apresentação- pandemonium, uma viagem ao inferno. ribas & lins

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Apresentação- PANDEMONIUM, uma viagem ao inferno. Ribas & Lins Percepções ou Símbolos de percepções, é característica significativa que marca a presente obra. Não que as percepções apresentadas são objetivas e concretas, falsas ou verdadeiras. Partem sim, da subjetividade assentada na vida do Homem de “agora”, do “homem atomístico”. Do Homem que na plenitude da sua peculiaridade, deixa escapar a realidade circundante e Concreta. A existência apreendida de forma obscura transfigura as imagens que remetem aos medos e anseios mais profundos da personagem apresentada. Atormentado pelas tensões várias, que em muitos casos, faz sucumbir o Homem afundado na subjetividade, na hiper- individualidade, e na ignorância dos assuntos Teológicos e Escatológicos. Subjetividade, medo do existir, ignorância, alheamento político e Gnose incutida pela cultura anti- cristã em torno, são marcas das sucessão de imagens tétricas que, por certo causará espanto e alguma perplexidade em quem se arriscar a percorrer as páginas da presente obra. Quando escrevo a “cultura em torno”, quero expressar também que o autor dos desenhos, Ribas, tem consciência das lutas travadas no terreno cultural e que ele não poderia ter ficado imune, pois tal batalha requer instrumentos culturais que estão fora do alcance da maioria das pessoas, inclusive, de quem escreve esse texto. O Gnosticismo, amplamente inserido no mundo cultural moderno, é um assunto tão vasto e complexo, que não cabe descrever o Fenômeno de forma sintética e breve, apenas saliento que tal fenômeno permeia essas páginas. Talvez o autor dos desenhos não tenha pleno conhecimento das influencias que recebe, no entanto, os Simbolismo das imagens evocam as mensagens gnósticas expressadas inconscientemente no suceder da narrativa visual . Duas obras dão uma base de entendimento do Fenômeno Gnóstico, “O Jardim das Aflições” de Olavo de Carvalho e “A nova Ciência Política” de Eric Voelegelin, este de tradução brasileira. O tema central da obra, gira em torno do individuo que tenta resistir e superar as tensões interiores que se

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Introdução a uma comic novel, com um tom existencialista que aborda a solidão de um sujeito em meio a cidade.

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Apresentao- PANDEMONIUM, uma viagem ao inferno. Ribas & Lins

