apresentando o comunista

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16/9/2014 Apresentando "O Comunista" http://www.marxists.org/portugues/mao/1939/mes/comunista.htm 1/12 MIA > Biblioteca > Mao Zedong > Novidades Apresentando "O Comunista" (1) Mao Tsé-tung 1939 Primeira Edição: .... Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política, nº 37, nov-dez de 1951 . Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free Documentation License. O COMITÊ CENTRAL almejava de há muito uma publicação para os membros do Partido e, agora, esse desejo é realizado. Essa publicação é necessária para a construção de um Partido Comunista Bolchevique da China, de âmbito nacional e de amplo caráter de massas, inteiramente consolidado do ponto de vista ideológico, político e de organização. Essa necessidade é mais clara do que nunca no momento atual que se caracteriza, de um lado, pelos crescentes perigos de capitulação, cisões e retrocessos nas fileiras na Frente Única Anti-japonesa e, de outro lado, pela emergência de nosso Partido de um circulo estreito para se tornar um grande partido de caráter nacional. Além disso, o Partido tem por tarefa mobilizar o povo para vencer esses perigos, bem como para enfrentar incidentes imprevistos de forma que o Partido e a revolução possam ser preservados de perdas inesperadas quando ocorrerem tais incidentes. Num momento assim é realmente importantíssima a aparição de uma publicação do Partido. Qual é a tarefa da publicação intitulada «O Comunista»? De que tratara ela e em que aspecto se distingue dos outros órgãos do Partido? Sua tarefa é ajudar a construir um Partido Comunista da China, de âmbito nacional e de amplo caráter de massas, inteiramente consolidado ideológica, política e organizativamente. A construção de um partido assim é urgentemente necessária para obter-se a vitória na Revolução chinesa.

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  • 16/9/2014 Apresentando "O Comunista"

    http://www.marxists.org/portugues/mao/1939/mes/comunista.htm 1/12

    MIA > Biblioteca > Mao Zedong > Novidades

    Apresentando "O Comunista"(1)

    Mao Ts-tung

    1939

    Primeira Edio: .... Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Poltica, n 37, nov-dez de1951.Transcrio e HTML: Fernando A. S. ArajoDireitos de Reproduo: A cpia ou distribuio deste documento livre e indefinidamente garantida nos termos da GNU Free DocumentationLicense.

    O COMIT CENTRAL almejava de h muito uma publicao para osmembros do Partido e, agora, esse desejo realizado. Essa publicao necessria para a construo de um Partido Comunista Bolchevique daChina, de mbito nacional e de amplo carter de massas, inteiramenteconsolidado do ponto de vista ideolgico, poltico e de organizao.

    Essa necessidade mais clara do que nunca no momento atual que secaracteriza, de um lado, pelos crescentes perigos de capitulao, cises eretrocessos nas fileiras na Frente nica Anti-japonesa e, de outro lado, pelaemergncia de nosso Partido de um circulo estreito para se tornar umgrande partido de carter nacional. Alm disso, o Partido tem por tarefamobilizar o povo para vencer esses perigos, bem como para enfrentarincidentes imprevistos de forma que o Partido e a revoluo possam serpreservados de perdas inesperadas quando ocorrerem tais incidentes. Nummomento assim realmente importantssima a apario de uma publicaodo Partido.

    Qual a tarefa da publicao intitulada O Comunista? De que trataraela e em que aspecto se distingue dos outros rgos do Partido?

    Sua tarefa ajudar a construir um Partido Comunista da China, dembito nacional e de amplo carter de massas, inteiramente consolidadoideolgica, poltica e organizativamente.

    A construo de um partido assim urgentemente necessria paraobter-se a vitria na Revoluo chinesa.

