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REVISTA MENSAL DO JAZZ – POR PEDRO CARDOSO EDIÇÃO Nº 117 – FEVEREIRO/2016 PÁGINA 1 DE 4

MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 117 • FEVEREIRO 2016

UMA “SENHORA” ESTRELA EM FOCO: MARIAN McPARTLAND Marian Margaret Turner, pianista, compositora, arranjadora e diretora de orquestra naturalizada norte-americana e artisticamente conhecida como MARIAN McPARTLAND, nasceu na cidade de Windsor na Inglaterra no dia 20 de março de 1920 (algumas poucas fontes indicam 1918) em uma família de músicos. Foi “menina-prodígio” já que aos 03 anos de idade executava algumas peças ao piano (valsas de Chopin), mas inicialmente estudou violino durante 05 anos com professores particulares para, em seguida, ingressar nos cursos da “Guildhall School Of Music And Drama” em Londres, onde estudou música clássica e piano. Durante muitos anos enfrentou algumas discussões familiares em função de seu precoce encantamento pelo JAZZ e por músicos americanos, como “Fats” Waller, Duke Ellington, a grande Mary Lou Williams, Teddy Wilson e muitos outros. Para desgosto da família em 1938, aos 20 anos, MARIAN deixou a “Guildhall” para unir-se ao grupo “Billy Mayerl’s Claviers” (grupo de “vaudeville” com 04 pianistas), adotando o nome de “Marian Page” e excursionando pela Europa durante a IIª Guerra Mundial para entreter as tropas aliadas contra o nazismo, integrando grupo musical organizado pelo U.S.O. Durante turnê na Bélgica e Alemanha em 1944 conheceu o cornetista Jimmy McPartland (James Douglas McPartland, 15/março/1907, Chicago/Illinois a 13/março/1991, New York) e os dois vieram a casar-se na base militar dos aliados na Alemanha. MARIAN passou a adotar o sobrenome do marido, mantendo-o mesmo após a futura separação de ambos nos anos 1960. Com o termino da IIª Gerra Mundial MARIAN foi para Chicago com a família do marido Jimmy e em 1949 o casal passou a residir em Manhattan, no mesmo edifício das “Nordstrom Sisters”. Aqui um pequeno parênteses sobre as “Nordstrom Sisters”, que atuaram em cabarés de 1931 até 1976, ocasião em que faleceu a mais nova das irmãs, Dagmar (1903/1976), compositora / pianista / arranjadora do duo e autora do sucesso de 1940 “Remembering You”; a outra componente, Sigfred (1893/1980), casou-se em 1919 e enviuvou em 1931 com o falecimento do marido Samuel Ferebee Williams.

