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ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO COMO FATOR CRÍTICO DE SUCESSO PARA ESTRUTURAÇÃO DE UM PLANO DE SEGURANÇA DA CONSTRUÇÃO CIVIL. SERGIO LUIZ BRAGA FRANÇA ( [email protected] ) UFF OSVALDO LUIZ GONÇALVES QUELHAS ( [email protected] ) UFF/LATEC/MSG Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância da análise preliminar de risco (APR) na indústria da construção civil, como ferramenta para o gerenciamento de risco deste setor. Os autores elaboram a análise preliminar de risco das atividades mais significantes, considerando a classificação dos riscos e dados estatísticos de acidentes de trabalho, com base nas informações da DRT-RJ e Fundacentro. A relevância da construção civil na dimensão econômica e social do país implica na necessidade do desenvolvimento de práticas de gestão que buscam minimizar os riscos relacionados à segurança e a saúde do trabalhador. Apresenta-se como revisão de literatura, fundamentos sobre gerenciamento de risco, NR 18 e gestão de pessoas. Os autores apresentam as atividades do diagrama do gerenciamento de risco alinhadas com as responsabilidades dos níveis estratégicos, táticos e operacionais da organização. Por fim, busca-se evidenciar a necessidade do comprometimento da alta administração frente aos problemas de segurança e saúde do trabalho. 1. Situação Problema Segundo Massera (2005), a excelência em segurança e saúde do trabalho não pode ser alcançada apenas com programas, mas com mudanças contínuas de comportamento. Nos últimos 70 anos, as empresas têm focado quase que exclusivamente – Engenharia, Treinamento e Punição. Em grande parte, os profissionais de segurança assumiram este posicionamento. Agora é o momento de construir bloco de cultura, estratégia organizacional, liderança com desempenho e comportamento organizacional – que são as verdadeiras fontes de acidentes. A fundamentação teórica desta pesquisa apresenta a importância do envolvimento de toda a força de trabalho para o sucesso no gerenciamento de risco. Fatores comportamentais e pessoais representam a dinâmica humana da segurança ocupacional (GELLER, 1994). Complementando a realidade acima apresentada, os autores desta pesquisa identificam a necessidade de disseminar a importância da aplicação de ferramentas para o gerenciamento de risco na indústria da construção civil. Busca-se também identificar o nível da organização (estratégico, tático e operacional) que é responsável pelas atividades do diagrama do gerenciamento de risco. Os empreendimentos deste segmento são únicos, utilizam mão de obra de baixa qualidade e, por menor que sejam, envolvem grandes quantidades de insumos. Estes fatores implicam na dificuldade para o gerenciamento do empreendimento e, principalmente, para o gerenciamento dos riscos destes empreendimentos. 2. Proposta para o Desenvolvimento de Plano de Segurança A importância do comprometimento da alta administração é ressaltada por diversos autores, conforme será apresentado. Segundo Smallwood (1996), os acidentes ocorrem ‘a favor da cultura’, dos sistemas de gerenciamento e são invariavelmente precedidos por um número de

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ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCO COMO FATOR CRÍTICO DE SUCESSO PARA ESTRUTURAÇÃO DE UM PLANO DE SEGURANÇA DA CONSTRUÇÃO CIVIL.

SERGIO LUIZ BRAGA FRANÇA ( [email protected] )

UFF

OSVALDO LUIZ GONÇALVES QUELHAS ( [email protected] ) UFF/LATEC/MSG

Resumo

Este trabalho tem como objetivo apresentar a importância da análise preliminar de risco

(APR) na indústria da construção civil, como ferramenta para o gerenciamento de risco deste

setor. Os autores elaboram a análise preliminar de risco das atividades mais significantes,

considerando a classificação dos riscos e dados estatísticos de acidentes de trabalho, com base

nas informações da DRT-RJ e Fundacentro. A relevância da construção civil na dimensão

econômica e social do país implica na necessidade do desenvolvimento de práticas de gestão

que buscam minimizar os riscos relacionados à segurança e a saúde do trabalhador.

Apresenta-se como revisão de literatura, fundamentos sobre gerenciamento de risco, NR 18 e

gestão de pessoas. Os autores apresentam as atividades do diagrama do gerenciamento de

risco alinhadas com as responsabilidades dos níveis estratégicos, táticos e operacionais da

organização. Por fim, busca-se evidenciar a necessidade do comprometimento da alta

administração frente aos problemas de segurança e saúde do trabalho.

1. Situação Problema

Segundo Massera (2005), a excelência em segurança e saúde do trabalho não pode ser

alcançada apenas com programas, mas com mudanças contínuas de comportamento. Nos

últimos 70 anos, as empresas têm focado quase que exclusivamente – Engenharia,

Treinamento e Punição. Em grande parte, os profissionais de segurança assumiram este

posicionamento. Agora é o momento de construir bloco de cultura, estratégia organizacional,

liderança com desempenho e comportamento organizacional – que são as verdadeiras fontes

de acidentes. A fundamentação teórica desta pesquisa apresenta a importância do

envolvimento de toda a força de trabalho para o sucesso no gerenciamento de risco. Fatores

comportamentais e pessoais representam a dinâmica humana da segurança ocupacional

(GELLER, 1994).

