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A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO BRASIL  Realidade, teoria e perspectivas Paulo L. Marques

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A ECONOMIA SOLIDÁRIA NO BRASIL Realidade, teoria e perspectivas

Paulo L. Marques

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De quê estamos falando?

O Cooperativismo e a Economia Solidária são formas/ práticas de fazereconomia (organização do trabalho, produção e comercialização). Tendoa primeira surgido como reação dos trabalhadores ao modo de produçãocapitalista nascente no século XIX e a segunda como resistência ao

aprofundamento da exclusão social no final do século XX.Como reflexo dos processos históricos e políticos em que estão inseridas,estas práticas adquiriram sentidos diferentes ao longo de sua constituição,seja tornando-se funcional ao capitalismo ou como um projeto de “outra

economia possível” alternativa ao sistema dominante.

O objetivo do presente curso é conhecer, analisar e debater esses

processo.

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Uma Formação Social contém diferentes Modos de Produção

A 1º Revolução Industrial deu origem a formação social capitalista, ouseja, à formação social em que o modo capitalista de produção domina ainfra-estrutura.

Modos de Produção existentes na Formação Social Capitalista

 Produção simples de mercadoria: realizada por produtoresindependentes que possuem os próprios meios de produção ( ex.Artesanato);

- Produção Pública/Estatal: Emprega assalariados e oferta de bens eserviços gratuitos ( ex.educação pública, saúde, segurança)

- Produção Cooperativa: Constituída por empresas de propriedade deseus trabalhadores.

- Produção capitalista, que é hegemônica

Formação Social

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Modo de Produção Capitalista

Modo de Produção é uma forma específica de organizar a atividadeprodutiva e de repartir o resultado entre os participantes.

O modo de produção capitalista organiza a produção em empresas, quesão propriedade privada. Os seus detentores comandam a produção, visando

maximizar o lucro.Os proprietários dos meios de produção (empresas) compram a força detrabalho do trabalhador ( que por não ter capital só pode vender a suaforça de trabalho) e pagam salários por tempo/e ou quantidade de trabalho.

A vantagem em relação a outros modos de produção foi, desde a origem, apossibilidade de organizar a produção em escalas tão grandes quanto asrequeridas pelas técnicas de produção.

- O capitalismo prosperou nos interstícios da produção simples demercadoria, sobretudo, nas atividades em que a melhor técnica exigia a

cooperação de grande número de trabalhadores;

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Dimensão Política-Superestrutura

As relações sociais que se estabelecem na sociedade, inseridas nosdiversos modos de produção existentes, são legitimadas einstitucionalizadas através de leis derivadas de estruturas legais,políticas ( Estado, judiciário, parlamento), valores, éticas e cultura que rformam a Superestrutura.

“ A ideologia dominante é a ideologia da classe dominante” . K.Marx

A superestrutura é resultado direito da luta de classes e da força política que garante a hegemonia de uma classe sobre a outra ( Poder

político e ideológico)Aparelhos ideológicos: Instituições, Estado, cultura, ideologia quelegitimam o modo de produção dominante

Hegemonia: Coerção + consentimento ( ideologia = senso comum)

Contra-hegemonia: crítica teórica e prática do estabelecido comonatural.

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A lógica de exploração do sistema

Com o avanço do capitalismo uma parcela cada vez maior detrabalhadores se transformava em assalariado.Os trabalhadoresperdem o controle do processo produtivo;

A partir da separação entre produção e seu controle (gestão),com o domínio de uma classe sobre a outra (subordinação do

trabalhador ao capital), a dinâmica que o capital realiza para tercontrole da produção faz com que o trabalhador ao vender suaforça de trabalho em forma de mais-valia (do trabalho não pagopelo capitalista) retira tanto o direito dele se realizar notrabalho assim como também do direito de usufruir do frutodo seu trabalho ( riqueza produzida por ele).

Nesse processo, a classe dominante (os capitalistas e osproprietários fundiários) a partir da dominação dostrabalhadores garantem a apropriação dos meios de produção eacumulação da riqueza produzida pelo trabalho não pago.

