aristóteles - da geração e corrupção

Upload: zadek1041

Post on 04-Jun-2018

220 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    1/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    2/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    3/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    4/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    5/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    6/177

    OBRAS COMPLETAS DE ARISTTELESOBRAS COMPLETAS DE ARISTTELESCOORDENAO DE ANTNIO PEDRO MESQUITACOORDENAO DE ANTNIO PEDRO MESQUITA

    VOLUME II

    TOMO III

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    7/177

    Projecto promovido e coordenado pelo Centro de Filosofia da Universi-dade de Lisboa em colaborao com o Centro de Estudos Clssicos daUniversidade de Lisboa, o Instituto David Lopes de Estudos rabes eIslmicos e os Centros de Linguagem, Interpretao e Filosofia e de Estu-dos Clssicos e Humansticos da Universidade de Coimbra.Este projecto foi subsidiado pela Fundao para a Cincia e a Tecnologia.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    8/177

    SOBRE A GERAO

    E A CORRUPO

    SOBRE A GERAO

    E A CORRUPO

    ARISTTELESARISTTELES

    IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA

    CENTRO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA

    LISBOA

    2009

    Reviso cientfica de ALBERTO BERNAB PAJARES

    (Catedrtico de Filologia Grega

    da Universidade Complutense de Madrid)

    Traduo e notas de FRANCISCO CHORO

    (Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa)

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    9/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    10/177

    INTRODUO

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    11/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    12/177

    11

    Edio adoptada

    A traduo que a seguir apresentamos foi realizada a partir dotexto grego estabelecido por Harold H. Joachim em 1922.

    O que na lio de Joachim ocorre como conjectura, como tenta-

    tiva de correco ou como suposio de espuriedade ou de lacuna,encontra-se devidamente identificado em nota ao longo da traduo 1.Em nota so igualmente referidas as nossas escassas divergncias emrelao lio de Joachim, sempre que justificadamente decidimosseguir uma lio diferente (incluindo eventuais conjecturas diferen-tes das de Joachim), designadamente a de Forster (1955), que seguede perto o texto fixado por Bekker (1831), a de Mugler (1966), a deRashed (2005) ou a de algum manuscrito referido por estes autores.Contudo, a menos que tal seja indicado, as referncias a outros edito-res alm de Joachim ocorrem com alguma frequncia sem que tal sig-nifique preferncia pela sua lio, a maioria das vezes com a finalida-de de pr em destaque uma alternativa que possa contribuir para oesclarecimento do sentido de um passo menos claro ou para a justifi-cao de uma eventual ausncia de clareza, se no da probabilidadede corrupo ou de espuriedade de determinados passos ou termos.No sentido deste esclarecimento, no podemos deixar de referir a im-

    1 Na presente traduo e nas respectivas notas foram utilizados ossinais grficos habituais: < > para conjecturas ou interpolaes, [ ] parapropostas de correco ou exciso, para suposies de passos esp-rios ou corruptos, * * * e . . . para suposies de lacunae.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    13/177

    12

    portncia dos comentrios publicados por Verdenius e Waszink em1966 (alargando a sua primeira edio de 1946), referentes quer lio de alguns passos, quer a algumas tradues e interpretaesexistentes naquela data, sem contudo esquecer as ineludveis orienta-es fornecidas pelo extenso comentrio de Joachim que acompanha a

    sua edio do texto, de resto seguido pela quase totalidade daquelesque, desde Tricot em 1933, traduziram ou comentaram o De gene-ratione et corruptione.

    Os quadros seguintes identificam os principais manuscritos dotexto grego e os autores que, desde a primeira edio crtica das obrasento atribudas a Aristteles, oferecida por Immanuel Bekker a

    partir de 1831 2, os cotejaram no estabelecimento da lio das suasedies.

    2 Aristotelis Graece Ex Recensione Immanuelis Bekkeri, Edidit AcademiaRegia Borussica, cuja paginao, coluna (aou b, respectivamente correspon-dentes s colunas da esquerda e da direita de cada pgina) e linha seformalizou como padro de referncia cientfica dos textos atribudos a

    Aristteles at data da sua edio. Assim, por exemplo, o passo inicialdo tratado cuja traduo propomos, , ser referido por 314a1-2, significan-do que o mesmo se encontra situado nas linhas 1 e 2 da coluna ada p-gina 314 da edio de Bekker. Ocorrendo na margem do corpo de umtexto traduzido, estas referncias so meras indicaes aproximadas.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    14/177

    13

    Observaes

    J

    E

    F

    H

    L

    M

    V

    W

    Sigla Designao do cdice Datao

    Vindobonensis, phil. grae-cus 100

    Parisinus graecus 1853 [ouParisiensis regius 1853]

    Laurentianus 87.7

    Vaticanus graecus 1027

    Vaticanus graecus 253

    Matritensis 4563

    Lugduno-Batauus Vossia-nus graecus Q3

    Parisinus suppl. gr. 314

    Sc. IX (Rashed, 2005:CCLIII: circa annum

    850) ou primeirametade do sc. X(Joachim, 1922: VII)

    Sc. X

    Sc. XII (circa 1136)

    Sc. XII

    Sc. XI V ou XV (Joa-chim, 1922: VIII);XIIIou XIV(Rashed,2005: CCLIII)

    Sc. XV (1470)

    Sc. XII

    Sc. XIII ou XIV

    Ms. datado como anterior a E etratado por Joachim como

    equivalente a E em autori-dade (Joachim, 1922: VII).No cotejado por Bekker. Cote-

    jado pela primeira vez porJoachim, que o usou contraas lies dos Mss. EFHL emoito passos e nele baseou al-gumas das suas conjecturas.

    Ms. de grande importncia naedio de Joachim, apesarde parecer ter sido copiado

    com alguma falta de cuida-do (Joachim, 1922: VIII). Usa-do contra FHJL em catorzepassos. Contm correcesintroduzidas at circa 1400.

    Ms. de valor considervel paraJoachim, usado contraEHJLem seis passos. Em 338b3 averso que propomos seguea lio deste Ms., no segui-do por Joachim.

    Ms. provavelmente anterior a F,de valor igualmente consi-dervel para Joachim, que ousou contra EFJL em cincopassos.

    Ms. de valor inferior na ediode Joachim, usado contraEFHJ em apenas trs pas-sos.

    Ms. cotejado pela primeira vezpor Rashed. (No corres-ponde ao Ms. M de Bekker,Urbinas 37 cf. Bekker,1831: I.IV.)

    Ms. cotejado pela primeira vezpor Rashed. (No corres-ponde ao Ms. V de Bekker,Vaticanus 266 cf. Bekker,1831: I.IV.)

    Ms. cotejado pela primeira vezpor Rashed. (No corres-ponde ao Ms. W de Bekker,Vaticanus 1026 cf. Bekker,1831: I.IV.)

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    15/177

    14

    Bekker ........ Berlim, 1831 ......... Joachim ...... Oxford, 1922 ........

    Forster ........ Londres, 1955 ...... Mugler ....... Paris, 1966 ............ Rashed ....... Paris, 2005 ............

    J E F H L M V WEditores

    Local e datada edio

    Manuscritos cotejados

    3 Joachim, 1922: X.

    A edio de Joachim distinguiu-se no sculo XX face s ediesdo sculo anterior, de Bekker (Berlim, 1831) e Prantl (Leipzig, 1857),no somente pelo rigor do cotejo dos manuscritos(Joachim afirma terencontrado uma mdia de duas incorreces por pgina no aparatocrtico de Bekker e lamenta no possuir uma opinio elevada sobreo trabalho de Prantl 3), como pela introduo nas edies crticas do

    Ms. J, datado do sculo IX ou primeira metade do sculo X, anteriore equivalente em autoridade ao Ms. E, o mais antigo dos cotejados

    por Bekker para a fixao do texto do De generatione et corrup-tione. Apesar da inquestionvel qualidade de algumas edies maisrecentes, no podendo a de Rashed deixar de merecer destaque,

    Joachim permanece, volvidos quase cem anos sobre a sua primeira

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    16/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    17/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    18/177

    17

    2 Crtica das teorias atomistas

    Temtica da obra: a existncia da gerao e da corrupo simplese os outros movimentos (e. g.,aumento e alterao). Crtica de teoriasde filsofos anteriores sobre a gerao e a corrupo: Plato; Demcrito

    e Leucipo; quase todos os filsofos. Dificuldades destas teorias: con-sequncias impossveis da concepo da gerao e da corrupo comoassociao e separao; consequncias impossveis da concepo de gran-dezas indivisveis; consequncias impossveis da concepo de uma di-visibilidade total dos corpos; paralogismo da concepo de corpos sen-sveis total e simultaneamente divisveis. A gerao e a corruposimples no so alterao e no podem ser associao e separao.

    3 Gerao simples e gerao qualificada

    Gerao simples a partir do no-ser simples; gerao simples apartir do ser em potncia. Causas da perenidade da gerao. O factode a corrupo de uma coisa ser a gerao de outra e vice-versa comocausa da perenidade da gerao. O problema de a gerao e a corrup-o simples serem ditas de umas coisas e a gerao e a corrupo qua-

    lificadas serem ditas de outras: a gerao e a corrupo simples soditas das coisas que significam uma substncia; a gerao e a corrup-o qualificadas so ditas das que no significam uma substncia, masuma qualidade, uma quantidade, etc. (segundo as restantes catego-rias); o substrato como causa material da perenidade da gerao.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    19/177

    18

    O no-ser simples e a matria: o no-ser simples um termo de umpar de contrrios ou a matria? A matria dos elementos ser amesma em certo sentido e diferente em outro?

    4 A alterao

    A diferena entre gerao e alterao. Espcies de mudana:aumento e diminuio (segundo a quantidade), translao (segundoo lugar), alterao (segundo a afeco e a qualidade), gerao e cor-rupo (segundo a substncia). A matria como substrato da geraoe da corrupo e como substrato das restantes mudanas.

    5 O aumento e a diminuio

    Diferenas entre aumento, gerao e alterao quanto ao modocomo a mudana ocorre. A matria por meio da qual ocorre o aumen-

    to. Aumento e grandeza. Caracterizao do aumento e da diminui-o. Natureza daquilo que aumenta. O aumento quanto matria equanto forma daquilo que aumenta. Aquilo por meio do qual umacoisa aumenta em potncia (mas no em acto) esta ltima e umaquantidade. Aumento e nutrio.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    20/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    21/177

    20

    no vazio; relao entre as teorias eleata e atomista (Leucipo); relaoentre a teoria de Leucipo e a teoria de Empdocles. Gerao e altera-o em diferentes teorias: Empdocles; Plato; Leucipo. Dificuldadese impossibilidades da teoria atomista. Dificuldades da teoria deEmpdocles (afeco por movimento atravs dos poros).

    9 Aco e paixo; ser em acto e ser em potncia

    Ser afectado. Crtica da teoria dos poros (Empdocles). Crticada teoria dos indivisveis (corpos para os atomistas, superfcies paraPlato). Crtica da teoria atomista da mudana: a suposio deindivisveis implica a supresso da alterao, do aumento e da dimi-nuio.

    10 A mistura

    Argumentos de outros filsofos contra a possibilidade da mistura.Distino entre mistura e gerao, corrupo e outras mudanas. Re-

    futao de argumentos contra a possibilidade da mistura com recurso teoria do acto e da potncia. Problematizao da mistura como pro-cesso relativo percepo: a mistura no uma composio de pequenas

    partes resultantes de diviso. Entes miscveis: agentes que possuem umacontrariedade; entes divisveis e passivos, facilmente delimitveis.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    22/177

    21

    LIVRO II

    1 A matria primeira e os elementos

    Diferentes posies quanto ao nmero dos elementos entendidos

    como matria dos corpos sensveis. Os elementos como primeiras coi-sas a partir das quais ocorrem a gerao e a corrupo. Crtica doTimeu. A matria dos elementos: primeira, inseparvel e substratodos contrrios. Os princpios: aquilo que em potncia corpo sens-vel; a contrariedade; os elementos. Transformao recproca dos ele-mentos, contra Empdocles.

