arqueologia e paleontologia: os pontos bÁsicos que caracterizam estas duas ciÊncias distintas

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REVISTA TARAIRIÚ – ISSN 2179-8168 Campina Grande - PB, Ano VI Vol.1 - Número 09 Fevereiro de 2015 58 ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: OS PONTOS BÁSICOS QUE CARACTERIZAM ESTAS DUAS CIÊNCIAS DISTINTAS. Paulo Gracino da SILVA 1 1 Graduado em História pela UEPB. [email protected]

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Artigo que mostras a diferença entre a Arqueologia e a Paleontologia, a partir de alguns equívocos encontrados nos sites de buscas da internet.

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Campina Grande - PB, Ano VI – Vol.1 - Número 09 – Fevereiro de 2015 58

ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: OS PONTOS BÁSICOS QUE CARACTERIZAM ESTAS DUAS CIÊNCIAS

DISTINTAS.

Paulo Gracino da SILVA1

1 Graduado em História pela UEPB. [email protected]

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ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA: OS PONTOS BÁSICOS QUE CARACTERIZAM ESTAS DUAS CIÊNCIAS DISTINTAS.

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo principal identificar as características fundamentais que diferenciam as ciências arqueológicas e as paleontológicas, tomando como ponto de partida os equívocos existentes nos meios de comunicação da atualidade, onde são confundidas as suas funções e os seus respectivos objetivos científicos. Usamos a pesquisa na internet como metodologia para comprovar os nossos questionamentos acerca das dúvidas existentes, fundamentando-a nos ensinamentos de Santos (2010), que discorre sobre alguns conceitos teóricos basilar da Arqueologia e da Paleontologia, bem como em outros estudiosos que abordam o tema. Neste sentido apresentamos uma conclusão sucinta e de forma objetiva, intencionando um melhor esclarecimento não só para os leigos, mas também para aqueles que buscam a compreensão do passado através destas duas ciências.

PALAVRAS-CHAVE: Ciência Social; Ciência Natural; Interdisciplinaridade.

ABSTRACT

This work aims to identify the key features that differentiate the archaeological and paleontological sciences, taking as a starting point existing in the media today, where they are mistaken their functions and their scientific goals misconceptions. We use the internet research as a methodology for proving our questions about the doubts, basing it on the teachings of Santos (2010), which discusses some fundamental theoretical concepts of archeology and paleontology, as well as other scholars that address. In this sense we present a concise and objective manner conclusion, intending a better explanation not only for laymen but also for those who seek understanding of the past through these two sciences.

KEYWORDS: Social Science; Natural Science; Interdisciplinarity.

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INTRODUÇÃO

Os conhecimentos mostram que a Arqueologia e a Paleontologia têm objetivos

diferentes, porém se relacionam entre si e com as demais Ciências, inter e multidisciplinarmente.

Mas são inúmeros os meios de comunicação que divulgam informações equivocadas, sobre

estas duas áreas de saberes que se designam aos estudos do passado e do desenvolvimento

do nosso planeta.

São divulgações através dos diversos meios de comunicação, que difundem este tipo de

confusão informativa aos seus respectivos públicos, podendo ser encontradas em “sites da

internet, livros, artigos em jornais e revistas, etc.” (SANTOS, 2010, p.38). Porém, para melhor

explicar a confirmação destas controvérsias, basta que façamos uma busca através do Google

(um dos sites mais popular neste tipo de pesquisa), digitando, erroneamente, apenas, “Sítio

Arqueológico do Vale dos Dinossauros”, onde se comprova que, na primeira busca, logo

aparecerá algum exemplo deste tipo de informação equivocada.

Em nossa pesquisa, foi possível confirmar estas informações a partir do site

http://www.ufo.com.br, além de outros endereços eletrônicos como: www.tripadvisor.com.br/,

culturanordestina.blogspot.com.br, www.paraiba.pb.gov.br e www.sppert.com.br, que trazem na

primeira (de tantas outras) páginas, as informações confusas sobre o Vale dos Dinossauros, no

sertão da Paraíba. Como é possível perceber, o artigo da Revista UFO – Portal da Ufologia

Brasileira – discute sobre os mistérios do Vale dos Dinossauros, porém apresenta em seu

capítulo inicial uma prova contundente da não diferenciação entre Arqueologia e Paleontologia.