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Inicialmente MARIAN atuou em quarteto com o marido Jimmy e em quinteto “dixieland” no “Brassrail Lounge” de Chicago. Já residindo na “maçã” e encorajada pelo marido MARIAN passou a apresentar-se em trio no clube de JAZZ “Hickory House” (um dos mais famosos e importantes da “Rua 52”, tão emblemática para o “bebop”, situado entre as avenidas “Seventh” e ”The Americas”), permanecendo ali longo período (1952 a 1960). O trio formou inicialmente com MARIAN ao lado de Max Wayne (baixo) e Mousie Alexander (bateria) e mais adiante com o baixo por conta de Bill Cow e tendo como baterista o grande Joe Morello, antes deste unir-se ao seminal quarteto de Dave Brubeck, onde fez sucesso (remember “Take Five”). O trio chegou a atuar, também, no “The Embers”, restaurante e “night club” que funcionou de 1950 a 1960 na 161 East 54th Street entre a 2nd e a Lexington Avenue, onde atuaram músicos da talha de Ralph Watkins, George Shearing, Jonah Jones e Red Norvo. No biênio 1953/1954 MARIAN foi presença regular no programa “Judge For Youself” dirigido por Fred Allen e apresentado por Dennis James. O início da década de 1960 foi desfavorável a MARIAN, não apenas pela separação do até então marido Jimmy, mas também pela “crise” geral que atingiu o JAZZ com a invasão da sub-música. Ainda assim ela chegou a atuar durante pouco tempo em 1963 contratada por Benny Goodman, realizou temporadas na Inglaterra, gravou seguidamente para as etiquetas “Argo”, “Savoy”, “Dot”, “Capitol”, “Time” e “Sesac”, até fundar em 1969 sua própria gravadora, a “Halcyon Records” (pela qual gravaram Earl Hines, Teddy Wilson e Dave McKenna), ademais de posteriormente manter longa associação com a “Concord Jazz” do então fundador e presidente Carl Jefferson, associação que rendeu mais de 50 gravações, inclusive ao lado do ex-marido Jimmy McPartland em formação “dixieland” e do grande trumpetista “Hot Lips” Page (Oram Thaddeus Page, 27/janeiro/1908, Dallas/Texas a 05/novembro/1954, New York). Anteriormente e em 1964 MARIAN iniciou novo veio de atividade na rádio “WBAI-FM” de New York, com um programa semanal em que apresentava gravações e entrevistava convidados. A rádio “Pacifica” da Costa Oeste passou a transmitir esse programa semanal, que abriu caminho para o posterior programa “Marian McPartland’s Piano Jazz”, série transmitida pela “NPR” (“National Public Radio”) e iniciada em 04 de junho de 1978 - esse é considerado o programa “cultural” de mais longa permanência no ar, em uma rádio pública. MARIAN atuava ao piano e recebia convidados, habitualmente pianistas, para entrevistas e atuação, sendo que boa parte desses programas foi gravada em CD pela etiqueta “Concord”, a que já nos referimos anteriormente. Durante a década de 1980 MARIAN manteve seu programa radiofônico, mas dedicou-se, simultaneamente e com muita vontade ao ensino musical. Ao completar 25 anos do programa em 2003, MARIAN o irradiou do “Kennedy Center” tendo como convidado Peter Cincotti. Em 2009 o pianista Ramsey Lewis foi o convidado do programa. Enquanto compositora MARIAN legou-nos muitas e muitas peças, com destaque para as belas "Ambiance", "There'll Be Other Times", "With You In Mind", "Twilight World" e "In The Days Of Our Love", sendo que diversas composições suas foram gravadas por Tony Bennett, Peggy Lee e muitos outros intérpretes. A partir de 1983 MARIAN foi indicada e recebeu muitos e muitos prêmios e homenagens por sua obra, podendo citar-se como exemplos o “Peabody Award” em 1983, a indicação para o “International Jazz Association Of Jazz Education Hall Of Fame” de 1986, em 1991 o “ASCAP-Deems Taylor”, em 2000 o “NEA JAZZ Masters”, em 2001 os prêmios “Gracie Allen” (“American Woman In Radio And Television”) e “American Eagle” (pelo “National Music Council”), em 2004 e pela “Recording Academy” o “Grammy Trustees”(por sua obra como escritora, educadora e apresentadora do mais longo programa de rádio em emissora pública, o “Marian McPartland’s Piano Jazz” na “NPR”), em 2006 a indicação para o “Long Island Music Hall Of Fame” e em 2007 o “National Radio Hall Of Fame”. Os títulos honorários recebidos por MARIAN também impressionam, seja pela quantidade, seja pelo nível das instituições outorgantes: Ithaca College, Hamilton College, Union College, Bates College, Bowling

