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Aprender a Ser Professor Construindo um Clima de Aula Propício à Aprendizagem Relatório de Estágio Profissional Relatório de Estágio Profissional apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006 de 24 de Março e do Decreto-Lei nº 43/2007 de 22 de Fevereiro. Orientador: Dr. Tiago Manuel Tavares de Sousa Tiago Jorge Vieira Lourenço Porto, setembro de 2014

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Aprender a Ser Professor Construindo um Clima

de Aula Propício à Aprendizagem

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional apresentado à

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto,

com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos

conducente ao grau de Mestre em Ensino de

Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário ao abrigo do Decreto-Lei nº 74/2006

de 24 de Março e do Decreto-Lei nº 43/2007 de

22 de Fevereiro.

Orientador: Dr. Tiago Manuel Tavares de Sousa

Tiago Jorge Vieira Lourenço

Porto, setembro de 2014

II

Ficha de Catalogação

Lourenço, T. J. V. (2014). Aprender a Ser Professor Construindo um Clima de

Aula Propício à Aprendizagem: Relatório de Estágio Profissional. Porto: T.

Lourenço. Relatório de Estágio Profissionalizante para a obtenção do grau de

Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário,

apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

ESTUDANTE-ESTAGIÁRIO, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, CLIMA

DA AULA.

III

Dedicatória

O Relatório de Estágio Profissional é dedicado a todos os meus entes

queridos, desde a família aos meus PAIS e IRMÃOS, principalmente, porque

sempre me apoiaram ao longo de todo este percurso. Não esqueço os meus

AMIGOS que foram igualmente uma peça fundamental para a concretização

deste documento.

V

Agradecimentos

Agradeço aos meus PAIS e IRMÃOS por toda a força que me deram

durante todo o meu percurso académico, acreditando sempre nas minhas

capacidades e vontade em querer sempre mais.

À Diana, por toda a paciência que teve comigo em situações de um stress

acrescido, pelo enorme apoio e por me ter feito acreditar que podia fazer sempre

melhor.

Aos meus AMIGOS por todo o apoio prestado em alguns momentos mais

complicados.

Ao professor orientador da Faculdade, Tiago Sousa, pela enorme

disponibilidade, apoio e conhecimentos transmitidos em todos os encontros,

ajudando-me a ultrapassar algumas questões do processo de ensino-

aprendizagem.

Ao professor cooperante, Óscar Teixeira, que desde o início do estágio se

mostrou sempre muito prestável para qualquer situação e pela partilha de

experiências que me foram enriquecendo a nível profissional.

Aos meus colegas de estágio, Frederico e Marco, por todo o apoio

prestado, pela confiança e pelo espírito de equipa, levando-me a ultrapassar este

desafio tornando-o mais “fácil”.

À Escola Básica Júlio Dinis, deixando um especial agradecimento ao

grupo de Educação Física, por me terem acolhido de uma forma excecional,

fazendo-me sentir que já fizesse parte deste grupo há muito tempo.

Aos meus alunos, que serão lembrados para sempre como sendo a minha

primeira turma e única por todos os momentos que me proporcionaram.

VII

Índice

Dedicatória ...................................................................................................................... III

Agradecimentos .............................................................................................................V

Índice de Tabelas .......................................................................................................... XI

Índice de Anexos......................................................................................................... XIII

Resumo ........................................................................................................................ XV

Abstract....................................................................................................................... XVII

Lista de Abreviaturas ................................................................................................. XIX

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. DIMENSÃO PESSOAL .......................................................................................... 5

2.1. O Realizar de um Sonho ................................................................................ 8

2.2. O Estágio Profissional .................................................................................. 10

2.3. Expectativas Iniciais do Estágio Profissional vs A Realidade................ 11

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA PROFISSIONAL .................................... 15

3.1. Enquadramento Legal do Estágio Profissional ........................................ 17

3.2. Enquadramento Institucional do Estágio Profissional ............................. 18

3.2.1. A Escola como Instituição..................................................................... 18

3.2.2. Escola Básica Júlio Dinis – Grijó ......................................................... 18

3.2.3. Núcleo de Estágio .................................................................................. 20

3.2.4. A Minha Turma ....................................................................................... 21

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA PROFISSIONAL ................................................ 25

4.1. Área 1: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ............. 27

4.1.1. O Ensino da Educação Física.............................................................. 27

4.1.2. Os Programas de Educação Física .................................................... 29

4.1.2.1. Análise dos Programas de Educação Física ............................. 29

4.1.3. A Importância do Planeamento ........................................................... 30

4.1.3.1. Modelo de Estruturas de Conhecimento..................................... 32

4.1.3.2. Planeamento Anual ........................................................................ 34

4.1.3.3. Planeamento da Unidade Didática .............................................. 35

VIII

4.1.3.4. Plano de Aula .................................................................................. 38

4.1.3.5. Os Meus Alunos .............................................................................. 40

4.1.3.6. Os Níveis de Desempenho Para Uma Melhor Aula.................. 41

4.1.4. Realização............................................................................................... 43

4.1.4.1. Controlo da Turma .......................................................................... 43

4.1.4.2. Gestão .............................................................................................. 44

4.1.4.2.1. Gestão do Espaço e dos Materiais ........................................... 45

4.1.4.2.2. Gestão dos Alunos ...................................................................... 46

4.1.4.3. Instrução........................................................................................... 47

4.1.4.4. Modelos Instrucionais em Educação Física ............................... 50

4.1.4.4.1. Modelo de Instrução Direta ........................................................ 50

4.1.4.4.2. Modelo Desenvolvimental .......................................................... 52

4.1.4.4.3. A Aplicação do Modelo de Educação Desportiva: Uma

Experiência Enriquecedora.......................................................................... 54

4.1.5. Planeamento vs Realização ................................................................. 57

4.1.6. Avaliação ................................................................................................. 59

4.1.6.1. Avaliação Diagnóstica .................................................................... 60

4.1.6.2. Avaliação Contínua ........................................................................ 60

4.1.6.3. Avaliação Sumativa ........................................................................ 61

4.1.7. Competição vs Ganhar ......................................................................... 64

4.1.7.1. “O Clima Social na Aula de Educação Física: Programa de

Intervenção Baseado em Atividades Cooperativas e Não-Competitivas”

66

4.2. Área 2: Participação na Escola e Relações com a Comunidade .......... 86

4.2.1. A Envolvência de Alunos, Pais e Professores .................................. 86

4.2.2. Outras Atividades Organizadas pelo Núcleo de Estágio ................. 87

4.2.2.1. Dia do Atletismo .............................................................................. 87

4.2.2.2. Torneio de Futebol – Professores vs Alunos ............................. 88

4.2.2.3. Ações de Formação ....................................................................... 88

IX

4.2.2.3.1. O Voleibol em Contexto Escolar ............................................... 89

4.2.2.3.2. Treino Funcional .......................................................................... 89

4.2.2.4. Dia do Agrupamento ...................................................................... 90

4.2.3. Desporto Escolar.................................................................................... 90

4.2.3.1. Corta-Mato Escolar......................................................................... 91

4.2.3.2. Corta-Mato Distrital......................................................................... 92

4.2.3.3. Modalidades vs Condições da Escola......................................... 92

4.3. Área 3: Desenvolvimento Profissional ....................................................... 95

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................ 99

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................103

7. ANEXOS .............................................................................................................. XXI

XI

Índice de Tabelas

Tabela 1: Legenda das escolhas mútuas ou recíprocas de um sociograma ..... 74

Tabela 2: Cálculo dos índices de popularidade e de antipatia, no primeiro e

segundo momento de recolha. .................................................................................. 76

Tabela 3: Total de escolhas mútuas de cada aluno na terceira questão, no

primeiro e segundo momento de recolha. ............................................................... 79

Tabela 4: Total de escolhas mútuas de cada aluno na quarta questão, no primeiro

e segundo momento de recolha. ............................................................................... 80

XIII

Índice de Anexos

Anexo I: Teste Sociométrico. ..................................................................................XXIII

Anexo II: Atividades motoras de carácter cooperativo e não-competitivo..... XXIV

XV

Resumo

A elaboração deste documento, Relatório de Estágio, assumiu uma importância

enorme, uma vez que me permitiu relatar, sustentado por autores de renome,

tudo aquilo que foi vivenciado ao longo deste ano letivo (2013/2014), tendo sido

uma longa jornada de formação inicial enquanto professor de Educação Física.

De referir que a Prática de Ensino Supervisionada realizou-se na Escola Básica

Júlio Dinis, sendo acompanhado pelo professor cooperante e pelo orientador

pertencente à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto. Relativamente

à estrutura deste documento este encontra-se dividido em quatro capítulos:

introdução – é mencionado aquilo que irá ser abordado; dimensão pessoal – é

retratado o meu percurso de vida, o meu entendimento acerca do estágio

profissional e as minhas expectativas iniciais; enquadramento da prática

profissional – é caracterizada a escola, o meio envolvente, as condições

materiais e os alunos em que realizei o estágio; realização da prática profissional

– subdividida em três áreas de desempenho (Área 1 - “Organização e Gestão do

Ensino e da Aprendizagem”, onde é incluído um estudo de investigação-ação

desenvolvido nas minhas aulas ao longo deste ano letivo; a Área 2 –

“Participação na Escola e Relações com a Comunidade”; a Área 3 –

“Desenvolvimento Profissional”); considerações finais – são apresentadas as

ilações retiradas deste estágio e de perspetivas para o futuro.

PALAVRAS-CHAVE: ESTÁGIO PROFISSIONAL, EDUCAÇÃO FÍSICA,

ESTUDANTE-ESTAGIÁRIO, DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL, CLIMA

DA AULA.

XVII

Abstract

The elaboration of this document, Practicum Report, configured a great

importance, since it allowed me to report, supported by renowned authors, all that

was experienced throughout this school year (2013/2014), a long journey of

training as pre-service Physical Education teacher. The Supervised Teaching

held at the School Júlio Dinis, and it was monitored by the Cooperating Teacher

and the Supervisor belonging to the Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto. The structure of this document is divided into four chapters: introduction -

mention of what will be treated; personal dimension - is pictured my life journey,

my understanding about the internship and my initial expectations; framework of

professional practice – is characterized the school, the environment, the material

conditions and the students were I realized my practicum; achievement of

professional practice - subdivided in three performance areas (Area 1 -

"Organization and Management of Teaching and Learning", which is included a

study of action-research developed in my class throughout this school year; Area

2 - "Participation in School and Relations with the Community "; Area 3 -

"Professional Development"); Final considerations – which includes the

conclusions of the internship and future perspectives.

KEYWORDS: PRACTICUM TRAINING, PHYSICAL EDUCATION, PRE-

SERVICE TEACHER, PROFESSIONAL DEVELOPMENT, CLASSROOM

CLIMATE

XIX

Lista de Abreviaturas

AC – Avaliação Contínua

AD – Avaliação Diagnóstica

AS – Avaliação Sumativa

DE – Desporto Escolar

EBJD – Escola Básica Júlio Dinis

EF – Educação Física

EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

MD – Modelo Desenvolvimental

MEC – Modelo de Estruturas de Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

MEEFEBS – Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e

Secundário

MID – Modelo de Instrução Direta

NE – Núcleo de Estágio

OE – Orientador de Estágio

PC – Professor Cooperante

UD – Unidade Didática

1. INTRODUÇÃO

3

O Relatório de Estágio Profissional (EP) foi elaborado no âmbito da

unidade curricular EP I e II, do 1º e 2º semestres respetivamente, conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física (EF) nos Ensinos Básico e

Secundário da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP).

O EP decorreu na Escola Básica Júlio Dinis (EBJD), situada na freguesia

de Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto. Ao longo deste ano letivo tive dois

colegas de estágio que foram muito importantes nos momentos em que surgiram

os obstáculos. De referir que, todo este percurso contou também com o

acompanhamento do professor cooperante (PC) e do orientador de estágio (OE).

Foi com uma turma do 9º ano de escolaridade que decorreu toda esta

minha prática profissional, realizando desta forma toda a conceção, o

planeamento, a realização e a avaliação. Tudo isto foi efetuado com o controle,

principalmente, do PC e do OE. Através da constante supervisão por parte

destes professores, esta teve como propósito fundamental permitir que o

estudante-estagiário se desenvolva a nível profissional, tornando-se capaz de

aplicar todos os conhecimentos adquiridos e, por conseguinte, responder à

realidade concreta do ensino na escola.

Este documento pretende retratar tudo aquilo que foi vivenciado no

decorrer deste ano letivo, aliando a este aspeto um suporte teórico por parte de

autores de renome, procurando desta forma suportar tudo o que foi

experienciado.

O Relatório de EP encontra-se organizado segundo cinco capítulos: (1)

Introdução, onde apresento uma breve descrição do trabalho realizado; (2)

Dimensão Pessoal, na qual é apresentado o meu percurso de vida, o

entendimento acerca da definição de EP e as minhas expectativas iniciais

confrontando-as com a realidade presenciada; (3) Enquadramento da Prática

Profissional, onde é efetuada uma contextualização do estabelecimento de

ensino; (4) Realização da Prática Profissional, organizado mediante as três

áreas de desempenho (área 1 – organização e gestão do ensino e da

aprendizagem; área 2 – participação na escola e relações com a comunidade;

área 3 – desenvolvimento profissional), que através de vários subcapítulos foi

realizada uma reflexão acerca de tudo o que foi idealizado, planeado, vivenciado

4

e avaliado ao longo deste ano letivo. De mencionar que, o último subcapítulo vai

de encontro ao estudo de investigação-ação intitulado como “ O Clima Social na

Aula de Educação Física: Programa de Intervenção Baseado em Atividades

Motoras Cooperativas e Não-Competitivas”, cujo objetivo principal seria

desenvolver as relações interpessoais da turma; (5) Considerações Finais, na

qual são divulgados os momentos mais importantes deste EP e,

consequentemente, as conclusões acerca deste período de estágio.

2. DIMENSÃO PESSOAL

7

Começo este capítulo com a menção do trabalho árduo e das principais

funções de um professor. Segundo Clark e Peterson (1986), toda a ação do

professor está influenciada pelas suas conceções, realiza-se num contexto que

oferece oportunidades e constrangimentos e vai sendo regulada pelo confronto

com a prática. Esta é uma profissão em que é necessário saber lidar com a

diversidade existente na escola, mas também, e, principalmente, deve contribuir

para a formação integral de pessoas.

O papel de um professor é complexo, mas muito motivador. Pretende-se

que um profissional da educação seja inovador, dinâmico, comunicativo e eficaz.

Para além de ensinar e educar, este deve transmitir conhecimentos e incutir

valores fundamentais nos alunos, como o respeito, a responsabilidade, entre

outros. Outra função que deve ser mencionada vai de encontro ao

desenvolvimento do espírito crítico – a reflexão –, da criatividade e da

curiosidade em termos de aprendizagem. O professor deve ainda proporcionar

aos seus alunos um ensino motivador, que confira um momento de

aprendizagem e que consiga transformar o saber em saber fazer.

Apesar do referido anteriormente, um professor não deve mudar a sua

maneira de ser, mas sim adaptar-se à realidade em que está inserido, moldando-

se consoante o seu percurso e experiência de vida e de ensino. De acordo com

Hargreaves (1998), os contextos em que o professor vai desenvolvendo a sua

ação vão-se alterando, não só em virtude das mudanças que enfrentam ao longo

dos anos letivos, como novos alunos, novos colegas ou até novas escolas, mas

também pela própria natureza do sistema educativo. Ainda relativo ao mesmo

propósito, Cunha (1989, p. 85) diz que “a história de vida de cada professor é

própria e única, não havendo dados que permitem generalização a não ser de

que a experiência de vida é fundamental no encaminhamento das pessoas”.

Posto isto, o professor é uma pessoa que possui valores, uma identidade, uma

história de vida! Aquilo que somos hoje reflete o nosso percurso de vida, ou seja,

o modo de atuar de cada professor depende daquilo que já vivenciou.

8

2.1. O Realizar de um Sonho

Eles não sabem, nem sonham,

que o sonho comanda a vida,

que sempre que um homem sonha

o mundo pula e avança

como bola colorida

entre as mãos de uma criança.

(Gedeão, 1956)

Neste ponto começarei por apresentar de uma forma breve o meu

percurso de vida.

Nasci a 3 de Abril de 1991 no Porto e sou natural de Espinho.

Quanto ao meu percurso académico, considero que sempre fui um aluno

empenhado e interessado na escola, tendo frequentado escolas locais desde o

ensino primário até ao secundário. Quando chegou a altura de ingressar no

Ensino Superior, a minha primeira opção foi EF, pois desde sempre gostei de

Desporto, e como tal tirar um curso nesta área foi sempre um dos meus objetivos.

Assim sendo, depois de me ter candidatado ao curso “Ciências do Desporto”

ingressei na Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro (UTAD),

frequentando esta universidade durante um ano apenas, uma vez que solicitei

transferência para a FADEUP. Após concluir a licenciatura na FADEUP, com a

opção de Natação, candidatei-me para o Mestrado de Ensino de Educação

Física nos Ensinos Básico e Secundário (MEEFEBS) nesta mesma faculdade,

conseguindo colocação, apesar do número elevado de candidatos. No momento

da candidatura, tive de refletir bem sobre o que quereria para o futuro, pois o

ensino foi sempre um dos meus sonhos, mas com os problemas que têm abalado

o sistema educativo esta foi uma decisão algo complicada. Contudo, e indo de

encontro ao famoso provérbio português, “quem corre por gosto não cansa”,

quero com isto referir que uma pessoa motivada para o esforço de uma atividade

desgasta-se menos na sua ação. É assim que penso todos os dias, tentando

aproveitar tudo aquilo que mais gosto de realizar, sendo o ensino uma das

minhas prioridades máximas. Após ter ingressado no mestrado, deparei-me com

9

um grande número de didáticas, fazendo-me sentir que é aquilo que quero fazer

do meu futuro profissional, ser professor! Desta forma, optei por estagiar na

EBJD – Grijó, que embora não tenha sido a minha primeira opção, fiquei bastante

contente com tudo o que experienciei nesta instituição, levando daqui uma

enorme “bagagem” para o futuro.

Relativamente às minhas experiências desportivas, foi-me incutido desde

muito cedo a prática de exercício físico devido aos meus problemas de saúde e

foi a partir deste momento que o Desporto começou a fazer parte da minha vida.

Assim, iniciei a minha atividade desportiva desde muito cedo com natação, uma

vez que é um desporto recomendado para pessoas que sofrem de asma (como

é o meu caso). Sendo a natação o meu desporto de raiz, não devo também

esquecer a minha breve passagem pelo futebol. Já durante a licenciatura, mais

concretamente no último ano, realizei um estágio na equipa de natação do

Futebol Clube do Porto (juvenis) e, simultaneamente, foi-me concedida a

oportunidade de ser treinador de futebol no clube “Fintas” nos escalões petizes

(sub-7) e traquinas (sub-9), localizado em Espinho. Após o término da

licenciatura, comecei a treinar, na modalidade de natação, a equipa do Leixões

Sport Club no escalão de pré-cadetes, estando também ligado à parte de ensino

da natação. Um mês após ter iniciado, recebi um convite para ser treinador-

adjunto do Sporting Clube de Espinho – Natação – no escalão de Absolutos, e

não hesitei na mudança, isto porque ficava muito mais perto da minha residência,

mas principalmente pelo facto de puder “abraçar” um projeto bastante mais

ambicioso. Contudo, só permaneci uma época neste clube (2012/2013). É

evidente que todas estas passagens contribuíram para a minha formação

profissional e pessoal, constituindo experiências enriquecedoras. Isto porque,

permitiu tornar-me mais autónomo e responsável no planeamento dos treinos,

sendo também possível colocar em prática aquilo que aprendi até este momento

na faculdade; já a nível pessoal foi bastante gratificante estar com atletas de

diversos escalões, o que me possibilitou, de certa forma, ajustar a minha maneira

de lidar com eles.

10

2.2. O Estágio Profissional

Como referido no documento das Normas Orientadoras do EP, “o EP

entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do

conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa

interpretação atual da relação teoria-prática e contextualizando o conhecimento

no espaço escolar. O projeto de formação tem como objetivo a formação do

professor profissional, promotor de um ensino de qualidade”1.

“Aprender a ensinar” é usualmente entendido como um processo de

aquisição de conhecimento sobre o ensino (Carter, 1990). Nesta perspetiva, o

estágio é visto como o espaço e o tempo para a aplicação na sala de aula da

teoria, dos conhecimentos e das capacidades desenvolvidos na universidade.

De acordo com esta conceção: a universidade desenvolve as capacidades e

fornece a teoria e os conhecimentos; a escola proporciona o dispositivo onde

esse conhecimento é aplicado e praticado; o estagiário esforça-se por integrar

tudo isto (Britzman, 1986).

O EP é um momento de excelência de formação e reflexão,

correspondendo a uma etapa fundamental no desenvolvimento profissional dos

professores. Este constitui o contacto formal autónomo dos professores-

estagiários com a realidade do ensino da EF. A prática docente, as atividades de

dinamização e de integração na escola vão proporcionar ao estagiário uma

experiência que condicionará a sua futura prática profissional.

Na minha opinião, este foi um ano de uma experiência única de formação

e acompanhamento. Sendo, no entanto, o ano em que os estudantes-estagiários

foram concomitantemente professores e alunos, tendo sido por vezes difícil de

conciliar estes dois status simultaneamente.

Por tudo isto, o EP foi a etapa mais importante da minha formação

enquanto docente, uma vez que foi nesta fase que os verdadeiros desafios e

obstáculos surgiram, que embora se possa falar de alguns deles na teoria,

colocá-los em prática é totalmente diferente.

1 “Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a

unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

11

2.3. Expectativas Iniciais do Estágio Profissional vs A

Realidade

Após o término do 1º ano do MEEFEBS, iniciei o EP na EBJD - Grijó.

Apesar de toda a formação adquirida, foi este o momento que pude colocar em

prática muitos dos conhecimentos obtidos, conseguindo aliar a componente

teórica com a prática, de forma a conseguir ser um bom professor de EF.

No início deste ano letivo foi solicitada a elaboração do Projeto de

Formação Individual onde, entre outros assuntos, foram mencionadas as minhas

expectativas, que irei confrontar de seguida com a realidade encontrada. As

expectativas, prenderam-se com o local de estágio, os colegas do Núcleo de

Estágio (NE), o OE, o PC, o pessoal docente e não-docente e os alunos.

Em primeiro lugar, ao longo de todo este ano letivo pretendia alterar a

“imagem” da EF, que é frequentemente vista como uma disciplina dispensável

em comparação com as restantes, daí pretender realçar a sua importância

através dos benefícios atribuídos.

No segundo ponto, tinha como intenção levar para a aula a minha energia

e o gosto pela atividade física, com o intuito dos alunos perceberem a

importância da prática desportiva, mas também conseguir chegar aqueles que

não exercem nenhum desporto, tentando orientá-los para uma das modalidades

existentes no Desporto Escolar (DE) adotadas pela escola.

Em terceiro lugar, esperava corresponder às expectativas dos alunos,

bem como aos desafios por eles colocados. Desta forma, adotei uma atitude

reflexiva relativamente ao meu trabalho, procurando sempre novas soluções de

forma a satisfazer as minhas necessidades e, principalmente, dos alunos.

A realidade alcançada foi ao encontro das expectativas iniciais, referidas

anteriormente. Este foi um ano muito difícil no que toca ao elevado nível de

trabalho e exigência. Em contrapartida, a vontade, o espírito de sacrifício, a

dedicação e a organização, foram aspetos muito importantes, fazendo-me

“crescer” tanto a nível pessoal como profissional. Quanto à experiência ganha

enquanto exerci o papel de professor, penso que esta ultrapassou o esperado,

12

pois sinto-me bastante contente com tudo o que foi realizado, uma vez que as

oportunidades e as aprendizagens foram todas elas igualmente proveitosas.

Relativamente à minha turma, uma das grandes razões pela qual me

dediquei tanto neste estágio, centrei a minha atenção em desenvolver o

processo de aprendizagem dos meus alunos e na inclusão de valores para o seu

enriquecimento sociocultural. De referir que, na primeira aula apliquei um

questionário à turma de forma a conhecer melhor os alunos. Após a sua análise

constatei que tinha de lidar com alguns elementos de forma diferente, devido ao

seu historial académico. Ao longo deste ano letivo, tive de me adaptar à turma

(característica importantíssima num professor) de forma a obter respostas

adequadas e imediatas, tal como sugere Galvão (2002, p. 67) na seguinte

afirmação: “Conhece os seus alunos e adapta o ensino às suas necessidades,

incorporando a experiência do aluno ao conteúdo e incentivando a sua

participação”.

