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Arte Gótica - O Gótico Gótico Séc. XIII ao séc. XV DEUS ARTE - IGREJA Românico Séc. XI ao séc. XIII Idade Média Séc. XI ao séc. XV A igreja – “casa de Deus” erguida por mãos humanas. O sagrado e o profano em pedra lavrada por mestres canteiros. À sombra dos mosteiros, um “reino do simbólico e do fantástico” prestes a dominar as iluminuras do códice. A catedral – igreja triunfante onde “Deus é luz” e se vê na forma de vitral; floresta de pedra e vidro onde se erguem as marcas dos seus construtores.

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Page 1: Apresentacao_gotico

Arte Gótica - O Gótico

GóticoSéc. XIII ao séc. XV

DEUS

ARTE - IGREJA

RomânicoSéc. XI ao séc. XIII

Idade MédiaSéc. XI ao séc. XV

A igreja – “casa de Deus” erguida por mãos humanas. O sagrado e o profano em pedra lavrada por mestres canteiros. À sombra dos mosteiros, um “reino do simbólico e do fantástico” prestes a dominar as iluminuras do códice.

A catedral – igreja triunfante onde “Deus é luz” e se vê na forma de vitral; floresta de pedra e vidro onde se erguem as marcas dos seus construtores.

Page 2: Apresentacao_gotico

Arte Gótica - Gótico

A Arte Gótica nasceu no Ocidente europeu, mais concretamente no noroeste de França, em meados do século XII,

estendendo-se pelos séculos XIII e XIV na Itália, até ao século XV na França e para lá desse século nos países do Norte da

Europa.

O desenvolvimento das cidades medievais trouxe consigo novos tipos de edifícios, por exemplo, as catedrais, as

câmaras, os palácios e os armazéns.

A introdução do arco em ogiva e da abóbada de cruzeiro permitiu que a arquitetura gótica se adaptasse às

necessidades dos novos tempos com espaços maiores e mais luminosos. As altas estruturas de pedra dos edifícios

apresentavam como principais características a esbeltez e a verticalidade. Entre os pilares rasgavam-se grandes janelas,

com vitrais coloridos, por onde a luz entrava.

Os temas e géneros preferidos continuavam a ser a figura humana em representações de temática religiosa, por

exemplo, conjuntos de pequenas cenas que narravam uma história (retábulos, trípticos, etc.). As figuras escultóricas

góticas eram mais esbeltas que as românicas e apresentavam curvas suaves nas poses e na modelação da roupagem.

Na pintura, os contornos lineares das figuras foram desaparecendo e o desenho dos corpos, especialmente dos rostos e

das mãos, era de um naturalismo suave. Os fundos românicos dourados começaram a ser substituídos por paisagens

detalhadas.

Exs. portugueses: Mosteiro de Alcobaça, Mosteiro da Batalha.

Page 3: Apresentacao_gotico

Enquadramento

Contexto Histórico-Cultural:

•O nome Gótico (tem a sua origem nos godos) remonta ao século XVI e ao espírito clássico e racional dos homens do

Renascimento que, desse modo, quiseram apelidar pejorativamente a época como bárbara e rude.

•Foi a historiografia da arte do século XIX que reabilitou esse período, fazendo desse estilo (gótico) o objeto do entusiasmo

revivalista dos artistas românticos, admiradores da Idade Média. Sentiam-se maravilhados pela sua ascética verticalidade e

pela elegância mística da sua espiritualidade.

•O aparecimento e posterior desenvolvimento da Arte Gótica estiveram ligados ao maior dinamismo verificado nos séculos

finais da Idade Média.

Esse período caracteriza-se por:

1. A economia europeia viveu uma fase expansionista O desenvolvimento das atividades mercantis nos séculos XII e XIII,

aumentou a produção agrícola, que beneficiou de uma melhoria climática e de novos progressos agrícolas. A vida rural

transformou-se, multiplicaram-se as feiras, reacendeu-se o comércio interno e externo. Implementou-se definitivamente

a economia monetária e deu-se um aumento demográfico e consequentemente o crescimento das cidades.

