armazenagem de soja em silo bolsa: avaliaÇÃo do …bdm.ufmt.br/bitstream/1/1314/1/tcc-2016-daniele...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP
INSTITUTO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E AMBIENTAIS
ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
ARMAZENAGEM DE SOJA EM SILO BOLSA:
AVALIAÇÃO DO AR INTERGRANULAR E
QUALIDADE DE GRÃOS
DANIELE MEZZALIRA
SINOP
MATO GROSSO – BRASIL
2016
DANIELE MEZZALIRA
ARMAZENAGEM DE SOJA EM SILO BOLSA:
AVALIAÇÃO DO AR INTERGRANULAR E QUALIDADE DE
GRÃOS
Orientadora: Profª Drª Solenir Ruffato
Co-Orientador: Prof. PhD. Rodrigo Sinaidi Zandonadi
Trabalho de curso apresentado à Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT - Campus Universitário de Sinop, como parte das exigências para obtenção de Título de Engenheiro Agrícola e Ambiental.
SINOP
2016
DEDICATÓRIA
A Deus, pela proteção Divina
Aos meus pais, Edimo e Cleusa
Aos meus irmãos, Edimo Junior (in memorium), Daiane e Daniel
Meu porto seguro
AGRADECIMENTOS
Sobretudo, a Deus, pelo dom da vida, por todas as oportunidades a mim concedidas,
e por me fazer cada vez mais vencedora.
Aos meus pais Edimo e Cleusa, agradeço pela educação, exemplo, incentivo e
oportunidade de cursar o ensino superior, apesar da dor da distância, sempre acreditaram
em mim, me apoiando e incentivando em todos os momentos.
Aos meus irmãos, Edimo Junior (in memorium), que é nosso Anjo da Guarda, ao
Daniel e Daiane que caminhei e caminho sempre pensando em vocês.
Aos meus familiares, primos, tios e avós, pelo carinho, pelas orações e o constante
incentivo na minha caminhada. Obrigada por torcerem pelas minhas vitórias mesmo
distantes.
À Universidade Federal de Mato Grosso – Curso de Engenharia Agrícola e
Ambiental, pela oportunidade de realização do curso.
À minha professora, orientadora e amiga Profª Drª Solenir Ruffato, pela orientação,
oportunidade, paciência, carinho, incentivo, comprometimento, disponibilidade,
profissionalismo, amizade e principalmente pelo amor de mãe. Não levo somente o
conhecimento técnico que me foi passado, mas o exemplo profissional e pessoal que pude
adquirir durante esse período de convivência.
Ao meu co-orientador Prof PhD. Rodrigo Sinaidi Zandonadi que sempre acreditou em
mim, me apoiando e ajudando na realização desse estudo.
A Profª Drª Solange Maria Bonaldo por aceitar o convite em participar da banca
avaliadora, pela ajuda, atenção, companheirismo, amizade e carinho durante este período.
Aos Laboratórios de Mecanização e Pós Colheita da Universidade Federal de Mato
Grosso – UFMT, Campus Universitário de Sinop, onde parte do trabalho foi realizado, e aos
colegas Tayanny M. L. de Paula, Francisco M. Furtado, Willian Campanholi, Priscylla M. C.
Prado, Ícaro P. de Souza, Guilherme H. R. T. Vettorazzi, Lucas S. Corrêa, Fabiano S.
Barbosa, ao professor Dr Diego A. Fiorese, e ao técnico Célio J. da Silva pelas contribuições
que foram essências, para realização desse trabalho.
A Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Campus Universitário de Sinop,
por ter cedido o local em que o experimento foi conduzido.
Agradeço a empresa IpesaSilo pela parceria e doação do silo bolsa para realização
do experimento.
Aos meus colegas de turma, com os quais presenciei momentos maravilhosos
nestes cinco anos de faculdade.
Aos meus amigos Angelo J. S. da Silva, Charles C. Martim, Gabriela C. Borges,
Maria J. Arfeli e Suzana G. da Silva, aos quais considero como grandes companheiros por
estarem ao meu lado durante esses cinco anos.
A todos os professores que contribuíram para a minha formação, imprescindíveis
para o meu amadurecimento profissional.
E a todos que de alguma forma deram sua contribuição para o desenvolvimento
deste trabalho.
Obrigada!
SUMÁRIO
RESUMO .............................................................................................................................................. 11
ABSTRACT .......................................................................................................................................... 12
INTRODUÇÃO ....................................................................................................................................... 7
CAPÍTULO 1 ........................................................................................................................................ 10
AVALIAÇÃO DO AR INTERGRANULAR DA SOJA ARMAZENADA EM SILO BOLSA ....................... 10
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 11
2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 13
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 18
4. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 26
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 27
CAPÍTULO 2 ........................................................................................................................................ 30
QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA ARMAZENADA EM SILO BOLSA .............................................. 30
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 31
2. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................................. 35
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................... 39
4. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 49
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 50
CONCLUSÕES GERAIS ...................................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES ................................................................. 55
RESUMO
Um dos gargalos do sistema produtivo de grãos no Brasil tem sido o déficit de capacidade
estática para armazenagem, sendo mais expressivo nos estados que tem apresentado
aumentos de produção a cada nova safra, como é o caso de Mato Grosso. Assim, a busca
por alternativas de armazenagem se faz importante, visto que investimentos em
infraestruturas, ditas convencionais são elevados, além do tempo para sua construção.
Deste modo, objetivou-se avaliar a qualidade de grãos, bem como as condições do ar
intergranular de soja armazenada em silo bolsa por um período de 330 dias. Para o
experimento foi utilizado um silo bolsa com dimensões de 5 m de comprimento por 1,5 m de
altura, no qual, foi armazenado soja por 330 dias. O teor de água inicial médio foi de
10%b.u. O monitoramento das condições intergranulares foi realizado por meio de uma
sonda contendo sensores de temperatura, umidade relativa e concentração de CO2. Para
acompanhamento qualitativo de grãos foram coletadas amostras mensalmente e avaliado as
propriedades físicas, químicas e sanitárias, como: teor de água, massa de 1.000 grãos,
massa específica aparente (kg m-3), massa do grão (g), massa específica real (kg m-3),
volume do grão (m-3), incidência de fungos associados, matéria seca, teor de cinzas e teor
de óleo. Os resultados obtidos indicaram que as condições do ar da massa de grãos
estabilizaram na condição média de 32 ºC de temperatura, 70% de umidade relativa e, 8%
de concentração de CO2. A qualidade dos grãos de soja armazenados de forma hermética
em silo bolsa foi mantida por até 330 dias. Constatou-se tendência de redução da incidência
fúngica para a maioria dos gêneros encontrados (Fusarium sp., Aspergillus sp. e Penicillium
sp.).
PALAVRAS-CHAVE: Glycine max; CO2; propriedades físicas; sanidade.
ABSTRACT
One of the bottlenecks of the grain production system in Brazil has been the deficit of static
capacity for storage, being more expressive in the states that have presented production
increase with each new harvest, such as case of Mato Grosso. Thus, the search for storage
alternatives becomes important, since investments in conventional infrastructures are
considerably high and besides the time construction. Thus, the objective was to evaluate the
grain quality as well as the intergranular air conditions of soybean stored in silo bag for a
period of 330 days. For the experiment a silo bag with dimensions of 5 m of length by 1,5 m
of height was used to store the soybean. The initial grain moisture content was 10% b.u.
Data collection regarding intergranular conditions was ccomplished with developed probe
containing temperature sensors, relative humidity and CO2 concentration. For the qualitative
monitoring of grains, samples were collected monthly and the physical, chemical and
sanitary properties were evaluated, such as: water content, 1,000 grain weight, apparent
specific mass (kg m-3), grain mass (g), grain volume (m-3), incidence of associated fungi,
dry matter, ash content and oil content. The results indicated that the air conditions of the
grain mass stabilized in the average condition of 32 ºC temperature, 70% relative humidity
and 8% CO2 concentration. The quality of soybeans stored hermetically in a silo bag was
maintained for the evaluated period. There was a tendency to reduce the fungal incidence for
most of the found genus (Fusarium sp., Aspergillus sp. and Penicillium sp.).
KEYWORDS: Glycine max; CO2; physical properties; sanity.
7
INTRODUÇÃO
O Brasil tem-se destacado como exportador de produtos agrícolas no comércio
internacional, isto em função da crescente expansão da produção de grãos incentivada
pelos constantes investimentos em pesquisas e tecnologia de produção. A soja constitui
como um dos principais produtos agrícolas produzidos no país. Seu cultivo tem-se
expandido ocupando uma área significativa, assumindo grande expressão econômica,
sendo um dos produtos responsáveis pelo equilíbrio da balança comercial em função dos
elevados índices de exportação. Apesar do crescimento observado, esta cultura possui
ainda boas perspectivas devido ao aumento do rendimento com a utilização de novas
tecnologias, desenvolvimento de cultivares mais produtivas, além da possibilidade de
expansão de área, fato que não ocorre em outros países.
Outro fator, além da busca por altos rendimentos, tem ganhado destaque, a
qualidade de grãos. Os subprodutos e a qualidade de grãos são prioridade para produtores,
processadores e, por fim, para os distribuidores desses produtos, todavia são muitos os
fatores que favorecem a perda de qualidade e quantidade dos alimentos e, dentre eles,
destacam-se: características da espécie e da variedade, condições ambientais durante o
seu desenvolvimento, época e procedimento de colheita, método de secagem e práticas de
armazenagem (BROOKER et al., 1992).
De acordo com Leite (2013) a expansão e modernização planejada do sistema de
armazenamento, especialmente no Centro-Oeste do país e nas novas fronteiras agrícolas,
podem contribuir para que as perdas no escoamento da produção sejam minimizadas, visto
que essas regiões estão distantes dos portos. Com os resultados alcançados pelo
agronegócio, os aspectos logísticos se tornam o principal desafio para redução dos custos
durante as etapas de pós-colheita. A preocupação com o modo de armazenagem e o
transporte está cada vez mais presente principalmente para o produtor, que deseja
comercializar os produtos nos melhores preços no período da entressafra e transportar até
os pontos de comercialização com os menores preços de fretes, com o propósito de garantir
um fornecimento contínuo de matéria-prima de qualidade.
De acordo com as previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para
Alimentação e Agricultura), a população mundial deve atingir 9,6 bilhões até 2050,
aumentando assim a demanda da produção de alimento (FAO, 2012). Diante deste cenário,
a comunidade científica tem sido convocada para, desenvolver tecnologias voltadas para
produção de alimentos e tecnologias de processamento e armazenamento de produtos
alimentícios.
O Estado de Mato Grosso é o maior produtor nacional de grãos e também o estado
que mais apresenta aumento de produtividade. Dessa forma, destaca-se a precária e
8
preocupante situação do armazenamento de produtos agrícolas. Os problemas causados
por aspectos logísticos e de capacidade estática significam perdas quantitativas e
qualitativas dos grãos e impossibilita a comercialização dos produtos na época em que os
preços estão altos. Na cadeia do sistema produtivo, a armazenagem dos grãos é um dos
itens que contribuem para a diminuição dos custos de produção e, sendo assim, para o
aumento do lucro (LEITE, 2013).
Atualmente a capacidade estática instalada no estado de Mato Grosso é de,
aproximadamente, 33,4 milhões de toneladas (CONAB, 2016). Embora a capacidade
estática nos armazéns tenha aumentado no estado, a região Centro-oeste apresenta uma
das situações mais críticas de armazenagem do Brasil. A situação só não é pior porque os
produtores têm buscado por alternativas, como por exemplo, a armazenagem de grãos em
silo bolsa (MACULAN, 2014).
O setor de armazenamento de grãos possui tecnologias avançadas possibilitando
que a conservação dos mesmos seja realizada com o mínimo de perdas, entretanto, o que
se observa na prática é que as perdas são cada vez maiores. Sobre a qualidade de grãos, a
sua manutenção está diretamente ligada ao armazenamento que é um dos principais pontos
de desperdício, apresentando perdas qualitativas e quantitativas, devido, principalmente,
aos sistemas de tratamento e conservação inadequados (BRAGATTO et al., 2000).
É de fundamental importância para a cadeia logística de escoamento da produção
agrícola, a capacidade de armazenar grandes quantidades a granéis, pois possibilita sua
venda com maiores preços e menores custos de transporte, em melhores épocas e nos
períodos de safra evitando o congestionamento, principalmente, nos portos (GALLARDO et
al., 2009). A gestão adequada de uma rede armazenadora é necessária para o escoamento
das safras de grãos, assim como, para a realização de políticas de expansão e
abastecimento da produção agrícola (FREDERICO, 2010).
A estrutura de armazenagem de grãos mais difundida e usada são os silos, sendo
células individualizadas, unidade construída com estrutura metálica, concreto ou alvenaria, e
equipada com sistema de aeração. Normalmente possuem forma cilíndrica, apresentando
condições para a preservação da qualidade do produto, durante longos períodos de
armazenagem. Outra forma de armazenagem de grãos é o estoque a granel em silos
horizontais, também conhecidos como armazéns graneleiros, de grande capacidade,
constituídos por um ou vários septos. Estas unidades armazenadoras se caracterizam por
possuírem a base maior do que altura, maior rapidez construtiva e baixo custo em relação
aos silos verticais metálicos, podem ser construídas parcialmente enterradas ou ao nível do
solo (SILVA, 2008).
