fechado 61 76,3%

Fundo do quintal 4 5,0%

Terreno baldio 5 6,3%

Qualquer lugar 4 5,0%

Total 80 100,0%

A Tabela 2 informa que a maioria tem consciência da importância de colocar

o lixo em recipiente fechado, 76,3%. No entanto, um percentual considerável, 7,4%,

desconhece os problemas que o lixo mal acondicionado pode causar as pessoas e

ao meio ambiente.

Prosseguindo os trabalhos, foi solicitado aos alunos que fossem construídos

gráficos. Nestes instrumentos de comunicação os alunos puderam compreender

com mais facilidade os resultados da pesquisa.

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Nesta etapa da implementação os alunos foram orientados quanto à

construção de cada tipo de gráfico. Na pesquisa estatística realizada recorremos as

seguintes representações gráficas: gráfico de colunas simples, gráfico de barras,

gráfico de setores e gráfico em hastes.

Para cada uma das 17 questões do questionário foram construídas 17

tabelas simples e para cada tabela foi construído um gráfico.

Durante o trabalho de construção dos gráficos foi orientado aos alunos

quanto a constituição destes. Elementos importantes que compõem estes

instrumentos de comunicação como título, fonte, legenda, forma foram explicitados

para que os alunos pudessem construí-los corretamente, facilitando, assim, a

realização de uma boa leitura e interpretação correta das informações.

Nesta etapa do trabalho os alunos atuavam ora como produtores dos

gráficos, ora como leitores, então puderam perceber com mais clareza a função

destes instrumentos de comunicação. As interpretações daquelas informações foram

pouco a pouco ocorrendo, sendo assim, os fenômenos estatísticos pesquisados iam

sendo revelados a cada gráfico construído e com a socialização todo o grupo foi

tomando consciência das informações.

Abaixo são mostrados os gráficos para as variáveis da “questão 8”, “questão

9” e “questão 16”:

1,25%

10,00%

36,25%

48,75%

3,75%

Zero

Uma

Duas

Três

Cinco

Figura 1: Número de vezes, por semana, que os moradores

do bairro “X” colocam o lixo para a coleta.

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A Figura 1 mostra que a maioria dos moradores (48,8%) do bairro “X” coloca

três vezes por semana o lixo para a coleta e 36,3% coloca duas vezes.

Moradores e Prefeitura;

51,25% Moradores; 37,50%

Prefeitura; 11,25%

Figura 2: Quem os moradores do bairro “X” acha que deve

manter as ruas e terrenos baldios sem lixo.

Observe pela Figura 2 que existe responsabilidade por parte dos moradores

do bairro “X”, pois 37,5% entendem que devem manter as ruas e terrenos baldios

sem lixo e 51,3% entendem que esta responsabilidade é em conjunto com a

prefeitura.

48,75%

17,50%

33,75%

Sim Não Já separa o lixo para acoleta

Figura 3: Disposição dos moradores do bairro “X” em separar

os tipos de lixo para que seja feita a coleta seletiva.

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A Figura 3 mostra que apenas 17,5% dos moradores do bairro “X” não estão

dispostos a separar os tipos de lixo para que seja feita a coleta seletiva.

Ao longo da implementação pedagógica, as ações realizadas possibilitaram

a apropriação de conceitos estatísticos e discussões produtivas referentes hábitos,

costumes e cultura em relação ao lixo.

Com os procedimentos enunciados acima os alunos puderam perpassar por

todas as etapas de uma pesquisa estatística o que produziu um aproveitamento

significativo em relação à apropriação de conhecimentos básicos de estatística. O

trabalho ficou mais acentuado na construção, leitura e interpretação de tabelas e

gráficos, porém eles foram oportunizados a realizar efetivamente a construção de

procedimentos para coletar os dados, organizá-los, comunicar esses dados

utilizando tabelas e várias representações gráficas, o que desenvolveu a

competência estatística nos alunos. Este trabalho possibilitou a observação sobre as

formas de agir e pensar da população pesquisada, sobretudo, favoreceu aos alunos

a reflexão sobre suas próprias ações em relação ao lixo produzido por eles na

escola, em casa, na rua.

Para encerrar o Projeto de Intervenção Pedagógica na Escola foi realizada

uma exposição na escola dos gráficos produzidos pelos alunos, com o objetivo de

apresentar o produto final da pesquisa estatística para a comunidade escolar, visto

que esta implementação expressou o que a turma pôde aprender, construir,

produzir.

No desenvolvimento do projeto foi possível perceber, por vários momentos,

situações nas quais os alunos se encontraram comprometidos, pois muitos faziam

questão de participar dando opiniões, ajudando a decidir e produzindo ativamente

as atividades propostas.

3 Conclusão

No transcorrer deste trabalho foi possível observar diversos benefícios de

trabalharmos a Estatística realizando uma pesquisa dentro do contexto em que o

aluno vive.

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Nesta proposta de ensino e aprendizagem os alunos puderam construir

procedimentos para coletar, organizar e comunicar dados. Assim, eles foram

oportunizados a desenvolver o raciocínio estatístico por meio da exploração de

situações de aprendizagem que os levaram a ter conhecimento do que representa a

estatística, da sua finalidade e da sua aplicação.

O tema abordado na pesquisa estatística foi essencial para que o conteúdo

se tornasse significativo e contasse com a participação dos alunos, sendo isto,

condição fundamental à aprendizagem. Oportunizou reflexões sobre esta

problemática e possibilitou a análise das atitudes da população pesquisada, além de

poder refletir sobre as próprias atitudes.

A realização da pesquisa estatística sobre uma problemática do meio em

que o aluno vive estabeleceu ligações entre o que eles estavam aprendendo e a sua

realidade, contribuindo para despertar neles a percepção de que a Matemática está

relacionada com as mais variadas questões, e com isso favoreceu a compreensão

de que esta disciplina nos leva a compreender problemas do nosso cotidiano.

Nesse sentido, o conteúdo matemático perde a condição de ser abstrato,

passando a ser significativo e possível de ser aplicado na resolução dos problemas

do dia a dia.

Portanto, o trabalho contextualizado favoreceu a apropriação da linguagem

estatística e da formação de conceitos estatísticos de forma que os alunos

perpassaram por todas as etapas de uma pesquisa estatística, realizando um

trabalho significativo, fazendo com que eles adquirissem informações e

conhecimentos para que ao se depararem com tabelas e gráficos veiculados pela

mídia realizem uma boa leitura e uma interpretação correta das informações.

Durante todos os procedimentos necessários para a realização da pesquisa

estatística também foi possível observar a riqueza do trabalho, pois permitiu que os

alunos, com diferentes habilidades e competências realizassem os trabalhos

propostos, ora em grupo, ora individualmente, muitos sendo colaboradores com

aquilo que sabiam mais e melhor, visando a conclusão da pesquisa estatística.

Por fim, a realização desse projeto gerou a construção de novos

conhecimentos que não ficaram apenas no campo da Matemática e da Estatística,

perpassaram por relações humanas tão importantes para a formação do cidadão.

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