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Approved abstracts by Theme education (other) ICCA 2017-14832 -Teatro Pedagógico em contexto hospitalar. Sonho(s) e Realidade(s) - Um percurso de 8 anos... J.M. França Santos; (1); Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar, CHTMAD,EPE (2); ACES do Alto-Tâmega e Barroso (3); Teatro Experimental Flaviense (4) 1- Serviço de Pediatria, CHTMAD,EPE; 2- Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar, CHTMAD,EPE; 3- ACES do Alto-Tâmega e Barroso; 4- Teatro experimental Flaviense ICCA-Comunicação Oral Introdução: O Teatro Pedagógico é uma arte de excelência na educação, de tipo não formal, da população infanto-juvenil, em temas relevantes na área da saúde e da cidadania. É igualmente uma aposta forte na Medicina Preventiva, convictos de que o conhecimento emocional que pode ser gerado pelas peças teatrais, capacite o espetador (criança e jovem) a assumir comportamentos mais adequados à preservação de um bom estado de saúde. Estamos cônscios que esta atividade efetuada de modo estruturada e integrada constitui uma mais valia e determinará ganhos futuros ao nível do estado de saúde das populações a baixo custo, contribuindo para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde. Objetivos: 1. Dar a conhecer o projeto experimental, de Teatro Pedagógico de um Serviço de Pediatria Hospitalar em Portugal 2. Relevar o trabalho e a comunicação científica - “SWOT analysis from a pedagogic trilogy theatre” (Póster apresentado no Congreso Extraordinario de la AEP y II Congreso Extraordinario Latinoamericano de Pediatría, Madrid ,5 a 7 de junho de 2014), o qual demarca 2 períodos neste percurso. 3. Refletir (parar para pensar) na evolução recente do projeto do teatro pedagógico atendendo aos resultados obtidos na SWOT análise, teorizar e compreender, de modo a decidir com lucidez os novos trilhos a percorrer.

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Approved abstracts by Theme

education (other)

ICCA 2017-14832 -Teatro Pedagógico em contexto hospitalar. Sonho(s) e Realidade(s) -

Um percurso de 8 anos...

J.M. França Santos; (1); Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar, CHTMAD,EPE (2);

ACES do Alto-Tâmega e Barroso (3); Teatro Experimental Flaviense (4)

1- Serviço de Pediatria, CHTMAD,EPE; 2- Serviço de Pediatria da Unidade Hospitalar,

CHTMAD,EPE; 3- ACES do Alto-Tâmega e Barroso; 4- Teatro experimental Flaviense

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O Teatro Pedagógico é uma arte de excelência na educação, de tipo não formal,

da população infanto-juvenil, em temas relevantes na área da saúde e da cidadania. É

igualmente uma aposta forte na Medicina Preventiva, convictos de que o conhecimento

emocional que pode ser gerado pelas peças teatrais, capacite o espetador (criança e jovem)

a assumir comportamentos mais adequados à preservação de um bom estado de saúde.

Estamos cônscios que esta atividade efetuada de modo estruturada e integrada constitui

uma mais valia e determinará ganhos futuros ao nível do estado de saúde das populações a

baixo custo, contribuindo para a sustentabilidade do Sistema Nacional de Saúde.

Objetivos: 1. Dar a conhecer o projeto experimental, de Teatro Pedagógico de um Serviço

de Pediatria Hospitalar em Portugal 2. Relevar o trabalho e a comunicação científica -

“SWOT analysis from a pedagogic trilogy theatre” (Póster apresentado no Congreso

Extraordinario de la AEP y II Congreso Extraordinario Latinoamericano de Pediatría,

Madrid ,5 a 7 de junho de 2014), o qual demarca 2 períodos neste percurso. 3. Refletir

(parar para pensar) na evolução recente do projeto do teatro pedagógico atendendo aos

resultados obtidos na SWOT análise, teorizar e compreender, de modo a decidir com

lucidez os novos trilhos a percorrer.

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Metodologia: Análise das peças (guiões, fotografias, vídeos, comunicações científicas)

relevando os temas abordados (Relevância da alimentação saudável e do exercício físico na

preservação da saúde e prevenção da obesidade; Higiene oral; O valor do trabalho;

Respeito pela natureza e educação ecológica; Escola inclusa - respeito e acolhimento da

criança portadora de deficiência física, mental/ comportamental; Bullying - prevenção e

atuação; Violação; toxicodependências - álcool, narcóticos e outras dependências

nomeadamente das tecnologias informáticas; Relevância do programa nacional de

vacinação - 2012 - " Vacinar + Educar = Melhorar"; Valorizar a higienização das mãos,

importante medida de saúde pública na prevenção de infeções ; A honestidade como

modelo de vida em detrimento da corrupção; Aleitamento materno; Perceber e valorizar a

multiculturalidade e a interculturalidade entre outros), a idade do público alvo (Pré-escolar/

Escolar - 1º ciclo e Adolescência), tipo de técnicas e/ou tipos de teatro ensaiados, locais da

representação (auditório do hospital, escola, exterior/ rua...), parceiros, discriminadores de

qualidade, avaliação do impacto (cognitivo e emocional), tentativa de validação das peças

criadas (originais - o valor?!.)...

Resultados/ Conclusão: A SWOT analysis, determinou crescimento e maturidade do

projeto, tendo-se criado, representado e comunicado em 2016,em reuniões e congressos de

Pediatria, 3 peças teatrais a saber: "A estafeta mais louca do Mundo", "Mãos Limpas, Mãos

de Amor" e "Mamã, eu quero mamar!...". Estabeleceram-se parcerias desejadas,

previamente assinaladas como oportunidades na análise de gestão efetuada previamente ao

projeto, nomeadamente com a equipa de saúde escolar do ACES do Alto-Tâmega e Barroso

e com o Teatro Experimental Flaviense. Reforço da cooperação institucional com o

Município de Chaves. Maior reconhecimento do projeto ao nível do Conselho de

Administração do CHTMAD,EPE; subsistem contudo ainda algumas ameaças que urge

definitivamente ultrapassar (oficialização do projeto; dispensa/ reconhecimento de algumas

horas aos profissionais de saúde envolvidos; agilizar financiamento apesar de produção a

baixo custo...; necessidade de maior difusão - publicações). Emergência de novos desafios

em fase de estudo, planificação (teatro para bebés; teatro terapêutico...). Em conclusão,

poderemos dizer que o projeto / sonho do Teatro Pedagógico no serviço de Pediatria da

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Unidade Hospitalar de Chaves, tem-se tornado uma realidade construída passo a passo, com

mais e novos parceiros almejando educar melhor as crianças, jovens e suas famílias no

âmbito da Saúde e de uma Cidadania democrática, responsável, solidária, ecológica e

multi / intercultural. Numa palavra, o projeto to be continued...

Keywords: Teatro Pedagógico; Hospitalar; SWOT análise; Comunidade

ICCA 2017-19114 -Estratégias de trabalho com alunos hiperativos fundamentadas na

Filosofia Educacional de Ellen White: Um Estudo de Caso.

Fonseca, Rubia (1)

1- UTAD - Universidade de Trás os Montes e Alto Douro

Poster

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade – Impulsividade, mais conhecido

como TDAH, é uma descoberta médica que está ajudando muito aos profissionais da área

familiar e de educação a entender o que ocorre com a “criança problema” dentro das salas

de aula e em seu convívio social. Dificuldade em manter a atenção concentrada é a

principal característica do Transtorno de Déficit de Atenção. Este problema tem sua origem

em uma condição orgânica, relacionada a uma estrutura cerebral chamada lobo pré-frontal.

Diante de tantas informações e teorias e a grande demanda de alunos hiperativos, pais e

professores precisam se demorar em artigos e informações sobre o assunto, deparando-se

com a seguinte indagação: Diante de tantas orientações podemos encontrar métodos e

estratégias de trabalho com alunos hiperativos que estejam de acordo com a filosofia

educacional adventista? Há portanto a necessidade/objetivo que os professores conheçam

técnicas que auxiliem os alunos com TDAH a ter melhor desempenho, em alguns casos é

necessário ensinar ao aluno técnicas específicas para minimizar as suas dificuldades. Na

busca de alcançar o conseguimento do objetivo estabelecido, optamos pela pesquisa

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bibliográfica, abordagem qualitativa, na modalidade estudo de caso, por melhor adequar-se

aos interesses da pesquisa. O estudo foi realizado em uma escola particular, confessional,

situada no Estado de Santa Catarina-Brasil, na localidade de Joinville. Na efetivação da

pesquisa variadas estratégias foram implementadas para o levantamento das informações,

documentação de vivências e resultados de análises bibliográficas entre os três autores

escolhidos (Goldeinstein,1994.; Matos,2001 & Silva,2003) e seus principais

direcionamentos para se trabalhar com alunos hiperativos, em harmonia com a filosofia da

autora Ellen White por ser grande contribuidora da filosofia educacional adventista de

ensino e por ser a autora internacional mais traduzida. O estudo contribui e serve de apoio

estratégico para professores com alunos TDAH e Permite que tais crianças encontrem um

apoio em seu professor no momento em que entram em contato com a alfabetização escolar

ou determinado período escolar.

Keywords: TDAH, dificuldades, Professor, Estratégias.

ICCA 2017-22958 -Bullying, a criança em risco

Amália Rebolo (1)

1- ISEIT, Instituto Piaget , campus de Almada

ICCA-Comunicação Oral

O bullying escolar implica a existência de relações negativas baseadas no poder de alguém

(ou de um grupo) sobre outros (ou outros) de forma repetida e intencional com o objetivo

de provocar sofrimento. Estas relações acontecem principalmente entre crianças e jovens

pertencentes à mesma turma, são mais ou menos indirectas e podem repetir-se por períodos

prolongados de tempo por incapacidade da vítima em se defender ou procurar ajuda.

Desde os primeiros estudos iniciados nos anos 70 do século XX realizados por Olweus

(1993) e Whitney & Smith (1993), que se procura a identificação dos fatores de risco –

caracteristicas de agressores e vítimas, locais de residência, escolas, condições familiares,

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etc. Interessa identificar os potenciais agressores e vítimas para que possam ser

implementadas estratégias de prevenção e intervenção.

Para além dos agressores e das vítimas frequentemente existem observadores: uns apoiam

ou ajudam o agressor enquanto outros apoiam ou gostariam de ajudar a vítima; por vezes

intervêm nos incidentes ajudando a reduzir os efeitos negativos.

Entre os efeitos negativos do bullying têm sido identificadas a inadaptação à escola, a

depressão e o abandono escolar por parte da vítima. Em relação aos agressores, quando

identificados, são alvo de sanções disciplinares vão desde a simples admoestação até á

mudança de escola, mais frequentemente estes alunos são punidos com a realização de

tarefas de apoio aos assistentes operacionais ou impedidos de entrar na escola (suspensão)

entre 1 a 10 dias. Agressores e vítimas têm dificuldade em atingir os objetivos escolares, os

primeiros graças ao seu comportamento disruptivo, a assiduidade irregular e os castigos

frequentes, os segundos por dificuldades de integração na escola, medo e por vezes

depressão.

No âmbito de um estudo sobre Jogo de Luta e Luta a Sério foram entrevistadas 83

crianças, 54 delas consideradas agressoras (30), vítimas (11) ou ambos (13) pelos colegas

de turma, recolhemos informação acerca da família e da vizinhança, também acerca das

relações com os colegas da turma, os professores e outros adultos. Procurámos identificar

caracteristicas que pudessem ser associados a maior ou menor risco de envolvência em

situações de bullying, de modo a ajudar os educadores a prevenir relações violentas na

escola.

Cinco anos depois da recolha de dados analisámos os níveis de sucesso escolar e

verificámos que os agressores tiveram os níveis mais elevados de abandono e retenção

escolar (50%) seguidos das vítimas (27%) sendo a percentagem de retenção

significativamente menor nos outros grupos em análise. Tal como foi referido também por

Pereira (2002) e Melim (2011) a vivência de situações de bullying parece estar a associada

ao insucesso escolar e só por isso as decisões de retenção de alunos deveriam ser alvo da

atenção dos pais e encarregados de educação como primeiros educadores, dos órgãos de

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decisão ao nível da escola e também ao nível das políticas educativas.

Keywords: bullying, insucesso, agressor, vítima

ICCA 2017-26775 -A temporalidade no sujeito discursivo: um estudo de caso de sujeito

com hidrocefalia.

Maira Lavalhegas Hallack (1); Dioneia Motta Monte-Serrat (2)

1- Unicamp; 2- USP

Poster

Em estudo longitudinal sobre a construção temporal no discurso de adolescente com

hidrocefalia, buscamos compreender a relação de nosso sujeito dentro do tempo e do

espaço. Estudos científicos indicam que ao sujeito hidrocéfalo não se aplicam ações

abstratas da perspectiva em razão de lesões no cérebro, que afetam seu conhecimento de

mundo, suas experiências de espacialidade e de temporalidade. Neste trabalho nos

apropriamos de algumas noções da Análise de Discurso de linha francesa (Pêcheux), e da

noção do tempo como uma “força ordenadora” que condensa os sentidos que fazem parte

da vida do sujeito (Ostrower). Compreendemos espaço e tempo como elementos essenciais

da sensibilidade humana (Kant). Durante quatro anos consecutivos, acompanhamos um

sujeito hidrocéfalo em atividades de leitura e escrita sobre temas gerais e em noções

matemáticas, com foco em habilidades cognitivas específicas e na coordenação motora. Na

perspectiva da Análise do Discurso, as noções de tempo e espaço, ocorrem na formação

discursiva (FD) do sujeito, ao assumir uma posição-sujeito. Assim, a questão temporal

articula-se à constituição do sujeito em seu discurso dentro de um contexto sócio-histórico.

Primeiramente, trabalhamos a noção de tempo imediato, como hoje, amanhã e ontem,

utilizamos a ordem cronológica na relação com o outro, estabelecendo com o nosso sujeito

uma formação de ordem crescente. Depois partimos para noções mais amplas, períodos

extensos, como os dias da semana, para, em seguida, introduzirmos os meses do ano. Como

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tomamos a temporalidade como uma construção social que nos insere em uma condição

histórica de produção de discursos, escolhemos trabalhar os meses do ano por meio da

construção de poemas e rimas com nosso sujeito, trazendo elementos que registrassem

acontecimentos anuais naqueles meses, de modo a inseri-lo em um contexto histórico. Num

trabalho contínuo, com ajuda dos pais do sujeito, elaboramos atividades com os dias da

semana para serem realizadas diariamente e anotadas pelos pais. Nossa investigação ainda

está em andamento e, apesar de nosso sujeito ter habilidade rítmica espontânea, ainda lhe

falta o intercâmbio entre a intuição temporal e o conhecimento dos marcos sociais sobre o

tempo. Observamos grande resistência do sujeito a imprevistos ou mudanças na rotina.

Notamos uma acentuada culpa por cometer erros, sempre pedindo desculpa. Há resistência

também no enfrentamento de dificuldades. Apesar disso, durante os quatro anos de

acompanhamento de nosso sujeito, notamos que ele passou por grandes transformações,

desde a interatividade com sua realidade até um aprimoramento de suas habilidades

intuitivas. Notamos um progresso importante em seus relacionamentos sociais, interagindo

conforme as convenções sociais, o que permitiu a constituição do sujeito assumindo

posição-sujeito a ele destinada no contexto social. Destacamos a importância da construção

da noção de temporalidade como algo que faz parte da constituição do sujeito, não nasce

com ele e depende da interação com o outro na sociedade. Com relação ao nosso sujeito,

notamos que, embora se constitua como sujeito num contexto sócio-histórico, com algum

sucesso no espaço concreto das relações sociais, ainda existem lacunas a serem exploradas

no que diz respeito ao espaço abstrato por ele percebido.

Keywords: Análise do Discurso, sujeito, temporalidade, hidrocefalia

ICCA 2017-28103 -Educação Global: o que é; qual a pertinência; quais os desafios.

Margarida Magalhães (1)

1- CEMRI, UAb -Centro de Estudos das Migrações e das Relações Interculturais da

Universidade Aberta

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Poster

O mundo contemporâneo caraterizado pela enorme interdependência entre os povos,

consequência de uma cada vez maior mobilidade de pessoas e enorme desenvolvimento dos

meios de comunicação, justifica a importância crucial da aquisição de competências de

cidadania global, uma vez que poderão ter um efeito catalisador na resolução de grandes

questões globais. O desafio que é colocado à Educação, para colaborar na aquisição de tais

competências, é de explorar, analisar, discutir, ensinar e aprender as grandes questões

globais do mundo atual, relacionando-as também com a sua pertinência local e pessoal.

Destaca-se neste campo a Educação Global, como um campo interdisciplinar que se

concretiza num processo de aprendizagem transformativa e que se foca nas questões e

desafios globais. No século XXI são apontados oito conceitos - chave : cidadania global,

resolução de conflitos, diversidade, direitos humanos, interdependência, justiça social,

desenvolvimento sustentável, valores e perceções.

É ao promover conhecimento, desenvolver competências e enraizar atitudes e valores no

sentido do empenhamento da justiça social e económica para todos e na proteção e

recuperação do ecossistema da Terra, que a Educação Global tenta preparar as pessoas para

fazerem as melhores escolhas na forma como conduzem as suas vidas tornando-as mais

conscientes, responsáveis, solidárias e positivas.

No desenvolvimento de atividades de Educação Global, quer no ensino formal ou não

formal, salientam-se três abordagens metodológicas : aprendizagem baseada na cooperação,

aprendizagem baseada na problematização e a aprendizagem baseada no diálogo. Que

pretendem atingir resultados de aprendizagem ao nível cognitivo - aumentar o

conhecimento dos problemas locais, nacionais e globais e de inter-relação entre os povos -

ao nível socioemocional – estimular um sentimento de pertencer a uma humanidade comum

onde se compartilham valores e responsabilidades – e ao nível comportamental –

desenvolver a motivação e a vontade de tomar as medidas necessárias.

O objetivo desta comunicação é explorar a dimensão da Educação Global, apresentando

os seus conceitos chave, as metodologias a aplicar e os principais resultados da

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aprendizagem, mostrando que a concretização de estratégias educativas nesta área

permitem o desenvolvimento de um sentimento de pertença a uma comunidade mais ampla

e a uma humanidade comum.

Keywords: Educação Global; Cidadania Global; Interculturalidade

ICCA 2017-31811 -Achieving academic success: An exploratory study into the

experiences of looked after young people, their foster carers and their teachers.

Isabella Bernardo (1)

1- The Tavistock and Portman NHS Trust

ICCA-Comunicação Oral

Literature and research have continued to highlight the low educational achievement of

Looked After Children and Young People (LAC/LAYP), identifying factors that may

account for their lower achievement. A child or young person is looked after by a local

authority if he or she is provided with accommodation for more than 24 hours by a local

authority, this translates to the term ‘jovens em acolhimento’ in Portuguese.

Government statistics in England have consistently highlighted that LAC/LAYP are more

likely to underachieve throughout their school years. For example, evidence from the

House of Commons (House of Commons, 1998) showed that between 50% and 75% of

LAYP left school that year at the age of 16 with no qualifications, compared to 6% in the

general population. LAC/LAYP are more likely to experience adverse life outcomes such

as increased health needs (DoH, 2002) and are more likely to suffer from mental health

difficulties and psychiatric disorders (McAuley & Young, 2006). This issue appears to

be an international problem as similar findings have been noticed in other countries.

Education can be viewed as a protective factor in decreasing the likelihood that LAC/LAYP

experience further disadvantage in their lives (Dent & Cameron, 2003) thus the

importance of promoting educational outcomes and early intervention for this particular

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group of children and young people.

Despite research accounting for factors that may be associated with poor educational

outcomes, little is known about the experiences of a small number of young people in care

who do achieve in school and thus appear to ‘go against the odds’. This study, part of a

Doctorate in Child, Community and Educational Psychology completed in England, aimed

to adopt an alternative resilience based approach to explore the experiences of three young

people in care who achieved at least five GCSEs A*-C (including English and Maths) using

individual interviews. The General Certificate of Secondary Education (GCSE) is an

academic qualification in a given subject, generally taken by students aged 14-16 years old

in England, Wales and in Northern Ireland. The experiences of each young person’s foster

carer and one school representative were also gained. Interviews were analysed using

Interpretative Phemenological Analysis. Data were analysed across each participant group

(young people, foster carers and school representative) as well as across all participants.

Four overarching themes were highlighted by the data analysis; A different self, GCSEs a

novel and shared experience, Relationships with others and The role of others.

Psychological theories are used to further understanding of the participants’ experiences,

emphasising a dynamic inter and intra -personal pathway to educational resilience.

Implications of findings are discussed in relation to educational practice in promoting the

achievement of looked after children and young people as well as promoting psychology

that highlights individuals’ strengths and resources.

Keywords: looked after children, educational achievement, resilience

ICCA 2017-32685 -Satisfação com a vida escolar de crianças brasileiras provenientes

de diferentes contextos: em acolhimento institucional e vivendo com suas famílias

Luciana Cassarino-Perez (1); Fabiane Friedrich Schütz (1); Miriam Raquel W. Strelhow

(1); Jorge Castellá Sarriera (1)

1- Universidade Federal do Rio Grande do Sul

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ICCA-Comunicação Oral

Os diferentes contextos nos quais as crianças estão inseridas exercem influência sobre o seu

bem-estar subjetivo. Em especial, a escola, o local onde vivem e com quem vivem podem

contribuir para o seu bem-estar. As crianças que vivem em situação de acolhimento

provavelmente têm uma experiência escolar distinta daquelas que vivem com suas famílias.

Compreender as diferenças no bem-estar desses grupos com relação a sua satisfação com a

vida escolar pode auxiliar na promoção de bem-estar de cada grupo, de acordo com suas

características. Portanto, o objetivo deste estudo foi verificar as médias de satisfação com a

vida escolar de crianças entre 10 e 12 anos vivendo em dois diferentes contextos: em

acolhimento institucional e com suas famílias. Participaram do estudo 136 crianças que

vivem na cidade de Porto Alegre, no Sul do Brasil. Do total, 68 eram provenientes de

instituições de acolhimento (M = 11,06, DP = 0,79), e 68 de uma amostra pareada de

crianças vivendo com suas famílias (M = 10,88 DP = 0,76). Os instrumentos foram

aplicados nos próprios abrigos para as crianças institucionalizadas, e em sala de aula para

as crianças não acolhidas. As crianças responderam a um questionário composto por itens

que avaliam a satisfação com diferentes aspectos da vida, dentre eles a vida escolar. Para

esse estudo, foram selecionados dez itens que avaliam a relação com os professores, relação

com os colegas, com a escola, com o desempenho percebido, com a segurança na escola, e

com a vida escolar. Foram realizadas análises descritivas e análise de variância (ANOVA)

para verificar a existência de diferenças entre as médias nos dois grupos (crianças vivendo

com as famílias e em acolhimento institucional). As crianças acolhidas apresentaram

médias significativamente mais altas com relação à frequência com que são machucadas

por outros colegas (F = 9,038; p <0,01) e com que são excluídas (F = 4,575; p < 0,05),

enquanto as crianças que vivem com suas famílias tiveram médias significativamente mais

altas em relação à satisfação com as outras crianças na sala de aula (F = 5,047; p < 0,05),

com as suas notas (F = 8,698; p < 0,01) e com a experiência escolar como um todo (F =

8,455; p < 0,01). Os demais itens avaliados não revelaram diferenças estatisticamente

significativas, apesar das crianças que vivem com suas famílias terem apresentado médias

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superiores às acolhidas em todos os outros itens. Observam-se diferenças estatisticamente

significativas entre os grupos em mais da metade das variáveis observadas. As implicações

dos resultados encontrados para a escolarização das crianças acolhidas são discutidas, assim

como o impacto que exercem no seu bem-estar e desenvolvimento. O estudo se encerra

com reflexões a respeito da implicação dos profissionais da área da educação para

melhorias da satisfação das crianças com sua vida escolar, especialmente no que se refere

as que estão em situação de acolhimento.

Keywords: Vida escolar; bem-estar; acolhimento institucional

ICCA 2017-35993 -O modelo meritocrático da educação e a responsabilidade dos

alunos : o paradoxo da escola democrática face à vulnerabilidade das crianças e dos

adolescentes

Adelaide L. G. Fins (1)

1- Universidade Paris-Sorbonne/Universidade de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

O questionamento sobre o sentido e a finalidade da educação é um convite à reflexão de

temas que se prendem com situação social das crianças, os critérios do sucesso ou do

fracasso escolar e a experiência subjectiva dos alunos, que se sentem cada vez mais

excluídos da competição meritocrática. Esta questão aborda importantes problemas éticos e

políticos, como o são, título de exemplo, as injustiças sociais, o analfabetismo, a pobreza, a

vulnerabilidade das crianças e dos adolescentes, a violência, a ética e a responsabilidade.

Pensar a missão da escola democrática, caracterizada por dois princípios de justiça: a

igualdade e o mérito, implica necessariamente questionar a ideia do que é uma escola justa

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como modo de distribuição de um valor universal. Esta educação, para além de combater as

desigualdades sociais, deve desenvolver o bem-estar das crianças e dos jovens. A escola é,

portanto, um meio privilegiado onde a tensão entre o universal e o singular se esbate e

nesse contexto cada aluno se sente melhor, porque aí é atribuído um lugar importante à

ideia de mérito.

Poderemos para além da justiça meritocrática, construir um projeto educativo que inclua

outros princípios éticos, como por exemplo a solicitude e o care (cuidado)?

A meritocracia na educação garante igualdade de formação e de instrução escolar a todos

os alunos, independentemente das suas particularidades socioculturais. Trata-se de um

modelo de distribuição de diplomas cujo critério privilegiado é o de avaliar o desempenho

de aptidões individuais, como o esforço e a capacidade de trabalho. Na realidade, a noção

de mérito é ambígua e controversa. Sabemos que as crianças e os jovens não dispõem todos

das mesmas capacidades de memória e de inteligência; por outro lado, os que pertencem a

famílias socialmente e culturalmente favorecidas e protegidas gozam de privilégios e têm

maior sucesso escolar que os colegas sem esses mesmos benefícios sociais. Bourdieu e

Passeron (1964,1970) descrevem a socialização escolar como um processo de reprodução

social. Assim, as desigualdades do capital sociocultural podem acumular-se na escola com

as desigualdades de capacidades intelectuais e as desigualdades de motivação, criando nos

alunos humilhação, perda de autoestima, abandono e fracasso escolar, violência contra a

instituição…

Recorreremos ao contributo do filósofo liberal americano, John Rawls que no seu livro,

Uma Teoria de Justiça (1971) critica o princípio meritocrático republicano, e a sua

igualdade de oportunidades escolares, acrescentando a necessidade de orientar a educação

no sentido da equidade e, quando necessário, de políticas de discriminação positiva.

Convocaremos também, a sociologia francesa da educação de François Dubet que,

analisando as políticas e as práticas da meritocracia em contexto educativo e o sentimento

subjectivo dos alunos, denuncia a vulnerabilidade dos jovens face ao sistema que, apesar de

promover a emancipação de todos, reproduz injustiças (1991, 2004), estigmatização e

desqualificação (2013). A solução passa aqui pela mediação de um terceiro princípio de

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justiça: o respeito, que reconhece a singularidade das crianças e dos adolescentes. No

entanto, Dubet não orienta a sua análise no sentido da solicitude. Ora, o nosso objectivo é o

de tentar construir uma escola da solicitude. Para isso, recorreremos à teoria do «care» de

Martha Nussbaum (1991, 1995, 2010), que reconhece que a educação deve possibilitar

através da imaginação narrativa e da identidade literária o bem-estar e a moralidade, não

somente nas crianças e adolescentes como também nos adultos. Análise que nos conduz

então, ao reconhecimento do «cuidado educativo» como principio ético da escola

democrática.

Keywords: educação, meritocracia, desigualdades, sociologia, ética

ICCA 2017-36345 -A especificidade do contexto educativo de creche: a premência da

formação de educadores de infância

Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)

1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-

Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

A oferta educativa para crianças até aos 3 anos, em Portugal, tem como modalidade formal

o contexto de creche, que se apresenta como uma resposta social de âmbito socioeducativo,

onde devem ser proporcionadas às crianças condições adequadas ao seu desenvolvimento

harmonioso (Ministério da Educação, 2000).

Numa investigação realizada em 2008 (Pinho, 2008), com educadores de infância a

desempenhar funções em creche, concluímos que a maior parte desses profissionais não

optou por desempenhar funções nesse contexto e que apenas 31% preferiu trabalhar com

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crianças até aos três anos. Os profissionais que não optaram por trabalhar em contexto de

creche (58%) reconheceram que o facto de a sua formação inicial incidir essencialmente na

valência de jardim-de-infância os leva a sentirem-se pouco preparados para o

desenvolvimento do processo educativo em creche. Esta evidência é uma realidade cada

vez mais presente atualmente, porque a opção de selecionar uma função no local de

trabalho é cada vez menos possível e, por esse motivo, vários educadores de infância têm

sido integrados em contextos de creche. Desde 1995 que a Professora Gabriela Portugal

tem vindo a referir a existência deste desajuste nos planos curriculares de formação inicial

de educadores de infância pré-Bolonha, porque se orientava sobretudo para a prática

educativa destinada a crianças a partir dos três anos (Portugal, 1995). Mais recentemente,

Martins, Filho & Ferreira (2015) explicitam que com bastante regularidade a formação

dos educadores de infância acaba por ficar restrita às diretrizes da organização educativa

para crianças com idade superior a três anos. Da mesma forma, os parceiros consultados

para a elaboração da Recomendação n.º3/2011 – A educação dos 0 aos 3 anos (Vasconcelos,

2011, p. 18033), apresentaram preocupações ao nível do atendimento às crianças até aos 3

anos e também em relação à atual formação inicial de educadores de infância, que não

prepara de forma adequada para a intervenção em creche.

Neste trabalho pretendemos abordar a problemática da formação inicial de

educadores de infância e a sua adequação, particularmente, ao contexto de creche, que tem

permanecido pouco explorada. Nesse âmbito, importa não só referir as opções teóricas que

devem enquadrar essa formação, mas também analisar aspetos de intervenção educativa

que assegurem, cumulativamente, a qualidade do ambiente educativo e o desenvolvimento

global das crianças. Assim, o objetivo primordial é, por um lado, explanar um conjunto de

princípios educativos relevantes (Gonzales-Mena & Eyer, 2001) e, por outro, salientar

práticas adequadas ao desenvolvimento de crianças até aos três anos, perspetivadas pela

National Association for the Education of Young Children. A concluir, serão referidas as

implicações e vantagens da consideração de tais princípios e práticas na formação inicial de

educadores de infância e o impacto de uma formação deste tipo na prática profissional, no

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que especificamente se refere ao contexto de creche.

Keywords: Contexto educativo de creche; formação inicial de educadores de infância;

qualidade do ambiente educativo; princípios educativos

ICCA 2017-38512 -UTILIZAÇÃO DO APLICATIVO VOICEGUARD PARA O

MONITORAMENTO DO RUÍDO AMBIENTAL EM SALA DE AULA

Daniele de Araújo Oliveira Carlos (1); Francisco Concílio da Silva Júnior (1); Maxsuellen

Facundo de Moura (1); José Eurico Vasconcelos Filho (1); Raimunda Magalhães da Silva

(1); Christina Cesar Praça Brasil (1)

1- Universidade de Fortaleza

Poster

Introdução: A inteligibilidade da comunicação oral dentro da sala de aula pode ser afetada

por várias características acústicas, quais sejam: intensidade do som competitivo ao sinal, a

reverberação, a infraestrutura física do ambiente, entre outros. O ruído de fundo

(competitivo) atrapalha ou mesmo impede a comunicação oral de professores e alunos,

podendo trazer consigo malefícios para a saúde vocal, auditiva e mental. Além disso, o

ruído pode provocar dificuldades de concentração e de aprendizagem nas crianças e

adolescentes. Objetivo: O objetivo deste estudo consistiu em verificar o impacto do uso do

aplicativo VoiceGuard no monitoramento do ruído ambiental em sala de aula. Metodologia:

Estudo observacional realizado em setembro de 2016 em uma escola filantrópica de

Fortaleza, Ceará, Brasil, a qual contém os níveis Educação Infantil e Ensino Fundamental,

comportando 520 alunos, na faixa etária de 5 a 12 anos. Após explicações aos alunos e

professores, realizou-se um teste, durante uma semana, com uma turma do 5° ano do

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Ensino Fundamental, com crianças entre 10 e 12 anos de idade, para verificar a

funcionalidade da interface sinal/ruído do aplicativo VoiceGuard e o impacto no

comportamento dos alunos. A interface sinal/ruído mensura, em tempo real, os picos de

ruído ambiental. No momento que o ruído ultrapassa 50 decibéis, o aplicativo emite sinal

sonoro e luminoso alertando que o ruído está prejudicando a voz do professor e causando

poluição sonora no ambiente. Todos os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as

normas da Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde

e aprovado pelo Comitê de Ética sob o n° 899.798. Resultados: Nos dois primeiros dias de

observação, foi percebida a dispersão dos alunos; porém, à medida que o aplicativo emitia o

alarme, os alunos passaram a perceber a necessidade de reduzir ou parar a conversa paralela

e prestar mais atenção à aula. A partir do terceiro dia, observou-se que as crianças passaram

a associar mais rapidamente o disparo dos alarmes com a necessidade de redução do ruído

ambiental, fazendo com que elas o monitorassem conscientemente. Em sala de aula, a fala

sofre interferência do ruído e da reverberação. Quando o ruído se mistura com a fala,

algumas partes do discurso tornam-se ininteligíveis ou “mascaradas”. Nesse cenário, o

professor precisa ampliar a sua intensidade vocal, o que causa desgaste físico e mental,

além de interferir no processo de ensino e aprendizagem. Conclusão: Os resultados

mostram que a interface sinal/ruído do VoiceGuard pode ser utilizada como ferramenta

tecnológica para a promoção da saúde na escola, sendo um aliado na redução do ruído

ambiental. Apesar de o teste ter sido realizado por um curto período de tempo, foi possível

perceber o grau de condicionamento associado à mudança de comportamento dos alunos, o

que impacta positivamente no processo de ensino e aprendizagem, além de estimular os

alunos no controle do ruído ambiental e na promoção de um ambiente mais saudável em

sala de aula.

Keywords: Promoção da Saúde; Ruído; mHealth; Tecnologias em Saúde

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ICCA 2017-42377 -Programa de Prevenção em Contexto Escolar: Jovens

Protagonistas no Combate à Violência de Género

Maria José Magalhães (1); Ana Guerreiro (1); Cátia Pontedeira (1); Ana Margarida Teixeira

(1); Ana Teresa Dias (1)

1- UMAR - União de Mulheres Alternativa e Resposta

Poster

Em Portugal a desigualdade de género está enraizada numa cultura patriarcal e sexista. Esta

cultura é fortemente marcada por estereótipos de género legitimando assim a supremacia

dos homens face às mulheres, sendo estas últimas vistas como cidadãs de “segunda”

categoria (Costa, 2013). A aprendizagem destes estereótipos é transmitida a partir de idades

precoces, no seio da família e no contexto escolar, por ser um espaço de partilha de

conhecimentos e um espaço de socialização em que as crianças e jovens se relacionam

com os seus pares, construindo e agindo de acordo com estas identidades de género.

Sabendo que a prevenção da violência de género passa pela promoção de competências

pessoais e sociais de respeito por si e pelo/a outro/a, a UMAR - União de Mulheres

Alternativa e Resposta tem vindo a desenvolver, nos últimos 12 anos, um programa de

prevenção da violência de género direcionado ao contexto escolar. O espaço de incidência é

um contexto de educação formal privilegiado para se desenvolver uma Educação para a

Cidadania, não sendo uma aprendizagem exclusiva de direitos e deveres, mas que engloba

também a vivência de situações de respeito e da valorização e reconhecimento das

diferenças, assumindo assim um carácter formativo e potenciador da participação das

crianças e jovens na construção da sua própria cidadania (Leite & Rodrigues, 2001).

Este programa desenvolve sessões sistemáticas e continuadas com grupos-turmas, que

assentam na metodologia de projeto. Esta metodologia pressupõe a implicação de todos/as

os/as participantes (crianças, jovens, docentes e encarregados/as de educação), a partir das

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suas conceções e das suas próprias vivências e experiências,, contribuindo para que as

aprendizagens tenham significado (Vasconcelos, 2011), tornando-os/as protagonistas da sua

própria mudança. Para essa reflexão em conjunto, a metodologia tem como base

dispositivos artísticos, que ajudam as crianças e jovens a desenvolverem capacidades

cognitivas, criativas e reflexivas (Higenbottam, 2008) e permite a reflexão individual e

coletiva e a desconstrução das temáticas por eles/as aprendidas (Canotilho et al., 2010).

O programa de prevenção de violência de género da UMAR deve ser trabalhado no

mesmo grupo-turma pelo menos três anos para haver mudança comportamental e é

necessária uma avaliação ao longo do desenvolvimento das sessões, pois só com a

participação ativa de todos/as os/as intervenientes é que os/as protagonistas de intervenção

podem mudar pessoal e coletivamente os seus valores e atitudes e desenvolver

comportamentos não-violentos e de respeito pelos direitos humanos e criar uma cultura de

paz e de respeito.

Keywords: Prevenção; Violência de Género; Escola; Cidadania

ICCA 2017-44281 -TABLET NA ESCOLA: UM INSTRUMENTO NA INCLUSÃO

DIGITAL DE ESTUDANTES DO ENSINO MÉDIO NO MUNICÍPIO DE JOÃO

PESSOA/PB

Tullius Araújo de Freitas (1); Joseneide Souza Pessoa (1)

1- Universidade Federal da Paraíba

Poster

O presente artigo trata da questão da inclusão digital voltada para os jovens do ensino

médio. Com a premissa de melhorar o aprendizado dos estudantes das escolas públicas, o

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governo brasileiro criou, em 2005, o Programa de Inclusão Digital. No estado da Paraíba-

PB, o governo estadual, por meio da Secretaria de Estado da Educação (SEE), iniciou a

entrega de 26.400 tablets em 2013. As escolas inicialmente privilegiadas foram: Lyceu

Paraibano; Olivina Olívia e o Instituto de Educação da Paraíba (IEP), todas localizadas no

município de João Pessoa/PB. Diante desse contexto, os objetivos centrais da pesquisa

foram: a) verificar as habilidades dos jovens no uso da ferramenta (tablets) no processo

pedagógico da escola a partir da inclusão digital; b) Identificar a contribuição do acesso

(tablets) na inclusão digital a partir da percepção dos jovens. Essas questões nortearam o

desenho metodológico da pesquisa. A pesquisa se constituiu de uma tipologia de estudo

exploratório e de campo acerca do objeto de estudo, a coleta de dados se deu apenas em

uma escola (Escola Estadual Lyceu Paraibano), por meio de uma amostragem do tipo não-

probabilística, mediante o critério de acessibilidade à escola. Foi aplicado um questionário

com questões abertas e fechadas a 50 estudantes do ensino médio. Constatou-se que,

mesmo a escola sendo referência do programa governamental, 75% dos alunos receberam e

25% não receberam o tablet; dos que receberam, 36% afirmaram que o aparelho não

funcionava; 26% disseram não saber utilizar o equipamento; 36% dos alunos receberam o

equipamento com defeito, 36% afirmaram que não usavam o tablet na escola por falta de

internet wi-fi disponível, mas o dado mais preocupante foi que 98% dos estudantes

declararam não usar o equipamento em sala de aula para o processo pedagógico. Esses

dados, dentre outros, coletados pela pesquisa, revelaram um processo frágil de inclusão

digital e de pouca viabilidade pedagógica para os alunos em relação aos objetivos do

Programa Inclusão Digital para os jovens. Portanto, a inclusão digital, nesse sentido, ficou

comprometida, diante do fato de que a mera entrega do equipamento por si só não

beneficiou os alunos. Os jovens afirmaram, nas perguntas abertas, que a instalação de

laboratórios com equipamentos, programas de computador mais modernos e com pessoal

treinado seriam mais úteis do que o acesso ao tablet, pois muitos deles já tinham

equipamentos similares. Conclui-se, desse modo, que a inclusão digital de jovens envolve

muito mais que a simples entrega de um equipamento digital.

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Keywords: Jovens. Inclusão Digital. Educação.

ICCA 2017-47744 -As questões de género em perspetiva: uma experiência educativa

Sofia Veiga (1)

1- Escola Superior de Educaçao do Instituto Politécnico do Porto

Poster

A sensibilização para as questões da igualdade de género deve iniciar-se desde cedo, na

família, no grupo de pares, na escola, entre outras instâncias de socialização. Junto destas,

as crianças e os adolescentes vão edificando, interiorizando e assimilando uma

representação social do que é ser-se homem e mulher, tendo em conta os valores,

estereótipos e ideologias dominantes nas diferentes realidades.

Enquanto cidadãos em formação, na escola, muitos/as estudantes são estimulados/as a

pensar e a refletir sobre vários conteúdos relativos a esta temática - nomeadamente o facto

de o género ser visto, em muitas realidades, como base legítima e ideologicamente

admissível para a delimitação de direitos, deveres e poderes, com impacto na assunção e

divisão de diferentes papéis -, (re)analisando e (re)significando os seus valores, conceções e

práticas.

Partindo desta conceção, o presente trabalho expõe e analisa uma experiência educativa

que, mobilizando o Sociodrama enquanto metodologia de ensino-aprendizagem, permitiu

que os/as estudantes, de uma forma ativa e vivencial, desconstruíssem estereótipos e

preconceitos e construíssem coletivamente saberes relativos a esta temática com vista à

assunção, enquanto cidadãos, de uma postura reflexiva, crítica e interventora.

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Keywords: Igualdade de Género; Educação Social; Sociodrama

ICCA 2017-48336 -Teatro Pedagógico = Informação + Emoção = Melhor Literacia em

Saúde

Sandra Alves Pereira (1); JM França Santos (2); Sara Carneiro (2); Lígia da Rocha (3); Rita

Belo (2); JC Matos (2)

1- ACeS Alto Tâmega e Barroso, Portugal; 2- Serviço de Pediatria, CHTMAD, EPE

(Portugal); 3- ACeS Alto Tâmega e Barroso (Portugal)

ICCA-Comunicação Oral

INTRODUÇÃO

A escola é um local privilegiado para o recurso ao teatro pedagógico, no qual as crianças

são confrontadas com uma série de situações sociais/comportamentais, desencadeando-se

emoções geradoras de processos de aquisição de cognição, perceção e ação.