O silo bolsa, também classificado como unidade a granel, é um túnel de polietileno,
normalmente constituído de três camadas, sendo duas internas na cor preta, para manter a
9
temperatura da massa de grãos, evitando variações diárias em função das variações de
temperatura e umidade relativa externa, e uma camada externa branca para refletir os raios
solares. Contém, também, uma capa neutra, entre a externa e a interna, assim protegendo
essa estrutura de ressecamento (PIONNER SEMENTES, 2005; JULIANA; CARDOSO,
2014). Com o passar do tempo de armazenamento, a quantidade de oxigênio presente na
massa de grãos, vai diminuindo e a quantidade de dióxido de carbono, aumentando. Isso
ocorre, porque o oxigênio acaba sendo consumido pela respiração de insetos e micro-
organismos presentes e também, pelo próprio grão, devido ao seu metabolismo. Com isso,
os insetos e microorganismos não conseguem sobreviver e o metabolismo dos grãos
diminui, preservando a sua qualidade (JAYAS, 2000; MORENO et al., 2000; MORENO et
al., 2006).
O armazenamento apropriado permite realizar o equilíbrio entre uma produção
concentrada no tempo e um consumo regular, sujeita a fortes flutuações próprias do clima,
além de permitir também, conservar de um ano para o outro, diversas quantidades de
produtos. A estocagem demanda, periodicamente, um aperfeiçoamento das técnicas de
conservação e novos dimensionamentos em face de uma maior produção. Para isso, é
indispensável ter conhecimento das características dos grãos armazenados e quais fatores
alteram sua qualidade (MIRANDA et al., 2001).
Com base do exposto, objetivou-se avaliar neste estudo, a armazenagem da soja em
silo bolsa, analisando, periodicamente a qualidade física, química e sanitária da soja, e
também monitorar a temperatura, umidade e concentração de CO2 do ar intergranular.
10
CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO DO AR INTERGRANULAR DA SOJA ARMAZENADA EM
SILO BOLSA
11
1. INTRODUÇÃO
O silo bolsa é produzido com lâminas de polietileno de baixa densidade e constituído,
basicamente, com uma camada interna e outra externa. A camada interna, normalmente,
apresenta cor preta e tem função de fornecer escuridão ao grão para manter seu brilho e
cor, além de garantir resistência mecânica do silo. A capa externa possui uma coloração
branca (dióxido de titânio) composta de filtros e aditivos contra raios ultravioletas (UV),
desse modo o grão armazenado não é aquecido pela ação dos raios solares infravermelhos
e visíveis, uma vez que são bloqueados. Contém, também, uma capa neutra, entre a
externa e a interna. A aplicabilidade do silo bolsa está relacionada com a quantidade de
camadas na sua constituição que, em geral, são três camadas responsáveis para a sua
aplicação, porém, há também no comércio silos herméticos de cinco camadas (JULIANA;
CARDOSO, 2014).
Esse tipo de silo é fabricado com bolsas plásticas seladas hermeticamente que são
dispostas no sentido horizontal. Dispõem de algumas variedades nos tamanhos, podendo
variar de 1,5 a 4,3 m de diâmetro e 60 a 100 m de comprimento. A capacidade estática
desses silos acessíveis no mercado varia de 55 a 500 toneladas, sendo o de 200 toneladas,
com as dimensões de 2,7 m de diâmetro e 60 m de comprimento, o mais utilizado.
Considera-se a estocagem na própria unidade produtora com o auxílio do silo bolsa, uma
solução para atender a necessidade de armazenar toda a produção de grãos (CASINI et al.,
2009; JULIANA; CARDOSO, 2014).
A tecnologia de armazenagem em silo bolsa apresenta um custo bem menor
comparado com a construção de unidades convencionais, tendo um custo inicial na compra
do silo bag em média de R$1.500,00 para a estocagem de 200 toneladas de grãos e um
investimento estimado em torno de R$100.000,00 nas máquinas embutidora e extratora
(WACHTER; PEREIRA, 2015). A máquina embutidora é um implemento agrícola utilizado
para depositar o grão dentro do silo bag, e a máquina extratora, é um implemento com a
função de descarregar o grão do silo bolsa, com isso, para que o produtor possa usar o silo
bolsa, deverá adquirir de imediato esses elementos necessários (CASINI et al., 2009).
Conforme Cardoso et al. (2014), para a instalação do silo bolsa, o local deve ser
limpo, isto é, sem restos vegetais ou ervas daninhas que possam perfurar a base do silo,
deve ser elevado e com uma pequena inclinação para evitar alagamentos, além de cercar
para evitar danos causados por animais. Selar corretamente os furos feitos para retirada das
amostragens e as extremidades do silo para não permitir a entrada de ar, água e insetos.
Após a estocagem do produto, deve-se realizar um monitoramento do sistema para
assegurar qualidade do grão ou semente armazenada e integridade física do silo bolsa, ou
seja, garantir o armazenamento hermético.
12
Entende-se como armazenagem hermética, aquela que permite a modificação da
atmosfera intergranular, convertendo o oxigênio em gás carbônico, por meio das atividades
metabólicas de fatores bióticos, como a própria respiração de fungos ou insetos, da massa
de grão armazenada, dentro do ambiente armazenado (DARBY; CADDICK, 2007). Como a
conversão de oxigênio em gás carbônico reduz a atividade metabólica do grão, assim o silo
bolsa garante uma melhor conservação e diminui as taxas de oxidação do produto
armazenado (VILLERS et al., 2006). Quando a concentração de oxigênio atinge 2% ou
menos, os insetos são suprimidos. Os fungos cessam o desenvolvimento quando o oxigênio
tem sua concentração em 1% (MORENO et al., 2000).
Na pós-colheita, a umidade relativa e a temperatura no meio intergranular são
grandezas importantes para manter em boas condições o armazenamento do grão durante
o tempo desejado. Sem o controle dessas, o lote de grão fica sujeito ao desenvolvimento e
reprodução de insetos, na proliferação de fungos e microorganismos e a presença de
roedores (MOHLER, 2010).
Conforme Vasconcelos et al. (2009) as sementes e grãos são produtos vivos e diante
disso apresentam intensa atividade respiratória (metabolismo) sucedendo em diversas
reações bioquímicas oxidativas de seus compostos, o qual resultará na perda de nutrientes,
perda de matéria seca, aumento da umidade, proporcionando o surgimento e expansão de
colônias de bactérias, fungos e insetos e em consequência o aumento da temperatura
interna na massa de grãos. Portanto o monitoramento constante da temperatura interna do
silo atua como um gerenciador das condições do grão armazenado preservando a qualidade
e evitando perdas.
Danao et al. (2015), Olsen et al. (2013), Wilhelmi (2014) e Marchi et al. (2014)
desenvolveram estudos com objetivo de fabricar um aparato experimental para monitorar os
parâmetros de temperatura, umidade relativa e CO2 durante o transporte de grãos,
analisando a condição interna da massa de grãos por meio de sensores, fornecendo assim,
informações importantes de desenvolvimento e fabricação das sondas para o melhor
entendimento de como progrediu este estudo.
Com base no exposto, foram monitoradas as condições do ambiente intergranular
em um silo bolsa de tamanho reduzido, com o objetivo de verificar a hermeticidade do silo
bolsa e a influência das condições externas sobre a massa de grãos de soja.
13
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus
Universitário de Sinop. A área encontra-se na altitude em torno de 386 m. O clima da região
é quente e úmido. Conforme a classificação climática de Köppen a região é caracterizada
como tropical (grupo A) clima megatérmico com forte precipitação anual. Tipo climático Aw,
com estação seca de inverno e chuvas de verão. A precipitação média anual está em torno
2.000 mm, sendo que 85% desse total concentram-se entre outubro a março. A temperatura
média anual é de 28 °C. A umidade relativa média do ar na época de chuvas é de 80%,
porém entre junho ao final de agosto esta umidade decai mantendo em média 22%
(KOPPEN, 1931).
O trabalho consistiu na armazenagem de soja num silo bag ou silo bolsa da marca
IpesaSilo, com dimensões reduzidas de 5,0 metros de comprimento por 1,5 metros de
altura, com capacidade estática de, aproximadamente, 300 sacas, e constituído de três
camadas, sendo duas internas na cor preta e uma camada externa branca.
O período de armazenamento ocorreu com ínicio dia em abril de 2015 a março de
2016, totalizando em 330 dias de armazenagem.
O lote de grãos foi armazenado com teor de água médio de 10%b.u., sendo uma
mescla de variedades de soja doada por um produtor à Universidade.
Para monitorar as condições internas da massa de grãos no silo bolsa, durante o
período de armazenagem, foi instalada uma sonda no centro do silo contendo sensores para
leitura e registro das condições de temperatura, umidade relativa e CO2 do ar intergranular.
Foram instalados três sensores (S1, S2 e S3) distribuídos conforme a Figura 1,
responsáveis por realizar leituras das condições de temperatura, umidade relativa e CO2 do
ar intergranular.
2,5 m 2,5 m
5 m
1,5 m
S1
S2
S3
Figura 1. Esquematização de instalação dos sensores no silo bolsa. Em que S1, S2 e S3 são os sensores responsáveis por medir as condições do ar intergranular.
14
Foram utilizados os sensores descritos e selecionados conforme trabalho realizado
por Marchi et al. (2014) que utilizou para realização do monitoramento da temperatura e
umidade relativa o sensor digital SHT 15 da plataforma Sensirion (Figura 2a). Para o
monitoramento da concentração de dióxido de carbono intergranular, escolheu-se o sensor
infravermelho K33 BLG da plataforma CO2 Engine TM elaborado para medir concentrações
de CO2 em até 30%, tal como temperatura e umidade relativa (Figura 2b).
Figura 2. (a) Sensor digital de temperatura e umidade relativa SHT 15. (Fonte: http://www.sensirion.com/en/products/humidity-temperature/humidity-sensor-sht15/; (b) Sensor de dióxido de carbono K33 BLG com sensor SHT 15 integrado. (Fonte: http://www.co2meter.com/collections/co2-sensors/products /k33-blg-co2-temperature-humidity-sensor).
O monitoramento da temperatura, umidade relativa e CO2 se deu por meio da sonda
desenvolvida, de acordo, com estudo de Marchi et al. (2014), instalada no centro do silo,
sendo composta por 3 câmaras. Nas 3 câmaras 1 e 3 foram alojados os sensores SHT15 e
na câmara 2 o sensor K33 (Figura 3).
Figura 3. Sonda com sensores de temperatura, umidade relativa e concentração de dióxido de carbono (CO2). Sinop - MT, 2015.
(b) (a)
15
Todo o aparato foi interligado a um sistema arduino, o qual capta informações em
tempo programado (a cada 3 minutos) para ter boa representatividade dos dados
(temperatura, umidade relativa e CO2), sendo estes armazenados em cartão de memória no
formato txt. Mensalmente os dados eram transferidos da caixa de aquisição dados e
analisados em planilha do Excel, realizando média diária e analisando de forma gráfica os
dados de temperatura, umidade relativa e CO2.
A sonda foi colocada na massa de grãos no momento do enchimento do silo. A
abertura realizada no silo para introdução da sonda foi devidamente fechada e vedada com
fita específica, mantendo assim a hermeticidade do silo bolsa (Figura 4).
Figura 4. Montagem do experimento com soja no silo bolsa. (a) enchimento do silo bolsa e uniformização da lona para introdução da sonda no meio da massa de grãos (b) corte da lona e introdução da sonda na massa de grãos (c) vedação do corte na lona do silo bolsa (d) instalação do sistema de aquisição de dados. Sinop - MT, 2015.
Durante o período de armazenamento o monitoramento das condições do ar externo
foi realizado por meio da estação instalada no Campus Universitário de Sinop da
Universidade Federal de Mato Grosso, localizado em 11º 51' 0,8" S e 55º 30' 56" W e
altitude média de 371 m. Trata-se de uma estação meteorológica automática equipada com
um sistema de aquisição de dados CR 1000 da Campbell Scientific e composta pelos
seguintes sensores: radiação solar global (piranômetro CS300 – Campbell Scientific
Company), radiação fotossinteticamente ativa (PAR Lite – Kipp & Zonen Company) e
psicrômetro com abrigo termométrico (108 Probe Temperature – Campbell Scientific
Company) a 2,0 m de altura, velocidade e direção do vento (anemômetro, 03002-L RM –
Young Company) a 10,0 m de altura, e pluviógrafo (TE 525 - Campbell Scientific Company)
16
a 1,50 m de altura. Os dados são coletados em valores a cada 5 minutos, sendo
posteriormente, obtidos os valores totais, médios, máximos e mínimos horários e diários das
variáveis supracitadas.
Durante os 330 dias de armazenagem foram constatados furos na lona do silo bolsa
nos meses de julho (aos 90 dias), agosto (aos 120 dias), setembro (aos 150 dias), dezembro
(aos 240 dias) e janeiro (aos 270 dias), apenas nos dois últimos meses houve a entrada de
água da chuva. As rupturas referentes aos meses de julho, setembro, dezembro e janeiro
ocorreram em função da presença de roedores no local, e no mês de agosto os furos foram
ocasionados por atos de vandalismo. O tempo que o silo bolsa permaneceu com entrada de
ar foi 12; 15; 13; 6 e 7 dias, respectivamente para cada mês em que ocorreu rupturas no silo
bolsa, sendo determinados esses períodos por meio da verificação da variação da
concentração de CO2 no momento da aquisição dos dados, indicando entrada O2. Esses
furos foram constatados também de forma visual. A demora em visualizar o problema foi
devido à localização dos furos, ou seja, na parte inferior do silo, junto ao solo. Os furos
foram vedados com fita especial, tornando o sistema hermético novamente.
