“arquÉtipos de corpo feminino” no verÃo … · recorrem mais as dicas de beleza e buscam se...

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“ARQUÉTIPOS DE CORPO FEMININO” NO VERÃO PARAENSE: UMA ABORDAGEM A PARTIR DAS ORIENTAÇÕES DA REVISTA MULHER. Larissa Thayná Rezende de Menezes Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado do Pará (UEPA) 1 Joelma C P Monteiro Alencar Doutora em educação, Docente no Curso de Educação Física (UEPA), Professora Orientadora 2 RESUMO Este estudo conduz à discussão sobre a relação corpo, gênero feminino e mídia buscando relacionar estas categorias com uma revista local paraense chamada Mulher. O problema levantado é de como as mulheres leitoras consomem os conteúdos desta revista e qual a importância que elas dão a revista e aos conteúdos de beleza abordados. O tipo de estudo foi explicativo, com abordagem qualitativa, pois este estudo reside no desejo de compreender a razão de determinado grupo de mulheres serem influenciadas por um veiculo de comunicação de forma a afetar sua vida e autoestima, com o objetivo de analisar de que forma a Revista Mulher de O Liberal influencia as mulheres paraenses, na busca do padrão de beleza exibido nas reportagens e conteúdos de beleza e boa forma. Os resultados encontrados apontam para a importância dada pelas mulheres a este veículo de mídia e concluindo-se que a revista Mulher impõe um estereotipo de padrão de beleza feminina onde as mulheres buscam de todas as formas se enquadrar. Palavras- chaves: Corpo, Gênero feminino e Mídia. INTRODUÇÃO A pesquisa desenvolve a discussão sobre corpo, gênero feminino e mídia relacionando estas categorias com uma revista feminina regional chamada mulher, que aborda temas sobre beleza, bem estar, moda e saúde. A relação entre as categorias e a revista ocorre devido à mesma ser um importante veículo na construção e divulgação dos padrões de beleza, exclusão social e consumo. Esta relação ocorre no período do verão, pois é neste período que as mulheres recorrem mais as dicas de beleza e buscam se enquadrar nos arquétipos, segundo Silva (2001) arquétipos são modelos de corpo estabelecidos pela sociedade como “belo” ou até mesmo “perfeito”, causando, assim, insatisfação para aqueles que não 1 E-mail: [email protected] 2 E-mail: [email protected]

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Page 1: “ARQUÉTIPOS DE CORPO FEMININO” NO VERÃO … · recorrem mais as dicas de beleza e buscam se enquadrar nos arquétipos, segundo Silva (2001)

“ARQUÉTIPOS DE CORPO FEMININO” NO VERÃO PARAENSE: UMA

ABORDAGEM A PARTIR DAS ORIENTAÇÕES DA REVISTA MULHER.

Larissa Thayná Rezende de Menezes Acadêmica do Curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade do Estado do Pará (UEPA)

1

Joelma C P Monteiro Alencar

Doutora em educação, Docente no Curso de Educação Física (UEPA), Professora Orientadora2

RESUMO Este estudo conduz à discussão sobre a relação corpo, gênero feminino e mídia buscando relacionar estas categorias com uma revista local paraense chamada Mulher. O problema levantado é de como as mulheres leitoras consomem os conteúdos desta revista e qual a importância que elas dão a revista e aos conteúdos de beleza abordados. O tipo de estudo foi explicativo, com abordagem qualitativa, pois este estudo reside no desejo de compreender a razão de determinado grupo de mulheres serem influenciadas por um veiculo de comunicação de forma a afetar sua vida e autoestima, com o objetivo de analisar de que forma a Revista Mulher de O Liberal influencia as mulheres paraenses, na busca do padrão de beleza exibido nas reportagens e conteúdos de beleza e boa forma. Os resultados encontrados apontam para a importância dada pelas mulheres a este veículo de mídia e concluindo-se que a revista Mulher impõe um estereotipo de padrão de beleza feminina onde as mulheres buscam de todas as formas se enquadrar.

Palavras- chaves: Corpo, Gênero feminino e Mídia.

INTRODUÇÃO

A pesquisa desenvolve a discussão sobre corpo, gênero feminino e mídia

relacionando estas categorias com uma revista feminina regional chamada mulher, que

aborda temas sobre beleza, bem estar, moda e saúde. A relação entre as categorias e

a revista ocorre devido à mesma ser um importante veículo na construção e divulgação

dos padrões de beleza, exclusão social e consumo.

Esta relação ocorre no período do verão, pois é neste período que as mulheres

recorrem mais as dicas de beleza e buscam se enquadrar nos arquétipos, segundo

Silva (2001) arquétipos são modelos de corpo estabelecidos pela sociedade como

“belo” ou até mesmo “perfeito”, causando, assim, insatisfação para aqueles que não

1 E-mail: [email protected]

2 E-mail: [email protected]

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apresentam a imagem de corpo de acordo com o arquétipo social, neste caso os

construídos pela revista.

A aproximação com o tema foi o fato de buscar entender o que leva as

mulheres a dedicar horas e horas dentro das academias, investir tanto na beleza e

serem julgadas no verão se estiverem usando biquínis mesmo com o corpo fora do

padrão, busca- se saber na pesquisa como uma revista com várias leitoras „‟impõe‟‟ um

padrão de beleza muitas das vezes „„ inacessível‟‟ a maioria das suas leitoras e como as

mesmas se sentem diante dessa situação.