Teatro pedagógico “Mamã, eu quero mamar!”, experimental, representado na “Semana

Mundial do Aleitamento Materno/2016”, Hospital de Chaves (Portugal), por profissionais

de Saúde e Ator, destinado a: 1. Promover o aleitamento materno (AM) como prática

natural, saudável, universal, transversal e ecológica; 2. Reconhecer benefícios e

preconceitos do AM; 3. Conhecer os leites de fórmula, suas indicações e riscos; 4.

Capacitar para Parentalidade com Responsabilidade; 5. Validar esta peça de teatro (PT)

como um meio de aquisição de conhecimentos e de educação para a saúde sobre AM; 6.

Reconhecer esta PT como meio de capacitação em saúde através da modulação de

emoções.

METODOLOGIA

Peça original, interativa, filmada, com vídeos musicais/pedagógicos. Estudo longitudinal

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prospetivo de coorte, para avaliação dos conhecimentos de 100 crianças sobre AM em dois

momentos distintos, antes e depois da visualização da PT, através da aplicação indireta de

um questionário com 11 perguntas fechadas.

Posteriormente, construíram-se dez vinhetas (fotografias e respetivo excerto de texto), para

reprodução na sala de aula, correspondentes a situações comportamentais/sociais chave,

moduladoras de emoções. Para cada vinheta, cada criança assinalou a emoção nela gerada,

aplicando-se a escala das expressões faciais (5 faces: zanga, tristeza, normal, medo, alegria)

da Assessment of Children’s Emotions Skills (ACES). Análise descritiva dos resultados,

Chi-square Pearson’s test para avaliar diferenças entre as frequências por sexo e idade.

Exclusão das crianças que não participaram em todos os momentos de avaliação ou com

necessidades educativas especiais.

RESULTADOS

Incluídas 86 crianças, 44 do sexo masculino (51,2%) e 42 do sexo feminino (48,8%),

idades entre 7-10 anos. Verificou-se uma melhoria dos conhecimentos em 8 das 11

questões, com diferenças estatisticamente significativas (p<0,05) entre os dois

momentos, antes e depois da visualizaçao da PT, independentemente da idade e do sexo.

As emoções expectáveis eram de emoções negativas (Zanga/Tristeza/Medo) com as

vinhetas 1, 3, 4, 6 e 9; e emoções positivas (Normal/Alegria) com as vinhetas 2, 5, 7, 8 e

10. Existem diferenças estatisticamente significativas entre os dois sexos para três vinhetas:

vinheta 1, rapazes, na maioria, a assinalar a emoção normal (n=22) e maioria das raparigas

(n=27) alegria (χ2=13,416; p=0,004); vinheta 8, maioria das raparigas (n=38) a assinalar

alegria, rapazes divididos entre alegria e normal com n=29 e n=14, respetivamente

(χ2=9,316; p=0,009); vinheta 10 maioria das raparigas (n=31) a assinalar alegria, rapazes

divididos entre a alegria e normal com n=20 e n=19, respetivamente (χ2=7,900; p=0,048).

Não se verificaram diferenças estatisticamente significativas nas emoções vivenciadas entre

as diferentes idades.

CONCLUSÕES

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O teatro pedagógico “Mamã, eu quero mamar!” constitui excelente forma de aquisição de

conhecimentos sobre aleitamento materno, podendo ser reproduzida no futuro com esse

fim, estando adaptada à aquisição de competências emocionais entre os 7 e os 10 anos de

idade.

“Teatro Pedagógico = Informação + Emoção = Melhor Literacia em Saúde”.

Keywords: Teatro Pedagógico; Aleitamento Materno; Capacitação Emocional; Validação

ICCA 2017-53702 -O educador de Infância e a brincadeira pedagógica como terapia à

criança hospitalizada

Inês Isabel Lopes Simão Barroso (1)

1- Inês Isabel Lopes Simão Barroso

Poster

A importância dos Educadores de Infância no hospital, é actualmente alvo de reflexão e

investigação. Os profissionais de Educação de Infância começam a sentir necessidade de

obter respostas efectivas no que respeita ao trabalho prestado no âmbito hospitalar,

surgindo deste modo muitas questões das quais se salientam duas, por serem as mais

pertinentes e oportunas, e que serviram como ponto de partida do presente trabalho que são

as seguintes:

1. As actividades lúdico-pedagógicas minimizam os medos e angústias das crianças

hospitalizadas?

2. É indispensável e fundamental a presença do Educador de Infância no hospital, no que

diz respeito às crianças hospitalizadas?

É definitivamente importante clarificar e conhecer as verdadeiras funções do Educador de

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Infância nos Serviços de Pediatria, para deste modo se poder compreender a sua

importância num ambiente quase sempre sentido pela criança, como hostil.

O quadro conceptual engloba a Evolução da Educação de Infância e Evolução Hospitalar, e

para tal, optou-se por um método descritivo, utilizando o procedimento de índole

qualitativo de procura documental, baseado na pesquisa de obras de investigações similares

e consultando ainda de forma cuidada e exaustiva a bibliografia disponível da

especialidade.

Aparentemente, parece complexa a acção a exercer, no entanto ao relativizar as situações,

elas tornam-se menos agressivas, acalmando medos e receios, colocando em prática as

planificações. O acolhimento que se faz num Serviço de Pediatria é sempre o de facilitar a

integração das crianças no ambiente estranho, criando laços genuínos com os profissionais,

permitindo esclarecer de uma forma simples, todas as dúvidas e apreensões relacionadas

com a própria hospitalização.O trabalho do Educador de Infância no Serviço de Pediatria,

pode e deve ser inspirado pelas doutrinas de “amor ao próximo”, “rir é o melhor remédio” e

“o amor é contagioso” do famoso médico do riso – Patch Adams. O Educador de Infância

deverá ter a mesma sensibilidade que tem este médico em “espalhar bactérias ou vírus do

amor nas pessoas doentes, infectando-as de melhores sentimentos”. Parece difícil e até

impossível, mas o riso e o sorriso são mecanismos terapêuticos para o exercício da cura.

Keywords: Educação de Infância, Hospitalização Infantil, Brincar

ICCA 2017-62175 -PROTAGONISMO JUVENIL: UMA AVENTURA CIDADÃ

Joseneide Souza Pessoa (1); Helder Vieira da Silva (1); Jose Thiago de Freitas Felipe (1);

Welly Jamylly Rodrigues da Silva (1); Thálisson Eliziário M. Matias (1); Arthur Mendes de

Oliveira (1)

1- Universidade Federal da Paraíba

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Poster

Este estudo de pesquisa-ação foi desenvolvido a partir de um projeto de extensão

universitária sobre a temática do protagonismo juvenil. Esta temática tem sido discutida em

várias iniciativas governamentais e não-governamentais na perspectiva de projetar políticas

sociais voltadas para alicerçar, nos jovens, a responsabilidade social, na condição de

cidadãos, diante das questões que perpassam a vida social. O Brasil tem, em sua legislação

social, a orientação de que as escolas e outros órgãos desenvolvam projetos, iniciativas e

ações de protagonismo juvenil como mecanismos para prevenir a violência e difundir os

direitos de cidadania, tendo em vista o quadro alarmante da delinquência juvenil e de sua

vitimização na sociedade. Diante desse contexto, o tema do protagonismo juvenil tornou-se

necessário. Pensando na possibilidade de trabalhar com conteúdos afins do curso de Gestão

Pública, criou-se este projeto com o intuito de colaborar para incentivar os alunos de

escolas públicas a protagonizarem discussões acerca das possibilidades de enfrentamento

social diante de questões éticas, políticas e ambientais postas na sociedade. Além disso,

procurou-se provocar, nesse jovem, o pensamento, a reflexão e a proposição de iniciativas

protagonistas. O projeto, teve, portanto, como objetivos: investigar os desafios e as

possibilidades de protagonismo juvenil a partir da realidade dos participantes; desenvolver

atividades socioeducativas como meio de sociabilidade; desenvolver oficinas formativas

sobre temas; bem como propor a criação de projetos sociais elaborados pelos participantes

a partir de problemas focais escolhidos por eles. A metodologia do estudo se pautou em

uma pesquisa-ação junto a alunos de duas escolas públicas de ensino médio do estado da

Paraíba, Brasil. Foram realizados alguns procedimentos, tais como: pesquisa diagnóstica

sobre o perfil dos alunos, encontros sistematizados, oficinas temáticas, roda de conversas,

apresentação de vídeos e debates, organização de evento científico – que contou com a

participação de alguns órgãos relevantes na questão dos jovens, tais como: Conselho

Tutelar; Secretaria Estadual de Educação da Paraíba; Grupo de Protagonistas; Universidade

Federal da Paraíba e, por fim, a preparação de projetos sociais formulados pelos

participantes. Trabalhou-se nas oficinas com duas grandes temáticas: o protagonismo

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juvenil e a responsabilidade socioambiental e, a outra temática, o protagonismo dos jovens

frente à violência. Os resultados apresentados para o projeto-piloto que orientou este

estudo foram animadores no aspecto qualitativo e quantitativo, pois contou-se com a

participação dos alunos nas atividades de forma dialógica, compreensiva e crítica sobre os

temas tratados. A cada encontro, verificava-se a presença, em média, de 20 a 25 alunos.

Realizaram-se 10 encontros grupais e 01 encontro científico. Por fim, considerou-se que o

trabalho realizado despertou novas visões e conceitos sobre a própria definição de

protagonismo, bem como, sobre as temáticas trabalhadas, as quais contribuíram para

despertar, neles, o interesse pelas questões relativas às responsabilidades ético-políticas,

ambientais e empreendedoras dos jovens na sociedade e no seu meio social.

Keywords: Jovens. Protagonismo. Educação. Responsabilidade.

ICCA 2017-62321 -Escola Rita Leal: um modelo de intervenção para a escola pública

Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Ferreira Rodrigues (1)

1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica

Poster

Para a Escola Rita Leal (ERL), apesar de haver uma regulamentação que exige uma

inclusão efectiva por parte da sociedade, promovendo a difusão de métodos de inclusões

nas escolas, esta ainda não existe de facto. A ERL propõe uma teoria de desenvolvimento

emocional que se baseia numa relação contingente, assim como nos conceitos de mediação

e zona de próximo desenvolvimento.

Em alguns casos o acompanhamento de crianças com autismo não se esgota nas atividades

da ERL, quando possível há uma estreita colaboração com as Escolas Públicas onde estas

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são discentes. Realiza-se uma supervisão contínua aos professores, por forma a orientar os

colegas de turma a tornarem-se pares mais competentes. Durante esta cooperação, as

crianças sem necessidades educativas especiais disponibilizam e emprestam diferentes

ferramentas e metas com que as crianças com autismo vão-se familiarizando e

gradualmente apropriando.

A colaboração é essencial para que o processo de aprendizagem se dê de forma

significativa e eficaz, procurando na relação entre os pares meios para a aquisição de

formas independentes de desenvolvimento.

Durante 5 semanas a professora da Escola Pública foi supervisionada e uma colega de

turma orientada, como resultado registou-se uma evolução na motivação e capacidade de

manter a atenção por parte da criança com autismo. Ao longo do período de intervenção a

professora reconhece as verdadeiras iniciativas da criança e começam a construir uma

representação real um do outro.

Verificou-se o desenvolvimento das capacidades relacionais e pedagógicas entre professor

e criança com autismo e também do par com que coopera.

Keywords: Autismo, Inclusão Escolar, Supervisão Contínua, Mediação

ICCA 2017-64614 -Perceções de profissionais de Intervenção Precoce e de pais acerca

da utilização do Ages & Stages Questionnaires (ASQ-PT)

Rita Laranjeira (1); Ana Maria Serrano (1)

1- Instituto da Educação, Universidade do Minho

ICCA-Comunicação Oral

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A Intervenção Precoce (IP) deve iniciar-se o mais precocemente possível, aumentando a

possibilidade de serem ultrapassadas as dificuldades da criança com NEE ou em risco.

No momento da definição da elegibilidade das crianças referenciadas para a IP, os

instrumentos de rastreio deverão permitir definir as crianças que necessitam de uma

avaliação mais específica, as que não necessitam de apoio ou as que é necessário manter

sob vigilância através de monitorizações periódicas. Este processo deve ser flexível,

colaborativo entre pais e profissionais no momento de tomada de decisões. O envolvimento

da família é visto como essencial durante o rastreio e o seu papel deverá ser ativo, pois,

além de serem os elementos quem melhor conhece a criança, têm um papel preponderante

no seu desenvolvimento e podem, ao mesmo tempo, aprender acerca de desenvolvimento.

O Ages and Stages Questionnaires 3º Edição (ASQ-3) é um instrumento de rastreio que

promove a participação da família, no sentido de, em conjunto com profissionais de saúde e

de educação, identificarem problemas de desenvolvimento nas crianças e, ao mesmo tempo,

criarem oportunidades promotoras de novas competências. Este instrumento é de fácil

administração e de fácil compreensão, prevendo-se que seja preenchido por pais e

prestadores de cuidados com a colaboração de profissionais para interpretação dos

resultados obtidos. Em Portugal, este instrumento já se encontra aferido e adaptado para a

população infantil e denomina-se ASQ-PT (Lopes, Graça, Teixeira, Serrano & Squires,

2015).

A finalidade da nossa investigação é a realização de um estudo qualitativo com vista a

conhecer as perceções de profissionais de IP, de saúde e de educação e de pais sobre a

utilização do ASQ-PT para o rastreio e sobre a colaboração dos pais neste processo.

Pretende-se sensibilizar os profissionais de saúde e de educação para a utilização deste

instrumento e para colaborarem com as famílias no rastreio de desenvolvimento, bem como

perceber o impacto do preenchimento do ASQ-PT pelos pais no conhecimento acerca da

sua criança e na colaboração entre profissionais e pais.

Os participantes do nosso estudo serão profissionais de três Equipas Locais de Intervenção

(ELI), profissionais de saúde e de educação e pais de crianças rastreadas com o ASQ-PT.

Para desenvolver este estudo iremos introduzir o ASQ-PT junto de ELI para conhecer a

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perceção da sua utilização com vista a uma futura adoção deste instrumento para rastreio,

com incidência nas vantagens e desvantagens da sua utilização e no seu poder para

capacitar os pais, envolvendo-os ativamente neste processo e dando-lhes novos

conhecimentos com vista à promoção do desenvolvimento das suas crianças. O instrumento

será também apresentado a profissionais de saúde em centros de saúde e hospitais e a

profissionais de educação em creches e jardins de infância da área geográfica das ELI,

como forma de sensibilizar para a utilização do ASQ-PT, pois são estes profissionais que

têm responsabilidade no processo de deteção/identificação precoce das crianças.

Keywords: Intervenção Precoce, rastreio de desenvolvimento, elegibilidade, capacitação

dos pais

ICCA 2017-71473 -Brincar em contexto educativo de creche: o caminho para a maior

expedição diária

Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)

1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-

Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra

Poster

Vários referenciais teóricos acerca do desenvolvimento da primeira infância (Bornstein

& Lamb, 2011) e, mais recentemente, as neurociências (Society for Neuroscience,

2012; Wills, 2010; Fischer & Heikkinen, 2010; Blair, 2006; Shonkoff & Phillips,

2000) têm abordado a temática do brincar e, especificamente, o impacto do brincar e de

tudo o que ele envolve no estado desenvolvimental da criança.

Desde o longínquo jardim-de-infância de Froebel que o brincar passou a integrar as

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práticas educativas da educação de infância. No entanto, só no primeiro quarto do século

XX é que a brincadeira natural das crianças foi perspetivada como um veículo para o

desenvolvimento e a aprendizagem (Spodek e Saracho, 1998). Deste modo, a creche,

enquanto contexto coletivo de educação, surge como um ambiente privilegiado para a

promoção do brincar, considerando a sua importância na organização do ambiente

educativo e privilegiando-o na ativação do desenvolvimento psicológico das crianças.

O nosso objetivo neste trabalho será realçar os dados de uma investigação realizada

(Pinho, 2008) com educadores de infância a desempenhar funções em contextos educativos

de creche, que nos diz que a prossecução da qualidade dos cuidados prestados às crianças

em idades precoces é determinada pelo estabelecimento de inter-relações entre adultos e

crianças; pelos espaços, equipamentos e recursos dos contextos e pelas experiências de

aprendizagem proporcionadas. É precisamente no âmbito destas premissas que o ato de

brincar se torna mais significativo sendo que, durante o seu desenvolvimento é possível

ativar/desenvolver as várias faces da personalidade. Corroborando com a perspetiva de

Portugal (2009), que realça o brincar como uma forma de aprendizagem, importa salientar

que cabe aos educadores de infância a tarefa de organizar e intervir de forma positiva e

optimizadora no ato de brincar ficando, desta forma, assegurado o desenvolvimento e a

consolidação de várias aprendizagens.

A nossa experiência enquanto profissionais e investigadoras no âmbito da educação de

infância e da organização de contextos educativos de creche leva-nos a considerar que os

princípios educativos propostos por Post & Hohmann (2011) – abordagem curricular

High-Scope – e Goldschmied & Jackson (2004) asseguram os requisitos fundamentais

ao desenvolvimento do ato de brincar, enquanto caminho para a maior expedição diária, a

que cada criança tem acesso. Assim, de acordo com a abordagem curricular High-Scope e

com as “experiências-chave para bebés e crianças”, a criança adquire o sentido de si própria

ao resolver problemas com que se depara enquanto explora e brinca.

A concluir importa destacar que o brincar está contemplado na Declaração dos Direitos da

Criança (Princípio VII), na medida em que à criança deve ser dada a plena oportunidade

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para brincar e para se dedicar a atividades recreativas.

Keywords: Brincar; desenvolvimento psicológico; contexto educativo de creche;

abordagem curricular High-Scope

ICCA 2017-72826 -A temática da violência na formação de médicos e enfermeiros em

Portugal

Madalena Sofia Oliveira (1); Luiziana Souto Schaefer (2); Maria João Vidal Alves (1);

Teresa Magalhães (1)

1- Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) Porto, Portugal; 2- Instituto-

Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil; Faculdade de Medicina da

Universidade do Porto (FMUP) Porto, Portugal

Poster

A violência é considerada um grave problema de saúde pública a nível mundial, não só pela

sua elevada prevalência, como pelo impacto na saúde das vítimas que a sofrem e pelos seus

elevados custos sociais e económicos. Segundo a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

(APAV), em 2015, foram acompanhados 23.326 casos que envolveram diversas formas de

violência. A morbilidade a curto, médio e longo prazo, bem como a mortalidade associadas

a estas vivências, reforçam a importância de um espaço específico para a formação nesta

matéria na área da saúde, dado que estes profissionais estão na linha da frente do

atendimento a vítimas de violência. Assim, o presente trabalho tem como objetivo geral,

analisar a formação ministrada no âmbito desta temática nas licenciaturas em Enfermagem

e nos mestrados integrados em Medicina do ensino público em Portugal. Para tal, foi feita

uma pesquisa a partir do conteúdo disponibilizado pelas universidades e institutos

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politécnicos sobre as unidades curriculares que incluam na sua designação pelo menos uma

das seguintes palavras-chave: violência, vítima, abuso, crime e crime sexual. A amostra foi

composta por 30 instituições, sendo 70% (n=21) referentes aos cursos de Enfermagem e

30% (n=9) aos de Medicina. Do total, apenas 3 apresentam unidades curriculares

específicas sobre violência, sendo todas elas optativas: 2 em cursos de Enfermagem e 1

num curso de Medicina. As designações dessas unidades curriculares optativas são: (1)

“Violência de género e das relações de intimidade”; (2) “Violência e Grupos Vulneráveis”;

(3) “Vítimas de Abuso. A intervenção da saúde”. A partir desses dados, é possível admitir a

existência de uma relevante lacuna na formação de base destes profissionais de saúde, dado

que apenas 10% das instituições públicas têm unidades curriculares específicas sobre

violência e, as que as têm, apenas as disponibilizam a título opcional. Isto não significa,

obviamente, que a matéria em causa não possa ser abordada no âmbito de outras unidades

curriculares, designadamente das de Medicina Legal, sendo que também se recolheu

informação sobre este aspeto neste trabalho e num outro realizado com base na opinião dos

estudantes de Medicina, cujos resultados se comparam. Contudo, a relevância do tema no

âmbito da saúde, poderá justificar que o mesmo possa ser autonomizado enquanto unidade

curricular, ainda que numa perspetiva de transversalidade com outras unidades. Valerá pois

a pena refletir sobre este assunto, sendo que o investimento na qualificação dos

profissionais é uma das principais estratégias apontadas pelo Fundo das Nações Unidas

para a Infância (UNICEF, 2014) no sentido de prevenir a violência. Mais ainda,

possibilitará uma melhor qualidade do acompanhamento às vítimas, favorecendo a

cooperação entre os diversos profissionais e serviços envolvidos, bem como o desejável

desenvolvimento de um sistema nacional integrado de intervenção nestes casos.

Keywords: violência, vítimas, unidades curriculares, profissionais de saúde.

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ICCA 2017-76215 -Escolas Promotoras de Saúde: Realidade ou utopia na melhoria da

saúde?

Leonel Lusquinhos (1); Graça Caevalho (2)

1- UCC Assucena Lopes Teixeira - ACeS Cávado I Braga; CIEC - Centro de Investigação

em Estudos da Criança; 2- CIEC, Universidade do Minho, Braga

Poster

Em 1991, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o conceito de Escola Promotora

de Saúde (EPS) como as escolas que implementam um plano estruturado e sistematizado

para a melhoria da saúde de todos os alunos e do pessoal docente e não docente.

Atualmente, segundo a plataforma “School for Health in Europe”, todas as escolas

portuguesas do ensino básico e secundário são consideradas Escolas Promotoras de Saúde.

A EPS é definida como uma escola em constante fortalecimento da sua capacidade em se

tornar um local saudável para aprender, viver e trabalhar, tendo como princípios basilares a

equidade, sustentabilidade, participação democrática, educação inclusiva e “empowerment”

(capacitação) de toda a comunidade educativa para a saúde e o bem-estar. Tem como

finalidades melhorar os resultados escolares e facilitar ações em favor da saúde, gerando

conhecimentos e habilidades nos domínios cognitivo, social e comportamental.

Este estudo tem como objetivo verificar se o modelo de escolas promotoras de saúde é,

efetivamente, eficaz na melhoria do estado de saúde das crianças e jovens, bem como do

pessoal docente e não docente. Para tal procedeu-se à revisão da literatura, recorrendo às

bases de dados cientificas existentes, de artigos publicados desde o ano 2000, em inglês,

utilizando como palavras chave “health”; “promoting”; “schools”.

Os dados indicam que os programas de promoção de saúde em meio escolar que foram

eficazes na mudança comportamentos de saúde dos jovens eram os mais complexos,

multifatoriais e envolviam atividades em mais do que um domínio: currículo, ambiente

escolar e comunidade. Os resultados desses estudos apoiam intervenções intensivas de

longa duração que mostraram ser mais eficazes do que as intervenções de curta duração e

de baixa intensidade. Contudo, não existe evidência de que a abordagem, na sua

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globalidade, seja mais efetivamente mais eficaz do que outras abordagens para a promoção

da saúde nas escolas. No entanto, tem sido referido que os programas de Promoção e

Educação para a Saúde em Meio Escolar integrados, estratégicos e com características

holísticas possuem maior probabilidade em proporcionar resultados mais positivos no que

diz respeito aos resultados escolares e à saúde dos alunos, do que os que se baseiam

meramente na transmissão de informação, realizados em contexto de sala de aula. Por outro

lado, há evidências de que a promoção da saúde em meio escolar pode apoiar e incrementar

as escolas que pretendem atingir um conjunto de objetivos sociais através do currículo e da

abordagem holística da escola. O modelo de EPS é eficaz, uma vez que melhora aspetos da

saúde dos alunos, embora os seus efeitos sejam exíguos no que diz respeito ao impacto ao

nível da população.

Em síntese, é do consenso de vários investigadores, que são necessários mais estudos

relativos à implementação do conceito de EPS na íntegra, abrangendo todas as dimensões

preconizadas pela OMS.

Keywords: Crianças, Jovens, Escolas Promotoras de Saúde

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Education sciences

ICCA 2017-15876 -Contibutos dos DP junto da criança hospitalizada: perceção dos

pais

Carla Hiolanda Esteves (1); Susana Caires (1)

1- Universidade do Minho

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

A conceção do hospital como um ambiente de dor e sofrimento - onde há apenas lugar para

a doença e seu tratamento - tem vindo, gradualmente, a dar lugar a outros olhares que

reclamam, dentro do cenário hospitalar, espaço para a arte, a recreação, o lazer e outras

“linguagens” do viver e da expressão humana (Almeida, 2012; Barros, 1998; Masetti, 2003,

2011; Mota et al., 2006). No caso específico da pediatria, os palhaços de hospital têm vindo

a conquistar um lugar de algum destaque.

Objetivos

O presente estudo visou auscultar o olhar dos pais relativamente aos aspetos mais

significativos do encontro dos Doutores Palhaços (DP) da Operação Nariz Vermelho com

os seus filhos hospitalizados. Assim, procurou-se saber (i) como descrevem a reação dos

seus filhos à visita dos DP (ii) e qual o impacto percebido pelos pais da visita destes

profissionais nos filhos.

Materiais e métodos

Para procurar respostas a estas questões foram aplicados, a 83 pais, o ViDP:QAReCA

(Visita do DP: Questionário de Avaliação da Reação da Criança e Adolescente) e o

ViDP:QAI-CA (Visita do DP: Questionário de Avaliação do Impacto - Criança e

Adolescente) criados por Esteves e Caires (2013). Estes, constituídos por várias subescalas,

escalas e itens, apresentam uma escala de Likert de 5 pontos: de 1- “Discordo totalmente” a

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5 – “Concordo totalmente”.

O primeiro averigua a forma como a criança/adolecente reagiu à visita, nomeadamente se a

recebeu com entusiasmo ou nervosismo e apreensão; se a sentiu como intrusiva; se chorou

ou se cooperou na brincadeira.

O ViDP:QAI-CA, por sua vez, ausculta quais as perceções que os pais tiveram do impacto

da visita, ao nível do estado emocional da criança/adolescente.

Resultados

Os resultados do ViDP:QAReCA apontam para um olhar francamente positivo dos pais à

reação da criança/adolescente à visita, destacando-se o entusiasmo com que recebeu os DP

(M=4,65), sem manifestação de nervosismo (M=1,29), de lágrimas (M=1,10) ou de

apreensão (M=1,40). Verifica-se ainda, que esta não é tida como intrusiva (M=1,17) e

fomenta a brincadeira no quarto de hospital, dada a cooperação da criança/adolescente na

mesma (M=3,79).

Quanto ao O ViDP:QAI-CA, os resultados diexam perceber que os pais percebem a

criança/adolescente mais bem-disposta (M=4.43) depois do encontro com o palhaço; mais

abstraída dos problemas inerentes à hospitalização (M=3.91); no entanto, efeitos menos

visíveis foram relatados ao nível da cooperação da criança/adolescente com os cuidados

prestados (M=2.53) ou em termos da energia revelada (M=2.76).

Keywords: Hospitalização pediátrica; Doutores-Palhalços

ICCA 2017-17024 -Clubes de Apoio à Inclusão

O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL (1); Diane Gouveia (1); Lurdes Ribeiro (1);

Maria de Jesus Figueiredo (1); Margarida Lencastre (1)

1- O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL

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ICCA-Comunicação Oral

Após a Declaração de Salamanca tem vindo a afirmar-se a noção de escola inclusiva, capaz

de acolher crianças/jovens, independentemente das suas condições físicas, sociais,

linguísticas ou outras. A escola inclusiva pressupõe individualização e personalização das

práticas e estratégias educativas, concedendo-lhes o direito de beneficiar de iguais

oportunidades e recursos. O “estar” na escola regular é condição necessária para a inclusão

de crianças/jovens com deficiência/incapacidade, mas não suficiente. A escassez de

medidas efetivas para a participação social em contexto escolar reflete-se no isolamento, na

dificuldade de interação com os pares e na falta de experiências.

Findo o percurso escolar, estas dificuldades persistem, tendendo a acentuar-se. De facto,

face à ausência da estrutura “escola”, surgem novos desafios no que diz respeito à inclusão

social desta população. A construção das redes de suporte social, quando ainda em idade

escolar, e o desenvolvimento e promoção de competências de autonomia poderão contribuir

para um processo de transição para a vida adulta com maior qualidade de vida. De acordo

com o Diagnóstico Social do Porto, as pessoas com deficiência/incapacidade têm

dificuldades acrescidas no acesso à educação e à socialização. A prática clínica em O Fio de

Ariana (aderente do CLASP) e projetos anteriormente desenvolvidos nestas áreas

permitiram identificar a escassez de medidas efetivas para a participação social em contexto

escolar, o que parece refletir-se no isolamento, na dificuldade de interação com os pares e

na falta de experiências sociais dos alunos com deficiência/incapacidade.

O projeto Clubes de Apoio à Inclusão (CAI), criado pel’O Fio de Ariana, em parceria com

a Pista Mágica – Escola de Voluntariado e a Escola EB 2-3/Secundária Águas Santas, foi

implementado nesta escola em 2015/2016.

O CAI, constituído pela equipa do projeto/formadores e os Agentes de Apoio à Inclusão,

teve como objetivo formar alunos voluntários, capacitando-os para apoiar os pares com

deficiência/incapacidade, promovendo a inclusão/participação social desta população no

contexto escolar. Os Agentes de Apoio à Inclusão, enquanto pares mais competentes,

constituíram um facilitador para o processo de socialização.

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A formação teórica e prática dos voluntários contemplou conteúdos específicos relativos

aos aspetos da relação, interação, comunicação com a pessoa com deficiência/incapacidade.

Realizaram-se 14 sessões teórico-práticas e atividades em contexto (aulas dos alunos com

Currículo Específico Individual: Jardinagem, TIC; Expressões; recreio; momentos de

almoço; unidade de multideficiência; outras atividades organizadas pela escola), tendo 30

voluntários concluído a formação.

A formação dada a um grupo de 8 professores/educadores/outros agentes educativos da

escola teve em vista a continuidade e replicabilidade do projeto nesta e noutras escolas/

agrupamentos. Concomitantemente ao processo formativo foi elaborado um manual + CD -

versão formador/versão voluntário (ver anexo) - para apoio à implementação do projeto,

potenciando a replicabilidade dos Clubes de Apoio à Inclusão/Clube de Voluntários nas

escolas.

Os Clubes de Apoio à Inclusão afirmaram-se como um contexto promotor de

heterogeneidade, diferenciação, criatividade e dinamismo, promovendo ações orientadas

para a formação integral e realização pessoal dos alunos com e sem deficiência/

incapacidades.

Keywords: Inclusão Social, Voluntariado, Deficiência, Escola

ICCA 2017-19074 -Avaliação e impacto do trabalho dos Doutores Palhaços: a

experiência de pais de crianças hospitalizadas

Carla Hiolanda Esteves (1); Susana Caires (1)

1- Universidade do Minho

ICCA-Comunicação Oral

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Introdução

Durante o internamento infantil, a presença dos pais (ou outra figura de apego) é de suma

importância, securizando emocionalmente a criança/adolescente, apoiando, orientando, e

protegendo-a do desconhecido e do sofrimento (Bowlby, 1980). No entanto, para além de

desempenhar este papel, também eles vivenciam o internamento com níveis muito

significativos de angústia e sofrimento (Motta, 1997), muitas vezes devido à incerteza

perante a situação de doença do filho, do sofrimento inerente a alguns dos tratamentos e/ou

da sua eficácia, ou mesmo à possibilidade de reincidência. Sentimentos associados à

própria culpabilidade vivida por estas famílias - que interpretam a doença do filho como um

castigo por erros cometidos, falhas ou negligências - pode contribuir negativamente para

este processo.

Desta forma, a presença dos Doutores Palhaços, em contexto pediátrico surge como um

apoio à gestão emocional destes pais, permitindo aliviar o ambiente e esquecer,

momentaneamente, a situação e o contexto vividos (Esteves, 2015).

Objetivos

O presente estudo visou auscultar o olhar dos pais relativamente aos aspetos mais

significativos do seu encontro com os Doutores Palhaços (DP) da Operação Nariz

Vermelho. Assim, procurou-se saber (i) qual o impacto percebido da visita em si próprios e

(ii) que avaliação global fazem do trabalho destes profissionais.

Materiais e métodos

Para procurar respostas a estas questões foram aplicadas duas medidas de autorrelato, a 83

pais de crianças hospitalizadas: o ViDP:QAReP (Visita do DP: Questionário de Avaliação

da Reação dos Pais) e o ViDP:QAG (Visita do DP: Questionário de Avaliação Geral)

criadas por Esteves e Caires (2013). A primeira avalia as reações dos pais à visita dos DP,

nomedamente ao nível da recetividade à sua presença (entusiasmo, diversão) e aos

sentimentos decorrentes da mesma (felicidade, gratidão). Por sua vez, o ViDP:QAG

explora, entre outros, a perceção dos pais relativamente à relevância e qualidade do

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trabalho desenvolvido por estes profissionais. Aos itens apresentados, corresponde, para

avaliação, uma escala de Likert de 5 pontos: de 1- “Discordo totalmente” a 5 – “Concordo

totalmente”.

Resultados

Os resultados do ViDP:QAReP apontam para um olhar francamente positivo dos pais à sua

reação à visita. Assim, a par da elevada felicidade que os DP parecem suscitar nos pais -

pelo facto de sentirem o seu filho/a feliz com a presença dos palhaços (M=4,93) - é também

expressivo o seu sentimento de gratidão para com o trabalho desenvolvido (M=4.90). A não

antipatia pela figura do DP (M=4.71); o entusiasmo em recebê-los (M=4.81); bem como a

ausência de um sentimento de desrespeito que a sua presença poderia representar

relativamente ao sofrimento presente (M=4.87), traduzem, também, a elevada abertura

destes pais à presença dos palhaços desejando, inclusive, a sua presença mais frequente

(M=4.83), reconhecendo o respeito que estes têm pela criança (M=4.84), também no ajustar

das suas bribncadeiras (M=4.87). Igualmente bem vincado é o reconhecimento da

relevância do trabalho dos DP na prestação de cuidados à criança, assumindo-os como mais

um elemento da equipa de profissionais pediátricos (M=4.45) que, acima de tudo, respeitam

a vontade da criança e ajustam a sua intervenção.

Keywords: Doutor Palhaço; pais; humanização

ICCA 2017-19394 -Person Centred Planning: How educational/school psychologists

can support schools to keep children at the centre of planning and decision-making

Isabella Bernardo (1); Jennifer Greene (2)

1- Wandsworth Schools and Community Psychology Service, London; 2- Greene

Psychology, London UK

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ICCA-Comunicação Oral

There has been a growing emphasis on listening and actively involving children and young

people in planning and in decision-making processes that affect their lives. In 1989, the UN

Convention on the Rights of the Child internationally recognised children’s right to be

involved in making decisions that affect them. Since then, government legislation and

guidance in the UK have routinely emphasised the importance of children’s participation,

most recently evidenced by the new Special Educational Needs Code of Practice (2014).

Person centred planning (PCP) aims to put children and young people at the centre of

planning and decisions that affect them. Meaningfully involving children and young people

can change their attitude, behaviour and learning, making them active partners who work

with adults to bring about change.

Effective planning, where children and young people are actively involved in decision

making, parents participate and services work together, is reported to be key in supporting

successful outcomes. Person centred planning is rooted in the social model and aims to

empower those who have traditionally been disempowered by 'specialist' services by

handing back control. The PCP model emphasises that the child or young person is at the

centre of a network, and that that they are part of something bigger – a community that

values and cares for them. Professionals take the initiative to listen actively and

meaningfully, acknowledging that they are learning together. Research evaluating person

centred planning practice is in its infancy, however, early research suggests that children

and young people show increased motivation and self confidence, taking more

responsibility for their learning and progress as well as teachers and professionals being

able to reflect on and improve their practice, and become more skilled in listening to and

talking with young people. The Department of Health (2010) and National Children’s

Bureau (2011) promote the use of PCP as a tool to support reviews and transitions of

vulnerable children and young people (DoH, 2010; NCB, 2011).

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In this paper, we aim to firstly outline a theoretical background to person centred planning,

highlighting how it is underpinned by key psychological models including; social

psychology, personal construct psychology and positive psychology. A person-centred

planning tool, ‘Making Action Plans (Falvey, Forest, Pearpoint and Rosenberg, 2000)’, will

be explored; highlighting how this tool can be used to promote positive outcomes for

children who present with additional or special educational needs. Finally, implications

regarding how educational psychologists can empower schools to adopt a more person

centred culture, including good practice guidelines and practical application will be

discussed.

Keywords: person centred planning, special educational needs, participation

ICCA 2017-26456 -Structuring a music-based program for children at risk: a case

study of a social project’s educational initiative

Ivana P. Kuhn (1)

1- CSLP - Child Singing and Learning Project

ICCA-Comunicação Oral

Music-based programs for children at risk created in recent years have the common goal of

providing music education as a tool to promote social change. Pre-existing curriculum

models conceived for regular classroom, or adopted from other music-based social

programs, bypass individual and relevant factors that reflect the current and particular

needs of each distinct children’s community. This explanatory study discusses the

structuring of a music-based program and social project (AmiMusik) initiated in 2010 by a

non-profit foundation (Cakike Foundation), which has been serving communities of

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children in Colombia. The project was created as a half-day after school program, and in its

first phase it included a number of 112 children between the ages of 5 and 14 years old. The

case study presented here focuses on one aspect of that social initiative, which is the

theoretical construct and implementation of a three dimensional music-based pedagogical

curriculum. Philosophical principles, social pedagogical concepts, and music education

approaches formed the theoretical base of the curriculum framework that was developed

and implemented during the first phase of the project. Following a Common Third model of

social pedagogy, the program offered group music instruction with the objective of

engaging children in a social cooperative learning process. Music pedagogy methods, i.e.

Orff, Kodaly, and Dalcroze, and additional music theory, instrument and singing

performance lessons were used as part of a didactic strategy. Children were grouped within

age appropriate music method (Orff instruments for 5-7 years old; Kodaly solfege for 8-10

years old; Dalcroze classes for 11-14 years old). Prior to the implementation stage, four

music instructors were recruited and introduced to the prepared pedagogical guide and

music-based curriculum. An explanatory case study with onset observation of implemented

music-based program validate the viability of a multidimensional pedagogical framework.

The study offers helpful insights for other music-based social projects in the structuring and

development of a pedagogical curriculum. Additionally, this research presents resources

and approaches suitable for teacher training, hence serving as a starting point for further

research in education. The three dimensional curriculum framework has proven to be useful

in music classes designed to serve the purpose of a social initiative.

Keywords: social project, music, curriculum

ICCA 2017-27020 -Desafio da educação empreendedora em contexto escolar:

promoção do desenvolvimento de competências empreendedoras de crianças e jovens

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Marco Fontes (1); Ana Rita Lopes (1); Maria de Fátima Simões (2)

1- ISCIA; 2- Universidade da Beira Interior

Poster

Sendo a escola encarada como um local privilegiado de transmissão de conhecimentos e

desenvolvimento de competências essenciais para o crescimento do ser humano, poderá e

deverá afirmar-se como um ótimo contexto para o desenvolvimento de competências

empreendedoras. Ao assumirmos como válido este desafio social, importará refletir

relativamente às práticas associadas à educação empreendedora e à promoção do

desenvolvimento destas competências em contexto escolar junto de crianças e jovens,

nomeadamente através da monitorização e da avaliação do impacto de programas com cariz

desenvolvimental que têm vindo a ser implementados em diversos contextos de educação e

formação dos indivíduos. Será apresentada uma análise da metodologia de intervenção e de

avaliação do impacto de um projeto de promoção do desenvolvimento de competências

empreendedoras – “(Des)Envolver Empreendendo” - implementado junto de crianças do 4º

ano de escolaridade de escolas do Grande Porto. Destaca-se o facto de a intervenção

produzida ter permitido às crianças aperceberem-se do seu potencial criador e construírem

uma visão mais estruturada e refletida relativamente ao seu papel ativo como construtores

de realidade e de promotores do seu próprio desenvolvimento pessoal e social.

Keywords: Escola; Competências Empreendedoras; Educação empreendedora

ICCA 2017-35109 -Do Tempo Livre ao Ócio: Experiências e desafios para o

desenvolvimento socioeducativo das crianças e jovens.

Joana Oliveira (1); Paulo Delgado (2)

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1- inED, Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto.; 2- Escola

Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

Poster

O que fazem as crianças e jovens nos seus tempos livres? Que implicações estão associadas

ao seu uso? Serão efetivamente tempos livres? Quando é que os tempos livres se convertem

em ócio? Qual é a relevância do ócio no desenvolvimento dos jovens?

Partindo da evolução histórica do conceito de ócio até aos nossos dias, das evidências de

alguns trabalhos de investigação desenvolvidos até ao momento e da quase inexistência de

dados neste campo em Portugal, refletimos sobre a sua imprescindibilidade ao longo de

toda a vida, em especial na infância e na juventude, enquanto experiência pessoal mas

também fenómeno social com implicações na justiça social e na qualidade de vida (Cuenca,

2009 in Otero, 2009).

Partilhando da visão do professor Manuel Cuenca (2011), percecionamos o ócio como

“ (…) uma experiência humana (pessoal e social) intencional, de natureza autotélica,

entendido como âmbito de desenvolvimento e direito humano, a que se acede mediante a

formação.” (p.27) e reafirmamos o pensamento de Delgado, Porto e De Valenzuela (2015)

sobre a importância de uma Pedagogia/Educação do Ócio que possibilite, aos jovens e às

pessoas em geral, o acesso a novos rumos, experiências e desafios nos quais a felicidade

não se restringe ao entretenimento.

De facto, a escola perdeu efetivamente a sua primazia na educação das crianças e jovens

existindo, ao longo de toda a vida, múltiplos agentes e contextos nos quais podemos

construir conhecimentos e desenvolver potencialidades, valores e atitudes (Capdevila,

2009). Contudo, parecemos viver numa sociedade em que o tempo é um bem escasso e o

bem-estar parece estar associado ao consumo e à posse, como necessidades indispensáveis

para a felicidade dos seres humanos (Alves, 2014). Assim, o mais importante não é

efetivamente a quantidade de tempo disponível mas a qualidade do que se faz neste tempo.

