após acordo, câmara aprova promulgada hoje mp do seguro … · seguro-desemprego. o líder do...

8
www.camara.leg.br/camaranoticias Disque - Câmara 0800 619 619 BRASÍLIA-DF, QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2015 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 17 | Nº 3395 O Plenário da Câmara aprovou ontem o texto-base da Medida Provisória 665/14, que faz parte do ajus- te fiscal do governo e muda as regras de concessão do seguro-desemprego. Após acordo de líderes, foi aprovado o relatório do senador Paulo Rocha, que diminui os períodos exigidos para a concessão do benefício na primeira e segunda solicitações em re- lação ao texto enviado pelo Executivo. | 3 Após acordo, Câmara aprova MP do seguro-desemprego Após texto-base, dois destaques foram rejeitados; Plenário analisa outras emendas hoje ECONOMIA ESPORTE | 7 Ministro defende prioridade para comércio exterior Debate aponta gestão amadora no futebol Emenda da aposentadoria compulsória será promulgada hoje A proposta, aprovada pela Câmara, eleva, de imediato, para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória de ministros do Supremo Tribunal Federal. Com isso, a presidente Dilma poderá deixar de nomear 5 ministros até 2018. Texto, que vai ao Plenário, destina mais R$ 50 bilhões ao banco. MP sobre repasses do BNDES é aprovada | 3 | 6 | 7 Fabio Scremin - APPA Porto de Paranaguá é o maior exportador de produtos agrícolas

Upload: others

Post on 01-Oct-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

www.camara.leg.br/camaranoticiasDisque - Câmara 0800 619 619

BRASÍLIA-DF, QUINTA-FEIRA, 7 DE MAIO DE 2015 CÂMARA DOS DEPUTADOS Ano 17 | Nº 3395

O Plenário da Câmara aprovou ontem o texto-base da Medida Provisória 665/14, que faz parte do ajus-te fiscal do governo e muda as regras de concessão do seguro-desemprego. Após acordo de líderes, foi

aprovado o relatório do senador Paulo Rocha, que diminui os períodos exigidos para a concessão do benefício na primeira e segunda solicitações em re-lação ao texto enviado pelo Executivo. | 3

Após acordo, Câmara aprova MP do seguro-desempregoApós texto-base, dois destaques foram rejeitados; Plenário analisa outras emendas hoje

ECONOMIA ESPORTE

| 7Ministro defende prioridade para comércio exterior

Debate aponta gestão amadorano futebol

Emenda da aposentadoria compulsória será promulgada hojeA proposta, aprovada pela Câmara, eleva, de imediato, para 75 anos a idade de aposentadoria compulsória de ministros do Supremo Tribunal Federal. Com isso, a presidente Dilma poderá deixar de nomear 5 ministros até 2018.

Texto, que vai ao Plenário, destina mais R$ 50 bilhões ao banco.

MP sobre repasses do BNDES é aprovada

| 3

| 6| 7

Fabio Scremin - APPA

Porto de Paranaguá é o maior exportador de produtos agrícolas

Page 2: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

7 de maio de 20152 | JORNAL DA CÂMARA

QUINTA-FEIRA7 de maio de 2015

AGENDA

Leia a agendacompleta no celular

Projeto obriga organizadores de seleções para órgãos federais a realizar exames onde houver mais de 50 inscritos

(61) 3216-1500 [email protected]

[email protected] | Redação: (61) 3216-1660 | Distribuição e edições anteriores: (61) 3216-1626

1º Vice-PresidenteWaldir Maranhão (PP-MA)

2º Vice-Presidente Giacobo (PR-PR)

1º SecretárioBeto Mansur (PRB-SP)

2º Secretário Felipe Bornier (PSD-RJ)

Presidente: Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Diretor de Mídias Integradas

Pedro Noleto

Coordenador de Jornalismo

Wilson Silveira

Editora-chefeRosalva NunesEditoresSandra CrespoRalph Machado

DiagramadoresGilberto MirandaRoselene GuedesRenato Palet

Mesa Diretora da Câmara dos Deputados - 55a Legislatura SECOM - Secretaria de Comunicação Social

Jornal da Câmara

Impresso na Câmara dos Deputados (DEAPA)

Secretário: Cleber Verde (PRB-MA)

Diretor-Executivo: Sérgio Chacon

Presidente do Conselho de Ética e Decoro ParlamentarJosé Carlos Araújo (PSD-BA)

Presidente do Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) Lúcio Vale (PR-PA)

Corregedor parlamentarCarlos Manato (SD-ES)

Procurador parlamentarClaudio Cajado (DEM-BA)

3ª SecretáriaMara Gabrilli (PSDB-SP)4º SecretárioAlex Canziani (PTB-PR)

Suplentes:Mandetta (DEM-MS)Gilberto Nascimento (PSC-SP)Luiza Erundina (PSB-SP)Ricardo Izar (PSD-SP)

Ouvidor parlamentar Nelson Marquezelli (PTB-SP)

Coordenadora dos direitos da mulher Dâmina Pereira (PMN-MG)

Procuradora da mulherElcione Barbalho (PMDB-PA)

Secretário de Relações InternacionaisÁtila Lins (PSD-AM)

Diretor-Geral: Sérgio Sampaio de Almeida

Secretário-Geral da Mesa: Sílvio Avelino

Leia esta edição no celular

Mídia regionalLançamento da Frente Parla-mentar em Apoio e Fortale-cimento da Mídia Regional. São convidados os ministros das Comunicações, Ricardo Berzoini, e de Comunicação da Presidência, Edinho Silva. Anexo IV, 10º andar, 8h30 Modernização do esporteAs comissões do Esporte e da Educação fazem audiên-

A Comissão de Constitui-ção e Justiça e de Cidadania (CCJ) aprovou o Projeto de Lei 2349/07, do Senado, que obriga organizadores de con-curso para órgãos federais a realizar provas em todas as capitais onde haja pelo me-nos 50 inscritos. A tramita-ção é conclusiva mas, como houve mudanças na Câmara, o texto deve retornar à aná-lise do Senado.