Em resumo: Capitalismo é a apropriação privada da riquezaproduzida de forma coletiva, através da extração da mais-valia

do trabalhador ( tempo de trabalho não pago)

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A reação da classe trabalhadora

Ao mesmo tempo que o capitalismo sedesenvolvia os trabalhadores reagiram com oobjetivo de construir uma Formação Socialem que não haveria mais capitalistas eassalariados, mas apenas produtoreslivremente associados.

A reação dos trabalhadores se deu de trêsformas:

1- Opondo-se ao capitalismo a partir dadestruição das máquinas (luddismo);

2- Somando-se a luta pela democracia, buscaramconquistar direitos-civis, políticos e sociais-no seio do próprio sistema(direito a votar eser votado, criação de partidos operários);

3- Criando formas de auto-organização anti-capitalistas como sindicatos e de ação diretano campo Econômico através da criação decooperativas.

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O Cooperativismo

A mais antiga cooperativa comexistência documentada foi de iniciativados trabalhadores empregados nosestaleiros de Woolwich eChathan(Inglaterra), que em 1760

fundaram moinhos de cereais em basecooperativa para não ter que pagar osaltos preços cobrados pelos moleiros quedispunham de um monopólio local.

A experiência dos “Pioneiros deRochdale” de 1844 ficou conhecidaporque a criação das 8 regras básicastornaram-se a matriz de todas ascooperativas modernas.

Iniciou-se com essa experiência umanova etapa da historia do movimento

operário, de confronto e adaptação aosistema.

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Regras de Rochdale

1- Sociedade dirigida democraticamente, cada sócio representa 1 voto, independente docapital investido. ( esse é o principio que diferencia o cooperativismo do capitalismo)

2-Abertura para novos sócios desde que integralize uma quota mínima de capital igual paratodos;

3-O capital investido seria remunerado com juros de 10%, o objetivo era evitar que todoexcedente fosse apropriado pelos investidores, que é o principio capitalista;

4-O excedente que sobra depois de ser remunerado o capital deve ser distribuído entre ossócios conforme o valor de suas compras. (A terceira e a quarta regra fixavam a repartição doexcedente de uma forma que estimulasse tanto a inversão de poupança como as compras nacooperativa)

5-A sociedade só venderia a vista( essa regra visava impedir que a Cooperativa fosse afalência)

6-A cooperativa somente venderia produtos puros e de boa qualidade;

7-Educação dos sócios nos princípios do cooperativismo;

8-A sociedade seria neutra política e religiosamente.

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Teorias sobre o Cooperativismo séculosXIX/XX

Socialismo utópico: Fourier, Owen

Mutualismo: Proudhon

Marx /Engels: Sociedade dos

Produtores livremente associados.

Socialismo Autogestionário(Conselhistas) RosaLuxemburgo/K. Korsh/ Gramsci(Conselhos de Fábrica)

Marxismo Latinoamericano: JoséCarlos Mariátegui – Produçãocoletiva dos povos originários como“elementos de socialismo prático”

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Raízes do Cooperativismo no Brasil

No Brasil a origem da prática de produção etrabalho coletivo tem raízes nas comunidadesindígenas. No RS a experiência das comunidadesGuaranis das Reduções Jesuíticas dos Sete Povosdas Missões fundadas em 1610 constituiu as

primeiras iniciativas de uma economia cooperativafundamentada no trabalho coletivo que duraria pormais de 150 anos.