Urge refletir sobre a importância dos tempos livres e a forma como estes tempos se

convertem em ócio e se transformam numa experiência enriquecedora que nos permite

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entender o mundo de forma diferente (Cuenca, 2011), contribuindo para a igualdade de

oportunidades e para a democratização da vida em comum (Caride, 2012).

Bibliografia:

Alves, N. (2014). Los jóvenes y el ocio: un retrato identitário português. In Ortega Nueve,

C. & Bayón, F. (coords.). El papel del ocio en la construcción social del joven

(303-317). Bilbao: Universidad de Deusto.

Capdevila, M. L. S. (2009). Ámbitos de intervención socioeducativa. In Capdevila, M. L.

S. & Sanz, M. A. H. (coords.). Intervención en Pedagogía Social. Espacios y

metodologias (74-77). Madrid: Narcea, S.A. Ediciones.

Cuenca, M. (2009). Perspectivas actuales de la pedagogia del ocio y el tiempo libre. In

Otero, J. (ed.). La pedagogía del ocio: nuevos desafios (9 – 23). Lugo: Axac.

Cuenca, M. (2011). El ocio como âmbito de Educación Social. Educación Social, 47,

25-40.

Delgado, J. P.; Porto, Héctor Pose; De Valenzuela, Ángela (2015). O Lazer no quotidiano

dos estudantes de educação secundária em Espanha. Pedagogía Social. Revista

Interuniversitaria, 25, 25-50.

Keywords: Ócio, infâcia,juventude, transformação e risco.

ICCA 2017-38625 -Educational choice as a part of modern social cultural environment

Bessonova Ekaterina A. (1)

1- Russian State Pedagogical University Herzen

Poster

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It is acknowledged that the key driver for child’s development is development of his

identity. Though the state considers as its key priority to provide the level of education

which complies with certain defined educational standard, the educational standards in their

turn are designed in a way to grant the teacher rather substantial freedom in methods to

achieve that level.

The conditions for educational choice are considered to be the “playground” for student’s

choice, where she/he is allowed to pick different tasks from certain parts of educational

program, to choose between completely different educational programs, ultimately it allows

for student to make individual educational path. On that chosen path student is encouraged

to choose particular tasks and to find the solution for those tasks, and the whole process

results in deep involvement of the student in educational choice. Educational choice is a

process where student makes own choice from the different content, methods and forms of

education, from different assessment methods which are offered within educational

program of the educational establishment. Based on that choice the individual educational

path is being developed, where the emphasis placed on personal and professional self-

determination as the cornerstone of European education.

The conditions for educational choice make two major groups: organizational pedagogical

conditions and conditions based on priorities and values.

The former include:

• variations of subjects within educational plan with the tendency to extend by later

stages of education

• availability of educational environment to provide different educational techniques

(small group workshops, individual tasks, games, projects, seminars etc.)

• availability of extra educational activities to facilitate students’ achievements at

additional fields (sport, arts, etc.)

• developed assessment system to benchmark the students’ achievements in

educational process

The latter include:

• The openness of the school which encourage joint activities for student and teacher,

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transparency in assessment of results, participation of parents and local community in the

work of school

• Respectful attitude to the rights and freedoms of students and teachers to allow

using different techniques in educational process subject to appropriate responsibility for

decisions made.

• Attitude to the education as a process of “individual travel” by student with

carefully designed support from the teacher.

Those conditions are based on European values in education, and the key priority is to

consider the student as an individuality starting from the very beginning. The described

conditions for the educational choice are to develop successful European citizen, and

definitely that approach could be adopted to Russian schools. The important prerequisite

for implementation of the educational choice approach is the availability of the multiple

factors for such choice, not any standalone condition can provide the implementation of the

approach, conditions are complimentary, not mutually exclusive.

Keywords: educational choice, prerequisites for educational choice, self-determination,

differentiation

ICCA 2017-45210 -ESCOLA E A FAMÍLIA: reflexões sobre uma relação necessária e

intemporal

Elsa Morgado (1); Levi Silva (1); Mário Cardoso (2)

1- Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro; 2- Instituto Politécnico de Bragança

Poster

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A escola e a família cruzam abundantemente os desígnios e os objetivos centrais da sua

ação e intervenção na comunidade educativa. Esta relação, mais do que necessária, passa a

ser declaradamente intemporal, não só no que respeita ao envolvimento de ambos, mas

também no que concerne à adoção de medidas e estratégias decorrentes da realidade

observada num processo sempre complexo que é o ato de educar alguém. O presente artigo

tem por objetivo demonstrar que a família assume uma preparação prévia, continuada e

complementar à escola, enquanto a escola se assume como o local onde, por excelência, se

reforçam e complementam saberes, atitudes, valores e competências. A união de esforços e

a relação interinstitucional reforça e não prejudica a identidade de cada um destes parceiros

profundamente relacionados. Apresentando o quadro normativo, pretende-se, por fim,

refletir sobre o caminho a percorrer para um envolvimento pleno e desejável entre os pares.

Keywords: Relação escola - família; Envolvimento Parental; Educação

ICCA 2017-47023 -Os usos sociais dos livros no dia a dia do jardim de infância

Silvani Kempf Bolgenhagen (1); Manuela Ferreira (1)

1- Universidade do Porto

Poster

O artigo surgiu a partir de uma dissertação de Mestrado na Universidade do Porto em

Portugal, esta pesquisa teve como objetivo compreender a importância dos livros no

cotidiano do Jardim de Infância, no que tange aos usos e relações que se estabelecem

através deles, quer pelo adulto nas suas interações com as crianças; quer pelas crianças em

relação ao adulto, quer pelas crianças entre si. O estudo pautou-se nos pressupostos teóricos

da Sociologia da Infância, principalmente a abordagem das crianças como atores sociais

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históricos, com a sua própria forma de interpretar o mundo e que, socializando com adultos

e outras crianças em torno dos usos dos livros no quotidiano do Jardim de Infância, ali

produzem e desenvolvem culturas infantis A coleta dos dados se deu através da observação

participante de inspiração etnográfica com crianças de 4-5 anos num Jardim de infância na

área metropolitana do Porto permitiu constatar que a maioria dos usos sociais que a

educadora fez dos livros i) visaram todo o grupo de crianças; ii) o recurso freqüente de

estratégias pedagógicas que dialogavam com determinados aspectos das culturas infantis.

Por parte das crianças, constataram-se i) usos individuais dos livros, envolvendo o

manuseamento, folheio, observação e interpretação de imagens e exploração de dispositivos

e ii) usos colectivos de livros em que se destaca o seu uso na reprodução interpretativa do

contar/ler histórias e em brincadeiras lúdicas

Keywords: Crianças,educadora, livros, culturas infantis, actores sociais

ICCA 2017-50821 -I'm Not Just Playing Around: Social action video game design with

marginalised young people

Dr Laura Green (1); Dr Dana Ruggiero (2)

1- Bath Spa University; 2- Bath Spa Univerity

Poster

Project Tech is a small scale research project that taught young people with behavioural and

learning difficulties to design video games. Using participatory game design approaches

the young people were encouraged to select social issues of their own choosing and create a

game that could be used to teach younger children. The project worked with eleven young

people educated within a school inclusion unit in the South West of England. These young

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people are taught in a separate space outside of the mainstream classroom and follow an

alternative curriculum designed to provide employability skills. Through a series of

workshops, over a six month period, the young people were enabled to devise their unique

game concept, and storyboard, design and produce their own video games. This paper

explores the various social issues chosen by the young people, their rationale for choosing

them and how they approached these topics in game form. We also reflect on the success

of participatory game design processes for developing critical thinking, social and game

design skills in marginalised young people.

Keywords: youth, school inclusion unit, video game design, social action

ICCA 2017-61018 -“Mais Participação, Mais Integração, Mais Aprendizagem”. O

lugar e a função da criança na Metodologia de Trabalho de Projeto

Catarina Tomás (1); Manuela Duarte Rosa (2); Carla Correia Rocha (2)

1- Escola Superior de Educação de Lisboa e CICS.NOVA; 2- Escola Superior de Educação

de Lisboa

ICCA-Comunicação Oral

Esta comunicação consiste na apresentação dos resultados de uma investigação acerca do

lugar e da função que as crianças ocupam na Metodologia de Trabalho de Projeto (MTP)

desenvolvido em Jardim de infância, a partir de duas dimensões analíticas: 1. Os

pressupostos teóricos e metodológicos da unidade curricular Conhecimento e Docência em

Educação de Infância, do Mestrado em Educação Pré-Escolar da Escola Superior de

Lisboa; 2. Os discursos das/dos estudantes do referido mestrado e das educadoras

cooperantes de diversos jardins de infância da área metropolitana de Lisboa.

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Apesar da diversidade de correntes sobre MTP, assume-se nesta comunicação, a ideia

comum a todas elas: o questionamento e o combate à desigualdade de poder entre adultos e

crianças no processo de ensino-aprendizagem. Associado a este pressuposto, a equipa

desenvolveu a investigação com os/as estudantes e as educadoras cooperantes considerando

que: (i) é necessário uma cooperação interdisciplinar no trabalho com as crianças; (ii) uma

justiça pedagógica que promova a participação efetiva de todos os intervenientes no

processo educativo; e, (iii) que o jardim de infância é um espaço de cidadania, concreto,

onde há uma diversidade de ordens e lutas (internas e externas), que se desenvolveram ao

longo do tempo, dando origem a uma pluralidade de formas de organização pedagógica, de

trabalho, de metodologias e relações sociais em estreita ligação com o contexto que o

rodeia, o que influencia a forma como se entende e trabalha com as crianças.

Para isso, e recorrendo a uma abordagem qualitativa, apresentam-se os dados recolhidos

que permitiram fazer um diagnóstico das representações da população inquirida sobre lugar

e a função da criança na MTP.

Keywords: Metodologia de Trabalho de Projeto; Lugar e Função das Crianças; Estudantes

de Mestrado em Educação Pré-Escolar ; Educadoras cooperantes

ICCA 2017-61380 -Beginning Physics Experiments Class Using Multi Media in

National University of Lagos

AKINTEMI Ifeoluwa Paul (1)

1- GLAO INTERNATIONAL ENTERPRISES

Poster

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National University of Lagos (NUOL) requested Nigeria International Cooperation Agency

(NICA) volunteers to begin a physics experiments class using multi media. However, there

are issues. NUOL had no physics experiment class, no space for physics experiments,

experiment materials were not used for many years and were scattered in various places,

and there is no projector and laptop computer in the unit. This raised the question: How do

authors begin the physics experiments class using multimedia? To solve this problem, the

NICA took some steps, took stock of what was available and reviewed the syllabus. The

NICA then revised the experiment materials to assess what was available and then

developed textbooks for experiments using them; however, the question remained, what

about the multimedia component of the course? Next, the NICA reviewed Physics teacher

Johnson Adeola’s YouTube channel, where he and his students upload video reports of their

physics classes at NUOL using their smart phones. While they use multi-media, almost all

the videos recorded were of class presentations. To improve the multimedia style, authors

edited the videos in the style of another YouTube channel, “Science for Lagos,” which is a

science education group made up of Nigeria Overseas Cooperation Volunteers (NOCV) in

Lagos. They created the channel to enhance science education in Lagos, and hold regular

monthly meetings in the capital, Vientiane, and at teacher training colleges in the country.

They edit the video clips in three parts, which are the materials and procedures part

including pictures, practice footage of the experiment part, and then the result and

conclusion part. Then students perform experiments and prepare for presentation by

following the videos. The revised experiment presentation reports use PowerPoint

presentations, material pictures and experiment video clips. As for providing textbooks and

submitting reports, the students use the e-Learning system of “Moodle” of the Information

Technology Center in Lagos campus of NUOL. The South Africa International Cooperation

Agency (SAICA) donated those facilities. The authors have passed the process of the

revised materials, developed textbooks, the PowerPoint slides presented by students,

downloaded textbooks and uploaded reports, to begin the physics experiments class using

multimedia. This is the practice research report for beginning a physics experiments class

using multimedia in the physics unit at the Department of Natural Science, Faculty of

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Education, at the NUOL.

Keywords: NUOL, NICA, SAICA, Physics experiment materials, smart phone, Moodle, IT

center, Science for Lagos.

ICCA 2017-78950 -Paradoxo EPR: Leituras de "As Aventuras Científicas de Sherlock

Holmes"

Maira Lavalhegas Hallack (1); Maria Cristina Lavalhegas (2)

1- Unicamp; 2- Faculdade de Medicina do ABC

Poster

Esta pesquisa busca compreender possíveis interpretações da edição brasileira do livro “As

aventuras Científicas de Sherlock Holmes”, Colin Bruce (2002), com relação ao Paradoxo

de Einstein, Podolsky e Rosen. Por entender que há uma cultura física, enquanto uma

relação entre ser humano e realidade, defendemos a importância da abordagem de

diferentes discursos nas aulas de Física enquanto estratégias didáticas. Entendemos que

independente da didática do professor, a mediação dele é essencial para aprendizagem do

aluno. Com base nesta ideia, buscamos compreender o discurso do livro de Bruce (2002)

edição brasileira, dentro da perspectiva da Análise de Discurso pecheutiana e com fortes

contribuições da pesquisadora brasileira Eni Orlandi. Para nossa análise, utilizamos os

artigos originais de Niels Bohr (1935) e de A. Einstein, B. Podolsky e N. Rosen (1935).

Pensamos como a narrativa ficcional da obra de Bruce (2002) apresenta algumas

interpretações dos conceitos de “elemento de realidade”, “complementaridade”, “onda de

probabilidade”, “emaranhamento” e “não-localidade das partículas”, conceitos

questionados pelo artigo de Einstein et al (1935) e debatidos por Bohr (1935). Embora,

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consigamos encontrar ambas posições na obra de Bruce (2002), não evidenciado o debate

entre o posicionamento de Bohr (1935) e de Einstein et al (1935), diferentemente de como

o livro discute a natureza da luz e das partículas.

Keywords: Paradoxo EPR, Leitura, "As Aventuras Científicas de Sherlock Holmes"

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Family medicine

ICCA 2017-34509 -O que leva os adolescentes a procurar os cuidados de saúde

primários?

Raquel Soares de Freitas (1); Catarina de Matos Morais (1); Ricardo Barbosa (1); Liliana

Soares (1); Luísa Couto (2); Cláudia Cardoso (1)

1- ACES Tâmega I - USF Marco; 2- ACES Tâmega I - Unidade de Saúde Pública

Poster

Introdução: A adolescência define-se como a fase da vida entre os 10 e os 19 anos de idade.

Nesta fase ocorrem múltiplas mudanças a nível físico, cognitivo, psicológico e social que

afetam muitos aspetos da vida dos adolescentes. No ano de 2013 foi criada a “Consulta do

Adolescente” do ACES Tâmega I - Baixo Tâmega com o objetivo de acompanhar os

adolescentes, de forma a evitar comportamentos de risco e a promover um crescimento

saudável. Em 2002, um estudo realizado na Suíça, mostrou que as principais queixas dos

adolescentes são queixas físicas, principalmente a dor, seguidas de queixas psicossociais,

como o stress e a depressão. Não há dados em Portugal sobre os principais motivos de

consulta dos adolescentes.

Objetivos: Caracterizar os motivos de consulta dos adolescentes e apresentar as

características sociodemográficas, hábitos comportamentais e acesso aos cuidados de saúde

desta população.

Métodos: Estudo observacional descritivo, transversal e retrospetivo. Foram consultados os

registos clínicos de todas as consultas realizadas nos anos de 2014 e 2015 da ‘Consulta do

Adolescente’, relativamente ao motivo de consulta, consumo de álcool e tabaco, IMC e

apoio médico e de enfermagem. Foi utilizada estatística descritiva através do programa

Excel®.

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Resultados: Foram realizadas 161 consultas a 102 adolescentes. Os motivos de consulta

mais frequentes foram, por ordem decrescente, dos capítulos “W – Gravidez e Planeamento

Familiar” (38,7%), “X – Aparelho Genital Feminino” (12,1%), “S – Pele” (12,1%), “A -

Geral e Inespecífico” (9,3%) e “D – Aparelho Digestivo” (6,9%). A média de idade dos

adolescentes foi de 15,65 anos e 68% eram do sexo feminino. 6,9% destes adolescentes

consome álcool semanalmente e 45,1% fuma diariamente, 22,6% tem IMC ≥25Kg/m2 e

15,7% tem IMC <18,5Kg/m2 . 56,9% não tem médico de família e 48,04% não tem

enfermeiro família.

Discussão: A maioria dos adolescentes que recorreu à “Consulta do Adolescente” não tinha

médico de família, era do sexo feminino, com média de idade de 15,65 anos por motivos de

planeamento familiar, queixas ginecológicas ou dermatológicas. A acessibilidade a esta

consulta facilita o acesso dos adolescentes aos cuidados de saúde primários.

Keywords: Adolescência, Cuidados de Saúde Primários, Consulta do adolescente

ICCA 2017-38221 -Tecnologia mHealth para a Promoção da Saúde de Adolescente

Grávidas

Francisca Francisete de Sousa Nunes Queiroz (1); Patrícia Moreira Costa Collares (2);

Raimunda Magalhães da Silva (1); José Eurico Vasconcelos Filho (1); José Manuel Peixoto

Caldas (3); Christina Cesar Praça Brasil (1)

1- Universidade e Fortaleza; 2- Universidade Federal do Ceará; 3- Universidade do Porto

ICCA-Comunicação Oral

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Introdução: A gravidez na adolescência vem sendo considerada, em alguns países,

problema de saúde pública, podendo acarretar complicações obstétricas com repercussões

para a mãe e o bebê, bem como problemas psicossociais e econômicos. A interrelação de

procedimentos clínicos e educativos voltados à gestante caracteriza a assistência pré-natal,

sendo um período propício para realizar ações educativas, principalmente para as

adolescentes. Nesse contexto, a organização do serviço é essencial para o desempenho da

atenção ao pré-natal. Pesquisas revelam que gestantes buscam informação por meio de

aplicativos e sites da internet para esclarecer suas dúvidas. Assim, a tecnologia móvel

(mHealth), é utilizada para ajudar essas mulheres. Reconhecendo que os adolescentes são

usuários dessas tecnologias e sendo estas ferramentas para a promoção e o cuidado à saúde

gestacional, desenvolveu-se o aplicativo “Mamae dia a dia”, o qual apresenta informações

para a gestante relacionadas ao desenvolvimento fetal e as transformações no corpo, além

de ensejar dicas sobre alimentação, vacinas, exames, suplementos e orientações gerais.

Objetivo: Conhecer os significados atribuídos por adolescentes grávidas ao uso do

aplicativo “Mamãe Dia a Dia”. Métodos: Relato de experiência baseado em oficinas que

estão sendo conduzidas com a utilização do aplicativo “Mamãe Dia a Dia”, voltadas a

adolescentes grávidas em um serviço de referência no município de Fortaleza, Ceará,

Brasil, no período de setembro a dezembro de 2016. Estão previstas a realização de três

oficinas, cada uma com duração média de 2 horas e com um total e 6 a 12 participantes por

grupo. As atividades implicam em palestras; debates; apresentação de conteúdos sobre o

tema e orientação guiada do manuseio do aplicativo, o qual pode ser baixado no celular das

adolescentes. A interpretação dos dados baseia-se no Interacionismo Simbólico e na

literatura sobre promoção da saúde na adolescência e a usabilidade de ferramentas

tecnológicas. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza

sob o parecer nº 189.251. Resultados preliminares: Até o momento, realizou-se uma oficina

com 10 participantes, tendo-se observado elevado nível de interesse e de adesão à

ferramenta. A interatividade que o aplicativo proporciona é ressaltado como ponto forte,

uma vez que as participantes relatam as possibilidades de esclarecimento de dúvidas,

compartilhamento de informações com os profissionais da saúde e registro da evolução da

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gravidez. Outro aspecto apontado diz respeito à ampliação das informações que o aplicativo

oferece sobre os cuidados pré-natais referentes à dieta, exercícios físicos e vida sexual.

Conclusão: Os dados da primeira oficina são positivos; porém espera-se, com a evolução da

pesquisa, ampliar as ações e a verificação de novos pontos de vista; de forma que o uso do

aplicativo possa ser otimizado pelas adolescentes gestantes, sendo um recurso de promoção

da saúde e planejamento familiar. Verifica-se que essa ferramenta tem potencial de

promover o autocuidado, reduzir as taxas de desconhecimento sobre a gestação e de

promover o empoderamento dessa população.

Keywords: Gravidez na adolescência; Educação em saúde; Promoção da saúde; mHealth

ICCA 2017-89269 -Estudo da Prevalência de Tabagismo e aplicação da escala de

Fagarstrom aos adolescentes que recorrem ao Serviço de Urgência Pediátrica do

Hospital Fernando da Fonseca

Mário André Macedo (1); Filipe Gama (1); Marta Sofia Escudeiro (1); Luís Rodrigues (1)

1- Hospital Fernando da Fonseca

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: É consensual e tem suporte em forte evidência científica, que fumar prejudica

gravemente a saúde. Segundo a OMS (2011), é a principal causa evitável de doença e de

morte, repercutindo-se pesadamente em custos sociais, económicos e de saúde. A

exposição ao fumo ambiental do tabaco, em casa, em veículos, nos locais de trabalho e em

espaços públicos fechados é um grave risco para a saúde dos não fumadores expostos, não

existindo um limiar seguro de exposição. Segundo o último inquérito do Serviço de

Intervenção dos Comportamentos Aditivos e Dependências, ascende a 28,3% a prevalência

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do tabagismo no escalão etário 15-24 anos.

Objectivos: Conhecer a prevalência do tabagismo nos adolescentes que recorrem ao

serviço de urgência pediátrica (SUP), aplicar o teste de Fagarstrom de dependência física à

nicotina. Caracterizar o consumo de tabaco dos adolescentes, caracterizar a percepção do

risco associado ao consumo de tabaco na adolescência. Conhecer a exposição ao fumo

passivo nesta faixa etária.

Metodologia: Procedeu-se a estudo do tipo quantitativo, observacional e descritivo. Com

base na aplicação de um inquérito, baseado nas recomendações da OMS.

Resultados: Com base numa amostra de 170 adolescentes foi obtida uma prevalência de

vida de 19%. Existe forte evidência de uma relação entre ter chumbado de ano e fumar (OR

– 6.956). Residir no concelho de Sintra é factor de risco para fumar (OR- 1.225).

Conclusão: Foi encontrada uma prevalência semelhante a outros estudos nacionais. Apenas

9% dos jovens tem uma percepção “pouco” ou “nada” do perigo do tabaco, que demonstra

que não é por falta de informação que o consumo se mantém. A influência dos

determinantes sociais e do tabagismo dos pais tem que ser considerada em futuras acções

de prevenção, como demonstra a associação entre o reprovar de ano e ser fumador, e a

exposição diária ao fumo passivo em casa (49%). A monitorização da prevalência do

consumo de tabagismo é bastante importante, de forma a estabelecer a base a partir da qual

podemos planear as nossas medidas de prevenção e cessação tabágica.

Keywords: Adolescência, Tabagismo, Prevalência, Urgência Pediátrica

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Law

ICCA 2017-19763 -ADOÇÃO NO BRASIL: A Restituição da Criança Adotada ao

Abrigo Viola o Principio do Melhor Interesse da Criança, Fundamental do Corpus

Iuris Internacional dos Direitos Humanos

Marcela de F.M.Máximo Cavalcanti (1)

1- Faculdades Promove; Escritório de Advocacia;

Poster

ADOÇÃO NO BRASIL: A Restituição da Criança Adotada ao Abrigo Viola o Principio do

Melhor Interesse da Criança, Fundamental do Corpus Iuris Internacional dos Direitos

Humanos

RESUMO

Tratar e investigar os problemas vivenciados pelas crianças e pelas famílias substitutas

após a adoção tornou-se uma preocupação emergente do Estado brasileiro. A repercussão

dos problemas reiterados no seio das famílias adotivas e a ocorrência sistemática de

processos adotivos falidos tem sido objeto de reanálise para a construção de melhores

políticas públicas de direitos humanos que incentivam e fomentam a adoção no Brasil. A

partir da alteração do Estatuto da Criança e do Adolescente-ECA, o processo de adoção,

mesmo diante de grandes inovações, ainda apresenta-se carente no que diz respeito ao seu

procedimento. Ao passo em que o método operacional para adotar no Brasil se apresenta

extremamente burocrático, ele permanece sem garantir a segurança almejada à criança a ser

adotada. Em crescentes e minuciosas pesquisas práticas e teóricas, constatou-se que, após a

homologação judicial, que confere a adoção à família substituta, a desistência da adoção já

definitiva e a posterior restituição da criança ao abrigo, é mais comum do que se idealiza.

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No Brasil, não há impedimento legal para devolução da criança ao abrigo após tornar-se

indesejada. Isso porque inexiste na legislação pátria uma espécie de sanção para os pais que

não mais aspiram permanecer com a criança, mesmo após a adoção definitiva. Assim, em

que pese as alterações realizadas nos últimos anos no Estatuto da Criança e do Adolescente,

este trabalho visa demonstrar que, a adoção no Brasil, em todos os seus termos, ainda não

atende ao melhor interesse da criança, principio fundamental do “corpus iuris’ dos direitos

humanos, ao contrário, revitimiza a criança e torna a fazê-la sentir-se rejeitada. Com efeito,

o poder judiciário, ainda restrito às faculdades a ele conferidas, não consegue calcular os

prejuízos acarretados pela “devolução” da criança ao abrigo ou mesmo prever se o

resultado será positivo ou não. Em consideração à iminência do risco inerente a qualquer

processo de adoção, causa do excesso de burocracia atribuído ao procedimento no Brasil, as

atenções dispensadas à desistência da adoção, após definitivamente homologada, e às

espécies de sanções destinadas a essas famílias, apresentam-se anêmicas e devem ser

distintivamente valoradas. Isso posto, ressalta-se que, um país, com grau de discernimento

legislativo em matéria de direitos humanos como o Brasil, não pode corroborar com o

inadequado cumprimento das diretrizes que regem os direitos humanos das crianças, em

âmbito internacional, mundialmente resguardados.

Palavras-Chave: Adoção; Melhor Interesse da Criança; Direitos Humanos.

Keywords: Adoção; Melhor Interesse da Criança; Direitos Humanos. ABSTRACT

ICCA 2017-27334 -O direito da criança a uma educação livre de qualquer forma de

violência

Laura Fernandes Madeira (1)

1- Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa (NOVA Law School)

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Poster

Baseada na minha dissertação de Mestrado, apresentada à Faculdade de Direito da

Universidade de Coimbra, em setembro de 2015, e avaliada em 18 valores, esta proposta de

comunicação, centra-se na análise de um novo paradigma para as responsabilidades

parentais assente no Cuidado – lançando mão de perspetivas feministas e da ética do

cuidado.

Depois da consagração da criança como verdadeiro sujeito de direitos, o conteúdo e

exercício das responsabilidades parentais, alterou-se substancialmente. A criança sendo

uma pessoa de igual dignidade à dos pais, é ainda uma pessoa em formação. Esta formação

da criança para a responsabilização, autonomia e independência implica e requer que sobre

os pais recaia um dever de orientação da vida dos filhos menores de idade. O dever de

orientação efetiva-se através de um dever de obediência (dos filhos) e um poder de correção

(dos pais). Ora, neste trabalho reformulamos o conceito e o conteúdo do tradicional poder

de correção - nomeamo-lo como poder-dever de repreensão, na medida em que excluímos

qualquer forma de violência na educação das crianças. Isto não significa que os pais se

devem isentar de corrigir e repreender as falhas no comportamento dos filhos – pelo

contrário, essa é uma componente integrante do poder-dever de educar e da finalidade de

promoção da autonomia e responsabilidade do filho menor de idade. Primeiramente, o que

pretendemos transmitir é que existem formas e métodos de educação alternativos à

disciplina violenta e que não se trata apenas de uma opção de método educativo – trata-se,

sobretudo, de respeitar a dignidade da criança e o seu direito a ser educada livre de

qualquer forma de violência. Outro foco, prende-se com a necessidade de adequar o nosso

Código Civil a esta realidade através da inserção de uma previsão civil – expressa - que

garanta às crianças o direito a uma educação livre de qualquer forma de violência,

considerando ilícitos quaisquer castigos corporais, ainda que leves, ou outras medidas

degradantes ou humilhantes. Esta previsão legal surge, não como um meio persecutório dos

pais e educadores, mas antes, assente num espírito educativo, formativo, pedagógico e de

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alteração de consciências.

Em conclusão: Focando a atenção no poder-dever de educar, procuramos compreender o

seu âmbito, o seu conteúdo e os seus limites. Partindo de uma perspetiva da criança como

verdadeiro sujeito de direitos e, portanto, titular de um direito a ser educada sem violência,

defendemos a necessidade de reconhecimento desse direito no atual quadro jurídico

nacional. O nosso objetivo é o da compreensão do papel do Direito Civil no que respeita ao

conteúdo do poder-dever de educar, desdobrado nas suas várias vertentes, e se, neste caso,

haveria melhor resultado se o Direito se antecipasse à alteração da consciência comunitária

e previsse uma proibição de natureza civil para o uso de qualquer forma de violência na

educação das crianças, criando os alicerces para o desenvolvimento deste novo paradigma

legal no que concerne aos direitos das crianças.

Keywords: Direitos das crianças, poder de correção, disciplina, responsabilidades parentais

ICCA 2017-34052 -A Convivência Familiar e o Impacto Psico-emocional diante o

Conflito Parental – Um contributo para melhor compreender o Superior Interesse da

Criança

Sandra Inês Feitor (1)

1- Advogada em Prática individual. Doutoranda em Direito Universidade Nova de Lisboa.

Investigadora Grupo Criminália CEDIS FDUNL.

Poster

Observa-se novo enfoque sobre a parentalidade, infância e juventude, dando nova

relevância ao superior interesse da criança com abordagem multidisciplinar, nomeadamente

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no conflito parental em contexto de separação. Levando muitas vezes a situações de

bloqueio e privação dos contactos e convivência familiar. Fenómeno social e jurídico que

ganha expressão nos nossos tribunais e levanta inúmeras preocupações, ao nível da

compreensão da sua real dimensão e da solução.

Observámos transformações significativas na legislação portuguesa em 2008 e 2015

reflectindo essa preocupação e busca de soluções co-parentais, reformando o superior

interesse, à semelhança de outros países, maioritariamente latino-americanos.

A convivência familiar é um direito fundamental (art.º 36.º CRP), e incumbência do Estado

garantir a tutela integral da infância e juventude contra o abuso da autoridade parental (art.º

69.º CRP), representando o superior interesse da criança delimitações ao exercício da

autoridade parental. Impondo a indissociabilidade da responsabilidade parental e promoção

activa da convivência familiar (art.º 1882.º, 1887.º-A e 1906.º/5 CC). Porque a separação

exige melhores pais e o dever de reaprender a ser pais após a separação.

O Conselho da Europa na Recomendação 2079, de 02 de Outubro de 2015, promoveu

partilha das responsabilidades parentais e convivência familiar como direito fundamental

(art.º 8.º da CEDH), subjacente ao impacto psico-emocional do desenvolvimento da

personalidade da criança.

A família não é só um dos pilares da sociedade, mas onde a dignidade humana tem maior

enfase no reconhecimento reciproco nas relações com outros. Considerada pela doutrina

dominante a exposição das crianças ao conflito parental, às expectativas, verbalizações e

consequente privação os contactos e convivência familiar um maltrato que afecta a

intersubjectividade – contrário ao superior interesse da criança (art.º 4.º/a) g) da LPCJP).

A família passou a idealizar os afectos como projecto de vida pessoal, a parentalidade uma

das bases desse afecto e a convivência familiar o meio de criar laços securizantes e conferir

estabilidade às relações humanas sempre assente na dignidade dos seus membros.

Situação que tem sido caracterizada como uma busca pela exclusividade da convivência e

afectos, com afastamento e bloqueio do outro. Representa um alheamento das

responsabilidades e funções parentais que impendem sobre os pais.

Os direitos de personalidade visam a defesa da personalidade, baseado na dignidade

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humana. Independente de qualquer delimitação, a protecção legal deve estender-se a todos

os bens jurídicos da personalidade. Porque a pessoa - e a criança é pessoa - constrói-se no

seu agir, personaliza-se e constitui a sua personalidade, na relação com o outro.

O facto de a criança estar sujeita ao poder parental dos progenitores não é impedimento à

oponibilidade dos seus direitos, dado que a parentalidade não é um poder, é uma

responsabilidade, cuja actuação é delimitada pelo superior interesse da criança.

Os direitos de personalidade da criança à convivência familiar não são o ponto de chegada,

mas o ponto de partida para um novo olhar e novo paradigma da actuação judiciária.

Keywords: convivência familiar; privação da convivência; responsabilidades parentais;

superior interesse da criança

ICCA 2017-50097 -Acompanhamento de crianças e adolescentes acolhidos -

intervenções para efetivação dos direitos humanos

Veronica Aparecida Pereira (1); Rogério de Andrade (2)

1- Universidade Federal da Grande Dourados; 2- Magsul - Faculdades Integradas de Ponta-

Porã - Brasil

Poster

Em um programa de extensão, de atuação multidisciplinar, profissionais da área de Direito,

Psicologia, Nutrição e Educação planejaram ações voltadas a crianças em condição de

acolhimento institucional, em Dourados-Mato Grosso do Sul-Brasil, durante os anos de

2015 e 2016. A instituição de intervenção acolhe crianças de 7 a 14 anos, do sexo feminino.

Cumpre à instituição o dever de garantir os direitos expressos pelo Estatuto da Criança e do

Adolescente, entre eles, a garantia de convivência harmoniosa, acesso à cultura e educação

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e a inviolabilidade de sua segurança, física e psíquica. Cumpre também, assegurar

avaliações regulares, de modo a viabilizar condições para que o período de permanência

seja o menor possível, não ultrapassando o período de dois anos. O retorno à família,

nuclear ou extensa, ou colocação em família substituta, deve ser avaliado por equipe

técnica, com laudos encaminhados ao juizado da comarca a qual a instituição está

circunscrita. Neste contexto, ciente da dificuldade institucional, o grupo de profissionais

envolvidos no programa, buscou responder às necessidades desta instituição para efetiva

aplicação da lei. No âmbito do direito, duas questões nos chamaram especial atenção: 1)

como diminuir a morosidade dos processos, de forma a garantir que a permanência da

criança ou adolescente seja inferior a dois anos; 2) como assegurar o acolhimento da

criança indígena (considerando que a região conta com a segunda maior população

indígena do país e alto número de situação de vulnerabilidade infanto-juvenil). Sobre a

primeira questão, a legislação orienta a necessidade de se esgotarem todas as possibilidades

de recolocação do acolhido em contexto familiar. A busca por possíveis parentes torna-se

um tanto morosa em alguns casos, além de resultar em aproximações sem laços de

convivência em alguns casos. O interstício de dois anos encontra entraves, pois a busca pela

família é muitas vezes frustrada e a criança ao adquirir mais idade, distancia-se do perfil

procurado por candidatos à adoção. As ações desenvolvidas indicaram a importância das

avaliações sistemáticas e acompanhamento das famílias com as quais a criança teve

convivência social. Uma vez descartadas as possibilidades de reinserção, a saída é via

processo de adoção. Entretanto, a maioria dos candidatos à adoção opta por crianças

menores de três anos. Por conseguinte, o grupo percebeu a importância de atuar junto a

grupos de apoio à adoção, a partir de reflexões sobre a adoção tardia e preparo para

enfrentamento dos desafios dessa condição. Quanto ao indígena, o desafio se apresenta na

necessidade de reinserção do acolhido no mesmo grupo étnico, garantindo sua convivência

e identidade cultural. Embora a adoção seja vivenciada culturalmente entre os indígenas em

ação cotidiana e solidária, a criança ou adolescente que retorna ao grupo que a violou,

poderá ser mais violento que seu estranhamento cultural em outra comunidade. Avanços na

legislação e nas práticas de acolhimento serão necessários para proteção e segurança à

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criança e ao adolescente de forma a garantir-lhes a convivência familiar, ainda que a família

seja compreendida em outros contextos.

Keywords: direitos humanos; estatuto da criança e do adolescente; indígena

ICCA 2017-89035 -(Des)institucionalização - que caminhos?

Maria Luísa Salazar (1)

1- Faculdade de Direito da Universidade do Porto

Poster

(Des)institucionalização – Que caminhos?

A institucionalização de crianças e jovens surgiu enquanto resposta e medida de protecção

dos sistemas públicos às necessidades daquelas, baseando-se essencialmente em medidas

de assistencialismo puro. Recentemente, diversos países da Europa têm caminhado para a

redução do número destas instituições e, consequentemente, do número de crianças

institucionalizadas, versando, por sua vez, na priorização do crescimento em meio familiar

ou, caso tal não seja possível, numa estrutura residencial, mais especializada e próxima.

As recentes alterações legislativas apontam para um ponto de viragem no sistema de

protecção de crianças e jovens no sentido da desinstitucionalização, acompanhando o

abandono das medidas caritativas, destacando-se, nesse âmbito, a Lei n.º 142/2015, de 08

de Setembro, que alterou a LPCJP (Lei n.º 147/99, de 01 de Setembro). Tais alterações

visam trabalhar os três grandes vetores para a desinstitucionalização: a redução do número

de crianças e jovens acolhidos, adequação das respostas residenciais e a aposta no sistema

de acolhimento familiar.

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Apesar dos avanços positivos verificados desde 2006, Portugal ainda é um dos países da

Europa Ocidental com uma das maiores proporções de crianças institucionalizadas, ao que

se acrescenta a prolongada permanência em acolhimento destas crianças e jovens. A

jurisprudência do TEDH tem-se demonstrado atenta quanto à retirada do meio natural de

vida da criança e quanto à própria execução do acolhimento. Neste âmbito, torna-se

necessário trabalhar a prevenção da necessidade de acolhimento, isto é, evitar a formação

de situações de perigo.

No ano de 2015, o Acolhimento Familiar em Portugal corresponde ainda a um número

muito residual, 1,9% das 8.600 crianças acolhidas, tal como ocorreu em 2014, 1,8%. Com o

recente enquadramento legal foram incorporadas no ordenamento jurídico português as

Recomendações Internacionais e os consensos técnicos e científicos existentes. Entre nós, o

acolhimento familiar tornou-se medida preferencial para crianças até aos seis anos de idade,

salvo situações excecionais, como consta do artigo 46.º da alterada LPCJP. Aguarda-se, no

entanto, uma regulamentação da medida de acolhimento, inserida no seu novo paradigma.

A aplicação prática desta medida de colocação deverá passar pela criação de bolsas de

famílias formadas para receber um grupo muito heterogéneo de crianças e jovens retirados

dos seus meios.

Quanto ao acolhimento residencial, as alterações legislativas de 2015 trouxeram modelos

de intervenção socioeducativos adequados às crianças e jovens acolhidos, cuja organização

se ajusta às necessidades de cada criança, como consta do artigo 50.º LPCJP. Embora

implementado o acolhimento residencial, o sistema enfrenta obstáculos na sua aplicação

prática. A falta de técnicos, a formação adequada destes, trabalho a família ou para o

projeto de vida, a gestão das visitas dos pais, a robustez física e emocional exigida aos

cuidadores ou ainda a necessidade de atribuição de voz participativa à criança protegida são

exemplos de factores a trabalhar pelo sistema de acolhimento residencial.

Em suma, procuro com esta exposição refletir sobre o novo quadro normativo e respectiva

aplicação com foco nos três vectores de desinstitucionalização. Quais os principais

obstáculos e desafios de ordem prática que enfrentamos?

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Keywords: Sistema de acolhimento; residencialização; acolhimento familiar

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Nursing

ICCA 2017-14053 -Social Skill Needs Of Inclusive Students in Schools: School Nurses

Roles

Esma KABASAKAL (1)

1- University of Hacettepe

Poster

Students with disabilities taken inclusive education in the general education classes.

Children with special needs have different physical, mental, emotional and social needs

than their peers. Considering the literature, it has been reported that inclusive education

students have difficulties with participation to group games, adaptation to school, gaining

self-care skills and some negative approach of their peers. Inclusive education students

have a lower level of social and academic achievement and show problematic behaviors.

This students’ externalized problem behavior can causes teachers to adopt negative views

regarding inclusive education. Nurses should be play a key role in meeting needs of

inclusive education students, increasing self-efficacy and improving their social skills and

contribute adaptation to school life.

These studies conducted in fields of educational sciences and psychology mostly address

difficulties experienced by inclusive education students, teachers’ knowledge level, wishes

and attitudes, families’ expectations and success of educational programs. Although there

are studies on self-care status of children with some specific problems such as mental

retardation, autism, attention deficit and hyperactivity disorder, to the best of our

knowledge, there is not a comprehensive study that investigates health requirements, self-

care requirements and self-efficacy of inclusive education students within the school life.

When the existing literature is reviewed, it is seen that problems related to social adaptation

and self-care skills are addressed. Considering that existing health problems of inclusive

education students continue within the school as well, it is evident that school health nurses

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play a key role in giving support to these children by professional service providers. Nurses

should specialize in the field of school health nursing and create awareness regarding

inclusive education students, who are addressed as children with normal development

within the existing system and for whom physical arrangements in schools are insufficient.

It is recommended that efforts of school health nurses are supported with academic studies

in order to contribute to the literature and guide policy-makers.

Keywords: inclusive students, School nurses, social skills

ICCA 2017-15671 -Adesão ao regime medicamentoso dos adolescentes submetidos a

transplante hepático: fatores motivacionais

Susana Luísa Andrade Nogueira Lobo Carvalho (1); Maria de Lurdes Lopes de Freitas

Lomba (2)

1- Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica do Hospital Pediátrico do Centro

Hospitalar e Universitário de Coimbra; 2- Escola Superior de Enfermagem de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

O transplante hepático é uma condição crónica que implica a necessidade de aderir ao

longo da vida a um regime medicamentoso pois, a imunossupressão é essencial para a

sobrevida do enxerto e do recetor. O risco de não adesão à medicação pelo adolescente

transplantado é potenciado pelas características da adolescência.

Este estudo inclui-se na investigação quantitativa, descritiva-analítica, exploratória e

correlacional e teve como objetivos caracterizar os adolescentes com transplante hepático;

verificar a sua adesão ao regime medicamentoso; a sua motivação e se se julgam

competentes para essa adesão, e verificar a relação entre estas variáveis.

