apresentação do powerpointarquitetura.weebly.com/uploads/3/0/2/6/3026071/ta093_aula_03.pdfartistas...

41
Belle Époque Antonio Castelnou

Upload: hoangdat

Post on 11-Jun-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Belle Époque

Antonio Castelnou

Introdução

Na Europa, o final do século XIX foi marcado por várias declarações de insatisfação em relação ao ECLETISMO e suas citações

historicistas, criticadas por sua deterioração de causas tanto técnicas como culturais.

Foi na INGLATERRA que surgiu uma forte reação contra a prática eclética, mesmo ainda

calcada em referências ao passado e na tentativa de reviver modos de vida e tradições

antigas, mas que discutia as questões de coerência estética e unidade estilística.

Ao mesmo tempo, correntes artísticas apontavam o caminho

para o MODERNISMO, inserindo os artistas em um novo debate

como reação à arte realista, especialmente a partir de 1870.

Passando a ter um profundo interesse científico, principalmente devido às teorias e aos progressos

científicos decorrentes da INDUSTRIALIZAÇÃO, estes

artistas deram os primeiros passos para a arte moderna.

Les Demoiselles Cahen d’Anvers ou Rose et Bleue (1881) Pierre-Auguste Renoir (1841-1919)

De temática alegórica e espiritual, o SIMBOLISMO foi uma corrente literária e artística

iniciada por Charles Baudelaire (1821-67), que reagia contra os realistas e

buscava expressar sentimentos pessoais e ocultos.

Influenciados pelo misticismo e filosofias orientais, os artistas

simbolistas passaram a explorar temas e imagens irreais,

baseados em sonhos, fobias, fantasias e erotismo.

Charles Baudelaire (1821-67)

Mulher sentada com Joelho levantado (1914)

Egon Schiele(1890-1918)

O Grito (1893) Edvard Munch (1863-1944)

Retrato de Adele Bloch Bauer (1907)

Gustav Klimt (1862-1918) O Beijo (1908)

Por sua vez, o IMPRESSIONISMO foi original por ter elaborado, com base na observação da luz solar, uma TEORIA DE CORES, na qual

cada artista procurava explorar a incidência dos raios solares na paisagem e na figura humana.

Desenvolvida no decorrer de 08 (oito) exposições, ocorridas entre

1874 e 1910, a arte impressionista negava a linha e

defendia uma concepção dinâmica do universo.

Café au lait (1881) Camille Pissarro (1830-1903)

Edgar Degas (1834-1917) La danseuse sur scène ou L’étoile (1878)

Le déjeuner sur l'herbe (1863) Édouard Manet (1832-83)

Le Bar aux Folies-Bergère

(1881-82)

Cathédrale de Rouen (1892/94)

Claude Monet (1840-1926)

Femme a l'ombrelle tournée vers la gauche

(1886)

La yole ou La Seine à Asnières (1879) Pierre Auguste Renoir (1841-1919)

Gabrielle avec une rose (1914)

Henri de Toulouse-Lautrec (1864-1901)

Au Molin Rouge (1895)

La toilette (1889)

Port St. Tropez (1899)

Paul Signac (1863-1935) Port de Marseille (1904)

Embora com maior caráter científico, essas pinturas tinham um interesse eminentemente VISUAL, voltado apenas ao

aspecto exterior, sem preocupações políticas ou sociais.

A oitava exposição impressionista apresentou um novo princípio: a dissociação das tonalidades ou

mistura ótica de matizes. O divisionismo ou pontilhismo

baseava-se na decomposição de tons graças a pequenas

pinceladas arredondadas.

Georges Seurat (1859-91)

Um dimanche

après-midi à l’Île de la

Grande Jatte (1884)

Une baignade à Asnières (1884) Les poseuses (1887/88)

A passagem para o século XX foi uma época de paz e

prosperidade europeia, devido à expansão do comércio

internacional e o aumento da confiança no PROGRESSO

das classes dominantes.