    2 As contrariedades

    A diferena dos corpos depende de contrariedades de qualidadestangveis. Deduo de duas contrariedades primrias entre as dife-rentes contrariedades correspondentes ao tacto: quente-frio, hmido--seco. Caracterizao das quatro qualidades primrias: quente, frio,hmido, seco.

    3 Os elementos e as qualidades elementares

    Deduo de quatro pares de qualidades primrias (quente e seco,quente e hmido, frio e hmido, frio e seco) e respectiva atribuioaos corpos simples (fogo, ar, gua, terra). Nmero dos corpos simples

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    23/177

    22

    para os filsofos que os consideram elementos. Os corpos considera-dos simples como corpos mistos (semelhantes mas no idnticos aossimples por possurem a sua forma). Lugares dos corpos simples: fogoe ar, pertencentes ao lugar direccionado para o limite da regiosublunar; gua e terra, pertencentes ao lugar direccionado para o cen-

    tro. Determinao da gua (fria e hmida) como contrria ao fogo(quente e seco) e da terra (fria e seca) como contrria ao ar (quente ehmido). Qualificao de cada corpo simples mais por uma qualidadedo que por outra: a terra mais pelo seco, a gua mais pelo frio, o armais pelo hmido, o fogo mais pelo quente.

    4 A transformao recproca dos elementos

    Transformao recproca dos corpos simples. Determinao daceleridade e da facilidade de gerao de um corpo simples a partir deoutro pela mudana de uma qualidade ou de ambas. Modos de trans-

    formao recproca dos elementos: (a) dois elementos com caracters-ticas coincidentes (consecutivos na sequncia fogo-ar-gua-terra--fogo): por mudana de uma qualidade; (b) dois elementos semcaractersticas coincidentes (no consecutivos,e. g., fogo-gua, terra-

    -ar): por mudana de ambas as qualidades. Modo de transformaono recproca dos elementos: um par de elementos possuindo as qua-tro qualidades elementares (pares de elementos no consecutivos):transformao em qualquer um dos outros por supresso de uma qua-lidade de cada um.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    24/177

    23

    5 Impossibilidade de reduo dos elementos a um

    Impossibilidade de todos os elementos serem um. Deduo daexistncia de uma matria comum aos elementos. Inexistncia de umnico elemento a partir do qual os restantes resultem. Inexistncia

    de um corpo sensvel anterior aos elementos. Reiterao da existnciade dois pares de qualidades contrrias (quente-frio, seco-hmido) e daexistncia de quatro elementos aos quais pertencem. Inexistncia deum elemento como princpio dos restantes. Impossibilidade de trans-

    formaes elementares em sequncia infinita. Reiterao da impossi-bilidade de reduo dos elementos a um.

    6 Refutao de Empdocles

    Afirmaes contraditrias de Empdocles: (a) os elementos somais do que um, no se transformando reciprocamente; (b) os ele-mentos so comparveis. Reduo ao absurdo da imutabilidade doselementos: os elementos so comparveis porque possuem algumacoisa igual (um substrato que permite a mudana); atribuio aEmpdocles de compreenso da comparao unicamente segundo aquantidade (em casos que requerem comparao analgica de potn-

    cias). Crtica da teoria sobre o aumento (possvel por adio). Crticada perspectiva sobre a gerao natural (possvel por juno segundouma proporo): impossibilidade de a causa da juno segundo uma

    proporo ser a amizade e a discrdia, ou a mistura e a separao.Crtica da perspectiva sobre o movimento (amizade e discrdia como

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    25/177

    24

    causas de movimento): indeterminao do tipo de movimento (natu-ral ou compulsivo) de que a amizade e a discrdia so causas; inde-terminao do primeiro motor e primeira causa do movimento. Crti-ca da perspectiva sobre a alma (a alma composta por elementos ou um elemento): incapacidade de explicao de determinadas altera-

    es da alma (e. g., tornar-se msico, memria).

    7 A gerao dos corpos homemeros

    Impossibilidade de explicar a gerao dos corpos a partir de ele-mentos sem admitir a gerao recproca dos elementos ou a gerao a

    partir de um. Dificuldades inerentes explicao da gerao dos cor-pos compostos a partir dos elementos: insuficincia da explicao dequem admite a posio de Empdocles (por composio); dificuldadeda explicao da gerao dos corpos compostos para quem admite a

    gerao recproca dos elementos (pois aquela no ocorre, como esta,por mudana de qualidades primrias pertencentes a um substratocomum); dificuldades da explicao da gerao dos corpos compostos

    para quem admite ser uma nica a matria dos elementos (se os ele-mentos no so preservados no corpo que deles resulta, o que resultaser a matria, pois a corrupo de um ou produz o outro ou produz

    a matria). Possibilidade de soluo da gerao de corpos homemerosa partir de elementos: gerao em resultado da combinao de ele-mentos que preservam as qualidades contrrias entre si numa certa

    forma de potencialidade (diferente da potencialidade da matria), i. e.num intermdio no qual nenhum contrrio existe em acto de modo

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    26/177

    25

    completo. Soluo da gerao dos corpos homemeros: os contrriosso mutuamente afectados, produzindo: (a) os elementos; (b) a partirdos elementos, ao atingirem uma situao intermdia, os corposhomemeros.

    8 A existncia de todos os elementos em cada corpo homemero

    Os corpos compostos contm todos os corpos simples: existnciade terra e gua em todos os corpos compostos; a presena num corpocomposto de um par de extremos contrrios (frio-seco da terra e frio--hmido da gua) requer a presena do par contrrio (quente-hmidodo ar e quente-seco do fogo); demonstrao com recurso ocorrnciada gerao a partir de contrrios. O fogo como o nico corpo simplesque se alimenta; o fogo como corpo simples congruente com a forma(dirigindo-se naturalmente para o limite no qual reside a sua forma).O alimento dos corpos: o que alimentado a forma contida namatria (de um alimento que, enquanto alimento, material).

    9 Os princpios da gerao e da corrupo

    Existncia de trs princpios dos corpos sublunares, idnticos emnmero e em gnero aos dos corpos celestes: (a) princpio correspon-dente causa material (aquela que pode ser ou no ser); (b) princpiocorrespondente causa formal (definio e essncia de cada coisa);(c) princpio correspondente causa eficiente. Necessidade da tercei-

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    27/177

    26

    ra causa (eficiente) na explicao da mudana. Insuficincia das ex-plicaes da gerao com recurso exclusivo a um princpio: com re-curso forma; crtica da explicao platnica; com recurso matria.

    10 A translao do Sol como causa eficiente da gerao10 e da corrupo

    Eternidade e continuidade da gerao. A translao como pri-meira espcie de mudana: anterioridade da translao relativamen-te gerao. A translao do princpio gerador (o Sol) como causada continuidade da gerao. Multiplicidade e contrariedade dos mo-vimentos que produzem gerao e corrupo: multiplicidade demons-trada pela sua direco e irregularidade; contrariedade demonstrada

    pela contrariedade da gerao e da corrupo como seus efeitos.A translao no crculo inclinado como causa da gerao e da cor-rupo. Natureza da translao no crculo inclinado: continuidade(causada pela translao do todo); dois movimentos, sc. aproxima-o do princpio gerador (causa da gerao) e afastamento (causada corrupo). Durao da gerao e da corrupo: a mistura du-rante a gerao e a irregularidade da matria como causas da irre-

    gularidade das duraes relativas da gerao e da corrupo. Consi-deraes sobre a eternidade e a continuidade da gerao e dacorrupo; a transformao recproca dos corpos como imitao datranslao circular; unicidade, imobilidade, ingerabilidade e inalte-rabilidade do motor.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    28/177

    27

    11 Necessidade, gerao e corrupo

    Existncia de coisas cuja gerao no necessria e de coisascuja gerao necessria. Necessidade hipottica e necessidade abso-luta. Reciprocidade da implicao necessria entre antecedente e con-

    sequente. Inexistncia de necessidade absoluta numa sequnciarectilnea finita ou infinita. Circularidade da gerao: demonstraocom recurso assumpo da eternidade e da necessidade de um prin-cpio da gerao (uma sequncia circular possui princpio ao regres-sar sobre si prpria). Restrio da necessidade absoluta ao movimen-to e gerao circulares. Gerao circular: regresso idntico em nmerodas coisas incorruptveis; regresso idntico em espcie (no em n-mero) das coisas corruptveis.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    29/177

    28

    BIBLIOGRAFIA

    Edies e tradues do Degeneratione et corruptione

    BEKKER, Immanuel (1831): Aristoteles Graece Ex Recensione Immanuelis Bekkeri,

    EdiditAcademia Regia Borussica Volumen Prius. Berolini,Apud Georgium Reimerum [Verlag Georg Reimer], 1831:

    314-338 [primeira edio crtica; edies recentes desta obraesto disponveis sob as designaes: (a)AristotelisOperaExRecensione Immanuelis Bekkeri, EdiditAcademia Regia Borus-sica: EditioAltera Quam Curavit Olof Gigon Volumen Pri-mum, Berolini, Apud W. de Gruyter et Socios, 1960; (b)Aris-totelisOperaEdiditAcademiaRegiaBorussica:AristotelesGraeceExRecognitioneImmanuelisBekkeri VolumenPrius, Darmstadt,Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1960; fazemos refern-cia apenas ao primeiro dos cinco volumes da obra, o qual

    contm a edio do GC].FORSTER, E. S.

    (1955): Aristotle: On Coming-to-be and Passing-away, Cam-bridge (Massachusetts); London, Harvard University Press,2000 [edio e traduo].

    JOACHIM, Harold H. (1922): Aristotle: On Coming-to-be and Passing-away (De Ge-

    nerationeetCorruptione):ARevisedTextwithIntroductionandCommentary, Oxford, Clarendon Press, 1999 [edio e co-

    mentrio; esta edio da Clarendon Press (Oxford, 1922) foitambm reimpressa pela Georg Olms Verlag (Hildesheim,1982)].

    (1930): On Generation and Corruption, in Jonathan Barnes(ed.), The Complete Works ofAristotle: The Revised OxfordTranslation, vol. I, Princeton, Princeton University Press,

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    30/177

    29

    1995 (1985): 512-554 [traduo; reedio revista e corrigidapor Barnes da OxfordTranslation, designao corrente da co-leco TheWorksofAristotleTranslatedintoEnglishundertheEditorship of W. D. Ross (Oxford, Clarendon Press), cujo

    segundo volume contm o GCna verso de Joachim].LA CROCE, Ernesto (1987): Aristteles:Acerca de la Generaciny la Corrupcin,

    Madrid, Editorial Gredos, 1998 [traduo].MIGLIORI, Maurizio

    (1976): Aristotele: La Generazione e la Corruzione: Traduzione,Introduzione e Commento, Napoli, Luigi Loffredo Editore,1976 [traduo].

    MUGLER, Charles (1966): Aristote: De la Gnration et la Corruption, Paris, Les

    Belles Lettres, 1966 [edio e traduo].PRANTL, Carl

    (1857):Aristoteles Werke Griechisch und Deutsch mit sacher-klrenden Anmerkungen Zweiter Band: Vier Bcher ber das

    Himmelsgebude und Zwei Bcher ber Entstehen und Vergehen,Leipzig, Verlag von Wilhelm Engelmann, 1857: 339-510[edio (lio de Bekker) e traduo].