Localizado na cidade de Souza, a cerca de 450 Km da capital paraibana, está um dos mais significativos sítios arqueológicos (grifos nosso) do país, o Vale dos Dinossauros. Encravado numa área de 700 Km², o vale tem se constituído num imenso patrimônio paleontológico (grifos nosso), além de ser fonte de estudos reconhecida por pesquisadores do mundo inteiro em virtude de sua área ter sido invadida por dinossauros – tais como o Iguanodonte mantelli, um herbívoro de 12 m de altura, o Tiranossauro rex, considerado maior predador de todos os tempos a habitar aterra, e a ave Pterossauro com oito metros de envergadura (http://www.ufo.com.br).

Percebe-se, com isso, que o autor desta matéria demonstra não compreender a

distinção entres as duas Ciências, disseminando desinformações para os seus leitores. Mas, não

devemos esquecer que no site do governo do estado da Paraíba também aparecem os mesmos

equívocos abordados acima, sendo destaque, por exemplo, a manchete que diz: “Revitalização

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do Vale dos Dinossauros é concluída e preserva sítio arqueológico” (www.paraiba.pb.gov.br,

2014).

Deste modo, utilizamos a busca no Google como exemplo, por tratar-se atualmente de

uma das ferramentas mais utilizados para pesquisas rápidas por parte da população, mas

poderíamos nos apropriar de qualquer outro meio de pesquisas para dar veracidade ao nosso

objetivo central, que é mostrar os pontos básicos que diferenciam a Ciência Arqueológica da

Paleontológica. Assim como, fizemos a busca na internet pela frase, “Sítio Arqueológico do Vale

dos Dinossauros”, por tratar-se especificamente de um dos mais significativos sítios

“Paleontológico” do país, com demonstrações claras de icnofósseis, ou pegadas de animais

extintos.

Com base nestes questionamentos procuramos estabelecer alguns conceitos

característicos que diferenciam as duas Ciências, destacando a importância de ambas para o

conhecimento científico, principalmente na busca de saberes relacionado à vida pretérita em

nosso universo.

ARQUEOLOGIA

É uma Ciência Social que busca compreender a cultura passada de determinados

grupos humanos. Ou seja, é uma Ciência inter e multidisciplinar que trabalha exclusivamente

com vestígios culturais produzidos por povos pretéritos, no sentido de reconstruir a história da

sociedade analisada a partir dos seus restos remanescentes (SANTOS, 2010, p.17).

São inúmeros os teóricos que conceituam a Arqueologia como uma Ciência Social que,

apesar de já ter sido considerada como uma simples disciplina auxiliar da História, atualmente é

vista como uma disciplina independente. E que, mesmo com a sua independência, dialoga não

só com a História, como também com as demais Ciências através da interação mútua,

acrescentando e ampliando o campo do conhecimento científico, como se verifica nas

explicações contidas no “Manual do Arqueólogo” (2010).

Entende-se então, que a Arqueologia no mundo contemporâneo tem a função de

compreender a cultura de povos pretéritos, buscando na interdisciplinaridade o auxílio

necessário para que o Arqueólogo possa desenvolver o seu objetivo, que é extrair das fontes o

máximo de informações possíveis sobre as culturas dos grupos humanos pretéritos. Com isso,

não se pode afirmar que ela tenha, no decurso dos anos, tido esta função, pois se sabe que esta

ciência sofreu muitas variações durante a sua história.

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O termo “Arqueologia” (grifos do autor) vem do grego, sendo a junção de duas palavras: Archaios (antigo) + Logos (estudos), lendo-se, portanto, como sendo o estudo das coisas antigas. Atualmente esse conceito foi ampliado para a ciência que estuda as sociedades atuais ou do passado, pois existem várias Arqueologias (AZEVEDO, 2009), desde aquela que se preocupam com os grandes monumentos greco/romanos, Maias, Astecas, etc. até aquela que se preocupa em estudar simples aldeamentos, como os encontrados em todo o Brasil (SANTOS, 2010, p.37-38).