Apesar da minha localidade ser próxima do local onde estagiei, não

conhecia a instituição em si, mas sim o ambiente rodeante, que não era

propriamente positivo. No entanto, fiquei positivamente surpreendido pelos

alunos, docentes e funcionários que encontrei. Fui muito bem acolhido por todos,

que se demonstraram sempre muito recetivos, disponíveis e com simpatia para

ajudar. Importa ainda salientar a relação mais próxima que construí com o

gabinete de EF, sendo a convivência com os restantes professores mais

esporádica, devido ao trabalho que era necessário ser feito.

Quanto aos professores do grupo de EF, todos eles se mostraram

disponíveis para o esclarecimento de dúvidas, para uma troca de ideias acerca

das suas aulas, bem como aos eventos propostos pelo NE, correspondendo

assim às expectativas previamente definidas.

Em relação aos orientadores, estes têm como papel fundamental,

direcionar cada estudante-estagiário para o caminho certo, refletindo com ele

sobre todo o processo de ensino-aprendizagem. Desta forma, no que toca ao

que esperava do PC e do OE, estes corresponderam ao pretendido,

demonstrando-se sempre disponíveis para o esclarecimento de dúvidas e

permitiram-me evoluir através da transmissão de feedbacks. Como é claro,

13

houve um maior convívio com o PC, tendo o seu apoio sido indispensável para

a minha evolução como professor, uma vez que era bastante sincero nos

feedbacks emitidos acerca de todas as minhas atuações nas aulas, desde

gestão de tempo de aula à escolha de exercícios. Já o OE, nos poucos contactos

que tivemos, foi possível retirar conclusões das suas observações igualmente

importantes, isto porque a sua observação era muito mais profunda, destacando

pormenores que poderiam fazer diferença na dinamização da aula. Tudo isto vai

de encontro ao que refere Nóvoa (1992), quando destaca que a partilha de

vivências e conhecimentos constituem contextos de formação recíproca, nos

quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, a função de

formador e formando, sendo o diálogo essencial para a produção de

conhecimentos resultantes da prática pedagógica.

A construção do conhecimento pedagógico de conteúdo não é um

processo simples e fácil. Feiman-Nemser e Buchamann (1986, 1987)

consideram que os estagiários, sem o apoio dos orientadores, raramente

conseguem transitar do pensamento académico para o pensamento pedagógico,

ou seja, de um pensamento acerca do ensino focado nos professores e no

conhecimento disciplinar para um pensamento centrado nas diferentes

características e necessidades dos alunos. Sozinhos, revelam-se incapazes de

analisar criticamente as conceções acerca dos alunos, da aprendizagem e do

conhecimento em que se baseiam para tomar decisões instrucionais, bem como

as razões das suas decisões relativas a situações específicas de sala de aula.

Uma das principais consequências da dificuldade em lidar com múltiplos

aspetos do pensamento pedagógico de conteúdo revela-se na gestão da sala de

aula. O conceito de gestão de sala de aula pode ser entendido como o processo

de estabelecimento e de manutenção de ordem social que permita o ensino e a

aprendizagem (Doyle, 1986). Geralmente, este conceito é imediatamente

entendido pelos estagiários como disciplina, ou seja, o lidar com

comportamentos desviantes que perturbam o processo de ensino-aprendizagem

(Zuckerman, 2000). No entanto, o conceito de gestão de sala de aula inclui

muitos outros aspetos – por exemplo, o estabelecimento de rotinas –

14

relacionados com o envolvimento dos alunos em atividades de aprendizagem e

não apenas com as situações de indisciplina.

Relativamente aos meus colegas de estágio, esperava conhecê-los

melhor de forma a estabelecer um bom grupo de trabalho, que permitisse

ultrapassar todas as adversidades e obstáculos em equipa e assim conseguir

concretizar todos os objetivos propostos. E foi exatamente isto que se passou,

tendo sido criado uma dinâmica de grupo muito positiva, havendo total apoio por

parte de ambos os colegas.

Um ponto bastante positivo do estágio foi a relação que consegui

estabelecer com alunos, colegas e professores. A cooperação, fruto de um

relacionamento diário, ajudou-me a encarar o estágio como uma experiência

positiva na qual não se concretizaram algumas expectativas negativas

previamente construídas, nomeadamente a falta de tratamento igual aos

restantes professores, visto que somos estudantes-estagiários.

As dificuldades sentidas durante o estágio devem ser encaradas como um

recurso de formação em contexto de prática, que bem desmontado nas suas

causas e propostas de solução, contribui decisivamente para o enriquecimento

do conhecimento pedagógico de conteúdo e pode constituir o início de um

desenvolvimento profissional marcado pela autoconfiança na resolução de

eventuais problemas. A supervisão destas situações fornece ao estagiário o

apoio de retaguarda necessário a um crescimento autónomo catalisado pela

reflexão (Garcia, 2008, p. 20).

Este foi um ano de uma profunda aprendizagem, tendo absorvido todos

os conselhos/ensinamentos provenientes do OE, do PC, dos colegas de estágio,

dos professores de EF, mas principalmente dos alunos, que foram os principais

mentores de todo o meu processo de formação.

Em síntese, toda a formação teórica da etapa inicial da minha formação

académica foi indispensável para que conseguisse realizar um bom trabalho

neste ano de estágio. No entanto, é importante referir que só com o trabalho em

“campo” é que se podem observar determinados aspetos que não se aprende

na teoria, sendo necessário colocar em prática aquilo que somos para pudermos

agir de acordo com todas as condicionantes.

3. ENQUADRAMENTO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

17

3.1. Enquadramento Legal do Estágio Profissional

A estrutura e funcionamento do EP considera os princípios decorrentes

das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em conta o

Regulamento Geral dos segundos Ciclos da Universidade do Porto (UP), o

Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso

de Mestrado em Ensino de EF.

O EP é uma unidade curricular inserida no plano de estudos do

MEEFEBS, funcionando nos terceiro e quarto semestres do mesmo. Estes dois

semestres destinam-se à prática de ensino supervisionado, onde a cada NE lhe

é atribuído um PC para supervisionar todas as aulas e orientar o percurso de

cada estudante-estagiário ao longo do ano letivo. Refira-se que em cada núcleo

é atribuído uma turma a cada estudante-estagiário.

Segundo as Normas Orientadoras do EP, este visa a integração no

exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, em contexto real,

desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros

docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e

exigências da profissão2. Assim, esta é a oportunidade que todos os estudantes

têm de vivenciar na prática muito daquilo que aprenderam na teoria.

De acordo com as Normas Orientadoras do EP, as competências

profissionais, associadas ao ensino da EF e Desporto com qualidade, reportam-

se ao Perfil Geral de Desempenho do Educador e do Professor (Decreto-lei nº

240/2001 de 17 de agosto) e organizam-se nas seguintes áreas de desempenho:

I. Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; II. Participação na

Escola; III. Relação com a comunidade; IV. Desenvolvimento profissional3.

Tal como é mencionado no Regulamento da Unidade Curricular EP do

Ciclo de Estudos Conducente ao Grau de Mestre em Ensino de EF nos Ensinos

Básico e Secundário da FADEUP, esta instituição possui protocolos de

2 “Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a

unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

3 “Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos

para a unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

18

cooperação com um vasto número de escolas dos ensinos básico e secundário ,

nos quais se estabelecem as condições para a realização do EP. A orientação

da prática de Ensino Supervisionada é realizada por um docente da FADEUP

(OE), em colaboração com um professor da escola cooperante, designado como

PC.

3.2. Enquadramento Institucional do Estágio Profissional

3.2.1. A Escola como Instituição

A escola é a instituição na “qual se concretiza o direito à educação, que

se exprime pela garantia de uma permanente ação formativa orientada para

favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o progresso social e a

democratização da sociedade” (Assembleia da República, 2005, cap. I).

Segundo Freitas (2000), compete igualmente à escola “formar cidadãos

críticos, reflexivos, autónomos, conscientes dos seus direitos e deveres, capazes

de compreender a realidade em que vivem, preparados para participar na vida

económica, social e política do país e aptos a contribuir para a construção de

uma sociedade mais justa. A função básica da escola é garantir a aprendizagem

de conhecimentos, habilidades e valores necessários à socialização do

indivíduo”.

Na mesma linha de pensamento, Durkheim (1952, pp. 29-32) diz que “o

objetivo da educação deve ser adquirir, na maior medida possível, os

conhecimentos que ajudem, com mais eficácia, a desenvolver a vida individual

e social sob todos aspetos, limitando-se a eliminar aqueles que concorram

menos eficazmente para este desenvolvimento”.

3.2.2. Escola Básica Júlio Dinis – Grijó

A EBJD está inserida no Agrupamento de Escolas de Júlio Dinis, situada

na freguesia de Grijó (10 578 habitantes), pertencente ao concelho de Vila Nova

de Gaia.

No que se refere às habilitações literárias da população, cerca de 20% da

população não tem qualquer tipo de habilitações literárias, sendo que a maioria

19

da população (60%) tem como habilitações o Ensino Básico. O índice de

desemprego da freguesia é elevado, situando-se nos 18,24%. O setor terciário

absorve o maior número de empregados, sendo residual o número de indivíduos

com emprego no setor primário. A taxa de atividade situa-se em 47,64%.

O Agrupamento de Escolas Júlio Dinis – Grijó foi constituído no ano letivo

2002/2003, recebendo jovens das freguesias de Sermonde e Seixezelo e inclui

os seguintes estabelecimentos de ensino:

Jardim de Infância de Vendas;

Jardim de Infância de Murraceses;

Escola Básica do 1° Ciclo com Jardim de Infância de Stº António;

Escola Básica do 1° Ciclo com Jardim de Infância de Asprela;

Escola Básica do 1° Ciclo com Jardim de Infância de Loureiro;

Escola Básica do 1° Ciclo de Corveiros;

Escola Básica do 1° Ciclo de Murraceses;

Escola Básica do 1° Ciclo de Vendas;

Escola Básica do 2° e 3° Ciclos Júlio Dinis - Grijó.

A EBJD é constituída por uma estrutura física de um edifício uni bloco,

constituído por dois pisos. A área envolvente ajardinada é um espaço cuidado,

agradável e acolhedor. Para além das 24 salas de aula a escola dispõe de: 2

salas específicas de Ciências Naturais e Física e Química; Equipamentos

informáticos – 2 salas de TIC; 3 salas de E.V./E.T., 1 sala de E.V., 1 sala de E.T.;

Ginásio; Biblioteca; Reprografia; Sala de trabalho dos professores; Gabinete de

atendimento dos Diretores de Turma; Direção; Bufete dos alunos; Bufete dos

Professores; Cantina/Refeitório.

No que respeita às infraestruturas desportivas, a escola dispõe de dois

espaços exteriores (campos em alcatrão e em relvado sintético) e um espaço no

interior. O espaço exterior é composto por uma pista de atletismo, um campo de

andebol, um de futebol 11 (campo pertencente ao Estádio Municipal de Grijó,

com o qual a escola possui protocolo), três campos de basquetebol, 4 campos

de voleibol e uma caixa de areia para saltos de atletismo. No entanto, é

importante referir que as respetivas marcações se encontram sobrepostas e

20

como tal não é possível realizar todas as modalidades simultaneamente. Neste

espaço exterior, existem dois campos de futebol de 5 sem medidas oficiais. Em

relação ao espaço interior, encontra-se marcado com um campo de voleibol e

um de basquetebol sem medidas oficiais, onde são lecionadas

preferencialmente modalidades como a ginástica, judo e desportos de raquete,

devido às dimensões reduzidas do ginásio.

Quanto ao corpo docente, este é constituído por 10 educadores do Ensino

Pré-escolar, 26 professores do 1º Ciclo, 26 do 2º Ciclo, 33 do 3º Ciclo e 3 da

Educação Especial. Já os alunos perfazem um total, em todas as escolas, de

1323, sendo 584 os que estudam na EBJD.

Os assistentes técnicos são 10 (três reclassificados, mas a exercer outras

tarefas) onde se inclui uma coordenadora técnica. Dos 35 assistentes

operacionais seis encontram-se de Junta Médica e nove são CEI’s – Centro de

Emprego de Vila Nova de Gaia.

3.2.3. Núcleo de Estágio

O segredo de um grande sucesso está no trabalho de uma grande equipa.

(Margarida, s.d.)

O NE de EF foi constituído por três estudantes-estagiários, um PC da

escola e um OE da FADEUP. Nós, estudantes-estagiários desenvolvemos a

nossa prática letiva no 3º Ciclo. No meu caso particular, a prática letiva foi

desenvolvida com uma turma do 9º ano.

Em relação aos meus dois colegas de estágio, no início do ano letivo

estava algo reticente visto não os conhecer bem. Contudo, com o passar do

tempo consegui estabelecer uma excelente relação de amizade e de trabalho.

Todos os momentos que passámos juntos, como os intervalos, tardes e manhãs

de trabalho foram pontos positivos deste ano letivo, pois conseguimos potenciar

o que cada um tinha de melhor, desenvolvendo assim o nosso trabalho em

grupo. Tivemos muitas tarefas de grupo, permitindo assim a cada um exprimir a

sua opinião, partilhar os seus conhecimentos ou até mesmo ajudar o colega que

estava com mais dúvidas em relação à metodologia a aplicar na sua turma. De

21

um modo geral, o meu NE conseguiu superar todos os problemas e desafios que

foram aparecendo com o decorrer do tempo.

Em relação ao PC, este assume, a meu ver, um papel preponderante na

formação inicial de futuros profissionais para a docência. Assim sendo, esta foi

a pessoa que me acompanhou mais em todo este EP, estando diariamente em

contacto comigo. Foi ele que contribuiu para o meu desenvolvimento

profissional, “incutindo-me” os princípios e valores que caracterizam um

professor competente. Resumindo, o PC, além de ter assumido a função de

orientador de todo o processo de estágio, funcionou como um modelo a seguir.

(...) o meu Núcleo de Estágio no início teve algumas dificuldades acerca do

que teria fazer, mas conseguimos ultrapassá-las com a ajuda do Professor

Cooperante que nos tem apoiado imenso em todo o trabalho realizado (...)

(Reunião do Núcleo de Estágio com o Orientador de Estágio –

07/10/2013)

Quanto ao OE, é de referir a importância de todas as reuniões realizadas

na FADEUP, estabelecendo assim, uma ligação entre esta instituição e a escola

onde decorreu o meu EP. Foram encontros que permitiram estabelecer contacto

com outros núcleos, também orientados pelo mesmo professor, e possibilitaram

a partilha de experiências e de opiniões. Foi bastante importante ter um

orientador tão competente para pudermos partilhar tudo o que realizamos e

vivenciamos. As suas observações realizadas em contexto escolar também

foram imprescindíveis, apontando-me soluções para colmatar alguns erros que

transpareciam para quem observava, o que me permitiu evoluir continuamente

na prática pedagógica.

3.2.4. A Minha Turma

A caracterização da turma no início do ano letivo foi fundamental, uma vez

que permitiu conhecer cada um dos alunos, seja no sentido de detetar problemas

e antecipar resoluções, seja como forma de potenciar capacidades ou elevar

aspirações. Por conseguinte, os dados recolhidos, através de fichas individuais

entregues a cada elemento, permitiram-me aceder a um maior número de

22

informações, permitindo evitar certos riscos de insucesso por incompreensão da

realidade na qual os alunos estão inseridos. Isto, porque é necessário para nós,

enquanto educadores, ajudar os alunos a viver melhor e a ter acesso a um

ensino cada vez mais adequado às suas características, trabalhando para a

individualidade de cada um. Desta forma, permitir-nos-á uma melhor gestão de

todo o processo de ensino-aprendizagem.

Assim, fiquei responsável durante todo este ano letivo por uma turma do

9º ano, composta por 28 alunos, sendo que uma aluna possuía Necessidades

Educativas Especiais e, como tal, não comparecia às aulas de EF. Assim, a

turma era constituída por 27 elementos: 8 do sexo masculino e 20 do sexo

feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 16 anos de idade.

A faixa etária anteriormente mencionada é uma fase importante e algo

complicada, pois é o momento em que estes jovens entram na adolescência. Ou

seja, apesar das grandes modificações no tamanho, corpo e das capacidades

físicas, as transformações mais acentuadas e características desta fase da vida,

são as que se referem aos aspetos reprodutivos. Segundo Borges et al. (2003),

o período maturacional do adolescente é considerado importante na avaliação

dos indicadores de saúde e de desenvolvimento. No género masculino, os

primeiros indícios das transformações da pubescência consistem, entre outros,

no crescimento dos órgãos genitais. Já nas raparigas, o marco principal da

maturidade sexual feminina é o início da menstruação ou menarca. Após ter

constatado a idade da turma, tive imediatamente a perfeita noção de que poderia

passar por algumas situações algo novas para mim, principalmente com as

raparigas, como é o caso da menarca. Este poderia ser um fator com o qual teria

que lidar ao longo deste ano letivo, isto porque, poderia ser um motivo, por

exemplo, para não realizar a aula.

Resultados importantes dos inquéritos a serem mencionados vão para o

tipo de problemas de saúde encontrados, mais concretamente asma e desvio na

coluna. Em relação ao primeiro ponto os alunos que possuíam esta anomalia

estavam devidamente medicados e controlados; quanto ao segundo aspeto, tive

de ter cuidado na escolha dos exercícios para estes alunos, mais

especificamente na modalidade de ginástica.

23

Outra conclusão obtida a partir desta caracterização prende-se com os

hábitos desportivos e alimentares. Em toda a turma apenas 10 elementos

praticavam pelo menos uma modalidade (fora do contexto escolar) e 22%

afirmavam que não consideravam ter bons hábitos alimentares. Mediante estes

resultados procurei intervir junto da turma, nomeadamente: incentivar a prática

de desporto, inclusive no DE; sensibilizar os alunos através de uma aula teórica,

lecionada por mim, acerca de hábitos de alimentação saudáveis, de modo a que

no futuro adotem comportamentos igualmente saudáveis.

É de referir que, além destes questionários, consultei os registos

biográficos de cada um, no sentido de obter mais informações. Posto isto, pude

constatar a existência de alguns episódios de indisciplina relatados em anos

anteriores, que se fizeram sentir ao longo de todo o ano, levando-me muitas

vezes a refletir no final de cada aula sobre aquilo que poderia fazer ou então se

estava a fazer algo de errado.

Em relação às aulas de EF, e indo de encontro ao referido anteriormente,

a turma demonstrou em certos momentos empenho e dedicação ao longo deste

ano letivo. Foi visível a aptidão que alguns alunos tinham para o desporto, ao

contrário dos outros que compensavam mais pelo seu esforço. Assim sendo, tive

de me adaptar às diversas situações, com o propósito de concretizar todo o

processo de ensino-aprendizagem. Deste modo, tentei sempre proporcionar ao

máximo novas aprendizagens de modo a obter uma turma mais empenhada e

motivada para as minhas aulas.

4. REALIZAÇÃO DA PRÁTICA

PROFISSIONAL

27

Desde o início considerei o EP como sendo a etapa mais importante na

minha formação enquanto docente, pois é neste momento que os verdadeiros

desafios e obstáculos nos surgem à frente. Como tal, é sempre necessário muita

perseverança, muito esforço, empenho e dedicação para superar este ano algo

complicado, mas sem dúvida alguma, de muita aprendizagem.

Numa fase inicial, o EP foi marcado pela difícil transição de aluno para

professor, pois embora continuasse a ser aluno na FADEUP, passei também a

ser professor-estagiário na EBJD. Segundo Lima (2004, p. 95), “a fase inicial da

docência configura-se como um período de aprendizagens intensas e de

grandes dificuldades, de modo que superá-las e conseguir permanecer na

profissão implica mesmo um verdadeiro processo de sobrevivência”.

Ao longo deste período de estágio, estabeleci objetivos e metas passíveis

de serem concretizados nas diferentes áreas de desempenho. Desta forma,

neste capítulo, irei discorrer sobre este assunto, analisando e refletindo todo o

caminho percorrido ao longo deste ano.

4.1. Área 1: Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem

Segundo as Normas Orientadoras do EP, a área 1 engloba a conceção, o

planeamento, a realização e a avaliação do ensino. Esta tem como objetivo

construir uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos,

que respeite o conhecimento válido no ensino da EF e conduza com eficácia

pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de EF4.

4.1.1. O Ensino da Educação Física

Embora a EF seja uma disciplina de largos horizontes, um dos objetivos

dos programas de EF, está relacionado com as questões de saúde, uma vez que

promover o gosto pela prática regular das atividades físicas é o objetivo mais

saliente. Este pretende que os alunos ganhem competências para praticarem

desporto e serem ativos de forma autónoma. No entanto, a ideia de que a EF é

4 “Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a

unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

28

apenas um lugar de saúde é um embuste. Ora, na introdução do Programa

Nacional de EF pode ler-se:

“A conceção de Educação Física seguida neste plano curricular (conjunto dos programas

de EF) vem sistematizar esses benefícios, centrando-se no valor educativo da atividade

física pedagogicamente orientada para o desenvolvimento multilateral e harmonioso do

aluno.

Assim, essa conceção pode definir-se como «a apropriação das habilidades técnicas e

conhecimentos, na elevação das capacidades do aluno e na formação das aptidões,

atitudes e valores (‘bens de personalidade’ que representam o rendimento educativo),

proporcionadas pela exploração das suas possibilidades de atividade física adequada –

intensa, saudável, gratificante e culturalmente significativa».5”

Completando a ideia anteriormente exposta, pode-se perceber que os

horizontes da EF vão muito para além da promoção de estilos de vida saudável.

Esta disciplina visa efeitos educativos globais e o desenvolvimento específico

nas matérias desportivas.

O Currículo Nacional de EF é um documento elaborado pelo Ministério da

Educação, organizado para cada ciclo de Ensino: 1º Ciclo; 2º Ciclo; 3º Ciclo;

Ensino Secundário/Cursos Profissionais. Desta feita, constitui um guia para a

ação dos professores, determinando competências comuns a todas as áreas e

por área, e normas de referência para a definição do sucesso em EF. Importa

salientar que este planeamento de EF, elaborado para todas as escolas, tem que

ser ajustado à realidade do estabelecimento de ensino. Cruzando estes dois

planeamentos surge o plano anual de EF da escola, com os conteúdos a

lecionar, a sua articulação vertical e horizontal, bem como os objetivos da

disciplina.

Todos estes aspetos foram analisados e debatidos no início e ao longo do

ano letivo, em conformidade com o grupo de EF da EBJD. Desta forma, foram

alterados os conteúdos a serem abordados em algumas modalidades, bem

como os critérios de avaliação no domínio da condição física.

5 “Programa de Educação Física (Reajustamento) – 3º Ciclo do Ensino Básico (2001)”.

29

4.1.2. Os Programas de Educação Física

O Ministério da Educação concretiza os programas com o intuito de haver

uma equidade de conteúdos a lecionar a nível nacional. Contudo, é da

responsabilidade do docente analisar e interpretá-los, adaptando-os às

condições da escola, de forma a ir de encontro aos objetivos estipulados. Assim,

um programa de EF deve responder às questões e necessidades dos alunos,

tendo em conta a diferenciação que existe, e é normalmente influenciado pelos

valores da comunidade onde a escola está inserida (Siedentop et al., 1986). O

programa é também afetado pelas infraestruturas e pelos equipamentos

existentes no estabelecimento de ensino.

De acordo com Siedentop et al. (1986), os programas de EF têm os seus

efeitos e fazem a diferença no desenvolvimento pessoal do sucesso do aluno.

Consequentemente, os professores de EF necessitam de efetuar uma

introspeção sobre os efeitos que os programas têm nos nossos alunos. De um

modo geral, o professor de EF deve considerar cuidadosamente quatro

importantes questões no que diz respeito ao desenvolvimento de objetivos para

um programa de EF: 1 - ênfase nos resultados; 2 - compromisso com a igualdade

e qualidade; 3 - fazer um mínimo de coisas corretas; 4 - socializar os alunos

levando-os a assumir o papel de participantes (Siedentop et al., 1986).