E analisar especificamente os assuntos retratados na revista durante o período

dos meses de junho e julho dos anos de 2013 e 2014 que abordam ainda mais os

temas corpo e beleza ideal para o verão.

A importância de estudar o corpo, o gênero feminino e a mídia diante de um

modelo de corpo que um meio de comunicação trás para as mulheres a forma é de

extrema relevância para a área da Educação Física, pois irá ajudar os professores a

entender melhor este padrão de corpo e como lidar com essas influências em seus

ambientes de trabalho.

O referencial teórico usado nesta pesquisa tem como autores principais tratando

das categorias corpo, gênero e mídia VIGARELO (2006), BERGER (2006), BRAGA

(2002), CASTRO (2007), SILVA (2001), entre outros citados nas referências.

Partindo dessa análise, o problema diante deste contexto é de como as

mulheres paraenses leitoras da revista consomem as informações de conteúdo de

beleza e boa forma da revista mulher, a respeito disto apresentam-se as seguintes

perguntas: Quais os critérios levados em consideração pelas leitoras para chegar a este

padrão de beleza e boa forma que são retratados na revista mulher de o Liberal? Como

as leitoras da revista sentem-se ao chegarem ao período do verão „‟fora do padrão‟‟

ditado? Qual a importância que as leitoras dão a revista e aos conteúdos de beleza

abordados?

Para a obtenção das repostas dos problemas e objetivos foram aplicados

questionários com as leitoras da revista, relacionando as repostas do questionário com

a análise da revista no período de junho a julho dos anos de 2013 e 2014 e com a ideia

dos autores.

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Concluindo que o cuidado com o corpo vem se transformando em uma ditadura,

pelo qual o mesmo deve ser moldado arduamente utilizando todos os recursos

estéticos para se tornar belo e bem visto pela sociedade.

Devido a estes fatores e da „‟obrigação‟‟ das mulheres estarem nos padrões, as

academias de ginastica e clinicas de estética se multiplicam as plásticas corretivas

nunca estiveram tão em alta e os veículos de mídia exercendo uma grande influencia

na vida das mulheres.

O texto está organizado em subcategorias sendo a primeira: Corpo e gênero

feminino, a segunda: A influência da mídia na construção de arquétipos de felicidade e

no terceiro momento apresenta: Arquétipos de corpo no verão paraense e finalizando

com a conclusão e referências.

1. CORPO E GÊNERO FEMININO.

A primeira categoria estudada será o corpo, A preocupação em manter um

corpo bonito e saudável acompanha a humanidade desde a antiguidade e cada época

houve um estereótipo aceitável de boa forma e beleza.

O autor Georges Vigarello um dos mais importantes historiadores do corpo e

de suas representações, em seu livro história da beleza procura destacar as mudanças

que ocorreram em relação ao corpo e à beleza a partir das “mudanças políticas, sociais

e culturais de cada época”.

Vigarelo (2006) mostra as transformações nos perfis de beleza de acordo com o

tempo, as variações das formas, contornos, e posturas do corpo em cada época, os

diferentes métodos que foram empregados em nome da beleza, que vai do uso de pós

com misturas de pedras preciosas, ouro, prata ou pérola, ao sangue quente de galinha,

a lama, as sangrias, o espartilho, até a era do botox e da lipoaspiração.

Vale aqui ressaltar como Vigarello organiza sua exposição, na primeira parte

que ocorre no século XVI este aborda o tema: A beleza revelada, neste período a

beleza está no centro de inumeráveis diálogos e discursos no inicio da modernidade.

Uma visão de perfeições, que modificam a maneira cotidiana de olhar o corpo,

privilegiando o busto, olhos e curvas.

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Na segunda parte, o autor trata sobre a beleza expressiva que ocorre no século

XVII, este estaria marcado por alguma desconfiança a pairar sobre o artifício, o

movimento de correção da natureza. Pois neste século tivemos os artifícios da

maquiagem, o pó de arroz e os perfumes. Os artifícios de beleza se desenvolveram, os

instrumentos que produziam a estética se diversificaram com a civilização.

Na terceira parte, a beleza experimentada que ocorre no século XVIII, marca a

produtividade e funcionalidade do corpo que demarcariam a sensibilidade burguesa que

distingue o que é belo. Formas corporais mais firmes, e uma especial atenção aos

quadris, importantes para a maternidade, vão ganhar destaque, estendendo a

importância anatômica para além do rosto e do busto, já que “o objeto estético não

reside somente nas partes, e sim em suas convergências” (p. 77).

Na quarta parte, o autor trata sobre a beleza „‟desejada‟‟, que ocorre no século

XIX , mais do que nunca, a aparência é tomada como retrato da interioridade,

possibilidade de descoberta e revelação do eu. Une-se a isso uma necessidade de

fazer-se bela, o que exige conhecimento e uso de produtos de maquiagem, cremes,

enfeites, entre outros mais acessíveis aos diversos públicos.