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    esta a tarefa em que estamos verdadeiramente empenhados. Emconjunto existem tanto as condies subjetivas como as objetivas para oxito dessa tarefa e ela est agora sendo desenvolvida. Como se trata deum empreendimento alm da capacidade dos rgos comuns do Partido, necessrio um rgo especializado. Eis a a razo para a publicao de OComunista.At certo ponto nosso Partido j de mbito nacional e tem um amplocarter de massas e, no que diz respeito ao cerne de sua liderana, certaparte de seus membros, a linha geral de sua poltica, e seu trabalhorevolucionrio, j um Partido bolchevique consolidado ideolgica, poltica eorganizativamente.

    Que nova tarefa existe ento e qual a razo para suscitar agora esseproblema?

    A razo reside em que, no momento, temos um grande nmero denovos membros e muitos novos organismos que no podem ainda serconsiderados como de amplo carter de massas, ou consolidados ideolgica,poltica e organizativamente ou bolchevizados. Alm disso, surge tambm aquesto de elevar o nvel dos velhos membros e dos velhos organismos e deconsolid-los ainda mais do ponto de vista ideolgico, poltico e deorganizao, de bolcheviz-los ainda mais. As circunstancias em que oPartido se encontra e as tarefas com que arca so bem diferentes daquelasdo perodo da guerra civil de 1927-37; a situao agora muito maiscomplexa e as tarefas muito mais difceis.

    A poca atual a poca da frente nica nacional, e formamos umafrente nica com a burguesia; agora o momento da Guerra Antijaponesa,e as foras armadas de nosso Partido esto cooperando na frente comexrcitos amigos na realizao de uma guerra sem quartel ao inimigo;agora o momento de nosso Partido se transformar num Partido de mbitonacional, uma vez que ultrapassou suas velhas propores. Quandoencaramos essas condies relacionadas umas s outras, compreendemosquo honrosa e atual a tarefa de construir um Partido ComunistaBolchevique da China, de mbito nacional e de amplo carter de massas,inteiramente consolidado ideolgica, poltica e organizativamente comopropusemos.

    Como procedermos para construir tal Partido agora? Tendo resolvidoconstruir agora um Partido assim, como procederemos para alcanar esseobjetivo? A resposta a essa pergunta inseparvel da histria de nossoPartido uma histria de 18 anos de combates.

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    A CONTAR do Primeiro Congresso Nacional de julho de 1921, nossoPartido tem agora, exatamente, 18 anos de idade. Nesses 18 anos o Partidopassou por grandes lutas. Os militantes, os quadros e os organismos doPartido se temperaram nessas grandes lutas. Experimentaram grandesvitrias revolucionrias bem como srias derrotas revolucionrias. Passarampela formao da frente nica nacional com a burguesia bem como por seudesmantelamento e por srias lutas armadas contra a burguesia e seusaliados. Durante os ltimos trs anos estiveram de novo num perodo defrente nica com a burguesia. O curso do desenvolvimento da RevoluoChinesa e do Partido Comunista da China encontrou seu caminho atravs decomplexas relaes com a burguesia. Esta uma caracterstica histrica,uma caracterstica do curso da revoluo numa colnia ou semi-colnia,caracterstica que no se apresenta na histria revolucionria de nenhumpas capitalista.

    Alm disso, a China um pas semi-colonial e semi-feudal, um pas dedesenvolvimento politico, econmico e cultural desigual, um pas deeconomia predominantemente semi-feudal e com um vasto territrio. Essascondies determinam o carter democrtico-burgus da Revoluo Chinesaem sua etapa atual; determinam que os principais alvos da Revoluosejam o imperialismo e as foras feudais; determinam como principaisforas motrizes da revoluo o proletariado, o campesinato, a pequena-burguesia urbana e, em certos perodos e at certo ponto, a burguesianacional; determinam tambm que a principal forma de luta na Revoluochinesa seja a luta armada. Pode-se perfeitamente dizer que os 18 anos dehistria do Partido sejam uma histria de luta armada. O camarada Stlindisse:

    A caracterstica da Revoluo chinesa que um povo armadoenfrenta a contra-revoluo armada.

    Esta observao perfeitamente correta, e essa caracterstica da Chinasemi-colonial de tal natureza que no se apresenta a nenhum dos PartidosComunistas dos pases capitalistas ou difere de quaisquer das caractersticascom que eles se defrontam.