Com estas alterações o velho sistema feudo-senhorial, até aí dominante entrou em desagregação. Apesar deste processo

ter sido interrompido no séc. XIV com a grande depressão da Peste Negra, renasceu, com maior vigor, no século XV

(afirmação da Itália e da Flandres, iniciativas marítimo-comerciais iniciada pelos Portugueses e Espanhóis) que dará

mais tarde origem ao Renascimento.

Page 4: Apresentacao_gotico

2.Crescimento e enriquecimento das cidades É nas cidades que se vão encontrar os principais mercados e centros de negócios, e são também elas o palco do desenvolvimento cultural. Nelas surge ainda um importante movimento de emancipação administrativa – o movimento comunal – que vai substituir as administrações feudais e senhoriais, dando-lhes importantes poderes administrativos e uma nova importância nos seus reinos e nações. A Arte Gótica desenvolveu-se muito nas cidades, pois foi o seu povo – sob as ordens do clero e monarquia – que pagou as suas grandes catedrais, que atestam o engenho técnico e esplendor místico dos seus construtores.

3.Transformações sociais Com o desenvolvimento do comércio houve o crescimento socioeconómico da burguesia. Esta contava com mercadores, letrados e artesãos, unidos em prósperas organizações profissionais (as guildas e corporações). Foi esta classe social que teve extraordinária importância no estabelecimento de uma nova dinâmica económica, social e cultural.

4.Afirmação do poder real. Os monarcas deste período empenharam-se numa centralização político-administrativa que estabeleceu a base das fronteiras geopolíticas da Europa atual. Ocorreram neste período duras guerras (como a Guerra dos Cem Anos, que opôs Ingleses e Franceses, e que arrastou atrás de si os seus aliados. Durou de 1339 a 1453). Os monarcas estabeleceram-se nos grandes centros urbanos, fixando (nobres, burgueses e eclesiásticos) que adotaram um novo estilo de vida - urbano, cortesão e pacífico. Com esta elite cortesã desenvolveu-se a vida cultural e novos hábitos, e costumes que deram origem às práticas de mecenato muito importantes para as artes.

5.Evolução cultural O aparecimento das universidades a partir do século XII por toda a Europa, com um ensino assente na filosofia escolástica (conjunto de disciplinas teológico-filosóficas que se ensinavam). O pensamento escolástico da época dividia-se em duas grandes correntes, uma idealista e mística, outra mais racional e naturalista (liderada pelo pensamento de São Tomás de Aquino, a grande figura da teologia medieval).

6.São Tomás de Aquino procurou conciliar a Fé e a Razão, a palavra divina (única forma de conhecimento aceite) e a racionalidade humana. Esta posição levou à humanização da religião e à tentativa de compreensão por parte dos sábios e intelectuais da época do Mundo e da Natureza. Como consequência o Homem desta época ganha um maior pragmatismo e procura um conhecimento novo (menos teórico e mais humanizado) de si próprio e do mundo.

Enquadramento

Page 5: Apresentacao_gotico

As cidades e Deus

As cidades não pararam de crescer, animadas com o desenvolvimento da economia monetária e mercantil, estendendo os seus subúrbios ao longo das estradas.

A catedral tornou-se o símbolo do poder do bispo e dos burgueses. Do bispo porque controlava espiritual, jurídica e politicamente o território episcopal, dos burgueses porque, devido à riqueza desta classe, participavam com o seu dinheiro na sua construção e manutenção.

Todos tinham interesse no desenvolvimento da sua cidade, reflectidos no poder e na majestade da sua catedral. Assim, a catedral transformou-se no símbolo da cidade e é através da sua beleza e sumptuosidade que a comunidade urbana se afirma.