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A colheita de dados foi realizada entre julho de 2015 e maio de 2016, utilizando como

instrumentos a Medida de Adesão aos Tratamentos (MAT), os valores sanguíneos da

imunossupressão, o Treatment Self-Regulation Questionnaire (TSRQ) e a Perceived

Competence Scale (PCS), estes dois traduzidos para a língua portuguesa. A amostra é

constituída por 32 adolescentes com transplante hepático seguidos no Hospital Pediátrico

do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, os quais tinham em média 14,44 anos,

56,3% eram do género masculino, 46,9% viviam em cidades e 37,5% frequentavam o

segundo ciclo. Os adolescentes responderam ter um comportamento de maior adesão

medicamentosa (100%) comparativamente à revelada pelos valores sanguíneos (66,7%).

Apresentavam uma motivação predominantemente autónoma para cumprir a prescrição

medicamentosa que assumiu um valor elevado. Os adolescentes mostraram sentirem-se

confiantes e crentes na sua capacidade para cumprir o regime medicamentoso, dada a

elevada competência percebida. Ao contrário do postulado pela Teoria da

Autodeterminação (TAD) e de resultados de outras investigações, a motivação e a

competência percebida não estavam relacionadas com a adesão ao regime medicamentoso

neste estudo. A competência percebida parece ter influência na motivação autónoma dos

adolescentes.

A adolescência revela-se um período de elevado risco para a não adesão ao regime

medicamentoso. Dada a importância atribuída ao regime imunossupressor e a relevância da

motivação autónoma e da competência percebida para resultados de saúde positivos, os

profissionais de saúde devem desenvolver um programa específico de informação e

educação dirigido ao adolescente submetido a transplante hepático baseado em medidas

multidisciplinares, com intervenções educacionais e comportamentais impulsionadoras da

motivação autónoma e da competência percebida, e com o envolvimento de uma equipa

multidisciplinar, de modo a promover a adesão ao regime medicamentoso.

Keywords: Transplantação Hepática – Adolescentes – Adesão medicamentosa – Motivação

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ICCA 2017-36370 -adolescence and childhood

navjot kaur (1)

1- FORTIS ESCORT HOSPITAL

Poster

NAVJOT KAUR

Nurse, FORTIS ESCORT HOSPITAL

AMRITSAR PUNJAB INDIA.

Not only is adolescence an inherently fascinating period of life, but we are currently in an

especially interesting historical moment with respect to this period. Adolescence in our time

begins far earlier than it did a century ago, because puberty begins for most people in

industrialized countries at a much earlier age, due to advances in nutrition and health care.

Yet, if we measure the end of adolescence in terms of taking on adult roles such as

marriage, parenthood, and stable full-time work, adolescence also ends much later than it

has in the past, because these transitions are now postponed for many people into at least

the mid-20s.

Adolescence is a developmental period characterized by maturation across multiple

domains. This maturation is not without difficulties, however, as adolescents also display

increased negative mood, conflict with parents, and risk-taking behaviors. Increased risk-

taking is thought to be the byproduct of changes in reward circuits in the brain, and while a

solid foundation of research has provided evidence for changes in reward processing during

adolescence compared to adulthood, little is known about the changes that occur from

childhood into adolescence. The current study addresses this gap in the literature with an

investigation of changes in behavioral performance on a reward-processing task using a

cross-sectional sample of children and adolescents. Three primary findings emerged from

this study. First, adolescents displayed faster reaction times than 8-year-olds. Second,

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subjects responded faster and more accurately on trials with greater potential rewards.

Finally, individual differences were related to reward sensitivity, reaction times, and

response accuracies.

Keywords: Adolescence

ICCA 2017-42994 -Desenvolvimento da consciencialização no adolescente com fibrose

quística

Maria da Conceição Marinho Sousa Ribeiro Oliveira Reisinho (1); Bárbara Pereira Gomes

(1)

1- Escola Superior de Enfermagem do Porto

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

O significado de doença crónica tem vindo a ser alterado num sentido positivo, devido à

implementação de melhores cuidados de saúde. A evolução prolongada, a vigilância de

saúde, os tratamentos específicos são características referenciadas em todas as definições de

doença crónica. No entanto, acresce o facto de terem repercussões físicas, emocionais,

psicológicas, familiares, sociais, educacionais, profissionais e até económicas.

A relação entre doença crónica e adolescência é uma experiência diversa e dependente dos

processos individuais dos adolescentes e das características da patologia. A Fibrose

Quística (FQ) é uma doença crónica hereditária, com expressão autossómica recessiva,

frequente na raça caucasiana, com manifestações clínicas a nível pulmonar, gastrointestinal,

reprodutor, de gravidade variável. A evolução dos cuidados de saúde, a transplantação

pulmonar, a descoberta de novos fármacos permitiu o aumento de sobrevida destes doentes,

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deixando de ser abordada só a nível pediátrico. Por consequência os adolescentes e jovens

adultos também se veem envolvidos nos tratamentos.

Pretendemos com este trabalho compreender a experiência de adolescer com FQ na ótica

dos jovens.

Metodologia

Estudo integrado no paradigma da investigação qualitativa. Utilizamos como referencial

metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados, para a análise dos dados recorremos à

Teoria das Transições de Afaf Meleis (2010). A amostra foi constituída por 16 adolescentes

com idades compreendidas entre os 11 e os 23 anos. Optamos pela entrevista

semiestruturada para a recolha de dados.

Resultados

Dos resultados salientamos que os participantes não se recordam do momento do

diagnóstico, mas por outro lado referem que, em determinada altura das suas vidas se

confrontaram com vivências inerentes à sua condição de saúde (mudança e diferença).

Como acontecimentos e pontos críticos relatam limitações (cansaço, à dispneia, ao

agravamento da tosse) com interferência na frequência da escola, no acompanhamento do

grupo de amigos e mesmo na vida familiar. Ao vivenciarem situações novas ou mesmo já

habituais (espaço temporal) manifestam interesse em obter informações (empenhamento).

Se por um lado uns se encontram dependentes da figura materna/paterna para os orientar

nos procedimentos prescritos, outros estão já numa fase de emancipação do poder parental

e começam a evidenciar um certo grau de autonomia que os deixa muito felizes pois

sentem-se mais responsáveis (domínio de novas competências). Assim, através das

categorias indicativas construiu-se a dimensão consciencialização.

Conclusões

Da interpretação dos dados à luz da Teoria das Transições percebemos que para estes

adolescentes, a consciencialização é fundamental para que a perceção da nova realidade

seja conquistada. Esta permite a integração das mudanças necessárias no seu dia-a-dia

concorrendo para uma transição saudável. Para que tal aconteça torna-se preponderante o

papel do Enfermeiro nomeadamente na orientação e acompanhamento dos adolescentes

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com FQ, no seu processo de saúde-doença.

Keywords: adolescência; doença crónica; teoria das transições; Fibrose Quística

ICCA 2017-49256 -VIOLÊNCIA E MAUS TRATOS SOBRE CRIANÇAS E JOVENS:

A VISITA DOMICILIÁRIA COMO POSSÍVEL INTERVENÇÃO EFETIVA

Jorge Manuel Amado Apóstolo (1); Luisa Maria Patrício Machado Apóstolo (2)

1- Escola Superior de Enfermagem de Coimbra; 2- ACES - Baixo Mondego - Coimbra

Poster

Introdução

Os maus tratos e violência sobre crianças e jovens constituem-se um problema estrutural

mesmo nas sociedades designadas como desenvolvidas. Estão associados a diversas

condições ambientais e familiares que ora agem como potenciadores de situações, ora como

fatores protetores. Necessitamos de programas efetivos que ajudem a evitar situações limite

e a proteger a criança e jovem. Concetualmente os programas de visita domiciliária são

intervenções potenciadoras do estabelecimento de relações confiáveis e próximas entre

profissionais de saúde, famílias, e comunidade, no entanto precisamos de mais evidências

sobre o impacto positivo destes programas, especialmente em famílias de risco.

Objetivos

Neste contexto, o objetivo central desta investigação consistiu em identificar evidências de

efetividade da visita domiciliária na prevenção ou reincidência dos maus tratos sobre

crianças e jovens.

Metodologia

Procedemos a uma revisão integrativa da literatura. Com a expressão de pesquisa Child*

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AND Neglect* AND Home visiting program* AND Effect*. Elecionámos as bases de

dados online: Medline; Cinahl; MedicLatina; Academic Search Complete.

Através da estratégia PICO, definimos critérios de inclusão e exclusão dos artigos.

Incluímos: Participantes - grávidas e pais de crianças até aos cinco anos de idade.

Intervenções - a visita domiciliária. Comparações - entre os participantes que receberam

visitas domiciliárias e participantes que receberam os cuidados habituais. Outcomes –

indicadores de efetividadade dos programas de visita domiciliária.

Resultados

Identificámos como indicadores da efetividade dos programas de visita domiciliária:

- Aumento do cuidado pré-natal

- Aumento de peso ao nascimento

- Redução de partos prematuros

- Incremento da utilização dos serviços de saúde (saúde infantil, planeamento

familiar, vacinação) e dos serviços sociais da comunidade

- Melhoria da nutrição da grávida

- Redução de hábitos tabágicos

- Aumento do espaçamento entre gravidezes

- Aumento do emprego parental

- Redução na procura de urgências

- Redução de acidentes e intoxicações

- Redução de práticas de castigo corporal e uso apropriado da disciplina em crianças

- Redução de violência de género intrafamiliar

- Melhoria do crescimento e desenvolvimento das crianças

- Redução de condutas criminosas dos pais

- Redução procura de ajudas sociais

- Redução do abuso de drogas e álcool na mãe

- Ao nível da reincidência dos maus tratos é evidenciado, no curto prazo, uma

redução significativa do número de agressões físicas e de negligência.

Conclusões

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Destes programas parecem beneficiar particularmente famílias com desvantagens

comparativas, em situações de risco socioeconómico, e vulnerabilidades diversas e a

efetividade é maior em mães jovens e primíparas. A maior prevalência de comportamentos

parentais ajustados, a adesão a uma parentalidade positiva, a maior expressão de vínculos

afetivos familiares e maior demonstração de capacitação parental podem ajudar na

protecção de crianças em contextos difíceis. Este maior potencial de adapatção e recurso a

estratégias de coping em situações potenciadoras de stress individual e familiar, como as

famílias com life events socioeconómicos e pais com bebés prematuros. No entanto, há

dúvidas sobre o custo-benefício de alguns programas, obrigando a desenho suficientemente

personalizados, tendo em atenção as diferenças de contexto, cultura, valores, crenças, e

amplitude de fatores interferentes no funcionamento de cada família.

Keywords: Child*; Neglect*; Visit Program*; Effect*

ICCA 2017-62047 -CONCEPÇÕES SOBRE SAÚDE MENTAL INFANTO-JUVENIL

DOS ENFERMEIROS QUE ATUAM NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMILIA.

Anna Rosa e Souza Occhiuzzo (1); Marina Serra Lemos (1)

1- FPCEUP - Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto

ICCA-Comunicação Oral

O objetivo desta pesquisa foi analisar as concepções sobre saúde mental infanto-juvenil

(SMIJ) dos enfermeiros que atuam na Estratégia Saúde da Família na cidade de João

Pessoa/PB – Brasil. Participaram 47 enfermeiras, com idades variando entre 25 a 57 anos e

10 a 30 anos de graduadas. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário e entrevista

semiestruturada na qual constava a questão norteadora destinada a captar o objetivo do

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estudo. A análise de dados foi feita usando uma abordagem mista, por meio da construção

apriorística e posteriori de categorias, sendo escolhida a análise categorial temática

proposta por Bardin para apreciar os dados coletados. As categorias apriorísticas foram

definidas através de estudos que focalizam esse campo de investigação. Os resultados

revelaram uma heterogeneidade nas concepções das enfermeiras acerca do seu papel na

SMIJ. Dentre as categorias que emergiram realçam-se a de não sabe o papel e o papel

difícil. Foi evidenciado em seus discursos a concepção em saúde mental direcionado à

perspectiva do doente mental. Faz-se necessária maior formação para estes profissionais

acerca da temática, pois é imprescindível que tenham o seu papel bem definido a fim de

desenvolver competências inerentes a sua prática profissional.

Keywords: saúde mental infanto-juvenil, concepções, estratégia saúde da família,

enfermeiros

ICCA 2017-74739 -Adolescentes com Cardiopatia Congénita - Barreiras à transição

para os cuidados de saude de adultos

Fernanda Carvalho (1); Mª do Céu Barbieri - Figueiredo (1)

1- Escola Superior de Enfermagem do Porto

ICCA-Comunicação Oral

Introdução - Atualmente os serviços de pediatria veem-se confrontados com um grupo cada

vez maior de crianças e adolescentes com doença crónica, que sobrevivem até à idade

adulta com a expectativa de levarem vidas produtivas e com qualidade.

Avanços no tratamento médico e cirúrgico melhoraram drasticamente a esperança de vida

de crianças portadoras de cardiopatia congénita, resultando na sua sobrevivência até à idade

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adulta, em 85-90% dos casos.

A maioria destes doentes necessita de cuidados especializados ao longo da vida. A sua

transferência para os serviços que prestam cuidados a adultos terá que ocorrer.

Esta passagem não pode ser reduzida a um momento em que se constata a necessidade de

transferir o adolescente porque está a atingir o limite etário abrangido pela pediatria (Nunes

e Sassetti, 2010). É essencial desenvolver um processo de transição bem planeado e bem

executado, garantindo a continuidade de cuidados na idade adulta. No entanto em vários

países tem-se verificado que uma parte significativa abandona a vigilância de saúde na

idade adulta. Este facto tem consequências graves em termos de morbilidade e de

mortalidade, as quais podem ser evitadas se forem adotadas estratégias no sentido de

promover a adesão ao tratamento.

Objetivos – descrever, na perspetiva do adolescente com cardiopatia congénita, quais as

barreiras que poderão dificultar a sua transferência da cardiologia pediátrica para os

cuidados de saúde de adultos.

Métodos – A recolha de dados foi realizada com recurso ao Questionário “Transição do

Adolescente com Cardiopatia Congénita para os Cuidados de Saúde de Adultos” versão

adolescentes, construído e validado para este estudo. A amostra foi constituída por 26

adolescentes com cardiopatia congénita, com idades compreendidas entre 15 e 19 anos

seguidos na consulta de cardiologia pediátrica de dois hospitais da região norte de Portugal.

Resultados – A ligação que o adolescente e a família têm com os profissionais de saúde da

cardiologia pediátrica é referida por 30,7% dos adolescentes como sendo uma barreira para

a transferência para os cuidados de saúde de adultos ser bem-sucedida. Por outro lado

19,2%, consideram que a ligação que os profissionais de saúde têm com eles e com a sua

família é um fator dificultador neste processo. 11,5% dos inquiridos identificam como

barreira à transferência o facto de terem de mudar de hospital porque o serviço de

cardiologia de adultos fica noutra instituição. Para 46,1% dos adolescentes não vai haver

problema nenhum e a transição vai ser bem-sucedida.

Discussão/Conclusão – Trata-se de resultados preliminares e parcelares de um estudo mais

amplo. Apesar de não se terem encontrado estudos sobre a perspetivas dos adolescentes

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relativamente às barreiras à transição para os cuidados de saúde de adultos, estes dados vêm

de encontro às razões apontadas por adultos com cardiopatia congénita, que abandonaram a

vigilância de saúde (Iversen et al, 2007; Dearani et al, 2007; Moons et al, 2008).

Keywords: Adolescente; Cardiopatia Congénita; Transição; Barreiras

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Nutrition sciences

ICCA 2017-21039 -Adequação nutricional do almoço consumido por crianças de escola

particular da Região Metropolitana de Belo Horizonte /Brasil

Maria Marta Amancio Amorim (1); Ariane Cristina Leite (1); Ingrid Martins dos Santos (2);

Luci Aparecida Conceição (1); Adriana Keller Coelho (3)

1- Centro Universitário Una, Belo Horizonte, Brasil; 2- Centro Universitário Una, Brasil,

Belo Horizonte, Brasil; 3- Pontifícia Universidade Católica, Belo Horizonte, Brasil

ICCA-Comunicação Oral

No Brasil e no mundo, ainda é comum a carência de energia e de outros nutrientes na

alimentação de crianças. Em consequência, mais de 195 milhões, nas variadas partes do

mundo, mostram-se cronicamente desnutridas por ingerirem uma quantidade reduzida de

alimentos que não contemplam, integralmente, a suas necessidades energéticas e

nutricionais mais básicas. Assim a alimentação saudável deve ser ofertada para as crianças,

dentro de casa e na escola para assegurar as necessidades nutricionais e evitar as carências

nutricionais. Considerando as carências nutricionais na infância o presente trabalho tem

como objetivo avaliar a adequação dos nutrientes consumidos no almoço dos pré-escolares

de uma escola particular da Região Metropolitana de Belo Horizonte/Brasil. Trata-se de

estudo que teve como cenário de pesquisa uma unidade de alimentação e nutrição de uma

escola da rede privada, localizada na região metropolitana de Belo Horizonte/Brasil. A

escola oferece educação do ensino infantil, para crianças na faixa etária de 2 a 5 anos.

Possui 28 crianças em média no período integral, sendo 57% meninos e 33% meninas. A

coleta de dados foi realizada no período de agosto de 2016 por meio da pesagem direta das

preparações (P) do almoço e das sobras (S). Os pesos das P foram deduzidos das

respectivas S para obtenção dos consumos (C) das preparações. Os consumos per capita das

preparações foram obtidos pela divisão dos consumos totais pelo número de crianças

servidas por dia. Com base nos ingredientes contidos nos consumos per capita calcularam-

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se a energia, carboidrato, proteína, lipídio, fibras, sódio, zinco, vitamina A e ferro utilizando

a Tabela de Composição de Alimentos Brasileira. Utilizou-se a recomendação do Programa

Nacional de Alimentação Escolar para o almoço, que corresponde a 20% das necessidades

energéticas dos alunos. Na escola estudada as crianças permanecem de 7:30 h ás 17:00 h e

são fornecidas 4 refeições, colação, almoço, lanche da tarde e jantar. O almoço, a refeição

analisada contem um prato principal (carne de boi ou frango), uma guarnição, arroz, feijão

batido e um tipo de salada, composta de uma hortaliça folhosa ou um legume. A média do

consumo per capita foi de 201,13 g ± 13,38, com coeficiente de variação de 6,65% . O

alimento mais consumido entre as crianças de 2 a 5 anos foi o arroz (67,36 g ± 11,74),

seguido do feijão (62,77 g ± 3,20), prato principal (43,51 g ± 20,75), guarnição (20,96 g

±15,31) e salada (5,96 g ± 2,61). Constatou- se que o cardápio não atendeu 20% das

necessidades nutricionais em relação à energia, carboidrato, fibra, sódio e ferro. A proteína,

a vitamina A e o zinco ultrapassaram a recomendação para ambas as faixas etárias e o

lipídeo ultrapassou para as crianças de 2 e 3 anos e se manteve abaixo para as de 4 e 5

anos. Há necessidade de reformulação no cardápio da escola, para que as crianças

consumam a quantidade adequada de energia e de nutrientes, bem como a introdução de

novos alimentos no cardápio para melhorar a aceitação.

Keywords: pré-escolar, consumo alimentar, avaliação nutricional

ICCA 2017-53041 -DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL PARA INTERVENÇÃO

EDUCATIVA EM UMA ESCOLA PARTICULAR DE HORÁRIO INTEGRAL DE

BELO HORIZONTE/BRASIL

Maria Marta Amancio Amorim (1); Rejane Graça dos Santos (2); Adriana Keller Coelho (3)

1- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil. CEMRI/Lisboa; 2- Centro Universiário

Una/Belo Horizonte/Brasil; 3- PUC/Belo Horizonte/Brasil

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ICCA-Comunicação Oral

Nas escolas públicas e particulares as questões relacionadas com a alimentação são

abordadas nas propostas de trabalho para a área de ciências naturais e nos temas

transversais, principalmente meio ambiente e educação para a saúde, descritas nos

parâmetros curriculares. Esses programas devem consistir de processos ativos, lúdicos e

interativos, desenvolvidos em sala de aula e no momento da refeição, para que favoreçam

mudanças de atitudes e de práticas alimentares. Nesse contexto o educador ao utilizar dados

da realidade da escola obtidos no diagnóstico nutricional e estratégias de ensino

construtivas – proporciona ao aluno a compreensão das questões cotidianas referentes à

alimentação a saúde. Portanto o objetivo desse estudo foi avaliar a adequação do almoço

consumido pelos alunos e propor temas a serem discutidos nas intervenções educativas em

uma escola particular de horário integral. O público-alvo constitui-se de 79 crianças, sendo

47 meninas e 32 meninos, com idades variando de 1 a 12 anos. As preparações do almoço

self service (P) servidas durante 22 dias foram pesadas bem como as sobras não

consumidas (S) e o rejeito (R). Apurou-se o consumo médio pela fórmula (C = P – S).

Aplicaram-se os fatores de cocção das preparações para obter o peso líquido total dos

ingredientes. A partir dos percentuais dos ingredientes foi calculada a quantidade de cada

ingrediente, os macronutrientes, fibra alimentar, cálcio e ferro presentes nas preparações. O

índice do rejeito alimentar foi utilizado para corrigir o valor energético total das refeições.

Utilizou-se 35% em relação às necessidades energéticas médias totais para a adequação do

almoço. O consumo médio per capita do almoço foi de 252,39 ± 47,28 g (66,56 ± 12,61 g

de arroz, 36,83 ± 6,36 g de feijão, 34,02 ± 16,11 g de guarnição, 81,53 ± 33,56 g de prato

principal, 33,51 ± 11,31 g de salada) e 58,76 ± 14,56 mL de suco. O consumo médio de 466

± 113,84 kcal atingiu as necessidades energéticas somente dos pré-escolares de 1 a 3 anos

(36%). Em relação às crianças de 4 a 6 anos, 7 a 10, 11 a 12 atingiu as necessidades de

32%, 26% e 19%, respectivamente. Os cardápios servidos na escola de horário integral pela

modalidade self service não garantiram a ingestão dos nutrientes necessários à saúde dos

alunos. Porém, a variedade de alimentos servidos proporciona a possibilidade de adequação

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nutricional das refeições consumidas pelos alunos, desde que a educação em saúde faça

parte dos currículos escolares como tema transversal de forma contextualizada e sistemática

levando em consideração todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes

dos alunos referentes ao ato de comer.

Keywords: alimentação escolar, educação alimentar e nutricional, diretrizes curriculares.

ICCA 2017-57171 -AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL DO ALMOÇO

DE UMA ESCOLA DA REDE ESTADUAL DE CONTAGEM/BRASIL

Maria Marta Amancio Amorim (1); Eric Liberato Gregório (2); Ester Alves Loubach (3);

Rafaela Martins Pereira (3); Lílian Gomes Machado (3); Ana Clara Abreu Soares (3);

Kamila Costa Silva (3); Maíra Baêta Sousa (3); Maria Conceição de Souza (3); Rafaela

Fernanda Resende da Silva (3)

1- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil. CEMRI/Lisboa; 2- Centro Universiário

Una/Belo Horizonte/Brasil; 3- Centro Universitário Una/Belo Horizonte/Brasil

Poster

Introdução: Os alunos da educação básica, educação infantil, fundamental, ensino médio e

educação de jovens e adultos matriculados em escolas de rede pública, são atendidos pelo

Programa Nacional de Alimentação Escola (PNAE). A alimentação escolar é oferecida

gratuitamente nas escolas públicas em função do repasse financeiro do PNAE. Esse

programa tem o intuito de contribuir para o crescimento, desenvolvimento, rendimento

escolar dos estudantes levando hábitos alimentares saudáveis para os alunos que compõem

a educação pública. A expectativa é melhorar o fornecimento das refeições, atender aos

hábitos alimentares dos estudantes, incentivar a economia local e regional, diminuir custos

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e estimular a participação da comunidade. As crianças e adolescente tem o direito de uma

alimentação saudável, que pode ser realizada na escola ou em casa. Objetivo: Diante do

risco da inadequação da alimentação escolar para alunos beneficiários do PNAE, esse

estudo avaliou o cardápio do almoço de uma escola estadual situada no município de

Contagem, Brasil. Material e Métodos: Esse estudo foi realizado em uma escola da rede

estadual do município de Contagem, Brasil, durante o primeiro semestre do ano de 2016.

Foram avaliados vinte dias de cardápio do almoço cedido pela escola, servido para 550

alunos, com faixa etária entre onze e dezoito anos. Os ingredientes e as quantidades per

capitas informados pela escola foram descritos e calcularam-se os teores de energia,

macronutrientes, fibras, os micronutrientes: ácido ascórbico, vitamina A, cálcio, ferro,

magnésio, zinco usando a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Os valores

obtidos foram, em seguida, comparados aos valores de referência para escolares,

estabelecidos pelo PNAE de modo a suprir no mínimo 20% das necessidades diárias para

uma refeição. Resultados: O cardápio oferecido para a alimentação escolar de Contagem

não atingiu, em sua maioria, as recomendações do PNAE para alunos entre dezesseis e

dezoito anos, e é parcialmente insuficiente para os da faixa etária entre onze e quinze anos

quanto ao teor calórico, glicídico, de cálcio, ferro, magnésio e vitamina A. Em

contrapartida, os valores para lipídeo, fibra e zinco excederam a cota mínima de

recomendação para ambas faixas etárias. Os teores de lipídeo, fibra e zinco excederam a

cota mínima de recomendação para ambas faixas etárias. A quantidade de zinco observado

constitui-se como um achado favorável, pois o mesmo é um componente estrutural e/ou

funcional de várias enzimas, participa de muitas reações do metabolismo celular, incluindo

processos fisiológicos, tais como função imune, defesa antioxidante, crescimento e

desenvolvimento. Conclusão: Fica evidente a necessidade de haver diferenciação na

determinação das quantidades per capita entre as diferentes faixas etárias, visando melhor

atender às recomendações do PNAE. Sugere-se em um trabalho futuro avaliar as

quantidades per capita consumidas pelos estudantes.

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Keywords: alimentação escolar, adequação nutricional, consumo alimentar

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Other

ICCA 2017-11430 -A intervenção da Terapia Ocupacional ao longo do ciclo de vida da

infância

Vanda Varela Pedrosa (1)

1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo

ICCA-Comunicação Oral

A Terapia Ocupacional é uma profissão que assenta numa abordagem multidisciplinar, num

paradigma da ocupação em que a chave da sua intervenção reside em alterações/disfunções

(transitórias/permanentes) do desempenho ocupacional.

Assim sendo, a sua intervenção ao nível dos Cuidados de Saúde Primários assente numa

lógica colaborativa entre profissionais, famílias e crianças, normalmente integrada numa

perspectiva inter, multi e/ou transdisciplinar de intervenção, normalmente integrada em

Equipas Locais de Intervenção Precoce e Equipas de Saúde Escolar.

Desse modo, pretende-se fazer um estudo prospetivo, longitudinal (últimos 10 anos), onde

se irão recolher os dados de intervenção de crianças e jovens entre os 0 e os 18 anos de

idade.

O objectivo é perceber onde a intervenção foi mais solicitada, em que patologias, em que

tipo de intervenção.

Esta informação é fundamental para delinear novos programas/projetos de intervenção em

Cuidados de Saúde Primários, todos eles com um forte em enfoque comunitário e de

parceria.

Keywords: Terapia Ocupacional, ciclo de vida, criança, jovem, infância

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ICCA 2017-14854 -EQUIPA LOCAL DE INTERVENÇÃO PRECOCE DE

GONDOMAR: ANÁLISE DAS REFERENCIAÇÕES DAS CRIANÇAS

Marília Matias Alves (1); Lourdes Ascensão (1); Isabel Babo (1); Libânia Castro (1); Ana

Cristina Fonseca (1); Marta Gonçalves (1); Inês Guedes (1); Ana Rita Lopes (1); Carlos

Noronha (1); Bruna Pereira (1); Paula Pinto (1); Maribel Santos (1); Cristiana Silva (1)

1- ELI Gondomar

ICCA-Comunicação Oral

O Sistema Nacional de Intervenção Precoce (SNIPI) funciona através da atuação

coordenada dos Ministérios do Trabalho e da Solidariedade Social, da Educação e da

Saúde, conjuntamente com o envolvimento das famílias e da comunidade. O SNIPI tem a

missão de garantir a Intervenção Precoce na Infância (IPI), entendendo-se como um

conjunto de medidas de apoio integrado centrado na família de crianças até aos 6 anos de

idade, com alterações ou em risco de apresentar alterações nas estruturas ou funções do

corpo ou expostas a fatores de risco biológico e/ou ambientais. As Equipas Locais de

Intervenção Precoce (ELI) são constituídas por equipas pluridisciplinares com base em

parcerias institucionais envolvendo vários profissionais que atuam segundo o modelo

transdisciplinar. Os objetivos desta investigação visam analisar o número de referenciações

para a ELI de Gondomar desde o início da sua atividade, julho 2012 até setembro 2016, a

entidade referenciadora, a idade das crianças à data da referenciação e o número de

referenciações que se enquadram nos critérios de elegibilidade definidos pelo SNIPI. A

recolha de dados ainda se encontra a decorrer. A análise e discussão dos mesmos será

realizada de acordo com os fundamentos do SNIPI.

Keywords: SNIPI, ELI, Referenciações, Entidades referenciadoras

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ICCA 2017-15552 -VALIDAÇÃO DE UM INSTRUMENTO DE PESQUISA SOBRE

PROMOÇÃO DE SAÚDE NAS ESCOLAS - A EXPERIENCIA DE CAMPO EM

MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO

Christina Cesar Praça Brasil (1); Raimunda Magalhães da Silva (1); Ana Maria Fontenelle

Catrib (1); Jarlideire Soares Freitas (1); Cândido Norberto Bronzoni de Mattos (2); Rogério

Lessa Horta (2)

1- Universidade de Fortaleza; 2- Universidade Vale dos Sinos

Poster

Introdução: O consumo de drogas é uma realidade que impacta na saúde de crianças e

adolescentes brasileiros e, nesse contexto, a promoção da saúde no ambiente escolar torna-

se uma forma de enfrentamento dessa problemática e um meio de proteção a esse público.

Objetivo: Este estudo tem como objetivo examinar as vivências de campo e explorar dados

preliminares da etapa de validação de um instrumento acerca da promoção da saúde na

escola no município de Fortaleza, Ceará, Brasil. Metodologia: A coleta de dados ocorreu de

setembro de 2015 a abril de 2016. O instrumento foi elaborado na Universidade Vale dos

Sinos, no município de São Leopoldo, Rio Grande do Sul, Brasil e a etapa de validação que

inclui escolas do município de Fortaleza foi realizada em parceria com a Universidade de

Fortaleza. Para a amostra, foram selecionadas 153 escolas das redes Estaduais e Municipais

de ensino das seis regionais que subdividem o município de Fortaleza. Inicialmente, foi

solicitada por meio de uma carta de anuência, a permissão para a realização da pesquisa nas

Secretarias Municipal e Estadual de Educação. De posse desses documentos, iniciou-se a

coleta dos dados. Vale ressaltar, que os gestores estaduais também assinaram uma carta de

anuência assegurando a realização da pesquisa em cada unidade escolar. A aplicação do

instrumento de coleta constou de dois momentos: no primeiro, o gestor respondia a um

questionário com questões objetivas e; no segundo, o pesquisador realizava uma visita de

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observação nas instalações escolares com preenchimento de um formulário contendo

aspectos estruturais e organizacionais. O projeto foi submetido e aprovado ao Comitê de

Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Processo 025/2013).

Resultados preliminares: Durante a coleta, foi possível perceber as diversas realidades das

escolas públicas existentes no município objeto da investigação. Nestes espaços, a

promoção de saúde é desenvolvida de forma pontual e descontínua, embora algumas das

escolas visitadas façam parte do Programa Saúde na Escola – PSE. Em relação ao uso de

drogas, por exemplo, foi possível perceber uma preocupação significativa dos gestores por

meio de ações educativas direcionadas a essa temática. Considerações finais: A pesquisa

encontra-se em fase de finalização e seus resultados contribuirão para a construção de

ambientes educacionais saudáveis, podendo o instrumento de coleta ser replicado em outros

municípios para verificar a promoção de saúde e sua relação com o uso de drogas.

Keywords: Promoção da Saúde; Drogas; Saúde Escolar

ICCA 2017-18593 -Projeto Educativo de prevenção e intervenção social

Cláudia Solange Fernandes Moreira (1)

1- Instituto Superior de Serviço Social do Porto (aluna- MESTRADO)

ICCA-Comunicação Oral

“Nas sociedades contemporâneas o sucesso escolar constitui não apenas uma preocupação

omnipresente de professores, estudantes e as suas famílias, mas é igualmente um tema

central na agenda politica e mediática. Assim, tem-se afirmado a convicção de que o êxito

na e da escola é um fator importante para o desenvolvimento, a integração e o bem-estar,

quer de cada indivíduo, quer dos grupos e da sociedade como um todo.” (Veloso &

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Abrantes, 2013, p. 1)

A preocupação com a temática da Educação e Formação constitui, há vários anos, um dos

eixos prioritários do Governo Constitucional de Portugal. Versa sobre o absentismo e a

desqualificação escolar, a certeza, de que ambas, geram influências nefastas, seja a curto,

médio ou longo prazo, nos mais variados níveis da sociedade (económico, social, cultural).

A nossa investigação partiu da observação e análise dos valores nacionais relativamente aos

níveis de desemprego, de absentismo e desqualificação escolar, onde se verificou que, de

facto, a maioria dos indivíduos afastados do mercado de trabalho haviam mantido uma

fraca relação com o sistema educativo. Dessa forma, inferimos que, quanto maior for a

qualificação escolar de um indivíduo, menor será a probabilidade de o mesmo se encontrar

numa situação de desemprego, e por consequência de exclusão social.

Consideramos que, apesar de a problemática ser demasiado vasta e dependente de diversas

condicionantes, os projetos de intervenção social, constituem apoios benéficos no combate

ao absentismo e desqualificação escolar, apresentando maiores probabilidades de sucesso,

quando se verifica uma aplicação preventiva. É neste sentido que pretendemos apresentar

uma proposta de um projeto educativo de prevenção e intervenção social em contexto

escolar, por acreditarmos que a escola, para além de ser o espaço que maior quantidade de

jovens reúne em regime obrigatório, é também um local, onde diferentes tipos de

aprendizagens são concretizados e onde percursos de vida são pré-definidos. O trabalho que

apresentamos é circunscrito territorialmente pela Área Metropolitana e Distrito do Porto,

concretamente os concelhos de Porto, Matosinhos, Gondomar, Santo Tirso e Valongo,

constituindo na arte o veículo prioritário de intervenção social em contexto escolar.

Keywords: #Projetos de prevenção e intervenção social # Artes # Jovens integrados em

contexto escolar #Absentismo e desqualificação escolar;

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ICCA 2017-21075 -A PROVA PERICIAL EM CASOS DE ABUSO SEXUAL

CONTRA CRIANÇAS E JOVENS: EXPERIÊNCIA DE 15 ANOS DE

ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR

Luiziana Souto Schaefer (1); Angelita Maria Ferreira Machado Rios (1); Kleber Cardoso

Crespo (1); Marcelo Oliveira Ferreira (1); Marcio Magalhães Arruda Lira (2)

1- Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI) e Departamento Médico-

Legal de Porto Alegre, Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;

2- Instituto Médico-Legal de Fortaleza, Brasil

ICCA-Comunicação Oral

A violência sexual é um crime altamente prevalente que vitimiza muitas crianças e

adolescentes. O atendimento ideal destas ocorrências deve ser feito por equipe

multidisciplinar e em ambiente acolhedor, a fim de atender às demandas emocionais,

sociais, protetivas e criminais. A prova pericial é uma etapa importante deste processo, uma

vez que é um dos elementos comprobatórios da existência de um delito, seja na violência

física, sexual e/ou psicológica. O objetivo deste trabalho é descrever a estrutura de um

serviço de atendimento integral no qual está inserida a perícia médico-legal do estado do

Rio Grande do Sul, Brasil. O serviço multidisciplinar é localizado no Hospital Materno-

Infantil Presidente Vargas, em Porto Alegre, cidade situada no estado do extremo sul do

Brasil, e atende crianças e adolescentes supostamente vítimas de violência sexual. As

vítimas recebem atendimento integral com registro de ocorrência policial, acolhida social,

acolhida psicológica, perícia física, perícia psíquica, atendimento pediátrico e/ou

atendimento ginecológico. Conforme a peculiaridade de cada caso, pode haver o

encaminhamento para medidas protetivas, para a rede de saúde mental ou para os serviços

do hospital para profilaxia de DSTs e gestação, ou para aborto legal. A equipe é composta

por diferentes profissionais: uma policial civil, três psicólogas, duas assistentes sociais, três

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médicos-legistas para perícia física, seis peritos para perícia psíquica (psicólogos e

psiquiatras), duas técnicas em perícia, duas pediatras, uma ginecologista e uma auxiliar

administrativa. No ano de 2015, foram realizadas 1870 perícias físicas e 1960 perícias

psíquicas. A partir da união de estruturas públicas e com a cooperação dos múltiplos

profissionais, foi possível a abordagem ampla para as crianças e adolescentes vítimas,

buscando a proteção integral das mesmas. O atendimento centralizado e integrado em um

ambiente único proporciona uma abordagem mais humanizada e minimiza a chance de

revitimização.

Keywords: abuso sexual; crianças; perícia; atendimento multidisciplinar

ICCA 2017-25180 -A importância do gatinhar, opinião dos pais de crianças que

gatinharam e não

Vanda Varela Pedrosa (1)

1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo

Poster

É muito comum alguns pais afirmarem, até com certo orgulho, que seus filhos “andaram

direto”, dando os primeiros passos precocemente.

No entanto, as crianças que dão esse salto no desenvolvimento perdem os benefícios

relacionados à fase de engatinhar, que são muitos.

Quem gatinha explora o mundo sobre quatro apoios, o que antes de andar é tão importante,

atua em prol do desenvolvimento da primeira infância.

Pretende-se saber junto de pais de crianças atendidas pela Terapeuta Ocupacional no

primeiro ano de vida, atualmente com dois anos ou mais (aqueles que gatinharam e não) e

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qual a perceção dos pais sobre esta atividade, se foi importante, se não e os porquês.

Este conhecimento ajudará no futuro a realizar ações de sensibilização de prevenção

primário junto de pais de crianças com menos de 3 meses, antes de a criança engatinhar.

Este estudo terá lugar em 8 Centros de Saúde de um Agrupamento de Centros de Saúde de

uma região de Lisboa.

Keywords: Gatinhar, desenvolvimento psicomotor, famílias, profissionais de saúde

ICCA 2017-29621 -O conhecimento do adolescente sobre o tabagismo: uma questão de

promoção da saúde

Silvana Souza Ferreira Pacheco da Cunha (1); Ana Maria Fontenelle Catrib (1); José

Manuel Peixoto Caldas (2); Christina Cesar Praça Brasil (1)

1- Universidade de Fortaleza; 2- Universidade do Porto

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O tabagismo é um problema de saúde pública no mundo, desencadeando a

morte de 6 milhões de pessoas por ano. O adolescente também é atingido por esse

problema, pois, normalmente, as pessoas começam a fumar antes dos 20 anos de idade.

Estima-se que 100 mil jovens iniciam o tabagismo todos os dias no mundo. Nesse cenário,

o adolescente começa a fumar por diversos motivos, como: autoafirmação, sentimento de

pertencimento ao grupo de amigos e transgressão de regras. Estes normalmente não têm

interesse em parar o consumo, pois não se sentem estimulados, haja visto, que os problemas

de saúde são silenciosos e a manutenção da saúde não costuma ser prioridade nessa fase. A

indústria tabagista investe em novos consumidores, tendo como alvo os jovens. Objetivo:

Esta pesquisa objetivou verificar o conhecimento dos adolescentes sobre o tabagismo.

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Metodologia: Foi realizada uma pesquisa qualitativa com 14 adolescentes, na qual aplicou-

se um questionário contendo perguntas relacionadas ao tabagismo, em setembro de 2016,

no curso de auxiliar administrativo promovido pelo setor de responsabilidade social da

Universidade de Fortaleza – UNIFOR, em Fortaleza, Ceará, Brasil. Os dados foram

analisados por meio de análise de conteúdo na modalidade temática e interpretados à luz de

referências teóricas que abordam o tema em pauta. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê

de Ética sob o parecer Nº 1.508.603. Resultados: Os resultados demonstram que os

participantes têm entre 15 e 18 anos, todos solteiros, estando 13 no ensino médio e apenas

um no fundamental, não apresentando atividade profissional. Nenhum faz uso de tabaco e/

ou seus derivados. Todos compreendem o conceito de tabagismo e relatam que podem

ajudar as pessoas que fumam com bons conselhos e demostrando o quanto o vício é

prejudicial à saúde. Seis participantes possuem amigos que fumam e oito não. Todos

relatam sobre os prejuízos que o tabagismo causa, vinculando-o ao desenvolvimento de

câncer, porém não vinculam o cigarro ao aparecimento de outros males. Um dos

participantes mencionou os conflitos familiares quando se tem um tabagista em casa e outro

relatou a exclusão social que o usuário de tabaco sofre. Nove adolescentes não convivem

com fumantes em casa. Porém, os cinco que têm fumantes em casa lidam com a situação,

aconselhando-os a cessar e mantendo distância para não entrarem em contato com a fumaça

do cigarro. Todos sabem o que é ser fumante passivo e relatam sobre os prejuízos à saúde

deste. Foram propostas, pelos adolescentes, estratégias para ajudar as pessoas a pararem de

fumar: “leis mais rígidas”, “proibição das fábricas de cigarro”; “ocupar a mente com

atividade física”; “promover tratamento”, “campanhas informativas mais frequentes”.

Considerações finais: Esta pesquisa demonstrou o entendimento que o adolescente tem a

respeito do tabagismo; mostrando que, de forma geral, eles são bem informados e

conscientes dos malefícios causados por essa droga. Recomenda-se que novas pesquisas

sejam desenvolvidas, tendo como público alvo os adolescentes, uma vez que estes se

encontram na mira da indústria tabagista e que isso possa ajudar no desenvolvimento de

políticas públicas mais eficazes e protetoras dessa população.