Estas informações vêm corroborar as mudanças ocorridas na Arqueologia ao longo da

sua existência.

É analisando o contexto histórico do século XV ao XIX que se verifica as transformações

e a importância dos conhecimentos produzidos pela Arqueologia, uma vez que neste espaço de

tempo é notável com que finalidade (e como) fora utilizada os conhecimentos adquiridos.

Entendendo que os artefatos, os traços e os ecofatos são os objetos de estudos do

arqueólogo, exatamente por serem os elementos materiais produzidos pelos povos em análise,

percebe-se que as variações sofridas pela Arqueologia têm uma relação direta ao sentido dado

aos referidos elementos.

Como justificativa, é sabido que um único artefato, por exemplo, pode conter diversas

informações sobre as culturas passadas, desse modo, observa-se que a Arqueologia fora

utilizada até meados do século XX para justificar e consolidar a superioridade da civilização

europeia sobre os povos colonizados. Porém, estes artefatos utilizados como “prova” para

disseminar o racismo e o preconceito entre os povos, também foram vistos, por muitos, como

relíquias, como símbolos de grandeza do passado e até mesmo como amuletos. Enfim, foram

objetos apreciados por colecionadores e por estudiosos que buscavam novos conhecimentos

sobre o passado, de acordo com as informações de Trigger exposta no Manual do Arqueólogo

(2010).

A guarda de artefatos de povos passados sempre fora vista como relíquia, talvez como símbolo da grandeza do passado ou meros amuletos simbólicos, ou até como fonte de informações. (...) no Egito Antigo, (...) escribas da XVIII dinastia registraram suas visitas em tumbas antigas e monumentos abandonados da XII dinastia. Tais monumentos e utensílios eram vistos como sagrados, pertencentes aos povos que teriam sido a gênese da civilização, perfeitos, e que a sociedade teria degenerado, restando, como prova os seus objetos materiais (SANTOS, 2010, p.24).

Estas concepções conduziam a Arqueologia à prática da rapinagem e de interesses

particulares. Pois como já havíamos destacado, o contexto histórico da Europa do século XV ao

XIX é muito importante para explicar este tipo de prática arqueológica. Pois se sabe que nesta

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época, a Europa foi marcado pela forte influência do sentimento nacionalista, e ao sabermos que

a partir do século XVII surgiu uma grande discussão sobre o desenvolvimento de algumas

culturas e o não desenvolvimento de outras, percebe-se que a mistura das raças não era visto

como uma boa opção para o desenvolvimento de uma nação. Isto por que algumas respostas

para a discussão indicavam que a estagnação de certas culturas estava ligada aos fatores

ambientais, e mais, surgiram novas teorias que afirmavam a ideia de evolução cultural dos

grupos humanos. Sendo assim, a mistura entre os povos “ditos civilizados” e os “tidos como

selvagens” representava o fracasso e a estagnação de qualquer sociedade, criando-se um

racismo que assolou todo o Continente a partir do final do século XIX e início do XX. Ver-se,

portanto, a ambiguidade que permeou a Arqueologia até meados do século XX.

Segundo Santos (2010), a Arqueologia Histórica começa a se constituir e sistematizar,

inicialmente com a criação de novas técnicas de datações dos artefatos, na Escandinávia, por

volta da metade do século XIX. Seria este o princípio das atividades científicas da Arqueologia,

que até então, fora denominada de Arqueologia Pré-Histórica. Após este começo, “a França e a

Inglaterra tornaram-se pioneiras em estudos do Paleolítico, aprofundando os estudos temporais

da Pré-História da espécie humana” (SANTOS, 2010, p. 53).