A catedral torna-se, desta forma, o motor da religiosidade, do poder político e económico; é no seu adro que se realizam as feiras e as representações teatrais; que se faz a justiça, junto ao pelourinho; e se trocam ideias entre burgueses, estudantes, letrados e aristocratas, já que era junto à catedral que funcionavam as escolas da época.

Para este papel da catedral muito contribuíram os bispos que as planificaram e mandaram construir. De entre vários nomes, o mais conhecido é o do abade Suger, criador do estilo gótico, com o seu projecto para a igreja da Abadia de S. Dinis. Fez da catedral o reino de Deus sobre a Terra, numa unidade estrutural, através da forma da planta, da verticalidade, da decoração dos pórticos, mas especialmente da luz de enormes vitrais onde era realçada a cor, a harmonia da composição,, a elegância e a comunicabilidade das figuras. Suger, com a sua teoria da iluminação (Deu é luz) conseguiu a representação do divino no espaço espiritual e físico da catedral e criou uma nova ascese.

Page 6: Apresentacao_gotico

A cidade: espaço, população e subsistência

A partir do século XIII registou-se um aumento significativo do mundo urbano:

•Nas cidades velhas, devido ao grande crescimento populacional, foi necessária a feitura de novas muralhas, ou a criação de um outro burgo, nas imediações, animado pelos recém-chegados (artesãos e mercadores);

•As cidades novas, nascidas no cruzamento de estradas, em locais de feira (cidades francas: cidades que beneficiavam de isenção de impostos e de leis especiais, nomeadamente para os feirantes e compradores), perto do mar ou de uma abadia, nos arrabaldes ou a partir da evolução de uma aldeia;

•Estas cidades organizaram-se ora espontânea e caoticamente ora segundo planos predeterminados.

As plantas citadinas seguiam dois tipos de planta:

•de malha reticular: herança de Roma (segundo os eixos do cardo e do decumano, ocupando a praça o espaço que anteriormente era ocupado pelo fórum);

•esquema radioconcêntrico: influenciado pela interpretação cristã da filosofia aristotélica que considerava este tipo de planta semelhante à representação do Universo, com uma série de coroas concêntricas.

As cidades permaneciam circundadas por uma ou mais cinturas de muralhas, com altas torres de vigia.A jurisdição das cidades abrangia os espaços circundantes, os arrabaldes, nos quais posteriormente foram surgindo os bairros extramuros.

Dentro dos muros (intramuros), o espaço era ocupado por igrejas, conventos, casa comunal, cidadela (núcleo fortificado que domina a povoação), casas de nobres e burgueses (palácios urbanos fechados e austeros), bairros com lojas, oficinas das confrarias e hospitais, pequenas hortas, a praça principal (rodeada por arcadas e fachadas irregulares das casas, por vezes local de mercado) e ruas (a principal com comércio), sinuosas e irregulares adaptadas ao terreno. Algumas destas ruas faziam de mercado especializado, agrupando ofícios ou mercadores da mesma área: como os da prata, os tanoeiros, etc.

A cidade não tinha água canalizada, nem esgotos, nem segurança. Existia, porém, preocupação face a estas circunstâncias pelo que foram emitidos alguns regulamentos na procura de melhorar as condições de vida das cidades.

A catedral e o seu espaço envolvente, à volta do qual se faz o traçado das ruas e a praça, são os locais de reunião e de festa que tornavam a cidade cada vez mais o pólo de atracção das populações vizinhas.

Page 7: Apresentacao_gotico

Arquitetura Gótica

A arquitectura religiosa revela na catedral a sua representação máxima, construída em louvor de Deus e dos homens. A catedral é, em si mesma, símbolo da fé e da cidade onde era erigida. “Os seus pináculos e agulhas” elevam-se para o alto, encarnando o novo pensamento teológico dos intelectuais da época” (baixa Idade Média ou segunda metade da Idade Média).

Começara-se a valorizar a razão humana como reflexo da inteligência divina, única fonte de luz, isto é, de todo o conhecimento e de toda a sabedoria. Através da luz de Deus, as almas elevavam o seu espírito até Ele.

