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“Arte e cultura brotam nas terras desta imensa Bahia em todos os seus segmentos. Na literatura, nosso Estado pode se orgulhar de poetas como Valdeck Almeida de Jesus, que fazem da arte da escrita um verdadeiro veículo para transmitir emoções”. Jorge Amado Neto Salvador, agosto de 2012

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Valdeck Almeida de Jesus

Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus

Homenagem ao Centenário de Nascimento do escritor Jorge Amado

(1912-2012)

Primeira Edição

São Paulo-SP 2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus :

homenagem ao centenário de nascimento do escritor Jorge Amado (1912-2012) / Valdeck Almeida de Jesus, (organizador). -- 1. ed. -- São Paulo : PerSe, 2012.

Vários autores. ISBN 978-85-8196-058-6 1. Amado, Jorge, 1912-2012 2. Crônicas

brasileiras - Coletâneas I. Jesus, Valdeck Almeida de. 12-07787 CDD-869.9308

Índices para catálogo sistemático: 1. Crônicas : Antologia : Literatura brasileira

869.9308

Créditos: Diagramação: Valdeck Almeida de Jesus

Capa: PerSe Editora

Desenho de capa: Ricksucaricaturas - Fone (11) 2046-6012 (11) 8695-2808 - www.ricksucaricaturas.blogspot.com – Twitter @ricksucarica

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Primeiros colocados “Nem o ódio, nem a bondade”: Jorge Amado e a luta proletária no romance Capitães da Areia” (Léa Costa Santana Dias) O Evangelho segundo Jorge Amado (Sílvia Helena Machuca) Sem-Pernas: o retrato de muitas crianças baianas (Marilene Oliveira de Andrade) A Construção Econômica e Social de Jorge Amado: O País do Carnaval, Cacau e Suor; Capitães da Areia; Os Velhos Marinheiros (Denílson da Silva Araújo) Salvador de um Amado Jorge (Edweine Loureiro) Vozes do Sertão (Bruno Monteiro Flores) Jorge Amado e o cinema (Quitilane Pinheiro dos Santos) Jorge “O Bem” Amado (Ana Claudia de Souza de Oliveira) Amado foi Jorge, que desenhou suas raízes escrevendo! (Domingos Alberto Richieri Nuvolari) Jorge Amado e a União Brasileira de Escritores (Carlos Souza)

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Menções Honrosas Domingos Ailton Ribeiro de Carvalho (A contribuição de Jorge Amado para a Literatura Brasileira) Terra adubada com sangue (Bruno Monteiro Flores) As Mulheres de Amado (Karline da Costa Batista) Visita à casa de Jorge Amado (André Kondo) Primeiro Dia em Salvador (Marilene Maria de Oliveira)

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Os Jorges em minha vida (Valdeck Almeida de Jesus) Desde criança que conheço Jorge. Não o Jorge, Amado, de Zélia, mas o Jorge, Santo, em sua incansável e interminável luta contra o Dragão. Olhava pra cima e via, claramente, desenhado na Lua, o quadro que enfeitava, também, as paredes de muitos dos vizinhos... E eu pensava: como é que pode, um homem montado num cavalo, enfiando uma lança num monstruoso animal, ficar no mundo da lua? Eu ficava encantado, mesmo nos dias em que não via a Lua Cheia. Volta e meia olhava para o céu, em busca da cena. E aquela imagem ficou gravada em minha mente pra sempre. Era a luta do bem contra o mal.

Veio a adolescência, juventude, idade adulta... E eu não cresci. Já morando em Salvador, fui levado a conhecer o Candomblé, mesma religião que minha mãe repugnava e pintava com as cores do senso comum, aprendidas na Igreja, que, por sua vez, repetiu à exaustão que qualquer religião que não estivesse de acordo com os mandamentos de Roma era pagã, demoníaca... Quem me iniciou nas idas e vindas às festas religiosas da Roma Negra foi um amigo de longas datas.