    RASHED, Marwan (2005): Aristote: De la Gnration et la Corruption, Paris, Les

    Belles Lettres, 2005 [edio e traduo].TRICOT, Jules

    (1933): Aristote: De la Gnration et de la Corruption, Paris,Librairie Philosophique J. Vrin, 1998 [traduo].

    WILLIAMS, C. J. F. (1982):AristotlesDeGenerationeetCorruptioneTranslatedwith

    Notes, Oxford, Clarendon Press, 2002 [traduo e comentrio].

    Edies e tradues de outras obras de Aristteles

    CARTERON, Henri (1926):Aristote:Physique(I-IV), Paris, Les Belles Lettres, 1983

    [edio e traduo]. (1931): Aristote: Physique (V-VIII), Paris, Les Belles Lettres,

    1986 [edio e traduo].LOUIS, Pierre

    (1982a): Aristote: Mtorologiques (I-II) , Paris, Les Belles

    Lettres, 1982 [edio e traduo]. (1982b): Aristote:Mtorologiques (III-IV), Paris, Les BellesLettres, 1982 [edio e traduo].

    MARTNEZ, Jos Luis Calvo (1996): Aristteles: Fsica, Madrid, Consejo Superior de In-

    vestigaciones Cientficas, 1996 [edio e traduo].

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    31/177

    30

    MORAUX, Paul (1965): Aristote:DuCiel, Paris, Les Belles Lettres, 1965 [edi-

    o e traduo].ROSS, David

    (1924): AristotlesMetaphysics(Metaphysica), 2 vols., Oxford,Clarendon Press, 1970 [edio e comentrio; reimpresso daedio corrigida de 1953; vol. 1: 980a21-1028a6; vol. 2:1028a10-1093b29].

    (1936):AristotlesPhysics:ARevisedTextwithIntroductionandCommentary, Oxford, Clarendon Press, 1998 [edio e co-mentrio].

    YEBRA, Valentn Garca (1970/1982):MetafsicadeAristteles, Madrid, Editorial Gre-

    dos, 1987 [edio fundamentalmente baseada na de Ross(1924); alm da traduo castelhana, reproduz as tradueslatinas de Guilherme de Moerbeke (livros I-XII) e de Be-sarin (livros XIII-XIV)].

    Plato

    RIVAUD, Albert

    (1925): Platon: Time, Paris, Les Belles Lettres, 1985 [edioe traduo].

    Filsofos pr-socrticos

    BOLLACK, Jean (1965a): Empdocle, I: Introduction lAncienne Physique, Pa-

    ris, Gallimard, 1992.

    (1965b): Empdocle, II: Les Origines. dition et Traduction desFragmentsetdesTmoignages, Paris, Gallimard, 1992 [edioe traduo].

    (1965c): Empdocle,III:LesOrigines. Commentaires1et2, Pa-ris, Gallimard, 1992 [comentrio].

    DIELS, Hermann, e KRANZ, Walter (eds.) (1903/1922): DieFragmenteder Vorsokratiker, 3 vols., Berlin,

    Weidmannsche Buchhandlung, 1951 [edio de refernciados fragmentos dos filsofos pr-socrticos (DK)].

    FREEMAN, Kathleen (1957): Ancilla to the Pre-Socratic Philosophers:A CompleteTranslation of the Fragments in Diels, Fragmente der Vorso-kratiker [B-sections], Cambridge (Massachusetts), HarvardUniversity Press, 1957 [traduo das SecesBda edio deHermann Diels e Walter Kranz (1903/1922)].

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    32/177

    31

    GIANNANTONI, Gabriele, et al. (eds.) (1979): I Presocratici: Testimonianze e Frammenti, 2 vols.,

    Roma, Editori Laterza & Figli, 1999 [traduo da edio deHermann Diels e Walter Kranz (1903/1922)].

    KIRK, G. S.; RAVEN, J. E., e SCHOFIELD, M. (1983): The Presocratic Philosophers:A CriticalHistory with aSelection of Texts, trad. Carlos Alberto Louro Fonseca, OsFilsofosPr-Socrticos:HistriaCrticacomSelecodeTextos,Lisboa, Fundao Calouste Gulbenkian, 1994.

    Comentarismo antigo (GC e outras obras de Aristteles)

    BRUNS, I. (ed.)

    (1892):AlexandriAphrodisiensispraetercommentariascriptami-nora [Commentaria inAristotelem Graeca, Supplementum 2.2],Berlin, Reimer, 1892: 1-116 [edio de referncia de Alexan-dre de Afrodsias, Quaest.].

    DIELS, Hermann (ed.) (1882/1895): InAristotelisphysicorum libros commentaria:

    Simplicii inAristotelisphysicorum libros octo commentaria[CommentariainAristotelemGraeca9-10], Berlin, Reimer, 1882(vol. 9): 1-800; 1895 (vol. 10): 801-1366 [edio de referncia

    de Simplcio, In Ph.].VITELLI, H. (ed.) (1897): Ioannis Philoponi inAristotelis libros degeneratione et

    corruptione commentaria [Commentaria inAristotelem Graeca14.2], Berlin, Reimer, 1897: 1-314 [edio de referncia deFilpono, In GC].

    Estudos

    ALGRA, Keimpe (2004): On Generation and Corruption I.3: Substantial

    Change and the Problem of Not-Being, inFrans de Haas eJaap Mansfeld (2004): 91-121.

    ANSCOMBE, G. E. M. (1953): The Principle of Individuation, inJonathan Barnes,

    Malcolm Schofield e Richard Sorabji (1979), 88-95 [reediode Proceedings of theAristotelian Society, Suplementary Vo-lume 27 (1953): 83-96].

    ANTON, John Peter (1957): Aristotles Theory of Contrariety, London, Routledgeand Kegan Paul, 1957.

    BARNES, Jonathan; SCHOFIELD, Malcolm, e SORABJI, Richard (eds.) (1979): Articles onAristotle: 3. Metaphysics, London, Duck-

    worth, 1979.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    33/177

    32

    BEERE, Jonathan (1996): Potentiality and the Matter of Composite Substan-

    ces, Phronesis51 (2006): 303-329.BERRYMAN, Sylvia

    (2002): Democritus and the Explanatory Power of the Void,inVictor Caston e Daniel W. Graham (2002): 183-191.BOBIK, Joseph

    (1963): Matter and Individuation, in Ernan McMullin(1963): 277-294.

    BODS, Richard (2005): La Substance Premire de Catgories Mtaphy-

    sique, in Michel Narcy e Alonso Tordesillas (2005): 131--144.

    BODNR, Istvn M. (1997): Movers and Elemental Motions in Aristotle, Oxford

    Studies inAncientPhilosophy15 (1997): 81-117. (1998): Atomic Independence and Indivisibility, Oxford

    Studies inAncientPhilosophy16 (1998): 35-61.BOGAARD, Paul A.

    (1970): Heaps or Wholes: Aristotles Explanation of Com-pound Bodies, Isis 70 (1979): 11-29.

    BOGEN, James (1992): Change and Contrariety in Aristotle, Phronesis 37

    (1992): 1-21. (1995): Fire in the Belly: Aristotelian Elements, Organisms,

    and Chemical Compounds, in Frank A. Lewis e RobertBolton (1996): 183-216.

    BOLZN, J. E. (1976): Aristoteles, De generatione et corruptione, 333a13-

    -15, Journal of theHistory of Philosophy 14 (1976): 202-204.BOS, Abraham Paulus

    (1973): On the Elements:Aristotles Early Cosmology, Assen,

    Van Gorcum, 1973.BOSTOCK, David

    (1995): Aristotle on the Transmutation of the Elements inDeGenerationeetCorruptioneI.1-4, OxfordStudiesinAncientPhilosophy13 (1995): 217-229 [reed. inDavid Bostock (2006):19-29].

    (2001): Aristotles Theory of Matter, inDemetra Sfendoni--Mentzou, Jagdish Hattiangadi e David M. Johnson (2001):3-22 [reed. inDavid Bostock (2006): 30-47].

    (2006): Space, Time,Matter, and Form: Essays onAristotlesPhysics, Oxford, Clarendon Press, 2006. (2006a): A Note on Aristotles Account of Place, inDavid

    Bostock (2006): 128-134. (2006b): Aristotles Theory of Form, in David Bostock

    (2006): 79-102.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    34/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    35/177

    34

    (2004): On GenerationandCorruptionI.5, inFrans de Haase Jaap Mansfeld (2004): 171-193.

    COHEN, Sheldon M. (1994): Aristotle on Elemental Motion, Phronesis39 (1994):

    150-159.COOK, Kathleen C. (1977): Aristotle onMatter and Coming to Be, Ph. D. Diss.,

    Princeton University, 1977. (1989): The Underlying Thing, the Underlying Nature and

    Matter: Aristotles Analogy in PhysicsI 7,Apeiron22 (1989):105-119.

    COOPER, John M. (2004): A Note on Aristotle on Mixture, inFrans de Haas

    e Jaap Mansfeld (2004): 315-326.CROWLEY, Timothy J.

    (2005): On the Use of Stoicheionin the Sense of Element,OxfordStudies inAncient Philosophy29 (2005): 367-394.

    (2008): Aristotles So-Called Elements, Phronesis53 (2008:223-242

    CRUBELLIER, Michel (2004): On GenerationandCorruptionI.9, inFrans de Haas

    e Jaap Mansfeld (2004): 267-288.CURD, Patricia

    (2002): The Metaphysics of Physics: Mixture and Sepa-ration in Empedocles and Anaxagoras, inVictor Caston eDaniel W. Graham (2002): 139-158.

    DE HAAS, Frans, e MANSFELD, Jaap (eds.) (2004): AristotlesOn Generation and Corruption I, Oxford,

    Clarendon Press, 2004.DONINELLI, Antonella

    (2006): Dal non-essere allessere: Generazione naturale ed eternitdel mondo nel De Generatione et Corruptione di Aristotele,

    Soveria Mannelli, Rubbettino Editore, 2006.DRING, Ingemar

    (1966): Aristoteles: Darstellung und Interpretation seines Den-kens, trad. Pierluigi Donini, Aristotele, Milano, Mursia Edi-tore, 1995.

    DYE, James Wayne (1978): Aristotles Matter as a Sensible Principle, Interna-

    tionalStudies inPhilosophy10 (1978): 59-84.FEREJOHN, Michael

    (1994): The Definition of Generated Composites in Aris-totles Metaphysics, in Theodore Scaltsas, David Charles eMary Louise Gill (1994): 291-318.

    FINE, Kit (1994): A Puzzle Concerning Matter and Form, in Theo-

    dore Scaltsas, David Charles e Mary Louise Gill (1994): 13-40.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    36/177

    35

    (1995): The Problem of Mixture, inFrank A. Lewis e Ro-bert Bolton (1996): 82-182.

    (1998): Mixing Matters, inDavid S. Oderberg (1999): 65-75.FISK, Milton

    (1963): Primary Matter and Unqualified Change, inErnanMcMullin (1963): 214-243.FREDE, Dorothea

    (2004): On GenerationandCorruptionI.10: On Mixture andMixables, inFrans de Haas e Jaap Mansfeld (2004): 289-314.

    FURLEY, David (1987): TheGreekCosmologists. I:TheFormationoftheAtomic

    Theory and its Earliest Critics, Cambridge, Cambridge Uni-versity Press, 1997.

    FURTH, Montgomery (1988): Substance,FormandPsyche:AnAristoteleanMetaphy-

    sics, Cambridge, Cambridge University Press, 1988.GIANNANTONI, Gabriele

    (1998): Linterpretazione aristotelica di Empedocle, Elen-chos19 (1998): 361-411.

