apresentaÇÃo · 2019. 10. 17. · com enorme satisfação, apresentamos o xi workshop de ensino e...

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Page 1: APRESENTAÇÃO · 2019. 10. 17. · Com enorme satisfação, apresentamos o XI workshop de Ensino e Aprendizagem da FACCAMP, edição 2014/2015. O WEA, como é carinhosamente conhecido

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APRESENTACcedilAtildeO

Com enorme satisfaccedilatildeo apresentamos o XI workshop de Ensino e Aprendizagem da FACCAMP ediccedilatildeo 20142015

O WEA como eacute carinhosamente conhecido por todos noacutes mais uma vez vem socializar a produccedilatildeo cientiacutefica da nossa comunidade escolar Trata-se da publicaccedilatildeo dos resultados de estudos e pesquisa de todas as aacutereas do conhecimento Mais especificamente temos reportes de iniciaccedilotildees cientiacuteficas e trabalhos bem sucedidos em sala de aula nas aacutereas de Fiacutesica Quiacutemica Matemaacutetica Comunicaccedilatildeo Muacutesica Sociologia e Histoacuteria por exemplo

Nesta XI ediccedilatildeo tivemos trabalhos individuais como reporte de pesquisas de pesquisa de doutorado de docentes bem como produccedilotildees realizadas em parceria entre professores e alunos dando a ver resultados de trabalhos de pesquisa realizados na instituiccedilatildeo Eacute interessante observar uma quantidade expressiva de trabalhos que incorporam as temaacuteticas sobre cultura indiacutegena e afro-brasileira que vem dar a ver ndash por exemplo ndasha matemaacutetica usada pelos indiacutegenas ou por japoneses

Desse modo o WEA concretiza a missatildeo da FACCAMP a promoccedilatildeo e busca constante de excelecircncia no ensino na pesquisa e na extensatildeo para a formaccedilatildeo plena do cidadatildeo e da profissional

Desejamos que a leitura seja um bom mergulho cultural e formativo nesta ediccedilatildeo

Professores Fernando Campos e Kelly Oliveira

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Comitecirc de programa e organizaccedilatildeo

Profordf Me Patriacutecia Gentil Passos

Prof Dr Nelson Gentil

Prof Dr Osvaldo Luiz de Oliveira

Profa Dra Alba de Queiroz Ferreira

Prof Dr Fernando Roberto Campos

Profa Dra Liliana Harb Bollos

Profa Dr Lizete Maria Luiz Fischer

Profa Me Kelly Gomes de Oliveira

Profa Dra Maria do Carmo Santos Guedes

Prof Esp Monique Traverzin Ribeiro

Prof Me Cleber de Carvalho Lima

Prof Me Simone Dias da Silva

Prof Dr Faacutebio Villani

Prof Me Silvia Aparecida Fortunato Santos

Prof Me Paulo Orestes Formigoni

Bel Eliane Gonccedilalves dos Santos

Esp Priscila Benette

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt

Esp Diego Carminatti

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Sumaacuterio A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA PARA O PROFESSOR Por Gisele Luzia Matavelli Gigante 7 A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA Por Jeremias de Gois Maciel Prof Me Joseacute Augusto dos Santos 10 A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING Por Constacircncio Bortoni 15 A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA Por Jefferson dos Santos Conchetto 21 A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA Por Bruna de Souza Lisete Fischer 25 AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON Por Ana Paula da Silva Fazan Samira M F Gotarde 32

ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES Por Eliane Belmonte Lucenti Liliana Harb Bollos 40 A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS Por Nataacutelia de Lima Machado Lisete Maria Luiz Fischer 46 AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV) Por Fuad Joseacute Daud 52 ATIVIDADES INTERATIVAS COM A QUIacuteMICA ESTRUTURAL PARA A PREVISAtildeO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Por Alba Denise de Queiroz Ferreira 55 AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES Por Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato 62 CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO Por Tamy Cristina Pisck Lisete Maria Luiz Fischer 65

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DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B) Por Kleberson Diego de Castro Prof Paulo Orestes Formigoni 69 DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA Por Victor de O Turquetto Jeremias de G Maciel Douglas Camila Oliveira Anderson Krol Joseacute Augusto 74 EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO Por Mauro Elias Gebran Vacircnia Maria Jorge Nassif 80 ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 88 JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO Por Anderson K de Oliveira Douglas C Santos Camila O Cruz Prof Me David L Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 96 MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA Por Douglas C Santos Anderson Krol Camila Oliveira 100

O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE Por Prof Dr Antocircnio Reis Junior 106 O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA Por Prof Esp Felipe dos Santos Schadt 113 O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO Por Faacutebio Pavan 121 O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA Por Shirley Barreto Rabelo 124 O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I Por Adriane Santos Lima Cleber de Carvalho Lima 130

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PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO Por Clayton Hernandez Tozatti Denis Pescum 135

PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Por Constacircncio Bortoni 142 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA Por Milton Barros de Oliveira Maria do Carmo Guedes 146 REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO Por Nicoly Coelho Willian Timoacuteteo Malouf Eduardo Vieira Vilas Boas 154 REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO Por Prof Me David Luiz Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 159 RELATO DO PROJETO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA NA LICENCIATURA EM QUIacuteMICA DA FACCAMP Por Lisete Maria Luiz Fischer Letiacutecia Falconi Boraldo 165 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS Por Paula Letiacutecia da Silva Profordf Doani Emanuela Bertan 171

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S) Por Jaqueline Massagardi Mendes 176 UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS Por Artur Cesar de Freitas Victor de Oliveira Turquetto Fernanda Boava Pires 180 USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 185 VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS Por Kerolyn B G Surita Maria do Carmo S Guedes Lisete M L Fischer Sabrina de A Marques 191

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A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeOCONTINUADA PARA O PROFESSOR

Gisele Luzia Matavelli Gigante Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

giselegiganteoutlookcom

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns aspectos referentes agrave importacircncia em considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento bem como a formaccedilatildeo continuada para o professor O artigo apresenta uma breve explanaccedilatildeo a respeito das modificaccedilotildees do cenaacuterio da educaccedilatildeo musical e aponta uma formaccedilatildeo docente partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas Palavras chave Educaccedilatildeo Musical Avaliaccedilatildeo Formaccedilatildeo Continuada ABSTRACT This paper aims to present some aspects of the importance to consider music as an area of knowledge as well as continuing education for teachers The article presents a short explanation of the changes in the landscape of music education and points to a training assuming that everyone is able to learning different each other at your timea and with varied potential

Keywords Music Education Evaluation Continuing Education

INTRODUCcedilAtildeO Antes da colonizaccedilatildeo do Brasil havia a cultura de transmissatildeo oral e informal dos povos indiacutegenas que pode ser similar ao processo que muitas tribos utilizam ateacute hoje de aprendizagem por imitaccedilatildeo e pela convivecircncia com os mais velhos No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a muacutesica era utilizada como recurso para auxiliar a educaccedilatildeo nos aldeamentos Durante dois seacuteculos os jesuiacutetas conseguiram despertar a atenccedilatildeo e a simpatia dos nativos utilizando a muacutesica como eficiente instrumento de catequizaccedilatildeo indiacutegena e compunham melodias cujas letras falavam do Deus cristatildeo Ao longo da nossa histoacuteria o cenaacuterio da muacutesica e da educaccedilatildeo musical sofreu diversas modificaccedilotildees Grande parte da praacutetica musical realizada em sala de aula eacute fruto de uma longa histoacuteria que foi sendo construiacuteda durante seacuteculos e transformando o pensamento e os meacutetodos de muitas geraccedilotildees

Em 2008 com a lei 11 769 institui-se que em todas as escolas brasileiras a muacutesica se torne conteuacutedo obrigatoacuterio (mas natildeo exclusivo) da aacuterea de Arte

Qualquer proposta de ensino precisa abrir espaccedilo para o aluno trazer muacutesica para a sala de aula contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciaccedilatildeo e produccedilatildeo (PCN 1997 p53)

Essa norma foi uma conquista para a educaccedilatildeo mesmo considerando que os Paracircmetros Curriculares Nacionais e Referenciais Curriculares Nacionais Infantis jaacute preconizavam o desenvolvimento da aacuterea como um eixo do conteuacutedo de Arte Contudo a lei favoreceu o despertar do processo de ensino-aprendizagem deste eixo dentro das escolas poreacutem as dificuldades hoje enfrentadas satildeo muitas Dentre elas destaquemos a formaccedilatildeo do profissional para garantir ao educando o acesso a esse saber

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

As Diretrizes Nacionais para a Operacionalizaccedilatildeo do Ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica aprovada em 04 de dezembro de 2013 fundamenta a Educaccedilatildeo Musical no Brasil

[] O ensino da muacutesica deve constituir-se em conteuacutedo curricular interdisciplinar que dialogue com outras aacutereas de conhecimento Desse modo o conhecimento e a vivecircncia da muacutesica como expressatildeo humana e cultural devem ser integrados

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sistematicamente agraves diferentes aacutereas do curriacuteculo (BRASIL 2013 p05)

2 EDUCACcedilAtildeO MUSICAL Em se tratando da trajetoacuteria musical o seacuteculo XIX trouxe mudanccedilas na vida cultural brasileira especialmente na muacutesica com a chegada de D Joatildeo VI e toda sua corte Promoccedilotildees de concertos criaccedilatildeo de orquestras e bandas o aumento de professores particulares de instrumentos e a fundaccedilatildeo de escolas especializadas em muacutesica eram alguns acontecimentos da eacutepoca Entretanto as praacuteticas musicais nas escolas puacuteblicas continuavam a ser norteadas pelo pensamento musical dos seacuteculos anteriores como aquisiccedilatildeo do conhecimento musical pela compreensatildeo intelectual utilizaccedilotildees do repertoacuterio da muacutesica erudita europeia e uso de estrateacutegias de repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo

O natildeo exerciacutecio da criatividade acarreta a falta de autonomia a impossibilidade de reflexatildeo em situaccedilotildees de resoluccedilatildeo de problemas natildeo somente musicais mas tambeacutem em outras aacutereas Anula-se do mesmo modo a expressividade atraveacutes da linguagem musical pois se privilegia a muacutesica como um instrumento de controle e natildeo como uma forma de expressatildeo mesmo que natildeo se tenha consciecircncia disso (KEBACH DUARTE E LEONINI 2010 p 66)

O seacuteculo XX traz a ideia de que todo ser humano possui um potencial musical que deveria ser desenvolvido com as outras habilidades baacutesicas para completar sua formaccedilatildeo integral Em 1971 durante o regime militar uma nova lei foi sancionada O professor de educaccedilatildeo artiacutestica seria polivalente com formaccedilatildeo para atuar nas diversas linguagens da Arte visual teatro danccedila e muacutesica Em geral poreacutem essa formaccedilatildeo era insuficiente para uma atuaccedilatildeo muacuteltipla e a maioria dos profissionais optava apenas por um dos eixos ndash as artes visuais Na deacutecada de 90 iniciou-se um questionamento sobre a polivalecircncia e as licenciaturas em educaccedilatildeo artiacutestica Em 1996 a LDB nordm 9394 apontava uma mudanccedila em relaccedilatildeo ao ensino da aacuterea de artes que passou a constituir um componente curricular obrigatoacuterio nos diversos niacuteveis da educaccedilatildeo baacutesica No ano de 1997 os Paracircmetros Curriculares Nacionais reforccedilam esse olhar indicando princiacutepios norteadores para as quatro linguagens teatro artes visuais danccedila e muacutesica Eacute fato que apoacutes tantos anos sem muacutesica na grade curricular das escolas mesmo com os novos impulsos descritos nos Paracircmetros Curriculares Nacionais a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo musical no Brasil natildeo se resolveu na uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX

Para Fonterrada (2008) a abdicaccedilatildeo do ensino de muacutesica no curriacuteculo escolar eacute um reflexo da Arte concebida pela sociedade sendo vista como entretenimento e lazer

O abandono da educaccedilatildeo musical por parte das escolas e do governo foi acompanhado por profundas modificaccedilotildees na sociedade que se abriu para o lazer e o entretenimento ofertados pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa afastando-se a populaccedilatildeo escolar cada vez mais da praacutetica da muacutesica como atividade pedagoacutegica aderindo em vez disso aos hits do momento e ao consumo da muacutesica da moda do conjunto instrumental da moda do cantor da moda (FONTERRADA 2008 p 12)

O desafio eacute a formaccedilatildeo do professor seja especiacutefico de arte ou o pedagogo em relaccedilatildeo a uma reflexatildeo profunda sobre que tipo de saber musical seraacute levado para dentro das escolas bem como o fazer desse novo conteuacutedo para que transformaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves accedilotildees sejam significativas

A ausecircncia de pesquisas brasileiras que abordem aspectos amplos e especiacuteficos da formaccedilatildeo continuada de educadores e articuladas com os avanccedilos conquistas e problemaacuteticas atuais tecircm mostrado consequecircncias graves na concepccedilatildeo definiccedilatildeo e implantaccedilatildeo de projetos de capacitaccedilatildeo desses profissionais Esses projetos quando natildeo apoiados em resultados de pesquisas que os ajudem a interferir na qualidade e quantidade de suas accedilotildees apresentam-se com algumas dificuldades persistentes dando a impressatildeo de que as mesmas satildeo insuperaacuteveis (FUSARI 1994 p 28)

Na segunda metade do seacuteculo XX a preocupaccedilatildeo em formar didaticamente o professor finalmente atinge o ensino superior Ateacute entatildeo como afirmaram os participantes do congresso sobre didaacutetica realizado em Gand na Beacutelgica em 1954 ldquonatildeo existiu nenhuma preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo a issordquo A universidade natildeo oferece nos cursos de graduaccedilatildeo seja licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica ou Pedagogia uma formaccedilatildeo consistente Natildeo proporciona ainda salas especiacuteficas material didaacutetico instrumentos musicais e ambientes acuacutesticos necessaacuterios Eacute preciso tambeacutem no ensino superior aprender a ensinar

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do

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exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

Comemorada por muacutesicos educadores artistas e outros segmentos da sociedade a nova lei 1176908 coloca um grande desafio traduzir projetos de implantaccedilatildeo da muacutesica cuidadosamente pensados e accedilotildees educativas que considerem as diversas realidades brasileiras

[]quanto mais criticamente se exerccedila a capacidade de aprender tanto mais se constroacutei e desenvolve o que venho chamando ldquocuriosidade epistemoloacutegicardquo sem a qual natildeo alcanccedilamos o conhecimento cabal do objeto (FREIRE 2003 p 24)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Historicamente a muacutesica como aacuterea de conhecimento foi silenciada na escola sendo geralmente utilizada apenas para organizar rotinas eou como apoio didaacutetico para o ensino de outros conteuacutedos Eacute preciso ir aleacutem desta perspectiva e considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento Ter profissionais qualificados para trabalhar com a educaccedilatildeo musical tambeacutem eacute um desafio pois infelizmente a formaccedilatildeo para tal eixo geralmente eacute aligeirada em cursos de Pedagogia e Educaccedilatildeo Artiacutestica Nesta perspectiva configura-se um entrave na Educaccedilatildeo Musical na qual tanto pedagogos natildeo possuem conhecimentos especiacuteficos musicais bem como muacutesicos carecem de conhecimentos pedagoacutegicos Como defente Brito (2003) todos devem ter o diretito de cantar e tocar um instumento ainda que natildeo tenham senso riacutetmico fluente ou afinaccedilatildeo pois as aptidotildees musicais se desenvolvem com uma praacutetica orientada Daiacute a importacircncia da Formaccedilatildeo Continuada ser oferecida aos educadores partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas valorizando a necessidade de se promover metodologias contemporacircneas que procurem trabalhar de forma ativa e criacutetico-reflexiva com os educandos (FERNANDES 2009) Esse processo de Educaccedilatildeo Musical deve - se dar em um ambiente respeitoso sempre valorizando e estiacutemulando cada indiviacuteduo com propostas que dialoguem com outras aacutereas do conhecimento E isso eacute um grande desafio pois pensar no ato de musicalizar exige mudanccedila de postura para efetivamente transformar um cenaacuterio pouco ativo para uma paisagem onde a participaccedilatildeo de todos os sujeitos envolvidos eacute imprescindiacutevel e consequentemente o bom funcionamento de um processo educativo

REFEREcircNCIAS BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia Secretaria de Ensino Fundamental 1998 (3 vol) ________ Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Arte ndash 1 a 4 seacuteries Brasiacutelia SEF 1997 BRASIL Diretrizes Nacionais para operacionalizaccedilatildeo do ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica BrasiacuteliaDF 2013 BRITO Teca Alencar de Muacutesica na Educaccedilatildeo Infantil propostas para a formaccedilatildeo integral da crianccedila Satildeo Paulo Peiroacutepolis 2003 FERNANDES Iveta Maria Borges Aacutevila Muacutesica na escola desafios e perspectivas na formaccedilatildeo contiacutenua de educadores da rede puacuteblica 2009 349p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Educaccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009 DEMO Pedro Avaliaccedilatildeo qualitativa 7 ed Campinas (SP) Autores Associados 2002 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios Um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo 2 Ed Satildeo Paulo Ed Unesp Rio de Janeiro Funarte 2008 FUSARI Joseacute Cerchi Interfaces de um projeto de capacitaccedilatildeo continuada na parceria com Estados e Municiacutepios In CASALI A TOZZI Devanil A NOGUEIRA Sandra Vidal (Orgs) A relaccedilatildeo universidade ndash rede puacuteblica de ensino Desafios agrave reorganizaccedilatildeo curricular da poacutes graduaccedilatildeo em educaccedilatildeo seminaacuterio Satildeo Paulo EDUC 1994 p 21-36 FREIRE Paulo Professora sim tia natildeo 14ordfed Satildeo Paulo Olho Drsquoaacutegua 2003

KEBACH Patriacutecia DUARTE Rosangela LEONINI Maacutercio Ampliaccedilatildeo das concepccedilotildees musicais nas recriaccedilotildees em grupo Revista da ABEM Porto Alegre v 24 p 64-72 set 2010 Disponiacutevel em lthttpabemeducacaomusicalcombrrevista_abemed24revista24_artigo7pdfgt Acesso em 02102013 LIBAcircNEO Joseacute Carlos Organizaccedilatildeo e gestatildeo da escola Teoria e praacutetica 4 Ed Goiacircnia Editora alternativa 2001

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A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jeremiasgoisymailcom

Prof Me Joseacute Augusto dos Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

joseaugustomathgmailcom

RESUMO Este artigo tem o propoacutesito de sinalizar o quanto o povo africano e sua cultura influenciaram na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacutetica Buscamos atraveacutes de fontes arqueoloacutegicas e histoacuterias elementos que apontam que aleacutem da Aacutefrica ser o berccedilo da humanidade tambeacutem o eacute com relaccedilatildeo ao desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico Palavras chave Aacutefrica histoacuteria da matemaacutetica cultura ABSTRACT This article intends to sign how much the African people and their culture influenced the construction of mathematical science We seek through archaeological sources and stories elements that indicate that Africa is the lsquocradle of humanityrsquo as well is related to the development of mathematical logical thinking Keywords Africa the history of mathematics culture INTRODUCcedilAtildeO

Considerando a Lei 106392003 que alterou a Lei no 9394 de 20 de dezembro de 1996 - a LDB para incluir no curriacuteculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira bem como os diversos artigos que tratam sobre a temaacutetica da histoacuteria da matemaacutetica no continente africano atraveacutes da oacutetica da Etnomatemaacutetica o presente trabalho tem por finalidade uma reflexatildeo sobre o tema ldquoA influecircncia africana na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacuteticardquo

Infelizmente quando estudamos os nossos professores no ensino Fundamental e Meacutedio geralmente natildeo citam a Aacutefrica como o berccedilo do conhecimento matemaacutetico esse fato natildeo eacute mencionado nem mesmo no curso de licenciatura em matemaacutetica Apesar de a maioria reconhecer que a humanidade surgiu na Aacutefrica questotildees raciais e discriminatoacuterias muitas das vezes impedem a menccedilatildeo e ou o ensino de toda gecircnese do conhecimento humano africano

Eacute necessaacuterio que os educadores propiciem momento de discussatildeo para transmitir conhecimentos como instrumento de poder para as nossas crianccedilas e

adolescentes ensinando-os que os nossos ancestrais africanos dominavam a ciecircncia matemaacutetica e que natildeo era apenas uma propriedade exclusiva dos europeus Desconstruir o modelo estereotipado que comumente vemos nos livros didaacuteticos nos filmes e outros meios midiaacuteticos de um homem branco detentor do conhecimento intelectual e os demais simplesmente como executores de tarefas A DISSEMINACcedilAtildeO DA VISAtildeO EUROPEacuteIA DE MUNDO

A colonizaccedilatildeo de povos asiaacuteticos africanos e americanos por paiacuteses europeus a partir do seacuteculo XV impocircs a cultura europeia em detrimento da cultura local O estereoacutetipo de homem europeu como detentor do conhecimento e como uma raccedila superior os natildeo europeus como uma subclasse humana eacute discutida na obra de Alexandre Vom Humbolt

ldquoeacute aos habitantes de uma pequena seccedilatildeo da zona temperada que o resto da humanidade deve a primeira revelaccedilatildeo de uma familiaridade intima e racional com forccedilas governando o mundo fiacutesico Aleacutem disso eacute da mesma zona que os germes da civilizaccedilatildeo foram carregadas para as regiotildees dos troacutepicosrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 56 1997)

Este autor de forma sutil ainda relata sobre a missatildeo civilizatoacuteria do homem branco europeu com relaccedilatildeo aos povos colonizados destacando a inferioridade entre os povos

ldquoEncontramos mesmo nas naccedilotildees mais selvagens um certo sentido vago aterrorizado da poderosa unidade das forccedilas naturais e da existecircncia de uma essecircncia invisiacutevel espiritual que manifesta estas forccedilasrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 59 1997)

O autor relata de forma pejorativa ldquonaccedilotildees mais selvagensrdquo que nada relata sobre estes povos suas

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culturas como vivem entre outros detalhes demonstrando que em sua visatildeo o conhecimento e a cultura somente eacute validada aquela produzida pelos colonizadores

O filoacutesofo Osvaldo Spengler em seu estudo sobre a cultura ocidental em meados do seacuteculo XX apoacutes a Primeira Guerra Mundial apresenta uma nova forma de ver a histoacuteria natildeo fragmentada mas ampla considerando contexto histoacuterico dando possibilidade no estudo da ciecircncia matemaacutetica e o seu desenvolvimento como relata em seu texto

ldquoSegue-se disso uma circunstacircncia decisiva que ateacute agora escapou aos proacuteprios matemaacuteticos Se a matemaacutetica fosse uma mera ciecircncia como a Astronomia ou a Mineralogia seria possiacutevel definir o seu objeto haacute muitas Matemaacuteticas lsquo (SPRENGLER Oswald A decadecircncia do Ocidente 1973 p72)

Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacutetico

Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico usado pelas diversas culturas nos diversos focos seja o cognitivo ou o histoacuterico-social

O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para os mesmos fatos histoacutericos e sobre tudo que provoquem a criacutetica histoacuterica Como diz Santos

ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais sociais e poliacuteticos que nos ajudem a reinventar a emancipaccedilatildeo socialrdquo(SANTOS 2005 p 18)

Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na construccedilatildeo do pensamento matemaacutetico Munanga afirma sobre a distinccedilatildeo entre marcadores bioloacutegicos e marcadores culturais quando afirma

ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras e ldquodescobertasrdquo matemaacuteticas estaacute permeado pelo contexto cientiacutefico-cultural africanordquo (Munanga p 13 1999)

Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conhecimentos matemaacuteticos gregos que foram divulgados a partir do seacuteculo V aC jaacute eram conhecidos dos africanos pelo menos mil anos antes como as operaccedilotildees descritas no Papiro de Ahmes

Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro de Ahmes Os quais fazem cair por terra a tese de que a matemaacutetica surgiu na Babilocircnia e na Greacutecia O OSSO DE ISHANGO

Em 1950 foi feita a descoberta por um geoacutelogo

belga na pequena vila de Ishango na fronteira do Zaire com Uganda no continente africano ossos de macaco que media aproximadamente dez centiacutemetros contendo inscritas com as marcaccedilotildees que aparecem para representar nuacutemeros cujo artefato foi datado entre 18 mil a 22 mil anos

A figura abaixo mostra o diagrama e os ossos de Ishango que satildeo marcaccedilotildees bem precisas divididas em trecircs colunas sendo a primeira com quatro nuacutemeros primos 11 13 17 e 19 totalizando 60 a coluna da direita com os nuacutemeros 11 21 19 e 9 que 21= 11+10 e 9= 19-10 dependentes dos primos e que tambeacutem totaliza 60 e a coluna central totalizando 48 todos sendo muacuteltiplos de 12 Podemos concluir que o dono do artefato poderia realizar a contagem com base 12 como vaacuterios povos antigos

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Foto 1 Osso de Ishango Museu Ciecircncia Naturais Bruxelas

Natildeo se sabe exatamente a utilidade deste artefato se era para contagem do ciclo menstrual ou para contagem do tempo com base no ciclo lunar de 6 meses que era uacutetil para a agricultura Mas com certeza era uma forma de organizar a contagem No site ldquoMatemaacutetica do PIrdquo encontramos uma sucinta e razoaacutevel explicaccedilatildeo sobre esta descoberta

ldquoA coluna central comeccedila com 3 traccedilos e logo duplica o seu nuacutemero O mesmo processo eacute repetido com o nuacutemero 4 que se duplica a 8 traccedilos e logo inverte-se o processo com o nuacutemero 10 que eacute dividido pela metade resultando em 5 traccedilos Por isto chega-se agrave conclusatildeo de que estes nuacutemeros natildeo podem ser puramente arbitraacuterios senatildeo que sugestionam algum indiacutecio de caacutelculos de multiplicaccedilatildeo e divisatildeo por 2 O osso poderia ter sido usado portanto como uma ferramenta para levar a cabo procedimentos matemaacuteticos simples Essa visatildeo eacute reforccedilada por olhar para o nuacutemero de entalhes de cada lado da coluna central Os nuacutemeros agrave esquerda e agrave direita da coluna central satildeo todos nuacutemeros iacutempares (9 11 13 17 19 e 21) Aleacutem disso os nuacutemeros na coluna da esquerda satildeo todos nuacutemeros primos sugerindo alguns conhecimentos matemaacuteticos Os nuacutemeros de cada coluna lateral somam 60 e os

nuacutemeros da coluna central somam 48 Ambos os resultados satildeo muacuteltiplos de 12 mais uma vez sugerindo que jaacute existia uma compreensatildeo da multiplicaccedilatildeo e divisatildeordquo (httpjonasportalblogspotcombr201004o-osso-de-ishangohtml)

O OSSO DE LIBOMBO

O mais antigo artefato matemaacutetico conhecido eacute datado de 35000 aC denominado de Osso de Libombo encontrado no sul do continente africano mais especificamente na atual Suazilacircndia um pequeno artefato de 77 cm feito da fiacutebula de um babuiacuteno (osso de macaco) contendo 29 entalhes bem definidos

Haacute o consenso entre os estudiosos que o Osso de Libombo foi uma ferramenta de mediccedilatildeo pois era utilizado como contador de fase lunar possivelmente para ajudar as mulheres a controlarem o periacuteodo do ciclo menstrual como mostra a figura abaixo

Foto 2 Osso de Libombo fonte wwwfisica-interessantecom

PAPIRO DE AHMES

Aleacutem dos artefatos matemaacuteticos antiguiacutessimos temos uma descoberta mais recente trata-se do Papiro de Ahmes datada de 1650 aC tambeacutem conhecido como Papiro de Rhind que leva o nome do colecionador de antiquaacuterios escocecircs Alexandre Henrry Rhinde pessoa a qual o adquiriu na cidade egiacutepcia de Luxor em 1858 Hoje se encontra no Museu Britacircnico cuja dimensatildeo eacute de 55 metros por 32 centiacutemetros de largura conforme foto abaixo

Foto 3 Papiro de Ahmes

fonte httpwwweducfculptdocentesopomboseminariorhindiniciohtm

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Este papiro foi uma compilaccedilatildeo feita por um escriba egiacutepcio denominado Ahmesque que detalha a soluccedilatildeo de 87 problemas que envolvem assuntos do dia a dia egiacutepcio como contagens caacutelculo de aacutereas divisotildees As resoluccedilotildees destes problemas exigiam conhecimentos de fraccedilotildees da aritmeacutetica de regras de trecircs simples de caacutelculos de aacuterea de poliacutegonos regulares e de volumes de soacutelidos geomeacutetricos da trigonometria da raiz quadrada da progressatildeo aritmeacutetica o caacutelculo de circunferecircncia entre outros

De certa forma estes conhecimentos matemaacuteticos jaacute faziam parte do dia a dia dos ldquomatemaacuteticosrdquo africanos por volta de 1850 aC bem anterior aos ldquopais da matemaacuteticardquo1 antiga os gregos Tales Pitaacutegoras e Euclides

HEGEMONIA DA MATEMAacuteTICA OCIDENTAL

Embora as descobertas citadas acima indiquem as

raiacutezes do surgimento do pensamento matemaacutetico no continente africano sabemos que no mundo antigo o domiacutenio da escrita e do caacutelculo concentrou-se nas matildeos de poucos principalmente das grandes potecircncias mundiais como a Babilocircnia Medo Persa Greacutecia Roma mais tardiamente os Aacuterabes todos os conhecimentos dos povos dominados eram apropriados pelos dominadores Lembrando que a histoacuteria que nos eacute contada eacute a histoacuteria do ponto de vista dos dominadores e natildeo dos dominados

Temos consciecircncia que a investigaccedilotildees das genealogias natildeo satildeo algo preciso principalmente quando citamos datas e personagens fora do contexto histoacuterico Eacute exatamente o que aparece nos livros didaacuteticos quando abordam a histoacuteria das ciecircncias que satildeo geralmente europocecircntricas2 veja o que diz Shoat em seu texto

ldquo[] fazer engenhosas acrobacias para lsquopurificarrsquo a Greacutecia claacutessica de todas as lsquocontaminaccedilotildeesrsquo africanas e asiaacuteticas Tinha que explicar por exemplo as inuacutemeras homenagens gregas a culturas afro-asiaacuteticas a descriccedilatildeo de Homero dos lsquoirrepreensiacuteveis etiacuteopesrsquo o casamento de Moiseacutes com a filha de Kush4 e as frequentes referecircncias aos lsquoKaloskaghatosrsquo (bons e belos) africanos na literatura claacutessicardquo (SHOHAT 2004 p 28)

A hegemonia europeia da matemaacutetica que eacute registrada nas literaturas diversas sobre a histoacuteria da

1 A denominaccedilatildeo pais matemaacuteticos eacute tambeacutem uma visatildeo estereotipada que comumente eacute tratado os referidos personagens nos livros didaacuteticos Pois pai eacute o que daacute origem iniacutecio Sabemos que jaacute havia muito conhecimento da matemaacutetica anterior aos referidos personagens gregos 2 Eurocentrismo eacute a cultura europeacuteia com bases central do pensamento

ciecircncia estaacute atrelada agrave dominaccedilatildeo deste continente sobre outros povos como afirma DrsquoAmbroacutesio em seu texto

ldquo[] expansatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental e assim associada a um sistema de dominaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica que resultou desse processo de expansatildeo Supostamente ao falarmos de raiacutezes socioculturais essas consideraccedilotildees natildeo podem ser esquecidas e a matemaacutetica como conhecimento de base para a tecnologia e para o modelo organizacional da sociedade moderna estaacute presente de maneira muito intensa em tudo isso A matemaacutetica e o processo de dominaccedilatildeo que prevalece nas relaccedilotildees com o que eacute hoje o Terceiro Mundo estatildeo intimamente associados [] Em resumo a matemaacutetica estaacute associada a um processo de dominaccedilatildeo e agrave estrutura de poder desse processordquo (DrsquoAMBROacuteSIO 1998 p 14)

Outros autores que indicam em seus textos a apropriaccedilatildeo indeacutebita do patrimocircnio cultural africano pela civilizaccedilatildeo greco-romana que urge por uma revisatildeo histoacuterico epistemoloacutegica como afirmou Boyer

ldquo[] Os gregos natildeo hesitavam nada em absorver elemento de outras culturas de outra forma natildeo teriam aprendido tatildeo depressa como passar na frente de seus predecessoresrdquo (BOYER 1996 p 31)

Eacute conhecido que grande parte do conhecimento

matemaacutetico foi levado para a Greacutecia atraveacutes de processos desonestos ou violentos Os escritores gregos em vaacuterios casos apresentavam-se como autores de conceitos ou teorias que haviam aprendido com mestres africanos O saque da biblioteca de Alexandria foi um episoacutedio central nesse processo pois a destruiccedilatildeo ou deslocamento dos textos antigos destituiu o Egito de suas fontes primaacuterias

Suspeito que a branquitude3 encontra na matemaacutetica lugar de grande potencialidade Por traacutes de muitos enunciados emerge um discurso colonial de afirmaccedilatildeo de superioridade cultural dos ocidentais Dito de outra maneira a narrativa matemaacutetica contribui para a consolidaccedilatildeo de um sentimento de superioridade civilizatoacuteria em detrimento dos africanos e seus descendentes

E eacute neste ponto que problematizamos a fabricaccedilatildeo de uma Aacutefrica selvagem e matematicamente analfabeta cuja influecircncia do africano ou do negro para muitos estaacute apenas voltada para o luacutedico a culinaacuteria e o esporte De igual modo a cultura Egiacutepcia em boa medida

3 Por branquitude queremos dizer a eliminaccedilatildeo de matemaacuteticos negros da histoacuteria da matemaacutetica

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eacute pensada de maneira distante dos descendentes de africanos no Brasil

A escrita da histoacuteria da matemaacutetica chega ao cotidiano escolar produzindo sentidos e representaccedilotildees ldquotradicionalmente o pai da matemaacutetica grega eacute Tales de Mileto um mercador que visitou a Babilocircnia e o Egito na primeira metade do seacuteculo VI aCrdquo (STRUIK 1997 p 73)

A afirmativa de Struik no singular revela um pouco da presenccedila do ideaacuterio colonizador que escreve a histoacuteria da matemaacutetica propondo uma ideia de marco inaugural ou um ponto de origem

O apagamento civilizatoacuterio africano no desenvolvimento histoacuterico da matemaacutetica eacute condicionado aleacutem de outros pelo fato de a Aacutefrica ser narrada numa histoacuteria eurocentrista como um continente sem civilizaccedilatildeo A histoacuteria da matemaacutetica os processos civilizatoacuterios satildeo mostrados como resultantes de apenas duas matrizes culturais dicotomizadas entre Oriente e Ocidente

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante das reflexotildees apresentadas no desenvolvimento deste trabalho procuramos apontar que parte dos conhecimentos que utilizamos nos Curriacuteculos da matemaacutetica eacute de origem africana oriundos principalmente da civilizaccedilatildeo egiacutepcia E que durante o desenvolvimento da histoacuteria da humanidade os vaacuterios dominadores apropriaram dos conhecimentos matemaacuteticos africanos ocultando a fonte primeira As provocaccedilotildees que aqui foram feitas poderatildeo servir para dar iniacutecio a um estudo mais aprofundado do assunto podendo mudar o modo de apresentar o conhecimento matemaacutetico em sala da aula dando ouvidos aos fatos histoacutericos no desenvolvimento da matemaacutetica REFEREcircNCIAS BOYER Carll (1996) Histoacuteria da Matemaacutetica Ed Edgar Bluxh 2ordm Ed Trad Elza Gomides

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A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING

Constacircncio Bortoni Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

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RESUMO Este artigo discute conceito e o processo implementaccedilatildeo da filosofia Lean em linha de montagem de NOTEBOOK Processo de manufatura ASSY (assembly) e placa de circuitos eletrocircnicos MOTHERBOARD de tecnologia SMT (Surface Mount Technology) Processo de manufatura SMT Isso por meio da mudanccedila da cultura dos funcionaacuterios e da forma de planejar cujo foco esteja em melhor fluxo de processo maior produtividade e rentabilidade ou seja na melhoria dos indicadores de qualidade Foram usadas como base as caracteriacutesticas reais de uma manufatura jaacute definida haacute trecircs anos trabalhando em metodologia ldquolong Linerdquo e sem a filosofia Lean para a aplicaccedilatildeo da metodologia ldquoCell Linerdquo Isso se deu utilizando os conceitos as ferramentas e as bases estruturais da filosofia LEAN Palavras chave Filosofia Lean ldquoCell Linerdquo Fluxo de processo Produtividade Melhoria da Qualidade e Rentabilidade ABSTRACT This paper discusses the Lean philosophy concepts and implementation in a NOTEBOOK assembly line (ASSY Manufacturing Process) and electronics circuit board MOTHERBOARD technology SMT (Surface Mount Technology Manufacturing Process) It was carried on by changing the employeesrsquo culture and the way of planning which was focused on better flow process increasing productivity profitability and quality improvement This article was based on real features and data of a real manufacturing that already was set for 3 years worked in methodology long line without the Lean philosophy It was developed by the application of the methodology Cell Line using the concepts tools and structural bases of the Lean philosophy Keywords Lean philosophy Cell Line Process Flow Productivity Quality Improvement and Profitability INTRODUCcedilAtildeO Numa manufatura enxuta a administraccedilatildeo deve ser visual simples e direta O tempo de resposta a problemas deve ser zero Informar com clareza visual o

que fazer e como fazer no momento exato sem sombra de duacutevidas eacute o objetivo do gerenciamento visual Fluxo contiacutenuo e ceacutelulas de manufatura (preferencialmente em formato de U) eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo A filosofia Lean manufacturing deve ser implementada desde o chatildeo de faacutebrica ateacute sua gerecircncia para que os objetivos tornem-se alinhados Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo A implementaccedilatildeo da filosofia Lean gera uma mudanccedila radical nos meacutetodos de produccedilatildeo e de trabalho de uma empresa e para isso esta deve ter agrave frente um presidente ou um diretor com poderes de decisatildeo e apoio irrestrito da presidecircncia Pois a mudanccedila da mentalidade das pessoas envolvidas e principalmente a conscientizaccedilatildeo da alta gerecircncia para o apoio as mudanccedilas satildeo os entraves para se melhorar processos mudar a maneira de fazer e pensar Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 21 O Sistema de Manufatura Enxuta O sistema de manufatura enxuta (Lean manufacturing) evoluiu do sistema produtivo criado por Eiji Toyada Taiichi Ohno e Shigeo Shingo desenvolvido para a Toyota Motor Corporation no periacuteodo apoacutes 2ordf Guerra Mundial Nesse periacuteodo o Japatildeo passava por escassez de recursos humanos financeiros e materiais Com isso a Toyota precisava focar na reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo das tarefas que natildeo agregavam valor para conseguir vantagens competitivas com as concorrentes Americanas e Europeias Assim surgia o Sistema de Produccedilatildeo Toyota (TPS) fundada no desenvolvimento de pessoas processos e focada na eliminaccedilatildeo do desperdiacutecio e criaccedilatildeo de valor O termo pensamento enxuto (Lean thinking) foi usado pela primeira vez por James Womack e Daniel Jones em 1996 Desde entatildeo a filosofia do

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pensamento enxuto vem alcanccedilando grande reputaccedilatildeo e passou tambeacutem a ser aplicado em todas as aacutereas de atividades econocircmicas com fins-lucrativos setor puacuteblico e organizaccedilotildees sem fins-lucrativos

[] O PENSAMENTO ENXUTO eacute uma maneira de vocecirc pensar a melhoria e a (re)organizaccedilatildeo de um ambiente produtivo A aposta-chave eacute a de que entendendo o que eacute valor para o cliente vocecirc seraacute capaz de identificar e eliminar os desperdiacutecios via o melhoramento contiacutenuo dos processos de produccedilatildeo e assim alavancar a sua posiccedilatildeo competitiva em particular no que se refere aos fatores como a velocidade no atendimento aos clientes a flexibilidade para se ajustar ao seus desejos especiacuteficos a qualidade e o preccedilo do produto ou serviccedilo ofertados (COSTA JARDIM 2010)

Segundo Costa RS amp Jardim EGM (2010) e Pinto J P (2009) o pensamento enxuto eacute alicerccedilado por 5 princiacutepios de raciociacutenio que simplificam o modo de produccedilatildeo entrega valor aos seus clientes e eliminam o desperdiacutecios

1 Definir Valor 2 Mapear o fluxo de produccedilatildeo 3 Implementar o fluxo contiacutenuo 4 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada 5 Buscar a perfeiccedilatildeo

211 Definir Valor A nossa tendecircncia eacute classificar valor quando nos referimos a um produto ou serviccedilo que usamos ou compramos mas no pensamento enxuto a conotaccedilatildeo de valor eacute bem mais ampla Para a filosofia do pensamento enxuto valor eacute tudo que justifica atenccedilatildeo esforccedilo e tempo dedicado para a realizaccedilatildeo de algo Tambeacutem devemos classificar o desperdiacutecio como uma subordinaccedilatildeo a essa caracterizaccedilatildeo de valor e que desperdiacutecio eacute toda atividade que eacute realizada que natildeo acrescenta valor O cliente eacute quem define o valor e este eacute referente agraves caracteriacutesticas dos produtosserviccedilos que satisfazem agraves expectativas e aos anseios dos clientes lembrando que eacute o valor que manteacutem os clientes interessados nos negoacutecios de uma organizaccedilatildeo Muito importante salientar que natildeo apenas os clientes esperam receber valor das organizaccedilotildees contratadas mas tambeacutem todos envolvidos nesse processo (stakeholders) colaboradores acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo Assim a organizaccedilatildeo para criar valor para todos os stakeholders deve ter foco nas atividades que satisfaccedilam as expectativas destes eliminando todas as formas de desperdiacutecio 212 Mapear o fluxo de produccedilatildeo O primeiro passo eacute desenhar o fluxo que bem represente as atividades corretamente realizadas na organizaccedilatildeo Isto fornece a informaccedilatildeo que vocecirc precisa para desenvolver um estado futuro E se houver diferentes produtos eou serviccedilos selecione o fluxo que

seja mais relevante para o resultado do sistema Nesse estaacutegio jaacute se tem o conhecimento dos paracircmetros adequados para a definiccedilatildeo das atividades que agregam ou natildeo agregam valor ao cliente Posteriormente eacute necessaacuterio fazer a anaacutelise de como eacute o caminho do material e a informaccedilatildeo nesse fluxo sempre atento aos tempos de cada estaacutegio de fila armazenamentos retrabalhos inspeccedilotildees e controles O foco eacute para o fluxo correntemente Aquelas atividades podem ser necessidades mas ndash de fato ndash constituem-se em desperdiacutecios que em nada interessam aos clientes ao qual importa que o produtoserviccedilo tenha preccedilo qualidade e seja entregue conforme especificaccedilotildees Com o mapa do fluxo atual o proacuteximo passo eacute a confecccedilatildeo do fluxo ideal O ponto chave eacute natildeo ser fixar as soluccedilotildees existentes Perceba com o que eacute necessaacuterio que se lide no dia a dia as limitaccedilotildees de maacutequinas recursos (pessoa e dinheiro) e tempo mas natildeo deixar estas restriccedilotildees influenciar na visatildeo ideal Com os mapas dos dois fluxos defini-se o novo mapa do fluxo possiacutevel para as atuais condiccedilotildees o mapa do estado futuro 213 Implementar o fluxo contiacutenuo O fluxo contiacutenuo eacute o processo de produzir uma peccedila de cada vez com os itens passando de um posto de trabalho para o outro sem nenhuma parada Sendo assim um modo mais eficaz de produccedilatildeo que evita desperdiacutecios de tempo e recursos Nesse estaacutegio deve-se sincronizar os meios envolvidos na criaccedilatildeo de valor para todas as partes Fluxo de materiais de capital de pessoas e de informaccedilatildeo 214 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada O efeito da criaccedilatildeo de um Fluxo de Valor pode ser sentido na reduccedilatildeo dos tempos de concepccedilatildeo de produtos de processamento de pedidos e em estoques Ou seja ser veloz no atendimento de uma demanda e entatildeo em vez de tentar adivinhar o que vai acontecer amanhatilde a empresa poderaacute se dar ao luxo de esperar a chegada do pedido e soacute entatildeo disparar a produccedilatildeo Ter a capacidade de desenvolver produzir e distribuir rapidamente daacute ao produto uma atualidade a empresa pode atender agrave necessidade dos clientes quase que instantaneamente Isso permite a empresa inverter o fluxo produtivo as empresas natildeo mais empurram os produtos para o consumidor (desovar estoques) atraveacutes de descontos promoccedilotildees e leve dois pague um O consumidor passa a puxar a produccedilatildeo eliminando estoques e dando valor ao produto eacute a Produccedilatildeo Puxada Toda essa mudanccedila significa uma vantagem competitiva irresistiacutevel leveza para atender imediatamente os desejos do cliente Com pequenos lotes e demanda puxada a empresa manteacutem-se com muito mais facilidade o foco e a concentraccedilatildeo em gerar valor para o cliente Gerando a reduccedilatildeo de custos esforccedilos tempos e espaccedilos 215 Buscar a perfeiccedilatildeo A Perfeiccedilatildeo e melhoria contiacutenua satildeo realidades Em um processo transparente em que todos os membros da cadeia (Stakeholders) tenham conhecimento do

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processo como um todo podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de criar Valor As empresas estatildeo aprendendo que o sucesso depende fundamentalmente das pessoas Com a filosofia LEAN as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Sendo que as trasnformaccedilotildees estrateacutegicas satildeo pautadas na responsabilizaccedilatildeo desenvolvimento teacutecnico e autonomia das equipes de linha de frente

[] Grupos e ferramentas para a melhoria contiacutenua gestatildeo visual e semiautocircnoma auto-gestatildeo da performance cotidiana feedback frequente e resposta raacutepida satildeo alguns dentre os vaacuterios instrumentos propostos pelo LEAN para interligar as accedilotildees do dia a dia e a oferta de valor para os clientes Womack e Jones que estudaram durante anos o sistema Toyota de Produccedilatildeo e mais adiante cunharam o termo LEAN MANUFACTURING registram com sua experiecircncia de anos junto a empresas que seguiram este caminho ldquoagrave medida que as organizaccedilotildees comeccedilam a especificar valor com precisatildeo identificam o fluxo de valor total agrave medida em vatildeo transformando o seu sistema na direccedilatildeo do fluxo contiacutenuo e deixam que o cliente puxe a sua produccedilatildeo algo muito estranho comeccedila a ocorrer Ocorre aos envolvidos que o processo de reduccedilatildeo de esforccedilo tempo espaccedilo custo e erros eacute infinito (COSTA JARDIM 2010)

As melhorias de processo satildeo geralmente implementadas atraveacutes das ferramentas Kaizen e 3Ps O ldquoKaizenrdquo eacute uma palavra japonesa que significa melhoria contiacutenua e utiliza uma riacutegida metodologia que coloca foco nas atividades de mudanccedila No kaizen deve-se dar ecircnfase agraves filosofias da metodologia da Manufatura Enxuta puxada da produccedilatildeo pelo cliente identificaccedilatildeo da cadeia de fluxo de valor eliminaccedilatildeo de desperdiacutecios implantaccedilatildeo de cartotildees de controle de material (kanban) procedimentos de entrega no tempo correto (just in time) fluxo contiacutenuo etc Segundo HOHMANN (2002) o Kaizen seraacute bem sucedido se for definido um patrocinador para o projeto (fazendo com que a informaccedilatildeo entre as pessoas e aacutereas envolvidas seja transparente e eficaz) tudo seja documentado definiccedilatildeo de liacutederes para cada grupo e ter os objetivos claros e mensuraacuteveis ndash como por exemplo tempo do processo quantidade de material utilizado e o iacutendice de produtividade Outra ferramenta muito utilizada eacute o 3Ps - produccedilatildeo preparaccedilatildeo e processo A ferramenta 3 Ps eacute a designaccedilatildeo de um meacutetodo para desenhar processos de produccedilatildeo enxuta ou simplesmente obter soluccedilotildees aos problemas de fluxo de criaccedilatildeo do valor na produccedilatildeo tendo como consequecircncia a radical inovaccedilatildeo do estado atual Criam-se processos naturalmente enxutos isto eacute que por natureza natildeo apresentam limitaccedilotildees ao fluxo e ao sistema de puxar a produccedilatildeo

22 Aplicaccedilatildeo de Manufatura Enxuta Conforme LIKER J amp HOSEOS M (2008) toda e qualquer grande mudanccedila em uma empresa deve ser liderada pelos cargos de alta gestatildeo e para aplicaccedilatildeo da manufatura enxuta natildeo eacute diferente Esse eacute um ponto muito importante pois soacute assim se tem a participaccedilatildeo efetiva e aderecircncia de todos na empresa Com esse apoio da alta direccedilatildeo os responsaacutevies pela implementaccedilatildeo que tenham o conhecimento e vontade conseguem desenvolver o projeto da manufatura enxuta

[] Um dos maiores problemas na transformaccedilatildeo Lean eacute a carecircncia de conhecimento teacutecnico e de comportamentos adequados por parte da meacutedia Gerecircncia A definiccedilatildeo e implementaccedilatildeo de planos de accedilatildeo por parte de Coordenadores Lean que normalmente natildeo fazem parte da linha de frente da empresa tem dificuldades de sustentaccedilatildeo quando a meacutedia Gerecircncia natildeo compreende e assim natildeo apoacuteia as mudanccedilas que se pretende implementar (LIKER HOSEOS 2008)

Outro ponto muito importante na implementaccedilatildeo da filosofia Lean eacute a adesatildeo de todos os funcionaacuterios da empresa com o completo entendimento da filosofia Lean Como citado anteriormente as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Se houver resistecircncia por parte das pessoas a implementaccedilatildeo da filosofia Lean natildeo teraacute sucesso

[] A implantaccedilatildeo desse processo bem como de qualquer e todo processo de mudanccedila suscita comportamentos que podem ir desde a aceitaccedilatildeo ateacute a resistecircncia As mudanccedilas podem significar uma ameaccedila ao conhecido e familiar segundo Motta (1997) Nada eacute mais natural do que funcionaacuterios se revelarem apreensivos sobre suas tarefas e seu emprego quando ficam sabendo das mudanccedilas Em situaccedilotildees conflitantes com seus interesses ameaccedilados haacute uma tendecircncia das pessoas a se aliarem ou se confrontarem com as novas propostas com o objetivo de salvaguardar as suas conquistas e os seus valores Segundo Hernandez e Caldas (2001) tanto a literatura acadecircmica quanto a gerencial tendem a apontar a resistecircncia agrave mudanccedila como uma das principais barreiras agrave mudanccedila bem sucedida As fontes individuais de resistecircncia agrave mudanccedila estatildeo associadas agrave inseguranccedila econocircmica medo do desconhecido ameaccedilas ao conviacutevio social haacutebito e dificuldade em reconhecer a necessidade de mudanccedila As fontes organizacionais referem-se agraves seguintes caracteriacutesticas ineacutercia estrutural foco limitado de mudanccedila ineacutercia do grupo ameaccedila agrave especializaccedilatildeo ameaccedilas agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas e ameaccedilas agraves alocaccedilotildees de recursos estabelecidas (SANTOS 2010)

A mudanccedila de um processo de produccedilatildeo tradicional para o processo de Manufatura Enxuta requer uma mudanccedila radical no pensamento e modo de agir das

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pessoas o que eacute mais difiacutecil de se conseguir do que obter recursos financeiros Para essa mudanccedila de grande estrutura a ferramenta do KAIZEN eacute utilizada e assim buscar a melhoria contiacutenua Entretanto todo novo projeto por mais que bem estruturado inicialmente natildeo apresenta todas as vaacuteriaacuteveis do processo que seratildeo reorganizadas e melhoradas com o KAIZEN Neste primeiro estaacutegio utiliza-se entatildeo a ferramenta 3Ps do LEAN Para tal eacute necessaacuteria a criaccedilatildeo de um grupo multidisciplinar de diferentes aacutereas que integrem as necessidades dos mais diferentes enfoques sobre o produto processo custos e equipamentos Assim desenvolvem-se como um todo os processos da empresa seguindo os princiacutepios da produccedilatildeo enxuta Segundo WOMACK JAMES (2009) pode ser seguida nos 3 seguintes passo Criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema fluxo contiacutenuo produccedilatildeo puxada e autonomaccedilatildeo O objetivo eacute a criaccedilatildeo de pelo menos sete processos alternativos Escolha dos trecircs melhores processos alternativos Para tal eacute usado uma avaliaccedilatildeo de 14 itens conforme um sistema de Produccedilatildeo Enxuta avanccedilado em que cada processo alternativo recebe uma nota para cada item e os trecircs iteacutens com as maiores notas satildeo escolhidos pelo grupo Simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos O melhor processo a ser escolhido seraacute aquele cujo conceito foi devidamente simulado e revelou-se mais proacuteximo ao atendimento pleno dos quesitos do sistema aleacutem de ter obtido desempenho superior aos outros conceitos de processos simulados DESENVOLVIMENTOS E RESULTADOS A implementaccedilatildeo do sistema Lean manufacturing teve iniacutecio em 2010 quando comeccedilaram os estudos das alteraccedilotildees necessaacuterioas de lay-out meacutetodo de trabalho e planejamento de materiais Seguindo os trecircs passos de WOMACK J (2009) de criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema escolha dos trecircs melhores processos alternativos e simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos concluiu-se que o melhor resultado seria a implementaccedilatildeo de manufatura em ceacutelula e a criaccedilatildeo de um supermecado para abastecer a linha de produccedilatildeo Umas das principais caracteriacutesticas apoacutes a implantaccedilatildeo da linha de produccedilatildeo em Ceacutelula eacute a de que as pessoas passam a trabalhar mais em time pois satildeo partes de um fluxo contiacutenuo em que a parada em um posto leva a parada imediata das operaccedilotildees seguinte O funcionaacuterio passa a se sentir ldquodonordquo do ambiente de trabalho e uma ldquopessoa importanterdquo nas tomadas de decisotildees Deste modo as pessoas devem ser treinadas para assumir maiores responsabilidades e serem mais donas das metas Gerando uma transformaccedilatildeo da

mentalidade das pessoas que trabalham na linha devido aos resultados que estes conceitos trazem e de forma raacutepida Com a mudanccedila de mentalidade vem a mudanccedila de atitude que por sua vez alavanca uma visatildeo muito mais criacutetica do trabalho que eacute realizado gerando aperfeiccediloamento criatividade disciplina e melhoria Estes sentimentos resultam em um trabalho realizado com primor com prevenccedilatildeo a falhas com disciplina com inovaccedilatildeo levando a resultados de excelecircncia Outra caracteriacutestica importante eacute a de que os problemas de qualidade satildeo identificados e corrigidos antes que haja grandes quantidades de produtos rejeitados resultando em maior produtividade e menos produtos rejeitados no chatildeo de faacutebrica Assim faz-se com que automaticamente a quantidade de material seja reduzida no processo facilitando a busca pelo zero defeito e otimizaccedilatildeo dos recursos da produccedilatildeo A manufatura em ceacutelula tem seus benefiacutecios refletidos tambeacutem na qualidade do produto pois durante o fluxo de produccedilatildeo como existem poucos produtos em processo Os produtos defeituosos se destacam e tornam-se um incomodo visual para todos Assim todos agem para que a qualidade fique dentro das metas preacute-estabelecidas A produccedilatildeo enxuta gera uma alta qualidade devido agrave reduccedilatildeo dos niacuteveis de inventaacuterio agrave melhora da visualizaccedilatildeo do produto em seu fluxo agrave disciplina que ela propotildee gerando o comprometimento foco e conhecimento dos funcionaacuterios agraves accedilotildees preventivas que evitam falhas em toda a cadeia produtiva agrave padronizaccedilatildeo que garante accedilotildees constantes e assertivas bem como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de produto defeituoso Com todas essas accedilotildees de melhorias tem-se menor desperdiacutecio e sem desperdiacutecio o dinheiro eacute utilizado de forma inteligente comedida e assertiva O dinheiro que natildeo eacute desperdiccedilado eacute utilizado em melhorias nos processos que se tornaratildeo mais produtivos com uma melhor utilizaccedilatildeo dos recursos Mais produccedilatildeo significa mais ganho financeiro mais qualidade significa mais competitividade mais clientes mais negoacutecios e assim por diante Abaixo tem-se o resultado apoacutes a implementaccedilatildeo do novo processo de manufatura em ceacutelula e supermecado Os graacuteficos mostram os resultados mecircs a mecircs para os anos de 2011 - ano do iniacutecio da implementaccedilatildeo e de 2012 Os iacutendiacuteces que usamos para medir a performance foi o UPPH - quantidade de unidades produzidas por funcionaacuterio por hora e a relaccedilatildeo de perdas pelo produzido Esse novo processo foi implementado em dois processos de manufatura o processo SMT - processo de manufatura e montagem das placas de circuito eletrocircnico com a tecnologia SMT e o porcesso ASSY - processo de manufatura e montagem dos noteboks por completo

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FIG 1 ndash Graacutefico de resultado do processo SMT para os

anos de 2011 e 2012

FIG 2 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo SMT entre os anos de 2011 e 2012

FIG 3 ndash Graacutefico de resultado do processo ASSY para os

anos de 2011 e 2012

FIG 4 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo ASSY entre os anos de 2011 e 2012

FIG 5 ndash Graacutefico de resultado da relaccedilatildeo de perdas pela produzido nos processos SMT e ASSY para os anos de

2011 e 2012 Analisando as FIG 1 2 3 4 e 5 vemos que com a implementaccedilatildeo da filisofia LEAN os iacutendices de produtividade e de desperdiacutecios - chamadas perdas - tiveram uma queda muito expressiva Quando comparamos o mecircs de janeiro de 2011(antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com janeiro 2012 (6 meses apoacutes o iniacutecio da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) temos um aumento de produtividade no processo de SMT de 62 e processo de ASSY de 64 Tambeacutem tivemos uma reduccedilatildeo muito grande (de 044 para 0084) do desperdiacutecio para o mesmo periacuteodo de comparaccedilatildeo Ao fazer a comparaccedilatildeo do mecircs de maio de 2011 (uacuteltimo mecircs antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com o mecircs de maio de 2012 (1 ano de implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) tem-se um resultado mais expressivo ainda no aumento de produtividade A produtividade no processo SMT aumentou 88 e a produtividade para o processo ASSY aumentou 85 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Com a implementaccedilatildeo da filosofia LEAN do fluxo contiacutenuo e da manufatura em ceacutelulas a produtividade aumenta e eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores Esse trabalho foi feito considerando as caracteriacutesticas reais de manufatura e dois processos distintos (SMT e ASSY) Aplicamos os mesmos conceitos de LEAN MANUFACTURING a ambos os processos e os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir nesse estudo toda a cadeia de produccedilatildeo como o planejamento de materiais e warehouse e seus respectivos iacutendices de controle

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezASSY 2011 05 053 059 055 062 068 079 087 094 103 1 093ASSY 2012 082 086 099 085 115 111 11 105 1 108 105 108

0

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04

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1

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UP

PH

UPPH Processo ASSY

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ROHMANN C Author of A World of Ideas The Dictionary of Important Ideas and Thinkers 2009 COSTA RS JARDIM EGM - Os cinco passos do pensamento enxuto NET Rio de Janeiro 2010 Disponiacutevel em httpwwwtrilhaprojetoscombr HERNANDEZ J M C CALDAS M P Resistecircncia agrave mudanccedila uma revisatildeo criacutetica Revista de Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v 41 n 2 p 31-45 abrjun 2001 Lean Enterprise Institute - wwwLeanorg 15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Institute Brasil ndash wwwLeanorgbr15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Thinking Conceitos e Aplicaccedilotildees Lean Institute Brasil ndash Maio02 SLATER R WELCH J O executivo do seacuteculo ndash Os insigths e segredos que criaram o estilo GE Satildeo Paulo Negoacutecio Editora 1999 PINTO J P Lean Thinking Novas janelas de oprotunidades para as organizaccedilotildees Comunidade Lean Thinking ndash 2009 Disponiacutevel em httpwwwslidesharenetComunidade_Lean_ThinkingLean-thinking ROTHER M SHOOK J Aprendendo a enxergar The Lean Enterprise Institute 2009 Revista Exame Satildeo Paulo Editora Abril 20 de marccedilo de 2002 LIKER J HOSEOS M Cultura Toyota Editora Bookman 2008 SANTOS T M C Anaacutelise da reaccedilatildeo dos colaboradores ao processo de mudanccedila organizacional - LEAN THINKING - Um estudo de caso na empresa Beta Pedro Leopoldo Faculdades Pedro Leopoldo 2010 WOMACK J P JONES D T A maacutequina que mudou o mundo Rio de Janeiro Elsevier 1992 WOMACK J P JONES D T A mentalidade enxuta nas empresas elimine o desperdiacutecio e crie riquezas Rio de Janeiro Elsevier 2004

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A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA

Jefferson dos Santos Conchetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jsconchettohotmailcom

RESUMO Eacute primordial as faculdades oferecerem um nivelamento baacutesico aos ingressantes no niacutevel superior devido agraves deficiecircncias no aprendizado A forma como eacute oferecido este pode ser fundamental para a Instituiccedilatildeo de Ensino Superior (IES) uma vez que a permanecircncia do educando estaacute relacionada tambeacutem ao aproveitamento dos estudos e este agrave maturidade e competecircncia para o aprendizado Uma maneira estrateacutegica de nivelar nossos alunos pode ser criar sistemas de ensino e aprendizagem atraveacutes de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) capaz de avaliar e dar subsiacutedios para o graduando em sua formaccedilatildeo acadecircmica O Ensino a Distacircncia (EaD) apesar de algumas discussotildees no meio acadecircmico pode ser uma ferramenta muito uacutetil na estrateacutegia pedagoacutegica para o nivelamento Aprender e ensinar independente do contexto e meacutetodo trazem sempre dilemas e problemas Por conseguinte todo processo ensino aprendizagem necessita ser avaliado apesar do tradicional sistema avaliativo Palavras chave Nivelamento EAD AVA Ensino Superior 1 INTRODUCcedilAtildeO Um ponto muito discutido atualmente no niacutevel superior eacute o nivelamento Este por sua vez tem se tornado uma necessidade primordial ao egresso do ensino meacutedio principalmente o da rede puacuteblica Segundo OLIVEIRA e ARAUacuteJO (2006) o ensino meacutedio estaacute com a qualidade de ensino percebida sob trecircs formas distintas sendo primeira a da oferta insuficiente a segunda a da disfunccedilatildeo no fluxo ao longo do ensino fundamental e a terceira o sistema de avaliaccedilatildeo baseado em testes padronizados A necessidade do nivelamento daacute-se natildeo soacute pela deficiecircncia da formaccedilatildeo baacutesica mas tambeacutem por se tratar de ingressantes nas IES de um grupo heterogecircneo com diversas idades (geraccedilotildees completamente diferentes) tendo discentes remanescentes de uma geraccedilatildeo de ensino precedente agraves Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TICs) Algumas IES estatildeo ofertando o nivelamento de forma presencial a chamada preacute-aula A proposta deste artigo eacute a discussatildeo sobre a oferta de um nivelamento por um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) mais

propriamente dito o uso do Ensino a Distacircncia (EaD) via internet dentro de um ambiente virtual de aprendizagem Para tal feito eacute necessaacuteria uma compreensatildeo a respeito do que pode ser aprender ensinar e avaliar dentro do EaD com base na legislaccedilatildeo vigente 2 OBJETIVO Para uma maior disseminaccedilatildeo junto aos discentes do que possa ser o aprender em uma graduaccedilatildeo e para que haja um equiliacutebrio dentre as possiacuteveis geraccedilotildees em uma sala de aula a proposta deste artigo consiste em mostrar atraveacutes de um estudo teoacuterico a vantagem da oferta de um nivelamento tendo como estrateacutegia pedagoacutegica o EaD para uma introduccedilatildeo familiarizaccedilatildeo com a tecnologia e resgate de conhecimentos preacutevios para a sequecircncia e permanecircncia no curso superior 3 ENSINO A DISTAcircNCIA (EAD) As geraccedilotildees de EaD podem ser sinteticamente observadas no quadro abaixo (Moore e Kearsley 2008 p26 apud Vilaccedila 2011 p95)

Tabela 1 - Geraccedilotildees de EaD de acordo com Moore e Kearsley (2008 p 26)

De acordo com este quadro noacutes estamos na quinta geraccedilatildeo de ensino a distacircncia Segundo Almeida e Almeida (2003) desenvolver atividades de ensino e aprendizagem no meio digital implica em lidar com a complexidade de situaccedilotildees educacionais evidenciadas por este meio

Geraccedilatildeo Forma Recursos instrucionais e tecnoloacutegicos baacutesicos

Primeira Ensino por Correspondecircncia

Materiais impressos livros apostilas

Segunda Transmissatildeo por raacutedio e televisatildeo

Raacutedio Viacutedeo TV Fitas cassetes

Terceira Universidades abertas

Materiais impressos TV Raacutedio telefone fitas cassete

Quarta Teleconferecircncia Teleconferecircncia interativa com aacuteudio e viacutedeo

Quinta Internetweb Internet MP3 ambientes virtuais de aprendizagem

(AVA) viacutedeos animaccedilotildees ambientes 3D redes sociais

foacuteruns

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enfrentar novos desafios relacionados agraves especificidades da comunicaccedilatildeo multidirecional O resultado e controle da participaccedilatildeo nas atividades podem ser usufruiacutedos pelas avaliaccedilotildees evidenciando possibilidades difiacuteceis sem o apoio digital Para Santos e Rodrigues (1999) o Ensino agrave Distacircncia tem importacircncia por atingir maior audiecircncia atender estudantes que natildeo podem assistir agraves aulas na escola unir estudantes de diferentes contextos sociais culturais econocircmicos e preponderam os estudantes que estatildeo buscando voluntariamente mais conhecimentos TICrsquos A tecnologia da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TIC) dentro de um AVA eacute um meio de mediaccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Com o desenvolvimento digital atraveacutes de trocas de informaccedilotildees (e-mail chat foruns) feitas via PC tablets ou ateacute mesmo celulares podemos romper o espaccedilo tempo e em diferentes eventos acessar os conteuacutedos diversos quantas vezes forem necessaacuterias para a construccedilatildeo de nosso conhecimento Para Perry et al (2006) as TICrsquos constituem um apoio cognitivo real mais ergonocircmico ao raciociacutenio humano com reforccedilo natural agrave atividade neural de processamento de informaccedilotildees dada suas diversidades (sonoras visuais e taacuteteis) Ainda com relaccedilatildeo agraves TICrsquos eacute vaacutelido ressaltar sobre os aportes que elas podem oferecer no ensinoaprendizagem assim como na avaliaccedilatildeo ou processo avaliativo O proceso educacional em EaD recorre das TICrsquos com extrema cautela e estrateacutegia principalmente em sua concepccedilatildeo poreacutem quanto ao processo que envolve ensino aprendizagem e avaliaccedilatildeo os dados podem ser melhores interpretados e aproveitados para futuros projetos APRENDER ENSINAR E AVALIAR EM EAD Este artigo natildeo tem a pretensatildeo de criar uma maneira objetiva de como realizar tais feitos O intuito deste talvez seja atentar quanto agrave necessidade de sermos estrategistas e competentes desde a base o projeto Natildeo menos importante que o conteuacutedo estaacute a presenccedila do tutor APRENDER O aprender em EaD manifesta-se com dilemas problemas e propoacutesitos tais como em cada eacutepoca histoacuterica ou seja independente do contexto o aprender tem laacute seus questionamentos em relaccedilatildeo agrave maneira como se daacute o aprendizado como eacute feita a retenccedilatildeo das informaccedilotildees segundo o metodo de ensino No contexto atual as informaccedilotildees estatildeo mais proacuteximas a facilidade eacute tanta que acaba por ocorrer o oposto do que se espera A praacutexis docente deixa a desejar perante os diversos canais de informaccedilotildees presentes no cotidiano levando a um desinteresse discente Segundo Schneider et al (2009) a EaD para atingir grau de excelecircncia exige planejamento de accedilatildeo que

contemple as diferentes formas de aprendizagem vencendo o espaccedilo-tempo ou seja a riqueza da Ead estaacute no conhecimento taacutecito este necessita de um planejamento estrateacutegico impecaacutevel para que o discente permaneccedila em atividade e natildeo perca a motivaccedilatildeo pelo conteuacutedo ou ateacute mesmo pelos estudos Neste ponto vale ressaltar a questatildeo da maturidade discente necessaacuteria para a sequecircncia no niacutevel superior e natildeo somente em um curso em EaD Essa seria a funccedilatildeo do Ensino Meacutedio desenvolver no discente a maturidade ou seja a disciplina e comprometimento com os estudos de forma a facilitar o aprendizado o compromisso com a vida universitaacuteria ENSINAR Eacute notaacutevel a melhora da qualidade de ensino e aprendizagem poacutes revoluccedilatildeo tecnoloacutegica Contudo surge uma questatildeo Como lidar com as complexidades evidenciadas no meio digital Claramente nota-se a necessidade de que o docente tenha mais conhecimentos didaacuteticos e que domine estrategicamente as TICrsquos Para Perry et al (2006) as praacuteticas de EaD devem ser encaradas com um olhar sistecircmico podendo assim serem criados ambientes investigativos dentro de um maior contexto resultando em ldquo(a) um aumento na agilidade dos processos (b) a diminuiccedilatildeo de retrabalhos (c) maior garantia de qualidade (d) possibilidade de reproduzir e estender praacuteticas e resultados e (e) distribuir reaproveitar e acumular conhecimento dentro da instituiccedilatildeo comunidade de pesquisardquo Um ponto tatildeo importante quanto ao ambiente criado para o EaD satildeo os aportes dados atraveacutes de um profissional de suma importacircncia o tutor Para Silveira (2005)

[] o Tutor poderia ser aquele que instiga a participaccedilatildeo do aluno evitando a desistecircncia o desalento o desencanto pelo saber Talvez aquele que possibilita a construccedilatildeo coletiva e percorre uma trajetoacuteria metodoloacutegica desobediente transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com seus alunos nova saberes novos olhares sobre o real

Vale ressaltar quatildeo importante eacute o papel do tutor pela troca de conhecimento pois diferente de um professor conteudista que segue uma linha de pensamento estrateacutegico o tutor eacute obrigado a divagar por outros assuntos (de certa forma pertinentes ao curso ndash um foacuterum por exemplo) para que uma vez solicitado ele possa responder ou discutir e manter uma aproximaccedilatildeo afetiva ou seja reforccedilar o lado humano por detraacutes da tecnologia motivando o discente e mantendo ele ativo Para Monteiro et al (2014) a relaccedilatildeo afetiva tambeacutem diminui a sensaccedilatildeo de distanciamento provocado pelo afastamento fiacutesico pois aproxima os coraccedilotildees estabelece laccedilos de amizade e torna o processo de ensino e aprendizagem uma troca e natildeo um processo

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de estiacutemulo e resposta Ainda sobre a visatildeo da autora a falha na atuaccedilatildeo do tutor pode causar desmotivaccedilatildeo baixo desempenho e a desistecircncia do discente AVALIAR A avaliaccedilatildeo desempenha objetivos como subsidiar o processo ensino-aprendizagem e tambeacutem sob o discurso de compreender a desigualdade no ensino o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no Brasil atribui-se o direito de implantar processos avaliativos nos diversos niacuteveis e sistemas escolares (FERNANDES 2009) Desta forma podemos notar a importacircncia do ato de avaliar e determinar o papel de quem vai avaliar O avaliador eacute um negociador por meio da comunicaccedilatildeo com criteacuterios predefinidos estrateacutegicamente tendo que envolver os diversos segmentos interessados no objeto avaliado e divulgar os resultados obtidos Com o envolvimento sobre os objetivos da avaliaccedilatildeo mostra-se ao discente como ele estaacute se desenvolvendo por meio do processo avaliativo A avaliaccedilatildeo vai aleacutem da mensuraccedilatildeo pois visa sempre a aprimorar a aprendizagem do avaliando e a abrir possibilidades para novas descobertas (BRITO 2010) Rodrigues amp Borges (2013) entendem que avaliar a aprendizagem natildeo eacute faacutecil pois a avaliaccedilatildeo eacute permeada por subjetividade sendo que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo de mundo diferente dos demais Muitos docentes utilizam a avaliaccedilatildeo como uma forma de punir o aluno pelo desrespeito ou falta de interesse durante o desenvolvimento das aulas A avaliaccedilatildeo vem sendo utilizada exclusivamente como uma forma de atribuir notas visando agrave aprovaccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno Para Maia Mendonccedila amp Goacutees (2005) avaliaccedilatildeo em EAD pode ser realizada de forma presencial (avaliaccedilatildeo feita na presenccedila do formador ou de outra pessoa responsaacutevel garantindo legitimidade da mesma) agrave distacircncia (com aplicaccedilatildeo de testes on-line a serem respondidos e enviados para o formador por meio de e-mail ou de formulaacuterios de envio) e avaliaccedilatildeo contiacutenua ao longo do curso (baseada em componentes que forneccedilam subsiacutedios para o formador avaliar seus aprendizes de modo processual) Para que qualquer dessas formas tenha sucesso reclama que o docente seja estrategicamente um negociador As negociaccedilotildees podem ser feitas pelos tutores e ocorrer atraveacutes dos foacuteruns chats ou ateacute mesmo e-mail de forma a estarem sempre alinhados docente e discente com retorno de ambas as partes quanto aos anseios ou apatia presente Natildeo soacute as negociaccedilotildees sobre os termos avaliativos podem ser feitas atraveacutes das TICrsquos acima citadas mas tambeacutem a proacutepria avaliaccedilatildeo Sartori amp Both (2014) apontam o estudo dirigido lanccedilado num foacuterum de debate em um AVA que pode ser acompanhado pelo orientador acadecircmico e atribuiacutedo um conceito no processo avaliativo do discente Ainda do ponto de vista dos autores o estudo dirigido e o chat satildeo formas de construccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de conhecimentos a partir das respostas dadas que podem ser discutidas e mediadas pelo tutor

CONCLUSAtildeO Em meio aos discentes haacute a necessidade de um resgate de conhecimentos preacutevios Poreacutem antes deste feito eacute primordial que seja introduzido conceitos quanto agraves formas de absorvermos melhor os conhecimentos Eacute claro o objetivo nivelamento mas se apenas despejarmos o conteuacutedo o ldquojarrordquo continuaraacute sempre vazio O ideal a proposta deste artigo eacute uma atenccedilatildeo especial em natildeo criar apenas um nivelamento das disciplinas baacutesicas (matemaacutetica portuguecircs) mas incluir nos conteuacutedos um material que demonstre a necessidade e incentive o discente a desenvolver a maturidade necessaacuteria para o niacutevel superior As TICrsquos em um AVA satildeo ferramentas estrateacutegicas e devemos estar em constante evoluccedilatildeo quanto agrave sua atualizaccedilatildeo A cada dia surgem novas tecnologias agraves quais devemos procurar inserir em nosso sistema As novas geraccedilotildees satildeo movidas por elas e a falta delas implica em uma desmotivaccedilatildeo ou seja usando-as pode ser que natildeo motive poreacutem haacute a desmotivaccedilatildeo caso natildeo use Como experiecircncia posso citar a necessidade de uma tutoria consciente e presente nos foacuteruns com o intuito de ressaltar no discente a importacircncia das discussotildees Neste ponto o papel do tutor eacute primordial pois eacute ele quem vai mediar o conhecimento Tanto o aprender quanto o ensinar ou avaliar satildeo processos complexos e exigem uma elaboraccedilatildeo estrateacutegica poreacutem a execuccedilatildeo tem que ser muito bem controlada estatisticamente dentro do sistema O bom da EaD eacute que os dados podem ser coletados e aproveitados com mais facilidades desde que seja planejado com antecedecircncia REFEREcircNCIAS ALMEIDA F J ALMEIDA M E B (2003) Educaccedilatildeo a distacircncia em meio digital novos espaccedilos e outros tempos de aprender ensinar e avaliar Virtual Educa 2003 Miami USA BRITO C S (2010) Avaliaccedilatildeo da aprendizagem no ensino superior uma visatildeo do aluno SILVEIRA R L B L da (2005) A importacircncia do tutor no processo de aprendizagem a distacircncia Revista Iberoamericana de Educacioacuten 36(3) 6 OLIVEIRA R P de ARAUacuteJO G C de (2006) Qualidade do ensino uma nova dimensatildeo da luta pelo direito educaccedilatildeo Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo FERNANDES C M B (2009) Formatos avaliativos trajetoacuteria histoacuterica contradiccedilotildees e impactos em estudantes universitaacuterios HERMIDA J F BONFIM C R D S (2006) A educaccedilatildeo agrave distacircncia histoacuteria concepccedilotildees e perspectivas Revista HISTEDBR On-line Campinas n especial 166-181

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MAIA M C MENDONCcedilA A L GOacuteES P (2005) Metodologia de ensino e avaliaccedilatildeo de aprendizagem TC 5 05 MONTEIRO Alice Fogaccedila et al (2014) TutorAutor experiecircncias e saberes Cadernos Pedagoacutegicos da EaD MORESI Eduardo A D Inteligecircncia organizacional um referencial integrado Ciecircncia da Informaccedilatildeo 302 (2001) 35-46 PERRY Gabriela Trindade et al Desafios da gestatildeo de EAD necessidades especiacuteficas para o ensino cientiacutefico e tecnoloacutegico RENOTE 41 (2006) RODRIGUES N V M BORGES F T (2013) Avaliaccedilatildeo da Aprendizagem em Educaccedilatildeo a Distacircncia atraveacutes do Foacuterum (Interface Educacional) Ideias e Inovaccedilatildeo-Lato Sensu 1(2) 25-34 SANTOS A M RODRIGUES M (1999) Educaccedilatildeo a distacircncia Tecnologia Educacional 24 25-30 SCHNEIDER Elton Ivan L F MEDEIROS S T U O Aprender e o Ensinar em EaD por meio de Rotas de Aprendizagem Anais do 15ordm Congresso Internacional Associaccedilatildeo Brasileira de Educaccedilatildeo a Distacircncia 2009 VILACcedilA M L C (2011) Educaccedilatildeo a Distacircncia e Tecnologias conceitos termos e um pouco de histoacuteria Revista Magistro 2(1) SARTORI M R K BOTH I J (2014) Uma proposta de meacutetodo complementar agrave avaliaccedilatildeo na EAD O estudo dirigido como ferramenta de aprendizagem colaborativa no foacuterum Sauacutede 1(9)

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A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA

Bruna de Souza Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

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RESUMO Este trabalho apresenta resultados de um estudo realizado com alunos do curso de quiacutemica da FACCAMP a fim de identificar os conteuacutedos conceituais a serem desenvolvidos relativos ao tema quimioluminescecircncia mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo de tais conteuacutedos nas turmas do curso e ainda colaborar como agente formador de alguns pontos conceituais sobre o tema

Palavras chave Quimioluminescecircncia pesquisa exploratoacuteria visiacutevel ultravioleta fluorescecircncia ABSTRACT This paper presents results of a study with the students of chemistry course at FACCAMP to identify the conceptual contents to be developed for the chemiluminescence theme map the level of assimilation of such contents in the course classes and still work as agent forming some conceptual points on the subject Keywords Chemiluminescence exploratory research visible ultraviolet fluorescence 1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho foi produzido durante as aulas de monografia inicialmente observou-se a necessidade em conhecer os pontos principais no tema central que poderia servir como auxiacutelio e meio de pesquisa para outros alunos do curso de quiacutemica bacharelado Para isto foi realizada uma pesquisa para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados Santos e Mortimer (1999) concluiacuteram apoacutes pesquisa realizada com professores de quiacutemica que apoiavam suas aulas em temas contextualizados que havia maior facilidade de assimilaccedilatildeo do conteuacutedo por parte dos alunos bem como facilitaccedilatildeo do aprendizado aumento da motivaccedilatildeo do aluno e melhora no relacionamento professor-aluno Assim optamos por abordar o tema principal de maneira contextualizada oferecendo informaccedilotildees a cerca do conteuacutedo desejado poreacutem de forma facilitada inserindo os aspectos de interesse dos alunos que participaram da pesquisa

Realizou-se uma pesquisa explanatoacuteria a fim de mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo pelos alunos do conteuacutedo abordado e em seguida determinaccedilatildeo de subtemas principais para o desenvolvimento deste artigo Seraacute demonstrado neste trabalho a contextualizaccedilatildeo da quimioluminescecircncia aplicada agrave utilizaccedilatildeo do luminol reagente responsaacutevel pela detecccedilatildeo de vestiacutegios de sangue em cenas de crime Sendo este um tema interdisciplinar eacute possiacutevel ilustrar e contextualizar conceitos de outras disciplinas do curriacuteculo de quiacutemica tal como quiacutemica quacircntica e espectroscopia assim como seraacute demostrado neste trabalho 2 INTERDISCIPLINARIDADE ESPECTROSCOPIA

QUIacuteMICA QUAcircNTICA E A RELACcedilAtildeO COM A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA

Sala (1996) e Skoog Holler e Nieman (2002) indicam em suas obras que a espectroscopia eacute o campo responsaacutevel por estudar a interaccedilatildeo da mateacuteria com a radiaccedilatildeo seja esta visiacutevel ou natildeo tendo como finalidade determinar a mateacuteria estudada obteacutem-se para isso a variaccedilatildeo da posiccedilatildeo dos niacuteveis energeacuteticos Salienta que podem ocorrer transiccedilotildees vibracionais na regiatildeo infravermelho eletrocircnicas entre as regiotildees ultravioleta e visiacutevel e no estaacutegio das micro-ondas ocorrem variaccedilotildees rotacionais Desta forma a espectroscopia eacute o campo que estuda a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo eletromagneacutetica que deve ocorrer em uma determinada frequecircncia para cada uma das espeacutecies analisadas A resposta seraacute em forma de um sinal proporcional agrave transiccedilatildeo entre os niacuteveis de energia de um aacutetomo ou agraves vibraccedilotildees de determinadas moleacuteculas (SHRIVER et al 2008) Skoog Holler e Nieman (2002) afirmam que para ocorrer absorccedilatildeo de energia o foacuteton excitante deve ser referente ao inverso da energia entre os estados fundamental e excitado da substacircncia a ser analisada Onde a radiaccedilatildeo eacute apresentada pelo espectro eletromagneacutetico conforme a figura 1

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Figura 1 Apresentaccedilatildeo do espectro eletromagneacutetico com suas variaccedilotildees em funccedilatildeo do comprimento de onda

O espectro eletromagneacutetico figura 1 apresenta um compilado entre todas as radiaccedilotildees conhecidas em funccedilatildeo do comprimento da onda apresentado e sua frequecircncia O comprimento da onda eacute determinado pela distacircncia entre os picos e a frequecircncia eacute resultante da repeticcedilatildeo da onda (BALL 2005) Skoog Holler e Nieman (2002) classificam os tipos de espectroscopia conforme apresentado na tabela 1 relacionando os diferentes tipos de espectroscopia com o fenocircmeno quacircntico observado Tabela 1 Relaccedilatildeo entre o tipo de espectroscopia e a transiccedilatildeo quacircntica gerada

Tipos de Espectroscopia

Intervalo Usual de Comprimento de

onda

Tipo de Transiccedilatildeo Quacircntica

Emissatildeo de raios gama 510-12 - 1410-9 m Nuclear

Absorccedilatildeo emissatildeo fluorescecircncia e difraccedilatildeo de raio X

110-10 - 110-7 m Eleacutetrons internos

Absorccedilatildeo ultravioleta no vaacutecuo

110-7 - 1810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo emissatildeo e fluorescecircncia ultravioleta-visiacutevel

1810-6 - 7810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo infravermelha e espalhamento Raman

7810-6 - 310-3 m Rotaccedilatildeo Vibraccedilatildeo de moleacuteculas

Absorccedilatildeo de micro-ondas

7510-4 - 37510-3 m

Rotaccedilatildeo de moleacuteculas

Ressonacircncia de spin eletrocircnico

310-2 m

Spin dos eleacutetrons em um campo magneacutetico

Ressonacircncia magneacutetica nuclear

06 - 10 m

Spin dos nuacutecleos em um campo magneacutetico

A faixa da luz visiacutevel observada na tabela 1 deve ser destacada pois estaacute relacionada com as cores Segundo Atkins (2002) a luz branca emitida pelo Sol eacute uma mistura de cores da qual ao se filtrar uma sua cor aparente seraacute a dada como complementar A figura 2 pode auxiliar nesta compreensatildeo Eacute interessante observar que as substacircncias satildeo capazes de assimilar somente determinados comprimentos de onda

Figura 2 Disco de cores de Newton (WANG 2014) Assim sendo se a luz laranja for filtrada da luz branca ela se tornaraacute azul-esverdeada (ciano) A cor resultante de uma das cores que compotildeem a luz branca eacute chamada de cor complementar (ATKINS 2002) Desta forma ao filtrar-se qualquer uma das cores apresentadas pela figura 2 a cor resultante seraacute a oposta a ela ou seja sua cor complementar Como os fenocircmenos relacionados com a interaccedilatildeo luz-mateacuteria satildeo entendidos com o auxiacutelio da quiacutemica quacircntica os conceitos introdutoacuterios dessa disciplina satildeo apresentados no proacuteximo toacutepico 3 INTRODUCcedilAtildeO AOS ASPECTOS DA QUIacuteMICA

QUAcircNTICA O MODELO PARTIacuteCULA-ONDA PROPOSTO POR DE BROGLIE

Silva (2003) resume a mecacircnica quacircntica como um compilado de teorias desenvolvidas pela necessidade de se compreender o mundo subatocircmico Ateacute 1920 imaginava-se que os eleacutetrons eram partiacuteculas mas a produccedilatildeo experimental revelou que partiacuteculas poderiam adquirir comportamento de onda em determinados casos Esta evidecircncia se manifestou quando um feixe de eleacutetrons foi passado por uma placa

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metaacutelica e houve difraccedilatildeo (LEE 1999) Conforme afirma Shriver et al (2008) as caracteriacutesticas ondulatoacuterias observadas foram a interferecircncia e difraccedilatildeo conhecida pelo comportamento dos foacutetons pois o comportamento dos eleacutetrons natildeo deveria ser puramente de partiacutecula Assim maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por um caminho interferem em maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por outro caminho (ATKINS JONES 2012) Desta forma as sobreposiccedilotildees nos pontos maacuteximos resultam em interferecircncias construtivas enquanto seu inverso em sobreposiccedilotildees destrutivas conforme exemplifica a figura 3

Figura 3 Interferecircncia de ondas (a) interferecircncia construtiva (b) interferecircncia destrutiva (BURKE 2009) De Broglie concluiu que os eleacutetrons podem apresentar caracteriacutesticas dualiacutesticas podendo ser ldquoondardquo ou ldquopartiacuteculardquo Esta variaccedilatildeo estaacute diretamente relacionada com sua finalidade de estudo da mesma forma a radiaccedilatildeo natildeo eacute totalmente onda nem puramente partiacutecula Este postulado tornou-se conhecido pelo nome ldquodualidade partiacutecula-ondardquo (ALMEIDA SANTOS 2001) Eacute necessaacuterio destacar que no presente artigo para sua compreensatildeo utiliza-se o padratildeo eleacutetron-onda 4 REGIAtildeO VISIacuteVEL E ULTRAVIOLETA Geralmente os espectros ultravioleta e visiacutevel satildeo apresentados em conjunto tornando-se conhecido como espectro UV-Vis este acontecimento ocorre devido agrave absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo nestas regiotildees Nos exemplos discutidos por Shriver et al (2008) este espectros UV-Vis estatildeo relacionados com compostos inorgacircnicos Poreacutem Skoog Holler e Nieman (2002) demonstram que esta faixa de radiaccedilatildeo pode ser uacutetil tambeacutem no estudo de substacircncias orgacircnicas

A primeira etapa do processo de absorccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV-Vis eacute a excitaccedilatildeo de um eleacutetron ligante entre mais de um aacutetomo da moleacutecula que possua energia de excitaccedilatildeo baixa ou eleacutetrons natildeo-ligantes (Skoog Holler Nieman 2002) Segundo Atkins e Jones (2012) se noacutes humanos fossemos capazes de observar ondas na regiatildeo ultravioleta veriacuteamos uma quantidade ainda maior de cores jaacute que as substacircncias absorvem e emitem energia nessa regiatildeo

Por outro lado esta faixa da radiaccedilatildeo UV-Vis natildeo eacute apenas absorvida por uma substacircncia quiacutemica mas tambeacutem eacute emitida por aacutetomos iacuteons ou moleacuteculas

A emissatildeo de radiaccedilatildeo visiacutevel pode ser representada segundo as equaccedilotildees 1 e 2

M + E M [1]

M m + calor [2]

Onde uma moleacutecula (M) ao receber energia torna-se excitado (M) como este processo eacute demasiadamente raacutepido logo o elemento excitado retorna a seu estado estacionaacuterio ou mais efetivo (SKOOG HOLLER NIEMAN 2002)

Observe abaixo na figura 4 a representaccedilatildeo do espectro de emissatildeo de energia do luminol

Figura 4 Espectro de emissatildeo do luminol e estruturas responsaacuteveis pelo fenocircmeno (Adaptada de XU et al 2014 KOHTANI et al 2008) Verifica-se que o ocorrido no momento da liberaccedilatildeo de energia da moleacutecula de luminol ocorre o descrito na equaccedilatildeo 2 onde uma moleacutecula em estado excitado sofre relaxaccedilatildeo resultando em reemissatildeo por fluorescecircncia (SKOOG HOLLER e NIEMAN 2002) Fluorescecircncia Atkins e Jones (2012) definem como fluorescecircncia a emissatildeo de luz realizada por moleacuteculas apoacutes excitaccedilatildeo com radiaccedilatildeo de alta frequecircncia Deste modo a emissatildeo por fluorescecircncia observada na moleacutecula de luminol ocorre no momento em que a excedente de energia absorvida pela moleacutecula eacute dissipada para o meio em forma de luz (ARAUacuteJO et al 2004) Materiais fluorescentes em geral satildeo aplicados para a detecccedilatildeo de substacircncia em diminuta quantidade (ATKINS JONES 2012) deste modo sendo explicada a aplicaccedilatildeo do luminol para a detecccedilatildeo de pouco material sanguiacuteneo

28

O fenocircmeno a ser descrito a seguir resulta nas transiccedilotildees descritas nos toacutepicos anteriores gerando a luz emitida na faixa UV-Vis 5 QUIMIOLUMISCEcircNCIA O primeiro experimento quimioluminescente realizado por Albrecht em 1928 O fenocircmeno foi observado quando a moleacutecula de luminol sofreu oxidaccedilatildeo por H2O2 o peroacutexido de hidrogecircnio (FERREIRA ROSSI 2002) Esta reaccedilatildeo seraacute apresentada no item a seguir Conforme a definiccedilatildeo de Skoog Holler e Nieman (2002) a quimioluminescecircncia ocorre no momento em que uma reaccedilatildeo quiacutemica resulta em uma espeacutecie eletronicamente excitada e esta emite luz ao retornar a seu estado fundamental ou ainda troca de energia para que outra espeacutecie emita luz Sendo que para Ferreira e Rossi (2002) ocorre a partir da produccedilatildeo de radiaccedilatildeo luminosa resultante de uma reaccedilatildeo quiacutemica podendo estas ocorrerem em fase gasosa soacutelida ou liacutequida No presente artigo seratildeo considerados os fenocircmenos ocorridos entre a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo ultravioleta e emissatildeo de luz fluorescente relacionados agraves transiccedilotildees eletrocircnicas O luminol (C8H7O2N3) eacute mais conhecido por sua utilizaccedilatildeo na quiacutemica forense pois tem a finalidade de se detectar sangue em vestiacutegios de crime (ALMEIDA 2009) Mas este princiacutepio pode ser aplicado em testes cliacutenicos (MONTEIRO 2010) Ferreira e Rossi (2002) afirmam que a utilizaccedilatildeo do luminol tambeacutem estaacute voltada agrave anaacutelise de metais de transiccedilatildeo e estes por sua vez tornam-se perceptiacuteveis por agirem como catalisador na reaccedilatildeo fazendo-a ocorrer de maneira mais efetiva

Normalmente o ferro presente no sangue estaacute na forma iocircnica de Fe+2 mas quando ocorre envelhecimento da amostra este iacuteon eacute oxidado para Fe+3 que por sua vez durante o teste seraacute oxidado para Fe+4 determinando a variaccedilatildeo da intensidade luminosa (ALMEIDA 2009)

Na figura 5 estaacute a sequecircncia de reaccedilotildees cuja primeira etapa eacute a reaccedilatildeo catalisada por um iacuteon metaacutelico entre o luminol (1) com iacuteons OH- resultando em um derivado de diazoquinona fluorescente (2)

Apoacutes estudos da deacutecada de 80 foi possiacutevel constatar intermeacutedios na reaccedilatildeo sendo identificada a moleacutecula do 3-amino-ftalato excitado como a responsaacutevel pela emissatildeo da luz (FERREIRA ROSSI 2002)

Figura 5 Reaccedilatildeo do luminol ateacute que ocorra iluminaccedilatildeo (Adaptado de FERREIRA E ROSSI 2002)

Em seguida em meio baacutesico eacute adicionado H2O2 (3) peroacutexido de hidrogecircnio que reagiraacute com a diazoquinona para formar o endoperoacutexido (4) Apoacutes a liberaccedilatildeo de uma moleacutecula de gaacutes nitrogecircnio o fenocircmeno de quimioluminescecircncia eacute observado devido agrave emissatildeo de luz da forma excitada de 3-amino-ftatato (5) que rapidamente decai ateacute a formaccedilatildeo do diacircnion do aacutecido ftaacutelico (6) (FERREIRA ROSSI 2002)

Segundo Skoog Holler e Nieman (2002) a iluminaccedilatildeo apresentada pelo 3-amino-ftalato tem uma maacuteximo de emissatildeo em 425 nm sendo portanto considerada uma moleacutecula emitente de radiaccedilatildeo visiacutevel

Satildeo efeitos limitantes quanto ao uso do luminol o comprometimento da composiccedilatildeo imunoloacutegica impossibilitando a confirmaccedilatildeo para sangue (ALMEIDA 2009) possibilidade de relatar falsos positivos uma vez que esta moleacutecula reage com diversos metais e pode acarretar na perda de impressotildees contidas na soluccedilatildeo sanguiacutenea (MONTEIRO 2010)

6 PESQUISA EXPLANATOacuteRIA A pesquisa realizada eacute classificada por Gil (2002) como pertencente ao aspecto exploratoacuterio o qual visou como objetivo principal ao aprimoramento das ideias para o desenvolvimento deste artigo cientiacutefico baseando os subtemas de acordo com as respostas obtidas apoacutes a anaacutelise dos questionaacuterios aplicados do qual em seguida se obtiveram os conteuacutedos que deveriam ser contextualizados no desenvolvimento deste artigo Determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais Para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais referente ao tema quimioluminescecircncia em 2014 foi realizada uma pesquisa explanatoacuteria com 65 alunos do curso de quiacutemica bacharelado da Faculdade de Campo Limpo Paulista FACCAMP que haviam frequentado as disciplinas que exemplificam conteuacutedos conceituais baacutesicos relacionados ao tema abordado Foram formuladas seis questotildees sendo duas dissertativas duas objetivas com cinco alternativas e duas diretas com duas alternativas ldquosimrdquo ou ldquonatildeordquo As questotildees aplicadas foram as seguintes

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1 O modelo atocircmico que pode exemplificar o processo de quimioluminescecircncia foi proposto por (a) Bohr (b) Rutherford (c) Thompson (d) Sommerfeld (e) Dalton 2 Em qual momento ocorre o processo de quimioluminescecircncia 3 Eacute possiacutevel realizar um processo quimioluminescente em casa Sim ( ) Natildeo ( ) 4 A quimioluminescecircncia eacute um processo interdisciplinar abrangendo diversas aacutereas uma delas eacute o teste cliacutenico conhecido como ELISA no sangue ele detecta a variaccedilatildeo da quantidade de anticorpos Com estas informaccedilotildees indique o que o teste pode identificar (a) Hemograma (b) Colesterol (c) Hiv (d) Beta-hCG (e) Glicose 5 O luminol eacute um liacutequido utilizado pela ciecircncia criminal para identificar vestiacutegios de sangue e ao obter sucesso emite uma forte iluminaccedilatildeo azul (para melhor visualizaccedilatildeo utiliza-se lacircmpada negra) Entatildeo determina-se que a absorccedilatildeo de luz ocorre na regiatildeo azul proveniente da lacircmpada utilizada Sim ( ) Natildeo ( ) 6 Qual a sua curiosidade sobre a quimioluminescecircncia Os resultados obtidos estatildeo representados graficamente no toacutepico a seguir 7 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES DA PESQUISA

COM ANAacuteLISE GRAacuteFICA As respostas esperadas para cada uma das questotildees eram respectivamente 1 Alternativa ldquoArdquo 2 No momento em que um eleacutetron excitado retorna a seu niacutevel de energia natural emitindo um foacuteton de luz 3 Natildeo 4 Alternativa ldquoCrdquo 5 Natildeo 6 Questatildeo pessoal Com a intensatildeo de debater os conteuacutedos exigidos para a correta compreensatildeo das questotildees apontando se estes satildeo adquiridos com o decorrer das aulas ministradas no curso ou se satildeo esquecidos por natildeo haver mais contato propotildee-se a seguinte anaacutelise onde seratildeo apontados os resultados obtidos pelos alunos ingressantes (1ordm e 2ordm semestre) intermediaacuterios (3ordm e 4ordm semestre) e concluintes (5ordm e 7ordm semestre) Apresentam-se aqui apenas os graacuteficos referentes agraves questotildees que exploram conteuacutedos conceituais de quiacutemica Sendo elas inicialmente representada pela figura 6 com a intenccedilatildeo de determinar a porcentagem de acertos comparando entre cada um dos periacuteodos nomeados anteriormente

Figura 6 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 1 referente a modelos atocircmicos Na figura 6 observa-se um decaimento entre os acertos ao relacionaacute-lo entre os alunos ingressantes e os alunos intermediaacuterios Em seguida haacute um singular avanccedilo entre os acertos dos alunos concluintes referente agrave apenas 29 Jaacute na figura 7 observa-se que os alunos ingressantes ainda natildeo possuem conhecimento sobre as transiccedilotildees eletrocircnicas

Figura 7 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 2 referente ao processo quimioluminescente voltada aos orbitais E vecirc-se um decaimento entre os acertos dos alunos intermediaacuterios para os concluintes e o segundo grupo representa apenas 25 ao relacionaacute-lo com os acertos obtidos pelo 3ordm e 4ordm semestres Na figura 7 vecirc-se a relaccedilatildeo obtida entre os acertos para a questatildeo 5 abaixo Retrata-se tambeacutem conteuacutedo contextual de quiacutemica relacionado com as aacutereas de absorccedilatildeo de luz e emissatildeo

52

19

29

Questatildeo 1 Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

75

25

Questatildeo 2

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

41

24

35

Questatildeo 5

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

30

Figura 8 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 5 referente a emissatildeo de luz Deste modo observa-se que os alunos ingressantes obtiveram mais acertos jaacute entre os alunos intermediaacuterios ocorreu decaimento Neste graacutefico os acertos representaram 24 e os acertos dos alunos concluintes representam 35 mostrando um avanccedilo ao comparaacute-lo com os alunos intermediaacuterios Foram selecionadas estas trecircs questotildees para serem determinantes na comparaccedilatildeo entre os acertos em cada um dos momentos por serem conteuacutedos conceituais de grande importacircncia e que fazem parte da ementa das mateacuterias lecionadas A questatildeo 6 proposta era pessoal com o propoacutesito de avaliar se o aluno pesquisado jaacute possuiacutea algum conhecimento sobre processo quimioluminescente questionando se havia entatildeo alguma duacutevida que pudesse contribuir para o desenvolvimento do artigo proposto As respostas foram diferenciadas percebeu-se que havia alunos previamente interessados pelo assunto que propuseram questionamentos apresentados aqui como ldquoespeciacuteficosrdquo e outros alunos sem interesse em saber sobre o assunto ou que ainda natildeo o conhece de maneira que possa realizar este questionamento Assim na figura 9 abaixo apresenta-se os resultados obtidos a partir destes questionamentos relatados pelos alunos

Figura 9 Anaacutelise da questatildeo 6 Ao analisar a figura 9 observa-se que a maioria dos alunos questionou sobre aspectos gerais como o funcionamento do processo Em seguida estatildeo os alunos que natildeo realizaram nenhum questionamento ou natildeo se interessaram pelo assunto Foi observado que 17 dos alunos fizeram perguntas especiacuteficas sobre o processo enquanto 7 e 8 questionaram sobre os modos de aplicaccedilatildeo e funcionamento do produto luminol respectivamente Posteriormente agraves anaacutelises realizadas pode-se concluir que entre os conceitos de modelo atocircmico absorccedilatildeo e emissatildeo de energia haacute um decaimento nos acertos se compararmos os acertos dos alunos ingressantes para com os alunos concluintes

Nota-se tambeacutem que conceitos de orbitais estatildeo bem fixados para alunos intermediaacuterios se comparado

com os alunos concluintes Pode-se ainda perceber que os alunos ingressantes natildeo possuem conhecimento sobre estas ideias

Deste modo verificou-se que os conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados no presente artigo satildeo bull Estrutura atocircmica relacionando-a ao espectro eletromagneacutetico bull Niacuteveis de energia bull Estudo da moleacutecula de luminol 8 CONCLUSAtildeO Neste trabalho explanou-se acerca da quimioluminescecircncia de forma contextualizada para facilitar a compreensatildeo dos alunos assim como descrito tendo como foco a explicaccedilatildeo de fenocircmenos de difiacutecil compreensatildeo o que foi confirmado durante a anaacutelise dos dados da pesquisa realizada Foi destacado o fenocircmeno que ocorre na moleacutecula de luminol e que resulta na luminescecircncia sendo este um dos questionamentos feito pelos alunos pesquisados Este trabalho sugere a necessidade de se buscar mais esclarecimentos para as causas e efeitos dos resultados apresentados apoacutes a pesquisa realizada mas poderaacute direcionar os alunos com dificuldades no tema abordado guiando-os por uma aprendizagem diferenciada na expectativa de que sejam motivados para buscar mais informaccedilotildees sobre os assuntos destacados Por fim a literatura sugere que temas abordados de maneira contextualizada contribuem para facilitar o aprendizado e aumentar a motivaccedilatildeo pelos temas estudados REFEREcircNCIAS ALMEIDA J P Influecircncia dos testes de triagem para detecccedilatildeo de sangue nos exames imunoloacutegicos e de geneacutetica forense 2009 49 f Dissertaccedilatildeo (Mestre em biologia celular e molecular) - Faculdade de Biociecircncias Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009

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ARAUacuteJO R A SIQUEIRA D L MARTINEZ C A FERNANDES A R Caracteriacutesticas biomeacutetricas iacutendice SPAD-502 e emissatildeo da fluorescecircncia em porta-enxertos de citros Revista Ceres Viccedilosa n 294 v 51 p 189-179 2004

ATKINS P Moleacuteculas Traduccedilatildeo de P S Santos F Galembeck 1 ed Satildeo Paulo EDUSP 2002 187 p

40

7 8 17

28

Questatildeo 6

GERAL APLICACcedilAtildeO LUMINOL ESPECIacuteFICAS NENHUMA

31

ATKINS P JONES L Princiacutepios de quiacutemica questionando a vida moderna e o meio ambiente Traduccedilatildeo de R B de Alencastro 5 ed Porto Alegre Bookman 2012 922 p

BALL D W Fiacutesico-quiacutemica Traduccedilatildeo de A M Vichi 1 ed v 1 Satildeo Paulo Pioneira Thomson Learning 2005 450 p

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AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON

Ana Paula da Silva Fazan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

anapaulafazangmailcom

Samira M F Gotarde Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

ametista22auolcombr

Resumo Este artigo foi elaborado com intuito de responder agrave indagaccedilatildeo ldquoqual o sentido da afetividade para a praacutetica docenterdquo afetividade nesse caso especiacutefico na relaccedilatildeo educador - educando e a partir de uma pesquisa bibliograacutefica sob uma perspectiva walloniana foi possiacutevel encontrar elementos teoacutericos que levaram agrave ideia de que viacutenculo afetivo e aprendizagem estatildeo intimamente ligados Palavras-chaves Ensino-aprendizagem Viacutenculo afetivo Praacutetica docente Abstract This article was prepared in order to answer the question what is the meaning of affection for teaching practice Affectivity in this particular case the relationship educator educating and from a literature search under a walloniana perspective was possible to find theoretical elements that led to the idea that emotional bond and learning are inextricably linked Keywords Teaching and learning Affective bond Teaching practice Introduccedilatildeo A escola puacuteblica contemporacircnea brasileira configura-se atraveacutes de uma noccedilatildeo subjetivada que vai aleacutem daquela tida relativamente recente que eacute a escola tecnicista dos anos 70 quando a esfera cognitivo-conceitual era tida como a privilegiada no processo ensino-aprendizagem Entretanto em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees de vaacuterios campos do saber ndash dentre eles o campo da psicologia ndash a escola brasileira tem apresentado avanccedilos significativos no que tange agrave inclusatildeo de todos no processo educativo Esse fenocircmeno vem ocorrendo em funccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma visatildeo holiacutestica sobre o ser humano que natildeo vecirc mais no trabalho concentrado na

esfera cognitiva do sujeito a chave para o sucesso escolar e para uma real inclusatildeo social Dentre os diversos autores e temas de pesquisa em Psicologia aos quais temos tido acesso nos cursos de formaccedilatildeo de professores sem duacutevida os que mais tecircm destaque satildeo Piaget (1896-1980) Vygotsky (1896-1934) e Wallon (1879-1962) cujas teorias muito contribuiacuteram principalmente para a compreensatildeo da gecircnese do conhecimento no ser humano e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento Este uacuteltimo autor em especial nos traz a compreensatildeo do sujeito a partir de uma visatildeo dialeacutetica A formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo se datildeo segundo WALLON (2005) a partir de trecircs componentes domiacutenio motor domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo Elementos entretanto que natildeo agem solitariamente mas organicamente imbricados e que vatildeo atraveacutes da heranccedila geneacutetica do indiviacuteduo e das contingecircncias do meio constituindo o todo pessoa Pessoa entatildeo eacute o resultado da interaccedilatildeo dos domiacutenios funcionais em suas inuacutemeras possibilidades O desenvolvimento de todas as funccedilotildees orgacircnicas e intelectivas desde o receacutem-nascido ateacute o ser adulto eacute dividido em estaacutegios marcados pela predominacircncia significativa de alguns domiacutenios funcionais sobre outros Por essa razatildeo eacute importante salientar o que venha a ser domiacutenios funcionais e estaacutegios de desenvolvimento pois na verdade eacute durante um certo estaacutegio de desenvolvimento da pessoa que ocorre a reconstruccedilatildeo ou a reconfiguraccedilatildeo de um determinado domiacutenio funcional Vale ressaltar tambeacutem que os trecircs domiacutenios ndash motor afetivo e cognitivo ndash satildeo na verdade apenas constructos elaborados com a finalidade de melhor sistematizar a teoria Objetivo A pesquisa tem como objetivo beeneficiar o trabalho do professor levando em conta a afetividade segundo Wallon salientando a importacircncia da formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo atraveacutes do domiacutenio motor

33 domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo possibilitando tranquilidade na relaccedilatildeo professor-aluno Metodologia A metodologia desta pesquisa tem como intuito aliar a discussatildeo teoacuterica agrave uma reflexatildeo assim tem como ponto de partida a experiecircncia profissional escolar de alguns educadores Portanto natildeo eacute o de fazer um panorama estatiacutestico preciso acerca do universo intelectual que vigora nas instituiccedilotildees mas sim o de agregar elementos contextualizados historicamente dessa maneira enriquecer o trabalho com clareza e concretude Para tanto buscou-se fazer entrevistas estruturadas por conta de sua praticidade e qualidade de se constituir de perguntas idecircnticas para cada entrevistado permitindo a comparaccedilatildeo do conteuacutedo das respostas e tambeacutem averiguaccedilatildeo dos pontos em que elas se encontram ou se distanciam (BONI e QUARESMA 2005 p73-74) Para responder aos questionaacuterios foram sorteados seis educadores dentre todos de uma escola da rede municipal de Campinas-SP Esse meacutetodo o sorteio visou a diminuir a margem de influecircncia cultural que por ventura pudesse existir entre a pesquisadora e os sujeitos entrevistados Apoacutes responderem aos questionaacuterios houve a devoluccedilatildeo e as respostas tabuladas em forma de categorias conforme foram sendo identificadas padrotildees de respostas 1 Domiacutenios funcionais Para Wallon o ser humano eacute organicamente social isto eacute sua estrutura orgacircnica supotildee a intervenccedilatildeo da cultura para se atualizar Como Vygotsky Henri Wallon desenvolveu sua teoria sob o materialismo dialeacutetico um guarda-chuva teoacuterico a partir do qual pressupotildee-se que o ser humano eacute condicionado pelo ambiente e este pelo ser humano ou seja nega a existecircncia de uma explicaccedilatildeo idealista para a histoacuteria do sujeito Natildeo haacute caracteres de personalidade a priori que possam determinar o futuro social e psicoloacutegico do indiviacuteduo mas sim fatores materiais que apenas condicionam o desenvolvimento desse indiviacuteduo biologicamente e socialmente Dessa maneira a escolha por essa teoria foi uma soluccedilatildeo epistemoloacutegica a questatildeo sobre como o sujeito se constitui enquanto indiviacuteduo para o mundo e para si mesmo sem cair na radicalidade empirista e inatista A Psicologia na visatildeo de Wallon se constitui como ciecircncia hiacutebrida situada na intersecccedilatildeo de dois mundos o da natureza e o da cultura A psicologia eacute a dimensatildeo nova que resulta desse encontro e manteacutem a tensatildeo permanente do seu jogo de forccedilas Para formular sua teoria o autor concebeu o sujeito como um ente composto por quatro domiacutenios (a) motor (b) afetivo (c) cognitivo e (d) a pessoa como ser deliberante e que eacute resultado de uma relaccedilatildeo muacutetua entre os trecircs domiacutenios anteriores Esses domiacutenios seratildeo detalhados nos itens que seguem

11 Domiacutenio motor Em muitas escolas nota-se uma forte tendecircncia pedagoacutegica provavelmente herdada da escola tecnicista que concebe os aspectos motores da pessoa como sendo elementos a serem trabalhados enfaticamente na aula de Educaccedilatildeo Fiacutesica criando assim uma ruptura entre movimento e pensamento conceitual Sabe-se que a motricidade estaacute na base psicogeneacutetica do indiviacuteduo quando em seus primeiros meses de vida eacute ela quem garantiraacute expressatildeo das necessidades fisioloacutegicas do bebecirc e de maneira gradual tende a ir complexificando - se em manifestaccedilotildees emotivas ateacute determinado ponto do desenvolvimento das crianccedilas em que ela imprime caraacuteter simboacutelico ao movimento chamado por Wallon de ideomovimento O fato de haver uma relaccedilatildeo entre movimento e linguagem natildeo anula a principal funccedilatildeo do ato motor que eacute o deslocamento e o apoio tocircnico para as emoccedilotildees e os sentimentos se expressarem em atitudes e miacutemicas Ou seja eacute um dos recursos mais organizados e preponderantes para o ser humano atuar no ambiente Mas de que forma o ato motor contribui para a construccedilatildeo do conhecimento Essa eacute uma das questotildees da psicogeneacutetica walloniana (MAHONEY 2010 p17) nos esclarece que

Inicialmente o comportamento motor prepondera sobre o conceitual [hellip] Daiacute a necessidade imperiosa de liberdade de movimentos nas atividades que contribuem para a construccedilatildeo do conhecimento [hellip] A aquisiccedilatildeo da linguagem recurso central para o desenvolvimento cognitivo depende de um longo ajustamento de sequecircncias de movimentos imitativos dos sons da liacutengua que eacute falada na cultura [hellip] O ato motor eacute portanto indispensaacutevel para a constituiccedilatildeo do conhecimento e para a expressatildeo das emoccedilotildees portanto inerente ndash junto ao cognitivo e ao afetivo ndash agrave constituiccedilatildeo da pessoa

Dessa maneira torna-se evidente o papel da motricidade na aquisiccedilatildeo da linguagem e consequentemente do pensamento Uma originalidade dessa abordagem eacute chamar atenccedilatildeo para o fato de que as variaccedilotildees tocircnico-posturais da pessoa revelam muito sobre seu momentacircneo estado emocional conforme aponta-nos (GALVAtildeO 2003 p75)

[] o gesto estabilizado em postura em atitude corporal desempenha outro papel que natildeo o de executar ele exprime as disposiccedilotildees afetivas do sujeito A serviccedilo da expressatildeo das emoccedilotildees as variaccedilotildees tocircnico-

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posturais atuam tambeacutem como produtoras de estados emocionais entre movimento e emoccedilatildeo a relaccedilatildeo eacute de reciprocidade

Do ponto de vista fenomenoloacutegico a teoria de Wallon oferece subsiacutedios para que educadores e psicoacutelogos possam atuar cada vez mais de maneira assertiva nos diagnoacutesticos comportamentais 12 Domiacutenio afetivo O domiacutenio afetivo apresenta trecircs componentes a emoccedilatildeo o sentimento e a paixatildeo que satildeo os sinalizadores de como o ser humano eacute afetado pelo mundo interno e externo Esses trecircs componentes estatildeo imbricados com os outros dois domiacutenios o motor e o cognitivo Ou seja essa condiccedilatildeo de ser afetado pelo mundo estimula tanto os movimentos do corpo como a atividade mental As emoccedilotildees satildeo identificadas mais por seu lado orgacircnico empiacuterico e de curta duraccedilatildeo os sentimentos mais pelo componente representacional e de maior duraccedilatildeo (MAHONEY 2010 p17) A paixatildeo eacute o controle exercido pela pessoa sobre as emoccedilotildees quando as mantecircm secretamente como por exemplo os ciuacutemes ligaccedilotildees afetivas exclusivistas ambiccedilotildees mais ou menos vagas mas exigentes (WALLON 2005 p 145) Eacute no entrelaccedilamento com o motor e o cognitivo que o afetivo propicia a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas decisotildees ao longo da vida (MAHONEY 2010 p18) 13 Domiacutenio cognitivo O domiacutenio cognitivo oferece um conjunto de funccedilotildees responsaacuteveis pela aquisiccedilatildeo transformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do conhecimento por meio de imagens noccedilotildees ideias e representaccedilotildees Em outras palavras a cogniccedilatildeo relaciona-se com os aspectos simboacutelicos e semioacuteticos do intelecto da pessoa O domiacutenio cognitivo eacute basilar na formaccedilatildeo da personalidade como destaca (BASTOS 2003 p51)

O advento da representaccedilatildeo eacute fundamental para que a crianccedila possa identificar sua personalidade e a dos outros ultrapassando o espaccedilo e suas percepccedilotildees e realizando a aptidatildeo simboacutelica de desdobramento e de substituiccedilatildeo condiccedilatildeo para o nascimento do pensamento e da pessoa

Apesar de o concreto ser indispensaacutevel para a elaboraccedilatildeo do conhecimento eacute importante destacar o papel da linguagem como forma de constituiccedilatildeo da consciecircncia A linguagem oferece agraves representaccedilotildees o meio para que as coisas possam ser evocadas e confrontadas entre si e provocando o emergir do mundo

dos signos o qual possibilita a tarefa de diferenciaccedilatildeo e uniatildeo categorial (BASTOS 2003 p51) 2 Estaacutegios do desenvolvimento Um empirista claacutessico diria que a construccedilatildeo do Eu soacute se daacute agrave medida que o indiviacuteduo tateia a realidade jaacute que o conhecimento vem dos sentidos Mas Wallon questiona e encontra uma outra via que vai aleacutem dessa premissa assim como no Brasil Paulo Freire tambeacutem defenderaacute que o conhecimento eacute elaborado no indiviacuteduo e por ele proacuteprio mas esse conhecimento se daacute natildeo somente na relaccedilatildeo com o mundo a partir de uma dada experiecircncia com a realidade Se daacute tambeacutem via ressignificaccedilatildeo da experiecircncia mundana quantas vezes forem de sua vontade Wallon se aprofunda no estudo da psicogecircnese do conhecimento ndash aquilo que Piaget chamou de epistemologia geneacutetica ndash e descobriu que dados os estaacutegios de desenvolvimento bioloacutegico o processo cognitivo depende em grande medida do niacutevel de maturaccedilatildeo das estruturas bioloacutegicas do ser humano Logo a exploraccedilatildeo da realidade exterior soacute seraacute possiacutevel quando o olho e a matildeo adquirirem a capacidade de pegar e olhar voluntariamente O grande eixo da psicogeneacutetica walloniana eacute a motricidade sobre a qual estabelecer-se-atildeo os domiacutenios afetivo e cognitivo Vale dizer entretanto que para Wallon motor eacute sempre sinocircnimo de psicomotor (DANTAS 1992b p37) A expressividade preponderantemente corporal do indiviacuteduo desde seu nascimento eacute que garante sua atuaccedilatildeo sobre o outro e lhe permite sobreviver durante seu prolongado periacuteodo inicial de dependecircncia A motricidade humana descoberta por Wallon em sua anaacutelise geneacutetica comeccedila entatildeo pela atuaccedilatildeo sobre o meio social antes mesmo de poder interagir e modificar o ambiente fiacutesico (DANTAS 1992b p37) Nas atividades musculares o autor identifica duas funccedilotildees A funccedilatildeo cineacutetica ou clocircnica e a funccedilatildeo postural ou tocircnica A cineacutetica eacute a responsaacutevel pelos movimentos praacutexicos enquanto a tocircnica pela postura corporal A motricidade disponiacutevel imediatamente apoacutes o nascimento consiste nos reflexos e em movimentos impulsivos incoordenados Por essa razatildeo foram durante muito tempo ignorados por pesquisadores Com o passar do tempo os movimentos ateacute entatildeo inexpressivos vatildeo ganhando a expressividade forma primeira e mediada de atuaccedilatildeo Esta etapa impulsiva da motricidade dura aproximadamente trecircs meses daiacute ateacute o final do primeiro ano sob a forma de interpretaccedilatildeo do bem-estar e mal-estar da crianccedila atraveacutes dos movimentos quando a introduziratildeo no estaacutegio impulsivo-emocional A maior parte das manifestaccedilotildees motoras consistiratildeo daiacute por diante em gestos dirigidos agraves pessoas expressotildees de alegria ndash cheia de nuances ndash surpresa tristeza desapontamento expectativa etc (DANTAS 1992b p39) Desde os primeiros meses de vida pode-se dizer que haacute uma alternacircncia no consumo da energia psicogeneacutetica ora pela afetividade ora pela inteligecircncia

35 No primeiro estaacutegio correspondente ao primeiro ano de vida dominam as relaccedilotildees emocionais com o ambiente e o acabamento da embriogecircnese trata-se nitidamente de uma fase de construccedilatildeo do sujeito onde o trabalho cognitivo estaacute latente e ainda indiferenciado da atividade afetiva Nesse estaacutegio o trabalho cognitivo consiste essencialmente na preparaccedilatildeo das condiccedilotildees sensoacuterio-motoras que permitiratildeo ao longo do segundo ano de vida a exploraccedilatildeo intensa e sistemaacutetica do ambiente (DANTAS 1992b p42) A partir entatildeo do segundo ano de vida a inteligecircncia poderaacute dedicar-se agrave construccedilatildeo da realidade que eacute o estaacutegio sensoacuterio-motor Devido agrave nova fase caracterizada pelo despontar da funccedilatildeo simboacutelica no final do segundo ano Wallon a denomina de projetiva pois a inteligecircncia apoiar-se-aacute durante algum tempo na projeccedilatildeo das ideias atraveacutes de atos Apoacutes o estaacutegio impulsivo-emocional adveacutem os caracteres do estaacutegio sensoacuterio-motor com destaque ao desenvolvimento das competecircncias visuais baacutesicas e o deslocamento da crianccedila (DANTAS 1992b p40) A afetividade tanto no estaacutegio impulsivo-emocional como no estaacutegio seguinte ndash o sensoacuterio-motor ndash reduz-se praticamente agraves manifestaccedilotildees fisioloacutegicas da emoccedilatildeo que eacute o geacutermen do mundo psiacutequico humano (DANTAS 1992a p85) nos esclarece que

Na verdade a emoccedilatildeo que eacute uma manifestaccedilatildeo orgacircnica eacute na visatildeo de Wallon um instrumento de sobrevivecircncia tiacutepico da espeacutecie humana Natildeo eacute por acaso que o choro da crianccedila atua de forma tatildeo intensa sobre a matildee eacute esta a funccedilatildeo bioloacutegica que daacute origem a um dos traccedilos caracteriacutesticos da emocional sua alta contagiosidade seu poder epidecircmico

Haacute um fato importante na intersecccedilatildeo de afetividade motricidade e cogniccedilatildeo o de que a emoccedilatildeo (elemento subcortical) tem iacutentima vinculaccedilatildeo com o tocircnus (elemento muscular) e com a funccedilatildeo cognitiva (elemento cortical) motivo pelo qual em qualquer um dos estaacutegios de desenvolvimento da pessoa os domiacutenios afetivos motores e cognitivos estaratildeo dialeticamente imbricados E devido agrave influecircncia ambiental aliada ao amadurecimento da regiatildeo temporal do coacutertex o periacuteodo sensoacuterio-motor seraacute acompanhado por um evento de singular relevacircncia o iniacutecio da atuaccedilatildeo dos caracteres simboacutelicos e semioacuteticos (DANTAS 1992b p40) Na transiccedilatildeo do ato motor ao mental ndash no interior do estaacutegio sensoacuterio-motor ndash a crianccedila inaugura essa fase simboacutelica atraveacutes dos chamados ideomovimentos (movimentos que conteacutem ideias) Haacute nesse periacuteodo uma grande dependecircncia entre o fluxo de ideias e os movimentos exteriores Dessa maneira

pensamento e movimento ainda permanecem imbrincados (DANTAS 1992b p41) Nesta transiccedilatildeo do ato motor para o mental haacute rupturas e descontinuidades que assinalam a entrada em cena de um novo sistema o cortical Haacute nesse periacuteodo conflito entre um sistema primitivo e outro mais evoluiacutedo o cortical Conflito esse que se reflete nas condutas imitativas Assim a imitaccedilatildeo daacute lugar agrave representaccedilatildeo que lhe faraacute antagonismo enquanto ato motor ela tenderaacute a ser reduzida e desorganizada pela inferecircncia do ato mental A funccedilatildeo simboacutelica eacute resultado da internalizaccedilatildeo do ato motor No antagonismo entre motor e mental ao longo do processo de fortalecimento deste uacuteltimo por ocasiatildeo da aquisiccedilatildeo crescente do domiacutenio dos signos culturais a motricidade em sua dimensatildeo cineacutetica tende a se reduzir a se virtualizar em ato mental Agora a funccedilatildeo tocircnica seraacute a privilegiada pela musculatura Apesar de estar imobilizada no esforccedilo mental essa funccedilatildeo de manter a postura eacute importante quando se pensa no ato de estudar quando o corpo todo tende a se manter em equiliacutebrio para que os olhos possam se concentrar em um objeto Logo pensa-se com o corpo em sentido duplo ndash com o ceacuterebro e com os muacutesculos Entretanto o ato mental ndash que se desenvolveu a partir do ato motor ndash passa em seguida a inibi-lo (DANTAS 1992b p38) A partir dos 5 anos a manifestaccedilatildeo da linguagem jaacute se torna mais intensa o que caracteriza o que Wallon chamou de pensamento sincreacutetico A partir desse momento a inteligecircncia da crianccedila iraacute fluir na direccedilatildeo de um movimento duplo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo das coisas anaacutelise e siacutentese para mais tarde desembocar no pensamento categorial (natildeo significa estaacutegio categorial este se daraacute entre 9 e 11 anos de idade) (DANTAS 1992b p42) Esse estaacutegio de categorizaccedilatildeo eacute abordado natildeo soacute por Wallon mas tambeacutem por Piaget Entretanto essa funccedilatildeo de classificaccedilatildeo dos objetos ou categorizaccedilatildeo condicionam uma caracteriacutestica fase em que crianccedilas fazem as perguntas ldquoo que eacuterdquo ldquopor querdquo ldquocomordquo O pensamento categorial se opotildee ao pensamento sincreacutetico e ocorre entre os 5 e nove anos de idade Os conceitos poderatildeo ser formados a partir dessa fase (DANTAS 1992b p43) O proacuteximo estaacutegio tem na construccedilatildeo do Eu a manifestaccedilatildeo de movimentos que vatildeo desde a rebeldia e negativismo ateacute a total aceitaccedilatildeo e imitaccedilatildeo do outro pois o Eu ainda fraacutegil precisa tanto da negaccedilatildeo do outro como da admiraccedilatildeo alheia para completar sua construccedilatildeo e por isso a crianccedila oferece-se em espetaacuteculo (DANTAS 1992a p94-95) Esse estaacutegio eacute denominado personalismo e impera entre 3 e 6 anos A superaccedilatildeo do sincretismo da pessoa conduziraacute agrave tambeacutem superaccedilatildeo do sincretismo do pensamento que caracterizaraacute o estaacutegio categorial Para Wallon a funccedilatildeo da inteligecircncia eacute a explicaccedilatildeo da realidade e seu destino eacute caminhar cada vez mais no processo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo ateacute o mais alto grau de abstraccedilatildeo

36 Para tanto eacute preciso que a maturaccedilatildeo cerebral possibilite a interconexatildeo entre as zonas do coacutertex que depende tanto da higidez do organismo quanto da estimulaccedilatildeo ambiental Nesse ponto Wallon se aproxima de Vygotsky mas se distancia agrave medida que este daacute maior ecircnfase agrave influecircncia do meio sobre o indiviacuteduo quando Wallon natildeo supervaloriza nem um nem outro Para Wallon eacute necessaacuteria natildeo somente a interaccedilatildeo indiviacuteduo-meio mas esta proporcionaraacute o refinamento das diferenciaccedilotildees conceituais que depende tanto das possibilidades intelectuais de cada um quanto do grau de elaboraccedilatildeo atingido pela cultura (DANTAS 1992a p95-96) E o uacuteltimo estaacutegio a ser descrito por Wallon eacute o da adolescecircncia quando haacute a explosatildeo da puberdade e haacute uma reconstruccedilatildeo da pessoa no niacutevel somaacutetico e no esquema corporal O desafio da pessoa que se encontra nesse estaacutegio eacute manter um eu diferenciado e ainda assim integrado Eacute o desafio de se integrar ao grupo social mas ao mesmo tempo de construir seu proacuteprio eu de negar o mundo real e ao mesmo tempo tentar integrar-se a ele (DANTAS 1992a p94-95) 3 Domiacutenio afetivo e aprendizagem Se educaccedilatildeo eacute sinocircnimo de apreensatildeo cultural o indiviacuteduo apreende valores e conceitos sociais construiacutedos historicamente e os devolve reformulados Eacute a visatildeo geral de educaccedilatildeo progressista do seacuteculo 20 da qual fez parte Wallon E eacute nesse movimento que o ensino ndash educaccedilatildeo mais direcionada previamente organizada e sistematizada ndash exige a aquisiccedilatildeo de recursos para responder agraves exigecircncias da cultura A partir das contribuiccedilotildees de muitos autores e nesse caso das contribuiccedilotildees de Henri Wallon pode-se perceber que essa construccedilatildeo do conhecimento pelo sujeito cognoscente seraacute tatildeo mais bem-sucedida quanto se respeitarem as caracteriacutesticas motoras afetivas e cognitivas naturais desse sujeito (MAHONEY 2010 p19) Assim como a interaccedilatildeo sujeito-meio eacute contiacutenua a aprendizagem como um dos motores do processo de desenvolvimento tambeacutem eacute um processo contiacutenuo constante em aberto Ao se relacionar com o meio fiacutesico e social a crianccedila estaacute sempre aprendendo As situaccedilotildees cotidianas inusitadas assim como a aprendizagem de novas noccedilotildees apresenta-se ao sujeito como uma totalidade cujos componentes e cujas relaccedilotildees que os unem satildeo desconhecidos O sincretismo configura os primeiros contatos com o novo em que as partes estatildeo misturadas de tal forma que impossibilitam o seu reconhecimento a distinccedilatildeo das relaccedilotildees que ligam essas partes desse todo e traduzem o seu significado A accedilatildeo de analisar e compreender o objeto diante do qual se estaacute eacute que se chama de aprendizagem Vale destacar que em todas as aprendizagens sempre estatildeo envolvidos os quatro conjuntos funcionais motor afetivo cognitivo e pessoa funcionando em conjunto ora mais voltados para dentro (constituiccedilatildeo de

s) ora mais voltados para fora (conhecimento do mundo) (MAHONEY 2010 p20) Agrave medida que a crianccedila desenvolve-se a partir de cada estaacutegio em que predomina um conjunto funcional ou predominam determinados caracteres eacute importante de o professor buscar um projeto pedagoacutegico que fique em consonacircncia com esses elementos isso pode tornar o processo ensino-aprendizagem mais assertivo oferecendo pontos de referecircncia para orientar na elaboraccedilatildeo de atividades adequadas ao estaacutegio de desenvolvimento em que o aluno se encontra Por esse motivo foram elencados alguns dos aspectos do desenvolvimento e sua relaccedilatildeo com a aprendizagem do ponto de vista afetivo (MAHONEY 2010 p22) esclarece que

A aprendizagem nos primeiros meses de vida se faz predominantemente pela fusatildeo com o outro via emoccedilatildeo Essa fusatildeo permite uma intensa participaccedilatildeo no meio Embora ela seja sincreacutetica em que se misturam num todo indiscriminado sensaccedilotildees visuais auditivas gustativas taacuteteis eacute o atendimento pelo outro que comeccedilaraacute a dar sentido agraves reaccedilotildees provocadas por essas sensaccedilotildees Eacute o estaacutegio impulsivo-emocional em que predomina a aprendizagem sobre o proacuteprio corpo e em que se inicia a consciecircncia de ldquoo que sourdquo

A diferenciaccedilatildeo do eu e do mundo ao redor se daacute no estaacutegio seguinte quando predomina a manipulaccedilatildeo e o contato direto com os objetos Eacute o momento da aprendizagem sensoacuterio-motora e do desenvolvimento da consciecircncia da crianccedila de que ela eacute diferente dos objetos No terceiro estaacutegio ndash o personalismo ndash a crianccedila aprende principalmente atraveacutes do comportamento de oposiccedilatildeo ao outro que geraraacute a descoberta de que a crianccedila natildeo eacute o prolongamento dos outros ela natildeo eacute as outras pessoas No categorial estaacutegio que coincide com o iniacutecio do periacuteodo escolar a aprendizagem se faz predominantemente pela relaccedilatildeo de semelhanccedilas e diferenccedilas entre objetos ideias imagens e representaccedilotildees Ou seja haacute um profundo trabalho intelectivo de construccedilatildeo de mecanismos qualitativos de categorizaccedilatildeo e quantitativos de mensuraccedilatildeo de comparaccedilatildeo No estaacutegio da puberdade e da adolescecircncia o principal recurso de aprendizagem eacute novamente o antagonismo entre ideias valores e sentimentos proacuteprios e do outro O adolescente pergunta-se quais meus valores quais minhas perspectivas para o futuro Natildeo nos esqueccedilamos de que Wallon eacute interacionista ou seja natildeo basta aguardar o processo de maturaccedilatildeo cognitiva infantil para que se possa oferecer desafios mais complexos para a crianccedila

37 O ensino na perspectiva walloniana eacute aquele que dialoga com o momento em que a crianccedila se encontra no processo maturacional dos pontos de vista motor afetivo e cognitivo mas que tambeacutem cria as condiccedilotildees desafiadoras para que ela vaacute desenvolvendo-se e nesse processo progrida para um novo estaacutegio Eacute preciso portanto cautela por parte de noacutes educadores imersos na cultura ocidental de tradiccedilatildeo racionalista pois temos a tendecircncia de considerar como preponderantes as funccedilotildees exclusivamente de domiacutenio do conhecimento em vez de vecirc-las do ponto de vista da preponderacircncia de domiacutenios funcionais Essa atitude racionalizante nos leva a ignorar a afetividade e o movimento na tentativa de excluiacute-los do momento de ensino como se isso fosse possiacutevel Nas palavras de (MAHONEY 2010 p37)

Na verdade entender a afetividade e ato motor como constitutivos da aprendizagem tanto quanto o conhecimento significa considerar a pessoa do aluno acolher a afetividade sentimentos e emoccedilotildees manifestos e latentes reconhecer a necessidade de movimento e as manifestaccedilotildees corpoacutereas dos sentimentos e moccedilotildees como atitudes provocadas e mobilizadas pelo processo de ensino-aprendizagem e a partir daiacute considerar a possibilidade de canalizaacute-los a fim de colaborarem na construccedilatildeo do conhecimento na aprendizagem

Um fato corriqueiro nos ambientes educativos eacute quando as crianccedilas natildeo conseguem demonstrar o quanto sabem em vista de um estado emocional pungente Eacute como se a temperatura afetiva subisse acima de um determinado limiar passando a preponderar sobre o domiacutenio cognitivo fazendo com que a pessoa perca o contato com a realidade se volte para suas proacuteprias impressotildees subjetivas desorientando o comportamento em funccedilatildeo agraves circunstacircncias objetivas (MAHONEY 2010 p41) Na pessoa adulta as funccedilotildees ligadas ao domiacutenio do conhecimento devem preponderar sobre as do domiacutenio afetivo mesmo que a afetividade seja capaz de preponderar sobre o domiacutenio cognitivo em algumas circunstacircncias em que a ela faltem recursos de controle falte a paixatildeo O desenvolvimento portanto deve conduzir agrave predominacircncia da razatildeo pois para Wallon a razatildeo eacute o destino final do homem mas mesmo as atitudes sob predominacircncia da razatildeo tecircm seus motivos no domiacutenio da afetividade da pessoa Eacute a afetividade que daacute a direccedilatildeo agraves accedilotildees que orienta as escolhas baseadas nos desejos da pessoa nos significados e sentidos atribuiacutedos agraves suas experiecircncias anteriores em suas necessidades natildeo apenas fisioloacutegicas mas principalmente soacutecio-afetivas (MAHONEY 2010 p42)

A essa interferecircncia de um domiacutenio sobre o outro Wallon denomina integraccedilatildeo funcional quando de qualquer forma e sempre um domiacutenio interfere sobre o outro colaborativa ou concorrente podendo os outros domiacutenios submeterem-se competirem preponderarem colaborarem ou bloquearem os outros postos em jogo na atividade E essas possibilidades devem ser levadas em consideraccedilatildeo quando se planeja atividades educativas (MAHONEY 2010 p43) Resultados e discussotildees Apoacutes analisar as respostas buscou-se (i) a contraposiccedilatildeo do conceito de afetividade abordado no texto que foi organizado no Quadro 1 ndash Conceito de afetividade No caso de haver identidade conceitual entre a teoria e a resposta do entrevistado prosseguiu-se agraves consideraccedilotildees finais que buscam (ii) indagar sobre qual o papel do viacutenculo afetivo no (in)sucesso nas relaccedilotildees educativas levando-se em consideraccedilatildeo que nas relaccedilotildees humanas sempre haacute a presenccedila da afetividade mas nem sempre de viacutenculo afetivo Quando natildeo haacute viacutenculo afetivo a afetividade tende a ser prejudicada Essa segunda etapa gerou o Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem A partir das respostas obtidas montou-se um quadro com os diferentes conceitos de afetividade para cada um dos entrevistados Quadro 1 ndash Conceito de afetividade Afetividade eacute sinocircnimo de

Entrevistado A emoccedilatildeo e sentimento

Entrevistado B empatia e confianccedila

Entrevistado C confianccedila

Entrevistado D respeito e bem-querer

Entrevistado E amizade e bem-querer

Entrevistado F capacidade de atingir(-se) e modificar(-se) (por) algueacutem

Nota-se que natildeo haacute entre os entrevistados um consenso sobre o que venha a ser afetividade Natildeo se poderia portanto emparelhar conceitualmente as respostas de todos os entrevistados com o que se prevecirc teoricamente para a relaccedilatildeo entre afetividade e aprendizagem Vale lembrar que a afetividade na teoria walloniana constitui um domiacutenio formado por emoccedilatildeo sentimento e paixatildeo como foi dito Emoccedilatildeo pode ser agradaacutevel ou desagradaacutevel sentimento pode ser de simpatia ou antipatia O viacutenculo afetivo sim se constitui preferencialmente atraveacutes de sentimentos simpaacuteticos e emoccedilotildees agradaacuteveis diferentemente da afetividade que engloba emoccedilotildees e sentimentos muitas vezes antagocircnicos

38 A partir do quadro anterior observam-se maiores e menores consonacircncias entre essa concepccedilatildeo de afetividade e as concepccedilotildees dos entrevistados Entretanto haacute de se destacar as concepccedilotildees dos entrevistados A e F que definem respectivamente afetividade como ldquoemoccedilatildeo e sentimentordquo e ldquoo afetar-se e modificar-se pelo outrordquo Essas seriam as concepccedilotildees mais proacuteximas da que foi abordada por Wallon e ao mesmo tempo as mais ricas teoricamente pois permitem conceber a afetividade tanto como fator de aproximaccedilatildeo como de distanciamento entre dois sujeitos tomando como foco a emoccedilatildeo e o sentimento No caso das respostas dos demais entrevistados haacute a tendecircncia de polarizaccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas como se a afetividade soacute produzisse aproximaccedilotildees e confluecircncias de interesses Por outro lado em relaccedilatildeo ao processo de afetividade ou seja ao processo de se deixar afetar e modificar pelo outro eacute indubitaacutevel sua importacircncia nas relaccedilotildees educativas Os entrevistados foram unacircnimes acerca das consequecircncias geradas pelo estabelecimento ou natildeo de viacutenculo afetivo entre as partes Eacute o que mostra o Quadro 2 Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem

Na aprendizagem o viacutenculo afetivo tem o papel de

Entrevistado A beneficiar o trabalho do professor e principalmente fazer com que o aluno progrida na aprendizagem e se sinta bem na escola Para que tudo isso ocorra eacute preciso que haja viacutenculo afetivo entre as partes

Entrevistado B possibilitar tranquilidade para ensinar e aprender Natildeo estabelecer viacutenculo afetivo compromete em muito o trabalho do professor e tambeacutem o do aluno

Entrevistado C possibilitar que se efetive um trabalho ldquo(hellip) natildeo satildeo raros os relatos onde a afetividade predominourdquo

Entrevistado D incluir alunos que estatildeo afastados das situaccedilotildees de aprendizagem ldquo() uma aproximaccedilatildeo mais afetiva possibilitou conhecer suas particularidades e saltos qualitativos aconteceram no processo de aprendizagemrdquo

Entrevistado E possibilitar que se estabeleccedila a aprendizagem e os alunos se

tornem pessoas cada vez melhores

Entrevistado F agir diretamente na relaccedilatildeo pedagoacutegica de forma positiva

Em relaccedilatildeo ao Quadro 1 o Quadro 2 eacute mais uniforme em relaccedilatildeo agraves respostas Nota-se que os resultados de uma relaccedilatildeo afetiva podem ser positivos quando haacute viacutenculo afetivo estabelecido ou negativos quando natildeo haacute esse viacutenculo ou seja quando os domiacutenios afetivos das partes natildeo tecircm nada em comum naquele momento Conclusatildeo A partir da anaacutelise do Quadro 1 foi possiacutevel constatar que alguns entrevistados compreendem afetividade e viacutenculo afetivo como sendo o mesmo conceito Isso pocircde ser percebido quando o entrevistado atribuiu agrave afetividade os sinocircnimos de confianccedila empatia bem-querer e amizade Nesse sentido eacute importante destacar a distinccedilatildeo entre afetividade e viacutenculo afetivo Pensando-se viacutenculo afetivo como sinocircnimo de elo afetivo nota-se que esse possui algo aleacutem de simplesmente ser afetivo haacute uma afinidade um envolvimento uma aproximaccedilatildeo entre as partes Esse viacutenculo afetivo se daacute atraveacutes do compartilhamento de sentimentos e emoccedilotildees entre essas partes O meio atraveacutes do qual haacute a troca de sentimentos e emoccedilotildees eacute naturalmente a comunicaccedilatildeo Entretanto haacute um ponto importante que deve ser observado na teoria walloniana como foi dito a afetividade desempenha um importante papel jaacute que eacute no entrelaccedilamento com os outros domiacutenios ndash o motor e o cognitivo ndash que o domiacutenio afetivo iraacute propiciar a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades e motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas e decisotildees ao longo da vida Em outras palavras eacute o domiacutenio afetivo que sustenta as atitudes da pessoa perante a vida Ou seja o domiacutenio afetivo natildeo age sozinho no momento da relaccedilatildeo entre educador e educando Nesse caso quando haacute viacutenculo afetivo entre ambas as partes eacute porque houve em algum momento identificaccedilatildeo entre quaisquer dos domiacutenios da pessoa afetivo cognitivo ou motor Mas eacute o domiacutenio afetivo ndash logo o emocional sentimental e passional ndash que manteraacute acesa a chama do interesse por determinada atividade E eacute nesse uacuteltimo aspecto que o presente trabalho pretende chamar a atenccedilatildeo dos educadores O conhecimento teoacuterico do funcionamento dos domiacutenios afetivo cognitivo e motor satildeo de suma importacircncia para que o educador vaacute para a praacutetica munido de ferramentas conceituais e possa diante das dificuldades que o cotidiano lhe impotildeem enxergar no educando a pessoa dotada desses domiacutenios e passiacutevel de ser atingida afetada pela comunicaccedilatildeo bem estabelecida Na ausecircncia de uma efetiva comunicaccedilatildeo o educando natildeo eacute afetado em seus domiacutenios afetivo cognitivo e motor Isso corresponde quase sempre e

39 infelizmente ao fracasso escolar tanto do educando quanto do educador Referecircncia Bibliograacutefica BASTOS Alice Beatriz B Izique A construccedilatildeo da pessoa em Wallon e a constituiccedilatildeo do sujeito em Lacan Petroacutepolis RJ Vozes 2003 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Jurema Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais Revista eletrocircnica dos poacutes-graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC v2 n1(3) 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwletramagnacominteracaomarliquadrospdfgt Acesso em 24 out 2013 DANTAS Heloysa A afetividade e a construccedilatildeo do sujeito na psicogeneacutetica de Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992a ____ Heloysa Do ato motor ao ato mental a gecircnese da inteligecircncia segundo Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992b GALVAtildeO Izabel Expressividade e emoccedilotildees segundo a perspectiva de Wallon In ARANDES Valeacuteria A (org) Afetividade na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo Summus 2003 MAHONEY Abigail A A constituiccedilatildeo da pessoa desenvolvimento e aprendizagem In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 PRANDINI Regina C A R A constituiccedilatildeo da pessoa integraccedilatildeo funcional In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 WALLON Henri P H Os domiacutenios funcionais estaacutedios e tipos A evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila (Traduccedilatildeo Cristina Carvalho) Lisboa (Portugal) Abril 2005

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ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Eliane Belmonte Lucenti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 9 7102 2880

elianelucentigmailcom

Liliana Harb Bollos (Orientadora) Faculdade de Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812-9400 contatolilianabolloscombr

RESUMO Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo Palavras chave Arte e cultura indiacutegena Arte Educaccedilatildeo educaccedilatildeo diversidade cultura ABSTRACT This article aims to stimulate debate on art and indigenous culture in the school context with a focus on art education looking and pointing tools that enable enter the subject within the contemporary understanding art as fertile ground able to enhance the individuals connection with the object study Keywords Art and indigenous culture Art Education education diversity culture INTRODUCcedilAtildeO Ainda hoje as culturas indiacutegenas satildeo retratadas por grande parte da sociedade como mero resiacuteduo social parcela irrelevante e sem valor para a atual sociedade ou na maioria das vezes puramente como algo de interesse exoacutetico perdido em um passado distante Jaacute eacute merecida e urgente uma reflexatildeo mais cuidadosa que abra o olhar para essa parcela da nossa identidade cultural natildeo apenas conferindo e reconhecendo valor agraves manifestaccedilotildees culturais indiacutegenas mas principalmente oferecendo meios e mecanismos para que a realidade atual do povo indiacutegena se faccedila emergir bem como o devido reconhecimento agrave sua contribuiccedilatildeo histoacuterica poliacutetico-social para com o nosso paiacutes Houve sem duacutevida avanccedilos que apontam para melhora dessa realidade principalmente advindo de projetos de ONGs instituiccedilotildees civis organizadas e algumas instituiccedilotildees de ensino superior que contribuem ativamente dando voz a essa nossa parcela cultural e promovendo meios para que se possa ldquoindigenizarrdquo nossa produccedilatildeo cultural Vaacuterios projetos vecircm oportunizando a formaccedilatildeo e surgimento de uma nova geraccedilatildeo de cineastas documentaristas artistas e intelectuais de

vaacuterias etnias que revelam o cotidiano dos povos indiacutegenas produzindo rico material e o mais interessante pela oacutetica de protagonistanarrador da proacutepria histoacuteria Infelizmente o povo indiacutegena ainda natildeo eacute reconhecido como riqueza essencial do paiacutes como chave para um futuro melhor em termos tanto sociais quanto ambientais Isso se daacute por vaacuterios motivos mas principalmente por anos de uma educaccedilatildeo excludente onde as minorias satildeo invisiacuteveis por isso eacute necessaacuterio reunir esforccedilos no caminhar da construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo para a pluralidade e diversidade que devidamente contemple o tema A lei 11645 de marccedilo de 2008 estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena No entanto a obrigatoriedade natildeo garante qualidade de ensino tatildeo pouco material necessaacuterio e sequer professores preparados uma vez que em nossa formaccedilatildeo este legado nos foi negado a lei eacute ainda mais especiacutefica e diz que aleacutem das escolas contemplarem o tema este conteuacutedo deve ser parcela efetiva das disciplinas de Histoacuteria Literatura e Arte Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte e educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo uma vez que passa pelo eixo teoacuterico-praacutetico Porque falar dos iacutendios Inicia-se desde que aportaram aqui colonizadores seus escravos e toda bagagem sociocultural que traziam con- sigo a construccedilatildeo efervescente de um povo hoje conhecido como brasileiro que precisa a fim de esclarecer as futuras geraccedilotildees e efetivamente educar para a pluralidade e diversidade dar voz e uma parcela de sua identidade cultural que tem sido renegada pelo passado e negada agraves futuras geraccedilotildees que eacute a histoacuteria e cultura daqueles que primeiro estavam aqui o povo indiacutegena Eacute mais do que

41 necessidade direito de todo brasileiro conhecer suas raiacutezes e sua histoacuteria na medida em que soacute conhecendo o passado e tecendo anaacutelise criacutetica sobre ele poderemos efetivamente planejar um futuro melhor consciente de nossas escolhas Historicamente fomos submetidos agrave homogeneizaccedilatildeo esmagando culturalmente as minorias levando- as a quase invisibilidade Uma anaacutelise histoacuterica social nos revelariam alguns motivos desses acontecimentos mas natildeo nos cabe aqui nos prender a esses pontos mas sim lembrar que nossas diferenccedilas satildeo partes constitutivas da nossa singularidade humana e que devemos lutar por igualdade de direitos igualdade de tratamento e condiccedilotildees Segundo Boaventura Santos

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferenccedila nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza Daiacute a necessidade de uma igualdade que reconheccedila as diferenccedilas e de uma diferenccedila que natildeo produza alimente ou reproduza as desigualdades (2003 p56)

No fim da deacutecada de 1970 multiplicam-se as organizaccedilotildees natildeo governamentais de apoio aos iacutendios e no iniacutecio da deacutecada de 1980 pela primeira vez se organiza um movimento indiacutegena de acircmbito nacional visando retomar os direitos a seus territoacuterios educaccedilatildeo diferenciada e agrave sauacutede Essa mobilizaccedilatildeo explica as grandes novidades obtidas na constituiccedilatildeo de 1988 que abandonam as metas e o jargatildeo assimilacionistas e reconhecem os direitos originaacuterios dos iacutendios seus direitos histoacutericos agrave posse da terra de que foram os primeiros senhores direito ao ensino e respeito aos seus valores culturais e artiacutesticos assegurando a utilizaccedilatildeo de suas liacutenguas maternas nos processos de aprendizagem No artigo 231 estaacute escrito

Reconhecidos aos iacutendios sua organizaccedilatildeo social costumes liacutenguas crenccedilas e tradiccedilotildees e os direitos originaacuterios sobre as terras que tradicionalmente ocupam competindo agrave uniatildeo demarcaacute-las proteger e fazer respeitar todos os seus bens (BRASIL 2008 p137-146)

Historicamente nunca demos o devido valor agrave contribuiccedilatildeo dos indiacutegenas para a naccedilatildeo a ideia que os colonizadores tinham de que o iacutendio era sem cultura e natildeo civilizados permaneceu arraigada em noacutes fazendo com que muitos ainda hoje desprezem sua riqueza cultural Poreacutem a verdade eacute que os indiacutegenas contribuiacuteram efetivamente e tiveram papel fundamental como aponta Ronildo Terena que eacute de Dourados Mato Grosso do Sul ex-supervisor do programa MS alfabetizado pela SED (Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo de Mato Grosso do Sul) e SEMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Dourados) gestatildeo 2004-2006 ex-coordenador do Programa Brasil Alfabetizado em parceria com a Secretaria Municipal de Dourados (MS) e o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) gestatildeo 2007 a 2008 acadecircmico indiacutegena do curso de Histoacuteria pela

Universidade Federal da Grande Dourados Ronildo iacutendio da etnia Terena que afirma em seu blog

Ensinamos a quem nos escravizou cruelmente a sobreviver em vaacuterias situaccedilotildees na selva muitos serviram de guia nas exploraccedilotildees nossos antepassados estavam na histoacuteria do paiacutes constantemente ajudando a manter as terras longe dos invasores tambeacutem na matildeo-de-obra nas expansotildees agriacutecolas e extrativistas Ajudamos na formaccedilatildeo sociocultural do povo brasileiro emprestando nossos traccedilos na miscigenaccedilatildeo com o branco e o negro natildeo apenas no sentido bioloacutegico mas fazendo parte da formaccedilatildeo religiosa e cultural nossa culinaacuteria ateacute hoje eacute apreciada por aqueles que nem mesmo sabem que os primeiros a experimentar certas iguarias foram e satildeo nossas Passando ainda para um aspecto mundial a tradicional medicina indiacutegena hoje eacute valorizada aceita por profissionais renomados uma arte milenar que pareceu ser esquecida ou renegada por seacuteculos usando uma seacuterie de combinaccedilotildees segundo pesquisas recentes antes mesmo da medicina moderna descobrir as ervas compostas Sem sombra de duacutevidas uma das maiores contribuiccedilotildees para o mundo eacute a preservaccedilatildeo de uma biodiversidade imensa em nossas reservas quando hoje em dia tanto se fala em aquecimento global e seu impacto sobre o homem as terras indiacutegenas satildeo verdadeiras matas verdes ressaltando a utilizaccedilatildeo da terra sem maltrataacute-la ou degradaacute-la Eacute preciso rever o conceito que todos os iacutendios satildeo coitados sem cultura ou ainda becircbados e vagabundos Precisamos nos lembrar de que somos agentes constantes formadores da histoacuteria deste nosso paiacutes e que se natildeo fossem os tais civilizados homens brancos ter invadido o nosso espaccedilo seriacuteamos donos absolutos desta terra como de fato somos mesmo sem o conhecimento poliacutetico ou de pessoas que aqui habitam que invadem nossos espaccedilos em busca de madeiras nobres ouro terras para a expansatildeo agropastoril (TERENA 2009)

Diferentemente dos negros que historicamente buscaram abrir espaccedilo e ter vez e visibilidade na sociedade brasileira fazendo parte efetiva dela os iacutendios pelas suas especificidades e ligaccedilatildeo direta com a terra ficaram ocupados em uma guerra quase solitaacuteria em garantir um estudo diferenciado para suas crianccedilas e questotildees de demarcaccedilatildeo das terras hoje jaacute com muitos grupos organizados e reconhecidos busca inserir-se na

42 atual sociedade garantindo direitos baacutesicos visibilidade e reconhecimento sem assim perder suas origens

O Censo Demograacutefico 2010 contabilizou a populaccedilatildeo com bases nas pessoas que se declaram indiacutegenas no quesito cor ou raccedila e para os residentes em terras indiacutegenas que natildeo se declaram mas que se consideram indiacutegenas Revelou-se que das 896 mil pessoas que se declara ou se considera indiacutegena 572 mil ou 638 viviam na aacuterea rural e 517 mil ou 575 moravam em terras indiacutegenas oficialmente reconhecidas Os iacutendios foram dizimados hoje representam entorno de 230 povos juntos somam 42 da populaccedilatildeo (segundo estatiacutestica de 2010 do IBGE) poreacutem estes satildeo responsaacuteveis por manter viva em torno de 180 liacutenguas Todos esses dados mais que justificam a aprovaccedilatildeo em marccedilo de 2008 da lei 11645 que estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Porem passado seis anos da sua aprovaccedilatildeo poucos foram os avanccedilos efetivos ainda natildeo haacute material atualizado e especiacutefico que forneccedila suporte que garanta a diversidade e qualidade na abordagem do tema tatildeo pouco uma capacitaccedilatildeo dos profissionais envolvidos e ainda na aacuterea de formaccedilatildeo desses profissionais ou seja cursos superiores de licenciaturas as instituiccedilotildees comeccedilam a esboccedilar esforccedilos para adequaccedilatildeo dos curriacuteculos como aponta Joana C dos Passos (2008)

tambeacutem o vazio no processo de formaccedilatildeo de professores que mesmo acessando ao ensino superior tecircm recebido pouca formaccedilatildeo para as relaccedilotildees eacutetnico-raciais e a formaccedilatildeo em serviccedilo que pouco diaacutelogo tem com as questotildees da diversidade A exemplo disso podemos lembrar-nos da Pluralidade Cultural introduzida como tema transversal pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais em 1997 que pouco influenciou nos conteuacutedos materiais didaacuteticos e praacuteticas pedagoacutegicas (PASSOS 2008 p 17)

Assim eacute de vital importacircncia a contribuiccedilatildeo de pesquisas individuais ou de grupos que suscitem o tema abrindo espaccedilo ao debate oferecendo visibilidade e forccedila para essa parcela de nosso povo que bravamente luta para fazer valer seus direitos e reconhecida sua contribuiccedilatildeo na construccedilatildeo desta naccedilatildeo Se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Seria ingecircnuo acreditar que conseguiriacuteamos contemplar de forma aprofundada e ampla toda a gama de possibilidades dentro deste universo que eacute a cultura indiacutegena com tempo tatildeo iacutenfimo das aulas ainda mais sem a devida capacitaccedilatildeo no entanto o que me parece mais importante e natildeo recorrermos os mesmos erros ateacute aqui cometidos Eacute preciso que se faccedila reconhecer a pluralidade e diversidade eacutetnica cultural do povo indiacutegena

A escola tem papel fundamental na diminuiccedilatildeo das ldquodistacircncias sociaisrdquo mas eacute preciso atenccedilatildeo agrave forma como o tema indiacutegena eacute abordado para natildeo contribuir para a construccedilatildeo de uma visatildeo estereotipada e limitada do que eacute um iacutendio em especial tratando-se do material didaacutetico cujos verbos normalmente referem-se aos iacutendios estatildeo no preteacuterito e cujo espaccedilo reservado a falar sobre sua cultura estaacute somente no tema ldquoDescobrimento do Brasilrdquo Permitam-me fazer uma analogia alegoacuterica Pense em um pote grande de jujubas eacute possiacutevel ver em completude umas as outras os mais diversos aromas cores e sabores Haacute quem se interesse mais por uma que por outra e a ela daacute o devido destaque mas eacute justamente essa riqueza da diversidade do colorido que lhe abrilhanta que lhe consiste o interesse Iacutendio eacute igual jujuba satildeo diversas etnias com as mais variadas culturas cheias de suas especificidades um mundo rico cheio de aromas cores sabores e saberes Entatildeo o Juruaacute (aquele que natildeo eacute iacutendio em guarani) de olho raso que natildeo conseguem ver longe pintam tudo de vermelho colocam em um pote bem pequeno numa prateleira no fundo intitulada iacutendio acham que iacutendio eacute soacute iacutendio e tudo uma coisa soacute e o pior fazem que muitos acreditem nisso impondo uma visatildeo sobre o objeto observado da oacutetica de sua cultura No Brasil se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Paulo Freire (1987) chama isso de ldquoinvasatildeo culturalrdquo ou seja quando invasores impotildeem a outros sua visatildeo de mundo intimidando-os na sua plena manifestaccedilatildeo humana ameaccedilando-os dessa forma de perder sua cultura sua originalidade Essa defasagem histoacuterica vem transformando os indiacutegenas em algo oniacuterico um ser edecircnico distante da nossa realidade Isso natildeo corresponde agrave verdade nas uacuteltimas deacutecadas grande parte da populaccedilatildeo indiacutegena fixou moradia dentro dos grandes centros em busca de melhores oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho segundo IBGE os indiacutegenas vivendo nas cidades no estado de Satildeo Paulo somam 91 de sua populaccedilatildeo e ainda segundo censo 2010 a cidade de Satildeo Paulo eacute o 4ordm municiacutepio com maior populaccedilatildeo indiacutegena no Brasil somando 12977 iacutendios Levantamentos feitos pela ONG Opccedilatildeo Brasil em 2011 mostram que 54 etnias vivem no estado de Satildeo Paulo sendo destas 38 soacute na capital Isso destaca a grande diversidade eacutetnica e mostra a proximidade que os iacutendios estatildeo de noacutes eacute preciso que estes fatos sejam relevantes na construccedilatildeo dos conhecimentos sobre a cultura indiacutegena Eacute preciso reparar os equiacutevocos nossa nacionalidade como lembra Florestan Fernandes (2007) foi construiacuteda imposta de cima para baixo sendo excludente em relaccedilatildeo agraves outras culturas sem respeito agraves diferenccedilas causando grandes perdas para a identidade do povo brasileiro Isto tem resultado em injusticcedilas e crueldade com as minorias e deixado agraves margens da sociedade tanto negros quanto indiacutegenas Os iacutendios satildeo agentes histoacutericos que vem criativamente encontrando soluccedilotildees para sobreviver em um mundo que quis exterminaacute-los deixemos de olhar o iacutendio simplesmente como vitima dos colonizadores

43 passemos a enxergaacute-los aleacutem da chegada dos portugueses isso eacute essencial para a construccedilatildeo do conhecimento sobre os indiacutegenas precisamos recuperar a participaccedilatildeo desta populaccedilatildeo nos diversos momentos da histoacuteria brasileira bem como sua contribuiccedilatildeo na preservaccedilatildeo ambiental e no saber tradicional sobre plantas medicinais entre outros Eacute imperativo que trabalhemos para uma educaccedilatildeo que possibilite o reconhecimento histoacuterico poliacutetico - social da cultura indiacutegena mas que sobre tudo a enxergue sobre o tempo do aqui e agora pois entendem que os iacutendios natildeo satildeo aqueles ldquoprimitivosrdquo sem ldquocivilizaccedilatildeordquo ou cultura e que o fato dos indiacutegenas atuais usarem celulares e computadores natildeo os tornam menos iacutendios afinal de contas nosso principal meio de transporte jaacute natildeo eacute mais o cavalo Levando o iacutendio para sala de aula Natildeo haveria melhor lugar para discutir as questotildees sobre as minorias sociais uma vez que segundo GADOTTI (1998p24) em uma educaccedilatildeo que visa a transformaccedilatildeo a escola tem um papel estrateacutegico podendo ser um lugar onde as forccedilas emergentes da nova sociedade muitas vezes chamadas de classes populares podem elaborar sua cultura e adquirir consciecircncia necessaacuteria a sua formaccedilatildeo Poreacutem trazer essa temaacutetica para a sala de aula requer aleacutem de um bom preparo do professor fontes de informaccedilatildeo confiaacuteveis que retratem a vida das diferentes comunidades indiacutegenas do Brasil trazendo informaccedilotildees sobre o seu passado sua cultura situando-as no presente retratando os diversos problemas que tem enfrentado ao longo dos anos suas lutas e suas conquistas Existem sites especializados que oferecem materiais e informaccedilotildees confiaacuteveis e de qualidade sobre os povos indiacutegenas entre eles Museu do iacutendio ndash mantido pela FUNAI Viacutedeo nas Aldeias ndash ONG independente Os iacutendios na Histoacuteria do Brasil - setor de antropologia da UNICAMP Enciclopeacutedia dos povos indiacutegenas ndash Instituto Socioambiental Povos indiacutegenas no Brasil ndashISA ndash Instituto Socioambiental natildeo governamental Biblioteca Digital Curt Nimuendajuacute Pagina do Melatti ndash Juacutelio Cezar Melatti ndash Antropoacutelogo Universidade de Brasiacutelia ndash DAN ndash Departamento de Antropologia Espaccedilo Ameriacutendio ndash UFRGS Programa de Educaccedilatildeo tutorial (PET) Saberes indiacutegenas ndash UFSCAR Eacute possiacutevel utilizar tambeacutem apoacutes uma triagem textos jornaliacutesticos de miacutedias online pois satildeo recursos atuais e didaacuteticos que possibilitam iniciar um debate em sala de aula que realmente promova um esclarecimento sobre a cultura indiacutegena ajudando a diminuir os preconceitos e os estereoacutetipos em relaccedilatildeo agraves populaccedilotildees indiacutegenas Trabalhar a histoacuteria indiacutegena correlacionando-a agrave situaccedilatildeo atual dos iacutendios eacute importante para aproximar os alunos da histoacuteria se bem trabalhado pelo professor aguccedila a criticidade dos alunos aleacutem de desenvolver o interesse pela investigaccedilatildeo dos fatos o que os tornam sujeitos ativos na construccedilatildeo do saber

Um professor mediador consciente que tenha procurado conhecer a cultura indiacutegena poderaacute promover grandes discussotildees em torno de vaacuterios temas dentre eles desenvolvimento sustentaacutevel dimensotildees simboacutelicas da cultura indiacutegena terras indiacutegenas desinformaccedilatildeo internet e cultura indiacutegena cidadania alimentaccedilatildeo saudaacutevel desigualdade social e outros Falar sobre a Arte e Cultura Indiacutegena nas escolas eacute cheio de desafios mas tambeacutem possibilidades Eacute importante entender que a partir da temaacutetica indiacutegena eacute possiacutevel criar um projeto transdisciplinar que promova maior conhecimento aos alunos envolvendo inclusive toda a comunidade dando visibilidade a cultura indiacutegena de forma plena fomentando processos que se desvinculem das festividades superficiais em comemoraccedilotildees ao dia do iacutendio Enquanto nos debatemos em esforccedilos pessoais para garantir meios de inserir o tema nas aulas natildeo podemos perder de vista duas grandes questotildees primeiro a necessidade do preparo e formaccedilatildeo do corpo docente natildeo indiacutegena para tratar de questotildees relacionadas agrave cultura indiacutegena devendo ser incluiacuteda a questatildeo eacutetnica na matriz curricular dos cursos de licenciatura e nos processos de formaccedilatildeo continuada de professores inclusive de docentes do ensino superior e segundo a necessidade de um material de apoioorientaccedilatildeo que assegure a relaccedilatildeo de como trazer a temaacutetica indiacutegena para a sala de aula que elementos dessa rica cultura devem ser trabalhados quando e com quais objetivos Assim devemos continuar militando em defesa da conquista desses direitos para assegurarmo-nos da implementaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo de qualidade que vai de encontro aos anseios sociais

Arte-Educaccedilatildeo e Cultura Indiacutegena em busca de um lugar ao sol A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496 no artigo 3 diz que o ensino seraacute ministrado com base nos seguintes princiacutepios descritos no inciso ldquoII - liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensamento a arte e o saberrdquo portanto educar eacute ir aleacutem de preparar para o mercado de trabalho eacute propiciar conhecimento cultural artiacutestico e folcloacuterico da sua nacionalidade A arte eacute de fundamental importacircncia para o ser humano pois educa a sensibilidade e contribui para o desenvolvimento da criatividade e da cogniccedilatildeo por isto deve ser valorizada no acircmbito escolar Ela deve ser um instrumento para a construccedilatildeo de valores sociais e eacuteticos A arte assim como os iacutendios vem lutando por seu reconhecimento e devido espaccedilo incluiacuteda nos curriacuteculos escolares e mais recentemente favorecida pela obrigatoriedade legal (LDB 939496) ainda natildeo apresenta na maioria das instituiccedilotildees mesmo peso e importacircncia nas demandas hieraacuterquicas seleccedilatildeo de conteuacutedos e propoacutesitos que as demais disciplinas curriculares tecircm e nem aos seus proacuteprios conforme nos aponta Ana Matildee Barbosa

Nem a mera obrigatoriedade nem o reconhecimento da necessidade satildeo

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suficientes para garantir a existecircncia da Arte no curriacuteculo Leis tatildeo pouco garantem um ensinoaprendizagem que torne os estudantes aptos para entender a Arte ou a imagem na condiccedilatildeo poacutes-moderna contemporacircnea (BARBOSA 2002 p 14)

A arte-educaccedilatildeo consegue alinhar o equiliacutebrio entre eacutetica e esteacutetica uma vez que amplia o olhar da educaccedilatildeo para aleacutem das formas segundo Barbosa (2000 p3) por meio das Artes eacute possiacutevel desenvolver a percepccedilatildeo e a imaginaccedilatildeo bem como apreender a realidade percebida e analisaacute-la de forma criacutetica tendo em vista a sua transformaccedilatildeo defendendo a ideia do viacutenculo entre arte e educaccedilatildeo pois a arte na educaccedilatildeo eacute um instrumento para a identificaccedilatildeo cultural e o desenvolvimento a partir da expressatildeo individual e cultural Ainda na concepccedilatildeo de Barbosa (2000)

Atraveacutes das Artes temos a representaccedilatildeo simboacutelica dos traccedilos espirituais materiais intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social seu modo de vida seu sistema de valores suas tradiccedilotildees e crenccedilas A arte como uma linguagem presentacional dos sentidos transmite significados que natildeo podem ser transmitidos atraveacutes de nenhum outro tipo de linguagem tais como as linguagens discursivas e cientiacuteficas (BARBOSA 2000 p 2)

Vejo positivamente a obrigatoriedade do tema indiacutegena dentro das aulas de Arte pois reconheccedilo a arte como importante ferramenta na construccedilatildeo total do indiviacuteduo como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do aluno com o objeto de estudo ligando-o diretamente agraves questotildees simboacutelicas agindo na dimensatildeo teoria-praacutetica assim levando-o a uma anaacutelise criacutetica do contexto histoacuterico-social do objeto de estudo mas tambeacutem o aproximando da realidade desse objeto fazendo com que ele se coloque no lugar do outro na medida em que pensa e repensa colocando o tema no aqui e agora a fim de exprimir seu pensamento e posiccedilatildeo atraveacutes da execuccedilatildeo de sua obra Outro aspecto importante eacute que a cultura indiacutegena estaacute intimamente ligada agrave arte se expressa e perpetua atraveacutes e pela arte em suas diversas linguagens Dentro da cultura indiacutegena eacute possiacutevel observar manifestaccedilotildees artiacutesticas como a danccedila teatro artes visuais e muacutesica o que cria um vasto leque a ser explorado indo ao encontro com o que determina o PCN quanto agraves linguagens artiacutesticas fundamentais a serem trabalhadas Consideraccedilotildees finais O mundo contemporacircneo e globalizado eacute caracterizado pela velocidade e acessibilidade de informaccedilotildees pela diversidade eacutetnica cultural religiosa poliacutetica mas tambeacutem o eacute pela intoleracircncia fanatismo religioso e sectarismo Eacute necessaacuterio e urgente abandonar velhos conceitos superar essa incompreensatildeo do outro quebrar paradigmas e construir novo entendimento da

diversidade reconhecendo os direitos dos grupos e das pessoas que existem justamente pela diferenccedila do modo de ser Aliaacutes essa eacute uma preciosa liccedilatildeo que temos a aprender com os indiacutegenas jamais deixar que o ldquoterrdquo supere o ldquoserrdquo A arte e mais especificamente a arte-educaccedilatildeo tem papel fundamental na formaccedilatildeo de um indiviacuteduo global preparado para ldquolerrdquo esse mundo e se relacionar com ele de forma criacutetica e consciente podendo ser capaz de interferir na sua realidade a fim de modificaacute-la para melhor Motivar discussotildees centrando-se na mudanccedila cultural resgatando nossa identidade pluralidade e diversidade contemplando a Arte e Cultura indiacutegena de forma devida no contexto escolar portanto eacute o iniacutecio das consideraccedilotildees sobre o lugar dos iacutendios na sociedade brasileira e na histoacuteria do paiacutes REFEREcircNCIAS BARBOSA Ana Mae Inquietaccedilotildees e mudanccedilas no ensino da Arte Satildeo Paulo Cortez 2002

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A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS

Nataacutelia de Lima Machado Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

natalia_lima8hotmailcom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Este artigo relata parte do Projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica do curso de Quiacutemica da FACCAMP fases da histoacuteria do vidro desde sua descoberta e evoluccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo ateacute o surgimento dos imponentes vitrais demonstram-se tambeacutem as teacutecnicas mais empregadas para a fabricaccedilatildeo de um vitral bem como a visita realizada ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista cidade do interior de Satildeo Paulo finalizando com uma entrevista com o artista

Palavras chave Histoacuteria dos vidros vitrais e pintura de vidros

ABSTRACT This paper reports part of the scientific Initiation Project chemistry course of FACCAMP history of glass phases since its discovery and development in the manufacturing process until the appearance of the imposing stained glass are demonstrated also the techniques most used for the manufacture of a stained glass window and the visit made to the Atelier Sergio Silver located in Braganca Paulista the city of Satildeo Paulo ending with an interview with the artist

Keywords Glass history stained glass and painting

1 HISTOacuteRIA DOS VIDROS Pliacutenio o grande naturalista romano em sua enciclopeacutedia Naturalis Historia atribui aos feniacutecios a obtenccedilatildeo dos vidros Segundo a lenda ao desembarcarem nas costas da Siacuteria em uma praia de areia fina haacute cerca de 4000 anos aC os feniacutecios improvisaram fogotildees usando blocos constituiacutedos de carbonatos e bicarbonatos de soacutedio sobre a areia Observaram que passado algum tempo de fogo vivo escorria uma substacircncia liacutequida transparente e viscosa que se solidificava rapidamente A figura 1 mostra uma ilustraccedilatildeo da descoberta do vidro

Figura 1 Ilustraccedilatildeo da lenda da descoberta do vidro - Fonte COSTA 2006

De acordo com grande parte dos cientistas a arte vidreira teria sido difundida atraveacutes do Egito e Mesopotacircmia Os primeiros artefatos de vidro tecircm origem na Mesopotacircmia a cerca de 3000 aC onde foi encontrado tambeacutem um registro de procedimento de fabricaccedilatildeo A arte de se fazer vidros isentos de ceracircmica e a adiccedilatildeo de compostos de cobre e cobalto com a finalidade de garantir as tonalidades azuladas satildeo creditadas ao Egito (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Ateacute 1500 aC os materiais viacutetreos tinham pouca utilidade praacutetica e eram empregados principalmente como adorno O vidro nessa eacutepoca era opaco e colorido demonstrando que o meacutetodo de coloraccedilatildeo atraveacutes da introduccedilatildeo de oacutexidos metaacutelicos jaacute era conhecido Os compostos agrave base de cobre e estanho jaacute eram introduzidos para gerar cor azul e branco respectivamente (AKERMAN 2000 MAIA 2003)

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Surge na China durante a Dinastia Han entre 206 e 200 aC vidros agrave base de chumbo como ilustrado na figura 2 A incorporaccedilatildeo de oacutexido de chumbo em sua composiccedilatildeo reduz a sua temperatura de fusatildeo O estanho eacute muito utilizado em composiccedilotildees de vidrado tornando tais vidros opacos e coloridos com diversas tonalidades devido agrave presenccedila de impurezas metaacutelicas (GONCcedilALVES 2004)

Figura 2 ndash Pote ceracircmico com vidrado agrave base de chumbo Dinastia Han (206 aC ndash 200 aC) - Fonte GONCcedilALVES 2004

Poreacutem foi por volta de 200 aC na Siacuteria que se deu o desenvolvimento de uma teacutecnica fundamental e revolucionaacuteria na arte de fazer objetos de vidro a sopragem que consiste em extrair uma pequena porccedilatildeo do vidro em fusatildeo com a ponta de um tubo de aproximadamente 100 a 150 cm de comprimento com abertura de 1 cm de diacircmetro permitindo que o vidreiro sopre pela outra extremidade produzindo-se uma bolha no interior da massa dando origem a uma peccedila oca Tal teacutecnica pode ser visualizada na figura 3 (GONCcedilALVES 2004 ALVES 2001 AKERMAN 2000)

Figura 3 ndash Representaccedilatildeo da teacutecnica de sopro - Fonte wwwpilkingtoncom

Os primeiros vidros incolores entretanto surgiram por volta de 100 dC em Alexandria devido agrave introduccedilatildeo de oacutexido de manganecircs nas composiccedilotildees e de melhoramentos importantes nos fornos

A idade do luxo do vidro deu-se no periacuteodo do Impeacuterio Romano A qualidade e o refinamento da arte de trabalhar com vidro permitiam criar joacuteias e imitaccedilotildees perfeitas de pedras preciosas Eacute tambeacutem em Roma que surgem as primeiras aplicaccedilotildees arquitetocircnicas de vidro O vidro plano passa a ser utilizado em pavimentos e em

paredes mas seraacute em janelas que reside a sua maior contribuiccedilatildeo onde substitui mica e conchas (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Por volta do ano de 1200 dC Veneza se tornaria o centro vidreiro mais importante onde os profissionais da aacuterea eram confinados na ilha de Murano para que natildeo se espalhassem os conhecimentos que eram passados de pai para filho tornando-se prisioneiros de sua proacutepria arte Nessa ilha estranhos eram impedidos de entrar e os proacuteprios vidreiros natildeo podiam se ausentar exceto com permissatildeo especial A desobediecircncia a essas regras colocava em risco suas famiacutelias O contraacuterio tambeacutem acontecia honrarias eram concedidas a quem se sujeitasse a esse regime Dessa forma guardou-se com discriccedilatildeo diversas composiccedilotildees e teacutecnicas durante seacuteculos (AKERMAN 2000 GONCcedilALVES 2004 MAIA 2003)

Com o fim do Impeacuterio Romano e a instabilidade na Europa diversos centros vidreiros declinaram na Europa obrigando pequenos postos vidreiros a refugiarem-se em bosques sobrevivendo apoiados por grupos familiares que sem grande inovaccedilatildeo composicional ou tecnoloacutegica fizeram surgir os vidros de cor planos usados na fabricaccedilatildeo de vitrais ndash paineacuteis compostos de vidros coloridos ou pintados alocados sobre um base de estanho

A difusatildeo da arte do fabrico de vidro ficaria controlada durante seacuteculos A arquitetura romana e a monumentalidade da arte religiosa tatildeo rica em vatildeos e janelas encontraram um magniacutefico complemento artiacutestico no vidro plano Nos vidros mais do que em qualquer outro material a arte e a teacutecnica aliaram-se de uma forma iacutempar ao longo de milecircnios (GONCcedilALVES 2004)

Foi no transcorrer da Baixa Idade Meacutedia entre os seacuteculos X e XV que nasceu o estilo Goacutetico Dentre as diversas categorias artiacutesticas usadas nessa nova eacutepoca surge o aperfeiccediloamento dos imponentes vitrais que passaram a compor o espaccedilo criado para abrigar enormes janelas dentro de majestosas catedrais com a finalidade de possibilitar a entrada de luz no ambiente

Considerado o precursor do vitral figurativo verifica-se na figura 4 uma peccedila representando a cabeccedila de Cristo localizada na Abadia de Wissembourg Alsaacutecia Esse eacute o vitral mais antigo jaacute encontrado

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Figura 4 ndash Cabeccedila proveniente da abadia Saint-Pierre de Wissemboug - Fonte NUNES 2012

No periacuteodo anterior ao goacutetico tem-se um estilo arquitetocircnico chamado Romacircnico que perdurou entre os seacuteculos XI e XIII cuja caracteriacutestica era a de construccedilotildees com pequenas aberturas pelas quais passava a luz Os vitrais eram abrigados nesses espaccedilos sob a forma de rosaacuteceas como exemplificado na figura 5

Figura 5 ndash Rosaacutecea da Igreja de Satildeo Joatildeo de Alporatildeo Santareacutem Portugal- Fonte wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Tais aberturas existiam em diversos formatos geralmente envoltas em uma moldura de ferro que aleacutem de sustentar o vitral era aplicado tambeacutem com a funccedilatildeo ornamental Eacute possiacutevel encontrar vitrais instalados nas janelas dos trifoacuterios - galerias estreitas localizadas sobre as arcadas ou tribunas nas paredes laterais que separam a nave principal das colaterais segundo eacute demonstrado na figura 6

Figura 6 ndash Trifoacuterios da Catedral St Denis Franccedila - Fonte httpwwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798

2 A ARTE DOS VITRAIS O vitralismo eacute uma arte milenar onde o conhecimento era transmitido atraveacutes da praacutetica do fazer no qual seus processos eram repassados sob forma oral e atraveacutes de poucas documentaccedilotildees escritas

O historiador Jean Lafond faz uma definiccedilatildeo interessante a respeito dos vitrais

ldquoo vitral eacute uma composiccedilatildeo decorativa que obteacutem seu efeito por meio da translucidez de seu suporte Natildeo tentemos definir melhor ao defini-lo poderia deixar de lado tanto as mais antigas quanto as recentes manifestaccedilotildees de uma arte que ainda natildeo deu sua palavra finalrdquo (WERTHEIMER 2011)

Processo de produccedilatildeo de um vitral

O vidro mais utilizado em vitrais eacute o proveniente da fusatildeo da siacutelica extraiacutedo de areia rica em quartzo juntamente com potaacutessio eou soacutedio (FERNANDES 2008)

O conceito baacutesico que remontas agraves origens do saber fazer o vitral baseia-se na tradiccedilatildeo de montar o painel de vidro a partir da modelagem das formas retirando a transparecircncia do vidro e quebrando a intensidade de luz (WETHEIMER 2011)

Haacute uma organizaccedilatildeo a ser seguida nas etapas de criaccedilatildeo de um vitral captaccedilatildeo das medidas do painel produccedilatildeo de um projeto reduzido escolha dos vidros e cores criaccedilatildeo dos cartotildees decalque e calibragem dos moldes corte e desbaste do vidro pintura e queima montagem com chumbo solda consolidaccedilatildeo e instalaccedilatildeo final do vitral (GARCIA 2010)

Pintura

O vitralista se diferencia do pintor de cavalete porque nos vitrais o artista tem a funccedilatildeo de modelar a luz Assim desde as suas origens utilizam-se no vitral dois principais tipos de pigmentos de fundamental importacircncia para garantir a qualidade da pintura (WERTHEIMER 2011)

Grisalha Caracterizado como pintura vitrificaacutevel eacute o pigmento mais utilizado para a pintura do vitral Eacute composta basicamente por uma mistura de fundente (vidro e oacutexido de chumbo) com oacutexidos metaacutelicos (ferro eou cobre) Conhece-se atualmente mais de 21 cores de grisalha que satildeo comercializadas sob a forma de poacutes sendo necessaacuteria a adiccedilatildeo de um aglutinante (aacutegua ou vinagre por exemplo) e um ligante (goma-araacutebica tanino leite fel de boi por exemplo) Depois de aplicada e seca a grisalha os vidros satildeo levados ao forno a temperaturas entre os 600 e os 700 ordmC de maneira a formar as ligaccedilotildees entre o fundente os pigmentos em suspensatildeo e a superfiacutecie do vidro Apoacutes o cozimento as grisalhas adquirem um tom de castanho a negro que bloqueiam parcialmente a entrada da luz Dessa forma satildeo aplicadas no painel com a superfiacutecie

49 virada para o interior do edifiacutecio a fim de proteger a pintura (DELGADO 2010 FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

Amarelo de prata desde a Antiguidade a pintura com amarelo de prata jaacute era utilizada para a decoraccedilatildeo de objetos de vidro Nos vitrais sua utilizaccedilatildeo deu-se somente a partir do seacuteculo XIV garantindo uma nova coloraccedilatildeo na placa de vidro variando do amarelo limatildeo ao laranja e ao acircmbar Haacute cinco cores de amarelo de prata comercializados A coloraccedilatildeo obtida eacute influenciada pelo tamanho forma e distribuiccedilatildeo das pequenas partiacuteculas de prata na matriz do vidro pela temperatura atmosfera de cozedura e pela composiccedilatildeo do vidro (WERTHEIMER 2011 GARCIA 2010)

O amarelo de prata eacute a chamada pintura de cimentaccedilatildeo sendo formado de compostos de prata com enxofre aplicados sobre o vidro com aacutegua destilada e cozidos a temperaturas inferiores agrave das grisalhas entre 560 ordmC e 630 ordmC Essas temperaturas auxiliam na penetraccedilatildeo da prata na superfiacutecie vidro ocasionando na reduccedilatildeo dos iacuteons de prata a prata metaacutelica de proporccedilotildees nanomeacutetricas (FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

O mecanismo envolvido pode ser apresentado em 4 etapas

1ordm - Troca iocircnica entre os iacuteons alcalinos do vidro e os iacuteons de prata

- Si-O-Na+ + Ag+ rarr - Si-O-Ag+ + Na+

2ordm - Os iacuteons de prata migram para regiotildees mais profundas da matriz

3ordm - Reduccedilatildeo dos iacuteons de prata agrave sua forma metaacutelica

Ag+ + e- rarr Agdeg

4ordm - Formam-se aglomerados com nanopartiacuteculas de prata (2-100 nm de diacircmetro) responsaacuteveis pela cor do vidro (DELGADO 2010)

Na figura 7 satildeo demonstradas as diferentes etapas para a pintura de um vitral onde a primeira imagem verifica-se o resultado da primeira queima onde satildeo fixadas a grisalha e o branco fosqueador Um fundo de tonalidade meacutedia de grisalha eacute acrescentada na segunda imagem Jaacute na terceira imagem o amarelo de prata eacute aplicado na aureacuteola para a segunda queima A aplicaccedilatildeo das sombras e a retirada de luzes eacute realizada e uma nova queima eacute realizada na quarta imagem

Figura 7 ndash Etapas da pintura de um vitral - Fonte httpwwwsergiopratacombrportseraggiotohtm

Queima

A queima somente eacute feita apoacutes as pinturas serem aplicadas Esse procedimento eacute efetuado para se assegurar que a pintura seja fixada com eficiecircncia no suporte viacutetreo (GARCIA 2010)

Na Idade Meacutedia a queima dos pigmentos era feita em fornos abertos dentro dos ateliecircs As peccedilas eram acondicionadas em um tabuleiro de ferro contendo cal Eram necessaacuterios separadores para impedir a aderecircncia durante o processo de queima a temperaturas de 600degC aproximadamente

Atualmente nos fornos utilizados as placas metaacutelicas foram substituiacutedas pelas placas de ceracircmica refrataacuteria demonstrado na figura 8 garantindo uma maior planificaccedilatildeo da superfiacutecie (WERTHEIMER 2011)

Figura 8 ndash Forno utilizado para queima dos vidros - Fonte wwwvitralartbr

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Montagem

Apoacutes a delicada tarefa de pintura e queima dos vidros inicia-se a montagem dos vitrais Este processo eacute feito sempre a partir de uma extremidade do painel Geralmente costuma-se colocar sob a mesa o desenho das peccedilas e sobre ele com a ajuda de uma espaacutetula os fragmentos de vidro que satildeo encaixados agraves calhas de chumbo para compor o painel Finalizada a montagem baixa-se as abas das calhas e estas satildeo soldadas Este processo inclui uma atenccedilatildeo extra do vitralista uma vez que o chumbo eacute altamente toacutexico

A etapa de soldagem eacute feita dos dois lados do painel Deve-se tomar o maacuteximo de cuidado para que as soldas fiquem uniformes e regulares como ilustrado na figura 9

Figura 9 ndash Processo de solda dos vitrais - Fonte httpwwwcastelvitraiscombrtecnicas

Em seguida eacute feita a calafetagem teacutecnica que garante a firmeza do vidro e a impermeabilidade do vitral

A colocaccedilatildeo do painel ocorre somente apoacutes a total secagem da massa de calafetagem (WERTHEIMER 2011)

De modo geral o processo de montagem resume-se da seguinte forma apoacutes o corte e decoraccedilatildeo do vidro os mesmos satildeo colocados no painel entre barras de ferro fixados com pregos montados em calhas de chumbo e soldados nos pontos de uniatildeo Eacute entatildeo efetuada a calafetagem com massa Por fim o painel eacute colocado na janela de interesse (FERNANDES 2008)

3 TRABALHO DE CAMPO No mecircs de setembro de 2013 realizou-se uma visita teacutecnica ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista interior de Satildeo Paulo com a finalidade de se conhecer a teacutecnica dos vitrais bem como um profissional da aacuterea Verificou-se durante a visita que o trabalho do vitralista exige muito cuidado no manuseio por se tratar de uma arte delicada composta com materiais com alto teor de toxicidade devido ao uso de

chumbo aleacutem de ser um trabalho caro Quando se fala em valores percebe-se que todos os materiais utilizados satildeo importados desde os pinceacuteis e pigmentos ateacute o proacuteprio vidro

Realizou-se uma breve entrevista com o artista justamente para incluir seu ponto de vista e sua experiecircncia nesta monografia enriquecendo-a e esclarecendo muito do que jaacute foi explanado

Seacutergio Prata Garcia eacute formado na Eacutecole Nationale Supeacuterieure de Beaux Arts em Paris seguindo cursos de anaacutelises de obras no Louvre e especializando-se em teacutecnicas de pintura em afrescos (GARCIA 2010)

Segue abaixo a entrevista realizada com o artista

Qual eacute o atual panorama do vitralismo no Brasil e no mundo Seacutergio Prata Na Europa e nos EUA o vitralismo tem grande atividade e aceitaccedilatildeo um dos indiacutecios disto eacute a grande quantidade de profissionais induacutestrias de materiais e miacutedia que acontece graccedilas ao mundo do vitral No Brasil temos alguns bons vitralistas que herdaram os conhecimentos milenares europeus mas a falta de uma escola superior de vitralismo dificulta a formaccedilatildeo de profissionais Por esta razatildeo estamos atuando nesta aacuterea de formaccedilatildeo trazendo os conhecimentos e o savoir-faire da escola francesa de vitralismo para os brasileiros

Como vocecirc enquanto artista relaciona a importacircncia dessa interaccedilatildeo quiacutemica-arte Seacutergio Prata Sem conhecimentos de quiacutemica e fiacutesica fica difiacutecil fazer uma obra de arte que dure que resista ao tempo Trabalhamos com materiais quiacutemicos Trabalhamos com realidades fiacutesicas Tentar fazer arte sem conhecimentos quiacutemicos eacute como tentar cozinhar sem conhecer culinaacuteria Haacute algum estudo para viabilizar a adoccedilatildeo de pigmentos e materiais menos insalubres para o artista vitralista Seacutergio Prata Desconheccedilo qualquer estudo neste sentido Os metais pesados entre eles o chumbo estatildeo na base da constituiccedilatildeo do fundente necessaacuterio para que as grisalhas se fundam ao vidro Qual a sua perspectiva para o vitralismo nos proacuteximos anos Seacutergio Prata Nosso atelier estaacute em plena evoluccedilatildeo firmando-se na criaccedilatildeo e execuccedilatildeo de vitrais Nossa colaboraccedilatildeo formando dezenas de profissionais no Brasil tem fomentado o consumo de vidros a execuccedilatildeo de novas obras o mercado de vitral em diversos estados do Brasil Quais satildeo os principais desafios que um vitralista enfrenta durante sua carreira

51 Seacutergio Prata 1) Conseguir conhecimentos O mundo do vitral eacute muito fechado Muitos se negam a passar conhecimentos recusam formar novos vitralistas 2) Conseguir bons materiais A importaccedilatildeo eacute muito cara e a induacutestria nacional natildeo produz vidros coloridos As grisalhas os pinceacuteis de qualidade satildeo todos importados 3) O mercado nacional de vitral tem concorrentes que tentam monopolizar a produccedilatildeo nacional 4) A grande toxicidade dos materiais eacute um grande problema para os vitralistas

4 CONCLUSAtildeO A Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica no curso de Quiacutemica abre as portas para que o estudante expanda seu universo permitindo que ele explore e empreenda em novos segmentos Torna-se um desafio para o quiacutemico desenvolver meacutetodos para a elaboraccedilatildeo de materiais atoacutexicos e que sejam iguais ou melhores em sua eficiecircncia possibilitando ao vitralista uma seguranccedila maior no momento em que for aplicar suas teacutecnicas 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AKERMAN M Natureza estrutura e propriedades do vidro CETEV-Centro Teacutecnico de Elaboraccedilatildeo do Vidro [Sl] [sn] 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsaint-gobaincetevcombrovidrovidropdfgt Acesso em 24092012 ALVES O L GIMENEZ IF MAZALL IO Vidros Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo ed Especial p 13-24 mai 2001 COSTA H R N Aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de Inteligecircncia Artificial em Processos de Fabricaccedilatildeo de Vidro 2006 271 f Tese (Doutorado em Engenharia de Sistemas) ndash Departamento de Engenharia de Telecomunicaccedilotildees e Controle Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis33139tde-09032007pt-brphpgt Acesso em 01022013 DELGADO J M L Vitrais da Charola do Convento de Cristo em Tomar Histoacuteria e Caracterizaccedilatildeo 2010 70 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa 2010 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103624964gt Acesso em 01022013 FERNANDES P R V Estudo dos Vitrais do Mosteiro de Santa Maria da Vitoacuteria (Batalha) Caracterizaccedilatildeo do vidro decoraccedilatildeo e morfologias de corrosatildeo 2008 37 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa

2008 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103622623gt Acesso em 01022013 GARCIA S P Teacutecnicas de Pintura para artistas 2 ed [Sl] Seacutergio Prata 2010 GONCcedilALVES MC O Vidro Arquitectura e Vida [Sl] p 70-74 mar 2004 Disponiacutevel em lthttpsdspaceistutlptbitstream229510637351VIDROpdfgt Acesso em 25062013 MAIA S B O vidro e sua Fabricaccedilatildeo Rio de Janeiro Interciecircncia 2003 NUNESRF Vitreorum Ministerium O didatismo dos vitrais medievais histoacuteria e linguagem visual Os vitrais da Yorkminster 2012 162 f Tese (Doutorado em Letras) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis88139tde-13122012-102204enphp Acesso em 20032013 WERTHEIMER M G GONCcedilALVES M R F O processo de produccedilatildeo de vitrais sob a oacutetica da tradiccedilatildeo Revista CPC Satildeo Paulo v 12 p 127-149 maiout 2011 wwwcastelvitraiscombrtecnicas Acesso em 05112013 wwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798 Acesso em 09072013 wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Acesso em 09072013 wwwpilkingtoncom Acesso em 13082013 wwwvitralartbr Acesso em 05112013

52

AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV)

Fuad Joseacute Daud Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fuaddaudigcombr

RESUMO

O presente trabalho eacute parte do desenvolvimento do ensaio proposto que tem como intuito a discussatildeo e futuro complemento correspondente agrave relaccedilatildeo professor-aluno no ensino de niacutevel superior na busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Este texto tem como base principal a observaccedilatildeo e a experiecircncia docente Para tanto optamos pela entrevista pessoal e parecer do homenageado Professor desta casa o Dr Faacutebio Luiz Villani possuidor de extensa e profunda experiecircncia na aacuterea da Educaccedilatildeo Universitaacuteria

Palavras chave

Relaccedilatildeo professor - aluno o aluno o professor a Instituiccedilatildeo de Ensino

ABSTRACT

This work is part of the development of the proposed test that has the intention to discussion and future supplement corresponding to the teacher-student relationship at higher education level in the constant quest for human and pedagogical improvement This text is mainly based on observation and teaching experience To do so we opted for a personal interview and opinion of the honored teacher of this house the Dr Faacutebio Luiz Villani possessed of extensive and deep experience in Higher Education

Keywords

Teacher-student relationships the student the Teacher Education Institution

INTRODUCcedilAtildeO Este trabalho eacute o quarto que eacute parte do desenvolvimento do ensaio de experiecircncias e observaccedilotildees no ensino de niacutevel superior correspondente agrave temaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno cujo intuito eacute a discussatildeo e a busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Inexiste uma posiccedilatildeo definitiva sobre o tema por ser assunto complexo e de visatildeo relacional de sujeito-objeto compatiacutevel com o empirismo

O que se pretende eacute a anaacutelise da questatildeo educacional e natildeo da instruccedilatildeo de dados teacutecnicos de especialidades Neste ponto GUSDORF (1970 p 79) escreve e elucida o seguinte Aqui se estabelece a distinccedilatildeo entre ensino como estudo especializado dum conjunto de dados duma determinada ordem e a educaccedilatildeo propriamente dita que eacute autoedificaccedilatildeo de que o ensino eacute apenas um meiordquo

Sendo assim natildeo haacute de se falar em posiccedilatildeo absoluta e universal mas de relatos pessoais de profissionais habilitados que militam na aacuterea educacional superior sem todavia olvidar de que cada experiecircncia deve estar isenta de ilaccedilotildees estritamente subjetivas

Nada se pretende provar a natildeo ser constatar a realidade presente que poderaacute servir como reflexatildeo para o aperfeiccediloamento futuro nas relaccedilotildees entre o corpo docente e o discente no desenvolvimento do processo educacional

Os trabalhos anteriores estatildeo registrados nas Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 e WEA 20122013 e WEA 20132014(DAUD pp 50 e 61) e demonstram o propoacutesito intimamente vinculado ao aperfeiccediloamento do processo de aprendizagem e produccedilatildeo de meios que possibilitem elementos uacuteteis para o desenvolvimento da proacutepria Instituiccedilatildeo de Ensino

Neste momento temos o privileacutegio de apresentar o parecer e entrevista do Professor FAacuteBIO LUIZ VILLANI (Doutor e Poacutes-Doutor em Linguiacutestica Aplicada e Estudos da Linguagem) atualmente Professor Universitaacuterio da Faculdade Campo Limpo Paulista ndash FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP- sobre sua experiecircncia docente na Educaccedilatildeo Superior que contribui sobremaneira em seus longos anos no Magisteacuterio Superior Em seu notaacutevel saber apresenta alguns toacutepicos que seratildeo desenvolvidos verbis 1A questatildeo do aluno que chega ao ensino superior 2A questatildeo do professor nos cursos universitaacuterios 3A relaccedilatildeo professor-aluno 4A relaccedilatildeo Instituiccedilatildeo de ensinodocente e discente 5Conclusatildeo

53 6 A QUESTAtildeO DO ALUNO QUE CHEGA AO

ENSINO SUPERIOR Percebemos que hoje em dia os alunos que chegam ao ensino superior encontram-se sem as habilidades miacutenimas intelectuais e emocionais para o enfrentamento do desafio de encarar uma especializaccedilatildeo em uma carreira que deveraacute acompanhaacute-lo por toda a sua trajetoacuteria profissional Natildeo se trata nem mesmo de muitas vezes o aluno natildeo saber muito bem se o curso escolhido no acircmbito universitaacuterio eacute o que estaacute cursando - coisa que faz parte das escolhas universitaacuterias em nosso paiacutes pois a idade de ingresso na universidade natildeo privilegia uma escolha muitas vezes segura Trata-se de um processo de infantilizaccedilatildeo emocional cultivado durante todo o ensino fundamental e meacutedio Os alunos muitas vezes encaram a suposta liberdade e vir das salas universitaacuterias como apenas um ir Tudo isso aliado agrave baixa escolarizaccedilatildeo oferecida em muitas unidades de ensino que natildeo preparam o aluno intelectualmente para que se possa realizar o desenvolvimento de accedilotildees focadas em niacuteveis mais aprofundados de conhecimento caracteriacutestica dos cursos universitaacuterios 7 A QUESTAtildeO DO PROFESSOR NOS CURSOS

UNIVERSITAacuteRIOS Podemos perceber problemas de natureza afim entre os alunos e professores Quanto aos alunos encontram-se uma baixa qualidade da matildeo ndash de ndash obra estudantil E aos docentes falta uma formaccedilatildeo mais aprofundada e abrangente de conhecimento para que possa elevar a qualidade do ensino universitaacuterio Natildeo trata-se apenas de conhecimento em niacutevel teoacuterico mas tambeacutem de questotildees associadas ao conhecimento pedagoacutegico para que os professores possam lidar com as dificuldades dos alunos que natildeo obtiveram uma boa formaccedilatildeo na educaccedilatildeo baacutesica Eacute preciso compreender que a formaccedilatildeo do professor independente do niacutevel de ensino em que atue deve ser contiacutenua para que os desafios sejam enfrentados com conhecimento de causa 8 A RELACcedilAtildeO PROFESSOR-ALUNO A relaccedilatildeo professor-aluno eacute o grande trunfo para que os objetivos principais da educaccedilatildeo se constituam Natildeo se trata apenas da transmissatildeo de conhecimentos A relaccedilatildeo professor -aluno deve servir de modelo para todas as relaccedilotildees profissionais ou natildeo que os alunos deveratildeo enfrentar em seu dia a dia Essa relaccedilatildeo deve ser pautada em princiacutepios de solidariedade e complementaridade para que todo o processo educativo possa atingir os patamares desejados em uma educaccedilatildeo contemporacircnea 9 A RELACcedilAtildeO INSTITUICcedilAtildeO DE

ENSINODOCENTE e DISCENTE A relaccedilatildeo instituiccedilatildeo de ensinodocentes e discentes seraacute fortalecida se cada um dos atores envolvidos consiga atuar de forma autocircnoma e responsaacutevel na direccedilatildeo da constituiccedilatildeo de um ambiente livre contudo com respeito agraves normas do direito e deveres coletivos Isso significa a criaccedilatildeo e o estreitamento de laccedilos de compromisso com a qualidade da formaccedilatildeo de indiviacuteduos criacuteticos e atuantes

conhecedores de seus direitos e obrigaccedilotildees Acreditamos que este seja o compromisso fundamental para uma formaccedilatildeo na atuaccedilatildeo do cidadatildeo e profissional que o paiacutes necessita 10 CONCLUSAtildeO Acreditamos em uma formaccedilatildeo abrangente nos cursos universitaacuterios onde possamos suprir uma seacuterie de dificuldades que os alunos trazem de uma educaccedilatildeo ineficiente oferecida na educaccedilatildeo baacutesica independentemente da oferecida no segmento puacuteblico ou privado Os alunos chegam agrave universidade com uma seacuterie de anseios e na expectativa de que os professores e a instituiccedilatildeo de ensino os resolvam de um modo simplificado e muitas vezes enganoso O fator principal de alteraccedilatildeo de poliacuteticas de ensino que realmente formem profissionais competentes para que possam alterar as trajetoacuterias de vida de seu entorno eacute garantir uma boa poliacutetica de formaccedilatildeo dos professores e oferecer subsiacutedios formativos aos alunos para que os mesmos possam adquirir competecircncia escolar necessaacuteria para atender a uma melhoria das condiccedilotildees de trabalho e especializaccedilatildeo que as instituiccedilotildees de ensino superiores devem oferecer a toda a sua comunidade escolar CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Este texto que faz parte de ensaio proposto cujo titulo eacute ldquoAs relaccedilotildees professor e aluno no ensino de niacutevel superior na atualidaderdquo tivemos o privileacutegio do parecer do professor Faacutebio Luiz Villani educador do corpo da Faculdade Campo Limpo Paulista- FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP que nos brindou com sua posiccedilatildeo atualiacutessima sobre o aspecto relacional professor-aluno trazendo-nos reflexotildees acerca do importante tema

O intuito desta anaacutelise sempre foi o de trazer elementos dos diversos profissionais especializados na aacuterea da educaccedilatildeo com suas experiecircncias em sala de aula e fora dela na relaccedilatildeo professor-aluno

Mais uma vez tivemos a oportunidade de entrevistar um importante profissional da aacuterea da educaccedilatildeo que demonstrou em cinco toacutepicos as questotildees relevantes que norteiam o difiacutecil e apaixonante caminho para o desenvolvimento da educaccedilatildeo de niacutevel superior aleacutem de registrar suas conclusotildees pessoais

Essas questotildees natildeo satildeo simplesmente sugestotildees mas antes de tudo satildeo a realidade presente fruto de trabalho de muitos anos na convivecircncia com educadores e educandos de variadas idades origens e formaccedilotildees

Eacute salutar a compreensatildeo da questatildeo da falta de preparo intelectual suficiente para o enfrentamento de um niacutevel superior de ensino por parte daqueles que desejam muito avanccedilar socialmente e profissionalmente

Por outro lado o aluno com tal postura teraacute baixa produtividade no que tange agrave pesquisa dos temas propostos na disciplina afastando a descoberta individual

54 e sua autonomia na assimilaccedilatildeo dos conhecimentos necessaacuterios agrave sua formaccedilatildeo

Natildeo se pode olvidar tambeacutem a necessaacuteria conscientizaccedilatildeo pelo professor a respeito de seu preparo para esse perfil do aluno especialmente no aspecto de conhecimento pedagoacutegico considerando que a sua formaccedilatildeo deve ser contiacutenua para diminuir a sua dificuldade na conduccedilatildeo do processo educacional

Eacute importante frisar que a problemaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno natildeo deve estar isolada dos agentes e colaboradores da Instituiccedilatildeo de Ensino Existe uma relaccedilatildeo constante na composiccedilatildeo corpo administrativocorpo docente e corpo discente Deve-se visualizar toda a Instituiccedilatildeo para que todos participem na resoluccedilatildeo das questotildees relacionadas com o processo educacional e de aprendizagem partindo da premissa de que ningueacutem estaacute isento de responsabilidade nesse processo

Vale apresentar finalmente sobre o aspecto relacional analisado a questatildeo da ldquonegaccedilatildeo da individualidade do alunordquo que bem coloca o professor Rizzatto Nunes (2013 p 42)-ldquoCada aluno eacute um indiviacuteduo cuja dignidade deve ser respeitada e que tem anseios desejos interesses propoacutesitos problemas pessoais muito diferentes entre sirdquo Continua o professor dizendo que ldquocada aluno tem sua proacutepria particularidaderdquo ldquopode ter um pai desempregado pode estar preocupado com problemas domeacutesticos seriacutessimosrdquo ldquopode estar de lutordquo ldquooutro feliz demaisrdquo Este autor encerra ldquoO fato eacute que enquanto o sistema de ensino e os professores continuarem trabalhando na suposiccedilatildeo de que tecircm uma ldquosalardquo para ensinar e natildeo pessoas individuais com dignidade proacutepria a ser respeitada natildeo faremos muito progresso no ensino e no necessaacuterio avanccedilo da ciecircncia no meio universitaacuteriordquo REFEREcircNCIAS DAUD Fuad Joseacute Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 p50 WEA 20122013 p 61 WEA 20132014 p 55 Satildeo Paulo Faccamp 2012 20132014 Site wwwfaccampbr

VILLANI Faacutebio Luiz Entrevista-parecer sobre a relaccedilatildeo professor-aluno Campo Limpo Paulista 2015

GUSDORF Georges Professores para quecirc Para uma pedagogia da pedagogia Traduccedilatildeo de Joatildeo Beacuternard da Costa e Antoacutenio Ramos Rosa 2 ed Satildeo Paulo Moraes Editores 1970

NUNES Rizzatto Manual de Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito 11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2013

55

Atividades interativas com a quiacutemica estrutural para a previsatildeo de impactos ambientais

Alba Denise de Queiroz Ferreira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

albafacpgmailcombr

RESUMO O aprendizado interativo da relaccedilatildeo entre estrutura de substacircncias quiacutemicas e suas caracteriacutesticas hidrofoacutebicas foi facilitado com o uso de ferramentas computacionais on line e com demonstraccedilotildees no laboratoacuterio de quiacutemica Os recursos online que auxiliaram na previsatildeo do impacto ambiental satildeo o programa que possibilita o caacutelculo do coeficiente de particcedilatildeo Kow ( octanolaacutegua) a partir do editor de moleacuteculas JME (Java Molecular Editor) o banco de dados sobre substacircncias perigosas (HSDB) e o banco de dados sobre biodegradaccedilatildeo A elaboraccedilatildeo de mapas conceituais e o uso da estrateacutegia IFAT como atividades de avaliaccedilatildeo foram selecionadas para manter as discussotildees sobre ldquopensar sobre o pensarrdquo em torno dos conceitos quiacutemicos deste moacutedulo sugestivo para o curso de gestatildeo ambiental Palavras chave Aprendizado centrado no aluno metacogniccedilatildeo recursos digitais grupos funcionais hidrofobicidade bioacumulaccedilatildeo coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua ABSTRACT The interactive learning on the relationship between the structure of chemical substances and its hydrophobic characteristics was facilitated with the use of online computational tools and with demonstrations in the laboratory of chemistry The online resources that helped in the prevision of the environmental impact were the program that make possible the calculations of Kow (coefficient of partition octanolwater) through the insertion of a chemical structures with the editor of molecule JME (Java Molecular Editor) the hazardous substances data base and the biodegradation data base The elaboration of conceptual maps and the use of the IFAT strategy as evaluation activities for this module were selected to sustain the discussions on ldquoto think about thinkingrdquo around the concepts studied Keywords Student centered learning metacognition digital resources functional groups hydrophobicity

bioaccumulation coefficient of partition octanolwater (Kow) 1 INTRODUCcedilAtildeO A abordagem atual da ldquoquiacutemica para o ambienterdquo requer a aplicaccedilatildeo dos seus princiacutepios desde a origem da mateacuteria prima na produccedilatildeo no uso e ateacute o descarte do produto quiacutemico As decisotildees tomadas no iniacutecio do ciclo de vida deste produto podem ser fundamentadas em testes de toxidade e impacto ambiental antes que a moleacutecula seja sintetizada Recentemente a EPA (Environmental Protection Agency) disponibilizou o TEST (Toxicity Estimation Software Tool) um recurso QSAR (Quantitative Structure Activity Relationships) para anaacutelise toxicoloacutegica e do impacto ambiental de substacircncias quiacutemicas conhecidas (EPA 2015) Este conjunto de modelos matemaacuteticos jaacute eacute reconhecido na avaliaccedilatildeo da atividade bioloacutegica de faacutermacos (Ferreira Montanaro e Gaudio 2002 Almeida etal 2010 Arroio Onoacuterio e da Silva 2012) Para atividades didaacuteticas com moleacuteculas orgacircnicas novas e conhecidas outros recursos com livre acesso on line tambeacutem possibilitam esta previsatildeo como os disponibilizados para o caacutelculo de propriedades moleculares com implicaccedilotildees bioloacutegicas e ambientais (Tetko et al 2005 VCCLAB 2015 Molinspiration 2015 Molecular Networks 2015) Entre os paracircmetros utilizados na quiacutemica ambiental para a previsatildeo da interaccedilatildeo e do comportamento de substacircncias nos ecossistemas estatildeo a solubilidade em aacutegua o coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) coeficiente de adsorccedilatildeo a biomagnificaccedilatildeo biodegradaccedilatildeo e toxicidade Para as atividades introdutoacuterias sobre estrutura quiacutemica para alunos de gestatildeo ambiental o criteacuterio selecionado foi o Kow por permitir correlaccedilotildees com situaccedilotildees do cotidiano ser possiacutevel de demonstrar no laboratoacuterio quiacutemico e por estar disponiacutevel para ser calculado usando a interface do JME (Java Molecular Editor) Uma das vantagens do uso deste editor de moleacuteculas online eacute que possibilita ao aluno reconhecer as representaccedilotildees baacutesicas para ligaccedilotildees

56 quiacutemicas e grupos funcionais e ter o controle sobre essas moleacuteculas Ao realizar a atividade o aluno pode fazer questionamentos e obter resposta imediata sobre a relaccedilatildeo entre a modificaccedilatildeo estrutural os valores de Kow

A metacogniccedilatildeo eacute um conceito difundido no meio educacional desde que Flavell (1976) a definiu como ldquoa cogniccedilatildeo sobre a cogniccedilatildeordquo e apresentou evidecircncia da sua importacircncia para o aprendizado Por se tratar de um conceito complexo outras definiccedilotildees surgiram para expressar as diferentes interfaces do ldquopensar sobre o pensarrdquo (Lai 2011) Atualmente haacute um aumento nos registros de experiecircncias didaacuteticas para promoccedilatildeo da metacogniccedilatildeo no ensino especiacutefico de ciecircncias (Veenman 2012) Tem sido observado por Gama (2004) e Azevedo (2005) que o computador aplicado nos processos educacionais interativos pode servir como ferramenta promotora de habilidades metacognitivas nesses contextos Para o ensino da quiacutemica existem atividades inerentemente metacognitivas pois haacute o uso constante de experiecircncias praacuteticas (niacutevel macro) para explicar os conceitos teoacutericos (niacutevel micro) O interesse no ensino das estrateacutegias metacognitivas gerais ou especiacuteficas para uma determinada aacuterea de conhecimento estaacute relacionado com o reconhecimento da ineficiecircncia do ensino por transmissatildeo centrado no docente ou no conteuacutedo Segundo dados recentes as habilidades metacognitivas podem ser ensinadas e satildeo identificadas em profissionais e estudantes bem sucedidos (Dawson 2008) Neste relato seratildeo apresentados os resultados dessa experiecircncia didaacutetica que objetivou introduzir conceitos baacutesicos de quiacutemica estrutural para um moacutedulo de gestatildeo ambiental utilizando recursos digitais online com uma abordagem centrada no aluno para promover o desenvolvimento metacognitivo durante as aulas

2 METODOLOGIA O desenvolvimento dessas atividades estaacute estruturado no modelo construtivista do aprendizado de ciecircncias quiacutemicas (Ferguson 2007) Foram selecionados dois artigos cientiacuteficos para contextualizar este moacutedulo relacionando conceitos baacutesicos de estruturas quiacutemicas de poluentes persistentes com as propriedades de interesse para o gestor ambiental como a coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) solubilidade bioconcentraccedilatildeo biomagnificaccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (Almeida et al 2007 Ghiselli e Jardim 2007) A relaccedilatildeo entre os grupos funcionais quiacutemicos em moleacuteculas de materiais polimeacutericos conhecidos foi explorada no laboratoacuterio quiacutemico (em trecircs periacuteodos de 3 h aula) com as demonstraccedilotildees do tingimento de poliacutemeros tecircxteis (Lister 1995) encapsulamento de pigmentos sinteacuteticos no alginato de caacutelcio (Harper e Nickels 2008) e obtenccedilatildeo do poliacutemero PVA-BORAX (Shakhashiri 1989) A introduccedilatildeo agraves estruturas de substacircncias apresentadas nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio e de uma seacuterie moleacuteculas simples foi auxiliado com o JAVA MOLECULAR EDITOR (JME) online acompanhado da geraccedilatildeo das estruturas

tridimensionais (Molinspiration 2015 Molecular networks 2015) em trecircs periacuteodos de 3 h Os valores de Kow foram obtidos para cada estrutura gerada usando o JME para introduccedilatildeo da informaccedilatildeo molecular online (Molinspiration 2012) Para acessar informaccedilotildees toxicoloacutegicas e de impacto ambiental de pares de estruturas semelhantes foi utilizado o banco de dados HSDB Informaccedilotildees detalhadas sobre o processo de biodegradaccedilatildeo de poluentes com estruturas simples foram coletadas no Biodegradation Data Base da Universidade de Minessota As ferramentas de avaliaccedilatildeo foram escolhidas para proporcionar a interaccedilatildeo construtiva entre os pares durante a atividade Assim sendo os alunos foram avaliados atraveacutes de testes de muacuteltipla escolha usando a estrateacutegia IFAT (DiBattista 2001) e a elaboraccedilatildeo de mapas conceituais 3 ATIVIDADES COM MATERIAIS

POLIMEacuteRICOS DO COTIDIANO Para auxiliar no reconhecimento da relaccedilatildeo entre estrutura e as interaccedilotildees quiacutemicas foram realizadas demonstraccedilotildees com amostras de poliacutemeros conhecidos como poliestireno algodatildeo latilde polieacutester e Lycra Na primeira etapa os alunos refletiram e discutiram por que etanol se mistura completamente com aacutegua mas o oacuteleo e o octanol natildeo se misturam do mesmo modo Com os desenhos das estruturas em matildeos os alunos foram conduzidos na identificaccedilatildeo das semelhanccedilas e diferenccedilas entre elas e como correlacionar com os fatos observados nas demonstraccedilotildees listadas na Tabela 1 Tabela 1 As atividades sobre grupos funcionais e interaccedilotildees quiacutemicas

Material Demonstraccedilatildeo

Poliester Interaccedilatildeo dos corantes tecircxteis vermelho e azul com os poliacutemeros tecircxteis e a relaccedilatildeo com os grupos funcionais

Latilde sinteacutetica (poliacriacutelico)

Algodatildeo (poliacutemero de celulose)

Lycra (86 de poliamida e 14

de elastano)

Capsulas de alginato de caacutelcio

Encapsulamento de corantes sinteacuteticos alimentiacutecios

Poliacutemero PVA com BORAX

A afinidade dos corantes alimentiacutecios pelos grupos R-

57

OH do poliacutemero

Foi possiacutevel observar que os corantes interagiram bem como os tecidos contendo grupos funcionais R-OH e R-NHRrsquo semelhantes aos dos corantes mas natildeo com o polieacutester que contem o grupo funcional R-O-(C=O)-R 4 ATIVIDADES COM MOLEacuteCULAS

ORGAcircNICAS POLUENTES O contato inicial com as estruturas quiacutemicas do etanol octanol fenantrolina aacutecido saliciacutelico e da fenolftaleiacutena se deu no momento de discussatildeo no laboratoacuterio quiacutemico sobre como prever a solubilidade em octanol ou em aacutegua atraveacutes da identificaccedilatildeo dos grupos polares e apolares em suas estruturas O ponto de partida para as discussotildees foram motivados com a leitura do texto sobre interferentes endoacutecrinos (Ghiselli e Jardim 2007) e com a ideia central sobre o experimento que simula a mobilidade de poluentes no solo (Almeida 2012) A fenantrolina e fenolfitaleina representam nesse experimento uma classe importante de poluentes persistentes os compostos poliaromaacuteticos No laboratoacuterio de informaacutetica os alunos foram introduzidos aos recursos online CORINA uma versatildeo demonstrativa da Molecular Networks e aos serviccedilos da Molinspiration As duas ferramentas possibilitaram a geraccedilatildeo de estruturas 3D a partir do JME (Fig 1) sendo que a Molispiration fornece entre outros paracircmetros os dados de miLogP (Fig 2) que equivale ao Kow discutido na leitura do artigo sobre interferentes endoacutecrinos

(a)

(b)

Figure 1 Resultados do Corina a) Interface do JME para o desenho das estruturas b) Estrutura 3D com

JMOL

(a)

(b) Figure 2 Resultado do Molinspiration (a) a interface do JME (b) propriedades da moleacutecula (ecircnfase do miLogP) Tabela 2 Correlaccedilatildeo entre as estruturas de compostos

ciacuteclicos com o paracircmetro Kow (miLogP) Composto quiacutemico Estrutura miLogP

Benzeno

1937

Tolueno

2386

135-Trimetilbenzeno

3211

Fenol

1458

135-Triidroxibenzeno

0428

Pentaclorofenol

482

Lindano

373

58 Para efeito de comparaccedilatildeo foi proposta a anaacutelise de estruturas anaacutelogas para identificar o efeito da natureza do grupo funcional sobre a hidrofobicidade do composto A Tabela 2 ilustra um exemplo de resultado Nesta fase os alunos modificaram os dados tendo como base as estruturas do artigo e as sugeridas durante a aula Dois exemplos de poluentes persistentes satildeo o pentaclorofenol e o lindano a pequena diferenccedila com a adiccedilatildeo do grupo funcional OH natildeo modificou muito o Kow como nos demais compostos apresentados o que pode ser relacionado com a possibilidade de haver mais interaccedilotildees hidrogecircnio no lindano um composto alifaacutetico do que no pentaclorofenol um composto aromaacutetico Os valores calculados de Kow para poluentes conhecidos podem ser comparados com os valores que estatildeo no banco de dados Hazardous Substance Data Base Ele reuacutene um conjunto completo de dados de toxicidade e de mobilidade ambiental para muitas substacircncias que podem ser utilizados para a elaboraccedilatildeo de FISPQs A atividade didaacutetica com este recurso implica na anaacutelise de dados de substacircncias toacutexicas conhecidas que possuem derivados com estrutura quiacutemica semelhante mas perfil toxicoloacutegico distinto Por exemplo o benzeno e o tolueno satildeo diferenciados apenas por grupo funcional metil (CH3) sendo o tolueno menos toacutexico que o benzeno (Fig 3)

(a)

(b)

Figura 3 Resultados da consulta ao HSDB indicando que (a) eacute uma substacircncia canceriacutegena confirmada

(b) substacircncia natildeo apresenta evidecircncias de ser canceriacutegena para humanos

Considerando que a biodegradaccedilatildeo eacute um criteacuterio presente na percepccedilatildeo popular sobre impacto ambiental o uso do Biodegradation Database foi incluiacutedo no exerciacutecio para promover o pensamento criacutetico sobre este

paracircmetro Um resultado interessante eacute obtido com o solvente diclrorometano pois ainda eacute muito utilizado em aplicaccedilotildees industriais (Fig 4) O fato experimental relacionado com o conceito de biodegradaccedilatildeo desta substacircncia indica que o produto formado no caso o formol eacute tatildeo toacutexico quanto o diclorometano (dado confirmado no HSDB) Portanto como princiacutepio para o uso do termo biodegradaccedilatildeo no contexto da quiacutemica verde deve ser destacado que os produtos deste processo devem ser inerentemente inoacutecuos

Figura 4 etapa do processo de biodegradaccedilatildeo do diclorometano 5 A NATUREZA METACOGNITIVA DAS

ATIVIDADES INTERATIVAS O uso das habilidades metacognitivas no estudo de um domiacutenio conceitualmente rico como o da quiacutemica pode facilitar o reconhecimento da natureza do conhecimento e no autocontrole da aprendizagem (Figura 5) Um aspecto metacognitivo intriacutenseco da quiacutemica eacute evidenciado nas explicaccedilotildees ou descriccedilotildees de observaccedilotildees experimentais correlacionadas com princiacutepios e conceitos atocircmico-moleculares (Dori e Kaberman 2009 Rickey e Stacey 2000) Um material de apoio com as estruturas dos poliacutemeros e dos pigmentos foi apresentado antes das demonstraccedilotildees assim como o princiacutepio de polaridade solubilidade hibrofobicidade e bioacumulaccedilatildeo com as definiccedilotildees de Ghiselli e Jardim (2007) Nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico os grupos trabalharam separadamente na tentativa de relacionar os conceitos baacutesicos sobre interaccedilatildeo intermolecular a partir das observaccedilotildees do resultado do tingimento dos diferentes poliacutemeros do encapsulamento de iacuteons caacutelcio com o alginato de soacutedio na presenccedila do corante alimentiacutecio e na separaccedilatildeo de fases da mistura pigmento-octanol-H2O Em seguida os representantes de cada grupo apresentaram oralmente suas explicaccedilotildees Durante a demonstraccedilatildeo do encapsulamento dos iacuteons caacutelcio na presenccedila de corantes sinteacuteticos no alginato de soacutedio houve a elaboraccedilatildeo de hipoacuteteses pertinentes sobre o possiacutevel uso do princiacutepio do encapsulamento para a remoccedilatildeo de poluentes dispersos no ambiente

59

Figura 5 Componentes do aprendizado segundo os modelos de Flavell (1979) e Jong e Ferguson-Hessler (1996) No laboratoacuterio de informaacutetica o aspecto do controle metacognitivo foi evidenciado atraveacutes das decisotildees centradas nos alunos envolvendo a seleccedilatildeo de moleacuteculas dos artigos para a construccedilatildeo das estruturas com o JME e o caacutelculo comparativo do Kow Apoacutes a obtenccedilatildeo dos resultados da demonstraccedilatildeo os alunos explicaram oralmente a relaccedilatildeo entre os valores tabelados com a polaridade a hidrofobicidade a natureza dos grupos funcionais e a tendecircncia da moleacutecula ser bioacumulada em tecidos de organismos vivos ou lixiviada no solo As correccedilotildees foram feitas com auxiacutelio docente e de colegas do grupo que dominaram com facilidade os conceitos Foi observada a colaboraccedilatildeo espontacircnea entre os grupos para o aprendizado de recursos online adicionais que possibilitaram a compreensatildeo dos textos em idioma estrangeiro houve tambeacutem iniciativa por parte de um dos alunos para o uso do conhecimento obtido para a elaboraccedilatildeo de um exerciacutecio criativo durante a aula a saber a composiccedilatildeo de uma FISPQ para uma substacircncia utilizada como defensivo agriacutecola na rotina de trabalho e que foi identificada no banco de dados do HSDB No final das atividades com os recursos online os alunos expressaram por escrito ou oralmente o significado e a importacircncia do acesso agraves ferramentas apresentadas para a interpretaccedilatildeo de dados no local de trabalho e no curso de gestatildeo ambiental 6 IFAT E ELABORACcedilAtildeO DE MAPA

CONCEITUAL COMO AVALIACcedilOtildeES INTERATIVAS

Visando manter a interatividade nas atividades em grupo durante o processo de aprendizado a avaliaccedilatildeo final proposta foi composta por dois recursos a) uso da teacutecnica IFAT para questotildees de muacuteltipla escolha b) o mapa conceitual As duas estrateacutegias motivaram discussotildees construtivas sendo que os mapas conceituais serviram como autoavaliaccedilatildeo (observaccedilatildeo dos comentaacuterios participantes da atividade) e trouxeram novos significados para os conceitos estudados Segundo Daley (2002) o uso adequado de mapas conceituais pode

auxiliar estudantes adultos no desenvolvimento de habilidades metacognitivas Para a maior parte dos alunos a elaboraccedilatildeo do mapa conceitual significativo exigiu tempo extra fora sala de aula Inicialmente foi apresentada uma versatildeo elaborada com auxilio docente que serviu como modelo para a versatildeo final Foram distribuiacutedos 32 conceitos extraiacutedos das aulas demonstrativas no laboratoacuterio quiacutemico nos artigos estudados e nas estruturas construiacutedas no laboratoacuterio de informaacutetica Foram selecionados no miacutenimo 20 desses conceitos os alunos propuseram relaccedilotildees entre os conceitos com apoio docente resultando em um mapa conceitual por equipe A teacutecnica IFAT por ser interativa e de muacuteltipla escolha pode ser relacionada com a atividade metacognitiva descrita por Rickey e Stacey (2000) como ldquoteste conceitualrdquo As duas avaliaccedilotildees com a estrateacutegia IFAT foram realizadas em grupo e os alunos procuraram argumentar explicar e demonstrar o que sabiam Devido agrave natureza reflexiva da IFAT tais atividades de avaliaccedilatildeo podem contribuir para o processo de aprender a aprender CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E PERSPECTIVAS Os conceitos fatos e princiacutepios baacutesicos de quiacutemica que permitem prever o impacto ambiental foram introduzidos e vivenciados atraveacutes das atividades interativas que permitiram os participantes do curso de extensatildeo realizar demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico e no laboratoacuterio de informaacutetica relacionadas com o caraacuteter hidrofoacutebico das moleacuteculas e relacionar com os grupos funcionais nas estruturas quiacutemicas Os alunos aprenderam a utilizar ferramentas online que auxiliam na interpretaccedilatildeo do conceito de biodegradaccedilatildeo e fornecem dados toxicoloacutegicos e ecotoxicoloacutegicos para a elaboraccedilatildeo de FISPQs Foi reconhecido durante as aulas que esses recursos satildeo uacuteteis para o profissional responsaacutevel pelo controle da poluiccedilatildeo redaccedilatildeo de laudos teacutecnicos e interpretaccedilatildeo de dados sobre poluentes persistentes intencionais e natildeo intencionais As atividades interativas tornaram as aulas dinacircmicas tendo o aluno no centro do processo o que facilitou o aprendizado O bom rendimento nas avaliaccedilotildees refletiu o alto niacutevel de motivaccedilatildeo do grupo aleacutem do domiacutenio dos conceitos baacutesicos sobre estrutura quiacutemica dos poluentes e hidrofobicidade Parte do material deste moacutedulo foi gerada durante as atividades devido agraves mudanccedilas de estrateacutegias com base nos resultados das aulas anteriores Assim sendo para o proacuteximo moacutedulo o material introdutoacuterio sobre os recursos online poderaacute ser entregue antes da atividade no laboratoacuterio de informaacutetica para facilitar o uso das ferramentas online que natildeo estatildeo disponiacuteveis em Portuguecircs Como atividade interativa sugestiva um experimento de anaacutelise espectrofotomeacutetrica seria adequado para demonstrar como a medida do coeficiente Kow eacute realizada em um laboratoacuterio quiacutemico

60 AGRADECIMENTOS A Direccedilatildeo da FACCAMP a Coordenaccedilatildeo do Curso de Gestatildeo Ambiental e aos alunos participantes do curso de extensatildeo nos moacutedulos de 2011e 2012 REFEREcircNCIAS ALMEIDA F V CENTENO A J BISINOTI M C JARDIM W F (2007) Substacircncias Toacutexicas Persistentes (STP) no Brasil Quiacutemica Nova 30 1976 ALMEIDA V L LOPES J C D OLIVEIRA S R e DONNICI C L MONTANARI C A (2010) Estudos de relaccedilotildees estrutura-atividade quantitativas (QSAR) de bis-benzamidinas com atividade antifuacutengica Quiacutemica Nova 33 1482

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VEEMAN MVJ (2012) Metacognition in Science Education Definitions Constituents and Their Intricate Relation with Cognition In Zohar A Dori Y J (eds) Metacognition in Science Education trends in current research Dordrecht Springer

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AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES

Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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RESUMO Com base nos estudos realizados na disciplina de Transformaccedilotildees Quiacutemicas os alunos do primeiro semestre do ano letivo de 2014 iniciaram pesquisas sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos bem como meacutetodos de obtenccedilatildeo Os resultados destes trabalhos foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados na instituiccedilatildeo aos alunos e docentes Em particular dois trabalhos baseados nos compostos de clorofila e porfirina foram selecionados em funccedilatildeo da similaridade da pesquisa e metodologia experimental empregada Para isso os alunos empregaram metodologias de extraccedilatildeo a partir de amostras vegetais in natura sendo possiacutevel a obtenccedilatildeo dos compostos de forma isolada Em linhas gerais o objetivo deste trabalho eacute contribuir com meacutetodos de ensino e aprendizagem baseados nos fundamentos da disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas bem como a importacircncia da pesquisa e divulgaccedilatildeo de resultados uma vez que estatildeo relacionados ao Projeto Pedagoacutegico Institucional (PDI) vigente na instituiccedilatildeo que destaca ao aluno a capacitaccedilatildeo profissional bem como iniciativas cientificas e atividade intelectual Palavras chave Propriedades fiacutesico-quiacutemico porfirina clorofila e transformaccedilotildees quiacutemicas ABSTRACT Based on studies in the discipline of chemical transformations students of the first semester of the school year 2014 started researches about the physicochemical properties of different compounds and obtaining methods The results of this work were published in the form of panels and presented in the institution to students and faculty In particular two works chlorophyll and porphyrin compounds were selected based on the similarity of research and experimental methodology For this the students realized the extraction of the pigments from compounds In general the objective of this work is to contribute to teaching and learning and methods based on the fundamentals of the discipline of chemical transformations as well as the importance of research

and dissemination of results since they are related to the Institutional Education Program (IEP) current in the institution which highlights the student to professional training scientific initiatives and intellectual activity Keywords Physicochemical properties porphyrin chlorophyll and chemical transformations 1 INTRODUCcedilAtildeO A disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas vem sendo ofertada para alunos ativos do curso de bacharelado em quiacutemica do primeiro periacuteodo Dentre os principais objetivos da disciplina estaacute em fornecer os fundamentos baacutesicos da quiacutemica e compreensatildeo de fenocircmenos fiacutesico-quiacutemicos e propriedades estruturais Durante a disciplina de os alunos se envolveram no projeto de pesquisa baseados no estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos Assim os alunos escolheram os toacutepicos e dividiram os grupos Pesquisas em livros e artigos cientiacuteficos foram realizadas de forma a obter informaccedilotildees relevantes sobre as propriedades dos compostos e meacutetodos experimentais de obtenccedilatildeo A parte experimental foi conduzida no laboratoacuterio e os professores da disciplina contribuiacuteram nas pesquisas e construccedilatildeo dos paineacuteis A Tabela 1 apresenta os compostos selecionados pelos alunos e propriedades estudadas

63 Tabela 1 Relaccedilatildeo dos compostos e propriedades investigadas

Compostos Propriedades investigadas

Acetato de etila Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Aacutecido cloriacutedrico Fiacutesico-quiacutemicas

Biodisel Separaccedilatildeo

Cloreto de Ceacutesio

Fiacutesico-quiacutemicas

Clorofila Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Glicose Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Porfirina Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Poliuretano Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Notam-se que os trabalhos envolveram basicamente o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais No entanto os compostos clorofila e porfirina foram escolhidos para divulgaccedilatildeo dos resultados no WEA pois apresentam particularidades voltadas a pigmentaccedilatildeo Ainda os paineacuteis envolveram detalhes relacionados aos meacutetodos experimentais propriedades fiacutesico-quiacutemicas e pesquisas voltadas a obtenccedilatildeo e separaccedilatildeo dos compostos

Clorofila A clorofila eacute um pigmento facilmente encontrado nas plantas com funccedilatildeo fundamental na fotossiacutentese e ainda responsaacutevel pela coloraccedilatildeo verde Notam-se dois tipos de estruturas quiacutemicas para a clorofila que diferem em relaccedilatildeo agraves proporccedilotildees encontradas na natureza A clorofila ldquoardquo eacute a estrutura mais abundante sendo encontrada juntamente com a clorofila ldquobrdquo em uma razatildeo 31 respectivamente Figura 11 As clorofilas satildeo moleacuteculas formadas por complexos derivados das porfirinas sendo uma classe de moleacuteculas orgacircnicas formadas por quatro aneacuteis pirroacutelicos ligados por ligaccedilotildees metiacutenicas (-CH-) sendo o quinto anel exociacuteclico No centro do anel haacute um iacuteon de Mg2+ coordenado por quatro aacutetomos de Nitrogecircnio As clorofilas ldquoardquo e ldquobrdquo satildeo encontradas quase sempre em conjunto sendo a clorofila ldquoardquo mais abundante e a mais importante pois corresponde a 75 dos pigmentos verdes encontrados nos vegetais A clorofila ldquobrdquo difere da clorofila ldquoardquo mediante a variaccedilatildeo na substituiccedilatildeo no anel pirroacutelico II2

Figura 1 Estrutura das clorofilas a e b2

Porfirinas As porfirinas satildeo pigmentos que podem ser extraiacutedos das plantas e pertencem a um grupo de substacircncias responsaacuteveis pelos processos bioquiacutemicos naturais que ocorrem no sistema bioloacutegico Tal composto pode ser encontrado na hemoglobina mioglobina e na clorofila sendo estes relacionados ao transporte e armazenamento de oxigecircnio e processos de fotossiacutentese3 A Figura 2 apresenta as duas formas estruturais para a moleacutecula de porfirina

a) b) Figura 2 Estrutura quiacutemica das porfirinas a) moleacutecula de cadeia fechada e b) moleacutecula de cadeia aberta3 2 OBJETIVO A pesquisa tem como objetivo o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais de compostos inorgacircnicos e orgacircnicos visto na disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas Com base nos fundamentos quiacutemicos metodologias experimentais de extraccedilatildeo foram propostas para os compostos de porfirina e clorofila A pesquisa parte experimental e resultados foram divulgados na forma de paineacuteis visando o planejamento estrateacutegico e a formaccedilatildeo acadecircmica dos alunos

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Os materiais foram analisados extraiacutedos e caracterizados no laboratoacuterio didaacutetico nas instalaccedilotildees da Faculdade Campo Limpo Paulista FACCAMP Os

64 reagentes utilizados nos experimentos foram de pureza analiacutetica e adquiridos da empresa Lafan

Clorofila A obtenccedilatildeo da clorofila foi realizada mediante o processo de extraccedilatildeo soacutelido-liquido baseado na maceraccedilatildeo de folhas de aacutervores em meio de soluccedilatildeo alcooacutelica (etanol) com posterior filtraccedilatildeo O substrato foi concentrado com auxiacutelio de um rotoevaporador para a retirada do solvente O produto foi conduzido a forma de poacute apoacutes a secagem em estufa Os experimentos foram conduzidos conforme Figura 3

Figura 3 Obtenccedilatildeo da clorofila

Porfirina A extraccedilatildeo do pigmento porfirina foi realizada a partir de folhas de espinafre e beterraba Para isso foi necessaacuterio a preparaccedilatildeo de dois experimentos distintos baseados no maceramento dos vegetais e diluiccedilatildeo em etanol A separaccedilatildeo foi efetuada em coluna cromatograacutefica preparada manualmente no laboratoacuterio sendo a aacutegua empregada como fase moacutevel Os experimentos foram elaborados conforme Figura 4 4

Experimento com o espinafre

Experimento com a beterraba

Figura 4 Obtenccedilatildeo da porfirina

4 RESULTADOS Clorofila

O meacutetodo de extraccedilatildeo empregado forneceu a clorofila na forma combinada ldquoardquo e ldquobrdquo respectivamente O ponto de fusatildeo foi determinado com o auxiacutelio de um termocircmetro em 295degC em condiccedilotildees

padrotildees de temperatura e pressatildeo Entretanto natildeo foi possiacutevel determinar o ponto de ebuliccedilatildeo uma vez que ocorreu a degradaccedilatildeo total do composto Porfirina

A extraccedilatildeo dos pigmentos baseados em folhas de espinafre mostrou-se satisfatoacuteria sendo facilmente separado por cromatografia No entanto a extraccedilatildeo a partir de folhas de beterraba mostrou-se ineficiente sem arraste do pigmento Por fim foram investigadas as propriedades fotossensiacuteveis para este composto sendo avaliado o processo de degradaccedilatildeo por alguns dias Os resultados corroboram com a literatura indicando a instabilidade dessas moleacuteculas

CONCLUSAtildeO Os resultados mostraram-se satisfatoacuterios para

ambos os meacutetodos de extraccedilatildeo empregados com obtenccedilatildeo dos compostos de clorofila e porfirina Com os produtos de siacutentese foi possiacutevel o estudo das propriedades teacutermicas relacionadas ao ponto de fusatildeo para o composto clorofila e estudo de sensibilidade agrave luz para a porfirina Com os resultados experimentais e estudo teoacuterico associado agrave disciplina de transformaccedilotildees foi possiacutevel a elaboraccedilatildeo de dois paineacuteis contendo tais informaccedilotildees para divulgaccedilatildeo na instituiccedilatildeo Cabe ressaltar que os resultados das pesquisas realizadas para os oito compostos listados na Tabela 1 foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados aos alunos e docentes da instituiccedilatildeo de ensino de forma a contribuir com a importacircncia da pesquisa processos de aprendizagem e planejamento

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

MOREIRA L M RODRIGUES M i R OLIVEIRA H P M d LIMA A SOARES R R S BATISTELA V R GEROLA A P HIOKA N SEVERINO D BAPTISTA M S MACHADO A n E d H Influecircncia de diferentes sistemas de solvente aacutegua-etanol sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas e espectroscoacutepicas dos compostos macrocliacuteclicos feofitina e clorofila Quiacutemica Nova (2010) 33 258-262 MAESTRIN A P J Neri C R OLIVEIRA K T d SERRA O A IAMAMOTO Y Extraccedilatildeo e purificaccedilatildeo de clorofila a da alga Spirulina maxima um experimento para os cursos de quiacutemica Quiacutemica Nova (2009) 32 1670-1672 KAMANOVA T V GROMOVA T V BEREZIN B D SEMEIKIN A S SYRBU S A Structure and Physicochemical Properties of Substituted Porphyrins Russian Journal of General Chemistry (2001) 71 803-808

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CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO

Tamy Cristina Pisck Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

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Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

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RESUMO O presente artigo tem como objetivo uma proposta de teacutecnicas para os cuidados com a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo bem como da postura corporal envolvendo exerciacutecios de alongamento massagem facial respiraccedilatildeo e aquecimento vocal diminuindo as dores causadas pelo uso excessivo do aparelho fonador de maneira incorreta Palavras chave Postura corporal voz respiraccedilatildeo ABSTRACT This article aims at proposed techniques for healthcare vocal education professionals as well as the body posture involving stretching exercises facial massage breathing and vocal warm reducing the pain caused by overuse vocal tract incorrectly Keywords Body posture voice breath INTRODUCcedilAtildeO A voz eacute considerada o principal instrumento de trabalho de profissionais da educaccedilatildeo pois eacute o meio mais utilizado para transmissatildeo de conhecimento Natildeo se pode deixar de lado a importacircncia da entonaccedilatildeo da voz mantendo os aspectos de ressonacircncia frequecircncia intensidade articulaccedilatildeo ritmo e velocidade de fala ecircnfase e uso adequado de pausas para eficiecircncia na transmissatildeo do conteuacutedo proposto bem como a postura corporal e os sentimentos envolvidos (OLIVEIRA 2012) Cada vez mais a profissatildeo exige um esforccedilo maior natildeo soacute das pregas vocais como tambeacutem do corpo e a mente onde se concentra a energia necessaacuteria para completar as longas jornadas de trabalho (SILVERIO GONCcedilALVEZ PENTEADO VIEIRA LIBARDI e ROSSI 2008) Este artigo tem como foco a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo a fim de possibilitar qualidade no ensino apresentando teacutecnicas para se alcanccedilar qualidade vocal

POSTURA CORPORAL O primeiro passo para alcanccedilar uma qualidade vocal significativa estaacute relacionado agrave postura corporal pois o corpo estaacute diretamente ligado a voz como uma engrenagem de um maquinaacuterio que precisa da localizaccedilatildeo e funcionamento correto de todas as peccedilas (MELLO SILVA 2008) A diferenccedila de postura corporal adotada por muitos estaacute representada na figura 1 Pode-se observar que a postura erecta deve ser mantida

Figura 1 Correccedilatildeo da postura corporal matildeo com sinal

positivo indica postura adequada e matildeo com sinal negativo indica postura inadequada

Fonte GOUVEIA 2013 O corpo deve estar em posiccedilatildeo confortaacutevel com os peacutes paralelos com os joelhos levemente flexionados a cabeccedila deve estar em posiccedilatildeo vertical e a coluna encaixada com o quadril braccedilos e ombros relaxados Essa postura tambeacutem eacute conhecida como ldquopostura de cantorrdquo pois eacute o ponto de equiliacutebrio do corpo onde os oacutergatildeos internos estatildeo encaixados de maneira a proporcionar o funcionamento adequado do diafragma (SOUZA 2008) Eacute extremamente importante ter consciecircncia do seu proacuteprio corpo e sempre que notar a maacute postura durante o dia lembrar-se de corrigi-la

66 Outros pontos devem ser tambeacutem considerados tais como ao caminhar dirigir o olhar sempre para frente manter o queixo paralelo ao chatildeo e o quadril inclinado ligeiramente seu para frente (PINHEIRO 2013) Segundo Patriacutecia Antoniazi e Flaacutevia Campos Geronimo a postura pode ser definida como a posiccedilatildeo do corpo no espaccedilo bem como a relaccedilatildeo direta de suas partes corporais com a linha do centro da gravidade Para que tenhamos uma postura correta eacute necessaacuteria integridade do sistema musculoesqueleacutetico Caso uma curvatura se altere aumente ou diminua a postura eacute modificada e os muacutesculos e articulaccedilotildees respondem a este processo gerando dor deformidades incapacidade cansaccedilo fiacutesico restriccedilatildeo da funccedilatildeo respiratoacuteria e aumento do consumo de energia para manutenccedilatildeo da postura em peacute (ANTONIAZE GERONIMO 2012) 3 EXERCIacuteCIOS DE AQUECIMENTO Em 1995 PROKOP enfatizou que os exerciacutecios de aquecimento devem ser divididos em quatro etapas exerciacutecios corporais massagem facial exerciacutecios respiratoacuterios e exerciacutecios vocais (SCARPEL 1999) Exerciacutecios corporais O alongamento eacute de extrema importacircncia para o relaxamento de muacutesculos relacionados direta e indiretamente na produccedilatildeo do som A figura 2 apresenta uma seacuterie de 12 exerciacutecios praacuteticos de alongamento corporal que podem ser realizados em casa em um campo praccedila ou ateacute mesmo em seu local de trabalho ou seja em qualquer lugar onde a pessoa se sinta confortaacutevel para realizaacute-los Os movimentos de alongamento devem ser feitos ateacute sentir uma tensatildeo no muacutesculo a partir deste momento relaxe e sustente por trinta (30) a quarenta (40) segundos Exerciacutecio I coloque as matildeos sobre a nuca e pressione a cabeccedila para baixo Exerciacutecio II puxe a cabeccedila com uma das matildeos ateacute sentir uma leve pressatildeo na lateral do pescoccedilo Exerciacutecio III faccedila um movimento giratoacuterio com a cabeccedila primeiro sentido horaacuterio e depois sentido anti-horaacuterio Exerciacutecio IV com as pernas paralelas e semiflexionadas pressione o cotovelo em direccedilatildeo ao corpo Exerciacutecio V leve o braccedilo flexionado para traacutes da cabeccedila e com a outra matildeo puxe levemente para o outro lado Exerciacutecio VI com os joelhos semiflexionados e uma das matildeos na cintura levante a outra matildeo para cima e incline-se para a lateral Exerciacutecio VII mantenha as pernas bem afastadas e a ponta dos peacutes apontando para fora e desccedila o tronco para um dos lados ateacute sentir uma leve tensatildeo na parte de traacutes da coxa Exerciacutecio VIII Mantenha as matildeos apoiadas no solo e a musculatura do joelho semiflexionada levando o abdocircmen ateacute as coxas Exerciacutecio IX deixe a parte de cima neutra e o tronco ereto Flexione um pouco a perna da frente e deixe a de traacutes estendida com o calcanhar no solo Exerciacutecio X estique os braccedilos seguindo a linha do tronco Mantenha o abdocircmen levemente contraiacutedo e os joelhos destravados Exerciacutecio XI Mantenha o tronco ereto e o abdocircmen levemente contraiacutedo Leve um peacute para traacutes ateacute encostar no gluacuteteo Flexione levemente a perna de apoio Exerciacutecio XII mantenha-se com os peacutes paralelos

na abertura do quadril Avance uma perna para frente flexionando o joelho e descendo o quadril ateacute formar um acircngulo de noventa graus (90ordm) com a perna que foi a frente Faccedila os movimentos indicados tambeacutem com a outra parte do corpo (ROSE 2013)

Figura 2 Exerciacutecios de alongamento e relaxamento muscular

Fonte ROSE 2013 Massagem facial

A massagem facial ajuda no desempenho do canto da fala e da concentraccedilatildeo pois atua como relaxante muscular para a face principalmente na regiatildeo frontal temporal nasal e orbitaacuteria labial etc A massagem deve ser feita com as pontas dos dedos das matildeos em movimentos circulares Ela provoca uma sensaccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio da tensatildeo acumulada nas regiotildees da face como indicadas na figura 3 numeradas da seguinte forma 1- frontal 2- orbitaacuteria 3- parietal 4- nasal 5- malar 6- zigomaacutetica 7- temporal 8- auricular 9- mastoidea 10- occipital 11- labial 12- bucinadora 13- messeteria 14- mentoniana 15- supra hioidea 16- carcodiana 17- supraclavicular 18- nuca 19- infra-hioacuteidea Outro exerciacutecio que provoca um relaxamento facial significativo eacute fazer caretas para alongar todas as regiotildees da face (PETKOVA 1989)

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Figura 3 Regiotildees da face numeradas

Fonte GALVAtildeO 2000

Exerciacutecios respiratoacuterios Todo ser humano nasce com a capacidade da respiraccedilatildeo correta sem esforccedilos Por exemplo ao observar um bebecirc dormindo percebemos que ao inspirar o ar ocorre a expansatildeo do abdocircmen e quando o ar eacute expirado ocorre a contraccedilatildeo do abdocircmen assim como representado na figura 4 ocorrendo simultaneamente o deslocamento para baixo e para cima do diafragma como representado na figura 5 Mas a maioria dos adultos perde essa capacidade de respiraccedilatildeo e acaba ocorrendo inversatildeo do processo o que resulta no prejuiacutezo da respiraccedilatildeo muitas vezes isso ocorre por causa da correria e do estresse do dia a dia (OLIVEIRA 2000)

Figura 4 Processo de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo

Fonte NCS 2012

Figura 5 Movimentaccedilatildeo do diafragma no processo de

inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo Fonte WITEK 2013

Alguns exerciacutecios como encher e esvaziar bexigas pode ajudar na recuperaccedilatildeo do modo correto da respiraccedilatildeo mantendo-se sempre em postura adequada durante os exerciacutecios (OLIVEIRA 2000) Outro exerciacutecio tambeacutem eficaz envolvendo a respiraccedilatildeo envolve o seguinte procedimento apoacutes a inspiraccedilatildeo do ar fazer o processo de expiraccedilatildeo com movimentos controlados com diferentes sons siiiiii chiiiii fuuuu haaa controlando a pausa entre os exerciacutecios e tambeacutem o ritmo utilizado Tomando o devido cuidado para que natildeo ocorra a respiraccedilatildeo reversa ou entatildeo na parte superior do toacuterax conhecida como ldquorespiraccedilatildeo altardquo ou entatildeo ldquorespiraccedilatildeo subclavicularrdquo que infelizmente requer um esforccedila maior para uma entrada miacutenima de ar(WITEK 2013)

Exerciacutecios vocais

Os exerciacutecios vocais ajudam a manter a sauacutede das pregas vocais assim como antes de realizar alguma atividade fiacutesica precisamos fazer um aquecimento corporal para natildeo causar lesotildees aos muacutesculos envolvidos na seacuterie de exerciacutecios fiacutesicos o aquecimento vocal eacute de extrema importacircncia para natildeo ocasionar lesotildees agraves cartilagens articulaccedilotildees e muacutesculos que envolvem a laringe importante componente para a produccedilatildeo dos sons (MOLINARI 2004) Natildeo soacute a laringe que possui nove muacutesculos participa da formaccedilatildeo dos sons mas tambeacutem os pulmotildees o tubo ressonador que modifica o som e amplia a faringe a boca e o nariz (ANTONIAZE GERONOMO 2012) Alguns exerciacutecios simples e que podem ser realizados minutos antes de uma atividade que exija mais

68 da voz ajudam ao professor ou cantor a natildeo sentir dores ao final da atividade Dicas para exerciacutecios vocais i) fazer sons vibrantes com a liacutengua ii) som nasal iii) palavras e frases elevando a intensidade iv) projeccedilatildeo vocal com as vogais A E I O U v) trava liacutengua e frases complicadas vi) espreguiccedilar e bocejar vii) uso de consoantes diferenciadas para melhorar a articulaccedilatildeo e a dicccedilatildeo (pbdtmnzs) (AYDOS HANAYAMA 2004)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS A sauacutede vocal natildeo depende somente dos exerciacutecios de aquecimento do aparelho fonador depende de uma seacuterie de exerciacutecios que envolvem o corpo e a concentraccedilatildeo Estes exerciacutecios podem ser realizados pelos professores individualmente ou em grupo minutos antes de comeccedilar sua jornada de trabalho diaacuterio accedilotildees simples mas de extrema importacircncia prolongam a sauacutede das pregas vocais e proporcionam uma melhor qualidade de vida aos profissionais 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ANTONIAZE Patriacutecia GERONIMO Flaacutevia Campos Corpo e voz aprenda como usaacute-los 2012 AYDOS Bianca HANAYAMA Eliana Midori Teacutecnicas de aquecimento vocal utilizada por professores de teatro Ver CEFAC Satildeo Paulo 2004 GALVAtildeO Malthus Fonseca Regiotildees do corpo humano Universidade de Brasiacutelia Faculdade de medicina 2000 GOUVEIA Hermano Postura corporal correta Your Ftiness Coach 2013 MELLO Enio Lopes SILVA Marta Assumpccedilatildeo de Andrada Corpo do cantor e preparaccedilatildeo fiacutesica Revista CEFAC Satildeo Paulo 2008 MOLINARI Paula Maria Aristides de Oliveira A materialidade da voz dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo 2004 NCS Benefiacutecios do Exerciacutecio Respiratoacuterio e TMI (Treinamento da Musculatura Inspiratoacuteria) Inspirando sauacutede expirando qualidade 2012 OLIVEIRA Mayra Carvalho Diversas teacutecnicas de respiraccedilatildeo para o canto Monografia ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Fonoaudiologia Cliacutenica ndash CEFAC 2000 OLIVEIRA Mocircnica Pereira Refletindo acerca da voz do professor e da necessidade de um planejamento especiacutefico para sua aplicabilidade em sala de aula Revista eletrocircnica de educaccedilatildeo da Faculdade de Araguaia 2012

PETKOVA Marguerite Ginaacutestica facial isomeacutetrica Mantenha a juventude de seu rosto 1989 PINHEIRO Marcelle Dicas para alcanccedilar a postura correta Tua sauacutede nutriccedilatildeo e bem estar 2013 ROSE Lily Benefiacutecios do alongamento Doutiacutessima Sauacutede e bem-estar 2013 SCARPEL Renata DrsquoArc Aquecimento e desaquecimento vocal no cantor Monografia- Especializaccedilatildeo- fonoaudiologia ndash Cursos de Especializaccedilatildeo em fonoaudiologia cliacutenica ndash CEFAC Salvador 1999 SILVERIO Kelly Cristina Alvez GONCcedilALVEZ Claudia Giglio de Oliveira PENTEADO Regina Zanella VIEIRA Taiacutes Pichirilli Guilherme LIBARDI Aline ROSSI Daniele Accedilotildees em sauacutede vocal proposta de melhoria do perfil vocal de professores Proacute-Fono Revista de Atualizaccedilatildeo Cientiacutefica 2008 SOUZA Denize Pimentel Diniz Estudo da fonaccedilatildeo e da respiraccedilatildeo com apoio abdominal expandido e contraiacutedo em cantores liacutericos Dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Tuiuti do Paranaacute 2008 WITEK Nicole Porque o homem e a mulher respiram de modo diferente Vya Estelar Yoga 2013

69

DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B)

Kleberson Diego de Castro Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

kleberson_metalhotmailcom

Prof M Sc Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste artigo apresentamos um meacutetodo experimental relativamente simples para a determinaccedilatildeo de campo magneacutetico nos iacutematildes permanentes de neodiacutemio Realizamos um experimento em que medimos a forccedila de atraccedilatildeo do imatilde permanente sobre um objeto metaacutelico preso por um dinamocircmetro calibrado Nossos resultados experimentais confirmaram nosso modelo matemaacutetico cuja equaccedilatildeo natildeo depende da corrente eleacutetrica como mostra a grande maioria das publicaccedilotildees sobre o assunto Este modelo matemaacutetico relaciona a intensidade do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia O modelo foi obtido atraveacutes de um procedimento de substituiccedilatildeo de variaacuteveis iniciando a partir da equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica Nela associamos os conceitos claacutessicos de velocidade e de corrente eleacutetrica considerando esfeacuterico o formato do iacutematilde A estrutura experimental e os ensaios foram realizados no laboratoacuterio de Fiacutesica e com materiais da FACCAMP Os experimentos foram de baixo custo e podem ser reproduzidos com alunos de vaacuterias faixas de formaccedilatildeo em qualquer escola brasileira

Palavras chave Iacutematildes neodiacutemio campo magneacutetico ABSTRACT This paper presents an experimental method relatively simple to determine magnetic field in the permanent neodymium magnets We conducted an experiment in which we measured the attractive force of the permanent magnet over a metal object stuck by a calibrated dynamometer Our experimental results confirmed our mathematical model whose equation is independent of the electric current as shown in the vast majority of publications on the subject This mathematical model relates the magnetic field strength versus distance The model was obtained by a variable replacement procedure starting from the classical equation of the magnetic force In this model we associated

the concepts classic speed and electric current considering the spherical magnet format The structure and experimental tests were performed in the laboratory of FACCAMP using its materials The experiments were inexpensive and can be played with students of various banding in any Brazilian school Keywords Magnets neodymium magnetic field 1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo o autor Griffiths em seu livro Introduction to Electrodynamics de 1999 o magnetismo eacute uma forccedila gerada na mateacuteria pelo movimento de eleacutetrons dentro de seus aacutetomos Tanto o magnetismo e eletricidade representam diferentes aspectos da forccedila do eletromagnetismo que eacute uma parte da forccedila eletrofraca fundamental da natureza A regiatildeo no espaccedilo que eacute penetrada pelas linhas imaginaacuterias de forccedila magneacutetica descreve um campo magneacutetico A forccedila do campo magneacutetico eacute determinada pelo nuacutemero de linhas de forccedila por unidade de aacuterea de espaccedilo Os campos magneacuteticos satildeo criados em grande escala quer pela passagem de uma corrente eleacutetrica atraveacutes de metais magneacuteticos ou por materiais magnetizados chamados iacutematildes Os metais de ferro cobalto niacutequel e suas soluccedilotildees soacutelidas ou ligas metaacutelicas com elementos relacionados acima satildeo materiais tiacutepicos que respondem fortemente a campos magneacuteticos Ao contraacuterio do campo gravitacional que eacute uma forccedila fundamental onipresente o campo magneacutetico dentro de um corpo magnetizado como um iacutematilde de barra eacute polarizado isto eacute o campo eacute mais forte e de sinais opostos nas duas extremidades ou poacutelos do iacutematilde Histoacuteria do Magnetismo

Segundo o autor William Whewell em seu livro History of the Inductive Sciences de 2010 a histoacuteria do magnetismo remonta ao iniacutecio de 600 aC mas eacute apenas no seacuteculo XX que os cientistas comeccedilaram a compreender e desenvolver tecnologias com base nesta compreensatildeo Magnetismo foi mais provavelmente observada pela

70 primeira vez sob uma forma de magnetite mineral chamado magnetita que consiste em oacutexido de ferro um composto quiacutemico de ferro e oxigecircnio Os antigos gregos foram os primeiros conhecidos por terem usado este mineral que eles chamaram de um iacutematilde por causa de sua capacidade de atrair outras peccedilas do mesmo material e ferro

O inglecircs William Gilbert (1540-1603) foi o primeiro a investigar o fenocircmeno do magnetismo utilizando sistematicamente meacutetodos cientiacuteficos Ele tambeacutem descobriu que a Terra eacute em si um iacutematilde fraco Investigaccedilotildees teoacutericas iniciais sobre a natureza do magnetismo da Terra foram realizadas pelo alematildeo Carl Friedrich Gauss (1777-1855) Os estudos quantitativos de fenocircmenos magneacuteticos iniciadas no seacuteculo XVIII pelo francecircs Charles Coulomb (1736-1806) que estabeleceu a lei do inverso do quadrado da forccedila afirmam que a forccedila de atraccedilatildeo entre dois objetos magnetizados eacute diretamente proporcional ao produto de suas aacutereas individual e inversamente proporcional ao quadrado da distacircncia entre elas O fiacutesico dinamarquecircs Hans Christian Oersted (1777-1851) sugeriu pela primeira vez uma ligaccedilatildeo entre eletricidade e magnetismo Experimentos envolvendo os efeitos de campos magneacuteticos e eleacutetricos uns sobre os outros foram entatildeo conduzidos pelo francecircs Andre Marie Ampere (1775-1836) e o inglecircs Michael Faraday (1791-1869) mas foi o escocecircs James Clerk Maxwell (1831-1879) que forneceu a base teoacuterica para a fiacutesica do eletromagnetismo no seacuteculo XIX mostrando que a eletricidade e o magnetismo representam diferentes aspectos do mesmo campo de forccedila fundamental Entatildeo na deacutecada de 1960 o norte-americano Steven Weinberg (1933) e paquistanecircs Abdus Salam (1926-) realizaram ainda outro ato de siacutentese teoacuterica das forccedilas fundamentais mostrando que eletromagnetismo eacute uma parte da forccedila eletrofraca O entendimento moderno de fenocircmenos magneacuteticos em mateacuteria condensada origina-se a partir da obra de dois franceses Pierre Curie (1859-1906) o marido e colaborador cientiacutefico de Madame Marie Curie (1867-1934) e Pierre Weiss (1865-1940) Curie examinou o efeito da temperatura sobre os materiais magneacuteticos e observou que o magnetismo desaparecia repentinamente acima de certa temperatura criacutetica em materiais como ferro Weiss propocircs uma teoria do magnetismo com base em um campo molecular interno proporcional agrave magnetizaccedilatildeo meacutedia que alinhava espontaneamente os microiacutematildes eletrocircnicos da mateacuteria magneacutetica O entendimento atual do magnetismo com base na teoria do movimento e interaccedilotildees de eleacutetrons em aacutetomos (chamada eletrodinacircmica quacircntica) decorre do trabalho e modelos teoacutericos de dois alematildees Ernest Ising (1900-) e Werner Heisenberg (1901-1976) Werner Heisenberg tambeacutem foi um dos fundadores da mecacircnica quacircntica moderna

Tipos de iacutematildes

Segundo Fishbane em seu livro de 1993 como tambeacutem para Griffits em seu livro de 1999 podemos

classificar os iacutematildes conforme sua estrutura em iacutematilde natural iacutematilde artificial iacutematilde permanente iacutematilde temporal (eletroiacutematilde) conforme tabela 1

TABELA1 TIPOS DE IacuteMAtildeS

Tipos de

Iacutematildes Exemplos Caracteriacutesticas Observaccedilotildees

Natural

Magnetita Iacutematildes de ligas de

Ferrita ou de Terras Raras

Oacutexido de Ferro (Fe3O4)

Neodiacutemio (Nd2Fe14B)

Campo relativamente

forte em relaccedilatildeo a sua massa

poreacutem de baixa resistecircncia mecacircnica

Artificial

Metais Magnetizados ou

sob accedilatildeo de corrente eleacutetrica

Ligas Ferrosas quando

submetida ao atrito com iacutematildes

naturais ou eletroiacutematildes

Perdem a capacidade

magneacutetica apoacutes determinado

tempo ou quando eacute

eliminado a corrente eleacutetrica

Permanente Iacutematildes de Neodiacutemio ou de ligas de accedilo

Magnetismo limitado e

dependente da temperatura ou por descargas

eleacutetricas

Tempo de Magnetizaccedilatildeo permanente ou inderteminada

Temporal Eletroiacutematilde

Capacidade magneacutetica apenas

quando submetido agrave

corrente eleacutetrica

Motores eleacutetricos

Segundo Griffits em seu livro de 1999 os materiais

magneacuteticos nos iacutematildes naturais podem ser de trecircs tipos os ferromagneacuteticos paramagneacuteticos e diamagneacuteticos Na figura 1 temos o esquema para iacutematildes permanentes

Iacutematildes Permanentes

Iacutematildes de Ligas Metaliacutecas

Iacutematildes de ALNICO

Iacutematildes de Terras Raras

Iacutematildes de Sm-Co

Iacutematildes de Nd-Fe-B

Iacutematildes de Ferrita

Iacutematildes de Ferrita de Baacuterio

Iacutematildes de Ferrita de Estrocircncio

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos)

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Ferrita

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Terras Raras

71 Figura 1 Diagrama dos tipos de iacutematildes permanentes Fonte Adaptado de (DIAS 2014) (HERBST 1984) (SAGAWA

1985) e (GRIFFITS 1999) 2 EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO EM FUNCcedilAtildeO DA

DISTAcircNCIA

Para obtermos uma funccedilatildeo do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia sem usar corrente eleacutetrica iniciamos a deduccedilatildeo matemaacutetica a partir da equaccedilatildeo 1 uma equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica apresentada nos livros do autores Griffits Fishbane Halliday e Nussenveig

αsenvqBF sdotsdotsdot=

(1)

Sendo F a forccedila magneacutetica B o campo magneacutetico v a

velocidade da partiacutecula Estipularemos um arranjo experimental vertical assim podemos considerar a forccedila magneacutetica como perpendicular ao campo Portanto

ordm90=α como seno 90deg eacute igual 1 obtemos a equaccedilatildeo 2 da qual se retira o produto pelo seno de α

vqBF sdotsdot= (2)

Partindo do conceito elementar da velocidade

segundo o qual velocidade eacute igual a razatildeo entre o deslocamento e o intervalo de tempo do movimento mostrado na equaccedilatildeo 3

tdv∆∆

=

(3)

Em que Δd significa variaccedilatildeo do deslocamento e o Δt

significa intervalo de tempo do deslocamento Substituindo a equaccedilatildeo 2 na equaccedilatildeo 3 obtemos a equaccedilatildeo 4

tdqBF∆∆sdotsdot=

(4)

Sabendo que a corrente eleacutetrica eacute a razatildeo entre a

variaccedilatildeo da carga eleacutetrica em relaccedilatildeo ao intervalo de tempo apresentado na equaccedilatildeo 5 e substituindo na equaccedilatildeo 4 obtemos a equaccedilatildeo 6

tqi∆∆

= (5)

diBF

∆sdotsdot= (6)

Nesta equaccedilatildeo i eacute igual a corrente eleacutetrica Elevando ao quadrado os dois lados da equaccedilatildeo 6 e manipulando dividindo os dois lados da equaccedilatildeo pela corrente eleacutetrica ao quadrado obtemos a equaccedilatildeo7

dBi

FF

∆sdot=sdot sup2sup2

(7)

Multiplicando os dois lados da equaccedilatildeo 7 por π2temos a equaccedilatildeo 8

ππ 2sup2sup22

sdot∆sdot=sdotsdot dBFi

F

(8)

Na equaccedilatildeo 9 temos o campo magneacutetico B com

dependecircncia proporcional ao produto entre a permeabilidade magneacutetica μ0 sendo valor aproximado de12566times10minus6 [Hm] ou [TmiddotmA](GRIFFITHS 1999) e a corrente eleacutetrica ie inversamente proporcional a distacircncia d Isolando o μ0 chegamos agrave equaccedilatildeo 10

diB

sdotsdot

=πmicro

20 (9)

idB

sdotsdot=

πmicro 20 (10)

Isolando o campo magneacutetico da equaccedilatildeo 6 e

substituindo-o na equaccedilatildeo 10 considerando o deslocamento igual a distacircncia Δd = d temos a equaccedilatildeo 11

sup222

00 iF

ididF πmicroπmicro sdot

=rarrsdot∆sdotsdotsdot

=

(11)

Substituindo na equaccedilatildeo 8a equaccedilatildeo 11 e isolando a

forccedila (dividindo os dois lados da equaccedilatildeo porμ0) temos a equaccedilatildeo 12

72

0

0

2sup2sup2

2sup2

microπ

πmicro

sdotsdot=

rarrsdotsdot=sdot

BdF

dBF

(12)

Multiplicando a equaccedilatildeo 12 pelo fator 22 temos a equaccedilatildeo 13

0

0

2sup2sup24

222sup2sup2

microπ

microπ

BdF

BdF

sdotsdot=

rarrsdotsdotsdot

= (13)

Partindo do pressuposto que haveraacute forccedila de atraccedilatildeo

entre o iacutematilde e o metal por todos os lados portanto simeacutetrico o campo magneacutetico consideraremos uma aproximaccedilatildeo esfeacuterica para o campo magneacutetico do imatilde assim sabendo que a aacuterea superficial da esfera eacute determinada pela equaccedilatildeo 14

sup24 dA

sdotsdot= π (14)

Na equaccedilatildeo 14 A eacute igual a aacuterea da esfera que envolve o campo magneacutetico substituiacutemos na equaccedilatildeo 13 e isolando o campo magneacutetico chegamos agrave equaccedilatildeo 15

AFB

sdot= 02micro

(15)

Para descobrir a distacircncia entre o imatilde e superfiacutecie

onde a forccedila e aplicada utilizaremos a equaccedilatildeo 13 e isolamos a distacircncia assim obtemos a equaccedilatildeo 16

πmicro

2sup20

sdotsdot

=B

Fd

(16)

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E RESULTADOS

Procedimentos e materiais

Realizamos o estudo do campo magneacutetico para iacutematildes de neodiacutemio montando um suporte e fixando a este um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 N e uma reacutegua com escala meacutetrica como mostra a figura 2 O procedimento experimental foi aproximar o iacutematilde do dinamocircmetro a partir da base do suporte de maneira lenta e anotar para cada distacircncia o valor da forccedila no dinamocircmetro produzida pela

atraccedilatildeo do iacutematilde pelo metal ferromagneacutetico em forma de gancho do dinamocircmetro Este procedimento ocorria ateacute o momento em que o iacutematilde atingia a distacircncia que chamamos de limite pois ao aproximarmos mais o iacutematilde do metal a forccedila de atraccedilatildeo magneacutetica era muito superior ao suportado pelo dinamocircmetro realizando o contato do metal com o iacutematilde

Figura 2 Esquema experimental Onde (a)

suporte do experimento (b) reacutegua com escala meacutetrica (c) dinamocircmetro (d) iacutematilde ou iacutematildes de neodiacutemio e (e) distacircncia entre a superfiacutecie do

iacutematilde e a extremidade do dinamocircmetro com formato de gancho e de material

ferromagneacutetico O procedimento foi repetido acrescentando

sucessivamente um a um os iacutematildes ou seja realizou-se experimento com 1 iacutematilde depois com 2 iacutematildes depois com 3 iacutematildes assim por diante ateacute o maacuteximo de 5 iacutematildes pequenos e 3 iacutematildes grande Natildeo realizamos experimento misturando iacutematildes pequenos e grandes

Os materiais utilizados para este experimento consistiram no suporte de fixaccedilatildeo um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 newton e uma reacutegua de plaacutestico pois assim sendo de material plaacutestico natildeo influenciaria o campo magneacutetico

Os iacutematildes utilizados foram cinco (5) iacutematildes ciliacutendricos com raio de 647mm e com espessura de 5 mm que classificamos em nosso experimento como iacutematildes pequenos e trecircs (3) iacutematildes com raio de 21 mm e espessura de 3 mm que classificamos como iacutematildes grandes

Resultados

Nos testes usando os iacutematildes associados sucessivamente um a um percebemos que haacute diferentes distacircncias para a forccedila limite entretanto observou-se que a forccedila limite

73 apresentada pelo dinamocircmetro para cada distacircncia na situaccedilatildeo limite possui um valor constante que no caso do nosso experimento o dinamocircmetro apresentou uma forccedila constante de forccedila de 006N

Os resultados apresentados para os iacutematildes pequenos utilizados em nosso trabalho estatildeo contidos na tabela 2 assim como os resultados apresentados para os iacutematildes grandes estatildeo contidos na tabela 3

Quanto agrave organizaccedilatildeo tanto na tabela 2 como na tabela 3 na primeira coluna apresenta-se a quantidade de iacutematildes no teste na segunda coluna o campo magneacutetico calculado atraveacutes da equaccedilatildeo 15 usando a aacuterea dos iacutematildes na terceira coluna a distacircncia calculada usando o valor do campo magneacutetico calculado na coluna anterior e a forccedila limite de 006 N na quarta coluna temos o valor obtido experimentalmente para a distacircncia limite e finalmente na uacuteltima coluna o valor do erro experimental entre a distacircncia calculada e a distacircncia obtida experimentalmente atraveacutes da equaccedilatildeo 17

( )100()

2exp times

minus=

teo

teo

VVV

erro (17)

Nesta equaccedilatildeo 17 erro significa a diferenccedila entre o

valor teoacuterico e o experimental em porcentagem o Vteo significa valor da distacircncia teoacuterica entre a superfiacutecie do iacutematilde e a extremidade do gancho metaacutelico eVexp significa valor da distacircncia experimental

TABELA2

IacuteMAtildeS PEQUENOS EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado [Teslas]

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

1 0017 64 6 625 2 0014 778 75 360 3 0013 838 9 740 4 0011 99 10 101 5 0010 109 11 092

TABELA3

IacuteMAtildeS GRANDES EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

[Teslas] 1 00129 844 75 1114 2 00117 931 9 333 3 00107 102 10 196

CONCLUSAtildeO

O trabalho desenvolvido durante a iniciaccedilatildeo cientiacutefica

nos laboratoacuterios da FACCAMP obteve boa correlaccedilatildeo entre os resultados experimentais e o modelo matemaacutetico para o campo magneacutetico atraveacutes de uma equaccedilatildeo que natildeo depende da corrente eleacutetrica mas sim da forccedila de atraccedilatildeo e da distacircncia entre a fonte geradora do campo magneacutetico e o objeto de metal ferromagneacutetico Os resultados experimentais saiacuteram com valores proacuteximos aos resultados teoacutericos tendo uma taxa de erro em meacutedia de 384 para os iacutematildes pequenos e 548 para os iacutematildes grandes Devido a sua simplicidade experimental esta atividade pode ser realizada em qualquer niacutevel no ensino da fiacutesica

REFEREcircNCIAS CHIKAZUMI S Physics of Ferromagnetim Oxford University Press New York 2ordmed 1997 DIAS M M et al Estudo e obtenccedilatildeo de iacutematildes de ferrita de baacuterio e estrocircncio isotroacutepicos e anisotroacutepicos Revista Eletrocircnica de Materiais e Processos v 9 n 2 p 74ndash802014GRIFFITHSD J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 FISHBANE P M GASIOROWICZ S and THORNTON S T Physics for Scientists and Engineers Prentice Hall New Jersey 1993 GRIFFITHS D J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 HALLIDAY D RESNICKR Fiacutesica ndash Parte IIAO LivroTeacutecnico SA Rio de Janeiro 1971 HERBST J F et al Relationships Between Crystal Structureand Magnetic Properties in Nd2Fe14B Physical Review B Volume 29 Number 7 1984 NUSSENVEIG H MCurso de FiacutesicaBaacutesica ndash Eletromagnetismo EdgardBluumlcherLtda Satildeo Paulo 1997 SAGAWA M et al Magnetic Properties of rare-earth-iron-boron permanent magnet materialsJournal of Applied Physics Volume 57 Number 1 1985 WHEWELL W History of the Inductive SciencesCambridge University Press p43-62 2010

74

DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

jeremiasgoisymailcom

Douglas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

akroll2009hotmailcom

Joseacute Augusto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

joseaugusto_mathhotmailcom

RESUMO O presente artigo abordar a educaccedilatildeo escolar do povo

indiacutegena brasileiro procurando apresentar uma comparaccedilatildeo entre os Referenciais Nacionais de Educaccedilatildeo ndash Paracircmetros Curricular Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional indiacutegena (RCN) no ensino dessa disciplina

O estudo da matemaacutetica tais como a sua razatildeo e importacircncia a aprendizagem e o pensamento satildeo reconhecidos em todas as culturas pesquisadas com diferentes representaccedilotildees devido a diferentes culturas mas com os mesmos princiacutepios da fundaccedilatildeo do pensamento loacutegico matemaacutetico

O MEC e outros oacutergatildeos discutem que eacute possiacutevel levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo observando a matemaacutetica indiacutegena construindo uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados Palavras chave Matemaacutetica indiacutegena Povo indiacutegena brasileiro comparaccedilatildeo PCN e RCN ABSTRACT This article address the education of Brazilian indigenous people trying to present a comparison between the National frameworks of Education - Curriculum National Parameters (NCP) and the Reference Course indigenous Nacional (RCN) the teaching of this discipline

The study of mathematics such as its rationale and importance learning and thinking are recognized in all cultures studied with different representations due to different cultures but with the same principles of mathematical logical thinking foundation The MEC and other organs argue that it is possible to take the indigenous mathematical culture white observing the indigenous mathematics building a knowledge bridge to include them in the current society system helping them to build a new path that goes beyond the boundaries of their tribes and regions where they were created Keywords Indigenous mathematics Brazilian indigenous people comparison between PCN and RCN

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil por muito tempo os iacutendios natildeo tiveram nenhum tipo de participaccedilatildeo democraacutetica e somente foi por meio da Educaccedilatildeo que puderam adquirir e desenvolver os conhecimentos do homem branco sem que perdessem suas raiacutezes

Com o amparo do MEC que garante e fortalece a afirmaccedilatildeo dos indiacutegenas tanto no acircmbito social como no educacional eacute que eles puderam ser reconhecidos e inseridos na sociedade Assim a educaccedilatildeo passa a ser importante para o indiacutegena uma vez que necessitam conhecer as leis que regem a naccedilatildeo buscando sempre o entendimento de seus direitos enquanto indiacutegenas

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Quando pensamos em termos da educaccedilatildeo matemaacutetica percebemos que ensino desta arte nas escolas indiacutegenas eacute de suma importacircncia tanto para desenvolver os meacutetodos culturais de contagem e elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo na comunidade local como para conhecer o mundo ldquodos brancosrdquo e serem inseridos na comunidade universal Observa-se de maneira clara no RCN ndash Indiacutegena a relevacircncia da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras que estaacute ligada a construccedilatildeo de conhecimentos de acordo com os interesses de cada etnia indiacutegena

Identificar quais satildeo os interesses essenciais torna-se uma praacutetica decisiva para o entendimento de como a atividade matemaacutetica se desenvolve na praacutetica em diferentes contextos socioculturais e em determinados momentos histoacutericos

A matemaacutetica deve estruturar pensamentos e accedilotildees que juntamente com outras aacutereas de conhecimento podem promover a conquista da autonomia e autossustentaccedilatildeo das comunidades indiacutegenas Possibilitar uma melhor compreensatildeo das vaacuterias matemaacuteticas isto eacute dos diferentes sistemas numeacutericos e das variadas maneiras que cada sociedade encontrou para dar sentido ao universo Saber que o sistema matemaacutetico que utiliza natildeo eacute o uacutenico 2 OS POVOS INDIacuteGENS E A EDUCACcedilAtildeO ESCOLAR

Os povos indiacutegenas eram apenas conhecidos por seus valores simboacutelicos tradiccedilotildees costumes entre outros mas de certa forma precisavam estar inseridos na sociedade e ainda preservando sua cultura Por meio do direito agrave Educaccedilatildeo Indiacutegena puderam afirmar suas identidades eacutetnicas e essa conquista foi um importante passo para a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais do paiacutes

No ano de 2013 teve iniacutecio no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo um movimento para a inserccedilatildeo e enraizamento do reconhecimento da diversidade sociocultural da sociedade brasileira nas poliacuteticas e accedilotildees educacionais que se consolidou com a criaccedilatildeo da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad) agrave qual estaacute vinculada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI)

O objetivo da Secad era institucionalizar no Sistema Nacional de Ensino o reconhecimento da diversidade sociocultural como princiacutepio para a poliacutetica puacuteblica educacional

Desta forma a educaccedilatildeo escolar indiacutegena passa a receber um tratamento no MEC focado na afirmaccedilatildeo dos direitos humanos entre eles o de ter seus projetos societaacuterios e identitaacuterios fortalecidos nas escolas indiacutegenas

A Educaccedilatildeo (Consed) mobilizou fortemente o Sistema Nacional de Educaccedilatildeo para tratamento da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena como poliacutetica puacuteblica de garantia de direitos Anteriormente para a execuccedilatildeo de accedilotildees de formaccedilatildeo de professores indiacutegenas e de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos eram priorizadas pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo algumas organizaccedilotildees natildeo

governamentais em detrimento das Secretarias de Educaccedilatildeo

Foi criado um conjunto de accedilotildees para enraizar o tratamento da diversidade sociocultural no acircmbito educacional induzindo as Secretarias de Educaccedilatildeo a reconhecer o amplo campo da diversidade na reorganizaccedilatildeo de suas poliacuteticas prioridades e praacuteticas gerenciais

Foi implementada uma seacuterie de accedilotildees para a ampliaccedilatildeo da oferta da educaccedilatildeo baacutesica nas aacutereas indiacutegenas ndash segundo segmento do Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio - com o objetivo de desenvolver um tratamento sistecircmico dos princiacutepios e diretrizes da educaccedilatildeo escolar indiacutegena em todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino Assim as diretrizes de afirmaccedilatildeo das identidades eacutetnicas - de recuperaccedilatildeo das memoacuterias histoacutericas de valorizaccedilatildeo das liacutenguas e conhecimentos dos povos indiacutegenas - satildeo estendidas para toda a educaccedilatildeo baacutesica intercultural e tambeacutem para a formaccedilatildeo superior de professores indiacutegenas accedilatildeo esta que fundamenta a ampliaccedilatildeo da oferta de educaccedilatildeo baacutesica intercultural de qualidade

A Funai estruturou fundamentada nos Programas de Desenvolvimento Comunitaacuterio (PDC) respaldados pela ONU a implantaccedilatildeo do ensino biliacutengue nas escolas indiacutegenas A partir de 1991 retira a responsabilidade e as transfere para outros oacutergatildeos puacuteblicos Essa mudanccedila institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica indigenista eacute um marco importante pois envolve novas agecircncias do Estado no campo da definiccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Por definiccedilatildeo do Decreto Presidencial nordm 261991 o MEC passa a ser responsaacutevel em todos os niacuteveis e modalidades de ensino pela definiccedilatildeo de poliacuteticas de educaccedilatildeo escolar indiacutegena de qualidade fundamentada nos princiacutepios constitucionais e os Estados e os Municiacutepios passam a ser responsaacuteveis pela execuccedilatildeo desta poliacutetica educacional

Ainda em 1991 foi estruturada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) no acircmbito da entatildeo Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) para coordenar acompanhar e avaliar as accedilotildees pedagoacutegicas da educaccedilatildeo escolar indiacutegena no paiacutes

Em 2002 o Comitecirc Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena foi substituiacutedo pela Comissatildeo Nacional de Professores Indiacutegenas formada por treze professores

Em 2004 em atendimento agraves propostas e reivindicaccedilotildees do movimento indiacutegena essa Comissatildeo foi transformada em Comissatildeo Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena passando a ser composta por professores e lideranccedilas indiacutegenas por entender o movimento que ela natildeo deveria ser formada apenas por professores

Outro marco importante foi agrave criaccedilatildeo de uma vaga para um representante da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena no Conselho Nacional de Educaccedilatildeo A Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) atuou ateacute julho de 2004 quando por meio do Decreto Presidencial nordm 51592004 foi transformada em Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI) vinculada ao Departamento de Educaccedilatildeo para Diversidade e Cidadania

76 (DEDC) da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad)

Dentre os encaminhamentos importantes efetivados apoacutes a Constituiccedilatildeo de 1988 estaacute o Decreto Presidencial nordm 261991 que define o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo como o responsaacutevel pela proposiccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo escolar indiacutegena passando os Estados e Municiacutepios a ser responsaacuteveis por sua execuccedilatildeo sob orientaccedilatildeo do MEC

Segundo publicaccedilatildeo de Alex Rodrigues da Agecircncia Brasil em 25112013 O MEC planeja contratar a ampliaccedilatildeo reforma ou construccedilatildeo de 120 escolas indiacutegenas ateacute o final de 2014 aleacutem disso visa ampliar e qualificar as formas de acessos dos iacutendios agrave educaccedilatildeo baacutesica e superior conforme publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo do dia 31 de outubro

O objetivo deste programa eacute dar apoio teacutecnico e financeiro agrave educaccedilatildeo escolar indiacutegena visando a construccedilatildeo e a melhoria de estabelecimentos indiacutegenas nos 22 territoacuterios etnoeducacionais que compor a primeira fase do Programa Nacional dos Territoacuterios Etnoeducacionais

Com este programa acredita-se que os povos indiacutegenas estaratildeo mais qualificados e o programa poderaacute ser estendido buscando o aprimoramento nos processos de gestatildeo pedagoacutegica administrativa e financeira da educaccedilatildeo escolar indiacutegena

3 A ESCOLA INDIacuteGENA

A escola indiacutegena natildeo eacute muito diferente de uma escola de ldquobrancosrdquo eles aprendem matemaacutetica ciecircncias histoacuteria e claro portuguecircs O que diferencia eacute que os indiacutegenas enfatizam o ensino em sua proacutepria cultura o que valoriza sua histoacuteria e seu povo

ldquoCom a Constituiccedilatildeo de 1988 assegurou-se aos iacutendios no Brasil o direito de permanecerem iacutendios isto eacute de permanecerem eles mesmos com suas liacutenguas culturas e tradiccedilotildees Ao reconhecer que os iacutendios poderiam utilizar as suas liacutenguas maternas e os seus processos de aprendizagem na educaccedilatildeo escolar ()rdquo (Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena 2002 Paacuteg 9)

A escola tem como objetivo formar alunos criacuteticos e responsaacuteveis para enfrentar a sociedade democraacutetica e o mercado de trabalho Segundo a LDB a nossa educaccedilatildeo tem como deveres