Para realizar a estimativa da umidade de equilíbrio da massa de grão armazenada
no silo bolsa foi utilizado a equação de Chung Pfost (Eq. 01), citado em Silva (2008). A
estimativa da umidade de equilíbrio foi feita para combinação de várias temperaturas e
umidades relativas sendo: temperatura mínima e UR máxima externa; temperatura máxima
e UR mínima externa; temperatura e UR média externa; e temperatura média e UR média
interna (massa de grãos):
URcTbaUe lnln (Eq. 01)
Em que:
Ue: umidade de equilíbrio dos grãos, decimal em base seca;
a, b, c: constantes que dependem do produto (para soja: a = 0,416; b = 0,072 e, c =
100,228);
T: temperatura do ar, ºC;
UR: umidade relativa do ar, decimal.
Para acompanhamento da umidade dos grãos, periodicamente (a cada 30 dias),
foram retiradas amostras de soja do silo bolsa com um calador de gavetas. As coletas foram
realizadas em 4 pontos identificados como pontos 1; 2; 3; e 4 (Figura 5). Os pontos 1 e 2
eram localizados no centro do silo, e no sentido vertical, nas alturas de 0,75 e 0,35 m,
respectivamente, em relação ao solo. Os pontos 3 e 4 foram demarcados no sentido
horizontal a 1 m das extremidades, no lado oposto dos pontos 1 e 2.
17
Figura 5. Esquematização da localização dos pontos de coletas no silo bolsa. Sinop, 2015/16.
As amostras eram conduzidas até o Laboratório de Pós-colheita da UFMT/Sinop
para determinação do teor de água. A metodologia adotada foi conforme descrito nas
Regras de Análise para Sementes (BRASIL, 2009), onde as amostras foram submetidas a
secagem em estufa com circulação forçada de ar, a 105 ºC por 24 horas.
Os dados de umidade dos grãos; temperatura, umidade relativa e CO2 do ar
intergranular obtidos durante os 330 dias foram discutidos de forma descritiva.
18
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O clima na região em que foi realizado o estudo é dividido conforme Martins et al.
(2011) em dois padrões climáticos bem definidos: chuvoso e seco, conforme dados
apresentados na Figura 6.
Comumente as precipitações entre outubro e abril são frequentes, portanto a escolha
e preparo do terreno é muito importante, devendo ser evitado locais que apresentem
problemas com drenagem. Com isso, na instalação do experimento foram feitas “valas” em
torno do silo permitindo escoamento da água para partes mais baixas do terreno.
Figura 6. Valores observados para a precipitação durante o período de armazenamento da
soja em silo bolsa. Sinop - MT, 2015/16. Fonte: Estação meteorológica da Universidade Federal de
Mato Grosso, Campus Sinop.
Mesmo encontrando na região dois padrões climáticos bem definidos, observa-se da
Figura 7 que não houve variações consideráveis de temperatura. A amplitude térmica
registrada foi em torno de 22 °C (máxima de 38 °C e mínima de 16 °C).
A umidade relativa é considerada variável na região, onde se tem uma queda
significativa nos meses de maio a agosto, e nos outros meses, esta se mantém, em média,
acima de 70%. No período de seca, verifica-se umidade relativa abaixo de 30%.
19
Figura 7. Valores observados para a temperatura (ºC) e umidade relativa (%) do ar externo durante o período de armazenamento da soja em silo bolsa. Sinop - MT, 2015/16.
A influência das condições externas sobre a massa de grãos em silo bolsa tem sido
estudada por vários pesquisadores na Argentina. Bartosik et al. (2009a) verificou durante a
armazenagem de soja por 160 dias que a maior variação ocorreu no início do
armazenamento, estabilizando após algumas semanas, em 15 °C. Após 84 dias, houve
aumento de aproximadamente 8 °C, permanecendo em 23 °C devido a troca de estação do
ano. Neste caso foi constatado influência do meio externo. Cardoso et al. (2009), obteve o
mesmo efeito na armazenagem de soja. Durante o inverno a temperatura do grão oscilou
entre 10 e 15 ºC e, para o período mais quente ficou próxima a 30 ºC. No trabalho com soja
(14,2%b.u.) realizado por Valdez (2009) foram obtidos resultados onde a temperatura
interna permaneceu em torno de 35 ºC e a externa chegou a variar 17 °C nos 270 dias de
armazenamento.
Na avaliação da temperatura intergranular realizada neste estudo (Figura 8) foi
identificado uma possível falha no sistema de aquisição de dados nas primeiras 12 semanas
de armazenamento; e no mês de julho quando ocorreram rupturas na lona do silo bolsa.
Nestas duas situações teve-se uma variação de 27 até 34 °C, amplitude de 7 °C. Fora
desses períodos a variação foi de apenas 3 °C. Por outro lado, a temperatura externa
chegou a variar em até 22 °C, enquanto que a temperatura do meio intergranular manteve-
se em média em torno de 32 ºC.
Assim, pode-se afirmar que não houve influência do ar externo no período em que o
silo bolsa encontrava-se na condição hermética, mesmo tendo ocorrido grande amplitude
térmica externa (22 oC).
20
Figura 8. Valores observados para a temperatura (0C) do ar intergranular durante o período de
armazenamento da soja no silo bolsa. Sinop - MT, 2015/16.
As possíveis falhas dos sensores mencionadas, podem ser entendidas pelos dados
apresentados na Tabela 1. Da tabela geral de dados constatou-se aumentos em torno de 3
°C em um intervalo de leitura de apenas 3 minutos. Isso justificando as oscilações de
temperatura nas 12 primeiras semanas do armazenamento da soja em silo bolsa. Após este
período não foram constatadas oscilações abruptas de temperatura.
Tabela 1. Exemplo de oscilação de temperatura observada nos sensores em pequenos intervalos de tempo, no início da armazenagem da soja no silo bolsa.
Data Hora Temp. S1 Temp. S2 Temp. S3
02/06/2015 23:59:15 28,87 29,64 29,66
03/06/2015 00:00:12 33,92 34,19 34,18
22/06/2015 10:17:37 29,39 31,03 31,31
22/06/2015 10:20:38 33,92 34,19 34,18
23/07/2015 15:04:26 27,18 28,94 28,13
23/07/2015 15:07:28 31,66 32,24 30,46
Temp. S1: temperatura superior; Temp. S2: temperatura média; Temp. S3: temperatura inferior.
Numa análise mais específica da temperatura intergranular (média diária), verifica-se
redução da temperatura nas camadas superior e média, registradas pelos sensores S1 e
S2, entre dezembro e janeiro. A redução foi em função da ocorrência de furos na lona. No
final do período de armazenamento, as temperaturas entre as camadas da massa de grãos
indicaram valores de 36,3 (máximo) e 27,2 °C (mínimo). Pelo fato da temperatura no interior
21
do silo não apresentar variações consideráveis, no período em que não ocorreram furos na
lona, pode-se inferir que não houve interferência do ar externo.
Na região Norte do Mato Grosso, onde o experimento foi instalado não ocorrem
mudanças de estação do ano com variações significativas de temperatura, e sendo o grão,
um bom isolante térmico, a influência da temperatura externa normalmente é lenta e pouco
considerável. E pelo fato da soja estar com umidade baixa, logo, com metabolismo
desacelerado, não há respiração intensa e nem liberação de calor.
O fator físico principal na conservação dos grãos armazenados, provavelmente, seja
a temperatura, pois a maioria das reações químicas é acelerada com o aumento dessa
condição. A baixa temperatura inibe o desenvolvimento de insetos e microorganismos,
portanto, pode-se armazenar com segurança. O teor de água dos grãos é, em conjunto com
a temperatura, um fator essencial na conservação de sementes e grãos. Quando o teor de
água está baixo, o metabolismo diminui ao mínimo e a atividade vital (respiração) é
reduzida. A combinação de baixo teor de água e baixas temperaturas dos grãos é excelente
para a semente, que precisa se manter viável durante o armazenamento (BIAGI ;BERTOL,
2002; D’ARCE, 2003).
A umidade relativa também foi monitorada (Figura 9), assim como a temperatura,
houve oscilações apenas no início da armazenagem, estabilizando, em julho, com valores
em média de 73; 70 e 66%, respectivamente, mantendo-se assim até o fim da
armazenagem, com exceção da camada inferior (S3) que retornou a umidade relativa inicial
de aproximadamente 68% no penúltimo mês do experimento, isso em função do aumento
da umidade relativa externa, e por ter ocorrido entrada de água, devido às rupturas na lona
do silo bolsa, resultando nessa diferença de até 5%. Foram observadas também pequenas
variações nos meses de julho, setembro e janeiro em que houve a ruptura em alguns pontos
da lona do silo bolsa, onde a umidade relativa da massa de grãos nos meses de julho e
setembro decresceu e, no início de janeiro teve um acréscimo, devido à interferência da
variação externa. É provável que se não tivesse ocorrido problemas de hermeticidade, a
umidade relativa teria permanecido constante.
Todavia, essas variações para umidade relativa interna não são consideráveis
quando comparadas com as grandes variações da umidade relativa ambiente (Figura 9) que
apresentou média máxima de 95% para os meses de seca, e mínima de 40% nos meses em
que ocorrem precipitações.
22
Figura 9. Valores observados para a umidade relativa (%) do ar intergranular durante o período de armazenamento da soja úmida no silo bolsa. Sinop - MT, 2015/16.
Apresenta-se na Tabela 2 dados de variação da umidade relativa ocorrida no início
da armazenagem, em pequenos intervalos de tempo (3 minutos), similarmente ao ocorrido
com a temperatura (Tabela 1). Essas variações são indícios de possíveis falhas nos
sensores, até a estabilização.
Tabela 2. Exemplo de oscilação de umidade relativa observada nos sensores, em pequenos intervalos de tempo, no início da armazenagem da soja no silo bolsa.
Data Hora UR-S1 UR-S2 UR-S3
02/06/2015 23:59:15 71,93 68,22 69,74
03/06/2015 00:00:12 74,33 69,83 72,31
22/06/2015 10:17:37 72,06 68,08 69,68
22/06/2015 10:20:38 74,33 69,83 72,31
23/07/2015 15:04:26 73,06 66,58 70,8
23/07/2015 15:07:28 73,19 66,97 71,74
UR-S1: umidade relativa superior; UR-S2: umidade relativa média; UR-S3: umidade relativa inferior.
Variações da umidade relativa foram verificados em trabalhos como de Clemente et
al. (2009), apresentando resultados semelhantes ao deste estudo, onde avaliando duas
variedades de sementes de soja, constataram variação da umidade relativa entre 70 e 75%.
E no estudo de Casini e Accietto (2009), com soja na umidade de 17%b.u., onde a umidade
relativa manteve-se em equilíbrio e próxima aos 70%.
23
Na Figura 10 é apresentada a variação de concentração de CO2 do ar intergranular
da soja. No primeiro mês de armazenagem, observa-se aumento da concentração de
dióxido de carbono (CO2), de 0 até 9%. Essa variação ocorre devido ao processo
respiratório dos componentes bióticos que consomem o oxigênio (O2) e liberam o dióxido de
carbono (CO2). Nos meses em que houve a ruptura da lona do silo bolsa, ocasionando a
entrada de (O2) observa-se a curva decrescendo com valores de 2,75; 1,15 e 4,41 para
julho; setembro e janeiro, respectivamente. Após vedação, em janeiro de 2016, verifica-se
manutenção do nível de CO2 próximo a 14% até o final da armazenagem.
Figura 10. Valores observados para a concentração do dióxido de carbono (%) do ar intergranular
durante o período de armazenamento da soja no silo bolsa. Sinop - MT, 2015/16.
Bartosik et al. (2009b), constataram em seu trabalho que níveis superiores a 14% de
CO2 indicam que os grãos encontram-se em condições inseguras de armazenamento, isto é,
propensos a incidência de fungos. O aumento da concentração de CO2 pode ser utilizado
como indicativo de atividade biológica na massa de grão armazenada no silo bolsa
(BARTOSIK et al., 2009a). A temperatura alta, também, é um fator, que influência na
elevação dos níveis de CO2 no meio intergranular (CARDOSO et al., 2009).
Verificou-se que a concentração de dióxido de carbono no ambiente intergranular
manteve-se constante durante os meses em que o silo bolsa permaneceu na condição
hermética, pelo fato da taxa de respiração do grão ser diretamente associada com a
temperatura e teor de água, ou seja, temperaturas e umidades baixas dos grãos propiciam
redução da atividade metabólica do grão. No período de junho até início de janeiro, teve-se
a menor concentração de CO2 intergranular, em virtude de problemas com a hermeticidade
no silo bolsa.
24
O teor de água do grão tende a entrar em equilíbrio com o ar que o circunda,
observa-se na Figura 11, a estimativa da umidade de equilíbrio calculada a partir da
temperatura e da umidade relativa do ar externo e interno no período de armazenamento, do
mesmo modo que a variação do teor de água do produto armazenado no silo bolsa.