    Assim, 1) o estabelecimento de uma frente nica nacional revolucionriacom a burguesia ou sua ruptura forada, e 2) a principal forma da revoluoque a luta armada, tornaram-se as duas caractersticas especiais com quese deparara o proletariado chins e o Partido Comunista da China durante arevoluo democrtico-burguesa na China. No tratamos aqui das relaesdo Partido com o campesinato e com a pequena-burguesia urbana comouma caracterstica bsica porque, em primeiro lugar, tais relaes so emprincipio as mesmas para todos os Partidos Comunistas em todos os pasesdo mundo; e, em segundo lugar, na China, falar em luta armada ,

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    substancialmente, falar em guerra camponesa a as estreitas relaes doPartido com a guerra camponesa so virtualmente suas relaes estreitascom o campesinato.

    Devido a essas duas caractersticas bsicas, e precisamente por causadelas, o processo da construo de nosso Partido e de sua bolchevizao serealizou sob circunstncias especiais. Sua falncia ou seu triunfo, seuavano ou retrocesso, sua contrao ou expanso, o seu desenvolvimento econsolidao no podem deixar de ser ligadas s relaes do Partido com aburguesia e a luta armada. Quando a linha poltica do Partido tratacorretamente do estabelecimento ou ruptura forada da frente nica com aburguesia, o desenvolvimento, consolidao e bolchevizao do Partidoavanam um passo para a frente. Ao contrrio, se trata incorretamente darelao com a burguesia, o desenvolvimento, consolidao e bolchevizaodo Partido do um passo para trs. Igualmente, quando o Partido tratacorretamente da questo da luta armada, seu desenvolvimento,consolidao e bolchevizao avanam de um passo para a frente; quandoele trata incorretamente dessas questes o desenvolvimento, consolidaoe bolchevizao do Partido do um passo para trs. Nos ltimos 18 anos, ocurso da construo e bolchevizao do Partido tem portanto sidoestreitamente ligado poltica do Partido, ao tratamento correto ouincorreto das questes da frente nica e da luta armada. Esta afirmao claramente confirmada pelos 18 anos da histria do Partido. E,inversamente, quanto mais bolchevizado for o Partido, tanto maiscorretamente ser ele capaz de tratar e trata efetivamente de sua linhapoltica e dos problemas da frente nica e da luta armada. Essa afirmao,tambm, foi claramente confirmada pelos 18 anos da histria do Partido.

    Portanto, os problemas da frente nica, da luta armada e da construodo Partido so as trs questes fundamentais da revoluo chinesa . Umacompreenso correta destas questes e de sua inter-relao equivale a daruma direo correta a toda a Revoluo chinesa Em virtude de nossas ricasexperincias as profundas e ricas experincias de fracassos e xitos, deretrocessos e progressos, e de retrao e de expanso nos 18 anos dahistria de nosso Partido j somos capazes de tirar concluses corretas.Isto significa que j somos capazes de tratar corretamente as questes dafrente nica e a da luta armada, bem como a da construo do Partido. Istosignifica tambm que as experincias de 18 anos nos capacitaram paracompreender que a frente nica, a luta armada, e a construo do Partidoso as trs as trs principais armas indispensveis para que o PartidoComunista da China vena seus inimigos na Revoluo chinesa. Isto umagrande conquista do Partido Comunista Chins bem como da Revoluochinesa.

    Tratemos aqui brevemente de cada uma dessas trs armas

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    indispensveis ou trs problemas.

    Durante os ltimos 18 anos, a frente nica do proletariado chins com aburguesia e com outras classes se desenvolveu em trs situaes diferentese em trs etapas diferentes, a saber, a etapa da primeira Grande Revoluo(1925-27), a Guerra Civil de 10 anos (1927-37) e a atual Guerra anti-japonesa. Nessas trs fases estabeleceram-se as seguintes leis:

    1. Como a maior opresso sofrida pela China a opresso nacional,a burguesia nacional chinesa pode, em certos perodos e at umcerto ponto, participar das lutas contra o imperialismo e ossenhores da guerra feudais. Portanto, o proletariado deve,nesses perodos, formar uma frente nica com a burguesianacional e mant-la por todos os meios possveis.