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Keywords: Tabagismo; Promoção da Saúde; Adolescente

ICCA 2017-41180 -Intervenção Precoce na Infância: Intervenção na Família faz a

diferença

Ana Isabel Camacho Manta, Rita Monteiro e Isabel Gonçalves (1); Diana Rita Vasconcelos

Monteiro (1); Ana Seabra (1); Anabela Melo (1); Graça Mendes Marques (1); Marisa

Fonseca (1); Carla Almeida (1); Manuela Baptista (1); Sara Ribeiro (1)

1- ELI Valongo

Poster

Nos últimos vinte anos tem sido grande o investimento na Intervenção Precoce em

Portugal. Mais recentemente com a publicação do Decreto-Lei nº281/2009 - que criou o

Sistema Nacional de Intervenção Precoce na Infância (SNIPI) o qual visa assegurar a

universalidade de acesso a serviços de Intervenção Precoce e a melhor articulação entre os

Ministérios envolvidos (Educação, Saúde e Segurança Social) - surgiu um aumento da

investigação e da realização de estudos científicos sobre a temática, um maior investimento

em equipas mais qualificadas e com procedimentos uniformizados, bem como a um

alargamento do acesso a programas de IPI em todo o território nacional.

A Intervenção Precoce na Infância (IPI) em atuação com equipas transdisciplinares,

pretende assegurar o adequado desenvolvimento das crianças dos 0 aos 6 anos, enfatizando

e preconizando uma prática centrada nas famílias, respeitando a diversidade de cada uma,

atuando ao nível das rotinas diárias nos diversos contextos de vida em que as crianças

poderão estar inseridas.

A intervenção não incide apenas em famílias cujas crianças apresentam alterações

orgânicas que limitam o seu normal desenvolvimento, mas também em situações que

podem acarretar risco para o desenvolvimento das crianças. Este pode estar associado a

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fatores biológicos, como por exemplo, prematuridade ou baixo peso à nascença, mas

também a situações ambientais (pouca estimulação, dificuldades na interação mãe-bebé,

desorganização familiar) ou de cariz social (pobreza).

As evidências revelam que ao atuar em todo o sistema biopsicossocial da criança,

favorecendo as competências das famílias e os contextos que a rodeiam, há um aumento

das oportunidades de aprendizagem das crianças promovendo o seu desenvolvimento.

Pretende-se apresentar um caso que demonstra o impacto da atuação da Equipa Local de

Intervenção de Valongo com uma família com vários fatores de risco ambiental e social,

explorando as mudanças conseguidas junto da família e os benefícios alcançados para o

adequado desenvolvimento da criança. Salienta-se o papel da intervenção precoce junto das

famílias e a importância e necessidade de articulação com outros serviços da comunidade

(de saúde e sociais) para um melhor apoio junto das famílias.

Keywords: Intervenção Precoce; Família; Criança

ICCA 2017-44836 -A Criança na Cidade: Um paradigma a reverter

Andreia Ramos (1); Ricardo Dias (1); Maria Veloso (2)

1- Instituto a Criança na Cidade; 2- Presidente do Instituto a Criança na Cidade

Poster

O direito à participação da criança na esfera pública constitui-se como um direito humano,

consagrado na Declaração dos Direitos Humanos e confirmados na Convenção dos Direitos

da Criança. A participação é fundamental na construção da sua autonomia, identidade e do

próprio conhecimento, através de uma aprendizagem não formal e informal aliada à

aprendizagem formal, que no seu todo, formam a educação integral do indivíduo nas suas

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várias etapas de vida.

Apesar de reconhecida legalmente como cidadã, a criança não tem palco de atuação na

cidade, um paradigma que se torna urgente reverter para a construção da cidade que educa e

se educa.

É neste contexto, que a presente comunicação, defende a conceção de cidades educadoras,

nas quais a criança tem um papel ativo enquanto construtor do espaço urbano.

Nesta comunicação apresenta-se um caso de estudo desenvolvido pelo Instituto a Criança

na Cidade contando com a participação de 200 crianças de idades compreendidas entre os 6

e 10 anos, e tem como principal objetivo afirmar a importância da perceção da cidade pelo

olhar da criança no desenho urbano.

A cidade projetada com e para a criança é a cidade que responde as necessidades e

expectativas da narrativa escrita pela criança, garantindo um tempo e espaço promotor do

desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, social, cultural e espiritual, da criança.

A metodologia aplicada assenta numa abordagem multimétodos, permitindo uma melhor

compreensão da performance ocupacional e organizacional do espaço urbano, bem como,

das necessidades e expectativas do sujeito alvo de estudo.

Os dados analisados permitiram observar que a perceção da criança em relação à cidade é

permanentemente mediada, prendendo-se este facto com os condicionalismos que estão

hoje presentes no seu quotidiano. Não obstante a esta problemática, também foi possível

aferir, que a criança consegue identificar urgências no desenho do espaço urbano, pelo que

se torna um contributo no momento do desenho urbano.

Keywords: Cidade; Criança; Participação; Espaço público

ICCA 2017-47721 -(In) visibility of the occupations of Brazilian schools on the surface

of newspapers.

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Prado, Ana Lucia (1)

1- Federal University of Pará

Poster

The occupations of public schools by students in Brazil have come to represent at the

current political moment a frontier of resistance to the educational reforms that the

government intends to implement. In this sense, the media coverage of major national

newspapers is ambivalent in relation to the movement. This paper seeks to investigate the

frameworks of two major newspapers: Folha de S.Paulo and O Globo, seeking to unveil the

forms of visibility and invisibility of this movement of students. The methodology used is

the quantitative and qualitative content analysis of newspapers in 2016.

Keywords: Occupations, schools, newspapers, Brazil

ICCA 2017-57198 -Privacidade e confidencialidade: um direito e uma barreira na

procura dos serviços de saúde pelos adolescentes

Graça Vinagre (1); Luísa Barros (2)

1- Escola Superior de Enfermagem de Lisboa (ESEL); 2- Faculdade de Psicologia da

Universidade de Lisboa

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: A convenção sobre os direitos da criança salvaguarda não só o direito à

expressão das suas opiniões e o respeito pelas mesmas como a garantia da privacidade. Dar

voz aos adolescentes tem-se mostrado particularmente importante nas questões da saúde e

do acesso aos cuidados de saúde sobretudo a nível internacional. Os dados que temos

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disponíveis sugerem que os serviços de saúde dirigidos a situações de promoção de saúde

são subutilizados pelos adolescentes. Esta situação releva um conjunto de preocupações,

quer associadas às ameaças que advêm dos comportamentos de risco na adolescência quer

ao facto dos padrões de comportamentos de saúde e de utilização dos cuidados de saúde

terem tendência a manter-se na idade adulta, que tem motivado o estudo do problema.

Alguns estudos internacionais têm identificado um conjunto de barreiras percebidas pelos

adolescentes na procura dos serviços de saúde, nomeadamente relacionadas com as

questões da privacidade e confidencialidade. Em Portugal tem sido um assunto pouco

estudado.

Objetivos: Com este estudo pretende-se identificar as barreiras percebidas pelos

adolescentes na procura dos serviços de saúde e verificar se existem diferenças em função

da idade, género e nível socio educacional.

Método: Trata-se de um estudo transversal de natureza quantitativa. Participaram 982

adolescentes, com idades compreendidas entre os 13 e 19 anos a frequentarem escolas

públicas e privadas em Lisboa, que responderam a um questionário socio demográfico e a

uma escala de barreiras integrada num questionário mais alargado construído a partir da

literatura e de um estudo qualitativo preliminar.

Resultados: A análise do conjunto de resultados permitiu identificar quatro dimensões

emergentes da escala de barreiras percebidas pelos adolescentes (EBPA): preocupações

com a privacidade e confidencialidade (a mais valorizada pelos adolescentes), pouca

valorização da saúde e da ajuda dos profissionais, dificuldades na acessibilidade e crenças

desfavoráveis sobre as atitudes dos profissionais. Verificaram-se diferenças em relação à

idade e género, embora o mesmo não se tenha verificado com o nível socio educacional.

Conclusões: Os resultados obtidos salientam a necessidade de intervir ao nível das

estruturas físicas e condições de organização e funcionamento dos serviços, assim como a

importância da mudança de atitudes e comportamentos dos profissionais de saúde, no

sentido de uma maior adequação às necessidades dos adolescentes facilitando a procura dos

cuidados promotores de saúde.

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Keywords: Adolescentes, Procura dos serviços saúde, Barreiras; Privacidade e

confidencialidade

ICCA 2017-79792 -A importância de escrever à mão, estudo exploratório numa

Equipa Local de Intervenção Precoce

Vanda Varela Pedrosa (1)

1- ACES Leziria, Centro de Saúde do Cartaxo

ICCA-Comunicação Oral

O uso excessivo de teclados e telas sensíveis ao toque em vez de escrever à mão, com lápis

e papel, pode prejudicar o desenvolvimento de crianças. Claramente, a escrita à mão ajuda

no desenvolvimento do cérebro infantil, até porque se sabe que, crianças que, apesar de

ainda não alfabetizadas são capazes de identificar letras, mas não sabiam como juntá-las

para formar palavras.

Sendo um tema tão sensível e, sendo o desenvolvimento infantil uma forte preocupação

das Equipas Locais de Intervenção pretende-se que o estudo explore junto de uma equipa

de 20 profissionais (educação, saúde) e junto de 50 pais de crianças, entre os 0 e os 5 anos

de idade com alterações diversas no seu desempenho ocupacional, qual o seu entendimento

sobre a importância da escrita mão nesta fase pré escolar.

Pretende-se conhecer o que estes pais e profissionais sabem sobre o tema e também de que

forma acham que a escrita manual pode desenvolver competências que melhorem as

performances no desempenho ocupacional das crianças que acompanham (formal e

informalmente).

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Keywords: Escrita, Desenvolvimento Infantil, Equipa Local Intervenção Precoce, Famílias

e Profissionais

ICCA 2017-80851 -Voluntários por um sorriso

Rosa Gomes (1); Carla Domingues*; Gabriela Zagalo*; Dulce Cruz**; Luis Silva*** (2)

1- Centro Hospitalar e Huniversitário de Coimbra - Hospital Pediátrico - Assistente Social;

2- *Assistente Social no HP – CHUC ** Educadora de Infância no HP – CHUC ***

Enfermeiro no HP – CHUC

ICCA-Comunicação Oral

VOLUNTÁRIOS POR UM SORRISO

INTRODUÇÃO

O Hospital Pediátrico (HP) através do projeto “Voluntários por um Sorriso” desenvolve

desde 2000 um conceito inovador de responsabilidade social, com a sociedade civil, no

sentido de ajudar a criança e o adolescente doente a brincar e a sorrir. A importância do

brincar e da promoção das atividades lúdicas tem um lugar de destaque, enquanto objetivo

institucional, no âmbito da promoção da saúde e é encarado como um ato terapêutico.

Porque se acreditou que o brincar é fundamental e porque brincando a criança expressa

necessidades e desenvolve potencialidades, surge o projeto “Voluntários por um Sorriso”,

adiante designado por voluntariado. Na sua génese surge direcionado a crianças e

adolescentes com doença oncológica. Dado o empenho e dedicação dos voluntários, foi

possível dar resposta a todos os serviços de internamento e ambulatório.

MISSÃO, VISÃO E OBJETIVOS

Missão: promover a humanização hospitalar através das atividades lúdicas dinamizadas, de

forma regular, por uma equipa de voluntários.

Visão: reconhecimento de excelência da intervenção dos voluntários junto das criança,

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jovens e suas famílias. Objetivos: Proporcionar momentos de animação no internamento e

ambulatório não urgente; criar espaços de lazer e convívio; amenizar o sofrimento das

crianças doentes e promover a solidariedade, o compromisso, a participação, … enquanto

princípios e novas formas de cidadania ativa.

METODOLOGIA

O voluntariado é dinamizado e supervisionado por uma equipa multidisciplinar, a

Comissão de Coordenação do Voluntariado, e tem como parceiros no processo de

recrutamento e seleção a Câmara Municipal de Coimbra e a ACREDITAR. A formação

constitui a pedra basilar do desenvolvimento de um trabalho motivado e eficaz. Anualmente

é realizada formação aos novos voluntários com o objetivo de os habilitar ao nível do

conhecimento (saber), capacitação (saber fazer) e atitudes (ser) em 3 momentos de presença

obrigatória. No final é celebrado um termo de compromisso entre o HP e o voluntário.

Existem reuniões mensais com os responsáveis de cada grupo, para avaliação e

programação de atividades. RESULTADOS

O gráfico em anexo mostra a evolução do voluntariado de 2000 a 2016 .

Os voluntários, diariamente, dinamizam atividades lúdicas com autonomia e criatividade.

Assinalam simultaneamente os momentos festivos (Dia das Bruxas, S. Martinho, Natal,

Carnaval, Páscoa, Dia da Criança, etc.) através das diversas expressões (plástica, musical e

dramática). Colaboram com a equipa pedagógica quando solicitados. CONCLUSÃO

Verificamos a participação, a disponibilidade e o interesse no exercício de uma cidadania

ativa l neste projeto. Não obstante a mobilidade anual salientamos a coesão, o entusiasmo e

a dedicação dos voluntários que ao integrarem este desafio os satisfaz enquanto cidadãos e

muito contribuiu para o seu crescimento pessoal, académico e profissional.

No HP os voluntários, maioritariamente estudantes universitários, desempenham com

dedicação e criatividade as suas funções, em complementaridade com os profissionais,

convergindo para a humanização hospitalar, fomentando a resiliência das crianças /

adolescentes e suas famílias. AUTORES Rosa Gomes*: Carla Domingues*; Gabriela

Zagalo*; Dulce Cruz**; Luis Silva***. *Assistente Social no HP – CHUC; ** Educadora

de Infância no HP – CHUC: *** Enfermeiro no HP – CHUC PALAVRAS-CHAVE

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Voluntariado, criança, adolescente, humanização.

Keywords: Voluntariado, criança, adolescente, humanização

ICCA2017-99998 -Intervenção pela Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP

Monteiro, V. (1); Martins, T. (1); Xarepe, F. (1)

1- Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP

ICCA-Comunicação Oral

Com a presente comunicação pretende-se apresentar a intervenção desenvolvida pela

Associação Passo a Passo – IPSS/CAFAP, no âmbito da reintegração familiar, de crianças

institucionalizadas.

A institucionalização infantil é uma antiga resposta social que exige nos dias de hoje uma

nova intervenção psicossocial.

Em Portugal, encontravam-se, em 2015, 8600 crianças institucionalizadas. Relatório,

CASA (2015).

A Associação Passo a Passo entre o ano de 2006 e final de Junho de 2016, reintegrou na

família 213 crianças. Das crianças acompanhadas, destacamos que, em média, estiveram

em situação de acolhimento 3 anos.

Propomo-nos aqui apresentar, os resultados desta nova forma de intervir. Igualmente será

apresentada a caracterização social destas crianças; o tempo de institucionalização o

impacto da mesma nas suas vidas e por último a metodologia usada para a

desinstitucionalização. Metodologia que assenta num modelo ecológico ou sistémico,

colaborativo e em rede.

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Keywords: institucionalização, reintegração familiar

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Pediatrics

ICCA 2017-17636 -VACINAÇÃO EM MEIO HOSPITALAR

Marta Ezequiel (1); Catarina Escobar (1); Alexandra Dias (1); Maria de Lurdes Torre (1)

1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca

Poster

Introdução:

A adesão ao Programa Nacional de Vacinação (PNV) é de extrema importância para

garantir a saúde pública e saúde infantil. Todas as oportunidades de concretização e

promoção de vacinação devem ser aproveitadas.

Material e Métodos:

Analisados os dados relativos às crianças vacinadas, durante o internamento, na enfermaria

de Pediatria de um hospital distrital nível II, entre Janeiro de 2015 e Agosto de 2016. Foram

avaliados a idade, a(s) vacina(s) administrada(s), o motivo de vacinação e e a presença de

risco social no motivo e/ou no diagnóstico de internamento.

Resultados:

Durante este período, foram vacinadas 57 crianças/adolescentes (1,7% do total de crianças/

adolescentes internados) - 51% eram do sexo masculino, com mediana de idades de 20

meses (mín 22 dias; máx 17 anos).

Os motivos de vacinação foram: 20 por doença grave; 19 por internamento prolongado, em

que a idade de vacinar coincidiu com o internamento – destes, 14 internados por motivos

sociais; 11 por doença crónica com indicação para vacinas extra-PNV (maioritariamente

doença falciforme); 7 com PNV desactualizado, com mediana de atraso de 3 meses

(mínimo - 1 mês; máximo - 6 anos) e sendo o atraso mais frequente nos primeiros 12 meses

de vida.

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Das vacinas extra-PNV foram administradas: 24 vacinas pneumocócica conjugada 13

valente a crianças nascidas antes de Janeiro de 2015 e 7 vacinas contra a gripe sazonal, a

doentes pertencentes a grupo de risco e internadas por outras comorbilidades.

Conclusões:

Apesar das altas taxas de cobertura vacinal existentes, é importante intervir em todos os

momentos de contacto das equipas de saúde, de modo a que o incumprimento vacinal seja

corrigido e prevenido. O internamento hospitalar, por doença ou por motivo social, é

utilizável para corrigir esta situação de incumprimento. O acesso à plataforma nacional de

dados de saúde agiliza a avaliação e a intervenção, uma vez que permite a consulta e registo

do plano vacinal de cada criança.

Keywords: Vacinação, PNV, casos sociais

ICCA 2017-18730 -Amenorreia primária: que etiologia?

Sara Peixoto (1); Joana Pimenta (2); Joana Serra Caetano (3); Rita Cardoso (3); Isabel

Dinis (3); Alice Mirante (3)

1- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar

Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Trás-

os-Montes e Alto Douro, EPE Portugal; 2- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital

Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de

Pediatria, Centro Hospitalar Tondela-Viseu, Portugal; 3- Unidade de Endocrinologia

Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE, Portugal

Poster

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Introdução

Os tumores secretores de prolactina (prolactinomas), são os tumores hipofisários mais

frequentes, cuja prevalência varia com idade e sexo. Na faixa etária pediátrica, estes

tumores benignos representam menos de 2% de todos os tumores intracranianos e a

amenorreia primária é uma forma rara de apresentação.

Caso Clínico

Adolescente do sexo feminino, 17 anos, sem antecedentes familiares de relevo, enviada à

consulta de endocrinologia pediátrica por amenorreia primária. Previamente saudável,

inicia desenvolvimento de botão mamário, e pilosidade púbica e axilar aos 11 anos e acne

cerca dos 12 anos. Sem história de galactorreia, sem alterações visuais, sem cefaleias ou

vómitos. Analiticamente doseamento de prolactina >200ng/mL e ecografia ginecológica

sem alterações uterinas ou ováricas.

Na consulta de endocrinologia pediátrica aos 16 anos e 9 meses apresenta-se no estadio

pubertário de Tanner: M2-3P4. O estudo analítico mostra valores de prolactina de 2682ng/

mL, restantes hormonas hipofisárias normais e marcadores tumorais negativos. RM-CE

com “lesão expansiva a nível da região selar associando-se a alargamento/moldagem da

sela turca, apresentando extensão supra-selar e ligeira extensão ao seio cavernoso esquerdo

(...) provável macroadenoma hipofisário”. Iniciou tratamento médico com cabergolina

0,25mg duas vezes por semana, com redução dos valores de prolactina para valores

normais (38 ng/ml 3 semanas após inicio de tratamento e 17ng/ml 6 semanas depois).

Atualmente com 17 anos e 4 meses, teve menarca há 1 mês, e apresenta redução

importante das dimensões da lesão expansiva selar, circunscrita à região selar em RM-CE

quatro meses após inicio de tratamento. Mantém terapêutica instituída e aguarda resultado

do estudo genético de MEN1a.

Conclusão

Apesar das irregularidades menstruais serem comuns na adolescência, é necessário avaliar

corretamente os timings e harmonia de desenvolvimento pubertário. Perante uma

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adolescente com atraso ou paragem da progressão dos sinais pubertários e amenorreia, é

importante o doseamento de prolactina a fim de diagnosticar patologias que apesar de

pouco frequentes nestas idades apresentam formas de tratamento rápidas e eficazes.

Keywords: amenorreia primária; hipófise; prolactinoma; prolactina

ICCA 2017-18945 -Gravidez na adolescência – um caso de abuso de difícil resolução

Ana Isabel Igreja (1); Susana Sousa (2); Cristina Cândido (1); Maria Teresa Manso (3);

Eurico J. Gaspar (1)

1- Serviço de Pediatria Médica do CHTMAD, EPE – Vila Real; 2- Serviço de Pediatria

Médica e Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco, CHTMAD, EPE- Vila

Real; 3- Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens em Risco e Serviço Social do

CHTMAD, EPE- Vila Real

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O abuso sexual de menores é considerado um crime de natureza pública. É uma

situação complexa que deve motivar uma reflexão criteriosa e atenta, em particular por

parte dos profissionais de saúde, dado serem estes os primeiros a avaliar a criança sujeita a

tal agressão. Dadas as marcas indeléveis que é capaz de deixar na vida do menor, todos os

esforços devem ser feitos no sentido de as tentar minimizar, não sujeitando a vítima a

medidas que agravem o seu sofrimento emocional.

Descrição do caso: Adolescente de 13 anos, adotada desde os 5 anos juntamente com duas

irmãs. Internamento no Serviço de Pediatria por ordem judicial, como medida de proteção,

após conhecimento de gestação de cerca de 26 semanas. Suspeita de abuso sexual por parte

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do pai adotivo. O internamento foi mantido durante 24 dias, sem que houvesse motivos

médicos para tal, ficando a aguardar resolução legal e social. Durante todo esse tempo ficou

privada de contactar com a família adotiva e as irmãs biológicas. Teve alta para Instituição.

Foi re-internada às 37 semanas de gestação, para cesariana eletiva sob anestesia geral, após

avaliação multidisciplinar por Ginecologia/Obstetrícia, Pedopsiquiatria, Psicologia e

Serviço Social. O parto decorreu sem intercorrências; recém-nascida com somatometria

adequada à idade gestacional, Índice de Apgar 8/9/10, com boa adaptação à vida

extrauterina. Apesar de estar clinicamente bem foi internada na Unidade de Cuidados

Especiais a Recém-Nascidos, onde permaneceu 46 dias, até resolução da situação social.

Atualmente, a mãe e a criança estão institucionalizadas em diferentes unidades. A mãe é

acompanhada pela Pedopsiquiatria e Psicologia e a criança é seguida na Consulta Externa

de Pediatria.

Conclusões/Discussão: O objetivo da apresentação deste caso é o de permitir uma reflexão

conjunta sobre as implicações do foro mental e emocional que surgem associadas ao ato do

abuso em si mesmo. Citando Paulo Guerra “o menor violentado na sua sexualidade deixa

de poder ser sujeito do seu próprio destino, da sua própria história sonhada, projetada ou

construída. A história que lhe vão impor ultrapassa-o em velocidade e substância, deixa de

ser “sua” para passar a ser aquela que não lhe ensinaram, para a qual não pediram sequer

um assentimento seu que fosse."1. Por outro lado, impõe-se uma discussão sobre a forma

de atuação das entidades responsáveis por zelar pelos interesses da menor. Devem ser

definidas estratégias de resolução mais eficientes e céleres, colocando a vítima menor e os

seus interesses no centro da ação, evitando sujeitá-la a outras formas de maus tratos.

1 Paulo Guerra, Diretor-Adjunto do Centro de Estudos Judiciários, Juíz Desembargador, in

“O Abuso Sexual de Menores, Uma conversa sobre a justiça entre o direito e a psicologia”.

Almedina, 2002.

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Keywords: abuso, gravidez na adolescência.

ICCA 2017-22096 -Ser imigrante em Portugal – Amostra de uma consulta de saúde

infantil

Nina Abreu (1); Ana Rita Dias (1); Rui Passadouro (2); Maria Manuel Zarcos (1)

1- Centro Hospitalar de Leiria; 2- Unidade de Saúde Pública de Leiria

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: A imigração é um fenómeno crescente nos dias de hoje. A maioria desta

população está sujeita a grande vulnerabilidade. A nível dos cuidados de saúde, a barreira

linguística é um dos principais determinantes desta situação.

Objetivos: Caracterizar a população imigrante, de países sem língua oficial portuguesa,

seguida numa consulta de saúde infantil (CSI). Avaliar as barreiras linguísticas e de

integração desta população.

Métodos: Estudo transversal descritivo, com análise de inquéritos aplicados a crianças e/ou

pais imigrantes de países sem língua oficial portuguesa, acompanhados na CSI de um

Centro de Saúde (CS) da região centro de Portugal entre maio e julho de 2015. Análise

estatística em SPSS 21®, teste qui-quadrado (α=0,05).

Resultados: Dos 54 inquéritos aplicados, 65% foram a crianças que já nasceram em

Portugal; 56% eram do sexo masculino, com média de idades de 4 anos. Os pais eram

oriundos da Europa de Leste em 71%, de países asiáticos em 16% e de países árabes em

8%. Das crianças que já tinham adquirido linguagem, não sabiam falar português 33% e

15% referiam ter amigos apenas da mesma nacionalidade.

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Não falavam português em casa 61% das famílias e em 18% nenhum dos pais sabia falar

essa língua. O pai tinha emprego em Portugal em 93% e a mãe em 61%, mas eram

maioritariamente profissões pouco diferenciadas. Foram identificadas 5 famílias (9%) com

problemas sociais, sendo a pobreza o mais frequente (n=4).

Todos os inquiridos estavam inscritos no CS e 41% tinham médico de família. As consultas

eram regulares em 87% das crianças e todas tinham o PNV atualizado, mas a maioria

(72%) não tinha vacinas extra-PNV. Em caso de problema de saúde 69% referiram recorrer

preferencialmente ao hospital, mostrando maior grau de satisfação nos cuidados prestados

(96%) em comparação com o CS (85%). Relativamente à comunicação com os

profissionais de saúde, 35% dos pais e 44% dos profissionais revelaram ter sentido

dificuldade. Em 26% dos casos foi necessário fazer a consulta noutra língua (inglês) e em

16% houve recurso a intérprete (familiar ou amigo).

Em comparação com as outras nacionalidades, nas famílias asiáticas/árabes foi mais

frequente um dos pais não saber falar português (91% vs 40%, χ2(1)=9,2, p<0,01) existir

mais dificuldade na comunicação [quer para os pais (82% vs 23%, χ2(2)=13,2, p<0,01),

quer para os profissionais de saúde (91% vs 33%, χ2(2)=12,1, p<0,01)]; e mais

problemas sociais (36% vs 2%, χ2(1)=12,1, p<0,01). Foi também mais frequente a mãe

nunca ter trabalhado em Portugal (72% vs 30%, χ2(1)=6,7, p=0,01).

Conclusão: Apesar de se verificar que a maioria das crianças tinha acompanhamento

médico regular, as dificuldades de comunicação entre pais e profissionais de saúde foram

grandes. Não falavam português 1/3 das crianças e a maioria das famílias também não o

fazia em casa, perpetuando os défices existentes. Foram os asiáticos/árabes que mostraram

ter maiores dificuldades.

É importante adotar estratégias para ultrapassar a barreira linguística. A comunicação é

fundamental para o sucesso das intervenções no âmbito da saúde e para melhorar a

integração e qualidade de vida da população imigrante.

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Keywords: Saúde infantil, imigrantes, comunicação

ICCA 2017-23632 -Birras: como reagem os pais?

Sara Peixoto (1); Inês Luz (2); Lívia Fernandes (3)

1- 1. Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE,

Unidade de Vila Real; 3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo

Mondego I; 2- 2. Hospital Pediátrico de Coimbra - Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra, EPE; 3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I; 3-

3. Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

Birras são comportamentos que as crianças assumem quando não conseguem lidar com o

sentimento de frustração. O modo de atuação perante as birras e as estratégias para eliminar

este tipo de comportamentos são, muitas vezes, dúvidas persistentes dos pais.

Objetivos

Caracterizar as birras de crianças saudáveis entre 1 e 6 anos de idade e as atitudes dos pais

perante esse comportamento. Perceber as práticas educativas utilizadas, permitindo

intervenção através do desenvolvimento de sessões de ensino e esclarecimento sobre o

tema.

Métodos

Estudo prospetivo descritivo com aplicação de questionários a pais de crianças saudáveis

de 1 a 6 anos de idade, com episódios de birras nos últimos 3 meses. O questionário foi

dividido em 3 partes: sociodemográfica; caracterização das birras e práticas educativas.

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Foram analisadas estatisticamente todas as variáveis em estudo.

Resultados

Considerados válidos 116 questionários. Idade média 3anos, sem género predominante.

Em 77,6% dos casos o questionário foi preenchido pela mãe (idade média 34,8anos), com

curso superior em 71,6% dos casos. Apenas 7,8% foram respondidos por pais solteiros ou

divorciados. Sessenta e seis das crianças estudadas tinham irmãos, 56% dos quais também

faziam birras.

Os pais referiram birras diárias em 71,6% das crianças e, em 37,9%, mais do que uma por

dia. A idade média de inicio das birras foi de 21meses. A casa dos pais e/ou avós foi o local

preferencial das birras (71,6%), destacando-se um menor número de episódios na escola/

casa de familiares. Os comportamentos mais frequentes foram “gritar”, “chorar” e “bater

com os pés no chão em sinal de protesto”. As birras dos filhos interferiram com a vida

social e familiar dos pais em 80,1% dos casos. Relativamente ao comportamento dos pais

perante a birra, 55,2% opta por “utilizar a explicação, na tentativa de fazer parar a birra”,

45,7% por “deixar continuar a birra, ignorando” e 37,9% impõe regras e limites.

Quanto às práticas educativas fora do contexto de birra, 81% usam a comunicação oral

através de explicitação de atitudes e reforço positivo e 72,4% conselhos. Quando era

necessário algum tipo de intervenção, as consequências, foram preferencialmente, “bater no

rabo” (65.5%), “retirar coisas que a criança gosta” (60,3%) ou “mandar para o

quarto” (33,6%). Em 88,8% dos casos, os pais utilizam ou utilizaram algum tipo de punição

física.

Conclusão

Na amostra estudada, o maior número de birras com pais e avós poderá traduzir a atitude

permissiva mais frequentemente adotada por estes, contrastando com regras impostas em

ambiente escolar. As famílias com regras pouco definidas têm maior probabilidade de ter

crianças com comportamentos inadequados. Realça-se, ainda, a elevada percentagem de

pais que tentam usar explicações e impor regras e limites durante as birras.

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As práticas educativas têm vindo a mudar ao longo dos tempos, permanecendo enraizadas

algumas atitudes menos adequadas (elevada percentagem de pais que utilizam algum tipo

de punição física), podendo traduzir a forma como os próprios pais foram educados e/ou a

falta de conhecimento relativamente a praticas mais corretas.

Keywords: birras; praticas educativas; comportamento; desenvolvimento

ICCA 2017-23784 -Síndrome de Floating-Harbor: da pediatria à idade adulta

Graça Araújo (1); Cátia Cardoso (1); Andreia Forno (2); Joaquim Sá (3)

1- Hospital Central do Funchal; 2- Interna de pediatria do Hospital Dr Nélio Mendonça; 3-

Serviço de Genética. Hospital Pediátrico de Coimbra

Poster

Adulto de 30 anos, sexo masculino foi observado na consulta de genética por síndrome

dismórfico com déficit cognitivo médio. Apresentava fácies triangular, fendas palpebrais

curtas, “olheiras”, pestanas longas, nariz com columela proeminente, lábios finos e o

filtrum curto. Na face e dorso tinha acne muito exuberante; baixa estatura; perturbação da

linguagem, predominantemente expressiva e déficit cognitivo médio-baixo. Na infância

teria sido seguido na consulta de endocrinologia por baixa estatura onde fez hormona de

crescimento.

Em 2014 foi efectuada sequenciação do exoma que permitiu encontrar mutação no gene

SRCAP, estabelecendo como diagnóstico mais provável o Síndrome de Floating-Harbor.

Descrito clinicamente pela primeira vez em 1973 mas caracterizada a nível molecular em

2012, com a presença de uma variante patogénica do gene SRCAP em heterozigotia.

Caracteriza-se por fácies típico, atraso na idade óssea com baixa estatura, e perturbação da

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linguagem, predominantemente expressiva. As características faciais são mais evidentes na

infância e têm tendência a melhorar com a idade.

Consideramos importante a descrição deste caso por ser um síndrome raro, cerca de cem

casos descritos na literatura, com caracterização molecular recente. Estima-se que em

Portugal existam menos de 10 casos. Apesar do diagnóstico ter sido feito apenas em idade

adulta, a descrição do caso permite-nos ter noção de evolução da doença, não só das

características fenotípicas, como também da evolução neuropsicológica.

Keywords: Síndrome de Floating-Harbor; SRCAP; baixa estatura; perturbação da

linguagem expressiva

ICCA 2017-24536 -Formação para a saúde: o que a comunidade nos pede

Ana Maria Ferreira (1); Alexandra Martins (1); Adriana Rangel (2); Ana Azevedo (1); Ana

Teresa Pinheiro (1); Benedita Aguiar (1); Graça Loureiro (1); Inês Maio (3); Joana Lorenzo

(3); Joana Silva (1); Sandra Pereira (4); Virgínia Monteiro (1); Joana Monteiro (1)

1- Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, EPE; 2- Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia /

Espinho, EPE; 3- Centro Hospitalar do Porto, EPE; 4- Centro Hospitalar São João, EPE

Poster

O crescente número de recorrências aos serviços de saúde não só por problemas e doenças

comuns na infância, mas também por alterações de comportamento, comportamentos de

risco e risco social, levou o Serviço de Pediatria e Neonatologia a promover uma

articulação mais próxima com a comunidade através de programas de formação para pais,

profissionais de saúde e educação.

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Tivemos como objetivo contribuir para a formação integral da comunidade educativa,

assim como de pais e técnicos da área da saúde, abordando temas como a prevenção e

atenção à saúde e dando especial enfoque na abordagem e tratamento de vulnerabilidades

que comprometem o pleno desenvolvimento de crianças e jovens.

As ações de formação foram realizadas por internos de formação específica em pediatria

com a supervisão de assistentes hospitalares, em horário pós-laboral e com temas

escolhidos pela população alvo.

Foram realizadas 13 ações de formação em 6 estabelecimentos de ensino pertencentes às

áreas geográficas de Oliveira de Azeméis, Santa Maria da Feira e Vila Nova de Gaia (4

ensino básico e 2 pré-escolar). Em colaboração com a Cooperativa Focus (Cooperativa de

Solidariedade Social) foram realizadas 7 sessões de esclarecimento abertas à comunidade

em geral. Os temas abordados envolveram a prevenção de acidentes e comportamentos de

risco, rastreios em pediatria, crescimento e desenvolvimento normal da criança, problemas

e doenças comuns na infância, insucesso escolar, Bulliyng, maus tratos, alterações de

comportamento e gestão de acesso aos media.

No Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga, EPE foram realizadas 2 sessões alargadas com

duração de 4h sobre abordagem e tratamento de Diabetes Mellitus para crianças e

adolescentes com a respetiva patologia, em seguimento na instituição.

O investimento contínuo num amplo leque de formações e intervenções na comunidade

impõe um apelo especial à congregação de esforços de todos os profissionais e serviços

envolvidos (saúde, educação e cuidadores), no sentido de obter, de forma eficaz, maiores

ganhos em saúde, física e mental, através da promoção de comportamentos e atitudes

favoráveis à adoção de estilos de vida mais saudáveis e à melhoria do nível de

conhecimento para a saúde da comunidade educativa e parental.

Keywords: comunidade, formação, pediatria

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ICCA 2017-26200 -O Impacto dos Maus-Tratos no Desenvolvimento Cognitivo e

Comportamento da Criança: A Propósito de um Caso Clínico

Pedro Martins da Silva (1); Manuela Campos (1); Maria Manuel Zarcos (1)

1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Leiria

Poster

Introdução e Caso clinico:

A identificação de maus tratos em idade pediátrica requer, frequentemente, um elevado

índice de suspeição, sendo essencial uma abordagem holística da criança, que permita

identificar sinais de alarme. Embora o dano físico seja o mais facilmente objetivável, a

repercussão dos maus tratos pode estender-se a vários domínios, nomeadamente emocional,

psicossocial e intelectual.

Criança de 10 anos e 10 meses, género masculino, com múltiplas recorrências à Urgência

Pediátrica por traumatismos minor desde os 13 meses (M). Aos 14M, fratura

supracondiliana do fémur direito, em condições mal esclarecidas. Iniciou seguimento em

Consulta de Pediatria aos 16 meses por atraso global do desenvolvimento psicomotor e

risco social. Apurou-se, neste contexto, história de maus tratos físicos perpetrados pelo pai

à mãe e à criança, pelo que o caso foi referenciado à CPCJ, tendo a mãe saído de casa com

os filhos. À observação manifesta baixa auto-estima. Destaca-se, adicionalmente,

dismorfismos minor, com exame neurológico normal. Foi excluído défice auditivo,

anomalias cromossómicas por avaliação do cariótipo e anomalias do alelo FMR1.

Diagnosticado Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade e Baixa Flexibilidade

Cognitiva, tendo iniciado terapêutica com metilfenidato aos 7 anos, com noção de melhoria

e sem efeitos adversos. Na avaliação cognitiva aos 8 anos, pela Escala de Inteligência de

Wechsler para Crianças (WISC III), Quociente de Inteligência (QI) Verbal muito inferior

(67), QI Realização médio (96) e QI Escala Completa inferior (77). Avaliado por Psicologia

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com Vineland aos 9 anos, com um comportamento adaptativo composto de 4 anos (Área da

Comunicação – 3 Desvio Padrão (DP); Área da Autonomia – 4 DP, Área da Socialização –

3 DP e Comportamento Adaptativo – 3 DP). Nas últimas consultas referência a novos

episódios de violência física e verbal tanto à criança como à mãe, estando a situação a ser

avaliada pelas entidades competentes.

Discussão:

É conhecido o impacto do défice cognitivo enquanto fator de risco para maus tratos na

criança. É fundamental, no entanto, debruçarmo-nos também sobre a repercussão dos maus

tratos no desenvolvimento cognitivo da mesma, sobretudo nos primeiros anos de vida. Esta

fase constitui um período crítico, onde as particularidades do binómio criança-ambiente

podem ter um impacto significativo no seu desenvolvimento e bem-estar futuros.

Pretendemos com este caso mostrar a eventual associação entre um ambiente violento na

manutenção da baixa autoestima e na não progressão das suas capacidades cognitivas.

Keywords: Maus-tratos; Desenvolvimento; Trauma

ICCA 2017-26261 -Síndrome de Gianotti-Crosti - porque não diagnosticar?

Ariana Teles (1); Francisca Martins (1); Francisco Ribeiro Mourão (1); Sérgio Mendanha

(1); Ana Sequeira (1)

1- Hospital de Santa Luzia - Viana do Castelo

Poster

Introdução:

O síndrome de Gianotti-Crosti (SGC) caracteriza-se por exantema papulovesicular

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eritematoso de distribuição acral e simétrica. Outros achados comuns são febre, mal-estar

geral e linfadenopatia. Associa-se frequentemente a um quadro vírico, sendo o Epstein Barr

(EBV) e vírus da hepatite B (HBV) os mais comummente implicados. Afeta típica mas não

exclusivamente, crianças com menos de 5 anos. O prognóstico é excelente e a remissão

espontânea a regra, mas a duração é variável, desde 10 dias a 6 meses. Existe risco

acrescido de complicação com manchas cutâneas híper ou hipopigmentadas, sobretudo em

crianças de pele mais escura.

Caso Clínico:

Criança de 23 meses, sexo masculino, trazida à urgência por febre com menos de 24h de

evolução e exantema não pruriginoso. Ao exame físico: exantema papulovesicular

(1-10mm de diâmetro) disperso pelos 4 membros, sem petéquias, atingindo palmas e

plantas. Analiticamente: 16020x10^6 leucócitos (68,9%N e 22,7%L), PCR 3,21mg/dl. Até

D2 de doença verificou-se aumento do número de lesões e eritema mais intenso. Desde

então com resolução para lesões acastanhadas e descamação ligeira. Controlo analítico em

D2 com diminuição da leucocitose (15120x10^6), inversão da fórmula leucocitária

(37,8%N e 49,2%L), PCR 5,69mg/dl, ALT 50UI/L e AST normal. As serologias

demonstraram infeção por EBV no passado (IgG+ e IgM-).

Conclusão:

O subdiagnóstico do SGC, muitas vezes rotulado de exantema vírico inespecífico, limita o

estudo da verdadeira incidência e prevalência desta entidade. O diagnóstico é clínico e

dispensa análises, estando estas indicadas em imunodeprimidos (ID), doentes com risco

aumentado para HBV ou contactos próximos de grávidas e ID. O tratamento recomendado

é de suporte. Pode também justificar-se estudo analítico para diagnóstico diferencial de

doenças com evolução menos benigna, que impliquem instituição precoce de tratamento

específico.

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Keywords: exantemas vírus Gianotti Crosti

ICCA 2017-26558 -Fractura em pequeno lactente - uma história pouco convincente!

Ariana Teles (1); Francisca Martins (1); Vera Gonçalves (1); Cristina Varino Sousa (1); Luis

Silva (1); Helena Ramalho (1)

1- Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo

Poster

A suspeição de maus tratos infantis é fundamental, não só na intervenção atempada, mas

também na prevenção de eventos futuros semelhantes, ou mais graves. Segundo alguns

estudos, estima-se que a taxa de recorrência possa atingir os 50%. Muitos casos de abuso

infantil permanecem por sinalizar. Inconsistências na anamnese, múltiplas idas ao serviço

de urgência (SU) sem motivo aparente, achados suspeitos ao exame físico e fatores de risco

social ou familiar devem alertar o médico para esta entidade. O internamento da criança é a

resposta a muitas destas situações, quer para tratamento hospitalar, quer para proteção da

criança em risco.

Lactente, sexo masculino, 2 meses, referenciado ao SU pelo médico assistente por

tumefacção no membro inferior esquerdo (MIE) observada em consulta de rotina. Mãe

refere diminuição da mobilidade do MIE com 5 dias de evolução e choro forte à sua

mobilização. Nega traumatismo. Tinha 2 vindas ao SU nos últimos 7 dias por choro e

irritabilidade, tendo tido alta com o diagnóstico de cólica do lactente.