Considerado um segundo estágio da Rev. Industrial, esse período, que foi de cerca

de 1890 até o início da Primeira Guerra Mundial

(1914/18), ficou conhecido

como BELLE ÉPOQUE.

Lâmpada Elétrica (1879) Thomas A. Edison (1847-1931)

A MODERNIDADE anunciava-se por invenções que mudaram a vida cotidiana, entre as quais: telefone (1876),

lâmpada elétrica (1879), motor a explosão (1885), gramofone (1887), elevador (1887), ferrovia elétrica (1890),

rádio (1894), cinematógrafo (1895) e avião (1903).

Elisha Graves Otis (1811-61) Plataforma Ascessora (1853)

Benz 1888

Arts & Crafts

O Movimento das Artes e Ofícios (1880/90) foi ação de um grupo de artesãos

britânicos, que visava a renovação do artesanato em menosprezo às artes industriais e como

reação ao eclético Estilo Vitoriano.

Em Londres, foram fundadas 05 (cinco) sociedades que, através de seus trabalhos

em cerâmica, madeira e metais, apontavam a necessidade de se buscar originalidade,

sensibilidade e simplicidade nas artes aplicadas.

Seus fundamentos estavam nas ideias do esteta, escritor e poeta

inglês John Ruskin (1819-1900), que buscava soluções

para a “degenerescência” da arte de seu tempo, denunciando seu

materialismo exacerbado.

Atacando a MÁQUINA, para ele, a principal vilã da era industrial, difundia o retorno ao artesanato, propondo a reforma do sistema

socioeconômico a partir da renovação das artes aplicadas.

John Ruskin (1853/54)

Tecido de parede vitoriano

Considerado o maior discípulo de Ruskin, o

arquiteto, ilustrador e ativista social William Morris

(1834-96) procurou aplicar na prática os ideais de seu mestre, defendendo uma

“arte do povo para o povo” e organizando grupos para a revivificação do trabalho artesanal em Londres.

Brother Rabbit (1882)

Morris Armchair (1880)

Através de sua firma, fundada em 1861 na George Edmund St., Morris passou a criar para interiores e a vida cotidiana (papéis de parede, tecidos, tapeçarias, vitrais, móveis e ilustrações de livros), com grande unidade estilística e

defendendo que o belo é o útil, mesmo ornamentado.

Ilustração (1860)

William Morris Home

Red House (1859/60, Bexleyheath, Kent GB) Philip Webb (1831-1915)

Com a renovação das artes aplicadas (arquitetura e

decoração), o Arts & Crafts acabou influenciando a

concepção da casa britânica a partir de meados do século XIX.

Aos poucos, isto modificou toda a arquitetura residencial da

Europa, principalmente devido aos conceitos modernos de

PRIVACIDADE e CONFORTO nos ambientes familiares.

Philip Webb (1831-1915) Red House

(1859/60, Kent GB)

A CASA INGLESA passou

a ser reconhecida pelo seu sentido prático, além da

liberdade espacial, bem-estar e segurança, o que influenciou a arquitetura doméstica europeia.

Ao invés de se preocupar com as aparências cortesãs, os

ingleses valorizavam o uso sábio dos materiais, a composição

articulada, a continuidade dos ambientes e a maios intimidade e funcionalidade dos espaços.

British House (1887, Londres GB) M.H. Baillie Scott (1865-1945)

Contraposta à metrópole – o espaço público e reduto da civilização –, a HABITAÇÃO UNIFAMILIAR na Inglaterra

passou a representar o domínio do individual e

privado; o lugar do subjetivo e primado da cultura:

MY HOME IS MY KINGDOM, MY COUNTRY

AND MY SOUL.

Diferentemente das casas de bases palladianas (ville

italianas, châteux franceses, etc.), que partiam de um modelo unitário e abstrato (visão idealista), as CASAS INGLESAS eram formadas a partir da agregação de espaços definidos em si mesmos e organizados livremente no interior (visão pragmática).