    GILL, Mary Louise (1989): Aristotle on Substance: The Paradox of Unity, Prince-

    ton, Princeton University Press, 1989. (1994): Individuals and Individuation in Aristotle, in

    Theodore Scaltsas, David Charles e Mary Louise Gill (1994):55-71.

    (1997): Classical Theories of Matter, in Donald J. Zeyl(1997): 322-325.

    GRAHAM, Daniel W. (1987): The Paradox of Prime Matter,JournaloftheHistory

    ofPhilosophy25 (1987): 475-490. (1996): The Metaphysics of Motion: Natural Motion in

    Physics II and Physics VIII, in William Wians (1996): 171-

    -192.HASLANGER, Sally

    (1994): Parts, Compounds, and Substantial Unity, inTheo-dore Scaltsas, David Charles e Mary Louise Gill (1994): 129--170.

    HEINAMAN, Robert (1995): Activity and Change in Aristotle, Oxford Studies

    inAncientPhilosophy13 (1995): 187-216. (1998): Alteration and Aristotles Activity-Change Dis-

    tinction, OxfordStudiesinAncientPhilosophy16 (1998): 227--257.HEINEMANN, Gottfried

    (2001): Nature, Matter and Craft in Aristotle, inDemetraSfendoni-Mentzou, Jagdish Hattiangadi e David M. Johnson(2001): 23-36.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    37/177

    36

    HINTON, Beverly (1997): The Role ofMatter inAristotlesMetaphysics, Ph. D.

    Diss., Marquette University (Milwaukee, Wisconsin), 1997.HOFFMAN, Joshua, e ROSENKRANTZ, Gary S.

    (1998): On the Unity of Compound Things: Living andNon-living, inDavid S. Oderberg (1999): 76-102.HUSSEY, Edward

    (2004): On GenerationandCorruptionI.8, inFrans de Haase Jaap Mansfeld (2004): 243-265.

    JUDSON, Lindsay (ed.) (1991): Aristotles Physics:A Collection of Essays, Oxford,

    Clarendon Press, 1995.KING, Hugh R.

    (1956): Aristotle Without PrimaMateria, Journal of theHistoryof Ideas17 (1956): 370-389.KINGSLEY, Peter

    (1994): Empedocles and his Interpreters: The Four-ElementDoxography, Phronesis39 (1994): 235-254.

    KOUREMENOS, Theokritos (2002): Aristotles Argument Against the Possibility of

    Motion in the Vacuum (Phys. 215b19-216a11), WienerStudien: Zeitschriftfr Klassische Philologie, Patristik und

    LateinischeTradition115 (2002): 79-110.LACEY, A. R. (1965): The Eleatics and Aristotle on Some Problems of

    Change, Journal of theHistory of Ideas 26 (1965): 451-468.LE BLOND, J. M.

    (1939): LogiqueetMthodechezAristote:tudesurlaRecherchedesPrincipesdans laPhysiqueAristotlicienne, Paris, LibrairiePhilosophique J. Vrin, 1996.

    LEJEWSKI, Czeslaw

    (1963): The Concept of Matter in Presocratic Philosophy,inErnan McMullin (1963): 45-56.LEWIS, Frank A.

    (1994): Aristotle on the Relation between a Thing and itsMatter, inTheodore Scaltsas, David Charles e Mary LouiseGill (1994): 247-277.

    (1995): Aristotle on the Unity of Substance, in FrankA. Lewis e Robert Bolton (1996): 39-81.

    LEWIS, Frank A., e BOLTON, Robert (eds.)

    (1996): Form,Matter,andMixtureinAristotle, Oxford, Black-well Publishers, 1996 [reed. corrigida de PacificPhilosophicalQuarterly, 76:3-4 (1995)].

    LOUX, MICHAEL J. (1979): Form, Species and Predication inMetaphysics, H

    and , Mind88 (1979): 1-23.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    38/177

    37

    LOWE, E. J. (1998): Form without Matter, inDavid S. Oderberg (1999):

    1-21.LUYTEN, Norbert

    (1963): Matter as Potency, inErnan McMullin (1963): 122--143.MANSFELD, Jaap

    (1972): Ambiguity in Empedocles B17, 3-5: A Suggestion,Phronesis17 (1972): 17-39.

    MCMULLIN, Ernan (ed.) (1963): The Concept ofMatter, Notre Dame, University of

    Notre Dame Press, 1963.MCMULLIN, Ernan

    (1963a): Matter as a Principle, inErnan McMullin (1963):169-213.

    (1963b): Four Senses of Potency, in Ernan McMullin(1963): 295-315.

    MINAR, Edwin L., Jr. (1963): Cosmic Periods in the Philosophy of Empedocles,

    Phronesis8 (1963): 127-145.MORENO, Antonio

    (1980): Generation and Corruption: Prime Matter andSubstantial Form, Angelicum57 (1980): 54-76.

    NARCY, Michel, e TORDESILLAS, Alonso (eds.) (2005): La Mtaphysique dAristote: Perspectives Contempo-

    raines, Paris, Librairie Philosophique J. Vrin; Bruxelles, di-tions Ousia, 2005.

    NATALI, Carlo (2004): On GenerationandCorruptionI.6, inFrans de Haas

    e Jaap Mansfeld (2004): 195-217.NIELSEN, Harry A.

    (1963): The Referent of Primary Matter, in Ernan

    McMullin (1963): 244-254.OBRIEN, Denis

    (1976): The Earliest Theories of Weight: Heavy and Light inDemocritus, Plato, and Aristotle Reconstruction, The ClassicalBulletin [Saint Louis University,Missouri] 52 (1975-1976): 49-50.

    ODERBERG, David S. (ed.) (1999): FormandMatter:ThemesinContemporaryMetaphysics,

    Oxford, Blackwell Publishers, 1999 [reed. de Ratio(New Se-ries) 11:3 (1998)].

    OLSHEWSKY, Thomas M. (2000): The Matter with Matter, in Demetra Sfendoni--Mentzou (2000): 204-219.

    OWENS, Joseph (1963): Matter and Predication in Aristotle, in Ernan

    McMullin (1963): 99-121.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    39/177

    38

    PADRN, Hector Jorge (1987): MateriayMateriales enAristteles, Rosario (Argenti-

    na), Editorial Fundacin Ross, 1987.PANCHERI, Lillian U.

    (1975): Greek Atomism and the One and the Many,Journalof theHistory ofPhilosophy13 (1975): 139-144.PYLE, Andrew

    (1995): Atomism and Its Critics: From Democritus to Newton,Bristol, Thoemmes Press, 1997.

    QUEVEDO, Steven M. (2003): Causal Slackand the Necessity of Natures:Aristotle on

    Sublunary Causation, Ph. D. Diss., University of Pittsburgh,2003.

    REA, Michael C. (1995): The Problem of Material Constitution, The Philo-

    sophicalReview104 (1995): 525-552. (1998): Sameness without Identity: An Aristotelian Solu-

    tion to the Problem of Material Constitution, in David S.Oderberg (1999): 102-115.

    RENZI, Vincent Ralph (1997): Parts, Elements, and the Concept ofMixture inAris-

    totlesDe Generatione et Corruptione, Ph. D. Diss., Colum-bia University, 1997.

    ROBINSON, H. M. (1974): Prime Matter in Aristotle, Phronesis19 (1974): 168-

    -188.ROSS, David

    (1923): Aristotle, London, Methuen & Co., 1960.SACCHI, Mario

    (1997): La Causalidad Material de los Elementos en la Ge-neracin de los Cuerpos Mixtos, Sapientia52 (1997): 203-223.

    SCALTSAS, Theodore

    (1994a): Substantial Holism, inTheodore Scaltsas, DavidCharles e Mary Louise Gill (1994): 107-128.

    (1994b): Substances and Universals inAristotlesMetaphysics,Ithaca, Cornell University Press, 1994.

    SCALTSAS, Theodore; CHARLES, David, e GILL, Mary Louise (eds.) (1994): Unity, Identity, and Explanation inAristotlesMeta-

    physics, Oxford, Clarendon Press, 2000.SEDLEY, David

    (1982): Two Conceptions of Vacuum, Phronesis27 (1982):

    175-193. (2004): On GenerationandCorruptionI.2, inFrans de Haase Jaap Mansfeld (2004): 65-89.

    SELLARS, Wilfrid (1963): Raw Materials, Subjects and Substrata, in Ernan

    McMullin (1963): 255-276.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    40/177

    39

    SFENDONI-MENTZOU, Demetra (2000): What is Matter for Aristotle: A Clothes-Horse or

    a Dynamic Element in Nature?, in Demetra Sfendoni--Mentzou (2000): 237-263.

    SFENDONI-MENTZOU, Demetra (ed.) (2000): AristotleandContemporaryScience:VolumeOne, NewYork, Peter Lang Publishing, 2000.

    SFENDONI-MENTZOU, Demetra; HATTIANGADI, Jagdish, e JOHNSON, David M.(eds.)

    (2001):AristotleandContemporaryScience:VolumeTwo, NewYork, Peter Lang Publishing, 2001.

    SHARPLES, R. W. (1979): If what is earlier, then of necessity what is later?

    Some Ancient Discussions of Aristotle, Degeneratione etcorruptione2.11, Bulletin[ofthe]InstituteofClassicalStudies[of the] Universityof London26 (1979): 27-44.

    SHARVY, Richard (1983): Aristotle on Mixtures, TheJournalofPhilosophy80

    (1983): 439-457.SMITH, J. A.

    (1921): in Aristotle, ClassicalReview35 (1921): 19.SOKOLOWSKI, Robert

    (1970): Matter, Elements and Substance in Aristotle,

    Journalof theHistoryofPhilosophy8 (1970): 263-288.SOLMSEN, Friedrich

    (1958): Aristotle and Prime Matter: A Reply to Hugh R.King, Journalof theHistory of Ideas19 (1958): 243-252.

    (1960):AristotlesSystemofthePhysicalWorld:AComparisonwithhisPredecessors, Ithaca, Cornell University Press, 1960.

    (1965): Love and Strife in Empedocles Cosmology, Phro-nesis10 (1965): 109-148.

    SUPPES, Patrick

    (1974): Aristotles Concept of Matter and Its Relation toModern Concepts of Matter, Synthese 28 (1974): 27-50.

    TAYLOR, A. E. (1928): Commentary on Platos Timaeus, Oxford, Clarendon

    Press, 1972.TRPANIER, Simon

    (2003): Empedocles on the Ultimate Symmetry of theWorld, OxfordStudies inAncientPhilosophy24 (2003): 1-57.

    VAN DER BEN, N.

    (1978): Empedocles Fragments 8, 9, 10 DK, Phronesis 23(1978): 197-215.VERDENIUS, W. J., e WASZINK, J. H.

    (1966): Aristotle On Coming-to-be and Passing-away: SomeComments, Leiden, E. J. Brill, 1968 [a edio de 1966,reimpressa em 1968, oferece uma reviso e um aumento da

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    41/177

    40

    edio original de 1946, referindo-se a edies e traduesdo GCentretanto publicadas, designadamente a de Forster(1955)].

    WHITBY, Maurice

    (1982): Quasi-Elements in Aristotle,Mnemosyne35 (1982):225-247.WIANS, William (ed.)

    (1996): Aristotles Philosophical Development: Problems andProspects, Lanham, Rowman & Littlefield Publishers, 1996.

    WIELAND, Wolfgang (1962): Die Aristotelische Physik: Untersuchungen ber die

    Grundlegung der Naturwissenschaft und die sprachlichenBedingungenderPrinzipienforschungbeiAristoteles, trad. CarloGentili, La Fisica diAristotele: Studi sullafondazione dellascienzadellanaturaesuifondamenti linguisticidellaricercadei

    principi inAristotele, Bologna, Il Mulino, 1993.WILDBERG, Christian

    (2004): On GenerationandCorruptionI.7: Aristotle on poieinandpaschein, inFrans de Haas e Jaap Mansfeld (2004): 219--242.