Nos cultos, fui aprendendo o principal: respeitar. Além do respeito, eu tenho verdadeira reverência por aquilo que não conheço e confesso: ainda não sei nada do Candomblé, apesar de já ter lido sobre o assunto, frequentado vários terreiros e compartilhado várias informações.

Mas voltemos a São Jorge. Um dos primeiros contatos que tive com o Santo Guerreiro foi uma peça teatral dirigida por André Mustafá e Marília Galvão, chamada “Ori Oju: todo mundo tem Orixá”, resultado de um curso de extensão realizado na Escola de Dança, na Universidade Federal da Bahia. Meu papel foi representar o Orixá Ogum. Conheci outras entidades e, também, Exu, que era quem abria o espetáculo, dava início aos trabalhos, permitia que a encenação fosse adiante... Ogum também veio até mim, desta vez com a fundação de um Fã-Clube em homenagem a Jean Wyllys. Até lancei um livro com mensagens de

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admiradores do então ganhador do Big Brother Brasil 5, no qual incluí orações a São Jorge e uma capa desenhada por David Barreto, representando a eterna luta do Santo contra o Dragão.

Conheci outros Jorges: um, Jorge Carrano, também guerreiro e batalhador, homem de fibra e que luta contra todas as injustiças; outro, Jorge Cravo, que me deu o prazer de sua amizade e presenteou-me com uma pintura e uma tela que usei como capa de meu livro “Memorial do Inferno”.

Voltando aos Terreiros, fui ver a saída de um amigo, numa casa em Santo Amaro. Cheguei cedo e fiquei aguardando. Na hora que a festa começou, eu procurava o iniciado e não via, por mais que tentasse distingui-lo entre os presentes à cerimônia. De repente, depois de olhá-lo várias vezes sem o reconhecer, consegui identificá-lo e disse em voz alta: “É Ogum!”. Daí não pude mais falar nem me mexer por vontade própria. Algo me tomou e, naquele momento, eu sabia dançar e queria participar dos festejos. Fui afastado para uma sala nos fundos e depois voltei de lá sem saber ao certo o que tinha acontecido...

O outro Jorge eu conheci na TV, através das novelas “Gabriela, Cravo e Canela” e das séries “Tenda dos Milagres”, “O Sumiço da Santa”, “O Compadre de Ogum”, “Teresa Batista”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, além do livro “Capitães da Areia” e filme homônimo, dirigido por Cecília Amado. Em várias oportunidades, pude ver, também, o escritor em caminhadas no meio da multidão, sendo ovacionado, nos programas de jornalismo. Em 2010, conheci, de novo, São Jorge, por meio do amigo e artista plástico Ed Ribeiro, que ilustrou várias capas de livros meus, uma delas com o Santo Guerreiro. Até ganhei dele uma imensa pintura com a imagem do santo...

Agora, em 2012, em comemoração ao centenário de nascimento de Jorge Amado, tive a honra de poder homenageá-lo através de um concurso literário. Agradeço à família Amado, em especial a João Jorge, ao escritório de direitos autorais e à editora Companhia das Letras por esta gentileza. Agradeço, também, a Exu, aquele mesmo que está assentado na porta da Fundação Casa de Jorge

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Amado, por ter conduzido, permitido e intermediado o diálogo do sonho que se tornou real.

Se aquele Guerreiro da Lua luta incansavelmente contra o Mal, acredito que os outros Jorges, como o grande Amado, também lutam contra a hipocrisia e a mediocridade. Jorge Amado, onde quer que esteja, vela, diuturnamente, pela justiça, como Obá de Xangô que sempre foi!