As primeiras experiências de Cooperativas nomodelo dos Pioneiros ingleses, surge no Brasil ao

final do século XIX com a criação da AssociaçãoCooperativa dos Empregados, em 1891, na cidadede Limeira-SP, e da Cooperativa de Consumo deCamaragibe – Pernambuco em 1894. A partir de1902, surgem as primeiras experiências das caixasrurais do modelo Raiffeinsen, no RS e em 1907, sãocriadas as primeiras cooperativas agropecuárias emMinas Gerais ( OCB, 1996)

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O desenvolvimento do cooperativismo no Brasil

Mesmo que as experiências cooperativas no Brasil tenham inicio no final do século XIX, foia partir dos anos 30 do século seguinte, durante o primeiro governo Vargas, que ocooperativismo teve um crescimento significativo, motivada pelo estimulo do poder públicoque o identificou como um importante instrumento da reestruturação das atividadesagrícolas. Foi promulgado em 1932 a primeira Lei Básica do Cooperativismo;

As cooperativas agrícolas se tornaram as principais referências e divulgadoras do ideário

cooperativista no Brasil.Em 1969 é criada a OCB ( Organização das Cooperativas Brasileiras) e Lei doCooperativismo para regulamentar o setor (1971). Esse processo de regulamentação docooperativismo se deu no período da Ditadura Militar e portanto é o reflexo da lógica elitistae antidemocrática dominante. Caracterizou-se por uma forte ingerência do Estado nofuncionamento das cooperativas.

O modelo cooperativista dominante no Brasil foi similar a de outros países da AméricaLatina, ou seja, o cooperativismo como instrumento de controle social e funcional aosistema.

Diferentemente do que ocorreu na Europa onde o cooperativismo surgiu como umaforma de resistência operária ao capitalismo, no Brasil, ao contrário, representou apromoção das elites econômicas, principalmente os grandes proprietários rurais.

Essa realidade começa mudar a partir da emergência da Economia Solidária e do “novocooperativismo popular” na segunda metade dos anos 90 .

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Economia Solidária

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Contexto histórico Economia Solidária

Implantação da agenda neoliberal na AméricaLatina na década de 1990:

 Principais elementos da agenda:

Abertura indiscriminada da Economia;

Desregulamentação dos mercados e do sistemafinanceiro; Privatização de empresas públicas; Crise do paradigma fordista/taylorista de

produção (produção flexível e terceirização) Conseqüências:

Falência de milhares de micro e pequenasempresas (que mais empregam no país) Ampliação do desemprego (3 milhões de

desempregados na década de 1990) e daexclusão social (32 milhões de pessoas a baixoda linha de pobreza)

Trabalho precário e sem direitos.

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Caracterização

A Economia Solidária é uma reação prática dos trabalhadores aoprocesso de exclusão da economia capitalista aprofundada na décadaneoliberal dos anos 90;É uma prática que não surge de um projeto político ou idéiarevolucionária como o cooperativismo do século XIX na Europa;

Faz uma crítica ao cooperativismo baseado em grandes Empreendimentos Rurais que se estabelece no Brasil, integrado ao sistema capitalista.Propõe um  Novo Cooperativismo Popular , que resgate os valores eprincípios originários do cooperativismo( autogestão, auto-organização,participação política)Conta com apoio dos movimentos sociais e entidades que buscamconstruir a ES como um novo movimento social antisistêmico econtrahegemônico.

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Resgate de princípios e valores

A Economia Solidária é composta por iniciativas econômicas detrabalhadores urbanos ou rurais, formais ou informais que seorganizam coletivamente para produção de bens, prestação deserviços, consumo , comercialização a partir dos princípios da

solidariedade,igualdade e autogestão coletiva e democráticado trabalho.

Orientada por valores não-mercantis, como a solidariedade e ademocracia, a Economia Solidária propõe-se a incorporar naprática econômica as dimensões políticas, culturais, étnicas eecológicas, no qual a produção,a distribuição e a preservação dosrecursos naturais e sociais são tomadas como eixos para umprocesso emancipatório.

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O princípio da Autogestão

Autogestão é o princípio mais importante daEconomia Solidária.

Isso significa que:

Não há mais patrões e empregados mas

associados/cooperados Os meios de produção ( equipamentos ,

instalações) pertencem a todos os que trabalhamno empreendimento;

A administração é feita coletivamente, de forma

democrática, e os resultados são compartilhadosentre todos. Para tomar decisões, cada cabeça éum voto.

Para que a autogestão aconteça de fato, é precisoque a democracia, a igualdade e a liberdadesejam garantidas a todos os integrantes do

empreendimento.