Na quinta e última parte o autor nos trás uma pergunta: „‟A beleza

democratizada?‟‟ que ocorre no século XX, o bem-estar associado à beleza parece ser

a marca deste século.

Mais importante do que se parecer com as misses e atrizes, ainda referências

de beleza e imagens preferenciais para a propaganda dos cosméticos, o ideal seria

sentir-se bem com o próprio corpo.

O requerido controle sobre este dependeria da força de vontade, algo que

corresponde a uma “psicologização dos comportamentos” que reforça o imperativo de

responsabilização dos cuidados de si. Desenha-se um deslocamento em direção à

interioridade individual e um incremento da atenção às mensagens que o próprio corpo

emitiria.

Segundo Berger (2006, p.55) o corpo não é apenas um produto da cultura, mas

também como um do lócus privilegiado de reflexão da própria cultura. O corpo é um

reflexo da sociedade que articula significados sociais e não apenas um complexo de

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mecanismos fisiológicos, assim sendo, é impossível pensar o corpo sem considerar

sem considerar a pluralidade de sentidos que ele engloba.

Já no livro corpo, ciência e mercado, Silva (2006) vai apoiar que o cuidado com

o corpo é considerado exigência da modernidade e que o corpo é resultado e produto

de uma série de elementos: O desenvolvimento da ciência e das tecnologias e a

expansão do mercado de produtos e serviços para o corpo.

O cuidado com o corpo vem se transformando em uma ditadura, pela qual o

corpo deve corresponder á expectativa moderna: ser moldado arduamente e sem

vestígios de naturalidade. O corpo, dessa forma, adquire um novo valor e constitui,

juntamente com a ciência e o mercado, um novo arquétipo de felicidade.

Devido a estes fatores e do ser humano ter praticamente a „‟obrigação‟‟ de

cuidar de si, as academias de ginástica estão cada vez mais se multiplicando e nunca

foi tão fácil adquirir aparelhos de ginástica, que hoje são encontrados até em qualquer

grande supermercado.

Segundo Berger (2006) o que se multiplicou consideravelmente também a partir

de 1990 foram as clinicas de estética, pois também é um dos instrumentos das

mulheres na busca do corpo ideal. Isto sem mencionar as cirurgias plásticas muito

comuns no Brasil. Todos estes „‟artifícios‟‟ são usados pelas mulheres na grande

maioria das vezes para buscar se enquadrar em determinado padrão de beleza e com

isso serem melhores vistas pela sociedade.

Já Silva (2006) vai apoiar suas reflexões teóricas na análise daquilo que tem

sido produzido pelas ciências biomédicas, mais especificamente, no que vem sendo

produzido pela Medicina do Esporte, área cada vez mais prestigiada no trato da forma

do corpo.

A autora também nos traz contribuições significativas, especialmente para

quem atua na área da educação física, quando questiona os pressupostos que

norteiam a pregação religiosa de atividades voltadas para um estilo de vida ativo, isto é,

questiona a hipervalorização do conceito fisiológico de saúde/doença, a radicalização

da estética com base no modelo da tecnociência e a exposição do corpo como uma

mercadoria descartável, disponível nas prateleiras da mídia para consumo, mas quase

sempre com prazo de validade restrito.

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No livro culto ao corpo e sociedade Castro (2002) a autora tem em seu ponto de

vista a ideia muito semelhante aos outros dois autores já abordados neste relatório que

o corpo é fruto de inúmeras sociedades do passado já consumiam produtos ligados à

beleza, á saúde e a moda, mas que, no entanto a partir de meados do século XX, os

cuidados com o corpo deixaram de ser uma experiência provisória, relacionada à idade

ou fases da vida.

Os cuidados tornaram- se um dever, novas necessidades, a essência de muitos

lazeres e um dos principais destinos para os frutos de trabalho. O culto ao corpo está

sendo entendido no livro como um tipo de relação dos indivíduos com seus corpos que

tem como preocupação básica o seu modelamento, a fim de aproximá-lo o máximo

possível do padrão de beleza estabelecido.

O culto ao corpo envolve não somente a pratica de atividade física, mas

também as dietas, as cirurgias plásticas, o uso de produtos cosméticos, enfim, tudo que

responda á preocupação de se ter um corpo bonito e/ou saudável.

Amantino e Priore (2011) ratificam a ideia abordada por todos os autores

discutidos neste relatório de que o corpo humano nunca esteve tão „‟na moda‟ como

nos dias de hoje, pois em nenhum momento da história, as formas, a aparência, a

textura ou seu cheiro foram tão discutidos por leigos e especialistas. O mundo pós-

moderno criou um tipo de corpo e todos os demais, para serem aceitos, devem se

encaixar no modelo.

Para isso quase tudo no corpo humano está passível de mudanças, de seu

funcionamento a seus componentes, transformando ou criando por meio das proezas

das novas técnicas. O impacto da moda do culto ao corpo sobre a sociedade só pode

ser detectado a partir da compreensão da maneira como seus ditames são

interpretados pelos indivíduos que, no interior de diferentes grupos sociais, lhe

emprestam significados próprios.

A história já nos mostrou, por variados caminhos, que quase tudo nunca foi

como é agora, e a relação de uma sociedade com seu próprio corpo também reflete as

mudanças complexas vivenciadas ao longo de variados processos históricos.