Salvador, 15 de março de 2012 (dia de meu aniversário). Valdeck Almeida de Jesus

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Jorge Amado completa 100 anos de nascimento em 2012 (Valdeck Almeida de Jesus) Homenagear uma pessoa após a morte é praxe no Brasil. Em geral, o talento só é reconhecido tardiamente. No caso de Jorge Amado, a homenagem no centenário de nascimento está fora da regra. O sucesso da literatura desse homem simples, nascido no interior da Bahia, supera todas as medidas usadas para os outros mortais. Jorge Amado é sinônimo de Brasil, de Bahia, de brasilidade. Falar da obra é falar do ser humano criador; falar das personagens é identificar o falar natural das pessoas da rua, da gente que circula e inunda praças e avenidas deste imenso país, que é mais interior do que capital. A presença de Jorge está nas esquinas, nos costumes, que o tempo não deixa morrer. O escritor se faz vivo, sempre, no vasto e diverso legado de sua obra. E o tempo, senhor da vida, junto com a justiça dos orixás que protegem Jorge Amado, imortalizam a obra desse homem. A obra de Jorge Amado dá voz e cor, imagem e alma, a vivências que talvez passassem despercebidas, anônimas. “Tieta do Agreste”, “Dona Flor e seus Dois Maridos”, “Capitães da Areia”, “Gabriela, Cravo e Canela” e tantos outros livros imortalizam experiências de vida, oxigenam as bibliotecas e presenteiam a literatura universal. E Jorge é universal justamente por valorizar o local. O alquimista da língua que o povo fala e entende pacientemente burilou e teceu, com arte própria, uma malha literária que o tornou célebre ainda em vida. Jorge Amado é uma marca, um sucesso que não precisou da morte para se tornar querido e Amado. Em se tratando de Jorge Amado, a morte simboliza apenas um novo passo, uma entrada a um portal multiplicador de vidas. Costumo dizer que os Jorges são milhares, milhões, desde que se tenha tido contato com qualquer escrito, rabisco, rascunho do grande mestre da palavra. Mia Couto,

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em matéria recentemente publicada na mídia da capital da Bahia, declarou que Jorge Amado foi o escritor estrangeiro mais lido na África e influenciou o surgimento de muitos escritores da África lusófona. Esta é a verdadeira glória, que não precisa de fardões, emblemas, placas ou rótulos. A arte de Jorge já diz tudo sozinha. As homenagens, meros protocolos, são merecidas, mas não tornam o brilho de Jorge Amado maior ou menor, já que o brilho deste leonino destinado ao sucesso é eterno! Publicado no jornal A TARDE, edição de 28 de agosto de 2011, Caderno Populares, p.6 Valdeck Almeida de Jesus é jornalista, escritor, poeta e ativista cultural. Autor dos livros “Memorial do Inferno. A saga da família Almeida no Jardim do Éden”, “Feitiço contra o feiticeiro”, “30 anos de poesia”, “Valdeck é prosa e Vanise é Poesia”, “Poemas Di-versos” e “Alice no País das Maravilhas” (romance GLS). Participa de mais de 75 antologias poéticas e promove o Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus desde 2005, com apoio do Ministério da Cultura e Plano Nacional do Livro e Leitura. Site: http://www.galinhapulando.com

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Agradecimento aos jurados do concurso

Cymar Gaivota (Lucymar Soares), natural de Serra dos Aimorés-MG. Jornalista, poeta, membro correspondente da Oficial Academia Tijuquense de Letras-SC, membro da Academia de Cultura da Bahia, membro efetivo da Academia Internacional de Letras e Artes de Ciências da Argentina, participante do Fala Escritor, do projeto Galinha Pulando e outros movimentos literários baianos. Ivonete Almeida de Jesus, natural de Jequié-BA. Pedagoga pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB); funcionária pública federal. Amante de todo tipo de literatura, costuma participar de encontros que favoreçam mais conhecimentos na área da Educação. Realiza pesquisas na área da Literatura Infantil por acreditar que a lectoescrita contribui no processo de desenvolvimento das crianças. Dedica seu tempo livre a ler e escrever poesias, sobretudo as de cunho crítico. Leandro de Assis, natural de Salvador-BA. Escritor, poeta e professor de História. Autor dos livros Eu Sou Todo Poema, Câmara Brasileira de Jovens Escritores, lançado em julho de 2007, e InQuIeTaÇõEs, publicado pela Ponto de Cultura Editora em 2009 e lançado na IV edição do Fala Escritor. Participação nas edições III e IV do Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia e um dos vencedores do concurso de poesias realizado na Bienal do Livro de 2007, que resultou na Antologia Poemas que Falam. Participação na Antologia Poética Mãos que Falam e um dos selecionados para a Antologia Poética Carta ao Presidente. Leandro de Assis é colunista da revista eletrônica Debates Culturais e idealizador do Projeto Fala Escritor. Léo Dragone (Alex Bruno Rodrigues de Jesus), soteropolitano, nascido em 5 de março de 1990, no subúrbio ferroviário de Paripe, na capital baiana. A veia artística e