Na catedral gótica, foi este misticismo que se procurou com a elevação e verticalidade, por exemplo, a catedral de Amiens media 145 metros da construção, apelando ao fervor religioso. A enorme amplitude dos espaços, inundados pela luz filtrada pelos vitrais que cobriam as janelas, preencheu os interiores por uma atmosfera de forte espiritualidade.

A catedral, erguida nos centros urbanos, foi também construída em louvor dos homens, motivo de orgulho dos seus habitantes que participavam activamente na sua edificação (os mais pobres) ou que para ela contribuíam com doações e subsídios monetários (os mais ricos como os bispos, os nobres, os mestres das corporações e os grandes mercadores). Foi à sombra da catedral que a cidade medieval nasceu e se desenvolveu.

Catedral de Notre-Dame de Amiens , 1220 

Page 8: Apresentacao_gotico

Ainda assim, a arquitectura gótica não representa um estilo inteiramente novo, mas um ponto de chegada de contínuos aperfeiçoamentos técnicos e estéticos, feitos ainda pelos construtores românicos (sobretudo os cistercienses, normandos e borgonheses), cujas descobertas particulares se harmonizaram num todo inovador e original. Este facto verificou-se sobretudo na região noroeste de França, centro da sua realeza, local de nascimento da arte gótica.

O gótico difundiu-se rapidamente pela Europa, concedendo às construções europeias, desde o século XIII, uma certa uniformidade, apesar de existirem algumas diferenças regionais relativas a escolas nacionais (ex. a alemã e a inglesa).

O Gótico foi o primeiro estilo artístico a construir-se com total exclusão de influências orientais (bizantinas) e clássicas (romano-helenísticas).

A originalidade desta arquitectura concretizou-se a partir de três áreas específicas:

nas inovações técnicas;na implementação de uma nova estética;nas alterações das estruturas formais.

Catedral de Notre Dame de Paris, 1163-1250

Page 9: Apresentacao_gotico

Arquitetura GóticaElementos estruturais

Catedral de Notre-Dame de Amiens  

1. Capela radial

2. Deambulatório

3. Altar

4. Coro

5. Corredores laterais do Coro

6. Cruzeiro

7. Transepto

8. Contraforte

9. Nave

10. Nave lateral

11. Fachada, portal

Page 10: Apresentacao_gotico

→Arco ogival (arco quebrado ou apontado)→Abóbadas de cruzaria de ogivas→Arcobotantes

O arco ogival (arco quebrado ou apontado) foi a principal invenção técnica da arte gótica, sendo comum nas várias regiões.O seu aparecimento resultou da necessidade de, num tramo rectangular, elevar os quatro arcos (principais e formeiros) à mesma altura, o que só se poderia fazer agudizando (elevando) os arcos dos lados menores.

Estruturadas pelo arco ogival, as abóbadas tornaram-se mais “elásticas”, adaptando-se melhor às dimensões dos espaços a cobrir, o que permitiu aumentar as áreas de construção, daí a enormidade das catedrais.

Este tipo de arco exercia menores pressões laterais do que o arco de volta perfeita do românico, possibilitando a construção de abóbadas de cruzaria de ogivas, conseguindo-se assim uma mais eficiente distribuição das forças que exercem sobre os pilares e as paredes da construção.

As abóbadas, vão subdividir-se chegando a ter até 16 sendo conhecidas pelo nome de abóbadas estreladas, de terceletes ou de leque.

Elementos construtivos

Page 11: Apresentacao_gotico

A descarga das forças era exercida igualmente sobre os contrafortes no exterior.Obtinha-se assim uma melhor distribuição do peso e uma mais fácil sustentação do edifício.