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A palavra “gênero” começa a ser utilizada nos anos 80 do século XX, pelas

feministas americanas e inglesas, para explicar a desigualdade entre homens e

mulheres concretizada em discriminação e opressão das mulheres.

„„Gênero‟‟ veio como uma categoria de análise das ciências sociais para

questionar a suposta essencialidade da diferença dos sexos, a ideia de que mulheres

são passivas, emocionais e frágeis; homens são ativos, racionais e fortes. Na

perspectiva de gênero, essas características são produto de uma situação histórico-

cultural e política; as diferenças são produto de uma construção social.

Segundo Matos e Lopes (2008) O conceito de “gênero” adotado pelos

feminismos colaborou nessa tarefa de desnaturalização do corpo, fornecendo

elementos para a reflexão feminista a partir da diferenciação inicial entre “sexo” e

“gênero”. Salientando a distinção entre esses termos, “gênero” era, então, utilizado para

referir-se ao que é socialmente construído em oposição a “sexo”, que representava o

que é biologicamente dado.

Dessa forma, pensava-se o corpo como uma materialidade evidente e natural,

permanecendo o termo “sexo” na teoria feminista “como aquilo que fica fora da cultura e

da história, sempre a enquadrar a diferença masculino/feminino”. Entretanto, no

decorrer das reflexões feministas vários trabalhos vêm atestar que é o gênero que cria

o sexo, demonstrando que o corpo é investido de tal forma em sua materialidade pelos

contextos em que se encontra que o sexo é também uma construção cultural.

Explicitando melhor o conceito de gênero Scott (1990) afirma que o gênero é

um elemento constitutivo de relações fundadas sobre diferenças percebidas entre os

sexos, e o gênero é um primeiro modo de dar significado as relações de poder. A

autora também nos relata que no seu uso recente mais simples, “gênero” é sinônimo de

“mulheres”. Livros e artigos de todo o tipo, que tinham como tema a história das

mulheres substituíram durante os últimos anos nos seus títulos o termo de “mulheres”

pelo termo de “gênero”.

Em alguns casos, este uso, ainda que se referindo vagamente a certos

conceitos analíticos, trata realmente da aceitabilidade política desse campo de

pesquisa. Nessas circunstâncias, o uso do termo “gênero” visa indicar a erudição e a

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seriedade de um trabalho porque “gênero” tem uma conotação mais objetiva e neutra

do que “mulheres”.

O gênero parece integrar-se na terminologia científica das ciências sociais e,

por consequência, dissociar-se da política – (pretensamente escandalosa) – do

feminismo. Neste uso, o termo gênero não implica necessariamente na tomada de

posição sobre a desigualdade ou o poder, nem mesmo designa a parte lesada (e até

agora invisível).

Enquanto o termo “história das mulheres” revela a sua posição política ao

afirmar (contrariamente às práticas habituais), que as mulheres são sujeitos históricos

legítimos, o “gênero” inclui as mulheres sem as nomear, e parece assim não se

constituir em uma ameaça crítica. Este uso do “gênero” é um aspecto que a gente

poderia chamar de procura de uma legitimidade acadêmica pelos estudos feministas

nos anos 1980.

O gênero é igualmente utilizado para designar as relações sociais entre os

sexos. O seu uso rejeita explicitamente as justificativas biológicas, como aquelas que

encontram um denominador comum para várias formas de subordinação no fato de que

as mulheres têm filhos e que os homens têm uma força muscular superior.

O gênero se torna, aliás, uma maneira de indicar as “construções sociais” a

criação inteiramente social das ideias sobre os papéis próprios aos homens e às

mulheres. É uma maneira de se referir às origens exclusivamente sociais das

identidades subjetivas dos homens e das mulheres. O gênero é, segundo essa

definição, uma categoria social imposta sobre um corpo sexuado.

Se por um lado o corpo será central na autoestima e na identidade fermina das

mulheres, da mesma forma, devido a existência e supremacia de rígidos modelos

estéticos, ele também aprisiona, anula e dissolve a possibilidade da mulher gostar-se e

afirma-se como pessoa.

Em uma sociedade, em que o sujeito é definido por sua aparência, não há

como desconsiderar o sofrimento psíquico decorrente de todas as regulações sociais

que incidem sobre o corpo, sobretudo o feminino.

No livro história do corpo no Brasil, Amantino e Priore (20011) nos mostram

que mulher e beleza são historicamente associadas e a feiura que hoje está

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intimamente ligada á gordura e ao envelhecimento, onde é a maior forma de exclusão

socialmente validade.

A associação mulher, saúde e beleza são antigas, mas nuca esteve tão

presente, provocando distintas formas de imposição. A mulher precisa passar a imagem

de jovialidade, beleza, saúde e seu poder de atração sexual e para isso existe uma

busca para retardar os efeitos do envelhecimento.

E nada mais cruel do que lutar com um „‟inimigo‟‟ implacável que é a ação do

tempo. As mulheres consomem compulsivamente produtos que prometem retardar o

envelhecimento e manter a beleza. Se antes as roupas aprisionavam, agora o corpo

cumpre esse papel.