Art 1 A educaccedilatildeo abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na convivecircncia humana no trabalho nas instituiccedilotildees de ensino e pesquisa nos movimentos sociais e organizaccedilotildees da sociedade civil e nas manifestaccedilotildees culturais sect 1ordm Esta Lei disciplina a educaccedilatildeo escolar que se desenvolve predominantemente por meio do ensino em instituiccedilotildees proacuteprias sect 2ordm A educaccedilatildeo escolar deveraacute vincular-se ao

mundo do trabalho e agrave praacutetica social (BRASIL 1996 Art 1) A educaccedilatildeo Indiacutegena tem como objetivo a recuperaccedilatildeo de suas memoacuterias histoacutericas a reafirmaccedilatildeo de suas identidades eacutetnicas a valorizaccedilatildeo de suas liacutenguas e ciecircncias e garantir o acesso agraves informaccedilotildees conhecimentos cientiacuteficos e teacutecnicos da sociedade nacional e demais sociedades indiacutegenas (TIacuteTULO VIII Das Disposiccedilotildees Gerais Art 781996)

Sendo assim os valores e os objetivos de cada educaccedilatildeo satildeo semelhantes mas cada uma com seu meacutetodo para aplicar de acordo com meio que vive

4 COMPARACcedilAtildeO ENTRE O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS INDIacuteGENAS E O PARAcircMETRO CURRICULAR NACIONAL

Neste momento procuramos uma comparaccedilatildeo entre o Referencial Curricular para Escolas Indiacutegenas e o Paracircmetro Curricular Nacional (PCN) que satildeo usadas em todas as escolas oficiais brasileiras no que refere a disciplina de Matemaacutetica Ambos satildeo documentos oficiais emitidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) Para esta comparaccedilatildeo nominaremos estes dois documentos respectivamente como RCN - Indiacutegena e PCN I ndash DA IMPORTAcircNCIA DA MATEMAacuteTICA

No RCN - Indiacutegena a razatildeo mais significativa da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras segundo os professores e alunos indiacutegenas eacute o contato com a ldquosociedade mais ampla4rdquo para melhor entender o ldquomundo dos brancosrdquo Tambeacutem eacute importante o estudo desta disciplina para a elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo pela comunidade local

Segundo a percepccedilatildeo indiacutegenas haacute existecircncia de muitas matemaacuteticas antes mesmo de conhecer a matemaacutetica formal acadecircmicas padronizada pela cultura branca vaacuterias civilizaccedilotildees indiacutegenas jaacute fazia o uso do sistema de contagem manejar quantidades e conhecimento do espaccedilo mesmo natildeo tendo um registro formal do mesmo Pois haacute vaacuterias maneiras de olhar o mundo cosmovisatildeo diferentes

Neste sentido e pautados no PCN que podemos entender a aprendizagem da matemaacutetica como uma ferramenta para inserir o cidadatildeo brasileiro no mundo do trabalho nas relaccedilotildees sociais e culturais da sociedade brasileira Eacute na diversidade eacutetnica que os modos de vida com seus valores e crenccedilas que a educaccedilatildeo se interessa como um desafio a ser entendido e apreendido

4 Ou sociedade envolvente equivale a sociedade brasileira mais ampla

77 II ndash A RAZAtildeO DO ESTUDO DA MATEMAacuteTICA

O estudo da matemaacutetica para compreender a vida mais amplamente estaacute relacionada a utilizaccedilatildeo das diversas tecnologias que utiliza dados numeacutericos e quantitativos Segundo os proacuteprios indiacutegenas a cultura dos nuacutemeros Segundo Alpaacute Trunai

ldquoEacute importante o estudo da matemaacutetica porque o mundo dos brancos eacute todo cheio de nuacutemeros Eles sempre querem saber quando chegamos aqui qual nossa idade quantos iacutendios satildeo aqui no Xingu ou quanto de terra a gente precisa para viver O mundo dos brancos eacute um mundo dos nuacutemerosrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 160)

Segundo o RCN - Indiacutegena a importacircncia do estudo

da matemaacutetica estaacute intimamente relacionada com o contato com a cultura da sociedade envolvente Nas reservas e nos parques nacionais indiacutegenas que satildeo administrados pela FUNAI o conhecimento da matemaacutetica eacute um preacute-requisito baacutesico pois os iacutendios deveratildeo saber fazer a leitura de mapas para vigiar as divisas leitura de tabelas graacuteficos na atenccedilatildeo agrave sauacutede dosagem de medicamentos recebimento de contra-cheques a administraccedilatildeo de contas bancaacuterias tudo isto envolve conhecimento miacutenimo da matemaacutetica

A matemaacutetica torna-se uacutetil a civilizaccedilatildeo indiacutegena quando ldquotorna-se significativa para quem estuda agrave medida que ela contribui para entender o mundo local e tambeacutem o mais amplordquo (RCN - indiacutegena pag 160)

A lideranccedila professores e alunos da cultura indiacutegena afirmam que a matemaacutetica eacute importante na medida que ajuda dar autonomia aos povos indiacutegenas para sua autossustentaccedilatildeo e ralaccedilatildeo mais igualitaacuterias com a sociedade brasileira mais abrangente III ndash A APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA E A VAacuteRIAS CULTURAS INDIacuteGENAS BRASILEIRAS

Cada comunidade indiacutegena tem sua proacutepria cosmologia isto eacute sua forma de ver o mundo em sua volta sua maneira de elaborar seus procedimentos de ordenar contar classificar e quantificar essa realidade e seus elementos culturais ldquoSatildeo esses procedimentos especiacuteficos e diferentes de contar medir classificar e ordenar que fazem par cate da matemaacutetica de cada povordquo (RCN-Indiacutegena pg 160) Cada grupo cultural tem forma proacutepria de lsquomatematizarrdquo Segundo o professor indiacutegena Kaiabi do Parque Indiacutegena Xingu MT ldquoa matemaacutetica indiacutegena existe principalmente em seus artesanatos Os desenhos nas peneiras tecircm que contar os talinhos eu aprendi assim sem saber se era matemaacutetica ou natildeo Agora depois que a gente aprendeu que aquilo laacute era matemaacutetica Eu jaacute sabia que tinha aprendido matemaacutetica indiacutegenardquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 161) Eacute necessaacuterio deixar claro que o estudo dos nuacutemeros e as operaccedilotildees aritmeacuteticas eacute apenas um dos campos da

matemaacutetica E que se um determinado povo em seu sistema da contagem e quantificaccedilatildeo natildeo vaacute aleacutem de dois ou trecircs ou natildeo ultrapasse de dez que eacute quase a maioria dos povos indiacutegenas brasileiros natildeo quer dizer que estes povos natildeo tenham desenvolvido o conhecimento matemaacutetico Satildeo somente formas diferentes de conceber o espaccedilo padratildeo geomeacutetrico distinto modo de delimitar medir e registrar o tempo e as quantidades

Por exemplo os artesotildees Kamayuraacute quando fazem o motivo macaco que eacute usado em seus artesanatos eles utilizam de 8 grupos de 3 tiras para formar a figura desejada apresentando a largura de 24 tiras isto eacute 8 x 3= 24 Esses utilizam de vaacuterias relaccedilotildees ou foacutermulas matemaacuteticas na confecccedilatildeo de cestos que seratildeo usados pela comunidade e vendidos para os turistas dando rendimento a comunidade Este eacute um uso praacutetico da matemaacutetica no dia-a-dia das comunidades indiacutegenas

Outro exemplo praacutetico do uso da matemaacutetica satildeo os tranccedilados de palha da comunidade Tapirapeacute que aleacutem do nuacutemero de tiras eacute necessaacuterio saber o acircngulo variados o acircngulo baacutesico eacute de 60ordm (sessenta graus) Nos chapeacuteus usam o acircngulo de 30ordm ou 90ordm e em suas confecccedilotildees usam a forma canocircnicas circulares e ciliacutendricas Tudo isto eacute conhecimento praacutetico da matemaacutetica

No PCN a matemaacutetica tambeacutem teraacute de partir do exemplo praacuteticos da vivecircncia dos alunos do uso da matemaacutetica na compra de produtos em um Supermercado para avanccedilar em conceitos teoacutericos e abstrato A matemaacutetica eacute uma das ferramentas para a construccedilatildeo da cidadania IV ndash O ESTUDO DA MATEMAacuteTICA E SUA RELACcedilAtildeO COM OS CONHECIMNTOS EM OUTRAS AacuteREAS DO CURRICULO

O RCN-Indiacutegena retrata que a matemaacutetica eacute uma das bases para a construccedilatildeo do conhecimento de outras aacutereas do curriacuteculo com a Histoacuteria Geografia Liacutenguas Indiacutegenas e Portuguecircs Ciecircncias Naturais O documento retrata por exemplo que na leitura de tabelas e mapas assunto a Geografia eacute um conhecimento matemaacutetico e isto ocorre com outras disciplinas isto eacute o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico perpassa outras disciplinas

A termologia numeacuterica da liacutengua PALIKUR falada por povos indiacutegenas do Amapaacute eacute rica em numerologia Abaixo trazemos na integra o testemunho de um professor indiacutegena mostrando a proximidade da liacutengua com os nuacutemeros

ldquoAntigamente o meu povo jaacute sabia contar ateacute dez um era chamado na liacutengua SATU que significa um objeto dois eacute chamado HEPI os objetos trecircs eacute chamado MAPA tambeacutem objeto quatro eacute chamado JEPIRERU que quer dizer dois companheiros ou casal (dois casais satildeo quatro) cinco eacute chamado PAMYO que quer dizer um lado da matildeo seis eacute chamado PATSRUJIRE que quer dizer mais um companheiro sete eacute chamado YOKHIPI que quer dizer apertador de certo objetos oito eacute chamado PAYOKHIPRE que quer

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dizer um dos apontadores nove eacute chamado MTURUJI um dos pequenos dez eacute chamado SATU PROLOLU e considerado como dizer tudo Uma pessoa fica com tudo o zero representa o todo o um representa a pessoardquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 163)

Formaccedilatildeo linguiacutestica Palikur eacute no sistema decimal o

nuacutemero de 1 a 10 classifica os elementos (substantivos e verbos) a que o numeral natildeo se refere simplesmente ao numeral na forma quantitativa na qualitativamente se refere a um ser vivo (gente animal plantas) jaacute os seres inanimados como as pedras as ocas eles ser referem a sua forma geomeacutetrica

Na liacutengua Palikuacuter o nome do nuacutemero 10 eacute madikauku que significa o fim das matildeos (ou seja foram contados todos os dedos ateacute 10) Os Rikbaktsa do norte do Mato Grosso fazem a mesma associaccedilatildeo 1 - Stuba (que significa como um dedo da matildeo) 2 - Petoktsa (como dois dedos da matildeo) 3 - Hokkykbyihi (como trecircs dedos da matildeo) 4 - Sihokkykkyktsa (como quatro dedos da matildeo) 5 - Mytsyhyyytsawa (como a minha matildeo) 6 - Mytsyhyyytsawa usta tsyhy humo stuba (como a minha matildeo e o dedo da outra matildeo) (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

O conhecimento matemaacutetico estaacute diretamente ligado

com as outras disciplinas sendo significado dentre os outros conhecimentos de mundo V ndash A CULTURA E O PENSAMENTO MATEMAacuteTICO

Trabalhar os conteuacutedos no estudo de Matemaacutetica significa estar atento a trecircs campos de estudos isto eacute abordado tanto no RCN-Indiacutegena tanto como no PCN estes campos satildeo 1 O estudo dos nuacutemeros e das operaccedilotildees 2 O estudo do espaccedilo e das formas 3 O estudo das grandezas e medidas

Em cada cultura estas aacutereas do conhecimento matemaacutetico podem ter visatildeo e aplicaccedilotildees diferentes Na cultura ocidental dar alguma coisa eu uso a subtraccedilatildeo simbolizado por um tracinho ( - ) e quando eu ganho alguma coisa eacute me adicionado algo eu somo que eacute simbolizado por uma cruz ( + ) mas na cultura indiacutegena isto natildeo necessariamente assim como testemunha um professor indiacutegena

ldquoQuando os Suyaacute datildeo alguma coisa para algueacutem isto natildeo quer dizer que a gente fica com menos Quando eu dou peixe para meu irmatildeo ele sempre me paga de volta Entatildeo se eu tenho 10 e dou 3 para ele ele vai me dar mais peixe quando ele for pescar Aiacute eu faccedilo

10 + 3 e natildeo 10 -3 Robtokti Professor Suyaacute Parque Indiacutegena do Xingurdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 166)

Vemos que a loacutegica-matemaacutetica pode mudar conforme a cultura nesta concepccedilatildeo natildeo haacute uma verdade absoluta

O PCN traz o conceito geral matemaacutetico na cosmovisatildeo ocidental que segue um modelo econocircmico o capitalismo que foca no individualismo e o RCN-Indiacutegena uma cosmovisatildeo indiacutegena que segue um modelo comunitaacuterio de vida que o foco natildeo eacute o indiviacuteduo mas a comunidade As comunidades indiacutegenas brasileiras por serem aacutegrafas ou seja natildeo usar a escrita natildeo possui registro numeacuterico como o nosso como nos conta os professores indiacutegenas

ldquoQuando noacutes natildeo tiacutenhamos ainda contato a gente tinha pouquiacutessimo nuacutemero soacute ia ateacute cinco soacute dez mesmo no maacuteximo Depois a gente soacute contava assim pelo nuacutemero de noacutes (num fio) quando as pessoas iam fazer quinze dias pra pescaria Kanawayuri Marcelo professor Kamaiuraacute Parque Indiacutegena do Xingu MTrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 167) ldquoSoacute que o povo natildeo usava a escrita soacute a memoacuteria e nunca deixaram de observar os dedos quando aparecia qualquer tipo de objeto aiacute logo eram usados os dedosrdquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

Na numeraccedilatildeo tradicional Xavante por exemplo os

agrupamentos satildeo de 2 em 2 caracteriacutestica da organizaccedilatildeo social dualista do povo Isto significa que os Xavante pensam o mundo a partir de pares de metades noacutes (os Xavante) vs eles (os natildeo-Xavante) parentes consanguiacuteneos (ligados por laccedilos de sangue) vs parentes afins homens vs mulheres o domiacutenio puacuteblico do paacutetio da aldeia vs o domiacutenio domeacutestico das casas entre muitos outros A maneira como os Xavante procedem em seus esquemas loacutegicos segue a mesma loacutegica que estaacute presente na maneira como se organizam socialmente Tais esquemas orientam a resoluccedilatildeo de problemas como o seguinte Plantamos 5 canteiros de cebola Em cada canteiro fizemos 9 covas para as sementes Quantas covas fizemos ao todo

A resposta 9 + 9 = 18 18+ 18 = 36 36 + 9 = 45 A loacutegica de relacionar de agrupamento de dois em dois

Esse exemplo mostra que para resolver esse problema o caminho usado para chegar agrave soluccedilatildeo segue a mesma loacutegica de como os Xavantes organizam as entidades fazendo agrupamentos de dois Esta questatildeo deve ser levada em conta no processo de estudo da matemaacutetica como trata o Referencial para escolas indiacutegenas nisto contrasta o PCN que tem uma filosofia neoliberalista no seu contexto

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5 CONCLUSAtildeO A matemaacutetica tem sua base de formaccedilatildeo no raciociacutenio

loacutegico dos indiviacuteduos na capacidade de reconhecer padrotildees e de criar sistemas compatiacuteveis com a realidade com isso observa-se que indiviacuteduos de diversas culturas partem do mesmo princiacutepio de raciociacutenio como exemplo a contagem poreacutem seus meacutetodos ou a maneira como satildeo representados difere A representaccedilatildeo diferente de cada cultura demonstra a capacidade criativa do ser humano que pode associar siacutembolos com o ambiente em que vive e a celebraccedilatildeo deste potencial criativo pode-se chamar de matemaacutetica algo que todos fazem mesmo que sem perceber no dia-a-dia

Com o apoio do MEC e de vaacuterios oacutergatildeos para levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo e trazer a deste povo para a nossa sociedade eacute possiacutevel construir uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual e passar conhecer os meacutetodos mais novos desenvolvidos auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados

REFEREcircNCIAS BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia DF 1996 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetro Curricular Nacional Brasiacutelia DF 1997 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014) BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indiacutegenas Brasiacutelia DF 1998 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo As Leis e a Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Brasiacutelia DF 2002 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 Iracema e Dulce Matemaacutetica Ideias e Desafios (2012) - editora Saraiva Zalavsky Claacuteudia ndash Jogos e atividades Matemaacuteticas do Mundo Inteiro ndash Artmed Editora 2000 DrsquoAmbroacutesio U Elo entre as tradiccedilotildees e a modernidade -(2007) editora Autentica Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (SecadMEC) ndash Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena diversidade sociocultural indiacutegena ressignifi cando a escola (2007) Rodrigues A - MEC anuncia reforma e construccedilatildeo de escolas indiacutegenas acesso em httpeducacaouolcombr noticias20131125mec-anuncia-reforma-e-construcao-de-escolas-indigenashtm Breda A amp Do Rosaacuterio V M (2011) Etnomatemaacutetica sob dois pontos de vista a visatildeo ―DlsquoAmbrosiana e a

visatildeo Poacutes-Estruturalista Revista Latinoamericana de Etnomatemaacutetica 4(2) 4- 31 DrsquoAmbroacutesio U (2008 marccedilo) Etnomatemaacutetica e histoacuteria da matemaacutetica Palestra apresentada no 3ordm Congresso Brasileiro de Etnomatemaacutetica Niteroacutei RJ Brasil DrsquoAmbroacutesio U (1994) A etnomatemaacutetica no processo de construccedilatildeo de uma escola indiacutegena Em Aberto 63 pp 93-99 Luiacutes Donisete Benzi Grupioni L D B Secchi D Guarani V ndash Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Cardoso F H Souza P R - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (1996)

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EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO

Mauro Elias Gebran Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

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Vacircnia Maria Jorge Nassif Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

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RESUMO Este estudo tem por objetivo identificar os fatores que impulsionam as mulheres a ingressar no mercado de trabalho Algumas satildeo motivadas por necessidade outras buscam uma oportunidade Essas accedilotildees satildeo vistas muitas vezes como atitude empreendedora percepccedilatildeo de mercado ou ainda busca de sobrevivecircncia A pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e o meacutetodo qualitativo Participaram da pesquisa trecircs mulheres consideradas empreendedoras pelo desafio e conquistas O instrumento de coleta de dados eacute a entrevista tendo seus dados transcritos e analisados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e as histoacuterias narradas Procurou-se entender como as necessidades financeiras foram transformadas em oportunidade e conquistaram seu espaccedilo no mundo do trabalho A pesquisa realizada demonstra que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitam o ingresso para o mundo do trabalho e assim empreendem Algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila auxiliam nas accedilotildees sobretudo quando precisam lidar com momentos de dificuldades e desafiadores Atividades profissionais vivenciadas no mundo corporativo ocupando diferentes cargos e mostrando eficiecircncia nos quesitos tais como motivaccedilatildeo lideranccedila e determinaccedilatildeo contribuem com as experiecircncias empreendedoras na atualidade Sinalizam a importacircncia do trabalho formal boa convivecircncia e condiccedilotildees de trabalho para seus colaboradores como forma de sucesso do empreendimento Palavras-chave Empreendedorismo Empreendedorismo Feminino Conquista ABSTRACT This study aims to identify the factors that push women to enter the labor market Some are motivated by necessity others look for an opportunity These actions are often seen as entrepreneurial attitude and perception of market or still searching for survivors The research is exploratory and use qualitative methods Study participants considered three women entrepreneurs for the challenge and achievement The instrument of data collection is the interview with your data transcribed and analyzed using content analysis of storytelling We

sought to understand how the financial needs were transformed into opportunity and conquered its space in the world of work The survey shows that attitudes elected as important to undertake or facilitate entry into the world of work and thus undertake Some characteristics such as courage optimism confidence and help balance the actions especially when they need to deal with difficult moments and challenging Professional activities experienced in the corporate world occupying different positions and showing efficiency in questions such as motivation leadership and determination contribute to the entrepreneurial experience today Keywords Entrepreneurship Female Entrepreneurship Achievement INTRODUCcedilAtildeO Conforme Machado (2009) o desenvolvimento econocircmico de muitas localidades tem-se favorecido com a atuaccedilatildeo de mulheres empreendedoras A autora pontua ainda que mundialmente observa-se o crescimento das iniciativas empreendedoras por parte de mulheres Machado (2009) revela ainda que conforme Das (1999) e OECD (2000) haacute trecircs diferentes grupos de empreendedoras quais sejam empreendedoras por acaso ndash iniciam suas atividades sem objetivos e planos sem uma formaccedilatildeo especiacutefica e pouca experiecircncia empreendedoras forccediladas aquelas cujo contexto as levou a assumir atividades inesperadamente e empreendedoras criadoras aquelas que criaram e conquistaram independecircncia e autonomia e apresentam grande potencial Outra classificaccedilatildeo encontrada na literatura refere-se agrave pesquisa do GEM (2007) que tipifica dois grupos de empreendedores sem distinccedilatildeo de gecircnero sendo eles empreendedores por necessidade e por oportunidade Independentemente das classificaccedilotildees encontradas nos estudos acerca do tema fica claro que as mulheres satildeo ainda vistas de maneira discriminada no mercado de trabalho Assim encontra-se em Grzybovski et al (2002) que apesar dos avanccedilos ocorridos nas uacuteltimas deacutecadas em relaccedilatildeo agraves mulheres que ocupam cargos gerenciais

81 nas empresas o preconceito e a discriminaccedilatildeo ainda satildeo poderosas barreiras agrave presenccedila feminina nos negoacutecios Botelho (2008) desenvolve pesquisa em contexto corporativo apresentando o fenocircmeno do teto de vidro em que as barreiras invisiacuteveis enfrentadas por mulheres empreendedoras satildeo advindas da cultura e da sociedade e que perpassam ao mundo dos negoacutecios O autor afirma que essas barreiras podem ser traduzidas em estereoacutetipos preconceitos e discriminaccedilatildeo que as mulheres sofrem ao se dedicarem a suas empresas Mas podem tambeacutem ser encontradas na dupla jornada de trabalho nos conflitos entre seu trabalho e famiacutelia e na segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Essas reflexotildees suscitaram grande motivaccedilatildeo pela realizaccedilatildeo desse estudo Assim essa pesquisa tem por objetivo identificar quais satildeo os fatores que impulsionam as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA O destaque que as mulheres vecircm conquistando no mundo dos negoacutecios e no mercado de trabalho com cargos que ateacute entatildeo vinham sendo ocupados por maioria masculina ganhou repercussatildeo e isso avanccedila a cada dia que passa Natildeo importa se por necessidade ou por simples oportunidade as mulheres tecircm alcanccedilado seus objetivos cumprindo metas e se dispondo ao mercado Ainda com relaccedilatildeo ao empreendedorismo as mulheres contam com um aumento constante de sua participaccedilatildeo ultrapassando no ano de 2007 o niacutevel de empreendedorismo entre os homens Esse estudo foi divulgado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2007) que posicionou as mulheres brasileiras em 7ordm lugar no ranking mundial de empreendedorismo feminino com uma taxa de 1271 Para o SEBRAE (2008) esses dados representam uma inversatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho pois em 2001 os homens empreendedores representavam 71 contra 29 das mulheres Para GEM (2007) a principal motivaccedilatildeo feminina para empreender eacute a necessidade apontada por 68 das mulheres proporccedilatildeo que cai para 38 quando apontada pelos homens (BOTELHO 2009) O mercado estaacute se adaptando cada vez mais ao perfil feminino contando com a participaccedilatildeo de empreendedoras no mundo dos negoacutecios Segundo estudos realizados pelo SEBRAE (2006) nas microempresas entre 2002 e 2006 houve um crescimento de 396 para 413 na participaccedilatildeo feminina as quais lideram o ranking de abertura de novas empresas que geram lucros abrindo oportunidade de empregos Kets de Vries (1995) apud Paiva-Junior (2006) diz que os empreendedores precisam criar seu proacuteprio ambiente e sobre o entendimento de que o empreendedorismo parece ser antes e acima de tudo um fenocircmeno regional em que o comportamento empreendedor eacute diretamente afetado por cultura necessidade e haacutebitos de uma dada regiatildeo

Segundo Dornelas (2001) as caracteriacutesticas do empreendedor satildeo iniciativa para criar um novo negoacutecio e paixatildeo pelo que faz utiliza os recursos disponiacuteveis de forma criativa transformando o ambiente social onde vive aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar Para ele empreendedores satildeo pessoas diferenciadas que possuem motivaccedilatildeo singular apaixonada pelo que fazem natildeo se contentam em ser mais um na multidatildeo querem ser reconhecidas e admiradas referenciadas e imitadas querem deixar um legado Para Paiva Junior (2006) o empreendedor pode ser um eixo de desenvolvimento para a geraccedilatildeo expansatildeo e reestruturaccedilatildeo de empresas voltadas para a busca e exploraccedilatildeo de oportunidades Conforme a visatildeo de Dollinger apud Junior (2006) o empreendedor eacute um indiviacuteduo que estaacute voltado para a maneira como pode influenciar sua equipe a fazer o que seria uacutetil para a empresa O empreendedor como liacuteder deve estar apto a perceber tendecircncias emergentes no ambiente com diversos tipos de informaccedilotildees e ajustado agraves percepccedilotildees e agrave direccedilatildeo em que caminham as forccedilas ambientais Filion (1999) relata que ateacute agora natildeo foi possiacutevel estabelecer um perfil psicoloacutegico absolutamente cientiacutefico do empreendedor e que os comportamentos em si podem melhor predizer o ecircxito que eles alcanccedilam na interaccedilatildeo com o mercado Gimenez amp Machado (2000) afirmam que empreendedorismo eacute mais bem visto como um comportamento transitoacuterio que apresenta muito da situaccedilatildeo enfrentada pelo empreendedor Depois de detalhado estudo Armond et al (2009) relatam que o empreendedor natildeo eacute algueacutem que eacute de determinada maneira mas sim algueacutem que se comporta de determinada maneira Baron et al (2007) define da seguinte forma empreendedorismo como disciplina para uma carreira de sucesso eacute encontrado entre as pessoas capazes de enxergar a necessidade de inovaccedilatildeo O empreendedorismo eacute um processo que desenvolve e natildeo nasce completo em si mesmo pois para por fases distintas para chegar ao sucesso Entatildeo empreendedoras satildeo as pessoas que enxergam facilmente uma necessidade e transformam-na em inovaccedilatildeo Contudo muito importante citar que as informaccedilotildees a respeito dessa necessidade eacute que iraacute permear a evoluccedilatildeo da inovaccedilatildeo pois disso parte a tomada de decisatildeo Baron et al (2007) continua afirmando que as oportunidades empreendedoras existem porque as pessoas dispotildeem cada vez mais de uma maior quantidade de informaccedilotildees diferentes que influenciam na tomada de decisatildeo para fazer o novo acontecer essas oportunidades natildeo acontecem somente para o lanccedilamento de produtos ou serviccedilos mas tambeacutem tomam forma de novos meacutetodos de produccedilatildeo novas mateacuterias-primas novas maneiras de organizaccedilotildees e consequentemente novos mercados Nassif et al (2008) concluem que o empreendedor eacute o ator social que tem como caracteriacutesticas pessoais o ser corajoso para assumir riscos e outras caracteriacutesticas de caraacuteter e personalidade que o impulsiona para o sucesso por isso eacute conhecido por suas accedilotildees O empreendedor eacute tambeacutem aquele que se relaciona

82 em um contexto por meio de um conceito ou ideia diferente de negoacutecio Para Schumpeter (1982) o empreendedorismo eacute a busca de novas direccedilotildees diferencial competitivo e novas conquistas associados agrave inovaccedilatildeo na medida em que sua essecircncia estaacute na percepccedilatildeo e aproveitamento de oportunidades de negoacutecio no desejo de fundar novo empreendimento de utilizar recursos de uma nova forma e na alegria de criar de fazer coisas e de exercitar a energia da engenhosidade Schumpeter (1982) conceitua o empreendedor como o agente do processo de destruiccedilatildeo criativa capaz de introduzir o novo e gerar riquezas para um paiacutes o qual eacute o impulso fundamental que aciona e manteacutem em marcha o motor capitalista constantemente criando novos produtos novos meacutetodos de produccedilatildeo e novos mercados Para facilitar os estudos propostos menciona-se ainda o pensamento de Dolabela (1999) segundo o qual qualquer pessoa pode empreender desde que tenha capacidade de sonhar e tenha motivaccedilatildeo para transformar em realidade seus desejos Literaturas mostram que as pessoas podem empreender porque tiveram a visatildeo e a percepccedilatildeo de uma oportunidade ou ainda satildeo pessoas que por necessidade se lanccedilam no empreendedorismo De acordo com Pereira (2003) atualmente existem avanccedilados estudos que mostram a existecircncia de pesquisas em aacutereas bem especiacuteficas como Empreendedorismo Feminino [Baughn et al (2006) AHL (2006) Lindo et al (2007)] Empreendedorismo Indiacutegena [Pereira (2003) Lindsay (2005)] Empreendedorismo Homossexual ndash Willsdon (2005) e Empreendedorismo de Afro-descendentes ndash Boxill (2003) Tais estudos referem-se a grupos sociais que em decorrecircncia de sua especificidade encontram maiores obstaacuteculos em relaccedilatildeo agrave sua accedilatildeo empreendedora por isso procuram verificar como lidam com esses obstaacuteculos O Empreendedorismo Feminino ndash Inserccedilatildeo das mulheres no trabalho Segundo Macedo (2007) formando 70 de todos os novos negoacutecios as mulheres possuem hoje mais de 85 milhotildees de pequenas empresas que empregam mais de 17 milhotildees de pessoas um aumento de 45 desde 1990 Para abertura desses negoacutecios percebe-se que as caracteriacutesticas entre os homens e as mulheres satildeo bem semelhantes mas as mulheres diferem em termos de motivaccedilatildeo habilidades empresariais e de histoacuterico profissional Necessidade e oportunidade se misturam dando espaccedilo para as mulheres abrirem seus proacuteprios negoacutecios Aidis et al(2007) Baughn et al (2006) apontam alguns motivos para a opccedilatildeo de empreender como forma de superar a desigualdade de gecircnero em economias desenvolvidas e em desenvolvimento Esses autores pontuam que para muitas mulheres empreendedoras estrutura limitada de oportunidades no mercado de trabalho a discriminaccedilatildeo no mercado de trabalho enfrentamento com a situaccedilatildeo de teto de vidro na

carreira ou mesmo a necessidade de conciliar muacuteltiplos papeacuteis tem levado as mulheres agrave escolha do autoemprego como uma estrateacutegia de sobrevivecircncia Os fatores acima apontados satildeo tambeacutem considerados importantes na medida em que os mesmo podem levar as empreendedoras agrave conquista de oportunidades para a independecircncia desafio iniciativa bem como o sucesso e a satisfaccedilatildeo por meio da iniciativa empresarial (HUGHES 2003 BAUGHN et al 2006) Outra pesquisa apresenta diferentes aspectos no que se refere agraves conquistas profissionais e satisfatoacuterias para ambos apontando que para homens eacute muito importante status para a realizaccedilatildeo dos relacionamentos enquanto que para as mulheres os aspectos mentais e sociais satildeo os mais valorizados (EDDLESTON POWELL 2008) De acordo com Jamali (2009) as empresas que pertencem a mulheres tendem a ser menores com um crescimento mais lento e menos rentaacutevel do que as empresas que pertencem a homens Ainda de acordo com esse autor algumas medidas objetivas de desempenho tecircm sido tradicionalmente utilizadas no contexto de empreendedorismo das mulheres incluindo o volume de negoacutecios e o crescimento do emprego e soacute recentemente tem sido complementada por medidas tais como o crescimento financeiro interdependecircncia no desempenho sucesso no proacuteprio negoacutecio e objetivos pessoais Desempenho e crescimento tambeacutem satildeo afetadas prevalecendo as expectativas de papel a natureza e a extensatildeo do apoio da famiacutelia bem como responsabilidades familiares e domeacutesticas Assim o desempenho no contexto do feminino empreendedorismo tem sido reconhecido como um constructo complexo afetado por vaacuterios antecedentes e fatores externos Uma pesquisa tambeacutem da GEM (2007) aponta que as mulheres brasileiras estatildeo em quarto lugar no ranking mundial de empreendedorismo A necessidade nesse caso tem impulsionado as mulheres nessa direccedilatildeo De acordo com a pesquisa quase 60 delas se lanccedilam para abrir negoacutecio proacuteprio para ajudar nas despesas de casa Pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) somente a partir de 2006 a mulher com atividade empreendedora passou a ser socialmente aceita Provavelmente estas mulheres ainda encaram diariamente a jornada dupla de cuidar tambeacutem dos filhos e dos afazeres domeacutesticos A participaccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho cresceu no decorrer dos uacuteltimos anos e muitas mulheres sobressaem-se com posiccedilotildees de topo em uma empresa mas por outro lado ainda encontram resistecircncia com desigualdade salarial comparado aos homens Inserida no mercado de trabalho a mulher ainda sofre com a discriminaccedilatildeo e com preconceitos e isso pode impulsionaacute-las a procurar crescimento no mundo dos negoacutecios e assim sendo comeccedilam a se destacar e ganhar espaccedilo de certa forma superando os homens Nas pesquisas de Antunes apud Cavedon Girodani amp Craide (2006) diz-se que estaacute ocorrendo um aumento significativo da forccedila de trabalho feminino

83 Segundo esse mesmo estudo a mulher representa mais de 40 da forccedila de trabalho em diversos paiacuteses avanccedilados Segundo o autor a desigualdade salarial ainda impera pois o percentual de remuneraccedilatildeo das mulheres ainda eacute bem menor do que aquele auferido pelo trabalho masculino Para Carloto apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) a entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho natildeo significa uma mudanccedila revolucionaacuteria em suas vidas uma vez que continuam responsaacuteveis pelas atividades reprodutivas e pelos cuidados com o lar e os membros da famiacutelia Ainda satildeo vistas como as que ajudam no orccedilamento familiar enquanto cabe aos homens o papel de provedor Portanto ainda existem preconceitos por parte da sociedade e do mundo masculinizado quanto aos trabalhos que as mulheres exercem natildeo obstante na maioria dos casos elas ganharem um salaacuterio maior do que os salaacuterios dos maridos satildeo vistos como salaacuterios que complementam a renda familiar e isso com tonalidade de menosprezo Contudo as mulheres lutam e expressam o desejo natildeo de serem independentes mas de terem igualdade para prover o sustento da famiacutelia Segundo Lipovetsky apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) as mulheres por meio da nova cultura do trabalho exprimem a vontade de conquistar uma identidade profissional pela e mais amplamente o desejo de serem reconhecidas a partir do que fazem natildeo mais do satildeo por natureza Nesse ponto percebe-se que a diferenccedila entre homens e mulheres se estreitou mesmo assim o trabalho feminino ainda natildeo eacute considerado igual ao do homem Nogueira apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) afirma a conotaccedilatildeo de que o trabalho e salaacuterio feminino satildeo complementares a fim de auxiliar nas necessidades de subsistecircncia familiar embora hoje se saiba que para algumas famiacutelias o trabalho da mulher eacute imprescindiacutevel para o equiliacutebrio do orccedilamento familiar principalmente nas classes populares Haacute um avanccedilo perceptiacutevel nas mudanccedilas culturais e isso coloca as mulheres num patamar um pouco mais confortaacutevel no que diz respeito agrave aceitabilidade de seus trabalhos e suas remuneraccedilotildees As mulheres ainda lutam para ganhar seu espaccedilo mediante ao que estaacute proposto no Artigo 113 inciso 1 da Constituiccedilatildeo Federal todos satildeo iguais perante a lei Mas ainda lutam para colocarem essa lei em praacutetica A mulher tem sido inserida no mercado de trabalho atraveacutes de um processo lento que comeccedilou haacute pouco tempo em funccedilatildeo das condiccedilotildees de submissatildeo impostas pela sociedade Contudo natildeo obstante as barreiras encontradas os preconceitos ou ainda falta de sensibilidade para os problemas exclusivamente femininos Quando ingressam no mercado de trabalho buscam sua valorizaccedilatildeo mostrando que satildeo capazes de exercer as funccedilotildees que os homens exercem e com mais presteza e empenho ainda No tocante ao empreendedorismo nota-se que houve um aumento considerado do nuacutemero de mulheres trabalhando por conta proacutepria sendo que comparado aos

homens elas iniciam novos empreendimentos trecircs vezes mais METODOLOGIA Embora o assunto em pauta seja recorrente na literatura ainda haacute de se ampliar o conhecimento no escopo dessa pesquisa levando em consideraccedilatildeo as especificidades de cada contexto regiatildeo cultura e outras variaacuteveis que vecircm apresentando variaccedilotildees e revelando diferentes posicionamentos sobretudo de mulheres empreendedoras Essa eacute a fundamentaccedilatildeo baacutesica para fazer pesquisa na aacuterea de ciecircncias sociais e aplicadas A pesquisa foi classificada como qualitativa de natureza exploratoacuteria e descritiva Qualificada segundo Vergara (2000) a pesquisa foi classificada conforme dois criteacuterios baacutesicos quanto aos meios e quanto aos fins Quanto aos meios a pesquisa foi bibliograacutefica porque foi baseada em literaturas de diversos autores que conceituam o empreendedorismo o intraempreendedorismo e o empreendedorismo feminino pois o foco principal dessa pesquisa eacute o atual destaque da mulher no mercado de trabalho Quanto aos fins a pesquisa foi exploratoacuteria e descritiva Exploratoacuteria porque envolveu entrevistas com pessoas que tiveram ou tecircm experiecircncias praacuteticas com as situaccedilotildees descritas nessa pesquisa e tem como finalidade baacutesica desenvolver esclarecer e modificar conceitos para a formulaccedilatildeo de abordagens posteriores E descritiva porque visa a descrever a histoacuteria e a atualidade comparando-as sobre a evoluccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho e o que a conduziu ao empreendedorismo Utilizou-se neste trabalho o meacutetodo qualitativo para verificar os fatores que levaram as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios Foi realizado contato pessoal com trecircs mulheres identificadas como empreendedoras pelos seguintes criteacuterios donas do proacuteprio negoacutecio conhecidas na regiatildeo em que moram e estabeleceram seus negoacutecios pelas histoacuterias de vida por terem iniciado sua atividades por necessidade e ganharam espaccedilo no mercado de trabalho com sucesso e pela acessibilidade Procurou-se por um contato e as empreendedoras se dispuseram a participar da pesquisa Assim foi marcado dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo das entrevistas Todas as entrevistadas demonstraram grande interesse pela pesquisa respondendo as questotildees com empenho e dedicaccedilatildeo colocando-se inclusive agrave disposiccedilatildeo para o que mais fosse preciso Concederam tambeacutem autorizaccedilatildeo verbal e escrita no caso de terem seus nomes publicados As entrevistas foram compiladas em um formulaacuterio com roteiro semiestruturado e procurou-se deixar as respondentes falarem livremente sobre o que lhes eram perguntados Apoacutes as entrevistas os dados foram tratados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e organizados em categorias de respostas (BARDIN 2008)

84 RESULTADOS E ANAacuteLISE DOS DADOS Perfil das respondentes Como dito acima as empreendedoras participantes da pesquisa autorizaram por escrito a divulgaccedilatildeo de seus nomes bem como de suas empresas Assim visando a facilitar o entendimento doravante seus nomes seratildeo incorporados nesse estudo Ivete casada trecircs filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de alimentos Estudou somente o ensino fundamental ateacute a 4ordf seacuterie e nunca mais voltou agrave escola Carla casada dois filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de esteacutetica e beleza Tem o ensino meacutedio completo e buscou aprimoramento de suas atividades em vaacuterios locais inclusive no exterior Melise solteira empreendedora e atua no ramo de viacutedeo locaccedilatildeo Estaacute cursando o uacuteltimo ano de Administraccedilatildeo de Empresas Mora com os pais A seguir seratildeo apresentadas as narrativas compiladas dos depoimentos das participantes da pesquisa A histoacuteria da Ivete A senhora Ivete tem 67 anos casada matildee de trecircs filhos tem formaccedilatildeo primaacuteria nasceu na cidade de Satildeo Paulo onde viveu com seus familiares ateacute a idade de 22 anos quando se casou Ela trabalhava num escritoacuterio e ajudava seus pais a manter a casa Com o casamento deixou a vida profissional e mudou-se para a cidade de JundiaiacuteSP para viver uma nova vida de casada e dona de casa Seu marido estava bem empregado quando do nascimento de seu primeiro filho Contudo uma notiacutecia com relaccedilatildeo ao emprego do marido mudou o rumo de suas vidas Ele acabara de perder o emprego

ldquoNesse momento meus peacutes perderam o chatildeo eu ainda natildeo conhecia bem a cidade e meus parentes mais proacuteximos estavam em Satildeo Paulordquo

Com o passar dos dias o marido procurando ainda um novo emprego Ivete tomou a decisatildeo de procurar um emprego para ajudaacute-lo financeiramente Foi entatildeo que surgiu uma oportunidade de trabalhar com uma senhora que se tornara amiga e que fazia comida em casa fornecendo marmitas diariamente para uma boa clientela Foi ajudando essa senhora que surgiu uma importante oportunidade a de fornecer doces e sobremesas para cada marmita vendida Os clientes gostaram e aprovaram seus confeitos e nesse iacutenterim uma das clientes sugeriu que Ivete fizesse um bolo de aniversaacuterio relutou mas acabou por fazecirc-lo Devido ao sucesso a senhora Ivete passou a fazer mais bolos com receitas que pegava com amigas eou parentes Nunca foi fazer um curso de ldquoboleirardquo mas eacute de suas matildeos e experimentos que saiacuteram as melhores receitas de bolos e doces ganhando uma carteira vasta de clientes que satildeo fieacuteis ateacute hoje

ldquoNatildeo foi faacutecil para mim enfrentar uma situaccedilatildeo financeira terriacutevel cuidar do meu primeiro filho e arregaccedilar as mangas para trabalhar numa coisa que eu natildeo tinha nem noccedilatildeo de como era Mas com muita feacute em Deus prossegui enfrentei e hoje me considero

vitoriosa Minha maior alegria e ver meus colaboradores que alguns jaacute estatildeo comigo haacute mais de vinte anos terem suas casas proacuteprias suas coisas pagas e trabalharem com alegriardquo

Apoacutes 28 anos de seus primeiros confeitos dona Ivete eacute dona de uma cozinha industrial para a confecccedilatildeo dos bolos e outros confeitos duas lojas na cidade de JundiaiacuteSP e mais cinco lojas representantes na regiatildeo A empresa tem o nome fantasia de ldquoIvete Bolosrdquo e conta com 47 empregados sendo 44 mulheres e 3 homens Enfrentou grandes desafios que a fizeram crescer mais ainda a ponto de uma grande marca de chocolates procuraacute-la para que tornando-se parceira pudesse desenvolver receitas que determinariam a consistecircncia do produto A histoacuteria da Carla Carla eacute uma jovem senhora de 43 anos casada matildee de dois filhos Tem formaccedilatildeo no ensino meacutedio completo nascida no Rio de Janeiro no Bairro de Madureira onde viveu com seus familiares ateacute aos 23 anos quando se casou e veio com o marido morar na cidade de CampinasSP pois seu marido tambeacutem carioca era funcionaacuterio de uma grande empresa na cidade paulista Antes de seu casamento Carla trabalhava para uma instituiccedilatildeo bancaacuteria o salaacuterio que recebia era para o seu proacuteprio sustento Trabalhou mais alguns meses depois de seu casamento mas desistiu do trabalho porque percebeu que natildeo havia espaccedilo para que ela subisse de cargo percebeu tambeacutem que o preconceito era muito forte

ldquo a vaga estava aberta havia necessidade de um profissional e eu era a primeira na fila de espera para promoccedilotildees mas eu era preteridardquo

Depois de seis anos cuidando das tarefas domeacutesticas e de seus dois filhos Carla uma vez ou outra era chamada pelas vizinhas para cortar cabelos fazer escovas trabalhos de tratamento de matildeos e peacutes surgindo daiacute a ideia de fazer seu primeiro curso de Cabeleireira e logo passou a atender funcionaacuterias e funcionaacuterios de uma grande empresa de convecircnio meacutedico Depois de algum tempo de dedicaccedilatildeo teve outra ideia que realmente revolucionou sua vida a de abrir um salatildeo de esteacutetica e beleza Alugou uma casa num bairro nobre da cidade e comeccedilou efetivamente suas atividades abrindo seu proacuteprio negoacutecio Sua clientela aumentava a cada dia e Carla foi buscar novos conhecimentos participou de cursos em Paris na Franccedila e em Barcelona na Espanha se especializando em quiacutemica alisamento balayagem reflexos e tratamento profundo dos fios de cabelo

ldquoOlhar para o que eu pude construir durante esses dezesseis anos me deixa muito feliz me deixa satisfeita Tenho consciecircncia de que tudo comeccedilou por enxergar uma grande oportunidade e que supriu minhas necessidades Agradeccedilo sempre a Deus pois Ele me fez enxergar tudo isso Com meu

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proacuteprio negoacutecio pude ajudar meu marido no sustento da casa pude ajudar mais pessoas a encontrar seu caminho na vida profissional pude dar bons estudos aos meus filhos e o principal a minha total e plena satisfaccedilatildeo profissional E como mulher me sinto muito bemrdquo

Com o passar do tempo Carla comprou a casa que antes era alugada e formou entatildeo o ldquoInstituto de Beleza e Esteacutetica Carla Mottardquo Tem trecircs funcionaacuterias de tempo integral que atende a aacuterea administrativa limpeza e ajudante de cabeleireira aleacutem dessas colaboradoras tem tambeacutem colaboradoras autocircnomas que trabalham com maquiagem peacute e matildeo esteacutetica corporal e facial manicure e podologia Oferece tambeacutem um amplo trabalho para noivas madrinhas debutantes formandas etc A histoacuteria da Melise Melise eacute uma jovem de 22 anos estaacute cursando o uacuteltimo ano de graduaccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Empresas tambeacutem cursa o CAD ndash Curso de Aperfeiccediloamento de Docentes Comeccedilou a trabalhar com o pai no negoacutecio da famiacutelia no ramo de Viacutedeo Locaccedilatildeo Aos 14 anos de idade Em 2004 com a transformaccedilatildeo total da tecnologia que transformou o mundo das fitas VHSrsquos em DVDrsquos percebeu-se um aumento considerado de clientes Olhando para essa oportunidade Melise fez uma pesquisa em seu bairro sobre a aceitaccedilatildeo de mais uma loja buscando informaccedilotildees no SEBRAE e tambeacutem com fornecedores ela abriu a segunda loja agora em seu nome Com bastante conhecimento nesse ramo de negoacutecio e mais as informaccedilotildees que obteve natildeo teve dificuldades para tocar seu proacuteprio negoacutecio Ao iniciar sua graduaccedilatildeo Administraccedilatildeo de Empresas teve um aumento fantaacutestico de conhecimento para administrar seu proacuteprio negoacutecio agora ao inveacutes de soacute alugar os DVDrsquos seu cliente encontra uma grande variedade de petiscos refrigerantes sucos e chocolates implantou algumas promoccedilotildees para fazer girar todos os filmes e cobra um pouco a mais pelos filmes em lanccedilamento

ldquoTer iniciado a faculdade foi um marco de vitoacuteria em minha vida pois natildeo somente agregou valor aos meus conhecimentos como entre quatro irmatildeos eu fui a privilegiada em poder continuar os estudosrdquo

Na verdade sua loja eacute concorrente da loja que eacute administrada pelo pai em ponto diferente poreacutem no mesmo bairro Aleacutem de ajudar no orccedilamento da famiacutelia o empreendimento dessa jovem empreendedora daacute emprego para mais duas pessoas que satildeo suas colaboradoras Ela conta que seus irmatildeos tambeacutem jaacute passaram por ali em ocasiatildeo de desemprego A partir da visatildeo de uma excelente oportunidade Melise pocircde abrir seu proacuteprio negoacutecio e incentivar outras pessoas a buscar oportunidades saindo de sua zona de conforto

ldquoAjudando meu pai administrar sua loja fui aprendendo a lidar com os clientes e com fornecedores O avanccedilo tecnoloacutegico que transformou radicalmente o mundo das fitas em VHS me mostrou a possibilidade de abrir meu proacuteprio negoacutecio Foi ai que busquei informaccedilotildees no SEBRAE fiz uma boa pesquisa de mercado e em 2004 abri a loja em meu nome acreditando em meu potencial mas tambeacutem confiando a Deus o sucesso que estava batendo em minha porta Sou feliz agradeccedilo sempre meus pais por estarem comigo nessa empreitada e a Deus por me dar a chance de enxergar essa oportunidaderdquo

Aleacutem de administrar o empreendimento a que se propocircs ela participa ativamente dos eventos familiares participa de uma comunidade de evangeacutelicos cuidando de adolescentes e outras moccedilas que precisam de um conforto Em siacutentese pelos relatos acima pode-se verificar que muito do que as empreendedoras trouxeram como histoacuteria de suas vidas sobressai o desejo de vencer e crescer em seus ramos de negoacutecio Natildeo obstante existir diferenccedila de idade formaccedilatildeo educacional e estado civil todas elas se revelaram muito competentes no negoacutecio que se propuseram a iniciar Natildeo sofreram grandes ataques de preconceitos poreacutem de certa forma houve insinuaccedilotildees quanto agrave capacidade de serem gestoras eficazes e com completo domiacutenio sobre o empreendimento CONCLUSAtildeO Longe do sentimento de superioridade ou imposiccedilatildeo da autoafirmaccedilatildeo as mulheres lutam pelo reconhecimento profissional muitas vezes exercendo inclusive funccedilotildees masculinas com grau elevado de satisfaccedilatildeo Hoje a mulher eacute educada para primeiro pensar em sua vida profissional Continua sendo esposa matildee e dona de casa por quanto muitas vezes todas essas tarefas natildeo satildeo divididas com seus parceiros mas a visatildeo de um futuro melhor natildeo se deteacutem somente em ser a ldquosubmissardquo dona de casa muito mais do que isso satildeo excelentes profissionais e dedicadas mulheres Num mundo masculinizado satildeo poucos os que reconhecem essa postura feminina e se colocam agrave disposiccedilatildeo para ajudaacute-las Ainda natildeo se libertaram do pensamento de que as tarefas domeacutesticas satildeo exclusivamente femininas e devem ser feitas pelas mulheres Natildeo reconhecem que o salaacuterio da mulher natildeo eacute somente complementar mas parte integrante para o sustento familiar A pesquisa mostrou que as mulheres buscam estudos natildeo para se comparar ao homem mas todavia para buscar conhecimento e se tornar eficaz e eficiente naquilo que faz Os casos estudados revelaram que as mulheres se empenham para ganhar a independecircncia contudo harmoniosamente continuam com suas tarefas de casa

86 desempenhando bem os papeacuteis de filha esposa matildee e profissionais As participantes da pesquisa viram em consequecircncia da necessidade oportunidade para abrirem seus proacuteprios negoacutecios buscar a autonomia e independecircncia financeira agregando valor agrave renda da famiacutelia A pesquisa tambeacutem revelou que independente de buscar o sucesso profissional por causa da necessidade elas satildeo empreendedoras porque se comportam como tal Satildeo otimistas e natildeo desistem nem das tarefas mais difiacuteceis em seu percurso As mulheres empreendedoras desse estudo satildeo motivadas e tambeacutem satildeo mulheres de feacute conquistam seu espaccedilo com simpatia e um elevado grau de alegria por aquilo que fazem Todas as entrevistadas revelaram que foram apoiadas por familiares e amigos e tiveram ajuda dos mais iacutentimos para as tomadas de decisatildeo mas ainda haacute muito trabalho a ser feito para que as mesmas tenham reconhecimento total pois o que se vecirc nos dias de hoje esbarra no disfarce e ldquohipocrisiardquo por parte de uma sociedade ainda machista Como dificuldade para tornar realidade seus negoacutecios as entrevistas citaram falta de centralizaccedilatildeo para as informaccedilotildees de procedimentos burocraacuteticos e demora nos processos de abertura de empresa Os relatos trouxeram tambeacutem respostas ao problema dessa pesquisa As respondentes demonstraram um lado espiritual muito atuante confessando a feacute cristatilde em dois seguimentos ou seja uma mulher eacute catoacutelica romana e duas satildeo evangeacutelicas praticantes Mostraram-se preocupadas com seus colaboradores oferecendo-lhes boas condiccedilotildees de trabalho ambiente organizacional satisfatoacuterio registro em carteira profissional e todos os direitos trabalhistas Por fim observa-se nesta pesquisa que independente da necessidade a que levou as mulheres ao empreendedorismo o comportamento empreendedor levou-as ao sucesso A pesquisa demonstrou ainda que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitaram o ingresso para o mundo do empreendedorismo Sendo assim algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila puderam auxiliar a lidar nos momentos de dificuldades As mulheres conquistaram destaque como empreendedoras ou intraempreendedoras Essa pesquisa natildeo tem um fim em si mesmo e seus dados natildeo podem ser generalizados Haacute limites no que tange ao nuacutemero de entrevistadas e em relaccedilatildeo do local em que se situam Poucos casos de sucessos satildeo apresentados em formato cientiacutefico dificultando a socializaccedilatildeo de experiecircncias de sucesso e que poderiam servir de paracircmetro para iniciantes ou mesmo como fonte inspiradora para pessoas que necessitam revisar seus projetos de vida Pela relevacircncia do assunto faz-se necessaacuterio a continuidade de novos estudos dentro desse escopo com o intuito de ampliar essa base de dados e assim trazer agrave luz novos conhecimentos Sugere-se que outras variaacuteveis ainda possam ser associadas ao papel da mulher

empreendedora tais como cultura ambiente formaccedilatildeo e orientaccedilatildeo empreendedora REFEREcircNCIAS ARMOUND A e NASSIF V M J Comportamento de lideranccedila do empreendedor Revista de Administraccedilatildeo Mackenzie 2009 BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008 BARON R A SHANE S A Empreendedorismo ndash Uma visatildeo do processo Satildeo Paulo Thomson Learning 2007 ndash Capiacutetulos 1 e 2 BOTELHO L Percepccedilotildees sobre o papel da mulher na sociedade do conhecimento In Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 Florianoacutepolis Anais Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 CAVEDON N R amp GIORDANI C G amp CRAIDE A Mulheres trabalhando e administrando espaccedilos de identidade masculina 2006 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DO BRASIL Artigo 113 inciso 1 Satildeo Paulo Saraiva 2009 DAS M Women entrepreneurs from southern India na exploratory study The Journal of Entrepreneurship Thousand Oaks v8 no 2 p147-163 1999 DOLABELA F Oficina do Empreendedor Satildeo Paulo Cultura Editores 1999 DORNELAS J C A Empreendedorismo transformando ideacuteias em negoacutecios Rio de Janeiro 2001 FERRARI C E SILVA L B As dificuldades para Empreender do Ponto de Vista dos Cegos Anais do EGEPE 2008 FILION L J Empreendedorismo empreendedores e proprietaacuterios-gerentes de pequenos Negoacutecios Revista de Administraccedilatildeo AbrJun 1999 p 5-28 GEM Global Entrepreneurship Monitor 2007 GIMENEZ F A P MACHADO H P V Empreendedorismo de diversidade uma abordagem demograacutefica de casos brasileiros In Encontros de estudos sobre empreendedores e gestatildeo de empresas Maringaacute(PR) 2000 IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Programa Nacional de Amostragem Domiciliar Brasil 2006 JAMALI D Constraints and opportunities facing women entrepreneurs in developing countries A relational perspective Gender in Management 24(4) 232-251

87 ABIINFORM Research (Document ID 1972991811) 2009 JUNIOR F G P O Empreendedor e Sua Identidade Cultural Em busca do Desenvolvimento Local 2006 KETS DE VRIES M F R Organization paradoxes 2nd ed London Routledge 1995 MACEDO M FURLAN A REGINA K SOARES M Atitude Empreendedora Mulheres ganhando espaccedilo em Incubadoras no setor da Tecnologia ANAIS DO CONGRESSO SEMEAD-USP SAtildeO PAULO 2007 MACHADO VH Identidades de Mulheres empreendedoras Maringaacute (PR) EDUEM 2009 NASSIF VMJ AMARAL DJ CERRETTO C e RUBIM M T Quem eacute Empreendedor Entendendo o Conceito agrave Luz da Representaccedilatildeo Anais do EGEPE 2008 OECD Proceedings of women entrepreneurs in small and medium enterprises Paris 1998 PEREIRA F E O conhecimento como agente de promoccedilatildeo do empreendedorismo social nas comunidades indiacutegenas amazocircnicas um estudo de caso In VI Simpoacutesio Internacional de Gestatildeo do Conhecimento 2003 Curitiba Criatividade para o desenvolvimento 2003 P 1-1 SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas acesso em lthttwwwsebraespcombrprincipaldocumento_desobrevivecircncia_mortalidade_empresas_paulistasgt 2006 e 2008 SCHUMPETER J A Teoria do Desenvolvimento Econocircmico Uma investigaccedilatildeo sobre lucros capital creacutedito juros e o ciclo econocircmico Satildeo Paulo Nova Cultura 1982

VERGARA S C Gestatildeo de pessoas 2 Ed Satildeo Paulo Atlas 2000

88

ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcombr

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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RESUMO As soluccedilotildees de problemas referentes aos fluidos satildeo dotadas de alta complexidade e muitas vezes carecem de abordagens analiacuteticas Portanto a utilizaccedilatildeo de meacutetodos numeacutericos torna-se necessaacuteria sendo um dos mais conhecidos o meacutetodo dos elementos finitos Entretanto a visualizaccedilatildeo dos resultados de operaccedilatildeo matricial traz tal volume de dados que torna impossiacutevel a interpretaccedilatildeo dos resultados sem o auxiacutelio de ferramentas computacionais Para isso os programas passaram a ter as chamadas visualizaccedilotildees cientiacuteficas que tratam da simulaccedilatildeo do problema proposto A esta aacuterea do conhecimento daacute-se o nome de Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) Esta eacute uma ferramenta necessaacuteria para engenheiros profissionais que estudam a mecacircnica dos fluidos e para o avanccedilo deste ramo da ciecircncia No entanto enfrenta a dificuldade de ser tratada apenas em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo Este trabalho visa trazer um exemplo aplicaacutevel para a graduaccedilatildeo a saber a anaacutelise de um caso claacutessico simples da hidrodinacircmica fundamental aplicado ao programa Scilab de licenccedila livre para impressatildeo de linhas de corrente Palavras-chave Dinacircmica dos fluidos computacional Scilab hidrodinacircmica ABSTRACT The solutions of the problems related to fluids are given into high complexity and many times require analytical approaches Therefore numerical methods are needed and one of the most known is the method of finite elements However the visualization of the matrix operation results gives such volume of data that interpretation of the results are impossible without the support of computational tools Therefore to the programs were added the scientific visualizations that deals with the simulation of a given problem This field of knowledge is called computational fluid dynamic (CFD) It is a tool required for engineers professionals that study the mechanic of fluids and for the advance of this branch of science Nevertheless it faces the difficulty of being

studied only in graduation courses This work aims to present an applicable example for undergraduate level namely the analysis of simple classic case of fundamental hydrodynamics applied to Scilab a freeware for current lines impression Keywords Computational Fluid Dynamic Scilab hydrodynamic 1 INTRODUCcedilAtildeO

O ensino das mateacuterias voltadas agraves metodologias computacionais eacute cada vez mais necessaacuterio uma vez que as soluccedilotildees de problemas complexos satildeo feitas apenas com tais ferramentas que facilitam a resoluccedilatildeo de caacutelculos numeacutericos Poreacutem eacute necessaacuterio lembrar que programas que possibilitam tais resoluccedilotildees natildeo passam de ferramentas (FORTUNA 2012) devendo ser usadas com muito cuidado e com a finalidade correta Sendo assim natildeo se dispensa o ensino de soluccedilotildees analiacuteticas e o domiacutenio das equaccedilotildees fundamentais pelos alunos uma vez que estas de fato consolidaram o poder de anaacutelise dos mesmos

Entretanto as ferramentas que possibilitam o bom funcionamento agrupando preacute-processamento soluccedilatildeo e poacutes-processamento satildeo muito onerosas e muitas vezes acabam por natildeo serem de aquisiccedilatildeo viaacutevel para instituiccedilotildees de ensino superior quanto menos para alunos que teriam que realizar trabalhos fora da sua instituiccedilatildeo de ensino

A soluccedilatildeo para tal problema eacute recorrer aos programas de coacutedigo ou distribuiccedilatildeo livre trazendo natildeo soacute a viabilidade financeira como tambeacutem a maior utilizaccedilatildeo e desenvolvimento acadecircmico de programas open source e a evoluccedilatildeo das aacutereas do conhecimento tratadas

Para a resoluccedilatildeo de problemas de dinacircmica dos fluidos computacional existem programas robustos como Gerris Flow Solver e o OpenFOAM poreacutem tais programas exigem que o usuaacuterio tenha bons

89 conhecimentos de linguagens de programaccedilatildeo orientada a objetos como C (no caso do Gerris) e C++ (no caso do OpenFOAM) o que natildeo eacute a realidade de estudantes de graduaccedilatildeo que natildeo cursam as ciecircncias da computaccedilatildeo e aacutereas afins

Atualmente uma das ferramentas de grande destaque para os ramos de engenharia tanto acadecircmico quanto nas empresas satildeo ferramentas como Matlab ou o semelhante de coacutedigo aberto Scilab que exigem menos habilidades de programaccedilatildeo dos estudantes e maior habilidade com as equaccedilotildees que regem os fenocircmenos tratados sendo calculadoras indispensaacuteveis

O leitor deve ter em mente tambeacutem que programas de coacutedigo-livre satildeo importantes para o meio acadecircmico e ateacute mesmo para usuaacuterios privados uma vez que se houver a necessidade de resolver algo novo pode-se simplesmente implantar esta soluccedilatildeo no coacutedigo do arquivo e disponibilizaacute-lo nas comunidades que desenvolvem o programa tornando a ferramenta cada vez mais poderosa dessa forma muitos programas estatildeo tendo uma evoluccedilatildeo acelerada e se tornando os melhores do mercado Scilab

O Scilab (Scientific Laboratory) conforme descrito em diversas apostilas como (FILHO 2007) eacute um ambiente projeto para a resoluccedilatildeo de problemas numeacutericos desenvolvido na Franccedila por pesquisadores do Institut de Recherche en Informatique et en Automatique (INRIA) e da Egravecole Nationale des Ponts et Chausseacutees (Escola Nacional de Pontes e Caminhos) disponibilizado na internet1 com o coacutedigo fonte sendo assim trata-se de um programa open source hoje eacute mantido pelo consoacutercio Scilab

O Scilab eacute um programa de faacutecil manipulaccedilatildeo tendo grandes vantagens como a geraccedilatildeo de graacuteficos de altiacutessima qualidade com grande facilidade de configuraccedilatildeo das propriedades destes podendo ser bidimensionais tridimensionais e ateacute animaccedilotildees muito embora neste trabalho sejam usados apenas os graacuteficos bidimensionais O leitor pode melhorar as apresentaccedilotildees e coacutedigos por conta proacutepria uma vez que o programa possui faacutecil manipulaccedilatildeo de matrizes resoluccedilatildeo de polinocircmios e diversas outras ferramentas para os mais diversos usos aleacutem de possuir a biblioteca XCOS um ambiente onde a simulaccedilatildeo se desenvolve por meio de blocos contendo rotinas numeacutericas

O aprendizado de uso desta ferramenta eacute bem simples principalmente pelo fato de existirem diversos materiais como apostilas na internet como (LOPES 2004) e (FILHO 2007) e diversos viacutedeos no Youtube

1 wwwscilaborgdownload

O Scilab ainda natildeo eacute um programa tatildeo difundido em induacutestrias e comeacutercios sendo este campo jaacute conquistado pelo seu rival Matlab sofrendo grande preconceito de profissionais Entretanto esta ferramenta tem se mostrado um programa realmente robusto e capaz de fazer caacutelculos muito complexos com grande potencial para evoluccedilatildeo Dinacircmica dos fluidos computacional (DFC)

Tambeacutem conhecida como CFD2 trata-se de um ramo da mecacircnica dos fluidos que utiliza meacutetodos numeacutericos e modelagem computacional para resolver e analisar problemas que envolvem fluidos utilizando condiccedilotildees auxiliares Profissionais que utilizam a DFC grande maioria formada por acadecircmicos costumam se utilizar de teacutecnicas de computaccedilatildeo paralela a fim de aumentar a velocidade dos caacutelculos na induacutestria a DFC eacute largamente usada em empresas de automobilismo e aeronaacuteutica para estudo de aerodinacircmica

Os passos para resoluccedilatildeo numeacuterica de um problema de escoamento pode ser descrita conforme a figura 1

Figura 1 - Etapas da resoluccedilatildeo de um

problema de escoamento (FORTUNA 2012)

2 Do inglecircs Computacional Fluid Dynamics

90

Estas etapas satildeo fundamentais e devem ser seguidas com grande cuidado e suas definiccedilotildees devem ser bem entendidas

A etapa de modelagem fiacutesica deve descrever exatamente o fenocircmeno que estaacute sendo estudado incluindo as simplificaccedilotildees como o tipo de escoamento ser incompressiacutevel ou compressiacutevel viacutescido ou inviacutescido dentre outras caracteriacutesticas que iratildeo determinar quais variaacuteveis devem realmente ser tratadas para que o resultado da anaacutelise seja satisfatoacuterio

Os dois procedimentos seguintes modelagem matemaacutetica e equaccedilotildees governantes devem determinar as equaccedilotildees que regem os escoamentos como as equaccedilotildees de Navier-Stokes e o princiacutepio de Lavosier bem como a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees auxiliares propriedades conhecidas em um determinado espaccedilo ou tempo

Determinadas as modelagens passa-se agraves etapas de resoluccedilatildeo onde eacute realizada a discretizaccedilatildeo a determinaccedilatildeo de pontos em uma malha pontos ao longo da geometria de um conduto ou do fenocircmeno de interesse que deveratildeo possuir equaccedilotildees que descreveram a propriedade em cada um dos pontos que formaratildeo os sistemas de equaccedilotildees algeacutebricas e que em sua resoluccedilatildeo mostraratildeo a intensidade naquele dado ponto

Entretanto os resultados obtidos apoacutes estes procedimentos natildeo seratildeo exatos e sim aproximados sendo necessaacuterias a verificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo destes resultados ateacute que o fenocircmeno seja corretamente reproduzido Pode-se fazer este uacuteltimo passo por meio da verificaccedilatildeo e da validaccedilatildeo

Fortuna (2012) faz importantes consideraccedilotildees sobre a necessidade de validaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos modelos de adotados para os problemas analisados estes dois processos satildeo de essencial importacircncia e podemos defini-los da seguinte forma

bull Verificaccedilatildeo tem como principal objetivo estimar a confiabilidade do processo de resoluccedilatildeo do problema avaliar os erros que interferem na resoluccedilatildeo

bull Validaccedilatildeo tem o papel de evidenciar e provar que o problema certo estaacute sendo resolvido

Entretanto Fortuna(2012) ainda ressalta que estes

dois processos natildeo garantiraacute que a previsatildeo fornecida estaraacute correta

Para a modelagem de problemas de escoamento o usuaacuterio necessita definir uma malha que definiraacute os domiacutenios fiacutesicos do problema apoacutes isso deve ser feita a modelagem matemaacutetica onde conteraacute todas as equaccedilotildees governantes como as equaccedilotildees de conservaccedilatildeo de massa e momento para entatildeo ser realizada a modelagem computacional

Post lista em seu livro de 2013 algumas das limitaccedilotildees da DFC como segue

bull Erros numeacutericos surge devido ao fato de as ceacutelulas da malha de dimensotildees finitas serem utilizadas para mapear uma funccedilatildeo (CUNHA 2000) tambeacutem inclui nesta categoria de erroso erro inicial que representam as incertezas (mediccedilatildeo de paracircmetros condiccedilotildees iniciais etc) introduzidas no equacionamento do problema erro local de truncamento devido ao fato de ser necessaacuteria uma aproximaccedilatildeo obtida apoacutes um nuacutemero finito de passos utilizando as expansotildees em seacuterie de Taylor

bull Erros de modelagem atribui-se aos modelos onde o entendimento da mecacircnica dos fluidos baacutesica natildeo estaacute completo

bull Aplicaccedilotildees das condiccedilotildees de contorno esse erro foi citado no primeiro item como erro inicial que muitas vezes eacute pressuposto os problemas mais complexos estatildeo aplicados aos contornos abertos problemas paraboacutelicos ou hiperboacutelicos que variam no tempo poreacutem independente do problema a aplicaccedilatildeo de ser correta Podendo ser fechadas ou abertas naturais de pressotildees especificadas ou de gradientes nulos

bull Geometrias complexas complexos para execuccedilatildeo das malhas ou seja geometria cuja aacuterea superficial apresenta aproximaccedilatildeo por equaccedilatildeo como exemplo os elipsoides

bull Interpretaccedilatildeo de resultados este eacute um dos motivos pelo qual o usuaacuterio deve ter conhecimento das soluccedilotildees analiacuteticas e problemas baacutesicos

Tanto (POST 2013) quanto (FORTUNA 2012)

enfatizam que a DFC eacute apenas uma ferramenta e como toda ferramenta deve ser utilizada de forma correta tendo assim seu oacutetimo uso e suas limitaccedilotildees

Uma limitaccedilatildeo importante que deve ser enfatizada refere-se ao uacuteltimo item a quantidade de resultados gerados por uma soluccedilatildeo numeacuterica eacute enorme sendo de difiacutecil interpretaccedilatildeo o usuaacuterio pode se utilizar de duas teacutecnicas a separaccedilatildeo de uma determinada parte do problema ainda sim muito suscetiacutevel a erros e tambeacutem recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo da teacutecnica de visualizaccedilatildeo cientiacutefica presente em grande parte dos softwares existentes

Mecacircnica dos Fluidos

A mecacircnica dos fluidos eacute uma base extremamente importante para muitos engenheiros que utilizam conhecimentos como os de hidraacuteulica principalmente os

91 engenheiros civis (especialidade de hidraacuteulica e hidrologia) quiacutemicos (transferecircncia de calor misturas e escoamentos) e mecacircnicos (hidrodinacircmica e hidraacuteulica aplicada) BRUNETTI (2005) diz que satildeo poucos os ramos da engenharia que escapam totalmente do conhecimento dessa ciecircncia tendo tambeacutem sua importante participaccedilatildeo nas aacutereas de medicina astronomia meteorologia oceanografia e outras ciecircncias

Eacute a ciecircncia agrave qual compete o estudo do comportamento fiacutesico dos fluidos entendendo-se fluidos basicamente como liacutequidos e gases (embora a definiccedilatildeo de fluidos vaacute muito aleacutem poreacutem natildeo eacute objetivo deste artigo discuti-la) com principal foco em obter as leis fiacutesicas que regem as accedilotildees dos fluidos como escoamento e pressatildeo onde estatildeo os fundamentos para o desenvolvimento de todo este trabalho

2 APLICACcedilAtildeO NO SCILAB

Um dos produtos que esta pesquisa pode criar foi um pequeno algoritmo para a utilizaccedilatildeo dos coacutedigos e resoluccedilotildees em Scilab que pode ser observado no fluxograma apresentado na figura 2

Figura 2 - Roteiro para implementaccedilatildeo em

Scilab

A organizaccedilatildeo das ideais e a possibilidade de um roteiro poderatildeo ajudar na montagem de qualquer procedimento para execuccedilatildeo do problema Para entender melhor ao final do trabalho o leitor poderaacute mapear cada etapa com um programa escrito para o Scilab

3 ESTUDO DE CASO DA HIDRODINAcircMICA Para a introduccedilatildeo da hidrodinacircmica eacute importante que

o aluno esteja confortaacutevel com condiccedilotildees que facilitem a anaacutelise e aos poucos comecem a retratar cada vez mais a realidade Portanto como em diversas bibliografias de mecacircnica dos fluidos o estudo deve comeccedilar com escoamento potencial com as simplificaccedilotildees de ser inviacutescido incompressiacutevel e permanente facilitando a familiarizaccedilatildeo com a modelagem do problema Uma excelente opccedilatildeo eacute a determinaccedilatildeo das linhas de corrente

Para que as linhas de corrente possam ser determinadas e desenhadas pelo programa o aluno precisaraacute aprender as funccedilotildees correntes sabendo defini-las e suas deduccedilotildees quando tiver o contato com o programa

De acordo com (VENNARD e STREET 1978) a definiccedilatildeo de funccedilatildeo corrente eacute baseada sobre o princiacutepio da continuidade e sobre a noccedilatildeo de linha corrente onde eacute definido um modelo matemaacutetico para que se possa plotar e realizar diversos estudos sobre os campos de escoamento

Supondo que em um escoamento retiliacuteneo esbarra-se em um corpo denominado de fonte na origem da mesma podemos encontrar suas coordenadas polares para a plotagem deste escoamento por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

πθθψ

2 qsenrU=

Onde ψ = constante da linha corrente U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x r = raio da linha de corrente q = vazatildeo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal O resultado desta equaccedilatildeo plotada pode ser verificado na figura 3

92

Figura 3 - Escoamento ao redor de um semi-corpo

O coacutedigo para a plotagem da figura 3 estaacute no anexo e foi desenvolvido de forma muito simples a fim de que se possa explicaacute-lo e deduzi-lo em sala de aula Entretanto plotar o graacutefico eacute apenas um passo que o professor teraacute que conduzir ao aluno para este comeccedilar a praticar sua interpretaccedilatildeo No ponto onde o escoamento encontra a fonte observa-se que as velocidades satildeo elevadas em suas vizinhanccedilas sendo que as velocidades variam de acordo com o inverso da distacircncia agrave origem ateacute que a interferecircncia da fonte seja nula Ainda o aluno poderaacute encontrar o chamado ponto de estagnaccedilatildeo que se localiza a uma distacircncia ldquodrdquo da fonte pode-se calculaacute-la por meio da equaccedilatildeo

Uqdπ2

=

Onde d = distacircncia entre o ponto de estagnaccedilatildeo e a fonte q = vazatildeo U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x

Entretanto a figura 3 possui um entendimento um tanto abstrato o que natildeo facilitaria muito no aprendizado

de tais conceitos para isto o professor poderaacute aplicar os mesmos conceitos em um escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

As linhas de corrente de tal escoamento podem ser obtidas por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

θψ senrRrU )( 2

2

minus=

Onde ψ = constante da linha corrente r = raio da linha de corrente R= raio do corpo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal

Inserindo esta equaccedilatildeo no coacutedigo e adaptando-o de forma a constar todos os paracircmetros necessaacuterios no mesmo pode-se entatildeo gerar o graacutefico das linhas de corrente de forma satisfatoacuteria para a visualizaccedilatildeo dos conceitos conforme eacute possiacutevel verificar no resultado da figura 4

93

Figura 4 - Escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

O coacutedigo estaacute apresentado no anexo (2) Eacute interessante comparaacute-los de forma a explicitar como o coacutedigo pode ser adaptado de formas variadas conforme dados na literatura principalmente nos estudos claacutessicos como de VENNARD e STREET (1978) e de HUGHES e BRIGHTON (1967) O aluno deveraacute ser instigado a calcular os componentes radiais (vr) e tangenciais (vt) que podem ser facilmente calculados pelas seguintes equaccedilotildees

θ

θ

senrRUv

rRUv

t

r

)1(

cos)1(

2

2

2

2

+minus=

minus=

Tendo assim a total compreensatildeo sobre o estudo e

podendo visualizaacute-lo de forma a ser mais simples para o entendimento de quem estaacute iniciando seu aprendizado

CONCLUSAtildeO

Conforme demonstrado neste trabalho podemos introduzir os estudantes de graduaccedilatildeo nos conceitos de Dinacircmica dos Fluidos Computacional de forma muito simples em comparaccedilatildeo com o que esta ferramenta pode realmente fazer aplicando-se casos de pouca complexidade com maior foco na modelagem

matemaacutetica e entendimento dos fenocircmenos fiacutesicos deixando o estudante com conhecimentos preacutevios para um curso de poacutes-graduaccedilatildeo e ateacute mesmo possibilitando o desenvolvimento de Trabalhos de Conclusatildeo de Curso (TCC) mais arrojados uma vez que isto pode despertar o interesse de muitos estudantes aumentando a qualidade de pesquisas orientadas pelo corpo docente aos discentes Muitas universidades puacuteblicas e privadas jaacute estatildeo mantendo grupos de pesquisa na aacuterea o que torna ainda mais importante que o Brasil tenha esse tipo de matildeo de obra e avance igualmente a paiacuteses como Alemanha Noruega Austraacutelia Estados Unidos e outros paiacuteses que jaacute consideram estes conhecimentos na graduaccedilatildeo pode-se verificar que uma das bibliografias deste trabalho eacute datada de 1967

httpwwwdacunicampbrsistemascatalogosgradcatalogo2011cursoscpl10html

httpwwwsistemasufrnbrsharedverArquivoidArquivo=1209031ampkey=6323ef8f3f5a1701e4264fb23c5a0a40 REFEREcircNCIAS BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005

94 CUNHA M C Meacutetodos Numeacutericos 2ordf ed Campinas SP Editora Unicamp 2000 FILHO D G Scilab 5X Universidade Federal do Cearaacute Cearaacute 2007 Disponivel em lteulermatufrgsbr~giacomoManuais-sotwSCILABApostila de Scilab - atualizadapdfgt FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 LOPES L C O Utilizando o SCILAB na Resoluccedilatildeo de Problemas de Engenharia Quiacutemica XV COBEQ Curitiba PR [sn] 2004 LOVATTE E R et al Metodologia de ensino de dinacircmica dos fluidos computacional aplicada ao curso de engenharia ambiental XLII COBENGE Juiz de Fora MG [sn] 2014 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978

ANEXOS (1) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um semi-corpo clear clc Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 1 x = linspace(xymax-xymax100) y = linspace(xymax-xymax100) Definindo a malha [XY] = meshgrid(xy) Declaraccedilatildeo das variaacuteveis R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio sen_th = YR caacutelculo do cosseno do acircngulo cos_th = XR caacutelculo do cosseno do acircngulo theta=acos(sen_th) U = 1 declarando a velocidade q=X4U

psi=URsen_th+(qtheta)(2pi) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi30) plota as linhas de corrente

(2) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um corpo ciliacutendrico Roteiro para criaccedilatildeo das linhas de corrente Este eacute o exemplo de um fluido escoando sobre um cilindro com escoamento potencial O programa comeccedila com a limpeza de tudo que ja foi executado clear clc clf Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 2 Definindo a malha x = linspace(xymax-xymax20) y = linspace(xymax-xymax20) Criando a malha [XY] = meshgrid(xy) A partir deste ponto o programa deve ser declarado Sendo que os limites e a definiccedilatildeo e criaccedilatildeo da malha podem ser utilizadas da mesma forma Declaraccedilatildeo das variaacuteveis Todas as variaacuteveis conhecidas devem ser inclusas nesta seccedilatildeo U = 1 declarando a velocidade a = 1 declarando o raio do objeto Caacutelculando constantes Os caacutelculos devem ser feitos nesta seccedilatildeo R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio da funccedilatildeo corrente theta=acos(XR) Calculando o acircngulo psi=U(R-aaR)cos(theta) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi100) plota as linhas de corrente

95 impressatildeo dos ciacuterculo xarc(-aaa+1a+1036064) plota o ciacuterculo no local correspondente configurando a circunferecircncia arc=get(hdl) obtendo o manipulador da entidade corrente (aqui eacute a entidade Arc) arcfill_mode=on preennchimento da circunferecircncia arcforeground=5 cor da circunferecircncia arcdata([3 6])=[2 27064] retorna as coordenadas do ponto superior esquerdo a largura e a altura do retacircngulo envolvente bem como os acircngulos de froenteira do setor arcvisible=on on desenha a circunferecircncia

96

JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO

Anderson Krol de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

akroll2009hotmailcom

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Cruz Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Co-orientaccedilatildeo Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

davidmazzantifaccampbr

Orintaccedilatildeo Prof Me James Ernesto Mazzanti

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jamesmazzantifaccampbr

RESUMO O intuito deste artigo eacute apresentar o jogo da onccedila utilizando uma aula de geometria O jogo auxilia na construccedilatildeo de quadrados e triacircngulos e tambeacutem no caacutelculo de aacuterea Este jogo pode levar o aluno se desenvolver no conteuacutedo matemaacutetico proposto Com isso podemos ensinar simultaneamente Histoacuteria Cultura Indiacutegena e Matemaacutetica A proposta do jogo da onccedila eacute fazer com que o aluno use o raciociacutenio loacutegico para elaborar jogadas no qual seja possiacutevel vencer o jogo Pode-se perceber que com o auxiacutelio dele diversos ensinamentos tornam-se aflorados e podem ser explorados de maneira mais satisfatoacuteria Palavras chave Jogo da onccedila jogos indiacutegenas e geometria ABSTRACT The purpose of this paper is to present the ounceacutes game using a geometry class The game helps build squares and triangles and also in the area calculation This game can lead the student to develop the proposed mathematical content With this we can simultaneously teach History Indigenous Culture and

Mathematics The ounceacutes game proposal is to make the student to use logical reasoning to draw up plays on which to win the game One can see that with the help of it many teachings become touched upon and can be exploited in a more satisfactory way Keywords Ouncersquos game indigenous games and geometry INTRODUCcedilAtildeO Nesse trabalho apresentaremos de uma forma mais didaacutetica o jogo da onccedila um jogo indiacutegena que auxilia a introduccedilatildeo do tema que eacute obrigatoacuterio por lei7 e ainda ensina matemaacutetica de uma forma diferenciada

7 Art 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino meacutedio puacuteblicos e privados torna-se obrigatoacuterio o estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena sect 1ordm O conteuacutedo programaacutetico a que se refere este artigo incluiraacute diversos aspectos da histoacuteria e da cultura que caracterizam a formaccedilatildeo da populaccedilatildeo brasileira a partir desses dois grupos eacutetnicos tais como o estudo da histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos a luta dos negros e dos povos indiacutegenas no Brasil a cultura negra e indiacutegena brasileira e o negro e o iacutendio na formaccedilatildeo da sociedade nacional resgatando as suas contribuiccedilotildees nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica pertinentes agrave histoacuteria do Brasil

97 Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil O jogo eacute realizado por duplas onde um jogador representa a onccedila e o outro representa os 14 cachorros O objetivo eacute a onccedila comer ao menos 5 dos cachorros ou os cachorros encurralarem a onccedila de forma que ela natildeo possa mais comecirc-los E diversos autores apontam a importacircncia do jogo na educaccedilatildeo como ressalta Gandro (2000) que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo E com as figuras apresentadas pelo tabuleiro podemos utilizar para realizar junto aos alunos os caacutelculos de aacutereas JOGOS INDIacuteGENAS Com a chegada dos portugueses no Brasil muitos iacutendios que habitavam a terra foram catequizados e com isso perderam um pouco de sua cultura e adaptaram-se a cultura portuguesa Antes da chegada dos visitantes estrangeiros os iacutendios eram educados para viver em tribo e a sobreviver na mata Mas as coisas comeccedilaram a mudar pois a partir da colonizaccedilatildeo portuguesa eles comeccedilaram a serem reeducados para ajudar na exploraccedilatildeo do novo continente Depois de muitos anos os iacutendios comeccedilaram a ganhar direitos com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 receberam pelo menos no papel os devidos valores e reconhecimento diante das novas leis inclusive na que se refere agrave educaccedilatildeo

ldquoArtigo 210 - Seratildeo fixados conteuacutedos miacutenimos para o ensino fundamental de maneira a assegurar formaccedilatildeo baacutesica comum e respeito aos valores culturais e artiacutesticos nacionais e regionaisrdquo (Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988)

Diante deste fato o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) aprovou a lei que torna obrigatoacuterio o estudo da

sect 2ordm Os conteuacutedos referentes agrave histoacuteria e cultura afro-brasileira e dos povos indiacutegenas brasileiros seratildeo ministrados no acircmbito de todo o curriacuteculo escolar em especial nas aacutereas de educaccedilatildeo artiacutestica de literatura e histoacuteria brasileira

histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Lei Nordm 11645 DE 10 de Marccedilo de 2008 Com a aprovaccedilatildeo desta lei as escolas incluindo os cursos superiores de licenciaturas introduziram em seus curriacuteculos o estudo sobre a cultura dos povos indiacutegenas brasileiros e o dos afrodescendentes situados em nosso paiacutes Uma das melhores maneiras de contar sobre um povo ou algo eacute utilizando jogos como ferramentas para despertar a curiosidade dos alunos Aleacutem disso os jogos facilitam a junccedilatildeo da histoacuteria com o conteuacutedo que seraacute trabalhado

ldquoA funccedilatildeo luacutedica na educaccedilatildeo o brinquedo propicia diversatildeo prazer e ateacute desprazer quando escolhido voluntariamente a funccedilatildeo educativa o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indiviacuteduo em seu saber seus conhecimentos e sua apreensatildeo do mundo O brincar e jogar eacute dotado de natureza livre tiacutepica de uns processos educativos Como reunir dentro da mesma situaccedilatildeo o brincar e o educarrdquo (KISHIMOTO 2003 p37)

JOGO DA ONCcedilA Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil um jogo de tabuleiro feito no chatildeo de terra e as peccedilas eram feira com pedras ou sementes Com esse jogo eacute possiacutevel introduzir em sala de aula na disciplina de matemaacutetica a cultura indiacutegena e aproveitando para trabalhar o ensino da geometria e loacutegica O jogo eacute simples deve ser em dupla uma pessoa seraacute a onccedila e a outra seratildeo os quatorzes cachorros O objetivo da onccedila eacute comer cinco cachorros (com movimentos que lembram o jogo de damas) e o objetivo dos cachorros eacute encurralar a onccedila deixando-a sem saiacuteda O primeiro movimento do jogo eacute dado pela onccedila podendo movimentar-se na vertical horizontal diagonal para frente ou para traacutes Apoacutes seu primeiro movimento os cachorros podem movimentar-se seguindo os mesmo movimentos da onccedila poreacutem com o objetivo de prendecirc-la METODOLOGIA DE APLICACcedilAtildeO DO JOGO Seraacute trabalhado com os alunos a construccedilatildeo do tabuleiro o entendimento agraves regras do jogo as maneiras e estrateacutegicas de levar o jogador a vencer e por meio de uma didaacutetica praacutetica aplicaremos os conceitos de figuras regulares e caacutelculo de aacutereas dessas figuras

98 ATIVIDADE PROPOSTA A atividade consiste em algumas etapas a serem cumpridas pelos alunos

bull Conceitos do jogo (Construccedilatildeo do tabuleiro regras estrateacutegias etc)

bull Conceitos primitivos sobre geometria bull Apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos matemaacuteticos sobre

quadrados triacircngulos e diagonais bull Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e

triacircngulos) bull Exerciacutecios propostos

Pois segundo Dolce Pompeo (1993 pg 1 2 100 101 136 316 317) alguns conceitos sao

1 Conceitos primitivos diagonais e de aacuterea bull Noccedilotildees primitivas satildeo adotadas sem definiccedilotildees

com isso adotaremos sem definiccedilotildees as noccedilotildees abaixo

PONTO RETA PLANO

bull De cada um desses entes temos conhecimento intuitivo decorrente da experiecircncia e da observaccedilatildeo

2 Explicaccedilatildeo clara de quadrados triacircngulos e diagonais bull Um quadrado plano regular soacute eacute quadrado se

somente possuir todos os lados iguais bull Um triacircngulo plano regular eacute triangulo somente

se todos os seus lados forem iguais bull Diagonal eacute uma reta que corta o quadrado de um

lado para o outro ex do ponto A ao ponto C

Figura 1 Do ponto A ao ponto C ( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 2 Figuras regulares ( produccedilatildeo proacutepria)

Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e triacircngulos)

bull Explicaccedilatildeo aacuterea de uma superfiacutecie limitada eacute um

numero real positivo associado agrave superfiacutecie ou seja eacute o calculo do espaccedilo delimitado dentro da figura

bull Para o quadrado utilizamos o caacutelculo Lado x Lado ou A x a

bull Para o triacircngulo utilizamos o caacutelculo (Base x altura)2

bull Obs Todo caacutelculo de aacuterea tem como unidade de medida o fator ao quadrado expl cmsup2 msup2 etc

bull A∆= aacuterea do triacircnguloA =aacuterea do quadrado

Figura 3 Aacutereas de figuras planas ( produccedilatildeo proacutepria)

NA PRAacuteTICA Na praacutetica realizaremos os seguintes passos para a montagem do tabuleiro

Figura 4 Montagem do tabuleiro (produccedilatildeo proacutepria)

99

Figura 5 Peccedilas para o jogo( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 6 Representaccedilatildeo da brincadeira (Gusmatildeo amp

Calderado2006 P 25) EXERCIacuteCIOS

1) Calcule aacute aacuterea do quadrado abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = 119860119909119860 = 31199093 = 91198881198982

2) Calcule aacute aacuterea do Triacircngulo abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = (119861119909119860)

2=

(31199093)2

= 45 1198881198982

CONCLUSAtildeO O objetivo deste trabalho foi demonstrar que natildeo eacute difiacutecil introduzir a cultura indiacutegena na disciplina de matemaacutetica eacute possiacutevel e viaacutevel Esta eacute uma importante ferramenta no processo de ensino e aprendizagem no qual o professor pode introduzir este conceito em sala de aula pois auxiliaraacute e

complementaraacute a explanaccedilatildeo da atividade e o aluno ficaraacute mais curioso para aprender mais e buscar novos desafios

9 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BRASIL Senado Federal Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional nordm 939496 Brasiacutelia 1996

_______ Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia 1988 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsecadarquivos pdfcfpdf Acesso em 231014

DOLCE Osvaldo POMPEO Joseacute Nicolau Fundamentos de matemaacutetica elementar Geometria plana Vol 9 7ordm Ed Satildeo Paulo Atual 1993

GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000

GUSMAtildeO Israel CALDERADO Katia Centro cultural povos da Amazocircnia Manaus 2006 Disponiacutevel no Site wwwpovosdamazoniaamgovbr Acesso em 23 1014

KISHIMOTO T Jogo brinquedo brincadeira e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

100

MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812-9400

akroll2009hotmailcom

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Antonio Aparecido da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

antoniosilvafaccampbr

RESUMO O presente artigo tem o objetivo de demonstrar como o meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com utilizaccedilatildeo de palitos pode ser utilizado como uma ferramenta eficaz para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da multiplicaccedilatildeo Abordaremos sua utilizaccedilatildeo em aulas da disciplina de matemaacutetica nas seacuteries iniciais do Ensino Fundamental I poreacutem salientamos que o meacutetodo em estudo tambeacutem pode ser utilizado nas seacuteries mais avanccedilas e ainda na Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Por meio desta referida ferramenta o docente consegue aguccedilar a curiosidade do aluno e estimular sua vontade de conhecer de aprender e buscar compreender as regras e os procedimentos da operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo tudo de uma maneira descontraiacuteda e fora dos padrotildees tradicionais do ocidente podendo traccedilar e identificar as diferenccedilas existentes entre os dois meacutetodos uma vez que natildeo a proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo de um pelo outro mas sim uma complementaccedilatildeo ou seja o uso auxiliar praacutetico e luacutedico de um meacutetodo incomum na cultura brasileira no momento do primeiro contado do aluno com a operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo Palavras chave Jogo matemaacutetico multiplicaccedilatildeo rejeiccedilatildeo e aceitaccedilatildeo agrave matemaacutetica

ABSTRACT This article aims to demonstrate how the Japanese method of multiplication to use sticks can be used as an effective auxiliary tool in the teaching and learning of the multiplication process Discuss their use in mathematics lessons in the early grades of elementary school however it points out that the method under study can also be used in most series go along and still in the Youth and Adult Education Through this tool that the teacher can whet the curiosity of students and stimulate their desire to know to learn and try to understand the rules and procedures of the multiplication operation all in a relaxed and outside the occidental traditional standards ways and can trace and identify the differences between the two methods since there is no proposal to substitute for one another but a supplemental one or the use of auxiliary convenient and entertaining an unusual in Brazilian culture method for the first multiplication operations Keywords Math game multiplication rejection and acceptance mathematics

101 1 INTRODUCcedilAtildeO A evoluccedilatildeo tecnoloacutegica introduziu nas sociedades mundiais um grande desafio na aacuterea educacional pois os alunos dos dias atuais natildeo tecircm o mesmo perfil comportamento e aspiraccedilotildees dos alunos de outrora As mudanccedilas ocorrem todo momento as informaccedilotildees circulam com grande rapidez e consequentemente as crianccedilas e os jovens estatildeo sempre em contato com o novo O processo de ensino e aprendizagem da disciplina de matemaacutetica natildeo deixou de sofrer as influecircncias destas mudanccedilas Sabe-se que os alunos principalmente do Ensino Fundamental I no seu primeiro contato com a matemaacutetica enfrenam grande dificuldade em compreender e efetuar operaccedilotildees de multiplicaccedilatildeo Fazer com que os alunos se interessem e entendam o meacutetodo de multiplicaccedilatildeo de maneira mais divertida eacute um desafio para o profissional docente que precisa estimular o aluno a pensar e criar soluccedilotildees para os problemas propostos pois o tradicional meacutetodo de apenas decorar tabuada jaacute natildeo eacute mais aceito pelos alunos da atualidade Atualmente os profissionais da educaccedilatildeo buscam por metodologias que aprimorem e melhorem a sua tarefafunccedilatildeo no processo de ensino e de aprendizagem da disciplina de matemaacutetica que eacute rotulada pela maioria dos alunos como ldquodifiacutecilrdquo Esse fato faz com que na maioria dos casos seja uma disciplina rejeitada pelos discentes independentemente da sua classe social ou grau de escolaridade Quais seriam as causas dessa rejeiccedilatildeo agrave matemaacutetica A forma como o professor aborda o conteuacutedo influencia os alunos O jogo matemaacutetico se mostra como uma ferramenta auxiliar para o aprimoramento da atividade de ensino O jogo pode proporcionar a participaccedilatildeo efetiva e praacutetica do aluno na atividade aplicada bem como ilustra a explanaccedilatildeo de conhecimentos ainda natildeo explorados para auxiliar na percepccedilatildeo e utilizaccedilatildeo no cotidiano do conteuacutedo apresentado nas aulas Neste contexto se insere o tema do presente artigo pois eacute de conhecimento geral que acrescentar novas metodologias para aperfeiccediloar o processo de ensino e aprendizagem com objetivo de despertar no educando o interesse em aprender eacute um grande desafio enfrentado pelos docentes 2 O ENSINO POR MEIO DOS JOGOS

MATEMAacuteTICOS Os jogos e as brincadeiras satildeo mecanismos psicoloacutegicos e pedagoacutegicos que contribuem tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da

linguagem Aleacutem disso possibilitam a busca de meios de exploraccedilatildeo atuando como aliados fundamentais na construccedilatildeo do saber Segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais a inserccedilatildeo de jogos no processo de ensino e aprendizagem de matemaacutetica ldquorepresenta uma conquista cognitiva emocional moral e social para a crianccedila e um estiacutemulo para o desenvolvimento do seu raciociacutenio loacutegicordquo (PCN 2000 p49) Gandro (2000) ressalta que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo Na visatildeo de Smole Diniz e Milani (2007) o trabalho com jogos eacute um dos recursos que favorece o desenvolvimento da linguagem diferentes processos de raciociacutenio e de interaccedilatildeo entre os alunos uma vez que durante um jogo cada jogador tem a possibilidade de acompanhar o trabalho de todos os outros defender pontos de vista e aprender a ser criacutetico e confiante em si mesmo O professor precisa mostrar que a matemaacutetica natildeo eacute ldquoum bicho de sete cabeccedilasrdquo para isso deve buscar alternativas que promovam o desenvolvimento no aluno ldquoEnsinar matemaacutetica eacute desenvolver o raciociacutenio loacutegico estimular o pensamento independente a criatividade e a capacidade de resolver problemasrdquo (GENTIL CAMACHO 2006 p4) Para Piaget (1972) interesse e curiosidade fazem parte dos mecanismos de aprendizagem atraveacutes das estruturas de assimilaccedilatildeo e de acomodaccedilatildeo ou seja o interesse precede a assimilaccedilatildeo Nossa proposta eacute a utilizaccedilatildeo do meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com palitos de forma analoacutegica agrave utilizaccedilatildeo dos jogos pois o meacutetodo em questatildeo muito se assemelha ao um jogo por ser algo luacutedico e praacutetico que ultrapassa as fronteiras do tradicional meacutetodo da lousa e do caderno 3 A MATEMAacuteTICA E A MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO A multiplicaccedilatildeo eacute a operaccedilatildeo aritmeacutetica que permite somar um nuacutemero chamado multiplicando tantas vezes quantas satildeo as unidades de outro nuacutemero chamado multiplicador O multiplicando e o multiplicador satildeo fatores da multiplicaccedilatildeo Tomemos como exemplo a multiplicaccedilatildeo do nuacutemero 3 pelo nuacutemero 5 que eacute o mesmo que a soma de 5 (uma vez) mais 5 (segunda vez) mais 5 (terceira vez) ou seja 3 vezes que eacute igual a 15

102 O meacutetodo mais antigo e tradicional de ensino da multiplicaccedilatildeo nos primeiros anos da vida escolar dos alunos consiste em ensinar a realizar a operaccedilatildeo e logo apoacutes utilizar a tatildeo conhecida tabuada Com auxiacutelio da tabuada o aluno aprende por meio da repeticcedilatildeo das operaccedilotildees com memorizaccedilatildeo dos resultados para no futuro nos momentos nos quais venha a se deparar com as referidas operaccedilotildees anteriormente memorizadas seja capaz de realizaacute-las rapidamente ou seja a funccedilatildeo principal da tabuada eacute memorizar para acelerar o processo da multiplicaccedilatildeo Este processo que podemos dizer metaforicamente como ldquomecanizadordquo natildeo surte mais os efeitos almejados (aceitaccedilatildeo aplicaccedilatildeo praacutetica e cogniccedilatildeo como resultado) porque como jaacute mencionado as crianccedilas e os jovens da atualidade natildeo tecircm os mesmos perfis e os mesmos comportamentos e reaccedilotildees que tinham as crianccedilas e os jovens existentes no momento histoacuterico no qual o meacutetodo passou a ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem educacional O meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com auxiacutelio de palitos permite realizar a mesma operaccedilatildeo de forma ilustrativa alcanccedilando os mesmos resultados desde as operaccedilotildees mais simples ateacute as mais complexas aleacutem de introduzir o luacutedico o praacutetico o diferente no processo de ensino e aprendizagem A proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo dos meacutetodos tradicionais mas sim o de complementaccedilatildeo Uma aplicaccedilatildeo suplementar que desperte a curiosidade e apresente alternativa para que os educandos possam descobrir que a matemaacutetica estaacute presente natildeo somente nos bancos escolares e que nos momentos em que eles natildeo disponham das ferramentas tradicionais como calculadoras papel ou ateacute mesmo a tabuada decorada para realizarem os caacutelculos possam utilizar um conhecimento extra para solucionar situaccedilotildees problemas de maneira raacutepida e eficiente e o melhor que tenham a consciecircncia de que esse conhecimento extra lhe foi apresentado pela escola pelo professor ou seja que os conteuacutedos apresentados em aula aleacutem de divertidos lhe satildeo uacuteteis na vida 4 REJEICcedilAtildeO Agrave MATEMAacuteTICA E O JOGO

MATEMAacuteTICO COMO FACILITADOR A rejeiccedilatildeo agrave disciplina de matemaacutetica natildeo eacute questatildeo apenas da atualidade Como explicar o motivo deste desinteresse eacute um desafio antigo Segundo Campos (1996) Freud em sua Teoria da Evoluccedilatildeo da Personalidade afirma que assim como existe uma energia fiacutesica que governa os fenocircmenos naturais tambeacutem existe uma energia psiacutequica de natureza libidinosa que influi diretamente sobre o comportamento humano

Um conceito fundamental da teoria freudiana eacute a noccedilatildeo de pulsotildees ou de instintos baacutesicos Um deles representa o impulso para a vida criativa e a preservaccedilatildeo do organismo enquanto indiviacuteduo e espeacutecie a este instinto dar-se o nome de ldquoerosrdquo que possui natureza sexual Para Freud a sexualidade se relaciona com o bem-estar do organismo ou seja tudo que preserve sua integridade e proporcione funcionalidade Por esta razatildeo a teoria freudiana explica que se alguma atividade natildeo agrada ou se o indiviacuteduo executando essa atividade natildeo sente o bem-estar fiacutesico ou mental naturalmente instintivamente iraacute recusaacute-la rejeitaacute-la uma vez que natildeo atende a sua sexualidade Neste contexto podemos observar que diversos profissionais que por medo ou natildeo acharem ter aptidatildeo pela matemaacutetica optam por profissotildees nas quais natildeo haja necessidade de fazer caacutelculos Lidar com esta diversidade eacute missatildeo muito difiacutecil pois o professor pouco motivado por questotildees salariais condiccedilotildees de trabalho dignas na sua atuaccedilatildeo enquanto formador de opiniatildeo e agente transformador da sociedade atarefado com diversas turmas todas com um nuacutemero excessivo de alunos com carecircncias e deficiecircncias diferentes com realidades diferentes natildeo consegue acompanhar o desenvolvimento de todos Por isso para DrsquoAmbroacutesio (1986) eacute muito difiacutecil motivar com fatos e situaccedilotildees do mundo atual uma ciecircncia que foi criada e desenvolvida em outros tempos e em virtude dos problemas de entatildeo de diferente realidade e percepccedilatildeo e necessidade e urgecircncias que nos satildeo estranhas Inserir jogos no processo de ensino e aprendizagem da matemaacutetica eacute uma ferramenta eficaz que possibilita ao docente apresentar os conteuacutedos matemaacuteticos de maneira mais divertida menos mecacircnica afastando a tradicional severidade tatildeo presente ao longo dos tempos e que aos olhos dos alunos eacute entediante e desagradaacutevel e os leva a evitar o contato para evitar o desconforto Ademais ao aguccedilar a curiosidade do aluno tambeacutem promove a desconstruccedilatildeo em sua mente da imagem formada de uma disciplina chata difiacutecil ou ateacute mesmo sem serventia Muito se fala na importacircncia da educaccedilatildeo para toda a sociedade o quanto eacute necessaacuterio valorizaacute-la e aprimoraacute-la e como eacute de conhecimento geral todo conhecimento passa pela pesquisa e pela praacutetica eacute nesse contexto que se apresenta a proposta do presente artigo como uma busca por melhoria da educaccedilatildeo

103 5 MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS POR MEIO DO

MEacuteTODO JAPONEcircS

O meacutetodo japonecircs eacute uma forma visual para representar a multiplicaccedilatildeo Envolve linhas e interseccedilotildees

Para ilustrar apresentamos o exemplo abaixo

O primeiro passo eacute traccedilar 03 linhas para representar 12 o primeiro nuacutemero no produto Desenhe uma linha e entatildeo um pouco adiante para direita desenhe mais duas linhas Na figura abaixo as linhas verde claro e verde escuro representam o nuacutemero 12 Similarmente desenhe mais 05 linhas para cruzar as 03 anteriores ndash 3 linhas na esquerda e duas na direita Estes representaratildeo o nuacutemero 32 o segundo nuacutemero no produto (vermelho e azul abaixo)

Vamos calcular usando o meacutetodo japonecircs

Exemplo 1

12 X 32

Figura 1 Organizando as linhas pelo meacutetodo japonecircs (Fonte Autores)

Figura 2 Contando as intersecccedilotildees(Fonte Autores)

Entatildeo haacute 38 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 384

Assim sendo

12 X 32 = 384 Exemplo 2

22 X 22

Figura 3 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Entatildeo haacute 48 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 484

Assim sendo

104

22 X 22 = 484 Exemplo 3

124 x 14

Figura 4 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores) Se vocecirc colocar os nuacutemeros em conjunto como fizemos no uacuteltimo exemplo vocecirc obteria 161216 mas isso natildeo eacute correto Porque 12 e 16 satildeo nuacutemeros de dois diacutegitos que vocecirc deve realizar o primeiro diacutegito para o grupo agrave sua esquerda como vocecirc faria com adiccedilatildeo Vocecirc pode estabelecer como este

Figura 5 Visualizando a soma (Fonte Autores)

Assim sendo

124 X 14 = 1736 Exemplo 4

234 x 31

Figura 6 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Figura 7 Visualizando a soma (Fonte Autores) 6 CONCLUSAtildeO O intuito do presente artigo eacute demonstrar ser possiacutevel buscar meios para despertar nos alunos interesse em aprender matemaacutetica Os desafios enfrentados pelos profissionais da educaccedilatildeo eacute uma questatildeo de importacircncia reconhecida por todos os setores da sociedade As medidas para promover o progresso da aacuterea educacional natildeo eacute tarefa simples e requer empenho e pesquisa Estudar desenvolver e aplicar novas metodologias se faz necessaacuterio devido agraves transformaccedilotildees pelas quais passa a comunidade global Os avanccedilos alcanccedilados pelas aacutereas tecnoloacutegicas juntamente com a evoluccedilatildeo na aacuterea das comunicaccedilotildees fez surgir um novo perfil de aluno mais inquietos exigentes e conectados A aacuterea educacional natildeo pode se dar ao luxo de permanecer inerte e alheia a toda essa realidade Cabe aos profissionais desta aacuterea executar a tarefa de pesquisar e buscar meios alternativos para enriquecer as aulas com atividades praacuteticas e dinacircmicas que transformem a maneira de se apresentar os conteuacutedos A multiplicaccedilatildeo pelo meacutetodo japonecircs feita com palitos ajuda o professor a explanar seus ensinamentos sobre o tema e tambeacutem a despertar a curiosidade dos alunos por ser algo novo e diferente do tradicional ensino desse conteuacutedo no Brasil por exemplo

105 7 REFEREcircNCIAS GENTIL N CAMACHO A C Jogos Matemaacuteticospara o ensino meacutedio 1ed Satildeo Paulo Faccamp 2006 Paracircmetros curriculares nacionais Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental 2 ed Brasiacutelia MEC SEF 2000 PIAGET J Psicologia e Pedagogia Trad DA Lindoso e RMR da Silva Rio de Janeiro Cia Ed Forense 1972 Campos Dinah Martins de Souza Psicologia da adolescecircncia Rio de Janeiro Vozes 1996 GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000 SMOLE KS DINIZ MI MILANI E Jogos de matemaacutetica do 6deg ao 9deg ano Cadernos do Mathema Porto Alegre Artmed 2007 lthttpwwwmatematicadidaticacombrOperacoes-Aritmeticas-Multiplica aspxgt acessado em 09102014 agraves 12h00min lthttpcemcuwaterloocaeventsmathcircles2013-14FallJunior6_Multiplication_Nov5pdfgt acessado em 09102014 agraves 16h15min

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O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE

Profordm Dr Antocircnio Reis Junior Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

reisantoniojrgmailcom

RESUMO O propoacutesito deste artigo eacute apresentar apontamentos sobre o uso da linguagem audiovisual na educaccedilatildeo problematizando o papel do professor a partir da anaacutelise criacutetica de uma experiecircncia de intervenccedilatildeo em escolas puacuteblicas em Satildeo Paulo com filmes nacionais e sobretudo da iniciativa de criaccedilatildeo de videotecas escolares voltadas ao uso pedagoacutegico Palavras chave Audiovisual Educaccedilatildeo Linguagem Interdisciplinaridade ABSTRACT The purpose of this paper is to present notes on the use of audiovisual language in education questioning the role of the teacher from the critical analysis of an intervention experience in public schools in Satildeo Paulo with national films and above all the creation initiative school video libraries focused on the pedagogical use Keywords Audio-visual Education Language Interdisciplinarity INTRODUCcedilAtildeO Com a finalidade de contribuir na formaccedilatildeo dos alunos das licenciaturas que atuaratildeo em escolas puacuteblicas o objetivo deste artigo eacute estimular e problematizar o uso do audiovisual na educaccedilatildeo Neste sentido seraacute debatida a introduccedilatildeo de novas linguagens no cotidiano e no curriacuteculo escolar a partir de uma intervenccedilatildeo realizada no iniacutecio dos anos 2000 quando accedilotildees foram planejadas e realizadas em escolas estaduais e municipais da zona leste de Satildeo Paulo Tal intervenccedilatildeo se deu a partir da elaboraccedilatildeo do projeto Cinema e Viacutedeo Brasileiro nas Escolas (a partir de agora seraacute referenciado pela sigla CVBE) do qual fui um dos coordenadores e que resultou do empenho articulado de

vinte e cinco pessoas em um arco de alianccedilas entre uma escola municipal e duas estaduais um oacutergatildeo administrativo da rede escolar municipal e dois da rede estadual uma fundaccedilatildeo e uma Ong Com duraccedilatildeo total de cinco anos o projeto foi criado atraveacutes do programa Crer para Ver1 - da Fundaccedilatildeo Abrinq2 em parceria com a Natura Cosmeacuteticos e realizado pela Accedilatildeo Educativa - uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental que apoia e propotildee projetos educativos e de juventude - fazendo parte de um programa intitulado Praacuteticas de Aprender Dessa forma a partir da constataccedilatildeo da indisponibilidade de parcela expressiva de filmes nacionais no tocante ao mercado de cinema e viacutedeo procuramos formular alternativas agrave democratizaccedilatildeo do acesso ao filme brasileiro ao puacuteblico escolar sobretudo aos professores As primeiras iniciativas voltaram-se agrave formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em escolas puacuteblicas dos bairros de Satildeo Miguel Paulista Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista locais onde a Accedilatildeo Educativa jaacute realizava algumas accedilotildees

1 O Programa Crer Para Ver eacute uma iniciativa da Fundaccedilatildeo Abrinq pelos Direitos da Crianccedila e da Natura Cosmeacuteticos Essa parceria foi criada em 1995 com a missatildeo de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico no Brasil por meio da participaccedilatildeo da sociedade civil e do diaacutelogo com o poder puacuteblico Formou-se uma rede de participaccedilatildeo voluntaacuteria das consultoras Natura que ao vender seus produtos arrecadam recursos e divulgam as ideacuteias do Crer Para Ver em todo o paiacutes Os recursos arrecadados satildeo destinados ao apoio financeiro e teacutecnico a projetos que vindos da comunidade procuram contribuir para a melhoria da escola puacuteblica brasileira e na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em educaccedilatildeo 2 A Fundaccedilatildeo Abrinq eacute uma entidade sem fins lucrativos de Utilidade Puacuteblica Federal que tem como objetivo baacutesico promover os direitos elementares de cidadania das crianccedilas e adolescentes conforme definido na Convenccedilatildeo Internacional dos Direitos da Crianccedila (ONU-1989) constituiccedilatildeo Brasileira (1988) e Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (1990)

107 Um dos princiacutepios que norteou esse trabalho voltado agrave incorporaccedilatildeo e produccedilatildeo audiovisual na rede puacuteblica de educaccedilatildeo foi o que chamamos de cultura de acervo isto eacute o estiacutemulo agrave praacutetica de criaccedilatildeo de acervos audiovisuais - filmes em viacutedeo e DVD - por educadores aliada a iniciativa de explorar o potencial pedagoacutegico das linguagens audiovisuais em sala de aula linguagem essa ainda bastante associada ao entretenimento A CONSTITUICcedilAtildeO DE VIDEOTECAS ESCOLARES formando uma CULTURA DE ACERVO A criaccedilatildeo de videotecas no acircmbito das escolas e oacutergatildeos administrativos da rede exigiu a criaccedilatildeo de uma metodologia para esse fim algo que queremos compartilhar com a publicaccedilatildeo deste artigo Desta forma a pesquisa de tiacutetulos o contato com o realizador a aquisiccedilatildeo de coacutepias a gestatildeo da videoteca entre outros procedimentos podem servir de referecircncia ou paracircmetro para a montagem de videotecas caso haja interesse do educador ou gestor E hoje com acesso facilitado pela Internet natildeo soacute aos filmes mas tambeacutem a inuacutemeros materiais informaccedilotildees e estudos em sites especializados Cabe incorporar as tecnologias digitais nesse processo Procedimento fundamental para a aquisiccedilatildeo de coacutepias dos filmes foi o contato com os cineastas produtores ou outros profissionais e instituiccedilotildees detentoras dos direitos autorais das obras Obtiacutenhamos o contato dos responsaacuteveis atraveacutes de pesquisa em instituiccedilotildees que disponibilizam essa informaccedilatildeo distribuidoras e produtoras de cinema e viacutedeo principalmente Nesse primeiro contato apresentaacutevamos o projeto e iniciaacutevamos a negociaccedilatildeo para aquisiccedilatildeo das coacutepias que iriam compor o acervo das videotecas escolares No caso de filmes com lanccedilamento e distribuiccedilatildeo comercial (Warner Viacutedeo SagresRiofilmes Versaacutetil Europa etc) apenas compraacutevamos os tiacutetulos disponiacuteveis no mercado Quando natildeo havia lanccedilamento comercial faziacuteamos contato com o detentor dos direitos da obra (produtores e cineastas em sua maioria) e negociaacutevamos a aquisiccedilatildeo das coacutepias Doaccedilotildees eram obtidas algumas vezes em razatildeo dos objetivos do projeto voltados agrave melhoria da educaccedilatildeo na escola puacuteblica Como adquiriacuteamos apenas uma coacutepia de cada filme que nos interessava e eram vaacuterias as videotecas constituiacutedas foi necessaacuterio o estabelecimento de uma parceria com a TV USP3 agrave eacutepoca do projeto sob a direccedilatildeo da Profordf Drordf da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Mariacutelia Franco para copiagem dos filmes em viacutedeo Recebiacuteamos matrizes em diferentes suportes e

3 As coacutepias em VHS foram realizadas pela TV USP a partir de matrizes cedidas pelos realizadores Trata-se de acervos em contiacutenua construccedilatildeo uma vez que o projeto incentivava a autonomia das escolas na manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo de suas videotecas

providenciaacutevamos entatildeo coacutepias em VHS e posteriormente em DVD formato mais utilizado No caso de contato direto com o cineasta eou realizadores de filmes e viacutedeos que natildeo foram lanccedilados comercialmente obtiacutenhamos uma autorizaccedilatildeo de copiagem e uso do filme na videoteca escolar Isso foi normatizado a partir da criaccedilatildeo de um termo de doaccedilatildeo de coacutepia e autorizaccedilatildeo de uso Muitos cineastas contatados participaram das accedilotildees de formaccedilatildeo e das mostras nas escolas depois da montagem das videotecas Apoacutes a aquisiccedilatildeo das coacutepias que nesse caso permitiu a constituiccedilatildeo de um acervo com filmes raramente encontrados em razatildeo desse contato direto com o cineasta o passo seguinte foi agrave catalogaccedilatildeo dos filmes em viacutedeo trabalho realizado com a consultoria de uma biblioteconomista Por fim com o acervo montado e as fitas em viacutedeo disponiacuteveis para o empreacutestimo agora se fazia necessaacuterio o gerenciamento da videoteca para garantir uma maneira eficaz de empreacutestimo de todos os filmes aos usuaacuterios Esse gerenciamento pocircde ser feito por parte do corpo docente envolvido com o projeto nas escolas tornando-se responsaacutevel pela gestatildeo da videoteca do serviccedilo de empreacutestimo e da manutenccedilatildeo e atualizaccedilatildeo do acervo com a aquisiccedilatildeo de novos tiacutetulos em suporte VHS e DVD Cabe lembrar que as videotecas formadas eram basicamente as mesmas No entanto cumpriam funccedilotildees um pouco distintas quando formadas nas escolas ou em oacutergatildeos administrativos da rede escolar que nesse caso atendiam a um grande nuacutemero de escolas4 Nos anos de 1980 com a emergecircncia e popularizaccedilatildeo do videocassete de novos equipamentos de reproduccedilatildeo e das cacircmeras VHS observamos o acesso agrave produccedilatildeo audiovisual de muitos grupos da sociedade civil (independentes) que ateacute entatildeo natildeo tinham recursos tecnoloacutegicos acessiacuteveis Nesse sentido o VHS foi um marco importante para democratizaccedilatildeo da produccedilatildeo nesse periacuteodo5 Muitos viacutedeos de baixo orccedilamento puderam ser realizados a margem das grandes produtoras Jaacute os aparelhos de videocassete permitiram a fruiccedilatildeo de filmes em ambiente domeacutestico aleacutem daqueles exibidos na programaccedilatildeo televisiva Nesse contexto as escolas comeccedilaram a adquirir os aparelhos de reproduccedilatildeo para fins pedagoacutegicos e o uso do viacutedeo em sala de aula passou a ser de interesse de alguns professores e gestores

4 No total foram montadas oito videotecas sete em escolas municipais e estaduais e uma em oacutergatildeo administrativo da rede escolar uma Diretoria de Ensino que coordenava uma rede de 92 escolas estaduais de ensino fundamental e meacutedio Desse total de escolas cinco Emefs e duas EEs 5 Ver BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio In Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000

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Imagem do documentaacuterio Yndio do Brasil de Siacutelvio Back 1995 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica POVOS INDIacuteGENAS Ainda nessa deacutecada instituiccedilotildees foram criadas para a produccedilatildeo e difusatildeo do viacutedeo entre elas a ABVP ndash Associaccedilatildeo Brasileira do Viacutedeo Popular - com sede em Satildeo Paulo cuja videoteca possuiacutea inuacutemeros tiacutetulos natildeo comerciais de grupos independentes e produtoras espalhadas por todo o paiacutes O acervo contava com serviccedilo de empreacutestimo permitindo acesso a seus usuaacuterios de uma produccedilatildeo ausente na programaccedilatildeo televisiva e no circuito exibidor com exceccedilatildeo dos cineclubes Aleacutem do projeto da Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo citado na introduccedilatildeo o projeto TVEscola do governo federal por sua vez trouxe grande contribuiccedilatildeo na difusatildeo audiovisual nas escolas a partir da instalaccedilatildeo de kits tecnoloacutegicos compostos de videocassete televisores antenas paraboacutelicas e fitas virgens para gravaccedilatildeo dos programas Com esse equipamento uma programaccedilatildeo ndash considerada de interesse educativo - passou a ser veiculada para as escolas que passaram a gravar uma grande variedade de programas e filmes nacionais De maneira distinta no terceiro setor6 apareceram projetos que passaram a trabalhar nessa perspectiva O CVBE tomado neste artigo como referecircncia e objeto para a reflexatildeo sobre educaccedilatildeo audiovisual iniciou suas accedilotildees informalmente e depois se tornou um projeto institucional da Ong Accedilatildeo Educativa Estabeleceu parcerias fundamentais com o setor puacuteblico ndash as redes municipais e estaduais suas escolas e seus oacutergatildeos administrativos ndash e pontualmente com a esfera federal com o apoio do Ministeacuterio da Cultura atraveacutes da Secretaria do Audiovisual que aportou recursos para formaccedilatildeo de professores ao longo de um ano No entanto o projeto foi mantido 6 Como exemplo de acesso agrave produccedilatildeo ndash fora da escola ndash podemos destacar a Associaccedilatildeo Kinoforum produtora com sede em Satildeo Paulo que realizou inuacutemeras oficinas de produccedilatildeo em viacutedeo digital em associaccedilotildees comunitaacuterias fundaccedilotildees Pontos de Cultura em bairros afastados do centro da cidade oferecendo condiccedilotildees para a expressatildeo audiovisual de grupos da periferia

basicamente com recursos da iniciativa privada - empresa Natura Cosmeacuteticos - atraveacutes de um programa voltado a crianccedilas de escolas puacuteblicas o Crer Para Ver Seu colegiado gestor contou com a participaccedilatildeo de representantes de todas as instituiccedilotildees proponentes ou beneficiaacuterias que contribuiacuteam na tomada de decisotildees e prioridades estabelecidas Como muitos projetos7 a formaccedilatildeo de uma rede entre escolas e das escolas com outras instituiccedilotildees (Cinemateca Ongs coordenadorias municipais de educaccedilatildeo e oacutergatildeos das Diretorias de Ensino CEUs etc) era almejada mas nem sempre pocircde se constituir

Cena do filme O Velho - A histoacuteria de Luiz Carlos Prestes de Toni Venturi (1997) integrante da coleccedilatildeo DOCUMENTAacuteRIO Para a formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em viacutedeo ou DVD em escolas puacuteblicas e oacutergatildeos administrativos da rede escolar foi adotada uma seacuterie de procedimentos Inicialmente foi realizada uma pesquisa de tiacutetulos em livros artigos de jornal cataacutelogos de mostras cataacutelogos de videotecas folder de produtoras para obtenccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas dos filmes tiacutetulo diretor equipe de produccedilatildeo local e ano da produccedilatildeo tema ou assunto tratado pelo filme duraccedilatildeo sinopse entre outras informaccedilotildees Essa pesquisa inicial nos colocou perguntas fundamentais para a realizaccedilatildeo desse trabalho quais os criteacuterios que deveriam ser adotados para escolha de tiacutetulos ldquoadequadosrdquo e de interesse para as comunidades escolares Se o nosso interesse era estimular um uso didaacutetico-pedagoacutegico quais os atributos que os filmes deveriam ter para atender essa necessidade Eacute possiacutevel afirmar que um filme tem intrinsecamente mais potencial para uma apropriaccedilatildeo em situaccedilatildeo de aprendizagem que outro Ou seraacute a apropriaccedilatildeo independentemente do filme que 7 Aleacutem dos projetos citados surgiram tambeacutem sites especializados como Mnemocine Cineduc Educarede entre outros livros e teses acadecircmicas sobre o assunto Tais experiecircncias satildeo inovadoras pois apontam caminhos para uma educaccedilatildeo audiovisual e podem ser tomadas como referecircncia

109 determinaraacute um uso profiacutecuo A existecircncia de videotecas escolares de cinema brasileiro apresentava-se como uma necessidade dos professores Natildeo estariacuteamos ldquoinventandordquo tal necessidade De fato apoacutes a apresentaccedilatildeo do projeto do contato inicial nas escolas o interesse manifestado era grande o que nos permite inferir que jaacute havia algo entre os professores que os permitiam vislumbrar um potencial educativo no cinema Como usarei esse filme Perguntavam e continuam perguntando os professores Sempre houve a manifestaccedilatildeo de um interesse voltado agrave instrumentalizaccedilatildeo ou escolarizaccedilatildeo do cinema Na experiecircncia tomada como objeto de anaacutelise neste artigo a tensatildeo existia pela procura natildeo soacute de um recurso mas tambeacutem de uma linguagem que aprimorasse metodologias de ensino Ao longo do desenvolvimento do projeto iniciamos um movimento para mudar a abordagem dos filmes apenas como recurso didaacutetico-pedagoacutegico para uma praacutetica natildeo pautada pelos componentes curriculares durante a formaccedilatildeo Tal esforccedilo natildeo significava apontar para uma alternativa palpaacutevel aos professores A mediaccedilatildeo da recepccedilatildeo das obras por mais que criasse um ambiente favoraacutevel a uma interaccedilatildeo produtiva do ponto de vista da percepccedilatildeo e do conhecimento do audiovisual ao final do processo natildeo trazia respostas quanto ao aprimoramento esperado em relaccedilatildeo agraves metodologias de ensino Ao mesmo tempo criava uma predisposiccedilatildeo ao cinema brasileiro cujos filmes redescobertos e revalorizados ganhavam vigor quando utilizados por professores de acordo com seus relatos Natildeo descartaacutevamos o desenvolvimento de temas dos conteuacutedos programaacuteticos presentes na trama dos filmes Aleacutem disso procuraacutevamos provocar uma reflexatildeo voltada a especificidade dessa linguagem na praacutetica educacional (REIS JUNIOR 2010) Hoje essas perguntas podem ser formuladas claramente No entanto em 2001 quando os acervos comeccedilaram a ser constituiacutedos natildeo problematizaacutevamos as escolhas e os criteacuterios predominando criteacuterios temaacuteticos Portanto realizamos um levantamento inicial de tiacutetulos a partir de alguns criteacuterios aleacutem dos temaacuteticos que apresentaremos a seguir Apoacutes esse levantamento o passo seguinte foi a localizaccedilatildeo de coacutepias em acervos de videolocadoras videotecas puacuteblicas e instituiccedilotildees diversas Nesse trabalho de prospecccedilatildeo de filmes e suas respectivas coacutepias nos deparamos com uma situaccedilatildeo muitos filmes desejaacuteveis pela temaacutetica tratada pela importacircncia atribuiacuteda por noacutes a alguns cineastas ou por termos outras boas referecircncias sobre a obra natildeo tinham coacutepias telecinadas isto eacute natildeo estavam disponiacuteveis em VHS ou DVD8 Em 2000

8 No ano de 2000 quando iniciamos a prospecccedilatildeo o nuacutemero de tiacutetulos em DVD com distribuiccedilatildeo comercial era expressivamente menor do que o atual (2014) Poucos tiacutetulos haviam sido lanccedilados Nesta uacuteltima deacutecada ocorreu a transiccedilatildeo do VHS para o DVD Em 2000 os tiacutetulos em VHS ainda ocupavam espaccedilo muito maior nas locadoras comerciais e acervos institucionais Hoje os

muitas coleccedilotildees ainda natildeo haviam sido lanccediladas comercialmente a exemplo da Seacuterie Brasilianas da Funarte

A criaccedilatildeo dessa seacuterie veio com a iniciativa do Centro Teacutecnico Audiovisual do Departamento de Cinema (CTAv) da Funarte (Fundaccedilatildeo Nacional das Artes)9 iniciativa governamental a partir do Ministeacuterio da Cultura que telecinou tiacutetulos raros do cinema brasileiro como os filmes de curta-metragem de Humberto Mauro Leon Hirszman Joaquim Pedro de Andrade Nelson Pereira dos Santos entre outros Posteriormente com a telecinagem e o lanccedilamento comercial de muitos filmes as obras puderam entatildeo ser reproduzidas para exibiccedilatildeo domeacutestica nas escolas e em outros espaccedilos A telecinagem de filmes lanccedilados em VHS tiacutetulos ineacuteditos no mercado que existiam apenas em suporte cinematograacutefico permitira o acesso agraves obras10 Coletacircneas de curtas-metragens nacionais documentaacuterios em curta e meacutedia metragem filmes com marca bastante

aparelhos jaacute estatildeo escassos e natildeo haacute mais lanccedilamento de filmes em VHS 9 O Nuacutecleo de Distribuiccedilatildeo de Viacutedeo do DecineFunarte tem como finalidade lanccedilar e distribuir no mercado brasileiro de viacutedeo e multimiacutedia filmes nacionais e latino-americanos de importacircncia cultural Os tiacutetulos do cataacutelogo claacutessicos ou contemporacircneos curtas ou longas-metragens de ficccedilatildeo ou documentaacuterios constituem referecircncias histoacutericas para aqueles que desejam conhecer a trajetoacuteria da cinematografia brasileira O acervo eacute constituiacutedo pela heranccedila do Instituto Nacional do Cinema Educativo - INCE Instituto Nacional do Cinema INC Empresa Brasileira de Filmes SA ndash Embrafilme Fundaccedilatildeo do Cinema Brasileiro FCB e pelos lanccedilamentos da deacutecada de 90 ateacute hoje jaacute como parte da Funarte 10 Parte desse problema ndash coacutepias de filmes apenas em 16 ou 35 mm a bitola da peliacutecula cinematograacutefica - tambeacutem seria resolvida com a iniciativa de telecinagem de filmes por parte ainda que pequena de cineastas contatados Portanto foram identificados e adquiridos apenas os filmes em suporte VHS (imensa maioria) e DVD descartando a princiacutepio filmes natildeo telecinados e consequentemente indisponiacuteveis para exibiccedilatildeo em aparelhos de viacutedeo-cassete e DVD os quais as escolas possuiacuteam

110 autoral e outros mais institucionais como os do INCE de uma diversidade de cineastas11 Assim a maior parte das coacutepias em viacutedeo que foram disponibilizadas nas escolas foi obtida pelo contato direto com mais de cem cineastas produtores e detentores dos direitos autorais dos filmes que cederam coacutepias ou autorizaram a copiagem a partir de matrizes cedidas e o uso das fitas pelas escolas O prazo acordado com os cineastas para uso dos filmes nas escolas foi de cinco anos Entretanto a adoccedilatildeo de criteacuterios de escolha mais adequados ao interesses das comunidades escolares se fazia necessaacuteria para a formaccedilatildeo de um acervo escolar A escolha dos chamados filmes educativos ndash produzidos com essa intencionalidade - natildeo era desejaacutevel por noacutes Acreditaacutevamos que esses filmes por serem realizados para atender aos objetivos pedagoacutegicos na maioria das vezes se despojavam das caracteriacutesticas presentes no cinema de entretenimento12 que mais valorizaacutevamos e apreciaacutevamos sua capacidade de envolvimento do espectador atraveacutes de uma fruiccedilatildeo afetiva empaacutetica emocional e de sua linguagem persuasiva sedutora Aleacutem disso sua capacidade de ldquorecriaccedilatildeordquo de eventos sociais poliacuteticos seja na ficccedilatildeo no documentaacuterio ou nas formas hiacutebridas que coloca o espectador agrave frente de representaccedilotildees da realidade que poderiam ser melhor compreendidas Acreditaacutevamos portanto na capacidade do cinema representar a realidade e revelar seus diferentes aspectos Realidade que poderia ser mais bem compreendida apesar da impossibilidade de revelaacute-la em sua totalidade Compartilhaacutevamos da ideia de que o cinema de entretenimento tem uma natureza pedagoacutegica pelas caracteriacutesticas descritas E contraditoriamente o cinema denominado educativo na tentativa de aproximaccedilatildeo com a cultura escolar e o universo da sala de aula despotencializava o cinema de entretenimento Portanto a escolha dos chamados filmes comerciais foi priorizada na prospecccedilatildeo e montagem do acervo A apropriaccedilatildeo se fazia necessaacuteria e com ela o processo de formaccedilatildeo de ldquoespectadores especializadosrdquo13

11 Diretores como Humberto Mauro (A velha a fiar Engenhos e Usinas Canccedilotildees Populares) Vladimir Carvalho (A bolandeira) Seacutergio Santeiro Leon Hirzsman (Megaloacutepolis Ecologia Partido Alto Nelson Cavaquinho lanccedilados agora em DVD com outros filmes como Eles natildeo Usam Black Tie) Sergio Bianchi (Mato eles) Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) Linduarte Noronha (Aruanda) entre outros 12 Estamos denominando aqui cinema de entretenimento todo e qualquer filme que natildeo foi produzido com fins didaacutetico-pedagoacutegicos o filme comercial de arte os documentaacuterios ndash ateacute mesmo os de caraacuteter mais didaacutetico e cientiacutefico - os cinemas autorais industriais etc 13 ldquoNatureza pedagoacutegica do cinemardquo e ldquoespectadores especializadosrdquo satildeo termos empregados pela professora Mariacutelia Franco da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes e autora da Tese de Doutorado Escola Audiovisual1989

Cena do filme Meow de Marcos Magalhatildees 1981 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica ANIMACcedilAtildeO Tiacutenhamos a intenccedilatildeo tambeacutem de apresentar parte da diversidade da produccedilatildeo audiovisual brasileira no tempo e no espaccedilo dos filmes mudos aos viacutedeos digitais dos diversos nuacutecleos regionais de produccedilatildeo das mais variadas propostas e linguagens Partiacuteamos do princiacutepio de que qualquer filme independentemente de ser produzido ou natildeo com finalidade educativa poderia ser incorporado Ou seja tratava-se de introduzir no espaccedilo escolar uma linguagem natildeo-escolar muito associada ainda ao tempo livre ao lazer e ao entretenimento e que portanto usualmente natildeo pertencia a esse universo Claro que isso exigiria dos educadores puacuteblico-alvo prioritaacuterio para uso do acervo uma apropriaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica de materiais audiovisuais concebidos com outros fins diferentes daqueles envolvidos por exemplo na produccedilatildeo de material didaacutetico O intuito dos coordenadores do CVBE era o de que as variadas formas de apropriaccedilatildeo fossem construiacutedas com os professores em trabalhos de formaccedilatildeo realizados apoacutes a constituiccedilatildeo dos acervos Entretanto os criteacuterios de escolha foram se definindo na apreciaccedilatildeo dos filmes Assistiacuteamos aos filmes que tiacutenhamos acesso e avaliaacutevamos de acordo com criteacuterios que muitas vezes eram subjetivos e que passavam pelo gosto da equipe sua pertinecircncia para o acervo da escola Optamos finalmente por organizar o acervo seguindo com a prospecccedilatildeo dos filmes a partir de criteacuterios temaacuteticos e numa perspectiva pedagoacutegica interdisciplinar com uso partilhado entre professores que ministravam diferentes disciplinas e que passaram a explorar temas comuns (REIS JUNIOR 2010) Para isso adotamos como referecircncia os Paracircmetros Curriculares Nacionais e os Temas Transversais sugeridos por esse documento Logo chegamos a quinhentos e oitenta filmes e viacutedeo brasileiros ndash dos filmes mudos da deacutecada de 1920 agraves produccedilotildees recentes em viacutedeo digital Os acervos foram classificados em oito coleccedilotildees temaacuteticas inspiradas nos Temas Transversais e ficaram organizados da seguinte forma Povos Indiacutegenas Negros Culturas Regionais Migraccedilotildees ndash

111 coleccedilotildees criadas a partir do Tema Transversal Pluralidade Cultural - e Educaccedilatildeo Sexual Meio Ambiente Literatura Brasileira e Movimentos Sociais Os tiacutetulos natildeo relacionados a esses temas foram agrupados em quatro gecircneros14 Animaccedilatildeo Experimental Ficccedilatildeo e Documentaacuterio

Cena do filme Memoacuterias Poacutestumas de Andreacute Klotzel 2001 integrante da Coleccedilatildeo temaacutetica CINEMA E LITERATURA BRASILEIRA

A adoccedilatildeo dos PCNs acabou por legitimar a entrada ou aproximaccedilatildeo do cinema brasileiro com os curriacuteculos escolares servindo para identificar temas e classificar filmes Neste sentido o documento curricular ndash embora elaborado na perspectiva da transdisciplinaridade ndash ofereceu referecircncias fundamentais aos professores para o trabalho interdisciplinar Os textos e documentos foram explorados na formaccedilatildeo e tornaram-se referecircncia no trabalho dos formadores Assim a adoccedilatildeo desse documento norteador pelo projeto especialmente os temas transversais possibilitou construir ldquopontes temaacuteticasrdquo entre a filmografia e os assuntos curriculares propostos Um acervo organizado a partir de uma classificaccedilatildeo com o criteacuterio temaacutetico e de conteuacutedos curriculares pode sugerir apontar ou pressupor um trabalho focado nos conteuacutedos dos filmes em sala de aula possibilitando uma incorporaccedilatildeo e uso voltados para estudo debate ilustraccedilatildeo motivaccedilatildeo etc mas sempre a partir dos assuntos temas ou conteuacutedos tratados Claro que aleacutem dos conteuacutedos a linguagem as formas narrativas e o proacuteprio gecircnero podem ser objetos de anaacutelise e produccedilatildeo de conhecimento No entanto eacute possiacutevel interpretar essa

14 Usualmente o conceito de gecircnero eacute associado a uma classificaccedilatildeo que definiu as categorias conhecidas como drama aventura comeacutedia suspense etc pelos grandes estuacutedios norte-americanos na primeira metade do seacuteculo XX que segmentou a produccedilatildeo Aqui o conceito de gecircnero seraacute usado para distinguir diferentes formas narrativas particularmente o gecircnero ficcional e o documental mas tambeacutem a animaccedilatildeo e a produccedilatildeo experimental

iniciativa como uma tentativa de escolarizaccedilatildeo ou instrumentalizaccedilatildeo do cinema Ou seja filmes produzidos com os mais diferentes fins ndash entretenimento geraccedilatildeo de lucros para a induacutestria que o produziu expressatildeo artiacutestica testemunho de fatos recriaccedilatildeo biograacutefica etc - satildeo apropriados como um dos materiais didaacutetico-pedagoacutegicos dentro de uma cultura escolar com suas proacuteprias normas O risco presente nesse procedimento eacute a despontecializaccedilatildeo do cinema como expressatildeo audiovisual Isto eacute se utilizado apenas como meio para se conhecer e compreender assuntos na maioria das vezes curriculares desprezando sua forma singular de expressatildeo artiacutestica e comunicacional perde-se a possibilidade de explorar sua linguagem sua forma de representaccedilatildeo de indagar como foi construiacutedo ndash e a anaacutelise aponta para uma desconstruccedilatildeo ndash de problematizar portanto sua maneira particular de recriaccedilatildeo da realidade ou tatildeo somente da invenccedilatildeo de uma realidade cinematograacutefica que natildeo manteacutem relaccedilatildeo alguma com o que chamamos de realidade Risco de entendecirc-lo tambeacutem como uma interpretaccedilatildeo da realidade um discurso elaborado a partir do olhar subjetivo de seus autores15 Enfim de explorar um potencial presente nesse meio de expressatildeo audiovisual (BRUZZO 2010)

Cena do filme No Rio das Amazonas de Ricardo Dias 1995 integrante da coleccedilatildeo temaacutetica MEIO AMBIENTE Como assinalamos esses questionamentos natildeo estavam presentes na constituiccedilatildeo desses acervos A escolarizaccedilatildeo do cinema para que ele atendesse aos objetivos educacionais e um uso voltado ao desenvolvimento de conteuacutedos ou componentes curriculares apresentavam-se portanto como uma

15 Podemos considerar o filme como resultado de um trabalho coletivo em muitos casos e portanto de uma autoria coletiva jaacute que sua produccedilatildeo envolve grande nuacutemero de profissionais especializados que contribuem de alguma forma com a construccedilatildeo da obra No entanto haacute um cinema autoral que tecircm como traccedilo distintivo a marca singular da criaccedilatildeo de um autor identificado claramente em toda sua filmografia

112 pretensatildeo da equipe executora do projeto e uma estrateacutegia para atender a necessidade de professores e seus planos disciplinares Contudo tal uso natildeo se reduziu a esta perspectiva A disposiccedilatildeo para conhecer o cinema e sua linguagem foi criada e o debate nem sempre pautado pelos curriacuteculos Conhecer o cinema independentemente de uma possiacutevel transposiccedilatildeo que ldquoenquadrasserdquo os filmes na perspectiva escolarizante foi preocupaccedilatildeo permanente16 Jaacute o agrupamento em gecircneros cinematograacuteficos (ficccedilatildeo documentaacuterio animaccedilatildeo e experimental17) colocava outro olhar sobre o conjunto destacando os atributos dos filmes especificamente cinematograacuteficos e destacando as diferentes formas narrativas e expressivas que o cinema comporta Os filmes aiacute incluiacutedos que natildeo se adaptaram aos temas transversais ficaram fora da classificaccedilatildeo mais escolarizada Permaneceram ldquofilmesrdquo e natildeo apenas recursos voltados ao desenvolvimento de temas Essa escolha dirigiu o olhar ao que chamamos de linguagem e natildeo aos assuntos curriculares Colocou necessariamente a atenccedilatildeo sobre as particularidades de cada gecircnero Obrigou-nos a ver como cinema e natildeo como materiais de uma coleccedilatildeo temaacutetica que tal como o livro pode servir apenas de insumo a uma aprendizagem escolarizada Neste sentido despertou nos professores a necessidade de estudo da linguagem para aleacutem dos temas que os filmes suscitaram e da necessidade de aplicaccedilatildeo dos conteuacutedos curriculares Consideraccedilotildees finais Assim ao destacar a singularidade da linguagem audiovisual e sua natureza pedagoacutegica bem como o potencial de trabalho interdisciplinar com o cinema brasileiro eacute que as accedilotildees desenvolvidas pelo projeto nas escolas puacuteblicas citadas promoveram uma familiarizaccedilatildeo com a nossa cinematografia e despertaram a possibilidade de um uso profiacutecuo da linguagem audiovisual em sala de aula Portanto a permeabilidade dos curriacuteculos escolares eacute condiccedilatildeo sine qua non para a incorporaccedilatildeo de filmes que passaram a cumprir relevante papel na produccedilatildeo do conhecimento na perspectiva interdisciplinar tal como descrito neste artigo E a diversidade presente na variedade de filmes disponibilizados sobretudo quanto aos temas e gecircneros propiciou um incremento nas praacuteticas escolares de professores que incorporaram uma nova linguagem em suas accedilotildees pedagoacutegicas 16 Na realizaccedilatildeo das mostras de filmes em viacutedeo nas escolas temas e debates propostos natildeo tinham abordagem alinhada a propostas curriculares da escola ou oacutergatildeo administrativo da rede 17 O cinema de animaccedilatildeo contou com tiacutetulos muito requisitados a exemplo das animaccedilotildees de Marcos Magalhatildees (Meow e Animando) Entre os filmes chamados experimentais Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) era um nome de referecircncia

REFEREcircNCIAS BRUZZO Cristina O cinema brasileiro em busca de seu public na escola Caderno CEDES-UNICAMP vol 31 nordm 83Campinas Janabril 2011 BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio IN Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000 FRANCO Mariacutelia Escola Audiovisual Tese de doutorado defendida na Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo 1989 REIS JUNIOR Antocircnio Cinema Brasileiro na Escola Puacuteblica reconhecimento na diferenccedila Tese de doutorado defendida na Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade Estadual Paulista UNICAMP 2010

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O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

felipeschadtfaccampbr

RESUMO O que propomos com o presente artigo eacute apresentar o trabalho desenvolvido no jornal laboratoacuterio O JORNALEIRO da Faculdade Campo Limpo Paulista atraveacutes do prisma da educomunicaccedilatildeo Com uma viagem dentro do universo educomunicativo campo de intervenccedilatildeo social jaacute consolidado pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da ECA-USP tentaremos com aporte nos estudos desse campo relacionar a educomunicaccedilatildeo com as praacuteticas aplicadas nos processos envolvendo as produccedilotildees do O JORNALEIRO Entretanto tambeacutem podemos afirmar que um dos objetivos de um jornal laboratoacuterio eacute a manutenccedilatildeo do funcionalismo o qual a comunicaccedilatildeo obedece fazendo com que o diaacutelogo a construccedilatildeo coletiva do conhecimento a reflexatildeo criacutetica e o protagonismo - preceitos da Educomunicaccedilatildeo estejam lado a lado Assim buscamos refletir com este artigo em que medida o projeto eacute dialogaacutevel com as praacuteticas educomunicativas Palavras chave O Jornaleiro Educomunicaccedilatildeo Jornal Laboratoacuterio Comunicaccedilatildeo Social Faccamp ABSTRACT What we propose with this article is to present the work in the lab newspaper O JORNALEIRO of the Faculdade Campo Limpo Paulista through the perspective of educommunication With a trip inside the communicative universe social intervention field already consolidated by the Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo of the ECA-USP try with investments in studies of this field relate to the practices applied in cases involving the productions of the O JORNALEIRO However we can also say that one of the objectives of a lab newspaper is the maintenance of functionalism which the notice is issued pursuant causing dialogue collective construction of knowledge critical reflection and the protagonism - precepts of Educommunication - stand aside With that seek to understand the project is or not an educommunication proposal

Keywords O Jornaleiro Educommunication Lab Newspapper Social Communication Faccamp

ldquoA educomunicaccedilatildeo fala de relacionamento lideranccedila diaacutelogo social e protagonismo juvenil Posiciona-se de forma criacutetica ante o individualismo a manipulaccedilatildeo e a competiccedilatildeo A cidadania vencendo a ditadura do mercado eacute o que ela busca transformando as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias em instrumentos de solidariedade e crescimento coletivordquo

Ismar de Oliveira Soares

1 INTRODUCcedilAtildeO Eacute possiacutevel dizer que a escola estaacute em crise Principalmente quando o assunto eacute o interesse do aluno por ela Segundo pesquisas realizadas no final da primeira deacutecada dos anos 2000 percebemos que os jovens estatildeo cada vez mais desinteressados pela escola O Centro de Poliacuteticas Sociais da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas por exemplo realizou uma pesquisa em 2009 intitulada de ldquoMotivos da Evasatildeo Escolarrdquo constatando que 401 dos jovens de 15 a 17 anos deixam de ir agrave escola por acharem-na desinteressante1 Jaacute a ONG Accedilatildeo Educativa de Satildeo Paulo revela em sua pesquisa tambeacutem de 2009 ldquoQue Ensino Meacutedio Queremosrdquo que 59 dos jovens entrevistados dizem que soacute se interessam pela escola ldquoagraves vezesrdquo enquanto 28 responderam que raramente acham a escola interessante2 Mas o que fazer para que o aluno se sinta motivado a frequentar e a participar ativamente do ambiente educacional Segundo Ismar de Oliveira Soares

[] uma educaccedilatildeo eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e natildeo ser um

1 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p25 2 Idem

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simulacro de suas vidas Fazer sentido para eles significa partir de um projeto de educaccedilatildeo que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformaccedilotildees Que entenda o jovem E natildeo daacute para entendecirc-lo sem se quer escutaacute-lo3

Eacute nesse contexto que a Educomunicaccedilatildeo mostra-se como uma alternativa para integrar esse aluno agrave vida educativa atraveacutes de alguns preceitos que esse novo campo de intervenccedilatildeo social aponta como importantes sendo eles o protagonismo juvenil a construccedilatildeo coletiva do conhecimento o desenvolvimento da reflexatildeo criacutetica e o diaacutelogo Com isso pretende-se criar um ambiente onde o jovem deixe de ser mero elemento da educaccedilatildeo para se transformar em agente criador Tornar os alunos no que Alain Tourraine vai classificar como ldquocriadores de si mesmos e produtores da sociedaderdquo4

Mas a Educomunicaccedilatildeo natildeo se faz necessaacuteria soacute na escola Foi com as ONGs que essa praacutetica se espalhou pela Ameacuterica Latina atraveacutes de projetos que se apropriavam da comunicaccedilatildeo de uma maneira democraacutetica e participativa dando a membros de comunidades carentes chance de criar seus proacuteprios conteuacutedos de informaccedilatildeo estabelecendo uma relaccedilatildeo muito mais humanizada entre a comunicaccedilatildeo e as pessoas Aleacutem do terceiro setor outro ambiente em que as praacuteticas educomunicativas podem ser transformadoras estaacute na proacutepria universidade Mas diferente da escola a universidade natildeo tem problemas de desinteresse uma vez que o aluno escolhe o curso e isso jaacute nos daria condiccedilotildees de entender que se estuda o que eacute interessante para ele Entatildeo para que serviria a Educomunicaccedilatildeo no ambiente universitaacuterio

Historicamente a universidade obedece uma loacutegica promove conhecimento para abastecer o mercado Em outras palavras preparam pessoas para cumprirem suas funccedilotildees na sociedade atraveacutes das mais diversas aacutereas do conhecimento Usemos como exemplo (pertinente aliaacutes) o curso de Comunicaccedilatildeo Social Um de seus objetivos eacute abastecer o mercado de trabalho de profissionais capazes de perpetuar a loacutegica estabelecida no campo social da comunicaccedilatildeo O aluno de jornalismo aprende na faculdade como ser um jornalista que o mercado quer contratar O aluno de publicidade relaccedilotildees

3 Ibid p8 4 TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade Lisboa Piaget 1992 p 269

puacuteblicas e de raacutedio e televisatildeo seguem o mesmo caminho

Ainda no curso de jornalismo (o nosso exemplo pertinente) podemos ver a presenccedila do jornal-laboratoacuterio como uma das principais ferramentas do aprendizado jornaliacutestico nas universidades Segundo Dirceu Fernandes Lopes ldquoexiste uma consciecircncia histoacuterica sobre a necessidade dos laboratoacuterios como espaccedilos fundamentais para a pesquisa e a reproduccedilatildeo ou inovaccedilatildeo da praacutetica jornaliacutesticardquo5 Portanto tanto teoria como a praacutetica esta uacuteltima contemplada atraveacutes do jornal-laboratoacuterio tornam-se importantes para o desenvolvimento do aluno do curso de Jornalismo dando a ele o conhecimento criacutetico e o aperfeiccediloamento teacutecnico necessaacuterios para as demandas exigidas pelo mercado de trabalho

Essas demandas exigidas pelo mercado acabam criando competiccedilatildeo entre os alunos que buscam a todo momento destacar-se para alcanccedilar os objetivos esperados pela profissatildeo onde alguns valores humaniacutesticos satildeo deixados de lado pela concorrecircncia E eacute nesse ponto que a Educomunicaccedilatildeo se faz pertinente Atraveacutes de seus conceitos voltados sempre para o coletivo e o fortalecimento da consciecircncia criacutetica pode mudar a maneira como o aluno se relaciona com o seu curso e com seus pares

Pensando nisso O JORNALEIRO jornal-laboratoacuterio criado em 2012 acabou dialogando para as praacuteticas educomunicativas possibilitando em alguns casos a transformaccedilatildeo de seus participantes em agentes criadores pensantes democraacuteticos dialoacutegicos e conscientes do trabalho coletivo e conhecimento compartilhado Pensado em sua criaccedilatildeo para ser mais uma ferramenta funcionalista da comunicaccedilatildeo O JORNALEIRO passou a apontar outros valores - como os apontados acima - e tentando preparar seus participantes em profissionais que entrem no mercado de trabalho e tentem mudar sua realidade de local competitivo para ambiente colaborativo

O presente artigo tenta fazer essa relaccedilatildeo entre a Educomunicaccedilatildeo e O JORNALEIRO buscando provar que o projeto estaacute tentando deixar de lado seus objetivos funcionalistas para ser um projeto completamente

5 LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989 p 33

115 educomunicativo dando ao aluno participante condiccedilotildees de ser um agente transformador

2 O QUE Eacute EDUCOMUNICACcedilAtildeO Natildeo eacute raro vermos a inquietaccedilatildeo no rosto daqueles que natildeo estatildeo habituados agraves praacuteticas e projetos educomunicativos quando soltamos a palavra Educomunicaccedilatildeo A duacutevida do outro sempre acompanhada da curiosidade nos instiga a tentar explicar do que se trata essa palavra Mas temos que ter atenccedilatildeo redobrada para dar significado a esse neologismo e natildeo cair no erro de dar como resposta a junccedilatildeo de Educaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo que aleacutem de simplista eacute rasa Tatildeo pouco podemos deixar que o termo apresentado pela primeira vez em 1999 na revista Contato em Brasiacutelia apoacutes intensa pesquisa do Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da USP6 caia em explicaccedilotildees como o uso das tecnologias da comunicaccedilatildeo na sala de aula ou somente como uma alfabetizaccedilatildeo para os meios de comunicaccedilatildeo Eacute preciso um aprofundamento para buscar uma explicaccedilatildeo satisfatoacuteria para o que Ismar de Oliveira Soares chama de um novo campo de intervenccedilatildeo social7

O entendimento de Educomunicaccedilatildeo pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo eacute a accedilatildeo emergente entre dois tradicionais campos sociais a Educaccedilatildeo e a Comunicaccedilatildeo O que significa que a Educomunicaccedilatildeo se apresenta como um novo paradigma para a educaccedilatildeo e para a comunicaccedilatildeo e que por sua vez confrontaraacute inevitavelmente com os paradigmas jaacute existentes que permeiam esses tradicionais campos sociais

Para estudiosos como Ismar de Oliveira Soares o campo da educaccedilatildeo o paradigma apresentado eacute o do ensino x aprendizagem Esse sistema vertical de educaccedilatildeo apresenta a instituiccedilatildeo de ensino como uacutenico local de aprendizagem o professor como o detentor da sabedoria e o aluno como um ser que nada sabe pronto para receber todo o conhecimento vindo de fora para dentro Jaacute o paradigma na comunicaccedilatildeo apresenta-se como um

6 Pesquisa realizada na deacutecada de 1990 pelo NCE-USP em 12 paiacuteses da Ameacuterica Latina que possuiacuteam programas e projetos que trabalhavam com a interface entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo com o objetivo de detectar o imaginaacuterio desses agentes culturais sobre a referida interface Leia mais em SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p34-35 7 Ibid p11

sistema hegemocircnico onde poucos grupos possuem o poder de criar conteuacutedo atraveacutes dos meios de comunicaccedilatildeo dando ao outro um status de mero receptor sem o direito de resposta por meio de suas proacuteprias produccedilotildees midiaacuteticas

Olhando para o acircmbito estudantil esses dois paradigmas que claramente obedecem uma loacutegica funcionalista impedem o discente de criar condiccedilotildees de tornar-se um produtor de conteuacutedo com olhar criacutetico para a sociedade Ao inveacutes disso haacute um esforccedilo para a manutenccedilatildeo do status quo A Educomunicaccedilatildeo busca criar um diaacutelogo entre esses dois campos8 que sempre se apresentaram como heterogecircneos e distintos em suas funccedilotildees sociais para poder dar a esse jovem reais condiccedilotildees emancipadoras A questatildeo que se deve fazer eacute esse diaacutelogo eacute possiacutevel

A busca por essa resposta inicia-se no entendimento dos estudos de Pierre Bourdieu para a definiccedilatildeo de campo social Segundo o estudioso francecircs

Os campos apresentam-se agrave apreensatildeo sincrocircnica como espaccedilos estruturados de posiccedilotildees (ou postos) cujas propriedades dependem da sua posiccedilatildeo nesses espaccedilos e que podem ser analisadas independentemente das caracteriacutesticas dos seus ocupantes [] Sempre que se estuda um novo campo seja o campo da filologia no seacuteculo XIX da moda hoje ou da religiatildeo na Idade Meacutedia descobrimos propriedades especiacuteficas proacuteprias de um campo particular9

Portanto cada campo social tem suas regras seus trofeacuteus e seus capitais onde o que se valoriza em um natildeo eacute valorizado no outro Sendo assim entendemos que o campo da Educaccedilatildeo possui um jogo diferente do campo da Comunicaccedilatildeo logo suas funccedilotildees sociais tambeacutem seratildeo distintas Atraveacutes do prisma da racionalidade moderna (qual autorescola esta referenciando este termoconceito) cada um desses campos era visto como neutros e com funccedilotildees claras e especiacuteficas Enquanto a educaccedilatildeo deveria legitimar a ordem social proposta a comunicaccedilatildeo era um instrumento disciplinador da coletividade

8 BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 31 9 BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa Fim de Seacuteculo 2003 p 119

116 A Modernidade nasceu com a instituiccedilatildeo da crenccedila nas possiblidades da razatildeo capaz de transformar a sociedade pela dominaccedilatildeo da natureza pelo homem Ao mesmo tempo impocircs a uniformizaccedilatildeo das mentalidades como forma de controle da opiniatildeo puacuteblica Para tanto a sociedade industrial conformou a educaccedilatildeo (para sedimentar e legitimar a ordem social que queria ver estabelecida) fazendo por outro lado uma apropriaccedilatildeo do discurso midiaacutetico usando-o como seu mais poderoso instrumento disciplinador coletivo10

Mesmo apoacutes a crise da Modernidade e o surgimento da cultura Poacutes-Moderna a razatildeo continua sendo o alicerce nas construccedilotildees sociais O que antes era apresentado como razatildeo iluminista passa a ser apresentado como razatildeo teacutecnica amparada pelo predomiacutenio da informaccedilatildeo Ainda assim educaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo continuam como campos distintos e com funccedilotildees proacuteprias

Enquanto a comunicaccedilatildeo ganha valorizaccedilatildeo pelo domiacutenio da informaccedilatildeo a educaccedilatildeo entra em crise dentre outras coisas devido ao seu tradicionalismo Antes na modernidade a educaccedilatildeo era definida ldquocomo base da construccedilatildeo da democracia modernardquo11 e na poacutes-modernidade esse discurso estava sendo substituiacutedo pelo ldquodiscurso sobre a excelecircncia e a irreversibilidade da informaccedilatildeordquo12 Esse pensamento de valorizaccedilatildeo social ao mundo da comunicaccedilatildeo e de uma negaccedilatildeo do mundo da educaccedilatildeo eacute defendida pelo pensador francecircs Pierre Furter que ainda diraacute que a educaccedilatildeo nesse periacuteodo se torna territorial nacionalizada normativa e burocraacutetica enquanto a comunicaccedilatildeo se apresenta como desterritorializada internacionalizada natildeo-formal e natildeo-burocraacutetica13

Para construir um diaacutelogo entre esses dois campos que a partir das visotildees da Modernidade e da Poacutes-Modernidade satildeo distintos em suas funccedilotildees sociais eacute preciso entender que primeiro a educaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel enquanto accedilatildeo comunicativa e segundo a comunicaccedilatildeo eacute

10 MILAN Yara Maria Martins Comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo um ponto de mutaccedilatildeo no espaccedilo de confluecircncia In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 15 11 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 16 12 Idem 13 Idem

em si uma accedilatildeo educativa Esses axiomas satildeo apresentados por Ismar de Oliveira Soares como uma das linhas teoacuterico-praacuteticas para se compreender a relaccedilatildeo entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

Segundo Soares o primeiro axioma diz respeito agrave ideia de que a comunicaccedilatildeo eacute um fenocircmeno que se encontra em todos os modos de formaccedilatildeo do ser humano ldquoNo caso o tipo de comunicaccedilatildeo adotado passa a emprestar identidade ao processo educativo qualificando-ordquo14 O estudioso usa como exemplo a expressatildeo adotada por Paulo Freire que diz respeito a uma educaccedilatildeo verticalizada a educaccedilatildeo bancaacuteria e em contrapartida tambeacutem usa a expressatildeo educaccedilatildeo dialoacutegica utilizada para representar o esforccedilo para a construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo compartilhada e solidaacuteria Esses dois exemplos mostram o quanto a comunicaccedilatildeo se faz presente na praacutexis educativa ora por meio de transferecircncia de conhecimento de um ponto para outro ora por meio do diaacutelogo e da troca de conhecimentos

No segundo axioma Soares acredita que diferentes modelos de comunicaccedilatildeo determinariam resultados educativos diferentes onde uma comunicaccedilatildeo dialoacutegica contribuiria para um aumento significativo da participaccedilatildeo e do interesse dos estudantes

[] uma comunicaccedilatildeo essencialmente dialoacutegica e participativa no espaccedilo do ecossistema comunicativo escolar mediada pela gestatildeo compartilhada (comunidade escolar) dos recursos e processos da informaccedilatildeo contribui essencialmente para a praacutetica educativa cuja especificidade eacute o aumento imediato do grau de motivaccedilatildeo por parte dos estudantes e para o adequado relacionamento no conviacutevio professoraluno maximizando as possibilidades de aprendizagem de tomada de consciecircncia e de mobilizaccedilatildeo para a accedilatildeo15

Essa condiccedilatildeo de transformar o ambiente educacional a partir da comunicaccedilatildeo - enquanto produccedilatildeo simboacutelica e transmissatildeo (seria o melhor termo ldquoconstruccedilatildeordquo) de sentidos - deixando de lado a burocratizada transferecircncia de informaccedilatildeo pela construccedilatildeo de conhecimento atraveacutes diaacutelogo dando condiccedilotildees para se formar indiviacuteduos com real poder transformador eacute o que podemos chamar de educomunicaccedilatildeo

14 Ibid p17 15 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p17

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3 O JORNALEIRO E A EDUCOMUNICACcedilAtildeO O JORNALEIRO tem como base algumas diretrizes que tambeacutem fazem parte da estrutura fundamental da Educomunicaccedilatildeo Satildeo elas os conceitos de dialogismo e construccedilatildeo coletiva do conhecimento Essas duas diretrizes mostram que o projeto estaacute preocupado com o desenvolvimento do protagonismo nos participantes uma vez que nega composiccedilotildees hieraacuterquicas de conhecimento e da transferecircncia do mesmo aleacutem do favorecimento amplo do espaccedilo democraacutetico atraveacutes do diaacutelogo

31 O JORNALEIRO E O DIAacuteLOGO Uma das principais caracteriacutesticas do projeto estaacute no uso do diaacutelogo para a tomada de decisotildees e para a construccedilatildeo do conhecimento Jaacute na primeira reuniatildeo em julho de 2012 os primeiros trecircs alunos participantes junto com o professor responsaacutevel pelo projeto decidiram coletivamente como jornal-laboratoacuterio - que viria a se chamar O JORNALEIRO - iria seguir como deveriam ser feitas as publicaccedilotildees e como deveria ser a dinacircmica dos encontros A partir disso as reuniotildees do jornal-laboratoacuterio sempre aconteceram em roda dando vez e voz para todos os membros

Esse tipo de configuraccedilatildeo de espaccedilo fiacutesico - em roda - pode possibilitar o fortalecimento de um discurso que privilegia uma educaccedilatildeo dialoacutegica pois tira a centralidade de uma figura [o professor] e passa a dar protagonismo para todos os presentes A condiccedilatildeo de que uma figura ensina e a outra aprende eacute colocada de lado para que todos possam colaborar para a construccedilatildeo do diaacutelogo ldquodessa forma a contradiccedilatildeo educador-educando em que o professor era o sujeito e o aluno objeto passivo eacute superadardquo16

O uso dessa praacutetica pode ser explicado atraveacutes de Paulo Freire onde o filoacutesofo defendia o diaacutelogo e a construccedilatildeo do conhecimento de forma coletiva e democraacutetica ldquoJaacute agora ningueacutem liberta ningueacutem como tampouco ningueacutem se liberta a si mesmo os homens se libertam em comunhatildeordquo17 Vale destacar que o autor usa a palavra libertar no mesmo sentido que a palavra educar

16 ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 63 17 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 p 75

onde esta uacuteltima aparece em ediccedilotildees anteriores no trecho citado da mesma obra - Pedagogia do Oprimido (1987)

Outro autor que vai corroborar com o entendimento da importacircncia do diaacutelogo eacute o teoacuterico e filoacutesofo alematildeo Juumlrgen Habermas Um dos mais notaacuteveis pensadores da segunda geraccedilatildeo da Escola de Frankfurt trabalha com o conceito de accedilatildeo comunicativa onde todos os envolvidos tecircm direito agrave fala e que essa fala natildeo eacute guiada por interesses proacuteprios e egoiacutestas mas sim pelos objetivos da coletividade no qual se encontra A accedilatildeo comunicativa se faz

[] sempre que as accedilotildees dos agentes envolvidos satildeo coordenadas natildeo atraveacutes de caacutelculos egocecircntricos de sucesso mas atraveacutes de atos de alcanccedilar o entendimento Na accedilatildeo comunicativa os participantes natildeo estatildeo orientados primeiramente para o seu proacuteprio sucesso individual18

Tanto Freire quanto Habermas corroboram para a defender a ideia do ecossistema comunicativo onde o diaacutelogo seraacute capaz de transformar as relaccedilotildees no ambiente no nosso caso o educacional No O JORNALEIRO essa consciecircncia de comunicaccedilatildeo democraacutetica atraveacutes do diaacutelogo mostra-se eficaz e pertinente pois os participantes se encorajam a fazer parte do projeto tomando-o como seu E essa relaccedilatildeo proporciona um crescente desenvolvimento do discente participante pois aleacutem de fazer valer sua opiniatildeo consegue compreender e respeitar posiccedilotildees contraacuterias agraves suas gerando assim um poder de criacutetica e autocriacutetica Aleacutem disso esse diaacutelogo proporciona uma nova visatildeo dos participantes atraveacutes dos demais olhares apresentados nas discussotildees fazendo com que seja possiacutevel conhecer outras formas de enxergar um determinado assunto

Talvez essa relaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo democraacutetica dentro do projeto possa explicar o crescente nuacutemero de participantes e sua fidelizaccedilatildeo uma vez que satildeo poucos os discentes que entram para O JORNALEIRO e o abandonam na sequecircncia Hoje mais de 50 alunos participam do projeto ativamente

[] a educomunicaccedilatildeo se preocuparaacute essencialmente com o aluno com sua relaccedilatildeo

18 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995 p 80

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consigo mesmo enquanto pessoa tanto quanto com sua relaccedilatildeo com os colegas os docentes a escola e a sociedade ao seu redor19

32 O JORNALEIRO E A CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA DO CONHECIMENTO

Na Europa dos seacuteculos XII e XIII as Corporaccedilotildees de Ofiacutecio eram compostas de trecircs classes de trabalhadores que se dividiam entre os mestres os jornaleiros e os aprendizes ldquoOs mestres eram os donos da oficina que acolhiam os jornaleiros que eram tambeacutem responsaacuteveis pelo adestramento dos aprendizesrdquo20 Os jornaleiros faziam um papel de auxiliar do mestre no treinamento do aprendiz que apoacutes receber treinamento suficiente tambeacutem tornava-se um jornaleiro que por sua vez tambeacutem tornaria - se um mestre

Era sim uma loacutegica que obedecia a um sistema de valor preacute-estabelecido que mantinha o mestre como dono do saber a ser passado para classes com menos conhecimento Poreacutem o que chama a atenccedilatildeo eacute o papel do jornaleiro que atua ao mesmo tempo como aprendiz e como mestre onde aprendia novos conhecimentos e tambeacutem tinha a chance de ensinaacute-los

Essas condiccedilotildees de aprender e ensinar satildeo usadas pelo projeto O Jornaleiro onde os discentes tomam o papel de mestre e transferem seu conhecimento para outro membro do projeto afim de que mais pessoas tomem posse das aptidotildees que manteacutem o jornal laboratoacuterio na ativa o controle das pautas a revisatildeo dos textos e a diagramaccedilatildeo das reportagens

Vamos utilizar como exemplo a funccedilatildeo de Pauteiro Uma vez por semana os componentes do projeto reuacutenem-se para discutirem as pautas que seratildeo abordadas nas reportagens Essa reuniatildeo de pauta eacute guiada por um dos alunos que tem a funccedilatildeo de Pauteiro onde procura mediar os debates e as escolhas dos temas que seratildeo trabalhados posteriormente pelos alunos responsaacuteveis na reportagem A pauta tem um papel fundamental no jornalismo pois ela eacute o ldquoprimeiro roteiro para a produccedilatildeo de textos jornaliacutesticos e material

19 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p46 20 XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1 p 106

iconograacuteficordquo21 e portanto faz com que o papel do Pauteiro seja de relevacircncia para o projeto

O aluno que estaacute responsaacutevel pela pauta fica na funccedilatildeo durante um mecircs e em sua companhia tem a presenccedila de outro aluno Esse outro discente acompanharaacute o Pauteiro em suas funccedilotildees e o responsaacutevel pela pauta teraacute tambeacutem a responsabilidade de passar seus conhecimentos sobre o assunto para o chamado aqui de aprendiz Passados os 30 dias o aprendiz assume as responsabilidades com a pauta tornando-se o Pauteiro e recebe outro aluno para poder repassar o conhecimento recebido gerando assim uma corrente Essa dinacircmica acontece da mesma forma com todas as funccedilotildees do projeto fazendo com que os alunos ensinem uns aos outros em uma praacutetica chamada antropoacuteloga norte-americana Margaret Mead de cultura preacute-figurativa

Mead estabelece diferenccedilas entre trecircs tipos de cultura a poacutes-figurativa a cofigurativa e a preacute-figurativa A cultura poacutes-figurativa eacute aquela em que os jovens aprendem primordialmente atraveacutes dos adultos jaacute a cultura cofigurativa tanto jovens como adultos aprendem na conjuntura das relaccedilotildees sociais que estatildeo envolvidos e por fim a cultura preacute-figurativa a qual os adultos tambeacutem aprendem com os jovens22 Portanto essa dinacircmica do O Jornaleiro obedece a uma loacutegica preacute-figurativa diferentemente de instituiccedilotildees mais tradicionais como as religiosas que sustentam uma cultura poacutes-figurativa dando autoridade sempre para aquele que eacute mais velho Nesse sentido de transferecircncia de conhecimento que natildeo estaacute subjugado a uma loacutegica poacutes-figurativa os alunos envolvidos deixam de lado as hierarquias e passam a compreender que o conhecimento pode ser construiacutedo coletivamente negando completamente o paradigma funcionalista da comunicaccedilatildeo onde os processos comunicacionais cumprem a funccedilatildeo entre outras de transmitir a heranccedila social de uma geraccedilatildeo para a outra Nesse contexto a teoria funcionalista da comunicaccedilatildeo diz que

[] com respeito ao problema da conservaccedilatildeo do esquema de valores o subsistema das comunicaccedilotildees de massa parece funcional na

21 FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 p 48 22 MEAD Margaret Cultura y compromiso estudio sobre la ruptura generacional 1980 In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 23

119

medida em que cumpre parcialmente a tarefa de corroborar e reforccedilar os modelos de comportamento existentes no sistema social23

Segundo o estudioso italiano Mauro Wolf as teorias funcionalistas da comunicaccedilatildeo se concentram em entender as funccedilotildees do sistema comunicativo na sociedade24 dando importacircncia para os efeitos verificaacuteveis da accedilatildeo da miacutedia sobre as massas aleacutem de ter um papel preciso na manutenccedilatildeo do funcionamento social

[] a teoria funcionalista ocupa uma posiccedilatildeo muito precisa que consiste em definir a problemaacutetica da miacutedia a partir do ponto de vista da sociedade e do seu equiliacutebrio da possibilidade do funcionamento total do sistema social e da contribuiccedilatildeo que seus componentes (inclusive os meios de comunicaccedilatildeo de massa) lhe trazem O campo de interesse de uma teoria dos meios de comunicaccedilatildeo de massa natildeo eacute mais definido pela dinacircmica interna dos processos de comunicaccedilatildeo (como eacute tiacutepico sobretudo da teoria psicoloacutegico-experimental) mas pela dinacircmica do sistema social e pela funccedilatildeo que as comunicaccedilotildees de massa nela desenvolvem25

A comunicaccedilatildeo a serviccedilo da manutenccedilatildeo do funcionamento social pode ser explicado pelo pensamento do estudioso da Fundaccedilatildeo Rockfeller Harold Lasswell Apresentado pelos autores Francisco Ruumldiger e Lasswell que veem a comunicaccedilatildeo como parte de um processo onde o principal preceito eacute a influecircncia sobre o comportamento alheio26 Essa afirmaccedilatildeo colabora com o entendimento citado acima por Wolf onde a influecircncia do sistema atraveacutes das comunicaccedilotildees de massa serve para manter o funcionalismo social

No caso do O Jornaleiro afirmamos que existe uma negaccedilatildeo a essa sistemaacutetica funcionalista pois internamente a comunicaccedilatildeo se faz atraveacutes do diaacutelogo onde a troca de saberes horizontalizada vai de contra matildeo ao funcionalismo social dentro do ambiente educacional por exemplo Portanto o projeto natildeo obedece ao funcionalismo da cultura poacutes-figurativa de transferecircncia

23 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 53 24 Ibid p 50 25 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 54 26 RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2001 p 56

de conhecimento atraveacutes de uma comunicaccedilatildeo voltada para a influecircncia sobre o outro afim de manter o status quo Procuramos justamente o contraacuterio dar ao jovem condiccedilotildees de transformar sua proacutepria histoacuteria e libertaacute-lo das funccedilotildees que a sociedade e o mercado limitadamente oferecem-lhe Educomunicativamente falando estamos tentando

[] garantir ao jovem a possibilidade de sonhar natildeo exatamente com um mundo fantaacutestico e seguro que lhe seja dado pelos adultos mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir a partir de sua capacidade de se comunicar Eacute o que a educomunicaccedilatildeo tem condiccedilotildees de propor27

E essa garantia pode ser dada a partir do momento que o jovem se reconhece como mestre e aprendiz ensinando e aprendendo ao mesmo tempo tendo condiccedilotildees de entender criticar e mudar a sua histoacuteria e a da sua comunidade perante a sociedade

Mas se o aluno passar a ensinar qual o papel do professor nesse processo Paulo Freire entende que esse papel se daacute justamente na problematizaccedilatildeo28 do conteuacutedo causada pelo professor que jamais deixaraacute de existir na sala de aula pois sua funccedilatildeo como provocador de reflexatildeo eacute fundamental no processo educativo

4 CONSIDERACcedilOtildeES Acreditamos que O Jornaleiro mostra-se como um potencial projeto educomunicativo devido sua aproximaccedilatildeo com as diretrizes que satildeo bases desse novo campo social Entendemos que O Jornaleiro estaacute no caminho certo para se tornar um projeto educomunicativo Beneficiado pelo uso da educaccedilatildeo dialoacutegica e amparado pela construccedilatildeo coletiva do conhecimento podemos afirmar que o projeto tem condiccedilotildees de conceder aos alunos do curso de Comunicaccedilatildeo Social da Faccamp condiccedilotildees de transformar suas proacuteprias histoacuterias no contexto social

Desde o iniacutecio o diaacutelogo mostrou-se a base do O Jornaleiro dando ao aluno participante a noccedilatildeo de que ele e os demais podem construir o conhecimento de uma forma solidaacuteria democraacutetica e coletiva fazendo-o

27 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p53 28 FREIRE Paulo Extensatildeo ou comunicaccedilatildeo 10ordf Ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p53

120 entender a importacircncia da comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo dialoacutegica na construccedilatildeo dos agentes sociais

Aleacutem disso mostra-se interessado em favorecer e fortalecer a construccedilatildeo coletiva do conhecimento com base na crenccedila de que a informaccedilatildeo natildeo tem uma centralidade mas sim diluiacuteda em vaacuterios formatos meios e agentes

Entendemos que ainda haacute muito o que fazer para tornar O Jornaleiro uma praacutetica totalmente educomunicativa que contribua efetivamente para transformar o ambiente educacional no qual estaacute inserido em um lugar que o jovem se reconheccedila como agente transformador capaz de quebrar o funcionalismo que eacute imposto pela loacutegica mercantil no qual a comunicaccedilatildeo estaacute mergulhada Mas os primeiros passos foram dados com o reconhecimento de que a Educomunicaccedilatildeo possa ser uma janela aberta para uma nova realidade social

Ainda temos pela frente um longo caminho a percorrer para que uma relaccedilatildeo otimizada entre a comunicaccedilatildeo e a educaccedilatildeo torne-se uma praacutetica cotidiana nas escolas e demais espaccedilos educativos sendo necessaacuterio para tanto formular poliacuteticas especiacuteficas e destinar recursos associando tais iniciativas a programas aprimorados de gestatildeo a fim de que projetos de inovaccedilatildeo tenham tempo de florescer adquirir consistecircncia de produzir efeitos sociais e educacionais beneacuteficos e prolongados Se o caminho eacute longo o tempo se faz cada vez mais curto Entatildeo matildeos a obra29

5 REFEREcircNCIAS

BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa

Fim de Seacuteculo 2003 CITELLI A O COSTA M C C (Org)

Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf

ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 29Ibid p94

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de

Janeiro Paz e Terra 1987 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative

action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995

LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do

exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989

RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo

Porto Alegre Penso 2001

SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011

_________ Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade

Lisboa Piaget 1992 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de

massa Satildeo Paulo Martins Fontes 2003

XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1

ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em

Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007

121

O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO

Faacutebio Pavan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fabiotinoigcombr

RESUMO Neste artigo busco responder em que medida a educaccedilatildeo musical no ensino baacutesico de violino assegura o niacutevel de motivaccedilatildeo das crianccedilas e a qualidade de ensino Atraveacutes da educaccedilatildeo musical com aulas que se utilizem do uso de cantigas jogos musicais exerciacutecios de escuta musical entre outros combinando-os com a metodologia de ensino desenvolvida por Shinichi Suzuki trato de responder esta questatildeo Para isso busquei vaacuterios artigos que tratam sobre o ensino do violino atraveacutes do Meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical e as minhas experiecircncias como professor de violino no ldquoProjeto de cordas Violino e viola de arcordquo (Projeto Social) Realizei anaacutelise desses artigos em um primeiro momento buscando entender como esse meacutetodo eacute utilizado no ensino do violino e em um segundo momento esses resultados com aulas de violino do Projeto Social Segundo o Meacutetodo Suzuki toda crianccedila pode aprender um instrumento sem dificuldade e de forma natural da mesma maneira que aprende sua liacutengua materna tendo sempre um ambiente favoraacutevel Desta maneira existe uma aproximaccedilatildeo entre o estudo do violino com base neste meacutetodo e a educaccedilatildeo musical

Palavras chave Suzuki educaccedilatildeo musical ensino de violino ABSTRACT In this article I respond to what extent music education in primary schools of violin ensures the level of motivation of children and the quality of teaching Through music education with classes that use the use of songs musical games musical listening exercises among others combining them with the teaching methodology developed by Shinichi Suzuki tract to answer this question For this I sought several articles that deal with teaching the Suzuki Method violin and through music education and my experiences as a professor of violin at the Draft strings violin and viola (social project) I performed analysis of these articles at first trying to understand how this method is used in teaching the violin and in a second step these results with violin

lessons of Social Project According to the Suzuki method every child can learn an instrument without difficulty and naturally the same way you learned your native language always having a supportive environment Thus there is a connection between the study of the violin based on this method and music education Keywords Suzuki Method music education teaching violin INTRODUCcedilAtildeO O ensino baacutesico de violino para crianccedilas requer um ambiente com um alto niacutevel de motivaccedilatildeo Esta pesquisa busca abranger estes aspectos primordiais da didaacutetica instrumental atraveacutes da educaccedilatildeo musical embasada de maneira eficaz Eacute utilizado o meacutetodo Suzuki devido aos benefiacutecios que o mesmo proporciona no iniacutecio da aprendizagem do violino e conforme jaacute comprovado por grandes professores de violino da atualidade no nosso paiacutes (BOSIacuteSIO 1992) O uso da educaccedilatildeo musical antes da iniciaccedilatildeo no instrumento e depois no decorrer do estudo do meacutetodo Suzuki (na parte inicial do mesmo) vai facilitar o desenvolvimento do aluno no estudo do violino As canccedilotildees infantis como cai-cai balatildeo satildeo formas simples que facilitam o ensino musical baacutesico fazendo com que o aluno desenvolva sua percepccedilatildeo musical Tambeacutem o emprego da educaccedilatildeo musical associada ao Meacutetodo Suzuki favoreceraacute o desenvolvimento de uma boa afinaccedilatildeo jaacute o aluno teraacute um referencial do seu cotidiano A crianccedila se sentiraacute motivada para a execuccedilatildeo do instrumento e a praacutetica diaacuteria prazerosa jaacute natildeo estaraacute somente condicionada ao meacutetodo pois estaratildeo executando peccedilas infantis cantigas musicas de ninar e folcloacutericas assim tambeacutem repertorio para flauta doce (Barroca)

122 Este projeto tem como objetivo complementar e adaptar o primeiro volume de repertoacuterio empregado no Meacutetodo Suzuki para violino Sendo assim seriam necessaacuterios os seguintes passos

bull Identificar elementos teacutecnicos e musicais trabalhados nas liccedilotildees do volume 1 do meacutetodo Suzuki

bull Selecionar um repertoacuterio de muacutesicas utilizadas na educaccedilatildeo infantil e identificar seus elementos teacutecnicos musicais

bull Comparar os elementos dos dois repertoacuterios bull Elaborar materiais didaacutetico-pedagoacutegicos que

facilitem o estudo do aluno em ambos os repertoacuterios

O ENSINO DO VIOLINO PARA CRIANCcedilAS Apesar de ter crescido o interesse de crianccedilas pelo estudo de violino no Brasil ainda a sua difusatildeo frente a outros instrumentos eacute pequena Eacute necessaacuterio portanto procurar maneiras de captar um maior nuacutemero de alunos motivados durante o periacuteodo de aprendizagem baacutesica do instrumento para que assim continuem estudando e posteriormente se profissionalizem (KLEBER Magali Oliveira) Uma das maneiras de incentivar a crianccedila a estudar violino seria empregar uma literatura musical com a qual o aluno se familiarizasse jaacute que a maioria dos meacutetodos de violino satildeo estrangeiros e baseados na cultura de seu paiacutes muito distinta da nossa cultura brasileira Poreacutem eacute necessaacuterio procurar um repertoacuterio infantil baacutesico (brasileiro) e de faacutecil execuccedilatildeo que encaixem dentro de uma sequecircncia pedagoacutegica que seja eficaz e sem descaracterizaccedilotildees riacutetmicas ou meloacutedicas O ideal seria a combinar o material importado como por exemplo o Meacutetodo Suzuki que jaacute possui prestiacutegio no ensino do violino e muacutesicas tradicionais usadas na educaccedilatildeo musical brasileira mantendo desta maneira a crianccedila motivada e a qualidade do ensino do violino

MEacuteTODO SUZUKI E A ldquoEDUCACcedilAtildeO DO TALENTOrdquo O meacutetodo Suzuki desenvolvido na Japatildeo por Shinichi Suzuki alcanccedilou grande sucesso nos anos 1940 inspirado na observaccedilatildeo da maneira como as crianccedilas aprendem a liacutengua materna na primeira infacircncia atraveacutes da habilidade de comunicaccedilatildeo entre os pais e a crianccedila(SUZUKI 1990 p18) Suzuki afirma que natildeo fez ldquonada mais do que uma adaptaccedilatildeo dos princiacutepios de aprendizagem da liacutengua materna agrave educaccedilatildeo musicalrdquo Abaixo alguns destes princiacutepios

bull Motivaccedilatildeo crianccedilas ficam fascinadas ao aprender alegria e autoconfianccedila a crianccedila natildeo tem a menor duacutevida de que vai aprender(SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor)

bull Aprendizagem dentro do ritmo de cada um respeitando as dificuldades ndash comeccedila engatinhando depois daacute pequenos passos natildeo tenta alcanccedilar a proacutexima etapa ateacute que esteja preparado

bull Aprende com o objetivo de usar no dia-dia estes conhecimentos e habilidades que foram adquiridas

bull Imitaccedilatildeo dos modelos que estatildeo sempre disponiacuteveis os ldquoprofessoresrdquo natildeo se cansam de repetir jamais demonstrando cansaccedilo e irritaccedilatildeo

bull Identificaccedilatildeo com os mestres (professores) que estatildeo sempre encorajando o aluno e elogiando as novas conquistas

bull Afeto envolvido em todas as etapas e o papel dos pais

A observaccedilatildeo visual e auditiva de modelos eacute preferida agrave explicaccedilatildeo verbal Depois que a crianccedila jaacute adquiriu as habilidades mais baacutesicas no instrumento eacute que se introduz de forma criativa e adequada agrave idade e maturidade de cada um a teoria musical e a leitura A participaccedilatildeo dos pais eacute fundamental nesta metodologia os pais frequentam as aulas junto com os filhos recebem tarefas e instruccedilotildees para melhorar sua atuaccedilatildeo como professores em casa As instituiccedilotildees que usam o meacutetodo publicam livros e apostilas com instruccedilotildees para os pais onde descrevem minuciosamente atitudes e estrateacutegias a serem adotadas Enfatiza-se a importacircncia do ambiente que deve ser de aprendizagem colaborativa e da educaccedilatildeo permanente A crianccedila na sua casa deve estar imersa em muacutesica a mesma vai ouvir muacutesica tocada pelos pais pelos seus irmatildeos ou por meios de reproduccedilatildeo mecacircnica como viacutedeos Cdrsquos Internet e etc Isto faraacute segundo Suzuki com que a crianccedila deseje aprender a tocar e esteja constantemente motivada A abordagem pedagoacutegica Suzuki envolve o aluno em atividades individuais e coletivas Nas aulas individuais o aluno eacute iniciado no conteuacutedo teacutecnico e musical jaacute nas aulas em grupo desenvolve o conhecimento adquirido Este sistema didaacutetico promove tambeacutem a socializaccedilatildeo dos alunos e favorece o desenvolvimento de habilidades individuais necessaacuterias agrave vida em comunidade O repertoacuterio de violino apresentado nos seus dez volumes foi criteriosamente escolhido e organizado por Shinichi Suzuki para que todos os aspectos teacutecnicos fossem apresentados em ordem progressiva de dificuldade Pois o objetivo eacute capacitar a crianccedila a tocar com fluecircncia a cada niacutevel de adiantamento Esta pesquisa tratara de buscar uma aproximaccedilatildeo entre o estudo de violino tendo como base inicial o meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical

METODOLOGIA Na elaboraccedilatildeo do planejamento das aulas de violino deve-se ter a cautela em natildeo planejar aulas que

123 reproduzam um modelo antigo tradicional mas sim que promovam um diaacutelogo com a realidade levando em consideraccedilatildeo a realidade social dos alunos O meacutetodo Suzuki apresenta vaacuterias problemaacuteticas pois o repertoacuterio proposto geralmente natildeo condiz com a realidade dos alunos restringe o repertoacuterio principalmente as peccedilas do periacuteodo barroco e claacutessico tendo dessa forma uma limitaccedilatildeo esteacutetica pois o mesmo natildeo teve muitas modificaccedilotildees estruturais desde sua concepccedilatildeo original da deacutecada de 1930 (ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO) Por essas razotildees percebeu-se no decorrer da praacutetica docente do instrumento a necessidade da utilizaccedilatildeo de outros meacutetodos e abordagens da educaccedilatildeo musical que pudessem suprir tais lacunas Procedimentos a serem feitos

bull Seraacute feito um compilado das partituras das muacutesicas pesquisadas e tambeacutem gravadas (executadas ao violino pelo professor) para que o aluno tenha acesso quando estiver estudando

bull Identificar os elementos teacutecnicos e musicais presentes nas peccedilas do repertoacuterio do volume 1 do Suzuki se verificaraacute os aspectos teacutecnicos de niacutevel baacutesico tipos de dedilhados golpes de arco meacutetrica de compasso padrotildees riacutetmicos tonalidades etc

bull Pesquisa do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical consultar fontes bibliograacuteficas consultar partituras populares infantis claacutessicas e etc (FILHO Juarez Bergman)

bull Adaptar as obras encontradas do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical transposiccedilatildeo de tonalidade se for necessaacuterio para facilitar o aprendizado poreacutem diversificando as tonalidades Executar pequenos ajustes riacutetmicos e meloacutedicos que viabilizem a execuccedilatildeo teacutecnica das arcadas e articulaccedilotildees

bull Elaboraccedilatildeo do Meacutetodo de educaccedilatildeo musical com as muacutesicas editadas e gravadas para serem aplicadas junto com o meacutetodo Suzuki Volume 1

bull Realizar as praacuteticas com os alunos de violinoviola e Musicalizaccedilatildeo do ldquoProjeto de cordas Violino e Viola de Arcordquo proporcionado pelo CRAS (Centro de Referencia Assistecircncia Social) e Prefeitura Municipal de Jarinu do Estado de Satildeo Paulo onde ministro as aulas aos saacutebados de manhatilde

ANAacuteLISE E CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Os procedimentos realizados e aplicados com alguns alunos do ldquoProjeto de Cordasrdquo fizeram com que seja possiacutevel um melhor desenvolvimento dos discentes na aprendizagem do instrumento e na compreensatildeo de alguns princiacutepios baacutesicos de teoria paralelamente ensinada

Tambeacutem verificou-se que o meacutetodo Suzuki funciona quando utiliza-se outro material de apoio Pois sugiro que utilizem esta metodologia com outros exerciacutecios de teacutecnica e que faccedilam utilizaccedilatildeo do repertoacuterio brasileiro e tambeacutem da proacutepria educaccedilatildeo musical Porem eacute importante notar que a filosofia Suzuki trouxe benefiacutecios na musicalizaccedilatildeo por meio do violino e que a mesma pode ser utilizada neste aprendizado Uma vez que o aluno aprende por imitaccedilatildeo e audiccedilatildeo natildeo precisa de um prazo muito longo para tocar alguma muacutesica ou executar o meacutetodo em questatildeo claro que sempre se utilizando da educaccedilatildeo musical e de outros meacutetodos que fortifiquem o aprendizado estimulando e motivando o aluno Desta maneira foi possiacutevel oferecer aos alunos a oportunidade do fazer musical propriamente dito no comeccedilo de aprendizado do violino sem condicionaacute-los somente a um meacutetodo para mais tarde levaacute-los a assimilar a linguagem estilos e conhecimentos teacutecnico-musicais

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS SUZUKI Shinichi Man and Talent Search Into the Unknown Michigan Shar Publications 1990 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2005 ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO P Algumas ideias de Paulo Bosiacutesio sobre aspectos da educaccedilatildeo musical instrumental Opus Goiacircnia v 14 n 2 p 7-20 dez2008 ANDRADE Edson Queiroz de ldquo100 Anos de Max Rostal - Entrevista com Paulo Bosiacutesiordquo Permusi nordm12 JulDez - 2005 111-113 FILHO Juarez Bergman Anaacutelise e criaccedilatildeo de literatura musical como ferramenta da metodologia contemporacircnea do ensino do violino em sua fase inicial de aprendizado 2010 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Muacutesica) Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Paranaacute KLEBER Magali Oliveira A Praacutetica de Educaccedilatildeo Musical em ONGs dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro 2006 Tese (Doutorado em Muacutesica) Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Rio Grande do Sul SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor Traduccedilatildeo de Anne Corinna Gottberg Rio grande do Sul Graacutefica Pallotti 1994

124

O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE

OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA

Shirley Barreto Rabelo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jardim Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 shirleybarretorabelogmailcom

RESUMO Esta pesquisa tem como objeto de estudo a reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento aplicada agrave formaccedilatildeo de professores da uacuteltima deacutecada do ensino superior do Brasil desde seus conceitos tipos baacutesicos e o desenvolvimento profissional como produccedilatildeo de conhecimento A metodologia utilizada tem por base a pesquisa bibliograacutefica e uma pesquisa de campo com dez professores formados na uacuteltima deacutecada do Brasil da Faccamp - Faculdade Campo Limpo Paulista que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Palavras chave

Reflexatildeo formaccedilatildeo de professores produccedilatildeo de conhecimento

ABSTRACT

This project has as object of study the reflexivity as production of knowledge applied to the training of teachers of the past decade of higher education of Brazil since its concepts basic types and the professional development as knowledge production The methodology used is based on the bibliographical research and a field research with ten teachers formed in the last decade of Brazil of the Faccamp - Campo Limpo Paulista School providing classes in undergraduate course in production engineering at night

Keyword

Reflection teacher training production of knowledge

1 INTRODUCcedilAtildeO Segundo Noacutevoa (1991 p10)

Quando pensamos a profissatildeo docente natildeo conseguimos omitir a realizaccedilatildeo de uma

reflexatildeo sobre vaacuterios assuntos diversos conceitos e uma complexidade de concepccedilotildees do ldquoser professorrdquo que carregamos ao longo de nosso ofiacutecio docente

O foco deste trabalho resulta das buscas teoacutericas e na acircnsia de contribuir para os problemas acerca da reflexividade Venho constatando por meio dos anos em que fui e sou estudante que o conhecimento teacutecnico e acadecircmico dos professores e sua praacutetica natildeo satildeo o suficiente para propiciar uma reflexatildeo sobre sua docecircncia

Partindo do pressuposto que todo ser humano reflete porque trata-se de um atributo caracteriacutestico de sua espeacutecie fica a questatildeo como reflete O que pode ser reformulado com a reflexatildeo A reflexatildeo resultou em quecirc

O distanciamento e ateacute mesmo a descontinuidade entre teoria e praacutetica natildeo deixam espaccedilo para a reflexatildeo entatildeo ficam muitos questionamentos os professores refletem sobre sua didaacutetica de uma forma geral se sim o que resulta desta experiecircncia revisatildeo de conteuacutedos pesquisas artigos etc

A educaccedilatildeo de qualquer niacutevel atraveacutes do estiacutemulo do desenvolvimento dos seres humanos e sua expressividade eacute possiacutevel transformar o mundo uma vez que dizer o mundo expressaacute-lo e expressar-se eacute proacuteprio do ser humano salienta Freire (1976)

Eacute importante ressaltar que o processo de ensino (objeto de estudo da Didaacutetica) natildeo eacute uma atividade restrita ao espaccedilo da sala de aula afirma Libacircneo (1994)

Desta forma o trabalho docente torna-se uma das modalidades especiacuteficas da praacutetica educativa mais ampla que ocorre na sociedade ou seja os membros da

125 sociedade satildeo preparados para a participaccedilatildeo na vida social

Libacircneo (1994) considera a educaccedilatildeo um fenocircmeno social e universal eacute uma atividade humana necessaacuteria agrave existecircncia e funcionamento de todas as sociedades porque o meio social exerce influecircncias sobre os indiviacuteduos e estes ao assimilarem e recriarem essas influecircncias tornam-se capazes de estabelecer uma relaccedilatildeo ativa e transformadora em relaccedilatildeo ao meio social

Sendo parte integrante da dinacircmica das relaccedilotildees sociais a praacutetica educativa cujas finalidades e processos satildeo determinados por interesses antagocircnicos das classes sociais isso significa que estas relaccedilotildees podem ser transformadas pelos proacuteprios indiviacuteduos que a integram fazendo com que natildeo sejam estaacuteticas imutaacuteveis e estabelecidas para sempre

Essa relaccedilatildeo professor-aluno trabalho docente eacute constituiacuteda por seres humanos que na diversidade das relaccedilotildees datildeo significado agraves coisas agraves pessoas e agraves ideias em vaacuterios contextos

Foi realizada uma revisatildeo documental e uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha aplicado a dez professores do ensino superior da FACCAMP durante o periacuteodo noturno com o objetivo de tentar mapear os problemas acerca da reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento e sugerir pistas para o aprofundamento de estudos

Teoria e praacutetica Segundo Freire (1996 p39) [] Eacute pensando criticamente a praacutetica de hoje ou de ontem que se pode melhorar a proacutexima praacutetica[] De acordo com Candau (2008) toda didaacutetica estaacute impregnada tanto implicitamente quanto explicitamente de uma concepccedilatildeo do processo de ensino-aprendizagem uma vez que este processo estaacute sempre presente de forma direta ou indireta no relacionamento humano

Candau (2008) salienta que haacute trecircs dimensotildees no processo de ensino aprendizagem dimensatildeo humana teacutecnica e poliacutetica-social

Na dimensatildeo teacutecnica em associaccedilatildeo com as demais a accedilatildeo eacute intencional e sistemaacutetica que procura organizar as melhores condiccedilotildees para a aprendizagem seu aspecto eacute objetivo e racional Poreacutem esta dimensatildeo dissociada das demais torna-se distante de raiacutezes poliacutetico-sociais e ideoloacutegicas o fazer da praacutetica natildeo

contempla o por que fazer e para que fazer natildeo estaacute contextualizado

Mas se o tecnicismo for enfatizado ou seja o domiacutenio do conteuacutedo a aquisiccedilatildeo de habilidades baacutesicas a busca de estrateacutegias que viabilizem a aprendizagem constituiacuteram problemas fundamentais no acircmbito pedagoacutegico

Jaacute na dimensatildeo poliacutetico-social ela eacute inerente ao processo de ensino aprendizagem se for situada acontecendo dentro de uma cultura especiacutefica formado por pessoas que tecircm uma porccedilatildeo de classe configurando viverem em uma organizaccedilatildeo social ou seja ele estaacute impregnado de uma praacutetica pedagoacutegica que possui em si uma dimensatildeo poliacutetico-social

A dimensatildeo humana eacute o centro do processo porque trata da relaccedilatildeo interpessoal deve concentrar-se na aquisiccedilatildeo de atitudes como calor e empatia onde o crescimento pessoal interpessoal e intragrupal eacute desvinculado das condiccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas por essa razatildeo ela eacute unilateral e reducionista

E eacute por isso que a didaacutetica assume a multidimensionalidade do processo de ensino aprendizagem procurando contextualizar a praacutetica pedagoacutegica e repensar as dimensotildees teacutecnicas e humanas Onde se deve superar a didaacutetica exclusivamente instrumental e construir uma didaacutetica fundamental

Se a didaacutetica for apresentada como fruto tatildeo somente de planejamento pelo planejamento sem aprofundamento traz como consequecircncia o esfacelamento da relaccedilatildeo teoria-praacutetica ou seja aprende-se o como fazer mas desligado do o que fazer na verdade aprende-se o caminho que conduz a algum lugar sem saber para onde ir

Isto permite a separaccedilatildeo de teoria e praacutetica e conduz a distorccedilotildees complexas na praacutetica educacional porque existem educadores que planejam e natildeo executam nem avaliam educadores que executam sem planejar e vatildeo avaliar sem ter planejado ou executado

Processando desta forma atividades didaacutetico- pedagoacutegicas natildeo compreendem o todo orgacircnico e definido mesmo que a accedilatildeo e reflexatildeo componham o todo inseparavelmente

Eacute importante segundo Libacircneo (1994) assegurar a relaccedilatildeo conhecimento e praacutetica porque a ligaccedilatildeo teoria e praacutetica no processo de ensino pode ser percebida atraveacutes da verificaccedilatildeo dos conhecimentos e experiecircncias dos alunos comprovaccedilatildeo de que eles

126 dominaram os conhecimentos demonstraccedilatildeo do valor praacutetico dos conhecimentos e a ligaccedilatildeo dos problemas de forma concreta do meio ao conhecimento cientiacutefico

Permitindo que agraves vezes se vai da praacutetica para teoria outras vezes se vai da teoria para a praacutetica

Para Garrido (2000) a praacutetica-teoria-praacutetica ocorre quando o professor pesquisa e reflete sobre sua accedilatildeo docente para construir saberes que lhe permitam aprimorar o seu fazer docente Pesquisar sobre a proacutepria praacutetica eacute uma abordagem denominada professor reflexivo Sua reflexatildeo na accedilatildeo precisa ultrapassar a situaccedilatildeo imediata ou seja possibilita uma elaboraccedilatildeo teoacuterica de seus saberes

Reflexividade

Natildeo haacute ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino Esses fazeres se encontram um no corpo do outro Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para constatar constatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE 1996 p29)

Conforme Freire (1976) alfabetizar eacute como um depositar de palavras siacutelabas e letras nos alfabetizandos fazendo com que eles percebam a necessidade de outro significado para escrever sua vida e ler sua realidade

Ressalta que a fundamentaccedilatildeo teoacuterica da praacutetica se explica nela mesmo porque eacute tida como movimento dinacircmico natildeo acabado onde em ambos praacutetica e teoria se fazem e refazem

Eacute importante reforccedilar que os educadores devem estar em constante busca sempre aberto agraves criacuteticas e sempre capaz de ser curioso porque a praacutetica educativa se daacute num contexto concreto histoacuterico social cultural econocircmico e poliacutetico

Freire (1976) diz que a consciecircncia criacutetica natildeo se constitui atraveacutes de um trabalho intelectualista mas na praacutexis-accedilatildeo e reflexatildeo ou seja o conhecimento natildeo eacute algo estaacutetico e a consciecircncia alguma coisa vazia ocupando espaccedilo num corpo ele envolve constante unidade entre accedilatildeo e reflexatildeo sobre a realidade

Presentes no mundo os seres humanos satildeo corpos conscientes que transformam o conhecimento agindo e pensando que os permitem conhecer ao niacutevel reflexivo por isso nossa simples presenccedila no mundo nos torna objeto de nossa anaacutelise criacutetica

Freire (1976) reforccedila que a educaccedilatildeo para a libertaccedilatildeo eacute um ato de conhecimento e um meacutetodo de accedilatildeo transformadora que os seres humanos devem exercer sobre a realidade

Refere-se agrave conscientizaccedilatildeo (processo pelo qual os seres humanos se inscrevem criticamente na accedilatildeo transformadora) como um dos pontos importantes de provocaccedilatildeo do reconhecimento do mundo natildeo como um mundo dado mas como um mundo dinamicamente dando-se

Freire jaacute dizia que natildeo haacute conscientizaccedilatildeo de sua praacutetica natildeo resulta accedilatildeo consciente Ningueacutem conscientiza ningueacutem O educador e educandos devem se conscientizar atraveacutes do movimento dialeacutetico entre a reflexatildeo criacutetica sobre a accedilatildeo anterior e a subsequente accedilatildeo no processo

Devemos ter como unidade a praacutetica e teoria accedilatildeo e reflexatildeo porque a reflexatildeo soacute eacute legiacutetima se nos remeter sempre ao concreto fatos que buscam esclarecer e tornam nossa accedilatildeo mais eficiente

Para Libacircneo (2004) escola eacute aquela que propicia formaccedilatildeo cultural e cientiacutefico para a vida pessoal profissional e cidadatilde possibilitando relaccedilatildeo autocircnoma criacutetica e construtiva com a cultura em suas formas diversas de manifestaccedilatildeo

Com o compromisso de reduzir a distacircncia entre a ciecircncia complexa e a cultura de base produzida no cotidiano e a provida pela escolarizaccedilatildeo ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes capazes de construir elementos categoriais de compreensatildeo e apropriaccedilatildeo criacutetica da realidade A terem formaccedilatildeo geral acentuada em desenvolvimento de habilidades cognitivas ou seja flexibilidade de raciociacutenio resoluccedilatildeo de problemas e tomadas de decisotildees

Segundo Libacircneo (2004) a ideia eacute a de que o professor possa pensar sobre sua praacutetica e desenvolver capacidade reflexiva sobre ela porque eacute necessaacuterio refletir sobre a praacutetica para apropriaccedilatildeo e produccedilatildeo de teorias para teorias das praacuteticas de ensino

O profissional criacutetico-reflexivo eacute aquele que eacute ajudado a compreender o seu proacuteprio pensamento e a refletir de modo criacutetico sobre sua praacutetica

Dentro do entendimento de formar o professor criacutetico eacute uma concepccedilatildeo de que a praacutetica eacute a referecircncia da teoria a teoria eacute o nutriente de uma praacutetica de melhor qualidade Porque a profissatildeo de professor combina de

127 forma sistemaacutetica elementos teoacutericos com situaccedilotildees praacuteticas reais

As questotildees impliacutecitas na formaccedilatildeo de professores conforme Libacircneo (1999) requerem uma movimentaccedilatildeo em um espaccedilo de uma cultura em crise buscando validar significados coletivos e pessoais confrontando-se com a perda eacutetica com uma procura audaz de construccedilatildeo de sujeitos coletivos e pessoais que se reconheccedilam criticamente na proacutepria produccedilatildeo histoacuterica de sua existecircncia

A escola deve tornar o homem inteiro unilateral desafiado a produzir sua vida e inventar novas formas de convivecircncia social

Salienta Faacutevero (1999) que as instituiccedilotildees de ensino devem pensar e trabalhar suas funccedilotildees levando-se em conta as exigecircncias de sociedade nascidas de suas proacuteprias transformaccedilotildees em um mundo em constante mutaccedilotildees e crises

A universidade deve por sua proacutepria natureza local de encontro de diversas culturas e diferentes visotildees de mundo advindo de realidade histoacuterico-sociocultural

Distinguindo-se como centro de produccedilatildeo de conhecimento novo de ciecircncia tecnologia e cultura atraveacutes da disseminaccedilatildeo de atividades de ensino e de extensatildeo

Ela deve possibilitar condiccedilotildees para que os indiviacuteduos consigam uma formaccedilatildeo correspondente a seus interesses agraves suas aspiraccedilotildees e agrave imagem que eles tecircm de busca da vida social e de seu papel na sociedade

Por essa razatildeo a prestaccedilatildeo do ensino em um ambiente em que natildeo se faz pesquisa tende a se tornar esteacuteril e obsoleto

Libacircneo (1994) elenca algumas explicaccedilotildees para justificar o porquecirc que o professor natildeo reflete acircnsia de vencer o programa (ementa) eacute perda de tempo conversar com os alunos falta de entusiasmo pelo estilo convencional e dificuldade de tratar o conteuacutedo como algo vivo e dinacircmico Mas tambeacutem considera que haacute superaccedilatildeo se o professor dominar o conteuacutedo cada aulaassunto deve ser uma tarefa de pensamento para o aluno garantir profundidade e solidez do que eacute ensinado e natildeo volume o ensino tem que ser dinacircmico variado e possibilitar a formaccedilatildeo de atitude criacutetica e criadora diante da realidade e vida social

Afirma Rios (2010) parece que para alguns professores ensinar e refletir satildeo coisas desacreditadas e

de menor importacircncia em funccedilatildeo do pragmatismo e valorizaccedilatildeo do imediato ou seja falta tempo e lugar adequado

2 METODOLOGIA Para este projeto a revisatildeo documental foi um dos meacutetodos de escolha com consulta a diversos autores que estatildeo listados nas referecircncias cujos conceitos foram estudados atraveacutes da leitura de livros resenhas textos e artigos disponiacuteveis na internet

Outro meacutetodo foi a elaboraccedilatildeo de uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha que foi aplicado a dez professores do ensino superior da Faccamp que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Para continuidade do projeto foi necessaacuterio o envio do projeto ao Comitecirc de Eacutetica na Pesquisa da FACCAMP

Houve um hiato de 07 meses entre a obtenccedilatildeo da autorizaccedilatildeo e o iniacutecio da pesquisa

A pesquisa foi iniciada em abril e sabendo das dificuldades na devoluccedilatildeo dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido porque os professores recebem e armazenam muitos documentos resolvi entregar o nuacutemero exato de TCLEs e Pesquisa aos professores que estavam dispostos a participar voluntariamente do estudo Destes obtive 8 TCLEs e Pesquisa assinados prontamente e fiz duas coacutepias a fim de suprir as duas extraviadas anteriormente E o resultado final foi positivo os 10 questionaacuterios foram respondidos e recebidos com sucesso E a pesquisa foi finalizada em junho de 2014

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Participaram da pesquisa dez professores sendo duas professoras e oito professores Saliento que os entrevistados sentiram-se totalmente agrave vontade para responder a pesquisa o questionaacuterio continha trecircs questotildees com campos em aberto para agregar respostas que por ventura algum entrevistado decidisse adicionar o que foi feito por pelo menos trecircs professores

Na questatildeo 1 do total de entrevistados todos concordaram ser necessaacuterio que os professores reflitam sobre sua docecircncia

As respostas foram assertivas quanto agrave visualizaccedilatildeo da importacircncia da reflexatildeo

Na questatildeo 2 as duas professoras concordaram que refletir sobre a docecircncia eacute fazer autoanaacutelise das

128 proacuteprias accedilotildees valorizar a praacutetica e anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) Dos oito professores cinco concordaram com as professoras outro pontuou que eacute anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais outro respondeu que eacute autoanaacutelise das proacuteprias accedilotildees e o outro concorda com a autoanaacutelise e tambeacutem acredita que seja a anaacutelise criacutetica dos saberes

Ao todo sete entrevistados concordam que refletir eacute se autoanalisar e verificar sua praacutetica

Quando questionados eles refletem sobre a docecircncia na questatildeo 3 todos foram unacircnimes em responder que sim

Esta afirmaccedilatildeo reforccedila que os professores entrevistados estatildeo comprometidos com sua docecircncia natildeo omitindo a reflexatildeo de seu ofiacutecio

A questatildeo 4 perguntava sobre quanto tempo do dia dedicavam-se a reflexatildeo sobre as aulas conteuacutedo enfim sobre a didaacutetica cinco dos entrevistados responderam que acima de duas horas quatro afirmaram entre uma a duas horas e somente um respondeu menos de uma hora

Reforccedila o comprometimento sobre a importacircncia da reflexatildeo com o intuito de obter resultados satisfatoacuterios

Questionados sobre os motivos da reflexatildeo questatildeo 5 dois entrevistados responderam meacutetodo de aula conteuacutedo e meacutetodo de avaliaccedilatildeo dois deles confirmaram meacutetodo de aula outro meacutetodo de aula e conteuacutedo dois responderam somente conteuacutedo um dos entrevistados respondeu meacutetodo de avaliaccedilatildeo e adicionou processos de ensino-aprendizagem e dois afirmaram meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo indisciplina de aluno

Fica evidente a importacircncia dada a avaliaccedilatildeo e revalidaccedilatildeo da praacutetica docente a maioria dos professores afirmam que refletem para melhorar conteuacutedos e aulas sistema de avaliaccedilatildeo e somente um deles afirmam que satildeo motivados por indisciplina de aluno

Na questatildeo 6 foi solicitado que os entrevistados escolhessem quais dificuldades encontram durante o periacuteodo de reflexatildeo oito optaram por conciliar com a carga horaacuteria um dos entrevistados optou por ter um momento particular e o outro natildeo respondeu

Os entrevistados acreditam na reflexatildeo mesmo que tenham dificuldades por conta de sua carga horaacuteria

afirmado pela maioria e somente um natildeo consegue local adequado para realizaacute-la Um dos entrevistados natildeo respondeu entatildeo acredito que eacute porque natildeo tem dificuldades em realizar a reflexatildeo

De acordo com a questatildeo 7 todos foram unacircnimes em responder que a reflexatildeo ajuda em seu desenvolvimento profissional

Haacute legitimaccedilatildeo da profissatildeo professor reforccedilando que somos objeto de nossas proacuteprias anaacutelises

A questatildeo 8 perguntava se eles jaacute foram cobrados para realizar a reflexatildeo sobre sua docecircncia sete entrevistados responderam que natildeo e trecircs deles responderam que sim

Neste ponto em virtude da maioria ter respondido que natildeo foi cobrado acredito que a Instituiccedilatildeo natildeo vecirc necessidade de cobraacute-los porque entende que eles estatildeo desempenhando suas funccedilotildees dentro do esperado ou talvez ainda natildeo tenha conhecimento da importacircncia da reflexatildeo tanto para Instituiccedilatildeo educador educando e sociedade

A questatildeo 9 solicitava que os entrevistados respondessem de acordo com quatro alternativas se eles acreditam que a reflexatildeo possa enriquecer a relaccedilatildeo com o aluno no sentido de exposiccedilatildeo de aulas conteuacutedos diversificados e criacuteticos meacutetodo de avaliaccedilatildeo e incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico Trecircs entrevistados responderam que enriquece quanto a conteuacutedos diversificados dois concordaram que eacute exposiccedilatildeo de aulas e conteuacutedos quatro afirmaram que todos os itens citados satildeo importantes e um entrevistado respondeu que eacute no sentido de incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Os entrevistados acreditam que os resultados da reflexatildeo enriquecem a relaccedilatildeo aluno-professor porque as aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo sofrem atualizaccedilotildees constantes e ainda possibilitam incentivos agrave pesquisa e elaboraccedilatildeo de artigos

A questatildeo 10 diversificou as respostas foram abordados sobre os resultados de suas reflexotildees dois responderam que resultou em artigo cientiacutefico dois afirmaram que resultou em workshops palestras e congressos dois concordaram em workshops e pesquisa cientiacutefica um respondeu pesquisa cientiacutefica outro afirmou artigo e workshop e dois responderam que natildeo resultaram em nada

De todos os entrevistados somente dois natildeo colheram resultados de suas reflexotildees os demais estatildeo

129 todos satisfeitos porque puderam participar de congressos workshops pesquisa cientiacutefica e ateacute mesmo na construccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Um destes entrevistados que natildeo colheu resultados reflete menos de uma hora por dia talvez seja o caso de elevar esta carga horaacuteria mas o outro reflete acima de duas horas ficando interessante sua resposta em nada resulta sua reflexatildeo acredito que este professor deva verificar seus meios de reflexatildeo de repente estaacute deixando passar algumas consideraccedilotildees importantes a respeito de sua praacutetica e natildeo sabe

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Confesso que estou extremamente satisfeita com essa pesquisa e principalmente com os resultados que vieram a somar conhecimentos para as questotildees iniciais deste projeto A primeira das inquietaccedilotildees se os professores faziam reflexatildeo foi esclarecida com maestria pelas respostas apresentadas na questatildeo 3 e que eles acreditam ser necessaacuterio fazecirc-la pelas respostas da questatildeo 1 Corroboram com estas afirmaccedilotildees o tempo dedicado a este momento apresentado na questatildeo 4 a maioria reflete mais de duas horas do seu dia Resultando de acordo com a questatildeo 7 num melhor desenvolvimento profissional Acerca de outra inquietaccedilatildeo o que pode ser reformulado com a reflexatildeo os entrevistados entendem que refletir eacute valorizar sua praacutetica autoanalisar as proacuteprias accedilotildees analisar criticamente os saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) conforme apresentado na questatildeo 2 E com isso podem enriquecer a relaccedilatildeo aluno- professor porque permite atualizaccedilatildeo constante de aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo bem como incentivo a pesquisa e artigo cientiacutefico exposto na questatildeo 9 Uma vez que o motivo que leva os entrevistados a realizarem a reflexatildeo eacute justamente o meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo e indisciplina de aluno conforme questatildeo 5 Em relaccedilatildeo agrave cobranccedila por reflexatildeo questatildeo 8 a Instituiccedilatildeo natildeo o faz talvez porque reconheccedila que a carga horaacuteria do professor eacute elevada configurando esta uma das dificuldades apresentadas pelos entrevistados quando questionados sobre o periacuteodo de reflexatildeo e os problemas que enfrentam questatildeo 6 E por fim a questatildeo 10 elucida os resultados da reflexatildeo respondendo assertivamente quanto a produccedilatildeo do conhecimento advindo desta reflexatildeo No caso dos entrevistados oito deles participaram ativamente desta produccedilatildeo com participaccedilatildeo em workshops congressos palestras confecccedilatildeo de livro pesquisa e artigo cientiacutefico Atraveacutes dos referenciais teoacutericos foi verificado que o professor precisa fazer a reflexatildeo da sua praacutetica porque o trabalho docente prepara os alunos para uma participaccedilatildeo social ativa na sociedade por tratar a educaccedilatildeo de um fenocircmeno social e universal

Outro ponto importante refere-se agrave contextualizaccedilatildeo acerca da reflexatildeo do que fazer por que fazer e para que fazer que a didaacutetica natildeo seja somente planejamento e sim planejamento com aprofundamento saber para onde ir Desta forma podemos perceber que teoria e praacutetica caminham juntos e que accedilatildeo e reflexatildeo fazem parte de maneira inseparaacutevel desta caminhada Este trabalho concluiu que eacute possiacutevel produzir conhecimento atraveacutes da reflexatildeo esta produccedilatildeo vai depender de todos os fatores elencados ao longo deste trabalho disponibilidade do professor motivo especiacutefico para tal dedicaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo constante de sua praacutetica

Eacute certo que outras inquietaccedilotildees surgiram e que permitem continuidade deste trabalho por exemplo a forma como eles refletem e a questatildeo da dificuldade em refletir em virtude da carga horaacuteria

Por trazer uma pesquisa de caraacuteter investigatoacuterio com levantamento de dados pertinentes agraves questotildees sobre reflexividade eacute indicado como ferramenta auxiliadora em trabalhos que necessitem deste tipo de investigaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS CANDAU Vera M A didaacutetica em questatildeo Petroacutepolis Vozes 1983 FAacuteVERO Maria de Lourdes de Albuquerque Universidade e estaacutegio curricular subsiacutedios para discussatildeo In ALVES Nilda (org) Formaccedilatildeo de professores pensar e fazer 5 Ed - Satildeo Paulo Cortez 1999 FREIRE Paulo Accedilatildeo cultural para a liberdade e outros escritos Rio de Janeiro Paz e Terra 1976 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa SP Paz e Terra 1996 GARRIDO Selma P Didaacutetica e formaccedilatildeo de professores percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal 2 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIBAcircNEO Joseacute C Adeus professor adeus professora novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 8 Ed - Satildeo Paulo Cortez 2004 LIBAcircNEO Joseacute C Didaacutetica - Satildeo Paulo Cortez 1994 LIBAcircNEO Joseacute C PIMENTA Selma G Formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo - visatildeo criacutetica e perspectivas de mudanccedila Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas Cedes nordm 68 pp 239-277 1999 NOacuteVOA A O passado e o presente dos professores In NOacuteVOA A (Org) Profissatildeo Professor Traduccedilatildeo Irene Lima Mendes Regina Correia e Luiacutesa Santos Gil Porto Portugal Porto Ed 1991 p 9-32 RIOS Terezinha A Compreender e ensinar por uma docecircncia da melhor qualidade 8ordf Ed - Satildeo Paulo Cortez 2010

130

O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Adriane Santos Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

drine-limaigcombr

Cleber de Carvalho Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

cleberfaccampbr

RESUMO O presente artigo propotildee a reflexatildeo sobre a importacircncia da alfabetizaccedilatildeo esteacutetica na infacircncia estimulada e desenvolvida atraveacutes e pela arte no caso deste estudo especificamente atraveacutes do teatro levando a crianccedila a desenvolver o pensamento criacutetico e reflexivo sobre a sociedade que esta inserida auxiliando o indiviacuteduo em pleno desenvolvimento em sua formaccedilatildeo esteacutetica e ampliando sua capacidade e habilidades enquanto espectadores e atuantes da linguagem artiacutestica teatral Para tanto consideramos como principais referecircncias para nossa fundamentaccedilatildeo estudiosos da aacuterea da educaccedilatildeo dramaacutetica como Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) e Ingrid Koudela que em suas pesquisas defendem o ensino reinventado pelo teatro e em seu caraacuteter pedagoacutegico com a capacidade de contribuir para construccedilatildeo do indiviacuteduo criacutetico Aleacutem da complementaccedilatildeo dos pensamentos de Ana Mae Barbosa importante referecircncia nas linhas de arteeducaccedilatildeo que propotildee o ensino de arte que contemple a leitura a contextualizaccedilatildeo e o fazer alcanccedilando uma leitura e interferecircncia no mundo em estamos inseridos Palavras chave Teatro alfabetizaccedilatildeo esteacutetica arte-educaccedilatildeo ABSTRACT This article proposes the reflection about the importance of esthetics literacy in childhood stimulated and developed through art in the case of this study specifically through theater tacking the child leading to develop critical and reflective thinking about society that is inserted assisting the individual in full development in its aesthetic training and increasing its capacity and skills while spectators and active theatrical artistic language Therefore considered as main references for our reasons students of the dramatic education area as Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) and Ingrid Koudela which in their research advocate teaching reinvented the theater in its pedagogical character with the ability to contribute to building the critical individual In addition to the completion of the thoughts of Ana Mae Barbosa important reference on the lines of art education which proposes the teaching of art that includes reading contextualization and do reaching a reading and interference in the world we operate

Keywords Theater esthetics literacy art-education 1 INTRODUCcedilAtildeO Muitas satildeo as linhas de pesquisa em busca de contribuiccedilotildees e evoluccedilotildees no processo educacional objetivando o desenvolvimento de um cidadatildeo consciente e criacutetico Algumas delas priorizam essa aprendizagem por meio da arte uma importante ferramenta para conhecer e elaborar conhecimento criacutetico sobre o mundo ou a sociedade em que vivemos Este estudo propotildee a investigaccedilatildeo sobre as possibilidades e justificativas para uma Pedagogia do espectador1 em que estatildeo presentes o diaacutelogo e a participaccedilatildeo criativa no evento teatral correspondendo agraves proposiccedilotildees cecircnicas elaborando signos da cena e formulando juiacutezos proacuteprios dos sentidos abstraiacutedos em conjunto com a formaccedilatildeo pessoal criacutetica atraveacutes do fazer artiacutestico conquistada atraveacutes da formaccedilatildeo esteacutetica proporcionada pela experiecircncia da produccedilatildeo cecircnica Desgranges aponta que

[] pode-se aprender a gostar de teatro o difiacutecil eacute ser convencido a fazecirc-lo (ou ser convencido a gostar de qualquer coisa) O prazer adveacutem de experiecircncia o gosto pela fruiccedilatildeo artiacutestica precisa ser estimulado provocado vivenciado [] (DESGRANGES 2010 p29)

Inicialmente seratildeo apresentados conceitos em torno de uma educaccedilatildeo dramaacutetica que podem ser classificados e identificados naturalmente em algumas fases da vida Na infacircncia satildeo imprescindiacuteveis os trabalhos com o jogo puro jogo simboacutelico e algumas possibilidades de jogo dramaacutetico Jaacute na adolescecircncia o jogo dramaacutetico e o teatro como linguagem artiacutestica satildeo elaborados com potencialidades de maior abstraccedilatildeo e construindo condiccedilotildees de elaboraccedilatildeo do fazer artiacutestico teatral na sua amplitude Em seguida refletimos alguns apontamentos sobre a alfabetizaccedilatildeo esteacutetica que corrobore com uma formaccedilatildeo de espectadores e

1Pedagogia do Espectador Expressatildeo utilizada por Flaacutevio Desgranges em seu livro ldquoA pedagogia do espectadorrdquo (2010) que trata da formaccedilatildeo educacional do espectador teatral de modo que conhecendo a linguagem dramaacutetica o indiviacuteduo elabora os signos trazidos agrave cena pelos artistas e formula juiacutezos proacuteprios

131 produtores artiacutesticos reafirmando a importacircncia da arte em um contexto de leitura de mundo para a formaccedilatildeo social dos alunos envolvidos nesse processo Finalizamos o estudo com algumas consideraccedilotildees a cerca do encontro das diferentes abordagens cecircnicas e sua contribuiccedilatildeo agrave formaccedilatildeo esteacutetica do indiviacuteduo 2 AS DIVERSAS FACES DO JOGO

Neste primeiro capiacutetulo refletimos sobre alguns conceitos envolvendo a linguagem teatral passando pela ideia de jogo jogo dramaacutetico jogo teatral ateacute o reconhecimento do teatro como linguagem artiacutestica Definiccedilotildees estas formuladas por estudiosos das aacutereas de educaccedilatildeo teatro e arte buscando assim melhor compreender suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

21 Jogo

Como premissa na formaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimento formado culturalmente encontra-se o jogo que para Kishimoto (2000 p13-16) tentar defini-lo eacute uma tarefa um tanto difiacutecil pois existem praticamente infinitas possibilidades de accedilotildees culturais que se configuram como jogo Entretanto a autora apresenta alguns apontamentos como o jogo enquanto resultado de um sistema linguiacutestico que funciona dentro de um contexto social um sistema de regras ou um objeto

Nesta perspectiva compreende-se como jogo o sentido que a este eacute atribuiacutedo dependendo da linguagem de cada contexto social como uma manipulaccedilatildeo simboacutelica da realidade cotidiana ou ainda como estruturas sequenciais de regras que permitam identificaacute-lo e diferenciaacute-lo por meio delas E como terceiro sentido refere-se quanto ao objeto em sua constituiccedilatildeo material dependente deste para acontecer

Kishimoto (1994 p 4) afirma ainda que todo jogo tem sua existecircncia em um tempo espaccedilo e aponta tambeacutem como caracteriacutestica do jogo a liberdade de accedilatildeo do jogador a separaccedilatildeo limite de espaccedilo e tempo a predominante incerteza e o caraacuteter improdutivo de natildeo criar bens nem riqueza ressaltando que esta natureza improdutiva entende-se

[] Por ser uma accedilatildeo voluntaacuteria da crianccedila um fim em si mesmo natildeo pode criar nada natildeo visa a um resultado final O que importa eacute o processo em si de brincar que a crianccedila se impotildee Quando ela brinca natildeo estaacute preocupada com a aquisiccedilatildeo de conhecimentos ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou fiacutesica (KISHIMOTO 1994 p 4)

A partir deste pensamento pode-se relacionar o

quanto da intencionalidade educacional do jogo se atribui ao educador que media este momento inserindo a crianccedila num processo de aprendizagem natural e natildeo intencional de sua parte

22 Jogo Simboacutelico

Dentro da visatildeo do homem como ser simboacutelico que constroacutei sua cultura se relaciona com o mundo coletivamente que apresenta a capacidade de pensar e que liga esta agrave capacidade de sonhar imaginar e jogar com a realidade encontra-se o jogo simboacutelico ou tambeacutem chamado de jogo imaginativo faz-de-conta jogo de papeacuteis ou jogo soacutecio-dramaacutetico Para Dias (Kishimoto org 2000 p 46) uma das tarefas centrais do desenvolvimento nos primeiros anos de vida eacute a construccedilatildeo dos sistemas de representaccedilatildeo tendo papel-chave neste processo a capacidade de ldquojogar com a realidaderdquo A autora acrescenta

No desenvolvimento das crianccedilas eacute evidente a transiccedilatildeo de uma forma para outra atraveacutes do jogo que eacute a imaginaccedilatildeo em accedilatildeo A crianccedila precisa de tempo e de espaccedilo para trabalhar a construccedilatildeo do real pelo exerciacutecio da fantasia (KISHIMOTO org 2000 p 50)

O jogo simboacutelico se apresenta como a representaccedilatildeo

de um signo por outro atribuindo a este novos significados Para Piaget (1971 apud Kishimoto org 2000 p 59) quando a crianccedila brinca assimila o mundo a sua maneira e atribui uma funccedilatildeo particular aos objetos que manipula Para Koudela (2006 p 34) a crianccedila atinge outro niacutevel intelectual de funcionamento intelectual com a aquisiccedilatildeo da chamada ldquofunccedilatildeo simboacutelicardquo que eacute constituiacuteda a partir do momento em que na ausecircncia de seu contexto habitual ela represente um ato uma accedilatildeo

Entendido como parte fundamental do desenvolvimento da inteligecircncia a partir da infacircncia por meio do jogo simboacutelico a crianccedila tem a possibilidade de elaborar o pensamento criativo e com o passar do tempo fazer relaccedilotildees hipoteacuteticas colocando-se no lugar do outro e constituindo o ser eacutetico e produtivo

23 Jogo dramaacutetico

Difundido por meio da obra de Peter Slade (1912-

2004) escritor e dramaterapeuta inglecircs o drama inicialmente voltado para a aprendizagem da dramatizaccedilatildeo durante a infacircncia eacute definido por Slade (1978 p 17) como uma forma de arte por direito proacuteprio natildeo como uma atividade inventada por algueacutem mas como um comportamento real dos seres humanos Nesta brincadeira teatral infantil existem momentos de caracterizaccedilatildeo e situaccedilatildeo emocional em que a crianccedila descobre a si proacutepria e a vida atraveacutes de tentativas emocionais fiacutesicas e por meio da praacutetica repetitiva

O jogo dramaacutetico apresentado por Slade subdividi-se em duas formas o jogo pessoal e o jogo projetado No jogo pessoal a crianccedila representa um papel caracterizado por movimentos ou objetos e experimenta ser coisas ou pessoas utilizando de barulho eou esforccedilo fiacutesico Jaacute o jogo projetado eacute a forma do drama em que eacute usada a mente toda e o corpo natildeo totalmente A crianccedila para

132 quieta senta ou deita utilizando principalmente as matildeos caracterizando uma extrema absorccedilatildeo mental

Sendo que haacute uma forma de arte no jogo dramaacutetico infantil este promove a liberaccedilatildeo e o controle emocional favorecendo uma autodisciplina interna Agrave medida que a crianccedila vivencia a relaccedilatildeo entre jogo e imitaccedilatildeo o jogo dramaacutetico fornece a ela uma vaacutelvula de escape ou a chamada catarse2 emocional

24 Jogo teatral

Sistematizados por Viola Spolin (1906-1994) autora

e diretora de teatro americana os jogos teatrais (Theater Games) surgem como um sistema que visa o aprendizado da atuaccedilatildeo teatral com o inicial objetivo de libertar a atuaccedilatildeo de comportamentos riacutegidos e mecacircnicos Desgranges em seu livro Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo sistematiza a ideia do jogo teatral proposta por Spolin como

[] Este um sistema de atuaccedilatildeo calcado em jogos de improvisaccedilatildeo tem o intuito de estimular o participante a construir um conhecimento proacuteprio acerca da linguagem teatral atraveacutes de um meacutetodo em que o indiviacuteduo junto com o grupo aprende a partir da experimentaccedilatildeo cecircnica e da anaacutelise criacutetica do que foi realizado (DESGRANGES 2011 p 110)

Esse sistema de jogo descarta o professor como ser

autoritaacuterio propondo uma dinacircmica educacional em grupo fazendo deste um momento prazeroso de aprendizado aleacutem de trabalhar os acircmbitos intelectual fiacutesico e intuitivo

O sistema de jogos de Spolin possui caracteriacutesticas singulares e foi apresentado nas obras Improvisaccedilatildeo para o Teatro (1963) e Theater Game File (1975) que atualmente constituem um fichaacuterio de atividades como manual de ensino da preparaccedilatildeo de montagens teatrais e jogos de improvisaccedilatildeo A autora sugere que o processo de atuaccedilatildeo no teatro se baseie na participaccedilatildeo em jogos Sobre o meacutetodo de jogo teatral abordado Ingrid Koudela explica que

Por meio do envolvimento criado pela relaccedilatildeo de jogo o participante desenvolve liberdade pessoal dentro do limite de regras estabelecidas e cria teacutecnicas e habilidades pessoais necessaacuterias para o jogo Agrave medida que interioriza essas habilidades e essa liberdade ou espontaneidade ele se transforma em um jogador

2 Catarse O termo vem do grego ldquokaacutetharsisrdquo que significa purificaccedilatildeo A libertaccedilatildeo de pensamentos ou ideias que estavam reprimidos superando traumas como medo opressatildeo ou outra perturbaccedilatildeo psiacutequica

criativo Os jogos satildeo sociais baseados em problemas a serem solucionados O problema a ser solucionado eacute o objeto de jogo As regras do jogo incluem a estrutura (Onde Quem O Que) e o objeto (Foco) (Koudela 2006 p 43)

O objeto ou foco apresenta-se como o ponto de

concentraccedilatildeo do jogador determinado pelo envolvimento com o problema a ser solucionado no jogo

Os processos com jogos teatrais compreendem uma proposta educacional voltado agraves crianccedilas a partir dos sete anos periacuteodo educacional correspondente ao ensino fundamental I tornando-as capazes de utilizar e se expressar com a linguagem artiacutestica do teatro em que de maneira espontacircnea a crianccedila cria a descoberta da experiecircncia e da expressatildeo criativa 25 Teatro enquanto linguagem artiacutestica

O teatro eacute apresentado nessa definiccedilatildeo de forma mais

abrangente caracterizando-se como linguagem artiacutestica este apresenta suas particularidades diferenciando-se das demais definiccedilotildees citadas anteriormente ainda que elas inseridas dentro de um processo de formaccedilatildeo contribuam para o processo de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica atraveacutes do trabalho com seus elementos expressivos ator texto puacuteblico sonoplastia cenaacuterio e figurino

Courtney (1974) apresenta o teatro como uma forma de representaccedilatildeo perante uma plateia e pode ser introduzido no processo de desenvolvimento humano a partir da preacute-adolescecircncia ainda que combinado com o jogo dramaacutetico Sendo assim o participante necessita de certa maturidade para assimilar um enredo apresentado criar seu personagem internamente e expor suas emoccedilotildees frente a um grupo espectador Guiado pela direccedilatildeo de outrem o grupo passa a contar uma histoacuteria atraveacutes de determinadas teacutecnicas trazendo mais naturalidade agrave representaccedilatildeo 3 EDUCACcedilAtildeO DRAMAacuteTICA NA PERSPECTIVA DA

ALFABETIZACcedilAtildeO ESTEacuteTICA

ldquoA arte eacute educadora enquanto arte e natildeo enquanto arte educadorardquo

Antonio Gramsci (1891-1937) Eacute muito comum nos dias de hoje a percepccedilatildeo da

necessidade da alfabetizaccedilatildeo escrita como forma de conhecer e participar ativamente do mundo letrado em que vivemos Eacute importante ressaltar que no contexto atual onde estamos em contato constantemente com as linguagens artiacutesticas tambeacutem haacute uma grande necessidade de uma alfabetizaccedilatildeo esteacutetica em que natildeo soacute a decodificaccedilatildeo aconteccedila mas tambeacutem que a leitura

133 esteacutetica faccedila parte e movimente nossas vidas desde a infacircncia

Barbosa (1991 p 28) complementa que haacute uma alfabetizaccedilatildeo cultural sem a qual a letra pouco significa A leitura social cultural e esteacutetica do meio ambiente vai dar um sentido ao mundo da leitura verbal Ela ainda acrescenta que o conhecimento em artes se daacute no encontro da experimentaccedilatildeo da decodificaccedilatildeo e da informaccedilatildeo Sendo assim a arte no ambiente escolar tem como principal objetivo formar o conhecedor fruidor e decodificador da obra de arte

Em uma perspectiva de formaccedilatildeo esteacutetica Koudela (2006 p30) apresenta o aprender por meio da experiecircncia como o estabelecimento de relacionamento entre o antes e depois em que o fazer torna-se experimentar Mas para tanto eacute necessaacuteria a consciecircncia da formaccedilatildeo esteacutetica que eacute elaborada tanto no artista quanto no espectador que para contemplar e usufruir da obra participa do processo de criaccedilatildeo agrave medida que repete e reconstroacutei o processo criativo que a originou

A alfabetizaccedilatildeo esteacutetica leva a crianccedila a elaborar melhor seu entendimento como espectadora teatral e como atuante da accedilatildeo cecircnica Agrave medida que seu olhar para a obra de arte se torna mais apurado e a sensibilizaccedilatildeo da mensagem que a arte transmite pode ser reconhecida pelo aluno chegando ao ponto de transcender o que a obra oferece para o seu interior e suas vivecircncias proacuteprias Pontos que favorecem a ela seu desenvolvimento criacutetico e reflexivo como chaves para o acesso interdisciplinar de outros contextos acadecircmicos e sociais que ela se depare Em um projeto organizado como livro pela Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo (2010 p16) Desgranges explora como a proposta do espectador na experiecircncia teatral conduz o aluno agrave construccedilatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo que ele nomeia como ldquochocar os ovos da proacutepria experiecircnciardquo em que apoacutes se deparar com a histoacuteria e compreendecirc-la recorrendo ao seu patrimocircnio vivencial interpreta a partir de suas experiecircncias e visatildeo de mundo

Eacute muito comum encontrarmos o uso do teatro na praacutetica educacional dos professores como auxiacutelio para apreensatildeo de conteuacutedos de outras disciplinas ou ainda em momentos de lazer Aleacutem disso encontramos outras potencialidades da educaccedilatildeo dramaacutetica apresentadas no livro de ensaios reunidos por Zilbermam (1982 p 32) em que Tatiana Belinky apresenta o teatro em sua funccedilatildeo educativa agrave medida que este fornece instrumentos intelectuais morais e eacuteticos necessaacuterios ao ser humano em geral visando sua integraccedilatildeo individual familiar e social consciente e responsaacutevel contribuindo para o desenvolvimento intelectual emocional e esteacutetico dos

espectadores A autora complementa ao falar de pesquisas sobre o puacuteblico teatral

[] Que a interaccedilatildeo e o amadurecimento da personalidade avanccedilam um passo a cada experiecircncia esteacutetica fornecida pelo teatro E quanto mais verdadeira autecircntica for a experiecircncia esteacutetica tanto mais profundo seraacute o resultado educativo (ZILBERMAM 1982 p 34)

Eacute possiacutevel reconhecer no ensino atual concepccedilotildees

educacionais que modificaram o cenaacuterio da educaccedilatildeo em arte no Brasil Neste sentido destacamos as contribuiccedilotildees de Ana Mae Barbosa (2010 p143) que nos apresenta a Proposta Triangular propondo que o trabalho artiacutestico no acircmbito escolar seja norteado atraveacutes da criaccedilatildeo (fazer artiacutestico) da leitura da obra de arte e da contextualizaccedilatildeo proposta esta validada por meio dos Paracircmetros Curriculares Nacionais de Arte e que dentro do fazer artiacutestico teatral possibilita o pensamento mais amplo e a interpretaccedilatildeo cultural a partir da arte 4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Por meio deste estudo foi possiacutevel refletir mais a fundo sobre a grande proximidade da praacutetica artiacutestica no caso da vertente cecircnica com a formaccedilatildeo intelectual e esteacutetica dos alunos no primeiro ciclo da educaccedilatildeo baacutesica Proporcionando uma leitura de mundo natildeo mais e somente da decodificaccedilatildeo de letras e palavras mas de tantos outros siacutembolos de comunicaccedilatildeo que permeiam nossa sociedade como os presentes na representaccedilatildeo artiacutestica teatral

A formaccedilatildeo de espectadores busca mais que uma mera formaccedilatildeo de puacuteblico ou um aumento do acesso agraves salas de teatro nem tanto a pratica teatral visa constituir decoradores de obras claacutessicas ou atores de rede de televisatildeo

Partindo das contribuiccedilotildees das referecircncias deste estudo verifica-se a constituiccedilatildeo de todo um processo que pode garantir o alcance mais apurado do olhar e a assimilaccedilatildeo de conhecimento advindos da arte Validando na primeira infacircncia a vivecircncia do jogo simboacutelico de maneira espontacircnea a crianccedila constitui habilidades proacuteprias que estimulam sua criatividade e poder imaginativo Situaccedilotildees muito comuns na educaccedilatildeo infantil

A complementaccedilatildeo deste desenvolvimento no ensino fundamental I acontece na evoluccedilatildeo do jogo dramaacutetico para o jogo teatral Momento em que a crianccedila tem maiores capacidades de abstraccedilotildees e criaccedilatildeo de hipoacuteteses possibilitando tambeacutem a decodificaccedilatildeo e a compreensatildeo

134 da estrutura da linguagem artiacutestica teatral Momentos natildeo somente espontacircneos do brincar infantil mas que devem ser proporcionados pelo professor com mediaccedilotildees mais especiacuteficas acerca do foco a ser solucionado nos problemas a serem elaborados pelas crianccedilas Portanto esse trabalho de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica no ensino fundamental I constitui o entendimento da linguagem artiacutestica do teatro e de maneira complementar forma o aluno em aspectos afetivos cognitivos e sociais Conhecimentos que formaratildeo o adulto criacutetico e consciente

Vecirc-se na alfabetizaccedilatildeo esteacutetica a possibilidade de formar o olhar do educando sobre a arte e o mundo que participa fazendo da praacutetica teatral um instrumento de formaccedilatildeo pessoal e criacutetica agrave medida que se tem acesso a diferentes experiecircncias Por meio da proposta de elaborar o conhecimento adquirido com a experiecircncia esteacutetica o aluno tem condiccedilotildees de se apropriar efetivamente natildeo soacute dos coacutedigos da sociedade mas principalmente de um reconhecimento criacutetico dessa sociedade

A implementaccedilatildeo destas praacuteticas vem ocorrendo de forma gradativa no ensino atual bem como as pesquisas na aacuterea e o incentivo a essas propostas Compreendendo assim a sua real importacircncia no processo de ensino aprendizagem espera-se que tanto oacutergatildeos puacuteblicos quanto os profissionais da educaccedilatildeo apoiem esta proposta e revejam sua praacutetica para que esta importante fase de alfabetizaccedilatildeo seja contemplada REFEREcircNCIAS BARBOSA A M (org) Arteeducaccedilatildeo contemporacircnea consonacircncias internacionais Satildeo Paulo Cortez 2010 _______ A imagem do ensino da arte Satildeo Paulo Perspectiva 1991 COURTNEY R Jogo teatro e pensamento Satildeo Paulo Perspectiva 1974 DESGRANGES F Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo Satildeo Paulo Hucitec 2011 _______ A pedagogia do espectador Satildeo Paulo Hucitec 2010 KISHIMOTO T M (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 ________ O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Pioneira 1994 KOUDELA I D Jogos teatrais Satildeo Paulo Perspectiva 2006

SAtildeO PAULO Teatro e danccedila repertoacuterios para a educaccedilatildeo Vl 3 Satildeo Paulo Governo do Estado de Satildeo Paulo 2010 SLADE P O jogo dramaacutetico infantil Satildeo Paulo Summus 1978

ZILBERMAN R (org) A produccedilatildeo cultural para a crianccedila Porto Alegre Mercado Aberto 1982

135

PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO

Clayton Hernandez Tozatti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

claytontozihotmailcom

Denis Pescuma Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

pescumabrhotmailcom

RESUMO Neste artigo procuramos refletir e apontar os desafios poliacutetico-institucionais da implantaccedilatildeo do Plano Real correspondendo ao biecircnio 1993-1994 Se por um lado o Plano Real derrubou a inflaccedilatildeo e trouxe estabilidade nem por isso foi faacutecil a sua implantaccedilatildeo E o objetivo deste artigo eacute apontar quais foram as dificuldades poliacuteticas como os embates junto ao Congresso Nacional com o presidente Itamar Franco Lula o PT em ano de eleiccedilatildeo O paiacutes saiacutea recentemente de um periacuteodo de ditadura militar e uma crise aberta com os proacuteprios militares que ameaccedilavam o futuro do plano econocircmico Essa eacute a oportunidade de expor um quadro do periacuteodo e entender o quatildeo importante o Plano Real foi para nossa democracia e para a reconstruccedilatildeo do Estado Brasileiro Palavras-Chave Plano Real inflaccedilatildeo estabilidade Congresso Nacional PT ditadura militar Estado brasileiro ABSTRACT We tried to reflect the political and institutional challenges of the Real Plan corresponding to the biennium 1993-1994 On the one hand the Real Plan brought down inflation and brought stability or so it was easy their location Purpose of this article which is point out what were the political difficulties as the clashes with the National Congress with President Itamar Franco and Lula and the PT in an election year and institutional because recently we got out of a period of military dictatorship and where an open crisis with the military itself threaten the future of the economic plan This is the opportunity to present a picture of the period and understand how important the Real Plan was for our democracy and for the reconstruction of the Brazilian State Keywords Real Plan inflation stability National Congress PT military dictatorship Brazilian State

1 INTRODUCcedilAtildeO

O objetivo deste artigo eacute analisar as dificuldades poliacuteticas de implantaccedilatildeo do Plano Real no biecircnio 1993-1994 sendo preciso antes mostrar como se apresentava o quadro poliacutetico e econocircmico do periacuteodo Quando Itamar Franco assumiu a presidecircncia do paiacutes apoacutes o impeachment do entatildeo presidente Fernando Collor de Mello em 29 de dezembro de 1992 a inflaccedilatildeo acumulada em doze meses chegava a impressionantes 1119 Viviacuteamos sob a eacutegide da hiperinflaccedilatildeo Apenas como exemplo a uacuteltima vez que o paiacutes havia registrado inflaccedilatildeo com um diacutegito havia sido em 1940 No acumulado em 50 anos que antecederia o Plano Real a nossa inflaccedilatildeo chegava ao exorbitante nuacutemero de um trilhatildeo por cento O paiacutes passava por uma grave crise econocircmica e poliacutetica somados a um processo de impeachment (ineacutedito na Histoacuteria do Brasil) e a desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios e fiscais Para contornar a falta de dinheiro para investimentos corroiacutedo pela hiperinflaccedilatildeo o governo acelerava a impressatildeo de dinheiro frente agraves despesas que acabavam por gerar mais inflaccedilatildeo Era um ciacuterculo vicioso que parecia natildeo ter fim Essa crise fazia com que as empresas cortassem investimentos e projetos tornando a economia menos competitiva e produtiva refletindo no desemprego Em maio de 1993 apoacutes uma danccedila de ministros da economia caiacutea Elizeu Rezende Itamar Franco convocou em Nova York o entatildeo embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda Pego de surpresa uma vez que natildeo era economista Fernando Henrique aceitou a nomeaccedilatildeo Naquele ano a inflaccedilatildeo jaacute batia na casa de 1348 Felizmente Fernando Henrique havia acumulado amigos economistas no meio acadecircmico principalmente da PUC do Rio de Janeiro que acabou trazendo para o governo e na elaboraccedilatildeo de mais um plano econocircmico Satildeo eles Gustavo Franco (que viria a ser presidente do Banco Central em seu governo) Pedro Malan (seu ministro da economia por oito anos) Andreacute

136 Lara Rezende Peacutersio Arida Edmar Bacha e Winston Fritsh A confecccedilatildeo de mais um plano econocircmico teria que ser mais bem elaborado para que natildeo se tornasse um plano semelhante a outros que acabaram por fracassar Sem contar que alguns destes economistas jaacute haviam colaborado com a criaccedilatildeo do Plano Cruzado e sabiam os erros que deveriam ser evitados O novo plano natildeo consistiria em apenas cortar zeros da moeda ou congelar preccedilos medidas apenas pontuais que trouxeram aliacutevio de momento mas acabaram por aprofundar a crise econocircmica de anos anteriores E o paiacutes ainda convivia com o fantasma do confisco da poupanccedila Outro plano heterodoxo poderia comprometer o receacutem-formado governo de Itamar Franco Portanto esses economistas sabiam que teriam que tomar um rumo diferente Assim em reuniotildees que varavam madrugadas regadas a litros de cafezinho comeccedilava a surgir o esboccedilo do que viria a ser chamado de Plano Real O plano originalmente seria concebido como um programa econocircmico de trecircs fases a primeira tinha como funccedilatildeo promover o ajuste fiscal que levasse ao estabelecimento do equiliacutebrio das contas do governo com o objetivo de eliminar a principal causa da inflaccedilatildeo brasileira A segunda fase seria a criaccedilatildeo de um indexador a URV (Unidade Real de Valor) e a terceira estabeleceria as regras de emissatildeo e lastreamento da nova moeda (o Real) de forma a garantir a sua estabilidade Mas a primeira fase natildeo foi colocada em praacutetica de imediato foi colocado aos poucos e medidas pontuais foram usadas para combater a inflaccedilatildeo porque havia desafios poliacuteticos a serem superados 2 O COMBATE Agrave INFLACcedilAtildeO O Plano Real natildeo foi apenas um simples plano econocircmico que consistia em cortar zeros ou congelar preccedilos Os economistas que elaboraram o plano jaacute haviam participado de planos anteriores e sabiam que medidas pontuais poderia ser refresco de momento Mas ad posteriore poderiam aprofundar ainda mais as dificuldades econocircmicas e sociais as quais o paiacutes enfrentava principalmente depois da chamada deacutecada perdida que foram os anos 1980 de profundas marcas deixadas pela desilusatildeo das Diretas Jaacute da morte de Tancredo Neves e o Plano Cruzado No inicio dos anos 1990 com o governo do primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de vinte anos de ditadura militar o paiacutes passou pelo choque de um plano econocircmico heterodoxo que foi o confisco da poupanccedila e pelas primeiras denuacutencias de corrupccedilatildeo no governo Collor que acabaria com o seu impedimento e posterior renuacutencia Assumiu seu vice Itamar Franco em meio a uma profunda crise poliacutetica econocircmica e social O Brasil era um paiacutes que ainda passava fome e tivemos neste periacuteodo poliacuteticas oriundas de participaccedilatildeo popular e da iniciativa privada de combate agrave fome onde o nome mais importante era do socioacutelogo Herbert de Souza o Betinho O paiacutes ainda convivia com o fantasma da ditadura era uma receacutem - democracia e somados agrave instabilidade temperamental de Itamar Franco os quarteacuteis ainda

geravam medo e faziam lembrar o passado intervencionista em nossa recente Histoacuteria

No momento em que Itamar assumia o cargo muitos economistas achavam que o problema inflacionaacuterio no Brasil natildeo tinha como ser resolvido Atribuindo-o a questotildees estruturais de nossa economia eles simplesmente lavavam as matildeos vencidos As causas da inflaccedilatildeo eram tatildeo complicadas e arraigadas na economia do paiacutes ndash e em sua cultura ndash que de fato parecia tentador desistir Mas Itamar natildeo podia dar-se a esse luxo Os preccedilos subiam com tanta rapidez que justificadamente ele temia que um dia o dinheiro brasileiro perdesse completamente o valor Todos noacutes tiacutenhamos pesadelos com pessoas circulando com malas cheias de ceacutedulas inuacuteteis o que levaria a um quadro inconcebiacutevel de agitaccedilatildeo social e baderna (CARD0S0 2013 p216)

Ao se implantar o Plano Real diferente dos demais planos econocircmicos procurou atacar e natildeo contornar com medidas apenas de momento os problemas estruturais brasileiros Apesar do corte de zeros de nossa moeda natildeo houve congelamento de preccedilos e procurou se acabar com um velho viacutecio brasileiro a indexaccedilatildeo

Com o tempo as pessoas tinham acostumado a conviver com o problema A inflaccedilatildeo era embutida em praticamente todo contrato brasileiro de valor monetaacuterio alugueacuteis impostos empreacutestimos bancaacuterios taxas de serviccedilos puacuteblicos e assim por diante Essa ldquoindexaccedilatildeordquo dos valores dos gastos futuros destinava-se a proteger as pessoas de alguma arrancada de preccedilos Enquanto os preccedilos e salaacuterios aumentassem de maneira geralmente sincronizada o Brasil poderia evitar uma experiecircncia como a da eacutepica hiperinflaccedilatildeo alematilde depois da Primeira Guerra Mundial quando a moeda basicamente perdeu todo valor Ironicamente contudo esse sistema de indexaccedilatildeo tambeacutem acabou em longo prazo provocando uma inflaccedilatildeo maior Ele assegurava um piso quanto mais as pessoas esperassem aumentos de preccedilos mais eles aumentariam de fato Desse modo a indexaccedilatildeo tornou-se uma causa de inflaccedilatildeo tatildeo importante no Brasil quanto o pecado original dos deacuteficits orccedilamentaacuterios (CARDOSO 2013 p224-225)

O sucesso do Plano Real se explica por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedilas que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica aleacutem do plano econocircmico (como foram os anteriores) O Plano Real atingiu direto natildeo soacute a economia mas agiu politicamente para dar suporte ao governo Itamar Franco e anos mais tarde sob o governo de Fernando Henrique Cardoso abrir as portas de ajuda financeira para que as pessoas de baixa renda pudessem adentrar ao mercado consumidor brasileiro e ser uma forma de ascender socialmente o que veriacuteamos mais tarde numa espetacular ascensatildeo social do povo sob o governo do primeiro

137 presidente da esquerda brasileira Luiacutes Inaacutecio Lula da Silva atraveacutes da criaccedilatildeo do programa Bolsa Famiacutelia

Apesar do ceticismo e das previsotildees catastroacuteficas de renomados economistas principalmente dos que assessoravam o PT e Lula o plano reduziu drasticamente a inflaccedilatildeo e no mesmo movimento produziu uma notaacutevel distribuiccedilatildeo de renda (REIS 2014 p 116)

Num primeiro momento o que eacute o principal objetivo desse artigo eacute entender as dificuldades poliacuteticas enfrentadas pela equipe econocircmica na implantaccedilatildeo do Plano Real desde as batalhas travadas no Congresso Nacional ateacute as mudanccedilas de humor do presidente Itamar Franco a crise institucional vivida em 1994 quando se cogitou uma intervenccedilatildeo militar e o proacuteprio fator Lula favorito a vencer as eleiccedilotildees presidenciais do mesmo ano mas com um discurso contra a nova moeda transformando-a em ingrediente eleitoreiro natildeo sem razatildeo mas que para o eleitorado significava estabilidade Daiacute a importacircncia do tema sobre o Plano Real e sua contribuiccedilatildeo para nossa recente Histoacuteria

3 OS DESAFIOS POLIacuteTICOS E INSTITUCIONAIS DE IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO REAL Em 01 de agosto de 1993 eacute criado o Cruzeiro Real e cortam-se trecircs zeros da moeda Em 28 de fevereiro de 1994 eacute criada a URV (Unidade Real de Valor) que depois seria substituiacuteda pelo Real a nova moeda do paiacutes O plano consistia natildeo soacute no corte de zeros mas na paridade real frente ao doacutelar de 01 por 01 O doacutelar seria o novo indexador da economia os preccedilos e salaacuterios seriam reajustados conforme a taxa de cacircmbio ou seja ao doacutelar Teria como meta zerar o deacuteficit puacuteblico com medidas neoliberais como privatizaccedilotildees uso das taxas de juros para controlar a inflaccedilatildeo e os investimentos externos e aumento de impostos Ao mesmo tempo seria estabelecido um teto para os gastos do governo a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento dos juros da diacutevida externa na Meta de Superaacutevit Primaacuterio aumentar o niacutevel das reservas internacionais para ter dinheiro em caixa e honrar os compromissos externos

Haveria uma nova moeda chamada Real O nome tem vaacuterios significados em portuguecircs todos eles convenientemente refletindo as intenccedilotildees de nosso projeto Ao denotar realeza ele nos remetia agrave moeda de mesmo nome usada na era colonial conferindo-lhe certo ar de continuidade histoacuterica Naquilo que significava realidade dava a entender que a moeda de fato tinha um valor real e chegara para ficar Mas aleacutem de ter um belo nome a nova moeda tambeacutem seria solidamente alicerccedilada O Banco Central trataria de manter o real numa faixa de cotaccedilatildeo globalmente estaacutevel perante o doacutelar Desde o iniacutecio sabiacuteamos que o real teria de ser uma moeda excepcionalmente forte para ganhar credibilidade da populaccedilatildeo brasileira Na praacutetica ele acabou cotado acima do doacutelar no

iniacutecio sendo lentamente desvalorizado com o tempo (CARDOSO 2013 p230)

O Real como moeda foi bem aceito pela populaccedilatildeo que natildeo teve os sobressaltos e sustos dos planos anteriores como corrida aos supermercados o que geraria desabastecimento Houve quem remarcasse preccedilos exageradamente temendo que o plano fracassasse Mas esses impulsos foram controlados pelo governo Em junho de 1994 primeiro mecircs do Real a inflaccedilatildeo foi de 4743 Em julho caiacutea para 684 Em setembro seu nuacutemero chegou agrave impressionante 153 Mas os problemas natildeo haviam sido resolvidos Aleacutem da mudanccedila de nome da moeda (de Cruzeiro Real para Real) havia o desafio de enfrentar o Congresso Nacional representante do velho establishment brasileiro que revirou ateacute o fundo a sacola de truques para proteger seus interesses Numerosas tentativas foram feitas para sabotar os projetos de lei necessaacuterios para concretizar o Plano Real e agraves vezes o proacuteprio presidente Itamar Franco se mostrava ceacutetico em relaccedilatildeo ao plano o que levaria o ministro da economia Fernando Henrique Cardoso a ameaccedilar renunciar o que obrigou tanto Itamar como o Congresso a recuarem O primeiro desafio seria uma rodada de profundos cortes orccedilamentaacuterios administrado por um ldquoFundo de Emergecircncia Socialrdquo Era preciso convencer o Congresso a ldquoabrir matildeordquo de 15 bilhotildees de doacutelares de gastos governamentais vinculados constitucionalmente para o controle do Ministeacuterio da Fazenda o que seria aproximadamente um quinto do dinheiro de todo o orccedilamento governamental A Fazenda poderia assim enfrentar a causa fundamental da inflaccedilatildeo Fernando Henrique Cardoso comeccedilou a pressionar o Congresso para aprovaccedilatildeo de tais medidas vitais para o sucesso do Plano Real o que levaria o deputado Delfim Netto ex-ministro da Fazenda do regime militar a dizer que o ministro ldquoCardoso estaacute fazendo terrorismo quando diz que seu plano eacute a uacutenica soluccedilatildeo para o paiacutesrdquo e de que ldquoos congressistas natildeo gostam do estilo de Cardosordquo (NETTO apud CARDOSO 2013 p 234)

Mas o fato eacute que nenhum desses parlamentares tinha ideias melhores Caiu-lhes a ficha de que perderiam o emprego se natildeo atendessem ao clamor da sociedade pelo fim da inflaccedilatildeo Era este o poder da democracia uma obrigaccedilatildeo de prestar contas que era nova no Brasil Um a um em comentaacuterios sussurrados ou telefonemas agrave meia-noite eles me garantiam que o Plano Real contaria com seu apoio ainda que natildeo pudessem dizecirc-lo em puacuteblico Muito bem eu dizia Em fevereiro ficou aparente que a iniciativa poderia obter o apoio de que precisava para ser aprovada (CARDOSO 2013 p 234)

Dentro e fora do paiacutes da esquerda agrave direita foi uma tempestade de criacuteticas e zombarias

ldquoNosso gentil encantador e inteligente ministro natildeo resiste agrave tentaccedilatildeo de transformar todo mundo num igualrdquo provocou o senador conservador Roberto Campos Lula ficou

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indignado declarando que o plano serviria apenas para gerar mais miseacuteria Celso Martone um economista ortodoxo considerou o Plano Real ldquomais um melancoacutelico exemplo de fraqueza e da falta de imaginaccedilatildeo que caracterizam os ministros da Fazendardquo Antocircnio Carlos Magalhatildees poderoso governador da direita do Nordeste exortou-me a ser ldquomais agressivo e menos conciliadorrdquo Em janeiro de 1994 o jornal Folha de S Paulo saiu-se um dia com a seguinte manchete ldquoFMI e Banco Mundial veem poucas chances de sucesso para o planordquo (CARDOSO 2013 p 232-233)

Para enfrentar um Congresso clientelista o governo teve que montar alianccedilas poliacuteticas para ver suas pautas aprovadas Juntaram-se agrave bancada governista formada pelo PSDB e PMDB o antigo PFL (hoje Democratas) e o PTB dando agrave equipe econocircmica condiccedilotildees de programar Medidas Provisoacuterias referentes ao Plano Real O uso e abuso das medidas provisoacuterias eram um artifiacutecio para contornar em partes a letargia que caracterizava as votaccedilotildees no Congresso Nacional Havia pressa na aprovaccedilatildeo de projetos de lei necessaacuterios para o sucesso do Plano Real Uma vez travada agraves votaccedilotildees seria maior as chances de especulaccedilotildees poliacuteticas e posterior fracasso econocircmico dado agrave sensibilidade do mercado e a boatos desencontrados Dispositivo este que mais tarde seria usada pelo proacuteprio Fernando Henrique como presidente e pelos governos seguintes Essa maioria ajudaria inclusive a barrar accedilotildees por parte dos parlamentares em requerer mudanccedilas na conduccedilatildeo do plano econocircmico Esse tipo de coalizatildeo poliacutetica permitiu a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) um ano apoacutes sua criaccedilatildeo Para isso o governo negociou com deputados ligados ao setor rural o perdatildeo de parte de suas diacutevidas agriacutecolas O PMDB nesta coalizatildeo poliacutetica tinha peso fundamental era o fiel da balanccedila para determinar maiorias eventuais No campo juriacutedico seriam travadas algumas batalhas onde o Plano Real seria contestado na Justiccedila e o governo teria que apressar-se em defender como eacute o calculo da inflaccedilatildeo para natildeo haver perdas salariais e para que as pessoas natildeo se sentissem prejudicadas A mesma preocupaccedilatildeo das centrais sindicais que ameaccedilaram greves no periacuteodo reivindicando a reposiccedilatildeo imediata nos salaacuterios da inflaccedilatildeo acumulada durante a implantaccedilatildeo do real A nova moeda exigiria bem mais do que bom senso poliacutetico era preciso construir uma economia mais moderna e competitiva o que batia de frente com o arcaiacutesmo e coronelismo na poliacutetica brasileira A nova moeda disporia de um periacuteodo limitado para ganhar aceitaccedilatildeo e esse era o foco principal E em longo prazo para que tivesse ecircxito o Brasil precisaria enfrentar mais decididamente as questotildees estruturais por traacutes da inflaccedilatildeo os desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios as diacutevidas em todos os niacuteveis da Federaccedilatildeo e a ineficiecircncia dos governos No que os planos anteriores fracassaram o Plano Real poderia dar certo

Aleacutem das batalhas no Congresso Nacional ideoloacutegicas ou partidaacuterias havia o fator Itamar Apesar de seu governo ter sido montado em torno de um pacto de uniatildeo nacional pela governabilidade com todas as forccedilas de expressatildeo nacional com exceccedilatildeo do PT que ficou de fora por natildeo concordar com essa espeacutecie de alianccedila poliacutetica eram constantes os boatos de que ele poderia se demitir ou talvez ateacute renunciar Aos amigos mais proacuteximos o presidente dizia ldquoSabe como eacute eu natildeo nasci colado a esta cadeira Posso me ir quando me der vontaderdquo (DIMENSTEIN SOUZA p 111)

Mal assumira o cargo Itamar jaacute falava em abandonaacute-lo Disse a vaacuterios de seus interlocutores mais iacutentimos que natildeo se sentia dono da cadeira de presidente ndash no seu caso uma poltrona do iniacutecio do seacuteculo forrada com o mesmo couro cor de tijolo dos assentos que cercavam a mesa da renuacutencia (de Fernando Collor de Mello) Moacuteveis que bem antes de Sarney e Itamar haviam servido a Getuacutelio Vargas (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p 111)

Animado com a aprovaccedilatildeo suada do seu Fundo Social de Emergecircncia pelo Congresso Fernando Henrique Cardoso teria mais um obstaacuteculo para concretizar seu plano de estabilizaccedilatildeo econocircmica Uma semana depois numa inusitada visita ao samboacutedromo do Rio de Janeiro em pleno domingo de carnaval Itamar Franco viraria motivo de pilheacuterias e personagem de chacotas Itamar Franco seria o primeiro presidente brasileiro a assistir o carnaval no samboacutedromo acompanhando o espetaacuteculo de um camarote presidencial especial elevado acenando tranquilamente para a multidatildeo Mas eis que do nada natildeo se sabendo ao certo como ldquoelardquo apareceu no camarote o presidente deixou-se fotografar animadamente com a modelo da escola Viradouro Lilian Ramos de 27 anos Solteiro Itamar Franco natildeo se preocupou com protocolos Mas ela havia desfilado seminua e ao subir ao camarote algueacutem havia se preocupado em cobri-la com uma camiseta bem grande para se aproximar do presidente Mas o espetaacuteculo se transformaria em crise A camiseta curta permitiu agraves lentes dos jornalistas verificarem que a moccedila natildeo usava nada por baixo e que exibido nos jornais do dia seguinte ao lado de um presidente ingecircnuo e aparentemente alterado faria ruir a imagem de Itamar A imprensa brasileira aglomerada em frente ao camarote comeccedilou a tirar furiosamente fotos laacute de baixo Uma fotomontagem do presidente do Brasil se engraccedilando com uma modelo seminua circulou natildeo soacute no Brasil inteiro mas mundo afora O escacircndalo espalhou-se com graves repercussotildees agrave imagem do Brasil Os militares ficaram horrorizados Os quarteacuteis estavam em polvorosa O general Romildo Canhim tivera uma longa conversa com o ministro do Exeacutercito general Zenildo de Lucena Tatildeo agitados que os ministros militares haviam se reunido secretamente para analisar a amplitude da crise Relatoacuterios ultraconfidenciais se avolumavam na mesa de trabalho do general Zenildo de Lucena Uma

139 estranha agitaccedilatildeo se espalhava entre os oficiais contaminando a cadeia de comando num movimento que envolvia sargentos e tenentes da ativa Os militares entendiam que essa cadeia de comando havia sido rompida pois segundo a Constituiccedilatildeo Federal o presidente da Repuacuteblica eacute o ldquocomandante em cheferdquo das Forccedilas Armadas e que apoacutes o episoacutedio da calcinha essa prerrogativa constitucional parecia revogada e o ambiente militar era de ordem e disciplina cabendo o mesmo para um presidente da Repuacuteblica Entre os ministros militares discutiu-se abertamente a possibilidade de substituiccedilatildeo do presidente

Um dos relatoacuterios entregues a Zenildo de Lucena era especialmente grave Informava sobre um princiacutepio de rebeliatildeo nos quarteacuteis O ministro jaacute estava acostumado agrave movimentaccedilatildeo golpista de alguns desocupados generais de pijama Mas uma particularidade o preocupava agora a hipoacutetese de golpe agora frequentava as rodas de conversa da jovem oficialidade (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p139)

O que preocupava Zenildo natildeo era esses militares aposentados saudosos da fase do AI-5 Cabelos brancos desarmados podiam chiar quando quisessem Mas a jovem oficialidade disciplinada na ativa armada e com boa pontaria mereciam respeito Para somar agrave crise a cadeia de comando ameaccedilou renunciar o que seria um desastre para o governo Somando-se a isso a Igreja Catoacutelica reclamou de Itamar que se lembrasse de ser um ldquoexemplo para as famiacuteliasrdquo E parte da opiniatildeo puacuteblica tambeacutem ficou indignada com mais esse tropeccedilo da democracia E como natildeo se bastasse o ministro da Justiccedila Mauriacutecio Correcirca tambeacutem se deixou fotografar aparentemente embriagado Oriundo de uma famiacutelia de militares Fernando Henrique Cardoso era respeitado no meio militar Procurado pelo alto comando do exeacutercito para opinar sobre uma possiacutevel mudanccedila de presidente Fernando Henrique ameaccedilou renunciar ao Ministeacuterio da Fazenda se a ordem institucional natildeo se mantivesse A consequecircncia seria que toda a equipe econocircmica renunciaria tambeacutem comprometendo a conduccedilatildeo da estabilidade seria o fim do Plano Real E a democracia natildeo sobreviveria a um novo impeachment Acuados pois natildeo desejavam um golpe e de serem responsaacuteveis por mais uma crise poliacutetica os militares pediram a cabeccedila de Mauriacutecio Correcirca que renunciaria dois meses depois o caso foi arrefecendo e os quarteacuteis apaziguados Aprovadas as medidas necessaacuterias para a implantaccedilatildeo do Plano Real pelo Congresso mais preocupado em evitar novas crises a popularidade de Itamar Franco subiu E qual a importacircncia da crise institucional do chamado episoacutedio da calcinha no affair de Itamar Franco e na crise aberta com os militares Eacute preciso lembrar que em 1994 natildeo havia se completado dez anos do fim da ditadura militar com a eleiccedilatildeo indireta de Tancredo Neves e com sua morte a posse de seu vice Joseacute Sarney E se pensarmos no termo ldquoentulho autoritaacuteriordquo expressatildeo usada pelo historiador Daniel Aaratildeo Reis onde toda a estrutura e legislaccedilatildeo autoritaacuteria do regime militar que

ainda regiam aspectos sociais e poliacuteticos do paiacutes soacute terminariam ou seriam revogados com a Constituiccedilatildeo de 1988 esse periacuteodo breve de democracia completaria apenas seis anos O fantasma da ditadura e ateacute a ameaccedila de um golpe ainda assombrava o meio poliacutetico brasileiro Ateacute mesmo no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello temia-se uma intervenccedilatildeo militar e todo processo de trabalho da CPI (Comissatildeo Parlamentar de Inqueacuterito) como a votaccedilatildeo de impedimento do presidente foram conduzidos sem interferecircncias institucionais pelo Congresso Nacional E apoacutes a renuacutencia de Collor em dezembro de 1992 voltou agrave tona o medo de uma quebra da legalidade mas garantiu-se constitucionalmente a transiccedilatildeo democraacutetica e a posse de Itamar Franco Mas os desafios de implantaccedilatildeo do Plano Real natildeo terminavam aiacute Cessada a crise com os militares e a opiniatildeo puacuteblica 1994 era ano de eleiccedilotildees e um candidato da esquerda brasileira apresentava-se como favorito Luiacutes Inaacutecio da Silva o Lula Um ano antes Fernando Henrique conversara com Lula no apartamento de seu assessor Joseacute Dirceu para obter seu apoio ao plano econocircmico o que natildeo aconteceu Lula natildeo acreditava no sucesso do Real e jaacute dissera que o plano seria catastroacutefico para o paiacutes mergulhando o Brasil num periacuteodo de recessatildeo Somando-se a isso Lula ainda natildeo havia abandonado o radicalismo da esquerda assustando ainda a direita brasileira Lula pregava a suspensatildeo do pagamento da diacutevida externa e a nacionalizaccedilatildeo do setor bancaacuterio Defendia grandes investimentos em obras puacuteblicas para gerar emprego para milhotildees de brasileiros mas sem dizer da onde tiraria dinheiro para tal faccedilanha Mas era justamente esse velho viacutecio o fator de geraccedilatildeo da inflaccedilatildeo e que justamente o Plano Real estaria disposto a erradicar da cultura poliacutetica brasileira Lula se apresentava como favorito em vencer as eleiccedilotildees e pensando desse jeito o Plano Real estaria fadado em fracassar jaacute nos primeiros meses de seu governo E dois antigos aliados se afastariam um do outro A retrospectiva histoacuterica mostra que estiveram proacuteximos durante a maior parte de suas carreiras poliacuteticas Lula apoiou Fernando Henrique em sua candidatura ao Senado em 1978 esperando vecirc-lo num partido que gostaria de criar Fizeram panfletagem juntos Ambos oriundos da mesma geraccedilatildeo poliacutetica que emergira na fase da abertura Estiveram juntos nas greves do ABC e na campanha pelas Diretas Jaacute Fernando Henrique subiu no palanque do PT no segundo turno das eleiccedilotildees de 1989 Mais uma vez se uniram no impeachment de Collor Quase se aliaram para a eleiccedilatildeo de 1994 Chegaram a manter encontros secretos visando a uniatildeo entre PSDB e PT O ano de 1994 os transformaria em adversaacuterios ambos com o mesmo ideal e esperanccedila de se tornarem presidente Fernando Henrique num poderoso esquema montado no uso da maacutequina do Estado (era ex-ministro da Fazenda e candidato do Planalto) poder econocircmico adesatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e principalmente pela administraccedilatildeo eleitoral de uma moeda Lula no topo da popularidade liderando as pesquisas eleitorais era a

140 esperanccedila dos excluiacutedos Apoacutes as liccedilotildees tomadas com a derrota em 1989 procurou se aproximar de empresaacuterios e dos militares O Brasil encontrava-se traumatizado com tantas mudanccedilas choques econocircmicos inflaccedilatildeo descontrolada salpicada por surtos de recessatildeo Tudo ruindo hospitais escolas puacuteblicas estradas as cidades sitiadas pela violecircncia Em apenas oito anos o Brasil teve quatro presidentes e batalhotildees de ministros que caiacuteam como moscas Tudo isso somado a um impeachment e em seguida a um Congresso expondo suas entranhas e clientelismos nas descobertas sobre a maacutefia do Orccedilamento e seus anotildees Seria eleito presidente aquele que melhor captasse o anseio por uma situaccedilatildeo que gerasse mudanccedila E Lula ateacute entatildeo era quem canalizava esse anseio perante a populaccedilatildeo apesar de todo seu radicalismo e fragilidades poliacuteticas do PT em costurar alianccedilas Surpreendendo Lula e o PT Fernando Henrique Cardoso que jaacute fora cotado para ser vice de Lula naquele mesmo ano se lanccedila candidato agrave presidente da Repuacuteblica Desconhecido ainda do brasileiro comum candidato por um partido novo o PSDB contrariando sua esposa Ruth Cardoso que foi contra sua candidatura agrave presidente chamado de ldquoelitistardquo por setores da sociedade Fernando Henrique seria eleito no primeiro turno na rabeira do Plano Real Lula natildeo percebeu que perdera a eleiccedilatildeo natildeo para Fernando Henrique Cardoso mas para o Real Natildeo percebera que quando discursava contra a nova moeda discursava contra a estabilizaccedilatildeo econocircmica Reclamou e com razatildeo que o Plano Real havia se transformado em arma eleitoral Mas o povo estava com comida na mesa e comprando como nunca O PT afastou-se da loacutegica ao criticar o Real dando municcedilatildeo para a campanha de Fernando Henrique Cardoso transmitir a sensaccedilatildeo de que teria forccedila para governar obtendo a partir disso uma galeria de alianccedilas poliacuteticas Lula teve que enfrentar uma maacutequina puacuteblica a qual natildeo estava preparado e natildeo acreditou na forccedila das elites que sempre atacou Sua campanha foi um desfile de improvisaccedilotildees

Nas eleiccedilotildees realizadas em outubro de 1994 Fernando Henrique elegeu-se presidente no primeiro turno alcanccedilando cerca de 54 dos votos vaacutelidos Lula novamente candidato ficou em segundo lugar Esse resultado foi produto de vaacuterios fatores mas o Plano Real desempenhou papel decisivo A oposiccedilatildeo sobretudo o PT cometeu um seacuterio erro de avaliaccedilatildeo insistindo em afirmar que o Plano Real era apenas ldquoengodo eleitoreirordquo que em curto prazo provocaria uma grave recessatildeo Lanccedilado em um momento estrateacutegico facilitando a vitoacuteria de Fernando Henrique nas eleiccedilotildees presidenciais o plano natildeo se reduzia a isso Na realidade natildeo houve recessatildeo e a grande massa teve um aumento de seu poder de compra graccedilas agrave sensiacutevel queda da inflaccedilatildeo por anos seguidos (FAUSTO 2014 p 292-293)

Fernando Henrique Cardoso reforccedilou com sua vitoacuteria eleitoral a convicccedilatildeo da matildeo invisiacutevel o Real Com a estabilizaccedilatildeo pouco se esforccedilou para ser presidente comparado ao empenho de personagens como Leonel Brizola Paulo Maluf Orestes Queacutercia Tancredo Neves e o proacuteprio Lula que canalizaram energias para o desejo da Presidecircncia

Hoje natildeo tenho duacutevidas de que o Plano Real foi meu principal aliado rumo ao dia 3 de outubro de 1994 quando fui eleito presidente do Brasil depois de disputar as eleiccedilotildees com Luiz Inaacutecio Lula da Silva Meu maior desafio era estabelecer regras e fazer com que o paiacutes as cumprisse Seria difiacutecil para qualquer poliacutetico mas pode ter sido um pouco mais faacutecil para um socioacutelogo (CARDOSO 2013 p 249)

Depois de duas derrotas consecutivas para Fernando Henrique Cardoso atenuando em grande parte o seu radicalismo Lula seria finalmente eleito presidente em 2002 com um discurso de manutenccedilatildeo das conquistas da estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real a estabilidade de preccedilos os avanccedilos sociais e o enraizamento da democracia

4 O PAPEL DO PLANO REAL NA RECONSTRUCcedilAtildeO DO ESTADO BRASILEIRO A tese principal eacute que havia entatildeo uma crise sociopoliacutetica do Estado (crise de hegemonia do pacto de dominaccedilatildeo) e natildeo apenas uma crise de governabilidade segundo avaliava o pensamento predominante na literatura da ciecircncia poliacutetica brasileira agrave eacutepoca O sucesso do Plano Real explica-se por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedila que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica liberal do poder do Estado O envolvimento da esfera poliacutetico constitucional nesse processo de mudanccedila logrou a superaccedilatildeo da crise de governabilidade existente ateacute 1993 No periacuteodo histoacuterico aberto pelo Plano Real ateacute o principal partido de esquerda brasileiro o PT foi induzido a aderir ao seu modo desde a campanha eleitoral de 2002 a uma poliacutetica macroeconocircmica liberal embora o governo de coalizatildeo de Lula tenha executado tambeacutem poliacuteticas contra-hegemocircnicas em uma espeacutecie de reformismo moderado O artigo identifica a origem e os determinantes da crise e algumas conjunturas de seu processo com ecircnfase no governo Itamar Franco O argumento mostra a importacircncia da lideranccedila poliacutetica de Fernando Henrique Cardoso no processo do Plano Real mas natildeo adere a uma explicaccedilatildeo voluntarista ou indeterminista pois insere as accedilotildees dos sujeitos nos acontecimentos estruturais e histoacutericos

[] Correspondiam ao programa liberal que se tornara hegemocircnico quase compulsoacuterio em escala mundial Tratava-se de enfraquecer as tradiccedilotildees nacional-estatistas quebrando reservas de mercado diminuindo tarifas protecionistas privatizando atividades e setores econocircmicos Nesse sentido houve uma espeacutecie de continuidade entre os governos Collor Itamar e FHC que em perspectiva histoacuterica retomaram

141

redefinindo-as algumas ideias baacutesicas que animavam as forccedilas que participaram da vitoacuteria do Golpe de 1964 presentes sobretudo no governo Castelo Branco e que seriam abandonadas depois pelos governos ditatoriais que se seguiram (REIS 2014 p 117)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Portanto as conclusotildees as quais esse artigo se comprometera foi levantar e apontar atraveacutes de pesquisas as dificuldades poliacuteticas e institucionais de implantaccedilatildeo do Plano Real diante de um quadro clientelista do Congresso Nacional onde a coalizatildeo poliacutetica para a formaccedilatildeo de uma base governista mostrava-se necessaacuteria a fim de que projetos pudessem ser aprovados tomando-se como exemplo a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) somente um ano apoacutes a sua implantaccedilatildeo as dificuldades com o presidente Itamar Franco que em momentos de crise natildeo se julgava digno para o cargo mas sabemos o tamanho de sua importacircncia para a transiccedilatildeo democraacutetica em um periacuteodo turbulento de nossa recente redemocratizaccedilatildeo como o impeachment de Collor e a proacutepria escolha do embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda apoacutes uma rodada de ministros que caiacuteram ao fracassarem perante o desafio da hiperinflaccedilatildeo a proacutepria crise institucional aberta pelos militares representados pela jovem oficialidade dos quarteacuteis propondo uma intervenccedilatildeo destituindo Itamar Franco apoacutes o episoacutedio do carnaval do Rio sendo preciso o ministro Fernando Henrique Cardoso ameaccedilar a renuacutencia levando junto toda a equipe econocircmica e a proacutepria campanha presidencial de 1994 onde Lula liderava a corrida ao Planalto mas com um discurso contra o plano econocircmico alegando que era recessivo Outra conclusatildeo a qual chegamos eacute a questatildeo da reconstruccedilatildeo do Estado brasileiro no modelo neoliberal em uma espeacutecie de continuidades entre os governos Collor Itamar e FHC levando ateacute mesmo um partido tradicional de esquerda o PT a aderir a esse modelo ainda que promovesse rupturas contra-hegemocircnicas com maior ecircnfase no campo social em uma espeacutecie de reformismo moderado Este artigo ainda abre precedentes para que mais estudos possam ser aprofundados no campo poliacutetico como a compreensatildeo de funcionamento do Congresso nas particularidades poliacuteticas do Brasil dentro do regime presidencialista e como se faz necessaacuteria a montagem de coalizotildees poliacuteticas com o mesmo Congresso para que o poder executivo veja aprovadas as suas prerrogativas 6 Referecircncias Bibliograacuteficas CARDOSO Fernando Henrique WINTER Brian O improvaacutevel Presidente do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2013 CASTRO Laviacutenia Barros de HERMANN Jennifer Economia Brasileira Contemporacircnea (1945-2004) 13ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Campus 2005

DIMENSTEIN Gilberto SOUZA Josias A Histoacuteria Real ndash Trama de uma Sucessatildeo 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Aacutetica 1994 FAUSTO Boris Histoacuteria Concisa do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Edusp 2014 GUENAUD Amaury VASCONCELLOS Marcos A S de Economia Brasileira Contemporacircnea 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo 2007 REIS Daniel Aaratildeo Modernizaccedilatildeo Ditadura e Democracia 1964-2010 Satildeo Paulo Objetiva 2014 SOLIMEO Marcel TROSTER Roberto Luis Plano Real ndash Situaccedilatildeo Atual e Perspectivas Satildeo Paulo CIEE ndash Centro de Integraccedilatildeo Empresa-Escola 1998 Na internet httpwwwmisesorgbr ndash Uma Breve Histoacuteria do Plano Real aos seus 18 anos Por Leandro Roque httpwwwunicampbrunicampunicamphojejujulho2004ju259pag03ht - Jornal Unicamp Por Clayton Levy

142

PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA

Constacircncio Bortoni Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

constanciobortonifaccampbr

RESUMO Neste trabalho satildeo apresentados os conceitos e implementaccedilatildeo da aproximaccedilatildeo homograacutefica para projetos de filtros de 2a ordem digitais IIR (Infinite Impulse Response) utilizando a aproximaccedilatildeo homograacutefica para fazer a conversatildeo de um filtro analoacutegico em um equivalente filtro digital Foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros Palavras chave Homograacutefica IIR Filtro Digital e funccedilatildeo transferecircncia ABSTRACT Concepts and implementation of homograph approaching to designs the 2nd order digital filter IIR (Infinite Impulse Response) With homograph approaching can make the conversion of an analog filter in an equivalent digital filter We used as a basis the real parameters of three basic topologies of 2nd order analog filters low pass filter high-pass filter and band-pass filter With the analog transfer function in the s-domain (Laplace) of the above-mentioned filters the transformation to the transfer function for digital domain z was made using homograph transformation Through the transfer function in z the difference equation is obtained and the coefficients of the filters Keywords Homograph approaching IIR Digital Filter and transfer function

1 INTRODUCcedilAtildeO O filtro digital eacute uma importante ferramenta no tratamento de sinais eletrocircnicos E o seu uso vem sendo cada vez mais empregado devido agrave crescente digitalizaccedilatildeo dos nossos sistemas No nosso dia-a-dia o

sinal puramente analoacutegico estaacute dando lugar ao sinal digital Como exemplo podemos citar a TV digital comunicaccedilatildeo de dados raacutedio digital telefonia entre outros A grande vantagem do filtro digital quando comparado como filtro analoacutegico eacute que para alterar os paracircmetros do filtro (frequecircncia de corte curva de resposta e tipo) natildeo eacute necessaacuterio qualquer alteraccedilatildeo de hardware apenas alterar os coeficientes adequadamente (apenas alteraccedilatildeo de firmware) para ter o resultado desejado Este trabalho foi realizado pensando na necessidade do melhor entendimentovisualizaccedilatildeo dos caacutelculos dos coeficientes dos filtros digitais conhecer e aplicar as estruturas de realizaccedilatildeo de sistemas discretos e estudo de projeto de realizaccedilatildeo de filtros digitais Fazendo a conexatildeo da teoria com resultados visuais provenientes de simulaccedilotildees com software de simulaccedilatildeo numeacuterica Com a simulaccedilatildeo do projeto analisou-se os sinais de entradasaiacuteda do filtro digital usando a transformada de Fourier-FFT (para a visualizaccedilatildeo das componentes em frequecircncia que compotildeem os sinais) e a resposta em frequecircncia do filtro usando diagrama de Bode 2 APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Quando se trabalha no domiacutenio discreto digital a funccedilatildeo de transferecircncia analoacutegica tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) deve ser representada por uma funccedilatildeo transferecircncia discreta no domiacutenio z Pode-se usar diferentes modos de aproximaccedilotildees para realizar essa transformaccedilatildeo do domiacutenio s para o domiacutenio z poreacutem nem todas as aproximaccedilotildees garantem que uma funccedilatildeo estaacutevel no domiacutenio s seja estaacutevel no domiacutenio z A aproximaccedilatildeo homograacutefica garante o mapeamento da regiatildeo de estabilidade o semiplano esquerdo do domiacutenio s dentro da regiatildeo de estabilidade ciacuterculo unitaacuterio do domiacutenio z Ou seja garante que se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no domiacutenio s ao ser transformada para o domiacutenio z tambeacutem seraacute estaacutevel O processo inverso tambeacutem eacute verdadeiro se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no