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literária o acompanha desde criança, fortalecendo-se ainda mais depois que aprendeu a ler e escrever, com sete anos de idade. A partir de então, passou a devorar livros, escrever poemas, contos e romances. Publicou "Diário de Rafinha - As duas faces de um amor", lançado nas bienais do livro do Rio e São Paulo. Participou do "Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia - 2008". Livro no prelo: "Rainy City", em parceria com Valdeck Almeida de Jesus.

Jacqueline Aisenman, brasileira de nascimento e suíça por adoção, residindo em Genebra já há mais de vinte anos. Foi diretora dos museus Anita Garibaldi e Casa de Anita, em Laguna-SC, e do Departamento de Cultura da cidade. Colaborou em vários jornais de Santa Catarina como redatora e revisora. Foi fundadora e redatora do jornal "O Manifesto", de curta, mas intensa, vida. Trabalhou como funcionária internacional na Missão Permanente do Brasil junto à ONU durante mais de dez anos. Deixou a Missão em 2004 para se dedicar de vez à escrita. Hoje edita a Revista Literária Digital e o site Varal do Brasil (www.varaldobrasil.ch), fazendo uma ponte de palavras entre o continente europeu e o Brasil. Faz de seus sites e blogs um meio efetivo de expressão na internet. É membro do Grupo de Escritores Lagunenses Carrossel de Letras e da Rede Brasileira de Escritoras (REBRA), da Sociedade Poetas del Mundo e embaixadora pelo Circulo Universal dos Embaixadores da Paz. Em 2011, fundou uma livraria e editora brasileira na Suíça e passou a participar ativamente de vários movimentos literários. No mesmo ano, lançou “Poesia nos bolsos” e “Lata de conserva”, este último escolhido como Livro de Contos do Ano pela Academia Catarinense de Letras. Em 2012, lançou “Briga de Foice”, livro de contos curtos.

Carlos Ventura, cantor, músico, compositor, escritor e dramaturgo. Artista brasileiro que se destacou em 2007/2008 com trabalhos em prol da categoria artística, à frente da UNIALF - União dos Artistas de Lauro de Freitas e do Sindimúsicos - Sindicato dos Músicos Profissionais da Bahia.

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Por conta desta atuação, foi homenageado com o “Prêmio Homem da Cultura no Brasil 2008” durante o festival “Áustria Brasil em Movimento 2009 (ABM 2009)” cujo tema foi “A Evolução da Cultura Negra no Brasil e seus Reflexos no Mundo”, promovido pela ABRASA - Associação Afro-Brasileira de Dança Cultura e Arte, entidade internacional com sede na cidade de Viena, em parceria com a Universidade de Viena e apoio da Prefeitura de Viena.