Se, historicamente, as mulheres preocupavam-se com sua beleza hoje elas são

responsáveis por garanti-la. A beleza se tornou um dever social e uma obrigação moral,

do qual as mulheres por meio de seus corpos são objetos que precisam sempre estar

em forma, uma forma que abrange a minoria por isso existe uma crescente insatisfação

das mulheres em relação aos seus corpos.

E a imagem do copo belo, esculpidos em academias e remodelados em clinicas

de estéticas e hospitais traduzem os anseios de beleza da mulher atual, pois a imagem

da mulher gorda é desvinculada da de beleza e, portanto, do poder de atração. Dessa

forma podemos vê a dimensão de regulação e controle das praticas corporais e o lugar

que a beleza assume como valor social.

Para ratificar este valor social em uma recente pesquisa feita pelo The New

York Times apontando para enormes diferenças salarias entre mulheres consideradas

bonitas e feias (quando as consideradas feias são contratadas). O corpo também é

capital, tem valor de troca ou, como bem, adquire um „‟valor‟‟.

Para ser valorizada socialmente não basta à mulher ser uma boa mãe, uma

esposa dedicada e uma profissional competente, é preciso está bela e em forma para

que seja mais valorizada e reconhecida.

2. A INFLUÊNCIA DA MÍDIA NA CONSTRUÇÃO DE ARQUÉTIPOS DE

FELICIDADE.

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Os meios de comunicações tem imposto um estereotipado padrão de beleza

feminina, os comerciais, desfiles, novelas, propagandas tem mostrado que para ser

aceito na sociedade você deve ser magra. Nas capas das revistas vemos belos corpos

de modelos magérrimas, a pura perfeição. Diante disso vem a cobrança de ser assim,

para se sentir bonita e atraente, sexy, bem vista e aceita pela sociedade.

Segundo Berger (2006) sem a mídia o processo de culto ao corpo não seria

nem efetivado, nem alimentado, mídia e culto ao corpo se entremeiam e se sustentam

mutuamente, constituindo-se como verdadeiros pilares da ideologia do corpo.

Esse culto ao corpo leva o indivíduo a se construir como “fantasma dos

cânones físicos que circulam pela mídia e, uma vez fantasma, torna-se novo modelo,

outra sombra projetada” (COUTO, 1999, p.63). Nesse processo, a publicidade serve

como modelo para que o indivíduo seja um fantasma da perfeição que lhe é

apresentada por meio das representações. De acordo com o mesmo autor, “o corpo

nada mais é que um laboratório no qual as experiências são requisitadas e os

resultados submetidos a outras modificações” (p.64).

O destaque dado ao corpo feminino nas campanhas publicitárias propicia

estudos acerca das peças veiculadas nos meios de comunicação, o modo pelo qual

estas tratam as questões referentes às mulheres e como várias representações as

“desenham” de maneiras totalmente diferenciadas.

É importante destacar que as imagens publicitárias estão inseridas em um

contexto, elas nos remetem à cultura da sociedade, e suas representações –

disseminadas não sem espetáculo, não sem exageros, não sem exuberâncias – podem

ser encontradas no cotidiano dos indivíduos.

Resta saber se a publicidade legitima as representações ou se a cultura, por si

só, já é incutida de tais “imagens imaginárias”. As mulheres, que ao longo dos anos

vêm lutando por sua liberdade de expressão, independência financeira e direito de voto,

consideradas por muitos anos como o sexo forte, mostram-se hoje como o sexo frágil,

pois são escravas do padrão de beleza imposto pela mídia.

Cristina Costa (2002) afirma que, na dialética das relações sociais, as pessoas

se formam no contraponto das imagens recíprocas, como em um jogo de espelhos,

compreendendo-se ou se opondo, contemplando se ou se estranhando. Nesse

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contraponto se revelam identidades e alteridades, diversidades e desigualdades,

acomodações e oposições. Seguindo o pensamento de Ortiz (2005), ao ver essas

imagens, os indivíduos reinterpretam o popular a partir dos grupos sociais a que estão

expostos.

O discurso da mídia decorre de uma pluralidade de produtos e avanços

tecnológicos a fim de aprimorar a estética e forma física. Vemos todos os dias surgirem

novos produtos de emagrecimento, são pílulas, sucos, comidas diet, light e zero,

aparelhos de ginásticas, academias com uma imensidão de aparelhos, vídeos com

séries de exercícios pra se fazer em casa e perder medidas, revistas especializadas em

perda de peso em tantos dias, cosméticos, cirurgias plásticas e redução de estômago.

A publicidade adquiriu, ao longo do século XX, um grande poder de influência

sobre as mulheres (e, também, sobre a sociedade). Generalizou na “paixão” pela

moda, favoreceu a expansão social dos produtos de beleza, contribuiu para fazer da

aparência uma dimensão essencial da identidade feminina para o maior número

de mulheres (LIPOVETSKY, 2000). Fez mais, propagou normas e imagens ideais do

feminino e, com isso, submeteu as mulheres à ditadura do consumo, difundindo

imagens de sonho, inferiorizando as mulheres – ora intensificando as angústias da

idade, ora reforçando os estereótipos de mulher frívola e superficial.