    WILLIAMS, C. J. F. (1972): Aristotle, Degenerationeetcorruptione319b21-4, The

    ClassicalReview22 (1972): 301-303.

    WOOD, Rega, e WEISBERG, Michael (2004): Interpreting Aristotle on Mixture: Problems about

    Elemental Composition from Philoponus to Cooper,StudiesinHistoryandPhilosophyofScience35 (2004): 681-706.

    ZEYL, Donald J. (ed.) (1997): Encyclopedia of Classical Philosophy, London, Fitzroy

    Dearborn Publishers, 1997.ZINGANO, Marco

    (2005): LOusia dans le Livre Z de la Mtaphysique, in

    Michel Narcy e Alonso Tordesillas (2005): 99-130.

    Lxicos e ndices

    ADRADOS, Francisco R. (ed.) (1980/2002): DiccionarioGriego-Espaol, vols. I[-] VI

    [-], Madrid, Instituto de Filologia Consejo Superior de Investigaciones Cientficas, 1980-2002.

    BAILLY, Anatole; CHANTRAINE, Pierre, e SCHAN, P. (1894/1950): DictionnaireGrec-Franais, Paris, Hachette, 1985.BONITZ, Hermann

    (1870): IndexAristotelicus [Aristotelis Opera Ex RecensioneImmanuelisBekkeri,EdiditAcademiaRegiaBorussica Vol. V],Berlin, W. de Gruyter, 1961.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    42/177

    41

    LIDDELL, Henry G.; SCOTT, Robert; JONES, Henry S., e MCKENZIE, Roderick (1843/1996):AGreek-EnglishLexicon(WithaRevisedSupple-

    ment 1996), Oxford, Clarendon Press, 1996.

    Outros textos referidos

    FRAENKEL, H. (1961): Apollonii RhodiiArgonautica, Oxford, Clarendon

    Press, 1961 [edio de Apolnio de Rodes, Argonautica].VIAN, Francis, e DELAGE, mile

    (1974/1981):ApolloniosdeRhodes:Argonautiques, 3 vols., Pa-ris, Les Belles Lettres, 2002 [edio e traduo de Apolniode Rodes, Argonautica; reimpresso da segunda edio,revista e aumentada; edio e comentrio de F. Vian; tra-duo de . Delage (cantos I-III); traduo de F. Vian e. Delage (canto IV)].

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    43/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    44/177

    SOBRE A GERAOE A CORRUPO

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    45/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    46/177

    LIVRO I

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    47/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    48/177

    47

    1. l Sobre a gerao e a corrupo 1 das coisas que pornatureza se geram e corrompem, h que distinguir, de modo

    uniforme para todas, as respectivas causas e definies 2, assimcomo, sobre o aumento 3 e a alterao 4, o que cada um e se de supor l que a natureza da alterao e da gerao a mes-ma ou diferente 5, acompanhando a diferena dos nomes.

    De entre os antigos, uns afirmam que a chamada gera-o simples 6 alterao, ao passo que outros defendem quea alterao e a gerao so diferentes. Com efeito, os que afir-mam que o universo 7 algo uno, entendendo que todas as

    coisas se geram a partir de uma, so obrigados l a declarar quea gerao alterao e que o que gerado , em sentido pr-prio, alterado. Em contrapartida, para os que defendem que amatria mais do que uma, como Empdocles, Anaxgoras eLeucipo, a gerao e a alterao tm de ser diferentes.

    No entanto, Anaxgoras ignorou a linguagem apropriada,pois diz que a gerao e a destruio so o mesmo que l aalterao 8, apesar de afirmar, tal como os outros, que os ele-mentos 9 so mltiplos. Para Empdocles, os elementos corp-

    314a

    5

    10

    15

    1 , palavras iniciais que do ttulo obrae cuja traduo latina, pela qual actualmente referida, Degenerationeetcorruptione.

    2 .3 .4 .

    5 . Lit., separada.6 .7 . Lit., o todo.8 Cf. Fr. DK59 B17.9 . Aristteles define os elementos como as primeiras coi-

    sas, especificamente indivisveis em outras espcies, a partir das quais as

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    49/177

    48

    reos 10 so quatro, embora na totalidade, juntamente com osprincpios motores 11, perfaam o nmero de seis, ao passo que,para Anaxgoras, assim como para Leucipo e Demcrito, soem nmero infinito. que Anaxgoras postula como elemen-

    tos as homeomerias 12, tais como o osso, a carne, l a medula eas restantes coisas em que a parte sinnima com cada uma 13.Por seu lado, Demcrito e Leucipo dizem que a partir decorpos indivisveis 14 que os restantes so compostos, e que,sendo aqueles infinitos, quer em quantidade, quer quanto srespectivas formas, estes diferem uns dos outros em funo dos

    20

    outras coisas so compostas, ou, inversamente, as ltimasem que estas sedividem sem que aquelas possam ainda ser divididas em outras coisasespecificamente diferentes cf. Metaph. V[].3, 1014a26-34. No mesmosentido, em Cael. III.3, 302a15-18 Aristteles define elemento do seguintemodo: , , ( , ), sejaelementoocorponoqualos outros corpos se dividem, que neles se encontra empotncia ou em acto (emqualdestes modos, estaindapor decidir), sendo eleprprio indivisvel em cor-

    posdiferentesemespcie. No entanto, como assinala Hinton (1997: 146-147),it should be noted that while elements are simple in that they are notcapable of further division, they are not simple in definition. Each elementis made up of a yoke of two qualities. [] Aristotle asserts that an elementis whatever is lowest in determination in terms of nature, not in terms ofdetermination in general. Therefore, the elements are not the lowest levelof determination; they are simply the lowest level of separated existences.

    10 .11 . Lit., os motores. Para Empdocles, estes motores se-

    riam a amizade e a discrdia.12 , termo atribudo por Aristteles a Anaxgoras,

    habitualmente vertido por homeomeriasou coisashomemeras. Significa coi-sas compartes semelhantes, pois cada uma das respectivas partes () semelhante () ao todo.

    13 , ou seja, coisas cujas par-tes possuem o mesmo nomee a mesma definioque o todo. Uma parte de

    osso, por exemplo, designada e definida como o todo de que parte,i. e.,como osso. Para a definio de sinonmia, cf. Cat. 1, 1a6-7: .

    14 . Trata-se dos chamados indivisveis () ou tomos ( ).

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    50/177

    49

    corpos de que se compem e em funo da posio 15 e daordem 16 dos mesmos.

    Os seguidores de Anaxgoras parecem defender posiescontrrias l s dos seguidores de Empdocles. Este ltimo afir-

    ma, com efeito, que o fogo, a gua, o ar e a terra so os quatroelementos e que so simples, mais do que a carne, os ossos equaisquer dos homemeros 17, ao passo que os seguidores deAnaxgoras dizem que estes ltimos que so os elementossimples, enquanto a terra, o fogo, a gua e o ar so compos-tos, l contendo todas as sementes 18 daqueles 19.

    Deste modo, aqueles que constroem todas as coisas a par-tir de uma nica so obrigados a afirmar que a gerao e a

    corrupo so alterao, pois o substrato permanece semprecomo sendo um e o mesmo (dizendo ns que se altera 20). Paraaqueles que, ao invs, concebem uma pluralidade de gne-ros 21, l a alterao difere da gerao, pois a gerao e a cor-rupo resultam da sua juno 22 e separao 23. Por isso dizEmpdocles, neste sentido, que de nenhuma coisa h nasci-mento 24, mas somente mistura 25 e separao 26de coisas mis-turadas 27. , pois, evidente que, nestes termos, o discurso des-

    tes pensadores adequado hiptese que assumem, l e que neste sentido que o formulam. No entanto, tambm eles so

    25

    314b

    5

    10

    15 .16 .17 , ou seja, dos corpos homemeros.18 .19 , sc. (314a28).20 Ou seja, dizendo ns que se altera sempre que h gerao ou cor-

    rupo.21 . Aristteles refere-se aos gnerosdoselementosou aos pr-

    prios elementos. Embora com alguma raridade, pode ocorrer noplu-ral com o sentido preciso de elementos, assim sendo no Timeu de Plato,por exemplo (Ti. 54b6-7: , os quatrogneros).

    22 .23 .

    24 .25 .26 . O termo assume em Empdocles o sentido de separa-

    o, no o sentido habitual de troca, intercmbio ou conciliao.27 Fr. DK31 B8, vv. 1, 3. Aristteles regressa a esta citao em

    333b14-15.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    51/177

    50

    obrigados a reconhecer que a alterao diferente da gerao,embora tal seja impossvel de conciliar com as suas afirmaes.

    fcil compreender que o que afirmamos correcto. Domesmo modo que podemos observar a mudana de grande-

    za 28, chamada aumento ou diminuio, de uma substn-cia que, em si mesma, permanece em repouso, l assim tambmpodemos observar a alterao. No entanto, partindo do que de-fendem aqueles que postulam mais do que um princpio, a al-terao impossvel. Pois as afeces de que dizemos resultara alterao so diferenas dos elementos, por exemplo quente--frio, branco-negro, seco-hmido, macio-duro e l todas as ou-tras, como Empdocles tambm refere: o Sol por toda a parte

    brilhante vista e quente, e a chuva sobre todas as coisas es-cura e fria 29, distinguindo de modo semelhante as restantesafeces.

    Assim sendo, se no possvel que a gua se gere a partirdo fogo, nem a terra a partir da gua, to-pouco ser possvelgerar-se o negro a partir do branco ou o duro a partir do ma-cio, l aplicando-se o mesmo raciocnio aos restantes casos. Noentanto, nisto que a alterao consiste 30.

    Claramente, resulta que temos sempre de supor uma ma-tria nica em relao aos contrrios, quer a mudana seja re-lativa ao lugar, quer seja relativa ao aumento e diminuio,quer seja relativa alterao. Para mais, to necessrio queisto seja assim como que haja alterao. Pois, se houveralterao, l o substrato ser um elemento nico, ou seja, have-r uma matria nica para todas as coisas que admitem mu-dana recproca; e, do mesmo modo, se o substrato for nico,existir alterao.

    Empdocles parece, portanto, entrar em contradio tantocom os factos como consigo prprio. l Nega, por um lado, quealgum dos elementos se gere a partir de outro, afirmando, emcontrapartida, que todas as coisas se geram a partir deles, aomesmo tempo que, por outro lado, depois de reconduzir unidade a totalidade da natureza, com excepo da discrdia,

    15

    20

    25

    315a

    5

    28 .29 Fr. DK31 B21, vv. 3, 5.30 De acordo com o presente argumento, a teoria de Empdocles

    acaba por tambm excluir a identidade da gerao e da corrupo com aalterao.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    52/177

    51

    defende que todas as coisas se geram outra vez a partir daunidade. Deste modo, claramente a partir de uma certa coisanica que, separando-se devido a certas diferenas e afeces,uma coisa se torna gua e outra l fogo, tal como entende ao

    dizer que o Sol brilhante e quente e a terra pesada e dura.Suprimindo estas diferenas (pois so suprimveis, uma vez queso geradas), torna-se evidentemente necessrio que a terra segere a partir da gua e a gua a partir da terra, o mesmo ocor-rendo com cada um dos restantes elementos, e isto no apenasoutrora 31, mas ainda agora, l na medida em que mudam nassuas afeces. Nos seus termos, estes elementos possuem a ca-pacidade de se juntar e novamente se separar, sobretudo por-

    que a discrdia e a amizade ainda esto em luta uma com aoutra. Eis por que eles foram outrora gerados a partir do uno,pois certamente o fogo, a terra e a gua no existiam quando ouniverso era uno.

    pouco claro se l se lhe deve atribuir como princpio ouno ou o mltiplo, quero dizer, o fogo, a terra, e seus cong-neres 32. Na medida em que subjaz como matria 33 a partirda qual, por mudana causada pelo movimento, se geram a

    terra e o fogo , o uno um elemento34

    . Em contrapartida,na medida em que o uno gerado a partir da composio re-sultante da unio daqueles, os quais provm por sua vez dasua separao, estes so mais elementares e l anteriores em na-tureza.