    2. Mas, devido a sua fraqueza econmica e poltica, a burguesianacional chinesa, oscilar e se passar para o inimigo em face dedeterminadas condies histricas, e, portanto, o contedo dafrente nica revolucionria, na China no pode permanecerconstante mas est sujeito a mudanas. Em certo perodo podeincluir a burguesia e em outro no pode.

    3. Devido a sua vacilao, a burguesia (especialmente a grandeburguesia), mesmo quando se tiver incorporado frente nicacom o proletariado e estiver engajada em lutas contra o inimigocomum, continuar a encarar o desenvolvimento ideolgico,poltico e organizativo do proletariado e o Partido poltico doproletariado como prejudicial a ela. Procurar restringir essedesenvolvimento e usar de polticas de solapamento como oengodo, a lisonja, a diviso e ataques, por meio dos quais seprepara para capitular ao inimigo e cindir a frentenica.

    4. o campesinato o firme aliado do proletariado.5. A pequena burguesia urbana tambm um aliado em que se

    pode confiar.

    Essas leis, no somente foram confirmadas durante os perodos daPrimeira Grande Revoluo e a Guerra Civil de 10 anos, mas esto tambmsendo confirmadas nos trs anos da Guerra antijaponesa. Portanto, noproblema da formao de uma frente nica com a burguesia (especialmentecom a grande burguesia), o Partido do proletariado precisa realizar umapoltica firme e decidida em duas frentes.

    De um lado, deve combater o isolacionismo esquerdista que ignorao fato de que a burguesia tem certas possibilidades revolucionrias atcerto ponto e em certos perodos, e que no diferencia a burguesia chinesada burguesia dos pases capitalistas, rejeitando assim a poltica de formaruma frente nica com a burguesia e de mant-la por todos os meios. Por

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    outro lado, deve combater o ponto de vista que encara conto idnticas asqualidades revolucionrias e o programa, a poltica, a ideologia e a prticarevolucionria da burguesia e do proletariado. Deve combater o ponto devista que ignora as diferenas de princpio entre ambos e que ignora o fatode que a burguesia est fazendo todos os esforos para influenciar noapenas a pequena-burguesia e o campesinato, mas tambm o proletariadoe o Partido Comunista da China, procurando assim com afinco obliterar aindependncia ideolgica, poltica e organizativa do ltimo e transformar oproletariado e o Partido Comunista num apndice da burguesia e de seupartido poltico, e assim, procurando com afinco tambm expropriar osfrutos da revoluo em benefcio das camarilhas ou faces da burguesia.Deve combater o ponto de vista que ignora o fato de que to logo arevoluo se oriente contra os interesses das camarilhas ou facesburguesas, a burguesia trai a revoluo.

    Para ns, ignorar esses pontos oportunismo de direita. A caractersticado Chen Tu-hsiuismo(2) no passado o oportunismo de direita que levou oproletariado a se conformar com os interesses privados de uma camarilhaou faco da burguesia. Foi esta a causa subjetiva da falncia da PrimeiraGrande Revoluo.

    A duplicidade da burguesia chinesa na revoluo democrtico-burguesaafeta imensamente a linha poltica e o trabalho de construo do PartidoComunista da China. Sem compreender essa duplicidade, impossvelcompreender a linha poltica e a construo do Partido Comunista da China.Unir-se com a burguesia, bem como lutar contra ela uma parte importanteda linha poltica do Partido Comunista da China. O desenvolvimento e atmpera do Partido Comunista da China atravs da unidade com aburguesia e da luta contra ela uma parte importante da construo doPartido.