De acordo com a propos-ta, a medida vale para toda a administração direta dos três poderes da União, suas autarquias e fundações, em-presas públicas e sociedades de economia mista. A regra vale ainda para o Tribunal de Contas de União (TCU) e o Ministério Público da União.

Concursos poderão ter provas em todas as capitais

Concurso para defensores públicos, no Rio Grande do Sul: exames serão realizados nas capitais

Foi aprovado o substituti-vo da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público ao projeto oriundo do Senado. O texto original prevê apenas a realização de provas em capitais com 50 inscrições ou mais para os cargos federais, o que foi estendido pela Câmara a to-dos os concursos para cargos da administração federal.

O relator do projeto, de-putado Paulo Magalhães (PSD-BA), considerou que a proposta atende às normas legais, e recomendou sua aprovação. Ainda conforme o texto, as inscrições serão feitas preferencialmente pela internet, com possibili-dade de utilização de outras formas, nos termos do edital.

cia sobre medidas e propos-tas para a modernização da gestão e responsabilidade fiscal das entidades despor-tivas profissionais. Plená-rio 6, 9h

Piso de vigilantesA Comissão Especial Piso Salarial de Vigilantes (PL 4238/12) debate o tema com representantes de empresas e trabalhadores. Plenário 3, 9h Concentração na mídiaA Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática debate o PL 4026/04, que trata dos li-mites à concentração eco-nômica nos meios de comu-nicação social. Plenário 13, 9h30

Expressão universitária Audiência da Comissão de Educação discute a situação financeira e política da Ex-pansão Universitária no Bra-sil. Plenário 10, 9h30

Áreas de preservaçãoA Comissão de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável debate o plano de manejo da APA de Pouso Alto e Chapada dos Veadei-ros. Plenário 8, 9h30

Rins saudáveisA Comissão de Seguridade Social e Família promove o seminário “Rins Saudáveis”. Plenário 7, 9h30 CPI da Petrobras A sub-relatoria para investi-gação de irregularidades na

operação da Companhia Sete Brasil ouve depoimentos do presidente da empresa, Luiz Eduardo Carneiro; e do dire-tor de Operações e Participa-ções, Renato Sanches Rodri-gues. Plenário 2, 9h30

Comissão geral Esclarecimentos relativos à pasta do Ministério da Justi-ça, com o ministro José Edu-ardo Cardozo. Plenário Ulys-ses Guimarães, 10h

Dia do autismoA Comissão de Direitos Hu-manos e Minorias debate o Dia internacional de Cons-cientização sobre o Autismo. Plenário 9, 10h Secretaria da Mulher Debate sobre “Violência em Atenção Obstétrica”, com

médicas especialistas. Ple-nário 2, Ala Nilo Coelho, Se-nado Federal, 10h Estatuto da Família A comissão especial discute impacto da mídia na cons-trução e estabilidade fami-liar. Plenário 5, 10h Contas no HSBC A Comissão de Fiscalização Financeira e Controle ouve jornalista sobre informações divulgadas a respeito de con-tas secretas de brasileiros no banco HSBC na Suíça. Plená-rio 9, 10h

Ministros do STFO Congresso promulga emen-da sobre aposentadoria com-pulsória de ministros do STF. Plenário do Senado, 11h

Governo do RS

Page 3: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

JORNAL DA CÂMARA | 3

Texto-base e dois destaques foram votados após acordo de líderes; parlamentares analisam hoje as demais emendas

Plenário aprova MP do seguro-desemprego7 de maio de 2015

SOLENIDADE

Gustavo Lima

STFA Proposta de Emenda à

Constituição (PEC) que au-menta de 70 para 75 anos a idade de aposentadoria com-pulsória dos servidores pú-blicos será promulgada hoje. A promulgação ocorrerá em sessão solene do Congresso, às 11h, no Plenário do Sena-do Federal.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, ressaltou que “no momento em que precisamos fazer o ajuste das contas públicas, talvez essa emenda à Constituição seja o maior ajuste. Só no Supremo Tribunal Federal, nós temos casos de três ministros apo-sentados e um ministro no exercício do cargo. Inicial-

Integrantes da Força Sindical espalharam réplicas de notas de 100 dólares com a imagem de Dilma

Congresso promulga PEC da aposentadoria compulsória

A alteração na aposentadoria compulsória será imediata no STF

mente, nós votamos essa proposta para os tribunais superiores, mas essa regra vai prevalecer em toda ad-

ministração, porque é uma imposição dos tempos que vivemos”, afirmou.

Apresentada em 2003

pelo então senador Pe-dro Simon, a PEC 42/03 foi aprovada definitivamente pela Câmara na terça-feira (5). Conforme a proposta, a aposentadoria compulsória aos 75 anos será adotada de imediato para os ministros do STF, dos demais tribu-nais superiores e do Tribu-nal de Contas da União. Ela poderá ser ampliada para todos os servidores públicos em uma futura lei comple-mentar, a ser discutida pelo Congresso.

Indicação - A alteração terá grande impacto no STF. Até 2018, cinco ministros al-cançariam 70 anos e seriam aposentados pela norma atu-

al. Assim, a presidente Dilma Rousseff terminaria o man-dato tendo escolhido a maio-ria dos ministros da Corte. Com a ampliação da aposen-tadoria, isso não acontecerá se os atuais ministros per-manecerem no cargo até o limite de 75 anos.