As curvas de umidade de equilíbrio estimadas para a soja foram elaboradas a partir
da combinação de dados médios, mínimos e máximos, de temperatura e umidade relativa
diárias externas, obtendo-se umidade de equilíbrio média de 25,1%b.u. (temperatura mínima
e UR máxima externa); 13,8%b.u. (temperatura máxima e UR mínima externa); 7,1%b.u.
(temperatura e UR médias externa).
Para a condição interna, com a média da temperatura e da UR dos três sensores,
tem-se Umidade de equilíbrio estimada em 12%b.u.
Figura 11. Valores observados para a estimativa da umidade de equilíbrio (Ue, %b.u.) da soja
armazenada em silo bolsa durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2015/16.
Caso o produto fosse submetido à aeração em sistemas convencionais de
armazenagem, a umidade do grão tenderia a entrar em equilíbrio com as condições do ar
externo. Como o processo de aeração é normalmente realizado de madrugada, cuja
condição do ar coincide com temperatura mínima e umidade relativa máxima é provável que
a umidade do grão oscilasse entre 14 e 35%b.u.
Se a condição do ar de aeração coincidisse com os dados médios de temperatura e
umidade relativa ter-se-ia uma probabilidade de umidade de equilíbrio entre 9 a 20%b.u. Por
outro lado, nas condições de clima mais adverso, ou seja, temperatura máxima e umidade
relativa mínima, a umidade do grão poderia ser reduzida para até 5%b.u., isso a longo
prazo. Porém, essa condição do ar externo ocorre no período diurno, período onde não se
realiza aeração de grãos na região. Essa análise de umidade de equilíbrio demostra a
25
grande oscilação de umidade que o grão pode ficar submetido em sistemas de
armazenagem convencional de acordo com estudos realizados por Taffarel, (2013) na
avaliação da armazenagem de milho em silo bolsa na região Norte de Mato Grosso ao longo
de 151 dias de armazenamento, o teor de água do produto manteve-se em média a 11,2%
b.u., porém caso fosse realizado aeração, a possibilidade de reduções do teor de água para
níveis abaixo de 10% e; Cabral (2011) que avaliou a qualidade e quebra técnica de soja
armazenada em unidades localizadas no Norte do estado do Mato Grosso, observando que
as curvas de teor de água acompanhou, na maioria do tempo, a curva de umidade de
equilíbrio, reduzindo significativamente a umidade.
Qualquer variação das propriedades físicas dos grãos durante o período de
conservação pode exercer influência sobre sua qualidade. Quando se analisa a condição de
temperatura e umidade relativa do ar interno verifica-se que a umidade de equilíbrio, caso
houvesse correntes convectivas na massa, tenderia a alcançar 12,5%b.u., entretanto,
devido às condições de hermeticidade do sistema, o grão manteve a umidade entre, 10 e
11%b.u. Esse nível é considerado seguro para armazenagem da maioria dos grãos.
Considerando as condições do nível reduzido de O2, alta concentração de CO2 e pouca
variação da temperatura e umidade relativa, tem-se uma condição ideal para a conservação
qualitativa de grãos.
26
4. CONCLUSÕES
- A variação da temperatura interna foi em média 3 °C, enquanto a externa variou em
até 22 °C.
- A umidade relativa interna variou em 5%, e a externa variou em até 55%.
- A concentração de CO2, a 14%, e a ausência de O2, indica que a massa de grãos de
soja encontra-se em níveis seguros de armazenagem.
- O teor de água do grão apresentou oscilação de até 2 pontos percentuais.
27
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARTOSIK, R.; RODRIGUES, J.; MALINARICH, H.; CARDOSO, L. Almacenaje de maíz, trigo, soja y girassol en silo bolsas plásticas herméticas, p. 2 – 14. En: CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S (EDS). Almacenamiento de granos en silo bolsa. INTA, Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. a. BARTOSIK, R.; CARDOSO, L.; OCHANDIO, D. Detección temprana de procesos de descomposición de granos almacenados em bolsas plásticas herméticas mediante la medición de CO2, p. 15 - 21. En: CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S (Eds). Almacenamiento de granos en silo bolsa.INTA, Buenos Aires, Argentina, 2009. 180 p. b. BIAGI, J. D., BERTOL, R. Secagem de grãos. Faculdade de Engenharia Agrícola -FEAGRI, Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Campinas, SP, 2002, 9p.
CABRAL, J. S. S. M. Qualidade e quebra técnica de soja armazenada em unidades localizadas no norte do estado do Mato Grosso. 42 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Agronomia) - Universidade Federal do Mato Grosso, Mato Grosso, 2011.
CARDOSO, L., BARTOSIK, R., JUAN R., DARÍO O. Factores que afectan la concentración de dióxido de Carbono en el aire intersticial de soja almacenada en bolsas plásticas herméticas, p. 41 – 46. En: CASINI C.; RODRIGUEZ J. C. Y BARTOSIK R. (Eds). Almacenamiento de granos em bolsas plásticas. INTA Manfredi, Córdobea, 2009. 180 p. CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S. Almacenamiento de granos en silo bolsa: Resultados de investigación 2009-2013. Almacenamiento de granos en silo bolsa. Buenos Aires: Ipesasilo, p. 33 – 47. 2014. CASINI, C.; BRAGACHINI, M.; CUNIBERTI, M. Ensayo de simulación de almacenamiento de trigo en silo "Bag". INTA EEA Manfredi. 2006. Disponível em: <http://www.inta.gov.ar/bn/ph/info/documentos/res16.htm.> Acesso em 10 nov. 2016. CASINI C.; RODRIGUEZ J. C. Y BARTOSIK R. Almacenamiento de granos en silo bolsa: Resultados de investigación 2009. Almacenamiento de granos em bolsas plásticas. Buenos Aires: Ipesasilo, p. 1 – 3. 2009. CASINI, C.; ACCIETTO, R. Estudio del efecto de la media sombra sobre la calidad de los granos de soja y maíz, con alta humedad, almacenados en bolsas plásticas. p. 116 – 125. En: CASINI C.; RODRIGUEZ J. C. Y BARTOSIK R. (Eds). Almacenamiento de granos em bolsas plásticas. INTA Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2.ed. Campinas: Editora UNICAMP, 2003. 207p. CLEMENTE G.; PEPPI B.; CASINI C.; PAGLIERO M. Estudio del Efecto de la Media Sombra Sobre la Calidad de Semilla de Soja (Glycine max (L.)) Almacenada en Bolsas Plásticas. p. 65 – 79. En: CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S (EDS). Almacenamiento de granos en silo bolsa. INTA, Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. DANAO, M. C.; ZANDONADI, R. S.; GATES, R. S. Development of a grain monitoring probe to measure temperature, relative humidity, carbon dioxide levels and logistical information
28
during handling and transportation of soybeans. Computers and Electronics in Agriculture 119
(2015): 74-82. DARBYJ.A.; CADDICK L.P. Review of grain harvest bag technology under Australian conditions. Canberra: CSIRO Entomology, Technical Report, 2007, 112 p. D'ARCE, M. A. B. Reginato. Pós-colheita e armazenamento de grãos. Texto compilado para disciplina. Departamento Agroindústria, Alimentos e Nutrição ESALQ/USP. Piracicaba,
17p. 2003. Disponível em: http://www.esalq.usp.br/departamentos/lan/pdf/Armazenamentodegraos.pdf. Acesso em jun. 2016. JULIANA, M. S.; CARDOSO, L. Componentes del sistema silo bolsa. Almacenamiento de granos en silo bolsa: Resultados de investigación 2009-2013. Buenos Aires: Ipesasilo, p. 15 – 21. 2014. KÖPPEN, W. Grundriss der Klimakunde: Outline of climate science. Berlin: Walter de Gruyter, 1931. 388p.
MARCHI, J. de; ZANDONADI, R. S.; DANAO, M. G.; GATES, R. S. Desenvolvimento de um aparato experimental para o monitoramento de parâmetro do ambiente intergranular durante o transporte de grãos. Anais...In: XLIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA, 2014. Campo Grande, MS. 2014.
MARTINS, A. L.; FINGER, A.; MORAES, M. G. S.; GAIO, D. C. Variabilidade temporal do albedo na superfície vegetada no período seco e cerrado Sensu Strictu Mato Grossense, p. 251 - 262. Em: NOGUEIRA, J. S.; LIMA, E. A. de Coletânea física ambiental I. São Paulo: Ed. Baraúna, 295 p, 2011. MOHLER, B. C. Avaliação das Características de Secagem dos Grãos de Soja. 35 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2010. MORENO, M. E.; JIMENEZ, A. S.; VALQUEZ, M. E. Effect of Sitophilus zeamais and Aspergillus chevalierion the oxygen level in maize stored hermetically. Journal of Stored Product Research, v. 36, n. 1, p. 25-36, 2000.
OLSEN J.W.W., WILHELMI, C.R., ZANDONADI, R.S., DANAO, M.C., GATES, R.S. Monitoring Grain Bed Conditions during Truck Transport of Soybeans in Brazil. In:
ANNUAL INTERNATIONAL MEETING OF THE ASABE, 2013, Kansas City, Missouri, USA: American Society of Agricultural and Biological Engineers, Paper No. 1619395. p. 1-17. PUZZI, D. Abastecimento e armazenagem de grãos. Instituto Campineiro de Engenharia
Agrícola. Campinas, SP, 1986.
ROCHA, J. A. N.; OSAKI, M. Comparação da capacidade estática dos armazéns com a produção de grãos no Mato Grosso, 2005. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/2/941.pdf>. Acesso em jul. 2016.
RUPOLLO, G.; GUTKOSKI, L.C.; MARTINS, I.R.; ELIAS, M.C. Efeito da umidade e do período de armazenamento hermético na contaminação natural por fungos e a produção de micotoxinas em grãos de aveia. Ciênc. agrotec, Lavras, v.30, n.1, p.118-125, 2006.
29
SILVA, A.A.L. Influência do processo de colheita na qualidade do milho (Zea mays L.) durante o armazenamento. 1997. 77p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Agrícola), Faculdade de Agronomia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1997. SILVA, J.S., Secagem e Armazenagem de produtos agrícolas. UFV – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, Ed. Aprenda Fácil. 2008. p.560. TAFFAREL, C. Avaliação da armazenagem de milho em silo bolsa na região norte de Mato Grosso. 51 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Agrícola e Ambiental) -
Universidade Federal do Mato Grosso, Mato Grosso, 2013.
VALDÉZ, D. Campaña 2005/06 embolsado de soja: Evaluación del almacenaje. p. 105 – 110. En: CASINI C.; RODRIGUEZ J. C. Y BARTOSIK R. (Eds). Almacenamiento de granos em bolsas plásticas. INTA Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. VASCONCELOS, A. J. S. de; MENEZES, A.; CAVALHEIRAS, FREDERICO; MENDES, FELIPE; SOARES, L.; SOUZA, O.; LAURENTI, R.; SILVA, I. M. da Sistema de Termometria Microcontrolado de um silo Piloto. 2009. Disponível em: <http://www.eventosufrpe.com.br/jepex2009/cd/resumos/r1088-2.pdf>. Acesso em ago. 2016
VILLERS, P.; BRUIN, T.; NAVARRO, S. Safe storage of grain in the tropics: A comparison of hermetic storage in flexible silos versus rigid metal or concrete silos. In: WEST, A.; BROWN, J. (Eds.) Feed technology update. Honolulu: Linx Publishing, p. 17 – 22. 2006. WACHTER S. A.; PEREIRA F. A. R. Custo de armazenagem de grãos no sistema silos bolsa. Comunicação & Mercado/Unigran, v.4, n.9, p.245-253. 2015. WILHELMI, C. R. Assessing grain trailer and soybean conditions during transport from harvest to first storage in Sinop, Mato Grosso, Brazil. 2014. 125 f. Dissertation (Master of
Science in Agricultural and Biological) - College of the University of Illinois, Illinois.
30
CAPÍTULO 2
QUALIDADE DE GRÃOS DE SOJA ARMAZENADA EM SILO BOLSA
31
1. INTRODUÇÃO
Armazenamento seguro de grãos significa mantê-los por tempo indeterminado sem
que ocorra nenhuma alteração significativa na quantidade ou qualidade do produto, sendo o
armazenamento uma fase crítica na produção de grãos (THURGOOD et al., 2007). O uso de
silos bolsas para o armazenamento de grãos tem recebido devida atenção e tem sido alvo
de diversas pesquisas por Faroni et al. (2009), Rodriguez et al. (2004), Rodriguez et al.
(2008), Taffarel et al. (2013), Prado (2015), Souza (2016), Bartosik et al (2009a), Casini e
Accietto (2009), por ser uma tecnologia alternativa aos métodos tradicionais de
armazenagem em fazenda, além de preservar a qualidade do produto. Conforme Silva
(2008) o objetivo de armazenar é manter a qualidade dos grãos após a colheita, visando
conservar o produto com os mesmos aspectos físicos desejáveis iniciais no maior período
de tempo possível.