    Aqui unidade significa frente nica; luta significa, durante o perodo deunidade, luta ideolgica, poltica e organizativa pacifica e sem sangue,que se transformar em luta armada quando o proletariado for forado aromper com a burguesia. Se o Partido no sabe como unir-se em certoperodo com a burguesia, no ser capaz; de avanar e a revoluo no sedesenvolver. Se o Partido no sabe como desenvolver uma luta decidida,firme, pacfica contra a burguesia no tempo de unidade, se desintegrarideolgica, poltica e organizativamente, e a revoluo terminar numfracasso; e se o Partido, quando forado a romper com a burguesia norealizar uma luta armada firme e decidida contra ela, tambm sedesintegrar e a revoluo fracassar. Tudo isto emergiu da histria dosltimos 18 anos.

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    ***

    A LUTA armada do Partido Comunista da China uma guerracamponesa sob a liderana do proletariado. Esta fase de sua histriatambm pode ser dividida em trs etapas:

    A primeira etapa foi a participao na Expedio burguesa do Norte(1926). Nessa poca nosso Partido no compreendia inteiramente emboraj comeasse a ver, a importncia da luta armada; no compreendia que aluta armada deveria ser a forma principal de luta da Revoluo chinesa.

    A segunda etapa foi a Guerra Civil de 10 anos. O Partido j criara entosuas prprias foras armadas independentes; tinha aprendido a arte decombater independentemente; lanara bases para o poder poltico popular eera capaz de coordenar direta ou indiretamente a luta armada a formaprincipal da luta com muitas outras formas necessrias da luta. Istosignifica que o Partido era capaz de coordenar a luta armada em escalanacional, direta ou indiretamente, com a luta dos operrios, a luta doscamponeses (a principal forma entre essas); a luta da juventude, dasmulheres, e de todo o povo, com a luta pelo poder poltico, com lutas nasfrentes econmicas, de contra espionagem e ideolgica, e com varias outrasformas de luta. Esta luta armada, que era realmente a revoluo agrriacamponesa sob a liderana do proletariado, constituiu a segunda etapa dahistria da luta armada do Partido.

    A terceira etapa a atual, de guerra antijaponesa. Nesta etapa, somoscapazes de utilizar a experincia adquirida na luta armada da primeira eespecialmente da segunda fase, bem como a experincia adquirida decoordenar a luta armada com as outras formas necessrias de luta.

    O conceito total desse tipo de luta a guerra de guerrilhas.

    Que a guerra de guerrilha? a forma inevitvel, e portanto a melhor,da luta travada num pais atrasado, vasto, semi-colonial e durante umtempo longo pelas foras armadas do povo para derrotar o inimigo armadoe criar suas prprias bases. Nos ltimos 18 anos nossa linha poltica e nossaconstruo do Partido tm estado estreitamente ligadas com esta forma deluta. impossvel compreender nossa linha poltica e nossa construo doPartido isoladamente da luta armada e da guerra de guerrilhas.

    A Luta armada uma componente importante de nossa linha poltica.Durante 18 anos nosso Partido aprendeu mais e mais sobre esta linha deluta armada e persistiu nela. Sabemos que sem luta armada no h lugarna China para o proletariado, ou o povo, ou o Partido Comunista, e arevoluo no conseguir ser vitoriosa. Durante 18 anos o desenvolvimento,

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    consolidao e bolchevizao de nosso Partido se desenrolaram em meio aguerras revolucionrias e so inseparveis da guerra de guerrilhas; sem aluta armada e sem a guerra de guerrilhas no haveria Partido Comunistaatualmente. Essa experincia conquistada a preo de sangue nunca deveser esquecida pelos membros do Partido.

    ***

    O CURSO da construo do Partido, o curso do desenvolvimento doPartido, de sua consolidao e bolchevizao tambm se divide em trsetapas com suas respectivas caractersticas.