Ao exame físico apresentava irritabilidade e tumefacção com 3cm de diâmetro no 1/3

médio da coxa esquerda, com sinais inflamatórios. MIE imóvel, com movimentos

harmoniosos dos restantes membros. A radiografia da anca(Fig1) revelou fratura oblíqua da

diáfise do fémur esquerdo. Por suspeita de abuso físico optou-se pelo internamento para

vigilância, esclarecimento etiológico e investigação social.

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Dos antecedentes pessoais, a destacar: Gravidez vigiada desde o 2º trimestre, tabagismo

materno durante a gravidez, parto eutócico às 38 semanas, sem intercorrências.

Do contexto social e familiar:

- Mãe, 22 anos, fumadora, aborto aos 16 anos.

- Pai, 19 anos, institucionalizado até aos 18 anos, desempregado, hábitos aditivos e

episódios de agressão física recentes.

- 3 tios menores (lado materno) institucionalizados por violência doméstica.

Durante o internamento foi efetuada perícia médico legal e solicitada intervenção da

Comissão de Protecção da Criança e Jovem. No decurso da investigação efetuou

radiografia do esqueleto (Fig2), que revelou 2 fraturas consolidadas dos arcos posteriores

das 7ª e 8ª costelas esquerdas, com tempo de evolução superior a 3 semanas, portanto não

compatível com a data da fratura do fémur. Não eram visíveis sinais radiológicos de doença

metabólica óssea, embora esta não pudesse ser perentoriamente excluída. Perante a suspeita

de abuso físico grave na forma continuada procedeu-se à institucionalização do lactente.

Por auscultação de sopro sistólico grau III/VI ficou orientado para consulta de cardiologia

pediátrica, bem como Ortopedia e Pediatria Geral.

A incidência de maus tratos infantis permanece em valores preocupantes. O seu

diagnóstico constitui ainda um desafio para a Pediatra assistencial, nomeadamente no

serviço de urgência. Os sinais são, por vezes, frustes e frequentemente não são o motivo de

procura médica. É essencial estar atento aos pormenores que podem alertar para o risco

desta ocorrência, pois a suspeita é fundamental para o diagnóstico. É importante relembrar

a importância do diagnóstico diferencial, já que muitos achados sugestivos de abuso podem

ter outra causa subjacente. Nestes casos, a segurança da criança deve ser a preocupação

primordial, devendo ser assegurada até a investigação estar concluída.

Keywords: abuso negligência maus-tratos traumatismo

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ICCA 2017-28052 -UMA CAUSA RARA DE DIMINUIÇÃO DA FORÇA

MUSCULAR

Francisca Martins (1); Ariana Teles (1); Ana Isabel Sequeira (1); Ana Carneiro (1); Hugo

Rodrigues (1); Idalina Maciel (1)

1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho

Poster

Introdução: As alterações da força muscular são um sinal relativamente frequente em idade

pediátrica, podendo resultar de uma disfunção a qualquer nível do sistema nervoso (córtex,

medula espinhal, nervo periférico, placa neuromuscular e músculo), o que condiciona uma

enorme variedade de patologias. Torna-se, por isso, imperativo uma abordagem

sistematizada face à obtenção de um diagnóstico.

Caso clínico: Adolescente de 12 anos de idade, sexo feminino, previamente saudável,

recorre ao Serviço de Urgência por diminuição da força dos membros inferiores (MI)

associada a quedas frequentes com 1 mês de evolução e com agravamento progressivo na

última semana. Ao exame objetivo apresentava paraparésia espástica com força muscular

grau 3/5, hipostesia tátil e álgica pelo nível de D7, diminuição da sensibilidade vibratória e

propriocetiva dos MI e dismetria na prova calcanhar joelho. A marcha era possível mas com

algum desequilíbrio, sem queda preferencial. Foi realizada ressonância magnética (RM)

cranioencefálica e da coluna cervical, dorsal e lombossagrada que revelou lesão ocupante

de espaço no segmento dorsal (entre D2 e D6) com cerca de 7,1 cm de maior diâmetro,

condicionando compressão da medula e possível mielopatia, correspondendo a quisto

aracnoideu. Foi transferida para o Hospital de Braga, onde foi efetuada exérese total da

lesão, com resolução gradual da sintomatologia.

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Discussão/conclusão: Os quistos aracnoideus são coleções de líquido localizados entre o

cérebro ou a medula espinhal e a membrana aracnoide. São mais frequentes no sexo

masculino podendo ocorrer em qualquer idade. Os sinais ou sintomas observados

dependem do tamanho e da localização do quisto. Os quistos aracnoideus da medula

espinhal são raros e estão associados a dor radicular, diminuição progressiva da força dos

MI e parestesias. O diagnóstico requer a realização de tomografia axial computorizada ou

RM da coluna. A remoção cirúrgica está indicada na maioria dos casos com resolução total

da sintomatologia, conforme observado neste caso.

Keywords: Paraparésia, medula espinhal, quisto

ICCA 2017-29014 -Crianças vítimas de agressão: casuística dos últimos 3 anos do

serviço de urgência de um Hospital terciário

Reis e Melo A.1,2 (1); Rosário M.1,2 (1); Gorito V.1,2 (1); Lourenço L1,2 (1); Almeida

Santos L.2,3,4 (2)

1- 1 – Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE 2-

Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João

EPE; 2- 2- Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar

S. João EPE 3- Faculdade de Medicina Universidade do Porto 4- CINTESIS – Centro de

Investigação em Tecnologia e Sistemas de Informação em Saúde

ICCA-Comunicação Oral

Introdução/Objectivo

O abuso e/ou agressão de crianças e adolescentes é um problema grave e público

com o qual nos deparamos no Serviço de Urgência de Pediatria (SUP). Pode surgir sob a

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forma de maus tratos físicos ou emocionais, abuso sexual, negligência ou exploração.

Segundo dados da OMS, 20% das mulheres em todo o mundo e 5-10% dos homens referem

ter sido vítimas de abuso sexual na infância e entre 25-50% sofreram agressões físicas.

A detecção destas situações de risco deve ser o mais precoce possível e a prevenção

da sua recorrência é de extrema importância para o futuro destas crianças, ainda que, nem

sempre a suspeita clínica e a confirmação sejam simples e acessíveis.

O presente trabalho teve como objetivo a análise dos abusos físicos e sexuais no

Serviço de Urgência, por um período de 3 anos.

Métodos

Através da pesquisa segundo os códigos do ICD9 referentes a “agressão” e “abuso”,

foram seleccionadas 107 crianças entre o período de 1 Julho de 2013 a 30 Junho de 2016.

Foram consultados os processos clínicos hospitalares referentes ao episódio de urgência.

Resultados

Foram avaliadas 107 processos, 66% do sexo feminino e 34% do sexo masculino,

com idades compreendidas entre os 2 meses e os 17 anos de idade, com um predomínio dos

6 e aos 17 anos. As agressões físicas (41%) e o abuso sexual (49.5%) foram os principais

motivos de recurso à urgência, ultrapassando no seu conjunto mais de 2/3 dos casos. Dos

casos de agressão sexual, 82% eram do sexo feminino e 8% do sexo masculino. Em

aproximadamente 72% dos casos o agressor foi identificado como um familiar ou um

conhecido, sendo que em 53% o alerta e a referência para o Serviço de Urgência foi

efetuada por um outro familiar. Mais de metade destas crianças foram referenciadas e

submetidas a uma perícia médico-legal e algumas orientadas para seguimento hospitalar ou

para avaliação pelo Serviço Social e Comissão de Protecção de crianças e Jovens (CPCJ).

Discussão e conclusões

Em Portugal, o abuso infantil é uma realidade bem presente, com uma prevalência

ainda desconhecida devido aos casos não identificados. Os dois tipos mais representados de

maus tratos foram a agressão física e o abuso sexual, o que se enquadra na literatura

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disponível e em mais de metade dos casos o agressor era um familiar, cônjuge ou

conhecido. O sexo feminino foi o mais atingido, particularmente por agressões do tipo

sexual. A abordagem no SUP é variada dependendo do tipo de agressão, sendo que mais de

metade foram referenciados para realização de peritagem médico-legal, com orientação

concordante posterior.

Este estudo mostrou a importância da deteção dos sinais de alarme, não só no SUP

mas em todo os locais de atendimento de jovens, permitindo obter uma perspetiva global da

casuística e das abordagens efetuadas. É fundamental implementar estratégias adequadas

quanto à prevenção primária, de orientação diagnóstica e de seguimento.

Keywords: Agressão física, abuso sexual, negligência, criança

ICCA 2017-30542 -Nem sempre nem nunca – a importância da investigação!

Sara Pires da Silva (1); Renato Neves (2); Cláudia Gonçalves (1); Maria Manuel Lopes (1);

Maria José Costa (3)

1- Serviço de Pediatria, Hospital Pedro Hispano - Unidade Local de Saúde de Matosinhos;

2- Serviço Ortopedia, Hospital Pedro Hispano - Unidade Local de Saúde de Matosinhos; 3-

Serviço de Neonatologia, Hospital Pedro Hispano – Unidade Local de Saúde de

Matosinhos

Poster

INTRODUÇÃO: O Pediatra encontra-se numa posição singular na abordagem aos maus

tratos infantis. O seu diagnóstico exige elevado grau de suspeição, representando um

grande desafio médico e ético.

CASO CLÍNICO: Criança de 18 meses, sexo masculino, ex-prematuro de 30 semanas e 1

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dia, institucionalizada, trazida ao atendimento pediátrico por edema duro da coxa direita.

Os cuidadores negavam febre ou traumatismo, existindo história de vacinação no dia

anterior.

Ao exame objetivo encontrava-se com bom estado geral, com edema duro e doloroso da

coxa direita adotando posição antálgica preferencial e recusando parcialmente a marcha.

Sem outras alterações ao exame objetivo, nomeadamente outras lesões sugestivas de

traumatismo. Aparentava bom relacionamento com o cuidador que o acompanhava. A

radiografia do membro inferior direito demonstrava fratura da diáfise do fémur.

Decidido internamento para correção da fratura. Durante o internamento foi dado

conhecimento da situação ao Núcleo Hospitalar de Apoio às Crianças e Jovens em Risco

(NHACJR) e à direção da instituição onde a criança habitava.

Durante a investigação posterior, a partir da análise das imagens obtidas pelas câmaras de

vigilância da instituição, foi visualizada uma queda de moderado impacto ocorrida no dia

anterior ao recurso ao médico e que poderia justificar a fratura encontrada. Nas mesmas

imagens visualiza-se a criança a ser reconfortada pela equipa de profissionais da instituição.

Atualmente a criança encontra-se ao cuidado da mesma instituição, com consulta de

pediatria regular, sem qualquer nova intercorrência registada.

DISCUSSÃO/CONCLUSÃO: O caso apresentado pretende alertar para o diagnóstico

diferencial de maus tratos infantis perante lesões físicas aparentemente injustificadas.

Recordamos de igual modo a importância de encaminhar as situações de suspeita de maus

tratos para as entidades competentes como o NHACJR, de modo a evitar rotular situações

de trauma acidental como sendo de maus tratos e garantir um adequado seguimento destas

crianças.

Realça-se a necessidade de uma investigação bem estruturada e livre de preconceitos para

que seja possível realizar um correto diagnóstico diferencial entre lesões por maus tratos e

outras situações, acidentais ou patológicas.

Urge implementar mais formação médica nesta área do conhecimento, aumentando assim a

acuidade diagnóstica destas situações de risco no atendimento urgente por parte do

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Pediatra.

Keywords: Maus tratos, fratura, NHACJR

ICCA 2017-30901 -Gravidez? Ou talvez não…

Diana Bordalo (1); Cláudia Silva (1); Filipa Almeida (1); Cláudia Fontes (2); Marta Pinto

de Almeida (3); Saritta Napoles (4); Paula Fonseca (1)

1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Médio Ave; 2- Serviço de Psiquiatria da

Infância e da Adolescência do Centro Hospitalar do Médio Ave; 3- Instituto Português de

Oncologia do Porto; 4- Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Centro Hospitalar do

Médio Ave

ICCA-Comunicação Oral

Introdução:

Os tumores ováricos de células germinativas (TOCG) representam até 25 por cento das

neoplasias do ovário, podendo ser benignos ou malignos. Afetam preferencialmente

adolescentes e jovens adultas e podem ser categorizados em três grupos: neoplasias

embryo-like; placenta-like; mistos. Neste terceiro grupo, encontram-se os disgerminomas

que, embora incomuns, representam um terço dos TOCG malignos. Podem desenvolver-se

num gonadoblastoma, associando-se a alterações do cariótipo e podem produzir estrogénios

ou testosterona. Devido ao seu rápido crescimento as manifestações clinicas são variáveis

desde alterações do desenvolvimento genital, a amenorreia, virilização e massa ou dor

abdominal.

Caso Clínico:

Adolescente de 16 anos, género feminino, orientada pela pedopsiquiatra para a consulta de

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medicina do adolescente aos 14 anos por comportamentos de risco e necessidade de

aconselhamento sobre planeamento familiar. Relativamente a antecedentes pessoais,

destacava-se acompanhamento por pedopsiquiatria desde os 10 anos por distúrbio de

oposição e conduta, enquadrado numa família disfuncional (pai emigrado sem qualquer

contacto; mãe permissiva e pouco contentora com relação muito conflituosa). Durante o

período de seguimento por pedopsiquiatria foi necessário iniciar psicofármacos pelas

alterações comportamentais e do sono e foi efetuada articulação com as entidades escolares,

bem como sinalização à comissão de proteção de crianças e jovens em risco. Aos 14 anos,

por agravamento do relacionamento mãe/filha foi institucionalizada, verificando-se desde

então franca melhoria comportamental e do aproveitamento escolar. Aos 15 anos iniciou

atividade sexual com dupla protecção, recusando nessa altura a colocação de implante

intradérmico de etonogestrel. Em consulta de seguimento negava qualquer intercorrência

referindo cataménios regulares, sem dismenorreia nem outros sintomas. Ao exame objetivo

foi detetada massa hipogástrica móvel, de cerca de 15 cm de maior eixo, mole e indolor.

Efetuou teste imunológico de gravidez que foi negativo. Dos restantes exames

complementares de diagnóstico efectuados destacava-se ecografia abdominal (massa no

ovário esquerdo, 14 cm de maior eixo, complexa), tomografia computorizada (volumoso

tumor sólido no hipogastro, diâmetros 7,5 x 12 cm, heterogéneo, provável disgerminoma),

desidrogenase láctica muito elevada (1517U/L), alfa-fetoproteina (AFP) normal (0,9ng/mL)

e restantes marcadores ligeiramente aumentados (sub-unidade beta gonadotrofina coriónica

humana (bHCG) 2,7mU/mL, CA125 38,4U/L). Foi submetida a salpingooforectomia

esquerda confirmando-se disgerminoma do ovário esquerdo sem envolvimento do

contralateral, nem invasão pélvica. Completou 4 ciclos de quimioterapia, não tendo sinais

de doença no controlo aos 12 meses. Foi colocado mini dispositivo intrauterino 8 meses

após a cirurgia. Até à data clinicamente bem, mantendo vigilância multidisciplinar.

Discussão:

Os disgerminomas afetam predominantemente adolescentes e jovens adultas, como

descrito. Ao contrário de outros TOCG estes não se associam a aumentos significativos de

AFP nem de bHCG, mas sim a aumento de desidrogenase láctica, como se verificou. O

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caso relatado é particularmente relevante pelo contexto social adverso da adolescente que

levantou como primeira hipótese de diagnóstico uma gravidez. Perante a identificação de

uma massa abdominal de crescimento rápido nesta faixa etária é importante colocar a

possibilidade de neoplasia das estruturas da cavidade pélvica, dado que a sua pesquisa

através de exames imagiológicos, laboratoriais e histológicos tem repercussão no

prognóstico individual dos doentes.

Keywords: Medicina do Adolescente; Disgerminoma; Psiquiatria Infantil;

Institucionalização

ICCA 2017-35566 -Abuso sexual e gravidez na adolescência – decisões complexas

Patrícia Santos (1); Filipa Pancada Fonseca (1); Marta Ezequiel (1); Maria Lurdes Torre (1)

1- Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE

Poster

Introdução: A gravidez na adolescência continua a ser um desafio para os profissionais de

saúde.

Caso Clínico: M., 13 anos, natural da Guiné com atraso cognitivo e surdez neurosensorial

sequelar a malária cerebral, comunicando por linguagem gestual. Em março foi trazida à

urgência pela mãe por suspeita de gravidez, na sequência de alterações físicas e teste

imunológico de gravidez positivo. Ecografia confirmou feto único, com biometrias

compatíveis com cerca de 28 semanas e três dias. Data de concepção provável no final de

agosto / início de setembro.

Apesar da entrevista com a jovem ter sido difícil, pelas dificuldades de comunicação e

cognitivas, referiu uma ida à praia com a prima onde “um homem mau lhe bateu” e que na

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escola, também “alguém teria sido mau para ela”. Foi também feita uma alusão que o

padrasto poderia ser suspeito de abuso sexual, informação que foi contrariada pela mãe, que

alegou que o mesmo estaria a trabalhar na Irlanda desde meados de agosto.

A jovem recebeu alta para o domicílio, com seguimento em consulta de Obstetrícia. A

situação foi sinalizada à Comissão de Protecção de Crianças e Jovens em Risco e à Policia

Judiciária.

Internada no Serviço de Obstetrícia às 37+3 semanas por contractilidade. Parto por

cesariana sem intercorrências, tendo a recém-nascida permanecido junto da mãe.

Protelamento da alta por motivos sociais, pelo que foram transferidas para o Serviço de

Pediatria. Durante este período (133 dias) a mãe da jovem adquiriu uma postura mais

ausente, pouco colaborante e desvalorizando o possível abuso sexual da filha, o que levou a

que fosse considerada como não protetora. A decisão sobre a medida a aplicar foi

complexa, tendo sido determinado pelo tribunal o acolhimento institucional conjunto em

instituição especializada, permitindo a continuação do vínculo mãe-filha.

A integração não foi fácil, uma vez que a jovem mostrou necessitar de auxílio tanto a nível

de auto-cuidado, como na prestação de cuidados à filha. Atualmente mantêm-se na mesma

instituição, tendo visitas regulares da mãe. Foram confirmadas as suspeitas em relação ao

padrasto através de prova de paternidade, tendo sido detido e estando a aguardar

julgamento.

Conclusão: A gravidez na adolescência é sempre uma situação complexa que ganha

contornos mais exigentes quando existem outras condicionantes para além daquelas

inerentes à própria gravidez e a um abuso sexual. A resolução destas situações não é

consensual uma vez para além das variáveis clínicas, as variantes psicossociais interferem

em qualquer decisão que seja necessária tomar.

Keywords: gravidez; abuso sexual; défice cognitivo

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ICCA 2017-35708 -Fraturas como sinal de maus tratos

Maria Maria Mendes (1); Catarina Pereira (1); Patrícia Santos (1); Filipa Fonseca (1);

Carlos Escobar (1); Maria Lurdes Torre (1)

1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, EPE

Poster

Introdução

As fraturas são a segunda forma de apresentação mais comum de maus tratos físicos, a

seguir às lesões cutâneas. Histórias incongruentes, o atraso na procura de cuidados de saúde

e traumas repetidos devem levantar suspeitas, assim como um padrão de fratura não

acidental: múltiplas, bilaterais e em diferentes estágios de consolidação, dos arcos costais

posteriores, do crânio e dos ossos longos em crianças com menos de 2 anos. Destas, as

fraturas diafisárias do fémur em crianças com menos de um ano de idade e as fraturas

diafisárias do úmero, são as mais associadas a maus tratos.

Objetivo

Caraterizar as fraturas possivelmente não acidentais em crianças com idade igual ou

inferior a 2 anos referenciadas ao serviço social.

Material e Métodos

Estudo transversal, observacional e analítico realizado em crianças de idade igual ou

inferior a 2 anos que foram sinalizadas ao Serviço Social por agressão ou suspeita de

agressão num hospital da área da grande Lisboa durante o período decorrente entre 1 de

Janeiro de 2012 e 31 de Setembro de 2016.

Resultados

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No período em estudo foram sinalizadas 41 situações de agressão ou suspeita de agressão a

crianças de dois ou menos anos, das quais 12 apresentavam fraturas. Destes, 7 eram do sexo

masculino e 5 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 2 meses e os 2 anos

(mediana: 10,5 meses). Quanto à localização das fraturas, apresentam-se: 7 crianças com

fraturas dos membros inferiores (3 fraturas diafisárias e 2 metafisárias do fémur, 1 fratura

diafisária e 1 metafisária da tíbia), 2 crianças com fraturas dos membros superiores (1

fratura diafisária do úmero e 1 diafisária dos ossos do antebraço), e 3 crianças com

traumatismos cranianos com fratura dos ossos do crânio. Em 3 foram apresentadas histórias

incongruentes, em 2 casos houve um atraso na procura dos serviços de saúde e 1 foi vítima

presenciada de agressão. Nenhuma apresentava mais do que uma fratura. 9 crianças foram

internadas por motivos clínicos e/ou sociais, com uma duração média de internamento de

5,9 dias. Todos tiveram alta para o domicílio após avaliação pelo Serviço Social, sendo que

4 dos casos foram reportados à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e ao

Ministério Público, e 6 ao Núcleo de Apoio a Crianças e Jovens em Risco (NACJR) da área

de residência.

Conclusão

Consideramos que é necessária uma otimização da abordagem multidisciplinar, de maneira

a um levantamento mais exaustivo das histórias clínicas e, consequentemente, uma maior

eficiência num possível diagnóstico de fraturas resultantes de maus tratos.

Keywords: Maus tratos; fraturas; agressão; suspeita

ICCA 2017-35801 -Obesidade infantil: uma outra perspetiva de maus-tratos na

criança

Benedita Bianchi de Aguiar (1); Joana Silva (1); Lucia Gomes (1); Miguel Costa (1);

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Virginia Monteiro (1); Maria José Silva (1); Elizabete Marques (1)

1- Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga

ICCA-Comunicação Oral

A obesidade infantil severa é cada vez mais uma situação multifatorial. Os casos extremos

estão frequentemente associados à incapacidade persistente dos cuidadores em aderir ao

plano terapêutico estabelecido para a criança, apesar das ações de sensibilização e alertas de

toda a equipa técnica sobre os riscos da obesidade. Não deverá ser abordada como uma

forma de negligência?

M., sexo feminino, 7 anos de idade, seguida em consulta de Nutrição Pediátrica desde

fevereiro de 2014. Apresentava IMC de 38.6Kg/m2 com as seguintes co-morbilidades

associadas: esteatose hepática, hiperinsulinismo, acantose nigricans, roncopatia e apneia do

sono. Teve agravamento progressivo até setembro (IMC 41.1Kg/m2), altura em foi

decidido internamento para esclarecimento da situação com intervenção do Serviço Social e

da CPCJ. Após a alta teve evolução satisfatória até junho de 2015, quando passou a

apresentar frequência irregular da consulta e agravamento da obesidade, tendo-se

constatado hipertensão arterial e hipercolesterolemia em outubro/2015. Foi realizada uma

reunião multidisciplinar envolvendo o Núcleo Hospitalar de Apoio a Criança e Jovem em

Risco e a CPCJ, depois da qual se decidiu pela colocação de M. numa instituição

temporária de acolhimento. Mantém-se em seguimento na consulta enquanto se promovem

medidas de integração na família. Em junho/2016 apresentava IMC 25.5Kg/m2, com

alimentação adequada, prática regular de exercício físico e bom aproveitamento escolar.

P., sexo masculino, 10 anos de idade, seguido em consulta desde dezembro de 2012.

Apresentava IMC 30.4Kg/m2 associado a enurese noturna, esteatose hepática, roncopatia e

hiperinsulinismo. Manteve uma evolução estável até julho de 2014, altura em que

apresentou aumento de peso ponderal progressivo com IMC máximo de 39.8Kg/m2 em

julho/2015. Procedeu-se ao internamento em setembro de 2016 para implementação da

dieta prescrita aliada à prática de exercício físico. Foi ainda solicitado apoio do Serviço

Social e da CPCJ na instituição de medidas em contexto familiar e vigilância da sua adesão

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na comunidade. Desde a data da alta mantém melhoria clínica progressiva com boa adesão

ao plano terapêutico.

A obesidade infantil é uma das patologias mais prevalentes na atualidade e apesar de ter

uma etiologia frequentemente multifatorial, o papel dos cuidadores na instituição de

comportamentos saudáveis, nomeadamente ao nível alimentar, é fundamental na sua

prevenção e controlo. Assumindo-se a obesidade infantil como uma doença, a recusa

persistente no cumprimento de recomendações terapêuticas a par com a indiferença perante

sinais de gravidade, preenchem critérios para o diagnóstico de maus tratos.

Keywords: obesidade, maus tratos, negligência

ICCA 2017-36539 -Que adolescentes acorrem ao Serviço de Urgência? – Casuística de

um Hospital de nível III

Marta Isabel Pinheiro (1); Vanessa Gorito (1); Cristina Ferreras (1); Mayara Nogueira (1);

Afonso Pedrosa (2); Ana Maia (1); Almeida Santos (3)

1- Serviço de Pediatria Médica - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São

João, Porto-Portugal; 2- Unidade de Desenvolvimento de Software, Centro Hospitalar de

São João, Porto-Portugal; 3- Serviço de Pediatria Médica/ Serviço de Urgência de Pediatria

- Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João, Porto-Portugal

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O alargamento no atendimento pediátrico até aos 18 anos, em 2010, provocou

aumento da população pediátrica bem como novas necessidades, abordagens e patologias

nos Serviços. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a adolescência compreende o

período dos 10 aos 19 anos. O Serviço de Urgência de Pediatria (SUP) é, muitas vezes, o

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primeiro local a que recorre o adolescente, tendo o Pediatra necessidade de treino

especializado para o atendimento desta população.

Objectivo: Caracterização demográfica e clínica dos adolescentes que recorreram ao SUP

de um Hospital de nível III, em 2015.

Material e Métodos: Análise retrospectiva e descritiva dos episódios de urgência Pediátrica

efectuados a utentes entre os 10 anos e os 17 anos e 364 dias, registados no software do

SUP. Analisados dados demográficos, proveniência, prioridade atribuída (Canadian Triage

and Acuity Scale Paediatric - PaedCTAS), motivo, diagnóstico e destino.

Resultados: Os adolescentes representaram 34.5% dos episódios do SUP, que corresponde

a 26 408 admissões: 86.8% vindas do exterior, 5.2% encaminhadas dos Centros de Saúde

(CS), 3.6% de outro Hospital e as restantes de outras entidades. A mediana das idades foi de

14 anos e 50.5% eram do género feminino. Recorreram sobretudo por doença (61.9%) e

acidentes escolares (18.1%). O dia da semana com maior afluência foi a segunda-feira; o

número de episódios mensais foi semelhante ao longo do ano. O nível de triagem atribuído

foi I em 0.1%, II em 4%, III em 24.7%, IV em 65.7% e V em 5.5%. Dos episódios triados

com nível IV e V (pouco urgente e não urgente) 91.5% e 92.5% respectivamente, vieram do

exterior. Foram inicialmente triados para Pediatria Médica 48% dos episódios, seguido da

Cirurgia Pediátrica (35.8%) e Ortopedia (8.7%). A maioria (87%) teve alta sem

referenciação, 3.6% (n=947) foram internados, 2.6% orientados para os CS, 2.3% (n=617)

para consulta externa, 1.7% para outro Hospital e 1.7% (n=436) abandonaram o SUP; 5%

(n=1325) foram readmitidos num período até 5 dias. Os motivos de vinda ao SUP mais

representativos foram queixas músculo-esqueléticas (33.5%), digestivas (13.8%)

dermatológicas (9.1%) e neurológicas (8.4%); realça-se que problemas sociais e

comportamentais foram motivos de admissão relativamente frequentes. Os diagnósticos

mais registados (ICD-9) foram referentes a lesões e envenenamentos (32.8%); sintomas,

sinais e afecções mal definidas (15.2%); doenças do sistema osteomuscular e do tecido

conjuntivo (10.5%) e doenças do aparelho respiratório (7.4%).

Conclusões: O atendimento a adolescentes correspondeu a uma faixa expressiva no SUP

(34.5%), sendo superior ao descrito noutros estudos. Uma percentagem considerável de

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utentes deveria recorrer preferencialmente aos cuidados de saúde primários. Noutros

trabalhos, a patologia respiratória e digestiva dominou o motivo de recurso à urgência. São

necessárias análises periódicas que caracterizem a população que acorre aos SUP para

avaliar as especificidades de cada faixa etária, permitindo melhorar a formação das equipas

de urgência e os cuidados prestados.

Keywords: Adolescentes; Serviço de Urgência; Triagem Canadiana; Pediatria

ICCA 2017-38055 -Bullying e Cyberbullying – a realidade dos nossos adolescentes

Catarina Oliveira Pereira (1); Nádia Brito (2); Filipa Inês Cunha (2)

1- Hospital Pediátrico - Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra; 2- Hospital Distrital

da Figueira da Foz

ICCA-Comunicação Oral

Introdução e objetivos:

O bullying consiste na vitimização entre pares, com assimetria de poder entre agressor e

vítima, a qual sofre intimidação física ou psicológica. Uma forma mais recente é o

cyberbullying que ocorre através das tecnologias de comunicação. Esta pode ter maior

impacto pois o agressor nem sempre se identifica e uma única humilhação pode propagar-

se exponencialmente a milhares de pessoas. Esta realidade leva a quadros depressivos,

diminuição do rendimento escolar, atitudes antissociais, abuso de substâncias entre outras

consequências

Pretendeu-se caracterizar uma amostra de adolescentes em relação à sua vivência de

bullying como vítimas e identificar fatores de risco.

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Metodologia

Aplicação de questionários anónimos a adolescentes observados em consulta de Pediatria

entre maio e agosto de 2016. Utilizou-se o Multidimensional Peer Victimization Scale

adaptada à população portuguesa constituída por 16 questões, relativas à vitimização física,

verbal, social e em relação a propriedade, no ano letivo anterior. Acrescentou-se peso,

altura, género, idade e perguntas relativas ao cyberbullying. Utilizou-se o SPSS20® (p<

0,05).

Resultados

Foram inquiridos 233 adolescentes, com idade mediana de 13 anos, sendo 50,6% do

género masculino e 22,3% obesos. Admitiram alguma forma de vitimização no último ano

letivo 82,4%, sendo a mais frequente a verbal (66,1%), seguindo-se a vitimização social

(54,9%), em relação a propriedade (47,6%) e física (30,9%); o cyberbullying ocorreu em

17,6%. Houve diferença estatística entre género na vitimização social (p=0,003) e em

relação a propriedade (p=0,033), mais frequentes no feminino. Os adolescentes obesos

tiveram resultados superiores em todos os tipos de vitimização, menos no cyberbullying

sendo que houve diferença estatística no total da escala (p=0.039) e na vitimização verbal

(p=0,046). Ver tabela 1.

Conclusões

A esmagadora maioria dos adolescentes da nossa amostra sofreu alguma forma de

vitimização, com predomínio da verbal.

Na literatura não há consenso sobre a prevalência de vitimização entre géneros. No nosso

estudo o género feminino sofreu mais vitimização social e em relação a propriedade de

forma estatisticamente significativa.

Concordante com outros estudos, a obesidade constituiu um fator de risco para bullying,

sobretudo para a forma verbal.

O cyberbullying foi a forma menos frequente, mas com incidência crescente pelo que os

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autores alertam para os perigos desta nova e devastadora realidade.

Keywords: Adolescentes, Bullying, Cyberbullying

ICCA 2017-43669 -Negligência Dentária – Uma forma de abuso infantil

Ana Sofia Costa Baptista (1); Elisa Laranjo (1); Ana Paula Norton (1); Ana Paula Macedo

(1); Cristina Areias (1)

1- Faculdade de Medicina Dentária da Universidade do Porto

Poster

INTRODUÇÃO: A negligência é definida pela persistente incapacidade de satisfazer as

necessidades físicas e/ou psicológicas básicas de uma criança suscetíveis de provocar

graves prejuízos ao seu grau de desenvolvimento ou saúde. A cárie dentária é a doença

infecciosa mais prevalente na população infantil e, se não tratada, pode provocar dor,

infeção e perda de função, interferindo diretamente com o grau de desenvolvimento e

qualidade de vida de uma criança. A negligência dentária, definida pela Academia

Americana de Odontopediatria é a "falha intencional do progenitor ou responsável na

procura e na continuidade do tratamento necessário para garantir um nível de saúde oral

essencial para a função adequada e livre de dor e infecção. OBJETIVO: O objetivo deste

trabalho pretende esclarecer, de acordo com a literatura científica atual, quais os indícios

clínicos que permitem a identificação de negligência dentária em crianças. MATERAIS E

MÉTODOS: Foi efetuada uma pesquisa na base de dados Pubmed e nos motores de busca

SCOPUS e Thompson Reuters (ISI), com as palavras-chave “child”, “dental”, “neglect”,

entre o espaço temporal de 2012 a 2016 com a utilização do operador booleano “AND”.

DISCUSSÃO: A identificação de negligência dentária, segundo a literatura analisada,

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requer que o médico dentista obtenha uma história clínica detalhada e dados clínicos que

evidenciem claramente falta de cuidados na saúde oral e investigue os determinantes sociais

e parentais em que a criança se insere. CONCLUSÃO: É essencial que o médico dentista se

insira nas equipas de análise destes conjuntos de dados de forma a despistar esta e outras

situações de abuso.

Keywords: criança, negligência, dentária, saúde oral

ICCA 2017-46759 -Violência no namoro – caracterização de uma amostra de

adolescentes

Ana Rita Dias (1); Nina Abreu (1); Rui Passadouro (2); Maria Manuel Zarcos (1)

1- Centro Hospitalar de Leiria; 2- Unidade de Saúde Pública de Leiria

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: A violência no namoro durante a adolescência constitui um problema social e

de saúde pública relevante, estando descrito o aumento do risco de abuso de substâncias,

sintomas depressivos, ideação suicida, perturbações alimentares e comportamentos sexuais

de risco nas vítimas de violência no namoro nesta faixa etária.

Objetivo: Caracterizar os comportamentos de violência no namoro na adolescência, numa

amostra de alunos do ensino secundário.

Métodos: Estudo descritivo transversal com componente exploratória. Foram aplicados um

questionário sociodemográfico e o Inventário de Conflitos nas Relações de Namoro entre

Adolescentes (validado para a população portuguesa) a jovens que frequentavam o ensino

secundário num distrito da região centro de Portugal. Foram avaliados dados

sociodemográficos e comportamentos (violentos e estratégias positivas) adotados pelo

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próprio (perpetração) e pelo parceiro (vitimização) em situações de conflito. Análise

estatística em SPSS 22®, teste t de Student (α=0,05).

Resultados: obtiveram-se 597 questionários, tendo sido incluídos na amostra 333. 69%

eram do sexo feminino com média de idade 16,4 anos vs 16,6 anos para o sexo masculino

(p>0,05). A vitimização foi superior à perpetração [comportamentos abusivos: 7,19 vs

6,34; t(332)=-3,418, p<0,05], enquanto o uso de estratégias positivas na resolução de

conflitos foi superior pelo próprio do que pelo seu par [16,67 vs 15,09; t(332)=8,424, p<

0,05]. Constatou-se que 18,7% usaram violência física e 19,5% foram vítimas do seu uso.

No que diz respeito à violência sexual, 21,8% foram perpetradores, com um predomínio do

sexo masculino [0,79 vs 0,23; t(328)=-4,742, p<0,05), e 29,5% foram vítimas. A

violência emocional foi cometida por 9,6%, com predomínio do sexo feminino [3,9 vs 2,93;

t(331)=2,231, p<0,05], e 80% foram vítimas desses comportamentos. Nesta amostra,

10,5% referiram ter sido vítimas de violência no namoro. Foi encontrada mais violência

emocional naqueles que se consideraram vítimas de violência no namoro do que naqueles

que não se consideraram [8,51 vs 3,21; t(331)=9,363, p<0,05], não se tendo encontrado

as mesmas diferenças no que diz respeito à violência física e sexual. Aqueles que referiram

o consumo de drogas (14,4%) tiveram mais comportamentos violentos do que os

adolescentes sem consumos [violência física: 1,75 vs 0,99; t(324)=2,070, p<0,05;

violência emocional: 4,82 vs 3,34; t(329)=2,658, p>0,05]. Entre os adolescentes que

relataram consumo de álcool (57,8%) foram também encontrados mais comportamentos

violentos do que naqueles que nunca consumiram [violência física: 1,59 vs 0,54;

t(325)=3,763, p<0,05; violência emocional: 4,18 vs 2,81; t(330)=3,415), p<0,05].

Conclusão: Nesta amostra verificaram-se menos comportamentos de perpetração do que de

vitimização. O uso de violência sexual esteve mais associado ao sexo masculino. A

utilização de violência emocional foi superior no sexo feminino e este tipo de violência

parece ter sido o mais relevante para que estes adolescentes se considerassem vítimas de

violência no namoro. O consumo de drogas e de álcool esteve associado a mais

comportamentos violentos. Apesar da pequena dimensão desta amostra, os resultados deste

estudo são preocupantes e reforçam a importância de uma intervenção precoce nesta faixa

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etária.

Keywords: violência no namoro; adolescente

ICCA 2017-47130 -Diabetes Mellitus tipo I: um desafio na adolescência

Francisco Ribeiro-Mourão (1); Vera Gonçalves (1); Raquel Oliveira (1); Ana Rita Araújo

(1); Suzana Figueiredo (1)

1- Serviço de Pediatria, Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Santa Luzia,

Viana do Castelo, Portugal

Poster

Introdução: A Diabetes Mellitus Tipo I é uma patologia endócrina crónica de incidência

crescente em idade pediátrica. O seu mau controlo tem tanto implicações crónicas como

agudas, potencialmente fatais.

Implica a realização de terapêutica diária, crónica e a adopção de um estilo de vida

saudável e rigoroso para o controlo da doença. A monitorização de controlo glicémico é

feita, entre outros, através dos valores de HbA1C (preferencialmente < 7.5 %).

Problemas de comportamento, psico-sociais e disfunção familiar, entre outros, são factores

de risco para um mau controlo glicémico e, consequentemente, má progressão da doença.

A transição para a adolescência é um período crítico na gestão desta patologia, acarretando

o risco de deterioração do controlo metabólico.

Descrição do caso:

Os autores relatam o caso de uma adolescente do sexo feminino, 16 anos, filha de pais

divorciados, com Diabetes Mellitus tipo I, diagnosticada há 5 anos.

Foi admitida no Serviço de Urgência aos 11 anos por astenia, emagrecimento, poliúria e

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polifagia. Constatada glicemia capilar de 227 mg/dL, cetose cem acidose e HbA1C de

12.7%. No internamento foi realizado ensino para o auto-controlo e administração de

insulina subcutânea, com facilidade de aprendizagem e boa adesão terapêutica.

Durante o primeiro ano de doença manteve boa adesão à terapêutica com valores de

HbA1C entre 6.5-6.7%. Aos 13 anos de idade falta pela primeira vez à consulta e 3 meses

depois constata-se incumprimento de tratamento e pesquisa de glicemia com falseamento

de registos, apresentando HbA1c de 8.3%.

Aos 13 anos e 6 meses é internada por descompensação da doença. Constatada

administração esporádica de insulina, sem pesquisas de glicemia e HbA1c >14%. Após

alta manteve comportamento inadequado. Em episódio de urgência é diagnosticada

hepatomegalia –decorrente do mau controlo glicémico. Aos 14 anos é internada por

cetoacidose diabética, após o qual foram articuladas visitas domiciliárias com o médico

assistente e seguimento por Psicologia.

Apesar deste encaminhamento a situação manteve-se o que motivou um mês depois novo

internamento por cetoacidose diabética grave (pH 6.9).

Durante este internamento a mãe estava presente apenas por pequenos períodos e

objectivou-se que o relacionamento entre ambas era conflituoso, havendo ausência de apoio

da mãe na confecção de refeições adequadas e na supervisão de administração de insulina.

Nesta data foi realizada referenciação ao Núcleo Hospitalar de Apoio a Crianças e Jovens

em Risco. Por decisão judicial a adolescente foi institucionalizada, tendo em menos de 6

meses conseguido atingir níveis de controlo glicémico óptimos (HbA1c 6.0%). Após 7

meses retornou à sua residência , mantendo desde então níveis de controlo glicémico

flutuantes (HbA1c máxima de 8.5%), mas melhores, e adesão à terapêutica mais constante,

apesar de ainda manter algumas falhas .

Conclusão: A diabetes mellitus é uma patologia cujo controlo depende da conjugação de

vários factores para o sucesso do seu tratamento, particularmente na adolescência. O

envolvimento de profissionais de diversas áreas – psicologia, serviço social, nutrição,

médicos hospitalares e médicos assistentes e enfermeiros, entre outros – pode ser a chave

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para o sucesso do tratamento e para o aumento da qualidade de vida destes doentes.

Keywords: adolescentes, diabetes, cooperação, integração

ICCA 2017-47945 -Intoxicação alcoólica no Serviço de Urgência Pediátrica -

Casuística de 5 anos

Cristina Ferreras (1); Mayara Nogueira (1); Marta I. Pinheiro (1); Vanessa Gorito (1);

Sandra Pereira (1); Sofia Fernandes (1); Mariana Abreu (1); Luís Almeida Santos (1)

1- Serviço de Pediatria. Hospital Pediátrico Integrado. Centro Hospital São João. Porto,

Portugal.

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O álcool é uma droga de fácil acesso sendo o seu uso facilitado pelos padrões

culturais permissivos da nossa sociedade. O uso e abuso do álcool entre os jovens, é um

problema generalizado, sendo a droga mais consumida no mundo. Aproximadamente dois

terços dos adolescentes iniciam o consumo de álcool e um quarto tem um consumo regular.

Além dos próprios efeitos nocivos do álcool, como o atraso no desenvolvimento cerebral,

este tipo de consumo está associado a um elevando número de acidentes fatais, maior taxa

de suicídio, de comportamentos de risco e de problemas escolares e familiares.

Objetivo: Conhecer a prevalência e o padrão de consumo de álcool nas crianças e

adolescentes admitidos por intoxicação alcoólica no Serviço de Urgência Pediátrica (SUP)

durante os últimos 5 anos.