A Associação dos Magis-trados Brasileiros (AMB) é contra a proposta aprovada. A instituição considera que a PEC vai aumentar de 17 para 22 anos o tempo médio em que um ministro ocupará o cargo no STF. No Tribunal Superior Eleitoral, estima a AMB, o magistrado que hoje passa 19 anos no cargo per-manecerá por 24 anos.

O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou ontem o texto-base da Medida Pro-visória 665/14, que muda as regras de concessão do se-guro-desemprego, do abono salarial e do seguro-defeso para o pescador profissional. O texto foi aprovado por 252 votos a 227.

Os destaques oferecidos à matéria serão analisados hoje. Entre os pontos que ainda dependem da votação estão os prazos a serem ob-servados pelo trabalhador para a solicitação do seguro.

A redação aprovada é o relatório da comissão mista que analisou a MP, de auto-ria do senador Paulo Rocha (PT-PA). O relatório prevê que, para o primeiro pedido, o trabalhador precisará com-provar o recebimento de sa-lários em pelo menos 12 me-ses nos 18 meses anteriores à data da dispensa.

No segundo pedido, de-verá comprovar o recebi-mento de 9 salários nos 12 meses anteriores. A partir do terceiro, a regra conti-nua igual à atual: comprovar o recebimento nos seis meses anteriores à demissão.

A versão original da MP previa 18 salários em 24 me-ses no primeiro pedido e 12 salários em 16 meses no se-gundo requerimento.

Acordo - Devido ao acor-do entre os líderes partidá-

rios, o Plenário votou dois destaques ontem. Um deles, do Solidariedade, pretendia excluir as mudanças sobre o pagamento do abono sa-larial, como direito propor-cional ao número de meses trabalhados no ano anterior (1/12). Esse destaque foi re-jeitado por 247 votos a 220.

Outro destaque votado e rejeitado, por 234 votos a 229, pretendia estender o di-reito ao seguro-desemprego a todos os trabalhadores ru-rais avulsos, em vez de ape-nas para os contratados por prazo indeterminado.

Segundo o governo, as mudanças feitas pelo Con-gresso nessa MP e na 664/14, sobre pensões, já reduziram em até R$ 3,5 bilhões a eco-nomia de R$ 18 bilhões pre-vista inicialmente.

Agradecimento - O líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), agrade-ceu a votação. “A base alia-da está votando 95% unida em relação a esse projeto”, disse, sem citar o PDT, único partido da base que se posi-cionou oficialmente contra a MP que dificulta o acesso ao seguro-desemprego.

O líder do PMDB, depu-tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida para me-lhorar a economia brasileira. “O País não está crescendo e, por isso, votamos sim.”

Para a líder do PCdoB, deputada Jandira Feghali (RJ), a medida não é a ideal. “Não fazemos demagogia e não somos hipócritas. A ne-gociação foi feita, o projeto avançou. Não há autoridade política da oposição para fa-lar sobre direito do trabalha-dor”, afirmou.

Crítica - O líder da Mino-

ria, deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), criticou o go-verno por defender as medi-das de ajuste fiscal e enviar ao Congresso uma MP que aumenta repasses ao BN-DES (leia na pág. 7). “É quase duas vezes e meia o valor ti-rado dos trabalhadores, para ajudar amigos do governo.”

Segundo o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), o troca-troca teria sido a moeda para garantir a aprovação da MP. “Nesta noite, dezenas de cargos es-tão sendo distribuídos para angariar votos. Esta é a noite do balcão dos negócios.”

Decoro - Feghali disse que apresentará processo por quebra de decoro con-tra o deputado Alberto Fra-ga (DEM-DF) por ele ter dito que “a mulher que bate duro como homem tem que apa-nhar como homem”. Segun-do ela, a atitude não deveria ter sido apoiada. “Hoje foi comigo, ontem com a depu-tada Maria do Rosário. Isso não é só quebra de decoro, mas ameaça.”

Em resposta, Fraga afir-mou que respeita o manda-to de outros parlamentares. “Eles têm que respeitar meu mandato da mesma forma que respeito o deles. Sem ne-nhuma moral para discutir sobre os trabalhadores, ten-taram achar um boi de pira-nha”, disse.

Page 4: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

7 de maio de 20154 | JORNAL DA CÂMARA

Proposta aprovada ontem, que modifica a Consolidação das Leis do Trabalho, segue agora para análise dos senadores

Câmara muda prazos de recursos trabalhistas

MEIO AMBIENTE

Para ANA, crise hídrica já é pior do que em 2014

A Comissão de Consti-tuição e Justiça e de Cida-dania aprovou ontem mu-danças nos critérios para a contagem de prazos em recursos contra decisão da Justiça Trabalhista. Como tramitava em caráter con-clusivo, o texto segue para análise do Senado.

A proposta aprovada é um substitutivo da Comis-são de Trabalho, de Admi-nistração e Serviço Público, ao Projeto de Lei 2113/07, do deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT), que modifica a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Segundo a proposta aprovada, o prazo do recur-so para contestação de de-cisão judicial passará a con-tar: da leitura da sentença em audiência; da intimação das partes envolvidas no processo quando a senten-ça não for proferida em au-diência; ou da divulgação do acórdão, desde que ele este-ja disponível.

Além disso, a apresen-

TST

tação do recurso antes da publicação da sentença ou do acórdão pelos órgãos ofi-

ciais (Diário Oficial ou Diá-rio da Justiça) passa a não mais prejudicar a parte que se antecipa à intimação para já interpor o recurso. Essa medida, conhecida como recurso prematuro, passa a valer, uma vez que tendo conhecimento da decisão as partes já podem agir.

Para o relator da propos-

O diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo, considera que a si-tuação hídrica de 2015 é até o momento mais grave que a de 2014. Ele participou de audiência publica realizada pela comissão especial da crise hídrica no Brasil.