143 domiacutenio z continuaraacute sendo estaacutevel quando transformada para o domiacutenio s Para converter uma funccedilatildeo transferecircncia do tempo contiacutenuo para o tempo discreto usa-se a aproximaccedilatildeo abaixo

119904 =2∆119905

1 minus 119911minus1

1 + 119911minus1

(1)

onde o siacutembolo Δt eacute o periacuteodo da frequecircncia de amostragem A frequecircncia de amostragem representa o nuacutemero de amostras que eacute retirado de um sinal analoacutegico (sinal contiacutenuo no tempo) em um periacuteodo de 1 segundo Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto H(z)

119867(119911) = 119867(119904)

119904 = 2∆119905

1 minus 119911minus11 + 119911minus1

(2)

H(s) eacute a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo domiacutenio s Quando for necessaacuterio fazer o processo inverso de converter uma funccedilatildeo transferecircncia discreta para uma funccedilatildeo transferecircncia no tempo continua faz-se

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(3)

Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo H(s)

119867(119904) = 119867(119911)

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(4)

Essa aproximaccedilatildeo apresenta uma natildeo linearidade em frequecircncia para altas frequecircncias ou seja ao fazer o mapeamento do domiacutenio s para o domiacutenio z ocorre um deslocamento no valor da frequecircncia de corte Essa alteraccedilatildeo da frequecircncia de corte pode ser corrigida considerando o caacutelculo da frequecircncia de corte do filtro analoacutegico abaixo

119865119888119886 = 1

120587 lowast ∆119905 lowast tan(120587 lowast ∆119905 lowast 119865119888119889) (5)

onde Fca eacute a frequecircncia de corte do filtro analoacutegico Fcd eacute a frequecircncia de corte do filtro digital 3 FUNCcedilAtildeO TRANSFEREcircNCIA NO DOMIacuteNIO Z Neste trabalho foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros

31 Filtro passa-baixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-baixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119861(119904) =1198961205960

2

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(6)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-baixa de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 1 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-baixa de 2a ordem

119867119875119861(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1

119871119862

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(7)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (7) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-baixa de 2a ordem digital 119867119875119861(119911) =

119911minus2 + 2119911minus1 + 1

4119871119862∆1199052 minus

2119877119862∆119905 + 1 119911minus2 + 2 minus 8119871119862

∆1199052 119911minus1 + 4119871119862

∆1199052 + 2119877119862∆119905 + 1

(8)

32 Filtro passa-alta de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-alta de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119860(119904) =1198961199042

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(9)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analogico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-alta de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituido de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

144

FIG 2 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-alta de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo para o circuito da FIG2 considerando a equaccedilatildeo (9) e k=1 eacute dada por

119867119875119860(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1199042

1199042 + 1119877119862 119904 + 1

119871119862

(10)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (10) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-alta de 2a ordem digital 119867119875119860(119911) =

4∆1199052 119911

minus2 minus 8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052

4∆1199052 minus

2∆119905119877119862 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2

∆119905119877119862 + 1119871119862

1)

33 Filtro passa-faixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-faixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119865(119904) =119896 1205960

119876 119904

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(12)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa- faixa de 2a ordem estudado nesse trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 3 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-faixa de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo continuo para o circuito da FIG3 considerando a equaccedilatildeo (12) e k=1 eacute dada por

119867119875119865(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=119877119871 119904

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(13)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (13) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-faixa de 2a ordem digital 119867119875119865(119911) =

minus2119877119871∆119905 119911

minus2 + 2119877119871∆119905

4∆1199052 minus

2119877119871∆119905 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2119877

119871∆119905 + 1119871119862

4)

4 SIMULACcedilAtildeO E RESULTADOS Abaixo temos os resultados apoacutes a simulaccedilatildeo dos filtros digitais passa-baixa passa-alta e passa-faixa Para fazer as simulaccedilotildees foram considerados as funccedilotildees transferecircncias no domiacutenio z das equaccedilotildees (8 11 e 14) e software de simulaccedilatildeo numeacuterica Foram simuladas o funcionamento dos filtros atraveacutes da resposta em frequecircncia da magnitude e fase (Diagrama de Bode) para os filtros analoacutegicos e os seus respectivos filtros digitais com a aproximaccedilatildeo homograacutefica 41 Filtro passa-baixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-baixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 4 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa

analoacutegico de 2a ordem

FIG 5 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa digital de 2a

ordem

145 42 Filtro passa-alta de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-alta de 2a ordem os valores de componentes indutor de 1 mH capacitor de 25 mF e resistor de 22 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 6 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta

analoacutegico de 2a ordem

FIG 7 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta digital

de 2a ordem 5 Filtro passa-faixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-faixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 8 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa analoacutegico de 2a ordem

FIG 9 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa digital de 2a ordem

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Ao analisar as FIG 4 e 5 para o filtro passa-faixa as FIG 6 e 7 para o filtro passa-alta e as FIG 8 e 9 para o filtro passa-faixa tem-se que com a implementaccedilatildeo do filtro digital atraveacutes da aproximaccedilatildeo homograacutefica tiveram uma simetria dos resultados de simulaccedilatildeo muito expressiva Podendo ser considerado que as respostas em frequecircncia da magnitude e fase para os filtros analoacutegicos e digitais satildeo iguais Ou seja quando feito o projeto de filtro digital IIR usando a aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves caracteriacutesticas de resposta em frequecircncia requeridas satildeo mantidos com uma grande vantagem do filtro digital e sua altiacutessima flexibilidade Natildeo precisando fazer alteraccedilatildeo de hardware (componentes e lay-out de placas de circuito impresso) para alteraccedilatildeo dos paracircmetros do filtro basta apenas fazer a alteraccedilatildeo dos coeficientes adequadamente em sua programaccedilatildeo (alteraccedilatildeo do firmware) Este trabalho foi feito com base nas caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Aplicando-se os mesmos conceitos da aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves trecircs topologias os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir neste estudo os resultados da implementaccedilatildeo desses filtros usando um Kit DSP REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS HAYKIN Simon VEEN Barry Van Sinais e sistemas Bookman Companhia 2000 HAYES Monson H Processamento digital de sinais RS Artmed 2006 HSU Hwei P Signals and systems EUA McGraw-Hill 1995 SEARA R Processamento digital de sinais I Material de aula programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia Eleacutetrica - UFSC Florianoacutepolis 2002 FILHO S N Filtros seletores de sinais Editora da UFSC Florianoacutepolis1998

146 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA

O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA

Maria do Carmo Guedes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 mariaguedesfaccampbr

Milton Barros de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 miltonbarroshotmailcom

RESUMO Proacutepolis eacute uma das substacircncias produzidas pelas abelhas a partir da coleta da seiva de plantas sendo uma resina eacute empregada na proteccedilatildeo das paredes da colmeia Quimicamente eacute composta por cerca de 300 compostos orgacircnicos Por sua grande complexidade em constituintes quiacutemicos com compostos originados de todas as funccedilotildees orgacircnicas quiacutemicas conhecidas mas principalmente em flavonoides e compostos fenoacutelicos esta resina apresenta atividades anti-inflamatoacuteria antitumoral antioxidante entre outras Esta variedade de compostos orgacircnicos possibilita um excelente tema para contextualizar o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos orgacircnicos Palavras chaves proacutepolis funccedilotildees orgacircnicas flavonoide compostos fenoacutelicos ABSTRACT Propolis is one of the substances produced by bees from collecting the sap of plants being a resin it is employed to protect the walls of the hive Chemically it is composed of about 300 organic compounds By their great complexity in chemical constituents with compounds that originate from all known chemical organic functions but primarily in flavonoids and phenolic compounds this resin has anti inflammatory activity antitumor antioxidant among others This variety of organic compounds makes it an excellent theme for contextualizing the teaching of organic functions and nomenclature of organic compounds Key words propolis organic functions flavonoids pnenolic compounds INTRODUCcedilAtildeO O estudo sobre a atividade de produtos naturais tem sido priorizado visando principalmente agrave atividade bioloacutegica A eficaacutecia destes produtos tem sido reconhecida e os desafios satildeo identificar novos compostos bioativos e entender seus mecanismos de accedilatildeo

(OLDONI 2007) Devido agrave riqueza da flora brasileira os estudos com as plantas empregadas popularmente tem propiciado a busca destas moleacuteculas (COUTINHO et al 2009) Em meio agrave enorme diversidade de produtos naturais existentes no Brasil os produtos apiacutecolas tecircm apresentado destaque por serem de faacutecil obtenccedilatildeo e por apresentar inuacutemeras propriedades farmacoloacutegicas Dentre estes do ponto de vista econocircmico a proacutepolis eacute uma importante alternativa terapecircutica (SOARES et al 2006 TAVARES et al 2006) Segundo Alencar et al (2007) a proacutepolis vermelha brasileira possui novos compostos bioativos aleacutem dos encontrados na proacutepolis verde A proacutepolis vermelha eacute uma fonte de compostos com atividades bioloacutegicas Dentre as classes quiacutemicas encontradas na proacutepolis brasileira encontram-se os aacutecidos os alcooacuteis os eacutesteres os aldeiacutedos aminas e entre os compostos responsaacuteveis pelas atividades estatildeo os flavonoides discutidos neste trabalho De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais PCNrsquos os conteuacutedos de Quiacutemica natildeo devem se resumir apenas agrave mera transmissatildeo de informaccedilotildees mas devem relacionar-se com o cotidiano do aluno do ensino meacutedio Desse modo a proacutepolis por sua enorme variedade de compostos quiacutemicos presentes de diferentes funccedilotildees orgacircnicas possibilita contextualizar o conteuacutedo programaacutetico de funccedilotildees orgacircnicas com um tema do cotidiano PROacutePOLIS A composiccedilatildeo quiacutemica da proacutepolis varia de regiatildeo para regiatildeo sendo que a proporccedilatildeo dos tipos de substacircncias encontradas eacute variaacutevel e dependente do local da coleta Foram encontrados vaacuterios compostos onde mais de 300 substacircncias diferentes jaacute foram identificadas entre elas tecircm-se derivados de aacutelcool fenol aldeiacutedos aminoaacutecidos aacutecidos aromaacuteticos eacutesteres de aacutecidos aromaacuteticos flavonas e flavonoacuteis hidrocarbonetos e eacutesteres graxos aacutecidos graxos cetonas terpenoacuteides e esteroacuteides e accediluacutecares entre outros Exemplos dessas classes quiacutemicas estatildeo resumidas na tabela 1 Em termos

147 de nutrientes presentes na proacutepolis eacute conhecida a presenccedila de quantidades de vitaminas tais como B1 B2 B6 E aacutecido ascoacuterbico aacutecido pantotecircnico e dos minerais Fe Ca Al Va Sr Mn e Si Aleacutem destes minerais destaca-se a presenccedila de elementos como Na K Mg Ba Zn Cd Ni Ag Cu e Co Os tipos de compostos aromaacuteticos e terpecircnicos encontrados na proacutepolis tecircm uma importacircncia bioloacutegica que permite a determinaccedilatildeo das espeacutecies visitadas pelas abelhas (MARCUCCI 1995 MARCUCCI et al 1996)

Tabela 1Exemplos de compostos identificados na proacutepolis bruta

Propriedades Farmacoloacutegicas da Proacutepolis

148 A proacutepolis pode ser usada em forma de liacutequido pomada pastilha granulada caacutepsula comprimido e pasta dental Em forma de lascas e pastilhas eacute indicada para faringites amigdalites gengivites estomatites gripes e pneumonia e na forma granulada indicada contra uacutelceras-gaacutestricas e distuacuterbios intestinais Em poacute ou liacutequido para cistite nefrite prostatite e outras inflamaccedilotildees Em pomadas ou caacutepsulas contra luacutepulos abscessos ulceraccedilotildees eczemas queimaduras herpes entre outros A proacutepolis tambeacutem tem sido muito utilizada no tratamento de cacircncer bucal e em tumores Possui propriedades que foram descritas principalmente contra doenccedilas do sistema muscular - articular e outros tipos de inflamaccedilotildees infecccedilotildees reumatismos e torccedilotildees Tambeacutem foi utilizada em aplicaccedilotildees dermatoloacutegicas para cicatrizaccedilatildeo de ferimentos regeneraccedilatildeo de tecidos tratamento de queimaduras neurodermites eczemas dermatite de contato uacutelceras externas psoriacutease lepra herpes simplex zoster e genitalis pruridos e dermatoacutefitos A proacutepolis demonstrou ser efetiva contra doenccedilas do aparelho digestivo indicando uma potente atividade hepatoprotetora e um agente anti-uacutelcera Na odontologia foi utilizada como anesteacutesico em dentifriacutecios preparaccedilotildees para lavagem bucal tratamento de gengivites quelite e na poacutes-extraccedilatildeo dentaacuteria Satildeo tambeacutem conhecidas suas propriedades antisseacutepticas adstringentes hipotensivas e citostaacuteticas (Marcucci 1996) Na tabela 2 estatildeo resumidas algumas propriedades farmacoloacutegicas estudadas na proacutepolis Ensinando Quiacutemica Orgacircnica atraveacutes da Proacutepolis A Quiacutemica Orgacircnica estaacute intrinsecamente relacionada com a vida tendo sido em seus primoacuterdios considerada a quiacutemica dos produtos naturais Assim eacute possiacutevel contextualizar sua aprendizagem em sala de aula atraveacutes de temas do cotidiano da vida e da natureza Aleacutem disso a inserccedilatildeo de experimentos relacionados agrave teoria apresentada provoca um forte interesse nos educandos em todos os niacuteveis de escolarizaccedilatildeo pois eles oferecem um sentido real ao estudo teoacuterico uma motivaccedilatildeo ao estudo agrave percepccedilatildeo e agrave observaccedilatildeo sendo de caraacuteter luacutedico Didaticamente o desenvolvimento de atividades experimentais leva ao aumento da capacidade da aprendizagem dos educandos pelo envolvimento no tema em estudo (GIORDAN 1999) Uma Funccedilatildeo Orgacircnica eacute claramente definida como um conjunto de substacircncias que possuem siacutetios reativos os chamados Grupos Funcionais com propriedades quiacutemicas e reatividades semelhantes Tabela 2 Propriedades bioloacutegicas da proacutepolis resumidas

em funccedilatildeo do paiacutes do estudo e em ordem cronoloacutegica

Os Grupos Funcionais satildeo aacutetomos ou grupo de aacutetomos que caracterizam a Funccedilatildeo a que o composto pertence e estatildeo resumidos na Figura 1

bull Hidrocarbonetos

bull Fenoacuteis

bull Enoacuteis

bull Aacutelcoois

bull Eacuteteres

149

bull Aldeiacutedos

bull Cetonas

bull Aacutecidos carboxiacutelicos

bull Eacutesteres

bull Haletos de aacutecidos

bull Anidridos de aacutecido carboxiacutelico

bull Funccedilotildees Tio

bull Aminas

bull Amidas

bull Nitrilas

Figura 1 Grupos Funcionais das Funccedilotildees orgacircnicas Nomenclatura Para nomear-se um composto orgacircnico eacute necessaacuterio previamente observar a cadeia carbocircnica quanto ao tipo de ligaccedilotildees quiacutemicas existentes a natureza da funccedilatildeo orgacircnica principal a natureza dos carbonos o nuacutemero e a natureza de grupos radicais ligados agrave cadeia principal e o nuacutemero de carbonos da cadeia principal Quanto ao tipo de ligaccedilotildees de carbono tecircm-se ligaccedilotildees simples (a) duplas (b) e triplas (c) (Figura 2)

Figura 2 Tipos de ligaccedilotildees quiacutemicas Quanto agrave natureza dos carbonos estes podem ser classificados em primaacuterio (a) secundaacuterio (b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d) (Figura 3)

Figura 3 Tipos de carbonos primaacuterio (a) secundaacuterio

(b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d)

Quanto agrave natureza da cadeia carbocircnica esta pode ser classificada em cadeia alifaacutetica aciacuteclica ou aberta alifaacutetica ciacuteclica ou fechada e cadeia carbocircnica aromaacutetica Uma cadeia aberta eacute aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas natildeo haacute nenhum encadeamento fechamento ciclo ou anel enquanto uma cadeia fechada natildeo possui nenhuma extremidade ou ponta seus aacutetomos satildeo unidos fechando a cadeia e formando um encadeamento ciclo nuacutecleo ou anel Jaacute uma cadeia aromaacutetica apresenta pelo menos um anel aromaacutetico A Figura 4 apresenta exemplos de cadeia aciacuteclica (a) cadeia ciacuteclica (b) e cadeia aromaacutetica (c)

Figura 4 Exemplos de Cadeias aciacuteclica(a) ciacuteclica

alifaacutetica(b) e ciacuteclica aromaacutetica(c)

150 Nomenclatura oficial IUPAC dos compostos orgacircnicos lineares Para os compostos orgacircnicos de cadeia normal sem ramificaccedilatildeo tecircm-se os prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos da cadeia ilustrados na Tabela 3 e os infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo entre os carbonos resumidos na Tabela 4 e os Grupos Funcionais Funccedilotildees orgacircnicas aleacutem de estruturas e nomes de compostos estatildeo apresentados na Tabela 5

Tabela 3 Prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos

Tabela 4 Infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo -C-C-

Tabela 5 Grupos Funcionais funccedilotildees orgacircnicas e

nomes de compostos orgacircnicos

Fonte FONSECA 1992

151 Se a cadeia possuir pelo menos 1 carbono terciaacuterio ou quaternaacuterio ela seraacute ramificada (uma cadeia principal e uma ou mais cadeias secundaacuterias) Para escolha da cadeia principal devem-se seguir os criteacuterios expostos a seguir 1) A cadeia principal deve possuir a) O grupo funcionl b) O maior nuacutemero de insaturaccedilotildees e c) a sequencia mais longa de aacutetomos de carbono 2) Caso no composto orgacircnico haja duas ou mais possibilidades de escolha de cadeia principal com o mesmo nuacutemero de carbonos devemos escolher como principal aquela que tiver o maior nuacutemero de ramificaccedilotildees 3) Quando a cadeia eacute mista consideramos preferencialmente como principal a parte aliciacuteclica ou aromaacutetica

Os compostos flavonoides satildeo os responsaacuteveis pelas propriedades farmacoloacutegicas da proacutepolis Os flavonoacuteides possuem um esqueleto baacutesico -C3-C6-C3- (Figura 5) subdivididos nas classes chalconas flavanas flavonas flavanonas flavonoacuteis isoflavonas e antocianinas Entre os flavonoacuteis e as flavonas encontram-se os compostos quercetina canferol luteolina e apigenina cujas estruutras estatildeo apresentadas na Figura 6 Alguns compostos dessas classes encontrados na proacutepolis estatildeo apresentados na Tabela 6

Figura 5 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 6 Estrutura de flavonoacuteis e flavonas

Tabela 6 Flavonas e Flavonoacuteis encontrados na proacutepolis

PROJETO PROacutePOLIS EXPERIMENTO DE CROMATOGRAFIA Para completar a contextualizaccedilatildeo do tema propocircs-se um experimento denominado ldquoCromatografia em camada delgada de amostras de Proacutepolisrdquo aplicado em sala de aula para alunos do uacuteltimo ano do ensino meacutedio do Coleacutegio Cosmos situado na cidade de Campo Limpo Paulista Satildeo Paulo Objetivo Avaliar a presenccedila de flavonoides da proacutepolis em produtos comerciais Material e Meacutetodos - Materiais e reagentes

bull 50 mL de Soluccedilatildeo HexanoAcetato de etila ( 11) e 10 gotas de Etanol (fase moacutevel) bull Extrato de proacutepolis padratildeo ( amostra 1) bull Extrato de proacutepolismeltutti-fruti (amostra 2) bull Extrato de proacutepolismelmenta (amostra 3) bull Extrato de proacutepolismellimatildeo (amostra 4) bull Papel de filtro Whatman (fase estacionaacuteria) bull Tesoura bull Cuba cromatograacutefica

152 bull Reacutegua bull Capilares bull Funil de separaccedilatildeo de 125mL bull Becker de 100mL bull Bico de Bunsen Procedimento

- Preparaccedilatildeo das amostras 1 Escolha um produto comercial de proacutepolis 2 Dilua 10mL do produto comercial em 50mL de aacutegua destilada (mel e proacutepolis com a respectiva essecircncia) 3 Coloque em um funil de separaccedilatildeo de 125 mL e adicione 20mL de Acetato de etila 4 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a em um beacutequer de 50 mL 5 Volte a fase aquosa (de baixo) para o funil e acrescente mais 20mL de Acetato de etila 6 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a no mesmo beacutequer onde guardou a primeira fraccedilatildeo separada 7 Concentre estas duas fraccedilotildees orgacircnica de acetato de etila aquecendo cuidadosamente em bico de Bunsen) ateacute o volume de 10 mL - Preparaccedilatildeo dos cromatogramas (fase estacionaacuteria) 1 Manipular o papel com cuidado e pelas pontas e cortar tiras nas dimensotildees de 10cm de largura por 20 cm de altura 2 Desenhar com um laacutepis preto uma linha na altura de 2 cm da margem 3 Marcar nesta linha 3 pontos distantes um do outro 2 cm deixando uma borda de 2cm de cada lado do papel 4 Encher um capilar com a amostra padratildeo e aplique-o no meio do papel 5 No ponto do lado esquerdo aplique um capilar cheio da amostra comercial escolhida 6 No ponto do lado direito aplique 2 capilares da amostra comercial escolhida - Cromatrografia em papel

1 Colocar na cuba 50 mL da fase moacutevel (soluccedilatildeo 11 de HexanoAcetato de etila com 10 gotas de etanol) 2 Colocar dentro da cuba uma tira de papel de filtro de dimensotildees de 5 cm de largura e da altura da cuba 3 Coloque seu papel (cromatograma) na cuba Tampe bem a cuba e permita a corrida cromatograacutefica (Figura 7) 4 Quando o solvente subir pelo papel ateacute 2 cm antes do final do papel retire-o da cuba e seque-o na capela

- Visualizaccedilatildeo dos flavonoacuteides da proacutepolis

1 Com o papel seco leve-o ateacute a cacircmara de luz UV e marque com um laacutepis as manchas fluorescentes que visualizar 2 Compare as manchas da soluccedilatildeo padratildeo com as manchas

Figura 7 Cromatograma das amostras de produtos comerciais contendo proacutepolis

Ao final procedeu-se a um questionaacuterio para sedimentaccedilatildeo dos conceitos e discussatildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha padratildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - A visualizaccedilatildeo com a luz UV permitiu vocecirc observar mais manchas no papel - As manchas dos produtos comerciais estatildeo na mesma altura (Rf) das manchas da amostra padratildeo - Se as manchas dos produtos comerciais possuiacuterem o mesmo Rf das manchas da amostra padratildeo vocecirc pode concluir afirmativamente que se trata dos mesmos compostos Os questionaacuterios foram avaliados e as respostas obtidas corrigidas e discutidas com porcentagem de acertos correspondente a 87 CONCLUSAtildeO O uso dos compostos orgacircnicos da proacutepolis como ferramenta para o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos mostrou-se muito efetivo e interessante (do ponto de vista pedagoacutegico) para este fim principalmente se aliado ao experimento realizado REFEREcircNCIAS

ALENCAR SM OLDONI TLC CASTRO ML CABRAL ISR COSTA-NETO CM CURY JA ROSALEN PL Ikegakid M (2007) Chemical composition and biological activity of a new type of

153 Brazilian propolis red propolis Journal of Ethnopharmacology v113(2) 278-283 COUTINHO M A S MUZITANO M F COSTA SS (2009) Flavonoacuteides potenciais agentes terapecircuticos para o processo inflamatoacuterio Revista Virtual de Quiacutemica v 1(3) 43-50 FONSECA MRM (1992) Quiacutemica quiacutemica orgacircnica 2ordmGrau Satildeo Paulo FTD GIORDAN M (1999) O papel da experimentaccedilatildeo no ensino de ciecircncias Quiacutemica Nova na Escola n 10 43-49 MARCUCCI M C (1995) Apidologie v 26 p83-90 MARCUCCI MC De CAMARGO FA LOPES CMA (1996) Z Naturforsch 51C 100-107 OLDONI T (2007) Isolamento e identificaccedilatildeo de compostos com atividade antioxidante de uma nova variedade de proacutepolis brasileira produzida por abelhas da espeacutecie Apis mllifera Dissertaccedilatildeo (mestrado) Ciecircncia de Alimentos ESALQUSP Satildeo Paulo SP SOARES A K A CARMO G C QUENTAL D P NASCIMENTO D F BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Avaliaccedilatildeo da seguranccedila cliacutenica de um fitoteraacutepico contendo Mikania glomerata Grindelia robusta Copaifera officinalis Myroxylon toluifera Nasturtium officinale proacutepolis e mel em voluntaacuterios saudaacuteveis Rev Bras Farmacogn v 16 447-454 SOLOMONS G FRYHLE C (2004) Organic Chemistry 8ordfed John Wiley amp Sons New Jersey TAVARES J P MARTINS I L VIEIRA A S LIMA F A V BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Estudo de toxicologia cliacutenica de um fitoteraacutepico a base de associaccedilotildees de plantas mel e proacutepolis Rev Bras Farmacogn v16 350-356

154

REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO

Nicoly Coelho Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

nicolycoelhohotmailcom

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Willian Timoacuteteo Malouf Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812 9400

williamfaccampbr

RESUMO O aproveitamento de aacuteguas de chuva aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos proporciona agraves comunidades uma inegaacutevel melhora na qualidade de vida Sendo necessaacuterios cuidados evitando-se assim propagaccedilatildeo de doenccedilas Esse trabalho tem como objetivo a definiccedilatildeo de um bom sistema de aproveitamento de aacuteguas pluviais e agrave anaacutelise da viabilidade financeira de aplicaccedilatildeo de tais medidas O presente estudo demonstra tal dimensionamento pelo meacutetodo praacutetico australiano que enfrenta certas dificuldades uma vez que a produccedilatildeo cientiacutefica na aacuterea eacute um tanto escassa no Brasil comparando-se a outros paiacuteses Tal escassez implica em desafios a qual novas transposiccedilotildees aos obstaacuteculos podem ser apresentadas como uma anaacutelise de retorno de investimento aqui tratada baseada em variantes de custo de tarifa e aplicaccedilatildeo financeira e outro na foacutermula dos juros compostos Foi analisada a precipitaccedilatildeo meacutedia mensal sendo possiacutevel elaborar um planejamento para que o sistema seja eficiente e eficaz tanto para os meses de maiores e menores iacutendices pluviomeacutetricos evitando-se o uso exacerbado dos recursos naturais e tratado para o consumo humano Apoacutes a anaacutelise dos resultados este sistema mostrou-se capaz de ter um bom funcionamento trazendo a reduccedilatildeo significativa de gastos referentes agraves taxas cobradas pelas empresas de saneamento tornando tal praacutetica construtiva viaacutevel agraves residecircncias e agregando valor comercial Palavras chave aproveitamento de aacutegua sustentabilidade meacutetodo praacutetico australiano

ABSTRACT The use of rainwater besides of economic benefits provide to communities one undeniable increasing quality of life Itrsquos necessary take careful to avert the dissemination of disease This paper have the objective the definition of a good system to catchment of rainwater and the analysis of economic viability for application of this measure Present study show the dimensioning through of Practical Australian Method that faces difficulties once that scientific production in branch is scarce in Brazil compared with another countries This shortage involve in challenges where news transpositions of obstacles can be presented like the investments return treated here based in variances of tariff cost and financial investments and other based in the compound interest equation Was analyzed the monthly averaged-rainfall being possible elaborate a planning for what the system being efficient and effective for both month with more and less rainfall avoiding the exacerbated use of natural resources and treated for human consumption After analysis of results this system it showed capable of a good work bringing significant reduction of costs of tariff collects by sanitation companies turning this practice constructive feasible to residences and aggregating commercial value Keywords Use of rainwater sustainable practical australian method 1 INTRODUCcedilAtildeO O projeto de instalaccedilotildees prediais pluviais prevecirc a captaccedilatildeo e destinaccedilatildeo das aacuteguas decorrentes de eventos de

155 precipitaccedilatildeo No Brasil satildeo considerados apenas problemas decorrentes de chuvas uma vez que natildeo se tem problemas com neve Entretanto estes sistemas raramente satildeo projetados com o objetivo de reaproveitamento de aacuteguas das chuvas uma vez que a cultura do paiacutes natildeo estaacute habituada para isso sendo que pouquiacutessimas casas de padratildeo mais elevado possuem este planejamento natildeo gerando credibilidade agraves casas mais populares levando as pessoas a crerem que tais instalaccedilotildees satildeo onerosas e ineficientes o que muitas vezes ocorre por mau dimensionamento

Por meio do Meacutetodo Praacutetico Australiano (MPA) seraacute exposto a metodologia para o dimensionamento eficaz dessas estruturas sendo assim possiacutevel fazer uma anaacutelise do custo benefiacutecio fazendo uma estimativa do custo das instalaccedilotildees e do tempo que este investimento daraacute retorno

2 METODOLOGIA A metodologia aplicada para o dimensionamento das estruturas conforme jaacute citado seraacute o Meacutetodo Praacutetico Australiano que eacute citado pela ABNT NBR 155272007 contempla os caacutelculos de volume da chuva que eacute dado pela seguinte equaccedilatildeo

119876 = 119860 times 119862 times (119875 minus 119868)

Onde

C = coeficiente de escoamento superficial

P = precipitaccedilatildeo meacutedia mensal

I = interceptaccedilatildeo da aacutegua que molha as superfiacutecies e perdas por evaporaccedilatildeo

A = Aacuterea da coleta

Q = Volume mensal produzido pela chuva

Diversos trabalhos discutem sobre o caacutelculo do volume do reservatoacuterio entretanto seratildeo mantidas as recomendaccedilotildees do meacutetodo utilizado que eacute realizado por tentativas aproximaccedilotildees ateacute que sejam utilizados valores otimizados de confianccedila e volume do reservatoacuterio

119881119905 = 119881119905minus1 + 1198761 minus 119863119905

Onde

119876119905= volume mensal produzido pela chuva no mecircs t

119881119905= volume de aacutegua que estaacute no tanque no fim do mecircs t

119881119905minus1= volume de aacutegua que estaacute no tanque no iniacutecio do mecircs t

119863119905= Demanda mensal

A confianccedila tambeacutem utilizada no caacutelculo do reservatoacuterio eacute calculada da seguinte forma

119875119903 =119873119903119873

Onde

119875119903= falha

119873119903= nuacutemero de meses em que o reservatoacuterio natildeo atingiu a demanda isto eacute quando 119881119905 = 0

119873= nuacutemero de meses considerado

3 DESENVOLVIMENTO Por meio de meacutetodos da hidrologia estatiacutestica uma seacuterie histoacuterica de dados de precipitaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute compreendendo o periacuteodo de 1997 a 2013 foi levantada para fazer uma comparaccedilatildeo com o valor empiacuterico adotado de 150mmh que representa chuva caracteriacutestica para a regiatildeo de Atibaia

Tais dados geraram importantes informaccedilotildees sobre a meacutedia da precipitaccedilatildeo e a configuraccedilatildeo desta ao longo dos anos Um preocupante dado foi encontrado incluindo-se o ano de 2014 ateacute o mecircs de setembro mostrando que este ano somava ateacute julho uma precipitaccedilatildeo menor do que a meacutedia natural para o mecircs de janeiro Tal comparaccedilatildeo pode ser visualizada no Graacutefico 1

156

Graacutefico 1 ndash Precipitaccedilatildeo Total Anual

Entretanto como se trata de um ano totalmente atiacutepico fora calculada a meacutedia excluindo-se o ano de 2014 O meacutetodo praacutetico australiano permite que os dados de entrada sejam analisados mensalmente tornando o caacutelculo mais elegante e permitindo um melhor planejamento do recurso Edifiacutecio modelo O edifiacutecio modelo seraacute feito com uma aacuterea de 80msup2 com um telhado caracteriacutestico de quatro aacuteguas com inclinaccedilatildeo de 25 sendo considerado com telha ceracircmica O sistema de captaccedilatildeo foi dimensionado considerando o uso de PVC sendo a aacuterea de captaccedilatildeo de 10506msup2 A edificaccedilatildeo modelo eacute ilustrada na Figura1 - Edificaccedilatildeo modelo

Figura5 - Edifiacutecaccedilatildeo modelo

Apoacutes a aacutegua percorrer este sistema ela eacute encaminhada para o reservatoacuterio que eacute dimensionado pelo meacutetodo praacutetico australiano Dados do projeto O estudo foi feito a partir de uma residecircncia com quatro pessoas onde o consumo maacuteximo da rede de abastecimento girou em torno de 17msup3mecircs durante os periacuteodos com grandes precipitaccedilotildees (sendo o semestre chuvoso da regiatildeo de Jundiaiacute do mecircs de Novembro a Abril) e 13msup3mecircs durante o periacuteodo de estiagem (de Marccedilo a Outubro) conforme eacute demonstrado pelo Graacutefico 2

Graacutefico 1

157

O projeto conta tambeacutem com um plano de contingecircncia uma vez que o meacutetodo praacutetico australiano prevecirc o volume de aacutegua presente em todos os meses Macintyre 2013 propotildee que o consumo para uma casa de mesmo nuacutemero de habitantes seja de 1000 ldia ou seja 200 lpessoadia Entretanto neste trabalho eacute adotado um valor de 50 do consumo total uma vez que o reservatoacuterio de reaproveitamento de aacuteguas pluviais iraacute apenas direcionar aacutegua para torneiras de lavagem vasos sanitaacuterio e locais onde a aacutegua utilizada natildeo precisa de grandes processos de tratamentos Os caacutelculos foram realizados a partir dos dados extraiacutedos das informaccedilotildees fornecidas pelo DAE no site da distribuidora adquiridos a partir de estaccedilotildees pluviomeacutetricas gerenciadas pela instituiccedilatildeo Com o processamento desses dados contando com informaccedilotildees nos periacuteodos de 1997 a 2013 foi possiacutevel determinar a seacuterie anual de precipitaccedilotildees meacutedias mensais A partir da anaacutelise dos totais mensais foi elaborado um graacutefico no qual eacute possiacutevel determinar o semestre chuvoso Tais meacutedias estatildeo expostas no Graacutefico 3

Graacutefico 2

Retorno de investimento O retorno de investimento foi obtido pela foacutermula de juros compostos simulando o investimento inicial numa aplicaccedilatildeo de baixo risco (poupanccedila onde o juros eacute de 05) com a equaccedilatildeo do valor futuro que iraacute mostrar quando os dois investimentos iratildeo se igualar sendo expressa da seguinte forma 119877119894 = (119862 times (1 + 119869)119898119890119904119903119894)

+ (119862119894 times 119876) times (1 + 119875119886)119898119890119904119903119894 minus 1

119875119886

Onde 119877119894= retorno do investimento [meses] 119862= custo total de implantaccedilatildeo e manutenccedilatildeo [reais] 119862119894= custo de tarifa mensal [reais] 119869 = juros liacutequidos de aplicaccedilatildeo de baixo risco ao mecircs 119875119886= previsatildeo de aumento do custo do insumo acima da inflaccedilatildeo cobrada ao mecircs 4 RESULTADOS Com a utilizaccedilatildeo do meacutetodo praacutetico australiano foi possiacutevel analisar o tamanho do reservatoacuterio a partir da quantificaccedilatildeo das vazotildees geradas pelas precipitaccedilotildees como pode ser visto na Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

MESES PRECIPITACcedilAtildeO MEacuteDIA MENSAL

VOLUME MENSAL (msup3)

JANEIRO 28294 2344

FEVEREIRO 19106 1572

158

MARCcedilO 14062 1148

ABRIL 6094 479

MAIO 6622 523

JUNHO 4735 364

JULHO 5024 389

AGOSTO 2976 217

SETEMBRO 6915 548

OUTUBRO 11233 91

NOVEMBRO 15579 1276

DEZEMBRO 19641 1617

Apoacutes estes resultados foram comparadas tais vazotildees com o consumo mensal conforme o Graacutefico 4

Graacutefico 3

Apoacutes a determinaccedilatildeo destes dados foi possiacutevel atraveacutes do caacutelculo de retorno de investimento verificar o tempo de retorno do investimento inicial Foi levada em consideraccedilatildeo uma aplicaccedilatildeo inicial de R$ 2000000 (vinte mil reais) que contempla os materiais matildeo- de- obra e manutenccedilatildeo do sistema Para provar a viabilidade do sistema bem como os benefiacutecios por ele oferecidos foi suposto que este investimento inicial estivesse aplicado em poupanccedila rendendo assim aproximadamente 05 ao mecircs Jaacute o caacutelculo de quantos meses seriam necessaacuterios para o retorno do investimento com a economia de aacutegua foi realizado a partir do caacutelculo de valor futuro Chegou-se entatildeo ao resultado de 60 meses conforme pode-se verificar no Graacutefico 5

Graacutefico 4 - Tempo de retorno calculado

5 CONCLUSAtildeO Com a obtenccedilatildeo destes resultados foi possiacutevel chegar agrave conclusatildeo de que o sistema de reaproveitamento de aacuteguas pluviais eacute natildeo somente financeiramente viaacutevel como tambeacutem atende as demandas que lhe satildeo impostas haacute de se considerar que o iacutendice aqui estimado foi um pouco maior do que realmente eacute uma vez que trata-se apenas de aacutegua para lavagem de carros ou pisos limpeza geral e para o sistema de descargas sendo assim o sistema pode se sustentar mesmo com demandas maiores Portanto a conclusatildeo deste trabalho natildeo pode deixar de fazer sua ressalva de que este eacute apenas um estudo que abre as portas para diversos outros como o estudo para um melhor tratamento de aacutegua amortecimento das cheias e inundaccedilotildees meacutetodos construtivos de reservatoacuterios (podendo ser ecoeficiente) entre diversos outros fatores diretamente ligados agrave precipitaccedilatildeo REFEREcircNCIAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 1084489 Rio de Janeiro [sn] 1989 ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 15527007 Rio de Janeiro [sn] 2007 AZEVEDO NETTO J M D Manual de hidraacuteulica 8ordf ediccedilatildeo ed Satildeo Paulo Bluumlcher 1998 MACINTYRE A J Manual de instalaccedilotildees hidraacuteulicas e sanitaacuterias 1ordf ed - [Reimpr] ed Rio de Janeiro LTC 2013 VIGGIANO M H S Edifiacutecios puacuteblicos sustentaacuteveis Brasiacutelia Senado Verde 2010

159

REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO

Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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Prof Me James Ernesto Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre as questotildees acerca das dificuldades de aprendizagens apresentadas no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica assim como apresentar as caracteriacutesticas gerais em relaccedilatildeo agrave discalculia O que eacute Discalculia O que implica esse transtorno de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem dos alunos

Palavras chave Discalculia aprendizagem matemaacutetica educaccedilatildeo matemaacutetica e dificuldades de aprendizagem ABSTRACT This article aims to reflect on the issues about the difficulties of learning presented in the teaching and learning of mathematics as well as to show the general characteristics for the dyscalculia What is Dyscalculia This implies that learning disorder in the teaching and student learning Keywords Dyscalculia learning math math education and learning difficulties 1 INTRODUCcedilAtildeO

Cada vez mais as questotildees voltadas agrave praacutetica docente estatildeo sendo priorizadas neste panorama educacional atual Estudos referendando a anaacutelise de boas praacuteticas metodologias adequadas agraves diferentes situaccedilotildees de ensino sequecircncias didaacuteticas no cotidiano escolar do aluno e organizaccedilatildeo na gestatildeo da sala de aula satildeo preocupaccedilotildees que ganham espaccedilo nos estudos que abordam o processo de ensino e aprendizagem no paiacutes

Atualmente dialogar com esse panorama tornou-se muitas vezes situaccedilotildees conflitantes ao

professor acostumado agrave atribuiccedilatildeo de papeacuteis que estabelecem sentidos oacutebvios ao processo educativo como se fosse possiacutevel demarcar as reflexotildees acerca dos cotidianos escolares Cotidianos esses imbuiacutedos de fatores histoacutericos e sociais que perpassam os tempos de uma sociedade natildeo estaacutetica e construtora de conhecimentos Assim a mudanccedila acelerada na educaccedilatildeo estaacute causando incertezas e duacutevidas na maioria dos profissionais que atuam hoje na Educaccedilatildeo Baacutesica (IMBERNOacuteN 2001)

Nesse sentido caminhar por essas incertezas tornou-se um desafio constante ao profissional da educaccedilatildeo que deve estar atento ao processo pelo qual a sociedade caminha hoje e que consequentemente seus alunos satildeo agentes construtores tambeacutem dessa engrenagem dinacircmica Logo haacute a necessidade de se estabelecer praacuteticas mais reflexivas que possam operar nesse contexto assim como caminhos reais e possiacuteveis frente agraves situaccedilotildees-problemas que se apresentam muitas vezes na sala de aula pois como afirma Alessandrini (2000 p 160)

[] deparamo-nos com dilemas que desafiam a agir de forma inusitada ateacute mesmo para nossa proacutepria maneira de ser e de fazer Percebemos que a foacutermula maacutegica de antigamente natildeo se adequa agravequilo que precisamos resolver Notamos que algo precisa ser diferente ou melhor que precisamos mudar nossa maneira de responder agraves questotildees que a vida nos apresenta

Assim elencar propostas para melhorar a praacutetica pedagoacutegica na educaccedilatildeo torna-se hoje um construto que caminha com um diaacutelogo mais reflexivo acerca das reais prioridades formativas no que diz respeito agrave aprendizagem do aluno em seus

160 diversos espaccedilos Para tanto visar a essa reflexatildeo panoracircmica do processo de ensino e aprendizagem exige do professor a necessidade de assumir-se como agente construtor tambeacutem desse processo pois no pensar das descobertas de novos saberes e produccedilatildeo de mecanismos de reflexatildeo que levem aos alunos ao desenvolvimento de habilidades e competecircncias ao questionamento e agrave ampliaccedilatildeo de opccedilotildees e atitudes criativas cria-se um ambiente potencializador de aprendizagens muacuteltiplas

2 Dificuldades distuacuterbios e transtornos de

aprendizagem

Atualmente as demandas do mundo contemporacircneo transferem agrave sociedade um grau maior sobre a importacircncia da assimilaccedilatildeo de novos conhecimentos

Portanto eacute evidente que a Educaccedilatildeo seja o elo de acesso a esses novos saberes validando e incorporando esses aprendizados agraves praacuteticas sociais

Assim as accedilotildees contemporacircneas despertam muacuteltiplos olhares no que diz respeito agraves aprendizagens as dificuldades e ao ensino das diversas aacutereas do curriacuteculo escolar Com ecircnfase a Matemaacutetica vem ganhando espaccedilo nesse universo desenvolvendo em seu campo especiacutefico conhecimentos cientiacuteficos produzindo novos conhecimentos e agregando outras aacutereas do saber curricular potencializando a compreensatildeo da realidade na construccedilatildeo de relaccedilotildees que visam agrave formaccedilatildeo integral do cidadatildeo na sociedade

A Matemaacutetica contribui para a formaccedilatildeo e participaccedilatildeo criacutetica do indiviacuteduo na sociedade e deve ser trabalhada visando aos aspectos que fundamentam essa construccedilatildeo interligada de saberes que fornecem aos educandos informaccedilotildees interpretaccedilotildees e utilizaccedilotildees de sinais e coacutedigos na vida cotidiana Portanto as dificuldades apresentadas pelos alunos no decorrer do processo de ensino e aprendizagem estabelecem pontos de partida agrave compreensatildeo dos aspectos relacionados aos sucessos e fracassos em matemaacutetica escolar Eacute importante a anaacutelise desses aspectos levando em conta o trabalho em sala de aula pois para que uma aprendizagem seja efetiva tem que ser significativa ao aluno ou seja deve desvincular a aprendizagem de sentidos mecacircnicos de atitudes natildeo motivadoras que impedem o processo favoraacutevel da aprendizagem em um desempenho escolar que vise a resultados satisfatoacuterios ao aluno pois

A insatisfaccedilatildeo revela que haacute problemas a serem enfrentados tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecacircnicos desprovidos de significados para o aluno Haacute urgecircncia em reformular objetivos rever conteuacutedos e buscar metodologias compatiacuteveis com a formaccedilatildeo que hoje a sociedade reclama (PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1997 p 15)

A compreensatildeo das dificuldades dos alunos com relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica perpassa diferentes aspectos como cognitivos afetivos e metodoloacutegicos Neste iacutenterim haacute a necessidade de que se busque compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos no sentido de uma investigaccedilatildeo pertinente ao processo de ensino e aprendizagem que ocorre no contexto de sala de aula a fim de verificar os fatores responsaacuteveis que possam causar diferenccedilas nas execuccedilotildees dos processos matemaacuteticos trabalhados nas aulas Para isso

[] o diagnoacutestico deve tentar identificar se os alunos com dificuldades de aprendizagem de matemaacutetica diferem quanto aos conceitos habilidades e execuccedilotildees em relaccedilatildeo aos seus companheiros de igual ou menor idade sem dificuldades de aprendizagem Trata-se de determinar se os que apresentam dificuldades de aprendizagem alcanccedilam seu conhecimento aritmeacutetico de maneira qualitativamente distinta daquelas sem essas dificuldades ou pelo contraacuterio adquirem esse conhecimento do mesmo modo poreacutem com ritmo diferenciado (ALMEIDA 2006 p 02)

Nessa perspectiva o conhecimento matemaacutetico escolar deve refletir a construccedilatildeo a apropriaccedilatildeo do saber na compreensatildeo e transformaccedilatildeo da realidade consistindo em observaccedilotildees de um mundo cada vez mais pertencente agraves representaccedilotildees e comunicaccedilotildees graacuteficas expressotildees desenhos tratamento de informaccedilotildees construccedilotildees e organizaccedilotildees de dados ligados agrave apreensatildeo de significados e conexotildees em um mundo interligado e diversificado Essas interligaccedilotildees refletem a pluralidade de culturas as quais relacionadas integram cada vez mais o contexto histoacuterico social poliacutetico econocircmico e educativo do aluno em uma sociedade multi e intercultural

Portanto existe a necessidade de uma maior atenccedilatildeo para a inadequaccedilatildeo de uma abordagem fragmentada do ensino da Matemaacutetica escolar pois

161 como componente construtor de cidadania na medida em que eacute exigido pela contemporaneidade um cidadatildeo reflexivo criacutetico dialeacutetico e cada vez mais preparado tambeacutem para o conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico o desenvolvimento de determinadas habilidades e competecircncias embasa a sua formaccedilatildeo enquanto agente construtor tambeacutem de saberes

Acerca dessa reflexatildeo faz-se necessaacuterio estabelecer as diferenccedilas relacionadas entre as dificuldades de aprendizagens os distuacuterbios de aprendizagens e os transtornos de aprendizagens pois possuem caracteriacutesticas diferentes e devem fazer parte do processo pedagoacutegico contiacutenuo do professor para que ele possa refletir a respeito de percepccedilotildees na construccedilatildeo que o proacuteprio indiviacuteduo faz e refaz constantemente em seu processo da auto-formaccedilatildeo

Assim as dificuldades de aprendizagens podem ocorrer por diversos fatores sejam afetivos cognitivos ou ateacute mesmo fiacutesicos Segundo Ciasca e Rossini (2000) essas dificuldades manifestam-se durante o processo de ensino e aprendizagem e em decorrecircncia de diversos fatores que vatildeo desde as causas endoacutegenas ateacute causas exoacutegenas Em relaccedilatildeo agraves questotildees de aprendizagens em Matemaacutetica elas se estabelecem na compreensatildeo habilidade e anaacutelise de resoluccedilatildeo de problemas e raciociacutenios matemaacuteticos dificuldade relativa agrave proacutepria complexidade da Matemaacutetica como o niacutevel de abstraccedilatildeo de conceitos a hierarquizaccedilatildeo dos processos matemaacuteticos e a relaccedilatildeo que haacute na assimilaccedilatildeo de primeiros conceitos para um continuum1 no processo de ensino e aprendizagem especiacuteficos para o entendimento da proacutepria aacuterea

Os mesmos autores descrevem como distuacuterbios de aprendizagens uma perturbaccedilatildeo que implica na habilidade aquisiccedilatildeo ou ateacute mesmo na utilizaccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de situaccedilotildees-problemas Em citaccedilatildeo de Gimenez (2005) a definiccedilatildeo mais aceita hoje sobre as questotildees dos distuacuterbios em aprendizagens refere-se agravequela apresentada pelo NJCLD (National Joint Comittee of Learning Desabilities)2 segundo a qual eacute proposta a afirmaccedilatildeo

1 A palavra se refere ao processo de desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem segundo Mizukami (2002) 2 National Joint Committee on Dificuldades de Aprendizagem Fundada em 1975 a Comissatildeo Nacional Conjunta sobre Dificuldades de Aprendizagem (NJCLD) eacute uma comissatildeo nacional de representantes de organizaccedilotildees comprometidas com a educaccedilatildeo eo bem-estar de indiviacuteduos com dificuldades de aprendizagem Mais de 350000

de que Distuacuterbio de Aprendizagem eacute um termo geneacuterico que se refere a um grupo heterogecircneos de desordens manifestadas por dificuldades na aquisiccedilatildeo e no uso da audiccedilatildeo fala escrita e raciociacutenio matemaacutetico Essas desordens satildeo intriacutensecas ao indiviacuteduo e presume-se serem uma disfunccedilatildeo de sistema nervoso central Entretanto o distuacuterbio de aprendizagem pode ocorrer concomitantemente com outras desordens como distuacuterbio sensorial retardo mental distuacuterbio emocional e social ou sofrer influecircncias ambientais como diferenccedilas culturais instrucionais inapropriadas ou insuficientes ou fatores psicogecircnicos Poreacutem natildeo satildeo resultado direto destas condiccedilotildees ou influecircncias (HAMMILL 1990 p 77)

Portanto os distuacuterbios de aprendizagens se reportam a fatores relacionados a uma disfunccedilatildeo neuroloacutegica explicando assim os atrasos referentes agrave leitura e escrita ou a capacidade de caacutelculos dos alunos Percebe-se a restriccedilatildeo desse termo em relaccedilatildeo agraves dificuldades de aprendizagens pois satildeo especiacuteficos no sentido de caracteriacutesticas orgacircnicas e bioloacutegicas assim os distuacuterbios de aprendizagem implicam em relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica em estabelecer a relaccedilatildeo com a incapacidade de resolver problemas matemaacuteticos mas podem tambeacutem ser associados agrave memoacuteria auditiva3 ou seja muitas vezes os alunos natildeo conseguem ouvir enunciados que lhes satildeo transmitidos oralmente assim tecircm dificuldade de lembrar com rapidez os nuacutemeros e por natildeo conseguirem se lembrar das formas os alunos tecircm dificuldade em realizar caacutelculos

Jaacute os transtornos de aprendizagens estatildeo relacionados a uma inabilidade especiacutefica como leitura escrita ou matemaacutetica Essas caracteriacutesticas se apresentam em indiviacuteduos que apontam resultados muito abaixo do esperado para o seu niacutevel de desenvolvimento no processo de aprendizagem e capacidade intelectual (OHLWEILER 2006) o que natildeo significa que as mesmas satildeo expressas em alteraccedilotildees motoras ou sensoriais ou seja muitas vezes possuem condiccedilotildees emocionais e sociais sem significativas limitaccedilotildees que possam vir a impossibilitar seu desenvolvimento Os transtornos de aprendizagens podem ser caracterizados por dificuldades especiacuteficas na compreensatildeo de palavras escritas ndash a

indiviacuteduos constituem os membros das organizaccedilotildees representadas pela NJCLD 3 Esta relacionada ao sentido da audiccedilatildeo agraves informaccedilotildees percebidas

162 dislexia4 - ou na aquisiccedilatildeo dos conceitos matemaacuteticos a chamada discalculia5 Com relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica os transtornos de aprendizagens podem implicar no erro de formaccedilatildeo dos nuacutemeros - geralmente satildeo apresentados de forma invertida - dificuldade em efetuar somas simples dificuldade no reconhecimento de sinais operacionais e para ler valores numeacutericos dificuldade na ordenaccedilatildeo e espaccedilamento entre outros fatores

Assim segundo Travassos (2008) a distinccedilatildeo entre os conceitos apresentados neste item se reporta ao fato de que o distuacuterbio decorre de uma disfunccedilatildeo na regiatildeo parietal6 do ceacuterebro eacute um problema de niacutevel individual e orgacircnico ou seja eacute uma disfunccedilatildeo no processo natural da aquisiccedilatildeo de aprendizagem implicando no processo e armazenamento da informaccedilatildeo e consequentemente na emissatildeo de respostas A dificuldade tem como caracteriacutestica principal o fator escolar ou seja os alunos apresentam dificuldades por falta de interesse perturbaccedilatildeo emocional e ateacute mesmo pela inadequaccedilatildeo metodoloacutegica

Segundo Siegel 1988 (apud GARCIA 1998 p 217) o subtipo ldquodificuldades de aprendizagem da matemaacutetica apresentaria problemas em uma ou mais das seguintes aacutereas caacutelculo aritmeacutetico memorizaccedilatildeo de horaacuterios e nuacutemeros trabalhos escritos eou na coordenaccedilatildeo motora finardquo Jaacute o transtorno eacute uma disfunccedilatildeo na regiatildeo frontal7 do ceacuterebro comprometendo tarefas que exigem habilidade de leitura e memoacuteria

Atualmente haacute uma preocupaccedilatildeo tambeacutem com o fato relativo agraves defasagens no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica em alguns alunos Isso eacute perceptiacutevel natildeo soacute nas avaliaccedilotildees externas mas tambeacutem no cotidiano escolar nas atividades e avaliaccedilotildees trabalhadas em sala de aula Muitas dessas dificuldades estatildeo expressas nas caracteriacutesticas metodoloacutegicas inapropriadas ao ensino da especiacutefica aacuterea do conhecimento ou aos fatores relacionados agraves experiecircncias anteriores dos alunos em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica O fato eacute que 4 Eacute um transtorno especiacutefico das operaccedilotildees implicadas no reconhecimento das palavras (precisatildeo e rapidez) que compromete em maior ou menor grau a compreensatildeo da leitura As habilidades da escrita ortograacutefica e de produccedilatildeo textual tambeacutem estatildeo gravemente comprometidas (MOOJEN e FRANCcedilA apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006) 5 Segundo a Academia Americana de Psiquiatria a discalculia eacute uma dificuldade em aprender Matemaacutetica 6 Regiatildeo situada mais ou menos no alto da cabeccedila sobre as orelhas 7 Localizada na regiatildeo da testa eacute responsaacutevel pelo planejamento e a motivaccedilatildeo das accedilotildees do indiviacuteduo

quando se trata da observaccedilatildeo das dificuldades de aprendizagens em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica e as suas origens surgem muitas duacutevidas Ao interpretar os fatores que levam o aluno a ter dificuldades nesta aacuterea o professor deve observar um conjunto de ocorrecircncias das quais natildeo existe uma uacutenica causa especiacutefica pois esses fatores estatildeo associados a outros fatores externos como tambeacutem ao modo do proacuteprio ensino da Matemaacutetica pelo professor Nesse contexto haacute tambeacutem as dificuldades que se expressam em transtornos da aprendizagem da Matemaacutetica com os quais estatildeo associados fatores de causas neuroloacutegicas primaacuterias8 como por exemplo a discalculia do desenvolvimento

3 Discalculia Segundo Garcia (1998) a discalculia faz referecircncia a um transtorno estrutural da maturaccedilatildeo das habilidades matemaacuteticas que se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensatildeo dos nuacutemeros habilidades de contagem habilidades computacionais e soluccedilatildeo de problemas verbais O mesmo autor apresenta algumas questotildees terminoloacutegicas e definiccedilotildees referentes aos termos ldquoproblemas de aprendizagens na matemaacuteticardquo ou ldquotranstornos da matemaacuteticardquo para esclarecer que um mesmo campo de ldquoproblemas especiacuteficos de matemaacuteticardquo poderia ser esclarecido em o que o autor Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203) chama de ldquodois tipos baacutesicos de anormalidades em matemaacuteticardquo

O primeiro termo eacute o de acalculia que citado por Garcia (1998 p 212) descreve que

[] acalculia definido por Novick e Arnold (1988) ndash citado por Keller e Sutton (1991) ndash como um transtorno relacionado com a aritmeacutetica adquirido apoacutes uma lesatildeo cerebral sabendo que as habilidades jaacute se haviam consolidado e desenvolvido Eacute o que Benton (1987) denomina ldquodeacuteficits com as operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

8 A causa neuroloacutegica primaacuteria se refere neste texto ao primeiro grau neuroloacutegico das dificuldades em matemaacutetica A causa secundaacuteria entraria na esfera de problemas relacionados agrave Deficiecircncia Mental Epilepsia TDAH e Dislexia Jaacute as causas que se caracterizam como natildeo-neuroloacutegicas entrariam em fatores escolares fatores sociais e ansiedade para a matemaacutetica (BASTOS apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203)

163 Assim o autor esclarece que a acalculia se refere aos adultos crianccedilas e jovens mas eacute de caraacuteter lesional e ocorre apoacutes ter sido iniciada a aquisiccedilatildeo da funccedilatildeo (GARCIA 1998 p 213)

O segundo termo utilizado por Garcia (1998) eacute o de discalculia ou discalculia do desenvolvimento acrescenta que se refere sobretudo agraves crianccedilas sendo evolutiva podendo dar-se tambeacutem em adultos mas natildeo eacute lesional e estaacute associada principalmente com as dificuldades de aprendizagem da matemaacutetica confirmando que

Segundo a Academia Americana de Psiquiatria discalculia do desenvolvimento eacute uma dificuldade em aprender matemaacutetica com falhas para adquirir proficiecircncia adequada neste domiacutenio cognitivo a despeito de inteligecircncia normal oportunidade escolar estabilidade emocional e motivaccedilatildeo necessaacuteria (Bastos apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202)

Em consonacircncia com a Academia Americana de Psiquiatria Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202 e 204) esclarece tambeacutem ldquoque aproximadamente entre 3 e 6 das crianccedilas tecircm discalculia do desenvolvimentordquo e que existem hoje diversos estudos sobre a utilizaccedilatildeo de tecnologias no tratamento das crianccedilas com transtornos em matemaacutetica mas que com a correta intervenccedilatildeo metodoloacutegica do professor o desempenho dessas crianccedilas seraacute melhor

A discalculia portanto eacute um transtorno especiacutefico que gera dificuldades nas habilidades matemaacuteticas prejudicando tambeacutem outras habilidades como as linguiacutesticas associadas agrave compreensatildeo e nomeaccedilatildeo de siacutembolos e conceitos e as habilidades referentes agrave atenccedilatildeo como a observaccedilatildeo de sinais ou nuacutemeros

Conveacutem ao professor utilizar estrateacutegicas metodoloacutegicas que viabilizem experiecircncias verbais significativas como o trabalho com as noccedilotildees de quantidade e tamanho entre outros assim como os jogos pois sendo o jogo uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos baacutesicos supotildee um ldquofazer sem obrigaccedilatildeo externa e imposta embora demande exigecircncias normas e controlerdquo (PCN- Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1998 p 35) o que leva ao aluno vivenciar situaccedilotildees e fazer analogias potencializando a sua percepccedilatildeo

Assim a intervenccedilatildeo necessaacuteria para a construccedilatildeo do saber do aluno deve partir de trabalhos com a utilizaccedilatildeo de objetos didaacuteticos ou confeccionados para esse fim que possam ser apresentados no sentido de que ele ndash o aluno ndash se aproprie dos conceitos em relaccedilatildeo ao trabalho com a Matemaacutetica e consequentemente aos poucos relacionando as diferenccedilas e semelhanccedilas com as experiecircncias do dia-a-dia possa superar as etapas do processo de ensino e aprendizagem

Consideraccedilotildees Finais

Portanto pensar na construccedilatildeo de saberes durante todo o processo de ensino e aprendizado do aluno que apresenta a discalculia perpassa o reconhecimento do indiviacuteduo enquanto agente construtor tambeacutem do seu conhecimento assim como implica em uma mudanccedila de concepccedilotildees pedagoacutegicas estaacuteticas para concepccedilotildees que abarcam processos educativos mais reflexivos e dialeacuteticos processos esses que possam garantir a superaccedilatildeo do conhecimento linear e mecacircnico para um fazer que potencialize expectativas que possibilitem uma inter-relaccedilatildeo no cotidiano escolar assim como a agregaccedilatildeo de novos valores

Nesse contexto o trabalho com alunos que apresentam a discalculia parte do pressuposto de que esse aluno tem em seu desenvolvimento uma dificuldade em aprender matemaacutetica mas natildeo que venha a ser impossibilitado esse aprendizado pois o trabalho a ser realizado com ele ldquoexige uma participaccedilatildeo de acordo com seus limitesrdquo (JOSEacute e COELHO 2001 p 100) ou seja a relaccedilatildeo professor-aluno tambeacutem elenca a importacircncia pedagoacutegica nas resoluccedilotildees dos problemas de aprendizagens garantindo a oportunidade de condiccedilotildees que possibilitem as construccedilotildees de conhecimentos e saberes e exercitem a capacidade do pensamento da imaginaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

ALLESSANDRINI C D O desenvolvimento de Competecircncias e a Participaccedilatildeo Pessoal na Construccedilatildeo de um Novo Modelo Educacional In As competecircncias para ensinar no seacuteculo XXI a formaccedilatildeo dos professores e o desafio da avaliaccedilatildeo Porto Alegre Artmed 2002 Cap 7

ALMEIDA C S Dificuldades de aprendizagem em Matemaacutetica e a percepccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo a fatores associados ao insucesso nesta

164 aacuterea 2006 Disponiacutevelemhttpwwwucbbrsites100103TCC12006CinthiaSoaresdeAlmeida pdf Acesso em Dezembro de 2011

CIASCA S M ROSSINI SDR Distuacuterbio de Aprendizagem mudanccedila ou natildeo Correlaccedilatildeo de dados de uma deacutecada de atendimento Temas de Desenvolvimento 8 (48) 2000

GARCIA J N Manual de dificuldades de aprendizagem linguagem leitura escrita e matemaacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas 1998

MIZUKAMI M da G N Escola e Aprendizagem da Docecircncia processos de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo Satildeo Carlos EdUFSCar 2002

PARAcircMETROS CURRICULARES NACIONAIS Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental ndash Brasiacutelia MEC SEF 1998

ROTTA N T OHLWEILER L RIESGO R dos S Transtornos da Aprendizagem abordagem neurobioloacutegica e multidisciplinar Porto Alegre Ed Artmed 2006

SAtildeO PAULO (cidade) Secretaria de Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo Diretoria de Orientaccedilatildeo Teacutecnica Orientaccedilotildees gerais para o ensino da liacutengua e matemaacutetica no ciclo I Satildeo Paulo SMEDOT 2006

TRAVASSOS L P Distuacuterbio Transtorno ou Dificuldades A praacutetica do conhecimento 2008 Disponiacutevel em httpwwwapraconhecimentocombrindexphp Acesso em Janeiro de 2012

165

Relato do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na Licenciatura em Quiacutemica da FACCAMP

Letiacutecia Falconi Boraldo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 leticia_falconihotmailcom

Lisete Maria Luiz Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 lmfischerfaccampbr

RESUMO Neste artigo apresentou-se a importacircncia do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na carreira acadecircmica e profissional dos graduandos discutiu-se os proacutes e contras dos meacutetodos adotados para contemplar o objetivo central da iniciaccedilatildeo em questatildeo que eacute neste caso a adoccedilatildeo de meacutetodos luacutedicos para atrair cada vez mais a atenccedilatildeo dos alunos do ensino fundamental e meacutedio para o aprendizado de quiacutemica

Palavras chave Iniciaccedilatildeo cientiacutefica pesquisa graduaccedilatildeo

ABSTRACT In this article it was presented the importance of the research project in the academic and professional career in graduates We discussed the pros and cons of the adopted methods to contemplate the central purpose of scientific research which is in this case the adoption of playing methods to attract more the studentrsquos attention of the primary and secondary education to the chemistry learning

Keywords Scientific activities research graduate

1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho busca mostrar a importacircncia de um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo no curso de Quiacutemica Licenciatura a busca dos materiais de pesquisa e os avanccedilos nos paracircmetros curriculares dos alunos que desenvolvem o projeto

Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) ldquoPara desenvolver um paiacutes eacute necessaacuterio desenvolver pessoas []rdquo ( PORTAL CNPQ)

Mantendo este foco torna-se indispensaacutevel pensar em procedimentos para que os alunos do ensino superior sejam capacitados a pensar a transformar o que estaacute sendo utilizado a agir Desta forma torna-se evidente que a melhor maneira de obter-se resultados

significativos eacute buscar projetos que despertem o lado criacutetico do aluno a criatividade e a accedilatildeo

Para tanto seratildeo apresentadas pesquisas de campo com opiniotildees de alunos que participaram e outros que natildeo participaram da iniciaccedilatildeo cientiacutefica bem como o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvido em 2014 a respeito do ensino de quiacutemica voltado para alunos do ensino meacutedio visando a suprir a necessidade de utilizar aulas experimentais para expor os conceitos de Cineacutetica Quiacutemica (LIMA 2000)

2 O PROJETO No ano de 2014 foi desenvolvido o projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica com o objetivo de levar a quiacutemica e seus conceitos para o universo dos alunos do ensino meacutedio atraveacutes de apresentaccedilotildees luacutedicas Foram pesquisados e discutidos diversos experimentos relacionados com o conceito de cineacutetica quiacutemica e liberaccedilatildeo de gases O projeto recebeu o nome de ldquoBrincando e Cantando a Quiacutemicardquo e foi dividido em dois momentos Brincando ou seja momento a se explorar os experimentos e sua apresentaccedilatildeo de forma mais dinacircmica e Cantando quando relacionam-se os experimentos e seus conceitos com a musicalidade conseguindo assim ainda mais interdisciplinaridade e facilitando a aprendizagem de conceitos quiacutemicos Este segundo momento ainda estaacute em desenvolvimento e natildeo seraacute foco deste artigo

Inicialmente a pesquisa dos experimentos foi embasado em viacutedeos buscados no YouTube principalmente no canal Manual Do Mundo onde eacute possiacutevel ter uma noccedilatildeo de como despertar a curiosidade dos adolescentes que pretendia-se atingir com o projeto Subsequentemente o perioacutedico Quiacutemica Nova na Escola foi escolhido para dar continuidade agrave pesquisa

3 RELATIVAMENTE AO TEMA CINEacuteTICA QUIacuteMICA A cineacutetica quiacutemica eacute o ramo que estuda a velocidade das reaccedilotildees quiacutemicas e os fatores que nela interferem tais como temperatura concentraccedilatildeo

166 superfiacutecie de contato ou adiccedilatildeo de catalisadores (ALMEIDA 2008)

Nos experimentos selecionados optou-se por abordar todos os fatores de modo que os alunos conseguissem realmente ver na praacutetica o que foi passado pelo professor na teoria Estudos relativos agrave liberaccedilatildeo de gases e sua relaccedilatildeo com a velocidade da reaccedilatildeo tambeacutem foram realizados

Os fatores podem ser entendidos da seguinte forma

Temperatura com o aumento da temperatura aumenta a velocidade de agitaccedilatildeo das moleacuteculas e consequentemente a chance de colisotildees efetivas eacute maior fazendo com que a reaccedilatildeo ocorra mais rapidamente

Concentraccedilatildeo com o aumento da concentraccedilatildeo do reagente certo eacute possiacutevel aumentar a velocidade das reaccedilotildees

Superfiacutecie de contato quando se aumenta a superfiacutecie de contato estamos aumentando as chances de locais de contato para que a reaccedilatildeo ocorra isto faz com que a velocidade da reaccedilatildeo aumente

Adiccedilatildeo de catalisador que satildeo substacircncias que tem a capacidade de diminuir a energia de ativaccedilatildeo necessaacuteria para que a reaccedilatildeo ocorra como eacute possiacutevel observar na figura 1

Figura 1 Efeito do uso de catalisadores na velocidade da reaccedilatildeo quiacutemica (ALMEIDA 2008)

4 EXPERIMENTAL Foram estudados e adaptados diversos experimentos com base nos viacutedeos encontrados no canal ldquoManual do Mundordquo de autoria de Iberecirc Tenoacuterio no YouTube de modo que utilizem-se materiais e reagentes de faacutecil acesso e que natildeo ofereccedila risco para os alunos

Pasta de dente de elefante

Trata-se da decomposiccedilatildeo da aacutegua oxigenada utilizando catalisador detergente e corante

Tal decomposiccedilatildeo eacute muito lenta portanto o uso de catalisador eacute recomendado e com isso a reaccedilatildeo torna-se raacutepida O iodeto de potaacutessio foi utilizado como catalisador para essa reaccedilatildeo de liberaccedilatildeo de gaacutes oxigecircnio o detergente e o corante servem para deixar essa experiecircncia mais interessante visualmente uma dica eacute que repita o experimento sem a adiccedilatildeo deles

Reaccedilatildeo

Liberaccedilatildeo do oxigecircnio

H2O2(aq) H2O(l) + O2(g)

Nesta reaccedilatildeo o iodeto de potaacutessio eacute o catalisador portanto altera a velocidade da reaccedilatildeo sem reagir quimicamente com os demais reagentes

O experimento foi realizado em triplicata mantendo constante a quantidade de aacutegua oxigenada e a quantidade de iodeto de potaacutessio variando apenas a concentraccedilatildeo da aacutegua oxigenada

Areia que natildeo molha

O experimento eacute bem interessante dentro do campo da descontraccedilatildeo e ao mesmo tempo do aprendizado por meio do qual se pode explicar por que a aacutegua natildeo molha a areia O conceito quiacutemico envolvido eacute a impermeabilizaccedilatildeo da mateacuteria areia jaacute que aplica-se previamente impermeabilizante em spray em toda a areia

Balatildeo Brincalhatildeo

Este experimento tem a motivaccedilatildeo de ser uma brincadeira de encher balotildees Para isso utiliza-se um composto que elimine gaacutes carbocircnico na presenccedila de aacutecido

Nota-se que com a reaccedilatildeo o balatildeo enche

Isso ocorre devido ao fato de o produto da reaccedilatildeo ser um gaacutes conhecido como gaacutes carbocircnico ou dioacutexido de carbono CO2 deste fato quando o gaacutes eacute liberado ele fica retido no balatildeo fazendo com que este expanda

Eacute importante salientar que a mesma reaccedilatildeo natildeo ocorre como o esperado se ao inveacutes de utilizar vinagre utilizarmos aacutecido aceacutetico concentrado

Quando o vinagreaacutecido entra em contato com o bicarbonato de soacutedio libera dioacutexido de carbono (CO2)

KI

167 que por estar retido na garrafa faz com que a bexiga comece a encher

Durante o desenvolvimento do ensaio foi possiacutevel notar que alguns balotildees encheram mais do que outros isso porque variando a quantidade de vinagreaacutecido e bicarbonato varia-se tambeacutem a proporccedilatildeo da expansatildeo

Observou-se tambeacutem que os resultados obtidos com o aacutecido aceacutetico concentrado natildeo foram tatildeo satisfatoacuterios quanto os obtidos com o vinagre de cozinha

Isso ocorre porque a aacutegua presente no vinagre ajuda na liberaccedilatildeo de iacuteons H+ fazendo assim com que ele reaja com maior facilidade

Quanto maior a concentraccedilatildeo de vinagre e bicarbonato mais o balatildeo expande isto porque estaacute sendo liberado mais CO2

Conclui-se assim que a aacutegua influencia na reaccedilatildeo bem como a quantidade de reagente utilizada E que portanto o vinagre de cozinha para este experimento mostrou-se mais eficiente do que o aacutecido aceacutetico concentrado (que quando diluiacutedo em aacutegua apresentou uma pequena melhora nos resultados)

Reaccedilotildees

NaHCO3(s) + H3CCOOH(aq) H3CCOONa (aq) + H2CO3(aq)

O aacutecido carbocircnico eacute instaacutevel e se decompotildee na reaccedilatildeo

H2CO3 (aq)rarrH2O(l) + CO2(g)

Reloacutegio de iodo

Quando misturamos soluccedilatildeo de Iodo com amido formamos uma substacircncia de coloraccedilatildeo azul e se a concentraccedilatildeo de iodo for alta a substacircncia seraacute azul bem forte

Quando adicionamos vitamina C a soluccedilatildeo de amido e iodo a soluccedilatildeo resultante natildeo fica azul imediatamente em que adicionamos a aacutegua oxigenada com amido porque a vitamina C inibe a reaccedilatildeo do iodo com o amido

Quando o Iodo eacute transformado em Iodeto a coloraccedilatildeo da soluccedilatildeo natildeo se altera para azul mas quando adiciona-se aacutegua oxigenada ela transforma o Iodeto em Iodo novamente Essa reaccedilatildeo ocorre ateacute que a vitamina C seja totalmente consumida para que somente sobre Iodo na soluccedilatildeo e seja possiacutevel ele entrar em contato com o amido e alterar a coloraccedilatildeo para azul escuro (TEOacuteFILO 2002)

Qualquer mudanccedila nas concentraccedilotildees dos reagentes altera o tempo de espera para a soluccedilatildeo ficar azul e a intensidade da cor tambeacutem

Reaccedilotildees

I - Soluccedilatildeo de Iodo (amarelada) + Soluccedilatildeo de Vitamina C (Incolor) = Soluccedilatildeo Incolor

I2 (aq) + C6H8O6(aq) rarr C6H6O6(aq) + 2HI(aq)

II - Soluccedilatildeo Incolor + Mistura de amido com H2O2 = complexo azul

2Indash (aq) + H2O2 (aq) + 2H+(aq) rarr I2 (aq) + 2H2O(l)

I 2 (aq) + Indash (aq) + amido(aq) rarr amido-I3 ndash (aq)

Decapagem

Com esse experimento eacute possiacutevel notar que a concentraccedilatildeo do aacutecido influencia na velocidade da reaccedilatildeo e tambeacutem na intensidade da corrosatildeo do metal Na induacutestria essa concentraccedilatildeo eacute controlada para que o metal natildeo se perca no processo Estudou-se e reproduziu-se essa experiecircncia poreacutem por uma questatildeo de viabilidade com o sistema optou-se que este ensaio natildeo seria selecionado para a apresentaccedilatildeo final

Acetato de soacutedio

A aacutegua foi aquecida para poder dissolver uma grande quantidade de acetato de soacutedio mas tambeacutem porque o ponto de fusatildeo do acetato de soacutedio eacute de 54ordmC ou seja ele fica no estado liacutequido quando se encontra acima desta temperatura

Quando a mistura comeccedila a arrefecer o sal dissolvido fica instaacutevel ldquoquerendordquo voltar ao estado soacutelido no entanto se natildeo houver algumas impurezas na mistura ou se a soluccedilatildeo natildeo for agitada a solidificaccedilatildeo natildeo se inicia

O Acetato de soacutedio passa ao estado soacutelido a 54ordm C mas apenas nas situaccedilotildees descritas acima Se o deixar arrefecer em repouso ele fica a uma temperatura abaixo de seu ponto de fusatildeo (ainda no estado liacutequido) pelo que depois basta provocar a sua cristalizaccedilatildeo

NOTA A soluccedilatildeo a preparar deve estar quase saturada A solubilidade do acetato de soacutedio eacute de 76g por cada 100 ml de aacutegua

No processo foi possiacutevel observar que aquecer a aacutegua tornava possiacutevel solubilizar uma maior quantidade de sal Desta forma obteve-se uma soluccedilatildeo supersaturada de acetato de soacutedio Quando se resfria a soluccedilatildeo ela continua liacutequida poreacutem basta adicionar alguma impureza agrave soluccedilatildeo para desestabilizar o ldquoequiliacutebriordquo que se obteve e a mistura voltar ao seu estado soacutelido

168 Com esse experimento pode-se concluir que o aumento da temperatura aumenta a solubilidade do sal

No segundo dia de desenvolvimento da praacutetica nota-se que a cristalizaccedilatildeo ocorreu antes do esperado Desta forma a soluccedilatildeo foi reaquecer e adicionar mais 50ml de aacutegua (valor experimental) para ver se obtemos maior controle sobre a cristalizaccedilatildeo da soluccedilatildeo

No dia seguinte notou-se que a soluccedilatildeo ainda estava cristalizando antes da hora adicionou-se mais 25 ml de aacutegua deixou descansar a temperatura ambiente no outro dia natildeo cristalizou Neste momento nota-se a necessidade de acrescentar mais acetato de soacutedio concentrando ainda mais a soluccedilatildeo para isso adicionou-se 107g de acetato de soacutedio agrave soluccedilatildeo inicial

Apoacutes algumas tentativas optou-se por tirar esse experimento da lista dos que seriam apresentados na semana da quiacutemica por ter se tornado inviaacutevel controlar a concentraccedilatildeo

5 PESQUISAS E LEVANTAMENTOS

Foram realizadas algumas pesquisa acerca da importacircncia das iniciaccedilotildees cientiacuteficas na opiniatildeo de diversos alunos das graduaccedilotildees em quiacutemica

As questotildees foram desenvolvidas para dois tipos de perfis descritos a seguir e eacute vaacutelido ressaltar que a questatildeo 5 do primeiro questionaacuterio a ser apresentado foi elaborado por Paulo Seacutergio Lacerda Beiratildeo em seu artigo ldquoA importacircncia da iniciaccedilatildeo cientiacutefica para o aluno da graduaccedilatildeordquo a mesma questatildeo se repete no segundo toacutepico do segundo questionaacuterio apresentado

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que nunca participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

O presente questionaacuterio foi aplicado para as turmas do quinto ao seacutetimo semestre sendo aplicado posteriormente aos alunos do primeiro semestre a fim de explorar o conhecimento que eles possuem antes mesmo de serem apresentado ao projeto

Questionaacuterio e graacuteficos

1) Por que vocecirc nunca participou de uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) Falta de tempo b) Falta de interesse (natildeo julga necessaacuterio) c) O projeto nunca lhe foi apresentado d) Falta de um tema e) Outro motivo Qual

Graacutefico 1 Principais motivos que levam os alunos a natildeo participarem de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel notar que temos um perfil de entrevistados que natildeo dispotildee de tempo para desenvolver projeto de tal porte isso nos daacute base para analisarmos as proacuteximas questotildees no sentido de que apesar de interesse outros fatores podem interferir na elaboraccedilatildeo do projeto

2) Vocecirc acha importante desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

Graacutefico 2 Visatildeo dos alunos sobre a importacircncia da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel concluir que os alunos entrevistados acham que desenvolver um projeto deste niacutevel eacute importante durante a graduaccedilatildeo

3) Alguma vez pensou em desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica

Graacutefico 3 Porcentagem dos alunos que jaacute cogitaram desenvolver uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) 53

b) 0

c) 26

d) 10

e) 11

QUESTAtildeO 1

Sim 100

Natildeo 0

0

QUESTAtildeO 2

Sim 67

Natildeo 33

[NOME DA

CATEGORIA]

QUESTAtildeO 3

169

Na questatildeo 1 a maioria dos alunos natildeo desenvolve projetos extracurriculares por falta de tempo podemos sugerir que esta informaccedilatildeo estaacute ligada ao fato de muitos alunos terem cogitado realizar o trabalho mas acabar por desistir ou nem mesmo ir a fundo com a ideia

4) Vocecirc acredita que apenas com a carga horaacuteria de aulas dentro da sala de aula laboratoacuterio eacute suficiente para adquirir e assimilar todo o conteuacutedo necessaacuterio para o mercado de trabalho Explique seu ponto de vista

Graacutefico 4 Porcentagem de alunos que acreditam que a carga horaacuteria das aulas eacute suficiente

Aqui podemos notar que os entrevistados em sua maioria concordam que somente o tempo dentro da sala de aula natildeo eacute suficiente para que todo o conteuacutedo seja contemplado

5) O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Graacutefico 5 Alunos que acreditam que deve-se iniciar um projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica na graduaccedilatildeo

Mais uma vez vemos o reconhecimento da importacircncia de projetos de pesquisa ainda na graduaccedilatildeo por parte dos entrevistados

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que jaacute participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

A pesquisa realizada seraacute apresentada de forma imparcial por parte da autora visto que a opiniatildeo livre dos entrevistados eacute de fundamental importacircncia para que o trabalho seja embasado em dados concretos

As questotildees foram respectivamente

Descreva a importacircncia que o projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica teve no seu crescimento intelectual

O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Jaqueline Maria dos Santos Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoA iniciaccedilatildeo cientiacutefica me possibilitou o conhecimento de novos temas ampliou minha linguagem teacutecnica aleacutem do que me proporcionou o aprendizado de como realizar um pesquisa excelente de como falar em puacuteblico fazer relatoacuterio e trabalhar em equipe

IC eacute a melhor maneira de aplicar conceitos quiacutemicos e ter a oportunidade de trabalhar no laboratoacuterio

IC eacute muito importante poreacutem muitas pessoas natildeo fazem pelo excesso de trabalho passado em sala de aula e assim muitos alunos natildeo tecircm tempo deve-se investir em IC e retirar as EDPsrdquo

ldquoSim o aluno deve comeccedilar uma carreira de pesquisa na graduaccedilatildeo pois eacute o momento mais apropriado para isso aleacutem do que eacute um diferencial na carreirardquo

Rubens Camargo Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoTeve grande importacircncia para meu crescimento em pesquisa e trabalho em equipe aprendi a ter uma maior organizaccedilatildeo e responsabilidade

Um grande aprendizado para ter um olhar de ensino e natildeo apenas de aprendizado pois os ensaios eram com a intenccedilatildeo de apresentar para alunos e com isso eu aprendi para ensinarrdquo

ldquoNatildeo deve-se ser estimulado a partir do ensino meacutedio onde o aluno jaacute tem uma maior maturidade e responsabilidaderdquo

Nilson Antocircnio Silva Quiacutemica Licenciatura 5ordm semestre

ldquo[] Participei da iniciaccedilatildeo cientiacutefica da faculdade e foi uma experiecircncia muito proveitosa pois ajudou eu me identificar cada vez mais com a quiacutemica e com isto as experiecircncias do laboratoacuterio me ensinou a trabalhar cada vez mais em sala de aula com os experimentos que assim eacute possiacutevel com substacircncias simples que usamos no cotidiano e fez que eu crescesse muito intelectualmenterdquo

Sim 0

Natildeo 92

Depende do

empenho hellip

QUESTAtildeO 4

Sim 83

Natildeo 6

Depende do

aluno 11

0

QUESTAtildeO 5

170 ldquoSim eacute importante principalmente a licenciatura que estaacute envolvida com o aluno dia a diardquo

6 CONCLUSAtildeO

Com os dados recolhidos na pesquisa aplicada aos alunos do quinto ao seacutetimo semestres e levando em consideraccedilatildeo a experiecircncia vivenciada durante o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica ldquo Brincando e Cantando a Quiacutemicardquo eacute possiacutevel concluir que os alunos se interessam pelo projeto visto que reconhecem sua importacircncia para o aprimoramento do discente enquanto profissional receacutem inserido no mercado de trabalho entretanto ainda tem-se um caminho a percorrer para que este projeto se propague para mais alunos e que se torne mais viaacutevel sua realizaccedilatildeo inclusive para alunos que natildeo dispotildeem de tempo ou meio de transporte para chegar mais cedo na faculdade e que natildeo podem por esses motivos veem-se sem a oportunidade de crescer profissionalmente atraveacutes de um projeto tatildeo amplo como este E sem sombra de duacutevidas projetos desse niacutevel podem determinar a vocaccedilatildeo do profissional e ampliar seu campo de visatildeo em relaccedilatildeo agrave profissatildeo que escolheu

7 REFEREcircNCIAS

A EXPANSAtildeO DO BALAtildeO BRINCALHAtildeO Autor desconhecido YouTube 04122008 (054 min) leg A expansatildeo do balatildeo brincalhatildeo ALMEIDA VVD etal Catalisando a hidroacutelise da ureia em urina Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 28 p 42-46 maio 2008

A QUASE LAcircMPADA DE LAVA (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 9052011 YouTube (445 min) son CONGELE AacuteGUA EM 1 SEG - O SEGREDO Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 18012011 YouTube (523 min) son LIMA JDFLD PINA MDSLBARBOSA RMN e JOacuteFILL ZMS A contextualizaccedilatildeo no ensino de cineacutetica quiacutemica Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 11 p 26-29 maio 2000

MISTERIOSA AREIA QUE TEM MEDO DE AacuteGUA (FACcedilA EM CASA) (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 4022014 YouTube (455 min) son Aprenda a fazer em casa a areia natildeo molha PASTA DE DENTE DE ELEFANTE (EXPERIEcircNCIA COM AacuteGUA OXIGENADA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 1052012 YouTube (440 min) son Uma bola gigante de espuma pode ser criada com poucos mililitros de aacutegua

desde que se usem alguns ingredientes especiais Nesta experiecircncia claacutessica de quiacutemica chamada de Pasta de dente de elefante usa-se aacutegua oxigenada concentrada e um catalisador neste caso o iodeto de potaacutessio

PORTAL CNPQ httpwwwcnpqbrwebguestiniciacao-cientifica

TEOacuteFILO R F BRAATHEN P C E RUBINGER M M M Reaccedilatildeo reloacutegio iodetoiodo Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 16 p 41-44 nov 2002

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos alunos Samara Alves Jaqueline Santos Nilson Antocircnio e Rubens Camargo por colaborarem com o projeto

171 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Paula Letiacutecia da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 pleticiasilvahotmailcom

Profordf Doani Emanuela Bertan Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 doani25hotmailcom

RESUMO O presente estudo tem a pretensatildeo de expor a metodologia utilizada no processo de lsquoensinagemrsquo ao educando surdo falante de Libras pontualmente o aprendizado de um dos dois conceitos baacutesicos da matemaacutetica a subtraccedilatildeo Visa a apresentar as estrateacutegias elaboradas e utilizadas pela educadora biliacutengue responsaacutevel pela sala de instruccedilatildeo Libras cujos educandos frequentavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental I da EMEF ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo na cidade de CampinasSP O referido estudo pretende ainda ressaltar a potencialidade do uso efetivo e qualitativo da liacutengua de sinais evidenciar a importacircncia do ambiente linguisticamente favoraacutevel bem como da psicomotricidade neste processo educacional Aleacutem de esclarecer e portanto permitir mudanccedilas significativas na praacutetica docente a fim de assegurar ao educando surdo garantia de adquirir de maneira natural e prazerosa o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico o desenvolvimento global e acadecircmico que refletiraacute em toda a sua vida Palavras chave Subtraccedilatildeo educandos surdos Libras psicomotricidade ABSTRACT This study purports to expose the methodology used in teaching processrsquoensinagemrsquo by educating deaf speaker of pounds on time learning from one of the two basic concepts of mathematics subtraction It aims to present the strategies developed and used by bilingual educator responsible for Pounds instruction room whose students attending the 2nd year of elementary school the EMEF Juacutelio de Mesquita Filho in the city of Campinas SP The study also aims to highlight the potential of effective and qualitative use of sign language demonstrate the importance of language-friendly environment as well as the motor in this educational process Besides clarify and therefore enable significant changes in teaching practice in order to ensure the educating deaf guarantee purchase of natural and enjoyable way the logical and mathematical thinking global and academic development that will reflect in all his life Keywords Subtraction deaf students Pounds motor

INTRODUCcedilAtildeO O presente estudo propende abordar reflexotildees pertinentes ao processo de ensinagem ao que se refere o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico do educando surdo

bull Quais os conceitos baacutesicos da matemaacutetica bull Como a Liacutengua Brasileira de Sinais contribui no aprendizado da subtraccedilatildeo bull E a psicomotricidade Qual a contribuiccedilatildeo no desenvolvimento do educando surdo bull Qual a estrateacutegia utilizada na sala de aula instruccedilatildeo Libras pela pedagoga biliacutengue

Acreditamos ser este tema atual e pertinente uma vez que o conceito matemaacutetico eacute minimamente difundido entre os profissionais que atuam diretamente com pessoas surdas devido agrave preocupaccedilatildeo majoritaacuteria com o desenvolvimento da fala do aproveitamento dos resiacuteduos auditivos eou ampliaccedilatildeo do vocabulaacuterio em Libras Visando a uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica consistente seratildeo consultados autores com reconhecida contribuiccedilatildeo no que refere-se agrave temaacutetica da pesquisa tais como Vygotsky (2001) Levin (2003) Skliar (2004) Quadros (2008) Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) CONHECENDO A MATEMAacuteTICA A adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo satildeo as primeiras e mais baacutesicas operaccedilotildees matemaacuteticas que se aprende na infacircncia Atividades que induzem o raciociacutenio a estes conceitos satildeo inseridas logo no primeiro ano do Ensino Fundamental e em alguns casos na Educaccedilatildeo Infantil por meio de uma proposta luacutedica No entanto eacute por volta do segundo ano que os educandos passam a interagir com estes conceitos de maneira sistematizada respeitando regras e utilizando de estrateacutegias para o aprendizado A adiccedilatildeo eacute definida como o ato de somar juntar quantidades Enquanto que a subtraccedilatildeo como o ato de diminuir tirar uma quantidade de outra quantidade Para alguns pesquisadores Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) existem quatro classes de problemas para o ensino da adiccedilatildeo e subtraccedilatildeo sendo comparaccedilatildeo igualizaccedilatildeo combinaccedilatildeo mudanccedila ou transformaccedilatildeo Na comparaccedilatildeo o resultado seraacute proveniente da diferenccedila entre as quantidades Exemplo Carla tem 19

172 anos e sua amiga tem 24 Quantos anos Carla tecircm a menos que sua amiga Na igualizaccedilatildeo pode-se dizer que existe uma comparaccedilatildeo ou seja eacute preciso que haja uma mudanccedila de certa quantidade para igualar agrave outra quantidade e assim descobrir a diferenccedila que havia entre elas Por exemplo Numa cozinha havia 26 panelas e 19 tampas Para ficar com a mesma quantidade de tampas e panelas seraacute necessaacuterio tirar quantas panelas Quanto agrave combinaccedilatildeo esta descreve entre duas quantidades e suas partes uma relaccedilatildeo estaacutetica Por exemplo Paulo tem 13 tampinhas de garrafa Somando com as de seu amigo Joatildeo eles tecircm 25 tampinhas Quantas tampinhas tecircm Joatildeo A mudanccedila ou transformaccedilatildeo ocorre com uma accedilatildeo direta ou indireta Atraveacutes dessas accedilotildees pode haver mudanccedilas de uma quantidade inicial para outra quantidade Exemplo Pedro tinha 18 figurinhas Num jogo com seus amigos ele perdeu 9 figurinhas Com quantas figurinhas ele ficou Para a resoluccedilatildeo de problemas subtrativos eacute comum os educadores do Ensino Fundamental ensinarem por meio da estrateacutegia aditiva que consiste da adiccedilatildeo na resoluccedilatildeo subtrativa Por exemplo 7 ndash 2 = Partindo do 2 o menor nuacutemero o educando eacute estimulado a acrescentar unidades como se ldquoandasserdquo casas ateacute ldquochegarrdquo ao 7 Neste processo a expressatildeo ldquopara chegar agraverdquo eacute utilizada Figura 1 reta numeacuterica Resultando no raciociacutenio no caminho entre o 2 para chegar no 7 o educando encontra os nuacutemeros 3456 e o proacuteprio 7 portanto a resoluccedilatildeo eacute 5 No entanto cabe ao educador conhecer seus educandos e ofertaacute-los diferentes estrateacutegias de resoluccedilotildees para que ao longo do tempo estes possam criar suas proacuteprias diante das dificuldades gradativas que a matemaacutetica apresentaraacute E aos educandos surdos Quais as dificuldades encontradas LIBRAS COMUNICACcedilAtildeO E APRENDIZADO A privaccedilatildeo sensorial da pessoa com surdez quando ocorrida intrauterina ou na infacircncia envolve questotildees linguiacutesticas uma vez que as informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo de um modo abrangente acontecem por meio dos sons Dados apontados por Goldfeld (2002) revelam que 90 dos surdos tecircm seus familiares proacuteximos ouvintes comprometendo as possibilidades dialoacutegicas Portanto a maior dificuldade encontrada pelos educandos surdos em suma maioria corresponde basicamente a trecircs questotildees sendo o seu desenvolvimento linguiacutestico sua apropriaccedilatildeo a uma liacutengua e a comunicaccedilatildeo entre educando-educandos e educando-educador

A comunicaccedilatildeo possibilita aos indiviacuteduos a interaccedilatildeo e nesta constacircncia os indiviacuteduos se apropriam de conhecimentos estes permeiam inicialmente a relaccedilatildeo familiar posteriormente a relaccedilatildeo social e ambos fortalecem os conhecimentos histoacuterico-culturais Na ausecircncia do outro o homem natildeo se constroacutei homem Vygotsky (2001) De acordo com Vygotsky (2001) para compreender o processo de desenvolvimento intelectual se faz necessaacuterio entender claramente as relaccedilotildees entre pensamento e liacutengua Sobre a linguagem Vygotsky expotildee que haacute uma inter-relaccedilatildeo pensamento e linguagem ambos contribuindo um para o outro A ciecircncia da linguiacutestica iniciou-se devido aos questionamentos de estudiosos sobre os fundamentos da linguagem no contexto que os cercavam Ao considerar como regra para a comunicaccedilatildeo humana sua construccedilatildeo em etapas a serem seguidas a linguagem ilustraria o iniacutecio pois permite a estruturaccedilatildeo do pensamento emoccedilotildees e conceitos do ser que posteriormente seratildeo manifestadas de acordo com o desenvolvimento do indiviacuteduo De acordo com Luria amp Yudovich (1985) o pioneiro a destacar a importacircncia da linguagem na formaccedilatildeo dos processos mentais foi Vygotsky E sua contribuiccedilatildeo possibilitou a influecircncia da linguagem como meacutetodo baacutesico para se analisar o desenvolvimento e a organizaccedilatildeo das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores1 As relaccedilotildees educaccedilatildeo de surdos e concepccedilotildees linguiacutesticas sempre estiveram intimamente ligadas Ao que se refere o tipo de abordagem a ser trabalhada em crianccedilas surdas esta envolve muitas discussotildees devido agraves diferentes concepccedilotildees que por sua vez permeiam a histoacuteria da pessoa com surdez Para Skliar (2004) a proposta biliacutengue visa a possibilitar a crianccedila surda uma identidade bicultural favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades por meio da cultura surda e portanto relacionar-se com a cultura ouvinte O bilinguismo estaacute fortemente associado ao biculturismo agrave identificaccedilatildeo aceitaccedilatildeo e o constante conviacutevio com indiviacuteduos pertencentes a este grupo linguiacutestico e suas significaccedilotildees sociais e culturais A liacutengua de origem do paiacutes eacute considerada segunda liacutengua e ambas satildeo oferecidas ao conhecimento da crianccedila surda Ao priorizar a fluecircncia da liacutengua natural o bilinguismo acredita que a crianccedila adquire a aprendizagem de maneira natural e melhor desenvolvimento pedagoacutegico e pessoal em ambos os idiomas

O fato de as liacutenguas de sinais serem liacutenguas naturais Tais liacutenguas satildeo naturais internamente e externamente pois refletem a capacidade

1 As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores satildeo exclusivas dos seres humanos e consistem no controle consciente do comportamento atenccedilatildeo e memoacuteria voluntaacuteria memorizaccedilatildeo ativa pensamento abstrato raciociacutenio dedutivo capacidade de planejamento Os animais por sua vez apresentam as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares sendo reaccedilotildees automaacuteticas reflexas e associaccedilotildees simples ndash de ordem bioloacutegica Ao nascer o ser humano possui apenas as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares Eacute atraveacutes da convivecircncia com o meio social e cultural que a crianccedila aprende e desenvolve as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

173

psicoloacutegica humana para a linguagem e porque surgiram da mesma forma que as liacutenguas orais ndash da necessidade especiacutefica e natural dos seres humanos de usarem um sistema linguiacutestico para expressarem ideias sentimentos e accedilotildees As liacutenguas de sinais satildeo sistemas linguiacutesticos que passaram de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo de pessoas surdas Satildeo liacutenguas que natildeo se derivaram das liacutenguas orais mas fluiacuteram de uma necessidade natural de comunicaccedilatildeo entre as pessoas que natildeo utilizam o canal auditivo-oral mas o canal espaccedilo-visual como modalidade linguiacutestica (QUADROS 2008 p 47)

Vygotsky (2001) aponta que haacute diferenccedilas entre o desenvolvimento da liacutengua materna e o da liacutengua estrangeira Segundo suas colocaccedilotildees o sujeito se apoiaraacute em todo o aspecto semacircntico da liacutengua materna na aquisiccedilatildeo da nova liacutengua Sendo assim ter a primeira liacutengua eacute imprescindiacutevel para adquirir demais liacutenguas Um ambiente linguisticamente favoraacutevel e o uso constante e fluente da Liacutengua de Sinais atuam como suporte linguiacutestico ao aprendizado da segunda liacutengua a Liacutengua Portuguesa e sendo um facilitador para a aprendizagem em geral Portanto para os falantes de Libras se faz necessaacuterio a seguinte adaptaccedilatildeo ver e sinalizar ao inveacutes de ouvir e falar para introduzir em seguida o ler e escrever Como no caso dos surdos eacute o som que lhes falta a importacircncia de oferecer a vivecircncia o concreto eacute imprescindiacutevel No entanto uma aula inteiramente expositiva ainda que em Liacutengua de sinais comprometeraacute o aprendizado deste educando em especial das crianccedilas PSICOMOTRICIDADE E O APRENDER O movimento corporal eacute nato ao ser humano e se inicia durante a vida uterina No processo de desenvolvimento a crianccedila passa a conhecer melhor seu corpo agrave medida que o explora A comunicaccedilatildeo e a interaccedilatildeo das crianccedilas ocorrem inicialmente por meio dos movimentos assim expressam suas vontades como na tentativa de alcanccedilar algo ou algueacutem que lhes atraem em repulsa como no ato de atirar um objeto que natildeo lhe agrada ou na accedilatildeo repetitiva de jogar o objeto para tecirc-lo novamente entregue pelo indiviacuteduo com o qual interage O controle e o domiacutenio do corpo bem como a intencionalidade e a intensidade do movimento ocorrem gradativamente resultando em aperfeiccediloamento Agrave medida que o desenvolvimento corporal acontece tambeacutem ocorre maior interaccedilatildeo com o meio adquirindo diferentes capacidades motoras cognitivas e linguiacutesticas

Wallon relacionou o movimento do corpo ao afeto agrave emoccedilatildeo ao meio ambiente e aos haacutebitos da crianccedila Considera o movimento humano instrumento fundante na construccedilatildeo do psiquismo (LEVIN 2003)

O fato de as liacutenguas de sinais serem da modalidade visuo-espacial causa a impressatildeo de que as crianccedilas surdas falantes de Libras possuem um niacutevel de desenvolvimento motor superior agraves crianccedilas ouvintes o

que eacute um equiacutevoco Ambas as crianccedilas desenvolvem-se igualmente Outro engano comumente permeia agrave construccedilatildeo das liacutenguas de sinais por seus falantes surdos e ouvintes

Mito 6 As liacutenguas de sinais por serem organizadas espacialmente estariam representadas no hemisfeacuterio direito do ceacuterebro uma vez que esse hemisfeacuterio eacute responsaacutevel pelo processamento de informaccedilatildeo espacial enquanto que o esquerdo pela linguagem (QUADROS E KARNOPP 2004 p 36)

No decorrer do processo de desenvolvimento linguiacutestico da crianccedila surda ocorre naturalmente o aperfeiccediloamento motor dos sinais sua execuccedilatildeo E por que utilizar da psicomotricidade no processo de ensinagem Ao explorar a energia e a agitaccedilatildeo natural das crianccedilas os educadores colaboram com uma aula mais atrativa e consequentemente uma aprendizagem prazerosa aliada a memoacuteria afetiva (prazer) como a memoacuteria do corpo (movimento realizado) Oferecer diferentes estrateacutegias de aprendizagem aos educandos eacute respeitaacute-los em suas diferenccedilas descobrir talentos e evidenciar potencialidades Cabe ao educador refletir sobre a sua praacutetica pedagoacutegica e dois excelentes exerciacutecios facilitam esta reflexatildeo 1) recordar o real motivo que o fez trabalhar com a educaccedilatildeo de crianccedilas 2) recordar dos momentos prazerosos e nebulosos de sua vida escolar SUBTRACcedilAtildeO ldquoVAI PARA TRAacuteSrdquo A estrateacutegia desenvolvida visa ao aprendizado do conceito da subtraccedilatildeo empregando os nuacutemeros decrescentes diferentemente do aditivo onde o conceito subtraccedilatildeo eacute entendido como ldquotirarrdquo poreacutem as resoluccedilotildees das equaccedilotildees satildeo propostas por meio da adiccedilatildeo comumente utilizando a expressatildeo ldquopara chegarrdquo Antes de expor a estrateacutegia algumas informaccedilotildees relevantes sobre os indiviacuteduos envolvidos

bull Os educandos cursavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental em uma escola puacuteblica que possui um projeto de Educaccedilatildeo Biliacutengue para Surdos portanto na sala haacute somente surdos bull A educadora eacute graduada em pedagogia e possui especializaccedilotildees sendo Educaccedilatildeo Especial Psicopedagogia e Libras bull O uso constante da Libras qualitativa por todos os envolvidos torna o ambiente linguisticamente favoraacutevel

Vale ressaltar que a aprendizagem da subtraccedilatildeo eacute um processo contiacutenuo com etapas bem definidas Inicialmente o conceito subtrair foi fortemente explorado por exemplos concretos como o uso de balas goma de mascar brincadeiras dentro e fora do ambiente sala de aula e desenhos Aliado a este trabalho houve a preocupaccedilatildeo em estimular nos educandos as unidades decrescentes para posteriormente em conjunto com a psicomotricidade desenvolver a estrateacutegia apresentada Os educandos satildeo levados para fora da sala com a ideia inicial de desenvolver mais uma brincadeira para aprender Este termo eacute utilizado pela educadora todas as

174 vezes que a brincadeira resultaraacute em um aprendizado portanto ao antecipar a atividade os educandos se preparam pois entendem que lhe seraacute exigido atenccedilatildeo agraves explicaccedilotildees diferentemente de uma brincadeira livre no parque Em um ambiente agradaacutevel agrave sombra de uma frondosa aacutervore a educadora desenha com giz uma escala numeacuterica no chatildeo Logo surgem os primeiros comentaacuterios ldquoAmarelinha noacutes vamos brincar de amarelinhardquo

Figura 2 Escala numeacuterica decrescente Os educandos recebem uma ficha com diversas subtraccedilotildees estas diferentes uma das outras fixada em uma prancheta e um laacutepis Com a ajuda da ldquoamarelinhardquo resolveratildeo as subtraccedilotildees propostas Antes atentos agrave explicaccedilatildeo a educadora faz exatamente o que os educandos deveratildeo fazer Esta estrateacutegia de oferecer um modelo eacute extremamente rica aos alunos surdos e portanto muito utilizada 7 ndash 2 = 6 ndash 2 =

9 ndash 4 = 8 ndash 2 = 2 ndash 2 = 4 ndash 4 = 4 ndash 0 = 3 ndash 0 =

Figura 3 Fichas de subtraccedilatildeo

Para favorecer a compreensatildeo empregaremos o exemplo 7 ndash 2 = Inicialmente o educando vai agrave casa do minuendo 7 e anda para traacutes a quantidade de casas que corresponde ao subtraendo 2 Em seguida olha em qual casa estaacute e anota como resultado 5 Ao concluir toda a sua ficha o educando troca com o colega e realiza o trabalho de correccedilatildeo da ficha do colega

Figura 4 O uso da escala numeacuterica decrescente Apoacutes domiacutenio desta estrateacutegia os educandos satildeo estimulados a utilizarem o aprendizado no caderno Recebem da educadora uma escala numeacuterica em proporccedilatildeo menor e realizam as subtraccedilotildees com os dedos como se estes fossem o seu corpo

Figura 5 O uso da escala com os dedos

Com o passar do tempo o domiacutenio desta estrateacutegia se solidifica e naturalmente deixam a escala passando a contar apenas com as matildeos (Libras)

Figura 6 O uso da estrateacutegia decrescente apoiada agrave contagem com as matildeos

Posteriormente a contagem apoiada agraves matildeos os educandos elaboram uma nova estrateacutegia Deixa as ferramentas concretas abstraindo totalmente por meio apenas dos caacutelculos mentais Subtraccedilotildees com o subtraendo em 0 e 1 satildeo os primeiros caacutelculos mentais a serem feitos pois no caso do 0 entendem que natildeo precisaratildeo andar nenhuma casa e no 1 a resoluccedilatildeo sempre seraacute o nuacutemero vizinho A fim de evitar conflitos entre a adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo os educandos satildeo estimulados a compreensatildeo de que na adiccedilatildeo os nuacutemeros sempre iratildeo para frente (crescente) enquanto que na subtraccedilatildeo os nuacutemeros vatildeo para traacutes (decrescente) Esta estrateacutegia se consolidou de tal forma que tempos depois durante a aprendizagem da multiplicaccedilatildeo os educandos foram estimulados a utilizaram a estrateacutegia do ldquovai para traacutesrdquo na resoluccedilatildeo da multiplicaccedilatildeo Esta proposta foi muito bem recebida por todos e comumente empregada pelos educandos Por exemplo 4 x 9 = Ao inveacutes de partir do 4 x 1 para a resoluccedilatildeo fizeram ao contraacuterio partiram do 4 x 10 Cabe informar que a multiplicaccedilatildeo de dezena estaacute consolidada Portanto 40 com 4 ldquopara traacutesrdquo 40 ndash 4 = 36 CONCLUSAtildeO Diante do estudo exposto conclui-se que o ato de ensinar corresponde agrave busca de estrateacutegias que favoreccedilam o aprendizado Cabe ao educador utilizaacute-las e diante das dificuldades de seus educandos reformulaacute-las ou adaptaacute-las Para tanto se faz imprescindiacutevel conhecer o seu educando a fim de ofertaacute-los desafios constantes em prol do aprendizado crescente e qualitativo Ao educador deve ser ofertada uma metodologia livre na qual poderaacute criar e desenvolver suas estrateacutegias para melhor intermediar o aprendizagem de acordo com as especificidades de seus educandos Metodologias ldquoengessadasrdquo comprometem o desempenho do educador quanto ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de suas estrateacutegias Ao educando deve-se oferecer o estiacutemulo agrave elaboraccedilatildeo de estrateacutegias individuais e coletivas permitir liberdade para desempenhar suas proacuteprias estrateacutegias

175 apoio do educador em suas dificuldades valorizaccedilatildeo por parte do educador nas conquistas de seus educandos Sabe-se que ainda haacute muito que fazer pensar pesquisar discutir e debater sobre o tema estudado devido a sua complexidade As possibilidades natildeo se esgotam com este estudo tatildeo pouco consideram-se encerrado as discussotildees sobre o tema Logo o objetivo maior eacute apresentar aos profissionais envolvidos com a educaccedilatildeo o meio acadecircmico e a proacutepria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas e dificuldades de aprendizagem ocasionados por uma didaacutetica que natildeo corresponde a realidade ao perfil e ao interesse dos educandos Pode-se e deve-se falar em educaccedilatildeo qualitativa cabendo aos referidos segmentos se mobilizarem para atentar-se ao tema em estudo certamente estaremos dando um passo definitivo a favor da qualidade no ensino contribuindo para a construccedilatildeo de uma sociedade ativa criacutetica e participativa REFEREcircNCIAS BRANDAtildeO Ana Carolina e SELVA Ana Coelho O livro didaacutetico na educaccedilatildeo infantil reflexatildeo versus repeticcedilatildeo na resoluccedilatildeo de problemas matemaacuteticos Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-97021999000200006 Acesso em 19 de Fevereiro de 2015 GOLDFELD M A crianccedila surda linguagem e cogniccedilatildeo numa perspectiva soacutecio-interacionista 2 ed Satildeo Paulo Plexus 2002 LURIA A R YUDOVICH F I Linguagem e desenvolvimento intelectual na crianccedila Trad de Joseacute Claacuteudio de Almeida Abreu Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985 PESSOA Cristiane Azevedo dos Santos Interaccedilatildeo social uma anaacutelise do seu papel na superaccedilatildeo de dificuldades de resoluccedilatildeo de problemas aditivos QUADROS R M Educaccedilatildeo de surdos a aquisiccedilatildeo da linguagem Artes Meacutedicas Porto Alegre 2008 QUADROS R M KARNOPP L B Liacutengua de sinais brasileira estudos linguiacutesticos Artes Meacutedicas Porto Alegre 2004 LEVIN Esteban A cliacutenica psicomotora Petroacutepolis-RJ Vozes 2003 SKLIAR C Uma perspectiva soacutecio-histoacuterica sobre a psicologia e a educaccedilatildeo dos surdos In Educaccedilatildeo amp Exclusatildeo-Abordagens soacutecio-antropoloacutegicas em Educaccedilatildeo Especial Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2004 SOUSA Isabela Mascarenhas Antoniutti de As mediaccedilotildees no processo de apropriaccedilatildeo do conceito de subtraccedilatildeo visatildeo dos educadores das seacuteries iniciais do ensino fundamental

VYGOTSKY LS A construccedilatildeo do pensamento e da linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

176

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S)

Jaqueline Massagardi Mendes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jackiemmendesgmailcom

RESUMO Neste artigo fazemos uma anaacutelise da heterocircniacutemia do poeta modernista portuguecircs Fernando Pessoa partindo da hipoacutetese de que suas muacuteltiplas personalidades poeacuteticas possam ter se influenciado nas proacuteprias ideias multipolares dos movimentos da Vanguarda Europeia (parcela de intelectuais que revolucionaram o modo de pensar e fazer arte no iniacutecio do seacuteculo XX) e sobretudo do Cubismo e suas multifacetadas geometrizaccedilotildees Apresentamos alguns fragmentos da escrita poeacutetica pessoana que nos levam a perceber a clara multiplicidade de suas personas artiacutesticas Um poeta que in-corpora outros numa contiacutenua aventura metamorfoacutesica de autopsicografar-se (ou ldquoalteropisicografar-serdquo) constantemente em um exerciacutecio que muito lembra os transtornos bipolares e multipolares da sociedade contemporacircnea Palavras chave Literatura Portuguesa criacutetica literaacuteria anaacutelise literaacuteria vanguarda europeia Fernando Pessoa modernismo portuguecircs ABSTRACT In this paper we review the heteronomy of the portuguese modernist poet Fernando Pessoa starting from the hypothesis that his multiple poetic personalities may have influenced the multipolar own ideas of European Vanguard movements (part of intellectuals who revolutionized the way of thinking and doing art in the early twentieth century) and especially Cubism and its multifaceted geometries We present some Pessoas poetic writing fragments that cause us to see the clear multiplicity of him artistics persons A poet who incorporate others in a continuous adventure of metamorphosys to psycograph himself (or alteropisicografar) constantly in an exercise that remember the bipolar and multipolar disorders of contemporary society Keywords Portuguese Literature literary criticism literary analisys european vanguard Fernando Pessoa portuguese modernism

INTRODUCcedilAtildeO UMA VISAtildeO CALEIDOSCOacuteSPICA UMA VISAtildeO VANGUARDISTA

O poeta eacute um fingidor Finge tatildeo completamente

Que chega a fingir que eacute dor A dor que deveras sente

ldquoAutopsicografiardquo (Fernando

Pessoa) In Poesias Fernando Pessoa (Nota explicativa de Joatildeo

Gaspar Simotildees e Luiz de Montalvor) Lisboa Aacutetica 1942 (15ordf ed 1995) - 235

Dizem que a arte imita a vidaOu seraacute que a vida imita a arte Bem disso natildeo sabemosmas o que sabemos eacute que alguns poetas e artistas por toda a histoacuteria da humanidade tentaram entender e retratar de muitas formas o caraacuteter humano Desde o iniacutecio do seacuteculo XX um movimento mudaria para sempre a mentalidade das artes e dos Artistas Falamos da Vanguarda Europeia movimento que pelo que jaacute sugere o nome apresenta um pensamento agrave frente de seu tempo e inovaria o proacuteprio modo de fazer e pensar arte seja na linteratura seja na pintura ou em toda e qualquer manifestaccedilatildeo artiacutestica Futurismo Expressionismo Dadaiacutesmo Surrealismo e Cubismo Todos expressaram em suas obras as mais intrigantes transformaccedilotildees pelas quais os mundo passava no iniacutecio do seacuteculo XX os avanccedilos advindos da era industrial a tecnologia a velocidade e ateacute as anguacutestias da Guerra De modo geral o futurismo refletia o ritmo freneacutetico da tecnologia o expressionismo o medo e a anguacutestia trazidos pela guerra o dadaiacutesmo talvez o mais ousado dos movimentos seria um verdadeiro manifesto bizarro contra toda forma de conceito preestabelecido o surrealismo traria as alucinaccedilotildees de Salvador Dali (entre outros nomes) o

177 mundo oniacuterico inspirados na psicanaacutelise de Freud e o cubismo a realidade multifacetada polarizada fragmentada e relativa Interessa-nos particularmente este uacuteltimo O cubismo eacute a mais metafoacuterica expressatildeo das instabilidades incertezas e complexidades desse ldquoadmiraacutevel mundo novordquo surgido no seacuteculo das transformaccedilotildees - o seacuteculo XX Atraveacutes de suas obras visuais cubistas deixavam como legado um olhar tatildeo sui generis quanto esse novo momento histoacuterico tatildeo particular quanto as proacuteprias inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e sociais Sua visatildeo muito mais lembrava a de um Caleidoscoacutepio

GRIS Juan Homem no cafeacute (1912) Museu da Arte da Filadeacutelfia Coleccedilatildeo Loise Walter Arensberg Disponiacutevel

em httpptwahooartcom8YDG67-Juan-Gris-Homem-no-Cafeacute acesso em 28-03-15

Note na pintura acima que por traacutes da imagem desfocada e geometrizada a temaacutetica protagonista natildeo eacute propriamente o ldquohomem num cafeacuterdquo mas antes as muacuteltiplas possibilidades de ponto de vista as multifaces de uma mesma imagem os multi-polos de um mesmo mundo O Homem num cafeacute mais parece um intectual europeu tentando unificar e homogeneizar sua heterogeneidade ou quem sabe heterogeneizar sua homogeneidade FERNANDO PESSOA (S) PERSONALIDADES MULTIFACETADAS Em termos de literatutra os movimentos vanguardistas mas sobretudo o cubismo representou as multifacetas de um ponto de vista e o poeta portuguecircs Fernando Pessoa parece ter feito isso muito bem mais que isso Pessoa parece ser um dos poetas de alma mais cubista dentre todos os modernistas da Europa e do mundo Natildeo propriamente na proposta graacutefica e visual trazida pela tiacutepica produccedilatildeo literaacuteria cubista mas no tocante agrave ideia da fragmentaccedilatildeo e polarizaccedilatildeo de uma

humanidade impactada pelas transformaccedilotildees advindas da industrializaccedilatildeo bem como dos impactos sociais como a tecnologia a velocidade o terror e as instabilidades provocados pela guerra Mesmo os natildeo aficcionados por literatura poderatildeo voltar aos tempos ldquoaacuteureosrdquo de escola e lembrar do alucinado poeta que pensava ser trecircs pessoas aquele mesmo que assinava suas obras em trecircs pessoas diferentes (aleacutem dele proacuteprio) aquele tal de Ricardo Reis Alberto Caeiro Aacutelvaro de Camposenfim aquele que ousava Heterocircnimos Heterotexto ldquoSi-Proacutepriosrdquo Negaccedilatildeo egoacutetica Do Texto ao Inter-texto Da Expressatildeo para a Entre-Pressatildeo Afinal quem eacute (satildeo) Fernando Pessoa (s) F Pessoa parece ser uma espeacutecie de ldquohomem-polecircmicardquo a manchete dos criacuteticos literaacuterios Um ldquomeacutediumrdquo um auto-psicoacute-grafo uma alma tentando escrever-se Muito se discute sobre as pessoas de Pessoa mas a verdade eacute que Pessoa eacute um poeta na proacutepria etimologia da palavra mdash do gr poetes aquele que faz aquele que cria Pessoa eacute um poetes Pessoa eacute um CRIADOR Os poemas de todos os ldquoPessoasrdquo parecem exalar o cheiro dos cafeacutes de Lisboa parecem trazer consigo as reflexotildees de uma noite natildeo dormida um ldquoviajarrdquopor diferentes visotildees-de-mundo Ettore Finazzi Agrograve criacutetico literaacuterio e ensaista apaixonado pelo poeta em seu ldquoAacutelibi Infinito O projeto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoardquo (Lisboa Imprensa Nacional-Casa da moeda 1987 pp 9 e 31) chega a considerar que o escritor portuguecircs eacute um ldquoviajante da dimensatildeo imaginaacuteria sua viagem completa-se assim lsquona pessoa dos outrosrsquo Agrograve (1987) prossegue e ainda pensa a viagem pessoana como ldquometamorfoses contiacutenuasrdquo que tornam-se modos de ldquoentrar no corpo alheiordquo Pessoa transforma-se figurativamente em muitos outros Suas constantes deslocaccedilotildees em sua viagem pelo imaginaacuterio sugerem um pouco de sua busca pela incompreensibilidade Pessoa percorre o outro Assegurando essa alteridade nosso poeta ateacute mesmo usa da polimorfia textual para preencher o vaacutecuo que se forma de ldquoele ser elerdquo Desta forma toda tentativa de interpretaccedilatildeo fica claramente despistada Cremos que os criacuteticos ou amantes de Pessoa fariam de tudo para terem sido contemporacircneos do poeta e se possiacutevel seus psicanalistas Quem sabe aplicando uma ldquoregressatildeo psiacutequicardquo poderiacuteamos entender todo o

178 universo ldquoindiziacutevelrdquo do nosso autor de autores Pensamos que se adentraacutessemos em sua alma nos deparariacuteamos com uma multiplicidade de vozes confusas e gritando entre si Diria o dono das vozes Fantasmas sem lugar que a minha mente Figura no visiacutevel sombras minhas Do diaacutelogo comigo

ldquoPrimeiro Faustordquo (Fernando Pessoa) (In Poemas Dramaacuteticos Fernando Pessoa Nota

explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa Lisboa Aacutetica 1952 (imp1966) - 80)

Temos que exclamar esse poeta eacute genial Eacute mais que um poeta mdash eacute um a(u)tor Temos que concordar com Agrograve (opcit) Ao mudar de nome e fingir-se outro Fernando Pessoa natildeo faz outra pessoa O que ele faz eacute (para usar os termos de Agrograve) tentar exprimir poeticamente a alteridade Nosso poeta deve agora ser visto como um ator O seu constante co-locar e des-locar de maacutescaras muito nos leva ao antigo mundo grego das hipocriteacutes Este era o nome dado agraves maacutescaras usadas para a caracterizaccedilatildeo eou troca de personagens nos palcos da cultura helecircnica A palavra sobrevive aos tempos e povos e conserva o seu sentido ldquoo hipoacutecrita eacute o fingidorrdquo o colocador de maacutescaras Essa ideia lembra-nos algueacutem Pessoa eacute por excelecircncia o articulador de maacutescaras em seu simples (mas criativo) recurso de trocar nomes e personalidades Pessoa cria outras pessoas distanciadas ou relacionadas agrave sua proacutepria pessoa Pessoa cria e vive dramaticamente representando atraveacutes das maacutescaras dos heterocircnimos Multipliquei-me para me sentir Para me sentir precisei sentir tudo Transbordei natildeo fiz senatildeo extravazar-me Despi-me entreguei-me E haacute em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente (FP)

ldquoPassagem das Horasrdquo Aacutelvaro de Campos (Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1988)

Agrograve (1987) muito oportunamente fala de uma auto-negaccedilatildeo do poeta e de um fazer de cada fora um dentro potencial e vice-versa Isto eacute natildeo satildeo meras negaccedilotildees de sua identidade satildeo tentativas de atraveacutes da linguagem pluralizar um ego tornar o in-diviacuteduo

divisiacutevel para ao fim encontrar-se em alter-egos que venham preencher o vazio que haacute em ser ele mesmo No vaacutecuo que se forma de eu ser eu E da noite ser triste Meu ser existe sem que seja meu E anocircnimo persiste

ldquoGradual desde que o calorrdquo Aacutelvaro de Campos(Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC 2013)

Ao lado da auto-negaccedilatildeo e seus heterocircnimos haacute que se esclarecer a co-existecircncia de um outro termo a ldquopseudoniacutemia de ocasiatildeordquo Agrograve (1987) arrisca dizer que a pseudoniacutemia eacute como uma ldquocensurardquo que obriga o sujeito a apresentar-se disfarccedilado de outro No entanto haacute uma Pessoa mais apta a responder agrave questatildeo Assim quanto mais eu digo mais me engano Mais faccedilo eu Um novo ser posticcedilo que engalano De ser o meu

ldquoMeu pensamento dito jaacute natildeo eacuterdquo Fernando Pessoa

In Pessoa Fernando Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica 1973

(4a ed 1993) 148

A resposta eacute a de algueacutem chamado Fernando Pessoa Seu curriacuteculo Poeta e fingidor Seu verdadeiro nome Muitos Seu maior passatempo Ensaiar pelos palcos das personalidades Sua maior Mensagem Des-cobrir-se MUITO MAIS QUE MODERNISTA UMA ldquoPESSOArdquo MULTIPOLAR CONTEMPORAcircNEA Devemos dizer ainda que nosso poeta do ldquocubismo altercecircntricordquo muito parece espelhar a sociedade desde a modernidade ateacute os dias de hoje Os dias satildeo tatildeo freneacuteticos e exigem tantas multitarefas simultacircneas que acabam gerando no homem deste seacuteculo uma siacutendrome de se ser ldquoos muitosrdquo que o sistema exige que sejamos Talvez parte dos males do seacuteculo das depressotildees das crises de ansiedade siacutendromes do pacircnico e sobretudo do transtornos bipolares poderiam ser resolvidos pelo grito da arte O grito elegante no qual se

179 pode gritar os brados mais sufocados ou silenciar os iacutempetos mais megafocircnicos Uma sessatildeo de psicanaacutelise Uma tela cubista Um minuto surrealista Ou ateacute mesmo O grito de Edvard Munch (pintor expressionista que se tornou conhecido por O grito) Um momento para se poder ser como Pessoa (s) Muitos em um Um em muitos Esse eacute o ldquopoeta do non sense rdquo Por excelecircncia FPessoa a pessoa ou as pessoas que tentamos apresentar Qualquer semelhanccedila com sua vida real (e multifacetada) natildeo seraacute mera coincidecircncia REFEREcircNCIAS Agrograve Ettore Finazzi (1987) O aacutelibi infinito o projecto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoa Imprensa Nacional-Casa da Moeda Pessoa Fernando (1972) Obra Poeacutetica Cia Joseacute AguilarEditora - Rio de Janeiro paacuteg 164 ______________ (1952) Poemas Dramaacuteticos (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa) Lisboa Aacutetica (imp1966) - 80

_____________(1988)A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda

_____________ (2013) Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC

____________(1973) Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica (4a ed 1993) 148

Teles Gilberto Mendonccedila (1972) Vanguarda europeacuteia e modernismo brasileiro Editora Vozes

180

UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS

Artur Cesar de Freitas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

faccamparturgmailcom

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

vturquettohotmailcom

Fernanda Boava Pires

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)48129400

fernandaboavahotmailcom

RESUMO O artigo apresenta uma breve abordagem sobre os nuacutemeros complexos e uma proposta para apresentar esse conjunto de nuacutemeros em sala de aula Os nuacutemeros complexos ainda satildeo tratados de uma forma abstrata dentro da sala de aula e pelos livros didaacuteticos As descriccedilotildees sobre sua existecircncia e aplicaccedilatildeo eacute secundarizado frente agraves listas de exerciacutecios e procedimentos para realizaccedilatildeo de contas Em contrapartida esses nuacutemeros apesar de um dos seus nomes serem nuacutemeros imaginaacuterios possuem muita aplicaccedilatildeo real e sua descoberta favoreceu o amadurecimento da matemaacutetica e as possibilidades de novas descobertas Palavras chave Nuacutemeros complexos imaginaacuterios rotaccedilatildeo ABSTRACT In this work we introduce a brief approach about complex numbers and a proposal to teach this subject in the classroom The complex numbers are still being treated in a abstract way inside the class and by textbooks The descriptions about its existence and applications are low before lists of exercises and procedures to perform calculations In the other hand this numbers despite one of its names being imaginary has real applications and its discovery favored the growth of mathematics and opened a door to new possibilities and new discoveries Keywords Complex Numbers Imaginary rotation 1 INTRODUCcedilAtildeO Estamos acostumados com nuacutemeros porque eles vivem ao nosso redor Usamos os nuacutemeros para a

mediccedilatildeo da velocidade comprimento volume e outras medidas do nosso dia a dia Eacute verdade que existem outros nuacutemeros natildeo tatildeo costumeiros Um dos exemplos satildeo nuacutemeros irracionais que entre seus exemplares haacute o famoso Pi e o nuacutemero e poreacutem cada um com seu significado e passiacutevel de se encontrar em equaccedilotildees ou algumas mediccedilotildees ldquoMas haacute um nuacutemero que tem uma relaccedilatildeo mais complicada com a realidade Ele eacute conhecido como nuacutemero complexo ou nuacutemero imaginaacuterio ou com mais frequecircncia simplesmente de i Apesar desses nomes ele eacute de fato muito realrdquo (BENTLEY 2009 p 230)

O nuacutemero complexo eacute a resposta para um enigma que cercou os matemaacuteticos por seacuteculos Alguns descrevem que o termo nuacutemero complexo pelo fato do seu desenvolvimento desordenado como descreve Ricieri (2004)seu desenvolvimento passa por vaacuterios gecircnios entre eles Reneacute Descartes Gottfried Eillhem e Leibniz poreacutem ldquoa primeira pessoa que realmente usou a raiz quadrada de nuacutemeros negativos em sua matemaacutetica foi um italiano chamado Niccoloacute Fontanardquo (BENTLEY 2009 p 233) Ainda segundo o autor esse segredo foi passado para Gerolamo Cardano que iniciou com a busca de uma soluccedilatildeo geral para equaccedilotildees cuacutebicas Os resultados envolvia raiz quadrada de nuacutemeros negativos

2 ASPECTOS DOS NUacuteMEROS COMPLEXOS Os nuacutemeros complexos possuem um efeito muito parecido com a descoberta dos nuacutemeros negativos No site de Kalid Azaid eacute feito uma proposta no qual foi adaptado abaixo

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Quadro 1 ndash Aspectos dos nuacutemeros complexos

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Negativos (-x) Inventado para responder O que eacute 3 - 4

Estranho porque Como vocecirc pode ter menos do que nada

Significado intuitivo Oposto Considerado absurdo ateacute 1700 Ciclo Multiplicativo 1 -1 1 -1 e padratildeo geral x -x x -x Uso em coordenadas Do 0 para traacutes ( -1 -2) Mede-se o tamanho com

Valor Absoluto Raiz de (-x) sup2

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Complexos (a +

bi) Inventado para responder O que eacute a raiz sup2 de (-1)

Estranho porque Como vocecirc tira a raiz sup2 de

menos do que nada Significado intuitivo Rotaccedilatildeo Considerado absurdo ateacute Atualmente Ciclo Multiplicativo 1 i -1 -i e padratildeo geral x y -x -y Uso em coordenadas Rotaccedilatildeo em volta da origem Mede-se o tamanho com

Teorema de Pitaacutegoras | Raiz de asup2 + bsup2

Fonte httpbetterexplainedcom acessado em 09052014

A pergunta ldquocomo vocecirc pode tirar mais de um nuacutemero menor E ldquoqual nuacutemero elevado ao quadrado seraacute negativo rdquo Essa eacute a principal questatildeo que causa estranheza quando satildeo apresentados os nuacutemeros complexos Como a proacutepria tabela apresenta se o nuacutemero negativo eacute o oposto do seu correspondente positivo O nuacutemero complexo eacute tido como uma rotaccedilatildeo desse correspondente como seraacute apresentado mais adiante Ainda sobre a tabela quando o autor fala do ciclo multiplicativo eacute importante frisar que estaacute sendo

multiplicado no exemplo da primeira coluna o nuacutemero -1 e na segunda coluna o nuacutemero i Dessa forma tem-se que a multiplicaccedilatildeo de i x i eacute igual a -1 como eacute definido os nuacutemeros complexos

3 ABORDAGEM VETORIAL Para um melhor entendimento sobre os nuacutemeros complexos a abordagem vetorial ajuda pois demonstra geometricamente e visualmente a estrutura dos nuacutemeros complexos

Vetor eacute um segmento orientado de reta de A ateacute B caracterizado por trecircs aspectos definidos comprimento (moacutedulo) direccedilatildeo e sentido (de A para B) como demonstra a figura 1

Figura 1 ndash ilustraccedilatildeo de um vetor

FontehttpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

Um vetor complexo eacute um vetor cujos elementos satildeo nuacutemeros complexos pertencentes a um espaccedilo vetorial complexo

(Fonte httpmathworldwolframcom acessado em 08052014)

Um espaccedilo vetorial complexo eacute formado por uma dimensatildeo real e uma dimensatildeo imaginaacuteria formando um plano Um nuacutemero complexo pertenceraacute a este plano na forma z = a +bi

Figura 2 ndash Plano imaginaacuterio

182 Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Por ter duas partes a parte imaginaacuteria do nuacutemero complexo estaraacute acompanhada da letra i

119894 = radicminus1 portanto 119894sup3 = minus119894 e 1198944 = 1 formando um ciclo

Figura 3 ndash Formaccedilatildeo do ciclo do nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Entatildeo se temos o nuacutemero z = 1+ i

Figura 4 ndash Representaccedilatildeo de um nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Nota-se que o proacuteprio nuacutemero complexo z = 1 + i cria um vetor com um acircngulo de 45ordm da linha dos reais e o modo que se obteacutem esse nuacutemero nada mais eacute do que a soma de dois vetores utilizando a regra do paralelogramo

Figura 5 ndash Regra do paralelogramo

Fonte httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica acessado em 08052014

Somar e subtrair nuacutemeros complexos satildeo somar e subtrair vetores

Adiccedilatildeo

Subtraccedilatildeo

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Multiplicar nuacutemeros complexos eacute fazer uma rotaccedilatildeo por determinado acircngulo no plano Se multiplicarmos um nuacutemero complexo a + bi por 1 + i o que estaremos fazendo eacute uma rotaccedilatildeo de 45 graus do vetor inicial no sentido anti-horaacuterio

Multiplicaccedilatildeo

Dividir nuacutemeros complexos eacute o contraacuterio se multiplicando noacutes giramos sentido anti-horaacuterio dividindo noacutes giramos sentido horaacuterio e para isso utilizamos o conjugado do nuacutemero complexo que se daacute na forma c ndash di

(c + di)(c ndash di) = (csup2 + dsup2)

Divisatildeo-

183

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Para determinar o comprimento (moacutedulo) de um nuacutemero complexo utiliza-se o teorema de Pitaacutegoras a + bi = radic119886sup2 + 119887sup2

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

4 UMA APLICACcedilAtildeO REAL A aplicaccedilatildeo dos nuacutemeros complexos eacute muito diversa desde estudos com campos magneacuteticos geometria fractal e na construccedilatildeo da curva fechada que representa o perfil de uma asa de aviatildeo chamado tambeacutem de aerofoacutelio de Joukowski ldquoPara que se faccedila possiacutevel uma anaacutelise matemaacutetica de um escoamento muitas vezes eacute necessaacuterio ou conveniente fazer simplificaccedilotildees para que as complexas equaccedilotildees que regem o escoamento possam ser resolvidas analiticamenterdquo (KLIEWER 2014) De forma simplificada no mesmo trabalho o escoamento pode ser representado por duas funccedilotildees primeiro a corrente representado pelo siacutembolo Ψ e o potencial de velocidade representado por Φ

Figura 6 ndash Representaccedilatildeo da simplificaccedilatildeo de Joukowski

Eacute exatamente o fato do perfil estudado ter dois componentes na simplificaccedilatildeo adotada que necessita de um nuacutemero que possua dois componentes Segundo Kliewer (2014) a funccedilatildeo de linha corrente e potencial de velocidade pode ser unida em uma uacutenica variaacutevel complexa que descreve o escoamento e tem as caracteriacutesticas matemaacuteticas das variaacuteveis complexas dada por

120596 = 120601 minus 119894120595

Essa equaccedilatildeo eacute desenvolvida com base nos caacutelculos do potencial de velocidade e da corrente levando-se em consideraccedilatildeo a circulaccedilatildeo do fluido velocidade densidade do fluido e escoamento Dessa forma tem-se

120596 = 119881 119911 + 1198862

119911 +

119894Γ2120587

119897119899119911119886

Embora essa equaccedilatildeo seja grande e aparentemente complicada trata-se de um nuacutemero com 2 componentes assim como o nuacutemero complexo

5 O NUacuteMERO COMPLEXO NA GEOMETRIA Engana-se quem acredita que os nuacutemeros complexos natildeo podem ocorrer tambeacutem na geometria Na proposta apresentada pelo professor Prandiano (2004) eacute feito uma abordagem do nuacutemero complexo utilizando uma figura geomeacutetrica bastante comum

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de um triacircngulo

Fonte Curso Prandiano 2004

Por semelhanccedila de triacircngulos tem-se a seguinte relaccedilatildeo

119908119886

= 119887119908

there4 1199082 = 119886119887

Sendo a = -1 e b = +1

a b

-1 0 +1

w

184

1199082 = (minus1)(+1) there4 119908 = radicminus1

6 CONCLUSAtildeO Os nuacutemeros complexos possuem uma variedade enorme de aplicaccedilotildees Neste trabalho foi feito uma abordagem graacutefica sobre esse conjunto de nuacutemeros e um exemplo praacutetico com a intenccedilatildeo de tornaacute-lo mais proacuteximo do estudante Os graacuteficos satildeo vistos o tempo todo em mateacuterias como fiacutesica geografia biologia e na proacutepria matemaacutetica De certa forma trazer esses nuacutemeros para essa abordagem tira a imagem que o nuacutemero complexo ou imaginaacuterio eacute fruto da imaginaccedilatildeo dos matemaacuteticos antigos e assim vira uma realidade presente O exemplo praacutetico abordado embora pouco explorado serve para ilustrar que um desenho de uma peccedila importante de um aviatildeo eacute feito a partir de um nuacutemero complexo fechando a tese que esse nuacutemero natildeo eacute apenas fruto da imaginaccedilatildeo e que ele eacute usado no dia a dia das empresas e das operaccedilotildees matemaacuteticas 7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS BENTLEY Peter (2009) O Livro dos Nuacutemeros Uma histoacuteria Ilustrada da Matemaacutetica Rio de Janeiro Editora Jorger Zahar KLIEWER David Anaacutelise de perfis aerodinacircmicos Joukowski Disponiacutevel em wwwprofezequiasnet Acesso em 09052014 RICIERI A Prandini Assim nasceu o Imaginaacuterio Origens dos Nuacutemeros Complexos Disponiacutevel em

httpbetterexplainedcom acesso em 09052014

Sites consultados

httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

185

USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS

ldquoUsing programs Open Source in teaching and research of fluid mechanicsrdquo

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Prof Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste trabalho apresentamos uma breve resenha dos programas livres de computador sem custo financeiro aplicados agrave mecacircnica dos fluidos Procuramos relacionar os principais programas ldquoOpen Sourcerdquo do mercado com aplicaccedilotildees nas teorias e praacuteticas da mecacircnica dos fluidos Realizamos um balanccedilo positivo dos motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver Com efeito natildeo obstante as suas reconhecidas potencialidades os programas ldquoOpen Sourcerdquo se tornaram a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos Discutimos algumas dessas dificuldades O potencial dos programas ldquoOpen Sourcerdquo soacute poderatildeo ser plenamente realizados se existir uma boa articulaccedilatildeo deles com os curriacuteculos e a praacutetica Descrevemos resumidamente os programas ldquoOpen Sourcesrdquo Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver Palavras-chave Open Source Mecacircnica dos Fluidos Dinacircmica dos Fluidos Computacional Scilab wxMaxima OpenFOAM e Gerris Flow Solver ABSTRACT We present a brief review of computer free programs without financial cost applied to fluid mechanics We relate the main programs Open Source market to the applications in the theory and practice of fluid mechanics We conducted a positive assessment of the reasons for programs to use Open Source in higher education institutions teachers researchers and the graduate students however we note that undeniably many questions remain unresolved Indeed despite its recognized potential the programs Open Source became the magic key to quality scientific research with

simulation and modeling as well as educational success for people in the area of mechanical fluids We discussed some of these difficulties The potential of the programs Open Source can be achieved only if there is a good connection with their curricula and practice Briefly describe the program Open Sources Scilab the wxMaxima the OpenFOAM and Gerris Flow Solver Keywords Open Source Fluid Mechanics Computational Fluid Dynamics Scilab wxMaxima OpenFOAM and Gerris Flow Solver INTRODUCcedilAtildeO

A mecacircnica dos fluidos eacute uma das mateacuterias de grande importacircncia dentro dos cursos de engenharia fiacutesica e quiacutemica entretanto seu ensino ainda consiste na forma claacutessica de desenvolvimento teoacuterico e em algumas instituiccedilotildees de ensino o desenvolvimento de experimentos em laboratoacuterios didaacuteticos

Devido agrave suas aplicaccedilotildees que satildeo grandes desde a fabricaccedilatildeo de medicamentos e sua dispersatildeo pelo corpo ateacute nos movimentos das galaacutexias um vasto nuacutemero de programas podem ser integrados para ensino de Mecacircnica dos Fluidos

Estes programas podem ser aplicados e usados para o ensino de Mecacircnica dos Fluidos nos cursos de graduaccedilatildeo possibilitando com que o estudante possa sair de seu curso com conhecimentos e requisitos exigidos pelo mercado de trabalho ou ateacute mesmo desenvolvendo trabalhos acadecircmicos mais arrojados usando a simulaccedilatildeo em computadores para validar experimentos ou modelos teoacutericos

Embora a utilizaccedilatildeo torne possiacutevel um desenvolvimento da tecnologia e do conhecimento mais eficiente e eficaz surge o problema da onerosidade de tais programas fazendo com que os custos sejam inviaacuteveis agrave universidades e muito menos viaacutevel agrave

186 estudante que pode ser driblado com a utilizaccedilatildeo de programas ldquoOpen Sourcerdquo conforme explicita (GUGLIOTTI 2012)

Atualmente na luta pela utilizaccedilatildeo entre programas comerciais e programas ldquoOpen Sourcerdquo os programas de licenccedila comercial tecircm ganhado melhores lugares devido agrave ldquomaior confiabilidaderdquo que estes passam aos seus usuaacuterios existindo mitos que causa tal descrenccedila e retira a preferecircncia dos programas de distribuiccedilatildeo livre ou coacutedigo aberto conforme discorre (APDSI 2004)

Diante destes dados este trabalho visa a trazer uma breve anaacutelise sobre os softwares livres que podem auxiliar e melhorar o ensino da mecacircnica dos fluidos na FACCAMP e nas universidades e ao mesmo tempo trazer ao mercado um aluno com maior perfil pedido pelo mercado

MECAcircNICA DOS FLUIDOS

A mecacircnica dos fluidos eacute a ciecircncia que estuda os fenocircmenos e comportamentos fiacutesicos de todas as substacircncias fluidas em geral e de forma simples pode-se considerar liacutequidos e gases tornando-se uma aacuterea de estudo importante em diversos campos do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Pode-se listar de forma breve e incompleta as seguintes aacutereas engenharia mecacircnica (estudo de aerodinacircmica lubrificaccedilatildeo e etc) engenharia civil (estudos de hidraacuteulica e hidrologia entre outros) engenharia eleacutetrica (magneto-hidrodinacircmica) quiacutemica (mistura e transferecircncia de calor e outros) natildeo se limitando apenas a esses campos eacute aplicaacutevel ainda no estudo dos movimentos de planetas circulaccedilatildeo sanguiacutenea lanccedilamento de concreto entre tantos outros estudos essenciais as mais diversas aacutereas do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Com o grande e acelerado avanccedilo dos computadores conforme ressalta (POST 2013) as calculadoras e meacutetodos computacionais trouxeram a grande vantagem de ser possiacutevel simular estes eventos e analisaacute-los surgindo entatildeo a Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) ou mais conhecida pelo seu nome em inglecircs Computational Fluid Dynamic (CFD) para o estudo de escoamentos que ainda possui poucas soluccedilotildees analiacuteticas Para problemas de estaacutetica dos fluidos eacute possiacutevel a utilizaccedilatildeo de programas menos complexos

Dinacircmica dos fluidos computacional

Fortuna em seu trabalho de 2012 define a teacutecnica como a aacuterea da computaccedilatildeo cientiacutefica que simula o fenocircmeno do escoamento fluido com ou sem os efeitos da termodinacircmica utilizando-se de meacutetodos numeacutericos natildeo importando as caracteriacutesticas do escoamento desde que sua modelagem matemaacutetica seja coerente ao modelo fiacutesico tratado Jaacute Rouse em 2014 aleacutem de fazer uma simples definiccedilatildeo ressalta que a teacutecnica eacute baseada nas equaccedilotildees de Navier-Stokes

Ainda de acordo com Fortuna a teacutecnica computacional natildeo deve substituir os ensaios de laboratoacuterio mas sim complementaacute-los e reduzir o detalhamento de tais e consequentemente o seu custo nem mesmo deve substituir o ensino da teoria jaacute que eacute necessaacuterio o desenvolvimento de grande domiacutenio das equaccedilotildees regentes para o avanccedilo na teacutecnica principalmente nas teacutecnicas ensinadas em instituiccedilotildees internacionais agrave muito tempo como pode-se verificar em (VENNARD e STREET 1978) e (HUGHES e BRIGHTON 1967)

PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

O ldquoOpen Source Softwarerdquo consiste basicamente em softwares desenvolvidos por comunidade de desenvolvedores que se reuacutenem para adaptar a teacutecnicas computacionais com as necessidades dos indiviacuteduos da mesma criando assim programas que tendem a se desenvolver rapidamente para atender as necessidades do mercado e por ser desenvolvido por uma comunidade de muitas pessoas de diversos paiacuteses e regiotildees natildeo satildeo propriedade de nenhuma instituiccedilatildeo possuindo assim conforme (SINFIC 2008) seu coacutedigo aberto para que o usuaacuterio possa modifica-lo e contribuir com o desenvolvimento do programa

Entretanto programas deste tipo podem apresentar interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuteria a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos que ainda sim satildeo soluccedilotildees menos onerosas devido a natildeo necessidade de investimento no software

Noyes no seu trabalho de 2010 faz uma lista com 10 razotildees do porque o ldquoOpen Source Softwarerdquo eacute bom para negoacutecios Satildeo estes

1 Seguranccedila 2 Qualidade 3 Customizaccedilatildeo 4 Liberdade 5 Flexibilidade 6 Interoperabilidade 7 Auditabilidade 8 Opccedilotildees de suporte 9 Custo 10 A possibilidade de experimentar Tais programas vecircm obtendo um maior espaccedilo no

mercado e alguns comeccedilam a ultrapassar seus adversaacuterios (Softwares Proprietaacuterios) como eacute o caso do QGIS para a aacuterea de geoprocessamento que comeccedila a abalar seus concorrentes ou ateacute mesmo do LaTeX que eacute muito mais usado para a ediccedilatildeo de textos no meio acadecircmico

187 ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino

Culturalmente a utilizaccedilatildeo de softwares de coacutedigo aberto nas instituiccedilotildees de ensino no Brasil pode causar um certo desconforto ou ateacute mesmo duacutevidas sobre a qualidade das instituiccedilotildees poreacutem paiacuteses europeus tecircm desenvolvidos diversos softwares livres conforme eacute discutido por (FERREIRA 20042005) da universidade de Coimbra

Natildeo necessariamente eacute preciso limitar-se apenas ao uso dos programas desenvolvidos por comunidades cursos como ciecircncias da computaccedilatildeo podem incentivar seus estudantes a desenvolver trabalhos juntamente com as comunidades de desenvolvimento trazendo assim maior contato com o desenvolvimento de software e o gerenciamento dos mesmos

Para engenharia e aacutereas afins muitos programas tecircm sido desenvolvidos como o Scilab e ateacute mesmo sistemas operacionais estatildeo surgindo como o CAELinux

O uso acadecircmico de tais softwares traraacute grande evoluccedilatildeo destes fazendo com que bons programas possam ser acessiacuteveis agraves empresas instituiccedilotildees de ensino estudantes e a comunidade em geral fazendo com que erros e problemas possam ser resolvidos o mais raacutepido possiacutevel eliminando a necessidade de reportaacute-los agraves empresas responsaacuteveis e ldquocruzar os dedosrdquo para que o problema seja resolvido na proacutexima versatildeo e ainda teraacute um custo para ser adquirida

Entretanto a maior vantagem de aplicar softwares de licenccedila livre eacute que a instituiccedilatildeo natildeo teraacute custos para a implantaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo destes assim como professores e estudantes poderatildeo ter acesso a tais com custo zero natildeo necessitando utilizar de coacutepias ilegais aleacutem da possibilidade de poder encontrar diversas aulas em viacutedeo ou documentos na internet

Professores e o Open Source

Na comunidade de ensino superior os professores por conta de suas especializaccedilotildees costumam ter maior convivecircncia com o idioma inglecircs o que facilita a obtenccedilatildeo de materiais para criaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de diversos programas disponiacuteveis sem a preocupaccedilatildeo de que a empresa deste possa prejudica-lo pela publicaccedilatildeo do material (NOGUEIRA 2000)

Os docentes como dito acima poderatildeo ter acesso agrave tecnologia de forma simples e sem preocupaccedilotildees para que possam praticar testar e avaliar diversas atividades e tambeacutem teratildeo a liberdade de exigir atividades de seus alunos uma vez que este tambeacutem poderaacute ter faacutecil acesso ao seu material (NOGUEIRA 2000)

Alunos e o Open Source Os alunos teratildeo grande facilidade em poder aprender a utilizar as ferramentas facilmente praticando uma vez que o professor poderaacute preparar livremente materiais didaacuteticos Um importante ponto do Open Source eacute que este costuma ter uma menor exigecircncia de hardware do que um software proprietaacuterio (NOGUEIRA 2000)

Uma ideia pouco comentada ainda defendida por este trabalho e tambeacutem pelo trabalho de GUGLIOTTI (2012) eacute a de que o aluno poderaacute desenvolver maior potencial para se tornar um empreendedor uma vez que ao utilizar o programa livre a necessidade de economias para um investimento inicial para compra de ferramentas de trabalho seraacute reduzida consideravelmente Sendo que aos poucos este pode ir investindo cada vez mais em seu escritoacuterioempresa e em treinamentos para se capacitar e ampliar suas possibilidades de mercado

EXEMPLOS DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

PARA A MECAcircNICA DOS FLUIDOS Scilab

Scilab eacute um software livre e de coacutedigo aberto para computaccedilatildeo numeacuterica proporcionando um ambiente de computaccedilatildeo poderosa para aplicaccedilotildees de engenharia e cientiacuteficos Eacute um ldquoOpen Sourcerdquo sob a licenccedila CeCILL (GPL compatiacutevel) e estaacute disponiacutevel para download gratuito Scilab estaacute disponiacutevel sob a licenccedila GNU Linux Mac OS X e Windows XP Vista 78

Figura 1 Tela do SCILAB (fonte SCILAB)

Scilab inclui centenas de funccedilotildees matemaacuteticas Tem

uma linguagem de programaccedilatildeo de alto niacutevel permitindo o acesso a estruturas de dados avanccedilados 2-D e as funccedilotildees graacuteficas 3-D Existe um grande nuacutemero de funcionalidades estaacute incluiacutedo no Scilab como Matemaacutetica e Simulaccedilatildeo Para aplicaccedilotildees de engenharia e ciecircncias habituais incluindo operaccedilotildees matemaacuteticas e anaacutelise de dados

188

Figura 2 Tela do SCILAB com simulaccedilatildeo de escoamento

em esfera (fonte SCILAB)

Visualizaccedilatildeo em 2-D e 3-D Funccedilotildees graacuteficas para visualizar anotar e exportaccedilatildeo de dados e muitas maneiras de criar e personalizar vaacuterios tipos de graacuteficos e tabelas

Figura 3 Tela de graacuteficos do SCILAB (fonte SCILAB)

Otimizaccedilatildeo Algoritmos para resolver problemas de otimizaccedilatildeo contiacutenuos e discretos restritos e irrestritos

Figura 4 Tela de otimizaccedilatildeo do SCILAB (fonte

SCILAB) Estatiacutestica Ferramentas para realizar a anaacutelise de dados e modelagem Projeto e Anaacutelise de Controle do Sistema Algoritmos padratildeo e ferramentas para o estudo do sistema de controle Processamento de Sinais Visualizar analisar e sinais de filtros em tempo e frequecircncia domiacutenios Desenvolvimento de Aplicaccedilotildees Aumento de funcionalidades nativas Scilab e gerenciar a troca de dados com ferramentas externas Xcos - Hiacutebrido sistemas modelador dinacircmico e simulador Para modelagem de sistemas mecacircnicos circuitos hidraacuteulicos sistemas de controle

Figura 5 Tela de Xcos do SCILAB (fonte SCILAB)

wxMaxima

O wxMaxima eacute uma interface graacutefica multi-plataforma baseado em wxWidgets para o Maxima um sistema de computacional simboacutelico O wxMaxima disponibiliza um acesso agraves funccedilotildees do Maxima atraveacutes de menus e diaacutelogos

189

Figura 6 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Figura 7 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Maxima eacute um sistema de aacutelgebra computacional

comparaacutevel aos sistemas comerciais como Mathematica e Maple Ele enfatiza caacutelculo de matemaacutetica simboacutelica aacutelgebra trigonometria caacutelculo e muito mais

Por exemplo Maxima resolve x2-r xs2-r s = 0

dando os resultados simboacutelicos [x = r + s x = -s] Maxima pode calcular com nuacutemeros inteiros e

fraccedilotildees exatas nativo de ponto flutuante e de alta precisatildeo grandes carros alegoacutericos

Maxima tem front-ends de faacutecil utilizaccedilatildeo um manual on-line comandos de plotagem e bibliotecas numeacutericas Os usuaacuterios podem escrever programas na sua linguagem de programaccedilatildeo nativa e muitos tecircm contribuiacutedo pacotes uacuteteis em uma variedade de aacutereas ao longo das deacutecadas

Maxima eacute licenciado sob GPL e em grande parte escrito em Common Lisp Executaacuteveis podem ser baixados para Windows Mac Linux e Android coacutedigo fonte tambeacutem estaacute disponiacutevel Uma comunidade ativa manteacutem e estende o sistema

Maxima eacute amplamente utilizado downloads diretos anuais exceder 100000 Muitos outros usuaacuterios recebecirc-lo por meio de distribuiccedilatildeo secundaacuteria

OpenFOAM

O OpenFOAMreg eacute um open source ou seja pacote de software livre para Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC ou em inglecircs CFD)

Possui uma grande base de usuaacuterios na maioria das aacutereas da engenharia e da ciecircncia a partir de ambas as organizaccedilotildees comerciais e acadecircmicas O OpenFOAM tem uma extensa gama de recursos para resolver qualquer coisa de escoamentos de fluidos complexos que envolvem reaccedilotildees quiacutemicas turbulecircncia e de transferecircncia de calor a dinacircmica e eletromagnetismo soacutelidos

Inclui ferramentas para engrenar nomeadamente um desenhador paralelizado para geometrias complexas em preacute e poacutes-processamento de CAD Quase tudo (incluindo malha e preacute e poacutes-processamento) eacute executado em paralelo como padratildeo permitindo que os usuaacuterios tirar o maacuteximo proveito do hardware do computador agrave sua disposiccedilatildeo

Ao ser aberto OpenFOAM oferece aos usuaacuterios total liberdade para personalizar e estender sua funcionalidade existente por iniciativa proacutepria ou por outros Segue-se um projeto de coacutedigo altamente modular em que coleccedilotildees de funcionalidade (por exemplo meacutetodos numeacutericos que engrenam modelos fiacutesicos )

OpenFOAM inclui mais de 80 aplicaccedilotildees que simulam e solucionam problemas especiacuteficos em engenharia mecacircnica e mais de 170 aplicaccedilotildees de serviccedilos puacuteblicos que executam tarefas preacute e poacutes-processamento

Figura 8 Tela do OpenFOAM (fonte OpenFOAM)

Gerris Flow Solver

Gerris eacute um programa de software livre para a soluccedilatildeo das equaccedilotildees diferenciais parciais que descrevem o fluxo de fluido O coacutedigo fonte estaacute disponiacutevel gratuitamente sob a licenccedila de software livre GPL

Foi criado por Steacutephane Popinet e eacute apoiado por NIWA (Instituto Nacional de Aacutegua e Pesquisa Atmosfeacuterica) e Jean le Rond Institut dAlembert Suas principais caracteriacutesticas

(a) Resolve equaccedilotildees de fluidos incompressiacuteveis com variaacuteveis de densidade usando Euler Stokes ou equaccedilotildees de Navier-Stokes para funccedilotildees dependentes do tempo

190

(b) Resolve as equaccedilotildees de aacuteguas rasas lineares e natildeo-lineares

(c) Refinamento da malha adaptativa a resoluccedilatildeo estaacute adaptado dinamicamente para as caracteriacutesticas do fluxo

(d) Geraccedilatildeo de malha totalmente automaacutetico em geometrias complexas

(e) Equaccedilotildees de segunda ordem no espaccedilo e no tempo

(f) Nuacutemero ilimitado de marcadores passivos ou difusos

(g) Caracteriacutestica flexiacutevel de termos de origem adicionais

(h) Apoio paralelo portaacutetil usando a biblioteca MPI dinacircmica de balanceamento de carga visualizaccedilatildeo off-line paralelo

(i) Volume de Fluidos para os fluxos multifaacutesicos (j) Modelo de tensatildeo superficial (k) Eletrohidrodinacircmica Multifaacutesica

CONCLUSAtildeO Os principais programas de computadores livres ldquoOpen Sourcerdquo satildeo programas sem custo financeiro como Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver satildeo plenamente aplicados agrave pesquisa e ao ensino da mecacircnica dos fluidos Os motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo satildeo a seguranccedila a qualidade a customizaccedilatildeo a Liberdade a flexibilidade a interoperabilidade a auditabilidade as opccedilotildees de suporte o custo e a possibilidade de experimentar entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver como em alguns casos a apresentaccedilatildeo de interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuterio a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos As potencialidades dos programas ldquoOpen Sourcerdquo tornaram-se a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos REFEREcircNCIAS APDSI Open Source Software - Que oportunidades em Portugal Associaccedilatildeo para a Promoccedilatildeo e Desenvolvimento da Sociedade da Informaccedilatildeo 2004 Disponivel em ltwwwalgebricapti_apbo2dataupimagesEstudo_Open_Source_com_capapdfgt Acesso em 24 marccedilo 2015 BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005 FERREIRA A J P L Open Source Software Comunicaccedilatildeo amp Profissatildeo Coimbra 20042005 FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012

GUGLIOTTI A Plataforma proacutepria ou opensource 31 maio 2012 Disponivel em ltwwwandregugliotticombrmagento-commerceplataforma-propria-ou-opensourcegt Acesso em 2015 marccedilo 24 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 NOGUEIRA J S et al Utilizaccedilatildeo do Computador como Instrumento de Ensino Uma Perspectiva de Aprendizagem Signicativa Revista Brasileira de Ensino de Fiacutesica vol 22 no 4 Dezembro 2000 NOYES K 10 Reasons Open Source Is Good for Business PCWorld 2010 Disponivel em ltwwwpcworldcomarticle20989110_reasons_open_source_is_good_for_businesshtmlgt Acesso em 2015 marccedilo 24 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 ROUSE M Computational Fluid Dynamics WhatIscom 2014 Disponivel em ltwhatistechtargetcomdefinitioncomputational-fluid-dynamics-CFDgt Acesso em 24 marccedilo 2015 SINFIC O que eacute uma soluccedilatildeo Open Source Sinfic 2008 Disponivel em ltwwwsinficptSinficWebdisplayconteudodo2numero=24957gt Acesso em 24 marccedilo 2015 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978 Sites para downloads dos softwares livres citados neste trabalho httpwwwscilaborg httpandrejvgithubiowxmaxima httpwwwopenfoamcom httpgfssourceforgenetwikiindexphpMain_Page

191

VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS

Kerolyn Beatriz Gonzalez Surita Maria do Carmo Santos Guedes

Lisete Maria Luiz Fischer Sabrina de Almeida Marques Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

salmeidamarquesuolcombr

RESUMO A Valeriana officinalis eacute uma importante planta utilizada como fitoteraacutepico na induacutestria farmacecircutica Apresenta atividade antiespasmoacutedica hipnoacutetica sedativa tranquilizante e ateacute anticonvulsivante Sua principal utilizaccedilatildeo eacute como ansioliacutetico leve Esta planta possui vaacuterias substacircncias em sua constituiccedilatildeo como oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoacuteides natildeo glicosilados) iridoacuteides glicosilados alcaloacuteides flavonoides e taninos Este artigo visou a identificaccedilatildeo de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis de diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP Os testes de anaacutelise qualitativa utilizando cloreto feacuterrico e oacutexido de magneacutesio mostraram a presenccedila destes componentes nas diferentes amostras Estes testes satildeo de faacutecil execuccedilatildeo e fazem parte dos procedimentos rotineiros em laboratoacuterios farmacecircuticos Palavras chave Valeriana officinalis taninos em plantas medicinais flavonoides em vegetais plantas medicinais anaacutelise qualitativa ABSTRACT Valerian officinalis is an important plant used as herbal medicine in the pharmaceutical industry It presents antispasmodic hypnotic sedative anticonvulsant activity and even tranquilizers Its main use is as a mild anxiolytic This plant has several substances in its constitution as volatile oils valepotriates iridoid glycosides alkaloids flavonoids and tannins This article aimed to identify tannins and flavonoids in dry extract of Valeriana officinalis from different pharmacies in Jundiaiacute region The qualitative tests using iron chloride and magnesium oxide showed the presence of these components in these different samples These tests are easy to perform and are part of the routine processes in pharmaceutical laboratories Keywords

Valeriana officinalis tannins in medicinal plants flavonoids in vegetables medicinal plants qualitative analysis 1 INTRODUCcedilAtildeO A Valeriana officinalis eacute uma planta herbaacutecea perene pertencente a famiacutelia Valerianaceae Seu nome tem origem do Latim onde ldquovalererdquo significa bem estar e ldquoofficinalisrdquo eacute o termo que indica o uso farmacecircutico da planta Eacute tambeacutem conhecida como amantila bardo selvagem erva gata valeriana e badarina mas para os botacircnicos Valeriana officinalis (SOLDATELLI et al 2010) Haacute relatos que a valeriana tenha sido usada por um meacutedico egiacutepcio do seacuteculo IX Em torno do ano 1000 falava-se da valeriana como um medicamento para cura de diversas doenccedilas sobretudo o nervosismo e a epilepsia O uso da valeriana para tratar insocircnia em condiccedilotildees nervosas comeccedilou no final do seacuteculo dezesseis e foi firmemente estabelecido no seacuteculo dezoito (SOLDATELLI 2010) A Valeriana tem sido estudada desde o final dos anos 60 Ela tem como principal funccedilatildeo agir no SNC (Sistema Nervoso Central) Pesquisadores demonstraram a presenccedila de oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoides natildeo glicosilados) iridoides glicosilados alcaloacuteides flavonoacuteides taninos entre outros constituintes Eacute um medicamento fitoteraacutepico registrado com base no uso tradicional que apresenta atividades antiespasmoacutedicas hipnoacuteticas sedativas tranquilizantes tocircnicas e anticonvulsivantes A Valeriana eacute utilizada como anticonvulsivante no Iratilde entretanto em outros paiacuteses estuda-se sua atividade ansioliacutetica e antidepressiva (SILVA 2009 RAMOS amp PIMENTEL 2012) A figura 1 ilustra a Valeriana officinalis

192

Figura 1 Valeriana officinalis (Fonte Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012)

A parte utilizada da valeriana para fins medicinais eacute sua raiz A principal vantagem do uso deste medicamento eacute que eacute isenta de efeitos colaterais nas doses recomendadas seus efeitos natildeo interferem na capacidade de conduzir veiacuteculos ou operar maacutequinas e natildeo causam dependecircncia fiacutesica eou psiacutequica como ocorre com o uso de benzoazepiacutenicos (SOLDATELLI et al 2010) Sua accedilatildeo sedativa pode ser potencializada com a utilizaccedilatildeo concomitante de benzodiazepiacutenicos barbituacutericos e aacutelcool (Nicoletti et al 2007) Nenhum efeito adverso foi relatado em ensaios cliacutenicos com o uso da valeriana exceto sedaccedilatildeo diurna com doses de 900 mg (SOLDATELLI et al 2010) Os taninos satildeo classificados em dois grupos baseando-se em sua estrutura quiacutemica satildeo eles os taninos hidrolisaacuteveis e os taninos condensados Os taninos hidrolisaacuteveis caracterizam-se por um poliol geralmente β-D-glicose onde as hidroxilas presentes em sua estrutura satildeo esterificadas com o aacutecido gaacutelico Os taninos condensados satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados por condensaccedilatildeo Geralmente sua caracterizaccedilatildeo eacute realizada por anaacutelise qualitativa por mudanccedila de coloraccedilatildeo ou precipitaccedilatildeo Eles produzem pigmentos avermelhados e satildeo divididos em dois tipos os com a presenccedila de um hidroxila no carbono 5 e com a ausecircncia de hidroxila no carbono 5 A figura 2 demonstra os dois monocircmeros precursores de diferentes tipos de taninos cada tanino obtido variaraacute de acordo com as substituiccedilotildees realizadas por ligaccedilotildees em seus ldquoRrdquo (REICHERT 2011)

Figura 2 Monocircmeros baacutesicos de taninos condensados (Adaptado de Natural Chemistry Disponiacutevel em httpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1png) Os flavonoacuteides constituem uma importante classe dos polifenoacuteis abundantes entre os metaboacutelitos de plantas uma vez que possuem funccedilotildees de proteccedilatildeo ao vegetal como proteccedilatildeo de incidecircncia de raios ultra-violeta (UV) e visiacutevel (VIS) Estes compostos atuam contra insetos fungos viacuterus e bacteacuterias e ajudam na atraccedilatildeo de animais aleacutem de agirem antioxidantes e controlarem a concentraccedilatildeo de hormocircnios vegetais (REICHERT 2011) A figura 3 ilustra a estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 3 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides (BEHLING 2004)

193 A identificaccedilatildeo de compostos como taninos alcaloides glicosiacutedeos flavonoides saponinas satildeo bastante importantes para o controle de mateacuterias-primas vegetais em farmaacutecias magistrais (CARDOSO 2009) Aleacutem disso estes testes satildeo bastante adequados para o aprendizado do aluno em cursos como Farmaacutecia e Quiacutemica pois trata-se do envolvimento da Quiacutemica Analiacutetica Qualitativa Controle de Qualidade e ainda para Farmacognosia disciplina especiacutefica do curso de Farmaacutecia A identificaccedilatildeo destes compostos se daacute juntamente com estudo de suas propriedades farmacoteraacutepicas Sendo assim o trabalho visou apresentar um procedimento simples qualitativo para a verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis obtidas de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP 2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Material Este estudo concentrou-se em trecircs amostras de extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo As amostras foram identificadas como Amostra 1 (Lote 1211034502 Val 102014) Amostra 2 (Lote 048064 Val 122017) e Amostra 3 (Lote 13011007302 Val 102014) Foram utilizadas as seguintes soluccedilotildees soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico metanol aacutecido cloriacutedrico concentrado e oacutexido de magneacutesio Meacutetodos Presenccedila de Taninos em extrato seco de Valeriana officinalis Pesou-se 02 g de extrato seco de Valeriana officinalis e dissolveu-se em aacutegua destilada Em seguida adicionou-se algumas gotas de soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico O teste eacute positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo azul indicando a presenccedila de taninos hidrolisaacuteveis e verde na presenccedila de taninos condensados (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) Presenccedila de Flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis Dissolveu-se 02 g do extrato seco de Valeriana officinalis em 10 mL de metanol Filtrou-se esta soluccedilatildeo e adicionou-se ao filtrado 15 gotas de aacutecido cloriacutedrico concentrado Em seguida adicionou-se alguns miligramas de oacutexido de magneacutesio O ensaio eacute considerado positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo roacutesea na soluccedilatildeo (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Foi realizada a verificaccedilatildeo qualitativa da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da

regiatildeo de Jundiaiacute-SP A figura 4 mostra os resultados obtidos

Figura 4 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis A literatura aponta a presenccedila de taninos em Valeriana o que foi verificado pela cor esverdeada em todas as amostras (taninos condensados) A coloraccedilatildeo mais intensa foi observada na amostra 2 o que pode estar ligado ao fato deste extrato apresentar coloraccedilatildeo mais forte dos demais Foi tambeacutem realizada a verificaccedilatildeo da presenccedila dos flavonoacuteides nos extratos secos da Valeriana Os resultados estatildeo apresentados na figura 5

Figura 5 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis No teste de identificaccedilatildeo de flavonoacuteides em diferentes extratos de Valeriana verificou-se em todas as amostras a presenccedila deste tipo de composto caracterizado pela cor roacutesea A coloraccedilatildeo foi melhor percebida na amostra 3 Posteriormente a cor de todas as soluccedilotildees foi sendo perdida A literatura indica que estes compostos estatildeo presentes em Valeriana (GONCcedilALVES amp MARTINS 2005) Os experimentos realizados satildeo bastante simples e retomam conceitos importantes sobre a caracteriacutestica quiacutemica de taninos e flavonoacuteides e testes de identificaccedilatildeo que podem ser apresentados nas disciplinas de Quiacutemica

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

194 Analiacutetica Qualitativa Quiacutemica Orgacircnica Farmacognosia entre outras Trata-se de uma abordagem com testes qualitativos visando apenas confirmar ou natildeo a presenccedila destes compostos em vaacuterias espeacutecies vegetais Dentre os princiacutepios ativos presentes na Valeriana destacam-se os sesquiterpenos as lignanas taninos flavonoacuteides e principalmente os valepotriatos cujo marcador eacute o aacutecido valeriacircnico que estaacute presente em torno de 08-10 (SOLDATELLI et al 2010 CARDOSO 2009 ALEXANDRE et al 2008) Sendo assim para a identificaccedilatildeo inequiacutevoca da droga vegetal deveria ser verificada a existecircncia do marcador No caso dos experimentos realizados foi apenas verificada a presenccedila de taninos e flavonoacuteides que como natildeo satildeo marcadores poderiam ateacute pela concentraccedilatildeo na planta ou reaccedilotildees similares de outros constituintes do extrato levar a testes com resultados inconclusivos Para a confirmaccedilatildeo da presenccedila destes componentes sugere-se realizar pelo menos dois tipos de teste de identificaccedilatildeo para cada grupo pesquisado Se ambos resultarem positivos eacute um indicativo forte da presenccedila do grupamento do contraacuterio um terceiro teste deve ser realizado Ressalta-se que os resultados satildeo mais adequados quando realizados a partir da droga vegetal e natildeo do extrato como o feito aqui (CARDOSO 2009) 4 CONCLUSAtildeO A partir dos experimentos propostos foi possiacutevel fazer a identificaccedilatildeo de compostos orgacircnicos como taninos e flavonoacuteides em extratos secos de Valeriana officinalis Os procedimentos realizados satildeo simples e de faacutecil execuccedilatildeo Os conceitos orgacircnicos e analiacuteticos envolvidos e testes rotineiros de controle de qualidade industriais e magistrais de mateacuterias-primas vegetais estatildeo associados permitindo que o aluno consiga aliar seu aprendizado da parte teoacuterica agrave aplicaccedilatildeo no mercado de trabalho Eacute importante mostrar ao aluno que testes de identificaccedilatildeo devem ser confirmados sendo necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de padrotildees ou mesmo mais de um teste qualitativo para a confirmaccedilatildeo da substacircncia O auxiacutelio de controles positivos a fim de se confirmar os resultados de experimentos tambeacutem satildeo bem vindos em anaacutelises qualitativas Os resultados mostram experimentos simples que aliam disciplinas dos cursos de Quiacutemica e Farmaacutecia e promovem espiacuterito criacutetico do aluno a cerca dos resultados obtidos A realizaccedilatildeo de mais experimentos para verificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos componentes do extrato de Valeriana eacute uma proposta do grupo envolvido no trabalho 5 REFEREcircNCIAS ALEXANDRE RF BAGATINI F SIMOtildeES CMO Potenciais interaccedilotildees entre faacutermacos e protudos agrave base de valeriana ou alho Brazilian Journal of Pharmacognosy Curitiba v 18 n 3 p 455-463 JulSet 2008 BEHLING EB SENDAtildeO MC FRANCESCATO HDL ANTUNES LMG BIANCHI MLP Flavonoacuteide Quercetina Aspectos Gerais e Accedilotildees Bioloacutegicas Alim Nutr Araraquara v 15 n 3 p 285-292 2004

CARDOSO CMZ Manual de controle de qualidade de mateacuterias-primas vegetais para farmaacutecia magistral 1ordf ed Satildeo Paulo Pharmabooks 2009 148 p COSTA ALP CAMPOS MP BARBOSA LPJL BEZERRA RM BARBOSA FHF Anaacutelise preliminar qualitativa fitoquiacutemica e do potencial antimicrobiano do extrato bruto hidroalcooacutelico de casca de Bertholletia excelsa Humb amp Bomple (Lecythidaceae) frente a microrganismos gram positivo Ciecircncia Equatorial Macapaacute v 2 n 1 p 26-34 2012 GONCcedilALVES S MARTINS AP Valeriana officinalis Revista Lusoacutefona de Ciecircncias e Tecnologia da Sauacutede Lisboa v 3 n 2 p 209-222 2005 NATURAL CHEMISTRY Disponiacutevel em lthttpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1pnggt Acesso em 10 de junho de 2015 NICOLETTI MA OLIVEIRA JUacuteNIOR MA BERTASSO CC CAPOROSSI PY TAVARES APL Principais interaccedilotildees no uso de medicamentos fitoteraacutepicos Infarma Satildeo Paulo v19 n frac12p 32-40 2007 RAMOS AP PIMENTEL LC Valeriana officinalis como coadjuvante no tratamento de epilepsia Brazilian J Health Satildeo Paulo v 3 n 1 p 24-34 2012 REICHERT CL Avaliaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de modelos comportamentais na busca de planta promissora para produccedilatildeo de novos produtos para ansiedade e depressatildeo na induacutestria farmacecircutica nacional 2011 162 f Tese de Mestrado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Farmacologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2011 Disponiacutevel em lthttpsrepositorioufscbrbitstreamhandle12345678996044295146pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 SOLDATELLI MV RUSCHEL K ISOLAN T MP Valeriana officinalis uma alternativa para o controle da ansiedade odontoloacutegica Stomatos Canoas v 16 n 30 p 90-97 2010 SILVA AV Anaacutelises quiacutemicas de espeacutecies de valerianas brasileiras 2009 185 f Tese de Doutorado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Quiacutemica Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018318403000723661pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwdihittcomnsaude20120319valeriana-officinalis-tranquilizante-natural-que-nao-produz-dependenciagt Acesso em 10 de junho de 2015

195

  • APRESENTACcedilAtildeO
  • Comitecirc de programa e organizaccedilatildeo
  • A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA PARA O PROFESSOR
  • Por Gisele Luzia Matavelli Gigante 07
  • A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA
  • Por Jeremias de Gois Maciel Prof Me Joseacute Augusto dos Santos010
  • A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING
  • Por Constacircncio Bortoni 015
  • A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA
  • Por Jefferson dos Santos Conchetto 021
  • A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA
  • Por Bruna de Souza Lisete Fischer 025
  • AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON
  • Por Ana Paula da Silva Fazan Samira M F Gotarde 032
  • ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES
  • Por Eliane Belmonte Lucenti Liliana Harb Bollos 040
  • A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS
  • Por Nataacutelia de Lima Machado Lisete Maria Luiz Fischer046
  • AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV)
  • Por Fuad Joseacute Daud052
  • ATIVIDADES INTERATIVAS COM A QUIacuteMICA ESTRUTURAL PARA A PREVISAtildeO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
  • Por Alba Denise de Queiroz Ferreira055
  • AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES
  • Por Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato062
  • CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO
  • Por Tamy Cristina Pisck Lisete Maria Luiz Fischer065
  • DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B)
  • Por Kleberson Diego de Castro Prof Paulo Orestes Formigoni069
  • DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA
  • Por Victor de O Turquetto Jeremias de G Maciel Douglas Camila Oliveira Anderson Krol Joseacute Augusto 074
  • EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO
  • Por Mauro Elias Gebran Vacircnia Maria Jorge Nassif080
  • ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB
  • Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni088
  • JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO
  • Por Anderson K de Oliveira Douglas C Santos Camila O Cruz Prof Me David L Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti096
  • MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA
  • Por Douglas C Santos Anderson Krol Camila Oliveira0100
  • O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE
  • Por Prof Dr Antocircnio Reis Junior0106
  • O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA
  • Por Prof Esp Felipe dos Santos Schadt0113
  • O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO
  • Por Faacutebio Pavan0121
  • O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA
  • Por Shirley Barreto Rabelo0124
  • O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I
  • Por Adriane Santos Lima Cleber de Carvalho Lima0130
  • PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO
  • Por Clayton Hernandez Tozatti Denis Pescum0135
  • PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA
  • Por Constacircncio Bortoni0142
  • PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA
  • Por Milton Barros de Oliveira Maria do Carmo Guedes0146
  • REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO
  • Por Nicoly Coelho Willian Timoacuteteo Malouf Eduardo Vieira Vilas Boas0154
  • REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO
  • Por Prof Me David Luiz Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti0159
  • RELATO DO PROJETO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA NA LICENCIATURA EM QUIacuteMICA DA FACCAMP
  • Por Lisete Maria Luiz Fischer Letiacutecia Falconi Boraldo0165
  • SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS
  • Por Paula Letiacutecia da Silva Profordf Doani Emanuela Bertan0171
  • UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S)
  • Por Jaqueline Massagardi Mendes0176
  • UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS
  • Por Artur Cesar de Freitas Victor de Oliveira Turquetto Fernanda Boava Pires0180
  • USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS
  • Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni0185
  • VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS
  • Por Kerolyn B G Surita Maria do Carmo S Guedes Lisete M L Fischer Sabrina de A Marques0191
  • Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacute
  • Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico
  • O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para
  • ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais
  • Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na const
  • ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras
  • Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conh
  • Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro
  • FRUTOS Lara ldquoModerno e Indiacutegenardquo ndash um olhar para os iacutendios contemporacircneos pelas lentes de Artur Tixiliski Causas Perdidas 31 marccedilo 2014 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20140331moderno-e-indigena-um-olhar-para-os indios-c
  • A EXPANSAtildeO DO BALAtildeO BRINCALHAtildeO Autor desconhecido YouTube 04122008 (054 min) leg A expansatildeo do balatildeo brincalhatildeo
  • A QUASE LAcircMPADA DE LAVA (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 9052011 YouTube (445 min) son
  • CONGELE AacuteGUA EM 1 SEG - O SEGREDO Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 18012011 YouTube (523 min) son
  • MISTERIOSA AREIA QUE TEM MEDO DE AacuteGUA (FACcedilA EM CASA) (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 4022014 YouTube (455 min) son Aprenda a fazer em casa a areia natildeo molha
    • ldquoUsing programs Open Source in teaching and research of fluid mechanicsrdquo
Page 2: APRESENTAÇÃO · 2019. 10. 17. · Com enorme satisfação, apresentamos o XI workshop de Ensino e Aprendizagem da FACCAMP, edição 2014/2015. O WEA, como é carinhosamente conhecido

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APRESENTACcedilAtildeO

Com enorme satisfaccedilatildeo apresentamos o XI workshop de Ensino e Aprendizagem da FACCAMP ediccedilatildeo 20142015

O WEA como eacute carinhosamente conhecido por todos noacutes mais uma vez vem socializar a produccedilatildeo cientiacutefica da nossa comunidade escolar Trata-se da publicaccedilatildeo dos resultados de estudos e pesquisa de todas as aacutereas do conhecimento Mais especificamente temos reportes de iniciaccedilotildees cientiacuteficas e trabalhos bem sucedidos em sala de aula nas aacutereas de Fiacutesica Quiacutemica Matemaacutetica Comunicaccedilatildeo Muacutesica Sociologia e Histoacuteria por exemplo

Nesta XI ediccedilatildeo tivemos trabalhos individuais como reporte de pesquisas de pesquisa de doutorado de docentes bem como produccedilotildees realizadas em parceria entre professores e alunos dando a ver resultados de trabalhos de pesquisa realizados na instituiccedilatildeo Eacute interessante observar uma quantidade expressiva de trabalhos que incorporam as temaacuteticas sobre cultura indiacutegena e afro-brasileira que vem dar a ver ndash por exemplo ndasha matemaacutetica usada pelos indiacutegenas ou por japoneses

Desse modo o WEA concretiza a missatildeo da FACCAMP a promoccedilatildeo e busca constante de excelecircncia no ensino na pesquisa e na extensatildeo para a formaccedilatildeo plena do cidadatildeo e da profissional

Desejamos que a leitura seja um bom mergulho cultural e formativo nesta ediccedilatildeo

Professores Fernando Campos e Kelly Oliveira

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Comitecirc de programa e organizaccedilatildeo

Profordf Me Patriacutecia Gentil Passos

Prof Dr Nelson Gentil

Prof Dr Osvaldo Luiz de Oliveira

Profa Dra Alba de Queiroz Ferreira

Prof Dr Fernando Roberto Campos

Profa Dra Liliana Harb Bollos

Profa Dr Lizete Maria Luiz Fischer

Profa Me Kelly Gomes de Oliveira

Profa Dra Maria do Carmo Santos Guedes

Prof Esp Monique Traverzin Ribeiro

Prof Me Cleber de Carvalho Lima

Prof Me Simone Dias da Silva

Prof Dr Faacutebio Villani

Prof Me Silvia Aparecida Fortunato Santos

Prof Me Paulo Orestes Formigoni

Bel Eliane Gonccedilalves dos Santos

Esp Priscila Benette

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt

Esp Diego Carminatti

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Sumaacuterio A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA PARA O PROFESSOR Por Gisele Luzia Matavelli Gigante 7 A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA Por Jeremias de Gois Maciel Prof Me Joseacute Augusto dos Santos 10 A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING Por Constacircncio Bortoni 15 A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA Por Jefferson dos Santos Conchetto 21 A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA Por Bruna de Souza Lisete Fischer 25 AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON Por Ana Paula da Silva Fazan Samira M F Gotarde 32

ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES Por Eliane Belmonte Lucenti Liliana Harb Bollos 40 A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS Por Nataacutelia de Lima Machado Lisete Maria Luiz Fischer 46 AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV) Por Fuad Joseacute Daud 52 ATIVIDADES INTERATIVAS COM A QUIacuteMICA ESTRUTURAL PARA A PREVISAtildeO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Por Alba Denise de Queiroz Ferreira 55 AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES Por Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato 62 CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO Por Tamy Cristina Pisck Lisete Maria Luiz Fischer 65

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DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B) Por Kleberson Diego de Castro Prof Paulo Orestes Formigoni 69 DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA Por Victor de O Turquetto Jeremias de G Maciel Douglas Camila Oliveira Anderson Krol Joseacute Augusto 74 EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO Por Mauro Elias Gebran Vacircnia Maria Jorge Nassif 80 ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 88 JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO Por Anderson K de Oliveira Douglas C Santos Camila O Cruz Prof Me David L Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 96 MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA Por Douglas C Santos Anderson Krol Camila Oliveira 100

O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE Por Prof Dr Antocircnio Reis Junior 106 O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA Por Prof Esp Felipe dos Santos Schadt 113 O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO Por Faacutebio Pavan 121 O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA Por Shirley Barreto Rabelo 124 O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I Por Adriane Santos Lima Cleber de Carvalho Lima 130

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PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO Por Clayton Hernandez Tozatti Denis Pescum 135

PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Por Constacircncio Bortoni 142 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA Por Milton Barros de Oliveira Maria do Carmo Guedes 146 REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO Por Nicoly Coelho Willian Timoacuteteo Malouf Eduardo Vieira Vilas Boas 154 REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO Por Prof Me David Luiz Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 159 RELATO DO PROJETO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA NA LICENCIATURA EM QUIacuteMICA DA FACCAMP Por Lisete Maria Luiz Fischer Letiacutecia Falconi Boraldo 165 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS Por Paula Letiacutecia da Silva Profordf Doani Emanuela Bertan 171

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S) Por Jaqueline Massagardi Mendes 176 UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS Por Artur Cesar de Freitas Victor de Oliveira Turquetto Fernanda Boava Pires 180 USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 185 VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS Por Kerolyn B G Surita Maria do Carmo S Guedes Lisete M L Fischer Sabrina de A Marques 191

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A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeOCONTINUADA PARA O PROFESSOR

Gisele Luzia Matavelli Gigante Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

giselegiganteoutlookcom

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns aspectos referentes agrave importacircncia em considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento bem como a formaccedilatildeo continuada para o professor O artigo apresenta uma breve explanaccedilatildeo a respeito das modificaccedilotildees do cenaacuterio da educaccedilatildeo musical e aponta uma formaccedilatildeo docente partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas Palavras chave Educaccedilatildeo Musical Avaliaccedilatildeo Formaccedilatildeo Continuada ABSTRACT This paper aims to present some aspects of the importance to consider music as an area of knowledge as well as continuing education for teachers The article presents a short explanation of the changes in the landscape of music education and points to a training assuming that everyone is able to learning different each other at your timea and with varied potential

Keywords Music Education Evaluation Continuing Education

INTRODUCcedilAtildeO Antes da colonizaccedilatildeo do Brasil havia a cultura de transmissatildeo oral e informal dos povos indiacutegenas que pode ser similar ao processo que muitas tribos utilizam ateacute hoje de aprendizagem por imitaccedilatildeo e pela convivecircncia com os mais velhos No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a muacutesica era utilizada como recurso para auxiliar a educaccedilatildeo nos aldeamentos Durante dois seacuteculos os jesuiacutetas conseguiram despertar a atenccedilatildeo e a simpatia dos nativos utilizando a muacutesica como eficiente instrumento de catequizaccedilatildeo indiacutegena e compunham melodias cujas letras falavam do Deus cristatildeo Ao longo da nossa histoacuteria o cenaacuterio da muacutesica e da educaccedilatildeo musical sofreu diversas modificaccedilotildees Grande parte da praacutetica musical realizada em sala de aula eacute fruto de uma longa histoacuteria que foi sendo construiacuteda durante seacuteculos e transformando o pensamento e os meacutetodos de muitas geraccedilotildees

Em 2008 com a lei 11 769 institui-se que em todas as escolas brasileiras a muacutesica se torne conteuacutedo obrigatoacuterio (mas natildeo exclusivo) da aacuterea de Arte

Qualquer proposta de ensino precisa abrir espaccedilo para o aluno trazer muacutesica para a sala de aula contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciaccedilatildeo e produccedilatildeo (PCN 1997 p53)

Essa norma foi uma conquista para a educaccedilatildeo mesmo considerando que os Paracircmetros Curriculares Nacionais e Referenciais Curriculares Nacionais Infantis jaacute preconizavam o desenvolvimento da aacuterea como um eixo do conteuacutedo de Arte Contudo a lei favoreceu o despertar do processo de ensino-aprendizagem deste eixo dentro das escolas poreacutem as dificuldades hoje enfrentadas satildeo muitas Dentre elas destaquemos a formaccedilatildeo do profissional para garantir ao educando o acesso a esse saber

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

As Diretrizes Nacionais para a Operacionalizaccedilatildeo do Ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica aprovada em 04 de dezembro de 2013 fundamenta a Educaccedilatildeo Musical no Brasil

[] O ensino da muacutesica deve constituir-se em conteuacutedo curricular interdisciplinar que dialogue com outras aacutereas de conhecimento Desse modo o conhecimento e a vivecircncia da muacutesica como expressatildeo humana e cultural devem ser integrados

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sistematicamente agraves diferentes aacutereas do curriacuteculo (BRASIL 2013 p05)

2 EDUCACcedilAtildeO MUSICAL Em se tratando da trajetoacuteria musical o seacuteculo XIX trouxe mudanccedilas na vida cultural brasileira especialmente na muacutesica com a chegada de D Joatildeo VI e toda sua corte Promoccedilotildees de concertos criaccedilatildeo de orquestras e bandas o aumento de professores particulares de instrumentos e a fundaccedilatildeo de escolas especializadas em muacutesica eram alguns acontecimentos da eacutepoca Entretanto as praacuteticas musicais nas escolas puacuteblicas continuavam a ser norteadas pelo pensamento musical dos seacuteculos anteriores como aquisiccedilatildeo do conhecimento musical pela compreensatildeo intelectual utilizaccedilotildees do repertoacuterio da muacutesica erudita europeia e uso de estrateacutegias de repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo

O natildeo exerciacutecio da criatividade acarreta a falta de autonomia a impossibilidade de reflexatildeo em situaccedilotildees de resoluccedilatildeo de problemas natildeo somente musicais mas tambeacutem em outras aacutereas Anula-se do mesmo modo a expressividade atraveacutes da linguagem musical pois se privilegia a muacutesica como um instrumento de controle e natildeo como uma forma de expressatildeo mesmo que natildeo se tenha consciecircncia disso (KEBACH DUARTE E LEONINI 2010 p 66)

O seacuteculo XX traz a ideia de que todo ser humano possui um potencial musical que deveria ser desenvolvido com as outras habilidades baacutesicas para completar sua formaccedilatildeo integral Em 1971 durante o regime militar uma nova lei foi sancionada O professor de educaccedilatildeo artiacutestica seria polivalente com formaccedilatildeo para atuar nas diversas linguagens da Arte visual teatro danccedila e muacutesica Em geral poreacutem essa formaccedilatildeo era insuficiente para uma atuaccedilatildeo muacuteltipla e a maioria dos profissionais optava apenas por um dos eixos ndash as artes visuais Na deacutecada de 90 iniciou-se um questionamento sobre a polivalecircncia e as licenciaturas em educaccedilatildeo artiacutestica Em 1996 a LDB nordm 9394 apontava uma mudanccedila em relaccedilatildeo ao ensino da aacuterea de artes que passou a constituir um componente curricular obrigatoacuterio nos diversos niacuteveis da educaccedilatildeo baacutesica No ano de 1997 os Paracircmetros Curriculares Nacionais reforccedilam esse olhar indicando princiacutepios norteadores para as quatro linguagens teatro artes visuais danccedila e muacutesica Eacute fato que apoacutes tantos anos sem muacutesica na grade curricular das escolas mesmo com os novos impulsos descritos nos Paracircmetros Curriculares Nacionais a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo musical no Brasil natildeo se resolveu na uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX

Para Fonterrada (2008) a abdicaccedilatildeo do ensino de muacutesica no curriacuteculo escolar eacute um reflexo da Arte concebida pela sociedade sendo vista como entretenimento e lazer

O abandono da educaccedilatildeo musical por parte das escolas e do governo foi acompanhado por profundas modificaccedilotildees na sociedade que se abriu para o lazer e o entretenimento ofertados pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa afastando-se a populaccedilatildeo escolar cada vez mais da praacutetica da muacutesica como atividade pedagoacutegica aderindo em vez disso aos hits do momento e ao consumo da muacutesica da moda do conjunto instrumental da moda do cantor da moda (FONTERRADA 2008 p 12)

O desafio eacute a formaccedilatildeo do professor seja especiacutefico de arte ou o pedagogo em relaccedilatildeo a uma reflexatildeo profunda sobre que tipo de saber musical seraacute levado para dentro das escolas bem como o fazer desse novo conteuacutedo para que transformaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves accedilotildees sejam significativas

A ausecircncia de pesquisas brasileiras que abordem aspectos amplos e especiacuteficos da formaccedilatildeo continuada de educadores e articuladas com os avanccedilos conquistas e problemaacuteticas atuais tecircm mostrado consequecircncias graves na concepccedilatildeo definiccedilatildeo e implantaccedilatildeo de projetos de capacitaccedilatildeo desses profissionais Esses projetos quando natildeo apoiados em resultados de pesquisas que os ajudem a interferir na qualidade e quantidade de suas accedilotildees apresentam-se com algumas dificuldades persistentes dando a impressatildeo de que as mesmas satildeo insuperaacuteveis (FUSARI 1994 p 28)

Na segunda metade do seacuteculo XX a preocupaccedilatildeo em formar didaticamente o professor finalmente atinge o ensino superior Ateacute entatildeo como afirmaram os participantes do congresso sobre didaacutetica realizado em Gand na Beacutelgica em 1954 ldquonatildeo existiu nenhuma preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo a issordquo A universidade natildeo oferece nos cursos de graduaccedilatildeo seja licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica ou Pedagogia uma formaccedilatildeo consistente Natildeo proporciona ainda salas especiacuteficas material didaacutetico instrumentos musicais e ambientes acuacutesticos necessaacuterios Eacute preciso tambeacutem no ensino superior aprender a ensinar

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do

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exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

Comemorada por muacutesicos educadores artistas e outros segmentos da sociedade a nova lei 1176908 coloca um grande desafio traduzir projetos de implantaccedilatildeo da muacutesica cuidadosamente pensados e accedilotildees educativas que considerem as diversas realidades brasileiras

[]quanto mais criticamente se exerccedila a capacidade de aprender tanto mais se constroacutei e desenvolve o que venho chamando ldquocuriosidade epistemoloacutegicardquo sem a qual natildeo alcanccedilamos o conhecimento cabal do objeto (FREIRE 2003 p 24)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Historicamente a muacutesica como aacuterea de conhecimento foi silenciada na escola sendo geralmente utilizada apenas para organizar rotinas eou como apoio didaacutetico para o ensino de outros conteuacutedos Eacute preciso ir aleacutem desta perspectiva e considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento Ter profissionais qualificados para trabalhar com a educaccedilatildeo musical tambeacutem eacute um desafio pois infelizmente a formaccedilatildeo para tal eixo geralmente eacute aligeirada em cursos de Pedagogia e Educaccedilatildeo Artiacutestica Nesta perspectiva configura-se um entrave na Educaccedilatildeo Musical na qual tanto pedagogos natildeo possuem conhecimentos especiacuteficos musicais bem como muacutesicos carecem de conhecimentos pedagoacutegicos Como defente Brito (2003) todos devem ter o diretito de cantar e tocar um instumento ainda que natildeo tenham senso riacutetmico fluente ou afinaccedilatildeo pois as aptidotildees musicais se desenvolvem com uma praacutetica orientada Daiacute a importacircncia da Formaccedilatildeo Continuada ser oferecida aos educadores partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas valorizando a necessidade de se promover metodologias contemporacircneas que procurem trabalhar de forma ativa e criacutetico-reflexiva com os educandos (FERNANDES 2009) Esse processo de Educaccedilatildeo Musical deve - se dar em um ambiente respeitoso sempre valorizando e estiacutemulando cada indiviacuteduo com propostas que dialoguem com outras aacutereas do conhecimento E isso eacute um grande desafio pois pensar no ato de musicalizar exige mudanccedila de postura para efetivamente transformar um cenaacuterio pouco ativo para uma paisagem onde a participaccedilatildeo de todos os sujeitos envolvidos eacute imprescindiacutevel e consequentemente o bom funcionamento de um processo educativo

REFEREcircNCIAS BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia Secretaria de Ensino Fundamental 1998 (3 vol) ________ Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Arte ndash 1 a 4 seacuteries Brasiacutelia SEF 1997 BRASIL Diretrizes Nacionais para operacionalizaccedilatildeo do ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica BrasiacuteliaDF 2013 BRITO Teca Alencar de Muacutesica na Educaccedilatildeo Infantil propostas para a formaccedilatildeo integral da crianccedila Satildeo Paulo Peiroacutepolis 2003 FERNANDES Iveta Maria Borges Aacutevila Muacutesica na escola desafios e perspectivas na formaccedilatildeo contiacutenua de educadores da rede puacuteblica 2009 349p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Educaccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009 DEMO Pedro Avaliaccedilatildeo qualitativa 7 ed Campinas (SP) Autores Associados 2002 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios Um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo 2 Ed Satildeo Paulo Ed Unesp Rio de Janeiro Funarte 2008 FUSARI Joseacute Cerchi Interfaces de um projeto de capacitaccedilatildeo continuada na parceria com Estados e Municiacutepios In CASALI A TOZZI Devanil A NOGUEIRA Sandra Vidal (Orgs) A relaccedilatildeo universidade ndash rede puacuteblica de ensino Desafios agrave reorganizaccedilatildeo curricular da poacutes graduaccedilatildeo em educaccedilatildeo seminaacuterio Satildeo Paulo EDUC 1994 p 21-36 FREIRE Paulo Professora sim tia natildeo 14ordfed Satildeo Paulo Olho Drsquoaacutegua 2003

KEBACH Patriacutecia DUARTE Rosangela LEONINI Maacutercio Ampliaccedilatildeo das concepccedilotildees musicais nas recriaccedilotildees em grupo Revista da ABEM Porto Alegre v 24 p 64-72 set 2010 Disponiacutevel em lthttpabemeducacaomusicalcombrrevista_abemed24revista24_artigo7pdfgt Acesso em 02102013 LIBAcircNEO Joseacute Carlos Organizaccedilatildeo e gestatildeo da escola Teoria e praacutetica 4 Ed Goiacircnia Editora alternativa 2001

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A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jeremiasgoisymailcom

Prof Me Joseacute Augusto dos Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

joseaugustomathgmailcom

RESUMO Este artigo tem o propoacutesito de sinalizar o quanto o povo africano e sua cultura influenciaram na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacutetica Buscamos atraveacutes de fontes arqueoloacutegicas e histoacuterias elementos que apontam que aleacutem da Aacutefrica ser o berccedilo da humanidade tambeacutem o eacute com relaccedilatildeo ao desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico Palavras chave Aacutefrica histoacuteria da matemaacutetica cultura ABSTRACT This article intends to sign how much the African people and their culture influenced the construction of mathematical science We seek through archaeological sources and stories elements that indicate that Africa is the lsquocradle of humanityrsquo as well is related to the development of mathematical logical thinking Keywords Africa the history of mathematics culture INTRODUCcedilAtildeO

Considerando a Lei 106392003 que alterou a Lei no 9394 de 20 de dezembro de 1996 - a LDB para incluir no curriacuteculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira bem como os diversos artigos que tratam sobre a temaacutetica da histoacuteria da matemaacutetica no continente africano atraveacutes da oacutetica da Etnomatemaacutetica o presente trabalho tem por finalidade uma reflexatildeo sobre o tema ldquoA influecircncia africana na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacuteticardquo

Infelizmente quando estudamos os nossos professores no ensino Fundamental e Meacutedio geralmente natildeo citam a Aacutefrica como o berccedilo do conhecimento matemaacutetico esse fato natildeo eacute mencionado nem mesmo no curso de licenciatura em matemaacutetica Apesar de a maioria reconhecer que a humanidade surgiu na Aacutefrica questotildees raciais e discriminatoacuterias muitas das vezes impedem a menccedilatildeo e ou o ensino de toda gecircnese do conhecimento humano africano

Eacute necessaacuterio que os educadores propiciem momento de discussatildeo para transmitir conhecimentos como instrumento de poder para as nossas crianccedilas e

adolescentes ensinando-os que os nossos ancestrais africanos dominavam a ciecircncia matemaacutetica e que natildeo era apenas uma propriedade exclusiva dos europeus Desconstruir o modelo estereotipado que comumente vemos nos livros didaacuteticos nos filmes e outros meios midiaacuteticos de um homem branco detentor do conhecimento intelectual e os demais simplesmente como executores de tarefas A DISSEMINACcedilAtildeO DA VISAtildeO EUROPEacuteIA DE MUNDO

A colonizaccedilatildeo de povos asiaacuteticos africanos e americanos por paiacuteses europeus a partir do seacuteculo XV impocircs a cultura europeia em detrimento da cultura local O estereoacutetipo de homem europeu como detentor do conhecimento e como uma raccedila superior os natildeo europeus como uma subclasse humana eacute discutida na obra de Alexandre Vom Humbolt

ldquoeacute aos habitantes de uma pequena seccedilatildeo da zona temperada que o resto da humanidade deve a primeira revelaccedilatildeo de uma familiaridade intima e racional com forccedilas governando o mundo fiacutesico Aleacutem disso eacute da mesma zona que os germes da civilizaccedilatildeo foram carregadas para as regiotildees dos troacutepicosrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 56 1997)

Este autor de forma sutil ainda relata sobre a missatildeo civilizatoacuteria do homem branco europeu com relaccedilatildeo aos povos colonizados destacando a inferioridade entre os povos

ldquoEncontramos mesmo nas naccedilotildees mais selvagens um certo sentido vago aterrorizado da poderosa unidade das forccedilas naturais e da existecircncia de uma essecircncia invisiacutevel espiritual que manifesta estas forccedilasrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 59 1997)

O autor relata de forma pejorativa ldquonaccedilotildees mais selvagensrdquo que nada relata sobre estes povos suas

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culturas como vivem entre outros detalhes demonstrando que em sua visatildeo o conhecimento e a cultura somente eacute validada aquela produzida pelos colonizadores

O filoacutesofo Osvaldo Spengler em seu estudo sobre a cultura ocidental em meados do seacuteculo XX apoacutes a Primeira Guerra Mundial apresenta uma nova forma de ver a histoacuteria natildeo fragmentada mas ampla considerando contexto histoacuterico dando possibilidade no estudo da ciecircncia matemaacutetica e o seu desenvolvimento como relata em seu texto

ldquoSegue-se disso uma circunstacircncia decisiva que ateacute agora escapou aos proacuteprios matemaacuteticos Se a matemaacutetica fosse uma mera ciecircncia como a Astronomia ou a Mineralogia seria possiacutevel definir o seu objeto haacute muitas Matemaacuteticas lsquo (SPRENGLER Oswald A decadecircncia do Ocidente 1973 p72)

Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacutetico

Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico usado pelas diversas culturas nos diversos focos seja o cognitivo ou o histoacuterico-social

O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para os mesmos fatos histoacutericos e sobre tudo que provoquem a criacutetica histoacuterica Como diz Santos

ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais sociais e poliacuteticos que nos ajudem a reinventar a emancipaccedilatildeo socialrdquo(SANTOS 2005 p 18)

Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na construccedilatildeo do pensamento matemaacutetico Munanga afirma sobre a distinccedilatildeo entre marcadores bioloacutegicos e marcadores culturais quando afirma

ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras e ldquodescobertasrdquo matemaacuteticas estaacute permeado pelo contexto cientiacutefico-cultural africanordquo (Munanga p 13 1999)

Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conhecimentos matemaacuteticos gregos que foram divulgados a partir do seacuteculo V aC jaacute eram conhecidos dos africanos pelo menos mil anos antes como as operaccedilotildees descritas no Papiro de Ahmes

Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro de Ahmes Os quais fazem cair por terra a tese de que a matemaacutetica surgiu na Babilocircnia e na Greacutecia O OSSO DE ISHANGO

Em 1950 foi feita a descoberta por um geoacutelogo

belga na pequena vila de Ishango na fronteira do Zaire com Uganda no continente africano ossos de macaco que media aproximadamente dez centiacutemetros contendo inscritas com as marcaccedilotildees que aparecem para representar nuacutemeros cujo artefato foi datado entre 18 mil a 22 mil anos

A figura abaixo mostra o diagrama e os ossos de Ishango que satildeo marcaccedilotildees bem precisas divididas em trecircs colunas sendo a primeira com quatro nuacutemeros primos 11 13 17 e 19 totalizando 60 a coluna da direita com os nuacutemeros 11 21 19 e 9 que 21= 11+10 e 9= 19-10 dependentes dos primos e que tambeacutem totaliza 60 e a coluna central totalizando 48 todos sendo muacuteltiplos de 12 Podemos concluir que o dono do artefato poderia realizar a contagem com base 12 como vaacuterios povos antigos

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Foto 1 Osso de Ishango Museu Ciecircncia Naturais Bruxelas

Natildeo se sabe exatamente a utilidade deste artefato se era para contagem do ciclo menstrual ou para contagem do tempo com base no ciclo lunar de 6 meses que era uacutetil para a agricultura Mas com certeza era uma forma de organizar a contagem No site ldquoMatemaacutetica do PIrdquo encontramos uma sucinta e razoaacutevel explicaccedilatildeo sobre esta descoberta

ldquoA coluna central comeccedila com 3 traccedilos e logo duplica o seu nuacutemero O mesmo processo eacute repetido com o nuacutemero 4 que se duplica a 8 traccedilos e logo inverte-se o processo com o nuacutemero 10 que eacute dividido pela metade resultando em 5 traccedilos Por isto chega-se agrave conclusatildeo de que estes nuacutemeros natildeo podem ser puramente arbitraacuterios senatildeo que sugestionam algum indiacutecio de caacutelculos de multiplicaccedilatildeo e divisatildeo por 2 O osso poderia ter sido usado portanto como uma ferramenta para levar a cabo procedimentos matemaacuteticos simples Essa visatildeo eacute reforccedilada por olhar para o nuacutemero de entalhes de cada lado da coluna central Os nuacutemeros agrave esquerda e agrave direita da coluna central satildeo todos nuacutemeros iacutempares (9 11 13 17 19 e 21) Aleacutem disso os nuacutemeros na coluna da esquerda satildeo todos nuacutemeros primos sugerindo alguns conhecimentos matemaacuteticos Os nuacutemeros de cada coluna lateral somam 60 e os

nuacutemeros da coluna central somam 48 Ambos os resultados satildeo muacuteltiplos de 12 mais uma vez sugerindo que jaacute existia uma compreensatildeo da multiplicaccedilatildeo e divisatildeordquo (httpjonasportalblogspotcombr201004o-osso-de-ishangohtml)

O OSSO DE LIBOMBO

O mais antigo artefato matemaacutetico conhecido eacute datado de 35000 aC denominado de Osso de Libombo encontrado no sul do continente africano mais especificamente na atual Suazilacircndia um pequeno artefato de 77 cm feito da fiacutebula de um babuiacuteno (osso de macaco) contendo 29 entalhes bem definidos

Haacute o consenso entre os estudiosos que o Osso de Libombo foi uma ferramenta de mediccedilatildeo pois era utilizado como contador de fase lunar possivelmente para ajudar as mulheres a controlarem o periacuteodo do ciclo menstrual como mostra a figura abaixo

Foto 2 Osso de Libombo fonte wwwfisica-interessantecom

PAPIRO DE AHMES

Aleacutem dos artefatos matemaacuteticos antiguiacutessimos temos uma descoberta mais recente trata-se do Papiro de Ahmes datada de 1650 aC tambeacutem conhecido como Papiro de Rhind que leva o nome do colecionador de antiquaacuterios escocecircs Alexandre Henrry Rhinde pessoa a qual o adquiriu na cidade egiacutepcia de Luxor em 1858 Hoje se encontra no Museu Britacircnico cuja dimensatildeo eacute de 55 metros por 32 centiacutemetros de largura conforme foto abaixo

Foto 3 Papiro de Ahmes

fonte httpwwweducfculptdocentesopomboseminariorhindiniciohtm

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Este papiro foi uma compilaccedilatildeo feita por um escriba egiacutepcio denominado Ahmesque que detalha a soluccedilatildeo de 87 problemas que envolvem assuntos do dia a dia egiacutepcio como contagens caacutelculo de aacutereas divisotildees As resoluccedilotildees destes problemas exigiam conhecimentos de fraccedilotildees da aritmeacutetica de regras de trecircs simples de caacutelculos de aacuterea de poliacutegonos regulares e de volumes de soacutelidos geomeacutetricos da trigonometria da raiz quadrada da progressatildeo aritmeacutetica o caacutelculo de circunferecircncia entre outros

De certa forma estes conhecimentos matemaacuteticos jaacute faziam parte do dia a dia dos ldquomatemaacuteticosrdquo africanos por volta de 1850 aC bem anterior aos ldquopais da matemaacuteticardquo1 antiga os gregos Tales Pitaacutegoras e Euclides

HEGEMONIA DA MATEMAacuteTICA OCIDENTAL

Embora as descobertas citadas acima indiquem as

raiacutezes do surgimento do pensamento matemaacutetico no continente africano sabemos que no mundo antigo o domiacutenio da escrita e do caacutelculo concentrou-se nas matildeos de poucos principalmente das grandes potecircncias mundiais como a Babilocircnia Medo Persa Greacutecia Roma mais tardiamente os Aacuterabes todos os conhecimentos dos povos dominados eram apropriados pelos dominadores Lembrando que a histoacuteria que nos eacute contada eacute a histoacuteria do ponto de vista dos dominadores e natildeo dos dominados

Temos consciecircncia que a investigaccedilotildees das genealogias natildeo satildeo algo preciso principalmente quando citamos datas e personagens fora do contexto histoacuterico Eacute exatamente o que aparece nos livros didaacuteticos quando abordam a histoacuteria das ciecircncias que satildeo geralmente europocecircntricas2 veja o que diz Shoat em seu texto

ldquo[] fazer engenhosas acrobacias para lsquopurificarrsquo a Greacutecia claacutessica de todas as lsquocontaminaccedilotildeesrsquo africanas e asiaacuteticas Tinha que explicar por exemplo as inuacutemeras homenagens gregas a culturas afro-asiaacuteticas a descriccedilatildeo de Homero dos lsquoirrepreensiacuteveis etiacuteopesrsquo o casamento de Moiseacutes com a filha de Kush4 e as frequentes referecircncias aos lsquoKaloskaghatosrsquo (bons e belos) africanos na literatura claacutessicardquo (SHOHAT 2004 p 28)

A hegemonia europeia da matemaacutetica que eacute registrada nas literaturas diversas sobre a histoacuteria da

1 A denominaccedilatildeo pais matemaacuteticos eacute tambeacutem uma visatildeo estereotipada que comumente eacute tratado os referidos personagens nos livros didaacuteticos Pois pai eacute o que daacute origem iniacutecio Sabemos que jaacute havia muito conhecimento da matemaacutetica anterior aos referidos personagens gregos 2 Eurocentrismo eacute a cultura europeacuteia com bases central do pensamento

ciecircncia estaacute atrelada agrave dominaccedilatildeo deste continente sobre outros povos como afirma DrsquoAmbroacutesio em seu texto

ldquo[] expansatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental e assim associada a um sistema de dominaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica que resultou desse processo de expansatildeo Supostamente ao falarmos de raiacutezes socioculturais essas consideraccedilotildees natildeo podem ser esquecidas e a matemaacutetica como conhecimento de base para a tecnologia e para o modelo organizacional da sociedade moderna estaacute presente de maneira muito intensa em tudo isso A matemaacutetica e o processo de dominaccedilatildeo que prevalece nas relaccedilotildees com o que eacute hoje o Terceiro Mundo estatildeo intimamente associados [] Em resumo a matemaacutetica estaacute associada a um processo de dominaccedilatildeo e agrave estrutura de poder desse processordquo (DrsquoAMBROacuteSIO 1998 p 14)

Outros autores que indicam em seus textos a apropriaccedilatildeo indeacutebita do patrimocircnio cultural africano pela civilizaccedilatildeo greco-romana que urge por uma revisatildeo histoacuterico epistemoloacutegica como afirmou Boyer

ldquo[] Os gregos natildeo hesitavam nada em absorver elemento de outras culturas de outra forma natildeo teriam aprendido tatildeo depressa como passar na frente de seus predecessoresrdquo (BOYER 1996 p 31)

Eacute conhecido que grande parte do conhecimento

matemaacutetico foi levado para a Greacutecia atraveacutes de processos desonestos ou violentos Os escritores gregos em vaacuterios casos apresentavam-se como autores de conceitos ou teorias que haviam aprendido com mestres africanos O saque da biblioteca de Alexandria foi um episoacutedio central nesse processo pois a destruiccedilatildeo ou deslocamento dos textos antigos destituiu o Egito de suas fontes primaacuterias

Suspeito que a branquitude3 encontra na matemaacutetica lugar de grande potencialidade Por traacutes de muitos enunciados emerge um discurso colonial de afirmaccedilatildeo de superioridade cultural dos ocidentais Dito de outra maneira a narrativa matemaacutetica contribui para a consolidaccedilatildeo de um sentimento de superioridade civilizatoacuteria em detrimento dos africanos e seus descendentes

E eacute neste ponto que problematizamos a fabricaccedilatildeo de uma Aacutefrica selvagem e matematicamente analfabeta cuja influecircncia do africano ou do negro para muitos estaacute apenas voltada para o luacutedico a culinaacuteria e o esporte De igual modo a cultura Egiacutepcia em boa medida

3 Por branquitude queremos dizer a eliminaccedilatildeo de matemaacuteticos negros da histoacuteria da matemaacutetica

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eacute pensada de maneira distante dos descendentes de africanos no Brasil

A escrita da histoacuteria da matemaacutetica chega ao cotidiano escolar produzindo sentidos e representaccedilotildees ldquotradicionalmente o pai da matemaacutetica grega eacute Tales de Mileto um mercador que visitou a Babilocircnia e o Egito na primeira metade do seacuteculo VI aCrdquo (STRUIK 1997 p 73)

A afirmativa de Struik no singular revela um pouco da presenccedila do ideaacuterio colonizador que escreve a histoacuteria da matemaacutetica propondo uma ideia de marco inaugural ou um ponto de origem

O apagamento civilizatoacuterio africano no desenvolvimento histoacuterico da matemaacutetica eacute condicionado aleacutem de outros pelo fato de a Aacutefrica ser narrada numa histoacuteria eurocentrista como um continente sem civilizaccedilatildeo A histoacuteria da matemaacutetica os processos civilizatoacuterios satildeo mostrados como resultantes de apenas duas matrizes culturais dicotomizadas entre Oriente e Ocidente

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante das reflexotildees apresentadas no desenvolvimento deste trabalho procuramos apontar que parte dos conhecimentos que utilizamos nos Curriacuteculos da matemaacutetica eacute de origem africana oriundos principalmente da civilizaccedilatildeo egiacutepcia E que durante o desenvolvimento da histoacuteria da humanidade os vaacuterios dominadores apropriaram dos conhecimentos matemaacuteticos africanos ocultando a fonte primeira As provocaccedilotildees que aqui foram feitas poderatildeo servir para dar iniacutecio a um estudo mais aprofundado do assunto podendo mudar o modo de apresentar o conhecimento matemaacutetico em sala da aula dando ouvidos aos fatos histoacutericos no desenvolvimento da matemaacutetica REFEREcircNCIAS BOYER Carll (1996) Histoacuteria da Matemaacutetica Ed Edgar Bluxh 2ordm Ed Trad Elza Gomides

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A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING

Constacircncio Bortoni Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

constanciobortonifaccampbr

RESUMO Este artigo discute conceito e o processo implementaccedilatildeo da filosofia Lean em linha de montagem de NOTEBOOK Processo de manufatura ASSY (assembly) e placa de circuitos eletrocircnicos MOTHERBOARD de tecnologia SMT (Surface Mount Technology) Processo de manufatura SMT Isso por meio da mudanccedila da cultura dos funcionaacuterios e da forma de planejar cujo foco esteja em melhor fluxo de processo maior produtividade e rentabilidade ou seja na melhoria dos indicadores de qualidade Foram usadas como base as caracteriacutesticas reais de uma manufatura jaacute definida haacute trecircs anos trabalhando em metodologia ldquolong Linerdquo e sem a filosofia Lean para a aplicaccedilatildeo da metodologia ldquoCell Linerdquo Isso se deu utilizando os conceitos as ferramentas e as bases estruturais da filosofia LEAN Palavras chave Filosofia Lean ldquoCell Linerdquo Fluxo de processo Produtividade Melhoria da Qualidade e Rentabilidade ABSTRACT This paper discusses the Lean philosophy concepts and implementation in a NOTEBOOK assembly line (ASSY Manufacturing Process) and electronics circuit board MOTHERBOARD technology SMT (Surface Mount Technology Manufacturing Process) It was carried on by changing the employeesrsquo culture and the way of planning which was focused on better flow process increasing productivity profitability and quality improvement This article was based on real features and data of a real manufacturing that already was set for 3 years worked in methodology long line without the Lean philosophy It was developed by the application of the methodology Cell Line using the concepts tools and structural bases of the Lean philosophy Keywords Lean philosophy Cell Line Process Flow Productivity Quality Improvement and Profitability INTRODUCcedilAtildeO Numa manufatura enxuta a administraccedilatildeo deve ser visual simples e direta O tempo de resposta a problemas deve ser zero Informar com clareza visual o

que fazer e como fazer no momento exato sem sombra de duacutevidas eacute o objetivo do gerenciamento visual Fluxo contiacutenuo e ceacutelulas de manufatura (preferencialmente em formato de U) eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo A filosofia Lean manufacturing deve ser implementada desde o chatildeo de faacutebrica ateacute sua gerecircncia para que os objetivos tornem-se alinhados Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo A implementaccedilatildeo da filosofia Lean gera uma mudanccedila radical nos meacutetodos de produccedilatildeo e de trabalho de uma empresa e para isso esta deve ter agrave frente um presidente ou um diretor com poderes de decisatildeo e apoio irrestrito da presidecircncia Pois a mudanccedila da mentalidade das pessoas envolvidas e principalmente a conscientizaccedilatildeo da alta gerecircncia para o apoio as mudanccedilas satildeo os entraves para se melhorar processos mudar a maneira de fazer e pensar Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 21 O Sistema de Manufatura Enxuta O sistema de manufatura enxuta (Lean manufacturing) evoluiu do sistema produtivo criado por Eiji Toyada Taiichi Ohno e Shigeo Shingo desenvolvido para a Toyota Motor Corporation no periacuteodo apoacutes 2ordf Guerra Mundial Nesse periacuteodo o Japatildeo passava por escassez de recursos humanos financeiros e materiais Com isso a Toyota precisava focar na reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo das tarefas que natildeo agregavam valor para conseguir vantagens competitivas com as concorrentes Americanas e Europeias Assim surgia o Sistema de Produccedilatildeo Toyota (TPS) fundada no desenvolvimento de pessoas processos e focada na eliminaccedilatildeo do desperdiacutecio e criaccedilatildeo de valor O termo pensamento enxuto (Lean thinking) foi usado pela primeira vez por James Womack e Daniel Jones em 1996 Desde entatildeo a filosofia do

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pensamento enxuto vem alcanccedilando grande reputaccedilatildeo e passou tambeacutem a ser aplicado em todas as aacutereas de atividades econocircmicas com fins-lucrativos setor puacuteblico e organizaccedilotildees sem fins-lucrativos

[] O PENSAMENTO ENXUTO eacute uma maneira de vocecirc pensar a melhoria e a (re)organizaccedilatildeo de um ambiente produtivo A aposta-chave eacute a de que entendendo o que eacute valor para o cliente vocecirc seraacute capaz de identificar e eliminar os desperdiacutecios via o melhoramento contiacutenuo dos processos de produccedilatildeo e assim alavancar a sua posiccedilatildeo competitiva em particular no que se refere aos fatores como a velocidade no atendimento aos clientes a flexibilidade para se ajustar ao seus desejos especiacuteficos a qualidade e o preccedilo do produto ou serviccedilo ofertados (COSTA JARDIM 2010)

Segundo Costa RS amp Jardim EGM (2010) e Pinto J P (2009) o pensamento enxuto eacute alicerccedilado por 5 princiacutepios de raciociacutenio que simplificam o modo de produccedilatildeo entrega valor aos seus clientes e eliminam o desperdiacutecios

1 Definir Valor 2 Mapear o fluxo de produccedilatildeo 3 Implementar o fluxo contiacutenuo 4 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada 5 Buscar a perfeiccedilatildeo

211 Definir Valor A nossa tendecircncia eacute classificar valor quando nos referimos a um produto ou serviccedilo que usamos ou compramos mas no pensamento enxuto a conotaccedilatildeo de valor eacute bem mais ampla Para a filosofia do pensamento enxuto valor eacute tudo que justifica atenccedilatildeo esforccedilo e tempo dedicado para a realizaccedilatildeo de algo Tambeacutem devemos classificar o desperdiacutecio como uma subordinaccedilatildeo a essa caracterizaccedilatildeo de valor e que desperdiacutecio eacute toda atividade que eacute realizada que natildeo acrescenta valor O cliente eacute quem define o valor e este eacute referente agraves caracteriacutesticas dos produtosserviccedilos que satisfazem agraves expectativas e aos anseios dos clientes lembrando que eacute o valor que manteacutem os clientes interessados nos negoacutecios de uma organizaccedilatildeo Muito importante salientar que natildeo apenas os clientes esperam receber valor das organizaccedilotildees contratadas mas tambeacutem todos envolvidos nesse processo (stakeholders) colaboradores acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo Assim a organizaccedilatildeo para criar valor para todos os stakeholders deve ter foco nas atividades que satisfaccedilam as expectativas destes eliminando todas as formas de desperdiacutecio 212 Mapear o fluxo de produccedilatildeo O primeiro passo eacute desenhar o fluxo que bem represente as atividades corretamente realizadas na organizaccedilatildeo Isto fornece a informaccedilatildeo que vocecirc precisa para desenvolver um estado futuro E se houver diferentes produtos eou serviccedilos selecione o fluxo que

seja mais relevante para o resultado do sistema Nesse estaacutegio jaacute se tem o conhecimento dos paracircmetros adequados para a definiccedilatildeo das atividades que agregam ou natildeo agregam valor ao cliente Posteriormente eacute necessaacuterio fazer a anaacutelise de como eacute o caminho do material e a informaccedilatildeo nesse fluxo sempre atento aos tempos de cada estaacutegio de fila armazenamentos retrabalhos inspeccedilotildees e controles O foco eacute para o fluxo correntemente Aquelas atividades podem ser necessidades mas ndash de fato ndash constituem-se em desperdiacutecios que em nada interessam aos clientes ao qual importa que o produtoserviccedilo tenha preccedilo qualidade e seja entregue conforme especificaccedilotildees Com o mapa do fluxo atual o proacuteximo passo eacute a confecccedilatildeo do fluxo ideal O ponto chave eacute natildeo ser fixar as soluccedilotildees existentes Perceba com o que eacute necessaacuterio que se lide no dia a dia as limitaccedilotildees de maacutequinas recursos (pessoa e dinheiro) e tempo mas natildeo deixar estas restriccedilotildees influenciar na visatildeo ideal Com os mapas dos dois fluxos defini-se o novo mapa do fluxo possiacutevel para as atuais condiccedilotildees o mapa do estado futuro 213 Implementar o fluxo contiacutenuo O fluxo contiacutenuo eacute o processo de produzir uma peccedila de cada vez com os itens passando de um posto de trabalho para o outro sem nenhuma parada Sendo assim um modo mais eficaz de produccedilatildeo que evita desperdiacutecios de tempo e recursos Nesse estaacutegio deve-se sincronizar os meios envolvidos na criaccedilatildeo de valor para todas as partes Fluxo de materiais de capital de pessoas e de informaccedilatildeo 214 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada O efeito da criaccedilatildeo de um Fluxo de Valor pode ser sentido na reduccedilatildeo dos tempos de concepccedilatildeo de produtos de processamento de pedidos e em estoques Ou seja ser veloz no atendimento de uma demanda e entatildeo em vez de tentar adivinhar o que vai acontecer amanhatilde a empresa poderaacute se dar ao luxo de esperar a chegada do pedido e soacute entatildeo disparar a produccedilatildeo Ter a capacidade de desenvolver produzir e distribuir rapidamente daacute ao produto uma atualidade a empresa pode atender agrave necessidade dos clientes quase que instantaneamente Isso permite a empresa inverter o fluxo produtivo as empresas natildeo mais empurram os produtos para o consumidor (desovar estoques) atraveacutes de descontos promoccedilotildees e leve dois pague um O consumidor passa a puxar a produccedilatildeo eliminando estoques e dando valor ao produto eacute a Produccedilatildeo Puxada Toda essa mudanccedila significa uma vantagem competitiva irresistiacutevel leveza para atender imediatamente os desejos do cliente Com pequenos lotes e demanda puxada a empresa manteacutem-se com muito mais facilidade o foco e a concentraccedilatildeo em gerar valor para o cliente Gerando a reduccedilatildeo de custos esforccedilos tempos e espaccedilos 215 Buscar a perfeiccedilatildeo A Perfeiccedilatildeo e melhoria contiacutenua satildeo realidades Em um processo transparente em que todos os membros da cadeia (Stakeholders) tenham conhecimento do

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processo como um todo podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de criar Valor As empresas estatildeo aprendendo que o sucesso depende fundamentalmente das pessoas Com a filosofia LEAN as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Sendo que as trasnformaccedilotildees estrateacutegicas satildeo pautadas na responsabilizaccedilatildeo desenvolvimento teacutecnico e autonomia das equipes de linha de frente

[] Grupos e ferramentas para a melhoria contiacutenua gestatildeo visual e semiautocircnoma auto-gestatildeo da performance cotidiana feedback frequente e resposta raacutepida satildeo alguns dentre os vaacuterios instrumentos propostos pelo LEAN para interligar as accedilotildees do dia a dia e a oferta de valor para os clientes Womack e Jones que estudaram durante anos o sistema Toyota de Produccedilatildeo e mais adiante cunharam o termo LEAN MANUFACTURING registram com sua experiecircncia de anos junto a empresas que seguiram este caminho ldquoagrave medida que as organizaccedilotildees comeccedilam a especificar valor com precisatildeo identificam o fluxo de valor total agrave medida em vatildeo transformando o seu sistema na direccedilatildeo do fluxo contiacutenuo e deixam que o cliente puxe a sua produccedilatildeo algo muito estranho comeccedila a ocorrer Ocorre aos envolvidos que o processo de reduccedilatildeo de esforccedilo tempo espaccedilo custo e erros eacute infinito (COSTA JARDIM 2010)

As melhorias de processo satildeo geralmente implementadas atraveacutes das ferramentas Kaizen e 3Ps O ldquoKaizenrdquo eacute uma palavra japonesa que significa melhoria contiacutenua e utiliza uma riacutegida metodologia que coloca foco nas atividades de mudanccedila No kaizen deve-se dar ecircnfase agraves filosofias da metodologia da Manufatura Enxuta puxada da produccedilatildeo pelo cliente identificaccedilatildeo da cadeia de fluxo de valor eliminaccedilatildeo de desperdiacutecios implantaccedilatildeo de cartotildees de controle de material (kanban) procedimentos de entrega no tempo correto (just in time) fluxo contiacutenuo etc Segundo HOHMANN (2002) o Kaizen seraacute bem sucedido se for definido um patrocinador para o projeto (fazendo com que a informaccedilatildeo entre as pessoas e aacutereas envolvidas seja transparente e eficaz) tudo seja documentado definiccedilatildeo de liacutederes para cada grupo e ter os objetivos claros e mensuraacuteveis ndash como por exemplo tempo do processo quantidade de material utilizado e o iacutendice de produtividade Outra ferramenta muito utilizada eacute o 3Ps - produccedilatildeo preparaccedilatildeo e processo A ferramenta 3 Ps eacute a designaccedilatildeo de um meacutetodo para desenhar processos de produccedilatildeo enxuta ou simplesmente obter soluccedilotildees aos problemas de fluxo de criaccedilatildeo do valor na produccedilatildeo tendo como consequecircncia a radical inovaccedilatildeo do estado atual Criam-se processos naturalmente enxutos isto eacute que por natureza natildeo apresentam limitaccedilotildees ao fluxo e ao sistema de puxar a produccedilatildeo

22 Aplicaccedilatildeo de Manufatura Enxuta Conforme LIKER J amp HOSEOS M (2008) toda e qualquer grande mudanccedila em uma empresa deve ser liderada pelos cargos de alta gestatildeo e para aplicaccedilatildeo da manufatura enxuta natildeo eacute diferente Esse eacute um ponto muito importante pois soacute assim se tem a participaccedilatildeo efetiva e aderecircncia de todos na empresa Com esse apoio da alta direccedilatildeo os responsaacutevies pela implementaccedilatildeo que tenham o conhecimento e vontade conseguem desenvolver o projeto da manufatura enxuta

[] Um dos maiores problemas na transformaccedilatildeo Lean eacute a carecircncia de conhecimento teacutecnico e de comportamentos adequados por parte da meacutedia Gerecircncia A definiccedilatildeo e implementaccedilatildeo de planos de accedilatildeo por parte de Coordenadores Lean que normalmente natildeo fazem parte da linha de frente da empresa tem dificuldades de sustentaccedilatildeo quando a meacutedia Gerecircncia natildeo compreende e assim natildeo apoacuteia as mudanccedilas que se pretende implementar (LIKER HOSEOS 2008)

Outro ponto muito importante na implementaccedilatildeo da filosofia Lean eacute a adesatildeo de todos os funcionaacuterios da empresa com o completo entendimento da filosofia Lean Como citado anteriormente as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Se houver resistecircncia por parte das pessoas a implementaccedilatildeo da filosofia Lean natildeo teraacute sucesso

[] A implantaccedilatildeo desse processo bem como de qualquer e todo processo de mudanccedila suscita comportamentos que podem ir desde a aceitaccedilatildeo ateacute a resistecircncia As mudanccedilas podem significar uma ameaccedila ao conhecido e familiar segundo Motta (1997) Nada eacute mais natural do que funcionaacuterios se revelarem apreensivos sobre suas tarefas e seu emprego quando ficam sabendo das mudanccedilas Em situaccedilotildees conflitantes com seus interesses ameaccedilados haacute uma tendecircncia das pessoas a se aliarem ou se confrontarem com as novas propostas com o objetivo de salvaguardar as suas conquistas e os seus valores Segundo Hernandez e Caldas (2001) tanto a literatura acadecircmica quanto a gerencial tendem a apontar a resistecircncia agrave mudanccedila como uma das principais barreiras agrave mudanccedila bem sucedida As fontes individuais de resistecircncia agrave mudanccedila estatildeo associadas agrave inseguranccedila econocircmica medo do desconhecido ameaccedilas ao conviacutevio social haacutebito e dificuldade em reconhecer a necessidade de mudanccedila As fontes organizacionais referem-se agraves seguintes caracteriacutesticas ineacutercia estrutural foco limitado de mudanccedila ineacutercia do grupo ameaccedila agrave especializaccedilatildeo ameaccedilas agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas e ameaccedilas agraves alocaccedilotildees de recursos estabelecidas (SANTOS 2010)

A mudanccedila de um processo de produccedilatildeo tradicional para o processo de Manufatura Enxuta requer uma mudanccedila radical no pensamento e modo de agir das

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pessoas o que eacute mais difiacutecil de se conseguir do que obter recursos financeiros Para essa mudanccedila de grande estrutura a ferramenta do KAIZEN eacute utilizada e assim buscar a melhoria contiacutenua Entretanto todo novo projeto por mais que bem estruturado inicialmente natildeo apresenta todas as vaacuteriaacuteveis do processo que seratildeo reorganizadas e melhoradas com o KAIZEN Neste primeiro estaacutegio utiliza-se entatildeo a ferramenta 3Ps do LEAN Para tal eacute necessaacuteria a criaccedilatildeo de um grupo multidisciplinar de diferentes aacutereas que integrem as necessidades dos mais diferentes enfoques sobre o produto processo custos e equipamentos Assim desenvolvem-se como um todo os processos da empresa seguindo os princiacutepios da produccedilatildeo enxuta Segundo WOMACK JAMES (2009) pode ser seguida nos 3 seguintes passo Criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema fluxo contiacutenuo produccedilatildeo puxada e autonomaccedilatildeo O objetivo eacute a criaccedilatildeo de pelo menos sete processos alternativos Escolha dos trecircs melhores processos alternativos Para tal eacute usado uma avaliaccedilatildeo de 14 itens conforme um sistema de Produccedilatildeo Enxuta avanccedilado em que cada processo alternativo recebe uma nota para cada item e os trecircs iteacutens com as maiores notas satildeo escolhidos pelo grupo Simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos O melhor processo a ser escolhido seraacute aquele cujo conceito foi devidamente simulado e revelou-se mais proacuteximo ao atendimento pleno dos quesitos do sistema aleacutem de ter obtido desempenho superior aos outros conceitos de processos simulados DESENVOLVIMENTOS E RESULTADOS A implementaccedilatildeo do sistema Lean manufacturing teve iniacutecio em 2010 quando comeccedilaram os estudos das alteraccedilotildees necessaacuterioas de lay-out meacutetodo de trabalho e planejamento de materiais Seguindo os trecircs passos de WOMACK J (2009) de criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema escolha dos trecircs melhores processos alternativos e simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos concluiu-se que o melhor resultado seria a implementaccedilatildeo de manufatura em ceacutelula e a criaccedilatildeo de um supermecado para abastecer a linha de produccedilatildeo Umas das principais caracteriacutesticas apoacutes a implantaccedilatildeo da linha de produccedilatildeo em Ceacutelula eacute a de que as pessoas passam a trabalhar mais em time pois satildeo partes de um fluxo contiacutenuo em que a parada em um posto leva a parada imediata das operaccedilotildees seguinte O funcionaacuterio passa a se sentir ldquodonordquo do ambiente de trabalho e uma ldquopessoa importanterdquo nas tomadas de decisotildees Deste modo as pessoas devem ser treinadas para assumir maiores responsabilidades e serem mais donas das metas Gerando uma transformaccedilatildeo da

mentalidade das pessoas que trabalham na linha devido aos resultados que estes conceitos trazem e de forma raacutepida Com a mudanccedila de mentalidade vem a mudanccedila de atitude que por sua vez alavanca uma visatildeo muito mais criacutetica do trabalho que eacute realizado gerando aperfeiccediloamento criatividade disciplina e melhoria Estes sentimentos resultam em um trabalho realizado com primor com prevenccedilatildeo a falhas com disciplina com inovaccedilatildeo levando a resultados de excelecircncia Outra caracteriacutestica importante eacute a de que os problemas de qualidade satildeo identificados e corrigidos antes que haja grandes quantidades de produtos rejeitados resultando em maior produtividade e menos produtos rejeitados no chatildeo de faacutebrica Assim faz-se com que automaticamente a quantidade de material seja reduzida no processo facilitando a busca pelo zero defeito e otimizaccedilatildeo dos recursos da produccedilatildeo A manufatura em ceacutelula tem seus benefiacutecios refletidos tambeacutem na qualidade do produto pois durante o fluxo de produccedilatildeo como existem poucos produtos em processo Os produtos defeituosos se destacam e tornam-se um incomodo visual para todos Assim todos agem para que a qualidade fique dentro das metas preacute-estabelecidas A produccedilatildeo enxuta gera uma alta qualidade devido agrave reduccedilatildeo dos niacuteveis de inventaacuterio agrave melhora da visualizaccedilatildeo do produto em seu fluxo agrave disciplina que ela propotildee gerando o comprometimento foco e conhecimento dos funcionaacuterios agraves accedilotildees preventivas que evitam falhas em toda a cadeia produtiva agrave padronizaccedilatildeo que garante accedilotildees constantes e assertivas bem como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de produto defeituoso Com todas essas accedilotildees de melhorias tem-se menor desperdiacutecio e sem desperdiacutecio o dinheiro eacute utilizado de forma inteligente comedida e assertiva O dinheiro que natildeo eacute desperdiccedilado eacute utilizado em melhorias nos processos que se tornaratildeo mais produtivos com uma melhor utilizaccedilatildeo dos recursos Mais produccedilatildeo significa mais ganho financeiro mais qualidade significa mais competitividade mais clientes mais negoacutecios e assim por diante Abaixo tem-se o resultado apoacutes a implementaccedilatildeo do novo processo de manufatura em ceacutelula e supermecado Os graacuteficos mostram os resultados mecircs a mecircs para os anos de 2011 - ano do iniacutecio da implementaccedilatildeo e de 2012 Os iacutendiacuteces que usamos para medir a performance foi o UPPH - quantidade de unidades produzidas por funcionaacuterio por hora e a relaccedilatildeo de perdas pelo produzido Esse novo processo foi implementado em dois processos de manufatura o processo SMT - processo de manufatura e montagem das placas de circuito eletrocircnico com a tecnologia SMT e o porcesso ASSY - processo de manufatura e montagem dos noteboks por completo

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FIG 1 ndash Graacutefico de resultado do processo SMT para os

anos de 2011 e 2012

FIG 2 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo SMT entre os anos de 2011 e 2012

FIG 3 ndash Graacutefico de resultado do processo ASSY para os

anos de 2011 e 2012

FIG 4 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo ASSY entre os anos de 2011 e 2012

FIG 5 ndash Graacutefico de resultado da relaccedilatildeo de perdas pela produzido nos processos SMT e ASSY para os anos de

2011 e 2012 Analisando as FIG 1 2 3 4 e 5 vemos que com a implementaccedilatildeo da filisofia LEAN os iacutendices de produtividade e de desperdiacutecios - chamadas perdas - tiveram uma queda muito expressiva Quando comparamos o mecircs de janeiro de 2011(antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com janeiro 2012 (6 meses apoacutes o iniacutecio da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) temos um aumento de produtividade no processo de SMT de 62 e processo de ASSY de 64 Tambeacutem tivemos uma reduccedilatildeo muito grande (de 044 para 0084) do desperdiacutecio para o mesmo periacuteodo de comparaccedilatildeo Ao fazer a comparaccedilatildeo do mecircs de maio de 2011 (uacuteltimo mecircs antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com o mecircs de maio de 2012 (1 ano de implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) tem-se um resultado mais expressivo ainda no aumento de produtividade A produtividade no processo SMT aumentou 88 e a produtividade para o processo ASSY aumentou 85 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Com a implementaccedilatildeo da filosofia LEAN do fluxo contiacutenuo e da manufatura em ceacutelulas a produtividade aumenta e eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores Esse trabalho foi feito considerando as caracteriacutesticas reais de manufatura e dois processos distintos (SMT e ASSY) Aplicamos os mesmos conceitos de LEAN MANUFACTURING a ambos os processos e os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir nesse estudo toda a cadeia de produccedilatildeo como o planejamento de materiais e warehouse e seus respectivos iacutendices de controle

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezASSY 2011 05 053 059 055 062 068 079 087 094 103 1 093ASSY 2012 082 086 099 085 115 111 11 105 1 108 105 108

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UP

PH

UPPH Processo ASSY

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ROHMANN C Author of A World of Ideas The Dictionary of Important Ideas and Thinkers 2009 COSTA RS JARDIM EGM - Os cinco passos do pensamento enxuto NET Rio de Janeiro 2010 Disponiacutevel em httpwwwtrilhaprojetoscombr HERNANDEZ J M C CALDAS M P Resistecircncia agrave mudanccedila uma revisatildeo criacutetica Revista de Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v 41 n 2 p 31-45 abrjun 2001 Lean Enterprise Institute - wwwLeanorg 15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Institute Brasil ndash wwwLeanorgbr15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Thinking Conceitos e Aplicaccedilotildees Lean Institute Brasil ndash Maio02 SLATER R WELCH J O executivo do seacuteculo ndash Os insigths e segredos que criaram o estilo GE Satildeo Paulo Negoacutecio Editora 1999 PINTO J P Lean Thinking Novas janelas de oprotunidades para as organizaccedilotildees Comunidade Lean Thinking ndash 2009 Disponiacutevel em httpwwwslidesharenetComunidade_Lean_ThinkingLean-thinking ROTHER M SHOOK J Aprendendo a enxergar The Lean Enterprise Institute 2009 Revista Exame Satildeo Paulo Editora Abril 20 de marccedilo de 2002 LIKER J HOSEOS M Cultura Toyota Editora Bookman 2008 SANTOS T M C Anaacutelise da reaccedilatildeo dos colaboradores ao processo de mudanccedila organizacional - LEAN THINKING - Um estudo de caso na empresa Beta Pedro Leopoldo Faculdades Pedro Leopoldo 2010 WOMACK J P JONES D T A maacutequina que mudou o mundo Rio de Janeiro Elsevier 1992 WOMACK J P JONES D T A mentalidade enxuta nas empresas elimine o desperdiacutecio e crie riquezas Rio de Janeiro Elsevier 2004

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A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA

Jefferson dos Santos Conchetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jsconchettohotmailcom

RESUMO Eacute primordial as faculdades oferecerem um nivelamento baacutesico aos ingressantes no niacutevel superior devido agraves deficiecircncias no aprendizado A forma como eacute oferecido este pode ser fundamental para a Instituiccedilatildeo de Ensino Superior (IES) uma vez que a permanecircncia do educando estaacute relacionada tambeacutem ao aproveitamento dos estudos e este agrave maturidade e competecircncia para o aprendizado Uma maneira estrateacutegica de nivelar nossos alunos pode ser criar sistemas de ensino e aprendizagem atraveacutes de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) capaz de avaliar e dar subsiacutedios para o graduando em sua formaccedilatildeo acadecircmica O Ensino a Distacircncia (EaD) apesar de algumas discussotildees no meio acadecircmico pode ser uma ferramenta muito uacutetil na estrateacutegia pedagoacutegica para o nivelamento Aprender e ensinar independente do contexto e meacutetodo trazem sempre dilemas e problemas Por conseguinte todo processo ensino aprendizagem necessita ser avaliado apesar do tradicional sistema avaliativo Palavras chave Nivelamento EAD AVA Ensino Superior 1 INTRODUCcedilAtildeO Um ponto muito discutido atualmente no niacutevel superior eacute o nivelamento Este por sua vez tem se tornado uma necessidade primordial ao egresso do ensino meacutedio principalmente o da rede puacuteblica Segundo OLIVEIRA e ARAUacuteJO (2006) o ensino meacutedio estaacute com a qualidade de ensino percebida sob trecircs formas distintas sendo primeira a da oferta insuficiente a segunda a da disfunccedilatildeo no fluxo ao longo do ensino fundamental e a terceira o sistema de avaliaccedilatildeo baseado em testes padronizados A necessidade do nivelamento daacute-se natildeo soacute pela deficiecircncia da formaccedilatildeo baacutesica mas tambeacutem por se tratar de ingressantes nas IES de um grupo heterogecircneo com diversas idades (geraccedilotildees completamente diferentes) tendo discentes remanescentes de uma geraccedilatildeo de ensino precedente agraves Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TICs) Algumas IES estatildeo ofertando o nivelamento de forma presencial a chamada preacute-aula A proposta deste artigo eacute a discussatildeo sobre a oferta de um nivelamento por um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) mais

propriamente dito o uso do Ensino a Distacircncia (EaD) via internet dentro de um ambiente virtual de aprendizagem Para tal feito eacute necessaacuteria uma compreensatildeo a respeito do que pode ser aprender ensinar e avaliar dentro do EaD com base na legislaccedilatildeo vigente 2 OBJETIVO Para uma maior disseminaccedilatildeo junto aos discentes do que possa ser o aprender em uma graduaccedilatildeo e para que haja um equiliacutebrio dentre as possiacuteveis geraccedilotildees em uma sala de aula a proposta deste artigo consiste em mostrar atraveacutes de um estudo teoacuterico a vantagem da oferta de um nivelamento tendo como estrateacutegia pedagoacutegica o EaD para uma introduccedilatildeo familiarizaccedilatildeo com a tecnologia e resgate de conhecimentos preacutevios para a sequecircncia e permanecircncia no curso superior 3 ENSINO A DISTAcircNCIA (EAD) As geraccedilotildees de EaD podem ser sinteticamente observadas no quadro abaixo (Moore e Kearsley 2008 p26 apud Vilaccedila 2011 p95)

Tabela 1 - Geraccedilotildees de EaD de acordo com Moore e Kearsley (2008 p 26)

De acordo com este quadro noacutes estamos na quinta geraccedilatildeo de ensino a distacircncia Segundo Almeida e Almeida (2003) desenvolver atividades de ensino e aprendizagem no meio digital implica em lidar com a complexidade de situaccedilotildees educacionais evidenciadas por este meio

Geraccedilatildeo Forma Recursos instrucionais e tecnoloacutegicos baacutesicos

Primeira Ensino por Correspondecircncia

Materiais impressos livros apostilas

Segunda Transmissatildeo por raacutedio e televisatildeo

Raacutedio Viacutedeo TV Fitas cassetes

Terceira Universidades abertas

Materiais impressos TV Raacutedio telefone fitas cassete

Quarta Teleconferecircncia Teleconferecircncia interativa com aacuteudio e viacutedeo

Quinta Internetweb Internet MP3 ambientes virtuais de aprendizagem

(AVA) viacutedeos animaccedilotildees ambientes 3D redes sociais

foacuteruns

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enfrentar novos desafios relacionados agraves especificidades da comunicaccedilatildeo multidirecional O resultado e controle da participaccedilatildeo nas atividades podem ser usufruiacutedos pelas avaliaccedilotildees evidenciando possibilidades difiacuteceis sem o apoio digital Para Santos e Rodrigues (1999) o Ensino agrave Distacircncia tem importacircncia por atingir maior audiecircncia atender estudantes que natildeo podem assistir agraves aulas na escola unir estudantes de diferentes contextos sociais culturais econocircmicos e preponderam os estudantes que estatildeo buscando voluntariamente mais conhecimentos TICrsquos A tecnologia da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TIC) dentro de um AVA eacute um meio de mediaccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Com o desenvolvimento digital atraveacutes de trocas de informaccedilotildees (e-mail chat foruns) feitas via PC tablets ou ateacute mesmo celulares podemos romper o espaccedilo tempo e em diferentes eventos acessar os conteuacutedos diversos quantas vezes forem necessaacuterias para a construccedilatildeo de nosso conhecimento Para Perry et al (2006) as TICrsquos constituem um apoio cognitivo real mais ergonocircmico ao raciociacutenio humano com reforccedilo natural agrave atividade neural de processamento de informaccedilotildees dada suas diversidades (sonoras visuais e taacuteteis) Ainda com relaccedilatildeo agraves TICrsquos eacute vaacutelido ressaltar sobre os aportes que elas podem oferecer no ensinoaprendizagem assim como na avaliaccedilatildeo ou processo avaliativo O proceso educacional em EaD recorre das TICrsquos com extrema cautela e estrateacutegia principalmente em sua concepccedilatildeo poreacutem quanto ao processo que envolve ensino aprendizagem e avaliaccedilatildeo os dados podem ser melhores interpretados e aproveitados para futuros projetos APRENDER ENSINAR E AVALIAR EM EAD Este artigo natildeo tem a pretensatildeo de criar uma maneira objetiva de como realizar tais feitos O intuito deste talvez seja atentar quanto agrave necessidade de sermos estrategistas e competentes desde a base o projeto Natildeo menos importante que o conteuacutedo estaacute a presenccedila do tutor APRENDER O aprender em EaD manifesta-se com dilemas problemas e propoacutesitos tais como em cada eacutepoca histoacuterica ou seja independente do contexto o aprender tem laacute seus questionamentos em relaccedilatildeo agrave maneira como se daacute o aprendizado como eacute feita a retenccedilatildeo das informaccedilotildees segundo o metodo de ensino No contexto atual as informaccedilotildees estatildeo mais proacuteximas a facilidade eacute tanta que acaba por ocorrer o oposto do que se espera A praacutexis docente deixa a desejar perante os diversos canais de informaccedilotildees presentes no cotidiano levando a um desinteresse discente Segundo Schneider et al (2009) a EaD para atingir grau de excelecircncia exige planejamento de accedilatildeo que

contemple as diferentes formas de aprendizagem vencendo o espaccedilo-tempo ou seja a riqueza da Ead estaacute no conhecimento taacutecito este necessita de um planejamento estrateacutegico impecaacutevel para que o discente permaneccedila em atividade e natildeo perca a motivaccedilatildeo pelo conteuacutedo ou ateacute mesmo pelos estudos Neste ponto vale ressaltar a questatildeo da maturidade discente necessaacuteria para a sequecircncia no niacutevel superior e natildeo somente em um curso em EaD Essa seria a funccedilatildeo do Ensino Meacutedio desenvolver no discente a maturidade ou seja a disciplina e comprometimento com os estudos de forma a facilitar o aprendizado o compromisso com a vida universitaacuteria ENSINAR Eacute notaacutevel a melhora da qualidade de ensino e aprendizagem poacutes revoluccedilatildeo tecnoloacutegica Contudo surge uma questatildeo Como lidar com as complexidades evidenciadas no meio digital Claramente nota-se a necessidade de que o docente tenha mais conhecimentos didaacuteticos e que domine estrategicamente as TICrsquos Para Perry et al (2006) as praacuteticas de EaD devem ser encaradas com um olhar sistecircmico podendo assim serem criados ambientes investigativos dentro de um maior contexto resultando em ldquo(a) um aumento na agilidade dos processos (b) a diminuiccedilatildeo de retrabalhos (c) maior garantia de qualidade (d) possibilidade de reproduzir e estender praacuteticas e resultados e (e) distribuir reaproveitar e acumular conhecimento dentro da instituiccedilatildeo comunidade de pesquisardquo Um ponto tatildeo importante quanto ao ambiente criado para o EaD satildeo os aportes dados atraveacutes de um profissional de suma importacircncia o tutor Para Silveira (2005)

[] o Tutor poderia ser aquele que instiga a participaccedilatildeo do aluno evitando a desistecircncia o desalento o desencanto pelo saber Talvez aquele que possibilita a construccedilatildeo coletiva e percorre uma trajetoacuteria metodoloacutegica desobediente transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com seus alunos nova saberes novos olhares sobre o real

Vale ressaltar quatildeo importante eacute o papel do tutor pela troca de conhecimento pois diferente de um professor conteudista que segue uma linha de pensamento estrateacutegico o tutor eacute obrigado a divagar por outros assuntos (de certa forma pertinentes ao curso ndash um foacuterum por exemplo) para que uma vez solicitado ele possa responder ou discutir e manter uma aproximaccedilatildeo afetiva ou seja reforccedilar o lado humano por detraacutes da tecnologia motivando o discente e mantendo ele ativo Para Monteiro et al (2014) a relaccedilatildeo afetiva tambeacutem diminui a sensaccedilatildeo de distanciamento provocado pelo afastamento fiacutesico pois aproxima os coraccedilotildees estabelece laccedilos de amizade e torna o processo de ensino e aprendizagem uma troca e natildeo um processo

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de estiacutemulo e resposta Ainda sobre a visatildeo da autora a falha na atuaccedilatildeo do tutor pode causar desmotivaccedilatildeo baixo desempenho e a desistecircncia do discente AVALIAR A avaliaccedilatildeo desempenha objetivos como subsidiar o processo ensino-aprendizagem e tambeacutem sob o discurso de compreender a desigualdade no ensino o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no Brasil atribui-se o direito de implantar processos avaliativos nos diversos niacuteveis e sistemas escolares (FERNANDES 2009) Desta forma podemos notar a importacircncia do ato de avaliar e determinar o papel de quem vai avaliar O avaliador eacute um negociador por meio da comunicaccedilatildeo com criteacuterios predefinidos estrateacutegicamente tendo que envolver os diversos segmentos interessados no objeto avaliado e divulgar os resultados obtidos Com o envolvimento sobre os objetivos da avaliaccedilatildeo mostra-se ao discente como ele estaacute se desenvolvendo por meio do processo avaliativo A avaliaccedilatildeo vai aleacutem da mensuraccedilatildeo pois visa sempre a aprimorar a aprendizagem do avaliando e a abrir possibilidades para novas descobertas (BRITO 2010) Rodrigues amp Borges (2013) entendem que avaliar a aprendizagem natildeo eacute faacutecil pois a avaliaccedilatildeo eacute permeada por subjetividade sendo que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo de mundo diferente dos demais Muitos docentes utilizam a avaliaccedilatildeo como uma forma de punir o aluno pelo desrespeito ou falta de interesse durante o desenvolvimento das aulas A avaliaccedilatildeo vem sendo utilizada exclusivamente como uma forma de atribuir notas visando agrave aprovaccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno Para Maia Mendonccedila amp Goacutees (2005) avaliaccedilatildeo em EAD pode ser realizada de forma presencial (avaliaccedilatildeo feita na presenccedila do formador ou de outra pessoa responsaacutevel garantindo legitimidade da mesma) agrave distacircncia (com aplicaccedilatildeo de testes on-line a serem respondidos e enviados para o formador por meio de e-mail ou de formulaacuterios de envio) e avaliaccedilatildeo contiacutenua ao longo do curso (baseada em componentes que forneccedilam subsiacutedios para o formador avaliar seus aprendizes de modo processual) Para que qualquer dessas formas tenha sucesso reclama que o docente seja estrategicamente um negociador As negociaccedilotildees podem ser feitas pelos tutores e ocorrer atraveacutes dos foacuteruns chats ou ateacute mesmo e-mail de forma a estarem sempre alinhados docente e discente com retorno de ambas as partes quanto aos anseios ou apatia presente Natildeo soacute as negociaccedilotildees sobre os termos avaliativos podem ser feitas atraveacutes das TICrsquos acima citadas mas tambeacutem a proacutepria avaliaccedilatildeo Sartori amp Both (2014) apontam o estudo dirigido lanccedilado num foacuterum de debate em um AVA que pode ser acompanhado pelo orientador acadecircmico e atribuiacutedo um conceito no processo avaliativo do discente Ainda do ponto de vista dos autores o estudo dirigido e o chat satildeo formas de construccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de conhecimentos a partir das respostas dadas que podem ser discutidas e mediadas pelo tutor

CONCLUSAtildeO Em meio aos discentes haacute a necessidade de um resgate de conhecimentos preacutevios Poreacutem antes deste feito eacute primordial que seja introduzido conceitos quanto agraves formas de absorvermos melhor os conhecimentos Eacute claro o objetivo nivelamento mas se apenas despejarmos o conteuacutedo o ldquojarrordquo continuaraacute sempre vazio O ideal a proposta deste artigo eacute uma atenccedilatildeo especial em natildeo criar apenas um nivelamento das disciplinas baacutesicas (matemaacutetica portuguecircs) mas incluir nos conteuacutedos um material que demonstre a necessidade e incentive o discente a desenvolver a maturidade necessaacuteria para o niacutevel superior As TICrsquos em um AVA satildeo ferramentas estrateacutegicas e devemos estar em constante evoluccedilatildeo quanto agrave sua atualizaccedilatildeo A cada dia surgem novas tecnologias agraves quais devemos procurar inserir em nosso sistema As novas geraccedilotildees satildeo movidas por elas e a falta delas implica em uma desmotivaccedilatildeo ou seja usando-as pode ser que natildeo motive poreacutem haacute a desmotivaccedilatildeo caso natildeo use Como experiecircncia posso citar a necessidade de uma tutoria consciente e presente nos foacuteruns com o intuito de ressaltar no discente a importacircncia das discussotildees Neste ponto o papel do tutor eacute primordial pois eacute ele quem vai mediar o conhecimento Tanto o aprender quanto o ensinar ou avaliar satildeo processos complexos e exigem uma elaboraccedilatildeo estrateacutegica poreacutem a execuccedilatildeo tem que ser muito bem controlada estatisticamente dentro do sistema O bom da EaD eacute que os dados podem ser coletados e aproveitados com mais facilidades desde que seja planejado com antecedecircncia REFEREcircNCIAS ALMEIDA F J ALMEIDA M E B (2003) Educaccedilatildeo a distacircncia em meio digital novos espaccedilos e outros tempos de aprender ensinar e avaliar Virtual Educa 2003 Miami USA BRITO C S (2010) Avaliaccedilatildeo da aprendizagem no ensino superior uma visatildeo do aluno SILVEIRA R L B L da (2005) A importacircncia do tutor no processo de aprendizagem a distacircncia Revista Iberoamericana de Educacioacuten 36(3) 6 OLIVEIRA R P de ARAUacuteJO G C de (2006) Qualidade do ensino uma nova dimensatildeo da luta pelo direito educaccedilatildeo Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo FERNANDES C M B (2009) Formatos avaliativos trajetoacuteria histoacuterica contradiccedilotildees e impactos em estudantes universitaacuterios HERMIDA J F BONFIM C R D S (2006) A educaccedilatildeo agrave distacircncia histoacuteria concepccedilotildees e perspectivas Revista HISTEDBR On-line Campinas n especial 166-181

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MAIA M C MENDONCcedilA A L GOacuteES P (2005) Metodologia de ensino e avaliaccedilatildeo de aprendizagem TC 5 05 MONTEIRO Alice Fogaccedila et al (2014) TutorAutor experiecircncias e saberes Cadernos Pedagoacutegicos da EaD MORESI Eduardo A D Inteligecircncia organizacional um referencial integrado Ciecircncia da Informaccedilatildeo 302 (2001) 35-46 PERRY Gabriela Trindade et al Desafios da gestatildeo de EAD necessidades especiacuteficas para o ensino cientiacutefico e tecnoloacutegico RENOTE 41 (2006) RODRIGUES N V M BORGES F T (2013) Avaliaccedilatildeo da Aprendizagem em Educaccedilatildeo a Distacircncia atraveacutes do Foacuterum (Interface Educacional) Ideias e Inovaccedilatildeo-Lato Sensu 1(2) 25-34 SANTOS A M RODRIGUES M (1999) Educaccedilatildeo a distacircncia Tecnologia Educacional 24 25-30 SCHNEIDER Elton Ivan L F MEDEIROS S T U O Aprender e o Ensinar em EaD por meio de Rotas de Aprendizagem Anais do 15ordm Congresso Internacional Associaccedilatildeo Brasileira de Educaccedilatildeo a Distacircncia 2009 VILACcedilA M L C (2011) Educaccedilatildeo a Distacircncia e Tecnologias conceitos termos e um pouco de histoacuteria Revista Magistro 2(1) SARTORI M R K BOTH I J (2014) Uma proposta de meacutetodo complementar agrave avaliaccedilatildeo na EAD O estudo dirigido como ferramenta de aprendizagem colaborativa no foacuterum Sauacutede 1(9)

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A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA

Bruna de Souza Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

bruna_de_souzalivecom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Este trabalho apresenta resultados de um estudo realizado com alunos do curso de quiacutemica da FACCAMP a fim de identificar os conteuacutedos conceituais a serem desenvolvidos relativos ao tema quimioluminescecircncia mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo de tais conteuacutedos nas turmas do curso e ainda colaborar como agente formador de alguns pontos conceituais sobre o tema

Palavras chave Quimioluminescecircncia pesquisa exploratoacuteria visiacutevel ultravioleta fluorescecircncia ABSTRACT This paper presents results of a study with the students of chemistry course at FACCAMP to identify the conceptual contents to be developed for the chemiluminescence theme map the level of assimilation of such contents in the course classes and still work as agent forming some conceptual points on the subject Keywords Chemiluminescence exploratory research visible ultraviolet fluorescence 1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho foi produzido durante as aulas de monografia inicialmente observou-se a necessidade em conhecer os pontos principais no tema central que poderia servir como auxiacutelio e meio de pesquisa para outros alunos do curso de quiacutemica bacharelado Para isto foi realizada uma pesquisa para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados Santos e Mortimer (1999) concluiacuteram apoacutes pesquisa realizada com professores de quiacutemica que apoiavam suas aulas em temas contextualizados que havia maior facilidade de assimilaccedilatildeo do conteuacutedo por parte dos alunos bem como facilitaccedilatildeo do aprendizado aumento da motivaccedilatildeo do aluno e melhora no relacionamento professor-aluno Assim optamos por abordar o tema principal de maneira contextualizada oferecendo informaccedilotildees a cerca do conteuacutedo desejado poreacutem de forma facilitada inserindo os aspectos de interesse dos alunos que participaram da pesquisa

Realizou-se uma pesquisa explanatoacuteria a fim de mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo pelos alunos do conteuacutedo abordado e em seguida determinaccedilatildeo de subtemas principais para o desenvolvimento deste artigo Seraacute demonstrado neste trabalho a contextualizaccedilatildeo da quimioluminescecircncia aplicada agrave utilizaccedilatildeo do luminol reagente responsaacutevel pela detecccedilatildeo de vestiacutegios de sangue em cenas de crime Sendo este um tema interdisciplinar eacute possiacutevel ilustrar e contextualizar conceitos de outras disciplinas do curriacuteculo de quiacutemica tal como quiacutemica quacircntica e espectroscopia assim como seraacute demostrado neste trabalho 2 INTERDISCIPLINARIDADE ESPECTROSCOPIA

QUIacuteMICA QUAcircNTICA E A RELACcedilAtildeO COM A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA

Sala (1996) e Skoog Holler e Nieman (2002) indicam em suas obras que a espectroscopia eacute o campo responsaacutevel por estudar a interaccedilatildeo da mateacuteria com a radiaccedilatildeo seja esta visiacutevel ou natildeo tendo como finalidade determinar a mateacuteria estudada obteacutem-se para isso a variaccedilatildeo da posiccedilatildeo dos niacuteveis energeacuteticos Salienta que podem ocorrer transiccedilotildees vibracionais na regiatildeo infravermelho eletrocircnicas entre as regiotildees ultravioleta e visiacutevel e no estaacutegio das micro-ondas ocorrem variaccedilotildees rotacionais Desta forma a espectroscopia eacute o campo que estuda a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo eletromagneacutetica que deve ocorrer em uma determinada frequecircncia para cada uma das espeacutecies analisadas A resposta seraacute em forma de um sinal proporcional agrave transiccedilatildeo entre os niacuteveis de energia de um aacutetomo ou agraves vibraccedilotildees de determinadas moleacuteculas (SHRIVER et al 2008) Skoog Holler e Nieman (2002) afirmam que para ocorrer absorccedilatildeo de energia o foacuteton excitante deve ser referente ao inverso da energia entre os estados fundamental e excitado da substacircncia a ser analisada Onde a radiaccedilatildeo eacute apresentada pelo espectro eletromagneacutetico conforme a figura 1

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Figura 1 Apresentaccedilatildeo do espectro eletromagneacutetico com suas variaccedilotildees em funccedilatildeo do comprimento de onda

O espectro eletromagneacutetico figura 1 apresenta um compilado entre todas as radiaccedilotildees conhecidas em funccedilatildeo do comprimento da onda apresentado e sua frequecircncia O comprimento da onda eacute determinado pela distacircncia entre os picos e a frequecircncia eacute resultante da repeticcedilatildeo da onda (BALL 2005) Skoog Holler e Nieman (2002) classificam os tipos de espectroscopia conforme apresentado na tabela 1 relacionando os diferentes tipos de espectroscopia com o fenocircmeno quacircntico observado Tabela 1 Relaccedilatildeo entre o tipo de espectroscopia e a transiccedilatildeo quacircntica gerada

Tipos de Espectroscopia

Intervalo Usual de Comprimento de

onda

Tipo de Transiccedilatildeo Quacircntica

Emissatildeo de raios gama 510-12 - 1410-9 m Nuclear

Absorccedilatildeo emissatildeo fluorescecircncia e difraccedilatildeo de raio X

110-10 - 110-7 m Eleacutetrons internos

Absorccedilatildeo ultravioleta no vaacutecuo

110-7 - 1810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo emissatildeo e fluorescecircncia ultravioleta-visiacutevel

1810-6 - 7810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo infravermelha e espalhamento Raman

7810-6 - 310-3 m Rotaccedilatildeo Vibraccedilatildeo de moleacuteculas

Absorccedilatildeo de micro-ondas

7510-4 - 37510-3 m

Rotaccedilatildeo de moleacuteculas

Ressonacircncia de spin eletrocircnico

310-2 m

Spin dos eleacutetrons em um campo magneacutetico

Ressonacircncia magneacutetica nuclear

06 - 10 m

Spin dos nuacutecleos em um campo magneacutetico

A faixa da luz visiacutevel observada na tabela 1 deve ser destacada pois estaacute relacionada com as cores Segundo Atkins (2002) a luz branca emitida pelo Sol eacute uma mistura de cores da qual ao se filtrar uma sua cor aparente seraacute a dada como complementar A figura 2 pode auxiliar nesta compreensatildeo Eacute interessante observar que as substacircncias satildeo capazes de assimilar somente determinados comprimentos de onda

Figura 2 Disco de cores de Newton (WANG 2014) Assim sendo se a luz laranja for filtrada da luz branca ela se tornaraacute azul-esverdeada (ciano) A cor resultante de uma das cores que compotildeem a luz branca eacute chamada de cor complementar (ATKINS 2002) Desta forma ao filtrar-se qualquer uma das cores apresentadas pela figura 2 a cor resultante seraacute a oposta a ela ou seja sua cor complementar Como os fenocircmenos relacionados com a interaccedilatildeo luz-mateacuteria satildeo entendidos com o auxiacutelio da quiacutemica quacircntica os conceitos introdutoacuterios dessa disciplina satildeo apresentados no proacuteximo toacutepico 3 INTRODUCcedilAtildeO AOS ASPECTOS DA QUIacuteMICA

QUAcircNTICA O MODELO PARTIacuteCULA-ONDA PROPOSTO POR DE BROGLIE

Silva (2003) resume a mecacircnica quacircntica como um compilado de teorias desenvolvidas pela necessidade de se compreender o mundo subatocircmico Ateacute 1920 imaginava-se que os eleacutetrons eram partiacuteculas mas a produccedilatildeo experimental revelou que partiacuteculas poderiam adquirir comportamento de onda em determinados casos Esta evidecircncia se manifestou quando um feixe de eleacutetrons foi passado por uma placa

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metaacutelica e houve difraccedilatildeo (LEE 1999) Conforme afirma Shriver et al (2008) as caracteriacutesticas ondulatoacuterias observadas foram a interferecircncia e difraccedilatildeo conhecida pelo comportamento dos foacutetons pois o comportamento dos eleacutetrons natildeo deveria ser puramente de partiacutecula Assim maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por um caminho interferem em maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por outro caminho (ATKINS JONES 2012) Desta forma as sobreposiccedilotildees nos pontos maacuteximos resultam em interferecircncias construtivas enquanto seu inverso em sobreposiccedilotildees destrutivas conforme exemplifica a figura 3

Figura 3 Interferecircncia de ondas (a) interferecircncia construtiva (b) interferecircncia destrutiva (BURKE 2009) De Broglie concluiu que os eleacutetrons podem apresentar caracteriacutesticas dualiacutesticas podendo ser ldquoondardquo ou ldquopartiacuteculardquo Esta variaccedilatildeo estaacute diretamente relacionada com sua finalidade de estudo da mesma forma a radiaccedilatildeo natildeo eacute totalmente onda nem puramente partiacutecula Este postulado tornou-se conhecido pelo nome ldquodualidade partiacutecula-ondardquo (ALMEIDA SANTOS 2001) Eacute necessaacuterio destacar que no presente artigo para sua compreensatildeo utiliza-se o padratildeo eleacutetron-onda 4 REGIAtildeO VISIacuteVEL E ULTRAVIOLETA Geralmente os espectros ultravioleta e visiacutevel satildeo apresentados em conjunto tornando-se conhecido como espectro UV-Vis este acontecimento ocorre devido agrave absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo nestas regiotildees Nos exemplos discutidos por Shriver et al (2008) este espectros UV-Vis estatildeo relacionados com compostos inorgacircnicos Poreacutem Skoog Holler e Nieman (2002) demonstram que esta faixa de radiaccedilatildeo pode ser uacutetil tambeacutem no estudo de substacircncias orgacircnicas

A primeira etapa do processo de absorccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV-Vis eacute a excitaccedilatildeo de um eleacutetron ligante entre mais de um aacutetomo da moleacutecula que possua energia de excitaccedilatildeo baixa ou eleacutetrons natildeo-ligantes (Skoog Holler Nieman 2002) Segundo Atkins e Jones (2012) se noacutes humanos fossemos capazes de observar ondas na regiatildeo ultravioleta veriacuteamos uma quantidade ainda maior de cores jaacute que as substacircncias absorvem e emitem energia nessa regiatildeo

Por outro lado esta faixa da radiaccedilatildeo UV-Vis natildeo eacute apenas absorvida por uma substacircncia quiacutemica mas tambeacutem eacute emitida por aacutetomos iacuteons ou moleacuteculas

A emissatildeo de radiaccedilatildeo visiacutevel pode ser representada segundo as equaccedilotildees 1 e 2

M + E M [1]

M m + calor [2]

Onde uma moleacutecula (M) ao receber energia torna-se excitado (M) como este processo eacute demasiadamente raacutepido logo o elemento excitado retorna a seu estado estacionaacuterio ou mais efetivo (SKOOG HOLLER NIEMAN 2002)

Observe abaixo na figura 4 a representaccedilatildeo do espectro de emissatildeo de energia do luminol

Figura 4 Espectro de emissatildeo do luminol e estruturas responsaacuteveis pelo fenocircmeno (Adaptada de XU et al 2014 KOHTANI et al 2008) Verifica-se que o ocorrido no momento da liberaccedilatildeo de energia da moleacutecula de luminol ocorre o descrito na equaccedilatildeo 2 onde uma moleacutecula em estado excitado sofre relaxaccedilatildeo resultando em reemissatildeo por fluorescecircncia (SKOOG HOLLER e NIEMAN 2002) Fluorescecircncia Atkins e Jones (2012) definem como fluorescecircncia a emissatildeo de luz realizada por moleacuteculas apoacutes excitaccedilatildeo com radiaccedilatildeo de alta frequecircncia Deste modo a emissatildeo por fluorescecircncia observada na moleacutecula de luminol ocorre no momento em que a excedente de energia absorvida pela moleacutecula eacute dissipada para o meio em forma de luz (ARAUacuteJO et al 2004) Materiais fluorescentes em geral satildeo aplicados para a detecccedilatildeo de substacircncia em diminuta quantidade (ATKINS JONES 2012) deste modo sendo explicada a aplicaccedilatildeo do luminol para a detecccedilatildeo de pouco material sanguiacuteneo

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O fenocircmeno a ser descrito a seguir resulta nas transiccedilotildees descritas nos toacutepicos anteriores gerando a luz emitida na faixa UV-Vis 5 QUIMIOLUMISCEcircNCIA O primeiro experimento quimioluminescente realizado por Albrecht em 1928 O fenocircmeno foi observado quando a moleacutecula de luminol sofreu oxidaccedilatildeo por H2O2 o peroacutexido de hidrogecircnio (FERREIRA ROSSI 2002) Esta reaccedilatildeo seraacute apresentada no item a seguir Conforme a definiccedilatildeo de Skoog Holler e Nieman (2002) a quimioluminescecircncia ocorre no momento em que uma reaccedilatildeo quiacutemica resulta em uma espeacutecie eletronicamente excitada e esta emite luz ao retornar a seu estado fundamental ou ainda troca de energia para que outra espeacutecie emita luz Sendo que para Ferreira e Rossi (2002) ocorre a partir da produccedilatildeo de radiaccedilatildeo luminosa resultante de uma reaccedilatildeo quiacutemica podendo estas ocorrerem em fase gasosa soacutelida ou liacutequida No presente artigo seratildeo considerados os fenocircmenos ocorridos entre a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo ultravioleta e emissatildeo de luz fluorescente relacionados agraves transiccedilotildees eletrocircnicas O luminol (C8H7O2N3) eacute mais conhecido por sua utilizaccedilatildeo na quiacutemica forense pois tem a finalidade de se detectar sangue em vestiacutegios de crime (ALMEIDA 2009) Mas este princiacutepio pode ser aplicado em testes cliacutenicos (MONTEIRO 2010) Ferreira e Rossi (2002) afirmam que a utilizaccedilatildeo do luminol tambeacutem estaacute voltada agrave anaacutelise de metais de transiccedilatildeo e estes por sua vez tornam-se perceptiacuteveis por agirem como catalisador na reaccedilatildeo fazendo-a ocorrer de maneira mais efetiva

Normalmente o ferro presente no sangue estaacute na forma iocircnica de Fe+2 mas quando ocorre envelhecimento da amostra este iacuteon eacute oxidado para Fe+3 que por sua vez durante o teste seraacute oxidado para Fe+4 determinando a variaccedilatildeo da intensidade luminosa (ALMEIDA 2009)

Na figura 5 estaacute a sequecircncia de reaccedilotildees cuja primeira etapa eacute a reaccedilatildeo catalisada por um iacuteon metaacutelico entre o luminol (1) com iacuteons OH- resultando em um derivado de diazoquinona fluorescente (2)

Apoacutes estudos da deacutecada de 80 foi possiacutevel constatar intermeacutedios na reaccedilatildeo sendo identificada a moleacutecula do 3-amino-ftalato excitado como a responsaacutevel pela emissatildeo da luz (FERREIRA ROSSI 2002)

Figura 5 Reaccedilatildeo do luminol ateacute que ocorra iluminaccedilatildeo (Adaptado de FERREIRA E ROSSI 2002)

Em seguida em meio baacutesico eacute adicionado H2O2 (3) peroacutexido de hidrogecircnio que reagiraacute com a diazoquinona para formar o endoperoacutexido (4) Apoacutes a liberaccedilatildeo de uma moleacutecula de gaacutes nitrogecircnio o fenocircmeno de quimioluminescecircncia eacute observado devido agrave emissatildeo de luz da forma excitada de 3-amino-ftatato (5) que rapidamente decai ateacute a formaccedilatildeo do diacircnion do aacutecido ftaacutelico (6) (FERREIRA ROSSI 2002)

Segundo Skoog Holler e Nieman (2002) a iluminaccedilatildeo apresentada pelo 3-amino-ftalato tem uma maacuteximo de emissatildeo em 425 nm sendo portanto considerada uma moleacutecula emitente de radiaccedilatildeo visiacutevel

Satildeo efeitos limitantes quanto ao uso do luminol o comprometimento da composiccedilatildeo imunoloacutegica impossibilitando a confirmaccedilatildeo para sangue (ALMEIDA 2009) possibilidade de relatar falsos positivos uma vez que esta moleacutecula reage com diversos metais e pode acarretar na perda de impressotildees contidas na soluccedilatildeo sanguiacutenea (MONTEIRO 2010)

6 PESQUISA EXPLANATOacuteRIA A pesquisa realizada eacute classificada por Gil (2002) como pertencente ao aspecto exploratoacuterio o qual visou como objetivo principal ao aprimoramento das ideias para o desenvolvimento deste artigo cientiacutefico baseando os subtemas de acordo com as respostas obtidas apoacutes a anaacutelise dos questionaacuterios aplicados do qual em seguida se obtiveram os conteuacutedos que deveriam ser contextualizados no desenvolvimento deste artigo Determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais Para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais referente ao tema quimioluminescecircncia em 2014 foi realizada uma pesquisa explanatoacuteria com 65 alunos do curso de quiacutemica bacharelado da Faculdade de Campo Limpo Paulista FACCAMP que haviam frequentado as disciplinas que exemplificam conteuacutedos conceituais baacutesicos relacionados ao tema abordado Foram formuladas seis questotildees sendo duas dissertativas duas objetivas com cinco alternativas e duas diretas com duas alternativas ldquosimrdquo ou ldquonatildeordquo As questotildees aplicadas foram as seguintes

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1 O modelo atocircmico que pode exemplificar o processo de quimioluminescecircncia foi proposto por (a) Bohr (b) Rutherford (c) Thompson (d) Sommerfeld (e) Dalton 2 Em qual momento ocorre o processo de quimioluminescecircncia 3 Eacute possiacutevel realizar um processo quimioluminescente em casa Sim ( ) Natildeo ( ) 4 A quimioluminescecircncia eacute um processo interdisciplinar abrangendo diversas aacutereas uma delas eacute o teste cliacutenico conhecido como ELISA no sangue ele detecta a variaccedilatildeo da quantidade de anticorpos Com estas informaccedilotildees indique o que o teste pode identificar (a) Hemograma (b) Colesterol (c) Hiv (d) Beta-hCG (e) Glicose 5 O luminol eacute um liacutequido utilizado pela ciecircncia criminal para identificar vestiacutegios de sangue e ao obter sucesso emite uma forte iluminaccedilatildeo azul (para melhor visualizaccedilatildeo utiliza-se lacircmpada negra) Entatildeo determina-se que a absorccedilatildeo de luz ocorre na regiatildeo azul proveniente da lacircmpada utilizada Sim ( ) Natildeo ( ) 6 Qual a sua curiosidade sobre a quimioluminescecircncia Os resultados obtidos estatildeo representados graficamente no toacutepico a seguir 7 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES DA PESQUISA

COM ANAacuteLISE GRAacuteFICA As respostas esperadas para cada uma das questotildees eram respectivamente 1 Alternativa ldquoArdquo 2 No momento em que um eleacutetron excitado retorna a seu niacutevel de energia natural emitindo um foacuteton de luz 3 Natildeo 4 Alternativa ldquoCrdquo 5 Natildeo 6 Questatildeo pessoal Com a intensatildeo de debater os conteuacutedos exigidos para a correta compreensatildeo das questotildees apontando se estes satildeo adquiridos com o decorrer das aulas ministradas no curso ou se satildeo esquecidos por natildeo haver mais contato propotildee-se a seguinte anaacutelise onde seratildeo apontados os resultados obtidos pelos alunos ingressantes (1ordm e 2ordm semestre) intermediaacuterios (3ordm e 4ordm semestre) e concluintes (5ordm e 7ordm semestre) Apresentam-se aqui apenas os graacuteficos referentes agraves questotildees que exploram conteuacutedos conceituais de quiacutemica Sendo elas inicialmente representada pela figura 6 com a intenccedilatildeo de determinar a porcentagem de acertos comparando entre cada um dos periacuteodos nomeados anteriormente

Figura 6 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 1 referente a modelos atocircmicos Na figura 6 observa-se um decaimento entre os acertos ao relacionaacute-lo entre os alunos ingressantes e os alunos intermediaacuterios Em seguida haacute um singular avanccedilo entre os acertos dos alunos concluintes referente agrave apenas 29 Jaacute na figura 7 observa-se que os alunos ingressantes ainda natildeo possuem conhecimento sobre as transiccedilotildees eletrocircnicas

Figura 7 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 2 referente ao processo quimioluminescente voltada aos orbitais E vecirc-se um decaimento entre os acertos dos alunos intermediaacuterios para os concluintes e o segundo grupo representa apenas 25 ao relacionaacute-lo com os acertos obtidos pelo 3ordm e 4ordm semestres Na figura 7 vecirc-se a relaccedilatildeo obtida entre os acertos para a questatildeo 5 abaixo Retrata-se tambeacutem conteuacutedo contextual de quiacutemica relacionado com as aacutereas de absorccedilatildeo de luz e emissatildeo

52

19

29

Questatildeo 1 Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

75

25

Questatildeo 2

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

41

24

35

Questatildeo 5

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

30

Figura 8 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 5 referente a emissatildeo de luz Deste modo observa-se que os alunos ingressantes obtiveram mais acertos jaacute entre os alunos intermediaacuterios ocorreu decaimento Neste graacutefico os acertos representaram 24 e os acertos dos alunos concluintes representam 35 mostrando um avanccedilo ao comparaacute-lo com os alunos intermediaacuterios Foram selecionadas estas trecircs questotildees para serem determinantes na comparaccedilatildeo entre os acertos em cada um dos momentos por serem conteuacutedos conceituais de grande importacircncia e que fazem parte da ementa das mateacuterias lecionadas A questatildeo 6 proposta era pessoal com o propoacutesito de avaliar se o aluno pesquisado jaacute possuiacutea algum conhecimento sobre processo quimioluminescente questionando se havia entatildeo alguma duacutevida que pudesse contribuir para o desenvolvimento do artigo proposto As respostas foram diferenciadas percebeu-se que havia alunos previamente interessados pelo assunto que propuseram questionamentos apresentados aqui como ldquoespeciacuteficosrdquo e outros alunos sem interesse em saber sobre o assunto ou que ainda natildeo o conhece de maneira que possa realizar este questionamento Assim na figura 9 abaixo apresenta-se os resultados obtidos a partir destes questionamentos relatados pelos alunos

Figura 9 Anaacutelise da questatildeo 6 Ao analisar a figura 9 observa-se que a maioria dos alunos questionou sobre aspectos gerais como o funcionamento do processo Em seguida estatildeo os alunos que natildeo realizaram nenhum questionamento ou natildeo se interessaram pelo assunto Foi observado que 17 dos alunos fizeram perguntas especiacuteficas sobre o processo enquanto 7 e 8 questionaram sobre os modos de aplicaccedilatildeo e funcionamento do produto luminol respectivamente Posteriormente agraves anaacutelises realizadas pode-se concluir que entre os conceitos de modelo atocircmico absorccedilatildeo e emissatildeo de energia haacute um decaimento nos acertos se compararmos os acertos dos alunos ingressantes para com os alunos concluintes

Nota-se tambeacutem que conceitos de orbitais estatildeo bem fixados para alunos intermediaacuterios se comparado

com os alunos concluintes Pode-se ainda perceber que os alunos ingressantes natildeo possuem conhecimento sobre estas ideias

Deste modo verificou-se que os conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados no presente artigo satildeo bull Estrutura atocircmica relacionando-a ao espectro eletromagneacutetico bull Niacuteveis de energia bull Estudo da moleacutecula de luminol 8 CONCLUSAtildeO Neste trabalho explanou-se acerca da quimioluminescecircncia de forma contextualizada para facilitar a compreensatildeo dos alunos assim como descrito tendo como foco a explicaccedilatildeo de fenocircmenos de difiacutecil compreensatildeo o que foi confirmado durante a anaacutelise dos dados da pesquisa realizada Foi destacado o fenocircmeno que ocorre na moleacutecula de luminol e que resulta na luminescecircncia sendo este um dos questionamentos feito pelos alunos pesquisados Este trabalho sugere a necessidade de se buscar mais esclarecimentos para as causas e efeitos dos resultados apresentados apoacutes a pesquisa realizada mas poderaacute direcionar os alunos com dificuldades no tema abordado guiando-os por uma aprendizagem diferenciada na expectativa de que sejam motivados para buscar mais informaccedilotildees sobre os assuntos destacados Por fim a literatura sugere que temas abordados de maneira contextualizada contribuem para facilitar o aprendizado e aumentar a motivaccedilatildeo pelos temas estudados REFEREcircNCIAS ALMEIDA J P Influecircncia dos testes de triagem para detecccedilatildeo de sangue nos exames imunoloacutegicos e de geneacutetica forense 2009 49 f Dissertaccedilatildeo (Mestre em biologia celular e molecular) - Faculdade de Biociecircncias Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009

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ATKINS P Moleacuteculas Traduccedilatildeo de P S Santos F Galembeck 1 ed Satildeo Paulo EDUSP 2002 187 p

40

7 8 17

28

Questatildeo 6

GERAL APLICACcedilAtildeO LUMINOL ESPECIacuteFICAS NENHUMA

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AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON

Ana Paula da Silva Fazan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

anapaulafazangmailcom

Samira M F Gotarde Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

ametista22auolcombr

Resumo Este artigo foi elaborado com intuito de responder agrave indagaccedilatildeo ldquoqual o sentido da afetividade para a praacutetica docenterdquo afetividade nesse caso especiacutefico na relaccedilatildeo educador - educando e a partir de uma pesquisa bibliograacutefica sob uma perspectiva walloniana foi possiacutevel encontrar elementos teoacutericos que levaram agrave ideia de que viacutenculo afetivo e aprendizagem estatildeo intimamente ligados Palavras-chaves Ensino-aprendizagem Viacutenculo afetivo Praacutetica docente Abstract This article was prepared in order to answer the question what is the meaning of affection for teaching practice Affectivity in this particular case the relationship educator educating and from a literature search under a walloniana perspective was possible to find theoretical elements that led to the idea that emotional bond and learning are inextricably linked Keywords Teaching and learning Affective bond Teaching practice Introduccedilatildeo A escola puacuteblica contemporacircnea brasileira configura-se atraveacutes de uma noccedilatildeo subjetivada que vai aleacutem daquela tida relativamente recente que eacute a escola tecnicista dos anos 70 quando a esfera cognitivo-conceitual era tida como a privilegiada no processo ensino-aprendizagem Entretanto em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees de vaacuterios campos do saber ndash dentre eles o campo da psicologia ndash a escola brasileira tem apresentado avanccedilos significativos no que tange agrave inclusatildeo de todos no processo educativo Esse fenocircmeno vem ocorrendo em funccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma visatildeo holiacutestica sobre o ser humano que natildeo vecirc mais no trabalho concentrado na

esfera cognitiva do sujeito a chave para o sucesso escolar e para uma real inclusatildeo social Dentre os diversos autores e temas de pesquisa em Psicologia aos quais temos tido acesso nos cursos de formaccedilatildeo de professores sem duacutevida os que mais tecircm destaque satildeo Piaget (1896-1980) Vygotsky (1896-1934) e Wallon (1879-1962) cujas teorias muito contribuiacuteram principalmente para a compreensatildeo da gecircnese do conhecimento no ser humano e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento Este uacuteltimo autor em especial nos traz a compreensatildeo do sujeito a partir de uma visatildeo dialeacutetica A formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo se datildeo segundo WALLON (2005) a partir de trecircs componentes domiacutenio motor domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo Elementos entretanto que natildeo agem solitariamente mas organicamente imbricados e que vatildeo atraveacutes da heranccedila geneacutetica do indiviacuteduo e das contingecircncias do meio constituindo o todo pessoa Pessoa entatildeo eacute o resultado da interaccedilatildeo dos domiacutenios funcionais em suas inuacutemeras possibilidades O desenvolvimento de todas as funccedilotildees orgacircnicas e intelectivas desde o receacutem-nascido ateacute o ser adulto eacute dividido em estaacutegios marcados pela predominacircncia significativa de alguns domiacutenios funcionais sobre outros Por essa razatildeo eacute importante salientar o que venha a ser domiacutenios funcionais e estaacutegios de desenvolvimento pois na verdade eacute durante um certo estaacutegio de desenvolvimento da pessoa que ocorre a reconstruccedilatildeo ou a reconfiguraccedilatildeo de um determinado domiacutenio funcional Vale ressaltar tambeacutem que os trecircs domiacutenios ndash motor afetivo e cognitivo ndash satildeo na verdade apenas constructos elaborados com a finalidade de melhor sistematizar a teoria Objetivo A pesquisa tem como objetivo beeneficiar o trabalho do professor levando em conta a afetividade segundo Wallon salientando a importacircncia da formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo atraveacutes do domiacutenio motor