    Na primeira etapa o Partido estava em sua infncia. Nos perodos iniciale mdio desta etapa a linha poltica do Partido era justa, e a dedicaorevolucionria e atividade tanto dos militantes como dos quadros do Partidoestava num nvel bastante elevado, o que resultou nas vitrias da PrimeiraGrande Revoluo. Mas o Partido, continuava ento, apesar de tudo, umPartido em sua infncia, um Partido inexperiente nos trs problemas bsicosda frente nica, da luta armada e da construo do Partido, um partido quetinha pequeno ou nenhum conhecimento das caractersticas e leis daRevoluo chinesa ou sobre a histria e a sociedade chinesas e um partidocarente ainda de uma compreenso integrada, unificada da teoria marxista-leninista, de um lado, e, de outro, da prtica da Revoluo chinesa. Porisso, no ltimo perodo e na conjuntura crtica desta etapa, os elementosdominantes na direo do Partido falharam em dirigir o Partido rumo consolidao das vitrias da revoluo, mas ao contrrio, caram vitimasdos engodos da burguesia e levaram a revoluo derrota.

    Esta etapa presenciou o desenvolvimento da organizao do Partidomas esta, contudo, no foi consolidada. Os membros do Partido, seusquadros e organizaes no estavam consolidados ideolgica epoliticamente. Haviam muitos novos membros mas no lhes foi dada anecessria educao marxista-leninista. No faltava absolutamenteexperincia prtica, mas no era sistematicamente sintetizada. Grandenmero de oportunistas insinuou-se no Partido e no foram depurados.Tanto nossos inimigos como nossos aliados conspiravam contra nossoPartido, mas faltava vigilncia. Dentro do Partido surgiram numerososelementos ativos, mas no se encontrou tempo para fazer deles o esteio doPartido. O Partido tinha sob seu controle considerveis foras armadasrevolucionrias mas no era capaz de utiliz-las do modo mais eficiente.Tudo isso era consequncia da falta de experincia e da falta de umprofundo conhecimento revolucionrio, e da falta de habilidade em unir ateoria marxista-leninista com a prtica da Revoluo chinesa. Foi essa aprimeira etapa da construo do Partido.

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    A segunda etapa foi a Guerra Civil de 10 Anos. Com a experincia daprimeira etapa, e com um passo frente tanto na compreenso dascaractersticas e leis da Revoluo chinesa bem como do conhecimento dahistria e da sociedade chinesas e uma maior unidade da teoria marxista-leninista com a prtica da Revoluo chinesa, nosso Partido foi capaz derealizar vitoriosamente a luta sovitica de 10 anos. A organizao do Partidono s se desenvolveu de novo, mas se reforou. Apesar da sabotagemdiria do inimigo, o Partido expulsou os sabotadores. No s houvenovamente o aparecimento de grande nmero de quadros no Partido, masesses quadros foram transformados em seu esteio. O Partido abriu ocaminho para o poder poltico do povo e aprendeu assim a arte deadministrar o Estado e de manter a ordem pblica. Criou poderosas forasarmadas e aprendeu assim a arte da guerra. Tudo isso representaramavanos significativos e conquistas do Partido.

    Mas, durante essa grande luta, alguns membros escorregavam outinham escorregado para o lamaal do oportunismo. Isto se deveu suafalta de humildade em apreciar as experincias do passado, suaignorncia das caractersticas e leis da Revoluo chinesa, a seuconhecimento inadequado da histria e da sociedade chinesas, e ausnciada habilidade em unir a teoria marxista-leninista com a prtica daRevoluo chinesa. Por isso uma parte da direo do Partido foi incapaz deempolgar a justa linha poltica e orgnica em todos os perodos dessa etapa.Num momento o Partido e a revoluo eram ameaados pelo oportunismoesquerdista de Li L-san(3), e em outro momento pelo oportunismoesquerdista na guerra revolucionria e no trabalho nas regies brancas.

    Mas tudo isso foi sucessivamente superado em duas reunies histricasde nosso Partido, o IV Pleno do Comit Central e a Conferncia de Tsunyi.Depois da Conferncia de Tsunyi (realizada em Tsunyi, provncia deKewichow, em janeiro de 1935) o Partido foi lanado inteiramente na via dabolchevizao, e foram lanadas as bases para a posterior vitria sobre ooportunismo de direita de Chang Kuo-tao e para o estabelecimento dafrente nica nacional contra o Japo. Foi essa a segunda etapa nodesenvolvimento do Partido.