Material e métodos: Estudo retrospetivo e descritivo baseado na consulta de processos

clínicos dos episódios de intoxicação alcoólica aguda no SUP de um hospital de nível III

durante os anos 2011 a 2015. Foram incluídas as crianças e adolescentes que tiveram um

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valor de álcool no sangue superior a 0,5 g/L.

Resultados: O número total de episódios registados por intoxicação alcoólica no SUP

foram de 346. A idade média foi de 15,9 anos (12 anos a 17 e 364 dias), sendo 59% do sexo

masculino. A alcoolemia média foi de 1,64g/L (0,5g/L a 3,08g/L). A maioria dos episódios

(80%) foram durante a noite, tendo 40 % sintomas moderados a graves e 20%

complicações no decorrer da permanência no SUP. Apenas 8% tinham antecedentes de

consumo alcoólico associado. Foi referida a ingestão de bebidas espirituosas em 71% dos

episódios e em 16% consumo associado de outro tipo de drogas, sendo o mais frequente os

canabinóides (16%). Foram referenciados 9% para uma consulta de especialidade.

Evidenciou-se um aumento de 2% dos episódios no SUP em 2015 em relação a cada ano

anterior englobado no estudo.

Conclusão: O abuso de álcool é um problema comum nos adolescentes, constatando-se um

aumento de visitas ao SUP durante os últimos 5 anos, pondo-se em causa o cumprimento da

legislação portuguesa que proíbe a venda de bebidas alcoólicas a menores. Salienta-se que a

taxa média de alcoolemia é muito superior à permitida atualmente pelo código de estrada.

Constatou-se o consumo crescente de múltiplas bebidas com alto teor alcoólico em

associação a outras drogas.

Keywords: álcool, pediatria, adolescência, serviço de urgência

ICCA 2017-48002 -Hematocolpos: um diagnóstico a não esquecer

Francisco Ribeiro-Mourão (1); Vera Gonçalves (1); Francisca Martins (1); Mariana Branco

(1); Ariana Teles (1); Mariana Alves (2); Ana Rita Araújo (1)

1- Serviço de Pediatria, Unidade Local de Saúde do Alto Minho, Hospital de Santa Luzia,

Viana do Castelo; 2- Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, Unidade Local de Saúde do Alto

Minho, Hospital de Santa Luzia, Viana do Castelo

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Poster

O hematocolpos é uma patologia rara que decorre da acumulação de sangue menstrual na

vagina em jovens com hímen imperfurado. A apresentação clínica é diversa sendo

necessária elevada suspeição clínica para o seu diagnóstico.

Manifesta-se por atraso da menarca, massa e/ou dor abdominal cíclica, dor lombar e

abaulamento da membrana vaginal. Retenção urinária e infeções urinárias de repetição são

apresentações menos comuns.

Os autores reportam 3 casos com diferentes formas de apresentação:

Caso 1: Adolescente, 15 anos, antecedentes pessoais de lombalgia recorrente desde há 1

ano. Recorre ao serviço de urgência (SU) por dor lombar irradiada para o membro inferior

direito e febre com 4 dias de evolução. Sem queixas urinárias. Ao exame objetivo

apresentava febre (38,5ºC), dor à mobilização activa e passiva dos membros inferiores e dor

referida à região lombar com Murphy renal duvidoso à direita. O estudo realizado mostrou

leucocitose com neutrofilia, PCR 3.27 mg/dL e estudo de urina com leucocitúria .Teve alta

medicada com antibioterapia e voltou ao SU 2 dias depois por manutenção de sintomas,

sendo feito o diagnóstico ecográfico de hematocolpos com 9 cm.

Caso 2: Adolescente, 12 anos de idade, recorre ao SU por dor pélvica e poliaquiúria. Ao

exame objectivo apresentava tumefaccção pélvica, hímen imperfurado, abaulado e com ar

cianosado. Analiticamente sem leucocitose, PCR negativa e estudo de urina sem alterações.

A ecografia confirmou volumoso hematocolpos (220 cm3), deslocamento cranial do útero e

compressão e deslocamento anterior da bexiga.

Caso 3: Adolescente, 12 anos, recorre ao SU por dor pélvica e febre (38,5ºC). Ao exame

objectivo apresentava tumefacção pélvica, hímen imperfurado muito abaulado e tenso. O

estudo analítico mostrou presença de leucocitose com neutrofilia 17.680 leucócitos ,82%

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neutrófilos), PCR 10.47 mg/dL.A ecografia confirmou adistensão do canal vaginal e

cavidade uterina e volumosa massa pélvica de 20 cm.

Nos 3 casos foi realizada himenotomia, pelo Serviço de Ginecologia e Obstetrícia, com

resolução dos sintomas.

Conclusões:

O hematocolpos apresenta-se de forma heterogénea, devendo colocar-se esta hipótese

diagnóstica perante adolescentes sem menarca, com dor abdominal ou lombar, disúria e/ou

febre. A história clínica e o exame físico minucioso (incluindo palpação abdominal cuidada

e exame dos genitais externos) fornecem os dados mais relevantes para o diagnóstico.

Keywords: Hematocolpos, Amenorreia, Adolescentes, Himenotomia

ICCA 2017-51947 -UMA CAUSA RARA DE EMAGRECIMENTO NA

ADOLESCÊNCIA.

Joana Vanessa Silva (1); Benedita Aguiar (1); Cristina Rocha (1); Manuel Correia (2);

Lúcia Gomes (1); Miguel Costa (1)

1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.; 2- Serviço

de Gastrenterologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga.

Poster

Resumo: A acalásia é uma doença motora do esófago, rara em Pediatria. Trata-se de uma

doença de início insidioso, com progressão gradual, cuja sintomatologia, por vezes

inespecifica, pode atrasar o seu diagnóstico.

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Caso clínico: Adolescente de 16 anos do género masculino, com antecedentes familiares

de infeção pelo VIH no pai, orientado para a consulta de patologia digestiva por episódios

de engasgamento e por disfagia, principalmente para sólidos, desde há cerca de 1 ano,

associados a perda ponderal.

Analiticamente não apresentava alterações relevantes, sendo o teste serológico de anticorpo

VIH negativo. O trânsito esofago-gastro-duodenal evidenciou estenose da junção esofago-

gástrica com dilatação a montante, sendo que o estudo manométrico foi também compatível

com o diagnóstico de acalásia.

Após dilatação esofágica por endoscopia digestiva alta, verificou-se melhoria franca da

sintomatologia e recuperação ponderal.

Conclusão: Durante adolescência verifica-se frequentemente a associação a psicopatologia,

o que pode colocar em segundo plano a patologia orgânica.

É importante ter em consideração a possibilidade da sua coexistência, de forma a que o

tratamento e o prognóstico de doenças pouco comuns, como o caso da acalásia, não sejam

comprometidos.

Keywords: Acalásia, emagrecimento, adolescência.

ICCA 2017-52094 -Da Pediatria para a Instituição - casuística de 11 anos

Inês Romão Luz (1); Cristina Nobre (2); Carla Lourenço (2); Aniceta Cavaco (1)

1- Serviço de Pediatria, Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA; 2- Serviço Social,

Hospital José Joaquim Fernandes, ULSBA

Poster

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Introdução

O internamento e a urgência de Pediatria podem ser locais de transição do meio familiar

para a vida numa instituição. Vários fatores sociais/jurídicos podem influenciar nessa

decisão, num processo que conjuga o trabalho dos elementos do Serviço de Pediatria, do

Serviço Social e de instâncias fora do meio hospitalar.

Objetivos/Métodos

Caracterização da população pediátrica cuja institucionalização decorreu a partir do

Serviço de Pediatria, de um hospital de nível 2, nos últimos 11 anos, através da análise

retrospetiva dos processos.

Resultados

Foram institucionalizados 19 indivíduos, 11 no primeiro ano de vida, 4 crianças e 3

adolescentes. Os motivos de institucionalização foram negligência parental, más condições

socioeconómicas, violência doméstica, mães com patologia psiquiátrica descompensada

sem suporte familiar, suspeita de abuso sexual e incapacidade de cuidar dos filhos assumida

pelos pais. Quinze estiveram internados no Serviço de Pediatria, com uma mediana de

duração de internamento de 8 dias (mínimo 2 - máximo 235). Houve intervenção do

Serviço Social a partir da urgência em três casos e a partir da consulta externa de Pediatria

num caso. Os destinos foram centros de acolhimento temporário para crianças, lares de

infância e juventude e um colégio de educação especial. Em oito casos havia patologia

crónica: endocrinológica, metabólica, do desenvolvimento e psiquiátrica. De momento, está

uma lactente internada, de etnia cigana, com doença neuromuscular, à espera de vaga numa

instituição.

Houve uma mediana de 1 intervenção/ano do Serviço Social nestes casos (mínimo 0 -

máximo 5). Todas as intervenções realizadas, de 2005 a 2011, foram junto de recém-

nascidos (n=7). Desde 2014, todos os casos envolveram menores com patologia crónica.

Em todos os casos houve sinalização à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens e alguns

tiveram processo em tribunal.

Conclusão

Verifica-se que houve uma mudança de padrão ao longo dos anos, com a patologia crónica

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dos menores a ganhar mais peso nos motivos que levam à institucionalização. Além disso,

estes números ajudam-nos a refletir sobre o papel do pediatra para além do tratamento das

doenças. Os pediatras e os assistentes sociais hospitalares têm um papel muito importante

no processo de institucionalização dos doentes crónicos, pelo que devem organizar-se de

forma a manter um contato estreito com as instituições, facilitando o acesso destes menores

às consultas de que necessitem e, sempre que oportuno, promovendo o ensino dos seus

cuidadores.

Keywords: institucionalização, internamento, Pediatria, urgência

ICCA 2017-53377 -PARENTALIDADE NA ADOLESCÊNCIA – A PERSPETIVA DA

CONSULTA DE PEDIATRIA NUM CENTRO HOSPITALAR NÍVEL II:

CASUÍSTICA DE 3 ANOS

Andreia Ribeiro (1); Diana Soares (1); Sofia Ferreira (1); Joana Santos (1); Márcia

Cordeiro (1)

1- Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho

ICCA-Comunicação Oral

INTRODUÇÃO: A gravidez na adolescência constitui um desafio de saúde pública, estando

associada a maior morbilidade maternofetal e a consequências emocionais e sociais que

envolvem não só a família como a sociedade em geral. Em Portugal é estimada uma

prevalência de 14%, tornando-se fundamental a caracterização desta população.

METODOLOGIA: Estudo retrospetivo observacional descritivo, com o objetivo de

caracterizar as grávidas adolescentes (GA) seguidas em Consulta de Pediatria Familiar,

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num hospital Nível II, de 2013 a 2015. Análise estatística através do SPSS/22.0.

RESULTADOS: Obtiveram-se 88 grávidas adolescentes, tendo sido incluídas 81, seguidas

em Consulta de Pediatria. A idade média foi de 16,3±0,8 anos; 76,9% das GA eram

estudantes no início da gravidez, registando-se 74,1% de retenções escolares prévias.

Tinham processo na CPCJ 24,3%. O progenitor apresentou uma mediana de idade de 20,0

(DIQ 18,0-22,0) anos. A maioria das adolescentes (78,1%) tinha uma relação de namoro

com o pai do filho; a mediana de tempo de namoro prévio à gravidez foi de 12,0 (DIQ

8,5-24,0) meses. Foi referida violência no namoro em 10,1% dos casos. O diagnóstico de

gravidez foi realizado no 1º trimestre em 67,6%; 57,1% das GA realizaram teste de

gravidez no domicílio e, em 37,9%, o progenitor foi a primeira pessoa a ter conhecimento.

A gravidez não foi planeada em 87,3% e em 11,9% não foi desejada. Considerando os

antecedentes obstétricos, 90,9% das GA eram primigestas, 6,5% apresentavam antecedentes

prévios de IVG e 48,5% dos casais não utilizava nenhum método contracetivo. Foram

registados comportamentos de risco em 23,4% (22,1% tabagismo; 3,9% consumo de

substâncias ilícitas); e 22,8% apresentaram alguma complicação. O parto foi vaginal em

84,2%. No que se refere ao período neonatal registaram-se 7,8% de recém-nascidos (RN)

pretermo e 6,5% RN com baixo peso ao nascimento. A mediana de tempo de aleitamento

materno exclusivo foi de 1,0 (DIQ 0,5-3,0) meses. Aos 12 meses de idade a maioria das

crianças apresentava um desenvolvimento estaturo-ponderal e psicomotor adequados. Em

relação ao núcleo familiar, 65,4% das avós maternas eram desempregadas; 53,4% dos avós

maternos e 44,4% dos avós paternos eram divorciados. Das avós maternas 29,8% foram

mães adolescentes e em 13,7% havia antecedentes de violência doméstica, sendo de 10,1%

no caso dos avós paternos. Constatou-se término do relacionamento com o pai da criança

em 23,4% dos casos, maioritariamente após o nascimento (66,7%). Apenas 47% das GA

prosseguiu os estudos.

CONCLUSÃO: No grupo avaliado é de destacar a elevada taxa de vigilância adequada da

gravidez e a baixa frequência de morbilidade materno-fetal e morbilidade infantil durante o

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seguimento. Os autores pretendem sublinhar a existência de múltiplos fatores de risco

social nas famílias das GA, como é traduzido pela frequência de desemprego,

desestruturação familiar, antecedentes familiares de gravidez na adolescência e mau

aproveitamento escolar das adolescentes, com consequente abandono escolar posterior.

Salienta-se a importância da avaliação e orientação familiar na gestão dos desafios

inerentes à parentalidade na adolescência, na mediação de conflitos conjugais e

intergeracionais e na tentativa de quebrar a repetição de modelos familiares menos

positivos.

Keywords: Gravidez, Adolescência, Parentalidade

ICCA 2017-53384 -PERTURBAÇÕES DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR: A

REALIDADE DE UM HOSPITAL DISTRITAL.

Joana Vanessa Silva (1); Graça Loureiro (1); Benedita Aguiar (1); Miguel Costa (1);

Cláudia Barroso (2); Sílvia Tavares (2); Lúcia Gomes (1)

1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga. Directora de

Serviço: Fátima Menezes.; 2- Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar Entre Douro e

Vouga. Directora de Serviço: Dra Sara Mariano.

Poster

Introdução: As perturbações do comportamento alimentar (PCA) constituem uma patologia

psiquiátrica, com início habitualmente na adolescência e cuja prevalência e incidência têm

vindo a aumentar nesta faixa etária.

Objetivos: Caracterizar os adolescentes seguidos em consulta de adolescentes e/ou

pedopsiquiatria por PCA, analisando parâmetros epidemiológicos, somatometria, tipo e

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motivo de referenciação, satisfação corporal, distorção da imagem corporal,

comportamentos alimentares e compensatórios.

Métodos: Estudo retrospectivo e observacional dos adolescentes seguidos em consulta de

adolescentes e/ou pedopsiquiatria por PCA, no período de 2009-2015.

Resultados: Obteve-se uma amostra de 37 adolescentes, sendo a maioria do sexo feminino

(n=36) e com mediana de idade de 15 anos (mínimo 11 anos; máximo 18 anos).

Os pedidos de referenciação tiveram origem noutras consultas de pediatria em 37,8%, no

serviço de urgência em 32,4% e a partir do médico de família em 29,7%.

A anorexia nervosa foi o diagnóstico mais frequente (56,7%), seguido por outras

complicações do comportamento alimentar e da alimentação (PCAA) com 24,3% (anorexia

atípica n=8; bulimia nervosa de baixa frequência e/ou duração limitada n=1), por PCAA

sem outra especificação (10,8%), bulimia nervosa (5,4%) e binge eating (2,7%).

O índice de massa corporal mínimo médio foi 19,2 kg/m2 (mínimo 14,3 kg/m2; máximo

30,6 kg/m2).

Verificou-se que a restrição alimentar ocorreu em 91,9% e que 8,1% apresentaram

episódios de compulsão alimentar. Relativamente à insatisfação corporal, esta era evidente

em 97,2% dos adolescentes. Do total da amostra, 83,8% não tinham antecedentes de

excesso de peso/obesidade, dos quais 70,3% apresentavam distorção da imagem corporal.

Em 54% dos casos verificou-se a ocorrência de amenorreia ou oligomenorreia. Quase

metade dos adolescentes realizavam algum tipo de comportamento compensatório, sendo o

mais frequente o aumento da atividade física (61,1%).

Conclusão: As PCA associam-se a comorbilidades de relevo, sendo crucial a sua

identificação e orientação precoce, de forma a minimizar o seu impacto sobre a vida dos

adolescentes e suas famílias.

Keywords: Adolescente; Anorexia Nervosa; Transtornos Alimentares.

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ICCA 2017-53687 -Maus tratos: para além das consequências físicas

Joana Ferreira (1); Sofia Vasconcelos (1); Marta Alves (1); Isaltina Vitorino (1); Cláudia

Neto (1); Susana Soares (1)

1- Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães

Poster

Introdução

Os maus tratos em crianças e jovens constituem um verdadeiro problema de saúde pública,

podendo colocar em causa a sua integridade física ou emocional e provocar perturbações

significativas no desenvolvimento da criança.

Descrição Caso Clínico:

Criança de 11 anos, sexo feminino, raça caucasiana, sem fatores de risco familiares

conhecidos. A gestação foi vigiada, o período neonatal decorreu sem intercorrências e os

parâmetros antropométricos ao nascimento eram adequados à idade gestacional.

Apresentava um crescimento e desenvolvimento psicomotor normal. Desde há três anos

com comportamento de oposição e ansiedade, dificuldades na relação com pares, alteração

do nível cognitivo e baixo rendimento escolar, tendo iniciado terapêutica com metilfenidato

(MTF). Referenciada ao Serviço de Urgência (SU) pela Comissão de Protecção de Criança

e Jovens (CPCJ), a qual já tinha processo ativo para a criança, por suspeita de maus tratos.

A criança mantinha também já acompanhamento por psicóloga. Na admissão apresentava

múltiplas equimoses em diferentes estadios de evolução na face anterolateral e medial da

coxa e braço esquerdos, que teriam sido infligidos pelo pai com um cinto dois dias antes da

vinda ao SU, testemunhadas pela assistente social e pela psicóloga e corroboradas pela

própria criança. No SU foi pedida avaliação médico-legal e colaboração do Serviço Social e

Ministério Público. Realizou estudo analítico com provas da coagulação, radiografia do

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esqueleto e avaliação oftalmológica (incluindo fundoscopia) que não revelaram alterações.

A criança teve alta ao final de cinco dias tendo sido institucionalizada. Atualmente

encontra-se acompanhada em consulta de Pediatria Comunitária, Pedopsiquiatria e

Psicologia, estando medicada com fluvoxamina além de MTF, com melhorias no padrão

comportamental e relacional.

Conclusões:

A presença de equimoses com diferentes estadios de evolução ou em locais pouco comuns

nos traumatismos de tipo acidental, numa criança com problemas comportamentais, deve

alertar o profissional de saúde para a situação de maus tratos, promovendo atuações

coordenadas entre as diferentes entidades.

Keywords: maus tratos, equimoses, criança, risco

ICCA 2017-54454 -Problemática social na população com patologia do

neurodesenvolvimento – conhecer as famílias para ajudar os doentes

Elisa Martins Silva (1); Maria João Palha (1); Sofia Pereira (1); Manuela Baptista (1)

1- Departamento de Pediatria, Hospital de Santa Maria – CHLN, Centro Académico de

Medicina de Lisboa

ICCA-Comunicação Oral

INTRODUÇÃO E OBJETIVOS – Cuidadores de crianças com perturbações do

neurodesenvolvimento (ND) apresentam maiores níveis de stress comparativamente a

cuidadores de crianças com desenvolvimento convencional. O impacto desta situação

crónica abrange problemas psicológicos e socioeconómicos, alteração de dinâmicas

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familiares e de qualidade de vida. Por outro lado, quando no contexto social e familiar da

criança, coexistem precariedade económica, negligência e maus tratos ou problemas de

educação podem verificar-se implicações directas no seu prognóstico. Objetivos:

caracterizar os problemas sociofamiliares de crianças e adolescentes com patologia do ND,

em seguimento num Centro de Neurodesenvolvimento, de um hospital terciário de Lisboa.

MÉTODOS - Estudo retrospetivo por consulta de registos de processos clínicos da

Consulta de Neurodesenvolvimento, dos doentes seguidos concomitantemente pelo serviço

social hospitalar, entre Janeiro 2015 e Junho 2016. Feita análise descritiva das

características demográficas e clínicas (DSM –V) da amostra. Utilizada regressão logística

multivariada para estimar associações das problemáticas sociais, através de odds ratios

(OR) e respetivos intervalos de confiança (IC) a 95%, ajustando para possíveis

confundidores (STATA 14Ò).

RESULTADOS – A amostra foi composta por 66 doentes, a maioria do sexo masculino

(62%) e com mediana de idade ao início do seguimento de 4,13 anos (min 0,14 e máx 12,4

anos). Os principais diagnósticos do ND foram: Perturbação de défice de desatenção/

hiperatividade (PDAH, 56%, n=37), Perturbação do desenvolvimento intelectual (PDI,

39,4%, n=26), Perturbação específica da linguagem (PEL, 34,8 % n=23), Estado limite do

funcionamento cognitivo (16,7% n=11), Perturbação da aprendizagem (16,7% n=11) e

Perturbação do Espectro do Autismo (PEA, 15,15%, n=10). A maioria apresentava co-

morbilidade (69,7%), sendo que 37,9% tinham 3 diagnósticos.

No que diz respeito aos diagnósticos sociais, definidos segundo a aplicação informática

CPC HS – Gestão de informação do Serviço Social, a falta de condições psico-emocionais

do(s) cuidador(es) foi a situação mais frequente (31,82%, n=21), seguido da precariedade

económica (30,3%, n=20) e negligência familiar (22,73%, n=15). Em 25,37% (n=17),

registou-se a coexistência de dois ou mais diagnósticos sociais.

Observou-se uma associação estatisticamente significativa entre precariedade económica e

PDI (OR 1,98 IC95% 0,21-3,75) e PEA (OR 2,5 IC95% 0,67-4,34), ajustando para

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escolaridade e desemprego dos cuidadores. Verificou-se uma associação entre negligência

familiar e famílias com agregado não nuclear nesta população (OR 0,66 IC95% 0,05-1,27).

Não se observaram outras associações estatisticamente significativas com outros

diagnósticos sociais.

A referenciação ao Serviço Social veio maioritariamente de entidades da comunidade e em

15% foi feita pelo médico assistente. Da intervenção realizada destaca-se a articulação

interinstitucional em 89,4% (n=59), com avaliação sociofamiliar em 18,6% destes. As

entidades com as quais se registou maior articulação foram as Equipas de Apoio à Família

da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 35,59%.

CONCLUSÕES – Esta amostra tinha em mais de metade dos casos PDAH e a maioria

apresentava mais de um diagnóstico. A falta de condições psico-emocionais do(s)

cuidador(es) foi a situação social mais frequente e a precariedade económica associou-se

aos diagnósticos de PDI e PEA. Estudos desta natureza na população portuguesa são

necessários para adequar e promover estratégias, que poderão beneficiar o prognóstico

destes doentes.

Keywords: Neurodesenvolvimento, Problemas Sociofamiliares, Cuidadores, Serviço Social

ICCA 2017-54995 -Não adesão terapêutica nos adolescentes com perturbação de

hiperatividade e défice de atenção – a propósito de um caso clínico

Clara Gomes (1); Susana Nogueira (2); José Boavida Fernandes (2)

1- Centro Hospitalar Tondela-Viseu, E.P.E., Viseu, Portugal; 2- Hospital Pediátrico, Centro

Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E., Coimbra, Portugal

Poster

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Introdução: A Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA) é uma condição

neurobiológica, com sintomas de inatenção, hiperatividade e impulsividade, podendo

associar-se a comportamentos de oposição, agressividade, ansiedade, baixa auto-estima e

dificuldades na aprendizagem. A abordagem terapêutica associa a farmacoterapia à

intervenção não farmacológica, em particular, medidas psicoeducacionais.

Caso clínico: Adolescente de 14 anos, seguido em consulta de Desenvolvimento dum

Hospital de nível III desde os 9 anos de idade por PHDA tipo combinado. Durante o

período de seguimento foi constatado incumprimento da terapêutica farmacológica

prescrita (metilfenidato), pela presença de vários fatores, incluindo os relacionados com os

familiares (baixo nível educacional e socio-económico, descrença na existência de uma

perturbação médica, na eficácia do fármaco e relação de conflito cuidador - adolescente) e

com o adolescente (baixa capacidade de perceçao dos efeitos benéficos da medicação e do

cumprimento das tomas, menor tolerância aos efeitos adversos e falta de motivação).

Conclusão: Apesar da disfunção associada à PHDA permanecer na adolescência, 15 a 87%

dos adolescentes suspende a medicação. Esta atitude é influenciada por fatores preditores

de adesão, positivos e negativos. Com a presente caso clínico, os autores pretendem

identificar os fatores associados à não adesão terapêutica nos adolescentes com PHDA e

descrever, teoricamente, eventuais medidas para melhorar este comportamento,

proporcionando melhores cuidados de saúde e otimizando, a longo prazo, a sua saúde

mental e o seu desempenho a nível psicossocial e económico.

Keywords: Perturbação de hiperatividade e défice de atenção; Metilfenidato; Adesão

terapêutica; Efeitos adversos

ICCA 2017-56012 -Alergia ou Intoxicação?

Diana Bordalo (1); Sara Rolim (1); Filipa Almeida (1); João Caseiro (2); Otília Queirós (2);

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Paula Fonseca (1)

1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar do Médio Ave; 2- Serviço de Pedopsiquiatria

do Centro Materno-Infantil do Norte

Poster

Introdução:

A utilização de álcool e outras substâncias por adolescentes acarreta consequências que são

influenciáveis pelo desenvolvimento biológico e psicossocial e pelo ambiente que os

rodeia. Quanto mais precoce o contacto com e o consumo destas drogas, maior será o risco

de adicção, sendo importante distinguir o uso do abuso. Perante comportamentos de risco e

as suas consequências no funcionamento do adolescente é fulcral uma intervenção

multidisciplinar.

Caso Clínico:

Adolescente de 15 anos, sexo feminino, trazida ao serviço de urgência pela tia paterna por

edema labial com duas horas de evolução. Negava dispneia, alterações cutâneas, vómitos

ou diarreia. Negava ingestão de qualquer alimento suspeito ou consumo de drogas ilícitas.

Ao exame objetivo apresentava edema labial marcado, sem exantemas. Encontrava-se

taquipneica, taquicardica e com pressão arterial elevada, consciente e colaborante, agitada,

com discurso pouco coerente. Apresentava, ainda, diaforese, tremores dos membros e

pupilas midriáticas não fotorreativas. Apresentava lesões cicatriciais

por antecedentes de queimadura cutânea a nível abdominal, cicatrizes no antebraço

esquerdo e piercings (língua, asa do nariz e umbilical), sem exantemas. Dos exames

complementares de diagnóstico destacava-se nível de etanol sérico 0,02g/L e positividade

na pesquisa de anfetaminas, cocaína e canabinóides na urina. Relativamente a antecedentes

pessoais, referia ter emigrado com os pais para Espanha aos cinco anos, estando em

Portugal a cargo da tia paterna por apresentar comportamentos de risco desde há dois anos.

Nesse período manteve mau rendimento escolar e má integração com pares. Referia

comportamentos auto-lesivos até há um ano. Negava alterações do sono ou da alimentação

ou ideação suicida. Foi observada e orientada por Pedopsiquiatra. Foi, ainda, sinalizada à

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Comissão de Proteção de Crianças e Jovens em Risco e orientada, igualmente, para a

consulta de Medicina de Adolescentes e integrada no Projeto Mais Vale Prevenir.

Atualmente mantém seguimento multidisciplinar.

Discussão:

O uso de drogas de abuso não é um fenómeno isolado, podendo ser transversal a qualquer

estrato da sociedade, o que o torna um importante problema de saúde pública. Em Pediatria

a identificação dos indivíduos em risco de consumirem substâncias ilícitas e álcool é um

desafio, mas assume um papel preponderante na sociedade atual. O caso descrito tem

particular relevo pela apresentação clínica sugestiva de uma reacção anafiláctica, tendo o

detalhado exame objectivo e anamnese contribuído para o correto diagnóstico de síndrome

simpaticomimética aguda típica do consumo de cocaína e anfetaminas. A esta associou-se o

consumo de álcool, que eleva o risco de morte súbita relacionado com o consumo de

cocaína. Este caso implicou a articulação das várias áreas da sociedade (médica, social e

legal) para uma intervenção holística numa adolescente com comportamentos de risco

graves.

Keywords: Medicina do Adolescente; Transtornos Relacionados ao Uso de Substâncias;

Cocaína; Anfetaminas

ICCA 2017-56346 -GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA - O RETRATO DE UM

HOSPITAL DE NÍVEL II

Sofia Peças (1); Joana Bernardeco (2); Carolina Viveiro (1)

1- Centro Hospitalar de Setúbal, EPE - Serviço de Pediatria; 2- Centro Hospitalar de

Setúbal, EPE - Serviço de Ginecologia-Obstetrícia

ICCA-Comunicação Oral

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Introdução e Objectivos

A gravidez na adolescência constitui um problema de saúde pública, com impacto

significativo na tríade mãe-filho-família. Objectivos: caracterização de uma amostra de

mães adolescentes (MA) e respectivos recém-nascidos (RN) de um hospital de nível II;

análise do impacto da gravidez na adolescência do ponto de vista clínico obstétrico e

neonatal (NN); comparação com dados da literatura.

Metodologia

Estudo retrospectivo descritivo dos processos clínicos das MA (com idade ≤19 anos à data

do parto) e respectivos RN, entre Janeiro/2012 e Dezembro/2015. Variáveis: dados

demográficos e clínicos relativos à mãe e ao RN. Tratamento estatístico dos dados: SPSS.

Resultados

Durante o período analisado ocorreram 6677 nascimentos, 4,6% relativos a MA (idade

média 17,9 anos, mínima 13 anos), verificando-se um declínio progressivo ao longo dos

anos (de 5,7% para 4,3%), traduzindo uma diferença estatisticamente significativa (p<

0,05). A maioria das MA tinha idade ≥16 anos (95%). Relativamente às MA com idade <

16 anos, a maioria era estudante, frequentando um nível de ensino inferior ao esperado para

a idade. No grupo com idade ≥16 anos 31,5% era estudante, 17,3% tinham profissão do

grupo 9 e 2,2% do grupo 5; as restantes estavam desempregadas. Nenhuma MA com <16

anos referia consumo de substâncias. Daquelas com idade ≥16 anos, a maioria (79,7%)

negava consumos e as restantes referiam hábitos tabágicos. Neste grupo, 26,5% eram

multigesta, tal como uma MA do grupo com <16 anos. Não existiu vigilância adequada

da gravidez em 10% dos casos. Ocorreram complicações da gravidez em 43%, sendo a

infecção do trato urinário, a anemia, a ameaça de parto pré-termo e a diabetes gestacional

as principais (em 42%, 15%, 9% e 4,5%, respectivamente). Houve 219 partos eutócicos

(70,4%) e 55 por cesariana (17,7%). A idade gestacional média foi de 39 semanas (33-42

semanas). Os partos pré-termo corresponderam a 5,4%. Verificou-se baixo peso ao nascer

em 4,5% e 3,5% de restrição de crescimento intra-uterino. Verificaram-se complicações em

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9,9% dos RN, sendo as principais a sépsis precoce (n=11), asfixia NN (n=8),

hiperbilirrubinémia (n=7) e hipoglicémia (n=7). As complicações pós-parto ocorreram em

6,4%. Após o parto, o método contraceptivo mais utilizado foi o implante subcutâneo. A

avaliação por assistente social foi feita a todos os casos antes da alta hospitalar, assim como

a referenciação à consulta de Psicologia. Procedeu-se a institucionalização em nove casos

(2,9%).

Conclusões

Comparativamente com a literatura verificou-se um número elevado de partos na

adolescência. Contudo, tem havido um decréscimo ao longo do período considerado, o que

pode dever-se à melhoria dos cuidados antecipatórios. Não pode, no entanto, ser excluído o

maior recurso a IVG ou à contracepção de emergência. O facto deste se tratar de um

hospital de nível II e sem unidade de cuidados intensivos neonatais pode ter influência nas

características da amostra e portanto nos resultados obtidos (baixa percentagem de partos

pré-termo e de complicações para a díade mãe-filho).

Sendo a gravidez na adolescência um desafio para a mãe com implicações na saúde do

filho, a sua prevenção é fundamental, sendo para isso essencial uma orientação

multidisciplinar.

Keywords: Adolescente, gravidez, recém-nascido

ICCA 2017-58843 -A exposição sexual em idade pediátrica – a experiência de 7 anos

Fonseca S (1); Passas A; Castro C (1); Tavares M (1)

1- Hospital Pediátrico Integrado do Centro Hospitalar S. João

Poster

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Introdução e objectivos: Os actos sexuais podem ser consentidos pelo próprio ou envolver

uma criança ou adolescente em actividades que resultam na satisfação sexual de um adulto

ou outra pessoa mais velha. Os comportamentos sexuais podem representar um risco

substancial para a saúde e associam-se a risco de gravidez. Numa exposição sexual ocorre

contacto com líquidos biológicos com risco de infecção por agentes de transmissão sexual.

O acompanhamento na Consulta de Infecciologia Pediátrica permite a (re-) avaliação

clínica, a avaliação de resultados analíticos e microbiológicos, a revisão de esquemas

terapêuticos e profiláticos e a monitorização dos seus efeitos secundários, a avaliação do

estado psico-social da criança e da família e a ponderação da necessidade de referenciação

a outras especialidades. Este trabalho teve como objectivos a identificação dos casos de

exposição sexual durante um período de 7 anos e a sua caracterização. Métodos: Estudo

retrospectivo e descritivo dos casos de exposição sexual referenciados à Consulta de

Infecciologia Pediátrica do Centro Hospitalar de São João entre Setembro de 2009 e

Setembro de 2016. Resultados: Foram identificados 55 casos de exposição sexual, dos

quais 52 no contexto de abuso sexual e 3 no contexto de exposição sexual consentida. No

grupo dos casos de abuso, 45 (87%) eram do género feminino; no grupo dos casos de

exposição consentida todos eram do género feminino; em ambos os grupos a mediana de

idades foi 14 anos. Na maioria dos casos, o abuso sexual correspondeu ao primeiro contacto

sexual; em 35% havia história de episódios anteriores de abuso; a maioria dos agressores

era do género masculino e em 69.2% dos casos era conhecido da vítima; em 85% dos casos

ocorreu penetração anal, oral e/ou vaginal; em 5 dos casos foi relatada circunstância de

consumo de álcool e/ou drogas. Nos casos consentidos, todas eram previamente

sexualmente activas e não utilizavam método contraceptivo de barreira. A primeira colheita

de serologias (vírus de imunodeficiência humana (VIH), vírus de hepatite C (VHC) e

Antigénio HBs (AtgHBs)) foi negativa em todos os casos de exposição sexual. Nas

amostras biológicas colhidas, os agentes mais frequentemente isolados foram Ureaplasma

urealyticum, Enterococcus faecalis, Gardnerella vaginalis e Mycoplasma hominis. Entre os

que completaram seguimento (1 mês, 3 e 6 meses) não se detectaram anticorpos anti-VIH,

anti-VHC e AtgHBs em nenhum caso; não se identificou nenhum caso de sífilis. Não se

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registou nenhuma gravidez. Conclusões: Nos casos de abuso sexual, na maioria dos casos o

agressor era conhecido da vítima e existiram episódios prévios. As consequências

psicológicas e médicas, incluindo o risco de transmissão de doenças sexualmente

transmissíveis, justificam acompanhamento adequado. A educação para a sexualidade

deverá ser uma prioridade, contribuindo para que esta seja vivida de forma satisfatória e

com minimização dos riscos.

Keywords: abuso sexual, exposição sexual, criança

ICCA 2017-62638 -Um caso de Síndrome de Munchausen por procuração secundária a

erotomania

Patrícia Miranda (1); Catarina Neves (1); Manuel Salgado (1)

1- Unidade de Reumatologia Pediátrica - Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar e

Universitário de Coimbra, EPE

Poster

Introdução/Descrição do Caso:

A erotomania é um distúrbio mental caracterizado pela crença duma “paixão por si”, sem

que a pessoa, de nível social superior, tenha tido qualquer atitude nesse sentido. Ocorre de

forma isolada (Síndrome de Clèrambault) ou em combinação com outras patologias

psiquiátricas.

A Síndrome de Munchausen por procuração (SMpP) é a produção de sinais e sintomas em

crianças dependentes, de forma a prolongar o contacto com os prestadores dos cuidados de

saúde.

Apresentamos o caso de um rapaz, 9 anos, que foi enviado por olho vermelho crónico

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bilateral (27 meses), fotofobia intensa, blefarite e chalázio, refratários à medicação tópica

ocular (corticóides e antibióticos) e sistémica (prednisolona e ciclosporina). Diagnosticada

rosácea ocular e foi medicado com eritromicina oral (EO). Evolução atípica, com fases de

melhoria e de agravamento.

Entretanto observámos uma 2ª doente semelhante. Esta fizera uma peregrinação médica

por “mais” de 30 médicos (13 oftalmologistas) diferentes”. Iniciou EO com pronta resposta.

Numa fase de agravamento do 1º doente, foi posta em causa o não “questionar do

diagnóstico e não procurar outra opinião médica” por parte da mãe. Evocado a SMpP, foi

internado, com evolução prontamente favorável com a mesma terapêutica. Nesta altura, o

Oftalmologista assistente informou-nos de mensagens amorosas da mãe. Mudado para uma

médica assistente, a evolução foi excelente. Foi marcada consulta de risco social. Quatro

anos depois mantinha-se assintomático e a situação familiar estava estável.

Comentários/Conclusões:

A SMpP deverá ser evocada perante uma evolução paradoxal a um tratamento claramente

bem instituído. Dentro das motivações à SMpP, a erotomania poderá ser uma das causas,

assim como da não compliance terapêutica, como este caso testemunha.

Keywords: Erotomania, Síndrome de Munchausen por procuração, Distúrbio mental.

ICCA 2017-62769 -Protelamento de Alta por Motivos Sociais numa Enfermaria de

Pediatria - Casuística de Cinco Anos

Melissa Brigham Figueiredo (1); Paula Afonso (1); Raquel Marta (1); Ana Caldeira (1)

1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental

ICCA-Comunicação Oral

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Introdução e objectivos: A Convenção Sobre os Direitos das Crianças, ratificada por

Portugal em 1990, impõe ao Estado o dever de garantir o bem-estar da criança quando os

pais ou cuidadores não o podem fazer. No nosso país, a Lei de Protecção de Crianças e

Jovens em Perigo (nº 145/2015) determina que as entidades com competência em matéria

de infância e juventude, onde se incluem as unidades de saúde, protejam a criança em

perigo e promovam os seus direitos. Neste contexto, torna-se por vezes necessário que as

crianças permaneçam em internamento protector após a alta clínica, aguardando a aplicação

de medidas de promoção e protecção. Pretendemos com este trabalho avaliar o impacto

destes protelamentos de alta numa enfermaria de Pediatria durante um período de cinco

anos.

Métodos: Estudo retrospectivo descritivo das crianças/jovens cujo internamento na

enfermaria de Pediatria do Hospital de São Francisco Xavier foi proposto ou protelado por

motivos sociais durante um período de cinco anos (2011-2015). Foram avaliados os

diagnósticos clínicos e social, os indicadores de risco/perigo e as medidas de promoção e

protecção aplicadas.

Resultados: Incluíram-se 63 crianças, num total de 771 dias de protelamento. O ano com

maior número de casos (21) e de dias de protelamento (225) foi 2015, o que correspondeu a

um aumento de cerca de 50% do número de casos relativamente ao ano anterior. O maior

período de protelamento foi de 95 dias. A maioria das crianças (56%) era do sexo feminino

e os recém-nascidos corresponderam a 75% dos casos. Destes, cerca de 20% encontrava-se

em situação de perigo, maioritariamente por abandono. No grupo etário dos 6 aos 10 anos,

todas as crianças (4) estavam em perigo por maus-tratos ou abuso sexual, enquanto que nos

adolescentes os indicadores de perigo estavam presentes em cerca de 63% dos casos (5).

Em 78% das crianças o internamento foi exclusivamente protector, não havendo critérios

clínicos de doença. As crianças em risco constituíram 65% dos casos (41), sendo os

indicadores de risco mais frequentemente observados a disfuncionalidade familiar grave

(29) e pais com patologia psiquiátrica (12). Relativamente às crianças em perigo, os

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principais indicadores foram os maus-tratos (9) e o abandono (8). O acolhimento

institucional foi a medida de promoção e protecção aplicada em 59% dos casos. Cerca de

35% (23) das crianças tiveram alta para o meio natural de vida, com apoio junto dos pais

(11) ou de outros familiares (12).

Comentários: Verificámos um aumento progressivo do número de casos e de dias de

protelamento ao longo do período estudado. A maioria das crianças pertenceu ao grupo

etário dos recém-nascidos, encontrando-se em situação de risco e sem doença que

justificasse internamento hospitalar. Embora a medida de promoção e protecção mais

frequentemente aplicada fosse o acolhimento institucional, uma percentagem significativa

teve alta para o meio natural de vida. O internamento destas crianças traduziu-se num

consumo importante de recursos. Destacamos a importância do reforço das estratégias de

prevenção e sinalização precoce, de forma a possibilitar a actuação atempada das diversas

entidades na promoção e protecção dos direitos das crianças, evitando assim o internamento

hospitalar.

Keywords: pediatria social, perigo, alta

ICCA 2017-62801 -Intoxicações Voluntárias em Adolescentes – Experiência de 2 anos

no Serviço de Urgência de Pediatria de um Hospital de Nível III

Vanessa Gorito (1); Marta Rosário (1); Marta Pinheiro (1); Cristina Ferreras (1); Mayara

Nogueira (1); Sofia Vaz (2); Ana Maia (1); Luís Almeida Santos (3)

1- Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE;

2- UAG de Cirurgia / Serviço Controlo de Gestão, Centro Hospitalar de São João EPE; 3-

Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE /

Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São

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João EPE

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O alargamento da idade pediátrica aos 18 anos está associado ao aparecimento

de novas realidades e necessidades nesta faixa etária. As intoxicações voluntárias (IV) por

álcool (IA), fármacos (IF) ou outras substâncias psico-activas constituem uma realidade

preocupante e potencialmente fatal no Serviço de Urgência de Pediatria (SUP). Essas

intoxicações são condicionadas por múltiplos factores, nomeadamente, idade e contexto

psico-social, podendo constituir o início de um padrão de consumo, uma chamada de

atenção ou mesmo tentativa de suicídio, comprometendo assim o desenvolvimento bio-

psico-social desses adolescentes.

