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ARISTÓTELES E A ARTE POÉTICA Prof. Arlindo F. Gonçalves Jr. http://www.mural-2.com

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ARISTÓTELES E A ARTE POÉTICA

Prof. Arlindo F. Gonçalves Jr.

http://www.mural-2.com

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BELO ARTE

Rompe com a identificação entre o Belo e

o Bem (kalokagathía) – não obstante

afirmar que a virtude (areté) é uma síntese

de beleza e moral

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analisado principalmente na

Metafísica

fragmentos da Poética e em

partes da Retórica

se situa na esfera

transcendental

se situa na esfera do fazer

BELO ARTE

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TEORIA DA MÍMESIS

a Arte imita a Natureza

• Não é uma simples cópia, mas

aprimoramento, correção da

Natureza

• Ao imitar o artista está

recriando, na obra de arte, as

essências universais,

substratos de tudo o que existe

• Verossimilhança (eikós): a arte

não imita a natureza como ela

é, mas como deveria ser

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ARTE POÉTICA

Arte é considerada poiésis

• deriva do verbo "poéin",

que significa

originalmente "fazer",

"fabricar“ (realização de

uma obra exterior ao

sujeito que a produz)

• se distingue da "praxis",

cuja ação é imanente ao

sujeito (como no caso da

ética e da política)

• Produzida pelo POIÉTES

a partir da matéria

indeterminada

• Superior à História

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TEORIA DA TRAGÉDIA

• é mímesis de acontecimentos

que provocam piedade e terror,

sendo a ação trágica

obrigatoriamente de caráter

digno e grave.

• retrata o drama da existência

humana, mas o faz com tal

grandiosidade que o

espectador, ao identificar-se e

reconhecer-se nos

personagens por meio de

emoção, se sinta, ele mesmo,

engrandecido por participar da

espécie humana

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TEORIA DA TRAGÉDIA

• Kátharsis

A ação purificadora se

desenrola por meio de

duas situações:

purificação das emoções

violentas e penosas através da

Arte, transformadas em deleite

estético e intelectivo

• Pathos

identificação passional

(empatia) entre as paixões que

se acham contidas no

espectador e a ação

desempenhada pelo ator

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TEORIA DA TRAGÉDIA

A ação purificadora se

desenrola por meio de

duas situações:

Através da arte o homem lida com

as forças irracionais ou

sobrenaturais que o ameaçam, sem

entregar-se a elas. Vivemos, através

do personagem, o drama da

escolha; sofremos a ameaça do

castigo divino; presenciamos a morte

e o sofrimento compartilhados sem

que nenhum desses sentimentos

nos domine inteiramente e nos

perturbe.

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO I

Da poesia e da imitação segundo os

meios, o objeto e o modo de imitação

Nosso propósito é abordar a produção poética

em si mesma e em seus diversos gêneros, dizer

qual a função de cada um deles, e como se deve

construir a fábula visando a conquista do belo

poético; qual o número e natureza de suas (da

fábula) diversas partes, e também abordar os

demais assuntos relativos a esta produção.

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ELEMENTOS DA POÉTICA

Capítulo IV

Origem da poesia. Seus diferentes

gêneros.

• O gênero poético se dividiu em diferentes

espécies, consoante o caráter moral de cada

sujeito imitador.

• Os espíritos mais propensos à gravidade

reproduziram as belas ações e seus

realizadores; os espíritos de menor valor

voltaram-se para as pessoas ordinárias a fim

de as censurar, do mesmo modo que os

primeiros compunham hinos de elogio em

louvor de seus heróis

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XI

Elementos da ação complexa:

peripécias, reconhecimentos, acontecimento

patético ou catástrofe

A peripécia é a mudança da ação no sentido

contrário ao que parecia indicado e sempre,

como dissemos, em conformidade com o

verossímil e o necessário

O reconhecimento, como o nome indica, faz

passar da ignorância ao conhecimento, mudando

o ódio em amizade ou inversamente nas pessoas

votadas à infelicidade ou ao infortúnio

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ELEMENTOS DA POÉTICA

patético é devido a uma ação que provoca a

morte ou sofrimento, como a das mortes em

cena, das dores agudas, dos ferimentos e outros

casos análogos

CAPÍTULO XI

Elementos da ação complexa:

peripécias, reconhecimentos, acontecimento

patético ou catástrofe

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XII

Divisões da tragédia

Quanto às partes distintas em que se divide, são

elas: prólogo, epílogo, êxodo, canto coral [...]

compreendendo este último o párodo e o

estásimo

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XII

Divisões da tragédia • O prólogo é uma parte da tragédia que a si

mesma se basta, e que precede o párodo

(entrada do coro).

• O episódio é uma parte completa da tragédia

colocada entre cantos corais completos;

• O êxodo (ou saída) é uma parte completa da

tragédia, após a qual já não há canto coral.

• No elemento musical, o párodo é a primeira

intervenção completa do coro;

• O estásimo é o canto coral donde são

excluídos os versos anapésticos (UU—) e os

versos trocaicos (—U);

• O commoz é um canto fúnebre comum aos

componentes do coro e aos atores em cena

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XIII

Das qualidades da fábula em relação às

personagens. Do desenlace.

• Em primeiro lugar, é óbvio não ser

conveniente mostrar pessoas de bem passar

da felicidade ao infortúnio (pois tal figura

produz, não temor e compaixão, mas uma

impressão desagradável)

• Nem convém representar homens maus

passando do crime à prosperidade (de todos

os resultados, este é o mais oposto ao trágico

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XIII

Das qualidades da fábula em relação às

personagens. Do desenlace.

• nem um homem completamente perverso

deve tombar da felicidade no infortúnio (tal

situação pode suscitar em nós um sentimento

de humanidade, mas sem provocar compaixão

nem temor)

• Resta, entre estas situações extremas, a

posição intermediária: a do homem que,

mesmo não se distinguindo por sua

superioridade e justiça, não é mau nem

perverso, mas cai no infortúnio em

conseqüência de algum erro que cometeu

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XIII

Das qualidades da fábula em relação às

personagens. Do desenlace.

Para que uma fábula seja bela, é portanto

necessário que ela se proponha um fim único e

não duplo, como alguns pretendem; ela deve

oferecer a mudança, não da infelicidade para a

felicidade, mas, pelo contrário, da felicidade para

o infortúnio, e isto não em conseqüência da

perversidade da personagem, mas por causa de

algum erro grave, como indicamos, visto a

personagem ser antes melhor que pior.

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XVIII

Nó, desenlace; tragédia e epopéia; o

Coro

• Em todas as tragédias há o nó e o desenlace.

O nó consiste muitas vezes em fatos alheios

ao assunto e em alguns que lhe são inerentes;

o que vem a seguir é o desenlace

• Dou o nome de nó à parte da tragédia que vai

desde o início até o ponto a partir do qual se

produz a mudança para uma sorte ditosa ou

desditosa; e chamo desenlace a parte que vai

desde o princípio desta mudança até o final da

peça

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ELEMENTOS DA POÉTICA

CAPÍTULO XVIII

Nó, desenlace; tragédia e epopéia; o

Coro

• não compor uma tragédia como se compõe

uma obra épica; entendo por épica a que

enfeixa muitas fábulas

• O coro deve ser considerado como um dos

atores; deve constituir parte do todo e ser

associado à ação