Mesmo a Arqueologia sendo praticada desde tempos anteriores ao nascimento de

Cristo, só a partir do final do século XX é que ela se torna uma Ciência Social independente,

inter e multidisciplinar. E para explicitar esta cronologia da Arqueologia Descritiva até a

Arqueologia Explicativa (como conhecimento científico), nos utilizaremos das palavras de Oscar

Zamara (apud SANTOS, 2010), que indica quatro períodos de tempo para esta transição.

a. 1850 – 1925 – Os pioneiros da Arqueologia têm-se o início de uma Arqueologia profissional, marcada pelas primeiras caracterizações descritivas das culturas antigas da região; b. 1925 – 1960 – período do modelo descritivo sincrônico propõe-se a divisão do espaço de ocupação pelos povos antigos em zonas arqueológicas; c. 1960 – 1975 – período dos modelos descritivos diacrônicos busca-se estabelecer as seqüências arqueológicas para as diferentes regiões do continente, através de trabalhos científicos que privilegiam a dimensão vertical antes da horizontal, com trabalhos em sítios, em curto prazo;

d. De 1975 aos nossos dias – em busca do modelo explicativo diacrônico caracterizado pela Arqueologia Explicativa (SANTO, 2010. p. 16-17).

Somente a partir destas transformações é que é possível aos arqueólogos, a

independência para poderem fazer as interpretações e as explicações dos fenômenos sociais a

partir das suas pesquisas.

A Arqueologia na contemporaneidade, portanto, é sim, entendida como uma Ciência

Social, pois estuda os grupos humanos pretéritos através da sua cultura material. Ou melhor, a

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Arqueologia tem por objetivo a reconstituição das culturas pretéritas, utilizando-se de teorias,

métodos e técnicas científicas, pois só através do conhecimento científico é que se tem

segurança para a reconstrução das seqüências arqueológicas dos acontecimentos.

PALEONTOLOGIA

É a Ciência Natural dedicada aos estudos dos restos e vestígios de animais e vegetais

(fósseis) existentes em nosso universo, objetivando não só compreender a evolução da vida,

mas também, a história geológica de uma região, o posicionamento dos continentes e a

evolução do clima e dos ecossistemas. Enfim, é uma Ciência que, assim como a Arqueologia, se

correlaciona com as outras Ciências e busca esclarecimentos relativos à evolução da vida e o

desenvolvimento do planeta terra, segundo informações encontradas no site da Doutora em

Geologia Sedimentar, Adriana Rost Rossi (2012).

Os fósseis são os elementos essenciais para o estudo paleontológico, uma vez que eles

são os vestígios deixados pelos seres vivos do passado. A tarefa do paleontólogo é bastante

complexa, apesar de basicamente, existirem apenas dois tipos de fósseis, “os somatofósseis

(fósseis de dentes, carapaças, folhas, conchas, troncos e etc.) e os icnofósseis (fósseis de

pegadas, de mordidas, de ovos ou de cascas do mesmo, excrementos, etc.)”.

(www.brasilescola.com). Onde, os fósseis de dimensões diminutas ou os microfósseis são

estudados pela Micropaleontologia, em contraposição aos macrofósseis, que são os organismos

com dimensão igual ou maior a um centímetro, de acordo com Adriana Rost Rossi (2012).

Outro detalhe entre os fósseis é que muitos deles permanecem inalterados ao longo dos

tempos, dependendo do tipo de fossilização a que foram acondicionados, como por exemplo, no

gelo, no âmbar, no betume, nas cavernas, etc. Enfim, cada qual com as suas peculiaridades que

devem ser acolhidas e desvendadas pelos pesquisadores.

Uma série de aspectos e particularidades compreende os estudos paleontológicos, como

por exemplo, a Paleobotânica ou a Fitopaleontologia que se encarrega de estudar os fósseis

vegetais. Bem como, a Paleozoologia se dedica aos estudos dos fósseis animais, sendo ainda

subdividida em Paleozoologia de Invertebrados e de Vertebrados (www.adrianarossi.com).

Como afirmamos anteriormente, a Paleontologia é de fato uma Ciência inter e

multidisciplinar, pois está estritamente ligada a diversas outras, como a Palinologia, a

Bioestratigrafia, a Paleografia, a Paleoecologia, etc.