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O valor da Solidariedade

A Economia Solidária se opõe à organizações capitalistas cujas relaçõessão baseadas na competição, individualismo e acumulação de capital.

Na ES não existem mais explorados e exploradores, pois ninguém develevar vantagem sobre os outros.

A solidariedade é coletiva e, portanto, só é realizada numa relação entre

iguais. Dimensões da solidariedade na ES: na justa distribuição dos resultados alcançados; nas oportunidades que levam ao desenvolvimento de capacidades e da

melhoria das condições de vida dos participantes; nas relações que se estabelecem com a comunidade local; nas relações com os movimentos sociais e populares de caráter

emancipatório.

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Mapeamento da Economia Solidária

Foram mapeados até agora 22 mil EES em todo o país. Omapeamento atingiu 50% do território nacional.

Estão associados nestes empreendimentos econômicossolidários (EES) mais de 1 milhão e 700 mil trabalhadorese trabalhadoras dos mais diversos setores econômicos domeio urbano e rural.

A este conjunto agrega-se em torno de 25 a 30 miltrabalhadores e trabalhadoras participantes que, embora nãosócios, possuem algum vínculo com os EES.

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Cooperativas que não sãoconsideradas como ES

Cooperativas que intermediam mão –de –obra,precarizam as relações de trabalho, ou desrespeitam osdireitos sociais básicos dos trabalhadores;

Cooperativas que não observam a regra da autogestão edemocracia, de um voto para cada sócio na tomada dedeliberações, qualquer que seja o montante de suaparticipação na sociedade;

Cooperativas que tem “dono”, cuja direção mantém

relações de trabalho hierarquizadas, verticalizadas e desubordinação com os demais associados; Inexistência de participação efetiva dos associados na

gestão do empreendimento.

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Teorias sobre a Economia Solidária

Se o cooperativismo surge na Europa no séculoXIX a partir de construções teóricas anti-capitalistas como o owenismo, socialismo,anarquismo. No atual ressurgimento das práticaseconômicas autogestionárias dos setorespopulares através da Economia Solidária, não

há ainda teorias consolidadas, mas um conjuntode elaborações ainda em construção. É, portanto,uma prática em busca de uma teoria.

Os principais teóricos atuais são:

América Latina: Paul Singer(Brasil); Razeto(Chile); Coraggio( Argentina).

Europa: Jean-Louis Laville( França)Principal obra de Referência:

 Dicionário Internacional da Outra Economia.(2009) Organizado por Cattani,Coraggio e Laville. Ed. Altamira.

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Movimento Social da Economia Solidária

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Contexto histórico

O final dos anos 70 e toda a década dos anos80 foram marcados pela ascensão e

 fortalecimento dos movimentos sociais (lutas

 pela redemocratização, lutas sociais:

surgimento do novo sindicalismo; Teologia da

 Libertação, criação de organizações da classe

trabalhadora: CUT, PT).

 Anos 90 marcam um novo período de refluxo

dos movimentos sociais ( crise ideológica-

queda do socialismo real, avanço do

neoliberalismo)

 Mudanças nas estratégias dos Movimentos

Sociais ( protagonismo de ONGs)

 Resistência ao neoliberalismo (Avanço da luta

de massas do MST como exceção , mudanças

no sindicalismo; nova relação com ocooperativismo (empresas recuperadas/ Novo

Cooperativismo )

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Variáveis políticas

Variáveis políticas que contribuíram para a emergência domovimento social da Economia Solidária:

 1)Protagonismo da Igreja Católica Progressista(CEBs,Cáritas, PACs,FASE,IBASE)

2) Novo paradigma estratégico das organizações deesquerda (Disputa de hegemonia na institucionalidade,governos locais; nova relação do sindicalismo comcooperativismo )

3) Fórum Social Mundial (2001) “movimento dos movimentos” A ES na agenda de um “outro mundo possível”;

“Uma outra economia é possível”

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Protagonistas do movimento social daEconomia Solidária