    A terceira etapa no curso do desenvolvimento do Partido a etapa dafrente nica nacional contra o Japo. Esta etapa j est em seu terceiro anoe a luta durante esses trs anos tem tido grande significao. Graas sexperincias das outras duas etapas revolucionrias, graas suaorganizao e poderio armado, seu grande prestgio poltico em todo o pas,e sua mais profunda e unificada compreenso da teoria marxista-leninista eda prtica da revoluo chinesa, o Partido no s criou a frente nicanacional contra, o Japo, mas levou adiante a grande Guerra anti-japonesa.A organizao do Partido emergiu de um crculo estreito e o Partido se

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    tornou o maior partido de mbito nacional. As foras armadas do Partidoesto crescendo novamente e se reforam mais na luta contra os japoneses.Tornou-se mais ampla a influncia do Partido sobre o povo, em todo o pas.Tudo isso so grandes conquistas.

    Contudo, apesar do Partido se ter desenvolvido, grande nmero de seusnovos membros e muitas novas organizaes partidrias ainda no seconsolidaram. Existe ainda uma grande diferena entre estas e os velhosmembros e organizaes. Os novos ainda carecem de experinciarevolucionria. Sabem ainda muito pouco ou mesmo nada sobre ascaractersticas e leis da Revoluo chinesa e sobre a histria e a sociedadechinesas. Esto ainda longe de ter uma compreenso completa e unificadada teoria marxista-leninista e da prtica da revoluo chinesa.

    O Comit Central lanou firmemente a palavra de ordem de Que oPartido cresa em toda parte, mas no se permita a entrada de um selemento indesejvel!, mas, no passado, ao crescer a organizao doPartido muitos oportunistas e sabotadores inimigos conseguiram se infiltrar,no mesmo. Embora a frente nica j tenha sido formada e venha, sendomantida h trs anos, a burguesia, especialmente a grande burguesia, estconstantemente procurando destruir nosso Partido. Srios atritos instigadospelos capitulacionistas e cabeas-duras (partidrios de uma causa perdida diehard nota do Trad.) da grande burguesia se alastram atravs dopas, e em vrios lugares existe uma agitao anticomunista. Oscapitulacionistas e cabeas-duras da grande burguesia procuram por essemeio preparar a rendio ao imperialismo japons, romper a frente nica, epuxar a China para trs. A burguesia procura abolir, o comunismoideologicamente, ao passo que poltica e organizativamente procura liquidaro Partido Comunista, as Regies fronteiras e as foras armadas do Partido.

    Em tais circunstncias nossa tarefa, sem dvida, vencer o perigo decapitulao, de uma ruptura na frente nica e de retrocesso, manter portodos os meios possveis a frente nica nacional e a cooperao entre oKuomintang e o Partido Comunista da China, e lutar pela continuao daresistncia contra o Japo, pela continuao (da unidade e do avano) eprogresso da unidade; e, enquanto isso, preparar-se para enfrentarpossveis incidentes de forma a preservar o Partido e a revoluo de perdasinesperadas quando tais incidentes ocorrerem.

    Para atingir esse objetivo, imperativo consolidar a organizao e asforas armadas do Partido e mobilizar toda a nao para uma luta resolutacontra a capitulao, contra o rompimento e o retrocesso. A realizaodessa tarefa depende dos esforos de todo o Partido e da luta indmita eincessante de todos os membros do Partido, dos quadros do Partido e dasorganizaes do Partido em toda parte e de todos os escales. Confiamos

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    que, com a experincia de 18 anos do partido Comunista da China, e comos esforos coordenados de seus experimentados militantes e quadrosveteranos, de um lado, e de seus novos e vigorosos membros, de outro;com os esforos conjugados de seu provado Comit Central Bolchevique edas organizaes locais; com os esforos conjugados de suas poderosasforas armadas e das massas progressistas do povo, estes objetivos seroatingidos.