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Green University, University of South Carolina, Eastman School of Music, Berklee College of Music e City University of New York, como exemplos. Em vias de completar 90 anos MARIAN compôs e apresentou a sinfonia “A Portrait Of Rachel Carson” (27/05/1907 a 14/04/1964, bióloga, zoóloga, ambientalista e escritora americana, autora da obra “Silent Spring”, pioneira no enfoque sobre o movimento global do meio ambiente), comemorando o centenário de nascimento dessa figura. Em 2010 MARIAN foi agraciada pelo “OBE” (“Officer Of The Order Of The British Empire”). MARIAN possui uma conhecimento enciclopédico do JAZZ, abordando ao piano e com propriedade os “standards” e os estilos mais variados da “ARTE POPULAR MAIOR”, o JAZZ, graças aos longos anos de “estrada” e à longa atuação em seu programa de rádio, em que recebeu e contracenou com os mais diversos ícones do “piano-jazz”. Seu estilo pode ser definido como flexível e complexo, com improvisação muito inventiva tanto harmônica quanto rítmica e não centrado em uma única escola (percorre com fluidez desde o “dixieland” até o “bebop”), sempre com “swing” subjacente e sem afetação. Entre as publicações importantes com a obra de MARIAN inclui-se “The Artistry Of Marian McPartland” (coletânea de transcrições editada pela “Columbia Pictures Publications”) e “Marian McPartland’s Jazz World: All In Good Time” (publicação da “University Of Illinois Press”). Entre as dezenas e dezenas de gravações importantes de alta qualidade de MARIAN apontamos “As The Hickory House – 1952/1953”, “Personnal Choise” de 1982 e o tratamento impressionista em “Willow Creek” em 1985. Essa grande pianista visitou-nos em 10 e 11/agosto/1978 (Teatro Municipal do Rio de Janeiro e “Country Club” do Rio de Janeiro), em duas apresentações notáveis, ao lado de mais 03 mestres do teclado: Earl Hines, Ellis Larkins e Teddy Wilson. Noites de pura magia, beleza, encantamento ! ! ! TAMBÉM ATUARAM NO BRASIL (1)

Albert Mangelsdorff - trombone, acompanhado por Heinz Sauer e Gerd Dudek (saxes.tenor), Bushi Niegerball (baixo) e Peter Sieger (bateria) Apresentações no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 11 e 12/abril/1973 American Jazz Festival Tendo como “Mestre de Cerimônias” o grande radialista Willis Connover (“Voice Of America”) esse notável grupo apresentou-se nos dias 06 (Teatro Municipal do Rio de Janeiro), 07 (Teatro Copacabana) e 08/junho/1961 (Cinema Eskye na Tijuca, Rio de Janeiro), contando com os saxes-tenor de Coleman Hawkins, Zoot Sims e Al Cohn, mais Roy Eldridge e Kenny Dorham (trompetes), Curtis Fuller (trombone), Herbie Mann (flauta), Tommy Flanagan e Ronnie Ball (piano), Ben Tucker e Ahmed Abdul Malik (baixo), Ray Mantilla (bongô), Jo Jones e Dave Bailey (bateria) e Chris Connor (vocal). A apresentação no Teatro Municipal do Rio de Janeiro foi preservada em áudio e lançada no mercado pelo selo nacional “Imagem” em 02 LP’s (já transcritos para CD, “Jazz No Municipal”). ALGUMAS FRASES CÉLEBRES Do ator José Ferrer no filme “Moulin Rouge” “O casamento é como um enfadonho banquete que começa pela sobremesa”.

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MAIS PSEUDÔNIMOS Dezenas e dezenas de músicos de JAZZ gravaram com outros nomes, claro que em função de vínculos de exclusividade com gravadoras. Assim como nas “Revistas Mensais” anteriores, indicamos mais alguns: Jeru Gerry Mulligan Nappy Nappy Lamare Papa Papa Celestin Mr. T Stanley Turrentine Mex Paul Gonsalves Mash Art Blakey Papa Jo Jo Jones Brother Ray Ray Charles The Count Steve Marcus Honeybear Gene Sedric The Great Dane Niels-Henning Ørsted Pedersen

A “Revista Mensal do Jazz” número 118 do próximo mês de março/2016 seguirá focando notícias e fatos pitorescos no JAZZ