arroio luiz rau
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Onde estará o verde, que agora guardo em imagens, frágeis registros de outrora abundância?
Porque te maltratam tanto?
Porque impiedosamente
te confundem com uma cloaca? Onde por certo
depositam o que possuem
de moral e bons costumes.
Encontro a razão desta calamidade em cada esquina onde faltam lixeiras e cidadania.
Me perdoem os mais desprovidos, mas por debaixo de cada tapete deposita-se o lixo que tanto praguejam e por vezes ajudam a esconder.
Mas o nefasto, com aval do Cristo ao lado, são os homens responsáveis pelo nosso bem coletivo pedirem desculpas públicas por decisões secretas.
Vieram aos poucos, sorrateiros. As árvores, assim como o lixo, jogadas para dentro do arroio.
Se me perguntarem do que me alimento, direi que também é da beleza e qualidade natural de vida.
O Município e seus representantes eleitos, são responsáveis pelo que constroem mas também pelo que destroem. Matam, assassinam em nome do progresso duvidoso.
Não! Não! Não! O seu lugar é aqui. É uma herança maldita esta mutilação paisagística de Novo Hamburgo.
As árvores foram replantas em outro lugar, dizem... Mas e eu que fui morar ali perto justamente pelas árvores.
Terei saudades. Não sei se mais alguém, mas eu terei saudades.
Um belo recanto na zona central. Onde passam, vem e vão, pessoas que se misturam com a vida do verde que pede perdão por estar morando alí.
Vida nova no Parcão? Não, lá não é seu lugar!
Posso perguntar o que ele pensa e ele responder que tanto faz, mas também posso desencadear em sua mente o sentido de frustração, impotência, revolta, ante a impossibilidade de poder fazer algo contra o assassínio da natureza.
Um resto de fulgor. Uma visão que não se tem mais.
Nas manhãs de sol ou nuvens, chuva ou frio.
São inúmeros os que desfrutam a companhia da sensível vegetação. Caminhando, correndo, participando da vida, em companhia da vida!
Ao menos para mim é inconcebível
não perceber e sentir a diferença entre o ontem e o hoje.
Apostar num progresso duvidoso...
Ou acreditar que a vida vale mais à pena?
Então? Trarão os trilhos prosperidade ou insegurança?
Valerá à pena?
São tantos os adjetivos ruins e nenhum bom para resumir este ato.
As imagens mostram já um passado, um hiato...
Valerá à pena? Valeu à pena?
Esse trem alegadamente trará progresso. Será?
Será que porto-alegrenses, esteienses, canoenses virão até aqui para consumir nossos produtos?
Fiquei sabendo por um pseudointelectual daqui mesmo (aqui tem muitos), que o tal trem trará cultura !!!!!!!!!!
Também alegam que o trem levará à capital muita gente que vai em seus carros a trabalho. Será que irão?
Oque pode esse trem trazer talvez seja um substancial aumento da criminalidade e insegurança dentro de seus vagões.
Onde menos espera-se, brota a beleza.
São em estufas, jardins e inclusive às margens dum tal “Arroio Preto”.
Esta praça era linda. E útil pois servia de ligação do centro da cidade com o shopping e a rodoviária velha.
Sentava-se ali, pensava-se ali, vivia-se ali. É ridículo.
Mesmo que o trem tenha uma certa razão de existir, mesmo assim vejo como um atentado à cidade.
Como cidadão hamburguense, lamento que ele tenha vindo até o centro e devastado a pouca beleza natural que ainda temos.
Ficasse próximo a Rodoviária Nova na Fenac. Com linhas de ônibus conectadas com o trem.
Mas a volúpia pelo grandioso, pelos 15 minutos de fama deverão ter um preço.Assim como o progresso a qualquer custo também tem um preço e nesse caso prefiro guardar minhas fichas.
Estes sapatos por certo pertenceram a alguém.
Existem muitas possibilidades para este par de sapatos. Poderá parar no lixão municipal, ser guardado por outro transeunte necessitado. Poderá apodrecer ali mesmo se ninguém apanhá-lo. Pode ser jogado no Arroio Preto como tantas vezes acontece com coisas ou desejos descartáveis.
Mas e o homem? Para onde foi o homem que descalçou este par de sapatos? Teria se transformado naquela barata e assumido a nova vida já sem tanta vida ao redor?
E para onde irão os homens que apostam tudo no progresso a qualquer preço? Que descartam a vida em toda sua amplitude numa latrina ou promulgando seu conceito pessoal de progresso assinando um papel barato? Desrespeitosamente achando que todos veem o meio ambiente como algo desconectado de um todo. Separado do homem. À disposição do homem.
Me sinto responsável por Monte Belo, O São Francisco e também a natureza ao longo do ARROIO LUIZ RAU.
UM TRIBUTO
Para mim tornou-se necessário fazer esta homenagem a um dos locais mais aprazíveis nos arredores do centro de Novo Hamburgo.
Já houveram outros desmandos semelhantes quanto a mutilação do nosso legado paisagístico. Lembro da Praça do Imigrante que até os anos 70 era um local com muito vais verde, muito mais bancos, um coreto, romantismo e menos concreto inútil. Novo Hamburgo perdeu uma oportunidade de procurar e certamente encontrar soluções mais corretas no sentido de valorizar a qualidade de vida.
Qualquer que sejam os argumentos para minimizar e justificar as obras do trem, creio serem eles questionáveis no sentido do planejamento urbano, paisagístico, do trânsito e no apelo pela qualidade de vida.
m.h.
A história é antiga. Foi em 1918 que nosso arroio recebeu o nome de Luiz Raul, em homenagem a um curtidor vindo da
Alemanha.O Luiz Rau é também conhecido como “Arroio Preto”. Corta Novo Hamburgo numa extensão de aproximadamente 14 km.
Nasce na encosta de Dois Irmãos, passa pelo bairro Roselândia indo para Estância Velha. Retorna então a Novo
Hamburgo passando pelos bairros Rincão, Operário, Vila Rosa, Rio Branco, Centro, Ideal, Pátria Nova, Ouro Branco, Liberdade, Industrial e Santo Afonso. Onde então
desemboca no Rio dos Sinos.