A elevação das abóbadas ogivais, mais leves, obrigou no entanto a reforçar os apoios exteriores com contrafortes mais esbeltos e elegantes, formados por um elemento maciço e vertical adossado às paredes exteriores das naves laterais

O botaréu e os arcobotantes, espécie de meios arcos construídos por cima da cobertura das naves laterais, entre os extradorsos da abóbada central e os botaréus. Assim escorados, os contrafortes transferiam para o exterior as pressões das abóbadas mais altas, equilibrando o conjunto.

Quando as naves se tornaram demasiado altas, após o século XIII, a solução foi a construção de arcobotantes duplos que, reforçando os apoios laterais, neutralizavam as pressões que provinham do peso da massa da abóbada e as provocadas pela força do vento quando soprava sobre o imenso e alto telhado.

Page 12: Apresentacao_gotico

Catedral de Notre Dame de Paris, vitrais

A técnica de construção do estilo gótico teve consequências importantes não apenas a nível construtivo mas também estético. A altura das abóbadas aumentou, pilares e colunelos adelgaçaram-se, acentuando a verticalidade e tornando os espaços internos mais amplos. As paredes libertaram-se do seu tradicional papel de suporte, passando apenas a delimitar e a proteger os espaços.

Pode-se, assim, rasgar amplas janelas, fazendo com que os interiores fossem mais iluminados.

A verticalidade e a luz tornam-se os símbolos da elevação para Deus e da luz divina – Deus é luz.A catedral gótica caracteriza-se pela harmonia, equilíbrio de volumes, pelo espaço e pela luminosidade conferida pelas diversas cores dos vitrais

A nova estética (verticalidade dos volumes), introduziu alterações de forma e dimensão na estrutura dos edifícios já conhecidos (abadias, fortalezas) e propiciou a criação de novas tipologias na arquitectura civil: castelos senhoriais, palácios urbanos e casas comunais.

Era, contudo, na arquitectura religiosa que o gótico melhor se definia.

A catedral, pelas suas dimensões, evidenciava-se na paisagem urbana, formada na sua generalidade por casas de madeira com telhados de colmo, mal alinhadas ao longo de vielas estreitas e tortuosas que irradiavam a partir da praça principal da cidade, centro religioso, cultural, social e económico.

Page 13: Apresentacao_gotico

Catedral de Reims, França

A planificação da construção obedecia a cálculos matemáticos e geométricos precisos, por essa razão, os arquitectos do gótico tiveram que ser homens cultos e preparados.

Tal como no românico, quase todas as catedrais góticas foram do tipo basilical, com planta de cruz latina, cabeceiras viradas para Este e o corpo principal dividido em três naves embora, por vezes, em cinco (ex. catedral de Notre Dame, em Paris).

O estilo gótico contrasta com o românico na época e nas soluções arquitectónicas.

O primeiro desenvolve-se num clima de paz, o segundo, num período em que a instabilidade impera.

O primeiro é o resultado da expansão do urbanismo, o segundo é uma consequência da ruralidade.

A conceção inicial das catedrais cabia aos bispos ou aos reis, seus encomendadores, mas a elaboração do projecto era da responsabilidade de mestres pedreiros experientes, chamados para realizarem a obra.

Page 14: Apresentacao_gotico

Escultura Românica

Catedral de Estrasburgo, França, séc. XV

• No exterior do edifício, a escultura

gótica pode observar-se sobretudo nas

fachadas das igrejas e catedrais (nos

portais), no interior, nas fachadas,

principal e do transepto, é através

destas esculturas que os crentes

interpretam e aprendem o Antigo e

Novo Testamento.

A humanização do céu

•Se na escultura românica o céu com os

seus personagens divinos é represen-

tado distante e ameaçador, no gótico as

divindades e os santos parecem-se mais

com os homens e as mulheres do dia-a-

dia.

Profetas Bíblicos, Catedral de Estrasburgo, França, séc. XV

• Numa primeira fase a escultura gótica

surge intimamente associada à

arquitectura das catedrais.

