apresentação para décimo primeiro ano de 2012 3, aula 53-54
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Peroração — Última parte do discurso, competindo-lhe suscitar a impressão decisiva no auditório, que se pretende convencer e persuadir. Tem dois desenvolvimentos típicos: recapitulação dos argumentos e mobilização dos afectos ou paixões.
1
despido
despeço
O Padre Vieira usa a forma verbal mais antiga da 1.ª pessoa do Presente do Indicativo de «despedir», mas a forma que usamos atualmente resulta de analogia com as de outros verbos (cfr. «posso», «meço», «peço»).
Despido > Despeço Peço Posso
Despedes Pedes Podes
Despede Pede Podes
Despedimos Pedimos Podemos
Despedis Pedis Podeis
Despedem Pedem Podem
*Sabo
Sabes
Sabe
Sabemos
Sabeis
Sabem
2
vades
vades
É esta a forma da 2.ª pessoa do plural do Presente do Conjuntivo de «ir»; no entanto, se tivermos em conta que se usaria agora a 3.ª pessoa do plural (porque o tratamento seria «vocês» e não «vós»), a forma comum seria «vão».
Presente do Conjuntivo de IR
(que eu) vá
vás
vá
vamos
vades
vão
Presente do Indicativo de IR
(eu) vou
vais
vai
vamos
ides
vão
2
outro
outro sermão
Lembremos que o Padre Vieira tinha ia partir para Portugal (aliás, em parte, para defesa dos índios), pelo que aquele seria, durante tempo, o último sermão que lhe ouviriam os colonos.
13 de junho de 1654
3
mui
muito
O advérbio «mui» resulta de uma apócope (supressão do som final — cfr. p. 325) de «muito» (como «São» resulta de apócope de «Santo»).
3
ficastes
ficastes
É esta a 2.ª pessoa do plural do Pretérito Perfeito, embora, como quase já não usemos esta pessoa, a forma nos pareça incorreta (se tivéssemos em conta que usaríamos hoje a 3.ª pessoa do plural — «vocês, peixes» —, teríamos a forma «ficaram»).
Pretérito Perfeito de FICAR
eu fiquei
ficaste
ficou
ficámos
ficastes
ficaram
8
habitadores
habitantes
Os peixes são os habitantes do elemento que é matéria do primeiro sacramento (cfr. infra), a água.
•aqueles que habitam o elemento que é matéria do primeiro sacramento
= ‘os peixes’
9
primeiro sacramento
batismo
Os sete sacramentos são Batismo, Confirmação, Comunhão, Penitência, Extrema unção, Ordem, Matrimónio (a matéria do Batismo é a água).
13
pregara
pregasse
Até tarde o Pretérito Mais-que-perfeito serviu em casos em que hoje temos de usar o Imperfeito do Conjuntivo.
Mais-que-perfeito Imperfeito do Conjuntivo
do Indicativo
se eu pregara* se eu pregasse
13
Oh
Oh,
É a interjeição (não é a expressão que se apõe a um vocativo), mas, hoje, usaríamos a seguir uma vírgula ou um ponto de exclamação.
22
alvedrio
arbítrio
Hoje, preferiríamos a outra palavra do par de divergentes resultantes do lat. ARBITRIUM (a palavra que hoje mais usamos é a que nos chegou por via erudita; a palavra usada por Vieira é a da chamada «via popular»).
31-32
de um homem que tinha as mesmas obrigações
de Judas
Este apóstolo tinha as mesmas obrigações de Vieira e traiu-as (por isso Vieira diz correr também esse risco).
30
do seu divino acatamento
de Deus
«Acatamento» é a presença ou vista de pessoa divina a quem se deve reverência.
38
tanto
tão grande
«Tão» deve ser a forma reduzida (apocopada) de «tanto». Antes de adjetivos é essa a forma do advérbio (não se confunda o advérbio «tão/tanto» com o quantificador «tanto(s)», «tanta(s)»).
41
um elemento tão largo e tão puro
a água
O elemento onde vivem os peixes.
42
aqueles que convosco e de vós viviam
os apóstolos Tiago, João, Simão e André
Estes apóstolos eram pescadores e, por isso, mais especialmente se relacionavam com peixes.
A.
A primeira frase refere-se ainda à advertência com que terminou o capítulo V e introduz a conclusão do sermão.
B.
Para consolo dos peixes, o pregador refere que ficaram afastados dos sacrifícios a Deus pelo facto de não poderem chegar vivos ao altar, não tendo sido excluídos por qualquer outro motivo.
C.
Associando esta ideia aos homens, considera que o mesmo deveria acontecer com eles, para as suas almas não chegarem ao altar em pecado mortal.
D.
O pregador considera-se inferior aos peixes, como todos os homens são, por ser racional.
E.
Na sua "bruteza" (l. 21), os peixes ofendem a Deus com palavras, com a memória, com o entendimento e com a vontade.
Os peixes não ofendem a Deus.
F.
Os humanos não cumprem as suas obrigações perante Deus, pelo que o facto de os peixes cumprirem os fins para que foram criados deverá ser para eles motivo de contentamento.
G.
As exortações finais ao louvor a Deus, numa estrutura paralelística, reforçam aspetos negativos dos peixes.
Reforçam os aspetos positivos dos peixes
H.
Após a bênção, termina o sermão numa estrutura em quiasmo, aludindo à incapacidade de "graça" e "glória" (ll. 46-47) dos peixes e, por analogia, do seu auditório real.
nem de glória nem de graça
em graça e glória
Que vistes, meus olhos?
Meus olhos, que vistes
Terminado o sermão, os peixes — vamos supor que eram eles a assistência (ou que também tinham ouvido o sermão) —, fazem sair um comunicado (entre pp. 36-41,
estuda-se este tipo de texto, que já demos).
Escreve esse comunicado.
(O registo e a estrutura serão os apropria-dos a comunicados. O que se abordará fará alguma alusão ao sermão proferido pelo Padre António Vieira.
De resto, há imensa margem de manobra.)
TPC — Relanceia programas de televisão sobre o «Sermão de Santo António» e o Padre António Vieira que pus no blogue.
(Não esquecer também de ir tendo à mão — e começar a ler — Os Maias.)
E, se não fizeste ainda a gravação, trata disso até 14/15 de janeiro.