33 domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo possibilitando tranquilidade na relaccedilatildeo professor-aluno Metodologia A metodologia desta pesquisa tem como intuito aliar a discussatildeo teoacuterica agrave uma reflexatildeo assim tem como ponto de partida a experiecircncia profissional escolar de alguns educadores Portanto natildeo eacute o de fazer um panorama estatiacutestico preciso acerca do universo intelectual que vigora nas instituiccedilotildees mas sim o de agregar elementos contextualizados historicamente dessa maneira enriquecer o trabalho com clareza e concretude Para tanto buscou-se fazer entrevistas estruturadas por conta de sua praticidade e qualidade de se constituir de perguntas idecircnticas para cada entrevistado permitindo a comparaccedilatildeo do conteuacutedo das respostas e tambeacutem averiguaccedilatildeo dos pontos em que elas se encontram ou se distanciam (BONI e QUARESMA 2005 p73-74) Para responder aos questionaacuterios foram sorteados seis educadores dentre todos de uma escola da rede municipal de Campinas-SP Esse meacutetodo o sorteio visou a diminuir a margem de influecircncia cultural que por ventura pudesse existir entre a pesquisadora e os sujeitos entrevistados Apoacutes responderem aos questionaacuterios houve a devoluccedilatildeo e as respostas tabuladas em forma de categorias conforme foram sendo identificadas padrotildees de respostas 1 Domiacutenios funcionais Para Wallon o ser humano eacute organicamente social isto eacute sua estrutura orgacircnica supotildee a intervenccedilatildeo da cultura para se atualizar Como Vygotsky Henri Wallon desenvolveu sua teoria sob o materialismo dialeacutetico um guarda-chuva teoacuterico a partir do qual pressupotildee-se que o ser humano eacute condicionado pelo ambiente e este pelo ser humano ou seja nega a existecircncia de uma explicaccedilatildeo idealista para a histoacuteria do sujeito Natildeo haacute caracteres de personalidade a priori que possam determinar o futuro social e psicoloacutegico do indiviacuteduo mas sim fatores materiais que apenas condicionam o desenvolvimento desse indiviacuteduo biologicamente e socialmente Dessa maneira a escolha por essa teoria foi uma soluccedilatildeo epistemoloacutegica a questatildeo sobre como o sujeito se constitui enquanto indiviacuteduo para o mundo e para si mesmo sem cair na radicalidade empirista e inatista A Psicologia na visatildeo de Wallon se constitui como ciecircncia hiacutebrida situada na intersecccedilatildeo de dois mundos o da natureza e o da cultura A psicologia eacute a dimensatildeo nova que resulta desse encontro e manteacutem a tensatildeo permanente do seu jogo de forccedilas Para formular sua teoria o autor concebeu o sujeito como um ente composto por quatro domiacutenios (a) motor (b) afetivo (c) cognitivo e (d) a pessoa como ser deliberante e que eacute resultado de uma relaccedilatildeo muacutetua entre os trecircs domiacutenios anteriores Esses domiacutenios seratildeo detalhados nos itens que seguem

11 Domiacutenio motor Em muitas escolas nota-se uma forte tendecircncia pedagoacutegica provavelmente herdada da escola tecnicista que concebe os aspectos motores da pessoa como sendo elementos a serem trabalhados enfaticamente na aula de Educaccedilatildeo Fiacutesica criando assim uma ruptura entre movimento e pensamento conceitual Sabe-se que a motricidade estaacute na base psicogeneacutetica do indiviacuteduo quando em seus primeiros meses de vida eacute ela quem garantiraacute expressatildeo das necessidades fisioloacutegicas do bebecirc e de maneira gradual tende a ir complexificando - se em manifestaccedilotildees emotivas ateacute determinado ponto do desenvolvimento das crianccedilas em que ela imprime caraacuteter simboacutelico ao movimento chamado por Wallon de ideomovimento O fato de haver uma relaccedilatildeo entre movimento e linguagem natildeo anula a principal funccedilatildeo do ato motor que eacute o deslocamento e o apoio tocircnico para as emoccedilotildees e os sentimentos se expressarem em atitudes e miacutemicas Ou seja eacute um dos recursos mais organizados e preponderantes para o ser humano atuar no ambiente Mas de que forma o ato motor contribui para a construccedilatildeo do conhecimento Essa eacute uma das questotildees da psicogeneacutetica walloniana (MAHONEY 2010 p17) nos esclarece que

Inicialmente o comportamento motor prepondera sobre o conceitual [hellip] Daiacute a necessidade imperiosa de liberdade de movimentos nas atividades que contribuem para a construccedilatildeo do conhecimento [hellip] A aquisiccedilatildeo da linguagem recurso central para o desenvolvimento cognitivo depende de um longo ajustamento de sequecircncias de movimentos imitativos dos sons da liacutengua que eacute falada na cultura [hellip] O ato motor eacute portanto indispensaacutevel para a constituiccedilatildeo do conhecimento e para a expressatildeo das emoccedilotildees portanto inerente ndash junto ao cognitivo e ao afetivo ndash agrave constituiccedilatildeo da pessoa

Dessa maneira torna-se evidente o papel da motricidade na aquisiccedilatildeo da linguagem e consequentemente do pensamento Uma originalidade dessa abordagem eacute chamar atenccedilatildeo para o fato de que as variaccedilotildees tocircnico-posturais da pessoa revelam muito sobre seu momentacircneo estado emocional conforme aponta-nos (GALVAtildeO 2003 p75)

[] o gesto estabilizado em postura em atitude corporal desempenha outro papel que natildeo o de executar ele exprime as disposiccedilotildees afetivas do sujeito A serviccedilo da expressatildeo das emoccedilotildees as variaccedilotildees tocircnico-

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posturais atuam tambeacutem como produtoras de estados emocionais entre movimento e emoccedilatildeo a relaccedilatildeo eacute de reciprocidade

Do ponto de vista fenomenoloacutegico a teoria de Wallon oferece subsiacutedios para que educadores e psicoacutelogos possam atuar cada vez mais de maneira assertiva nos diagnoacutesticos comportamentais 12 Domiacutenio afetivo O domiacutenio afetivo apresenta trecircs componentes a emoccedilatildeo o sentimento e a paixatildeo que satildeo os sinalizadores de como o ser humano eacute afetado pelo mundo interno e externo Esses trecircs componentes estatildeo imbricados com os outros dois domiacutenios o motor e o cognitivo Ou seja essa condiccedilatildeo de ser afetado pelo mundo estimula tanto os movimentos do corpo como a atividade mental As emoccedilotildees satildeo identificadas mais por seu lado orgacircnico empiacuterico e de curta duraccedilatildeo os sentimentos mais pelo componente representacional e de maior duraccedilatildeo (MAHONEY 2010 p17) A paixatildeo eacute o controle exercido pela pessoa sobre as emoccedilotildees quando as mantecircm secretamente como por exemplo os ciuacutemes ligaccedilotildees afetivas exclusivistas ambiccedilotildees mais ou menos vagas mas exigentes (WALLON 2005 p 145) Eacute no entrelaccedilamento com o motor e o cognitivo que o afetivo propicia a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas decisotildees ao longo da vida (MAHONEY 2010 p18) 13 Domiacutenio cognitivo O domiacutenio cognitivo oferece um conjunto de funccedilotildees responsaacuteveis pela aquisiccedilatildeo transformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do conhecimento por meio de imagens noccedilotildees ideias e representaccedilotildees Em outras palavras a cogniccedilatildeo relaciona-se com os aspectos simboacutelicos e semioacuteticos do intelecto da pessoa O domiacutenio cognitivo eacute basilar na formaccedilatildeo da personalidade como destaca (BASTOS 2003 p51)

O advento da representaccedilatildeo eacute fundamental para que a crianccedila possa identificar sua personalidade e a dos outros ultrapassando o espaccedilo e suas percepccedilotildees e realizando a aptidatildeo simboacutelica de desdobramento e de substituiccedilatildeo condiccedilatildeo para o nascimento do pensamento e da pessoa

Apesar de o concreto ser indispensaacutevel para a elaboraccedilatildeo do conhecimento eacute importante destacar o papel da linguagem como forma de constituiccedilatildeo da consciecircncia A linguagem oferece agraves representaccedilotildees o meio para que as coisas possam ser evocadas e confrontadas entre si e provocando o emergir do mundo

dos signos o qual possibilita a tarefa de diferenciaccedilatildeo e uniatildeo categorial (BASTOS 2003 p51) 2 Estaacutegios do desenvolvimento Um empirista claacutessico diria que a construccedilatildeo do Eu soacute se daacute agrave medida que o indiviacuteduo tateia a realidade jaacute que o conhecimento vem dos sentidos Mas Wallon questiona e encontra uma outra via que vai aleacutem dessa premissa assim como no Brasil Paulo Freire tambeacutem defenderaacute que o conhecimento eacute elaborado no indiviacuteduo e por ele proacuteprio mas esse conhecimento se daacute natildeo somente na relaccedilatildeo com o mundo a partir de uma dada experiecircncia com a realidade Se daacute tambeacutem via ressignificaccedilatildeo da experiecircncia mundana quantas vezes forem de sua vontade Wallon se aprofunda no estudo da psicogecircnese do conhecimento ndash aquilo que Piaget chamou de epistemologia geneacutetica ndash e descobriu que dados os estaacutegios de desenvolvimento bioloacutegico o processo cognitivo depende em grande medida do niacutevel de maturaccedilatildeo das estruturas bioloacutegicas do ser humano Logo a exploraccedilatildeo da realidade exterior soacute seraacute possiacutevel quando o olho e a matildeo adquirirem a capacidade de pegar e olhar voluntariamente O grande eixo da psicogeneacutetica walloniana eacute a motricidade sobre a qual estabelecer-se-atildeo os domiacutenios afetivo e cognitivo Vale dizer entretanto que para Wallon motor eacute sempre sinocircnimo de psicomotor (DANTAS 1992b p37) A expressividade preponderantemente corporal do indiviacuteduo desde seu nascimento eacute que garante sua atuaccedilatildeo sobre o outro e lhe permite sobreviver durante seu prolongado periacuteodo inicial de dependecircncia A motricidade humana descoberta por Wallon em sua anaacutelise geneacutetica comeccedila entatildeo pela atuaccedilatildeo sobre o meio social antes mesmo de poder interagir e modificar o ambiente fiacutesico (DANTAS 1992b p37) Nas atividades musculares o autor identifica duas funccedilotildees A funccedilatildeo cineacutetica ou clocircnica e a funccedilatildeo postural ou tocircnica A cineacutetica eacute a responsaacutevel pelos movimentos praacutexicos enquanto a tocircnica pela postura corporal A motricidade disponiacutevel imediatamente apoacutes o nascimento consiste nos reflexos e em movimentos impulsivos incoordenados Por essa razatildeo foram durante muito tempo ignorados por pesquisadores Com o passar do tempo os movimentos ateacute entatildeo inexpressivos vatildeo ganhando a expressividade forma primeira e mediada de atuaccedilatildeo Esta etapa impulsiva da motricidade dura aproximadamente trecircs meses daiacute ateacute o final do primeiro ano sob a forma de interpretaccedilatildeo do bem-estar e mal-estar da crianccedila atraveacutes dos movimentos quando a introduziratildeo no estaacutegio impulsivo-emocional A maior parte das manifestaccedilotildees motoras consistiratildeo daiacute por diante em gestos dirigidos agraves pessoas expressotildees de alegria ndash cheia de nuances ndash surpresa tristeza desapontamento expectativa etc (DANTAS 1992b p39) Desde os primeiros meses de vida pode-se dizer que haacute uma alternacircncia no consumo da energia psicogeneacutetica ora pela afetividade ora pela inteligecircncia

35 No primeiro estaacutegio correspondente ao primeiro ano de vida dominam as relaccedilotildees emocionais com o ambiente e o acabamento da embriogecircnese trata-se nitidamente de uma fase de construccedilatildeo do sujeito onde o trabalho cognitivo estaacute latente e ainda indiferenciado da atividade afetiva Nesse estaacutegio o trabalho cognitivo consiste essencialmente na preparaccedilatildeo das condiccedilotildees sensoacuterio-motoras que permitiratildeo ao longo do segundo ano de vida a exploraccedilatildeo intensa e sistemaacutetica do ambiente (DANTAS 1992b p42) A partir entatildeo do segundo ano de vida a inteligecircncia poderaacute dedicar-se agrave construccedilatildeo da realidade que eacute o estaacutegio sensoacuterio-motor Devido agrave nova fase caracterizada pelo despontar da funccedilatildeo simboacutelica no final do segundo ano Wallon a denomina de projetiva pois a inteligecircncia apoiar-se-aacute durante algum tempo na projeccedilatildeo das ideias atraveacutes de atos Apoacutes o estaacutegio impulsivo-emocional adveacutem os caracteres do estaacutegio sensoacuterio-motor com destaque ao desenvolvimento das competecircncias visuais baacutesicas e o deslocamento da crianccedila (DANTAS 1992b p40) A afetividade tanto no estaacutegio impulsivo-emocional como no estaacutegio seguinte ndash o sensoacuterio-motor ndash reduz-se praticamente agraves manifestaccedilotildees fisioloacutegicas da emoccedilatildeo que eacute o geacutermen do mundo psiacutequico humano (DANTAS 1992a p85) nos esclarece que

Na verdade a emoccedilatildeo que eacute uma manifestaccedilatildeo orgacircnica eacute na visatildeo de Wallon um instrumento de sobrevivecircncia tiacutepico da espeacutecie humana Natildeo eacute por acaso que o choro da crianccedila atua de forma tatildeo intensa sobre a matildee eacute esta a funccedilatildeo bioloacutegica que daacute origem a um dos traccedilos caracteriacutesticos da emocional sua alta contagiosidade seu poder epidecircmico

Haacute um fato importante na intersecccedilatildeo de afetividade motricidade e cogniccedilatildeo o de que a emoccedilatildeo (elemento subcortical) tem iacutentima vinculaccedilatildeo com o tocircnus (elemento muscular) e com a funccedilatildeo cognitiva (elemento cortical) motivo pelo qual em qualquer um dos estaacutegios de desenvolvimento da pessoa os domiacutenios afetivos motores e cognitivos estaratildeo dialeticamente imbricados E devido agrave influecircncia ambiental aliada ao amadurecimento da regiatildeo temporal do coacutertex o periacuteodo sensoacuterio-motor seraacute acompanhado por um evento de singular relevacircncia o iniacutecio da atuaccedilatildeo dos caracteres simboacutelicos e semioacuteticos (DANTAS 1992b p40) Na transiccedilatildeo do ato motor ao mental ndash no interior do estaacutegio sensoacuterio-motor ndash a crianccedila inaugura essa fase simboacutelica atraveacutes dos chamados ideomovimentos (movimentos que conteacutem ideias) Haacute nesse periacuteodo uma grande dependecircncia entre o fluxo de ideias e os movimentos exteriores Dessa maneira

pensamento e movimento ainda permanecem imbrincados (DANTAS 1992b p41) Nesta transiccedilatildeo do ato motor para o mental haacute rupturas e descontinuidades que assinalam a entrada em cena de um novo sistema o cortical Haacute nesse periacuteodo conflito entre um sistema primitivo e outro mais evoluiacutedo o cortical Conflito esse que se reflete nas condutas imitativas Assim a imitaccedilatildeo daacute lugar agrave representaccedilatildeo que lhe faraacute antagonismo enquanto ato motor ela tenderaacute a ser reduzida e desorganizada pela inferecircncia do ato mental A funccedilatildeo simboacutelica eacute resultado da internalizaccedilatildeo do ato motor No antagonismo entre motor e mental ao longo do processo de fortalecimento deste uacuteltimo por ocasiatildeo da aquisiccedilatildeo crescente do domiacutenio dos signos culturais a motricidade em sua dimensatildeo cineacutetica tende a se reduzir a se virtualizar em ato mental Agora a funccedilatildeo tocircnica seraacute a privilegiada pela musculatura Apesar de estar imobilizada no esforccedilo mental essa funccedilatildeo de manter a postura eacute importante quando se pensa no ato de estudar quando o corpo todo tende a se manter em equiliacutebrio para que os olhos possam se concentrar em um objeto Logo pensa-se com o corpo em sentido duplo ndash com o ceacuterebro e com os muacutesculos Entretanto o ato mental ndash que se desenvolveu a partir do ato motor ndash passa em seguida a inibi-lo (DANTAS 1992b p38) A partir dos 5 anos a manifestaccedilatildeo da linguagem jaacute se torna mais intensa o que caracteriza o que Wallon chamou de pensamento sincreacutetico A partir desse momento a inteligecircncia da crianccedila iraacute fluir na direccedilatildeo de um movimento duplo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo das coisas anaacutelise e siacutentese para mais tarde desembocar no pensamento categorial (natildeo significa estaacutegio categorial este se daraacute entre 9 e 11 anos de idade) (DANTAS 1992b p42) Esse estaacutegio de categorizaccedilatildeo eacute abordado natildeo soacute por Wallon mas tambeacutem por Piaget Entretanto essa funccedilatildeo de classificaccedilatildeo dos objetos ou categorizaccedilatildeo condicionam uma caracteriacutestica fase em que crianccedilas fazem as perguntas ldquoo que eacuterdquo ldquopor querdquo ldquocomordquo O pensamento categorial se opotildee ao pensamento sincreacutetico e ocorre entre os 5 e nove anos de idade Os conceitos poderatildeo ser formados a partir dessa fase (DANTAS 1992b p43) O proacuteximo estaacutegio tem na construccedilatildeo do Eu a manifestaccedilatildeo de movimentos que vatildeo desde a rebeldia e negativismo ateacute a total aceitaccedilatildeo e imitaccedilatildeo do outro pois o Eu ainda fraacutegil precisa tanto da negaccedilatildeo do outro como da admiraccedilatildeo alheia para completar sua construccedilatildeo e por isso a crianccedila oferece-se em espetaacuteculo (DANTAS 1992a p94-95) Esse estaacutegio eacute denominado personalismo e impera entre 3 e 6 anos A superaccedilatildeo do sincretismo da pessoa conduziraacute agrave tambeacutem superaccedilatildeo do sincretismo do pensamento que caracterizaraacute o estaacutegio categorial Para Wallon a funccedilatildeo da inteligecircncia eacute a explicaccedilatildeo da realidade e seu destino eacute caminhar cada vez mais no processo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo ateacute o mais alto grau de abstraccedilatildeo

36 Para tanto eacute preciso que a maturaccedilatildeo cerebral possibilite a interconexatildeo entre as zonas do coacutertex que depende tanto da higidez do organismo quanto da estimulaccedilatildeo ambiental Nesse ponto Wallon se aproxima de Vygotsky mas se distancia agrave medida que este daacute maior ecircnfase agrave influecircncia do meio sobre o indiviacuteduo quando Wallon natildeo supervaloriza nem um nem outro Para Wallon eacute necessaacuteria natildeo somente a interaccedilatildeo indiviacuteduo-meio mas esta proporcionaraacute o refinamento das diferenciaccedilotildees conceituais que depende tanto das possibilidades intelectuais de cada um quanto do grau de elaboraccedilatildeo atingido pela cultura (DANTAS 1992a p95-96) E o uacuteltimo estaacutegio a ser descrito por Wallon eacute o da adolescecircncia quando haacute a explosatildeo da puberdade e haacute uma reconstruccedilatildeo da pessoa no niacutevel somaacutetico e no esquema corporal O desafio da pessoa que se encontra nesse estaacutegio eacute manter um eu diferenciado e ainda assim integrado Eacute o desafio de se integrar ao grupo social mas ao mesmo tempo de construir seu proacuteprio eu de negar o mundo real e ao mesmo tempo tentar integrar-se a ele (DANTAS 1992a p94-95) 3 Domiacutenio afetivo e aprendizagem Se educaccedilatildeo eacute sinocircnimo de apreensatildeo cultural o indiviacuteduo apreende valores e conceitos sociais construiacutedos historicamente e os devolve reformulados Eacute a visatildeo geral de educaccedilatildeo progressista do seacuteculo 20 da qual fez parte Wallon E eacute nesse movimento que o ensino ndash educaccedilatildeo mais direcionada previamente organizada e sistematizada ndash exige a aquisiccedilatildeo de recursos para responder agraves exigecircncias da cultura A partir das contribuiccedilotildees de muitos autores e nesse caso das contribuiccedilotildees de Henri Wallon pode-se perceber que essa construccedilatildeo do conhecimento pelo sujeito cognoscente seraacute tatildeo mais bem-sucedida quanto se respeitarem as caracteriacutesticas motoras afetivas e cognitivas naturais desse sujeito (MAHONEY 2010 p19) Assim como a interaccedilatildeo sujeito-meio eacute contiacutenua a aprendizagem como um dos motores do processo de desenvolvimento tambeacutem eacute um processo contiacutenuo constante em aberto Ao se relacionar com o meio fiacutesico e social a crianccedila estaacute sempre aprendendo As situaccedilotildees cotidianas inusitadas assim como a aprendizagem de novas noccedilotildees apresenta-se ao sujeito como uma totalidade cujos componentes e cujas relaccedilotildees que os unem satildeo desconhecidos O sincretismo configura os primeiros contatos com o novo em que as partes estatildeo misturadas de tal forma que impossibilitam o seu reconhecimento a distinccedilatildeo das relaccedilotildees que ligam essas partes desse todo e traduzem o seu significado A accedilatildeo de analisar e compreender o objeto diante do qual se estaacute eacute que se chama de aprendizagem Vale destacar que em todas as aprendizagens sempre estatildeo envolvidos os quatro conjuntos funcionais motor afetivo cognitivo e pessoa funcionando em conjunto ora mais voltados para dentro (constituiccedilatildeo de

s) ora mais voltados para fora (conhecimento do mundo) (MAHONEY 2010 p20) Agrave medida que a crianccedila desenvolve-se a partir de cada estaacutegio em que predomina um conjunto funcional ou predominam determinados caracteres eacute importante de o professor buscar um projeto pedagoacutegico que fique em consonacircncia com esses elementos isso pode tornar o processo ensino-aprendizagem mais assertivo oferecendo pontos de referecircncia para orientar na elaboraccedilatildeo de atividades adequadas ao estaacutegio de desenvolvimento em que o aluno se encontra Por esse motivo foram elencados alguns dos aspectos do desenvolvimento e sua relaccedilatildeo com a aprendizagem do ponto de vista afetivo (MAHONEY 2010 p22) esclarece que

A aprendizagem nos primeiros meses de vida se faz predominantemente pela fusatildeo com o outro via emoccedilatildeo Essa fusatildeo permite uma intensa participaccedilatildeo no meio Embora ela seja sincreacutetica em que se misturam num todo indiscriminado sensaccedilotildees visuais auditivas gustativas taacuteteis eacute o atendimento pelo outro que comeccedilaraacute a dar sentido agraves reaccedilotildees provocadas por essas sensaccedilotildees Eacute o estaacutegio impulsivo-emocional em que predomina a aprendizagem sobre o proacuteprio corpo e em que se inicia a consciecircncia de ldquoo que sourdquo

A diferenciaccedilatildeo do eu e do mundo ao redor se daacute no estaacutegio seguinte quando predomina a manipulaccedilatildeo e o contato direto com os objetos Eacute o momento da aprendizagem sensoacuterio-motora e do desenvolvimento da consciecircncia da crianccedila de que ela eacute diferente dos objetos No terceiro estaacutegio ndash o personalismo ndash a crianccedila aprende principalmente atraveacutes do comportamento de oposiccedilatildeo ao outro que geraraacute a descoberta de que a crianccedila natildeo eacute o prolongamento dos outros ela natildeo eacute as outras pessoas No categorial estaacutegio que coincide com o iniacutecio do periacuteodo escolar a aprendizagem se faz predominantemente pela relaccedilatildeo de semelhanccedilas e diferenccedilas entre objetos ideias imagens e representaccedilotildees Ou seja haacute um profundo trabalho intelectivo de construccedilatildeo de mecanismos qualitativos de categorizaccedilatildeo e quantitativos de mensuraccedilatildeo de comparaccedilatildeo No estaacutegio da puberdade e da adolescecircncia o principal recurso de aprendizagem eacute novamente o antagonismo entre ideias valores e sentimentos proacuteprios e do outro O adolescente pergunta-se quais meus valores quais minhas perspectivas para o futuro Natildeo nos esqueccedilamos de que Wallon eacute interacionista ou seja natildeo basta aguardar o processo de maturaccedilatildeo cognitiva infantil para que se possa oferecer desafios mais complexos para a crianccedila

37 O ensino na perspectiva walloniana eacute aquele que dialoga com o momento em que a crianccedila se encontra no processo maturacional dos pontos de vista motor afetivo e cognitivo mas que tambeacutem cria as condiccedilotildees desafiadoras para que ela vaacute desenvolvendo-se e nesse processo progrida para um novo estaacutegio Eacute preciso portanto cautela por parte de noacutes educadores imersos na cultura ocidental de tradiccedilatildeo racionalista pois temos a tendecircncia de considerar como preponderantes as funccedilotildees exclusivamente de domiacutenio do conhecimento em vez de vecirc-las do ponto de vista da preponderacircncia de domiacutenios funcionais Essa atitude racionalizante nos leva a ignorar a afetividade e o movimento na tentativa de excluiacute-los do momento de ensino como se isso fosse possiacutevel Nas palavras de (MAHONEY 2010 p37)

Na verdade entender a afetividade e ato motor como constitutivos da aprendizagem tanto quanto o conhecimento significa considerar a pessoa do aluno acolher a afetividade sentimentos e emoccedilotildees manifestos e latentes reconhecer a necessidade de movimento e as manifestaccedilotildees corpoacutereas dos sentimentos e moccedilotildees como atitudes provocadas e mobilizadas pelo processo de ensino-aprendizagem e a partir daiacute considerar a possibilidade de canalizaacute-los a fim de colaborarem na construccedilatildeo do conhecimento na aprendizagem

Um fato corriqueiro nos ambientes educativos eacute quando as crianccedilas natildeo conseguem demonstrar o quanto sabem em vista de um estado emocional pungente Eacute como se a temperatura afetiva subisse acima de um determinado limiar passando a preponderar sobre o domiacutenio cognitivo fazendo com que a pessoa perca o contato com a realidade se volte para suas proacuteprias impressotildees subjetivas desorientando o comportamento em funccedilatildeo agraves circunstacircncias objetivas (MAHONEY 2010 p41) Na pessoa adulta as funccedilotildees ligadas ao domiacutenio do conhecimento devem preponderar sobre as do domiacutenio afetivo mesmo que a afetividade seja capaz de preponderar sobre o domiacutenio cognitivo em algumas circunstacircncias em que a ela faltem recursos de controle falte a paixatildeo O desenvolvimento portanto deve conduzir agrave predominacircncia da razatildeo pois para Wallon a razatildeo eacute o destino final do homem mas mesmo as atitudes sob predominacircncia da razatildeo tecircm seus motivos no domiacutenio da afetividade da pessoa Eacute a afetividade que daacute a direccedilatildeo agraves accedilotildees que orienta as escolhas baseadas nos desejos da pessoa nos significados e sentidos atribuiacutedos agraves suas experiecircncias anteriores em suas necessidades natildeo apenas fisioloacutegicas mas principalmente soacutecio-afetivas (MAHONEY 2010 p42)

A essa interferecircncia de um domiacutenio sobre o outro Wallon denomina integraccedilatildeo funcional quando de qualquer forma e sempre um domiacutenio interfere sobre o outro colaborativa ou concorrente podendo os outros domiacutenios submeterem-se competirem preponderarem colaborarem ou bloquearem os outros postos em jogo na atividade E essas possibilidades devem ser levadas em consideraccedilatildeo quando se planeja atividades educativas (MAHONEY 2010 p43) Resultados e discussotildees Apoacutes analisar as respostas buscou-se (i) a contraposiccedilatildeo do conceito de afetividade abordado no texto que foi organizado no Quadro 1 ndash Conceito de afetividade No caso de haver identidade conceitual entre a teoria e a resposta do entrevistado prosseguiu-se agraves consideraccedilotildees finais que buscam (ii) indagar sobre qual o papel do viacutenculo afetivo no (in)sucesso nas relaccedilotildees educativas levando-se em consideraccedilatildeo que nas relaccedilotildees humanas sempre haacute a presenccedila da afetividade mas nem sempre de viacutenculo afetivo Quando natildeo haacute viacutenculo afetivo a afetividade tende a ser prejudicada Essa segunda etapa gerou o Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem A partir das respostas obtidas montou-se um quadro com os diferentes conceitos de afetividade para cada um dos entrevistados Quadro 1 ndash Conceito de afetividade Afetividade eacute sinocircnimo de

Entrevistado A emoccedilatildeo e sentimento

Entrevistado B empatia e confianccedila

Entrevistado C confianccedila

Entrevistado D respeito e bem-querer

Entrevistado E amizade e bem-querer

Entrevistado F capacidade de atingir(-se) e modificar(-se) (por) algueacutem

Nota-se que natildeo haacute entre os entrevistados um consenso sobre o que venha a ser afetividade Natildeo se poderia portanto emparelhar conceitualmente as respostas de todos os entrevistados com o que se prevecirc teoricamente para a relaccedilatildeo entre afetividade e aprendizagem Vale lembrar que a afetividade na teoria walloniana constitui um domiacutenio formado por emoccedilatildeo sentimento e paixatildeo como foi dito Emoccedilatildeo pode ser agradaacutevel ou desagradaacutevel sentimento pode ser de simpatia ou antipatia O viacutenculo afetivo sim se constitui preferencialmente atraveacutes de sentimentos simpaacuteticos e emoccedilotildees agradaacuteveis diferentemente da afetividade que engloba emoccedilotildees e sentimentos muitas vezes antagocircnicos

38 A partir do quadro anterior observam-se maiores e menores consonacircncias entre essa concepccedilatildeo de afetividade e as concepccedilotildees dos entrevistados Entretanto haacute de se destacar as concepccedilotildees dos entrevistados A e F que definem respectivamente afetividade como ldquoemoccedilatildeo e sentimentordquo e ldquoo afetar-se e modificar-se pelo outrordquo Essas seriam as concepccedilotildees mais proacuteximas da que foi abordada por Wallon e ao mesmo tempo as mais ricas teoricamente pois permitem conceber a afetividade tanto como fator de aproximaccedilatildeo como de distanciamento entre dois sujeitos tomando como foco a emoccedilatildeo e o sentimento No caso das respostas dos demais entrevistados haacute a tendecircncia de polarizaccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas como se a afetividade soacute produzisse aproximaccedilotildees e confluecircncias de interesses Por outro lado em relaccedilatildeo ao processo de afetividade ou seja ao processo de se deixar afetar e modificar pelo outro eacute indubitaacutevel sua importacircncia nas relaccedilotildees educativas Os entrevistados foram unacircnimes acerca das consequecircncias geradas pelo estabelecimento ou natildeo de viacutenculo afetivo entre as partes Eacute o que mostra o Quadro 2 Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem

Na aprendizagem o viacutenculo afetivo tem o papel de

Entrevistado A beneficiar o trabalho do professor e principalmente fazer com que o aluno progrida na aprendizagem e se sinta bem na escola Para que tudo isso ocorra eacute preciso que haja viacutenculo afetivo entre as partes

Entrevistado B possibilitar tranquilidade para ensinar e aprender Natildeo estabelecer viacutenculo afetivo compromete em muito o trabalho do professor e tambeacutem o do aluno

Entrevistado C possibilitar que se efetive um trabalho ldquo(hellip) natildeo satildeo raros os relatos onde a afetividade predominourdquo

Entrevistado D incluir alunos que estatildeo afastados das situaccedilotildees de aprendizagem ldquo() uma aproximaccedilatildeo mais afetiva possibilitou conhecer suas particularidades e saltos qualitativos aconteceram no processo de aprendizagemrdquo

Entrevistado E possibilitar que se estabeleccedila a aprendizagem e os alunos se

tornem pessoas cada vez melhores

Entrevistado F agir diretamente na relaccedilatildeo pedagoacutegica de forma positiva

Em relaccedilatildeo ao Quadro 1 o Quadro 2 eacute mais uniforme em relaccedilatildeo agraves respostas Nota-se que os resultados de uma relaccedilatildeo afetiva podem ser positivos quando haacute viacutenculo afetivo estabelecido ou negativos quando natildeo haacute esse viacutenculo ou seja quando os domiacutenios afetivos das partes natildeo tecircm nada em comum naquele momento Conclusatildeo A partir da anaacutelise do Quadro 1 foi possiacutevel constatar que alguns entrevistados compreendem afetividade e viacutenculo afetivo como sendo o mesmo conceito Isso pocircde ser percebido quando o entrevistado atribuiu agrave afetividade os sinocircnimos de confianccedila empatia bem-querer e amizade Nesse sentido eacute importante destacar a distinccedilatildeo entre afetividade e viacutenculo afetivo Pensando-se viacutenculo afetivo como sinocircnimo de elo afetivo nota-se que esse possui algo aleacutem de simplesmente ser afetivo haacute uma afinidade um envolvimento uma aproximaccedilatildeo entre as partes Esse viacutenculo afetivo se daacute atraveacutes do compartilhamento de sentimentos e emoccedilotildees entre essas partes O meio atraveacutes do qual haacute a troca de sentimentos e emoccedilotildees eacute naturalmente a comunicaccedilatildeo Entretanto haacute um ponto importante que deve ser observado na teoria walloniana como foi dito a afetividade desempenha um importante papel jaacute que eacute no entrelaccedilamento com os outros domiacutenios ndash o motor e o cognitivo ndash que o domiacutenio afetivo iraacute propiciar a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades e motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas e decisotildees ao longo da vida Em outras palavras eacute o domiacutenio afetivo que sustenta as atitudes da pessoa perante a vida Ou seja o domiacutenio afetivo natildeo age sozinho no momento da relaccedilatildeo entre educador e educando Nesse caso quando haacute viacutenculo afetivo entre ambas as partes eacute porque houve em algum momento identificaccedilatildeo entre quaisquer dos domiacutenios da pessoa afetivo cognitivo ou motor Mas eacute o domiacutenio afetivo ndash logo o emocional sentimental e passional ndash que manteraacute acesa a chama do interesse por determinada atividade E eacute nesse uacuteltimo aspecto que o presente trabalho pretende chamar a atenccedilatildeo dos educadores O conhecimento teoacuterico do funcionamento dos domiacutenios afetivo cognitivo e motor satildeo de suma importacircncia para que o educador vaacute para a praacutetica munido de ferramentas conceituais e possa diante das dificuldades que o cotidiano lhe impotildeem enxergar no educando a pessoa dotada desses domiacutenios e passiacutevel de ser atingida afetada pela comunicaccedilatildeo bem estabelecida Na ausecircncia de uma efetiva comunicaccedilatildeo o educando natildeo eacute afetado em seus domiacutenios afetivo cognitivo e motor Isso corresponde quase sempre e

39 infelizmente ao fracasso escolar tanto do educando quanto do educador Referecircncia Bibliograacutefica BASTOS Alice Beatriz B Izique A construccedilatildeo da pessoa em Wallon e a constituiccedilatildeo do sujeito em Lacan Petroacutepolis RJ Vozes 2003 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Jurema Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais Revista eletrocircnica dos poacutes-graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC v2 n1(3) 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwletramagnacominteracaomarliquadrospdfgt Acesso em 24 out 2013 DANTAS Heloysa A afetividade e a construccedilatildeo do sujeito na psicogeneacutetica de Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992a ____ Heloysa Do ato motor ao ato mental a gecircnese da inteligecircncia segundo Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992b GALVAtildeO Izabel Expressividade e emoccedilotildees segundo a perspectiva de Wallon In ARANDES Valeacuteria A (org) Afetividade na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo Summus 2003 MAHONEY Abigail A A constituiccedilatildeo da pessoa desenvolvimento e aprendizagem In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 PRANDINI Regina C A R A constituiccedilatildeo da pessoa integraccedilatildeo funcional In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 WALLON Henri P H Os domiacutenios funcionais estaacutedios e tipos A evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila (Traduccedilatildeo Cristina Carvalho) Lisboa (Portugal) Abril 2005

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ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Eliane Belmonte Lucenti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 9 7102 2880

elianelucentigmailcom

Liliana Harb Bollos (Orientadora) Faculdade de Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812-9400 contatolilianabolloscombr

RESUMO Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo Palavras chave Arte e cultura indiacutegena Arte Educaccedilatildeo educaccedilatildeo diversidade cultura ABSTRACT This article aims to stimulate debate on art and indigenous culture in the school context with a focus on art education looking and pointing tools that enable enter the subject within the contemporary understanding art as fertile ground able to enhance the individuals connection with the object study Keywords Art and indigenous culture Art Education education diversity culture INTRODUCcedilAtildeO Ainda hoje as culturas indiacutegenas satildeo retratadas por grande parte da sociedade como mero resiacuteduo social parcela irrelevante e sem valor para a atual sociedade ou na maioria das vezes puramente como algo de interesse exoacutetico perdido em um passado distante Jaacute eacute merecida e urgente uma reflexatildeo mais cuidadosa que abra o olhar para essa parcela da nossa identidade cultural natildeo apenas conferindo e reconhecendo valor agraves manifestaccedilotildees culturais indiacutegenas mas principalmente oferecendo meios e mecanismos para que a realidade atual do povo indiacutegena se faccedila emergir bem como o devido reconhecimento agrave sua contribuiccedilatildeo histoacuterica poliacutetico-social para com o nosso paiacutes Houve sem duacutevida avanccedilos que apontam para melhora dessa realidade principalmente advindo de projetos de ONGs instituiccedilotildees civis organizadas e algumas instituiccedilotildees de ensino superior que contribuem ativamente dando voz a essa nossa parcela cultural e promovendo meios para que se possa ldquoindigenizarrdquo nossa produccedilatildeo cultural Vaacuterios projetos vecircm oportunizando a formaccedilatildeo e surgimento de uma nova geraccedilatildeo de cineastas documentaristas artistas e intelectuais de

vaacuterias etnias que revelam o cotidiano dos povos indiacutegenas produzindo rico material e o mais interessante pela oacutetica de protagonistanarrador da proacutepria histoacuteria Infelizmente o povo indiacutegena ainda natildeo eacute reconhecido como riqueza essencial do paiacutes como chave para um futuro melhor em termos tanto sociais quanto ambientais Isso se daacute por vaacuterios motivos mas principalmente por anos de uma educaccedilatildeo excludente onde as minorias satildeo invisiacuteveis por isso eacute necessaacuterio reunir esforccedilos no caminhar da construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo para a pluralidade e diversidade que devidamente contemple o tema A lei 11645 de marccedilo de 2008 estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena No entanto a obrigatoriedade natildeo garante qualidade de ensino tatildeo pouco material necessaacuterio e sequer professores preparados uma vez que em nossa formaccedilatildeo este legado nos foi negado a lei eacute ainda mais especiacutefica e diz que aleacutem das escolas contemplarem o tema este conteuacutedo deve ser parcela efetiva das disciplinas de Histoacuteria Literatura e Arte Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte e educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo uma vez que passa pelo eixo teoacuterico-praacutetico Porque falar dos iacutendios Inicia-se desde que aportaram aqui colonizadores seus escravos e toda bagagem sociocultural que traziam con- sigo a construccedilatildeo efervescente de um povo hoje conhecido como brasileiro que precisa a fim de esclarecer as futuras geraccedilotildees e efetivamente educar para a pluralidade e diversidade dar voz e uma parcela de sua identidade cultural que tem sido renegada pelo passado e negada agraves futuras geraccedilotildees que eacute a histoacuteria e cultura daqueles que primeiro estavam aqui o povo indiacutegena Eacute mais do que

41 necessidade direito de todo brasileiro conhecer suas raiacutezes e sua histoacuteria na medida em que soacute conhecendo o passado e tecendo anaacutelise criacutetica sobre ele poderemos efetivamente planejar um futuro melhor consciente de nossas escolhas Historicamente fomos submetidos agrave homogeneizaccedilatildeo esmagando culturalmente as minorias levando- as a quase invisibilidade Uma anaacutelise histoacuterica social nos revelariam alguns motivos desses acontecimentos mas natildeo nos cabe aqui nos prender a esses pontos mas sim lembrar que nossas diferenccedilas satildeo partes constitutivas da nossa singularidade humana e que devemos lutar por igualdade de direitos igualdade de tratamento e condiccedilotildees Segundo Boaventura Santos

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferenccedila nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza Daiacute a necessidade de uma igualdade que reconheccedila as diferenccedilas e de uma diferenccedila que natildeo produza alimente ou reproduza as desigualdades (2003 p56)

No fim da deacutecada de 1970 multiplicam-se as organizaccedilotildees natildeo governamentais de apoio aos iacutendios e no iniacutecio da deacutecada de 1980 pela primeira vez se organiza um movimento indiacutegena de acircmbito nacional visando retomar os direitos a seus territoacuterios educaccedilatildeo diferenciada e agrave sauacutede Essa mobilizaccedilatildeo explica as grandes novidades obtidas na constituiccedilatildeo de 1988 que abandonam as metas e o jargatildeo assimilacionistas e reconhecem os direitos originaacuterios dos iacutendios seus direitos histoacutericos agrave posse da terra de que foram os primeiros senhores direito ao ensino e respeito aos seus valores culturais e artiacutesticos assegurando a utilizaccedilatildeo de suas liacutenguas maternas nos processos de aprendizagem No artigo 231 estaacute escrito

Reconhecidos aos iacutendios sua organizaccedilatildeo social costumes liacutenguas crenccedilas e tradiccedilotildees e os direitos originaacuterios sobre as terras que tradicionalmente ocupam competindo agrave uniatildeo demarcaacute-las proteger e fazer respeitar todos os seus bens (BRASIL 2008 p137-146)

Historicamente nunca demos o devido valor agrave contribuiccedilatildeo dos indiacutegenas para a naccedilatildeo a ideia que os colonizadores tinham de que o iacutendio era sem cultura e natildeo civilizados permaneceu arraigada em noacutes fazendo com que muitos ainda hoje desprezem sua riqueza cultural Poreacutem a verdade eacute que os indiacutegenas contribuiacuteram efetivamente e tiveram papel fundamental como aponta Ronildo Terena que eacute de Dourados Mato Grosso do Sul ex-supervisor do programa MS alfabetizado pela SED (Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo de Mato Grosso do Sul) e SEMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Dourados) gestatildeo 2004-2006 ex-coordenador do Programa Brasil Alfabetizado em parceria com a Secretaria Municipal de Dourados (MS) e o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) gestatildeo 2007 a 2008 acadecircmico indiacutegena do curso de Histoacuteria pela

Universidade Federal da Grande Dourados Ronildo iacutendio da etnia Terena que afirma em seu blog

Ensinamos a quem nos escravizou cruelmente a sobreviver em vaacuterias situaccedilotildees na selva muitos serviram de guia nas exploraccedilotildees nossos antepassados estavam na histoacuteria do paiacutes constantemente ajudando a manter as terras longe dos invasores tambeacutem na matildeo-de-obra nas expansotildees agriacutecolas e extrativistas Ajudamos na formaccedilatildeo sociocultural do povo brasileiro emprestando nossos traccedilos na miscigenaccedilatildeo com o branco e o negro natildeo apenas no sentido bioloacutegico mas fazendo parte da formaccedilatildeo religiosa e cultural nossa culinaacuteria ateacute hoje eacute apreciada por aqueles que nem mesmo sabem que os primeiros a experimentar certas iguarias foram e satildeo nossas Passando ainda para um aspecto mundial a tradicional medicina indiacutegena hoje eacute valorizada aceita por profissionais renomados uma arte milenar que pareceu ser esquecida ou renegada por seacuteculos usando uma seacuterie de combinaccedilotildees segundo pesquisas recentes antes mesmo da medicina moderna descobrir as ervas compostas Sem sombra de duacutevidas uma das maiores contribuiccedilotildees para o mundo eacute a preservaccedilatildeo de uma biodiversidade imensa em nossas reservas quando hoje em dia tanto se fala em aquecimento global e seu impacto sobre o homem as terras indiacutegenas satildeo verdadeiras matas verdes ressaltando a utilizaccedilatildeo da terra sem maltrataacute-la ou degradaacute-la Eacute preciso rever o conceito que todos os iacutendios satildeo coitados sem cultura ou ainda becircbados e vagabundos Precisamos nos lembrar de que somos agentes constantes formadores da histoacuteria deste nosso paiacutes e que se natildeo fossem os tais civilizados homens brancos ter invadido o nosso espaccedilo seriacuteamos donos absolutos desta terra como de fato somos mesmo sem o conhecimento poliacutetico ou de pessoas que aqui habitam que invadem nossos espaccedilos em busca de madeiras nobres ouro terras para a expansatildeo agropastoril (TERENA 2009)

Diferentemente dos negros que historicamente buscaram abrir espaccedilo e ter vez e visibilidade na sociedade brasileira fazendo parte efetiva dela os iacutendios pelas suas especificidades e ligaccedilatildeo direta com a terra ficaram ocupados em uma guerra quase solitaacuteria em garantir um estudo diferenciado para suas crianccedilas e questotildees de demarcaccedilatildeo das terras hoje jaacute com muitos grupos organizados e reconhecidos busca inserir-se na

42 atual sociedade garantindo direitos baacutesicos visibilidade e reconhecimento sem assim perder suas origens

O Censo Demograacutefico 2010 contabilizou a populaccedilatildeo com bases nas pessoas que se declaram indiacutegenas no quesito cor ou raccedila e para os residentes em terras indiacutegenas que natildeo se declaram mas que se consideram indiacutegenas Revelou-se que das 896 mil pessoas que se declara ou se considera indiacutegena 572 mil ou 638 viviam na aacuterea rural e 517 mil ou 575 moravam em terras indiacutegenas oficialmente reconhecidas Os iacutendios foram dizimados hoje representam entorno de 230 povos juntos somam 42 da populaccedilatildeo (segundo estatiacutestica de 2010 do IBGE) poreacutem estes satildeo responsaacuteveis por manter viva em torno de 180 liacutenguas Todos esses dados mais que justificam a aprovaccedilatildeo em marccedilo de 2008 da lei 11645 que estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Porem passado seis anos da sua aprovaccedilatildeo poucos foram os avanccedilos efetivos ainda natildeo haacute material atualizado e especiacutefico que forneccedila suporte que garanta a diversidade e qualidade na abordagem do tema tatildeo pouco uma capacitaccedilatildeo dos profissionais envolvidos e ainda na aacuterea de formaccedilatildeo desses profissionais ou seja cursos superiores de licenciaturas as instituiccedilotildees comeccedilam a esboccedilar esforccedilos para adequaccedilatildeo dos curriacuteculos como aponta Joana C dos Passos (2008)

tambeacutem o vazio no processo de formaccedilatildeo de professores que mesmo acessando ao ensino superior tecircm recebido pouca formaccedilatildeo para as relaccedilotildees eacutetnico-raciais e a formaccedilatildeo em serviccedilo que pouco diaacutelogo tem com as questotildees da diversidade A exemplo disso podemos lembrar-nos da Pluralidade Cultural introduzida como tema transversal pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais em 1997 que pouco influenciou nos conteuacutedos materiais didaacuteticos e praacuteticas pedagoacutegicas (PASSOS 2008 p 17)

Assim eacute de vital importacircncia a contribuiccedilatildeo de pesquisas individuais ou de grupos que suscitem o tema abrindo espaccedilo ao debate oferecendo visibilidade e forccedila para essa parcela de nosso povo que bravamente luta para fazer valer seus direitos e reconhecida sua contribuiccedilatildeo na construccedilatildeo desta naccedilatildeo Se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Seria ingecircnuo acreditar que conseguiriacuteamos contemplar de forma aprofundada e ampla toda a gama de possibilidades dentro deste universo que eacute a cultura indiacutegena com tempo tatildeo iacutenfimo das aulas ainda mais sem a devida capacitaccedilatildeo no entanto o que me parece mais importante e natildeo recorrermos os mesmos erros ateacute aqui cometidos Eacute preciso que se faccedila reconhecer a pluralidade e diversidade eacutetnica cultural do povo indiacutegena

A escola tem papel fundamental na diminuiccedilatildeo das ldquodistacircncias sociaisrdquo mas eacute preciso atenccedilatildeo agrave forma como o tema indiacutegena eacute abordado para natildeo contribuir para a construccedilatildeo de uma visatildeo estereotipada e limitada do que eacute um iacutendio em especial tratando-se do material didaacutetico cujos verbos normalmente referem-se aos iacutendios estatildeo no preteacuterito e cujo espaccedilo reservado a falar sobre sua cultura estaacute somente no tema ldquoDescobrimento do Brasilrdquo Permitam-me fazer uma analogia alegoacuterica Pense em um pote grande de jujubas eacute possiacutevel ver em completude umas as outras os mais diversos aromas cores e sabores Haacute quem se interesse mais por uma que por outra e a ela daacute o devido destaque mas eacute justamente essa riqueza da diversidade do colorido que lhe abrilhanta que lhe consiste o interesse Iacutendio eacute igual jujuba satildeo diversas etnias com as mais variadas culturas cheias de suas especificidades um mundo rico cheio de aromas cores sabores e saberes Entatildeo o Juruaacute (aquele que natildeo eacute iacutendio em guarani) de olho raso que natildeo conseguem ver longe pintam tudo de vermelho colocam em um pote bem pequeno numa prateleira no fundo intitulada iacutendio acham que iacutendio eacute soacute iacutendio e tudo uma coisa soacute e o pior fazem que muitos acreditem nisso impondo uma visatildeo sobre o objeto observado da oacutetica de sua cultura No Brasil se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Paulo Freire (1987) chama isso de ldquoinvasatildeo culturalrdquo ou seja quando invasores impotildeem a outros sua visatildeo de mundo intimidando-os na sua plena manifestaccedilatildeo humana ameaccedilando-os dessa forma de perder sua cultura sua originalidade Essa defasagem histoacuterica vem transformando os indiacutegenas em algo oniacuterico um ser edecircnico distante da nossa realidade Isso natildeo corresponde agrave verdade nas uacuteltimas deacutecadas grande parte da populaccedilatildeo indiacutegena fixou moradia dentro dos grandes centros em busca de melhores oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho segundo IBGE os indiacutegenas vivendo nas cidades no estado de Satildeo Paulo somam 91 de sua populaccedilatildeo e ainda segundo censo 2010 a cidade de Satildeo Paulo eacute o 4ordm municiacutepio com maior populaccedilatildeo indiacutegena no Brasil somando 12977 iacutendios Levantamentos feitos pela ONG Opccedilatildeo Brasil em 2011 mostram que 54 etnias vivem no estado de Satildeo Paulo sendo destas 38 soacute na capital Isso destaca a grande diversidade eacutetnica e mostra a proximidade que os iacutendios estatildeo de noacutes eacute preciso que estes fatos sejam relevantes na construccedilatildeo dos conhecimentos sobre a cultura indiacutegena Eacute preciso reparar os equiacutevocos nossa nacionalidade como lembra Florestan Fernandes (2007) foi construiacuteda imposta de cima para baixo sendo excludente em relaccedilatildeo agraves outras culturas sem respeito agraves diferenccedilas causando grandes perdas para a identidade do povo brasileiro Isto tem resultado em injusticcedilas e crueldade com as minorias e deixado agraves margens da sociedade tanto negros quanto indiacutegenas Os iacutendios satildeo agentes histoacutericos que vem criativamente encontrando soluccedilotildees para sobreviver em um mundo que quis exterminaacute-los deixemos de olhar o iacutendio simplesmente como vitima dos colonizadores

43 passemos a enxergaacute-los aleacutem da chegada dos portugueses isso eacute essencial para a construccedilatildeo do conhecimento sobre os indiacutegenas precisamos recuperar a participaccedilatildeo desta populaccedilatildeo nos diversos momentos da histoacuteria brasileira bem como sua contribuiccedilatildeo na preservaccedilatildeo ambiental e no saber tradicional sobre plantas medicinais entre outros Eacute imperativo que trabalhemos para uma educaccedilatildeo que possibilite o reconhecimento histoacuterico poliacutetico - social da cultura indiacutegena mas que sobre tudo a enxergue sobre o tempo do aqui e agora pois entendem que os iacutendios natildeo satildeo aqueles ldquoprimitivosrdquo sem ldquocivilizaccedilatildeordquo ou cultura e que o fato dos indiacutegenas atuais usarem celulares e computadores natildeo os tornam menos iacutendios afinal de contas nosso principal meio de transporte jaacute natildeo eacute mais o cavalo Levando o iacutendio para sala de aula Natildeo haveria melhor lugar para discutir as questotildees sobre as minorias sociais uma vez que segundo GADOTTI (1998p24) em uma educaccedilatildeo que visa a transformaccedilatildeo a escola tem um papel estrateacutegico podendo ser um lugar onde as forccedilas emergentes da nova sociedade muitas vezes chamadas de classes populares podem elaborar sua cultura e adquirir consciecircncia necessaacuteria a sua formaccedilatildeo Poreacutem trazer essa temaacutetica para a sala de aula requer aleacutem de um bom preparo do professor fontes de informaccedilatildeo confiaacuteveis que retratem a vida das diferentes comunidades indiacutegenas do Brasil trazendo informaccedilotildees sobre o seu passado sua cultura situando-as no presente retratando os diversos problemas que tem enfrentado ao longo dos anos suas lutas e suas conquistas Existem sites especializados que oferecem materiais e informaccedilotildees confiaacuteveis e de qualidade sobre os povos indiacutegenas entre eles Museu do iacutendio ndash mantido pela FUNAI Viacutedeo nas Aldeias ndash ONG independente Os iacutendios na Histoacuteria do Brasil - setor de antropologia da UNICAMP Enciclopeacutedia dos povos indiacutegenas ndash Instituto Socioambiental Povos indiacutegenas no Brasil ndashISA ndash Instituto Socioambiental natildeo governamental Biblioteca Digital Curt Nimuendajuacute Pagina do Melatti ndash Juacutelio Cezar Melatti ndash Antropoacutelogo Universidade de Brasiacutelia ndash DAN ndash Departamento de Antropologia Espaccedilo Ameriacutendio ndash UFRGS Programa de Educaccedilatildeo tutorial (PET) Saberes indiacutegenas ndash UFSCAR Eacute possiacutevel utilizar tambeacutem apoacutes uma triagem textos jornaliacutesticos de miacutedias online pois satildeo recursos atuais e didaacuteticos que possibilitam iniciar um debate em sala de aula que realmente promova um esclarecimento sobre a cultura indiacutegena ajudando a diminuir os preconceitos e os estereoacutetipos em relaccedilatildeo agraves populaccedilotildees indiacutegenas Trabalhar a histoacuteria indiacutegena correlacionando-a agrave situaccedilatildeo atual dos iacutendios eacute importante para aproximar os alunos da histoacuteria se bem trabalhado pelo professor aguccedila a criticidade dos alunos aleacutem de desenvolver o interesse pela investigaccedilatildeo dos fatos o que os tornam sujeitos ativos na construccedilatildeo do saber

Um professor mediador consciente que tenha procurado conhecer a cultura indiacutegena poderaacute promover grandes discussotildees em torno de vaacuterios temas dentre eles desenvolvimento sustentaacutevel dimensotildees simboacutelicas da cultura indiacutegena terras indiacutegenas desinformaccedilatildeo internet e cultura indiacutegena cidadania alimentaccedilatildeo saudaacutevel desigualdade social e outros Falar sobre a Arte e Cultura Indiacutegena nas escolas eacute cheio de desafios mas tambeacutem possibilidades Eacute importante entender que a partir da temaacutetica indiacutegena eacute possiacutevel criar um projeto transdisciplinar que promova maior conhecimento aos alunos envolvendo inclusive toda a comunidade dando visibilidade a cultura indiacutegena de forma plena fomentando processos que se desvinculem das festividades superficiais em comemoraccedilotildees ao dia do iacutendio Enquanto nos debatemos em esforccedilos pessoais para garantir meios de inserir o tema nas aulas natildeo podemos perder de vista duas grandes questotildees primeiro a necessidade do preparo e formaccedilatildeo do corpo docente natildeo indiacutegena para tratar de questotildees relacionadas agrave cultura indiacutegena devendo ser incluiacuteda a questatildeo eacutetnica na matriz curricular dos cursos de licenciatura e nos processos de formaccedilatildeo continuada de professores inclusive de docentes do ensino superior e segundo a necessidade de um material de apoioorientaccedilatildeo que assegure a relaccedilatildeo de como trazer a temaacutetica indiacutegena para a sala de aula que elementos dessa rica cultura devem ser trabalhados quando e com quais objetivos Assim devemos continuar militando em defesa da conquista desses direitos para assegurarmo-nos da implementaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo de qualidade que vai de encontro aos anseios sociais

Arte-Educaccedilatildeo e Cultura Indiacutegena em busca de um lugar ao sol A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496 no artigo 3 diz que o ensino seraacute ministrado com base nos seguintes princiacutepios descritos no inciso ldquoII - liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensamento a arte e o saberrdquo portanto educar eacute ir aleacutem de preparar para o mercado de trabalho eacute propiciar conhecimento cultural artiacutestico e folcloacuterico da sua nacionalidade A arte eacute de fundamental importacircncia para o ser humano pois educa a sensibilidade e contribui para o desenvolvimento da criatividade e da cogniccedilatildeo por isto deve ser valorizada no acircmbito escolar Ela deve ser um instrumento para a construccedilatildeo de valores sociais e eacuteticos A arte assim como os iacutendios vem lutando por seu reconhecimento e devido espaccedilo incluiacuteda nos curriacuteculos escolares e mais recentemente favorecida pela obrigatoriedade legal (LDB 939496) ainda natildeo apresenta na maioria das instituiccedilotildees mesmo peso e importacircncia nas demandas hieraacuterquicas seleccedilatildeo de conteuacutedos e propoacutesitos que as demais disciplinas curriculares tecircm e nem aos seus proacuteprios conforme nos aponta Ana Matildee Barbosa

Nem a mera obrigatoriedade nem o reconhecimento da necessidade satildeo

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suficientes para garantir a existecircncia da Arte no curriacuteculo Leis tatildeo pouco garantem um ensinoaprendizagem que torne os estudantes aptos para entender a Arte ou a imagem na condiccedilatildeo poacutes-moderna contemporacircnea (BARBOSA 2002 p 14)

A arte-educaccedilatildeo consegue alinhar o equiliacutebrio entre eacutetica e esteacutetica uma vez que amplia o olhar da educaccedilatildeo para aleacutem das formas segundo Barbosa (2000 p3) por meio das Artes eacute possiacutevel desenvolver a percepccedilatildeo e a imaginaccedilatildeo bem como apreender a realidade percebida e analisaacute-la de forma criacutetica tendo em vista a sua transformaccedilatildeo defendendo a ideia do viacutenculo entre arte e educaccedilatildeo pois a arte na educaccedilatildeo eacute um instrumento para a identificaccedilatildeo cultural e o desenvolvimento a partir da expressatildeo individual e cultural Ainda na concepccedilatildeo de Barbosa (2000)

Atraveacutes das Artes temos a representaccedilatildeo simboacutelica dos traccedilos espirituais materiais intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social seu modo de vida seu sistema de valores suas tradiccedilotildees e crenccedilas A arte como uma linguagem presentacional dos sentidos transmite significados que natildeo podem ser transmitidos atraveacutes de nenhum outro tipo de linguagem tais como as linguagens discursivas e cientiacuteficas (BARBOSA 2000 p 2)

Vejo positivamente a obrigatoriedade do tema indiacutegena dentro das aulas de Arte pois reconheccedilo a arte como importante ferramenta na construccedilatildeo total do indiviacuteduo como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do aluno com o objeto de estudo ligando-o diretamente agraves questotildees simboacutelicas agindo na dimensatildeo teoria-praacutetica assim levando-o a uma anaacutelise criacutetica do contexto histoacuterico-social do objeto de estudo mas tambeacutem o aproximando da realidade desse objeto fazendo com que ele se coloque no lugar do outro na medida em que pensa e repensa colocando o tema no aqui e agora a fim de exprimir seu pensamento e posiccedilatildeo atraveacutes da execuccedilatildeo de sua obra Outro aspecto importante eacute que a cultura indiacutegena estaacute intimamente ligada agrave arte se expressa e perpetua atraveacutes e pela arte em suas diversas linguagens Dentro da cultura indiacutegena eacute possiacutevel observar manifestaccedilotildees artiacutesticas como a danccedila teatro artes visuais e muacutesica o que cria um vasto leque a ser explorado indo ao encontro com o que determina o PCN quanto agraves linguagens artiacutesticas fundamentais a serem trabalhadas Consideraccedilotildees finais O mundo contemporacircneo e globalizado eacute caracterizado pela velocidade e acessibilidade de informaccedilotildees pela diversidade eacutetnica cultural religiosa poliacutetica mas tambeacutem o eacute pela intoleracircncia fanatismo religioso e sectarismo Eacute necessaacuterio e urgente abandonar velhos conceitos superar essa incompreensatildeo do outro quebrar paradigmas e construir novo entendimento da

diversidade reconhecendo os direitos dos grupos e das pessoas que existem justamente pela diferenccedila do modo de ser Aliaacutes essa eacute uma preciosa liccedilatildeo que temos a aprender com os indiacutegenas jamais deixar que o ldquoterrdquo supere o ldquoserrdquo A arte e mais especificamente a arte-educaccedilatildeo tem papel fundamental na formaccedilatildeo de um indiviacuteduo global preparado para ldquolerrdquo esse mundo e se relacionar com ele de forma criacutetica e consciente podendo ser capaz de interferir na sua realidade a fim de modificaacute-la para melhor Motivar discussotildees centrando-se na mudanccedila cultural resgatando nossa identidade pluralidade e diversidade contemplando a Arte e Cultura indiacutegena de forma devida no contexto escolar portanto eacute o iniacutecio das consideraccedilotildees sobre o lugar dos iacutendios na sociedade brasileira e na histoacuteria do paiacutes REFEREcircNCIAS BARBOSA Ana Mae Inquietaccedilotildees e mudanccedilas no ensino da Arte Satildeo Paulo Cortez 2002

________Arte-Educaccedilatildeo no Brasil realidade hoje e expectativas futurasEstud av SatildeoPaulo v3 n7 Dec 1989Disponiacutevelemlthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-40141989000300010amplng=enampnrm=isogt Acesso em 09 Nov 2014

FERNANDES Florestan O negro no mundo dos brancos Satildeo Paulo Global 2007

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1975

GADOTTI M Pedagogia da Praacutexis 2ordf ed Satildeo Paulo Cortez 1998

PASSOS Joana Ceacutelia dos O projeto pedagoacutegico escolar e as relaccedilotildees raciais a implementaccedilatildeo dos conteuacutedos de histoacuteria e cultura afro-brasileira e africana nos curriacuteculos escolares In SPONCHIADO Justina Inecircs et al (Orgs) Contribuiccedilotildees para a educaccedilatildeo das relaccedilotildees eacutetnico-raciais Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas 2008

RIBEIRO Darcy O Povo Brasileiro A formaccedilatildeo e o sentido de Brasil 2ordf ed Satildeo Paulo Companhia das Letras 1995

SANTOS Boaventura de Sousa Reconhecer para libertar os caminhos do cosmopolitismo multicultural Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2003

TINHORAtildeO Joseacute Ramos Muacutesica popular de iacutendios negros e mesticcedilos Petroacutepolis Vozes 1972

Links

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45 BRASIL Lei Nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 DOU 23121996 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9394htm

BRASIL IBGE Censo Demograacutefico 2010 Caracteriacutesticas gerais dos Indiacutegenas 2012 Disponiacutevel emftpftpibgegovbrCensosCenso_Demografico_2010Caracteristicas_Gerais_dos_IndigenaspdfPublicacao_completapdf Acesso em 22 out 2014 DIAS Roberto O conflito entre iacutendios e agricultores e o posicionamento da miacutedia frente aos protestos Causas Perdidas 26 de junho 2013 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20130626o-conflito-entre-indios-e-agricultores-e-o-posicionamento-da-midia-frente-aos-protestos Acesso em 27 out 2014

FRUTOS Lara ldquoModerno e Indiacutegenardquo ndash um olhar para os iacutendios contemporacircneos pelas lentes de Artur Tixiliski Causas Perdidas 31 marccedilo 2014 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20140331moderno-e-indigena-um-olhar-para-os indios-contemporaneos-pelas-lentes-de-artur-tixiliski Acesso em 27 out 2014

MANSO Bruno Paes Cidade de Satildeo Paulo tem 38 etnias indiacutegenas O Estado de Satildeo Paulo 17 jul 2011 Disponiacutevel em httpsao-pauloestadaocombrnoticiasgeralcidade-de-sp-tem-38-etnias-indigenas-imp-745988-Acesso em 27 out 2014

RICHTER Andrezza SILVA Carolina Rocha GUIRAU Kaacuterine Michelle O iacutendio na metroacutepole Revista Carta Capital 19 abr 2013 Disponiacutevel em httpwwwcartacapitalcombrsociedadeo-indio-na-metropole Acesso em 27 out 2014

TERENA Ronildo A contribuiccedilatildeo dos povos indiacutegenas para o Brasil Julho de 2009 Disponiacutevel em httpronildoterenablogspotcombr200907contribuicoes-dos-povos-indigenas-parahtml Acesso em 23 nov 2014

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A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS

Nataacutelia de Lima Machado Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

natalia_lima8hotmailcom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Este artigo relata parte do Projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica do curso de Quiacutemica da FACCAMP fases da histoacuteria do vidro desde sua descoberta e evoluccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo ateacute o surgimento dos imponentes vitrais demonstram-se tambeacutem as teacutecnicas mais empregadas para a fabricaccedilatildeo de um vitral bem como a visita realizada ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista cidade do interior de Satildeo Paulo finalizando com uma entrevista com o artista

Palavras chave Histoacuteria dos vidros vitrais e pintura de vidros

ABSTRACT This paper reports part of the scientific Initiation Project chemistry course of FACCAMP history of glass phases since its discovery and development in the manufacturing process until the appearance of the imposing stained glass are demonstrated also the techniques most used for the manufacture of a stained glass window and the visit made to the Atelier Sergio Silver located in Braganca Paulista the city of Satildeo Paulo ending with an interview with the artist

Keywords Glass history stained glass and painting

1 HISTOacuteRIA DOS VIDROS Pliacutenio o grande naturalista romano em sua enciclopeacutedia Naturalis Historia atribui aos feniacutecios a obtenccedilatildeo dos vidros Segundo a lenda ao desembarcarem nas costas da Siacuteria em uma praia de areia fina haacute cerca de 4000 anos aC os feniacutecios improvisaram fogotildees usando blocos constituiacutedos de carbonatos e bicarbonatos de soacutedio sobre a areia Observaram que passado algum tempo de fogo vivo escorria uma substacircncia liacutequida transparente e viscosa que se solidificava rapidamente A figura 1 mostra uma ilustraccedilatildeo da descoberta do vidro

Figura 1 Ilustraccedilatildeo da lenda da descoberta do vidro - Fonte COSTA 2006

De acordo com grande parte dos cientistas a arte vidreira teria sido difundida atraveacutes do Egito e Mesopotacircmia Os primeiros artefatos de vidro tecircm origem na Mesopotacircmia a cerca de 3000 aC onde foi encontrado tambeacutem um registro de procedimento de fabricaccedilatildeo A arte de se fazer vidros isentos de ceracircmica e a adiccedilatildeo de compostos de cobre e cobalto com a finalidade de garantir as tonalidades azuladas satildeo creditadas ao Egito (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Ateacute 1500 aC os materiais viacutetreos tinham pouca utilidade praacutetica e eram empregados principalmente como adorno O vidro nessa eacutepoca era opaco e colorido demonstrando que o meacutetodo de coloraccedilatildeo atraveacutes da introduccedilatildeo de oacutexidos metaacutelicos jaacute era conhecido Os compostos agrave base de cobre e estanho jaacute eram introduzidos para gerar cor azul e branco respectivamente (AKERMAN 2000 MAIA 2003)

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Surge na China durante a Dinastia Han entre 206 e 200 aC vidros agrave base de chumbo como ilustrado na figura 2 A incorporaccedilatildeo de oacutexido de chumbo em sua composiccedilatildeo reduz a sua temperatura de fusatildeo O estanho eacute muito utilizado em composiccedilotildees de vidrado tornando tais vidros opacos e coloridos com diversas tonalidades devido agrave presenccedila de impurezas metaacutelicas (GONCcedilALVES 2004)

Figura 2 ndash Pote ceracircmico com vidrado agrave base de chumbo Dinastia Han (206 aC ndash 200 aC) - Fonte GONCcedilALVES 2004

Poreacutem foi por volta de 200 aC na Siacuteria que se deu o desenvolvimento de uma teacutecnica fundamental e revolucionaacuteria na arte de fazer objetos de vidro a sopragem que consiste em extrair uma pequena porccedilatildeo do vidro em fusatildeo com a ponta de um tubo de aproximadamente 100 a 150 cm de comprimento com abertura de 1 cm de diacircmetro permitindo que o vidreiro sopre pela outra extremidade produzindo-se uma bolha no interior da massa dando origem a uma peccedila oca Tal teacutecnica pode ser visualizada na figura 3 (GONCcedilALVES 2004 ALVES 2001 AKERMAN 2000)

Figura 3 ndash Representaccedilatildeo da teacutecnica de sopro - Fonte wwwpilkingtoncom

Os primeiros vidros incolores entretanto surgiram por volta de 100 dC em Alexandria devido agrave introduccedilatildeo de oacutexido de manganecircs nas composiccedilotildees e de melhoramentos importantes nos fornos

A idade do luxo do vidro deu-se no periacuteodo do Impeacuterio Romano A qualidade e o refinamento da arte de trabalhar com vidro permitiam criar joacuteias e imitaccedilotildees perfeitas de pedras preciosas Eacute tambeacutem em Roma que surgem as primeiras aplicaccedilotildees arquitetocircnicas de vidro O vidro plano passa a ser utilizado em pavimentos e em

paredes mas seraacute em janelas que reside a sua maior contribuiccedilatildeo onde substitui mica e conchas (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Por volta do ano de 1200 dC Veneza se tornaria o centro vidreiro mais importante onde os profissionais da aacuterea eram confinados na ilha de Murano para que natildeo se espalhassem os conhecimentos que eram passados de pai para filho tornando-se prisioneiros de sua proacutepria arte Nessa ilha estranhos eram impedidos de entrar e os proacuteprios vidreiros natildeo podiam se ausentar exceto com permissatildeo especial A desobediecircncia a essas regras colocava em risco suas famiacutelias O contraacuterio tambeacutem acontecia honrarias eram concedidas a quem se sujeitasse a esse regime Dessa forma guardou-se com discriccedilatildeo diversas composiccedilotildees e teacutecnicas durante seacuteculos (AKERMAN 2000 GONCcedilALVES 2004 MAIA 2003)

Com o fim do Impeacuterio Romano e a instabilidade na Europa diversos centros vidreiros declinaram na Europa obrigando pequenos postos vidreiros a refugiarem-se em bosques sobrevivendo apoiados por grupos familiares que sem grande inovaccedilatildeo composicional ou tecnoloacutegica fizeram surgir os vidros de cor planos usados na fabricaccedilatildeo de vitrais ndash paineacuteis compostos de vidros coloridos ou pintados alocados sobre um base de estanho

A difusatildeo da arte do fabrico de vidro ficaria controlada durante seacuteculos A arquitetura romana e a monumentalidade da arte religiosa tatildeo rica em vatildeos e janelas encontraram um magniacutefico complemento artiacutestico no vidro plano Nos vidros mais do que em qualquer outro material a arte e a teacutecnica aliaram-se de uma forma iacutempar ao longo de milecircnios (GONCcedilALVES 2004)

Foi no transcorrer da Baixa Idade Meacutedia entre os seacuteculos X e XV que nasceu o estilo Goacutetico Dentre as diversas categorias artiacutesticas usadas nessa nova eacutepoca surge o aperfeiccediloamento dos imponentes vitrais que passaram a compor o espaccedilo criado para abrigar enormes janelas dentro de majestosas catedrais com a finalidade de possibilitar a entrada de luz no ambiente

Considerado o precursor do vitral figurativo verifica-se na figura 4 uma peccedila representando a cabeccedila de Cristo localizada na Abadia de Wissembourg Alsaacutecia Esse eacute o vitral mais antigo jaacute encontrado

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Figura 4 ndash Cabeccedila proveniente da abadia Saint-Pierre de Wissemboug - Fonte NUNES 2012

No periacuteodo anterior ao goacutetico tem-se um estilo arquitetocircnico chamado Romacircnico que perdurou entre os seacuteculos XI e XIII cuja caracteriacutestica era a de construccedilotildees com pequenas aberturas pelas quais passava a luz Os vitrais eram abrigados nesses espaccedilos sob a forma de rosaacuteceas como exemplificado na figura 5

Figura 5 ndash Rosaacutecea da Igreja de Satildeo Joatildeo de Alporatildeo Santareacutem Portugal- Fonte wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Tais aberturas existiam em diversos formatos geralmente envoltas em uma moldura de ferro que aleacutem de sustentar o vitral era aplicado tambeacutem com a funccedilatildeo ornamental Eacute possiacutevel encontrar vitrais instalados nas janelas dos trifoacuterios - galerias estreitas localizadas sobre as arcadas ou tribunas nas paredes laterais que separam a nave principal das colaterais segundo eacute demonstrado na figura 6

Figura 6 ndash Trifoacuterios da Catedral St Denis Franccedila - Fonte httpwwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798

2 A ARTE DOS VITRAIS O vitralismo eacute uma arte milenar onde o conhecimento era transmitido atraveacutes da praacutetica do fazer no qual seus processos eram repassados sob forma oral e atraveacutes de poucas documentaccedilotildees escritas

O historiador Jean Lafond faz uma definiccedilatildeo interessante a respeito dos vitrais

ldquoo vitral eacute uma composiccedilatildeo decorativa que obteacutem seu efeito por meio da translucidez de seu suporte Natildeo tentemos definir melhor ao defini-lo poderia deixar de lado tanto as mais antigas quanto as recentes manifestaccedilotildees de uma arte que ainda natildeo deu sua palavra finalrdquo (WERTHEIMER 2011)

Processo de produccedilatildeo de um vitral

O vidro mais utilizado em vitrais eacute o proveniente da fusatildeo da siacutelica extraiacutedo de areia rica em quartzo juntamente com potaacutessio eou soacutedio (FERNANDES 2008)

O conceito baacutesico que remontas agraves origens do saber fazer o vitral baseia-se na tradiccedilatildeo de montar o painel de vidro a partir da modelagem das formas retirando a transparecircncia do vidro e quebrando a intensidade de luz (WETHEIMER 2011)

Haacute uma organizaccedilatildeo a ser seguida nas etapas de criaccedilatildeo de um vitral captaccedilatildeo das medidas do painel produccedilatildeo de um projeto reduzido escolha dos vidros e cores criaccedilatildeo dos cartotildees decalque e calibragem dos moldes corte e desbaste do vidro pintura e queima montagem com chumbo solda consolidaccedilatildeo e instalaccedilatildeo final do vitral (GARCIA 2010)

Pintura

O vitralista se diferencia do pintor de cavalete porque nos vitrais o artista tem a funccedilatildeo de modelar a luz Assim desde as suas origens utilizam-se no vitral dois principais tipos de pigmentos de fundamental importacircncia para garantir a qualidade da pintura (WERTHEIMER 2011)

Grisalha Caracterizado como pintura vitrificaacutevel eacute o pigmento mais utilizado para a pintura do vitral Eacute composta basicamente por uma mistura de fundente (vidro e oacutexido de chumbo) com oacutexidos metaacutelicos (ferro eou cobre) Conhece-se atualmente mais de 21 cores de grisalha que satildeo comercializadas sob a forma de poacutes sendo necessaacuteria a adiccedilatildeo de um aglutinante (aacutegua ou vinagre por exemplo) e um ligante (goma-araacutebica tanino leite fel de boi por exemplo) Depois de aplicada e seca a grisalha os vidros satildeo levados ao forno a temperaturas entre os 600 e os 700 ordmC de maneira a formar as ligaccedilotildees entre o fundente os pigmentos em suspensatildeo e a superfiacutecie do vidro Apoacutes o cozimento as grisalhas adquirem um tom de castanho a negro que bloqueiam parcialmente a entrada da luz Dessa forma satildeo aplicadas no painel com a superfiacutecie

49 virada para o interior do edifiacutecio a fim de proteger a pintura (DELGADO 2010 FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

Amarelo de prata desde a Antiguidade a pintura com amarelo de prata jaacute era utilizada para a decoraccedilatildeo de objetos de vidro Nos vitrais sua utilizaccedilatildeo deu-se somente a partir do seacuteculo XIV garantindo uma nova coloraccedilatildeo na placa de vidro variando do amarelo limatildeo ao laranja e ao acircmbar Haacute cinco cores de amarelo de prata comercializados A coloraccedilatildeo obtida eacute influenciada pelo tamanho forma e distribuiccedilatildeo das pequenas partiacuteculas de prata na matriz do vidro pela temperatura atmosfera de cozedura e pela composiccedilatildeo do vidro (WERTHEIMER 2011 GARCIA 2010)

O amarelo de prata eacute a chamada pintura de cimentaccedilatildeo sendo formado de compostos de prata com enxofre aplicados sobre o vidro com aacutegua destilada e cozidos a temperaturas inferiores agrave das grisalhas entre 560 ordmC e 630 ordmC Essas temperaturas auxiliam na penetraccedilatildeo da prata na superfiacutecie vidro ocasionando na reduccedilatildeo dos iacuteons de prata a prata metaacutelica de proporccedilotildees nanomeacutetricas (FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

O mecanismo envolvido pode ser apresentado em 4 etapas

1ordm - Troca iocircnica entre os iacuteons alcalinos do vidro e os iacuteons de prata

- Si-O-Na+ + Ag+ rarr - Si-O-Ag+ + Na+

2ordm - Os iacuteons de prata migram para regiotildees mais profundas da matriz

3ordm - Reduccedilatildeo dos iacuteons de prata agrave sua forma metaacutelica

Ag+ + e- rarr Agdeg

4ordm - Formam-se aglomerados com nanopartiacuteculas de prata (2-100 nm de diacircmetro) responsaacuteveis pela cor do vidro (DELGADO 2010)

Na figura 7 satildeo demonstradas as diferentes etapas para a pintura de um vitral onde a primeira imagem verifica-se o resultado da primeira queima onde satildeo fixadas a grisalha e o branco fosqueador Um fundo de tonalidade meacutedia de grisalha eacute acrescentada na segunda imagem Jaacute na terceira imagem o amarelo de prata eacute aplicado na aureacuteola para a segunda queima A aplicaccedilatildeo das sombras e a retirada de luzes eacute realizada e uma nova queima eacute realizada na quarta imagem

Figura 7 ndash Etapas da pintura de um vitral - Fonte httpwwwsergiopratacombrportseraggiotohtm

Queima

A queima somente eacute feita apoacutes as pinturas serem aplicadas Esse procedimento eacute efetuado para se assegurar que a pintura seja fixada com eficiecircncia no suporte viacutetreo (GARCIA 2010)

Na Idade Meacutedia a queima dos pigmentos era feita em fornos abertos dentro dos ateliecircs As peccedilas eram acondicionadas em um tabuleiro de ferro contendo cal Eram necessaacuterios separadores para impedir a aderecircncia durante o processo de queima a temperaturas de 600degC aproximadamente

Atualmente nos fornos utilizados as placas metaacutelicas foram substituiacutedas pelas placas de ceracircmica refrataacuteria demonstrado na figura 8 garantindo uma maior planificaccedilatildeo da superfiacutecie (WERTHEIMER 2011)

Figura 8 ndash Forno utilizado para queima dos vidros - Fonte wwwvitralartbr

50

Montagem

Apoacutes a delicada tarefa de pintura e queima dos vidros inicia-se a montagem dos vitrais Este processo eacute feito sempre a partir de uma extremidade do painel Geralmente costuma-se colocar sob a mesa o desenho das peccedilas e sobre ele com a ajuda de uma espaacutetula os fragmentos de vidro que satildeo encaixados agraves calhas de chumbo para compor o painel Finalizada a montagem baixa-se as abas das calhas e estas satildeo soldadas Este processo inclui uma atenccedilatildeo extra do vitralista uma vez que o chumbo eacute altamente toacutexico

A etapa de soldagem eacute feita dos dois lados do painel Deve-se tomar o maacuteximo de cuidado para que as soldas fiquem uniformes e regulares como ilustrado na figura 9

Figura 9 ndash Processo de solda dos vitrais - Fonte httpwwwcastelvitraiscombrtecnicas

Em seguida eacute feita a calafetagem teacutecnica que garante a firmeza do vidro e a impermeabilidade do vitral

A colocaccedilatildeo do painel ocorre somente apoacutes a total secagem da massa de calafetagem (WERTHEIMER 2011)

De modo geral o processo de montagem resume-se da seguinte forma apoacutes o corte e decoraccedilatildeo do vidro os mesmos satildeo colocados no painel entre barras de ferro fixados com pregos montados em calhas de chumbo e soldados nos pontos de uniatildeo Eacute entatildeo efetuada a calafetagem com massa Por fim o painel eacute colocado na janela de interesse (FERNANDES 2008)

3 TRABALHO DE CAMPO No mecircs de setembro de 2013 realizou-se uma visita teacutecnica ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista interior de Satildeo Paulo com a finalidade de se conhecer a teacutecnica dos vitrais bem como um profissional da aacuterea Verificou-se durante a visita que o trabalho do vitralista exige muito cuidado no manuseio por se tratar de uma arte delicada composta com materiais com alto teor de toxicidade devido ao uso de

chumbo aleacutem de ser um trabalho caro Quando se fala em valores percebe-se que todos os materiais utilizados satildeo importados desde os pinceacuteis e pigmentos ateacute o proacuteprio vidro

Realizou-se uma breve entrevista com o artista justamente para incluir seu ponto de vista e sua experiecircncia nesta monografia enriquecendo-a e esclarecendo muito do que jaacute foi explanado

Seacutergio Prata Garcia eacute formado na Eacutecole Nationale Supeacuterieure de Beaux Arts em Paris seguindo cursos de anaacutelises de obras no Louvre e especializando-se em teacutecnicas de pintura em afrescos (GARCIA 2010)

Segue abaixo a entrevista realizada com o artista

Qual eacute o atual panorama do vitralismo no Brasil e no mundo Seacutergio Prata Na Europa e nos EUA o vitralismo tem grande atividade e aceitaccedilatildeo um dos indiacutecios disto eacute a grande quantidade de profissionais induacutestrias de materiais e miacutedia que acontece graccedilas ao mundo do vitral No Brasil temos alguns bons vitralistas que herdaram os conhecimentos milenares europeus mas a falta de uma escola superior de vitralismo dificulta a formaccedilatildeo de profissionais Por esta razatildeo estamos atuando nesta aacuterea de formaccedilatildeo trazendo os conhecimentos e o savoir-faire da escola francesa de vitralismo para os brasileiros

Como vocecirc enquanto artista relaciona a importacircncia dessa interaccedilatildeo quiacutemica-arte Seacutergio Prata Sem conhecimentos de quiacutemica e fiacutesica fica difiacutecil fazer uma obra de arte que dure que resista ao tempo Trabalhamos com materiais quiacutemicos Trabalhamos com realidades fiacutesicas Tentar fazer arte sem conhecimentos quiacutemicos eacute como tentar cozinhar sem conhecer culinaacuteria Haacute algum estudo para viabilizar a adoccedilatildeo de pigmentos e materiais menos insalubres para o artista vitralista Seacutergio Prata Desconheccedilo qualquer estudo neste sentido Os metais pesados entre eles o chumbo estatildeo na base da constituiccedilatildeo do fundente necessaacuterio para que as grisalhas se fundam ao vidro Qual a sua perspectiva para o vitralismo nos proacuteximos anos Seacutergio Prata Nosso atelier estaacute em plena evoluccedilatildeo firmando-se na criaccedilatildeo e execuccedilatildeo de vitrais Nossa colaboraccedilatildeo formando dezenas de profissionais no Brasil tem fomentado o consumo de vidros a execuccedilatildeo de novas obras o mercado de vitral em diversos estados do Brasil Quais satildeo os principais desafios que um vitralista enfrenta durante sua carreira

51 Seacutergio Prata 1) Conseguir conhecimentos O mundo do vitral eacute muito fechado Muitos se negam a passar conhecimentos recusam formar novos vitralistas 2) Conseguir bons materiais A importaccedilatildeo eacute muito cara e a induacutestria nacional natildeo produz vidros coloridos As grisalhas os pinceacuteis de qualidade satildeo todos importados 3) O mercado nacional de vitral tem concorrentes que tentam monopolizar a produccedilatildeo nacional 4) A grande toxicidade dos materiais eacute um grande problema para os vitralistas

4 CONCLUSAtildeO A Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica no curso de Quiacutemica abre as portas para que o estudante expanda seu universo permitindo que ele explore e empreenda em novos segmentos Torna-se um desafio para o quiacutemico desenvolver meacutetodos para a elaboraccedilatildeo de materiais atoacutexicos e que sejam iguais ou melhores em sua eficiecircncia possibilitando ao vitralista uma seguranccedila maior no momento em que for aplicar suas teacutecnicas 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AKERMAN M Natureza estrutura e propriedades do vidro CETEV-Centro Teacutecnico de Elaboraccedilatildeo do Vidro [Sl] [sn] 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsaint-gobaincetevcombrovidrovidropdfgt Acesso em 24092012 ALVES O L GIMENEZ IF MAZALL IO Vidros Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo ed Especial p 13-24 mai 2001 COSTA H R N Aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de Inteligecircncia Artificial em Processos de Fabricaccedilatildeo de Vidro 2006 271 f Tese (Doutorado em Engenharia de Sistemas) ndash Departamento de Engenharia de Telecomunicaccedilotildees e Controle Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis33139tde-09032007pt-brphpgt Acesso em 01022013 DELGADO J M L Vitrais da Charola do Convento de Cristo em Tomar Histoacuteria e Caracterizaccedilatildeo 2010 70 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa 2010 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103624964gt Acesso em 01022013 FERNANDES P R V Estudo dos Vitrais do Mosteiro de Santa Maria da Vitoacuteria (Batalha) Caracterizaccedilatildeo do vidro decoraccedilatildeo e morfologias de corrosatildeo 2008 37 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa

2008 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103622623gt Acesso em 01022013 GARCIA S P Teacutecnicas de Pintura para artistas 2 ed [Sl] Seacutergio Prata 2010 GONCcedilALVES MC O Vidro Arquitectura e Vida [Sl] p 70-74 mar 2004 Disponiacutevel em lthttpsdspaceistutlptbitstream229510637351VIDROpdfgt Acesso em 25062013 MAIA S B O vidro e sua Fabricaccedilatildeo Rio de Janeiro Interciecircncia 2003 NUNESRF Vitreorum Ministerium O didatismo dos vitrais medievais histoacuteria e linguagem visual Os vitrais da Yorkminster 2012 162 f Tese (Doutorado em Letras) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis88139tde-13122012-102204enphp Acesso em 20032013 WERTHEIMER M G GONCcedilALVES M R F O processo de produccedilatildeo de vitrais sob a oacutetica da tradiccedilatildeo Revista CPC Satildeo Paulo v 12 p 127-149 maiout 2011 wwwcastelvitraiscombrtecnicas Acesso em 05112013 wwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798 Acesso em 09072013 wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Acesso em 09072013 wwwpilkingtoncom Acesso em 13082013 wwwvitralartbr Acesso em 05112013

52

AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV)

Fuad Joseacute Daud Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fuaddaudigcombr

RESUMO

O presente trabalho eacute parte do desenvolvimento do ensaio proposto que tem como intuito a discussatildeo e futuro complemento correspondente agrave relaccedilatildeo professor-aluno no ensino de niacutevel superior na busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Este texto tem como base principal a observaccedilatildeo e a experiecircncia docente Para tanto optamos pela entrevista pessoal e parecer do homenageado Professor desta casa o Dr Faacutebio Luiz Villani possuidor de extensa e profunda experiecircncia na aacuterea da Educaccedilatildeo Universitaacuteria

Palavras chave

Relaccedilatildeo professor - aluno o aluno o professor a Instituiccedilatildeo de Ensino

ABSTRACT

This work is part of the development of the proposed test that has the intention to discussion and future supplement corresponding to the teacher-student relationship at higher education level in the constant quest for human and pedagogical improvement This text is mainly based on observation and teaching experience To do so we opted for a personal interview and opinion of the honored teacher of this house the Dr Faacutebio Luiz Villani possessed of extensive and deep experience in Higher Education

Keywords

Teacher-student relationships the student the Teacher Education Institution

INTRODUCcedilAtildeO Este trabalho eacute o quarto que eacute parte do desenvolvimento do ensaio de experiecircncias e observaccedilotildees no ensino de niacutevel superior correspondente agrave temaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno cujo intuito eacute a discussatildeo e a busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Inexiste uma posiccedilatildeo definitiva sobre o tema por ser assunto complexo e de visatildeo relacional de sujeito-objeto compatiacutevel com o empirismo

O que se pretende eacute a anaacutelise da questatildeo educacional e natildeo da instruccedilatildeo de dados teacutecnicos de especialidades Neste ponto GUSDORF (1970 p 79) escreve e elucida o seguinte Aqui se estabelece a distinccedilatildeo entre ensino como estudo especializado dum conjunto de dados duma determinada ordem e a educaccedilatildeo propriamente dita que eacute autoedificaccedilatildeo de que o ensino eacute apenas um meiordquo

Sendo assim natildeo haacute de se falar em posiccedilatildeo absoluta e universal mas de relatos pessoais de profissionais habilitados que militam na aacuterea educacional superior sem todavia olvidar de que cada experiecircncia deve estar isenta de ilaccedilotildees estritamente subjetivas

Nada se pretende provar a natildeo ser constatar a realidade presente que poderaacute servir como reflexatildeo para o aperfeiccediloamento futuro nas relaccedilotildees entre o corpo docente e o discente no desenvolvimento do processo educacional

Os trabalhos anteriores estatildeo registrados nas Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 e WEA 20122013 e WEA 20132014(DAUD pp 50 e 61) e demonstram o propoacutesito intimamente vinculado ao aperfeiccediloamento do processo de aprendizagem e produccedilatildeo de meios que possibilitem elementos uacuteteis para o desenvolvimento da proacutepria Instituiccedilatildeo de Ensino

Neste momento temos o privileacutegio de apresentar o parecer e entrevista do Professor FAacuteBIO LUIZ VILLANI (Doutor e Poacutes-Doutor em Linguiacutestica Aplicada e Estudos da Linguagem) atualmente Professor Universitaacuterio da Faculdade Campo Limpo Paulista ndash FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP- sobre sua experiecircncia docente na Educaccedilatildeo Superior que contribui sobremaneira em seus longos anos no Magisteacuterio Superior Em seu notaacutevel saber apresenta alguns toacutepicos que seratildeo desenvolvidos verbis 1A questatildeo do aluno que chega ao ensino superior 2A questatildeo do professor nos cursos universitaacuterios 3A relaccedilatildeo professor-aluno 4A relaccedilatildeo Instituiccedilatildeo de ensinodocente e discente 5Conclusatildeo

53 6 A QUESTAtildeO DO ALUNO QUE CHEGA AO

ENSINO SUPERIOR Percebemos que hoje em dia os alunos que chegam ao ensino superior encontram-se sem as habilidades miacutenimas intelectuais e emocionais para o enfrentamento do desafio de encarar uma especializaccedilatildeo em uma carreira que deveraacute acompanhaacute-lo por toda a sua trajetoacuteria profissional Natildeo se trata nem mesmo de muitas vezes o aluno natildeo saber muito bem se o curso escolhido no acircmbito universitaacuterio eacute o que estaacute cursando - coisa que faz parte das escolhas universitaacuterias em nosso paiacutes pois a idade de ingresso na universidade natildeo privilegia uma escolha muitas vezes segura Trata-se de um processo de infantilizaccedilatildeo emocional cultivado durante todo o ensino fundamental e meacutedio Os alunos muitas vezes encaram a suposta liberdade e vir das salas universitaacuterias como apenas um ir Tudo isso aliado agrave baixa escolarizaccedilatildeo oferecida em muitas unidades de ensino que natildeo preparam o aluno intelectualmente para que se possa realizar o desenvolvimento de accedilotildees focadas em niacuteveis mais aprofundados de conhecimento caracteriacutestica dos cursos universitaacuterios 7 A QUESTAtildeO DO PROFESSOR NOS CURSOS

UNIVERSITAacuteRIOS Podemos perceber problemas de natureza afim entre os alunos e professores Quanto aos alunos encontram-se uma baixa qualidade da matildeo ndash de ndash obra estudantil E aos docentes falta uma formaccedilatildeo mais aprofundada e abrangente de conhecimento para que possa elevar a qualidade do ensino universitaacuterio Natildeo trata-se apenas de conhecimento em niacutevel teoacuterico mas tambeacutem de questotildees associadas ao conhecimento pedagoacutegico para que os professores possam lidar com as dificuldades dos alunos que natildeo obtiveram uma boa formaccedilatildeo na educaccedilatildeo baacutesica Eacute preciso compreender que a formaccedilatildeo do professor independente do niacutevel de ensino em que atue deve ser contiacutenua para que os desafios sejam enfrentados com conhecimento de causa 8 A RELACcedilAtildeO PROFESSOR-ALUNO A relaccedilatildeo professor-aluno eacute o grande trunfo para que os objetivos principais da educaccedilatildeo se constituam Natildeo se trata apenas da transmissatildeo de conhecimentos A relaccedilatildeo professor -aluno deve servir de modelo para todas as relaccedilotildees profissionais ou natildeo que os alunos deveratildeo enfrentar em seu dia a dia Essa relaccedilatildeo deve ser pautada em princiacutepios de solidariedade e complementaridade para que todo o processo educativo possa atingir os patamares desejados em uma educaccedilatildeo contemporacircnea 9 A RELACcedilAtildeO INSTITUICcedilAtildeO DE

ENSINODOCENTE e DISCENTE A relaccedilatildeo instituiccedilatildeo de ensinodocentes e discentes seraacute fortalecida se cada um dos atores envolvidos consiga atuar de forma autocircnoma e responsaacutevel na direccedilatildeo da constituiccedilatildeo de um ambiente livre contudo com respeito agraves normas do direito e deveres coletivos Isso significa a criaccedilatildeo e o estreitamento de laccedilos de compromisso com a qualidade da formaccedilatildeo de indiviacuteduos criacuteticos e atuantes

conhecedores de seus direitos e obrigaccedilotildees Acreditamos que este seja o compromisso fundamental para uma formaccedilatildeo na atuaccedilatildeo do cidadatildeo e profissional que o paiacutes necessita 10 CONCLUSAtildeO Acreditamos em uma formaccedilatildeo abrangente nos cursos universitaacuterios onde possamos suprir uma seacuterie de dificuldades que os alunos trazem de uma educaccedilatildeo ineficiente oferecida na educaccedilatildeo baacutesica independentemente da oferecida no segmento puacuteblico ou privado Os alunos chegam agrave universidade com uma seacuterie de anseios e na expectativa de que os professores e a instituiccedilatildeo de ensino os resolvam de um modo simplificado e muitas vezes enganoso O fator principal de alteraccedilatildeo de poliacuteticas de ensino que realmente formem profissionais competentes para que possam alterar as trajetoacuterias de vida de seu entorno eacute garantir uma boa poliacutetica de formaccedilatildeo dos professores e oferecer subsiacutedios formativos aos alunos para que os mesmos possam adquirir competecircncia escolar necessaacuteria para atender a uma melhoria das condiccedilotildees de trabalho e especializaccedilatildeo que as instituiccedilotildees de ensino superiores devem oferecer a toda a sua comunidade escolar CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Este texto que faz parte de ensaio proposto cujo titulo eacute ldquoAs relaccedilotildees professor e aluno no ensino de niacutevel superior na atualidaderdquo tivemos o privileacutegio do parecer do professor Faacutebio Luiz Villani educador do corpo da Faculdade Campo Limpo Paulista- FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP que nos brindou com sua posiccedilatildeo atualiacutessima sobre o aspecto relacional professor-aluno trazendo-nos reflexotildees acerca do importante tema

O intuito desta anaacutelise sempre foi o de trazer elementos dos diversos profissionais especializados na aacuterea da educaccedilatildeo com suas experiecircncias em sala de aula e fora dela na relaccedilatildeo professor-aluno

Mais uma vez tivemos a oportunidade de entrevistar um importante profissional da aacuterea da educaccedilatildeo que demonstrou em cinco toacutepicos as questotildees relevantes que norteiam o difiacutecil e apaixonante caminho para o desenvolvimento da educaccedilatildeo de niacutevel superior aleacutem de registrar suas conclusotildees pessoais

Essas questotildees natildeo satildeo simplesmente sugestotildees mas antes de tudo satildeo a realidade presente fruto de trabalho de muitos anos na convivecircncia com educadores e educandos de variadas idades origens e formaccedilotildees

Eacute salutar a compreensatildeo da questatildeo da falta de preparo intelectual suficiente para o enfrentamento de um niacutevel superior de ensino por parte daqueles que desejam muito avanccedilar socialmente e profissionalmente

Por outro lado o aluno com tal postura teraacute baixa produtividade no que tange agrave pesquisa dos temas propostos na disciplina afastando a descoberta individual

54 e sua autonomia na assimilaccedilatildeo dos conhecimentos necessaacuterios agrave sua formaccedilatildeo

Natildeo se pode olvidar tambeacutem a necessaacuteria conscientizaccedilatildeo pelo professor a respeito de seu preparo para esse perfil do aluno especialmente no aspecto de conhecimento pedagoacutegico considerando que a sua formaccedilatildeo deve ser contiacutenua para diminuir a sua dificuldade na conduccedilatildeo do processo educacional

Eacute importante frisar que a problemaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno natildeo deve estar isolada dos agentes e colaboradores da Instituiccedilatildeo de Ensino Existe uma relaccedilatildeo constante na composiccedilatildeo corpo administrativocorpo docente e corpo discente Deve-se visualizar toda a Instituiccedilatildeo para que todos participem na resoluccedilatildeo das questotildees relacionadas com o processo educacional e de aprendizagem partindo da premissa de que ningueacutem estaacute isento de responsabilidade nesse processo

Vale apresentar finalmente sobre o aspecto relacional analisado a questatildeo da ldquonegaccedilatildeo da individualidade do alunordquo que bem coloca o professor Rizzatto Nunes (2013 p 42)-ldquoCada aluno eacute um indiviacuteduo cuja dignidade deve ser respeitada e que tem anseios desejos interesses propoacutesitos problemas pessoais muito diferentes entre sirdquo Continua o professor dizendo que ldquocada aluno tem sua proacutepria particularidaderdquo ldquopode ter um pai desempregado pode estar preocupado com problemas domeacutesticos seriacutessimosrdquo ldquopode estar de lutordquo ldquooutro feliz demaisrdquo Este autor encerra ldquoO fato eacute que enquanto o sistema de ensino e os professores continuarem trabalhando na suposiccedilatildeo de que tecircm uma ldquosalardquo para ensinar e natildeo pessoas individuais com dignidade proacutepria a ser respeitada natildeo faremos muito progresso no ensino e no necessaacuterio avanccedilo da ciecircncia no meio universitaacuteriordquo REFEREcircNCIAS DAUD Fuad Joseacute Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 p50 WEA 20122013 p 61 WEA 20132014 p 55 Satildeo Paulo Faccamp 2012 20132014 Site wwwfaccampbr

VILLANI Faacutebio Luiz Entrevista-parecer sobre a relaccedilatildeo professor-aluno Campo Limpo Paulista 2015

GUSDORF Georges Professores para quecirc Para uma pedagogia da pedagogia Traduccedilatildeo de Joatildeo Beacuternard da Costa e Antoacutenio Ramos Rosa 2 ed Satildeo Paulo Moraes Editores 1970

NUNES Rizzatto Manual de Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito 11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2013

55

Atividades interativas com a quiacutemica estrutural para a previsatildeo de impactos ambientais

Alba Denise de Queiroz Ferreira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

albafacpgmailcombr

RESUMO O aprendizado interativo da relaccedilatildeo entre estrutura de substacircncias quiacutemicas e suas caracteriacutesticas hidrofoacutebicas foi facilitado com o uso de ferramentas computacionais on line e com demonstraccedilotildees no laboratoacuterio de quiacutemica Os recursos online que auxiliaram na previsatildeo do impacto ambiental satildeo o programa que possibilita o caacutelculo do coeficiente de particcedilatildeo Kow ( octanolaacutegua) a partir do editor de moleacuteculas JME (Java Molecular Editor) o banco de dados sobre substacircncias perigosas (HSDB) e o banco de dados sobre biodegradaccedilatildeo A elaboraccedilatildeo de mapas conceituais e o uso da estrateacutegia IFAT como atividades de avaliaccedilatildeo foram selecionadas para manter as discussotildees sobre ldquopensar sobre o pensarrdquo em torno dos conceitos quiacutemicos deste moacutedulo sugestivo para o curso de gestatildeo ambiental Palavras chave Aprendizado centrado no aluno metacogniccedilatildeo recursos digitais grupos funcionais hidrofobicidade bioacumulaccedilatildeo coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua ABSTRACT The interactive learning on the relationship between the structure of chemical substances and its hydrophobic characteristics was facilitated with the use of online computational tools and with demonstrations in the laboratory of chemistry The online resources that helped in the prevision of the environmental impact were the program that make possible the calculations of Kow (coefficient of partition octanolwater) through the insertion of a chemical structures with the editor of molecule JME (Java Molecular Editor) the hazardous substances data base and the biodegradation data base The elaboration of conceptual maps and the use of the IFAT strategy as evaluation activities for this module were selected to sustain the discussions on ldquoto think about thinkingrdquo around the concepts studied Keywords Student centered learning metacognition digital resources functional groups hydrophobicity

bioaccumulation coefficient of partition octanolwater (Kow) 1 INTRODUCcedilAtildeO A abordagem atual da ldquoquiacutemica para o ambienterdquo requer a aplicaccedilatildeo dos seus princiacutepios desde a origem da mateacuteria prima na produccedilatildeo no uso e ateacute o descarte do produto quiacutemico As decisotildees tomadas no iniacutecio do ciclo de vida deste produto podem ser fundamentadas em testes de toxidade e impacto ambiental antes que a moleacutecula seja sintetizada Recentemente a EPA (Environmental Protection Agency) disponibilizou o TEST (Toxicity Estimation Software Tool) um recurso QSAR (Quantitative Structure Activity Relationships) para anaacutelise toxicoloacutegica e do impacto ambiental de substacircncias quiacutemicas conhecidas (EPA 2015) Este conjunto de modelos matemaacuteticos jaacute eacute reconhecido na avaliaccedilatildeo da atividade bioloacutegica de faacutermacos (Ferreira Montanaro e Gaudio 2002 Almeida etal 2010 Arroio Onoacuterio e da Silva 2012) Para atividades didaacuteticas com moleacuteculas orgacircnicas novas e conhecidas outros recursos com livre acesso on line tambeacutem possibilitam esta previsatildeo como os disponibilizados para o caacutelculo de propriedades moleculares com implicaccedilotildees bioloacutegicas e ambientais (Tetko et al 2005 VCCLAB 2015 Molinspiration 2015 Molecular Networks 2015) Entre os paracircmetros utilizados na quiacutemica ambiental para a previsatildeo da interaccedilatildeo e do comportamento de substacircncias nos ecossistemas estatildeo a solubilidade em aacutegua o coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) coeficiente de adsorccedilatildeo a biomagnificaccedilatildeo biodegradaccedilatildeo e toxicidade Para as atividades introdutoacuterias sobre estrutura quiacutemica para alunos de gestatildeo ambiental o criteacuterio selecionado foi o Kow por permitir correlaccedilotildees com situaccedilotildees do cotidiano ser possiacutevel de demonstrar no laboratoacuterio quiacutemico e por estar disponiacutevel para ser calculado usando a interface do JME (Java Molecular Editor) Uma das vantagens do uso deste editor de moleacuteculas online eacute que possibilita ao aluno reconhecer as representaccedilotildees baacutesicas para ligaccedilotildees

56 quiacutemicas e grupos funcionais e ter o controle sobre essas moleacuteculas Ao realizar a atividade o aluno pode fazer questionamentos e obter resposta imediata sobre a relaccedilatildeo entre a modificaccedilatildeo estrutural os valores de Kow

A metacogniccedilatildeo eacute um conceito difundido no meio educacional desde que Flavell (1976) a definiu como ldquoa cogniccedilatildeo sobre a cogniccedilatildeordquo e apresentou evidecircncia da sua importacircncia para o aprendizado Por se tratar de um conceito complexo outras definiccedilotildees surgiram para expressar as diferentes interfaces do ldquopensar sobre o pensarrdquo (Lai 2011) Atualmente haacute um aumento nos registros de experiecircncias didaacuteticas para promoccedilatildeo da metacogniccedilatildeo no ensino especiacutefico de ciecircncias (Veenman 2012) Tem sido observado por Gama (2004) e Azevedo (2005) que o computador aplicado nos processos educacionais interativos pode servir como ferramenta promotora de habilidades metacognitivas nesses contextos Para o ensino da quiacutemica existem atividades inerentemente metacognitivas pois haacute o uso constante de experiecircncias praacuteticas (niacutevel macro) para explicar os conceitos teoacutericos (niacutevel micro) O interesse no ensino das estrateacutegias metacognitivas gerais ou especiacuteficas para uma determinada aacuterea de conhecimento estaacute relacionado com o reconhecimento da ineficiecircncia do ensino por transmissatildeo centrado no docente ou no conteuacutedo Segundo dados recentes as habilidades metacognitivas podem ser ensinadas e satildeo identificadas em profissionais e estudantes bem sucedidos (Dawson 2008) Neste relato seratildeo apresentados os resultados dessa experiecircncia didaacutetica que objetivou introduzir conceitos baacutesicos de quiacutemica estrutural para um moacutedulo de gestatildeo ambiental utilizando recursos digitais online com uma abordagem centrada no aluno para promover o desenvolvimento metacognitivo durante as aulas

2 METODOLOGIA O desenvolvimento dessas atividades estaacute estruturado no modelo construtivista do aprendizado de ciecircncias quiacutemicas (Ferguson 2007) Foram selecionados dois artigos cientiacuteficos para contextualizar este moacutedulo relacionando conceitos baacutesicos de estruturas quiacutemicas de poluentes persistentes com as propriedades de interesse para o gestor ambiental como a coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) solubilidade bioconcentraccedilatildeo biomagnificaccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (Almeida et al 2007 Ghiselli e Jardim 2007) A relaccedilatildeo entre os grupos funcionais quiacutemicos em moleacuteculas de materiais polimeacutericos conhecidos foi explorada no laboratoacuterio quiacutemico (em trecircs periacuteodos de 3 h aula) com as demonstraccedilotildees do tingimento de poliacutemeros tecircxteis (Lister 1995) encapsulamento de pigmentos sinteacuteticos no alginato de caacutelcio (Harper e Nickels 2008) e obtenccedilatildeo do poliacutemero PVA-BORAX (Shakhashiri 1989) A introduccedilatildeo agraves estruturas de substacircncias apresentadas nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio e de uma seacuterie moleacuteculas simples foi auxiliado com o JAVA MOLECULAR EDITOR (JME) online acompanhado da geraccedilatildeo das estruturas

tridimensionais (Molinspiration 2015 Molecular networks 2015) em trecircs periacuteodos de 3 h Os valores de Kow foram obtidos para cada estrutura gerada usando o JME para introduccedilatildeo da informaccedilatildeo molecular online (Molinspiration 2012) Para acessar informaccedilotildees toxicoloacutegicas e de impacto ambiental de pares de estruturas semelhantes foi utilizado o banco de dados HSDB Informaccedilotildees detalhadas sobre o processo de biodegradaccedilatildeo de poluentes com estruturas simples foram coletadas no Biodegradation Data Base da Universidade de Minessota As ferramentas de avaliaccedilatildeo foram escolhidas para proporcionar a interaccedilatildeo construtiva entre os pares durante a atividade Assim sendo os alunos foram avaliados atraveacutes de testes de muacuteltipla escolha usando a estrateacutegia IFAT (DiBattista 2001) e a elaboraccedilatildeo de mapas conceituais 3 ATIVIDADES COM MATERIAIS

POLIMEacuteRICOS DO COTIDIANO Para auxiliar no reconhecimento da relaccedilatildeo entre estrutura e as interaccedilotildees quiacutemicas foram realizadas demonstraccedilotildees com amostras de poliacutemeros conhecidos como poliestireno algodatildeo latilde polieacutester e Lycra Na primeira etapa os alunos refletiram e discutiram por que etanol se mistura completamente com aacutegua mas o oacuteleo e o octanol natildeo se misturam do mesmo modo Com os desenhos das estruturas em matildeos os alunos foram conduzidos na identificaccedilatildeo das semelhanccedilas e diferenccedilas entre elas e como correlacionar com os fatos observados nas demonstraccedilotildees listadas na Tabela 1 Tabela 1 As atividades sobre grupos funcionais e interaccedilotildees quiacutemicas

Material Demonstraccedilatildeo

Poliester Interaccedilatildeo dos corantes tecircxteis vermelho e azul com os poliacutemeros tecircxteis e a relaccedilatildeo com os grupos funcionais

Latilde sinteacutetica (poliacriacutelico)

Algodatildeo (poliacutemero de celulose)

Lycra (86 de poliamida e 14

de elastano)

Capsulas de alginato de caacutelcio

Encapsulamento de corantes sinteacuteticos alimentiacutecios

Poliacutemero PVA com BORAX

A afinidade dos corantes alimentiacutecios pelos grupos R-

57

OH do poliacutemero

Foi possiacutevel observar que os corantes interagiram bem como os tecidos contendo grupos funcionais R-OH e R-NHRrsquo semelhantes aos dos corantes mas natildeo com o polieacutester que contem o grupo funcional R-O-(C=O)-R 4 ATIVIDADES COM MOLEacuteCULAS

ORGAcircNICAS POLUENTES O contato inicial com as estruturas quiacutemicas do etanol octanol fenantrolina aacutecido saliciacutelico e da fenolftaleiacutena se deu no momento de discussatildeo no laboratoacuterio quiacutemico sobre como prever a solubilidade em octanol ou em aacutegua atraveacutes da identificaccedilatildeo dos grupos polares e apolares em suas estruturas O ponto de partida para as discussotildees foram motivados com a leitura do texto sobre interferentes endoacutecrinos (Ghiselli e Jardim 2007) e com a ideia central sobre o experimento que simula a mobilidade de poluentes no solo (Almeida 2012) A fenantrolina e fenolfitaleina representam nesse experimento uma classe importante de poluentes persistentes os compostos poliaromaacuteticos No laboratoacuterio de informaacutetica os alunos foram introduzidos aos recursos online CORINA uma versatildeo demonstrativa da Molecular Networks e aos serviccedilos da Molinspiration As duas ferramentas possibilitaram a geraccedilatildeo de estruturas 3D a partir do JME (Fig 1) sendo que a Molispiration fornece entre outros paracircmetros os dados de miLogP (Fig 2) que equivale ao Kow discutido na leitura do artigo sobre interferentes endoacutecrinos

(a)

(b)

Figure 1 Resultados do Corina a) Interface do JME para o desenho das estruturas b) Estrutura 3D com

JMOL

(a)

(b) Figure 2 Resultado do Molinspiration (a) a interface do JME (b) propriedades da moleacutecula (ecircnfase do miLogP) Tabela 2 Correlaccedilatildeo entre as estruturas de compostos

ciacuteclicos com o paracircmetro Kow (miLogP) Composto quiacutemico Estrutura miLogP

Benzeno

1937

Tolueno

2386

135-Trimetilbenzeno

3211

Fenol

1458

135-Triidroxibenzeno

0428

Pentaclorofenol

482

Lindano

373

58 Para efeito de comparaccedilatildeo foi proposta a anaacutelise de estruturas anaacutelogas para identificar o efeito da natureza do grupo funcional sobre a hidrofobicidade do composto A Tabela 2 ilustra um exemplo de resultado Nesta fase os alunos modificaram os dados tendo como base as estruturas do artigo e as sugeridas durante a aula Dois exemplos de poluentes persistentes satildeo o pentaclorofenol e o lindano a pequena diferenccedila com a adiccedilatildeo do grupo funcional OH natildeo modificou muito o Kow como nos demais compostos apresentados o que pode ser relacionado com a possibilidade de haver mais interaccedilotildees hidrogecircnio no lindano um composto alifaacutetico do que no pentaclorofenol um composto aromaacutetico Os valores calculados de Kow para poluentes conhecidos podem ser comparados com os valores que estatildeo no banco de dados Hazardous Substance Data Base Ele reuacutene um conjunto completo de dados de toxicidade e de mobilidade ambiental para muitas substacircncias que podem ser utilizados para a elaboraccedilatildeo de FISPQs A atividade didaacutetica com este recurso implica na anaacutelise de dados de substacircncias toacutexicas conhecidas que possuem derivados com estrutura quiacutemica semelhante mas perfil toxicoloacutegico distinto Por exemplo o benzeno e o tolueno satildeo diferenciados apenas por grupo funcional metil (CH3) sendo o tolueno menos toacutexico que o benzeno (Fig 3)

(a)

(b)

Figura 3 Resultados da consulta ao HSDB indicando que (a) eacute uma substacircncia canceriacutegena confirmada

(b) substacircncia natildeo apresenta evidecircncias de ser canceriacutegena para humanos

Considerando que a biodegradaccedilatildeo eacute um criteacuterio presente na percepccedilatildeo popular sobre impacto ambiental o uso do Biodegradation Database foi incluiacutedo no exerciacutecio para promover o pensamento criacutetico sobre este

paracircmetro Um resultado interessante eacute obtido com o solvente diclrorometano pois ainda eacute muito utilizado em aplicaccedilotildees industriais (Fig 4) O fato experimental relacionado com o conceito de biodegradaccedilatildeo desta substacircncia indica que o produto formado no caso o formol eacute tatildeo toacutexico quanto o diclorometano (dado confirmado no HSDB) Portanto como princiacutepio para o uso do termo biodegradaccedilatildeo no contexto da quiacutemica verde deve ser destacado que os produtos deste processo devem ser inerentemente inoacutecuos

Figura 4 etapa do processo de biodegradaccedilatildeo do diclorometano 5 A NATUREZA METACOGNITIVA DAS

ATIVIDADES INTERATIVAS O uso das habilidades metacognitivas no estudo de um domiacutenio conceitualmente rico como o da quiacutemica pode facilitar o reconhecimento da natureza do conhecimento e no autocontrole da aprendizagem (Figura 5) Um aspecto metacognitivo intriacutenseco da quiacutemica eacute evidenciado nas explicaccedilotildees ou descriccedilotildees de observaccedilotildees experimentais correlacionadas com princiacutepios e conceitos atocircmico-moleculares (Dori e Kaberman 2009 Rickey e Stacey 2000) Um material de apoio com as estruturas dos poliacutemeros e dos pigmentos foi apresentado antes das demonstraccedilotildees assim como o princiacutepio de polaridade solubilidade hibrofobicidade e bioacumulaccedilatildeo com as definiccedilotildees de Ghiselli e Jardim (2007) Nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico os grupos trabalharam separadamente na tentativa de relacionar os conceitos baacutesicos sobre interaccedilatildeo intermolecular a partir das observaccedilotildees do resultado do tingimento dos diferentes poliacutemeros do encapsulamento de iacuteons caacutelcio com o alginato de soacutedio na presenccedila do corante alimentiacutecio e na separaccedilatildeo de fases da mistura pigmento-octanol-H2O Em seguida os representantes de cada grupo apresentaram oralmente suas explicaccedilotildees Durante a demonstraccedilatildeo do encapsulamento dos iacuteons caacutelcio na presenccedila de corantes sinteacuteticos no alginato de soacutedio houve a elaboraccedilatildeo de hipoacuteteses pertinentes sobre o possiacutevel uso do princiacutepio do encapsulamento para a remoccedilatildeo de poluentes dispersos no ambiente

59

Figura 5 Componentes do aprendizado segundo os modelos de Flavell (1979) e Jong e Ferguson-Hessler (1996) No laboratoacuterio de informaacutetica o aspecto do controle metacognitivo foi evidenciado atraveacutes das decisotildees centradas nos alunos envolvendo a seleccedilatildeo de moleacuteculas dos artigos para a construccedilatildeo das estruturas com o JME e o caacutelculo comparativo do Kow Apoacutes a obtenccedilatildeo dos resultados da demonstraccedilatildeo os alunos explicaram oralmente a relaccedilatildeo entre os valores tabelados com a polaridade a hidrofobicidade a natureza dos grupos funcionais e a tendecircncia da moleacutecula ser bioacumulada em tecidos de organismos vivos ou lixiviada no solo As correccedilotildees foram feitas com auxiacutelio docente e de colegas do grupo que dominaram com facilidade os conceitos Foi observada a colaboraccedilatildeo espontacircnea entre os grupos para o aprendizado de recursos online adicionais que possibilitaram a compreensatildeo dos textos em idioma estrangeiro houve tambeacutem iniciativa por parte de um dos alunos para o uso do conhecimento obtido para a elaboraccedilatildeo de um exerciacutecio criativo durante a aula a saber a composiccedilatildeo de uma FISPQ para uma substacircncia utilizada como defensivo agriacutecola na rotina de trabalho e que foi identificada no banco de dados do HSDB No final das atividades com os recursos online os alunos expressaram por escrito ou oralmente o significado e a importacircncia do acesso agraves ferramentas apresentadas para a interpretaccedilatildeo de dados no local de trabalho e no curso de gestatildeo ambiental 6 IFAT E ELABORACcedilAtildeO DE MAPA

CONCEITUAL COMO AVALIACcedilOtildeES INTERATIVAS

Visando manter a interatividade nas atividades em grupo durante o processo de aprendizado a avaliaccedilatildeo final proposta foi composta por dois recursos a) uso da teacutecnica IFAT para questotildees de muacuteltipla escolha b) o mapa conceitual As duas estrateacutegias motivaram discussotildees construtivas sendo que os mapas conceituais serviram como autoavaliaccedilatildeo (observaccedilatildeo dos comentaacuterios participantes da atividade) e trouxeram novos significados para os conceitos estudados Segundo Daley (2002) o uso adequado de mapas conceituais pode

auxiliar estudantes adultos no desenvolvimento de habilidades metacognitivas Para a maior parte dos alunos a elaboraccedilatildeo do mapa conceitual significativo exigiu tempo extra fora sala de aula Inicialmente foi apresentada uma versatildeo elaborada com auxilio docente que serviu como modelo para a versatildeo final Foram distribuiacutedos 32 conceitos extraiacutedos das aulas demonstrativas no laboratoacuterio quiacutemico nos artigos estudados e nas estruturas construiacutedas no laboratoacuterio de informaacutetica Foram selecionados no miacutenimo 20 desses conceitos os alunos propuseram relaccedilotildees entre os conceitos com apoio docente resultando em um mapa conceitual por equipe A teacutecnica IFAT por ser interativa e de muacuteltipla escolha pode ser relacionada com a atividade metacognitiva descrita por Rickey e Stacey (2000) como ldquoteste conceitualrdquo As duas avaliaccedilotildees com a estrateacutegia IFAT foram realizadas em grupo e os alunos procuraram argumentar explicar e demonstrar o que sabiam Devido agrave natureza reflexiva da IFAT tais atividades de avaliaccedilatildeo podem contribuir para o processo de aprender a aprender CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E PERSPECTIVAS Os conceitos fatos e princiacutepios baacutesicos de quiacutemica que permitem prever o impacto ambiental foram introduzidos e vivenciados atraveacutes das atividades interativas que permitiram os participantes do curso de extensatildeo realizar demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico e no laboratoacuterio de informaacutetica relacionadas com o caraacuteter hidrofoacutebico das moleacuteculas e relacionar com os grupos funcionais nas estruturas quiacutemicas Os alunos aprenderam a utilizar ferramentas online que auxiliam na interpretaccedilatildeo do conceito de biodegradaccedilatildeo e fornecem dados toxicoloacutegicos e ecotoxicoloacutegicos para a elaboraccedilatildeo de FISPQs Foi reconhecido durante as aulas que esses recursos satildeo uacuteteis para o profissional responsaacutevel pelo controle da poluiccedilatildeo redaccedilatildeo de laudos teacutecnicos e interpretaccedilatildeo de dados sobre poluentes persistentes intencionais e natildeo intencionais As atividades interativas tornaram as aulas dinacircmicas tendo o aluno no centro do processo o que facilitou o aprendizado O bom rendimento nas avaliaccedilotildees refletiu o alto niacutevel de motivaccedilatildeo do grupo aleacutem do domiacutenio dos conceitos baacutesicos sobre estrutura quiacutemica dos poluentes e hidrofobicidade Parte do material deste moacutedulo foi gerada durante as atividades devido agraves mudanccedilas de estrateacutegias com base nos resultados das aulas anteriores Assim sendo para o proacuteximo moacutedulo o material introdutoacuterio sobre os recursos online poderaacute ser entregue antes da atividade no laboratoacuterio de informaacutetica para facilitar o uso das ferramentas online que natildeo estatildeo disponiacuteveis em Portuguecircs Como atividade interativa sugestiva um experimento de anaacutelise espectrofotomeacutetrica seria adequado para demonstrar como a medida do coeficiente Kow eacute realizada em um laboratoacuterio quiacutemico

60 AGRADECIMENTOS A Direccedilatildeo da FACCAMP a Coordenaccedilatildeo do Curso de Gestatildeo Ambiental e aos alunos participantes do curso de extensatildeo nos moacutedulos de 2011e 2012 REFEREcircNCIAS ALMEIDA F V CENTENO A J BISINOTI M C JARDIM W F (2007) Substacircncias Toacutexicas Persistentes (STP) no Brasil Quiacutemica Nova 30 1976 ALMEIDA V L LOPES J C D OLIVEIRA S R e DONNICI C L MONTANARI C A (2010) Estudos de relaccedilotildees estrutura-atividade quantitativas (QSAR) de bis-benzamidinas com atividade antifuacutengica Quiacutemica Nova 33 1482

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62

AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES

Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Com base nos estudos realizados na disciplina de Transformaccedilotildees Quiacutemicas os alunos do primeiro semestre do ano letivo de 2014 iniciaram pesquisas sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos bem como meacutetodos de obtenccedilatildeo Os resultados destes trabalhos foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados na instituiccedilatildeo aos alunos e docentes Em particular dois trabalhos baseados nos compostos de clorofila e porfirina foram selecionados em funccedilatildeo da similaridade da pesquisa e metodologia experimental empregada Para isso os alunos empregaram metodologias de extraccedilatildeo a partir de amostras vegetais in natura sendo possiacutevel a obtenccedilatildeo dos compostos de forma isolada Em linhas gerais o objetivo deste trabalho eacute contribuir com meacutetodos de ensino e aprendizagem baseados nos fundamentos da disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas bem como a importacircncia da pesquisa e divulgaccedilatildeo de resultados uma vez que estatildeo relacionados ao Projeto Pedagoacutegico Institucional (PDI) vigente na instituiccedilatildeo que destaca ao aluno a capacitaccedilatildeo profissional bem como iniciativas cientificas e atividade intelectual Palavras chave Propriedades fiacutesico-quiacutemico porfirina clorofila e transformaccedilotildees quiacutemicas ABSTRACT Based on studies in the discipline of chemical transformations students of the first semester of the school year 2014 started researches about the physicochemical properties of different compounds and obtaining methods The results of this work were published in the form of panels and presented in the institution to students and faculty In particular two works chlorophyll and porphyrin compounds were selected based on the similarity of research and experimental methodology For this the students realized the extraction of the pigments from compounds In general the objective of this work is to contribute to teaching and learning and methods based on the fundamentals of the discipline of chemical transformations as well as the importance of research

and dissemination of results since they are related to the Institutional Education Program (IEP) current in the institution which highlights the student to professional training scientific initiatives and intellectual activity Keywords Physicochemical properties porphyrin chlorophyll and chemical transformations 1 INTRODUCcedilAtildeO A disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas vem sendo ofertada para alunos ativos do curso de bacharelado em quiacutemica do primeiro periacuteodo Dentre os principais objetivos da disciplina estaacute em fornecer os fundamentos baacutesicos da quiacutemica e compreensatildeo de fenocircmenos fiacutesico-quiacutemicos e propriedades estruturais Durante a disciplina de os alunos se envolveram no projeto de pesquisa baseados no estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos Assim os alunos escolheram os toacutepicos e dividiram os grupos Pesquisas em livros e artigos cientiacuteficos foram realizadas de forma a obter informaccedilotildees relevantes sobre as propriedades dos compostos e meacutetodos experimentais de obtenccedilatildeo A parte experimental foi conduzida no laboratoacuterio e os professores da disciplina contribuiacuteram nas pesquisas e construccedilatildeo dos paineacuteis A Tabela 1 apresenta os compostos selecionados pelos alunos e propriedades estudadas

63 Tabela 1 Relaccedilatildeo dos compostos e propriedades investigadas

Compostos Propriedades investigadas

Acetato de etila Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Aacutecido cloriacutedrico Fiacutesico-quiacutemicas

Biodisel Separaccedilatildeo

Cloreto de Ceacutesio

Fiacutesico-quiacutemicas

Clorofila Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Glicose Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Porfirina Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Poliuretano Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Notam-se que os trabalhos envolveram basicamente o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais No entanto os compostos clorofila e porfirina foram escolhidos para divulgaccedilatildeo dos resultados no WEA pois apresentam particularidades voltadas a pigmentaccedilatildeo Ainda os paineacuteis envolveram detalhes relacionados aos meacutetodos experimentais propriedades fiacutesico-quiacutemicas e pesquisas voltadas a obtenccedilatildeo e separaccedilatildeo dos compostos

Clorofila A clorofila eacute um pigmento facilmente encontrado nas plantas com funccedilatildeo fundamental na fotossiacutentese e ainda responsaacutevel pela coloraccedilatildeo verde Notam-se dois tipos de estruturas quiacutemicas para a clorofila que diferem em relaccedilatildeo agraves proporccedilotildees encontradas na natureza A clorofila ldquoardquo eacute a estrutura mais abundante sendo encontrada juntamente com a clorofila ldquobrdquo em uma razatildeo 31 respectivamente Figura 11 As clorofilas satildeo moleacuteculas formadas por complexos derivados das porfirinas sendo uma classe de moleacuteculas orgacircnicas formadas por quatro aneacuteis pirroacutelicos ligados por ligaccedilotildees metiacutenicas (-CH-) sendo o quinto anel exociacuteclico No centro do anel haacute um iacuteon de Mg2+ coordenado por quatro aacutetomos de Nitrogecircnio As clorofilas ldquoardquo e ldquobrdquo satildeo encontradas quase sempre em conjunto sendo a clorofila ldquoardquo mais abundante e a mais importante pois corresponde a 75 dos pigmentos verdes encontrados nos vegetais A clorofila ldquobrdquo difere da clorofila ldquoardquo mediante a variaccedilatildeo na substituiccedilatildeo no anel pirroacutelico II2

Figura 1 Estrutura das clorofilas a e b2

Porfirinas As porfirinas satildeo pigmentos que podem ser extraiacutedos das plantas e pertencem a um grupo de substacircncias responsaacuteveis pelos processos bioquiacutemicos naturais que ocorrem no sistema bioloacutegico Tal composto pode ser encontrado na hemoglobina mioglobina e na clorofila sendo estes relacionados ao transporte e armazenamento de oxigecircnio e processos de fotossiacutentese3 A Figura 2 apresenta as duas formas estruturais para a moleacutecula de porfirina

a) b) Figura 2 Estrutura quiacutemica das porfirinas a) moleacutecula de cadeia fechada e b) moleacutecula de cadeia aberta3 2 OBJETIVO A pesquisa tem como objetivo o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais de compostos inorgacircnicos e orgacircnicos visto na disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas Com base nos fundamentos quiacutemicos metodologias experimentais de extraccedilatildeo foram propostas para os compostos de porfirina e clorofila A pesquisa parte experimental e resultados foram divulgados na forma de paineacuteis visando o planejamento estrateacutegico e a formaccedilatildeo acadecircmica dos alunos

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Os materiais foram analisados extraiacutedos e caracterizados no laboratoacuterio didaacutetico nas instalaccedilotildees da Faculdade Campo Limpo Paulista FACCAMP Os

64 reagentes utilizados nos experimentos foram de pureza analiacutetica e adquiridos da empresa Lafan

Clorofila A obtenccedilatildeo da clorofila foi realizada mediante o processo de extraccedilatildeo soacutelido-liquido baseado na maceraccedilatildeo de folhas de aacutervores em meio de soluccedilatildeo alcooacutelica (etanol) com posterior filtraccedilatildeo O substrato foi concentrado com auxiacutelio de um rotoevaporador para a retirada do solvente O produto foi conduzido a forma de poacute apoacutes a secagem em estufa Os experimentos foram conduzidos conforme Figura 3

Figura 3 Obtenccedilatildeo da clorofila

Porfirina A extraccedilatildeo do pigmento porfirina foi realizada a partir de folhas de espinafre e beterraba Para isso foi necessaacuterio a preparaccedilatildeo de dois experimentos distintos baseados no maceramento dos vegetais e diluiccedilatildeo em etanol A separaccedilatildeo foi efetuada em coluna cromatograacutefica preparada manualmente no laboratoacuterio sendo a aacutegua empregada como fase moacutevel Os experimentos foram elaborados conforme Figura 4 4

Experimento com o espinafre

Experimento com a beterraba

Figura 4 Obtenccedilatildeo da porfirina

4 RESULTADOS Clorofila

O meacutetodo de extraccedilatildeo empregado forneceu a clorofila na forma combinada ldquoardquo e ldquobrdquo respectivamente O ponto de fusatildeo foi determinado com o auxiacutelio de um termocircmetro em 295degC em condiccedilotildees

padrotildees de temperatura e pressatildeo Entretanto natildeo foi possiacutevel determinar o ponto de ebuliccedilatildeo uma vez que ocorreu a degradaccedilatildeo total do composto Porfirina

A extraccedilatildeo dos pigmentos baseados em folhas de espinafre mostrou-se satisfatoacuteria sendo facilmente separado por cromatografia No entanto a extraccedilatildeo a partir de folhas de beterraba mostrou-se ineficiente sem arraste do pigmento Por fim foram investigadas as propriedades fotossensiacuteveis para este composto sendo avaliado o processo de degradaccedilatildeo por alguns dias Os resultados corroboram com a literatura indicando a instabilidade dessas moleacuteculas

CONCLUSAtildeO Os resultados mostraram-se satisfatoacuterios para

ambos os meacutetodos de extraccedilatildeo empregados com obtenccedilatildeo dos compostos de clorofila e porfirina Com os produtos de siacutentese foi possiacutevel o estudo das propriedades teacutermicas relacionadas ao ponto de fusatildeo para o composto clorofila e estudo de sensibilidade agrave luz para a porfirina Com os resultados experimentais e estudo teoacuterico associado agrave disciplina de transformaccedilotildees foi possiacutevel a elaboraccedilatildeo de dois paineacuteis contendo tais informaccedilotildees para divulgaccedilatildeo na instituiccedilatildeo Cabe ressaltar que os resultados das pesquisas realizadas para os oito compostos listados na Tabela 1 foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados aos alunos e docentes da instituiccedilatildeo de ensino de forma a contribuir com a importacircncia da pesquisa processos de aprendizagem e planejamento

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

MOREIRA L M RODRIGUES M i R OLIVEIRA H P M d LIMA A SOARES R R S BATISTELA V R GEROLA A P HIOKA N SEVERINO D BAPTISTA M S MACHADO A n E d H Influecircncia de diferentes sistemas de solvente aacutegua-etanol sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas e espectroscoacutepicas dos compostos macrocliacuteclicos feofitina e clorofila Quiacutemica Nova (2010) 33 258-262 MAESTRIN A P J Neri C R OLIVEIRA K T d SERRA O A IAMAMOTO Y Extraccedilatildeo e purificaccedilatildeo de clorofila a da alga Spirulina maxima um experimento para os cursos de quiacutemica Quiacutemica Nova (2009) 32 1670-1672 KAMANOVA T V GROMOVA T V BEREZIN B D SEMEIKIN A S SYRBU S A Structure and Physicochemical Properties of Substituted Porphyrins Russian Journal of General Chemistry (2001) 71 803-808

65

CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO

Tamy Cristina Pisck Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

piscktamygmailcom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

lmfischerfaccampcombr

RESUMO O presente artigo tem como objetivo uma proposta de teacutecnicas para os cuidados com a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo bem como da postura corporal envolvendo exerciacutecios de alongamento massagem facial respiraccedilatildeo e aquecimento vocal diminuindo as dores causadas pelo uso excessivo do aparelho fonador de maneira incorreta Palavras chave Postura corporal voz respiraccedilatildeo ABSTRACT This article aims at proposed techniques for healthcare vocal education professionals as well as the body posture involving stretching exercises facial massage breathing and vocal warm reducing the pain caused by overuse vocal tract incorrectly Keywords Body posture voice breath INTRODUCcedilAtildeO A voz eacute considerada o principal instrumento de trabalho de profissionais da educaccedilatildeo pois eacute o meio mais utilizado para transmissatildeo de conhecimento Natildeo se pode deixar de lado a importacircncia da entonaccedilatildeo da voz mantendo os aspectos de ressonacircncia frequecircncia intensidade articulaccedilatildeo ritmo e velocidade de fala ecircnfase e uso adequado de pausas para eficiecircncia na transmissatildeo do conteuacutedo proposto bem como a postura corporal e os sentimentos envolvidos (OLIVEIRA 2012) Cada vez mais a profissatildeo exige um esforccedilo maior natildeo soacute das pregas vocais como tambeacutem do corpo e a mente onde se concentra a energia necessaacuteria para completar as longas jornadas de trabalho (SILVERIO GONCcedilALVEZ PENTEADO VIEIRA LIBARDI e ROSSI 2008) Este artigo tem como foco a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo a fim de possibilitar qualidade no ensino apresentando teacutecnicas para se alcanccedilar qualidade vocal

POSTURA CORPORAL O primeiro passo para alcanccedilar uma qualidade vocal significativa estaacute relacionado agrave postura corporal pois o corpo estaacute diretamente ligado a voz como uma engrenagem de um maquinaacuterio que precisa da localizaccedilatildeo e funcionamento correto de todas as peccedilas (MELLO SILVA 2008) A diferenccedila de postura corporal adotada por muitos estaacute representada na figura 1 Pode-se observar que a postura erecta deve ser mantida

Figura 1 Correccedilatildeo da postura corporal matildeo com sinal

positivo indica postura adequada e matildeo com sinal negativo indica postura inadequada

Fonte GOUVEIA 2013 O corpo deve estar em posiccedilatildeo confortaacutevel com os peacutes paralelos com os joelhos levemente flexionados a cabeccedila deve estar em posiccedilatildeo vertical e a coluna encaixada com o quadril braccedilos e ombros relaxados Essa postura tambeacutem eacute conhecida como ldquopostura de cantorrdquo pois eacute o ponto de equiliacutebrio do corpo onde os oacutergatildeos internos estatildeo encaixados de maneira a proporcionar o funcionamento adequado do diafragma (SOUZA 2008) Eacute extremamente importante ter consciecircncia do seu proacuteprio corpo e sempre que notar a maacute postura durante o dia lembrar-se de corrigi-la

66 Outros pontos devem ser tambeacutem considerados tais como ao caminhar dirigir o olhar sempre para frente manter o queixo paralelo ao chatildeo e o quadril inclinado ligeiramente seu para frente (PINHEIRO 2013) Segundo Patriacutecia Antoniazi e Flaacutevia Campos Geronimo a postura pode ser definida como a posiccedilatildeo do corpo no espaccedilo bem como a relaccedilatildeo direta de suas partes corporais com a linha do centro da gravidade Para que tenhamos uma postura correta eacute necessaacuteria integridade do sistema musculoesqueleacutetico Caso uma curvatura se altere aumente ou diminua a postura eacute modificada e os muacutesculos e articulaccedilotildees respondem a este processo gerando dor deformidades incapacidade cansaccedilo fiacutesico restriccedilatildeo da funccedilatildeo respiratoacuteria e aumento do consumo de energia para manutenccedilatildeo da postura em peacute (ANTONIAZE GERONIMO 2012) 3 EXERCIacuteCIOS DE AQUECIMENTO Em 1995 PROKOP enfatizou que os exerciacutecios de aquecimento devem ser divididos em quatro etapas exerciacutecios corporais massagem facial exerciacutecios respiratoacuterios e exerciacutecios vocais (SCARPEL 1999) Exerciacutecios corporais O alongamento eacute de extrema importacircncia para o relaxamento de muacutesculos relacionados direta e indiretamente na produccedilatildeo do som A figura 2 apresenta uma seacuterie de 12 exerciacutecios praacuteticos de alongamento corporal que podem ser realizados em casa em um campo praccedila ou ateacute mesmo em seu local de trabalho ou seja em qualquer lugar onde a pessoa se sinta confortaacutevel para realizaacute-los Os movimentos de alongamento devem ser feitos ateacute sentir uma tensatildeo no muacutesculo a partir deste momento relaxe e sustente por trinta (30) a quarenta (40) segundos Exerciacutecio I coloque as matildeos sobre a nuca e pressione a cabeccedila para baixo Exerciacutecio II puxe a cabeccedila com uma das matildeos ateacute sentir uma leve pressatildeo na lateral do pescoccedilo Exerciacutecio III faccedila um movimento giratoacuterio com a cabeccedila primeiro sentido horaacuterio e depois sentido anti-horaacuterio Exerciacutecio IV com as pernas paralelas e semiflexionadas pressione o cotovelo em direccedilatildeo ao corpo Exerciacutecio V leve o braccedilo flexionado para traacutes da cabeccedila e com a outra matildeo puxe levemente para o outro lado Exerciacutecio VI com os joelhos semiflexionados e uma das matildeos na cintura levante a outra matildeo para cima e incline-se para a lateral Exerciacutecio VII mantenha as pernas bem afastadas e a ponta dos peacutes apontando para fora e desccedila o tronco para um dos lados ateacute sentir uma leve tensatildeo na parte de traacutes da coxa Exerciacutecio VIII Mantenha as matildeos apoiadas no solo e a musculatura do joelho semiflexionada levando o abdocircmen ateacute as coxas Exerciacutecio IX deixe a parte de cima neutra e o tronco ereto Flexione um pouco a perna da frente e deixe a de traacutes estendida com o calcanhar no solo Exerciacutecio X estique os braccedilos seguindo a linha do tronco Mantenha o abdocircmen levemente contraiacutedo e os joelhos destravados Exerciacutecio XI Mantenha o tronco ereto e o abdocircmen levemente contraiacutedo Leve um peacute para traacutes ateacute encostar no gluacuteteo Flexione levemente a perna de apoio Exerciacutecio XII mantenha-se com os peacutes paralelos

na abertura do quadril Avance uma perna para frente flexionando o joelho e descendo o quadril ateacute formar um acircngulo de noventa graus (90ordm) com a perna que foi a frente Faccedila os movimentos indicados tambeacutem com a outra parte do corpo (ROSE 2013)

Figura 2 Exerciacutecios de alongamento e relaxamento muscular

Fonte ROSE 2013 Massagem facial

A massagem facial ajuda no desempenho do canto da fala e da concentraccedilatildeo pois atua como relaxante muscular para a face principalmente na regiatildeo frontal temporal nasal e orbitaacuteria labial etc A massagem deve ser feita com as pontas dos dedos das matildeos em movimentos circulares Ela provoca uma sensaccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio da tensatildeo acumulada nas regiotildees da face como indicadas na figura 3 numeradas da seguinte forma 1- frontal 2- orbitaacuteria 3- parietal 4- nasal 5- malar 6- zigomaacutetica 7- temporal 8- auricular 9- mastoidea 10- occipital 11- labial 12- bucinadora 13- messeteria 14- mentoniana 15- supra hioidea 16- carcodiana 17- supraclavicular 18- nuca 19- infra-hioacuteidea Outro exerciacutecio que provoca um relaxamento facial significativo eacute fazer caretas para alongar todas as regiotildees da face (PETKOVA 1989)

67

Figura 3 Regiotildees da face numeradas

Fonte GALVAtildeO 2000

Exerciacutecios respiratoacuterios Todo ser humano nasce com a capacidade da respiraccedilatildeo correta sem esforccedilos Por exemplo ao observar um bebecirc dormindo percebemos que ao inspirar o ar ocorre a expansatildeo do abdocircmen e quando o ar eacute expirado ocorre a contraccedilatildeo do abdocircmen assim como representado na figura 4 ocorrendo simultaneamente o deslocamento para baixo e para cima do diafragma como representado na figura 5 Mas a maioria dos adultos perde essa capacidade de respiraccedilatildeo e acaba ocorrendo inversatildeo do processo o que resulta no prejuiacutezo da respiraccedilatildeo muitas vezes isso ocorre por causa da correria e do estresse do dia a dia (OLIVEIRA 2000)

Figura 4 Processo de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo

Fonte NCS 2012

Figura 5 Movimentaccedilatildeo do diafragma no processo de

inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo Fonte WITEK 2013

Alguns exerciacutecios como encher e esvaziar bexigas pode ajudar na recuperaccedilatildeo do modo correto da respiraccedilatildeo mantendo-se sempre em postura adequada durante os exerciacutecios (OLIVEIRA 2000) Outro exerciacutecio tambeacutem eficaz envolvendo a respiraccedilatildeo envolve o seguinte procedimento apoacutes a inspiraccedilatildeo do ar fazer o processo de expiraccedilatildeo com movimentos controlados com diferentes sons siiiiii chiiiii fuuuu haaa controlando a pausa entre os exerciacutecios e tambeacutem o ritmo utilizado Tomando o devido cuidado para que natildeo ocorra a respiraccedilatildeo reversa ou entatildeo na parte superior do toacuterax conhecida como ldquorespiraccedilatildeo altardquo ou entatildeo ldquorespiraccedilatildeo subclavicularrdquo que infelizmente requer um esforccedila maior para uma entrada miacutenima de ar(WITEK 2013)

Exerciacutecios vocais

Os exerciacutecios vocais ajudam a manter a sauacutede das pregas vocais assim como antes de realizar alguma atividade fiacutesica precisamos fazer um aquecimento corporal para natildeo causar lesotildees aos muacutesculos envolvidos na seacuterie de exerciacutecios fiacutesicos o aquecimento vocal eacute de extrema importacircncia para natildeo ocasionar lesotildees agraves cartilagens articulaccedilotildees e muacutesculos que envolvem a laringe importante componente para a produccedilatildeo dos sons (MOLINARI 2004) Natildeo soacute a laringe que possui nove muacutesculos participa da formaccedilatildeo dos sons mas tambeacutem os pulmotildees o tubo ressonador que modifica o som e amplia a faringe a boca e o nariz (ANTONIAZE GERONOMO 2012) Alguns exerciacutecios simples e que podem ser realizados minutos antes de uma atividade que exija mais

68 da voz ajudam ao professor ou cantor a natildeo sentir dores ao final da atividade Dicas para exerciacutecios vocais i) fazer sons vibrantes com a liacutengua ii) som nasal iii) palavras e frases elevando a intensidade iv) projeccedilatildeo vocal com as vogais A E I O U v) trava liacutengua e frases complicadas vi) espreguiccedilar e bocejar vii) uso de consoantes diferenciadas para melhorar a articulaccedilatildeo e a dicccedilatildeo (pbdtmnzs) (AYDOS HANAYAMA 2004)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS A sauacutede vocal natildeo depende somente dos exerciacutecios de aquecimento do aparelho fonador depende de uma seacuterie de exerciacutecios que envolvem o corpo e a concentraccedilatildeo Estes exerciacutecios podem ser realizados pelos professores individualmente ou em grupo minutos antes de comeccedilar sua jornada de trabalho diaacuterio accedilotildees simples mas de extrema importacircncia prolongam a sauacutede das pregas vocais e proporcionam uma melhor qualidade de vida aos profissionais 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ANTONIAZE Patriacutecia GERONIMO Flaacutevia Campos Corpo e voz aprenda como usaacute-los 2012 AYDOS Bianca HANAYAMA Eliana Midori Teacutecnicas de aquecimento vocal utilizada por professores de teatro Ver CEFAC Satildeo Paulo 2004 GALVAtildeO Malthus Fonseca Regiotildees do corpo humano Universidade de Brasiacutelia Faculdade de medicina 2000 GOUVEIA Hermano Postura corporal correta Your Ftiness Coach 2013 MELLO Enio Lopes SILVA Marta Assumpccedilatildeo de Andrada Corpo do cantor e preparaccedilatildeo fiacutesica Revista CEFAC Satildeo Paulo 2008 MOLINARI Paula Maria Aristides de Oliveira A materialidade da voz dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo 2004 NCS Benefiacutecios do Exerciacutecio Respiratoacuterio e TMI (Treinamento da Musculatura Inspiratoacuteria) Inspirando sauacutede expirando qualidade 2012 OLIVEIRA Mayra Carvalho Diversas teacutecnicas de respiraccedilatildeo para o canto Monografia ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Fonoaudiologia Cliacutenica ndash CEFAC 2000 OLIVEIRA Mocircnica Pereira Refletindo acerca da voz do professor e da necessidade de um planejamento especiacutefico para sua aplicabilidade em sala de aula Revista eletrocircnica de educaccedilatildeo da Faculdade de Araguaia 2012

PETKOVA Marguerite Ginaacutestica facial isomeacutetrica Mantenha a juventude de seu rosto 1989 PINHEIRO Marcelle Dicas para alcanccedilar a postura correta Tua sauacutede nutriccedilatildeo e bem estar 2013 ROSE Lily Benefiacutecios do alongamento Doutiacutessima Sauacutede e bem-estar 2013 SCARPEL Renata DrsquoArc Aquecimento e desaquecimento vocal no cantor Monografia- Especializaccedilatildeo- fonoaudiologia ndash Cursos de Especializaccedilatildeo em fonoaudiologia cliacutenica ndash CEFAC Salvador 1999 SILVERIO Kelly Cristina Alvez GONCcedilALVEZ Claudia Giglio de Oliveira PENTEADO Regina Zanella VIEIRA Taiacutes Pichirilli Guilherme LIBARDI Aline ROSSI Daniele Accedilotildees em sauacutede vocal proposta de melhoria do perfil vocal de professores Proacute-Fono Revista de Atualizaccedilatildeo Cientiacutefica 2008 SOUZA Denize Pimentel Diniz Estudo da fonaccedilatildeo e da respiraccedilatildeo com apoio abdominal expandido e contraiacutedo em cantores liacutericos Dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Tuiuti do Paranaacute 2008 WITEK Nicole Porque o homem e a mulher respiram de modo diferente Vya Estelar Yoga 2013

69

DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B)

Kleberson Diego de Castro Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

kleberson_metalhotmailcom

Prof M Sc Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste artigo apresentamos um meacutetodo experimental relativamente simples para a determinaccedilatildeo de campo magneacutetico nos iacutematildes permanentes de neodiacutemio Realizamos um experimento em que medimos a forccedila de atraccedilatildeo do imatilde permanente sobre um objeto metaacutelico preso por um dinamocircmetro calibrado Nossos resultados experimentais confirmaram nosso modelo matemaacutetico cuja equaccedilatildeo natildeo depende da corrente eleacutetrica como mostra a grande maioria das publicaccedilotildees sobre o assunto Este modelo matemaacutetico relaciona a intensidade do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia O modelo foi obtido atraveacutes de um procedimento de substituiccedilatildeo de variaacuteveis iniciando a partir da equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica Nela associamos os conceitos claacutessicos de velocidade e de corrente eleacutetrica considerando esfeacuterico o formato do iacutematilde A estrutura experimental e os ensaios foram realizados no laboratoacuterio de Fiacutesica e com materiais da FACCAMP Os experimentos foram de baixo custo e podem ser reproduzidos com alunos de vaacuterias faixas de formaccedilatildeo em qualquer escola brasileira

Palavras chave Iacutematildes neodiacutemio campo magneacutetico ABSTRACT This paper presents an experimental method relatively simple to determine magnetic field in the permanent neodymium magnets We conducted an experiment in which we measured the attractive force of the permanent magnet over a metal object stuck by a calibrated dynamometer Our experimental results confirmed our mathematical model whose equation is independent of the electric current as shown in the vast majority of publications on the subject This mathematical model relates the magnetic field strength versus distance The model was obtained by a variable replacement procedure starting from the classical equation of the magnetic force In this model we associated

the concepts classic speed and electric current considering the spherical magnet format The structure and experimental tests were performed in the laboratory of FACCAMP using its materials The experiments were inexpensive and can be played with students of various banding in any Brazilian school Keywords Magnets neodymium magnetic field 1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo o autor Griffiths em seu livro Introduction to Electrodynamics de 1999 o magnetismo eacute uma forccedila gerada na mateacuteria pelo movimento de eleacutetrons dentro de seus aacutetomos Tanto o magnetismo e eletricidade representam diferentes aspectos da forccedila do eletromagnetismo que eacute uma parte da forccedila eletrofraca fundamental da natureza A regiatildeo no espaccedilo que eacute penetrada pelas linhas imaginaacuterias de forccedila magneacutetica descreve um campo magneacutetico A forccedila do campo magneacutetico eacute determinada pelo nuacutemero de linhas de forccedila por unidade de aacuterea de espaccedilo Os campos magneacuteticos satildeo criados em grande escala quer pela passagem de uma corrente eleacutetrica atraveacutes de metais magneacuteticos ou por materiais magnetizados chamados iacutematildes Os metais de ferro cobalto niacutequel e suas soluccedilotildees soacutelidas ou ligas metaacutelicas com elementos relacionados acima satildeo materiais tiacutepicos que respondem fortemente a campos magneacuteticos Ao contraacuterio do campo gravitacional que eacute uma forccedila fundamental onipresente o campo magneacutetico dentro de um corpo magnetizado como um iacutematilde de barra eacute polarizado isto eacute o campo eacute mais forte e de sinais opostos nas duas extremidades ou poacutelos do iacutematilde Histoacuteria do Magnetismo

Segundo o autor William Whewell em seu livro History of the Inductive Sciences de 2010 a histoacuteria do magnetismo remonta ao iniacutecio de 600 aC mas eacute apenas no seacuteculo XX que os cientistas comeccedilaram a compreender e desenvolver tecnologias com base nesta compreensatildeo Magnetismo foi mais provavelmente observada pela

70 primeira vez sob uma forma de magnetite mineral chamado magnetita que consiste em oacutexido de ferro um composto quiacutemico de ferro e oxigecircnio Os antigos gregos foram os primeiros conhecidos por terem usado este mineral que eles chamaram de um iacutematilde por causa de sua capacidade de atrair outras peccedilas do mesmo material e ferro

O inglecircs William Gilbert (1540-1603) foi o primeiro a investigar o fenocircmeno do magnetismo utilizando sistematicamente meacutetodos cientiacuteficos Ele tambeacutem descobriu que a Terra eacute em si um iacutematilde fraco Investigaccedilotildees teoacutericas iniciais sobre a natureza do magnetismo da Terra foram realizadas pelo alematildeo Carl Friedrich Gauss (1777-1855) Os estudos quantitativos de fenocircmenos magneacuteticos iniciadas no seacuteculo XVIII pelo francecircs Charles Coulomb (1736-1806) que estabeleceu a lei do inverso do quadrado da forccedila afirmam que a forccedila de atraccedilatildeo entre dois objetos magnetizados eacute diretamente proporcional ao produto de suas aacutereas individual e inversamente proporcional ao quadrado da distacircncia entre elas O fiacutesico dinamarquecircs Hans Christian Oersted (1777-1851) sugeriu pela primeira vez uma ligaccedilatildeo entre eletricidade e magnetismo Experimentos envolvendo os efeitos de campos magneacuteticos e eleacutetricos uns sobre os outros foram entatildeo conduzidos pelo francecircs Andre Marie Ampere (1775-1836) e o inglecircs Michael Faraday (1791-1869) mas foi o escocecircs James Clerk Maxwell (1831-1879) que forneceu a base teoacuterica para a fiacutesica do eletromagnetismo no seacuteculo XIX mostrando que a eletricidade e o magnetismo representam diferentes aspectos do mesmo campo de forccedila fundamental Entatildeo na deacutecada de 1960 o norte-americano Steven Weinberg (1933) e paquistanecircs Abdus Salam (1926-) realizaram ainda outro ato de siacutentese teoacuterica das forccedilas fundamentais mostrando que eletromagnetismo eacute uma parte da forccedila eletrofraca O entendimento moderno de fenocircmenos magneacuteticos em mateacuteria condensada origina-se a partir da obra de dois franceses Pierre Curie (1859-1906) o marido e colaborador cientiacutefico de Madame Marie Curie (1867-1934) e Pierre Weiss (1865-1940) Curie examinou o efeito da temperatura sobre os materiais magneacuteticos e observou que o magnetismo desaparecia repentinamente acima de certa temperatura criacutetica em materiais como ferro Weiss propocircs uma teoria do magnetismo com base em um campo molecular interno proporcional agrave magnetizaccedilatildeo meacutedia que alinhava espontaneamente os microiacutematildes eletrocircnicos da mateacuteria magneacutetica O entendimento atual do magnetismo com base na teoria do movimento e interaccedilotildees de eleacutetrons em aacutetomos (chamada eletrodinacircmica quacircntica) decorre do trabalho e modelos teoacutericos de dois alematildees Ernest Ising (1900-) e Werner Heisenberg (1901-1976) Werner Heisenberg tambeacutem foi um dos fundadores da mecacircnica quacircntica moderna

Tipos de iacutematildes

Segundo Fishbane em seu livro de 1993 como tambeacutem para Griffits em seu livro de 1999 podemos

classificar os iacutematildes conforme sua estrutura em iacutematilde natural iacutematilde artificial iacutematilde permanente iacutematilde temporal (eletroiacutematilde) conforme tabela 1

TABELA1 TIPOS DE IacuteMAtildeS

Tipos de

Iacutematildes Exemplos Caracteriacutesticas Observaccedilotildees

Natural

Magnetita Iacutematildes de ligas de

Ferrita ou de Terras Raras

Oacutexido de Ferro (Fe3O4)

Neodiacutemio (Nd2Fe14B)

Campo relativamente

forte em relaccedilatildeo a sua massa

poreacutem de baixa resistecircncia mecacircnica

Artificial

Metais Magnetizados ou

sob accedilatildeo de corrente eleacutetrica

Ligas Ferrosas quando

submetida ao atrito com iacutematildes

naturais ou eletroiacutematildes

Perdem a capacidade

magneacutetica apoacutes determinado

tempo ou quando eacute

eliminado a corrente eleacutetrica

Permanente Iacutematildes de Neodiacutemio ou de ligas de accedilo

Magnetismo limitado e

dependente da temperatura ou por descargas

eleacutetricas

Tempo de Magnetizaccedilatildeo permanente ou inderteminada

Temporal Eletroiacutematilde

Capacidade magneacutetica apenas

quando submetido agrave

corrente eleacutetrica

Motores eleacutetricos

Segundo Griffits em seu livro de 1999 os materiais

magneacuteticos nos iacutematildes naturais podem ser de trecircs tipos os ferromagneacuteticos paramagneacuteticos e diamagneacuteticos Na figura 1 temos o esquema para iacutematildes permanentes

Iacutematildes Permanentes

Iacutematildes de Ligas Metaliacutecas

Iacutematildes de ALNICO

Iacutematildes de Terras Raras

Iacutematildes de Sm-Co

Iacutematildes de Nd-Fe-B

Iacutematildes de Ferrita

Iacutematildes de Ferrita de Baacuterio

Iacutematildes de Ferrita de Estrocircncio

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos)

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Ferrita

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Terras Raras

71 Figura 1 Diagrama dos tipos de iacutematildes permanentes Fonte Adaptado de (DIAS 2014) (HERBST 1984) (SAGAWA

1985) e (GRIFFITS 1999) 2 EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO EM FUNCcedilAtildeO DA

DISTAcircNCIA

Para obtermos uma funccedilatildeo do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia sem usar corrente eleacutetrica iniciamos a deduccedilatildeo matemaacutetica a partir da equaccedilatildeo 1 uma equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica apresentada nos livros do autores Griffits Fishbane Halliday e Nussenveig

αsenvqBF sdotsdotsdot=

(1)

Sendo F a forccedila magneacutetica B o campo magneacutetico v a

velocidade da partiacutecula Estipularemos um arranjo experimental vertical assim podemos considerar a forccedila magneacutetica como perpendicular ao campo Portanto

ordm90=α como seno 90deg eacute igual 1 obtemos a equaccedilatildeo 2 da qual se retira o produto pelo seno de α

vqBF sdotsdot= (2)

Partindo do conceito elementar da velocidade

segundo o qual velocidade eacute igual a razatildeo entre o deslocamento e o intervalo de tempo do movimento mostrado na equaccedilatildeo 3

tdv∆∆

=

(3)

Em que Δd significa variaccedilatildeo do deslocamento e o Δt

significa intervalo de tempo do deslocamento Substituindo a equaccedilatildeo 2 na equaccedilatildeo 3 obtemos a equaccedilatildeo 4

tdqBF∆∆sdotsdot=

(4)

Sabendo que a corrente eleacutetrica eacute a razatildeo entre a

variaccedilatildeo da carga eleacutetrica em relaccedilatildeo ao intervalo de tempo apresentado na equaccedilatildeo 5 e substituindo na equaccedilatildeo 4 obtemos a equaccedilatildeo 6

tqi∆∆

= (5)

diBF

∆sdotsdot= (6)

Nesta equaccedilatildeo i eacute igual a corrente eleacutetrica Elevando ao quadrado os dois lados da equaccedilatildeo 6 e manipulando dividindo os dois lados da equaccedilatildeo pela corrente eleacutetrica ao quadrado obtemos a equaccedilatildeo7

dBi

FF

∆sdot=sdot sup2sup2

(7)

Multiplicando os dois lados da equaccedilatildeo 7 por π2temos a equaccedilatildeo 8

ππ 2sup2sup22

sdot∆sdot=sdotsdot dBFi

F

(8)

Na equaccedilatildeo 9 temos o campo magneacutetico B com

dependecircncia proporcional ao produto entre a permeabilidade magneacutetica μ0 sendo valor aproximado de12566times10minus6 [Hm] ou [TmiddotmA](GRIFFITHS 1999) e a corrente eleacutetrica ie inversamente proporcional a distacircncia d Isolando o μ0 chegamos agrave equaccedilatildeo 10

diB

sdotsdot

=πmicro

20 (9)

idB

sdotsdot=

πmicro 20 (10)

Isolando o campo magneacutetico da equaccedilatildeo 6 e

substituindo-o na equaccedilatildeo 10 considerando o deslocamento igual a distacircncia Δd = d temos a equaccedilatildeo 11

sup222

00 iF

ididF πmicroπmicro sdot

=rarrsdot∆sdotsdotsdot

=

(11)

Substituindo na equaccedilatildeo 8a equaccedilatildeo 11 e isolando a

forccedila (dividindo os dois lados da equaccedilatildeo porμ0) temos a equaccedilatildeo 12

72

0

0

2sup2sup2

2sup2

microπ

πmicro

sdotsdot=

rarrsdotsdot=sdot

BdF

dBF

(12)

Multiplicando a equaccedilatildeo 12 pelo fator 22 temos a equaccedilatildeo 13

0

0

2sup2sup24

222sup2sup2

microπ

microπ

BdF

BdF

sdotsdot=

rarrsdotsdotsdot

= (13)

Partindo do pressuposto que haveraacute forccedila de atraccedilatildeo

entre o iacutematilde e o metal por todos os lados portanto simeacutetrico o campo magneacutetico consideraremos uma aproximaccedilatildeo esfeacuterica para o campo magneacutetico do imatilde assim sabendo que a aacuterea superficial da esfera eacute determinada pela equaccedilatildeo 14

sup24 dA

sdotsdot= π (14)

Na equaccedilatildeo 14 A eacute igual a aacuterea da esfera que envolve o campo magneacutetico substituiacutemos na equaccedilatildeo 13 e isolando o campo magneacutetico chegamos agrave equaccedilatildeo 15

AFB

sdot= 02micro

(15)

Para descobrir a distacircncia entre o imatilde e superfiacutecie

onde a forccedila e aplicada utilizaremos a equaccedilatildeo 13 e isolamos a distacircncia assim obtemos a equaccedilatildeo 16

πmicro

2sup20

sdotsdot

=B

Fd

(16)

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E RESULTADOS

Procedimentos e materiais

Realizamos o estudo do campo magneacutetico para iacutematildes de neodiacutemio montando um suporte e fixando a este um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 N e uma reacutegua com escala meacutetrica como mostra a figura 2 O procedimento experimental foi aproximar o iacutematilde do dinamocircmetro a partir da base do suporte de maneira lenta e anotar para cada distacircncia o valor da forccedila no dinamocircmetro produzida pela

atraccedilatildeo do iacutematilde pelo metal ferromagneacutetico em forma de gancho do dinamocircmetro Este procedimento ocorria ateacute o momento em que o iacutematilde atingia a distacircncia que chamamos de limite pois ao aproximarmos mais o iacutematilde do metal a forccedila de atraccedilatildeo magneacutetica era muito superior ao suportado pelo dinamocircmetro realizando o contato do metal com o iacutematilde

Figura 2 Esquema experimental Onde (a)

suporte do experimento (b) reacutegua com escala meacutetrica (c) dinamocircmetro (d) iacutematilde ou iacutematildes de neodiacutemio e (e) distacircncia entre a superfiacutecie do

iacutematilde e a extremidade do dinamocircmetro com formato de gancho e de material

ferromagneacutetico O procedimento foi repetido acrescentando

sucessivamente um a um os iacutematildes ou seja realizou-se experimento com 1 iacutematilde depois com 2 iacutematildes depois com 3 iacutematildes assim por diante ateacute o maacuteximo de 5 iacutematildes pequenos e 3 iacutematildes grande Natildeo realizamos experimento misturando iacutematildes pequenos e grandes

Os materiais utilizados para este experimento consistiram no suporte de fixaccedilatildeo um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 newton e uma reacutegua de plaacutestico pois assim sendo de material plaacutestico natildeo influenciaria o campo magneacutetico

Os iacutematildes utilizados foram cinco (5) iacutematildes ciliacutendricos com raio de 647mm e com espessura de 5 mm que classificamos em nosso experimento como iacutematildes pequenos e trecircs (3) iacutematildes com raio de 21 mm e espessura de 3 mm que classificamos como iacutematildes grandes

Resultados

Nos testes usando os iacutematildes associados sucessivamente um a um percebemos que haacute diferentes distacircncias para a forccedila limite entretanto observou-se que a forccedila limite

73 apresentada pelo dinamocircmetro para cada distacircncia na situaccedilatildeo limite possui um valor constante que no caso do nosso experimento o dinamocircmetro apresentou uma forccedila constante de forccedila de 006N

Os resultados apresentados para os iacutematildes pequenos utilizados em nosso trabalho estatildeo contidos na tabela 2 assim como os resultados apresentados para os iacutematildes grandes estatildeo contidos na tabela 3

Quanto agrave organizaccedilatildeo tanto na tabela 2 como na tabela 3 na primeira coluna apresenta-se a quantidade de iacutematildes no teste na segunda coluna o campo magneacutetico calculado atraveacutes da equaccedilatildeo 15 usando a aacuterea dos iacutematildes na terceira coluna a distacircncia calculada usando o valor do campo magneacutetico calculado na coluna anterior e a forccedila limite de 006 N na quarta coluna temos o valor obtido experimentalmente para a distacircncia limite e finalmente na uacuteltima coluna o valor do erro experimental entre a distacircncia calculada e a distacircncia obtida experimentalmente atraveacutes da equaccedilatildeo 17

( )100()

2exp times

minus=

teo

teo

VVV

erro (17)

Nesta equaccedilatildeo 17 erro significa a diferenccedila entre o

valor teoacuterico e o experimental em porcentagem o Vteo significa valor da distacircncia teoacuterica entre a superfiacutecie do iacutematilde e a extremidade do gancho metaacutelico eVexp significa valor da distacircncia experimental

TABELA2

IacuteMAtildeS PEQUENOS EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado [Teslas]

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

1 0017 64 6 625 2 0014 778 75 360 3 0013 838 9 740 4 0011 99 10 101 5 0010 109 11 092

TABELA3

IacuteMAtildeS GRANDES EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

[Teslas] 1 00129 844 75 1114 2 00117 931 9 333 3 00107 102 10 196

CONCLUSAtildeO

O trabalho desenvolvido durante a iniciaccedilatildeo cientiacutefica

nos laboratoacuterios da FACCAMP obteve boa correlaccedilatildeo entre os resultados experimentais e o modelo matemaacutetico para o campo magneacutetico atraveacutes de uma equaccedilatildeo que natildeo depende da corrente eleacutetrica mas sim da forccedila de atraccedilatildeo e da distacircncia entre a fonte geradora do campo magneacutetico e o objeto de metal ferromagneacutetico Os resultados experimentais saiacuteram com valores proacuteximos aos resultados teoacutericos tendo uma taxa de erro em meacutedia de 384 para os iacutematildes pequenos e 548 para os iacutematildes grandes Devido a sua simplicidade experimental esta atividade pode ser realizada em qualquer niacutevel no ensino da fiacutesica

REFEREcircNCIAS CHIKAZUMI S Physics of Ferromagnetim Oxford University Press New York 2ordmed 1997 DIAS M M et al Estudo e obtenccedilatildeo de iacutematildes de ferrita de baacuterio e estrocircncio isotroacutepicos e anisotroacutepicos Revista Eletrocircnica de Materiais e Processos v 9 n 2 p 74ndash802014GRIFFITHSD J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 FISHBANE P M GASIOROWICZ S and THORNTON S T Physics for Scientists and Engineers Prentice Hall New Jersey 1993 GRIFFITHS D J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 HALLIDAY D RESNICKR Fiacutesica ndash Parte IIAO LivroTeacutecnico SA Rio de Janeiro 1971 HERBST J F et al Relationships Between Crystal Structureand Magnetic Properties in Nd2Fe14B Physical Review B Volume 29 Number 7 1984 NUSSENVEIG H MCurso de FiacutesicaBaacutesica ndash Eletromagnetismo EdgardBluumlcherLtda Satildeo Paulo 1997 SAGAWA M et al Magnetic Properties of rare-earth-iron-boron permanent magnet materialsJournal of Applied Physics Volume 57 Number 1 1985 WHEWELL W History of the Inductive SciencesCambridge University Press p43-62 2010

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DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

jeremiasgoisymailcom

Douglas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

akroll2009hotmailcom

Joseacute Augusto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

joseaugusto_mathhotmailcom

RESUMO O presente artigo abordar a educaccedilatildeo escolar do povo

indiacutegena brasileiro procurando apresentar uma comparaccedilatildeo entre os Referenciais Nacionais de Educaccedilatildeo ndash Paracircmetros Curricular Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional indiacutegena (RCN) no ensino dessa disciplina

O estudo da matemaacutetica tais como a sua razatildeo e importacircncia a aprendizagem e o pensamento satildeo reconhecidos em todas as culturas pesquisadas com diferentes representaccedilotildees devido a diferentes culturas mas com os mesmos princiacutepios da fundaccedilatildeo do pensamento loacutegico matemaacutetico

O MEC e outros oacutergatildeos discutem que eacute possiacutevel levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo observando a matemaacutetica indiacutegena construindo uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados Palavras chave Matemaacutetica indiacutegena Povo indiacutegena brasileiro comparaccedilatildeo PCN e RCN ABSTRACT This article address the education of Brazilian indigenous people trying to present a comparison between the National frameworks of Education - Curriculum National Parameters (NCP) and the Reference Course indigenous Nacional (RCN) the teaching of this discipline

The study of mathematics such as its rationale and importance learning and thinking are recognized in all cultures studied with different representations due to different cultures but with the same principles of mathematical logical thinking foundation The MEC and other organs argue that it is possible to take the indigenous mathematical culture white observing the indigenous mathematics building a knowledge bridge to include them in the current society system helping them to build a new path that goes beyond the boundaries of their tribes and regions where they were created Keywords Indigenous mathematics Brazilian indigenous people comparison between PCN and RCN

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil por muito tempo os iacutendios natildeo tiveram nenhum tipo de participaccedilatildeo democraacutetica e somente foi por meio da Educaccedilatildeo que puderam adquirir e desenvolver os conhecimentos do homem branco sem que perdessem suas raiacutezes

Com o amparo do MEC que garante e fortalece a afirmaccedilatildeo dos indiacutegenas tanto no acircmbito social como no educacional eacute que eles puderam ser reconhecidos e inseridos na sociedade Assim a educaccedilatildeo passa a ser importante para o indiacutegena uma vez que necessitam conhecer as leis que regem a naccedilatildeo buscando sempre o entendimento de seus direitos enquanto indiacutegenas

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Quando pensamos em termos da educaccedilatildeo matemaacutetica percebemos que ensino desta arte nas escolas indiacutegenas eacute de suma importacircncia tanto para desenvolver os meacutetodos culturais de contagem e elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo na comunidade local como para conhecer o mundo ldquodos brancosrdquo e serem inseridos na comunidade universal Observa-se de maneira clara no RCN ndash Indiacutegena a relevacircncia da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras que estaacute ligada a construccedilatildeo de conhecimentos de acordo com os interesses de cada etnia indiacutegena

Identificar quais satildeo os interesses essenciais torna-se uma praacutetica decisiva para o entendimento de como a atividade matemaacutetica se desenvolve na praacutetica em diferentes contextos socioculturais e em determinados momentos histoacutericos

A matemaacutetica deve estruturar pensamentos e accedilotildees que juntamente com outras aacutereas de conhecimento podem promover a conquista da autonomia e autossustentaccedilatildeo das comunidades indiacutegenas Possibilitar uma melhor compreensatildeo das vaacuterias matemaacuteticas isto eacute dos diferentes sistemas numeacutericos e das variadas maneiras que cada sociedade encontrou para dar sentido ao universo Saber que o sistema matemaacutetico que utiliza natildeo eacute o uacutenico 2 OS POVOS INDIacuteGENS E A EDUCACcedilAtildeO ESCOLAR

Os povos indiacutegenas eram apenas conhecidos por seus valores simboacutelicos tradiccedilotildees costumes entre outros mas de certa forma precisavam estar inseridos na sociedade e ainda preservando sua cultura Por meio do direito agrave Educaccedilatildeo Indiacutegena puderam afirmar suas identidades eacutetnicas e essa conquista foi um importante passo para a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais do paiacutes

No ano de 2013 teve iniacutecio no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo um movimento para a inserccedilatildeo e enraizamento do reconhecimento da diversidade sociocultural da sociedade brasileira nas poliacuteticas e accedilotildees educacionais que se consolidou com a criaccedilatildeo da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad) agrave qual estaacute vinculada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI)

O objetivo da Secad era institucionalizar no Sistema Nacional de Ensino o reconhecimento da diversidade sociocultural como princiacutepio para a poliacutetica puacuteblica educacional

Desta forma a educaccedilatildeo escolar indiacutegena passa a receber um tratamento no MEC focado na afirmaccedilatildeo dos direitos humanos entre eles o de ter seus projetos societaacuterios e identitaacuterios fortalecidos nas escolas indiacutegenas

A Educaccedilatildeo (Consed) mobilizou fortemente o Sistema Nacional de Educaccedilatildeo para tratamento da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena como poliacutetica puacuteblica de garantia de direitos Anteriormente para a execuccedilatildeo de accedilotildees de formaccedilatildeo de professores indiacutegenas e de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos eram priorizadas pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo algumas organizaccedilotildees natildeo

governamentais em detrimento das Secretarias de Educaccedilatildeo

Foi criado um conjunto de accedilotildees para enraizar o tratamento da diversidade sociocultural no acircmbito educacional induzindo as Secretarias de Educaccedilatildeo a reconhecer o amplo campo da diversidade na reorganizaccedilatildeo de suas poliacuteticas prioridades e praacuteticas gerenciais

Foi implementada uma seacuterie de accedilotildees para a ampliaccedilatildeo da oferta da educaccedilatildeo baacutesica nas aacutereas indiacutegenas ndash segundo segmento do Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio - com o objetivo de desenvolver um tratamento sistecircmico dos princiacutepios e diretrizes da educaccedilatildeo escolar indiacutegena em todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino Assim as diretrizes de afirmaccedilatildeo das identidades eacutetnicas - de recuperaccedilatildeo das memoacuterias histoacutericas de valorizaccedilatildeo das liacutenguas e conhecimentos dos povos indiacutegenas - satildeo estendidas para toda a educaccedilatildeo baacutesica intercultural e tambeacutem para a formaccedilatildeo superior de professores indiacutegenas accedilatildeo esta que fundamenta a ampliaccedilatildeo da oferta de educaccedilatildeo baacutesica intercultural de qualidade

A Funai estruturou fundamentada nos Programas de Desenvolvimento Comunitaacuterio (PDC) respaldados pela ONU a implantaccedilatildeo do ensino biliacutengue nas escolas indiacutegenas A partir de 1991 retira a responsabilidade e as transfere para outros oacutergatildeos puacuteblicos Essa mudanccedila institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica indigenista eacute um marco importante pois envolve novas agecircncias do Estado no campo da definiccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Por definiccedilatildeo do Decreto Presidencial nordm 261991 o MEC passa a ser responsaacutevel em todos os niacuteveis e modalidades de ensino pela definiccedilatildeo de poliacuteticas de educaccedilatildeo escolar indiacutegena de qualidade fundamentada nos princiacutepios constitucionais e os Estados e os Municiacutepios passam a ser responsaacuteveis pela execuccedilatildeo desta poliacutetica educacional

Ainda em 1991 foi estruturada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) no acircmbito da entatildeo Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) para coordenar acompanhar e avaliar as accedilotildees pedagoacutegicas da educaccedilatildeo escolar indiacutegena no paiacutes

Em 2002 o Comitecirc Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena foi substituiacutedo pela Comissatildeo Nacional de Professores Indiacutegenas formada por treze professores

Em 2004 em atendimento agraves propostas e reivindicaccedilotildees do movimento indiacutegena essa Comissatildeo foi transformada em Comissatildeo Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena passando a ser composta por professores e lideranccedilas indiacutegenas por entender o movimento que ela natildeo deveria ser formada apenas por professores

Outro marco importante foi agrave criaccedilatildeo de uma vaga para um representante da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena no Conselho Nacional de Educaccedilatildeo A Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) atuou ateacute julho de 2004 quando por meio do Decreto Presidencial nordm 51592004 foi transformada em Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI) vinculada ao Departamento de Educaccedilatildeo para Diversidade e Cidadania

76 (DEDC) da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad)

Dentre os encaminhamentos importantes efetivados apoacutes a Constituiccedilatildeo de 1988 estaacute o Decreto Presidencial nordm 261991 que define o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo como o responsaacutevel pela proposiccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo escolar indiacutegena passando os Estados e Municiacutepios a ser responsaacuteveis por sua execuccedilatildeo sob orientaccedilatildeo do MEC

Segundo publicaccedilatildeo de Alex Rodrigues da Agecircncia Brasil em 25112013 O MEC planeja contratar a ampliaccedilatildeo reforma ou construccedilatildeo de 120 escolas indiacutegenas ateacute o final de 2014 aleacutem disso visa ampliar e qualificar as formas de acessos dos iacutendios agrave educaccedilatildeo baacutesica e superior conforme publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo do dia 31 de outubro

O objetivo deste programa eacute dar apoio teacutecnico e financeiro agrave educaccedilatildeo escolar indiacutegena visando a construccedilatildeo e a melhoria de estabelecimentos indiacutegenas nos 22 territoacuterios etnoeducacionais que compor a primeira fase do Programa Nacional dos Territoacuterios Etnoeducacionais

Com este programa acredita-se que os povos indiacutegenas estaratildeo mais qualificados e o programa poderaacute ser estendido buscando o aprimoramento nos processos de gestatildeo pedagoacutegica administrativa e financeira da educaccedilatildeo escolar indiacutegena

3 A ESCOLA INDIacuteGENA

A escola indiacutegena natildeo eacute muito diferente de uma escola de ldquobrancosrdquo eles aprendem matemaacutetica ciecircncias histoacuteria e claro portuguecircs O que diferencia eacute que os indiacutegenas enfatizam o ensino em sua proacutepria cultura o que valoriza sua histoacuteria e seu povo

ldquoCom a Constituiccedilatildeo de 1988 assegurou-se aos iacutendios no Brasil o direito de permanecerem iacutendios isto eacute de permanecerem eles mesmos com suas liacutenguas culturas e tradiccedilotildees Ao reconhecer que os iacutendios poderiam utilizar as suas liacutenguas maternas e os seus processos de aprendizagem na educaccedilatildeo escolar ()rdquo (Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena 2002 Paacuteg 9)

A escola tem como objetivo formar alunos criacuteticos e responsaacuteveis para enfrentar a sociedade democraacutetica e o mercado de trabalho Segundo a LDB a nossa educaccedilatildeo tem como deveres

Art 1 A educaccedilatildeo abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na convivecircncia humana no trabalho nas instituiccedilotildees de ensino e pesquisa nos movimentos sociais e organizaccedilotildees da sociedade civil e nas manifestaccedilotildees culturais sect 1ordm Esta Lei disciplina a educaccedilatildeo escolar que se desenvolve predominantemente por meio do ensino em instituiccedilotildees proacuteprias sect 2ordm A educaccedilatildeo escolar deveraacute vincular-se ao

mundo do trabalho e agrave praacutetica social (BRASIL 1996 Art 1) A educaccedilatildeo Indiacutegena tem como objetivo a recuperaccedilatildeo de suas memoacuterias histoacutericas a reafirmaccedilatildeo de suas identidades eacutetnicas a valorizaccedilatildeo de suas liacutenguas e ciecircncias e garantir o acesso agraves informaccedilotildees conhecimentos cientiacuteficos e teacutecnicos da sociedade nacional e demais sociedades indiacutegenas (TIacuteTULO VIII Das Disposiccedilotildees Gerais Art 781996)

Sendo assim os valores e os objetivos de cada educaccedilatildeo satildeo semelhantes mas cada uma com seu meacutetodo para aplicar de acordo com meio que vive

4 COMPARACcedilAtildeO ENTRE O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS INDIacuteGENAS E O PARAcircMETRO CURRICULAR NACIONAL

Neste momento procuramos uma comparaccedilatildeo entre o Referencial Curricular para Escolas Indiacutegenas e o Paracircmetro Curricular Nacional (PCN) que satildeo usadas em todas as escolas oficiais brasileiras no que refere a disciplina de Matemaacutetica Ambos satildeo documentos oficiais emitidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) Para esta comparaccedilatildeo nominaremos estes dois documentos respectivamente como RCN - Indiacutegena e PCN I ndash DA IMPORTAcircNCIA DA MATEMAacuteTICA

No RCN - Indiacutegena a razatildeo mais significativa da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras segundo os professores e alunos indiacutegenas eacute o contato com a ldquosociedade mais ampla4rdquo para melhor entender o ldquomundo dos brancosrdquo Tambeacutem eacute importante o estudo desta disciplina para a elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo pela comunidade local

Segundo a percepccedilatildeo indiacutegenas haacute existecircncia de muitas matemaacuteticas antes mesmo de conhecer a matemaacutetica formal acadecircmicas padronizada pela cultura branca vaacuterias civilizaccedilotildees indiacutegenas jaacute fazia o uso do sistema de contagem manejar quantidades e conhecimento do espaccedilo mesmo natildeo tendo um registro formal do mesmo Pois haacute vaacuterias maneiras de olhar o mundo cosmovisatildeo diferentes

Neste sentido e pautados no PCN que podemos entender a aprendizagem da matemaacutetica como uma ferramenta para inserir o cidadatildeo brasileiro no mundo do trabalho nas relaccedilotildees sociais e culturais da sociedade brasileira Eacute na diversidade eacutetnica que os modos de vida com seus valores e crenccedilas que a educaccedilatildeo se interessa como um desafio a ser entendido e apreendido

4 Ou sociedade envolvente equivale a sociedade brasileira mais ampla

77 II ndash A RAZAtildeO DO ESTUDO DA MATEMAacuteTICA

O estudo da matemaacutetica para compreender a vida mais amplamente estaacute relacionada a utilizaccedilatildeo das diversas tecnologias que utiliza dados numeacutericos e quantitativos Segundo os proacuteprios indiacutegenas a cultura dos nuacutemeros Segundo Alpaacute Trunai

ldquoEacute importante o estudo da matemaacutetica porque o mundo dos brancos eacute todo cheio de nuacutemeros Eles sempre querem saber quando chegamos aqui qual nossa idade quantos iacutendios satildeo aqui no Xingu ou quanto de terra a gente precisa para viver O mundo dos brancos eacute um mundo dos nuacutemerosrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 160)

Segundo o RCN - Indiacutegena a importacircncia do estudo

da matemaacutetica estaacute intimamente relacionada com o contato com a cultura da sociedade envolvente Nas reservas e nos parques nacionais indiacutegenas que satildeo administrados pela FUNAI o conhecimento da matemaacutetica eacute um preacute-requisito baacutesico pois os iacutendios deveratildeo saber fazer a leitura de mapas para vigiar as divisas leitura de tabelas graacuteficos na atenccedilatildeo agrave sauacutede dosagem de medicamentos recebimento de contra-cheques a administraccedilatildeo de contas bancaacuterias tudo isto envolve conhecimento miacutenimo da matemaacutetica

A matemaacutetica torna-se uacutetil a civilizaccedilatildeo indiacutegena quando ldquotorna-se significativa para quem estuda agrave medida que ela contribui para entender o mundo local e tambeacutem o mais amplordquo (RCN - indiacutegena pag 160)

A lideranccedila professores e alunos da cultura indiacutegena afirmam que a matemaacutetica eacute importante na medida que ajuda dar autonomia aos povos indiacutegenas para sua autossustentaccedilatildeo e ralaccedilatildeo mais igualitaacuterias com a sociedade brasileira mais abrangente III ndash A APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA E A VAacuteRIAS CULTURAS INDIacuteGENAS BRASILEIRAS

Cada comunidade indiacutegena tem sua proacutepria cosmologia isto eacute sua forma de ver o mundo em sua volta sua maneira de elaborar seus procedimentos de ordenar contar classificar e quantificar essa realidade e seus elementos culturais ldquoSatildeo esses procedimentos especiacuteficos e diferentes de contar medir classificar e ordenar que fazem par cate da matemaacutetica de cada povordquo (RCN-Indiacutegena pg 160) Cada grupo cultural tem forma proacutepria de lsquomatematizarrdquo Segundo o professor indiacutegena Kaiabi do Parque Indiacutegena Xingu MT ldquoa matemaacutetica indiacutegena existe principalmente em seus artesanatos Os desenhos nas peneiras tecircm que contar os talinhos eu aprendi assim sem saber se era matemaacutetica ou natildeo Agora depois que a gente aprendeu que aquilo laacute era matemaacutetica Eu jaacute sabia que tinha aprendido matemaacutetica indiacutegenardquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 161) Eacute necessaacuterio deixar claro que o estudo dos nuacutemeros e as operaccedilotildees aritmeacuteticas eacute apenas um dos campos da

matemaacutetica E que se um determinado povo em seu sistema da contagem e quantificaccedilatildeo natildeo vaacute aleacutem de dois ou trecircs ou natildeo ultrapasse de dez que eacute quase a maioria dos povos indiacutegenas brasileiros natildeo quer dizer que estes povos natildeo tenham desenvolvido o conhecimento matemaacutetico Satildeo somente formas diferentes de conceber o espaccedilo padratildeo geomeacutetrico distinto modo de delimitar medir e registrar o tempo e as quantidades

Por exemplo os artesotildees Kamayuraacute quando fazem o motivo macaco que eacute usado em seus artesanatos eles utilizam de 8 grupos de 3 tiras para formar a figura desejada apresentando a largura de 24 tiras isto eacute 8 x 3= 24 Esses utilizam de vaacuterias relaccedilotildees ou foacutermulas matemaacuteticas na confecccedilatildeo de cestos que seratildeo usados pela comunidade e vendidos para os turistas dando rendimento a comunidade Este eacute um uso praacutetico da matemaacutetica no dia-a-dia das comunidades indiacutegenas

Outro exemplo praacutetico do uso da matemaacutetica satildeo os tranccedilados de palha da comunidade Tapirapeacute que aleacutem do nuacutemero de tiras eacute necessaacuterio saber o acircngulo variados o acircngulo baacutesico eacute de 60ordm (sessenta graus) Nos chapeacuteus usam o acircngulo de 30ordm ou 90ordm e em suas confecccedilotildees usam a forma canocircnicas circulares e ciliacutendricas Tudo isto eacute conhecimento praacutetico da matemaacutetica

No PCN a matemaacutetica tambeacutem teraacute de partir do exemplo praacuteticos da vivecircncia dos alunos do uso da matemaacutetica na compra de produtos em um Supermercado para avanccedilar em conceitos teoacutericos e abstrato A matemaacutetica eacute uma das ferramentas para a construccedilatildeo da cidadania IV ndash O ESTUDO DA MATEMAacuteTICA E SUA RELACcedilAtildeO COM OS CONHECIMNTOS EM OUTRAS AacuteREAS DO CURRICULO

O RCN-Indiacutegena retrata que a matemaacutetica eacute uma das bases para a construccedilatildeo do conhecimento de outras aacutereas do curriacuteculo com a Histoacuteria Geografia Liacutenguas Indiacutegenas e Portuguecircs Ciecircncias Naturais O documento retrata por exemplo que na leitura de tabelas e mapas assunto a Geografia eacute um conhecimento matemaacutetico e isto ocorre com outras disciplinas isto eacute o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico perpassa outras disciplinas

A termologia numeacuterica da liacutengua PALIKUR falada por povos indiacutegenas do Amapaacute eacute rica em numerologia Abaixo trazemos na integra o testemunho de um professor indiacutegena mostrando a proximidade da liacutengua com os nuacutemeros

ldquoAntigamente o meu povo jaacute sabia contar ateacute dez um era chamado na liacutengua SATU que significa um objeto dois eacute chamado HEPI os objetos trecircs eacute chamado MAPA tambeacutem objeto quatro eacute chamado JEPIRERU que quer dizer dois companheiros ou casal (dois casais satildeo quatro) cinco eacute chamado PAMYO que quer dizer um lado da matildeo seis eacute chamado PATSRUJIRE que quer dizer mais um companheiro sete eacute chamado YOKHIPI que quer dizer apertador de certo objetos oito eacute chamado PAYOKHIPRE que quer

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dizer um dos apontadores nove eacute chamado MTURUJI um dos pequenos dez eacute chamado SATU PROLOLU e considerado como dizer tudo Uma pessoa fica com tudo o zero representa o todo o um representa a pessoardquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 163)

Formaccedilatildeo linguiacutestica Palikur eacute no sistema decimal o

nuacutemero de 1 a 10 classifica os elementos (substantivos e verbos) a que o numeral natildeo se refere simplesmente ao numeral na forma quantitativa na qualitativamente se refere a um ser vivo (gente animal plantas) jaacute os seres inanimados como as pedras as ocas eles ser referem a sua forma geomeacutetrica

Na liacutengua Palikuacuter o nome do nuacutemero 10 eacute madikauku que significa o fim das matildeos (ou seja foram contados todos os dedos ateacute 10) Os Rikbaktsa do norte do Mato Grosso fazem a mesma associaccedilatildeo 1 - Stuba (que significa como um dedo da matildeo) 2 - Petoktsa (como dois dedos da matildeo) 3 - Hokkykbyihi (como trecircs dedos da matildeo) 4 - Sihokkykkyktsa (como quatro dedos da matildeo) 5 - Mytsyhyyytsawa (como a minha matildeo) 6 - Mytsyhyyytsawa usta tsyhy humo stuba (como a minha matildeo e o dedo da outra matildeo) (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

O conhecimento matemaacutetico estaacute diretamente ligado

com as outras disciplinas sendo significado dentre os outros conhecimentos de mundo V ndash A CULTURA E O PENSAMENTO MATEMAacuteTICO

Trabalhar os conteuacutedos no estudo de Matemaacutetica significa estar atento a trecircs campos de estudos isto eacute abordado tanto no RCN-Indiacutegena tanto como no PCN estes campos satildeo 1 O estudo dos nuacutemeros e das operaccedilotildees 2 O estudo do espaccedilo e das formas 3 O estudo das grandezas e medidas

Em cada cultura estas aacutereas do conhecimento matemaacutetico podem ter visatildeo e aplicaccedilotildees diferentes Na cultura ocidental dar alguma coisa eu uso a subtraccedilatildeo simbolizado por um tracinho ( - ) e quando eu ganho alguma coisa eacute me adicionado algo eu somo que eacute simbolizado por uma cruz ( + ) mas na cultura indiacutegena isto natildeo necessariamente assim como testemunha um professor indiacutegena

ldquoQuando os Suyaacute datildeo alguma coisa para algueacutem isto natildeo quer dizer que a gente fica com menos Quando eu dou peixe para meu irmatildeo ele sempre me paga de volta Entatildeo se eu tenho 10 e dou 3 para ele ele vai me dar mais peixe quando ele for pescar Aiacute eu faccedilo

10 + 3 e natildeo 10 -3 Robtokti Professor Suyaacute Parque Indiacutegena do Xingurdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 166)

Vemos que a loacutegica-matemaacutetica pode mudar conforme a cultura nesta concepccedilatildeo natildeo haacute uma verdade absoluta

O PCN traz o conceito geral matemaacutetico na cosmovisatildeo ocidental que segue um modelo econocircmico o capitalismo que foca no individualismo e o RCN-Indiacutegena uma cosmovisatildeo indiacutegena que segue um modelo comunitaacuterio de vida que o foco natildeo eacute o indiviacuteduo mas a comunidade As comunidades indiacutegenas brasileiras por serem aacutegrafas ou seja natildeo usar a escrita natildeo possui registro numeacuterico como o nosso como nos conta os professores indiacutegenas

ldquoQuando noacutes natildeo tiacutenhamos ainda contato a gente tinha pouquiacutessimo nuacutemero soacute ia ateacute cinco soacute dez mesmo no maacuteximo Depois a gente soacute contava assim pelo nuacutemero de noacutes (num fio) quando as pessoas iam fazer quinze dias pra pescaria Kanawayuri Marcelo professor Kamaiuraacute Parque Indiacutegena do Xingu MTrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 167) ldquoSoacute que o povo natildeo usava a escrita soacute a memoacuteria e nunca deixaram de observar os dedos quando aparecia qualquer tipo de objeto aiacute logo eram usados os dedosrdquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

Na numeraccedilatildeo tradicional Xavante por exemplo os

agrupamentos satildeo de 2 em 2 caracteriacutestica da organizaccedilatildeo social dualista do povo Isto significa que os Xavante pensam o mundo a partir de pares de metades noacutes (os Xavante) vs eles (os natildeo-Xavante) parentes consanguiacuteneos (ligados por laccedilos de sangue) vs parentes afins homens vs mulheres o domiacutenio puacuteblico do paacutetio da aldeia vs o domiacutenio domeacutestico das casas entre muitos outros A maneira como os Xavante procedem em seus esquemas loacutegicos segue a mesma loacutegica que estaacute presente na maneira como se organizam socialmente Tais esquemas orientam a resoluccedilatildeo de problemas como o seguinte Plantamos 5 canteiros de cebola Em cada canteiro fizemos 9 covas para as sementes Quantas covas fizemos ao todo

A resposta 9 + 9 = 18 18+ 18 = 36 36 + 9 = 45 A loacutegica de relacionar de agrupamento de dois em dois

Esse exemplo mostra que para resolver esse problema o caminho usado para chegar agrave soluccedilatildeo segue a mesma loacutegica de como os Xavantes organizam as entidades fazendo agrupamentos de dois Esta questatildeo deve ser levada em conta no processo de estudo da matemaacutetica como trata o Referencial para escolas indiacutegenas nisto contrasta o PCN que tem uma filosofia neoliberalista no seu contexto

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5 CONCLUSAtildeO A matemaacutetica tem sua base de formaccedilatildeo no raciociacutenio

loacutegico dos indiviacuteduos na capacidade de reconhecer padrotildees e de criar sistemas compatiacuteveis com a realidade com isso observa-se que indiviacuteduos de diversas culturas partem do mesmo princiacutepio de raciociacutenio como exemplo a contagem poreacutem seus meacutetodos ou a maneira como satildeo representados difere A representaccedilatildeo diferente de cada cultura demonstra a capacidade criativa do ser humano que pode associar siacutembolos com o ambiente em que vive e a celebraccedilatildeo deste potencial criativo pode-se chamar de matemaacutetica algo que todos fazem mesmo que sem perceber no dia-a-dia

Com o apoio do MEC e de vaacuterios oacutergatildeos para levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo e trazer a deste povo para a nossa sociedade eacute possiacutevel construir uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual e passar conhecer os meacutetodos mais novos desenvolvidos auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados

REFEREcircNCIAS BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia DF 1996 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetro Curricular Nacional Brasiacutelia DF 1997 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014) BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indiacutegenas Brasiacutelia DF 1998 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo As Leis e a Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Brasiacutelia DF 2002 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 Iracema e Dulce Matemaacutetica Ideias e Desafios (2012) - editora Saraiva Zalavsky Claacuteudia ndash Jogos e atividades Matemaacuteticas do Mundo Inteiro ndash Artmed Editora 2000 DrsquoAmbroacutesio U Elo entre as tradiccedilotildees e a modernidade -(2007) editora Autentica Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (SecadMEC) ndash Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena diversidade sociocultural indiacutegena ressignifi cando a escola (2007) Rodrigues A - MEC anuncia reforma e construccedilatildeo de escolas indiacutegenas acesso em httpeducacaouolcombr noticias20131125mec-anuncia-reforma-e-construcao-de-escolas-indigenashtm Breda A amp Do Rosaacuterio V M (2011) Etnomatemaacutetica sob dois pontos de vista a visatildeo ―DlsquoAmbrosiana e a

visatildeo Poacutes-Estruturalista Revista Latinoamericana de Etnomatemaacutetica 4(2) 4- 31 DrsquoAmbroacutesio U (2008 marccedilo) Etnomatemaacutetica e histoacuteria da matemaacutetica Palestra apresentada no 3ordm Congresso Brasileiro de Etnomatemaacutetica Niteroacutei RJ Brasil DrsquoAmbroacutesio U (1994) A etnomatemaacutetica no processo de construccedilatildeo de uma escola indiacutegena Em Aberto 63 pp 93-99 Luiacutes Donisete Benzi Grupioni L D B Secchi D Guarani V ndash Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Cardoso F H Souza P R - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (1996)

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EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO

Mauro Elias Gebran Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

megebrangmailcom

Vacircnia Maria Jorge Nassif Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

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RESUMO Este estudo tem por objetivo identificar os fatores que impulsionam as mulheres a ingressar no mercado de trabalho Algumas satildeo motivadas por necessidade outras buscam uma oportunidade Essas accedilotildees satildeo vistas muitas vezes como atitude empreendedora percepccedilatildeo de mercado ou ainda busca de sobrevivecircncia A pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e o meacutetodo qualitativo Participaram da pesquisa trecircs mulheres consideradas empreendedoras pelo desafio e conquistas O instrumento de coleta de dados eacute a entrevista tendo seus dados transcritos e analisados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e as histoacuterias narradas Procurou-se entender como as necessidades financeiras foram transformadas em oportunidade e conquistaram seu espaccedilo no mundo do trabalho A pesquisa realizada demonstra que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitam o ingresso para o mundo do trabalho e assim empreendem Algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila auxiliam nas accedilotildees sobretudo quando precisam lidar com momentos de dificuldades e desafiadores Atividades profissionais vivenciadas no mundo corporativo ocupando diferentes cargos e mostrando eficiecircncia nos quesitos tais como motivaccedilatildeo lideranccedila e determinaccedilatildeo contribuem com as experiecircncias empreendedoras na atualidade Sinalizam a importacircncia do trabalho formal boa convivecircncia e condiccedilotildees de trabalho para seus colaboradores como forma de sucesso do empreendimento Palavras-chave Empreendedorismo Empreendedorismo Feminino Conquista ABSTRACT This study aims to identify the factors that push women to enter the labor market Some are motivated by necessity others look for an opportunity These actions are often seen as entrepreneurial attitude and perception of market or still searching for survivors The research is exploratory and use qualitative methods Study participants considered three women entrepreneurs for the challenge and achievement The instrument of data collection is the interview with your data transcribed and analyzed using content analysis of storytelling We

sought to understand how the financial needs were transformed into opportunity and conquered its space in the world of work The survey shows that attitudes elected as important to undertake or facilitate entry into the world of work and thus undertake Some characteristics such as courage optimism confidence and help balance the actions especially when they need to deal with difficult moments and challenging Professional activities experienced in the corporate world occupying different positions and showing efficiency in questions such as motivation leadership and determination contribute to the entrepreneurial experience today Keywords Entrepreneurship Female Entrepreneurship Achievement INTRODUCcedilAtildeO Conforme Machado (2009) o desenvolvimento econocircmico de muitas localidades tem-se favorecido com a atuaccedilatildeo de mulheres empreendedoras A autora pontua ainda que mundialmente observa-se o crescimento das iniciativas empreendedoras por parte de mulheres Machado (2009) revela ainda que conforme Das (1999) e OECD (2000) haacute trecircs diferentes grupos de empreendedoras quais sejam empreendedoras por acaso ndash iniciam suas atividades sem objetivos e planos sem uma formaccedilatildeo especiacutefica e pouca experiecircncia empreendedoras forccediladas aquelas cujo contexto as levou a assumir atividades inesperadamente e empreendedoras criadoras aquelas que criaram e conquistaram independecircncia e autonomia e apresentam grande potencial Outra classificaccedilatildeo encontrada na literatura refere-se agrave pesquisa do GEM (2007) que tipifica dois grupos de empreendedores sem distinccedilatildeo de gecircnero sendo eles empreendedores por necessidade e por oportunidade Independentemente das classificaccedilotildees encontradas nos estudos acerca do tema fica claro que as mulheres satildeo ainda vistas de maneira discriminada no mercado de trabalho Assim encontra-se em Grzybovski et al (2002) que apesar dos avanccedilos ocorridos nas uacuteltimas deacutecadas em relaccedilatildeo agraves mulheres que ocupam cargos gerenciais

81 nas empresas o preconceito e a discriminaccedilatildeo ainda satildeo poderosas barreiras agrave presenccedila feminina nos negoacutecios Botelho (2008) desenvolve pesquisa em contexto corporativo apresentando o fenocircmeno do teto de vidro em que as barreiras invisiacuteveis enfrentadas por mulheres empreendedoras satildeo advindas da cultura e da sociedade e que perpassam ao mundo dos negoacutecios O autor afirma que essas barreiras podem ser traduzidas em estereoacutetipos preconceitos e discriminaccedilatildeo que as mulheres sofrem ao se dedicarem a suas empresas Mas podem tambeacutem ser encontradas na dupla jornada de trabalho nos conflitos entre seu trabalho e famiacutelia e na segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Essas reflexotildees suscitaram grande motivaccedilatildeo pela realizaccedilatildeo desse estudo Assim essa pesquisa tem por objetivo identificar quais satildeo os fatores que impulsionam as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA O destaque que as mulheres vecircm conquistando no mundo dos negoacutecios e no mercado de trabalho com cargos que ateacute entatildeo vinham sendo ocupados por maioria masculina ganhou repercussatildeo e isso avanccedila a cada dia que passa Natildeo importa se por necessidade ou por simples oportunidade as mulheres tecircm alcanccedilado seus objetivos cumprindo metas e se dispondo ao mercado Ainda com relaccedilatildeo ao empreendedorismo as mulheres contam com um aumento constante de sua participaccedilatildeo ultrapassando no ano de 2007 o niacutevel de empreendedorismo entre os homens Esse estudo foi divulgado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2007) que posicionou as mulheres brasileiras em 7ordm lugar no ranking mundial de empreendedorismo feminino com uma taxa de 1271 Para o SEBRAE (2008) esses dados representam uma inversatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho pois em 2001 os homens empreendedores representavam 71 contra 29 das mulheres Para GEM (2007) a principal motivaccedilatildeo feminina para empreender eacute a necessidade apontada por 68 das mulheres proporccedilatildeo que cai para 38 quando apontada pelos homens (BOTELHO 2009) O mercado estaacute se adaptando cada vez mais ao perfil feminino contando com a participaccedilatildeo de empreendedoras no mundo dos negoacutecios Segundo estudos realizados pelo SEBRAE (2006) nas microempresas entre 2002 e 2006 houve um crescimento de 396 para 413 na participaccedilatildeo feminina as quais lideram o ranking de abertura de novas empresas que geram lucros abrindo oportunidade de empregos Kets de Vries (1995) apud Paiva-Junior (2006) diz que os empreendedores precisam criar seu proacuteprio ambiente e sobre o entendimento de que o empreendedorismo parece ser antes e acima de tudo um fenocircmeno regional em que o comportamento empreendedor eacute diretamente afetado por cultura necessidade e haacutebitos de uma dada regiatildeo

Segundo Dornelas (2001) as caracteriacutesticas do empreendedor satildeo iniciativa para criar um novo negoacutecio e paixatildeo pelo que faz utiliza os recursos disponiacuteveis de forma criativa transformando o ambiente social onde vive aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar Para ele empreendedores satildeo pessoas diferenciadas que possuem motivaccedilatildeo singular apaixonada pelo que fazem natildeo se contentam em ser mais um na multidatildeo querem ser reconhecidas e admiradas referenciadas e imitadas querem deixar um legado Para Paiva Junior (2006) o empreendedor pode ser um eixo de desenvolvimento para a geraccedilatildeo expansatildeo e reestruturaccedilatildeo de empresas voltadas para a busca e exploraccedilatildeo de oportunidades Conforme a visatildeo de Dollinger apud Junior (2006) o empreendedor eacute um indiviacuteduo que estaacute voltado para a maneira como pode influenciar sua equipe a fazer o que seria uacutetil para a empresa O empreendedor como liacuteder deve estar apto a perceber tendecircncias emergentes no ambiente com diversos tipos de informaccedilotildees e ajustado agraves percepccedilotildees e agrave direccedilatildeo em que caminham as forccedilas ambientais Filion (1999) relata que ateacute agora natildeo foi possiacutevel estabelecer um perfil psicoloacutegico absolutamente cientiacutefico do empreendedor e que os comportamentos em si podem melhor predizer o ecircxito que eles alcanccedilam na interaccedilatildeo com o mercado Gimenez amp Machado (2000) afirmam que empreendedorismo eacute mais bem visto como um comportamento transitoacuterio que apresenta muito da situaccedilatildeo enfrentada pelo empreendedor Depois de detalhado estudo Armond et al (2009) relatam que o empreendedor natildeo eacute algueacutem que eacute de determinada maneira mas sim algueacutem que se comporta de determinada maneira Baron et al (2007) define da seguinte forma empreendedorismo como disciplina para uma carreira de sucesso eacute encontrado entre as pessoas capazes de enxergar a necessidade de inovaccedilatildeo O empreendedorismo eacute um processo que desenvolve e natildeo nasce completo em si mesmo pois para por fases distintas para chegar ao sucesso Entatildeo empreendedoras satildeo as pessoas que enxergam facilmente uma necessidade e transformam-na em inovaccedilatildeo Contudo muito importante citar que as informaccedilotildees a respeito dessa necessidade eacute que iraacute permear a evoluccedilatildeo da inovaccedilatildeo pois disso parte a tomada de decisatildeo Baron et al (2007) continua afirmando que as oportunidades empreendedoras existem porque as pessoas dispotildeem cada vez mais de uma maior quantidade de informaccedilotildees diferentes que influenciam na tomada de decisatildeo para fazer o novo acontecer essas oportunidades natildeo acontecem somente para o lanccedilamento de produtos ou serviccedilos mas tambeacutem tomam forma de novos meacutetodos de produccedilatildeo novas mateacuterias-primas novas maneiras de organizaccedilotildees e consequentemente novos mercados Nassif et al (2008) concluem que o empreendedor eacute o ator social que tem como caracteriacutesticas pessoais o ser corajoso para assumir riscos e outras caracteriacutesticas de caraacuteter e personalidade que o impulsiona para o sucesso por isso eacute conhecido por suas accedilotildees O empreendedor eacute tambeacutem aquele que se relaciona

82 em um contexto por meio de um conceito ou ideia diferente de negoacutecio Para Schumpeter (1982) o empreendedorismo eacute a busca de novas direccedilotildees diferencial competitivo e novas conquistas associados agrave inovaccedilatildeo na medida em que sua essecircncia estaacute na percepccedilatildeo e aproveitamento de oportunidades de negoacutecio no desejo de fundar novo empreendimento de utilizar recursos de uma nova forma e na alegria de criar de fazer coisas e de exercitar a energia da engenhosidade Schumpeter (1982) conceitua o empreendedor como o agente do processo de destruiccedilatildeo criativa capaz de introduzir o novo e gerar riquezas para um paiacutes o qual eacute o impulso fundamental que aciona e manteacutem em marcha o motor capitalista constantemente criando novos produtos novos meacutetodos de produccedilatildeo e novos mercados Para facilitar os estudos propostos menciona-se ainda o pensamento de Dolabela (1999) segundo o qual qualquer pessoa pode empreender desde que tenha capacidade de sonhar e tenha motivaccedilatildeo para transformar em realidade seus desejos Literaturas mostram que as pessoas podem empreender porque tiveram a visatildeo e a percepccedilatildeo de uma oportunidade ou ainda satildeo pessoas que por necessidade se lanccedilam no empreendedorismo De acordo com Pereira (2003) atualmente existem avanccedilados estudos que mostram a existecircncia de pesquisas em aacutereas bem especiacuteficas como Empreendedorismo Feminino [Baughn et al (2006) AHL (2006) Lindo et al (2007)] Empreendedorismo Indiacutegena [Pereira (2003) Lindsay (2005)] Empreendedorismo Homossexual ndash Willsdon (2005) e Empreendedorismo de Afro-descendentes ndash Boxill (2003) Tais estudos referem-se a grupos sociais que em decorrecircncia de sua especificidade encontram maiores obstaacuteculos em relaccedilatildeo agrave sua accedilatildeo empreendedora por isso procuram verificar como lidam com esses obstaacuteculos O Empreendedorismo Feminino ndash Inserccedilatildeo das mulheres no trabalho Segundo Macedo (2007) formando 70 de todos os novos negoacutecios as mulheres possuem hoje mais de 85 milhotildees de pequenas empresas que empregam mais de 17 milhotildees de pessoas um aumento de 45 desde 1990 Para abertura desses negoacutecios percebe-se que as caracteriacutesticas entre os homens e as mulheres satildeo bem semelhantes mas as mulheres diferem em termos de motivaccedilatildeo habilidades empresariais e de histoacuterico profissional Necessidade e oportunidade se misturam dando espaccedilo para as mulheres abrirem seus proacuteprios negoacutecios Aidis et al(2007) Baughn et al (2006) apontam alguns motivos para a opccedilatildeo de empreender como forma de superar a desigualdade de gecircnero em economias desenvolvidas e em desenvolvimento Esses autores pontuam que para muitas mulheres empreendedoras estrutura limitada de oportunidades no mercado de trabalho a discriminaccedilatildeo no mercado de trabalho enfrentamento com a situaccedilatildeo de teto de vidro na

carreira ou mesmo a necessidade de conciliar muacuteltiplos papeacuteis tem levado as mulheres agrave escolha do autoemprego como uma estrateacutegia de sobrevivecircncia Os fatores acima apontados satildeo tambeacutem considerados importantes na medida em que os mesmo podem levar as empreendedoras agrave conquista de oportunidades para a independecircncia desafio iniciativa bem como o sucesso e a satisfaccedilatildeo por meio da iniciativa empresarial (HUGHES 2003 BAUGHN et al 2006) Outra pesquisa apresenta diferentes aspectos no que se refere agraves conquistas profissionais e satisfatoacuterias para ambos apontando que para homens eacute muito importante status para a realizaccedilatildeo dos relacionamentos enquanto que para as mulheres os aspectos mentais e sociais satildeo os mais valorizados (EDDLESTON POWELL 2008) De acordo com Jamali (2009) as empresas que pertencem a mulheres tendem a ser menores com um crescimento mais lento e menos rentaacutevel do que as empresas que pertencem a homens Ainda de acordo com esse autor algumas medidas objetivas de desempenho tecircm sido tradicionalmente utilizadas no contexto de empreendedorismo das mulheres incluindo o volume de negoacutecios e o crescimento do emprego e soacute recentemente tem sido complementada por medidas tais como o crescimento financeiro interdependecircncia no desempenho sucesso no proacuteprio negoacutecio e objetivos pessoais Desempenho e crescimento tambeacutem satildeo afetadas prevalecendo as expectativas de papel a natureza e a extensatildeo do apoio da famiacutelia bem como responsabilidades familiares e domeacutesticas Assim o desempenho no contexto do feminino empreendedorismo tem sido reconhecido como um constructo complexo afetado por vaacuterios antecedentes e fatores externos Uma pesquisa tambeacutem da GEM (2007) aponta que as mulheres brasileiras estatildeo em quarto lugar no ranking mundial de empreendedorismo A necessidade nesse caso tem impulsionado as mulheres nessa direccedilatildeo De acordo com a pesquisa quase 60 delas se lanccedilam para abrir negoacutecio proacuteprio para ajudar nas despesas de casa Pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) somente a partir de 2006 a mulher com atividade empreendedora passou a ser socialmente aceita Provavelmente estas mulheres ainda encaram diariamente a jornada dupla de cuidar tambeacutem dos filhos e dos afazeres domeacutesticos A participaccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho cresceu no decorrer dos uacuteltimos anos e muitas mulheres sobressaem-se com posiccedilotildees de topo em uma empresa mas por outro lado ainda encontram resistecircncia com desigualdade salarial comparado aos homens Inserida no mercado de trabalho a mulher ainda sofre com a discriminaccedilatildeo e com preconceitos e isso pode impulsionaacute-las a procurar crescimento no mundo dos negoacutecios e assim sendo comeccedilam a se destacar e ganhar espaccedilo de certa forma superando os homens Nas pesquisas de Antunes apud Cavedon Girodani amp Craide (2006) diz-se que estaacute ocorrendo um aumento significativo da forccedila de trabalho feminino

83 Segundo esse mesmo estudo a mulher representa mais de 40 da forccedila de trabalho em diversos paiacuteses avanccedilados Segundo o autor a desigualdade salarial ainda impera pois o percentual de remuneraccedilatildeo das mulheres ainda eacute bem menor do que aquele auferido pelo trabalho masculino Para Carloto apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) a entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho natildeo significa uma mudanccedila revolucionaacuteria em suas vidas uma vez que continuam responsaacuteveis pelas atividades reprodutivas e pelos cuidados com o lar e os membros da famiacutelia Ainda satildeo vistas como as que ajudam no orccedilamento familiar enquanto cabe aos homens o papel de provedor Portanto ainda existem preconceitos por parte da sociedade e do mundo masculinizado quanto aos trabalhos que as mulheres exercem natildeo obstante na maioria dos casos elas ganharem um salaacuterio maior do que os salaacuterios dos maridos satildeo vistos como salaacuterios que complementam a renda familiar e isso com tonalidade de menosprezo Contudo as mulheres lutam e expressam o desejo natildeo de serem independentes mas de terem igualdade para prover o sustento da famiacutelia Segundo Lipovetsky apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) as mulheres por meio da nova cultura do trabalho exprimem a vontade de conquistar uma identidade profissional pela e mais amplamente o desejo de serem reconhecidas a partir do que fazem natildeo mais do satildeo por natureza Nesse ponto percebe-se que a diferenccedila entre homens e mulheres se estreitou mesmo assim o trabalho feminino ainda natildeo eacute considerado igual ao do homem Nogueira apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) afirma a conotaccedilatildeo de que o trabalho e salaacuterio feminino satildeo complementares a fim de auxiliar nas necessidades de subsistecircncia familiar embora hoje se saiba que para algumas famiacutelias o trabalho da mulher eacute imprescindiacutevel para o equiliacutebrio do orccedilamento familiar principalmente nas classes populares Haacute um avanccedilo perceptiacutevel nas mudanccedilas culturais e isso coloca as mulheres num patamar um pouco mais confortaacutevel no que diz respeito agrave aceitabilidade de seus trabalhos e suas remuneraccedilotildees As mulheres ainda lutam para ganhar seu espaccedilo mediante ao que estaacute proposto no Artigo 113 inciso 1 da Constituiccedilatildeo Federal todos satildeo iguais perante a lei Mas ainda lutam para colocarem essa lei em praacutetica A mulher tem sido inserida no mercado de trabalho atraveacutes de um processo lento que comeccedilou haacute pouco tempo em funccedilatildeo das condiccedilotildees de submissatildeo impostas pela sociedade Contudo natildeo obstante as barreiras encontradas os preconceitos ou ainda falta de sensibilidade para os problemas exclusivamente femininos Quando ingressam no mercado de trabalho buscam sua valorizaccedilatildeo mostrando que satildeo capazes de exercer as funccedilotildees que os homens exercem e com mais presteza e empenho ainda No tocante ao empreendedorismo nota-se que houve um aumento considerado do nuacutemero de mulheres trabalhando por conta proacutepria sendo que comparado aos

homens elas iniciam novos empreendimentos trecircs vezes mais METODOLOGIA Embora o assunto em pauta seja recorrente na literatura ainda haacute de se ampliar o conhecimento no escopo dessa pesquisa levando em consideraccedilatildeo as especificidades de cada contexto regiatildeo cultura e outras variaacuteveis que vecircm apresentando variaccedilotildees e revelando diferentes posicionamentos sobretudo de mulheres empreendedoras Essa eacute a fundamentaccedilatildeo baacutesica para fazer pesquisa na aacuterea de ciecircncias sociais e aplicadas A pesquisa foi classificada como qualitativa de natureza exploratoacuteria e descritiva Qualificada segundo Vergara (2000) a pesquisa foi classificada conforme dois criteacuterios baacutesicos quanto aos meios e quanto aos fins Quanto aos meios a pesquisa foi bibliograacutefica porque foi baseada em literaturas de diversos autores que conceituam o empreendedorismo o intraempreendedorismo e o empreendedorismo feminino pois o foco principal dessa pesquisa eacute o atual destaque da mulher no mercado de trabalho Quanto aos fins a pesquisa foi exploratoacuteria e descritiva Exploratoacuteria porque envolveu entrevistas com pessoas que tiveram ou tecircm experiecircncias praacuteticas com as situaccedilotildees descritas nessa pesquisa e tem como finalidade baacutesica desenvolver esclarecer e modificar conceitos para a formulaccedilatildeo de abordagens posteriores E descritiva porque visa a descrever a histoacuteria e a atualidade comparando-as sobre a evoluccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho e o que a conduziu ao empreendedorismo Utilizou-se neste trabalho o meacutetodo qualitativo para verificar os fatores que levaram as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios Foi realizado contato pessoal com trecircs mulheres identificadas como empreendedoras pelos seguintes criteacuterios donas do proacuteprio negoacutecio conhecidas na regiatildeo em que moram e estabeleceram seus negoacutecios pelas histoacuterias de vida por terem iniciado sua atividades por necessidade e ganharam espaccedilo no mercado de trabalho com sucesso e pela acessibilidade Procurou-se por um contato e as empreendedoras se dispuseram a participar da pesquisa Assim foi marcado dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo das entrevistas Todas as entrevistadas demonstraram grande interesse pela pesquisa respondendo as questotildees com empenho e dedicaccedilatildeo colocando-se inclusive agrave disposiccedilatildeo para o que mais fosse preciso Concederam tambeacutem autorizaccedilatildeo verbal e escrita no caso de terem seus nomes publicados As entrevistas foram compiladas em um formulaacuterio com roteiro semiestruturado e procurou-se deixar as respondentes falarem livremente sobre o que lhes eram perguntados Apoacutes as entrevistas os dados foram tratados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e organizados em categorias de respostas (BARDIN 2008)

84 RESULTADOS E ANAacuteLISE DOS DADOS Perfil das respondentes Como dito acima as empreendedoras participantes da pesquisa autorizaram por escrito a divulgaccedilatildeo de seus nomes bem como de suas empresas Assim visando a facilitar o entendimento doravante seus nomes seratildeo incorporados nesse estudo Ivete casada trecircs filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de alimentos Estudou somente o ensino fundamental ateacute a 4ordf seacuterie e nunca mais voltou agrave escola Carla casada dois filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de esteacutetica e beleza Tem o ensino meacutedio completo e buscou aprimoramento de suas atividades em vaacuterios locais inclusive no exterior Melise solteira empreendedora e atua no ramo de viacutedeo locaccedilatildeo Estaacute cursando o uacuteltimo ano de Administraccedilatildeo de Empresas Mora com os pais A seguir seratildeo apresentadas as narrativas compiladas dos depoimentos das participantes da pesquisa A histoacuteria da Ivete A senhora Ivete tem 67 anos casada matildee de trecircs filhos tem formaccedilatildeo primaacuteria nasceu na cidade de Satildeo Paulo onde viveu com seus familiares ateacute a idade de 22 anos quando se casou Ela trabalhava num escritoacuterio e ajudava seus pais a manter a casa Com o casamento deixou a vida profissional e mudou-se para a cidade de JundiaiacuteSP para viver uma nova vida de casada e dona de casa Seu marido estava bem empregado quando do nascimento de seu primeiro filho Contudo uma notiacutecia com relaccedilatildeo ao emprego do marido mudou o rumo de suas vidas Ele acabara de perder o emprego

ldquoNesse momento meus peacutes perderam o chatildeo eu ainda natildeo conhecia bem a cidade e meus parentes mais proacuteximos estavam em Satildeo Paulordquo

Com o passar dos dias o marido procurando ainda um novo emprego Ivete tomou a decisatildeo de procurar um emprego para ajudaacute-lo financeiramente Foi entatildeo que surgiu uma oportunidade de trabalhar com uma senhora que se tornara amiga e que fazia comida em casa fornecendo marmitas diariamente para uma boa clientela Foi ajudando essa senhora que surgiu uma importante oportunidade a de fornecer doces e sobremesas para cada marmita vendida Os clientes gostaram e aprovaram seus confeitos e nesse iacutenterim uma das clientes sugeriu que Ivete fizesse um bolo de aniversaacuterio relutou mas acabou por fazecirc-lo Devido ao sucesso a senhora Ivete passou a fazer mais bolos com receitas que pegava com amigas eou parentes Nunca foi fazer um curso de ldquoboleirardquo mas eacute de suas matildeos e experimentos que saiacuteram as melhores receitas de bolos e doces ganhando uma carteira vasta de clientes que satildeo fieacuteis ateacute hoje

ldquoNatildeo foi faacutecil para mim enfrentar uma situaccedilatildeo financeira terriacutevel cuidar do meu primeiro filho e arregaccedilar as mangas para trabalhar numa coisa que eu natildeo tinha nem noccedilatildeo de como era Mas com muita feacute em Deus prossegui enfrentei e hoje me considero

vitoriosa Minha maior alegria e ver meus colaboradores que alguns jaacute estatildeo comigo haacute mais de vinte anos terem suas casas proacuteprias suas coisas pagas e trabalharem com alegriardquo

Apoacutes 28 anos de seus primeiros confeitos dona Ivete eacute dona de uma cozinha industrial para a confecccedilatildeo dos bolos e outros confeitos duas lojas na cidade de JundiaiacuteSP e mais cinco lojas representantes na regiatildeo A empresa tem o nome fantasia de ldquoIvete Bolosrdquo e conta com 47 empregados sendo 44 mulheres e 3 homens Enfrentou grandes desafios que a fizeram crescer mais ainda a ponto de uma grande marca de chocolates procuraacute-la para que tornando-se parceira pudesse desenvolver receitas que determinariam a consistecircncia do produto A histoacuteria da Carla Carla eacute uma jovem senhora de 43 anos casada matildee de dois filhos Tem formaccedilatildeo no ensino meacutedio completo nascida no Rio de Janeiro no Bairro de Madureira onde viveu com seus familiares ateacute aos 23 anos quando se casou e veio com o marido morar na cidade de CampinasSP pois seu marido tambeacutem carioca era funcionaacuterio de uma grande empresa na cidade paulista Antes de seu casamento Carla trabalhava para uma instituiccedilatildeo bancaacuteria o salaacuterio que recebia era para o seu proacuteprio sustento Trabalhou mais alguns meses depois de seu casamento mas desistiu do trabalho porque percebeu que natildeo havia espaccedilo para que ela subisse de cargo percebeu tambeacutem que o preconceito era muito forte

ldquo a vaga estava aberta havia necessidade de um profissional e eu era a primeira na fila de espera para promoccedilotildees mas eu era preteridardquo

Depois de seis anos cuidando das tarefas domeacutesticas e de seus dois filhos Carla uma vez ou outra era chamada pelas vizinhas para cortar cabelos fazer escovas trabalhos de tratamento de matildeos e peacutes surgindo daiacute a ideia de fazer seu primeiro curso de Cabeleireira e logo passou a atender funcionaacuterias e funcionaacuterios de uma grande empresa de convecircnio meacutedico Depois de algum tempo de dedicaccedilatildeo teve outra ideia que realmente revolucionou sua vida a de abrir um salatildeo de esteacutetica e beleza Alugou uma casa num bairro nobre da cidade e comeccedilou efetivamente suas atividades abrindo seu proacuteprio negoacutecio Sua clientela aumentava a cada dia e Carla foi buscar novos conhecimentos participou de cursos em Paris na Franccedila e em Barcelona na Espanha se especializando em quiacutemica alisamento balayagem reflexos e tratamento profundo dos fios de cabelo

ldquoOlhar para o que eu pude construir durante esses dezesseis anos me deixa muito feliz me deixa satisfeita Tenho consciecircncia de que tudo comeccedilou por enxergar uma grande oportunidade e que supriu minhas necessidades Agradeccedilo sempre a Deus pois Ele me fez enxergar tudo isso Com meu

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proacuteprio negoacutecio pude ajudar meu marido no sustento da casa pude ajudar mais pessoas a encontrar seu caminho na vida profissional pude dar bons estudos aos meus filhos e o principal a minha total e plena satisfaccedilatildeo profissional E como mulher me sinto muito bemrdquo

Com o passar do tempo Carla comprou a casa que antes era alugada e formou entatildeo o ldquoInstituto de Beleza e Esteacutetica Carla Mottardquo Tem trecircs funcionaacuterias de tempo integral que atende a aacuterea administrativa limpeza e ajudante de cabeleireira aleacutem dessas colaboradoras tem tambeacutem colaboradoras autocircnomas que trabalham com maquiagem peacute e matildeo esteacutetica corporal e facial manicure e podologia Oferece tambeacutem um amplo trabalho para noivas madrinhas debutantes formandas etc A histoacuteria da Melise Melise eacute uma jovem de 22 anos estaacute cursando o uacuteltimo ano de graduaccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Empresas tambeacutem cursa o CAD ndash Curso de Aperfeiccediloamento de Docentes Comeccedilou a trabalhar com o pai no negoacutecio da famiacutelia no ramo de Viacutedeo Locaccedilatildeo Aos 14 anos de idade Em 2004 com a transformaccedilatildeo total da tecnologia que transformou o mundo das fitas VHSrsquos em DVDrsquos percebeu-se um aumento considerado de clientes Olhando para essa oportunidade Melise fez uma pesquisa em seu bairro sobre a aceitaccedilatildeo de mais uma loja buscando informaccedilotildees no SEBRAE e tambeacutem com fornecedores ela abriu a segunda loja agora em seu nome Com bastante conhecimento nesse ramo de negoacutecio e mais as informaccedilotildees que obteve natildeo teve dificuldades para tocar seu proacuteprio negoacutecio Ao iniciar sua graduaccedilatildeo Administraccedilatildeo de Empresas teve um aumento fantaacutestico de conhecimento para administrar seu proacuteprio negoacutecio agora ao inveacutes de soacute alugar os DVDrsquos seu cliente encontra uma grande variedade de petiscos refrigerantes sucos e chocolates implantou algumas promoccedilotildees para fazer girar todos os filmes e cobra um pouco a mais pelos filmes em lanccedilamento

ldquoTer iniciado a faculdade foi um marco de vitoacuteria em minha vida pois natildeo somente agregou valor aos meus conhecimentos como entre quatro irmatildeos eu fui a privilegiada em poder continuar os estudosrdquo

Na verdade sua loja eacute concorrente da loja que eacute administrada pelo pai em ponto diferente poreacutem no mesmo bairro Aleacutem de ajudar no orccedilamento da famiacutelia o empreendimento dessa jovem empreendedora daacute emprego para mais duas pessoas que satildeo suas colaboradoras Ela conta que seus irmatildeos tambeacutem jaacute passaram por ali em ocasiatildeo de desemprego A partir da visatildeo de uma excelente oportunidade Melise pocircde abrir seu proacuteprio negoacutecio e incentivar outras pessoas a buscar oportunidades saindo de sua zona de conforto

ldquoAjudando meu pai administrar sua loja fui aprendendo a lidar com os clientes e com fornecedores O avanccedilo tecnoloacutegico que transformou radicalmente o mundo das fitas em VHS me mostrou a possibilidade de abrir meu proacuteprio negoacutecio Foi ai que busquei informaccedilotildees no SEBRAE fiz uma boa pesquisa de mercado e em 2004 abri a loja em meu nome acreditando em meu potencial mas tambeacutem confiando a Deus o sucesso que estava batendo em minha porta Sou feliz agradeccedilo sempre meus pais por estarem comigo nessa empreitada e a Deus por me dar a chance de enxergar essa oportunidaderdquo

Aleacutem de administrar o empreendimento a que se propocircs ela participa ativamente dos eventos familiares participa de uma comunidade de evangeacutelicos cuidando de adolescentes e outras moccedilas que precisam de um conforto Em siacutentese pelos relatos acima pode-se verificar que muito do que as empreendedoras trouxeram como histoacuteria de suas vidas sobressai o desejo de vencer e crescer em seus ramos de negoacutecio Natildeo obstante existir diferenccedila de idade formaccedilatildeo educacional e estado civil todas elas se revelaram muito competentes no negoacutecio que se propuseram a iniciar Natildeo sofreram grandes ataques de preconceitos poreacutem de certa forma houve insinuaccedilotildees quanto agrave capacidade de serem gestoras eficazes e com completo domiacutenio sobre o empreendimento CONCLUSAtildeO Longe do sentimento de superioridade ou imposiccedilatildeo da autoafirmaccedilatildeo as mulheres lutam pelo reconhecimento profissional muitas vezes exercendo inclusive funccedilotildees masculinas com grau elevado de satisfaccedilatildeo Hoje a mulher eacute educada para primeiro pensar em sua vida profissional Continua sendo esposa matildee e dona de casa por quanto muitas vezes todas essas tarefas natildeo satildeo divididas com seus parceiros mas a visatildeo de um futuro melhor natildeo se deteacutem somente em ser a ldquosubmissardquo dona de casa muito mais do que isso satildeo excelentes profissionais e dedicadas mulheres Num mundo masculinizado satildeo poucos os que reconhecem essa postura feminina e se colocam agrave disposiccedilatildeo para ajudaacute-las Ainda natildeo se libertaram do pensamento de que as tarefas domeacutesticas satildeo exclusivamente femininas e devem ser feitas pelas mulheres Natildeo reconhecem que o salaacuterio da mulher natildeo eacute somente complementar mas parte integrante para o sustento familiar A pesquisa mostrou que as mulheres buscam estudos natildeo para se comparar ao homem mas todavia para buscar conhecimento e se tornar eficaz e eficiente naquilo que faz Os casos estudados revelaram que as mulheres se empenham para ganhar a independecircncia contudo harmoniosamente continuam com suas tarefas de casa

86 desempenhando bem os papeacuteis de filha esposa matildee e profissionais As participantes da pesquisa viram em consequecircncia da necessidade oportunidade para abrirem seus proacuteprios negoacutecios buscar a autonomia e independecircncia financeira agregando valor agrave renda da famiacutelia A pesquisa tambeacutem revelou que independente de buscar o sucesso profissional por causa da necessidade elas satildeo empreendedoras porque se comportam como tal Satildeo otimistas e natildeo desistem nem das tarefas mais difiacuteceis em seu percurso As mulheres empreendedoras desse estudo satildeo motivadas e tambeacutem satildeo mulheres de feacute conquistam seu espaccedilo com simpatia e um elevado grau de alegria por aquilo que fazem Todas as entrevistadas revelaram que foram apoiadas por familiares e amigos e tiveram ajuda dos mais iacutentimos para as tomadas de decisatildeo mas ainda haacute muito trabalho a ser feito para que as mesmas tenham reconhecimento total pois o que se vecirc nos dias de hoje esbarra no disfarce e ldquohipocrisiardquo por parte de uma sociedade ainda machista Como dificuldade para tornar realidade seus negoacutecios as entrevistas citaram falta de centralizaccedilatildeo para as informaccedilotildees de procedimentos burocraacuteticos e demora nos processos de abertura de empresa Os relatos trouxeram tambeacutem respostas ao problema dessa pesquisa As respondentes demonstraram um lado espiritual muito atuante confessando a feacute cristatilde em dois seguimentos ou seja uma mulher eacute catoacutelica romana e duas satildeo evangeacutelicas praticantes Mostraram-se preocupadas com seus colaboradores oferecendo-lhes boas condiccedilotildees de trabalho ambiente organizacional satisfatoacuterio registro em carteira profissional e todos os direitos trabalhistas Por fim observa-se nesta pesquisa que independente da necessidade a que levou as mulheres ao empreendedorismo o comportamento empreendedor levou-as ao sucesso A pesquisa demonstrou ainda que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitaram o ingresso para o mundo do empreendedorismo Sendo assim algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila puderam auxiliar a lidar nos momentos de dificuldades As mulheres conquistaram destaque como empreendedoras ou intraempreendedoras Essa pesquisa natildeo tem um fim em si mesmo e seus dados natildeo podem ser generalizados Haacute limites no que tange ao nuacutemero de entrevistadas e em relaccedilatildeo do local em que se situam Poucos casos de sucessos satildeo apresentados em formato cientiacutefico dificultando a socializaccedilatildeo de experiecircncias de sucesso e que poderiam servir de paracircmetro para iniciantes ou mesmo como fonte inspiradora para pessoas que necessitam revisar seus projetos de vida Pela relevacircncia do assunto faz-se necessaacuterio a continuidade de novos estudos dentro desse escopo com o intuito de ampliar essa base de dados e assim trazer agrave luz novos conhecimentos Sugere-se que outras variaacuteveis ainda possam ser associadas ao papel da mulher

empreendedora tais como cultura ambiente formaccedilatildeo e orientaccedilatildeo empreendedora REFEREcircNCIAS ARMOUND A e NASSIF V M J Comportamento de lideranccedila do empreendedor Revista de Administraccedilatildeo Mackenzie 2009 BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008 BARON R A SHANE S A Empreendedorismo ndash Uma visatildeo do processo Satildeo Paulo Thomson Learning 2007 ndash Capiacutetulos 1 e 2 BOTELHO L Percepccedilotildees sobre o papel da mulher na sociedade do conhecimento In Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 Florianoacutepolis Anais Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 CAVEDON N R amp GIORDANI C G amp CRAIDE A Mulheres trabalhando e administrando espaccedilos de identidade masculina 2006 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DO BRASIL Artigo 113 inciso 1 Satildeo Paulo Saraiva 2009 DAS M Women entrepreneurs from southern India na exploratory study The Journal of Entrepreneurship Thousand Oaks v8 no 2 p147-163 1999 DOLABELA F Oficina do Empreendedor Satildeo Paulo Cultura Editores 1999 DORNELAS J C A Empreendedorismo transformando ideacuteias em negoacutecios Rio de Janeiro 2001 FERRARI C E SILVA L B As dificuldades para Empreender do Ponto de Vista dos Cegos Anais do EGEPE 2008 FILION L J Empreendedorismo empreendedores e proprietaacuterios-gerentes de pequenos Negoacutecios Revista de Administraccedilatildeo AbrJun 1999 p 5-28 GEM Global Entrepreneurship Monitor 2007 GIMENEZ F A P MACHADO H P V Empreendedorismo de diversidade uma abordagem demograacutefica de casos brasileiros In Encontros de estudos sobre empreendedores e gestatildeo de empresas Maringaacute(PR) 2000 IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Programa Nacional de Amostragem Domiciliar Brasil 2006 JAMALI D Constraints and opportunities facing women entrepreneurs in developing countries A relational perspective Gender in Management 24(4) 232-251

87 ABIINFORM Research (Document ID 1972991811) 2009 JUNIOR F G P O Empreendedor e Sua Identidade Cultural Em busca do Desenvolvimento Local 2006 KETS DE VRIES M F R Organization paradoxes 2nd ed London Routledge 1995 MACEDO M FURLAN A REGINA K SOARES M Atitude Empreendedora Mulheres ganhando espaccedilo em Incubadoras no setor da Tecnologia ANAIS DO CONGRESSO SEMEAD-USP SAtildeO PAULO 2007 MACHADO VH Identidades de Mulheres empreendedoras Maringaacute (PR) EDUEM 2009 NASSIF VMJ AMARAL DJ CERRETTO C e RUBIM M T Quem eacute Empreendedor Entendendo o Conceito agrave Luz da Representaccedilatildeo Anais do EGEPE 2008 OECD Proceedings of women entrepreneurs in small and medium enterprises Paris 1998 PEREIRA F E O conhecimento como agente de promoccedilatildeo do empreendedorismo social nas comunidades indiacutegenas amazocircnicas um estudo de caso In VI Simpoacutesio Internacional de Gestatildeo do Conhecimento 2003 Curitiba Criatividade para o desenvolvimento 2003 P 1-1 SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas acesso em lthttwwwsebraespcombrprincipaldocumento_desobrevivecircncia_mortalidade_empresas_paulistasgt 2006 e 2008 SCHUMPETER J A Teoria do Desenvolvimento Econocircmico Uma investigaccedilatildeo sobre lucros capital creacutedito juros e o ciclo econocircmico Satildeo Paulo Nova Cultura 1982

VERGARA S C Gestatildeo de pessoas 2 Ed Satildeo Paulo Atlas 2000

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ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcombr

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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RESUMO As soluccedilotildees de problemas referentes aos fluidos satildeo dotadas de alta complexidade e muitas vezes carecem de abordagens analiacuteticas Portanto a utilizaccedilatildeo de meacutetodos numeacutericos torna-se necessaacuteria sendo um dos mais conhecidos o meacutetodo dos elementos finitos Entretanto a visualizaccedilatildeo dos resultados de operaccedilatildeo matricial traz tal volume de dados que torna impossiacutevel a interpretaccedilatildeo dos resultados sem o auxiacutelio de ferramentas computacionais Para isso os programas passaram a ter as chamadas visualizaccedilotildees cientiacuteficas que tratam da simulaccedilatildeo do problema proposto A esta aacuterea do conhecimento daacute-se o nome de Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) Esta eacute uma ferramenta necessaacuteria para engenheiros profissionais que estudam a mecacircnica dos fluidos e para o avanccedilo deste ramo da ciecircncia No entanto enfrenta a dificuldade de ser tratada apenas em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo Este trabalho visa trazer um exemplo aplicaacutevel para a graduaccedilatildeo a saber a anaacutelise de um caso claacutessico simples da hidrodinacircmica fundamental aplicado ao programa Scilab de licenccedila livre para impressatildeo de linhas de corrente Palavras-chave Dinacircmica dos fluidos computacional Scilab hidrodinacircmica ABSTRACT The solutions of the problems related to fluids are given into high complexity and many times require analytical approaches Therefore numerical methods are needed and one of the most known is the method of finite elements However the visualization of the matrix operation results gives such volume of data that interpretation of the results are impossible without the support of computational tools Therefore to the programs were added the scientific visualizations that deals with the simulation of a given problem This field of knowledge is called computational fluid dynamic (CFD) It is a tool required for engineers professionals that study the mechanic of fluids and for the advance of this branch of science Nevertheless it faces the difficulty of being

studied only in graduation courses This work aims to present an applicable example for undergraduate level namely the analysis of simple classic case of fundamental hydrodynamics applied to Scilab a freeware for current lines impression Keywords Computational Fluid Dynamic Scilab hydrodynamic 1 INTRODUCcedilAtildeO

O ensino das mateacuterias voltadas agraves metodologias computacionais eacute cada vez mais necessaacuterio uma vez que as soluccedilotildees de problemas complexos satildeo feitas apenas com tais ferramentas que facilitam a resoluccedilatildeo de caacutelculos numeacutericos Poreacutem eacute necessaacuterio lembrar que programas que possibilitam tais resoluccedilotildees natildeo passam de ferramentas (FORTUNA 2012) devendo ser usadas com muito cuidado e com a finalidade correta Sendo assim natildeo se dispensa o ensino de soluccedilotildees analiacuteticas e o domiacutenio das equaccedilotildees fundamentais pelos alunos uma vez que estas de fato consolidaram o poder de anaacutelise dos mesmos

Entretanto as ferramentas que possibilitam o bom funcionamento agrupando preacute-processamento soluccedilatildeo e poacutes-processamento satildeo muito onerosas e muitas vezes acabam por natildeo serem de aquisiccedilatildeo viaacutevel para instituiccedilotildees de ensino superior quanto menos para alunos que teriam que realizar trabalhos fora da sua instituiccedilatildeo de ensino

A soluccedilatildeo para tal problema eacute recorrer aos programas de coacutedigo ou distribuiccedilatildeo livre trazendo natildeo soacute a viabilidade financeira como tambeacutem a maior utilizaccedilatildeo e desenvolvimento acadecircmico de programas open source e a evoluccedilatildeo das aacutereas do conhecimento tratadas

Para a resoluccedilatildeo de problemas de dinacircmica dos fluidos computacional existem programas robustos como Gerris Flow Solver e o OpenFOAM poreacutem tais programas exigem que o usuaacuterio tenha bons

89 conhecimentos de linguagens de programaccedilatildeo orientada a objetos como C (no caso do Gerris) e C++ (no caso do OpenFOAM) o que natildeo eacute a realidade de estudantes de graduaccedilatildeo que natildeo cursam as ciecircncias da computaccedilatildeo e aacutereas afins

Atualmente uma das ferramentas de grande destaque para os ramos de engenharia tanto acadecircmico quanto nas empresas satildeo ferramentas como Matlab ou o semelhante de coacutedigo aberto Scilab que exigem menos habilidades de programaccedilatildeo dos estudantes e maior habilidade com as equaccedilotildees que regem os fenocircmenos tratados sendo calculadoras indispensaacuteveis

O leitor deve ter em mente tambeacutem que programas de coacutedigo-livre satildeo importantes para o meio acadecircmico e ateacute mesmo para usuaacuterios privados uma vez que se houver a necessidade de resolver algo novo pode-se simplesmente implantar esta soluccedilatildeo no coacutedigo do arquivo e disponibilizaacute-lo nas comunidades que desenvolvem o programa tornando a ferramenta cada vez mais poderosa dessa forma muitos programas estatildeo tendo uma evoluccedilatildeo acelerada e se tornando os melhores do mercado Scilab

O Scilab (Scientific Laboratory) conforme descrito em diversas apostilas como (FILHO 2007) eacute um ambiente projeto para a resoluccedilatildeo de problemas numeacutericos desenvolvido na Franccedila por pesquisadores do Institut de Recherche en Informatique et en Automatique (INRIA) e da Egravecole Nationale des Ponts et Chausseacutees (Escola Nacional de Pontes e Caminhos) disponibilizado na internet1 com o coacutedigo fonte sendo assim trata-se de um programa open source hoje eacute mantido pelo consoacutercio Scilab

O Scilab eacute um programa de faacutecil manipulaccedilatildeo tendo grandes vantagens como a geraccedilatildeo de graacuteficos de altiacutessima qualidade com grande facilidade de configuraccedilatildeo das propriedades destes podendo ser bidimensionais tridimensionais e ateacute animaccedilotildees muito embora neste trabalho sejam usados apenas os graacuteficos bidimensionais O leitor pode melhorar as apresentaccedilotildees e coacutedigos por conta proacutepria uma vez que o programa possui faacutecil manipulaccedilatildeo de matrizes resoluccedilatildeo de polinocircmios e diversas outras ferramentas para os mais diversos usos aleacutem de possuir a biblioteca XCOS um ambiente onde a simulaccedilatildeo se desenvolve por meio de blocos contendo rotinas numeacutericas

O aprendizado de uso desta ferramenta eacute bem simples principalmente pelo fato de existirem diversos materiais como apostilas na internet como (LOPES 2004) e (FILHO 2007) e diversos viacutedeos no Youtube

1 wwwscilaborgdownload

O Scilab ainda natildeo eacute um programa tatildeo difundido em induacutestrias e comeacutercios sendo este campo jaacute conquistado pelo seu rival Matlab sofrendo grande preconceito de profissionais Entretanto esta ferramenta tem se mostrado um programa realmente robusto e capaz de fazer caacutelculos muito complexos com grande potencial para evoluccedilatildeo Dinacircmica dos fluidos computacional (DFC)

Tambeacutem conhecida como CFD2 trata-se de um ramo da mecacircnica dos fluidos que utiliza meacutetodos numeacutericos e modelagem computacional para resolver e analisar problemas que envolvem fluidos utilizando condiccedilotildees auxiliares Profissionais que utilizam a DFC grande maioria formada por acadecircmicos costumam se utilizar de teacutecnicas de computaccedilatildeo paralela a fim de aumentar a velocidade dos caacutelculos na induacutestria a DFC eacute largamente usada em empresas de automobilismo e aeronaacuteutica para estudo de aerodinacircmica

Os passos para resoluccedilatildeo numeacuterica de um problema de escoamento pode ser descrita conforme a figura 1

Figura 1 - Etapas da resoluccedilatildeo de um

problema de escoamento (FORTUNA 2012)

2 Do inglecircs Computacional Fluid Dynamics

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Estas etapas satildeo fundamentais e devem ser seguidas com grande cuidado e suas definiccedilotildees devem ser bem entendidas

A etapa de modelagem fiacutesica deve descrever exatamente o fenocircmeno que estaacute sendo estudado incluindo as simplificaccedilotildees como o tipo de escoamento ser incompressiacutevel ou compressiacutevel viacutescido ou inviacutescido dentre outras caracteriacutesticas que iratildeo determinar quais variaacuteveis devem realmente ser tratadas para que o resultado da anaacutelise seja satisfatoacuterio

Os dois procedimentos seguintes modelagem matemaacutetica e equaccedilotildees governantes devem determinar as equaccedilotildees que regem os escoamentos como as equaccedilotildees de Navier-Stokes e o princiacutepio de Lavosier bem como a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees auxiliares propriedades conhecidas em um determinado espaccedilo ou tempo

Determinadas as modelagens passa-se agraves etapas de resoluccedilatildeo onde eacute realizada a discretizaccedilatildeo a determinaccedilatildeo de pontos em uma malha pontos ao longo da geometria de um conduto ou do fenocircmeno de interesse que deveratildeo possuir equaccedilotildees que descreveram a propriedade em cada um dos pontos que formaratildeo os sistemas de equaccedilotildees algeacutebricas e que em sua resoluccedilatildeo mostraratildeo a intensidade naquele dado ponto

Entretanto os resultados obtidos apoacutes estes procedimentos natildeo seratildeo exatos e sim aproximados sendo necessaacuterias a verificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo destes resultados ateacute que o fenocircmeno seja corretamente reproduzido Pode-se fazer este uacuteltimo passo por meio da verificaccedilatildeo e da validaccedilatildeo

Fortuna (2012) faz importantes consideraccedilotildees sobre a necessidade de validaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos modelos de adotados para os problemas analisados estes dois processos satildeo de essencial importacircncia e podemos defini-los da seguinte forma

bull Verificaccedilatildeo tem como principal objetivo estimar a confiabilidade do processo de resoluccedilatildeo do problema avaliar os erros que interferem na resoluccedilatildeo

bull Validaccedilatildeo tem o papel de evidenciar e provar que o problema certo estaacute sendo resolvido

Entretanto Fortuna(2012) ainda ressalta que estes

dois processos natildeo garantiraacute que a previsatildeo fornecida estaraacute correta

Para a modelagem de problemas de escoamento o usuaacuterio necessita definir uma malha que definiraacute os domiacutenios fiacutesicos do problema apoacutes isso deve ser feita a modelagem matemaacutetica onde conteraacute todas as equaccedilotildees governantes como as equaccedilotildees de conservaccedilatildeo de massa e momento para entatildeo ser realizada a modelagem computacional

Post lista em seu livro de 2013 algumas das limitaccedilotildees da DFC como segue

bull Erros numeacutericos surge devido ao fato de as ceacutelulas da malha de dimensotildees finitas serem utilizadas para mapear uma funccedilatildeo (CUNHA 2000) tambeacutem inclui nesta categoria de erroso erro inicial que representam as incertezas (mediccedilatildeo de paracircmetros condiccedilotildees iniciais etc) introduzidas no equacionamento do problema erro local de truncamento devido ao fato de ser necessaacuteria uma aproximaccedilatildeo obtida apoacutes um nuacutemero finito de passos utilizando as expansotildees em seacuterie de Taylor

bull Erros de modelagem atribui-se aos modelos onde o entendimento da mecacircnica dos fluidos baacutesica natildeo estaacute completo

bull Aplicaccedilotildees das condiccedilotildees de contorno esse erro foi citado no primeiro item como erro inicial que muitas vezes eacute pressuposto os problemas mais complexos estatildeo aplicados aos contornos abertos problemas paraboacutelicos ou hiperboacutelicos que variam no tempo poreacutem independente do problema a aplicaccedilatildeo de ser correta Podendo ser fechadas ou abertas naturais de pressotildees especificadas ou de gradientes nulos

bull Geometrias complexas complexos para execuccedilatildeo das malhas ou seja geometria cuja aacuterea superficial apresenta aproximaccedilatildeo por equaccedilatildeo como exemplo os elipsoides

bull Interpretaccedilatildeo de resultados este eacute um dos motivos pelo qual o usuaacuterio deve ter conhecimento das soluccedilotildees analiacuteticas e problemas baacutesicos

Tanto (POST 2013) quanto (FORTUNA 2012)

enfatizam que a DFC eacute apenas uma ferramenta e como toda ferramenta deve ser utilizada de forma correta tendo assim seu oacutetimo uso e suas limitaccedilotildees

Uma limitaccedilatildeo importante que deve ser enfatizada refere-se ao uacuteltimo item a quantidade de resultados gerados por uma soluccedilatildeo numeacuterica eacute enorme sendo de difiacutecil interpretaccedilatildeo o usuaacuterio pode se utilizar de duas teacutecnicas a separaccedilatildeo de uma determinada parte do problema ainda sim muito suscetiacutevel a erros e tambeacutem recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo da teacutecnica de visualizaccedilatildeo cientiacutefica presente em grande parte dos softwares existentes

Mecacircnica dos Fluidos

A mecacircnica dos fluidos eacute uma base extremamente importante para muitos engenheiros que utilizam conhecimentos como os de hidraacuteulica principalmente os

91 engenheiros civis (especialidade de hidraacuteulica e hidrologia) quiacutemicos (transferecircncia de calor misturas e escoamentos) e mecacircnicos (hidrodinacircmica e hidraacuteulica aplicada) BRUNETTI (2005) diz que satildeo poucos os ramos da engenharia que escapam totalmente do conhecimento dessa ciecircncia tendo tambeacutem sua importante participaccedilatildeo nas aacutereas de medicina astronomia meteorologia oceanografia e outras ciecircncias

Eacute a ciecircncia agrave qual compete o estudo do comportamento fiacutesico dos fluidos entendendo-se fluidos basicamente como liacutequidos e gases (embora a definiccedilatildeo de fluidos vaacute muito aleacutem poreacutem natildeo eacute objetivo deste artigo discuti-la) com principal foco em obter as leis fiacutesicas que regem as accedilotildees dos fluidos como escoamento e pressatildeo onde estatildeo os fundamentos para o desenvolvimento de todo este trabalho

2 APLICACcedilAtildeO NO SCILAB

Um dos produtos que esta pesquisa pode criar foi um pequeno algoritmo para a utilizaccedilatildeo dos coacutedigos e resoluccedilotildees em Scilab que pode ser observado no fluxograma apresentado na figura 2

Figura 2 - Roteiro para implementaccedilatildeo em

Scilab

A organizaccedilatildeo das ideais e a possibilidade de um roteiro poderatildeo ajudar na montagem de qualquer procedimento para execuccedilatildeo do problema Para entender melhor ao final do trabalho o leitor poderaacute mapear cada etapa com um programa escrito para o Scilab

3 ESTUDO DE CASO DA HIDRODINAcircMICA Para a introduccedilatildeo da hidrodinacircmica eacute importante que

o aluno esteja confortaacutevel com condiccedilotildees que facilitem a anaacutelise e aos poucos comecem a retratar cada vez mais a realidade Portanto como em diversas bibliografias de mecacircnica dos fluidos o estudo deve comeccedilar com escoamento potencial com as simplificaccedilotildees de ser inviacutescido incompressiacutevel e permanente facilitando a familiarizaccedilatildeo com a modelagem do problema Uma excelente opccedilatildeo eacute a determinaccedilatildeo das linhas de corrente

Para que as linhas de corrente possam ser determinadas e desenhadas pelo programa o aluno precisaraacute aprender as funccedilotildees correntes sabendo defini-las e suas deduccedilotildees quando tiver o contato com o programa

De acordo com (VENNARD e STREET 1978) a definiccedilatildeo de funccedilatildeo corrente eacute baseada sobre o princiacutepio da continuidade e sobre a noccedilatildeo de linha corrente onde eacute definido um modelo matemaacutetico para que se possa plotar e realizar diversos estudos sobre os campos de escoamento

Supondo que em um escoamento retiliacuteneo esbarra-se em um corpo denominado de fonte na origem da mesma podemos encontrar suas coordenadas polares para a plotagem deste escoamento por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

πθθψ

2 qsenrU=

Onde ψ = constante da linha corrente U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x r = raio da linha de corrente q = vazatildeo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal O resultado desta equaccedilatildeo plotada pode ser verificado na figura 3

92

Figura 3 - Escoamento ao redor de um semi-corpo

O coacutedigo para a plotagem da figura 3 estaacute no anexo e foi desenvolvido de forma muito simples a fim de que se possa explicaacute-lo e deduzi-lo em sala de aula Entretanto plotar o graacutefico eacute apenas um passo que o professor teraacute que conduzir ao aluno para este comeccedilar a praticar sua interpretaccedilatildeo No ponto onde o escoamento encontra a fonte observa-se que as velocidades satildeo elevadas em suas vizinhanccedilas sendo que as velocidades variam de acordo com o inverso da distacircncia agrave origem ateacute que a interferecircncia da fonte seja nula Ainda o aluno poderaacute encontrar o chamado ponto de estagnaccedilatildeo que se localiza a uma distacircncia ldquodrdquo da fonte pode-se calculaacute-la por meio da equaccedilatildeo

Uqdπ2

=

Onde d = distacircncia entre o ponto de estagnaccedilatildeo e a fonte q = vazatildeo U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x

Entretanto a figura 3 possui um entendimento um tanto abstrato o que natildeo facilitaria muito no aprendizado

de tais conceitos para isto o professor poderaacute aplicar os mesmos conceitos em um escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

As linhas de corrente de tal escoamento podem ser obtidas por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

θψ senrRrU )( 2

2

minus=

Onde ψ = constante da linha corrente r = raio da linha de corrente R= raio do corpo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal

Inserindo esta equaccedilatildeo no coacutedigo e adaptando-o de forma a constar todos os paracircmetros necessaacuterios no mesmo pode-se entatildeo gerar o graacutefico das linhas de corrente de forma satisfatoacuteria para a visualizaccedilatildeo dos conceitos conforme eacute possiacutevel verificar no resultado da figura 4

93

Figura 4 - Escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

O coacutedigo estaacute apresentado no anexo (2) Eacute interessante comparaacute-los de forma a explicitar como o coacutedigo pode ser adaptado de formas variadas conforme dados na literatura principalmente nos estudos claacutessicos como de VENNARD e STREET (1978) e de HUGHES e BRIGHTON (1967) O aluno deveraacute ser instigado a calcular os componentes radiais (vr) e tangenciais (vt) que podem ser facilmente calculados pelas seguintes equaccedilotildees

θ

θ

senrRUv

rRUv

t

r

)1(

cos)1(

2

2

2

2

+minus=

minus=

Tendo assim a total compreensatildeo sobre o estudo e

podendo visualizaacute-lo de forma a ser mais simples para o entendimento de quem estaacute iniciando seu aprendizado

CONCLUSAtildeO

Conforme demonstrado neste trabalho podemos introduzir os estudantes de graduaccedilatildeo nos conceitos de Dinacircmica dos Fluidos Computacional de forma muito simples em comparaccedilatildeo com o que esta ferramenta pode realmente fazer aplicando-se casos de pouca complexidade com maior foco na modelagem

matemaacutetica e entendimento dos fenocircmenos fiacutesicos deixando o estudante com conhecimentos preacutevios para um curso de poacutes-graduaccedilatildeo e ateacute mesmo possibilitando o desenvolvimento de Trabalhos de Conclusatildeo de Curso (TCC) mais arrojados uma vez que isto pode despertar o interesse de muitos estudantes aumentando a qualidade de pesquisas orientadas pelo corpo docente aos discentes Muitas universidades puacuteblicas e privadas jaacute estatildeo mantendo grupos de pesquisa na aacuterea o que torna ainda mais importante que o Brasil tenha esse tipo de matildeo de obra e avance igualmente a paiacuteses como Alemanha Noruega Austraacutelia Estados Unidos e outros paiacuteses que jaacute consideram estes conhecimentos na graduaccedilatildeo pode-se verificar que uma das bibliografias deste trabalho eacute datada de 1967

httpwwwdacunicampbrsistemascatalogosgradcatalogo2011cursoscpl10html

httpwwwsistemasufrnbrsharedverArquivoidArquivo=1209031ampkey=6323ef8f3f5a1701e4264fb23c5a0a40 REFEREcircNCIAS BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005

94 CUNHA M C Meacutetodos Numeacutericos 2ordf ed Campinas SP Editora Unicamp 2000 FILHO D G Scilab 5X Universidade Federal do Cearaacute Cearaacute 2007 Disponivel em lteulermatufrgsbr~giacomoManuais-sotwSCILABApostila de Scilab - atualizadapdfgt FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 LOPES L C O Utilizando o SCILAB na Resoluccedilatildeo de Problemas de Engenharia Quiacutemica XV COBEQ Curitiba PR [sn] 2004 LOVATTE E R et al Metodologia de ensino de dinacircmica dos fluidos computacional aplicada ao curso de engenharia ambiental XLII COBENGE Juiz de Fora MG [sn] 2014 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978

ANEXOS (1) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um semi-corpo clear clc Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 1 x = linspace(xymax-xymax100) y = linspace(xymax-xymax100) Definindo a malha [XY] = meshgrid(xy) Declaraccedilatildeo das variaacuteveis R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio sen_th = YR caacutelculo do cosseno do acircngulo cos_th = XR caacutelculo do cosseno do acircngulo theta=acos(sen_th) U = 1 declarando a velocidade q=X4U

psi=URsen_th+(qtheta)(2pi) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi30) plota as linhas de corrente

(2) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um corpo ciliacutendrico Roteiro para criaccedilatildeo das linhas de corrente Este eacute o exemplo de um fluido escoando sobre um cilindro com escoamento potencial O programa comeccedila com a limpeza de tudo que ja foi executado clear clc clf Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 2 Definindo a malha x = linspace(xymax-xymax20) y = linspace(xymax-xymax20) Criando a malha [XY] = meshgrid(xy) A partir deste ponto o programa deve ser declarado Sendo que os limites e a definiccedilatildeo e criaccedilatildeo da malha podem ser utilizadas da mesma forma Declaraccedilatildeo das variaacuteveis Todas as variaacuteveis conhecidas devem ser inclusas nesta seccedilatildeo U = 1 declarando a velocidade a = 1 declarando o raio do objeto Caacutelculando constantes Os caacutelculos devem ser feitos nesta seccedilatildeo R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio da funccedilatildeo corrente theta=acos(XR) Calculando o acircngulo psi=U(R-aaR)cos(theta) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi100) plota as linhas de corrente

95 impressatildeo dos ciacuterculo xarc(-aaa+1a+1036064) plota o ciacuterculo no local correspondente configurando a circunferecircncia arc=get(hdl) obtendo o manipulador da entidade corrente (aqui eacute a entidade Arc) arcfill_mode=on preennchimento da circunferecircncia arcforeground=5 cor da circunferecircncia arcdata([3 6])=[2 27064] retorna as coordenadas do ponto superior esquerdo a largura e a altura do retacircngulo envolvente bem como os acircngulos de froenteira do setor arcvisible=on on desenha a circunferecircncia

96

JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO

Anderson Krol de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

akroll2009hotmailcom

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Cruz Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Co-orientaccedilatildeo Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

davidmazzantifaccampbr

Orintaccedilatildeo Prof Me James Ernesto Mazzanti

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jamesmazzantifaccampbr

RESUMO O intuito deste artigo eacute apresentar o jogo da onccedila utilizando uma aula de geometria O jogo auxilia na construccedilatildeo de quadrados e triacircngulos e tambeacutem no caacutelculo de aacuterea Este jogo pode levar o aluno se desenvolver no conteuacutedo matemaacutetico proposto Com isso podemos ensinar simultaneamente Histoacuteria Cultura Indiacutegena e Matemaacutetica A proposta do jogo da onccedila eacute fazer com que o aluno use o raciociacutenio loacutegico para elaborar jogadas no qual seja possiacutevel vencer o jogo Pode-se perceber que com o auxiacutelio dele diversos ensinamentos tornam-se aflorados e podem ser explorados de maneira mais satisfatoacuteria Palavras chave Jogo da onccedila jogos indiacutegenas e geometria ABSTRACT The purpose of this paper is to present the ounceacutes game using a geometry class The game helps build squares and triangles and also in the area calculation This game can lead the student to develop the proposed mathematical content With this we can simultaneously teach History Indigenous Culture and

Mathematics The ounceacutes game proposal is to make the student to use logical reasoning to draw up plays on which to win the game One can see that with the help of it many teachings become touched upon and can be exploited in a more satisfactory way Keywords Ouncersquos game indigenous games and geometry INTRODUCcedilAtildeO Nesse trabalho apresentaremos de uma forma mais didaacutetica o jogo da onccedila um jogo indiacutegena que auxilia a introduccedilatildeo do tema que eacute obrigatoacuterio por lei7 e ainda ensina matemaacutetica de uma forma diferenciada

7 Art 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino meacutedio puacuteblicos e privados torna-se obrigatoacuterio o estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena sect 1ordm O conteuacutedo programaacutetico a que se refere este artigo incluiraacute diversos aspectos da histoacuteria e da cultura que caracterizam a formaccedilatildeo da populaccedilatildeo brasileira a partir desses dois grupos eacutetnicos tais como o estudo da histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos a luta dos negros e dos povos indiacutegenas no Brasil a cultura negra e indiacutegena brasileira e o negro e o iacutendio na formaccedilatildeo da sociedade nacional resgatando as suas contribuiccedilotildees nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica pertinentes agrave histoacuteria do Brasil

97 Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil O jogo eacute realizado por duplas onde um jogador representa a onccedila e o outro representa os 14 cachorros O objetivo eacute a onccedila comer ao menos 5 dos cachorros ou os cachorros encurralarem a onccedila de forma que ela natildeo possa mais comecirc-los E diversos autores apontam a importacircncia do jogo na educaccedilatildeo como ressalta Gandro (2000) que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo E com as figuras apresentadas pelo tabuleiro podemos utilizar para realizar junto aos alunos os caacutelculos de aacutereas JOGOS INDIacuteGENAS Com a chegada dos portugueses no Brasil muitos iacutendios que habitavam a terra foram catequizados e com isso perderam um pouco de sua cultura e adaptaram-se a cultura portuguesa Antes da chegada dos visitantes estrangeiros os iacutendios eram educados para viver em tribo e a sobreviver na mata Mas as coisas comeccedilaram a mudar pois a partir da colonizaccedilatildeo portuguesa eles comeccedilaram a serem reeducados para ajudar na exploraccedilatildeo do novo continente Depois de muitos anos os iacutendios comeccedilaram a ganhar direitos com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 receberam pelo menos no papel os devidos valores e reconhecimento diante das novas leis inclusive na que se refere agrave educaccedilatildeo

ldquoArtigo 210 - Seratildeo fixados conteuacutedos miacutenimos para o ensino fundamental de maneira a assegurar formaccedilatildeo baacutesica comum e respeito aos valores culturais e artiacutesticos nacionais e regionaisrdquo (Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988)

Diante deste fato o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) aprovou a lei que torna obrigatoacuterio o estudo da

sect 2ordm Os conteuacutedos referentes agrave histoacuteria e cultura afro-brasileira e dos povos indiacutegenas brasileiros seratildeo ministrados no acircmbito de todo o curriacuteculo escolar em especial nas aacutereas de educaccedilatildeo artiacutestica de literatura e histoacuteria brasileira

histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Lei Nordm 11645 DE 10 de Marccedilo de 2008 Com a aprovaccedilatildeo desta lei as escolas incluindo os cursos superiores de licenciaturas introduziram em seus curriacuteculos o estudo sobre a cultura dos povos indiacutegenas brasileiros e o dos afrodescendentes situados em nosso paiacutes Uma das melhores maneiras de contar sobre um povo ou algo eacute utilizando jogos como ferramentas para despertar a curiosidade dos alunos Aleacutem disso os jogos facilitam a junccedilatildeo da histoacuteria com o conteuacutedo que seraacute trabalhado

ldquoA funccedilatildeo luacutedica na educaccedilatildeo o brinquedo propicia diversatildeo prazer e ateacute desprazer quando escolhido voluntariamente a funccedilatildeo educativa o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indiviacuteduo em seu saber seus conhecimentos e sua apreensatildeo do mundo O brincar e jogar eacute dotado de natureza livre tiacutepica de uns processos educativos Como reunir dentro da mesma situaccedilatildeo o brincar e o educarrdquo (KISHIMOTO 2003 p37)

JOGO DA ONCcedilA Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil um jogo de tabuleiro feito no chatildeo de terra e as peccedilas eram feira com pedras ou sementes Com esse jogo eacute possiacutevel introduzir em sala de aula na disciplina de matemaacutetica a cultura indiacutegena e aproveitando para trabalhar o ensino da geometria e loacutegica O jogo eacute simples deve ser em dupla uma pessoa seraacute a onccedila e a outra seratildeo os quatorzes cachorros O objetivo da onccedila eacute comer cinco cachorros (com movimentos que lembram o jogo de damas) e o objetivo dos cachorros eacute encurralar a onccedila deixando-a sem saiacuteda O primeiro movimento do jogo eacute dado pela onccedila podendo movimentar-se na vertical horizontal diagonal para frente ou para traacutes Apoacutes seu primeiro movimento os cachorros podem movimentar-se seguindo os mesmo movimentos da onccedila poreacutem com o objetivo de prendecirc-la METODOLOGIA DE APLICACcedilAtildeO DO JOGO Seraacute trabalhado com os alunos a construccedilatildeo do tabuleiro o entendimento agraves regras do jogo as maneiras e estrateacutegicas de levar o jogador a vencer e por meio de uma didaacutetica praacutetica aplicaremos os conceitos de figuras regulares e caacutelculo de aacutereas dessas figuras

98 ATIVIDADE PROPOSTA A atividade consiste em algumas etapas a serem cumpridas pelos alunos

bull Conceitos do jogo (Construccedilatildeo do tabuleiro regras estrateacutegias etc)

bull Conceitos primitivos sobre geometria bull Apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos matemaacuteticos sobre

quadrados triacircngulos e diagonais bull Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e

triacircngulos) bull Exerciacutecios propostos

Pois segundo Dolce Pompeo (1993 pg 1 2 100 101 136 316 317) alguns conceitos sao

1 Conceitos primitivos diagonais e de aacuterea bull Noccedilotildees primitivas satildeo adotadas sem definiccedilotildees

com isso adotaremos sem definiccedilotildees as noccedilotildees abaixo

PONTO RETA PLANO

bull De cada um desses entes temos conhecimento intuitivo decorrente da experiecircncia e da observaccedilatildeo

2 Explicaccedilatildeo clara de quadrados triacircngulos e diagonais bull Um quadrado plano regular soacute eacute quadrado se

somente possuir todos os lados iguais bull Um triacircngulo plano regular eacute triangulo somente

se todos os seus lados forem iguais bull Diagonal eacute uma reta que corta o quadrado de um

lado para o outro ex do ponto A ao ponto C

Figura 1 Do ponto A ao ponto C ( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 2 Figuras regulares ( produccedilatildeo proacutepria)

Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e triacircngulos)

bull Explicaccedilatildeo aacuterea de uma superfiacutecie limitada eacute um

numero real positivo associado agrave superfiacutecie ou seja eacute o calculo do espaccedilo delimitado dentro da figura

bull Para o quadrado utilizamos o caacutelculo Lado x Lado ou A x a

bull Para o triacircngulo utilizamos o caacutelculo (Base x altura)2

bull Obs Todo caacutelculo de aacuterea tem como unidade de medida o fator ao quadrado expl cmsup2 msup2 etc

bull A∆= aacuterea do triacircnguloA =aacuterea do quadrado

Figura 3 Aacutereas de figuras planas ( produccedilatildeo proacutepria)

NA PRAacuteTICA Na praacutetica realizaremos os seguintes passos para a montagem do tabuleiro

Figura 4 Montagem do tabuleiro (produccedilatildeo proacutepria)

99

Figura 5 Peccedilas para o jogo( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 6 Representaccedilatildeo da brincadeira (Gusmatildeo amp

Calderado2006 P 25) EXERCIacuteCIOS

1) Calcule aacute aacuterea do quadrado abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = 119860119909119860 = 31199093 = 91198881198982

2) Calcule aacute aacuterea do Triacircngulo abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = (119861119909119860)

2=

(31199093)2

= 45 1198881198982

CONCLUSAtildeO O objetivo deste trabalho foi demonstrar que natildeo eacute difiacutecil introduzir a cultura indiacutegena na disciplina de matemaacutetica eacute possiacutevel e viaacutevel Esta eacute uma importante ferramenta no processo de ensino e aprendizagem no qual o professor pode introduzir este conceito em sala de aula pois auxiliaraacute e

complementaraacute a explanaccedilatildeo da atividade e o aluno ficaraacute mais curioso para aprender mais e buscar novos desafios

9 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BRASIL Senado Federal Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional nordm 939496 Brasiacutelia 1996

_______ Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia 1988 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsecadarquivos pdfcfpdf Acesso em 231014

DOLCE Osvaldo POMPEO Joseacute Nicolau Fundamentos de matemaacutetica elementar Geometria plana Vol 9 7ordm Ed Satildeo Paulo Atual 1993

GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000

GUSMAtildeO Israel CALDERADO Katia Centro cultural povos da Amazocircnia Manaus 2006 Disponiacutevel no Site wwwpovosdamazoniaamgovbr Acesso em 23 1014

KISHIMOTO T Jogo brinquedo brincadeira e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

100

MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812-9400

akroll2009hotmailcom

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Antonio Aparecido da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

antoniosilvafaccampbr

RESUMO O presente artigo tem o objetivo de demonstrar como o meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com utilizaccedilatildeo de palitos pode ser utilizado como uma ferramenta eficaz para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da multiplicaccedilatildeo Abordaremos sua utilizaccedilatildeo em aulas da disciplina de matemaacutetica nas seacuteries iniciais do Ensino Fundamental I poreacutem salientamos que o meacutetodo em estudo tambeacutem pode ser utilizado nas seacuteries mais avanccedilas e ainda na Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Por meio desta referida ferramenta o docente consegue aguccedilar a curiosidade do aluno e estimular sua vontade de conhecer de aprender e buscar compreender as regras e os procedimentos da operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo tudo de uma maneira descontraiacuteda e fora dos padrotildees tradicionais do ocidente podendo traccedilar e identificar as diferenccedilas existentes entre os dois meacutetodos uma vez que natildeo a proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo de um pelo outro mas sim uma complementaccedilatildeo ou seja o uso auxiliar praacutetico e luacutedico de um meacutetodo incomum na cultura brasileira no momento do primeiro contado do aluno com a operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo Palavras chave Jogo matemaacutetico multiplicaccedilatildeo rejeiccedilatildeo e aceitaccedilatildeo agrave matemaacutetica

ABSTRACT This article aims to demonstrate how the Japanese method of multiplication to use sticks can be used as an effective auxiliary tool in the teaching and learning of the multiplication process Discuss their use in mathematics lessons in the early grades of elementary school however it points out that the method under study can also be used in most series go along and still in the Youth and Adult Education Through this tool that the teacher can whet the curiosity of students and stimulate their desire to know to learn and try to understand the rules and procedures of the multiplication operation all in a relaxed and outside the occidental traditional standards ways and can trace and identify the differences between the two methods since there is no proposal to substitute for one another but a supplemental one or the use of auxiliary convenient and entertaining an unusual in Brazilian culture method for the first multiplication operations Keywords Math game multiplication rejection and acceptance mathematics

101 1 INTRODUCcedilAtildeO A evoluccedilatildeo tecnoloacutegica introduziu nas sociedades mundiais um grande desafio na aacuterea educacional pois os alunos dos dias atuais natildeo tecircm o mesmo perfil comportamento e aspiraccedilotildees dos alunos de outrora As mudanccedilas ocorrem todo momento as informaccedilotildees circulam com grande rapidez e consequentemente as crianccedilas e os jovens estatildeo sempre em contato com o novo O processo de ensino e aprendizagem da disciplina de matemaacutetica natildeo deixou de sofrer as influecircncias destas mudanccedilas Sabe-se que os alunos principalmente do Ensino Fundamental I no seu primeiro contato com a matemaacutetica enfrenam grande dificuldade em compreender e efetuar operaccedilotildees de multiplicaccedilatildeo Fazer com que os alunos se interessem e entendam o meacutetodo de multiplicaccedilatildeo de maneira mais divertida eacute um desafio para o profissional docente que precisa estimular o aluno a pensar e criar soluccedilotildees para os problemas propostos pois o tradicional meacutetodo de apenas decorar tabuada jaacute natildeo eacute mais aceito pelos alunos da atualidade Atualmente os profissionais da educaccedilatildeo buscam por metodologias que aprimorem e melhorem a sua tarefafunccedilatildeo no processo de ensino e de aprendizagem da disciplina de matemaacutetica que eacute rotulada pela maioria dos alunos como ldquodifiacutecilrdquo Esse fato faz com que na maioria dos casos seja uma disciplina rejeitada pelos discentes independentemente da sua classe social ou grau de escolaridade Quais seriam as causas dessa rejeiccedilatildeo agrave matemaacutetica A forma como o professor aborda o conteuacutedo influencia os alunos O jogo matemaacutetico se mostra como uma ferramenta auxiliar para o aprimoramento da atividade de ensino O jogo pode proporcionar a participaccedilatildeo efetiva e praacutetica do aluno na atividade aplicada bem como ilustra a explanaccedilatildeo de conhecimentos ainda natildeo explorados para auxiliar na percepccedilatildeo e utilizaccedilatildeo no cotidiano do conteuacutedo apresentado nas aulas Neste contexto se insere o tema do presente artigo pois eacute de conhecimento geral que acrescentar novas metodologias para aperfeiccediloar o processo de ensino e aprendizagem com objetivo de despertar no educando o interesse em aprender eacute um grande desafio enfrentado pelos docentes 2 O ENSINO POR MEIO DOS JOGOS

MATEMAacuteTICOS Os jogos e as brincadeiras satildeo mecanismos psicoloacutegicos e pedagoacutegicos que contribuem tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da

linguagem Aleacutem disso possibilitam a busca de meios de exploraccedilatildeo atuando como aliados fundamentais na construccedilatildeo do saber Segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais a inserccedilatildeo de jogos no processo de ensino e aprendizagem de matemaacutetica ldquorepresenta uma conquista cognitiva emocional moral e social para a crianccedila e um estiacutemulo para o desenvolvimento do seu raciociacutenio loacutegicordquo (PCN 2000 p49) Gandro (2000) ressalta que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo Na visatildeo de Smole Diniz e Milani (2007) o trabalho com jogos eacute um dos recursos que favorece o desenvolvimento da linguagem diferentes processos de raciociacutenio e de interaccedilatildeo entre os alunos uma vez que durante um jogo cada jogador tem a possibilidade de acompanhar o trabalho de todos os outros defender pontos de vista e aprender a ser criacutetico e confiante em si mesmo O professor precisa mostrar que a matemaacutetica natildeo eacute ldquoum bicho de sete cabeccedilasrdquo para isso deve buscar alternativas que promovam o desenvolvimento no aluno ldquoEnsinar matemaacutetica eacute desenvolver o raciociacutenio loacutegico estimular o pensamento independente a criatividade e a capacidade de resolver problemasrdquo (GENTIL CAMACHO 2006 p4) Para Piaget (1972) interesse e curiosidade fazem parte dos mecanismos de aprendizagem atraveacutes das estruturas de assimilaccedilatildeo e de acomodaccedilatildeo ou seja o interesse precede a assimilaccedilatildeo Nossa proposta eacute a utilizaccedilatildeo do meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com palitos de forma analoacutegica agrave utilizaccedilatildeo dos jogos pois o meacutetodo em questatildeo muito se assemelha ao um jogo por ser algo luacutedico e praacutetico que ultrapassa as fronteiras do tradicional meacutetodo da lousa e do caderno 3 A MATEMAacuteTICA E A MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO A multiplicaccedilatildeo eacute a operaccedilatildeo aritmeacutetica que permite somar um nuacutemero chamado multiplicando tantas vezes quantas satildeo as unidades de outro nuacutemero chamado multiplicador O multiplicando e o multiplicador satildeo fatores da multiplicaccedilatildeo Tomemos como exemplo a multiplicaccedilatildeo do nuacutemero 3 pelo nuacutemero 5 que eacute o mesmo que a soma de 5 (uma vez) mais 5 (segunda vez) mais 5 (terceira vez) ou seja 3 vezes que eacute igual a 15

102 O meacutetodo mais antigo e tradicional de ensino da multiplicaccedilatildeo nos primeiros anos da vida escolar dos alunos consiste em ensinar a realizar a operaccedilatildeo e logo apoacutes utilizar a tatildeo conhecida tabuada Com auxiacutelio da tabuada o aluno aprende por meio da repeticcedilatildeo das operaccedilotildees com memorizaccedilatildeo dos resultados para no futuro nos momentos nos quais venha a se deparar com as referidas operaccedilotildees anteriormente memorizadas seja capaz de realizaacute-las rapidamente ou seja a funccedilatildeo principal da tabuada eacute memorizar para acelerar o processo da multiplicaccedilatildeo Este processo que podemos dizer metaforicamente como ldquomecanizadordquo natildeo surte mais os efeitos almejados (aceitaccedilatildeo aplicaccedilatildeo praacutetica e cogniccedilatildeo como resultado) porque como jaacute mencionado as crianccedilas e os jovens da atualidade natildeo tecircm os mesmos perfis e os mesmos comportamentos e reaccedilotildees que tinham as crianccedilas e os jovens existentes no momento histoacuterico no qual o meacutetodo passou a ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem educacional O meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com auxiacutelio de palitos permite realizar a mesma operaccedilatildeo de forma ilustrativa alcanccedilando os mesmos resultados desde as operaccedilotildees mais simples ateacute as mais complexas aleacutem de introduzir o luacutedico o praacutetico o diferente no processo de ensino e aprendizagem A proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo dos meacutetodos tradicionais mas sim o de complementaccedilatildeo Uma aplicaccedilatildeo suplementar que desperte a curiosidade e apresente alternativa para que os educandos possam descobrir que a matemaacutetica estaacute presente natildeo somente nos bancos escolares e que nos momentos em que eles natildeo disponham das ferramentas tradicionais como calculadoras papel ou ateacute mesmo a tabuada decorada para realizarem os caacutelculos possam utilizar um conhecimento extra para solucionar situaccedilotildees problemas de maneira raacutepida e eficiente e o melhor que tenham a consciecircncia de que esse conhecimento extra lhe foi apresentado pela escola pelo professor ou seja que os conteuacutedos apresentados em aula aleacutem de divertidos lhe satildeo uacuteteis na vida 4 REJEICcedilAtildeO Agrave MATEMAacuteTICA E O JOGO

MATEMAacuteTICO COMO FACILITADOR A rejeiccedilatildeo agrave disciplina de matemaacutetica natildeo eacute questatildeo apenas da atualidade Como explicar o motivo deste desinteresse eacute um desafio antigo Segundo Campos (1996) Freud em sua Teoria da Evoluccedilatildeo da Personalidade afirma que assim como existe uma energia fiacutesica que governa os fenocircmenos naturais tambeacutem existe uma energia psiacutequica de natureza libidinosa que influi diretamente sobre o comportamento humano

Um conceito fundamental da teoria freudiana eacute a noccedilatildeo de pulsotildees ou de instintos baacutesicos Um deles representa o impulso para a vida criativa e a preservaccedilatildeo do organismo enquanto indiviacuteduo e espeacutecie a este instinto dar-se o nome de ldquoerosrdquo que possui natureza sexual Para Freud a sexualidade se relaciona com o bem-estar do organismo ou seja tudo que preserve sua integridade e proporcione funcionalidade Por esta razatildeo a teoria freudiana explica que se alguma atividade natildeo agrada ou se o indiviacuteduo executando essa atividade natildeo sente o bem-estar fiacutesico ou mental naturalmente instintivamente iraacute recusaacute-la rejeitaacute-la uma vez que natildeo atende a sua sexualidade Neste contexto podemos observar que diversos profissionais que por medo ou natildeo acharem ter aptidatildeo pela matemaacutetica optam por profissotildees nas quais natildeo haja necessidade de fazer caacutelculos Lidar com esta diversidade eacute missatildeo muito difiacutecil pois o professor pouco motivado por questotildees salariais condiccedilotildees de trabalho dignas na sua atuaccedilatildeo enquanto formador de opiniatildeo e agente transformador da sociedade atarefado com diversas turmas todas com um nuacutemero excessivo de alunos com carecircncias e deficiecircncias diferentes com realidades diferentes natildeo consegue acompanhar o desenvolvimento de todos Por isso para DrsquoAmbroacutesio (1986) eacute muito difiacutecil motivar com fatos e situaccedilotildees do mundo atual uma ciecircncia que foi criada e desenvolvida em outros tempos e em virtude dos problemas de entatildeo de diferente realidade e percepccedilatildeo e necessidade e urgecircncias que nos satildeo estranhas Inserir jogos no processo de ensino e aprendizagem da matemaacutetica eacute uma ferramenta eficaz que possibilita ao docente apresentar os conteuacutedos matemaacuteticos de maneira mais divertida menos mecacircnica afastando a tradicional severidade tatildeo presente ao longo dos tempos e que aos olhos dos alunos eacute entediante e desagradaacutevel e os leva a evitar o contato para evitar o desconforto Ademais ao aguccedilar a curiosidade do aluno tambeacutem promove a desconstruccedilatildeo em sua mente da imagem formada de uma disciplina chata difiacutecil ou ateacute mesmo sem serventia Muito se fala na importacircncia da educaccedilatildeo para toda a sociedade o quanto eacute necessaacuterio valorizaacute-la e aprimoraacute-la e como eacute de conhecimento geral todo conhecimento passa pela pesquisa e pela praacutetica eacute nesse contexto que se apresenta a proposta do presente artigo como uma busca por melhoria da educaccedilatildeo

103 5 MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS POR MEIO DO

MEacuteTODO JAPONEcircS

O meacutetodo japonecircs eacute uma forma visual para representar a multiplicaccedilatildeo Envolve linhas e interseccedilotildees

Para ilustrar apresentamos o exemplo abaixo

O primeiro passo eacute traccedilar 03 linhas para representar 12 o primeiro nuacutemero no produto Desenhe uma linha e entatildeo um pouco adiante para direita desenhe mais duas linhas Na figura abaixo as linhas verde claro e verde escuro representam o nuacutemero 12 Similarmente desenhe mais 05 linhas para cruzar as 03 anteriores ndash 3 linhas na esquerda e duas na direita Estes representaratildeo o nuacutemero 32 o segundo nuacutemero no produto (vermelho e azul abaixo)

Vamos calcular usando o meacutetodo japonecircs

Exemplo 1

12 X 32

Figura 1 Organizando as linhas pelo meacutetodo japonecircs (Fonte Autores)

Figura 2 Contando as intersecccedilotildees(Fonte Autores)

Entatildeo haacute 38 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 384

Assim sendo

12 X 32 = 384 Exemplo 2

22 X 22

Figura 3 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Entatildeo haacute 48 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 484