Complementando a realidade acima apresentada, os autores desta pesquisa identificam a

necessidade de disseminar a importância da aplicação de ferramentas para o gerenciamento de

risco na indústria da construção civil. Busca-se também identificar o nível da organização

(estratégico, tático e operacional) que é responsável pelas atividades do diagrama do

gerenciamento de risco.

Os empreendimentos deste segmento são únicos, utilizam mão de obra de baixa qualidade e,

por menor que sejam, envolvem grandes quantidades de insumos. Estes fatores implicam na

dificuldade para o gerenciamento do empreendimento e, principalmente, para o

gerenciamento dos riscos destes empreendimentos.

2. Proposta para o Desenvolvimento de Plano de Segurança

A importância do comprometimento da alta administração é ressaltada por diversos autores,

conforme será apresentado. Segundo Smallwood (1996), os acidentes ocorrem ‘a favor da

cultura’, dos sistemas de gerenciamento e são invariavelmente precedidos por um número de

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incidentes. Isto quer dizer, na cultura da organização os incidentes são considerados parte da

rotina, logo a ocorrência de acidentes é uma conseqüência. Como são os gerentes que criam e

controlam o ambiente em que estes incidentes e acidentes ocorrem, esta analogia melhor

postula o relacionamento entre comprometimento da gerência, educação e treinamento e suas

influências na ocorrência de incidentes e acidentes.

Para os autores, a alta administração é legalmente responsável pela organização e por

assegurar sua sustentabilidade e manter a lucratividade da empresa. Por sua vez, a

lucratividade encontra-se-á comprometida pela presença de defeitos, incidentes e acidentes,

tanto quanto pela perda da produtividade e não conformidade dos padrões de qualidade

requeridos que freqüentemente resultam da falta ou inadequada segurança no ambiente de

trabalho.

3. Conclusão

A busca por modelos de gestão de segurança e saúde ocupacional aplicáveis à indústria da

construção civil encontra diversos obstáculos, entre eles a falta de literatura nacional sobre o

tema. As particularidades do setor industrial na dificuldade de aplicação de modelos

desenvolvidos para outros setores e a pouca motivação dos empresários são mais alguns

obstáculos identificados. Muitas limitações foram constatadas no desenvolvimento deste

trabalho. Para a elaboração desta pesquisa, os autores identificaram carência de

fundamentação teórica e experiências relativas a análise preliminar de riscos focada na

indústria da construção civil. As publicações nacionais são mais direcionadas às normas e

guias para a adequação das condições físicas de canteiros de obras.

O principal pré-requisito para a efetividade de qualquer sistema de gestão de segurança do

trabalho é o comprometimento de todos, desde a alta administração até os operários. Porém, a

indústria da construção civil preserva, em grande parte das empresas, o gerenciamento

tradicional, não participativo. Por este motivo, para o desenvolvimento e implementação de

um sistema de gestão de segurança do trabalho realmente efetivo, é necessária a

sensibilização da alta administração e o foco na prevenção.

A aplicação desta ferramenta na fase de projeto ou de desenvolvimento de qualquer novo

processo, produto ou sistema na indústria da construção civil é fundamental para que se

cumpra o objetivo de determinar a categoria dos riscos e as medidas preventivas antes da fase

operacional, permitindo revisões de projeto em tempo hábil no sentido de promover maior

segurança para o trabalhador, o meio ambiente e o patrimônio da organização. Com o foco na

prevenção, a análise preliminar de risco poderá apresentar os seguintes benefícios para a

indústria da construção civil: reduzir a freqüência e gravidade de eventos indesejados no

canteiro de obra; adequar o seguro aos reais riscos dos empreendimentos; reduzir e / ou

eliminar as indenizações / multas provenientes de danos ao meio ambiente, identificar

necessidades de treinamentos; detectar as deficiências e otimizar os gastos com manutenção;

preservar a imagem da construtora; manter o ambiente de trabalho adequado quanto à

segurança e priorizar as tomadas de decisões dos investimentos necessários em prevenção.

Referências

BENITE, Anderson Glauco. Sistema de gestão da segurança e saúde no trabalho para empresas construtoras. Dissertação (Mestrado em Engenharia). Universidade de São Paulo.

2004.

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CHIAVENATO, I. Gerenciando Pessoas: O passo decisivo para a administração participativa. São Paulo: Makron Books, 1992.

FRANÇA, S.; QUELHAS, O. Gestão empresarial fundamentada na Agenda 21 com foco a indústria da construção civil. In: Anais do Congresso Brasileiro de Defesa do Meio Ambiente,

Rio de Janeiro, Brasil, 2003.

GELLER, E. S. Cultura de segurança total . Profissional Safety, Setembro, 1994.

MASSERA, Carlos. Soluções em comportamento, prevenção de acidentes e ergonomia.

Revista Proteção, Novo Hamburgo, RS, 2005.

SACHS, I., Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 2ª ed. Rio de Janeiro:

Garamond, 2000.