O coordenador-geral de operações e modelagens do Centro Nacional de Monito-ramento e Alertas de Desas-tres Naturais, Eduardo Mário Mediondo, afirmou que a de-manda de consumo de água tende a crescer enquanto a oferta não aumenta. Para que esse cenário não acabe em crise, Mediondo sugeriu a criação de sistemas de ge-renciamento.

Projetos - Guillo afirmou ainda que o Brasil esta pas-sando por um momento de-licado em que os recursos hídricos nacionais estão di-minuindo e faltam projetos para prevenir crises no setor.

Para o presidente da ANA, é necessário “pensar

A Comissão de Constitui-ção e Justiça e de Cidadania também aprovou proposta que inclui o Vale do Mucu-ri, todo o estado da Paraíba e a bacia do rio Paraguaçu na jurisdição da Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (Codevasf). Como tramita em caráter conclusivo e foi aprovada por todas as comissões, a proposta segue para análise do Senado.

O texto aprovado é um substitutivo da Comissão da Amazônia, Integração Na-cional e de Desenvolvimen-to Regional ao Projeto de Lei 2351/11, do deputado Zé Sil-va (PDT-MG), que inclui so-mente o Vale do Mucuri na jurisdição da Codevasf. A co-missão acrescentou o estado da Paraíba e a bacia do rio Paraguaçu ao acolher suges-tões de outros dois projetos que tramitavam em conjunto (PLs 3717/12 e 3813/12).

Composto por 27 municí-pios, o Vale do Mucuri é uma região do norte de Minas Ge-rais sujeita a longos períodos de estiagem, que inviabili-zam sistematicamente a sus-tentabilidade das atividades agropecuárias. Já a bacia do rio Paraguaçu é a principal responsável pelo abasteci-mento de Salvador.

Correções - O relator da proposta na CCJ, Gabriel Guimarães (PT-MG), defen-deu a aprovação do substi-tutivo. Segundo ele, havia problemas de constituciona-lidade em algumas propos-tas, mas que foram sanados pela Comissão de Amazônia.

“Ao impor novas atribui-ções à Codesvaf, no que se refere à execução de obras de conservação ambiental e elaboração de planos anuais e plurianuais de desenvol-vimento, as propostas inva-diam a iniciativa privativa do presidente da República para projetos que tratem do funcionamento de órgãos e entidades e de suas respec-tivas atribuições”, disse.

Área de atuaçãoda Codevasf vai ao Senado

ta, deputado Valtenir Perei-ra (Pros-MT), a rapidez na divulgação e nos recursos deve acelerar os processos. “Essa mudança legislativa se amolda à modernização da sistemática da publica-ção das decisões via inter-net, meio eletrônico tão comum em tempos de Pro-cesso Judicial Eletrônico.”

Guillo concordou com debatedor sobre a criação de um sistema de monitoramento preventivo

diferente sobre os problemas que estamos enfrentando”, para achar alternativas para o gerenciamento das águas.

Os dois convidados con-cordaram que é necessária a criação de um sistema moni-toramento preventivo para ter controle da situação das fontes de água do País.

Investimentos - Durante a audiência, o deputado Sar-ney Filho (PV-MA) afirmou que ficou assustado com a si-tuação atual e enfatizou que devem ser feitos investimen-tos em recursos e adaptações para crises ambientais.

O relator da comissão, deputado Givaldo Vieira

(PT-ES), reafirmou o com-promisso de apresentar uma proposta que atue na crise do sistema hídrico nacional.

O relator, Valtenir Pereira, defendeu mudanças nas regras para recursos na Justiça do Trabalho

Gabriela Korossy

Lucio

Ber

nard

o Jr.

“Essa mudança se amolda à modernização da sistemática da publicação das decisões via internet.” Deputado Valtenir Pereira (Pros-MT)

“Temos que criar uma gestão de demanda para evitar crises.” Eduardo Mário Mediondo

Page 5: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

JORNAL DA CÂMARA | 57 de maio de 2015

Igualdade racIal

Debatedores divergem em audiência sobre redução da maioridade penalDeputado apresentou estudo sobre a diferença entre cérebros de adultos e de adolescentes

Lucio Bernardo Jr.

Em audiência da Comis-são Especial da Maioridade Penal (PEC 171/93), o depu-tado Osmar Terra (PMDB--RS) apresentou estudo cien-tífico sobre a diferença entre o cérebro de adolescentes e adultos. “O adolescente tem um cérebro diferente”, dis-se. Ele mostrou que o com-portamento do jovem, como a violência, tem relação com a formação cerebral. Isso explicaria por que 50% dos que fumam maconha ficam viciados para o resto da vida, por exemplo.

Osmar Terra foi secretá-rio de Saúde do Rio Grande do Sul, coordenou programa voltado para adolescentes e fez tese de mestrado sobre comportamento violento. “No Rio Grande do Sul, 25% da população carcerária tem transtornos mentais. E isso aparece durante a adolescên-cia. Não há tratamento para essas crianças, que viram adultos violentos e crimino-sos”, disse Terra. Ele defen-deu, em vez da redução da maioridade, a ampliação do

Na audiência pública, foram confrontados dados relativos à incidência de crimes praticados por ado-lescentes e índices de rein-cidência com experiências policiais de combate à vio-lência.

O desembargador Siro Darlan disse que as medi-das preventivas previstas no ECA não são cumpridas no Brasil. Segundo ele, o número de internos em uni-dades socioeducativas é de apenas 26 mil, contra quase 700 mil do sistema prisional. “Os adolescentes infratores têm índice de reincidência de apenas 30%. Prendê-los com os adultos, que têm ín-dice de 70%, não vai ajudar no combate à violência”, dis-se Darlan.

Ele defendeu educação integral e apresentou dados do Ministério da Justiça, de 2012, mostrando que apenas 0,5% dos 21 milhões de ado-lescentes praticaram infra-ções penais.