Assim sendo

104

22 X 22 = 484 Exemplo 3

124 x 14

Figura 4 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores) Se vocecirc colocar os nuacutemeros em conjunto como fizemos no uacuteltimo exemplo vocecirc obteria 161216 mas isso natildeo eacute correto Porque 12 e 16 satildeo nuacutemeros de dois diacutegitos que vocecirc deve realizar o primeiro diacutegito para o grupo agrave sua esquerda como vocecirc faria com adiccedilatildeo Vocecirc pode estabelecer como este

Figura 5 Visualizando a soma (Fonte Autores)

Assim sendo

124 X 14 = 1736 Exemplo 4

234 x 31

Figura 6 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Figura 7 Visualizando a soma (Fonte Autores) 6 CONCLUSAtildeO O intuito do presente artigo eacute demonstrar ser possiacutevel buscar meios para despertar nos alunos interesse em aprender matemaacutetica Os desafios enfrentados pelos profissionais da educaccedilatildeo eacute uma questatildeo de importacircncia reconhecida por todos os setores da sociedade As medidas para promover o progresso da aacuterea educacional natildeo eacute tarefa simples e requer empenho e pesquisa Estudar desenvolver e aplicar novas metodologias se faz necessaacuterio devido agraves transformaccedilotildees pelas quais passa a comunidade global Os avanccedilos alcanccedilados pelas aacutereas tecnoloacutegicas juntamente com a evoluccedilatildeo na aacuterea das comunicaccedilotildees fez surgir um novo perfil de aluno mais inquietos exigentes e conectados A aacuterea educacional natildeo pode se dar ao luxo de permanecer inerte e alheia a toda essa realidade Cabe aos profissionais desta aacuterea executar a tarefa de pesquisar e buscar meios alternativos para enriquecer as aulas com atividades praacuteticas e dinacircmicas que transformem a maneira de se apresentar os conteuacutedos A multiplicaccedilatildeo pelo meacutetodo japonecircs feita com palitos ajuda o professor a explanar seus ensinamentos sobre o tema e tambeacutem a despertar a curiosidade dos alunos por ser algo novo e diferente do tradicional ensino desse conteuacutedo no Brasil por exemplo

105 7 REFEREcircNCIAS GENTIL N CAMACHO A C Jogos Matemaacuteticospara o ensino meacutedio 1ed Satildeo Paulo Faccamp 2006 Paracircmetros curriculares nacionais Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental 2 ed Brasiacutelia MEC SEF 2000 PIAGET J Psicologia e Pedagogia Trad DA Lindoso e RMR da Silva Rio de Janeiro Cia Ed Forense 1972 Campos Dinah Martins de Souza Psicologia da adolescecircncia Rio de Janeiro Vozes 1996 GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000 SMOLE KS DINIZ MI MILANI E Jogos de matemaacutetica do 6deg ao 9deg ano Cadernos do Mathema Porto Alegre Artmed 2007 lthttpwwwmatematicadidaticacombrOperacoes-Aritmeticas-Multiplica aspxgt acessado em 09102014 agraves 12h00min lthttpcemcuwaterloocaeventsmathcircles2013-14FallJunior6_Multiplication_Nov5pdfgt acessado em 09102014 agraves 16h15min

106

O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE

Profordm Dr Antocircnio Reis Junior Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

reisantoniojrgmailcom

RESUMO O propoacutesito deste artigo eacute apresentar apontamentos sobre o uso da linguagem audiovisual na educaccedilatildeo problematizando o papel do professor a partir da anaacutelise criacutetica de uma experiecircncia de intervenccedilatildeo em escolas puacuteblicas em Satildeo Paulo com filmes nacionais e sobretudo da iniciativa de criaccedilatildeo de videotecas escolares voltadas ao uso pedagoacutegico Palavras chave Audiovisual Educaccedilatildeo Linguagem Interdisciplinaridade ABSTRACT The purpose of this paper is to present notes on the use of audiovisual language in education questioning the role of the teacher from the critical analysis of an intervention experience in public schools in Satildeo Paulo with national films and above all the creation initiative school video libraries focused on the pedagogical use Keywords Audio-visual Education Language Interdisciplinarity INTRODUCcedilAtildeO Com a finalidade de contribuir na formaccedilatildeo dos alunos das licenciaturas que atuaratildeo em escolas puacuteblicas o objetivo deste artigo eacute estimular e problematizar o uso do audiovisual na educaccedilatildeo Neste sentido seraacute debatida a introduccedilatildeo de novas linguagens no cotidiano e no curriacuteculo escolar a partir de uma intervenccedilatildeo realizada no iniacutecio dos anos 2000 quando accedilotildees foram planejadas e realizadas em escolas estaduais e municipais da zona leste de Satildeo Paulo Tal intervenccedilatildeo se deu a partir da elaboraccedilatildeo do projeto Cinema e Viacutedeo Brasileiro nas Escolas (a partir de agora seraacute referenciado pela sigla CVBE) do qual fui um dos coordenadores e que resultou do empenho articulado de

vinte e cinco pessoas em um arco de alianccedilas entre uma escola municipal e duas estaduais um oacutergatildeo administrativo da rede escolar municipal e dois da rede estadual uma fundaccedilatildeo e uma Ong Com duraccedilatildeo total de cinco anos o projeto foi criado atraveacutes do programa Crer para Ver1 - da Fundaccedilatildeo Abrinq2 em parceria com a Natura Cosmeacuteticos e realizado pela Accedilatildeo Educativa - uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental que apoia e propotildee projetos educativos e de juventude - fazendo parte de um programa intitulado Praacuteticas de Aprender Dessa forma a partir da constataccedilatildeo da indisponibilidade de parcela expressiva de filmes nacionais no tocante ao mercado de cinema e viacutedeo procuramos formular alternativas agrave democratizaccedilatildeo do acesso ao filme brasileiro ao puacuteblico escolar sobretudo aos professores As primeiras iniciativas voltaram-se agrave formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em escolas puacuteblicas dos bairros de Satildeo Miguel Paulista Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista locais onde a Accedilatildeo Educativa jaacute realizava algumas accedilotildees

1 O Programa Crer Para Ver eacute uma iniciativa da Fundaccedilatildeo Abrinq pelos Direitos da Crianccedila e da Natura Cosmeacuteticos Essa parceria foi criada em 1995 com a missatildeo de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico no Brasil por meio da participaccedilatildeo da sociedade civil e do diaacutelogo com o poder puacuteblico Formou-se uma rede de participaccedilatildeo voluntaacuteria das consultoras Natura que ao vender seus produtos arrecadam recursos e divulgam as ideacuteias do Crer Para Ver em todo o paiacutes Os recursos arrecadados satildeo destinados ao apoio financeiro e teacutecnico a projetos que vindos da comunidade procuram contribuir para a melhoria da escola puacuteblica brasileira e na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em educaccedilatildeo 2 A Fundaccedilatildeo Abrinq eacute uma entidade sem fins lucrativos de Utilidade Puacuteblica Federal que tem como objetivo baacutesico promover os direitos elementares de cidadania das crianccedilas e adolescentes conforme definido na Convenccedilatildeo Internacional dos Direitos da Crianccedila (ONU-1989) constituiccedilatildeo Brasileira (1988) e Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (1990)

107 Um dos princiacutepios que norteou esse trabalho voltado agrave incorporaccedilatildeo e produccedilatildeo audiovisual na rede puacuteblica de educaccedilatildeo foi o que chamamos de cultura de acervo isto eacute o estiacutemulo agrave praacutetica de criaccedilatildeo de acervos audiovisuais - filmes em viacutedeo e DVD - por educadores aliada a iniciativa de explorar o potencial pedagoacutegico das linguagens audiovisuais em sala de aula linguagem essa ainda bastante associada ao entretenimento A CONSTITUICcedilAtildeO DE VIDEOTECAS ESCOLARES formando uma CULTURA DE ACERVO A criaccedilatildeo de videotecas no acircmbito das escolas e oacutergatildeos administrativos da rede exigiu a criaccedilatildeo de uma metodologia para esse fim algo que queremos compartilhar com a publicaccedilatildeo deste artigo Desta forma a pesquisa de tiacutetulos o contato com o realizador a aquisiccedilatildeo de coacutepias a gestatildeo da videoteca entre outros procedimentos podem servir de referecircncia ou paracircmetro para a montagem de videotecas caso haja interesse do educador ou gestor E hoje com acesso facilitado pela Internet natildeo soacute aos filmes mas tambeacutem a inuacutemeros materiais informaccedilotildees e estudos em sites especializados Cabe incorporar as tecnologias digitais nesse processo Procedimento fundamental para a aquisiccedilatildeo de coacutepias dos filmes foi o contato com os cineastas produtores ou outros profissionais e instituiccedilotildees detentoras dos direitos autorais das obras Obtiacutenhamos o contato dos responsaacuteveis atraveacutes de pesquisa em instituiccedilotildees que disponibilizam essa informaccedilatildeo distribuidoras e produtoras de cinema e viacutedeo principalmente Nesse primeiro contato apresentaacutevamos o projeto e iniciaacutevamos a negociaccedilatildeo para aquisiccedilatildeo das coacutepias que iriam compor o acervo das videotecas escolares No caso de filmes com lanccedilamento e distribuiccedilatildeo comercial (Warner Viacutedeo SagresRiofilmes Versaacutetil Europa etc) apenas compraacutevamos os tiacutetulos disponiacuteveis no mercado Quando natildeo havia lanccedilamento comercial faziacuteamos contato com o detentor dos direitos da obra (produtores e cineastas em sua maioria) e negociaacutevamos a aquisiccedilatildeo das coacutepias Doaccedilotildees eram obtidas algumas vezes em razatildeo dos objetivos do projeto voltados agrave melhoria da educaccedilatildeo na escola puacuteblica Como adquiriacuteamos apenas uma coacutepia de cada filme que nos interessava e eram vaacuterias as videotecas constituiacutedas foi necessaacuterio o estabelecimento de uma parceria com a TV USP3 agrave eacutepoca do projeto sob a direccedilatildeo da Profordf Drordf da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Mariacutelia Franco para copiagem dos filmes em viacutedeo Recebiacuteamos matrizes em diferentes suportes e

3 As coacutepias em VHS foram realizadas pela TV USP a partir de matrizes cedidas pelos realizadores Trata-se de acervos em contiacutenua construccedilatildeo uma vez que o projeto incentivava a autonomia das escolas na manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo de suas videotecas

providenciaacutevamos entatildeo coacutepias em VHS e posteriormente em DVD formato mais utilizado No caso de contato direto com o cineasta eou realizadores de filmes e viacutedeos que natildeo foram lanccedilados comercialmente obtiacutenhamos uma autorizaccedilatildeo de copiagem e uso do filme na videoteca escolar Isso foi normatizado a partir da criaccedilatildeo de um termo de doaccedilatildeo de coacutepia e autorizaccedilatildeo de uso Muitos cineastas contatados participaram das accedilotildees de formaccedilatildeo e das mostras nas escolas depois da montagem das videotecas Apoacutes a aquisiccedilatildeo das coacutepias que nesse caso permitiu a constituiccedilatildeo de um acervo com filmes raramente encontrados em razatildeo desse contato direto com o cineasta o passo seguinte foi agrave catalogaccedilatildeo dos filmes em viacutedeo trabalho realizado com a consultoria de uma biblioteconomista Por fim com o acervo montado e as fitas em viacutedeo disponiacuteveis para o empreacutestimo agora se fazia necessaacuterio o gerenciamento da videoteca para garantir uma maneira eficaz de empreacutestimo de todos os filmes aos usuaacuterios Esse gerenciamento pocircde ser feito por parte do corpo docente envolvido com o projeto nas escolas tornando-se responsaacutevel pela gestatildeo da videoteca do serviccedilo de empreacutestimo e da manutenccedilatildeo e atualizaccedilatildeo do acervo com a aquisiccedilatildeo de novos tiacutetulos em suporte VHS e DVD Cabe lembrar que as videotecas formadas eram basicamente as mesmas No entanto cumpriam funccedilotildees um pouco distintas quando formadas nas escolas ou em oacutergatildeos administrativos da rede escolar que nesse caso atendiam a um grande nuacutemero de escolas4 Nos anos de 1980 com a emergecircncia e popularizaccedilatildeo do videocassete de novos equipamentos de reproduccedilatildeo e das cacircmeras VHS observamos o acesso agrave produccedilatildeo audiovisual de muitos grupos da sociedade civil (independentes) que ateacute entatildeo natildeo tinham recursos tecnoloacutegicos acessiacuteveis Nesse sentido o VHS foi um marco importante para democratizaccedilatildeo da produccedilatildeo nesse periacuteodo5 Muitos viacutedeos de baixo orccedilamento puderam ser realizados a margem das grandes produtoras Jaacute os aparelhos de videocassete permitiram a fruiccedilatildeo de filmes em ambiente domeacutestico aleacutem daqueles exibidos na programaccedilatildeo televisiva Nesse contexto as escolas comeccedilaram a adquirir os aparelhos de reproduccedilatildeo para fins pedagoacutegicos e o uso do viacutedeo em sala de aula passou a ser de interesse de alguns professores e gestores

4 No total foram montadas oito videotecas sete em escolas municipais e estaduais e uma em oacutergatildeo administrativo da rede escolar uma Diretoria de Ensino que coordenava uma rede de 92 escolas estaduais de ensino fundamental e meacutedio Desse total de escolas cinco Emefs e duas EEs 5 Ver BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio In Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000

108

Imagem do documentaacuterio Yndio do Brasil de Siacutelvio Back 1995 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica POVOS INDIacuteGENAS Ainda nessa deacutecada instituiccedilotildees foram criadas para a produccedilatildeo e difusatildeo do viacutedeo entre elas a ABVP ndash Associaccedilatildeo Brasileira do Viacutedeo Popular - com sede em Satildeo Paulo cuja videoteca possuiacutea inuacutemeros tiacutetulos natildeo comerciais de grupos independentes e produtoras espalhadas por todo o paiacutes O acervo contava com serviccedilo de empreacutestimo permitindo acesso a seus usuaacuterios de uma produccedilatildeo ausente na programaccedilatildeo televisiva e no circuito exibidor com exceccedilatildeo dos cineclubes Aleacutem do projeto da Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo citado na introduccedilatildeo o projeto TVEscola do governo federal por sua vez trouxe grande contribuiccedilatildeo na difusatildeo audiovisual nas escolas a partir da instalaccedilatildeo de kits tecnoloacutegicos compostos de videocassete televisores antenas paraboacutelicas e fitas virgens para gravaccedilatildeo dos programas Com esse equipamento uma programaccedilatildeo ndash considerada de interesse educativo - passou a ser veiculada para as escolas que passaram a gravar uma grande variedade de programas e filmes nacionais De maneira distinta no terceiro setor6 apareceram projetos que passaram a trabalhar nessa perspectiva O CVBE tomado neste artigo como referecircncia e objeto para a reflexatildeo sobre educaccedilatildeo audiovisual iniciou suas accedilotildees informalmente e depois se tornou um projeto institucional da Ong Accedilatildeo Educativa Estabeleceu parcerias fundamentais com o setor puacuteblico ndash as redes municipais e estaduais suas escolas e seus oacutergatildeos administrativos ndash e pontualmente com a esfera federal com o apoio do Ministeacuterio da Cultura atraveacutes da Secretaria do Audiovisual que aportou recursos para formaccedilatildeo de professores ao longo de um ano No entanto o projeto foi mantido 6 Como exemplo de acesso agrave produccedilatildeo ndash fora da escola ndash podemos destacar a Associaccedilatildeo Kinoforum produtora com sede em Satildeo Paulo que realizou inuacutemeras oficinas de produccedilatildeo em viacutedeo digital em associaccedilotildees comunitaacuterias fundaccedilotildees Pontos de Cultura em bairros afastados do centro da cidade oferecendo condiccedilotildees para a expressatildeo audiovisual de grupos da periferia

basicamente com recursos da iniciativa privada - empresa Natura Cosmeacuteticos - atraveacutes de um programa voltado a crianccedilas de escolas puacuteblicas o Crer Para Ver Seu colegiado gestor contou com a participaccedilatildeo de representantes de todas as instituiccedilotildees proponentes ou beneficiaacuterias que contribuiacuteam na tomada de decisotildees e prioridades estabelecidas Como muitos projetos7 a formaccedilatildeo de uma rede entre escolas e das escolas com outras instituiccedilotildees (Cinemateca Ongs coordenadorias municipais de educaccedilatildeo e oacutergatildeos das Diretorias de Ensino CEUs etc) era almejada mas nem sempre pocircde se constituir

Cena do filme O Velho - A histoacuteria de Luiz Carlos Prestes de Toni Venturi (1997) integrante da coleccedilatildeo DOCUMENTAacuteRIO Para a formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em viacutedeo ou DVD em escolas puacuteblicas e oacutergatildeos administrativos da rede escolar foi adotada uma seacuterie de procedimentos Inicialmente foi realizada uma pesquisa de tiacutetulos em livros artigos de jornal cataacutelogos de mostras cataacutelogos de videotecas folder de produtoras para obtenccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas dos filmes tiacutetulo diretor equipe de produccedilatildeo local e ano da produccedilatildeo tema ou assunto tratado pelo filme duraccedilatildeo sinopse entre outras informaccedilotildees Essa pesquisa inicial nos colocou perguntas fundamentais para a realizaccedilatildeo desse trabalho quais os criteacuterios que deveriam ser adotados para escolha de tiacutetulos ldquoadequadosrdquo e de interesse para as comunidades escolares Se o nosso interesse era estimular um uso didaacutetico-pedagoacutegico quais os atributos que os filmes deveriam ter para atender essa necessidade Eacute possiacutevel afirmar que um filme tem intrinsecamente mais potencial para uma apropriaccedilatildeo em situaccedilatildeo de aprendizagem que outro Ou seraacute a apropriaccedilatildeo independentemente do filme que 7 Aleacutem dos projetos citados surgiram tambeacutem sites especializados como Mnemocine Cineduc Educarede entre outros livros e teses acadecircmicas sobre o assunto Tais experiecircncias satildeo inovadoras pois apontam caminhos para uma educaccedilatildeo audiovisual e podem ser tomadas como referecircncia

109 determinaraacute um uso profiacutecuo A existecircncia de videotecas escolares de cinema brasileiro apresentava-se como uma necessidade dos professores Natildeo estariacuteamos ldquoinventandordquo tal necessidade De fato apoacutes a apresentaccedilatildeo do projeto do contato inicial nas escolas o interesse manifestado era grande o que nos permite inferir que jaacute havia algo entre os professores que os permitiam vislumbrar um potencial educativo no cinema Como usarei esse filme Perguntavam e continuam perguntando os professores Sempre houve a manifestaccedilatildeo de um interesse voltado agrave instrumentalizaccedilatildeo ou escolarizaccedilatildeo do cinema Na experiecircncia tomada como objeto de anaacutelise neste artigo a tensatildeo existia pela procura natildeo soacute de um recurso mas tambeacutem de uma linguagem que aprimorasse metodologias de ensino Ao longo do desenvolvimento do projeto iniciamos um movimento para mudar a abordagem dos filmes apenas como recurso didaacutetico-pedagoacutegico para uma praacutetica natildeo pautada pelos componentes curriculares durante a formaccedilatildeo Tal esforccedilo natildeo significava apontar para uma alternativa palpaacutevel aos professores A mediaccedilatildeo da recepccedilatildeo das obras por mais que criasse um ambiente favoraacutevel a uma interaccedilatildeo produtiva do ponto de vista da percepccedilatildeo e do conhecimento do audiovisual ao final do processo natildeo trazia respostas quanto ao aprimoramento esperado em relaccedilatildeo agraves metodologias de ensino Ao mesmo tempo criava uma predisposiccedilatildeo ao cinema brasileiro cujos filmes redescobertos e revalorizados ganhavam vigor quando utilizados por professores de acordo com seus relatos Natildeo descartaacutevamos o desenvolvimento de temas dos conteuacutedos programaacuteticos presentes na trama dos filmes Aleacutem disso procuraacutevamos provocar uma reflexatildeo voltada a especificidade dessa linguagem na praacutetica educacional (REIS JUNIOR 2010) Hoje essas perguntas podem ser formuladas claramente No entanto em 2001 quando os acervos comeccedilaram a ser constituiacutedos natildeo problematizaacutevamos as escolhas e os criteacuterios predominando criteacuterios temaacuteticos Portanto realizamos um levantamento inicial de tiacutetulos a partir de alguns criteacuterios aleacutem dos temaacuteticos que apresentaremos a seguir Apoacutes esse levantamento o passo seguinte foi a localizaccedilatildeo de coacutepias em acervos de videolocadoras videotecas puacuteblicas e instituiccedilotildees diversas Nesse trabalho de prospecccedilatildeo de filmes e suas respectivas coacutepias nos deparamos com uma situaccedilatildeo muitos filmes desejaacuteveis pela temaacutetica tratada pela importacircncia atribuiacuteda por noacutes a alguns cineastas ou por termos outras boas referecircncias sobre a obra natildeo tinham coacutepias telecinadas isto eacute natildeo estavam disponiacuteveis em VHS ou DVD8 Em 2000

8 No ano de 2000 quando iniciamos a prospecccedilatildeo o nuacutemero de tiacutetulos em DVD com distribuiccedilatildeo comercial era expressivamente menor do que o atual (2014) Poucos tiacutetulos haviam sido lanccedilados Nesta uacuteltima deacutecada ocorreu a transiccedilatildeo do VHS para o DVD Em 2000 os tiacutetulos em VHS ainda ocupavam espaccedilo muito maior nas locadoras comerciais e acervos institucionais Hoje os

muitas coleccedilotildees ainda natildeo haviam sido lanccediladas comercialmente a exemplo da Seacuterie Brasilianas da Funarte

A criaccedilatildeo dessa seacuterie veio com a iniciativa do Centro Teacutecnico Audiovisual do Departamento de Cinema (CTAv) da Funarte (Fundaccedilatildeo Nacional das Artes)9 iniciativa governamental a partir do Ministeacuterio da Cultura que telecinou tiacutetulos raros do cinema brasileiro como os filmes de curta-metragem de Humberto Mauro Leon Hirszman Joaquim Pedro de Andrade Nelson Pereira dos Santos entre outros Posteriormente com a telecinagem e o lanccedilamento comercial de muitos filmes as obras puderam entatildeo ser reproduzidas para exibiccedilatildeo domeacutestica nas escolas e em outros espaccedilos A telecinagem de filmes lanccedilados em VHS tiacutetulos ineacuteditos no mercado que existiam apenas em suporte cinematograacutefico permitira o acesso agraves obras10 Coletacircneas de curtas-metragens nacionais documentaacuterios em curta e meacutedia metragem filmes com marca bastante

aparelhos jaacute estatildeo escassos e natildeo haacute mais lanccedilamento de filmes em VHS 9 O Nuacutecleo de Distribuiccedilatildeo de Viacutedeo do DecineFunarte tem como finalidade lanccedilar e distribuir no mercado brasileiro de viacutedeo e multimiacutedia filmes nacionais e latino-americanos de importacircncia cultural Os tiacutetulos do cataacutelogo claacutessicos ou contemporacircneos curtas ou longas-metragens de ficccedilatildeo ou documentaacuterios constituem referecircncias histoacutericas para aqueles que desejam conhecer a trajetoacuteria da cinematografia brasileira O acervo eacute constituiacutedo pela heranccedila do Instituto Nacional do Cinema Educativo - INCE Instituto Nacional do Cinema INC Empresa Brasileira de Filmes SA ndash Embrafilme Fundaccedilatildeo do Cinema Brasileiro FCB e pelos lanccedilamentos da deacutecada de 90 ateacute hoje jaacute como parte da Funarte 10 Parte desse problema ndash coacutepias de filmes apenas em 16 ou 35 mm a bitola da peliacutecula cinematograacutefica - tambeacutem seria resolvida com a iniciativa de telecinagem de filmes por parte ainda que pequena de cineastas contatados Portanto foram identificados e adquiridos apenas os filmes em suporte VHS (imensa maioria) e DVD descartando a princiacutepio filmes natildeo telecinados e consequentemente indisponiacuteveis para exibiccedilatildeo em aparelhos de viacutedeo-cassete e DVD os quais as escolas possuiacuteam

110 autoral e outros mais institucionais como os do INCE de uma diversidade de cineastas11 Assim a maior parte das coacutepias em viacutedeo que foram disponibilizadas nas escolas foi obtida pelo contato direto com mais de cem cineastas produtores e detentores dos direitos autorais dos filmes que cederam coacutepias ou autorizaram a copiagem a partir de matrizes cedidas e o uso das fitas pelas escolas O prazo acordado com os cineastas para uso dos filmes nas escolas foi de cinco anos Entretanto a adoccedilatildeo de criteacuterios de escolha mais adequados ao interesses das comunidades escolares se fazia necessaacuteria para a formaccedilatildeo de um acervo escolar A escolha dos chamados filmes educativos ndash produzidos com essa intencionalidade - natildeo era desejaacutevel por noacutes Acreditaacutevamos que esses filmes por serem realizados para atender aos objetivos pedagoacutegicos na maioria das vezes se despojavam das caracteriacutesticas presentes no cinema de entretenimento12 que mais valorizaacutevamos e apreciaacutevamos sua capacidade de envolvimento do espectador atraveacutes de uma fruiccedilatildeo afetiva empaacutetica emocional e de sua linguagem persuasiva sedutora Aleacutem disso sua capacidade de ldquorecriaccedilatildeordquo de eventos sociais poliacuteticos seja na ficccedilatildeo no documentaacuterio ou nas formas hiacutebridas que coloca o espectador agrave frente de representaccedilotildees da realidade que poderiam ser melhor compreendidas Acreditaacutevamos portanto na capacidade do cinema representar a realidade e revelar seus diferentes aspectos Realidade que poderia ser mais bem compreendida apesar da impossibilidade de revelaacute-la em sua totalidade Compartilhaacutevamos da ideia de que o cinema de entretenimento tem uma natureza pedagoacutegica pelas caracteriacutesticas descritas E contraditoriamente o cinema denominado educativo na tentativa de aproximaccedilatildeo com a cultura escolar e o universo da sala de aula despotencializava o cinema de entretenimento Portanto a escolha dos chamados filmes comerciais foi priorizada na prospecccedilatildeo e montagem do acervo A apropriaccedilatildeo se fazia necessaacuteria e com ela o processo de formaccedilatildeo de ldquoespectadores especializadosrdquo13

11 Diretores como Humberto Mauro (A velha a fiar Engenhos e Usinas Canccedilotildees Populares) Vladimir Carvalho (A bolandeira) Seacutergio Santeiro Leon Hirzsman (Megaloacutepolis Ecologia Partido Alto Nelson Cavaquinho lanccedilados agora em DVD com outros filmes como Eles natildeo Usam Black Tie) Sergio Bianchi (Mato eles) Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) Linduarte Noronha (Aruanda) entre outros 12 Estamos denominando aqui cinema de entretenimento todo e qualquer filme que natildeo foi produzido com fins didaacutetico-pedagoacutegicos o filme comercial de arte os documentaacuterios ndash ateacute mesmo os de caraacuteter mais didaacutetico e cientiacutefico - os cinemas autorais industriais etc 13 ldquoNatureza pedagoacutegica do cinemardquo e ldquoespectadores especializadosrdquo satildeo termos empregados pela professora Mariacutelia Franco da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes e autora da Tese de Doutorado Escola Audiovisual1989

Cena do filme Meow de Marcos Magalhatildees 1981 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica ANIMACcedilAtildeO Tiacutenhamos a intenccedilatildeo tambeacutem de apresentar parte da diversidade da produccedilatildeo audiovisual brasileira no tempo e no espaccedilo dos filmes mudos aos viacutedeos digitais dos diversos nuacutecleos regionais de produccedilatildeo das mais variadas propostas e linguagens Partiacuteamos do princiacutepio de que qualquer filme independentemente de ser produzido ou natildeo com finalidade educativa poderia ser incorporado Ou seja tratava-se de introduzir no espaccedilo escolar uma linguagem natildeo-escolar muito associada ainda ao tempo livre ao lazer e ao entretenimento e que portanto usualmente natildeo pertencia a esse universo Claro que isso exigiria dos educadores puacuteblico-alvo prioritaacuterio para uso do acervo uma apropriaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica de materiais audiovisuais concebidos com outros fins diferentes daqueles envolvidos por exemplo na produccedilatildeo de material didaacutetico O intuito dos coordenadores do CVBE era o de que as variadas formas de apropriaccedilatildeo fossem construiacutedas com os professores em trabalhos de formaccedilatildeo realizados apoacutes a constituiccedilatildeo dos acervos Entretanto os criteacuterios de escolha foram se definindo na apreciaccedilatildeo dos filmes Assistiacuteamos aos filmes que tiacutenhamos acesso e avaliaacutevamos de acordo com criteacuterios que muitas vezes eram subjetivos e que passavam pelo gosto da equipe sua pertinecircncia para o acervo da escola Optamos finalmente por organizar o acervo seguindo com a prospecccedilatildeo dos filmes a partir de criteacuterios temaacuteticos e numa perspectiva pedagoacutegica interdisciplinar com uso partilhado entre professores que ministravam diferentes disciplinas e que passaram a explorar temas comuns (REIS JUNIOR 2010) Para isso adotamos como referecircncia os Paracircmetros Curriculares Nacionais e os Temas Transversais sugeridos por esse documento Logo chegamos a quinhentos e oitenta filmes e viacutedeo brasileiros ndash dos filmes mudos da deacutecada de 1920 agraves produccedilotildees recentes em viacutedeo digital Os acervos foram classificados em oito coleccedilotildees temaacuteticas inspiradas nos Temas Transversais e ficaram organizados da seguinte forma Povos Indiacutegenas Negros Culturas Regionais Migraccedilotildees ndash

111 coleccedilotildees criadas a partir do Tema Transversal Pluralidade Cultural - e Educaccedilatildeo Sexual Meio Ambiente Literatura Brasileira e Movimentos Sociais Os tiacutetulos natildeo relacionados a esses temas foram agrupados em quatro gecircneros14 Animaccedilatildeo Experimental Ficccedilatildeo e Documentaacuterio

Cena do filme Memoacuterias Poacutestumas de Andreacute Klotzel 2001 integrante da Coleccedilatildeo temaacutetica CINEMA E LITERATURA BRASILEIRA

A adoccedilatildeo dos PCNs acabou por legitimar a entrada ou aproximaccedilatildeo do cinema brasileiro com os curriacuteculos escolares servindo para identificar temas e classificar filmes Neste sentido o documento curricular ndash embora elaborado na perspectiva da transdisciplinaridade ndash ofereceu referecircncias fundamentais aos professores para o trabalho interdisciplinar Os textos e documentos foram explorados na formaccedilatildeo e tornaram-se referecircncia no trabalho dos formadores Assim a adoccedilatildeo desse documento norteador pelo projeto especialmente os temas transversais possibilitou construir ldquopontes temaacuteticasrdquo entre a filmografia e os assuntos curriculares propostos Um acervo organizado a partir de uma classificaccedilatildeo com o criteacuterio temaacutetico e de conteuacutedos curriculares pode sugerir apontar ou pressupor um trabalho focado nos conteuacutedos dos filmes em sala de aula possibilitando uma incorporaccedilatildeo e uso voltados para estudo debate ilustraccedilatildeo motivaccedilatildeo etc mas sempre a partir dos assuntos temas ou conteuacutedos tratados Claro que aleacutem dos conteuacutedos a linguagem as formas narrativas e o proacuteprio gecircnero podem ser objetos de anaacutelise e produccedilatildeo de conhecimento No entanto eacute possiacutevel interpretar essa

14 Usualmente o conceito de gecircnero eacute associado a uma classificaccedilatildeo que definiu as categorias conhecidas como drama aventura comeacutedia suspense etc pelos grandes estuacutedios norte-americanos na primeira metade do seacuteculo XX que segmentou a produccedilatildeo Aqui o conceito de gecircnero seraacute usado para distinguir diferentes formas narrativas particularmente o gecircnero ficcional e o documental mas tambeacutem a animaccedilatildeo e a produccedilatildeo experimental

iniciativa como uma tentativa de escolarizaccedilatildeo ou instrumentalizaccedilatildeo do cinema Ou seja filmes produzidos com os mais diferentes fins ndash entretenimento geraccedilatildeo de lucros para a induacutestria que o produziu expressatildeo artiacutestica testemunho de fatos recriaccedilatildeo biograacutefica etc - satildeo apropriados como um dos materiais didaacutetico-pedagoacutegicos dentro de uma cultura escolar com suas proacuteprias normas O risco presente nesse procedimento eacute a despontecializaccedilatildeo do cinema como expressatildeo audiovisual Isto eacute se utilizado apenas como meio para se conhecer e compreender assuntos na maioria das vezes curriculares desprezando sua forma singular de expressatildeo artiacutestica e comunicacional perde-se a possibilidade de explorar sua linguagem sua forma de representaccedilatildeo de indagar como foi construiacutedo ndash e a anaacutelise aponta para uma desconstruccedilatildeo ndash de problematizar portanto sua maneira particular de recriaccedilatildeo da realidade ou tatildeo somente da invenccedilatildeo de uma realidade cinematograacutefica que natildeo manteacutem relaccedilatildeo alguma com o que chamamos de realidade Risco de entendecirc-lo tambeacutem como uma interpretaccedilatildeo da realidade um discurso elaborado a partir do olhar subjetivo de seus autores15 Enfim de explorar um potencial presente nesse meio de expressatildeo audiovisual (BRUZZO 2010)

Cena do filme No Rio das Amazonas de Ricardo Dias 1995 integrante da coleccedilatildeo temaacutetica MEIO AMBIENTE Como assinalamos esses questionamentos natildeo estavam presentes na constituiccedilatildeo desses acervos A escolarizaccedilatildeo do cinema para que ele atendesse aos objetivos educacionais e um uso voltado ao desenvolvimento de conteuacutedos ou componentes curriculares apresentavam-se portanto como uma

15 Podemos considerar o filme como resultado de um trabalho coletivo em muitos casos e portanto de uma autoria coletiva jaacute que sua produccedilatildeo envolve grande nuacutemero de profissionais especializados que contribuem de alguma forma com a construccedilatildeo da obra No entanto haacute um cinema autoral que tecircm como traccedilo distintivo a marca singular da criaccedilatildeo de um autor identificado claramente em toda sua filmografia

112 pretensatildeo da equipe executora do projeto e uma estrateacutegia para atender a necessidade de professores e seus planos disciplinares Contudo tal uso natildeo se reduziu a esta perspectiva A disposiccedilatildeo para conhecer o cinema e sua linguagem foi criada e o debate nem sempre pautado pelos curriacuteculos Conhecer o cinema independentemente de uma possiacutevel transposiccedilatildeo que ldquoenquadrasserdquo os filmes na perspectiva escolarizante foi preocupaccedilatildeo permanente16 Jaacute o agrupamento em gecircneros cinematograacuteficos (ficccedilatildeo documentaacuterio animaccedilatildeo e experimental17) colocava outro olhar sobre o conjunto destacando os atributos dos filmes especificamente cinematograacuteficos e destacando as diferentes formas narrativas e expressivas que o cinema comporta Os filmes aiacute incluiacutedos que natildeo se adaptaram aos temas transversais ficaram fora da classificaccedilatildeo mais escolarizada Permaneceram ldquofilmesrdquo e natildeo apenas recursos voltados ao desenvolvimento de temas Essa escolha dirigiu o olhar ao que chamamos de linguagem e natildeo aos assuntos curriculares Colocou necessariamente a atenccedilatildeo sobre as particularidades de cada gecircnero Obrigou-nos a ver como cinema e natildeo como materiais de uma coleccedilatildeo temaacutetica que tal como o livro pode servir apenas de insumo a uma aprendizagem escolarizada Neste sentido despertou nos professores a necessidade de estudo da linguagem para aleacutem dos temas que os filmes suscitaram e da necessidade de aplicaccedilatildeo dos conteuacutedos curriculares Consideraccedilotildees finais Assim ao destacar a singularidade da linguagem audiovisual e sua natureza pedagoacutegica bem como o potencial de trabalho interdisciplinar com o cinema brasileiro eacute que as accedilotildees desenvolvidas pelo projeto nas escolas puacuteblicas citadas promoveram uma familiarizaccedilatildeo com a nossa cinematografia e despertaram a possibilidade de um uso profiacutecuo da linguagem audiovisual em sala de aula Portanto a permeabilidade dos curriacuteculos escolares eacute condiccedilatildeo sine qua non para a incorporaccedilatildeo de filmes que passaram a cumprir relevante papel na produccedilatildeo do conhecimento na perspectiva interdisciplinar tal como descrito neste artigo E a diversidade presente na variedade de filmes disponibilizados sobretudo quanto aos temas e gecircneros propiciou um incremento nas praacuteticas escolares de professores que incorporaram uma nova linguagem em suas accedilotildees pedagoacutegicas 16 Na realizaccedilatildeo das mostras de filmes em viacutedeo nas escolas temas e debates propostos natildeo tinham abordagem alinhada a propostas curriculares da escola ou oacutergatildeo administrativo da rede 17 O cinema de animaccedilatildeo contou com tiacutetulos muito requisitados a exemplo das animaccedilotildees de Marcos Magalhatildees (Meow e Animando) Entre os filmes chamados experimentais Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) era um nome de referecircncia

REFEREcircNCIAS BRUZZO Cristina O cinema brasileiro em busca de seu public na escola Caderno CEDES-UNICAMP vol 31 nordm 83Campinas Janabril 2011 BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio IN Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000 FRANCO Mariacutelia Escola Audiovisual Tese de doutorado defendida na Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo 1989 REIS JUNIOR Antocircnio Cinema Brasileiro na Escola Puacuteblica reconhecimento na diferenccedila Tese de doutorado defendida na Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade Estadual Paulista UNICAMP 2010

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O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

felipeschadtfaccampbr

RESUMO O que propomos com o presente artigo eacute apresentar o trabalho desenvolvido no jornal laboratoacuterio O JORNALEIRO da Faculdade Campo Limpo Paulista atraveacutes do prisma da educomunicaccedilatildeo Com uma viagem dentro do universo educomunicativo campo de intervenccedilatildeo social jaacute consolidado pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da ECA-USP tentaremos com aporte nos estudos desse campo relacionar a educomunicaccedilatildeo com as praacuteticas aplicadas nos processos envolvendo as produccedilotildees do O JORNALEIRO Entretanto tambeacutem podemos afirmar que um dos objetivos de um jornal laboratoacuterio eacute a manutenccedilatildeo do funcionalismo o qual a comunicaccedilatildeo obedece fazendo com que o diaacutelogo a construccedilatildeo coletiva do conhecimento a reflexatildeo criacutetica e o protagonismo - preceitos da Educomunicaccedilatildeo estejam lado a lado Assim buscamos refletir com este artigo em que medida o projeto eacute dialogaacutevel com as praacuteticas educomunicativas Palavras chave O Jornaleiro Educomunicaccedilatildeo Jornal Laboratoacuterio Comunicaccedilatildeo Social Faccamp ABSTRACT What we propose with this article is to present the work in the lab newspaper O JORNALEIRO of the Faculdade Campo Limpo Paulista through the perspective of educommunication With a trip inside the communicative universe social intervention field already consolidated by the Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo of the ECA-USP try with investments in studies of this field relate to the practices applied in cases involving the productions of the O JORNALEIRO However we can also say that one of the objectives of a lab newspaper is the maintenance of functionalism which the notice is issued pursuant causing dialogue collective construction of knowledge critical reflection and the protagonism - precepts of Educommunication - stand aside With that seek to understand the project is or not an educommunication proposal

Keywords O Jornaleiro Educommunication Lab Newspapper Social Communication Faccamp

ldquoA educomunicaccedilatildeo fala de relacionamento lideranccedila diaacutelogo social e protagonismo juvenil Posiciona-se de forma criacutetica ante o individualismo a manipulaccedilatildeo e a competiccedilatildeo A cidadania vencendo a ditadura do mercado eacute o que ela busca transformando as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias em instrumentos de solidariedade e crescimento coletivordquo

Ismar de Oliveira Soares

1 INTRODUCcedilAtildeO Eacute possiacutevel dizer que a escola estaacute em crise Principalmente quando o assunto eacute o interesse do aluno por ela Segundo pesquisas realizadas no final da primeira deacutecada dos anos 2000 percebemos que os jovens estatildeo cada vez mais desinteressados pela escola O Centro de Poliacuteticas Sociais da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas por exemplo realizou uma pesquisa em 2009 intitulada de ldquoMotivos da Evasatildeo Escolarrdquo constatando que 401 dos jovens de 15 a 17 anos deixam de ir agrave escola por acharem-na desinteressante1 Jaacute a ONG Accedilatildeo Educativa de Satildeo Paulo revela em sua pesquisa tambeacutem de 2009 ldquoQue Ensino Meacutedio Queremosrdquo que 59 dos jovens entrevistados dizem que soacute se interessam pela escola ldquoagraves vezesrdquo enquanto 28 responderam que raramente acham a escola interessante2 Mas o que fazer para que o aluno se sinta motivado a frequentar e a participar ativamente do ambiente educacional Segundo Ismar de Oliveira Soares

[] uma educaccedilatildeo eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e natildeo ser um

1 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p25 2 Idem

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simulacro de suas vidas Fazer sentido para eles significa partir de um projeto de educaccedilatildeo que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformaccedilotildees Que entenda o jovem E natildeo daacute para entendecirc-lo sem se quer escutaacute-lo3

Eacute nesse contexto que a Educomunicaccedilatildeo mostra-se como uma alternativa para integrar esse aluno agrave vida educativa atraveacutes de alguns preceitos que esse novo campo de intervenccedilatildeo social aponta como importantes sendo eles o protagonismo juvenil a construccedilatildeo coletiva do conhecimento o desenvolvimento da reflexatildeo criacutetica e o diaacutelogo Com isso pretende-se criar um ambiente onde o jovem deixe de ser mero elemento da educaccedilatildeo para se transformar em agente criador Tornar os alunos no que Alain Tourraine vai classificar como ldquocriadores de si mesmos e produtores da sociedaderdquo4

Mas a Educomunicaccedilatildeo natildeo se faz necessaacuteria soacute na escola Foi com as ONGs que essa praacutetica se espalhou pela Ameacuterica Latina atraveacutes de projetos que se apropriavam da comunicaccedilatildeo de uma maneira democraacutetica e participativa dando a membros de comunidades carentes chance de criar seus proacuteprios conteuacutedos de informaccedilatildeo estabelecendo uma relaccedilatildeo muito mais humanizada entre a comunicaccedilatildeo e as pessoas Aleacutem do terceiro setor outro ambiente em que as praacuteticas educomunicativas podem ser transformadoras estaacute na proacutepria universidade Mas diferente da escola a universidade natildeo tem problemas de desinteresse uma vez que o aluno escolhe o curso e isso jaacute nos daria condiccedilotildees de entender que se estuda o que eacute interessante para ele Entatildeo para que serviria a Educomunicaccedilatildeo no ambiente universitaacuterio

Historicamente a universidade obedece uma loacutegica promove conhecimento para abastecer o mercado Em outras palavras preparam pessoas para cumprirem suas funccedilotildees na sociedade atraveacutes das mais diversas aacutereas do conhecimento Usemos como exemplo (pertinente aliaacutes) o curso de Comunicaccedilatildeo Social Um de seus objetivos eacute abastecer o mercado de trabalho de profissionais capazes de perpetuar a loacutegica estabelecida no campo social da comunicaccedilatildeo O aluno de jornalismo aprende na faculdade como ser um jornalista que o mercado quer contratar O aluno de publicidade relaccedilotildees

3 Ibid p8 4 TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade Lisboa Piaget 1992 p 269

puacuteblicas e de raacutedio e televisatildeo seguem o mesmo caminho

Ainda no curso de jornalismo (o nosso exemplo pertinente) podemos ver a presenccedila do jornal-laboratoacuterio como uma das principais ferramentas do aprendizado jornaliacutestico nas universidades Segundo Dirceu Fernandes Lopes ldquoexiste uma consciecircncia histoacuterica sobre a necessidade dos laboratoacuterios como espaccedilos fundamentais para a pesquisa e a reproduccedilatildeo ou inovaccedilatildeo da praacutetica jornaliacutesticardquo5 Portanto tanto teoria como a praacutetica esta uacuteltima contemplada atraveacutes do jornal-laboratoacuterio tornam-se importantes para o desenvolvimento do aluno do curso de Jornalismo dando a ele o conhecimento criacutetico e o aperfeiccediloamento teacutecnico necessaacuterios para as demandas exigidas pelo mercado de trabalho

Essas demandas exigidas pelo mercado acabam criando competiccedilatildeo entre os alunos que buscam a todo momento destacar-se para alcanccedilar os objetivos esperados pela profissatildeo onde alguns valores humaniacutesticos satildeo deixados de lado pela concorrecircncia E eacute nesse ponto que a Educomunicaccedilatildeo se faz pertinente Atraveacutes de seus conceitos voltados sempre para o coletivo e o fortalecimento da consciecircncia criacutetica pode mudar a maneira como o aluno se relaciona com o seu curso e com seus pares

Pensando nisso O JORNALEIRO jornal-laboratoacuterio criado em 2012 acabou dialogando para as praacuteticas educomunicativas possibilitando em alguns casos a transformaccedilatildeo de seus participantes em agentes criadores pensantes democraacuteticos dialoacutegicos e conscientes do trabalho coletivo e conhecimento compartilhado Pensado em sua criaccedilatildeo para ser mais uma ferramenta funcionalista da comunicaccedilatildeo O JORNALEIRO passou a apontar outros valores - como os apontados acima - e tentando preparar seus participantes em profissionais que entrem no mercado de trabalho e tentem mudar sua realidade de local competitivo para ambiente colaborativo

O presente artigo tenta fazer essa relaccedilatildeo entre a Educomunicaccedilatildeo e O JORNALEIRO buscando provar que o projeto estaacute tentando deixar de lado seus objetivos funcionalistas para ser um projeto completamente

5 LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989 p 33

115 educomunicativo dando ao aluno participante condiccedilotildees de ser um agente transformador

2 O QUE Eacute EDUCOMUNICACcedilAtildeO Natildeo eacute raro vermos a inquietaccedilatildeo no rosto daqueles que natildeo estatildeo habituados agraves praacuteticas e projetos educomunicativos quando soltamos a palavra Educomunicaccedilatildeo A duacutevida do outro sempre acompanhada da curiosidade nos instiga a tentar explicar do que se trata essa palavra Mas temos que ter atenccedilatildeo redobrada para dar significado a esse neologismo e natildeo cair no erro de dar como resposta a junccedilatildeo de Educaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo que aleacutem de simplista eacute rasa Tatildeo pouco podemos deixar que o termo apresentado pela primeira vez em 1999 na revista Contato em Brasiacutelia apoacutes intensa pesquisa do Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da USP6 caia em explicaccedilotildees como o uso das tecnologias da comunicaccedilatildeo na sala de aula ou somente como uma alfabetizaccedilatildeo para os meios de comunicaccedilatildeo Eacute preciso um aprofundamento para buscar uma explicaccedilatildeo satisfatoacuteria para o que Ismar de Oliveira Soares chama de um novo campo de intervenccedilatildeo social7

O entendimento de Educomunicaccedilatildeo pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo eacute a accedilatildeo emergente entre dois tradicionais campos sociais a Educaccedilatildeo e a Comunicaccedilatildeo O que significa que a Educomunicaccedilatildeo se apresenta como um novo paradigma para a educaccedilatildeo e para a comunicaccedilatildeo e que por sua vez confrontaraacute inevitavelmente com os paradigmas jaacute existentes que permeiam esses tradicionais campos sociais

Para estudiosos como Ismar de Oliveira Soares o campo da educaccedilatildeo o paradigma apresentado eacute o do ensino x aprendizagem Esse sistema vertical de educaccedilatildeo apresenta a instituiccedilatildeo de ensino como uacutenico local de aprendizagem o professor como o detentor da sabedoria e o aluno como um ser que nada sabe pronto para receber todo o conhecimento vindo de fora para dentro Jaacute o paradigma na comunicaccedilatildeo apresenta-se como um

6 Pesquisa realizada na deacutecada de 1990 pelo NCE-USP em 12 paiacuteses da Ameacuterica Latina que possuiacuteam programas e projetos que trabalhavam com a interface entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo com o objetivo de detectar o imaginaacuterio desses agentes culturais sobre a referida interface Leia mais em SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p34-35 7 Ibid p11

sistema hegemocircnico onde poucos grupos possuem o poder de criar conteuacutedo atraveacutes dos meios de comunicaccedilatildeo dando ao outro um status de mero receptor sem o direito de resposta por meio de suas proacuteprias produccedilotildees midiaacuteticas

Olhando para o acircmbito estudantil esses dois paradigmas que claramente obedecem uma loacutegica funcionalista impedem o discente de criar condiccedilotildees de tornar-se um produtor de conteuacutedo com olhar criacutetico para a sociedade Ao inveacutes disso haacute um esforccedilo para a manutenccedilatildeo do status quo A Educomunicaccedilatildeo busca criar um diaacutelogo entre esses dois campos8 que sempre se apresentaram como heterogecircneos e distintos em suas funccedilotildees sociais para poder dar a esse jovem reais condiccedilotildees emancipadoras A questatildeo que se deve fazer eacute esse diaacutelogo eacute possiacutevel

A busca por essa resposta inicia-se no entendimento dos estudos de Pierre Bourdieu para a definiccedilatildeo de campo social Segundo o estudioso francecircs

Os campos apresentam-se agrave apreensatildeo sincrocircnica como espaccedilos estruturados de posiccedilotildees (ou postos) cujas propriedades dependem da sua posiccedilatildeo nesses espaccedilos e que podem ser analisadas independentemente das caracteriacutesticas dos seus ocupantes [] Sempre que se estuda um novo campo seja o campo da filologia no seacuteculo XIX da moda hoje ou da religiatildeo na Idade Meacutedia descobrimos propriedades especiacuteficas proacuteprias de um campo particular9

Portanto cada campo social tem suas regras seus trofeacuteus e seus capitais onde o que se valoriza em um natildeo eacute valorizado no outro Sendo assim entendemos que o campo da Educaccedilatildeo possui um jogo diferente do campo da Comunicaccedilatildeo logo suas funccedilotildees sociais tambeacutem seratildeo distintas Atraveacutes do prisma da racionalidade moderna (qual autorescola esta referenciando este termoconceito) cada um desses campos era visto como neutros e com funccedilotildees claras e especiacuteficas Enquanto a educaccedilatildeo deveria legitimar a ordem social proposta a comunicaccedilatildeo era um instrumento disciplinador da coletividade

8 BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 31 9 BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa Fim de Seacuteculo 2003 p 119

116 A Modernidade nasceu com a instituiccedilatildeo da crenccedila nas possiblidades da razatildeo capaz de transformar a sociedade pela dominaccedilatildeo da natureza pelo homem Ao mesmo tempo impocircs a uniformizaccedilatildeo das mentalidades como forma de controle da opiniatildeo puacuteblica Para tanto a sociedade industrial conformou a educaccedilatildeo (para sedimentar e legitimar a ordem social que queria ver estabelecida) fazendo por outro lado uma apropriaccedilatildeo do discurso midiaacutetico usando-o como seu mais poderoso instrumento disciplinador coletivo10

Mesmo apoacutes a crise da Modernidade e o surgimento da cultura Poacutes-Moderna a razatildeo continua sendo o alicerce nas construccedilotildees sociais O que antes era apresentado como razatildeo iluminista passa a ser apresentado como razatildeo teacutecnica amparada pelo predomiacutenio da informaccedilatildeo Ainda assim educaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo continuam como campos distintos e com funccedilotildees proacuteprias

Enquanto a comunicaccedilatildeo ganha valorizaccedilatildeo pelo domiacutenio da informaccedilatildeo a educaccedilatildeo entra em crise dentre outras coisas devido ao seu tradicionalismo Antes na modernidade a educaccedilatildeo era definida ldquocomo base da construccedilatildeo da democracia modernardquo11 e na poacutes-modernidade esse discurso estava sendo substituiacutedo pelo ldquodiscurso sobre a excelecircncia e a irreversibilidade da informaccedilatildeordquo12 Esse pensamento de valorizaccedilatildeo social ao mundo da comunicaccedilatildeo e de uma negaccedilatildeo do mundo da educaccedilatildeo eacute defendida pelo pensador francecircs Pierre Furter que ainda diraacute que a educaccedilatildeo nesse periacuteodo se torna territorial nacionalizada normativa e burocraacutetica enquanto a comunicaccedilatildeo se apresenta como desterritorializada internacionalizada natildeo-formal e natildeo-burocraacutetica13

Para construir um diaacutelogo entre esses dois campos que a partir das visotildees da Modernidade e da Poacutes-Modernidade satildeo distintos em suas funccedilotildees sociais eacute preciso entender que primeiro a educaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel enquanto accedilatildeo comunicativa e segundo a comunicaccedilatildeo eacute

10 MILAN Yara Maria Martins Comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo um ponto de mutaccedilatildeo no espaccedilo de confluecircncia In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 15 11 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 16 12 Idem 13 Idem

em si uma accedilatildeo educativa Esses axiomas satildeo apresentados por Ismar de Oliveira Soares como uma das linhas teoacuterico-praacuteticas para se compreender a relaccedilatildeo entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

Segundo Soares o primeiro axioma diz respeito agrave ideia de que a comunicaccedilatildeo eacute um fenocircmeno que se encontra em todos os modos de formaccedilatildeo do ser humano ldquoNo caso o tipo de comunicaccedilatildeo adotado passa a emprestar identidade ao processo educativo qualificando-ordquo14 O estudioso usa como exemplo a expressatildeo adotada por Paulo Freire que diz respeito a uma educaccedilatildeo verticalizada a educaccedilatildeo bancaacuteria e em contrapartida tambeacutem usa a expressatildeo educaccedilatildeo dialoacutegica utilizada para representar o esforccedilo para a construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo compartilhada e solidaacuteria Esses dois exemplos mostram o quanto a comunicaccedilatildeo se faz presente na praacutexis educativa ora por meio de transferecircncia de conhecimento de um ponto para outro ora por meio do diaacutelogo e da troca de conhecimentos

No segundo axioma Soares acredita que diferentes modelos de comunicaccedilatildeo determinariam resultados educativos diferentes onde uma comunicaccedilatildeo dialoacutegica contribuiria para um aumento significativo da participaccedilatildeo e do interesse dos estudantes

[] uma comunicaccedilatildeo essencialmente dialoacutegica e participativa no espaccedilo do ecossistema comunicativo escolar mediada pela gestatildeo compartilhada (comunidade escolar) dos recursos e processos da informaccedilatildeo contribui essencialmente para a praacutetica educativa cuja especificidade eacute o aumento imediato do grau de motivaccedilatildeo por parte dos estudantes e para o adequado relacionamento no conviacutevio professoraluno maximizando as possibilidades de aprendizagem de tomada de consciecircncia e de mobilizaccedilatildeo para a accedilatildeo15

Essa condiccedilatildeo de transformar o ambiente educacional a partir da comunicaccedilatildeo - enquanto produccedilatildeo simboacutelica e transmissatildeo (seria o melhor termo ldquoconstruccedilatildeordquo) de sentidos - deixando de lado a burocratizada transferecircncia de informaccedilatildeo pela construccedilatildeo de conhecimento atraveacutes diaacutelogo dando condiccedilotildees para se formar indiviacuteduos com real poder transformador eacute o que podemos chamar de educomunicaccedilatildeo

14 Ibid p17 15 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p17

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3 O JORNALEIRO E A EDUCOMUNICACcedilAtildeO O JORNALEIRO tem como base algumas diretrizes que tambeacutem fazem parte da estrutura fundamental da Educomunicaccedilatildeo Satildeo elas os conceitos de dialogismo e construccedilatildeo coletiva do conhecimento Essas duas diretrizes mostram que o projeto estaacute preocupado com o desenvolvimento do protagonismo nos participantes uma vez que nega composiccedilotildees hieraacuterquicas de conhecimento e da transferecircncia do mesmo aleacutem do favorecimento amplo do espaccedilo democraacutetico atraveacutes do diaacutelogo

31 O JORNALEIRO E O DIAacuteLOGO Uma das principais caracteriacutesticas do projeto estaacute no uso do diaacutelogo para a tomada de decisotildees e para a construccedilatildeo do conhecimento Jaacute na primeira reuniatildeo em julho de 2012 os primeiros trecircs alunos participantes junto com o professor responsaacutevel pelo projeto decidiram coletivamente como jornal-laboratoacuterio - que viria a se chamar O JORNALEIRO - iria seguir como deveriam ser feitas as publicaccedilotildees e como deveria ser a dinacircmica dos encontros A partir disso as reuniotildees do jornal-laboratoacuterio sempre aconteceram em roda dando vez e voz para todos os membros

Esse tipo de configuraccedilatildeo de espaccedilo fiacutesico - em roda - pode possibilitar o fortalecimento de um discurso que privilegia uma educaccedilatildeo dialoacutegica pois tira a centralidade de uma figura [o professor] e passa a dar protagonismo para todos os presentes A condiccedilatildeo de que uma figura ensina e a outra aprende eacute colocada de lado para que todos possam colaborar para a construccedilatildeo do diaacutelogo ldquodessa forma a contradiccedilatildeo educador-educando em que o professor era o sujeito e o aluno objeto passivo eacute superadardquo16

O uso dessa praacutetica pode ser explicado atraveacutes de Paulo Freire onde o filoacutesofo defendia o diaacutelogo e a construccedilatildeo do conhecimento de forma coletiva e democraacutetica ldquoJaacute agora ningueacutem liberta ningueacutem como tampouco ningueacutem se liberta a si mesmo os homens se libertam em comunhatildeordquo17 Vale destacar que o autor usa a palavra libertar no mesmo sentido que a palavra educar

16 ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 63 17 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 p 75

onde esta uacuteltima aparece em ediccedilotildees anteriores no trecho citado da mesma obra - Pedagogia do Oprimido (1987)

Outro autor que vai corroborar com o entendimento da importacircncia do diaacutelogo eacute o teoacuterico e filoacutesofo alematildeo Juumlrgen Habermas Um dos mais notaacuteveis pensadores da segunda geraccedilatildeo da Escola de Frankfurt trabalha com o conceito de accedilatildeo comunicativa onde todos os envolvidos tecircm direito agrave fala e que essa fala natildeo eacute guiada por interesses proacuteprios e egoiacutestas mas sim pelos objetivos da coletividade no qual se encontra A accedilatildeo comunicativa se faz

[] sempre que as accedilotildees dos agentes envolvidos satildeo coordenadas natildeo atraveacutes de caacutelculos egocecircntricos de sucesso mas atraveacutes de atos de alcanccedilar o entendimento Na accedilatildeo comunicativa os participantes natildeo estatildeo orientados primeiramente para o seu proacuteprio sucesso individual18

Tanto Freire quanto Habermas corroboram para a defender a ideia do ecossistema comunicativo onde o diaacutelogo seraacute capaz de transformar as relaccedilotildees no ambiente no nosso caso o educacional No O JORNALEIRO essa consciecircncia de comunicaccedilatildeo democraacutetica atraveacutes do diaacutelogo mostra-se eficaz e pertinente pois os participantes se encorajam a fazer parte do projeto tomando-o como seu E essa relaccedilatildeo proporciona um crescente desenvolvimento do discente participante pois aleacutem de fazer valer sua opiniatildeo consegue compreender e respeitar posiccedilotildees contraacuterias agraves suas gerando assim um poder de criacutetica e autocriacutetica Aleacutem disso esse diaacutelogo proporciona uma nova visatildeo dos participantes atraveacutes dos demais olhares apresentados nas discussotildees fazendo com que seja possiacutevel conhecer outras formas de enxergar um determinado assunto

Talvez essa relaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo democraacutetica dentro do projeto possa explicar o crescente nuacutemero de participantes e sua fidelizaccedilatildeo uma vez que satildeo poucos os discentes que entram para O JORNALEIRO e o abandonam na sequecircncia Hoje mais de 50 alunos participam do projeto ativamente

[] a educomunicaccedilatildeo se preocuparaacute essencialmente com o aluno com sua relaccedilatildeo

18 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995 p 80

118

consigo mesmo enquanto pessoa tanto quanto com sua relaccedilatildeo com os colegas os docentes a escola e a sociedade ao seu redor19

32 O JORNALEIRO E A CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA DO CONHECIMENTO

Na Europa dos seacuteculos XII e XIII as Corporaccedilotildees de Ofiacutecio eram compostas de trecircs classes de trabalhadores que se dividiam entre os mestres os jornaleiros e os aprendizes ldquoOs mestres eram os donos da oficina que acolhiam os jornaleiros que eram tambeacutem responsaacuteveis pelo adestramento dos aprendizesrdquo20 Os jornaleiros faziam um papel de auxiliar do mestre no treinamento do aprendiz que apoacutes receber treinamento suficiente tambeacutem tornava-se um jornaleiro que por sua vez tambeacutem tornaria - se um mestre

Era sim uma loacutegica que obedecia a um sistema de valor preacute-estabelecido que mantinha o mestre como dono do saber a ser passado para classes com menos conhecimento Poreacutem o que chama a atenccedilatildeo eacute o papel do jornaleiro que atua ao mesmo tempo como aprendiz e como mestre onde aprendia novos conhecimentos e tambeacutem tinha a chance de ensinaacute-los

Essas condiccedilotildees de aprender e ensinar satildeo usadas pelo projeto O Jornaleiro onde os discentes tomam o papel de mestre e transferem seu conhecimento para outro membro do projeto afim de que mais pessoas tomem posse das aptidotildees que manteacutem o jornal laboratoacuterio na ativa o controle das pautas a revisatildeo dos textos e a diagramaccedilatildeo das reportagens

Vamos utilizar como exemplo a funccedilatildeo de Pauteiro Uma vez por semana os componentes do projeto reuacutenem-se para discutirem as pautas que seratildeo abordadas nas reportagens Essa reuniatildeo de pauta eacute guiada por um dos alunos que tem a funccedilatildeo de Pauteiro onde procura mediar os debates e as escolhas dos temas que seratildeo trabalhados posteriormente pelos alunos responsaacuteveis na reportagem A pauta tem um papel fundamental no jornalismo pois ela eacute o ldquoprimeiro roteiro para a produccedilatildeo de textos jornaliacutesticos e material

19 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p46 20 XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1 p 106

iconograacuteficordquo21 e portanto faz com que o papel do Pauteiro seja de relevacircncia para o projeto

O aluno que estaacute responsaacutevel pela pauta fica na funccedilatildeo durante um mecircs e em sua companhia tem a presenccedila de outro aluno Esse outro discente acompanharaacute o Pauteiro em suas funccedilotildees e o responsaacutevel pela pauta teraacute tambeacutem a responsabilidade de passar seus conhecimentos sobre o assunto para o chamado aqui de aprendiz Passados os 30 dias o aprendiz assume as responsabilidades com a pauta tornando-se o Pauteiro e recebe outro aluno para poder repassar o conhecimento recebido gerando assim uma corrente Essa dinacircmica acontece da mesma forma com todas as funccedilotildees do projeto fazendo com que os alunos ensinem uns aos outros em uma praacutetica chamada antropoacuteloga norte-americana Margaret Mead de cultura preacute-figurativa

Mead estabelece diferenccedilas entre trecircs tipos de cultura a poacutes-figurativa a cofigurativa e a preacute-figurativa A cultura poacutes-figurativa eacute aquela em que os jovens aprendem primordialmente atraveacutes dos adultos jaacute a cultura cofigurativa tanto jovens como adultos aprendem na conjuntura das relaccedilotildees sociais que estatildeo envolvidos e por fim a cultura preacute-figurativa a qual os adultos tambeacutem aprendem com os jovens22 Portanto essa dinacircmica do O Jornaleiro obedece a uma loacutegica preacute-figurativa diferentemente de instituiccedilotildees mais tradicionais como as religiosas que sustentam uma cultura poacutes-figurativa dando autoridade sempre para aquele que eacute mais velho Nesse sentido de transferecircncia de conhecimento que natildeo estaacute subjugado a uma loacutegica poacutes-figurativa os alunos envolvidos deixam de lado as hierarquias e passam a compreender que o conhecimento pode ser construiacutedo coletivamente negando completamente o paradigma funcionalista da comunicaccedilatildeo onde os processos comunicacionais cumprem a funccedilatildeo entre outras de transmitir a heranccedila social de uma geraccedilatildeo para a outra Nesse contexto a teoria funcionalista da comunicaccedilatildeo diz que

[] com respeito ao problema da conservaccedilatildeo do esquema de valores o subsistema das comunicaccedilotildees de massa parece funcional na

21 FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 p 48 22 MEAD Margaret Cultura y compromiso estudio sobre la ruptura generacional 1980 In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 23

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medida em que cumpre parcialmente a tarefa de corroborar e reforccedilar os modelos de comportamento existentes no sistema social23

Segundo o estudioso italiano Mauro Wolf as teorias funcionalistas da comunicaccedilatildeo se concentram em entender as funccedilotildees do sistema comunicativo na sociedade24 dando importacircncia para os efeitos verificaacuteveis da accedilatildeo da miacutedia sobre as massas aleacutem de ter um papel preciso na manutenccedilatildeo do funcionamento social

[] a teoria funcionalista ocupa uma posiccedilatildeo muito precisa que consiste em definir a problemaacutetica da miacutedia a partir do ponto de vista da sociedade e do seu equiliacutebrio da possibilidade do funcionamento total do sistema social e da contribuiccedilatildeo que seus componentes (inclusive os meios de comunicaccedilatildeo de massa) lhe trazem O campo de interesse de uma teoria dos meios de comunicaccedilatildeo de massa natildeo eacute mais definido pela dinacircmica interna dos processos de comunicaccedilatildeo (como eacute tiacutepico sobretudo da teoria psicoloacutegico-experimental) mas pela dinacircmica do sistema social e pela funccedilatildeo que as comunicaccedilotildees de massa nela desenvolvem25

A comunicaccedilatildeo a serviccedilo da manutenccedilatildeo do funcionamento social pode ser explicado pelo pensamento do estudioso da Fundaccedilatildeo Rockfeller Harold Lasswell Apresentado pelos autores Francisco Ruumldiger e Lasswell que veem a comunicaccedilatildeo como parte de um processo onde o principal preceito eacute a influecircncia sobre o comportamento alheio26 Essa afirmaccedilatildeo colabora com o entendimento citado acima por Wolf onde a influecircncia do sistema atraveacutes das comunicaccedilotildees de massa serve para manter o funcionalismo social

No caso do O Jornaleiro afirmamos que existe uma negaccedilatildeo a essa sistemaacutetica funcionalista pois internamente a comunicaccedilatildeo se faz atraveacutes do diaacutelogo onde a troca de saberes horizontalizada vai de contra matildeo ao funcionalismo social dentro do ambiente educacional por exemplo Portanto o projeto natildeo obedece ao funcionalismo da cultura poacutes-figurativa de transferecircncia

23 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 53 24 Ibid p 50 25 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 54 26 RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2001 p 56

de conhecimento atraveacutes de uma comunicaccedilatildeo voltada para a influecircncia sobre o outro afim de manter o status quo Procuramos justamente o contraacuterio dar ao jovem condiccedilotildees de transformar sua proacutepria histoacuteria e libertaacute-lo das funccedilotildees que a sociedade e o mercado limitadamente oferecem-lhe Educomunicativamente falando estamos tentando

[] garantir ao jovem a possibilidade de sonhar natildeo exatamente com um mundo fantaacutestico e seguro que lhe seja dado pelos adultos mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir a partir de sua capacidade de se comunicar Eacute o que a educomunicaccedilatildeo tem condiccedilotildees de propor27

E essa garantia pode ser dada a partir do momento que o jovem se reconhece como mestre e aprendiz ensinando e aprendendo ao mesmo tempo tendo condiccedilotildees de entender criticar e mudar a sua histoacuteria e a da sua comunidade perante a sociedade

Mas se o aluno passar a ensinar qual o papel do professor nesse processo Paulo Freire entende que esse papel se daacute justamente na problematizaccedilatildeo28 do conteuacutedo causada pelo professor que jamais deixaraacute de existir na sala de aula pois sua funccedilatildeo como provocador de reflexatildeo eacute fundamental no processo educativo

4 CONSIDERACcedilOtildeES Acreditamos que O Jornaleiro mostra-se como um potencial projeto educomunicativo devido sua aproximaccedilatildeo com as diretrizes que satildeo bases desse novo campo social Entendemos que O Jornaleiro estaacute no caminho certo para se tornar um projeto educomunicativo Beneficiado pelo uso da educaccedilatildeo dialoacutegica e amparado pela construccedilatildeo coletiva do conhecimento podemos afirmar que o projeto tem condiccedilotildees de conceder aos alunos do curso de Comunicaccedilatildeo Social da Faccamp condiccedilotildees de transformar suas proacuteprias histoacuterias no contexto social

Desde o iniacutecio o diaacutelogo mostrou-se a base do O Jornaleiro dando ao aluno participante a noccedilatildeo de que ele e os demais podem construir o conhecimento de uma forma solidaacuteria democraacutetica e coletiva fazendo-o

27 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p53 28 FREIRE Paulo Extensatildeo ou comunicaccedilatildeo 10ordf Ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p53

120 entender a importacircncia da comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo dialoacutegica na construccedilatildeo dos agentes sociais

Aleacutem disso mostra-se interessado em favorecer e fortalecer a construccedilatildeo coletiva do conhecimento com base na crenccedila de que a informaccedilatildeo natildeo tem uma centralidade mas sim diluiacuteda em vaacuterios formatos meios e agentes

Entendemos que ainda haacute muito o que fazer para tornar O Jornaleiro uma praacutetica totalmente educomunicativa que contribua efetivamente para transformar o ambiente educacional no qual estaacute inserido em um lugar que o jovem se reconheccedila como agente transformador capaz de quebrar o funcionalismo que eacute imposto pela loacutegica mercantil no qual a comunicaccedilatildeo estaacute mergulhada Mas os primeiros passos foram dados com o reconhecimento de que a Educomunicaccedilatildeo possa ser uma janela aberta para uma nova realidade social

Ainda temos pela frente um longo caminho a percorrer para que uma relaccedilatildeo otimizada entre a comunicaccedilatildeo e a educaccedilatildeo torne-se uma praacutetica cotidiana nas escolas e demais espaccedilos educativos sendo necessaacuterio para tanto formular poliacuteticas especiacuteficas e destinar recursos associando tais iniciativas a programas aprimorados de gestatildeo a fim de que projetos de inovaccedilatildeo tenham tempo de florescer adquirir consistecircncia de produzir efeitos sociais e educacionais beneacuteficos e prolongados Se o caminho eacute longo o tempo se faz cada vez mais curto Entatildeo matildeos a obra29

5 REFEREcircNCIAS

BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa

Fim de Seacuteculo 2003 CITELLI A O COSTA M C C (Org)

Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf

ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 29Ibid p94

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de

Janeiro Paz e Terra 1987 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative

action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995

LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do

exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989

RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo

Porto Alegre Penso 2001

SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011

_________ Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade

Lisboa Piaget 1992 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de

massa Satildeo Paulo Martins Fontes 2003

XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1

ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em

Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007

121

O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO

Faacutebio Pavan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fabiotinoigcombr

RESUMO Neste artigo busco responder em que medida a educaccedilatildeo musical no ensino baacutesico de violino assegura o niacutevel de motivaccedilatildeo das crianccedilas e a qualidade de ensino Atraveacutes da educaccedilatildeo musical com aulas que se utilizem do uso de cantigas jogos musicais exerciacutecios de escuta musical entre outros combinando-os com a metodologia de ensino desenvolvida por Shinichi Suzuki trato de responder esta questatildeo Para isso busquei vaacuterios artigos que tratam sobre o ensino do violino atraveacutes do Meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical e as minhas experiecircncias como professor de violino no ldquoProjeto de cordas Violino e viola de arcordquo (Projeto Social) Realizei anaacutelise desses artigos em um primeiro momento buscando entender como esse meacutetodo eacute utilizado no ensino do violino e em um segundo momento esses resultados com aulas de violino do Projeto Social Segundo o Meacutetodo Suzuki toda crianccedila pode aprender um instrumento sem dificuldade e de forma natural da mesma maneira que aprende sua liacutengua materna tendo sempre um ambiente favoraacutevel Desta maneira existe uma aproximaccedilatildeo entre o estudo do violino com base neste meacutetodo e a educaccedilatildeo musical

Palavras chave Suzuki educaccedilatildeo musical ensino de violino ABSTRACT In this article I respond to what extent music education in primary schools of violin ensures the level of motivation of children and the quality of teaching Through music education with classes that use the use of songs musical games musical listening exercises among others combining them with the teaching methodology developed by Shinichi Suzuki tract to answer this question For this I sought several articles that deal with teaching the Suzuki Method violin and through music education and my experiences as a professor of violin at the Draft strings violin and viola (social project) I performed analysis of these articles at first trying to understand how this method is used in teaching the violin and in a second step these results with violin

lessons of Social Project According to the Suzuki method every child can learn an instrument without difficulty and naturally the same way you learned your native language always having a supportive environment Thus there is a connection between the study of the violin based on this method and music education Keywords Suzuki Method music education teaching violin INTRODUCcedilAtildeO O ensino baacutesico de violino para crianccedilas requer um ambiente com um alto niacutevel de motivaccedilatildeo Esta pesquisa busca abranger estes aspectos primordiais da didaacutetica instrumental atraveacutes da educaccedilatildeo musical embasada de maneira eficaz Eacute utilizado o meacutetodo Suzuki devido aos benefiacutecios que o mesmo proporciona no iniacutecio da aprendizagem do violino e conforme jaacute comprovado por grandes professores de violino da atualidade no nosso paiacutes (BOSIacuteSIO 1992) O uso da educaccedilatildeo musical antes da iniciaccedilatildeo no instrumento e depois no decorrer do estudo do meacutetodo Suzuki (na parte inicial do mesmo) vai facilitar o desenvolvimento do aluno no estudo do violino As canccedilotildees infantis como cai-cai balatildeo satildeo formas simples que facilitam o ensino musical baacutesico fazendo com que o aluno desenvolva sua percepccedilatildeo musical Tambeacutem o emprego da educaccedilatildeo musical associada ao Meacutetodo Suzuki favoreceraacute o desenvolvimento de uma boa afinaccedilatildeo jaacute o aluno teraacute um referencial do seu cotidiano A crianccedila se sentiraacute motivada para a execuccedilatildeo do instrumento e a praacutetica diaacuteria prazerosa jaacute natildeo estaraacute somente condicionada ao meacutetodo pois estaratildeo executando peccedilas infantis cantigas musicas de ninar e folcloacutericas assim tambeacutem repertorio para flauta doce (Barroca)

122 Este projeto tem como objetivo complementar e adaptar o primeiro volume de repertoacuterio empregado no Meacutetodo Suzuki para violino Sendo assim seriam necessaacuterios os seguintes passos

bull Identificar elementos teacutecnicos e musicais trabalhados nas liccedilotildees do volume 1 do meacutetodo Suzuki

bull Selecionar um repertoacuterio de muacutesicas utilizadas na educaccedilatildeo infantil e identificar seus elementos teacutecnicos musicais

bull Comparar os elementos dos dois repertoacuterios bull Elaborar materiais didaacutetico-pedagoacutegicos que

facilitem o estudo do aluno em ambos os repertoacuterios

O ENSINO DO VIOLINO PARA CRIANCcedilAS Apesar de ter crescido o interesse de crianccedilas pelo estudo de violino no Brasil ainda a sua difusatildeo frente a outros instrumentos eacute pequena Eacute necessaacuterio portanto procurar maneiras de captar um maior nuacutemero de alunos motivados durante o periacuteodo de aprendizagem baacutesica do instrumento para que assim continuem estudando e posteriormente se profissionalizem (KLEBER Magali Oliveira) Uma das maneiras de incentivar a crianccedila a estudar violino seria empregar uma literatura musical com a qual o aluno se familiarizasse jaacute que a maioria dos meacutetodos de violino satildeo estrangeiros e baseados na cultura de seu paiacutes muito distinta da nossa cultura brasileira Poreacutem eacute necessaacuterio procurar um repertoacuterio infantil baacutesico (brasileiro) e de faacutecil execuccedilatildeo que encaixem dentro de uma sequecircncia pedagoacutegica que seja eficaz e sem descaracterizaccedilotildees riacutetmicas ou meloacutedicas O ideal seria a combinar o material importado como por exemplo o Meacutetodo Suzuki que jaacute possui prestiacutegio no ensino do violino e muacutesicas tradicionais usadas na educaccedilatildeo musical brasileira mantendo desta maneira a crianccedila motivada e a qualidade do ensino do violino

MEacuteTODO SUZUKI E A ldquoEDUCACcedilAtildeO DO TALENTOrdquo O meacutetodo Suzuki desenvolvido na Japatildeo por Shinichi Suzuki alcanccedilou grande sucesso nos anos 1940 inspirado na observaccedilatildeo da maneira como as crianccedilas aprendem a liacutengua materna na primeira infacircncia atraveacutes da habilidade de comunicaccedilatildeo entre os pais e a crianccedila(SUZUKI 1990 p18) Suzuki afirma que natildeo fez ldquonada mais do que uma adaptaccedilatildeo dos princiacutepios de aprendizagem da liacutengua materna agrave educaccedilatildeo musicalrdquo Abaixo alguns destes princiacutepios

bull Motivaccedilatildeo crianccedilas ficam fascinadas ao aprender alegria e autoconfianccedila a crianccedila natildeo tem a menor duacutevida de que vai aprender(SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor)

bull Aprendizagem dentro do ritmo de cada um respeitando as dificuldades ndash comeccedila engatinhando depois daacute pequenos passos natildeo tenta alcanccedilar a proacutexima etapa ateacute que esteja preparado

bull Aprende com o objetivo de usar no dia-dia estes conhecimentos e habilidades que foram adquiridas

bull Imitaccedilatildeo dos modelos que estatildeo sempre disponiacuteveis os ldquoprofessoresrdquo natildeo se cansam de repetir jamais demonstrando cansaccedilo e irritaccedilatildeo

bull Identificaccedilatildeo com os mestres (professores) que estatildeo sempre encorajando o aluno e elogiando as novas conquistas

bull Afeto envolvido em todas as etapas e o papel dos pais

A observaccedilatildeo visual e auditiva de modelos eacute preferida agrave explicaccedilatildeo verbal Depois que a crianccedila jaacute adquiriu as habilidades mais baacutesicas no instrumento eacute que se introduz de forma criativa e adequada agrave idade e maturidade de cada um a teoria musical e a leitura A participaccedilatildeo dos pais eacute fundamental nesta metodologia os pais frequentam as aulas junto com os filhos recebem tarefas e instruccedilotildees para melhorar sua atuaccedilatildeo como professores em casa As instituiccedilotildees que usam o meacutetodo publicam livros e apostilas com instruccedilotildees para os pais onde descrevem minuciosamente atitudes e estrateacutegias a serem adotadas Enfatiza-se a importacircncia do ambiente que deve ser de aprendizagem colaborativa e da educaccedilatildeo permanente A crianccedila na sua casa deve estar imersa em muacutesica a mesma vai ouvir muacutesica tocada pelos pais pelos seus irmatildeos ou por meios de reproduccedilatildeo mecacircnica como viacutedeos Cdrsquos Internet e etc Isto faraacute segundo Suzuki com que a crianccedila deseje aprender a tocar e esteja constantemente motivada A abordagem pedagoacutegica Suzuki envolve o aluno em atividades individuais e coletivas Nas aulas individuais o aluno eacute iniciado no conteuacutedo teacutecnico e musical jaacute nas aulas em grupo desenvolve o conhecimento adquirido Este sistema didaacutetico promove tambeacutem a socializaccedilatildeo dos alunos e favorece o desenvolvimento de habilidades individuais necessaacuterias agrave vida em comunidade O repertoacuterio de violino apresentado nos seus dez volumes foi criteriosamente escolhido e organizado por Shinichi Suzuki para que todos os aspectos teacutecnicos fossem apresentados em ordem progressiva de dificuldade Pois o objetivo eacute capacitar a crianccedila a tocar com fluecircncia a cada niacutevel de adiantamento Esta pesquisa tratara de buscar uma aproximaccedilatildeo entre o estudo de violino tendo como base inicial o meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical

METODOLOGIA Na elaboraccedilatildeo do planejamento das aulas de violino deve-se ter a cautela em natildeo planejar aulas que

123 reproduzam um modelo antigo tradicional mas sim que promovam um diaacutelogo com a realidade levando em consideraccedilatildeo a realidade social dos alunos O meacutetodo Suzuki apresenta vaacuterias problemaacuteticas pois o repertoacuterio proposto geralmente natildeo condiz com a realidade dos alunos restringe o repertoacuterio principalmente as peccedilas do periacuteodo barroco e claacutessico tendo dessa forma uma limitaccedilatildeo esteacutetica pois o mesmo natildeo teve muitas modificaccedilotildees estruturais desde sua concepccedilatildeo original da deacutecada de 1930 (ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO) Por essas razotildees percebeu-se no decorrer da praacutetica docente do instrumento a necessidade da utilizaccedilatildeo de outros meacutetodos e abordagens da educaccedilatildeo musical que pudessem suprir tais lacunas Procedimentos a serem feitos

bull Seraacute feito um compilado das partituras das muacutesicas pesquisadas e tambeacutem gravadas (executadas ao violino pelo professor) para que o aluno tenha acesso quando estiver estudando

bull Identificar os elementos teacutecnicos e musicais presentes nas peccedilas do repertoacuterio do volume 1 do Suzuki se verificaraacute os aspectos teacutecnicos de niacutevel baacutesico tipos de dedilhados golpes de arco meacutetrica de compasso padrotildees riacutetmicos tonalidades etc

bull Pesquisa do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical consultar fontes bibliograacuteficas consultar partituras populares infantis claacutessicas e etc (FILHO Juarez Bergman)

bull Adaptar as obras encontradas do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical transposiccedilatildeo de tonalidade se for necessaacuterio para facilitar o aprendizado poreacutem diversificando as tonalidades Executar pequenos ajustes riacutetmicos e meloacutedicos que viabilizem a execuccedilatildeo teacutecnica das arcadas e articulaccedilotildees

bull Elaboraccedilatildeo do Meacutetodo de educaccedilatildeo musical com as muacutesicas editadas e gravadas para serem aplicadas junto com o meacutetodo Suzuki Volume 1

bull Realizar as praacuteticas com os alunos de violinoviola e Musicalizaccedilatildeo do ldquoProjeto de cordas Violino e Viola de Arcordquo proporcionado pelo CRAS (Centro de Referencia Assistecircncia Social) e Prefeitura Municipal de Jarinu do Estado de Satildeo Paulo onde ministro as aulas aos saacutebados de manhatilde

ANAacuteLISE E CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Os procedimentos realizados e aplicados com alguns alunos do ldquoProjeto de Cordasrdquo fizeram com que seja possiacutevel um melhor desenvolvimento dos discentes na aprendizagem do instrumento e na compreensatildeo de alguns princiacutepios baacutesicos de teoria paralelamente ensinada

Tambeacutem verificou-se que o meacutetodo Suzuki funciona quando utiliza-se outro material de apoio Pois sugiro que utilizem esta metodologia com outros exerciacutecios de teacutecnica e que faccedilam utilizaccedilatildeo do repertoacuterio brasileiro e tambeacutem da proacutepria educaccedilatildeo musical Porem eacute importante notar que a filosofia Suzuki trouxe benefiacutecios na musicalizaccedilatildeo por meio do violino e que a mesma pode ser utilizada neste aprendizado Uma vez que o aluno aprende por imitaccedilatildeo e audiccedilatildeo natildeo precisa de um prazo muito longo para tocar alguma muacutesica ou executar o meacutetodo em questatildeo claro que sempre se utilizando da educaccedilatildeo musical e de outros meacutetodos que fortifiquem o aprendizado estimulando e motivando o aluno Desta maneira foi possiacutevel oferecer aos alunos a oportunidade do fazer musical propriamente dito no comeccedilo de aprendizado do violino sem condicionaacute-los somente a um meacutetodo para mais tarde levaacute-los a assimilar a linguagem estilos e conhecimentos teacutecnico-musicais

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS SUZUKI Shinichi Man and Talent Search Into the Unknown Michigan Shar Publications 1990 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2005 ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO P Algumas ideias de Paulo Bosiacutesio sobre aspectos da educaccedilatildeo musical instrumental Opus Goiacircnia v 14 n 2 p 7-20 dez2008 ANDRADE Edson Queiroz de ldquo100 Anos de Max Rostal - Entrevista com Paulo Bosiacutesiordquo Permusi nordm12 JulDez - 2005 111-113 FILHO Juarez Bergman Anaacutelise e criaccedilatildeo de literatura musical como ferramenta da metodologia contemporacircnea do ensino do violino em sua fase inicial de aprendizado 2010 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Muacutesica) Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Paranaacute KLEBER Magali Oliveira A Praacutetica de Educaccedilatildeo Musical em ONGs dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro 2006 Tese (Doutorado em Muacutesica) Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Rio Grande do Sul SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor Traduccedilatildeo de Anne Corinna Gottberg Rio grande do Sul Graacutefica Pallotti 1994

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O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE

OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA

Shirley Barreto Rabelo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jardim Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 shirleybarretorabelogmailcom

RESUMO Esta pesquisa tem como objeto de estudo a reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento aplicada agrave formaccedilatildeo de professores da uacuteltima deacutecada do ensino superior do Brasil desde seus conceitos tipos baacutesicos e o desenvolvimento profissional como produccedilatildeo de conhecimento A metodologia utilizada tem por base a pesquisa bibliograacutefica e uma pesquisa de campo com dez professores formados na uacuteltima deacutecada do Brasil da Faccamp - Faculdade Campo Limpo Paulista que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Palavras chave

Reflexatildeo formaccedilatildeo de professores produccedilatildeo de conhecimento

ABSTRACT

This project has as object of study the reflexivity as production of knowledge applied to the training of teachers of the past decade of higher education of Brazil since its concepts basic types and the professional development as knowledge production The methodology used is based on the bibliographical research and a field research with ten teachers formed in the last decade of Brazil of the Faccamp - Campo Limpo Paulista School providing classes in undergraduate course in production engineering at night

Keyword

Reflection teacher training production of knowledge

1 INTRODUCcedilAtildeO Segundo Noacutevoa (1991 p10)

Quando pensamos a profissatildeo docente natildeo conseguimos omitir a realizaccedilatildeo de uma

reflexatildeo sobre vaacuterios assuntos diversos conceitos e uma complexidade de concepccedilotildees do ldquoser professorrdquo que carregamos ao longo de nosso ofiacutecio docente

O foco deste trabalho resulta das buscas teoacutericas e na acircnsia de contribuir para os problemas acerca da reflexividade Venho constatando por meio dos anos em que fui e sou estudante que o conhecimento teacutecnico e acadecircmico dos professores e sua praacutetica natildeo satildeo o suficiente para propiciar uma reflexatildeo sobre sua docecircncia

Partindo do pressuposto que todo ser humano reflete porque trata-se de um atributo caracteriacutestico de sua espeacutecie fica a questatildeo como reflete O que pode ser reformulado com a reflexatildeo A reflexatildeo resultou em quecirc

O distanciamento e ateacute mesmo a descontinuidade entre teoria e praacutetica natildeo deixam espaccedilo para a reflexatildeo entatildeo ficam muitos questionamentos os professores refletem sobre sua didaacutetica de uma forma geral se sim o que resulta desta experiecircncia revisatildeo de conteuacutedos pesquisas artigos etc

A educaccedilatildeo de qualquer niacutevel atraveacutes do estiacutemulo do desenvolvimento dos seres humanos e sua expressividade eacute possiacutevel transformar o mundo uma vez que dizer o mundo expressaacute-lo e expressar-se eacute proacuteprio do ser humano salienta Freire (1976)

Eacute importante ressaltar que o processo de ensino (objeto de estudo da Didaacutetica) natildeo eacute uma atividade restrita ao espaccedilo da sala de aula afirma Libacircneo (1994)

Desta forma o trabalho docente torna-se uma das modalidades especiacuteficas da praacutetica educativa mais ampla que ocorre na sociedade ou seja os membros da

125 sociedade satildeo preparados para a participaccedilatildeo na vida social

Libacircneo (1994) considera a educaccedilatildeo um fenocircmeno social e universal eacute uma atividade humana necessaacuteria agrave existecircncia e funcionamento de todas as sociedades porque o meio social exerce influecircncias sobre os indiviacuteduos e estes ao assimilarem e recriarem essas influecircncias tornam-se capazes de estabelecer uma relaccedilatildeo ativa e transformadora em relaccedilatildeo ao meio social

Sendo parte integrante da dinacircmica das relaccedilotildees sociais a praacutetica educativa cujas finalidades e processos satildeo determinados por interesses antagocircnicos das classes sociais isso significa que estas relaccedilotildees podem ser transformadas pelos proacuteprios indiviacuteduos que a integram fazendo com que natildeo sejam estaacuteticas imutaacuteveis e estabelecidas para sempre

Essa relaccedilatildeo professor-aluno trabalho docente eacute constituiacuteda por seres humanos que na diversidade das relaccedilotildees datildeo significado agraves coisas agraves pessoas e agraves ideias em vaacuterios contextos

Foi realizada uma revisatildeo documental e uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha aplicado a dez professores do ensino superior da FACCAMP durante o periacuteodo noturno com o objetivo de tentar mapear os problemas acerca da reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento e sugerir pistas para o aprofundamento de estudos

Teoria e praacutetica Segundo Freire (1996 p39) [] Eacute pensando criticamente a praacutetica de hoje ou de ontem que se pode melhorar a proacutexima praacutetica[] De acordo com Candau (2008) toda didaacutetica estaacute impregnada tanto implicitamente quanto explicitamente de uma concepccedilatildeo do processo de ensino-aprendizagem uma vez que este processo estaacute sempre presente de forma direta ou indireta no relacionamento humano

Candau (2008) salienta que haacute trecircs dimensotildees no processo de ensino aprendizagem dimensatildeo humana teacutecnica e poliacutetica-social

Na dimensatildeo teacutecnica em associaccedilatildeo com as demais a accedilatildeo eacute intencional e sistemaacutetica que procura organizar as melhores condiccedilotildees para a aprendizagem seu aspecto eacute objetivo e racional Poreacutem esta dimensatildeo dissociada das demais torna-se distante de raiacutezes poliacutetico-sociais e ideoloacutegicas o fazer da praacutetica natildeo

contempla o por que fazer e para que fazer natildeo estaacute contextualizado

Mas se o tecnicismo for enfatizado ou seja o domiacutenio do conteuacutedo a aquisiccedilatildeo de habilidades baacutesicas a busca de estrateacutegias que viabilizem a aprendizagem constituiacuteram problemas fundamentais no acircmbito pedagoacutegico

Jaacute na dimensatildeo poliacutetico-social ela eacute inerente ao processo de ensino aprendizagem se for situada acontecendo dentro de uma cultura especiacutefica formado por pessoas que tecircm uma porccedilatildeo de classe configurando viverem em uma organizaccedilatildeo social ou seja ele estaacute impregnado de uma praacutetica pedagoacutegica que possui em si uma dimensatildeo poliacutetico-social

A dimensatildeo humana eacute o centro do processo porque trata da relaccedilatildeo interpessoal deve concentrar-se na aquisiccedilatildeo de atitudes como calor e empatia onde o crescimento pessoal interpessoal e intragrupal eacute desvinculado das condiccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas por essa razatildeo ela eacute unilateral e reducionista

E eacute por isso que a didaacutetica assume a multidimensionalidade do processo de ensino aprendizagem procurando contextualizar a praacutetica pedagoacutegica e repensar as dimensotildees teacutecnicas e humanas Onde se deve superar a didaacutetica exclusivamente instrumental e construir uma didaacutetica fundamental

Se a didaacutetica for apresentada como fruto tatildeo somente de planejamento pelo planejamento sem aprofundamento traz como consequecircncia o esfacelamento da relaccedilatildeo teoria-praacutetica ou seja aprende-se o como fazer mas desligado do o que fazer na verdade aprende-se o caminho que conduz a algum lugar sem saber para onde ir

Isto permite a separaccedilatildeo de teoria e praacutetica e conduz a distorccedilotildees complexas na praacutetica educacional porque existem educadores que planejam e natildeo executam nem avaliam educadores que executam sem planejar e vatildeo avaliar sem ter planejado ou executado

Processando desta forma atividades didaacutetico- pedagoacutegicas natildeo compreendem o todo orgacircnico e definido mesmo que a accedilatildeo e reflexatildeo componham o todo inseparavelmente

Eacute importante segundo Libacircneo (1994) assegurar a relaccedilatildeo conhecimento e praacutetica porque a ligaccedilatildeo teoria e praacutetica no processo de ensino pode ser percebida atraveacutes da verificaccedilatildeo dos conhecimentos e experiecircncias dos alunos comprovaccedilatildeo de que eles

126 dominaram os conhecimentos demonstraccedilatildeo do valor praacutetico dos conhecimentos e a ligaccedilatildeo dos problemas de forma concreta do meio ao conhecimento cientiacutefico

Permitindo que agraves vezes se vai da praacutetica para teoria outras vezes se vai da teoria para a praacutetica

Para Garrido (2000) a praacutetica-teoria-praacutetica ocorre quando o professor pesquisa e reflete sobre sua accedilatildeo docente para construir saberes que lhe permitam aprimorar o seu fazer docente Pesquisar sobre a proacutepria praacutetica eacute uma abordagem denominada professor reflexivo Sua reflexatildeo na accedilatildeo precisa ultrapassar a situaccedilatildeo imediata ou seja possibilita uma elaboraccedilatildeo teoacuterica de seus saberes

Reflexividade

Natildeo haacute ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino Esses fazeres se encontram um no corpo do outro Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para constatar constatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE 1996 p29)

Conforme Freire (1976) alfabetizar eacute como um depositar de palavras siacutelabas e letras nos alfabetizandos fazendo com que eles percebam a necessidade de outro significado para escrever sua vida e ler sua realidade

Ressalta que a fundamentaccedilatildeo teoacuterica da praacutetica se explica nela mesmo porque eacute tida como movimento dinacircmico natildeo acabado onde em ambos praacutetica e teoria se fazem e refazem

Eacute importante reforccedilar que os educadores devem estar em constante busca sempre aberto agraves criacuteticas e sempre capaz de ser curioso porque a praacutetica educativa se daacute num contexto concreto histoacuterico social cultural econocircmico e poliacutetico

Freire (1976) diz que a consciecircncia criacutetica natildeo se constitui atraveacutes de um trabalho intelectualista mas na praacutexis-accedilatildeo e reflexatildeo ou seja o conhecimento natildeo eacute algo estaacutetico e a consciecircncia alguma coisa vazia ocupando espaccedilo num corpo ele envolve constante unidade entre accedilatildeo e reflexatildeo sobre a realidade

Presentes no mundo os seres humanos satildeo corpos conscientes que transformam o conhecimento agindo e pensando que os permitem conhecer ao niacutevel reflexivo por isso nossa simples presenccedila no mundo nos torna objeto de nossa anaacutelise criacutetica

Freire (1976) reforccedila que a educaccedilatildeo para a libertaccedilatildeo eacute um ato de conhecimento e um meacutetodo de accedilatildeo transformadora que os seres humanos devem exercer sobre a realidade

Refere-se agrave conscientizaccedilatildeo (processo pelo qual os seres humanos se inscrevem criticamente na accedilatildeo transformadora) como um dos pontos importantes de provocaccedilatildeo do reconhecimento do mundo natildeo como um mundo dado mas como um mundo dinamicamente dando-se

Freire jaacute dizia que natildeo haacute conscientizaccedilatildeo de sua praacutetica natildeo resulta accedilatildeo consciente Ningueacutem conscientiza ningueacutem O educador e educandos devem se conscientizar atraveacutes do movimento dialeacutetico entre a reflexatildeo criacutetica sobre a accedilatildeo anterior e a subsequente accedilatildeo no processo

Devemos ter como unidade a praacutetica e teoria accedilatildeo e reflexatildeo porque a reflexatildeo soacute eacute legiacutetima se nos remeter sempre ao concreto fatos que buscam esclarecer e tornam nossa accedilatildeo mais eficiente

Para Libacircneo (2004) escola eacute aquela que propicia formaccedilatildeo cultural e cientiacutefico para a vida pessoal profissional e cidadatilde possibilitando relaccedilatildeo autocircnoma criacutetica e construtiva com a cultura em suas formas diversas de manifestaccedilatildeo

Com o compromisso de reduzir a distacircncia entre a ciecircncia complexa e a cultura de base produzida no cotidiano e a provida pela escolarizaccedilatildeo ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes capazes de construir elementos categoriais de compreensatildeo e apropriaccedilatildeo criacutetica da realidade A terem formaccedilatildeo geral acentuada em desenvolvimento de habilidades cognitivas ou seja flexibilidade de raciociacutenio resoluccedilatildeo de problemas e tomadas de decisotildees

Segundo Libacircneo (2004) a ideia eacute a de que o professor possa pensar sobre sua praacutetica e desenvolver capacidade reflexiva sobre ela porque eacute necessaacuterio refletir sobre a praacutetica para apropriaccedilatildeo e produccedilatildeo de teorias para teorias das praacuteticas de ensino

O profissional criacutetico-reflexivo eacute aquele que eacute ajudado a compreender o seu proacuteprio pensamento e a refletir de modo criacutetico sobre sua praacutetica

Dentro do entendimento de formar o professor criacutetico eacute uma concepccedilatildeo de que a praacutetica eacute a referecircncia da teoria a teoria eacute o nutriente de uma praacutetica de melhor qualidade Porque a profissatildeo de professor combina de

127 forma sistemaacutetica elementos teoacutericos com situaccedilotildees praacuteticas reais

As questotildees impliacutecitas na formaccedilatildeo de professores conforme Libacircneo (1999) requerem uma movimentaccedilatildeo em um espaccedilo de uma cultura em crise buscando validar significados coletivos e pessoais confrontando-se com a perda eacutetica com uma procura audaz de construccedilatildeo de sujeitos coletivos e pessoais que se reconheccedilam criticamente na proacutepria produccedilatildeo histoacuterica de sua existecircncia

A escola deve tornar o homem inteiro unilateral desafiado a produzir sua vida e inventar novas formas de convivecircncia social

Salienta Faacutevero (1999) que as instituiccedilotildees de ensino devem pensar e trabalhar suas funccedilotildees levando-se em conta as exigecircncias de sociedade nascidas de suas proacuteprias transformaccedilotildees em um mundo em constante mutaccedilotildees e crises

A universidade deve por sua proacutepria natureza local de encontro de diversas culturas e diferentes visotildees de mundo advindo de realidade histoacuterico-sociocultural

Distinguindo-se como centro de produccedilatildeo de conhecimento novo de ciecircncia tecnologia e cultura atraveacutes da disseminaccedilatildeo de atividades de ensino e de extensatildeo

Ela deve possibilitar condiccedilotildees para que os indiviacuteduos consigam uma formaccedilatildeo correspondente a seus interesses agraves suas aspiraccedilotildees e agrave imagem que eles tecircm de busca da vida social e de seu papel na sociedade

Por essa razatildeo a prestaccedilatildeo do ensino em um ambiente em que natildeo se faz pesquisa tende a se tornar esteacuteril e obsoleto

Libacircneo (1994) elenca algumas explicaccedilotildees para justificar o porquecirc que o professor natildeo reflete acircnsia de vencer o programa (ementa) eacute perda de tempo conversar com os alunos falta de entusiasmo pelo estilo convencional e dificuldade de tratar o conteuacutedo como algo vivo e dinacircmico Mas tambeacutem considera que haacute superaccedilatildeo se o professor dominar o conteuacutedo cada aulaassunto deve ser uma tarefa de pensamento para o aluno garantir profundidade e solidez do que eacute ensinado e natildeo volume o ensino tem que ser dinacircmico variado e possibilitar a formaccedilatildeo de atitude criacutetica e criadora diante da realidade e vida social

Afirma Rios (2010) parece que para alguns professores ensinar e refletir satildeo coisas desacreditadas e

de menor importacircncia em funccedilatildeo do pragmatismo e valorizaccedilatildeo do imediato ou seja falta tempo e lugar adequado

2 METODOLOGIA Para este projeto a revisatildeo documental foi um dos meacutetodos de escolha com consulta a diversos autores que estatildeo listados nas referecircncias cujos conceitos foram estudados atraveacutes da leitura de livros resenhas textos e artigos disponiacuteveis na internet

Outro meacutetodo foi a elaboraccedilatildeo de uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha que foi aplicado a dez professores do ensino superior da Faccamp que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Para continuidade do projeto foi necessaacuterio o envio do projeto ao Comitecirc de Eacutetica na Pesquisa da FACCAMP

Houve um hiato de 07 meses entre a obtenccedilatildeo da autorizaccedilatildeo e o iniacutecio da pesquisa

A pesquisa foi iniciada em abril e sabendo das dificuldades na devoluccedilatildeo dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido porque os professores recebem e armazenam muitos documentos resolvi entregar o nuacutemero exato de TCLEs e Pesquisa aos professores que estavam dispostos a participar voluntariamente do estudo Destes obtive 8 TCLEs e Pesquisa assinados prontamente e fiz duas coacutepias a fim de suprir as duas extraviadas anteriormente E o resultado final foi positivo os 10 questionaacuterios foram respondidos e recebidos com sucesso E a pesquisa foi finalizada em junho de 2014

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Participaram da pesquisa dez professores sendo duas professoras e oito professores Saliento que os entrevistados sentiram-se totalmente agrave vontade para responder a pesquisa o questionaacuterio continha trecircs questotildees com campos em aberto para agregar respostas que por ventura algum entrevistado decidisse adicionar o que foi feito por pelo menos trecircs professores

Na questatildeo 1 do total de entrevistados todos concordaram ser necessaacuterio que os professores reflitam sobre sua docecircncia

As respostas foram assertivas quanto agrave visualizaccedilatildeo da importacircncia da reflexatildeo

Na questatildeo 2 as duas professoras concordaram que refletir sobre a docecircncia eacute fazer autoanaacutelise das

128 proacuteprias accedilotildees valorizar a praacutetica e anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) Dos oito professores cinco concordaram com as professoras outro pontuou que eacute anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais outro respondeu que eacute autoanaacutelise das proacuteprias accedilotildees e o outro concorda com a autoanaacutelise e tambeacutem acredita que seja a anaacutelise criacutetica dos saberes

Ao todo sete entrevistados concordam que refletir eacute se autoanalisar e verificar sua praacutetica

Quando questionados eles refletem sobre a docecircncia na questatildeo 3 todos foram unacircnimes em responder que sim

Esta afirmaccedilatildeo reforccedila que os professores entrevistados estatildeo comprometidos com sua docecircncia natildeo omitindo a reflexatildeo de seu ofiacutecio

A questatildeo 4 perguntava sobre quanto tempo do dia dedicavam-se a reflexatildeo sobre as aulas conteuacutedo enfim sobre a didaacutetica cinco dos entrevistados responderam que acima de duas horas quatro afirmaram entre uma a duas horas e somente um respondeu menos de uma hora

Reforccedila o comprometimento sobre a importacircncia da reflexatildeo com o intuito de obter resultados satisfatoacuterios

Questionados sobre os motivos da reflexatildeo questatildeo 5 dois entrevistados responderam meacutetodo de aula conteuacutedo e meacutetodo de avaliaccedilatildeo dois deles confirmaram meacutetodo de aula outro meacutetodo de aula e conteuacutedo dois responderam somente conteuacutedo um dos entrevistados respondeu meacutetodo de avaliaccedilatildeo e adicionou processos de ensino-aprendizagem e dois afirmaram meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo indisciplina de aluno

Fica evidente a importacircncia dada a avaliaccedilatildeo e revalidaccedilatildeo da praacutetica docente a maioria dos professores afirmam que refletem para melhorar conteuacutedos e aulas sistema de avaliaccedilatildeo e somente um deles afirmam que satildeo motivados por indisciplina de aluno

Na questatildeo 6 foi solicitado que os entrevistados escolhessem quais dificuldades encontram durante o periacuteodo de reflexatildeo oito optaram por conciliar com a carga horaacuteria um dos entrevistados optou por ter um momento particular e o outro natildeo respondeu

Os entrevistados acreditam na reflexatildeo mesmo que tenham dificuldades por conta de sua carga horaacuteria

afirmado pela maioria e somente um natildeo consegue local adequado para realizaacute-la Um dos entrevistados natildeo respondeu entatildeo acredito que eacute porque natildeo tem dificuldades em realizar a reflexatildeo

De acordo com a questatildeo 7 todos foram unacircnimes em responder que a reflexatildeo ajuda em seu desenvolvimento profissional

Haacute legitimaccedilatildeo da profissatildeo professor reforccedilando que somos objeto de nossas proacuteprias anaacutelises

A questatildeo 8 perguntava se eles jaacute foram cobrados para realizar a reflexatildeo sobre sua docecircncia sete entrevistados responderam que natildeo e trecircs deles responderam que sim

Neste ponto em virtude da maioria ter respondido que natildeo foi cobrado acredito que a Instituiccedilatildeo natildeo vecirc necessidade de cobraacute-los porque entende que eles estatildeo desempenhando suas funccedilotildees dentro do esperado ou talvez ainda natildeo tenha conhecimento da importacircncia da reflexatildeo tanto para Instituiccedilatildeo educador educando e sociedade

A questatildeo 9 solicitava que os entrevistados respondessem de acordo com quatro alternativas se eles acreditam que a reflexatildeo possa enriquecer a relaccedilatildeo com o aluno no sentido de exposiccedilatildeo de aulas conteuacutedos diversificados e criacuteticos meacutetodo de avaliaccedilatildeo e incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico Trecircs entrevistados responderam que enriquece quanto a conteuacutedos diversificados dois concordaram que eacute exposiccedilatildeo de aulas e conteuacutedos quatro afirmaram que todos os itens citados satildeo importantes e um entrevistado respondeu que eacute no sentido de incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Os entrevistados acreditam que os resultados da reflexatildeo enriquecem a relaccedilatildeo aluno-professor porque as aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo sofrem atualizaccedilotildees constantes e ainda possibilitam incentivos agrave pesquisa e elaboraccedilatildeo de artigos

A questatildeo 10 diversificou as respostas foram abordados sobre os resultados de suas reflexotildees dois responderam que resultou em artigo cientiacutefico dois afirmaram que resultou em workshops palestras e congressos dois concordaram em workshops e pesquisa cientiacutefica um respondeu pesquisa cientiacutefica outro afirmou artigo e workshop e dois responderam que natildeo resultaram em nada

De todos os entrevistados somente dois natildeo colheram resultados de suas reflexotildees os demais estatildeo

129 todos satisfeitos porque puderam participar de congressos workshops pesquisa cientiacutefica e ateacute mesmo na construccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Um destes entrevistados que natildeo colheu resultados reflete menos de uma hora por dia talvez seja o caso de elevar esta carga horaacuteria mas o outro reflete acima de duas horas ficando interessante sua resposta em nada resulta sua reflexatildeo acredito que este professor deva verificar seus meios de reflexatildeo de repente estaacute deixando passar algumas consideraccedilotildees importantes a respeito de sua praacutetica e natildeo sabe

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Confesso que estou extremamente satisfeita com essa pesquisa e principalmente com os resultados que vieram a somar conhecimentos para as questotildees iniciais deste projeto A primeira das inquietaccedilotildees se os professores faziam reflexatildeo foi esclarecida com maestria pelas respostas apresentadas na questatildeo 3 e que eles acreditam ser necessaacuterio fazecirc-la pelas respostas da questatildeo 1 Corroboram com estas afirmaccedilotildees o tempo dedicado a este momento apresentado na questatildeo 4 a maioria reflete mais de duas horas do seu dia Resultando de acordo com a questatildeo 7 num melhor desenvolvimento profissional Acerca de outra inquietaccedilatildeo o que pode ser reformulado com a reflexatildeo os entrevistados entendem que refletir eacute valorizar sua praacutetica autoanalisar as proacuteprias accedilotildees analisar criticamente os saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) conforme apresentado na questatildeo 2 E com isso podem enriquecer a relaccedilatildeo aluno- professor porque permite atualizaccedilatildeo constante de aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo bem como incentivo a pesquisa e artigo cientiacutefico exposto na questatildeo 9 Uma vez que o motivo que leva os entrevistados a realizarem a reflexatildeo eacute justamente o meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo e indisciplina de aluno conforme questatildeo 5 Em relaccedilatildeo agrave cobranccedila por reflexatildeo questatildeo 8 a Instituiccedilatildeo natildeo o faz talvez porque reconheccedila que a carga horaacuteria do professor eacute elevada configurando esta uma das dificuldades apresentadas pelos entrevistados quando questionados sobre o periacuteodo de reflexatildeo e os problemas que enfrentam questatildeo 6 E por fim a questatildeo 10 elucida os resultados da reflexatildeo respondendo assertivamente quanto a produccedilatildeo do conhecimento advindo desta reflexatildeo No caso dos entrevistados oito deles participaram ativamente desta produccedilatildeo com participaccedilatildeo em workshops congressos palestras confecccedilatildeo de livro pesquisa e artigo cientiacutefico Atraveacutes dos referenciais teoacutericos foi verificado que o professor precisa fazer a reflexatildeo da sua praacutetica porque o trabalho docente prepara os alunos para uma participaccedilatildeo social ativa na sociedade por tratar a educaccedilatildeo de um fenocircmeno social e universal

Outro ponto importante refere-se agrave contextualizaccedilatildeo acerca da reflexatildeo do que fazer por que fazer e para que fazer que a didaacutetica natildeo seja somente planejamento e sim planejamento com aprofundamento saber para onde ir Desta forma podemos perceber que teoria e praacutetica caminham juntos e que accedilatildeo e reflexatildeo fazem parte de maneira inseparaacutevel desta caminhada Este trabalho concluiu que eacute possiacutevel produzir conhecimento atraveacutes da reflexatildeo esta produccedilatildeo vai depender de todos os fatores elencados ao longo deste trabalho disponibilidade do professor motivo especiacutefico para tal dedicaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo constante de sua praacutetica

Eacute certo que outras inquietaccedilotildees surgiram e que permitem continuidade deste trabalho por exemplo a forma como eles refletem e a questatildeo da dificuldade em refletir em virtude da carga horaacuteria

Por trazer uma pesquisa de caraacuteter investigatoacuterio com levantamento de dados pertinentes agraves questotildees sobre reflexividade eacute indicado como ferramenta auxiliadora em trabalhos que necessitem deste tipo de investigaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS CANDAU Vera M A didaacutetica em questatildeo Petroacutepolis Vozes 1983 FAacuteVERO Maria de Lourdes de Albuquerque Universidade e estaacutegio curricular subsiacutedios para discussatildeo In ALVES Nilda (org) Formaccedilatildeo de professores pensar e fazer 5 Ed - Satildeo Paulo Cortez 1999 FREIRE Paulo Accedilatildeo cultural para a liberdade e outros escritos Rio de Janeiro Paz e Terra 1976 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa SP Paz e Terra 1996 GARRIDO Selma P Didaacutetica e formaccedilatildeo de professores percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal 2 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIBAcircNEO Joseacute C Adeus professor adeus professora novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 8 Ed - Satildeo Paulo Cortez 2004 LIBAcircNEO Joseacute C Didaacutetica - Satildeo Paulo Cortez 1994 LIBAcircNEO Joseacute C PIMENTA Selma G Formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo - visatildeo criacutetica e perspectivas de mudanccedila Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas Cedes nordm 68 pp 239-277 1999 NOacuteVOA A O passado e o presente dos professores In NOacuteVOA A (Org) Profissatildeo Professor Traduccedilatildeo Irene Lima Mendes Regina Correia e Luiacutesa Santos Gil Porto Portugal Porto Ed 1991 p 9-32 RIOS Terezinha A Compreender e ensinar por uma docecircncia da melhor qualidade 8ordf Ed - Satildeo Paulo Cortez 2010

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O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Adriane Santos Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

drine-limaigcombr

Cleber de Carvalho Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

cleberfaccampbr

RESUMO O presente artigo propotildee a reflexatildeo sobre a importacircncia da alfabetizaccedilatildeo esteacutetica na infacircncia estimulada e desenvolvida atraveacutes e pela arte no caso deste estudo especificamente atraveacutes do teatro levando a crianccedila a desenvolver o pensamento criacutetico e reflexivo sobre a sociedade que esta inserida auxiliando o indiviacuteduo em pleno desenvolvimento em sua formaccedilatildeo esteacutetica e ampliando sua capacidade e habilidades enquanto espectadores e atuantes da linguagem artiacutestica teatral Para tanto consideramos como principais referecircncias para nossa fundamentaccedilatildeo estudiosos da aacuterea da educaccedilatildeo dramaacutetica como Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) e Ingrid Koudela que em suas pesquisas defendem o ensino reinventado pelo teatro e em seu caraacuteter pedagoacutegico com a capacidade de contribuir para construccedilatildeo do indiviacuteduo criacutetico Aleacutem da complementaccedilatildeo dos pensamentos de Ana Mae Barbosa importante referecircncia nas linhas de arteeducaccedilatildeo que propotildee o ensino de arte que contemple a leitura a contextualizaccedilatildeo e o fazer alcanccedilando uma leitura e interferecircncia no mundo em estamos inseridos Palavras chave Teatro alfabetizaccedilatildeo esteacutetica arte-educaccedilatildeo ABSTRACT This article proposes the reflection about the importance of esthetics literacy in childhood stimulated and developed through art in the case of this study specifically through theater tacking the child leading to develop critical and reflective thinking about society that is inserted assisting the individual in full development in its aesthetic training and increasing its capacity and skills while spectators and active theatrical artistic language Therefore considered as main references for our reasons students of the dramatic education area as Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) and Ingrid Koudela which in their research advocate teaching reinvented the theater in its pedagogical character with the ability to contribute to building the critical individual In addition to the completion of the thoughts of Ana Mae Barbosa important reference on the lines of art education which proposes the teaching of art that includes reading contextualization and do reaching a reading and interference in the world we operate

Keywords Theater esthetics literacy art-education 1 INTRODUCcedilAtildeO Muitas satildeo as linhas de pesquisa em busca de contribuiccedilotildees e evoluccedilotildees no processo educacional objetivando o desenvolvimento de um cidadatildeo consciente e criacutetico Algumas delas priorizam essa aprendizagem por meio da arte uma importante ferramenta para conhecer e elaborar conhecimento criacutetico sobre o mundo ou a sociedade em que vivemos Este estudo propotildee a investigaccedilatildeo sobre as possibilidades e justificativas para uma Pedagogia do espectador1 em que estatildeo presentes o diaacutelogo e a participaccedilatildeo criativa no evento teatral correspondendo agraves proposiccedilotildees cecircnicas elaborando signos da cena e formulando juiacutezos proacuteprios dos sentidos abstraiacutedos em conjunto com a formaccedilatildeo pessoal criacutetica atraveacutes do fazer artiacutestico conquistada atraveacutes da formaccedilatildeo esteacutetica proporcionada pela experiecircncia da produccedilatildeo cecircnica Desgranges aponta que

[] pode-se aprender a gostar de teatro o difiacutecil eacute ser convencido a fazecirc-lo (ou ser convencido a gostar de qualquer coisa) O prazer adveacutem de experiecircncia o gosto pela fruiccedilatildeo artiacutestica precisa ser estimulado provocado vivenciado [] (DESGRANGES 2010 p29)

Inicialmente seratildeo apresentados conceitos em torno de uma educaccedilatildeo dramaacutetica que podem ser classificados e identificados naturalmente em algumas fases da vida Na infacircncia satildeo imprescindiacuteveis os trabalhos com o jogo puro jogo simboacutelico e algumas possibilidades de jogo dramaacutetico Jaacute na adolescecircncia o jogo dramaacutetico e o teatro como linguagem artiacutestica satildeo elaborados com potencialidades de maior abstraccedilatildeo e construindo condiccedilotildees de elaboraccedilatildeo do fazer artiacutestico teatral na sua amplitude Em seguida refletimos alguns apontamentos sobre a alfabetizaccedilatildeo esteacutetica que corrobore com uma formaccedilatildeo de espectadores e

1Pedagogia do Espectador Expressatildeo utilizada por Flaacutevio Desgranges em seu livro ldquoA pedagogia do espectadorrdquo (2010) que trata da formaccedilatildeo educacional do espectador teatral de modo que conhecendo a linguagem dramaacutetica o indiviacuteduo elabora os signos trazidos agrave cena pelos artistas e formula juiacutezos proacuteprios

131 produtores artiacutesticos reafirmando a importacircncia da arte em um contexto de leitura de mundo para a formaccedilatildeo social dos alunos envolvidos nesse processo Finalizamos o estudo com algumas consideraccedilotildees a cerca do encontro das diferentes abordagens cecircnicas e sua contribuiccedilatildeo agrave formaccedilatildeo esteacutetica do indiviacuteduo 2 AS DIVERSAS FACES DO JOGO

Neste primeiro capiacutetulo refletimos sobre alguns conceitos envolvendo a linguagem teatral passando pela ideia de jogo jogo dramaacutetico jogo teatral ateacute o reconhecimento do teatro como linguagem artiacutestica Definiccedilotildees estas formuladas por estudiosos das aacutereas de educaccedilatildeo teatro e arte buscando assim melhor compreender suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

21 Jogo

Como premissa na formaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimento formado culturalmente encontra-se o jogo que para Kishimoto (2000 p13-16) tentar defini-lo eacute uma tarefa um tanto difiacutecil pois existem praticamente infinitas possibilidades de accedilotildees culturais que se configuram como jogo Entretanto a autora apresenta alguns apontamentos como o jogo enquanto resultado de um sistema linguiacutestico que funciona dentro de um contexto social um sistema de regras ou um objeto

Nesta perspectiva compreende-se como jogo o sentido que a este eacute atribuiacutedo dependendo da linguagem de cada contexto social como uma manipulaccedilatildeo simboacutelica da realidade cotidiana ou ainda como estruturas sequenciais de regras que permitam identificaacute-lo e diferenciaacute-lo por meio delas E como terceiro sentido refere-se quanto ao objeto em sua constituiccedilatildeo material dependente deste para acontecer

Kishimoto (1994 p 4) afirma ainda que todo jogo tem sua existecircncia em um tempo espaccedilo e aponta tambeacutem como caracteriacutestica do jogo a liberdade de accedilatildeo do jogador a separaccedilatildeo limite de espaccedilo e tempo a predominante incerteza e o caraacuteter improdutivo de natildeo criar bens nem riqueza ressaltando que esta natureza improdutiva entende-se

[] Por ser uma accedilatildeo voluntaacuteria da crianccedila um fim em si mesmo natildeo pode criar nada natildeo visa a um resultado final O que importa eacute o processo em si de brincar que a crianccedila se impotildee Quando ela brinca natildeo estaacute preocupada com a aquisiccedilatildeo de conhecimentos ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou fiacutesica (KISHIMOTO 1994 p 4)

A partir deste pensamento pode-se relacionar o

quanto da intencionalidade educacional do jogo se atribui ao educador que media este momento inserindo a crianccedila num processo de aprendizagem natural e natildeo intencional de sua parte

22 Jogo Simboacutelico

Dentro da visatildeo do homem como ser simboacutelico que constroacutei sua cultura se relaciona com o mundo coletivamente que apresenta a capacidade de pensar e que liga esta agrave capacidade de sonhar imaginar e jogar com a realidade encontra-se o jogo simboacutelico ou tambeacutem chamado de jogo imaginativo faz-de-conta jogo de papeacuteis ou jogo soacutecio-dramaacutetico Para Dias (Kishimoto org 2000 p 46) uma das tarefas centrais do desenvolvimento nos primeiros anos de vida eacute a construccedilatildeo dos sistemas de representaccedilatildeo tendo papel-chave neste processo a capacidade de ldquojogar com a realidaderdquo A autora acrescenta

No desenvolvimento das crianccedilas eacute evidente a transiccedilatildeo de uma forma para outra atraveacutes do jogo que eacute a imaginaccedilatildeo em accedilatildeo A crianccedila precisa de tempo e de espaccedilo para trabalhar a construccedilatildeo do real pelo exerciacutecio da fantasia (KISHIMOTO org 2000 p 50)

O jogo simboacutelico se apresenta como a representaccedilatildeo

de um signo por outro atribuindo a este novos significados Para Piaget (1971 apud Kishimoto org 2000 p 59) quando a crianccedila brinca assimila o mundo a sua maneira e atribui uma funccedilatildeo particular aos objetos que manipula Para Koudela (2006 p 34) a crianccedila atinge outro niacutevel intelectual de funcionamento intelectual com a aquisiccedilatildeo da chamada ldquofunccedilatildeo simboacutelicardquo que eacute constituiacuteda a partir do momento em que na ausecircncia de seu contexto habitual ela represente um ato uma accedilatildeo

Entendido como parte fundamental do desenvolvimento da inteligecircncia a partir da infacircncia por meio do jogo simboacutelico a crianccedila tem a possibilidade de elaborar o pensamento criativo e com o passar do tempo fazer relaccedilotildees hipoteacuteticas colocando-se no lugar do outro e constituindo o ser eacutetico e produtivo

23 Jogo dramaacutetico

Difundido por meio da obra de Peter Slade (1912-

2004) escritor e dramaterapeuta inglecircs o drama inicialmente voltado para a aprendizagem da dramatizaccedilatildeo durante a infacircncia eacute definido por Slade (1978 p 17) como uma forma de arte por direito proacuteprio natildeo como uma atividade inventada por algueacutem mas como um comportamento real dos seres humanos Nesta brincadeira teatral infantil existem momentos de caracterizaccedilatildeo e situaccedilatildeo emocional em que a crianccedila descobre a si proacutepria e a vida atraveacutes de tentativas emocionais fiacutesicas e por meio da praacutetica repetitiva

O jogo dramaacutetico apresentado por Slade subdividi-se em duas formas o jogo pessoal e o jogo projetado No jogo pessoal a crianccedila representa um papel caracterizado por movimentos ou objetos e experimenta ser coisas ou pessoas utilizando de barulho eou esforccedilo fiacutesico Jaacute o jogo projetado eacute a forma do drama em que eacute usada a mente toda e o corpo natildeo totalmente A crianccedila para

132 quieta senta ou deita utilizando principalmente as matildeos caracterizando uma extrema absorccedilatildeo mental

Sendo que haacute uma forma de arte no jogo dramaacutetico infantil este promove a liberaccedilatildeo e o controle emocional favorecendo uma autodisciplina interna Agrave medida que a crianccedila vivencia a relaccedilatildeo entre jogo e imitaccedilatildeo o jogo dramaacutetico fornece a ela uma vaacutelvula de escape ou a chamada catarse2 emocional

24 Jogo teatral

Sistematizados por Viola Spolin (1906-1994) autora

e diretora de teatro americana os jogos teatrais (Theater Games) surgem como um sistema que visa o aprendizado da atuaccedilatildeo teatral com o inicial objetivo de libertar a atuaccedilatildeo de comportamentos riacutegidos e mecacircnicos Desgranges em seu livro Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo sistematiza a ideia do jogo teatral proposta por Spolin como

[] Este um sistema de atuaccedilatildeo calcado em jogos de improvisaccedilatildeo tem o intuito de estimular o participante a construir um conhecimento proacuteprio acerca da linguagem teatral atraveacutes de um meacutetodo em que o indiviacuteduo junto com o grupo aprende a partir da experimentaccedilatildeo cecircnica e da anaacutelise criacutetica do que foi realizado (DESGRANGES 2011 p 110)

Esse sistema de jogo descarta o professor como ser

autoritaacuterio propondo uma dinacircmica educacional em grupo fazendo deste um momento prazeroso de aprendizado aleacutem de trabalhar os acircmbitos intelectual fiacutesico e intuitivo

O sistema de jogos de Spolin possui caracteriacutesticas singulares e foi apresentado nas obras Improvisaccedilatildeo para o Teatro (1963) e Theater Game File (1975) que atualmente constituem um fichaacuterio de atividades como manual de ensino da preparaccedilatildeo de montagens teatrais e jogos de improvisaccedilatildeo A autora sugere que o processo de atuaccedilatildeo no teatro se baseie na participaccedilatildeo em jogos Sobre o meacutetodo de jogo teatral abordado Ingrid Koudela explica que

Por meio do envolvimento criado pela relaccedilatildeo de jogo o participante desenvolve liberdade pessoal dentro do limite de regras estabelecidas e cria teacutecnicas e habilidades pessoais necessaacuterias para o jogo Agrave medida que interioriza essas habilidades e essa liberdade ou espontaneidade ele se transforma em um jogador

2 Catarse O termo vem do grego ldquokaacutetharsisrdquo que significa purificaccedilatildeo A libertaccedilatildeo de pensamentos ou ideias que estavam reprimidos superando traumas como medo opressatildeo ou outra perturbaccedilatildeo psiacutequica

criativo Os jogos satildeo sociais baseados em problemas a serem solucionados O problema a ser solucionado eacute o objeto de jogo As regras do jogo incluem a estrutura (Onde Quem O Que) e o objeto (Foco) (Koudela 2006 p 43)

O objeto ou foco apresenta-se como o ponto de

concentraccedilatildeo do jogador determinado pelo envolvimento com o problema a ser solucionado no jogo

Os processos com jogos teatrais compreendem uma proposta educacional voltado agraves crianccedilas a partir dos sete anos periacuteodo educacional correspondente ao ensino fundamental I tornando-as capazes de utilizar e se expressar com a linguagem artiacutestica do teatro em que de maneira espontacircnea a crianccedila cria a descoberta da experiecircncia e da expressatildeo criativa 25 Teatro enquanto linguagem artiacutestica

O teatro eacute apresentado nessa definiccedilatildeo de forma mais

abrangente caracterizando-se como linguagem artiacutestica este apresenta suas particularidades diferenciando-se das demais definiccedilotildees citadas anteriormente ainda que elas inseridas dentro de um processo de formaccedilatildeo contribuam para o processo de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica atraveacutes do trabalho com seus elementos expressivos ator texto puacuteblico sonoplastia cenaacuterio e figurino

Courtney (1974) apresenta o teatro como uma forma de representaccedilatildeo perante uma plateia e pode ser introduzido no processo de desenvolvimento humano a partir da preacute-adolescecircncia ainda que combinado com o jogo dramaacutetico Sendo assim o participante necessita de certa maturidade para assimilar um enredo apresentado criar seu personagem internamente e expor suas emoccedilotildees frente a um grupo espectador Guiado pela direccedilatildeo de outrem o grupo passa a contar uma histoacuteria atraveacutes de determinadas teacutecnicas trazendo mais naturalidade agrave representaccedilatildeo 3 EDUCACcedilAtildeO DRAMAacuteTICA NA PERSPECTIVA DA

ALFABETIZACcedilAtildeO ESTEacuteTICA

ldquoA arte eacute educadora enquanto arte e natildeo enquanto arte educadorardquo

Antonio Gramsci (1891-1937) Eacute muito comum nos dias de hoje a percepccedilatildeo da

necessidade da alfabetizaccedilatildeo escrita como forma de conhecer e participar ativamente do mundo letrado em que vivemos Eacute importante ressaltar que no contexto atual onde estamos em contato constantemente com as linguagens artiacutesticas tambeacutem haacute uma grande necessidade de uma alfabetizaccedilatildeo esteacutetica em que natildeo soacute a decodificaccedilatildeo aconteccedila mas tambeacutem que a leitura

133 esteacutetica faccedila parte e movimente nossas vidas desde a infacircncia

Barbosa (1991 p 28) complementa que haacute uma alfabetizaccedilatildeo cultural sem a qual a letra pouco significa A leitura social cultural e esteacutetica do meio ambiente vai dar um sentido ao mundo da leitura verbal Ela ainda acrescenta que o conhecimento em artes se daacute no encontro da experimentaccedilatildeo da decodificaccedilatildeo e da informaccedilatildeo Sendo assim a arte no ambiente escolar tem como principal objetivo formar o conhecedor fruidor e decodificador da obra de arte

Em uma perspectiva de formaccedilatildeo esteacutetica Koudela (2006 p30) apresenta o aprender por meio da experiecircncia como o estabelecimento de relacionamento entre o antes e depois em que o fazer torna-se experimentar Mas para tanto eacute necessaacuteria a consciecircncia da formaccedilatildeo esteacutetica que eacute elaborada tanto no artista quanto no espectador que para contemplar e usufruir da obra participa do processo de criaccedilatildeo agrave medida que repete e reconstroacutei o processo criativo que a originou

A alfabetizaccedilatildeo esteacutetica leva a crianccedila a elaborar melhor seu entendimento como espectadora teatral e como atuante da accedilatildeo cecircnica Agrave medida que seu olhar para a obra de arte se torna mais apurado e a sensibilizaccedilatildeo da mensagem que a arte transmite pode ser reconhecida pelo aluno chegando ao ponto de transcender o que a obra oferece para o seu interior e suas vivecircncias proacuteprias Pontos que favorecem a ela seu desenvolvimento criacutetico e reflexivo como chaves para o acesso interdisciplinar de outros contextos acadecircmicos e sociais que ela se depare Em um projeto organizado como livro pela Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo (2010 p16) Desgranges explora como a proposta do espectador na experiecircncia teatral conduz o aluno agrave construccedilatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo que ele nomeia como ldquochocar os ovos da proacutepria experiecircnciardquo em que apoacutes se deparar com a histoacuteria e compreendecirc-la recorrendo ao seu patrimocircnio vivencial interpreta a partir de suas experiecircncias e visatildeo de mundo

Eacute muito comum encontrarmos o uso do teatro na praacutetica educacional dos professores como auxiacutelio para apreensatildeo de conteuacutedos de outras disciplinas ou ainda em momentos de lazer Aleacutem disso encontramos outras potencialidades da educaccedilatildeo dramaacutetica apresentadas no livro de ensaios reunidos por Zilbermam (1982 p 32) em que Tatiana Belinky apresenta o teatro em sua funccedilatildeo educativa agrave medida que este fornece instrumentos intelectuais morais e eacuteticos necessaacuterios ao ser humano em geral visando sua integraccedilatildeo individual familiar e social consciente e responsaacutevel contribuindo para o desenvolvimento intelectual emocional e esteacutetico dos

espectadores A autora complementa ao falar de pesquisas sobre o puacuteblico teatral

[] Que a interaccedilatildeo e o amadurecimento da personalidade avanccedilam um passo a cada experiecircncia esteacutetica fornecida pelo teatro E quanto mais verdadeira autecircntica for a experiecircncia esteacutetica tanto mais profundo seraacute o resultado educativo (ZILBERMAM 1982 p 34)

Eacute possiacutevel reconhecer no ensino atual concepccedilotildees

educacionais que modificaram o cenaacuterio da educaccedilatildeo em arte no Brasil Neste sentido destacamos as contribuiccedilotildees de Ana Mae Barbosa (2010 p143) que nos apresenta a Proposta Triangular propondo que o trabalho artiacutestico no acircmbito escolar seja norteado atraveacutes da criaccedilatildeo (fazer artiacutestico) da leitura da obra de arte e da contextualizaccedilatildeo proposta esta validada por meio dos Paracircmetros Curriculares Nacionais de Arte e que dentro do fazer artiacutestico teatral possibilita o pensamento mais amplo e a interpretaccedilatildeo cultural a partir da arte 4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Por meio deste estudo foi possiacutevel refletir mais a fundo sobre a grande proximidade da praacutetica artiacutestica no caso da vertente cecircnica com a formaccedilatildeo intelectual e esteacutetica dos alunos no primeiro ciclo da educaccedilatildeo baacutesica Proporcionando uma leitura de mundo natildeo mais e somente da decodificaccedilatildeo de letras e palavras mas de tantos outros siacutembolos de comunicaccedilatildeo que permeiam nossa sociedade como os presentes na representaccedilatildeo artiacutestica teatral

A formaccedilatildeo de espectadores busca mais que uma mera formaccedilatildeo de puacuteblico ou um aumento do acesso agraves salas de teatro nem tanto a pratica teatral visa constituir decoradores de obras claacutessicas ou atores de rede de televisatildeo

Partindo das contribuiccedilotildees das referecircncias deste estudo verifica-se a constituiccedilatildeo de todo um processo que pode garantir o alcance mais apurado do olhar e a assimilaccedilatildeo de conhecimento advindos da arte Validando na primeira infacircncia a vivecircncia do jogo simboacutelico de maneira espontacircnea a crianccedila constitui habilidades proacuteprias que estimulam sua criatividade e poder imaginativo Situaccedilotildees muito comuns na educaccedilatildeo infantil

A complementaccedilatildeo deste desenvolvimento no ensino fundamental I acontece na evoluccedilatildeo do jogo dramaacutetico para o jogo teatral Momento em que a crianccedila tem maiores capacidades de abstraccedilotildees e criaccedilatildeo de hipoacuteteses possibilitando tambeacutem a decodificaccedilatildeo e a compreensatildeo

134 da estrutura da linguagem artiacutestica teatral Momentos natildeo somente espontacircneos do brincar infantil mas que devem ser proporcionados pelo professor com mediaccedilotildees mais especiacuteficas acerca do foco a ser solucionado nos problemas a serem elaborados pelas crianccedilas Portanto esse trabalho de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica no ensino fundamental I constitui o entendimento da linguagem artiacutestica do teatro e de maneira complementar forma o aluno em aspectos afetivos cognitivos e sociais Conhecimentos que formaratildeo o adulto criacutetico e consciente

Vecirc-se na alfabetizaccedilatildeo esteacutetica a possibilidade de formar o olhar do educando sobre a arte e o mundo que participa fazendo da praacutetica teatral um instrumento de formaccedilatildeo pessoal e criacutetica agrave medida que se tem acesso a diferentes experiecircncias Por meio da proposta de elaborar o conhecimento adquirido com a experiecircncia esteacutetica o aluno tem condiccedilotildees de se apropriar efetivamente natildeo soacute dos coacutedigos da sociedade mas principalmente de um reconhecimento criacutetico dessa sociedade

A implementaccedilatildeo destas praacuteticas vem ocorrendo de forma gradativa no ensino atual bem como as pesquisas na aacuterea e o incentivo a essas propostas Compreendendo assim a sua real importacircncia no processo de ensino aprendizagem espera-se que tanto oacutergatildeos puacuteblicos quanto os profissionais da educaccedilatildeo apoiem esta proposta e revejam sua praacutetica para que esta importante fase de alfabetizaccedilatildeo seja contemplada REFEREcircNCIAS BARBOSA A M (org) Arteeducaccedilatildeo contemporacircnea consonacircncias internacionais Satildeo Paulo Cortez 2010 _______ A imagem do ensino da arte Satildeo Paulo Perspectiva 1991 COURTNEY R Jogo teatro e pensamento Satildeo Paulo Perspectiva 1974 DESGRANGES F Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo Satildeo Paulo Hucitec 2011 _______ A pedagogia do espectador Satildeo Paulo Hucitec 2010 KISHIMOTO T M (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 ________ O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Pioneira 1994 KOUDELA I D Jogos teatrais Satildeo Paulo Perspectiva 2006

SAtildeO PAULO Teatro e danccedila repertoacuterios para a educaccedilatildeo Vl 3 Satildeo Paulo Governo do Estado de Satildeo Paulo 2010 SLADE P O jogo dramaacutetico infantil Satildeo Paulo Summus 1978

ZILBERMAN R (org) A produccedilatildeo cultural para a crianccedila Porto Alegre Mercado Aberto 1982

135

PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO

Clayton Hernandez Tozatti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

claytontozihotmailcom

Denis Pescuma Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

pescumabrhotmailcom

RESUMO Neste artigo procuramos refletir e apontar os desafios poliacutetico-institucionais da implantaccedilatildeo do Plano Real correspondendo ao biecircnio 1993-1994 Se por um lado o Plano Real derrubou a inflaccedilatildeo e trouxe estabilidade nem por isso foi faacutecil a sua implantaccedilatildeo E o objetivo deste artigo eacute apontar quais foram as dificuldades poliacuteticas como os embates junto ao Congresso Nacional com o presidente Itamar Franco Lula o PT em ano de eleiccedilatildeo O paiacutes saiacutea recentemente de um periacuteodo de ditadura militar e uma crise aberta com os proacuteprios militares que ameaccedilavam o futuro do plano econocircmico Essa eacute a oportunidade de expor um quadro do periacuteodo e entender o quatildeo importante o Plano Real foi para nossa democracia e para a reconstruccedilatildeo do Estado Brasileiro Palavras-Chave Plano Real inflaccedilatildeo estabilidade Congresso Nacional PT ditadura militar Estado brasileiro ABSTRACT We tried to reflect the political and institutional challenges of the Real Plan corresponding to the biennium 1993-1994 On the one hand the Real Plan brought down inflation and brought stability or so it was easy their location Purpose of this article which is point out what were the political difficulties as the clashes with the National Congress with President Itamar Franco and Lula and the PT in an election year and institutional because recently we got out of a period of military dictatorship and where an open crisis with the military itself threaten the future of the economic plan This is the opportunity to present a picture of the period and understand how important the Real Plan was for our democracy and for the reconstruction of the Brazilian State Keywords Real Plan inflation stability National Congress PT military dictatorship Brazilian State

1 INTRODUCcedilAtildeO

O objetivo deste artigo eacute analisar as dificuldades poliacuteticas de implantaccedilatildeo do Plano Real no biecircnio 1993-1994 sendo preciso antes mostrar como se apresentava o quadro poliacutetico e econocircmico do periacuteodo Quando Itamar Franco assumiu a presidecircncia do paiacutes apoacutes o impeachment do entatildeo presidente Fernando Collor de Mello em 29 de dezembro de 1992 a inflaccedilatildeo acumulada em doze meses chegava a impressionantes 1119 Viviacuteamos sob a eacutegide da hiperinflaccedilatildeo Apenas como exemplo a uacuteltima vez que o paiacutes havia registrado inflaccedilatildeo com um diacutegito havia sido em 1940 No acumulado em 50 anos que antecederia o Plano Real a nossa inflaccedilatildeo chegava ao exorbitante nuacutemero de um trilhatildeo por cento O paiacutes passava por uma grave crise econocircmica e poliacutetica somados a um processo de impeachment (ineacutedito na Histoacuteria do Brasil) e a desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios e fiscais Para contornar a falta de dinheiro para investimentos corroiacutedo pela hiperinflaccedilatildeo o governo acelerava a impressatildeo de dinheiro frente agraves despesas que acabavam por gerar mais inflaccedilatildeo Era um ciacuterculo vicioso que parecia natildeo ter fim Essa crise fazia com que as empresas cortassem investimentos e projetos tornando a economia menos competitiva e produtiva refletindo no desemprego Em maio de 1993 apoacutes uma danccedila de ministros da economia caiacutea Elizeu Rezende Itamar Franco convocou em Nova York o entatildeo embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda Pego de surpresa uma vez que natildeo era economista Fernando Henrique aceitou a nomeaccedilatildeo Naquele ano a inflaccedilatildeo jaacute batia na casa de 1348 Felizmente Fernando Henrique havia acumulado amigos economistas no meio acadecircmico principalmente da PUC do Rio de Janeiro que acabou trazendo para o governo e na elaboraccedilatildeo de mais um plano econocircmico Satildeo eles Gustavo Franco (que viria a ser presidente do Banco Central em seu governo) Pedro Malan (seu ministro da economia por oito anos) Andreacute

136 Lara Rezende Peacutersio Arida Edmar Bacha e Winston Fritsh A confecccedilatildeo de mais um plano econocircmico teria que ser mais bem elaborado para que natildeo se tornasse um plano semelhante a outros que acabaram por fracassar Sem contar que alguns destes economistas jaacute haviam colaborado com a criaccedilatildeo do Plano Cruzado e sabiam os erros que deveriam ser evitados O novo plano natildeo consistiria em apenas cortar zeros da moeda ou congelar preccedilos medidas apenas pontuais que trouxeram aliacutevio de momento mas acabaram por aprofundar a crise econocircmica de anos anteriores E o paiacutes ainda convivia com o fantasma do confisco da poupanccedila Outro plano heterodoxo poderia comprometer o receacutem-formado governo de Itamar Franco Portanto esses economistas sabiam que teriam que tomar um rumo diferente Assim em reuniotildees que varavam madrugadas regadas a litros de cafezinho comeccedilava a surgir o esboccedilo do que viria a ser chamado de Plano Real O plano originalmente seria concebido como um programa econocircmico de trecircs fases a primeira tinha como funccedilatildeo promover o ajuste fiscal que levasse ao estabelecimento do equiliacutebrio das contas do governo com o objetivo de eliminar a principal causa da inflaccedilatildeo brasileira A segunda fase seria a criaccedilatildeo de um indexador a URV (Unidade Real de Valor) e a terceira estabeleceria as regras de emissatildeo e lastreamento da nova moeda (o Real) de forma a garantir a sua estabilidade Mas a primeira fase natildeo foi colocada em praacutetica de imediato foi colocado aos poucos e medidas pontuais foram usadas para combater a inflaccedilatildeo porque havia desafios poliacuteticos a serem superados 2 O COMBATE Agrave INFLACcedilAtildeO O Plano Real natildeo foi apenas um simples plano econocircmico que consistia em cortar zeros ou congelar preccedilos Os economistas que elaboraram o plano jaacute haviam participado de planos anteriores e sabiam que medidas pontuais poderia ser refresco de momento Mas ad posteriore poderiam aprofundar ainda mais as dificuldades econocircmicas e sociais as quais o paiacutes enfrentava principalmente depois da chamada deacutecada perdida que foram os anos 1980 de profundas marcas deixadas pela desilusatildeo das Diretas Jaacute da morte de Tancredo Neves e o Plano Cruzado No inicio dos anos 1990 com o governo do primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de vinte anos de ditadura militar o paiacutes passou pelo choque de um plano econocircmico heterodoxo que foi o confisco da poupanccedila e pelas primeiras denuacutencias de corrupccedilatildeo no governo Collor que acabaria com o seu impedimento e posterior renuacutencia Assumiu seu vice Itamar Franco em meio a uma profunda crise poliacutetica econocircmica e social O Brasil era um paiacutes que ainda passava fome e tivemos neste periacuteodo poliacuteticas oriundas de participaccedilatildeo popular e da iniciativa privada de combate agrave fome onde o nome mais importante era do socioacutelogo Herbert de Souza o Betinho O paiacutes ainda convivia com o fantasma da ditadura era uma receacutem - democracia e somados agrave instabilidade temperamental de Itamar Franco os quarteacuteis ainda

geravam medo e faziam lembrar o passado intervencionista em nossa recente Histoacuteria

No momento em que Itamar assumia o cargo muitos economistas achavam que o problema inflacionaacuterio no Brasil natildeo tinha como ser resolvido Atribuindo-o a questotildees estruturais de nossa economia eles simplesmente lavavam as matildeos vencidos As causas da inflaccedilatildeo eram tatildeo complicadas e arraigadas na economia do paiacutes ndash e em sua cultura ndash que de fato parecia tentador desistir Mas Itamar natildeo podia dar-se a esse luxo Os preccedilos subiam com tanta rapidez que justificadamente ele temia que um dia o dinheiro brasileiro perdesse completamente o valor Todos noacutes tiacutenhamos pesadelos com pessoas circulando com malas cheias de ceacutedulas inuacuteteis o que levaria a um quadro inconcebiacutevel de agitaccedilatildeo social e baderna (CARD0S0 2013 p216)

Ao se implantar o Plano Real diferente dos demais planos econocircmicos procurou atacar e natildeo contornar com medidas apenas de momento os problemas estruturais brasileiros Apesar do corte de zeros de nossa moeda natildeo houve congelamento de preccedilos e procurou se acabar com um velho viacutecio brasileiro a indexaccedilatildeo

Com o tempo as pessoas tinham acostumado a conviver com o problema A inflaccedilatildeo era embutida em praticamente todo contrato brasileiro de valor monetaacuterio alugueacuteis impostos empreacutestimos bancaacuterios taxas de serviccedilos puacuteblicos e assim por diante Essa ldquoindexaccedilatildeordquo dos valores dos gastos futuros destinava-se a proteger as pessoas de alguma arrancada de preccedilos Enquanto os preccedilos e salaacuterios aumentassem de maneira geralmente sincronizada o Brasil poderia evitar uma experiecircncia como a da eacutepica hiperinflaccedilatildeo alematilde depois da Primeira Guerra Mundial quando a moeda basicamente perdeu todo valor Ironicamente contudo esse sistema de indexaccedilatildeo tambeacutem acabou em longo prazo provocando uma inflaccedilatildeo maior Ele assegurava um piso quanto mais as pessoas esperassem aumentos de preccedilos mais eles aumentariam de fato Desse modo a indexaccedilatildeo tornou-se uma causa de inflaccedilatildeo tatildeo importante no Brasil quanto o pecado original dos deacuteficits orccedilamentaacuterios (CARDOSO 2013 p224-225)

O sucesso do Plano Real se explica por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedilas que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica aleacutem do plano econocircmico (como foram os anteriores) O Plano Real atingiu direto natildeo soacute a economia mas agiu politicamente para dar suporte ao governo Itamar Franco e anos mais tarde sob o governo de Fernando Henrique Cardoso abrir as portas de ajuda financeira para que as pessoas de baixa renda pudessem adentrar ao mercado consumidor brasileiro e ser uma forma de ascender socialmente o que veriacuteamos mais tarde numa espetacular ascensatildeo social do povo sob o governo do primeiro

137 presidente da esquerda brasileira Luiacutes Inaacutecio Lula da Silva atraveacutes da criaccedilatildeo do programa Bolsa Famiacutelia

Apesar do ceticismo e das previsotildees catastroacuteficas de renomados economistas principalmente dos que assessoravam o PT e Lula o plano reduziu drasticamente a inflaccedilatildeo e no mesmo movimento produziu uma notaacutevel distribuiccedilatildeo de renda (REIS 2014 p 116)

Num primeiro momento o que eacute o principal objetivo desse artigo eacute entender as dificuldades poliacuteticas enfrentadas pela equipe econocircmica na implantaccedilatildeo do Plano Real desde as batalhas travadas no Congresso Nacional ateacute as mudanccedilas de humor do presidente Itamar Franco a crise institucional vivida em 1994 quando se cogitou uma intervenccedilatildeo militar e o proacuteprio fator Lula favorito a vencer as eleiccedilotildees presidenciais do mesmo ano mas com um discurso contra a nova moeda transformando-a em ingrediente eleitoreiro natildeo sem razatildeo mas que para o eleitorado significava estabilidade Daiacute a importacircncia do tema sobre o Plano Real e sua contribuiccedilatildeo para nossa recente Histoacuteria

3 OS DESAFIOS POLIacuteTICOS E INSTITUCIONAIS DE IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO REAL Em 01 de agosto de 1993 eacute criado o Cruzeiro Real e cortam-se trecircs zeros da moeda Em 28 de fevereiro de 1994 eacute criada a URV (Unidade Real de Valor) que depois seria substituiacuteda pelo Real a nova moeda do paiacutes O plano consistia natildeo soacute no corte de zeros mas na paridade real frente ao doacutelar de 01 por 01 O doacutelar seria o novo indexador da economia os preccedilos e salaacuterios seriam reajustados conforme a taxa de cacircmbio ou seja ao doacutelar Teria como meta zerar o deacuteficit puacuteblico com medidas neoliberais como privatizaccedilotildees uso das taxas de juros para controlar a inflaccedilatildeo e os investimentos externos e aumento de impostos Ao mesmo tempo seria estabelecido um teto para os gastos do governo a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento dos juros da diacutevida externa na Meta de Superaacutevit Primaacuterio aumentar o niacutevel das reservas internacionais para ter dinheiro em caixa e honrar os compromissos externos

Haveria uma nova moeda chamada Real O nome tem vaacuterios significados em portuguecircs todos eles convenientemente refletindo as intenccedilotildees de nosso projeto Ao denotar realeza ele nos remetia agrave moeda de mesmo nome usada na era colonial conferindo-lhe certo ar de continuidade histoacuterica Naquilo que significava realidade dava a entender que a moeda de fato tinha um valor real e chegara para ficar Mas aleacutem de ter um belo nome a nova moeda tambeacutem seria solidamente alicerccedilada O Banco Central trataria de manter o real numa faixa de cotaccedilatildeo globalmente estaacutevel perante o doacutelar Desde o iniacutecio sabiacuteamos que o real teria de ser uma moeda excepcionalmente forte para ganhar credibilidade da populaccedilatildeo brasileira Na praacutetica ele acabou cotado acima do doacutelar no

iniacutecio sendo lentamente desvalorizado com o tempo (CARDOSO 2013 p230)

O Real como moeda foi bem aceito pela populaccedilatildeo que natildeo teve os sobressaltos e sustos dos planos anteriores como corrida aos supermercados o que geraria desabastecimento Houve quem remarcasse preccedilos exageradamente temendo que o plano fracassasse Mas esses impulsos foram controlados pelo governo Em junho de 1994 primeiro mecircs do Real a inflaccedilatildeo foi de 4743 Em julho caiacutea para 684 Em setembro seu nuacutemero chegou agrave impressionante 153 Mas os problemas natildeo haviam sido resolvidos Aleacutem da mudanccedila de nome da moeda (de Cruzeiro Real para Real) havia o desafio de enfrentar o Congresso Nacional representante do velho establishment brasileiro que revirou ateacute o fundo a sacola de truques para proteger seus interesses Numerosas tentativas foram feitas para sabotar os projetos de lei necessaacuterios para concretizar o Plano Real e agraves vezes o proacuteprio presidente Itamar Franco se mostrava ceacutetico em relaccedilatildeo ao plano o que levaria o ministro da economia Fernando Henrique Cardoso a ameaccedilar renunciar o que obrigou tanto Itamar como o Congresso a recuarem O primeiro desafio seria uma rodada de profundos cortes orccedilamentaacuterios administrado por um ldquoFundo de Emergecircncia Socialrdquo Era preciso convencer o Congresso a ldquoabrir matildeordquo de 15 bilhotildees de doacutelares de gastos governamentais vinculados constitucionalmente para o controle do Ministeacuterio da Fazenda o que seria aproximadamente um quinto do dinheiro de todo o orccedilamento governamental A Fazenda poderia assim enfrentar a causa fundamental da inflaccedilatildeo Fernando Henrique Cardoso comeccedilou a pressionar o Congresso para aprovaccedilatildeo de tais medidas vitais para o sucesso do Plano Real o que levaria o deputado Delfim Netto ex-ministro da Fazenda do regime militar a dizer que o ministro ldquoCardoso estaacute fazendo terrorismo quando diz que seu plano eacute a uacutenica soluccedilatildeo para o paiacutesrdquo e de que ldquoos congressistas natildeo gostam do estilo de Cardosordquo (NETTO apud CARDOSO 2013 p 234)

Mas o fato eacute que nenhum desses parlamentares tinha ideias melhores Caiu-lhes a ficha de que perderiam o emprego se natildeo atendessem ao clamor da sociedade pelo fim da inflaccedilatildeo Era este o poder da democracia uma obrigaccedilatildeo de prestar contas que era nova no Brasil Um a um em comentaacuterios sussurrados ou telefonemas agrave meia-noite eles me garantiam que o Plano Real contaria com seu apoio ainda que natildeo pudessem dizecirc-lo em puacuteblico Muito bem eu dizia Em fevereiro ficou aparente que a iniciativa poderia obter o apoio de que precisava para ser aprovada (CARDOSO 2013 p 234)

Dentro e fora do paiacutes da esquerda agrave direita foi uma tempestade de criacuteticas e zombarias

ldquoNosso gentil encantador e inteligente ministro natildeo resiste agrave tentaccedilatildeo de transformar todo mundo num igualrdquo provocou o senador conservador Roberto Campos Lula ficou

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indignado declarando que o plano serviria apenas para gerar mais miseacuteria Celso Martone um economista ortodoxo considerou o Plano Real ldquomais um melancoacutelico exemplo de fraqueza e da falta de imaginaccedilatildeo que caracterizam os ministros da Fazendardquo Antocircnio Carlos Magalhatildees poderoso governador da direita do Nordeste exortou-me a ser ldquomais agressivo e menos conciliadorrdquo Em janeiro de 1994 o jornal Folha de S Paulo saiu-se um dia com a seguinte manchete ldquoFMI e Banco Mundial veem poucas chances de sucesso para o planordquo (CARDOSO 2013 p 232-233)

Para enfrentar um Congresso clientelista o governo teve que montar alianccedilas poliacuteticas para ver suas pautas aprovadas Juntaram-se agrave bancada governista formada pelo PSDB e PMDB o antigo PFL (hoje Democratas) e o PTB dando agrave equipe econocircmica condiccedilotildees de programar Medidas Provisoacuterias referentes ao Plano Real O uso e abuso das medidas provisoacuterias eram um artifiacutecio para contornar em partes a letargia que caracterizava as votaccedilotildees no Congresso Nacional Havia pressa na aprovaccedilatildeo de projetos de lei necessaacuterios para o sucesso do Plano Real Uma vez travada agraves votaccedilotildees seria maior as chances de especulaccedilotildees poliacuteticas e posterior fracasso econocircmico dado agrave sensibilidade do mercado e a boatos desencontrados Dispositivo este que mais tarde seria usada pelo proacuteprio Fernando Henrique como presidente e pelos governos seguintes Essa maioria ajudaria inclusive a barrar accedilotildees por parte dos parlamentares em requerer mudanccedilas na conduccedilatildeo do plano econocircmico Esse tipo de coalizatildeo poliacutetica permitiu a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) um ano apoacutes sua criaccedilatildeo Para isso o governo negociou com deputados ligados ao setor rural o perdatildeo de parte de suas diacutevidas agriacutecolas O PMDB nesta coalizatildeo poliacutetica tinha peso fundamental era o fiel da balanccedila para determinar maiorias eventuais No campo juriacutedico seriam travadas algumas batalhas onde o Plano Real seria contestado na Justiccedila e o governo teria que apressar-se em defender como eacute o calculo da inflaccedilatildeo para natildeo haver perdas salariais e para que as pessoas natildeo se sentissem prejudicadas A mesma preocupaccedilatildeo das centrais sindicais que ameaccedilaram greves no periacuteodo reivindicando a reposiccedilatildeo imediata nos salaacuterios da inflaccedilatildeo acumulada durante a implantaccedilatildeo do real A nova moeda exigiria bem mais do que bom senso poliacutetico era preciso construir uma economia mais moderna e competitiva o que batia de frente com o arcaiacutesmo e coronelismo na poliacutetica brasileira A nova moeda disporia de um periacuteodo limitado para ganhar aceitaccedilatildeo e esse era o foco principal E em longo prazo para que tivesse ecircxito o Brasil precisaria enfrentar mais decididamente as questotildees estruturais por traacutes da inflaccedilatildeo os desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios as diacutevidas em todos os niacuteveis da Federaccedilatildeo e a ineficiecircncia dos governos No que os planos anteriores fracassaram o Plano Real poderia dar certo

Aleacutem das batalhas no Congresso Nacional ideoloacutegicas ou partidaacuterias havia o fator Itamar Apesar de seu governo ter sido montado em torno de um pacto de uniatildeo nacional pela governabilidade com todas as forccedilas de expressatildeo nacional com exceccedilatildeo do PT que ficou de fora por natildeo concordar com essa espeacutecie de alianccedila poliacutetica eram constantes os boatos de que ele poderia se demitir ou talvez ateacute renunciar Aos amigos mais proacuteximos o presidente dizia ldquoSabe como eacute eu natildeo nasci colado a esta cadeira Posso me ir quando me der vontaderdquo (DIMENSTEIN SOUZA p 111)

Mal assumira o cargo Itamar jaacute falava em abandonaacute-lo Disse a vaacuterios de seus interlocutores mais iacutentimos que natildeo se sentia dono da cadeira de presidente ndash no seu caso uma poltrona do iniacutecio do seacuteculo forrada com o mesmo couro cor de tijolo dos assentos que cercavam a mesa da renuacutencia (de Fernando Collor de Mello) Moacuteveis que bem antes de Sarney e Itamar haviam servido a Getuacutelio Vargas (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p 111)

Animado com a aprovaccedilatildeo suada do seu Fundo Social de Emergecircncia pelo Congresso Fernando Henrique Cardoso teria mais um obstaacuteculo para concretizar seu plano de estabilizaccedilatildeo econocircmica Uma semana depois numa inusitada visita ao samboacutedromo do Rio de Janeiro em pleno domingo de carnaval Itamar Franco viraria motivo de pilheacuterias e personagem de chacotas Itamar Franco seria o primeiro presidente brasileiro a assistir o carnaval no samboacutedromo acompanhando o espetaacuteculo de um camarote presidencial especial elevado acenando tranquilamente para a multidatildeo Mas eis que do nada natildeo se sabendo ao certo como ldquoelardquo apareceu no camarote o presidente deixou-se fotografar animadamente com a modelo da escola Viradouro Lilian Ramos de 27 anos Solteiro Itamar Franco natildeo se preocupou com protocolos Mas ela havia desfilado seminua e ao subir ao camarote algueacutem havia se preocupado em cobri-la com uma camiseta bem grande para se aproximar do presidente Mas o espetaacuteculo se transformaria em crise A camiseta curta permitiu agraves lentes dos jornalistas verificarem que a moccedila natildeo usava nada por baixo e que exibido nos jornais do dia seguinte ao lado de um presidente ingecircnuo e aparentemente alterado faria ruir a imagem de Itamar A imprensa brasileira aglomerada em frente ao camarote comeccedilou a tirar furiosamente fotos laacute de baixo Uma fotomontagem do presidente do Brasil se engraccedilando com uma modelo seminua circulou natildeo soacute no Brasil inteiro mas mundo afora O escacircndalo espalhou-se com graves repercussotildees agrave imagem do Brasil Os militares ficaram horrorizados Os quarteacuteis estavam em polvorosa O general Romildo Canhim tivera uma longa conversa com o ministro do Exeacutercito general Zenildo de Lucena Tatildeo agitados que os ministros militares haviam se reunido secretamente para analisar a amplitude da crise Relatoacuterios ultraconfidenciais se avolumavam na mesa de trabalho do general Zenildo de Lucena Uma

139 estranha agitaccedilatildeo se espalhava entre os oficiais contaminando a cadeia de comando num movimento que envolvia sargentos e tenentes da ativa Os militares entendiam que essa cadeia de comando havia sido rompida pois segundo a Constituiccedilatildeo Federal o presidente da Repuacuteblica eacute o ldquocomandante em cheferdquo das Forccedilas Armadas e que apoacutes o episoacutedio da calcinha essa prerrogativa constitucional parecia revogada e o ambiente militar era de ordem e disciplina cabendo o mesmo para um presidente da Repuacuteblica Entre os ministros militares discutiu-se abertamente a possibilidade de substituiccedilatildeo do presidente

Um dos relatoacuterios entregues a Zenildo de Lucena era especialmente grave Informava sobre um princiacutepio de rebeliatildeo nos quarteacuteis O ministro jaacute estava acostumado agrave movimentaccedilatildeo golpista de alguns desocupados generais de pijama Mas uma particularidade o preocupava agora a hipoacutetese de golpe agora frequentava as rodas de conversa da jovem oficialidade (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p139)

O que preocupava Zenildo natildeo era esses militares aposentados saudosos da fase do AI-5 Cabelos brancos desarmados podiam chiar quando quisessem Mas a jovem oficialidade disciplinada na ativa armada e com boa pontaria mereciam respeito Para somar agrave crise a cadeia de comando ameaccedilou renunciar o que seria um desastre para o governo Somando-se a isso a Igreja Catoacutelica reclamou de Itamar que se lembrasse de ser um ldquoexemplo para as famiacuteliasrdquo E parte da opiniatildeo puacuteblica tambeacutem ficou indignada com mais esse tropeccedilo da democracia E como natildeo se bastasse o ministro da Justiccedila Mauriacutecio Correcirca tambeacutem se deixou fotografar aparentemente embriagado Oriundo de uma famiacutelia de militares Fernando Henrique Cardoso era respeitado no meio militar Procurado pelo alto comando do exeacutercito para opinar sobre uma possiacutevel mudanccedila de presidente Fernando Henrique ameaccedilou renunciar ao Ministeacuterio da Fazenda se a ordem institucional natildeo se mantivesse A consequecircncia seria que toda a equipe econocircmica renunciaria tambeacutem comprometendo a conduccedilatildeo da estabilidade seria o fim do Plano Real E a democracia natildeo sobreviveria a um novo impeachment Acuados pois natildeo desejavam um golpe e de serem responsaacuteveis por mais uma crise poliacutetica os militares pediram a cabeccedila de Mauriacutecio Correcirca que renunciaria dois meses depois o caso foi arrefecendo e os quarteacuteis apaziguados Aprovadas as medidas necessaacuterias para a implantaccedilatildeo do Plano Real pelo Congresso mais preocupado em evitar novas crises a popularidade de Itamar Franco subiu E qual a importacircncia da crise institucional do chamado episoacutedio da calcinha no affair de Itamar Franco e na crise aberta com os militares Eacute preciso lembrar que em 1994 natildeo havia se completado dez anos do fim da ditadura militar com a eleiccedilatildeo indireta de Tancredo Neves e com sua morte a posse de seu vice Joseacute Sarney E se pensarmos no termo ldquoentulho autoritaacuteriordquo expressatildeo usada pelo historiador Daniel Aaratildeo Reis onde toda a estrutura e legislaccedilatildeo autoritaacuteria do regime militar que

ainda regiam aspectos sociais e poliacuteticos do paiacutes soacute terminariam ou seriam revogados com a Constituiccedilatildeo de 1988 esse periacuteodo breve de democracia completaria apenas seis anos O fantasma da ditadura e ateacute a ameaccedila de um golpe ainda assombrava o meio poliacutetico brasileiro Ateacute mesmo no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello temia-se uma intervenccedilatildeo militar e todo processo de trabalho da CPI (Comissatildeo Parlamentar de Inqueacuterito) como a votaccedilatildeo de impedimento do presidente foram conduzidos sem interferecircncias institucionais pelo Congresso Nacional E apoacutes a renuacutencia de Collor em dezembro de 1992 voltou agrave tona o medo de uma quebra da legalidade mas garantiu-se constitucionalmente a transiccedilatildeo democraacutetica e a posse de Itamar Franco Mas os desafios de implantaccedilatildeo do Plano Real natildeo terminavam aiacute Cessada a crise com os militares e a opiniatildeo puacuteblica 1994 era ano de eleiccedilotildees e um candidato da esquerda brasileira apresentava-se como favorito Luiacutes Inaacutecio da Silva o Lula Um ano antes Fernando Henrique conversara com Lula no apartamento de seu assessor Joseacute Dirceu para obter seu apoio ao plano econocircmico o que natildeo aconteceu Lula natildeo acreditava no sucesso do Real e jaacute dissera que o plano seria catastroacutefico para o paiacutes mergulhando o Brasil num periacuteodo de recessatildeo Somando-se a isso Lula ainda natildeo havia abandonado o radicalismo da esquerda assustando ainda a direita brasileira Lula pregava a suspensatildeo do pagamento da diacutevida externa e a nacionalizaccedilatildeo do setor bancaacuterio Defendia grandes investimentos em obras puacuteblicas para gerar emprego para milhotildees de brasileiros mas sem dizer da onde tiraria dinheiro para tal faccedilanha Mas era justamente esse velho viacutecio o fator de geraccedilatildeo da inflaccedilatildeo e que justamente o Plano Real estaria disposto a erradicar da cultura poliacutetica brasileira Lula se apresentava como favorito em vencer as eleiccedilotildees e pensando desse jeito o Plano Real estaria fadado em fracassar jaacute nos primeiros meses de seu governo E dois antigos aliados se afastariam um do outro A retrospectiva histoacuterica mostra que estiveram proacuteximos durante a maior parte de suas carreiras poliacuteticas Lula apoiou Fernando Henrique em sua candidatura ao Senado em 1978 esperando vecirc-lo num partido que gostaria de criar Fizeram panfletagem juntos Ambos oriundos da mesma geraccedilatildeo poliacutetica que emergira na fase da abertura Estiveram juntos nas greves do ABC e na campanha pelas Diretas Jaacute Fernando Henrique subiu no palanque do PT no segundo turno das eleiccedilotildees de 1989 Mais uma vez se uniram no impeachment de Collor Quase se aliaram para a eleiccedilatildeo de 1994 Chegaram a manter encontros secretos visando a uniatildeo entre PSDB e PT O ano de 1994 os transformaria em adversaacuterios ambos com o mesmo ideal e esperanccedila de se tornarem presidente Fernando Henrique num poderoso esquema montado no uso da maacutequina do Estado (era ex-ministro da Fazenda e candidato do Planalto) poder econocircmico adesatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e principalmente pela administraccedilatildeo eleitoral de uma moeda Lula no topo da popularidade liderando as pesquisas eleitorais era a

140 esperanccedila dos excluiacutedos Apoacutes as liccedilotildees tomadas com a derrota em 1989 procurou se aproximar de empresaacuterios e dos militares O Brasil encontrava-se traumatizado com tantas mudanccedilas choques econocircmicos inflaccedilatildeo descontrolada salpicada por surtos de recessatildeo Tudo ruindo hospitais escolas puacuteblicas estradas as cidades sitiadas pela violecircncia Em apenas oito anos o Brasil teve quatro presidentes e batalhotildees de ministros que caiacuteam como moscas Tudo isso somado a um impeachment e em seguida a um Congresso expondo suas entranhas e clientelismos nas descobertas sobre a maacutefia do Orccedilamento e seus anotildees Seria eleito presidente aquele que melhor captasse o anseio por uma situaccedilatildeo que gerasse mudanccedila E Lula ateacute entatildeo era quem canalizava esse anseio perante a populaccedilatildeo apesar de todo seu radicalismo e fragilidades poliacuteticas do PT em costurar alianccedilas Surpreendendo Lula e o PT Fernando Henrique Cardoso que jaacute fora cotado para ser vice de Lula naquele mesmo ano se lanccedila candidato agrave presidente da Repuacuteblica Desconhecido ainda do brasileiro comum candidato por um partido novo o PSDB contrariando sua esposa Ruth Cardoso que foi contra sua candidatura agrave presidente chamado de ldquoelitistardquo por setores da sociedade Fernando Henrique seria eleito no primeiro turno na rabeira do Plano Real Lula natildeo percebeu que perdera a eleiccedilatildeo natildeo para Fernando Henrique Cardoso mas para o Real Natildeo percebera que quando discursava contra a nova moeda discursava contra a estabilizaccedilatildeo econocircmica Reclamou e com razatildeo que o Plano Real havia se transformado em arma eleitoral Mas o povo estava com comida na mesa e comprando como nunca O PT afastou-se da loacutegica ao criticar o Real dando municcedilatildeo para a campanha de Fernando Henrique Cardoso transmitir a sensaccedilatildeo de que teria forccedila para governar obtendo a partir disso uma galeria de alianccedilas poliacuteticas Lula teve que enfrentar uma maacutequina puacuteblica a qual natildeo estava preparado e natildeo acreditou na forccedila das elites que sempre atacou Sua campanha foi um desfile de improvisaccedilotildees

Nas eleiccedilotildees realizadas em outubro de 1994 Fernando Henrique elegeu-se presidente no primeiro turno alcanccedilando cerca de 54 dos votos vaacutelidos Lula novamente candidato ficou em segundo lugar Esse resultado foi produto de vaacuterios fatores mas o Plano Real desempenhou papel decisivo A oposiccedilatildeo sobretudo o PT cometeu um seacuterio erro de avaliaccedilatildeo insistindo em afirmar que o Plano Real era apenas ldquoengodo eleitoreirordquo que em curto prazo provocaria uma grave recessatildeo Lanccedilado em um momento estrateacutegico facilitando a vitoacuteria de Fernando Henrique nas eleiccedilotildees presidenciais o plano natildeo se reduzia a isso Na realidade natildeo houve recessatildeo e a grande massa teve um aumento de seu poder de compra graccedilas agrave sensiacutevel queda da inflaccedilatildeo por anos seguidos (FAUSTO 2014 p 292-293)

Fernando Henrique Cardoso reforccedilou com sua vitoacuteria eleitoral a convicccedilatildeo da matildeo invisiacutevel o Real Com a estabilizaccedilatildeo pouco se esforccedilou para ser presidente comparado ao empenho de personagens como Leonel Brizola Paulo Maluf Orestes Queacutercia Tancredo Neves e o proacuteprio Lula que canalizaram energias para o desejo da Presidecircncia

Hoje natildeo tenho duacutevidas de que o Plano Real foi meu principal aliado rumo ao dia 3 de outubro de 1994 quando fui eleito presidente do Brasil depois de disputar as eleiccedilotildees com Luiz Inaacutecio Lula da Silva Meu maior desafio era estabelecer regras e fazer com que o paiacutes as cumprisse Seria difiacutecil para qualquer poliacutetico mas pode ter sido um pouco mais faacutecil para um socioacutelogo (CARDOSO 2013 p 249)

Depois de duas derrotas consecutivas para Fernando Henrique Cardoso atenuando em grande parte o seu radicalismo Lula seria finalmente eleito presidente em 2002 com um discurso de manutenccedilatildeo das conquistas da estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real a estabilidade de preccedilos os avanccedilos sociais e o enraizamento da democracia

4 O PAPEL DO PLANO REAL NA RECONSTRUCcedilAtildeO DO ESTADO BRASILEIRO A tese principal eacute que havia entatildeo uma crise sociopoliacutetica do Estado (crise de hegemonia do pacto de dominaccedilatildeo) e natildeo apenas uma crise de governabilidade segundo avaliava o pensamento predominante na literatura da ciecircncia poliacutetica brasileira agrave eacutepoca O sucesso do Plano Real explica-se por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedila que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica liberal do poder do Estado O envolvimento da esfera poliacutetico constitucional nesse processo de mudanccedila logrou a superaccedilatildeo da crise de governabilidade existente ateacute 1993 No periacuteodo histoacuterico aberto pelo Plano Real ateacute o principal partido de esquerda brasileiro o PT foi induzido a aderir ao seu modo desde a campanha eleitoral de 2002 a uma poliacutetica macroeconocircmica liberal embora o governo de coalizatildeo de Lula tenha executado tambeacutem poliacuteticas contra-hegemocircnicas em uma espeacutecie de reformismo moderado O artigo identifica a origem e os determinantes da crise e algumas conjunturas de seu processo com ecircnfase no governo Itamar Franco O argumento mostra a importacircncia da lideranccedila poliacutetica de Fernando Henrique Cardoso no processo do Plano Real mas natildeo adere a uma explicaccedilatildeo voluntarista ou indeterminista pois insere as accedilotildees dos sujeitos nos acontecimentos estruturais e histoacutericos

[] Correspondiam ao programa liberal que se tornara hegemocircnico quase compulsoacuterio em escala mundial Tratava-se de enfraquecer as tradiccedilotildees nacional-estatistas quebrando reservas de mercado diminuindo tarifas protecionistas privatizando atividades e setores econocircmicos Nesse sentido houve uma espeacutecie de continuidade entre os governos Collor Itamar e FHC que em perspectiva histoacuterica retomaram

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redefinindo-as algumas ideias baacutesicas que animavam as forccedilas que participaram da vitoacuteria do Golpe de 1964 presentes sobretudo no governo Castelo Branco e que seriam abandonadas depois pelos governos ditatoriais que se seguiram (REIS 2014 p 117)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Portanto as conclusotildees as quais esse artigo se comprometera foi levantar e apontar atraveacutes de pesquisas as dificuldades poliacuteticas e institucionais de implantaccedilatildeo do Plano Real diante de um quadro clientelista do Congresso Nacional onde a coalizatildeo poliacutetica para a formaccedilatildeo de uma base governista mostrava-se necessaacuteria a fim de que projetos pudessem ser aprovados tomando-se como exemplo a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) somente um ano apoacutes a sua implantaccedilatildeo as dificuldades com o presidente Itamar Franco que em momentos de crise natildeo se julgava digno para o cargo mas sabemos o tamanho de sua importacircncia para a transiccedilatildeo democraacutetica em um periacuteodo turbulento de nossa recente redemocratizaccedilatildeo como o impeachment de Collor e a proacutepria escolha do embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda apoacutes uma rodada de ministros que caiacuteram ao fracassarem perante o desafio da hiperinflaccedilatildeo a proacutepria crise institucional aberta pelos militares representados pela jovem oficialidade dos quarteacuteis propondo uma intervenccedilatildeo destituindo Itamar Franco apoacutes o episoacutedio do carnaval do Rio sendo preciso o ministro Fernando Henrique Cardoso ameaccedilar a renuacutencia levando junto toda a equipe econocircmica e a proacutepria campanha presidencial de 1994 onde Lula liderava a corrida ao Planalto mas com um discurso contra o plano econocircmico alegando que era recessivo Outra conclusatildeo a qual chegamos eacute a questatildeo da reconstruccedilatildeo do Estado brasileiro no modelo neoliberal em uma espeacutecie de continuidades entre os governos Collor Itamar e FHC levando ateacute mesmo um partido tradicional de esquerda o PT a aderir a esse modelo ainda que promovesse rupturas contra-hegemocircnicas com maior ecircnfase no campo social em uma espeacutecie de reformismo moderado Este artigo ainda abre precedentes para que mais estudos possam ser aprofundados no campo poliacutetico como a compreensatildeo de funcionamento do Congresso nas particularidades poliacuteticas do Brasil dentro do regime presidencialista e como se faz necessaacuteria a montagem de coalizotildees poliacuteticas com o mesmo Congresso para que o poder executivo veja aprovadas as suas prerrogativas 6 Referecircncias Bibliograacuteficas CARDOSO Fernando Henrique WINTER Brian O improvaacutevel Presidente do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2013 CASTRO Laviacutenia Barros de HERMANN Jennifer Economia Brasileira Contemporacircnea (1945-2004) 13ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Campus 2005

DIMENSTEIN Gilberto SOUZA Josias A Histoacuteria Real ndash Trama de uma Sucessatildeo 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Aacutetica 1994 FAUSTO Boris Histoacuteria Concisa do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Edusp 2014 GUENAUD Amaury VASCONCELLOS Marcos A S de Economia Brasileira Contemporacircnea 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo 2007 REIS Daniel Aaratildeo Modernizaccedilatildeo Ditadura e Democracia 1964-2010 Satildeo Paulo Objetiva 2014 SOLIMEO Marcel TROSTER Roberto Luis Plano Real ndash Situaccedilatildeo Atual e Perspectivas Satildeo Paulo CIEE ndash Centro de Integraccedilatildeo Empresa-Escola 1998 Na internet httpwwwmisesorgbr ndash Uma Breve Histoacuteria do Plano Real aos seus 18 anos Por Leandro Roque httpwwwunicampbrunicampunicamphojejujulho2004ju259pag03ht - Jornal Unicamp Por Clayton Levy

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PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA

Constacircncio Bortoni Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

constanciobortonifaccampbr

RESUMO Neste trabalho satildeo apresentados os conceitos e implementaccedilatildeo da aproximaccedilatildeo homograacutefica para projetos de filtros de 2a ordem digitais IIR (Infinite Impulse Response) utilizando a aproximaccedilatildeo homograacutefica para fazer a conversatildeo de um filtro analoacutegico em um equivalente filtro digital Foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros Palavras chave Homograacutefica IIR Filtro Digital e funccedilatildeo transferecircncia ABSTRACT Concepts and implementation of homograph approaching to designs the 2nd order digital filter IIR (Infinite Impulse Response) With homograph approaching can make the conversion of an analog filter in an equivalent digital filter We used as a basis the real parameters of three basic topologies of 2nd order analog filters low pass filter high-pass filter and band-pass filter With the analog transfer function in the s-domain (Laplace) of the above-mentioned filters the transformation to the transfer function for digital domain z was made using homograph transformation Through the transfer function in z the difference equation is obtained and the coefficients of the filters Keywords Homograph approaching IIR Digital Filter and transfer function

1 INTRODUCcedilAtildeO O filtro digital eacute uma importante ferramenta no tratamento de sinais eletrocircnicos E o seu uso vem sendo cada vez mais empregado devido agrave crescente digitalizaccedilatildeo dos nossos sistemas No nosso dia-a-dia o

sinal puramente analoacutegico estaacute dando lugar ao sinal digital Como exemplo podemos citar a TV digital comunicaccedilatildeo de dados raacutedio digital telefonia entre outros A grande vantagem do filtro digital quando comparado como filtro analoacutegico eacute que para alterar os paracircmetros do filtro (frequecircncia de corte curva de resposta e tipo) natildeo eacute necessaacuterio qualquer alteraccedilatildeo de hardware apenas alterar os coeficientes adequadamente (apenas alteraccedilatildeo de firmware) para ter o resultado desejado Este trabalho foi realizado pensando na necessidade do melhor entendimentovisualizaccedilatildeo dos caacutelculos dos coeficientes dos filtros digitais conhecer e aplicar as estruturas de realizaccedilatildeo de sistemas discretos e estudo de projeto de realizaccedilatildeo de filtros digitais Fazendo a conexatildeo da teoria com resultados visuais provenientes de simulaccedilotildees com software de simulaccedilatildeo numeacuterica Com a simulaccedilatildeo do projeto analisou-se os sinais de entradasaiacuteda do filtro digital usando a transformada de Fourier-FFT (para a visualizaccedilatildeo das componentes em frequecircncia que compotildeem os sinais) e a resposta em frequecircncia do filtro usando diagrama de Bode 2 APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Quando se trabalha no domiacutenio discreto digital a funccedilatildeo de transferecircncia analoacutegica tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) deve ser representada por uma funccedilatildeo transferecircncia discreta no domiacutenio z Pode-se usar diferentes modos de aproximaccedilotildees para realizar essa transformaccedilatildeo do domiacutenio s para o domiacutenio z poreacutem nem todas as aproximaccedilotildees garantem que uma funccedilatildeo estaacutevel no domiacutenio s seja estaacutevel no domiacutenio z A aproximaccedilatildeo homograacutefica garante o mapeamento da regiatildeo de estabilidade o semiplano esquerdo do domiacutenio s dentro da regiatildeo de estabilidade ciacuterculo unitaacuterio do domiacutenio z Ou seja garante que se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no domiacutenio s ao ser transformada para o domiacutenio z tambeacutem seraacute estaacutevel O processo inverso tambeacutem eacute verdadeiro se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no

143 domiacutenio z continuaraacute sendo estaacutevel quando transformada para o domiacutenio s Para converter uma funccedilatildeo transferecircncia do tempo contiacutenuo para o tempo discreto usa-se a aproximaccedilatildeo abaixo

119904 =2∆119905

1 minus 119911minus1

1 + 119911minus1

(1)

onde o siacutembolo Δt eacute o periacuteodo da frequecircncia de amostragem A frequecircncia de amostragem representa o nuacutemero de amostras que eacute retirado de um sinal analoacutegico (sinal contiacutenuo no tempo) em um periacuteodo de 1 segundo Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto H(z)

119867(119911) = 119867(119904)

119904 = 2∆119905

1 minus 119911minus11 + 119911minus1

(2)

H(s) eacute a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo domiacutenio s Quando for necessaacuterio fazer o processo inverso de converter uma funccedilatildeo transferecircncia discreta para uma funccedilatildeo transferecircncia no tempo continua faz-se

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(3)

Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo H(s)

119867(119904) = 119867(119911)

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(4)

Essa aproximaccedilatildeo apresenta uma natildeo linearidade em frequecircncia para altas frequecircncias ou seja ao fazer o mapeamento do domiacutenio s para o domiacutenio z ocorre um deslocamento no valor da frequecircncia de corte Essa alteraccedilatildeo da frequecircncia de corte pode ser corrigida considerando o caacutelculo da frequecircncia de corte do filtro analoacutegico abaixo

119865119888119886 = 1

120587 lowast ∆119905 lowast tan(120587 lowast ∆119905 lowast 119865119888119889) (5)

onde Fca eacute a frequecircncia de corte do filtro analoacutegico Fcd eacute a frequecircncia de corte do filtro digital 3 FUNCcedilAtildeO TRANSFEREcircNCIA NO DOMIacuteNIO Z Neste trabalho foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros

31 Filtro passa-baixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-baixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119861(119904) =1198961205960

2

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(6)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-baixa de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 1 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-baixa de 2a ordem

119867119875119861(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1

119871119862

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(7)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (7) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-baixa de 2a ordem digital 119867119875119861(119911) =

119911minus2 + 2119911minus1 + 1

4119871119862∆1199052 minus

2119877119862∆119905 + 1 119911minus2 + 2 minus 8119871119862

∆1199052 119911minus1 + 4119871119862

∆1199052 + 2119877119862∆119905 + 1

(8)

32 Filtro passa-alta de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-alta de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119860(119904) =1198961199042

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(9)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analogico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-alta de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituido de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

144

FIG 2 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-alta de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo para o circuito da FIG2 considerando a equaccedilatildeo (9) e k=1 eacute dada por

119867119875119860(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1199042

1199042 + 1119877119862 119904 + 1

119871119862

(10)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (10) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-alta de 2a ordem digital 119867119875119860(119911) =

4∆1199052 119911

minus2 minus 8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052

4∆1199052 minus

2∆119905119877119862 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2

∆119905119877119862 + 1119871119862

1)

33 Filtro passa-faixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-faixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119865(119904) =119896 1205960

119876 119904

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(12)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa- faixa de 2a ordem estudado nesse trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 3 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-faixa de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo continuo para o circuito da FIG3 considerando a equaccedilatildeo (12) e k=1 eacute dada por

119867119875119865(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=119877119871 119904

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(13)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (13) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-faixa de 2a ordem digital 119867119875119865(119911) =

minus2119877119871∆119905 119911

minus2 + 2119877119871∆119905

4∆1199052 minus

2119877119871∆119905 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2119877

119871∆119905 + 1119871119862

4)

4 SIMULACcedilAtildeO E RESULTADOS Abaixo temos os resultados apoacutes a simulaccedilatildeo dos filtros digitais passa-baixa passa-alta e passa-faixa Para fazer as simulaccedilotildees foram considerados as funccedilotildees transferecircncias no domiacutenio z das equaccedilotildees (8 11 e 14) e software de simulaccedilatildeo numeacuterica Foram simuladas o funcionamento dos filtros atraveacutes da resposta em frequecircncia da magnitude e fase (Diagrama de Bode) para os filtros analoacutegicos e os seus respectivos filtros digitais com a aproximaccedilatildeo homograacutefica 41 Filtro passa-baixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-baixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 4 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa

analoacutegico de 2a ordem

FIG 5 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa digital de 2a

ordem

145 42 Filtro passa-alta de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-alta de 2a ordem os valores de componentes indutor de 1 mH capacitor de 25 mF e resistor de 22 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 6 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta

analoacutegico de 2a ordem

FIG 7 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta digital

de 2a ordem 5 Filtro passa-faixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-faixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 8 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa analoacutegico de 2a ordem

FIG 9 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa digital de 2a ordem

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Ao analisar as FIG 4 e 5 para o filtro passa-faixa as FIG 6 e 7 para o filtro passa-alta e as FIG 8 e 9 para o filtro passa-faixa tem-se que com a implementaccedilatildeo do filtro digital atraveacutes da aproximaccedilatildeo homograacutefica tiveram uma simetria dos resultados de simulaccedilatildeo muito expressiva Podendo ser considerado que as respostas em frequecircncia da magnitude e fase para os filtros analoacutegicos e digitais satildeo iguais Ou seja quando feito o projeto de filtro digital IIR usando a aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves caracteriacutesticas de resposta em frequecircncia requeridas satildeo mantidos com uma grande vantagem do filtro digital e sua altiacutessima flexibilidade Natildeo precisando fazer alteraccedilatildeo de hardware (componentes e lay-out de placas de circuito impresso) para alteraccedilatildeo dos paracircmetros do filtro basta apenas fazer a alteraccedilatildeo dos coeficientes adequadamente em sua programaccedilatildeo (alteraccedilatildeo do firmware) Este trabalho foi feito com base nas caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Aplicando-se os mesmos conceitos da aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves trecircs topologias os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir neste estudo os resultados da implementaccedilatildeo desses filtros usando um Kit DSP REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS HAYKIN Simon VEEN Barry Van Sinais e sistemas Bookman Companhia 2000 HAYES Monson H Processamento digital de sinais RS Artmed 2006 HSU Hwei P Signals and systems EUA McGraw-Hill 1995 SEARA R Processamento digital de sinais I Material de aula programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia Eleacutetrica - UFSC Florianoacutepolis 2002 FILHO S N Filtros seletores de sinais Editora da UFSC Florianoacutepolis1998

146 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA

O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA

Maria do Carmo Guedes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 mariaguedesfaccampbr

Milton Barros de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 miltonbarroshotmailcom

RESUMO Proacutepolis eacute uma das substacircncias produzidas pelas abelhas a partir da coleta da seiva de plantas sendo uma resina eacute empregada na proteccedilatildeo das paredes da colmeia Quimicamente eacute composta por cerca de 300 compostos orgacircnicos Por sua grande complexidade em constituintes quiacutemicos com compostos originados de todas as funccedilotildees orgacircnicas quiacutemicas conhecidas mas principalmente em flavonoides e compostos fenoacutelicos esta resina apresenta atividades anti-inflamatoacuteria antitumoral antioxidante entre outras Esta variedade de compostos orgacircnicos possibilita um excelente tema para contextualizar o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos orgacircnicos Palavras chaves proacutepolis funccedilotildees orgacircnicas flavonoide compostos fenoacutelicos ABSTRACT Propolis is one of the substances produced by bees from collecting the sap of plants being a resin it is employed to protect the walls of the hive Chemically it is composed of about 300 organic compounds By their great complexity in chemical constituents with compounds that originate from all known chemical organic functions but primarily in flavonoids and phenolic compounds this resin has anti inflammatory activity antitumor antioxidant among others This variety of organic compounds makes it an excellent theme for contextualizing the teaching of organic functions and nomenclature of organic compounds Key words propolis organic functions flavonoids pnenolic compounds INTRODUCcedilAtildeO O estudo sobre a atividade de produtos naturais tem sido priorizado visando principalmente agrave atividade bioloacutegica A eficaacutecia destes produtos tem sido reconhecida e os desafios satildeo identificar novos compostos bioativos e entender seus mecanismos de accedilatildeo

(OLDONI 2007) Devido agrave riqueza da flora brasileira os estudos com as plantas empregadas popularmente tem propiciado a busca destas moleacuteculas (COUTINHO et al 2009) Em meio agrave enorme diversidade de produtos naturais existentes no Brasil os produtos apiacutecolas tecircm apresentado destaque por serem de faacutecil obtenccedilatildeo e por apresentar inuacutemeras propriedades farmacoloacutegicas Dentre estes do ponto de vista econocircmico a proacutepolis eacute uma importante alternativa terapecircutica (SOARES et al 2006 TAVARES et al 2006) Segundo Alencar et al (2007) a proacutepolis vermelha brasileira possui novos compostos bioativos aleacutem dos encontrados na proacutepolis verde A proacutepolis vermelha eacute uma fonte de compostos com atividades bioloacutegicas Dentre as classes quiacutemicas encontradas na proacutepolis brasileira encontram-se os aacutecidos os alcooacuteis os eacutesteres os aldeiacutedos aminas e entre os compostos responsaacuteveis pelas atividades estatildeo os flavonoides discutidos neste trabalho De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais PCNrsquos os conteuacutedos de Quiacutemica natildeo devem se resumir apenas agrave mera transmissatildeo de informaccedilotildees mas devem relacionar-se com o cotidiano do aluno do ensino meacutedio Desse modo a proacutepolis por sua enorme variedade de compostos quiacutemicos presentes de diferentes funccedilotildees orgacircnicas possibilita contextualizar o conteuacutedo programaacutetico de funccedilotildees orgacircnicas com um tema do cotidiano PROacutePOLIS A composiccedilatildeo quiacutemica da proacutepolis varia de regiatildeo para regiatildeo sendo que a proporccedilatildeo dos tipos de substacircncias encontradas eacute variaacutevel e dependente do local da coleta Foram encontrados vaacuterios compostos onde mais de 300 substacircncias diferentes jaacute foram identificadas entre elas tecircm-se derivados de aacutelcool fenol aldeiacutedos aminoaacutecidos aacutecidos aromaacuteticos eacutesteres de aacutecidos aromaacuteticos flavonas e flavonoacuteis hidrocarbonetos e eacutesteres graxos aacutecidos graxos cetonas terpenoacuteides e esteroacuteides e accediluacutecares entre outros Exemplos dessas classes quiacutemicas estatildeo resumidas na tabela 1 Em termos

147 de nutrientes presentes na proacutepolis eacute conhecida a presenccedila de quantidades de vitaminas tais como B1 B2 B6 E aacutecido ascoacuterbico aacutecido pantotecircnico e dos minerais Fe Ca Al Va Sr Mn e Si Aleacutem destes minerais destaca-se a presenccedila de elementos como Na K Mg Ba Zn Cd Ni Ag Cu e Co Os tipos de compostos aromaacuteticos e terpecircnicos encontrados na proacutepolis tecircm uma importacircncia bioloacutegica que permite a determinaccedilatildeo das espeacutecies visitadas pelas abelhas (MARCUCCI 1995 MARCUCCI et al 1996)

Tabela 1Exemplos de compostos identificados na proacutepolis bruta

Propriedades Farmacoloacutegicas da Proacutepolis

148 A proacutepolis pode ser usada em forma de liacutequido pomada pastilha granulada caacutepsula comprimido e pasta dental Em forma de lascas e pastilhas eacute indicada para faringites amigdalites gengivites estomatites gripes e pneumonia e na forma granulada indicada contra uacutelceras-gaacutestricas e distuacuterbios intestinais Em poacute ou liacutequido para cistite nefrite prostatite e outras inflamaccedilotildees Em pomadas ou caacutepsulas contra luacutepulos abscessos ulceraccedilotildees eczemas queimaduras herpes entre outros A proacutepolis tambeacutem tem sido muito utilizada no tratamento de cacircncer bucal e em tumores Possui propriedades que foram descritas principalmente contra doenccedilas do sistema muscular - articular e outros tipos de inflamaccedilotildees infecccedilotildees reumatismos e torccedilotildees Tambeacutem foi utilizada em aplicaccedilotildees dermatoloacutegicas para cicatrizaccedilatildeo de ferimentos regeneraccedilatildeo de tecidos tratamento de queimaduras neurodermites eczemas dermatite de contato uacutelceras externas psoriacutease lepra herpes simplex zoster e genitalis pruridos e dermatoacutefitos A proacutepolis demonstrou ser efetiva contra doenccedilas do aparelho digestivo indicando uma potente atividade hepatoprotetora e um agente anti-uacutelcera Na odontologia foi utilizada como anesteacutesico em dentifriacutecios preparaccedilotildees para lavagem bucal tratamento de gengivites quelite e na poacutes-extraccedilatildeo dentaacuteria Satildeo tambeacutem conhecidas suas propriedades antisseacutepticas adstringentes hipotensivas e citostaacuteticas (Marcucci 1996) Na tabela 2 estatildeo resumidas algumas propriedades farmacoloacutegicas estudadas na proacutepolis Ensinando Quiacutemica Orgacircnica atraveacutes da Proacutepolis A Quiacutemica Orgacircnica estaacute intrinsecamente relacionada com a vida tendo sido em seus primoacuterdios considerada a quiacutemica dos produtos naturais Assim eacute possiacutevel contextualizar sua aprendizagem em sala de aula atraveacutes de temas do cotidiano da vida e da natureza Aleacutem disso a inserccedilatildeo de experimentos relacionados agrave teoria apresentada provoca um forte interesse nos educandos em todos os niacuteveis de escolarizaccedilatildeo pois eles oferecem um sentido real ao estudo teoacuterico uma motivaccedilatildeo ao estudo agrave percepccedilatildeo e agrave observaccedilatildeo sendo de caraacuteter luacutedico Didaticamente o desenvolvimento de atividades experimentais leva ao aumento da capacidade da aprendizagem dos educandos pelo envolvimento no tema em estudo (GIORDAN 1999) Uma Funccedilatildeo Orgacircnica eacute claramente definida como um conjunto de substacircncias que possuem siacutetios reativos os chamados Grupos Funcionais com propriedades quiacutemicas e reatividades semelhantes Tabela 2 Propriedades bioloacutegicas da proacutepolis resumidas

em funccedilatildeo do paiacutes do estudo e em ordem cronoloacutegica

Os Grupos Funcionais satildeo aacutetomos ou grupo de aacutetomos que caracterizam a Funccedilatildeo a que o composto pertence e estatildeo resumidos na Figura 1

bull Hidrocarbonetos

bull Fenoacuteis

bull Enoacuteis

bull Aacutelcoois

bull Eacuteteres

149

bull Aldeiacutedos

bull Cetonas

bull Aacutecidos carboxiacutelicos

bull Eacutesteres

bull Haletos de aacutecidos

bull Anidridos de aacutecido carboxiacutelico

bull Funccedilotildees Tio

bull Aminas

bull Amidas

bull Nitrilas

Figura 1 Grupos Funcionais das Funccedilotildees orgacircnicas Nomenclatura Para nomear-se um composto orgacircnico eacute necessaacuterio previamente observar a cadeia carbocircnica quanto ao tipo de ligaccedilotildees quiacutemicas existentes a natureza da funccedilatildeo orgacircnica principal a natureza dos carbonos o nuacutemero e a natureza de grupos radicais ligados agrave cadeia principal e o nuacutemero de carbonos da cadeia principal Quanto ao tipo de ligaccedilotildees de carbono tecircm-se ligaccedilotildees simples (a) duplas (b) e triplas (c) (Figura 2)

Figura 2 Tipos de ligaccedilotildees quiacutemicas Quanto agrave natureza dos carbonos estes podem ser classificados em primaacuterio (a) secundaacuterio (b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d) (Figura 3)

Figura 3 Tipos de carbonos primaacuterio (a) secundaacuterio

(b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d)

Quanto agrave natureza da cadeia carbocircnica esta pode ser classificada em cadeia alifaacutetica aciacuteclica ou aberta alifaacutetica ciacuteclica ou fechada e cadeia carbocircnica aromaacutetica Uma cadeia aberta eacute aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas natildeo haacute nenhum encadeamento fechamento ciclo ou anel enquanto uma cadeia fechada natildeo possui nenhuma extremidade ou ponta seus aacutetomos satildeo unidos fechando a cadeia e formando um encadeamento ciclo nuacutecleo ou anel Jaacute uma cadeia aromaacutetica apresenta pelo menos um anel aromaacutetico A Figura 4 apresenta exemplos de cadeia aciacuteclica (a) cadeia ciacuteclica (b) e cadeia aromaacutetica (c)

Figura 4 Exemplos de Cadeias aciacuteclica(a) ciacuteclica

alifaacutetica(b) e ciacuteclica aromaacutetica(c)

150 Nomenclatura oficial IUPAC dos compostos orgacircnicos lineares Para os compostos orgacircnicos de cadeia normal sem ramificaccedilatildeo tecircm-se os prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos da cadeia ilustrados na Tabela 3 e os infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo entre os carbonos resumidos na Tabela 4 e os Grupos Funcionais Funccedilotildees orgacircnicas aleacutem de estruturas e nomes de compostos estatildeo apresentados na Tabela 5

Tabela 3 Prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos

Tabela 4 Infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo -C-C-

Tabela 5 Grupos Funcionais funccedilotildees orgacircnicas e

nomes de compostos orgacircnicos

Fonte FONSECA 1992

151 Se a cadeia possuir pelo menos 1 carbono terciaacuterio ou quaternaacuterio ela seraacute ramificada (uma cadeia principal e uma ou mais cadeias secundaacuterias) Para escolha da cadeia principal devem-se seguir os criteacuterios expostos a seguir 1) A cadeia principal deve possuir a) O grupo funcionl b) O maior nuacutemero de insaturaccedilotildees e c) a sequencia mais longa de aacutetomos de carbono 2) Caso no composto orgacircnico haja duas ou mais possibilidades de escolha de cadeia principal com o mesmo nuacutemero de carbonos devemos escolher como principal aquela que tiver o maior nuacutemero de ramificaccedilotildees 3) Quando a cadeia eacute mista consideramos preferencialmente como principal a parte aliciacuteclica ou aromaacutetica

Os compostos flavonoides satildeo os responsaacuteveis pelas propriedades farmacoloacutegicas da proacutepolis Os flavonoacuteides possuem um esqueleto baacutesico -C3-C6-C3- (Figura 5) subdivididos nas classes chalconas flavanas flavonas flavanonas flavonoacuteis isoflavonas e antocianinas Entre os flavonoacuteis e as flavonas encontram-se os compostos quercetina canferol luteolina e apigenina cujas estruutras estatildeo apresentadas na Figura 6 Alguns compostos dessas classes encontrados na proacutepolis estatildeo apresentados na Tabela 6

Figura 5 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 6 Estrutura de flavonoacuteis e flavonas

Tabela 6 Flavonas e Flavonoacuteis encontrados na proacutepolis

PROJETO PROacutePOLIS EXPERIMENTO DE CROMATOGRAFIA Para completar a contextualizaccedilatildeo do tema propocircs-se um experimento denominado ldquoCromatografia em camada delgada de amostras de Proacutepolisrdquo aplicado em sala de aula para alunos do uacuteltimo ano do ensino meacutedio do Coleacutegio Cosmos situado na cidade de Campo Limpo Paulista Satildeo Paulo Objetivo Avaliar a presenccedila de flavonoides da proacutepolis em produtos comerciais Material e Meacutetodos - Materiais e reagentes

bull 50 mL de Soluccedilatildeo HexanoAcetato de etila ( 11) e 10 gotas de Etanol (fase moacutevel) bull Extrato de proacutepolis padratildeo ( amostra 1) bull Extrato de proacutepolismeltutti-fruti (amostra 2) bull Extrato de proacutepolismelmenta (amostra 3) bull Extrato de proacutepolismellimatildeo (amostra 4) bull Papel de filtro Whatman (fase estacionaacuteria) bull Tesoura bull Cuba cromatograacutefica

152 bull Reacutegua bull Capilares bull Funil de separaccedilatildeo de 125mL bull Becker de 100mL bull Bico de Bunsen Procedimento

- Preparaccedilatildeo das amostras 1 Escolha um produto comercial de proacutepolis 2 Dilua 10mL do produto comercial em 50mL de aacutegua destilada (mel e proacutepolis com a respectiva essecircncia) 3 Coloque em um funil de separaccedilatildeo de 125 mL e adicione 20mL de Acetato de etila 4 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a em um beacutequer de 50 mL 5 Volte a fase aquosa (de baixo) para o funil e acrescente mais 20mL de Acetato de etila 6 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a no mesmo beacutequer onde guardou a primeira fraccedilatildeo separada 7 Concentre estas duas fraccedilotildees orgacircnica de acetato de etila aquecendo cuidadosamente em bico de Bunsen) ateacute o volume de 10 mL - Preparaccedilatildeo dos cromatogramas (fase estacionaacuteria) 1 Manipular o papel com cuidado e pelas pontas e cortar tiras nas dimensotildees de 10cm de largura por 20 cm de altura 2 Desenhar com um laacutepis preto uma linha na altura de 2 cm da margem 3 Marcar nesta linha 3 pontos distantes um do outro 2 cm deixando uma borda de 2cm de cada lado do papel 4 Encher um capilar com a amostra padratildeo e aplique-o no meio do papel 5 No ponto do lado esquerdo aplique um capilar cheio da amostra comercial escolhida 6 No ponto do lado direito aplique 2 capilares da amostra comercial escolhida - Cromatrografia em papel

1 Colocar na cuba 50 mL da fase moacutevel (soluccedilatildeo 11 de HexanoAcetato de etila com 10 gotas de etanol) 2 Colocar dentro da cuba uma tira de papel de filtro de dimensotildees de 5 cm de largura e da altura da cuba 3 Coloque seu papel (cromatograma) na cuba Tampe bem a cuba e permita a corrida cromatograacutefica (Figura 7) 4 Quando o solvente subir pelo papel ateacute 2 cm antes do final do papel retire-o da cuba e seque-o na capela

- Visualizaccedilatildeo dos flavonoacuteides da proacutepolis

1 Com o papel seco leve-o ateacute a cacircmara de luz UV e marque com um laacutepis as manchas fluorescentes que visualizar 2 Compare as manchas da soluccedilatildeo padratildeo com as manchas

Figura 7 Cromatograma das amostras de produtos comerciais contendo proacutepolis

Ao final procedeu-se a um questionaacuterio para sedimentaccedilatildeo dos conceitos e discussatildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha padratildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - A visualizaccedilatildeo com a luz UV permitiu vocecirc observar mais manchas no papel - As manchas dos produtos comerciais estatildeo na mesma altura (Rf) das manchas da amostra padratildeo - Se as manchas dos produtos comerciais possuiacuterem o mesmo Rf das manchas da amostra padratildeo vocecirc pode concluir afirmativamente que se trata dos mesmos compostos Os questionaacuterios foram avaliados e as respostas obtidas corrigidas e discutidas com porcentagem de acertos correspondente a 87 CONCLUSAtildeO O uso dos compostos orgacircnicos da proacutepolis como ferramenta para o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos mostrou-se muito efetivo e interessante (do ponto de vista pedagoacutegico) para este fim principalmente se aliado ao experimento realizado REFEREcircNCIAS

ALENCAR SM OLDONI TLC CASTRO ML CABRAL ISR COSTA-NETO CM CURY JA ROSALEN PL Ikegakid M (2007) Chemical composition and biological activity of a new type of

153 Brazilian propolis red propolis Journal of Ethnopharmacology v113(2) 278-283 COUTINHO M A S MUZITANO M F COSTA SS (2009) Flavonoacuteides potenciais agentes terapecircuticos para o processo inflamatoacuterio Revista Virtual de Quiacutemica v 1(3) 43-50 FONSECA MRM (1992) Quiacutemica quiacutemica orgacircnica 2ordmGrau Satildeo Paulo FTD GIORDAN M (1999) O papel da experimentaccedilatildeo no ensino de ciecircncias Quiacutemica Nova na Escola n 10 43-49 MARCUCCI M C (1995) Apidologie v 26 p83-90 MARCUCCI MC De CAMARGO FA LOPES CMA (1996) Z Naturforsch 51C 100-107 OLDONI T (2007) Isolamento e identificaccedilatildeo de compostos com atividade antioxidante de uma nova variedade de proacutepolis brasileira produzida por abelhas da espeacutecie Apis mllifera Dissertaccedilatildeo (mestrado) Ciecircncia de Alimentos ESALQUSP Satildeo Paulo SP SOARES A K A CARMO G C QUENTAL D P NASCIMENTO D F BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Avaliaccedilatildeo da seguranccedila cliacutenica de um fitoteraacutepico contendo Mikania glomerata Grindelia robusta Copaifera officinalis Myroxylon toluifera Nasturtium officinale proacutepolis e mel em voluntaacuterios saudaacuteveis Rev Bras Farmacogn v 16 447-454 SOLOMONS G FRYHLE C (2004) Organic Chemistry 8ordfed John Wiley amp Sons New Jersey TAVARES J P MARTINS I L VIEIRA A S LIMA F A V BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Estudo de toxicologia cliacutenica de um fitoteraacutepico a base de associaccedilotildees de plantas mel e proacutepolis Rev Bras Farmacogn v16 350-356

154

REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO

Nicoly Coelho Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

nicolycoelhohotmailcom

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Willian Timoacuteteo Malouf Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812 9400

williamfaccampbr

RESUMO O aproveitamento de aacuteguas de chuva aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos proporciona agraves comunidades uma inegaacutevel melhora na qualidade de vida Sendo necessaacuterios cuidados evitando-se assim propagaccedilatildeo de doenccedilas Esse trabalho tem como objetivo a definiccedilatildeo de um bom sistema de aproveitamento de aacuteguas pluviais e agrave anaacutelise da viabilidade financeira de aplicaccedilatildeo de tais medidas O presente estudo demonstra tal dimensionamento pelo meacutetodo praacutetico australiano que enfrenta certas dificuldades uma vez que a produccedilatildeo cientiacutefica na aacuterea eacute um tanto escassa no Brasil comparando-se a outros paiacuteses Tal escassez implica em desafios a qual novas transposiccedilotildees aos obstaacuteculos podem ser apresentadas como uma anaacutelise de retorno de investimento aqui tratada baseada em variantes de custo de tarifa e aplicaccedilatildeo financeira e outro na foacutermula dos juros compostos Foi analisada a precipitaccedilatildeo meacutedia mensal sendo possiacutevel elaborar um planejamento para que o sistema seja eficiente e eficaz tanto para os meses de maiores e menores iacutendices pluviomeacutetricos evitando-se o uso exacerbado dos recursos naturais e tratado para o consumo humano Apoacutes a anaacutelise dos resultados este sistema mostrou-se capaz de ter um bom funcionamento trazendo a reduccedilatildeo significativa de gastos referentes agraves taxas cobradas pelas empresas de saneamento tornando tal praacutetica construtiva viaacutevel agraves residecircncias e agregando valor comercial Palavras chave aproveitamento de aacutegua sustentabilidade meacutetodo praacutetico australiano

ABSTRACT The use of rainwater besides of economic benefits provide to communities one undeniable increasing quality of life Itrsquos necessary take careful to avert the dissemination of disease This paper have the objective the definition of a good system to catchment of rainwater and the analysis of economic viability for application of this measure Present study show the dimensioning through of Practical Australian Method that faces difficulties once that scientific production in branch is scarce in Brazil compared with another countries This shortage involve in challenges where news transpositions of obstacles can be presented like the investments return treated here based in variances of tariff cost and financial investments and other based in the compound interest equation Was analyzed the monthly averaged-rainfall being possible elaborate a planning for what the system being efficient and effective for both month with more and less rainfall avoiding the exacerbated use of natural resources and treated for human consumption After analysis of results this system it showed capable of a good work bringing significant reduction of costs of tariff collects by sanitation companies turning this practice constructive feasible to residences and aggregating commercial value Keywords Use of rainwater sustainable practical australian method 1 INTRODUCcedilAtildeO O projeto de instalaccedilotildees prediais pluviais prevecirc a captaccedilatildeo e destinaccedilatildeo das aacuteguas decorrentes de eventos de

155 precipitaccedilatildeo No Brasil satildeo considerados apenas problemas decorrentes de chuvas uma vez que natildeo se tem problemas com neve Entretanto estes sistemas raramente satildeo projetados com o objetivo de reaproveitamento de aacuteguas das chuvas uma vez que a cultura do paiacutes natildeo estaacute habituada para isso sendo que pouquiacutessimas casas de padratildeo mais elevado possuem este planejamento natildeo gerando credibilidade agraves casas mais populares levando as pessoas a crerem que tais instalaccedilotildees satildeo onerosas e ineficientes o que muitas vezes ocorre por mau dimensionamento

Por meio do Meacutetodo Praacutetico Australiano (MPA) seraacute exposto a metodologia para o dimensionamento eficaz dessas estruturas sendo assim possiacutevel fazer uma anaacutelise do custo benefiacutecio fazendo uma estimativa do custo das instalaccedilotildees e do tempo que este investimento daraacute retorno

2 METODOLOGIA A metodologia aplicada para o dimensionamento das estruturas conforme jaacute citado seraacute o Meacutetodo Praacutetico Australiano que eacute citado pela ABNT NBR 155272007 contempla os caacutelculos de volume da chuva que eacute dado pela seguinte equaccedilatildeo

119876 = 119860 times 119862 times (119875 minus 119868)

Onde

C = coeficiente de escoamento superficial

P = precipitaccedilatildeo meacutedia mensal

I = interceptaccedilatildeo da aacutegua que molha as superfiacutecies e perdas por evaporaccedilatildeo

A = Aacuterea da coleta

Q = Volume mensal produzido pela chuva

Diversos trabalhos discutem sobre o caacutelculo do volume do reservatoacuterio entretanto seratildeo mantidas as recomendaccedilotildees do meacutetodo utilizado que eacute realizado por tentativas aproximaccedilotildees ateacute que sejam utilizados valores otimizados de confianccedila e volume do reservatoacuterio

119881119905 = 119881119905minus1 + 1198761 minus 119863119905

Onde

119876119905= volume mensal produzido pela chuva no mecircs t

119881119905= volume de aacutegua que estaacute no tanque no fim do mecircs t

119881119905minus1= volume de aacutegua que estaacute no tanque no iniacutecio do mecircs t

119863119905= Demanda mensal

A confianccedila tambeacutem utilizada no caacutelculo do reservatoacuterio eacute calculada da seguinte forma

119875119903 =119873119903119873

Onde

119875119903= falha

119873119903= nuacutemero de meses em que o reservatoacuterio natildeo atingiu a demanda isto eacute quando 119881119905 = 0

119873= nuacutemero de meses considerado

3 DESENVOLVIMENTO Por meio de meacutetodos da hidrologia estatiacutestica uma seacuterie histoacuterica de dados de precipitaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute compreendendo o periacuteodo de 1997 a 2013 foi levantada para fazer uma comparaccedilatildeo com o valor empiacuterico adotado de 150mmh que representa chuva caracteriacutestica para a regiatildeo de Atibaia

Tais dados geraram importantes informaccedilotildees sobre a meacutedia da precipitaccedilatildeo e a configuraccedilatildeo desta ao longo dos anos Um preocupante dado foi encontrado incluindo-se o ano de 2014 ateacute o mecircs de setembro mostrando que este ano somava ateacute julho uma precipitaccedilatildeo menor do que a meacutedia natural para o mecircs de janeiro Tal comparaccedilatildeo pode ser visualizada no Graacutefico 1

156

Graacutefico 1 ndash Precipitaccedilatildeo Total Anual

Entretanto como se trata de um ano totalmente atiacutepico fora calculada a meacutedia excluindo-se o ano de 2014 O meacutetodo praacutetico australiano permite que os dados de entrada sejam analisados mensalmente tornando o caacutelculo mais elegante e permitindo um melhor planejamento do recurso Edifiacutecio modelo O edifiacutecio modelo seraacute feito com uma aacuterea de 80msup2 com um telhado caracteriacutestico de quatro aacuteguas com inclinaccedilatildeo de 25 sendo considerado com telha ceracircmica O sistema de captaccedilatildeo foi dimensionado considerando o uso de PVC sendo a aacuterea de captaccedilatildeo de 10506msup2 A edificaccedilatildeo modelo eacute ilustrada na Figura1 - Edificaccedilatildeo modelo

Figura5 - Edifiacutecaccedilatildeo modelo

Apoacutes a aacutegua percorrer este sistema ela eacute encaminhada para o reservatoacuterio que eacute dimensionado pelo meacutetodo praacutetico australiano Dados do projeto O estudo foi feito a partir de uma residecircncia com quatro pessoas onde o consumo maacuteximo da rede de abastecimento girou em torno de 17msup3mecircs durante os periacuteodos com grandes precipitaccedilotildees (sendo o semestre chuvoso da regiatildeo de Jundiaiacute do mecircs de Novembro a Abril) e 13msup3mecircs durante o periacuteodo de estiagem (de Marccedilo a Outubro) conforme eacute demonstrado pelo Graacutefico 2

Graacutefico 1

157

O projeto conta tambeacutem com um plano de contingecircncia uma vez que o meacutetodo praacutetico australiano prevecirc o volume de aacutegua presente em todos os meses Macintyre 2013 propotildee que o consumo para uma casa de mesmo nuacutemero de habitantes seja de 1000 ldia ou seja 200 lpessoadia Entretanto neste trabalho eacute adotado um valor de 50 do consumo total uma vez que o reservatoacuterio de reaproveitamento de aacuteguas pluviais iraacute apenas direcionar aacutegua para torneiras de lavagem vasos sanitaacuterio e locais onde a aacutegua utilizada natildeo precisa de grandes processos de tratamentos Os caacutelculos foram realizados a partir dos dados extraiacutedos das informaccedilotildees fornecidas pelo DAE no site da distribuidora adquiridos a partir de estaccedilotildees pluviomeacutetricas gerenciadas pela instituiccedilatildeo Com o processamento desses dados contando com informaccedilotildees nos periacuteodos de 1997 a 2013 foi possiacutevel determinar a seacuterie anual de precipitaccedilotildees meacutedias mensais A partir da anaacutelise dos totais mensais foi elaborado um graacutefico no qual eacute possiacutevel determinar o semestre chuvoso Tais meacutedias estatildeo expostas no Graacutefico 3

Graacutefico 2

Retorno de investimento O retorno de investimento foi obtido pela foacutermula de juros compostos simulando o investimento inicial numa aplicaccedilatildeo de baixo risco (poupanccedila onde o juros eacute de 05) com a equaccedilatildeo do valor futuro que iraacute mostrar quando os dois investimentos iratildeo se igualar sendo expressa da seguinte forma 119877119894 = (119862 times (1 + 119869)119898119890119904119903119894)

+ (119862119894 times 119876) times (1 + 119875119886)119898119890119904119903119894 minus 1

119875119886

Onde 119877119894= retorno do investimento [meses] 119862= custo total de implantaccedilatildeo e manutenccedilatildeo [reais] 119862119894= custo de tarifa mensal [reais] 119869 = juros liacutequidos de aplicaccedilatildeo de baixo risco ao mecircs 119875119886= previsatildeo de aumento do custo do insumo acima da inflaccedilatildeo cobrada ao mecircs 4 RESULTADOS Com a utilizaccedilatildeo do meacutetodo praacutetico australiano foi possiacutevel analisar o tamanho do reservatoacuterio a partir da quantificaccedilatildeo das vazotildees geradas pelas precipitaccedilotildees como pode ser visto na Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

MESES PRECIPITACcedilAtildeO MEacuteDIA MENSAL

VOLUME MENSAL (msup3)

JANEIRO 28294 2344

FEVEREIRO 19106 1572

158

MARCcedilO 14062 1148

ABRIL 6094 479

MAIO 6622 523

JUNHO 4735 364

JULHO 5024 389

AGOSTO 2976 217

SETEMBRO 6915 548

OUTUBRO 11233 91

NOVEMBRO 15579 1276

DEZEMBRO 19641 1617

Apoacutes estes resultados foram comparadas tais vazotildees com o consumo mensal conforme o Graacutefico 4

Graacutefico 3

Apoacutes a determinaccedilatildeo destes dados foi possiacutevel atraveacutes do caacutelculo de retorno de investimento verificar o tempo de retorno do investimento inicial Foi levada em consideraccedilatildeo uma aplicaccedilatildeo inicial de R$ 2000000 (vinte mil reais) que contempla os materiais matildeo- de- obra e manutenccedilatildeo do sistema Para provar a viabilidade do sistema bem como os benefiacutecios por ele oferecidos foi suposto que este investimento inicial estivesse aplicado em poupanccedila rendendo assim aproximadamente 05 ao mecircs Jaacute o caacutelculo de quantos meses seriam necessaacuterios para o retorno do investimento com a economia de aacutegua foi realizado a partir do caacutelculo de valor futuro Chegou-se entatildeo ao resultado de 60 meses conforme pode-se verificar no Graacutefico 5

Graacutefico 4 - Tempo de retorno calculado

5 CONCLUSAtildeO Com a obtenccedilatildeo destes resultados foi possiacutevel chegar agrave conclusatildeo de que o sistema de reaproveitamento de aacuteguas pluviais eacute natildeo somente financeiramente viaacutevel como tambeacutem atende as demandas que lhe satildeo impostas haacute de se considerar que o iacutendice aqui estimado foi um pouco maior do que realmente eacute uma vez que trata-se apenas de aacutegua para lavagem de carros ou pisos limpeza geral e para o sistema de descargas sendo assim o sistema pode se sustentar mesmo com demandas maiores Portanto a conclusatildeo deste trabalho natildeo pode deixar de fazer sua ressalva de que este eacute apenas um estudo que abre as portas para diversos outros como o estudo para um melhor tratamento de aacutegua amortecimento das cheias e inundaccedilotildees meacutetodos construtivos de reservatoacuterios (podendo ser ecoeficiente) entre diversos outros fatores diretamente ligados agrave precipitaccedilatildeo REFEREcircNCIAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 1084489 Rio de Janeiro [sn] 1989 ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 15527007 Rio de Janeiro [sn] 2007 AZEVEDO NETTO J M D Manual de hidraacuteulica 8ordf ediccedilatildeo ed Satildeo Paulo Bluumlcher 1998 MACINTYRE A J Manual de instalaccedilotildees hidraacuteulicas e sanitaacuterias 1ordf ed - [Reimpr] ed Rio de Janeiro LTC 2013 VIGGIANO M H S Edifiacutecios puacuteblicos sustentaacuteveis Brasiacutelia Senado Verde 2010

159

REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO

Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

davidmazzantifaccampbr

Prof Me James Ernesto Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jamesmazzantifaccampbr

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre as questotildees acerca das dificuldades de aprendizagens apresentadas no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica assim como apresentar as caracteriacutesticas gerais em relaccedilatildeo agrave discalculia O que eacute Discalculia O que implica esse transtorno de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem dos alunos

Palavras chave Discalculia aprendizagem matemaacutetica educaccedilatildeo matemaacutetica e dificuldades de aprendizagem ABSTRACT This article aims to reflect on the issues about the difficulties of learning presented in the teaching and learning of mathematics as well as to show the general characteristics for the dyscalculia What is Dyscalculia This implies that learning disorder in the teaching and student learning Keywords Dyscalculia learning math math education and learning difficulties 1 INTRODUCcedilAtildeO

Cada vez mais as questotildees voltadas agrave praacutetica docente estatildeo sendo priorizadas neste panorama educacional atual Estudos referendando a anaacutelise de boas praacuteticas metodologias adequadas agraves diferentes situaccedilotildees de ensino sequecircncias didaacuteticas no cotidiano escolar do aluno e organizaccedilatildeo na gestatildeo da sala de aula satildeo preocupaccedilotildees que ganham espaccedilo nos estudos que abordam o processo de ensino e aprendizagem no paiacutes

Atualmente dialogar com esse panorama tornou-se muitas vezes situaccedilotildees conflitantes ao

professor acostumado agrave atribuiccedilatildeo de papeacuteis que estabelecem sentidos oacutebvios ao processo educativo como se fosse possiacutevel demarcar as reflexotildees acerca dos cotidianos escolares Cotidianos esses imbuiacutedos de fatores histoacutericos e sociais que perpassam os tempos de uma sociedade natildeo estaacutetica e construtora de conhecimentos Assim a mudanccedila acelerada na educaccedilatildeo estaacute causando incertezas e duacutevidas na maioria dos profissionais que atuam hoje na Educaccedilatildeo Baacutesica (IMBERNOacuteN 2001)

Nesse sentido caminhar por essas incertezas tornou-se um desafio constante ao profissional da educaccedilatildeo que deve estar atento ao processo pelo qual a sociedade caminha hoje e que consequentemente seus alunos satildeo agentes construtores tambeacutem dessa engrenagem dinacircmica Logo haacute a necessidade de se estabelecer praacuteticas mais reflexivas que possam operar nesse contexto assim como caminhos reais e possiacuteveis frente agraves situaccedilotildees-problemas que se apresentam muitas vezes na sala de aula pois como afirma Alessandrini (2000 p 160)

[] deparamo-nos com dilemas que desafiam a agir de forma inusitada ateacute mesmo para nossa proacutepria maneira de ser e de fazer Percebemos que a foacutermula maacutegica de antigamente natildeo se adequa agravequilo que precisamos resolver Notamos que algo precisa ser diferente ou melhor que precisamos mudar nossa maneira de responder agraves questotildees que a vida nos apresenta

Assim elencar propostas para melhorar a praacutetica pedagoacutegica na educaccedilatildeo torna-se hoje um construto que caminha com um diaacutelogo mais reflexivo acerca das reais prioridades formativas no que diz respeito agrave aprendizagem do aluno em seus

160 diversos espaccedilos Para tanto visar a essa reflexatildeo panoracircmica do processo de ensino e aprendizagem exige do professor a necessidade de assumir-se como agente construtor tambeacutem desse processo pois no pensar das descobertas de novos saberes e produccedilatildeo de mecanismos de reflexatildeo que levem aos alunos ao desenvolvimento de habilidades e competecircncias ao questionamento e agrave ampliaccedilatildeo de opccedilotildees e atitudes criativas cria-se um ambiente potencializador de aprendizagens muacuteltiplas

2 Dificuldades distuacuterbios e transtornos de

aprendizagem

Atualmente as demandas do mundo contemporacircneo transferem agrave sociedade um grau maior sobre a importacircncia da assimilaccedilatildeo de novos conhecimentos

Portanto eacute evidente que a Educaccedilatildeo seja o elo de acesso a esses novos saberes validando e incorporando esses aprendizados agraves praacuteticas sociais

Assim as accedilotildees contemporacircneas despertam muacuteltiplos olhares no que diz respeito agraves aprendizagens as dificuldades e ao ensino das diversas aacutereas do curriacuteculo escolar Com ecircnfase a Matemaacutetica vem ganhando espaccedilo nesse universo desenvolvendo em seu campo especiacutefico conhecimentos cientiacuteficos produzindo novos conhecimentos e agregando outras aacutereas do saber curricular potencializando a compreensatildeo da realidade na construccedilatildeo de relaccedilotildees que visam agrave formaccedilatildeo integral do cidadatildeo na sociedade

A Matemaacutetica contribui para a formaccedilatildeo e participaccedilatildeo criacutetica do indiviacuteduo na sociedade e deve ser trabalhada visando aos aspectos que fundamentam essa construccedilatildeo interligada de saberes que fornecem aos educandos informaccedilotildees interpretaccedilotildees e utilizaccedilotildees de sinais e coacutedigos na vida cotidiana Portanto as dificuldades apresentadas pelos alunos no decorrer do processo de ensino e aprendizagem estabelecem pontos de partida agrave compreensatildeo dos aspectos relacionados aos sucessos e fracassos em matemaacutetica escolar Eacute importante a anaacutelise desses aspectos levando em conta o trabalho em sala de aula pois para que uma aprendizagem seja efetiva tem que ser significativa ao aluno ou seja deve desvincular a aprendizagem de sentidos mecacircnicos de atitudes natildeo motivadoras que impedem o processo favoraacutevel da aprendizagem em um desempenho escolar que vise a resultados satisfatoacuterios ao aluno pois

A insatisfaccedilatildeo revela que haacute problemas a serem enfrentados tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecacircnicos desprovidos de significados para o aluno Haacute urgecircncia em reformular objetivos rever conteuacutedos e buscar metodologias compatiacuteveis com a formaccedilatildeo que hoje a sociedade reclama (PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1997 p 15)

A compreensatildeo das dificuldades dos alunos com relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica perpassa diferentes aspectos como cognitivos afetivos e metodoloacutegicos Neste iacutenterim haacute a necessidade de que se busque compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos no sentido de uma investigaccedilatildeo pertinente ao processo de ensino e aprendizagem que ocorre no contexto de sala de aula a fim de verificar os fatores responsaacuteveis que possam causar diferenccedilas nas execuccedilotildees dos processos matemaacuteticos trabalhados nas aulas Para isso

[] o diagnoacutestico deve tentar identificar se os alunos com dificuldades de aprendizagem de matemaacutetica diferem quanto aos conceitos habilidades e execuccedilotildees em relaccedilatildeo aos seus companheiros de igual ou menor idade sem dificuldades de aprendizagem Trata-se de determinar se os que apresentam dificuldades de aprendizagem alcanccedilam seu conhecimento aritmeacutetico de maneira qualitativamente distinta daquelas sem essas dificuldades ou pelo contraacuterio adquirem esse conhecimento do mesmo modo poreacutem com ritmo diferenciado (ALMEIDA 2006 p 02)

Nessa perspectiva o conhecimento matemaacutetico escolar deve refletir a construccedilatildeo a apropriaccedilatildeo do saber na compreensatildeo e transformaccedilatildeo da realidade consistindo em observaccedilotildees de um mundo cada vez mais pertencente agraves representaccedilotildees e comunicaccedilotildees graacuteficas expressotildees desenhos tratamento de informaccedilotildees construccedilotildees e organizaccedilotildees de dados ligados agrave apreensatildeo de significados e conexotildees em um mundo interligado e diversificado Essas interligaccedilotildees refletem a pluralidade de culturas as quais relacionadas integram cada vez mais o contexto histoacuterico social poliacutetico econocircmico e educativo do aluno em uma sociedade multi e intercultural

Portanto existe a necessidade de uma maior atenccedilatildeo para a inadequaccedilatildeo de uma abordagem fragmentada do ensino da Matemaacutetica escolar pois

161 como componente construtor de cidadania na medida em que eacute exigido pela contemporaneidade um cidadatildeo reflexivo criacutetico dialeacutetico e cada vez mais preparado tambeacutem para o conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico o desenvolvimento de determinadas habilidades e competecircncias embasa a sua formaccedilatildeo enquanto agente construtor tambeacutem de saberes

Acerca dessa reflexatildeo faz-se necessaacuterio estabelecer as diferenccedilas relacionadas entre as dificuldades de aprendizagens os distuacuterbios de aprendizagens e os transtornos de aprendizagens pois possuem caracteriacutesticas diferentes e devem fazer parte do processo pedagoacutegico contiacutenuo do professor para que ele possa refletir a respeito de percepccedilotildees na construccedilatildeo que o proacuteprio indiviacuteduo faz e refaz constantemente em seu processo da auto-formaccedilatildeo

Assim as dificuldades de aprendizagens podem ocorrer por diversos fatores sejam afetivos cognitivos ou ateacute mesmo fiacutesicos Segundo Ciasca e Rossini (2000) essas dificuldades manifestam-se durante o processo de ensino e aprendizagem e em decorrecircncia de diversos fatores que vatildeo desde as causas endoacutegenas ateacute causas exoacutegenas Em relaccedilatildeo agraves questotildees de aprendizagens em Matemaacutetica elas se estabelecem na compreensatildeo habilidade e anaacutelise de resoluccedilatildeo de problemas e raciociacutenios matemaacuteticos dificuldade relativa agrave proacutepria complexidade da Matemaacutetica como o niacutevel de abstraccedilatildeo de conceitos a hierarquizaccedilatildeo dos processos matemaacuteticos e a relaccedilatildeo que haacute na assimilaccedilatildeo de primeiros conceitos para um continuum1 no processo de ensino e aprendizagem especiacuteficos para o entendimento da proacutepria aacuterea

Os mesmos autores descrevem como distuacuterbios de aprendizagens uma perturbaccedilatildeo que implica na habilidade aquisiccedilatildeo ou ateacute mesmo na utilizaccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de situaccedilotildees-problemas Em citaccedilatildeo de Gimenez (2005) a definiccedilatildeo mais aceita hoje sobre as questotildees dos distuacuterbios em aprendizagens refere-se agravequela apresentada pelo NJCLD (National Joint Comittee of Learning Desabilities)2 segundo a qual eacute proposta a afirmaccedilatildeo

1 A palavra se refere ao processo de desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem segundo Mizukami (2002) 2 National Joint Committee on Dificuldades de Aprendizagem Fundada em 1975 a Comissatildeo Nacional Conjunta sobre Dificuldades de Aprendizagem (NJCLD) eacute uma comissatildeo nacional de representantes de organizaccedilotildees comprometidas com a educaccedilatildeo eo bem-estar de indiviacuteduos com dificuldades de aprendizagem Mais de 350000

de que Distuacuterbio de Aprendizagem eacute um termo geneacuterico que se refere a um grupo heterogecircneos de desordens manifestadas por dificuldades na aquisiccedilatildeo e no uso da audiccedilatildeo fala escrita e raciociacutenio matemaacutetico Essas desordens satildeo intriacutensecas ao indiviacuteduo e presume-se serem uma disfunccedilatildeo de sistema nervoso central Entretanto o distuacuterbio de aprendizagem pode ocorrer concomitantemente com outras desordens como distuacuterbio sensorial retardo mental distuacuterbio emocional e social ou sofrer influecircncias ambientais como diferenccedilas culturais instrucionais inapropriadas ou insuficientes ou fatores psicogecircnicos Poreacutem natildeo satildeo resultado direto destas condiccedilotildees ou influecircncias (HAMMILL 1990 p 77)

Portanto os distuacuterbios de aprendizagens se reportam a fatores relacionados a uma disfunccedilatildeo neuroloacutegica explicando assim os atrasos referentes agrave leitura e escrita ou a capacidade de caacutelculos dos alunos Percebe-se a restriccedilatildeo desse termo em relaccedilatildeo agraves dificuldades de aprendizagens pois satildeo especiacuteficos no sentido de caracteriacutesticas orgacircnicas e bioloacutegicas assim os distuacuterbios de aprendizagem implicam em relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica em estabelecer a relaccedilatildeo com a incapacidade de resolver problemas matemaacuteticos mas podem tambeacutem ser associados agrave memoacuteria auditiva3 ou seja muitas vezes os alunos natildeo conseguem ouvir enunciados que lhes satildeo transmitidos oralmente assim tecircm dificuldade de lembrar com rapidez os nuacutemeros e por natildeo conseguirem se lembrar das formas os alunos tecircm dificuldade em realizar caacutelculos

Jaacute os transtornos de aprendizagens estatildeo relacionados a uma inabilidade especiacutefica como leitura escrita ou matemaacutetica Essas caracteriacutesticas se apresentam em indiviacuteduos que apontam resultados muito abaixo do esperado para o seu niacutevel de desenvolvimento no processo de aprendizagem e capacidade intelectual (OHLWEILER 2006) o que natildeo significa que as mesmas satildeo expressas em alteraccedilotildees motoras ou sensoriais ou seja muitas vezes possuem condiccedilotildees emocionais e sociais sem significativas limitaccedilotildees que possam vir a impossibilitar seu desenvolvimento Os transtornos de aprendizagens podem ser caracterizados por dificuldades especiacuteficas na compreensatildeo de palavras escritas ndash a

indiviacuteduos constituem os membros das organizaccedilotildees representadas pela NJCLD 3 Esta relacionada ao sentido da audiccedilatildeo agraves informaccedilotildees percebidas

162 dislexia4 - ou na aquisiccedilatildeo dos conceitos matemaacuteticos a chamada discalculia5 Com relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica os transtornos de aprendizagens podem implicar no erro de formaccedilatildeo dos nuacutemeros - geralmente satildeo apresentados de forma invertida - dificuldade em efetuar somas simples dificuldade no reconhecimento de sinais operacionais e para ler valores numeacutericos dificuldade na ordenaccedilatildeo e espaccedilamento entre outros fatores

Assim segundo Travassos (2008) a distinccedilatildeo entre os conceitos apresentados neste item se reporta ao fato de que o distuacuterbio decorre de uma disfunccedilatildeo na regiatildeo parietal6 do ceacuterebro eacute um problema de niacutevel individual e orgacircnico ou seja eacute uma disfunccedilatildeo no processo natural da aquisiccedilatildeo de aprendizagem implicando no processo e armazenamento da informaccedilatildeo e consequentemente na emissatildeo de respostas A dificuldade tem como caracteriacutestica principal o fator escolar ou seja os alunos apresentam dificuldades por falta de interesse perturbaccedilatildeo emocional e ateacute mesmo pela inadequaccedilatildeo metodoloacutegica

Segundo Siegel 1988 (apud GARCIA 1998 p 217) o subtipo ldquodificuldades de aprendizagem da matemaacutetica apresentaria problemas em uma ou mais das seguintes aacutereas caacutelculo aritmeacutetico memorizaccedilatildeo de horaacuterios e nuacutemeros trabalhos escritos eou na coordenaccedilatildeo motora finardquo Jaacute o transtorno eacute uma disfunccedilatildeo na regiatildeo frontal7 do ceacuterebro comprometendo tarefas que exigem habilidade de leitura e memoacuteria

Atualmente haacute uma preocupaccedilatildeo tambeacutem com o fato relativo agraves defasagens no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica em alguns alunos Isso eacute perceptiacutevel natildeo soacute nas avaliaccedilotildees externas mas tambeacutem no cotidiano escolar nas atividades e avaliaccedilotildees trabalhadas em sala de aula Muitas dessas dificuldades estatildeo expressas nas caracteriacutesticas metodoloacutegicas inapropriadas ao ensino da especiacutefica aacuterea do conhecimento ou aos fatores relacionados agraves experiecircncias anteriores dos alunos em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica O fato eacute que 4 Eacute um transtorno especiacutefico das operaccedilotildees implicadas no reconhecimento das palavras (precisatildeo e rapidez) que compromete em maior ou menor grau a compreensatildeo da leitura As habilidades da escrita ortograacutefica e de produccedilatildeo textual tambeacutem estatildeo gravemente comprometidas (MOOJEN e FRANCcedilA apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006) 5 Segundo a Academia Americana de Psiquiatria a discalculia eacute uma dificuldade em aprender Matemaacutetica 6 Regiatildeo situada mais ou menos no alto da cabeccedila sobre as orelhas 7 Localizada na regiatildeo da testa eacute responsaacutevel pelo planejamento e a motivaccedilatildeo das accedilotildees do indiviacuteduo

quando se trata da observaccedilatildeo das dificuldades de aprendizagens em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica e as suas origens surgem muitas duacutevidas Ao interpretar os fatores que levam o aluno a ter dificuldades nesta aacuterea o professor deve observar um conjunto de ocorrecircncias das quais natildeo existe uma uacutenica causa especiacutefica pois esses fatores estatildeo associados a outros fatores externos como tambeacutem ao modo do proacuteprio ensino da Matemaacutetica pelo professor Nesse contexto haacute tambeacutem as dificuldades que se expressam em transtornos da aprendizagem da Matemaacutetica com os quais estatildeo associados fatores de causas neuroloacutegicas primaacuterias8 como por exemplo a discalculia do desenvolvimento

3 Discalculia Segundo Garcia (1998) a discalculia faz referecircncia a um transtorno estrutural da maturaccedilatildeo das habilidades matemaacuteticas que se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensatildeo dos nuacutemeros habilidades de contagem habilidades computacionais e soluccedilatildeo de problemas verbais O mesmo autor apresenta algumas questotildees terminoloacutegicas e definiccedilotildees referentes aos termos ldquoproblemas de aprendizagens na matemaacuteticardquo ou ldquotranstornos da matemaacuteticardquo para esclarecer que um mesmo campo de ldquoproblemas especiacuteficos de matemaacuteticardquo poderia ser esclarecido em o que o autor Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203) chama de ldquodois tipos baacutesicos de anormalidades em matemaacuteticardquo

O primeiro termo eacute o de acalculia que citado por Garcia (1998 p 212) descreve que

[] acalculia definido por Novick e Arnold (1988) ndash citado por Keller e Sutton (1991) ndash como um transtorno relacionado com a aritmeacutetica adquirido apoacutes uma lesatildeo cerebral sabendo que as habilidades jaacute se haviam consolidado e desenvolvido Eacute o que Benton (1987) denomina ldquodeacuteficits com as operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

8 A causa neuroloacutegica primaacuteria se refere neste texto ao primeiro grau neuroloacutegico das dificuldades em matemaacutetica A causa secundaacuteria entraria na esfera de problemas relacionados agrave Deficiecircncia Mental Epilepsia TDAH e Dislexia Jaacute as causas que se caracterizam como natildeo-neuroloacutegicas entrariam em fatores escolares fatores sociais e ansiedade para a matemaacutetica (BASTOS apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203)

163 Assim o autor esclarece que a acalculia se refere aos adultos crianccedilas e jovens mas eacute de caraacuteter lesional e ocorre apoacutes ter sido iniciada a aquisiccedilatildeo da funccedilatildeo (GARCIA 1998 p 213)

O segundo termo utilizado por Garcia (1998) eacute o de discalculia ou discalculia do desenvolvimento acrescenta que se refere sobretudo agraves crianccedilas sendo evolutiva podendo dar-se tambeacutem em adultos mas natildeo eacute lesional e estaacute associada principalmente com as dificuldades de aprendizagem da matemaacutetica confirmando que

Segundo a Academia Americana de Psiquiatria discalculia do desenvolvimento eacute uma dificuldade em aprender matemaacutetica com falhas para adquirir proficiecircncia adequada neste domiacutenio cognitivo a despeito de inteligecircncia normal oportunidade escolar estabilidade emocional e motivaccedilatildeo necessaacuteria (Bastos apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202)

Em consonacircncia com a Academia Americana de Psiquiatria Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202 e 204) esclarece tambeacutem ldquoque aproximadamente entre 3 e 6 das crianccedilas tecircm discalculia do desenvolvimentordquo e que existem hoje diversos estudos sobre a utilizaccedilatildeo de tecnologias no tratamento das crianccedilas com transtornos em matemaacutetica mas que com a correta intervenccedilatildeo metodoloacutegica do professor o desempenho dessas crianccedilas seraacute melhor

A discalculia portanto eacute um transtorno especiacutefico que gera dificuldades nas habilidades matemaacuteticas prejudicando tambeacutem outras habilidades como as linguiacutesticas associadas agrave compreensatildeo e nomeaccedilatildeo de siacutembolos e conceitos e as habilidades referentes agrave atenccedilatildeo como a observaccedilatildeo de sinais ou nuacutemeros

Conveacutem ao professor utilizar estrateacutegicas metodoloacutegicas que viabilizem experiecircncias verbais significativas como o trabalho com as noccedilotildees de quantidade e tamanho entre outros assim como os jogos pois sendo o jogo uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos baacutesicos supotildee um ldquofazer sem obrigaccedilatildeo externa e imposta embora demande exigecircncias normas e controlerdquo (PCN- Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1998 p 35) o que leva ao aluno vivenciar situaccedilotildees e fazer analogias potencializando a sua percepccedilatildeo

Assim a intervenccedilatildeo necessaacuteria para a construccedilatildeo do saber do aluno deve partir de trabalhos com a utilizaccedilatildeo de objetos didaacuteticos ou confeccionados para esse fim que possam ser apresentados no sentido de que ele ndash o aluno ndash se aproprie dos conceitos em relaccedilatildeo ao trabalho com a Matemaacutetica e consequentemente aos poucos relacionando as diferenccedilas e semelhanccedilas com as experiecircncias do dia-a-dia possa superar as etapas do processo de ensino e aprendizagem

Consideraccedilotildees Finais

Portanto pensar na construccedilatildeo de saberes durante todo o processo de ensino e aprendizado do aluno que apresenta a discalculia perpassa o reconhecimento do indiviacuteduo enquanto agente construtor tambeacutem do seu conhecimento assim como implica em uma mudanccedila de concepccedilotildees pedagoacutegicas estaacuteticas para concepccedilotildees que abarcam processos educativos mais reflexivos e dialeacuteticos processos esses que possam garantir a superaccedilatildeo do conhecimento linear e mecacircnico para um fazer que potencialize expectativas que possibilitem uma inter-relaccedilatildeo no cotidiano escolar assim como a agregaccedilatildeo de novos valores

Nesse contexto o trabalho com alunos que apresentam a discalculia parte do pressuposto de que esse aluno tem em seu desenvolvimento uma dificuldade em aprender matemaacutetica mas natildeo que venha a ser impossibilitado esse aprendizado pois o trabalho a ser realizado com ele ldquoexige uma participaccedilatildeo de acordo com seus limitesrdquo (JOSEacute e COELHO 2001 p 100) ou seja a relaccedilatildeo professor-aluno tambeacutem elenca a importacircncia pedagoacutegica nas resoluccedilotildees dos problemas de aprendizagens garantindo a oportunidade de condiccedilotildees que possibilitem as construccedilotildees de conhecimentos e saberes e exercitem a capacidade do pensamento da imaginaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

ALLESSANDRINI C D O desenvolvimento de Competecircncias e a Participaccedilatildeo Pessoal na Construccedilatildeo de um Novo Modelo Educacional In As competecircncias para ensinar no seacuteculo XXI a formaccedilatildeo dos professores e o desafio da avaliaccedilatildeo Porto Alegre Artmed 2002 Cap 7

ALMEIDA C S Dificuldades de aprendizagem em Matemaacutetica e a percepccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo a fatores associados ao insucesso nesta

164 aacuterea 2006 Disponiacutevelemhttpwwwucbbrsites100103TCC12006CinthiaSoaresdeAlmeida pdf Acesso em Dezembro de 2011

CIASCA S M ROSSINI SDR Distuacuterbio de Aprendizagem mudanccedila ou natildeo Correlaccedilatildeo de dados de uma deacutecada de atendimento Temas de Desenvolvimento 8 (48) 2000

GARCIA J N Manual de dificuldades de aprendizagem linguagem leitura escrita e matemaacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas 1998

MIZUKAMI M da G N Escola e Aprendizagem da Docecircncia processos de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo Satildeo Carlos EdUFSCar 2002

PARAcircMETROS CURRICULARES NACIONAIS Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental ndash Brasiacutelia MEC SEF 1998

ROTTA N T OHLWEILER L RIESGO R dos S Transtornos da Aprendizagem abordagem neurobioloacutegica e multidisciplinar Porto Alegre Ed Artmed 2006

SAtildeO PAULO (cidade) Secretaria de Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo Diretoria de Orientaccedilatildeo Teacutecnica Orientaccedilotildees gerais para o ensino da liacutengua e matemaacutetica no ciclo I Satildeo Paulo SMEDOT 2006

TRAVASSOS L P Distuacuterbio Transtorno ou Dificuldades A praacutetica do conhecimento 2008 Disponiacutevel em httpwwwapraconhecimentocombrindexphp Acesso em Janeiro de 2012

165

Relato do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na Licenciatura em Quiacutemica da FACCAMP

Letiacutecia Falconi Boraldo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 leticia_falconihotmailcom

Lisete Maria Luiz Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 lmfischerfaccampbr

RESUMO Neste artigo apresentou-se a importacircncia do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na carreira acadecircmica e profissional dos graduandos discutiu-se os proacutes e contras dos meacutetodos adotados para contemplar o objetivo central da iniciaccedilatildeo em questatildeo que eacute neste caso a adoccedilatildeo de meacutetodos luacutedicos para atrair cada vez mais a atenccedilatildeo dos alunos do ensino fundamental e meacutedio para o aprendizado de quiacutemica

Palavras chave Iniciaccedilatildeo cientiacutefica pesquisa graduaccedilatildeo

ABSTRACT In this article it was presented the importance of the research project in the academic and professional career in graduates We discussed the pros and cons of the adopted methods to contemplate the central purpose of scientific research which is in this case the adoption of playing methods to attract more the studentrsquos attention of the primary and secondary education to the chemistry learning

Keywords Scientific activities research graduate

1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho busca mostrar a importacircncia de um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo no curso de Quiacutemica Licenciatura a busca dos materiais de pesquisa e os avanccedilos nos paracircmetros curriculares dos alunos que desenvolvem o projeto

Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) ldquoPara desenvolver um paiacutes eacute necessaacuterio desenvolver pessoas []rdquo ( PORTAL CNPQ)

Mantendo este foco torna-se indispensaacutevel pensar em procedimentos para que os alunos do ensino superior sejam capacitados a pensar a transformar o que estaacute sendo utilizado a agir Desta forma torna-se evidente que a melhor maneira de obter-se resultados

significativos eacute buscar projetos que despertem o lado criacutetico do aluno a criatividade e a accedilatildeo

Para tanto seratildeo apresentadas pesquisas de campo com opiniotildees de alunos que participaram e outros que natildeo participaram da iniciaccedilatildeo cientiacutefica bem como o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvido em 2014 a respeito do ensino de quiacutemica voltado para alunos do ensino meacutedio visando a suprir a necessidade de utilizar aulas experimentais para expor os conceitos de Cineacutetica Quiacutemica (LIMA 2000)

2 O PROJETO No ano de 2014 foi desenvolvido o projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica com o objetivo de levar a quiacutemica e seus conceitos para o universo dos alunos do ensino meacutedio atraveacutes de apresentaccedilotildees luacutedicas Foram pesquisados e discutidos diversos experimentos relacionados com o conceito de cineacutetica quiacutemica e liberaccedilatildeo de gases O projeto recebeu o nome de ldquoBrincando e Cantando a Quiacutemicardquo e foi dividido em dois momentos Brincando ou seja momento a se explorar os experimentos e sua apresentaccedilatildeo de forma mais dinacircmica e Cantando quando relacionam-se os experimentos e seus conceitos com a musicalidade conseguindo assim ainda mais interdisciplinaridade e facilitando a aprendizagem de conceitos quiacutemicos Este segundo momento ainda estaacute em desenvolvimento e natildeo seraacute foco deste artigo

Inicialmente a pesquisa dos experimentos foi embasado em viacutedeos buscados no YouTube principalmente no canal Manual Do Mundo onde eacute possiacutevel ter uma noccedilatildeo de como despertar a curiosidade dos adolescentes que pretendia-se atingir com o projeto Subsequentemente o perioacutedico Quiacutemica Nova na Escola foi escolhido para dar continuidade agrave pesquisa

3 RELATIVAMENTE AO TEMA CINEacuteTICA QUIacuteMICA A cineacutetica quiacutemica eacute o ramo que estuda a velocidade das reaccedilotildees quiacutemicas e os fatores que nela interferem tais como temperatura concentraccedilatildeo

166 superfiacutecie de contato ou adiccedilatildeo de catalisadores (ALMEIDA 2008)

Nos experimentos selecionados optou-se por abordar todos os fatores de modo que os alunos conseguissem realmente ver na praacutetica o que foi passado pelo professor na teoria Estudos relativos agrave liberaccedilatildeo de gases e sua relaccedilatildeo com a velocidade da reaccedilatildeo tambeacutem foram realizados

Os fatores podem ser entendidos da seguinte forma

Temperatura com o aumento da temperatura aumenta a velocidade de agitaccedilatildeo das moleacuteculas e consequentemente a chance de colisotildees efetivas eacute maior fazendo com que a reaccedilatildeo ocorra mais rapidamente

Concentraccedilatildeo com o aumento da concentraccedilatildeo do reagente certo eacute possiacutevel aumentar a velocidade das reaccedilotildees

Superfiacutecie de contato quando se aumenta a superfiacutecie de contato estamos aumentando as chances de locais de contato para que a reaccedilatildeo ocorra isto faz com que a velocidade da reaccedilatildeo aumente

Adiccedilatildeo de catalisador que satildeo substacircncias que tem a capacidade de diminuir a energia de ativaccedilatildeo necessaacuteria para que a reaccedilatildeo ocorra como eacute possiacutevel observar na figura 1

Figura 1 Efeito do uso de catalisadores na velocidade da reaccedilatildeo quiacutemica (ALMEIDA 2008)

4 EXPERIMENTAL Foram estudados e adaptados diversos experimentos com base nos viacutedeos encontrados no canal ldquoManual do Mundordquo de autoria de Iberecirc Tenoacuterio no YouTube de modo que utilizem-se materiais e reagentes de faacutecil acesso e que natildeo ofereccedila risco para os alunos

Pasta de dente de elefante

Trata-se da decomposiccedilatildeo da aacutegua oxigenada utilizando catalisador detergente e corante

Tal decomposiccedilatildeo eacute muito lenta portanto o uso de catalisador eacute recomendado e com isso a reaccedilatildeo torna-se raacutepida O iodeto de potaacutessio foi utilizado como catalisador para essa reaccedilatildeo de liberaccedilatildeo de gaacutes oxigecircnio o detergente e o corante servem para deixar essa experiecircncia mais interessante visualmente uma dica eacute que repita o experimento sem a adiccedilatildeo deles

Reaccedilatildeo

Liberaccedilatildeo do oxigecircnio

H2O2(aq) H2O(l) + O2(g)

Nesta reaccedilatildeo o iodeto de potaacutessio eacute o catalisador portanto altera a velocidade da reaccedilatildeo sem reagir quimicamente com os demais reagentes

O experimento foi realizado em triplicata mantendo constante a quantidade de aacutegua oxigenada e a quantidade de iodeto de potaacutessio variando apenas a concentraccedilatildeo da aacutegua oxigenada

Areia que natildeo molha

O experimento eacute bem interessante dentro do campo da descontraccedilatildeo e ao mesmo tempo do aprendizado por meio do qual se pode explicar por que a aacutegua natildeo molha a areia O conceito quiacutemico envolvido eacute a impermeabilizaccedilatildeo da mateacuteria areia jaacute que aplica-se previamente impermeabilizante em spray em toda a areia

Balatildeo Brincalhatildeo

Este experimento tem a motivaccedilatildeo de ser uma brincadeira de encher balotildees Para isso utiliza-se um composto que elimine gaacutes carbocircnico na presenccedila de aacutecido

Nota-se que com a reaccedilatildeo o balatildeo enche

Isso ocorre devido ao fato de o produto da reaccedilatildeo ser um gaacutes conhecido como gaacutes carbocircnico ou dioacutexido de carbono CO2 deste fato quando o gaacutes eacute liberado ele fica retido no balatildeo fazendo com que este expanda

Eacute importante salientar que a mesma reaccedilatildeo natildeo ocorre como o esperado se ao inveacutes de utilizar vinagre utilizarmos aacutecido aceacutetico concentrado

Quando o vinagreaacutecido entra em contato com o bicarbonato de soacutedio libera dioacutexido de carbono (CO2)

KI

167 que por estar retido na garrafa faz com que a bexiga comece a encher

Durante o desenvolvimento do ensaio foi possiacutevel notar que alguns balotildees encheram mais do que outros isso porque variando a quantidade de vinagreaacutecido e bicarbonato varia-se tambeacutem a proporccedilatildeo da expansatildeo

Observou-se tambeacutem que os resultados obtidos com o aacutecido aceacutetico concentrado natildeo foram tatildeo satisfatoacuterios quanto os obtidos com o vinagre de cozinha

Isso ocorre porque a aacutegua presente no vinagre ajuda na liberaccedilatildeo de iacuteons H+ fazendo assim com que ele reaja com maior facilidade

Quanto maior a concentraccedilatildeo de vinagre e bicarbonato mais o balatildeo expande isto porque estaacute sendo liberado mais CO2

Conclui-se assim que a aacutegua influencia na reaccedilatildeo bem como a quantidade de reagente utilizada E que portanto o vinagre de cozinha para este experimento mostrou-se mais eficiente do que o aacutecido aceacutetico concentrado (que quando diluiacutedo em aacutegua apresentou uma pequena melhora nos resultados)

Reaccedilotildees

NaHCO3(s) + H3CCOOH(aq) H3CCOONa (aq) + H2CO3(aq)

O aacutecido carbocircnico eacute instaacutevel e se decompotildee na reaccedilatildeo

H2CO3 (aq)rarrH2O(l) + CO2(g)

Reloacutegio de iodo

Quando misturamos soluccedilatildeo de Iodo com amido formamos uma substacircncia de coloraccedilatildeo azul e se a concentraccedilatildeo de iodo for alta a substacircncia seraacute azul bem forte

Quando adicionamos vitamina C a soluccedilatildeo de amido e iodo a soluccedilatildeo resultante natildeo fica azul imediatamente em que adicionamos a aacutegua oxigenada com amido porque a vitamina C inibe a reaccedilatildeo do iodo com o amido

Quando o Iodo eacute transformado em Iodeto a coloraccedilatildeo da soluccedilatildeo natildeo se altera para azul mas quando adiciona-se aacutegua oxigenada ela transforma o Iodeto em Iodo novamente Essa reaccedilatildeo ocorre ateacute que a vitamina C seja totalmente consumida para que somente sobre Iodo na soluccedilatildeo e seja possiacutevel ele entrar em contato com o amido e alterar a coloraccedilatildeo para azul escuro (TEOacuteFILO 2002)

Qualquer mudanccedila nas concentraccedilotildees dos reagentes altera o tempo de espera para a soluccedilatildeo ficar azul e a intensidade da cor tambeacutem

Reaccedilotildees

I - Soluccedilatildeo de Iodo (amarelada) + Soluccedilatildeo de Vitamina C (Incolor) = Soluccedilatildeo Incolor

I2 (aq) + C6H8O6(aq) rarr C6H6O6(aq) + 2HI(aq)

II - Soluccedilatildeo Incolor + Mistura de amido com H2O2 = complexo azul

2Indash (aq) + H2O2 (aq) + 2H+(aq) rarr I2 (aq) + 2H2O(l)

I 2 (aq) + Indash (aq) + amido(aq) rarr amido-I3 ndash (aq)

Decapagem

Com esse experimento eacute possiacutevel notar que a concentraccedilatildeo do aacutecido influencia na velocidade da reaccedilatildeo e tambeacutem na intensidade da corrosatildeo do metal Na induacutestria essa concentraccedilatildeo eacute controlada para que o metal natildeo se perca no processo Estudou-se e reproduziu-se essa experiecircncia poreacutem por uma questatildeo de viabilidade com o sistema optou-se que este ensaio natildeo seria selecionado para a apresentaccedilatildeo final

Acetato de soacutedio

A aacutegua foi aquecida para poder dissolver uma grande quantidade de acetato de soacutedio mas tambeacutem porque o ponto de fusatildeo do acetato de soacutedio eacute de 54ordmC ou seja ele fica no estado liacutequido quando se encontra acima desta temperatura

Quando a mistura comeccedila a arrefecer o sal dissolvido fica instaacutevel ldquoquerendordquo voltar ao estado soacutelido no entanto se natildeo houver algumas impurezas na mistura ou se a soluccedilatildeo natildeo for agitada a solidificaccedilatildeo natildeo se inicia

O Acetato de soacutedio passa ao estado soacutelido a 54ordm C mas apenas nas situaccedilotildees descritas acima Se o deixar arrefecer em repouso ele fica a uma temperatura abaixo de seu ponto de fusatildeo (ainda no estado liacutequido) pelo que depois basta provocar a sua cristalizaccedilatildeo

NOTA A soluccedilatildeo a preparar deve estar quase saturada A solubilidade do acetato de soacutedio eacute de 76g por cada 100 ml de aacutegua

No processo foi possiacutevel observar que aquecer a aacutegua tornava possiacutevel solubilizar uma maior quantidade de sal Desta forma obteve-se uma soluccedilatildeo supersaturada de acetato de soacutedio Quando se resfria a soluccedilatildeo ela continua liacutequida poreacutem basta adicionar alguma impureza agrave soluccedilatildeo para desestabilizar o ldquoequiliacutebriordquo que se obteve e a mistura voltar ao seu estado soacutelido

168 Com esse experimento pode-se concluir que o aumento da temperatura aumenta a solubilidade do sal

No segundo dia de desenvolvimento da praacutetica nota-se que a cristalizaccedilatildeo ocorreu antes do esperado Desta forma a soluccedilatildeo foi reaquecer e adicionar mais 50ml de aacutegua (valor experimental) para ver se obtemos maior controle sobre a cristalizaccedilatildeo da soluccedilatildeo

No dia seguinte notou-se que a soluccedilatildeo ainda estava cristalizando antes da hora adicionou-se mais 25 ml de aacutegua deixou descansar a temperatura ambiente no outro dia natildeo cristalizou Neste momento nota-se a necessidade de acrescentar mais acetato de soacutedio concentrando ainda mais a soluccedilatildeo para isso adicionou-se 107g de acetato de soacutedio agrave soluccedilatildeo inicial

Apoacutes algumas tentativas optou-se por tirar esse experimento da lista dos que seriam apresentados na semana da quiacutemica por ter se tornado inviaacutevel controlar a concentraccedilatildeo

5 PESQUISAS E LEVANTAMENTOS

Foram realizadas algumas pesquisa acerca da importacircncia das iniciaccedilotildees cientiacuteficas na opiniatildeo de diversos alunos das graduaccedilotildees em quiacutemica

As questotildees foram desenvolvidas para dois tipos de perfis descritos a seguir e eacute vaacutelido ressaltar que a questatildeo 5 do primeiro questionaacuterio a ser apresentado foi elaborado por Paulo Seacutergio Lacerda Beiratildeo em seu artigo ldquoA importacircncia da iniciaccedilatildeo cientiacutefica para o aluno da graduaccedilatildeordquo a mesma questatildeo se repete no segundo toacutepico do segundo questionaacuterio apresentado

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que nunca participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

O presente questionaacuterio foi aplicado para as turmas do quinto ao seacutetimo semestre sendo aplicado posteriormente aos alunos do primeiro semestre a fim de explorar o conhecimento que eles possuem antes mesmo de serem apresentado ao projeto

Questionaacuterio e graacuteficos

1) Por que vocecirc nunca participou de uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) Falta de tempo b) Falta de interesse (natildeo julga necessaacuterio) c) O projeto nunca lhe foi apresentado d) Falta de um tema e) Outro motivo Qual

Graacutefico 1 Principais motivos que levam os alunos a natildeo participarem de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel notar que temos um perfil de entrevistados que natildeo dispotildee de tempo para desenvolver projeto de tal porte isso nos daacute base para analisarmos as proacuteximas questotildees no sentido de que apesar de interesse outros fatores podem interferir na elaboraccedilatildeo do projeto

2) Vocecirc acha importante desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

Graacutefico 2 Visatildeo dos alunos sobre a importacircncia da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel concluir que os alunos entrevistados acham que desenvolver um projeto deste niacutevel eacute importante durante a graduaccedilatildeo

3) Alguma vez pensou em desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica

Graacutefico 3 Porcentagem dos alunos que jaacute cogitaram desenvolver uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) 53

b) 0

c) 26

d) 10

e) 11

QUESTAtildeO 1

Sim 100

Natildeo 0

0

QUESTAtildeO 2

Sim 67

Natildeo 33

[NOME DA

CATEGORIA]

QUESTAtildeO 3

169

Na questatildeo 1 a maioria dos alunos natildeo desenvolve projetos extracurriculares por falta de tempo podemos sugerir que esta informaccedilatildeo estaacute ligada ao fato de muitos alunos terem cogitado realizar o trabalho mas acabar por desistir ou nem mesmo ir a fundo com a ideia

4) Vocecirc acredita que apenas com a carga horaacuteria de aulas dentro da sala de aula laboratoacuterio eacute suficiente para adquirir e assimilar todo o conteuacutedo necessaacuterio para o mercado de trabalho Explique seu ponto de vista

Graacutefico 4 Porcentagem de alunos que acreditam que a carga horaacuteria das aulas eacute suficiente

Aqui podemos notar que os entrevistados em sua maioria concordam que somente o tempo dentro da sala de aula natildeo eacute suficiente para que todo o conteuacutedo seja contemplado

5) O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Graacutefico 5 Alunos que acreditam que deve-se iniciar um projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica na graduaccedilatildeo

Mais uma vez vemos o reconhecimento da importacircncia de projetos de pesquisa ainda na graduaccedilatildeo por parte dos entrevistados

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que jaacute participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

A pesquisa realizada seraacute apresentada de forma imparcial por parte da autora visto que a opiniatildeo livre dos entrevistados eacute de fundamental importacircncia para que o trabalho seja embasado em dados concretos

As questotildees foram respectivamente

Descreva a importacircncia que o projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica teve no seu crescimento intelectual

O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Jaqueline Maria dos Santos Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoA iniciaccedilatildeo cientiacutefica me possibilitou o conhecimento de novos temas ampliou minha linguagem teacutecnica aleacutem do que me proporcionou o aprendizado de como realizar um pesquisa excelente de como falar em puacuteblico fazer relatoacuterio e trabalhar em equipe

IC eacute a melhor maneira de aplicar conceitos quiacutemicos e ter a oportunidade de trabalhar no laboratoacuterio

IC eacute muito importante poreacutem muitas pessoas natildeo fazem pelo excesso de trabalho passado em sala de aula e assim muitos alunos natildeo tecircm tempo deve-se investir em IC e retirar as EDPsrdquo

ldquoSim o aluno deve comeccedilar uma carreira de pesquisa na graduaccedilatildeo pois eacute o momento mais apropriado para isso aleacutem do que eacute um diferencial na carreirardquo

Rubens Camargo Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoTeve grande importacircncia para meu crescimento em pesquisa e trabalho em equipe aprendi a ter uma maior organizaccedilatildeo e responsabilidade

Um grande aprendizado para ter um olhar de ensino e natildeo apenas de aprendizado pois os ensaios eram com a intenccedilatildeo de apresentar para alunos e com isso eu aprendi para ensinarrdquo

ldquoNatildeo deve-se ser estimulado a partir do ensino meacutedio onde o aluno jaacute tem uma maior maturidade e responsabilidaderdquo

Nilson Antocircnio Silva Quiacutemica Licenciatura 5ordm semestre

ldquo[] Participei da iniciaccedilatildeo cientiacutefica da faculdade e foi uma experiecircncia muito proveitosa pois ajudou eu me identificar cada vez mais com a quiacutemica e com isto as experiecircncias do laboratoacuterio me ensinou a trabalhar cada vez mais em sala de aula com os experimentos que assim eacute possiacutevel com substacircncias simples que usamos no cotidiano e fez que eu crescesse muito intelectualmenterdquo

Sim 0

Natildeo 92

Depende do

empenho hellip

QUESTAtildeO 4

Sim 83

Natildeo 6

Depende do

aluno 11

0

QUESTAtildeO 5

170 ldquoSim eacute importante principalmente a licenciatura que estaacute envolvida com o aluno dia a diardquo

6 CONCLUSAtildeO

Com os dados recolhidos na pesquisa aplicada aos alunos do quinto ao seacutetimo semestres e levando em consideraccedilatildeo a experiecircncia vivenciada durante o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica ldquo Brincando e Cantando a Quiacutemicardquo eacute possiacutevel concluir que os alunos se interessam pelo projeto visto que reconhecem sua importacircncia para o aprimoramento do discente enquanto profissional receacutem inserido no mercado de trabalho entretanto ainda tem-se um caminho a percorrer para que este projeto se propague para mais alunos e que se torne mais viaacutevel sua realizaccedilatildeo inclusive para alunos que natildeo dispotildeem de tempo ou meio de transporte para chegar mais cedo na faculdade e que natildeo podem por esses motivos veem-se sem a oportunidade de crescer profissionalmente atraveacutes de um projeto tatildeo amplo como este E sem sombra de duacutevidas projetos desse niacutevel podem determinar a vocaccedilatildeo do profissional e ampliar seu campo de visatildeo em relaccedilatildeo agrave profissatildeo que escolheu

7 REFEREcircNCIAS

A EXPANSAtildeO DO BALAtildeO BRINCALHAtildeO Autor desconhecido YouTube 04122008 (054 min) leg A expansatildeo do balatildeo brincalhatildeo ALMEIDA VVD etal Catalisando a hidroacutelise da ureia em urina Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 28 p 42-46 maio 2008

A QUASE LAcircMPADA DE LAVA (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 9052011 YouTube (445 min) son CONGELE AacuteGUA EM 1 SEG - O SEGREDO Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 18012011 YouTube (523 min) son LIMA JDFLD PINA MDSLBARBOSA RMN e JOacuteFILL ZMS A contextualizaccedilatildeo no ensino de cineacutetica quiacutemica Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 11 p 26-29 maio 2000

MISTERIOSA AREIA QUE TEM MEDO DE AacuteGUA (FACcedilA EM CASA) (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 4022014 YouTube (455 min) son Aprenda a fazer em casa a areia natildeo molha PASTA DE DENTE DE ELEFANTE (EXPERIEcircNCIA COM AacuteGUA OXIGENADA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 1052012 YouTube (440 min) son Uma bola gigante de espuma pode ser criada com poucos mililitros de aacutegua

desde que se usem alguns ingredientes especiais Nesta experiecircncia claacutessica de quiacutemica chamada de Pasta de dente de elefante usa-se aacutegua oxigenada concentrada e um catalisador neste caso o iodeto de potaacutessio

PORTAL CNPQ httpwwwcnpqbrwebguestiniciacao-cientifica

TEOacuteFILO R F BRAATHEN P C E RUBINGER M M M Reaccedilatildeo reloacutegio iodetoiodo Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 16 p 41-44 nov 2002

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos alunos Samara Alves Jaqueline Santos Nilson Antocircnio e Rubens Camargo por colaborarem com o projeto

171 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Paula Letiacutecia da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 pleticiasilvahotmailcom

Profordf Doani Emanuela Bertan Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 doani25hotmailcom

RESUMO O presente estudo tem a pretensatildeo de expor a metodologia utilizada no processo de lsquoensinagemrsquo ao educando surdo falante de Libras pontualmente o aprendizado de um dos dois conceitos baacutesicos da matemaacutetica a subtraccedilatildeo Visa a apresentar as estrateacutegias elaboradas e utilizadas pela educadora biliacutengue responsaacutevel pela sala de instruccedilatildeo Libras cujos educandos frequentavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental I da EMEF ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo na cidade de CampinasSP O referido estudo pretende ainda ressaltar a potencialidade do uso efetivo e qualitativo da liacutengua de sinais evidenciar a importacircncia do ambiente linguisticamente favoraacutevel bem como da psicomotricidade neste processo educacional Aleacutem de esclarecer e portanto permitir mudanccedilas significativas na praacutetica docente a fim de assegurar ao educando surdo garantia de adquirir de maneira natural e prazerosa o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico o desenvolvimento global e acadecircmico que refletiraacute em toda a sua vida Palavras chave Subtraccedilatildeo educandos surdos Libras psicomotricidade ABSTRACT This study purports to expose the methodology used in teaching processrsquoensinagemrsquo by educating deaf speaker of pounds on time learning from one of the two basic concepts of mathematics subtraction It aims to present the strategies developed and used by bilingual educator responsible for Pounds instruction room whose students attending the 2nd year of elementary school the EMEF Juacutelio de Mesquita Filho in the city of Campinas SP The study also aims to highlight the potential of effective and qualitative use of sign language demonstrate the importance of language-friendly environment as well as the motor in this educational process Besides clarify and therefore enable significant changes in teaching practice in order to ensure the educating deaf guarantee purchase of natural and enjoyable way the logical and mathematical thinking global and academic development that will reflect in all his life Keywords Subtraction deaf students Pounds motor

INTRODUCcedilAtildeO O presente estudo propende abordar reflexotildees pertinentes ao processo de ensinagem ao que se refere o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico do educando surdo

bull Quais os conceitos baacutesicos da matemaacutetica bull Como a Liacutengua Brasileira de Sinais contribui no aprendizado da subtraccedilatildeo bull E a psicomotricidade Qual a contribuiccedilatildeo no desenvolvimento do educando surdo bull Qual a estrateacutegia utilizada na sala de aula instruccedilatildeo Libras pela pedagoga biliacutengue

Acreditamos ser este tema atual e pertinente uma vez que o conceito matemaacutetico eacute minimamente difundido entre os profissionais que atuam diretamente com pessoas surdas devido agrave preocupaccedilatildeo majoritaacuteria com o desenvolvimento da fala do aproveitamento dos resiacuteduos auditivos eou ampliaccedilatildeo do vocabulaacuterio em Libras Visando a uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica consistente seratildeo consultados autores com reconhecida contribuiccedilatildeo no que refere-se agrave temaacutetica da pesquisa tais como Vygotsky (2001) Levin (2003) Skliar (2004) Quadros (2008) Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) CONHECENDO A MATEMAacuteTICA A adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo satildeo as primeiras e mais baacutesicas operaccedilotildees matemaacuteticas que se aprende na infacircncia Atividades que induzem o raciociacutenio a estes conceitos satildeo inseridas logo no primeiro ano do Ensino Fundamental e em alguns casos na Educaccedilatildeo Infantil por meio de uma proposta luacutedica No entanto eacute por volta do segundo ano que os educandos passam a interagir com estes conceitos de maneira sistematizada respeitando regras e utilizando de estrateacutegias para o aprendizado A adiccedilatildeo eacute definida como o ato de somar juntar quantidades Enquanto que a subtraccedilatildeo como o ato de diminuir tirar uma quantidade de outra quantidade Para alguns pesquisadores Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) existem quatro classes de problemas para o ensino da adiccedilatildeo e subtraccedilatildeo sendo comparaccedilatildeo igualizaccedilatildeo combinaccedilatildeo mudanccedila ou transformaccedilatildeo Na comparaccedilatildeo o resultado seraacute proveniente da diferenccedila entre as quantidades Exemplo Carla tem 19

172 anos e sua amiga tem 24 Quantos anos Carla tecircm a menos que sua amiga Na igualizaccedilatildeo pode-se dizer que existe uma comparaccedilatildeo ou seja eacute preciso que haja uma mudanccedila de certa quantidade para igualar agrave outra quantidade e assim descobrir a diferenccedila que havia entre elas Por exemplo Numa cozinha havia 26 panelas e 19 tampas Para ficar com a mesma quantidade de tampas e panelas seraacute necessaacuterio tirar quantas panelas Quanto agrave combinaccedilatildeo esta descreve entre duas quantidades e suas partes uma relaccedilatildeo estaacutetica Por exemplo Paulo tem 13 tampinhas de garrafa Somando com as de seu amigo Joatildeo eles tecircm 25 tampinhas Quantas tampinhas tecircm Joatildeo A mudanccedila ou transformaccedilatildeo ocorre com uma accedilatildeo direta ou indireta Atraveacutes dessas accedilotildees pode haver mudanccedilas de uma quantidade inicial para outra quantidade Exemplo Pedro tinha 18 figurinhas Num jogo com seus amigos ele perdeu 9 figurinhas Com quantas figurinhas ele ficou Para a resoluccedilatildeo de problemas subtrativos eacute comum os educadores do Ensino Fundamental ensinarem por meio da estrateacutegia aditiva que consiste da adiccedilatildeo na resoluccedilatildeo subtrativa Por exemplo 7 ndash 2 = Partindo do 2 o menor nuacutemero o educando eacute estimulado a acrescentar unidades como se ldquoandasserdquo casas ateacute ldquochegarrdquo ao 7 Neste processo a expressatildeo ldquopara chegar agraverdquo eacute utilizada Figura 1 reta numeacuterica Resultando no raciociacutenio no caminho entre o 2 para chegar no 7 o educando encontra os nuacutemeros 3456 e o proacuteprio 7 portanto a resoluccedilatildeo eacute 5 No entanto cabe ao educador conhecer seus educandos e ofertaacute-los diferentes estrateacutegias de resoluccedilotildees para que ao longo do tempo estes possam criar suas proacuteprias diante das dificuldades gradativas que a matemaacutetica apresentaraacute E aos educandos surdos Quais as dificuldades encontradas LIBRAS COMUNICACcedilAtildeO E APRENDIZADO A privaccedilatildeo sensorial da pessoa com surdez quando ocorrida intrauterina ou na infacircncia envolve questotildees linguiacutesticas uma vez que as informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo de um modo abrangente acontecem por meio dos sons Dados apontados por Goldfeld (2002) revelam que 90 dos surdos tecircm seus familiares proacuteximos ouvintes comprometendo as possibilidades dialoacutegicas Portanto a maior dificuldade encontrada pelos educandos surdos em suma maioria corresponde basicamente a trecircs questotildees sendo o seu desenvolvimento linguiacutestico sua apropriaccedilatildeo a uma liacutengua e a comunicaccedilatildeo entre educando-educandos e educando-educador

A comunicaccedilatildeo possibilita aos indiviacuteduos a interaccedilatildeo e nesta constacircncia os indiviacuteduos se apropriam de conhecimentos estes permeiam inicialmente a relaccedilatildeo familiar posteriormente a relaccedilatildeo social e ambos fortalecem os conhecimentos histoacuterico-culturais Na ausecircncia do outro o homem natildeo se constroacutei homem Vygotsky (2001) De acordo com Vygotsky (2001) para compreender o processo de desenvolvimento intelectual se faz necessaacuterio entender claramente as relaccedilotildees entre pensamento e liacutengua Sobre a linguagem Vygotsky expotildee que haacute uma inter-relaccedilatildeo pensamento e linguagem ambos contribuindo um para o outro A ciecircncia da linguiacutestica iniciou-se devido aos questionamentos de estudiosos sobre os fundamentos da linguagem no contexto que os cercavam Ao considerar como regra para a comunicaccedilatildeo humana sua construccedilatildeo em etapas a serem seguidas a linguagem ilustraria o iniacutecio pois permite a estruturaccedilatildeo do pensamento emoccedilotildees e conceitos do ser que posteriormente seratildeo manifestadas de acordo com o desenvolvimento do indiviacuteduo De acordo com Luria amp Yudovich (1985) o pioneiro a destacar a importacircncia da linguagem na formaccedilatildeo dos processos mentais foi Vygotsky E sua contribuiccedilatildeo possibilitou a influecircncia da linguagem como meacutetodo baacutesico para se analisar o desenvolvimento e a organizaccedilatildeo das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores1 As relaccedilotildees educaccedilatildeo de surdos e concepccedilotildees linguiacutesticas sempre estiveram intimamente ligadas Ao que se refere o tipo de abordagem a ser trabalhada em crianccedilas surdas esta envolve muitas discussotildees devido agraves diferentes concepccedilotildees que por sua vez permeiam a histoacuteria da pessoa com surdez Para Skliar (2004) a proposta biliacutengue visa a possibilitar a crianccedila surda uma identidade bicultural favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades por meio da cultura surda e portanto relacionar-se com a cultura ouvinte O bilinguismo estaacute fortemente associado ao biculturismo agrave identificaccedilatildeo aceitaccedilatildeo e o constante conviacutevio com indiviacuteduos pertencentes a este grupo linguiacutestico e suas significaccedilotildees sociais e culturais A liacutengua de origem do paiacutes eacute considerada segunda liacutengua e ambas satildeo oferecidas ao conhecimento da crianccedila surda Ao priorizar a fluecircncia da liacutengua natural o bilinguismo acredita que a crianccedila adquire a aprendizagem de maneira natural e melhor desenvolvimento pedagoacutegico e pessoal em ambos os idiomas

O fato de as liacutenguas de sinais serem liacutenguas naturais Tais liacutenguas satildeo naturais internamente e externamente pois refletem a capacidade

1 As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores satildeo exclusivas dos seres humanos e consistem no controle consciente do comportamento atenccedilatildeo e memoacuteria voluntaacuteria memorizaccedilatildeo ativa pensamento abstrato raciociacutenio dedutivo capacidade de planejamento Os animais por sua vez apresentam as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares sendo reaccedilotildees automaacuteticas reflexas e associaccedilotildees simples ndash de ordem bioloacutegica Ao nascer o ser humano possui apenas as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares Eacute atraveacutes da convivecircncia com o meio social e cultural que a crianccedila aprende e desenvolve as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

173

psicoloacutegica humana para a linguagem e porque surgiram da mesma forma que as liacutenguas orais ndash da necessidade especiacutefica e natural dos seres humanos de usarem um sistema linguiacutestico para expressarem ideias sentimentos e accedilotildees As liacutenguas de sinais satildeo sistemas linguiacutesticos que passaram de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo de pessoas surdas Satildeo liacutenguas que natildeo se derivaram das liacutenguas orais mas fluiacuteram de uma necessidade natural de comunicaccedilatildeo entre as pessoas que natildeo utilizam o canal auditivo-oral mas o canal espaccedilo-visual como modalidade linguiacutestica (QUADROS 2008 p 47)

Vygotsky (2001) aponta que haacute diferenccedilas entre o desenvolvimento da liacutengua materna e o da liacutengua estrangeira Segundo suas colocaccedilotildees o sujeito se apoiaraacute em todo o aspecto semacircntico da liacutengua materna na aquisiccedilatildeo da nova liacutengua Sendo assim ter a primeira liacutengua eacute imprescindiacutevel para adquirir demais liacutenguas Um ambiente linguisticamente favoraacutevel e o uso constante e fluente da Liacutengua de Sinais atuam como suporte linguiacutestico ao aprendizado da segunda liacutengua a Liacutengua Portuguesa e sendo um facilitador para a aprendizagem em geral Portanto para os falantes de Libras se faz necessaacuterio a seguinte adaptaccedilatildeo ver e sinalizar ao inveacutes de ouvir e falar para introduzir em seguida o ler e escrever Como no caso dos surdos eacute o som que lhes falta a importacircncia de oferecer a vivecircncia o concreto eacute imprescindiacutevel No entanto uma aula inteiramente expositiva ainda que em Liacutengua de sinais comprometeraacute o aprendizado deste educando em especial das crianccedilas PSICOMOTRICIDADE E O APRENDER O movimento corporal eacute nato ao ser humano e se inicia durante a vida uterina No processo de desenvolvimento a crianccedila passa a conhecer melhor seu corpo agrave medida que o explora A comunicaccedilatildeo e a interaccedilatildeo das crianccedilas ocorrem inicialmente por meio dos movimentos assim expressam suas vontades como na tentativa de alcanccedilar algo ou algueacutem que lhes atraem em repulsa como no ato de atirar um objeto que natildeo lhe agrada ou na accedilatildeo repetitiva de jogar o objeto para tecirc-lo novamente entregue pelo indiviacuteduo com o qual interage O controle e o domiacutenio do corpo bem como a intencionalidade e a intensidade do movimento ocorrem gradativamente resultando em aperfeiccediloamento Agrave medida que o desenvolvimento corporal acontece tambeacutem ocorre maior interaccedilatildeo com o meio adquirindo diferentes capacidades motoras cognitivas e linguiacutesticas

Wallon relacionou o movimento do corpo ao afeto agrave emoccedilatildeo ao meio ambiente e aos haacutebitos da crianccedila Considera o movimento humano instrumento fundante na construccedilatildeo do psiquismo (LEVIN 2003)

O fato de as liacutenguas de sinais serem da modalidade visuo-espacial causa a impressatildeo de que as crianccedilas surdas falantes de Libras possuem um niacutevel de desenvolvimento motor superior agraves crianccedilas ouvintes o

que eacute um equiacutevoco Ambas as crianccedilas desenvolvem-se igualmente Outro engano comumente permeia agrave construccedilatildeo das liacutenguas de sinais por seus falantes surdos e ouvintes

Mito 6 As liacutenguas de sinais por serem organizadas espacialmente estariam representadas no hemisfeacuterio direito do ceacuterebro uma vez que esse hemisfeacuterio eacute responsaacutevel pelo processamento de informaccedilatildeo espacial enquanto que o esquerdo pela linguagem (QUADROS E KARNOPP 2004 p 36)

No decorrer do processo de desenvolvimento linguiacutestico da crianccedila surda ocorre naturalmente o aperfeiccediloamento motor dos sinais sua execuccedilatildeo E por que utilizar da psicomotricidade no processo de ensinagem Ao explorar a energia e a agitaccedilatildeo natural das crianccedilas os educadores colaboram com uma aula mais atrativa e consequentemente uma aprendizagem prazerosa aliada a memoacuteria afetiva (prazer) como a memoacuteria do corpo (movimento realizado) Oferecer diferentes estrateacutegias de aprendizagem aos educandos eacute respeitaacute-los em suas diferenccedilas descobrir talentos e evidenciar potencialidades Cabe ao educador refletir sobre a sua praacutetica pedagoacutegica e dois excelentes exerciacutecios facilitam esta reflexatildeo 1) recordar o real motivo que o fez trabalhar com a educaccedilatildeo de crianccedilas 2) recordar dos momentos prazerosos e nebulosos de sua vida escolar SUBTRACcedilAtildeO ldquoVAI PARA TRAacuteSrdquo A estrateacutegia desenvolvida visa ao aprendizado do conceito da subtraccedilatildeo empregando os nuacutemeros decrescentes diferentemente do aditivo onde o conceito subtraccedilatildeo eacute entendido como ldquotirarrdquo poreacutem as resoluccedilotildees das equaccedilotildees satildeo propostas por meio da adiccedilatildeo comumente utilizando a expressatildeo ldquopara chegarrdquo Antes de expor a estrateacutegia algumas informaccedilotildees relevantes sobre os indiviacuteduos envolvidos

bull Os educandos cursavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental em uma escola puacuteblica que possui um projeto de Educaccedilatildeo Biliacutengue para Surdos portanto na sala haacute somente surdos bull A educadora eacute graduada em pedagogia e possui especializaccedilotildees sendo Educaccedilatildeo Especial Psicopedagogia e Libras bull O uso constante da Libras qualitativa por todos os envolvidos torna o ambiente linguisticamente favoraacutevel

Vale ressaltar que a aprendizagem da subtraccedilatildeo eacute um processo contiacutenuo com etapas bem definidas Inicialmente o conceito subtrair foi fortemente explorado por exemplos concretos como o uso de balas goma de mascar brincadeiras dentro e fora do ambiente sala de aula e desenhos Aliado a este trabalho houve a preocupaccedilatildeo em estimular nos educandos as unidades decrescentes para posteriormente em conjunto com a psicomotricidade desenvolver a estrateacutegia apresentada Os educandos satildeo levados para fora da sala com a ideia inicial de desenvolver mais uma brincadeira para aprender Este termo eacute utilizado pela educadora todas as

174 vezes que a brincadeira resultaraacute em um aprendizado portanto ao antecipar a atividade os educandos se preparam pois entendem que lhe seraacute exigido atenccedilatildeo agraves explicaccedilotildees diferentemente de uma brincadeira livre no parque Em um ambiente agradaacutevel agrave sombra de uma frondosa aacutervore a educadora desenha com giz uma escala numeacuterica no chatildeo Logo surgem os primeiros comentaacuterios ldquoAmarelinha noacutes vamos brincar de amarelinhardquo

Figura 2 Escala numeacuterica decrescente Os educandos recebem uma ficha com diversas subtraccedilotildees estas diferentes uma das outras fixada em uma prancheta e um laacutepis Com a ajuda da ldquoamarelinhardquo resolveratildeo as subtraccedilotildees propostas Antes atentos agrave explicaccedilatildeo a educadora faz exatamente o que os educandos deveratildeo fazer Esta estrateacutegia de oferecer um modelo eacute extremamente rica aos alunos surdos e portanto muito utilizada 7 ndash 2 = 6 ndash 2 =

9 ndash 4 = 8 ndash 2 = 2 ndash 2 = 4 ndash 4 = 4 ndash 0 = 3 ndash 0 =

Figura 3 Fichas de subtraccedilatildeo

Para favorecer a compreensatildeo empregaremos o exemplo 7 ndash 2 = Inicialmente o educando vai agrave casa do minuendo 7 e anda para traacutes a quantidade de casas que corresponde ao subtraendo 2 Em seguida olha em qual casa estaacute e anota como resultado 5 Ao concluir toda a sua ficha o educando troca com o colega e realiza o trabalho de correccedilatildeo da ficha do colega