No livro Culto ao corpo e sociedade, Castro (2007) ao tratar sobre mídia

enfatiza as revistas femininas, que desde seus primórdios trazem dicas de beleza,

como cuidados com a pele e cabelo, sessões de moda e ginástica, em um discurso que

busca convencer relacionando argumentos estéticos e técnicos a busca pela beleza e

boa forma.

A imprensa escrita vem se consolidando como espaço privilegiado para a

divulgação de informações relativas ao corpo, recorrendo aos especialistas em beleza

para dar dicas acerca dos cuidados com o corpo, moda, dieta, beleza e exercícios

físicos.

Para a discussão da temática corpo nos meios de comunicação de massa e na

vida social em geral, a autora Castro (2007) analisou duas revistas femininas: Corpo a

corpo e Boa forma. Ambas buscam capitalizar uma tendência de comportamento que

perpassa as dimensões da estética e saudável.

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Atualmente, as duas revistas estão bastante próximas em termos de editoriais e

dividem um público similar. Nas publicações observa-se como o culto ao corpo que

dissemina na sociedade.

A mídia, como eficiente catalisador de tendências comportamentais, assimilou o

culto ao corpo rapidamente e a intensificação da preocupação com a saúde e aparência

corporal nos permite arriscar que essas publicações terão vida longa.

Amantino (2011) nos enriquece com conteúdos relacionados à mídia, tratando

sobre a sociedade com mais telas do que páginas, regida pelas normas de consumo, o

corpo não pode deixar de ser afetado. Além disso, o funcionamento da civilização se

apresenta de tal maneira que favorece a identificação do sujeito moderno como uma

imagem totalizante de corpos ideais.

Assim, dois aspectos transparecem particularmente: de início, a crença de cada

um em sua imagem e em seguida a preocupação de se identificar com uma imagem de

si que seja bem sucedida.

Frequentemente, a mídia, com grande apoio do discurso médico, oferece

estímulos para que as mulheres recorram a técnicas de mudança sobre elas, para

apresentarem uma melhor aparência e assim serem mais bem vistas pela sociedade.

Em seu artigo que trata sobre corpo, mídia e cultura Braga (2002) trata sobre o

papel das mídias na sociedade que pode ser pensado a partir do seu poder de propor

definições da realidade via agendamentos e tematizações. Nestas definições da

realidade, além de um trabalho de reprodução de elementos da cultura e da sociedade

que a constitui e da qual participa ativamente, pode ser percebido também esse

trabalho discursivo concomitante de produção e instituição de sentidos.

O conjunto de discursos da mídia (revistas, jornais, televisão, rádio, cinema

etc.) traz uma multiplicidade de „vozes‟ propondo diferentes definições do que seja

“certo”, “bom” ou “bonito”. As revistas propõem “quais” são as necessidades, os

projetos, os desejos, “o que” é preciso almejar em nome de uma suposta "felicidade".

Cabe ressaltar que essa oferta de sentido está condicionada, por força de leis

de mercado, ao seu reconhecimento e aceitação no campo social, ou seja, à sua

ressonância no imaginário da sociedade.

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Neste processo social, não só a mídia, mas os grupos sociais em geral,

propõem direção aos indivíduos para ocupar os lugares "adequados", para ser um

membro "normal" daquela sociedade. A segmentação de públicos da mídia, dirigindo

seus produtos a públicos de diferentes gêneros e sexos como as revistas femininas,

ilustra esse processo. A ação da cultura sobre os corpos é em grande parte promovida

pelo discurso midiático.

3. ARQUÉTIPOS DE CORPO NO VERÃO PARAENSE

O local de estudo foi na cidade de Belém, selecionando leitoras da revista

mulher de o liberal. As mulheres que irão fornecer os dados da pesquisa são de perfil

sócio econômico de classe media a alta e com um bom nível cultural, o perfil das

entrevistadas foi identificado através da observação de campo.

Os questionários foram feitos em uma academia de grande porte localizada no

bairro de Batista Campos em Belém com 40 mulheres. Além do estudo da revista

mulher de o liberal nos anos de 2013 e 2014, no período dos meses de junho a julho.

Á analise dos dados desta pesquisa veio ratificar o que o referencial teórico nos

trás, pois segundo Silva (2001) O cuidado com o corpo vem se transformando em uma

ditadura, pela qual o corpo deve corresponder á expectativa moderna: ser moldado

arduamente e sem vestígios de naturalidade. O corpo, dessa forma, adquire um novo

valor e constitui, juntamente com a ciência e o mercado, um novo arquétipo de

felicidade.

Segundo Castro (2007) Em nossa sociedade, é destacado o papel do discurso

dos meios de comunicação de massa na constituição de uma cultura corporal

específica, que em boa medida traduz nos corpos de seus membros os conflitos

inerentes a esta concepção. Em seguida, são abordadas as relações de poder que

perpassam a apropriação social do corpo, a partir de variáveis como gênero e classe,

evidenciando a dimensão política da corporeidade.

O papel das mídias na sociedade pode ser pensado a partir do seu poder de

propor definições da realidade via agendamentos e tematizações, Com a leitura atenta

e cuidadosa da revista mulher no período de junho a julho nos anos de 2013 e 2014,

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confirma-se que este meio de comunicação tem imposto um estereotipado padrão de

beleza.