Algumas características que definem a qualidade dos grãos são: teor baixo e
uniforme de água, percentuais reduzidos de descoloração, de material estranho, de
susceptibilidade à quebra, de danos caudados pelo calor (trincas internas), por fungos e
insetos, valores elevados de massa específica, viabilidade das sementes e concentração de
óleos e proteínas. Dentre os fatores que podem afetar estas características temos as
condições ambientais no decorrer da formação dos grãos ainda na planta, características da
espécie e da cultivar, época e sistema de colheita e de secagem, técnicas de
armazenamento e transporte (BROOKER et al., 1992). A redução da qualidade do grão é
dependente do oxigênio disponível, teor de água, temperatura e microorganismos
envolvidos (HALL,1980).
Segundo Alencar et al. (2009), a qualidade de grãos é um assunto amplo, no entanto
pode ser definido como um produto adequado para seu destino final e dentro de padrões de
consumo. Está relacionado a qualidade os aspectos, fisiológicos, sanitários e nutricionais.
Contudo, ressalta-se que os produtos estão expostos a variações de qualidade desde sua
maturação fisiológica até o momento da colheita, e desta ao processamento.
A utilização da soja como alimento é observada em diversos segmentos. A questão
de pertencer ao grupo dos alimentos funcionais tem propiciado seu maior consumo. Grãos
de baixa qualidade podem ter seu valor nutricional comprometido pela alteração da
composição química, em função da proliferação de fungos. Uma das dificuldades é as
técnicas de identificação e controle, normalmente estão fora do alcance da maioria dos
envolvidos no setor de pré-processamento e produtivo, o que deixa os consumidores
expostos à ingestão de produtos de baixa qualidade (LACERDA FILHO, 2008). Depois da
colheita é possível ter contaminação fúngica, ou mesmo, os fungos que se instalam no
campo permanecerem no produto. Ferrari Filho (2011) relata que aproximadamente 25%
32
dos grãos são contaminados com alguma micotoxina, por exemplo, a aflatoxina produzida
pelo fungo Aspergillus sp., é uma das principais contaminações identificada no campo e no
armazenamento e pode causar problemas de segurança alimentar.
Os fungos identificados em grãos de soja e sementes podem ser característicos de
armazenamento e de campo, sendo estes saprófitas ou patógenos. Os fungos que podem
se desenvolver durante o armazenamento são Aspergillus sp. e Penicillium sp. Os
contaminantes/saprófitas são do gênero: Alternaria sp., Botryodiplodia sp., Chaetomium sp.,
Cladosporium sp., Rhizopus sp. e Trichoderma sp. Os patógenos são do gênero:
Cercospora sp., Colletotrichum sp., Fusarium sp., Macrophomina sp., Phomopsis sp.,
Rhizoctonia sp., Sclerotinia sp. e Sclerotium sp. (HENNING, 2015).
De acordo com Goulart (1997) o Fusarium sp. causa a podridão de raízes e
sementes, além de danos na produção podem produzir micotoxinas, as quais permanecem
nos grãos se tornando prejudicial à saúde humana e animal. O Aspergillus sp. é outro fungo
presente nos grãos e de grande relevância. Maziero (2010) relata que 32% das amostras de
amendoim analisadas apresentava algum nível de micotoxinas, sendo a mais encontrada a
aflatoxina, que possui efeitos cancerígenos e agudos tóxicos em seres humanos e animais.
A toxidade dessa substância preocupa produtores e pesquisadores de soja, por
frequentemente infectar os grãos no armazenamento (GOULART, 1997). Atualmente, se
acredita que os grãos armazenados chegam nas unidades infectados, a partir das condições
climáticas e do solo que promovem um microclima ideal para a desenvolvimento e
proliferação, por esse fato o manejo pré-colheita é indispensável (VIEGAS; ROSSETTO,
2006).
Segundo Monteiro (2012) o Penicillium sp. também é classificado como fungo de
grãos armazenados, com menos incidência que Aspergillus sp., porém causa grandes
deteriorações na massa de grão e, desenvolvem-se em ambientes úmidos e com pouca luz,
sendo locais ideais para o seu desenvolvimento armazéns e silos.
Outro fungo bastante comum em grãos de soja é o Rhizopus sp. Este é considerado
de fácil identificação porque possuí esporóforos com esporângios redondos e escuros no
ápice. Este fungo é classificado como contaminante/saprófita, tem o seu crescimento rápido,
o que acaba diminuindo o desenvolvimento de outros fungos no mesmo lugar (GOULART,
2005). A doença “Podridão de Rhizopus” é causada no final de ciclo, quando as condições
de alta temperatura e alta umidade favorecem o seu desenvolvimento, infestando os grãos
formados (LUZ, 1995).
Ressalta-se a importância de armazenar os grãos oleaginosos à baixa umidade, pois
dessa forma a atividade enzimática e o crescimento de microfloras de bactérias e fungos
têm crescimento inibido. Estando o teor de água acima do ponto crítico, o mesmo deteriora-
se causando a degradação de proteínas, de fosfolipídios, de carboidratos, etc., gerando
33
compostos lipossolúveis e, que por isso, contaminam o óleo, afetando o odor, o sabor e a
cor (AMARAL, 2006).
Segundo Moreira (1999) os grãos de soja são constituídos, principalmente por
proteínas (30-45%), as quais têm composição de aminoácidos adequados à alimentação,
contendo alto teor de lipídios (15-25%), carboidratos (20-35%) e cerca de 5% de cinzas.
Sendo que as condições de temperatura e umidade relativa do ar influenciam no percentual
destes componentes, na formação do grão.
Cerca de 20% do teor de lipídio da soja são passíveis de deterioração qualitativa, na
forma de degradação, apresentando grandes perdas para a indústria alimentícia quando
armazenados inadequadamente. A característica do material e óleo bruto, do qual o óleo foi
extraído, influenciam na qualidade do óleo refinado. Para avaliar a qualidade dos óleos
extraídos e danos à matéria-prima são realizados análises do teor de ácidos graxos livres e
do índice de periocidade (REGITANO-D’ARCE et al., 1994). A qualidade da soja pode
influenciar nos parâmetros qualitativos de outros derivados, como sólidos totais, pH, dureza
e cor do extrato hidrossolúvel de soja (HOU ; CHANG, 2004).
As cinzas correspondem a uma porcentagem integrante do grão de soja. Essas são
os resíduos inorgânicos que se mantém após a queima da matéria orgânica. Não havendo
obrigatoriedade de ter a mesma composição que a matéria mineral encontrando-se
originalmente no alimento, já que pode haver perda por volatilização ou alguma interação
entre os constituintes da amostra (CECCHI, 2003).
O decréscimo do teor de óleo e proteína dos grãos de soja armazenados na
condição de estresse é maior do que em grãos armazenados em boas condições. Ferreira
et al. (2006) observaram que altas temperaturas e altas umidades relativas proporcionam
modificações nos teores de aminoácido, teor de óleo e de proteína em grãos de soja
armazenados acima de 180 dias. Oliveira et al. (2012), encontraram resultados semelhantes
avaliando o efeito da radiação e do armazenamento em algumas características de grãos de
soja.
Elias (2003) destaca a importância do conhecimento sobre conservação de grãos,
principalmente, quando são analisadas as potencialidades brasileiras de produção agrícola.
A situação apresenta-se crítica, principalmente, no que diz respeito à infraestrutura
deficiente como falta de unidades de secagem e armazenamento e/ou suas inadequações.
A possibilidade da armazenagem por longo tempo sem perder a qualidade, é uma
característica positiva dos grãos, o que proporciona a manutenção de estoques reguladores
e estratégicos (ALENCAR et al., 2002). O armazenamento por longo período é possível
sempre que forem adotados alguns princípios básicos, como grãos sem impurezas e
íntegros, livre de pragas e controle de microrganismos (LORINI, 2003).
34
Existem diversos tipos de estruturas para armazenagem de grãos. As convencionais,
que no Brasil são caracterizadas por silos (metálicos ou de alvenarias) ou armazéns
graneleiros; e unidades herméticas, onde são utilizados silos bolsas.
O silo bolsa é uma técnica em que o processo respiratório dos componentes bióticos
do ecossistema, como insetos, fungos e grãos, consome o oxigênio (O2), gerando dióxido de
carbono (CO2). Dessa forma obtém-se uma atmosfera rica em CO2 e pobre em O2,
extinguindo a capacidade de reprodução e/ou desenvolvimento dos fungos e insetos, bem
como a própria atividade metabólica dos grãos, contribuindo para sua conservação
(VARNAVA et al., 1995; JAYAS, 2000; MORENO et al., 2006).
Uma das vantagens do armazenamento hermético para a desinfestação de grãos é o
seu potencial para substituir os pesticidas utilizados na indústria de grãos. O sistema
hermético auxilia na preservação de grãos armazenados por não conter todos os defensivos
agrícolas que podem causar problemas de saúde. Ainda evita o crescimento de fungos e
propicia um controle de pragas, conservando a qualidade dos grãos (JAYAS;
JEYAMKONDAN, 2002).
De acordo com Moreno et al. (2000), quando o ar intergranular oferece concentração
de oxigênio de 2% ou menos, os insetos são suprimidos. Além disso, a concentração de
oxigênio de aproximadamente 1% cessa o desenvolvimento fúngico. No armazenamento
hermético, o CO2 gerado e, por conseguinte, a redução do O2 no sistema, estabilizam a
degradação da massa de grãos devido a redução da taxa respiratória destes grãos e dos
organismos presentes (RUPOLLO et al., 2006). Assim sendo a armazenagem hermética
apresenta-se como uma boa estratégia para redução de atividade biológica tanto de fonte
externa, quanto interna do grão.
Diante da necessidade do melhor entendimento da conservação de grãos, objetivou-
se com este estudo avaliar a qualidade física, química e sanitária de grãos de soja
armazenada em silo bolsa.
35
2. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Mato Grosso, Campus
Universitário de Sinop. A área encontra-se na altitude em torno de 386 m.
A soja utilizada foi uma mescla de variedades doada por um produtor à Universidade.
O tempo de armazenamento foi de 330 dias, compreendendo do dia 25 de abril de 2015 a
20 de março de 2016, sendo o produto armazenado com teor de água em torno de 10%b.u.
Utilizou-se um silo bolsa (Ipesa Silo), com 5,0 metros de comprimento por 1,5 metros de
altura, e com capacidade estática reduzida para, aproximadamente, 300 sacas.
Para o acompanhamento da qualidade da soja armazenada foram coletadas
amostras na lateral do silo bolsa com auxílio de calador composto de 2 níveis. No primeiro
nível foram retirados grãos numa camada mais externa do silo bolsa e o segundo numa
camada mais profunda, isto é, na direção do meio da massa de grão. As amostras foram
homogenizadas para obtenção da amostra de trabalho. As coletas foram realizadas com
calador de gavetas, em intervalos de 30 dias, em 4 pontos distintos nomeados de ponto 1,
ponto 2, ponto 3, e ponto 4 (Figura 1). Após as coletas realizou-se a vedação dos furos com
fita colante especial, permitindo a manutenção da hermeticidade do sistema.
Após a coleta as amostras foram acondicionadas em sacos de polietileno e
transportadas até o laboratório de Pós-colheita da Universidade Federal de Mato Grosso,
Campus Universitário de Sinop, onde foram processadas e analisadas.
Figura 1. Pontos de coleta da soja armazenada em silo bolsa. Em que: P1; P2; P3; P4 - pontos de coleta de amostras. Sinop – MT, 2015/16.
Durante o período de armazenagem constatou-se furos na lona do silo bolsa, em
função da presença de roedores na área ou provocados por atos de vandalismo. Isto
ocorreu nos meses de julho; agosto; setembro; dezembro e janeiro. Apenas nos dois últimos
meses houve a entrada de água da chuva. O tempo que o silo bolsa permaneceu com
entrada de ar foi 12; 15; 13; 6 e 7 dias, respectivamente para cada mês em que ocorreram
rupturas, após observado os furos, realizou-se a vedação com fita especial.
36
Para identificar possíveis alterações na qualidade dos grãos analisou-se mensalmente
as propriedades físicas, químicas e a condição sanitária dos grãos de soja; a saber:
a) Teor de água (%b.u.): foi determinado pelo método padrão da estufa com circulação
forçada de ar, na temperatura de 105 ºC por 24 horas em triplicata, conforme descrito nas
Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009).
b) Massa de 1.000 grãos (g): foi determinada de acordo com metodologia descrita nas
Regras para Análise de Sementes (BRASIL 2009), sendo 8 repetições de 100 grãos para
cada amostra, e a média destas sendo multiplicado por 10. Este procedimento foi realizado
3 vezes por amostra.
c) Massa Específica Aparente (Kg m-3): foi determinada utilizando-se um cilindro de
capacidade de 1 L, com amostras isentas de quebrados e impurezas, e para acomodação
uniforme do produto foi controlada a altura de queda dos grãos em 15 cm. Foram realizadas
três repetições para cada amostra coletada.
d) Massa Específica Real (kg m-3) e Volume dos Grãos (m-3): primeiramente obteve-se
o diâmetro médio (Equação 01) dos grãos por meio da média aritmética da medida das 3
(três) dimensões características do grão (Figura 2). Foram coletados ao acaso 20 (vinte)
grãos de cada amostra medindo-se as dimensões com o auxílio de um paquímetro digital
(0,01 mm).