Em síntese, sou da opinião que para que um programa tenha qualidade

em EF, este deve focar-se na aprendizagem do aluno como principal objetivo.

4.1.2.1. Análise dos Programas de Educação Física

No que toca às modalidades coletivas abordadas no 9º ano de

escolaridade, o voleibol e o basquetebol foram as que mereceram maior atenção

da minha parte devido ao não cumprimento do programa. Isto, porque os alunos

apresentavam muitas dificuldades, tanto a nível motor, execução das habilidades

motoras, como cognitivo, desconhecimento de regras importantíssimas das

modalidades. Para tal, foi aplicado para o basquetebol (3 x 3, em meio-campo)

as formas básicas de jogo (FBJ), enquanto para o voleibol (1 x 1 e 2 x 2) as

etapas de jogo. Desta forma, o programa foi reajustado face ao nível de

desenvolvimento inicialmente identificado nesta turma. Contudo, o modo como

os conteúdos foram lecionados permitiu uma aprendizagem mais enriquecedora

30

para a turma, uma vez que não faz sentido ensinar novos conteúdos sem os

mais básicos estarem consolidados.

Em relação à lecionação de andebol, optei por jogos mais reduzidos (GR

+ 4 x 4 + GR) em detrimento dos estipulados (GR + 6 x 6 + GR) no programa de

EF. Tomei esta decisão devido ao nível de jogo evidenciado pela turma, tanto a

nível técnico como tático, uma vez que esta situação de jogo era algo complexa

e levaria a que não houvesse um jogo relativamente fluído ou então levava a que

muitos elementos não tocassem sequer na bola.

Quanto às modalidades individuais, no atletismo é de realçar o facto de

serem apresentadas várias especialidades desta modalidade, enfatizando

demasiados pormenores técnicos, as quais a meu ver, não são passíveis de ser

abordadas todas no mesmo ano letivo. Assim sendo, foi necessário adaptar

tendo em vista a uma aprendizagem motora mais eficaz por parte dos alunos.

Relativamente à ginástica (solo e acrobática), e de acordo com o

programa, a realização de uma sequência de elementos técnicos no solo é uma

estratégia eficaz para levar os alunos à prática da modalidade, aumentando a

sua motivação. No entanto, ao longo das aulas é necessário moldar, visto que

existem alunos que não conseguem efetuar uma sequência completa, tendo que

a realizar de uma forma individual. De referir que, no programa existem

determinados elementos algo desfasados das capacidades coordenativas e

condicionais apresentadas pelos alunos: rondada, rolamento à retaguarda com

passagem por apoio facial invertido e posição angular. Neste caso, considero

que o programa está um pouco utópico quando propõe estes elementos como

fundamentais.

4.1.3. A Importância do Planeamento

O planeamento a meu ver constitui um ponto fundamental para lecionar

as aulas. Em primeiro lugar, devido ao facto da sua conceção e estruturação

consistir num processo pessoal, íntimo e mental por excelência; e, em segundo

lugar, pelo facto do planeamento ser o processo pelo qual os professores

aplicam os programas escolares, cumprindo a função de os desenvolver e de os

adaptar ao contexto escolar - características da população escolar, do meio

evolvente e do estabelecimento de ensino (Januário, 1996).

31

Segundo Mascarenhas (1995), o planeamento em EF é de extrema

importância, pelo facto de:

Permitir reduzir a incerteza e a ansiedade;

Ter utilidade, sobretudo em professores principiantes e/ou em início de

carreira e em professores estagiários, pois permite dissipar algumas das

dificuldades. Por essa razão, pensam previamente quais as etapas, os

momentos e qual a organização da aula, aumentando assim, a sua

segurança na aula;

Permitir uma estruturação e visualização prévia da intervenção, que, por

sua vez, permitirá ao professor estar mais apoiado, organizado e seguro

na aula. Assim, os professores ficam mais capazes face aos alunos, às

suas capacidades e reações, pelo facto de já terem previsto determinados

acontecimentos no planeamento;

Permitir simular a ação e corrigir eventuais erros no decurso desta;

Prever os limites de atuação de alguns fatores, tais como a disposição

momentânea dos alunos e outros acontecimentos (por exemplo: as

condições climatéricas);

Ser a intencionalidade da ação docente, isto é, ser o processo mental que

liga o pensamento e a ação, permitindo desse modo ligar ou adaptar o

programa virtual às características do cenário em que estão presentes;

Facilitar a comunicação e o trabalho de grupo entre professores, pelo

facto do plano ser explícito (aparece escrito);

Permitir a participação dos alunos.

Pese embora tenha apresentado todos estes princípios do planeamento,

não os utilizei na sua íntegra. Contudo, permitiram-me perceber o quão é

importante planear nesta disciplina. Planear permite uma perceção acerca do

que se vai passar na aula, tanto ao nível da organização/escolha das atividades

como ao nível da segurança. Após da elaboração do planeamento, é possível

constatar se existe continuidade dos exercícios estipulados e se vão de encontro

aos objetivos estipulados previamente, ou seja, se não existe muitas paragens

na aula, quer para arrumar o material quer para explicar ou até mesmo a

disposição da turma.

32

Relacionando o planeamento com a caracterização inicial da turma,

depara-se com uma ligação intrínseca entre estes dois conceitos. Ou seja, para

que um planeamento seja eficaz temos de conhecer a realidade dos alunos com

que nos deparamos nas nossas aulas. Assim, esta caracterização inicial permite

ao professor de EF conhecer os seus interesses, historial médico e académico,

hábitos alimentares e desportivos, entre outros. Estes aspetos são de extrema

importância para sabermos lidar com os nossos discentes da forma mais correta,

mas também para efetuar um planeamento ajustado à realidade da turma.

Posso, então, afirmar que esta caracterização foi uma “peça” fulcral para o êxito

obtido com os meus alunos. Contudo, importa salientar o papel do Diretor de

Turma que providenciava nas reuniões de Conselho de Turma informações

desconhecidas para muitos dos professores, como o ambiente familiar e

socioeconómico em que os alunos estavam envolvidos.

Desta forma, foram mencionados aspetos de aproveitamento e comportamento da turma

em global e de cada aluno individualmente, o que é extremamente importante para que os

professores tenham uma pequena ideia sobre a turma, bem como dos alunos que

certamente perturbarão mais as aulas, podendo assim adotar já de início estratégias para

poder ter um melhor controlo sobre a turma. Em específico foram mencionados alunos que

ficaram retidos em anos anteriores, com faltas disciplinares, com NEE (Necessidades

Educativas Especiais), com doenças relevantes e por fim que necessitam de

acompanhamento pedagógico/psicológico.

(Reflexão sobre a 1ª Reunião de Conselho de Turma do 9ºA)

De uma forma conclusiva, pode-se afirmar que se um professor deseja

ser eficaz no seu trabalho deve planear e com antecedência, pois se houver

algum aspeto a ser melhorado, o docente ser capaz de analisá-lo para que a sua

aula seja mais proveitosa tanto para ele, mas fundamentalmente, como para os

seus discentes.

4.1.3.1. Modelo de Estruturas de Conhecimento

Na organização e gestão do ensino e da aprendizagem foi utilizado o

Modelo de Estruturas de Conhecimento (MEC) proposto por Vickers (1990), o

qual tem como principal finalidade ajudar na planificação por parte do professor

de EF acerca daquilo que irá encontrar ao longo do ensino de uma modalidade

33

aos seus alunos. Assim, este modelo é importante para analisar, decidir e aplicar

os conhecimentos, tendo em conta o contexto no qual o professor se encontra

inserido. Portanto, a realização deste instrumento deve ser feita de uma forma

bastante cuidadosa e metódica.

Para seguir toda uma lógica de progressão, o MEC apresenta-se como

um documento que requer uma conexão entre a planificação e metodologia de

ensino à matéria a lecionar, pelo que é um instrumento passível de ser alterado,

conforme a imprevisibilidade que o professor irá encontrar no terreno.

O MEC está dividido em 8 módulos que servem como uma estratégia ao

professor para melhorar a eficácia do seu ensino, sendo portanto necessária

toda uma organização que sustente a aplicação no terreno:

Módulo 1 (Estrutura do Conhecimento) – diz respeito às categorias

transdisciplinares do conhecimento: habilidades motoras, fisiologia do

treino e condição física, cultura desportiva e conceitos psicossociais;

Do Módulo 2 ao 8 está inserido o conhecimento processual, isto é, todo o

procedimento que se realiza desde a análise do contexto à aplicação

prática nas aulas:

Módulo 2 – Análise das Condições de

Aprendizagem/Envolvimento;

Módulo 3 – Análise dos Alunos;

Módulo 4 – Determinação da Extensão e Sequência dos

Conteúdos;

Módulo 5 – Definição dos Objetivos;

Módulo 6 – Configuração da Avaliação;

Módulo 7 – Desenho das Atividades de

Aprendizagem/Progressões;

Módulo 8 – Aplicação (Unidades Didáticas, Planos de aula,

Planeamento Anual).

Estes 8 módulos são desencadeados por 3 fases: Análise, Decisões e

Aplicação.

Na fase da Análise, tem-se em consideração todo o tipo de conteúdo

programático a ser abordado durante o ano letivo, para isso é dada especial

atenção ao material, condições de segurança, nível dos alunos, no fundo a todo

34

o contexto em que o docente se insere de modo a conseguir tomar a decisão

mais acertada.

A fase de Decisão implica definir uma sequencialidade lógica da matéria

que vai lecionar, tendo em conta o que foi analisado anteriormente (módulos 1,

2 e 3) é importante e indispensável decidir eficazmente, definindo objetivos,

revelando as melhores formas de avaliação e criando progressões que se

ajustem ao nível dos alunos para a modalidade específica.

A fase de Aplicação refere-se às unidades didáticas (UD), planos de aula

e planeamento anual. Estes podem estar sujeitos a alterações, pois a evolução

dos alunos nem sempre corresponde ao esperado, poderá ser demasiado

positiva ou negativa, pelo que terá de existir da parte do professor uma

capacidade para prever possíveis imprevistos durante o ano letivo.

Resumindo, este modelo é fundamental para o desenvolvimento

profissional, pois para além de abranger muitas das funções do professor, serve

também como um guia de ensino.

4.1.3.2. Planeamento Anual

O plano anual é o primeiro nível de planeamento “que procura situar e

concretizar o programa de ensino no local e nas pessoas envolvidas” (Bento,

1998, p. 59).

No início do ano letivo realizei uma caracterização da turma, tal como foi

referido anteriormente, e consultei o programa nacional de EF com o intuito de

puder constatar os conteúdos que poderiam ser abordados neste ano letivo.

Consequentemente, permitiu-me efetuar o planeamento anual, que possibilitou

delinear um plano global acerca da minha intervenção educativa enquanto

docente. Ou seja, selecionei o número de aulas para as modalidades a abordar,

obedecendo a um roulement das instalações desportivas, já definido em anos

anteriores pelo grupo de EF da escola. Defini os objetivos a serem concretizados,

fundamentalmente, pelos alunos ao nível das capacidades, das habilidades, dos

conhecimentos e das atitudes. Por último, analisei o número efetivo de horas

disponíveis para a disciplina de EF durante todo o ano escolar e procedi à

marcação de todas as atividades escolares que integram o Plano Anual de

Atividades (feriados, visitas de estudo e eventos).

35

Este planeamento anual é um documento que permite ao professor ter

uma visão global acerca de todo o processo de ensino-aprendizagem. Contudo,

um bom professor não tem que seguir rigorosamente este plano, mas sim

adaptá-lo às circunstâncias surgidas, como por exemplo, a evolução positiva ou

negativa dos alunos, levando à necessidade de ajustar aquilo que tinha sido

previamente definido.

De referir que a planificação das modalidades a abordar foi a seguinte:

1º Período: atletismo e andebol;

2º Período: ginástica (acrobática e solo) e basquetebol;

3º Período: voleibol.

A opção das matérias resultou da intenção que os alunos vivenciassem

tanto desportos individuais como coletivos, quer a nível de diferenciação das

exigências motoras de cada, quer a nível dos valores intrínsecos de cada prática.

As matérias foram distribuídas de forma semelhante entre períodos, ou seja,

alternando sempre entre desportos individuais e coletivos, à exceção do 3º

período em que o tempo foi escasso e como tal foi apenas abordada uma

modalidade coletiva, que permite desenvolver o espírito de equipa dos alunos e

também o facto de a questão da motivação ser bastante importante.

4.1.3.3. Planeamento da Unidade Didática

De acordo com Bento (1998), as UD’s são partes fundamentais do

programa de uma disciplina, na medida em que apresentam quer aos

professores quer aos alunos, etapas claras e bem distintas de ensino e

aprendizagem. Segundo este autor, é nesta fase que decorre a maior parte do

planeamento e da docência do professor, e é aqui que deve ser explorada a sua

criatividade.

Sempre fui da opinião que o planeamento de uma UD não se deve centrar

única e exclusivamente nos conteúdos a ser lecionados para uma determinada

modalidade, mas também em desenvolver a personalidade de cada aluno.

Assim, uma das tarefas a que me propus foi adaptar as atividades aplicadas nas

aulas ao escalão etário, bem como às características motoras da turma, isto

porque nem todos se encontravam no mesmo patamar de aprendizagem motora.

36

Consequentemente, foi necessário planear previamente os grupos que iriam

trabalhar em conjunto, ou seja, consoante o seu nível de desempenho.

Após a avaliação diagnóstica dividi a turma por FBJ, o que me permitiu trabalhar de uma

forma diferente com os que se encontravam na FBJ1, sendo necessária uma atenção

maior neste grupo, enquanto os que se encontravam na FBJ2 já possuíam outras

habilidades técnico-táticas que os outros não possuíam.

(Reflexão sobre a UD de Basquetebol)

Numa fase inicial, a elaboração de uma UD não se averiguou fácil, devido

às inúmeras tomadas de decisões na elaboração de um documento deste tipo e

respetivas justificações para aquilo que estamos a fazer. No entanto, nas

reuniões que o NE teve com o OE foi possível percecionar as falhas que cada

um de nós cometeu. No meu caso em particular, as UD’s iniciais estavam algo

extensas e, como tal, foi sugerido diminuir o tamanho das mesmas, de forma a

ser um documento prático e de fácil consulta, contendo assim o essencial. Deste

modo, foi também através destes encontros ao longo dos períodos letivos que

consegui sintetizar estes documentos através de uma reflexão e de sugestões

dos OE e PC.

No que toca às modalidades individuais (atletismo e ginástica), estas

foram planeadas com um rigor mais elevado devido ao facto de serem

compostas por habilidades motoras fechadas, ou seja, por serem desportos que

exigem uma atenção redobrada a aspetos minuciosos em relação à técnica.

Juntamente com o referido, foi necessário elaborar tarefas motivadoras e de

carácter dinâmico de modo a promover uma maior densidade motora. Outros

pontos a ter em conta vão de encontro à organização espacial e sequencial dos

exercícios (também se aplica aos desportos coletivos), essenciais para a fluidez

da sessão, e à definição de grupos de trabalho com o intuito de os alunos não

mudarem de grupo em todas as aulas. No entanto, apesar de todo o meu

esforço, em tentar conseguir concretizar o estipulado, não foi possível obter

todos os resultados pretendidos (talvez por ser algo ambicioso), pese embora

estes terem sido, do meu ponto de vista, positivos.

De uma forma geral, os alunos mostraram ao longo das aulas que esta não é uma

modalidade que apreciam muito. Assim sendo, foi possível constatar em certas sessões a

37

falta de empenho por parte de alguns elementos da turma. Contudo, no momento da

avaliação sumativa, verificou-se a evolução de alguns alunos.

A motivação foi um dos principais problemas que encontrei ao lecionar esta modalidade

devido às razões mencionadas anteriormente. Como tal, ao fim de algumas aulas senti a

necessidade de introduzir a ginástica acrobática em todas as aulas, visto que os alunos

gostavam imenso de realizar figuras de pares e de trios, e assim também foi uma forma

de os “agarrar” com o intuito de haver um maior empenho nas sessões.

(Reflexão sobre a UD de Ginástica)

Neste dia, a aula poderia ter sido melhor organizada, ou seja, mudar a sequência dos

exercícios realizados, isto porque perdi muito tempo na transição de uma tarefa para a

outra; a meu ver, também deveria ter definido logo no início da sessão as equipas Assim

sendo, a ordem de exercícios seria: “tubarão e os peixes”; “rouba a bola”; “3x1”; “bola ao

capitão”; “3x3 (meio-campo)”; “treino funcional”.

(Reflexão sobre as Aulas nº 65 e 66 - Basquetebol)

Já em relação às modalidades coletivas, estas destacam-se, como o

próprio nome diz, por serem em equipa. Para além das habilidades técnicas e

táticas específicas de cada modalidade, tentei ao longo das sessões

contextualizá-las em situação de jogo reduzido de forma a haver uma

aproximação daquilo que os discentes poderiam fazer em jogo formal.

Por fim, abordei o jogo GR + 4 X 4 + GR, em que o propósito consistia em os alunos

realizarem defesa individual e ataque posicional.

(Reflexão sobre a Aula nº 28 - Andebol)

Posteriormente, os alunos realizaram o 3x1 + GR – “Passa e Vai”. Este exercício foi

novidade para os alunos dado que o efetuaram com apoios em ambos os lados do terreno

de jogo, de forma a oferecer duas linhas de passe.

(Reflexão sobre a Aula nº 31 - Andebol)

Quando o professor prepara a sua UD ou qualquer outra atividade, ele

não pensa somente nestes aspetos em relação a todo o processo de ensino-

aprendizagem. É necessário pensar também na localização espaço-temporal,

nos recursos humanos e nos recursos materiais, pois todos estes aspetos

influenciam e fazem parte do processo.

Os recursos materiais, embora por vezes sejam considerados como

secundários, quando utilizados de forma adequada apresentam um conjunto de

38

vantagens, nomeadamente, a quantidade de transmissão de informação que

pode ser feita em menos tempo e, consequentemente, um aumento do tempo de

atividade motora. Um exemplo do que foi referido, foi à existência de pesos

insuficientes para toda a turma o que levou ao NE pôr em prática aquilo que tinha

sido aprendido na didática de Atletismo do ano letivo anterior, construindo quatro

pesos, facilitando assim as aulas, mas também para diminuir o tempo de espera

e proporcionar um aumento do tempo potencial de aprendizagem.

Assim, a UD mostra ser um sistema flexível, pois embora esta seja

preparada antes da sua implementação, é sempre adaptável e pode prever

tarefas/atividades adequadas aos vários níveis dos alunos.

4.1.3.4. Plano de Aula

A aula é realmente o verdadeiro ponto de convergência do pensamento e da

ação do professor.

(Bento, 1998, p. 101)

Antes de mais, um plano de aula serve de guia para o professor de EF ao

longo da sessão. Este consiste num planeamento micro da sessão que o

professor irá lecionar, ou seja, é um projeto da forma como irá decorrer a aula,

definindo objetivos gerais e específicos e as principais funções didáticas,

escolhendo as atividades e respetiva ordem, entre outros.

Uma aula de EF divide-se em três partes:

Inicial: muitos dos docentes consideram esta fase como uma ativação

geral, contudo, este deve ser entendida igualmente como um momento

de aprendizagem de conteúdos, preparando os alunos para a parte

fundamental. De salientar que, nas modalidades individuais abordadas,

optei algumas vezes pela ativação geral, englobando alongamentos das

principais articulações a serem solicitadas para as atividades que se iriam

seguir.

Posteriormente, efetuei uma breve introdução das estafetas através de um exercício de

ativação geral englobando apenas a transmissão cruzada do testemunho (...). É de

salientar que este exercício foi realizado sempre em corrida contínua.

(Reflexão sobre a Aula nº 10 - Atletismo)

39

Fundamental: é a fase principal da aula, onde os principais objetivos e

conteúdos definidos para esta sessão são cumpridos. Claro que o tempo

dedicado para cada exercício não foi sempre o mesmo, devido ao nível

em que a turma se encontrava, mas também devido à complexidade e/ou

dificuldade das tarefas exigidas.

Final: é um momento em que o principal propósito é retornar à calma,

mais concretamente “colocar” o organismo o mais próximo possível do

estado inicial. De acordo com Bento (1998), o professor deverá ainda

proceder a um balanço, onde realiza uma avaliação da sessão, do que

correu bem e mal e faz uma ligação com as aulas seguintes.

No fim da aula tive a necessidade de ter uma conversa com os alunos acerca do

comportamento dos mesmos nesta aula, isto porque não foi o desejado para a mesma,

ainda para mais tendo esta a duração de apenas 30 minutos de atividade motora. Também

referi o caso do número de faltas de presença, de dispensa e de material dos alunos, dado

que neste dia houve oito alunos que não fizeram aula (!) por estes motivos. Em

contrapartida, ressalvei o esforço da turma na execução dos exercícios, uma vez que sou

da opinião que devemos dizer aos alunos tanto as coisas positivas como as negativas, isto

porque, enquanto professores se dissermos só as partes negativas, corremos o risco dos

alunos perderem a motivação para as aulas futuras.

(Reflexão sobre a Aula nº 10 - Atletismo)

Embora não esteja estipulado no plano de aula, houve um aspeto

importantíssimo que adotei momentos antes do início das sessões. Como um

dos objetivos da EF é promover o máximo de atividade motora possível, tentei

sempre que possível, pois estava algo dependente da presença das

funcionárias, colocar o material necessário e montá-lo nos respetivos locais que

iriam ser precisos ao longo da aula.

Salienta-se que antes dos alunos entrarem para o ginásio já tinha montado o material

necessário (...).

(Reflexão sobre a Aula nº 44 - Ginástica)

Ao longo deste ano letivo os meus planos de aula sofreram ligeiras

alterações, não em termos de estrutura, mas sim de conteúdo (por exemplo, a

formulação das componentes críticas), havendo erros que se dissiparam com o

decorrer do tempo, através das sugestões tanto do PC como do OE.

40

(...) foram abordados os planos de aula, com vista a melhorá-los, mais concretamente nos

aspetos dos objetivos específicos ou comportamentais, bem como na seleção das

componentes críticas. Quanto ao meu plano de aula, foram apontadas apenas algumas

críticas relativamente aos objetivos da aula, ou seja, estes deveriam ser melhor

formulados, e também na escolha dos conceitos psicossociais.

(Reunião do Núcleo de Estágio com o Orientador de Estágio)

A elaboração destes documentos foi algo complicado no início do estágio

devido à transição entre o ano anterior e este, pois os planos de aula efetuados

eram todos em grupo, onde havia lugar à discussão entre todos os elementos.

Apesar de puder trocar ideias com os meus colegas de estágio, tratava-se de

uma nova situação e, como tal, senti algumas dificuldades, sendo que tentei

transformá-las em momentos de aprendizagem. Já a seleção de exercícios

motivadores e adequados aos níveis de desempenho da turma foi um desafio

muito motivador, implicando, consequentemente, muita pesquisa, de modo a

proporcionar uma aprendizagem interessante e significativa aos alunos. Por

conseguinte, foi notória a minha evolução ao longo deste período de estágio,

tendo um pensamento bastante mais “aberto”. Por outras palavras, no início do

estágio elaborava os planos de aula centrados no cumprimento daquilo que era

pretendido e não tanto indo de encontro às possibilidades dos alunos; com o

avançar do ano consegui inverter esta situação, despendendo também menos

tempo na realização dos ditos documentos.

4.1.3.5. Os Meus Alunos

Neste ano de estágio, a turma teve uma importância fulcral, permitindo a

superação dos obstáculos que foram surgindo. Assim, posso afirmar que os

alunos foram os principais pioneiros da minha evolução, não só pelos desafios

que me colocaram, mas também pela heterogeneidade da turma. Ou seja, o

facto de esta ser muito diferente, em termos motores, levou a que fosse

necessário realizar um reajuste aos objetivos comuns inicialmente traçados para

a turma.

Em relação às aulas de EF, foi visível a aptidão que certos alunos têm

para o desporto, já os restantes obtiveram uma classificação razoável através do

seu empenho, esforço e atitude ao longo do ano. Desta forma, tentei

41

proporcionar aos alunos novas aprendizagens, com o intuito de ter sempre a

turma empenhada e motivada. Contudo, as aulas não correram sempre de

feição, devido à distração e pouca predisposição para as tarefas estipuladas.