Figura 4 O uso da escala numeacuterica decrescente Apoacutes domiacutenio desta estrateacutegia os educandos satildeo estimulados a utilizarem o aprendizado no caderno Recebem da educadora uma escala numeacuterica em proporccedilatildeo menor e realizam as subtraccedilotildees com os dedos como se estes fossem o seu corpo

Figura 5 O uso da escala com os dedos

Com o passar do tempo o domiacutenio desta estrateacutegia se solidifica e naturalmente deixam a escala passando a contar apenas com as matildeos (Libras)

Figura 6 O uso da estrateacutegia decrescente apoiada agrave contagem com as matildeos

Posteriormente a contagem apoiada agraves matildeos os educandos elaboram uma nova estrateacutegia Deixa as ferramentas concretas abstraindo totalmente por meio apenas dos caacutelculos mentais Subtraccedilotildees com o subtraendo em 0 e 1 satildeo os primeiros caacutelculos mentais a serem feitos pois no caso do 0 entendem que natildeo precisaratildeo andar nenhuma casa e no 1 a resoluccedilatildeo sempre seraacute o nuacutemero vizinho A fim de evitar conflitos entre a adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo os educandos satildeo estimulados a compreensatildeo de que na adiccedilatildeo os nuacutemeros sempre iratildeo para frente (crescente) enquanto que na subtraccedilatildeo os nuacutemeros vatildeo para traacutes (decrescente) Esta estrateacutegia se consolidou de tal forma que tempos depois durante a aprendizagem da multiplicaccedilatildeo os educandos foram estimulados a utilizaram a estrateacutegia do ldquovai para traacutesrdquo na resoluccedilatildeo da multiplicaccedilatildeo Esta proposta foi muito bem recebida por todos e comumente empregada pelos educandos Por exemplo 4 x 9 = Ao inveacutes de partir do 4 x 1 para a resoluccedilatildeo fizeram ao contraacuterio partiram do 4 x 10 Cabe informar que a multiplicaccedilatildeo de dezena estaacute consolidada Portanto 40 com 4 ldquopara traacutesrdquo 40 ndash 4 = 36 CONCLUSAtildeO Diante do estudo exposto conclui-se que o ato de ensinar corresponde agrave busca de estrateacutegias que favoreccedilam o aprendizado Cabe ao educador utilizaacute-las e diante das dificuldades de seus educandos reformulaacute-las ou adaptaacute-las Para tanto se faz imprescindiacutevel conhecer o seu educando a fim de ofertaacute-los desafios constantes em prol do aprendizado crescente e qualitativo Ao educador deve ser ofertada uma metodologia livre na qual poderaacute criar e desenvolver suas estrateacutegias para melhor intermediar o aprendizagem de acordo com as especificidades de seus educandos Metodologias ldquoengessadasrdquo comprometem o desempenho do educador quanto ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de suas estrateacutegias Ao educando deve-se oferecer o estiacutemulo agrave elaboraccedilatildeo de estrateacutegias individuais e coletivas permitir liberdade para desempenhar suas proacuteprias estrateacutegias

175 apoio do educador em suas dificuldades valorizaccedilatildeo por parte do educador nas conquistas de seus educandos Sabe-se que ainda haacute muito que fazer pensar pesquisar discutir e debater sobre o tema estudado devido a sua complexidade As possibilidades natildeo se esgotam com este estudo tatildeo pouco consideram-se encerrado as discussotildees sobre o tema Logo o objetivo maior eacute apresentar aos profissionais envolvidos com a educaccedilatildeo o meio acadecircmico e a proacutepria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas e dificuldades de aprendizagem ocasionados por uma didaacutetica que natildeo corresponde a realidade ao perfil e ao interesse dos educandos Pode-se e deve-se falar em educaccedilatildeo qualitativa cabendo aos referidos segmentos se mobilizarem para atentar-se ao tema em estudo certamente estaremos dando um passo definitivo a favor da qualidade no ensino contribuindo para a construccedilatildeo de uma sociedade ativa criacutetica e participativa REFEREcircNCIAS BRANDAtildeO Ana Carolina e SELVA Ana Coelho O livro didaacutetico na educaccedilatildeo infantil reflexatildeo versus repeticcedilatildeo na resoluccedilatildeo de problemas matemaacuteticos Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-97021999000200006 Acesso em 19 de Fevereiro de 2015 GOLDFELD M A crianccedila surda linguagem e cogniccedilatildeo numa perspectiva soacutecio-interacionista 2 ed Satildeo Paulo Plexus 2002 LURIA A R YUDOVICH F I Linguagem e desenvolvimento intelectual na crianccedila Trad de Joseacute Claacuteudio de Almeida Abreu Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985 PESSOA Cristiane Azevedo dos Santos Interaccedilatildeo social uma anaacutelise do seu papel na superaccedilatildeo de dificuldades de resoluccedilatildeo de problemas aditivos QUADROS R M Educaccedilatildeo de surdos a aquisiccedilatildeo da linguagem Artes Meacutedicas Porto Alegre 2008 QUADROS R M KARNOPP L B Liacutengua de sinais brasileira estudos linguiacutesticos Artes Meacutedicas Porto Alegre 2004 LEVIN Esteban A cliacutenica psicomotora Petroacutepolis-RJ Vozes 2003 SKLIAR C Uma perspectiva soacutecio-histoacuterica sobre a psicologia e a educaccedilatildeo dos surdos In Educaccedilatildeo amp Exclusatildeo-Abordagens soacutecio-antropoloacutegicas em Educaccedilatildeo Especial Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2004 SOUSA Isabela Mascarenhas Antoniutti de As mediaccedilotildees no processo de apropriaccedilatildeo do conceito de subtraccedilatildeo visatildeo dos educadores das seacuteries iniciais do ensino fundamental

VYGOTSKY LS A construccedilatildeo do pensamento e da linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

176

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S)

Jaqueline Massagardi Mendes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jackiemmendesgmailcom

RESUMO Neste artigo fazemos uma anaacutelise da heterocircniacutemia do poeta modernista portuguecircs Fernando Pessoa partindo da hipoacutetese de que suas muacuteltiplas personalidades poeacuteticas possam ter se influenciado nas proacuteprias ideias multipolares dos movimentos da Vanguarda Europeia (parcela de intelectuais que revolucionaram o modo de pensar e fazer arte no iniacutecio do seacuteculo XX) e sobretudo do Cubismo e suas multifacetadas geometrizaccedilotildees Apresentamos alguns fragmentos da escrita poeacutetica pessoana que nos levam a perceber a clara multiplicidade de suas personas artiacutesticas Um poeta que in-corpora outros numa contiacutenua aventura metamorfoacutesica de autopsicografar-se (ou ldquoalteropisicografar-serdquo) constantemente em um exerciacutecio que muito lembra os transtornos bipolares e multipolares da sociedade contemporacircnea Palavras chave Literatura Portuguesa criacutetica literaacuteria anaacutelise literaacuteria vanguarda europeia Fernando Pessoa modernismo portuguecircs ABSTRACT In this paper we review the heteronomy of the portuguese modernist poet Fernando Pessoa starting from the hypothesis that his multiple poetic personalities may have influenced the multipolar own ideas of European Vanguard movements (part of intellectuals who revolutionized the way of thinking and doing art in the early twentieth century) and especially Cubism and its multifaceted geometries We present some Pessoas poetic writing fragments that cause us to see the clear multiplicity of him artistics persons A poet who incorporate others in a continuous adventure of metamorphosys to psycograph himself (or alteropisicografar) constantly in an exercise that remember the bipolar and multipolar disorders of contemporary society Keywords Portuguese Literature literary criticism literary analisys european vanguard Fernando Pessoa portuguese modernism

INTRODUCcedilAtildeO UMA VISAtildeO CALEIDOSCOacuteSPICA UMA VISAtildeO VANGUARDISTA

O poeta eacute um fingidor Finge tatildeo completamente

Que chega a fingir que eacute dor A dor que deveras sente

ldquoAutopsicografiardquo (Fernando

Pessoa) In Poesias Fernando Pessoa (Nota explicativa de Joatildeo

Gaspar Simotildees e Luiz de Montalvor) Lisboa Aacutetica 1942 (15ordf ed 1995) - 235

Dizem que a arte imita a vidaOu seraacute que a vida imita a arte Bem disso natildeo sabemosmas o que sabemos eacute que alguns poetas e artistas por toda a histoacuteria da humanidade tentaram entender e retratar de muitas formas o caraacuteter humano Desde o iniacutecio do seacuteculo XX um movimento mudaria para sempre a mentalidade das artes e dos Artistas Falamos da Vanguarda Europeia movimento que pelo que jaacute sugere o nome apresenta um pensamento agrave frente de seu tempo e inovaria o proacuteprio modo de fazer e pensar arte seja na linteratura seja na pintura ou em toda e qualquer manifestaccedilatildeo artiacutestica Futurismo Expressionismo Dadaiacutesmo Surrealismo e Cubismo Todos expressaram em suas obras as mais intrigantes transformaccedilotildees pelas quais os mundo passava no iniacutecio do seacuteculo XX os avanccedilos advindos da era industrial a tecnologia a velocidade e ateacute as anguacutestias da Guerra De modo geral o futurismo refletia o ritmo freneacutetico da tecnologia o expressionismo o medo e a anguacutestia trazidos pela guerra o dadaiacutesmo talvez o mais ousado dos movimentos seria um verdadeiro manifesto bizarro contra toda forma de conceito preestabelecido o surrealismo traria as alucinaccedilotildees de Salvador Dali (entre outros nomes) o

177 mundo oniacuterico inspirados na psicanaacutelise de Freud e o cubismo a realidade multifacetada polarizada fragmentada e relativa Interessa-nos particularmente este uacuteltimo O cubismo eacute a mais metafoacuterica expressatildeo das instabilidades incertezas e complexidades desse ldquoadmiraacutevel mundo novordquo surgido no seacuteculo das transformaccedilotildees - o seacuteculo XX Atraveacutes de suas obras visuais cubistas deixavam como legado um olhar tatildeo sui generis quanto esse novo momento histoacuterico tatildeo particular quanto as proacuteprias inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e sociais Sua visatildeo muito mais lembrava a de um Caleidoscoacutepio

GRIS Juan Homem no cafeacute (1912) Museu da Arte da Filadeacutelfia Coleccedilatildeo Loise Walter Arensberg Disponiacutevel

em httpptwahooartcom8YDG67-Juan-Gris-Homem-no-Cafeacute acesso em 28-03-15

Note na pintura acima que por traacutes da imagem desfocada e geometrizada a temaacutetica protagonista natildeo eacute propriamente o ldquohomem num cafeacuterdquo mas antes as muacuteltiplas possibilidades de ponto de vista as multifaces de uma mesma imagem os multi-polos de um mesmo mundo O Homem num cafeacute mais parece um intectual europeu tentando unificar e homogeneizar sua heterogeneidade ou quem sabe heterogeneizar sua homogeneidade FERNANDO PESSOA (S) PERSONALIDADES MULTIFACETADAS Em termos de literatutra os movimentos vanguardistas mas sobretudo o cubismo representou as multifacetas de um ponto de vista e o poeta portuguecircs Fernando Pessoa parece ter feito isso muito bem mais que isso Pessoa parece ser um dos poetas de alma mais cubista dentre todos os modernistas da Europa e do mundo Natildeo propriamente na proposta graacutefica e visual trazida pela tiacutepica produccedilatildeo literaacuteria cubista mas no tocante agrave ideia da fragmentaccedilatildeo e polarizaccedilatildeo de uma

humanidade impactada pelas transformaccedilotildees advindas da industrializaccedilatildeo bem como dos impactos sociais como a tecnologia a velocidade o terror e as instabilidades provocados pela guerra Mesmo os natildeo aficcionados por literatura poderatildeo voltar aos tempos ldquoaacuteureosrdquo de escola e lembrar do alucinado poeta que pensava ser trecircs pessoas aquele mesmo que assinava suas obras em trecircs pessoas diferentes (aleacutem dele proacuteprio) aquele tal de Ricardo Reis Alberto Caeiro Aacutelvaro de Camposenfim aquele que ousava Heterocircnimos Heterotexto ldquoSi-Proacutepriosrdquo Negaccedilatildeo egoacutetica Do Texto ao Inter-texto Da Expressatildeo para a Entre-Pressatildeo Afinal quem eacute (satildeo) Fernando Pessoa (s) F Pessoa parece ser uma espeacutecie de ldquohomem-polecircmicardquo a manchete dos criacuteticos literaacuterios Um ldquomeacutediumrdquo um auto-psicoacute-grafo uma alma tentando escrever-se Muito se discute sobre as pessoas de Pessoa mas a verdade eacute que Pessoa eacute um poeta na proacutepria etimologia da palavra mdash do gr poetes aquele que faz aquele que cria Pessoa eacute um poetes Pessoa eacute um CRIADOR Os poemas de todos os ldquoPessoasrdquo parecem exalar o cheiro dos cafeacutes de Lisboa parecem trazer consigo as reflexotildees de uma noite natildeo dormida um ldquoviajarrdquopor diferentes visotildees-de-mundo Ettore Finazzi Agrograve criacutetico literaacuterio e ensaista apaixonado pelo poeta em seu ldquoAacutelibi Infinito O projeto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoardquo (Lisboa Imprensa Nacional-Casa da moeda 1987 pp 9 e 31) chega a considerar que o escritor portuguecircs eacute um ldquoviajante da dimensatildeo imaginaacuteria sua viagem completa-se assim lsquona pessoa dos outrosrsquo Agrograve (1987) prossegue e ainda pensa a viagem pessoana como ldquometamorfoses contiacutenuasrdquo que tornam-se modos de ldquoentrar no corpo alheiordquo Pessoa transforma-se figurativamente em muitos outros Suas constantes deslocaccedilotildees em sua viagem pelo imaginaacuterio sugerem um pouco de sua busca pela incompreensibilidade Pessoa percorre o outro Assegurando essa alteridade nosso poeta ateacute mesmo usa da polimorfia textual para preencher o vaacutecuo que se forma de ldquoele ser elerdquo Desta forma toda tentativa de interpretaccedilatildeo fica claramente despistada Cremos que os criacuteticos ou amantes de Pessoa fariam de tudo para terem sido contemporacircneos do poeta e se possiacutevel seus psicanalistas Quem sabe aplicando uma ldquoregressatildeo psiacutequicardquo poderiacuteamos entender todo o

178 universo ldquoindiziacutevelrdquo do nosso autor de autores Pensamos que se adentraacutessemos em sua alma nos deparariacuteamos com uma multiplicidade de vozes confusas e gritando entre si Diria o dono das vozes Fantasmas sem lugar que a minha mente Figura no visiacutevel sombras minhas Do diaacutelogo comigo

ldquoPrimeiro Faustordquo (Fernando Pessoa) (In Poemas Dramaacuteticos Fernando Pessoa Nota

explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa Lisboa Aacutetica 1952 (imp1966) - 80)

Temos que exclamar esse poeta eacute genial Eacute mais que um poeta mdash eacute um a(u)tor Temos que concordar com Agrograve (opcit) Ao mudar de nome e fingir-se outro Fernando Pessoa natildeo faz outra pessoa O que ele faz eacute (para usar os termos de Agrograve) tentar exprimir poeticamente a alteridade Nosso poeta deve agora ser visto como um ator O seu constante co-locar e des-locar de maacutescaras muito nos leva ao antigo mundo grego das hipocriteacutes Este era o nome dado agraves maacutescaras usadas para a caracterizaccedilatildeo eou troca de personagens nos palcos da cultura helecircnica A palavra sobrevive aos tempos e povos e conserva o seu sentido ldquoo hipoacutecrita eacute o fingidorrdquo o colocador de maacutescaras Essa ideia lembra-nos algueacutem Pessoa eacute por excelecircncia o articulador de maacutescaras em seu simples (mas criativo) recurso de trocar nomes e personalidades Pessoa cria outras pessoas distanciadas ou relacionadas agrave sua proacutepria pessoa Pessoa cria e vive dramaticamente representando atraveacutes das maacutescaras dos heterocircnimos Multipliquei-me para me sentir Para me sentir precisei sentir tudo Transbordei natildeo fiz senatildeo extravazar-me Despi-me entreguei-me E haacute em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente (FP)

ldquoPassagem das Horasrdquo Aacutelvaro de Campos (Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1988)

Agrograve (1987) muito oportunamente fala de uma auto-negaccedilatildeo do poeta e de um fazer de cada fora um dentro potencial e vice-versa Isto eacute natildeo satildeo meras negaccedilotildees de sua identidade satildeo tentativas de atraveacutes da linguagem pluralizar um ego tornar o in-diviacuteduo

divisiacutevel para ao fim encontrar-se em alter-egos que venham preencher o vazio que haacute em ser ele mesmo No vaacutecuo que se forma de eu ser eu E da noite ser triste Meu ser existe sem que seja meu E anocircnimo persiste

ldquoGradual desde que o calorrdquo Aacutelvaro de Campos(Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC 2013)

Ao lado da auto-negaccedilatildeo e seus heterocircnimos haacute que se esclarecer a co-existecircncia de um outro termo a ldquopseudoniacutemia de ocasiatildeordquo Agrograve (1987) arrisca dizer que a pseudoniacutemia eacute como uma ldquocensurardquo que obriga o sujeito a apresentar-se disfarccedilado de outro No entanto haacute uma Pessoa mais apta a responder agrave questatildeo Assim quanto mais eu digo mais me engano Mais faccedilo eu Um novo ser posticcedilo que engalano De ser o meu

ldquoMeu pensamento dito jaacute natildeo eacuterdquo Fernando Pessoa

In Pessoa Fernando Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica 1973

(4a ed 1993) 148

A resposta eacute a de algueacutem chamado Fernando Pessoa Seu curriacuteculo Poeta e fingidor Seu verdadeiro nome Muitos Seu maior passatempo Ensaiar pelos palcos das personalidades Sua maior Mensagem Des-cobrir-se MUITO MAIS QUE MODERNISTA UMA ldquoPESSOArdquo MULTIPOLAR CONTEMPORAcircNEA Devemos dizer ainda que nosso poeta do ldquocubismo altercecircntricordquo muito parece espelhar a sociedade desde a modernidade ateacute os dias de hoje Os dias satildeo tatildeo freneacuteticos e exigem tantas multitarefas simultacircneas que acabam gerando no homem deste seacuteculo uma siacutendrome de se ser ldquoos muitosrdquo que o sistema exige que sejamos Talvez parte dos males do seacuteculo das depressotildees das crises de ansiedade siacutendromes do pacircnico e sobretudo do transtornos bipolares poderiam ser resolvidos pelo grito da arte O grito elegante no qual se

179 pode gritar os brados mais sufocados ou silenciar os iacutempetos mais megafocircnicos Uma sessatildeo de psicanaacutelise Uma tela cubista Um minuto surrealista Ou ateacute mesmo O grito de Edvard Munch (pintor expressionista que se tornou conhecido por O grito) Um momento para se poder ser como Pessoa (s) Muitos em um Um em muitos Esse eacute o ldquopoeta do non sense rdquo Por excelecircncia FPessoa a pessoa ou as pessoas que tentamos apresentar Qualquer semelhanccedila com sua vida real (e multifacetada) natildeo seraacute mera coincidecircncia REFEREcircNCIAS Agrograve Ettore Finazzi (1987) O aacutelibi infinito o projecto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoa Imprensa Nacional-Casa da Moeda Pessoa Fernando (1972) Obra Poeacutetica Cia Joseacute AguilarEditora - Rio de Janeiro paacuteg 164 ______________ (1952) Poemas Dramaacuteticos (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa) Lisboa Aacutetica (imp1966) - 80

_____________(1988)A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda

_____________ (2013) Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC

____________(1973) Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica (4a ed 1993) 148

Teles Gilberto Mendonccedila (1972) Vanguarda europeacuteia e modernismo brasileiro Editora Vozes

180

UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS

Artur Cesar de Freitas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

faccamparturgmailcom

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

vturquettohotmailcom

Fernanda Boava Pires

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)48129400

fernandaboavahotmailcom

RESUMO O artigo apresenta uma breve abordagem sobre os nuacutemeros complexos e uma proposta para apresentar esse conjunto de nuacutemeros em sala de aula Os nuacutemeros complexos ainda satildeo tratados de uma forma abstrata dentro da sala de aula e pelos livros didaacuteticos As descriccedilotildees sobre sua existecircncia e aplicaccedilatildeo eacute secundarizado frente agraves listas de exerciacutecios e procedimentos para realizaccedilatildeo de contas Em contrapartida esses nuacutemeros apesar de um dos seus nomes serem nuacutemeros imaginaacuterios possuem muita aplicaccedilatildeo real e sua descoberta favoreceu o amadurecimento da matemaacutetica e as possibilidades de novas descobertas Palavras chave Nuacutemeros complexos imaginaacuterios rotaccedilatildeo ABSTRACT In this work we introduce a brief approach about complex numbers and a proposal to teach this subject in the classroom The complex numbers are still being treated in a abstract way inside the class and by textbooks The descriptions about its existence and applications are low before lists of exercises and procedures to perform calculations In the other hand this numbers despite one of its names being imaginary has real applications and its discovery favored the growth of mathematics and opened a door to new possibilities and new discoveries Keywords Complex Numbers Imaginary rotation 1 INTRODUCcedilAtildeO Estamos acostumados com nuacutemeros porque eles vivem ao nosso redor Usamos os nuacutemeros para a

mediccedilatildeo da velocidade comprimento volume e outras medidas do nosso dia a dia Eacute verdade que existem outros nuacutemeros natildeo tatildeo costumeiros Um dos exemplos satildeo nuacutemeros irracionais que entre seus exemplares haacute o famoso Pi e o nuacutemero e poreacutem cada um com seu significado e passiacutevel de se encontrar em equaccedilotildees ou algumas mediccedilotildees ldquoMas haacute um nuacutemero que tem uma relaccedilatildeo mais complicada com a realidade Ele eacute conhecido como nuacutemero complexo ou nuacutemero imaginaacuterio ou com mais frequecircncia simplesmente de i Apesar desses nomes ele eacute de fato muito realrdquo (BENTLEY 2009 p 230)

O nuacutemero complexo eacute a resposta para um enigma que cercou os matemaacuteticos por seacuteculos Alguns descrevem que o termo nuacutemero complexo pelo fato do seu desenvolvimento desordenado como descreve Ricieri (2004)seu desenvolvimento passa por vaacuterios gecircnios entre eles Reneacute Descartes Gottfried Eillhem e Leibniz poreacutem ldquoa primeira pessoa que realmente usou a raiz quadrada de nuacutemeros negativos em sua matemaacutetica foi um italiano chamado Niccoloacute Fontanardquo (BENTLEY 2009 p 233) Ainda segundo o autor esse segredo foi passado para Gerolamo Cardano que iniciou com a busca de uma soluccedilatildeo geral para equaccedilotildees cuacutebicas Os resultados envolvia raiz quadrada de nuacutemeros negativos

2 ASPECTOS DOS NUacuteMEROS COMPLEXOS Os nuacutemeros complexos possuem um efeito muito parecido com a descoberta dos nuacutemeros negativos No site de Kalid Azaid eacute feito uma proposta no qual foi adaptado abaixo

181

Quadro 1 ndash Aspectos dos nuacutemeros complexos

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Negativos (-x) Inventado para responder O que eacute 3 - 4

Estranho porque Como vocecirc pode ter menos do que nada

Significado intuitivo Oposto Considerado absurdo ateacute 1700 Ciclo Multiplicativo 1 -1 1 -1 e padratildeo geral x -x x -x Uso em coordenadas Do 0 para traacutes ( -1 -2) Mede-se o tamanho com

Valor Absoluto Raiz de (-x) sup2

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Complexos (a +

bi) Inventado para responder O que eacute a raiz sup2 de (-1)

Estranho porque Como vocecirc tira a raiz sup2 de

menos do que nada Significado intuitivo Rotaccedilatildeo Considerado absurdo ateacute Atualmente Ciclo Multiplicativo 1 i -1 -i e padratildeo geral x y -x -y Uso em coordenadas Rotaccedilatildeo em volta da origem Mede-se o tamanho com

Teorema de Pitaacutegoras | Raiz de asup2 + bsup2

Fonte httpbetterexplainedcom acessado em 09052014

A pergunta ldquocomo vocecirc pode tirar mais de um nuacutemero menor E ldquoqual nuacutemero elevado ao quadrado seraacute negativo rdquo Essa eacute a principal questatildeo que causa estranheza quando satildeo apresentados os nuacutemeros complexos Como a proacutepria tabela apresenta se o nuacutemero negativo eacute o oposto do seu correspondente positivo O nuacutemero complexo eacute tido como uma rotaccedilatildeo desse correspondente como seraacute apresentado mais adiante Ainda sobre a tabela quando o autor fala do ciclo multiplicativo eacute importante frisar que estaacute sendo

multiplicado no exemplo da primeira coluna o nuacutemero -1 e na segunda coluna o nuacutemero i Dessa forma tem-se que a multiplicaccedilatildeo de i x i eacute igual a -1 como eacute definido os nuacutemeros complexos

3 ABORDAGEM VETORIAL Para um melhor entendimento sobre os nuacutemeros complexos a abordagem vetorial ajuda pois demonstra geometricamente e visualmente a estrutura dos nuacutemeros complexos

Vetor eacute um segmento orientado de reta de A ateacute B caracterizado por trecircs aspectos definidos comprimento (moacutedulo) direccedilatildeo e sentido (de A para B) como demonstra a figura 1

Figura 1 ndash ilustraccedilatildeo de um vetor

FontehttpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

Um vetor complexo eacute um vetor cujos elementos satildeo nuacutemeros complexos pertencentes a um espaccedilo vetorial complexo

(Fonte httpmathworldwolframcom acessado em 08052014)

Um espaccedilo vetorial complexo eacute formado por uma dimensatildeo real e uma dimensatildeo imaginaacuteria formando um plano Um nuacutemero complexo pertenceraacute a este plano na forma z = a +bi

Figura 2 ndash Plano imaginaacuterio

182 Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Por ter duas partes a parte imaginaacuteria do nuacutemero complexo estaraacute acompanhada da letra i

119894 = radicminus1 portanto 119894sup3 = minus119894 e 1198944 = 1 formando um ciclo

Figura 3 ndash Formaccedilatildeo do ciclo do nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Entatildeo se temos o nuacutemero z = 1+ i

Figura 4 ndash Representaccedilatildeo de um nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Nota-se que o proacuteprio nuacutemero complexo z = 1 + i cria um vetor com um acircngulo de 45ordm da linha dos reais e o modo que se obteacutem esse nuacutemero nada mais eacute do que a soma de dois vetores utilizando a regra do paralelogramo

Figura 5 ndash Regra do paralelogramo

Fonte httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica acessado em 08052014

Somar e subtrair nuacutemeros complexos satildeo somar e subtrair vetores

Adiccedilatildeo

Subtraccedilatildeo

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Multiplicar nuacutemeros complexos eacute fazer uma rotaccedilatildeo por determinado acircngulo no plano Se multiplicarmos um nuacutemero complexo a + bi por 1 + i o que estaremos fazendo eacute uma rotaccedilatildeo de 45 graus do vetor inicial no sentido anti-horaacuterio

Multiplicaccedilatildeo

Dividir nuacutemeros complexos eacute o contraacuterio se multiplicando noacutes giramos sentido anti-horaacuterio dividindo noacutes giramos sentido horaacuterio e para isso utilizamos o conjugado do nuacutemero complexo que se daacute na forma c ndash di

(c + di)(c ndash di) = (csup2 + dsup2)

Divisatildeo-

183

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Para determinar o comprimento (moacutedulo) de um nuacutemero complexo utiliza-se o teorema de Pitaacutegoras a + bi = radic119886sup2 + 119887sup2

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

4 UMA APLICACcedilAtildeO REAL A aplicaccedilatildeo dos nuacutemeros complexos eacute muito diversa desde estudos com campos magneacuteticos geometria fractal e na construccedilatildeo da curva fechada que representa o perfil de uma asa de aviatildeo chamado tambeacutem de aerofoacutelio de Joukowski ldquoPara que se faccedila possiacutevel uma anaacutelise matemaacutetica de um escoamento muitas vezes eacute necessaacuterio ou conveniente fazer simplificaccedilotildees para que as complexas equaccedilotildees que regem o escoamento possam ser resolvidas analiticamenterdquo (KLIEWER 2014) De forma simplificada no mesmo trabalho o escoamento pode ser representado por duas funccedilotildees primeiro a corrente representado pelo siacutembolo Ψ e o potencial de velocidade representado por Φ

Figura 6 ndash Representaccedilatildeo da simplificaccedilatildeo de Joukowski

Eacute exatamente o fato do perfil estudado ter dois componentes na simplificaccedilatildeo adotada que necessita de um nuacutemero que possua dois componentes Segundo Kliewer (2014) a funccedilatildeo de linha corrente e potencial de velocidade pode ser unida em uma uacutenica variaacutevel complexa que descreve o escoamento e tem as caracteriacutesticas matemaacuteticas das variaacuteveis complexas dada por

120596 = 120601 minus 119894120595

Essa equaccedilatildeo eacute desenvolvida com base nos caacutelculos do potencial de velocidade e da corrente levando-se em consideraccedilatildeo a circulaccedilatildeo do fluido velocidade densidade do fluido e escoamento Dessa forma tem-se

120596 = 119881 119911 + 1198862

119911 +

119894Γ2120587

119897119899119911119886

Embora essa equaccedilatildeo seja grande e aparentemente complicada trata-se de um nuacutemero com 2 componentes assim como o nuacutemero complexo

5 O NUacuteMERO COMPLEXO NA GEOMETRIA Engana-se quem acredita que os nuacutemeros complexos natildeo podem ocorrer tambeacutem na geometria Na proposta apresentada pelo professor Prandiano (2004) eacute feito uma abordagem do nuacutemero complexo utilizando uma figura geomeacutetrica bastante comum

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de um triacircngulo

Fonte Curso Prandiano 2004

Por semelhanccedila de triacircngulos tem-se a seguinte relaccedilatildeo

119908119886

= 119887119908

there4 1199082 = 119886119887

Sendo a = -1 e b = +1

a b

-1 0 +1

w

184

1199082 = (minus1)(+1) there4 119908 = radicminus1

6 CONCLUSAtildeO Os nuacutemeros complexos possuem uma variedade enorme de aplicaccedilotildees Neste trabalho foi feito uma abordagem graacutefica sobre esse conjunto de nuacutemeros e um exemplo praacutetico com a intenccedilatildeo de tornaacute-lo mais proacuteximo do estudante Os graacuteficos satildeo vistos o tempo todo em mateacuterias como fiacutesica geografia biologia e na proacutepria matemaacutetica De certa forma trazer esses nuacutemeros para essa abordagem tira a imagem que o nuacutemero complexo ou imaginaacuterio eacute fruto da imaginaccedilatildeo dos matemaacuteticos antigos e assim vira uma realidade presente O exemplo praacutetico abordado embora pouco explorado serve para ilustrar que um desenho de uma peccedila importante de um aviatildeo eacute feito a partir de um nuacutemero complexo fechando a tese que esse nuacutemero natildeo eacute apenas fruto da imaginaccedilatildeo e que ele eacute usado no dia a dia das empresas e das operaccedilotildees matemaacuteticas 7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS BENTLEY Peter (2009) O Livro dos Nuacutemeros Uma histoacuteria Ilustrada da Matemaacutetica Rio de Janeiro Editora Jorger Zahar KLIEWER David Anaacutelise de perfis aerodinacircmicos Joukowski Disponiacutevel em wwwprofezequiasnet Acesso em 09052014 RICIERI A Prandini Assim nasceu o Imaginaacuterio Origens dos Nuacutemeros Complexos Disponiacutevel em

httpbetterexplainedcom acesso em 09052014

Sites consultados

httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

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USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS

ldquoUsing programs Open Source in teaching and research of fluid mechanicsrdquo

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Prof Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste trabalho apresentamos uma breve resenha dos programas livres de computador sem custo financeiro aplicados agrave mecacircnica dos fluidos Procuramos relacionar os principais programas ldquoOpen Sourcerdquo do mercado com aplicaccedilotildees nas teorias e praacuteticas da mecacircnica dos fluidos Realizamos um balanccedilo positivo dos motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver Com efeito natildeo obstante as suas reconhecidas potencialidades os programas ldquoOpen Sourcerdquo se tornaram a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos Discutimos algumas dessas dificuldades O potencial dos programas ldquoOpen Sourcerdquo soacute poderatildeo ser plenamente realizados se existir uma boa articulaccedilatildeo deles com os curriacuteculos e a praacutetica Descrevemos resumidamente os programas ldquoOpen Sourcesrdquo Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver Palavras-chave Open Source Mecacircnica dos Fluidos Dinacircmica dos Fluidos Computacional Scilab wxMaxima OpenFOAM e Gerris Flow Solver ABSTRACT We present a brief review of computer free programs without financial cost applied to fluid mechanics We relate the main programs Open Source market to the applications in the theory and practice of fluid mechanics We conducted a positive assessment of the reasons for programs to use Open Source in higher education institutions teachers researchers and the graduate students however we note that undeniably many questions remain unresolved Indeed despite its recognized potential the programs Open Source became the magic key to quality scientific research with

simulation and modeling as well as educational success for people in the area of mechanical fluids We discussed some of these difficulties The potential of the programs Open Source can be achieved only if there is a good connection with their curricula and practice Briefly describe the program Open Sources Scilab the wxMaxima the OpenFOAM and Gerris Flow Solver Keywords Open Source Fluid Mechanics Computational Fluid Dynamics Scilab wxMaxima OpenFOAM and Gerris Flow Solver INTRODUCcedilAtildeO

A mecacircnica dos fluidos eacute uma das mateacuterias de grande importacircncia dentro dos cursos de engenharia fiacutesica e quiacutemica entretanto seu ensino ainda consiste na forma claacutessica de desenvolvimento teoacuterico e em algumas instituiccedilotildees de ensino o desenvolvimento de experimentos em laboratoacuterios didaacuteticos

Devido agrave suas aplicaccedilotildees que satildeo grandes desde a fabricaccedilatildeo de medicamentos e sua dispersatildeo pelo corpo ateacute nos movimentos das galaacutexias um vasto nuacutemero de programas podem ser integrados para ensino de Mecacircnica dos Fluidos

Estes programas podem ser aplicados e usados para o ensino de Mecacircnica dos Fluidos nos cursos de graduaccedilatildeo possibilitando com que o estudante possa sair de seu curso com conhecimentos e requisitos exigidos pelo mercado de trabalho ou ateacute mesmo desenvolvendo trabalhos acadecircmicos mais arrojados usando a simulaccedilatildeo em computadores para validar experimentos ou modelos teoacutericos

Embora a utilizaccedilatildeo torne possiacutevel um desenvolvimento da tecnologia e do conhecimento mais eficiente e eficaz surge o problema da onerosidade de tais programas fazendo com que os custos sejam inviaacuteveis agrave universidades e muito menos viaacutevel agrave

186 estudante que pode ser driblado com a utilizaccedilatildeo de programas ldquoOpen Sourcerdquo conforme explicita (GUGLIOTTI 2012)

Atualmente na luta pela utilizaccedilatildeo entre programas comerciais e programas ldquoOpen Sourcerdquo os programas de licenccedila comercial tecircm ganhado melhores lugares devido agrave ldquomaior confiabilidaderdquo que estes passam aos seus usuaacuterios existindo mitos que causa tal descrenccedila e retira a preferecircncia dos programas de distribuiccedilatildeo livre ou coacutedigo aberto conforme discorre (APDSI 2004)

Diante destes dados este trabalho visa a trazer uma breve anaacutelise sobre os softwares livres que podem auxiliar e melhorar o ensino da mecacircnica dos fluidos na FACCAMP e nas universidades e ao mesmo tempo trazer ao mercado um aluno com maior perfil pedido pelo mercado

MECAcircNICA DOS FLUIDOS

A mecacircnica dos fluidos eacute a ciecircncia que estuda os fenocircmenos e comportamentos fiacutesicos de todas as substacircncias fluidas em geral e de forma simples pode-se considerar liacutequidos e gases tornando-se uma aacuterea de estudo importante em diversos campos do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Pode-se listar de forma breve e incompleta as seguintes aacutereas engenharia mecacircnica (estudo de aerodinacircmica lubrificaccedilatildeo e etc) engenharia civil (estudos de hidraacuteulica e hidrologia entre outros) engenharia eleacutetrica (magneto-hidrodinacircmica) quiacutemica (mistura e transferecircncia de calor e outros) natildeo se limitando apenas a esses campos eacute aplicaacutevel ainda no estudo dos movimentos de planetas circulaccedilatildeo sanguiacutenea lanccedilamento de concreto entre tantos outros estudos essenciais as mais diversas aacutereas do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Com o grande e acelerado avanccedilo dos computadores conforme ressalta (POST 2013) as calculadoras e meacutetodos computacionais trouxeram a grande vantagem de ser possiacutevel simular estes eventos e analisaacute-los surgindo entatildeo a Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) ou mais conhecida pelo seu nome em inglecircs Computational Fluid Dynamic (CFD) para o estudo de escoamentos que ainda possui poucas soluccedilotildees analiacuteticas Para problemas de estaacutetica dos fluidos eacute possiacutevel a utilizaccedilatildeo de programas menos complexos

Dinacircmica dos fluidos computacional

Fortuna em seu trabalho de 2012 define a teacutecnica como a aacuterea da computaccedilatildeo cientiacutefica que simula o fenocircmeno do escoamento fluido com ou sem os efeitos da termodinacircmica utilizando-se de meacutetodos numeacutericos natildeo importando as caracteriacutesticas do escoamento desde que sua modelagem matemaacutetica seja coerente ao modelo fiacutesico tratado Jaacute Rouse em 2014 aleacutem de fazer uma simples definiccedilatildeo ressalta que a teacutecnica eacute baseada nas equaccedilotildees de Navier-Stokes

Ainda de acordo com Fortuna a teacutecnica computacional natildeo deve substituir os ensaios de laboratoacuterio mas sim complementaacute-los e reduzir o detalhamento de tais e consequentemente o seu custo nem mesmo deve substituir o ensino da teoria jaacute que eacute necessaacuterio o desenvolvimento de grande domiacutenio das equaccedilotildees regentes para o avanccedilo na teacutecnica principalmente nas teacutecnicas ensinadas em instituiccedilotildees internacionais agrave muito tempo como pode-se verificar em (VENNARD e STREET 1978) e (HUGHES e BRIGHTON 1967)

PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

O ldquoOpen Source Softwarerdquo consiste basicamente em softwares desenvolvidos por comunidade de desenvolvedores que se reuacutenem para adaptar a teacutecnicas computacionais com as necessidades dos indiviacuteduos da mesma criando assim programas que tendem a se desenvolver rapidamente para atender as necessidades do mercado e por ser desenvolvido por uma comunidade de muitas pessoas de diversos paiacuteses e regiotildees natildeo satildeo propriedade de nenhuma instituiccedilatildeo possuindo assim conforme (SINFIC 2008) seu coacutedigo aberto para que o usuaacuterio possa modifica-lo e contribuir com o desenvolvimento do programa

Entretanto programas deste tipo podem apresentar interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuteria a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos que ainda sim satildeo soluccedilotildees menos onerosas devido a natildeo necessidade de investimento no software

Noyes no seu trabalho de 2010 faz uma lista com 10 razotildees do porque o ldquoOpen Source Softwarerdquo eacute bom para negoacutecios Satildeo estes

1 Seguranccedila 2 Qualidade 3 Customizaccedilatildeo 4 Liberdade 5 Flexibilidade 6 Interoperabilidade 7 Auditabilidade 8 Opccedilotildees de suporte 9 Custo 10 A possibilidade de experimentar Tais programas vecircm obtendo um maior espaccedilo no

mercado e alguns comeccedilam a ultrapassar seus adversaacuterios (Softwares Proprietaacuterios) como eacute o caso do QGIS para a aacuterea de geoprocessamento que comeccedila a abalar seus concorrentes ou ateacute mesmo do LaTeX que eacute muito mais usado para a ediccedilatildeo de textos no meio acadecircmico

187 ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino

Culturalmente a utilizaccedilatildeo de softwares de coacutedigo aberto nas instituiccedilotildees de ensino no Brasil pode causar um certo desconforto ou ateacute mesmo duacutevidas sobre a qualidade das instituiccedilotildees poreacutem paiacuteses europeus tecircm desenvolvidos diversos softwares livres conforme eacute discutido por (FERREIRA 20042005) da universidade de Coimbra

Natildeo necessariamente eacute preciso limitar-se apenas ao uso dos programas desenvolvidos por comunidades cursos como ciecircncias da computaccedilatildeo podem incentivar seus estudantes a desenvolver trabalhos juntamente com as comunidades de desenvolvimento trazendo assim maior contato com o desenvolvimento de software e o gerenciamento dos mesmos

Para engenharia e aacutereas afins muitos programas tecircm sido desenvolvidos como o Scilab e ateacute mesmo sistemas operacionais estatildeo surgindo como o CAELinux

O uso acadecircmico de tais softwares traraacute grande evoluccedilatildeo destes fazendo com que bons programas possam ser acessiacuteveis agraves empresas instituiccedilotildees de ensino estudantes e a comunidade em geral fazendo com que erros e problemas possam ser resolvidos o mais raacutepido possiacutevel eliminando a necessidade de reportaacute-los agraves empresas responsaacuteveis e ldquocruzar os dedosrdquo para que o problema seja resolvido na proacutexima versatildeo e ainda teraacute um custo para ser adquirida

Entretanto a maior vantagem de aplicar softwares de licenccedila livre eacute que a instituiccedilatildeo natildeo teraacute custos para a implantaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo destes assim como professores e estudantes poderatildeo ter acesso a tais com custo zero natildeo necessitando utilizar de coacutepias ilegais aleacutem da possibilidade de poder encontrar diversas aulas em viacutedeo ou documentos na internet

Professores e o Open Source

Na comunidade de ensino superior os professores por conta de suas especializaccedilotildees costumam ter maior convivecircncia com o idioma inglecircs o que facilita a obtenccedilatildeo de materiais para criaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de diversos programas disponiacuteveis sem a preocupaccedilatildeo de que a empresa deste possa prejudica-lo pela publicaccedilatildeo do material (NOGUEIRA 2000)

Os docentes como dito acima poderatildeo ter acesso agrave tecnologia de forma simples e sem preocupaccedilotildees para que possam praticar testar e avaliar diversas atividades e tambeacutem teratildeo a liberdade de exigir atividades de seus alunos uma vez que este tambeacutem poderaacute ter faacutecil acesso ao seu material (NOGUEIRA 2000)

Alunos e o Open Source Os alunos teratildeo grande facilidade em poder aprender a utilizar as ferramentas facilmente praticando uma vez que o professor poderaacute preparar livremente materiais didaacuteticos Um importante ponto do Open Source eacute que este costuma ter uma menor exigecircncia de hardware do que um software proprietaacuterio (NOGUEIRA 2000)

Uma ideia pouco comentada ainda defendida por este trabalho e tambeacutem pelo trabalho de GUGLIOTTI (2012) eacute a de que o aluno poderaacute desenvolver maior potencial para se tornar um empreendedor uma vez que ao utilizar o programa livre a necessidade de economias para um investimento inicial para compra de ferramentas de trabalho seraacute reduzida consideravelmente Sendo que aos poucos este pode ir investindo cada vez mais em seu escritoacuterioempresa e em treinamentos para se capacitar e ampliar suas possibilidades de mercado

EXEMPLOS DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

PARA A MECAcircNICA DOS FLUIDOS Scilab

Scilab eacute um software livre e de coacutedigo aberto para computaccedilatildeo numeacuterica proporcionando um ambiente de computaccedilatildeo poderosa para aplicaccedilotildees de engenharia e cientiacuteficos Eacute um ldquoOpen Sourcerdquo sob a licenccedila CeCILL (GPL compatiacutevel) e estaacute disponiacutevel para download gratuito Scilab estaacute disponiacutevel sob a licenccedila GNU Linux Mac OS X e Windows XP Vista 78

Figura 1 Tela do SCILAB (fonte SCILAB)

Scilab inclui centenas de funccedilotildees matemaacuteticas Tem

uma linguagem de programaccedilatildeo de alto niacutevel permitindo o acesso a estruturas de dados avanccedilados 2-D e as funccedilotildees graacuteficas 3-D Existe um grande nuacutemero de funcionalidades estaacute incluiacutedo no Scilab como Matemaacutetica e Simulaccedilatildeo Para aplicaccedilotildees de engenharia e ciecircncias habituais incluindo operaccedilotildees matemaacuteticas e anaacutelise de dados

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Figura 2 Tela do SCILAB com simulaccedilatildeo de escoamento

em esfera (fonte SCILAB)

Visualizaccedilatildeo em 2-D e 3-D Funccedilotildees graacuteficas para visualizar anotar e exportaccedilatildeo de dados e muitas maneiras de criar e personalizar vaacuterios tipos de graacuteficos e tabelas

Figura 3 Tela de graacuteficos do SCILAB (fonte SCILAB)

Otimizaccedilatildeo Algoritmos para resolver problemas de otimizaccedilatildeo contiacutenuos e discretos restritos e irrestritos

Figura 4 Tela de otimizaccedilatildeo do SCILAB (fonte

SCILAB) Estatiacutestica Ferramentas para realizar a anaacutelise de dados e modelagem Projeto e Anaacutelise de Controle do Sistema Algoritmos padratildeo e ferramentas para o estudo do sistema de controle Processamento de Sinais Visualizar analisar e sinais de filtros em tempo e frequecircncia domiacutenios Desenvolvimento de Aplicaccedilotildees Aumento de funcionalidades nativas Scilab e gerenciar a troca de dados com ferramentas externas Xcos - Hiacutebrido sistemas modelador dinacircmico e simulador Para modelagem de sistemas mecacircnicos circuitos hidraacuteulicos sistemas de controle

Figura 5 Tela de Xcos do SCILAB (fonte SCILAB)

wxMaxima

O wxMaxima eacute uma interface graacutefica multi-plataforma baseado em wxWidgets para o Maxima um sistema de computacional simboacutelico O wxMaxima disponibiliza um acesso agraves funccedilotildees do Maxima atraveacutes de menus e diaacutelogos

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Figura 6 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Figura 7 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Maxima eacute um sistema de aacutelgebra computacional

comparaacutevel aos sistemas comerciais como Mathematica e Maple Ele enfatiza caacutelculo de matemaacutetica simboacutelica aacutelgebra trigonometria caacutelculo e muito mais

Por exemplo Maxima resolve x2-r xs2-r s = 0

dando os resultados simboacutelicos [x = r + s x = -s] Maxima pode calcular com nuacutemeros inteiros e

fraccedilotildees exatas nativo de ponto flutuante e de alta precisatildeo grandes carros alegoacutericos

Maxima tem front-ends de faacutecil utilizaccedilatildeo um manual on-line comandos de plotagem e bibliotecas numeacutericas Os usuaacuterios podem escrever programas na sua linguagem de programaccedilatildeo nativa e muitos tecircm contribuiacutedo pacotes uacuteteis em uma variedade de aacutereas ao longo das deacutecadas

Maxima eacute licenciado sob GPL e em grande parte escrito em Common Lisp Executaacuteveis podem ser baixados para Windows Mac Linux e Android coacutedigo fonte tambeacutem estaacute disponiacutevel Uma comunidade ativa manteacutem e estende o sistema

Maxima eacute amplamente utilizado downloads diretos anuais exceder 100000 Muitos outros usuaacuterios recebecirc-lo por meio de distribuiccedilatildeo secundaacuteria

OpenFOAM

O OpenFOAMreg eacute um open source ou seja pacote de software livre para Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC ou em inglecircs CFD)

Possui uma grande base de usuaacuterios na maioria das aacutereas da engenharia e da ciecircncia a partir de ambas as organizaccedilotildees comerciais e acadecircmicas O OpenFOAM tem uma extensa gama de recursos para resolver qualquer coisa de escoamentos de fluidos complexos que envolvem reaccedilotildees quiacutemicas turbulecircncia e de transferecircncia de calor a dinacircmica e eletromagnetismo soacutelidos

Inclui ferramentas para engrenar nomeadamente um desenhador paralelizado para geometrias complexas em preacute e poacutes-processamento de CAD Quase tudo (incluindo malha e preacute e poacutes-processamento) eacute executado em paralelo como padratildeo permitindo que os usuaacuterios tirar o maacuteximo proveito do hardware do computador agrave sua disposiccedilatildeo

Ao ser aberto OpenFOAM oferece aos usuaacuterios total liberdade para personalizar e estender sua funcionalidade existente por iniciativa proacutepria ou por outros Segue-se um projeto de coacutedigo altamente modular em que coleccedilotildees de funcionalidade (por exemplo meacutetodos numeacutericos que engrenam modelos fiacutesicos )

OpenFOAM inclui mais de 80 aplicaccedilotildees que simulam e solucionam problemas especiacuteficos em engenharia mecacircnica e mais de 170 aplicaccedilotildees de serviccedilos puacuteblicos que executam tarefas preacute e poacutes-processamento

Figura 8 Tela do OpenFOAM (fonte OpenFOAM)

Gerris Flow Solver

Gerris eacute um programa de software livre para a soluccedilatildeo das equaccedilotildees diferenciais parciais que descrevem o fluxo de fluido O coacutedigo fonte estaacute disponiacutevel gratuitamente sob a licenccedila de software livre GPL

Foi criado por Steacutephane Popinet e eacute apoiado por NIWA (Instituto Nacional de Aacutegua e Pesquisa Atmosfeacuterica) e Jean le Rond Institut dAlembert Suas principais caracteriacutesticas

(a) Resolve equaccedilotildees de fluidos incompressiacuteveis com variaacuteveis de densidade usando Euler Stokes ou equaccedilotildees de Navier-Stokes para funccedilotildees dependentes do tempo

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(b) Resolve as equaccedilotildees de aacuteguas rasas lineares e natildeo-lineares

(c) Refinamento da malha adaptativa a resoluccedilatildeo estaacute adaptado dinamicamente para as caracteriacutesticas do fluxo

(d) Geraccedilatildeo de malha totalmente automaacutetico em geometrias complexas

(e) Equaccedilotildees de segunda ordem no espaccedilo e no tempo

(f) Nuacutemero ilimitado de marcadores passivos ou difusos

(g) Caracteriacutestica flexiacutevel de termos de origem adicionais

(h) Apoio paralelo portaacutetil usando a biblioteca MPI dinacircmica de balanceamento de carga visualizaccedilatildeo off-line paralelo

(i) Volume de Fluidos para os fluxos multifaacutesicos (j) Modelo de tensatildeo superficial (k) Eletrohidrodinacircmica Multifaacutesica

CONCLUSAtildeO Os principais programas de computadores livres ldquoOpen Sourcerdquo satildeo programas sem custo financeiro como Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver satildeo plenamente aplicados agrave pesquisa e ao ensino da mecacircnica dos fluidos Os motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo satildeo a seguranccedila a qualidade a customizaccedilatildeo a Liberdade a flexibilidade a interoperabilidade a auditabilidade as opccedilotildees de suporte o custo e a possibilidade de experimentar entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver como em alguns casos a apresentaccedilatildeo de interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuterio a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos As potencialidades dos programas ldquoOpen Sourcerdquo tornaram-se a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos REFEREcircNCIAS APDSI Open Source Software - Que oportunidades em Portugal Associaccedilatildeo para a Promoccedilatildeo e Desenvolvimento da Sociedade da Informaccedilatildeo 2004 Disponivel em ltwwwalgebricapti_apbo2dataupimagesEstudo_Open_Source_com_capapdfgt Acesso em 24 marccedilo 2015 BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005 FERREIRA A J P L Open Source Software Comunicaccedilatildeo amp Profissatildeo Coimbra 20042005 FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012

GUGLIOTTI A Plataforma proacutepria ou opensource 31 maio 2012 Disponivel em ltwwwandregugliotticombrmagento-commerceplataforma-propria-ou-opensourcegt Acesso em 2015 marccedilo 24 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 NOGUEIRA J S et al Utilizaccedilatildeo do Computador como Instrumento de Ensino Uma Perspectiva de Aprendizagem Signicativa Revista Brasileira de Ensino de Fiacutesica vol 22 no 4 Dezembro 2000 NOYES K 10 Reasons Open Source Is Good for Business PCWorld 2010 Disponivel em ltwwwpcworldcomarticle20989110_reasons_open_source_is_good_for_businesshtmlgt Acesso em 2015 marccedilo 24 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 ROUSE M Computational Fluid Dynamics WhatIscom 2014 Disponivel em ltwhatistechtargetcomdefinitioncomputational-fluid-dynamics-CFDgt Acesso em 24 marccedilo 2015 SINFIC O que eacute uma soluccedilatildeo Open Source Sinfic 2008 Disponivel em ltwwwsinficptSinficWebdisplayconteudodo2numero=24957gt Acesso em 24 marccedilo 2015 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978 Sites para downloads dos softwares livres citados neste trabalho httpwwwscilaborg httpandrejvgithubiowxmaxima httpwwwopenfoamcom httpgfssourceforgenetwikiindexphpMain_Page

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VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS

Kerolyn Beatriz Gonzalez Surita Maria do Carmo Santos Guedes

Lisete Maria Luiz Fischer Sabrina de Almeida Marques Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

salmeidamarquesuolcombr

RESUMO A Valeriana officinalis eacute uma importante planta utilizada como fitoteraacutepico na induacutestria farmacecircutica Apresenta atividade antiespasmoacutedica hipnoacutetica sedativa tranquilizante e ateacute anticonvulsivante Sua principal utilizaccedilatildeo eacute como ansioliacutetico leve Esta planta possui vaacuterias substacircncias em sua constituiccedilatildeo como oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoacuteides natildeo glicosilados) iridoacuteides glicosilados alcaloacuteides flavonoides e taninos Este artigo visou a identificaccedilatildeo de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis de diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP Os testes de anaacutelise qualitativa utilizando cloreto feacuterrico e oacutexido de magneacutesio mostraram a presenccedila destes componentes nas diferentes amostras Estes testes satildeo de faacutecil execuccedilatildeo e fazem parte dos procedimentos rotineiros em laboratoacuterios farmacecircuticos Palavras chave Valeriana officinalis taninos em plantas medicinais flavonoides em vegetais plantas medicinais anaacutelise qualitativa ABSTRACT Valerian officinalis is an important plant used as herbal medicine in the pharmaceutical industry It presents antispasmodic hypnotic sedative anticonvulsant activity and even tranquilizers Its main use is as a mild anxiolytic This plant has several substances in its constitution as volatile oils valepotriates iridoid glycosides alkaloids flavonoids and tannins This article aimed to identify tannins and flavonoids in dry extract of Valeriana officinalis from different pharmacies in Jundiaiacute region The qualitative tests using iron chloride and magnesium oxide showed the presence of these components in these different samples These tests are easy to perform and are part of the routine processes in pharmaceutical laboratories Keywords

Valeriana officinalis tannins in medicinal plants flavonoids in vegetables medicinal plants qualitative analysis 1 INTRODUCcedilAtildeO A Valeriana officinalis eacute uma planta herbaacutecea perene pertencente a famiacutelia Valerianaceae Seu nome tem origem do Latim onde ldquovalererdquo significa bem estar e ldquoofficinalisrdquo eacute o termo que indica o uso farmacecircutico da planta Eacute tambeacutem conhecida como amantila bardo selvagem erva gata valeriana e badarina mas para os botacircnicos Valeriana officinalis (SOLDATELLI et al 2010) Haacute relatos que a valeriana tenha sido usada por um meacutedico egiacutepcio do seacuteculo IX Em torno do ano 1000 falava-se da valeriana como um medicamento para cura de diversas doenccedilas sobretudo o nervosismo e a epilepsia O uso da valeriana para tratar insocircnia em condiccedilotildees nervosas comeccedilou no final do seacuteculo dezesseis e foi firmemente estabelecido no seacuteculo dezoito (SOLDATELLI 2010) A Valeriana tem sido estudada desde o final dos anos 60 Ela tem como principal funccedilatildeo agir no SNC (Sistema Nervoso Central) Pesquisadores demonstraram a presenccedila de oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoides natildeo glicosilados) iridoides glicosilados alcaloacuteides flavonoacuteides taninos entre outros constituintes Eacute um medicamento fitoteraacutepico registrado com base no uso tradicional que apresenta atividades antiespasmoacutedicas hipnoacuteticas sedativas tranquilizantes tocircnicas e anticonvulsivantes A Valeriana eacute utilizada como anticonvulsivante no Iratilde entretanto em outros paiacuteses estuda-se sua atividade ansioliacutetica e antidepressiva (SILVA 2009 RAMOS amp PIMENTEL 2012) A figura 1 ilustra a Valeriana officinalis

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Figura 1 Valeriana officinalis (Fonte Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012)

A parte utilizada da valeriana para fins medicinais eacute sua raiz A principal vantagem do uso deste medicamento eacute que eacute isenta de efeitos colaterais nas doses recomendadas seus efeitos natildeo interferem na capacidade de conduzir veiacuteculos ou operar maacutequinas e natildeo causam dependecircncia fiacutesica eou psiacutequica como ocorre com o uso de benzoazepiacutenicos (SOLDATELLI et al 2010) Sua accedilatildeo sedativa pode ser potencializada com a utilizaccedilatildeo concomitante de benzodiazepiacutenicos barbituacutericos e aacutelcool (Nicoletti et al 2007) Nenhum efeito adverso foi relatado em ensaios cliacutenicos com o uso da valeriana exceto sedaccedilatildeo diurna com doses de 900 mg (SOLDATELLI et al 2010) Os taninos satildeo classificados em dois grupos baseando-se em sua estrutura quiacutemica satildeo eles os taninos hidrolisaacuteveis e os taninos condensados Os taninos hidrolisaacuteveis caracterizam-se por um poliol geralmente β-D-glicose onde as hidroxilas presentes em sua estrutura satildeo esterificadas com o aacutecido gaacutelico Os taninos condensados satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados por condensaccedilatildeo Geralmente sua caracterizaccedilatildeo eacute realizada por anaacutelise qualitativa por mudanccedila de coloraccedilatildeo ou precipitaccedilatildeo Eles produzem pigmentos avermelhados e satildeo divididos em dois tipos os com a presenccedila de um hidroxila no carbono 5 e com a ausecircncia de hidroxila no carbono 5 A figura 2 demonstra os dois monocircmeros precursores de diferentes tipos de taninos cada tanino obtido variaraacute de acordo com as substituiccedilotildees realizadas por ligaccedilotildees em seus ldquoRrdquo (REICHERT 2011)

Figura 2 Monocircmeros baacutesicos de taninos condensados (Adaptado de Natural Chemistry Disponiacutevel em httpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1png) Os flavonoacuteides constituem uma importante classe dos polifenoacuteis abundantes entre os metaboacutelitos de plantas uma vez que possuem funccedilotildees de proteccedilatildeo ao vegetal como proteccedilatildeo de incidecircncia de raios ultra-violeta (UV) e visiacutevel (VIS) Estes compostos atuam contra insetos fungos viacuterus e bacteacuterias e ajudam na atraccedilatildeo de animais aleacutem de agirem antioxidantes e controlarem a concentraccedilatildeo de hormocircnios vegetais (REICHERT 2011) A figura 3 ilustra a estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 3 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides (BEHLING 2004)

193 A identificaccedilatildeo de compostos como taninos alcaloides glicosiacutedeos flavonoides saponinas satildeo bastante importantes para o controle de mateacuterias-primas vegetais em farmaacutecias magistrais (CARDOSO 2009) Aleacutem disso estes testes satildeo bastante adequados para o aprendizado do aluno em cursos como Farmaacutecia e Quiacutemica pois trata-se do envolvimento da Quiacutemica Analiacutetica Qualitativa Controle de Qualidade e ainda para Farmacognosia disciplina especiacutefica do curso de Farmaacutecia A identificaccedilatildeo destes compostos se daacute juntamente com estudo de suas propriedades farmacoteraacutepicas Sendo assim o trabalho visou apresentar um procedimento simples qualitativo para a verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis obtidas de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP 2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Material Este estudo concentrou-se em trecircs amostras de extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo As amostras foram identificadas como Amostra 1 (Lote 1211034502 Val 102014) Amostra 2 (Lote 048064 Val 122017) e Amostra 3 (Lote 13011007302 Val 102014) Foram utilizadas as seguintes soluccedilotildees soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico metanol aacutecido cloriacutedrico concentrado e oacutexido de magneacutesio Meacutetodos Presenccedila de Taninos em extrato seco de Valeriana officinalis Pesou-se 02 g de extrato seco de Valeriana officinalis e dissolveu-se em aacutegua destilada Em seguida adicionou-se algumas gotas de soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico O teste eacute positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo azul indicando a presenccedila de taninos hidrolisaacuteveis e verde na presenccedila de taninos condensados (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) Presenccedila de Flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis Dissolveu-se 02 g do extrato seco de Valeriana officinalis em 10 mL de metanol Filtrou-se esta soluccedilatildeo e adicionou-se ao filtrado 15 gotas de aacutecido cloriacutedrico concentrado Em seguida adicionou-se alguns miligramas de oacutexido de magneacutesio O ensaio eacute considerado positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo roacutesea na soluccedilatildeo (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Foi realizada a verificaccedilatildeo qualitativa da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da

regiatildeo de Jundiaiacute-SP A figura 4 mostra os resultados obtidos

Figura 4 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis A literatura aponta a presenccedila de taninos em Valeriana o que foi verificado pela cor esverdeada em todas as amostras (taninos condensados) A coloraccedilatildeo mais intensa foi observada na amostra 2 o que pode estar ligado ao fato deste extrato apresentar coloraccedilatildeo mais forte dos demais Foi tambeacutem realizada a verificaccedilatildeo da presenccedila dos flavonoacuteides nos extratos secos da Valeriana Os resultados estatildeo apresentados na figura 5

Figura 5 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis No teste de identificaccedilatildeo de flavonoacuteides em diferentes extratos de Valeriana verificou-se em todas as amostras a presenccedila deste tipo de composto caracterizado pela cor roacutesea A coloraccedilatildeo foi melhor percebida na amostra 3 Posteriormente a cor de todas as soluccedilotildees foi sendo perdida A literatura indica que estes compostos estatildeo presentes em Valeriana (GONCcedilALVES amp MARTINS 2005) Os experimentos realizados satildeo bastante simples e retomam conceitos importantes sobre a caracteriacutestica quiacutemica de taninos e flavonoacuteides e testes de identificaccedilatildeo que podem ser apresentados nas disciplinas de Quiacutemica

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

194 Analiacutetica Qualitativa Quiacutemica Orgacircnica Farmacognosia entre outras Trata-se de uma abordagem com testes qualitativos visando apenas confirmar ou natildeo a presenccedila destes compostos em vaacuterias espeacutecies vegetais Dentre os princiacutepios ativos presentes na Valeriana destacam-se os sesquiterpenos as lignanas taninos flavonoacuteides e principalmente os valepotriatos cujo marcador eacute o aacutecido valeriacircnico que estaacute presente em torno de 08-10 (SOLDATELLI et al 2010 CARDOSO 2009 ALEXANDRE et al 2008) Sendo assim para a identificaccedilatildeo inequiacutevoca da droga vegetal deveria ser verificada a existecircncia do marcador No caso dos experimentos realizados foi apenas verificada a presenccedila de taninos e flavonoacuteides que como natildeo satildeo marcadores poderiam ateacute pela concentraccedilatildeo na planta ou reaccedilotildees similares de outros constituintes do extrato levar a testes com resultados inconclusivos Para a confirmaccedilatildeo da presenccedila destes componentes sugere-se realizar pelo menos dois tipos de teste de identificaccedilatildeo para cada grupo pesquisado Se ambos resultarem positivos eacute um indicativo forte da presenccedila do grupamento do contraacuterio um terceiro teste deve ser realizado Ressalta-se que os resultados satildeo mais adequados quando realizados a partir da droga vegetal e natildeo do extrato como o feito aqui (CARDOSO 2009) 4 CONCLUSAtildeO A partir dos experimentos propostos foi possiacutevel fazer a identificaccedilatildeo de compostos orgacircnicos como taninos e flavonoacuteides em extratos secos de Valeriana officinalis Os procedimentos realizados satildeo simples e de faacutecil execuccedilatildeo Os conceitos orgacircnicos e analiacuteticos envolvidos e testes rotineiros de controle de qualidade industriais e magistrais de mateacuterias-primas vegetais estatildeo associados permitindo que o aluno consiga aliar seu aprendizado da parte teoacuterica agrave aplicaccedilatildeo no mercado de trabalho Eacute importante mostrar ao aluno que testes de identificaccedilatildeo devem ser confirmados sendo necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de padrotildees ou mesmo mais de um teste qualitativo para a confirmaccedilatildeo da substacircncia O auxiacutelio de controles positivos a fim de se confirmar os resultados de experimentos tambeacutem satildeo bem vindos em anaacutelises qualitativas Os resultados mostram experimentos simples que aliam disciplinas dos cursos de Quiacutemica e Farmaacutecia e promovem espiacuterito criacutetico do aluno a cerca dos resultados obtidos A realizaccedilatildeo de mais experimentos para verificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos componentes do extrato de Valeriana eacute uma proposta do grupo envolvido no trabalho 5 REFEREcircNCIAS ALEXANDRE RF BAGATINI F SIMOtildeES CMO Potenciais interaccedilotildees entre faacutermacos e protudos agrave base de valeriana ou alho Brazilian Journal of Pharmacognosy Curitiba v 18 n 3 p 455-463 JulSet 2008 BEHLING EB SENDAtildeO MC FRANCESCATO HDL ANTUNES LMG BIANCHI MLP Flavonoacuteide Quercetina Aspectos Gerais e Accedilotildees Bioloacutegicas Alim Nutr Araraquara v 15 n 3 p 285-292 2004

CARDOSO CMZ Manual de controle de qualidade de mateacuterias-primas vegetais para farmaacutecia magistral 1ordf ed Satildeo Paulo Pharmabooks 2009 148 p COSTA ALP CAMPOS MP BARBOSA LPJL BEZERRA RM BARBOSA FHF Anaacutelise preliminar qualitativa fitoquiacutemica e do potencial antimicrobiano do extrato bruto hidroalcooacutelico de casca de Bertholletia excelsa Humb amp Bomple (Lecythidaceae) frente a microrganismos gram positivo Ciecircncia Equatorial Macapaacute v 2 n 1 p 26-34 2012 GONCcedilALVES S MARTINS AP Valeriana officinalis Revista Lusoacutefona de Ciecircncias e Tecnologia da Sauacutede Lisboa v 3 n 2 p 209-222 2005 NATURAL CHEMISTRY Disponiacutevel em lthttpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1pnggt Acesso em 10 de junho de 2015 NICOLETTI MA OLIVEIRA JUacuteNIOR MA BERTASSO CC CAPOROSSI PY TAVARES APL Principais interaccedilotildees no uso de medicamentos fitoteraacutepicos Infarma Satildeo Paulo v19 n frac12p 32-40 2007 RAMOS AP PIMENTEL LC Valeriana officinalis como coadjuvante no tratamento de epilepsia Brazilian J Health Satildeo Paulo v 3 n 1 p 24-34 2012 REICHERT CL Avaliaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de modelos comportamentais na busca de planta promissora para produccedilatildeo de novos produtos para ansiedade e depressatildeo na induacutestria farmacecircutica nacional 2011 162 f Tese de Mestrado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Farmacologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2011 Disponiacutevel em lthttpsrepositorioufscbrbitstreamhandle12345678996044295146pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 SOLDATELLI MV RUSCHEL K ISOLAN T MP Valeriana officinalis uma alternativa para o controle da ansiedade odontoloacutegica Stomatos Canoas v 16 n 30 p 90-97 2010 SILVA AV Anaacutelises quiacutemicas de espeacutecies de valerianas brasileiras 2009 185 f Tese de Doutorado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Quiacutemica Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018318403000723661pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwdihittcomnsaude20120319valeriana-officinalis-tranquilizante-natural-que-nao-produz-dependenciagt Acesso em 10 de junho de 2015

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  • APRESENTACcedilAtildeO
  • Comitecirc de programa e organizaccedilatildeo
  • A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA PARA O PROFESSOR
  • Por Gisele Luzia Matavelli Gigante 07
  • A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA
  • Por Jeremias de Gois Maciel Prof Me Joseacute Augusto dos Santos010
  • A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING
  • Por Constacircncio Bortoni 015
  • A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA
  • Por Jefferson dos Santos Conchetto 021
  • A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA
  • Por Bruna de Souza Lisete Fischer 025
  • AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON
  • Por Ana Paula da Silva Fazan Samira M F Gotarde 032
  • ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES
  • Por Eliane Belmonte Lucenti Liliana Harb Bollos 040
  • A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS
  • Por Nataacutelia de Lima Machado Lisete Maria Luiz Fischer046
  • AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV)
  • Por Fuad Joseacute Daud052
  • ATIVIDADES INTERATIVAS COM A QUIacuteMICA ESTRUTURAL PARA A PREVISAtildeO DE IMPACTOS AMBIENTAIS
  • Por Alba Denise de Queiroz Ferreira055
  • AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES
  • Por Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato062
  • CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO
  • Por Tamy Cristina Pisck Lisete Maria Luiz Fischer065
  • DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B)
  • Por Kleberson Diego de Castro Prof Paulo Orestes Formigoni069
  • DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA
  • Por Victor de O Turquetto Jeremias de G Maciel Douglas Camila Oliveira Anderson Krol Joseacute Augusto 074
  • EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO
  • Por Mauro Elias Gebran Vacircnia Maria Jorge Nassif080
  • ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB
  • Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni088
  • JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO
  • Por Anderson K de Oliveira Douglas C Santos Camila O Cruz Prof Me David L Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti096
  • MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA
  • Por Douglas C Santos Anderson Krol Camila Oliveira0100
  • O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE
  • Por Prof Dr Antocircnio Reis Junior0106
  • O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA
  • Por Prof Esp Felipe dos Santos Schadt0113
  • O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO
  • Por Faacutebio Pavan0121
  • O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA
  • Por Shirley Barreto Rabelo0124
  • O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I
  • Por Adriane Santos Lima Cleber de Carvalho Lima0130
  • PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO
  • Por Clayton Hernandez Tozatti Denis Pescum0135
  • PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA
  • Por Constacircncio Bortoni0142
  • PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA
  • Por Milton Barros de Oliveira Maria do Carmo Guedes0146
  • REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO
  • Por Nicoly Coelho Willian Timoacuteteo Malouf Eduardo Vieira Vilas Boas0154
  • REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO
  • Por Prof Me David Luiz Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti0159
  • RELATO DO PROJETO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA NA LICENCIATURA EM QUIacuteMICA DA FACCAMP
  • Por Lisete Maria Luiz Fischer Letiacutecia Falconi Boraldo0165
  • SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS
  • Por Paula Letiacutecia da Silva Profordf Doani Emanuela Bertan0171
  • UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S)
  • Por Jaqueline Massagardi Mendes0176
  • UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS
  • Por Artur Cesar de Freitas Victor de Oliveira Turquetto Fernanda Boava Pires0180
  • USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS
  • Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni0185
  • VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS
  • Por Kerolyn B G Surita Maria do Carmo S Guedes Lisete M L Fischer Sabrina de A Marques0191
  • Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacute
  • Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico
  • O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para
  • ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais
  • Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na const
  • ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras
  • Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conh
  • Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro
  • FRUTOS Lara ldquoModerno e Indiacutegenardquo ndash um olhar para os iacutendios contemporacircneos pelas lentes de Artur Tixiliski Causas Perdidas 31 marccedilo 2014 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20140331moderno-e-indigena-um-olhar-para-os indios-c
  • A EXPANSAtildeO DO BALAtildeO BRINCALHAtildeO Autor desconhecido YouTube 04122008 (054 min) leg A expansatildeo do balatildeo brincalhatildeo
  • A QUASE LAcircMPADA DE LAVA (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 9052011 YouTube (445 min) son
  • CONGELE AacuteGUA EM 1 SEG - O SEGREDO Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 18012011 YouTube (523 min) son
  • MISTERIOSA AREIA QUE TEM MEDO DE AacuteGUA (FACcedilA EM CASA) (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 4022014 YouTube (455 min) son Aprenda a fazer em casa a areia natildeo molha
    • ldquoUsing programs Open Source in teaching and research of fluid mechanicsrdquo
Page 3: APRESENTAÇÃO · 2019. 10. 17. · Com enorme satisfação, apresentamos o XI workshop de Ensino e Aprendizagem da FACCAMP, edição 2014/2015. O WEA, como é carinhosamente conhecido

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Comitecirc de programa e organizaccedilatildeo

Profordf Me Patriacutecia Gentil Passos

Prof Dr Nelson Gentil

Prof Dr Osvaldo Luiz de Oliveira

Profa Dra Alba de Queiroz Ferreira

Prof Dr Fernando Roberto Campos

Profa Dra Liliana Harb Bollos

Profa Dr Lizete Maria Luiz Fischer

Profa Me Kelly Gomes de Oliveira

Profa Dra Maria do Carmo Santos Guedes

Prof Esp Monique Traverzin Ribeiro

Prof Me Cleber de Carvalho Lima

Prof Me Simone Dias da Silva

Prof Dr Faacutebio Villani

Prof Me Silvia Aparecida Fortunato Santos

Prof Me Paulo Orestes Formigoni

Bel Eliane Gonccedilalves dos Santos

Esp Priscila Benette

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt

Esp Diego Carminatti

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Sumaacuterio A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeO CONTINUADA PARA O PROFESSOR Por Gisele Luzia Matavelli Gigante 7 A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA Por Jeremias de Gois Maciel Prof Me Joseacute Augusto dos Santos 10 A MELHORIA DA QUALIDADE NA LINHA DE PRODUCcedilAtildeO DE NOTEBOOK COM A IMPLEMENTACcedilAtildeO DA FILOSOFIA LEAN MANUFACTURING Por Constacircncio Bortoni 15 A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA Por Jefferson dos Santos Conchetto 21 A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA Por Bruna de Souza Lisete Fischer 25 AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON Por Ana Paula da Silva Fazan Samira M F Gotarde 32

ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES Por Eliane Belmonte Lucenti Liliana Harb Bollos 40 A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS Por Nataacutelia de Lima Machado Lisete Maria Luiz Fischer 46 AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV) Por Fuad Joseacute Daud 52 ATIVIDADES INTERATIVAS COM A QUIacuteMICA ESTRUTURAL PARA A PREVISAtildeO DE IMPACTOS AMBIENTAIS Por Alba Denise de Queiroz Ferreira 55 AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES Por Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato 62 CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO Por Tamy Cristina Pisck Lisete Maria Luiz Fischer 65

5

DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B) Por Kleberson Diego de Castro Prof Paulo Orestes Formigoni 69 DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA Por Victor de O Turquetto Jeremias de G Maciel Douglas Camila Oliveira Anderson Krol Joseacute Augusto 74 EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO Por Mauro Elias Gebran Vacircnia Maria Jorge Nassif 80 ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 88 JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO Por Anderson K de Oliveira Douglas C Santos Camila O Cruz Prof Me David L Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 96 MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA Por Douglas C Santos Anderson Krol Camila Oliveira 100

O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE Por Prof Dr Antocircnio Reis Junior 106 O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA Por Prof Esp Felipe dos Santos Schadt 113 O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO Por Faacutebio Pavan 121 O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA Por Shirley Barreto Rabelo 124 O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I Por Adriane Santos Lima Cleber de Carvalho Lima 130

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PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO Por Clayton Hernandez Tozatti Denis Pescum 135

PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Por Constacircncio Bortoni 142 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA Por Milton Barros de Oliveira Maria do Carmo Guedes 146 REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO Por Nicoly Coelho Willian Timoacuteteo Malouf Eduardo Vieira Vilas Boas 154 REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO Por Prof Me David Luiz Mazzanti Prof Me James Ernesto Mazzanti 159 RELATO DO PROJETO DE INICIACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA NA LICENCIATURA EM QUIacuteMICA DA FACCAMP Por Lisete Maria Luiz Fischer Letiacutecia Falconi Boraldo 165 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS Por Paula Letiacutecia da Silva Profordf Doani Emanuela Bertan 171

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S) Por Jaqueline Massagardi Mendes 176 UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS Por Artur Cesar de Freitas Victor de Oliveira Turquetto Fernanda Boava Pires 180 USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS Por Eduardo Vieira Vilas Boas Prof Paulo Orestes Formigoni 185 VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS Por Kerolyn B G Surita Maria do Carmo S Guedes Lisete M L Fischer Sabrina de A Marques 191

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A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL E A NECESSIDADE DA FORMACcedilAtildeOCONTINUADA PARA O PROFESSOR

Gisele Luzia Matavelli Gigante Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

giselegiganteoutlookcom

RESUMO O presente trabalho tem por objetivo apresentar alguns aspectos referentes agrave importacircncia em considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento bem como a formaccedilatildeo continuada para o professor O artigo apresenta uma breve explanaccedilatildeo a respeito das modificaccedilotildees do cenaacuterio da educaccedilatildeo musical e aponta uma formaccedilatildeo docente partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas Palavras chave Educaccedilatildeo Musical Avaliaccedilatildeo Formaccedilatildeo Continuada ABSTRACT This paper aims to present some aspects of the importance to consider music as an area of knowledge as well as continuing education for teachers The article presents a short explanation of the changes in the landscape of music education and points to a training assuming that everyone is able to learning different each other at your timea and with varied potential

Keywords Music Education Evaluation Continuing Education

INTRODUCcedilAtildeO Antes da colonizaccedilatildeo do Brasil havia a cultura de transmissatildeo oral e informal dos povos indiacutegenas que pode ser similar ao processo que muitas tribos utilizam ateacute hoje de aprendizagem por imitaccedilatildeo e pela convivecircncia com os mais velhos No iniacutecio da colonizaccedilatildeo a muacutesica era utilizada como recurso para auxiliar a educaccedilatildeo nos aldeamentos Durante dois seacuteculos os jesuiacutetas conseguiram despertar a atenccedilatildeo e a simpatia dos nativos utilizando a muacutesica como eficiente instrumento de catequizaccedilatildeo indiacutegena e compunham melodias cujas letras falavam do Deus cristatildeo Ao longo da nossa histoacuteria o cenaacuterio da muacutesica e da educaccedilatildeo musical sofreu diversas modificaccedilotildees Grande parte da praacutetica musical realizada em sala de aula eacute fruto de uma longa histoacuteria que foi sendo construiacuteda durante seacuteculos e transformando o pensamento e os meacutetodos de muitas geraccedilotildees

Em 2008 com a lei 11 769 institui-se que em todas as escolas brasileiras a muacutesica se torne conteuacutedo obrigatoacuterio (mas natildeo exclusivo) da aacuterea de Arte

Qualquer proposta de ensino precisa abrir espaccedilo para o aluno trazer muacutesica para a sala de aula contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciaccedilatildeo e produccedilatildeo (PCN 1997 p53)

Essa norma foi uma conquista para a educaccedilatildeo mesmo considerando que os Paracircmetros Curriculares Nacionais e Referenciais Curriculares Nacionais Infantis jaacute preconizavam o desenvolvimento da aacuterea como um eixo do conteuacutedo de Arte Contudo a lei favoreceu o despertar do processo de ensino-aprendizagem deste eixo dentro das escolas poreacutem as dificuldades hoje enfrentadas satildeo muitas Dentre elas destaquemos a formaccedilatildeo do profissional para garantir ao educando o acesso a esse saber

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

As Diretrizes Nacionais para a Operacionalizaccedilatildeo do Ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica aprovada em 04 de dezembro de 2013 fundamenta a Educaccedilatildeo Musical no Brasil

[] O ensino da muacutesica deve constituir-se em conteuacutedo curricular interdisciplinar que dialogue com outras aacutereas de conhecimento Desse modo o conhecimento e a vivecircncia da muacutesica como expressatildeo humana e cultural devem ser integrados

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sistematicamente agraves diferentes aacutereas do curriacuteculo (BRASIL 2013 p05)

2 EDUCACcedilAtildeO MUSICAL Em se tratando da trajetoacuteria musical o seacuteculo XIX trouxe mudanccedilas na vida cultural brasileira especialmente na muacutesica com a chegada de D Joatildeo VI e toda sua corte Promoccedilotildees de concertos criaccedilatildeo de orquestras e bandas o aumento de professores particulares de instrumentos e a fundaccedilatildeo de escolas especializadas em muacutesica eram alguns acontecimentos da eacutepoca Entretanto as praacuteticas musicais nas escolas puacuteblicas continuavam a ser norteadas pelo pensamento musical dos seacuteculos anteriores como aquisiccedilatildeo do conhecimento musical pela compreensatildeo intelectual utilizaccedilotildees do repertoacuterio da muacutesica erudita europeia e uso de estrateacutegias de repeticcedilatildeo e memorizaccedilatildeo

O natildeo exerciacutecio da criatividade acarreta a falta de autonomia a impossibilidade de reflexatildeo em situaccedilotildees de resoluccedilatildeo de problemas natildeo somente musicais mas tambeacutem em outras aacutereas Anula-se do mesmo modo a expressividade atraveacutes da linguagem musical pois se privilegia a muacutesica como um instrumento de controle e natildeo como uma forma de expressatildeo mesmo que natildeo se tenha consciecircncia disso (KEBACH DUARTE E LEONINI 2010 p 66)

O seacuteculo XX traz a ideia de que todo ser humano possui um potencial musical que deveria ser desenvolvido com as outras habilidades baacutesicas para completar sua formaccedilatildeo integral Em 1971 durante o regime militar uma nova lei foi sancionada O professor de educaccedilatildeo artiacutestica seria polivalente com formaccedilatildeo para atuar nas diversas linguagens da Arte visual teatro danccedila e muacutesica Em geral poreacutem essa formaccedilatildeo era insuficiente para uma atuaccedilatildeo muacuteltipla e a maioria dos profissionais optava apenas por um dos eixos ndash as artes visuais Na deacutecada de 90 iniciou-se um questionamento sobre a polivalecircncia e as licenciaturas em educaccedilatildeo artiacutestica Em 1996 a LDB nordm 9394 apontava uma mudanccedila em relaccedilatildeo ao ensino da aacuterea de artes que passou a constituir um componente curricular obrigatoacuterio nos diversos niacuteveis da educaccedilatildeo baacutesica No ano de 1997 os Paracircmetros Curriculares Nacionais reforccedilam esse olhar indicando princiacutepios norteadores para as quatro linguagens teatro artes visuais danccedila e muacutesica Eacute fato que apoacutes tantos anos sem muacutesica na grade curricular das escolas mesmo com os novos impulsos descritos nos Paracircmetros Curriculares Nacionais a situaccedilatildeo da educaccedilatildeo musical no Brasil natildeo se resolveu na uacuteltima deacutecada do seacuteculo XX

Para Fonterrada (2008) a abdicaccedilatildeo do ensino de muacutesica no curriacuteculo escolar eacute um reflexo da Arte concebida pela sociedade sendo vista como entretenimento e lazer

O abandono da educaccedilatildeo musical por parte das escolas e do governo foi acompanhado por profundas modificaccedilotildees na sociedade que se abriu para o lazer e o entretenimento ofertados pelos meios de comunicaccedilatildeo de massa afastando-se a populaccedilatildeo escolar cada vez mais da praacutetica da muacutesica como atividade pedagoacutegica aderindo em vez disso aos hits do momento e ao consumo da muacutesica da moda do conjunto instrumental da moda do cantor da moda (FONTERRADA 2008 p 12)

O desafio eacute a formaccedilatildeo do professor seja especiacutefico de arte ou o pedagogo em relaccedilatildeo a uma reflexatildeo profunda sobre que tipo de saber musical seraacute levado para dentro das escolas bem como o fazer desse novo conteuacutedo para que transformaccedilotildees em relaccedilatildeo agraves accedilotildees sejam significativas

A ausecircncia de pesquisas brasileiras que abordem aspectos amplos e especiacuteficos da formaccedilatildeo continuada de educadores e articuladas com os avanccedilos conquistas e problemaacuteticas atuais tecircm mostrado consequecircncias graves na concepccedilatildeo definiccedilatildeo e implantaccedilatildeo de projetos de capacitaccedilatildeo desses profissionais Esses projetos quando natildeo apoiados em resultados de pesquisas que os ajudem a interferir na qualidade e quantidade de suas accedilotildees apresentam-se com algumas dificuldades persistentes dando a impressatildeo de que as mesmas satildeo insuperaacuteveis (FUSARI 1994 p 28)

Na segunda metade do seacuteculo XX a preocupaccedilatildeo em formar didaticamente o professor finalmente atinge o ensino superior Ateacute entatildeo como afirmaram os participantes do congresso sobre didaacutetica realizado em Gand na Beacutelgica em 1954 ldquonatildeo existiu nenhuma preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo a issordquo A universidade natildeo oferece nos cursos de graduaccedilatildeo seja licenciatura em Educaccedilatildeo Artiacutestica ou Pedagogia uma formaccedilatildeo consistente Natildeo proporciona ainda salas especiacuteficas material didaacutetico instrumentos musicais e ambientes acuacutesticos necessaacuterios Eacute preciso tambeacutem no ensino superior aprender a ensinar

A formaccedilatildeo continuada eacute o prolongamento da formaccedilatildeo inicial visando o aperfeiccediloamento profissional teoacuterico e praacutetico no proacuteprio contexto de trabalho e ao desenvolvimento de uma cultura geral mais ampla para aleacutem do

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exerciacutecio profissional (LIBAcircNEO 2001 p 189)

Comemorada por muacutesicos educadores artistas e outros segmentos da sociedade a nova lei 1176908 coloca um grande desafio traduzir projetos de implantaccedilatildeo da muacutesica cuidadosamente pensados e accedilotildees educativas que considerem as diversas realidades brasileiras

[]quanto mais criticamente se exerccedila a capacidade de aprender tanto mais se constroacutei e desenvolve o que venho chamando ldquocuriosidade epistemoloacutegicardquo sem a qual natildeo alcanccedilamos o conhecimento cabal do objeto (FREIRE 2003 p 24)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Historicamente a muacutesica como aacuterea de conhecimento foi silenciada na escola sendo geralmente utilizada apenas para organizar rotinas eou como apoio didaacutetico para o ensino de outros conteuacutedos Eacute preciso ir aleacutem desta perspectiva e considerar a muacutesica como aacuterea de conhecimento Ter profissionais qualificados para trabalhar com a educaccedilatildeo musical tambeacutem eacute um desafio pois infelizmente a formaccedilatildeo para tal eixo geralmente eacute aligeirada em cursos de Pedagogia e Educaccedilatildeo Artiacutestica Nesta perspectiva configura-se um entrave na Educaccedilatildeo Musical na qual tanto pedagogos natildeo possuem conhecimentos especiacuteficos musicais bem como muacutesicos carecem de conhecimentos pedagoacutegicos Como defente Brito (2003) todos devem ter o diretito de cantar e tocar um instumento ainda que natildeo tenham senso riacutetmico fluente ou afinaccedilatildeo pois as aptidotildees musicais se desenvolvem com uma praacutetica orientada Daiacute a importacircncia da Formaccedilatildeo Continuada ser oferecida aos educadores partindo do princiacutepio que todos satildeo capazes de aprender um diferente do outro em seu ritmo e com potencialidades diversas valorizando a necessidade de se promover metodologias contemporacircneas que procurem trabalhar de forma ativa e criacutetico-reflexiva com os educandos (FERNANDES 2009) Esse processo de Educaccedilatildeo Musical deve - se dar em um ambiente respeitoso sempre valorizando e estiacutemulando cada indiviacuteduo com propostas que dialoguem com outras aacutereas do conhecimento E isso eacute um grande desafio pois pensar no ato de musicalizar exige mudanccedila de postura para efetivamente transformar um cenaacuterio pouco ativo para uma paisagem onde a participaccedilatildeo de todos os sujeitos envolvidos eacute imprescindiacutevel e consequentemente o bom funcionamento de um processo educativo

REFEREcircNCIAS BRASIL MINISTEacuteRIO DA EDUCACcedilAtildeO Referencial Curricular Nacional para a Educaccedilatildeo Infantil Brasiacutelia Secretaria de Ensino Fundamental 1998 (3 vol) ________ Paracircmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental Arte ndash 1 a 4 seacuteries Brasiacutelia SEF 1997 BRASIL Diretrizes Nacionais para operacionalizaccedilatildeo do ensino de Muacutesica na Educaccedilatildeo Baacutesica BrasiacuteliaDF 2013 BRITO Teca Alencar de Muacutesica na Educaccedilatildeo Infantil propostas para a formaccedilatildeo integral da crianccedila Satildeo Paulo Peiroacutepolis 2003 FERNANDES Iveta Maria Borges Aacutevila Muacutesica na escola desafios e perspectivas na formaccedilatildeo contiacutenua de educadores da rede puacuteblica 2009 349p Tese (Doutorado) ndash Faculdade de Educaccedilatildeo Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2009 DEMO Pedro Avaliaccedilatildeo qualitativa 7 ed Campinas (SP) Autores Associados 2002 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios Um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo 2 Ed Satildeo Paulo Ed Unesp Rio de Janeiro Funarte 2008 FUSARI Joseacute Cerchi Interfaces de um projeto de capacitaccedilatildeo continuada na parceria com Estados e Municiacutepios In CASALI A TOZZI Devanil A NOGUEIRA Sandra Vidal (Orgs) A relaccedilatildeo universidade ndash rede puacuteblica de ensino Desafios agrave reorganizaccedilatildeo curricular da poacutes graduaccedilatildeo em educaccedilatildeo seminaacuterio Satildeo Paulo EDUC 1994 p 21-36 FREIRE Paulo Professora sim tia natildeo 14ordfed Satildeo Paulo Olho Drsquoaacutegua 2003

KEBACH Patriacutecia DUARTE Rosangela LEONINI Maacutercio Ampliaccedilatildeo das concepccedilotildees musicais nas recriaccedilotildees em grupo Revista da ABEM Porto Alegre v 24 p 64-72 set 2010 Disponiacutevel em lthttpabemeducacaomusicalcombrrevista_abemed24revista24_artigo7pdfgt Acesso em 02102013 LIBAcircNEO Joseacute Carlos Organizaccedilatildeo e gestatildeo da escola Teoria e praacutetica 4 Ed Goiacircnia Editora alternativa 2001

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A INFLUEcircNCIA AFRICANA NA CONSTRUCcedilAtildeO DA CIEcircNCIA MATEMAacuteTICA

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jeremiasgoisymailcom

Prof Me Joseacute Augusto dos Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

joseaugustomathgmailcom

RESUMO Este artigo tem o propoacutesito de sinalizar o quanto o povo africano e sua cultura influenciaram na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacutetica Buscamos atraveacutes de fontes arqueoloacutegicas e histoacuterias elementos que apontam que aleacutem da Aacutefrica ser o berccedilo da humanidade tambeacutem o eacute com relaccedilatildeo ao desenvolvimento do pensamento loacutegico matemaacutetico Palavras chave Aacutefrica histoacuteria da matemaacutetica cultura ABSTRACT This article intends to sign how much the African people and their culture influenced the construction of mathematical science We seek through archaeological sources and stories elements that indicate that Africa is the lsquocradle of humanityrsquo as well is related to the development of mathematical logical thinking Keywords Africa the history of mathematics culture INTRODUCcedilAtildeO

Considerando a Lei 106392003 que alterou a Lei no 9394 de 20 de dezembro de 1996 - a LDB para incluir no curriacuteculo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temaacutetica Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira bem como os diversos artigos que tratam sobre a temaacutetica da histoacuteria da matemaacutetica no continente africano atraveacutes da oacutetica da Etnomatemaacutetica o presente trabalho tem por finalidade uma reflexatildeo sobre o tema ldquoA influecircncia africana na construccedilatildeo da ciecircncia matemaacuteticardquo

Infelizmente quando estudamos os nossos professores no ensino Fundamental e Meacutedio geralmente natildeo citam a Aacutefrica como o berccedilo do conhecimento matemaacutetico esse fato natildeo eacute mencionado nem mesmo no curso de licenciatura em matemaacutetica Apesar de a maioria reconhecer que a humanidade surgiu na Aacutefrica questotildees raciais e discriminatoacuterias muitas das vezes impedem a menccedilatildeo e ou o ensino de toda gecircnese do conhecimento humano africano

Eacute necessaacuterio que os educadores propiciem momento de discussatildeo para transmitir conhecimentos como instrumento de poder para as nossas crianccedilas e

adolescentes ensinando-os que os nossos ancestrais africanos dominavam a ciecircncia matemaacutetica e que natildeo era apenas uma propriedade exclusiva dos europeus Desconstruir o modelo estereotipado que comumente vemos nos livros didaacuteticos nos filmes e outros meios midiaacuteticos de um homem branco detentor do conhecimento intelectual e os demais simplesmente como executores de tarefas A DISSEMINACcedilAtildeO DA VISAtildeO EUROPEacuteIA DE MUNDO

A colonizaccedilatildeo de povos asiaacuteticos africanos e americanos por paiacuteses europeus a partir do seacuteculo XV impocircs a cultura europeia em detrimento da cultura local O estereoacutetipo de homem europeu como detentor do conhecimento e como uma raccedila superior os natildeo europeus como uma subclasse humana eacute discutida na obra de Alexandre Vom Humbolt

ldquoeacute aos habitantes de uma pequena seccedilatildeo da zona temperada que o resto da humanidade deve a primeira revelaccedilatildeo de uma familiaridade intima e racional com forccedilas governando o mundo fiacutesico Aleacutem disso eacute da mesma zona que os germes da civilizaccedilatildeo foram carregadas para as regiotildees dos troacutepicosrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 56 1997)

Este autor de forma sutil ainda relata sobre a missatildeo civilizatoacuteria do homem branco europeu com relaccedilatildeo aos povos colonizados destacando a inferioridade entre os povos

ldquoEncontramos mesmo nas naccedilotildees mais selvagens um certo sentido vago aterrorizado da poderosa unidade das forccedilas naturais e da existecircncia de uma essecircncia invisiacutevel espiritual que manifesta estas forccedilasrdquo (HUMBOLDT Alexander Von COSMOS p 59 1997)

O autor relata de forma pejorativa ldquonaccedilotildees mais selvagensrdquo que nada relata sobre estes povos suas

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culturas como vivem entre outros detalhes demonstrando que em sua visatildeo o conhecimento e a cultura somente eacute validada aquela produzida pelos colonizadores

O filoacutesofo Osvaldo Spengler em seu estudo sobre a cultura ocidental em meados do seacuteculo XX apoacutes a Primeira Guerra Mundial apresenta uma nova forma de ver a histoacuteria natildeo fragmentada mas ampla considerando contexto histoacuterico dando possibilidade no estudo da ciecircncia matemaacutetica e o seu desenvolvimento como relata em seu texto

ldquoSegue-se disso uma circunstacircncia decisiva que ateacute agora escapou aos proacuteprios matemaacuteticos Se a matemaacutetica fosse uma mera ciecircncia como a Astronomia ou a Mineralogia seria possiacutevel definir o seu objeto haacute muitas Matemaacuteticas lsquo (SPRENGLER Oswald A decadecircncia do Ocidente 1973 p72)

Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacutetico

Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico usado pelas diversas culturas nos diversos focos seja o cognitivo ou o histoacuterico-social

O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para os mesmos fatos histoacutericos e sobre tudo que provoquem a criacutetica histoacuterica Como diz Santos

ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais sociais e poliacuteticos que nos ajudem a reinventar a emancipaccedilatildeo socialrdquo(SANTOS 2005 p 18)

Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na construccedilatildeo do pensamento matemaacutetico Munanga afirma sobre a distinccedilatildeo entre marcadores bioloacutegicos e marcadores culturais quando afirma

ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras e ldquodescobertasrdquo matemaacuteticas estaacute permeado pelo contexto cientiacutefico-cultural africanordquo (Munanga p 13 1999)

Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conhecimentos matemaacuteticos gregos que foram divulgados a partir do seacuteculo V aC jaacute eram conhecidos dos africanos pelo menos mil anos antes como as operaccedilotildees descritas no Papiro de Ahmes

Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro de Ahmes Os quais fazem cair por terra a tese de que a matemaacutetica surgiu na Babilocircnia e na Greacutecia O OSSO DE ISHANGO

Em 1950 foi feita a descoberta por um geoacutelogo

belga na pequena vila de Ishango na fronteira do Zaire com Uganda no continente africano ossos de macaco que media aproximadamente dez centiacutemetros contendo inscritas com as marcaccedilotildees que aparecem para representar nuacutemeros cujo artefato foi datado entre 18 mil a 22 mil anos

A figura abaixo mostra o diagrama e os ossos de Ishango que satildeo marcaccedilotildees bem precisas divididas em trecircs colunas sendo a primeira com quatro nuacutemeros primos 11 13 17 e 19 totalizando 60 a coluna da direita com os nuacutemeros 11 21 19 e 9 que 21= 11+10 e 9= 19-10 dependentes dos primos e que tambeacutem totaliza 60 e a coluna central totalizando 48 todos sendo muacuteltiplos de 12 Podemos concluir que o dono do artefato poderia realizar a contagem com base 12 como vaacuterios povos antigos

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Foto 1 Osso de Ishango Museu Ciecircncia Naturais Bruxelas

Natildeo se sabe exatamente a utilidade deste artefato se era para contagem do ciclo menstrual ou para contagem do tempo com base no ciclo lunar de 6 meses que era uacutetil para a agricultura Mas com certeza era uma forma de organizar a contagem No site ldquoMatemaacutetica do PIrdquo encontramos uma sucinta e razoaacutevel explicaccedilatildeo sobre esta descoberta

ldquoA coluna central comeccedila com 3 traccedilos e logo duplica o seu nuacutemero O mesmo processo eacute repetido com o nuacutemero 4 que se duplica a 8 traccedilos e logo inverte-se o processo com o nuacutemero 10 que eacute dividido pela metade resultando em 5 traccedilos Por isto chega-se agrave conclusatildeo de que estes nuacutemeros natildeo podem ser puramente arbitraacuterios senatildeo que sugestionam algum indiacutecio de caacutelculos de multiplicaccedilatildeo e divisatildeo por 2 O osso poderia ter sido usado portanto como uma ferramenta para levar a cabo procedimentos matemaacuteticos simples Essa visatildeo eacute reforccedilada por olhar para o nuacutemero de entalhes de cada lado da coluna central Os nuacutemeros agrave esquerda e agrave direita da coluna central satildeo todos nuacutemeros iacutempares (9 11 13 17 19 e 21) Aleacutem disso os nuacutemeros na coluna da esquerda satildeo todos nuacutemeros primos sugerindo alguns conhecimentos matemaacuteticos Os nuacutemeros de cada coluna lateral somam 60 e os

nuacutemeros da coluna central somam 48 Ambos os resultados satildeo muacuteltiplos de 12 mais uma vez sugerindo que jaacute existia uma compreensatildeo da multiplicaccedilatildeo e divisatildeordquo (httpjonasportalblogspotcombr201004o-osso-de-ishangohtml)

O OSSO DE LIBOMBO

O mais antigo artefato matemaacutetico conhecido eacute datado de 35000 aC denominado de Osso de Libombo encontrado no sul do continente africano mais especificamente na atual Suazilacircndia um pequeno artefato de 77 cm feito da fiacutebula de um babuiacuteno (osso de macaco) contendo 29 entalhes bem definidos

Haacute o consenso entre os estudiosos que o Osso de Libombo foi uma ferramenta de mediccedilatildeo pois era utilizado como contador de fase lunar possivelmente para ajudar as mulheres a controlarem o periacuteodo do ciclo menstrual como mostra a figura abaixo

Foto 2 Osso de Libombo fonte wwwfisica-interessantecom

PAPIRO DE AHMES

Aleacutem dos artefatos matemaacuteticos antiguiacutessimos temos uma descoberta mais recente trata-se do Papiro de Ahmes datada de 1650 aC tambeacutem conhecido como Papiro de Rhind que leva o nome do colecionador de antiquaacuterios escocecircs Alexandre Henrry Rhinde pessoa a qual o adquiriu na cidade egiacutepcia de Luxor em 1858 Hoje se encontra no Museu Britacircnico cuja dimensatildeo eacute de 55 metros por 32 centiacutemetros de largura conforme foto abaixo

Foto 3 Papiro de Ahmes

fonte httpwwweducfculptdocentesopomboseminariorhindiniciohtm

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Este papiro foi uma compilaccedilatildeo feita por um escriba egiacutepcio denominado Ahmesque que detalha a soluccedilatildeo de 87 problemas que envolvem assuntos do dia a dia egiacutepcio como contagens caacutelculo de aacutereas divisotildees As resoluccedilotildees destes problemas exigiam conhecimentos de fraccedilotildees da aritmeacutetica de regras de trecircs simples de caacutelculos de aacuterea de poliacutegonos regulares e de volumes de soacutelidos geomeacutetricos da trigonometria da raiz quadrada da progressatildeo aritmeacutetica o caacutelculo de circunferecircncia entre outros

De certa forma estes conhecimentos matemaacuteticos jaacute faziam parte do dia a dia dos ldquomatemaacuteticosrdquo africanos por volta de 1850 aC bem anterior aos ldquopais da matemaacuteticardquo1 antiga os gregos Tales Pitaacutegoras e Euclides

HEGEMONIA DA MATEMAacuteTICA OCIDENTAL

Embora as descobertas citadas acima indiquem as

raiacutezes do surgimento do pensamento matemaacutetico no continente africano sabemos que no mundo antigo o domiacutenio da escrita e do caacutelculo concentrou-se nas matildeos de poucos principalmente das grandes potecircncias mundiais como a Babilocircnia Medo Persa Greacutecia Roma mais tardiamente os Aacuterabes todos os conhecimentos dos povos dominados eram apropriados pelos dominadores Lembrando que a histoacuteria que nos eacute contada eacute a histoacuteria do ponto de vista dos dominadores e natildeo dos dominados

Temos consciecircncia que a investigaccedilotildees das genealogias natildeo satildeo algo preciso principalmente quando citamos datas e personagens fora do contexto histoacuterico Eacute exatamente o que aparece nos livros didaacuteticos quando abordam a histoacuteria das ciecircncias que satildeo geralmente europocecircntricas2 veja o que diz Shoat em seu texto

ldquo[] fazer engenhosas acrobacias para lsquopurificarrsquo a Greacutecia claacutessica de todas as lsquocontaminaccedilotildeesrsquo africanas e asiaacuteticas Tinha que explicar por exemplo as inuacutemeras homenagens gregas a culturas afro-asiaacuteticas a descriccedilatildeo de Homero dos lsquoirrepreensiacuteveis etiacuteopesrsquo o casamento de Moiseacutes com a filha de Kush4 e as frequentes referecircncias aos lsquoKaloskaghatosrsquo (bons e belos) africanos na literatura claacutessicardquo (SHOHAT 2004 p 28)

A hegemonia europeia da matemaacutetica que eacute registrada nas literaturas diversas sobre a histoacuteria da

1 A denominaccedilatildeo pais matemaacuteticos eacute tambeacutem uma visatildeo estereotipada que comumente eacute tratado os referidos personagens nos livros didaacuteticos Pois pai eacute o que daacute origem iniacutecio Sabemos que jaacute havia muito conhecimento da matemaacutetica anterior aos referidos personagens gregos 2 Eurocentrismo eacute a cultura europeacuteia com bases central do pensamento

ciecircncia estaacute atrelada agrave dominaccedilatildeo deste continente sobre outros povos como afirma DrsquoAmbroacutesio em seu texto

ldquo[] expansatildeo da civilizaccedilatildeo ocidental e assim associada a um sistema de dominaccedilatildeo poliacutetica e econocircmica que resultou desse processo de expansatildeo Supostamente ao falarmos de raiacutezes socioculturais essas consideraccedilotildees natildeo podem ser esquecidas e a matemaacutetica como conhecimento de base para a tecnologia e para o modelo organizacional da sociedade moderna estaacute presente de maneira muito intensa em tudo isso A matemaacutetica e o processo de dominaccedilatildeo que prevalece nas relaccedilotildees com o que eacute hoje o Terceiro Mundo estatildeo intimamente associados [] Em resumo a matemaacutetica estaacute associada a um processo de dominaccedilatildeo e agrave estrutura de poder desse processordquo (DrsquoAMBROacuteSIO 1998 p 14)

Outros autores que indicam em seus textos a apropriaccedilatildeo indeacutebita do patrimocircnio cultural africano pela civilizaccedilatildeo greco-romana que urge por uma revisatildeo histoacuterico epistemoloacutegica como afirmou Boyer

ldquo[] Os gregos natildeo hesitavam nada em absorver elemento de outras culturas de outra forma natildeo teriam aprendido tatildeo depressa como passar na frente de seus predecessoresrdquo (BOYER 1996 p 31)

Eacute conhecido que grande parte do conhecimento

matemaacutetico foi levado para a Greacutecia atraveacutes de processos desonestos ou violentos Os escritores gregos em vaacuterios casos apresentavam-se como autores de conceitos ou teorias que haviam aprendido com mestres africanos O saque da biblioteca de Alexandria foi um episoacutedio central nesse processo pois a destruiccedilatildeo ou deslocamento dos textos antigos destituiu o Egito de suas fontes primaacuterias

Suspeito que a branquitude3 encontra na matemaacutetica lugar de grande potencialidade Por traacutes de muitos enunciados emerge um discurso colonial de afirmaccedilatildeo de superioridade cultural dos ocidentais Dito de outra maneira a narrativa matemaacutetica contribui para a consolidaccedilatildeo de um sentimento de superioridade civilizatoacuteria em detrimento dos africanos e seus descendentes

E eacute neste ponto que problematizamos a fabricaccedilatildeo de uma Aacutefrica selvagem e matematicamente analfabeta cuja influecircncia do africano ou do negro para muitos estaacute apenas voltada para o luacutedico a culinaacuteria e o esporte De igual modo a cultura Egiacutepcia em boa medida

3 Por branquitude queremos dizer a eliminaccedilatildeo de matemaacuteticos negros da histoacuteria da matemaacutetica

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eacute pensada de maneira distante dos descendentes de africanos no Brasil

A escrita da histoacuteria da matemaacutetica chega ao cotidiano escolar produzindo sentidos e representaccedilotildees ldquotradicionalmente o pai da matemaacutetica grega eacute Tales de Mileto um mercador que visitou a Babilocircnia e o Egito na primeira metade do seacuteculo VI aCrdquo (STRUIK 1997 p 73)

A afirmativa de Struik no singular revela um pouco da presenccedila do ideaacuterio colonizador que escreve a histoacuteria da matemaacutetica propondo uma ideia de marco inaugural ou um ponto de origem

O apagamento civilizatoacuterio africano no desenvolvimento histoacuterico da matemaacutetica eacute condicionado aleacutem de outros pelo fato de a Aacutefrica ser narrada numa histoacuteria eurocentrista como um continente sem civilizaccedilatildeo A histoacuteria da matemaacutetica os processos civilizatoacuterios satildeo mostrados como resultantes de apenas duas matrizes culturais dicotomizadas entre Oriente e Ocidente

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Diante das reflexotildees apresentadas no desenvolvimento deste trabalho procuramos apontar que parte dos conhecimentos que utilizamos nos Curriacuteculos da matemaacutetica eacute de origem africana oriundos principalmente da civilizaccedilatildeo egiacutepcia E que durante o desenvolvimento da histoacuteria da humanidade os vaacuterios dominadores apropriaram dos conhecimentos matemaacuteticos africanos ocultando a fonte primeira As provocaccedilotildees que aqui foram feitas poderatildeo servir para dar iniacutecio a um estudo mais aprofundado do assunto podendo mudar o modo de apresentar o conhecimento matemaacutetico em sala da aula dando ouvidos aos fatos histoacutericos no desenvolvimento da matemaacutetica REFEREcircNCIAS BOYER Carll (1996) Histoacuteria da Matemaacutetica Ed Edgar Bluxh 2ordm Ed Trad Elza Gomides

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13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

constanciobortonifaccampbr

RESUMO Este artigo discute conceito e o processo implementaccedilatildeo da filosofia Lean em linha de montagem de NOTEBOOK Processo de manufatura ASSY (assembly) e placa de circuitos eletrocircnicos MOTHERBOARD de tecnologia SMT (Surface Mount Technology) Processo de manufatura SMT Isso por meio da mudanccedila da cultura dos funcionaacuterios e da forma de planejar cujo foco esteja em melhor fluxo de processo maior produtividade e rentabilidade ou seja na melhoria dos indicadores de qualidade Foram usadas como base as caracteriacutesticas reais de uma manufatura jaacute definida haacute trecircs anos trabalhando em metodologia ldquolong Linerdquo e sem a filosofia Lean para a aplicaccedilatildeo da metodologia ldquoCell Linerdquo Isso se deu utilizando os conceitos as ferramentas e as bases estruturais da filosofia LEAN Palavras chave Filosofia Lean ldquoCell Linerdquo Fluxo de processo Produtividade Melhoria da Qualidade e Rentabilidade ABSTRACT This paper discusses the Lean philosophy concepts and implementation in a NOTEBOOK assembly line (ASSY Manufacturing Process) and electronics circuit board MOTHERBOARD technology SMT (Surface Mount Technology Manufacturing Process) It was carried on by changing the employeesrsquo culture and the way of planning which was focused on better flow process increasing productivity profitability and quality improvement This article was based on real features and data of a real manufacturing that already was set for 3 years worked in methodology long line without the Lean philosophy It was developed by the application of the methodology Cell Line using the concepts tools and structural bases of the Lean philosophy Keywords Lean philosophy Cell Line Process Flow Productivity Quality Improvement and Profitability INTRODUCcedilAtildeO Numa manufatura enxuta a administraccedilatildeo deve ser visual simples e direta O tempo de resposta a problemas deve ser zero Informar com clareza visual o

que fazer e como fazer no momento exato sem sombra de duacutevidas eacute o objetivo do gerenciamento visual Fluxo contiacutenuo e ceacutelulas de manufatura (preferencialmente em formato de U) eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo A filosofia Lean manufacturing deve ser implementada desde o chatildeo de faacutebrica ateacute sua gerecircncia para que os objetivos tornem-se alinhados Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo A implementaccedilatildeo da filosofia Lean gera uma mudanccedila radical nos meacutetodos de produccedilatildeo e de trabalho de uma empresa e para isso esta deve ter agrave frente um presidente ou um diretor com poderes de decisatildeo e apoio irrestrito da presidecircncia Pois a mudanccedila da mentalidade das pessoas envolvidas e principalmente a conscientizaccedilatildeo da alta gerecircncia para o apoio as mudanccedilas satildeo os entraves para se melhorar processos mudar a maneira de fazer e pensar Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores 2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 21 O Sistema de Manufatura Enxuta O sistema de manufatura enxuta (Lean manufacturing) evoluiu do sistema produtivo criado por Eiji Toyada Taiichi Ohno e Shigeo Shingo desenvolvido para a Toyota Motor Corporation no periacuteodo apoacutes 2ordf Guerra Mundial Nesse periacuteodo o Japatildeo passava por escassez de recursos humanos financeiros e materiais Com isso a Toyota precisava focar na reduccedilatildeo ou eliminaccedilatildeo das tarefas que natildeo agregavam valor para conseguir vantagens competitivas com as concorrentes Americanas e Europeias Assim surgia o Sistema de Produccedilatildeo Toyota (TPS) fundada no desenvolvimento de pessoas processos e focada na eliminaccedilatildeo do desperdiacutecio e criaccedilatildeo de valor O termo pensamento enxuto (Lean thinking) foi usado pela primeira vez por James Womack e Daniel Jones em 1996 Desde entatildeo a filosofia do

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pensamento enxuto vem alcanccedilando grande reputaccedilatildeo e passou tambeacutem a ser aplicado em todas as aacutereas de atividades econocircmicas com fins-lucrativos setor puacuteblico e organizaccedilotildees sem fins-lucrativos

[] O PENSAMENTO ENXUTO eacute uma maneira de vocecirc pensar a melhoria e a (re)organizaccedilatildeo de um ambiente produtivo A aposta-chave eacute a de que entendendo o que eacute valor para o cliente vocecirc seraacute capaz de identificar e eliminar os desperdiacutecios via o melhoramento contiacutenuo dos processos de produccedilatildeo e assim alavancar a sua posiccedilatildeo competitiva em particular no que se refere aos fatores como a velocidade no atendimento aos clientes a flexibilidade para se ajustar ao seus desejos especiacuteficos a qualidade e o preccedilo do produto ou serviccedilo ofertados (COSTA JARDIM 2010)

Segundo Costa RS amp Jardim EGM (2010) e Pinto J P (2009) o pensamento enxuto eacute alicerccedilado por 5 princiacutepios de raciociacutenio que simplificam o modo de produccedilatildeo entrega valor aos seus clientes e eliminam o desperdiacutecios

1 Definir Valor 2 Mapear o fluxo de produccedilatildeo 3 Implementar o fluxo contiacutenuo 4 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada 5 Buscar a perfeiccedilatildeo

211 Definir Valor A nossa tendecircncia eacute classificar valor quando nos referimos a um produto ou serviccedilo que usamos ou compramos mas no pensamento enxuto a conotaccedilatildeo de valor eacute bem mais ampla Para a filosofia do pensamento enxuto valor eacute tudo que justifica atenccedilatildeo esforccedilo e tempo dedicado para a realizaccedilatildeo de algo Tambeacutem devemos classificar o desperdiacutecio como uma subordinaccedilatildeo a essa caracterizaccedilatildeo de valor e que desperdiacutecio eacute toda atividade que eacute realizada que natildeo acrescenta valor O cliente eacute quem define o valor e este eacute referente agraves caracteriacutesticas dos produtosserviccedilos que satisfazem agraves expectativas e aos anseios dos clientes lembrando que eacute o valor que manteacutem os clientes interessados nos negoacutecios de uma organizaccedilatildeo Muito importante salientar que natildeo apenas os clientes esperam receber valor das organizaccedilotildees contratadas mas tambeacutem todos envolvidos nesse processo (stakeholders) colaboradores acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo Assim a organizaccedilatildeo para criar valor para todos os stakeholders deve ter foco nas atividades que satisfaccedilam as expectativas destes eliminando todas as formas de desperdiacutecio 212 Mapear o fluxo de produccedilatildeo O primeiro passo eacute desenhar o fluxo que bem represente as atividades corretamente realizadas na organizaccedilatildeo Isto fornece a informaccedilatildeo que vocecirc precisa para desenvolver um estado futuro E se houver diferentes produtos eou serviccedilos selecione o fluxo que

seja mais relevante para o resultado do sistema Nesse estaacutegio jaacute se tem o conhecimento dos paracircmetros adequados para a definiccedilatildeo das atividades que agregam ou natildeo agregam valor ao cliente Posteriormente eacute necessaacuterio fazer a anaacutelise de como eacute o caminho do material e a informaccedilatildeo nesse fluxo sempre atento aos tempos de cada estaacutegio de fila armazenamentos retrabalhos inspeccedilotildees e controles O foco eacute para o fluxo correntemente Aquelas atividades podem ser necessidades mas ndash de fato ndash constituem-se em desperdiacutecios que em nada interessam aos clientes ao qual importa que o produtoserviccedilo tenha preccedilo qualidade e seja entregue conforme especificaccedilotildees Com o mapa do fluxo atual o proacuteximo passo eacute a confecccedilatildeo do fluxo ideal O ponto chave eacute natildeo ser fixar as soluccedilotildees existentes Perceba com o que eacute necessaacuterio que se lide no dia a dia as limitaccedilotildees de maacutequinas recursos (pessoa e dinheiro) e tempo mas natildeo deixar estas restriccedilotildees influenciar na visatildeo ideal Com os mapas dos dois fluxos defini-se o novo mapa do fluxo possiacutevel para as atuais condiccedilotildees o mapa do estado futuro 213 Implementar o fluxo contiacutenuo O fluxo contiacutenuo eacute o processo de produzir uma peccedila de cada vez com os itens passando de um posto de trabalho para o outro sem nenhuma parada Sendo assim um modo mais eficaz de produccedilatildeo que evita desperdiacutecios de tempo e recursos Nesse estaacutegio deve-se sincronizar os meios envolvidos na criaccedilatildeo de valor para todas as partes Fluxo de materiais de capital de pessoas e de informaccedilatildeo 214 Implementaccedilatildeo da produccedilatildeo puxada O efeito da criaccedilatildeo de um Fluxo de Valor pode ser sentido na reduccedilatildeo dos tempos de concepccedilatildeo de produtos de processamento de pedidos e em estoques Ou seja ser veloz no atendimento de uma demanda e entatildeo em vez de tentar adivinhar o que vai acontecer amanhatilde a empresa poderaacute se dar ao luxo de esperar a chegada do pedido e soacute entatildeo disparar a produccedilatildeo Ter a capacidade de desenvolver produzir e distribuir rapidamente daacute ao produto uma atualidade a empresa pode atender agrave necessidade dos clientes quase que instantaneamente Isso permite a empresa inverter o fluxo produtivo as empresas natildeo mais empurram os produtos para o consumidor (desovar estoques) atraveacutes de descontos promoccedilotildees e leve dois pague um O consumidor passa a puxar a produccedilatildeo eliminando estoques e dando valor ao produto eacute a Produccedilatildeo Puxada Toda essa mudanccedila significa uma vantagem competitiva irresistiacutevel leveza para atender imediatamente os desejos do cliente Com pequenos lotes e demanda puxada a empresa manteacutem-se com muito mais facilidade o foco e a concentraccedilatildeo em gerar valor para o cliente Gerando a reduccedilatildeo de custos esforccedilos tempos e espaccedilos 215 Buscar a perfeiccedilatildeo A Perfeiccedilatildeo e melhoria contiacutenua satildeo realidades Em um processo transparente em que todos os membros da cadeia (Stakeholders) tenham conhecimento do

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processo como um todo podendo dialogar e buscar continuamente melhores formas de criar Valor As empresas estatildeo aprendendo que o sucesso depende fundamentalmente das pessoas Com a filosofia LEAN as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Sendo que as trasnformaccedilotildees estrateacutegicas satildeo pautadas na responsabilizaccedilatildeo desenvolvimento teacutecnico e autonomia das equipes de linha de frente

[] Grupos e ferramentas para a melhoria contiacutenua gestatildeo visual e semiautocircnoma auto-gestatildeo da performance cotidiana feedback frequente e resposta raacutepida satildeo alguns dentre os vaacuterios instrumentos propostos pelo LEAN para interligar as accedilotildees do dia a dia e a oferta de valor para os clientes Womack e Jones que estudaram durante anos o sistema Toyota de Produccedilatildeo e mais adiante cunharam o termo LEAN MANUFACTURING registram com sua experiecircncia de anos junto a empresas que seguiram este caminho ldquoagrave medida que as organizaccedilotildees comeccedilam a especificar valor com precisatildeo identificam o fluxo de valor total agrave medida em vatildeo transformando o seu sistema na direccedilatildeo do fluxo contiacutenuo e deixam que o cliente puxe a sua produccedilatildeo algo muito estranho comeccedila a ocorrer Ocorre aos envolvidos que o processo de reduccedilatildeo de esforccedilo tempo espaccedilo custo e erros eacute infinito (COSTA JARDIM 2010)

As melhorias de processo satildeo geralmente implementadas atraveacutes das ferramentas Kaizen e 3Ps O ldquoKaizenrdquo eacute uma palavra japonesa que significa melhoria contiacutenua e utiliza uma riacutegida metodologia que coloca foco nas atividades de mudanccedila No kaizen deve-se dar ecircnfase agraves filosofias da metodologia da Manufatura Enxuta puxada da produccedilatildeo pelo cliente identificaccedilatildeo da cadeia de fluxo de valor eliminaccedilatildeo de desperdiacutecios implantaccedilatildeo de cartotildees de controle de material (kanban) procedimentos de entrega no tempo correto (just in time) fluxo contiacutenuo etc Segundo HOHMANN (2002) o Kaizen seraacute bem sucedido se for definido um patrocinador para o projeto (fazendo com que a informaccedilatildeo entre as pessoas e aacutereas envolvidas seja transparente e eficaz) tudo seja documentado definiccedilatildeo de liacutederes para cada grupo e ter os objetivos claros e mensuraacuteveis ndash como por exemplo tempo do processo quantidade de material utilizado e o iacutendice de produtividade Outra ferramenta muito utilizada eacute o 3Ps - produccedilatildeo preparaccedilatildeo e processo A ferramenta 3 Ps eacute a designaccedilatildeo de um meacutetodo para desenhar processos de produccedilatildeo enxuta ou simplesmente obter soluccedilotildees aos problemas de fluxo de criaccedilatildeo do valor na produccedilatildeo tendo como consequecircncia a radical inovaccedilatildeo do estado atual Criam-se processos naturalmente enxutos isto eacute que por natureza natildeo apresentam limitaccedilotildees ao fluxo e ao sistema de puxar a produccedilatildeo

22 Aplicaccedilatildeo de Manufatura Enxuta Conforme LIKER J amp HOSEOS M (2008) toda e qualquer grande mudanccedila em uma empresa deve ser liderada pelos cargos de alta gestatildeo e para aplicaccedilatildeo da manufatura enxuta natildeo eacute diferente Esse eacute um ponto muito importante pois soacute assim se tem a participaccedilatildeo efetiva e aderecircncia de todos na empresa Com esse apoio da alta direccedilatildeo os responsaacutevies pela implementaccedilatildeo que tenham o conhecimento e vontade conseguem desenvolver o projeto da manufatura enxuta

[] Um dos maiores problemas na transformaccedilatildeo Lean eacute a carecircncia de conhecimento teacutecnico e de comportamentos adequados por parte da meacutedia Gerecircncia A definiccedilatildeo e implementaccedilatildeo de planos de accedilatildeo por parte de Coordenadores Lean que normalmente natildeo fazem parte da linha de frente da empresa tem dificuldades de sustentaccedilatildeo quando a meacutedia Gerecircncia natildeo compreende e assim natildeo apoacuteia as mudanccedilas que se pretende implementar (LIKER HOSEOS 2008)

Outro ponto muito importante na implementaccedilatildeo da filosofia Lean eacute a adesatildeo de todos os funcionaacuterios da empresa com o completo entendimento da filosofia Lean Como citado anteriormente as pessoas satildeo o iniacutecio (a base da transformaccedilatildeo) o meio (o instrumento) e o fim (objetivo) Se houver resistecircncia por parte das pessoas a implementaccedilatildeo da filosofia Lean natildeo teraacute sucesso

[] A implantaccedilatildeo desse processo bem como de qualquer e todo processo de mudanccedila suscita comportamentos que podem ir desde a aceitaccedilatildeo ateacute a resistecircncia As mudanccedilas podem significar uma ameaccedila ao conhecido e familiar segundo Motta (1997) Nada eacute mais natural do que funcionaacuterios se revelarem apreensivos sobre suas tarefas e seu emprego quando ficam sabendo das mudanccedilas Em situaccedilotildees conflitantes com seus interesses ameaccedilados haacute uma tendecircncia das pessoas a se aliarem ou se confrontarem com as novas propostas com o objetivo de salvaguardar as suas conquistas e os seus valores Segundo Hernandez e Caldas (2001) tanto a literatura acadecircmica quanto a gerencial tendem a apontar a resistecircncia agrave mudanccedila como uma das principais barreiras agrave mudanccedila bem sucedida As fontes individuais de resistecircncia agrave mudanccedila estatildeo associadas agrave inseguranccedila econocircmica medo do desconhecido ameaccedilas ao conviacutevio social haacutebito e dificuldade em reconhecer a necessidade de mudanccedila As fontes organizacionais referem-se agraves seguintes caracteriacutesticas ineacutercia estrutural foco limitado de mudanccedila ineacutercia do grupo ameaccedila agrave especializaccedilatildeo ameaccedilas agraves relaccedilotildees de poder estabelecidas e ameaccedilas agraves alocaccedilotildees de recursos estabelecidas (SANTOS 2010)

A mudanccedila de um processo de produccedilatildeo tradicional para o processo de Manufatura Enxuta requer uma mudanccedila radical no pensamento e modo de agir das

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pessoas o que eacute mais difiacutecil de se conseguir do que obter recursos financeiros Para essa mudanccedila de grande estrutura a ferramenta do KAIZEN eacute utilizada e assim buscar a melhoria contiacutenua Entretanto todo novo projeto por mais que bem estruturado inicialmente natildeo apresenta todas as vaacuteriaacuteveis do processo que seratildeo reorganizadas e melhoradas com o KAIZEN Neste primeiro estaacutegio utiliza-se entatildeo a ferramenta 3Ps do LEAN Para tal eacute necessaacuteria a criaccedilatildeo de um grupo multidisciplinar de diferentes aacutereas que integrem as necessidades dos mais diferentes enfoques sobre o produto processo custos e equipamentos Assim desenvolvem-se como um todo os processos da empresa seguindo os princiacutepios da produccedilatildeo enxuta Segundo WOMACK JAMES (2009) pode ser seguida nos 3 seguintes passo Criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema fluxo contiacutenuo produccedilatildeo puxada e autonomaccedilatildeo O objetivo eacute a criaccedilatildeo de pelo menos sete processos alternativos Escolha dos trecircs melhores processos alternativos Para tal eacute usado uma avaliaccedilatildeo de 14 itens conforme um sistema de Produccedilatildeo Enxuta avanccedilado em que cada processo alternativo recebe uma nota para cada item e os trecircs iteacutens com as maiores notas satildeo escolhidos pelo grupo Simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos O melhor processo a ser escolhido seraacute aquele cujo conceito foi devidamente simulado e revelou-se mais proacuteximo ao atendimento pleno dos quesitos do sistema aleacutem de ter obtido desempenho superior aos outros conceitos de processos simulados DESENVOLVIMENTOS E RESULTADOS A implementaccedilatildeo do sistema Lean manufacturing teve iniacutecio em 2010 quando comeccedilaram os estudos das alteraccedilotildees necessaacuterioas de lay-out meacutetodo de trabalho e planejamento de materiais Seguindo os trecircs passos de WOMACK J (2009) de criaccedilatildeo de processos alternativos com o intuito de facilitar e agilizar os elementos baacutesicos do sistema escolha dos trecircs melhores processos alternativos e simulaccedilatildeo em escala real dos trecircs melhores processos alternativos concluiu-se que o melhor resultado seria a implementaccedilatildeo de manufatura em ceacutelula e a criaccedilatildeo de um supermecado para abastecer a linha de produccedilatildeo Umas das principais caracteriacutesticas apoacutes a implantaccedilatildeo da linha de produccedilatildeo em Ceacutelula eacute a de que as pessoas passam a trabalhar mais em time pois satildeo partes de um fluxo contiacutenuo em que a parada em um posto leva a parada imediata das operaccedilotildees seguinte O funcionaacuterio passa a se sentir ldquodonordquo do ambiente de trabalho e uma ldquopessoa importanterdquo nas tomadas de decisotildees Deste modo as pessoas devem ser treinadas para assumir maiores responsabilidades e serem mais donas das metas Gerando uma transformaccedilatildeo da

mentalidade das pessoas que trabalham na linha devido aos resultados que estes conceitos trazem e de forma raacutepida Com a mudanccedila de mentalidade vem a mudanccedila de atitude que por sua vez alavanca uma visatildeo muito mais criacutetica do trabalho que eacute realizado gerando aperfeiccediloamento criatividade disciplina e melhoria Estes sentimentos resultam em um trabalho realizado com primor com prevenccedilatildeo a falhas com disciplina com inovaccedilatildeo levando a resultados de excelecircncia Outra caracteriacutestica importante eacute a de que os problemas de qualidade satildeo identificados e corrigidos antes que haja grandes quantidades de produtos rejeitados resultando em maior produtividade e menos produtos rejeitados no chatildeo de faacutebrica Assim faz-se com que automaticamente a quantidade de material seja reduzida no processo facilitando a busca pelo zero defeito e otimizaccedilatildeo dos recursos da produccedilatildeo A manufatura em ceacutelula tem seus benefiacutecios refletidos tambeacutem na qualidade do produto pois durante o fluxo de produccedilatildeo como existem poucos produtos em processo Os produtos defeituosos se destacam e tornam-se um incomodo visual para todos Assim todos agem para que a qualidade fique dentro das metas preacute-estabelecidas A produccedilatildeo enxuta gera uma alta qualidade devido agrave reduccedilatildeo dos niacuteveis de inventaacuterio agrave melhora da visualizaccedilatildeo do produto em seu fluxo agrave disciplina que ela propotildee gerando o comprometimento foco e conhecimento dos funcionaacuterios agraves accedilotildees preventivas que evitam falhas em toda a cadeia produtiva agrave padronizaccedilatildeo que garante accedilotildees constantes e assertivas bem como a reduccedilatildeo dos niacuteveis de produto defeituoso Com todas essas accedilotildees de melhorias tem-se menor desperdiacutecio e sem desperdiacutecio o dinheiro eacute utilizado de forma inteligente comedida e assertiva O dinheiro que natildeo eacute desperdiccedilado eacute utilizado em melhorias nos processos que se tornaratildeo mais produtivos com uma melhor utilizaccedilatildeo dos recursos Mais produccedilatildeo significa mais ganho financeiro mais qualidade significa mais competitividade mais clientes mais negoacutecios e assim por diante Abaixo tem-se o resultado apoacutes a implementaccedilatildeo do novo processo de manufatura em ceacutelula e supermecado Os graacuteficos mostram os resultados mecircs a mecircs para os anos de 2011 - ano do iniacutecio da implementaccedilatildeo e de 2012 Os iacutendiacuteces que usamos para medir a performance foi o UPPH - quantidade de unidades produzidas por funcionaacuterio por hora e a relaccedilatildeo de perdas pelo produzido Esse novo processo foi implementado em dois processos de manufatura o processo SMT - processo de manufatura e montagem das placas de circuito eletrocircnico com a tecnologia SMT e o porcesso ASSY - processo de manufatura e montagem dos noteboks por completo

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FIG 1 ndash Graacutefico de resultado do processo SMT para os

anos de 2011 e 2012

FIG 2 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo SMT entre os anos de 2011 e 2012

FIG 3 ndash Graacutefico de resultado do processo ASSY para os

anos de 2011 e 2012

FIG 4 ndash Graacutefico comparativo de produtividade do

processo ASSY entre os anos de 2011 e 2012

FIG 5 ndash Graacutefico de resultado da relaccedilatildeo de perdas pela produzido nos processos SMT e ASSY para os anos de

2011 e 2012 Analisando as FIG 1 2 3 4 e 5 vemos que com a implementaccedilatildeo da filisofia LEAN os iacutendices de produtividade e de desperdiacutecios - chamadas perdas - tiveram uma queda muito expressiva Quando comparamos o mecircs de janeiro de 2011(antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com janeiro 2012 (6 meses apoacutes o iniacutecio da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) temos um aumento de produtividade no processo de SMT de 62 e processo de ASSY de 64 Tambeacutem tivemos uma reduccedilatildeo muito grande (de 044 para 0084) do desperdiacutecio para o mesmo periacuteodo de comparaccedilatildeo Ao fazer a comparaccedilatildeo do mecircs de maio de 2011 (uacuteltimo mecircs antes da implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) com o mecircs de maio de 2012 (1 ano de implementaccedilatildeo da filosofia LEAN) tem-se um resultado mais expressivo ainda no aumento de produtividade A produtividade no processo SMT aumentou 88 e a produtividade para o processo ASSY aumentou 85 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Com a implementaccedilatildeo da filosofia LEAN do fluxo contiacutenuo e da manufatura em ceacutelulas a produtividade aumenta e eliminam vaacuterios desperdiacutecios Defeitos satildeo detectados com rapidez estoques em processo e tempos de processo satildeo reduzidos aumentando sua flexibilidade e melhorando o entendimento do fluxo como um todo Eacute fundamental integrar os indicadores de desempenho com a estrateacutegia e o projeto de sistema de produccedilatildeo Com a implementaccedilatildeo da Manufatura Enxuta os ganhos satildeo percebidos por todos os acionistas fornecedores e a sociedade em geral que apoiam o desenvolvimento da organizaccedilatildeo e estatildeo envolvidos na fabricaccedilatildeo de produtos e colaboradores Esse trabalho foi feito considerando as caracteriacutesticas reais de manufatura e dois processos distintos (SMT e ASSY) Aplicamos os mesmos conceitos de LEAN MANUFACTURING a ambos os processos e os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir nesse estudo toda a cadeia de produccedilatildeo como o planejamento de materiais e warehouse e seus respectivos iacutendices de controle

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezASSY 2011 05 053 059 055 062 068 079 087 094 103 1 093ASSY 2012 082 086 099 085 115 111 11 105 1 108 105 108

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UP

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UPPH Processo ASSY

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REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ROHMANN C Author of A World of Ideas The Dictionary of Important Ideas and Thinkers 2009 COSTA RS JARDIM EGM - Os cinco passos do pensamento enxuto NET Rio de Janeiro 2010 Disponiacutevel em httpwwwtrilhaprojetoscombr HERNANDEZ J M C CALDAS M P Resistecircncia agrave mudanccedila uma revisatildeo criacutetica Revista de Administraccedilatildeo de Empresas Satildeo Paulo v 41 n 2 p 31-45 abrjun 2001 Lean Enterprise Institute - wwwLeanorg 15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Institute Brasil ndash wwwLeanorgbr15 de Fevereiro de 2012 a 05 de Marccedilo de 2012 Lean Thinking Conceitos e Aplicaccedilotildees Lean Institute Brasil ndash Maio02 SLATER R WELCH J O executivo do seacuteculo ndash Os insigths e segredos que criaram o estilo GE Satildeo Paulo Negoacutecio Editora 1999 PINTO J P Lean Thinking Novas janelas de oprotunidades para as organizaccedilotildees Comunidade Lean Thinking ndash 2009 Disponiacutevel em httpwwwslidesharenetComunidade_Lean_ThinkingLean-thinking ROTHER M SHOOK J Aprendendo a enxergar The Lean Enterprise Institute 2009 Revista Exame Satildeo Paulo Editora Abril 20 de marccedilo de 2002 LIKER J HOSEOS M Cultura Toyota Editora Bookman 2008 SANTOS T M C Anaacutelise da reaccedilatildeo dos colaboradores ao processo de mudanccedila organizacional - LEAN THINKING - Um estudo de caso na empresa Beta Pedro Leopoldo Faculdades Pedro Leopoldo 2010 WOMACK J P JONES D T A maacutequina que mudou o mundo Rio de Janeiro Elsevier 1992 WOMACK J P JONES D T A mentalidade enxuta nas empresas elimine o desperdiacutecio e crie riquezas Rio de Janeiro Elsevier 2004

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A OFERTA DE NIVELAMENTO EM AVA EAD COMO FERRAMENTA ESTRATEacuteGICA

Jefferson dos Santos Conchetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jsconchettohotmailcom

RESUMO Eacute primordial as faculdades oferecerem um nivelamento baacutesico aos ingressantes no niacutevel superior devido agraves deficiecircncias no aprendizado A forma como eacute oferecido este pode ser fundamental para a Instituiccedilatildeo de Ensino Superior (IES) uma vez que a permanecircncia do educando estaacute relacionada tambeacutem ao aproveitamento dos estudos e este agrave maturidade e competecircncia para o aprendizado Uma maneira estrateacutegica de nivelar nossos alunos pode ser criar sistemas de ensino e aprendizagem atraveacutes de um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) capaz de avaliar e dar subsiacutedios para o graduando em sua formaccedilatildeo acadecircmica O Ensino a Distacircncia (EaD) apesar de algumas discussotildees no meio acadecircmico pode ser uma ferramenta muito uacutetil na estrateacutegia pedagoacutegica para o nivelamento Aprender e ensinar independente do contexto e meacutetodo trazem sempre dilemas e problemas Por conseguinte todo processo ensino aprendizagem necessita ser avaliado apesar do tradicional sistema avaliativo Palavras chave Nivelamento EAD AVA Ensino Superior 1 INTRODUCcedilAtildeO Um ponto muito discutido atualmente no niacutevel superior eacute o nivelamento Este por sua vez tem se tornado uma necessidade primordial ao egresso do ensino meacutedio principalmente o da rede puacuteblica Segundo OLIVEIRA e ARAUacuteJO (2006) o ensino meacutedio estaacute com a qualidade de ensino percebida sob trecircs formas distintas sendo primeira a da oferta insuficiente a segunda a da disfunccedilatildeo no fluxo ao longo do ensino fundamental e a terceira o sistema de avaliaccedilatildeo baseado em testes padronizados A necessidade do nivelamento daacute-se natildeo soacute pela deficiecircncia da formaccedilatildeo baacutesica mas tambeacutem por se tratar de ingressantes nas IES de um grupo heterogecircneo com diversas idades (geraccedilotildees completamente diferentes) tendo discentes remanescentes de uma geraccedilatildeo de ensino precedente agraves Tecnologias de Informaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo (TICs) Algumas IES estatildeo ofertando o nivelamento de forma presencial a chamada preacute-aula A proposta deste artigo eacute a discussatildeo sobre a oferta de um nivelamento por um AVA (Ambiente Virtual de Aprendizagem) mais

propriamente dito o uso do Ensino a Distacircncia (EaD) via internet dentro de um ambiente virtual de aprendizagem Para tal feito eacute necessaacuteria uma compreensatildeo a respeito do que pode ser aprender ensinar e avaliar dentro do EaD com base na legislaccedilatildeo vigente 2 OBJETIVO Para uma maior disseminaccedilatildeo junto aos discentes do que possa ser o aprender em uma graduaccedilatildeo e para que haja um equiliacutebrio dentre as possiacuteveis geraccedilotildees em uma sala de aula a proposta deste artigo consiste em mostrar atraveacutes de um estudo teoacuterico a vantagem da oferta de um nivelamento tendo como estrateacutegia pedagoacutegica o EaD para uma introduccedilatildeo familiarizaccedilatildeo com a tecnologia e resgate de conhecimentos preacutevios para a sequecircncia e permanecircncia no curso superior 3 ENSINO A DISTAcircNCIA (EAD) As geraccedilotildees de EaD podem ser sinteticamente observadas no quadro abaixo (Moore e Kearsley 2008 p26 apud Vilaccedila 2011 p95)

Tabela 1 - Geraccedilotildees de EaD de acordo com Moore e Kearsley (2008 p 26)

De acordo com este quadro noacutes estamos na quinta geraccedilatildeo de ensino a distacircncia Segundo Almeida e Almeida (2003) desenvolver atividades de ensino e aprendizagem no meio digital implica em lidar com a complexidade de situaccedilotildees educacionais evidenciadas por este meio

Geraccedilatildeo Forma Recursos instrucionais e tecnoloacutegicos baacutesicos

Primeira Ensino por Correspondecircncia

Materiais impressos livros apostilas

Segunda Transmissatildeo por raacutedio e televisatildeo

Raacutedio Viacutedeo TV Fitas cassetes

Terceira Universidades abertas

Materiais impressos TV Raacutedio telefone fitas cassete

Quarta Teleconferecircncia Teleconferecircncia interativa com aacuteudio e viacutedeo

Quinta Internetweb Internet MP3 ambientes virtuais de aprendizagem

(AVA) viacutedeos animaccedilotildees ambientes 3D redes sociais

foacuteruns

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enfrentar novos desafios relacionados agraves especificidades da comunicaccedilatildeo multidirecional O resultado e controle da participaccedilatildeo nas atividades podem ser usufruiacutedos pelas avaliaccedilotildees evidenciando possibilidades difiacuteceis sem o apoio digital Para Santos e Rodrigues (1999) o Ensino agrave Distacircncia tem importacircncia por atingir maior audiecircncia atender estudantes que natildeo podem assistir agraves aulas na escola unir estudantes de diferentes contextos sociais culturais econocircmicos e preponderam os estudantes que estatildeo buscando voluntariamente mais conhecimentos TICrsquos A tecnologia da informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo (TIC) dentro de um AVA eacute um meio de mediaccedilatildeo e construccedilatildeo do conhecimento Com o desenvolvimento digital atraveacutes de trocas de informaccedilotildees (e-mail chat foruns) feitas via PC tablets ou ateacute mesmo celulares podemos romper o espaccedilo tempo e em diferentes eventos acessar os conteuacutedos diversos quantas vezes forem necessaacuterias para a construccedilatildeo de nosso conhecimento Para Perry et al (2006) as TICrsquos constituem um apoio cognitivo real mais ergonocircmico ao raciociacutenio humano com reforccedilo natural agrave atividade neural de processamento de informaccedilotildees dada suas diversidades (sonoras visuais e taacuteteis) Ainda com relaccedilatildeo agraves TICrsquos eacute vaacutelido ressaltar sobre os aportes que elas podem oferecer no ensinoaprendizagem assim como na avaliaccedilatildeo ou processo avaliativo O proceso educacional em EaD recorre das TICrsquos com extrema cautela e estrateacutegia principalmente em sua concepccedilatildeo poreacutem quanto ao processo que envolve ensino aprendizagem e avaliaccedilatildeo os dados podem ser melhores interpretados e aproveitados para futuros projetos APRENDER ENSINAR E AVALIAR EM EAD Este artigo natildeo tem a pretensatildeo de criar uma maneira objetiva de como realizar tais feitos O intuito deste talvez seja atentar quanto agrave necessidade de sermos estrategistas e competentes desde a base o projeto Natildeo menos importante que o conteuacutedo estaacute a presenccedila do tutor APRENDER O aprender em EaD manifesta-se com dilemas problemas e propoacutesitos tais como em cada eacutepoca histoacuterica ou seja independente do contexto o aprender tem laacute seus questionamentos em relaccedilatildeo agrave maneira como se daacute o aprendizado como eacute feita a retenccedilatildeo das informaccedilotildees segundo o metodo de ensino No contexto atual as informaccedilotildees estatildeo mais proacuteximas a facilidade eacute tanta que acaba por ocorrer o oposto do que se espera A praacutexis docente deixa a desejar perante os diversos canais de informaccedilotildees presentes no cotidiano levando a um desinteresse discente Segundo Schneider et al (2009) a EaD para atingir grau de excelecircncia exige planejamento de accedilatildeo que

contemple as diferentes formas de aprendizagem vencendo o espaccedilo-tempo ou seja a riqueza da Ead estaacute no conhecimento taacutecito este necessita de um planejamento estrateacutegico impecaacutevel para que o discente permaneccedila em atividade e natildeo perca a motivaccedilatildeo pelo conteuacutedo ou ateacute mesmo pelos estudos Neste ponto vale ressaltar a questatildeo da maturidade discente necessaacuteria para a sequecircncia no niacutevel superior e natildeo somente em um curso em EaD Essa seria a funccedilatildeo do Ensino Meacutedio desenvolver no discente a maturidade ou seja a disciplina e comprometimento com os estudos de forma a facilitar o aprendizado o compromisso com a vida universitaacuteria ENSINAR Eacute notaacutevel a melhora da qualidade de ensino e aprendizagem poacutes revoluccedilatildeo tecnoloacutegica Contudo surge uma questatildeo Como lidar com as complexidades evidenciadas no meio digital Claramente nota-se a necessidade de que o docente tenha mais conhecimentos didaacuteticos e que domine estrategicamente as TICrsquos Para Perry et al (2006) as praacuteticas de EaD devem ser encaradas com um olhar sistecircmico podendo assim serem criados ambientes investigativos dentro de um maior contexto resultando em ldquo(a) um aumento na agilidade dos processos (b) a diminuiccedilatildeo de retrabalhos (c) maior garantia de qualidade (d) possibilidade de reproduzir e estender praacuteticas e resultados e (e) distribuir reaproveitar e acumular conhecimento dentro da instituiccedilatildeo comunidade de pesquisardquo Um ponto tatildeo importante quanto ao ambiente criado para o EaD satildeo os aportes dados atraveacutes de um profissional de suma importacircncia o tutor Para Silveira (2005)

[] o Tutor poderia ser aquele que instiga a participaccedilatildeo do aluno evitando a desistecircncia o desalento o desencanto pelo saber Talvez aquele que possibilita a construccedilatildeo coletiva e percorre uma trajetoacuteria metodoloacutegica desobediente transgressora de receitas prontas e acabadas e construa de forma participativa com seus alunos nova saberes novos olhares sobre o real

Vale ressaltar quatildeo importante eacute o papel do tutor pela troca de conhecimento pois diferente de um professor conteudista que segue uma linha de pensamento estrateacutegico o tutor eacute obrigado a divagar por outros assuntos (de certa forma pertinentes ao curso ndash um foacuterum por exemplo) para que uma vez solicitado ele possa responder ou discutir e manter uma aproximaccedilatildeo afetiva ou seja reforccedilar o lado humano por detraacutes da tecnologia motivando o discente e mantendo ele ativo Para Monteiro et al (2014) a relaccedilatildeo afetiva tambeacutem diminui a sensaccedilatildeo de distanciamento provocado pelo afastamento fiacutesico pois aproxima os coraccedilotildees estabelece laccedilos de amizade e torna o processo de ensino e aprendizagem uma troca e natildeo um processo

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de estiacutemulo e resposta Ainda sobre a visatildeo da autora a falha na atuaccedilatildeo do tutor pode causar desmotivaccedilatildeo baixo desempenho e a desistecircncia do discente AVALIAR A avaliaccedilatildeo desempenha objetivos como subsidiar o processo ensino-aprendizagem e tambeacutem sob o discurso de compreender a desigualdade no ensino o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo no Brasil atribui-se o direito de implantar processos avaliativos nos diversos niacuteveis e sistemas escolares (FERNANDES 2009) Desta forma podemos notar a importacircncia do ato de avaliar e determinar o papel de quem vai avaliar O avaliador eacute um negociador por meio da comunicaccedilatildeo com criteacuterios predefinidos estrateacutegicamente tendo que envolver os diversos segmentos interessados no objeto avaliado e divulgar os resultados obtidos Com o envolvimento sobre os objetivos da avaliaccedilatildeo mostra-se ao discente como ele estaacute se desenvolvendo por meio do processo avaliativo A avaliaccedilatildeo vai aleacutem da mensuraccedilatildeo pois visa sempre a aprimorar a aprendizagem do avaliando e a abrir possibilidades para novas descobertas (BRITO 2010) Rodrigues amp Borges (2013) entendem que avaliar a aprendizagem natildeo eacute faacutecil pois a avaliaccedilatildeo eacute permeada por subjetividade sendo que cada indiviacuteduo possui uma visatildeo de mundo diferente dos demais Muitos docentes utilizam a avaliaccedilatildeo como uma forma de punir o aluno pelo desrespeito ou falta de interesse durante o desenvolvimento das aulas A avaliaccedilatildeo vem sendo utilizada exclusivamente como uma forma de atribuir notas visando agrave aprovaccedilatildeo ou reprovaccedilatildeo do aluno Para Maia Mendonccedila amp Goacutees (2005) avaliaccedilatildeo em EAD pode ser realizada de forma presencial (avaliaccedilatildeo feita na presenccedila do formador ou de outra pessoa responsaacutevel garantindo legitimidade da mesma) agrave distacircncia (com aplicaccedilatildeo de testes on-line a serem respondidos e enviados para o formador por meio de e-mail ou de formulaacuterios de envio) e avaliaccedilatildeo contiacutenua ao longo do curso (baseada em componentes que forneccedilam subsiacutedios para o formador avaliar seus aprendizes de modo processual) Para que qualquer dessas formas tenha sucesso reclama que o docente seja estrategicamente um negociador As negociaccedilotildees podem ser feitas pelos tutores e ocorrer atraveacutes dos foacuteruns chats ou ateacute mesmo e-mail de forma a estarem sempre alinhados docente e discente com retorno de ambas as partes quanto aos anseios ou apatia presente Natildeo soacute as negociaccedilotildees sobre os termos avaliativos podem ser feitas atraveacutes das TICrsquos acima citadas mas tambeacutem a proacutepria avaliaccedilatildeo Sartori amp Both (2014) apontam o estudo dirigido lanccedilado num foacuterum de debate em um AVA que pode ser acompanhado pelo orientador acadecircmico e atribuiacutedo um conceito no processo avaliativo do discente Ainda do ponto de vista dos autores o estudo dirigido e o chat satildeo formas de construccedilatildeo e reconstruccedilatildeo de conhecimentos a partir das respostas dadas que podem ser discutidas e mediadas pelo tutor

CONCLUSAtildeO Em meio aos discentes haacute a necessidade de um resgate de conhecimentos preacutevios Poreacutem antes deste feito eacute primordial que seja introduzido conceitos quanto agraves formas de absorvermos melhor os conhecimentos Eacute claro o objetivo nivelamento mas se apenas despejarmos o conteuacutedo o ldquojarrordquo continuaraacute sempre vazio O ideal a proposta deste artigo eacute uma atenccedilatildeo especial em natildeo criar apenas um nivelamento das disciplinas baacutesicas (matemaacutetica portuguecircs) mas incluir nos conteuacutedos um material que demonstre a necessidade e incentive o discente a desenvolver a maturidade necessaacuteria para o niacutevel superior As TICrsquos em um AVA satildeo ferramentas estrateacutegicas e devemos estar em constante evoluccedilatildeo quanto agrave sua atualizaccedilatildeo A cada dia surgem novas tecnologias agraves quais devemos procurar inserir em nosso sistema As novas geraccedilotildees satildeo movidas por elas e a falta delas implica em uma desmotivaccedilatildeo ou seja usando-as pode ser que natildeo motive poreacutem haacute a desmotivaccedilatildeo caso natildeo use Como experiecircncia posso citar a necessidade de uma tutoria consciente e presente nos foacuteruns com o intuito de ressaltar no discente a importacircncia das discussotildees Neste ponto o papel do tutor eacute primordial pois eacute ele quem vai mediar o conhecimento Tanto o aprender quanto o ensinar ou avaliar satildeo processos complexos e exigem uma elaboraccedilatildeo estrateacutegica poreacutem a execuccedilatildeo tem que ser muito bem controlada estatisticamente dentro do sistema O bom da EaD eacute que os dados podem ser coletados e aproveitados com mais facilidades desde que seja planejado com antecedecircncia REFEREcircNCIAS ALMEIDA F J ALMEIDA M E B (2003) Educaccedilatildeo a distacircncia em meio digital novos espaccedilos e outros tempos de aprender ensinar e avaliar Virtual Educa 2003 Miami USA BRITO C S (2010) Avaliaccedilatildeo da aprendizagem no ensino superior uma visatildeo do aluno SILVEIRA R L B L da (2005) A importacircncia do tutor no processo de aprendizagem a distacircncia Revista Iberoamericana de Educacioacuten 36(3) 6 OLIVEIRA R P de ARAUacuteJO G C de (2006) Qualidade do ensino uma nova dimensatildeo da luta pelo direito educaccedilatildeo Associaccedilatildeo Nacional de Poacutes-Graduaccedilatildeo e Pesquisa em Educaccedilatildeo FERNANDES C M B (2009) Formatos avaliativos trajetoacuteria histoacuterica contradiccedilotildees e impactos em estudantes universitaacuterios HERMIDA J F BONFIM C R D S (2006) A educaccedilatildeo agrave distacircncia histoacuteria concepccedilotildees e perspectivas Revista HISTEDBR On-line Campinas n especial 166-181

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MAIA M C MENDONCcedilA A L GOacuteES P (2005) Metodologia de ensino e avaliaccedilatildeo de aprendizagem TC 5 05 MONTEIRO Alice Fogaccedila et al (2014) TutorAutor experiecircncias e saberes Cadernos Pedagoacutegicos da EaD MORESI Eduardo A D Inteligecircncia organizacional um referencial integrado Ciecircncia da Informaccedilatildeo 302 (2001) 35-46 PERRY Gabriela Trindade et al Desafios da gestatildeo de EAD necessidades especiacuteficas para o ensino cientiacutefico e tecnoloacutegico RENOTE 41 (2006) RODRIGUES N V M BORGES F T (2013) Avaliaccedilatildeo da Aprendizagem em Educaccedilatildeo a Distacircncia atraveacutes do Foacuterum (Interface Educacional) Ideias e Inovaccedilatildeo-Lato Sensu 1(2) 25-34 SANTOS A M RODRIGUES M (1999) Educaccedilatildeo a distacircncia Tecnologia Educacional 24 25-30 SCHNEIDER Elton Ivan L F MEDEIROS S T U O Aprender e o Ensinar em EaD por meio de Rotas de Aprendizagem Anais do 15ordm Congresso Internacional Associaccedilatildeo Brasileira de Educaccedilatildeo a Distacircncia 2009 VILACcedilA M L C (2011) Educaccedilatildeo a Distacircncia e Tecnologias conceitos termos e um pouco de histoacuteria Revista Magistro 2(1) SARTORI M R K BOTH I J (2014) Uma proposta de meacutetodo complementar agrave avaliaccedilatildeo na EAD O estudo dirigido como ferramenta de aprendizagem colaborativa no foacuterum Sauacutede 1(9)

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A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA POSSIBILITANDO UMA ABORDAGEM CONTEXTUALIZADA E INTERDISCIPLINAR DA QUIacuteMICA

Bruna de Souza Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

bruna_de_souzalivecom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Este trabalho apresenta resultados de um estudo realizado com alunos do curso de quiacutemica da FACCAMP a fim de identificar os conteuacutedos conceituais a serem desenvolvidos relativos ao tema quimioluminescecircncia mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo de tais conteuacutedos nas turmas do curso e ainda colaborar como agente formador de alguns pontos conceituais sobre o tema

Palavras chave Quimioluminescecircncia pesquisa exploratoacuteria visiacutevel ultravioleta fluorescecircncia ABSTRACT This paper presents results of a study with the students of chemistry course at FACCAMP to identify the conceptual contents to be developed for the chemiluminescence theme map the level of assimilation of such contents in the course classes and still work as agent forming some conceptual points on the subject Keywords Chemiluminescence exploratory research visible ultraviolet fluorescence 1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho foi produzido durante as aulas de monografia inicialmente observou-se a necessidade em conhecer os pontos principais no tema central que poderia servir como auxiacutelio e meio de pesquisa para outros alunos do curso de quiacutemica bacharelado Para isto foi realizada uma pesquisa para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados Santos e Mortimer (1999) concluiacuteram apoacutes pesquisa realizada com professores de quiacutemica que apoiavam suas aulas em temas contextualizados que havia maior facilidade de assimilaccedilatildeo do conteuacutedo por parte dos alunos bem como facilitaccedilatildeo do aprendizado aumento da motivaccedilatildeo do aluno e melhora no relacionamento professor-aluno Assim optamos por abordar o tema principal de maneira contextualizada oferecendo informaccedilotildees a cerca do conteuacutedo desejado poreacutem de forma facilitada inserindo os aspectos de interesse dos alunos que participaram da pesquisa

Realizou-se uma pesquisa explanatoacuteria a fim de mapear o niacutevel de assimilaccedilatildeo pelos alunos do conteuacutedo abordado e em seguida determinaccedilatildeo de subtemas principais para o desenvolvimento deste artigo Seraacute demonstrado neste trabalho a contextualizaccedilatildeo da quimioluminescecircncia aplicada agrave utilizaccedilatildeo do luminol reagente responsaacutevel pela detecccedilatildeo de vestiacutegios de sangue em cenas de crime Sendo este um tema interdisciplinar eacute possiacutevel ilustrar e contextualizar conceitos de outras disciplinas do curriacuteculo de quiacutemica tal como quiacutemica quacircntica e espectroscopia assim como seraacute demostrado neste trabalho 2 INTERDISCIPLINARIDADE ESPECTROSCOPIA

QUIacuteMICA QUAcircNTICA E A RELACcedilAtildeO COM A QUIMIOLUMINESCEcircNCIA

Sala (1996) e Skoog Holler e Nieman (2002) indicam em suas obras que a espectroscopia eacute o campo responsaacutevel por estudar a interaccedilatildeo da mateacuteria com a radiaccedilatildeo seja esta visiacutevel ou natildeo tendo como finalidade determinar a mateacuteria estudada obteacutem-se para isso a variaccedilatildeo da posiccedilatildeo dos niacuteveis energeacuteticos Salienta que podem ocorrer transiccedilotildees vibracionais na regiatildeo infravermelho eletrocircnicas entre as regiotildees ultravioleta e visiacutevel e no estaacutegio das micro-ondas ocorrem variaccedilotildees rotacionais Desta forma a espectroscopia eacute o campo que estuda a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo eletromagneacutetica que deve ocorrer em uma determinada frequecircncia para cada uma das espeacutecies analisadas A resposta seraacute em forma de um sinal proporcional agrave transiccedilatildeo entre os niacuteveis de energia de um aacutetomo ou agraves vibraccedilotildees de determinadas moleacuteculas (SHRIVER et al 2008) Skoog Holler e Nieman (2002) afirmam que para ocorrer absorccedilatildeo de energia o foacuteton excitante deve ser referente ao inverso da energia entre os estados fundamental e excitado da substacircncia a ser analisada Onde a radiaccedilatildeo eacute apresentada pelo espectro eletromagneacutetico conforme a figura 1

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Figura 1 Apresentaccedilatildeo do espectro eletromagneacutetico com suas variaccedilotildees em funccedilatildeo do comprimento de onda

O espectro eletromagneacutetico figura 1 apresenta um compilado entre todas as radiaccedilotildees conhecidas em funccedilatildeo do comprimento da onda apresentado e sua frequecircncia O comprimento da onda eacute determinado pela distacircncia entre os picos e a frequecircncia eacute resultante da repeticcedilatildeo da onda (BALL 2005) Skoog Holler e Nieman (2002) classificam os tipos de espectroscopia conforme apresentado na tabela 1 relacionando os diferentes tipos de espectroscopia com o fenocircmeno quacircntico observado Tabela 1 Relaccedilatildeo entre o tipo de espectroscopia e a transiccedilatildeo quacircntica gerada

Tipos de Espectroscopia

Intervalo Usual de Comprimento de

onda

Tipo de Transiccedilatildeo Quacircntica

Emissatildeo de raios gama 510-12 - 1410-9 m Nuclear

Absorccedilatildeo emissatildeo fluorescecircncia e difraccedilatildeo de raio X

110-10 - 110-7 m Eleacutetrons internos

Absorccedilatildeo ultravioleta no vaacutecuo

110-7 - 1810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo emissatildeo e fluorescecircncia ultravioleta-visiacutevel

1810-6 - 7810-6 m Eleacutetrons de ligaccedilatildeo

Absorccedilatildeo infravermelha e espalhamento Raman

7810-6 - 310-3 m Rotaccedilatildeo Vibraccedilatildeo de moleacuteculas

Absorccedilatildeo de micro-ondas

7510-4 - 37510-3 m

Rotaccedilatildeo de moleacuteculas

Ressonacircncia de spin eletrocircnico

310-2 m

Spin dos eleacutetrons em um campo magneacutetico

Ressonacircncia magneacutetica nuclear

06 - 10 m

Spin dos nuacutecleos em um campo magneacutetico

A faixa da luz visiacutevel observada na tabela 1 deve ser destacada pois estaacute relacionada com as cores Segundo Atkins (2002) a luz branca emitida pelo Sol eacute uma mistura de cores da qual ao se filtrar uma sua cor aparente seraacute a dada como complementar A figura 2 pode auxiliar nesta compreensatildeo Eacute interessante observar que as substacircncias satildeo capazes de assimilar somente determinados comprimentos de onda

Figura 2 Disco de cores de Newton (WANG 2014) Assim sendo se a luz laranja for filtrada da luz branca ela se tornaraacute azul-esverdeada (ciano) A cor resultante de uma das cores que compotildeem a luz branca eacute chamada de cor complementar (ATKINS 2002) Desta forma ao filtrar-se qualquer uma das cores apresentadas pela figura 2 a cor resultante seraacute a oposta a ela ou seja sua cor complementar Como os fenocircmenos relacionados com a interaccedilatildeo luz-mateacuteria satildeo entendidos com o auxiacutelio da quiacutemica quacircntica os conceitos introdutoacuterios dessa disciplina satildeo apresentados no proacuteximo toacutepico 3 INTRODUCcedilAtildeO AOS ASPECTOS DA QUIacuteMICA

QUAcircNTICA O MODELO PARTIacuteCULA-ONDA PROPOSTO POR DE BROGLIE

Silva (2003) resume a mecacircnica quacircntica como um compilado de teorias desenvolvidas pela necessidade de se compreender o mundo subatocircmico Ateacute 1920 imaginava-se que os eleacutetrons eram partiacuteculas mas a produccedilatildeo experimental revelou que partiacuteculas poderiam adquirir comportamento de onda em determinados casos Esta evidecircncia se manifestou quando um feixe de eleacutetrons foi passado por uma placa

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metaacutelica e houve difraccedilatildeo (LEE 1999) Conforme afirma Shriver et al (2008) as caracteriacutesticas ondulatoacuterias observadas foram a interferecircncia e difraccedilatildeo conhecida pelo comportamento dos foacutetons pois o comportamento dos eleacutetrons natildeo deveria ser puramente de partiacutecula Assim maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por um caminho interferem em maacuteximos e miacutenimos de ondas que viajam por outro caminho (ATKINS JONES 2012) Desta forma as sobreposiccedilotildees nos pontos maacuteximos resultam em interferecircncias construtivas enquanto seu inverso em sobreposiccedilotildees destrutivas conforme exemplifica a figura 3

Figura 3 Interferecircncia de ondas (a) interferecircncia construtiva (b) interferecircncia destrutiva (BURKE 2009) De Broglie concluiu que os eleacutetrons podem apresentar caracteriacutesticas dualiacutesticas podendo ser ldquoondardquo ou ldquopartiacuteculardquo Esta variaccedilatildeo estaacute diretamente relacionada com sua finalidade de estudo da mesma forma a radiaccedilatildeo natildeo eacute totalmente onda nem puramente partiacutecula Este postulado tornou-se conhecido pelo nome ldquodualidade partiacutecula-ondardquo (ALMEIDA SANTOS 2001) Eacute necessaacuterio destacar que no presente artigo para sua compreensatildeo utiliza-se o padratildeo eleacutetron-onda 4 REGIAtildeO VISIacuteVEL E ULTRAVIOLETA Geralmente os espectros ultravioleta e visiacutevel satildeo apresentados em conjunto tornando-se conhecido como espectro UV-Vis este acontecimento ocorre devido agrave absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo nestas regiotildees Nos exemplos discutidos por Shriver et al (2008) este espectros UV-Vis estatildeo relacionados com compostos inorgacircnicos Poreacutem Skoog Holler e Nieman (2002) demonstram que esta faixa de radiaccedilatildeo pode ser uacutetil tambeacutem no estudo de substacircncias orgacircnicas

A primeira etapa do processo de absorccedilatildeo da radiaccedilatildeo UV-Vis eacute a excitaccedilatildeo de um eleacutetron ligante entre mais de um aacutetomo da moleacutecula que possua energia de excitaccedilatildeo baixa ou eleacutetrons natildeo-ligantes (Skoog Holler Nieman 2002) Segundo Atkins e Jones (2012) se noacutes humanos fossemos capazes de observar ondas na regiatildeo ultravioleta veriacuteamos uma quantidade ainda maior de cores jaacute que as substacircncias absorvem e emitem energia nessa regiatildeo

Por outro lado esta faixa da radiaccedilatildeo UV-Vis natildeo eacute apenas absorvida por uma substacircncia quiacutemica mas tambeacutem eacute emitida por aacutetomos iacuteons ou moleacuteculas

A emissatildeo de radiaccedilatildeo visiacutevel pode ser representada segundo as equaccedilotildees 1 e 2

M + E M [1]

M m + calor [2]

Onde uma moleacutecula (M) ao receber energia torna-se excitado (M) como este processo eacute demasiadamente raacutepido logo o elemento excitado retorna a seu estado estacionaacuterio ou mais efetivo (SKOOG HOLLER NIEMAN 2002)

Observe abaixo na figura 4 a representaccedilatildeo do espectro de emissatildeo de energia do luminol

Figura 4 Espectro de emissatildeo do luminol e estruturas responsaacuteveis pelo fenocircmeno (Adaptada de XU et al 2014 KOHTANI et al 2008) Verifica-se que o ocorrido no momento da liberaccedilatildeo de energia da moleacutecula de luminol ocorre o descrito na equaccedilatildeo 2 onde uma moleacutecula em estado excitado sofre relaxaccedilatildeo resultando em reemissatildeo por fluorescecircncia (SKOOG HOLLER e NIEMAN 2002) Fluorescecircncia Atkins e Jones (2012) definem como fluorescecircncia a emissatildeo de luz realizada por moleacuteculas apoacutes excitaccedilatildeo com radiaccedilatildeo de alta frequecircncia Deste modo a emissatildeo por fluorescecircncia observada na moleacutecula de luminol ocorre no momento em que a excedente de energia absorvida pela moleacutecula eacute dissipada para o meio em forma de luz (ARAUacuteJO et al 2004) Materiais fluorescentes em geral satildeo aplicados para a detecccedilatildeo de substacircncia em diminuta quantidade (ATKINS JONES 2012) deste modo sendo explicada a aplicaccedilatildeo do luminol para a detecccedilatildeo de pouco material sanguiacuteneo

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O fenocircmeno a ser descrito a seguir resulta nas transiccedilotildees descritas nos toacutepicos anteriores gerando a luz emitida na faixa UV-Vis 5 QUIMIOLUMISCEcircNCIA O primeiro experimento quimioluminescente realizado por Albrecht em 1928 O fenocircmeno foi observado quando a moleacutecula de luminol sofreu oxidaccedilatildeo por H2O2 o peroacutexido de hidrogecircnio (FERREIRA ROSSI 2002) Esta reaccedilatildeo seraacute apresentada no item a seguir Conforme a definiccedilatildeo de Skoog Holler e Nieman (2002) a quimioluminescecircncia ocorre no momento em que uma reaccedilatildeo quiacutemica resulta em uma espeacutecie eletronicamente excitada e esta emite luz ao retornar a seu estado fundamental ou ainda troca de energia para que outra espeacutecie emita luz Sendo que para Ferreira e Rossi (2002) ocorre a partir da produccedilatildeo de radiaccedilatildeo luminosa resultante de uma reaccedilatildeo quiacutemica podendo estas ocorrerem em fase gasosa soacutelida ou liacutequida No presente artigo seratildeo considerados os fenocircmenos ocorridos entre a absorccedilatildeo de radiaccedilatildeo ultravioleta e emissatildeo de luz fluorescente relacionados agraves transiccedilotildees eletrocircnicas O luminol (C8H7O2N3) eacute mais conhecido por sua utilizaccedilatildeo na quiacutemica forense pois tem a finalidade de se detectar sangue em vestiacutegios de crime (ALMEIDA 2009) Mas este princiacutepio pode ser aplicado em testes cliacutenicos (MONTEIRO 2010) Ferreira e Rossi (2002) afirmam que a utilizaccedilatildeo do luminol tambeacutem estaacute voltada agrave anaacutelise de metais de transiccedilatildeo e estes por sua vez tornam-se perceptiacuteveis por agirem como catalisador na reaccedilatildeo fazendo-a ocorrer de maneira mais efetiva

Normalmente o ferro presente no sangue estaacute na forma iocircnica de Fe+2 mas quando ocorre envelhecimento da amostra este iacuteon eacute oxidado para Fe+3 que por sua vez durante o teste seraacute oxidado para Fe+4 determinando a variaccedilatildeo da intensidade luminosa (ALMEIDA 2009)

Na figura 5 estaacute a sequecircncia de reaccedilotildees cuja primeira etapa eacute a reaccedilatildeo catalisada por um iacuteon metaacutelico entre o luminol (1) com iacuteons OH- resultando em um derivado de diazoquinona fluorescente (2)

Apoacutes estudos da deacutecada de 80 foi possiacutevel constatar intermeacutedios na reaccedilatildeo sendo identificada a moleacutecula do 3-amino-ftalato excitado como a responsaacutevel pela emissatildeo da luz (FERREIRA ROSSI 2002)

Figura 5 Reaccedilatildeo do luminol ateacute que ocorra iluminaccedilatildeo (Adaptado de FERREIRA E ROSSI 2002)

Em seguida em meio baacutesico eacute adicionado H2O2 (3) peroacutexido de hidrogecircnio que reagiraacute com a diazoquinona para formar o endoperoacutexido (4) Apoacutes a liberaccedilatildeo de uma moleacutecula de gaacutes nitrogecircnio o fenocircmeno de quimioluminescecircncia eacute observado devido agrave emissatildeo de luz da forma excitada de 3-amino-ftatato (5) que rapidamente decai ateacute a formaccedilatildeo do diacircnion do aacutecido ftaacutelico (6) (FERREIRA ROSSI 2002)

Segundo Skoog Holler e Nieman (2002) a iluminaccedilatildeo apresentada pelo 3-amino-ftalato tem uma maacuteximo de emissatildeo em 425 nm sendo portanto considerada uma moleacutecula emitente de radiaccedilatildeo visiacutevel

Satildeo efeitos limitantes quanto ao uso do luminol o comprometimento da composiccedilatildeo imunoloacutegica impossibilitando a confirmaccedilatildeo para sangue (ALMEIDA 2009) possibilidade de relatar falsos positivos uma vez que esta moleacutecula reage com diversos metais e pode acarretar na perda de impressotildees contidas na soluccedilatildeo sanguiacutenea (MONTEIRO 2010)

6 PESQUISA EXPLANATOacuteRIA A pesquisa realizada eacute classificada por Gil (2002) como pertencente ao aspecto exploratoacuterio o qual visou como objetivo principal ao aprimoramento das ideias para o desenvolvimento deste artigo cientiacutefico baseando os subtemas de acordo com as respostas obtidas apoacutes a anaacutelise dos questionaacuterios aplicados do qual em seguida se obtiveram os conteuacutedos que deveriam ser contextualizados no desenvolvimento deste artigo Determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais Para a determinaccedilatildeo dos conteuacutedos conceituais referente ao tema quimioluminescecircncia em 2014 foi realizada uma pesquisa explanatoacuteria com 65 alunos do curso de quiacutemica bacharelado da Faculdade de Campo Limpo Paulista FACCAMP que haviam frequentado as disciplinas que exemplificam conteuacutedos conceituais baacutesicos relacionados ao tema abordado Foram formuladas seis questotildees sendo duas dissertativas duas objetivas com cinco alternativas e duas diretas com duas alternativas ldquosimrdquo ou ldquonatildeordquo As questotildees aplicadas foram as seguintes

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1 O modelo atocircmico que pode exemplificar o processo de quimioluminescecircncia foi proposto por (a) Bohr (b) Rutherford (c) Thompson (d) Sommerfeld (e) Dalton 2 Em qual momento ocorre o processo de quimioluminescecircncia 3 Eacute possiacutevel realizar um processo quimioluminescente em casa Sim ( ) Natildeo ( ) 4 A quimioluminescecircncia eacute um processo interdisciplinar abrangendo diversas aacutereas uma delas eacute o teste cliacutenico conhecido como ELISA no sangue ele detecta a variaccedilatildeo da quantidade de anticorpos Com estas informaccedilotildees indique o que o teste pode identificar (a) Hemograma (b) Colesterol (c) Hiv (d) Beta-hCG (e) Glicose 5 O luminol eacute um liacutequido utilizado pela ciecircncia criminal para identificar vestiacutegios de sangue e ao obter sucesso emite uma forte iluminaccedilatildeo azul (para melhor visualizaccedilatildeo utiliza-se lacircmpada negra) Entatildeo determina-se que a absorccedilatildeo de luz ocorre na regiatildeo azul proveniente da lacircmpada utilizada Sim ( ) Natildeo ( ) 6 Qual a sua curiosidade sobre a quimioluminescecircncia Os resultados obtidos estatildeo representados graficamente no toacutepico a seguir 7 RESULTADOS E DISCUSSOtildeES DA PESQUISA

COM ANAacuteLISE GRAacuteFICA As respostas esperadas para cada uma das questotildees eram respectivamente 1 Alternativa ldquoArdquo 2 No momento em que um eleacutetron excitado retorna a seu niacutevel de energia natural emitindo um foacuteton de luz 3 Natildeo 4 Alternativa ldquoCrdquo 5 Natildeo 6 Questatildeo pessoal Com a intensatildeo de debater os conteuacutedos exigidos para a correta compreensatildeo das questotildees apontando se estes satildeo adquiridos com o decorrer das aulas ministradas no curso ou se satildeo esquecidos por natildeo haver mais contato propotildee-se a seguinte anaacutelise onde seratildeo apontados os resultados obtidos pelos alunos ingressantes (1ordm e 2ordm semestre) intermediaacuterios (3ordm e 4ordm semestre) e concluintes (5ordm e 7ordm semestre) Apresentam-se aqui apenas os graacuteficos referentes agraves questotildees que exploram conteuacutedos conceituais de quiacutemica Sendo elas inicialmente representada pela figura 6 com a intenccedilatildeo de determinar a porcentagem de acertos comparando entre cada um dos periacuteodos nomeados anteriormente

Figura 6 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 1 referente a modelos atocircmicos Na figura 6 observa-se um decaimento entre os acertos ao relacionaacute-lo entre os alunos ingressantes e os alunos intermediaacuterios Em seguida haacute um singular avanccedilo entre os acertos dos alunos concluintes referente agrave apenas 29 Jaacute na figura 7 observa-se que os alunos ingressantes ainda natildeo possuem conhecimento sobre as transiccedilotildees eletrocircnicas

Figura 7 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 2 referente ao processo quimioluminescente voltada aos orbitais E vecirc-se um decaimento entre os acertos dos alunos intermediaacuterios para os concluintes e o segundo grupo representa apenas 25 ao relacionaacute-lo com os acertos obtidos pelo 3ordm e 4ordm semestres Na figura 7 vecirc-se a relaccedilatildeo obtida entre os acertos para a questatildeo 5 abaixo Retrata-se tambeacutem conteuacutedo contextual de quiacutemica relacionado com as aacutereas de absorccedilatildeo de luz e emissatildeo

52

19

29

Questatildeo 1 Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

75

25

Questatildeo 2

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

41

24

35

Questatildeo 5

Ingressantes Intermediaacuterios

Concluintes

30

Figura 8 Comparativo entre acertos de cada grupo de semestres para a questatildeo 5 referente a emissatildeo de luz Deste modo observa-se que os alunos ingressantes obtiveram mais acertos jaacute entre os alunos intermediaacuterios ocorreu decaimento Neste graacutefico os acertos representaram 24 e os acertos dos alunos concluintes representam 35 mostrando um avanccedilo ao comparaacute-lo com os alunos intermediaacuterios Foram selecionadas estas trecircs questotildees para serem determinantes na comparaccedilatildeo entre os acertos em cada um dos momentos por serem conteuacutedos conceituais de grande importacircncia e que fazem parte da ementa das mateacuterias lecionadas A questatildeo 6 proposta era pessoal com o propoacutesito de avaliar se o aluno pesquisado jaacute possuiacutea algum conhecimento sobre processo quimioluminescente questionando se havia entatildeo alguma duacutevida que pudesse contribuir para o desenvolvimento do artigo proposto As respostas foram diferenciadas percebeu-se que havia alunos previamente interessados pelo assunto que propuseram questionamentos apresentados aqui como ldquoespeciacuteficosrdquo e outros alunos sem interesse em saber sobre o assunto ou que ainda natildeo o conhece de maneira que possa realizar este questionamento Assim na figura 9 abaixo apresenta-se os resultados obtidos a partir destes questionamentos relatados pelos alunos

Figura 9 Anaacutelise da questatildeo 6 Ao analisar a figura 9 observa-se que a maioria dos alunos questionou sobre aspectos gerais como o funcionamento do processo Em seguida estatildeo os alunos que natildeo realizaram nenhum questionamento ou natildeo se interessaram pelo assunto Foi observado que 17 dos alunos fizeram perguntas especiacuteficas sobre o processo enquanto 7 e 8 questionaram sobre os modos de aplicaccedilatildeo e funcionamento do produto luminol respectivamente Posteriormente agraves anaacutelises realizadas pode-se concluir que entre os conceitos de modelo atocircmico absorccedilatildeo e emissatildeo de energia haacute um decaimento nos acertos se compararmos os acertos dos alunos ingressantes para com os alunos concluintes

Nota-se tambeacutem que conceitos de orbitais estatildeo bem fixados para alunos intermediaacuterios se comparado

com os alunos concluintes Pode-se ainda perceber que os alunos ingressantes natildeo possuem conhecimento sobre estas ideias

Deste modo verificou-se que os conteuacutedos conceituais que deveriam ser abordados no presente artigo satildeo bull Estrutura atocircmica relacionando-a ao espectro eletromagneacutetico bull Niacuteveis de energia bull Estudo da moleacutecula de luminol 8 CONCLUSAtildeO Neste trabalho explanou-se acerca da quimioluminescecircncia de forma contextualizada para facilitar a compreensatildeo dos alunos assim como descrito tendo como foco a explicaccedilatildeo de fenocircmenos de difiacutecil compreensatildeo o que foi confirmado durante a anaacutelise dos dados da pesquisa realizada Foi destacado o fenocircmeno que ocorre na moleacutecula de luminol e que resulta na luminescecircncia sendo este um dos questionamentos feito pelos alunos pesquisados Este trabalho sugere a necessidade de se buscar mais esclarecimentos para as causas e efeitos dos resultados apresentados apoacutes a pesquisa realizada mas poderaacute direcionar os alunos com dificuldades no tema abordado guiando-os por uma aprendizagem diferenciada na expectativa de que sejam motivados para buscar mais informaccedilotildees sobre os assuntos destacados Por fim a literatura sugere que temas abordados de maneira contextualizada contribuem para facilitar o aprendizado e aumentar a motivaccedilatildeo pelos temas estudados REFEREcircNCIAS ALMEIDA J P Influecircncia dos testes de triagem para detecccedilatildeo de sangue nos exames imunoloacutegicos e de geneacutetica forense 2009 49 f Dissertaccedilatildeo (Mestre em biologia celular e molecular) - Faculdade de Biociecircncias Pontifiacutecia Universidade Catoacutelica do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009

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ATKINS P Moleacuteculas Traduccedilatildeo de P S Santos F Galembeck 1 ed Satildeo Paulo EDUSP 2002 187 p

40

7 8 17

28

Questatildeo 6

GERAL APLICACcedilAtildeO LUMINOL ESPECIacuteFICAS NENHUMA

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ATKINS P JONES L Princiacutepios de quiacutemica questionando a vida moderna e o meio ambiente Traduccedilatildeo de R B de Alencastro 5 ed Porto Alegre Bookman 2012 922 p

BALL D W Fiacutesico-quiacutemica Traduccedilatildeo de A M Vichi 1 ed v 1 Satildeo Paulo Pioneira Thomson Learning 2005 450 p

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AFETIVIDADE EM SALA DE AULA CONTRIBUICcedilOtildeES DE HENRI WALLON

Ana Paula da Silva Fazan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

anapaulafazangmailcom

Samira M F Gotarde Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

ametista22auolcombr

Resumo Este artigo foi elaborado com intuito de responder agrave indagaccedilatildeo ldquoqual o sentido da afetividade para a praacutetica docenterdquo afetividade nesse caso especiacutefico na relaccedilatildeo educador - educando e a partir de uma pesquisa bibliograacutefica sob uma perspectiva walloniana foi possiacutevel encontrar elementos teoacutericos que levaram agrave ideia de que viacutenculo afetivo e aprendizagem estatildeo intimamente ligados Palavras-chaves Ensino-aprendizagem Viacutenculo afetivo Praacutetica docente Abstract This article was prepared in order to answer the question what is the meaning of affection for teaching practice Affectivity in this particular case the relationship educator educating and from a literature search under a walloniana perspective was possible to find theoretical elements that led to the idea that emotional bond and learning are inextricably linked Keywords Teaching and learning Affective bond Teaching practice Introduccedilatildeo A escola puacuteblica contemporacircnea brasileira configura-se atraveacutes de uma noccedilatildeo subjetivada que vai aleacutem daquela tida relativamente recente que eacute a escola tecnicista dos anos 70 quando a esfera cognitivo-conceitual era tida como a privilegiada no processo ensino-aprendizagem Entretanto em funccedilatildeo das contribuiccedilotildees de vaacuterios campos do saber ndash dentre eles o campo da psicologia ndash a escola brasileira tem apresentado avanccedilos significativos no que tange agrave inclusatildeo de todos no processo educativo Esse fenocircmeno vem ocorrendo em funccedilatildeo da adoccedilatildeo de uma visatildeo holiacutestica sobre o ser humano que natildeo vecirc mais no trabalho concentrado na

esfera cognitiva do sujeito a chave para o sucesso escolar e para uma real inclusatildeo social Dentre os diversos autores e temas de pesquisa em Psicologia aos quais temos tido acesso nos cursos de formaccedilatildeo de professores sem duacutevida os que mais tecircm destaque satildeo Piaget (1896-1980) Vygotsky (1896-1934) e Wallon (1879-1962) cujas teorias muito contribuiacuteram principalmente para a compreensatildeo da gecircnese do conhecimento no ser humano e sua relaccedilatildeo com o desenvolvimento Este uacuteltimo autor em especial nos traz a compreensatildeo do sujeito a partir de uma visatildeo dialeacutetica A formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo se datildeo segundo WALLON (2005) a partir de trecircs componentes domiacutenio motor domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo Elementos entretanto que natildeo agem solitariamente mas organicamente imbricados e que vatildeo atraveacutes da heranccedila geneacutetica do indiviacuteduo e das contingecircncias do meio constituindo o todo pessoa Pessoa entatildeo eacute o resultado da interaccedilatildeo dos domiacutenios funcionais em suas inuacutemeras possibilidades O desenvolvimento de todas as funccedilotildees orgacircnicas e intelectivas desde o receacutem-nascido ateacute o ser adulto eacute dividido em estaacutegios marcados pela predominacircncia significativa de alguns domiacutenios funcionais sobre outros Por essa razatildeo eacute importante salientar o que venha a ser domiacutenios funcionais e estaacutegios de desenvolvimento pois na verdade eacute durante um certo estaacutegio de desenvolvimento da pessoa que ocorre a reconstruccedilatildeo ou a reconfiguraccedilatildeo de um determinado domiacutenio funcional Vale ressaltar tambeacutem que os trecircs domiacutenios ndash motor afetivo e cognitivo ndash satildeo na verdade apenas constructos elaborados com a finalidade de melhor sistematizar a teoria Objetivo A pesquisa tem como objetivo beeneficiar o trabalho do professor levando em conta a afetividade segundo Wallon salientando a importacircncia da formaccedilatildeo e constituiccedilatildeo do indiviacuteduo atraveacutes do domiacutenio motor

33 domiacutenio afetivo e domiacutenio cognitivo possibilitando tranquilidade na relaccedilatildeo professor-aluno Metodologia A metodologia desta pesquisa tem como intuito aliar a discussatildeo teoacuterica agrave uma reflexatildeo assim tem como ponto de partida a experiecircncia profissional escolar de alguns educadores Portanto natildeo eacute o de fazer um panorama estatiacutestico preciso acerca do universo intelectual que vigora nas instituiccedilotildees mas sim o de agregar elementos contextualizados historicamente dessa maneira enriquecer o trabalho com clareza e concretude Para tanto buscou-se fazer entrevistas estruturadas por conta de sua praticidade e qualidade de se constituir de perguntas idecircnticas para cada entrevistado permitindo a comparaccedilatildeo do conteuacutedo das respostas e tambeacutem averiguaccedilatildeo dos pontos em que elas se encontram ou se distanciam (BONI e QUARESMA 2005 p73-74) Para responder aos questionaacuterios foram sorteados seis educadores dentre todos de uma escola da rede municipal de Campinas-SP Esse meacutetodo o sorteio visou a diminuir a margem de influecircncia cultural que por ventura pudesse existir entre a pesquisadora e os sujeitos entrevistados Apoacutes responderem aos questionaacuterios houve a devoluccedilatildeo e as respostas tabuladas em forma de categorias conforme foram sendo identificadas padrotildees de respostas 1 Domiacutenios funcionais Para Wallon o ser humano eacute organicamente social isto eacute sua estrutura orgacircnica supotildee a intervenccedilatildeo da cultura para se atualizar Como Vygotsky Henri Wallon desenvolveu sua teoria sob o materialismo dialeacutetico um guarda-chuva teoacuterico a partir do qual pressupotildee-se que o ser humano eacute condicionado pelo ambiente e este pelo ser humano ou seja nega a existecircncia de uma explicaccedilatildeo idealista para a histoacuteria do sujeito Natildeo haacute caracteres de personalidade a priori que possam determinar o futuro social e psicoloacutegico do indiviacuteduo mas sim fatores materiais que apenas condicionam o desenvolvimento desse indiviacuteduo biologicamente e socialmente Dessa maneira a escolha por essa teoria foi uma soluccedilatildeo epistemoloacutegica a questatildeo sobre como o sujeito se constitui enquanto indiviacuteduo para o mundo e para si mesmo sem cair na radicalidade empirista e inatista A Psicologia na visatildeo de Wallon se constitui como ciecircncia hiacutebrida situada na intersecccedilatildeo de dois mundos o da natureza e o da cultura A psicologia eacute a dimensatildeo nova que resulta desse encontro e manteacutem a tensatildeo permanente do seu jogo de forccedilas Para formular sua teoria o autor concebeu o sujeito como um ente composto por quatro domiacutenios (a) motor (b) afetivo (c) cognitivo e (d) a pessoa como ser deliberante e que eacute resultado de uma relaccedilatildeo muacutetua entre os trecircs domiacutenios anteriores Esses domiacutenios seratildeo detalhados nos itens que seguem

11 Domiacutenio motor Em muitas escolas nota-se uma forte tendecircncia pedagoacutegica provavelmente herdada da escola tecnicista que concebe os aspectos motores da pessoa como sendo elementos a serem trabalhados enfaticamente na aula de Educaccedilatildeo Fiacutesica criando assim uma ruptura entre movimento e pensamento conceitual Sabe-se que a motricidade estaacute na base psicogeneacutetica do indiviacuteduo quando em seus primeiros meses de vida eacute ela quem garantiraacute expressatildeo das necessidades fisioloacutegicas do bebecirc e de maneira gradual tende a ir complexificando - se em manifestaccedilotildees emotivas ateacute determinado ponto do desenvolvimento das crianccedilas em que ela imprime caraacuteter simboacutelico ao movimento chamado por Wallon de ideomovimento O fato de haver uma relaccedilatildeo entre movimento e linguagem natildeo anula a principal funccedilatildeo do ato motor que eacute o deslocamento e o apoio tocircnico para as emoccedilotildees e os sentimentos se expressarem em atitudes e miacutemicas Ou seja eacute um dos recursos mais organizados e preponderantes para o ser humano atuar no ambiente Mas de que forma o ato motor contribui para a construccedilatildeo do conhecimento Essa eacute uma das questotildees da psicogeneacutetica walloniana (MAHONEY 2010 p17) nos esclarece que

Inicialmente o comportamento motor prepondera sobre o conceitual [hellip] Daiacute a necessidade imperiosa de liberdade de movimentos nas atividades que contribuem para a construccedilatildeo do conhecimento [hellip] A aquisiccedilatildeo da linguagem recurso central para o desenvolvimento cognitivo depende de um longo ajustamento de sequecircncias de movimentos imitativos dos sons da liacutengua que eacute falada na cultura [hellip] O ato motor eacute portanto indispensaacutevel para a constituiccedilatildeo do conhecimento e para a expressatildeo das emoccedilotildees portanto inerente ndash junto ao cognitivo e ao afetivo ndash agrave constituiccedilatildeo da pessoa

Dessa maneira torna-se evidente o papel da motricidade na aquisiccedilatildeo da linguagem e consequentemente do pensamento Uma originalidade dessa abordagem eacute chamar atenccedilatildeo para o fato de que as variaccedilotildees tocircnico-posturais da pessoa revelam muito sobre seu momentacircneo estado emocional conforme aponta-nos (GALVAtildeO 2003 p75)

[] o gesto estabilizado em postura em atitude corporal desempenha outro papel que natildeo o de executar ele exprime as disposiccedilotildees afetivas do sujeito A serviccedilo da expressatildeo das emoccedilotildees as variaccedilotildees tocircnico-

34

posturais atuam tambeacutem como produtoras de estados emocionais entre movimento e emoccedilatildeo a relaccedilatildeo eacute de reciprocidade

Do ponto de vista fenomenoloacutegico a teoria de Wallon oferece subsiacutedios para que educadores e psicoacutelogos possam atuar cada vez mais de maneira assertiva nos diagnoacutesticos comportamentais 12 Domiacutenio afetivo O domiacutenio afetivo apresenta trecircs componentes a emoccedilatildeo o sentimento e a paixatildeo que satildeo os sinalizadores de como o ser humano eacute afetado pelo mundo interno e externo Esses trecircs componentes estatildeo imbricados com os outros dois domiacutenios o motor e o cognitivo Ou seja essa condiccedilatildeo de ser afetado pelo mundo estimula tanto os movimentos do corpo como a atividade mental As emoccedilotildees satildeo identificadas mais por seu lado orgacircnico empiacuterico e de curta duraccedilatildeo os sentimentos mais pelo componente representacional e de maior duraccedilatildeo (MAHONEY 2010 p17) A paixatildeo eacute o controle exercido pela pessoa sobre as emoccedilotildees quando as mantecircm secretamente como por exemplo os ciuacutemes ligaccedilotildees afetivas exclusivistas ambiccedilotildees mais ou menos vagas mas exigentes (WALLON 2005 p 145) Eacute no entrelaccedilamento com o motor e o cognitivo que o afetivo propicia a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas decisotildees ao longo da vida (MAHONEY 2010 p18) 13 Domiacutenio cognitivo O domiacutenio cognitivo oferece um conjunto de funccedilotildees responsaacuteveis pela aquisiccedilatildeo transformaccedilatildeo e manutenccedilatildeo do conhecimento por meio de imagens noccedilotildees ideias e representaccedilotildees Em outras palavras a cogniccedilatildeo relaciona-se com os aspectos simboacutelicos e semioacuteticos do intelecto da pessoa O domiacutenio cognitivo eacute basilar na formaccedilatildeo da personalidade como destaca (BASTOS 2003 p51)

O advento da representaccedilatildeo eacute fundamental para que a crianccedila possa identificar sua personalidade e a dos outros ultrapassando o espaccedilo e suas percepccedilotildees e realizando a aptidatildeo simboacutelica de desdobramento e de substituiccedilatildeo condiccedilatildeo para o nascimento do pensamento e da pessoa

Apesar de o concreto ser indispensaacutevel para a elaboraccedilatildeo do conhecimento eacute importante destacar o papel da linguagem como forma de constituiccedilatildeo da consciecircncia A linguagem oferece agraves representaccedilotildees o meio para que as coisas possam ser evocadas e confrontadas entre si e provocando o emergir do mundo

dos signos o qual possibilita a tarefa de diferenciaccedilatildeo e uniatildeo categorial (BASTOS 2003 p51) 2 Estaacutegios do desenvolvimento Um empirista claacutessico diria que a construccedilatildeo do Eu soacute se daacute agrave medida que o indiviacuteduo tateia a realidade jaacute que o conhecimento vem dos sentidos Mas Wallon questiona e encontra uma outra via que vai aleacutem dessa premissa assim como no Brasil Paulo Freire tambeacutem defenderaacute que o conhecimento eacute elaborado no indiviacuteduo e por ele proacuteprio mas esse conhecimento se daacute natildeo somente na relaccedilatildeo com o mundo a partir de uma dada experiecircncia com a realidade Se daacute tambeacutem via ressignificaccedilatildeo da experiecircncia mundana quantas vezes forem de sua vontade Wallon se aprofunda no estudo da psicogecircnese do conhecimento ndash aquilo que Piaget chamou de epistemologia geneacutetica ndash e descobriu que dados os estaacutegios de desenvolvimento bioloacutegico o processo cognitivo depende em grande medida do niacutevel de maturaccedilatildeo das estruturas bioloacutegicas do ser humano Logo a exploraccedilatildeo da realidade exterior soacute seraacute possiacutevel quando o olho e a matildeo adquirirem a capacidade de pegar e olhar voluntariamente O grande eixo da psicogeneacutetica walloniana eacute a motricidade sobre a qual estabelecer-se-atildeo os domiacutenios afetivo e cognitivo Vale dizer entretanto que para Wallon motor eacute sempre sinocircnimo de psicomotor (DANTAS 1992b p37) A expressividade preponderantemente corporal do indiviacuteduo desde seu nascimento eacute que garante sua atuaccedilatildeo sobre o outro e lhe permite sobreviver durante seu prolongado periacuteodo inicial de dependecircncia A motricidade humana descoberta por Wallon em sua anaacutelise geneacutetica comeccedila entatildeo pela atuaccedilatildeo sobre o meio social antes mesmo de poder interagir e modificar o ambiente fiacutesico (DANTAS 1992b p37) Nas atividades musculares o autor identifica duas funccedilotildees A funccedilatildeo cineacutetica ou clocircnica e a funccedilatildeo postural ou tocircnica A cineacutetica eacute a responsaacutevel pelos movimentos praacutexicos enquanto a tocircnica pela postura corporal A motricidade disponiacutevel imediatamente apoacutes o nascimento consiste nos reflexos e em movimentos impulsivos incoordenados Por essa razatildeo foram durante muito tempo ignorados por pesquisadores Com o passar do tempo os movimentos ateacute entatildeo inexpressivos vatildeo ganhando a expressividade forma primeira e mediada de atuaccedilatildeo Esta etapa impulsiva da motricidade dura aproximadamente trecircs meses daiacute ateacute o final do primeiro ano sob a forma de interpretaccedilatildeo do bem-estar e mal-estar da crianccedila atraveacutes dos movimentos quando a introduziratildeo no estaacutegio impulsivo-emocional A maior parte das manifestaccedilotildees motoras consistiratildeo daiacute por diante em gestos dirigidos agraves pessoas expressotildees de alegria ndash cheia de nuances ndash surpresa tristeza desapontamento expectativa etc (DANTAS 1992b p39) Desde os primeiros meses de vida pode-se dizer que haacute uma alternacircncia no consumo da energia psicogeneacutetica ora pela afetividade ora pela inteligecircncia

35 No primeiro estaacutegio correspondente ao primeiro ano de vida dominam as relaccedilotildees emocionais com o ambiente e o acabamento da embriogecircnese trata-se nitidamente de uma fase de construccedilatildeo do sujeito onde o trabalho cognitivo estaacute latente e ainda indiferenciado da atividade afetiva Nesse estaacutegio o trabalho cognitivo consiste essencialmente na preparaccedilatildeo das condiccedilotildees sensoacuterio-motoras que permitiratildeo ao longo do segundo ano de vida a exploraccedilatildeo intensa e sistemaacutetica do ambiente (DANTAS 1992b p42) A partir entatildeo do segundo ano de vida a inteligecircncia poderaacute dedicar-se agrave construccedilatildeo da realidade que eacute o estaacutegio sensoacuterio-motor Devido agrave nova fase caracterizada pelo despontar da funccedilatildeo simboacutelica no final do segundo ano Wallon a denomina de projetiva pois a inteligecircncia apoiar-se-aacute durante algum tempo na projeccedilatildeo das ideias atraveacutes de atos Apoacutes o estaacutegio impulsivo-emocional adveacutem os caracteres do estaacutegio sensoacuterio-motor com destaque ao desenvolvimento das competecircncias visuais baacutesicas e o deslocamento da crianccedila (DANTAS 1992b p40) A afetividade tanto no estaacutegio impulsivo-emocional como no estaacutegio seguinte ndash o sensoacuterio-motor ndash reduz-se praticamente agraves manifestaccedilotildees fisioloacutegicas da emoccedilatildeo que eacute o geacutermen do mundo psiacutequico humano (DANTAS 1992a p85) nos esclarece que

Na verdade a emoccedilatildeo que eacute uma manifestaccedilatildeo orgacircnica eacute na visatildeo de Wallon um instrumento de sobrevivecircncia tiacutepico da espeacutecie humana Natildeo eacute por acaso que o choro da crianccedila atua de forma tatildeo intensa sobre a matildee eacute esta a funccedilatildeo bioloacutegica que daacute origem a um dos traccedilos caracteriacutesticos da emocional sua alta contagiosidade seu poder epidecircmico

Haacute um fato importante na intersecccedilatildeo de afetividade motricidade e cogniccedilatildeo o de que a emoccedilatildeo (elemento subcortical) tem iacutentima vinculaccedilatildeo com o tocircnus (elemento muscular) e com a funccedilatildeo cognitiva (elemento cortical) motivo pelo qual em qualquer um dos estaacutegios de desenvolvimento da pessoa os domiacutenios afetivos motores e cognitivos estaratildeo dialeticamente imbricados E devido agrave influecircncia ambiental aliada ao amadurecimento da regiatildeo temporal do coacutertex o periacuteodo sensoacuterio-motor seraacute acompanhado por um evento de singular relevacircncia o iniacutecio da atuaccedilatildeo dos caracteres simboacutelicos e semioacuteticos (DANTAS 1992b p40) Na transiccedilatildeo do ato motor ao mental ndash no interior do estaacutegio sensoacuterio-motor ndash a crianccedila inaugura essa fase simboacutelica atraveacutes dos chamados ideomovimentos (movimentos que conteacutem ideias) Haacute nesse periacuteodo uma grande dependecircncia entre o fluxo de ideias e os movimentos exteriores Dessa maneira

pensamento e movimento ainda permanecem imbrincados (DANTAS 1992b p41) Nesta transiccedilatildeo do ato motor para o mental haacute rupturas e descontinuidades que assinalam a entrada em cena de um novo sistema o cortical Haacute nesse periacuteodo conflito entre um sistema primitivo e outro mais evoluiacutedo o cortical Conflito esse que se reflete nas condutas imitativas Assim a imitaccedilatildeo daacute lugar agrave representaccedilatildeo que lhe faraacute antagonismo enquanto ato motor ela tenderaacute a ser reduzida e desorganizada pela inferecircncia do ato mental A funccedilatildeo simboacutelica eacute resultado da internalizaccedilatildeo do ato motor No antagonismo entre motor e mental ao longo do processo de fortalecimento deste uacuteltimo por ocasiatildeo da aquisiccedilatildeo crescente do domiacutenio dos signos culturais a motricidade em sua dimensatildeo cineacutetica tende a se reduzir a se virtualizar em ato mental Agora a funccedilatildeo tocircnica seraacute a privilegiada pela musculatura Apesar de estar imobilizada no esforccedilo mental essa funccedilatildeo de manter a postura eacute importante quando se pensa no ato de estudar quando o corpo todo tende a se manter em equiliacutebrio para que os olhos possam se concentrar em um objeto Logo pensa-se com o corpo em sentido duplo ndash com o ceacuterebro e com os muacutesculos Entretanto o ato mental ndash que se desenvolveu a partir do ato motor ndash passa em seguida a inibi-lo (DANTAS 1992b p38) A partir dos 5 anos a manifestaccedilatildeo da linguagem jaacute se torna mais intensa o que caracteriza o que Wallon chamou de pensamento sincreacutetico A partir desse momento a inteligecircncia da crianccedila iraacute fluir na direccedilatildeo de um movimento duplo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo das coisas anaacutelise e siacutentese para mais tarde desembocar no pensamento categorial (natildeo significa estaacutegio categorial este se daraacute entre 9 e 11 anos de idade) (DANTAS 1992b p42) Esse estaacutegio de categorizaccedilatildeo eacute abordado natildeo soacute por Wallon mas tambeacutem por Piaget Entretanto essa funccedilatildeo de classificaccedilatildeo dos objetos ou categorizaccedilatildeo condicionam uma caracteriacutestica fase em que crianccedilas fazem as perguntas ldquoo que eacuterdquo ldquopor querdquo ldquocomordquo O pensamento categorial se opotildee ao pensamento sincreacutetico e ocorre entre os 5 e nove anos de idade Os conceitos poderatildeo ser formados a partir dessa fase (DANTAS 1992b p43) O proacuteximo estaacutegio tem na construccedilatildeo do Eu a manifestaccedilatildeo de movimentos que vatildeo desde a rebeldia e negativismo ateacute a total aceitaccedilatildeo e imitaccedilatildeo do outro pois o Eu ainda fraacutegil precisa tanto da negaccedilatildeo do outro como da admiraccedilatildeo alheia para completar sua construccedilatildeo e por isso a crianccedila oferece-se em espetaacuteculo (DANTAS 1992a p94-95) Esse estaacutegio eacute denominado personalismo e impera entre 3 e 6 anos A superaccedilatildeo do sincretismo da pessoa conduziraacute agrave tambeacutem superaccedilatildeo do sincretismo do pensamento que caracterizaraacute o estaacutegio categorial Para Wallon a funccedilatildeo da inteligecircncia eacute a explicaccedilatildeo da realidade e seu destino eacute caminhar cada vez mais no processo de dissociaccedilatildeo e integraccedilatildeo ateacute o mais alto grau de abstraccedilatildeo

36 Para tanto eacute preciso que a maturaccedilatildeo cerebral possibilite a interconexatildeo entre as zonas do coacutertex que depende tanto da higidez do organismo quanto da estimulaccedilatildeo ambiental Nesse ponto Wallon se aproxima de Vygotsky mas se distancia agrave medida que este daacute maior ecircnfase agrave influecircncia do meio sobre o indiviacuteduo quando Wallon natildeo supervaloriza nem um nem outro Para Wallon eacute necessaacuteria natildeo somente a interaccedilatildeo indiviacuteduo-meio mas esta proporcionaraacute o refinamento das diferenciaccedilotildees conceituais que depende tanto das possibilidades intelectuais de cada um quanto do grau de elaboraccedilatildeo atingido pela cultura (DANTAS 1992a p95-96) E o uacuteltimo estaacutegio a ser descrito por Wallon eacute o da adolescecircncia quando haacute a explosatildeo da puberdade e haacute uma reconstruccedilatildeo da pessoa no niacutevel somaacutetico e no esquema corporal O desafio da pessoa que se encontra nesse estaacutegio eacute manter um eu diferenciado e ainda assim integrado Eacute o desafio de se integrar ao grupo social mas ao mesmo tempo de construir seu proacuteprio eu de negar o mundo real e ao mesmo tempo tentar integrar-se a ele (DANTAS 1992a p94-95) 3 Domiacutenio afetivo e aprendizagem Se educaccedilatildeo eacute sinocircnimo de apreensatildeo cultural o indiviacuteduo apreende valores e conceitos sociais construiacutedos historicamente e os devolve reformulados Eacute a visatildeo geral de educaccedilatildeo progressista do seacuteculo 20 da qual fez parte Wallon E eacute nesse movimento que o ensino ndash educaccedilatildeo mais direcionada previamente organizada e sistematizada ndash exige a aquisiccedilatildeo de recursos para responder agraves exigecircncias da cultura A partir das contribuiccedilotildees de muitos autores e nesse caso das contribuiccedilotildees de Henri Wallon pode-se perceber que essa construccedilatildeo do conhecimento pelo sujeito cognoscente seraacute tatildeo mais bem-sucedida quanto se respeitarem as caracteriacutesticas motoras afetivas e cognitivas naturais desse sujeito (MAHONEY 2010 p19) Assim como a interaccedilatildeo sujeito-meio eacute contiacutenua a aprendizagem como um dos motores do processo de desenvolvimento tambeacutem eacute um processo contiacutenuo constante em aberto Ao se relacionar com o meio fiacutesico e social a crianccedila estaacute sempre aprendendo As situaccedilotildees cotidianas inusitadas assim como a aprendizagem de novas noccedilotildees apresenta-se ao sujeito como uma totalidade cujos componentes e cujas relaccedilotildees que os unem satildeo desconhecidos O sincretismo configura os primeiros contatos com o novo em que as partes estatildeo misturadas de tal forma que impossibilitam o seu reconhecimento a distinccedilatildeo das relaccedilotildees que ligam essas partes desse todo e traduzem o seu significado A accedilatildeo de analisar e compreender o objeto diante do qual se estaacute eacute que se chama de aprendizagem Vale destacar que em todas as aprendizagens sempre estatildeo envolvidos os quatro conjuntos funcionais motor afetivo cognitivo e pessoa funcionando em conjunto ora mais voltados para dentro (constituiccedilatildeo de

s) ora mais voltados para fora (conhecimento do mundo) (MAHONEY 2010 p20) Agrave medida que a crianccedila desenvolve-se a partir de cada estaacutegio em que predomina um conjunto funcional ou predominam determinados caracteres eacute importante de o professor buscar um projeto pedagoacutegico que fique em consonacircncia com esses elementos isso pode tornar o processo ensino-aprendizagem mais assertivo oferecendo pontos de referecircncia para orientar na elaboraccedilatildeo de atividades adequadas ao estaacutegio de desenvolvimento em que o aluno se encontra Por esse motivo foram elencados alguns dos aspectos do desenvolvimento e sua relaccedilatildeo com a aprendizagem do ponto de vista afetivo (MAHONEY 2010 p22) esclarece que

A aprendizagem nos primeiros meses de vida se faz predominantemente pela fusatildeo com o outro via emoccedilatildeo Essa fusatildeo permite uma intensa participaccedilatildeo no meio Embora ela seja sincreacutetica em que se misturam num todo indiscriminado sensaccedilotildees visuais auditivas gustativas taacuteteis eacute o atendimento pelo outro que comeccedilaraacute a dar sentido agraves reaccedilotildees provocadas por essas sensaccedilotildees Eacute o estaacutegio impulsivo-emocional em que predomina a aprendizagem sobre o proacuteprio corpo e em que se inicia a consciecircncia de ldquoo que sourdquo

A diferenciaccedilatildeo do eu e do mundo ao redor se daacute no estaacutegio seguinte quando predomina a manipulaccedilatildeo e o contato direto com os objetos Eacute o momento da aprendizagem sensoacuterio-motora e do desenvolvimento da consciecircncia da crianccedila de que ela eacute diferente dos objetos No terceiro estaacutegio ndash o personalismo ndash a crianccedila aprende principalmente atraveacutes do comportamento de oposiccedilatildeo ao outro que geraraacute a descoberta de que a crianccedila natildeo eacute o prolongamento dos outros ela natildeo eacute as outras pessoas No categorial estaacutegio que coincide com o iniacutecio do periacuteodo escolar a aprendizagem se faz predominantemente pela relaccedilatildeo de semelhanccedilas e diferenccedilas entre objetos ideias imagens e representaccedilotildees Ou seja haacute um profundo trabalho intelectivo de construccedilatildeo de mecanismos qualitativos de categorizaccedilatildeo e quantitativos de mensuraccedilatildeo de comparaccedilatildeo No estaacutegio da puberdade e da adolescecircncia o principal recurso de aprendizagem eacute novamente o antagonismo entre ideias valores e sentimentos proacuteprios e do outro O adolescente pergunta-se quais meus valores quais minhas perspectivas para o futuro Natildeo nos esqueccedilamos de que Wallon eacute interacionista ou seja natildeo basta aguardar o processo de maturaccedilatildeo cognitiva infantil para que se possa oferecer desafios mais complexos para a crianccedila

37 O ensino na perspectiva walloniana eacute aquele que dialoga com o momento em que a crianccedila se encontra no processo maturacional dos pontos de vista motor afetivo e cognitivo mas que tambeacutem cria as condiccedilotildees desafiadoras para que ela vaacute desenvolvendo-se e nesse processo progrida para um novo estaacutegio Eacute preciso portanto cautela por parte de noacutes educadores imersos na cultura ocidental de tradiccedilatildeo racionalista pois temos a tendecircncia de considerar como preponderantes as funccedilotildees exclusivamente de domiacutenio do conhecimento em vez de vecirc-las do ponto de vista da preponderacircncia de domiacutenios funcionais Essa atitude racionalizante nos leva a ignorar a afetividade e o movimento na tentativa de excluiacute-los do momento de ensino como se isso fosse possiacutevel Nas palavras de (MAHONEY 2010 p37)

Na verdade entender a afetividade e ato motor como constitutivos da aprendizagem tanto quanto o conhecimento significa considerar a pessoa do aluno acolher a afetividade sentimentos e emoccedilotildees manifestos e latentes reconhecer a necessidade de movimento e as manifestaccedilotildees corpoacutereas dos sentimentos e moccedilotildees como atitudes provocadas e mobilizadas pelo processo de ensino-aprendizagem e a partir daiacute considerar a possibilidade de canalizaacute-los a fim de colaborarem na construccedilatildeo do conhecimento na aprendizagem

Um fato corriqueiro nos ambientes educativos eacute quando as crianccedilas natildeo conseguem demonstrar o quanto sabem em vista de um estado emocional pungente Eacute como se a temperatura afetiva subisse acima de um determinado limiar passando a preponderar sobre o domiacutenio cognitivo fazendo com que a pessoa perca o contato com a realidade se volte para suas proacuteprias impressotildees subjetivas desorientando o comportamento em funccedilatildeo agraves circunstacircncias objetivas (MAHONEY 2010 p41) Na pessoa adulta as funccedilotildees ligadas ao domiacutenio do conhecimento devem preponderar sobre as do domiacutenio afetivo mesmo que a afetividade seja capaz de preponderar sobre o domiacutenio cognitivo em algumas circunstacircncias em que a ela faltem recursos de controle falte a paixatildeo O desenvolvimento portanto deve conduzir agrave predominacircncia da razatildeo pois para Wallon a razatildeo eacute o destino final do homem mas mesmo as atitudes sob predominacircncia da razatildeo tecircm seus motivos no domiacutenio da afetividade da pessoa Eacute a afetividade que daacute a direccedilatildeo agraves accedilotildees que orienta as escolhas baseadas nos desejos da pessoa nos significados e sentidos atribuiacutedos agraves suas experiecircncias anteriores em suas necessidades natildeo apenas fisioloacutegicas mas principalmente soacutecio-afetivas (MAHONEY 2010 p42)

A essa interferecircncia de um domiacutenio sobre o outro Wallon denomina integraccedilatildeo funcional quando de qualquer forma e sempre um domiacutenio interfere sobre o outro colaborativa ou concorrente podendo os outros domiacutenios submeterem-se competirem preponderarem colaborarem ou bloquearem os outros postos em jogo na atividade E essas possibilidades devem ser levadas em consideraccedilatildeo quando se planeja atividades educativas (MAHONEY 2010 p43) Resultados e discussotildees Apoacutes analisar as respostas buscou-se (i) a contraposiccedilatildeo do conceito de afetividade abordado no texto que foi organizado no Quadro 1 ndash Conceito de afetividade No caso de haver identidade conceitual entre a teoria e a resposta do entrevistado prosseguiu-se agraves consideraccedilotildees finais que buscam (ii) indagar sobre qual o papel do viacutenculo afetivo no (in)sucesso nas relaccedilotildees educativas levando-se em consideraccedilatildeo que nas relaccedilotildees humanas sempre haacute a presenccedila da afetividade mas nem sempre de viacutenculo afetivo Quando natildeo haacute viacutenculo afetivo a afetividade tende a ser prejudicada Essa segunda etapa gerou o Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem A partir das respostas obtidas montou-se um quadro com os diferentes conceitos de afetividade para cada um dos entrevistados Quadro 1 ndash Conceito de afetividade Afetividade eacute sinocircnimo de

Entrevistado A emoccedilatildeo e sentimento

Entrevistado B empatia e confianccedila

Entrevistado C confianccedila

Entrevistado D respeito e bem-querer

Entrevistado E amizade e bem-querer

Entrevistado F capacidade de atingir(-se) e modificar(-se) (por) algueacutem

Nota-se que natildeo haacute entre os entrevistados um consenso sobre o que venha a ser afetividade Natildeo se poderia portanto emparelhar conceitualmente as respostas de todos os entrevistados com o que se prevecirc teoricamente para a relaccedilatildeo entre afetividade e aprendizagem Vale lembrar que a afetividade na teoria walloniana constitui um domiacutenio formado por emoccedilatildeo sentimento e paixatildeo como foi dito Emoccedilatildeo pode ser agradaacutevel ou desagradaacutevel sentimento pode ser de simpatia ou antipatia O viacutenculo afetivo sim se constitui preferencialmente atraveacutes de sentimentos simpaacuteticos e emoccedilotildees agradaacuteveis diferentemente da afetividade que engloba emoccedilotildees e sentimentos muitas vezes antagocircnicos

38 A partir do quadro anterior observam-se maiores e menores consonacircncias entre essa concepccedilatildeo de afetividade e as concepccedilotildees dos entrevistados Entretanto haacute de se destacar as concepccedilotildees dos entrevistados A e F que definem respectivamente afetividade como ldquoemoccedilatildeo e sentimentordquo e ldquoo afetar-se e modificar-se pelo outrordquo Essas seriam as concepccedilotildees mais proacuteximas da que foi abordada por Wallon e ao mesmo tempo as mais ricas teoricamente pois permitem conceber a afetividade tanto como fator de aproximaccedilatildeo como de distanciamento entre dois sujeitos tomando como foco a emoccedilatildeo e o sentimento No caso das respostas dos demais entrevistados haacute a tendecircncia de polarizaccedilatildeo das relaccedilotildees afetivas como se a afetividade soacute produzisse aproximaccedilotildees e confluecircncias de interesses Por outro lado em relaccedilatildeo ao processo de afetividade ou seja ao processo de se deixar afetar e modificar pelo outro eacute indubitaacutevel sua importacircncia nas relaccedilotildees educativas Os entrevistados foram unacircnimes acerca das consequecircncias geradas pelo estabelecimento ou natildeo de viacutenculo afetivo entre as partes Eacute o que mostra o Quadro 2 Quadro 2 ndash Viacutenculo afetivo na aprendizagem

Na aprendizagem o viacutenculo afetivo tem o papel de

Entrevistado A beneficiar o trabalho do professor e principalmente fazer com que o aluno progrida na aprendizagem e se sinta bem na escola Para que tudo isso ocorra eacute preciso que haja viacutenculo afetivo entre as partes

Entrevistado B possibilitar tranquilidade para ensinar e aprender Natildeo estabelecer viacutenculo afetivo compromete em muito o trabalho do professor e tambeacutem o do aluno

Entrevistado C possibilitar que se efetive um trabalho ldquo(hellip) natildeo satildeo raros os relatos onde a afetividade predominourdquo

Entrevistado D incluir alunos que estatildeo afastados das situaccedilotildees de aprendizagem ldquo() uma aproximaccedilatildeo mais afetiva possibilitou conhecer suas particularidades e saltos qualitativos aconteceram no processo de aprendizagemrdquo

Entrevistado E possibilitar que se estabeleccedila a aprendizagem e os alunos se

tornem pessoas cada vez melhores

Entrevistado F agir diretamente na relaccedilatildeo pedagoacutegica de forma positiva

Em relaccedilatildeo ao Quadro 1 o Quadro 2 eacute mais uniforme em relaccedilatildeo agraves respostas Nota-se que os resultados de uma relaccedilatildeo afetiva podem ser positivos quando haacute viacutenculo afetivo estabelecido ou negativos quando natildeo haacute esse viacutenculo ou seja quando os domiacutenios afetivos das partes natildeo tecircm nada em comum naquele momento Conclusatildeo A partir da anaacutelise do Quadro 1 foi possiacutevel constatar que alguns entrevistados compreendem afetividade e viacutenculo afetivo como sendo o mesmo conceito Isso pocircde ser percebido quando o entrevistado atribuiu agrave afetividade os sinocircnimos de confianccedila empatia bem-querer e amizade Nesse sentido eacute importante destacar a distinccedilatildeo entre afetividade e viacutenculo afetivo Pensando-se viacutenculo afetivo como sinocircnimo de elo afetivo nota-se que esse possui algo aleacutem de simplesmente ser afetivo haacute uma afinidade um envolvimento uma aproximaccedilatildeo entre as partes Esse viacutenculo afetivo se daacute atraveacutes do compartilhamento de sentimentos e emoccedilotildees entre essas partes O meio atraveacutes do qual haacute a troca de sentimentos e emoccedilotildees eacute naturalmente a comunicaccedilatildeo Entretanto haacute um ponto importante que deve ser observado na teoria walloniana como foi dito a afetividade desempenha um importante papel jaacute que eacute no entrelaccedilamento com os outros domiacutenios ndash o motor e o cognitivo ndash que o domiacutenio afetivo iraacute propiciar a constituiccedilatildeo de valores vontade interesses necessidades e motivaccedilotildees que dirigiratildeo escolhas e decisotildees ao longo da vida Em outras palavras eacute o domiacutenio afetivo que sustenta as atitudes da pessoa perante a vida Ou seja o domiacutenio afetivo natildeo age sozinho no momento da relaccedilatildeo entre educador e educando Nesse caso quando haacute viacutenculo afetivo entre ambas as partes eacute porque houve em algum momento identificaccedilatildeo entre quaisquer dos domiacutenios da pessoa afetivo cognitivo ou motor Mas eacute o domiacutenio afetivo ndash logo o emocional sentimental e passional ndash que manteraacute acesa a chama do interesse por determinada atividade E eacute nesse uacuteltimo aspecto que o presente trabalho pretende chamar a atenccedilatildeo dos educadores O conhecimento teoacuterico do funcionamento dos domiacutenios afetivo cognitivo e motor satildeo de suma importacircncia para que o educador vaacute para a praacutetica munido de ferramentas conceituais e possa diante das dificuldades que o cotidiano lhe impotildeem enxergar no educando a pessoa dotada desses domiacutenios e passiacutevel de ser atingida afetada pela comunicaccedilatildeo bem estabelecida Na ausecircncia de uma efetiva comunicaccedilatildeo o educando natildeo eacute afetado em seus domiacutenios afetivo cognitivo e motor Isso corresponde quase sempre e

39 infelizmente ao fracasso escolar tanto do educando quanto do educador Referecircncia Bibliograacutefica BASTOS Alice Beatriz B Izique A construccedilatildeo da pessoa em Wallon e a constituiccedilatildeo do sujeito em Lacan Petroacutepolis RJ Vozes 2003 BONI Valdete QUARESMA Siacutelvia Jurema Aprendendo a entrevistar como fazer entrevistas em Ciecircncias Sociais Revista eletrocircnica dos poacutes-graduandos em Sociologia Poliacutetica da UFSC v2 n1(3) 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwletramagnacominteracaomarliquadrospdfgt Acesso em 24 out 2013 DANTAS Heloysa A afetividade e a construccedilatildeo do sujeito na psicogeneacutetica de Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992a ____ Heloysa Do ato motor ao ato mental a gecircnese da inteligecircncia segundo Wallon In Piaget Vygotsky e Wallon teorias psicogeneacuteticas em discussatildeo Satildeo Paulo Summus 1992b GALVAtildeO Izabel Expressividade e emoccedilotildees segundo a perspectiva de Wallon In ARANDES Valeacuteria A (org) Afetividade na escola alternativas teoacutericas e praacuteticas Satildeo Paulo Summus 2003 MAHONEY Abigail A A constituiccedilatildeo da pessoa desenvolvimento e aprendizagem In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 PRANDINI Regina C A R A constituiccedilatildeo da pessoa integraccedilatildeo funcional In MAHONEY A A ALMEIDA Laurinda R (orgs) A constituiccedilatildeo da pessoa na proposta de Henri Wallon Satildeo Paulo Loyola 2010 WALLON Henri P H Os domiacutenios funcionais estaacutedios e tipos A evoluccedilatildeo psicoloacutegica da crianccedila (Traduccedilatildeo Cristina Carvalho) Lisboa (Portugal) Abril 2005

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ARTE E CULTURA INDIacuteGENA NO CONTEXTO ESCOLAR DESAFIOS E POSSIBILIDADES

Eliane Belmonte Lucenti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 9 7102 2880

elianelucentigmailcom

Liliana Harb Bollos (Orientadora) Faculdade de Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812-9400 contatolilianabolloscombr

RESUMO Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo Palavras chave Arte e cultura indiacutegena Arte Educaccedilatildeo educaccedilatildeo diversidade cultura ABSTRACT This article aims to stimulate debate on art and indigenous culture in the school context with a focus on art education looking and pointing tools that enable enter the subject within the contemporary understanding art as fertile ground able to enhance the individuals connection with the object study Keywords Art and indigenous culture Art Education education diversity culture INTRODUCcedilAtildeO Ainda hoje as culturas indiacutegenas satildeo retratadas por grande parte da sociedade como mero resiacuteduo social parcela irrelevante e sem valor para a atual sociedade ou na maioria das vezes puramente como algo de interesse exoacutetico perdido em um passado distante Jaacute eacute merecida e urgente uma reflexatildeo mais cuidadosa que abra o olhar para essa parcela da nossa identidade cultural natildeo apenas conferindo e reconhecendo valor agraves manifestaccedilotildees culturais indiacutegenas mas principalmente oferecendo meios e mecanismos para que a realidade atual do povo indiacutegena se faccedila emergir bem como o devido reconhecimento agrave sua contribuiccedilatildeo histoacuterica poliacutetico-social para com o nosso paiacutes Houve sem duacutevida avanccedilos que apontam para melhora dessa realidade principalmente advindo de projetos de ONGs instituiccedilotildees civis organizadas e algumas instituiccedilotildees de ensino superior que contribuem ativamente dando voz a essa nossa parcela cultural e promovendo meios para que se possa ldquoindigenizarrdquo nossa produccedilatildeo cultural Vaacuterios projetos vecircm oportunizando a formaccedilatildeo e surgimento de uma nova geraccedilatildeo de cineastas documentaristas artistas e intelectuais de

vaacuterias etnias que revelam o cotidiano dos povos indiacutegenas produzindo rico material e o mais interessante pela oacutetica de protagonistanarrador da proacutepria histoacuteria Infelizmente o povo indiacutegena ainda natildeo eacute reconhecido como riqueza essencial do paiacutes como chave para um futuro melhor em termos tanto sociais quanto ambientais Isso se daacute por vaacuterios motivos mas principalmente por anos de uma educaccedilatildeo excludente onde as minorias satildeo invisiacuteveis por isso eacute necessaacuterio reunir esforccedilos no caminhar da construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo para a pluralidade e diversidade que devidamente contemple o tema A lei 11645 de marccedilo de 2008 estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena No entanto a obrigatoriedade natildeo garante qualidade de ensino tatildeo pouco material necessaacuterio e sequer professores preparados uma vez que em nossa formaccedilatildeo este legado nos foi negado a lei eacute ainda mais especiacutefica e diz que aleacutem das escolas contemplarem o tema este conteuacutedo deve ser parcela efetiva das disciplinas de Histoacuteria Literatura e Arte Este artigo pretende estimular o debate sobre arte e cultura indiacutegena no contexto escolar com enfoque para a arte e educaccedilatildeo buscando e apontando ferramentas que possibilitem inserir o tema dentro da contemporaneidade por entender a arte como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do indiviacuteduo com o objeto de estudo uma vez que passa pelo eixo teoacuterico-praacutetico Porque falar dos iacutendios Inicia-se desde que aportaram aqui colonizadores seus escravos e toda bagagem sociocultural que traziam con- sigo a construccedilatildeo efervescente de um povo hoje conhecido como brasileiro que precisa a fim de esclarecer as futuras geraccedilotildees e efetivamente educar para a pluralidade e diversidade dar voz e uma parcela de sua identidade cultural que tem sido renegada pelo passado e negada agraves futuras geraccedilotildees que eacute a histoacuteria e cultura daqueles que primeiro estavam aqui o povo indiacutegena Eacute mais do que

41 necessidade direito de todo brasileiro conhecer suas raiacutezes e sua histoacuteria na medida em que soacute conhecendo o passado e tecendo anaacutelise criacutetica sobre ele poderemos efetivamente planejar um futuro melhor consciente de nossas escolhas Historicamente fomos submetidos agrave homogeneizaccedilatildeo esmagando culturalmente as minorias levando- as a quase invisibilidade Uma anaacutelise histoacuterica social nos revelariam alguns motivos desses acontecimentos mas natildeo nos cabe aqui nos prender a esses pontos mas sim lembrar que nossas diferenccedilas satildeo partes constitutivas da nossa singularidade humana e que devemos lutar por igualdade de direitos igualdade de tratamento e condiccedilotildees Segundo Boaventura Santos

Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferenccedila nos inferioriza e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza Daiacute a necessidade de uma igualdade que reconheccedila as diferenccedilas e de uma diferenccedila que natildeo produza alimente ou reproduza as desigualdades (2003 p56)

No fim da deacutecada de 1970 multiplicam-se as organizaccedilotildees natildeo governamentais de apoio aos iacutendios e no iniacutecio da deacutecada de 1980 pela primeira vez se organiza um movimento indiacutegena de acircmbito nacional visando retomar os direitos a seus territoacuterios educaccedilatildeo diferenciada e agrave sauacutede Essa mobilizaccedilatildeo explica as grandes novidades obtidas na constituiccedilatildeo de 1988 que abandonam as metas e o jargatildeo assimilacionistas e reconhecem os direitos originaacuterios dos iacutendios seus direitos histoacutericos agrave posse da terra de que foram os primeiros senhores direito ao ensino e respeito aos seus valores culturais e artiacutesticos assegurando a utilizaccedilatildeo de suas liacutenguas maternas nos processos de aprendizagem No artigo 231 estaacute escrito

Reconhecidos aos iacutendios sua organizaccedilatildeo social costumes liacutenguas crenccedilas e tradiccedilotildees e os direitos originaacuterios sobre as terras que tradicionalmente ocupam competindo agrave uniatildeo demarcaacute-las proteger e fazer respeitar todos os seus bens (BRASIL 2008 p137-146)

Historicamente nunca demos o devido valor agrave contribuiccedilatildeo dos indiacutegenas para a naccedilatildeo a ideia que os colonizadores tinham de que o iacutendio era sem cultura e natildeo civilizados permaneceu arraigada em noacutes fazendo com que muitos ainda hoje desprezem sua riqueza cultural Poreacutem a verdade eacute que os indiacutegenas contribuiacuteram efetivamente e tiveram papel fundamental como aponta Ronildo Terena que eacute de Dourados Mato Grosso do Sul ex-supervisor do programa MS alfabetizado pela SED (Secretaria Estadual de Educaccedilatildeo de Mato Grosso do Sul) e SEMED (Secretaria Municipal de Educaccedilatildeo de Dourados) gestatildeo 2004-2006 ex-coordenador do Programa Brasil Alfabetizado em parceria com a Secretaria Municipal de Dourados (MS) e o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) gestatildeo 2007 a 2008 acadecircmico indiacutegena do curso de Histoacuteria pela

Universidade Federal da Grande Dourados Ronildo iacutendio da etnia Terena que afirma em seu blog

Ensinamos a quem nos escravizou cruelmente a sobreviver em vaacuterias situaccedilotildees na selva muitos serviram de guia nas exploraccedilotildees nossos antepassados estavam na histoacuteria do paiacutes constantemente ajudando a manter as terras longe dos invasores tambeacutem na matildeo-de-obra nas expansotildees agriacutecolas e extrativistas Ajudamos na formaccedilatildeo sociocultural do povo brasileiro emprestando nossos traccedilos na miscigenaccedilatildeo com o branco e o negro natildeo apenas no sentido bioloacutegico mas fazendo parte da formaccedilatildeo religiosa e cultural nossa culinaacuteria ateacute hoje eacute apreciada por aqueles que nem mesmo sabem que os primeiros a experimentar certas iguarias foram e satildeo nossas Passando ainda para um aspecto mundial a tradicional medicina indiacutegena hoje eacute valorizada aceita por profissionais renomados uma arte milenar que pareceu ser esquecida ou renegada por seacuteculos usando uma seacuterie de combinaccedilotildees segundo pesquisas recentes antes mesmo da medicina moderna descobrir as ervas compostas Sem sombra de duacutevidas uma das maiores contribuiccedilotildees para o mundo eacute a preservaccedilatildeo de uma biodiversidade imensa em nossas reservas quando hoje em dia tanto se fala em aquecimento global e seu impacto sobre o homem as terras indiacutegenas satildeo verdadeiras matas verdes ressaltando a utilizaccedilatildeo da terra sem maltrataacute-la ou degradaacute-la Eacute preciso rever o conceito que todos os iacutendios satildeo coitados sem cultura ou ainda becircbados e vagabundos Precisamos nos lembrar de que somos agentes constantes formadores da histoacuteria deste nosso paiacutes e que se natildeo fossem os tais civilizados homens brancos ter invadido o nosso espaccedilo seriacuteamos donos absolutos desta terra como de fato somos mesmo sem o conhecimento poliacutetico ou de pessoas que aqui habitam que invadem nossos espaccedilos em busca de madeiras nobres ouro terras para a expansatildeo agropastoril (TERENA 2009)

Diferentemente dos negros que historicamente buscaram abrir espaccedilo e ter vez e visibilidade na sociedade brasileira fazendo parte efetiva dela os iacutendios pelas suas especificidades e ligaccedilatildeo direta com a terra ficaram ocupados em uma guerra quase solitaacuteria em garantir um estudo diferenciado para suas crianccedilas e questotildees de demarcaccedilatildeo das terras hoje jaacute com muitos grupos organizados e reconhecidos busca inserir-se na

42 atual sociedade garantindo direitos baacutesicos visibilidade e reconhecimento sem assim perder suas origens

O Censo Demograacutefico 2010 contabilizou a populaccedilatildeo com bases nas pessoas que se declaram indiacutegenas no quesito cor ou raccedila e para os residentes em terras indiacutegenas que natildeo se declaram mas que se consideram indiacutegenas Revelou-se que das 896 mil pessoas que se declara ou se considera indiacutegena 572 mil ou 638 viviam na aacuterea rural e 517 mil ou 575 moravam em terras indiacutegenas oficialmente reconhecidas Os iacutendios foram dizimados hoje representam entorno de 230 povos juntos somam 42 da populaccedilatildeo (segundo estatiacutestica de 2010 do IBGE) poreacutem estes satildeo responsaacuteveis por manter viva em torno de 180 liacutenguas Todos esses dados mais que justificam a aprovaccedilatildeo em marccedilo de 2008 da lei 11645 que estabelece a obrigatoriedade nos estabelecimentos de ensino fundamental e meacutedio puacuteblicos e privados do estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Porem passado seis anos da sua aprovaccedilatildeo poucos foram os avanccedilos efetivos ainda natildeo haacute material atualizado e especiacutefico que forneccedila suporte que garanta a diversidade e qualidade na abordagem do tema tatildeo pouco uma capacitaccedilatildeo dos profissionais envolvidos e ainda na aacuterea de formaccedilatildeo desses profissionais ou seja cursos superiores de licenciaturas as instituiccedilotildees comeccedilam a esboccedilar esforccedilos para adequaccedilatildeo dos curriacuteculos como aponta Joana C dos Passos (2008)

tambeacutem o vazio no processo de formaccedilatildeo de professores que mesmo acessando ao ensino superior tecircm recebido pouca formaccedilatildeo para as relaccedilotildees eacutetnico-raciais e a formaccedilatildeo em serviccedilo que pouco diaacutelogo tem com as questotildees da diversidade A exemplo disso podemos lembrar-nos da Pluralidade Cultural introduzida como tema transversal pelos Paracircmetros Curriculares Nacionais em 1997 que pouco influenciou nos conteuacutedos materiais didaacuteticos e praacuteticas pedagoacutegicas (PASSOS 2008 p 17)

Assim eacute de vital importacircncia a contribuiccedilatildeo de pesquisas individuais ou de grupos que suscitem o tema abrindo espaccedilo ao debate oferecendo visibilidade e forccedila para essa parcela de nosso povo que bravamente luta para fazer valer seus direitos e reconhecida sua contribuiccedilatildeo na construccedilatildeo desta naccedilatildeo Se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Seria ingecircnuo acreditar que conseguiriacuteamos contemplar de forma aprofundada e ampla toda a gama de possibilidades dentro deste universo que eacute a cultura indiacutegena com tempo tatildeo iacutenfimo das aulas ainda mais sem a devida capacitaccedilatildeo no entanto o que me parece mais importante e natildeo recorrermos os mesmos erros ateacute aqui cometidos Eacute preciso que se faccedila reconhecer a pluralidade e diversidade eacutetnica cultural do povo indiacutegena

A escola tem papel fundamental na diminuiccedilatildeo das ldquodistacircncias sociaisrdquo mas eacute preciso atenccedilatildeo agrave forma como o tema indiacutegena eacute abordado para natildeo contribuir para a construccedilatildeo de uma visatildeo estereotipada e limitada do que eacute um iacutendio em especial tratando-se do material didaacutetico cujos verbos normalmente referem-se aos iacutendios estatildeo no preteacuterito e cujo espaccedilo reservado a falar sobre sua cultura estaacute somente no tema ldquoDescobrimento do Brasilrdquo Permitam-me fazer uma analogia alegoacuterica Pense em um pote grande de jujubas eacute possiacutevel ver em completude umas as outras os mais diversos aromas cores e sabores Haacute quem se interesse mais por uma que por outra e a ela daacute o devido destaque mas eacute justamente essa riqueza da diversidade do colorido que lhe abrilhanta que lhe consiste o interesse Iacutendio eacute igual jujuba satildeo diversas etnias com as mais variadas culturas cheias de suas especificidades um mundo rico cheio de aromas cores sabores e saberes Entatildeo o Juruaacute (aquele que natildeo eacute iacutendio em guarani) de olho raso que natildeo conseguem ver longe pintam tudo de vermelho colocam em um pote bem pequeno numa prateleira no fundo intitulada iacutendio acham que iacutendio eacute soacute iacutendio e tudo uma coisa soacute e o pior fazem que muitos acreditem nisso impondo uma visatildeo sobre o objeto observado da oacutetica de sua cultura No Brasil se iacutendio fosse jujuba soacute teria um sabor Paulo Freire (1987) chama isso de ldquoinvasatildeo culturalrdquo ou seja quando invasores impotildeem a outros sua visatildeo de mundo intimidando-os na sua plena manifestaccedilatildeo humana ameaccedilando-os dessa forma de perder sua cultura sua originalidade Essa defasagem histoacuterica vem transformando os indiacutegenas em algo oniacuterico um ser edecircnico distante da nossa realidade Isso natildeo corresponde agrave verdade nas uacuteltimas deacutecadas grande parte da populaccedilatildeo indiacutegena fixou moradia dentro dos grandes centros em busca de melhores oportunidades de educaccedilatildeo e trabalho segundo IBGE os indiacutegenas vivendo nas cidades no estado de Satildeo Paulo somam 91 de sua populaccedilatildeo e ainda segundo censo 2010 a cidade de Satildeo Paulo eacute o 4ordm municiacutepio com maior populaccedilatildeo indiacutegena no Brasil somando 12977 iacutendios Levantamentos feitos pela ONG Opccedilatildeo Brasil em 2011 mostram que 54 etnias vivem no estado de Satildeo Paulo sendo destas 38 soacute na capital Isso destaca a grande diversidade eacutetnica e mostra a proximidade que os iacutendios estatildeo de noacutes eacute preciso que estes fatos sejam relevantes na construccedilatildeo dos conhecimentos sobre a cultura indiacutegena Eacute preciso reparar os equiacutevocos nossa nacionalidade como lembra Florestan Fernandes (2007) foi construiacuteda imposta de cima para baixo sendo excludente em relaccedilatildeo agraves outras culturas sem respeito agraves diferenccedilas causando grandes perdas para a identidade do povo brasileiro Isto tem resultado em injusticcedilas e crueldade com as minorias e deixado agraves margens da sociedade tanto negros quanto indiacutegenas Os iacutendios satildeo agentes histoacutericos que vem criativamente encontrando soluccedilotildees para sobreviver em um mundo que quis exterminaacute-los deixemos de olhar o iacutendio simplesmente como vitima dos colonizadores

43 passemos a enxergaacute-los aleacutem da chegada dos portugueses isso eacute essencial para a construccedilatildeo do conhecimento sobre os indiacutegenas precisamos recuperar a participaccedilatildeo desta populaccedilatildeo nos diversos momentos da histoacuteria brasileira bem como sua contribuiccedilatildeo na preservaccedilatildeo ambiental e no saber tradicional sobre plantas medicinais entre outros Eacute imperativo que trabalhemos para uma educaccedilatildeo que possibilite o reconhecimento histoacuterico poliacutetico - social da cultura indiacutegena mas que sobre tudo a enxergue sobre o tempo do aqui e agora pois entendem que os iacutendios natildeo satildeo aqueles ldquoprimitivosrdquo sem ldquocivilizaccedilatildeordquo ou cultura e que o fato dos indiacutegenas atuais usarem celulares e computadores natildeo os tornam menos iacutendios afinal de contas nosso principal meio de transporte jaacute natildeo eacute mais o cavalo Levando o iacutendio para sala de aula Natildeo haveria melhor lugar para discutir as questotildees sobre as minorias sociais uma vez que segundo GADOTTI (1998p24) em uma educaccedilatildeo que visa a transformaccedilatildeo a escola tem um papel estrateacutegico podendo ser um lugar onde as forccedilas emergentes da nova sociedade muitas vezes chamadas de classes populares podem elaborar sua cultura e adquirir consciecircncia necessaacuteria a sua formaccedilatildeo Poreacutem trazer essa temaacutetica para a sala de aula requer aleacutem de um bom preparo do professor fontes de informaccedilatildeo confiaacuteveis que retratem a vida das diferentes comunidades indiacutegenas do Brasil trazendo informaccedilotildees sobre o seu passado sua cultura situando-as no presente retratando os diversos problemas que tem enfrentado ao longo dos anos suas lutas e suas conquistas Existem sites especializados que oferecem materiais e informaccedilotildees confiaacuteveis e de qualidade sobre os povos indiacutegenas entre eles Museu do iacutendio ndash mantido pela FUNAI Viacutedeo nas Aldeias ndash ONG independente Os iacutendios na Histoacuteria do Brasil - setor de antropologia da UNICAMP Enciclopeacutedia dos povos indiacutegenas ndash Instituto Socioambiental Povos indiacutegenas no Brasil ndashISA ndash Instituto Socioambiental natildeo governamental Biblioteca Digital Curt Nimuendajuacute Pagina do Melatti ndash Juacutelio Cezar Melatti ndash Antropoacutelogo Universidade de Brasiacutelia ndash DAN ndash Departamento de Antropologia Espaccedilo Ameriacutendio ndash UFRGS Programa de Educaccedilatildeo tutorial (PET) Saberes indiacutegenas ndash UFSCAR Eacute possiacutevel utilizar tambeacutem apoacutes uma triagem textos jornaliacutesticos de miacutedias online pois satildeo recursos atuais e didaacuteticos que possibilitam iniciar um debate em sala de aula que realmente promova um esclarecimento sobre a cultura indiacutegena ajudando a diminuir os preconceitos e os estereoacutetipos em relaccedilatildeo agraves populaccedilotildees indiacutegenas Trabalhar a histoacuteria indiacutegena correlacionando-a agrave situaccedilatildeo atual dos iacutendios eacute importante para aproximar os alunos da histoacuteria se bem trabalhado pelo professor aguccedila a criticidade dos alunos aleacutem de desenvolver o interesse pela investigaccedilatildeo dos fatos o que os tornam sujeitos ativos na construccedilatildeo do saber

Um professor mediador consciente que tenha procurado conhecer a cultura indiacutegena poderaacute promover grandes discussotildees em torno de vaacuterios temas dentre eles desenvolvimento sustentaacutevel dimensotildees simboacutelicas da cultura indiacutegena terras indiacutegenas desinformaccedilatildeo internet e cultura indiacutegena cidadania alimentaccedilatildeo saudaacutevel desigualdade social e outros Falar sobre a Arte e Cultura Indiacutegena nas escolas eacute cheio de desafios mas tambeacutem possibilidades Eacute importante entender que a partir da temaacutetica indiacutegena eacute possiacutevel criar um projeto transdisciplinar que promova maior conhecimento aos alunos envolvendo inclusive toda a comunidade dando visibilidade a cultura indiacutegena de forma plena fomentando processos que se desvinculem das festividades superficiais em comemoraccedilotildees ao dia do iacutendio Enquanto nos debatemos em esforccedilos pessoais para garantir meios de inserir o tema nas aulas natildeo podemos perder de vista duas grandes questotildees primeiro a necessidade do preparo e formaccedilatildeo do corpo docente natildeo indiacutegena para tratar de questotildees relacionadas agrave cultura indiacutegena devendo ser incluiacuteda a questatildeo eacutetnica na matriz curricular dos cursos de licenciatura e nos processos de formaccedilatildeo continuada de professores inclusive de docentes do ensino superior e segundo a necessidade de um material de apoioorientaccedilatildeo que assegure a relaccedilatildeo de como trazer a temaacutetica indiacutegena para a sala de aula que elementos dessa rica cultura devem ser trabalhados quando e com quais objetivos Assim devemos continuar militando em defesa da conquista desses direitos para assegurarmo-nos da implementaccedilatildeo de uma educaccedilatildeo de qualidade que vai de encontro aos anseios sociais

Arte-Educaccedilatildeo e Cultura Indiacutegena em busca de um lugar ao sol A Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Lei 939496 no artigo 3 diz que o ensino seraacute ministrado com base nos seguintes princiacutepios descritos no inciso ldquoII - liberdade de aprender ensinar pesquisar e divulgar a cultura o pensamento a arte e o saberrdquo portanto educar eacute ir aleacutem de preparar para o mercado de trabalho eacute propiciar conhecimento cultural artiacutestico e folcloacuterico da sua nacionalidade A arte eacute de fundamental importacircncia para o ser humano pois educa a sensibilidade e contribui para o desenvolvimento da criatividade e da cogniccedilatildeo por isto deve ser valorizada no acircmbito escolar Ela deve ser um instrumento para a construccedilatildeo de valores sociais e eacuteticos A arte assim como os iacutendios vem lutando por seu reconhecimento e devido espaccedilo incluiacuteda nos curriacuteculos escolares e mais recentemente favorecida pela obrigatoriedade legal (LDB 939496) ainda natildeo apresenta na maioria das instituiccedilotildees mesmo peso e importacircncia nas demandas hieraacuterquicas seleccedilatildeo de conteuacutedos e propoacutesitos que as demais disciplinas curriculares tecircm e nem aos seus proacuteprios conforme nos aponta Ana Matildee Barbosa

Nem a mera obrigatoriedade nem o reconhecimento da necessidade satildeo

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suficientes para garantir a existecircncia da Arte no curriacuteculo Leis tatildeo pouco garantem um ensinoaprendizagem que torne os estudantes aptos para entender a Arte ou a imagem na condiccedilatildeo poacutes-moderna contemporacircnea (BARBOSA 2002 p 14)

A arte-educaccedilatildeo consegue alinhar o equiliacutebrio entre eacutetica e esteacutetica uma vez que amplia o olhar da educaccedilatildeo para aleacutem das formas segundo Barbosa (2000 p3) por meio das Artes eacute possiacutevel desenvolver a percepccedilatildeo e a imaginaccedilatildeo bem como apreender a realidade percebida e analisaacute-la de forma criacutetica tendo em vista a sua transformaccedilatildeo defendendo a ideia do viacutenculo entre arte e educaccedilatildeo pois a arte na educaccedilatildeo eacute um instrumento para a identificaccedilatildeo cultural e o desenvolvimento a partir da expressatildeo individual e cultural Ainda na concepccedilatildeo de Barbosa (2000)

Atraveacutes das Artes temos a representaccedilatildeo simboacutelica dos traccedilos espirituais materiais intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social seu modo de vida seu sistema de valores suas tradiccedilotildees e crenccedilas A arte como uma linguagem presentacional dos sentidos transmite significados que natildeo podem ser transmitidos atraveacutes de nenhum outro tipo de linguagem tais como as linguagens discursivas e cientiacuteficas (BARBOSA 2000 p 2)

Vejo positivamente a obrigatoriedade do tema indiacutegena dentro das aulas de Arte pois reconheccedilo a arte como importante ferramenta na construccedilatildeo total do indiviacuteduo como terreno feacutertil capaz de potencializar a ligaccedilatildeo do aluno com o objeto de estudo ligando-o diretamente agraves questotildees simboacutelicas agindo na dimensatildeo teoria-praacutetica assim levando-o a uma anaacutelise criacutetica do contexto histoacuterico-social do objeto de estudo mas tambeacutem o aproximando da realidade desse objeto fazendo com que ele se coloque no lugar do outro na medida em que pensa e repensa colocando o tema no aqui e agora a fim de exprimir seu pensamento e posiccedilatildeo atraveacutes da execuccedilatildeo de sua obra Outro aspecto importante eacute que a cultura indiacutegena estaacute intimamente ligada agrave arte se expressa e perpetua atraveacutes e pela arte em suas diversas linguagens Dentro da cultura indiacutegena eacute possiacutevel observar manifestaccedilotildees artiacutesticas como a danccedila teatro artes visuais e muacutesica o que cria um vasto leque a ser explorado indo ao encontro com o que determina o PCN quanto agraves linguagens artiacutesticas fundamentais a serem trabalhadas Consideraccedilotildees finais O mundo contemporacircneo e globalizado eacute caracterizado pela velocidade e acessibilidade de informaccedilotildees pela diversidade eacutetnica cultural religiosa poliacutetica mas tambeacutem o eacute pela intoleracircncia fanatismo religioso e sectarismo Eacute necessaacuterio e urgente abandonar velhos conceitos superar essa incompreensatildeo do outro quebrar paradigmas e construir novo entendimento da

diversidade reconhecendo os direitos dos grupos e das pessoas que existem justamente pela diferenccedila do modo de ser Aliaacutes essa eacute uma preciosa liccedilatildeo que temos a aprender com os indiacutegenas jamais deixar que o ldquoterrdquo supere o ldquoserrdquo A arte e mais especificamente a arte-educaccedilatildeo tem papel fundamental na formaccedilatildeo de um indiviacuteduo global preparado para ldquolerrdquo esse mundo e se relacionar com ele de forma criacutetica e consciente podendo ser capaz de interferir na sua realidade a fim de modificaacute-la para melhor Motivar discussotildees centrando-se na mudanccedila cultural resgatando nossa identidade pluralidade e diversidade contemplando a Arte e Cultura indiacutegena de forma devida no contexto escolar portanto eacute o iniacutecio das consideraccedilotildees sobre o lugar dos iacutendios na sociedade brasileira e na histoacuteria do paiacutes REFEREcircNCIAS BARBOSA Ana Mae Inquietaccedilotildees e mudanccedilas no ensino da Arte Satildeo Paulo Cortez 2002

________Arte-Educaccedilatildeo no Brasil realidade hoje e expectativas futurasEstud av SatildeoPaulo v3 n7 Dec 1989Disponiacutevelemlthttpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-40141989000300010amplng=enampnrm=isogt Acesso em 09 Nov 2014

FERNANDES Florestan O negro no mundo dos brancos Satildeo Paulo Global 2007

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido Rio de Janeiro Paz e Terra 1975

GADOTTI M Pedagogia da Praacutexis 2ordf ed Satildeo Paulo Cortez 1998

PASSOS Joana Ceacutelia dos O projeto pedagoacutegico escolar e as relaccedilotildees raciais a implementaccedilatildeo dos conteuacutedos de histoacuteria e cultura afro-brasileira e africana nos curriacuteculos escolares In SPONCHIADO Justina Inecircs et al (Orgs) Contribuiccedilotildees para a educaccedilatildeo das relaccedilotildees eacutetnico-raciais Florianoacutepolis Letras Contemporacircneas 2008

RIBEIRO Darcy O Povo Brasileiro A formaccedilatildeo e o sentido de Brasil 2ordf ed Satildeo Paulo Companhia das Letras 1995

SANTOS Boaventura de Sousa Reconhecer para libertar os caminhos do cosmopolitismo multicultural Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2003

TINHORAtildeO Joseacute Ramos Muacutesica popular de iacutendios negros e mesticcedilos Petroacutepolis Vozes 1972

Links

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45 BRASIL Lei Nordm 9394 de 20 de Dezembro de 1996 DOU 23121996 Disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9394htm

BRASIL IBGE Censo Demograacutefico 2010 Caracteriacutesticas gerais dos Indiacutegenas 2012 Disponiacutevel emftpftpibgegovbrCensosCenso_Demografico_2010Caracteristicas_Gerais_dos_IndigenaspdfPublicacao_completapdf Acesso em 22 out 2014 DIAS Roberto O conflito entre iacutendios e agricultores e o posicionamento da miacutedia frente aos protestos Causas Perdidas 26 de junho 2013 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20130626o-conflito-entre-indios-e-agricultores-e-o-posicionamento-da-midia-frente-aos-protestos Acesso em 27 out 2014

FRUTOS Lara ldquoModerno e Indiacutegenardquo ndash um olhar para os iacutendios contemporacircneos pelas lentes de Artur Tixiliski Causas Perdidas 31 marccedilo 2014 Disponiacutevel em httpcausasperdidasliteratorturacom20140331moderno-e-indigena-um-olhar-para-os indios-contemporaneos-pelas-lentes-de-artur-tixiliski Acesso em 27 out 2014

MANSO Bruno Paes Cidade de Satildeo Paulo tem 38 etnias indiacutegenas O Estado de Satildeo Paulo 17 jul 2011 Disponiacutevel em httpsao-pauloestadaocombrnoticiasgeralcidade-de-sp-tem-38-etnias-indigenas-imp-745988-Acesso em 27 out 2014

RICHTER Andrezza SILVA Carolina Rocha GUIRAU Kaacuterine Michelle O iacutendio na metroacutepole Revista Carta Capital 19 abr 2013 Disponiacutevel em httpwwwcartacapitalcombrsociedadeo-indio-na-metropole Acesso em 27 out 2014

TERENA Ronildo A contribuiccedilatildeo dos povos indiacutegenas para o Brasil Julho de 2009 Disponiacutevel em httpronildoterenablogspotcombr200907contribuicoes-dos-povos-indigenas-parahtml Acesso em 23 nov 2014

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A ARTE QUIacuteMICA DOS VITRAIS

Nataacutelia de Lima Machado Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

natalia_lima8hotmailcom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Este artigo relata parte do Projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica do curso de Quiacutemica da FACCAMP fases da histoacuteria do vidro desde sua descoberta e evoluccedilatildeo no processo de fabricaccedilatildeo ateacute o surgimento dos imponentes vitrais demonstram-se tambeacutem as teacutecnicas mais empregadas para a fabricaccedilatildeo de um vitral bem como a visita realizada ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista cidade do interior de Satildeo Paulo finalizando com uma entrevista com o artista

Palavras chave Histoacuteria dos vidros vitrais e pintura de vidros

ABSTRACT This paper reports part of the scientific Initiation Project chemistry course of FACCAMP history of glass phases since its discovery and development in the manufacturing process until the appearance of the imposing stained glass are demonstrated also the techniques most used for the manufacture of a stained glass window and the visit made to the Atelier Sergio Silver located in Braganca Paulista the city of Satildeo Paulo ending with an interview with the artist

Keywords Glass history stained glass and painting

1 HISTOacuteRIA DOS VIDROS Pliacutenio o grande naturalista romano em sua enciclopeacutedia Naturalis Historia atribui aos feniacutecios a obtenccedilatildeo dos vidros Segundo a lenda ao desembarcarem nas costas da Siacuteria em uma praia de areia fina haacute cerca de 4000 anos aC os feniacutecios improvisaram fogotildees usando blocos constituiacutedos de carbonatos e bicarbonatos de soacutedio sobre a areia Observaram que passado algum tempo de fogo vivo escorria uma substacircncia liacutequida transparente e viscosa que se solidificava rapidamente A figura 1 mostra uma ilustraccedilatildeo da descoberta do vidro

Figura 1 Ilustraccedilatildeo da lenda da descoberta do vidro - Fonte COSTA 2006

De acordo com grande parte dos cientistas a arte vidreira teria sido difundida atraveacutes do Egito e Mesopotacircmia Os primeiros artefatos de vidro tecircm origem na Mesopotacircmia a cerca de 3000 aC onde foi encontrado tambeacutem um registro de procedimento de fabricaccedilatildeo A arte de se fazer vidros isentos de ceracircmica e a adiccedilatildeo de compostos de cobre e cobalto com a finalidade de garantir as tonalidades azuladas satildeo creditadas ao Egito (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Ateacute 1500 aC os materiais viacutetreos tinham pouca utilidade praacutetica e eram empregados principalmente como adorno O vidro nessa eacutepoca era opaco e colorido demonstrando que o meacutetodo de coloraccedilatildeo atraveacutes da introduccedilatildeo de oacutexidos metaacutelicos jaacute era conhecido Os compostos agrave base de cobre e estanho jaacute eram introduzidos para gerar cor azul e branco respectivamente (AKERMAN 2000 MAIA 2003)

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Surge na China durante a Dinastia Han entre 206 e 200 aC vidros agrave base de chumbo como ilustrado na figura 2 A incorporaccedilatildeo de oacutexido de chumbo em sua composiccedilatildeo reduz a sua temperatura de fusatildeo O estanho eacute muito utilizado em composiccedilotildees de vidrado tornando tais vidros opacos e coloridos com diversas tonalidades devido agrave presenccedila de impurezas metaacutelicas (GONCcedilALVES 2004)

Figura 2 ndash Pote ceracircmico com vidrado agrave base de chumbo Dinastia Han (206 aC ndash 200 aC) - Fonte GONCcedilALVES 2004

Poreacutem foi por volta de 200 aC na Siacuteria que se deu o desenvolvimento de uma teacutecnica fundamental e revolucionaacuteria na arte de fazer objetos de vidro a sopragem que consiste em extrair uma pequena porccedilatildeo do vidro em fusatildeo com a ponta de um tubo de aproximadamente 100 a 150 cm de comprimento com abertura de 1 cm de diacircmetro permitindo que o vidreiro sopre pela outra extremidade produzindo-se uma bolha no interior da massa dando origem a uma peccedila oca Tal teacutecnica pode ser visualizada na figura 3 (GONCcedilALVES 2004 ALVES 2001 AKERMAN 2000)

Figura 3 ndash Representaccedilatildeo da teacutecnica de sopro - Fonte wwwpilkingtoncom

Os primeiros vidros incolores entretanto surgiram por volta de 100 dC em Alexandria devido agrave introduccedilatildeo de oacutexido de manganecircs nas composiccedilotildees e de melhoramentos importantes nos fornos

A idade do luxo do vidro deu-se no periacuteodo do Impeacuterio Romano A qualidade e o refinamento da arte de trabalhar com vidro permitiam criar joacuteias e imitaccedilotildees perfeitas de pedras preciosas Eacute tambeacutem em Roma que surgem as primeiras aplicaccedilotildees arquitetocircnicas de vidro O vidro plano passa a ser utilizado em pavimentos e em

paredes mas seraacute em janelas que reside a sua maior contribuiccedilatildeo onde substitui mica e conchas (ALVES 2001 GONCcedilALVES 2004)

Por volta do ano de 1200 dC Veneza se tornaria o centro vidreiro mais importante onde os profissionais da aacuterea eram confinados na ilha de Murano para que natildeo se espalhassem os conhecimentos que eram passados de pai para filho tornando-se prisioneiros de sua proacutepria arte Nessa ilha estranhos eram impedidos de entrar e os proacuteprios vidreiros natildeo podiam se ausentar exceto com permissatildeo especial A desobediecircncia a essas regras colocava em risco suas famiacutelias O contraacuterio tambeacutem acontecia honrarias eram concedidas a quem se sujeitasse a esse regime Dessa forma guardou-se com discriccedilatildeo diversas composiccedilotildees e teacutecnicas durante seacuteculos (AKERMAN 2000 GONCcedilALVES 2004 MAIA 2003)

Com o fim do Impeacuterio Romano e a instabilidade na Europa diversos centros vidreiros declinaram na Europa obrigando pequenos postos vidreiros a refugiarem-se em bosques sobrevivendo apoiados por grupos familiares que sem grande inovaccedilatildeo composicional ou tecnoloacutegica fizeram surgir os vidros de cor planos usados na fabricaccedilatildeo de vitrais ndash paineacuteis compostos de vidros coloridos ou pintados alocados sobre um base de estanho

A difusatildeo da arte do fabrico de vidro ficaria controlada durante seacuteculos A arquitetura romana e a monumentalidade da arte religiosa tatildeo rica em vatildeos e janelas encontraram um magniacutefico complemento artiacutestico no vidro plano Nos vidros mais do que em qualquer outro material a arte e a teacutecnica aliaram-se de uma forma iacutempar ao longo de milecircnios (GONCcedilALVES 2004)

Foi no transcorrer da Baixa Idade Meacutedia entre os seacuteculos X e XV que nasceu o estilo Goacutetico Dentre as diversas categorias artiacutesticas usadas nessa nova eacutepoca surge o aperfeiccediloamento dos imponentes vitrais que passaram a compor o espaccedilo criado para abrigar enormes janelas dentro de majestosas catedrais com a finalidade de possibilitar a entrada de luz no ambiente

Considerado o precursor do vitral figurativo verifica-se na figura 4 uma peccedila representando a cabeccedila de Cristo localizada na Abadia de Wissembourg Alsaacutecia Esse eacute o vitral mais antigo jaacute encontrado

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Figura 4 ndash Cabeccedila proveniente da abadia Saint-Pierre de Wissemboug - Fonte NUNES 2012

No periacuteodo anterior ao goacutetico tem-se um estilo arquitetocircnico chamado Romacircnico que perdurou entre os seacuteculos XI e XIII cuja caracteriacutestica era a de construccedilotildees com pequenas aberturas pelas quais passava a luz Os vitrais eram abrigados nesses espaccedilos sob a forma de rosaacuteceas como exemplificado na figura 5

Figura 5 ndash Rosaacutecea da Igreja de Satildeo Joatildeo de Alporatildeo Santareacutem Portugal- Fonte wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Tais aberturas existiam em diversos formatos geralmente envoltas em uma moldura de ferro que aleacutem de sustentar o vitral era aplicado tambeacutem com a funccedilatildeo ornamental Eacute possiacutevel encontrar vitrais instalados nas janelas dos trifoacuterios - galerias estreitas localizadas sobre as arcadas ou tribunas nas paredes laterais que separam a nave principal das colaterais segundo eacute demonstrado na figura 6

Figura 6 ndash Trifoacuterios da Catedral St Denis Franccedila - Fonte httpwwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798

2 A ARTE DOS VITRAIS O vitralismo eacute uma arte milenar onde o conhecimento era transmitido atraveacutes da praacutetica do fazer no qual seus processos eram repassados sob forma oral e atraveacutes de poucas documentaccedilotildees escritas

O historiador Jean Lafond faz uma definiccedilatildeo interessante a respeito dos vitrais

ldquoo vitral eacute uma composiccedilatildeo decorativa que obteacutem seu efeito por meio da translucidez de seu suporte Natildeo tentemos definir melhor ao defini-lo poderia deixar de lado tanto as mais antigas quanto as recentes manifestaccedilotildees de uma arte que ainda natildeo deu sua palavra finalrdquo (WERTHEIMER 2011)

Processo de produccedilatildeo de um vitral

O vidro mais utilizado em vitrais eacute o proveniente da fusatildeo da siacutelica extraiacutedo de areia rica em quartzo juntamente com potaacutessio eou soacutedio (FERNANDES 2008)

O conceito baacutesico que remontas agraves origens do saber fazer o vitral baseia-se na tradiccedilatildeo de montar o painel de vidro a partir da modelagem das formas retirando a transparecircncia do vidro e quebrando a intensidade de luz (WETHEIMER 2011)

Haacute uma organizaccedilatildeo a ser seguida nas etapas de criaccedilatildeo de um vitral captaccedilatildeo das medidas do painel produccedilatildeo de um projeto reduzido escolha dos vidros e cores criaccedilatildeo dos cartotildees decalque e calibragem dos moldes corte e desbaste do vidro pintura e queima montagem com chumbo solda consolidaccedilatildeo e instalaccedilatildeo final do vitral (GARCIA 2010)

Pintura

O vitralista se diferencia do pintor de cavalete porque nos vitrais o artista tem a funccedilatildeo de modelar a luz Assim desde as suas origens utilizam-se no vitral dois principais tipos de pigmentos de fundamental importacircncia para garantir a qualidade da pintura (WERTHEIMER 2011)

Grisalha Caracterizado como pintura vitrificaacutevel eacute o pigmento mais utilizado para a pintura do vitral Eacute composta basicamente por uma mistura de fundente (vidro e oacutexido de chumbo) com oacutexidos metaacutelicos (ferro eou cobre) Conhece-se atualmente mais de 21 cores de grisalha que satildeo comercializadas sob a forma de poacutes sendo necessaacuteria a adiccedilatildeo de um aglutinante (aacutegua ou vinagre por exemplo) e um ligante (goma-araacutebica tanino leite fel de boi por exemplo) Depois de aplicada e seca a grisalha os vidros satildeo levados ao forno a temperaturas entre os 600 e os 700 ordmC de maneira a formar as ligaccedilotildees entre o fundente os pigmentos em suspensatildeo e a superfiacutecie do vidro Apoacutes o cozimento as grisalhas adquirem um tom de castanho a negro que bloqueiam parcialmente a entrada da luz Dessa forma satildeo aplicadas no painel com a superfiacutecie

49 virada para o interior do edifiacutecio a fim de proteger a pintura (DELGADO 2010 FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

Amarelo de prata desde a Antiguidade a pintura com amarelo de prata jaacute era utilizada para a decoraccedilatildeo de objetos de vidro Nos vitrais sua utilizaccedilatildeo deu-se somente a partir do seacuteculo XIV garantindo uma nova coloraccedilatildeo na placa de vidro variando do amarelo limatildeo ao laranja e ao acircmbar Haacute cinco cores de amarelo de prata comercializados A coloraccedilatildeo obtida eacute influenciada pelo tamanho forma e distribuiccedilatildeo das pequenas partiacuteculas de prata na matriz do vidro pela temperatura atmosfera de cozedura e pela composiccedilatildeo do vidro (WERTHEIMER 2011 GARCIA 2010)

O amarelo de prata eacute a chamada pintura de cimentaccedilatildeo sendo formado de compostos de prata com enxofre aplicados sobre o vidro com aacutegua destilada e cozidos a temperaturas inferiores agrave das grisalhas entre 560 ordmC e 630 ordmC Essas temperaturas auxiliam na penetraccedilatildeo da prata na superfiacutecie vidro ocasionando na reduccedilatildeo dos iacuteons de prata a prata metaacutelica de proporccedilotildees nanomeacutetricas (FERNANDES 2008 GARCIA 2010)

O mecanismo envolvido pode ser apresentado em 4 etapas

1ordm - Troca iocircnica entre os iacuteons alcalinos do vidro e os iacuteons de prata

- Si-O-Na+ + Ag+ rarr - Si-O-Ag+ + Na+

2ordm - Os iacuteons de prata migram para regiotildees mais profundas da matriz

3ordm - Reduccedilatildeo dos iacuteons de prata agrave sua forma metaacutelica

Ag+ + e- rarr Agdeg

4ordm - Formam-se aglomerados com nanopartiacuteculas de prata (2-100 nm de diacircmetro) responsaacuteveis pela cor do vidro (DELGADO 2010)

Na figura 7 satildeo demonstradas as diferentes etapas para a pintura de um vitral onde a primeira imagem verifica-se o resultado da primeira queima onde satildeo fixadas a grisalha e o branco fosqueador Um fundo de tonalidade meacutedia de grisalha eacute acrescentada na segunda imagem Jaacute na terceira imagem o amarelo de prata eacute aplicado na aureacuteola para a segunda queima A aplicaccedilatildeo das sombras e a retirada de luzes eacute realizada e uma nova queima eacute realizada na quarta imagem

Figura 7 ndash Etapas da pintura de um vitral - Fonte httpwwwsergiopratacombrportseraggiotohtm

Queima

A queima somente eacute feita apoacutes as pinturas serem aplicadas Esse procedimento eacute efetuado para se assegurar que a pintura seja fixada com eficiecircncia no suporte viacutetreo (GARCIA 2010)

Na Idade Meacutedia a queima dos pigmentos era feita em fornos abertos dentro dos ateliecircs As peccedilas eram acondicionadas em um tabuleiro de ferro contendo cal Eram necessaacuterios separadores para impedir a aderecircncia durante o processo de queima a temperaturas de 600degC aproximadamente

Atualmente nos fornos utilizados as placas metaacutelicas foram substituiacutedas pelas placas de ceracircmica refrataacuteria demonstrado na figura 8 garantindo uma maior planificaccedilatildeo da superfiacutecie (WERTHEIMER 2011)

Figura 8 ndash Forno utilizado para queima dos vidros - Fonte wwwvitralartbr

50

Montagem

Apoacutes a delicada tarefa de pintura e queima dos vidros inicia-se a montagem dos vitrais Este processo eacute feito sempre a partir de uma extremidade do painel Geralmente costuma-se colocar sob a mesa o desenho das peccedilas e sobre ele com a ajuda de uma espaacutetula os fragmentos de vidro que satildeo encaixados agraves calhas de chumbo para compor o painel Finalizada a montagem baixa-se as abas das calhas e estas satildeo soldadas Este processo inclui uma atenccedilatildeo extra do vitralista uma vez que o chumbo eacute altamente toacutexico

A etapa de soldagem eacute feita dos dois lados do painel Deve-se tomar o maacuteximo de cuidado para que as soldas fiquem uniformes e regulares como ilustrado na figura 9

Figura 9 ndash Processo de solda dos vitrais - Fonte httpwwwcastelvitraiscombrtecnicas

Em seguida eacute feita a calafetagem teacutecnica que garante a firmeza do vidro e a impermeabilidade do vitral

A colocaccedilatildeo do painel ocorre somente apoacutes a total secagem da massa de calafetagem (WERTHEIMER 2011)

De modo geral o processo de montagem resume-se da seguinte forma apoacutes o corte e decoraccedilatildeo do vidro os mesmos satildeo colocados no painel entre barras de ferro fixados com pregos montados em calhas de chumbo e soldados nos pontos de uniatildeo Eacute entatildeo efetuada a calafetagem com massa Por fim o painel eacute colocado na janela de interesse (FERNANDES 2008)

3 TRABALHO DE CAMPO No mecircs de setembro de 2013 realizou-se uma visita teacutecnica ao Atelier Seacutergio Prata localizado em Braganccedila Paulista interior de Satildeo Paulo com a finalidade de se conhecer a teacutecnica dos vitrais bem como um profissional da aacuterea Verificou-se durante a visita que o trabalho do vitralista exige muito cuidado no manuseio por se tratar de uma arte delicada composta com materiais com alto teor de toxicidade devido ao uso de

chumbo aleacutem de ser um trabalho caro Quando se fala em valores percebe-se que todos os materiais utilizados satildeo importados desde os pinceacuteis e pigmentos ateacute o proacuteprio vidro

Realizou-se uma breve entrevista com o artista justamente para incluir seu ponto de vista e sua experiecircncia nesta monografia enriquecendo-a e esclarecendo muito do que jaacute foi explanado

Seacutergio Prata Garcia eacute formado na Eacutecole Nationale Supeacuterieure de Beaux Arts em Paris seguindo cursos de anaacutelises de obras no Louvre e especializando-se em teacutecnicas de pintura em afrescos (GARCIA 2010)

Segue abaixo a entrevista realizada com o artista

Qual eacute o atual panorama do vitralismo no Brasil e no mundo Seacutergio Prata Na Europa e nos EUA o vitralismo tem grande atividade e aceitaccedilatildeo um dos indiacutecios disto eacute a grande quantidade de profissionais induacutestrias de materiais e miacutedia que acontece graccedilas ao mundo do vitral No Brasil temos alguns bons vitralistas que herdaram os conhecimentos milenares europeus mas a falta de uma escola superior de vitralismo dificulta a formaccedilatildeo de profissionais Por esta razatildeo estamos atuando nesta aacuterea de formaccedilatildeo trazendo os conhecimentos e o savoir-faire da escola francesa de vitralismo para os brasileiros

Como vocecirc enquanto artista relaciona a importacircncia dessa interaccedilatildeo quiacutemica-arte Seacutergio Prata Sem conhecimentos de quiacutemica e fiacutesica fica difiacutecil fazer uma obra de arte que dure que resista ao tempo Trabalhamos com materiais quiacutemicos Trabalhamos com realidades fiacutesicas Tentar fazer arte sem conhecimentos quiacutemicos eacute como tentar cozinhar sem conhecer culinaacuteria Haacute algum estudo para viabilizar a adoccedilatildeo de pigmentos e materiais menos insalubres para o artista vitralista Seacutergio Prata Desconheccedilo qualquer estudo neste sentido Os metais pesados entre eles o chumbo estatildeo na base da constituiccedilatildeo do fundente necessaacuterio para que as grisalhas se fundam ao vidro Qual a sua perspectiva para o vitralismo nos proacuteximos anos Seacutergio Prata Nosso atelier estaacute em plena evoluccedilatildeo firmando-se na criaccedilatildeo e execuccedilatildeo de vitrais Nossa colaboraccedilatildeo formando dezenas de profissionais no Brasil tem fomentado o consumo de vidros a execuccedilatildeo de novas obras o mercado de vitral em diversos estados do Brasil Quais satildeo os principais desafios que um vitralista enfrenta durante sua carreira

51 Seacutergio Prata 1) Conseguir conhecimentos O mundo do vitral eacute muito fechado Muitos se negam a passar conhecimentos recusam formar novos vitralistas 2) Conseguir bons materiais A importaccedilatildeo eacute muito cara e a induacutestria nacional natildeo produz vidros coloridos As grisalhas os pinceacuteis de qualidade satildeo todos importados 3) O mercado nacional de vitral tem concorrentes que tentam monopolizar a produccedilatildeo nacional 4) A grande toxicidade dos materiais eacute um grande problema para os vitralistas

4 CONCLUSAtildeO A Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica no curso de Quiacutemica abre as portas para que o estudante expanda seu universo permitindo que ele explore e empreenda em novos segmentos Torna-se um desafio para o quiacutemico desenvolver meacutetodos para a elaboraccedilatildeo de materiais atoacutexicos e que sejam iguais ou melhores em sua eficiecircncia possibilitando ao vitralista uma seguranccedila maior no momento em que for aplicar suas teacutecnicas 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS AKERMAN M Natureza estrutura e propriedades do vidro CETEV-Centro Teacutecnico de Elaboraccedilatildeo do Vidro [Sl] [sn] 2000 Disponiacutevel em lthttpwwwsaint-gobaincetevcombrovidrovidropdfgt Acesso em 24092012 ALVES O L GIMENEZ IF MAZALL IO Vidros Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo ed Especial p 13-24 mai 2001 COSTA H R N Aplicaccedilatildeo de teacutecnicas de Inteligecircncia Artificial em Processos de Fabricaccedilatildeo de Vidro 2006 271 f Tese (Doutorado em Engenharia de Sistemas) ndash Departamento de Engenharia de Telecomunicaccedilotildees e Controle Escola Politeacutecnica da Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2006 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis33139tde-09032007pt-brphpgt Acesso em 01022013 DELGADO J M L Vitrais da Charola do Convento de Cristo em Tomar Histoacuteria e Caracterizaccedilatildeo 2010 70 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa 2010 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103624964gt Acesso em 01022013 FERNANDES P R V Estudo dos Vitrais do Mosteiro de Santa Maria da Vitoacuteria (Batalha) Caracterizaccedilatildeo do vidro decoraccedilatildeo e morfologias de corrosatildeo 2008 37 f Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Conservaccedilatildeo e Restauro especializaccedilatildeo em Vitral) ndash Departamento de Conservaccedilatildeo e Restauro Faculdade de Ciecircncias e Tecnologias da Universidade Nova de Lisboa Lisboa

2008 Disponiacutevel em ltrununlpthandle103622623gt Acesso em 01022013 GARCIA S P Teacutecnicas de Pintura para artistas 2 ed [Sl] Seacutergio Prata 2010 GONCcedilALVES MC O Vidro Arquitectura e Vida [Sl] p 70-74 mar 2004 Disponiacutevel em lthttpsdspaceistutlptbitstream229510637351VIDROpdfgt Acesso em 25062013 MAIA S B O vidro e sua Fabricaccedilatildeo Rio de Janeiro Interciecircncia 2003 NUNESRF Vitreorum Ministerium O didatismo dos vitrais medievais histoacuteria e linguagem visual Os vitrais da Yorkminster 2012 162 f Tese (Doutorado em Letras) ndash Faculdade de Filosofia Letras e Ciecircncias Humanas Universidade de Satildeo Paulo Satildeo Paulo 2012 Disponiacutevel em ltwwwtesesuspbrtesesdisponiveis88139tde-13122012-102204enphp Acesso em 20032013 WERTHEIMER M G GONCcedilALVES M R F O processo de produccedilatildeo de vitrais sob a oacutetica da tradiccedilatildeo Revista CPC Satildeo Paulo v 12 p 127-149 maiout 2011 wwwcastelvitraiscombrtecnicas Acesso em 05112013 wwwcolourboxcomimageparis-interior-of-saint-denis-cathedral-image-3408798 Acesso em 09072013 wwwolharesuolcombrrosacea-da-igreja-de-s-joao-de-aloporao- foto2937955html Acesso em 09072013 wwwpilkingtoncom Acesso em 13082013 wwwvitralartbr Acesso em 05112013

52

AS RELACcedilOtildeES PROFESSOR E ALUNO NO ENSINO DE NIacuteVEL SUPERIOR NA ATUALIDADE (IV)

Fuad Joseacute Daud Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fuaddaudigcombr

RESUMO

O presente trabalho eacute parte do desenvolvimento do ensaio proposto que tem como intuito a discussatildeo e futuro complemento correspondente agrave relaccedilatildeo professor-aluno no ensino de niacutevel superior na busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Este texto tem como base principal a observaccedilatildeo e a experiecircncia docente Para tanto optamos pela entrevista pessoal e parecer do homenageado Professor desta casa o Dr Faacutebio Luiz Villani possuidor de extensa e profunda experiecircncia na aacuterea da Educaccedilatildeo Universitaacuteria

Palavras chave

Relaccedilatildeo professor - aluno o aluno o professor a Instituiccedilatildeo de Ensino

ABSTRACT

This work is part of the development of the proposed test that has the intention to discussion and future supplement corresponding to the teacher-student relationship at higher education level in the constant quest for human and pedagogical improvement This text is mainly based on observation and teaching experience To do so we opted for a personal interview and opinion of the honored teacher of this house the Dr Faacutebio Luiz Villani possessed of extensive and deep experience in Higher Education

Keywords

Teacher-student relationships the student the Teacher Education Institution

INTRODUCcedilAtildeO Este trabalho eacute o quarto que eacute parte do desenvolvimento do ensaio de experiecircncias e observaccedilotildees no ensino de niacutevel superior correspondente agrave temaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno cujo intuito eacute a discussatildeo e a busca incessante de aperfeiccediloamento humano e pedagoacutegico Inexiste uma posiccedilatildeo definitiva sobre o tema por ser assunto complexo e de visatildeo relacional de sujeito-objeto compatiacutevel com o empirismo

O que se pretende eacute a anaacutelise da questatildeo educacional e natildeo da instruccedilatildeo de dados teacutecnicos de especialidades Neste ponto GUSDORF (1970 p 79) escreve e elucida o seguinte Aqui se estabelece a distinccedilatildeo entre ensino como estudo especializado dum conjunto de dados duma determinada ordem e a educaccedilatildeo propriamente dita que eacute autoedificaccedilatildeo de que o ensino eacute apenas um meiordquo

Sendo assim natildeo haacute de se falar em posiccedilatildeo absoluta e universal mas de relatos pessoais de profissionais habilitados que militam na aacuterea educacional superior sem todavia olvidar de que cada experiecircncia deve estar isenta de ilaccedilotildees estritamente subjetivas

Nada se pretende provar a natildeo ser constatar a realidade presente que poderaacute servir como reflexatildeo para o aperfeiccediloamento futuro nas relaccedilotildees entre o corpo docente e o discente no desenvolvimento do processo educacional

Os trabalhos anteriores estatildeo registrados nas Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 e WEA 20122013 e WEA 20132014(DAUD pp 50 e 61) e demonstram o propoacutesito intimamente vinculado ao aperfeiccediloamento do processo de aprendizagem e produccedilatildeo de meios que possibilitem elementos uacuteteis para o desenvolvimento da proacutepria Instituiccedilatildeo de Ensino

Neste momento temos o privileacutegio de apresentar o parecer e entrevista do Professor FAacuteBIO LUIZ VILLANI (Doutor e Poacutes-Doutor em Linguiacutestica Aplicada e Estudos da Linguagem) atualmente Professor Universitaacuterio da Faculdade Campo Limpo Paulista ndash FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP- sobre sua experiecircncia docente na Educaccedilatildeo Superior que contribui sobremaneira em seus longos anos no Magisteacuterio Superior Em seu notaacutevel saber apresenta alguns toacutepicos que seratildeo desenvolvidos verbis 1A questatildeo do aluno que chega ao ensino superior 2A questatildeo do professor nos cursos universitaacuterios 3A relaccedilatildeo professor-aluno 4A relaccedilatildeo Instituiccedilatildeo de ensinodocente e discente 5Conclusatildeo

53 6 A QUESTAtildeO DO ALUNO QUE CHEGA AO

ENSINO SUPERIOR Percebemos que hoje em dia os alunos que chegam ao ensino superior encontram-se sem as habilidades miacutenimas intelectuais e emocionais para o enfrentamento do desafio de encarar uma especializaccedilatildeo em uma carreira que deveraacute acompanhaacute-lo por toda a sua trajetoacuteria profissional Natildeo se trata nem mesmo de muitas vezes o aluno natildeo saber muito bem se o curso escolhido no acircmbito universitaacuterio eacute o que estaacute cursando - coisa que faz parte das escolhas universitaacuterias em nosso paiacutes pois a idade de ingresso na universidade natildeo privilegia uma escolha muitas vezes segura Trata-se de um processo de infantilizaccedilatildeo emocional cultivado durante todo o ensino fundamental e meacutedio Os alunos muitas vezes encaram a suposta liberdade e vir das salas universitaacuterias como apenas um ir Tudo isso aliado agrave baixa escolarizaccedilatildeo oferecida em muitas unidades de ensino que natildeo preparam o aluno intelectualmente para que se possa realizar o desenvolvimento de accedilotildees focadas em niacuteveis mais aprofundados de conhecimento caracteriacutestica dos cursos universitaacuterios 7 A QUESTAtildeO DO PROFESSOR NOS CURSOS

UNIVERSITAacuteRIOS Podemos perceber problemas de natureza afim entre os alunos e professores Quanto aos alunos encontram-se uma baixa qualidade da matildeo ndash de ndash obra estudantil E aos docentes falta uma formaccedilatildeo mais aprofundada e abrangente de conhecimento para que possa elevar a qualidade do ensino universitaacuterio Natildeo trata-se apenas de conhecimento em niacutevel teoacuterico mas tambeacutem de questotildees associadas ao conhecimento pedagoacutegico para que os professores possam lidar com as dificuldades dos alunos que natildeo obtiveram uma boa formaccedilatildeo na educaccedilatildeo baacutesica Eacute preciso compreender que a formaccedilatildeo do professor independente do niacutevel de ensino em que atue deve ser contiacutenua para que os desafios sejam enfrentados com conhecimento de causa 8 A RELACcedilAtildeO PROFESSOR-ALUNO A relaccedilatildeo professor-aluno eacute o grande trunfo para que os objetivos principais da educaccedilatildeo se constituam Natildeo se trata apenas da transmissatildeo de conhecimentos A relaccedilatildeo professor -aluno deve servir de modelo para todas as relaccedilotildees profissionais ou natildeo que os alunos deveratildeo enfrentar em seu dia a dia Essa relaccedilatildeo deve ser pautada em princiacutepios de solidariedade e complementaridade para que todo o processo educativo possa atingir os patamares desejados em uma educaccedilatildeo contemporacircnea 9 A RELACcedilAtildeO INSTITUICcedilAtildeO DE

ENSINODOCENTE e DISCENTE A relaccedilatildeo instituiccedilatildeo de ensinodocentes e discentes seraacute fortalecida se cada um dos atores envolvidos consiga atuar de forma autocircnoma e responsaacutevel na direccedilatildeo da constituiccedilatildeo de um ambiente livre contudo com respeito agraves normas do direito e deveres coletivos Isso significa a criaccedilatildeo e o estreitamento de laccedilos de compromisso com a qualidade da formaccedilatildeo de indiviacuteduos criacuteticos e atuantes

conhecedores de seus direitos e obrigaccedilotildees Acreditamos que este seja o compromisso fundamental para uma formaccedilatildeo na atuaccedilatildeo do cidadatildeo e profissional que o paiacutes necessita 10 CONCLUSAtildeO Acreditamos em uma formaccedilatildeo abrangente nos cursos universitaacuterios onde possamos suprir uma seacuterie de dificuldades que os alunos trazem de uma educaccedilatildeo ineficiente oferecida na educaccedilatildeo baacutesica independentemente da oferecida no segmento puacuteblico ou privado Os alunos chegam agrave universidade com uma seacuterie de anseios e na expectativa de que os professores e a instituiccedilatildeo de ensino os resolvam de um modo simplificado e muitas vezes enganoso O fator principal de alteraccedilatildeo de poliacuteticas de ensino que realmente formem profissionais competentes para que possam alterar as trajetoacuterias de vida de seu entorno eacute garantir uma boa poliacutetica de formaccedilatildeo dos professores e oferecer subsiacutedios formativos aos alunos para que os mesmos possam adquirir competecircncia escolar necessaacuteria para atender a uma melhoria das condiccedilotildees de trabalho e especializaccedilatildeo que as instituiccedilotildees de ensino superiores devem oferecer a toda a sua comunidade escolar CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Este texto que faz parte de ensaio proposto cujo titulo eacute ldquoAs relaccedilotildees professor e aluno no ensino de niacutevel superior na atualidaderdquo tivemos o privileacutegio do parecer do professor Faacutebio Luiz Villani educador do corpo da Faculdade Campo Limpo Paulista- FACCAMP e Diretor de Escola da SMESP que nos brindou com sua posiccedilatildeo atualiacutessima sobre o aspecto relacional professor-aluno trazendo-nos reflexotildees acerca do importante tema