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Sumário (Autores): Abraão Leite Sampaio ...................................................... 19 Adriana Quezado.............................................................. 21 Agostinha Monteiro........................................................... 23 Alice Gödke ...................................................................... 25 Amanda Löwenhaupt........................................................ 27 Ana Claudia de Souza de Oliveira .................................... 29 Ana Rosa de Oliveira........................................................ 31 André Kondo .................................................................... 34 Audelina Macieira ............................................................. 36 Beatriz Moraes Ferreira .................................................... 39 Betty Silberstein................................................................ 41 Bruno Monteiro Flores ...................................................... 43 Carlos Souza .................................................................... 49 Clarissa Damasceno Melo ................................................ 54 Crispim Santos Quirino..................................................... 56 Danilo Souza Pelloso........................................................ 59 Denílson da Silva Araújo .................................................. 60 Dhiogo José Caetano ....................................................... 63 Diogo Cantante................................................................. 65 Diogo Rocha Braga .......................................................... 66 Domingos Ailton ............................................................... 77 Domingos Alberto Richieri Nuvolari .................................. 86 Ed Carlos Alves de Santana ............................................. 90 Edweine Loureiro.............................................................. 92 Elson Carvalho Alves........................................................ 94 Eulália Cristina Costa e Costa .......................................... 96 Gil Nascimento ................................................................. 98 Gustavo Zevallos.............................................................100 Isadora Sabar ..................................................................102 Janio Felix Filho...............................................................104 Josafá de Orós ................................................................106 Júlio César Freid’Sil.........................................................113

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Karline da Costa Batista ..................................................114 Léa Costa Santana Dias..................................................116 Lénia Aguiar ....................................................................130 Lucas Expedito Claro Prado ............................................132 Lúcia Amélia Brüllhardt....................................................134 Marcelo Canto .................................................................135 Márcio Santos Sales........................................................137 Maria da Conceição Braga de Castro ..............................139 Maria das Graças Evangelista Santos .............................142 Maria Fernanda Reis Esteves..........................................144 Maria José de Oliveira Santos .........................................146 Maria Letra ......................................................................148 Maria Luiza Falcão ..........................................................152 Marilene Maria de Oliveira ...............................................155 Marilene Oliveira de Andrade ..........................................157 Marina Fernanda Veiga dos Santos de Farias .................160 Neva Scarazzati de Oliveira.............................................161 Nubia Estela ....................................................................162 Olmira Daniela Schaun da Cunha....................................164 Paula Alves .....................................................................164 Quitilane Pinheiro dos Santos..........................................168 Renata Leone ..................................................................173 Renata Rimet...................................................................174 Roberto Augusto de Piratininga Ferrari............................175 Roseli Princhatti Arruda Nuzzi .........................................177 Silas Correa Leite ............................................................179 Silvia Helena Machuca ....................................................189 Silvio Parise.....................................................................192 Solange Gomes da Fonseca ...........................................197 Varenka de Fátima Araújo ...............................................202 Vó Fia ..............................................................................203 Zeca São Bernardo..........................................................204

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Jorge Leal Amado de Faria, nosso... “Amado Jorge” (Abraão Leite Sampaio) Baiano? Conterrâneos deste mestre romancista que, de “Jubiabá” a “Farda Fardão...”, hipnotizou esta nação, me concedam o permisso... para dizer que não!

Porque “Jorge” nasceu em cada canto deste imenso país; portanto, para nós das alterosas, ele é mineiro, inclusive daqueles que jamais deixam uma frase sem o uai.

Ao postarmos a interrogação de norte a sul, encontraremos vinte e seis estados argumentando ser seu berço natal... E também o “Distrito Federal“, afeiçoando-se de forma incisiva, querendo apossar-se de nosso “Leal”.

Na “Academia”, teve aconchego especial, de sessenta e um a dois mil e um, sentou-se na vinte e três, cujo patrono era “José”, o nosso maior representante da corrente literária indianista brasileira, o grande Alencar aclamado por Machado, que o alcunhou "o chefe da literatura nacional". Por quatro décadas, iluminou o então “Pavilhão Francês”, edifício que nos deixa na obrigação de um eterno agradecimento ao governo e arquitetura francesa por tal doação, que fez perpetuar nomes que abrilhantam nossa literatura.