Figura 2. Desenho esquemático do grão de soja com suas dimensões características. x - eixo transversal ao cotilédone do grão; y - eixo paralelo ao cotilédone do grão (mm); z - eixo longitudinal ao cotilédone do grão.
(
)
(Eq. 01)
Em que:
Ø - diâmetro do grão (cm);
x - eixo transversal ao cotilédone do grão (mm);
y - eixo paralelo ao cotilédone do grão (mm).
z - eixo longitudinal ao cotilédone do grão (mm);
37
Para obtenção do volume do grão (cm³) foi considerado que o mesmo aproxima-se
da forma geométrica de uma esfera sendo calculado a partir da Equação 02.
(Eq. 02)
Em que:
V - volume do grão (cm);
R – raio do grão (cm).
Os grãos foram pesados individualmente em balança semi-analítica 0,001 g. Na
sequência foi feito a relação da massa pelo volume do grão obtendo a massa específica
real, devidamente calculada em (kg m-3).
e) Incidência de fungos associados: a identificação de fungos presentes nas amostras
foi obtida pelo método de papel de filtro ou “blotter test”. Para isto, 400 grãos foram
dispostos individualmente em placas de Petri, sobre camada de papel de filtro umedecido
(três discos sobrepostos), distanciados 1-2 cm um dos outros, permitindo a passagem
integral de luz incidente. As placas de Petri com os grãos foram incubados em estufa tipo
BOD, com fotoperíodo de 12 horas pelo período de 7 dias a temperatura de 25 ºC. Após
este período os grãos foram examinadas individualmente com auxílio de um
estereomicroscópio a resolução de 30-80X, para observação de frutificações típicas do
crescimento de fungos. Observações de lâminas ao microscópio óptico (AF = 400X) foram
realizadas para confirmar a identidade dos fungos em nível de gênero (BRASIL, 2009).
f) Matéria seca: seguindo a metodologia de Silva e Queiroz (2002), utilizando
temperatura de 105 ºC por 24 horas em estufa. Na sequência as amostras foram pesadas
em balança analítica com precisão de 0,001 g. A quantidade de matéria seca foi
determinada pela Equação 3:
(Eq.3)
Em que:
%MS: percentual de matéria seca;
ASE: massa de amostra seca em estufa (g);
ASA: massa de amostra seca ao ar (g);
CAD: massa do cadinho (g).
38
g) Cinzas: conforme Silva e Queiroz (2002) o teor de cinzas fornece o teor de matéria
inorgânica existente no produto, mostrando assim a adição de matérias inorgânicas ao
alimento. Neste estudo o teor de cinzas foi determinado a partir da amostra seca ao ar, que
foi calcinado à 600 ºC em uma mufla por 3 horas. Posteriormente as amostras foram
alocadas em um dessecador até atingir temperatura ambiente, para então serem pesadas
em balança analítica com precisão de 0,001 g. A quantidade de cinzas, expressa em
porcentagem, foi calculada a partir da Equação 04:
(Eq.4)
Em que:
%MMASA: percentual de cinzas com base na amostra seca ao ar;
MM: massa das cinzas (g);
CAD: massa do cadinho (g);
ASA: massa de amostra seca ao ar (g);
%MMMS: percentual de cinzas com base na amostra de matéria seca;
%ASE: percentual de amostra seca em estufa.
h) Teor de Óleo: foi obtido por extração da gordura bruta ou extrato etéreo pelo método
Goldfisch, utilizando um extrator e posterior evaporação do solvente, de acordo com
metodologia descrita por Zenebon et al., (2008). As amostras, de aproximadamente 2 g,
foram acondicionadas em papel filtro, depois levadas ao extrator com, aproximadamente 40
ml de éter de petróleo, por aproximadamente 4 horas à 85 °C. Em seguida os copos foram
transferidos para uma estufa sem circulação forçada de ar, a 105 °C por 2 horas. Após este
período fez-se a pesagem das amostras em balança analítica com precisão de 0,001 g.
39
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise qualitativa dos dados foi realizada por meio de propriedades físicas,
químicas e sanitárias, procurando verificar a conservação da soja em silo bolsa, durante um
ano de armazenamento, aproximadamente.
Verifica-se da Figura 10 que a maior variação do teor de água ocorreu nos pontos 1
e 4 no mês de julho, com decréscimo. No mês de setembro houve aumento da umidade nas
amostras coletadas nos quatros pontos, por outro lado, nestes mesmos pontos foi verificado
decréscimo no mês de novembro. Essa variação pode estar relacionada com o fato de que a
soja armazenada era uma mescla de cultivares, conforme afirmado pelo produtor que doou
o produto, ou seja, para cada análise era realizada uma nova coleta, com amostra de grãos
com características diferenciadas. O aumento de umidade observado no mês de setembro
pode estar relacionado com os furos ocorridos na lona do silo bolsa, possivelmente pela
influência das condições do ar externo.
Figura 3. Valores observados para o teor de água do grão de soja (%b.u.) armazenado em silo bolsa, para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
O teor de água dos grãos de soja manteve-se próximo aos valores observados no
início do período de armazenamento, independentemente do ponto de coleta no silo bolsa.
Comportamento semelhante foi ressaltado por Rodriguez et al. (2004) em grãos de milho
secos e úmidos armazenados em silos tipo bolsa.
A manutenção da umidade durante a armazenagem é um bom indicativo de que o
sistema é adequado para conservação do produto. A boa conservação de grãos em silo
bolsa foi verificada em trabalhos realizados na região de Sinop – MT. Prado et al. (2015),
avaliaram a qualidade física e fisiológica do girassol armazenado em silo bolsa e relataram
40
que o teor de água do girassol manteve-se próxima do considerado ideal, com média de
5,04%b.u., ao longo de 191 dias de armazenamento. De acordo com Taffarel et al. (2013),
que analisaram a armazenagem de milho em silo bolsa na região Norte de Mato Grosso, o
valor médio para o teor de água observado foi de 11,2%b.u., durante 151 dias de
armazenagem, com pouca variação.
Segundo Rupollo et al. (2004), pode haver pequena variação do teor de água do
produto armazenado em silo bolsa, mesmo não havendo trocas com o ambiente, pois em
condições de armazenamento hermético dificulta a atividade metabólica dos grãos.
Segundo Elias (2003), grãos armazenados com umidade entre 11 e 13%b.u., têm
discreta respiração, porém, se a umidade se eleva, a respiração acelera, ocorrendo o
aquecimento da massa de grãos. Pelo caráter hidrófobo das gorduras, os grãos oleaginosos
devem ser mantidos com umidades menores.
Neste estudo, a umidade da soja encontra-se dentro dos níveis considerados
seguros para armazenagem por longo período. A umidade inicial do produto é diretamente
ligada com o risco de deterioração da massa de grão armazenada. Conforme Cardoso et al.
(2014) o tempo permissível de armazenamento está relacionado com a umidade do grão, ou
seja, a soja úmida embolsada possui um período menor de armazenagem segura, quando
comparada com soja seca. O risco de deterioração da soja para valores menores e/ou iguais
9a 14% é baixo e, acima de 16% de umidade inicial é considerado alto. Logo o tempo
permissível de armazenamento a 14%b.u., seria de 12 a 18 meses, no entanto, para valores
maiores que 16%, o máximo é de 3 meses.
A massa de mil grãos da soja armazenada no silo bolsa apresentou inicialmente
valores de 134,43; 131,03; 128,18 e 122,68 g de acordo com os pontos 1; 2; 3 e 4,
respectivamente (Figura 4). Ao longo dos 330 dias de armazenamento houve pouca
variação dessa propriedade, sendo observadas variações de no máximo 17,01 g entre o
valor máximo e mínimo.
41
Figura 4. Valores observados para a massa (g) de 1.000 grãos de soja submetida a armazenagem em silo bolsa, para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
De acordo com os resultados observados na Figura 4, as pequenas oscilações nos
valores de massa de 1000 grãos são explicadas pelo fato de ser analisado cada mês uma
amostra diferente e ainda ser originária de uma mescla de cultivares. No entanto, valores de
massa de 1.000 grãos obtidos neste estudo foram similares aos da soja produzida na região
(Sinop – MT), como verificado por Ruffato et al. (2015), que analisou a qualidade física dos
grãos de soja com aplicação de fungicidas, e encontraram para essa variável médias
próximas a 140 g. No estudo avaliação da qualidade de grãos de soja em função da período
de colheita no Norte de Mato Grosso, segundo Mayer et al. (2014), a de massa de mil grãos
média foi de 148,36 g.
A massa de mil grãos é importante fator qualitativo, especialmente em se tratando de
sementes. Esta variável é utilizada em cálculos de semeadura, assim, sua manutenção
durante a armazenagem é de grande relevância.
Apesar de ser uma mescla de produtos, os dados de massa específica aparente,
outro fator qualitativo de grãos analisados, indicaram valor médio de 705,6 kg m-3, mínima
de 690 e máxima de 720 kg m-3, estando de acordo com o observado em outros trabalhos
com soja na mesma região. Ruffato (2016) obteve valores próximos a 709,54 e 701,59 kg m-
3, analisando a qualidade pós-colheita da soja produzida no Paraná e no Mato Grosso,
respectivamente. Para Arfeli et al. (2015), o valor médio obtido foi de 690 kg m-3. Souza
(2015) que avaliou a armazenagem temporária de soja úmida (22%b.u.) em silo bolsa,
encontrou valor médio para a massa específica aparente em torno de 677,39 kg m-3.
42
Figura 5. Valores observados para a massa específica aparente dos grãos de soja (kg m-3
) armazenado em silo bolsa, para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
Faroni et al. (2009), na avaliação qualitativa e quantitativa dos grãos de soja
armazenados em silo bag, no período de 180 dias na região de Guarapuava-PR não
verificaram variação significativa nos valores de massa específica aparente, que
permaneceram em média de 645 e 665 kg m-3 para soja úmida e seca, respectivamente.
A massa específica aparente não é um parâmetro utilizado na comercialização da
soja, porém, reduções dessa propriedade podem estar associadas à perda de qualidade do
produto em consequência dos processos de deterioração ao longo do armazenamento
(SILVA, 1997). O mesmo autor afirma que baixos valores de massa específica são
encontrados em grãos que perderam excedentemente, matéria seca devido à infestação de
insetos e/ou fungos no campo e/ou no armazenamento.
Com relação à massa individual do grão, têm-se variações entre o valor máximo e
mínimo em torno de 0,058 g, oscilando entre 0,119 e 0,195 g, durante todo o tempo de
armazenamento no silo bolsa (Figura 6a). Na Figura 6b, tem-se dados de volume do grão.
No ponto de coleta 1, observa-se a maior média com 141,4 mm3 quando comparado com os
demais pontos de coleta no silo bolsa. No ponto 2 tem-se os menores valores médios, cerca
de 125,80 mm3. Essa variação, possivelmente, aconteceu em função da soja armazenada
apresentar condição inicial desuniforme e ser uma mescla de materiais. Além disso, para
obtenção do volume foram obtidas as dimensões características do grão e, como este não
foi classificado, havia desuniformidade em seu tamanho.
43
Figura 7. (a) Valores observados para a massa (g) e do (b) volume dos grãos de soja (mm3)
armazenado em silo bolsa, para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
Valores referentes ao tamanho do grão são dependentes de vários fatores como
variedade, clima durante o desenvolvimento, tratos culturais, entre outros, por isso
apresenta variações. Ruffato (2016), analisando a qualidade pós-colheita da soja produzida
no Paraná e no Mato Grosso, obteve valores médios de massa para cada região de 0,193 a
0,139 g, respectivamente. Freitas (2015), analisando a qualidade pós-colheita da soja em
função de diferentes tratamentos fungicidas, encontrou valores de volume de grãos similares
ao deste estudo, sendo de 120 a 140 mm3. Já no trabalho de Vieira et al. (1997), os valores
do volume de grãos compreendeu a faixa de 120 a 170 mm3, em seis cultivares de soja
plantadas no Brasil.
A massa específica real da soja armazenada no silo bolsa apresentou tendência
aleatória, com valores iniciais entre 1.116,16 e 1.289,42 kg m-3, nos diferentes pontos de
coleta. No decorrer dos 330 dias de armazenamento foram observadas variações de até
275,81; 188,79; 191,81 e 297,82 kg m-3 de acordo com os pontos 1; 2; 3 e 4,
respectivamente. Esta propriedade foi estimada aproximando a forma do grão a de uma
esfera, e calculada por meio do volume do grão. Esta oscilação dos dados pode estar
atrelada a desuniformidade do tamanho e massa do grão (Figuras 7 a e b). As diferentes
variedades que formaram a massa de grãos armazenada podem exercer influência sobre
esta propriedade.
(b) (a)
44
Figura 8. Valores observados para a massa específica real dos grãos de soja (kg m-3
) armazenado em silo bolsa, para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
Observa-se da Figura 7, que a massa de grãos não apresentou grande variação,
mas o volume sim. Pelo fato de os grãos serem de vários tamanhos e formatos,
consequentemente isso influenciou sobre os valores de massa específica real (Figura 8).
Prado (2016), obteve valores de massa específica real entre 1.123 a 1.509 kg m-3.