Trabalhadores e trabalhadoras dos EES;

 Entidades de apoio

Ongs e Entidades de apoio: Cáritas, IMS,IBASE, FASE

Entidades de Representação dos EES :ANTEAG/UNISOL/UNICAFES

Universidades/Incubadoras;

Movimentos Sociais ( MST,MTD, MMM,

quilombolas, MNCMR) Gestores Públicos ( municipal, estadual e

nacional)

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Campo político-organizativo daEconomia Solidária

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Cronologia do movimento social da EconomiaSolidária no Brasil

Anos 80-90: Criação de núcleos urbanos de geração de trabalho e renda pela Cáritas Brasileira através dosPACs(Projetos Alternativos Comunitários)

Primeira metade dos anos 90: Constituição de Cooperativas autogestionárias de trabalhadores na indústria a partir dareativação de fábricas fechadas no ABC paulista.

1994-Criação da ANTEAG ( Associação Nacional de Trabalhadores de Empresas de Autogestão); 1995-Criação da primeira Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares ( ITCP/COPPE/UFRJ 1996-Primeiras Políticas Públicas locais de fomento à Economia Solidária. ( Administração Popular -Porto Alegre )

Criação da rede UNITRABALHO 1999-Criação da ADS ( Agencia de Desenvolvimento Solidário) da CUT Implantação do primeiro Programa estadual de Economia Solidária ( Governo Rio Grande do Sul-1999-2002) 2001-Criação do GT- Grupo de Trabalho Nacional de Economia Solidária no âmbito do 1º Fórum Social Mundial

reunindo diversas entidades(Cáritas, IBASE,ADS/CUT, ANTEAG,ITCPs); 2002-Criação do FBES-Fórum Brasileiro de Economia Solidária; 2002- Fundação da UNISOL Brasil 2003-Criação da Rede nacional de Gestores da Economia Solidária;( mais de 30 gestores de governos municipais e

estaduais de todo o país)

2003-Criação da SENAES- Secretaria Nacional de Economia Solidária no Ministério do Trabalho e Emprego; 2004- Realização do I Encontro Nacional de Empreendimentos de Economia Solidária. 2004- Criação da UNICAFES 2006-Realização da I Conferência Nacional de Economia Solidária. 2006-Criação do Conselho Nacional de Economia Solidária 2008- realização da IV Plenária Nacional do FBEs 2010- II Conferência Nacional de Economia Solidaria.

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Plataforma do Movimento Social daEconomia Solidária

Combater a exclusão social, eliminando as desigualdades materiais; Ampliar as oportunidades de trabalho, mantendo a atividade econômica ligada ao seu

fim primeiro, que é responder às necessidades produtivas e reprodutivas da sociedade; Fortalecimento dos princípios da solidariedade e da cooperação em detrimento do

individualismo/competição; Substituir as velhas práticas de maximização do lucro individual por novos conceitos,

como vantagens cooperativas e eficiência sistêmica; Fortalecimento dos empreendimentos e organizações populares; Promover a justiça econômica e social e a democracia participativa, sem a tutela de

estados centralizadores e longe das práticas cooperativas burocratizadas (cooperativismo empresarial)

Estímulo ao controle social- autonomia e autogestão- tanto das atividades econômicascomo dos dos fóruns e redes;

Relação direta entre produtores e consumidores, conferindo uma face humana àsrelações de intercâmbio;

Desenvolvimento local respeitando a diversidade de fatores( humanos,ambientais,culturais, regionais) integrados em sua realização;

Respeito ao saber acumulado pelo conjunto dos trabalhadores; Criação de um mercado solidário, estimulando o consumo ético,ecológico e

sustentável;

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II Conferência Estadual de Economia SolidáriaPorto Alegre, 8 de maio de 2010

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II Conferência Nacional de Economia SolidáriaBrasília, 16,17,18 de junho de 2010

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 A Educação para Autogestão

A escola como espaço de construção de

contra-hegemonia

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Economia solidária como ato pedagógico

A Economia Solidária no capitalismo não é algo natural; ela exige dos indivíduos queparticipam dela um comportamento social pautado pela solidariedade e não mais pelacompetição;

A Economia Solidária, portanto, exige que as pessoas que foram formadas a partir daconcepção dominante sejam reeducadas;

Na concepção dominante o individualismo e a competição impõe-se como valores daideologia da racionalidade capitalista na qual os ganhos de uns correspondem a perdasde outros.