Com seu ferrenho e ativo patriotismo, entrou para o campo político com a alma sem manchas e sorriso indulgente aos que se postavam em confronto ao seu socialismo, de perfeita adequação ao nosso povo naquela sua “Intentona Comunista”.

Mas seu instinto criativo, para nossa satisfação e orgulho que a Nação teria deste filho ilustre, forçou o abandono deste caminho insistente em tirar nosso “Amado Jorge” das letras, e que lhe trouxe consagração eterna.

Quando houve dedicação contínua à arte que praticava com habilidade e facilidade de malabares em picadeiros, caiu sobre o filho de João, que lhe entregou, de coração e razão, o sobrenome “Amado”. As glórias merecidas... Tendo ombrear natural com os grandes, não

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só da arte literária, mas também com os que davam brilhos a telas multicoloridas e admiradas pelo mundo, cujos pincéis e tintas eram ferramentas destes “Deuses” das artes plásticas e seu expoente maior era: Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de los Remédios Cipriano de la Santíssima Trinidad Ruiz y Picasso, que, num resumo adequado, ficou “Pablo Picasso”, que, por inúmeras vezes, esteve diante deste escrevedor incansável.

Neste patamar onde só aos iluminados vem a permissão para ficar, os mecenas se acotovelavam para agora estender seus tapetes e honras, mas nosso romancista já não mais necessitava desta escada para ter sua obra divulgada, pois tinha a seus pés o povo e sua Nação, que insistia em reafirmar ser sua amada.

Ao discorrer sobre tão coroado vulto, vejo meu deslize com a intenção ingrata com os irmãos cujas praias, a estrela maior não a deixa ao longo do ano. Portanto, me redimo e digo: é de vocês. E ninguém jamais ousaria contradizer as formosas Ilhéus e Itabuna, que cederam berços acolchoados para ninar este filho que estas duas mães querem legitimar, numa disputa louvável. Não aceitam serem madrastas; querem agasalhá-lo como sendo as que amamentaram aquele que ao mundo seus nomes, como estrelas de alto brilho, sempre mencionou.

Amado... “Jorge Amado”, tenha a paz eterna, é merecedor, pois aqui transitou com passos de grandes, sempre elevando a brasilidade à esfera terrestre, empunhando a haste que delineava páginas e páginas numa pluralidade que marcou para sempre nossas mentes com constantes e profundas saudades. Abraão Leite Sampaio, natural de Santa Branca-SP. Engenheiro metalúrgico, pós-graduado em Docência do Ensino Superior pela Universidade Gama Filho-Campus Gonzaga-RJ. Cursou Engenharia Industrial na Universidad Del Norte Santo Tomaz De Aquino, em San Miguel de Túcuman, Argentina. Curso básico de literatura espanhola na Universidad Nacional de Túcuman, Argentina. Participa de 58 Antologias Poéticas; dois livros no prelo, a ser lançados em 2013.

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Cabelo Melado de Gabriela (Adriana Quezado) Duas amigas matutas não gostavam de seus cabelos por serem muito volumosos, parecendo até perucas, tamanho era o volume. Uma delas receitou mel para a outra, objetivando baixar o volume. Dizia que ficava lindo, mas esqueceu-se de explicar o tratamento passo a passo. A amiga ficou tão feliz, já imaginava o sucesso que faria com o novo cabelo baixinho e os elogios que receberia. Ao invés de lavar os cabelos com xampu, passou mel por todo o couro cabeludo e, em seguida, amarrou-os com um lenço, pois queria fazer uma surpresa. Assim, ela passou o dia e a tarde. De noite, estava com tanto sono que foi dormir sem lavar os cabelos. De madrugada, deu um grito estarrecedor, como se alguém a estivesse matando.