“Ninguém aqui está fa-lando em prender meninos e meninas. Estamos falando de assassinos, estupradores, assaltantes”, contrapôs Co-ronel Talhada, que lembrou ter levado dois tiros dispa-rados por adolescentes. “Eu também levei”, completou o relator da comissão, depu-tado Laerte Bessa (PR-DF).

Segundo Weverton Ro-cha (PDT-MA), as medidas socioeducativas previstas no ECA não são cumpridas pelo governo, e o sistema é constantemente contingen-ciado. João Rodrigues (PSD--SC) defendeu pena maior para os infratores dentro do sistema penitenciário. Já Erika Kokay (PT-DF) pediu a responsabilização de ges-tores públicos que não cum-prirem as medidas previstas no ECA. “A violência no Bra-sil não é causada pelos ado-lescentes”, afirmou.

Dados sobre crimes de menores são confrontados

Ministra Nilma Gomes, entre Benedita da Silva e Antonio Brito

A maior incidência de do-ença falciforme em pessoas negras motivou a criação, na Comissão de Seguridade Social, de uma subcomissão para acompanhar a saúde da população negra no País. A anemia falciforme é uma do-ença hereditária que se ca-racteriza pela mudança dos glóbulos vermelhos do san-gue. Como essas células têm sua membrana alterada, elas se rompem com mais facili-dade e causam anemia, com fortes dores, fadiga inten-sa, palidez, atraso no cres-cimento, feridas pelo corpo, tendência a infecções e pro-blemas no coração, no pul-mão e nos rins. No Brasil, há 40 mil pessoas com doença falciforme.

Ontem, a subcomissão ouviu a ministra da Secre-taria da Igualdade Racial,

Ministra elogia ações sobre saúde de negrosNilma Lino Gomes. “A im-portância da participação e do trabalho da subcomissão serve para que nós possa-mos ter mais estudos, ouvir a população, verificar onde a política ainda tem limites e precisa avançar. A Política Nacional de Saúde Integral

da População Negra é previs-ta no Estatuto da Igualdade Racial”, explicou a ministra, lembrando que a secretaria já vem realizando um traba-lho junto com o Ministério da Saúde para implementar essa política.

Segundo a presidente da

subcomissão, deputada Be-nedita da Silva (PT-RJ), há outros problemas de saúde pública que atingem mais a população negra, como as mortalidades materna e in-fantil e a Aids.

“Não são comuns esses temas serem tratados na Seguridade Social. Acredito que os deputados e deputa-das vão conhecer um pouco mais e não vão ver apenas com viés ideológico, de achar que há uma disputa políti-ca, ou racismo ao contrário, e vão ver que a população negra está morrendo.” A de-putada adiantou que a sub-comissão, cujo relator é An-tonio Brito (PTB-BA), deve ir a Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia para discu-tir o tema com autoridades, prefeitos e representantes de segmentos sociais.

tempo de cumprimento de medidas educativas, dentro do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de três para sete anos.

Controvérsia - Siro Dar-lan, desembargador de Jus-tiça do Rio de Janeiro, disse que a ciência explica em par-

te a criminalidade de adoles-centes. “Isso é também uma questão de saúde mental. Convido todos a visitar ins-tituições socioeducativas. Verão adolescentes zumbis e muitos com sérios distúr-bios mentais”, disse.

Já o ex-policial militar

Coronel Telhada, deputado estadual de São Paulo, usou a explicação científica de Ter-ra para defender a redução da maioridade. “O deputado disse que o menor não tem mentalidade desenvolvida. Por isso mesmo, tem que ser punido com mais rigor.”

Deputados e desembargador apresentaram dados para embasar opiniões sobre o tema

“Menores têm índice de reincidência de 30%.Prendê-los com adultos, com índice de 70%, não ajudará no combate à violência.”Desembargador Siro Darlan

Gustavo Lima

Page 6: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

7 de maio de 20156 | JORNAL DA CÂMARA

“A dívida que existe hoje é impagével. Se nós não ajudarmos agora, ninguém vai pagar nada.” Deputado Danrlei de Deus

Em audiência realiza-da pela comissão mista que analisa a Medida Provisó-ria 671/15, especialistas cri-ticaram a realidade geren-cial dos principais clubes de futebol do País. A MP esta-belece um refinanciamento das dívidas fiscais dos clu-bes e exige contrapartidas de quem aderir.

Especialista em gestão e

O deputado Alessandro Molon (PT-RJ) avaliou que ainda não há quantidade de opiniões suficientes para produzir um acordo capaz de representar os mais diversos parti-dos e posições ideológicas quanto à reforma política. “O tempo é um importante ingrediente do processo legislativo, o tempo permite que as pessoas conversem, que as lideran-ças sentem e reflitam juntas, ponde-rem e construam um acordo.”

Molon afirmou que a sociedade deve ser protagonista numa propos-ta de reforma política. Para ele, os principais pontos devem ser a proi-bição da doação de empresas às cam-panhas, o aperfeiçoamento do siste-ma de votação e o de representação feminina.

Segundo Molon, para que o Brasil se torne efetivamente democrático é necessário debater de forma pro-funda, além da reforma política, a redução da maioridade penal, a PEC 215/00 e a revogação do Estatuto do Desarmamento.

O deputado ressaltou ser contrá-rio à redução da maioridade penal. Para ele, esse é “um tema de grave

Em pronunciamento na Câmara, o deputado Luis Tibé (PTdoB-MG) disse que os pequenos partidos não podem ser responsabilizados pela atual crise existente no Brasil.

Para Tibé, não é aceitável punir 18 deputados que integram os pe-quenos partidos. Ao lembrar que as grandes agremiações é que coman-dam a Câmara, ele ressaltou que ex-tinguir os partidos menores não tra-rá o Brasil de volta aos eixos.