Andrea Palladio (1508-80) Villa Capra – La Rotunda (1566, Vicenza - Itália)

Châteu de Vaux-le-Vicomte (1658/61, Maincy - França) Nicolas Fouquet (1615-80)

Grims Dyke House (1870/72, Harrow Weald, Londres GB)

Richard N. Shaw (1831-1912)

Despensas (pantries)

Salas (rooms)

Cozinha (Kitchen)

Hall social

Biblioteca (library)

Estes passaram a ser os elementos característicos da CASA INGLESA do final do século XIX:

Distinção entre acesso principal (hall social) e de serviços;

Espaços interconectados e articulados em plantas de diferentes níveis e pés-direitos;

Pé-direito baixo nas áreas sociais de modo a tornar mais cômoda a subida para a área íntima;

Acentralidade compositiva e inexistência de corredores, evitando a hierarquia espacial;

Elevado grau de acabamento e instalações ligadas estritamente ao modo de vida doméstica.

Newplace House (1897, Surrey GB)

Charles F. A. Voysey (1857-1941)

Edwin Lutyens (1869-1944) Goddards House

(1899/1910, Surrey GB)

Além de Morris, os maiores grandes expoentes do ARTS & CRAFTS foram: Phillip Webb (1831-

1915), Richard N. Shaw (1831-1912), Arthur H. Mackmurdo (1851-1942), Ernest Gimson (1864-1920), Charles F. A. Voysey (1857-1941), Edwin Lutyens (1869-1944) e sir Ambrose Heal (1872-1959); além dos pintores e ilustradores Walter Crane (1845-1915) e Charles R.

Ashbee (1863-1942).

Charles R. Ashbee (1863-1942) Bookcase & crafts (1888)

Buscando criar uma produção prática e honesta,

esses artífices ingleses demonstraram a importância da unidade e funcionalidade

na criação artística.

Isto prenunciava o design industrial e serviu de bases

para o MODERNISMO arquitetônico no início do

século XX.

Century Guild Chair (1883) Arthur H. Mackmurdo

(1851-1942)

Ernest Gimson (1864-1920) Inglewood House

(1892, Leicester GB)

Swans, rush and Irises (1877)

Walter Crane (1845-1915)

Entretanto, com a experiência, os participantes do ARTS & CRAFTS chegaram à conclusão de que era quase impossível que a produção artística artesanal fosse barata, pois somente

seria viável obter preços mais baixos às custas da desvalorização da vida e do trabalho humano.

C. F. A. Voysey (1857-1941) Estampas de padronagem (1880’s)

C. R. Ashbee (1863-1942)

Chairs & Armchairs

Bookcases (1905) Ernest Gimson

(1864-1920)

De qualquer forma, sua ação inovadora teve um papel fundamental para a história da Arquitetura Moderna por:

Defender da originalidade a todo custo, abandonando as preferências ecléticas e voltando-se para a funcionalidade;

Enfatizar o trabalho simples e dedicado junto à natureza própria dos materiais, buscando a unidade estética; e

Desenvolver criativas padronagens estilizadas, límpidas e geométricas, prenunciando a estandadização.

William Morris (1834-96) Vitral da Red House (1859/60)

Oak Linen Chest (1920) Sir Ambrose Heal (1872-1959)

MOBILIÁRIO ARTS & CRAFTS

Art Nouveau

Com muitas raízes e precursores, denomina-se ART NOUVEAU (“Arte Nova”) o conjunto de movimentos artísticos europeus, iniciados por volta de 1890, que visavam a renovação das artes aplicadas (arquitetura e decoração).

Todos se caracterizavam por uma grande experiência recíproca de personalidades

singulares, as quais tinham em comum única e basicamente a novidade em estilos pessoais.

O ART NOUVEAU manifestou-se principalmente

na decoração e mobiliário, embora tenha influenciado todas as esferas da arte,

inclusive moda e adereços.

Foi basicamente uma criação original, que tinha por

finalidade principal negar a herança artística do

passado e criar algo unitário e completamente novo.