Nas edições analisadas da revista mulher podemos observar a forma como a

mulher deve ser para o verão, nas suas capas vemos belos corpos de modelos como

sinônimo de perfeição e frases para ratificar que a mulher precisa ficar bem para o

verão as capas desta revista nos chama atenção através de suas frases como, por

exemplo: „‟ Brilhe mais que o sol‟‟, „‟projeto verão‟‟, „‟acessórios para compor o visual

nas praias e piscinas‟‟, „‟para arrasar nas praias‟‟ e „‟ linda e saudável no verão‟‟.

Fonte: Revista Mulher, anos 2013 e 2014.

Nas edições dos dias 02 e 23 junho de 2013 as principais matérias abordadas

tratam sobre a beleza no verão, retratando varias imagens de mulheres em academias,

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praticando exercícios e tendências de novas formas de exercício.

fonte: Revista Mulher, junho 2013.

Para finalizar o mês de junho de 2013, a revista trás em sua capa uma mulher

com o corpo „‟sarado‟‟ e com a seguinte frase de capa „‟ Brilhe mais que o sol‟‟, nesta

edição as dicas são sobre suplementos alimentares, cuidados com a alimentação,

cabelo, pele, dicas de maquiagem e para finalizar dicas para escolher o biquíni perfeito.

Na edição de 07 de julho, a revista continua com o foco no corpo como assunto

principal, a capa continua com fotos de mulheres de biquínis, está edição aborda sobre

esportes nas férias para manter o corpo em forma, além de tratar sobre bronzeado e a

sonhada „‟barriga negativa‟‟.

As edições de 14 e 21 de julho de 2013 se assemelham bastantes em suas

capas e conteúdos, ambas continuam com fotos de mulheres „‟perfeitas‟‟ de biquínis e

com conteúdos de moda para „‟ arrasar nas praias‟‟. Na edição do dia 14 a revista trás

como matéria o mês de julho como sendo o mês de exercícios e que nas férias, o ideal

é frequentar as academias ou fazer atividades físicas nas praias para manter se em boa

forma no verão.

No ano de 2014 no mesmo período analisado de 2013 percebemos a

similaridade das capas e matérias, na tabela abaixo podemos visualizar melhor o

exemplo de algumas edições:

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Títulos das Edições de junho e julho de 2013. Títulos das Edições de junho e julho de 2014.

Linda e saudável no verão: para pôr o corpo em

dia é preciso bom senso.

Projeto verão: para ficar linda na estação, é hora

de cuidar da alimentação,atividade física e

tratamento estético.

Para arrasar nas praias: cada turno do dia merece

uma produção especial.

Para compor o visual: acessórios fazem a

diferença na hora de compor o look usado nas

praias e piscinas.

Brilhe mais que o sol: neste verão, biquínis

ganham mix de tecidos, texturas, bordados e muito

colorido.

Combinação com estilo: essa é a proposta para

usar biquínis que farão a diferença nesse verão.

As edições dos dias 6 e 13 de julho de 2014 também se assemelham, pois

ambas tratam de visual e estilo. Se retomarmos neste mesmo período em 2013 os

conteúdos das matérias são praticamente os mesmos. Na última edição de julho de

2014, a revista aborda novamente assuntos de corpo bronzeado e possui bastante

fotos de mulheres de biquínis.

Além disso, em todas as edições analisadas existem uma infinidade de

propagandas de clinicas de estéticas, de cirurgiães plásticos e academias. Diante disso

vem à imposição de seguir esse padrão para se sentir bonita, atraente, sexy e bem

vista e aceita pela sociedade.

Com isso, a revista mulher se torna um importante veículo na divulgação e

construção dos padrões de beleza e de exclusão social, pois, enquanto dispositivo de

poder a serviço de uma comunicação baseada nas fórmulas de mercado, atualiza

constantemente as práticas de beleza que atuam sobre corpo. Mostrando através dos

discursos publicitários que para ser considerado belo é necessário possuir um corpo

perfeito e para obtê-lo qualquer sacrifício é válido.

Relacionando o conteúdo da revista com as respostas dos questionários,

percebemos que as mulheres que frequentam a academia ratificam a importância dada

para a boa forma no verão, pois todas as questionadas responderam se interessar

pelos conteúdos da revista e em especial os conteúdos de boa forma e beleza.

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Além de a maioria considerar importante esta atualizada com os conteúdos de beleza

da revista, todas as mulheres fazem algum tipo de intervenção física para seguir o

padra de beleza retratado.

No Gráfico abaixo podemos perceber quais são as intervenções mais populares,

todas as questionadas praticam atividades físicas regulamente com objetivos estéticos,

em torno de 46 por cento das mulheres praticam atividade física e fazem dieta, As que

fazem atividade física e tratamentos estéticos são em torno de 32 por cento, as que

fazem todas as intervenções estéticas são em torno de 22 por cento.

80 por cento das mulheres responderem que costumam alcançar seus objetivos

de beleza seguindo as dicas da revista e 90 por cento não se sentem frustradas se não

conseguirem chegar ao padrão de beleza retratados em imagens na revista. A media

da nota atribuída a revista mulher como um meio de comunicação importante para os

cuidados do corpo para o verão entre cinco a dez foi de oito.