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Em sua termologia, a Paleontologia se origina do grego: “Paleo (Antigo) + (o) nto (Ser) +

Logia (Estudo), lendo-se estudo dos seres antigos, ou ‘estudos dos animais e vegetais fósseis’”

(grifos do autor) (XIMENES apud SANTOS, 2010, p. 38). Mas a denominação do termo é

explicada através do artigo de Mello quando afirma que:

O editor do jornal científico francês “Journal de Phisique”, chamado Henri Marie Ducrotay de Blanville criou o termo paleozoologia em 1817 para se referir ao trabalho de Curie na reconstrução de animais extintos a partir de ossos fossilizados. O mesmo Blanville procurou um termo que pudesse ser usado tanto para plantas quanto para animais fossilizados e em 1822 criou o termo paleontologia, que rapidamente se tornou popular. Um dos primeiros grandes paleontólogos foi o inglês Richard Owen (1804-1892, (...)) que reconstruiu inúmeros animais pré-históricos e realizou longa pesquisa sobre dentes de mamíferos. Contemporâneo e amigo de Charles Darwin, Owen viu nascer a teoria da origem das espécies. De fato, os fósseis de mamíferos gigantes do Cenozóico encontrados na Patagônia e as camadas de conchas marinhas encontradas a cerca de 3000 mil metros de altitude nos Andes chilenos ajudaram Darwin a compreender o mecanismo de evolução. (www.ebah.com.br)

É importante ressaltar que a Paleontologia caracteriza-se porque, além de ajudar na

compreensão das mudanças na ocupação do planeta, através do tempo geológico pelos seres

vivos, também ao longo da sua evolução, causou uma espécie de “inquietação” com relação ao

contato homem/fósseis.

Neste sentido, o Dr. Luiz Henrique Cruz de Mello, Biólogo, mestre e doutor em

Paleontologia pela Universidade de São Paulo (USP) afirma que foi através dos fósseis que o

homem teve o seu primeiro contato com a Paleontologia, e que no decurso dos tempos foram

dadas inúmeras explicações para os organismos encontrados esculpidos nas rochas. Eram

respostas na maioria das vezes lendárias e ou mitológicas, onde alguns episódios servem de

exemplos para demonstrar o sentido que era dado aos fósseis. Na publicação do Biólogo se

encontra o relato de que “na China, ossos fossilizados de mamíferos primitivos, incluindo nosso

ancestral Homo erectus eram frequentemente confundidos com ossos de dragões e usados

como afrodisíacos ou na medicina” (www.ebah.com.br). Outros relatos são de que os

organismos petrificados encontrados no Ocidente, no alto das montanhas, seriam os elementos

que comprovariam o dilúvio bíblico, de acordo com ao artigo de Mello.

São inúmeras as explicações dadas aos fósseis pré-históricos, pois estes vestígios são

os principais objetos de estudos do profissional da Paleontologia. Observa-se, portanto, que esta

Ciência se apodera da interação com as demais disciplinas para poder ajudar na compreensão

da evolução da vida, como também “a história geológica de uma região, o posicionamento dos

continentes, a evolução do clima e dos ecossistemas” (www.ebah.com.br).

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De acordo com Adriana Rossi (2012), aqueles fósseis que foram considerados

“brincadeiras” preparadas pela natureza para o homem, durante a Idade Média, desde o século

XII, somente a partir da utilização dos conhecimentos científicos em suas análises – início do

século XIX – passou a ter novas respostas que divergem da lenda e ou do mito. Por exemplo,

com a Arqueologia científica, pode-se agora fazer comparações entre fósseis de uma mesma

espécie encontrados na América do Sul e na África, deduzindo-se que estes continentes no

passado já foram unidos, e mais, com o apoio das outras Ciências, é possível identificar a

datação que isto ocorrera e com qual dinâmica (www.sbe.com.br).

Neste contexto, o arqueólogo passa a desenvolver métodos e técnicas específicas

buscando esclarecer a evolução da vida e do meio ambiente do nosso planeta.