Gustave Serrurier-Bovy (1858-1910) Buffet e Coiffeuse

(c.1899)

Interior Eugène Vallin (1856-1922)

Era um estilo que expressava o tom festivo de uma moda, criado de improviso e transitório, muito mais próximo do

século XIX que o XX, devido às suas raízes histórias e

ideológicas.

Alguns consideram-no já nascido “morto”, por estar preso à ORNAMENTAÇÃO

e ao individualismo, mas outros destacam sua

importância na ruptura de velhos conceitos.

Alfons M. Mucha (1860-1939) Les Quatre Saisons (1900)

Hôtel Ciamberlani (1897, Bruxelas, Bélgica) Paul Hankar (1859-1901)

O elemento mais marcante do ART NOUVEAU foi a linha ondulada e assimétrica, terminada em um

movimento cheio de energia como o da ponta de um chicote; e que era elegante e graciosa (Inglaterra e

Escócia) ou mais dinâmica e animada (França e Bélgica).

Essa linha decorativa tinha fundo simbólico, onde se

selecionavam ELEMENTOS NATURAIS (rebento viçoso, broto vegetal, botão floral,

ovóides e contornos femininos) para expressar

a alegria de viver e o nascimento de uma nova era.

O Art Nouveau tentava coincilar a pressão asfixiante

do materialismo e do desenvolvimento tecnológico

com uma atitude artística baseada nos pressupostos do

SIMBOLISMO.

Por isso, houve o rápido desaparecimento do estilo,

que já a partir de 1910 tornou-se raro: não sabia

como relacionar a MÁQUINA com as exigências da arte.

De Dion-Bouton Vis-à-vis (1901)

O berço do Art Nouveau foi a BÉLGICA, que, independente

da Espanha desde 1830, transformou-se em um centro de indústrias de luxo e pólo de atração comercial a partir de 1865, durante o reinado de

Leopoldo II (1835-1909).

O novo estilo eclodiu com os trabalhos de Paul Hankar

(18590-1901), Victor Horta (1861-1947) e Henry van de Velde (1863-1957), além de

vários outros expoentes.

Leopoldo II (1835-1909)

Victor Horta (1861-1947)

Hôtel Tassel (1892/93,

Bruxelas, Bélgica)

Hôtel Horta (1898/1901, Bruxelas, Bélgica)

Apesar do pioneirismo de Horta, foi Henry van de Velde (1863-57) quem teorizou o novo estilo,

inspirando-se na natureza ao definir a LINHA como o elemento estruturador da

arquitetura

Para ele, a linha seria o caminho natural das forças de cujo confronto nasceriam as

formas: nascia assim o ORNAMENTO ESTRUTURAL,

de cunho subjetivo.

Nostiz Armchair (1904/05)

Armchairs (1896)

Segundo Van de Velde, a LINHA sugere a ação de uma força que se expressa através da tensão e da elasticidade:

um drama que deve ser imprimido na matéria. Assim, todos os objetos utilitários deveriam ser ondulados e decorados

linearmente, criando uma empatia estética com o corpo.

Die linie ist eine kraft.

Van de Velde (1902)

Aplicava-se assim a TEORIA DE EINFÜHLUNG (empatia

estética), que defendia a afinidade subjetiva entre

sujeito e objeto: o homem projeta-se sentimentalmente nas coisas e o inverso criaria

o gozo estético.

Tal teoria de bases alemães e românticas acreditava que

deve haver uma correspondência entre a

realidade física e psíquica: a forma segue a natureza.

Villa Esche (c.1900, Chemnitz, Alemanha) H. Van de Velde )

Leitura Complementar APOSTILA – Capítulos 02 e 03.

ADAMS, S. The Arts & Crafts Movement. London: Quintet Publishing Limited, 1996.

BENEVOLO, L. História da arquitetura moderna. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1998.

CHAMPIGNEULLE, B. A arte nova. Lisboa: Verbo, 1984.

PEVSNER, N. Origens da arquitetura moderna e do design. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

_____. Os pioneiros do desenho moderno. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

SEMBACH, K. J. Arte nova: a utopia da reconciliação. Köln: Benedikt Taschen, 2007.