    2. Falemos, pois, de um modo geral, sobre a gerao e acorrupo simples se existem ou no e como ocorrem , etambm sobre os outros movimentos, 35como o aumento e aalterao.

    10

    15

    20

    25

    31 , referindo-se Aristteles ao suposto momento em que, deacordo com a sua interpretao de Empdocles, teria ocorrido a separa-o dos elementos.

    32 .

    33 .34 .35 . Passo considerado esprio, objecto de

    vrias tentativas de correco ao longo da transmisso do texto. Comoassinala Joachim (1922: 70), It is difficult, if not impossible, to defend theaccusative here, since the examples are in the genitive. Bekker corrige

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    53/177

    52

    Plato examinou a gerao e l a corrupo apenas namedida em que ocorrem nas coisas, e no considerou a gera-o na sua totalidade 36, mas somente a dos elementos 37. Nadadisse sobre o modo como se geram as carnes, os ossos ou ou-

    tras coisas semelhantes, nem to-pouco sobre o modo como aalterao e o aumento ocorrem nas coisas.

    Em geral, ningum se debruou sobre nenhum destes as-suntos a no ser de modo superficial, com excepo l de De-mcrito. Este, porm, parece ter reflectido sobre todos eles, ldistinguindo-se desde logo pelo modo como o fez. Pois, comodizemos, no s ningum disse nada definido sobre o aumentoque no pudesse ser dito por qualquer pessoa ao acaso 38, no-

    meadamente, que as coisas aumentam por adio do semelhan-te ao semelhante (nada dizendo, porm, sobre o modo comotal ocorre), como ningum explicou a mistura 39 nem, por as-sim dizer, nenhum dos restantes problemas, por exemplo, ldeque modo, no caso da aco e da paixo, uma coisa exerceaco e outra padece as aces naturais.

    Demcrito e Leucipo, porm, postulando as figuras 40, de-las fazem resultar a alterao e a gerao, sendo a gerao e a

    corrupo explicadas pela sua associao41

    e separao42

    , e aalterao pela sua posio 43e ordem 44. Uma vez que acredita-vam que a verdade l reside na aparncia sensvel 45, e que as

    30

    35

    315b

    5

    10

    lendo os genitivos (sendo a sua pro-posta de correco do acusativo , lido a partir dos Mss. EFL), o queresultaria em sobreosoutrosmovimentossimples. Rashed mantm a lio

    de Joachim e dos principais mss., . No entanto,para alm da questo textual, ocorre neste passo um problema filosficode relevo que parece justificar as tentativas de correco, designadamenteo facto de (ou ), os outros, assimilar a gerao e acorrupo a um movimento.

    36 .37 Cf. Ti. 52d sqq.38 .39 .

    40 .41 .42 .43 .44 .45 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    54/177

    53

    aparncias 46so contrrias e inumerveis, conceberam as figu-ras como sendo inumerveis 47, pelo que devido a mudanasdo composto que a mesma coisa parece contrria a uma e aoutra pessoa, e transmutada por pequeno que seja o que se

    lhe misture, e pode parecer completamente diversa devido transmutao de um nico constituinte pois com as mes-mas letras que se compe uma tragdia l e uma comdia.

    Todavia, uma vez que a quase todos parece que a geraoe a alterao so diferentes, e que as coisas se geram e corrom-pem por associao e separao e se alteram por transmutaodas suas afeces, teremos de nos deter a considerar estas ques-tes, pois elas encerram dificuldades simultaneamente nume-

    rosas e razoveis 48. l Se, por um lado, a gerao for uma as-sociao 49, seguir-se-o muitas consequncias impossveis. Emcontrapartida, h outros argumentos, constringentes e de dif-cil refutao, segundo os quais a gerao no pode ser outracoisa. Se, por outro lado, a gerao no for uma associao, oua gerao no ser em absoluto outra coisa que alterao, outambm teremos de tentar resolver esta questo, por difcil queseja.

    A origem l de todos estes problemas est em saber se osentes se geram, alteram, aumentam e sofrem as corresponden-tes mudanas contrrias porque as coisas primrias so gran-dezas indivisveis 50 ou se, pelo contrrio, no h nenhumagrandeza indivisvel. Esta questo possui a mxima importn-cia. Alm disso, se houver tais grandezas, sero corpos, comopara Demcrito e Leucipo, l ou superfcies 51, como no Ti-meu? 52 Ora, quanto a esta ltima posio, absurdo, comodefendemos em outros escritos 53, decompor 54as coisas at s

    15

    20

    25

    30

    46 .47 , em nmero infinito ou inumerveis. De acordo com uma

    nota de Tricot a este passo (1933: 11, n. 1), as figuras seriam infinitas emnmero e nas respectivasformas.

    48 , razoveis, no sentido de serem compreensveis e discut-veispor meiode argumentos.

    49 .50 .51 , superfcies ou figurasplanas.52 Ti. 53c sqq.53 Cael. III.1, 299a1.54 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    55/177

    54

    superfcies. Mais razovel ser, portanto, afirmar a existnciade corpos indivisveis 55, embora tambm estes tenham muitasconsequncias absurdas. No entanto, para estes filsofos 56, possvel conceber a alterao e a gerao, tal como disse-

    mos 57, l por meio da transmutao 58 de um mesmo corpoquanto orientao 59, ao contacto 60e l s diferenas das suasfiguras 61, como faz Demcrito (por isso ele nega que a cor exis-ta, sendo por orientao 62 que as coisas adquirem cor), aopasso que a mesma explicao j no possvel para aquelesfilsofos que dividem os corpos em superfcies, pois nada segera, com excepo dos slidos, por composio 63 de superf-cies; e eles, de resto, no tentam explicar a gerao de uma

    afeco a partir das superfcies. lA falta de experincia 64 causa da reduzida capacidadede compreender 65 os factos reconhecidos 66. Por este motivo,aqueles que esto mais familiarizados com os fenmenos natu-rais tm uma maior capacidade de estabelecer os princpios quepermitem abranger a maior quantidade de fenmenos. Emcontrapartida, aqueles cujo excesso de argumentos desviou da

    35316a

    5

    55 .56 . Lit., para estes. De modo diferente da maior parte dos

    tradutores (sendo Williams a nica excepo conhecida), no optmos porler em (315b33) um dativo instrumental, referente aos corposindivisveis (comestescorposoupormeiodestescorpos). De acordo com estapossibilidade de traduo, os corpos indivisveis permitiriam estabelecer(ou conceber) a alterao e a gerao. Entendemos que se refere aDemcrito e Leucipo e deve ser vertido por para estesfilsofos (de resto,

    aqueles paraquemoscorposindivisveispermitemexplicaraalteraoeagera-o). Esta verso de em 315b33 por para estesfilsofos parece serconfirmada pela sequncia do texto, uma vez que, em 316a2, surge , que vertemos por aopassoqueparaosfilsofos(i. e.,paraaquelesfilsofosquedividem os corpos em superfcies).

    57 Cf. 315b6-9.58 .59 .60 .

    61 . Cf. Metaph. I[].4, 985b12-19.62 Pela orientao ou colocao () dos corpos indivisveis.63 .64 .65 .66 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    56/177

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    57/177

    56

    Uma dificuldade surgir, com efeito, l se se supuser aexistncia de um corpo ou grandeza totalmente divisvel 73e apossibilidade desta diviso. O que haver, ento, que possaescapar diviso? Pois se um corpo fosse totalmente divisvel

    e tal diviso fosse possvel, poderia ser totalmente dividido aomesmo tempo 74, ainda que as divises no ocorressem simul-taneamente e se tal pudesse acontecer, no seria impossvel.Deste modo, se o corpo fosse por natureza totalmente divis-vel, l quer se trate de diviso em metades ou de diviso emgeral, nada de impossvel resultaria ao ser dividido, pois mes-mo que fosse inmeras vezes dividido em inmeras partes 75oresultado no seria impossvel, ainda que provavelmente nin-

    gum o pudesse levar a cabo.Admitindo, porm, que o corpo seja totalmente divisvel,suponhamo-lo dividido. O que poder restar? Uma grandeza?Tal no ser possvel, pois haveria l algo que no teria sidodividido, e admitimos que o corpo era totalmente divisvel. Noentanto, se no restasse corpo nem grandeza e houvesse divi-so, ou o corpo seria constitudo por pontos 76, sendo despro-vidas de grandeza 77as coisas de que fosse composto, ou nada

    seria em absoluto, pelo que, neste caso, o corpo de nada seriaproveniente e de nada seria composto, e o seu todo nada maisseria do que aparncia 78. De igual modo, se o corpo fosse cons-titudo l por pontos, no teria quantidade. Pois quando ospontos estivessem em contacto e se formasse uma grandezanica, mantendo-se eles juntos, o todo no se tornaria maior.Com efeito, se fosse dividido em duas ou mais partes, o todo

    15

    20

    25

    30

    73 .74 .75 , mantendo a lio dos mss., defen-

    dida e largamente justificada por Verdenius e Waszink (1966: 9-11), econsiderando desnecessria a conjectura de Joachim em 316a22, (inmeras partes inmeras vezes divididas). Lit., significa dezmil vezesdezmil, sendo esta uma forma habitual de refern-

    cia a quantidades superiores a (dez mil),por si s um nmero uti-lizado para referncia a quantidades muito elevadas e cabalmente incon-tveis.

    76 .77 .78 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    58/177

    57

    no se tornaria menor nem maior do que antes. Em consequn-cia, mesmo que todos os pontos se juntassem, no formariamnenhuma grandeza.

    Em contrapartida, se a diviso do corpo originasse algo

    semelhante a serradura, l e da grandeza assim resultasse algu-ma coisa corprea 79, valeria o mesmo argumento pois emque sentido seria esta ltima divisvel? Se, porm, no resul-tasse uma coisa corprea 80, mas alguma forma separvel ouuma afeco, e a grandeza fosse constituda por pontos oucontactos 81 que possussem tal afeco 82, seria absurdo l queuma grandeza fosse constituda por coisas que no so gran-dezas 83. Alm disso, onde estariam os pontos? E seriam im-

    veis ou estariam em movimento? Um contacto ocorre sempreentre duas coisas, pelo que h sempre alguma coisa alm docontacto, da diviso ou do ponto.

    Por conseguinte, se se supuser que qualquer corpo, qual-quer que seja o seu tamanho, totalmente divisvel, sero es-tas as consequncias. Alm disso, se eu reconstituir l um pe-dao de madeira ou algum outro corpo que tenha dividido, elevoltar a ser igual e uno. Ser claramente assim, qualquer que

    seja o ponto em que eu corte o pedao de madeira. Este ,portanto, totalmente divisvel em potncia. O que h [na ma-deira], ento, alm da diviso? Se houver alguma afeco, comopoder [o pedao de madeira] decompor-se em afeces e ge-rar-se a partir delas? Ou como podem elas estar separadas? Emconsequncia, se impossvel l que as grandezas sejam consti-tudas por contactos ou por pontos, tero necessariamente deexistir corpos e grandezas indivisveis. No entanto, tambmaqueles que defendem esta posio incorrem em consequnciasno menos impossveis, as quais foram examinadas em outrosescritos 84. Mas h que tentar resolver estes problemas 85, pelo

    316b

    5

    10

    15

    79 . Lit., algum corpo resultasse.80 . Lit., no resultasse um corpo.81 .