O intuito desta anaacutelise sempre foi o de trazer elementos dos diversos profissionais especializados na aacuterea da educaccedilatildeo com suas experiecircncias em sala de aula e fora dela na relaccedilatildeo professor-aluno

Mais uma vez tivemos a oportunidade de entrevistar um importante profissional da aacuterea da educaccedilatildeo que demonstrou em cinco toacutepicos as questotildees relevantes que norteiam o difiacutecil e apaixonante caminho para o desenvolvimento da educaccedilatildeo de niacutevel superior aleacutem de registrar suas conclusotildees pessoais

Essas questotildees natildeo satildeo simplesmente sugestotildees mas antes de tudo satildeo a realidade presente fruto de trabalho de muitos anos na convivecircncia com educadores e educandos de variadas idades origens e formaccedilotildees

Eacute salutar a compreensatildeo da questatildeo da falta de preparo intelectual suficiente para o enfrentamento de um niacutevel superior de ensino por parte daqueles que desejam muito avanccedilar socialmente e profissionalmente

Por outro lado o aluno com tal postura teraacute baixa produtividade no que tange agrave pesquisa dos temas propostos na disciplina afastando a descoberta individual

54 e sua autonomia na assimilaccedilatildeo dos conhecimentos necessaacuterios agrave sua formaccedilatildeo

Natildeo se pode olvidar tambeacutem a necessaacuteria conscientizaccedilatildeo pelo professor a respeito de seu preparo para esse perfil do aluno especialmente no aspecto de conhecimento pedagoacutegico considerando que a sua formaccedilatildeo deve ser contiacutenua para diminuir a sua dificuldade na conduccedilatildeo do processo educacional

Eacute importante frisar que a problemaacutetica da relaccedilatildeo professor-aluno natildeo deve estar isolada dos agentes e colaboradores da Instituiccedilatildeo de Ensino Existe uma relaccedilatildeo constante na composiccedilatildeo corpo administrativocorpo docente e corpo discente Deve-se visualizar toda a Instituiccedilatildeo para que todos participem na resoluccedilatildeo das questotildees relacionadas com o processo educacional e de aprendizagem partindo da premissa de que ningueacutem estaacute isento de responsabilidade nesse processo

Vale apresentar finalmente sobre o aspecto relacional analisado a questatildeo da ldquonegaccedilatildeo da individualidade do alunordquo que bem coloca o professor Rizzatto Nunes (2013 p 42)-ldquoCada aluno eacute um indiviacuteduo cuja dignidade deve ser respeitada e que tem anseios desejos interesses propoacutesitos problemas pessoais muito diferentes entre sirdquo Continua o professor dizendo que ldquocada aluno tem sua proacutepria particularidaderdquo ldquopode ter um pai desempregado pode estar preocupado com problemas domeacutesticos seriacutessimosrdquo ldquopode estar de lutordquo ldquooutro feliz demaisrdquo Este autor encerra ldquoO fato eacute que enquanto o sistema de ensino e os professores continuarem trabalhando na suposiccedilatildeo de que tecircm uma ldquosalardquo para ensinar e natildeo pessoas individuais com dignidade proacutepria a ser respeitada natildeo faremos muito progresso no ensino e no necessaacuterio avanccedilo da ciecircncia no meio universitaacuteriordquo REFEREcircNCIAS DAUD Fuad Joseacute Revistas Eletrocircnicas WEA 20112012 p50 WEA 20122013 p 61 WEA 20132014 p 55 Satildeo Paulo Faccamp 2012 20132014 Site wwwfaccampbr

VILLANI Faacutebio Luiz Entrevista-parecer sobre a relaccedilatildeo professor-aluno Campo Limpo Paulista 2015

GUSDORF Georges Professores para quecirc Para uma pedagogia da pedagogia Traduccedilatildeo de Joatildeo Beacuternard da Costa e Antoacutenio Ramos Rosa 2 ed Satildeo Paulo Moraes Editores 1970

NUNES Rizzatto Manual de Introduccedilatildeo ao Estudo do Direito 11 ed Satildeo Paulo Saraiva 2013

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Atividades interativas com a quiacutemica estrutural para a previsatildeo de impactos ambientais

Alba Denise de Queiroz Ferreira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

albafacpgmailcombr

RESUMO O aprendizado interativo da relaccedilatildeo entre estrutura de substacircncias quiacutemicas e suas caracteriacutesticas hidrofoacutebicas foi facilitado com o uso de ferramentas computacionais on line e com demonstraccedilotildees no laboratoacuterio de quiacutemica Os recursos online que auxiliaram na previsatildeo do impacto ambiental satildeo o programa que possibilita o caacutelculo do coeficiente de particcedilatildeo Kow ( octanolaacutegua) a partir do editor de moleacuteculas JME (Java Molecular Editor) o banco de dados sobre substacircncias perigosas (HSDB) e o banco de dados sobre biodegradaccedilatildeo A elaboraccedilatildeo de mapas conceituais e o uso da estrateacutegia IFAT como atividades de avaliaccedilatildeo foram selecionadas para manter as discussotildees sobre ldquopensar sobre o pensarrdquo em torno dos conceitos quiacutemicos deste moacutedulo sugestivo para o curso de gestatildeo ambiental Palavras chave Aprendizado centrado no aluno metacogniccedilatildeo recursos digitais grupos funcionais hidrofobicidade bioacumulaccedilatildeo coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua ABSTRACT The interactive learning on the relationship between the structure of chemical substances and its hydrophobic characteristics was facilitated with the use of online computational tools and with demonstrations in the laboratory of chemistry The online resources that helped in the prevision of the environmental impact were the program that make possible the calculations of Kow (coefficient of partition octanolwater) through the insertion of a chemical structures with the editor of molecule JME (Java Molecular Editor) the hazardous substances data base and the biodegradation data base The elaboration of conceptual maps and the use of the IFAT strategy as evaluation activities for this module were selected to sustain the discussions on ldquoto think about thinkingrdquo around the concepts studied Keywords Student centered learning metacognition digital resources functional groups hydrophobicity

bioaccumulation coefficient of partition octanolwater (Kow) 1 INTRODUCcedilAtildeO A abordagem atual da ldquoquiacutemica para o ambienterdquo requer a aplicaccedilatildeo dos seus princiacutepios desde a origem da mateacuteria prima na produccedilatildeo no uso e ateacute o descarte do produto quiacutemico As decisotildees tomadas no iniacutecio do ciclo de vida deste produto podem ser fundamentadas em testes de toxidade e impacto ambiental antes que a moleacutecula seja sintetizada Recentemente a EPA (Environmental Protection Agency) disponibilizou o TEST (Toxicity Estimation Software Tool) um recurso QSAR (Quantitative Structure Activity Relationships) para anaacutelise toxicoloacutegica e do impacto ambiental de substacircncias quiacutemicas conhecidas (EPA 2015) Este conjunto de modelos matemaacuteticos jaacute eacute reconhecido na avaliaccedilatildeo da atividade bioloacutegica de faacutermacos (Ferreira Montanaro e Gaudio 2002 Almeida etal 2010 Arroio Onoacuterio e da Silva 2012) Para atividades didaacuteticas com moleacuteculas orgacircnicas novas e conhecidas outros recursos com livre acesso on line tambeacutem possibilitam esta previsatildeo como os disponibilizados para o caacutelculo de propriedades moleculares com implicaccedilotildees bioloacutegicas e ambientais (Tetko et al 2005 VCCLAB 2015 Molinspiration 2015 Molecular Networks 2015) Entre os paracircmetros utilizados na quiacutemica ambiental para a previsatildeo da interaccedilatildeo e do comportamento de substacircncias nos ecossistemas estatildeo a solubilidade em aacutegua o coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) coeficiente de adsorccedilatildeo a biomagnificaccedilatildeo biodegradaccedilatildeo e toxicidade Para as atividades introdutoacuterias sobre estrutura quiacutemica para alunos de gestatildeo ambiental o criteacuterio selecionado foi o Kow por permitir correlaccedilotildees com situaccedilotildees do cotidiano ser possiacutevel de demonstrar no laboratoacuterio quiacutemico e por estar disponiacutevel para ser calculado usando a interface do JME (Java Molecular Editor) Uma das vantagens do uso deste editor de moleacuteculas online eacute que possibilita ao aluno reconhecer as representaccedilotildees baacutesicas para ligaccedilotildees

56 quiacutemicas e grupos funcionais e ter o controle sobre essas moleacuteculas Ao realizar a atividade o aluno pode fazer questionamentos e obter resposta imediata sobre a relaccedilatildeo entre a modificaccedilatildeo estrutural os valores de Kow

A metacogniccedilatildeo eacute um conceito difundido no meio educacional desde que Flavell (1976) a definiu como ldquoa cogniccedilatildeo sobre a cogniccedilatildeordquo e apresentou evidecircncia da sua importacircncia para o aprendizado Por se tratar de um conceito complexo outras definiccedilotildees surgiram para expressar as diferentes interfaces do ldquopensar sobre o pensarrdquo (Lai 2011) Atualmente haacute um aumento nos registros de experiecircncias didaacuteticas para promoccedilatildeo da metacogniccedilatildeo no ensino especiacutefico de ciecircncias (Veenman 2012) Tem sido observado por Gama (2004) e Azevedo (2005) que o computador aplicado nos processos educacionais interativos pode servir como ferramenta promotora de habilidades metacognitivas nesses contextos Para o ensino da quiacutemica existem atividades inerentemente metacognitivas pois haacute o uso constante de experiecircncias praacuteticas (niacutevel macro) para explicar os conceitos teoacutericos (niacutevel micro) O interesse no ensino das estrateacutegias metacognitivas gerais ou especiacuteficas para uma determinada aacuterea de conhecimento estaacute relacionado com o reconhecimento da ineficiecircncia do ensino por transmissatildeo centrado no docente ou no conteuacutedo Segundo dados recentes as habilidades metacognitivas podem ser ensinadas e satildeo identificadas em profissionais e estudantes bem sucedidos (Dawson 2008) Neste relato seratildeo apresentados os resultados dessa experiecircncia didaacutetica que objetivou introduzir conceitos baacutesicos de quiacutemica estrutural para um moacutedulo de gestatildeo ambiental utilizando recursos digitais online com uma abordagem centrada no aluno para promover o desenvolvimento metacognitivo durante as aulas

2 METODOLOGIA O desenvolvimento dessas atividades estaacute estruturado no modelo construtivista do aprendizado de ciecircncias quiacutemicas (Ferguson 2007) Foram selecionados dois artigos cientiacuteficos para contextualizar este moacutedulo relacionando conceitos baacutesicos de estruturas quiacutemicas de poluentes persistentes com as propriedades de interesse para o gestor ambiental como a coeficiente de particcedilatildeo octanolaacutegua (Kow) solubilidade bioconcentraccedilatildeo biomagnificaccedilatildeo e biodegradaccedilatildeo (Almeida et al 2007 Ghiselli e Jardim 2007) A relaccedilatildeo entre os grupos funcionais quiacutemicos em moleacuteculas de materiais polimeacutericos conhecidos foi explorada no laboratoacuterio quiacutemico (em trecircs periacuteodos de 3 h aula) com as demonstraccedilotildees do tingimento de poliacutemeros tecircxteis (Lister 1995) encapsulamento de pigmentos sinteacuteticos no alginato de caacutelcio (Harper e Nickels 2008) e obtenccedilatildeo do poliacutemero PVA-BORAX (Shakhashiri 1989) A introduccedilatildeo agraves estruturas de substacircncias apresentadas nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio e de uma seacuterie moleacuteculas simples foi auxiliado com o JAVA MOLECULAR EDITOR (JME) online acompanhado da geraccedilatildeo das estruturas

tridimensionais (Molinspiration 2015 Molecular networks 2015) em trecircs periacuteodos de 3 h Os valores de Kow foram obtidos para cada estrutura gerada usando o JME para introduccedilatildeo da informaccedilatildeo molecular online (Molinspiration 2012) Para acessar informaccedilotildees toxicoloacutegicas e de impacto ambiental de pares de estruturas semelhantes foi utilizado o banco de dados HSDB Informaccedilotildees detalhadas sobre o processo de biodegradaccedilatildeo de poluentes com estruturas simples foram coletadas no Biodegradation Data Base da Universidade de Minessota As ferramentas de avaliaccedilatildeo foram escolhidas para proporcionar a interaccedilatildeo construtiva entre os pares durante a atividade Assim sendo os alunos foram avaliados atraveacutes de testes de muacuteltipla escolha usando a estrateacutegia IFAT (DiBattista 2001) e a elaboraccedilatildeo de mapas conceituais 3 ATIVIDADES COM MATERIAIS

POLIMEacuteRICOS DO COTIDIANO Para auxiliar no reconhecimento da relaccedilatildeo entre estrutura e as interaccedilotildees quiacutemicas foram realizadas demonstraccedilotildees com amostras de poliacutemeros conhecidos como poliestireno algodatildeo latilde polieacutester e Lycra Na primeira etapa os alunos refletiram e discutiram por que etanol se mistura completamente com aacutegua mas o oacuteleo e o octanol natildeo se misturam do mesmo modo Com os desenhos das estruturas em matildeos os alunos foram conduzidos na identificaccedilatildeo das semelhanccedilas e diferenccedilas entre elas e como correlacionar com os fatos observados nas demonstraccedilotildees listadas na Tabela 1 Tabela 1 As atividades sobre grupos funcionais e interaccedilotildees quiacutemicas

Material Demonstraccedilatildeo

Poliester Interaccedilatildeo dos corantes tecircxteis vermelho e azul com os poliacutemeros tecircxteis e a relaccedilatildeo com os grupos funcionais

Latilde sinteacutetica (poliacriacutelico)

Algodatildeo (poliacutemero de celulose)

Lycra (86 de poliamida e 14

de elastano)

Capsulas de alginato de caacutelcio

Encapsulamento de corantes sinteacuteticos alimentiacutecios

Poliacutemero PVA com BORAX

A afinidade dos corantes alimentiacutecios pelos grupos R-

57

OH do poliacutemero

Foi possiacutevel observar que os corantes interagiram bem como os tecidos contendo grupos funcionais R-OH e R-NHRrsquo semelhantes aos dos corantes mas natildeo com o polieacutester que contem o grupo funcional R-O-(C=O)-R 4 ATIVIDADES COM MOLEacuteCULAS

ORGAcircNICAS POLUENTES O contato inicial com as estruturas quiacutemicas do etanol octanol fenantrolina aacutecido saliciacutelico e da fenolftaleiacutena se deu no momento de discussatildeo no laboratoacuterio quiacutemico sobre como prever a solubilidade em octanol ou em aacutegua atraveacutes da identificaccedilatildeo dos grupos polares e apolares em suas estruturas O ponto de partida para as discussotildees foram motivados com a leitura do texto sobre interferentes endoacutecrinos (Ghiselli e Jardim 2007) e com a ideia central sobre o experimento que simula a mobilidade de poluentes no solo (Almeida 2012) A fenantrolina e fenolfitaleina representam nesse experimento uma classe importante de poluentes persistentes os compostos poliaromaacuteticos No laboratoacuterio de informaacutetica os alunos foram introduzidos aos recursos online CORINA uma versatildeo demonstrativa da Molecular Networks e aos serviccedilos da Molinspiration As duas ferramentas possibilitaram a geraccedilatildeo de estruturas 3D a partir do JME (Fig 1) sendo que a Molispiration fornece entre outros paracircmetros os dados de miLogP (Fig 2) que equivale ao Kow discutido na leitura do artigo sobre interferentes endoacutecrinos

(a)

(b)

Figure 1 Resultados do Corina a) Interface do JME para o desenho das estruturas b) Estrutura 3D com

JMOL

(a)

(b) Figure 2 Resultado do Molinspiration (a) a interface do JME (b) propriedades da moleacutecula (ecircnfase do miLogP) Tabela 2 Correlaccedilatildeo entre as estruturas de compostos

ciacuteclicos com o paracircmetro Kow (miLogP) Composto quiacutemico Estrutura miLogP

Benzeno

1937

Tolueno

2386

135-Trimetilbenzeno

3211

Fenol

1458

135-Triidroxibenzeno

0428

Pentaclorofenol

482

Lindano

373

58 Para efeito de comparaccedilatildeo foi proposta a anaacutelise de estruturas anaacutelogas para identificar o efeito da natureza do grupo funcional sobre a hidrofobicidade do composto A Tabela 2 ilustra um exemplo de resultado Nesta fase os alunos modificaram os dados tendo como base as estruturas do artigo e as sugeridas durante a aula Dois exemplos de poluentes persistentes satildeo o pentaclorofenol e o lindano a pequena diferenccedila com a adiccedilatildeo do grupo funcional OH natildeo modificou muito o Kow como nos demais compostos apresentados o que pode ser relacionado com a possibilidade de haver mais interaccedilotildees hidrogecircnio no lindano um composto alifaacutetico do que no pentaclorofenol um composto aromaacutetico Os valores calculados de Kow para poluentes conhecidos podem ser comparados com os valores que estatildeo no banco de dados Hazardous Substance Data Base Ele reuacutene um conjunto completo de dados de toxicidade e de mobilidade ambiental para muitas substacircncias que podem ser utilizados para a elaboraccedilatildeo de FISPQs A atividade didaacutetica com este recurso implica na anaacutelise de dados de substacircncias toacutexicas conhecidas que possuem derivados com estrutura quiacutemica semelhante mas perfil toxicoloacutegico distinto Por exemplo o benzeno e o tolueno satildeo diferenciados apenas por grupo funcional metil (CH3) sendo o tolueno menos toacutexico que o benzeno (Fig 3)

(a)

(b)

Figura 3 Resultados da consulta ao HSDB indicando que (a) eacute uma substacircncia canceriacutegena confirmada

(b) substacircncia natildeo apresenta evidecircncias de ser canceriacutegena para humanos

Considerando que a biodegradaccedilatildeo eacute um criteacuterio presente na percepccedilatildeo popular sobre impacto ambiental o uso do Biodegradation Database foi incluiacutedo no exerciacutecio para promover o pensamento criacutetico sobre este

paracircmetro Um resultado interessante eacute obtido com o solvente diclrorometano pois ainda eacute muito utilizado em aplicaccedilotildees industriais (Fig 4) O fato experimental relacionado com o conceito de biodegradaccedilatildeo desta substacircncia indica que o produto formado no caso o formol eacute tatildeo toacutexico quanto o diclorometano (dado confirmado no HSDB) Portanto como princiacutepio para o uso do termo biodegradaccedilatildeo no contexto da quiacutemica verde deve ser destacado que os produtos deste processo devem ser inerentemente inoacutecuos

Figura 4 etapa do processo de biodegradaccedilatildeo do diclorometano 5 A NATUREZA METACOGNITIVA DAS

ATIVIDADES INTERATIVAS O uso das habilidades metacognitivas no estudo de um domiacutenio conceitualmente rico como o da quiacutemica pode facilitar o reconhecimento da natureza do conhecimento e no autocontrole da aprendizagem (Figura 5) Um aspecto metacognitivo intriacutenseco da quiacutemica eacute evidenciado nas explicaccedilotildees ou descriccedilotildees de observaccedilotildees experimentais correlacionadas com princiacutepios e conceitos atocircmico-moleculares (Dori e Kaberman 2009 Rickey e Stacey 2000) Um material de apoio com as estruturas dos poliacutemeros e dos pigmentos foi apresentado antes das demonstraccedilotildees assim como o princiacutepio de polaridade solubilidade hibrofobicidade e bioacumulaccedilatildeo com as definiccedilotildees de Ghiselli e Jardim (2007) Nas demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico os grupos trabalharam separadamente na tentativa de relacionar os conceitos baacutesicos sobre interaccedilatildeo intermolecular a partir das observaccedilotildees do resultado do tingimento dos diferentes poliacutemeros do encapsulamento de iacuteons caacutelcio com o alginato de soacutedio na presenccedila do corante alimentiacutecio e na separaccedilatildeo de fases da mistura pigmento-octanol-H2O Em seguida os representantes de cada grupo apresentaram oralmente suas explicaccedilotildees Durante a demonstraccedilatildeo do encapsulamento dos iacuteons caacutelcio na presenccedila de corantes sinteacuteticos no alginato de soacutedio houve a elaboraccedilatildeo de hipoacuteteses pertinentes sobre o possiacutevel uso do princiacutepio do encapsulamento para a remoccedilatildeo de poluentes dispersos no ambiente

59

Figura 5 Componentes do aprendizado segundo os modelos de Flavell (1979) e Jong e Ferguson-Hessler (1996) No laboratoacuterio de informaacutetica o aspecto do controle metacognitivo foi evidenciado atraveacutes das decisotildees centradas nos alunos envolvendo a seleccedilatildeo de moleacuteculas dos artigos para a construccedilatildeo das estruturas com o JME e o caacutelculo comparativo do Kow Apoacutes a obtenccedilatildeo dos resultados da demonstraccedilatildeo os alunos explicaram oralmente a relaccedilatildeo entre os valores tabelados com a polaridade a hidrofobicidade a natureza dos grupos funcionais e a tendecircncia da moleacutecula ser bioacumulada em tecidos de organismos vivos ou lixiviada no solo As correccedilotildees foram feitas com auxiacutelio docente e de colegas do grupo que dominaram com facilidade os conceitos Foi observada a colaboraccedilatildeo espontacircnea entre os grupos para o aprendizado de recursos online adicionais que possibilitaram a compreensatildeo dos textos em idioma estrangeiro houve tambeacutem iniciativa por parte de um dos alunos para o uso do conhecimento obtido para a elaboraccedilatildeo de um exerciacutecio criativo durante a aula a saber a composiccedilatildeo de uma FISPQ para uma substacircncia utilizada como defensivo agriacutecola na rotina de trabalho e que foi identificada no banco de dados do HSDB No final das atividades com os recursos online os alunos expressaram por escrito ou oralmente o significado e a importacircncia do acesso agraves ferramentas apresentadas para a interpretaccedilatildeo de dados no local de trabalho e no curso de gestatildeo ambiental 6 IFAT E ELABORACcedilAtildeO DE MAPA

CONCEITUAL COMO AVALIACcedilOtildeES INTERATIVAS

Visando manter a interatividade nas atividades em grupo durante o processo de aprendizado a avaliaccedilatildeo final proposta foi composta por dois recursos a) uso da teacutecnica IFAT para questotildees de muacuteltipla escolha b) o mapa conceitual As duas estrateacutegias motivaram discussotildees construtivas sendo que os mapas conceituais serviram como autoavaliaccedilatildeo (observaccedilatildeo dos comentaacuterios participantes da atividade) e trouxeram novos significados para os conceitos estudados Segundo Daley (2002) o uso adequado de mapas conceituais pode

auxiliar estudantes adultos no desenvolvimento de habilidades metacognitivas Para a maior parte dos alunos a elaboraccedilatildeo do mapa conceitual significativo exigiu tempo extra fora sala de aula Inicialmente foi apresentada uma versatildeo elaborada com auxilio docente que serviu como modelo para a versatildeo final Foram distribuiacutedos 32 conceitos extraiacutedos das aulas demonstrativas no laboratoacuterio quiacutemico nos artigos estudados e nas estruturas construiacutedas no laboratoacuterio de informaacutetica Foram selecionados no miacutenimo 20 desses conceitos os alunos propuseram relaccedilotildees entre os conceitos com apoio docente resultando em um mapa conceitual por equipe A teacutecnica IFAT por ser interativa e de muacuteltipla escolha pode ser relacionada com a atividade metacognitiva descrita por Rickey e Stacey (2000) como ldquoteste conceitualrdquo As duas avaliaccedilotildees com a estrateacutegia IFAT foram realizadas em grupo e os alunos procuraram argumentar explicar e demonstrar o que sabiam Devido agrave natureza reflexiva da IFAT tais atividades de avaliaccedilatildeo podem contribuir para o processo de aprender a aprender CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS E PERSPECTIVAS Os conceitos fatos e princiacutepios baacutesicos de quiacutemica que permitem prever o impacto ambiental foram introduzidos e vivenciados atraveacutes das atividades interativas que permitiram os participantes do curso de extensatildeo realizar demonstraccedilotildees no laboratoacuterio quiacutemico e no laboratoacuterio de informaacutetica relacionadas com o caraacuteter hidrofoacutebico das moleacuteculas e relacionar com os grupos funcionais nas estruturas quiacutemicas Os alunos aprenderam a utilizar ferramentas online que auxiliam na interpretaccedilatildeo do conceito de biodegradaccedilatildeo e fornecem dados toxicoloacutegicos e ecotoxicoloacutegicos para a elaboraccedilatildeo de FISPQs Foi reconhecido durante as aulas que esses recursos satildeo uacuteteis para o profissional responsaacutevel pelo controle da poluiccedilatildeo redaccedilatildeo de laudos teacutecnicos e interpretaccedilatildeo de dados sobre poluentes persistentes intencionais e natildeo intencionais As atividades interativas tornaram as aulas dinacircmicas tendo o aluno no centro do processo o que facilitou o aprendizado O bom rendimento nas avaliaccedilotildees refletiu o alto niacutevel de motivaccedilatildeo do grupo aleacutem do domiacutenio dos conceitos baacutesicos sobre estrutura quiacutemica dos poluentes e hidrofobicidade Parte do material deste moacutedulo foi gerada durante as atividades devido agraves mudanccedilas de estrateacutegias com base nos resultados das aulas anteriores Assim sendo para o proacuteximo moacutedulo o material introdutoacuterio sobre os recursos online poderaacute ser entregue antes da atividade no laboratoacuterio de informaacutetica para facilitar o uso das ferramentas online que natildeo estatildeo disponiacuteveis em Portuguecircs Como atividade interativa sugestiva um experimento de anaacutelise espectrofotomeacutetrica seria adequado para demonstrar como a medida do coeficiente Kow eacute realizada em um laboratoacuterio quiacutemico

60 AGRADECIMENTOS A Direccedilatildeo da FACCAMP a Coordenaccedilatildeo do Curso de Gestatildeo Ambiental e aos alunos participantes do curso de extensatildeo nos moacutedulos de 2011e 2012 REFEREcircNCIAS ALMEIDA F V CENTENO A J BISINOTI M C JARDIM W F (2007) Substacircncias Toacutexicas Persistentes (STP) no Brasil Quiacutemica Nova 30 1976 ALMEIDA V L LOPES J C D OLIVEIRA S R e DONNICI C L MONTANARI C A (2010) Estudos de relaccedilotildees estrutura-atividade quantitativas (QSAR) de bis-benzamidinas com atividade antifuacutengica Quiacutemica Nova 33 1482

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AVALIACcedilAtildeO DAS PROPRIEDADES FIacuteSICO-QUIacuteMICAS DE MOLEacuteCULAS ENVOLVIDAS NA DISCIPLINA DE TRANSFORMACcedilOtildeES

Lisete Maria Luiz Fischer Michelle S Liberato Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

lmfischerfaccampbr

RESUMO Com base nos estudos realizados na disciplina de Transformaccedilotildees Quiacutemicas os alunos do primeiro semestre do ano letivo de 2014 iniciaram pesquisas sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos bem como meacutetodos de obtenccedilatildeo Os resultados destes trabalhos foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados na instituiccedilatildeo aos alunos e docentes Em particular dois trabalhos baseados nos compostos de clorofila e porfirina foram selecionados em funccedilatildeo da similaridade da pesquisa e metodologia experimental empregada Para isso os alunos empregaram metodologias de extraccedilatildeo a partir de amostras vegetais in natura sendo possiacutevel a obtenccedilatildeo dos compostos de forma isolada Em linhas gerais o objetivo deste trabalho eacute contribuir com meacutetodos de ensino e aprendizagem baseados nos fundamentos da disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas bem como a importacircncia da pesquisa e divulgaccedilatildeo de resultados uma vez que estatildeo relacionados ao Projeto Pedagoacutegico Institucional (PDI) vigente na instituiccedilatildeo que destaca ao aluno a capacitaccedilatildeo profissional bem como iniciativas cientificas e atividade intelectual Palavras chave Propriedades fiacutesico-quiacutemico porfirina clorofila e transformaccedilotildees quiacutemicas ABSTRACT Based on studies in the discipline of chemical transformations students of the first semester of the school year 2014 started researches about the physicochemical properties of different compounds and obtaining methods The results of this work were published in the form of panels and presented in the institution to students and faculty In particular two works chlorophyll and porphyrin compounds were selected based on the similarity of research and experimental methodology For this the students realized the extraction of the pigments from compounds In general the objective of this work is to contribute to teaching and learning and methods based on the fundamentals of the discipline of chemical transformations as well as the importance of research

and dissemination of results since they are related to the Institutional Education Program (IEP) current in the institution which highlights the student to professional training scientific initiatives and intellectual activity Keywords Physicochemical properties porphyrin chlorophyll and chemical transformations 1 INTRODUCcedilAtildeO A disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas vem sendo ofertada para alunos ativos do curso de bacharelado em quiacutemica do primeiro periacuteodo Dentre os principais objetivos da disciplina estaacute em fornecer os fundamentos baacutesicos da quiacutemica e compreensatildeo de fenocircmenos fiacutesico-quiacutemicos e propriedades estruturais Durante a disciplina de os alunos se envolveram no projeto de pesquisa baseados no estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas de diferentes compostos Assim os alunos escolheram os toacutepicos e dividiram os grupos Pesquisas em livros e artigos cientiacuteficos foram realizadas de forma a obter informaccedilotildees relevantes sobre as propriedades dos compostos e meacutetodos experimentais de obtenccedilatildeo A parte experimental foi conduzida no laboratoacuterio e os professores da disciplina contribuiacuteram nas pesquisas e construccedilatildeo dos paineacuteis A Tabela 1 apresenta os compostos selecionados pelos alunos e propriedades estudadas

63 Tabela 1 Relaccedilatildeo dos compostos e propriedades investigadas

Compostos Propriedades investigadas

Acetato de etila Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Aacutecido cloriacutedrico Fiacutesico-quiacutemicas

Biodisel Separaccedilatildeo

Cloreto de Ceacutesio

Fiacutesico-quiacutemicas

Clorofila Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Glicose Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Porfirina Estruturais separaccedilatildeo e fiacutesico-quiacutemicas

Poliuretano Estruturais e fiacutesico-quiacutemicas

Notam-se que os trabalhos envolveram basicamente o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais No entanto os compostos clorofila e porfirina foram escolhidos para divulgaccedilatildeo dos resultados no WEA pois apresentam particularidades voltadas a pigmentaccedilatildeo Ainda os paineacuteis envolveram detalhes relacionados aos meacutetodos experimentais propriedades fiacutesico-quiacutemicas e pesquisas voltadas a obtenccedilatildeo e separaccedilatildeo dos compostos

Clorofila A clorofila eacute um pigmento facilmente encontrado nas plantas com funccedilatildeo fundamental na fotossiacutentese e ainda responsaacutevel pela coloraccedilatildeo verde Notam-se dois tipos de estruturas quiacutemicas para a clorofila que diferem em relaccedilatildeo agraves proporccedilotildees encontradas na natureza A clorofila ldquoardquo eacute a estrutura mais abundante sendo encontrada juntamente com a clorofila ldquobrdquo em uma razatildeo 31 respectivamente Figura 11 As clorofilas satildeo moleacuteculas formadas por complexos derivados das porfirinas sendo uma classe de moleacuteculas orgacircnicas formadas por quatro aneacuteis pirroacutelicos ligados por ligaccedilotildees metiacutenicas (-CH-) sendo o quinto anel exociacuteclico No centro do anel haacute um iacuteon de Mg2+ coordenado por quatro aacutetomos de Nitrogecircnio As clorofilas ldquoardquo e ldquobrdquo satildeo encontradas quase sempre em conjunto sendo a clorofila ldquoardquo mais abundante e a mais importante pois corresponde a 75 dos pigmentos verdes encontrados nos vegetais A clorofila ldquobrdquo difere da clorofila ldquoardquo mediante a variaccedilatildeo na substituiccedilatildeo no anel pirroacutelico II2

Figura 1 Estrutura das clorofilas a e b2

Porfirinas As porfirinas satildeo pigmentos que podem ser extraiacutedos das plantas e pertencem a um grupo de substacircncias responsaacuteveis pelos processos bioquiacutemicos naturais que ocorrem no sistema bioloacutegico Tal composto pode ser encontrado na hemoglobina mioglobina e na clorofila sendo estes relacionados ao transporte e armazenamento de oxigecircnio e processos de fotossiacutentese3 A Figura 2 apresenta as duas formas estruturais para a moleacutecula de porfirina

a) b) Figura 2 Estrutura quiacutemica das porfirinas a) moleacutecula de cadeia fechada e b) moleacutecula de cadeia aberta3 2 OBJETIVO A pesquisa tem como objetivo o estudo das propriedades fiacutesico-quiacutemicas e estruturais de compostos inorgacircnicos e orgacircnicos visto na disciplina de transformaccedilotildees quiacutemicas Com base nos fundamentos quiacutemicos metodologias experimentais de extraccedilatildeo foram propostas para os compostos de porfirina e clorofila A pesquisa parte experimental e resultados foram divulgados na forma de paineacuteis visando o planejamento estrateacutegico e a formaccedilatildeo acadecircmica dos alunos

3 MATERIAIS E MEacuteTODOS

Os materiais foram analisados extraiacutedos e caracterizados no laboratoacuterio didaacutetico nas instalaccedilotildees da Faculdade Campo Limpo Paulista FACCAMP Os

64 reagentes utilizados nos experimentos foram de pureza analiacutetica e adquiridos da empresa Lafan

Clorofila A obtenccedilatildeo da clorofila foi realizada mediante o processo de extraccedilatildeo soacutelido-liquido baseado na maceraccedilatildeo de folhas de aacutervores em meio de soluccedilatildeo alcooacutelica (etanol) com posterior filtraccedilatildeo O substrato foi concentrado com auxiacutelio de um rotoevaporador para a retirada do solvente O produto foi conduzido a forma de poacute apoacutes a secagem em estufa Os experimentos foram conduzidos conforme Figura 3

Figura 3 Obtenccedilatildeo da clorofila

Porfirina A extraccedilatildeo do pigmento porfirina foi realizada a partir de folhas de espinafre e beterraba Para isso foi necessaacuterio a preparaccedilatildeo de dois experimentos distintos baseados no maceramento dos vegetais e diluiccedilatildeo em etanol A separaccedilatildeo foi efetuada em coluna cromatograacutefica preparada manualmente no laboratoacuterio sendo a aacutegua empregada como fase moacutevel Os experimentos foram elaborados conforme Figura 4 4

Experimento com o espinafre

Experimento com a beterraba

Figura 4 Obtenccedilatildeo da porfirina

4 RESULTADOS Clorofila

O meacutetodo de extraccedilatildeo empregado forneceu a clorofila na forma combinada ldquoardquo e ldquobrdquo respectivamente O ponto de fusatildeo foi determinado com o auxiacutelio de um termocircmetro em 295degC em condiccedilotildees

padrotildees de temperatura e pressatildeo Entretanto natildeo foi possiacutevel determinar o ponto de ebuliccedilatildeo uma vez que ocorreu a degradaccedilatildeo total do composto Porfirina

A extraccedilatildeo dos pigmentos baseados em folhas de espinafre mostrou-se satisfatoacuteria sendo facilmente separado por cromatografia No entanto a extraccedilatildeo a partir de folhas de beterraba mostrou-se ineficiente sem arraste do pigmento Por fim foram investigadas as propriedades fotossensiacuteveis para este composto sendo avaliado o processo de degradaccedilatildeo por alguns dias Os resultados corroboram com a literatura indicando a instabilidade dessas moleacuteculas

CONCLUSAtildeO Os resultados mostraram-se satisfatoacuterios para

ambos os meacutetodos de extraccedilatildeo empregados com obtenccedilatildeo dos compostos de clorofila e porfirina Com os produtos de siacutentese foi possiacutevel o estudo das propriedades teacutermicas relacionadas ao ponto de fusatildeo para o composto clorofila e estudo de sensibilidade agrave luz para a porfirina Com os resultados experimentais e estudo teoacuterico associado agrave disciplina de transformaccedilotildees foi possiacutevel a elaboraccedilatildeo de dois paineacuteis contendo tais informaccedilotildees para divulgaccedilatildeo na instituiccedilatildeo Cabe ressaltar que os resultados das pesquisas realizadas para os oito compostos listados na Tabela 1 foram divulgados na forma de paineacuteis e apresentados aos alunos e docentes da instituiccedilatildeo de ensino de forma a contribuir com a importacircncia da pesquisa processos de aprendizagem e planejamento

5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

MOREIRA L M RODRIGUES M i R OLIVEIRA H P M d LIMA A SOARES R R S BATISTELA V R GEROLA A P HIOKA N SEVERINO D BAPTISTA M S MACHADO A n E d H Influecircncia de diferentes sistemas de solvente aacutegua-etanol sobre as propriedades fiacutesico-quiacutemicas e espectroscoacutepicas dos compostos macrocliacuteclicos feofitina e clorofila Quiacutemica Nova (2010) 33 258-262 MAESTRIN A P J Neri C R OLIVEIRA K T d SERRA O A IAMAMOTO Y Extraccedilatildeo e purificaccedilatildeo de clorofila a da alga Spirulina maxima um experimento para os cursos de quiacutemica Quiacutemica Nova (2009) 32 1670-1672 KAMANOVA T V GROMOVA T V BEREZIN B D SEMEIKIN A S SYRBU S A Structure and Physicochemical Properties of Substituted Porphyrins Russian Journal of General Chemistry (2001) 71 803-808

65

CUIDADOS COM A VOZ INSTRUMENTO DE TRABALHO DOS PROFESSORES TEacuteCNICAS DE AQUECIMENTO

Tamy Cristina Pisck Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

piscktamygmailcom

Lisete Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 jd Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

lmfischerfaccampcombr

RESUMO O presente artigo tem como objetivo uma proposta de teacutecnicas para os cuidados com a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo bem como da postura corporal envolvendo exerciacutecios de alongamento massagem facial respiraccedilatildeo e aquecimento vocal diminuindo as dores causadas pelo uso excessivo do aparelho fonador de maneira incorreta Palavras chave Postura corporal voz respiraccedilatildeo ABSTRACT This article aims at proposed techniques for healthcare vocal education professionals as well as the body posture involving stretching exercises facial massage breathing and vocal warm reducing the pain caused by overuse vocal tract incorrectly Keywords Body posture voice breath INTRODUCcedilAtildeO A voz eacute considerada o principal instrumento de trabalho de profissionais da educaccedilatildeo pois eacute o meio mais utilizado para transmissatildeo de conhecimento Natildeo se pode deixar de lado a importacircncia da entonaccedilatildeo da voz mantendo os aspectos de ressonacircncia frequecircncia intensidade articulaccedilatildeo ritmo e velocidade de fala ecircnfase e uso adequado de pausas para eficiecircncia na transmissatildeo do conteuacutedo proposto bem como a postura corporal e os sentimentos envolvidos (OLIVEIRA 2012) Cada vez mais a profissatildeo exige um esforccedilo maior natildeo soacute das pregas vocais como tambeacutem do corpo e a mente onde se concentra a energia necessaacuteria para completar as longas jornadas de trabalho (SILVERIO GONCcedilALVEZ PENTEADO VIEIRA LIBARDI e ROSSI 2008) Este artigo tem como foco a sauacutede vocal dos profissionais da educaccedilatildeo a fim de possibilitar qualidade no ensino apresentando teacutecnicas para se alcanccedilar qualidade vocal

POSTURA CORPORAL O primeiro passo para alcanccedilar uma qualidade vocal significativa estaacute relacionado agrave postura corporal pois o corpo estaacute diretamente ligado a voz como uma engrenagem de um maquinaacuterio que precisa da localizaccedilatildeo e funcionamento correto de todas as peccedilas (MELLO SILVA 2008) A diferenccedila de postura corporal adotada por muitos estaacute representada na figura 1 Pode-se observar que a postura erecta deve ser mantida

Figura 1 Correccedilatildeo da postura corporal matildeo com sinal

positivo indica postura adequada e matildeo com sinal negativo indica postura inadequada

Fonte GOUVEIA 2013 O corpo deve estar em posiccedilatildeo confortaacutevel com os peacutes paralelos com os joelhos levemente flexionados a cabeccedila deve estar em posiccedilatildeo vertical e a coluna encaixada com o quadril braccedilos e ombros relaxados Essa postura tambeacutem eacute conhecida como ldquopostura de cantorrdquo pois eacute o ponto de equiliacutebrio do corpo onde os oacutergatildeos internos estatildeo encaixados de maneira a proporcionar o funcionamento adequado do diafragma (SOUZA 2008) Eacute extremamente importante ter consciecircncia do seu proacuteprio corpo e sempre que notar a maacute postura durante o dia lembrar-se de corrigi-la

66 Outros pontos devem ser tambeacutem considerados tais como ao caminhar dirigir o olhar sempre para frente manter o queixo paralelo ao chatildeo e o quadril inclinado ligeiramente seu para frente (PINHEIRO 2013) Segundo Patriacutecia Antoniazi e Flaacutevia Campos Geronimo a postura pode ser definida como a posiccedilatildeo do corpo no espaccedilo bem como a relaccedilatildeo direta de suas partes corporais com a linha do centro da gravidade Para que tenhamos uma postura correta eacute necessaacuteria integridade do sistema musculoesqueleacutetico Caso uma curvatura se altere aumente ou diminua a postura eacute modificada e os muacutesculos e articulaccedilotildees respondem a este processo gerando dor deformidades incapacidade cansaccedilo fiacutesico restriccedilatildeo da funccedilatildeo respiratoacuteria e aumento do consumo de energia para manutenccedilatildeo da postura em peacute (ANTONIAZE GERONIMO 2012) 3 EXERCIacuteCIOS DE AQUECIMENTO Em 1995 PROKOP enfatizou que os exerciacutecios de aquecimento devem ser divididos em quatro etapas exerciacutecios corporais massagem facial exerciacutecios respiratoacuterios e exerciacutecios vocais (SCARPEL 1999) Exerciacutecios corporais O alongamento eacute de extrema importacircncia para o relaxamento de muacutesculos relacionados direta e indiretamente na produccedilatildeo do som A figura 2 apresenta uma seacuterie de 12 exerciacutecios praacuteticos de alongamento corporal que podem ser realizados em casa em um campo praccedila ou ateacute mesmo em seu local de trabalho ou seja em qualquer lugar onde a pessoa se sinta confortaacutevel para realizaacute-los Os movimentos de alongamento devem ser feitos ateacute sentir uma tensatildeo no muacutesculo a partir deste momento relaxe e sustente por trinta (30) a quarenta (40) segundos Exerciacutecio I coloque as matildeos sobre a nuca e pressione a cabeccedila para baixo Exerciacutecio II puxe a cabeccedila com uma das matildeos ateacute sentir uma leve pressatildeo na lateral do pescoccedilo Exerciacutecio III faccedila um movimento giratoacuterio com a cabeccedila primeiro sentido horaacuterio e depois sentido anti-horaacuterio Exerciacutecio IV com as pernas paralelas e semiflexionadas pressione o cotovelo em direccedilatildeo ao corpo Exerciacutecio V leve o braccedilo flexionado para traacutes da cabeccedila e com a outra matildeo puxe levemente para o outro lado Exerciacutecio VI com os joelhos semiflexionados e uma das matildeos na cintura levante a outra matildeo para cima e incline-se para a lateral Exerciacutecio VII mantenha as pernas bem afastadas e a ponta dos peacutes apontando para fora e desccedila o tronco para um dos lados ateacute sentir uma leve tensatildeo na parte de traacutes da coxa Exerciacutecio VIII Mantenha as matildeos apoiadas no solo e a musculatura do joelho semiflexionada levando o abdocircmen ateacute as coxas Exerciacutecio IX deixe a parte de cima neutra e o tronco ereto Flexione um pouco a perna da frente e deixe a de traacutes estendida com o calcanhar no solo Exerciacutecio X estique os braccedilos seguindo a linha do tronco Mantenha o abdocircmen levemente contraiacutedo e os joelhos destravados Exerciacutecio XI Mantenha o tronco ereto e o abdocircmen levemente contraiacutedo Leve um peacute para traacutes ateacute encostar no gluacuteteo Flexione levemente a perna de apoio Exerciacutecio XII mantenha-se com os peacutes paralelos

na abertura do quadril Avance uma perna para frente flexionando o joelho e descendo o quadril ateacute formar um acircngulo de noventa graus (90ordm) com a perna que foi a frente Faccedila os movimentos indicados tambeacutem com a outra parte do corpo (ROSE 2013)

Figura 2 Exerciacutecios de alongamento e relaxamento muscular

Fonte ROSE 2013 Massagem facial

A massagem facial ajuda no desempenho do canto da fala e da concentraccedilatildeo pois atua como relaxante muscular para a face principalmente na regiatildeo frontal temporal nasal e orbitaacuteria labial etc A massagem deve ser feita com as pontas dos dedos das matildeos em movimentos circulares Ela provoca uma sensaccedilatildeo de relaxamento e aliacutevio da tensatildeo acumulada nas regiotildees da face como indicadas na figura 3 numeradas da seguinte forma 1- frontal 2- orbitaacuteria 3- parietal 4- nasal 5- malar 6- zigomaacutetica 7- temporal 8- auricular 9- mastoidea 10- occipital 11- labial 12- bucinadora 13- messeteria 14- mentoniana 15- supra hioidea 16- carcodiana 17- supraclavicular 18- nuca 19- infra-hioacuteidea Outro exerciacutecio que provoca um relaxamento facial significativo eacute fazer caretas para alongar todas as regiotildees da face (PETKOVA 1989)

67

Figura 3 Regiotildees da face numeradas

Fonte GALVAtildeO 2000

Exerciacutecios respiratoacuterios Todo ser humano nasce com a capacidade da respiraccedilatildeo correta sem esforccedilos Por exemplo ao observar um bebecirc dormindo percebemos que ao inspirar o ar ocorre a expansatildeo do abdocircmen e quando o ar eacute expirado ocorre a contraccedilatildeo do abdocircmen assim como representado na figura 4 ocorrendo simultaneamente o deslocamento para baixo e para cima do diafragma como representado na figura 5 Mas a maioria dos adultos perde essa capacidade de respiraccedilatildeo e acaba ocorrendo inversatildeo do processo o que resulta no prejuiacutezo da respiraccedilatildeo muitas vezes isso ocorre por causa da correria e do estresse do dia a dia (OLIVEIRA 2000)

Figura 4 Processo de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo

Fonte NCS 2012

Figura 5 Movimentaccedilatildeo do diafragma no processo de

inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo Fonte WITEK 2013

Alguns exerciacutecios como encher e esvaziar bexigas pode ajudar na recuperaccedilatildeo do modo correto da respiraccedilatildeo mantendo-se sempre em postura adequada durante os exerciacutecios (OLIVEIRA 2000) Outro exerciacutecio tambeacutem eficaz envolvendo a respiraccedilatildeo envolve o seguinte procedimento apoacutes a inspiraccedilatildeo do ar fazer o processo de expiraccedilatildeo com movimentos controlados com diferentes sons siiiiii chiiiii fuuuu haaa controlando a pausa entre os exerciacutecios e tambeacutem o ritmo utilizado Tomando o devido cuidado para que natildeo ocorra a respiraccedilatildeo reversa ou entatildeo na parte superior do toacuterax conhecida como ldquorespiraccedilatildeo altardquo ou entatildeo ldquorespiraccedilatildeo subclavicularrdquo que infelizmente requer um esforccedila maior para uma entrada miacutenima de ar(WITEK 2013)

Exerciacutecios vocais

Os exerciacutecios vocais ajudam a manter a sauacutede das pregas vocais assim como antes de realizar alguma atividade fiacutesica precisamos fazer um aquecimento corporal para natildeo causar lesotildees aos muacutesculos envolvidos na seacuterie de exerciacutecios fiacutesicos o aquecimento vocal eacute de extrema importacircncia para natildeo ocasionar lesotildees agraves cartilagens articulaccedilotildees e muacutesculos que envolvem a laringe importante componente para a produccedilatildeo dos sons (MOLINARI 2004) Natildeo soacute a laringe que possui nove muacutesculos participa da formaccedilatildeo dos sons mas tambeacutem os pulmotildees o tubo ressonador que modifica o som e amplia a faringe a boca e o nariz (ANTONIAZE GERONOMO 2012) Alguns exerciacutecios simples e que podem ser realizados minutos antes de uma atividade que exija mais

68 da voz ajudam ao professor ou cantor a natildeo sentir dores ao final da atividade Dicas para exerciacutecios vocais i) fazer sons vibrantes com a liacutengua ii) som nasal iii) palavras e frases elevando a intensidade iv) projeccedilatildeo vocal com as vogais A E I O U v) trava liacutengua e frases complicadas vi) espreguiccedilar e bocejar vii) uso de consoantes diferenciadas para melhorar a articulaccedilatildeo e a dicccedilatildeo (pbdtmnzs) (AYDOS HANAYAMA 2004)

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS A sauacutede vocal natildeo depende somente dos exerciacutecios de aquecimento do aparelho fonador depende de uma seacuterie de exerciacutecios que envolvem o corpo e a concentraccedilatildeo Estes exerciacutecios podem ser realizados pelos professores individualmente ou em grupo minutos antes de comeccedilar sua jornada de trabalho diaacuterio accedilotildees simples mas de extrema importacircncia prolongam a sauacutede das pregas vocais e proporcionam uma melhor qualidade de vida aos profissionais 5 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS ANTONIAZE Patriacutecia GERONIMO Flaacutevia Campos Corpo e voz aprenda como usaacute-los 2012 AYDOS Bianca HANAYAMA Eliana Midori Teacutecnicas de aquecimento vocal utilizada por professores de teatro Ver CEFAC Satildeo Paulo 2004 GALVAtildeO Malthus Fonseca Regiotildees do corpo humano Universidade de Brasiacutelia Faculdade de medicina 2000 GOUVEIA Hermano Postura corporal correta Your Ftiness Coach 2013 MELLO Enio Lopes SILVA Marta Assumpccedilatildeo de Andrada Corpo do cantor e preparaccedilatildeo fiacutesica Revista CEFAC Satildeo Paulo 2008 MOLINARI Paula Maria Aristides de Oliveira A materialidade da voz dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Catoacutelica de Satildeo Paulo 2004 NCS Benefiacutecios do Exerciacutecio Respiratoacuterio e TMI (Treinamento da Musculatura Inspiratoacuteria) Inspirando sauacutede expirando qualidade 2012 OLIVEIRA Mayra Carvalho Diversas teacutecnicas de respiraccedilatildeo para o canto Monografia ndash Curso de Especializaccedilatildeo em Fonoaudiologia Cliacutenica ndash CEFAC 2000 OLIVEIRA Mocircnica Pereira Refletindo acerca da voz do professor e da necessidade de um planejamento especiacutefico para sua aplicabilidade em sala de aula Revista eletrocircnica de educaccedilatildeo da Faculdade de Araguaia 2012

PETKOVA Marguerite Ginaacutestica facial isomeacutetrica Mantenha a juventude de seu rosto 1989 PINHEIRO Marcelle Dicas para alcanccedilar a postura correta Tua sauacutede nutriccedilatildeo e bem estar 2013 ROSE Lily Benefiacutecios do alongamento Doutiacutessima Sauacutede e bem-estar 2013 SCARPEL Renata DrsquoArc Aquecimento e desaquecimento vocal no cantor Monografia- Especializaccedilatildeo- fonoaudiologia ndash Cursos de Especializaccedilatildeo em fonoaudiologia cliacutenica ndash CEFAC Salvador 1999 SILVERIO Kelly Cristina Alvez GONCcedilALVEZ Claudia Giglio de Oliveira PENTEADO Regina Zanella VIEIRA Taiacutes Pichirilli Guilherme LIBARDI Aline ROSSI Daniele Accedilotildees em sauacutede vocal proposta de melhoria do perfil vocal de professores Proacute-Fono Revista de Atualizaccedilatildeo Cientiacutefica 2008 SOUZA Denize Pimentel Diniz Estudo da fonaccedilatildeo e da respiraccedilatildeo com apoio abdominal expandido e contraiacutedo em cantores liacutericos Dissertaccedilatildeo de mestrado Universidade Tuiuti do Paranaacute 2008 WITEK Nicole Porque o homem e a mulher respiram de modo diferente Vya Estelar Yoga 2013

69

DEMONSTRACcedilAtildeO DA EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO INDEPENDENTE DA CORRENTE ELEacuteTRICA E SUA COMPROVACcedilAtildeO EXPERIMENTAL COM IacuteMAtildeS DE NEODIacuteMIO (Nd2Fe14B)

Kleberson Diego de Castro Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

kleberson_metalhotmailcom

Prof M Sc Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste artigo apresentamos um meacutetodo experimental relativamente simples para a determinaccedilatildeo de campo magneacutetico nos iacutematildes permanentes de neodiacutemio Realizamos um experimento em que medimos a forccedila de atraccedilatildeo do imatilde permanente sobre um objeto metaacutelico preso por um dinamocircmetro calibrado Nossos resultados experimentais confirmaram nosso modelo matemaacutetico cuja equaccedilatildeo natildeo depende da corrente eleacutetrica como mostra a grande maioria das publicaccedilotildees sobre o assunto Este modelo matemaacutetico relaciona a intensidade do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia O modelo foi obtido atraveacutes de um procedimento de substituiccedilatildeo de variaacuteveis iniciando a partir da equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica Nela associamos os conceitos claacutessicos de velocidade e de corrente eleacutetrica considerando esfeacuterico o formato do iacutematilde A estrutura experimental e os ensaios foram realizados no laboratoacuterio de Fiacutesica e com materiais da FACCAMP Os experimentos foram de baixo custo e podem ser reproduzidos com alunos de vaacuterias faixas de formaccedilatildeo em qualquer escola brasileira

Palavras chave Iacutematildes neodiacutemio campo magneacutetico ABSTRACT This paper presents an experimental method relatively simple to determine magnetic field in the permanent neodymium magnets We conducted an experiment in which we measured the attractive force of the permanent magnet over a metal object stuck by a calibrated dynamometer Our experimental results confirmed our mathematical model whose equation is independent of the electric current as shown in the vast majority of publications on the subject This mathematical model relates the magnetic field strength versus distance The model was obtained by a variable replacement procedure starting from the classical equation of the magnetic force In this model we associated

the concepts classic speed and electric current considering the spherical magnet format The structure and experimental tests were performed in the laboratory of FACCAMP using its materials The experiments were inexpensive and can be played with students of various banding in any Brazilian school Keywords Magnets neodymium magnetic field 1 INTRODUCcedilAtildeO

Segundo o autor Griffiths em seu livro Introduction to Electrodynamics de 1999 o magnetismo eacute uma forccedila gerada na mateacuteria pelo movimento de eleacutetrons dentro de seus aacutetomos Tanto o magnetismo e eletricidade representam diferentes aspectos da forccedila do eletromagnetismo que eacute uma parte da forccedila eletrofraca fundamental da natureza A regiatildeo no espaccedilo que eacute penetrada pelas linhas imaginaacuterias de forccedila magneacutetica descreve um campo magneacutetico A forccedila do campo magneacutetico eacute determinada pelo nuacutemero de linhas de forccedila por unidade de aacuterea de espaccedilo Os campos magneacuteticos satildeo criados em grande escala quer pela passagem de uma corrente eleacutetrica atraveacutes de metais magneacuteticos ou por materiais magnetizados chamados iacutematildes Os metais de ferro cobalto niacutequel e suas soluccedilotildees soacutelidas ou ligas metaacutelicas com elementos relacionados acima satildeo materiais tiacutepicos que respondem fortemente a campos magneacuteticos Ao contraacuterio do campo gravitacional que eacute uma forccedila fundamental onipresente o campo magneacutetico dentro de um corpo magnetizado como um iacutematilde de barra eacute polarizado isto eacute o campo eacute mais forte e de sinais opostos nas duas extremidades ou poacutelos do iacutematilde Histoacuteria do Magnetismo

Segundo o autor William Whewell em seu livro History of the Inductive Sciences de 2010 a histoacuteria do magnetismo remonta ao iniacutecio de 600 aC mas eacute apenas no seacuteculo XX que os cientistas comeccedilaram a compreender e desenvolver tecnologias com base nesta compreensatildeo Magnetismo foi mais provavelmente observada pela

70 primeira vez sob uma forma de magnetite mineral chamado magnetita que consiste em oacutexido de ferro um composto quiacutemico de ferro e oxigecircnio Os antigos gregos foram os primeiros conhecidos por terem usado este mineral que eles chamaram de um iacutematilde por causa de sua capacidade de atrair outras peccedilas do mesmo material e ferro

O inglecircs William Gilbert (1540-1603) foi o primeiro a investigar o fenocircmeno do magnetismo utilizando sistematicamente meacutetodos cientiacuteficos Ele tambeacutem descobriu que a Terra eacute em si um iacutematilde fraco Investigaccedilotildees teoacutericas iniciais sobre a natureza do magnetismo da Terra foram realizadas pelo alematildeo Carl Friedrich Gauss (1777-1855) Os estudos quantitativos de fenocircmenos magneacuteticos iniciadas no seacuteculo XVIII pelo francecircs Charles Coulomb (1736-1806) que estabeleceu a lei do inverso do quadrado da forccedila afirmam que a forccedila de atraccedilatildeo entre dois objetos magnetizados eacute diretamente proporcional ao produto de suas aacutereas individual e inversamente proporcional ao quadrado da distacircncia entre elas O fiacutesico dinamarquecircs Hans Christian Oersted (1777-1851) sugeriu pela primeira vez uma ligaccedilatildeo entre eletricidade e magnetismo Experimentos envolvendo os efeitos de campos magneacuteticos e eleacutetricos uns sobre os outros foram entatildeo conduzidos pelo francecircs Andre Marie Ampere (1775-1836) e o inglecircs Michael Faraday (1791-1869) mas foi o escocecircs James Clerk Maxwell (1831-1879) que forneceu a base teoacuterica para a fiacutesica do eletromagnetismo no seacuteculo XIX mostrando que a eletricidade e o magnetismo representam diferentes aspectos do mesmo campo de forccedila fundamental Entatildeo na deacutecada de 1960 o norte-americano Steven Weinberg (1933) e paquistanecircs Abdus Salam (1926-) realizaram ainda outro ato de siacutentese teoacuterica das forccedilas fundamentais mostrando que eletromagnetismo eacute uma parte da forccedila eletrofraca O entendimento moderno de fenocircmenos magneacuteticos em mateacuteria condensada origina-se a partir da obra de dois franceses Pierre Curie (1859-1906) o marido e colaborador cientiacutefico de Madame Marie Curie (1867-1934) e Pierre Weiss (1865-1940) Curie examinou o efeito da temperatura sobre os materiais magneacuteticos e observou que o magnetismo desaparecia repentinamente acima de certa temperatura criacutetica em materiais como ferro Weiss propocircs uma teoria do magnetismo com base em um campo molecular interno proporcional agrave magnetizaccedilatildeo meacutedia que alinhava espontaneamente os microiacutematildes eletrocircnicos da mateacuteria magneacutetica O entendimento atual do magnetismo com base na teoria do movimento e interaccedilotildees de eleacutetrons em aacutetomos (chamada eletrodinacircmica quacircntica) decorre do trabalho e modelos teoacutericos de dois alematildees Ernest Ising (1900-) e Werner Heisenberg (1901-1976) Werner Heisenberg tambeacutem foi um dos fundadores da mecacircnica quacircntica moderna

Tipos de iacutematildes

Segundo Fishbane em seu livro de 1993 como tambeacutem para Griffits em seu livro de 1999 podemos

classificar os iacutematildes conforme sua estrutura em iacutematilde natural iacutematilde artificial iacutematilde permanente iacutematilde temporal (eletroiacutematilde) conforme tabela 1

TABELA1 TIPOS DE IacuteMAtildeS

Tipos de

Iacutematildes Exemplos Caracteriacutesticas Observaccedilotildees

Natural

Magnetita Iacutematildes de ligas de

Ferrita ou de Terras Raras

Oacutexido de Ferro (Fe3O4)

Neodiacutemio (Nd2Fe14B)

Campo relativamente

forte em relaccedilatildeo a sua massa

poreacutem de baixa resistecircncia mecacircnica

Artificial

Metais Magnetizados ou

sob accedilatildeo de corrente eleacutetrica

Ligas Ferrosas quando

submetida ao atrito com iacutematildes

naturais ou eletroiacutematildes

Perdem a capacidade

magneacutetica apoacutes determinado

tempo ou quando eacute

eliminado a corrente eleacutetrica

Permanente Iacutematildes de Neodiacutemio ou de ligas de accedilo

Magnetismo limitado e

dependente da temperatura ou por descargas

eleacutetricas

Tempo de Magnetizaccedilatildeo permanente ou inderteminada

Temporal Eletroiacutematilde

Capacidade magneacutetica apenas

quando submetido agrave

corrente eleacutetrica

Motores eleacutetricos

Segundo Griffits em seu livro de 1999 os materiais

magneacuteticos nos iacutematildes naturais podem ser de trecircs tipos os ferromagneacuteticos paramagneacuteticos e diamagneacuteticos Na figura 1 temos o esquema para iacutematildes permanentes

Iacutematildes Permanentes

Iacutematildes de Ligas Metaliacutecas

Iacutematildes de ALNICO

Iacutematildes de Terras Raras

Iacutematildes de Sm-Co

Iacutematildes de Nd-Fe-B

Iacutematildes de Ferrita

Iacutematildes de Ferrita de Baacuterio

Iacutematildes de Ferrita de Estrocircncio

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos)

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Ferrita

Iacutematildes de Compoacutesitos (BorrachaPlaacutesticos) com

Terras Raras

71 Figura 1 Diagrama dos tipos de iacutematildes permanentes Fonte Adaptado de (DIAS 2014) (HERBST 1984) (SAGAWA

1985) e (GRIFFITS 1999) 2 EQUACcedilAtildeO DO CAMPO MAGNEacuteTICO EM FUNCcedilAtildeO DA

DISTAcircNCIA

Para obtermos uma funccedilatildeo do campo magneacutetico em funccedilatildeo da distacircncia sem usar corrente eleacutetrica iniciamos a deduccedilatildeo matemaacutetica a partir da equaccedilatildeo 1 uma equaccedilatildeo claacutessica da forccedila magneacutetica apresentada nos livros do autores Griffits Fishbane Halliday e Nussenveig

αsenvqBF sdotsdotsdot=

(1)

Sendo F a forccedila magneacutetica B o campo magneacutetico v a

velocidade da partiacutecula Estipularemos um arranjo experimental vertical assim podemos considerar a forccedila magneacutetica como perpendicular ao campo Portanto

ordm90=α como seno 90deg eacute igual 1 obtemos a equaccedilatildeo 2 da qual se retira o produto pelo seno de α

vqBF sdotsdot= (2)

Partindo do conceito elementar da velocidade

segundo o qual velocidade eacute igual a razatildeo entre o deslocamento e o intervalo de tempo do movimento mostrado na equaccedilatildeo 3

tdv∆∆

=

(3)

Em que Δd significa variaccedilatildeo do deslocamento e o Δt

significa intervalo de tempo do deslocamento Substituindo a equaccedilatildeo 2 na equaccedilatildeo 3 obtemos a equaccedilatildeo 4

tdqBF∆∆sdotsdot=

(4)

Sabendo que a corrente eleacutetrica eacute a razatildeo entre a

variaccedilatildeo da carga eleacutetrica em relaccedilatildeo ao intervalo de tempo apresentado na equaccedilatildeo 5 e substituindo na equaccedilatildeo 4 obtemos a equaccedilatildeo 6

tqi∆∆

= (5)

diBF

∆sdotsdot= (6)

Nesta equaccedilatildeo i eacute igual a corrente eleacutetrica Elevando ao quadrado os dois lados da equaccedilatildeo 6 e manipulando dividindo os dois lados da equaccedilatildeo pela corrente eleacutetrica ao quadrado obtemos a equaccedilatildeo7

dBi

FF

∆sdot=sdot sup2sup2

(7)

Multiplicando os dois lados da equaccedilatildeo 7 por π2temos a equaccedilatildeo 8

ππ 2sup2sup22

sdot∆sdot=sdotsdot dBFi

F

(8)

Na equaccedilatildeo 9 temos o campo magneacutetico B com

dependecircncia proporcional ao produto entre a permeabilidade magneacutetica μ0 sendo valor aproximado de12566times10minus6 [Hm] ou [TmiddotmA](GRIFFITHS 1999) e a corrente eleacutetrica ie inversamente proporcional a distacircncia d Isolando o μ0 chegamos agrave equaccedilatildeo 10

diB

sdotsdot

=πmicro

20 (9)

idB

sdotsdot=

πmicro 20 (10)

Isolando o campo magneacutetico da equaccedilatildeo 6 e

substituindo-o na equaccedilatildeo 10 considerando o deslocamento igual a distacircncia Δd = d temos a equaccedilatildeo 11

sup222

00 iF

ididF πmicroπmicro sdot

=rarrsdot∆sdotsdotsdot

=

(11)

Substituindo na equaccedilatildeo 8a equaccedilatildeo 11 e isolando a

forccedila (dividindo os dois lados da equaccedilatildeo porμ0) temos a equaccedilatildeo 12

72

0

0

2sup2sup2

2sup2

microπ

πmicro

sdotsdot=

rarrsdotsdot=sdot

BdF

dBF

(12)

Multiplicando a equaccedilatildeo 12 pelo fator 22 temos a equaccedilatildeo 13

0

0

2sup2sup24

222sup2sup2

microπ

microπ

BdF

BdF

sdotsdot=

rarrsdotsdotsdot

= (13)

Partindo do pressuposto que haveraacute forccedila de atraccedilatildeo

entre o iacutematilde e o metal por todos os lados portanto simeacutetrico o campo magneacutetico consideraremos uma aproximaccedilatildeo esfeacuterica para o campo magneacutetico do imatilde assim sabendo que a aacuterea superficial da esfera eacute determinada pela equaccedilatildeo 14

sup24 dA

sdotsdot= π (14)

Na equaccedilatildeo 14 A eacute igual a aacuterea da esfera que envolve o campo magneacutetico substituiacutemos na equaccedilatildeo 13 e isolando o campo magneacutetico chegamos agrave equaccedilatildeo 15

AFB

sdot= 02micro

(15)

Para descobrir a distacircncia entre o imatilde e superfiacutecie

onde a forccedila e aplicada utilizaremos a equaccedilatildeo 13 e isolamos a distacircncia assim obtemos a equaccedilatildeo 16

πmicro

2sup20

sdotsdot

=B

Fd

(16)

3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL E RESULTADOS

Procedimentos e materiais

Realizamos o estudo do campo magneacutetico para iacutematildes de neodiacutemio montando um suporte e fixando a este um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 N e uma reacutegua com escala meacutetrica como mostra a figura 2 O procedimento experimental foi aproximar o iacutematilde do dinamocircmetro a partir da base do suporte de maneira lenta e anotar para cada distacircncia o valor da forccedila no dinamocircmetro produzida pela

atraccedilatildeo do iacutematilde pelo metal ferromagneacutetico em forma de gancho do dinamocircmetro Este procedimento ocorria ateacute o momento em que o iacutematilde atingia a distacircncia que chamamos de limite pois ao aproximarmos mais o iacutematilde do metal a forccedila de atraccedilatildeo magneacutetica era muito superior ao suportado pelo dinamocircmetro realizando o contato do metal com o iacutematilde

Figura 2 Esquema experimental Onde (a)

suporte do experimento (b) reacutegua com escala meacutetrica (c) dinamocircmetro (d) iacutematilde ou iacutematildes de neodiacutemio e (e) distacircncia entre a superfiacutecie do

iacutematilde e a extremidade do dinamocircmetro com formato de gancho e de material

ferromagneacutetico O procedimento foi repetido acrescentando

sucessivamente um a um os iacutematildes ou seja realizou-se experimento com 1 iacutematilde depois com 2 iacutematildes depois com 3 iacutematildes assim por diante ateacute o maacuteximo de 5 iacutematildes pequenos e 3 iacutematildes grande Natildeo realizamos experimento misturando iacutematildes pequenos e grandes

Os materiais utilizados para este experimento consistiram no suporte de fixaccedilatildeo um dinamocircmetro com escala maacutexima de 1 newton e uma reacutegua de plaacutestico pois assim sendo de material plaacutestico natildeo influenciaria o campo magneacutetico

Os iacutematildes utilizados foram cinco (5) iacutematildes ciliacutendricos com raio de 647mm e com espessura de 5 mm que classificamos em nosso experimento como iacutematildes pequenos e trecircs (3) iacutematildes com raio de 21 mm e espessura de 3 mm que classificamos como iacutematildes grandes

Resultados

Nos testes usando os iacutematildes associados sucessivamente um a um percebemos que haacute diferentes distacircncias para a forccedila limite entretanto observou-se que a forccedila limite

73 apresentada pelo dinamocircmetro para cada distacircncia na situaccedilatildeo limite possui um valor constante que no caso do nosso experimento o dinamocircmetro apresentou uma forccedila constante de forccedila de 006N

Os resultados apresentados para os iacutematildes pequenos utilizados em nosso trabalho estatildeo contidos na tabela 2 assim como os resultados apresentados para os iacutematildes grandes estatildeo contidos na tabela 3

Quanto agrave organizaccedilatildeo tanto na tabela 2 como na tabela 3 na primeira coluna apresenta-se a quantidade de iacutematildes no teste na segunda coluna o campo magneacutetico calculado atraveacutes da equaccedilatildeo 15 usando a aacuterea dos iacutematildes na terceira coluna a distacircncia calculada usando o valor do campo magneacutetico calculado na coluna anterior e a forccedila limite de 006 N na quarta coluna temos o valor obtido experimentalmente para a distacircncia limite e finalmente na uacuteltima coluna o valor do erro experimental entre a distacircncia calculada e a distacircncia obtida experimentalmente atraveacutes da equaccedilatildeo 17

( )100()

2exp times

minus=

teo

teo

VVV

erro (17)

Nesta equaccedilatildeo 17 erro significa a diferenccedila entre o

valor teoacuterico e o experimental em porcentagem o Vteo significa valor da distacircncia teoacuterica entre a superfiacutecie do iacutematilde e a extremidade do gancho metaacutelico eVexp significa valor da distacircncia experimental

TABELA2

IacuteMAtildeS PEQUENOS EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado [Teslas]

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

1 0017 64 6 625 2 0014 778 75 360 3 0013 838 9 740 4 0011 99 10 101 5 0010 109 11 092

TABELA3

IacuteMAtildeS GRANDES EM RELACcedilAtildeO Agrave FORCcedilA LIMITE DE 006N

Quantidade de iacutematildes

Campo Magneacutetico Calculado

Distacircncia calculada

[mm]

Distacircncia experimental

[mm]

Erro experimental

[]

[Teslas] 1 00129 844 75 1114 2 00117 931 9 333 3 00107 102 10 196

CONCLUSAtildeO

O trabalho desenvolvido durante a iniciaccedilatildeo cientiacutefica

nos laboratoacuterios da FACCAMP obteve boa correlaccedilatildeo entre os resultados experimentais e o modelo matemaacutetico para o campo magneacutetico atraveacutes de uma equaccedilatildeo que natildeo depende da corrente eleacutetrica mas sim da forccedila de atraccedilatildeo e da distacircncia entre a fonte geradora do campo magneacutetico e o objeto de metal ferromagneacutetico Os resultados experimentais saiacuteram com valores proacuteximos aos resultados teoacutericos tendo uma taxa de erro em meacutedia de 384 para os iacutematildes pequenos e 548 para os iacutematildes grandes Devido a sua simplicidade experimental esta atividade pode ser realizada em qualquer niacutevel no ensino da fiacutesica

REFEREcircNCIAS CHIKAZUMI S Physics of Ferromagnetim Oxford University Press New York 2ordmed 1997 DIAS M M et al Estudo e obtenccedilatildeo de iacutematildes de ferrita de baacuterio e estrocircncio isotroacutepicos e anisotroacutepicos Revista Eletrocircnica de Materiais e Processos v 9 n 2 p 74ndash802014GRIFFITHSD J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 FISHBANE P M GASIOROWICZ S and THORNTON S T Physics for Scientists and Engineers Prentice Hall New Jersey 1993 GRIFFITHS D J Introduction to Electrodynamics Prentice Hall New Jersey 1999 HALLIDAY D RESNICKR Fiacutesica ndash Parte IIAO LivroTeacutecnico SA Rio de Janeiro 1971 HERBST J F et al Relationships Between Crystal Structureand Magnetic Properties in Nd2Fe14B Physical Review B Volume 29 Number 7 1984 NUSSENVEIG H MCurso de FiacutesicaBaacutesica ndash Eletromagnetismo EdgardBluumlcherLtda Satildeo Paulo 1997 SAGAWA M et al Magnetic Properties of rare-earth-iron-boron permanent magnet materialsJournal of Applied Physics Volume 57 Number 1 1985 WHEWELL W History of the Inductive SciencesCambridge University Press p43-62 2010

74

DESCOBRINDO NOSSAS RAIacuteZES A ESCOLA INDIacuteGENA E O ENSINO DA MATEMAacuteTICA

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Jeremias de Gois Maciel Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

jeremiasgoisymailcom

Douglas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

akroll2009hotmailcom

Joseacute Augusto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

joseaugusto_mathhotmailcom

RESUMO O presente artigo abordar a educaccedilatildeo escolar do povo

indiacutegena brasileiro procurando apresentar uma comparaccedilatildeo entre os Referenciais Nacionais de Educaccedilatildeo ndash Paracircmetros Curricular Nacionais (PCN) e o Referencial Curricular Nacional indiacutegena (RCN) no ensino dessa disciplina

O estudo da matemaacutetica tais como a sua razatildeo e importacircncia a aprendizagem e o pensamento satildeo reconhecidos em todas as culturas pesquisadas com diferentes representaccedilotildees devido a diferentes culturas mas com os mesmos princiacutepios da fundaccedilatildeo do pensamento loacutegico matemaacutetico

O MEC e outros oacutergatildeos discutem que eacute possiacutevel levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo observando a matemaacutetica indiacutegena construindo uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados Palavras chave Matemaacutetica indiacutegena Povo indiacutegena brasileiro comparaccedilatildeo PCN e RCN ABSTRACT This article address the education of Brazilian indigenous people trying to present a comparison between the National frameworks of Education - Curriculum National Parameters (NCP) and the Reference Course indigenous Nacional (RCN) the teaching of this discipline

The study of mathematics such as its rationale and importance learning and thinking are recognized in all cultures studied with different representations due to different cultures but with the same principles of mathematical logical thinking foundation The MEC and other organs argue that it is possible to take the indigenous mathematical culture white observing the indigenous mathematics building a knowledge bridge to include them in the current society system helping them to build a new path that goes beyond the boundaries of their tribes and regions where they were created Keywords Indigenous mathematics Brazilian indigenous people comparison between PCN and RCN

1 INTRODUCcedilAtildeO

No Brasil por muito tempo os iacutendios natildeo tiveram nenhum tipo de participaccedilatildeo democraacutetica e somente foi por meio da Educaccedilatildeo que puderam adquirir e desenvolver os conhecimentos do homem branco sem que perdessem suas raiacutezes

Com o amparo do MEC que garante e fortalece a afirmaccedilatildeo dos indiacutegenas tanto no acircmbito social como no educacional eacute que eles puderam ser reconhecidos e inseridos na sociedade Assim a educaccedilatildeo passa a ser importante para o indiacutegena uma vez que necessitam conhecer as leis que regem a naccedilatildeo buscando sempre o entendimento de seus direitos enquanto indiacutegenas

75

Quando pensamos em termos da educaccedilatildeo matemaacutetica percebemos que ensino desta arte nas escolas indiacutegenas eacute de suma importacircncia tanto para desenvolver os meacutetodos culturais de contagem e elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo na comunidade local como para conhecer o mundo ldquodos brancosrdquo e serem inseridos na comunidade universal Observa-se de maneira clara no RCN ndash Indiacutegena a relevacircncia da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras que estaacute ligada a construccedilatildeo de conhecimentos de acordo com os interesses de cada etnia indiacutegena

Identificar quais satildeo os interesses essenciais torna-se uma praacutetica decisiva para o entendimento de como a atividade matemaacutetica se desenvolve na praacutetica em diferentes contextos socioculturais e em determinados momentos histoacutericos

A matemaacutetica deve estruturar pensamentos e accedilotildees que juntamente com outras aacutereas de conhecimento podem promover a conquista da autonomia e autossustentaccedilatildeo das comunidades indiacutegenas Possibilitar uma melhor compreensatildeo das vaacuterias matemaacuteticas isto eacute dos diferentes sistemas numeacutericos e das variadas maneiras que cada sociedade encontrou para dar sentido ao universo Saber que o sistema matemaacutetico que utiliza natildeo eacute o uacutenico 2 OS POVOS INDIacuteGENS E A EDUCACcedilAtildeO ESCOLAR

Os povos indiacutegenas eram apenas conhecidos por seus valores simboacutelicos tradiccedilotildees costumes entre outros mas de certa forma precisavam estar inseridos na sociedade e ainda preservando sua cultura Por meio do direito agrave Educaccedilatildeo Indiacutegena puderam afirmar suas identidades eacutetnicas e essa conquista foi um importante passo para a democratizaccedilatildeo das relaccedilotildees sociais do paiacutes

No ano de 2013 teve iniacutecio no Ministeacuterio da Educaccedilatildeo um movimento para a inserccedilatildeo e enraizamento do reconhecimento da diversidade sociocultural da sociedade brasileira nas poliacuteticas e accedilotildees educacionais que se consolidou com a criaccedilatildeo da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad) agrave qual estaacute vinculada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI)

O objetivo da Secad era institucionalizar no Sistema Nacional de Ensino o reconhecimento da diversidade sociocultural como princiacutepio para a poliacutetica puacuteblica educacional

Desta forma a educaccedilatildeo escolar indiacutegena passa a receber um tratamento no MEC focado na afirmaccedilatildeo dos direitos humanos entre eles o de ter seus projetos societaacuterios e identitaacuterios fortalecidos nas escolas indiacutegenas

A Educaccedilatildeo (Consed) mobilizou fortemente o Sistema Nacional de Educaccedilatildeo para tratamento da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena como poliacutetica puacuteblica de garantia de direitos Anteriormente para a execuccedilatildeo de accedilotildees de formaccedilatildeo de professores indiacutegenas e de produccedilatildeo de materiais didaacuteticos eram priorizadas pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo algumas organizaccedilotildees natildeo

governamentais em detrimento das Secretarias de Educaccedilatildeo

Foi criado um conjunto de accedilotildees para enraizar o tratamento da diversidade sociocultural no acircmbito educacional induzindo as Secretarias de Educaccedilatildeo a reconhecer o amplo campo da diversidade na reorganizaccedilatildeo de suas poliacuteticas prioridades e praacuteticas gerenciais

Foi implementada uma seacuterie de accedilotildees para a ampliaccedilatildeo da oferta da educaccedilatildeo baacutesica nas aacutereas indiacutegenas ndash segundo segmento do Ensino Fundamental e Ensino Meacutedio - com o objetivo de desenvolver um tratamento sistecircmico dos princiacutepios e diretrizes da educaccedilatildeo escolar indiacutegena em todos os niacuteveis etapas e modalidades de ensino Assim as diretrizes de afirmaccedilatildeo das identidades eacutetnicas - de recuperaccedilatildeo das memoacuterias histoacutericas de valorizaccedilatildeo das liacutenguas e conhecimentos dos povos indiacutegenas - satildeo estendidas para toda a educaccedilatildeo baacutesica intercultural e tambeacutem para a formaccedilatildeo superior de professores indiacutegenas accedilatildeo esta que fundamenta a ampliaccedilatildeo da oferta de educaccedilatildeo baacutesica intercultural de qualidade

A Funai estruturou fundamentada nos Programas de Desenvolvimento Comunitaacuterio (PDC) respaldados pela ONU a implantaccedilatildeo do ensino biliacutengue nas escolas indiacutegenas A partir de 1991 retira a responsabilidade e as transfere para outros oacutergatildeos puacuteblicos Essa mudanccedila institucional na conduccedilatildeo da poliacutetica indigenista eacute um marco importante pois envolve novas agecircncias do Estado no campo da definiccedilatildeo e execuccedilatildeo das poliacuteticas puacuteblicas Por definiccedilatildeo do Decreto Presidencial nordm 261991 o MEC passa a ser responsaacutevel em todos os niacuteveis e modalidades de ensino pela definiccedilatildeo de poliacuteticas de educaccedilatildeo escolar indiacutegena de qualidade fundamentada nos princiacutepios constitucionais e os Estados e os Municiacutepios passam a ser responsaacuteveis pela execuccedilatildeo desta poliacutetica educacional

Ainda em 1991 foi estruturada a Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) no acircmbito da entatildeo Secretaria de Ensino Fundamental (SEF) para coordenar acompanhar e avaliar as accedilotildees pedagoacutegicas da educaccedilatildeo escolar indiacutegena no paiacutes

Em 2002 o Comitecirc Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena foi substituiacutedo pela Comissatildeo Nacional de Professores Indiacutegenas formada por treze professores

Em 2004 em atendimento agraves propostas e reivindicaccedilotildees do movimento indiacutegena essa Comissatildeo foi transformada em Comissatildeo Nacional de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena passando a ser composta por professores e lideranccedilas indiacutegenas por entender o movimento que ela natildeo deveria ser formada apenas por professores

Outro marco importante foi agrave criaccedilatildeo de uma vaga para um representante da Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena no Conselho Nacional de Educaccedilatildeo A Coordenaccedilatildeo-Geral de Apoio agraves Escolas Indiacutegenas (CGAEI) atuou ateacute julho de 2004 quando por meio do Decreto Presidencial nordm 51592004 foi transformada em Coordenaccedilatildeo-Geral de Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena (CGEEI) vinculada ao Departamento de Educaccedilatildeo para Diversidade e Cidadania

76 (DEDC) da Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (Secad)

Dentre os encaminhamentos importantes efetivados apoacutes a Constituiccedilatildeo de 1988 estaacute o Decreto Presidencial nordm 261991 que define o Ministeacuterio da Educaccedilatildeo como o responsaacutevel pela proposiccedilatildeo da poliacutetica de educaccedilatildeo escolar indiacutegena passando os Estados e Municiacutepios a ser responsaacuteveis por sua execuccedilatildeo sob orientaccedilatildeo do MEC

Segundo publicaccedilatildeo de Alex Rodrigues da Agecircncia Brasil em 25112013 O MEC planeja contratar a ampliaccedilatildeo reforma ou construccedilatildeo de 120 escolas indiacutegenas ateacute o final de 2014 aleacutem disso visa ampliar e qualificar as formas de acessos dos iacutendios agrave educaccedilatildeo baacutesica e superior conforme publicado no Diaacuterio Oficial da Uniatildeo do dia 31 de outubro

O objetivo deste programa eacute dar apoio teacutecnico e financeiro agrave educaccedilatildeo escolar indiacutegena visando a construccedilatildeo e a melhoria de estabelecimentos indiacutegenas nos 22 territoacuterios etnoeducacionais que compor a primeira fase do Programa Nacional dos Territoacuterios Etnoeducacionais

Com este programa acredita-se que os povos indiacutegenas estaratildeo mais qualificados e o programa poderaacute ser estendido buscando o aprimoramento nos processos de gestatildeo pedagoacutegica administrativa e financeira da educaccedilatildeo escolar indiacutegena

3 A ESCOLA INDIacuteGENA

A escola indiacutegena natildeo eacute muito diferente de uma escola de ldquobrancosrdquo eles aprendem matemaacutetica ciecircncias histoacuteria e claro portuguecircs O que diferencia eacute que os indiacutegenas enfatizam o ensino em sua proacutepria cultura o que valoriza sua histoacuteria e seu povo

ldquoCom a Constituiccedilatildeo de 1988 assegurou-se aos iacutendios no Brasil o direito de permanecerem iacutendios isto eacute de permanecerem eles mesmos com suas liacutenguas culturas e tradiccedilotildees Ao reconhecer que os iacutendios poderiam utilizar as suas liacutenguas maternas e os seus processos de aprendizagem na educaccedilatildeo escolar ()rdquo (Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena 2002 Paacuteg 9)

A escola tem como objetivo formar alunos criacuteticos e responsaacuteveis para enfrentar a sociedade democraacutetica e o mercado de trabalho Segundo a LDB a nossa educaccedilatildeo tem como deveres

Art 1 A educaccedilatildeo abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar na convivecircncia humana no trabalho nas instituiccedilotildees de ensino e pesquisa nos movimentos sociais e organizaccedilotildees da sociedade civil e nas manifestaccedilotildees culturais sect 1ordm Esta Lei disciplina a educaccedilatildeo escolar que se desenvolve predominantemente por meio do ensino em instituiccedilotildees proacuteprias sect 2ordm A educaccedilatildeo escolar deveraacute vincular-se ao

mundo do trabalho e agrave praacutetica social (BRASIL 1996 Art 1) A educaccedilatildeo Indiacutegena tem como objetivo a recuperaccedilatildeo de suas memoacuterias histoacutericas a reafirmaccedilatildeo de suas identidades eacutetnicas a valorizaccedilatildeo de suas liacutenguas e ciecircncias e garantir o acesso agraves informaccedilotildees conhecimentos cientiacuteficos e teacutecnicos da sociedade nacional e demais sociedades indiacutegenas (TIacuteTULO VIII Das Disposiccedilotildees Gerais Art 781996)

Sendo assim os valores e os objetivos de cada educaccedilatildeo satildeo semelhantes mas cada uma com seu meacutetodo para aplicar de acordo com meio que vive

4 COMPARACcedilAtildeO ENTRE O REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA AS ESCOLAS INDIacuteGENAS E O PARAcircMETRO CURRICULAR NACIONAL

Neste momento procuramos uma comparaccedilatildeo entre o Referencial Curricular para Escolas Indiacutegenas e o Paracircmetro Curricular Nacional (PCN) que satildeo usadas em todas as escolas oficiais brasileiras no que refere a disciplina de Matemaacutetica Ambos satildeo documentos oficiais emitidos pelo Ministeacuterio da Educaccedilatildeo (MEC) Para esta comparaccedilatildeo nominaremos estes dois documentos respectivamente como RCN - Indiacutegena e PCN I ndash DA IMPORTAcircNCIA DA MATEMAacuteTICA

No RCN - Indiacutegena a razatildeo mais significativa da matemaacutetica no curriacuteculo das escolas indiacutegenas brasileiras segundo os professores e alunos indiacutegenas eacute o contato com a ldquosociedade mais ampla4rdquo para melhor entender o ldquomundo dos brancosrdquo Tambeacutem eacute importante o estudo desta disciplina para a elaboraccedilatildeo de projetos comunitaacuterios da autossustentaccedilatildeo pela comunidade local

Segundo a percepccedilatildeo indiacutegenas haacute existecircncia de muitas matemaacuteticas antes mesmo de conhecer a matemaacutetica formal acadecircmicas padronizada pela cultura branca vaacuterias civilizaccedilotildees indiacutegenas jaacute fazia o uso do sistema de contagem manejar quantidades e conhecimento do espaccedilo mesmo natildeo tendo um registro formal do mesmo Pois haacute vaacuterias maneiras de olhar o mundo cosmovisatildeo diferentes

Neste sentido e pautados no PCN que podemos entender a aprendizagem da matemaacutetica como uma ferramenta para inserir o cidadatildeo brasileiro no mundo do trabalho nas relaccedilotildees sociais e culturais da sociedade brasileira Eacute na diversidade eacutetnica que os modos de vida com seus valores e crenccedilas que a educaccedilatildeo se interessa como um desafio a ser entendido e apreendido

4 Ou sociedade envolvente equivale a sociedade brasileira mais ampla

77 II ndash A RAZAtildeO DO ESTUDO DA MATEMAacuteTICA

O estudo da matemaacutetica para compreender a vida mais amplamente estaacute relacionada a utilizaccedilatildeo das diversas tecnologias que utiliza dados numeacutericos e quantitativos Segundo os proacuteprios indiacutegenas a cultura dos nuacutemeros Segundo Alpaacute Trunai

ldquoEacute importante o estudo da matemaacutetica porque o mundo dos brancos eacute todo cheio de nuacutemeros Eles sempre querem saber quando chegamos aqui qual nossa idade quantos iacutendios satildeo aqui no Xingu ou quanto de terra a gente precisa para viver O mundo dos brancos eacute um mundo dos nuacutemerosrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 160)

Segundo o RCN - Indiacutegena a importacircncia do estudo

da matemaacutetica estaacute intimamente relacionada com o contato com a cultura da sociedade envolvente Nas reservas e nos parques nacionais indiacutegenas que satildeo administrados pela FUNAI o conhecimento da matemaacutetica eacute um preacute-requisito baacutesico pois os iacutendios deveratildeo saber fazer a leitura de mapas para vigiar as divisas leitura de tabelas graacuteficos na atenccedilatildeo agrave sauacutede dosagem de medicamentos recebimento de contra-cheques a administraccedilatildeo de contas bancaacuterias tudo isto envolve conhecimento miacutenimo da matemaacutetica

A matemaacutetica torna-se uacutetil a civilizaccedilatildeo indiacutegena quando ldquotorna-se significativa para quem estuda agrave medida que ela contribui para entender o mundo local e tambeacutem o mais amplordquo (RCN - indiacutegena pag 160)

A lideranccedila professores e alunos da cultura indiacutegena afirmam que a matemaacutetica eacute importante na medida que ajuda dar autonomia aos povos indiacutegenas para sua autossustentaccedilatildeo e ralaccedilatildeo mais igualitaacuterias com a sociedade brasileira mais abrangente III ndash A APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA E A VAacuteRIAS CULTURAS INDIacuteGENAS BRASILEIRAS

Cada comunidade indiacutegena tem sua proacutepria cosmologia isto eacute sua forma de ver o mundo em sua volta sua maneira de elaborar seus procedimentos de ordenar contar classificar e quantificar essa realidade e seus elementos culturais ldquoSatildeo esses procedimentos especiacuteficos e diferentes de contar medir classificar e ordenar que fazem par cate da matemaacutetica de cada povordquo (RCN-Indiacutegena pg 160) Cada grupo cultural tem forma proacutepria de lsquomatematizarrdquo Segundo o professor indiacutegena Kaiabi do Parque Indiacutegena Xingu MT ldquoa matemaacutetica indiacutegena existe principalmente em seus artesanatos Os desenhos nas peneiras tecircm que contar os talinhos eu aprendi assim sem saber se era matemaacutetica ou natildeo Agora depois que a gente aprendeu que aquilo laacute era matemaacutetica Eu jaacute sabia que tinha aprendido matemaacutetica indiacutegenardquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 161) Eacute necessaacuterio deixar claro que o estudo dos nuacutemeros e as operaccedilotildees aritmeacuteticas eacute apenas um dos campos da

matemaacutetica E que se um determinado povo em seu sistema da contagem e quantificaccedilatildeo natildeo vaacute aleacutem de dois ou trecircs ou natildeo ultrapasse de dez que eacute quase a maioria dos povos indiacutegenas brasileiros natildeo quer dizer que estes povos natildeo tenham desenvolvido o conhecimento matemaacutetico Satildeo somente formas diferentes de conceber o espaccedilo padratildeo geomeacutetrico distinto modo de delimitar medir e registrar o tempo e as quantidades

Por exemplo os artesotildees Kamayuraacute quando fazem o motivo macaco que eacute usado em seus artesanatos eles utilizam de 8 grupos de 3 tiras para formar a figura desejada apresentando a largura de 24 tiras isto eacute 8 x 3= 24 Esses utilizam de vaacuterias relaccedilotildees ou foacutermulas matemaacuteticas na confecccedilatildeo de cestos que seratildeo usados pela comunidade e vendidos para os turistas dando rendimento a comunidade Este eacute um uso praacutetico da matemaacutetica no dia-a-dia das comunidades indiacutegenas

Outro exemplo praacutetico do uso da matemaacutetica satildeo os tranccedilados de palha da comunidade Tapirapeacute que aleacutem do nuacutemero de tiras eacute necessaacuterio saber o acircngulo variados o acircngulo baacutesico eacute de 60ordm (sessenta graus) Nos chapeacuteus usam o acircngulo de 30ordm ou 90ordm e em suas confecccedilotildees usam a forma canocircnicas circulares e ciliacutendricas Tudo isto eacute conhecimento praacutetico da matemaacutetica

No PCN a matemaacutetica tambeacutem teraacute de partir do exemplo praacuteticos da vivecircncia dos alunos do uso da matemaacutetica na compra de produtos em um Supermercado para avanccedilar em conceitos teoacutericos e abstrato A matemaacutetica eacute uma das ferramentas para a construccedilatildeo da cidadania IV ndash O ESTUDO DA MATEMAacuteTICA E SUA RELACcedilAtildeO COM OS CONHECIMNTOS EM OUTRAS AacuteREAS DO CURRICULO

O RCN-Indiacutegena retrata que a matemaacutetica eacute uma das bases para a construccedilatildeo do conhecimento de outras aacutereas do curriacuteculo com a Histoacuteria Geografia Liacutenguas Indiacutegenas e Portuguecircs Ciecircncias Naturais O documento retrata por exemplo que na leitura de tabelas e mapas assunto a Geografia eacute um conhecimento matemaacutetico e isto ocorre com outras disciplinas isto eacute o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico perpassa outras disciplinas

A termologia numeacuterica da liacutengua PALIKUR falada por povos indiacutegenas do Amapaacute eacute rica em numerologia Abaixo trazemos na integra o testemunho de um professor indiacutegena mostrando a proximidade da liacutengua com os nuacutemeros

ldquoAntigamente o meu povo jaacute sabia contar ateacute dez um era chamado na liacutengua SATU que significa um objeto dois eacute chamado HEPI os objetos trecircs eacute chamado MAPA tambeacutem objeto quatro eacute chamado JEPIRERU que quer dizer dois companheiros ou casal (dois casais satildeo quatro) cinco eacute chamado PAMYO que quer dizer um lado da matildeo seis eacute chamado PATSRUJIRE que quer dizer mais um companheiro sete eacute chamado YOKHIPI que quer dizer apertador de certo objetos oito eacute chamado PAYOKHIPRE que quer

78

dizer um dos apontadores nove eacute chamado MTURUJI um dos pequenos dez eacute chamado SATU PROLOLU e considerado como dizer tudo Uma pessoa fica com tudo o zero representa o todo o um representa a pessoardquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 163)

Formaccedilatildeo linguiacutestica Palikur eacute no sistema decimal o

nuacutemero de 1 a 10 classifica os elementos (substantivos e verbos) a que o numeral natildeo se refere simplesmente ao numeral na forma quantitativa na qualitativamente se refere a um ser vivo (gente animal plantas) jaacute os seres inanimados como as pedras as ocas eles ser referem a sua forma geomeacutetrica

Na liacutengua Palikuacuter o nome do nuacutemero 10 eacute madikauku que significa o fim das matildeos (ou seja foram contados todos os dedos ateacute 10) Os Rikbaktsa do norte do Mato Grosso fazem a mesma associaccedilatildeo 1 - Stuba (que significa como um dedo da matildeo) 2 - Petoktsa (como dois dedos da matildeo) 3 - Hokkykbyihi (como trecircs dedos da matildeo) 4 - Sihokkykkyktsa (como quatro dedos da matildeo) 5 - Mytsyhyyytsawa (como a minha matildeo) 6 - Mytsyhyyytsawa usta tsyhy humo stuba (como a minha matildeo e o dedo da outra matildeo) (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

O conhecimento matemaacutetico estaacute diretamente ligado

com as outras disciplinas sendo significado dentre os outros conhecimentos de mundo V ndash A CULTURA E O PENSAMENTO MATEMAacuteTICO

Trabalhar os conteuacutedos no estudo de Matemaacutetica significa estar atento a trecircs campos de estudos isto eacute abordado tanto no RCN-Indiacutegena tanto como no PCN estes campos satildeo 1 O estudo dos nuacutemeros e das operaccedilotildees 2 O estudo do espaccedilo e das formas 3 O estudo das grandezas e medidas

Em cada cultura estas aacutereas do conhecimento matemaacutetico podem ter visatildeo e aplicaccedilotildees diferentes Na cultura ocidental dar alguma coisa eu uso a subtraccedilatildeo simbolizado por um tracinho ( - ) e quando eu ganho alguma coisa eacute me adicionado algo eu somo que eacute simbolizado por uma cruz ( + ) mas na cultura indiacutegena isto natildeo necessariamente assim como testemunha um professor indiacutegena

ldquoQuando os Suyaacute datildeo alguma coisa para algueacutem isto natildeo quer dizer que a gente fica com menos Quando eu dou peixe para meu irmatildeo ele sempre me paga de volta Entatildeo se eu tenho 10 e dou 3 para ele ele vai me dar mais peixe quando ele for pescar Aiacute eu faccedilo

10 + 3 e natildeo 10 -3 Robtokti Professor Suyaacute Parque Indiacutegena do Xingurdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 166)

Vemos que a loacutegica-matemaacutetica pode mudar conforme a cultura nesta concepccedilatildeo natildeo haacute uma verdade absoluta

O PCN traz o conceito geral matemaacutetico na cosmovisatildeo ocidental que segue um modelo econocircmico o capitalismo que foca no individualismo e o RCN-Indiacutegena uma cosmovisatildeo indiacutegena que segue um modelo comunitaacuterio de vida que o foco natildeo eacute o indiviacuteduo mas a comunidade As comunidades indiacutegenas brasileiras por serem aacutegrafas ou seja natildeo usar a escrita natildeo possui registro numeacuterico como o nosso como nos conta os professores indiacutegenas

ldquoQuando noacutes natildeo tiacutenhamos ainda contato a gente tinha pouquiacutessimo nuacutemero soacute ia ateacute cinco soacute dez mesmo no maacuteximo Depois a gente soacute contava assim pelo nuacutemero de noacutes (num fio) quando as pessoas iam fazer quinze dias pra pescaria Kanawayuri Marcelo professor Kamaiuraacute Parque Indiacutegena do Xingu MTrdquo (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 167) ldquoSoacute que o povo natildeo usava a escrita soacute a memoacuteria e nunca deixaram de observar os dedos quando aparecia qualquer tipo de objeto aiacute logo eram usados os dedosrdquo Parecer do professor Jaime Llullu Manchineri AC (BRASIL RCN Indiacutegena 1998 pag 168)

Na numeraccedilatildeo tradicional Xavante por exemplo os

agrupamentos satildeo de 2 em 2 caracteriacutestica da organizaccedilatildeo social dualista do povo Isto significa que os Xavante pensam o mundo a partir de pares de metades noacutes (os Xavante) vs eles (os natildeo-Xavante) parentes consanguiacuteneos (ligados por laccedilos de sangue) vs parentes afins homens vs mulheres o domiacutenio puacuteblico do paacutetio da aldeia vs o domiacutenio domeacutestico das casas entre muitos outros A maneira como os Xavante procedem em seus esquemas loacutegicos segue a mesma loacutegica que estaacute presente na maneira como se organizam socialmente Tais esquemas orientam a resoluccedilatildeo de problemas como o seguinte Plantamos 5 canteiros de cebola Em cada canteiro fizemos 9 covas para as sementes Quantas covas fizemos ao todo

A resposta 9 + 9 = 18 18+ 18 = 36 36 + 9 = 45 A loacutegica de relacionar de agrupamento de dois em dois

Esse exemplo mostra que para resolver esse problema o caminho usado para chegar agrave soluccedilatildeo segue a mesma loacutegica de como os Xavantes organizam as entidades fazendo agrupamentos de dois Esta questatildeo deve ser levada em conta no processo de estudo da matemaacutetica como trata o Referencial para escolas indiacutegenas nisto contrasta o PCN que tem uma filosofia neoliberalista no seu contexto

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5 CONCLUSAtildeO A matemaacutetica tem sua base de formaccedilatildeo no raciociacutenio

loacutegico dos indiviacuteduos na capacidade de reconhecer padrotildees e de criar sistemas compatiacuteveis com a realidade com isso observa-se que indiviacuteduos de diversas culturas partem do mesmo princiacutepio de raciociacutenio como exemplo a contagem poreacutem seus meacutetodos ou a maneira como satildeo representados difere A representaccedilatildeo diferente de cada cultura demonstra a capacidade criativa do ser humano que pode associar siacutembolos com o ambiente em que vive e a celebraccedilatildeo deste potencial criativo pode-se chamar de matemaacutetica algo que todos fazem mesmo que sem perceber no dia-a-dia

Com o apoio do MEC e de vaacuterios oacutergatildeos para levar aos indiacutegenas a cultura matemaacutetica ldquodos brancosrdquo e trazer a deste povo para a nossa sociedade eacute possiacutevel construir uma ldquoponte de conhecimentordquo para incluiacute-los no sistema da sociedade atual e passar conhecer os meacutetodos mais novos desenvolvidos auxiliando-os a construir um novo caminho que vai aleacutem das fronteiras de suas tribos e das regiotildees onde foram criados

REFEREcircNCIAS BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional Brasiacutelia DF 1996 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Paracircmetro Curricular Nacional Brasiacutelia DF 1997 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014) BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Referencial Curricular Nacional para as Escolas Indiacutegenas Brasiacutelia DF 1998 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo As Leis e a Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Brasiacutelia DF 2002 Disponiacutevel wwwmecgovbr Acessado em 02092014 Iracema e Dulce Matemaacutetica Ideias e Desafios (2012) - editora Saraiva Zalavsky Claacuteudia ndash Jogos e atividades Matemaacuteticas do Mundo Inteiro ndash Artmed Editora 2000 DrsquoAmbroacutesio U Elo entre as tradiccedilotildees e a modernidade -(2007) editora Autentica Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade (SecadMEC) ndash Educaccedilatildeo Escolar Indiacutegena diversidade sociocultural indiacutegena ressignifi cando a escola (2007) Rodrigues A - MEC anuncia reforma e construccedilatildeo de escolas indiacutegenas acesso em httpeducacaouolcombr noticias20131125mec-anuncia-reforma-e-construcao-de-escolas-indigenashtm Breda A amp Do Rosaacuterio V M (2011) Etnomatemaacutetica sob dois pontos de vista a visatildeo ―DlsquoAmbrosiana e a

visatildeo Poacutes-Estruturalista Revista Latinoamericana de Etnomatemaacutetica 4(2) 4- 31 DrsquoAmbroacutesio U (2008 marccedilo) Etnomatemaacutetica e histoacuteria da matemaacutetica Palestra apresentada no 3ordm Congresso Brasileiro de Etnomatemaacutetica Niteroacutei RJ Brasil DrsquoAmbroacutesio U (1994) A etnomatemaacutetica no processo de construccedilatildeo de uma escola indiacutegena Em Aberto 63 pp 93-99 Luiacutes Donisete Benzi Grupioni L D B Secchi D Guarani V ndash Legislaccedilatildeo Escolar Indiacutegena Cardoso F H Souza P R - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional (1996)

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EMPREENDEDORISMO FEMININO EM UM MUNDO MASCULINIZADO COMO AS MULHERES CONQUISTAM SEU ESPACcedilO

Mauro Elias Gebran Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

megebrangmailcom

Vacircnia Maria Jorge Nassif Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vanianassifuolcombr

RESUMO Este estudo tem por objetivo identificar os fatores que impulsionam as mulheres a ingressar no mercado de trabalho Algumas satildeo motivadas por necessidade outras buscam uma oportunidade Essas accedilotildees satildeo vistas muitas vezes como atitude empreendedora percepccedilatildeo de mercado ou ainda busca de sobrevivecircncia A pesquisa eacute de natureza exploratoacuteria e o meacutetodo qualitativo Participaram da pesquisa trecircs mulheres consideradas empreendedoras pelo desafio e conquistas O instrumento de coleta de dados eacute a entrevista tendo seus dados transcritos e analisados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e as histoacuterias narradas Procurou-se entender como as necessidades financeiras foram transformadas em oportunidade e conquistaram seu espaccedilo no mundo do trabalho A pesquisa realizada demonstra que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitam o ingresso para o mundo do trabalho e assim empreendem Algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila auxiliam nas accedilotildees sobretudo quando precisam lidar com momentos de dificuldades e desafiadores Atividades profissionais vivenciadas no mundo corporativo ocupando diferentes cargos e mostrando eficiecircncia nos quesitos tais como motivaccedilatildeo lideranccedila e determinaccedilatildeo contribuem com as experiecircncias empreendedoras na atualidade Sinalizam a importacircncia do trabalho formal boa convivecircncia e condiccedilotildees de trabalho para seus colaboradores como forma de sucesso do empreendimento Palavras-chave Empreendedorismo Empreendedorismo Feminino Conquista ABSTRACT This study aims to identify the factors that push women to enter the labor market Some are motivated by necessity others look for an opportunity These actions are often seen as entrepreneurial attitude and perception of market or still searching for survivors The research is exploratory and use qualitative methods Study participants considered three women entrepreneurs for the challenge and achievement The instrument of data collection is the interview with your data transcribed and analyzed using content analysis of storytelling We

sought to understand how the financial needs were transformed into opportunity and conquered its space in the world of work The survey shows that attitudes elected as important to undertake or facilitate entry into the world of work and thus undertake Some characteristics such as courage optimism confidence and help balance the actions especially when they need to deal with difficult moments and challenging Professional activities experienced in the corporate world occupying different positions and showing efficiency in questions such as motivation leadership and determination contribute to the entrepreneurial experience today Keywords Entrepreneurship Female Entrepreneurship Achievement INTRODUCcedilAtildeO Conforme Machado (2009) o desenvolvimento econocircmico de muitas localidades tem-se favorecido com a atuaccedilatildeo de mulheres empreendedoras A autora pontua ainda que mundialmente observa-se o crescimento das iniciativas empreendedoras por parte de mulheres Machado (2009) revela ainda que conforme Das (1999) e OECD (2000) haacute trecircs diferentes grupos de empreendedoras quais sejam empreendedoras por acaso ndash iniciam suas atividades sem objetivos e planos sem uma formaccedilatildeo especiacutefica e pouca experiecircncia empreendedoras forccediladas aquelas cujo contexto as levou a assumir atividades inesperadamente e empreendedoras criadoras aquelas que criaram e conquistaram independecircncia e autonomia e apresentam grande potencial Outra classificaccedilatildeo encontrada na literatura refere-se agrave pesquisa do GEM (2007) que tipifica dois grupos de empreendedores sem distinccedilatildeo de gecircnero sendo eles empreendedores por necessidade e por oportunidade Independentemente das classificaccedilotildees encontradas nos estudos acerca do tema fica claro que as mulheres satildeo ainda vistas de maneira discriminada no mercado de trabalho Assim encontra-se em Grzybovski et al (2002) que apesar dos avanccedilos ocorridos nas uacuteltimas deacutecadas em relaccedilatildeo agraves mulheres que ocupam cargos gerenciais

81 nas empresas o preconceito e a discriminaccedilatildeo ainda satildeo poderosas barreiras agrave presenccedila feminina nos negoacutecios Botelho (2008) desenvolve pesquisa em contexto corporativo apresentando o fenocircmeno do teto de vidro em que as barreiras invisiacuteveis enfrentadas por mulheres empreendedoras satildeo advindas da cultura e da sociedade e que perpassam ao mundo dos negoacutecios O autor afirma que essas barreiras podem ser traduzidas em estereoacutetipos preconceitos e discriminaccedilatildeo que as mulheres sofrem ao se dedicarem a suas empresas Mas podem tambeacutem ser encontradas na dupla jornada de trabalho nos conflitos entre seu trabalho e famiacutelia e na segregaccedilatildeo ocupacional por gecircnero Essas reflexotildees suscitaram grande motivaccedilatildeo pela realizaccedilatildeo desse estudo Assim essa pesquisa tem por objetivo identificar quais satildeo os fatores que impulsionam as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA O destaque que as mulheres vecircm conquistando no mundo dos negoacutecios e no mercado de trabalho com cargos que ateacute entatildeo vinham sendo ocupados por maioria masculina ganhou repercussatildeo e isso avanccedila a cada dia que passa Natildeo importa se por necessidade ou por simples oportunidade as mulheres tecircm alcanccedilado seus objetivos cumprindo metas e se dispondo ao mercado Ainda com relaccedilatildeo ao empreendedorismo as mulheres contam com um aumento constante de sua participaccedilatildeo ultrapassando no ano de 2007 o niacutevel de empreendedorismo entre os homens Esse estudo foi divulgado pelo Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2007) que posicionou as mulheres brasileiras em 7ordm lugar no ranking mundial de empreendedorismo feminino com uma taxa de 1271 Para o SEBRAE (2008) esses dados representam uma inversatildeo histoacuterica da participaccedilatildeo feminina no mercado de trabalho pois em 2001 os homens empreendedores representavam 71 contra 29 das mulheres Para GEM (2007) a principal motivaccedilatildeo feminina para empreender eacute a necessidade apontada por 68 das mulheres proporccedilatildeo que cai para 38 quando apontada pelos homens (BOTELHO 2009) O mercado estaacute se adaptando cada vez mais ao perfil feminino contando com a participaccedilatildeo de empreendedoras no mundo dos negoacutecios Segundo estudos realizados pelo SEBRAE (2006) nas microempresas entre 2002 e 2006 houve um crescimento de 396 para 413 na participaccedilatildeo feminina as quais lideram o ranking de abertura de novas empresas que geram lucros abrindo oportunidade de empregos Kets de Vries (1995) apud Paiva-Junior (2006) diz que os empreendedores precisam criar seu proacuteprio ambiente e sobre o entendimento de que o empreendedorismo parece ser antes e acima de tudo um fenocircmeno regional em que o comportamento empreendedor eacute diretamente afetado por cultura necessidade e haacutebitos de uma dada regiatildeo

Segundo Dornelas (2001) as caracteriacutesticas do empreendedor satildeo iniciativa para criar um novo negoacutecio e paixatildeo pelo que faz utiliza os recursos disponiacuteveis de forma criativa transformando o ambiente social onde vive aceita assumir riscos e a possibilidade de fracassar Para ele empreendedores satildeo pessoas diferenciadas que possuem motivaccedilatildeo singular apaixonada pelo que fazem natildeo se contentam em ser mais um na multidatildeo querem ser reconhecidas e admiradas referenciadas e imitadas querem deixar um legado Para Paiva Junior (2006) o empreendedor pode ser um eixo de desenvolvimento para a geraccedilatildeo expansatildeo e reestruturaccedilatildeo de empresas voltadas para a busca e exploraccedilatildeo de oportunidades Conforme a visatildeo de Dollinger apud Junior (2006) o empreendedor eacute um indiviacuteduo que estaacute voltado para a maneira como pode influenciar sua equipe a fazer o que seria uacutetil para a empresa O empreendedor como liacuteder deve estar apto a perceber tendecircncias emergentes no ambiente com diversos tipos de informaccedilotildees e ajustado agraves percepccedilotildees e agrave direccedilatildeo em que caminham as forccedilas ambientais Filion (1999) relata que ateacute agora natildeo foi possiacutevel estabelecer um perfil psicoloacutegico absolutamente cientiacutefico do empreendedor e que os comportamentos em si podem melhor predizer o ecircxito que eles alcanccedilam na interaccedilatildeo com o mercado Gimenez amp Machado (2000) afirmam que empreendedorismo eacute mais bem visto como um comportamento transitoacuterio que apresenta muito da situaccedilatildeo enfrentada pelo empreendedor Depois de detalhado estudo Armond et al (2009) relatam que o empreendedor natildeo eacute algueacutem que eacute de determinada maneira mas sim algueacutem que se comporta de determinada maneira Baron et al (2007) define da seguinte forma empreendedorismo como disciplina para uma carreira de sucesso eacute encontrado entre as pessoas capazes de enxergar a necessidade de inovaccedilatildeo O empreendedorismo eacute um processo que desenvolve e natildeo nasce completo em si mesmo pois para por fases distintas para chegar ao sucesso Entatildeo empreendedoras satildeo as pessoas que enxergam facilmente uma necessidade e transformam-na em inovaccedilatildeo Contudo muito importante citar que as informaccedilotildees a respeito dessa necessidade eacute que iraacute permear a evoluccedilatildeo da inovaccedilatildeo pois disso parte a tomada de decisatildeo Baron et al (2007) continua afirmando que as oportunidades empreendedoras existem porque as pessoas dispotildeem cada vez mais de uma maior quantidade de informaccedilotildees diferentes que influenciam na tomada de decisatildeo para fazer o novo acontecer essas oportunidades natildeo acontecem somente para o lanccedilamento de produtos ou serviccedilos mas tambeacutem tomam forma de novos meacutetodos de produccedilatildeo novas mateacuterias-primas novas maneiras de organizaccedilotildees e consequentemente novos mercados Nassif et al (2008) concluem que o empreendedor eacute o ator social que tem como caracteriacutesticas pessoais o ser corajoso para assumir riscos e outras caracteriacutesticas de caraacuteter e personalidade que o impulsiona para o sucesso por isso eacute conhecido por suas accedilotildees O empreendedor eacute tambeacutem aquele que se relaciona

82 em um contexto por meio de um conceito ou ideia diferente de negoacutecio Para Schumpeter (1982) o empreendedorismo eacute a busca de novas direccedilotildees diferencial competitivo e novas conquistas associados agrave inovaccedilatildeo na medida em que sua essecircncia estaacute na percepccedilatildeo e aproveitamento de oportunidades de negoacutecio no desejo de fundar novo empreendimento de utilizar recursos de uma nova forma e na alegria de criar de fazer coisas e de exercitar a energia da engenhosidade Schumpeter (1982) conceitua o empreendedor como o agente do processo de destruiccedilatildeo criativa capaz de introduzir o novo e gerar riquezas para um paiacutes o qual eacute o impulso fundamental que aciona e manteacutem em marcha o motor capitalista constantemente criando novos produtos novos meacutetodos de produccedilatildeo e novos mercados Para facilitar os estudos propostos menciona-se ainda o pensamento de Dolabela (1999) segundo o qual qualquer pessoa pode empreender desde que tenha capacidade de sonhar e tenha motivaccedilatildeo para transformar em realidade seus desejos Literaturas mostram que as pessoas podem empreender porque tiveram a visatildeo e a percepccedilatildeo de uma oportunidade ou ainda satildeo pessoas que por necessidade se lanccedilam no empreendedorismo De acordo com Pereira (2003) atualmente existem avanccedilados estudos que mostram a existecircncia de pesquisas em aacutereas bem especiacuteficas como Empreendedorismo Feminino [Baughn et al (2006) AHL (2006) Lindo et al (2007)] Empreendedorismo Indiacutegena [Pereira (2003) Lindsay (2005)] Empreendedorismo Homossexual ndash Willsdon (2005) e Empreendedorismo de Afro-descendentes ndash Boxill (2003) Tais estudos referem-se a grupos sociais que em decorrecircncia de sua especificidade encontram maiores obstaacuteculos em relaccedilatildeo agrave sua accedilatildeo empreendedora por isso procuram verificar como lidam com esses obstaacuteculos O Empreendedorismo Feminino ndash Inserccedilatildeo das mulheres no trabalho Segundo Macedo (2007) formando 70 de todos os novos negoacutecios as mulheres possuem hoje mais de 85 milhotildees de pequenas empresas que empregam mais de 17 milhotildees de pessoas um aumento de 45 desde 1990 Para abertura desses negoacutecios percebe-se que as caracteriacutesticas entre os homens e as mulheres satildeo bem semelhantes mas as mulheres diferem em termos de motivaccedilatildeo habilidades empresariais e de histoacuterico profissional Necessidade e oportunidade se misturam dando espaccedilo para as mulheres abrirem seus proacuteprios negoacutecios Aidis et al(2007) Baughn et al (2006) apontam alguns motivos para a opccedilatildeo de empreender como forma de superar a desigualdade de gecircnero em economias desenvolvidas e em desenvolvimento Esses autores pontuam que para muitas mulheres empreendedoras estrutura limitada de oportunidades no mercado de trabalho a discriminaccedilatildeo no mercado de trabalho enfrentamento com a situaccedilatildeo de teto de vidro na

carreira ou mesmo a necessidade de conciliar muacuteltiplos papeacuteis tem levado as mulheres agrave escolha do autoemprego como uma estrateacutegia de sobrevivecircncia Os fatores acima apontados satildeo tambeacutem considerados importantes na medida em que os mesmo podem levar as empreendedoras agrave conquista de oportunidades para a independecircncia desafio iniciativa bem como o sucesso e a satisfaccedilatildeo por meio da iniciativa empresarial (HUGHES 2003 BAUGHN et al 2006) Outra pesquisa apresenta diferentes aspectos no que se refere agraves conquistas profissionais e satisfatoacuterias para ambos apontando que para homens eacute muito importante status para a realizaccedilatildeo dos relacionamentos enquanto que para as mulheres os aspectos mentais e sociais satildeo os mais valorizados (EDDLESTON POWELL 2008) De acordo com Jamali (2009) as empresas que pertencem a mulheres tendem a ser menores com um crescimento mais lento e menos rentaacutevel do que as empresas que pertencem a homens Ainda de acordo com esse autor algumas medidas objetivas de desempenho tecircm sido tradicionalmente utilizadas no contexto de empreendedorismo das mulheres incluindo o volume de negoacutecios e o crescimento do emprego e soacute recentemente tem sido complementada por medidas tais como o crescimento financeiro interdependecircncia no desempenho sucesso no proacuteprio negoacutecio e objetivos pessoais Desempenho e crescimento tambeacutem satildeo afetadas prevalecendo as expectativas de papel a natureza e a extensatildeo do apoio da famiacutelia bem como responsabilidades familiares e domeacutesticas Assim o desempenho no contexto do feminino empreendedorismo tem sido reconhecido como um constructo complexo afetado por vaacuterios antecedentes e fatores externos Uma pesquisa tambeacutem da GEM (2007) aponta que as mulheres brasileiras estatildeo em quarto lugar no ranking mundial de empreendedorismo A necessidade nesse caso tem impulsionado as mulheres nessa direccedilatildeo De acordo com a pesquisa quase 60 delas se lanccedilam para abrir negoacutecio proacuteprio para ajudar nas despesas de casa Pela pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) somente a partir de 2006 a mulher com atividade empreendedora passou a ser socialmente aceita Provavelmente estas mulheres ainda encaram diariamente a jornada dupla de cuidar tambeacutem dos filhos e dos afazeres domeacutesticos A participaccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho cresceu no decorrer dos uacuteltimos anos e muitas mulheres sobressaem-se com posiccedilotildees de topo em uma empresa mas por outro lado ainda encontram resistecircncia com desigualdade salarial comparado aos homens Inserida no mercado de trabalho a mulher ainda sofre com a discriminaccedilatildeo e com preconceitos e isso pode impulsionaacute-las a procurar crescimento no mundo dos negoacutecios e assim sendo comeccedilam a se destacar e ganhar espaccedilo de certa forma superando os homens Nas pesquisas de Antunes apud Cavedon Girodani amp Craide (2006) diz-se que estaacute ocorrendo um aumento significativo da forccedila de trabalho feminino

83 Segundo esse mesmo estudo a mulher representa mais de 40 da forccedila de trabalho em diversos paiacuteses avanccedilados Segundo o autor a desigualdade salarial ainda impera pois o percentual de remuneraccedilatildeo das mulheres ainda eacute bem menor do que aquele auferido pelo trabalho masculino Para Carloto apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) a entrada massiva de mulheres no mercado de trabalho natildeo significa uma mudanccedila revolucionaacuteria em suas vidas uma vez que continuam responsaacuteveis pelas atividades reprodutivas e pelos cuidados com o lar e os membros da famiacutelia Ainda satildeo vistas como as que ajudam no orccedilamento familiar enquanto cabe aos homens o papel de provedor Portanto ainda existem preconceitos por parte da sociedade e do mundo masculinizado quanto aos trabalhos que as mulheres exercem natildeo obstante na maioria dos casos elas ganharem um salaacuterio maior do que os salaacuterios dos maridos satildeo vistos como salaacuterios que complementam a renda familiar e isso com tonalidade de menosprezo Contudo as mulheres lutam e expressam o desejo natildeo de serem independentes mas de terem igualdade para prover o sustento da famiacutelia Segundo Lipovetsky apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) as mulheres por meio da nova cultura do trabalho exprimem a vontade de conquistar uma identidade profissional pela e mais amplamente o desejo de serem reconhecidas a partir do que fazem natildeo mais do satildeo por natureza Nesse ponto percebe-se que a diferenccedila entre homens e mulheres se estreitou mesmo assim o trabalho feminino ainda natildeo eacute considerado igual ao do homem Nogueira apud Cavedon Giordani amp Craide (2006) afirma a conotaccedilatildeo de que o trabalho e salaacuterio feminino satildeo complementares a fim de auxiliar nas necessidades de subsistecircncia familiar embora hoje se saiba que para algumas famiacutelias o trabalho da mulher eacute imprescindiacutevel para o equiliacutebrio do orccedilamento familiar principalmente nas classes populares Haacute um avanccedilo perceptiacutevel nas mudanccedilas culturais e isso coloca as mulheres num patamar um pouco mais confortaacutevel no que diz respeito agrave aceitabilidade de seus trabalhos e suas remuneraccedilotildees As mulheres ainda lutam para ganhar seu espaccedilo mediante ao que estaacute proposto no Artigo 113 inciso 1 da Constituiccedilatildeo Federal todos satildeo iguais perante a lei Mas ainda lutam para colocarem essa lei em praacutetica A mulher tem sido inserida no mercado de trabalho atraveacutes de um processo lento que comeccedilou haacute pouco tempo em funccedilatildeo das condiccedilotildees de submissatildeo impostas pela sociedade Contudo natildeo obstante as barreiras encontradas os preconceitos ou ainda falta de sensibilidade para os problemas exclusivamente femininos Quando ingressam no mercado de trabalho buscam sua valorizaccedilatildeo mostrando que satildeo capazes de exercer as funccedilotildees que os homens exercem e com mais presteza e empenho ainda No tocante ao empreendedorismo nota-se que houve um aumento considerado do nuacutemero de mulheres trabalhando por conta proacutepria sendo que comparado aos

homens elas iniciam novos empreendimentos trecircs vezes mais METODOLOGIA Embora o assunto em pauta seja recorrente na literatura ainda haacute de se ampliar o conhecimento no escopo dessa pesquisa levando em consideraccedilatildeo as especificidades de cada contexto regiatildeo cultura e outras variaacuteveis que vecircm apresentando variaccedilotildees e revelando diferentes posicionamentos sobretudo de mulheres empreendedoras Essa eacute a fundamentaccedilatildeo baacutesica para fazer pesquisa na aacuterea de ciecircncias sociais e aplicadas A pesquisa foi classificada como qualitativa de natureza exploratoacuteria e descritiva Qualificada segundo Vergara (2000) a pesquisa foi classificada conforme dois criteacuterios baacutesicos quanto aos meios e quanto aos fins Quanto aos meios a pesquisa foi bibliograacutefica porque foi baseada em literaturas de diversos autores que conceituam o empreendedorismo o intraempreendedorismo e o empreendedorismo feminino pois o foco principal dessa pesquisa eacute o atual destaque da mulher no mercado de trabalho Quanto aos fins a pesquisa foi exploratoacuteria e descritiva Exploratoacuteria porque envolveu entrevistas com pessoas que tiveram ou tecircm experiecircncias praacuteticas com as situaccedilotildees descritas nessa pesquisa e tem como finalidade baacutesica desenvolver esclarecer e modificar conceitos para a formulaccedilatildeo de abordagens posteriores E descritiva porque visa a descrever a histoacuteria e a atualidade comparando-as sobre a evoluccedilatildeo da mulher no mercado de trabalho e o que a conduziu ao empreendedorismo Utilizou-se neste trabalho o meacutetodo qualitativo para verificar os fatores que levaram as mulheres a abrirem seus proacuteprios negoacutecios Foi realizado contato pessoal com trecircs mulheres identificadas como empreendedoras pelos seguintes criteacuterios donas do proacuteprio negoacutecio conhecidas na regiatildeo em que moram e estabeleceram seus negoacutecios pelas histoacuterias de vida por terem iniciado sua atividades por necessidade e ganharam espaccedilo no mercado de trabalho com sucesso e pela acessibilidade Procurou-se por um contato e as empreendedoras se dispuseram a participar da pesquisa Assim foi marcado dia e horaacuterio para a realizaccedilatildeo das entrevistas Todas as entrevistadas demonstraram grande interesse pela pesquisa respondendo as questotildees com empenho e dedicaccedilatildeo colocando-se inclusive agrave disposiccedilatildeo para o que mais fosse preciso Concederam tambeacutem autorizaccedilatildeo verbal e escrita no caso de terem seus nomes publicados As entrevistas foram compiladas em um formulaacuterio com roteiro semiestruturado e procurou-se deixar as respondentes falarem livremente sobre o que lhes eram perguntados Apoacutes as entrevistas os dados foram tratados por meio da anaacutelise de conteuacutedo e organizados em categorias de respostas (BARDIN 2008)

84 RESULTADOS E ANAacuteLISE DOS DADOS Perfil das respondentes Como dito acima as empreendedoras participantes da pesquisa autorizaram por escrito a divulgaccedilatildeo de seus nomes bem como de suas empresas Assim visando a facilitar o entendimento doravante seus nomes seratildeo incorporados nesse estudo Ivete casada trecircs filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de alimentos Estudou somente o ensino fundamental ateacute a 4ordf seacuterie e nunca mais voltou agrave escola Carla casada dois filhos dona de casa e empreendedora Atua no ramo de esteacutetica e beleza Tem o ensino meacutedio completo e buscou aprimoramento de suas atividades em vaacuterios locais inclusive no exterior Melise solteira empreendedora e atua no ramo de viacutedeo locaccedilatildeo Estaacute cursando o uacuteltimo ano de Administraccedilatildeo de Empresas Mora com os pais A seguir seratildeo apresentadas as narrativas compiladas dos depoimentos das participantes da pesquisa A histoacuteria da Ivete A senhora Ivete tem 67 anos casada matildee de trecircs filhos tem formaccedilatildeo primaacuteria nasceu na cidade de Satildeo Paulo onde viveu com seus familiares ateacute a idade de 22 anos quando se casou Ela trabalhava num escritoacuterio e ajudava seus pais a manter a casa Com o casamento deixou a vida profissional e mudou-se para a cidade de JundiaiacuteSP para viver uma nova vida de casada e dona de casa Seu marido estava bem empregado quando do nascimento de seu primeiro filho Contudo uma notiacutecia com relaccedilatildeo ao emprego do marido mudou o rumo de suas vidas Ele acabara de perder o emprego

ldquoNesse momento meus peacutes perderam o chatildeo eu ainda natildeo conhecia bem a cidade e meus parentes mais proacuteximos estavam em Satildeo Paulordquo

Com o passar dos dias o marido procurando ainda um novo emprego Ivete tomou a decisatildeo de procurar um emprego para ajudaacute-lo financeiramente Foi entatildeo que surgiu uma oportunidade de trabalhar com uma senhora que se tornara amiga e que fazia comida em casa fornecendo marmitas diariamente para uma boa clientela Foi ajudando essa senhora que surgiu uma importante oportunidade a de fornecer doces e sobremesas para cada marmita vendida Os clientes gostaram e aprovaram seus confeitos e nesse iacutenterim uma das clientes sugeriu que Ivete fizesse um bolo de aniversaacuterio relutou mas acabou por fazecirc-lo Devido ao sucesso a senhora Ivete passou a fazer mais bolos com receitas que pegava com amigas eou parentes Nunca foi fazer um curso de ldquoboleirardquo mas eacute de suas matildeos e experimentos que saiacuteram as melhores receitas de bolos e doces ganhando uma carteira vasta de clientes que satildeo fieacuteis ateacute hoje

ldquoNatildeo foi faacutecil para mim enfrentar uma situaccedilatildeo financeira terriacutevel cuidar do meu primeiro filho e arregaccedilar as mangas para trabalhar numa coisa que eu natildeo tinha nem noccedilatildeo de como era Mas com muita feacute em Deus prossegui enfrentei e hoje me considero

vitoriosa Minha maior alegria e ver meus colaboradores que alguns jaacute estatildeo comigo haacute mais de vinte anos terem suas casas proacuteprias suas coisas pagas e trabalharem com alegriardquo

Apoacutes 28 anos de seus primeiros confeitos dona Ivete eacute dona de uma cozinha industrial para a confecccedilatildeo dos bolos e outros confeitos duas lojas na cidade de JundiaiacuteSP e mais cinco lojas representantes na regiatildeo A empresa tem o nome fantasia de ldquoIvete Bolosrdquo e conta com 47 empregados sendo 44 mulheres e 3 homens Enfrentou grandes desafios que a fizeram crescer mais ainda a ponto de uma grande marca de chocolates procuraacute-la para que tornando-se parceira pudesse desenvolver receitas que determinariam a consistecircncia do produto A histoacuteria da Carla Carla eacute uma jovem senhora de 43 anos casada matildee de dois filhos Tem formaccedilatildeo no ensino meacutedio completo nascida no Rio de Janeiro no Bairro de Madureira onde viveu com seus familiares ateacute aos 23 anos quando se casou e veio com o marido morar na cidade de CampinasSP pois seu marido tambeacutem carioca era funcionaacuterio de uma grande empresa na cidade paulista Antes de seu casamento Carla trabalhava para uma instituiccedilatildeo bancaacuteria o salaacuterio que recebia era para o seu proacuteprio sustento Trabalhou mais alguns meses depois de seu casamento mas desistiu do trabalho porque percebeu que natildeo havia espaccedilo para que ela subisse de cargo percebeu tambeacutem que o preconceito era muito forte

ldquo a vaga estava aberta havia necessidade de um profissional e eu era a primeira na fila de espera para promoccedilotildees mas eu era preteridardquo

Depois de seis anos cuidando das tarefas domeacutesticas e de seus dois filhos Carla uma vez ou outra era chamada pelas vizinhas para cortar cabelos fazer escovas trabalhos de tratamento de matildeos e peacutes surgindo daiacute a ideia de fazer seu primeiro curso de Cabeleireira e logo passou a atender funcionaacuterias e funcionaacuterios de uma grande empresa de convecircnio meacutedico Depois de algum tempo de dedicaccedilatildeo teve outra ideia que realmente revolucionou sua vida a de abrir um salatildeo de esteacutetica e beleza Alugou uma casa num bairro nobre da cidade e comeccedilou efetivamente suas atividades abrindo seu proacuteprio negoacutecio Sua clientela aumentava a cada dia e Carla foi buscar novos conhecimentos participou de cursos em Paris na Franccedila e em Barcelona na Espanha se especializando em quiacutemica alisamento balayagem reflexos e tratamento profundo dos fios de cabelo

ldquoOlhar para o que eu pude construir durante esses dezesseis anos me deixa muito feliz me deixa satisfeita Tenho consciecircncia de que tudo comeccedilou por enxergar uma grande oportunidade e que supriu minhas necessidades Agradeccedilo sempre a Deus pois Ele me fez enxergar tudo isso Com meu

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proacuteprio negoacutecio pude ajudar meu marido no sustento da casa pude ajudar mais pessoas a encontrar seu caminho na vida profissional pude dar bons estudos aos meus filhos e o principal a minha total e plena satisfaccedilatildeo profissional E como mulher me sinto muito bemrdquo

Com o passar do tempo Carla comprou a casa que antes era alugada e formou entatildeo o ldquoInstituto de Beleza e Esteacutetica Carla Mottardquo Tem trecircs funcionaacuterias de tempo integral que atende a aacuterea administrativa limpeza e ajudante de cabeleireira aleacutem dessas colaboradoras tem tambeacutem colaboradoras autocircnomas que trabalham com maquiagem peacute e matildeo esteacutetica corporal e facial manicure e podologia Oferece tambeacutem um amplo trabalho para noivas madrinhas debutantes formandas etc A histoacuteria da Melise Melise eacute uma jovem de 22 anos estaacute cursando o uacuteltimo ano de graduaccedilatildeo de Administraccedilatildeo de Empresas tambeacutem cursa o CAD ndash Curso de Aperfeiccediloamento de Docentes Comeccedilou a trabalhar com o pai no negoacutecio da famiacutelia no ramo de Viacutedeo Locaccedilatildeo Aos 14 anos de idade Em 2004 com a transformaccedilatildeo total da tecnologia que transformou o mundo das fitas VHSrsquos em DVDrsquos percebeu-se um aumento considerado de clientes Olhando para essa oportunidade Melise fez uma pesquisa em seu bairro sobre a aceitaccedilatildeo de mais uma loja buscando informaccedilotildees no SEBRAE e tambeacutem com fornecedores ela abriu a segunda loja agora em seu nome Com bastante conhecimento nesse ramo de negoacutecio e mais as informaccedilotildees que obteve natildeo teve dificuldades para tocar seu proacuteprio negoacutecio Ao iniciar sua graduaccedilatildeo Administraccedilatildeo de Empresas teve um aumento fantaacutestico de conhecimento para administrar seu proacuteprio negoacutecio agora ao inveacutes de soacute alugar os DVDrsquos seu cliente encontra uma grande variedade de petiscos refrigerantes sucos e chocolates implantou algumas promoccedilotildees para fazer girar todos os filmes e cobra um pouco a mais pelos filmes em lanccedilamento

ldquoTer iniciado a faculdade foi um marco de vitoacuteria em minha vida pois natildeo somente agregou valor aos meus conhecimentos como entre quatro irmatildeos eu fui a privilegiada em poder continuar os estudosrdquo

Na verdade sua loja eacute concorrente da loja que eacute administrada pelo pai em ponto diferente poreacutem no mesmo bairro Aleacutem de ajudar no orccedilamento da famiacutelia o empreendimento dessa jovem empreendedora daacute emprego para mais duas pessoas que satildeo suas colaboradoras Ela conta que seus irmatildeos tambeacutem jaacute passaram por ali em ocasiatildeo de desemprego A partir da visatildeo de uma excelente oportunidade Melise pocircde abrir seu proacuteprio negoacutecio e incentivar outras pessoas a buscar oportunidades saindo de sua zona de conforto

ldquoAjudando meu pai administrar sua loja fui aprendendo a lidar com os clientes e com fornecedores O avanccedilo tecnoloacutegico que transformou radicalmente o mundo das fitas em VHS me mostrou a possibilidade de abrir meu proacuteprio negoacutecio Foi ai que busquei informaccedilotildees no SEBRAE fiz uma boa pesquisa de mercado e em 2004 abri a loja em meu nome acreditando em meu potencial mas tambeacutem confiando a Deus o sucesso que estava batendo em minha porta Sou feliz agradeccedilo sempre meus pais por estarem comigo nessa empreitada e a Deus por me dar a chance de enxergar essa oportunidaderdquo

Aleacutem de administrar o empreendimento a que se propocircs ela participa ativamente dos eventos familiares participa de uma comunidade de evangeacutelicos cuidando de adolescentes e outras moccedilas que precisam de um conforto Em siacutentese pelos relatos acima pode-se verificar que muito do que as empreendedoras trouxeram como histoacuteria de suas vidas sobressai o desejo de vencer e crescer em seus ramos de negoacutecio Natildeo obstante existir diferenccedila de idade formaccedilatildeo educacional e estado civil todas elas se revelaram muito competentes no negoacutecio que se propuseram a iniciar Natildeo sofreram grandes ataques de preconceitos poreacutem de certa forma houve insinuaccedilotildees quanto agrave capacidade de serem gestoras eficazes e com completo domiacutenio sobre o empreendimento CONCLUSAtildeO Longe do sentimento de superioridade ou imposiccedilatildeo da autoafirmaccedilatildeo as mulheres lutam pelo reconhecimento profissional muitas vezes exercendo inclusive funccedilotildees masculinas com grau elevado de satisfaccedilatildeo Hoje a mulher eacute educada para primeiro pensar em sua vida profissional Continua sendo esposa matildee e dona de casa por quanto muitas vezes todas essas tarefas natildeo satildeo divididas com seus parceiros mas a visatildeo de um futuro melhor natildeo se deteacutem somente em ser a ldquosubmissardquo dona de casa muito mais do que isso satildeo excelentes profissionais e dedicadas mulheres Num mundo masculinizado satildeo poucos os que reconhecem essa postura feminina e se colocam agrave disposiccedilatildeo para ajudaacute-las Ainda natildeo se libertaram do pensamento de que as tarefas domeacutesticas satildeo exclusivamente femininas e devem ser feitas pelas mulheres Natildeo reconhecem que o salaacuterio da mulher natildeo eacute somente complementar mas parte integrante para o sustento familiar A pesquisa mostrou que as mulheres buscam estudos natildeo para se comparar ao homem mas todavia para buscar conhecimento e se tornar eficaz e eficiente naquilo que faz Os casos estudados revelaram que as mulheres se empenham para ganhar a independecircncia contudo harmoniosamente continuam com suas tarefas de casa

86 desempenhando bem os papeacuteis de filha esposa matildee e profissionais As participantes da pesquisa viram em consequecircncia da necessidade oportunidade para abrirem seus proacuteprios negoacutecios buscar a autonomia e independecircncia financeira agregando valor agrave renda da famiacutelia A pesquisa tambeacutem revelou que independente de buscar o sucesso profissional por causa da necessidade elas satildeo empreendedoras porque se comportam como tal Satildeo otimistas e natildeo desistem nem das tarefas mais difiacuteceis em seu percurso As mulheres empreendedoras desse estudo satildeo motivadas e tambeacutem satildeo mulheres de feacute conquistam seu espaccedilo com simpatia e um elevado grau de alegria por aquilo que fazem Todas as entrevistadas revelaram que foram apoiadas por familiares e amigos e tiveram ajuda dos mais iacutentimos para as tomadas de decisatildeo mas ainda haacute muito trabalho a ser feito para que as mesmas tenham reconhecimento total pois o que se vecirc nos dias de hoje esbarra no disfarce e ldquohipocrisiardquo por parte de uma sociedade ainda machista Como dificuldade para tornar realidade seus negoacutecios as entrevistas citaram falta de centralizaccedilatildeo para as informaccedilotildees de procedimentos burocraacuteticos e demora nos processos de abertura de empresa Os relatos trouxeram tambeacutem respostas ao problema dessa pesquisa As respondentes demonstraram um lado espiritual muito atuante confessando a feacute cristatilde em dois seguimentos ou seja uma mulher eacute catoacutelica romana e duas satildeo evangeacutelicas praticantes Mostraram-se preocupadas com seus colaboradores oferecendo-lhes boas condiccedilotildees de trabalho ambiente organizacional satisfatoacuterio registro em carteira profissional e todos os direitos trabalhistas Por fim observa-se nesta pesquisa que independente da necessidade a que levou as mulheres ao empreendedorismo o comportamento empreendedor levou-as ao sucesso A pesquisa demonstrou ainda que atitudes eleitas como importantes para empreender facilitaram o ingresso para o mundo do empreendedorismo Sendo assim algumas caracteriacutesticas como coragem otimismo equiliacutebrio e autoconfianccedila puderam auxiliar a lidar nos momentos de dificuldades As mulheres conquistaram destaque como empreendedoras ou intraempreendedoras Essa pesquisa natildeo tem um fim em si mesmo e seus dados natildeo podem ser generalizados Haacute limites no que tange ao nuacutemero de entrevistadas e em relaccedilatildeo do local em que se situam Poucos casos de sucessos satildeo apresentados em formato cientiacutefico dificultando a socializaccedilatildeo de experiecircncias de sucesso e que poderiam servir de paracircmetro para iniciantes ou mesmo como fonte inspiradora para pessoas que necessitam revisar seus projetos de vida Pela relevacircncia do assunto faz-se necessaacuterio a continuidade de novos estudos dentro desse escopo com o intuito de ampliar essa base de dados e assim trazer agrave luz novos conhecimentos Sugere-se que outras variaacuteveis ainda possam ser associadas ao papel da mulher

empreendedora tais como cultura ambiente formaccedilatildeo e orientaccedilatildeo empreendedora REFEREcircNCIAS ARMOUND A e NASSIF V M J Comportamento de lideranccedila do empreendedor Revista de Administraccedilatildeo Mackenzie 2009 BARDIN L Anaacutelise de conteuacutedo Lisboa Ediccedilotildees 70 2008 BARON R A SHANE S A Empreendedorismo ndash Uma visatildeo do processo Satildeo Paulo Thomson Learning 2007 ndash Capiacutetulos 1 e 2 BOTELHO L Percepccedilotildees sobre o papel da mulher na sociedade do conhecimento In Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 Florianoacutepolis Anais Seminaacuterio Internacional Fazendo Gecircnero VII 2006 CAVEDON N R amp GIORDANI C G amp CRAIDE A Mulheres trabalhando e administrando espaccedilos de identidade masculina 2006 CONSTITUICcedilAtildeO FEDERAL DO BRASIL Artigo 113 inciso 1 Satildeo Paulo Saraiva 2009 DAS M Women entrepreneurs from southern India na exploratory study The Journal of Entrepreneurship Thousand Oaks v8 no 2 p147-163 1999 DOLABELA F Oficina do Empreendedor Satildeo Paulo Cultura Editores 1999 DORNELAS J C A Empreendedorismo transformando ideacuteias em negoacutecios Rio de Janeiro 2001 FERRARI C E SILVA L B As dificuldades para Empreender do Ponto de Vista dos Cegos Anais do EGEPE 2008 FILION L J Empreendedorismo empreendedores e proprietaacuterios-gerentes de pequenos Negoacutecios Revista de Administraccedilatildeo AbrJun 1999 p 5-28 GEM Global Entrepreneurship Monitor 2007 GIMENEZ F A P MACHADO H P V Empreendedorismo de diversidade uma abordagem demograacutefica de casos brasileiros In Encontros de estudos sobre empreendedores e gestatildeo de empresas Maringaacute(PR) 2000 IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATIacuteSTICA Programa Nacional de Amostragem Domiciliar Brasil 2006 JAMALI D Constraints and opportunities facing women entrepreneurs in developing countries A relational perspective Gender in Management 24(4) 232-251

87 ABIINFORM Research (Document ID 1972991811) 2009 JUNIOR F G P O Empreendedor e Sua Identidade Cultural Em busca do Desenvolvimento Local 2006 KETS DE VRIES M F R Organization paradoxes 2nd ed London Routledge 1995 MACEDO M FURLAN A REGINA K SOARES M Atitude Empreendedora Mulheres ganhando espaccedilo em Incubadoras no setor da Tecnologia ANAIS DO CONGRESSO SEMEAD-USP SAtildeO PAULO 2007 MACHADO VH Identidades de Mulheres empreendedoras Maringaacute (PR) EDUEM 2009 NASSIF VMJ AMARAL DJ CERRETTO C e RUBIM M T Quem eacute Empreendedor Entendendo o Conceito agrave Luz da Representaccedilatildeo Anais do EGEPE 2008 OECD Proceedings of women entrepreneurs in small and medium enterprises Paris 1998 PEREIRA F E O conhecimento como agente de promoccedilatildeo do empreendedorismo social nas comunidades indiacutegenas amazocircnicas um estudo de caso In VI Simpoacutesio Internacional de Gestatildeo do Conhecimento 2003 Curitiba Criatividade para o desenvolvimento 2003 P 1-1 SEBRAE Serviccedilo Brasileiro de Apoio agraves Micro e Pequenas Empresas acesso em lthttwwwsebraespcombrprincipaldocumento_desobrevivecircncia_mortalidade_empresas_paulistasgt 2006 e 2008 SCHUMPETER J A Teoria do Desenvolvimento Econocircmico Uma investigaccedilatildeo sobre lucros capital creacutedito juros e o ciclo econocircmico Satildeo Paulo Nova Cultura 1982

VERGARA S C Gestatildeo de pessoas 2 Ed Satildeo Paulo Atlas 2000

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ENSINO DA DINAcircMICA DOS FLUIDOS COMPUTACIONAL (DFC) - UMA ABORDAGEM VOLTADA Agrave GRADUACcedilAtildeO USANDO SCILAB

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcombr

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

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RESUMO As soluccedilotildees de problemas referentes aos fluidos satildeo dotadas de alta complexidade e muitas vezes carecem de abordagens analiacuteticas Portanto a utilizaccedilatildeo de meacutetodos numeacutericos torna-se necessaacuteria sendo um dos mais conhecidos o meacutetodo dos elementos finitos Entretanto a visualizaccedilatildeo dos resultados de operaccedilatildeo matricial traz tal volume de dados que torna impossiacutevel a interpretaccedilatildeo dos resultados sem o auxiacutelio de ferramentas computacionais Para isso os programas passaram a ter as chamadas visualizaccedilotildees cientiacuteficas que tratam da simulaccedilatildeo do problema proposto A esta aacuterea do conhecimento daacute-se o nome de Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) Esta eacute uma ferramenta necessaacuteria para engenheiros profissionais que estudam a mecacircnica dos fluidos e para o avanccedilo deste ramo da ciecircncia No entanto enfrenta a dificuldade de ser tratada apenas em cursos de poacutes-graduaccedilatildeo Este trabalho visa trazer um exemplo aplicaacutevel para a graduaccedilatildeo a saber a anaacutelise de um caso claacutessico simples da hidrodinacircmica fundamental aplicado ao programa Scilab de licenccedila livre para impressatildeo de linhas de corrente Palavras-chave Dinacircmica dos fluidos computacional Scilab hidrodinacircmica ABSTRACT The solutions of the problems related to fluids are given into high complexity and many times require analytical approaches Therefore numerical methods are needed and one of the most known is the method of finite elements However the visualization of the matrix operation results gives such volume of data that interpretation of the results are impossible without the support of computational tools Therefore to the programs were added the scientific visualizations that deals with the simulation of a given problem This field of knowledge is called computational fluid dynamic (CFD) It is a tool required for engineers professionals that study the mechanic of fluids and for the advance of this branch of science Nevertheless it faces the difficulty of being

studied only in graduation courses This work aims to present an applicable example for undergraduate level namely the analysis of simple classic case of fundamental hydrodynamics applied to Scilab a freeware for current lines impression Keywords Computational Fluid Dynamic Scilab hydrodynamic 1 INTRODUCcedilAtildeO

O ensino das mateacuterias voltadas agraves metodologias computacionais eacute cada vez mais necessaacuterio uma vez que as soluccedilotildees de problemas complexos satildeo feitas apenas com tais ferramentas que facilitam a resoluccedilatildeo de caacutelculos numeacutericos Poreacutem eacute necessaacuterio lembrar que programas que possibilitam tais resoluccedilotildees natildeo passam de ferramentas (FORTUNA 2012) devendo ser usadas com muito cuidado e com a finalidade correta Sendo assim natildeo se dispensa o ensino de soluccedilotildees analiacuteticas e o domiacutenio das equaccedilotildees fundamentais pelos alunos uma vez que estas de fato consolidaram o poder de anaacutelise dos mesmos

Entretanto as ferramentas que possibilitam o bom funcionamento agrupando preacute-processamento soluccedilatildeo e poacutes-processamento satildeo muito onerosas e muitas vezes acabam por natildeo serem de aquisiccedilatildeo viaacutevel para instituiccedilotildees de ensino superior quanto menos para alunos que teriam que realizar trabalhos fora da sua instituiccedilatildeo de ensino

A soluccedilatildeo para tal problema eacute recorrer aos programas de coacutedigo ou distribuiccedilatildeo livre trazendo natildeo soacute a viabilidade financeira como tambeacutem a maior utilizaccedilatildeo e desenvolvimento acadecircmico de programas open source e a evoluccedilatildeo das aacutereas do conhecimento tratadas

Para a resoluccedilatildeo de problemas de dinacircmica dos fluidos computacional existem programas robustos como Gerris Flow Solver e o OpenFOAM poreacutem tais programas exigem que o usuaacuterio tenha bons

89 conhecimentos de linguagens de programaccedilatildeo orientada a objetos como C (no caso do Gerris) e C++ (no caso do OpenFOAM) o que natildeo eacute a realidade de estudantes de graduaccedilatildeo que natildeo cursam as ciecircncias da computaccedilatildeo e aacutereas afins

Atualmente uma das ferramentas de grande destaque para os ramos de engenharia tanto acadecircmico quanto nas empresas satildeo ferramentas como Matlab ou o semelhante de coacutedigo aberto Scilab que exigem menos habilidades de programaccedilatildeo dos estudantes e maior habilidade com as equaccedilotildees que regem os fenocircmenos tratados sendo calculadoras indispensaacuteveis

O leitor deve ter em mente tambeacutem que programas de coacutedigo-livre satildeo importantes para o meio acadecircmico e ateacute mesmo para usuaacuterios privados uma vez que se houver a necessidade de resolver algo novo pode-se simplesmente implantar esta soluccedilatildeo no coacutedigo do arquivo e disponibilizaacute-lo nas comunidades que desenvolvem o programa tornando a ferramenta cada vez mais poderosa dessa forma muitos programas estatildeo tendo uma evoluccedilatildeo acelerada e se tornando os melhores do mercado Scilab

O Scilab (Scientific Laboratory) conforme descrito em diversas apostilas como (FILHO 2007) eacute um ambiente projeto para a resoluccedilatildeo de problemas numeacutericos desenvolvido na Franccedila por pesquisadores do Institut de Recherche en Informatique et en Automatique (INRIA) e da Egravecole Nationale des Ponts et Chausseacutees (Escola Nacional de Pontes e Caminhos) disponibilizado na internet1 com o coacutedigo fonte sendo assim trata-se de um programa open source hoje eacute mantido pelo consoacutercio Scilab

O Scilab eacute um programa de faacutecil manipulaccedilatildeo tendo grandes vantagens como a geraccedilatildeo de graacuteficos de altiacutessima qualidade com grande facilidade de configuraccedilatildeo das propriedades destes podendo ser bidimensionais tridimensionais e ateacute animaccedilotildees muito embora neste trabalho sejam usados apenas os graacuteficos bidimensionais O leitor pode melhorar as apresentaccedilotildees e coacutedigos por conta proacutepria uma vez que o programa possui faacutecil manipulaccedilatildeo de matrizes resoluccedilatildeo de polinocircmios e diversas outras ferramentas para os mais diversos usos aleacutem de possuir a biblioteca XCOS um ambiente onde a simulaccedilatildeo se desenvolve por meio de blocos contendo rotinas numeacutericas

O aprendizado de uso desta ferramenta eacute bem simples principalmente pelo fato de existirem diversos materiais como apostilas na internet como (LOPES 2004) e (FILHO 2007) e diversos viacutedeos no Youtube

1 wwwscilaborgdownload

O Scilab ainda natildeo eacute um programa tatildeo difundido em induacutestrias e comeacutercios sendo este campo jaacute conquistado pelo seu rival Matlab sofrendo grande preconceito de profissionais Entretanto esta ferramenta tem se mostrado um programa realmente robusto e capaz de fazer caacutelculos muito complexos com grande potencial para evoluccedilatildeo Dinacircmica dos fluidos computacional (DFC)

Tambeacutem conhecida como CFD2 trata-se de um ramo da mecacircnica dos fluidos que utiliza meacutetodos numeacutericos e modelagem computacional para resolver e analisar problemas que envolvem fluidos utilizando condiccedilotildees auxiliares Profissionais que utilizam a DFC grande maioria formada por acadecircmicos costumam se utilizar de teacutecnicas de computaccedilatildeo paralela a fim de aumentar a velocidade dos caacutelculos na induacutestria a DFC eacute largamente usada em empresas de automobilismo e aeronaacuteutica para estudo de aerodinacircmica

Os passos para resoluccedilatildeo numeacuterica de um problema de escoamento pode ser descrita conforme a figura 1

Figura 1 - Etapas da resoluccedilatildeo de um

problema de escoamento (FORTUNA 2012)

2 Do inglecircs Computacional Fluid Dynamics

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Estas etapas satildeo fundamentais e devem ser seguidas com grande cuidado e suas definiccedilotildees devem ser bem entendidas

A etapa de modelagem fiacutesica deve descrever exatamente o fenocircmeno que estaacute sendo estudado incluindo as simplificaccedilotildees como o tipo de escoamento ser incompressiacutevel ou compressiacutevel viacutescido ou inviacutescido dentre outras caracteriacutesticas que iratildeo determinar quais variaacuteveis devem realmente ser tratadas para que o resultado da anaacutelise seja satisfatoacuterio

Os dois procedimentos seguintes modelagem matemaacutetica e equaccedilotildees governantes devem determinar as equaccedilotildees que regem os escoamentos como as equaccedilotildees de Navier-Stokes e o princiacutepio de Lavosier bem como a determinaccedilatildeo das condiccedilotildees auxiliares propriedades conhecidas em um determinado espaccedilo ou tempo

Determinadas as modelagens passa-se agraves etapas de resoluccedilatildeo onde eacute realizada a discretizaccedilatildeo a determinaccedilatildeo de pontos em uma malha pontos ao longo da geometria de um conduto ou do fenocircmeno de interesse que deveratildeo possuir equaccedilotildees que descreveram a propriedade em cada um dos pontos que formaratildeo os sistemas de equaccedilotildees algeacutebricas e que em sua resoluccedilatildeo mostraratildeo a intensidade naquele dado ponto

Entretanto os resultados obtidos apoacutes estes procedimentos natildeo seratildeo exatos e sim aproximados sendo necessaacuterias a verificaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo destes resultados ateacute que o fenocircmeno seja corretamente reproduzido Pode-se fazer este uacuteltimo passo por meio da verificaccedilatildeo e da validaccedilatildeo

Fortuna (2012) faz importantes consideraccedilotildees sobre a necessidade de validaccedilatildeo e verificaccedilatildeo dos modelos de adotados para os problemas analisados estes dois processos satildeo de essencial importacircncia e podemos defini-los da seguinte forma

bull Verificaccedilatildeo tem como principal objetivo estimar a confiabilidade do processo de resoluccedilatildeo do problema avaliar os erros que interferem na resoluccedilatildeo

bull Validaccedilatildeo tem o papel de evidenciar e provar que o problema certo estaacute sendo resolvido

Entretanto Fortuna(2012) ainda ressalta que estes

dois processos natildeo garantiraacute que a previsatildeo fornecida estaraacute correta

Para a modelagem de problemas de escoamento o usuaacuterio necessita definir uma malha que definiraacute os domiacutenios fiacutesicos do problema apoacutes isso deve ser feita a modelagem matemaacutetica onde conteraacute todas as equaccedilotildees governantes como as equaccedilotildees de conservaccedilatildeo de massa e momento para entatildeo ser realizada a modelagem computacional

Post lista em seu livro de 2013 algumas das limitaccedilotildees da DFC como segue

bull Erros numeacutericos surge devido ao fato de as ceacutelulas da malha de dimensotildees finitas serem utilizadas para mapear uma funccedilatildeo (CUNHA 2000) tambeacutem inclui nesta categoria de erroso erro inicial que representam as incertezas (mediccedilatildeo de paracircmetros condiccedilotildees iniciais etc) introduzidas no equacionamento do problema erro local de truncamento devido ao fato de ser necessaacuteria uma aproximaccedilatildeo obtida apoacutes um nuacutemero finito de passos utilizando as expansotildees em seacuterie de Taylor

bull Erros de modelagem atribui-se aos modelos onde o entendimento da mecacircnica dos fluidos baacutesica natildeo estaacute completo

bull Aplicaccedilotildees das condiccedilotildees de contorno esse erro foi citado no primeiro item como erro inicial que muitas vezes eacute pressuposto os problemas mais complexos estatildeo aplicados aos contornos abertos problemas paraboacutelicos ou hiperboacutelicos que variam no tempo poreacutem independente do problema a aplicaccedilatildeo de ser correta Podendo ser fechadas ou abertas naturais de pressotildees especificadas ou de gradientes nulos

bull Geometrias complexas complexos para execuccedilatildeo das malhas ou seja geometria cuja aacuterea superficial apresenta aproximaccedilatildeo por equaccedilatildeo como exemplo os elipsoides

bull Interpretaccedilatildeo de resultados este eacute um dos motivos pelo qual o usuaacuterio deve ter conhecimento das soluccedilotildees analiacuteticas e problemas baacutesicos

Tanto (POST 2013) quanto (FORTUNA 2012)

enfatizam que a DFC eacute apenas uma ferramenta e como toda ferramenta deve ser utilizada de forma correta tendo assim seu oacutetimo uso e suas limitaccedilotildees

Uma limitaccedilatildeo importante que deve ser enfatizada refere-se ao uacuteltimo item a quantidade de resultados gerados por uma soluccedilatildeo numeacuterica eacute enorme sendo de difiacutecil interpretaccedilatildeo o usuaacuterio pode se utilizar de duas teacutecnicas a separaccedilatildeo de uma determinada parte do problema ainda sim muito suscetiacutevel a erros e tambeacutem recomendaacutevel a utilizaccedilatildeo da teacutecnica de visualizaccedilatildeo cientiacutefica presente em grande parte dos softwares existentes

Mecacircnica dos Fluidos

A mecacircnica dos fluidos eacute uma base extremamente importante para muitos engenheiros que utilizam conhecimentos como os de hidraacuteulica principalmente os

91 engenheiros civis (especialidade de hidraacuteulica e hidrologia) quiacutemicos (transferecircncia de calor misturas e escoamentos) e mecacircnicos (hidrodinacircmica e hidraacuteulica aplicada) BRUNETTI (2005) diz que satildeo poucos os ramos da engenharia que escapam totalmente do conhecimento dessa ciecircncia tendo tambeacutem sua importante participaccedilatildeo nas aacutereas de medicina astronomia meteorologia oceanografia e outras ciecircncias

Eacute a ciecircncia agrave qual compete o estudo do comportamento fiacutesico dos fluidos entendendo-se fluidos basicamente como liacutequidos e gases (embora a definiccedilatildeo de fluidos vaacute muito aleacutem poreacutem natildeo eacute objetivo deste artigo discuti-la) com principal foco em obter as leis fiacutesicas que regem as accedilotildees dos fluidos como escoamento e pressatildeo onde estatildeo os fundamentos para o desenvolvimento de todo este trabalho

2 APLICACcedilAtildeO NO SCILAB

Um dos produtos que esta pesquisa pode criar foi um pequeno algoritmo para a utilizaccedilatildeo dos coacutedigos e resoluccedilotildees em Scilab que pode ser observado no fluxograma apresentado na figura 2

Figura 2 - Roteiro para implementaccedilatildeo em

Scilab

A organizaccedilatildeo das ideais e a possibilidade de um roteiro poderatildeo ajudar na montagem de qualquer procedimento para execuccedilatildeo do problema Para entender melhor ao final do trabalho o leitor poderaacute mapear cada etapa com um programa escrito para o Scilab

3 ESTUDO DE CASO DA HIDRODINAcircMICA Para a introduccedilatildeo da hidrodinacircmica eacute importante que

o aluno esteja confortaacutevel com condiccedilotildees que facilitem a anaacutelise e aos poucos comecem a retratar cada vez mais a realidade Portanto como em diversas bibliografias de mecacircnica dos fluidos o estudo deve comeccedilar com escoamento potencial com as simplificaccedilotildees de ser inviacutescido incompressiacutevel e permanente facilitando a familiarizaccedilatildeo com a modelagem do problema Uma excelente opccedilatildeo eacute a determinaccedilatildeo das linhas de corrente

Para que as linhas de corrente possam ser determinadas e desenhadas pelo programa o aluno precisaraacute aprender as funccedilotildees correntes sabendo defini-las e suas deduccedilotildees quando tiver o contato com o programa

De acordo com (VENNARD e STREET 1978) a definiccedilatildeo de funccedilatildeo corrente eacute baseada sobre o princiacutepio da continuidade e sobre a noccedilatildeo de linha corrente onde eacute definido um modelo matemaacutetico para que se possa plotar e realizar diversos estudos sobre os campos de escoamento

Supondo que em um escoamento retiliacuteneo esbarra-se em um corpo denominado de fonte na origem da mesma podemos encontrar suas coordenadas polares para a plotagem deste escoamento por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

πθθψ

2 qsenrU=

Onde ψ = constante da linha corrente U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x r = raio da linha de corrente q = vazatildeo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal O resultado desta equaccedilatildeo plotada pode ser verificado na figura 3

92

Figura 3 - Escoamento ao redor de um semi-corpo

O coacutedigo para a plotagem da figura 3 estaacute no anexo e foi desenvolvido de forma muito simples a fim de que se possa explicaacute-lo e deduzi-lo em sala de aula Entretanto plotar o graacutefico eacute apenas um passo que o professor teraacute que conduzir ao aluno para este comeccedilar a praticar sua interpretaccedilatildeo No ponto onde o escoamento encontra a fonte observa-se que as velocidades satildeo elevadas em suas vizinhanccedilas sendo que as velocidades variam de acordo com o inverso da distacircncia agrave origem ateacute que a interferecircncia da fonte seja nula Ainda o aluno poderaacute encontrar o chamado ponto de estagnaccedilatildeo que se localiza a uma distacircncia ldquodrdquo da fonte pode-se calculaacute-la por meio da equaccedilatildeo

Uqdπ2

=

Onde d = distacircncia entre o ponto de estagnaccedilatildeo e a fonte q = vazatildeo U = velocidade na direccedilatildeo do eixo x

Entretanto a figura 3 possui um entendimento um tanto abstrato o que natildeo facilitaria muito no aprendizado

de tais conceitos para isto o professor poderaacute aplicar os mesmos conceitos em um escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

As linhas de corrente de tal escoamento podem ser obtidas por meio da seguinte funccedilatildeo corrente

θψ senrRrU )( 2

2

minus=

Onde ψ = constante da linha corrente r = raio da linha de corrente R= raio do corpo ϴ = acircngulo entre o raio da linha de corrente e o eixo horizontal

Inserindo esta equaccedilatildeo no coacutedigo e adaptando-o de forma a constar todos os paracircmetros necessaacuterios no mesmo pode-se entatildeo gerar o graacutefico das linhas de corrente de forma satisfatoacuteria para a visualizaccedilatildeo dos conceitos conforme eacute possiacutevel verificar no resultado da figura 4

93

Figura 4 - Escoamento em torno de um corpo ciliacutendrico

O coacutedigo estaacute apresentado no anexo (2) Eacute interessante comparaacute-los de forma a explicitar como o coacutedigo pode ser adaptado de formas variadas conforme dados na literatura principalmente nos estudos claacutessicos como de VENNARD e STREET (1978) e de HUGHES e BRIGHTON (1967) O aluno deveraacute ser instigado a calcular os componentes radiais (vr) e tangenciais (vt) que podem ser facilmente calculados pelas seguintes equaccedilotildees

θ

θ

senrRUv

rRUv

t

r

)1(

cos)1(

2

2

2

2

+minus=

minus=

Tendo assim a total compreensatildeo sobre o estudo e

podendo visualizaacute-lo de forma a ser mais simples para o entendimento de quem estaacute iniciando seu aprendizado

CONCLUSAtildeO

Conforme demonstrado neste trabalho podemos introduzir os estudantes de graduaccedilatildeo nos conceitos de Dinacircmica dos Fluidos Computacional de forma muito simples em comparaccedilatildeo com o que esta ferramenta pode realmente fazer aplicando-se casos de pouca complexidade com maior foco na modelagem

matemaacutetica e entendimento dos fenocircmenos fiacutesicos deixando o estudante com conhecimentos preacutevios para um curso de poacutes-graduaccedilatildeo e ateacute mesmo possibilitando o desenvolvimento de Trabalhos de Conclusatildeo de Curso (TCC) mais arrojados uma vez que isto pode despertar o interesse de muitos estudantes aumentando a qualidade de pesquisas orientadas pelo corpo docente aos discentes Muitas universidades puacuteblicas e privadas jaacute estatildeo mantendo grupos de pesquisa na aacuterea o que torna ainda mais importante que o Brasil tenha esse tipo de matildeo de obra e avance igualmente a paiacuteses como Alemanha Noruega Austraacutelia Estados Unidos e outros paiacuteses que jaacute consideram estes conhecimentos na graduaccedilatildeo pode-se verificar que uma das bibliografias deste trabalho eacute datada de 1967

httpwwwdacunicampbrsistemascatalogosgradcatalogo2011cursoscpl10html

httpwwwsistemasufrnbrsharedverArquivoidArquivo=1209031ampkey=6323ef8f3f5a1701e4264fb23c5a0a40 REFEREcircNCIAS BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005

94 CUNHA M C Meacutetodos Numeacutericos 2ordf ed Campinas SP Editora Unicamp 2000 FILHO D G Scilab 5X Universidade Federal do Cearaacute Cearaacute 2007 Disponivel em lteulermatufrgsbr~giacomoManuais-sotwSCILABApostila de Scilab - atualizadapdfgt FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 LOPES L C O Utilizando o SCILAB na Resoluccedilatildeo de Problemas de Engenharia Quiacutemica XV COBEQ Curitiba PR [sn] 2004 LOVATTE E R et al Metodologia de ensino de dinacircmica dos fluidos computacional aplicada ao curso de engenharia ambiental XLII COBENGE Juiz de Fora MG [sn] 2014 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978

ANEXOS (1) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um semi-corpo clear clc Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 1 x = linspace(xymax-xymax100) y = linspace(xymax-xymax100) Definindo a malha [XY] = meshgrid(xy) Declaraccedilatildeo das variaacuteveis R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio sen_th = YR caacutelculo do cosseno do acircngulo cos_th = XR caacutelculo do cosseno do acircngulo theta=acos(sen_th) U = 1 declarando a velocidade q=X4U

psi=URsen_th+(qtheta)(2pi) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi30) plota as linhas de corrente

(2) Programa desenvolvido para Scilab ao redor de

um corpo ciliacutendrico Roteiro para criaccedilatildeo das linhas de corrente Este eacute o exemplo de um fluido escoando sobre um cilindro com escoamento potencial O programa comeccedila com a limpeza de tudo que ja foi executado clear clc clf Define os limites maacuteximos para os eixos xymax = 2 Definindo a malha x = linspace(xymax-xymax20) y = linspace(xymax-xymax20) Criando a malha [XY] = meshgrid(xy) A partir deste ponto o programa deve ser declarado Sendo que os limites e a definiccedilatildeo e criaccedilatildeo da malha podem ser utilizadas da mesma forma Declaraccedilatildeo das variaacuteveis Todas as variaacuteveis conhecidas devem ser inclusas nesta seccedilatildeo U = 1 declarando a velocidade a = 1 declarando o raio do objeto Caacutelculando constantes Os caacutelculos devem ser feitos nesta seccedilatildeo R = sqrt(X^2 + Y^2) caacutelculo do raio da funccedilatildeo corrente theta=acos(XR) Calculando o acircngulo psi=U(R-aaR)cos(theta) Funccedilatildeo das linhas de corrente Impressatildeo dos graacuteficos contornos contour(xypsi100) plota as linhas de corrente

95 impressatildeo dos ciacuterculo xarc(-aaa+1a+1036064) plota o ciacuterculo no local correspondente configurando a circunferecircncia arc=get(hdl) obtendo o manipulador da entidade corrente (aqui eacute a entidade Arc) arcfill_mode=on preennchimento da circunferecircncia arcforeground=5 cor da circunferecircncia arcdata([3 6])=[2 27064] retorna as coordenadas do ponto superior esquerdo a largura e a altura do retacircngulo envolvente bem como os acircngulos de froenteira do setor arcvisible=on on desenha a circunferecircncia

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JOGO DA ONCcedilA APRENDA GEOMETRIA BRINCANDO

Anderson Krol de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

akroll2009hotmailcom

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

doug14gbolcombr

Camila Oliveira Cruz Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Co-orientaccedilatildeo Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

davidmazzantifaccampbr

Orintaccedilatildeo Prof Me James Ernesto Mazzanti

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jamesmazzantifaccampbr

RESUMO O intuito deste artigo eacute apresentar o jogo da onccedila utilizando uma aula de geometria O jogo auxilia na construccedilatildeo de quadrados e triacircngulos e tambeacutem no caacutelculo de aacuterea Este jogo pode levar o aluno se desenvolver no conteuacutedo matemaacutetico proposto Com isso podemos ensinar simultaneamente Histoacuteria Cultura Indiacutegena e Matemaacutetica A proposta do jogo da onccedila eacute fazer com que o aluno use o raciociacutenio loacutegico para elaborar jogadas no qual seja possiacutevel vencer o jogo Pode-se perceber que com o auxiacutelio dele diversos ensinamentos tornam-se aflorados e podem ser explorados de maneira mais satisfatoacuteria Palavras chave Jogo da onccedila jogos indiacutegenas e geometria ABSTRACT The purpose of this paper is to present the ounceacutes game using a geometry class The game helps build squares and triangles and also in the area calculation This game can lead the student to develop the proposed mathematical content With this we can simultaneously teach History Indigenous Culture and

Mathematics The ounceacutes game proposal is to make the student to use logical reasoning to draw up plays on which to win the game One can see that with the help of it many teachings become touched upon and can be exploited in a more satisfactory way Keywords Ouncersquos game indigenous games and geometry INTRODUCcedilAtildeO Nesse trabalho apresentaremos de uma forma mais didaacutetica o jogo da onccedila um jogo indiacutegena que auxilia a introduccedilatildeo do tema que eacute obrigatoacuterio por lei7 e ainda ensina matemaacutetica de uma forma diferenciada

7 Art 26-A Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino meacutedio puacuteblicos e privados torna-se obrigatoacuterio o estudo da histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena sect 1ordm O conteuacutedo programaacutetico a que se refere este artigo incluiraacute diversos aspectos da histoacuteria e da cultura que caracterizam a formaccedilatildeo da populaccedilatildeo brasileira a partir desses dois grupos eacutetnicos tais como o estudo da histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos a luta dos negros e dos povos indiacutegenas no Brasil a cultura negra e indiacutegena brasileira e o negro e o iacutendio na formaccedilatildeo da sociedade nacional resgatando as suas contribuiccedilotildees nas aacutereas social econocircmica e poliacutetica pertinentes agrave histoacuteria do Brasil

97 Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil O jogo eacute realizado por duplas onde um jogador representa a onccedila e o outro representa os 14 cachorros O objetivo eacute a onccedila comer ao menos 5 dos cachorros ou os cachorros encurralarem a onccedila de forma que ela natildeo possa mais comecirc-los E diversos autores apontam a importacircncia do jogo na educaccedilatildeo como ressalta Gandro (2000) que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo E com as figuras apresentadas pelo tabuleiro podemos utilizar para realizar junto aos alunos os caacutelculos de aacutereas JOGOS INDIacuteGENAS Com a chegada dos portugueses no Brasil muitos iacutendios que habitavam a terra foram catequizados e com isso perderam um pouco de sua cultura e adaptaram-se a cultura portuguesa Antes da chegada dos visitantes estrangeiros os iacutendios eram educados para viver em tribo e a sobreviver na mata Mas as coisas comeccedilaram a mudar pois a partir da colonizaccedilatildeo portuguesa eles comeccedilaram a serem reeducados para ajudar na exploraccedilatildeo do novo continente Depois de muitos anos os iacutendios comeccedilaram a ganhar direitos com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 receberam pelo menos no papel os devidos valores e reconhecimento diante das novas leis inclusive na que se refere agrave educaccedilatildeo

ldquoArtigo 210 - Seratildeo fixados conteuacutedos miacutenimos para o ensino fundamental de maneira a assegurar formaccedilatildeo baacutesica comum e respeito aos valores culturais e artiacutesticos nacionais e regionaisrdquo (Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil 1988)

Diante deste fato o MEC (Ministeacuterio da Educaccedilatildeo) aprovou a lei que torna obrigatoacuterio o estudo da

sect 2ordm Os conteuacutedos referentes agrave histoacuteria e cultura afro-brasileira e dos povos indiacutegenas brasileiros seratildeo ministrados no acircmbito de todo o curriacuteculo escolar em especial nas aacutereas de educaccedilatildeo artiacutestica de literatura e histoacuteria brasileira

histoacuteria e cultura afro-brasileira e indiacutegena Lei Nordm 11645 DE 10 de Marccedilo de 2008 Com a aprovaccedilatildeo desta lei as escolas incluindo os cursos superiores de licenciaturas introduziram em seus curriacuteculos o estudo sobre a cultura dos povos indiacutegenas brasileiros e o dos afrodescendentes situados em nosso paiacutes Uma das melhores maneiras de contar sobre um povo ou algo eacute utilizando jogos como ferramentas para despertar a curiosidade dos alunos Aleacutem disso os jogos facilitam a junccedilatildeo da histoacuteria com o conteuacutedo que seraacute trabalhado

ldquoA funccedilatildeo luacutedica na educaccedilatildeo o brinquedo propicia diversatildeo prazer e ateacute desprazer quando escolhido voluntariamente a funccedilatildeo educativa o brinquedo ensina qualquer coisa que complete o indiviacuteduo em seu saber seus conhecimentos e sua apreensatildeo do mundo O brincar e jogar eacute dotado de natureza livre tiacutepica de uns processos educativos Como reunir dentro da mesma situaccedilatildeo o brincar e o educarrdquo (KISHIMOTO 2003 p37)

JOGO DA ONCcedilA Existem vestiacutegios de que o Jogo da Onccedila foi encontrado nas tribos de Bororos localizada no estado de Mato Grosso Brasil um jogo de tabuleiro feito no chatildeo de terra e as peccedilas eram feira com pedras ou sementes Com esse jogo eacute possiacutevel introduzir em sala de aula na disciplina de matemaacutetica a cultura indiacutegena e aproveitando para trabalhar o ensino da geometria e loacutegica O jogo eacute simples deve ser em dupla uma pessoa seraacute a onccedila e a outra seratildeo os quatorzes cachorros O objetivo da onccedila eacute comer cinco cachorros (com movimentos que lembram o jogo de damas) e o objetivo dos cachorros eacute encurralar a onccedila deixando-a sem saiacuteda O primeiro movimento do jogo eacute dado pela onccedila podendo movimentar-se na vertical horizontal diagonal para frente ou para traacutes Apoacutes seu primeiro movimento os cachorros podem movimentar-se seguindo os mesmo movimentos da onccedila poreacutem com o objetivo de prendecirc-la METODOLOGIA DE APLICACcedilAtildeO DO JOGO Seraacute trabalhado com os alunos a construccedilatildeo do tabuleiro o entendimento agraves regras do jogo as maneiras e estrateacutegicas de levar o jogador a vencer e por meio de uma didaacutetica praacutetica aplicaremos os conceitos de figuras regulares e caacutelculo de aacutereas dessas figuras

98 ATIVIDADE PROPOSTA A atividade consiste em algumas etapas a serem cumpridas pelos alunos

bull Conceitos do jogo (Construccedilatildeo do tabuleiro regras estrateacutegias etc)

bull Conceitos primitivos sobre geometria bull Apresentaccedilatildeo dos conteuacutedos matemaacuteticos sobre

quadrados triacircngulos e diagonais bull Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e

triacircngulos) bull Exerciacutecios propostos

Pois segundo Dolce Pompeo (1993 pg 1 2 100 101 136 316 317) alguns conceitos sao

1 Conceitos primitivos diagonais e de aacuterea bull Noccedilotildees primitivas satildeo adotadas sem definiccedilotildees

com isso adotaremos sem definiccedilotildees as noccedilotildees abaixo

PONTO RETA PLANO

bull De cada um desses entes temos conhecimento intuitivo decorrente da experiecircncia e da observaccedilatildeo

2 Explicaccedilatildeo clara de quadrados triacircngulos e diagonais bull Um quadrado plano regular soacute eacute quadrado se

somente possuir todos os lados iguais bull Um triacircngulo plano regular eacute triangulo somente

se todos os seus lados forem iguais bull Diagonal eacute uma reta que corta o quadrado de um

lado para o outro ex do ponto A ao ponto C

Figura 1 Do ponto A ao ponto C ( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 2 Figuras regulares ( produccedilatildeo proacutepria)

Caacutelculo de aacutereas de figuras planas (quadrado e triacircngulos)

bull Explicaccedilatildeo aacuterea de uma superfiacutecie limitada eacute um

numero real positivo associado agrave superfiacutecie ou seja eacute o calculo do espaccedilo delimitado dentro da figura

bull Para o quadrado utilizamos o caacutelculo Lado x Lado ou A x a

bull Para o triacircngulo utilizamos o caacutelculo (Base x altura)2

bull Obs Todo caacutelculo de aacuterea tem como unidade de medida o fator ao quadrado expl cmsup2 msup2 etc

bull A∆= aacuterea do triacircnguloA =aacuterea do quadrado

Figura 3 Aacutereas de figuras planas ( produccedilatildeo proacutepria)

NA PRAacuteTICA Na praacutetica realizaremos os seguintes passos para a montagem do tabuleiro

Figura 4 Montagem do tabuleiro (produccedilatildeo proacutepria)

99

Figura 5 Peccedilas para o jogo( produccedilatildeo proacutepria)

Figura 6 Representaccedilatildeo da brincadeira (Gusmatildeo amp

Calderado2006 P 25) EXERCIacuteCIOS

1) Calcule aacute aacuterea do quadrado abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = 119860119909119860 = 31199093 = 91198881198982

2) Calcule aacute aacuterea do Triacircngulo abaixo considere centiacutemetro como unidade de medida

Aacute119903119890119886 = (119861119909119860)

2=

(31199093)2

= 45 1198881198982

CONCLUSAtildeO O objetivo deste trabalho foi demonstrar que natildeo eacute difiacutecil introduzir a cultura indiacutegena na disciplina de matemaacutetica eacute possiacutevel e viaacutevel Esta eacute uma importante ferramenta no processo de ensino e aprendizagem no qual o professor pode introduzir este conceito em sala de aula pois auxiliaraacute e

complementaraacute a explanaccedilatildeo da atividade e o aluno ficaraacute mais curioso para aprender mais e buscar novos desafios

9 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

BRASIL Senado Federal Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional nordm 939496 Brasiacutelia 1996

_______ Direitos indiacutegenas na constituiccedilatildeo da Repuacuteblica Federativa do Brasil Brasiacutelia 1988 Disponiacutevel em httpportalmecgovbrsecadarquivos pdfcfpdf Acesso em 231014

DOLCE Osvaldo POMPEO Joseacute Nicolau Fundamentos de matemaacutetica elementar Geometria plana Vol 9 7ordm Ed Satildeo Paulo Atual 1993

GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000

GUSMAtildeO Israel CALDERADO Katia Centro cultural povos da Amazocircnia Manaus 2006 Disponiacutevel no Site wwwpovosdamazoniaamgovbr Acesso em 23 1014

KISHIMOTO T Jogo brinquedo brincadeira e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 1994

100

MEacuteTODO JAPONEcircS DE MULTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS UMA FERRAMENTA AUXILIAR NO ENSINO-APRENDIZAGEM DA MATEMAacuteTICA

Douglas C Santos Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

doug14gbolcombr

Anderson Krol Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812-9400

akroll2009hotmailcom

Camila Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

camilacruzoliveirayahoocombr

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

vturquettohotmailcom

Antonio Aparecido da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812-9400

antoniosilvafaccampbr

RESUMO O presente artigo tem o objetivo de demonstrar como o meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com utilizaccedilatildeo de palitos pode ser utilizado como uma ferramenta eficaz para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da multiplicaccedilatildeo Abordaremos sua utilizaccedilatildeo em aulas da disciplina de matemaacutetica nas seacuteries iniciais do Ensino Fundamental I poreacutem salientamos que o meacutetodo em estudo tambeacutem pode ser utilizado nas seacuteries mais avanccedilas e ainda na Educaccedilatildeo de Jovens e Adultos Por meio desta referida ferramenta o docente consegue aguccedilar a curiosidade do aluno e estimular sua vontade de conhecer de aprender e buscar compreender as regras e os procedimentos da operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo tudo de uma maneira descontraiacuteda e fora dos padrotildees tradicionais do ocidente podendo traccedilar e identificar as diferenccedilas existentes entre os dois meacutetodos uma vez que natildeo a proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo de um pelo outro mas sim uma complementaccedilatildeo ou seja o uso auxiliar praacutetico e luacutedico de um meacutetodo incomum na cultura brasileira no momento do primeiro contado do aluno com a operaccedilatildeo de multiplicaccedilatildeo Palavras chave Jogo matemaacutetico multiplicaccedilatildeo rejeiccedilatildeo e aceitaccedilatildeo agrave matemaacutetica

ABSTRACT This article aims to demonstrate how the Japanese method of multiplication to use sticks can be used as an effective auxiliary tool in the teaching and learning of the multiplication process Discuss their use in mathematics lessons in the early grades of elementary school however it points out that the method under study can also be used in most series go along and still in the Youth and Adult Education Through this tool that the teacher can whet the curiosity of students and stimulate their desire to know to learn and try to understand the rules and procedures of the multiplication operation all in a relaxed and outside the occidental traditional standards ways and can trace and identify the differences between the two methods since there is no proposal to substitute for one another but a supplemental one or the use of auxiliary convenient and entertaining an unusual in Brazilian culture method for the first multiplication operations Keywords Math game multiplication rejection and acceptance mathematics

101 1 INTRODUCcedilAtildeO A evoluccedilatildeo tecnoloacutegica introduziu nas sociedades mundiais um grande desafio na aacuterea educacional pois os alunos dos dias atuais natildeo tecircm o mesmo perfil comportamento e aspiraccedilotildees dos alunos de outrora As mudanccedilas ocorrem todo momento as informaccedilotildees circulam com grande rapidez e consequentemente as crianccedilas e os jovens estatildeo sempre em contato com o novo O processo de ensino e aprendizagem da disciplina de matemaacutetica natildeo deixou de sofrer as influecircncias destas mudanccedilas Sabe-se que os alunos principalmente do Ensino Fundamental I no seu primeiro contato com a matemaacutetica enfrenam grande dificuldade em compreender e efetuar operaccedilotildees de multiplicaccedilatildeo Fazer com que os alunos se interessem e entendam o meacutetodo de multiplicaccedilatildeo de maneira mais divertida eacute um desafio para o profissional docente que precisa estimular o aluno a pensar e criar soluccedilotildees para os problemas propostos pois o tradicional meacutetodo de apenas decorar tabuada jaacute natildeo eacute mais aceito pelos alunos da atualidade Atualmente os profissionais da educaccedilatildeo buscam por metodologias que aprimorem e melhorem a sua tarefafunccedilatildeo no processo de ensino e de aprendizagem da disciplina de matemaacutetica que eacute rotulada pela maioria dos alunos como ldquodifiacutecilrdquo Esse fato faz com que na maioria dos casos seja uma disciplina rejeitada pelos discentes independentemente da sua classe social ou grau de escolaridade Quais seriam as causas dessa rejeiccedilatildeo agrave matemaacutetica A forma como o professor aborda o conteuacutedo influencia os alunos O jogo matemaacutetico se mostra como uma ferramenta auxiliar para o aprimoramento da atividade de ensino O jogo pode proporcionar a participaccedilatildeo efetiva e praacutetica do aluno na atividade aplicada bem como ilustra a explanaccedilatildeo de conhecimentos ainda natildeo explorados para auxiliar na percepccedilatildeo e utilizaccedilatildeo no cotidiano do conteuacutedo apresentado nas aulas Neste contexto se insere o tema do presente artigo pois eacute de conhecimento geral que acrescentar novas metodologias para aperfeiccediloar o processo de ensino e aprendizagem com objetivo de despertar no educando o interesse em aprender eacute um grande desafio enfrentado pelos docentes 2 O ENSINO POR MEIO DOS JOGOS

MATEMAacuteTICOS Os jogos e as brincadeiras satildeo mecanismos psicoloacutegicos e pedagoacutegicos que contribuem tanto para o desenvolvimento mental quanto para a aprendizagem da

linguagem Aleacutem disso possibilitam a busca de meios de exploraccedilatildeo atuando como aliados fundamentais na construccedilatildeo do saber Segundo os Paracircmetros Curriculares Nacionais a inserccedilatildeo de jogos no processo de ensino e aprendizagem de matemaacutetica ldquorepresenta uma conquista cognitiva emocional moral e social para a crianccedila e um estiacutemulo para o desenvolvimento do seu raciociacutenio loacutegicordquo (PCN 2000 p49) Gandro (2000) ressalta que o jogo propicia o desenvolvimento de estrateacutegias de resoluccedilatildeo de problemas na medida em que possibilita a investigaccedilatildeo ou seja a exploraccedilatildeo do conceito atraveacutes da estrutura matemaacutetica subjacente ao jogo e que pode ser vivenciada pelo aluno quando ele joga elaborando estrateacutegias e testando-as a fim de vencer o jogo Na visatildeo de Smole Diniz e Milani (2007) o trabalho com jogos eacute um dos recursos que favorece o desenvolvimento da linguagem diferentes processos de raciociacutenio e de interaccedilatildeo entre os alunos uma vez que durante um jogo cada jogador tem a possibilidade de acompanhar o trabalho de todos os outros defender pontos de vista e aprender a ser criacutetico e confiante em si mesmo O professor precisa mostrar que a matemaacutetica natildeo eacute ldquoum bicho de sete cabeccedilasrdquo para isso deve buscar alternativas que promovam o desenvolvimento no aluno ldquoEnsinar matemaacutetica eacute desenvolver o raciociacutenio loacutegico estimular o pensamento independente a criatividade e a capacidade de resolver problemasrdquo (GENTIL CAMACHO 2006 p4) Para Piaget (1972) interesse e curiosidade fazem parte dos mecanismos de aprendizagem atraveacutes das estruturas de assimilaccedilatildeo e de acomodaccedilatildeo ou seja o interesse precede a assimilaccedilatildeo Nossa proposta eacute a utilizaccedilatildeo do meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com palitos de forma analoacutegica agrave utilizaccedilatildeo dos jogos pois o meacutetodo em questatildeo muito se assemelha ao um jogo por ser algo luacutedico e praacutetico que ultrapassa as fronteiras do tradicional meacutetodo da lousa e do caderno 3 A MATEMAacuteTICA E A MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO A multiplicaccedilatildeo eacute a operaccedilatildeo aritmeacutetica que permite somar um nuacutemero chamado multiplicando tantas vezes quantas satildeo as unidades de outro nuacutemero chamado multiplicador O multiplicando e o multiplicador satildeo fatores da multiplicaccedilatildeo Tomemos como exemplo a multiplicaccedilatildeo do nuacutemero 3 pelo nuacutemero 5 que eacute o mesmo que a soma de 5 (uma vez) mais 5 (segunda vez) mais 5 (terceira vez) ou seja 3 vezes que eacute igual a 15

102 O meacutetodo mais antigo e tradicional de ensino da multiplicaccedilatildeo nos primeiros anos da vida escolar dos alunos consiste em ensinar a realizar a operaccedilatildeo e logo apoacutes utilizar a tatildeo conhecida tabuada Com auxiacutelio da tabuada o aluno aprende por meio da repeticcedilatildeo das operaccedilotildees com memorizaccedilatildeo dos resultados para no futuro nos momentos nos quais venha a se deparar com as referidas operaccedilotildees anteriormente memorizadas seja capaz de realizaacute-las rapidamente ou seja a funccedilatildeo principal da tabuada eacute memorizar para acelerar o processo da multiplicaccedilatildeo Este processo que podemos dizer metaforicamente como ldquomecanizadordquo natildeo surte mais os efeitos almejados (aceitaccedilatildeo aplicaccedilatildeo praacutetica e cogniccedilatildeo como resultado) porque como jaacute mencionado as crianccedilas e os jovens da atualidade natildeo tecircm os mesmos perfis e os mesmos comportamentos e reaccedilotildees que tinham as crianccedilas e os jovens existentes no momento histoacuterico no qual o meacutetodo passou a ser utilizado no processo de ensino e aprendizagem educacional O meacutetodo japonecircs de multiplicaccedilatildeo com auxiacutelio de palitos permite realizar a mesma operaccedilatildeo de forma ilustrativa alcanccedilando os mesmos resultados desde as operaccedilotildees mais simples ateacute as mais complexas aleacutem de introduzir o luacutedico o praacutetico o diferente no processo de ensino e aprendizagem A proposta natildeo eacute de substituiccedilatildeo dos meacutetodos tradicionais mas sim o de complementaccedilatildeo Uma aplicaccedilatildeo suplementar que desperte a curiosidade e apresente alternativa para que os educandos possam descobrir que a matemaacutetica estaacute presente natildeo somente nos bancos escolares e que nos momentos em que eles natildeo disponham das ferramentas tradicionais como calculadoras papel ou ateacute mesmo a tabuada decorada para realizarem os caacutelculos possam utilizar um conhecimento extra para solucionar situaccedilotildees problemas de maneira raacutepida e eficiente e o melhor que tenham a consciecircncia de que esse conhecimento extra lhe foi apresentado pela escola pelo professor ou seja que os conteuacutedos apresentados em aula aleacutem de divertidos lhe satildeo uacuteteis na vida 4 REJEICcedilAtildeO Agrave MATEMAacuteTICA E O JOGO

MATEMAacuteTICO COMO FACILITADOR A rejeiccedilatildeo agrave disciplina de matemaacutetica natildeo eacute questatildeo apenas da atualidade Como explicar o motivo deste desinteresse eacute um desafio antigo Segundo Campos (1996) Freud em sua Teoria da Evoluccedilatildeo da Personalidade afirma que assim como existe uma energia fiacutesica que governa os fenocircmenos naturais tambeacutem existe uma energia psiacutequica de natureza libidinosa que influi diretamente sobre o comportamento humano

Um conceito fundamental da teoria freudiana eacute a noccedilatildeo de pulsotildees ou de instintos baacutesicos Um deles representa o impulso para a vida criativa e a preservaccedilatildeo do organismo enquanto indiviacuteduo e espeacutecie a este instinto dar-se o nome de ldquoerosrdquo que possui natureza sexual Para Freud a sexualidade se relaciona com o bem-estar do organismo ou seja tudo que preserve sua integridade e proporcione funcionalidade Por esta razatildeo a teoria freudiana explica que se alguma atividade natildeo agrada ou se o indiviacuteduo executando essa atividade natildeo sente o bem-estar fiacutesico ou mental naturalmente instintivamente iraacute recusaacute-la rejeitaacute-la uma vez que natildeo atende a sua sexualidade Neste contexto podemos observar que diversos profissionais que por medo ou natildeo acharem ter aptidatildeo pela matemaacutetica optam por profissotildees nas quais natildeo haja necessidade de fazer caacutelculos Lidar com esta diversidade eacute missatildeo muito difiacutecil pois o professor pouco motivado por questotildees salariais condiccedilotildees de trabalho dignas na sua atuaccedilatildeo enquanto formador de opiniatildeo e agente transformador da sociedade atarefado com diversas turmas todas com um nuacutemero excessivo de alunos com carecircncias e deficiecircncias diferentes com realidades diferentes natildeo consegue acompanhar o desenvolvimento de todos Por isso para DrsquoAmbroacutesio (1986) eacute muito difiacutecil motivar com fatos e situaccedilotildees do mundo atual uma ciecircncia que foi criada e desenvolvida em outros tempos e em virtude dos problemas de entatildeo de diferente realidade e percepccedilatildeo e necessidade e urgecircncias que nos satildeo estranhas Inserir jogos no processo de ensino e aprendizagem da matemaacutetica eacute uma ferramenta eficaz que possibilita ao docente apresentar os conteuacutedos matemaacuteticos de maneira mais divertida menos mecacircnica afastando a tradicional severidade tatildeo presente ao longo dos tempos e que aos olhos dos alunos eacute entediante e desagradaacutevel e os leva a evitar o contato para evitar o desconforto Ademais ao aguccedilar a curiosidade do aluno tambeacutem promove a desconstruccedilatildeo em sua mente da imagem formada de uma disciplina chata difiacutecil ou ateacute mesmo sem serventia Muito se fala na importacircncia da educaccedilatildeo para toda a sociedade o quanto eacute necessaacuterio valorizaacute-la e aprimoraacute-la e como eacute de conhecimento geral todo conhecimento passa pela pesquisa e pela praacutetica eacute nesse contexto que se apresenta a proposta do presente artigo como uma busca por melhoria da educaccedilatildeo

103 5 MUacuteLTIPLICACcedilAtildeO COM PALITOS POR MEIO DO

MEacuteTODO JAPONEcircS

O meacutetodo japonecircs eacute uma forma visual para representar a multiplicaccedilatildeo Envolve linhas e interseccedilotildees

Para ilustrar apresentamos o exemplo abaixo

O primeiro passo eacute traccedilar 03 linhas para representar 12 o primeiro nuacutemero no produto Desenhe uma linha e entatildeo um pouco adiante para direita desenhe mais duas linhas Na figura abaixo as linhas verde claro e verde escuro representam o nuacutemero 12 Similarmente desenhe mais 05 linhas para cruzar as 03 anteriores ndash 3 linhas na esquerda e duas na direita Estes representaratildeo o nuacutemero 32 o segundo nuacutemero no produto (vermelho e azul abaixo)

Vamos calcular usando o meacutetodo japonecircs

Exemplo 1

12 X 32

Figura 1 Organizando as linhas pelo meacutetodo japonecircs (Fonte Autores)

Figura 2 Contando as intersecccedilotildees(Fonte Autores)

Entatildeo haacute 38 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 384

Assim sendo

12 X 32 = 384 Exemplo 2

22 X 22

Figura 3 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Entatildeo haacute 48 e 4 intersecccedilotildees Portanto da esquerda para a direita obteacutem 484

Assim sendo

104

22 X 22 = 484 Exemplo 3

124 x 14

Figura 4 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores) Se vocecirc colocar os nuacutemeros em conjunto como fizemos no uacuteltimo exemplo vocecirc obteria 161216 mas isso natildeo eacute correto Porque 12 e 16 satildeo nuacutemeros de dois diacutegitos que vocecirc deve realizar o primeiro diacutegito para o grupo agrave sua esquerda como vocecirc faria com adiccedilatildeo Vocecirc pode estabelecer como este

Figura 5 Visualizando a soma (Fonte Autores)

Assim sendo

124 X 14 = 1736 Exemplo 4

234 x 31

Figura 6 Contando as intersecccedilotildees (Fonte Autores)

Figura 7 Visualizando a soma (Fonte Autores) 6 CONCLUSAtildeO O intuito do presente artigo eacute demonstrar ser possiacutevel buscar meios para despertar nos alunos interesse em aprender matemaacutetica Os desafios enfrentados pelos profissionais da educaccedilatildeo eacute uma questatildeo de importacircncia reconhecida por todos os setores da sociedade As medidas para promover o progresso da aacuterea educacional natildeo eacute tarefa simples e requer empenho e pesquisa Estudar desenvolver e aplicar novas metodologias se faz necessaacuterio devido agraves transformaccedilotildees pelas quais passa a comunidade global Os avanccedilos alcanccedilados pelas aacutereas tecnoloacutegicas juntamente com a evoluccedilatildeo na aacuterea das comunicaccedilotildees fez surgir um novo perfil de aluno mais inquietos exigentes e conectados A aacuterea educacional natildeo pode se dar ao luxo de permanecer inerte e alheia a toda essa realidade Cabe aos profissionais desta aacuterea executar a tarefa de pesquisar e buscar meios alternativos para enriquecer as aulas com atividades praacuteticas e dinacircmicas que transformem a maneira de se apresentar os conteuacutedos A multiplicaccedilatildeo pelo meacutetodo japonecircs feita com palitos ajuda o professor a explanar seus ensinamentos sobre o tema e tambeacutem a despertar a curiosidade dos alunos por ser algo novo e diferente do tradicional ensino desse conteuacutedo no Brasil por exemplo

105 7 REFEREcircNCIAS GENTIL N CAMACHO A C Jogos Matemaacuteticospara o ensino meacutedio 1ed Satildeo Paulo Faccamp 2006 Paracircmetros curriculares nacionais Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental 2 ed Brasiacutelia MEC SEF 2000 PIAGET J Psicologia e Pedagogia Trad DA Lindoso e RMR da Silva Rio de Janeiro Cia Ed Forense 1972 Campos Dinah Martins de Souza Psicologia da adolescecircncia Rio de Janeiro Vozes 1996 GANDRO RC O conhecimento matemaacutetico e o uso de jogos na sala de aula Tese Doutorado Universidade de Campinas Campinas Unicamp 2000 SMOLE KS DINIZ MI MILANI E Jogos de matemaacutetica do 6deg ao 9deg ano Cadernos do Mathema Porto Alegre Artmed 2007 lthttpwwwmatematicadidaticacombrOperacoes-Aritmeticas-Multiplica aspxgt acessado em 09102014 agraves 12h00min lthttpcemcuwaterloocaeventsmathcircles2013-14FallJunior6_Multiplication_Nov5pdfgt acessado em 09102014 agraves 16h15min

106

O AUDIOVISUAL NA EDUCACcedilAtildeO CULTURA DE ACERVO E INTERDISCIPLINARIDADE

Profordm Dr Antocircnio Reis Junior Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

reisantoniojrgmailcom

RESUMO O propoacutesito deste artigo eacute apresentar apontamentos sobre o uso da linguagem audiovisual na educaccedilatildeo problematizando o papel do professor a partir da anaacutelise criacutetica de uma experiecircncia de intervenccedilatildeo em escolas puacuteblicas em Satildeo Paulo com filmes nacionais e sobretudo da iniciativa de criaccedilatildeo de videotecas escolares voltadas ao uso pedagoacutegico Palavras chave Audiovisual Educaccedilatildeo Linguagem Interdisciplinaridade ABSTRACT The purpose of this paper is to present notes on the use of audiovisual language in education questioning the role of the teacher from the critical analysis of an intervention experience in public schools in Satildeo Paulo with national films and above all the creation initiative school video libraries focused on the pedagogical use Keywords Audio-visual Education Language Interdisciplinarity INTRODUCcedilAtildeO Com a finalidade de contribuir na formaccedilatildeo dos alunos das licenciaturas que atuaratildeo em escolas puacuteblicas o objetivo deste artigo eacute estimular e problematizar o uso do audiovisual na educaccedilatildeo Neste sentido seraacute debatida a introduccedilatildeo de novas linguagens no cotidiano e no curriacuteculo escolar a partir de uma intervenccedilatildeo realizada no iniacutecio dos anos 2000 quando accedilotildees foram planejadas e realizadas em escolas estaduais e municipais da zona leste de Satildeo Paulo Tal intervenccedilatildeo se deu a partir da elaboraccedilatildeo do projeto Cinema e Viacutedeo Brasileiro nas Escolas (a partir de agora seraacute referenciado pela sigla CVBE) do qual fui um dos coordenadores e que resultou do empenho articulado de

vinte e cinco pessoas em um arco de alianccedilas entre uma escola municipal e duas estaduais um oacutergatildeo administrativo da rede escolar municipal e dois da rede estadual uma fundaccedilatildeo e uma Ong Com duraccedilatildeo total de cinco anos o projeto foi criado atraveacutes do programa Crer para Ver1 - da Fundaccedilatildeo Abrinq2 em parceria com a Natura Cosmeacuteticos e realizado pela Accedilatildeo Educativa - uma organizaccedilatildeo natildeo-governamental que apoia e propotildee projetos educativos e de juventude - fazendo parte de um programa intitulado Praacuteticas de Aprender Dessa forma a partir da constataccedilatildeo da indisponibilidade de parcela expressiva de filmes nacionais no tocante ao mercado de cinema e viacutedeo procuramos formular alternativas agrave democratizaccedilatildeo do acesso ao filme brasileiro ao puacuteblico escolar sobretudo aos professores As primeiras iniciativas voltaram-se agrave formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em escolas puacuteblicas dos bairros de Satildeo Miguel Paulista Ermelino Matarazzo e Itaim Paulista locais onde a Accedilatildeo Educativa jaacute realizava algumas accedilotildees

1 O Programa Crer Para Ver eacute uma iniciativa da Fundaccedilatildeo Abrinq pelos Direitos da Crianccedila e da Natura Cosmeacuteticos Essa parceria foi criada em 1995 com a missatildeo de contribuir para a melhoria da qualidade do ensino puacuteblico no Brasil por meio da participaccedilatildeo da sociedade civil e do diaacutelogo com o poder puacuteblico Formou-se uma rede de participaccedilatildeo voluntaacuteria das consultoras Natura que ao vender seus produtos arrecadam recursos e divulgam as ideacuteias do Crer Para Ver em todo o paiacutes Os recursos arrecadados satildeo destinados ao apoio financeiro e teacutecnico a projetos que vindos da comunidade procuram contribuir para a melhoria da escola puacuteblica brasileira e na elaboraccedilatildeo de poliacuteticas puacuteblicas em educaccedilatildeo 2 A Fundaccedilatildeo Abrinq eacute uma entidade sem fins lucrativos de Utilidade Puacuteblica Federal que tem como objetivo baacutesico promover os direitos elementares de cidadania das crianccedilas e adolescentes conforme definido na Convenccedilatildeo Internacional dos Direitos da Crianccedila (ONU-1989) constituiccedilatildeo Brasileira (1988) e Estatuto da Crianccedila e do Adolescente (1990)

107 Um dos princiacutepios que norteou esse trabalho voltado agrave incorporaccedilatildeo e produccedilatildeo audiovisual na rede puacuteblica de educaccedilatildeo foi o que chamamos de cultura de acervo isto eacute o estiacutemulo agrave praacutetica de criaccedilatildeo de acervos audiovisuais - filmes em viacutedeo e DVD - por educadores aliada a iniciativa de explorar o potencial pedagoacutegico das linguagens audiovisuais em sala de aula linguagem essa ainda bastante associada ao entretenimento A CONSTITUICcedilAtildeO DE VIDEOTECAS ESCOLARES formando uma CULTURA DE ACERVO A criaccedilatildeo de videotecas no acircmbito das escolas e oacutergatildeos administrativos da rede exigiu a criaccedilatildeo de uma metodologia para esse fim algo que queremos compartilhar com a publicaccedilatildeo deste artigo Desta forma a pesquisa de tiacutetulos o contato com o realizador a aquisiccedilatildeo de coacutepias a gestatildeo da videoteca entre outros procedimentos podem servir de referecircncia ou paracircmetro para a montagem de videotecas caso haja interesse do educador ou gestor E hoje com acesso facilitado pela Internet natildeo soacute aos filmes mas tambeacutem a inuacutemeros materiais informaccedilotildees e estudos em sites especializados Cabe incorporar as tecnologias digitais nesse processo Procedimento fundamental para a aquisiccedilatildeo de coacutepias dos filmes foi o contato com os cineastas produtores ou outros profissionais e instituiccedilotildees detentoras dos direitos autorais das obras Obtiacutenhamos o contato dos responsaacuteveis atraveacutes de pesquisa em instituiccedilotildees que disponibilizam essa informaccedilatildeo distribuidoras e produtoras de cinema e viacutedeo principalmente Nesse primeiro contato apresentaacutevamos o projeto e iniciaacutevamos a negociaccedilatildeo para aquisiccedilatildeo das coacutepias que iriam compor o acervo das videotecas escolares No caso de filmes com lanccedilamento e distribuiccedilatildeo comercial (Warner Viacutedeo SagresRiofilmes Versaacutetil Europa etc) apenas compraacutevamos os tiacutetulos disponiacuteveis no mercado Quando natildeo havia lanccedilamento comercial faziacuteamos contato com o detentor dos direitos da obra (produtores e cineastas em sua maioria) e negociaacutevamos a aquisiccedilatildeo das coacutepias Doaccedilotildees eram obtidas algumas vezes em razatildeo dos objetivos do projeto voltados agrave melhoria da educaccedilatildeo na escola puacuteblica Como adquiriacuteamos apenas uma coacutepia de cada filme que nos interessava e eram vaacuterias as videotecas constituiacutedas foi necessaacuterio o estabelecimento de uma parceria com a TV USP3 agrave eacutepoca do projeto sob a direccedilatildeo da Profordf Drordf da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Mariacutelia Franco para copiagem dos filmes em viacutedeo Recebiacuteamos matrizes em diferentes suportes e

3 As coacutepias em VHS foram realizadas pela TV USP a partir de matrizes cedidas pelos realizadores Trata-se de acervos em contiacutenua construccedilatildeo uma vez que o projeto incentivava a autonomia das escolas na manutenccedilatildeo e ampliaccedilatildeo de suas videotecas

providenciaacutevamos entatildeo coacutepias em VHS e posteriormente em DVD formato mais utilizado No caso de contato direto com o cineasta eou realizadores de filmes e viacutedeos que natildeo foram lanccedilados comercialmente obtiacutenhamos uma autorizaccedilatildeo de copiagem e uso do filme na videoteca escolar Isso foi normatizado a partir da criaccedilatildeo de um termo de doaccedilatildeo de coacutepia e autorizaccedilatildeo de uso Muitos cineastas contatados participaram das accedilotildees de formaccedilatildeo e das mostras nas escolas depois da montagem das videotecas Apoacutes a aquisiccedilatildeo das coacutepias que nesse caso permitiu a constituiccedilatildeo de um acervo com filmes raramente encontrados em razatildeo desse contato direto com o cineasta o passo seguinte foi agrave catalogaccedilatildeo dos filmes em viacutedeo trabalho realizado com a consultoria de uma biblioteconomista Por fim com o acervo montado e as fitas em viacutedeo disponiacuteveis para o empreacutestimo agora se fazia necessaacuterio o gerenciamento da videoteca para garantir uma maneira eficaz de empreacutestimo de todos os filmes aos usuaacuterios Esse gerenciamento pocircde ser feito por parte do corpo docente envolvido com o projeto nas escolas tornando-se responsaacutevel pela gestatildeo da videoteca do serviccedilo de empreacutestimo e da manutenccedilatildeo e atualizaccedilatildeo do acervo com a aquisiccedilatildeo de novos tiacutetulos em suporte VHS e DVD Cabe lembrar que as videotecas formadas eram basicamente as mesmas No entanto cumpriam funccedilotildees um pouco distintas quando formadas nas escolas ou em oacutergatildeos administrativos da rede escolar que nesse caso atendiam a um grande nuacutemero de escolas4 Nos anos de 1980 com a emergecircncia e popularizaccedilatildeo do videocassete de novos equipamentos de reproduccedilatildeo e das cacircmeras VHS observamos o acesso agrave produccedilatildeo audiovisual de muitos grupos da sociedade civil (independentes) que ateacute entatildeo natildeo tinham recursos tecnoloacutegicos acessiacuteveis Nesse sentido o VHS foi um marco importante para democratizaccedilatildeo da produccedilatildeo nesse periacuteodo5 Muitos viacutedeos de baixo orccedilamento puderam ser realizados a margem das grandes produtoras Jaacute os aparelhos de videocassete permitiram a fruiccedilatildeo de filmes em ambiente domeacutestico aleacutem daqueles exibidos na programaccedilatildeo televisiva Nesse contexto as escolas comeccedilaram a adquirir os aparelhos de reproduccedilatildeo para fins pedagoacutegicos e o uso do viacutedeo em sala de aula passou a ser de interesse de alguns professores e gestores

4 No total foram montadas oito videotecas sete em escolas municipais e estaduais e uma em oacutergatildeo administrativo da rede escolar uma Diretoria de Ensino que coordenava uma rede de 92 escolas estaduais de ensino fundamental e meacutedio Desse total de escolas cinco Emefs e duas EEs 5 Ver BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio In Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000

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Imagem do documentaacuterio Yndio do Brasil de Siacutelvio Back 1995 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica POVOS INDIacuteGENAS Ainda nessa deacutecada instituiccedilotildees foram criadas para a produccedilatildeo e difusatildeo do viacutedeo entre elas a ABVP ndash Associaccedilatildeo Brasileira do Viacutedeo Popular - com sede em Satildeo Paulo cuja videoteca possuiacutea inuacutemeros tiacutetulos natildeo comerciais de grupos independentes e produtoras espalhadas por todo o paiacutes O acervo contava com serviccedilo de empreacutestimo permitindo acesso a seus usuaacuterios de uma produccedilatildeo ausente na programaccedilatildeo televisiva e no circuito exibidor com exceccedilatildeo dos cineclubes Aleacutem do projeto da Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo citado na introduccedilatildeo o projeto TVEscola do governo federal por sua vez trouxe grande contribuiccedilatildeo na difusatildeo audiovisual nas escolas a partir da instalaccedilatildeo de kits tecnoloacutegicos compostos de videocassete televisores antenas paraboacutelicas e fitas virgens para gravaccedilatildeo dos programas Com esse equipamento uma programaccedilatildeo ndash considerada de interesse educativo - passou a ser veiculada para as escolas que passaram a gravar uma grande variedade de programas e filmes nacionais De maneira distinta no terceiro setor6 apareceram projetos que passaram a trabalhar nessa perspectiva O CVBE tomado neste artigo como referecircncia e objeto para a reflexatildeo sobre educaccedilatildeo audiovisual iniciou suas accedilotildees informalmente e depois se tornou um projeto institucional da Ong Accedilatildeo Educativa Estabeleceu parcerias fundamentais com o setor puacuteblico ndash as redes municipais e estaduais suas escolas e seus oacutergatildeos administrativos ndash e pontualmente com a esfera federal com o apoio do Ministeacuterio da Cultura atraveacutes da Secretaria do Audiovisual que aportou recursos para formaccedilatildeo de professores ao longo de um ano No entanto o projeto foi mantido 6 Como exemplo de acesso agrave produccedilatildeo ndash fora da escola ndash podemos destacar a Associaccedilatildeo Kinoforum produtora com sede em Satildeo Paulo que realizou inuacutemeras oficinas de produccedilatildeo em viacutedeo digital em associaccedilotildees comunitaacuterias fundaccedilotildees Pontos de Cultura em bairros afastados do centro da cidade oferecendo condiccedilotildees para a expressatildeo audiovisual de grupos da periferia

basicamente com recursos da iniciativa privada - empresa Natura Cosmeacuteticos - atraveacutes de um programa voltado a crianccedilas de escolas puacuteblicas o Crer Para Ver Seu colegiado gestor contou com a participaccedilatildeo de representantes de todas as instituiccedilotildees proponentes ou beneficiaacuterias que contribuiacuteam na tomada de decisotildees e prioridades estabelecidas Como muitos projetos7 a formaccedilatildeo de uma rede entre escolas e das escolas com outras instituiccedilotildees (Cinemateca Ongs coordenadorias municipais de educaccedilatildeo e oacutergatildeos das Diretorias de Ensino CEUs etc) era almejada mas nem sempre pocircde se constituir

Cena do filme O Velho - A histoacuteria de Luiz Carlos Prestes de Toni Venturi (1997) integrante da coleccedilatildeo DOCUMENTAacuteRIO Para a formaccedilatildeo de acervos de filmes nacionais em viacutedeo ou DVD em escolas puacuteblicas e oacutergatildeos administrativos da rede escolar foi adotada uma seacuterie de procedimentos Inicialmente foi realizada uma pesquisa de tiacutetulos em livros artigos de jornal cataacutelogos de mostras cataacutelogos de videotecas folder de produtoras para obtenccedilatildeo de informaccedilotildees teacutecnicas dos filmes tiacutetulo diretor equipe de produccedilatildeo local e ano da produccedilatildeo tema ou assunto tratado pelo filme duraccedilatildeo sinopse entre outras informaccedilotildees Essa pesquisa inicial nos colocou perguntas fundamentais para a realizaccedilatildeo desse trabalho quais os criteacuterios que deveriam ser adotados para escolha de tiacutetulos ldquoadequadosrdquo e de interesse para as comunidades escolares Se o nosso interesse era estimular um uso didaacutetico-pedagoacutegico quais os atributos que os filmes deveriam ter para atender essa necessidade Eacute possiacutevel afirmar que um filme tem intrinsecamente mais potencial para uma apropriaccedilatildeo em situaccedilatildeo de aprendizagem que outro Ou seraacute a apropriaccedilatildeo independentemente do filme que 7 Aleacutem dos projetos citados surgiram tambeacutem sites especializados como Mnemocine Cineduc Educarede entre outros livros e teses acadecircmicas sobre o assunto Tais experiecircncias satildeo inovadoras pois apontam caminhos para uma educaccedilatildeo audiovisual e podem ser tomadas como referecircncia

109 determinaraacute um uso profiacutecuo A existecircncia de videotecas escolares de cinema brasileiro apresentava-se como uma necessidade dos professores Natildeo estariacuteamos ldquoinventandordquo tal necessidade De fato apoacutes a apresentaccedilatildeo do projeto do contato inicial nas escolas o interesse manifestado era grande o que nos permite inferir que jaacute havia algo entre os professores que os permitiam vislumbrar um potencial educativo no cinema Como usarei esse filme Perguntavam e continuam perguntando os professores Sempre houve a manifestaccedilatildeo de um interesse voltado agrave instrumentalizaccedilatildeo ou escolarizaccedilatildeo do cinema Na experiecircncia tomada como objeto de anaacutelise neste artigo a tensatildeo existia pela procura natildeo soacute de um recurso mas tambeacutem de uma linguagem que aprimorasse metodologias de ensino Ao longo do desenvolvimento do projeto iniciamos um movimento para mudar a abordagem dos filmes apenas como recurso didaacutetico-pedagoacutegico para uma praacutetica natildeo pautada pelos componentes curriculares durante a formaccedilatildeo Tal esforccedilo natildeo significava apontar para uma alternativa palpaacutevel aos professores A mediaccedilatildeo da recepccedilatildeo das obras por mais que criasse um ambiente favoraacutevel a uma interaccedilatildeo produtiva do ponto de vista da percepccedilatildeo e do conhecimento do audiovisual ao final do processo natildeo trazia respostas quanto ao aprimoramento esperado em relaccedilatildeo agraves metodologias de ensino Ao mesmo tempo criava uma predisposiccedilatildeo ao cinema brasileiro cujos filmes redescobertos e revalorizados ganhavam vigor quando utilizados por professores de acordo com seus relatos Natildeo descartaacutevamos o desenvolvimento de temas dos conteuacutedos programaacuteticos presentes na trama dos filmes Aleacutem disso procuraacutevamos provocar uma reflexatildeo voltada a especificidade dessa linguagem na praacutetica educacional (REIS JUNIOR 2010) Hoje essas perguntas podem ser formuladas claramente No entanto em 2001 quando os acervos comeccedilaram a ser constituiacutedos natildeo problematizaacutevamos as escolhas e os criteacuterios predominando criteacuterios temaacuteticos Portanto realizamos um levantamento inicial de tiacutetulos a partir de alguns criteacuterios aleacutem dos temaacuteticos que apresentaremos a seguir Apoacutes esse levantamento o passo seguinte foi a localizaccedilatildeo de coacutepias em acervos de videolocadoras videotecas puacuteblicas e instituiccedilotildees diversas Nesse trabalho de prospecccedilatildeo de filmes e suas respectivas coacutepias nos deparamos com uma situaccedilatildeo muitos filmes desejaacuteveis pela temaacutetica tratada pela importacircncia atribuiacuteda por noacutes a alguns cineastas ou por termos outras boas referecircncias sobre a obra natildeo tinham coacutepias telecinadas isto eacute natildeo estavam disponiacuteveis em VHS ou DVD8 Em 2000

8 No ano de 2000 quando iniciamos a prospecccedilatildeo o nuacutemero de tiacutetulos em DVD com distribuiccedilatildeo comercial era expressivamente menor do que o atual (2014) Poucos tiacutetulos haviam sido lanccedilados Nesta uacuteltima deacutecada ocorreu a transiccedilatildeo do VHS para o DVD Em 2000 os tiacutetulos em VHS ainda ocupavam espaccedilo muito maior nas locadoras comerciais e acervos institucionais Hoje os

muitas coleccedilotildees ainda natildeo haviam sido lanccediladas comercialmente a exemplo da Seacuterie Brasilianas da Funarte

A criaccedilatildeo dessa seacuterie veio com a iniciativa do Centro Teacutecnico Audiovisual do Departamento de Cinema (CTAv) da Funarte (Fundaccedilatildeo Nacional das Artes)9 iniciativa governamental a partir do Ministeacuterio da Cultura que telecinou tiacutetulos raros do cinema brasileiro como os filmes de curta-metragem de Humberto Mauro Leon Hirszman Joaquim Pedro de Andrade Nelson Pereira dos Santos entre outros Posteriormente com a telecinagem e o lanccedilamento comercial de muitos filmes as obras puderam entatildeo ser reproduzidas para exibiccedilatildeo domeacutestica nas escolas e em outros espaccedilos A telecinagem de filmes lanccedilados em VHS tiacutetulos ineacuteditos no mercado que existiam apenas em suporte cinematograacutefico permitira o acesso agraves obras10 Coletacircneas de curtas-metragens nacionais documentaacuterios em curta e meacutedia metragem filmes com marca bastante

aparelhos jaacute estatildeo escassos e natildeo haacute mais lanccedilamento de filmes em VHS 9 O Nuacutecleo de Distribuiccedilatildeo de Viacutedeo do DecineFunarte tem como finalidade lanccedilar e distribuir no mercado brasileiro de viacutedeo e multimiacutedia filmes nacionais e latino-americanos de importacircncia cultural Os tiacutetulos do cataacutelogo claacutessicos ou contemporacircneos curtas ou longas-metragens de ficccedilatildeo ou documentaacuterios constituem referecircncias histoacutericas para aqueles que desejam conhecer a trajetoacuteria da cinematografia brasileira O acervo eacute constituiacutedo pela heranccedila do Instituto Nacional do Cinema Educativo - INCE Instituto Nacional do Cinema INC Empresa Brasileira de Filmes SA ndash Embrafilme Fundaccedilatildeo do Cinema Brasileiro FCB e pelos lanccedilamentos da deacutecada de 90 ateacute hoje jaacute como parte da Funarte 10 Parte desse problema ndash coacutepias de filmes apenas em 16 ou 35 mm a bitola da peliacutecula cinematograacutefica - tambeacutem seria resolvida com a iniciativa de telecinagem de filmes por parte ainda que pequena de cineastas contatados Portanto foram identificados e adquiridos apenas os filmes em suporte VHS (imensa maioria) e DVD descartando a princiacutepio filmes natildeo telecinados e consequentemente indisponiacuteveis para exibiccedilatildeo em aparelhos de viacutedeo-cassete e DVD os quais as escolas possuiacuteam

110 autoral e outros mais institucionais como os do INCE de uma diversidade de cineastas11 Assim a maior parte das coacutepias em viacutedeo que foram disponibilizadas nas escolas foi obtida pelo contato direto com mais de cem cineastas produtores e detentores dos direitos autorais dos filmes que cederam coacutepias ou autorizaram a copiagem a partir de matrizes cedidas e o uso das fitas pelas escolas O prazo acordado com os cineastas para uso dos filmes nas escolas foi de cinco anos Entretanto a adoccedilatildeo de criteacuterios de escolha mais adequados ao interesses das comunidades escolares se fazia necessaacuteria para a formaccedilatildeo de um acervo escolar A escolha dos chamados filmes educativos ndash produzidos com essa intencionalidade - natildeo era desejaacutevel por noacutes Acreditaacutevamos que esses filmes por serem realizados para atender aos objetivos pedagoacutegicos na maioria das vezes se despojavam das caracteriacutesticas presentes no cinema de entretenimento12 que mais valorizaacutevamos e apreciaacutevamos sua capacidade de envolvimento do espectador atraveacutes de uma fruiccedilatildeo afetiva empaacutetica emocional e de sua linguagem persuasiva sedutora Aleacutem disso sua capacidade de ldquorecriaccedilatildeordquo de eventos sociais poliacuteticos seja na ficccedilatildeo no documentaacuterio ou nas formas hiacutebridas que coloca o espectador agrave frente de representaccedilotildees da realidade que poderiam ser melhor compreendidas Acreditaacutevamos portanto na capacidade do cinema representar a realidade e revelar seus diferentes aspectos Realidade que poderia ser mais bem compreendida apesar da impossibilidade de revelaacute-la em sua totalidade Compartilhaacutevamos da ideia de que o cinema de entretenimento tem uma natureza pedagoacutegica pelas caracteriacutesticas descritas E contraditoriamente o cinema denominado educativo na tentativa de aproximaccedilatildeo com a cultura escolar e o universo da sala de aula despotencializava o cinema de entretenimento Portanto a escolha dos chamados filmes comerciais foi priorizada na prospecccedilatildeo e montagem do acervo A apropriaccedilatildeo se fazia necessaacuteria e com ela o processo de formaccedilatildeo de ldquoespectadores especializadosrdquo13

11 Diretores como Humberto Mauro (A velha a fiar Engenhos e Usinas Canccedilotildees Populares) Vladimir Carvalho (A bolandeira) Seacutergio Santeiro Leon Hirzsman (Megaloacutepolis Ecologia Partido Alto Nelson Cavaquinho lanccedilados agora em DVD com outros filmes como Eles natildeo Usam Black Tie) Sergio Bianchi (Mato eles) Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) Linduarte Noronha (Aruanda) entre outros 12 Estamos denominando aqui cinema de entretenimento todo e qualquer filme que natildeo foi produzido com fins didaacutetico-pedagoacutegicos o filme comercial de arte os documentaacuterios ndash ateacute mesmo os de caraacuteter mais didaacutetico e cientiacutefico - os cinemas autorais industriais etc 13 ldquoNatureza pedagoacutegica do cinemardquo e ldquoespectadores especializadosrdquo satildeo termos empregados pela professora Mariacutelia Franco da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes e autora da Tese de Doutorado Escola Audiovisual1989

Cena do filme Meow de Marcos Magalhatildees 1981 Integrante da coleccedilatildeo temaacutetica ANIMACcedilAtildeO Tiacutenhamos a intenccedilatildeo tambeacutem de apresentar parte da diversidade da produccedilatildeo audiovisual brasileira no tempo e no espaccedilo dos filmes mudos aos viacutedeos digitais dos diversos nuacutecleos regionais de produccedilatildeo das mais variadas propostas e linguagens Partiacuteamos do princiacutepio de que qualquer filme independentemente de ser produzido ou natildeo com finalidade educativa poderia ser incorporado Ou seja tratava-se de introduzir no espaccedilo escolar uma linguagem natildeo-escolar muito associada ainda ao tempo livre ao lazer e ao entretenimento e que portanto usualmente natildeo pertencia a esse universo Claro que isso exigiria dos educadores puacuteblico-alvo prioritaacuterio para uso do acervo uma apropriaccedilatildeo didaacutetico-pedagoacutegica de materiais audiovisuais concebidos com outros fins diferentes daqueles envolvidos por exemplo na produccedilatildeo de material didaacutetico O intuito dos coordenadores do CVBE era o de que as variadas formas de apropriaccedilatildeo fossem construiacutedas com os professores em trabalhos de formaccedilatildeo realizados apoacutes a constituiccedilatildeo dos acervos Entretanto os criteacuterios de escolha foram se definindo na apreciaccedilatildeo dos filmes Assistiacuteamos aos filmes que tiacutenhamos acesso e avaliaacutevamos de acordo com criteacuterios que muitas vezes eram subjetivos e que passavam pelo gosto da equipe sua pertinecircncia para o acervo da escola Optamos finalmente por organizar o acervo seguindo com a prospecccedilatildeo dos filmes a partir de criteacuterios temaacuteticos e numa perspectiva pedagoacutegica interdisciplinar com uso partilhado entre professores que ministravam diferentes disciplinas e que passaram a explorar temas comuns (REIS JUNIOR 2010) Para isso adotamos como referecircncia os Paracircmetros Curriculares Nacionais e os Temas Transversais sugeridos por esse documento Logo chegamos a quinhentos e oitenta filmes e viacutedeo brasileiros ndash dos filmes mudos da deacutecada de 1920 agraves produccedilotildees recentes em viacutedeo digital Os acervos foram classificados em oito coleccedilotildees temaacuteticas inspiradas nos Temas Transversais e ficaram organizados da seguinte forma Povos Indiacutegenas Negros Culturas Regionais Migraccedilotildees ndash

111 coleccedilotildees criadas a partir do Tema Transversal Pluralidade Cultural - e Educaccedilatildeo Sexual Meio Ambiente Literatura Brasileira e Movimentos Sociais Os tiacutetulos natildeo relacionados a esses temas foram agrupados em quatro gecircneros14 Animaccedilatildeo Experimental Ficccedilatildeo e Documentaacuterio

Cena do filme Memoacuterias Poacutestumas de Andreacute Klotzel 2001 integrante da Coleccedilatildeo temaacutetica CINEMA E LITERATURA BRASILEIRA

A adoccedilatildeo dos PCNs acabou por legitimar a entrada ou aproximaccedilatildeo do cinema brasileiro com os curriacuteculos escolares servindo para identificar temas e classificar filmes Neste sentido o documento curricular ndash embora elaborado na perspectiva da transdisciplinaridade ndash ofereceu referecircncias fundamentais aos professores para o trabalho interdisciplinar Os textos e documentos foram explorados na formaccedilatildeo e tornaram-se referecircncia no trabalho dos formadores Assim a adoccedilatildeo desse documento norteador pelo projeto especialmente os temas transversais possibilitou construir ldquopontes temaacuteticasrdquo entre a filmografia e os assuntos curriculares propostos Um acervo organizado a partir de uma classificaccedilatildeo com o criteacuterio temaacutetico e de conteuacutedos curriculares pode sugerir apontar ou pressupor um trabalho focado nos conteuacutedos dos filmes em sala de aula possibilitando uma incorporaccedilatildeo e uso voltados para estudo debate ilustraccedilatildeo motivaccedilatildeo etc mas sempre a partir dos assuntos temas ou conteuacutedos tratados Claro que aleacutem dos conteuacutedos a linguagem as formas narrativas e o proacuteprio gecircnero podem ser objetos de anaacutelise e produccedilatildeo de conhecimento No entanto eacute possiacutevel interpretar essa

14 Usualmente o conceito de gecircnero eacute associado a uma classificaccedilatildeo que definiu as categorias conhecidas como drama aventura comeacutedia suspense etc pelos grandes estuacutedios norte-americanos na primeira metade do seacuteculo XX que segmentou a produccedilatildeo Aqui o conceito de gecircnero seraacute usado para distinguir diferentes formas narrativas particularmente o gecircnero ficcional e o documental mas tambeacutem a animaccedilatildeo e a produccedilatildeo experimental

iniciativa como uma tentativa de escolarizaccedilatildeo ou instrumentalizaccedilatildeo do cinema Ou seja filmes produzidos com os mais diferentes fins ndash entretenimento geraccedilatildeo de lucros para a induacutestria que o produziu expressatildeo artiacutestica testemunho de fatos recriaccedilatildeo biograacutefica etc - satildeo apropriados como um dos materiais didaacutetico-pedagoacutegicos dentro de uma cultura escolar com suas proacuteprias normas O risco presente nesse procedimento eacute a despontecializaccedilatildeo do cinema como expressatildeo audiovisual Isto eacute se utilizado apenas como meio para se conhecer e compreender assuntos na maioria das vezes curriculares desprezando sua forma singular de expressatildeo artiacutestica e comunicacional perde-se a possibilidade de explorar sua linguagem sua forma de representaccedilatildeo de indagar como foi construiacutedo ndash e a anaacutelise aponta para uma desconstruccedilatildeo ndash de problematizar portanto sua maneira particular de recriaccedilatildeo da realidade ou tatildeo somente da invenccedilatildeo de uma realidade cinematograacutefica que natildeo manteacutem relaccedilatildeo alguma com o que chamamos de realidade Risco de entendecirc-lo tambeacutem como uma interpretaccedilatildeo da realidade um discurso elaborado a partir do olhar subjetivo de seus autores15 Enfim de explorar um potencial presente nesse meio de expressatildeo audiovisual (BRUZZO 2010)

Cena do filme No Rio das Amazonas de Ricardo Dias 1995 integrante da coleccedilatildeo temaacutetica MEIO AMBIENTE Como assinalamos esses questionamentos natildeo estavam presentes na constituiccedilatildeo desses acervos A escolarizaccedilatildeo do cinema para que ele atendesse aos objetivos educacionais e um uso voltado ao desenvolvimento de conteuacutedos ou componentes curriculares apresentavam-se portanto como uma

15 Podemos considerar o filme como resultado de um trabalho coletivo em muitos casos e portanto de uma autoria coletiva jaacute que sua produccedilatildeo envolve grande nuacutemero de profissionais especializados que contribuem de alguma forma com a construccedilatildeo da obra No entanto haacute um cinema autoral que tecircm como traccedilo distintivo a marca singular da criaccedilatildeo de um autor identificado claramente em toda sua filmografia

112 pretensatildeo da equipe executora do projeto e uma estrateacutegia para atender a necessidade de professores e seus planos disciplinares Contudo tal uso natildeo se reduziu a esta perspectiva A disposiccedilatildeo para conhecer o cinema e sua linguagem foi criada e o debate nem sempre pautado pelos curriacuteculos Conhecer o cinema independentemente de uma possiacutevel transposiccedilatildeo que ldquoenquadrasserdquo os filmes na perspectiva escolarizante foi preocupaccedilatildeo permanente16 Jaacute o agrupamento em gecircneros cinematograacuteficos (ficccedilatildeo documentaacuterio animaccedilatildeo e experimental17) colocava outro olhar sobre o conjunto destacando os atributos dos filmes especificamente cinematograacuteficos e destacando as diferentes formas narrativas e expressivas que o cinema comporta Os filmes aiacute incluiacutedos que natildeo se adaptaram aos temas transversais ficaram fora da classificaccedilatildeo mais escolarizada Permaneceram ldquofilmesrdquo e natildeo apenas recursos voltados ao desenvolvimento de temas Essa escolha dirigiu o olhar ao que chamamos de linguagem e natildeo aos assuntos curriculares Colocou necessariamente a atenccedilatildeo sobre as particularidades de cada gecircnero Obrigou-nos a ver como cinema e natildeo como materiais de uma coleccedilatildeo temaacutetica que tal como o livro pode servir apenas de insumo a uma aprendizagem escolarizada Neste sentido despertou nos professores a necessidade de estudo da linguagem para aleacutem dos temas que os filmes suscitaram e da necessidade de aplicaccedilatildeo dos conteuacutedos curriculares Consideraccedilotildees finais Assim ao destacar a singularidade da linguagem audiovisual e sua natureza pedagoacutegica bem como o potencial de trabalho interdisciplinar com o cinema brasileiro eacute que as accedilotildees desenvolvidas pelo projeto nas escolas puacuteblicas citadas promoveram uma familiarizaccedilatildeo com a nossa cinematografia e despertaram a possibilidade de um uso profiacutecuo da linguagem audiovisual em sala de aula Portanto a permeabilidade dos curriacuteculos escolares eacute condiccedilatildeo sine qua non para a incorporaccedilatildeo de filmes que passaram a cumprir relevante papel na produccedilatildeo do conhecimento na perspectiva interdisciplinar tal como descrito neste artigo E a diversidade presente na variedade de filmes disponibilizados sobretudo quanto aos temas e gecircneros propiciou um incremento nas praacuteticas escolares de professores que incorporaram uma nova linguagem em suas accedilotildees pedagoacutegicas 16 Na realizaccedilatildeo das mostras de filmes em viacutedeo nas escolas temas e debates propostos natildeo tinham abordagem alinhada a propostas curriculares da escola ou oacutergatildeo administrativo da rede 17 O cinema de animaccedilatildeo contou com tiacutetulos muito requisitados a exemplo das animaccedilotildees de Marcos Magalhatildees (Meow e Animando) Entre os filmes chamados experimentais Artur Omar (Ressureiccedilatildeo) era um nome de referecircncia

REFEREcircNCIAS BRUZZO Cristina O cinema brasileiro em busca de seu public na escola Caderno CEDES-UNICAMP vol 31 nordm 83Campinas Janabril 2011 BUCCI Eugecircnio (Org) A TV aos 50 Criticando a televisatildeo brasileira no seu cinquumlentenaacuterio IN Antenas da brasilidade Gabriel Priolli Ed Perseu Abramo Satildeo Paulo 2000 FRANCO Mariacutelia Escola Audiovisual Tese de doutorado defendida na Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo 1989 REIS JUNIOR Antocircnio Cinema Brasileiro na Escola Puacuteblica reconhecimento na diferenccedila Tese de doutorado defendida na Faculdade de Educaccedilatildeo da Universidade Estadual Paulista UNICAMP 2010

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O JORNALEIRO UMA PRAacuteTICA EDUCOMUNICATIVA

Prof Esp Felipe dos Santos Schadt Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

felipeschadtfaccampbr

RESUMO O que propomos com o presente artigo eacute apresentar o trabalho desenvolvido no jornal laboratoacuterio O JORNALEIRO da Faculdade Campo Limpo Paulista atraveacutes do prisma da educomunicaccedilatildeo Com uma viagem dentro do universo educomunicativo campo de intervenccedilatildeo social jaacute consolidado pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da ECA-USP tentaremos com aporte nos estudos desse campo relacionar a educomunicaccedilatildeo com as praacuteticas aplicadas nos processos envolvendo as produccedilotildees do O JORNALEIRO Entretanto tambeacutem podemos afirmar que um dos objetivos de um jornal laboratoacuterio eacute a manutenccedilatildeo do funcionalismo o qual a comunicaccedilatildeo obedece fazendo com que o diaacutelogo a construccedilatildeo coletiva do conhecimento a reflexatildeo criacutetica e o protagonismo - preceitos da Educomunicaccedilatildeo estejam lado a lado Assim buscamos refletir com este artigo em que medida o projeto eacute dialogaacutevel com as praacuteticas educomunicativas Palavras chave O Jornaleiro Educomunicaccedilatildeo Jornal Laboratoacuterio Comunicaccedilatildeo Social Faccamp ABSTRACT What we propose with this article is to present the work in the lab newspaper O JORNALEIRO of the Faculdade Campo Limpo Paulista through the perspective of educommunication With a trip inside the communicative universe social intervention field already consolidated by the Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo of the ECA-USP try with investments in studies of this field relate to the practices applied in cases involving the productions of the O JORNALEIRO However we can also say that one of the objectives of a lab newspaper is the maintenance of functionalism which the notice is issued pursuant causing dialogue collective construction of knowledge critical reflection and the protagonism - precepts of Educommunication - stand aside With that seek to understand the project is or not an educommunication proposal

Keywords O Jornaleiro Educommunication Lab Newspapper Social Communication Faccamp

ldquoA educomunicaccedilatildeo fala de relacionamento lideranccedila diaacutelogo social e protagonismo juvenil Posiciona-se de forma criacutetica ante o individualismo a manipulaccedilatildeo e a competiccedilatildeo A cidadania vencendo a ditadura do mercado eacute o que ela busca transformando as oportunidades oferecidas pelas novas tecnologias em instrumentos de solidariedade e crescimento coletivordquo

Ismar de Oliveira Soares

1 INTRODUCcedilAtildeO Eacute possiacutevel dizer que a escola estaacute em crise Principalmente quando o assunto eacute o interesse do aluno por ela Segundo pesquisas realizadas no final da primeira deacutecada dos anos 2000 percebemos que os jovens estatildeo cada vez mais desinteressados pela escola O Centro de Poliacuteticas Sociais da Fundaccedilatildeo Getuacutelio Vargas por exemplo realizou uma pesquisa em 2009 intitulada de ldquoMotivos da Evasatildeo Escolarrdquo constatando que 401 dos jovens de 15 a 17 anos deixam de ir agrave escola por acharem-na desinteressante1 Jaacute a ONG Accedilatildeo Educativa de Satildeo Paulo revela em sua pesquisa tambeacutem de 2009 ldquoQue Ensino Meacutedio Queremosrdquo que 59 dos jovens entrevistados dizem que soacute se interessam pela escola ldquoagraves vezesrdquo enquanto 28 responderam que raramente acham a escola interessante2 Mas o que fazer para que o aluno se sinta motivado a frequentar e a participar ativamente do ambiente educacional Segundo Ismar de Oliveira Soares

[] uma educaccedilatildeo eficiente precisa inserir-se no cotidiano de seus estudantes e natildeo ser um

1 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p25 2 Idem

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simulacro de suas vidas Fazer sentido para eles significa partir de um projeto de educaccedilatildeo que caminhe no mesmo ritmo que o mundo que os cerca e que acompanhe essas transformaccedilotildees Que entenda o jovem E natildeo daacute para entendecirc-lo sem se quer escutaacute-lo3

Eacute nesse contexto que a Educomunicaccedilatildeo mostra-se como uma alternativa para integrar esse aluno agrave vida educativa atraveacutes de alguns preceitos que esse novo campo de intervenccedilatildeo social aponta como importantes sendo eles o protagonismo juvenil a construccedilatildeo coletiva do conhecimento o desenvolvimento da reflexatildeo criacutetica e o diaacutelogo Com isso pretende-se criar um ambiente onde o jovem deixe de ser mero elemento da educaccedilatildeo para se transformar em agente criador Tornar os alunos no que Alain Tourraine vai classificar como ldquocriadores de si mesmos e produtores da sociedaderdquo4

Mas a Educomunicaccedilatildeo natildeo se faz necessaacuteria soacute na escola Foi com as ONGs que essa praacutetica se espalhou pela Ameacuterica Latina atraveacutes de projetos que se apropriavam da comunicaccedilatildeo de uma maneira democraacutetica e participativa dando a membros de comunidades carentes chance de criar seus proacuteprios conteuacutedos de informaccedilatildeo estabelecendo uma relaccedilatildeo muito mais humanizada entre a comunicaccedilatildeo e as pessoas Aleacutem do terceiro setor outro ambiente em que as praacuteticas educomunicativas podem ser transformadoras estaacute na proacutepria universidade Mas diferente da escola a universidade natildeo tem problemas de desinteresse uma vez que o aluno escolhe o curso e isso jaacute nos daria condiccedilotildees de entender que se estuda o que eacute interessante para ele Entatildeo para que serviria a Educomunicaccedilatildeo no ambiente universitaacuterio

Historicamente a universidade obedece uma loacutegica promove conhecimento para abastecer o mercado Em outras palavras preparam pessoas para cumprirem suas funccedilotildees na sociedade atraveacutes das mais diversas aacutereas do conhecimento Usemos como exemplo (pertinente aliaacutes) o curso de Comunicaccedilatildeo Social Um de seus objetivos eacute abastecer o mercado de trabalho de profissionais capazes de perpetuar a loacutegica estabelecida no campo social da comunicaccedilatildeo O aluno de jornalismo aprende na faculdade como ser um jornalista que o mercado quer contratar O aluno de publicidade relaccedilotildees

3 Ibid p8 4 TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade Lisboa Piaget 1992 p 269

puacuteblicas e de raacutedio e televisatildeo seguem o mesmo caminho

Ainda no curso de jornalismo (o nosso exemplo pertinente) podemos ver a presenccedila do jornal-laboratoacuterio como uma das principais ferramentas do aprendizado jornaliacutestico nas universidades Segundo Dirceu Fernandes Lopes ldquoexiste uma consciecircncia histoacuterica sobre a necessidade dos laboratoacuterios como espaccedilos fundamentais para a pesquisa e a reproduccedilatildeo ou inovaccedilatildeo da praacutetica jornaliacutesticardquo5 Portanto tanto teoria como a praacutetica esta uacuteltima contemplada atraveacutes do jornal-laboratoacuterio tornam-se importantes para o desenvolvimento do aluno do curso de Jornalismo dando a ele o conhecimento criacutetico e o aperfeiccediloamento teacutecnico necessaacuterios para as demandas exigidas pelo mercado de trabalho

Essas demandas exigidas pelo mercado acabam criando competiccedilatildeo entre os alunos que buscam a todo momento destacar-se para alcanccedilar os objetivos esperados pela profissatildeo onde alguns valores humaniacutesticos satildeo deixados de lado pela concorrecircncia E eacute nesse ponto que a Educomunicaccedilatildeo se faz pertinente Atraveacutes de seus conceitos voltados sempre para o coletivo e o fortalecimento da consciecircncia criacutetica pode mudar a maneira como o aluno se relaciona com o seu curso e com seus pares

Pensando nisso O JORNALEIRO jornal-laboratoacuterio criado em 2012 acabou dialogando para as praacuteticas educomunicativas possibilitando em alguns casos a transformaccedilatildeo de seus participantes em agentes criadores pensantes democraacuteticos dialoacutegicos e conscientes do trabalho coletivo e conhecimento compartilhado Pensado em sua criaccedilatildeo para ser mais uma ferramenta funcionalista da comunicaccedilatildeo O JORNALEIRO passou a apontar outros valores - como os apontados acima - e tentando preparar seus participantes em profissionais que entrem no mercado de trabalho e tentem mudar sua realidade de local competitivo para ambiente colaborativo

O presente artigo tenta fazer essa relaccedilatildeo entre a Educomunicaccedilatildeo e O JORNALEIRO buscando provar que o projeto estaacute tentando deixar de lado seus objetivos funcionalistas para ser um projeto completamente

5 LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989 p 33

115 educomunicativo dando ao aluno participante condiccedilotildees de ser um agente transformador

2 O QUE Eacute EDUCOMUNICACcedilAtildeO Natildeo eacute raro vermos a inquietaccedilatildeo no rosto daqueles que natildeo estatildeo habituados agraves praacuteticas e projetos educomunicativos quando soltamos a palavra Educomunicaccedilatildeo A duacutevida do outro sempre acompanhada da curiosidade nos instiga a tentar explicar do que se trata essa palavra Mas temos que ter atenccedilatildeo redobrada para dar significado a esse neologismo e natildeo cair no erro de dar como resposta a junccedilatildeo de Educaccedilatildeo e Comunicaccedilatildeo que aleacutem de simplista eacute rasa Tatildeo pouco podemos deixar que o termo apresentado pela primeira vez em 1999 na revista Contato em Brasiacutelia apoacutes intensa pesquisa do Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da USP6 caia em explicaccedilotildees como o uso das tecnologias da comunicaccedilatildeo na sala de aula ou somente como uma alfabetizaccedilatildeo para os meios de comunicaccedilatildeo Eacute preciso um aprofundamento para buscar uma explicaccedilatildeo satisfatoacuteria para o que Ismar de Oliveira Soares chama de um novo campo de intervenccedilatildeo social7

O entendimento de Educomunicaccedilatildeo pelo Nuacutecleo de Comunicaccedilatildeo e Educaccedilatildeo da Escola de Comunicaccedilotildees e Artes da Universidade de Satildeo Paulo eacute a accedilatildeo emergente entre dois tradicionais campos sociais a Educaccedilatildeo e a Comunicaccedilatildeo O que significa que a Educomunicaccedilatildeo se apresenta como um novo paradigma para a educaccedilatildeo e para a comunicaccedilatildeo e que por sua vez confrontaraacute inevitavelmente com os paradigmas jaacute existentes que permeiam esses tradicionais campos sociais

Para estudiosos como Ismar de Oliveira Soares o campo da educaccedilatildeo o paradigma apresentado eacute o do ensino x aprendizagem Esse sistema vertical de educaccedilatildeo apresenta a instituiccedilatildeo de ensino como uacutenico local de aprendizagem o professor como o detentor da sabedoria e o aluno como um ser que nada sabe pronto para receber todo o conhecimento vindo de fora para dentro Jaacute o paradigma na comunicaccedilatildeo apresenta-se como um

6 Pesquisa realizada na deacutecada de 1990 pelo NCE-USP em 12 paiacuteses da Ameacuterica Latina que possuiacuteam programas e projetos que trabalhavam com a interface entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo com o objetivo de detectar o imaginaacuterio desses agentes culturais sobre a referida interface Leia mais em SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p34-35 7 Ibid p11

sistema hegemocircnico onde poucos grupos possuem o poder de criar conteuacutedo atraveacutes dos meios de comunicaccedilatildeo dando ao outro um status de mero receptor sem o direito de resposta por meio de suas proacuteprias produccedilotildees midiaacuteticas

Olhando para o acircmbito estudantil esses dois paradigmas que claramente obedecem uma loacutegica funcionalista impedem o discente de criar condiccedilotildees de tornar-se um produtor de conteuacutedo com olhar criacutetico para a sociedade Ao inveacutes disso haacute um esforccedilo para a manutenccedilatildeo do status quo A Educomunicaccedilatildeo busca criar um diaacutelogo entre esses dois campos8 que sempre se apresentaram como heterogecircneos e distintos em suas funccedilotildees sociais para poder dar a esse jovem reais condiccedilotildees emancipadoras A questatildeo que se deve fazer eacute esse diaacutelogo eacute possiacutevel

A busca por essa resposta inicia-se no entendimento dos estudos de Pierre Bourdieu para a definiccedilatildeo de campo social Segundo o estudioso francecircs

Os campos apresentam-se agrave apreensatildeo sincrocircnica como espaccedilos estruturados de posiccedilotildees (ou postos) cujas propriedades dependem da sua posiccedilatildeo nesses espaccedilos e que podem ser analisadas independentemente das caracteriacutesticas dos seus ocupantes [] Sempre que se estuda um novo campo seja o campo da filologia no seacuteculo XIX da moda hoje ou da religiatildeo na Idade Meacutedia descobrimos propriedades especiacuteficas proacuteprias de um campo particular9

Portanto cada campo social tem suas regras seus trofeacuteus e seus capitais onde o que se valoriza em um natildeo eacute valorizado no outro Sendo assim entendemos que o campo da Educaccedilatildeo possui um jogo diferente do campo da Comunicaccedilatildeo logo suas funccedilotildees sociais tambeacutem seratildeo distintas Atraveacutes do prisma da racionalidade moderna (qual autorescola esta referenciando este termoconceito) cada um desses campos era visto como neutros e com funccedilotildees claras e especiacuteficas Enquanto a educaccedilatildeo deveria legitimar a ordem social proposta a comunicaccedilatildeo era um instrumento disciplinador da coletividade

8 BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 31 9 BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa Fim de Seacuteculo 2003 p 119

116 A Modernidade nasceu com a instituiccedilatildeo da crenccedila nas possiblidades da razatildeo capaz de transformar a sociedade pela dominaccedilatildeo da natureza pelo homem Ao mesmo tempo impocircs a uniformizaccedilatildeo das mentalidades como forma de controle da opiniatildeo puacuteblica Para tanto a sociedade industrial conformou a educaccedilatildeo (para sedimentar e legitimar a ordem social que queria ver estabelecida) fazendo por outro lado uma apropriaccedilatildeo do discurso midiaacutetico usando-o como seu mais poderoso instrumento disciplinador coletivo10

Mesmo apoacutes a crise da Modernidade e o surgimento da cultura Poacutes-Moderna a razatildeo continua sendo o alicerce nas construccedilotildees sociais O que antes era apresentado como razatildeo iluminista passa a ser apresentado como razatildeo teacutecnica amparada pelo predomiacutenio da informaccedilatildeo Ainda assim educaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo continuam como campos distintos e com funccedilotildees proacuteprias

Enquanto a comunicaccedilatildeo ganha valorizaccedilatildeo pelo domiacutenio da informaccedilatildeo a educaccedilatildeo entra em crise dentre outras coisas devido ao seu tradicionalismo Antes na modernidade a educaccedilatildeo era definida ldquocomo base da construccedilatildeo da democracia modernardquo11 e na poacutes-modernidade esse discurso estava sendo substituiacutedo pelo ldquodiscurso sobre a excelecircncia e a irreversibilidade da informaccedilatildeordquo12 Esse pensamento de valorizaccedilatildeo social ao mundo da comunicaccedilatildeo e de uma negaccedilatildeo do mundo da educaccedilatildeo eacute defendida pelo pensador francecircs Pierre Furter que ainda diraacute que a educaccedilatildeo nesse periacuteodo se torna territorial nacionalizada normativa e burocraacutetica enquanto a comunicaccedilatildeo se apresenta como desterritorializada internacionalizada natildeo-formal e natildeo-burocraacutetica13

Para construir um diaacutelogo entre esses dois campos que a partir das visotildees da Modernidade e da Poacutes-Modernidade satildeo distintos em suas funccedilotildees sociais eacute preciso entender que primeiro a educaccedilatildeo soacute eacute possiacutevel enquanto accedilatildeo comunicativa e segundo a comunicaccedilatildeo eacute

10 MILAN Yara Maria Martins Comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo um ponto de mutaccedilatildeo no espaccedilo de confluecircncia In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 15 11 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo 2011 p 16 12 Idem 13 Idem

em si uma accedilatildeo educativa Esses axiomas satildeo apresentados por Ismar de Oliveira Soares como uma das linhas teoacuterico-praacuteticas para se compreender a relaccedilatildeo entre comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo

Segundo Soares o primeiro axioma diz respeito agrave ideia de que a comunicaccedilatildeo eacute um fenocircmeno que se encontra em todos os modos de formaccedilatildeo do ser humano ldquoNo caso o tipo de comunicaccedilatildeo adotado passa a emprestar identidade ao processo educativo qualificando-ordquo14 O estudioso usa como exemplo a expressatildeo adotada por Paulo Freire que diz respeito a uma educaccedilatildeo verticalizada a educaccedilatildeo bancaacuteria e em contrapartida tambeacutem usa a expressatildeo educaccedilatildeo dialoacutegica utilizada para representar o esforccedilo para a construccedilatildeo de uma educaccedilatildeo compartilhada e solidaacuteria Esses dois exemplos mostram o quanto a comunicaccedilatildeo se faz presente na praacutexis educativa ora por meio de transferecircncia de conhecimento de um ponto para outro ora por meio do diaacutelogo e da troca de conhecimentos

No segundo axioma Soares acredita que diferentes modelos de comunicaccedilatildeo determinariam resultados educativos diferentes onde uma comunicaccedilatildeo dialoacutegica contribuiria para um aumento significativo da participaccedilatildeo e do interesse dos estudantes

[] uma comunicaccedilatildeo essencialmente dialoacutegica e participativa no espaccedilo do ecossistema comunicativo escolar mediada pela gestatildeo compartilhada (comunidade escolar) dos recursos e processos da informaccedilatildeo contribui essencialmente para a praacutetica educativa cuja especificidade eacute o aumento imediato do grau de motivaccedilatildeo por parte dos estudantes e para o adequado relacionamento no conviacutevio professoraluno maximizando as possibilidades de aprendizagem de tomada de consciecircncia e de mobilizaccedilatildeo para a accedilatildeo15

Essa condiccedilatildeo de transformar o ambiente educacional a partir da comunicaccedilatildeo - enquanto produccedilatildeo simboacutelica e transmissatildeo (seria o melhor termo ldquoconstruccedilatildeordquo) de sentidos - deixando de lado a burocratizada transferecircncia de informaccedilatildeo pela construccedilatildeo de conhecimento atraveacutes diaacutelogo dando condiccedilotildees para se formar indiviacuteduos com real poder transformador eacute o que podemos chamar de educomunicaccedilatildeo

14 Ibid p17 15 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p17

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3 O JORNALEIRO E A EDUCOMUNICACcedilAtildeO O JORNALEIRO tem como base algumas diretrizes que tambeacutem fazem parte da estrutura fundamental da Educomunicaccedilatildeo Satildeo elas os conceitos de dialogismo e construccedilatildeo coletiva do conhecimento Essas duas diretrizes mostram que o projeto estaacute preocupado com o desenvolvimento do protagonismo nos participantes uma vez que nega composiccedilotildees hieraacuterquicas de conhecimento e da transferecircncia do mesmo aleacutem do favorecimento amplo do espaccedilo democraacutetico atraveacutes do diaacutelogo

31 O JORNALEIRO E O DIAacuteLOGO Uma das principais caracteriacutesticas do projeto estaacute no uso do diaacutelogo para a tomada de decisotildees e para a construccedilatildeo do conhecimento Jaacute na primeira reuniatildeo em julho de 2012 os primeiros trecircs alunos participantes junto com o professor responsaacutevel pelo projeto decidiram coletivamente como jornal-laboratoacuterio - que viria a se chamar O JORNALEIRO - iria seguir como deveriam ser feitas as publicaccedilotildees e como deveria ser a dinacircmica dos encontros A partir disso as reuniotildees do jornal-laboratoacuterio sempre aconteceram em roda dando vez e voz para todos os membros

Esse tipo de configuraccedilatildeo de espaccedilo fiacutesico - em roda - pode possibilitar o fortalecimento de um discurso que privilegia uma educaccedilatildeo dialoacutegica pois tira a centralidade de uma figura [o professor] e passa a dar protagonismo para todos os presentes A condiccedilatildeo de que uma figura ensina e a outra aprende eacute colocada de lado para que todos possam colaborar para a construccedilatildeo do diaacutelogo ldquodessa forma a contradiccedilatildeo educador-educando em que o professor era o sujeito e o aluno objeto passivo eacute superadardquo16

O uso dessa praacutetica pode ser explicado atraveacutes de Paulo Freire onde o filoacutesofo defendia o diaacutelogo e a construccedilatildeo do conhecimento de forma coletiva e democraacutetica ldquoJaacute agora ningueacutem liberta ningueacutem como tampouco ningueacutem se liberta a si mesmo os homens se libertam em comunhatildeordquo17 Vale destacar que o autor usa a palavra libertar no mesmo sentido que a palavra educar

16 ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007 p 63 17 FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1987 p 75

onde esta uacuteltima aparece em ediccedilotildees anteriores no trecho citado da mesma obra - Pedagogia do Oprimido (1987)

Outro autor que vai corroborar com o entendimento da importacircncia do diaacutelogo eacute o teoacuterico e filoacutesofo alematildeo Juumlrgen Habermas Um dos mais notaacuteveis pensadores da segunda geraccedilatildeo da Escola de Frankfurt trabalha com o conceito de accedilatildeo comunicativa onde todos os envolvidos tecircm direito agrave fala e que essa fala natildeo eacute guiada por interesses proacuteprios e egoiacutestas mas sim pelos objetivos da coletividade no qual se encontra A accedilatildeo comunicativa se faz

[] sempre que as accedilotildees dos agentes envolvidos satildeo coordenadas natildeo atraveacutes de caacutelculos egocecircntricos de sucesso mas atraveacutes de atos de alcanccedilar o entendimento Na accedilatildeo comunicativa os participantes natildeo estatildeo orientados primeiramente para o seu proacuteprio sucesso individual18

Tanto Freire quanto Habermas corroboram para a defender a ideia do ecossistema comunicativo onde o diaacutelogo seraacute capaz de transformar as relaccedilotildees no ambiente no nosso caso o educacional No O JORNALEIRO essa consciecircncia de comunicaccedilatildeo democraacutetica atraveacutes do diaacutelogo mostra-se eficaz e pertinente pois os participantes se encorajam a fazer parte do projeto tomando-o como seu E essa relaccedilatildeo proporciona um crescente desenvolvimento do discente participante pois aleacutem de fazer valer sua opiniatildeo consegue compreender e respeitar posiccedilotildees contraacuterias agraves suas gerando assim um poder de criacutetica e autocriacutetica Aleacutem disso esse diaacutelogo proporciona uma nova visatildeo dos participantes atraveacutes dos demais olhares apresentados nas discussotildees fazendo com que seja possiacutevel conhecer outras formas de enxergar um determinado assunto

Talvez essa relaccedilatildeo de comunicaccedilatildeo democraacutetica dentro do projeto possa explicar o crescente nuacutemero de participantes e sua fidelizaccedilatildeo uma vez que satildeo poucos os discentes que entram para O JORNALEIRO e o abandonam na sequecircncia Hoje mais de 50 alunos participam do projeto ativamente

[] a educomunicaccedilatildeo se preocuparaacute essencialmente com o aluno com sua relaccedilatildeo

18 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995 p 80

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consigo mesmo enquanto pessoa tanto quanto com sua relaccedilatildeo com os colegas os docentes a escola e a sociedade ao seu redor19

32 O JORNALEIRO E A CONSTRUCcedilAtildeO COLETIVA DO CONHECIMENTO

Na Europa dos seacuteculos XII e XIII as Corporaccedilotildees de Ofiacutecio eram compostas de trecircs classes de trabalhadores que se dividiam entre os mestres os jornaleiros e os aprendizes ldquoOs mestres eram os donos da oficina que acolhiam os jornaleiros que eram tambeacutem responsaacuteveis pelo adestramento dos aprendizesrdquo20 Os jornaleiros faziam um papel de auxiliar do mestre no treinamento do aprendiz que apoacutes receber treinamento suficiente tambeacutem tornava-se um jornaleiro que por sua vez tambeacutem tornaria - se um mestre

Era sim uma loacutegica que obedecia a um sistema de valor preacute-estabelecido que mantinha o mestre como dono do saber a ser passado para classes com menos conhecimento Poreacutem o que chama a atenccedilatildeo eacute o papel do jornaleiro que atua ao mesmo tempo como aprendiz e como mestre onde aprendia novos conhecimentos e tambeacutem tinha a chance de ensinaacute-los

Essas condiccedilotildees de aprender e ensinar satildeo usadas pelo projeto O Jornaleiro onde os discentes tomam o papel de mestre e transferem seu conhecimento para outro membro do projeto afim de que mais pessoas tomem posse das aptidotildees que manteacutem o jornal laboratoacuterio na ativa o controle das pautas a revisatildeo dos textos e a diagramaccedilatildeo das reportagens

Vamos utilizar como exemplo a funccedilatildeo de Pauteiro Uma vez por semana os componentes do projeto reuacutenem-se para discutirem as pautas que seratildeo abordadas nas reportagens Essa reuniatildeo de pauta eacute guiada por um dos alunos que tem a funccedilatildeo de Pauteiro onde procura mediar os debates e as escolhas dos temas que seratildeo trabalhados posteriormente pelos alunos responsaacuteveis na reportagem A pauta tem um papel fundamental no jornalismo pois ela eacute o ldquoprimeiro roteiro para a produccedilatildeo de textos jornaliacutesticos e material

19 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p46 20 XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1 p 106

iconograacuteficordquo21 e portanto faz com que o papel do Pauteiro seja de relevacircncia para o projeto

O aluno que estaacute responsaacutevel pela pauta fica na funccedilatildeo durante um mecircs e em sua companhia tem a presenccedila de outro aluno Esse outro discente acompanharaacute o Pauteiro em suas funccedilotildees e o responsaacutevel pela pauta teraacute tambeacutem a responsabilidade de passar seus conhecimentos sobre o assunto para o chamado aqui de aprendiz Passados os 30 dias o aprendiz assume as responsabilidades com a pauta tornando-se o Pauteiro e recebe outro aluno para poder repassar o conhecimento recebido gerando assim uma corrente Essa dinacircmica acontece da mesma forma com todas as funccedilotildees do projeto fazendo com que os alunos ensinem uns aos outros em uma praacutetica chamada antropoacuteloga norte-americana Margaret Mead de cultura preacute-figurativa

Mead estabelece diferenccedilas entre trecircs tipos de cultura a poacutes-figurativa a cofigurativa e a preacute-figurativa A cultura poacutes-figurativa eacute aquela em que os jovens aprendem primordialmente atraveacutes dos adultos jaacute a cultura cofigurativa tanto jovens como adultos aprendem na conjuntura das relaccedilotildees sociais que estatildeo envolvidos e por fim a cultura preacute-figurativa a qual os adultos tambeacutem aprendem com os jovens22 Portanto essa dinacircmica do O Jornaleiro obedece a uma loacutegica preacute-figurativa diferentemente de instituiccedilotildees mais tradicionais como as religiosas que sustentam uma cultura poacutes-figurativa dando autoridade sempre para aquele que eacute mais velho Nesse sentido de transferecircncia de conhecimento que natildeo estaacute subjugado a uma loacutegica poacutes-figurativa os alunos envolvidos deixam de lado as hierarquias e passam a compreender que o conhecimento pode ser construiacutedo coletivamente negando completamente o paradigma funcionalista da comunicaccedilatildeo onde os processos comunicacionais cumprem a funccedilatildeo entre outras de transmitir a heranccedila social de uma geraccedilatildeo para a outra Nesse contexto a teoria funcionalista da comunicaccedilatildeo diz que

[] com respeito ao problema da conservaccedilatildeo do esquema de valores o subsistema das comunicaccedilotildees de massa parece funcional na

21 FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 p 48 22 MEAD Margaret Cultura y compromiso estudio sobre la ruptura generacional 1980 In SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011 p 23

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medida em que cumpre parcialmente a tarefa de corroborar e reforccedilar os modelos de comportamento existentes no sistema social23

Segundo o estudioso italiano Mauro Wolf as teorias funcionalistas da comunicaccedilatildeo se concentram em entender as funccedilotildees do sistema comunicativo na sociedade24 dando importacircncia para os efeitos verificaacuteveis da accedilatildeo da miacutedia sobre as massas aleacutem de ter um papel preciso na manutenccedilatildeo do funcionamento social

[] a teoria funcionalista ocupa uma posiccedilatildeo muito precisa que consiste em definir a problemaacutetica da miacutedia a partir do ponto de vista da sociedade e do seu equiliacutebrio da possibilidade do funcionamento total do sistema social e da contribuiccedilatildeo que seus componentes (inclusive os meios de comunicaccedilatildeo de massa) lhe trazem O campo de interesse de uma teoria dos meios de comunicaccedilatildeo de massa natildeo eacute mais definido pela dinacircmica interna dos processos de comunicaccedilatildeo (como eacute tiacutepico sobretudo da teoria psicoloacutegico-experimental) mas pela dinacircmica do sistema social e pela funccedilatildeo que as comunicaccedilotildees de massa nela desenvolvem25

A comunicaccedilatildeo a serviccedilo da manutenccedilatildeo do funcionamento social pode ser explicado pelo pensamento do estudioso da Fundaccedilatildeo Rockfeller Harold Lasswell Apresentado pelos autores Francisco Ruumldiger e Lasswell que veem a comunicaccedilatildeo como parte de um processo onde o principal preceito eacute a influecircncia sobre o comportamento alheio26 Essa afirmaccedilatildeo colabora com o entendimento citado acima por Wolf onde a influecircncia do sistema atraveacutes das comunicaccedilotildees de massa serve para manter o funcionalismo social

No caso do O Jornaleiro afirmamos que existe uma negaccedilatildeo a essa sistemaacutetica funcionalista pois internamente a comunicaccedilatildeo se faz atraveacutes do diaacutelogo onde a troca de saberes horizontalizada vai de contra matildeo ao funcionalismo social dentro do ambiente educacional por exemplo Portanto o projeto natildeo obedece ao funcionalismo da cultura poacutes-figurativa de transferecircncia

23 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 53 24 Ibid p 50 25 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de massa Martins Fontes Satildeo Paulo 2003 p 54 26 RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo Porto Alegre Penso 2001 p 56

de conhecimento atraveacutes de uma comunicaccedilatildeo voltada para a influecircncia sobre o outro afim de manter o status quo Procuramos justamente o contraacuterio dar ao jovem condiccedilotildees de transformar sua proacutepria histoacuteria e libertaacute-lo das funccedilotildees que a sociedade e o mercado limitadamente oferecem-lhe Educomunicativamente falando estamos tentando

[] garantir ao jovem a possibilidade de sonhar natildeo exatamente com um mundo fantaacutestico e seguro que lhe seja dado pelos adultos mas com um mundo que ele mesmo seja capaz de construir a partir de sua capacidade de se comunicar Eacute o que a educomunicaccedilatildeo tem condiccedilotildees de propor27

E essa garantia pode ser dada a partir do momento que o jovem se reconhece como mestre e aprendiz ensinando e aprendendo ao mesmo tempo tendo condiccedilotildees de entender criticar e mudar a sua histoacuteria e a da sua comunidade perante a sociedade

Mas se o aluno passar a ensinar qual o papel do professor nesse processo Paulo Freire entende que esse papel se daacute justamente na problematizaccedilatildeo28 do conteuacutedo causada pelo professor que jamais deixaraacute de existir na sala de aula pois sua funccedilatildeo como provocador de reflexatildeo eacute fundamental no processo educativo

4 CONSIDERACcedilOtildeES Acreditamos que O Jornaleiro mostra-se como um potencial projeto educomunicativo devido sua aproximaccedilatildeo com as diretrizes que satildeo bases desse novo campo social Entendemos que O Jornaleiro estaacute no caminho certo para se tornar um projeto educomunicativo Beneficiado pelo uso da educaccedilatildeo dialoacutegica e amparado pela construccedilatildeo coletiva do conhecimento podemos afirmar que o projeto tem condiccedilotildees de conceder aos alunos do curso de Comunicaccedilatildeo Social da Faccamp condiccedilotildees de transformar suas proacuteprias histoacuterias no contexto social

Desde o iniacutecio o diaacutelogo mostrou-se a base do O Jornaleiro dando ao aluno participante a noccedilatildeo de que ele e os demais podem construir o conhecimento de uma forma solidaacuteria democraacutetica e coletiva fazendo-o

27 SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011 p53 28 FREIRE Paulo Extensatildeo ou comunicaccedilatildeo 10ordf Ed Rio de Janeiro Paz e Terra 1992 p53

120 entender a importacircncia da comunicaccedilatildeo e educaccedilatildeo dialoacutegica na construccedilatildeo dos agentes sociais

Aleacutem disso mostra-se interessado em favorecer e fortalecer a construccedilatildeo coletiva do conhecimento com base na crenccedila de que a informaccedilatildeo natildeo tem uma centralidade mas sim diluiacuteda em vaacuterios formatos meios e agentes

Entendemos que ainda haacute muito o que fazer para tornar O Jornaleiro uma praacutetica totalmente educomunicativa que contribua efetivamente para transformar o ambiente educacional no qual estaacute inserido em um lugar que o jovem se reconheccedila como agente transformador capaz de quebrar o funcionalismo que eacute imposto pela loacutegica mercantil no qual a comunicaccedilatildeo estaacute mergulhada Mas os primeiros passos foram dados com o reconhecimento de que a Educomunicaccedilatildeo possa ser uma janela aberta para uma nova realidade social

Ainda temos pela frente um longo caminho a percorrer para que uma relaccedilatildeo otimizada entre a comunicaccedilatildeo e a educaccedilatildeo torne-se uma praacutetica cotidiana nas escolas e demais espaccedilos educativos sendo necessaacuterio para tanto formular poliacuteticas especiacuteficas e destinar recursos associando tais iniciativas a programas aprimorados de gestatildeo a fim de que projetos de inovaccedilatildeo tenham tempo de florescer adquirir consistecircncia de produzir efeitos sociais e educacionais beneacuteficos e prolongados Se o caminho eacute longo o tempo se faz cada vez mais curto Entatildeo matildeos a obra29

5 REFEREcircNCIAS

BACCEGA Maria Aparecida Comunicaccedilatildeoeducaccedilatildeo e a construccedilatildeo de nova variaacutevel histoacuterica In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

BOURDIEU Pierre Questotildees de Sociologia Lisboa

Fim de Seacuteculo 2003 CITELLI A O COSTA M C C (Org)

Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

FOLHA de Satildeo Paulo Manual de Redaccedilatildeo 17ordf

ediccedilatildeo Satildeo Paulo Publifolha 2011 29Ibid p94

FREIRE Paulo Pedagogia do oprimido 17ordf ed Rio de

Janeiro Paz e Terra 1987 HABERMAS Juumlrgen The theory of communicative

action 1984 In PINTO Joseacute Marcelino de Rezende A teoria da accedilatildeo comunicativa de Juumlrgen Habermas conceitos baacutesicos e possibilidades de aplicaccedilatildeo agrave administraccedilatildeo escolar Rio Preto Paideacuteia FFCLRP-USP 1995

LOPES Dirceu Fernandes Jornal Laboratoacuterio Do

exerciacutecio escolar ao compromisso com o Puacuteblico Leitor 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Summus 1989

RUumlDIGER Francisco As teorias da comunicaccedilatildeo

Porto Alegre Penso 2001

SOARES Ismar de Oliveira Educomunicaccedilatildeo o conceito o profissional a aplicaccedilatildeo Satildeo Paulo Paulinas 2011

_________ Educomunicaccedilatildeo um campo de mediaccedilotildees In CITELLI A O COSTA M C C (Org) Educomunicaccedilatildeo construindo uma nova aacuterea do conhecimento Satildeo Paulo Paulinas 2011

TOURRAINE Alain Criacutetica da modernidade

Lisboa Piaget 1992 WOLF Mauro Teorias das comunicaccedilotildees de

massa Satildeo Paulo Martins Fontes 2003

XIMENDES Carlos Alberto A Cacircmara de Satildeo Luiacutes e o mundo do trabalho (1646-1755) Outros Tempos Maranhatildeo vol 1

ZATTI Vieccnte Autonomia e educaccedilatildeo em

Immanuel Kant e Paulo Freire Porto Alegre EDIPUCRS 2007

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O MEacuteTODO SUZUKI E A EDUCACcedilAtildeO MUSICAL NO ENSINO DO VIOLINO

Faacutebio Pavan Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

fabiotinoigcombr

RESUMO Neste artigo busco responder em que medida a educaccedilatildeo musical no ensino baacutesico de violino assegura o niacutevel de motivaccedilatildeo das crianccedilas e a qualidade de ensino Atraveacutes da educaccedilatildeo musical com aulas que se utilizem do uso de cantigas jogos musicais exerciacutecios de escuta musical entre outros combinando-os com a metodologia de ensino desenvolvida por Shinichi Suzuki trato de responder esta questatildeo Para isso busquei vaacuterios artigos que tratam sobre o ensino do violino atraveacutes do Meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical e as minhas experiecircncias como professor de violino no ldquoProjeto de cordas Violino e viola de arcordquo (Projeto Social) Realizei anaacutelise desses artigos em um primeiro momento buscando entender como esse meacutetodo eacute utilizado no ensino do violino e em um segundo momento esses resultados com aulas de violino do Projeto Social Segundo o Meacutetodo Suzuki toda crianccedila pode aprender um instrumento sem dificuldade e de forma natural da mesma maneira que aprende sua liacutengua materna tendo sempre um ambiente favoraacutevel Desta maneira existe uma aproximaccedilatildeo entre o estudo do violino com base neste meacutetodo e a educaccedilatildeo musical

Palavras chave Suzuki educaccedilatildeo musical ensino de violino ABSTRACT In this article I respond to what extent music education in primary schools of violin ensures the level of motivation of children and the quality of teaching Through music education with classes that use the use of songs musical games musical listening exercises among others combining them with the teaching methodology developed by Shinichi Suzuki tract to answer this question For this I sought several articles that deal with teaching the Suzuki Method violin and through music education and my experiences as a professor of violin at the Draft strings violin and viola (social project) I performed analysis of these articles at first trying to understand how this method is used in teaching the violin and in a second step these results with violin

lessons of Social Project According to the Suzuki method every child can learn an instrument without difficulty and naturally the same way you learned your native language always having a supportive environment Thus there is a connection between the study of the violin based on this method and music education Keywords Suzuki Method music education teaching violin INTRODUCcedilAtildeO O ensino baacutesico de violino para crianccedilas requer um ambiente com um alto niacutevel de motivaccedilatildeo Esta pesquisa busca abranger estes aspectos primordiais da didaacutetica instrumental atraveacutes da educaccedilatildeo musical embasada de maneira eficaz Eacute utilizado o meacutetodo Suzuki devido aos benefiacutecios que o mesmo proporciona no iniacutecio da aprendizagem do violino e conforme jaacute comprovado por grandes professores de violino da atualidade no nosso paiacutes (BOSIacuteSIO 1992) O uso da educaccedilatildeo musical antes da iniciaccedilatildeo no instrumento e depois no decorrer do estudo do meacutetodo Suzuki (na parte inicial do mesmo) vai facilitar o desenvolvimento do aluno no estudo do violino As canccedilotildees infantis como cai-cai balatildeo satildeo formas simples que facilitam o ensino musical baacutesico fazendo com que o aluno desenvolva sua percepccedilatildeo musical Tambeacutem o emprego da educaccedilatildeo musical associada ao Meacutetodo Suzuki favoreceraacute o desenvolvimento de uma boa afinaccedilatildeo jaacute o aluno teraacute um referencial do seu cotidiano A crianccedila se sentiraacute motivada para a execuccedilatildeo do instrumento e a praacutetica diaacuteria prazerosa jaacute natildeo estaraacute somente condicionada ao meacutetodo pois estaratildeo executando peccedilas infantis cantigas musicas de ninar e folcloacutericas assim tambeacutem repertorio para flauta doce (Barroca)

122 Este projeto tem como objetivo complementar e adaptar o primeiro volume de repertoacuterio empregado no Meacutetodo Suzuki para violino Sendo assim seriam necessaacuterios os seguintes passos

bull Identificar elementos teacutecnicos e musicais trabalhados nas liccedilotildees do volume 1 do meacutetodo Suzuki

bull Selecionar um repertoacuterio de muacutesicas utilizadas na educaccedilatildeo infantil e identificar seus elementos teacutecnicos musicais

bull Comparar os elementos dos dois repertoacuterios bull Elaborar materiais didaacutetico-pedagoacutegicos que

facilitem o estudo do aluno em ambos os repertoacuterios

O ENSINO DO VIOLINO PARA CRIANCcedilAS Apesar de ter crescido o interesse de crianccedilas pelo estudo de violino no Brasil ainda a sua difusatildeo frente a outros instrumentos eacute pequena Eacute necessaacuterio portanto procurar maneiras de captar um maior nuacutemero de alunos motivados durante o periacuteodo de aprendizagem baacutesica do instrumento para que assim continuem estudando e posteriormente se profissionalizem (KLEBER Magali Oliveira) Uma das maneiras de incentivar a crianccedila a estudar violino seria empregar uma literatura musical com a qual o aluno se familiarizasse jaacute que a maioria dos meacutetodos de violino satildeo estrangeiros e baseados na cultura de seu paiacutes muito distinta da nossa cultura brasileira Poreacutem eacute necessaacuterio procurar um repertoacuterio infantil baacutesico (brasileiro) e de faacutecil execuccedilatildeo que encaixem dentro de uma sequecircncia pedagoacutegica que seja eficaz e sem descaracterizaccedilotildees riacutetmicas ou meloacutedicas O ideal seria a combinar o material importado como por exemplo o Meacutetodo Suzuki que jaacute possui prestiacutegio no ensino do violino e muacutesicas tradicionais usadas na educaccedilatildeo musical brasileira mantendo desta maneira a crianccedila motivada e a qualidade do ensino do violino

MEacuteTODO SUZUKI E A ldquoEDUCACcedilAtildeO DO TALENTOrdquo O meacutetodo Suzuki desenvolvido na Japatildeo por Shinichi Suzuki alcanccedilou grande sucesso nos anos 1940 inspirado na observaccedilatildeo da maneira como as crianccedilas aprendem a liacutengua materna na primeira infacircncia atraveacutes da habilidade de comunicaccedilatildeo entre os pais e a crianccedila(SUZUKI 1990 p18) Suzuki afirma que natildeo fez ldquonada mais do que uma adaptaccedilatildeo dos princiacutepios de aprendizagem da liacutengua materna agrave educaccedilatildeo musicalrdquo Abaixo alguns destes princiacutepios

bull Motivaccedilatildeo crianccedilas ficam fascinadas ao aprender alegria e autoconfianccedila a crianccedila natildeo tem a menor duacutevida de que vai aprender(SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor)

bull Aprendizagem dentro do ritmo de cada um respeitando as dificuldades ndash comeccedila engatinhando depois daacute pequenos passos natildeo tenta alcanccedilar a proacutexima etapa ateacute que esteja preparado

bull Aprende com o objetivo de usar no dia-dia estes conhecimentos e habilidades que foram adquiridas

bull Imitaccedilatildeo dos modelos que estatildeo sempre disponiacuteveis os ldquoprofessoresrdquo natildeo se cansam de repetir jamais demonstrando cansaccedilo e irritaccedilatildeo

bull Identificaccedilatildeo com os mestres (professores) que estatildeo sempre encorajando o aluno e elogiando as novas conquistas

bull Afeto envolvido em todas as etapas e o papel dos pais

A observaccedilatildeo visual e auditiva de modelos eacute preferida agrave explicaccedilatildeo verbal Depois que a crianccedila jaacute adquiriu as habilidades mais baacutesicas no instrumento eacute que se introduz de forma criativa e adequada agrave idade e maturidade de cada um a teoria musical e a leitura A participaccedilatildeo dos pais eacute fundamental nesta metodologia os pais frequentam as aulas junto com os filhos recebem tarefas e instruccedilotildees para melhorar sua atuaccedilatildeo como professores em casa As instituiccedilotildees que usam o meacutetodo publicam livros e apostilas com instruccedilotildees para os pais onde descrevem minuciosamente atitudes e estrateacutegias a serem adotadas Enfatiza-se a importacircncia do ambiente que deve ser de aprendizagem colaborativa e da educaccedilatildeo permanente A crianccedila na sua casa deve estar imersa em muacutesica a mesma vai ouvir muacutesica tocada pelos pais pelos seus irmatildeos ou por meios de reproduccedilatildeo mecacircnica como viacutedeos Cdrsquos Internet e etc Isto faraacute segundo Suzuki com que a crianccedila deseje aprender a tocar e esteja constantemente motivada A abordagem pedagoacutegica Suzuki envolve o aluno em atividades individuais e coletivas Nas aulas individuais o aluno eacute iniciado no conteuacutedo teacutecnico e musical jaacute nas aulas em grupo desenvolve o conhecimento adquirido Este sistema didaacutetico promove tambeacutem a socializaccedilatildeo dos alunos e favorece o desenvolvimento de habilidades individuais necessaacuterias agrave vida em comunidade O repertoacuterio de violino apresentado nos seus dez volumes foi criteriosamente escolhido e organizado por Shinichi Suzuki para que todos os aspectos teacutecnicos fossem apresentados em ordem progressiva de dificuldade Pois o objetivo eacute capacitar a crianccedila a tocar com fluecircncia a cada niacutevel de adiantamento Esta pesquisa tratara de buscar uma aproximaccedilatildeo entre o estudo de violino tendo como base inicial o meacutetodo Suzuki e a educaccedilatildeo musical

METODOLOGIA Na elaboraccedilatildeo do planejamento das aulas de violino deve-se ter a cautela em natildeo planejar aulas que

123 reproduzam um modelo antigo tradicional mas sim que promovam um diaacutelogo com a realidade levando em consideraccedilatildeo a realidade social dos alunos O meacutetodo Suzuki apresenta vaacuterias problemaacuteticas pois o repertoacuterio proposto geralmente natildeo condiz com a realidade dos alunos restringe o repertoacuterio principalmente as peccedilas do periacuteodo barroco e claacutessico tendo dessa forma uma limitaccedilatildeo esteacutetica pois o mesmo natildeo teve muitas modificaccedilotildees estruturais desde sua concepccedilatildeo original da deacutecada de 1930 (ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO) Por essas razotildees percebeu-se no decorrer da praacutetica docente do instrumento a necessidade da utilizaccedilatildeo de outros meacutetodos e abordagens da educaccedilatildeo musical que pudessem suprir tais lacunas Procedimentos a serem feitos

bull Seraacute feito um compilado das partituras das muacutesicas pesquisadas e tambeacutem gravadas (executadas ao violino pelo professor) para que o aluno tenha acesso quando estiver estudando

bull Identificar os elementos teacutecnicos e musicais presentes nas peccedilas do repertoacuterio do volume 1 do Suzuki se verificaraacute os aspectos teacutecnicos de niacutevel baacutesico tipos de dedilhados golpes de arco meacutetrica de compasso padrotildees riacutetmicos tonalidades etc

bull Pesquisa do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical consultar fontes bibliograacuteficas consultar partituras populares infantis claacutessicas e etc (FILHO Juarez Bergman)

bull Adaptar as obras encontradas do repertoacuterio de educaccedilatildeo musical transposiccedilatildeo de tonalidade se for necessaacuterio para facilitar o aprendizado poreacutem diversificando as tonalidades Executar pequenos ajustes riacutetmicos e meloacutedicos que viabilizem a execuccedilatildeo teacutecnica das arcadas e articulaccedilotildees

bull Elaboraccedilatildeo do Meacutetodo de educaccedilatildeo musical com as muacutesicas editadas e gravadas para serem aplicadas junto com o meacutetodo Suzuki Volume 1

bull Realizar as praacuteticas com os alunos de violinoviola e Musicalizaccedilatildeo do ldquoProjeto de cordas Violino e Viola de Arcordquo proporcionado pelo CRAS (Centro de Referencia Assistecircncia Social) e Prefeitura Municipal de Jarinu do Estado de Satildeo Paulo onde ministro as aulas aos saacutebados de manhatilde

ANAacuteLISE E CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Os procedimentos realizados e aplicados com alguns alunos do ldquoProjeto de Cordasrdquo fizeram com que seja possiacutevel um melhor desenvolvimento dos discentes na aprendizagem do instrumento e na compreensatildeo de alguns princiacutepios baacutesicos de teoria paralelamente ensinada

Tambeacutem verificou-se que o meacutetodo Suzuki funciona quando utiliza-se outro material de apoio Pois sugiro que utilizem esta metodologia com outros exerciacutecios de teacutecnica e que faccedilam utilizaccedilatildeo do repertoacuterio brasileiro e tambeacutem da proacutepria educaccedilatildeo musical Porem eacute importante notar que a filosofia Suzuki trouxe benefiacutecios na musicalizaccedilatildeo por meio do violino e que a mesma pode ser utilizada neste aprendizado Uma vez que o aluno aprende por imitaccedilatildeo e audiccedilatildeo natildeo precisa de um prazo muito longo para tocar alguma muacutesica ou executar o meacutetodo em questatildeo claro que sempre se utilizando da educaccedilatildeo musical e de outros meacutetodos que fortifiquem o aprendizado estimulando e motivando o aluno Desta maneira foi possiacutevel oferecer aos alunos a oportunidade do fazer musical propriamente dito no comeccedilo de aprendizado do violino sem condicionaacute-los somente a um meacutetodo para mais tarde levaacute-los a assimilar a linguagem estilos e conhecimentos teacutecnico-musicais

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS SUZUKI Shinichi Man and Talent Search Into the Unknown Michigan Shar Publications 1990 FONTERRADA Marisa Trench de Oliveira De tramas e fios um ensaio sobre muacutesica e educaccedilatildeo Satildeo Paulo Editora UNESP 2005 ROMANELLI G ILARI B BOSIacuteSIO P Algumas ideias de Paulo Bosiacutesio sobre aspectos da educaccedilatildeo musical instrumental Opus Goiacircnia v 14 n 2 p 7-20 dez2008 ANDRADE Edson Queiroz de ldquo100 Anos de Max Rostal - Entrevista com Paulo Bosiacutesiordquo Permusi nordm12 JulDez - 2005 111-113 FILHO Juarez Bergman Anaacutelise e criaccedilatildeo de literatura musical como ferramenta da metodologia contemporacircnea do ensino do violino em sua fase inicial de aprendizado 2010 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Muacutesica) Curso de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Paranaacute KLEBER Magali Oliveira A Praacutetica de Educaccedilatildeo Musical em ONGs dois estudos de caso no contexto urbano brasileiro 2006 Tese (Doutorado em Muacutesica) Programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Muacutesica Universidade Federal do Rio Grande do Sul SUZUKI Shinichi Educaccedilatildeo eacute Amor Traduccedilatildeo de Anne Corinna Gottberg Rio grande do Sul Graacutefica Pallotti 1994