Após as observações no local, percebe-se a grande preocupação das mulheres

em estarem belas, com o foco principal no corpo „‟sarado‟‟, e este objetivo levam a

busca de conteúdos de mídia com dicas para alcançar seus objetivos além de recursos

estéticos, pois com um corpo melhor elas se sentem melhor.

Com estes resultados podemos ratificar a importância deste veiculo de mídia na

construção de arquétipos no período do verão paraense. Além do mesmo ser

considerado um importante veículo de comunicação para as mulheres, mas a mesma

se torna excludente, pois em todas as edições percebemos a valorização do corpo belo

retratado em imagens e matérias, padrões inatingíveis para a maioria das mulheres,

onde as que não se encaixam nos padrões se sentem constrangidas principalmente no

período do verão com a observação exacerbada do corpo e a cobrança pela perfeição.

46

32

22 ATV+DIETA

ATV+TE

TODOS

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CONCLUSÃO.

Este estudo apresentou discussões sobre corpo, gênero e mídia de bastante

relevância social, trabalhando o corpo em vários momentos da historia e a construção

de padrões de beleza em tono do mesmo. O gênero feminino é mais associado a

assuntos de saúde e beleza, pois em nossa sociedade a mulher precisa passar a

imagem de jovialidade, beleza, saúde e atração sexual com isso existe uma constante

busca de se manter bela.

Com isso os meios de comunicação impõem um estereotipado padrão de

beleza fermina, os comerciais, desfiles, propagandas e revistas tem mostrado que para

ser aceito na sociedade você deve ser bela e ter um corpo belo. Diante disso vem a

cobrança de ser assim para ser bem visto pela sociedade.

Os principais resultados do estudo foi mostrar a relevância dada pelas mulheres

aos conteúdos de uma revista regional chamada mulher, seguindo suas dicas de beleza

e querendo atingir os padrões retratados em imagens nas mesmas.

A relevância deste trabalho foi o de ratificar a cobrança que é gerada nas

mulheres em nossa sociedade e como as mesmas se sentem diante de tantas

cobranças e como elas buscam atingir um padrão de beleza muitas das vezes

inatingível e ajudar os professores de Educação física a entender melhor o que ocorre

em nossa sociedade com as mulheres em especial no período do verão no que se

refere a corpo e boa forma.

E deixamos a possibilidade de dar continuidade na pesquisa podendo abordar o

assunto com outras classes sociais ou com o gênero masculino.

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"HAPPINESS ARCHETYPES" PARAENSE IN SUMMER: AN APPROACH ON

THE CATEGORY OF THE BODY FROM WOMAN MAGAZINE GUIDELINES.

RESUME

This study leads to the discussion of the relationship body, gender and media trying to relate these categories with a regional magazine called Woman, because at no time in history, forms and appearances were so discussed. The issue before this context is how the Pará women consume the contents of this magazine and the importance that they give readers the magazine and covered beauty content. The type of study was explanatory, with a qualitative approach, since the key focus of this study lies in the desire to explain why certain group of women are influenced by a vehicle of communication in order to affect their self-esteem life. This study examined how the liberal woman magazine influences Pará women in the standard search beauty displayed in the reports of beauty and fitness in the summer period. The results point to the importance given by women to this media outlet and concluding that the magazine Woman imposes a standard of female beauty stereotype where women seek in every way fit. Key-words: Body, Gender and Media.

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MATOS, Auxiliadora A.; LOPES, Maria F. Corpo e Gênero : uma análise revista trip para mulher. Estudos Feministas. Florianópolis, 16(1): 61-76, janeiro-abril/2008. MINAYO, M. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes 2001. ORTIZ, R. Cultura Brasileira e identidade nacional. São Paulo: Brasiliense, 2005. PRIORE, M.; AMANTINO, M. História do corpo no Brasil. São Paulo: Unesp, 2011.

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SAMARÃO, Liliany. O espetáculo da publicidade: a representação do corpo feminino na mídia (2007). Disponível em: <http://www.contemporanea.uerj.br/pdf/ed_08/04LILIANY.pdf> Acesso em: 02 abr 2015. SILVA, A. Corpo, ciência e mercado. São Paulo: Editora da UFSC, 2001. VIGARELLO, G. História da beleza. Rio de janeiro: Ediouro, 2006. RABELO, Rodolfo. Para arrasar nas praias. Revista Mulher, Belém: O liberal, 2013. RABELO, Rodolfo. Para completar o visual. Revista Mulher, Belém: O liberal, 2013. RABELO, Rodolfo. Muito mais Saúde. Revista Mulher, Belém: O liberal, 2013. RABELO, Rodolfo. Brilhe mais que o sol. Revista mulher, Belém: O liberal, 2013. RABELO, Rodolfo. Sintonia Corpo e mente. Revista Mulher, Belém: O liberal, 2014. RABELO, Rodolfo. Linda e saudável no verão. Revista Mulher, Belém: O liberal, 2014. RABELO, Rodolfo. Projeto verão. Revista Mulher, Belém. O liberal, 2014. RABELO, Rodolfo, combinação com estilo. Revista Mulher, Belém. O liberal, 2014.