Não era alguém, eram as formigas carpinteiras ou Sará-Sarás, de nome científico Camponotus SSP. E pior: comendo-a viva, sem dó e sem piedade. Estavam se deliciando com o doce mel de seu corpo. Amigos e familiares não souberam identificar, de imediato, o que estava acontecendo. Deram-lhe banho, mandando as formigas todas para o ralo. Depois do banho, a moça foi dormir aliviada. Sonhou que era uma formiga gigantesca, que todos queriam matá-la, inclusive as outras formigas amigas, que ficaram com medo de seu tamanho, já que as médias possuíam 17 mm de comprimento e as menores de 3 mm. Acordou; tomou outro banho até tirar todo o vestígio do mel. O resultado final do cabelo ficou como ela queria, mas, mesmo assim, nunca mais experimentou qualquer outro tratamento espantoso, bastando o pesadelo real pelo qual passou.

Diante de qualquer mel ou produto com essência de mel, ela dava um grito agonizante, tão grande era seu trauma melado. Quando ganhava presente que tivesse mel na história, encaminhava-o para outro aniversariante. Hoje em dia, só faz tratamento no cabeleireiro ou, se compra produtos no supermercado, é sem mel na composição.

Em qualquer lugar do mundo, seja em Angola, Brasil, Cabo Verde, Inglaterra, México, Moçambique, Portugal,

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Canadá ou Japão, sempre há um ser humano que gosta de ter cabelos lindos e maravilhosos para serem chamados de seus. Para isso, existe xampus destinados a todo tipo de cabelo.

Não é à toa que os famosos, como Jorge Amado, Castro Alves e outros, tinham belas cabeleireiras de chamar atenção. Não foi em vão que Jorge Amado escreveu Capitães de Areia, em que Pedro Bala, um dos personagens, era um grande líder. Tinha os cabelos loiros e uma cicatriz de navalha no rosto, fruto da luta em que derrotara o antigo comandante do bando. Seu pai, conhecido como Loiro, era estivador e liderara uma greve no porto, onde foi assassinado por policiais. Escreveu, também, o romance Gabriela, Cravo e Canela, no qual a heroína que dá nome ao título encarnava uma jovem matuta, de roupa de chita, corpo escultural e linda cabeleira, e, mesmo sendo simples, era valente e sabia muito bem defender-se.

O tratamento capilar ela não revelava de jeito maneira. Talvez fosse com cravo, canela e mel. Este segredo só com Jorge Amado e sua esposa Zélia Gattai, que muitas vezes revisava as histórias de Jorge. Mas, infelizmente, ambos são falecidos e os seus segredos estão enterrados nos respectivos túmulos. Cabe a nós experimentar as fórmulas mirabolantes, naturais ou industriais, até descobrirmos aquelas que melhor se adaptam ao nosso tipo de cabelo. Adriana Quezado é natural de Fortaleza-CE. É escritora amadora, publicou o livro "Coração Literário" e várias crônicas nos livros: "Antologia", “Travessias” e "Simplesmente Nós". Diplomada Professora, participa de concursos em prol de seu reconhecimento como escritora. Publica textos no site Recanto das Letras, onde recebe bons comentários, demonstrando que a literatura é o seu lugar. Blog: www.adriqazulaygmail.blogspot.com

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Jorge Amado (Agostinha Monteiro) Jorge Amado não é um escritor brasileiro. Jorge Amado é um escritor do mundo. Como cidadão do mundo, viveu exilado em países da América Latina e da Europa, mas os seus textos revelam o seu coração, as suas raízes brasileiras.