Catedral de Notre-Dame de Amiens , Amiens, França, 1220

Anjo sorridente, Catedral de Reims, França, séc. XII

Page 15: Apresentacao_gotico

.

Mísula com anjo músico, claustro da Igreja de Santa Maria Real, Sasámon, provincia de Burgos, Espanha.

• No seu conjunto, a escultura gótica

pode ser agrupada em quatro

tipologias:

• À medida que se vão tornando mais

complexas, também as empenas,

rosáceas, tabernáculos dos

arcobotantes e gárgulas das catedrais

vão servir de suporte para a decoração

das esculturas..

IV. A escultura funerária, ou seja, arcas

tumulares e estátuas jacentes.

III. considera-se a escultura de vulto

redondo, em especial estatuária de

devoção, resultante da evolução

das estátuas-coluna;

II. o relevo escultórico, sobretudo no

tímpano do portal;

I. as estátuas-coluna, aplicada nas

ombreiras do portal conferindo uma

dimensão vertical ao pórtico, mas

que progressivamente se vai

autonomizando em relação ao seu

suporte arquitectónico;

Timpano do portal central, Notre Dame, Paris

Santíssima Trindade, Mosteiro de são Domingos, Évora

Santíssima Trindade, Ofícina de Coimbra, Portugal, 1450-1500Virgem com o Menino, Ofícina de Coimbra,

Portugal, 1450-1500

Túmulos de D. Pedro I e D.Inês no Mosteiro de Alcobaça

Page 16: Apresentacao_gotico

Pintura Gótica

.

No domínio da pintura e artes decorativas, sobressaem os vitrais, constituído por vidros coloridos unidos por pedaços de chumbo, filtravam a luminosidade para o interior das igrejas. Esta técnica antiga é objeto de grande desenvolvimento devido à possibilidade (trazida pelo estilo gótico) que liberou as paredes das catedrais da função de sustentação rasgando amplas janelas nas paredes dos edifícios.

Os Vitrais

As tonalidades utilizadas nos vitrais eram essencialmente o vermelho e o azul, mas também branco, púrpura, amarelo e verde.

As figuras e cenas mais recriadas nos vitrais diziam respeito a temas religiosos, como a vida de Cristo, da Virgem ou dos Santos, ou ainda actividades características dos diferentes ofícios.

A luz era considerada uma manifestação divina, razão pela qual as representações projectadas no interior dos edifícios através dos vitrais produziam uma forte impressão mística, uma vez que a luz entrava coada pelos vidros coloridos.

Page 17: Apresentacao_gotico

.

A Iluminura consiste na ilustração organizada em pequenos quadros sobre o pergaminho de livros manuscritos (a gravura não era ainda utilizada), profundamente colorida e decorativa e visava ilustrar e tornar mais compreensíveis as diferentes passagens do texto. O desenvolvimento de tal genero está ligado à difusão dos livros ilustrados patrimônio quase exclusivo dos mosteiros: no clima de fervor cultural que caracteriza a arte gótica, os manuscritos também eram encomendados por particulares, aristocratas e burgueses. O renovado interesse por esta técnica está relacionado com o desenvolvimento de gostos requintados no seio do mundo urbano e das cortes europeias e pela crescente valorização da escrita e da leitura que se lhe encontrava associada.

É precisamente por esta razão que os grandes livros litúrgicos (a Bíblia e os Evangelhos) eram ilustrados pelos iluministas góticos em formatos manejáveis.

As Iluminuras

Page 18: Apresentacao_gotico

.

A pintura gótica desenvolveu-se nos séculos XII, XIV e no início do século XV, quando começou a ganhar novas características que prenunciam o Renascimento.

A principal particularidade foi a procura o realismo na representação dos seres que compunham as obras pintadas, quase sempre tratando de temas religiosos, apresentava personagens de corpos pouco volumosos, cobertos por muita roupa, com o olhar voltado para cima, em direção ao plano celeste.