Sabe-se que todos os organismos apresentam entre suas características, elementos que refletem adaptações ao ambiente em que vivem. O mesmo ocorre com os fósseis e, o seu achado nas rochas, permite ao paleontólogo ter uma "breve visão remota" do ambiente em que viveram e quais as modificações por que passou esse ambiente. Os fósseis são, portanto, via de regra, excelentes indicadores cronológicos, ambientais e faciológicos (www.adrianarossi.com).

Portanto, a Paleontologia tem a sua História desde os primeiro contato entre o homem e

os fósseis, onde por volta do século VI a.C., Xenófanes de Cólofon reconhecera como restos de

animais marinho, algumas conchas fósseis, indicando que o continente teria sido mar em outros

tempos. E quando “no século XVII, Niclau Steno (1638-1686) estabeleceu um ordenamento

temporal para os estratos geológicos, nos quais os fósseis eram encontrados” (WIKIPEDIA,

2012). Mas, teria sido Georges Cuvier quem desenvolveu trabalhos de anatomia comparada,

que foram aceitas pela comunidade acadêmica, e consequentemente, “promoveu a definitiva

inclusão dos fósseis no mundo biológico e na história do Globo” (FARIA, 2011).

Entretanto, uma disciplina que teve o seu reconhecimento como Ciência a partir do

século XIX, mas que fora utilizada desde a antiguidade clássica para dar significados aos

fósseis, não pode ser confundida com a Ciência Arqueológica, apesar de ambas se

correlacionarem em busca de informações sobre o passado do nosso universo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de algumas interpretações equivocadas sobre a Arqueologia e a Paleontologia,

expressas em diversos meios de comunicação, é possível estabelecer alguns pontos básicos

que ajudam a esclarecer as dúvidas e, consequentemente, as diferenças entre as duas Ciências.

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Que a Arqueologia e a Paleontologia são Ciências distintas não restam mais dúvidas,

mas que, quase sempre são confundidas entre os meios de comunicação isto é fato. Mas como

podemos verificar, a Arqueologia tem o objetivo de compreender as culturas pretéritas de

determinados grupos humanos, buscando traçar-lhes um perfil cultural e o modus vivendi a partir

dos vestígios arqueológicos remanescente. Ou seja, ela objetiva alcançar o máximo de

informações sobre os grupos humanos que viveram em determinada sociedade, justamente,

investigando as suas ações que deixaram marcas até a nossa contemporaneidade.

Diferentemente da Paleontologia que é uma Ciência que estuda os restos e vestígios de animais

e vegetais (fósseis) existentes em nosso universo, objetivando não só compreender a evolução

da vida, mas a história geológica de uma região, o posicionamento dos continentes e a evolução

do clima e dos ecossistemas. Enfim, é uma Ciência que, assim como a Arqueologia, se

correlaciona com as outras Ciências em busca de esclarecimentos relativos à evolução da vida e

o desenvolvimento do planeta terra.

Outra característica importantíssima para distinguir a Paleontologia da Arqueologia é o

espaço de tempo que os seus estudos compreendem. Enquanto a Arqueologia se preocupa com

os estudos a partir do surgimento dos primeiros hominídeos – há cerca de 2 ou 3 milhões de

anos AP. – até os dias atuais; a Paleontologia trabalha com um espaço temporal mais extenso,

podendo envolver milhões ou bilhões de anos de acordo com Juvandi de Souza Santos.

Enfim, a maior diferença entre as duas disciplinas é que a Arqueologia é uma Ciência

Social e a Paleontologia é uma Ciência Natural, e isto, automaticamente, nos remete à

questão temporal e aos seus respectivos objetivos.

Portanto, as duas Ciências são de fundamental importância para os conhecimentos

científicos, principalmente, porque elas ao buscarem o apoio das outras disciplinas, são capazes

de explicar a existência da vida em nosso planeta e, consequentemente, mostrar-nos as ações

humanas e as suas relações com o meio que habitam (ou habitaram) ao longo da nossa história.

REFERÊNCIAS

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