Percepes ou Smbolos de percepes, caracterstica significativa que marca a presente obra. No que as percepes apresentadas so objetivas e concretas, falsas ou verdadeiras. Partem sim, da subjetividade assentada na vida do Homem de agora, do homem atomstico. Do Homem que na plenitude da sua peculiaridade, deixa escapar a realidade circundante e Concreta. Aexistnciaapreendida de forma obscura transfigura as imagens que remetem aos medos e anseios mais profundos da personagem apresentada. Atormentado pelas tenses vrias, que em muitos casos, faz sucumbir o Homem afundado na subjetividade, na hiper- individualidade, e na ignorncia dos assuntos Teolgicos e Escatolgicos. Subjetividade, medo do existir, ignorncia, alheamento poltico e Gnose incutida pela cultura anti- crist em torno, so marcas das sucesso de imagens ttricas que, por certo causar espanto e alguma perplexidade em quem se arriscar a percorrer as pginas da presente obra.Quando escrevo a cultura em torno, quero expressar tambm que o autor dos desenhos, Ribas, tem conscincia das lutas travadas no terreno cultural e que ele no poderia ter ficado imune, pois tal batalha requer instrumentos culturais que esto fora do alcance da maioria das pessoas, inclusive, de quem escreve esse texto.O Gnosticismo, amplamente inserido no mundo cultural moderno, um assunto to vasto e complexo, que no cabe descrever o Fenmeno de forma sinttica e breve, apenas saliento que tal fenmeno permeia essas pginas.Talvez o autor dos desenhos no tenha pleno conhecimentodas influencias que recebe, no entanto, os Simbolismo das imagens evocam as mensagens gnsticas expressadas inconscientemente no suceder da narrativa visual . Duas obras do uma base de entendimento doFenmeno Gnstico, O Jardim das Aflies deOlavo de Carvalhoe A nova Cincia Poltica deEric Voelegelin, este de traduo brasileira. O tema central da obra, gira em torno do individuo que tenta resistir e superar as tenses interiores que se chocam com as tenses do mundo exterior e deformam as concepes de existncia a que esse individuo tem acesso. No h reciprocidade no entender da personagem, entre seus conflitos mais profundos e as exigncias da coletividade circundante, ele sente-se como uma imagem oriunda do perodo Helenstico, entre as Escolas Epicuras, Cnicas e Escolas Hedonistas, do homem- tomo, solto de tudo.Ea doce iluso de quesepode viver independente do meio circundante, de tudo o que venho antes e o precede, dos outros homens, vencendo necessidades fisiolgicas, e outras das mais impossveis. Esses smbolos esto presentes no imaginrio da personagem do sculo XXI. Sem ter a plena conscincia dos smbolos que esto impregnados nas figuras, lugares, momentos atomsticos, Ribas, nos d um exemplo de como a loucura de um Homem, pode-se transformar num inferno interior, agonizante, preso no claustro do lcool, das drogas, remdios psicotrpicos e imagens incessantes de uma ala psiquitrica nas profundezas do inferno em meios a imagens de figuras errticas, comedoras de pecadores e tomos soltos blasfemadores. Os desenhos com,trao forte, nanquim, cigarro e amitritipilina do o toque existencialista da obra, ou seja, a rotina da solido entre desenhos, cigarros e anti- depressivos, resultado de uma guerra cultural invisivel a maioria as pessoas. Desenhos com detalhes que evocam o Smbolo da solido extrema e de certa revolta, incutida no subconsciente so evocados por imagens que s poderiam ter uma explicao psicanaltica de aps longos anos de consultas. A falta do zelo para consigo mesmo, as bebedeiras, as confuses entre alucinaes que aparecem em meio aos conflitos da personagem, na realidade o conflito de tudo o que volve para dentro, o interior de uma mente em convulso. O subjetivismo enleado pelo estado depressivo tanto da personagem tanto como do autor da obra, do uma mixrdia de temas sociais, polticos e filosficos carregados do individualismo mrbido (que no deve ser confundido com Egosmo) e a balburdia queassolam tanto a criatura como o criador dos desenhos.Na putrefao da carne agonizante,nos momentos de mais desespero, o autor explora algo que todo ser-humano se deparar em sua vida,asolido do moribundo,seja doente, afogado no vcio ou numa velhice solitria. Ribas utiliza umrecurso de arte sequencialque poderia ser definido como uma histria em quadrinhos dentro de uma histria em quadrinhos, do qual abruptamente a personagem que est desenhar, num gesto de fria, rasga sem nenhum temor de arrependimento, a histria que finalizara. So smbolos da auto- destruio, imputada pela mentalidade psictica da personagem ou de Ribas, nessas horas fica difcil discernir quem quem. A ideia do enredo visual no apelativa, mrbida ou qualquer outro rtulo que lhe for impingido pelo leitor, so as expresses visuais de sentimentos, sonhos, emoes que so tingidas em meio uma revoluo cultural em curso no Ocidente j h mais de 100 anos, assentadas no Gnosticismo Moderno, travestidos de Movimentos Polticos de cunho Revolucionrio, que em ltima analise querem o avesso de tudo o que a humanidade conquistou de forma tortuosa e que possuem uma temtica com valores anti- humanos e que pregam a total subservincia do ser humano s criaes da mente humana, de loucos, psicticos que detm o poder de matar, que est acima do poder econmico. Na falcia de usar nomes abstratos, como "Estado Laico" procuram afastar a concepo correta e digna de Deus e do Infinito. Esse emaranhado de desenhos, tecido numa narrativa visual, com os traos originais e marcantes dos desenhos de Ribas, tentam comunicar o incomunicvel, resultado da complexa e tenebrosa vida, de um homem que no saiu inclume deste processo, quase indefinvel, chamado Vida e Solido no sculo XXI, e que de maneira alguma poderia ser definido definitivamente por meras palavras de outro atormentado, quase que pelas mesmas razes.. Juan Hernandes