Pintura de retábulos

Giotto  - a característica principal do seu trabalho foi a identificação da figura dos santos com seres humanos de aparência bem comum. E esses santos com ar de homem comum eram o ser mais importante das cenas que pintava, ocupando sempre posição de destaque na pintura. Assim, a pintura de Giotto vem ao encontro de uma visão humanista do mundo, que vai cada vez mais se firmando até ganhar plenitude no Renascimento.

Obras destacadas

Jan Van Eyck  -  procurava registrar nas suas pinturas os aspectos da vida urbana e da sociedade de sua época. Nota-se em suas pinturas um cuidado com a perspectiva, procurando mostrar  os detalhes e as paisagens.

Obras destacadas

São Francisco pregando aos pássaros, Giotto, fresco da Igreja de S. Francisco de Assis, Itális, séc. XIV

Retiro de São Joaquim Entre Os Pastores , de Giotto.  Afresco da Capela dos Scrovegni, Pádua , Itália, (1304-1306 Natividade, Giotto, Capela dos Scrovegni, Padua, ItáliaNossa Senhora do Chanceler Rolin, Jan Van Eyck , Museu do Louvre, Paris, França, cerca de 1390/1395O Casal Arnolfini, Jan Van Eyck , National Gallery, Londres, 1434

A Madona, Jan Van Eyck , Museu Comunal das Belas Artes, Bruges, BélgicaRetábulo do Cordeiro, Jan Van Eyck , Catedral de São Bavão, Gand, Bélgica, 1432

A Flagelação de Cristo, Jaime Huguet, Museu do Louvre, Paris, França, séc. XV

Madona Entronizada, Cimabue, Museu do Louvre, Paris, França, 1290-1300

Page 19: Apresentacao_gotico

Arte Gótica em Portugal

.

O estilo gótico distingue-se:→ Esteticamente, procurou-se uma leveza,

verticalidade e uma abundante e natural luminosidade interior.

→ Tecnicamente, surgiram várias inovações, como a introdução abundante dos vitrais, nas rosáceas e janelas que percorriam toda a fachada, permitindo a iluminação natural das naves.

Gótico - estilo arquitectónico caracterizado pela forma ogival das abóbadas e dos arcos.

Três importantes particularidades da arquitectura gótica portuguesa:→O seu desenvolvimento tardio, pelo facto da situação de guerra e pela exiguidade de recursos que o reino dispunha na altura para investir numa arte cara e sofisticada.→ Uma arte monástica e rural e não episcopal e

urbana, pois foi a mando de abades e monges que se construíram as igrejas monásticas que serviam os seus mosteiros e conventos.

→ A maior simplicidade e pobreza do gótico português que, embora seguindo, nos princípios técnicos e estéticos, o gótico internacional de origem francesa, se apresentou sempre prolixa e rica.

O Modelo mendicante (finais do séc. XIII)

→ Planta em cruz latina de 3 naves e transepto

muito pronunciado

→Cabeceira de 3 a 5 capelas escalonadas

→Apenas a cabeceira é coberta de abóbadas de

ogivas

→Naves e transepto com cobertura de madeira

→Pilares esguios e inexistência de arcobotantes

→Importância da grande rosácea

→Luminosidade difusa e discreta

→Espaço interior unificado – unir os fiéis na

pregação e culto

→Imediata legibilidade do espaço das naves

→Clareza e simplicidade de formas apoiada quer

nas plantas utilizadas

→quer nos próprios materiais, quer ainda na

parca escultura, reduzida

→aos capiteis de folhagem muito simples.

Igreja de S. Francisco de Santarém, 1242, D. Sancho IIS. Domingos de Elvas, 1267, Afonso IIISanta Maria do Olival, Ordem do Templo, Tomar, 2ª metade do XIII ou posterior

Mosteiro de Odivelas

Page 20: Apresentacao_gotico

Mosteiro cisterciense de Alcobaça

→1153 S. Bernardo de Claraval

→Claraval como modelo

→Alteração da disposição das dependências

monásticas (encostadas ao lado norte)

→1178 início da construção

→1223 perto da conclusão

→3 naves, praticamente à mesma altura, 13

tramos, transepto muito desenvolvido

→Capela mor com deambulatório de 9 capelas

radiantes

→Uso de arcobotantes

→Estética apurada e monumental

→“Arquitectura antes grave e eloquente do que

pobre, simples ou modesta”

(Adriano de Gusmão)

Abadia de Alcobaça

.