“Os atuais pequenos partidos servem de esperança para lideran-ças que não encontram espaço nos grandes. Se essas legendas não exis-tissem, tais lideranças estariam con-denadas a ser meros cabos eleitorais de caciques que pretendem o mono-pólio da representação popular.”

O parlamentar afirmou ainda que acabar com os pequenos partidos se-ria reduzir a representação popular e acabar fazendo uma “pretensa re-forma política e partidária”. Além disso, possibilitaria o monopólio de alguns poucos que “seria transferível de uma geração a outra através de laços de parentesco e de compadrio”.

Segundo Tibé, todo tema a ser

Durante a audiência, fi-cou demonstrado que a MP 671/15 divide a opinião dos deputados. Danrlei de Deus (PSD-RS), que foi jogador profissional, enxerga nos atuais dirigentes de futebol boa vontade para liquidar as dívidas, porém falta de con-dições concretas para tanto. “A dívida que existe hoje é impagável. Se nós não aju-darmos agora, ninguém vai pagar nada”, disse.

Orlando Silva (PCdoB--SP), ex-ministro do Espor-te, afirmou que os focos de-vem ser o refinanciamento e o aperfeiçoamento da ges-tão. “Futebol é atividade econômica e, como tal, tem que ser regulada e fiscaliza-da.” Marcelo Aro (PHS-MG), que é membro da CBF, acre-dita que a MP é invasiva e configura interferência in-devida do governo nas ati-vidades dos clubes. Ele citou uma das exigências, que é a

DISCURSOS

Molon: PEC 215 é ameaça a indígenas

MP recebe apoio e críticas

Para especialistas, gestão de clubes é amadoraAudiência pública da comissão mista da MP do Futebol discutiu atual situação financeira e estrutural dos clubes

Levantamento mostra que 2014 foi o pior ano da história do futebol brasileiro em termos financeiros

adoção do fair play financei-ro (limitação de gastos). “É uma intervenção do Estado em questões particulares do futebol.”

Já o deputado Andres Sanchez (PT-SP), ex-presi-dente do Corinthians, afir-mou ser contrário às exigên-cias impostas aos clubes, que também considera invasivas.

Walter de Mattos Júnior, do Grupo Lance!, defendeu as contrapartidas listadas na MP. Para o empresário, se o governo se mostra disposto a negociar os valores devi-dos pelos clubes, deve ter o direito de demandar postu-ras específicas dos clubes em contrapartida.

marketing esportivos, Amir Somoggi disse que as entida-des insistem em um modelo de gestão “insustentável”.

“Mesmo que se resolva a questão fiscal, não se re-solverá a gestão. Temos que forçar os clubes a reequalizar suas finanças. Se não repen-sarmos o modelo de admi-nistração do futebol, ainda veremos clubes tradicionais

fechando as portas.”Pior ano -Amir Somoggi

apresentou um levantamen-to segundo o qual 2014 foi o pior ano da história do fute-bol brasileiro em termos fi-nanceiros.

Os clubes da primeira di-visão acumularam um déficit de R$ 598 milhões e seu en-dividamento coletivo soma R$ 6,6 bilhões.levado

Luís Tibé diz que proposta de limitar número de partidos políticos é injusta com pequenos

discutido na Câmara deve ser pau-tado, primeiramente, pelo respeito à Constituição, em especial os assun-tos que tratem sobre organização do sistema de poder no Brasil. Ele res-saltou a necessidade de ser observa-do o pluralismo político, em todas as discussões e votações.

Tibé também comparou o número de emendas à Constituição aprova-das no Brasil em relação aos Estados Unidos. “O exemplo norte-america-no é uma lição de que é possível or-ganizar uma república com regras estáveis, fundadas na democracia e na participação popular.”

Luis Tibé: legítimo direito dos partidos

Alessandro Molon defende reforma política com participação social e critica PEC 215

ameaça à Constituição e aos direitos humanos”. A revogação do Estatu-to do Desarmamento, por sua vez, foi classificada como “um retroces-so” por Molon, pois, segundo ele, foi exatamente o estatuto o responsável pela redução do número de homicí-dios no Brasil.

Quanto à PEC 215/00, que trans-fere competências do Poder Execu-tivo para o Legislativo sobre a de-marcação de terras indígenas, o parlamentar foi enfático. “É uma das maiores ameaças à preservação ambiental e à sobrevivência de povos indígenas”, afirmou.

Gustavo LimaGustavo Lima

Bruno Cantini - CAM Fotos Públicas

Page 7: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

JORNAL DA CÂMARA | 7

Para Monteiro Neto, do Desenvolvimento, o Brasil não pode aceitar um “processo precoce de desindustrialização”

Ministro sugere ampliação do comércio exterior7 de maio de 2015

MEDIDA PROVISÓRIA

Comissão aprova aumento de repasse da União ao BNDES

Ajuste fiscal pode ajudar retomada

O ministro do Desenvol-vimento, Indústria e Comér-cio Exterior, Armando Mon-teiro Neto, defendeu ontem uma política de comércio ex-terior mais forte para inte-grar o Brasil a novas rodas de negociação no mundo.

Segundo o ministro, que participou de audiência na Câmara, a pasta lançará ainda neste mês um plano nacional de exportação, e o assunto deve ser encarado como prioridade absoluta. “Nós precisamos melhorar as condições de acesso ao mer-cado, precisamos de uma po-lítica comercial mais ativa e pragmática”, afirmou.

As exportações, disse, podem se constituir em al-ternativa importante para manter o nível de atividade no País. “O Brasil nunca con-feriu ao comércio exterior o status e a importância que deveria. Somos o 7º PIB [Pro-duto Interno Bruto] do mun-do e apenas o 25º país expor-tador. O Brasil responde por apenas 1,2% do comércio in-ternacional.”