124

O PAPEL DA REFLEXIVIDADE COMO PRODUCcedilAtildeO DE CONHECIMENTO NO ENSINO SUPERIOR UM ESTUDO SOBRE

OS PROFESSORES FORMADOS NA UacuteLTIMA DEacuteCADA

Shirley Barreto Rabelo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jardim Ameacuterica 13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 shirleybarretorabelogmailcom

RESUMO Esta pesquisa tem como objeto de estudo a reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento aplicada agrave formaccedilatildeo de professores da uacuteltima deacutecada do ensino superior do Brasil desde seus conceitos tipos baacutesicos e o desenvolvimento profissional como produccedilatildeo de conhecimento A metodologia utilizada tem por base a pesquisa bibliograacutefica e uma pesquisa de campo com dez professores formados na uacuteltima deacutecada do Brasil da Faccamp - Faculdade Campo Limpo Paulista que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Palavras chave

Reflexatildeo formaccedilatildeo de professores produccedilatildeo de conhecimento

ABSTRACT

This project has as object of study the reflexivity as production of knowledge applied to the training of teachers of the past decade of higher education of Brazil since its concepts basic types and the professional development as knowledge production The methodology used is based on the bibliographical research and a field research with ten teachers formed in the last decade of Brazil of the Faccamp - Campo Limpo Paulista School providing classes in undergraduate course in production engineering at night

Keyword

Reflection teacher training production of knowledge

1 INTRODUCcedilAtildeO Segundo Noacutevoa (1991 p10)

Quando pensamos a profissatildeo docente natildeo conseguimos omitir a realizaccedilatildeo de uma

reflexatildeo sobre vaacuterios assuntos diversos conceitos e uma complexidade de concepccedilotildees do ldquoser professorrdquo que carregamos ao longo de nosso ofiacutecio docente

O foco deste trabalho resulta das buscas teoacutericas e na acircnsia de contribuir para os problemas acerca da reflexividade Venho constatando por meio dos anos em que fui e sou estudante que o conhecimento teacutecnico e acadecircmico dos professores e sua praacutetica natildeo satildeo o suficiente para propiciar uma reflexatildeo sobre sua docecircncia

Partindo do pressuposto que todo ser humano reflete porque trata-se de um atributo caracteriacutestico de sua espeacutecie fica a questatildeo como reflete O que pode ser reformulado com a reflexatildeo A reflexatildeo resultou em quecirc

O distanciamento e ateacute mesmo a descontinuidade entre teoria e praacutetica natildeo deixam espaccedilo para a reflexatildeo entatildeo ficam muitos questionamentos os professores refletem sobre sua didaacutetica de uma forma geral se sim o que resulta desta experiecircncia revisatildeo de conteuacutedos pesquisas artigos etc

A educaccedilatildeo de qualquer niacutevel atraveacutes do estiacutemulo do desenvolvimento dos seres humanos e sua expressividade eacute possiacutevel transformar o mundo uma vez que dizer o mundo expressaacute-lo e expressar-se eacute proacuteprio do ser humano salienta Freire (1976)

Eacute importante ressaltar que o processo de ensino (objeto de estudo da Didaacutetica) natildeo eacute uma atividade restrita ao espaccedilo da sala de aula afirma Libacircneo (1994)

Desta forma o trabalho docente torna-se uma das modalidades especiacuteficas da praacutetica educativa mais ampla que ocorre na sociedade ou seja os membros da

125 sociedade satildeo preparados para a participaccedilatildeo na vida social

Libacircneo (1994) considera a educaccedilatildeo um fenocircmeno social e universal eacute uma atividade humana necessaacuteria agrave existecircncia e funcionamento de todas as sociedades porque o meio social exerce influecircncias sobre os indiviacuteduos e estes ao assimilarem e recriarem essas influecircncias tornam-se capazes de estabelecer uma relaccedilatildeo ativa e transformadora em relaccedilatildeo ao meio social

Sendo parte integrante da dinacircmica das relaccedilotildees sociais a praacutetica educativa cujas finalidades e processos satildeo determinados por interesses antagocircnicos das classes sociais isso significa que estas relaccedilotildees podem ser transformadas pelos proacuteprios indiviacuteduos que a integram fazendo com que natildeo sejam estaacuteticas imutaacuteveis e estabelecidas para sempre

Essa relaccedilatildeo professor-aluno trabalho docente eacute constituiacuteda por seres humanos que na diversidade das relaccedilotildees datildeo significado agraves coisas agraves pessoas e agraves ideias em vaacuterios contextos

Foi realizada uma revisatildeo documental e uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha aplicado a dez professores do ensino superior da FACCAMP durante o periacuteodo noturno com o objetivo de tentar mapear os problemas acerca da reflexividade como produccedilatildeo de conhecimento e sugerir pistas para o aprofundamento de estudos

Teoria e praacutetica Segundo Freire (1996 p39) [] Eacute pensando criticamente a praacutetica de hoje ou de ontem que se pode melhorar a proacutexima praacutetica[] De acordo com Candau (2008) toda didaacutetica estaacute impregnada tanto implicitamente quanto explicitamente de uma concepccedilatildeo do processo de ensino-aprendizagem uma vez que este processo estaacute sempre presente de forma direta ou indireta no relacionamento humano

Candau (2008) salienta que haacute trecircs dimensotildees no processo de ensino aprendizagem dimensatildeo humana teacutecnica e poliacutetica-social

Na dimensatildeo teacutecnica em associaccedilatildeo com as demais a accedilatildeo eacute intencional e sistemaacutetica que procura organizar as melhores condiccedilotildees para a aprendizagem seu aspecto eacute objetivo e racional Poreacutem esta dimensatildeo dissociada das demais torna-se distante de raiacutezes poliacutetico-sociais e ideoloacutegicas o fazer da praacutetica natildeo

contempla o por que fazer e para que fazer natildeo estaacute contextualizado

Mas se o tecnicismo for enfatizado ou seja o domiacutenio do conteuacutedo a aquisiccedilatildeo de habilidades baacutesicas a busca de estrateacutegias que viabilizem a aprendizagem constituiacuteram problemas fundamentais no acircmbito pedagoacutegico

Jaacute na dimensatildeo poliacutetico-social ela eacute inerente ao processo de ensino aprendizagem se for situada acontecendo dentro de uma cultura especiacutefica formado por pessoas que tecircm uma porccedilatildeo de classe configurando viverem em uma organizaccedilatildeo social ou seja ele estaacute impregnado de uma praacutetica pedagoacutegica que possui em si uma dimensatildeo poliacutetico-social

A dimensatildeo humana eacute o centro do processo porque trata da relaccedilatildeo interpessoal deve concentrar-se na aquisiccedilatildeo de atitudes como calor e empatia onde o crescimento pessoal interpessoal e intragrupal eacute desvinculado das condiccedilotildees socioeconocircmicas e poliacuteticas por essa razatildeo ela eacute unilateral e reducionista

E eacute por isso que a didaacutetica assume a multidimensionalidade do processo de ensino aprendizagem procurando contextualizar a praacutetica pedagoacutegica e repensar as dimensotildees teacutecnicas e humanas Onde se deve superar a didaacutetica exclusivamente instrumental e construir uma didaacutetica fundamental

Se a didaacutetica for apresentada como fruto tatildeo somente de planejamento pelo planejamento sem aprofundamento traz como consequecircncia o esfacelamento da relaccedilatildeo teoria-praacutetica ou seja aprende-se o como fazer mas desligado do o que fazer na verdade aprende-se o caminho que conduz a algum lugar sem saber para onde ir

Isto permite a separaccedilatildeo de teoria e praacutetica e conduz a distorccedilotildees complexas na praacutetica educacional porque existem educadores que planejam e natildeo executam nem avaliam educadores que executam sem planejar e vatildeo avaliar sem ter planejado ou executado

Processando desta forma atividades didaacutetico- pedagoacutegicas natildeo compreendem o todo orgacircnico e definido mesmo que a accedilatildeo e reflexatildeo componham o todo inseparavelmente

Eacute importante segundo Libacircneo (1994) assegurar a relaccedilatildeo conhecimento e praacutetica porque a ligaccedilatildeo teoria e praacutetica no processo de ensino pode ser percebida atraveacutes da verificaccedilatildeo dos conhecimentos e experiecircncias dos alunos comprovaccedilatildeo de que eles

126 dominaram os conhecimentos demonstraccedilatildeo do valor praacutetico dos conhecimentos e a ligaccedilatildeo dos problemas de forma concreta do meio ao conhecimento cientiacutefico

Permitindo que agraves vezes se vai da praacutetica para teoria outras vezes se vai da teoria para a praacutetica

Para Garrido (2000) a praacutetica-teoria-praacutetica ocorre quando o professor pesquisa e reflete sobre sua accedilatildeo docente para construir saberes que lhe permitam aprimorar o seu fazer docente Pesquisar sobre a proacutepria praacutetica eacute uma abordagem denominada professor reflexivo Sua reflexatildeo na accedilatildeo precisa ultrapassar a situaccedilatildeo imediata ou seja possibilita uma elaboraccedilatildeo teoacuterica de seus saberes

Reflexividade

Natildeo haacute ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino Esses fazeres se encontram um no corpo do outro Enquanto ensino continuo buscando reprocurando Ensino porque busco porque indaguei porque indago e me indago Pesquiso para constatar constatando intervenho intervindo educo e me educo Pesquiso para conhecer o que ainda natildeo conheccedilo e comunicar ou anunciar a novidade (FREIRE 1996 p29)

Conforme Freire (1976) alfabetizar eacute como um depositar de palavras siacutelabas e letras nos alfabetizandos fazendo com que eles percebam a necessidade de outro significado para escrever sua vida e ler sua realidade

Ressalta que a fundamentaccedilatildeo teoacuterica da praacutetica se explica nela mesmo porque eacute tida como movimento dinacircmico natildeo acabado onde em ambos praacutetica e teoria se fazem e refazem

Eacute importante reforccedilar que os educadores devem estar em constante busca sempre aberto agraves criacuteticas e sempre capaz de ser curioso porque a praacutetica educativa se daacute num contexto concreto histoacuterico social cultural econocircmico e poliacutetico

Freire (1976) diz que a consciecircncia criacutetica natildeo se constitui atraveacutes de um trabalho intelectualista mas na praacutexis-accedilatildeo e reflexatildeo ou seja o conhecimento natildeo eacute algo estaacutetico e a consciecircncia alguma coisa vazia ocupando espaccedilo num corpo ele envolve constante unidade entre accedilatildeo e reflexatildeo sobre a realidade

Presentes no mundo os seres humanos satildeo corpos conscientes que transformam o conhecimento agindo e pensando que os permitem conhecer ao niacutevel reflexivo por isso nossa simples presenccedila no mundo nos torna objeto de nossa anaacutelise criacutetica

Freire (1976) reforccedila que a educaccedilatildeo para a libertaccedilatildeo eacute um ato de conhecimento e um meacutetodo de accedilatildeo transformadora que os seres humanos devem exercer sobre a realidade

Refere-se agrave conscientizaccedilatildeo (processo pelo qual os seres humanos se inscrevem criticamente na accedilatildeo transformadora) como um dos pontos importantes de provocaccedilatildeo do reconhecimento do mundo natildeo como um mundo dado mas como um mundo dinamicamente dando-se

Freire jaacute dizia que natildeo haacute conscientizaccedilatildeo de sua praacutetica natildeo resulta accedilatildeo consciente Ningueacutem conscientiza ningueacutem O educador e educandos devem se conscientizar atraveacutes do movimento dialeacutetico entre a reflexatildeo criacutetica sobre a accedilatildeo anterior e a subsequente accedilatildeo no processo

Devemos ter como unidade a praacutetica e teoria accedilatildeo e reflexatildeo porque a reflexatildeo soacute eacute legiacutetima se nos remeter sempre ao concreto fatos que buscam esclarecer e tornam nossa accedilatildeo mais eficiente

Para Libacircneo (2004) escola eacute aquela que propicia formaccedilatildeo cultural e cientiacutefico para a vida pessoal profissional e cidadatilde possibilitando relaccedilatildeo autocircnoma criacutetica e construtiva com a cultura em suas formas diversas de manifestaccedilatildeo

Com o compromisso de reduzir a distacircncia entre a ciecircncia complexa e a cultura de base produzida no cotidiano e a provida pela escolarizaccedilatildeo ajudar os alunos a tornarem-se sujeitos pensantes capazes de construir elementos categoriais de compreensatildeo e apropriaccedilatildeo criacutetica da realidade A terem formaccedilatildeo geral acentuada em desenvolvimento de habilidades cognitivas ou seja flexibilidade de raciociacutenio resoluccedilatildeo de problemas e tomadas de decisotildees

Segundo Libacircneo (2004) a ideia eacute a de que o professor possa pensar sobre sua praacutetica e desenvolver capacidade reflexiva sobre ela porque eacute necessaacuterio refletir sobre a praacutetica para apropriaccedilatildeo e produccedilatildeo de teorias para teorias das praacuteticas de ensino

O profissional criacutetico-reflexivo eacute aquele que eacute ajudado a compreender o seu proacuteprio pensamento e a refletir de modo criacutetico sobre sua praacutetica

Dentro do entendimento de formar o professor criacutetico eacute uma concepccedilatildeo de que a praacutetica eacute a referecircncia da teoria a teoria eacute o nutriente de uma praacutetica de melhor qualidade Porque a profissatildeo de professor combina de

127 forma sistemaacutetica elementos teoacutericos com situaccedilotildees praacuteticas reais

As questotildees impliacutecitas na formaccedilatildeo de professores conforme Libacircneo (1999) requerem uma movimentaccedilatildeo em um espaccedilo de uma cultura em crise buscando validar significados coletivos e pessoais confrontando-se com a perda eacutetica com uma procura audaz de construccedilatildeo de sujeitos coletivos e pessoais que se reconheccedilam criticamente na proacutepria produccedilatildeo histoacuterica de sua existecircncia

A escola deve tornar o homem inteiro unilateral desafiado a produzir sua vida e inventar novas formas de convivecircncia social

Salienta Faacutevero (1999) que as instituiccedilotildees de ensino devem pensar e trabalhar suas funccedilotildees levando-se em conta as exigecircncias de sociedade nascidas de suas proacuteprias transformaccedilotildees em um mundo em constante mutaccedilotildees e crises

A universidade deve por sua proacutepria natureza local de encontro de diversas culturas e diferentes visotildees de mundo advindo de realidade histoacuterico-sociocultural

Distinguindo-se como centro de produccedilatildeo de conhecimento novo de ciecircncia tecnologia e cultura atraveacutes da disseminaccedilatildeo de atividades de ensino e de extensatildeo

Ela deve possibilitar condiccedilotildees para que os indiviacuteduos consigam uma formaccedilatildeo correspondente a seus interesses agraves suas aspiraccedilotildees e agrave imagem que eles tecircm de busca da vida social e de seu papel na sociedade

Por essa razatildeo a prestaccedilatildeo do ensino em um ambiente em que natildeo se faz pesquisa tende a se tornar esteacuteril e obsoleto

Libacircneo (1994) elenca algumas explicaccedilotildees para justificar o porquecirc que o professor natildeo reflete acircnsia de vencer o programa (ementa) eacute perda de tempo conversar com os alunos falta de entusiasmo pelo estilo convencional e dificuldade de tratar o conteuacutedo como algo vivo e dinacircmico Mas tambeacutem considera que haacute superaccedilatildeo se o professor dominar o conteuacutedo cada aulaassunto deve ser uma tarefa de pensamento para o aluno garantir profundidade e solidez do que eacute ensinado e natildeo volume o ensino tem que ser dinacircmico variado e possibilitar a formaccedilatildeo de atitude criacutetica e criadora diante da realidade e vida social

Afirma Rios (2010) parece que para alguns professores ensinar e refletir satildeo coisas desacreditadas e

de menor importacircncia em funccedilatildeo do pragmatismo e valorizaccedilatildeo do imediato ou seja falta tempo e lugar adequado

2 METODOLOGIA Para este projeto a revisatildeo documental foi um dos meacutetodos de escolha com consulta a diversos autores que estatildeo listados nas referecircncias cujos conceitos foram estudados atraveacutes da leitura de livros resenhas textos e artigos disponiacuteveis na internet

Outro meacutetodo foi a elaboraccedilatildeo de uma pesquisa de campo compreendendo um questionaacuterio com 10 questotildees de muacuteltipla escolha que foi aplicado a dez professores do ensino superior da Faccamp que ministram aulas no curso de graduaccedilatildeo em Engenharia de Produccedilatildeo no periacuteodo noturno

Para continuidade do projeto foi necessaacuterio o envio do projeto ao Comitecirc de Eacutetica na Pesquisa da FACCAMP

Houve um hiato de 07 meses entre a obtenccedilatildeo da autorizaccedilatildeo e o iniacutecio da pesquisa

A pesquisa foi iniciada em abril e sabendo das dificuldades na devoluccedilatildeo dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido porque os professores recebem e armazenam muitos documentos resolvi entregar o nuacutemero exato de TCLEs e Pesquisa aos professores que estavam dispostos a participar voluntariamente do estudo Destes obtive 8 TCLEs e Pesquisa assinados prontamente e fiz duas coacutepias a fim de suprir as duas extraviadas anteriormente E o resultado final foi positivo os 10 questionaacuterios foram respondidos e recebidos com sucesso E a pesquisa foi finalizada em junho de 2014

3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Participaram da pesquisa dez professores sendo duas professoras e oito professores Saliento que os entrevistados sentiram-se totalmente agrave vontade para responder a pesquisa o questionaacuterio continha trecircs questotildees com campos em aberto para agregar respostas que por ventura algum entrevistado decidisse adicionar o que foi feito por pelo menos trecircs professores

Na questatildeo 1 do total de entrevistados todos concordaram ser necessaacuterio que os professores reflitam sobre sua docecircncia

As respostas foram assertivas quanto agrave visualizaccedilatildeo da importacircncia da reflexatildeo

Na questatildeo 2 as duas professoras concordaram que refletir sobre a docecircncia eacute fazer autoanaacutelise das

128 proacuteprias accedilotildees valorizar a praacutetica e anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) Dos oito professores cinco concordaram com as professoras outro pontuou que eacute anaacutelise criacutetica dos saberes profissionais outro respondeu que eacute autoanaacutelise das proacuteprias accedilotildees e o outro concorda com a autoanaacutelise e tambeacutem acredita que seja a anaacutelise criacutetica dos saberes

Ao todo sete entrevistados concordam que refletir eacute se autoanalisar e verificar sua praacutetica

Quando questionados eles refletem sobre a docecircncia na questatildeo 3 todos foram unacircnimes em responder que sim

Esta afirmaccedilatildeo reforccedila que os professores entrevistados estatildeo comprometidos com sua docecircncia natildeo omitindo a reflexatildeo de seu ofiacutecio

A questatildeo 4 perguntava sobre quanto tempo do dia dedicavam-se a reflexatildeo sobre as aulas conteuacutedo enfim sobre a didaacutetica cinco dos entrevistados responderam que acima de duas horas quatro afirmaram entre uma a duas horas e somente um respondeu menos de uma hora

Reforccedila o comprometimento sobre a importacircncia da reflexatildeo com o intuito de obter resultados satisfatoacuterios

Questionados sobre os motivos da reflexatildeo questatildeo 5 dois entrevistados responderam meacutetodo de aula conteuacutedo e meacutetodo de avaliaccedilatildeo dois deles confirmaram meacutetodo de aula outro meacutetodo de aula e conteuacutedo dois responderam somente conteuacutedo um dos entrevistados respondeu meacutetodo de avaliaccedilatildeo e adicionou processos de ensino-aprendizagem e dois afirmaram meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo indisciplina de aluno

Fica evidente a importacircncia dada a avaliaccedilatildeo e revalidaccedilatildeo da praacutetica docente a maioria dos professores afirmam que refletem para melhorar conteuacutedos e aulas sistema de avaliaccedilatildeo e somente um deles afirmam que satildeo motivados por indisciplina de aluno

Na questatildeo 6 foi solicitado que os entrevistados escolhessem quais dificuldades encontram durante o periacuteodo de reflexatildeo oito optaram por conciliar com a carga horaacuteria um dos entrevistados optou por ter um momento particular e o outro natildeo respondeu

Os entrevistados acreditam na reflexatildeo mesmo que tenham dificuldades por conta de sua carga horaacuteria

afirmado pela maioria e somente um natildeo consegue local adequado para realizaacute-la Um dos entrevistados natildeo respondeu entatildeo acredito que eacute porque natildeo tem dificuldades em realizar a reflexatildeo

De acordo com a questatildeo 7 todos foram unacircnimes em responder que a reflexatildeo ajuda em seu desenvolvimento profissional

Haacute legitimaccedilatildeo da profissatildeo professor reforccedilando que somos objeto de nossas proacuteprias anaacutelises

A questatildeo 8 perguntava se eles jaacute foram cobrados para realizar a reflexatildeo sobre sua docecircncia sete entrevistados responderam que natildeo e trecircs deles responderam que sim

Neste ponto em virtude da maioria ter respondido que natildeo foi cobrado acredito que a Instituiccedilatildeo natildeo vecirc necessidade de cobraacute-los porque entende que eles estatildeo desempenhando suas funccedilotildees dentro do esperado ou talvez ainda natildeo tenha conhecimento da importacircncia da reflexatildeo tanto para Instituiccedilatildeo educador educando e sociedade

A questatildeo 9 solicitava que os entrevistados respondessem de acordo com quatro alternativas se eles acreditam que a reflexatildeo possa enriquecer a relaccedilatildeo com o aluno no sentido de exposiccedilatildeo de aulas conteuacutedos diversificados e criacuteticos meacutetodo de avaliaccedilatildeo e incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico Trecircs entrevistados responderam que enriquece quanto a conteuacutedos diversificados dois concordaram que eacute exposiccedilatildeo de aulas e conteuacutedos quatro afirmaram que todos os itens citados satildeo importantes e um entrevistado respondeu que eacute no sentido de incentivo agrave pesquisa eou elaboraccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Os entrevistados acreditam que os resultados da reflexatildeo enriquecem a relaccedilatildeo aluno-professor porque as aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo sofrem atualizaccedilotildees constantes e ainda possibilitam incentivos agrave pesquisa e elaboraccedilatildeo de artigos

A questatildeo 10 diversificou as respostas foram abordados sobre os resultados de suas reflexotildees dois responderam que resultou em artigo cientiacutefico dois afirmaram que resultou em workshops palestras e congressos dois concordaram em workshops e pesquisa cientiacutefica um respondeu pesquisa cientiacutefica outro afirmou artigo e workshop e dois responderam que natildeo resultaram em nada

De todos os entrevistados somente dois natildeo colheram resultados de suas reflexotildees os demais estatildeo

129 todos satisfeitos porque puderam participar de congressos workshops pesquisa cientiacutefica e ateacute mesmo na construccedilatildeo de artigo cientiacutefico

Um destes entrevistados que natildeo colheu resultados reflete menos de uma hora por dia talvez seja o caso de elevar esta carga horaacuteria mas o outro reflete acima de duas horas ficando interessante sua resposta em nada resulta sua reflexatildeo acredito que este professor deva verificar seus meios de reflexatildeo de repente estaacute deixando passar algumas consideraccedilotildees importantes a respeito de sua praacutetica e natildeo sabe

4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Confesso que estou extremamente satisfeita com essa pesquisa e principalmente com os resultados que vieram a somar conhecimentos para as questotildees iniciais deste projeto A primeira das inquietaccedilotildees se os professores faziam reflexatildeo foi esclarecida com maestria pelas respostas apresentadas na questatildeo 3 e que eles acreditam ser necessaacuterio fazecirc-la pelas respostas da questatildeo 1 Corroboram com estas afirmaccedilotildees o tempo dedicado a este momento apresentado na questatildeo 4 a maioria reflete mais de duas horas do seu dia Resultando de acordo com a questatildeo 7 num melhor desenvolvimento profissional Acerca de outra inquietaccedilatildeo o que pode ser reformulado com a reflexatildeo os entrevistados entendem que refletir eacute valorizar sua praacutetica autoanalisar as proacuteprias accedilotildees analisar criticamente os saberes profissionais (conhecimento competecircncias e habilidades) conforme apresentado na questatildeo 2 E com isso podem enriquecer a relaccedilatildeo aluno- professor porque permite atualizaccedilatildeo constante de aulas conteuacutedos e meacutetodos de avaliaccedilatildeo bem como incentivo a pesquisa e artigo cientiacutefico exposto na questatildeo 9 Uma vez que o motivo que leva os entrevistados a realizarem a reflexatildeo eacute justamente o meacutetodo de aula conteuacutedo meacutetodo de avaliaccedilatildeo e indisciplina de aluno conforme questatildeo 5 Em relaccedilatildeo agrave cobranccedila por reflexatildeo questatildeo 8 a Instituiccedilatildeo natildeo o faz talvez porque reconheccedila que a carga horaacuteria do professor eacute elevada configurando esta uma das dificuldades apresentadas pelos entrevistados quando questionados sobre o periacuteodo de reflexatildeo e os problemas que enfrentam questatildeo 6 E por fim a questatildeo 10 elucida os resultados da reflexatildeo respondendo assertivamente quanto a produccedilatildeo do conhecimento advindo desta reflexatildeo No caso dos entrevistados oito deles participaram ativamente desta produccedilatildeo com participaccedilatildeo em workshops congressos palestras confecccedilatildeo de livro pesquisa e artigo cientiacutefico Atraveacutes dos referenciais teoacutericos foi verificado que o professor precisa fazer a reflexatildeo da sua praacutetica porque o trabalho docente prepara os alunos para uma participaccedilatildeo social ativa na sociedade por tratar a educaccedilatildeo de um fenocircmeno social e universal

Outro ponto importante refere-se agrave contextualizaccedilatildeo acerca da reflexatildeo do que fazer por que fazer e para que fazer que a didaacutetica natildeo seja somente planejamento e sim planejamento com aprofundamento saber para onde ir Desta forma podemos perceber que teoria e praacutetica caminham juntos e que accedilatildeo e reflexatildeo fazem parte de maneira inseparaacutevel desta caminhada Este trabalho concluiu que eacute possiacutevel produzir conhecimento atraveacutes da reflexatildeo esta produccedilatildeo vai depender de todos os fatores elencados ao longo deste trabalho disponibilidade do professor motivo especiacutefico para tal dedicaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo constante de sua praacutetica

Eacute certo que outras inquietaccedilotildees surgiram e que permitem continuidade deste trabalho por exemplo a forma como eles refletem e a questatildeo da dificuldade em refletir em virtude da carga horaacuteria

Por trazer uma pesquisa de caraacuteter investigatoacuterio com levantamento de dados pertinentes agraves questotildees sobre reflexividade eacute indicado como ferramenta auxiliadora em trabalhos que necessitem deste tipo de investigaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS CANDAU Vera M A didaacutetica em questatildeo Petroacutepolis Vozes 1983 FAacuteVERO Maria de Lourdes de Albuquerque Universidade e estaacutegio curricular subsiacutedios para discussatildeo In ALVES Nilda (org) Formaccedilatildeo de professores pensar e fazer 5 Ed - Satildeo Paulo Cortez 1999 FREIRE Paulo Accedilatildeo cultural para a liberdade e outros escritos Rio de Janeiro Paz e Terra 1976 FREIRE P Pedagogia da autonomia saberes necessaacuterios agrave praacutetica educativa SP Paz e Terra 1996 GARRIDO Selma P Didaacutetica e formaccedilatildeo de professores percursos e perspectivas no Brasil e em Portugal 2 Ed Satildeo Paulo Cortez 2000 LIBAcircNEO Joseacute C Adeus professor adeus professora novas exigecircncias educacionais e profissatildeo docente 8 Ed - Satildeo Paulo Cortez 2004 LIBAcircNEO Joseacute C Didaacutetica - Satildeo Paulo Cortez 1994 LIBAcircNEO Joseacute C PIMENTA Selma G Formaccedilatildeo dos profissionais da educaccedilatildeo - visatildeo criacutetica e perspectivas de mudanccedila Educaccedilatildeo amp Sociedade Campinas Cedes nordm 68 pp 239-277 1999 NOacuteVOA A O passado e o presente dos professores In NOacuteVOA A (Org) Profissatildeo Professor Traduccedilatildeo Irene Lima Mendes Regina Correia e Luiacutesa Santos Gil Porto Portugal Porto Ed 1991 p 9-32 RIOS Terezinha A Compreender e ensinar por uma docecircncia da melhor qualidade 8ordf Ed - Satildeo Paulo Cortez 2010

130

O TEATRO NA FORMACcedilAtildeO ESTEacuteTICA DE ESPECTADORES E ATUANTES NO ENSINO FUNDAMENTAL I

Adriane Santos Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

drine-limaigcombr

Cleber de Carvalho Lima Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

cleberfaccampbr

RESUMO O presente artigo propotildee a reflexatildeo sobre a importacircncia da alfabetizaccedilatildeo esteacutetica na infacircncia estimulada e desenvolvida atraveacutes e pela arte no caso deste estudo especificamente atraveacutes do teatro levando a crianccedila a desenvolver o pensamento criacutetico e reflexivo sobre a sociedade que esta inserida auxiliando o indiviacuteduo em pleno desenvolvimento em sua formaccedilatildeo esteacutetica e ampliando sua capacidade e habilidades enquanto espectadores e atuantes da linguagem artiacutestica teatral Para tanto consideramos como principais referecircncias para nossa fundamentaccedilatildeo estudiosos da aacuterea da educaccedilatildeo dramaacutetica como Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) e Ingrid Koudela que em suas pesquisas defendem o ensino reinventado pelo teatro e em seu caraacuteter pedagoacutegico com a capacidade de contribuir para construccedilatildeo do indiviacuteduo criacutetico Aleacutem da complementaccedilatildeo dos pensamentos de Ana Mae Barbosa importante referecircncia nas linhas de arteeducaccedilatildeo que propotildee o ensino de arte que contemple a leitura a contextualizaccedilatildeo e o fazer alcanccedilando uma leitura e interferecircncia no mundo em estamos inseridos Palavras chave Teatro alfabetizaccedilatildeo esteacutetica arte-educaccedilatildeo ABSTRACT This article proposes the reflection about the importance of esthetics literacy in childhood stimulated and developed through art in the case of this study specifically through theater tacking the child leading to develop critical and reflective thinking about society that is inserted assisting the individual in full development in its aesthetic training and increasing its capacity and skills while spectators and active theatrical artistic language Therefore considered as main references for our reasons students of the dramatic education area as Flaacutevio Desgranges Richard Courtney (1927-1997) and Ingrid Koudela which in their research advocate teaching reinvented the theater in its pedagogical character with the ability to contribute to building the critical individual In addition to the completion of the thoughts of Ana Mae Barbosa important reference on the lines of art education which proposes the teaching of art that includes reading contextualization and do reaching a reading and interference in the world we operate

Keywords Theater esthetics literacy art-education 1 INTRODUCcedilAtildeO Muitas satildeo as linhas de pesquisa em busca de contribuiccedilotildees e evoluccedilotildees no processo educacional objetivando o desenvolvimento de um cidadatildeo consciente e criacutetico Algumas delas priorizam essa aprendizagem por meio da arte uma importante ferramenta para conhecer e elaborar conhecimento criacutetico sobre o mundo ou a sociedade em que vivemos Este estudo propotildee a investigaccedilatildeo sobre as possibilidades e justificativas para uma Pedagogia do espectador1 em que estatildeo presentes o diaacutelogo e a participaccedilatildeo criativa no evento teatral correspondendo agraves proposiccedilotildees cecircnicas elaborando signos da cena e formulando juiacutezos proacuteprios dos sentidos abstraiacutedos em conjunto com a formaccedilatildeo pessoal criacutetica atraveacutes do fazer artiacutestico conquistada atraveacutes da formaccedilatildeo esteacutetica proporcionada pela experiecircncia da produccedilatildeo cecircnica Desgranges aponta que

[] pode-se aprender a gostar de teatro o difiacutecil eacute ser convencido a fazecirc-lo (ou ser convencido a gostar de qualquer coisa) O prazer adveacutem de experiecircncia o gosto pela fruiccedilatildeo artiacutestica precisa ser estimulado provocado vivenciado [] (DESGRANGES 2010 p29)

Inicialmente seratildeo apresentados conceitos em torno de uma educaccedilatildeo dramaacutetica que podem ser classificados e identificados naturalmente em algumas fases da vida Na infacircncia satildeo imprescindiacuteveis os trabalhos com o jogo puro jogo simboacutelico e algumas possibilidades de jogo dramaacutetico Jaacute na adolescecircncia o jogo dramaacutetico e o teatro como linguagem artiacutestica satildeo elaborados com potencialidades de maior abstraccedilatildeo e construindo condiccedilotildees de elaboraccedilatildeo do fazer artiacutestico teatral na sua amplitude Em seguida refletimos alguns apontamentos sobre a alfabetizaccedilatildeo esteacutetica que corrobore com uma formaccedilatildeo de espectadores e

1Pedagogia do Espectador Expressatildeo utilizada por Flaacutevio Desgranges em seu livro ldquoA pedagogia do espectadorrdquo (2010) que trata da formaccedilatildeo educacional do espectador teatral de modo que conhecendo a linguagem dramaacutetica o indiviacuteduo elabora os signos trazidos agrave cena pelos artistas e formula juiacutezos proacuteprios

131 produtores artiacutesticos reafirmando a importacircncia da arte em um contexto de leitura de mundo para a formaccedilatildeo social dos alunos envolvidos nesse processo Finalizamos o estudo com algumas consideraccedilotildees a cerca do encontro das diferentes abordagens cecircnicas e sua contribuiccedilatildeo agrave formaccedilatildeo esteacutetica do indiviacuteduo 2 AS DIVERSAS FACES DO JOGO

Neste primeiro capiacutetulo refletimos sobre alguns conceitos envolvendo a linguagem teatral passando pela ideia de jogo jogo dramaacutetico jogo teatral ateacute o reconhecimento do teatro como linguagem artiacutestica Definiccedilotildees estas formuladas por estudiosos das aacutereas de educaccedilatildeo teatro e arte buscando assim melhor compreender suas funccedilotildees e caracteriacutesticas

21 Jogo

Como premissa na formaccedilatildeo elaboraccedilatildeo e

reproduccedilatildeo de conhecimento formado culturalmente encontra-se o jogo que para Kishimoto (2000 p13-16) tentar defini-lo eacute uma tarefa um tanto difiacutecil pois existem praticamente infinitas possibilidades de accedilotildees culturais que se configuram como jogo Entretanto a autora apresenta alguns apontamentos como o jogo enquanto resultado de um sistema linguiacutestico que funciona dentro de um contexto social um sistema de regras ou um objeto

Nesta perspectiva compreende-se como jogo o sentido que a este eacute atribuiacutedo dependendo da linguagem de cada contexto social como uma manipulaccedilatildeo simboacutelica da realidade cotidiana ou ainda como estruturas sequenciais de regras que permitam identificaacute-lo e diferenciaacute-lo por meio delas E como terceiro sentido refere-se quanto ao objeto em sua constituiccedilatildeo material dependente deste para acontecer

Kishimoto (1994 p 4) afirma ainda que todo jogo tem sua existecircncia em um tempo espaccedilo e aponta tambeacutem como caracteriacutestica do jogo a liberdade de accedilatildeo do jogador a separaccedilatildeo limite de espaccedilo e tempo a predominante incerteza e o caraacuteter improdutivo de natildeo criar bens nem riqueza ressaltando que esta natureza improdutiva entende-se

[] Por ser uma accedilatildeo voluntaacuteria da crianccedila um fim em si mesmo natildeo pode criar nada natildeo visa a um resultado final O que importa eacute o processo em si de brincar que a crianccedila se impotildee Quando ela brinca natildeo estaacute preocupada com a aquisiccedilatildeo de conhecimentos ou desenvolvimento de qualquer habilidade mental ou fiacutesica (KISHIMOTO 1994 p 4)

A partir deste pensamento pode-se relacionar o

quanto da intencionalidade educacional do jogo se atribui ao educador que media este momento inserindo a crianccedila num processo de aprendizagem natural e natildeo intencional de sua parte

22 Jogo Simboacutelico

Dentro da visatildeo do homem como ser simboacutelico que constroacutei sua cultura se relaciona com o mundo coletivamente que apresenta a capacidade de pensar e que liga esta agrave capacidade de sonhar imaginar e jogar com a realidade encontra-se o jogo simboacutelico ou tambeacutem chamado de jogo imaginativo faz-de-conta jogo de papeacuteis ou jogo soacutecio-dramaacutetico Para Dias (Kishimoto org 2000 p 46) uma das tarefas centrais do desenvolvimento nos primeiros anos de vida eacute a construccedilatildeo dos sistemas de representaccedilatildeo tendo papel-chave neste processo a capacidade de ldquojogar com a realidaderdquo A autora acrescenta

No desenvolvimento das crianccedilas eacute evidente a transiccedilatildeo de uma forma para outra atraveacutes do jogo que eacute a imaginaccedilatildeo em accedilatildeo A crianccedila precisa de tempo e de espaccedilo para trabalhar a construccedilatildeo do real pelo exerciacutecio da fantasia (KISHIMOTO org 2000 p 50)

O jogo simboacutelico se apresenta como a representaccedilatildeo

de um signo por outro atribuindo a este novos significados Para Piaget (1971 apud Kishimoto org 2000 p 59) quando a crianccedila brinca assimila o mundo a sua maneira e atribui uma funccedilatildeo particular aos objetos que manipula Para Koudela (2006 p 34) a crianccedila atinge outro niacutevel intelectual de funcionamento intelectual com a aquisiccedilatildeo da chamada ldquofunccedilatildeo simboacutelicardquo que eacute constituiacuteda a partir do momento em que na ausecircncia de seu contexto habitual ela represente um ato uma accedilatildeo

Entendido como parte fundamental do desenvolvimento da inteligecircncia a partir da infacircncia por meio do jogo simboacutelico a crianccedila tem a possibilidade de elaborar o pensamento criativo e com o passar do tempo fazer relaccedilotildees hipoteacuteticas colocando-se no lugar do outro e constituindo o ser eacutetico e produtivo

23 Jogo dramaacutetico

Difundido por meio da obra de Peter Slade (1912-

2004) escritor e dramaterapeuta inglecircs o drama inicialmente voltado para a aprendizagem da dramatizaccedilatildeo durante a infacircncia eacute definido por Slade (1978 p 17) como uma forma de arte por direito proacuteprio natildeo como uma atividade inventada por algueacutem mas como um comportamento real dos seres humanos Nesta brincadeira teatral infantil existem momentos de caracterizaccedilatildeo e situaccedilatildeo emocional em que a crianccedila descobre a si proacutepria e a vida atraveacutes de tentativas emocionais fiacutesicas e por meio da praacutetica repetitiva

O jogo dramaacutetico apresentado por Slade subdividi-se em duas formas o jogo pessoal e o jogo projetado No jogo pessoal a crianccedila representa um papel caracterizado por movimentos ou objetos e experimenta ser coisas ou pessoas utilizando de barulho eou esforccedilo fiacutesico Jaacute o jogo projetado eacute a forma do drama em que eacute usada a mente toda e o corpo natildeo totalmente A crianccedila para

132 quieta senta ou deita utilizando principalmente as matildeos caracterizando uma extrema absorccedilatildeo mental

Sendo que haacute uma forma de arte no jogo dramaacutetico infantil este promove a liberaccedilatildeo e o controle emocional favorecendo uma autodisciplina interna Agrave medida que a crianccedila vivencia a relaccedilatildeo entre jogo e imitaccedilatildeo o jogo dramaacutetico fornece a ela uma vaacutelvula de escape ou a chamada catarse2 emocional

24 Jogo teatral

Sistematizados por Viola Spolin (1906-1994) autora

e diretora de teatro americana os jogos teatrais (Theater Games) surgem como um sistema que visa o aprendizado da atuaccedilatildeo teatral com o inicial objetivo de libertar a atuaccedilatildeo de comportamentos riacutegidos e mecacircnicos Desgranges em seu livro Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo sistematiza a ideia do jogo teatral proposta por Spolin como

[] Este um sistema de atuaccedilatildeo calcado em jogos de improvisaccedilatildeo tem o intuito de estimular o participante a construir um conhecimento proacuteprio acerca da linguagem teatral atraveacutes de um meacutetodo em que o indiviacuteduo junto com o grupo aprende a partir da experimentaccedilatildeo cecircnica e da anaacutelise criacutetica do que foi realizado (DESGRANGES 2011 p 110)

Esse sistema de jogo descarta o professor como ser

autoritaacuterio propondo uma dinacircmica educacional em grupo fazendo deste um momento prazeroso de aprendizado aleacutem de trabalhar os acircmbitos intelectual fiacutesico e intuitivo

O sistema de jogos de Spolin possui caracteriacutesticas singulares e foi apresentado nas obras Improvisaccedilatildeo para o Teatro (1963) e Theater Game File (1975) que atualmente constituem um fichaacuterio de atividades como manual de ensino da preparaccedilatildeo de montagens teatrais e jogos de improvisaccedilatildeo A autora sugere que o processo de atuaccedilatildeo no teatro se baseie na participaccedilatildeo em jogos Sobre o meacutetodo de jogo teatral abordado Ingrid Koudela explica que

Por meio do envolvimento criado pela relaccedilatildeo de jogo o participante desenvolve liberdade pessoal dentro do limite de regras estabelecidas e cria teacutecnicas e habilidades pessoais necessaacuterias para o jogo Agrave medida que interioriza essas habilidades e essa liberdade ou espontaneidade ele se transforma em um jogador

2 Catarse O termo vem do grego ldquokaacutetharsisrdquo que significa purificaccedilatildeo A libertaccedilatildeo de pensamentos ou ideias que estavam reprimidos superando traumas como medo opressatildeo ou outra perturbaccedilatildeo psiacutequica

criativo Os jogos satildeo sociais baseados em problemas a serem solucionados O problema a ser solucionado eacute o objeto de jogo As regras do jogo incluem a estrutura (Onde Quem O Que) e o objeto (Foco) (Koudela 2006 p 43)

O objeto ou foco apresenta-se como o ponto de

concentraccedilatildeo do jogador determinado pelo envolvimento com o problema a ser solucionado no jogo

Os processos com jogos teatrais compreendem uma proposta educacional voltado agraves crianccedilas a partir dos sete anos periacuteodo educacional correspondente ao ensino fundamental I tornando-as capazes de utilizar e se expressar com a linguagem artiacutestica do teatro em que de maneira espontacircnea a crianccedila cria a descoberta da experiecircncia e da expressatildeo criativa 25 Teatro enquanto linguagem artiacutestica

O teatro eacute apresentado nessa definiccedilatildeo de forma mais

abrangente caracterizando-se como linguagem artiacutestica este apresenta suas particularidades diferenciando-se das demais definiccedilotildees citadas anteriormente ainda que elas inseridas dentro de um processo de formaccedilatildeo contribuam para o processo de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica atraveacutes do trabalho com seus elementos expressivos ator texto puacuteblico sonoplastia cenaacuterio e figurino

Courtney (1974) apresenta o teatro como uma forma de representaccedilatildeo perante uma plateia e pode ser introduzido no processo de desenvolvimento humano a partir da preacute-adolescecircncia ainda que combinado com o jogo dramaacutetico Sendo assim o participante necessita de certa maturidade para assimilar um enredo apresentado criar seu personagem internamente e expor suas emoccedilotildees frente a um grupo espectador Guiado pela direccedilatildeo de outrem o grupo passa a contar uma histoacuteria atraveacutes de determinadas teacutecnicas trazendo mais naturalidade agrave representaccedilatildeo 3 EDUCACcedilAtildeO DRAMAacuteTICA NA PERSPECTIVA DA

ALFABETIZACcedilAtildeO ESTEacuteTICA

ldquoA arte eacute educadora enquanto arte e natildeo enquanto arte educadorardquo

Antonio Gramsci (1891-1937) Eacute muito comum nos dias de hoje a percepccedilatildeo da

necessidade da alfabetizaccedilatildeo escrita como forma de conhecer e participar ativamente do mundo letrado em que vivemos Eacute importante ressaltar que no contexto atual onde estamos em contato constantemente com as linguagens artiacutesticas tambeacutem haacute uma grande necessidade de uma alfabetizaccedilatildeo esteacutetica em que natildeo soacute a decodificaccedilatildeo aconteccedila mas tambeacutem que a leitura

133 esteacutetica faccedila parte e movimente nossas vidas desde a infacircncia

Barbosa (1991 p 28) complementa que haacute uma alfabetizaccedilatildeo cultural sem a qual a letra pouco significa A leitura social cultural e esteacutetica do meio ambiente vai dar um sentido ao mundo da leitura verbal Ela ainda acrescenta que o conhecimento em artes se daacute no encontro da experimentaccedilatildeo da decodificaccedilatildeo e da informaccedilatildeo Sendo assim a arte no ambiente escolar tem como principal objetivo formar o conhecedor fruidor e decodificador da obra de arte

Em uma perspectiva de formaccedilatildeo esteacutetica Koudela (2006 p30) apresenta o aprender por meio da experiecircncia como o estabelecimento de relacionamento entre o antes e depois em que o fazer torna-se experimentar Mas para tanto eacute necessaacuteria a consciecircncia da formaccedilatildeo esteacutetica que eacute elaborada tanto no artista quanto no espectador que para contemplar e usufruir da obra participa do processo de criaccedilatildeo agrave medida que repete e reconstroacutei o processo criativo que a originou

A alfabetizaccedilatildeo esteacutetica leva a crianccedila a elaborar melhor seu entendimento como espectadora teatral e como atuante da accedilatildeo cecircnica Agrave medida que seu olhar para a obra de arte se torna mais apurado e a sensibilizaccedilatildeo da mensagem que a arte transmite pode ser reconhecida pelo aluno chegando ao ponto de transcender o que a obra oferece para o seu interior e suas vivecircncias proacuteprias Pontos que favorecem a ela seu desenvolvimento criacutetico e reflexivo como chaves para o acesso interdisciplinar de outros contextos acadecircmicos e sociais que ela se depare Em um projeto organizado como livro pela Fundaccedilatildeo para o Desenvolvimento da Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo (2010 p16) Desgranges explora como a proposta do espectador na experiecircncia teatral conduz o aluno agrave construccedilatildeo do pensamento criacutetico e reflexivo que ele nomeia como ldquochocar os ovos da proacutepria experiecircnciardquo em que apoacutes se deparar com a histoacuteria e compreendecirc-la recorrendo ao seu patrimocircnio vivencial interpreta a partir de suas experiecircncias e visatildeo de mundo

Eacute muito comum encontrarmos o uso do teatro na praacutetica educacional dos professores como auxiacutelio para apreensatildeo de conteuacutedos de outras disciplinas ou ainda em momentos de lazer Aleacutem disso encontramos outras potencialidades da educaccedilatildeo dramaacutetica apresentadas no livro de ensaios reunidos por Zilbermam (1982 p 32) em que Tatiana Belinky apresenta o teatro em sua funccedilatildeo educativa agrave medida que este fornece instrumentos intelectuais morais e eacuteticos necessaacuterios ao ser humano em geral visando sua integraccedilatildeo individual familiar e social consciente e responsaacutevel contribuindo para o desenvolvimento intelectual emocional e esteacutetico dos

espectadores A autora complementa ao falar de pesquisas sobre o puacuteblico teatral

[] Que a interaccedilatildeo e o amadurecimento da personalidade avanccedilam um passo a cada experiecircncia esteacutetica fornecida pelo teatro E quanto mais verdadeira autecircntica for a experiecircncia esteacutetica tanto mais profundo seraacute o resultado educativo (ZILBERMAM 1982 p 34)

Eacute possiacutevel reconhecer no ensino atual concepccedilotildees

educacionais que modificaram o cenaacuterio da educaccedilatildeo em arte no Brasil Neste sentido destacamos as contribuiccedilotildees de Ana Mae Barbosa (2010 p143) que nos apresenta a Proposta Triangular propondo que o trabalho artiacutestico no acircmbito escolar seja norteado atraveacutes da criaccedilatildeo (fazer artiacutestico) da leitura da obra de arte e da contextualizaccedilatildeo proposta esta validada por meio dos Paracircmetros Curriculares Nacionais de Arte e que dentro do fazer artiacutestico teatral possibilita o pensamento mais amplo e a interpretaccedilatildeo cultural a partir da arte 4 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Por meio deste estudo foi possiacutevel refletir mais a fundo sobre a grande proximidade da praacutetica artiacutestica no caso da vertente cecircnica com a formaccedilatildeo intelectual e esteacutetica dos alunos no primeiro ciclo da educaccedilatildeo baacutesica Proporcionando uma leitura de mundo natildeo mais e somente da decodificaccedilatildeo de letras e palavras mas de tantos outros siacutembolos de comunicaccedilatildeo que permeiam nossa sociedade como os presentes na representaccedilatildeo artiacutestica teatral

A formaccedilatildeo de espectadores busca mais que uma mera formaccedilatildeo de puacuteblico ou um aumento do acesso agraves salas de teatro nem tanto a pratica teatral visa constituir decoradores de obras claacutessicas ou atores de rede de televisatildeo

Partindo das contribuiccedilotildees das referecircncias deste estudo verifica-se a constituiccedilatildeo de todo um processo que pode garantir o alcance mais apurado do olhar e a assimilaccedilatildeo de conhecimento advindos da arte Validando na primeira infacircncia a vivecircncia do jogo simboacutelico de maneira espontacircnea a crianccedila constitui habilidades proacuteprias que estimulam sua criatividade e poder imaginativo Situaccedilotildees muito comuns na educaccedilatildeo infantil

A complementaccedilatildeo deste desenvolvimento no ensino fundamental I acontece na evoluccedilatildeo do jogo dramaacutetico para o jogo teatral Momento em que a crianccedila tem maiores capacidades de abstraccedilotildees e criaccedilatildeo de hipoacuteteses possibilitando tambeacutem a decodificaccedilatildeo e a compreensatildeo

134 da estrutura da linguagem artiacutestica teatral Momentos natildeo somente espontacircneos do brincar infantil mas que devem ser proporcionados pelo professor com mediaccedilotildees mais especiacuteficas acerca do foco a ser solucionado nos problemas a serem elaborados pelas crianccedilas Portanto esse trabalho de alfabetizaccedilatildeo esteacutetica no ensino fundamental I constitui o entendimento da linguagem artiacutestica do teatro e de maneira complementar forma o aluno em aspectos afetivos cognitivos e sociais Conhecimentos que formaratildeo o adulto criacutetico e consciente

Vecirc-se na alfabetizaccedilatildeo esteacutetica a possibilidade de formar o olhar do educando sobre a arte e o mundo que participa fazendo da praacutetica teatral um instrumento de formaccedilatildeo pessoal e criacutetica agrave medida que se tem acesso a diferentes experiecircncias Por meio da proposta de elaborar o conhecimento adquirido com a experiecircncia esteacutetica o aluno tem condiccedilotildees de se apropriar efetivamente natildeo soacute dos coacutedigos da sociedade mas principalmente de um reconhecimento criacutetico dessa sociedade

A implementaccedilatildeo destas praacuteticas vem ocorrendo de forma gradativa no ensino atual bem como as pesquisas na aacuterea e o incentivo a essas propostas Compreendendo assim a sua real importacircncia no processo de ensino aprendizagem espera-se que tanto oacutergatildeos puacuteblicos quanto os profissionais da educaccedilatildeo apoiem esta proposta e revejam sua praacutetica para que esta importante fase de alfabetizaccedilatildeo seja contemplada REFEREcircNCIAS BARBOSA A M (org) Arteeducaccedilatildeo contemporacircnea consonacircncias internacionais Satildeo Paulo Cortez 2010 _______ A imagem do ensino da arte Satildeo Paulo Perspectiva 1991 COURTNEY R Jogo teatro e pensamento Satildeo Paulo Perspectiva 1974 DESGRANGES F Pedagogia do teatro provocaccedilotildees e dialogismo Satildeo Paulo Hucitec 2011 _______ A pedagogia do espectador Satildeo Paulo Hucitec 2010 KISHIMOTO T M (Org) Jogo brinquedo brincadeira e a educaccedilatildeo Satildeo Paulo Cortez 2000 ________ O jogo e a educaccedilatildeo infantil Satildeo Paulo Pioneira 1994 KOUDELA I D Jogos teatrais Satildeo Paulo Perspectiva 2006

SAtildeO PAULO Teatro e danccedila repertoacuterios para a educaccedilatildeo Vl 3 Satildeo Paulo Governo do Estado de Satildeo Paulo 2010 SLADE P O jogo dramaacutetico infantil Satildeo Paulo Summus 1978

ZILBERMAN R (org) A produccedilatildeo cultural para a crianccedila Porto Alegre Mercado Aberto 1982

135

PLANO REAL OS DESAFIOS POLIacuteTICO-INSTITUCIONAIS DA ESTABILIZACcedilAtildeO

Clayton Hernandez Tozatti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

claytontozihotmailcom

Denis Pescuma Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

pescumabrhotmailcom

RESUMO Neste artigo procuramos refletir e apontar os desafios poliacutetico-institucionais da implantaccedilatildeo do Plano Real correspondendo ao biecircnio 1993-1994 Se por um lado o Plano Real derrubou a inflaccedilatildeo e trouxe estabilidade nem por isso foi faacutecil a sua implantaccedilatildeo E o objetivo deste artigo eacute apontar quais foram as dificuldades poliacuteticas como os embates junto ao Congresso Nacional com o presidente Itamar Franco Lula o PT em ano de eleiccedilatildeo O paiacutes saiacutea recentemente de um periacuteodo de ditadura militar e uma crise aberta com os proacuteprios militares que ameaccedilavam o futuro do plano econocircmico Essa eacute a oportunidade de expor um quadro do periacuteodo e entender o quatildeo importante o Plano Real foi para nossa democracia e para a reconstruccedilatildeo do Estado Brasileiro Palavras-Chave Plano Real inflaccedilatildeo estabilidade Congresso Nacional PT ditadura militar Estado brasileiro ABSTRACT We tried to reflect the political and institutional challenges of the Real Plan corresponding to the biennium 1993-1994 On the one hand the Real Plan brought down inflation and brought stability or so it was easy their location Purpose of this article which is point out what were the political difficulties as the clashes with the National Congress with President Itamar Franco and Lula and the PT in an election year and institutional because recently we got out of a period of military dictatorship and where an open crisis with the military itself threaten the future of the economic plan This is the opportunity to present a picture of the period and understand how important the Real Plan was for our democracy and for the reconstruction of the Brazilian State Keywords Real Plan inflation stability National Congress PT military dictatorship Brazilian State

1 INTRODUCcedilAtildeO

O objetivo deste artigo eacute analisar as dificuldades poliacuteticas de implantaccedilatildeo do Plano Real no biecircnio 1993-1994 sendo preciso antes mostrar como se apresentava o quadro poliacutetico e econocircmico do periacuteodo Quando Itamar Franco assumiu a presidecircncia do paiacutes apoacutes o impeachment do entatildeo presidente Fernando Collor de Mello em 29 de dezembro de 1992 a inflaccedilatildeo acumulada em doze meses chegava a impressionantes 1119 Viviacuteamos sob a eacutegide da hiperinflaccedilatildeo Apenas como exemplo a uacuteltima vez que o paiacutes havia registrado inflaccedilatildeo com um diacutegito havia sido em 1940 No acumulado em 50 anos que antecederia o Plano Real a nossa inflaccedilatildeo chegava ao exorbitante nuacutemero de um trilhatildeo por cento O paiacutes passava por uma grave crise econocircmica e poliacutetica somados a um processo de impeachment (ineacutedito na Histoacuteria do Brasil) e a desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios e fiscais Para contornar a falta de dinheiro para investimentos corroiacutedo pela hiperinflaccedilatildeo o governo acelerava a impressatildeo de dinheiro frente agraves despesas que acabavam por gerar mais inflaccedilatildeo Era um ciacuterculo vicioso que parecia natildeo ter fim Essa crise fazia com que as empresas cortassem investimentos e projetos tornando a economia menos competitiva e produtiva refletindo no desemprego Em maio de 1993 apoacutes uma danccedila de ministros da economia caiacutea Elizeu Rezende Itamar Franco convocou em Nova York o entatildeo embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda Pego de surpresa uma vez que natildeo era economista Fernando Henrique aceitou a nomeaccedilatildeo Naquele ano a inflaccedilatildeo jaacute batia na casa de 1348 Felizmente Fernando Henrique havia acumulado amigos economistas no meio acadecircmico principalmente da PUC do Rio de Janeiro que acabou trazendo para o governo e na elaboraccedilatildeo de mais um plano econocircmico Satildeo eles Gustavo Franco (que viria a ser presidente do Banco Central em seu governo) Pedro Malan (seu ministro da economia por oito anos) Andreacute

136 Lara Rezende Peacutersio Arida Edmar Bacha e Winston Fritsh A confecccedilatildeo de mais um plano econocircmico teria que ser mais bem elaborado para que natildeo se tornasse um plano semelhante a outros que acabaram por fracassar Sem contar que alguns destes economistas jaacute haviam colaborado com a criaccedilatildeo do Plano Cruzado e sabiam os erros que deveriam ser evitados O novo plano natildeo consistiria em apenas cortar zeros da moeda ou congelar preccedilos medidas apenas pontuais que trouxeram aliacutevio de momento mas acabaram por aprofundar a crise econocircmica de anos anteriores E o paiacutes ainda convivia com o fantasma do confisco da poupanccedila Outro plano heterodoxo poderia comprometer o receacutem-formado governo de Itamar Franco Portanto esses economistas sabiam que teriam que tomar um rumo diferente Assim em reuniotildees que varavam madrugadas regadas a litros de cafezinho comeccedilava a surgir o esboccedilo do que viria a ser chamado de Plano Real O plano originalmente seria concebido como um programa econocircmico de trecircs fases a primeira tinha como funccedilatildeo promover o ajuste fiscal que levasse ao estabelecimento do equiliacutebrio das contas do governo com o objetivo de eliminar a principal causa da inflaccedilatildeo brasileira A segunda fase seria a criaccedilatildeo de um indexador a URV (Unidade Real de Valor) e a terceira estabeleceria as regras de emissatildeo e lastreamento da nova moeda (o Real) de forma a garantir a sua estabilidade Mas a primeira fase natildeo foi colocada em praacutetica de imediato foi colocado aos poucos e medidas pontuais foram usadas para combater a inflaccedilatildeo porque havia desafios poliacuteticos a serem superados 2 O COMBATE Agrave INFLACcedilAtildeO O Plano Real natildeo foi apenas um simples plano econocircmico que consistia em cortar zeros ou congelar preccedilos Os economistas que elaboraram o plano jaacute haviam participado de planos anteriores e sabiam que medidas pontuais poderia ser refresco de momento Mas ad posteriore poderiam aprofundar ainda mais as dificuldades econocircmicas e sociais as quais o paiacutes enfrentava principalmente depois da chamada deacutecada perdida que foram os anos 1980 de profundas marcas deixadas pela desilusatildeo das Diretas Jaacute da morte de Tancredo Neves e o Plano Cruzado No inicio dos anos 1990 com o governo do primeiro presidente eleito pelo voto direto depois de vinte anos de ditadura militar o paiacutes passou pelo choque de um plano econocircmico heterodoxo que foi o confisco da poupanccedila e pelas primeiras denuacutencias de corrupccedilatildeo no governo Collor que acabaria com o seu impedimento e posterior renuacutencia Assumiu seu vice Itamar Franco em meio a uma profunda crise poliacutetica econocircmica e social O Brasil era um paiacutes que ainda passava fome e tivemos neste periacuteodo poliacuteticas oriundas de participaccedilatildeo popular e da iniciativa privada de combate agrave fome onde o nome mais importante era do socioacutelogo Herbert de Souza o Betinho O paiacutes ainda convivia com o fantasma da ditadura era uma receacutem - democracia e somados agrave instabilidade temperamental de Itamar Franco os quarteacuteis ainda

geravam medo e faziam lembrar o passado intervencionista em nossa recente Histoacuteria

No momento em que Itamar assumia o cargo muitos economistas achavam que o problema inflacionaacuterio no Brasil natildeo tinha como ser resolvido Atribuindo-o a questotildees estruturais de nossa economia eles simplesmente lavavam as matildeos vencidos As causas da inflaccedilatildeo eram tatildeo complicadas e arraigadas na economia do paiacutes ndash e em sua cultura ndash que de fato parecia tentador desistir Mas Itamar natildeo podia dar-se a esse luxo Os preccedilos subiam com tanta rapidez que justificadamente ele temia que um dia o dinheiro brasileiro perdesse completamente o valor Todos noacutes tiacutenhamos pesadelos com pessoas circulando com malas cheias de ceacutedulas inuacuteteis o que levaria a um quadro inconcebiacutevel de agitaccedilatildeo social e baderna (CARD0S0 2013 p216)

Ao se implantar o Plano Real diferente dos demais planos econocircmicos procurou atacar e natildeo contornar com medidas apenas de momento os problemas estruturais brasileiros Apesar do corte de zeros de nossa moeda natildeo houve congelamento de preccedilos e procurou se acabar com um velho viacutecio brasileiro a indexaccedilatildeo

Com o tempo as pessoas tinham acostumado a conviver com o problema A inflaccedilatildeo era embutida em praticamente todo contrato brasileiro de valor monetaacuterio alugueacuteis impostos empreacutestimos bancaacuterios taxas de serviccedilos puacuteblicos e assim por diante Essa ldquoindexaccedilatildeordquo dos valores dos gastos futuros destinava-se a proteger as pessoas de alguma arrancada de preccedilos Enquanto os preccedilos e salaacuterios aumentassem de maneira geralmente sincronizada o Brasil poderia evitar uma experiecircncia como a da eacutepica hiperinflaccedilatildeo alematilde depois da Primeira Guerra Mundial quando a moeda basicamente perdeu todo valor Ironicamente contudo esse sistema de indexaccedilatildeo tambeacutem acabou em longo prazo provocando uma inflaccedilatildeo maior Ele assegurava um piso quanto mais as pessoas esperassem aumentos de preccedilos mais eles aumentariam de fato Desse modo a indexaccedilatildeo tornou-se uma causa de inflaccedilatildeo tatildeo importante no Brasil quanto o pecado original dos deacuteficits orccedilamentaacuterios (CARDOSO 2013 p224-225)

O sucesso do Plano Real se explica por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedilas que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica aleacutem do plano econocircmico (como foram os anteriores) O Plano Real atingiu direto natildeo soacute a economia mas agiu politicamente para dar suporte ao governo Itamar Franco e anos mais tarde sob o governo de Fernando Henrique Cardoso abrir as portas de ajuda financeira para que as pessoas de baixa renda pudessem adentrar ao mercado consumidor brasileiro e ser uma forma de ascender socialmente o que veriacuteamos mais tarde numa espetacular ascensatildeo social do povo sob o governo do primeiro

137 presidente da esquerda brasileira Luiacutes Inaacutecio Lula da Silva atraveacutes da criaccedilatildeo do programa Bolsa Famiacutelia

Apesar do ceticismo e das previsotildees catastroacuteficas de renomados economistas principalmente dos que assessoravam o PT e Lula o plano reduziu drasticamente a inflaccedilatildeo e no mesmo movimento produziu uma notaacutevel distribuiccedilatildeo de renda (REIS 2014 p 116)

Num primeiro momento o que eacute o principal objetivo desse artigo eacute entender as dificuldades poliacuteticas enfrentadas pela equipe econocircmica na implantaccedilatildeo do Plano Real desde as batalhas travadas no Congresso Nacional ateacute as mudanccedilas de humor do presidente Itamar Franco a crise institucional vivida em 1994 quando se cogitou uma intervenccedilatildeo militar e o proacuteprio fator Lula favorito a vencer as eleiccedilotildees presidenciais do mesmo ano mas com um discurso contra a nova moeda transformando-a em ingrediente eleitoreiro natildeo sem razatildeo mas que para o eleitorado significava estabilidade Daiacute a importacircncia do tema sobre o Plano Real e sua contribuiccedilatildeo para nossa recente Histoacuteria

3 OS DESAFIOS POLIacuteTICOS E INSTITUCIONAIS DE IMPLANTACcedilAtildeO DO PLANO REAL Em 01 de agosto de 1993 eacute criado o Cruzeiro Real e cortam-se trecircs zeros da moeda Em 28 de fevereiro de 1994 eacute criada a URV (Unidade Real de Valor) que depois seria substituiacuteda pelo Real a nova moeda do paiacutes O plano consistia natildeo soacute no corte de zeros mas na paridade real frente ao doacutelar de 01 por 01 O doacutelar seria o novo indexador da economia os preccedilos e salaacuterios seriam reajustados conforme a taxa de cacircmbio ou seja ao doacutelar Teria como meta zerar o deacuteficit puacuteblico com medidas neoliberais como privatizaccedilotildees uso das taxas de juros para controlar a inflaccedilatildeo e os investimentos externos e aumento de impostos Ao mesmo tempo seria estabelecido um teto para os gastos do governo a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e o pagamento dos juros da diacutevida externa na Meta de Superaacutevit Primaacuterio aumentar o niacutevel das reservas internacionais para ter dinheiro em caixa e honrar os compromissos externos

Haveria uma nova moeda chamada Real O nome tem vaacuterios significados em portuguecircs todos eles convenientemente refletindo as intenccedilotildees de nosso projeto Ao denotar realeza ele nos remetia agrave moeda de mesmo nome usada na era colonial conferindo-lhe certo ar de continuidade histoacuterica Naquilo que significava realidade dava a entender que a moeda de fato tinha um valor real e chegara para ficar Mas aleacutem de ter um belo nome a nova moeda tambeacutem seria solidamente alicerccedilada O Banco Central trataria de manter o real numa faixa de cotaccedilatildeo globalmente estaacutevel perante o doacutelar Desde o iniacutecio sabiacuteamos que o real teria de ser uma moeda excepcionalmente forte para ganhar credibilidade da populaccedilatildeo brasileira Na praacutetica ele acabou cotado acima do doacutelar no

iniacutecio sendo lentamente desvalorizado com o tempo (CARDOSO 2013 p230)

O Real como moeda foi bem aceito pela populaccedilatildeo que natildeo teve os sobressaltos e sustos dos planos anteriores como corrida aos supermercados o que geraria desabastecimento Houve quem remarcasse preccedilos exageradamente temendo que o plano fracassasse Mas esses impulsos foram controlados pelo governo Em junho de 1994 primeiro mecircs do Real a inflaccedilatildeo foi de 4743 Em julho caiacutea para 684 Em setembro seu nuacutemero chegou agrave impressionante 153 Mas os problemas natildeo haviam sido resolvidos Aleacutem da mudanccedila de nome da moeda (de Cruzeiro Real para Real) havia o desafio de enfrentar o Congresso Nacional representante do velho establishment brasileiro que revirou ateacute o fundo a sacola de truques para proteger seus interesses Numerosas tentativas foram feitas para sabotar os projetos de lei necessaacuterios para concretizar o Plano Real e agraves vezes o proacuteprio presidente Itamar Franco se mostrava ceacutetico em relaccedilatildeo ao plano o que levaria o ministro da economia Fernando Henrique Cardoso a ameaccedilar renunciar o que obrigou tanto Itamar como o Congresso a recuarem O primeiro desafio seria uma rodada de profundos cortes orccedilamentaacuterios administrado por um ldquoFundo de Emergecircncia Socialrdquo Era preciso convencer o Congresso a ldquoabrir matildeordquo de 15 bilhotildees de doacutelares de gastos governamentais vinculados constitucionalmente para o controle do Ministeacuterio da Fazenda o que seria aproximadamente um quinto do dinheiro de todo o orccedilamento governamental A Fazenda poderia assim enfrentar a causa fundamental da inflaccedilatildeo Fernando Henrique Cardoso comeccedilou a pressionar o Congresso para aprovaccedilatildeo de tais medidas vitais para o sucesso do Plano Real o que levaria o deputado Delfim Netto ex-ministro da Fazenda do regime militar a dizer que o ministro ldquoCardoso estaacute fazendo terrorismo quando diz que seu plano eacute a uacutenica soluccedilatildeo para o paiacutesrdquo e de que ldquoos congressistas natildeo gostam do estilo de Cardosordquo (NETTO apud CARDOSO 2013 p 234)

Mas o fato eacute que nenhum desses parlamentares tinha ideias melhores Caiu-lhes a ficha de que perderiam o emprego se natildeo atendessem ao clamor da sociedade pelo fim da inflaccedilatildeo Era este o poder da democracia uma obrigaccedilatildeo de prestar contas que era nova no Brasil Um a um em comentaacuterios sussurrados ou telefonemas agrave meia-noite eles me garantiam que o Plano Real contaria com seu apoio ainda que natildeo pudessem dizecirc-lo em puacuteblico Muito bem eu dizia Em fevereiro ficou aparente que a iniciativa poderia obter o apoio de que precisava para ser aprovada (CARDOSO 2013 p 234)

Dentro e fora do paiacutes da esquerda agrave direita foi uma tempestade de criacuteticas e zombarias

ldquoNosso gentil encantador e inteligente ministro natildeo resiste agrave tentaccedilatildeo de transformar todo mundo num igualrdquo provocou o senador conservador Roberto Campos Lula ficou

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indignado declarando que o plano serviria apenas para gerar mais miseacuteria Celso Martone um economista ortodoxo considerou o Plano Real ldquomais um melancoacutelico exemplo de fraqueza e da falta de imaginaccedilatildeo que caracterizam os ministros da Fazendardquo Antocircnio Carlos Magalhatildees poderoso governador da direita do Nordeste exortou-me a ser ldquomais agressivo e menos conciliadorrdquo Em janeiro de 1994 o jornal Folha de S Paulo saiu-se um dia com a seguinte manchete ldquoFMI e Banco Mundial veem poucas chances de sucesso para o planordquo (CARDOSO 2013 p 232-233)

Para enfrentar um Congresso clientelista o governo teve que montar alianccedilas poliacuteticas para ver suas pautas aprovadas Juntaram-se agrave bancada governista formada pelo PSDB e PMDB o antigo PFL (hoje Democratas) e o PTB dando agrave equipe econocircmica condiccedilotildees de programar Medidas Provisoacuterias referentes ao Plano Real O uso e abuso das medidas provisoacuterias eram um artifiacutecio para contornar em partes a letargia que caracterizava as votaccedilotildees no Congresso Nacional Havia pressa na aprovaccedilatildeo de projetos de lei necessaacuterios para o sucesso do Plano Real Uma vez travada agraves votaccedilotildees seria maior as chances de especulaccedilotildees poliacuteticas e posterior fracasso econocircmico dado agrave sensibilidade do mercado e a boatos desencontrados Dispositivo este que mais tarde seria usada pelo proacuteprio Fernando Henrique como presidente e pelos governos seguintes Essa maioria ajudaria inclusive a barrar accedilotildees por parte dos parlamentares em requerer mudanccedilas na conduccedilatildeo do plano econocircmico Esse tipo de coalizatildeo poliacutetica permitiu a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) um ano apoacutes sua criaccedilatildeo Para isso o governo negociou com deputados ligados ao setor rural o perdatildeo de parte de suas diacutevidas agriacutecolas O PMDB nesta coalizatildeo poliacutetica tinha peso fundamental era o fiel da balanccedila para determinar maiorias eventuais No campo juriacutedico seriam travadas algumas batalhas onde o Plano Real seria contestado na Justiccedila e o governo teria que apressar-se em defender como eacute o calculo da inflaccedilatildeo para natildeo haver perdas salariais e para que as pessoas natildeo se sentissem prejudicadas A mesma preocupaccedilatildeo das centrais sindicais que ameaccedilaram greves no periacuteodo reivindicando a reposiccedilatildeo imediata nos salaacuterios da inflaccedilatildeo acumulada durante a implantaccedilatildeo do real A nova moeda exigiria bem mais do que bom senso poliacutetico era preciso construir uma economia mais moderna e competitiva o que batia de frente com o arcaiacutesmo e coronelismo na poliacutetica brasileira A nova moeda disporia de um periacuteodo limitado para ganhar aceitaccedilatildeo e esse era o foco principal E em longo prazo para que tivesse ecircxito o Brasil precisaria enfrentar mais decididamente as questotildees estruturais por traacutes da inflaccedilatildeo os desequiliacutebrios orccedilamentaacuterios as diacutevidas em todos os niacuteveis da Federaccedilatildeo e a ineficiecircncia dos governos No que os planos anteriores fracassaram o Plano Real poderia dar certo

Aleacutem das batalhas no Congresso Nacional ideoloacutegicas ou partidaacuterias havia o fator Itamar Apesar de seu governo ter sido montado em torno de um pacto de uniatildeo nacional pela governabilidade com todas as forccedilas de expressatildeo nacional com exceccedilatildeo do PT que ficou de fora por natildeo concordar com essa espeacutecie de alianccedila poliacutetica eram constantes os boatos de que ele poderia se demitir ou talvez ateacute renunciar Aos amigos mais proacuteximos o presidente dizia ldquoSabe como eacute eu natildeo nasci colado a esta cadeira Posso me ir quando me der vontaderdquo (DIMENSTEIN SOUZA p 111)

Mal assumira o cargo Itamar jaacute falava em abandonaacute-lo Disse a vaacuterios de seus interlocutores mais iacutentimos que natildeo se sentia dono da cadeira de presidente ndash no seu caso uma poltrona do iniacutecio do seacuteculo forrada com o mesmo couro cor de tijolo dos assentos que cercavam a mesa da renuacutencia (de Fernando Collor de Mello) Moacuteveis que bem antes de Sarney e Itamar haviam servido a Getuacutelio Vargas (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p 111)

Animado com a aprovaccedilatildeo suada do seu Fundo Social de Emergecircncia pelo Congresso Fernando Henrique Cardoso teria mais um obstaacuteculo para concretizar seu plano de estabilizaccedilatildeo econocircmica Uma semana depois numa inusitada visita ao samboacutedromo do Rio de Janeiro em pleno domingo de carnaval Itamar Franco viraria motivo de pilheacuterias e personagem de chacotas Itamar Franco seria o primeiro presidente brasileiro a assistir o carnaval no samboacutedromo acompanhando o espetaacuteculo de um camarote presidencial especial elevado acenando tranquilamente para a multidatildeo Mas eis que do nada natildeo se sabendo ao certo como ldquoelardquo apareceu no camarote o presidente deixou-se fotografar animadamente com a modelo da escola Viradouro Lilian Ramos de 27 anos Solteiro Itamar Franco natildeo se preocupou com protocolos Mas ela havia desfilado seminua e ao subir ao camarote algueacutem havia se preocupado em cobri-la com uma camiseta bem grande para se aproximar do presidente Mas o espetaacuteculo se transformaria em crise A camiseta curta permitiu agraves lentes dos jornalistas verificarem que a moccedila natildeo usava nada por baixo e que exibido nos jornais do dia seguinte ao lado de um presidente ingecircnuo e aparentemente alterado faria ruir a imagem de Itamar A imprensa brasileira aglomerada em frente ao camarote comeccedilou a tirar furiosamente fotos laacute de baixo Uma fotomontagem do presidente do Brasil se engraccedilando com uma modelo seminua circulou natildeo soacute no Brasil inteiro mas mundo afora O escacircndalo espalhou-se com graves repercussotildees agrave imagem do Brasil Os militares ficaram horrorizados Os quarteacuteis estavam em polvorosa O general Romildo Canhim tivera uma longa conversa com o ministro do Exeacutercito general Zenildo de Lucena Tatildeo agitados que os ministros militares haviam se reunido secretamente para analisar a amplitude da crise Relatoacuterios ultraconfidenciais se avolumavam na mesa de trabalho do general Zenildo de Lucena Uma

139 estranha agitaccedilatildeo se espalhava entre os oficiais contaminando a cadeia de comando num movimento que envolvia sargentos e tenentes da ativa Os militares entendiam que essa cadeia de comando havia sido rompida pois segundo a Constituiccedilatildeo Federal o presidente da Repuacuteblica eacute o ldquocomandante em cheferdquo das Forccedilas Armadas e que apoacutes o episoacutedio da calcinha essa prerrogativa constitucional parecia revogada e o ambiente militar era de ordem e disciplina cabendo o mesmo para um presidente da Repuacuteblica Entre os ministros militares discutiu-se abertamente a possibilidade de substituiccedilatildeo do presidente

Um dos relatoacuterios entregues a Zenildo de Lucena era especialmente grave Informava sobre um princiacutepio de rebeliatildeo nos quarteacuteis O ministro jaacute estava acostumado agrave movimentaccedilatildeo golpista de alguns desocupados generais de pijama Mas uma particularidade o preocupava agora a hipoacutetese de golpe agora frequentava as rodas de conversa da jovem oficialidade (DIMENSTEIN SOUZA 1994 p139)

O que preocupava Zenildo natildeo era esses militares aposentados saudosos da fase do AI-5 Cabelos brancos desarmados podiam chiar quando quisessem Mas a jovem oficialidade disciplinada na ativa armada e com boa pontaria mereciam respeito Para somar agrave crise a cadeia de comando ameaccedilou renunciar o que seria um desastre para o governo Somando-se a isso a Igreja Catoacutelica reclamou de Itamar que se lembrasse de ser um ldquoexemplo para as famiacuteliasrdquo E parte da opiniatildeo puacuteblica tambeacutem ficou indignada com mais esse tropeccedilo da democracia E como natildeo se bastasse o ministro da Justiccedila Mauriacutecio Correcirca tambeacutem se deixou fotografar aparentemente embriagado Oriundo de uma famiacutelia de militares Fernando Henrique Cardoso era respeitado no meio militar Procurado pelo alto comando do exeacutercito para opinar sobre uma possiacutevel mudanccedila de presidente Fernando Henrique ameaccedilou renunciar ao Ministeacuterio da Fazenda se a ordem institucional natildeo se mantivesse A consequecircncia seria que toda a equipe econocircmica renunciaria tambeacutem comprometendo a conduccedilatildeo da estabilidade seria o fim do Plano Real E a democracia natildeo sobreviveria a um novo impeachment Acuados pois natildeo desejavam um golpe e de serem responsaacuteveis por mais uma crise poliacutetica os militares pediram a cabeccedila de Mauriacutecio Correcirca que renunciaria dois meses depois o caso foi arrefecendo e os quarteacuteis apaziguados Aprovadas as medidas necessaacuterias para a implantaccedilatildeo do Plano Real pelo Congresso mais preocupado em evitar novas crises a popularidade de Itamar Franco subiu E qual a importacircncia da crise institucional do chamado episoacutedio da calcinha no affair de Itamar Franco e na crise aberta com os militares Eacute preciso lembrar que em 1994 natildeo havia se completado dez anos do fim da ditadura militar com a eleiccedilatildeo indireta de Tancredo Neves e com sua morte a posse de seu vice Joseacute Sarney E se pensarmos no termo ldquoentulho autoritaacuteriordquo expressatildeo usada pelo historiador Daniel Aaratildeo Reis onde toda a estrutura e legislaccedilatildeo autoritaacuteria do regime militar que

ainda regiam aspectos sociais e poliacuteticos do paiacutes soacute terminariam ou seriam revogados com a Constituiccedilatildeo de 1988 esse periacuteodo breve de democracia completaria apenas seis anos O fantasma da ditadura e ateacute a ameaccedila de um golpe ainda assombrava o meio poliacutetico brasileiro Ateacute mesmo no impeachment do presidente Fernando Collor de Mello temia-se uma intervenccedilatildeo militar e todo processo de trabalho da CPI (Comissatildeo Parlamentar de Inqueacuterito) como a votaccedilatildeo de impedimento do presidente foram conduzidos sem interferecircncias institucionais pelo Congresso Nacional E apoacutes a renuacutencia de Collor em dezembro de 1992 voltou agrave tona o medo de uma quebra da legalidade mas garantiu-se constitucionalmente a transiccedilatildeo democraacutetica e a posse de Itamar Franco Mas os desafios de implantaccedilatildeo do Plano Real natildeo terminavam aiacute Cessada a crise com os militares e a opiniatildeo puacuteblica 1994 era ano de eleiccedilotildees e um candidato da esquerda brasileira apresentava-se como favorito Luiacutes Inaacutecio da Silva o Lula Um ano antes Fernando Henrique conversara com Lula no apartamento de seu assessor Joseacute Dirceu para obter seu apoio ao plano econocircmico o que natildeo aconteceu Lula natildeo acreditava no sucesso do Real e jaacute dissera que o plano seria catastroacutefico para o paiacutes mergulhando o Brasil num periacuteodo de recessatildeo Somando-se a isso Lula ainda natildeo havia abandonado o radicalismo da esquerda assustando ainda a direita brasileira Lula pregava a suspensatildeo do pagamento da diacutevida externa e a nacionalizaccedilatildeo do setor bancaacuterio Defendia grandes investimentos em obras puacuteblicas para gerar emprego para milhotildees de brasileiros mas sem dizer da onde tiraria dinheiro para tal faccedilanha Mas era justamente esse velho viacutecio o fator de geraccedilatildeo da inflaccedilatildeo e que justamente o Plano Real estaria disposto a erradicar da cultura poliacutetica brasileira Lula se apresentava como favorito em vencer as eleiccedilotildees e pensando desse jeito o Plano Real estaria fadado em fracassar jaacute nos primeiros meses de seu governo E dois antigos aliados se afastariam um do outro A retrospectiva histoacuterica mostra que estiveram proacuteximos durante a maior parte de suas carreiras poliacuteticas Lula apoiou Fernando Henrique em sua candidatura ao Senado em 1978 esperando vecirc-lo num partido que gostaria de criar Fizeram panfletagem juntos Ambos oriundos da mesma geraccedilatildeo poliacutetica que emergira na fase da abertura Estiveram juntos nas greves do ABC e na campanha pelas Diretas Jaacute Fernando Henrique subiu no palanque do PT no segundo turno das eleiccedilotildees de 1989 Mais uma vez se uniram no impeachment de Collor Quase se aliaram para a eleiccedilatildeo de 1994 Chegaram a manter encontros secretos visando a uniatildeo entre PSDB e PT O ano de 1994 os transformaria em adversaacuterios ambos com o mesmo ideal e esperanccedila de se tornarem presidente Fernando Henrique num poderoso esquema montado no uso da maacutequina do Estado (era ex-ministro da Fazenda e candidato do Planalto) poder econocircmico adesatildeo dos meios de comunicaccedilatildeo e principalmente pela administraccedilatildeo eleitoral de uma moeda Lula no topo da popularidade liderando as pesquisas eleitorais era a

140 esperanccedila dos excluiacutedos Apoacutes as liccedilotildees tomadas com a derrota em 1989 procurou se aproximar de empresaacuterios e dos militares O Brasil encontrava-se traumatizado com tantas mudanccedilas choques econocircmicos inflaccedilatildeo descontrolada salpicada por surtos de recessatildeo Tudo ruindo hospitais escolas puacuteblicas estradas as cidades sitiadas pela violecircncia Em apenas oito anos o Brasil teve quatro presidentes e batalhotildees de ministros que caiacuteam como moscas Tudo isso somado a um impeachment e em seguida a um Congresso expondo suas entranhas e clientelismos nas descobertas sobre a maacutefia do Orccedilamento e seus anotildees Seria eleito presidente aquele que melhor captasse o anseio por uma situaccedilatildeo que gerasse mudanccedila E Lula ateacute entatildeo era quem canalizava esse anseio perante a populaccedilatildeo apesar de todo seu radicalismo e fragilidades poliacuteticas do PT em costurar alianccedilas Surpreendendo Lula e o PT Fernando Henrique Cardoso que jaacute fora cotado para ser vice de Lula naquele mesmo ano se lanccedila candidato agrave presidente da Repuacuteblica Desconhecido ainda do brasileiro comum candidato por um partido novo o PSDB contrariando sua esposa Ruth Cardoso que foi contra sua candidatura agrave presidente chamado de ldquoelitistardquo por setores da sociedade Fernando Henrique seria eleito no primeiro turno na rabeira do Plano Real Lula natildeo percebeu que perdera a eleiccedilatildeo natildeo para Fernando Henrique Cardoso mas para o Real Natildeo percebera que quando discursava contra a nova moeda discursava contra a estabilizaccedilatildeo econocircmica Reclamou e com razatildeo que o Plano Real havia se transformado em arma eleitoral Mas o povo estava com comida na mesa e comprando como nunca O PT afastou-se da loacutegica ao criticar o Real dando municcedilatildeo para a campanha de Fernando Henrique Cardoso transmitir a sensaccedilatildeo de que teria forccedila para governar obtendo a partir disso uma galeria de alianccedilas poliacuteticas Lula teve que enfrentar uma maacutequina puacuteblica a qual natildeo estava preparado e natildeo acreditou na forccedila das elites que sempre atacou Sua campanha foi um desfile de improvisaccedilotildees

Nas eleiccedilotildees realizadas em outubro de 1994 Fernando Henrique elegeu-se presidente no primeiro turno alcanccedilando cerca de 54 dos votos vaacutelidos Lula novamente candidato ficou em segundo lugar Esse resultado foi produto de vaacuterios fatores mas o Plano Real desempenhou papel decisivo A oposiccedilatildeo sobretudo o PT cometeu um seacuterio erro de avaliaccedilatildeo insistindo em afirmar que o Plano Real era apenas ldquoengodo eleitoreirordquo que em curto prazo provocaria uma grave recessatildeo Lanccedilado em um momento estrateacutegico facilitando a vitoacuteria de Fernando Henrique nas eleiccedilotildees presidenciais o plano natildeo se reduzia a isso Na realidade natildeo houve recessatildeo e a grande massa teve um aumento de seu poder de compra graccedilas agrave sensiacutevel queda da inflaccedilatildeo por anos seguidos (FAUSTO 2014 p 292-293)

Fernando Henrique Cardoso reforccedilou com sua vitoacuteria eleitoral a convicccedilatildeo da matildeo invisiacutevel o Real Com a estabilizaccedilatildeo pouco se esforccedilou para ser presidente comparado ao empenho de personagens como Leonel Brizola Paulo Maluf Orestes Queacutercia Tancredo Neves e o proacuteprio Lula que canalizaram energias para o desejo da Presidecircncia

Hoje natildeo tenho duacutevidas de que o Plano Real foi meu principal aliado rumo ao dia 3 de outubro de 1994 quando fui eleito presidente do Brasil depois de disputar as eleiccedilotildees com Luiz Inaacutecio Lula da Silva Meu maior desafio era estabelecer regras e fazer com que o paiacutes as cumprisse Seria difiacutecil para qualquer poliacutetico mas pode ter sido um pouco mais faacutecil para um socioacutelogo (CARDOSO 2013 p 249)

Depois de duas derrotas consecutivas para Fernando Henrique Cardoso atenuando em grande parte o seu radicalismo Lula seria finalmente eleito presidente em 2002 com um discurso de manutenccedilatildeo das conquistas da estabilizaccedilatildeo econocircmica do Plano Real a estabilidade de preccedilos os avanccedilos sociais e o enraizamento da democracia

4 O PAPEL DO PLANO REAL NA RECONSTRUCcedilAtildeO DO ESTADO BRASILEIRO A tese principal eacute que havia entatildeo uma crise sociopoliacutetica do Estado (crise de hegemonia do pacto de dominaccedilatildeo) e natildeo apenas uma crise de governabilidade segundo avaliava o pensamento predominante na literatura da ciecircncia poliacutetica brasileira agrave eacutepoca O sucesso do Plano Real explica-se por ter sido o carro chefe de um programa de mudanccedila que foi conduzido num processo de repactuaccedilatildeo sociopoliacutetica liberal do poder do Estado O envolvimento da esfera poliacutetico constitucional nesse processo de mudanccedila logrou a superaccedilatildeo da crise de governabilidade existente ateacute 1993 No periacuteodo histoacuterico aberto pelo Plano Real ateacute o principal partido de esquerda brasileiro o PT foi induzido a aderir ao seu modo desde a campanha eleitoral de 2002 a uma poliacutetica macroeconocircmica liberal embora o governo de coalizatildeo de Lula tenha executado tambeacutem poliacuteticas contra-hegemocircnicas em uma espeacutecie de reformismo moderado O artigo identifica a origem e os determinantes da crise e algumas conjunturas de seu processo com ecircnfase no governo Itamar Franco O argumento mostra a importacircncia da lideranccedila poliacutetica de Fernando Henrique Cardoso no processo do Plano Real mas natildeo adere a uma explicaccedilatildeo voluntarista ou indeterminista pois insere as accedilotildees dos sujeitos nos acontecimentos estruturais e histoacutericos

[] Correspondiam ao programa liberal que se tornara hegemocircnico quase compulsoacuterio em escala mundial Tratava-se de enfraquecer as tradiccedilotildees nacional-estatistas quebrando reservas de mercado diminuindo tarifas protecionistas privatizando atividades e setores econocircmicos Nesse sentido houve uma espeacutecie de continuidade entre os governos Collor Itamar e FHC que em perspectiva histoacuterica retomaram

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redefinindo-as algumas ideias baacutesicas que animavam as forccedilas que participaram da vitoacuteria do Golpe de 1964 presentes sobretudo no governo Castelo Branco e que seriam abandonadas depois pelos governos ditatoriais que se seguiram (REIS 2014 p 117)

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Portanto as conclusotildees as quais esse artigo se comprometera foi levantar e apontar atraveacutes de pesquisas as dificuldades poliacuteticas e institucionais de implantaccedilatildeo do Plano Real diante de um quadro clientelista do Congresso Nacional onde a coalizatildeo poliacutetica para a formaccedilatildeo de uma base governista mostrava-se necessaacuteria a fim de que projetos pudessem ser aprovados tomando-se como exemplo a aprovaccedilatildeo da medida provisoacuteria que criava a URV (Unidade Real de Valor) somente um ano apoacutes a sua implantaccedilatildeo as dificuldades com o presidente Itamar Franco que em momentos de crise natildeo se julgava digno para o cargo mas sabemos o tamanho de sua importacircncia para a transiccedilatildeo democraacutetica em um periacuteodo turbulento de nossa recente redemocratizaccedilatildeo como o impeachment de Collor e a proacutepria escolha do embaixador Fernando Henrique Cardoso para o cargo de ministro da Fazenda apoacutes uma rodada de ministros que caiacuteram ao fracassarem perante o desafio da hiperinflaccedilatildeo a proacutepria crise institucional aberta pelos militares representados pela jovem oficialidade dos quarteacuteis propondo uma intervenccedilatildeo destituindo Itamar Franco apoacutes o episoacutedio do carnaval do Rio sendo preciso o ministro Fernando Henrique Cardoso ameaccedilar a renuacutencia levando junto toda a equipe econocircmica e a proacutepria campanha presidencial de 1994 onde Lula liderava a corrida ao Planalto mas com um discurso contra o plano econocircmico alegando que era recessivo Outra conclusatildeo a qual chegamos eacute a questatildeo da reconstruccedilatildeo do Estado brasileiro no modelo neoliberal em uma espeacutecie de continuidades entre os governos Collor Itamar e FHC levando ateacute mesmo um partido tradicional de esquerda o PT a aderir a esse modelo ainda que promovesse rupturas contra-hegemocircnicas com maior ecircnfase no campo social em uma espeacutecie de reformismo moderado Este artigo ainda abre precedentes para que mais estudos possam ser aprofundados no campo poliacutetico como a compreensatildeo de funcionamento do Congresso nas particularidades poliacuteticas do Brasil dentro do regime presidencialista e como se faz necessaacuteria a montagem de coalizotildees poliacuteticas com o mesmo Congresso para que o poder executivo veja aprovadas as suas prerrogativas 6 Referecircncias Bibliograacuteficas CARDOSO Fernando Henrique WINTER Brian O improvaacutevel Presidente do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Civilizaccedilatildeo Brasileira 2013 CASTRO Laviacutenia Barros de HERMANN Jennifer Economia Brasileira Contemporacircnea (1945-2004) 13ordf ediccedilatildeo Rio de Janeiro Editora Campus 2005

DIMENSTEIN Gilberto SOUZA Josias A Histoacuteria Real ndash Trama de uma Sucessatildeo 4ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Editora Aacutetica 1994 FAUSTO Boris Histoacuteria Concisa do Brasil 2ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo Edusp 2014 GUENAUD Amaury VASCONCELLOS Marcos A S de Economia Brasileira Contemporacircnea 7ordf ediccedilatildeo Satildeo Paulo 2007 REIS Daniel Aaratildeo Modernizaccedilatildeo Ditadura e Democracia 1964-2010 Satildeo Paulo Objetiva 2014 SOLIMEO Marcel TROSTER Roberto Luis Plano Real ndash Situaccedilatildeo Atual e Perspectivas Satildeo Paulo CIEE ndash Centro de Integraccedilatildeo Empresa-Escola 1998 Na internet httpwwwmisesorgbr ndash Uma Breve Histoacuteria do Plano Real aos seus 18 anos Por Leandro Roque httpwwwunicampbrunicampunicamphojejujulho2004ju259pag03ht - Jornal Unicamp Por Clayton Levy

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PROJETO DE FILTRO DIGITAL IIR DE 2A ORDEM UTILIZANDO A APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA

Constacircncio Bortoni Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

constanciobortonifaccampbr

RESUMO Neste trabalho satildeo apresentados os conceitos e implementaccedilatildeo da aproximaccedilatildeo homograacutefica para projetos de filtros de 2a ordem digitais IIR (Infinite Impulse Response) utilizando a aproximaccedilatildeo homograacutefica para fazer a conversatildeo de um filtro analoacutegico em um equivalente filtro digital Foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros Palavras chave Homograacutefica IIR Filtro Digital e funccedilatildeo transferecircncia ABSTRACT Concepts and implementation of homograph approaching to designs the 2nd order digital filter IIR (Infinite Impulse Response) With homograph approaching can make the conversion of an analog filter in an equivalent digital filter We used as a basis the real parameters of three basic topologies of 2nd order analog filters low pass filter high-pass filter and band-pass filter With the analog transfer function in the s-domain (Laplace) of the above-mentioned filters the transformation to the transfer function for digital domain z was made using homograph transformation Through the transfer function in z the difference equation is obtained and the coefficients of the filters Keywords Homograph approaching IIR Digital Filter and transfer function

1 INTRODUCcedilAtildeO O filtro digital eacute uma importante ferramenta no tratamento de sinais eletrocircnicos E o seu uso vem sendo cada vez mais empregado devido agrave crescente digitalizaccedilatildeo dos nossos sistemas No nosso dia-a-dia o

sinal puramente analoacutegico estaacute dando lugar ao sinal digital Como exemplo podemos citar a TV digital comunicaccedilatildeo de dados raacutedio digital telefonia entre outros A grande vantagem do filtro digital quando comparado como filtro analoacutegico eacute que para alterar os paracircmetros do filtro (frequecircncia de corte curva de resposta e tipo) natildeo eacute necessaacuterio qualquer alteraccedilatildeo de hardware apenas alterar os coeficientes adequadamente (apenas alteraccedilatildeo de firmware) para ter o resultado desejado Este trabalho foi realizado pensando na necessidade do melhor entendimentovisualizaccedilatildeo dos caacutelculos dos coeficientes dos filtros digitais conhecer e aplicar as estruturas de realizaccedilatildeo de sistemas discretos e estudo de projeto de realizaccedilatildeo de filtros digitais Fazendo a conexatildeo da teoria com resultados visuais provenientes de simulaccedilotildees com software de simulaccedilatildeo numeacuterica Com a simulaccedilatildeo do projeto analisou-se os sinais de entradasaiacuteda do filtro digital usando a transformada de Fourier-FFT (para a visualizaccedilatildeo das componentes em frequecircncia que compotildeem os sinais) e a resposta em frequecircncia do filtro usando diagrama de Bode 2 APROXIMACcedilAtildeO HOMOGRAacuteFICA Quando se trabalha no domiacutenio discreto digital a funccedilatildeo de transferecircncia analoacutegica tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) deve ser representada por uma funccedilatildeo transferecircncia discreta no domiacutenio z Pode-se usar diferentes modos de aproximaccedilotildees para realizar essa transformaccedilatildeo do domiacutenio s para o domiacutenio z poreacutem nem todas as aproximaccedilotildees garantem que uma funccedilatildeo estaacutevel no domiacutenio s seja estaacutevel no domiacutenio z A aproximaccedilatildeo homograacutefica garante o mapeamento da regiatildeo de estabilidade o semiplano esquerdo do domiacutenio s dentro da regiatildeo de estabilidade ciacuterculo unitaacuterio do domiacutenio z Ou seja garante que se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no domiacutenio s ao ser transformada para o domiacutenio z tambeacutem seraacute estaacutevel O processo inverso tambeacutem eacute verdadeiro se uma funccedilatildeo eacute estaacutevel no

143 domiacutenio z continuaraacute sendo estaacutevel quando transformada para o domiacutenio s Para converter uma funccedilatildeo transferecircncia do tempo contiacutenuo para o tempo discreto usa-se a aproximaccedilatildeo abaixo

119904 =2∆119905

1 minus 119911minus1

1 + 119911minus1

(1)

onde o siacutembolo Δt eacute o periacuteodo da frequecircncia de amostragem A frequecircncia de amostragem representa o nuacutemero de amostras que eacute retirado de um sinal analoacutegico (sinal contiacutenuo no tempo) em um periacuteodo de 1 segundo Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto H(z)

119867(119911) = 119867(119904)

119904 = 2∆119905

1 minus 119911minus11 + 119911minus1

(2)

H(s) eacute a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo domiacutenio s Quando for necessaacuterio fazer o processo inverso de converter uma funccedilatildeo transferecircncia discreta para uma funccedilatildeo transferecircncia no tempo continua faz-se

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(3)

Ficando assim a funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo H(s)

119867(119904) = 119867(119911)

119911 =1 + ∆119905

2 119904

1 minus ∆1199052 119904

(4)

Essa aproximaccedilatildeo apresenta uma natildeo linearidade em frequecircncia para altas frequecircncias ou seja ao fazer o mapeamento do domiacutenio s para o domiacutenio z ocorre um deslocamento no valor da frequecircncia de corte Essa alteraccedilatildeo da frequecircncia de corte pode ser corrigida considerando o caacutelculo da frequecircncia de corte do filtro analoacutegico abaixo

119865119888119886 = 1

120587 lowast ∆119905 lowast tan(120587 lowast ∆119905 lowast 119865119888119889) (5)

onde Fca eacute a frequecircncia de corte do filtro analoacutegico Fcd eacute a frequecircncia de corte do filtro digital 3 FUNCcedilAtildeO TRANSFEREcircNCIA NO DOMIacuteNIO Z Neste trabalho foi usado como base caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Com a funccedilatildeo transferecircncia analoacutegica em tempo contiacutenuo no domiacutenio s (Laplace) dos filtros acima citados foi feita a transformaccedilatildeo da funccedilatildeo transferecircncia para o domiacutenio digital z usando a transformaccedilatildeo homograacutefica Atraveacutes da funccedilatildeo transferecircncia em z obtecircm-se a equaccedilatildeo diferenccedila e os coeficientes dos filtros

31 Filtro passa-baixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-baixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119861(119904) =1198961205960

2

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(6)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-baixa de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 1 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-baixa de 2a ordem

119867119875119861(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1

119871119862

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(7)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (7) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-baixa de 2a ordem digital 119867119875119861(119911) =

119911minus2 + 2119911minus1 + 1

4119871119862∆1199052 minus

2119877119862∆119905 + 1 119911minus2 + 2 minus 8119871119862

∆1199052 119911minus1 + 4119871119862

∆1199052 + 2119877119862∆119905 + 1

(8)

32 Filtro passa-alta de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-alta de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119860(119904) =1198961199042

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(9)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analogico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa-alta de 2a ordem estudado neste trabalho eacute constituido de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

144

FIG 2 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-alta de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo contiacutenuo para o circuito da FIG2 considerando a equaccedilatildeo (9) e k=1 eacute dada por

119867119875119860(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=1199042

1199042 + 1119877119862 119904 + 1

119871119862

(10)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (10) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-alta de 2a ordem digital 119867119875119860(119911) =

4∆1199052 119911

minus2 minus 8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052

4∆1199052 minus

2∆119905119877119862 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2

∆119905119877119862 + 1119871119862

1)

33 Filtro passa-faixa de 2a ordem A funccedilatildeo transferecircncia em tempo contiacutenuo para um filtro passa-faixa de 2a ordem padratildeo eacute dada pela equaccedilatildeo abaixo

119867119875119865(119904) =119896 1205960

119876 119904

1199042 + 1205960119876 119904 + 1205960

2

(12)

onde ωo eacute a frequecircncia angular de corte do filtro analoacutegico k eacute o ganho Q eacute o fator de qualidade dos poacutelos O circuito analoacutegico do filtro passa- faixa de 2a ordem estudado nesse trabalho eacute constituiacutedo de um indutor (L) um resistor (R) e um capacitor (C) e estaacute representado abaixo

FIG 3 ndash Circuito analoacutegico - filtro passa-faixa de 2a ordem

A funccedilatildeo transferecircncia no tempo continuo para o circuito da FIG3 considerando a equaccedilatildeo (12) e k=1 eacute dada por

119867119875119865(119904) =119881119900119906119905(119904)119881119894119899(119904)

=119877119871 119904

1199042 + 119877 119871 119904 + 1119871119862

(13)

Aplicando a aproximaccedilatildeo homograacutefica na equaccedilatildeo (13) temos a funccedilatildeo transferecircncia no tempo discreto ou seja temos a funccedilatildeo transferecircncia para o filtro passa-faixa de 2a ordem digital 119867119875119865(119911) =

minus2119877119871∆119905 119911

minus2 + 2119877119871∆119905

4∆1199052 minus

2119877119871∆119905 + 1

119871119862 119911minus2 + 2

119871119862 minus8∆1199052 119911

minus1 + 4∆1199052 + 2119877

119871∆119905 + 1119871119862

4)

4 SIMULACcedilAtildeO E RESULTADOS Abaixo temos os resultados apoacutes a simulaccedilatildeo dos filtros digitais passa-baixa passa-alta e passa-faixa Para fazer as simulaccedilotildees foram considerados as funccedilotildees transferecircncias no domiacutenio z das equaccedilotildees (8 11 e 14) e software de simulaccedilatildeo numeacuterica Foram simuladas o funcionamento dos filtros atraveacutes da resposta em frequecircncia da magnitude e fase (Diagrama de Bode) para os filtros analoacutegicos e os seus respectivos filtros digitais com a aproximaccedilatildeo homograacutefica 41 Filtro passa-baixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-baixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 4 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa

analoacutegico de 2a ordem

FIG 5 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-baixa digital de 2a

ordem

145 42 Filtro passa-alta de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-alta de 2a ordem os valores de componentes indutor de 1 mH capacitor de 25 mF e resistor de 22 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 6 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta

analoacutegico de 2a ordem

FIG 7 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-alta digital

de 2a ordem 5 Filtro passa-faixa de 2a ordem Considerou-se para filtro passa-faixa de 2a ordem os valores de componentes indutor de 100 mH capacitor de 25 μF e resistor de 90 Ω E os paracircmetros do filtro de frequecircncia de corte de 100 Hz e fator de qualidade igual a 0707

FIG 8 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa analoacutegico de 2a ordem

FIG 9 ndash Diagrama de Bode do filtro passa-faixa digital de 2a ordem

6 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS Ao analisar as FIG 4 e 5 para o filtro passa-faixa as FIG 6 e 7 para o filtro passa-alta e as FIG 8 e 9 para o filtro passa-faixa tem-se que com a implementaccedilatildeo do filtro digital atraveacutes da aproximaccedilatildeo homograacutefica tiveram uma simetria dos resultados de simulaccedilatildeo muito expressiva Podendo ser considerado que as respostas em frequecircncia da magnitude e fase para os filtros analoacutegicos e digitais satildeo iguais Ou seja quando feito o projeto de filtro digital IIR usando a aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves caracteriacutesticas de resposta em frequecircncia requeridas satildeo mantidos com uma grande vantagem do filtro digital e sua altiacutessima flexibilidade Natildeo precisando fazer alteraccedilatildeo de hardware (componentes e lay-out de placas de circuito impresso) para alteraccedilatildeo dos paracircmetros do filtro basta apenas fazer a alteraccedilatildeo dos coeficientes adequadamente em sua programaccedilatildeo (alteraccedilatildeo do firmware) Este trabalho foi feito com base nas caracteriacutesticas reais de trecircs topologias baacutesicas de filtros analoacutegico de 2a ordem filtro passa-baixa filtro passa-alta e filtro passa-faixa Aplicando-se os mesmos conceitos da aproximaccedilatildeo homograacutefica agraves trecircs topologias os resultados obtidos foram bem proacuteximos e muito expressivos Uma sugestatildeo para futuros trabalhos eacute incluir neste estudo os resultados da implementaccedilatildeo desses filtros usando um Kit DSP REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS HAYKIN Simon VEEN Barry Van Sinais e sistemas Bookman Companhia 2000 HAYES Monson H Processamento digital de sinais RS Artmed 2006 HSU Hwei P Signals and systems EUA McGraw-Hill 1995 SEARA R Processamento digital de sinais I Material de aula programa de Poacutes-graduaccedilatildeo em Engenharia Eleacutetrica - UFSC Florianoacutepolis 2002 FILHO S N Filtros seletores de sinais Editora da UFSC Florianoacutepolis1998

146 PROacutePOLIS E SEUS CONSTITUINTES QUIacuteMICOS UMA PROPOSTA PARA O PARA

O ESTUDO DAS FUNCcedilOtildeES ORGAcircNICAS E NOMENCLATURA

Maria do Carmo Guedes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 mariaguedesfaccampbr

Milton Barros de Oliveira Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 miltonbarroshotmailcom

RESUMO Proacutepolis eacute uma das substacircncias produzidas pelas abelhas a partir da coleta da seiva de plantas sendo uma resina eacute empregada na proteccedilatildeo das paredes da colmeia Quimicamente eacute composta por cerca de 300 compostos orgacircnicos Por sua grande complexidade em constituintes quiacutemicos com compostos originados de todas as funccedilotildees orgacircnicas quiacutemicas conhecidas mas principalmente em flavonoides e compostos fenoacutelicos esta resina apresenta atividades anti-inflamatoacuteria antitumoral antioxidante entre outras Esta variedade de compostos orgacircnicos possibilita um excelente tema para contextualizar o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos orgacircnicos Palavras chaves proacutepolis funccedilotildees orgacircnicas flavonoide compostos fenoacutelicos ABSTRACT Propolis is one of the substances produced by bees from collecting the sap of plants being a resin it is employed to protect the walls of the hive Chemically it is composed of about 300 organic compounds By their great complexity in chemical constituents with compounds that originate from all known chemical organic functions but primarily in flavonoids and phenolic compounds this resin has anti inflammatory activity antitumor antioxidant among others This variety of organic compounds makes it an excellent theme for contextualizing the teaching of organic functions and nomenclature of organic compounds Key words propolis organic functions flavonoids pnenolic compounds INTRODUCcedilAtildeO O estudo sobre a atividade de produtos naturais tem sido priorizado visando principalmente agrave atividade bioloacutegica A eficaacutecia destes produtos tem sido reconhecida e os desafios satildeo identificar novos compostos bioativos e entender seus mecanismos de accedilatildeo

(OLDONI 2007) Devido agrave riqueza da flora brasileira os estudos com as plantas empregadas popularmente tem propiciado a busca destas moleacuteculas (COUTINHO et al 2009) Em meio agrave enorme diversidade de produtos naturais existentes no Brasil os produtos apiacutecolas tecircm apresentado destaque por serem de faacutecil obtenccedilatildeo e por apresentar inuacutemeras propriedades farmacoloacutegicas Dentre estes do ponto de vista econocircmico a proacutepolis eacute uma importante alternativa terapecircutica (SOARES et al 2006 TAVARES et al 2006) Segundo Alencar et al (2007) a proacutepolis vermelha brasileira possui novos compostos bioativos aleacutem dos encontrados na proacutepolis verde A proacutepolis vermelha eacute uma fonte de compostos com atividades bioloacutegicas Dentre as classes quiacutemicas encontradas na proacutepolis brasileira encontram-se os aacutecidos os alcooacuteis os eacutesteres os aldeiacutedos aminas e entre os compostos responsaacuteveis pelas atividades estatildeo os flavonoides discutidos neste trabalho De acordo com os Paracircmetros Curriculares Nacionais PCNrsquos os conteuacutedos de Quiacutemica natildeo devem se resumir apenas agrave mera transmissatildeo de informaccedilotildees mas devem relacionar-se com o cotidiano do aluno do ensino meacutedio Desse modo a proacutepolis por sua enorme variedade de compostos quiacutemicos presentes de diferentes funccedilotildees orgacircnicas possibilita contextualizar o conteuacutedo programaacutetico de funccedilotildees orgacircnicas com um tema do cotidiano PROacutePOLIS A composiccedilatildeo quiacutemica da proacutepolis varia de regiatildeo para regiatildeo sendo que a proporccedilatildeo dos tipos de substacircncias encontradas eacute variaacutevel e dependente do local da coleta Foram encontrados vaacuterios compostos onde mais de 300 substacircncias diferentes jaacute foram identificadas entre elas tecircm-se derivados de aacutelcool fenol aldeiacutedos aminoaacutecidos aacutecidos aromaacuteticos eacutesteres de aacutecidos aromaacuteticos flavonas e flavonoacuteis hidrocarbonetos e eacutesteres graxos aacutecidos graxos cetonas terpenoacuteides e esteroacuteides e accediluacutecares entre outros Exemplos dessas classes quiacutemicas estatildeo resumidas na tabela 1 Em termos

147 de nutrientes presentes na proacutepolis eacute conhecida a presenccedila de quantidades de vitaminas tais como B1 B2 B6 E aacutecido ascoacuterbico aacutecido pantotecircnico e dos minerais Fe Ca Al Va Sr Mn e Si Aleacutem destes minerais destaca-se a presenccedila de elementos como Na K Mg Ba Zn Cd Ni Ag Cu e Co Os tipos de compostos aromaacuteticos e terpecircnicos encontrados na proacutepolis tecircm uma importacircncia bioloacutegica que permite a determinaccedilatildeo das espeacutecies visitadas pelas abelhas (MARCUCCI 1995 MARCUCCI et al 1996)

Tabela 1Exemplos de compostos identificados na proacutepolis bruta

Propriedades Farmacoloacutegicas da Proacutepolis

148 A proacutepolis pode ser usada em forma de liacutequido pomada pastilha granulada caacutepsula comprimido e pasta dental Em forma de lascas e pastilhas eacute indicada para faringites amigdalites gengivites estomatites gripes e pneumonia e na forma granulada indicada contra uacutelceras-gaacutestricas e distuacuterbios intestinais Em poacute ou liacutequido para cistite nefrite prostatite e outras inflamaccedilotildees Em pomadas ou caacutepsulas contra luacutepulos abscessos ulceraccedilotildees eczemas queimaduras herpes entre outros A proacutepolis tambeacutem tem sido muito utilizada no tratamento de cacircncer bucal e em tumores Possui propriedades que foram descritas principalmente contra doenccedilas do sistema muscular - articular e outros tipos de inflamaccedilotildees infecccedilotildees reumatismos e torccedilotildees Tambeacutem foi utilizada em aplicaccedilotildees dermatoloacutegicas para cicatrizaccedilatildeo de ferimentos regeneraccedilatildeo de tecidos tratamento de queimaduras neurodermites eczemas dermatite de contato uacutelceras externas psoriacutease lepra herpes simplex zoster e genitalis pruridos e dermatoacutefitos A proacutepolis demonstrou ser efetiva contra doenccedilas do aparelho digestivo indicando uma potente atividade hepatoprotetora e um agente anti-uacutelcera Na odontologia foi utilizada como anesteacutesico em dentifriacutecios preparaccedilotildees para lavagem bucal tratamento de gengivites quelite e na poacutes-extraccedilatildeo dentaacuteria Satildeo tambeacutem conhecidas suas propriedades antisseacutepticas adstringentes hipotensivas e citostaacuteticas (Marcucci 1996) Na tabela 2 estatildeo resumidas algumas propriedades farmacoloacutegicas estudadas na proacutepolis Ensinando Quiacutemica Orgacircnica atraveacutes da Proacutepolis A Quiacutemica Orgacircnica estaacute intrinsecamente relacionada com a vida tendo sido em seus primoacuterdios considerada a quiacutemica dos produtos naturais Assim eacute possiacutevel contextualizar sua aprendizagem em sala de aula atraveacutes de temas do cotidiano da vida e da natureza Aleacutem disso a inserccedilatildeo de experimentos relacionados agrave teoria apresentada provoca um forte interesse nos educandos em todos os niacuteveis de escolarizaccedilatildeo pois eles oferecem um sentido real ao estudo teoacuterico uma motivaccedilatildeo ao estudo agrave percepccedilatildeo e agrave observaccedilatildeo sendo de caraacuteter luacutedico Didaticamente o desenvolvimento de atividades experimentais leva ao aumento da capacidade da aprendizagem dos educandos pelo envolvimento no tema em estudo (GIORDAN 1999) Uma Funccedilatildeo Orgacircnica eacute claramente definida como um conjunto de substacircncias que possuem siacutetios reativos os chamados Grupos Funcionais com propriedades quiacutemicas e reatividades semelhantes Tabela 2 Propriedades bioloacutegicas da proacutepolis resumidas

em funccedilatildeo do paiacutes do estudo e em ordem cronoloacutegica

Os Grupos Funcionais satildeo aacutetomos ou grupo de aacutetomos que caracterizam a Funccedilatildeo a que o composto pertence e estatildeo resumidos na Figura 1

bull Hidrocarbonetos

bull Fenoacuteis

bull Enoacuteis

bull Aacutelcoois

bull Eacuteteres

149

bull Aldeiacutedos

bull Cetonas

bull Aacutecidos carboxiacutelicos

bull Eacutesteres

bull Haletos de aacutecidos

bull Anidridos de aacutecido carboxiacutelico

bull Funccedilotildees Tio

bull Aminas

bull Amidas

bull Nitrilas

Figura 1 Grupos Funcionais das Funccedilotildees orgacircnicas Nomenclatura Para nomear-se um composto orgacircnico eacute necessaacuterio previamente observar a cadeia carbocircnica quanto ao tipo de ligaccedilotildees quiacutemicas existentes a natureza da funccedilatildeo orgacircnica principal a natureza dos carbonos o nuacutemero e a natureza de grupos radicais ligados agrave cadeia principal e o nuacutemero de carbonos da cadeia principal Quanto ao tipo de ligaccedilotildees de carbono tecircm-se ligaccedilotildees simples (a) duplas (b) e triplas (c) (Figura 2)

Figura 2 Tipos de ligaccedilotildees quiacutemicas Quanto agrave natureza dos carbonos estes podem ser classificados em primaacuterio (a) secundaacuterio (b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d) (Figura 3)

Figura 3 Tipos de carbonos primaacuterio (a) secundaacuterio

(b) terciaacuterio (c) e quaternaacuterio (d)

Quanto agrave natureza da cadeia carbocircnica esta pode ser classificada em cadeia alifaacutetica aciacuteclica ou aberta alifaacutetica ciacuteclica ou fechada e cadeia carbocircnica aromaacutetica Uma cadeia aberta eacute aquela que possui pelo menos duas extremidades ou pontas natildeo haacute nenhum encadeamento fechamento ciclo ou anel enquanto uma cadeia fechada natildeo possui nenhuma extremidade ou ponta seus aacutetomos satildeo unidos fechando a cadeia e formando um encadeamento ciclo nuacutecleo ou anel Jaacute uma cadeia aromaacutetica apresenta pelo menos um anel aromaacutetico A Figura 4 apresenta exemplos de cadeia aciacuteclica (a) cadeia ciacuteclica (b) e cadeia aromaacutetica (c)

Figura 4 Exemplos de Cadeias aciacuteclica(a) ciacuteclica

alifaacutetica(b) e ciacuteclica aromaacutetica(c)

150 Nomenclatura oficial IUPAC dos compostos orgacircnicos lineares Para os compostos orgacircnicos de cadeia normal sem ramificaccedilatildeo tecircm-se os prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos da cadeia ilustrados na Tabela 3 e os infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo entre os carbonos resumidos na Tabela 4 e os Grupos Funcionais Funccedilotildees orgacircnicas aleacutem de estruturas e nomes de compostos estatildeo apresentados na Tabela 5

Tabela 3 Prefixos indicativos do nuacutemero de carbonos

Tabela 4 Infixos indicativos do tipo de ligaccedilatildeo -C-C-

Tabela 5 Grupos Funcionais funccedilotildees orgacircnicas e

nomes de compostos orgacircnicos

Fonte FONSECA 1992

151 Se a cadeia possuir pelo menos 1 carbono terciaacuterio ou quaternaacuterio ela seraacute ramificada (uma cadeia principal e uma ou mais cadeias secundaacuterias) Para escolha da cadeia principal devem-se seguir os criteacuterios expostos a seguir 1) A cadeia principal deve possuir a) O grupo funcionl b) O maior nuacutemero de insaturaccedilotildees e c) a sequencia mais longa de aacutetomos de carbono 2) Caso no composto orgacircnico haja duas ou mais possibilidades de escolha de cadeia principal com o mesmo nuacutemero de carbonos devemos escolher como principal aquela que tiver o maior nuacutemero de ramificaccedilotildees 3) Quando a cadeia eacute mista consideramos preferencialmente como principal a parte aliciacuteclica ou aromaacutetica

Os compostos flavonoides satildeo os responsaacuteveis pelas propriedades farmacoloacutegicas da proacutepolis Os flavonoacuteides possuem um esqueleto baacutesico -C3-C6-C3- (Figura 5) subdivididos nas classes chalconas flavanas flavonas flavanonas flavonoacuteis isoflavonas e antocianinas Entre os flavonoacuteis e as flavonas encontram-se os compostos quercetina canferol luteolina e apigenina cujas estruutras estatildeo apresentadas na Figura 6 Alguns compostos dessas classes encontrados na proacutepolis estatildeo apresentados na Tabela 6

Figura 5 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 6 Estrutura de flavonoacuteis e flavonas

Tabela 6 Flavonas e Flavonoacuteis encontrados na proacutepolis

PROJETO PROacutePOLIS EXPERIMENTO DE CROMATOGRAFIA Para completar a contextualizaccedilatildeo do tema propocircs-se um experimento denominado ldquoCromatografia em camada delgada de amostras de Proacutepolisrdquo aplicado em sala de aula para alunos do uacuteltimo ano do ensino meacutedio do Coleacutegio Cosmos situado na cidade de Campo Limpo Paulista Satildeo Paulo Objetivo Avaliar a presenccedila de flavonoides da proacutepolis em produtos comerciais Material e Meacutetodos - Materiais e reagentes

bull 50 mL de Soluccedilatildeo HexanoAcetato de etila ( 11) e 10 gotas de Etanol (fase moacutevel) bull Extrato de proacutepolis padratildeo ( amostra 1) bull Extrato de proacutepolismeltutti-fruti (amostra 2) bull Extrato de proacutepolismelmenta (amostra 3) bull Extrato de proacutepolismellimatildeo (amostra 4) bull Papel de filtro Whatman (fase estacionaacuteria) bull Tesoura bull Cuba cromatograacutefica

152 bull Reacutegua bull Capilares bull Funil de separaccedilatildeo de 125mL bull Becker de 100mL bull Bico de Bunsen Procedimento

- Preparaccedilatildeo das amostras 1 Escolha um produto comercial de proacutepolis 2 Dilua 10mL do produto comercial em 50mL de aacutegua destilada (mel e proacutepolis com a respectiva essecircncia) 3 Coloque em um funil de separaccedilatildeo de 125 mL e adicione 20mL de Acetato de etila 4 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a em um beacutequer de 50 mL 5 Volte a fase aquosa (de baixo) para o funil e acrescente mais 20mL de Acetato de etila 6 Agite o frasco para fazer a extraccedilatildeo dos compostos Recolha a fase superior (de cima) (fase orgacircnica) e coloque-a no mesmo beacutequer onde guardou a primeira fraccedilatildeo separada 7 Concentre estas duas fraccedilotildees orgacircnica de acetato de etila aquecendo cuidadosamente em bico de Bunsen) ateacute o volume de 10 mL - Preparaccedilatildeo dos cromatogramas (fase estacionaacuteria) 1 Manipular o papel com cuidado e pelas pontas e cortar tiras nas dimensotildees de 10cm de largura por 20 cm de altura 2 Desenhar com um laacutepis preto uma linha na altura de 2 cm da margem 3 Marcar nesta linha 3 pontos distantes um do outro 2 cm deixando uma borda de 2cm de cada lado do papel 4 Encher um capilar com a amostra padratildeo e aplique-o no meio do papel 5 No ponto do lado esquerdo aplique um capilar cheio da amostra comercial escolhida 6 No ponto do lado direito aplique 2 capilares da amostra comercial escolhida - Cromatrografia em papel

1 Colocar na cuba 50 mL da fase moacutevel (soluccedilatildeo 11 de HexanoAcetato de etila com 10 gotas de etanol) 2 Colocar dentro da cuba uma tira de papel de filtro de dimensotildees de 5 cm de largura e da altura da cuba 3 Coloque seu papel (cromatograma) na cuba Tampe bem a cuba e permita a corrida cromatograacutefica (Figura 7) 4 Quando o solvente subir pelo papel ateacute 2 cm antes do final do papel retire-o da cuba e seque-o na capela

- Visualizaccedilatildeo dos flavonoacuteides da proacutepolis

1 Com o papel seco leve-o ateacute a cacircmara de luz UV e marque com um laacutepis as manchas fluorescentes que visualizar 2 Compare as manchas da soluccedilatildeo padratildeo com as manchas

Figura 7 Cromatograma das amostras de produtos comerciais contendo proacutepolis

Ao final procedeu-se a um questionaacuterio para sedimentaccedilatildeo dos conceitos e discussatildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha padratildeo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - Quantas manchas vocecirc observou na mancha do lado esquerdo - A visualizaccedilatildeo com a luz UV permitiu vocecirc observar mais manchas no papel - As manchas dos produtos comerciais estatildeo na mesma altura (Rf) das manchas da amostra padratildeo - Se as manchas dos produtos comerciais possuiacuterem o mesmo Rf das manchas da amostra padratildeo vocecirc pode concluir afirmativamente que se trata dos mesmos compostos Os questionaacuterios foram avaliados e as respostas obtidas corrigidas e discutidas com porcentagem de acertos correspondente a 87 CONCLUSAtildeO O uso dos compostos orgacircnicos da proacutepolis como ferramenta para o ensino das funccedilotildees orgacircnicas e da nomenclatura dos compostos mostrou-se muito efetivo e interessante (do ponto de vista pedagoacutegico) para este fim principalmente se aliado ao experimento realizado REFEREcircNCIAS

ALENCAR SM OLDONI TLC CASTRO ML CABRAL ISR COSTA-NETO CM CURY JA ROSALEN PL Ikegakid M (2007) Chemical composition and biological activity of a new type of

153 Brazilian propolis red propolis Journal of Ethnopharmacology v113(2) 278-283 COUTINHO M A S MUZITANO M F COSTA SS (2009) Flavonoacuteides potenciais agentes terapecircuticos para o processo inflamatoacuterio Revista Virtual de Quiacutemica v 1(3) 43-50 FONSECA MRM (1992) Quiacutemica quiacutemica orgacircnica 2ordmGrau Satildeo Paulo FTD GIORDAN M (1999) O papel da experimentaccedilatildeo no ensino de ciecircncias Quiacutemica Nova na Escola n 10 43-49 MARCUCCI M C (1995) Apidologie v 26 p83-90 MARCUCCI MC De CAMARGO FA LOPES CMA (1996) Z Naturforsch 51C 100-107 OLDONI T (2007) Isolamento e identificaccedilatildeo de compostos com atividade antioxidante de uma nova variedade de proacutepolis brasileira produzida por abelhas da espeacutecie Apis mllifera Dissertaccedilatildeo (mestrado) Ciecircncia de Alimentos ESALQUSP Satildeo Paulo SP SOARES A K A CARMO G C QUENTAL D P NASCIMENTO D F BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Avaliaccedilatildeo da seguranccedila cliacutenica de um fitoteraacutepico contendo Mikania glomerata Grindelia robusta Copaifera officinalis Myroxylon toluifera Nasturtium officinale proacutepolis e mel em voluntaacuterios saudaacuteveis Rev Bras Farmacogn v 16 447-454 SOLOMONS G FRYHLE C (2004) Organic Chemistry 8ordfed John Wiley amp Sons New Jersey TAVARES J P MARTINS I L VIEIRA A S LIMA F A V BEZERRA F A F MORAES M O MORAES M E A (2006) Estudo de toxicologia cliacutenica de um fitoteraacutepico a base de associaccedilotildees de plantas mel e proacutepolis Rev Bras Farmacogn v16 350-356

154

REAPROVEITAMENTO DE AacuteGUAS DE CHUVA ndash APLICACcedilAtildeO E RETORNO DE INVESTIMENTO

Nicoly Coelho Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

nicolycoelhohotmailcom

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Willian Timoacuteteo Malouf Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)4812 9400

williamfaccampbr

RESUMO O aproveitamento de aacuteguas de chuva aleacutem dos benefiacutecios econocircmicos proporciona agraves comunidades uma inegaacutevel melhora na qualidade de vida Sendo necessaacuterios cuidados evitando-se assim propagaccedilatildeo de doenccedilas Esse trabalho tem como objetivo a definiccedilatildeo de um bom sistema de aproveitamento de aacuteguas pluviais e agrave anaacutelise da viabilidade financeira de aplicaccedilatildeo de tais medidas O presente estudo demonstra tal dimensionamento pelo meacutetodo praacutetico australiano que enfrenta certas dificuldades uma vez que a produccedilatildeo cientiacutefica na aacuterea eacute um tanto escassa no Brasil comparando-se a outros paiacuteses Tal escassez implica em desafios a qual novas transposiccedilotildees aos obstaacuteculos podem ser apresentadas como uma anaacutelise de retorno de investimento aqui tratada baseada em variantes de custo de tarifa e aplicaccedilatildeo financeira e outro na foacutermula dos juros compostos Foi analisada a precipitaccedilatildeo meacutedia mensal sendo possiacutevel elaborar um planejamento para que o sistema seja eficiente e eficaz tanto para os meses de maiores e menores iacutendices pluviomeacutetricos evitando-se o uso exacerbado dos recursos naturais e tratado para o consumo humano Apoacutes a anaacutelise dos resultados este sistema mostrou-se capaz de ter um bom funcionamento trazendo a reduccedilatildeo significativa de gastos referentes agraves taxas cobradas pelas empresas de saneamento tornando tal praacutetica construtiva viaacutevel agraves residecircncias e agregando valor comercial Palavras chave aproveitamento de aacutegua sustentabilidade meacutetodo praacutetico australiano

ABSTRACT The use of rainwater besides of economic benefits provide to communities one undeniable increasing quality of life Itrsquos necessary take careful to avert the dissemination of disease This paper have the objective the definition of a good system to catchment of rainwater and the analysis of economic viability for application of this measure Present study show the dimensioning through of Practical Australian Method that faces difficulties once that scientific production in branch is scarce in Brazil compared with another countries This shortage involve in challenges where news transpositions of obstacles can be presented like the investments return treated here based in variances of tariff cost and financial investments and other based in the compound interest equation Was analyzed the monthly averaged-rainfall being possible elaborate a planning for what the system being efficient and effective for both month with more and less rainfall avoiding the exacerbated use of natural resources and treated for human consumption After analysis of results this system it showed capable of a good work bringing significant reduction of costs of tariff collects by sanitation companies turning this practice constructive feasible to residences and aggregating commercial value Keywords Use of rainwater sustainable practical australian method 1 INTRODUCcedilAtildeO O projeto de instalaccedilotildees prediais pluviais prevecirc a captaccedilatildeo e destinaccedilatildeo das aacuteguas decorrentes de eventos de

155 precipitaccedilatildeo No Brasil satildeo considerados apenas problemas decorrentes de chuvas uma vez que natildeo se tem problemas com neve Entretanto estes sistemas raramente satildeo projetados com o objetivo de reaproveitamento de aacuteguas das chuvas uma vez que a cultura do paiacutes natildeo estaacute habituada para isso sendo que pouquiacutessimas casas de padratildeo mais elevado possuem este planejamento natildeo gerando credibilidade agraves casas mais populares levando as pessoas a crerem que tais instalaccedilotildees satildeo onerosas e ineficientes o que muitas vezes ocorre por mau dimensionamento

Por meio do Meacutetodo Praacutetico Australiano (MPA) seraacute exposto a metodologia para o dimensionamento eficaz dessas estruturas sendo assim possiacutevel fazer uma anaacutelise do custo benefiacutecio fazendo uma estimativa do custo das instalaccedilotildees e do tempo que este investimento daraacute retorno

2 METODOLOGIA A metodologia aplicada para o dimensionamento das estruturas conforme jaacute citado seraacute o Meacutetodo Praacutetico Australiano que eacute citado pela ABNT NBR 155272007 contempla os caacutelculos de volume da chuva que eacute dado pela seguinte equaccedilatildeo

119876 = 119860 times 119862 times (119875 minus 119868)

Onde

C = coeficiente de escoamento superficial

P = precipitaccedilatildeo meacutedia mensal

I = interceptaccedilatildeo da aacutegua que molha as superfiacutecies e perdas por evaporaccedilatildeo

A = Aacuterea da coleta

Q = Volume mensal produzido pela chuva

Diversos trabalhos discutem sobre o caacutelculo do volume do reservatoacuterio entretanto seratildeo mantidas as recomendaccedilotildees do meacutetodo utilizado que eacute realizado por tentativas aproximaccedilotildees ateacute que sejam utilizados valores otimizados de confianccedila e volume do reservatoacuterio

119881119905 = 119881119905minus1 + 1198761 minus 119863119905

Onde

119876119905= volume mensal produzido pela chuva no mecircs t

119881119905= volume de aacutegua que estaacute no tanque no fim do mecircs t

119881119905minus1= volume de aacutegua que estaacute no tanque no iniacutecio do mecircs t

119863119905= Demanda mensal

A confianccedila tambeacutem utilizada no caacutelculo do reservatoacuterio eacute calculada da seguinte forma

119875119903 =119873119903119873

Onde

119875119903= falha

119873119903= nuacutemero de meses em que o reservatoacuterio natildeo atingiu a demanda isto eacute quando 119881119905 = 0

119873= nuacutemero de meses considerado

3 DESENVOLVIMENTO Por meio de meacutetodos da hidrologia estatiacutestica uma seacuterie histoacuterica de dados de precipitaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute compreendendo o periacuteodo de 1997 a 2013 foi levantada para fazer uma comparaccedilatildeo com o valor empiacuterico adotado de 150mmh que representa chuva caracteriacutestica para a regiatildeo de Atibaia

Tais dados geraram importantes informaccedilotildees sobre a meacutedia da precipitaccedilatildeo e a configuraccedilatildeo desta ao longo dos anos Um preocupante dado foi encontrado incluindo-se o ano de 2014 ateacute o mecircs de setembro mostrando que este ano somava ateacute julho uma precipitaccedilatildeo menor do que a meacutedia natural para o mecircs de janeiro Tal comparaccedilatildeo pode ser visualizada no Graacutefico 1

156

Graacutefico 1 ndash Precipitaccedilatildeo Total Anual

Entretanto como se trata de um ano totalmente atiacutepico fora calculada a meacutedia excluindo-se o ano de 2014 O meacutetodo praacutetico australiano permite que os dados de entrada sejam analisados mensalmente tornando o caacutelculo mais elegante e permitindo um melhor planejamento do recurso Edifiacutecio modelo O edifiacutecio modelo seraacute feito com uma aacuterea de 80msup2 com um telhado caracteriacutestico de quatro aacuteguas com inclinaccedilatildeo de 25 sendo considerado com telha ceracircmica O sistema de captaccedilatildeo foi dimensionado considerando o uso de PVC sendo a aacuterea de captaccedilatildeo de 10506msup2 A edificaccedilatildeo modelo eacute ilustrada na Figura1 - Edificaccedilatildeo modelo

Figura5 - Edifiacutecaccedilatildeo modelo

Apoacutes a aacutegua percorrer este sistema ela eacute encaminhada para o reservatoacuterio que eacute dimensionado pelo meacutetodo praacutetico australiano Dados do projeto O estudo foi feito a partir de uma residecircncia com quatro pessoas onde o consumo maacuteximo da rede de abastecimento girou em torno de 17msup3mecircs durante os periacuteodos com grandes precipitaccedilotildees (sendo o semestre chuvoso da regiatildeo de Jundiaiacute do mecircs de Novembro a Abril) e 13msup3mecircs durante o periacuteodo de estiagem (de Marccedilo a Outubro) conforme eacute demonstrado pelo Graacutefico 2

Graacutefico 1

157

O projeto conta tambeacutem com um plano de contingecircncia uma vez que o meacutetodo praacutetico australiano prevecirc o volume de aacutegua presente em todos os meses Macintyre 2013 propotildee que o consumo para uma casa de mesmo nuacutemero de habitantes seja de 1000 ldia ou seja 200 lpessoadia Entretanto neste trabalho eacute adotado um valor de 50 do consumo total uma vez que o reservatoacuterio de reaproveitamento de aacuteguas pluviais iraacute apenas direcionar aacutegua para torneiras de lavagem vasos sanitaacuterio e locais onde a aacutegua utilizada natildeo precisa de grandes processos de tratamentos Os caacutelculos foram realizados a partir dos dados extraiacutedos das informaccedilotildees fornecidas pelo DAE no site da distribuidora adquiridos a partir de estaccedilotildees pluviomeacutetricas gerenciadas pela instituiccedilatildeo Com o processamento desses dados contando com informaccedilotildees nos periacuteodos de 1997 a 2013 foi possiacutevel determinar a seacuterie anual de precipitaccedilotildees meacutedias mensais A partir da anaacutelise dos totais mensais foi elaborado um graacutefico no qual eacute possiacutevel determinar o semestre chuvoso Tais meacutedias estatildeo expostas no Graacutefico 3

Graacutefico 2

Retorno de investimento O retorno de investimento foi obtido pela foacutermula de juros compostos simulando o investimento inicial numa aplicaccedilatildeo de baixo risco (poupanccedila onde o juros eacute de 05) com a equaccedilatildeo do valor futuro que iraacute mostrar quando os dois investimentos iratildeo se igualar sendo expressa da seguinte forma 119877119894 = (119862 times (1 + 119869)119898119890119904119903119894)

+ (119862119894 times 119876) times (1 + 119875119886)119898119890119904119903119894 minus 1

119875119886

Onde 119877119894= retorno do investimento [meses] 119862= custo total de implantaccedilatildeo e manutenccedilatildeo [reais] 119862119894= custo de tarifa mensal [reais] 119869 = juros liacutequidos de aplicaccedilatildeo de baixo risco ao mecircs 119875119886= previsatildeo de aumento do custo do insumo acima da inflaccedilatildeo cobrada ao mecircs 4 RESULTADOS Com a utilizaccedilatildeo do meacutetodo praacutetico australiano foi possiacutevel analisar o tamanho do reservatoacuterio a partir da quantificaccedilatildeo das vazotildees geradas pelas precipitaccedilotildees como pode ser visto na Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

Tabela 1 ndash Volume mensal produzido

MESES PRECIPITACcedilAtildeO MEacuteDIA MENSAL

VOLUME MENSAL (msup3)

JANEIRO 28294 2344

FEVEREIRO 19106 1572

158

MARCcedilO 14062 1148

ABRIL 6094 479

MAIO 6622 523

JUNHO 4735 364

JULHO 5024 389

AGOSTO 2976 217

SETEMBRO 6915 548

OUTUBRO 11233 91

NOVEMBRO 15579 1276

DEZEMBRO 19641 1617

Apoacutes estes resultados foram comparadas tais vazotildees com o consumo mensal conforme o Graacutefico 4

Graacutefico 3

Apoacutes a determinaccedilatildeo destes dados foi possiacutevel atraveacutes do caacutelculo de retorno de investimento verificar o tempo de retorno do investimento inicial Foi levada em consideraccedilatildeo uma aplicaccedilatildeo inicial de R$ 2000000 (vinte mil reais) que contempla os materiais matildeo- de- obra e manutenccedilatildeo do sistema Para provar a viabilidade do sistema bem como os benefiacutecios por ele oferecidos foi suposto que este investimento inicial estivesse aplicado em poupanccedila rendendo assim aproximadamente 05 ao mecircs Jaacute o caacutelculo de quantos meses seriam necessaacuterios para o retorno do investimento com a economia de aacutegua foi realizado a partir do caacutelculo de valor futuro Chegou-se entatildeo ao resultado de 60 meses conforme pode-se verificar no Graacutefico 5

Graacutefico 4 - Tempo de retorno calculado

5 CONCLUSAtildeO Com a obtenccedilatildeo destes resultados foi possiacutevel chegar agrave conclusatildeo de que o sistema de reaproveitamento de aacuteguas pluviais eacute natildeo somente financeiramente viaacutevel como tambeacutem atende as demandas que lhe satildeo impostas haacute de se considerar que o iacutendice aqui estimado foi um pouco maior do que realmente eacute uma vez que trata-se apenas de aacutegua para lavagem de carros ou pisos limpeza geral e para o sistema de descargas sendo assim o sistema pode se sustentar mesmo com demandas maiores Portanto a conclusatildeo deste trabalho natildeo pode deixar de fazer sua ressalva de que este eacute apenas um estudo que abre as portas para diversos outros como o estudo para um melhor tratamento de aacutegua amortecimento das cheias e inundaccedilotildees meacutetodos construtivos de reservatoacuterios (podendo ser ecoeficiente) entre diversos outros fatores diretamente ligados agrave precipitaccedilatildeo REFEREcircNCIAS ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 1084489 Rio de Janeiro [sn] 1989 ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 15527007 Rio de Janeiro [sn] 2007 AZEVEDO NETTO J M D Manual de hidraacuteulica 8ordf ediccedilatildeo ed Satildeo Paulo Bluumlcher 1998 MACINTYRE A J Manual de instalaccedilotildees hidraacuteulicas e sanitaacuterias 1ordf ed - [Reimpr] ed Rio de Janeiro LTC 2013 VIGGIANO M H S Edifiacutecios puacuteblicos sustentaacuteveis Brasiacutelia Senado Verde 2010

159

REFLEXOtildeES ACERCA DA DISCALCULIA E DO CONHECIMENTO MATEMAacuteTICO

Prof Me David Luiz Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

davidmazzantifaccampbr

Prof Me James Ernesto Mazzanti Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jamesmazzantifaccampbr

RESUMO

Este artigo tem como objetivo refletir sobre as questotildees acerca das dificuldades de aprendizagens apresentadas no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica assim como apresentar as caracteriacutesticas gerais em relaccedilatildeo agrave discalculia O que eacute Discalculia O que implica esse transtorno de aprendizagem no processo de ensino e aprendizagem dos alunos

Palavras chave Discalculia aprendizagem matemaacutetica educaccedilatildeo matemaacutetica e dificuldades de aprendizagem ABSTRACT This article aims to reflect on the issues about the difficulties of learning presented in the teaching and learning of mathematics as well as to show the general characteristics for the dyscalculia What is Dyscalculia This implies that learning disorder in the teaching and student learning Keywords Dyscalculia learning math math education and learning difficulties 1 INTRODUCcedilAtildeO

Cada vez mais as questotildees voltadas agrave praacutetica docente estatildeo sendo priorizadas neste panorama educacional atual Estudos referendando a anaacutelise de boas praacuteticas metodologias adequadas agraves diferentes situaccedilotildees de ensino sequecircncias didaacuteticas no cotidiano escolar do aluno e organizaccedilatildeo na gestatildeo da sala de aula satildeo preocupaccedilotildees que ganham espaccedilo nos estudos que abordam o processo de ensino e aprendizagem no paiacutes

Atualmente dialogar com esse panorama tornou-se muitas vezes situaccedilotildees conflitantes ao

professor acostumado agrave atribuiccedilatildeo de papeacuteis que estabelecem sentidos oacutebvios ao processo educativo como se fosse possiacutevel demarcar as reflexotildees acerca dos cotidianos escolares Cotidianos esses imbuiacutedos de fatores histoacutericos e sociais que perpassam os tempos de uma sociedade natildeo estaacutetica e construtora de conhecimentos Assim a mudanccedila acelerada na educaccedilatildeo estaacute causando incertezas e duacutevidas na maioria dos profissionais que atuam hoje na Educaccedilatildeo Baacutesica (IMBERNOacuteN 2001)

Nesse sentido caminhar por essas incertezas tornou-se um desafio constante ao profissional da educaccedilatildeo que deve estar atento ao processo pelo qual a sociedade caminha hoje e que consequentemente seus alunos satildeo agentes construtores tambeacutem dessa engrenagem dinacircmica Logo haacute a necessidade de se estabelecer praacuteticas mais reflexivas que possam operar nesse contexto assim como caminhos reais e possiacuteveis frente agraves situaccedilotildees-problemas que se apresentam muitas vezes na sala de aula pois como afirma Alessandrini (2000 p 160)

[] deparamo-nos com dilemas que desafiam a agir de forma inusitada ateacute mesmo para nossa proacutepria maneira de ser e de fazer Percebemos que a foacutermula maacutegica de antigamente natildeo se adequa agravequilo que precisamos resolver Notamos que algo precisa ser diferente ou melhor que precisamos mudar nossa maneira de responder agraves questotildees que a vida nos apresenta

Assim elencar propostas para melhorar a praacutetica pedagoacutegica na educaccedilatildeo torna-se hoje um construto que caminha com um diaacutelogo mais reflexivo acerca das reais prioridades formativas no que diz respeito agrave aprendizagem do aluno em seus

160 diversos espaccedilos Para tanto visar a essa reflexatildeo panoracircmica do processo de ensino e aprendizagem exige do professor a necessidade de assumir-se como agente construtor tambeacutem desse processo pois no pensar das descobertas de novos saberes e produccedilatildeo de mecanismos de reflexatildeo que levem aos alunos ao desenvolvimento de habilidades e competecircncias ao questionamento e agrave ampliaccedilatildeo de opccedilotildees e atitudes criativas cria-se um ambiente potencializador de aprendizagens muacuteltiplas

2 Dificuldades distuacuterbios e transtornos de

aprendizagem

Atualmente as demandas do mundo contemporacircneo transferem agrave sociedade um grau maior sobre a importacircncia da assimilaccedilatildeo de novos conhecimentos

Portanto eacute evidente que a Educaccedilatildeo seja o elo de acesso a esses novos saberes validando e incorporando esses aprendizados agraves praacuteticas sociais

Assim as accedilotildees contemporacircneas despertam muacuteltiplos olhares no que diz respeito agraves aprendizagens as dificuldades e ao ensino das diversas aacutereas do curriacuteculo escolar Com ecircnfase a Matemaacutetica vem ganhando espaccedilo nesse universo desenvolvendo em seu campo especiacutefico conhecimentos cientiacuteficos produzindo novos conhecimentos e agregando outras aacutereas do saber curricular potencializando a compreensatildeo da realidade na construccedilatildeo de relaccedilotildees que visam agrave formaccedilatildeo integral do cidadatildeo na sociedade

A Matemaacutetica contribui para a formaccedilatildeo e participaccedilatildeo criacutetica do indiviacuteduo na sociedade e deve ser trabalhada visando aos aspectos que fundamentam essa construccedilatildeo interligada de saberes que fornecem aos educandos informaccedilotildees interpretaccedilotildees e utilizaccedilotildees de sinais e coacutedigos na vida cotidiana Portanto as dificuldades apresentadas pelos alunos no decorrer do processo de ensino e aprendizagem estabelecem pontos de partida agrave compreensatildeo dos aspectos relacionados aos sucessos e fracassos em matemaacutetica escolar Eacute importante a anaacutelise desses aspectos levando em conta o trabalho em sala de aula pois para que uma aprendizagem seja efetiva tem que ser significativa ao aluno ou seja deve desvincular a aprendizagem de sentidos mecacircnicos de atitudes natildeo motivadoras que impedem o processo favoraacutevel da aprendizagem em um desempenho escolar que vise a resultados satisfatoacuterios ao aluno pois

A insatisfaccedilatildeo revela que haacute problemas a serem enfrentados tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecacircnicos desprovidos de significados para o aluno Haacute urgecircncia em reformular objetivos rever conteuacutedos e buscar metodologias compatiacuteveis com a formaccedilatildeo que hoje a sociedade reclama (PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1997 p 15)

A compreensatildeo das dificuldades dos alunos com relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica perpassa diferentes aspectos como cognitivos afetivos e metodoloacutegicos Neste iacutenterim haacute a necessidade de que se busque compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos no sentido de uma investigaccedilatildeo pertinente ao processo de ensino e aprendizagem que ocorre no contexto de sala de aula a fim de verificar os fatores responsaacuteveis que possam causar diferenccedilas nas execuccedilotildees dos processos matemaacuteticos trabalhados nas aulas Para isso

[] o diagnoacutestico deve tentar identificar se os alunos com dificuldades de aprendizagem de matemaacutetica diferem quanto aos conceitos habilidades e execuccedilotildees em relaccedilatildeo aos seus companheiros de igual ou menor idade sem dificuldades de aprendizagem Trata-se de determinar se os que apresentam dificuldades de aprendizagem alcanccedilam seu conhecimento aritmeacutetico de maneira qualitativamente distinta daquelas sem essas dificuldades ou pelo contraacuterio adquirem esse conhecimento do mesmo modo poreacutem com ritmo diferenciado (ALMEIDA 2006 p 02)

Nessa perspectiva o conhecimento matemaacutetico escolar deve refletir a construccedilatildeo a apropriaccedilatildeo do saber na compreensatildeo e transformaccedilatildeo da realidade consistindo em observaccedilotildees de um mundo cada vez mais pertencente agraves representaccedilotildees e comunicaccedilotildees graacuteficas expressotildees desenhos tratamento de informaccedilotildees construccedilotildees e organizaccedilotildees de dados ligados agrave apreensatildeo de significados e conexotildees em um mundo interligado e diversificado Essas interligaccedilotildees refletem a pluralidade de culturas as quais relacionadas integram cada vez mais o contexto histoacuterico social poliacutetico econocircmico e educativo do aluno em uma sociedade multi e intercultural

Portanto existe a necessidade de uma maior atenccedilatildeo para a inadequaccedilatildeo de uma abordagem fragmentada do ensino da Matemaacutetica escolar pois

161 como componente construtor de cidadania na medida em que eacute exigido pela contemporaneidade um cidadatildeo reflexivo criacutetico dialeacutetico e cada vez mais preparado tambeacutem para o conhecimento cientiacutefico e tecnoloacutegico o desenvolvimento de determinadas habilidades e competecircncias embasa a sua formaccedilatildeo enquanto agente construtor tambeacutem de saberes

Acerca dessa reflexatildeo faz-se necessaacuterio estabelecer as diferenccedilas relacionadas entre as dificuldades de aprendizagens os distuacuterbios de aprendizagens e os transtornos de aprendizagens pois possuem caracteriacutesticas diferentes e devem fazer parte do processo pedagoacutegico contiacutenuo do professor para que ele possa refletir a respeito de percepccedilotildees na construccedilatildeo que o proacuteprio indiviacuteduo faz e refaz constantemente em seu processo da auto-formaccedilatildeo

Assim as dificuldades de aprendizagens podem ocorrer por diversos fatores sejam afetivos cognitivos ou ateacute mesmo fiacutesicos Segundo Ciasca e Rossini (2000) essas dificuldades manifestam-se durante o processo de ensino e aprendizagem e em decorrecircncia de diversos fatores que vatildeo desde as causas endoacutegenas ateacute causas exoacutegenas Em relaccedilatildeo agraves questotildees de aprendizagens em Matemaacutetica elas se estabelecem na compreensatildeo habilidade e anaacutelise de resoluccedilatildeo de problemas e raciociacutenios matemaacuteticos dificuldade relativa agrave proacutepria complexidade da Matemaacutetica como o niacutevel de abstraccedilatildeo de conceitos a hierarquizaccedilatildeo dos processos matemaacuteticos e a relaccedilatildeo que haacute na assimilaccedilatildeo de primeiros conceitos para um continuum1 no processo de ensino e aprendizagem especiacuteficos para o entendimento da proacutepria aacuterea

Os mesmos autores descrevem como distuacuterbios de aprendizagens uma perturbaccedilatildeo que implica na habilidade aquisiccedilatildeo ou ateacute mesmo na utilizaccedilatildeo para a resoluccedilatildeo de situaccedilotildees-problemas Em citaccedilatildeo de Gimenez (2005) a definiccedilatildeo mais aceita hoje sobre as questotildees dos distuacuterbios em aprendizagens refere-se agravequela apresentada pelo NJCLD (National Joint Comittee of Learning Desabilities)2 segundo a qual eacute proposta a afirmaccedilatildeo

1 A palavra se refere ao processo de desenvolvimento no processo de ensino e aprendizagem segundo Mizukami (2002) 2 National Joint Committee on Dificuldades de Aprendizagem Fundada em 1975 a Comissatildeo Nacional Conjunta sobre Dificuldades de Aprendizagem (NJCLD) eacute uma comissatildeo nacional de representantes de organizaccedilotildees comprometidas com a educaccedilatildeo eo bem-estar de indiviacuteduos com dificuldades de aprendizagem Mais de 350000

de que Distuacuterbio de Aprendizagem eacute um termo geneacuterico que se refere a um grupo heterogecircneos de desordens manifestadas por dificuldades na aquisiccedilatildeo e no uso da audiccedilatildeo fala escrita e raciociacutenio matemaacutetico Essas desordens satildeo intriacutensecas ao indiviacuteduo e presume-se serem uma disfunccedilatildeo de sistema nervoso central Entretanto o distuacuterbio de aprendizagem pode ocorrer concomitantemente com outras desordens como distuacuterbio sensorial retardo mental distuacuterbio emocional e social ou sofrer influecircncias ambientais como diferenccedilas culturais instrucionais inapropriadas ou insuficientes ou fatores psicogecircnicos Poreacutem natildeo satildeo resultado direto destas condiccedilotildees ou influecircncias (HAMMILL 1990 p 77)

Portanto os distuacuterbios de aprendizagens se reportam a fatores relacionados a uma disfunccedilatildeo neuroloacutegica explicando assim os atrasos referentes agrave leitura e escrita ou a capacidade de caacutelculos dos alunos Percebe-se a restriccedilatildeo desse termo em relaccedilatildeo agraves dificuldades de aprendizagens pois satildeo especiacuteficos no sentido de caracteriacutesticas orgacircnicas e bioloacutegicas assim os distuacuterbios de aprendizagem implicam em relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica em estabelecer a relaccedilatildeo com a incapacidade de resolver problemas matemaacuteticos mas podem tambeacutem ser associados agrave memoacuteria auditiva3 ou seja muitas vezes os alunos natildeo conseguem ouvir enunciados que lhes satildeo transmitidos oralmente assim tecircm dificuldade de lembrar com rapidez os nuacutemeros e por natildeo conseguirem se lembrar das formas os alunos tecircm dificuldade em realizar caacutelculos

Jaacute os transtornos de aprendizagens estatildeo relacionados a uma inabilidade especiacutefica como leitura escrita ou matemaacutetica Essas caracteriacutesticas se apresentam em indiviacuteduos que apontam resultados muito abaixo do esperado para o seu niacutevel de desenvolvimento no processo de aprendizagem e capacidade intelectual (OHLWEILER 2006) o que natildeo significa que as mesmas satildeo expressas em alteraccedilotildees motoras ou sensoriais ou seja muitas vezes possuem condiccedilotildees emocionais e sociais sem significativas limitaccedilotildees que possam vir a impossibilitar seu desenvolvimento Os transtornos de aprendizagens podem ser caracterizados por dificuldades especiacuteficas na compreensatildeo de palavras escritas ndash a

indiviacuteduos constituem os membros das organizaccedilotildees representadas pela NJCLD 3 Esta relacionada ao sentido da audiccedilatildeo agraves informaccedilotildees percebidas

162 dislexia4 - ou na aquisiccedilatildeo dos conceitos matemaacuteticos a chamada discalculia5 Com relaccedilatildeo ao aprendizado da Matemaacutetica os transtornos de aprendizagens podem implicar no erro de formaccedilatildeo dos nuacutemeros - geralmente satildeo apresentados de forma invertida - dificuldade em efetuar somas simples dificuldade no reconhecimento de sinais operacionais e para ler valores numeacutericos dificuldade na ordenaccedilatildeo e espaccedilamento entre outros fatores

Assim segundo Travassos (2008) a distinccedilatildeo entre os conceitos apresentados neste item se reporta ao fato de que o distuacuterbio decorre de uma disfunccedilatildeo na regiatildeo parietal6 do ceacuterebro eacute um problema de niacutevel individual e orgacircnico ou seja eacute uma disfunccedilatildeo no processo natural da aquisiccedilatildeo de aprendizagem implicando no processo e armazenamento da informaccedilatildeo e consequentemente na emissatildeo de respostas A dificuldade tem como caracteriacutestica principal o fator escolar ou seja os alunos apresentam dificuldades por falta de interesse perturbaccedilatildeo emocional e ateacute mesmo pela inadequaccedilatildeo metodoloacutegica

Segundo Siegel 1988 (apud GARCIA 1998 p 217) o subtipo ldquodificuldades de aprendizagem da matemaacutetica apresentaria problemas em uma ou mais das seguintes aacutereas caacutelculo aritmeacutetico memorizaccedilatildeo de horaacuterios e nuacutemeros trabalhos escritos eou na coordenaccedilatildeo motora finardquo Jaacute o transtorno eacute uma disfunccedilatildeo na regiatildeo frontal7 do ceacuterebro comprometendo tarefas que exigem habilidade de leitura e memoacuteria

Atualmente haacute uma preocupaccedilatildeo tambeacutem com o fato relativo agraves defasagens no processo de ensino e aprendizagem da Matemaacutetica em alguns alunos Isso eacute perceptiacutevel natildeo soacute nas avaliaccedilotildees externas mas tambeacutem no cotidiano escolar nas atividades e avaliaccedilotildees trabalhadas em sala de aula Muitas dessas dificuldades estatildeo expressas nas caracteriacutesticas metodoloacutegicas inapropriadas ao ensino da especiacutefica aacuterea do conhecimento ou aos fatores relacionados agraves experiecircncias anteriores dos alunos em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica O fato eacute que 4 Eacute um transtorno especiacutefico das operaccedilotildees implicadas no reconhecimento das palavras (precisatildeo e rapidez) que compromete em maior ou menor grau a compreensatildeo da leitura As habilidades da escrita ortograacutefica e de produccedilatildeo textual tambeacutem estatildeo gravemente comprometidas (MOOJEN e FRANCcedilA apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006) 5 Segundo a Academia Americana de Psiquiatria a discalculia eacute uma dificuldade em aprender Matemaacutetica 6 Regiatildeo situada mais ou menos no alto da cabeccedila sobre as orelhas 7 Localizada na regiatildeo da testa eacute responsaacutevel pelo planejamento e a motivaccedilatildeo das accedilotildees do indiviacuteduo

quando se trata da observaccedilatildeo das dificuldades de aprendizagens em relaccedilatildeo agrave Matemaacutetica e as suas origens surgem muitas duacutevidas Ao interpretar os fatores que levam o aluno a ter dificuldades nesta aacuterea o professor deve observar um conjunto de ocorrecircncias das quais natildeo existe uma uacutenica causa especiacutefica pois esses fatores estatildeo associados a outros fatores externos como tambeacutem ao modo do proacuteprio ensino da Matemaacutetica pelo professor Nesse contexto haacute tambeacutem as dificuldades que se expressam em transtornos da aprendizagem da Matemaacutetica com os quais estatildeo associados fatores de causas neuroloacutegicas primaacuterias8 como por exemplo a discalculia do desenvolvimento

3 Discalculia Segundo Garcia (1998) a discalculia faz referecircncia a um transtorno estrutural da maturaccedilatildeo das habilidades matemaacuteticas que se manifesta pela quantidade de erros variados na compreensatildeo dos nuacutemeros habilidades de contagem habilidades computacionais e soluccedilatildeo de problemas verbais O mesmo autor apresenta algumas questotildees terminoloacutegicas e definiccedilotildees referentes aos termos ldquoproblemas de aprendizagens na matemaacuteticardquo ou ldquotranstornos da matemaacuteticardquo para esclarecer que um mesmo campo de ldquoproblemas especiacuteficos de matemaacuteticardquo poderia ser esclarecido em o que o autor Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203) chama de ldquodois tipos baacutesicos de anormalidades em matemaacuteticardquo

O primeiro termo eacute o de acalculia que citado por Garcia (1998 p 212) descreve que

[] acalculia definido por Novick e Arnold (1988) ndash citado por Keller e Sutton (1991) ndash como um transtorno relacionado com a aritmeacutetica adquirido apoacutes uma lesatildeo cerebral sabendo que as habilidades jaacute se haviam consolidado e desenvolvido Eacute o que Benton (1987) denomina ldquodeacuteficits com as operaccedilotildees matemaacuteticasrdquo

8 A causa neuroloacutegica primaacuteria se refere neste texto ao primeiro grau neuroloacutegico das dificuldades em matemaacutetica A causa secundaacuteria entraria na esfera de problemas relacionados agrave Deficiecircncia Mental Epilepsia TDAH e Dislexia Jaacute as causas que se caracterizam como natildeo-neuroloacutegicas entrariam em fatores escolares fatores sociais e ansiedade para a matemaacutetica (BASTOS apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 203)

163 Assim o autor esclarece que a acalculia se refere aos adultos crianccedilas e jovens mas eacute de caraacuteter lesional e ocorre apoacutes ter sido iniciada a aquisiccedilatildeo da funccedilatildeo (GARCIA 1998 p 213)

O segundo termo utilizado por Garcia (1998) eacute o de discalculia ou discalculia do desenvolvimento acrescenta que se refere sobretudo agraves crianccedilas sendo evolutiva podendo dar-se tambeacutem em adultos mas natildeo eacute lesional e estaacute associada principalmente com as dificuldades de aprendizagem da matemaacutetica confirmando que

Segundo a Academia Americana de Psiquiatria discalculia do desenvolvimento eacute uma dificuldade em aprender matemaacutetica com falhas para adquirir proficiecircncia adequada neste domiacutenio cognitivo a despeito de inteligecircncia normal oportunidade escolar estabilidade emocional e motivaccedilatildeo necessaacuteria (Bastos apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202)

Em consonacircncia com a Academia Americana de Psiquiatria Bastos (apud ROTTA OHLWEILER e RIESGO 2006 p 202 e 204) esclarece tambeacutem ldquoque aproximadamente entre 3 e 6 das crianccedilas tecircm discalculia do desenvolvimentordquo e que existem hoje diversos estudos sobre a utilizaccedilatildeo de tecnologias no tratamento das crianccedilas com transtornos em matemaacutetica mas que com a correta intervenccedilatildeo metodoloacutegica do professor o desempenho dessas crianccedilas seraacute melhor

A discalculia portanto eacute um transtorno especiacutefico que gera dificuldades nas habilidades matemaacuteticas prejudicando tambeacutem outras habilidades como as linguiacutesticas associadas agrave compreensatildeo e nomeaccedilatildeo de siacutembolos e conceitos e as habilidades referentes agrave atenccedilatildeo como a observaccedilatildeo de sinais ou nuacutemeros

Conveacutem ao professor utilizar estrateacutegicas metodoloacutegicas que viabilizem experiecircncias verbais significativas como o trabalho com as noccedilotildees de quantidade e tamanho entre outros assim como os jogos pois sendo o jogo uma atividade natural no desenvolvimento dos processos psicoloacutegicos baacutesicos supotildee um ldquofazer sem obrigaccedilatildeo externa e imposta embora demande exigecircncias normas e controlerdquo (PCN- Paracircmetros Curriculares Nacionais - Matemaacutetica 1998 p 35) o que leva ao aluno vivenciar situaccedilotildees e fazer analogias potencializando a sua percepccedilatildeo

Assim a intervenccedilatildeo necessaacuteria para a construccedilatildeo do saber do aluno deve partir de trabalhos com a utilizaccedilatildeo de objetos didaacuteticos ou confeccionados para esse fim que possam ser apresentados no sentido de que ele ndash o aluno ndash se aproprie dos conceitos em relaccedilatildeo ao trabalho com a Matemaacutetica e consequentemente aos poucos relacionando as diferenccedilas e semelhanccedilas com as experiecircncias do dia-a-dia possa superar as etapas do processo de ensino e aprendizagem

Consideraccedilotildees Finais

Portanto pensar na construccedilatildeo de saberes durante todo o processo de ensino e aprendizado do aluno que apresenta a discalculia perpassa o reconhecimento do indiviacuteduo enquanto agente construtor tambeacutem do seu conhecimento assim como implica em uma mudanccedila de concepccedilotildees pedagoacutegicas estaacuteticas para concepccedilotildees que abarcam processos educativos mais reflexivos e dialeacuteticos processos esses que possam garantir a superaccedilatildeo do conhecimento linear e mecacircnico para um fazer que potencialize expectativas que possibilitem uma inter-relaccedilatildeo no cotidiano escolar assim como a agregaccedilatildeo de novos valores

Nesse contexto o trabalho com alunos que apresentam a discalculia parte do pressuposto de que esse aluno tem em seu desenvolvimento uma dificuldade em aprender matemaacutetica mas natildeo que venha a ser impossibilitado esse aprendizado pois o trabalho a ser realizado com ele ldquoexige uma participaccedilatildeo de acordo com seus limitesrdquo (JOSEacute e COELHO 2001 p 100) ou seja a relaccedilatildeo professor-aluno tambeacutem elenca a importacircncia pedagoacutegica nas resoluccedilotildees dos problemas de aprendizagens garantindo a oportunidade de condiccedilotildees que possibilitem as construccedilotildees de conhecimentos e saberes e exercitem a capacidade do pensamento da imaginaccedilatildeo e da criaccedilatildeo

REFEREcircNCIAS

ALLESSANDRINI C D O desenvolvimento de Competecircncias e a Participaccedilatildeo Pessoal na Construccedilatildeo de um Novo Modelo Educacional In As competecircncias para ensinar no seacuteculo XXI a formaccedilatildeo dos professores e o desafio da avaliaccedilatildeo Porto Alegre Artmed 2002 Cap 7

ALMEIDA C S Dificuldades de aprendizagem em Matemaacutetica e a percepccedilatildeo dos professores em relaccedilatildeo a fatores associados ao insucesso nesta

164 aacuterea 2006 Disponiacutevelemhttpwwwucbbrsites100103TCC12006CinthiaSoaresdeAlmeida pdf Acesso em Dezembro de 2011

CIASCA S M ROSSINI SDR Distuacuterbio de Aprendizagem mudanccedila ou natildeo Correlaccedilatildeo de dados de uma deacutecada de atendimento Temas de Desenvolvimento 8 (48) 2000

GARCIA J N Manual de dificuldades de aprendizagem linguagem leitura escrita e matemaacutetica Porto Alegre Artes Meacutedicas 1998

MIZUKAMI M da G N Escola e Aprendizagem da Docecircncia processos de investigaccedilatildeo e formaccedilatildeo Satildeo Carlos EdUFSCar 2002

PARAcircMETROS CURRICULARES NACIONAIS Matemaacutetica Secretaria de Educaccedilatildeo Fundamental ndash Brasiacutelia MEC SEF 1998

ROTTA N T OHLWEILER L RIESGO R dos S Transtornos da Aprendizagem abordagem neurobioloacutegica e multidisciplinar Porto Alegre Ed Artmed 2006

SAtildeO PAULO (cidade) Secretaria de Educaccedilatildeo de Satildeo Paulo Diretoria de Orientaccedilatildeo Teacutecnica Orientaccedilotildees gerais para o ensino da liacutengua e matemaacutetica no ciclo I Satildeo Paulo SMEDOT 2006

TRAVASSOS L P Distuacuterbio Transtorno ou Dificuldades A praacutetica do conhecimento 2008 Disponiacutevel em httpwwwapraconhecimentocombrindexphp Acesso em Janeiro de 2012

165

Relato do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na Licenciatura em Quiacutemica da FACCAMP

Letiacutecia Falconi Boraldo Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 leticia_falconihotmailcom

Lisete Maria Luiz Fischer Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 lmfischerfaccampbr

RESUMO Neste artigo apresentou-se a importacircncia do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica na carreira acadecircmica e profissional dos graduandos discutiu-se os proacutes e contras dos meacutetodos adotados para contemplar o objetivo central da iniciaccedilatildeo em questatildeo que eacute neste caso a adoccedilatildeo de meacutetodos luacutedicos para atrair cada vez mais a atenccedilatildeo dos alunos do ensino fundamental e meacutedio para o aprendizado de quiacutemica

Palavras chave Iniciaccedilatildeo cientiacutefica pesquisa graduaccedilatildeo

ABSTRACT In this article it was presented the importance of the research project in the academic and professional career in graduates We discussed the pros and cons of the adopted methods to contemplate the central purpose of scientific research which is in this case the adoption of playing methods to attract more the studentrsquos attention of the primary and secondary education to the chemistry learning

Keywords Scientific activities research graduate

1 INTRODUCcedilAtildeO O presente trabalho busca mostrar a importacircncia de um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo no curso de Quiacutemica Licenciatura a busca dos materiais de pesquisa e os avanccedilos nos paracircmetros curriculares dos alunos que desenvolvem o projeto

Segundo o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) ldquoPara desenvolver um paiacutes eacute necessaacuterio desenvolver pessoas []rdquo ( PORTAL CNPQ)

Mantendo este foco torna-se indispensaacutevel pensar em procedimentos para que os alunos do ensino superior sejam capacitados a pensar a transformar o que estaacute sendo utilizado a agir Desta forma torna-se evidente que a melhor maneira de obter-se resultados

significativos eacute buscar projetos que despertem o lado criacutetico do aluno a criatividade e a accedilatildeo

Para tanto seratildeo apresentadas pesquisas de campo com opiniotildees de alunos que participaram e outros que natildeo participaram da iniciaccedilatildeo cientiacutefica bem como o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica desenvolvido em 2014 a respeito do ensino de quiacutemica voltado para alunos do ensino meacutedio visando a suprir a necessidade de utilizar aulas experimentais para expor os conceitos de Cineacutetica Quiacutemica (LIMA 2000)

2 O PROJETO No ano de 2014 foi desenvolvido o projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica com o objetivo de levar a quiacutemica e seus conceitos para o universo dos alunos do ensino meacutedio atraveacutes de apresentaccedilotildees luacutedicas Foram pesquisados e discutidos diversos experimentos relacionados com o conceito de cineacutetica quiacutemica e liberaccedilatildeo de gases O projeto recebeu o nome de ldquoBrincando e Cantando a Quiacutemicardquo e foi dividido em dois momentos Brincando ou seja momento a se explorar os experimentos e sua apresentaccedilatildeo de forma mais dinacircmica e Cantando quando relacionam-se os experimentos e seus conceitos com a musicalidade conseguindo assim ainda mais interdisciplinaridade e facilitando a aprendizagem de conceitos quiacutemicos Este segundo momento ainda estaacute em desenvolvimento e natildeo seraacute foco deste artigo

Inicialmente a pesquisa dos experimentos foi embasado em viacutedeos buscados no YouTube principalmente no canal Manual Do Mundo onde eacute possiacutevel ter uma noccedilatildeo de como despertar a curiosidade dos adolescentes que pretendia-se atingir com o projeto Subsequentemente o perioacutedico Quiacutemica Nova na Escola foi escolhido para dar continuidade agrave pesquisa

3 RELATIVAMENTE AO TEMA CINEacuteTICA QUIacuteMICA A cineacutetica quiacutemica eacute o ramo que estuda a velocidade das reaccedilotildees quiacutemicas e os fatores que nela interferem tais como temperatura concentraccedilatildeo

166 superfiacutecie de contato ou adiccedilatildeo de catalisadores (ALMEIDA 2008)

Nos experimentos selecionados optou-se por abordar todos os fatores de modo que os alunos conseguissem realmente ver na praacutetica o que foi passado pelo professor na teoria Estudos relativos agrave liberaccedilatildeo de gases e sua relaccedilatildeo com a velocidade da reaccedilatildeo tambeacutem foram realizados

Os fatores podem ser entendidos da seguinte forma

Temperatura com o aumento da temperatura aumenta a velocidade de agitaccedilatildeo das moleacuteculas e consequentemente a chance de colisotildees efetivas eacute maior fazendo com que a reaccedilatildeo ocorra mais rapidamente

Concentraccedilatildeo com o aumento da concentraccedilatildeo do reagente certo eacute possiacutevel aumentar a velocidade das reaccedilotildees

Superfiacutecie de contato quando se aumenta a superfiacutecie de contato estamos aumentando as chances de locais de contato para que a reaccedilatildeo ocorra isto faz com que a velocidade da reaccedilatildeo aumente

Adiccedilatildeo de catalisador que satildeo substacircncias que tem a capacidade de diminuir a energia de ativaccedilatildeo necessaacuteria para que a reaccedilatildeo ocorra como eacute possiacutevel observar na figura 1

Figura 1 Efeito do uso de catalisadores na velocidade da reaccedilatildeo quiacutemica (ALMEIDA 2008)

4 EXPERIMENTAL Foram estudados e adaptados diversos experimentos com base nos viacutedeos encontrados no canal ldquoManual do Mundordquo de autoria de Iberecirc Tenoacuterio no YouTube de modo que utilizem-se materiais e reagentes de faacutecil acesso e que natildeo ofereccedila risco para os alunos

Pasta de dente de elefante

Trata-se da decomposiccedilatildeo da aacutegua oxigenada utilizando catalisador detergente e corante

Tal decomposiccedilatildeo eacute muito lenta portanto o uso de catalisador eacute recomendado e com isso a reaccedilatildeo torna-se raacutepida O iodeto de potaacutessio foi utilizado como catalisador para essa reaccedilatildeo de liberaccedilatildeo de gaacutes oxigecircnio o detergente e o corante servem para deixar essa experiecircncia mais interessante visualmente uma dica eacute que repita o experimento sem a adiccedilatildeo deles

Reaccedilatildeo

Liberaccedilatildeo do oxigecircnio

H2O2(aq) H2O(l) + O2(g)

Nesta reaccedilatildeo o iodeto de potaacutessio eacute o catalisador portanto altera a velocidade da reaccedilatildeo sem reagir quimicamente com os demais reagentes

O experimento foi realizado em triplicata mantendo constante a quantidade de aacutegua oxigenada e a quantidade de iodeto de potaacutessio variando apenas a concentraccedilatildeo da aacutegua oxigenada

Areia que natildeo molha

O experimento eacute bem interessante dentro do campo da descontraccedilatildeo e ao mesmo tempo do aprendizado por meio do qual se pode explicar por que a aacutegua natildeo molha a areia O conceito quiacutemico envolvido eacute a impermeabilizaccedilatildeo da mateacuteria areia jaacute que aplica-se previamente impermeabilizante em spray em toda a areia

Balatildeo Brincalhatildeo

Este experimento tem a motivaccedilatildeo de ser uma brincadeira de encher balotildees Para isso utiliza-se um composto que elimine gaacutes carbocircnico na presenccedila de aacutecido

Nota-se que com a reaccedilatildeo o balatildeo enche

Isso ocorre devido ao fato de o produto da reaccedilatildeo ser um gaacutes conhecido como gaacutes carbocircnico ou dioacutexido de carbono CO2 deste fato quando o gaacutes eacute liberado ele fica retido no balatildeo fazendo com que este expanda

Eacute importante salientar que a mesma reaccedilatildeo natildeo ocorre como o esperado se ao inveacutes de utilizar vinagre utilizarmos aacutecido aceacutetico concentrado

Quando o vinagreaacutecido entra em contato com o bicarbonato de soacutedio libera dioacutexido de carbono (CO2)

KI

167 que por estar retido na garrafa faz com que a bexiga comece a encher

Durante o desenvolvimento do ensaio foi possiacutevel notar que alguns balotildees encheram mais do que outros isso porque variando a quantidade de vinagreaacutecido e bicarbonato varia-se tambeacutem a proporccedilatildeo da expansatildeo

Observou-se tambeacutem que os resultados obtidos com o aacutecido aceacutetico concentrado natildeo foram tatildeo satisfatoacuterios quanto os obtidos com o vinagre de cozinha

Isso ocorre porque a aacutegua presente no vinagre ajuda na liberaccedilatildeo de iacuteons H+ fazendo assim com que ele reaja com maior facilidade

Quanto maior a concentraccedilatildeo de vinagre e bicarbonato mais o balatildeo expande isto porque estaacute sendo liberado mais CO2

Conclui-se assim que a aacutegua influencia na reaccedilatildeo bem como a quantidade de reagente utilizada E que portanto o vinagre de cozinha para este experimento mostrou-se mais eficiente do que o aacutecido aceacutetico concentrado (que quando diluiacutedo em aacutegua apresentou uma pequena melhora nos resultados)

Reaccedilotildees

NaHCO3(s) + H3CCOOH(aq) H3CCOONa (aq) + H2CO3(aq)

O aacutecido carbocircnico eacute instaacutevel e se decompotildee na reaccedilatildeo

H2CO3 (aq)rarrH2O(l) + CO2(g)

Reloacutegio de iodo

Quando misturamos soluccedilatildeo de Iodo com amido formamos uma substacircncia de coloraccedilatildeo azul e se a concentraccedilatildeo de iodo for alta a substacircncia seraacute azul bem forte

Quando adicionamos vitamina C a soluccedilatildeo de amido e iodo a soluccedilatildeo resultante natildeo fica azul imediatamente em que adicionamos a aacutegua oxigenada com amido porque a vitamina C inibe a reaccedilatildeo do iodo com o amido

Quando o Iodo eacute transformado em Iodeto a coloraccedilatildeo da soluccedilatildeo natildeo se altera para azul mas quando adiciona-se aacutegua oxigenada ela transforma o Iodeto em Iodo novamente Essa reaccedilatildeo ocorre ateacute que a vitamina C seja totalmente consumida para que somente sobre Iodo na soluccedilatildeo e seja possiacutevel ele entrar em contato com o amido e alterar a coloraccedilatildeo para azul escuro (TEOacuteFILO 2002)

Qualquer mudanccedila nas concentraccedilotildees dos reagentes altera o tempo de espera para a soluccedilatildeo ficar azul e a intensidade da cor tambeacutem

Reaccedilotildees

I - Soluccedilatildeo de Iodo (amarelada) + Soluccedilatildeo de Vitamina C (Incolor) = Soluccedilatildeo Incolor

I2 (aq) + C6H8O6(aq) rarr C6H6O6(aq) + 2HI(aq)

II - Soluccedilatildeo Incolor + Mistura de amido com H2O2 = complexo azul

2Indash (aq) + H2O2 (aq) + 2H+(aq) rarr I2 (aq) + 2H2O(l)

I 2 (aq) + Indash (aq) + amido(aq) rarr amido-I3 ndash (aq)

Decapagem

Com esse experimento eacute possiacutevel notar que a concentraccedilatildeo do aacutecido influencia na velocidade da reaccedilatildeo e tambeacutem na intensidade da corrosatildeo do metal Na induacutestria essa concentraccedilatildeo eacute controlada para que o metal natildeo se perca no processo Estudou-se e reproduziu-se essa experiecircncia poreacutem por uma questatildeo de viabilidade com o sistema optou-se que este ensaio natildeo seria selecionado para a apresentaccedilatildeo final

Acetato de soacutedio

A aacutegua foi aquecida para poder dissolver uma grande quantidade de acetato de soacutedio mas tambeacutem porque o ponto de fusatildeo do acetato de soacutedio eacute de 54ordmC ou seja ele fica no estado liacutequido quando se encontra acima desta temperatura

Quando a mistura comeccedila a arrefecer o sal dissolvido fica instaacutevel ldquoquerendordquo voltar ao estado soacutelido no entanto se natildeo houver algumas impurezas na mistura ou se a soluccedilatildeo natildeo for agitada a solidificaccedilatildeo natildeo se inicia

O Acetato de soacutedio passa ao estado soacutelido a 54ordm C mas apenas nas situaccedilotildees descritas acima Se o deixar arrefecer em repouso ele fica a uma temperatura abaixo de seu ponto de fusatildeo (ainda no estado liacutequido) pelo que depois basta provocar a sua cristalizaccedilatildeo

NOTA A soluccedilatildeo a preparar deve estar quase saturada A solubilidade do acetato de soacutedio eacute de 76g por cada 100 ml de aacutegua

No processo foi possiacutevel observar que aquecer a aacutegua tornava possiacutevel solubilizar uma maior quantidade de sal Desta forma obteve-se uma soluccedilatildeo supersaturada de acetato de soacutedio Quando se resfria a soluccedilatildeo ela continua liacutequida poreacutem basta adicionar alguma impureza agrave soluccedilatildeo para desestabilizar o ldquoequiliacutebriordquo que se obteve e a mistura voltar ao seu estado soacutelido

168 Com esse experimento pode-se concluir que o aumento da temperatura aumenta a solubilidade do sal

No segundo dia de desenvolvimento da praacutetica nota-se que a cristalizaccedilatildeo ocorreu antes do esperado Desta forma a soluccedilatildeo foi reaquecer e adicionar mais 50ml de aacutegua (valor experimental) para ver se obtemos maior controle sobre a cristalizaccedilatildeo da soluccedilatildeo

No dia seguinte notou-se que a soluccedilatildeo ainda estava cristalizando antes da hora adicionou-se mais 25 ml de aacutegua deixou descansar a temperatura ambiente no outro dia natildeo cristalizou Neste momento nota-se a necessidade de acrescentar mais acetato de soacutedio concentrando ainda mais a soluccedilatildeo para isso adicionou-se 107g de acetato de soacutedio agrave soluccedilatildeo inicial

Apoacutes algumas tentativas optou-se por tirar esse experimento da lista dos que seriam apresentados na semana da quiacutemica por ter se tornado inviaacutevel controlar a concentraccedilatildeo

5 PESQUISAS E LEVANTAMENTOS

Foram realizadas algumas pesquisa acerca da importacircncia das iniciaccedilotildees cientiacuteficas na opiniatildeo de diversos alunos das graduaccedilotildees em quiacutemica

As questotildees foram desenvolvidas para dois tipos de perfis descritos a seguir e eacute vaacutelido ressaltar que a questatildeo 5 do primeiro questionaacuterio a ser apresentado foi elaborado por Paulo Seacutergio Lacerda Beiratildeo em seu artigo ldquoA importacircncia da iniciaccedilatildeo cientiacutefica para o aluno da graduaccedilatildeordquo a mesma questatildeo se repete no segundo toacutepico do segundo questionaacuterio apresentado

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que nunca participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

O presente questionaacuterio foi aplicado para as turmas do quinto ao seacutetimo semestre sendo aplicado posteriormente aos alunos do primeiro semestre a fim de explorar o conhecimento que eles possuem antes mesmo de serem apresentado ao projeto

Questionaacuterio e graacuteficos

1) Por que vocecirc nunca participou de uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) Falta de tempo b) Falta de interesse (natildeo julga necessaacuterio) c) O projeto nunca lhe foi apresentado d) Falta de um tema e) Outro motivo Qual

Graacutefico 1 Principais motivos que levam os alunos a natildeo participarem de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel notar que temos um perfil de entrevistados que natildeo dispotildee de tempo para desenvolver projeto de tal porte isso nos daacute base para analisarmos as proacuteximas questotildees no sentido de que apesar de interesse outros fatores podem interferir na elaboraccedilatildeo do projeto

2) Vocecirc acha importante desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica durante a graduaccedilatildeo ( ) sim ( ) natildeo

Graacutefico 2 Visatildeo dos alunos sobre a importacircncia da Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

Eacute possiacutevel concluir que os alunos entrevistados acham que desenvolver um projeto deste niacutevel eacute importante durante a graduaccedilatildeo

3) Alguma vez pensou em desenvolver um projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica

Graacutefico 3 Porcentagem dos alunos que jaacute cogitaram desenvolver uma iniciaccedilatildeo cientiacutefica

a) 53

b) 0

c) 26

d) 10

e) 11

QUESTAtildeO 1

Sim 100

Natildeo 0

0

QUESTAtildeO 2

Sim 67

Natildeo 33

[NOME DA

CATEGORIA]

QUESTAtildeO 3

169

Na questatildeo 1 a maioria dos alunos natildeo desenvolve projetos extracurriculares por falta de tempo podemos sugerir que esta informaccedilatildeo estaacute ligada ao fato de muitos alunos terem cogitado realizar o trabalho mas acabar por desistir ou nem mesmo ir a fundo com a ideia

4) Vocecirc acredita que apenas com a carga horaacuteria de aulas dentro da sala de aula laboratoacuterio eacute suficiente para adquirir e assimilar todo o conteuacutedo necessaacuterio para o mercado de trabalho Explique seu ponto de vista

Graacutefico 4 Porcentagem de alunos que acreditam que a carga horaacuteria das aulas eacute suficiente

Aqui podemos notar que os entrevistados em sua maioria concordam que somente o tempo dentro da sala de aula natildeo eacute suficiente para que todo o conteuacutedo seja contemplado

5) O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Graacutefico 5 Alunos que acreditam que deve-se iniciar um projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica na graduaccedilatildeo

Mais uma vez vemos o reconhecimento da importacircncia de projetos de pesquisa ainda na graduaccedilatildeo por parte dos entrevistados

Levantamento com base na pesquisa aplicada aos alunos que jaacute participaram de uma Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica

A pesquisa realizada seraacute apresentada de forma imparcial por parte da autora visto que a opiniatildeo livre dos entrevistados eacute de fundamental importacircncia para que o trabalho seja embasado em dados concretos

As questotildees foram respectivamente

Descreva a importacircncia que o projeto de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica teve no seu crescimento intelectual

O aluno deve comeccedilar a construir uma carreira de pesquisa jaacute na graduaccedilatildeo

Jaqueline Maria dos Santos Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoA iniciaccedilatildeo cientiacutefica me possibilitou o conhecimento de novos temas ampliou minha linguagem teacutecnica aleacutem do que me proporcionou o aprendizado de como realizar um pesquisa excelente de como falar em puacuteblico fazer relatoacuterio e trabalhar em equipe

IC eacute a melhor maneira de aplicar conceitos quiacutemicos e ter a oportunidade de trabalhar no laboratoacuterio

IC eacute muito importante poreacutem muitas pessoas natildeo fazem pelo excesso de trabalho passado em sala de aula e assim muitos alunos natildeo tecircm tempo deve-se investir em IC e retirar as EDPsrdquo

ldquoSim o aluno deve comeccedilar uma carreira de pesquisa na graduaccedilatildeo pois eacute o momento mais apropriado para isso aleacutem do que eacute um diferencial na carreirardquo

Rubens Camargo Quiacutemica Bacharelado 5ordm semestre

ldquoTeve grande importacircncia para meu crescimento em pesquisa e trabalho em equipe aprendi a ter uma maior organizaccedilatildeo e responsabilidade

Um grande aprendizado para ter um olhar de ensino e natildeo apenas de aprendizado pois os ensaios eram com a intenccedilatildeo de apresentar para alunos e com isso eu aprendi para ensinarrdquo

ldquoNatildeo deve-se ser estimulado a partir do ensino meacutedio onde o aluno jaacute tem uma maior maturidade e responsabilidaderdquo

Nilson Antocircnio Silva Quiacutemica Licenciatura 5ordm semestre

ldquo[] Participei da iniciaccedilatildeo cientiacutefica da faculdade e foi uma experiecircncia muito proveitosa pois ajudou eu me identificar cada vez mais com a quiacutemica e com isto as experiecircncias do laboratoacuterio me ensinou a trabalhar cada vez mais em sala de aula com os experimentos que assim eacute possiacutevel com substacircncias simples que usamos no cotidiano e fez que eu crescesse muito intelectualmenterdquo

Sim 0

Natildeo 92

Depende do

empenho hellip

QUESTAtildeO 4

Sim 83

Natildeo 6

Depende do

aluno 11

0

QUESTAtildeO 5

170 ldquoSim eacute importante principalmente a licenciatura que estaacute envolvida com o aluno dia a diardquo

6 CONCLUSAtildeO

Com os dados recolhidos na pesquisa aplicada aos alunos do quinto ao seacutetimo semestres e levando em consideraccedilatildeo a experiecircncia vivenciada durante o desenvolvimento do projeto de iniciaccedilatildeo cientiacutefica ldquo Brincando e Cantando a Quiacutemicardquo eacute possiacutevel concluir que os alunos se interessam pelo projeto visto que reconhecem sua importacircncia para o aprimoramento do discente enquanto profissional receacutem inserido no mercado de trabalho entretanto ainda tem-se um caminho a percorrer para que este projeto se propague para mais alunos e que se torne mais viaacutevel sua realizaccedilatildeo inclusive para alunos que natildeo dispotildeem de tempo ou meio de transporte para chegar mais cedo na faculdade e que natildeo podem por esses motivos veem-se sem a oportunidade de crescer profissionalmente atraveacutes de um projeto tatildeo amplo como este E sem sombra de duacutevidas projetos desse niacutevel podem determinar a vocaccedilatildeo do profissional e ampliar seu campo de visatildeo em relaccedilatildeo agrave profissatildeo que escolheu

7 REFEREcircNCIAS

A EXPANSAtildeO DO BALAtildeO BRINCALHAtildeO Autor desconhecido YouTube 04122008 (054 min) leg A expansatildeo do balatildeo brincalhatildeo ALMEIDA VVD etal Catalisando a hidroacutelise da ureia em urina Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 28 p 42-46 maio 2008

A QUASE LAcircMPADA DE LAVA (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 9052011 YouTube (445 min) son CONGELE AacuteGUA EM 1 SEG - O SEGREDO Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 18012011 YouTube (523 min) son LIMA JDFLD PINA MDSLBARBOSA RMN e JOacuteFILL ZMS A contextualizaccedilatildeo no ensino de cineacutetica quiacutemica Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 11 p 26-29 maio 2000

MISTERIOSA AREIA QUE TEM MEDO DE AacuteGUA (FACcedilA EM CASA) (EXPERIEcircNCIA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 4022014 YouTube (455 min) son Aprenda a fazer em casa a areia natildeo molha PASTA DE DENTE DE ELEFANTE (EXPERIEcircNCIA COM AacuteGUA OXIGENADA) Iberecirc Tenoacuterio Satildeo Paulo 1052012 YouTube (440 min) son Uma bola gigante de espuma pode ser criada com poucos mililitros de aacutegua

desde que se usem alguns ingredientes especiais Nesta experiecircncia claacutessica de quiacutemica chamada de Pasta de dente de elefante usa-se aacutegua oxigenada concentrada e um catalisador neste caso o iodeto de potaacutessio

PORTAL CNPQ httpwwwcnpqbrwebguestiniciacao-cientifica

TEOacuteFILO R F BRAATHEN P C E RUBINGER M M M Reaccedilatildeo reloacutegio iodetoiodo Quiacutemica Nova na Escola Satildeo Paulo n 16 p 41-44 nov 2002

AGRADECIMENTOS

Agradecemos aos alunos Samara Alves Jaqueline Santos Nilson Antocircnio e Rubens Camargo por colaborarem com o projeto

171 SUBTRACcedilAtildeO PELO MEIO DECRESCENTE ESTRATEacuteGIAS MATEMAacuteTICAS PARA EDUCANDOS SURDOS FALANTES DE LIacuteNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS

Paula Letiacutecia da Silva Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 pleticiasilvahotmailcom

Profordf Doani Emanuela Bertan Faculdade Campo Limpo Paulista

Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil

(11) 4812 9400 doani25hotmailcom

RESUMO O presente estudo tem a pretensatildeo de expor a metodologia utilizada no processo de lsquoensinagemrsquo ao educando surdo falante de Libras pontualmente o aprendizado de um dos dois conceitos baacutesicos da matemaacutetica a subtraccedilatildeo Visa a apresentar as estrateacutegias elaboradas e utilizadas pela educadora biliacutengue responsaacutevel pela sala de instruccedilatildeo Libras cujos educandos frequentavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental I da EMEF ldquoJuacutelio de Mesquita Filhordquo na cidade de CampinasSP O referido estudo pretende ainda ressaltar a potencialidade do uso efetivo e qualitativo da liacutengua de sinais evidenciar a importacircncia do ambiente linguisticamente favoraacutevel bem como da psicomotricidade neste processo educacional Aleacutem de esclarecer e portanto permitir mudanccedilas significativas na praacutetica docente a fim de assegurar ao educando surdo garantia de adquirir de maneira natural e prazerosa o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico o desenvolvimento global e acadecircmico que refletiraacute em toda a sua vida Palavras chave Subtraccedilatildeo educandos surdos Libras psicomotricidade ABSTRACT This study purports to expose the methodology used in teaching processrsquoensinagemrsquo by educating deaf speaker of pounds on time learning from one of the two basic concepts of mathematics subtraction It aims to present the strategies developed and used by bilingual educator responsible for Pounds instruction room whose students attending the 2nd year of elementary school the EMEF Juacutelio de Mesquita Filho in the city of Campinas SP The study also aims to highlight the potential of effective and qualitative use of sign language demonstrate the importance of language-friendly environment as well as the motor in this educational process Besides clarify and therefore enable significant changes in teaching practice in order to ensure the educating deaf guarantee purchase of natural and enjoyable way the logical and mathematical thinking global and academic development that will reflect in all his life Keywords Subtraction deaf students Pounds motor

INTRODUCcedilAtildeO O presente estudo propende abordar reflexotildees pertinentes ao processo de ensinagem ao que se refere o raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico do educando surdo

bull Quais os conceitos baacutesicos da matemaacutetica bull Como a Liacutengua Brasileira de Sinais contribui no aprendizado da subtraccedilatildeo bull E a psicomotricidade Qual a contribuiccedilatildeo no desenvolvimento do educando surdo bull Qual a estrateacutegia utilizada na sala de aula instruccedilatildeo Libras pela pedagoga biliacutengue

Acreditamos ser este tema atual e pertinente uma vez que o conceito matemaacutetico eacute minimamente difundido entre os profissionais que atuam diretamente com pessoas surdas devido agrave preocupaccedilatildeo majoritaacuteria com o desenvolvimento da fala do aproveitamento dos resiacuteduos auditivos eou ampliaccedilatildeo do vocabulaacuterio em Libras Visando a uma fundamentaccedilatildeo teoacuterica consistente seratildeo consultados autores com reconhecida contribuiccedilatildeo no que refere-se agrave temaacutetica da pesquisa tais como Vygotsky (2001) Levin (2003) Skliar (2004) Quadros (2008) Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) CONHECENDO A MATEMAacuteTICA A adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo satildeo as primeiras e mais baacutesicas operaccedilotildees matemaacuteticas que se aprende na infacircncia Atividades que induzem o raciociacutenio a estes conceitos satildeo inseridas logo no primeiro ano do Ensino Fundamental e em alguns casos na Educaccedilatildeo Infantil por meio de uma proposta luacutedica No entanto eacute por volta do segundo ano que os educandos passam a interagir com estes conceitos de maneira sistematizada respeitando regras e utilizando de estrateacutegias para o aprendizado A adiccedilatildeo eacute definida como o ato de somar juntar quantidades Enquanto que a subtraccedilatildeo como o ato de diminuir tirar uma quantidade de outra quantidade Para alguns pesquisadores Carpenter (1982) Riley (1982) Carpenter (1991) existem quatro classes de problemas para o ensino da adiccedilatildeo e subtraccedilatildeo sendo comparaccedilatildeo igualizaccedilatildeo combinaccedilatildeo mudanccedila ou transformaccedilatildeo Na comparaccedilatildeo o resultado seraacute proveniente da diferenccedila entre as quantidades Exemplo Carla tem 19

172 anos e sua amiga tem 24 Quantos anos Carla tecircm a menos que sua amiga Na igualizaccedilatildeo pode-se dizer que existe uma comparaccedilatildeo ou seja eacute preciso que haja uma mudanccedila de certa quantidade para igualar agrave outra quantidade e assim descobrir a diferenccedila que havia entre elas Por exemplo Numa cozinha havia 26 panelas e 19 tampas Para ficar com a mesma quantidade de tampas e panelas seraacute necessaacuterio tirar quantas panelas Quanto agrave combinaccedilatildeo esta descreve entre duas quantidades e suas partes uma relaccedilatildeo estaacutetica Por exemplo Paulo tem 13 tampinhas de garrafa Somando com as de seu amigo Joatildeo eles tecircm 25 tampinhas Quantas tampinhas tecircm Joatildeo A mudanccedila ou transformaccedilatildeo ocorre com uma accedilatildeo direta ou indireta Atraveacutes dessas accedilotildees pode haver mudanccedilas de uma quantidade inicial para outra quantidade Exemplo Pedro tinha 18 figurinhas Num jogo com seus amigos ele perdeu 9 figurinhas Com quantas figurinhas ele ficou Para a resoluccedilatildeo de problemas subtrativos eacute comum os educadores do Ensino Fundamental ensinarem por meio da estrateacutegia aditiva que consiste da adiccedilatildeo na resoluccedilatildeo subtrativa Por exemplo 7 ndash 2 = Partindo do 2 o menor nuacutemero o educando eacute estimulado a acrescentar unidades como se ldquoandasserdquo casas ateacute ldquochegarrdquo ao 7 Neste processo a expressatildeo ldquopara chegar agraverdquo eacute utilizada Figura 1 reta numeacuterica Resultando no raciociacutenio no caminho entre o 2 para chegar no 7 o educando encontra os nuacutemeros 3456 e o proacuteprio 7 portanto a resoluccedilatildeo eacute 5 No entanto cabe ao educador conhecer seus educandos e ofertaacute-los diferentes estrateacutegias de resoluccedilotildees para que ao longo do tempo estes possam criar suas proacuteprias diante das dificuldades gradativas que a matemaacutetica apresentaraacute E aos educandos surdos Quais as dificuldades encontradas LIBRAS COMUNICACcedilAtildeO E APRENDIZADO A privaccedilatildeo sensorial da pessoa com surdez quando ocorrida intrauterina ou na infacircncia envolve questotildees linguiacutesticas uma vez que as informaccedilotildees e a comunicaccedilatildeo de um modo abrangente acontecem por meio dos sons Dados apontados por Goldfeld (2002) revelam que 90 dos surdos tecircm seus familiares proacuteximos ouvintes comprometendo as possibilidades dialoacutegicas Portanto a maior dificuldade encontrada pelos educandos surdos em suma maioria corresponde basicamente a trecircs questotildees sendo o seu desenvolvimento linguiacutestico sua apropriaccedilatildeo a uma liacutengua e a comunicaccedilatildeo entre educando-educandos e educando-educador

A comunicaccedilatildeo possibilita aos indiviacuteduos a interaccedilatildeo e nesta constacircncia os indiviacuteduos se apropriam de conhecimentos estes permeiam inicialmente a relaccedilatildeo familiar posteriormente a relaccedilatildeo social e ambos fortalecem os conhecimentos histoacuterico-culturais Na ausecircncia do outro o homem natildeo se constroacutei homem Vygotsky (2001) De acordo com Vygotsky (2001) para compreender o processo de desenvolvimento intelectual se faz necessaacuterio entender claramente as relaccedilotildees entre pensamento e liacutengua Sobre a linguagem Vygotsky expotildee que haacute uma inter-relaccedilatildeo pensamento e linguagem ambos contribuindo um para o outro A ciecircncia da linguiacutestica iniciou-se devido aos questionamentos de estudiosos sobre os fundamentos da linguagem no contexto que os cercavam Ao considerar como regra para a comunicaccedilatildeo humana sua construccedilatildeo em etapas a serem seguidas a linguagem ilustraria o iniacutecio pois permite a estruturaccedilatildeo do pensamento emoccedilotildees e conceitos do ser que posteriormente seratildeo manifestadas de acordo com o desenvolvimento do indiviacuteduo De acordo com Luria amp Yudovich (1985) o pioneiro a destacar a importacircncia da linguagem na formaccedilatildeo dos processos mentais foi Vygotsky E sua contribuiccedilatildeo possibilitou a influecircncia da linguagem como meacutetodo baacutesico para se analisar o desenvolvimento e a organizaccedilatildeo das funccedilotildees psicoloacutegicas superiores1 As relaccedilotildees educaccedilatildeo de surdos e concepccedilotildees linguiacutesticas sempre estiveram intimamente ligadas Ao que se refere o tipo de abordagem a ser trabalhada em crianccedilas surdas esta envolve muitas discussotildees devido agraves diferentes concepccedilotildees que por sua vez permeiam a histoacuteria da pessoa com surdez Para Skliar (2004) a proposta biliacutengue visa a possibilitar a crianccedila surda uma identidade bicultural favorecendo o desenvolvimento de suas potencialidades por meio da cultura surda e portanto relacionar-se com a cultura ouvinte O bilinguismo estaacute fortemente associado ao biculturismo agrave identificaccedilatildeo aceitaccedilatildeo e o constante conviacutevio com indiviacuteduos pertencentes a este grupo linguiacutestico e suas significaccedilotildees sociais e culturais A liacutengua de origem do paiacutes eacute considerada segunda liacutengua e ambas satildeo oferecidas ao conhecimento da crianccedila surda Ao priorizar a fluecircncia da liacutengua natural o bilinguismo acredita que a crianccedila adquire a aprendizagem de maneira natural e melhor desenvolvimento pedagoacutegico e pessoal em ambos os idiomas

O fato de as liacutenguas de sinais serem liacutenguas naturais Tais liacutenguas satildeo naturais internamente e externamente pois refletem a capacidade

1 As funccedilotildees psicoloacutegicas superiores satildeo exclusivas dos seres humanos e consistem no controle consciente do comportamento atenccedilatildeo e memoacuteria voluntaacuteria memorizaccedilatildeo ativa pensamento abstrato raciociacutenio dedutivo capacidade de planejamento Os animais por sua vez apresentam as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares sendo reaccedilotildees automaacuteticas reflexas e associaccedilotildees simples ndash de ordem bioloacutegica Ao nascer o ser humano possui apenas as funccedilotildees psicoloacutegicas elementares Eacute atraveacutes da convivecircncia com o meio social e cultural que a crianccedila aprende e desenvolve as funccedilotildees psicoloacutegicas superiores

173

psicoloacutegica humana para a linguagem e porque surgiram da mesma forma que as liacutenguas orais ndash da necessidade especiacutefica e natural dos seres humanos de usarem um sistema linguiacutestico para expressarem ideias sentimentos e accedilotildees As liacutenguas de sinais satildeo sistemas linguiacutesticos que passaram de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo de pessoas surdas Satildeo liacutenguas que natildeo se derivaram das liacutenguas orais mas fluiacuteram de uma necessidade natural de comunicaccedilatildeo entre as pessoas que natildeo utilizam o canal auditivo-oral mas o canal espaccedilo-visual como modalidade linguiacutestica (QUADROS 2008 p 47)

Vygotsky (2001) aponta que haacute diferenccedilas entre o desenvolvimento da liacutengua materna e o da liacutengua estrangeira Segundo suas colocaccedilotildees o sujeito se apoiaraacute em todo o aspecto semacircntico da liacutengua materna na aquisiccedilatildeo da nova liacutengua Sendo assim ter a primeira liacutengua eacute imprescindiacutevel para adquirir demais liacutenguas Um ambiente linguisticamente favoraacutevel e o uso constante e fluente da Liacutengua de Sinais atuam como suporte linguiacutestico ao aprendizado da segunda liacutengua a Liacutengua Portuguesa e sendo um facilitador para a aprendizagem em geral Portanto para os falantes de Libras se faz necessaacuterio a seguinte adaptaccedilatildeo ver e sinalizar ao inveacutes de ouvir e falar para introduzir em seguida o ler e escrever Como no caso dos surdos eacute o som que lhes falta a importacircncia de oferecer a vivecircncia o concreto eacute imprescindiacutevel No entanto uma aula inteiramente expositiva ainda que em Liacutengua de sinais comprometeraacute o aprendizado deste educando em especial das crianccedilas PSICOMOTRICIDADE E O APRENDER O movimento corporal eacute nato ao ser humano e se inicia durante a vida uterina No processo de desenvolvimento a crianccedila passa a conhecer melhor seu corpo agrave medida que o explora A comunicaccedilatildeo e a interaccedilatildeo das crianccedilas ocorrem inicialmente por meio dos movimentos assim expressam suas vontades como na tentativa de alcanccedilar algo ou algueacutem que lhes atraem em repulsa como no ato de atirar um objeto que natildeo lhe agrada ou na accedilatildeo repetitiva de jogar o objeto para tecirc-lo novamente entregue pelo indiviacuteduo com o qual interage O controle e o domiacutenio do corpo bem como a intencionalidade e a intensidade do movimento ocorrem gradativamente resultando em aperfeiccediloamento Agrave medida que o desenvolvimento corporal acontece tambeacutem ocorre maior interaccedilatildeo com o meio adquirindo diferentes capacidades motoras cognitivas e linguiacutesticas

Wallon relacionou o movimento do corpo ao afeto agrave emoccedilatildeo ao meio ambiente e aos haacutebitos da crianccedila Considera o movimento humano instrumento fundante na construccedilatildeo do psiquismo (LEVIN 2003)

O fato de as liacutenguas de sinais serem da modalidade visuo-espacial causa a impressatildeo de que as crianccedilas surdas falantes de Libras possuem um niacutevel de desenvolvimento motor superior agraves crianccedilas ouvintes o

que eacute um equiacutevoco Ambas as crianccedilas desenvolvem-se igualmente Outro engano comumente permeia agrave construccedilatildeo das liacutenguas de sinais por seus falantes surdos e ouvintes

Mito 6 As liacutenguas de sinais por serem organizadas espacialmente estariam representadas no hemisfeacuterio direito do ceacuterebro uma vez que esse hemisfeacuterio eacute responsaacutevel pelo processamento de informaccedilatildeo espacial enquanto que o esquerdo pela linguagem (QUADROS E KARNOPP 2004 p 36)

No decorrer do processo de desenvolvimento linguiacutestico da crianccedila surda ocorre naturalmente o aperfeiccediloamento motor dos sinais sua execuccedilatildeo E por que utilizar da psicomotricidade no processo de ensinagem Ao explorar a energia e a agitaccedilatildeo natural das crianccedilas os educadores colaboram com uma aula mais atrativa e consequentemente uma aprendizagem prazerosa aliada a memoacuteria afetiva (prazer) como a memoacuteria do corpo (movimento realizado) Oferecer diferentes estrateacutegias de aprendizagem aos educandos eacute respeitaacute-los em suas diferenccedilas descobrir talentos e evidenciar potencialidades Cabe ao educador refletir sobre a sua praacutetica pedagoacutegica e dois excelentes exerciacutecios facilitam esta reflexatildeo 1) recordar o real motivo que o fez trabalhar com a educaccedilatildeo de crianccedilas 2) recordar dos momentos prazerosos e nebulosos de sua vida escolar SUBTRACcedilAtildeO ldquoVAI PARA TRAacuteSrdquo A estrateacutegia desenvolvida visa ao aprendizado do conceito da subtraccedilatildeo empregando os nuacutemeros decrescentes diferentemente do aditivo onde o conceito subtraccedilatildeo eacute entendido como ldquotirarrdquo poreacutem as resoluccedilotildees das equaccedilotildees satildeo propostas por meio da adiccedilatildeo comumente utilizando a expressatildeo ldquopara chegarrdquo Antes de expor a estrateacutegia algumas informaccedilotildees relevantes sobre os indiviacuteduos envolvidos

bull Os educandos cursavam o 2ordm ano do Ensino Fundamental em uma escola puacuteblica que possui um projeto de Educaccedilatildeo Biliacutengue para Surdos portanto na sala haacute somente surdos bull A educadora eacute graduada em pedagogia e possui especializaccedilotildees sendo Educaccedilatildeo Especial Psicopedagogia e Libras bull O uso constante da Libras qualitativa por todos os envolvidos torna o ambiente linguisticamente favoraacutevel

Vale ressaltar que a aprendizagem da subtraccedilatildeo eacute um processo contiacutenuo com etapas bem definidas Inicialmente o conceito subtrair foi fortemente explorado por exemplos concretos como o uso de balas goma de mascar brincadeiras dentro e fora do ambiente sala de aula e desenhos Aliado a este trabalho houve a preocupaccedilatildeo em estimular nos educandos as unidades decrescentes para posteriormente em conjunto com a psicomotricidade desenvolver a estrateacutegia apresentada Os educandos satildeo levados para fora da sala com a ideia inicial de desenvolver mais uma brincadeira para aprender Este termo eacute utilizado pela educadora todas as

174 vezes que a brincadeira resultaraacute em um aprendizado portanto ao antecipar a atividade os educandos se preparam pois entendem que lhe seraacute exigido atenccedilatildeo agraves explicaccedilotildees diferentemente de uma brincadeira livre no parque Em um ambiente agradaacutevel agrave sombra de uma frondosa aacutervore a educadora desenha com giz uma escala numeacuterica no chatildeo Logo surgem os primeiros comentaacuterios ldquoAmarelinha noacutes vamos brincar de amarelinhardquo

Figura 2 Escala numeacuterica decrescente Os educandos recebem uma ficha com diversas subtraccedilotildees estas diferentes uma das outras fixada em uma prancheta e um laacutepis Com a ajuda da ldquoamarelinhardquo resolveratildeo as subtraccedilotildees propostas Antes atentos agrave explicaccedilatildeo a educadora faz exatamente o que os educandos deveratildeo fazer Esta estrateacutegia de oferecer um modelo eacute extremamente rica aos alunos surdos e portanto muito utilizada 7 ndash 2 = 6 ndash 2 =

9 ndash 4 = 8 ndash 2 = 2 ndash 2 = 4 ndash 4 = 4 ndash 0 = 3 ndash 0 =

Figura 3 Fichas de subtraccedilatildeo

Para favorecer a compreensatildeo empregaremos o exemplo 7 ndash 2 = Inicialmente o educando vai agrave casa do minuendo 7 e anda para traacutes a quantidade de casas que corresponde ao subtraendo 2 Em seguida olha em qual casa estaacute e anota como resultado 5 Ao concluir toda a sua ficha o educando troca com o colega e realiza o trabalho de correccedilatildeo da ficha do colega

Figura 4 O uso da escala numeacuterica decrescente Apoacutes domiacutenio desta estrateacutegia os educandos satildeo estimulados a utilizarem o aprendizado no caderno Recebem da educadora uma escala numeacuterica em proporccedilatildeo menor e realizam as subtraccedilotildees com os dedos como se estes fossem o seu corpo

Figura 5 O uso da escala com os dedos

Com o passar do tempo o domiacutenio desta estrateacutegia se solidifica e naturalmente deixam a escala passando a contar apenas com as matildeos (Libras)

Figura 6 O uso da estrateacutegia decrescente apoiada agrave contagem com as matildeos

Posteriormente a contagem apoiada agraves matildeos os educandos elaboram uma nova estrateacutegia Deixa as ferramentas concretas abstraindo totalmente por meio apenas dos caacutelculos mentais Subtraccedilotildees com o subtraendo em 0 e 1 satildeo os primeiros caacutelculos mentais a serem feitos pois no caso do 0 entendem que natildeo precisaratildeo andar nenhuma casa e no 1 a resoluccedilatildeo sempre seraacute o nuacutemero vizinho A fim de evitar conflitos entre a adiccedilatildeo e a subtraccedilatildeo os educandos satildeo estimulados a compreensatildeo de que na adiccedilatildeo os nuacutemeros sempre iratildeo para frente (crescente) enquanto que na subtraccedilatildeo os nuacutemeros vatildeo para traacutes (decrescente) Esta estrateacutegia se consolidou de tal forma que tempos depois durante a aprendizagem da multiplicaccedilatildeo os educandos foram estimulados a utilizaram a estrateacutegia do ldquovai para traacutesrdquo na resoluccedilatildeo da multiplicaccedilatildeo Esta proposta foi muito bem recebida por todos e comumente empregada pelos educandos Por exemplo 4 x 9 = Ao inveacutes de partir do 4 x 1 para a resoluccedilatildeo fizeram ao contraacuterio partiram do 4 x 10 Cabe informar que a multiplicaccedilatildeo de dezena estaacute consolidada Portanto 40 com 4 ldquopara traacutesrdquo 40 ndash 4 = 36 CONCLUSAtildeO Diante do estudo exposto conclui-se que o ato de ensinar corresponde agrave busca de estrateacutegias que favoreccedilam o aprendizado Cabe ao educador utilizaacute-las e diante das dificuldades de seus educandos reformulaacute-las ou adaptaacute-las Para tanto se faz imprescindiacutevel conhecer o seu educando a fim de ofertaacute-los desafios constantes em prol do aprendizado crescente e qualitativo Ao educador deve ser ofertada uma metodologia livre na qual poderaacute criar e desenvolver suas estrateacutegias para melhor intermediar o aprendizagem de acordo com as especificidades de seus educandos Metodologias ldquoengessadasrdquo comprometem o desempenho do educador quanto ao desenvolvimento e aplicaccedilatildeo de suas estrateacutegias Ao educando deve-se oferecer o estiacutemulo agrave elaboraccedilatildeo de estrateacutegias individuais e coletivas permitir liberdade para desempenhar suas proacuteprias estrateacutegias

175 apoio do educador em suas dificuldades valorizaccedilatildeo por parte do educador nas conquistas de seus educandos Sabe-se que ainda haacute muito que fazer pensar pesquisar discutir e debater sobre o tema estudado devido a sua complexidade As possibilidades natildeo se esgotam com este estudo tatildeo pouco consideram-se encerrado as discussotildees sobre o tema Logo o objetivo maior eacute apresentar aos profissionais envolvidos com a educaccedilatildeo o meio acadecircmico e a proacutepria comunidade em geral a estarem atentos aos problemas e dificuldades de aprendizagem ocasionados por uma didaacutetica que natildeo corresponde a realidade ao perfil e ao interesse dos educandos Pode-se e deve-se falar em educaccedilatildeo qualitativa cabendo aos referidos segmentos se mobilizarem para atentar-se ao tema em estudo certamente estaremos dando um passo definitivo a favor da qualidade no ensino contribuindo para a construccedilatildeo de uma sociedade ativa criacutetica e participativa REFEREcircNCIAS BRANDAtildeO Ana Carolina e SELVA Ana Coelho O livro didaacutetico na educaccedilatildeo infantil reflexatildeo versus repeticcedilatildeo na resoluccedilatildeo de problemas matemaacuteticos Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S1517-97021999000200006 Acesso em 19 de Fevereiro de 2015 GOLDFELD M A crianccedila surda linguagem e cogniccedilatildeo numa perspectiva soacutecio-interacionista 2 ed Satildeo Paulo Plexus 2002 LURIA A R YUDOVICH F I Linguagem e desenvolvimento intelectual na crianccedila Trad de Joseacute Claacuteudio de Almeida Abreu Porto Alegre Artes Meacutedicas 1985 PESSOA Cristiane Azevedo dos Santos Interaccedilatildeo social uma anaacutelise do seu papel na superaccedilatildeo de dificuldades de resoluccedilatildeo de problemas aditivos QUADROS R M Educaccedilatildeo de surdos a aquisiccedilatildeo da linguagem Artes Meacutedicas Porto Alegre 2008 QUADROS R M KARNOPP L B Liacutengua de sinais brasileira estudos linguiacutesticos Artes Meacutedicas Porto Alegre 2004 LEVIN Esteban A cliacutenica psicomotora Petroacutepolis-RJ Vozes 2003 SKLIAR C Uma perspectiva soacutecio-histoacuterica sobre a psicologia e a educaccedilatildeo dos surdos In Educaccedilatildeo amp Exclusatildeo-Abordagens soacutecio-antropoloacutegicas em Educaccedilatildeo Especial Porto Alegre Mediaccedilatildeo 2004 SOUSA Isabela Mascarenhas Antoniutti de As mediaccedilotildees no processo de apropriaccedilatildeo do conceito de subtraccedilatildeo visatildeo dos educadores das seacuteries iniciais do ensino fundamental

VYGOTSKY LS A construccedilatildeo do pensamento e da linguagem Satildeo Paulo Martins Fontes 2001

176

UM OLHAR CALEIDOSCOacutePICO E VANGUARDISTA PARA A SOCIEDADE AS MUacuteLTIPLAS PERSONALIDADES DE FERNANDO PESSOA (S)

Jaqueline Massagardi Mendes Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

jackiemmendesgmailcom

RESUMO Neste artigo fazemos uma anaacutelise da heterocircniacutemia do poeta modernista portuguecircs Fernando Pessoa partindo da hipoacutetese de que suas muacuteltiplas personalidades poeacuteticas possam ter se influenciado nas proacuteprias ideias multipolares dos movimentos da Vanguarda Europeia (parcela de intelectuais que revolucionaram o modo de pensar e fazer arte no iniacutecio do seacuteculo XX) e sobretudo do Cubismo e suas multifacetadas geometrizaccedilotildees Apresentamos alguns fragmentos da escrita poeacutetica pessoana que nos levam a perceber a clara multiplicidade de suas personas artiacutesticas Um poeta que in-corpora outros numa contiacutenua aventura metamorfoacutesica de autopsicografar-se (ou ldquoalteropisicografar-serdquo) constantemente em um exerciacutecio que muito lembra os transtornos bipolares e multipolares da sociedade contemporacircnea Palavras chave Literatura Portuguesa criacutetica literaacuteria anaacutelise literaacuteria vanguarda europeia Fernando Pessoa modernismo portuguecircs ABSTRACT In this paper we review the heteronomy of the portuguese modernist poet Fernando Pessoa starting from the hypothesis that his multiple poetic personalities may have influenced the multipolar own ideas of European Vanguard movements (part of intellectuals who revolutionized the way of thinking and doing art in the early twentieth century) and especially Cubism and its multifaceted geometries We present some Pessoas poetic writing fragments that cause us to see the clear multiplicity of him artistics persons A poet who incorporate others in a continuous adventure of metamorphosys to psycograph himself (or alteropisicografar) constantly in an exercise that remember the bipolar and multipolar disorders of contemporary society Keywords Portuguese Literature literary criticism literary analisys european vanguard Fernando Pessoa portuguese modernism

INTRODUCcedilAtildeO UMA VISAtildeO CALEIDOSCOacuteSPICA UMA VISAtildeO VANGUARDISTA

O poeta eacute um fingidor Finge tatildeo completamente

Que chega a fingir que eacute dor A dor que deveras sente

ldquoAutopsicografiardquo (Fernando

Pessoa) In Poesias Fernando Pessoa (Nota explicativa de Joatildeo

Gaspar Simotildees e Luiz de Montalvor) Lisboa Aacutetica 1942 (15ordf ed 1995) - 235

Dizem que a arte imita a vidaOu seraacute que a vida imita a arte Bem disso natildeo sabemosmas o que sabemos eacute que alguns poetas e artistas por toda a histoacuteria da humanidade tentaram entender e retratar de muitas formas o caraacuteter humano Desde o iniacutecio do seacuteculo XX um movimento mudaria para sempre a mentalidade das artes e dos Artistas Falamos da Vanguarda Europeia movimento que pelo que jaacute sugere o nome apresenta um pensamento agrave frente de seu tempo e inovaria o proacuteprio modo de fazer e pensar arte seja na linteratura seja na pintura ou em toda e qualquer manifestaccedilatildeo artiacutestica Futurismo Expressionismo Dadaiacutesmo Surrealismo e Cubismo Todos expressaram em suas obras as mais intrigantes transformaccedilotildees pelas quais os mundo passava no iniacutecio do seacuteculo XX os avanccedilos advindos da era industrial a tecnologia a velocidade e ateacute as anguacutestias da Guerra De modo geral o futurismo refletia o ritmo freneacutetico da tecnologia o expressionismo o medo e a anguacutestia trazidos pela guerra o dadaiacutesmo talvez o mais ousado dos movimentos seria um verdadeiro manifesto bizarro contra toda forma de conceito preestabelecido o surrealismo traria as alucinaccedilotildees de Salvador Dali (entre outros nomes) o

177 mundo oniacuterico inspirados na psicanaacutelise de Freud e o cubismo a realidade multifacetada polarizada fragmentada e relativa Interessa-nos particularmente este uacuteltimo O cubismo eacute a mais metafoacuterica expressatildeo das instabilidades incertezas e complexidades desse ldquoadmiraacutevel mundo novordquo surgido no seacuteculo das transformaccedilotildees - o seacuteculo XX Atraveacutes de suas obras visuais cubistas deixavam como legado um olhar tatildeo sui generis quanto esse novo momento histoacuterico tatildeo particular quanto as proacuteprias inovaccedilotildees tecnoloacutegicas e sociais Sua visatildeo muito mais lembrava a de um Caleidoscoacutepio

GRIS Juan Homem no cafeacute (1912) Museu da Arte da Filadeacutelfia Coleccedilatildeo Loise Walter Arensberg Disponiacutevel

em httpptwahooartcom8YDG67-Juan-Gris-Homem-no-Cafeacute acesso em 28-03-15

Note na pintura acima que por traacutes da imagem desfocada e geometrizada a temaacutetica protagonista natildeo eacute propriamente o ldquohomem num cafeacuterdquo mas antes as muacuteltiplas possibilidades de ponto de vista as multifaces de uma mesma imagem os multi-polos de um mesmo mundo O Homem num cafeacute mais parece um intectual europeu tentando unificar e homogeneizar sua heterogeneidade ou quem sabe heterogeneizar sua homogeneidade FERNANDO PESSOA (S) PERSONALIDADES MULTIFACETADAS Em termos de literatutra os movimentos vanguardistas mas sobretudo o cubismo representou as multifacetas de um ponto de vista e o poeta portuguecircs Fernando Pessoa parece ter feito isso muito bem mais que isso Pessoa parece ser um dos poetas de alma mais cubista dentre todos os modernistas da Europa e do mundo Natildeo propriamente na proposta graacutefica e visual trazida pela tiacutepica produccedilatildeo literaacuteria cubista mas no tocante agrave ideia da fragmentaccedilatildeo e polarizaccedilatildeo de uma

humanidade impactada pelas transformaccedilotildees advindas da industrializaccedilatildeo bem como dos impactos sociais como a tecnologia a velocidade o terror e as instabilidades provocados pela guerra Mesmo os natildeo aficcionados por literatura poderatildeo voltar aos tempos ldquoaacuteureosrdquo de escola e lembrar do alucinado poeta que pensava ser trecircs pessoas aquele mesmo que assinava suas obras em trecircs pessoas diferentes (aleacutem dele proacuteprio) aquele tal de Ricardo Reis Alberto Caeiro Aacutelvaro de Camposenfim aquele que ousava Heterocircnimos Heterotexto ldquoSi-Proacutepriosrdquo Negaccedilatildeo egoacutetica Do Texto ao Inter-texto Da Expressatildeo para a Entre-Pressatildeo Afinal quem eacute (satildeo) Fernando Pessoa (s) F Pessoa parece ser uma espeacutecie de ldquohomem-polecircmicardquo a manchete dos criacuteticos literaacuterios Um ldquomeacutediumrdquo um auto-psicoacute-grafo uma alma tentando escrever-se Muito se discute sobre as pessoas de Pessoa mas a verdade eacute que Pessoa eacute um poeta na proacutepria etimologia da palavra mdash do gr poetes aquele que faz aquele que cria Pessoa eacute um poetes Pessoa eacute um CRIADOR Os poemas de todos os ldquoPessoasrdquo parecem exalar o cheiro dos cafeacutes de Lisboa parecem trazer consigo as reflexotildees de uma noite natildeo dormida um ldquoviajarrdquopor diferentes visotildees-de-mundo Ettore Finazzi Agrograve criacutetico literaacuterio e ensaista apaixonado pelo poeta em seu ldquoAacutelibi Infinito O projeto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoardquo (Lisboa Imprensa Nacional-Casa da moeda 1987 pp 9 e 31) chega a considerar que o escritor portuguecircs eacute um ldquoviajante da dimensatildeo imaginaacuteria sua viagem completa-se assim lsquona pessoa dos outrosrsquo Agrograve (1987) prossegue e ainda pensa a viagem pessoana como ldquometamorfoses contiacutenuasrdquo que tornam-se modos de ldquoentrar no corpo alheiordquo Pessoa transforma-se figurativamente em muitos outros Suas constantes deslocaccedilotildees em sua viagem pelo imaginaacuterio sugerem um pouco de sua busca pela incompreensibilidade Pessoa percorre o outro Assegurando essa alteridade nosso poeta ateacute mesmo usa da polimorfia textual para preencher o vaacutecuo que se forma de ldquoele ser elerdquo Desta forma toda tentativa de interpretaccedilatildeo fica claramente despistada Cremos que os criacuteticos ou amantes de Pessoa fariam de tudo para terem sido contemporacircneos do poeta e se possiacutevel seus psicanalistas Quem sabe aplicando uma ldquoregressatildeo psiacutequicardquo poderiacuteamos entender todo o

178 universo ldquoindiziacutevelrdquo do nosso autor de autores Pensamos que se adentraacutessemos em sua alma nos deparariacuteamos com uma multiplicidade de vozes confusas e gritando entre si Diria o dono das vozes Fantasmas sem lugar que a minha mente Figura no visiacutevel sombras minhas Do diaacutelogo comigo

ldquoPrimeiro Faustordquo (Fernando Pessoa) (In Poemas Dramaacuteticos Fernando Pessoa Nota

explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa Lisboa Aacutetica 1952 (imp1966) - 80)

Temos que exclamar esse poeta eacute genial Eacute mais que um poeta mdash eacute um a(u)tor Temos que concordar com Agrograve (opcit) Ao mudar de nome e fingir-se outro Fernando Pessoa natildeo faz outra pessoa O que ele faz eacute (para usar os termos de Agrograve) tentar exprimir poeticamente a alteridade Nosso poeta deve agora ser visto como um ator O seu constante co-locar e des-locar de maacutescaras muito nos leva ao antigo mundo grego das hipocriteacutes Este era o nome dado agraves maacutescaras usadas para a caracterizaccedilatildeo eou troca de personagens nos palcos da cultura helecircnica A palavra sobrevive aos tempos e povos e conserva o seu sentido ldquoo hipoacutecrita eacute o fingidorrdquo o colocador de maacutescaras Essa ideia lembra-nos algueacutem Pessoa eacute por excelecircncia o articulador de maacutescaras em seu simples (mas criativo) recurso de trocar nomes e personalidades Pessoa cria outras pessoas distanciadas ou relacionadas agrave sua proacutepria pessoa Pessoa cria e vive dramaticamente representando atraveacutes das maacutescaras dos heterocircnimos Multipliquei-me para me sentir Para me sentir precisei sentir tudo Transbordei natildeo fiz senatildeo extravazar-me Despi-me entreguei-me E haacute em cada canto da minha alma um altar a um deus diferente (FP)

ldquoPassagem das Horasrdquo Aacutelvaro de Campos (Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda 1988)

Agrograve (1987) muito oportunamente fala de uma auto-negaccedilatildeo do poeta e de um fazer de cada fora um dentro potencial e vice-versa Isto eacute natildeo satildeo meras negaccedilotildees de sua identidade satildeo tentativas de atraveacutes da linguagem pluralizar um ego tornar o in-diviacuteduo

divisiacutevel para ao fim encontrar-se em alter-egos que venham preencher o vazio que haacute em ser ele mesmo No vaacutecuo que se forma de eu ser eu E da noite ser triste Meu ser existe sem que seja meu E anocircnimo persiste

ldquoGradual desde que o calorrdquo Aacutelvaro de Campos(Fernando Pessoa)

(In Pessoa Fernando Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC 2013)

Ao lado da auto-negaccedilatildeo e seus heterocircnimos haacute que se esclarecer a co-existecircncia de um outro termo a ldquopseudoniacutemia de ocasiatildeordquo Agrograve (1987) arrisca dizer que a pseudoniacutemia eacute como uma ldquocensurardquo que obriga o sujeito a apresentar-se disfarccedilado de outro No entanto haacute uma Pessoa mais apta a responder agrave questatildeo Assim quanto mais eu digo mais me engano Mais faccedilo eu Um novo ser posticcedilo que engalano De ser o meu

ldquoMeu pensamento dito jaacute natildeo eacuterdquo Fernando Pessoa

In Pessoa Fernando Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica 1973

(4a ed 1993) 148

A resposta eacute a de algueacutem chamado Fernando Pessoa Seu curriacuteculo Poeta e fingidor Seu verdadeiro nome Muitos Seu maior passatempo Ensaiar pelos palcos das personalidades Sua maior Mensagem Des-cobrir-se MUITO MAIS QUE MODERNISTA UMA ldquoPESSOArdquo MULTIPOLAR CONTEMPORAcircNEA Devemos dizer ainda que nosso poeta do ldquocubismo altercecircntricordquo muito parece espelhar a sociedade desde a modernidade ateacute os dias de hoje Os dias satildeo tatildeo freneacuteticos e exigem tantas multitarefas simultacircneas que acabam gerando no homem deste seacuteculo uma siacutendrome de se ser ldquoos muitosrdquo que o sistema exige que sejamos Talvez parte dos males do seacuteculo das depressotildees das crises de ansiedade siacutendromes do pacircnico e sobretudo do transtornos bipolares poderiam ser resolvidos pelo grito da arte O grito elegante no qual se

179 pode gritar os brados mais sufocados ou silenciar os iacutempetos mais megafocircnicos Uma sessatildeo de psicanaacutelise Uma tela cubista Um minuto surrealista Ou ateacute mesmo O grito de Edvard Munch (pintor expressionista que se tornou conhecido por O grito) Um momento para se poder ser como Pessoa (s) Muitos em um Um em muitos Esse eacute o ldquopoeta do non sense rdquo Por excelecircncia FPessoa a pessoa ou as pessoas que tentamos apresentar Qualquer semelhanccedila com sua vida real (e multifacetada) natildeo seraacute mera coincidecircncia REFEREcircNCIAS Agrograve Ettore Finazzi (1987) O aacutelibi infinito o projecto e a praacutetica na poesia de Fernando Pessoa Imprensa Nacional-Casa da Moeda Pessoa Fernando (1972) Obra Poeacutetica Cia Joseacute AguilarEditora - Rio de Janeiro paacuteg 164 ______________ (1952) Poemas Dramaacuteticos (Nota explicativa e notas de Eduardo Freitas da Costa) Lisboa Aacutetica (imp1966) - 80

_____________(1988)A passagem das horas Imprensa Nacional-Casa da Moeda

_____________ (2013) Poesias ineacuteditas Montecristo Publishing LLC

____________(1973) Novas Poesias Ineacuteditas (Direcccedilatildeo recolha e notas de Maria do Rosaacuterio Marques Sabino e Adelaide Maria Monteiro Sereno) Lisboa Aacutetica (4a ed 1993) 148

Teles Gilberto Mendonccedila (1972) Vanguarda europeacuteia e modernismo brasileiro Editora Vozes

180

UMA BREVE ABORDAGEM SOBRE OS NUacuteMEROS COMPLEXOS

Artur Cesar de Freitas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

faccamparturgmailcom

Victor de Oliveira Turquetto Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

vturquettohotmailcom

Fernanda Boava Pires

Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11)48129400

fernandaboavahotmailcom

RESUMO O artigo apresenta uma breve abordagem sobre os nuacutemeros complexos e uma proposta para apresentar esse conjunto de nuacutemeros em sala de aula Os nuacutemeros complexos ainda satildeo tratados de uma forma abstrata dentro da sala de aula e pelos livros didaacuteticos As descriccedilotildees sobre sua existecircncia e aplicaccedilatildeo eacute secundarizado frente agraves listas de exerciacutecios e procedimentos para realizaccedilatildeo de contas Em contrapartida esses nuacutemeros apesar de um dos seus nomes serem nuacutemeros imaginaacuterios possuem muita aplicaccedilatildeo real e sua descoberta favoreceu o amadurecimento da matemaacutetica e as possibilidades de novas descobertas Palavras chave Nuacutemeros complexos imaginaacuterios rotaccedilatildeo ABSTRACT In this work we introduce a brief approach about complex numbers and a proposal to teach this subject in the classroom The complex numbers are still being treated in a abstract way inside the class and by textbooks The descriptions about its existence and applications are low before lists of exercises and procedures to perform calculations In the other hand this numbers despite one of its names being imaginary has real applications and its discovery favored the growth of mathematics and opened a door to new possibilities and new discoveries Keywords Complex Numbers Imaginary rotation 1 INTRODUCcedilAtildeO Estamos acostumados com nuacutemeros porque eles vivem ao nosso redor Usamos os nuacutemeros para a

mediccedilatildeo da velocidade comprimento volume e outras medidas do nosso dia a dia Eacute verdade que existem outros nuacutemeros natildeo tatildeo costumeiros Um dos exemplos satildeo nuacutemeros irracionais que entre seus exemplares haacute o famoso Pi e o nuacutemero e poreacutem cada um com seu significado e passiacutevel de se encontrar em equaccedilotildees ou algumas mediccedilotildees ldquoMas haacute um nuacutemero que tem uma relaccedilatildeo mais complicada com a realidade Ele eacute conhecido como nuacutemero complexo ou nuacutemero imaginaacuterio ou com mais frequecircncia simplesmente de i Apesar desses nomes ele eacute de fato muito realrdquo (BENTLEY 2009 p 230)

O nuacutemero complexo eacute a resposta para um enigma que cercou os matemaacuteticos por seacuteculos Alguns descrevem que o termo nuacutemero complexo pelo fato do seu desenvolvimento desordenado como descreve Ricieri (2004)seu desenvolvimento passa por vaacuterios gecircnios entre eles Reneacute Descartes Gottfried Eillhem e Leibniz poreacutem ldquoa primeira pessoa que realmente usou a raiz quadrada de nuacutemeros negativos em sua matemaacutetica foi um italiano chamado Niccoloacute Fontanardquo (BENTLEY 2009 p 233) Ainda segundo o autor esse segredo foi passado para Gerolamo Cardano que iniciou com a busca de uma soluccedilatildeo geral para equaccedilotildees cuacutebicas Os resultados envolvia raiz quadrada de nuacutemeros negativos

2 ASPECTOS DOS NUacuteMEROS COMPLEXOS Os nuacutemeros complexos possuem um efeito muito parecido com a descoberta dos nuacutemeros negativos No site de Kalid Azaid eacute feito uma proposta no qual foi adaptado abaixo

181

Quadro 1 ndash Aspectos dos nuacutemeros complexos

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Negativos (-x) Inventado para responder O que eacute 3 - 4

Estranho porque Como vocecirc pode ter menos do que nada

Significado intuitivo Oposto Considerado absurdo ateacute 1700 Ciclo Multiplicativo 1 -1 1 -1 e padratildeo geral x -x x -x Uso em coordenadas Do 0 para traacutes ( -1 -2) Mede-se o tamanho com

Valor Absoluto Raiz de (-x) sup2

Fatos Engraccedilados Nuacutemeros Complexos (a +

bi) Inventado para responder O que eacute a raiz sup2 de (-1)

Estranho porque Como vocecirc tira a raiz sup2 de

menos do que nada Significado intuitivo Rotaccedilatildeo Considerado absurdo ateacute Atualmente Ciclo Multiplicativo 1 i -1 -i e padratildeo geral x y -x -y Uso em coordenadas Rotaccedilatildeo em volta da origem Mede-se o tamanho com

Teorema de Pitaacutegoras | Raiz de asup2 + bsup2

Fonte httpbetterexplainedcom acessado em 09052014

A pergunta ldquocomo vocecirc pode tirar mais de um nuacutemero menor E ldquoqual nuacutemero elevado ao quadrado seraacute negativo rdquo Essa eacute a principal questatildeo que causa estranheza quando satildeo apresentados os nuacutemeros complexos Como a proacutepria tabela apresenta se o nuacutemero negativo eacute o oposto do seu correspondente positivo O nuacutemero complexo eacute tido como uma rotaccedilatildeo desse correspondente como seraacute apresentado mais adiante Ainda sobre a tabela quando o autor fala do ciclo multiplicativo eacute importante frisar que estaacute sendo

multiplicado no exemplo da primeira coluna o nuacutemero -1 e na segunda coluna o nuacutemero i Dessa forma tem-se que a multiplicaccedilatildeo de i x i eacute igual a -1 como eacute definido os nuacutemeros complexos

3 ABORDAGEM VETORIAL Para um melhor entendimento sobre os nuacutemeros complexos a abordagem vetorial ajuda pois demonstra geometricamente e visualmente a estrutura dos nuacutemeros complexos

Vetor eacute um segmento orientado de reta de A ateacute B caracterizado por trecircs aspectos definidos comprimento (moacutedulo) direccedilatildeo e sentido (de A para B) como demonstra a figura 1

Figura 1 ndash ilustraccedilatildeo de um vetor

FontehttpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

Um vetor complexo eacute um vetor cujos elementos satildeo nuacutemeros complexos pertencentes a um espaccedilo vetorial complexo

(Fonte httpmathworldwolframcom acessado em 08052014)

Um espaccedilo vetorial complexo eacute formado por uma dimensatildeo real e uma dimensatildeo imaginaacuteria formando um plano Um nuacutemero complexo pertenceraacute a este plano na forma z = a +bi

Figura 2 ndash Plano imaginaacuterio

182 Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Por ter duas partes a parte imaginaacuteria do nuacutemero complexo estaraacute acompanhada da letra i

119894 = radicminus1 portanto 119894sup3 = minus119894 e 1198944 = 1 formando um ciclo

Figura 3 ndash Formaccedilatildeo do ciclo do nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Entatildeo se temos o nuacutemero z = 1+ i

Figura 4 ndash Representaccedilatildeo de um nuacutemero complexo

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

Nota-se que o proacuteprio nuacutemero complexo z = 1 + i cria um vetor com um acircngulo de 45ordm da linha dos reais e o modo que se obteacutem esse nuacutemero nada mais eacute do que a soma de dois vetores utilizando a regra do paralelogramo

Figura 5 ndash Regra do paralelogramo

Fonte httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica acessado em 08052014

Somar e subtrair nuacutemeros complexos satildeo somar e subtrair vetores

Adiccedilatildeo

Subtraccedilatildeo

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Multiplicar nuacutemeros complexos eacute fazer uma rotaccedilatildeo por determinado acircngulo no plano Se multiplicarmos um nuacutemero complexo a + bi por 1 + i o que estaremos fazendo eacute uma rotaccedilatildeo de 45 graus do vetor inicial no sentido anti-horaacuterio

Multiplicaccedilatildeo

Dividir nuacutemeros complexos eacute o contraacuterio se multiplicando noacutes giramos sentido anti-horaacuterio dividindo noacutes giramos sentido horaacuterio e para isso utilizamos o conjugado do nuacutemero complexo que se daacute na forma c ndash di

(c + di)(c ndash di) = (csup2 + dsup2)

Divisatildeo-

183

Fonte httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

Para determinar o comprimento (moacutedulo) de um nuacutemero complexo utiliza-se o teorema de Pitaacutegoras a + bi = radic119886sup2 + 119887sup2

Fonte httpbetterexplainedcomarticlesa-visual-intuitive-guide-to-imaginary-numbers acessado em 08052014

4 UMA APLICACcedilAtildeO REAL A aplicaccedilatildeo dos nuacutemeros complexos eacute muito diversa desde estudos com campos magneacuteticos geometria fractal e na construccedilatildeo da curva fechada que representa o perfil de uma asa de aviatildeo chamado tambeacutem de aerofoacutelio de Joukowski ldquoPara que se faccedila possiacutevel uma anaacutelise matemaacutetica de um escoamento muitas vezes eacute necessaacuterio ou conveniente fazer simplificaccedilotildees para que as complexas equaccedilotildees que regem o escoamento possam ser resolvidas analiticamenterdquo (KLIEWER 2014) De forma simplificada no mesmo trabalho o escoamento pode ser representado por duas funccedilotildees primeiro a corrente representado pelo siacutembolo Ψ e o potencial de velocidade representado por Φ

Figura 6 ndash Representaccedilatildeo da simplificaccedilatildeo de Joukowski

Eacute exatamente o fato do perfil estudado ter dois componentes na simplificaccedilatildeo adotada que necessita de um nuacutemero que possua dois componentes Segundo Kliewer (2014) a funccedilatildeo de linha corrente e potencial de velocidade pode ser unida em uma uacutenica variaacutevel complexa que descreve o escoamento e tem as caracteriacutesticas matemaacuteticas das variaacuteveis complexas dada por

120596 = 120601 minus 119894120595

Essa equaccedilatildeo eacute desenvolvida com base nos caacutelculos do potencial de velocidade e da corrente levando-se em consideraccedilatildeo a circulaccedilatildeo do fluido velocidade densidade do fluido e escoamento Dessa forma tem-se

120596 = 119881 119911 + 1198862

119911 +

119894Γ2120587

119897119899119911119886

Embora essa equaccedilatildeo seja grande e aparentemente complicada trata-se de um nuacutemero com 2 componentes assim como o nuacutemero complexo

5 O NUacuteMERO COMPLEXO NA GEOMETRIA Engana-se quem acredita que os nuacutemeros complexos natildeo podem ocorrer tambeacutem na geometria Na proposta apresentada pelo professor Prandiano (2004) eacute feito uma abordagem do nuacutemero complexo utilizando uma figura geomeacutetrica bastante comum

Figura 7 ndash Representaccedilatildeo graacutefica de um triacircngulo

Fonte Curso Prandiano 2004

Por semelhanccedila de triacircngulos tem-se a seguinte relaccedilatildeo

119908119886

= 119887119908

there4 1199082 = 119886119887

Sendo a = -1 e b = +1

a b

-1 0 +1

w

184

1199082 = (minus1)(+1) there4 119908 = radicminus1

6 CONCLUSAtildeO Os nuacutemeros complexos possuem uma variedade enorme de aplicaccedilotildees Neste trabalho foi feito uma abordagem graacutefica sobre esse conjunto de nuacutemeros e um exemplo praacutetico com a intenccedilatildeo de tornaacute-lo mais proacuteximo do estudante Os graacuteficos satildeo vistos o tempo todo em mateacuterias como fiacutesica geografia biologia e na proacutepria matemaacutetica De certa forma trazer esses nuacutemeros para essa abordagem tira a imagem que o nuacutemero complexo ou imaginaacuterio eacute fruto da imaginaccedilatildeo dos matemaacuteticos antigos e assim vira uma realidade presente O exemplo praacutetico abordado embora pouco explorado serve para ilustrar que um desenho de uma peccedila importante de um aviatildeo eacute feito a partir de um nuacutemero complexo fechando a tese que esse nuacutemero natildeo eacute apenas fruto da imaginaccedilatildeo e que ele eacute usado no dia a dia das empresas e das operaccedilotildees matemaacuteticas 7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS BENTLEY Peter (2009) O Livro dos Nuacutemeros Uma histoacuteria Ilustrada da Matemaacutetica Rio de Janeiro Editora Jorger Zahar KLIEWER David Anaacutelise de perfis aerodinacircmicos Joukowski Disponiacutevel em wwwprofezequiasnet Acesso em 09052014 RICIERI A Prandini Assim nasceu o Imaginaacuterio Origens dos Nuacutemeros Complexos Disponiacutevel em

httpbetterexplainedcom acesso em 09052014

Sites consultados

httpwwwebahcombrcontentABAAAAFSAAKvetores-algebra-linear-geometria-analitica)

httpmathworldwolframcomComplexNumberhtml acessado em 08052014

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USO DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo NO ENSINO E NA PESQUISA DE MECAcircNICA DOS FLUIDOS

ldquoUsing programs Open Source in teaching and research of fluid mechanicsrdquo

Eduardo Vieira Vilas Boas Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

evboashotmailcom

Prof Paulo Orestes Formigoni PhD Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

profpauloformigonigmailcom

RESUMO Neste trabalho apresentamos uma breve resenha dos programas livres de computador sem custo financeiro aplicados agrave mecacircnica dos fluidos Procuramos relacionar os principais programas ldquoOpen Sourcerdquo do mercado com aplicaccedilotildees nas teorias e praacuteticas da mecacircnica dos fluidos Realizamos um balanccedilo positivo dos motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver Com efeito natildeo obstante as suas reconhecidas potencialidades os programas ldquoOpen Sourcerdquo se tornaram a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos Discutimos algumas dessas dificuldades O potencial dos programas ldquoOpen Sourcerdquo soacute poderatildeo ser plenamente realizados se existir uma boa articulaccedilatildeo deles com os curriacuteculos e a praacutetica Descrevemos resumidamente os programas ldquoOpen Sourcesrdquo Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver Palavras-chave Open Source Mecacircnica dos Fluidos Dinacircmica dos Fluidos Computacional Scilab wxMaxima OpenFOAM e Gerris Flow Solver ABSTRACT We present a brief review of computer free programs without financial cost applied to fluid mechanics We relate the main programs Open Source market to the applications in the theory and practice of fluid mechanics We conducted a positive assessment of the reasons for programs to use Open Source in higher education institutions teachers researchers and the graduate students however we note that undeniably many questions remain unresolved Indeed despite its recognized potential the programs Open Source became the magic key to quality scientific research with

simulation and modeling as well as educational success for people in the area of mechanical fluids We discussed some of these difficulties The potential of the programs Open Source can be achieved only if there is a good connection with their curricula and practice Briefly describe the program Open Sources Scilab the wxMaxima the OpenFOAM and Gerris Flow Solver Keywords Open Source Fluid Mechanics Computational Fluid Dynamics Scilab wxMaxima OpenFOAM and Gerris Flow Solver INTRODUCcedilAtildeO

A mecacircnica dos fluidos eacute uma das mateacuterias de grande importacircncia dentro dos cursos de engenharia fiacutesica e quiacutemica entretanto seu ensino ainda consiste na forma claacutessica de desenvolvimento teoacuterico e em algumas instituiccedilotildees de ensino o desenvolvimento de experimentos em laboratoacuterios didaacuteticos

Devido agrave suas aplicaccedilotildees que satildeo grandes desde a fabricaccedilatildeo de medicamentos e sua dispersatildeo pelo corpo ateacute nos movimentos das galaacutexias um vasto nuacutemero de programas podem ser integrados para ensino de Mecacircnica dos Fluidos

Estes programas podem ser aplicados e usados para o ensino de Mecacircnica dos Fluidos nos cursos de graduaccedilatildeo possibilitando com que o estudante possa sair de seu curso com conhecimentos e requisitos exigidos pelo mercado de trabalho ou ateacute mesmo desenvolvendo trabalhos acadecircmicos mais arrojados usando a simulaccedilatildeo em computadores para validar experimentos ou modelos teoacutericos

Embora a utilizaccedilatildeo torne possiacutevel um desenvolvimento da tecnologia e do conhecimento mais eficiente e eficaz surge o problema da onerosidade de tais programas fazendo com que os custos sejam inviaacuteveis agrave universidades e muito menos viaacutevel agrave

186 estudante que pode ser driblado com a utilizaccedilatildeo de programas ldquoOpen Sourcerdquo conforme explicita (GUGLIOTTI 2012)

Atualmente na luta pela utilizaccedilatildeo entre programas comerciais e programas ldquoOpen Sourcerdquo os programas de licenccedila comercial tecircm ganhado melhores lugares devido agrave ldquomaior confiabilidaderdquo que estes passam aos seus usuaacuterios existindo mitos que causa tal descrenccedila e retira a preferecircncia dos programas de distribuiccedilatildeo livre ou coacutedigo aberto conforme discorre (APDSI 2004)

Diante destes dados este trabalho visa a trazer uma breve anaacutelise sobre os softwares livres que podem auxiliar e melhorar o ensino da mecacircnica dos fluidos na FACCAMP e nas universidades e ao mesmo tempo trazer ao mercado um aluno com maior perfil pedido pelo mercado

MECAcircNICA DOS FLUIDOS

A mecacircnica dos fluidos eacute a ciecircncia que estuda os fenocircmenos e comportamentos fiacutesicos de todas as substacircncias fluidas em geral e de forma simples pode-se considerar liacutequidos e gases tornando-se uma aacuterea de estudo importante em diversos campos do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Pode-se listar de forma breve e incompleta as seguintes aacutereas engenharia mecacircnica (estudo de aerodinacircmica lubrificaccedilatildeo e etc) engenharia civil (estudos de hidraacuteulica e hidrologia entre outros) engenharia eleacutetrica (magneto-hidrodinacircmica) quiacutemica (mistura e transferecircncia de calor e outros) natildeo se limitando apenas a esses campos eacute aplicaacutevel ainda no estudo dos movimentos de planetas circulaccedilatildeo sanguiacutenea lanccedilamento de concreto entre tantos outros estudos essenciais as mais diversas aacutereas do conhecimento (BRUNETTI 2005)

Com o grande e acelerado avanccedilo dos computadores conforme ressalta (POST 2013) as calculadoras e meacutetodos computacionais trouxeram a grande vantagem de ser possiacutevel simular estes eventos e analisaacute-los surgindo entatildeo a Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC) ou mais conhecida pelo seu nome em inglecircs Computational Fluid Dynamic (CFD) para o estudo de escoamentos que ainda possui poucas soluccedilotildees analiacuteticas Para problemas de estaacutetica dos fluidos eacute possiacutevel a utilizaccedilatildeo de programas menos complexos

Dinacircmica dos fluidos computacional

Fortuna em seu trabalho de 2012 define a teacutecnica como a aacuterea da computaccedilatildeo cientiacutefica que simula o fenocircmeno do escoamento fluido com ou sem os efeitos da termodinacircmica utilizando-se de meacutetodos numeacutericos natildeo importando as caracteriacutesticas do escoamento desde que sua modelagem matemaacutetica seja coerente ao modelo fiacutesico tratado Jaacute Rouse em 2014 aleacutem de fazer uma simples definiccedilatildeo ressalta que a teacutecnica eacute baseada nas equaccedilotildees de Navier-Stokes

Ainda de acordo com Fortuna a teacutecnica computacional natildeo deve substituir os ensaios de laboratoacuterio mas sim complementaacute-los e reduzir o detalhamento de tais e consequentemente o seu custo nem mesmo deve substituir o ensino da teoria jaacute que eacute necessaacuterio o desenvolvimento de grande domiacutenio das equaccedilotildees regentes para o avanccedilo na teacutecnica principalmente nas teacutecnicas ensinadas em instituiccedilotildees internacionais agrave muito tempo como pode-se verificar em (VENNARD e STREET 1978) e (HUGHES e BRIGHTON 1967)

PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

O ldquoOpen Source Softwarerdquo consiste basicamente em softwares desenvolvidos por comunidade de desenvolvedores que se reuacutenem para adaptar a teacutecnicas computacionais com as necessidades dos indiviacuteduos da mesma criando assim programas que tendem a se desenvolver rapidamente para atender as necessidades do mercado e por ser desenvolvido por uma comunidade de muitas pessoas de diversos paiacuteses e regiotildees natildeo satildeo propriedade de nenhuma instituiccedilatildeo possuindo assim conforme (SINFIC 2008) seu coacutedigo aberto para que o usuaacuterio possa modifica-lo e contribuir com o desenvolvimento do programa

Entretanto programas deste tipo podem apresentar interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuteria a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos que ainda sim satildeo soluccedilotildees menos onerosas devido a natildeo necessidade de investimento no software

Noyes no seu trabalho de 2010 faz uma lista com 10 razotildees do porque o ldquoOpen Source Softwarerdquo eacute bom para negoacutecios Satildeo estes

1 Seguranccedila 2 Qualidade 3 Customizaccedilatildeo 4 Liberdade 5 Flexibilidade 6 Interoperabilidade 7 Auditabilidade 8 Opccedilotildees de suporte 9 Custo 10 A possibilidade de experimentar Tais programas vecircm obtendo um maior espaccedilo no

mercado e alguns comeccedilam a ultrapassar seus adversaacuterios (Softwares Proprietaacuterios) como eacute o caso do QGIS para a aacuterea de geoprocessamento que comeccedila a abalar seus concorrentes ou ateacute mesmo do LaTeX que eacute muito mais usado para a ediccedilatildeo de textos no meio acadecircmico

187 ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino

Culturalmente a utilizaccedilatildeo de softwares de coacutedigo aberto nas instituiccedilotildees de ensino no Brasil pode causar um certo desconforto ou ateacute mesmo duacutevidas sobre a qualidade das instituiccedilotildees poreacutem paiacuteses europeus tecircm desenvolvidos diversos softwares livres conforme eacute discutido por (FERREIRA 20042005) da universidade de Coimbra

Natildeo necessariamente eacute preciso limitar-se apenas ao uso dos programas desenvolvidos por comunidades cursos como ciecircncias da computaccedilatildeo podem incentivar seus estudantes a desenvolver trabalhos juntamente com as comunidades de desenvolvimento trazendo assim maior contato com o desenvolvimento de software e o gerenciamento dos mesmos

Para engenharia e aacutereas afins muitos programas tecircm sido desenvolvidos como o Scilab e ateacute mesmo sistemas operacionais estatildeo surgindo como o CAELinux

O uso acadecircmico de tais softwares traraacute grande evoluccedilatildeo destes fazendo com que bons programas possam ser acessiacuteveis agraves empresas instituiccedilotildees de ensino estudantes e a comunidade em geral fazendo com que erros e problemas possam ser resolvidos o mais raacutepido possiacutevel eliminando a necessidade de reportaacute-los agraves empresas responsaacuteveis e ldquocruzar os dedosrdquo para que o problema seja resolvido na proacutexima versatildeo e ainda teraacute um custo para ser adquirida

Entretanto a maior vantagem de aplicar softwares de licenccedila livre eacute que a instituiccedilatildeo natildeo teraacute custos para a implantaccedilatildeo e atualizaccedilatildeo destes assim como professores e estudantes poderatildeo ter acesso a tais com custo zero natildeo necessitando utilizar de coacutepias ilegais aleacutem da possibilidade de poder encontrar diversas aulas em viacutedeo ou documentos na internet

Professores e o Open Source

Na comunidade de ensino superior os professores por conta de suas especializaccedilotildees costumam ter maior convivecircncia com o idioma inglecircs o que facilita a obtenccedilatildeo de materiais para criaccedilatildeo de materiais didaacuteticos de diversos programas disponiacuteveis sem a preocupaccedilatildeo de que a empresa deste possa prejudica-lo pela publicaccedilatildeo do material (NOGUEIRA 2000)

Os docentes como dito acima poderatildeo ter acesso agrave tecnologia de forma simples e sem preocupaccedilotildees para que possam praticar testar e avaliar diversas atividades e tambeacutem teratildeo a liberdade de exigir atividades de seus alunos uma vez que este tambeacutem poderaacute ter faacutecil acesso ao seu material (NOGUEIRA 2000)

Alunos e o Open Source Os alunos teratildeo grande facilidade em poder aprender a utilizar as ferramentas facilmente praticando uma vez que o professor poderaacute preparar livremente materiais didaacuteticos Um importante ponto do Open Source eacute que este costuma ter uma menor exigecircncia de hardware do que um software proprietaacuterio (NOGUEIRA 2000)

Uma ideia pouco comentada ainda defendida por este trabalho e tambeacutem pelo trabalho de GUGLIOTTI (2012) eacute a de que o aluno poderaacute desenvolver maior potencial para se tornar um empreendedor uma vez que ao utilizar o programa livre a necessidade de economias para um investimento inicial para compra de ferramentas de trabalho seraacute reduzida consideravelmente Sendo que aos poucos este pode ir investindo cada vez mais em seu escritoacuterioempresa e em treinamentos para se capacitar e ampliar suas possibilidades de mercado

EXEMPLOS DE PROGRAMAS ldquoOPEN SOURCErdquo

PARA A MECAcircNICA DOS FLUIDOS Scilab

Scilab eacute um software livre e de coacutedigo aberto para computaccedilatildeo numeacuterica proporcionando um ambiente de computaccedilatildeo poderosa para aplicaccedilotildees de engenharia e cientiacuteficos Eacute um ldquoOpen Sourcerdquo sob a licenccedila CeCILL (GPL compatiacutevel) e estaacute disponiacutevel para download gratuito Scilab estaacute disponiacutevel sob a licenccedila GNU Linux Mac OS X e Windows XP Vista 78

Figura 1 Tela do SCILAB (fonte SCILAB)

Scilab inclui centenas de funccedilotildees matemaacuteticas Tem

uma linguagem de programaccedilatildeo de alto niacutevel permitindo o acesso a estruturas de dados avanccedilados 2-D e as funccedilotildees graacuteficas 3-D Existe um grande nuacutemero de funcionalidades estaacute incluiacutedo no Scilab como Matemaacutetica e Simulaccedilatildeo Para aplicaccedilotildees de engenharia e ciecircncias habituais incluindo operaccedilotildees matemaacuteticas e anaacutelise de dados

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Figura 2 Tela do SCILAB com simulaccedilatildeo de escoamento

em esfera (fonte SCILAB)

Visualizaccedilatildeo em 2-D e 3-D Funccedilotildees graacuteficas para visualizar anotar e exportaccedilatildeo de dados e muitas maneiras de criar e personalizar vaacuterios tipos de graacuteficos e tabelas

Figura 3 Tela de graacuteficos do SCILAB (fonte SCILAB)

Otimizaccedilatildeo Algoritmos para resolver problemas de otimizaccedilatildeo contiacutenuos e discretos restritos e irrestritos

Figura 4 Tela de otimizaccedilatildeo do SCILAB (fonte

SCILAB) Estatiacutestica Ferramentas para realizar a anaacutelise de dados e modelagem Projeto e Anaacutelise de Controle do Sistema Algoritmos padratildeo e ferramentas para o estudo do sistema de controle Processamento de Sinais Visualizar analisar e sinais de filtros em tempo e frequecircncia domiacutenios Desenvolvimento de Aplicaccedilotildees Aumento de funcionalidades nativas Scilab e gerenciar a troca de dados com ferramentas externas Xcos - Hiacutebrido sistemas modelador dinacircmico e simulador Para modelagem de sistemas mecacircnicos circuitos hidraacuteulicos sistemas de controle

Figura 5 Tela de Xcos do SCILAB (fonte SCILAB)

wxMaxima

O wxMaxima eacute uma interface graacutefica multi-plataforma baseado em wxWidgets para o Maxima um sistema de computacional simboacutelico O wxMaxima disponibiliza um acesso agraves funccedilotildees do Maxima atraveacutes de menus e diaacutelogos

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Figura 6 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Figura 7 Tela do wxMaxima (fonte wxMaxima)

Maxima eacute um sistema de aacutelgebra computacional

comparaacutevel aos sistemas comerciais como Mathematica e Maple Ele enfatiza caacutelculo de matemaacutetica simboacutelica aacutelgebra trigonometria caacutelculo e muito mais

Por exemplo Maxima resolve x2-r xs2-r s = 0

dando os resultados simboacutelicos [x = r + s x = -s] Maxima pode calcular com nuacutemeros inteiros e

fraccedilotildees exatas nativo de ponto flutuante e de alta precisatildeo grandes carros alegoacutericos

Maxima tem front-ends de faacutecil utilizaccedilatildeo um manual on-line comandos de plotagem e bibliotecas numeacutericas Os usuaacuterios podem escrever programas na sua linguagem de programaccedilatildeo nativa e muitos tecircm contribuiacutedo pacotes uacuteteis em uma variedade de aacutereas ao longo das deacutecadas

Maxima eacute licenciado sob GPL e em grande parte escrito em Common Lisp Executaacuteveis podem ser baixados para Windows Mac Linux e Android coacutedigo fonte tambeacutem estaacute disponiacutevel Uma comunidade ativa manteacutem e estende o sistema

Maxima eacute amplamente utilizado downloads diretos anuais exceder 100000 Muitos outros usuaacuterios recebecirc-lo por meio de distribuiccedilatildeo secundaacuteria

OpenFOAM

O OpenFOAMreg eacute um open source ou seja pacote de software livre para Dinacircmica dos Fluidos Computacional (DFC ou em inglecircs CFD)

Possui uma grande base de usuaacuterios na maioria das aacutereas da engenharia e da ciecircncia a partir de ambas as organizaccedilotildees comerciais e acadecircmicas O OpenFOAM tem uma extensa gama de recursos para resolver qualquer coisa de escoamentos de fluidos complexos que envolvem reaccedilotildees quiacutemicas turbulecircncia e de transferecircncia de calor a dinacircmica e eletromagnetismo soacutelidos

Inclui ferramentas para engrenar nomeadamente um desenhador paralelizado para geometrias complexas em preacute e poacutes-processamento de CAD Quase tudo (incluindo malha e preacute e poacutes-processamento) eacute executado em paralelo como padratildeo permitindo que os usuaacuterios tirar o maacuteximo proveito do hardware do computador agrave sua disposiccedilatildeo

Ao ser aberto OpenFOAM oferece aos usuaacuterios total liberdade para personalizar e estender sua funcionalidade existente por iniciativa proacutepria ou por outros Segue-se um projeto de coacutedigo altamente modular em que coleccedilotildees de funcionalidade (por exemplo meacutetodos numeacutericos que engrenam modelos fiacutesicos )

OpenFOAM inclui mais de 80 aplicaccedilotildees que simulam e solucionam problemas especiacuteficos em engenharia mecacircnica e mais de 170 aplicaccedilotildees de serviccedilos puacuteblicos que executam tarefas preacute e poacutes-processamento

Figura 8 Tela do OpenFOAM (fonte OpenFOAM)

Gerris Flow Solver

Gerris eacute um programa de software livre para a soluccedilatildeo das equaccedilotildees diferenciais parciais que descrevem o fluxo de fluido O coacutedigo fonte estaacute disponiacutevel gratuitamente sob a licenccedila de software livre GPL

Foi criado por Steacutephane Popinet e eacute apoiado por NIWA (Instituto Nacional de Aacutegua e Pesquisa Atmosfeacuterica) e Jean le Rond Institut dAlembert Suas principais caracteriacutesticas

(a) Resolve equaccedilotildees de fluidos incompressiacuteveis com variaacuteveis de densidade usando Euler Stokes ou equaccedilotildees de Navier-Stokes para funccedilotildees dependentes do tempo

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(b) Resolve as equaccedilotildees de aacuteguas rasas lineares e natildeo-lineares

(c) Refinamento da malha adaptativa a resoluccedilatildeo estaacute adaptado dinamicamente para as caracteriacutesticas do fluxo

(d) Geraccedilatildeo de malha totalmente automaacutetico em geometrias complexas

(e) Equaccedilotildees de segunda ordem no espaccedilo e no tempo

(f) Nuacutemero ilimitado de marcadores passivos ou difusos

(g) Caracteriacutestica flexiacutevel de termos de origem adicionais

(h) Apoio paralelo portaacutetil usando a biblioteca MPI dinacircmica de balanceamento de carga visualizaccedilatildeo off-line paralelo

(i) Volume de Fluidos para os fluxos multifaacutesicos (j) Modelo de tensatildeo superficial (k) Eletrohidrodinacircmica Multifaacutesica

CONCLUSAtildeO Os principais programas de computadores livres ldquoOpen Sourcerdquo satildeo programas sem custo financeiro como Scilab o wxMaxima o OpenFOAM e o Gerris Flow Solver satildeo plenamente aplicados agrave pesquisa e ao ensino da mecacircnica dos fluidos Os motivos para utilizaccedilatildeo dos programas ldquoOpen Sourcerdquo nas instituiccedilotildees de ensino superior pelos professorespesquisadores e pelos alunos de graduaccedilatildeo satildeo a seguranccedila a qualidade a customizaccedilatildeo a Liberdade a flexibilidade a interoperabilidade a auditabilidade as opccedilotildees de suporte o custo e a possibilidade de experimentar entretanto salientamos que inegavelmente subsistem numerosos problemas por resolver como em alguns casos a apresentaccedilatildeo de interface mais difiacutecil para a sua utilizaccedilatildeo aleacutem de manuais disponiacuteveis apenas em outras liacutenguas sendo necessaacuterio a dedicaccedilatildeo do usuaacuterio e em alguns casos o investimento em cursos As potencialidades dos programas ldquoOpen Sourcerdquo tornaram-se a chave maacutegica para a pesquisa cientiacutefica de qualidade com simulaccedilatildeo e modelagem assim como do sucesso educativo para pessoas na aacuterea de mecacircnica dos fluidos REFEREcircNCIAS APDSI Open Source Software - Que oportunidades em Portugal Associaccedilatildeo para a Promoccedilatildeo e Desenvolvimento da Sociedade da Informaccedilatildeo 2004 Disponivel em ltwwwalgebricapti_apbo2dataupimagesEstudo_Open_Source_com_capapdfgt Acesso em 24 marccedilo 2015 BRUNETTI F Mecacircnica dos fluidos Satildeo Paulo Prentice Hall 2005 FERREIRA A J P L Open Source Software Comunicaccedilatildeo amp Profissatildeo Coimbra 20042005 FORTUNA A D O Teacutecnicas computacionais para dinacircmica dos fluidos Satildeo Paulo Editora da Universidade de Satildeo Paulo 2012

GUGLIOTTI A Plataforma proacutepria ou opensource 31 maio 2012 Disponivel em ltwwwandregugliotticombrmagento-commerceplataforma-propria-ou-opensourcegt Acesso em 2015 marccedilo 24 HUGHES W F BRIGHTON J A Dinacircmica dos Fluidos [Sl] McGraw-Hill 1967 NOGUEIRA J S et al Utilizaccedilatildeo do Computador como Instrumento de Ensino Uma Perspectiva de Aprendizagem Signicativa Revista Brasileira de Ensino de Fiacutesica vol 22 no 4 Dezembro 2000 NOYES K 10 Reasons Open Source Is Good for Business PCWorld 2010 Disponivel em ltwwwpcworldcomarticle20989110_reasons_open_source_is_good_for_businesshtmlgt Acesso em 2015 marccedilo 24 POST S Mecacircnica dos fluidos aplicada e computacional Rio de Janeiro LTC 2013 ROUSE M Computational Fluid Dynamics WhatIscom 2014 Disponivel em ltwhatistechtargetcomdefinitioncomputational-fluid-dynamics-CFDgt Acesso em 24 marccedilo 2015 SINFIC O que eacute uma soluccedilatildeo Open Source Sinfic 2008 Disponivel em ltwwwsinficptSinficWebdisplayconteudodo2numero=24957gt Acesso em 24 marccedilo 2015 VENNARD J K STREET R L Elementos de mecacircnica dos fluidos Rio de Janeiro Editora Guanabara Dois SA 1978 Sites para downloads dos softwares livres citados neste trabalho httpwwwscilaborg httpandrejvgithubiowxmaxima httpwwwopenfoamcom httpgfssourceforgenetwikiindexphpMain_Page

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VERIFICACcedilAtildeO DA PRESENCcedilA DE TANINOS E FLAVONOacuteIDES EM EXTRATOS SECOS DE VALERIANA OFFICINALIS

Kerolyn Beatriz Gonzalez Surita Maria do Carmo Santos Guedes

Lisete Maria Luiz Fischer Sabrina de Almeida Marques Faculdade Campo Limpo Paulista Rua Guatemala 167 Jd Ameacuterica

13231-230 Campo Limpo Paulista SP Brasil (11) 4812 9400

salmeidamarquesuolcombr

RESUMO A Valeriana officinalis eacute uma importante planta utilizada como fitoteraacutepico na induacutestria farmacecircutica Apresenta atividade antiespasmoacutedica hipnoacutetica sedativa tranquilizante e ateacute anticonvulsivante Sua principal utilizaccedilatildeo eacute como ansioliacutetico leve Esta planta possui vaacuterias substacircncias em sua constituiccedilatildeo como oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoacuteides natildeo glicosilados) iridoacuteides glicosilados alcaloacuteides flavonoides e taninos Este artigo visou a identificaccedilatildeo de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis de diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP Os testes de anaacutelise qualitativa utilizando cloreto feacuterrico e oacutexido de magneacutesio mostraram a presenccedila destes componentes nas diferentes amostras Estes testes satildeo de faacutecil execuccedilatildeo e fazem parte dos procedimentos rotineiros em laboratoacuterios farmacecircuticos Palavras chave Valeriana officinalis taninos em plantas medicinais flavonoides em vegetais plantas medicinais anaacutelise qualitativa ABSTRACT Valerian officinalis is an important plant used as herbal medicine in the pharmaceutical industry It presents antispasmodic hypnotic sedative anticonvulsant activity and even tranquilizers Its main use is as a mild anxiolytic This plant has several substances in its constitution as volatile oils valepotriates iridoid glycosides alkaloids flavonoids and tannins This article aimed to identify tannins and flavonoids in dry extract of Valeriana officinalis from different pharmacies in Jundiaiacute region The qualitative tests using iron chloride and magnesium oxide showed the presence of these components in these different samples These tests are easy to perform and are part of the routine processes in pharmaceutical laboratories Keywords

Valeriana officinalis tannins in medicinal plants flavonoids in vegetables medicinal plants qualitative analysis 1 INTRODUCcedilAtildeO A Valeriana officinalis eacute uma planta herbaacutecea perene pertencente a famiacutelia Valerianaceae Seu nome tem origem do Latim onde ldquovalererdquo significa bem estar e ldquoofficinalisrdquo eacute o termo que indica o uso farmacecircutico da planta Eacute tambeacutem conhecida como amantila bardo selvagem erva gata valeriana e badarina mas para os botacircnicos Valeriana officinalis (SOLDATELLI et al 2010) Haacute relatos que a valeriana tenha sido usada por um meacutedico egiacutepcio do seacuteculo IX Em torno do ano 1000 falava-se da valeriana como um medicamento para cura de diversas doenccedilas sobretudo o nervosismo e a epilepsia O uso da valeriana para tratar insocircnia em condiccedilotildees nervosas comeccedilou no final do seacuteculo dezesseis e foi firmemente estabelecido no seacuteculo dezoito (SOLDATELLI 2010) A Valeriana tem sido estudada desde o final dos anos 60 Ela tem como principal funccedilatildeo agir no SNC (Sistema Nervoso Central) Pesquisadores demonstraram a presenccedila de oacuteleos volaacuteteis valepotriatos (iridoides natildeo glicosilados) iridoides glicosilados alcaloacuteides flavonoacuteides taninos entre outros constituintes Eacute um medicamento fitoteraacutepico registrado com base no uso tradicional que apresenta atividades antiespasmoacutedicas hipnoacuteticas sedativas tranquilizantes tocircnicas e anticonvulsivantes A Valeriana eacute utilizada como anticonvulsivante no Iratilde entretanto em outros paiacuteses estuda-se sua atividade ansioliacutetica e antidepressiva (SILVA 2009 RAMOS amp PIMENTEL 2012) A figura 1 ilustra a Valeriana officinalis

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Figura 1 Valeriana officinalis (Fonte Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012)

A parte utilizada da valeriana para fins medicinais eacute sua raiz A principal vantagem do uso deste medicamento eacute que eacute isenta de efeitos colaterais nas doses recomendadas seus efeitos natildeo interferem na capacidade de conduzir veiacuteculos ou operar maacutequinas e natildeo causam dependecircncia fiacutesica eou psiacutequica como ocorre com o uso de benzoazepiacutenicos (SOLDATELLI et al 2010) Sua accedilatildeo sedativa pode ser potencializada com a utilizaccedilatildeo concomitante de benzodiazepiacutenicos barbituacutericos e aacutelcool (Nicoletti et al 2007) Nenhum efeito adverso foi relatado em ensaios cliacutenicos com o uso da valeriana exceto sedaccedilatildeo diurna com doses de 900 mg (SOLDATELLI et al 2010) Os taninos satildeo classificados em dois grupos baseando-se em sua estrutura quiacutemica satildeo eles os taninos hidrolisaacuteveis e os taninos condensados Os taninos hidrolisaacuteveis caracterizam-se por um poliol geralmente β-D-glicose onde as hidroxilas presentes em sua estrutura satildeo esterificadas com o aacutecido gaacutelico Os taninos condensados satildeo oligocircmeros e poliacutemeros formados por condensaccedilatildeo Geralmente sua caracterizaccedilatildeo eacute realizada por anaacutelise qualitativa por mudanccedila de coloraccedilatildeo ou precipitaccedilatildeo Eles produzem pigmentos avermelhados e satildeo divididos em dois tipos os com a presenccedila de um hidroxila no carbono 5 e com a ausecircncia de hidroxila no carbono 5 A figura 2 demonstra os dois monocircmeros precursores de diferentes tipos de taninos cada tanino obtido variaraacute de acordo com as substituiccedilotildees realizadas por ligaccedilotildees em seus ldquoRrdquo (REICHERT 2011)

Figura 2 Monocircmeros baacutesicos de taninos condensados (Adaptado de Natural Chemistry Disponiacutevel em httpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1png) Os flavonoacuteides constituem uma importante classe dos polifenoacuteis abundantes entre os metaboacutelitos de plantas uma vez que possuem funccedilotildees de proteccedilatildeo ao vegetal como proteccedilatildeo de incidecircncia de raios ultra-violeta (UV) e visiacutevel (VIS) Estes compostos atuam contra insetos fungos viacuterus e bacteacuterias e ajudam na atraccedilatildeo de animais aleacutem de agirem antioxidantes e controlarem a concentraccedilatildeo de hormocircnios vegetais (REICHERT 2011) A figura 3 ilustra a estrutura baacutesica dos flavonoacuteides

Figura 3 Estrutura baacutesica dos flavonoacuteides (BEHLING 2004)

193 A identificaccedilatildeo de compostos como taninos alcaloides glicosiacutedeos flavonoides saponinas satildeo bastante importantes para o controle de mateacuterias-primas vegetais em farmaacutecias magistrais (CARDOSO 2009) Aleacutem disso estes testes satildeo bastante adequados para o aprendizado do aluno em cursos como Farmaacutecia e Quiacutemica pois trata-se do envolvimento da Quiacutemica Analiacutetica Qualitativa Controle de Qualidade e ainda para Farmacognosia disciplina especiacutefica do curso de Farmaacutecia A identificaccedilatildeo destes compostos se daacute juntamente com estudo de suas propriedades farmacoteraacutepicas Sendo assim o trabalho visou apresentar um procedimento simples qualitativo para a verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos e flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis obtidas de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da regiatildeo de Jundiaiacute-SP 2 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Material Este estudo concentrou-se em trecircs amostras de extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo As amostras foram identificadas como Amostra 1 (Lote 1211034502 Val 102014) Amostra 2 (Lote 048064 Val 122017) e Amostra 3 (Lote 13011007302 Val 102014) Foram utilizadas as seguintes soluccedilotildees soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico metanol aacutecido cloriacutedrico concentrado e oacutexido de magneacutesio Meacutetodos Presenccedila de Taninos em extrato seco de Valeriana officinalis Pesou-se 02 g de extrato seco de Valeriana officinalis e dissolveu-se em aacutegua destilada Em seguida adicionou-se algumas gotas de soluccedilatildeo alcooacutelica de cloreto feacuterrico O teste eacute positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo azul indicando a presenccedila de taninos hidrolisaacuteveis e verde na presenccedila de taninos condensados (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) Presenccedila de Flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis Dissolveu-se 02 g do extrato seco de Valeriana officinalis em 10 mL de metanol Filtrou-se esta soluccedilatildeo e adicionou-se ao filtrado 15 gotas de aacutecido cloriacutedrico concentrado Em seguida adicionou-se alguns miligramas de oacutexido de magneacutesio O ensaio eacute considerado positivo se houver o surgimento da coloraccedilatildeo roacutesea na soluccedilatildeo (COSTA et al 2012 CARDOSO 2009) 3 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO Foi realizada a verificaccedilatildeo qualitativa da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis de trecircs diferentes farmaacutecias de manipulaccedilatildeo da

regiatildeo de Jundiaiacute-SP A figura 4 mostra os resultados obtidos

Figura 4 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de taninos em extrato seco de Valeriana officinalis A literatura aponta a presenccedila de taninos em Valeriana o que foi verificado pela cor esverdeada em todas as amostras (taninos condensados) A coloraccedilatildeo mais intensa foi observada na amostra 2 o que pode estar ligado ao fato deste extrato apresentar coloraccedilatildeo mais forte dos demais Foi tambeacutem realizada a verificaccedilatildeo da presenccedila dos flavonoacuteides nos extratos secos da Valeriana Os resultados estatildeo apresentados na figura 5

Figura 5 Resultado do teste de verificaccedilatildeo da presenccedila de flavonoacuteides em extrato seco de Valeriana officinalis No teste de identificaccedilatildeo de flavonoacuteides em diferentes extratos de Valeriana verificou-se em todas as amostras a presenccedila deste tipo de composto caracterizado pela cor roacutesea A coloraccedilatildeo foi melhor percebida na amostra 3 Posteriormente a cor de todas as soluccedilotildees foi sendo perdida A literatura indica que estes compostos estatildeo presentes em Valeriana (GONCcedilALVES amp MARTINS 2005) Os experimentos realizados satildeo bastante simples e retomam conceitos importantes sobre a caracteriacutestica quiacutemica de taninos e flavonoacuteides e testes de identificaccedilatildeo que podem ser apresentados nas disciplinas de Quiacutemica

Amostra 1 Amostra 2 Amostra 3

194 Analiacutetica Qualitativa Quiacutemica Orgacircnica Farmacognosia entre outras Trata-se de uma abordagem com testes qualitativos visando apenas confirmar ou natildeo a presenccedila destes compostos em vaacuterias espeacutecies vegetais Dentre os princiacutepios ativos presentes na Valeriana destacam-se os sesquiterpenos as lignanas taninos flavonoacuteides e principalmente os valepotriatos cujo marcador eacute o aacutecido valeriacircnico que estaacute presente em torno de 08-10 (SOLDATELLI et al 2010 CARDOSO 2009 ALEXANDRE et al 2008) Sendo assim para a identificaccedilatildeo inequiacutevoca da droga vegetal deveria ser verificada a existecircncia do marcador No caso dos experimentos realizados foi apenas verificada a presenccedila de taninos e flavonoacuteides que como natildeo satildeo marcadores poderiam ateacute pela concentraccedilatildeo na planta ou reaccedilotildees similares de outros constituintes do extrato levar a testes com resultados inconclusivos Para a confirmaccedilatildeo da presenccedila destes componentes sugere-se realizar pelo menos dois tipos de teste de identificaccedilatildeo para cada grupo pesquisado Se ambos resultarem positivos eacute um indicativo forte da presenccedila do grupamento do contraacuterio um terceiro teste deve ser realizado Ressalta-se que os resultados satildeo mais adequados quando realizados a partir da droga vegetal e natildeo do extrato como o feito aqui (CARDOSO 2009) 4 CONCLUSAtildeO A partir dos experimentos propostos foi possiacutevel fazer a identificaccedilatildeo de compostos orgacircnicos como taninos e flavonoacuteides em extratos secos de Valeriana officinalis Os procedimentos realizados satildeo simples e de faacutecil execuccedilatildeo Os conceitos orgacircnicos e analiacuteticos envolvidos e testes rotineiros de controle de qualidade industriais e magistrais de mateacuterias-primas vegetais estatildeo associados permitindo que o aluno consiga aliar seu aprendizado da parte teoacuterica agrave aplicaccedilatildeo no mercado de trabalho Eacute importante mostrar ao aluno que testes de identificaccedilatildeo devem ser confirmados sendo necessaacuterio a utilizaccedilatildeo de padrotildees ou mesmo mais de um teste qualitativo para a confirmaccedilatildeo da substacircncia O auxiacutelio de controles positivos a fim de se confirmar os resultados de experimentos tambeacutem satildeo bem vindos em anaacutelises qualitativas Os resultados mostram experimentos simples que aliam disciplinas dos cursos de Quiacutemica e Farmaacutecia e promovem espiacuterito criacutetico do aluno a cerca dos resultados obtidos A realizaccedilatildeo de mais experimentos para verificaccedilatildeo e identificaccedilatildeo dos componentes do extrato de Valeriana eacute uma proposta do grupo envolvido no trabalho 5 REFEREcircNCIAS ALEXANDRE RF BAGATINI F SIMOtildeES CMO Potenciais interaccedilotildees entre faacutermacos e protudos agrave base de valeriana ou alho Brazilian Journal of Pharmacognosy Curitiba v 18 n 3 p 455-463 JulSet 2008 BEHLING EB SENDAtildeO MC FRANCESCATO HDL ANTUNES LMG BIANCHI MLP Flavonoacuteide Quercetina Aspectos Gerais e Accedilotildees Bioloacutegicas Alim Nutr Araraquara v 15 n 3 p 285-292 2004

CARDOSO CMZ Manual de controle de qualidade de mateacuterias-primas vegetais para farmaacutecia magistral 1ordf ed Satildeo Paulo Pharmabooks 2009 148 p COSTA ALP CAMPOS MP BARBOSA LPJL BEZERRA RM BARBOSA FHF Anaacutelise preliminar qualitativa fitoquiacutemica e do potencial antimicrobiano do extrato bruto hidroalcooacutelico de casca de Bertholletia excelsa Humb amp Bomple (Lecythidaceae) frente a microrganismos gram positivo Ciecircncia Equatorial Macapaacute v 2 n 1 p 26-34 2012 GONCcedilALVES S MARTINS AP Valeriana officinalis Revista Lusoacutefona de Ciecircncias e Tecnologia da Sauacutede Lisboa v 3 n 2 p 209-222 2005 NATURAL CHEMISTRY Disponiacutevel em lthttpnaturalchemistryutufiwp-contentuploads201408pa_fig1pnggt Acesso em 10 de junho de 2015 NICOLETTI MA OLIVEIRA JUacuteNIOR MA BERTASSO CC CAPOROSSI PY TAVARES APL Principais interaccedilotildees no uso de medicamentos fitoteraacutepicos Infarma Satildeo Paulo v19 n frac12p 32-40 2007 RAMOS AP PIMENTEL LC Valeriana officinalis como coadjuvante no tratamento de epilepsia Brazilian J Health Satildeo Paulo v 3 n 1 p 24-34 2012 REICHERT CL Avaliaccedilatildeo da aplicaccedilatildeo de modelos comportamentais na busca de planta promissora para produccedilatildeo de novos produtos para ansiedade e depressatildeo na induacutestria farmacecircutica nacional 2011 162 f Tese de Mestrado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Farmacologia Universidade Federal de Santa Catarina Florianoacutepolis 2011 Disponiacutevel em lthttpsrepositorioufscbrbitstreamhandle12345678996044295146pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 SOLDATELLI MV RUSCHEL K ISOLAN T MP Valeriana officinalis uma alternativa para o controle da ansiedade odontoloacutegica Stomatos Canoas v 16 n 30 p 90-97 2010 SILVA AV Anaacutelises quiacutemicas de espeacutecies de valerianas brasileiras 2009 185 f Tese de Doutorado ndash Programa de Poacutes Graduaccedilatildeo em Quiacutemica Universidade Federal do Rio Grande do Sul Porto Alegre 2009 Disponiacutevel em lthttpwwwlumeufrgsbrbitstreamhandle1018318403000723661pdfsequence=1gt Acesso em 10 de junho de 2015 Valeriana officinalis tranquilizante natural que natildeo produz dependecircncia 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwdihittcomnsaude20120319valeriana-officinalis-tranquilizante-natural-que-nao-produz-dependenciagt Acesso em 10 de junho de 2015

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  • Como se percebe na fala do autor ele vecirc a matemaacutetica atrelada na proacutepria cultura Uma ciecircncia construiacuteda atraveacutes da necessidade do homem dominar o mundo em sua volta natildeo somente pela forccedila mas muito mais pela capacidade de raciociacutenio loacutegico matemaacute
  • Faz-se necessidade de uma revisatildeo histoacuterica na forma de como foi construiacuteda o pensamento matemaacutetico nas diversas culturas e com o uso da Etnomatemaacutetica como uma ferramenta de pesquisa procurar as diversas formas do uso do raciociacutenio loacutegico-matemaacutetico
  • O ponto importante eacute descobrir indiacutecios que apontam a existecircncia do pensamento matemaacutetico nos povos africanos em periacuteodo remoto e desmitificar que a preeminecircncia dos europeus no domiacutenio desta ciecircncia Ver a partir de novas lentes interpretativas para
  • ldquo[] escavar no lixo cultural produzido pelo cacircnone da modernidade ocidental para descobrir as tradiccedilotildees e alternativas que deles forem expulsos [] o interesse eacute identificar nesses resiacuteduos e nessas ruiacutenas fragmentos epistemoloacutegicos culturais
  • Nos livros mais consagrados da histoacuteria da matemaacutetica publicada no Brasil como Boyer (1996) Eves (2007) e Strik (1997) pouco ou quase nada se refere sobre a matemaacutetica utilizada na Aacutefrica Embora natildeo tem como esconder a influecircncia o Egito na const
  • ldquomesmo pessoas como Tales Pitaacutegoras Euclides e seus disciacutepulos natildeo tenha uma gota de sangue africano natildeo haacute como dizer o mesmo da sua produccedilatildeo cientiacutefico-cultural a qual produzido em parte no Egito ou apoacutes suas passagens pelo Egito suas obras
  • Muito do conhecimento milenar africano foi apropriado pelos europeus publicado em suas obras e infiltrado na cultura ocidental e isto natildeo tratado nos livros didaacuteticos do ensino baacutesico Pois haacute elementos comprovativos como veremos a seguir que conh
  • Desta forma abaixo apresentamos trecircs exemplos de descobertas arqueoloacutegicas que comprovam que a ciecircncia matemaacutetica eacute mais antiga do que se propaga nos livros Trata-se do Osso de Ishango Osso de Lebombo que eram instrumentos para caacutelculo e o Papiro
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