Abordando temáticas diversificadas, escrevendo para públicos heterogêneos, procurou sempre incutir mensagens vitais, alertando sempre para as injustiças sociais da vida. Algumas não chegaram a ser compreendidas no tempo pretendido, mas outras tornaram-se intemporais. É o caso da obra “Capitães da Areia”. Centrando-se numa realidade que se queria escondida, Jorge Amado revela ao mundo a problemática dos “meninos da rua” brasileiros, o que lhe vale, em 1937, a apreensão e destruição da sua primeira edição. Só em 1944 é que seria editada a segunda edição, que lhe serviria de catapulta para o estrelato no estrangeiro. Dono de uma clareza de escrita sem precedentes, bebia no quotidiano o segredo da sua inspiração, descrevendo com uma beleza e um lirismo inigualável o drama que aqueles jovens assaltantes sem abrigo vivenciavam nas ruas de Salvador. Com suas palavras, ele consegue transformar a visão dos acontecimentos, fazendo com que leitor fique do lado dos meninos, ladrõezinhos que lançavam ondas de terror na praia. Sim, porque esses meninos são apenas “criaturas inocentes”, produto final da educação e da atenção que uma sociedade demasiado voltada para si criara.

Apesar das contrariedades da vida, estes meninos têm sentimentos puros, sentimentos de lealdade e de proteção, que obrigam o leitor a travar uma luta interna. E estes meninos continuam a existir pelo mundo afora… Jorge Amado não deixa ninguém indiferente, conseguindo amolecer o mais duro dos corações, dando novos contornos às adversidades da vida, que continuam a subsistir e a proliferar-se por todo o mundo.

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Agostinha Monteiro é natural de Aguiar da Beira, mas vive em Vila Nova de Gaia. Tem licenciatura em Línguas Modernas e Mestrado em Supervisão Pedagógica. É professora, tradutora e intérprete de Português e Francês e, nos seus tempos livres, dedica-se à escrita. Já publicou “Aprender a Escrever, mecanismos de estruturação textual e Lendas e Histórias de Aguiar da Beira”. Tem contos e poesias publicados nas coletâneas "Imagens da Nossa Memória"; "A Arte pela Escrita Três", "A Arte pela Escrita Quatro" e “Prêmio Literário Valdeck Almeida de Jesus de Poesia 2010”.

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Nosso Amado Jorge (Alice Gödke) Quem nunca ouviu falar de Jorge Amado é porque não se interessa por literatura, mas, mesmo assim deve ter lido em algum lugar um artigo sobre este grande escritor, como acontece em muitas ocasiões, principalmente ao folhear uma revista na sala de espera de consultórios. Mesmo porque não há como contestar um sobrenome tão oportuno quanto o dele, depois que sua fama se espalhou pelo Brasil afora.

Considerado como um dos maiores fenômenos literários, tornou-se o orgulho da literatura brasileira, sobretudo por ser homem de personalidade forte e determinado que sempre foi. Tendo enfrentado os mais duros obstáculos que a vida lhe impôs, Jorge Amado nunca se deixou vencer, ultrapassando os limites do orgulho ao registrar seu amor pela terra natal, como representante do regionalismo baiano, bem como da zona urbana de Salvador, outra paixão de sua infância.

Formado em Direito, e influenciado por Rachel de Queiroz, torna-se um filiado do PCB, passando a sofrer perseguições políticas da esquerda, até ser preso. Mas sua determinação fez dele um deputado pelo PCB, tendo mais tarde seu mandato suspenso devido à ilegalidade partidária. Sua viagem a vários países socialistas da Europa lhe serve de incentivo para que, dez anos mais tarde, pudesse viver da literatura. Marcado não só pelo lirismo como também pelo pensamento revolucionário, nunca escondeu suas posições políticas, ora mais amenas, ora mais acentuadas, e nem mesmo sua postura ideológica, seja como homem público, seja como escritor. O que se pode comprovar na leitura de Seara Vermelha e Dona Flor e seus Dois Maridos, cuja trama nos desperta para o seu lado humorístico, extraído do cotidiano. Esta característica levou os críticos literários a dividir suas obras em: romances proletários; ciclo do cacau; depoimentos líricos; e crônicas de costumes. A constante busca pela liberdade, tanto individual como social, em todos os níveis, se comprova pela obra–prima que é a novela A Morte e a Morte de Quincas Berro d’Água. Mas,