Deste modo, tive que me adaptar às diferentes situações, procurando perceber

quais os erros e como evitar repeti-los.

Comparando o panorama inicial com o final é possível afirmar que a turma

teve uma evolução notoriamente positiva. Nas primeiras sessões deparei-me

com uma turma com falta de empenho, falta de regras dentro e fora da sala de

aula. Contudo, no término do ano letivo foi possível constatar que a turma estava

mais coesa em termos de trabalho em grupo, cumprindo já com determinadas

regras e incrementando, consequentemente, o seu desempenho. Apesar de ter

sido uma turma algo complicada devido ao seu historial comportamental, penso

que, de um modo geral, teve uma prestação positiva.

4.1.3.6. Os Níveis de Desempenho Para Uma Melhor Aula

O ensino das modalidades por níveis de desempenho permitiu aos alunos

obterem uma resposta mais positiva em termos do processo de aprendizagem,

visto que trabalharam mediante o seu nível de competência.

Assim, apliquei este conceito em todas as modalidades coletivas dividindo

os discentes em grupos consoante o seu nível de desempenho, havendo, neste

caso, sempre dois níveis na turma. O mesmo aconteceu com ginástica, ou seja,

os alunos mais avançados realizavam já uma sequência completa de habilidades

motoras previamente definidas, enquanto os restantes efetuavam estes

conteúdos de uma forma individualizada.

(...) dividi a turma por níveis de desempenho, o que me permitiu trabalhar de uma forma

diferente com os que se encontravam no primeiro e segundo níveis.

(Reflexão sobre a UD de Andebol)

De acordo com os registos efetuados no momento da avaliação, constatou-se que os

alunos se dividem em duas formas básicas de jogo:

Forma Básica de Jogo 1;

Forma Básica de Jogo 2.

(Reflexão sobre a UD de Basquetebol)

42

Após a avaliação diagnóstica dividi a turma por equipas, bem como por níveis de jogo, o

que me permitiu trabalhar de uma forma diferente com os que se encontravam no primeiro

nível, sendo necessária uma atenção maior neste grupo, enquanto os que se encontravam

no segundo nível já possuíam outras habilidades técnico-táticas que os outros não

possuíam.

(Reflexão sobre a UD de Voleibol)

(...) foi possível constatar que a turma possuía, de um modo geral, grandes dificuldades,

sendo que apenas se destacavam alguns alunos que se encontravam num patamar

bastante superior.

(Reflexão sobre a UD de Ginástica)

Mediante o referido tive de optar por estratégias de ensino-aprendizagem

diferenciadas pelos grupos mais “atrasados” e mais avançados, por forma a ir de

encontro às suas verdadeiras capacidades e, principalmente, para que houvesse

uma evolução positiva.

A parte fundamental da aula consistiu na divisão da turma por diferentes estações: estação

1 – rolamento à frente com os membros inferiores afastados; estação 2 – sequência de

solo; estação 3 – apoio facial invertido; estação 4 – avião e ponte; estação 5 – rolamento

à retaguarda com os membros inferiores afastados. Nesta sessão optei por colocar na

estação 2 alguns alunos que se encontram mais aptos nesta modalidade não realizando

os outros conteúdos que se encontram nas outras estações. Deste modo, concentraram-

se apenas e exclusivamente na realização da sequência de avaliação.

(Reflexão sobre a Aula nº 50 - Ginástica)

Contudo, a divisão por níveis de desempenho pode levar a algum

“desconforto” por parte de alguns alunos, ou seja, o facto de serem,

normalmente, os mesmos no nível mais avançado (devido ao elevado

desempenho motor) leva a que os elementos que se encontram no grupo menos

evoluído comecem a questionar o porquê de não fazerem os mesmos exercícios

do grupo mais avançado. Assim, cabe ao professor adotar estratégias que

permitam contornar esta situação, tal como se segue no seguinte excerto:

Isto porque, percebi que os alunos que se encontravam na FBJ1 encontravam-se algo

desmotivados por estarem a jogar sempre contra os mesmos (e na última aula uma aluna

até veio ter comigo e disse-me precisamente que queriam jogar com os outros grupos mais

43

evoluídos), e como tal decidi misturar estes com alguns dos alunos da FBJ2, o que levou

a que os jogos se tornassem mais ricos, com mais qualidade e com enorme empenho por

parte destes elementos.

(Reflexão sobre as Aulas nº 68 e 69 - Basquetebol)

4.1.4. Realização

4.1.4.1. Controlo da Turma

O estabelecimento do controlo da turma foi um dos principais desafios a

enfrentar. Estar pela primeira vez com uma turma enquanto docente despertou-

me um sentimento de alguma insegurança, que advinha da falta de experiência.

O primeiro contacto com a turma foi de certa forma positivo. No entanto,

com a aplicação dos questionários e após a primeira reunião do conselho de

turma (realizada no início do 1º período) fez-me perceber que se tratava de uma

turma muito heterogénea, ou seja, constituída por alunos com notas de

excelência, medianas e fracas, bem como, de um modo geral, com

comportamentos inadequados para a sala de aula.

Numa fase inicial adotei uma postura séria e com confiança, que ao longo

do tempo me permitiu construir uma relação de proximidade com a minha turma.

No entanto, em conversas com o PC este aconselhou-me a não me afastar tanto

da turma (no início do ano letivo), mas sim estabelecer um contacto mais

próximo. Naquele momento optei por um maior afastamento, dado que a

diferença de idades entre mim e os alunos não era muito elevada, bem como o

facto de ser “apenas” um estudante-estagiário.

(…) promovi uma maior afetividade entre professor-turma, aspeto essencial para as aulas

decorrem da melhor forma. Desta forma, efetuei o percurso com todos eles, visto também

ser a última vez este período em que irão realizar corrida de resistência (…).

(Reflexão sobre as Aulas nº 32 e 33 - Andebol)

Outro ponto importante no controlo da turma prende-se com a criação de

condições favoráveis para a prática e com a escolha de atividades que sejam

motivadoras para os alunos. De acordo com Rosado e Ferreira (2011, p. 187),

“a criação de um ambiente adequado de aprendizagem envolve a capacidade de

ajustar o nível das tarefas à experiência anterior e ao nível de prática dos

praticantes, de tal modo que as tarefas não sejam muito difíceis (o que promove

44

desde modificações às tarefas propostas, por parte dos praticantes, até ao seu

completo abandono) ou muito fáceis (promovendo quer o desinteresse e a

socialização, quer alterações às tarefas no sentido de as tornar mais

desafiantes)”.

4.1.4.2. Gestão

Por gestão da aula entende-se o conjunto de comportamentos do

professor que controlam o tempo, os espaços, os materiais, as atividades da aula

e o comportamento dos alunos (Sarmento et al., 1990). Assim, a gestão da aula

representa um elemento primordial na eficácia do ensino das atividades físicas

e desportivas (Carreiro da Costa, 1995; Piéron, 1996).

Os professores eficazes são, primeiro que tudo, gestores eficazes e as

habilidades de gestão são pré-requisitos essenciais para um bom ensino, em

qualquer sala de aula, ou em qualquer disciplina (Siedentop, 1991; Rink, 1993;

O'Sullvian & Dyson, 1994).

Para definir o que se entende por gestão eficaz, Siedentop (1991) e

Sariscsany e Pettigrew (1997) fazem referência ao conceito definido por Emmer

e Evertson (1981). Estes consideram que gestão eficaz consiste no

comportamento do professor, que permite o envolvimento nas atividades da

aula, minimizando a quantidade de comportamentos interferentes com o trabalho

dos professores e/ou dos alunos e eficaz utilização do tempo de instrução.

Deste modo, o autor lembra que o objetivo de uma gestão eficaz, nas

aulas de EF, é maximizar e otimizar as oportunidades de exercitação,

nomeadamente, no que refere às tarefas diretamente associadas aos objetivos

de aprendizagem (Siedentop, 1991; Carreiro da Costa, 1995; Sariscsany &

Pettigrew, 1997; Coker,1999) e assegurar igualmente a participação do maior

número de alunos possível em condições de máxima segurança (Piéron, 1996).

Assim, nas minhas aulas tive sempre em consideração a diminuição dos tempos

de transição entre cada tarefa. Para isso, planeava previamente o plano de aula

mediante estas preocupações, ou seja: selecionar os exercícios a aplicar na

sessão, seguindo uma lógica em termos de organização espacial, não afetando

tanto o tempo de empenhamento motor por parte dos alunos; ter um discurso

sempre curto e conciso na explicação de um conteúdo, com o intuito de ser de

fácil compreensão para a turma e consequentemente aumentar o tempo da

45

tarefa. No entanto, tive momentos em que o cumprimento das tarefas não fora

conseguido na sua íntegra, ora por distração da turma ora por uma elevada

ambição enquanto docente, ou até mesmo por uma má instrução da minha parte.

No momento da aula senti necessidade de adaptar um pouco o plano em termos de gestão

(…). Ou seja, na primeira atividade efetuei uma demonstração acerca do que era

pretendido (posição base defensiva) e como tal perdi um pouco mais de tempo daquilo

que era expectável (…).

(Reflexão sobre a Aula nº 70 - Basquetebol)

Idealizei a referida aula com alguns exercícios de aquecimento e flexibilidade antes de

iniciar a avaliação diagnóstica, no entanto, é de referir que fui bastante ambicioso no

planeamento desta aula, isto porque não consegui realizar a flexibilidade estipulada por

mim (…).

(Reflexão sobre a Aula nº 41 - Ginástica)

4.1.4.2.1. Gestão do Espaço e dos Materiais

As minhas sessões de trabalho eram todas planeadas em termos

espacial, através de esquemas elaborados no plano de aula, de fácil

interpretação, bem como o material necessário para cada exercício estipulado.

De referir que, nas aulas cuja duração efetiva era de 30 minutos, ia buscar

atempadamente o material necessário de forma a proporcionar maior tempo de

atividade motora e, consequentemente, diminuir o tempo de espera. Desta

forma, colocava sempre o material junto dos locais onde se iriam realizar as

atividades, com o propósito de ser de fácil acesso e assim rentabilizar o tempo.

Em relação a este tipo de gestão tive uma evolução positiva, dado que ao

longo das aulas e, através das reflexões, consegui perceber o que poderia

melhorar em termos organizativos, comparativamente com o início do ano letivo.

Aprendi muito a observar os meus colegas a lecionar as respetivas aulas, mas

principalmente com o PC, que adotou estratégias bastante eficazes, devido à

sua vasta experiência enquanto docente.

Posteriormente, os alunos, em grupos, exercitaram o passe de ombro. Enquanto o

professor colocou o material necessário, os alunos realizaram individualmente alguns

alongamentos, de modo a que não se encontrassem parados.

(Reflexão sobre a Observação da Aula do Professor Cooperante – 20/11/2013)

46

Salienta-se que antes dos alunos entrarem para o ginásio já tinha montado o material

necessário, embora os plintos utilizados fossem apenas colocados numa fase posterior do

aquecimento.

(Reflexão sobre a Aula nº 47 - Ginástica)

4.1.4.2.2. Gestão dos Alunos

A criação de regras e rotinas foi uma preocupação no início do ano letivo,

tentando implementá-las ao longo das primeiras aulas. Contudo, não se

demonstrou tarefa fácil devido à falta de regras que a turma possuía.

Tentei sempre transmitir à turma a necessidade das normas para a vida

em sociedade. Assim, nas primeiras aulas fui mencionando algumas regras e

rotinas fundamentais para que a aula tivesse um bom clima de aprendizagem.

Desta forma, durante o ano letivo fui criando algumas rotinas como: restrição de

grupos de trabalho e respetivo espaço (MED); utilização de um sinal sonoro para

chamar a turma. Contudo, este não foi um processo linear, visto tratar-se de uma

turma indisciplinada e, como, tal houve muitas situações em que foi necessário

parar a aula ou até mesmo esperar que a turma cumprisse com algumas regras

antes de iniciar a sessão.

É de salientar também o facto de os alunos já saberem que cada grupo está responsável

pela montagem da sua estação, rotina por mim implementada ao longo destas aulas de

90 minutos.

(Reflexão sobre as Aulas nº 48 e 49 - Ginástica)

Mediante os problemas que surgiram na última sessão relativamente a algumas regras,

decidi no início desta aula ter uma conversa com a turma de modo a esclarecê-las para

que daqui em diante estas sejam cumpridas. Como tal, mencionei: que não se deve comer

ao entrar para o pavilhão interior; as faltas de atraso constantes pelos mesmos alunos; os

cabelos devem estar “presos” e não soltos; pulseiras, brincos, relógios, colares, entre

outros, não são permitidos nas aulas. Após isto, os alunos (…) colocaram os cabelos

“presos”, à exceção de uma aluna que inicialmente se recusou. Contudo, mostrei -me

implacável com esta regra e avisei a turma que a aula só começava quando tivessem

todos os alunos a cumprir com o que foi estipulado. Foi necessário esperar cinco minutos

para que esta aluna fizesse o desejado, com os colegas a insistirem para que ela

colocasse o elástico no cabelo. (…) Refira-se que quando a turma se retirou da aula, a

aluna mencionada anteriormente veio falar comigo pedindo-me desculpa, explicando o

porquê de ter tido aquela atitude no início da aula.

(Reflexão sobre as Aulas nº 54 e 55 - Ginástica)

47

4.1.4.3. Instrução

“O termo instrução aparece frequentemente confinado às intervenções

verbais do professor relativas à transmissão de informação, às explicações,

diretivas, chamadas de atenção, acompanhadas ou não de demonstração”

(Graça, 2006, p. 169).

Nas tarefas algo complexas em termos de explicação, optei por uma breve

instrução seguida de demonstração com alunos de modo a dissipar as dúvidas

da turma no decorrer do exercício. A demonstração, em parceria com a

exposição, assume no âmbito das atividades desportivas um papel fundamental,

na medida em que possibilita a visualização por parte do praticante do(s)

movimento(s) a efetuar (Rink, 1994; Darden, 1997).

Neste exercício bem como no seguinte (em que foram consolidadas a posição

fundamental e a manchete), tive sempre em conta a posição e a distância dos

observadores (alunos), de forma a permitir observar os elementos técnicos demonstrados.

(Reflexão sobre as Aulas nº 87 e 88 - Voleibol)

Em todas as tarefas em que foi necessário recorrer à demonstração, esta

era sempre feita com alunos, pelo seu efeito de modelação comportamental

(gratificação do praticante escolhido, criação de um clima relacional positivo de

imitação) (Rosado & Mesquita, 2011). A aplicação desta estratégia permite focar

a minha atenção nos alunos, relativamente aos aspetos relevantes a atender em

cada exercício, complementando assim a demonstração com informação verbal.

Nem sempre foi possível atender a todos os aspetos envolvidos devido

principalmente à inexperiência enquanto docente. No entanto, houve momentos

em que a demonstração era realizada por mim, contribuindo de certa forma para

criar uma imagem mais positiva de mim e da tarefa desportiva em causa.

Ainda em relação à segunda atividade, penso que deveria ter afastado mais os alunos dos

seus pares de modo a que pudessem reagir o mais prontamente possível. Devido à grande

proximidade entre os alunos, no decorrer desta tarefa, estes não efetuaram o gesto técnico

nas devidas condições.

(Reflexão sobre as Aulas nº 87 e 88 - Voleibol)

48

Ao longo das sessões de trabalho tentei acompanhar de perto todos os

alunos, fornecendo-lhes feedbacks apreciativos e, principalmente, específicos

(corretivos), que penso terem sido importantes para o desenvolvimento dos

mesmos. Desta forma, no que se refere à especificidade do feedback, importa

reconhecer que a intervenção de carácter meramente apreciativo (positiva ou

negativa) não contém informação específica acerca do que se fez e do que se

deve fazer de seguida para melhorar, pelo que é menos importante do ponto de

vista da facilitação das aprendizagens motoras (Rosado & Mesquita, 2011). Os

feedbacks específicos contribuem de forma mais efetiva para a aprendizagem

dos alunos, na medida em que contém informação específica que pode facilitar

as aprendizagens (Cushion, 2001). De facto, não basta dizer aos alunos se a

sua execução é ou não correta, é necessário especificar depois o que é

considerado correto ou incorreto e o que fazer, de seguida, para melhorar.

Nesta fase da aula, tal como referi anteriormente, tentei sempre acompanhar todos os

elementos da turma com o intuito de corrigi-los, recorrendo a demonstrações do

pretendido, de forma a ser mais percetível para os envolvidos (…).

(Reflexão sobre as Aulas nº 87 e 88 - Voleibol)

Indo de encontro à citação anterior, os feedbacks devem ser,

regularmente, auditivo-visuais ou auditivo-cinestésicos e não apenas verbais

(Rosado, 1988). O carácter misto deste tipo de intervenções permite que os

alunos recebam a mesma mensagem de diversas formas (por ex.: verbal e

visualmente) e por canais diferentes, resolvendo potenciais insuficiências de

compreensão que a utilização de um só canal ou só uma forma de emissão pode

ocasionar (Rosado & Mesquita, 2011).

Em diversas aulas utilizei o método do questionamento nos alunos, de

forma a promover o porquê de estarem a fazer um determinado movimento e

não outro, bem como corrigirem-se a eles próprios num determinado gesto

técnico ou tático (descoberta guiada). De acordo com Harvey e Goudvis (2000),

o questionamento é a chave para a compreensão. A sua utilização permite, entre

outros aspetos, verificar o grau de conhecimento que os alunos têm da

informação transmitida, desenvolver a capacidade de reflexão, solicitar a

apreciação, realizar o controlo de aspetos de carácter organizativo, aumentar a

frequência de interações entre o professor e o aluno, melhorar a motivação e o

49

clima, a instrução, a gestão e a disciplina nos diversos contextos educativos

(Vacca, 2006). A Descoberta Guiada (Mosston, 1966) é uma forma de

questionamento e neste tipo particular de estratégia, procura-se que a dúvida

seja o motor que cria a necessidade de procurar uma solução, pretendendo-se,

também, que essa solução seja procurada, de forma ativa, pelos alunos a parti r

de um processo de investigação e descoberta. Neste sentido, o questionamento

aparece enquanto estratégia instrucional fundamental, ao oferecer a

possibilidade ao aluno de ocupar um papel central no processo de ensino-

aprendizagem, atuando como construtor ativo das suas próprias aprendizagens

(Mesquita, 2005). Desta forma, Mesquita (2006) advoga que o professor, ao

utilizar o questionamento em detrimento da prescrição de soluções, possibilita

aos praticantes o incremento do desenvolvimento do raciocínio tático e da

autonomia decisória, pressupostos edificadores da prática do jogo qualificado.

(…) Nas situações de jogo referidas, utilizei o método do questionamento nos alunos, de

forma a promover o porquê de estarem a fazer um determinado movimento e não outro,

bem como corrigirem-se a eles próprios num determinado gesto técnico ou tático

(descoberta guiada).

(Reflexão sobre as Aulas nº 87 e 88 – Voleibol)

Assim, no que concerne à realização da aula, enquanto docente, mais

concretamente em relação à dimensão instrução, tive a preocupação de fornecer

informações simples e diretas, para que os alunos assimilassem os conteúdos

de uma maneira lógica, minimizando o tempo de instrução e maximizando o

tempo de prática.

Ao longo de todas as sessões, dirigi-me sempre aos alunos de forma a

puder ser escutado por todos, através de um discurso fluído, aspeto essencial

na comunicação, mas também manter o contacto visual com grande parte da

turma, com o propósito de garantir maiores condições de atenção e

comunicabilidade. No início do ano letivo, senti algumas dificuldades em aplicar

o referido, nomeadamente o contacto visual com a turma toda, pois trata-se de

uma turma extensa, mas que com o tempo estas barreiras foram superadas. A

comunicação não-verbal também foi um ponto bastante aplicado por mim, ou

seja, esta consiste em mensagens não-verbais, as expressões faciais, a voz, os

gestos e as posturas, o contacto físico, entre outros (Rosado & Mesquita, 2011).

50

Apesar de ser um tipo de comunicação em que é necessário ter algum cuidado,

sou da opinião que é um instrumento poderoso, nomeadamente na área das

relações interpessoais.

Em suma, para a realização de uma apresentação eficaz concorrem

várias estratégias, embora nenhuma se assuma como determinante. Werner e

Rink (1987) defendem que os professores mais eficazes são claros na

apresentação das tarefas, recorrem a demonstrações regulares e emitem

palavras-chave apropriadas no que se refere ao número, à qualidade e à

validade face à especificidade do conteúdo em questão. É importante salientar

que não é a quantidade de demonstrações e de palavras-chave utilizadas que

discrimina a eficácia da intervenção, mas a qualidade do conteúdo informativo

que elas veiculam (Gusthart, Kelly & Rink, 1997).

4.1.4.4. Modelos Instrucionais em Educação Física

Apesar de haver inúmeros modelos, Rink (2001) destaca que não há

nenhum modelo que seja adequado a todos os envolvimentos de aprendizagem:

nomeadamente perante alunos de baixo nível de desempenho, a ausência de

indicações objetivas e referenciadas a critérios de realização das tarefas pode

comprometer a aprendizagem (Rink et al., 1992). Assim, neste ano de EP utilizei

três modelos instrucionais no ensino das diversas modalidades: modelo de

instrução direta (MID), modelo desenvolvimental (MD) e modelo de educação

desportiva (MED).

4.1.4.4.1. Modelo de Instrução Direta

O MID, de acordo com Mesquita e Graça (2011), caracteriza-se por

centrar no professor a tomada de praticamente todas as decisões acerca do

processo de ensino-aprendizagem. Neste domínio, o professor realiza o controlo

administrativo, determinando as regras e as rotinas de gestão e ação dos alunos.

Como tal, é importante utilizar o tempo de aula de uma forma eficaz, levando a

uma maior prática motora.

Na aplicação deste modelo o professor tem tarefas obrigatórias, das quais

Rosenshine (1983) destaca: a revisão da matéria previamente aprendida,

apresentação de novas habilidades ou do conteúdo em geral, monitorização

51

elevada da atividade motora dos alunos e avaliações/correções sistemáticas em

referência aos objetivos delineados.

Mediante o que foi referido anteriormente, tentei ao máximo a sua

aplicação. Assim, nas minhas aulas criei o hábito de fazer uma pequena palestra

acerca dos conteúdos a serem abordados. Já no decorrer da sessão, através da

comunicação verbal e da demonstração, mostrava o pretendido para

determinada tarefa, apontando igualmente alguns erros frequentes de modo a

que não os cometessem ou então o menos possível. No entanto, apesar da

explicação e demonstração, era natural a ocorrência de erros por parte dos

alunos, e assim, sempre que necessário corrigia-os com o intuito de melhorarem

determinada habilidade motora, mas também com o propósito de serem o mais

perfeitos possível, mediante as suas capacidades, no momento da avaliação

sumativa. De referir que sempre que possível utilizava um elemento da turma

como um “modelo” a seguir, isto porque a meu ver, se colocarmos um aluno a

realizar o pretendido damos a entender aos seus colegas que estes também são

capazes de efetuar o conteúdo desejado. A emissão de feedbacks esteve

sempre presente, apesar de, por exemplo, na ginástica ter sido mais complicado

dar indicações a todos. Um exemplo para ilustrar melhor o referido vai de

encontro ao rolamento à retaguarda com os membros inferiores afastados. Para

corrigir a turma toda neste aspeto perdia-se imenso tempo, visto que era preciso

analisar os alunos um a um, o que me levou a adotar a estratégia de corrigir

aqueles elementos que tinham mais dificuldades.

A aula iniciou-se com uma breve conversa acerca do que se iria realizar neste dia.

(Reflexão sobre a Aula nº 10 - Atletismo)

Outro aspeto que merece reflexão prende-se com o facto de apenas ter estado em apenas

uma estação, rolamento à frente com os membros inferiores afastados, com o intuito de

ajudar os alunos que tivessem mais dificuldades (...).

(Reflexão sobre a Aula nº 44 - Ginástica)

Na primeira tarefa exigida, por ser algo complexo de explicar aos alunos, optei por uma

breve instrução e em seguida por demostrar com uma equipa de modo a que com o

decorrer do exercício não suscitassem dúvidas em torno da turma.