    So estas as caractersticas principais bem como os problemasprincipais de nosso Partido nas trs etapas dos ltimos 18 anos.

    ***

    A experincia desses 18 anos nos mostra que a frente nica e a lutaarmada so as duas armas bsicas para derrotar o inimigo. A frente nica uma frente nica que realiza a luta armada, e as organizaes do Partidoso o valoroso combatente que maneja as duas armas da frente nica e daluta armada para desbaratar e esmagar as posies do inimigo. So essasas relaes mtuas entra estes trs fatores.

    Revendo a histria do Partido pode-se compreender imediatamentecomo possvel construir nosso Partido hoje e como podemos construir umPartido Comunista Bolchevique da China de mbito nacional e de massas,completamente consolidado- ideolgica, poltica e organizativamente. Istopode ser compreendido imediatamente fazendo uma revista inteligente dosproblemas inter-relacionados da construo do Partido, da frente nica e daluta armada e tambm dos problemas inter-relacionados da construo dopartido, da unidade e luta contra a burguesia, e a persistncia do OitavoExrcito de Rota e do Novo Quarto Exrcito em prosseguir a guerra deguerrilhas contra o Japo e em estabelecer bases anti-japonesas.

    Na base da habilidade em unir a teoria marxista-leninista com a prticada Revoluo chinesa, nossa tarefa recapitular as experincias dos 13anos passados juntamente com as novas experincias do presente etransmitir essa experincia a todo o Partido, tornar o Partido forte como oao e evitar repetir os erros cometidos no passado.

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    Incio da pgina

    Notas:

    (1) N. R.: Este o artigo de apresentao que Mao Ts-Tung escreveu em 1939 para oprimeiro nmero do jornal do Partido O COMUNISTA. Sintetizando principais experinciase lies revolucionrias dos 18 anos anteriores, desde a fundao do Partido at a poca

  • 16/9/2014 Apresentando "O Comunista"

    http://www.marxists.org/portugues/mao/1939/mes/comunista.htm 12/12

    Incluso 20/02/2010

    em que escrevia (1921-1939), Mao Ts Tung dizia: A experincia de 18 anos nos fizeramcompreender que a frente nica, a luta armada e a construo do Partido so as trs armasindispensveis com as quais o Partido Comunista Chins derrotar o inimigo.Manejando essas trs armas indispensveis, o Partido Comunista da China conduziu o povochins esplendida vitria revolucionria de hoje, confirmando assim a previso de MaoTse-Tung. Como esse artigo foi escrito trs anos depois do inicio da guerra de resistncia contra oJapo, no podia deixar de refletir as verdadeiras condies da China e suas necessidadesdaquele tempo, em relao aos mtodos concretos de lidar com certos problemas como oda burguesia chinesa. Mas isso no prejudica de nenhum modo a correo e a inteireza dasteses do camarada Mao Ts-Tung. Alm disso, Mao Ts-Tung, em escritos posteriores,desenvolveu suas teses a respeito desses temas. (retornar ao texto)

    (2) Chen Tu-hsiuismo Linha oportunista de direita e representada por Chen Tu-hsiu,secretrio-geral do Partido Comunista da China em 1921-1927. Ele advogava a renncia liderana do proletariado e o sacrifcio dos interesses das amplas massas de trabalhadorese camponeses para continuar com a burguesia. Depois que a Revoluo chinesa fora trada,Chen Tu-hsiu tornou-se um liquidacionista. Finalmente, Chen Tu-hsiu juntou-se aostrotsquistas chineses e revelou-se um completo renegado. (retornar ao texto)

    (3) Linha de Li Li-san Uma forma de esquerdismo oportunista representada pelocamarada Li Li-san. Negava a necessidade de se avaliar corretamente o poderio reativodas foras contendoras e a relao entre as diferentes classes em cada ao revolucionriade massas. Advogava a realizao de levantes armados nas principais cidades dominadaspelo terror branco do inimigo. Mais tarde o camarada Li Li-san reconheceu e corrigiu seuserros. (retornar ao texto)