Para ele, o Brasil também precisa de uma política in-dustrial que foque o aumento da produtividade. “A indús-tria vem perdendo sua parti-cipação no PIB. Não podemos aceitar um processo precoce de desindustrialização”, dis-se em referência à crescente importação de manufatura-dos pelo Brasil.

Lucio Bernardo Jr.

Monteiro Neto (E): com 1,2% do comércio internacional, Brasil é o 7º PIB do mundo e o 25º exportador

Mercosul - Na audiência – promovida pelas comissões de Desenvolvimento Econô-mico, Indústria e Comércio; e de Relações Exteriores e Defesa Nacional –, Monteiro Neto defendeu uma maior li-berdade do Brasil em relação ao Mercosul. “O bloco não pode ser um fator que con-corra para que o Brasil fique excluído de outros acordos em outras partes do mundo.”

O financiamento das ex-portações também é um dos pilares da nova política, na avaliação do ministro, que citou a China como exemplo

de grande financiador do co-mércio exterior.

O deputado Renato Molling (PP-RS), um dos que solicitaram a audiência, pediu garantias ao gover-no para o comércio exterior, com investimentos em in-fraestrutura e incentivos ao exportador. Na visão do par-lamentar, a política nacional de exportação deve ter metas de longo prazo.

Já o deputado William Woo (PV-SP) defendeu mais atenção do Brasil à indústria de eletrônicos. Ele disse que o Brasil está perdendo espaço

para a China e corre o risco de perder esse espaço tam-bém na indústria automobi-lística.

Em resposta, o ministro disse que um país que se pre-tende importante tem de se habilitar no setor tecnológi-co. Nesse aspecto, ele pediu aos parlamentares a revisão da Lei do Bem (11.196/05), a fim de incluir as empresas que estão no regime de lucro presumido. A lei concede in-centivos fiscais às empresas que investem em pesquisa e desenvolvimento de inova-ção tecnológica.

Na audiência, o minis-tro Armando Monteiro Neto também defendeu o ajuste fiscal do governo. Ele pediu apoio dos parlamentares às medidas, ainda que sejam modificadas pelo Congresso.

Segundo ele, as medidas são necessárias para recolo-car o Brasil na rota de cres-cimento. “Sem o ajuste fiscal e sem o reequilíbrio macro-econômico, teremos muitas dificuldades para relançar a economia brasileira.”

Otimismo - Deputados consideraram a postura do ministro otimista e questio-naram como impulsionar a pauta do comércio exterior em um cenário de ajuste fis-cal. Para Monteiro Neto, um incentivo neste momento é o aporte do Tesouro à amplia-ção das exportações.

Já o deputado Jorge Côrte Real (PTB-PE), um dos que solicitaram a audiência, pe-diu melhores condições tri-butárias para as pequenas e microempresas no Brasil. O ministro defendeu, entre outros pontos, mudanças no ICMS a fim de acabar com a guerra fiscal entre estados.

A comissão mista que analisa a Medida Provisória 663/14 aprovou na terça--feira o relatório do senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO) sobre a medida, que au-menta em R$ 50 bilhões o limite de recursos relativo à subvenção econômica re-passada pela União ao Ban-co Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES). A MP ainda será votada nos plenários da Câ-mara e do Senado.

Com o novo teto, os be-nefícios concedidos com baixas taxas de juros às estatais passam a totalizar R$ 452 bilhões no período

de novembro de 2009 a de-zembro de 2015.

Os incentivos financei-ros ao BNDES e à Financia-dora de Estudos e Projetos (Finep) foram instituídos pela Lei 12.096/09, a fim de conter a estagnação da renda e do emprego domés-ticos no cenário da crise econômica de 2008. O li-mite inicial previsto na lei era de R$ 402 bilhões.

De acordo com o go-verno, o reajuste de R$ 50 bilhões vai auxiliar o BN-DES a atender à demanda pelo aumento da competi-tividade da indústria bra-sileira. Um dos objetivos é

a modernização do parque industrial a partir de in-vestimentos em projetos

de engenharia e de inova-ção tecnológica, voltados à produção crescente e sus-

tentável de bens de capi-tal. Segundo o BNDES, fo-ram gastos cerca de R$ 378 bilhões do limite fixado por lei entre 2009 e 2014.

Relatório - Das 48 emen-das apresentadas, o relator acolheu apenas a do sena-dor José Serra (PSDB-SP) que determina a publica-ção na internet, até o ulti-mo dia do mês subsequente a cada bimestre, do impac-to fiscal das operações do Tesouro com o BNDES e os valores inscritos em res-tos a pagar nas operações de equalização de taxa de juros, no último exercício financeiro.

Incentivos financeiros ao BNDES foram instituídos por lei de 2009

BNDES

Page 8: Após acordo, Câmara aprova promulgada hoje MP do seguro … · seguro-desemprego. O líder do PMDB, depu tado Leonardo Picciani (RJ), disse que o partido votaria em favor da medida

7 de maio de 20158 | JORNAL DA CÂMARA

“Dentro do leque de ações da Petrobras, ela poderá gerar compensações em várias áreas.” Raimundo Gomes de Matos

cancelamento de refinarias

O ministro Nelson Barbosa reforçou a tese de diferentes interpretações para a prática do governo

A comissão externa da Câmara que investiga o can-celamento da construção das refinarias Premium I e Pre-mium II solicitou aos gover-nos de Maranhão e Ceará um levantamento de todos os gastos realizados, a pedi-do da Petrobras, nos projetos de implantação das usinas.

Pedido semelhante foi feito às prefeituras de Cau-caia (CE) e Bacabeira (MA), onde as refinarias seriam implantadas. A comissão, que é coordenada pela de-putada Eliziane Gama (PPS--MA), também solicitou le-vantamento das isenções tributárias concedidas à Pe-trobras para a instalação das unidades de refino.