Dalle Laste (2016) obteve menor amplitude para os valores de massa específica real de
soja, sendo de 1.180 a 1.201 kg m-3. Outros trabalhos com soja na região também
apresentaram valores médios da massa específica real similar, como Furtado et al. (2015),
que obtiveram média de 1.250,8 kg m-3 trabalhando com diferentes cultivares de soja
Intacta, e Caldeira et al. (2015), para as cultivares Nidera e M8210 com valores de 1.264,2 e
1.254,5 kg m-3. Portanto, mesmo com a acentuada dispersão entre valores de massa
específica real dos grãos de soja durante o período de armazenamento, têm-se valores
próximos aos encontrados na região.
De maneira geral observou-se boa conservação da qualidade física de grãos de soja
armazenada em silo bolsa, as variações ocorridas foram em decorrência de furos na lona
com consequente entrada de umidade, e por ser uma massa de grãos heterogênea no que
diz respeito ao tamanho e forma de grãos.
Na avaliação sanitária analisado um total de 921.600 grãos de soja armazenada no
silo bolsa, ao longo dos 330 dias de armazenamento. Os gêneros de fungos encontrados e
identificados foram Fusarium sp., Aspergillus sp., Penicillium sp., Rhizopus, Colletotrichum
45
sp. e Cercospora sp. Os dois últimos fungos apresentaram baixa incidência quando
comparados aos outros quatros identificados (Figura 9).
Figura 9. Valores observados para a incidência (%) de fungos em grãos de soja coletados nos pontos 1; 2; 3 e 4, em função do armazenamento em silo bolsa durante 330 dias. Sinop-MT, 2016.
Em todas as amostras coletadas foi observada ocorrência de fungos, no entanto,
observou-se variação entre os resultados obtidos para incidência fúngica em cada ponto, e
no decorrer dos dias armazenados. Dos gêneros identificados, Fusarium sp., Aspergillus sp.
e Penicillium sp. obtiveram menor porcentagem de grãos infectados quando comparado ao
genêro Rhizopus.
A princípio, Fusarium sp. que é um fungo que afeta tipicamente o grão em campo,
pelo constatado neste estudo, ele tem resistido até após armazenagem. Encontrou-se
incidência média acima de 50% no início do armazenamento em todos os pontos,
decrescendo expressivamente durante os 330 dias para 13; 13; 12,50 e 13,25% nos pontos
1; 2; 3 e 4, respectivamente.
Silva (2008), relata que os fungos presentes na massa de grãos armazenada, além
da produção de micotoxinas provocam danos como, transformações bioquímicas,
modificações celulares, redução na germinação, descoloração, aquecimento,
emboloramento e apodrecimento. Neste estudo, a identificação dos gêneros Fusarium sp.,
Aspergillus sp. e Penicillium sp. é considerada de grande importância, devido ao seu
potencial de produção de micotoxinas como a fumonisina, aflatoxina e ocratoxina A,
respectivamente.
Os fungos Aspergillus sp. e Penicillium sp. são fungos de armazenamento, sendo
identificados em todas as amostras, com destaque para o ponto de coleta número 2, onde
46
se verificou infestação acima de 20%, em todas as coletas analisadas no decorrer dos 330
dias de armazenagem. A incidência média para Aspergillus sp. foi de 34; 37,13; 36,88 e
36%, enquanto, Penicillium sp., em torno de 34,75; 33,38; 33,75 e 37,38%, para os pontos
1, 2, 3 e 4, nesta ordem. Estes valores foram superiores se comparado com dados do
estudo de Souza (2016), que obteve incidência média abaixo de 10 e 5,50% para os
gêneros Aspergillus sp. e Penicillium sp. durante 18 dias de armazenamento de soja úmida
(21,5%b.u.) em silo bolsa, sendo o experimento desenvolvido em propriedade agrícola na
região do município de Ipiranga do Norte, no estado de Mato Grosso.
A incidência de Rhizopus sp. foi elevada em todos os pontos com média superior a
80%. Destaque para o ponto 2, onde se verificou incidência acima de 70%, e também para o
ponto 3, apresentando valores de incidência acima de 80% com exceção das amostras
coletadas aos 120 e 180 dias, com valores de 75,75 e 79,50%, respectivamente. Esse fungo
tem desenvolvimento acelerado. Observa-se no último mês de armazenamento aumento da
incidência desse fungo nos grãos, provavelmente em função da entrada de água da chuva
nos dias em que houve ruptura na lona do silo bolsa. De acordo com Massola (2010), as
condições ótimas para o desenvolvimento deste fungo são temperaturas na faixa de 30 à 36
°C e presença de ferimentos no grão. O fungo raramente ocorre em temperatura inferior a
20 °C.
Figura 10. Valores observados para a incidência (%) média de fungos em grãos de soja coletados nos 4 pontos, em função do armazenamento em silo bolsa durante 330 dias. Sinop-MT, 2016.
Conforme Figura 10, a média da incidência fúngica nos 4 pontos de armazenamento
confirmou que a tendência dos fungos Fusarium sp., Aspergillus sp. e Penicillium sp.
quando se manteve a hermeticidade, ou seja, baixo O2, alto CO2, diminuindo a atividade
metabólica, tanto dos grãos quanto dos fungos, foi de redução durante o armazenamento,
porém, quando houve nova entrada de ar e água aumentou a incidência. Sendo que nos
47
três últimos meses de armazenagem, em função do retorno à condição de hermeticidade,
observou-se a dormência da incidência fúngica.
Os resultados para análise de qualidade química não apresentaram, no geral,
valores com diferenças relevantes (Figura 11), verificou-se apenas pequenas variações
sendo de no máximo 2% para teor de óleo. Também, para matéria seca e teor de cinzas
apresentou em média diferença de 1% (Figura 11).
Figura 11. Valores observados para a matéria seca, teor de cinzas e teor de óleo do grão (%) no silo bolsa para os pontos 1, 2, 3 e 4 durante o período de armazenamento. Sinop - MT, 2016.
Para os valores de matéria seca avaliada não foram quantificadas diferenças para os
quatro pontos, uma vez que todos os pontos apresentaram valor semelhante ao longo dos
330 dias estudados. A variação entre o maior e o menor valor foi de 3,21; 4,56; 4,08 e
2,86%, respectivamente para os pontos 1, 2, 3 e 4.
Observa-se ainda que mesmo não ocorrendo diferença considerável entre os dados,
obteve-se variação do teor de cinzas de 4,96 a 5,87%. Baixos valores de cinzas são
desejáveis, uma vez que metais pesados podem fazer parte da constituição.
Em relação aos valores de teor de óleo apresentados, tem-se no ponto 1 o valor
máximo de, aproximadamente, 23% e, mínimo de 21%. Verifica-se diferença de 2,88; 2,44;
2,8 e 2,06 em média para os pontos 1; 2; 3 e 4, respectivamente.
Essas pequenas variações de qualidade química podem ser explicadas pelo fato de
ser utilizada uma amostra diferente em cada análise. Para a indústria estes resultados são
interessantes, uma vez que não há variação química nos grãos, principalmente, em relação
48
ao teor de óleo. Para teor de óleo, foi observado variação em média de apenas 2%, mesmo
com a interferência de entrada de ar e água, também não se observou variação na matéria
seca e no teor de cinzas. Alves et al. (2011) na avaliação da composição centesimal de
grãos de soja de oito diferentes cultivares, observou valores de teor de cinzas similares ao
encontrado neste trabalho, com média de 5,6%.
De acordo com Rupollo et al. (2004), o teor de óleo do grão, é, também um
constituinte sujeito à degradação química, influenciando diretamente na conservação do
produto armazenado. Segundo Weber et al. (2002), a degradação do teor de óleo, com o
consequente aumento de acidez graxa pode conduzir à formação de odor e sabor
desagradáveis, influenciando, negativamente, a qualidade sensorial e nutricional do produto
armazenado. Biaggioni et al. (2005), relata que o tempo de armazenagem, o teor de água e
a temperatura influenciam diretamente na velocidade das alterações dos lipídios.
Conforme os dados qualitativos avaliados, pode-se inferir que a armazenagem da
soja seca em silo bolsa pode ser realizada por longo período, sem decréscimos nos valores
de suas principais propriedades.
49
4. CONCLUSÕES
- As propriedades físicas e químicas dos grãos de soja foram conservadas de maneira
satisfatória durante 330 dias de armazenagem em silo bolsa.
- A tendência da incidência dos fungos Fusarium sp., Aspergillus sp. e Penicillium sp.,
com exceção do Rhizopus, foi de decrescer durante o período de armazenagem.
50
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALENCAR, E. R.; FARONI, L. R. A.; CARDOSO, F. S. Avaliação qualitativa do milho (Zea mays L.) infestado por Sitophilus zeamais durante o armazenamento. In: Simpósio de
Iniciação Científica, 12., 2002, Viçosa. Anais. Viçosa: Editora da UFV, v. 1, p. 5-6. 2002. ALENCAR, E. R.; FARONI, L. R. D.; FILHO, A. F. L.; PATERNELLI, L. A.; COSTA, A. R. Qualidade dos grãos de soja armazenados em diferentes condições. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v. 13, n. 5, p. 606-613, 2009. ALVES, F. P.; OLIVEIRA, M. A.; MANDARINO, J. M. G.; BENASSI, V.; SEIBEL, N.
Composição centesimal de grãos de soja de oito diferentes cultivares. Embrapa Soja, 2011.
AMARAL, L.; JAIGOBIND, J.S.; JAIGOBIND, A.G.A.; Dossiê Técnico: Óleo de Soja; Instituto de Tecnologia do Paraná – TECPAR, 2006. 36 p. ARFELI, M. J.; RUFFATO, S.; PASTORELLO, M.; DE PAULA, T. M. L.; CALDEIRA, T. I.R. Avaliação Qualitativa Da Soja Submetida A Diferentes Tratamentos Com Micronutrinetes, VII Congresso Brasileiro de soja. Mercosoja, 2015. Anais… Santa Catarina: CBSOJA, 2015. p.1184. BARTOSIK, R.; RODRIGUES, J.; MALINARICH, H.; CARDOSO, L. Almacenaje de maíz, trigo, soja y girassol en silo bolsas plásticas herméticas, p. 2 – 14. En: CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S (EDS). Almacenamiento de granos en silo bolsa. INTA, Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. a. BRASIL. Ministério da Agricultura. Departamento Nacional de Produção Vegetal. Regras para análise de sementes. Brasília, 2009. p. 399. BIAGGIONI, M. A. M.; SOARES, T. A.; FERREIRA, W. A. Variação do índice de acidez graxa, em grãos de milho, segundo diferentes fontes de danificação. Revista Brasileira de Armazenamento, v. 30, n. 2, p. 152-156, 2005.
BROOKER, D. B.; BAKKER-ARKEMA, F. W.; HALL, C. W. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport : AVI, 1992. 450 p.
CALDEIRA T. I. R.; RUFFATO S.; MEZZALIRA D.; PASTORELLO M. Classificação De Semente De Soja E O Efeito Sobre A Caracterização Física Dos Grãos Produzidos. XLIV, Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, CONBEA, 9., 2015, São Paulo. Anais eletrônicos... São Pedro: CONBEA, 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/814321444252683ppt-eposter-trab-aceito-0477-1%20(1).pdf> Acesso em: 21 set. 2016.
CARDOSO, L.; BARTOSIK, R.; TORRE, D.; ABADÍA, B.; JULIANA, M. S. Almacenamiento de granos en silo bolsa: Resultados de investigación 2009-2013. Almacenamiento de granos en silo bolsa. Buenos Aires: Ipesasilo, p. 33 – 47. 2014.
CASINI, C.; ACCIETTO, R. Estudio del efecto de la media sombra sobre la calidad de los granos de soja y maíz, con alta humedad, almacenados en bolsas plásticas. p. 116 – 125. En: Casini C.; Rodriguez J. C. y Bartosik R. (Eds). Almacenamiento de granos em bolsas plásticas. INTA Manfreid, Córdoba, 2009. 180 p. CECCHI, H. M. Fundamentos teóricos e práticos em análise de alimentos. 2.ed. Campinas: Editora UNICAMP, 2003. 49p.
51
ELIAS, M. C.. Armazenamento e conservação de grãos. Universidade Federal de Pelotas.
Pelotas, RS, 2003. ELIAS, M.C. Manejo tecnológico da secagem e do armazenamento de grãos. Pelotas. Ed. Santa Cruz. 362 p. 2008.
FERRARI FILHO, E. Métodos e temperaturas de secagem sobre a qualidade físico-química e microbiológica de grãos de milho no armazenamento. 95 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Agronomia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011.
FERREIRA, A. C. P.; BRAZACA, S. G. C.; ARTHUR, V. Alterações químicas e nutricionais do grão-de-bico (Cicer arietinum L.) cru irradiado e submetido à cocção. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 26, n. 1, p. 80-88, 2006. FARONI, L. R. A.; ALENCAR E. R.; PAES J. L.; COSTA A. R.; ROMA R. C. C.. Armazenamento de soja em silos tipo bolsa. Engenharia Agrícola, . FapUNIFESP (SciELO). v. 29, n. 1, p.91-100, mar. 2009. FREITAS, P. H. S. Qualidade pós-colheita da soja em função de diferentes tratamentos de doenças fúngicas. 51 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Agronomia) - Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso. 2015.
FREITAS, T. M. Q.; MENEGHETTI, R. C.; BALARDIN, R. S. Dano devido à podridão vermelha da raiz na cultura da soja. Ciência Rural, v.34, n.4, p. 991-996, 2004.