(Reflexão sobre as Aulas nº 87 e 88 – Voleibol)

52

4.1.4.4.2. Modelo Desenvolvimental

Um dos princípios em que o MD assenta consiste, segundo Rink (1996),

por proporcionar “um bom desenvolvimento do conteúdo pode melhorar a

aprendizagem”. Conforme afirmam Mesquita e Graça (2011), o MD decorre da

assunção de que a matéria de ensino exige um tratamento didático,

materializado na manipulação da complexidade das situações de aprendizagem

(aumento ou diminuição) e na estruturação do desenvolvimento do trabalho do

aluno.

Para que os praticantes obtenham bons níveis de desempenho, é

necessário apreender o nível concreto dos seus conhecimentos e das suas

capacidades, e estabelecer a relação entre a zona do desenvolvimento atual e a

zona do próximo desenvolvimento (Bento, 1987). Estas conceções assentam no

facto de o professor ser capaz de enquadrar o aluno mediante as suas

capacidades, por forma a fazer evoluí-lo positivamente, conseguindo-o colocar

num patamar superior.

O MD engloba três conceitos base, são eles: progressão, refinamento e

aplicação. Assim, o professor pode facilitar a aprendizagem dos seus alunos:

estabelecendo prioridades nos conteúdos de aprendizagem e os estruturar,

conferindo-lhes determinada lógica e sequência criteriosa (progressão); visar o

seu aperfeiçoamento através da sua exercitação e consolidação (refinamento);

proporcionar oportunidades para a sua utilização em condições inabituais ou de

exigência de rendimento (aplicação) (Rink, 1993).

O conceito de progressão, segundo Rink (1993), reivindica a necessidade

de o ensino ser estruturado de forma progressiva, na medida em que facilita ao

praticante a passagem do nível de desempenho atual para outro mais avançado.

Assim, a complexidade das tarefas, obedecendo à organização dos conteúdos,

deve seguir uma ordem crescente, ou seja, do mais fácil para o mais difícil. Este

tipo de organização do conteúdo é efetuado mediante: articulação vertical (as

tarefas integram variantes de nível de dificuldade distinto), ou seja, da base para

o topo, na qual se vão adicionando elementos, com o intuito de alcançar o

resultado desejado; articulação horizontal (as tarefas selecionadas integram

variantes com níveis de dificuldade semelhante). Da conjugação da articulação

vertical e horizontal, a progressão adquire um cunho dinâmico (semelhante ao

53

efeito em hélice) em analogia com o dinamismo e a mutabilidade, apanágio das

ações motoras em Desporto (Mesquita e Graça, 2011).

Apesar do que foi referido anteriormente, este conceito de progressão

envolve requisitos a ter em conta, nomeadamente: a extensão, que significa o

volume (a dimensão do conteúdo); a profundidade (nível de pormenor e

especificidade dos conteúdos); a sequência (elo de ligação entre conteúdos) e a

ênfase (distinção do que deve ser realçado em cada momento em relação ao

conteúdo de treino).

O conceito de refinamento centra-se na definição dos elementos de

execução motora e do seu uso estratégico (Rink, 1993). Define-se como sendo

o afinamento de determinadas componentes críticas tanto do foro percetivo-

decisional como motor, que, dada a sua complexidade, exigem um tratamento

mais refinado (Mesquita e Graça, 2011). A operacionalização deste conceito, no

domínio da organização e estruturação do processo de instrução, concorre para

a identificação de palavras-chave que devem ser utilizadas durante a

apresentação das tarefas (Siedentop, 1991). Para além disso, destaca os

aspetos essenciais a observar pelo professor ou treinador e indica o tipo de

informação a ser emitido durante a prática motora (feedback) (Mesquita e Graça,

2011). Por último, a aplicação referencia-se à realização de tarefas de

competição e de autoavaliação criteriosamente selecionadas. Permite a

contextualização dos conteúdos de aprendizagem nas situações de aplicação

que lhes conferem significado e auxiliam o praticante na regulação da própria

aprendizagem (Mesquita e Graça, 2011).

As progressões devem integrar, simultaneamente, situações de prática

orientadas para a forma de execução da habilidade (eficiência) bem como para

o resultado desejado (eficácia), sem descurar o seu uso oportuno, ajustado e

atempado (aplicação) (Rink, 1993). Rink (1993), ao considerar o conceito de

aplicação enquanto movimento fulcral do processo de estruturação e condução

do ensino, subentende a utilização de situações de competição promotoras da

autoavaliação, em que o foco predominante da atividade deixa de estar centrado

na execução para se situar no resultado da ação.

Contrapondo todos estes aspetos com a minha prática pedagógica, posso

afirmar que ao aplicar o MD nas minhas aulas procurei adaptar a complexidade

das situações de aprendizagem às dificuldades dos alunos, criando uma

54

organização dos conteúdos partindo da base para o topo. É o caso do atletismo,

visto ser uma modalidade muito técnica, em que os conteúdos foram lecionados

iniciando com os mais básicos e progredindo de forma sequencial até às

habilidades mais complexas.

4.1.4.4.3. A Aplicação do Modelo de Educação

Desportiva: Uma Experiência Enriquecedora

Segundo Mesquita e Graça (2011), o MED define-se como uma forma de

educação lúdica e crítica das abordagens descontextualizadas, procurando

estabelecer um ambiente propiciador de uma experiência desportiva autêntica,

conseguida pela criação de um contexto desportivo significativo para os alunos,

o que pressupõe resolver alguns equívocos e mal-entendidos na relação da

escola com o desporto e a competição. Este engloba três aspetos fulcrais:

competência desportiva, literacia desportiva e entusiasmo pelo desporto, sendo

o seu propósito formar a pessoa desportivamente competente, desportivamente

culta e desportivamente entusiasta. Siedentop (1994), de forma a garantir

experiências desportivas, integrou seis características do desporto

institucionalizado no MED: a época desportiva, a filiação, a competição formal, o

registo estatístico, a festividade e os eventos culminantes. Este modelo foi

apenas abordado no 3º período, na única modalidade lecionada – voleibol.

Ao longo deste ano letivo, tive dificuldades em manter a turma sempre

empenhada e responsável em todas as tarefas implementadas, tentando

inclusive aplicar atividades de carácter motivador, entre outras estratégias.

Contudo, e após algum tempo de reflexão, em conversa com o OE, PC e NE

decidi optar pela aplicação deste modelo (MED) na minha turma, pois estive

sempre reticente devido ao seu historial comportamental, não muito favorável.

Mediante a aplicação do MED, posso afirmar que a aula deste dia foi das melhores, no

que toca ao desempenho (...). Desta forma, foi possível verificar em todas as equipas um

empenho bastante significativo de forma a puderem amealhar o maior número de pontos

(...).

(Reflexão sobre a Aula nº 86 - Voleibol)

Contrariamente ao que era expectável, o uso deste modelo correu de

forma francamente positiva, havendo uma enorme aceitação e entusiasmo por

55

parte dos alunos. Grant (1992) e Hastie (1998) advogam que a filiação e a

responsabilidade conferida aos alunos na tomada de decisões é o fator que mais

contribui para o incremento do entusiasmo durante a prática desportiva.

Indo de encontro às características referidas anteriormente acerca do

MED, estas não foram aplicadas na sua íntegra, havendo uma adaptação da

minha parte, devido ao número de aulas existentes e ao elevado número de

conteúdos que era suposto lecionar para esta modalidade. Desta forma, planeei

a época desportiva em quatro fases:

Estruturação da época: na primeira aula foi realizada a avaliação

diagnóstica, por forma a determinar o nível de execução da turma. O

objetivo primordial era que o critério que foi utilizado a posteriori, formação

de equipas heterogéneas, fosse fundamentado numa observação direta

por parte do professor. Já na segunda aula, expliquei à turma como se iria

processar a UD de voleibol segundo o MED, sendo que nesta aula foram

já implementados alguns dos princípios deste modelo, nomeadamente a

formação de equipas e a seleção do capitão de equipa. Ainda nesta aula

foram introduzidos alguns conteúdos técnicos e táticos relativos aos dois

níveis de jogo existentes na turma.

A aula de hoje iniciou-se com uma conversa com os alunos acerca de assuntos

relacionados com o Modelo de Educação Desportiva (MED), nomeadamente a formação

de novas equipas de forma a haver equilíbrio entre todas elas, bem como algumas regras

a serem cumpridas e funções que o capitão deve desempenhar.

(Reflexão sobre as Aulas nº 81 e 82 - Voleibol)

Pré-época: nesta fase, que teve a duração de seis aulas, visei tarefas que

consistissem na aquisição de eficiência técnica e tática, através de

atividades bastantes contextualizadas com a situação de jogo. De referir

que, foram aplicados jogos 1x1 e 2x2 mediante a etapa de aprendizagem

em que os alunos se encontravam. Numa primeira fase foram aplicados

jogos de cooperação e sucessivamente passaram a ser jogos de

oposição, mais centrados para o objetivo do jogo formal – fazer ponto.

Outros pontos importantes vão para a inclusão de árbitros (alunos) em

todos os jogos e a existência de torneios no final da sessão, para que

fosse promovida a competição e acima de tudo para que os alunos

56

conseguissem transportar os conhecimentos mais analíticos para

situações de jogo (mais complexas).

Competição: composta por quatro aulas. Foi o momento em que os alunos

realizam torneio através do 1x1 e 2x2 (consoante a etapa de

aprendizagem), com o propósito de aplicar todas as habilidades técnico-

táticas abordadas ao longo desta UD. Nas duas últimas aulas tiveram a

mesma estrutura das duas anteriores, à exceção que começaram a ser

avaliados sumativamente. De referir que ao longo deste período de tempo

foram nomeados árbitros (alunos) para todos os jogos.

Evento culminante: ocorreu em apenas uma aula para a entrega de

prémios relativos às classificações e à equipa com maior fair-play, ao

longo da pré-época e na competição. Para além disto, foi planeada uma

sessão com atividades diferentes para os alunos, com o intuito de os

alunos puderem vivenciar outras experiências, como é o caso do voleibol

sentado.

Esta aula nº 95 teve como principal propósito a realização do evento culminante de

voleibol. Desta forma, em toda a aula foi possível denotar nos alunos um grande espírito

de competitividade, mas também de entretenimento, pudendo os mesmos vivenciar outras

atividades relacionadas com esta modalidade, nomeadamente o voleibol sentado, que não

faz parte do plano curricular e como tal puderam percecionar as dificuldades que as

pessoas com necessidades educativas especiais sentem na prática deste desporto.

Já no fim da aula, procedeu-se à entrega de prémios onde se criou um verdadeiro clima

de festa, tendo sido entregues medalhas autoconstruídas por mim do 1º ao 4º lugar e ainda

o certificado de fair-play.

(Reflexão sobre a Aula nº 95 - Voleibol)

Em suma, posso com toda a certeza afirmar que foi uma decisão acertada

esta de aplicar o MED na medida em que a turma se “transformou” em muitos

aspetos para melhor. Há que acrescentar o facto de os alunos gostarem de

trabalhar como equipa, tentando obter sempre o máximo de pontos possíveis

(nos critérios definidos por mim e já transmitidos no início do período letivo), e

ainda a existência de um quadro competitivo em todas as aulas que para muitos

deles era a fase da aula que tanto ansiavam.

57

Contudo, penso que foi uma experiência bastante enriquecedora tanto para mim como

para os alunos, funcionando extremamente bem o MED. Foi denotada ao longo das aulas

uma enorme vontade, por exemplo, em chegar atempadamente à sessão para se

colocarem nas respetivas equipas, com o intuito de conquistarem mais pontos.

(Reflexão sobre a UD de Voleibol)

De acordo com o Modelo de Educação Desportiva (MED), a aula deste dia contou já com

a contabilização, por exemplo, de pontos para a pontualidade. Este foi um momento que

foi bastante interessante observar, visto haver uma preocupação por todos os elementos

da equipa em chegar a tempo (...).

(Reflexão sobre a Aula nº 83 - Voleibol)

4.1.5. Planeamento vs Realização

O planeamento das aulas é um dos processos mais importantes que o

professor deve realizar, pois é uma ferramenta que lhe permite orientar no

momento da lecionação. De modo a que um ensino seja educativamente eficaz,

é necessário definir estratégias, objetivos e diretrizes. Contudo, nem sempre o

que um professor tem planeado corresponde à prática (realização). Assim, é

necessário que o docente esteja preparado para lidar com determinados

imprevistos, com o propósito de dar uma resposta positiva. Consequentemente ,

é importantíssimo conhecer todos os recursos disponíveis, o contexto da prática

em que está inserido, no sentido de dar uma resposta rápida e que solucione o

problema surgido.

Nesta hora surgiu um percalço, mais concretamente a divisão do pavilhão interior com

outra turma, o que levou a que o meu espaço fosse bastante mais limitado para lecionar a

aula, ainda para mais com uma turma de 27 alunos! Isto aconteceu já nos segundos 45’

da aula, tendo sido necessário solicitar aos alunos que deslocassem algum do material

para o local a que nos era destinado, perdendo assim um tempo considerável de prática.

Esta transição levou a que ocorresse alguma confusão entre a turma, mais concretamente

em relação a aspetos organizativos. Como tal, passado alguns minutos decidi terminar

com a ginástica de solo, partindo assim para a acrobática (...).

(Reflexão sobre as Aulas nº 45 e 46 - Ginástica)

Apesar da planificação se puder adaptar na sessão, por vezes torna-se

complicado concretizar alguns dos objetivos estabelecidos nas melhores

58

condições e, como tal, é necessário reformular a UD, por forma a não prejudicar

os alunos no processo de aprendizagem.

Em relação às condições em que eram realizadas as aulas, tive algumas dificuldades em

por vezes cumprir com o estabelecido, havendo por isso a necessidade de ajustar a

unidade didática (2ª correção). Como exemplo disto, temos a aula nº 9 em que não foi

abordada a corrida de estafetas, devido à falta de condições e como tal, só foram

realizadas as avaliações sumativas da técnica de corrida e da partida de blocos. Isto

porque, as aulas eram lecionadas na parte exterior e como era tudo descoberto, tive a

pouca sorte de em alguns dias ocorrer precipitação (chuva).

(Reflexão sobre a UD de Atletismo)

No entanto, existem situações que implicam mesmo a existência de um

plano alternativo (plano B), devido, por exemplo, às condições atmosféricas,

fator impossível de controlar.

Para este dia realizei dois planos de aula (mas com diferentes objetivos), conforme as

condições meteorológicas: Plano de Aula (A) – caso estivesse boas condições

climatéricas; Plano de Aula (B) – más condições climatéricas. Assim sendo, na hora da

aula escolhi o plano de aula (B), sendo esta realizada no espaço exterior, mas nos

corredores que dão acesso ao campo de futebol e ao pavilhão interior.

(Reflexão sobre a Aula nº 13 - Atletismo)

Para finalizar, neste período de estágio tive de tomar decisões no

momento da aula (formação de novos grupos e divisão do espaço com outra

turma devido às condições atmosféricas), sendo que outras já estavam

previamente planeadas, o que me fez crescer enquanto professor. Apesar de

tudo o que vivenciei, em relação a este tópico, não alterava em nada neste

momento, pois o que fiz, a meu ver, foi o mais correto. Por exemplo, quando

chovia e na presença de três turmas em que só podiam estar duas no pavilhão,

no meu caso, sempre que estive na parte exterior optei sempre por lecionar uma

aula prática, embora num espaço bastante reduzido, pois sou defensor que

lecionar uma aula teórica só por este motivo não é suficiente (exceto quando não

existe mesmo espaço disponível), dado que um dos objetivos fundamentais da

EF é a promoção de atividade motora aos alunos (embora neste caso seja algo

reduzida). Uma ilação que pude retirar desta aprendizagem vai de encontro ao

facto de o planeamento não ser um processo fechado, mas sim aberto, ou seja,

59

para que seja possível moldá-lo sempre que seja necessário devido aos

imprevistos que eventualmente possam surgir.

4.1.6. Avaliação

A avaliação é um conceito que ao longo dos anos se foi moldando. Guba

e Lincoln (1981) consideram que a avaliação resulta de uma combinação entre

uma descrição e um julgamento. Trata-se de recolher informação e de proceder

a um juízo de valor, muitas vezes, com o sentido de conduzir a uma tomada de

decisão (Miras & Solé, 1992). Contudo, nos dias de hoje, entende-se a avaliação

como uma atividade subjetiva, onde a atribuição de um valor segundo critérios

envolvem problemas técnicos e éticos.

Segundo Natriello (1987), as funções da avaliação são: a certificação –

garante que o aluno atingiu um determinado nível; a seleção – assegura a

identificação de alunos para a entrada, o prosseguimento de estudos ou a vida

ativa; a orientação – trata-se de comunicar aos alunos avaliados os resultados

da avaliação, permitindo aos avaliadores fazer diagnósticos ou planificações

posteriores; a motivação – a apresentação dos resultados da avaliação assegura

a motivação e o empenho nas tarefas daqueles que estão a ser avaliados.

Contudo, a principal função da avaliação é contribuir para o sucesso do processo

educativo e verificar em que medida é que isso foi conseguido, com o grande

objetivo de aperfeiçoar a atividade educativa, regulando e orientando o processo

de ensino-aprendizagem (Ribeiro, 1991).

Rosado e Silva (2006) referem que a avaliação em EF pretende

diagnosticar carências, classificar homogeneamente segundo níveis de

capacidade dispensar matéria do programa, predizer níveis de desempenho e

aquisição, especificar a dimensão dos progressos, motivar os alunos, determinar

notas e avaliar o ensino e o currículo.

Por forma a avaliação ser, na minha opinião, um processo que

acompanha toda a aprendizagem, surge a necessidade de utilizar as diferentes

modalidades de avaliação. Assim sendo, para efetuar uma avaliação coerente

foram utilizadas: a avaliação diagnóstica (AD), a avaliação contínua (AC) e a

avaliação sumativa (AS).

60

4.1.6.1. Avaliação Diagnóstica

A AD é a modalidade de avaliação que permite averiguar se os alunos

possuem os conhecimentos e aptidões para poderem iniciar novas

aprendizagens. Assim, permite ao professor adaptar o ensino às características

da turma, identificando os principais problemas que serão necessários corrigir.

No decorrer deste ano letivo, realizei sempre este tipo de avaliação no

início de cada UD, permitindo-me identificar o nível em que a turma se

encontrava. Consequentemente, por vezes não se cumpriu o programa

estabelecido pelo grupo de EF da escola, visto que a turma possuía alguns

problemas, que a meu entender deveriam ser primeiramente resolvidos antes de

passar a uma próxima etapa. De referir que, este não cumprimento do programa

não foi apenas detetado na AD, mas também ao longo das aulas que permitiram

perceber a evolução da turma e se conseguiria alcançar um determinado objetivo

inicialmente proposto.

Após a avaliação diagnóstica, foi possível constatar que a turma possuía, de um modo

geral, grandes dificuldades, sendo que apenas se destacavam alguns alunos que se

encontravam num patamar bastante superior.

(Reflexão sobre a UD – Ginástica)

Esta avaliação foi um elemento fulcral para ajustar todo o planeamento e

adequar o mesmo aos alunos, de forma a desenvolver ao máximo todas as suas

potencialidades. Desta forma, utilizei para todas as modalidades uma lista de

verificação de fácil preenchimento para que me permitisse tirar uma “fotografia”

ao panorama da turma. Isto porque, caso fossem colocados vários elementos

para serem avaliados iria-se perder muito tempo, podendo inclusive perder mais

do que uma aula, e o principal propósito prende-se com o facto de identificar os

problemas mais evidentes e o nível dos alunos.

4.1.6.2. Avaliação Contínua

Este tipo de avaliação possui um carácter formal e consciente, sendo

apenas um registo para o professor daquilo que é necessário melhorar em

relação ao processo de ensino-aprendizagem.

61

Foi através das reflexões das aulas e das notas pessoais que fui

melhorando o processo de ensino-aprendizagem, ou seja, há medida que ia

lecionando cada aula e após cada reflexão pude perceber se os alunos tinham

concretizado o objetivo para aquela sessão de trabalho, bem como os elementos

que já poderiam passar para um nível superior, já com outros propósitos. Estas

reflexões permitiram-me colocar estes alunos num patamar mais elevado,

levando a que já tivessem consolidado os objetivos previamente definidos.

Apesar de não ter aplicado nenhum instrumento em concreto, penso que

se fosse hoje tinha usado uma grelha de registo que me permitisse ter uma

noção mais exata daquilo que se ia passando ao longo das aulas. Assim sendo,

poderia ter acrescentado, por exemplo, na ficha de assiduidade, uns pontos de

avaliação mais rigorosos, nomeadamente: atitudes, participação e cultura

desportiva. Isto porque chegava ao final do período e contabilizava o que tinham

obtido nestes parâmetros, permitindo-me transformar estes resultados numa

nota quantitativa.

4.1.6.3. Avaliação Sumativa

A AS dá-se, normalmente, na conclusão de uma UD. Contudo, fica ao

critério do professor determinar qual o melhor momento para avaliar os

conteúdos lecionados. Por exemplo: no atletismo abordei várias habilidades

motoras (técnica de corrida, partida de blocos, estafetas, triplo salto e

lançamento do peso), no entanto, estas não foram lecionadas simultaneamente,

mas seguindo uma ordem de progressão. Como tal, optei por abordar cada

conteúdo fazendo seguidamente a sua avaliação, visto que os alunos não iriam

ter mais sessões de trabalho para desenvolvê-lo.

Esta avaliação é o culminar do trabalho desenvolvido pelo professor e,

principalmente, pelos alunos. Ou seja, o professor tem como objetivo central

melhorar e/ou dar a conhecer certas habilidades das modalidades a serem

lecionadas nesse ano letivo, no entanto, tem que haver um interesse por parte

da turma para que haja uma evolução notória aquando da realização da AS. Esta

englobou, embora em diferentes percentagens definidas pela escola, três

domínios: psicomotor (70%), socio afetivo (20%) e cognitivo (10%).

No domínio socio afetivo foi realizado uma avaliação contínua, permitindo

assim identificar aula após aula os elementos que se destacavam mais pela

62

positiva e pela negativa, mediante critérios definidos para o momento em que

fosse atribuir a nota no final do período letivo (a higiene pessoal, o material, o

comportamento/cumprimento de regras e participação/empenho).

Já no domínio cognitivo, ou seja, a cultura desportiva, a avaliação foi feita

através de dois testes escritos (1º e 3º período, respetivamente) e dois trabalhos

manuscritos individuais (2º período) mediante as modalidades que foram

abordadas neste espaço de tempo. Partindo destas duas vivências, sou da

opinião que os trabalhos manuscritos podem ser mais proveitosos em termos de

aprendizagem por parte dos alunos, visto que a realização dos testes permitiu

perceber que houve alunos que não estudaram, obtendo notas desfavoráveis.

Assim, apesar dos casos em que os trabalhos não foram entregues dentro do

prazo estabelecido, creio que foram adquiridos mais conhecimentos.

Ao longo das sessões de trabalho foi ainda assinalado através de notas

pessoais, o conhecimento que os alunos demonstravam acerca da modalidade,

bem como a respetiva sinalética de arbitragem e, no caso da ginástica, a

realização das ajudas aos colegas.

No domínio psicomotor, mais concretamente em relação às modalidades

abordadas, este teve um cariz prático (60%). Assim, preconizei uma ficha com

critérios determinados pelas componentes críticas que foram trabalhadas ao

longo das aulas. De salientar que, esta componente prática foi sempre planeada

em contexto de jogo (utilizado ao longo das aulas), isto em relação aos jogos

desportivos coletivos. Enquanto nos desportos individuais lecionados: atletismo

– à medida que foram abordadas algumas das habilidades motoras estas eram

avaliadas isoladamente; ginástica – realização de uma sequência por parte dos

alunos, enquanto os elementos com mais dificuldades executavam os conteúdos

lecionados (não todos devido à sua complexidade) de uma forma analítica, ou

seja, individualizada. Negativamente, é de destacar a forma como foi avaliado o

atletismo, visto que devia ter seguido a mesma conceção dos restantes

desportos, a de avaliar em contexto idêntico à que é a natureza da modalidade,

ou seja, em contexto de competição. Todos estes momentos de AS permitiram-

me perceber a evolução que os alunos obtiveram.