Abadia de Alcobaça:Possui características arquitectónicas como o barroco, o românico e o gótico inicial.

Séc. XII c. XII- XIII XIII- Arte gótica em Portugal

→ Encontramos nesta construção elementos pertencentes ao gótico, como a rosácea que permite uma grande luminosidade natural no interior, dando uma sensação de profundidade e verticalidade.

→ Impulso das abóbadas badas suportadas pelos pilares com colunas adossadas aos muros laterais dotados de contrafortes exteriores.

Claustro da Sé de Coimbra:

→ Arcadas de duas alas, apenas com piso térreo, com era comum no período gótico.

→ No seu interior ressalta a sua robustez,com cruzeiros volumosos a saírem dos maciços dos pilares e da mísulas apoiadas em colunelos adossados à parede interior.

→ Os fechos dos arcos estão a alturas desiguais, impedindo o lançamento da espinha.

Claustro da Sé de Coimbra

Page 21: Apresentacao_gotico

.

Sé de Évora :De funda fundação denuncia-se por:.

Séc. XIII-XIV - O Gótico Inicial

→ Grandes rosáceas de onde a luz brota a jorros.→ As suas torres são desiguais devido ao volume e à

morosidade da obra.→ Janelas e terminações cónicas e escamadas dos

seus torreões.

Convento de Santa Clara-a-Velha em Coimbra:

→ Uma das poucas obras desta época que se encontra totalmente abobadada.

→ Nas paredes laterais rasgam-se amplas frestas de dois volumes e três rosáceas, introduzindo uma luminosidade interior.

→ Parece baixa e comprida, de tipo românica, mas tem uma elevação muito superior à comum das outras igrejas, foi recuperada a pouco tempo.

Sé de Évora

Séc. XIV-XV-O florescimento do gótico

→ Na nave central da igreja épossível visualizar a estrutura geométrica das rosáceas, no seu interior o que sobressai éo esplendor dos vidros policromados.

→ Distingue-se o corpo longo da igreja, de três naves, transepto e cabeceira tripla.

Mosteiro da batalha:

Convento de Santa Clara–a-Velha em CoimbraMosteiro da batalha

Page 22: Apresentacao_gotico
Page 23: Apresentacao_gotico

Diferenças entre o Românico e o Gótico

Ênfase

Elevação

Planta

Traço Principal

Sistema de Suporte

Engenharia

Ambiente

Exterior

ROMÂNICO

Horizontal

altura modesta

múltiplas unidades

arco redondo

pilastras, paredes

abóbadas em cilindro e de arestas

escuro, solene

simples, severo

GÓTICO

Vertical

Altíssima

espaço unificado, inteiro

arco pontudo

contratores externos

abóbadas com arestas e traves

leve, claro

ricamente decorado com esculturas

Page 24: Apresentacao_gotico

Conclusões

◊O desenvolvimento da fotografia ocupou largamente o séc. XIX e veio proporcionar uma nova

forma, mecanizada e acessível, de registar a realidade. A imagem popularizou-se.

◊A fotografia concorreu com a pintura e gerou-se um debate entre os intelectuais sobre a

ameaça latente do fim da pintura e a validade artística da fotografia.

◊Rapidamente a fotografia entrou nos hábitos quotidianos da burguesia, das firmas, das

publicações, da ciência, do jornalismo e das instituições.

◊O aspecto pigmentado e difuso da fotografia terá influenciado a visão do real e não será total

coincidência o surgimento, na pintura, do impressionismo.