FURTADO F. R. M.; RUFFATO S.; MORGADO T.; PASTORELLO M. Cultivares De Soja Intacta: Caracterização Física Dos Grãos. XLIV, Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, CONBEA. 9., 2015, São Paulo. Anais eletrônicos... São Pedro: CONBEA, 2015. Disponível em: <file:///C:/Users/Usuario/Downloads/860271444252094ppt-eposter-trab-aceito-0435-1.pdf>. Acesso em: 6 mai. 2016.
GOULART, A.C.P. Fungos em sementes de soja: detecção, importância e controle.
Embrapa-CPAO, Dourados, MS, 21 ed., p. 72, 2005. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/38823/1/LV20055.pdf>. Acesso em: 29 set. 2016.
HALL, C.W. Drying and Storage of Agricultural Crops. Westport, The Avi Publishing Company, Inc., 1980. HENNING, A. A.; ALMEIDA, A. M. R.; GODOY, C. V.; SEIXAS, C. D. S.; YORINORI, J. T.; COSTAMILAN, L. M.; FERREIRA, L. P.; MEYER, M. C.; SOARES, R. M.; DIAS, W. P. Manual de identificação de doenças de soja. Embrapa Soja, Londrina, 2014. Documento, n. 256. Disponível em: <http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf>. Acesso em: 18 jun. 2016.
HENNING, A. A. Guia prático para identificação de fungos mais frequentes em sementes de soja. Embrapa Soja, Brasília, DF, p. 34. 2015.
HOU, H.J.; CHANG, K.C. Storage conditions affect soybean color, chemical composition and tofu qualities. Journal of Food Processing and Preservation, Westport, v.28, p.473-488, nov./dez. 2004. JAYAS, D. Controlling insects in stored grain using modified atmospheres of elevated carbon dioxide. L’Actualité chimique canadienne. Ottawa, v.52, n.7, p.10-24, 2000.
52
LACERDA FILHO, A. F. de Armazenagem em Nível de Fazendas, 2008. Disponível em: <http://www.sop.eng.br/pdfs/4e22643fc98d8adf831afbae246e4d4.pdf>. Acesso em: 23 jul. 2016.
LORINI, I., Manual técnico para o manejo integrado de pragas de grãos de cereais armazenados. Embrapa Trigo, Passo Fundo, RS, p. 80, 2003. LUZ, W. C. Diagnose e controle das doenças da espiga de milho no Brasil. Embrapa CNPT, Circular Técnica, n. 5. Passo Fundo, p. 28, 1995.
MASSOLA, J. R. Manual de fitopatologia. 3 ed. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 1997. v. 2, 706 p.
MAZIERO, M. T.; BERSOT, L. S. Micotoxinas em alimentos produzidos no brasil. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v. 12, n. 1, p.89-100, 2010.
MAYER, J. F.; RUFFATO, S.; BONALDO, S. M.; ARFELI, M. J. Avaliação da qualidade de grãos de soja em função da época de colheita no Norte de Mato Grosso. Anais...In: XLIII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA, 2014. Campo Grande, MS. 2014. MONTEIRO, M. C. P. Identificação de fungos do gênero Aspergillus e Penicillium em solos preservados do Cerrado. 2012. 76 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós-Graduação em Microbiologia Agrícola, Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2012. MORENO, M. E.; JIMENEZ, A. S.; VAZQUEZ, M. E. Effect of Sitophilus zeamais and Aspergillus chevalieri on the oxygen level in maize stored hemetically. Journal Stored Product Research, Oxford, v.36, p.25-36, jan./mar. 2000. MORENO, M. E.; JIMENEZ, A. S.; VAZQUEZ, M. E. Hermetic storage system preventing the proliferation of Prostephanus truncatus Horn and storage fungi in maize with different moisture contents. Postharvest Biology and Technology, Pullman, v.39, p.321-326, 2006. OLIVEIRA, H. F.; VASCONCELOS, F. G.; ALVARENGA, J. C.; BASTOS, S. M. C.; ASCHERI, D. P. R. Efeito da irradiação e do armazenamento em algumas características dos grãos de soja. Revista Agrotecnologia, v. 3, n. 2, p.73-88, 2012. PRADO, P. M. C. Fungicidas foliares: influência sobre a qualidade de grãos de soja intacta. 48 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso. 2016.
PRADO, P. M. C.; RUFFATO, S.; SOUZA, I.; SHIRAIWA, B. Avaliação da qualidade física e fisiológica do girassol (Helianthus annuus) armazenado em silo-bolsa. Anais...In: XLIV Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2015. São Pedro, SP. 2015.
REGITANO-D’ARCE, M.A.B.; RAUENMIGUEL, A.M.O.; CASAGRANDE, J.R.R.; MARCOS,E.A.; PLONIS, G. Time of harvesting and storage of soybeans - influence on oil quality. Grasas Y Aceites, Sevilla, v.45, n.4, p.237-240, 1994.
RODRIGUEZ, J.C.; BARTOSIK, R.E.; MALINARICH, H.D.; EXILART, J.P.; NOLASCO, M.E. IP short time storage of Argentine cereals in silobags to prevent spoilage and insect. In: International Quality Grains Conference, 2004, Indianapolis. Proceedings… West Lafayette: Purdue University, 2004. 1-15.
53
RUFFATO, J. E. Qualidade pós-colheita da soja produzida no Paraná e no Mato Grosso. 21 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Agronomia) - Centro Universitário Fundação Assis Gurgacz, Paraná. 2016.
RUFFATO, S.; FREITAS, P. H. S.; BONALDO, S. M.; DAL MASO NETTO, G.; ECKERT, L. L. F. Qualidade pós-colheita de grãos de soja em função da aplicação de fungicidas associado com fosfito-fosfato de potássio. Anais...In: VII Congresso Brasileiro de Soja - VII CBSoja 2015. Florianópolis, SC. 2015.
RUPOLLO, G.; GUTKOSKI, L. C.; MARINI, L.J.; ELIAS, M.C. Sistemas de armazenamentos hermético e convencional na conservabilidade de grãos de aveia. Revista Ciência Rural,
Santa Maria, v.34, n.6, p.1715-1722, nov-dez, 2004.
SENHOR, R. F.; SOUZA, P. A.; ANDRADE NETO, R. C.; MARACAJÁ, P. B.; NASCIMENTO, F. J. Manejo de doenças pós-colheita. Revista Verde de Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável, Mossoró, v. 4, p.13, 2009.
SILVA, A. A. L. Influência do processo de colheita na qualidade do milho (Zea mays L.) durante o armazenamento. 1997. 77 f. Dissertação (Mestrado em Pré-processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 1997. SILVA, D. J.; QUEIROZ, A. C. Análise de Alimentos (métodos químicos e biológicos). 3.ed., Viçosa: Imprensa Universitária da UFV, 235 p. 2002. SILVA, J. S. Secagem e armazenagem de produtos agrícola. Cap. 4, Qualidade de grãos.
Viçosa: Aprenda Fácil, 2008. p. 63.
SOUZA, I. Armazenagem temporária de soja úmida em silo bolsa. 61 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso. 2016.
TAFFAREL, C.; RUFFATO, S.; PEREIRA, V. S.; DANAO, M.; NOGUEIRA, R. M.. Avaliação da qualidade do milho armazenado em silo bolsa. Artigos completos...In: XLII Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola - CONBEA 2013. Fortaleza, CE. 2013.
THURGOOD, J.; WARD, R.; MARTINI, S. Oxidation kinetics of soybean oil/anhydrous milk fat blends: A differential scanning calorimetry study. Food Research International, v. 40, p. 1030-1037, 2007. VARNAVA, A.; NAVARRO, S.; DONAHAYE, E.Long-term hermetic storage of barley in PVCcovered concrete platforms under Mediterranean conditions. Postharvest Biology and Technology, Pullman, v.6, p.177-186, 1995. VIEGAS, E. de C.; ROSSETTO, C. A. V. Contaminação por Aspergillus spp. em Arachis hypogaea. Agronomia, v. 40, n. 2, p.73-82, 2006.
VIEIRA, C. R.; CABRAL, L. C; PAULA, A. C. O. Caracterização física e tecnológica de seis cultivares de soja plantadas no Brasil. Ciênc. Tecnol. Alim., v. 17, n. 3, p. 291-294, 1997. WEBER, F. H.; ELIAS, M. C.; GUTKOSKI, L. C. Estabilização de farinha de aveia da cultivar UPF 18 por tratamento hidrotérmico a vapor. Revista Brasileira de Agrociência, v. 8, n. 3, p. 253- 258, 2002.
ZENEBON O; PASCUET NS; TIGLEA P. 2008. Métodos físico-químicos para análises de alimentos. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz. 1020p
54
CONCLUSÕES GERAIS
- A variação da temperatura interna foi em média 3 °C, enquanto a externa variou em
até 22 °C.
- A umidade relativa interna variou em 5%, e a externa variou em até 55%.
- A concentração de CO2, a 14%, e a ausência de O2, indica que a massa de grãos de
soja encontra-se em níveis seguros de armazenagem.
- O teor de água do grão apresentou oscilação de até 2 pontos percentuais.
- As propriedades físicas e químicas dos grãos de soja foram conservadas de maneira
satisfatória durante 330 dias de armazenagem em silo bolsa.
- A tendência da incidência dos fungos Fusarium sp., Aspergillus sp. e Penicillium sp.,
com exceção do Rhizopus, foi de decrescer durante o período de armazenagem.
55
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS COMPLEMENTARES
BRAGATTO, S. A.; BARRELLA, W. D. Otimização do sistema de armazenagem de grãos: Um estudo de caso. Universidade Paulista. São Paulo, SP. 2000. BROOKER, D.B.; BAAKER-ARKEMA,F.W.;HALL,C.W. Drying and Storage of Grain and Oilseeds . New York. USA. 1992. 450p.
CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Armazenagem agrícola no Brasil, 2005.
Disponível em: <http://www.conab.gov.br/OlalaCMS/uploads/arquivos/7420aabad201bf8d9838f446e17c1ed5..pdf> Acesso em: 12 nov. 2016. CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento. Capacidade estática, 2016. Disponível em: <http://sisdep.conab.gov.br/capacidadeestatica/> Acesso em: 25 nov de 2016. FAO - Food and Agriculture Organization of the United Nations. World agriculture towards 2030/2050: the 2012 revision, 2012. FREDERICO, S. Desvendando o agronegócio: Financiamento agrícola e o papel estratégico do Sistema de armazenamento de grãos. GEOUSP - Espaço e Tempo, São
Paulo, Nº 27, pp. 47 - 61, 2010. GALLARDO, A. P.; STUPELLO, B.; GOLDBERG, D. J. K.; CARDOSO, J. S. L.; PINTO, M. M. de O. Avaliação da capacidade da infraestrutura de armazenagem para os granéis agrícolas produzidos no Centro-Oeste brasileiro, 2009. Disponível em: <http://www.ipen.org.br/downloads/XXI/166 P Gallardo Afonso.pdf>. Acesso em jul. 2016. JAYAS, D. S. Controlling insects in stored grain using modified atmospheres of elevated corbon dioxide. L’Actualité Chimique Canadienne, v.52, n. 7, p. 10-24, 2000.
JULIANA, M. S.; CARDOSO, L. Componentes del sistema silo bolsa. Almacenamiento de granos en silo bolsa: Resultados de investigación 2009-2013. Buenos Aires: Ipesasilo, 2014. p. 15 – 21. LEITE, G. L. D. Capacidade de armazenamento e escoamento de grãos do estado de Mato Grosso. 34 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Agronomia) - Universidade de Brasília, Brasília, 2013. MACULAN, J.C. Diagnóstico das unidades armazenadoras do Brasil - Ano 2014. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Engenharia Agrícola e Ambiental) - Universidade Federal de Mato Grosso, Mato Grosso. 2014.
MIRANDA, A. A.; OLIVEIRA, F. A.; KHATCHATOURIAN, O. A. Modelagem matemática do resfriamento de grãos de soja em silos com aeração utilizando o modelo de reator ideal homogêneo. Departamento de Física, Estatística e Matemática - DeFEM, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Ijuí, RS, 2001, 2p.
MORENO, M. E.; JIMENEZ, A. S.; VALQUEZ, M. E. Effect of Sitophilus zeamais and Aspergillus chevalierion the oxygen level in maize stored hermetically. Journal of Stored Product Research, v. 36, n. 1, p. 25-36, 2000.
56
MORENO, M. E.; JIMENEZ, A. S.; VALQUEZ, M. E. Hermitic storage system preventing the proliferation of Prostephanus truncates Horn and storage fungi in maize with different moisture contents. Postharvest Biology and technology, v. 39, n. 3, p. 321-326, 2006.
PIONNER SEMENTES, Armazenagem em silo bolsa traz inúmeras vantagens para o produtor rural, 2005. Disponível em:
<http://www.pionnersementes.com.br/ArtigosDewtalhe.aspx?ld=48>. Acesso em: 9 jun. 2016.
PUZZI, D. Abastecimento e Armazenagem de grãos. Campinas. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola. p.133-154. 1986. SILVA, J. S; Secagem e Armazenagem de produtos agrícolas. Viçosa – MG, 2008. Editora Aprenda Fácil. 560p.