Ainda em relação ao domínio psicomotor entra a condição física (10%): a

aptidão física foi avaliada no início do 1º período através de uma bateria de testes

pertencentes ao Fitnessgram® (vaivém, abdominais, senta e alcança e

63

extensões de braços), traduzindo apenas um panorama geral da condição física

da turma. No final dos 2º e 3º períodos foram aplicados alguns testes

pertencentes igualmente ao Fitnessgram®, nomeadamente, o teste da impulsão

horizontal definido pelo NE, conjuntamente com o PC. Destes, excluem-se o

senta e alcança e o vaivém (uma vez que não foram trabalhados para obter bons

resultados). Esta componente não foi avaliada no 1º período, devido ao facto de

o NE não concordar com os critérios de avaliação definidos pelo grupo de EF da

escola. A discordância prende-se assim com o facto de os alunos serem

avaliados mediante os resultados obtidos no início do ano letivo, não tendo em

conta que estes vinham de um longo período de férias, e, como tal, para nós este

aspeto não era justo para os alunos em geral. Assim, e em concordância com o

PC, definiu-se que não se iria realizar a respetiva avaliação. Contudo, o NE

trabalhou ao longo dos restantes períodos por forma a alterar os critérios de

avaliação em relação apenas à condição física, definindo assim novos critérios.

Os critérios estabelecidos inicialmente pelo grupo de EF da escola consistiam

em atribuir uma nota quantitativa aos alunos mediante o número de testes que

se encontravam na zona saudável da aptidão física: nível um (um teste na zona

saudável); nível dois (dois testes na zona saudável); nível três (três testes na

zona saudável); nível quatro (cinco testes na zona saudável); nível cinco (três

testes na zona ótima e dois testes na zona saudável). Consequentemente, o NE

definiu, em concordância com o grupo de EF, novos critérios. Ou seja, para a

atribuição de uma nota nos testes realizados utilizou-se uma tabela que continha

valores de referência para as idades desejadas atribuindo assim o valor mínimo

a nota dois e o máximo a nota cinco. As notas intermédias de três e quatro, eram

atribuídas fazendo a diferença entre o valor máximo e mínimo, sendo esta

diferença dividido por dois e somando ao valor inferior, constituindo este valor o

nível três. O nível quatro é o intervalo entre o valor obtido para o nível três e

cinco. Um exemplo que melhor ilustra o que foi referido:

No caso do teste da impulsão horizontal (centímetros) para o sexo

masculino e com 14 anos de idade:

o Nível dois: <=184

o Nível cinco: >=212

Valor máximo – Valor mínimo = 212 – 184 = 28

64

28 : 2 = 14

o Nível três: <=198 (184 + 14)

o Nível quatro: >198 e <212 (198 + 12)

Todos estes momentos de avaliação foram algo complicados de efetuar,

principalmente nos primeiros tempos, devido à falta de prática de observação.

Isto vai de encontro ao que Rosado et al. (2004) afirmam, ou seja, aprender a

realizar uma boa observação de movimentos é um dos aspetos importantes na

formação de professores.

Em conclusão, posso afirmar que todos estes momentos de avaliação

foram um dos marcos mais importantes deste ano de estágio, visto que avaliar

e classificar os alunos não é uma tarefa fácil, pois pode criar um clima de injustiça

e, como tal, deve ser muito bem ponderada, com um elevado rigor, tentando

minimizar alguns problemas de que este constrangimento pode trazer. Assim, ao

longo deste ano procurei tornar-me num profissional competente, tentando

melhorar a cada dia, promovendo concomitantemente uma boa qualidade de

ensino-aprendizagem.

4.1.7. Competição vs Ganhar

Competição e ganhar são dois conceitos concomitantemente

relacionados. Assim, ao competir parte-se do pressuposto de que se quer

ganhar. Em clubes desportivos todos eles têm como desejo concretizar esse

objetivo. Já nas aulas de EF, a competição (que implica ganhar) é um dos

objetivos desta disciplina, por forma a criar uma atitude competitiva/ganhadora

saudável nos alunos.

Ao longo das minhas aulas sempre que possível ocorria competição,

pelos motivos mencionados anteriormente, principalmente nas modalidades

coletivas. Assim, por exemplo, na lecionação de andebol (primeira modalidade

coletiva a ser abordada) tive alguns problemas com a turma no momento em que

se realizava a situação de jogo adaptado ao seu nível de desempenho (GR + 4

x 4 + GR), normalmente efetuado no fim da sessão. Isto porque, ocorreram

durante algumas aulas confusões (discussões, confrontos físicos, insultos, entre

outros) entre vários membros da turma, devido ao resultado final, denotando-se

o “não saber perder” de alguns elementos.

65

Como último acontecimento relevante desta aula, é de salientar a situação de jogo GR+4

x 4+GR. Isto porque, a turma, apesar de ter cumprido em alguns casos a noção tática de

grupo defensiva – ajuda –, conteúdo introduzido pela primeira vez, não apresentou um

comportamento correto em certos momentos do jogo, apresentando falta de respeito para

com os árbitros (alunos que não fizeram aula desempenharam funções de arbitragem).

Salienta-se que os alunos, principalmente do segundo nível de jogo, tornaram-se bastante

competitivos tendo inclusive discutido com os elementos da equipa a que pertenciam.

Assim sendo, tive de tomar certas medidas, tendo eu ficado em funções de arbitragem

neste nível de jogo, de modo a dissipar alguns conflitos. Consequentemente, esta decisão

por mim tomada teve um resultado positivo no jogo. Contudo, no fim da aula, tive a

necessidade de me dirigir aos balneários masculinos de modo a acalmar os ânimos entre

alguns elementos da turma, tendo uma conversa bastante séria de modo a que nas

próximas aulas o que se passou não se volte a suceder.

(Reflexão sobre as Aulas nº 32 e 33 - Andebol)

Todos estes conflitos fizeram vir ao de cima o clima que se vivia na turma

não ser tão positivo como deveria ser, devido, na minha perspetiva, à falta de

relações interpessoais. Posto isto, após este 1º período letivo (momento da

lecionação de andebol) centrei as minhas atenções para melhorar o clima que

se fazia sentir nas aulas de EF. Assim, levei a cabo a tentativa de solucionar ou,

pelo menos, diminuir este problema por mim detetado através de um estudo de

investigação-ação intitulado como “O Clima Social na Aula de Educação Física:

Programa de Intervenção Baseado em Atividades Motoras Cooperativas e Não-

Competitivas”.

66

4.1.7.1. “O Clima Social na Aula de Educação Física:

Programa de Intervenção Baseado em Atividades

Motoras Cooperativas e Não-Competitivas”

Tiago Lourenço

Faculdade de Desporto – Universidade do Porto

Resumo

Segundo Rech e Fonseca (2010), as aulas de Educação Física são um ambiente propício para

a melhoria das relações sociais, tendo em vista que uma série de fatores estão relacionados,

como o jogo, a afetividade, o espírito de equipa, a coesão grupal entre outros. Torna-se assim

necessário atividades de carácter não-competitivo para a resolução do isolamento ou existência

de grupos sociais. A interação e o relacionamento social permitem a diminuição do isolamento,

ao mesmo tempo que ameniza a competição e individualidade. O presente estudo teve como

objetivo verificar a influência de um programa de atividades motoras cooperativas e não-

competitivas na melhoria do relacionamento interpessoal da turma. Metodologicamente utilizou-

se o teste sociométrico e as notas de campo como instrumentos de recolha de dados. Como

estratégia para a análise dos resultados efetuaram-se os cálculos dos índices de popularidade e

de antipatia e realizaram-se matrizes sociométricas e sociogramas. Após a aplicação do

programa de atividades, verificou-se que houve uma melhoria considerável do trabalho em grupo

e da cooperação e, também, embora mais diminuta, um incremento da afetividade. O trabalho

concluiu que os resultados deste estudo permitiram identificar os alunos com um maior poder de

influência e caracterizá-los, relacionando as suas características com os comportamentos

evidenciados na aula de Educação Física.

PALAVRAS-CHAVE: INVESTIGAÇÃO-AÇÃO, CLIMA SOCIAL, TESTE

SOCIOMÉTRICO, ATIVIDADES MOTORAS COOPERATIVAS E NÃO-

COMPETITIVAS, EDUCAÇÃO FÍSICA.

67

Abstract

According Rech and Fonseca (2010), the Physical Education classes are an environment

favorable to the improvement of social relations, considering the factors involved, such as the

game, affectivity, team spirit, group cohesion, among others. Becomes necessary establish non-

competitive activities to solve the isolation or social groups. The interaction and the social relation

allow the decrease in isolation and at the same time, it mitigates the competition and individuality .

This study pretend to clarify the influence of a program of cooperative motor and non-competit ive

activities in the improvement of the interpersonal relationships of the class. The methodology

used consists in a sociometric test and the field notes as instruments of data collection. As a

strategy to the analysis of the results, it was calculated the indices of popularity and dislike and it

was realized sociometric matrices and sociograms. After the implementation of the activities

program, it was found a significant improvement of the group work and the cooperative as well,

and an improvement of the affection on a smaller scale. The results of this study conclude that

it’s possible to identify the students with a bigger influence and their characteristics, through their

behaviours demonstrated in Physical Education classes.

KEYWORDS: RESEARCH-ACTION, SOCIAL CLIMATE, SOCIOMETRIC TEST,

COOPERATIVE MOTOR AND NON-COMPETITIVE ACTIVITIES, PHYSICAL

EDUCATION.

68

Introdução

De acordo com Rech e Fonseca (2010), a mentalidade da humanidade

está a ser submetida à falta de tolerância, solidariedade, respeito mútuo, trabalho

coletivo e cooperação. Este carácter competitivo tem vindo a criar nos jovens

uma certa individualidade, onde a primeira preocupação é consigo mesmo. No

âmbito da Educação Física isso fica explícito no que diz respeito ao atributo de

alguma habilidade física, ou seja, os jovens mais habilidosos acabam por pensar

somente no seu desempenho e em procurar cada vez mais a vitória, na tentativa

de demonstrar, aos que não são tão hábeis, da sua capacidade de força e

competência, criando assim uma maneira geradora de competição e exclusão.

A competição é definida segundo Coakley (1994), como um processo

social que ocorre quando certas pessoas são recompensadas pelo seu

desempenho, que é comparado com o desempenho de outras pessoas que

estejam a realizar a mesma atividade. Na Educação Física não é diferente,

principalmente quando há ênfase na prática desportiva competitiva, onde o

espírito de vencer é enorme, ganhar ao colega, ser melhor do que os outros

caracterizam as aulas. Na prática desportiva formal, os jogos enfatizam a vitória

e a derrota, salientando aspetos de competitividade e destacando as diferenças

entre os que podem e os que não podem. Esta forma de jogar para derrotar e

não pelo gosto e prazer da prática desportiva, pode levar a que se desenvolva,

em alguns casos, indivíduos com um sentimento de desistência frente às

dificuldades, pois perdem a confiança em si mesmo quando são rejeitados ou

perdem. Cria-se, assim, um quadro de exclusão e individualismo nas aulas,

refletindo-se também de certa forma na vida adulta.

Brotto (2001) cita que, nos jogos cooperativos e atividades não-

competitivas, os participantes não jogam uns contra os outros, mas uns com os

outros, possuindo estrutura alternativa, que compartilham, unem pessoas,

despertam a coragem para assumir riscos tendo pouca preocupação com o

fracasso e o sucesso em si mesmos, o jogo somente é possível de ocorrer, pela

presença do outro. Não jogamos sozinhos necessitamos de alguém para

partilhar este processo.

Segundo Weinberg e Gould (2001), a cooperação tem sido definida como

um processo social onde as recompensas são dadas, a partir das realizações

coletivas, para um grupo de pessoas que trabalham juntas em prol de um

69

determinado objetivo. As atividades cooperativas e não-competitivas produzem

mais comunicação, confiança, amizade e, até mesmo, melhoram o desempenho,

tendo em vista a inclusão de todos.

Como se observa na sociedade, são muitos os desafios para que ocorra

uma convivência pacífica entre as pessoas. Estes problemas de convívio

passam também para o meio escolar, pois existe a necessidade de maior

interação entre as pessoas.

Para que haja uma convivência pacífica é preciso que as pessoas

colaborem e cooperem. Para Piaget (1973), a cooperação vem em primeiro

lugar, pois para ele, é o grau mais elevado para que ocorra a socialização.

Outro fator importante para uma boa convivência na sociedade é o

relacionamento. Segundo Rocha et al. (2003), o relacionamento interpessoal

pode tornar-se e manter-se harmónico e prazeroso, permitindo um trabalho

cooperativo, em equipa, com integração de esforços, conjugando energias,

conhecimento e experiências para se alcançar um produto maior que a soma

das partes, ou seja, de plena sinergia. Ou então, tenderá a tornar-se tenso,

conflituoso, levando à desintegração de esforços, à divisão de estado de

energias e à crescente deterioração do desempenho grupal, tendendo para um

estado de entropia do sistema e, finalmente, para a dissolução do grupo.

Desta forma, a cooperação traz aspetos bastante positivos para a

educação, mas para que todos possam usufruir destes benefícios é necessário

que se aprenda a utilizar a aprendizagem cooperativa.

De acordo com Pimentel e Sigrist (1976), os alunos podem aprender muito

no que se refere às relações humanas e podem ser levados a adquirir a

maturidade social desejada: saber conviver com os outros, saber dar e receber,

saber falar e ouvir, sentir a sua responsabilidade perante o grupo e atuar no

sentido de resolver os conflitos, entender as outras pessoas e os seus

comportamentos e adequar as suas atitudes em função do bem social.

Portanto, a escola é, segundo Kauark e Silva (2008), um dos agentes

responsáveis pela integração da criança na sociedade, além da família. É uma

componente que contribui para a socialização da criança, através de atividades

em grupo, com o intuito de elevar o seu relacionamento, bem como a sua

participação ativa nestas tarefas. Desta forma, não se deve ignorar a convivência

entre os alunos.

70

Apesar dos Jogos Cooperativos serem vistos apenas como a solução

para muitos dos problemas disciplinares e de relacionamento entre as pessoas,

estes têm sido alvo de vários estudos.

Estudos realizados por Schwartz et. al. (2002) comprovam que o jogo tem

um papel fundamental no desenvolvimento cognitivo e interpessoal da criança.

Em relação aos jogos com carácter cooperativo e não-competitivo estimula-se

união, respeito, colaboração mútua, trabalho em grupo, ausência de brigas,

violência e preconceito.

Segundo Brotto (1995), os jogos cooperativos são divertidos para todos,

todos têm o sentimento de vitória. Portanto, este tipo de jogos podem ser

recursos pedagógicos importantes na ação pedagógica dos professores. No

entanto, para que estes tenham os resultados esperados no processo ensino-

aprendizagem é muito importante a conceção que os professores possuem

acerca do que é ensino e do que é aprendizagem. De acordo com D’Angelo

(2001, p. 9), a escola atual tem a responsabilidade e condição de proporcionar

uma melhor atuação, propondo práticas educativas que estejam voltadas para o

desenvolvimento de capacidades das pessoas, para que estas possam, “de

forma mais autónoma, crítica e participativa, atuar com segurança e

responsabilidade na construção e edificação de uma sociedade mais justa e

equilibrada, com menos injustiças e discriminações”.

Desta forma, constata-se que, segundo Rech e Fonseca (2010), as aulas

de Educação Física são um ambiente propício para a melhoria das relações

sociais, tendo em vista que uma série de fatores estão relacionados, como o

jogo, a afetividade, o espírito de equipa, a coesão grupal entre outros. Torna-se

assim necessário atividades de carácter não-competitivo para a resolução do

isolamento ou existência de grupos sociais. A interação e o relacionamento

social permitem a diminuição do isolamento, ao mesmo tempo que ameniza a

competição e individualidade.

Objetivos

Este estudo tem como objetivo geral identificar e compreender os

principais focos de instabilidade comportamental de uma turma, na aula de

Educação Física, de modo a intervir estrategicamente para uma melhoria

relacional. Pretende-se modificar comportamentos a partir de uma melhor

71

compreensão dos alunos com maior influência e com comportamento social

perturbador da aula.

Os objetivos mais detalhados deste estudo são:

Construir a rede de relações na turma, identificando os alunos com mais

comportamentos perturbadores durante a aula;

Implementar atividades motoras de carácter cooperativo e não-

competitivo como forma de melhorar o relacionamento interpessoal dos

alunos;

Construir e avaliar um programa de intervenção sobre os comportamentos

perturbadores dos alunos, durante a aula de Educação Física.

Procedimentos Metodológicos

Aproximação à Investigação-Ação

De uma forma simplificada pode-se afirmar que a investigação-ação é

uma metodologia de investigação orientada para a melhoria da prática nos

diversos campos da ação (Trilla, 1998; Elliott, 1996). Por conseguinte, o duplo

objetivo básico e essencial é, por um lado obter melhores resultados naquilo que

se faz e, por outro, facilitar o aperfeiçoamento das pessoas e dos grupos com

que se trabalha.

O contributo desta metodologia é necessária para uma reflexão

sistemática sobre a prática educativa com o objetivo de a transformar e melhorar.

Este é o grande desafio que se impõe a todos nós, atores empenhados e

envolvidos nesta dinâmica de ação na intervenção educativa.

O presente trabalho caracterizou-se por uma pesquisa com base nos

problemas da prática, a partir de uma abordagem qualitativa na medida em que

avaliou a influência de um programa de atividades desportivas cooperativas e

não-competitivas no relacionamento do grupo.

Caracterização dos Participantes

A população-alvo deste estudo é uma turma do 9º ano da Escola Básica

Júlio Dinis, do ano letivo 2013/2014, sendo esta constituída por 28 alunos, dos

quais 8 são rapazes e 20 são raparigas, com uma média de idades de 14 anos.

Um destes alunos não entra no estudo, visto que possui Necessidades

72

Educativas Especiais e, como tal, não frequenta as aulas de Educação Física. É

de referir que outro aluno não entra na segunda fase da investigação, visto ter

sido transferido, já com o decorrer do período letivo, para uma outra escola.

O professor de Educação Física da turma também participou no estudo,

na medida em que identificou um problema por vivência direta da realidade onde

se encontra e, consequentemente, estudou-o com o intuito de conseguir

solucioná-lo.

Instrumentos

Os instrumentos utilizados para a recolha de informações foram: o teste

sociométrico e as notas de campo.

Segundo Cavasini et al. (1984), o teste sociométrico consiste numa

medida de comportamento social, sendo utilizada para dar um nível mais objetivo

do relacionamento de um determinado grupo. Possui uma metodologia de

pesquisa de estruturas sociais, obtida através da medida das rejeições e

atrações existentes entre os membros de um mesmo grupo, determinando a

situação de cada indivíduo dentro do mesmo. O teste sociométrico realizou-se

em dois momentos da investigação, no início, antes da aplicação do programa

de atividades motoras cooperativas e não-competitivas e no final da referida

intervenção.

A observação e o registo da atividade aplicada no momento (notas de

campo) permitem perceber se a tarefa correu dentro do esperado e se houve

melhorias em termos de relacionamento, mas também refletir acerca do que

poderia ser mudado em termos da atividade implementada.

Recolha de Dados

A fase de reconhecimento principiou com o decorrer do 1º período do ano

letivo, sendo visíveis, de um modo geral, as dificuldades que a turma tinha em

se relacionar. Situações de pequenos conflitos e de falta de aceitação de

opiniões estiveram na base da identificação deste problema.

A primeira etapa iniciou-se no 2º período letivo (10 de Janeiro) com a

recolha de dados através da aplicação do teste sociométrico (Martín, 2001).

Após isto, construiu-se uma matriz sociométrica de forma a tabular as respostas,

e, em seguida, elaborou-se um sociograma, que é a representação gráfica da

73

tabulação sociométrica, para que fosse possível identificar as relações

interpessoais entre os alunos.

O teste sociométrico foi composto por quatro questões numa situação-

critério de uma ida ao cinema (anexo I): nas duas primeiras, os alunos

respondiam sobre quais os três elementos da turma que levariam consigo ao

cinema e vice-versa; já as duas últimas prendem-se com a perceção dos alunos

e foi-lhes pedido para referirem três colegas da turma que eles considerassem

que os escolheriam para ir ao cinema e outros três que eles considerassem que

não o escolheriam para ir ao cinema. De referir que as escolhas recaíram sempre

em três elementos de modo a que o estudo não se tornasse demasiado extenso

e de certa forma “obrigou” os alunos a escolherem aqueles pelo qual nutrem uma

proximidade ou um afastamento. Esta escolha apesar de não permitir calcular

todos os índices da sociometria, permitiu analisar aqueles que mais interessam

para este estudo: índice de popularidade e índice de antipatia.

A segunda etapa (iniciada a 24 de Janeiro) consistiu na aplicação de um

programa de atividades motoras de carácter cooperativo e não-competitivo

(anexo II), perfazendo um total de nove encontros. A pesquisa realizou-se

durante as aulas de 90 minutos (uma vez por semana) de Educação Física,

tendo duração média de 10 minutos cada.

As atividades foram variadas, contemplando diferentes conteúdos, mas

possuidores da mesma essência que é a não competitividade e a cooperação,

sendo necessária ajuda mútua, companheirismo, colaboração e participação dos

colegas para a obtenção do objetivo das atividades. De salientar que todas estas

atividades foram aplicadas no início das aulas, logo após a conversa inicial com

a turma, sendo que após todas elas havia um momento de reflexão com todos

os elementos acerca do comportamento e da atividade implementada, bem

como sugestões vindas dos alunos para a melhoria das sessões. Durante as

aulas foram escritas notas de campo, utilizadas para expandir uma descrição do

episódio de forma mais detalhada na reflexão escrita da aula.

Após os nove encontros, aplicou-se o teste sociométrico novamente (28

de Março), a fim de analisar os resultados obtidos com o programa de atividades

motoras cooperativas e não-competitivas, e se houve ou não influência desse

programa na melhoria da relação social entre os alunos.

74

Análise de Dados

Os resultados foram analisados através dos dois testes sociométricos, por

meio da matriz sociométrica, do sociograma e dos índices de popularidade e de

antipatia. As relações interpessoais encontradas por meio do teste sociométrico

determinaram os resultados obtidos, que posteriormente foram analisados na

sequência do trabalho.

De referir que os índices de popularidade e de antipatia são calculados

através das seguintes fórmulas: Índice Popularidade = Se / (N-1), em que Se

representa o número de eleições recebidas pelo sujeito e N o número de

elementos do grupo; Índice Antipatia = Se / (N-1), em que Se representa o

número de rejeições recebidas pelo sujeito e N o número de elementos do grupo.

Relativamente à matriz sociométrica esta foi desenvolvida através de um

quadro de dupla entrada com os números dos alunos, de forma a apurar as

rejeições e preferências da turma toda num só local. Cada questão deu lugar a

uma matriz sociométrica respetiva. Outro aspeto passível de ser verificado em

cada matriz foram as escolhas recíprocas que os alunos efetuaram. Cada

primeira escolha era indicada pelo número 1, colocado no quadrado abaixo do

nome da pessoa escolhida. A segunda escolha era indicada pelo número 2 e a

terceira pelo número 3. O asterisco (*) ao lado do número indica escolha mútua,

independentemente da ordem em que colocaram os seus colegas nas perguntas

referentes ao questionário. Na base da tabela foi apresentada o número de vezes

que cada aluno foi escolhido como primeira, segunda e terceira escolha. Abaixo,

aparece o total de escolha que cada um teve.

Através do sociograma, os dados surgiram ordenados de forma pictórica

para uma melhor visualização da estrutura do grupo das relações entre os seus

membros. Assim, as escolhas mútuas ou recíprocas foram representadas por

setas como se pode constatar na tabela 1.

Tabela 1: Legenda das escolhas mútuas ou recíprocas de um sociograma

1ª escolha 1ª escolha mútua

2ª escolha 2ª escolha mútua

3ª escolha 3ª escolha mútua

75

Cada questão teve um sociograma próprio que representava as escolhas

do grupo permitindo verificar as interações entre elementos da turma, assim

como ter a noção dos alunos mais referenciados em cada pergunta. Para

finalizar a questão do sociograma os números dos alunos estavam dentro de

retângulos de cor azul ou bolas de cor-de-rosa que representam o sexo do aluno.