    82 .83 .84 Ph. VI.1, 231a21 sqq.; Cael. III.4, 303a3 sqq.85 Referncia ao impasse criado entre as consequncias impossveisda

    tese atomista da existncia de corpos e grandezas indivisveis e as conse-quncias igualmente impossveisda suposio de uma divisibilidade infinita.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    59/177

    58

    que temos de retomar novamente a dificuldade a partir doprincpio.

    Por um lado, no absurdo que todo o corpo sensvelseja l divisvel em qualquer ponto 86 e indivisvel, pois a pri-

    meira qualidade pertencer-lhe- em potncia e a segunda emacto 87. Por outro lado, parecer impossvel que, em potncia,um corpo seja divisvel na totalidade simultaneamente 88. Sefosse possvel, [a diviso] poderia ocorrer (no com a conse-quncia de o corpo ser em acto indivisvel e dividido, as duascoisas simultaneamente, mas com a de ser dividido l em qual-quer ponto). Ento nada restaria e o corpo corromper-se-ianaquilo que incorpreo, assim como, em sentido inverso,

    poderia gerar-se a partir de pontos, ou, em geral, a partir denada. Mas como seria isso possvel? seguramente claro, no entanto, que o corpo divisvel

    em grandezas separveis e cada vez menores, ou seja, em par-tes isoladas 89e separadas 90. l Assim sendo, num processo dediviso em partes, o fraccionamento 91 no poder prosseguirat ao infinito, nem o corpo poder ser dividido em todos ospontos simultaneamente (pois tal no possvel), mas somente

    at um determinado limite. Em consequncia, necessrio queno corpo existam grandezas indivisveis 92que no so visveis,sobretudo se a gerao e a corrupo ocorrerem por associa-o 93e por separao 94, respectivamente. Este , pois, o argu-mento que parece tornar necessria l a existncia de grandezasindivisveis. Mostraremos, porm, que esconde um paralo-gismo, e onde o esconde.

    20

    25

    30

    317a

    86 Por emqualquerpontotraduzimos . De notarque, segundo Verdenius e Waszink (1966: 13), nodever equivaler a . Para estes autores, It should rather becompared with Aristotles assertion that a body is completely divisibleanywhere (317a5 and 8 ), i. e., at given points successively.

    87 , . Neste sentido, ocorpo ser divisvel empotncia e indivisvel em acto.

    88 .

    89 .90 .91 .92 .93 .94 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    60/177

    59

    Dado que um ponto no contguo a outro ponto 95, asgrandezas so totalmente divisveis em certo sentido, mas noem outro. Quando admitimos que uma grandeza totalmentedivisvel, supomos l que nela haja um ponto tanto em qual-

    quer parte como em toda a parte 96, pelo que necessariamentese seguir que a grandeza pode ser dividida at nada resul-tar pois nela existe um ponto em toda a parte, de modo que constituda por contactos ou por pontos. Mas uma grandeza totalmente divisvel apenas no sentido em que haja um pon-to em qualquer lugar e todos os pontos estejam em cada lugarcomo est cada um em particular. No entanto, no h mais doque um ponto em cada lugar (pois os pontos no so conse-

    cutivos 97), pelo que a grandeza no pode ser totalmente divi-svel. l Pois se fosse divisvel pelo meio, tambm o seria peloponto contguo ao meio, 98 porque uma marcano contgua a outra marca, nem um ponto a outro ponto 99,e isto quer se trate de diviso, quer se trate composio 100.

    5

    10

    95 .96 .97 .98 , conjectura de Joachim.99 . Se em

    ocorrncias como a de 316b20 era possvel verter por ponto, nose verifica o mesmo neste caso, dado que o termo precede duas ocorrn-cias imediatas de , cuja traduo literal , precisamente, ponto. As-sim, optmos por verter por marca, de modo a reservar o termo

    pontopara . Interessa porm assinalar que, no seu comentrio a este

    captulo, Sedley (2004: 78, n. 27) defende que as ltimas trs palavras( ) no carecem de traduo, entendendo e como sinnimos. De acordo com este autor e as suas fontes, os matem-ticos tero preferido um termo neutro para ponto ( ) a um ter-mo feminino ( ) somente com o objectivo de facilitar a distinoem relao ao termo feminino usado para linha ( ) nas refern-cias elpticas, as quais recorrem a artigos e pronomes (e. g., , sc., , sc. ).

    100 As palavras (cuja traduo

    literal seria istodivisooucomposio) no renem consenso interpretativo.Joachim (1922: 86) afirma que talvez se encontrem deslocadas, podendoser lidas depois de , em 317a13 (resultando em , : h associao e separa-o,ouseja,divisoecomposio). As tradues de Tricot e de Forster inse-rem os termos (directa ou indirectamente) na sequncia da negao da

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    61/177

    60

    Em consequncia, h associao e separao, mas no apartir de grandezas indivisveis ou nelas resultando 101 (poismuitas seriam as consequncias impossveis), nem de modo aque a diviso seja total l (o que seria possvel somente se um

    ponto fosse contguo a outro ponto). A separao resulta empartes pequenas ou mais pequenas, ao passo que a associaoresulta de partes mais pequenas.

    No entanto, a gerao simples e completa no se define 102,como alguns afirmam, pela associao e pela separao, nem aalterao uma mudana no que contnuo 103. Pelo contrrio, nisto l que todas as doutrinas erram, pois a gerao e a cor-rupo simples no ocorrem por associao e separao, mas

    quando uma coisa se transforma por inteiro em outra 104. Elespensam que toda a mudana assim ocorrida uma alterao,mas h uma diferena. Com efeito, no substrato h uma coisaque corresponde definio e outra que corresponde mat-ria. l Assim, quando a mudana ocorre nestas coisas, havergerao ou corrupo, mas quando ocorre nas afeces e aci-dental, haver alterao.

    15

    20

    25

    contiguidade: uma diviso no seria contgua a outra diviso, nem umacomposio a outra composio. Verdenius e Waszink (1966: 16) remetem para 316b25-26, onde se pode ler , que traduzimos por assimcomo,emsentidoinverso,poderiagerar-seapartirdepontos,ou,emgeral,apartirdenada. Nes-te sentido, admitindo que as palavras em causa se encontram na suaposio original (pois as lies dos mss. no variam significativamente),

    entendemos que podem significar que a privao de contiguidade de umponto em relao a outro no torna impossvel apenas a diviso total (esimultnea) de uma grandeza ou de um corpo, mas igualmente a suacomposio a partir de pontos. Tentmos vert-las de forma a manter estesentido.

    101 . Lit., no em tomos e apartir detomos.

    102 .103 . De acordo com Rashed (2005: 110, n. 7), este con-

    tnuo referente s sequncias de tomos cuja associao permanece ape-sar das mudanas de posio e de ordem (ou de colocao e de disposi-o) dos mesmos. No se trata do contnuo aristotlico referente geraoelementar, pois neste ltimo a mudana no contnuo corresponder a umprocesso de gerao e no a um processo de alterao.

    104 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    62/177

    61

    Em resultado da separao e da associao, as coisas tor-nam-se facilmente corruptveis pois quanto mais pequenasforem as gotas em que a gua se divida, mais depressa se tor-nam ar, ao passo que se as gotas se associarem, mais lentamen-

    te se tornam ar. Isto tornar-se- mais l claro em posterior tra-tamento 105. Por agora, ser suficiente que fique estabelecidoque a gerao no pode ser associao, contrariamente ao quealguns afirmam.

    3. Feitas estas distines, consideremos em primeiro lu-gar se h alguma coisa que se gere e corrompa de modo sim-ples, ou se neste sentido prprio 106 no h nenhuma, ocor-

    rendo a gerao sempre a partir de alguma coisa e resultandoem alguma coisa 107, como, por exemplo, ser saudvel a par-tir de ser doente l e ser doente a partir de ser saudvel, ouser pequeno a partir de ser grande e l ser grande a partir deser pequeno, e assim em todos os outros casos. Pois se hou-ver gerao simples, alguma coisa poder gerar-se de modosimples a partir do no-ser, pelo que ser verdadeiro afirmarque o no-ser atributo de algumas coisas. Com efeito, a

    gerao qualificada108

    ocorre a partir do no-ser qualifi-cado 109, como a partir do no-branco ou l do no-belo,ao passo que a gerao simples ocorre a partir do no-sersimples.

    30

    35

    317b

    5

    105 328a23-b22.106 . Cf. Bonitz, s. v., 416a56-58: , ipsam

    propriam ac primariam alicuius vocabuli notionem, proprium ac peculiarealicuius notionis nomen significat.

    107 . Aristteles apresenta nestes termos a al-ternativa gerao e corrupo simples (). No se trataria da ge-rao de uma nova substncia ou da corrupo de uma j existente noseu todo (cf. , 317a22), mas da gerao e da corrupo de certas qua-lificaes ou determinaes (), segundo diferentes categorias (excluin-

    do a da substncia) do ente que permanece substancialmente inalterado.Tratar-se-ia, assim, de gerao e corrupo qualificadas(ou relativas): o sersaudvel, por exemplo, gerado a partir do ser doente.

    108 . Lit., ageraode (ser)algumacoisa, i. e.,a gerao dealguma qualificao ou determinao (gerao relativa).

    109 . Lit., de no ser alguma coisa.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    63/177

    62

    Ora, simples significa ou o primeiro em cada predicaodo ser 110, ou o universal 111, ou seja, o que engloba todas ascoisas. Se, por conseguinte, [o no-ser simples] significar oprimeiro, [a gerao simples] ser a gerao de uma substncia

    a partir de uma no-substncia. Mas aquilo que no uma subs-tncia nem um ente determinado 112 claramente no pode serpredicado segundo nenhuma das outras categorias, l como aqualidade 113, a quantidade 114ou o lugar 115 (pois nesse caso asafeces existiriam separadas das substncias). Em contrapartida,se [o no-ser simples] significar o no-ser em geral 116, tal sera negao universal de todas as coisas 117, pelo que o que se geraser necessariamente gerado a partir do nada 118.

    As dificuldades relativas a estes assuntos foram expostase mais amplamente discutidas em outro lugar 119, mas, de for-ma resumida, l devemos tambm aqui referir que, em certosentido, a gerao ocorre a partir do no-ser simples, mas, emoutro sentido, ocorre sempre a partir do que . Com efeito, oque em potncia mas no em acto tem de preexistir 120, sen-do dito das duas maneiras 121.

    Apesar destas distines, temos de regressar novamente a

    uma questo que encerra uma dificuldade extraordinria122

    ,

    10

    15

    110 . Trata-se da substncia en-quanto substrato de predicao. Sobre este passo, escreve Rashed (2005:112, n. 7): Cette expression ne signifie pas ici selon chaque catgorie,mais dans chaque acte de prdication, exactement comme le de DC [Cael.] I.12, 281a31-32. Ar. noppose doncpas la substance la non-substance, la quantit la non-quantit, etc.,

    mais fait rfrence ce qui, dans chaque acteprdicatif, demeure premier:la chose, le sujet (cf. DC281a31: ) dont on affirme une quantit,une qualit, un lieu, etc. et qui se rvle tre l.

    111 .112 .113 .114 .115 .116 .

    117 .118 .119 Cf. Ph. I.6-9.120 .121 Das duas maneiras, i. e., como ser e como no-ser.122 .