A Educação para a Economia Solidária somente poderá superar essa concepçãodominante com uma educação coletiva, colaborativa e cooperativa pois ela deve serprática de todos os que propõe uma transição, do modo competitivo ao cooperativo de

produção e distribuição.A reeducação coletiva representa um desafio pedagógico, pois trata-se de passar acada educando outra visão de como a economia pode funcionar bem através dorelacionamento cooperativo entre sócios, para que os EES dêem resultados almejados;

O verdadeiro aprendizado dá-se com a prática, pois o comportamento econômicosolidário só existe quando é recíproco.( Singer, 2005)

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Educação para a Autogestão

A Economia Solidária no processo de aprendizagem não deve ser um fim em si,mas como via de empoderamento dos educandos para tornarem-se gestores dosseus EES e sujeitos do seu próprio desenvolvimento pessoal, comunitário e social;

É uma educação para a autogestão, deve ser centrada numa concepção não

dogmática nem doutrinária do conhecimento, mas que tenha como base a pesquisae o diálogo como métodos essenciais de construção do conhecimentos;

A Economia deve ser objeto da aprendizagem na escola, a partir do seusignificado etimológico de gestão como, cuidado da casa, autogestão do bem

viver dos habitantes da casa.

Essa definição etimológica do termo incita a reflexão: A Economia concebidacomo arte de gerir as diversas casas que habitamos, nos desafia a aprender adiscutir nossas relações sociais de modo ao mesmo tempo autônomo e solidário.

A Educação para a Autogestão é , portanto, um aprendizado para a igualdade einclusão de todos. Igualdade de condições que elimina a sociedade hierárquica,propondo uma sociedade marcada por relações democráticas, onde as diferençasentre os indivíduos possam acontecer sem gerar desigualdades.

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A escola e os elementos da disputa dehegemonia

1- Perceber e discutir/debater denunciar o conflito/ contradição entre as práticas dominantes na economiacapitalista e a forma autogestionária trazida pela prática da

ES;2- Pôr-se no conflito, enquanto educador e pesquisador;

3- Nomear, ao construir coletivamente e processualmentecom os educandos, várias práticas que tragam para a escolaexperiências de relação social, política e econômicabaseadas nos pressupostos da democracia, participação,igualdade, solidariedade e liberdade.

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Considerações Finais

- As experiências de produção cooperativa e autogestionária de Economia Solidária, que emergem da crise do sistema capitalista,apresenta três características que a diferenciam do cooperativismo“tradicional ” no Brasil e apontam novas perspectivas:

- 1) A apropriação da prática econômica autogestionária por partedos setores populares do meio urbano e rural como forma deresistência e alternativa à exclusão social;

- 2) O resgate da questão democrática: a partir da AUTOGESTÃOcomo principio fundamental dos EES, cuja prática foi abandonada pelocooperativismo tradicional dominante, a ES recoloca o tema do

controle dos meios de produção pelos próprios trabalhadores e adivisão igualitária das riquezas produzidas coletivamente;

- 3) O resgate do sentido político e emancipatório: A partir daconstrução da prática autogestionária como elemento central de um projeto econômico dos movimentos sociais.

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Referências Bibliográficas

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Arruda, Marcos.(2005) Redes, Educação e Economia Solidária: novas formas de pensar a educação de jovens e adultos. In Krupa, Sonia (org.) (2005). Economia Solidária e Educação de Jovens e Adultos.Brasília, INEP.

Krupa, Sonia (org.) (2005). Economia Solidária e Educação de Jovens e Adultos. Brasília, INEP._________________(2005) Uma outra economia pode acontecer na educação: Para Além da teoria do

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