A análise dos resultados obtidos reflete as relações construídas pelos

alunos ao longo do tempo de convivência escolar, bem como a influência de um

programa de atividades cooperativas e não competitivas na coesão do grupo.

Consequentemente, cada uma das tabelas seguintes apresenta em paralelo os

dados recolhidos nos dois momentos da aplicação do teste sociométrico

relativos à turma investigada, turma sujeita a um trabalho específico com jogos

cooperativos e não-competitivos ao longo do 2º período.

A análise de conteúdo é uma técnica que permite a classificação de

material, reduzindo-o a uma dimensão mais manejável e interpretável, e a

realização de inferências válidas a partir desses elementos (Weber, 1990).

Quanto ao material escrito, o objetivo básico desta análise consiste em reduzir

as muitas palavras de um texto a um pequeno conjunto de categorias de

conteúdo (Bardin, 2004). Por conseguinte, utilizou-se a análise de conteúdo para

a análise dos dados oriundos das notas de campo e das reflexões. Desta forma,

surgiram conceitos importantes, entre eles, o entusiasmo, o esforço, o empenho,

a afetividade, o trabalho de grupo e a aceitação da turma em relação à atividade

proposta.

Apresentação e Discussão dos Dados

Neste ponto serão apresentados e discutidos os resultados das questões

relativas aos testes sociométricos aplicados. De referir que nas duas primeiras

perguntas foram apenas calculados os índices de popularidade e de antipatia.

Já nas duas últimas questões são evidenciados o total de escolhas mútuas por

forma a efetuar uma análise da perceção dos alunos.

76

Primeira Questão (Índice de Popularidade) – Indica três colegas da tua turma

que escolherias para irem contigo ao cinema.

Segunda Questão (Índice de Antipatia) – Indica três colegas da tua turma que

não escolherias para irem contigo ao cinema.

Na tabela 2 é possível constatar as variações dos índices de popularidade

e de antipatia, obtidos pelos alunos da turma.

Comparando os resultados obtidos no primeiro e segundo momento da

aplicação do teste sociométrico é possível verificar que 10 alunos diminuíram os

índices de popularidade, enquanto os restantes (total de 16) aumentaram. Por

outro lado, observa-se que 11 elementos baixaram os seus índices de antipatia,

12 aumentaram, enquanto três mantiveram de um momento para o outro.

Tabela 2: Cálculo dos índices de popularidade e de antipatia, no primeiro e segundo

momento de recolha.

Aluno

Índice de Popularidade

Aluno

Índice de Antipatia

Momento 1 Momento 2 Evolução Momento 1 Momento 2 Evolução

1 0,038 0,000 1 0,308 0,240 2 0,115 0,000 2 0,038 0,000

3 0,038 0,040 3 0,154 0,120 4 0,038 0,160 4 0,423 0,120 5 0,192 0,200 5 0,077 0,000

6 0,077 0,080 6 0,154 0,080 7 0,115 0,120 7 0,038 0,040 8 0,115 0,080 8 0,077 0,040

9 0,154 0,080 9 0,038 0,040 10 0,154 0,040 10 0,346 0,640 11 0,038 0,160 11 0,000 0,040

12 0,115 0,200 12 0,038 0,040 13 0,192 0,200 13 0,000 0,000 14 0,115 0,120 14 0,000 0,040

15 0,000 0,080 15 0,038 0,040 16 0,000 0,120 16 0,192 0,040 17 0,115 0,120 17 0,115 0,320

19 0,154 0,120 19 0,000 0,000 20 0,115 0,120 20 0,115 0,120 21 0,038 0,120 21 0,077 0,040

22 0,231 0,200 22 0,000 0,040 23 0,115 0,040 23 0,500 0,920 24 0,038 0,160 24 0,038 0,000

25 0,231 0,160 25 0,000 0,000 26 0,077 0,120 26 0,154 0,080 27 0,385 0,280 27 0,038 0,080

28 0,115 (*) (*) 28 0,154 (*) (*) (*) A aluna número 28 não entra no segundo momento da aplicação do teste sociométrico.

Legenda Aumentou Manteve Diminuiu

77

Teoricamente ao aumentar o índice de popularidade seria expectável que

o índice de antipatia diminuísse ou se mantivesse, do mesmo modo que

diminuindo o índice de popularidade, o índice de antipatia deveria aumentar ou

manter-se. Na turma existem 16 casos de índices de popularidade que

aumentaram ou igualaram, e 14 casos de índices de antipatia que diminuíram ou

igualaram, ou seja, constatou-se o que foi referido anteriormente.

Nesta turma, tinham sido sinalizados três alunos como prioritários devido

aos seus altos níveis de antipatia evidenciados, nomeadamente os alunos

números 4, 10 e 23. Ao longo destas aulas dirigi a minha atenção

especificamente para estes elementos, na tentativa de melhorar estes índices e,

consequentemente, garantir uma maior integração na turma. Contudo, foi

apenas demonstrado resultados no aluno 4, que melhorou o seu índice de

popularidade e, por conseguinte, de antipatia, ao contrário dos colegas 10 e 23,

que pioraram em ambas as variáveis. De referir que, estes alunos (números 10

e 23) que receberam um maior número de eleições em relação à antipatia, eram

aqueles elementos pouco comunicativos, que nunca perturbavam a aula, isto é,

eram pouco populares, tal como se pode comprovar na nota de campo número

5 (21-02-2014):

No entanto, há alunos que não se encontram tanto à vontade, como a aluna nº 23 que

tenta sempre ir para a sua zona de “conforto”, ou seja, ter com os colegas que se dá

melhor.

Observando a tabela 2, é possível verificar que oito alunos subiram o seu

índice de popularidade, diminuindo o seu índice de antipatia na turma. De referir

ainda que um elemento subiu o seu índice de popularidade, conseguindo manter,

pelo menos, o seu índice de antipatia. Isto demonstra os resultados positivos que

os jogos de cooperação e não-competitivos tiveram nestes alunos, ou seja, o

companheirismo, a necessidade de trabalhar em grupo e até em certas

situações, a obrigatoriedade de darem as mãos a elementos da turma que

durante o período de aulas ou fora das mesmas não possuíam qualquer

contacto.

Analisando os alunos números 5 e 27, é percetível concluir que o primeiro

obteve um aumento do índice de popularidade e uma diminuição do índice de

78

antipatia, enquanto o outro elemento teve um resultado inverso. A comparação

entre estes dois colegas de turma deve-se ao facto de o aluno número 5 ter sido

sempre um elemento que nunca perturbou as aulas, demonstrando muita

vontade em aprender, sempre empenhado e com um elevado nível de

responsabilidade; já o número 27, sempre foi bastante irrequieto, que apesar de

ser bastante apto fisicamente, perturbou muitas vezes as sessões de trabalho

com a falta de regras e empenho, causando distrações à turma. Isto leva a que

se conclua que os seus colegas começaram a perceber que este último começou

a ser um elemento perturbador nas aulas, levando assim a um aumento do seu

índice de antipatia tal como se pode verificar através da seguinte nota de campo

número 2 (31-01-2014):

Negativamente há que destacar o comportamento do número 27 que perturbou numa fase

inicial o desenrolar da atividade devido à sua inquietação constante e o facto de estar

sempre na brincadeira, distraindo, por conseguinte, os seus colegas.

Já o seu índice de popularidade no primeiro momento de recolha foi o

mais elevado da turma, mas consequentemente pelo que foi dito anteriormente,

este tendeu, naturalmente, a diminuir no segundo momento de recolha.

Terceira Questão – Indica três colegas da tua turma que acredites terem-te

escolhido para ires com eles ao cinema.

Quarta Questão – Indica três colegas da tua turma que acredites não te terem

escolhido para ires com eles ao cinema.

Através da tabela 3, podemos verificar que no primeiro momento de

recolha os alunos que melhor perceção possuem de quem os escolheu são os

alunos nº 5, 8, 9, 10, 19, 22, 24 e 27 já que acertaram em todas as suas escolhas.

Em sentido contrário, os alunos que menor perceção possuem de quem os

escolheu são os alunos nº 1, 3, 4, 11, 14, 15, 16 e 23.

Já no segundo momento de recolha (tabela 3), os valores alteram-se por

completo passando a serem os alunos números 4, 12, 13, 16 e 20 os que têm

uma melhor perceção de quem os escolheu acertando em todas as escolhas,

mantendo-se igualmente os números 19 e 27. Contrariamente, os elementos

79

com pior perceção são os números 3, que já tinha obtido igual resultado no

primeiro momento de observação, e o 25.

Tabela 3: Total de escolhas mútuas de cada aluno na terceira questão, no primeiro e

segundo momento de recolha.

Aluno

Total de Escolhas Mútuas

Momento 1 Momento 2

1 1 2 2 2 1

3 1 0 4 1 3 5 3 2

6 2 1 7 2 2 8 3 2

9 3 2 10 3 2 11 1 2

12 2 3 13 2 3 14 1 2

15 1 2 16 1 3 17 2 2

19 3 3 20 2 3 21 2 1

22 3 2 23 1 2 24 3 2

25 2 0 26 2 2 27 3 3

28 2 (*) (*) A aluna número 28 não entra no segundo momento da aplicação do teste sociométrico.

Passando agora à análise das perceções dos alunos sobre quem não os

escolheu, podemos verificar, através da tabela 4, no primeiro momento de

recolha que o aluno com melhor perceção é a aluna número 23 que é a única a

acertar em todas as suas escolhas. Em sentido inverso os alunos com a pior

perceção de quem não os escolheu são os números 2, 5, 6, 9, 11, 16, 17, 19,

20, 22 e 25.

Já no segundo momento de recolha (tabela 4) volta-se a verificar

bastantes alterações. Desta feita, só a aluna número 10 é que acertou nas

escolhas todas. Contrariamente, pode-se constatar que os elementos com a pior

perceção são os números 1, 2, 3, 5, 6, 8, 9, 11, 12, 13, 15, 16, 19, 20, 21, 22, 24

e 25. Consegue-se verificar que os alunos 2, 5, 6, 9, 11, 16, 19, 22 e 25 se

80

mantiveram do primeiro momento para o segundo como sendo os piores neste

aspeto.

Tabela 4: Total de escolhas mútuas de cada aluno na quarta questão, no primeiro e

segundo momento de recolha.

Aluno

Total de Escolhas Mútuas

Momento 1 Momento 2

1 2 0 2 0 0

3 2 0 4 1 1 5 0 0

6 0 0 7 1 1 8 1 0

9 0 0 10 2 3 11 0 0

12 1 0 13 1 0 14 1 1

15 1 0 16 0 0 17 0 1

19 0 0 20 0 0 21 1 0

22 0 0 23 3 2 24 1 0

25 0 0 26 1 1 27 1 2

28 1 (*) (*) A aluna número 28 não entra no segundo momento da aplicação do teste sociométrico.

Comellas (2012) considera que as perceções dos estudantes estão

estreitamente relacionadas com o que eles esperam das demais pessoas,

condicionando em grande parte a maneira de situar-se no grupo e na classe.

Todavia, lembra que o indivíduo com uma perceção algo incompatível da sua

situação será menos recetivo às respostas do grupo e atividades que podem ser

propostas, dificultando, pois, o processo de socialização no espaço da sala de

aula.

Ainda de acordo com Comellas (2012), no grupo os indivíduos organizam-

se de forma espontânea e as simpatias e antipatias emergem com certa rapidez,

fruto das preferências, experiências e empatia entre os seus membros. No

entanto, o professor não pode forçar ou dificultar as relações, mas sim favorecer

81

as oportunidades de interação, evitando atitudes de exclusão. Desta forma,

estará a suavizar a antipatia entre os membros do grupo, sendo a socialização

um aspeto importante ao longo da vida dos indivíduos, especialmente na infância

e na adolescência, a família e a escola exercem papel importante na socialização

primária e secundária, respetivamente.

Todos os resultados obtidos advêm de um conjunto de atividades motoras

cooperativas e não-competitivas aplicadas até ao segundo momento de recolha,

em que os principais conteúdos desenvolvidos foram a cooperação e o trabalho

em grupo, características fundamentais para melhorar significativamente o

relacionamento interpessoal. Assim, foi desenvolvido um programa de atividades

motoras que foram realizadas ao longo das sessões, por forma a desenvolver

estes pontos, repetindo, em aulas posteriores, alguns destes exercícios. Todas

elas correram extremamente bem, com a turma, no geral, a responder

positivamente áquilo que era pedido, demonstrando uma enorme aceitação do

pretendido e uma evolução em termos de afetividade, tal como se pode

comprovar nas notas de campo números 1 (24-01-2014) e 9 (21-03-2014),

respetivamente:

Foi uma atividade [Jogo da Medusa] que correu extremamente bem, sendo que os alunos

pediram-me para realizar mais uma vez e, assim sendo, deixei que tal acontecesse visto

que o referido jogo estava a dar prazer a todos os elementos.

(…) foi possível percecionar uma melhoria clara das relações interturma, com os alunos a

já não terem problemas em dar as mãos uns aos outros, que acontecia frequentemente

no início do momento da aplicação dos jogos cooperativos.

Conclusões

Em relação à interferência na melhoria da relação interpessoal entre a

turma, pode-se afirmar que o programa baseado em atividades motoras

cooperativas e não-competitivas, com duração limitada, atingiu os objetivos

propostos inicialmente neste trabalho. Desta forma, penso que é necessário a

criação de modelos cooperativos e não-competitivos que possam potencializar

valores e atitudes dentro do âmbito da aula e da escola.

82

É possível concluir que nas sessões de trabalho em que foi aplicado o

programa de atividades motoras cooperativas e não-competitivas, os alunos

foram melhorando ao longo das aulas a sua coesão em termos de trabalho de

grupo, cooperação, criando igualmente modificações, embora reduzidas, ao

nível da afetividade.

Os resultados deste estudo permitiram identificar os alunos com um maior

poder de influência e caracterizá-los, relacionando as suas características com

os comportamentos evidenciados na aula de Educação Física. Desta forma,

permitem ajudar o trabalho do professor, de modo a puder conhecer melhor as

preferências dos seus alunos e promover a convivência entre eles para que

aprendam a trabalhar em grupo e a se respeitarem apesar das suas escolhas.

Assim, este teste deve ser aplicado no início de cada período letivo, com o intuito

de o professor estar sempre ao corrente das evoluções em termos de

relacionamento interpessoal da turma. Através deste instrumento, o professor

procura identificar os elementos mais e menos populares da turma, tentando

integrar estes últimos no grupo.

Limitações e Sugestões

Ao longo deste estudo foram algumas limitações de espaço que

condicionaram um pouco a aplicação do meu estudo nas aulas de 90 minutos.

Ora porque chovia e, consequentemente, estavam duas turmas em simultâneo

no ginásio, sendo este bastante curto para tantos alunos, ou então porque o

espaço em si tinha em seu redor que poderia prejudicar o desenrolar da

atividade. Nas notas de campo números 2 (31-01-2014) e 4 (14-02-2014),

respetivamente, é possível percecionar aquilo que foi referido:

Foi uma atividade que esteve algo condicionada pelo espaço (…).

O único aspeto negativo por mim detetado vai de encontro com as questões de segurança,

ou seja, como o exercício foi realizado no pavilhão interior e este tem dimensões bastante

reduzidas tive algumas situações em que os alunos para fugirem foram contra alguns

objetos que se encontravam em seu redor (não possíveis de serem retirados).

De acordo com o estudo efetuado proponho algumas sugestões para

investigações futuras, nomeadamente:

83

Aplicação do teste sociométrico no princípio do ano letivo, de modo a

perceber logo desde início as relações existentes na turma;

Aplicação do teste sociométrico nos 2º e 3º períodos, com o intuito de

analisar a evolução da turma;

Realização de um estudo sociométrico mais amplo, ou seja, não limitar o

número de opções em cada questão do teste sociométrico, por forma a

se poder calcular outros fatores importantes (atenção percetiva positiva,

atenção percetiva negativa, estatuto sociométrico) que contribuem para

um aumento do conhecimento acerca das relações existentes na turma;

Aplicar igualmente os jogos de cooperação e não-competitivos nas aulas

de 45 minutos.

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86

4.2. Área 2: Participação na Escola e Relações com a

Comunidade

De acordo com as Normas Orientadoras do EP, a área 2 engloba todas

as atividades não letivas realizadas pelo estudante-estagiário, tendo em vista a

sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para

um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor

conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da

ligação entre a escola e o meio6.

4.2.1. A Envolvência de Alunos, Pais e Professores

Uma das obrigatoriedades apresentadas a todos os NE vai de encontro à

organização de uma atividade que integrasse o Plano Anual de Atividades,

envolvendo a escola e a comunidade. Assim, foram apresentadas ao PC

algumas propostas, sendo que depois de várias reflexões apontando os prós e

os contras, e em reunião com o grupo de EF ficou desta feita definido que se iria

organizar um Torneio de Voleibol de 2x2 (3º Ciclo), juntamente com um de

Futebol de 5x5 (2º Ciclo), terminando com uma aula de Dança. Foi tomada esta

decisão, visto que no 2º Ciclo não é abordada a modalidade de voleibol,

enquanto no 3º Ciclo é um desporto em que a lecionação se inicia logo no 7º ano

de escolaridade. Assim sendo, tivemos o intuito de envolver todos os alunos para

uma prática motora em que já tenham tido experiência.

Para a divulgação deste evento, efetuado no final do 3º período letivo,

foram distribuídos cartazes e panfletos (realizados pelo NE) pela escola e por

outros locais fora do estabelecimento de ensino (cafés, paragens de autocarro,

entre outros), com o objetivo de abranger um grande número de participantes.

Contudo, a aula de dança não teve a adesão inicialmente prevista.

6 “Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a

unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

87

Um dos pontos negativos a apontar vai para o facto de já no final do torneio termos

planeado uma aula de Zumba, que embora se tenha concretizado, não contou com a

presença do público expectável, os pais. No entanto, há que salientar a presença de

professores e alunos nesta sessão (…).

(Reflexão sobre os Torneios de Voleibol, de Futebol e da Aula de Dança)

Uma das razões para tal ter acontecido, deve-se à hora em que se

realizou a aula de dança, visto ser uma hora em que muitos dos pais e/ou

familiares se encontravam ainda no seu local de trabalho; outro motivo prende-

se com o facto de a divulgação da aula não ter sido feita com muito tempo de

antecedência, ou seja, nos últimos dias é que o NE teve a fazer uma grande

divulgação do evento, tentando chamar o maior número de familiares. Para

contornar isto poder-se-ia ter optado por realizar o evento num sábado, visto ser

um dia mais compatível com todos e optar por uma divulgação do evento com

mais semanas de antecedência.

(…) andamos [NE] inclusive à porta da escola a fazer propaganda ao evento deste dia,

mas também chamando os pais para virem realizar a aula de dança.”

(Reflexão sobre os Torneios de Voleibol, de Futebol e da Aula de Dança)

4.2.2. Outras Atividades Organizadas pelo Núcleo de Estágio

Pese embora, o evento “principal” tenha sido realizado só no final do ano

letivo (tal como descrito anteriormente), o NE foi sempre muito participante e

como tal ajudou e/ou organizou mais algumas atividades.

4.2.2.1. Dia do Atletismo

O Dia do Atletismo foi um evento que teve como propósito principal dar a

oportunidade aos alunos de colocarem em prática as habilidades motoras

exercitadas nas aulas curriculares relacionadas com o atletismo, nas

modalidades de velocidade, corrida de barreiras, lançamento do peso (3kg) e

lançamento do dardo (único conteúdo que os alunos experienciaram pela

primeira vez). No entanto, importa referir que outras modalidades não puderam

ser abordadas devido às más condições atmosféricas, nomeadamente o salto

em comprimento, o salto em altura e o triplo salto. Assim, os alunos inscritos

nestas modalidades realizaram outras atividades no ginásio, mais

88

concretamente, esgrima, ténis de mesa, jogos de tabuleiro e escalada. Desta

forma, pode-se constatar que este dia não correu dentro do esperado, devido à

divulgação ter sido demasiado tardia, juntando a este motivo as más condições

atmosféricas e o facto de ser o último dia de aulas, o que originou que muitos

alunos faltassem. Conclui-se, assim, que para a realização de eventos futuros

com a participação dos alunos, esta deveria proceder de uma divulgação prévia

mais acentuada, nomeadamente junto dos professores de EF que estimulassem

a sua inscrição nas atividades propostas.

4.2.2.2. Torneio de Futebol – Professores vs Alunos

O Torneio de Futebol envolvendo professores e alunos teve como

principal propósito melhorar as relações interpessoais aluno-professor, aspeto

fundamental para lidarmos com as nossas turmas. Esta atividade organizada

pelo NE teve uma aderência excelente com os alunos a demonstrarem uma

motivação e um entusiasmo extremamente elevado.

Em suma, foi um evento bem organizado, com os alunos a demonstrarem

uma enorme entrega e espírito competitivo em cada jogo. Pode-se afirmar com

toda a certeza que os objetivos principais foram cumpridos, tendo sido uma

atividade apreciada pela comunidade escolar em geral.

4.2.2.3. Ações de Formação

A prática de ensino supervisionada deve fornecer “ferramentas” para a

formação do futuro professor, tanto em teoria como na prática, com o intuito de

desenvolver um bom trabalho enquanto docente. Ora se aliar isto com a

ocorrência de aprendizagens entre os professores, pertencentes ao quadro da

escola, e os estudantes-estagiários pode-se afirmar que existe uma constante

formação dos docentes no estabelecimento de ensino, melhorando o processo

de ensino-aprendizagem. Assim, é importante que haja diálogo entre ambos

para que ocorram trocas de informações sobre o convívio escolar e,

consequentemente, o aumento dos seus conhecimentos, tanto para o professor

como para o estudante-estagiário.

Através de ações de formação dirigidas aos professores de EF da escola,

o NE pretendeu dar a conhecer algumas das realidades de ensino abordadas na

faculdade, mais concretamente em relação ao como ensinar e ao

89

desenvolvimento da condição física, aspeto que muitas vezes é esquecido nas

nossas aulas. Para além disso, foi uma oportunidade para os estudantes-

estagiários sistematizarem o conhecimento que pretendiam transmitir,

consolidando-o.

4.2.2.3.1. O Voleibol em Contexto Escolar

No segundo período, o NE organizou uma ação de formação intitulada “O

Voleibol em Contexto Escolar”, tendo sido orientada pelo Professor Rui Araújo

da FADEUP. De referir que, esta palestra foi apenas dirigido para os professores

de EF pertencentes à escola. Foram abordados temas como: Modelos

pertencentes ao Modelo de Abordagem Progressiva ao Jogo (MAPJD), bem

como as respetivas características e dimensões; Determinação do nível de jogo

em que os alunos se encontram; As diferentes Etapas de Aprendizagem e

respetivas características; Tipologia das Tarefas de Aprendizagem ; Princípios

Pedagógicos Modeladores da Dificuldade das Tarefas.

Do meu ponto de vista foi um tema bastante oportuno para todos, visto

que no momento da realização da ação de formação, todos os professores iriam

lecionar no período letivo seguinte a modalidade de voleibol a todas as turmas

do 3º ciclo. Assim, teve como propósito fundamental atualizar os professores do

estabelecimento de ensino acerca desta nova forma de aplicar o voleibol na

escola, nomeadamente na forma de organização das suas aulas. Por exemplo,

dividindo os alunos por diferentes etapas de aprendizagem, mas tendo sempre

como base a situação de jogo.

4.2.2.3.2. Treino Funcional

“Treino Funcional” constituiu uma ação de formação da inteira

responsabilidade do NE. A escolha desta temática foi de encontro aos

componentes avaliados em EF, nomeadamente a condição física, mas também

pelo motivo de o NE ter aplicado ao longo do ano letivo diversos circuitos de

treino funcional. Sendo este um novo conceito de treino, pois é bastante recente,

o NE decidiu apresentá-lo a todos os profissionais de EF da escola. Ao longo da

sessão foram abordados temas pertinentes relativos ao treino funcional, entre os

quais: Definição de Treino Funcional; Benefícios do Treino Funcional; Os quatro

Pilares do Movimento Humano; Material Específico do Treino Funcional;

90

Aplicação do Treino Funcional em Contexto Escolar; Exemplos de Circuitos de

Treino Funcional em Contexto Escolar.