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    64/177

    63

    designadamente a de saber como possvel a gerao simples,quer ocorra l a partir do que em potncia, quer ocorra dealgum outro modo. Com efeito, poder suscitar dificuldadeo facto de a gerao ser gerao da substncia, ou seja, de

    um ente determinado 123, mas no da determinao pela quali-dade 124, pela quantidade 125 ou pelo lugar 126 (e do mesmomodo em relao corrupo). Pois se alguma coisa se gera, evidente que haver, no em acto mas em potncia, umasubstncia a partir da qual a gerao ocorre e na qual l neces-sariamente se transforma 127 aquilo que se corrompe. Maspertencer-lhe- em acto algum predicado segundo as outrascategorias? 128Por outras palavras, aquilo que somente em po-

    tncia um ente determinado e existe, e que em sentido sim-ples no um ente determinado nem existe, possuir quanti-dade, qualidade ou lugar, por exemplo? Pois se no possuirnenhum predicado em acto, mas os possuir todos em potncia,resultar que o que no , entendido desta maneira 129, tenhaexistncia separada e, alm disso, aquilo que sempre causou omaior l receio e preocupao aos que primeiro filosofaram,designadamente que a gerao ocorra a partir de nada preexis-

    tente130

    . Mas se, por outro lado, apesar de no ser um entedeterminado 131 ou uma substncia, possuir algum predicado

    20

    25

    30

    123 , ou seja, deum determinado isto (indivduo).124 .125 .126 .127 , mudar,transformar(-se). Ao longo de todo o tratado

    vertemos frequentemente (assim como ) por transfor-mao e por transformar(-se).

    128 , traduzido em conformidade a 317b9-10: .

    129 , i. e.,oqueno,entendidocomonosendoumserdeterminado, em referncia a 317b27-28: .

    130 .131 . De acordo com Smith (1921: 19), would mean

    anything which is both a this and a somewhat, the two characterisationsbeing co-ordinate. x is , if it is both (a) singular and so signifiableby this and (b) possessed of a universal nature, the name of which is ananswer to the question in the category of ; in other words xis a . It is a designated somewhat a placed and datedspecimen of some definable and substantial nature or kind.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    65/177

    64

    segundo as outras categorias referidas, as afeces sero, talcomo dissemos 132, separadas das substncias.

    Devemos, portanto, discutir estes problemas na medida dopossvel, e inquirir qual a causa l da perenidade da gerao 133,

    tanto da gerao simples como da parcial 134. lHavendo uma causa que dizemos ser o princpio do

    qual provm o movimento e outra que dizemos ser a matria,consideremos esta ltima causa. Sobre a primeira foi ante-riormente dito, nos escritos sobre o movimento 135, que h aqui-lo que est imvel durante todo o tempo 136 e aquilo l que semove sempre 137. Determinar o primeiro destes princpios, oimvel, constitui tarefa de outra filosofia, designadamente da

    filosofia primeira 138. Quanto quele que, sendo continuamentemovido, move todas as outras coisas, teremos de explicardepois 139 qual das causas ditas particulares 140 apresenta estacaracterstica. Por ora, falemos da causa classificada sob a es-pcie de causa material 141, devido qual l a corrupo e a ge-rao nunca deixam de ocorrer na natureza pois se este pro-

    blema for esclarecido, talvez possamos simultaneamenteesclarecer a presente dificuldade relativa ao modo como se

    deve explicar a corrupo e a gerao simples.O prprio problema de saber qual a causa da continui-dade da gerao j apresenta uma dificuldade considervel, sede facto o que se corrompe regressa ao no-ser l e o no-serno nada (pois o no-ser no uma coisa 142, nem possui

    35

    318a

    5

    10

    15

    132 Cf. 317b10-11.133 . Lit., de sempre existirgerao.134 , referindo-se Aristteles gerao qua-

    lificada(), relativa a atributos segundo as categorias como a qualidade,a quantidade e o lugar (cf. 317b22, 26-27: , , ), em con-traste com a gerao simples (), a qual ocorre segundo a categoriada substncia.

    135 Cf. Ph. VIII.3, 5-10136 O primeiro motor imvel.137 A esfera das estrelas fixas ou primeiro cu. Cf. Ph. VIII.3, 259b33.

    138 Cf. Metaph. VI[].1, 1026a10 sqq.139 Cf. 336a34 sqq.140 .141 .142 , ou seja, alguma coisa determinada, alguma substncia em senti-

    do primeiro (indivduo).

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    66/177

    65

    qualidade, quantidade ou lugar). Se, por conseguinte, h sem-pre algum ente a desaparecer, por que motivo o universo 143seno consumiu e extinguiu h muito tempo, se for de facto li-mitado aquilo a partir do qual se gera cada uma das coisas

    geradas? No ser certamente por ser infinito aquilo a partirdo qual se gera cada coisa que a gerao no l deixa de ocor-rer. Com efeito, tal impossvel, pois nada infinito em acto,e em potncia as coisas so infinitas por diviso, pelo que serianecessrio que a gerao no deixasse de ocorrer unicamentepor se gerarem coisas cada vez menores. Mas no isto o quens vemos.

    Ser ento porque a corrupo de uma coisa a gerao

    de outra e a gerao de uma a corrupo de outra l que amudana , por necessidade, incessante? No que diz respeitoao facto de haver gerao e corrupo em todos os entes porigual, devemos admitir que esta causa adequada 144 a todoseles. Mas temos ainda de investigar por que motivo se diz quealgumas coisas se geram e corrompem de modo simples e ou-tras sem ser de modo simples, se na verdade o processo degerao l de uma coisa o mesmo que o de corrupo de

    outra, e o de corrupo de uma o mesmo que o de gerao deoutra. Este problema requer, de facto, uma explicao. Nsdizemos, com efeito, que em dado momento [alguma coisa] secorrompe em sentido simples, e no que se corrompe apenas[enquanto] determinada coisa 145, e dizemos que tal processo

    20

    25

    30

    143 . Lit., o todo.144 .145 , . Um processo de cor-

    rupo de A corresponde ao processo de gerao de B, assim como umprocesso de gerao de C corresponde ao processo de corrupo de D(cf. 318b33-34). No entanto, a linguagem adopta uma perspectiva prefe-rida (Algra, 2004: 99, n. 21), incidindo, neste exemplo, sobre a corruposimples de A (A corrompe-se)e no denotando que se corrompe apenasen-quanto A e que tal corresponde gerao de B. Tal como explica Joachim(1922: 98), of changes within the Category of Substance some are called

    without qualification [], or without qualification[], whilst others are qualified []. The birth of a man, e. g., is called , and not at all: his death is called ,and not at all. Or, if we speak of when a man is born, wequalify it as the passing-away of the seed: and if we speak of when a man dies, we qualify it as the coming-to-be of a corpse. Ainda

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    67/177

    66

    uma gerao simples e tal outro uma corrupo. Em contra-partida, dizemos que determinada coisa se torna alguma coisa,mas no que se gera em sentido simples 146, pois dizemos queaquele que aprende se torna l instrudo, mas no que se gera

    em sentido simples.Do mesmo modo que muitas vezes l estabelecemos uma

    distino [entre termos], ao afirmar que uns significam um entedeterminado 147e outros no, tambm a questo que estamos ainvestigar da resulta. Convm, com efeito, distinguir em quese transforma 148aquilo que muda 149. Assim, por exemplo, tal-vez a passagem a fogo seja uma gerao simples, mas h acorrupo de alguma coisa 150 da terra, por exemplo en-

    quanto a l gerao da terra gerao de alguma coisa 151e nouma gerao simples 152, embora seja uma corrupo simples do fogo, por exemplo 153 retomando os dois termos de

    35

    318b

    5

    segundo Joachim (1922: 99), parafraseando o mesmo passo, when e. g.aman dies, we say simply , instead of ,: and we call the change simply, instead of .

    146 , . De acordo comJoachim (1922: 98), using and in the broad sense whichincludes changes in the Categories other than Substance, some things (e. g.,the growing thing) are said , whilst others (e. g. thelearning thing) are said to come-to-be only with a qualification (e. g. tocome-to-be learned), acrescentando (1922: 99) que, na teoria de Aristte-les, the coming-to-be of a plant is the passing-away of a seed: and thecoming-to-be of a scholar is the passing-away of a dunce. But, in fact, we

    call thefirst change coming-to-be simply, and the second coming-to-be--learned.

    147 .148 .149 .150 . Trata-se de uma corrupo relativa ou qualificada.151 .152 . Rashed (2005: 16, n. 3) suspeita da auten-

    ticidade destas palavras, classificando-as como uma provvel glose

    scolaire.153 Se um processo de gerao corresponde a um processo de cor-rupo ou o inverso, estes processos no so ambos simples:um processode gerao simples (simpliciter) um processo de corrupo qualificada(secundum quid), ao passo que um processo de corrupo simples umprocesso de gerao qualificada.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    68/177

    67

    mudana de que fala Parmnides, o ser e o no ser, os quaisdiz serem o fogo e a terra 154. Em todo o caso, nenhuma dife-rena h em supor estas ou outras coisas semelhantes, poisestamos a investigar o modo [da mudana], no o seu subs-

    trato 155. A passagem ao l no-ser simples , por conseguinte,corrupo simples, enquanto a passagem ao ser simples ge-rao simples. Assim, quer a mudana seja delimitada pelofogo e pela terra, quer o seja por outros termos, um deles serser e o outro no-ser.

    Este , pois, um dos modos segundo os quais a gerao ea corrupo simples se distinguem das que no so simples.Um outro modo ser segundo a qualidade da matria daquilo

    que muda 156, pois a matria cujas l diferenas 157mais signifi-

    10

    15

    154 , . Cf. Fr. 8, vv. 53-59. Estas referncias ocorrem na chamadavia da aparncia como exemplo da opinio dos mortais ( ,v. 50). Na perspectiva de Parmnides, correspondem apenas a um con-

    junto de erros de cuja rejeio depender a preservao do conhecimentoverdadeiro. Cf. Metaph. 986b27 sqq.; GC 330b13-19. Sobre este passo,

    Joachim (1922: 100) escreve: Burnet ( 90, 91) [1892: 182-187] is almostright [] in suggesting that Aristotle never intends to ascribe the theoryto Parmenides himself, but merely to cite Parmenides, i. e. the poem ofParmenides, as a work in which the theory is expounded. Com efeito,Burnet (1892: 182) havia assinalado: [Aristotle] was well aware thatParmenides did not admit the existence of not being in any degreewhatever; but it was a natural way of speaking to call the cosmology ofthe Second Part of the poem that of Parmenides. His hearers would

    understand in what sense this was meant. Por este motivo Joachim tra-duz (318b6) por This would be the case onthetheorysetforthby Parmenides. Tratar-se-ia, assim, de uma posioapre-sentada por Parmnides, sem que a defesa da mesma lhe seja forosa-mente imputada. Neste sentido, so de rejeitar tanto a pontuao lidapor Bekker , , seguida por Forster, como a traduo que esteltimo prope: This agrees with Parmenides theory, for he says thatthe things into which change takes place are two and asserts that these

    two things, what is and what is not, are Fire and Earth, ainda queassinale (1955: 192-193, n. a) que Parmenides mentions this theory asbeing wrong.

    155 , .156 .157 , i. e., as qualidades distintivas.

  • 8/13/2019 Aristteles - Da Gerao e Corrupo

    69/177

    68

    carem um ente determinado 158 ser mais uma substncia 159,ao passo que aquela cujas diferenas mais significarem umaprivao 160 ser mais no-ser. Se o quente, por exemplo, foruma predicao 161, ou seja, uma forma, o frio ser uma priva-

    o, distinguindo-se a terra e o fogo segundo estas diferenas.Na opinio da maioria das pessoas 162, porm, a diferen-

    a 163 reside principalmente no perceptvel e no impercept-vel 164. Assim, qu