Os parlamentares que-rem usar a informação para cobrar da companhia com-pensações pelo cancelamen-to dos investimentos. Para isso, vão usar uma brecha encontrada no protocolo de entendimento assinado em 2008 pela estatal com o go-

Comissão vai cobrar compensação da Petrobras

verno do Ceará. Um dos adi-tivos ao protocolo prevê que a empresa não poderá ser co-brada pelos investimentos que forem feitos pelo estado para a implantação da usi-na, salvo se a não efetivação do projeto decorrer de “culpa

exclusiva da Petrobras”.Anúncio - Em janeiro, a

companhia anunciou o can-celamento da instalação das refinarias, que produziriam derivados como óleo diesel, querosene de aviação e naf-ta, alegando baixa atrativi-

dade dos dois investimentos e ausência de parceiro para os projetos. O encerramento dos projetos gerou uma per-da de R$ 2,7 bilhões, reco-nhecida no balanço do ter-ceiro trimestre de 2014.

“Como foi a própria Pe-trobras que cancelou os con-tratos automaticamente, cabe, sim, um ressarcimen-to de todo e qualquer inves-timento”, disse o deputado Raimundo Gomes de Matos (PSDB-CE).

O governo cearense, por exemplo, adquiriu um ter-reno de quase 2 mil hecta-res para a instalação da re-finaria, realizou estudos, além de ter obtido as licen-ças ambientais e de outorga

de uso de água necessárias à implantação.

Matos espera que cláusu-la idêntica seja encontrada em acordos entre a Petrobras e o governo do Maranhão ou o município de Bacabeira.

Compensações - Segun-do Matos, a compensação aos estados e às duas cidades po-derá ser feita por outras vias, como financiamento à im-plantação de centros de tec-nologia e até apoio a ações culturais e sociais. “Dentro do leque de ações da Petro-bras, ele poderá gerar com-pensações em várias áreas.”

A comissão ouviu ontem o vice-prefeito de Caucaia, Paulo Guerra, e o secretário de Infraestrutura do Ceará, André Facó. Segundo Facó, o estado ainda faz o cálculo do que foi gasto no processo de implantação da refinaria. Já Guerra disse que o cance-lamento foi um golpe para a população. A previsão da Pe-trobras era de criação de 90 mil empregos indiretos.

Obra de terraplanagem para refinaria cancelada pela Petrobras

O ministro do Planeja-mento, Nelson Barbosa, dis-se ontem, em audiência na Comissão de Finanças e Tri-butação, que discorda do en-tendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre as chamadas “pedaladas fis-cais” – manobras contábeis praticadas pelo governo nos últimos anos para melhorar artificialmente o resultado das contas públicas.

De acordo com o TCU, as “pedaladas” configuram, na prática, operações de crédi-to na forma de empréstimos dos bancos públicos ao Te-souro, em flagrante desacor-do com a Lei de Responsabi-lidade Fiscal (LRF).

Barbosa disse, porém, que eventuais atrasos nos repasses de recursos do Te-souro para bancos públicos – Banco do Brasil, Caixa Econômica e BNDES – estão previstos em contrato, mes-mo quando há desequilíbrio no fluxo de caixa dessas ins-tituições financeiras.

“Uma operação que para o governo federal é um con-

Nelson Barbosa diz que atrasos em repasse de recursos do Tesouro para bancos públicos estão previstos em contrato

Ministro nega que governo faça “pedalada fiscal”

trato de prestação de servi-ço, para o TCU é uma opera-ção de crédito”, acrescentou Barbosa, reforçando a tese de diferentes interpretações.

Aluguel - O ministro ainda comparou a manobra a contratos normais, públi-cos ou privados, como os de aluguel, em que atrasos no pagamento são punidos com multas. “No aluguel, se hou-ver atraso, paga-se multa. Em condições excepcionais, exige-se juro. É a mesma coi-sa”, completou.

Como consequência di-reta das “pedaladas fiscais”, que visaram inflar o volume de recursos contabilizados como “superavit primário” – economia para pagar ju-ros da dívida pública – os bancos públicos precisaram empregar recursos próprios no financiamento de progra-mas como o Bolsa Família, o seguro-desemprego, a equa-lização da safra agrícola e o Programa de Sustentação do Investimento (PSI). Segun-do o TCU, cerca de R$ 40

bilhões foram manipulados entre 2013 e 2014.

Para o deputado Artur Oliveira Maia (SD-BA), que solicitou a vinda de Barbosa, as “pedaladas” foram o ins-trumento adotado pelo go-verno federal para deixar de cumprir a LRF.

“Não importa qual é o nome, se é empréstimo ou se não é. Eu entendo que de-vemos adotar a interpreta-ção do TCU, que é um órgão isento”, disse. Para Maia, o governo “usou isso para dei-

xar de cumprir” a LRF. O de-putado que defende a tese de que, ao adotar a manobra, o governo de Dilma Rousseff incorreu em crime de res-ponsabilidade.

Equalização - O deputa-do Elizeu Dionizio (SD-MS), também autor do requeri-mento de audiência, ques-tionou Barbosa sobre as operações de equalização de taxa de juros no Programa de Sustentação do Investimen-to, que também foram alvo de auditoria do TCU.

Neste caso, Barbosa afir-mou que os contratos com juros subsidiados no âmbito do BNDES respeitaram pra-zos para reembolso defini-dos por regulamentação es-pecífica, mas reforçou que o atraso nos repasses ao banco não são regra. “Se os limites de tempo para a equalização dos juros subsidiados oferta-dos por bancos públicos fo-ram considerados excessivos pelo TCU, nós precisamos re-ver os prazos que vêm sendo adotados nesse tipo de ope-ração”, reconheceu.

blogspot

Alex Ferreira