Após uma exposição teórica seguiu-se uma componente mais prática, ou

seja, propôs-se aos professores presentes escolherem oito exercícios – dois

para desenvolver a força superior, dois a força média, dois a força inferior, um a

resistência e outro à sua escolha. Em seguida, todos os presentes realizaram

uma sessão prática de modo a puderem experimentar um circuito de treino

funcional, neste caso o que o NE aplicou no início do 2º período nas suas aulas.

Em suma, foi uma atividade que cumpriu com os seus propósitos,

incitando ao longo da sessão muita discussão entre todos. Fundamentalmente,

penso que foi uma ação de formação enriquecedora, demonstrando assim a

importância deste tipo de treino e contribuindo para a formação dos presentes.

4.2.2.4. Dia do Agrupamento

O Dia do Agrupamento é uma atividade que todos os anos integra o Plano

Anual de Atividades da escola, ocupando toda a tarde de um sábado, dia 31 de

Maio de 2014. Neste evento, o NE, bem como todos os professores envolvidos,

ficaram incumbidos de diversas tarefas, tal como dirigir as restantes escolas do

agrupamento ao respetivo local onde se deveriam posicionar durante a festa e a

identificação das mesmas, orientar a cabine de som, entre outras. De referir que

ao longo da festa foi necessário fazer alguns ajustes em termos do programa a

ser cumprido, visto que algumas das atividades da nossa escola tiveram de ser

realizadas numa fase posterior e, consequentemente, outras instituições

“entraram em campo” mais cedo do que o previsto.

Apesar de não ter sido organizado exclusivamente pelo NE, este evento

exigiu um grande trabalho fora do período de aulas, tendo sido necessário

realizar inúmeras tarefas, desde os guiões de apresentação, as músicas, os

folhetos, entre outras. Contudo, foi um evento muito bem conseguido, do qual

toda a comunidade escolar pode desfrutar.

4.2.3. Desporto Escolar

O DE é “(…) o conjunto de práticas lúdico-desportivas e de formação com

objeto desportivo, desenvolvidas como complemento curricular e de ocupação

dos tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha,

91

integradas no plano de atividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema

educativo” (Assembleia da República, 1991, cap. I).

O DE veio enriquecer o valor Educativo da EF, sendo um complemento

da disciplina, e visando o desenvolvimento desportivo, cognitivo e social dos

alunos. Assim, é um instrumento essencial para “proporcionar o acesso à prática

desportiva regular de qualidade, contribuindo para a promoção do sucesso

escolar dos alunos, dos estilos de vida saudáveis, de valores e princípios

associados a uma cidadania ativa” (Direção de Serviços de Projetos Educativos

– Divisão de Desporto Escolar, 2013, p. 8).

A ideia a ser realçada vai para a aquisição de estilos de vida mais

saudáveis, dado que é uma tentativa de combater o sedentarismo e a obesidade,

garantindo uma postura saudável no futuro do aluno.

A prática desta atividade nas escolas deve ser incentivada pelo próprio

sistema escolar e pelos próprios professores, bem como devidamente

acompanhada, planeada e gerida. Por isto mesmo, as escolas devem criar

situações que favorecem esta prática, dispensando um tempo específico para a

sua realização devidamente acompanhada por docentes especializados.

Em seguida, são apresentadas as atividades desportivas pertencentes ao

DE nas quais estive envolvido ao longo deste ano letivo: corta-mato escolar,

corta-mato distrital e as modalidades que a EBJD oferece, mais concretamente

futsal.

4.2.3.1. Corta-Mato Escolar

O corta-mato escolar é uma prova mítica que se encontra patenteada no

Plano Anual de Atividades da EBJD, estando a organização a cabo de toda a

Área Disciplinar de Educação Física. Este constituiu um evento de enorme

magnitude, no qual o NE participou ativamente, tendo sido inclusive um dos

maiores desafios ao longo deste estágio devido ao elevado nível de organização

que esta prova deveria ter. Esteve envolvida toda a comunidade escolar,

contando com a participação do 5º ao 9º ano de escolaridade, estando sempre

presente um espírito bastante positivo.

Desta feita, como todas as turmas tinham aulas neste dia às 8h30, o grupo de Educação

Física decidiu colocar, no dia anterior, na sala dos professores um envelope, contendo os

92

dorsais, alfinetes e algumas indicações para os professores, para que cada um levasse

para a aula. Assim sendo, os dorsais foram distribuídos pelos alunos que iriam participar,

tendo estes dispensa às aulas da manhã, podendo logo de seguida se dirigir ao ponto de

encontro para a prova.

(…) A preparação do terreno aconteceu no dia anterior à prova, com o auxílio dos

professores de Educação Física.

(Reflexão sobre o Corta-Mato Escolar)

Em suma, houve uma notória articulação e trabalho de equipa entre

professores, pois só assim foi possível realizar um trabalho de qualidade. Esta

experiência na organização desta prova foi importante para o meu futuro, pois

aprendi quais os passos necessários para organizar um evento escolar desta

magnitude, e entender a importância do corta-mato como um momento de

convívio entre alunos e professores.

4.2.3.2. Corta-Mato Distrital

O Corta-Mato Distrital, realizado no Parque da Cidade, tal como o próprio

nome diz é uma atividade que incorpora os 10 primeiros classificados em cada

escalão dos corta-matos escolares do distrito do Porto.

Foi a primeira experiência que pude vivenciar fora do espaço físico

escolar, contando assim com uma elevada responsabilidade em acompanhar os

alunos, acrescendo o facto de o evento reunir milhares de jovens no mesmo

local. Na minha opinião, como sugestão para a organização de uma competição

desta amplitude, penso que deveriam ter tido em conta as condições

atmosféricas previstas para este dia (uma vez que choveu), levando a que

pudessem “construir” um outro percurso (sem ser pela zona da lama); outro

aspeto a ter em conta vai de encontro com a falta de audibilidade do locutor em

certos locais da prova.

4.2.3.3. Modalidades vs Condições da Escola

A EBJD possui umas instalações desportivas razoáveis, embora o

pavilhão seja de dimensões bastante reduzidas, pode abarcar um número

considerável de modalidades relativas ao DE: judo (todos os escalões etários),

ténis de mesa (escalões de infantis e iniciados), ginástica acrobática (todos os

93

escalões etários), futsal (escalão de iniciados) e esgrima (todos os escalões

etários). De referir que, o futsal foi a única modalidade realizada em vários locais,

exceto no pavilhão, entre eles: campo exterior, estádio municipal de grijó e

pavilhão municipal Doutor Manuel Ramos.

Quanto à modalidade acompanhada por mim, a minha escolha recaiu

para o futsal (masculino), por ser de carácter coletivo, mas também pelo facto de

ser um dos desportos mais praticados no DE a nível nacional.

No decorrer deste ano letivo, a equipa de futsal teve vários encontros

desportivos, apresentando uma campanha bastante positiva. Desta feita, a

equipa passou em primeiro lugar a Fase 1 Série B, a Fase 2 Série 1ºS, sendo

que após esta última passagem como vencedor perdeu com uma outra equipa,

esfumando-se assim a fase regional.

(...) os dois jogos realizados correram da melhor forma possível, contando a equipa com

mais duas vitórias o que lhe permitiu qualificar em 1º lugar do grupo.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Fase 1 Série B – 22/02/2014)

(...) o início desta fase correu bem melhor daquilo que era expectável com a equipa a

mostrar muita vontade em vencer, nunca perdendo o norte e só assim foi possível sair

deste campo com um total de só vitórias.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Fase 2 Série 1ºS – 22/03/2014)

(...) pode-se verificar que a Escola Básica Júlio Dinis não conseguiu o apuramento para

Fase Regional de Futsal. Apesar de tudo foi um jogo bastante disputado, com uma elevada

qualidade de jogo. Contudo, devido aos erros defensivos cometidos e à não concretização

de lances construídos pela equipa, ditou o nosso afastamento da próxima fase. No entanto,

tenho que deixar os parabéns à minha equipa por todo o esforço realizado, sempre com

muita garra, vontade de vencer e muita capacidade de sofrimento, aspetos vitais para que

a equipa estivesse presente nesta fase.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Apuramento Fase Regional – 24/05/2014)

Todos os jogos foram acompanhados por mim e pelo professor

responsável, sendo uma experiência única esta de presenciar e participar na

organização dos jogos e aprender a preencher o boletim de jogo.

Enquanto isso aproveitei para preencher os boletins dos dois jogos que iríamos realizar.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Fase 1 Série B – 22/02/2014)

94

Deste modo, dirigi ambas as equipas presentes inicialmente para os respetivos balneários,

com o intuito de se equiparem para realizar o aquecimento e dar início aos jogos (...).

Quanto à organização, penso que esteve tudo pelo melhor, não havendo grandes atrasos

no início dos jogos.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Fase 1 Série B – 25/01/2014)

Já os treinos foram grande parte deles dirigidos por mim, que embora se

realizassem apenas uma vez por semana, tentei tirar o máximo tanto dos treinos

como dos alunos. De referir que, os treinos não seguiram uma planificação

rígida, ou seja, após cada treino eram identificadas as dificuldades dos alunos

para que no próximo estas fossem dissipadas. Adotei esta estratégia devido ao

reduzido número de treinos por semana e, a meu ver, deu um resultado

extremamente positivo, dado que a equipa da EBJD já não chegava a esta fase

há algum tempo.

Hoje, dia 15 de Janeiro de 2014, tive mais um treino de futsal no Desporto Escolar. Este

contou com a presença de 10 alunos (total de seis alunos inscritos).

O treino, realizado no pavilhão municipal Doutor Manuel Ramos, foi dirigido na sua íntegra

por mim. Comecei então com uma breve corrida à volta do campo com a duração de cinco

minutos. Após isto, os alunos fizeram um aquecimento mais específico, principalmente,

dos membros inferiores, não esquecendo também os membros superiores.

Depois de uma breve ativação geral, realizou-se um exercício que consistia no seguinte:

em situação de superioridade numéria (3x2 + GR), partindo do meio-campo, os alunos

através de passes curtos, desmarcações e penetrações tinham de ultrapassar os defesas

e marcar golo; assim que os defesas recuperassem a bola, entrava outro grupo. Penso

que este exercício correu, de um modo geral, dentro das expectativas, denotando-se uma

grande entrega por parte dos alunos em conseguir chegar à baliza. No entanto, e como é

natural, houve alguns erros por parte dos alunos, nomeadamente: em efetuar os passes,

uma vez que alguns os executavam um pouco mais longos e como tal facilitavam a “vida”

aos defensores; em relação aos defesas, por vezes, não se colocavam entre o atacante e

a baliza e, como tal, deixavam sempre um espaço para o atacante puder rematar à baliza.

É de salientar que todos os alunos passaram pelas posições de defesa e atacante. Em

relação aos erros cometidos pelos alunos, fui sempre dando feedbacks ou até mesmo ia

fazendo com eles para perceberem melhor, através de uma demonstração prática, o que

era desejado fazerem.

Por fim, foi realizado jogo de 5x5, sendo que tive principal foco em os alunos colocarem

em prática a tarefa realizada anteriormente. É de referir que estive bastante interventivo

95

neste momento do treino, dado que alguns alunos estavam com dificuldades em se

posicionar corretamente no campo, bem como nas tomadas de decisões.

Em suma, tive uma participação muito ativa, tendo os alunos demonstrado uma boa atitude

ao longo do treino, mostrando-se sempre disponíveis para todas as tarefas.

(Desporto Escolar – Reflexão sobre o Treino nº 20)

Tudo isto levou-me a perceber a importância do DE, devido às funções

desempenhadas tanto pelos professores como pelos alunos. O espírito de

equipa, a competitividade e o fair-play foram também aspetos positivos que

contribuíram para que os jogos tivessem uma qualidade significativa.

(...) com a equipa a responder de uma forma positiva apresentando-se bastante coesa e

com um bom espírito de equipa tanto dentro como fora de campo.

(Reflexão sobre a Competição de Futsal: Fase 1 Série B – 08/02/2014)

Em jeito de conclusão, o balanço final é bastante positivo, tanto pelo

trabalho desenvolvido pelos professores do DE como pelos alunos pertencentes

à escola. De salientar que, para além do referido neste capítulo, toda esta

envolvência contribuiu para a minha formação profissional, aumentando assim

os meus conhecimentos nesta modalidade e aspetos relacionados com a

organização do DE.

4.3. Área 3: Desenvolvimento Profissional

Mediante as Normas Orientadoras do EP, a área 3 engloba atividades e

vivências importantes na construção da competência profissional, numa

perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida enquanto professor,

promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a

abertura à inovação. Assim, esta área tem como principal propósito perceber a

necessidade do desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das

condições e do exercício da atividade, da experiência, da investigação e de

outros recursos de desenvolvimento profissional7.

Tal como foi referido ao longo deste relatório, o EP é o momento em que

o estudante-estagiário coloca em prática muitos dos conhecimentos adquiridos,

7 “Normas Orientadoras do Estágio Profissional” é um documento interno elaborado pela Doutora Zélia Matos para a

unidade curricular Estágio Profissional da FADEUP, ano letivo 2013-2014.

96

assumindo, neste caso, o papel de docente de uma turma, por forma a

desenvolver-se a nível profissional.

A investigação/reflexão/ação foram um dos fatores fulcrais para que a

minha evolução enquanto professor fosse notória, pois através deles consegui

corresponder de uma forma positiva aos problemas que foram surgindo. Agora

sim consigo perceber a importância de um professor reflexivo ao longo da sua

atividade profissional, dado que ao investigar os problemas para posteriormente

refletir acerca dos mesmos poderá dar uma resposta com o intuito de dissolvê-

los. Assim, a reflexão, para Dewey (1979, p. 158), consiste na capacidade de

distinguir “entre aquilo que tentamos fazer e o que sucede como consequência”.

Desta forma, foi através dos momentos reflexivos que pude realizar uma

introspeção, com o propósito de alterar aquilo que fosse necessário de modo a

que o processo de ensino-aprendizagem fosse o mais correto e proveitoso para

os alunos, ou seja, a necessidade de ajustar o planeamento, a obtenção de

comportamentos positivos por parte dos alunos, melhoria da minha relação com

a turma, entre outros. Contudo, este processo de reflexão não teve um

crescimento linear. Inicialmente não tinha a noção do significado das reflexões

das aulas, sendo que posteriormente e já numa fase em que reconhecia a sua

importância, tive momentos em que senti que a realização desta tarefa não teve

nenhum impacto benéfico, visto considerar apenas como uma obrigação e não

como um momento de aprendizagem.

Indo de encontro ao referido anteriormente, a realização de um estudo de

investigação-ação, intitulado como “O Clima Social na Aula de Educação Física:

Programa de Intervenção Baseado em Atividades Motoras Cooperativas e Não-

Competitivas”, permitiu-me perceber o porquê de alguns alunos atuarem de

maneira diferente, até muitas vezes distantes da turma, com alguns dos seus

colegas. Deste modo, decidi intervir sobre este problema por mim detetado na

turma, exigindo muita reflexão e estratégias de modo a que as relações

interpessoais entre a turma melhorassem positivamente.

Os encontros que o NE teve, desde almoços, intervalos entre as aulas,

foram todos momentos de partilha e de discussão, onde eram apontados pontos

positivos e negativos da participação de cada estudante-estagiário nas

respetivas sessões de ensino. Consequentemente, foi uma forma de me ajudar

a superar alguns dos problemas que a minha turma possuía ou até mesmo

97

acerca das minhas ações, ajudando-me igualmente no meu desenvolvimento

enquanto professor. De salientar ainda a ajuda preciosa prestada pelos PC, OE

e professores de EF da EBJD, visto possuírem mais experiência no ensino e

como tal puderem partilhar comigo novas estratégias de ensino que desconhecia

nesta fase inicial da minha carreira enquanto docente.

Como é óbvio, não podia deixar de referir a importância que os meus

alunos tiveram na minha evolução, desde a experiência que me proporcionaram,

das emoções partilhadas até às relações estabelecidas. Foram um dos grandes

impulsionadores para que me desenvolvesse enquanto profissional da docência!

Durante este último ano de mestrado decorreram na faculdade diferentes

seminários, nas aulas de Tópicos da Educação Física e Desporto I e II (primeiro

e segundo semestres, respetivamente). Todas as semanas foram abordadas

diferentes temáticas, contribuindo assim para o meu desenvolvimento.

Negativamente, saliento o facto de muitas destas matérias já terem sido

abordadas em anos anteriores, o que levou a que determinadas sessões se

tornassem menos interessantes. A meu ver, considero que seria mais oportuno

a existência de uma unidade curricular onde fosse possível aos estudantes-

estagiários poderem discutir as dificuldades sentidas, bem como trocar ideias

sobre atividades a desenvolver no estabelecimento de ensino onde se

encontram. Importa referir que foi fundamental a formação de primeiros socorros,

dado que enquanto futuro profissional de EF é necessário estar preparado para

alguma eventualidade de acidente.

Ao longo de todo este ano de EP esforcei-me sempre ao máximo para

tentar aprender e dar o melhor de mim aos meus alunos, existindo no entanto

um aspeto importante que não foi explorado – a Direção de Turma. Apesar de

ter participado em todas as reuniões de conselho de turma, sinto que faltou um

acompanhamento mais próximo junto do Diretor de Turma, pois no futuro posso

vir a desempenhar essa função para a qual não possuo qualquer “bagagem” que,

eventualmente, ajudaria a assumir este papel, principalmente em relação à

articulação escola-família.

Posso garantir com toda a certeza que estou pronto para entrar no

mercado de trabalho, possuindo conhecimentos necessários para ir de encontro

ao sucesso. No entanto, sei que um professor tem de estar em constante

aprendizagem, de forma a proporcionar aos seus alunos o melhor ensino

98

possível. Assim, é possível afirmar que um professor é e será sempre um

estudante devido à aprendizagem que deve adquirir ao longo de toda a sua vida

profissional.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

101

Este último capítulo surge como um resumo de toda esta “aventura” de

ser professor, concretizando mais uma das etapas da minha vida, que parece ter

começado “ontem”.

Este último ano de formação superior dificilmente será esquecido por tudo

aquilo que vivi no estabelecimento de ensino onde realizei o meu estágio. Foi

realmente neste espaço de tempo que pude perceber efetivamente o conceito

de “ser professor”, visto não ser apenas uma pessoa que leciona mas também

um indivíduo que se preocupa com os seus alunos, perceber as suas dúvidas e

ajudar a alcançar os seus objetivos.

Esta foi a primeira vez que enfrentei a realidade de ensino e posso afirmar

com toda a certeza que foi um dos momentos mais altos enquanto discente da

FADEUP. Inicialmente, tratou-se de uma situação que me provocou um certo

nervosismo, pelo facto de estar a lidar com uma turma só por minha conta,

apesar da ajuda prestada pelo PC. Contudo, com o decorrer do tempo este

aspeto foi-se dissipando, fazendo-me sentir mais à vontade no contexto de aula.

Todas as atividades organizadas, todo o planeamento, toda a turma, entre

outros, constituíram um enorme momento de aprendizagem.

Este foi um ano letivo que me permitiu crescer bastante como pessoa,

graças à convivência com toda a comunidade escolar, principalmente com os

meus alunos, que ao mesmo tempo despertaram a necessidade de atender,

individualmente, às características de cada um, visto cada um ter uma

personalidade própria que não pode ser generalizada, contribuindo assim de

uma forma indescritível para o meu crescimento pessoal.

A afetividade entre a minha turma e eu, enquanto professor, não se

avizinhou fácil numa fase inicial. Contudo, com o decorrer do tempo fui tentando

melhorar este aspeto, também debatido nas reuniões com o PC, uma vez que o

ensino é um local de desenvolvimento de relações interpessoais, principalmente

com os discentes, acarretando sentimentos e emoções.

Todo este percurso foi realizado com o máximo de esforço, empenho e

dedicação em todas as tarefas em que estive envolvido.

Olhando para tudo aquilo que vivenciei, a principal conclusão que retiro

deste ano de estágio vai de encontro às competências necessárias para exercer

a profissão de professor, apesar de ter consciência de que todo este percurso

ainda mal começou.

102

Em síntese, a turma foi a minha principal fonte de satisfação de dever

cumprido, quer pelos resultados conseguidos na aprendizagem, quer pelo facto

de ter sentido como se fossem realmente meus alunos, quer pela relação

pessoal estabelecida, que foi bastante positiva. Complementando isto, este foi

um ano repleto de vivências positivas, tanto a nível profissional como pessoal,

pois o poder contribuir para a formação dos meus alunos e o facto de poder

exercer a função com que sempre sonhei, foram pontos marcantes neste ano

magnífico! Assim, num futuro próximo espero poder exercer novamente esta

função, apesar de estar consciente da crise que o ensino está a ultrapassar.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. ANEXOS

XXIII

Anexo I: Teste Sociométrico.

TESTE SOCIOMÉTRICO: O seguinte questionário pretende aprofundar os conhecimentos da turma, é importante serem honestos no preenchimento do mesmo, pois os dados são estritamente confidenciais e tratados sigilosamente, sendo a sua utilização

restrita à documentação do professor.

Nome: __________________________________________________________

Ano: _____ Turma: _____ N.º _____ Idade:___

Para responderes às seguintes questões, deves escolher os teus colegas de turma (primeiro e último nome) e ordená-los por ordem de preferência.

1. Indica três colegas da tua turma que escolherias para irem contigo ao

cinema.

1ª Opção: __________________________________________________________

2ª Opção: __________________________________________________________ 3ª Opção: __________________________________________________________

2. Indica três colegas da tua turma que não escolherias para irem contigo ao cinema.

1ª Opção: __________________________________________________________ 2ª Opção: __________________________________________________________

3ª Opção: __________________________________________________________

3. Indica três colegas da tua turma que acredites terem-te escolhido para ires com eles ao cinema. 1ª Opção: __________________________________________________________

2ª Opção: __________________________________________________________

3ª Opção: __________________________________________________________

4. Indica três colegas da tua turma que acredites não te terem escolhido para ires com eles ao cinema.

1ª Opção: __________________________________________________________ 2ª Opção: __________________________________________________________

3ª Opção: __________________________________________________________

Obrigado pela colaboração!

XXIV

Anexo II: Atividades motoras de carácter cooperativo e não-

competitivo.

Atividades Motoras de Carácter Cooperativo e Não-Competitivo

Nome da Atividade Descrição

Jogo da Medusa

Dado o sinal de início, o aluno/a sorteado para começar o jogo corre em

perseguição a todos os outros. O que for apanhado deverá dar-lhe a mão e,

assim unidos, partirão à conquista de outro. Os colegas que forem “apanhados”

incorporar-se-ão no grupo dos perseguidores, unindo as mãos, formando uma

corrente humana. Posteriormente correrão em perseguição aos restantes

colegas. O jogo termina quando se formar uma grande corrente com todos os

jogadores.

A Fortaleza

Formam-se dois círculos concêntricos de alunos.

Cada círculo tem idêntico número de alunos.

No círculo de fora, os elementos ficam de mãos dadas.

O objetivo do jogo passa pelo círculo de dentro conseguir ultrapassar o círculo

de fora. Já o círculo de fora, naturalmente, tratará de impedir a saída dos

adversários.

Terminado o tempo, contam-se quantos conseguiram sair.

Forma um Grupo

Os alunos correm livremente pelo espaço.

Ao sinal do professor, agrupam-se segundo um dos seguintes critérios referidos

pelo mesmo:

o Cor dos calções/calças: claro e escuro;

o Mês do nascimento: primeiros e últimos seis meses;

o Género: rapazes e raparigas;

o Números: pares e ímpares;

o Cor dos cabelos: claro e escuro.

O Tubarão e os Peixes

O “tubarão” fica no centro do campo, só podendo se movimentar em cima da

linha central, lateralmente, e também só pode apanhar um “peixe” se estiver na

linha. Os peixes posicionam-se na linha de fundo do campo.

Ao sinal do professor, os “peixes”, têm que atravessar o campo correndo, e por

sua vez, o “tubarão” tem que tentar apanhar algum “peixe”.

Quem for apanhado pelo “tubarão”, também se tornará num “tubarão”, e ajudará

a apanhar os outros “peixes”. Os “tubarões” formarão uma corrente (alunos de

mãos dadas em cima da linha e só os elementos das pontas é que podem

apanhar).