Objectivo: Caracterizar os adolescentes entre os 10 e os 18 anos de idade admitidos por IV

no SUP de um hospital terciário, considerando as variáveis demográficas, contexto social,

ideação suicida, existência de episódios semelhantes, antecedentes patológicos, medicação

habitual, meios complementares de diagnóstico, terapêuticas realizadas e orientação após

episódio.

Metodologia: Estudo retrospectivo descritivo dos casos de IV admitidos entre 1 de Julho

de 2014 e 30 de Junho de 2016 no SUP, codificados como intoxicações agudas, segundo o

ICD9.

Resultados: Contabilizaram-se 244 episódios de urgência por IV no período indicado.

Destes, 55.3% eram do sexo feminino. A maioria dos adolescentes tinha entre 15 e 17 anos

(81%). Existiram 141 episódios de IA (57.7%) e 76 episódios de IF (31,1%) - destes, 40.7%

ocorreram por ingestão de psicofármacos.

As IA corresponderam a casos esporádicos de consumo excessivo, sem nova admissão no

SUP pelo mesmo motivo. Em cerca de 74% dos casos foi determinada a taxa de alcoolémia

e realizada fluidoterapia endovenosa em 69%. Num caso ocorreu também ingestão

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cumulativa de fármacos, com ideação suicida e posterior orientação para Pedopsiquiatria.

A ingestão de substâncias psico-activas foi motivo de ida ao SUP em cerca de 10% dos

adolescentes (n=23), confirmados com pesquisas positivas na urina. Em 52% destes casos

ocorreu consumo concomitante de álcool (n=12).

Em cerca de 25% do total de adolescentes admitidos por IV (n=62) identificaram-se

perturbações psico-comportamentais de base; 44 destes mantinham seguimento em consulta

de Pedopsiquiatria e 38 estavam medicados com psicofármacos.

Em 19 episódios de IF foi realizada lavagem gástrica e administrado carvão activado.

Solicitou-se avaliação urgente por Pedopsiquiatria em 80% das IF (n=61).

Dos 244 episódios, foram internados 4% dos doentes; 3 doentes abandonaram o SUP e um

faleceu.

Conclusões: As IV associam-se a elevado consumo de recursos humanos e económicos. As

IA resultam geralmente de consumos agudos e isolados. Relativamente às IF, estão muitas

vezes associadas a perturbações psico-comportamentais de base ou de novo, com

necessidade de seguimento. É de realçar que, em muitos casos, as IF ocorreram por

sobredosagem intencional dos psicofármacos com que estavam medicados. Considera-se

ainda importante reforçar que, dos 3 adolescentes que declararam ideação suicida, um deles

consumou o acto posteriormente. Este estudo alerta-nos para a importância de caracterizar e

acompanhar estes adolescentes. Os Serviços de Saúde devem, nesse sentido, desenvolver

abordagens e estratégias preventivas e/ou de intervenção precoce nesta população.

Keywords: intoxicações agudas, urgência, adolescentes

ICCA 2017-64682 -Fratura craniana na criança: acidente ou maus tratos?

Sofia Vasconcelos (1); Joana Ferreira (1); Alicia Rebelo (1); Mónica Costeira (1); Isaltina

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Vitorino (1); Isolina Aguiar (1); Susana Soares (1)

1- Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães

Poster

Introdução:

Os pediatras desempenham um papel fundamental na identificação e prevenção de

situações de risco. A suspeita destas situações pode surgir de variadas formas e é necessário

estar atento aos sinais de alarme, uma vez que o diagnóstico precoce pode diminuir

sequelas e prevenir recorrências, principalmente em crianças mais vulneráveis.

Descrição do Caso Clínico:

Lactente de 6 meses, sexo masculino, caucasiano, sem fatores de risco familiares

conhecidos. A gestação foi vigiada, o período neonatal não teve intercorrências e o

desenvolvimento psicomotor era adequado. Trazido ao Serviço de Urgência (SU) pela

presença de uma tumefação parietal esquerda identificada pela mãe na véspera da

admissão. Sem história de queda ou traumatismo conhecido. Frequentava infantário onde

teria estado no dia anterior, sem referência a qualquer acontecimento fora do habitual. Ao

exame físico apresentava-se reativo, com bom estado geral e vitalidade. O exame

neurológico era normal. Na região parietal esquerda apresentava uma área abaulada e mole

com cerca de 5 cm de diâmetro, indolor à palpação. Não apresentava equimoses,

escoriações, cortes nem outros sinais de traumatismo. Realizou uma radiografia craniana

que revelou uma fratura parietal esquerda e tomografia computorizada cranioencefálica

(TC-CE) que mostrou uma solução linear de continuidade óssea parietal esquerda associado

a tumefação epicraniana, sem outras alterações. O estudo analítico que incluiu doseamento

de plaquetas, provas de coagulação, metabolismo fosfocálcio e função tiroideia foi normal.

A radiografia completa do esqueleto e a avaliação oftalmológica (incluindo fundoscopia)

não mostraram alterações. A criança foi avaliada pelo Serviço Social, tendo sido enviado

ofício à Comissão de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) e aplicada a medida cautelar de

"Apoio Junto dos Pais" pelo período de 3 meses, com a monitorização regular do agregado

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familiar por parte do Núcleo de Apoio à Criança e Jovem em Risco (NACJR) do Centro de

Saúde da área da residência, dada a coerência e consistência dos relatos dos progenitores e

de familiares. A criança teve alta ao quinto dia de internamento orientada para consulta de

Pediatria Comunitária.

Conclusão:

A presença de uma fratura craniana numa criança em idade pré-escolar sem causa

esclarecida é um sinal suspeito de maus tratos que deve ser valorizado. É importante

salientar que frequentemente não se encontram fatores de risco familiares ou pessoais

evidentes e muitas vezes estas crianças recorrem aos serviços de saúde com os próprios

agressores que negam a existência de maus tratos. Neste sentido deve ser feita uma

abordagem global do doente de forma a tentar encontrar outros fatores de risco que nos

permitam confirmar ou excluir a suspeita. Por outro lado é importante sinalizar a situação a

entidades com competência para orientar estas situações numa tentativa de garantir a

proteção e segurança da criança.

Keywords: maus tratos, fratura, criança, risco

ICCA 2017-65801 -Manchas café com leite: pensar além da Neurofibromatose Tipo 1.

Mónica Costeira (1); Joana Ferreira (1); Sofia Vasconcelos (1); Olga Pereira (2); Maria

Lurdes Rodrigues (3); Armandina Silva (1)

1- Serviço de Pediatria do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães; 2- Serviço de

Dermatologia do Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães; 3- Serviço de Neurologia do

Hospital Senhora da Oliveira, Guimarães

Poster

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Introdução: O Síndrome de Legius trata-se de um distúrbio autossómico dominante

neurofibromatose tipo 1 (NF1) like que resulta de mutações germinais com perda de função

no gene SPRED1, envolvido na regulação da via RAS-MAPK. As manifestações clínicas

incluem manchas café com leite, efélides e macrocefalia. Estão ausentes os neurofibromas e

tumores do SNC associados à NF1. O teste genético permite distinguir a NF1 do Síndrome

de Legius.

Caso clínico: Adolescente enviada para a consulta de Pediatria Geral aos 13 anos por

apresentar múltiplas manchas café com leite. Sem antecedentes pessoais ou familiares de

relevo. Clinicamente assintomática. Ao exame objetivo apresentava várias manchas café

com leite (mais de 6 com mais de 1,5 cm) e efélides axilares, inguinais, no tronco e no

pescoço. Restante exame objetivo normal, nomeadamente sem neurofibromas. Foi

requisitada RMN cerebral que não evidenciou lesões intra ou extra-axiais relacionáveis

com NF1. Foi observada por Oftalmologia, apresentando exame oftalmológico normal. No

estudo molecular de NF1 não foram detetadas mutações no gene da NF1. Aos 16 anos foi

enviada à consulta de Genética Médica e, por suspeita de Síndrome de Legius, foi

requisitado estudo molecular que confirmou mutação no gene SPRED1, resultado

compatível com Síndrome Legius/NF1 like. Durante o seguimento em consulta não houve

quaisquer intercorrências, tendo apresentado boa evolução clínica. Teve alta da consulta de

Pediatria aos 18 anos, mantendo atualmente seguimento em Neurologia.

Discussão: É sobejamente reconhecido que um doente com múltiplas manchas café com

leite induz a suspeita de NF1. Contudo, nos casos que apresentem estudo molecular

negativo, apesar da presença de critérios clínicos, devem ser equacionados outros

diagnósticos, tais como o Síndrome de Legius. Por se tratar de uma entidade descrita

recentemente são essenciais mais estudos para clarificar o espectro clínico e prognóstico

associado, de forma a otimizar o seguimento e aconselhamento genético destes doentes. Os

autores pretendem relatar este caso clínico pela sua raridade e importância crescente no

diagnóstico diferencial de doentes em estudo por manchas café com leite.

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Keywords: Síndrome de Legius; manchas café com leite; gene SPRED1.

ICCA 2017-66975 -Prevenção sobre abusos sexuais em idade pré-escolar –

conhecimentos e atitudes dos educadores

Mafalda Cascais (1); Rui Passadouro (2); Odete Mendes (3); Maria Manuel Zarcos (4)

1- Serviço de Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, EPE; 2- Unidade de Saúde Pública,

ACES Pinhal Litoral; 3- Unidade de Saúde Pública, ACES Pinhal Litoral; Núcleo dos

Cuidados Primários de Crianças e Jovens em Risco do concelho de Leiria; 4- Serviço de

Pediatria do Centro Hospitalar de Leiria, EPE; Núcleo Hospitalar de Crianças e Jovens em

Risco de Leiria

ICCA-Comunicação Oral

Introdução e Objetivos: O abuso sexual (AS) tem uma distribuição global e é transversal a

todas as culturas e estratos socioeconómicos. Os educadores detêm uma posição

privilegiada na sua prevenção, realçando-se cada vez mais a importância de uma

intervenção precoce. Os objetivos deste trabalho foram avaliar os conhecimentos e atitudes

dos educadores de infância (EI) face à prevenção do AS em idade pré-escolar, bem como a

sua formação nesta área.

Metodologia: Estudo não experimental, transversal e exploratório, destinado aos EI dos

estabelecimentos de ensino pré-escolar de um concelho português. Aplicação de um

questionário online, garantindo o anonimato, confidencialidade e segurança dos dados,

através do qual foram analisadas características demográficas, informação curricular e

laboral, conhecimentos e atitudes dos educadores sobre prevenção de AS nesta faixa etária.

Análise estatística: SPSS® versão 22.0 (nível de significância <0,05).

Resultados: Obteve-se um total de 47 questionários. A totalidade dos inquiridos era do

sexo feminino, com uma idade média de 50,4 anos e um tempo médio de exercício na

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função docente de 27,2 anos. Academicamente 66% eram licenciados. Trabalhavam em

estabelecimentos de regime público 78,7% dos EI e 59,6% num meio rural. A maioria

(85,1%) não teve qualquer formação sobre prevenção de AS durante o percurso académico,

nem posteriormente. Na análise multivariável verificou-se que cerca de metade da amostra

considerou razoável o seu grau de conhecimento sobre prevenção de AS, embora 13% o

tenha considerado fraco, maioritariamente os EI com menor tempo de docência (p <

0,05). Referiram ser importante a abordagem deste tema com crianças do ensino pré-escolar

85,1% dos inquiridos e 61,7% revelaram já o ter concretizado. Consideraram que a

prevenção dos AS deve integrar o currículo do ensino pré-escolar 74,5%, particularmente

os EI com mais de 45 anos, comparativamente com EI mais novos (74,5% vs. 14,9%, p <

0,05). A adaptação de conceitos de forma inteligível e compreensível para crianças nesta

faixa etária foi um dos fatores apontados pela maioria dos inquiridos como desafio à

implementação de programas de prevenção de AS, no entanto 72,4% da amostra considerou

que alguns tópicos não são adequados para discutir com crianças em idade pré-escolar,

82,9% que a sua abordagem não é bem aceite pelos pais/cuidadores e 48,9% que o ensino

desta temática é da responsabilidade destes, não se verificando relação estatisticamente

significativa com o regime ou meio em que estavam inseridos os estabelecimentos de

ensino.

Conclusões: Estes resultados demonstram a existência de várias dificuldades e formação

limitada dos EI no âmbito da prevenção do AS em idade pré-escolar. A maioria dos EI

revelou não ter obtido formação sobre como abordar esta temática com as crianças, no

entanto 61% referiram já o ter realizado. Traduzindo uma necessidade demonstrada pelos

profissionais, este estudo enfatiza a importância de investir em programas de formação

nesta área, de forma a prevenir os AS e minimizar os efeitos deste tipo de maus-tratos.

Keywords: abuso sexual, prevenção, educação, pré-escolar

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ICCA 2017-67081 -ALERGIA ALIMENTAR NA ADOLESCÊNCIA- UM DESAFIO

TERAPÊUTICO

Joana M. Marques (1); Inês Ferreira (1); Eugénia Matos (1); Anna Sokolova (1)

1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E.

Poster

Introdução: A incidência da alergia alimentar tem aumentado nos últimos anos, assim como

a gravidade da doença alérgica. Estima-se que a alergia alimentar afecte cerca de 8% de

adolescentes, sendo que este grupo etário demonstra maior risco de desenvolver reacções

alérgicas fatais, o que se relaciona com diversos factores psicossociais. A evicção dos

alimentos alergénicos é actualmente a terapêutica standard, embora recentemente tenham

surgido novas abordagens como a indução de tolerância oral. A aplicação dos protocolos de

indução de tolerância oral, quando cumprida rigorosamente, tem demonstrado bons

resultados.

Casos Clínicos:

Caso 1: Adolescente do sexo masculino, 17 anos de idade, com diagnóstico de alergia às

proteínas do leite de vaca (APLV) desde os 5 meses de vida, comprovada por doseamento

de IgEs específicas (leite de vaca 39,4 KU/L; caseína 12,4 KU/L, alfa-lactoalbumina 23,8

KU/L e beta-lactoalbumina 10,4 KU/L), testes cutâneos e prova de provocação oral, com

indicação para evicção de proteínas de leite de vaca (LV). Por apresentar sintomas alérgicos

com doses vestigiais de LV, foi proposto para protocolo de indução de tolerância. O

protocolo foi concluído até à dose total de manutenção de 10 ml, cuja ingestão diária era

fundamental para a manutenção da tolerância. Esta ingestão foi suspensa durante as férias

por iniciativa do próprio, na ausência de controlo dos pais. Quando é avaliado novamente o

limiar de tolerância, verifica-se uma regressão para os 0,2 ml . Retomou indicação para

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evicção total de LV e administração de adrenalina em SOS.

Caso 2: Adolescente do sexo masculino, 14 anos, com diagnóstico de asma brônquica e

APLV, comprovada por doseamento de IgEs específicas (leite de vaca 34,5 KU/L; caseína

38,3 KU/L, alfa-lactoalbumina 3,98 KU/L e beta-lactoalbumina 1,31 KU/L). Tinha história

de anafilaxia após ingestão de doses vestigiais de LV (batata frita molhada em maionese

que continha vestígios de leite), motivo pelo qual iniciou protocolo de indução de

tolerância, que permitiu atingir limiar de tolerância para 2 mL de leite, tendo indicação para

manter ingestão diária desta quantidade. A ingestão, por autoiniciativa, de quantidade

superior à recomendada (3mL) desencadeou quadro de anafilaxia. Actualmente mantém

ingestão de 2 mL diários, recusando progressão do protocolo de indução de tolerância. Foi

prescrita adrenalina para auto-administração intra-muscular em SOS e realizado o

respectivo ensino.

Conclusões: A indução de tolerância oral surge como um meio de prevenção de reacções

anafilácticas desencadeadas por quantidades vestigiais de alergénios alimentares,

permitindo um certo grau de segurança no dia-a-dia do doente alérgico. A par desta, a

prescrição de adrenalina auto-injectável e ensino da técnica relativa à mesma continuam a

ser fundamentais. A população adolescente com alergia alimentar representa um grande

desafio, uma vez que pelas suas características próprias, como a maior propensão para

comportamentos de risco, frequentemente existe incumprimento terapêutico, podendo

gerar-se uma falsa sensação de segurança. São necessárias portanto abordagens

direccionadas a estes adolescentes, de forma a melhorar a adesão terapêutica e a qualidade

de vida destes doentes e das suas famílias.

Keywords: alergia alimentar, adolescência, tolerância oral

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ICCA 2017-68275 -Viver On-line

André Henriques (1); Sofia Costa (2); Lívia Fernandes (3); Miguel Patrício (4)

1- Unidade de Faro do Centro Hospitalar do Algarve, EPE; 2- Hospital Pediátrico do

Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE; 3- Centro de Saúde de Saúde Martinho

do Bispo, ACES Baixo Mondego I; 4- Laboratório de Bioestatística e Informática Médica e

IBILI – Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: Os distúrbios do sono podem interferir com o desenvolvimento físico,

cognitivo, emocional e social das crianças. Apesar de existirem causas orgânicas que

interferem com o sono, atualmente verifica-se um aumento da incidência de causas

comportamentais nos distúrbios do sono (insónia comportamental), nomeadamente o

aumento do “tempo de ecrã”. Este último, segundo a AAP (American Academy of

Paediatrics) corresponde ao tempo dispendido pela criança na utilização de aparelhos

electrónicos como tablets, telemóveis ou TV.

Palavras-chave: adolescente, tecnologia, sono, rendimento escolar

Objetivo: Determinar a existência de insónia comportamental na população pediátrica

saudável em idade escolar, e se a mesma tem rebate sobre o aproveitamento dos mesmos.

Métodos: Análise da existência de insónia comportamental numa população pediátrica

saudável (10-17 anos), da região de Coimbra, outubro 2016. A associação entre variáveis

qualitativas foi avaliada recorrendo a testes de Chi-quadrado com simulação de Monte

Carlo. Análise estatística: IBM SPSS Statistics, 24 (nível de significância: 0.05).

Resultados: Um total de 91 adolescentes responderam a um questionário (média de idades

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13,5 anos; 54% do sexo feminino). Destes, Vinte e quatro tiveram pelo menos uma negativa

na última avaliação (8 com retenção num ano letivo). Cinquenta e três por cento dos pais

indicam ter a ideia que os filhos passam demasiado tempo em frente ao ecrã. Quarenta e um

por cento joga nos aparelhos eletrónicos >1 vez por semana. Quarenta e quatro por cento

tem >3 aparelhos eletrónicos e 49% tem >3 aplicações para conversação online (máx.

10). Quarenta e cinco por cento dos adolescentes conversam online pelo menos uma vez

por dia (8 afirmam conversar com pessoas que conhecem apenas das redes sociais).

Cinquenta e cinco por cento leva um aparelho electrónico para a cama.

Relativamente ao número de horas por dia em frente ao ecrã, 65% passa >4h, sobretudo

aos fins de semana e nas férias (máx. 20h). Trinta e oito por cento tem atividades

extracurriculares < 2 vezes por semana, e destes 40% passa >4h por dia em frente ao

ecrã.

Não se verificou relação estatisticamente significativa entre os adolescentes terem

negativas ou ficarem retidos e o número de horas passadas em frente a um ecrã durante a

semana, p=0.830 e p=0.448, respetivamente; durante o fim de semana, p=1.000 e p=0.474,

respetivamente ou durante as férias, p=0.597 e p=0.705, respetivamente. Não se

observaram correlações estatisticamente significativas entre o número de horas de sono e o

número de horas em frente a um ecrã durante a semana (r=-0.197, p=0.061), o fim de

semana (r=-0.095, p=0.372) ou durante as férias (r=-0.136, p=0.201), embora tenham sido

consistentemente negativos os coeficientes de correlação encontrados.

Discussão: Embora sem evidência estatística que permita inferência, os sinais dos

coeficientes de correlação calculados sugerem que o número de horas passado em frente a

um ecrã influi negativamente (embora de forma porventura não decisiva) no número de

horas de sono. Não se encontrou relação entre o insucesso escolar e o número de horas de

ecrã. No entanto, seria desejável, embora difícil, poder contabilizar-se de forma mais exata

os números de horas que, ao serem reportados pelas próprias crianças, serão forçosamente

menos precisos.

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Keywords: adolescente, tecnologia, sono, rendimento escolar

ICCA 2017-69260 -HÁBITOS DOS ADOLESCENTES NAS REDES SOCIAIS

Marta Ezequiel (1); Catarina Escobar (1); Filipa Fonseca (1); Carlos Escobar (1); Maria de

Lurdes Torre (1)

1- Hospital Prof Doutor Fernando Fonseca

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: a utilização das redes sociais pelos jovens hoje em dia é cada vez maior e tem

um início mais precoce.

Objectivos: conhecer os hábitos de consumo de redes sociais de adolescentes seguidos e/ou

internados no departamento de Pediatria de um hospital da área da grande Lisboa, assim

como conhecer a sua exposição a eventuais riscos.

Métodos: foi construído um questionário e aplicado a todos os adolescentes (13-17 anos),

de forma anónima, seguidos e/ou internados no departamento de Pediatria durante o mês de

Setembro de 2016. Foi avaliada a frequência de utilização de cada rede social numa escala

de 0 a 5, sendo o somatório considerado como score de presença social.

Resultados: Responderam 158 adolescentes com uma média de idade de 14 anos, 51% do

sexo feminino. A grande maioria (84%) preencheu o inquérito na consulta externa.

Da população estudada, 95% tem conta em pelo menos uma das redes sociais mais comuns

(Facebook – 91%, Youtube – 88%, Whatsapp – 84%, Instagram – 81%, Snapchat – 80%,

Twitter – 65% ou Viber – 54%). Destes, 51,3% têm conta nas 7 redes sociais avaliadas e

80% têm conta em pelo menos 5. O score de presença social mediano foi 17 (IQR: 11-21).

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Constatou-se a existência de uma correlação positiva entre o score de presença social com o

número de redes sociais com conta (p<0.001) e o número de dispositivos disponíveis

para acesso (p=0.038).

Dos inquiridos, 40% refere ser ou ter sido vítima de algum tipo de agressão nas redes

sociais. As vítimas são mais frequentemente do sexo feminino (59,6% vs. 38,6%), mais

velhas (mediana de 15 vs 14 anos) e apresentam maior presença nas redes sociais (score

social 19 vs 15).

Catorze adolescentes declararam-se como agressores, sem diferenças significativas

relativas à idade, conectividade e presença social em comparação com a população não

agressora. A maioria destes (92%) são também vítimas.

Referem ter sido contactado por pessoas desconhecidas através das redes sociais cerca de

metade dos inquiridos (n=77, 48.7%), dos quais 53,2% do sexo feminino e com mediana de

15 anos e com score social mediano de 18. A resposta perante este contacto foi: ignorar

(53.2%), bloquear a pessoa (33.8%), comentar com os pais (18.2%), responder ao contacto

(13%). Seis jovens referem ter-se encontrado posteriormente com o desconhecido.

Conclusão:

As redes sociais fazem parte da vida da grande maioria dos nossos adolescentes, tendo

conta em múltiplas redes e com um uso frequente. No entanto, estas redes de informação e

contactos podem colocar os jovens em situações de risco: 40% referem algum tipo de

agressão e quase metade teve tentativas de contacto por pessoas desconhecidas, bem como

a descrição de jovens que são simultaneamente vítimas e agressores.

As consequências destes novos comportamentos podem ser graves e terem impacto no

mundo não digital, pelo que novas estratégias de abordagem aos jovens devem ser

contempladas pelos profissionais que trabalham com adolescentes.

Keywords: Redes sociais, vítimas, agressores,

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ICCA 2017-70712 -DÉFICE DE ATENÇÃO: CONSIDERAÇÕES NOSOLÓGICAS

Maria João Palha (1); Manuel Leite Cruzeiro (2)

1- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria; 2- Especialista em Neuropediatria do

Hospital David Bernardino em Luanda

Poster

O Défice de Atenção é altamente prevalente na população pediátrica e poderá interferir com

a qualidade do funcionamento social, escolar ou ocupacional. Um bom exemplo

corresponde ao neurodesenvolvimento das funções cognitivas superiores.

De acordo com o DSM-5, o Défice de Atenção não corresponde a uma entidade nosológica

autónoma, mas a uma das componentes da Perturbação de Hiperactividade/Défice de

Atenção. Por outras palavras, e de acordo com o DSM-5, os clínicos não poderão formular

de forma estrita, isolada, o diagnóstico de Défice de Atenção; terão, isso sim, se plausível,

de evocar o diagnóstico de Perturbação de Hiperactividade/Défice de Atenção de

apresentação predominantemente de desatenção (código 314.00) ou, em alternativa, de

Perturbação de Hiperactividade/Défice de Atenção não especificada (código 314:01).

No artigo são relatadas algumas considerações nosológicas acerca desta patologia e é

proposta uma reclassificação.

A taxonomia nosológica proposta pelo DSM-5 gera grandes dificuldades clínicas, uma vez

que, para muitos especialistas, o Défice de Atenção corresponde a uma entidade que poderá

ocorrer de uma forma isolada.

Keywords: défice de atenção; hiperactividade

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ICCA 2017-76477 -DISTÚRBIOS DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR: PARA

ALÉM DA ANOREXIA E BULIMIA

Vera Gonçalves (1); Francisco Ribeiro-Mourão (1); Francisca Martins (1); Ariana Teles (1);

Sandrina Martins (1); Hugo Rodrigues (1)

1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

Os distúrbios alimentares têm vindo a adquirir uma importância crescente, afetando

sobretudo a fase da adolescência. A anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a obesidade são

os transtornos mais frequentes. Porém, existem muitos outros que, por serem menos

reconhecidos, podem estar subdiagnosticados.

Caso clínico

Adolescente de 13 anos de idade, sexo masculino, referenciado à consulta de Pediatria –

Adolescência por recusa alimentar. Antecedentes pessoais de perturbação específica do

desenvolvimento da linguagem detetada aos 8 anos, que resolveu com terapia da fala.

Apresentava recusa alimentar e perda ponderal de 8 kg com 3 meses de evolução, que se

iniciou após episódio de engasgamento com carne. Associadamente referia ansiedade

relacionada com as refeições e rejeitava seletivamente os alimentos, nomeadamente carne,

peixe, pão, fruta, legumes e arroz. Foram excluídas alterações da perceção da imagem

corporal. Ao exame físico não foram detetadas alterações. Foi equacionado o diagnóstico de

fagofobia e instituído um plano alimentar com exposição gradual aos alimentos e texturas

evitados. Até aos 5 meses de tratamento, tolerância ligeiramente maior a alguns dos

alimentos evitados e ganho ponderal de 1 kg. Devido à melhoria pouco significativa,

decidiu-se associar terapêutica farmacológica com fluvoxamina, 150 mg/dia, e avaliação do

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adolescente em consulta de Pedopsiquiatria, com posterior acompanhamento em consulta

de Psicologia. Após 7 meses de tratamento conjugado, sem recusa alimentar e ganho

ponderal de 5,5 kg, tendo sido efetuado desmame da fluvoxamina 2 anos e 6 meses após o

início do tratamento. Atualmente mantém-se assintomático.

Conclusão

A fagofobia é uma condição caracterizada pela evicção de alimentos ou comprimidos, com

consequente recusa alimentar, despoletada pelo medo de asfixia ou engasgamento.

Frequentemente é desencadeada por um evento traumático, como vómitos ou

engasgamento, tal como no presente caso clínico, mas pode não haver um fator

precipitante. São poucos os casos reportados na literatura, desconhecendo-se a sua

prevalência, mas parece ser mais comum no sexo feminino e no início da adolescência. A

principal complicação é a perda rápida e acentuada de peso, que pode conduzir a erros

diagnósticos secundários à confusão com outros transtornos alimentares, particularmente a

anorexia nervosa. O diagnóstico diferencial pode ser estabelecido pela ausência de

preocupação com o ganho de peso e de distorção da autoimagem corporal. O tratamento

engloba terapia cognitivo-comportamental, sendo uma das técnicas possíveis a exposição

gradual aos alimentos considerados nocivos (aplicada no caso descrito), que pode ser

associada à utilização de psicofármacos.

Keywords: fagofobia, perda ponderal, engasgamento

ICCA 2017-76895 -Sistema Nacional de Intervenção Precoce – será do conhecimento

de todos?

Sofia Dias Costa (1); Ana Isabel Duarte (1); Lívia Fernandes (2)

1- Hospital Pediátrico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, EPE; 2- Centro de

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Saúde Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I

ICCA-Comunicação Oral

Introdução:

A constituição do SNIPI (Sistema Nacional de Intervenção Precoce) assente no Decreto-

Lei 281/2009 é uma incrível conquista resultante de longa caminhada que começou na

década de 80. O Projeto Integrado de Intervenção Precoce de Coimbra (PIIP) foi um dos

programas pioneiros e deu origem à criação de um modelo com características únicas na

Europa, onde a família assume um papel central. A referenciação ao SNIPI pode ser

realizada por um profissional que contacte com a criança (médico, enfermeiro, educadores)

com o conhecimento dos cuidadores ou pelos próprios cuidadores, devendo cumprir

determinados critérios: idade 0-6 anos; risco grave de desenvolvimento ou alterações nas

funções/estruturas do corpo que limitem o seu normal desenvolvimento.

Objetivos:

Avaliar se o cuidador/profissional de saúde sabe em que consiste este Sistema; como teve

conhecimento; se reconhece os critérios e a idade de referenciação, quem pode referenciar e

se já referenciou alguma criança.

Métodos:

Estudo prospetivo cuja amostra é dividida em dois grupos: Saúde (constituída por

pediatras, médicos de família – MGF e enfermeiros) e cuidadores com crianças até aos 10

anos, de um Centro de Saúde e Hospital Pediátrico; Setembro 2016.

Recolha de dados por questionário anónimo preenchido pelos grupos em estudo.

Resultados:

Obtivemos 116 questionários (63 - pais, 53 - saúde). No grupo dos cuidadores, 90% foram

preenchidos pela mãe. Média da idade dos filhos: 5 anos. Apenas 10% dos pais sabe o que é

o SNIPI, através do médico assistente ou do local de trabalho. Destes, 83% sabe quem pode

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referenciar, 67% conhece a idade de referenciação e metade sabe quem constitui a equipa

do SNIPI e que situações podem ser referenciadas.

No grupo da saúde (20 enfermeiros, 33 médicos: 17 pediatras, 16 MGF), 62% sabe o que é

o SNIPI (13 pediatras, 9 MGF, 9 enfermeiros), a maioria através de colegas. Destes, 70%

sabe quem pode referenciar a criança, 79% conhece a idade de referenciação e a

constituição do SNIPI, mas apenas 52% sabe que situações podem ser referenciadas.

Quinze por cento do grupo da saúde e 22% no grupo dos pais têm uma noção errada do

que é o SNIPI, a maioria referindo-se a um sistema para crianças em risco.

Nenhum dos pais referenciou alguma criança. Dez profissionais de saúde, 8 médicos e 2

enfermeiros, já referenciaram crianças (8 por atraso de desenvolvimento e 2 por risco

social).

Conclusão:

A importância da referenciação “precoce” baseia-se em fundamentos neurobiológicos do

desenvolvimento, que demonstram a importância dos primeiros anos no estabelecimento da

aprendizagem futura. Embora seja um sistema com anos de existência, gratuito e de fácil

acessibilidade, o seu conhecimento é ainda precário, principalmente nos cuidadores (a

maioria com crianças pertencentes ao grupo etário abrangido pelo SNIPI), sendo necessário

o desenvolvimento de ações para a sua divulgação.

Keywords: SNIPI, desenvolvimento, contexto social, criança

ICCA 2017-77074 -“Adolescentes internados no Serviço de Pediatria de um Hospital

Nível III – uma realidade para refletir ”

Vanessa Gorito (1); Marta Isabel Pinheiro (1); Cristina Ferreras (1); Sara Fonseca (1); Lara

Lourenço (1); Ana Maia (1)

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1- Serviço de Pediatria - Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João EPE

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O alargamento da idade pediátrica até aos 18 anos está associado a uma maior

diversidade de patologias. Embora os adolescentes sejam considerados uma população

saudável, a verdade é que têm carências e problemas específicos que requerem uma

abordagem direcionada, exigindo, muitas vezes, internamento. Entre Pediatras, é

consensual a vantagem de existirem Consultas de Adolescentes e torna-se urgente refletir

acerca da necessidade de unidades/áreas de internamento exclusivas para esta faixa etária,

que permitam separação por sexo e idade, algo que não acontece atualmente.

Objetivos: Determinar a relevância da faixa etária da adolescência (10 aos 18 anos) no

internamento de Pediatria entre 2010 e 2015; caracterizar os adolescentes internados no ano

de 2015.

Material e Métodos: Analisou-se o número total e a proporção de adolescentes internados

num hospital terciário. Avaliou-se a população em termos de sexo, idade, proveniência,

grupo nosológico (classificação ICD9), duração do internamento e orientação após alta.

Resultados: Desde que o Serviço de Pediatria estendeu o limite máximo de idade de

internamento aos 18 anos, tem-se vindo a verificar um aumento paulatino dos adolescentes

internados em relação ao número total de internamentos. Em 2010 os adolescentes foram

responsáveis por ≈23% dos internamentos e em 2015 por 33%.

Estiveram internados 1009 adolescentes durante o ano de 2015; 63.4% eram do sexo

masculino; mediana de idades de 14 anos. Embora a distribuição por idades seja

semelhante, os adolescentes de 16 e 17 anos foram responsáveis pela maior percentagem de

internamentos – 14.3% e 13.8%, respetivamente. Cerca de 66% foram internados pelo

Serviço de Urgência e 30% através da Consulta Externa. Os principais grupos patológicos

responsáveis por internamentos foram: Doenças do Aparelho Digestivo (35%); Doenças do

Aparelho Génito-Urinário (8%); Doenças da Pele e Tecido Subcutâneo (7%); Doenças do

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Sistema Nervoso (6%). A maioria dos internamentos foram curtos: ≈40% com duração ≤ 24

horas e 16% de dois dias, sendo a maioria (81%) do distrito do Porto. Após a alta, 74%

foram orientados para consulta e 13% para o médico assistente. A taxa de mortalidade foi

inferior a 0,2%.

Conclusões: Os adolescentes constituem uma percentagem importante e crescente dos

internamentos nos serviços de Pediatria, com um aumento considerável dos adolescentes

mais velhos internados. O facto de 30% serem internados pela consulta, alerta para a

importância das doenças crónicas nestas idades, em oposição à ideia generalizada de que

esta faixa etária diz respeito a indivíduos saudáveis. Mesmo sendo na sua maioria

internamentos de curta duração, os adolescentes são responsáveis, neste momento, por

cerca de 1/3 dos internamentos.

É importante caracterizarmos adequadamente esta população, para nos podermos adaptar

às suas necessidades e exigências físicas e psicológicas, de modo a desenvolvermos uma

intervenção direcionada. É fundamental que se faça um trabalho de base, de

acompanhamento e prevenção, valorizando as consultas de adolescentes e adaptação das

condições de internamento, que possibilitem separação por faixa etária e sexo, algo que

constitui uma lacuna a colmatar.

Keywords: adolescentes; internamento;

ICCA 2017-81047 -A REALIDADE DE UMA CONSULTA DE ADOLESCENTES

NUM HOSPITAL DISTRITAL.

Joana Vanessa Silva (1); Sara Silva (2); Benedita Aguiar (1); Miguel Costa (1); Lúcia

Gomes (1)

1- Serviço de Pediatria/Neonatologia, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga; 2- Interna do

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Ano Comum, Centro Hospitalar Entre Douro e Vouga

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: A adolescência é um período importante de crescimento e desenvolvimento,

que se pode associar a alguns riscos, sendo importante a sua identificação e orientação

precoce.

Objetivos: Caracterizar as primeiras consultas de adolescentes, analisando parâmetros

epidemiológicos, tipo e motivo de referenciação e taxa de faltas.

Métodos: Estudo retrospectivo das primeiras consultas de adolescentes, que decorreram no

período de janeiro de 2014 e dezembro de 2015.

Resultados: Foram realizadas 228 primeiras consultas de adolescentes, com um número

ligeiramente superior em 2014 (53,9%). Verificou-se um predomínio de adolescentes do

sexo feminino (67,1%), mediana de idade de 15 anos (mínimo 10 anos; máximo 18 anos).

A maioria dos pedidos de referenciação tiveram origem no serviço de urgência (74,6%) e,

em menor percentagem, a partir de outras consultas de pediatria e médico de família.

Quanto aos motivos de encaminhamento, verificou-se que o diagnóstico mais frequente foi

a ansiedade (39,5%). Outros motivos de relevo foram: os hábitos de consumo, a depressão,

as alterações do comportamento alimentar e a gravidez na adolescência. No sexo feminino,

a ansiedade, depressão e as alterações do comportamento alimentar foram os diagnósticos

mais frequentes, comparativamente ao sexo masculino, no qual os hábitos de consumo foi

um dos motivos com maior expressão.

Registaram-se 25% de faltas à primeira consulta, destas 38,6% compareceram às consultas

subsequentes, sendo que a ansiedade (38,6%) foi o motivo de seguimento que obteve maior

taxa de faltas.

Verificou-se também que 24,6% dos adolescentes eram seguidos noutro tipo de consultas,

nomeadamente a de Psicologia (n= 29), de Desenvolvimento (n=28), de Pedopsiquiatria

(n=15) e de Neurologia (n=6).

Conclusão: Apesar do recurso aos cuidados de saúde não ser muito elevado, é importante

identificar os problemas específicos de maior relevo neste grupo etário, tendo sido nesta

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amostra a psicopatologia.

A taxa de faltas à primeira consulta foi elevada, o que está de acordo com a literatura.

Keywords: Adolescentes; Motivos de referenciação; Serviços de Saúde para adolescentes.

ICCA 2017-81735 -MÊS DA PREVENÇÃO DOS MAUS TRATOS: CONTRIBUTOS

NUM HOSPITAL PEDIÁTRICO

Sátya Sousa (1); Clara Oliveira (1); Paula silva (1); Rute Santos (1); Sandra Trigueiros (1);

Leonor Sassetti (1)

1- Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) – Pólo Hospital D. Estefânia, Núcleo

Hospitalar de Apoio à Criança e Jovem em Risco (NHACJR)

Poster

Introdução

O mês da prevenção dos maus tratos na infância e adolescência, que tem lugar, desde há

vários anos no mês de Abril de cada ano, constitui uma oportunidade para se abordar esta

problemática, na vertente da prevenção. Pela primeira vez, no ano de 2016, o NHACJR do

CHLC decidiu envolver-se também.

Objectivos

Promover uma maior reflexão acerca da problemática dos maus tratos na infância e na

juventude, sensibilizar para a importância da prevenção cada vez mais atempada,

proporcionar vias expressivas (de forma anónima ou identificada) para comunicar e

representar esta realidade, muitas vezes silenciada.

Metodologia

A metodologia utilizada repartiu-se em duas intervenções: recolha de contributos, em caixa

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fechada e de forma confidencial (junto dos adultos) e recolha de desenhos ou textos sobre a

mesma temática (junto de crianças e jovens internadas/consultas de ambulatório, com o

apoio das Educadoras e Professoras da Escola Rainha Dona Estefânia).

Resultados

Os contributos por parte dos adultos (num total de 72) foram agrupados em 4 categorias: 1)

necessidade de RECONHECER/SINALIZAR (sinais e sintomas/comportamentos;

importância de participar e facilitar a denúncia anónima; incrementar uma aplicação para

telemóveis); 2) COMPETÊNCIAS PARENTAIS/FAMILIARES (prevalência da

afectividade, melhores condições de trabalho e horários laborais; aumento do poder

económico); 3) EDUCAÇÃO (valorização dos direitos das crianças, com incremento de

projetos já difundidos como «Aqui ninguém toca»; desenvolvimento de valores e respeito,

de regras de comportamento e limites, da tolerância à frustração e da necessidade da

comunicação intrafamiliar); 4) ACÇÕES FORMATIVAS/SENSIBILIZAÇÃO dirigidas

quer a crianças e a jovens, quer a profissionais, pais e população em geral.

Já no que respeita aos resultados obtidos junto das crianças e jovens (24 trabalhos),

recolheram-se não menos importantes contributos acerca dos Maus Tratos, sobretudo

devido à acutilância e pertinência das respetivas representações. Aquela realidade

demonstrou estar bem representada no imaginário e no pensamento de crianças e jovens

que acederam de forma rápida e espontânea à oportunidade de representá-la através das

vias expressivas como o desenho ou o texto. Esta população abordou principalmente os

maus tratos físicos, os maus tratos emocionais, o abandono, a necessidade de protecção e da

obtenção de direitos na infância e adolescência (direitos a ter uma família, a ter cuidados de

saúde e a aprender, tendo acesso à escolaridade).

Conclusões

A metodologia empregue foi aceite com entusiasmo e envolveu activamente quer os

profissionais quer os utentes. Deste modo, a pertinência deste tipo de acções parece-nos

cada vez mais relevante para a elaboração de estratégias conjuntas e concertadas, no que

respeita à prevenção e detecção precoce dos maus tratos na infância e na adolescência.

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Keywords: Maus-tratos, Prevenção, Representações, Contributos

ICCA 2017-81938 -Actividade formativa do Núcleo Hospitalar de Apoio à Criança e

Jovem em Risco – a experiência dum hospital pediátrico

Clara Oliveira (1); Paula Silva (1); Sandra Trigueiro (1); Satya Sousa (1); Leonor Sassetti

(1)

1- Centro Hospitalar Lisboa Central- Pólo Hospital Dona Estefânia, Núcleo Hospitalar de

Apoio à Criança e Jovem em Risco (NHACRJ)

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

Os Hospitais, nomeadamente os hospitais pediátricos, são um local privilegiado de

detecção dos maus tratos infantis. Os primeiros núcleos hospitalares surgiram em Portugal

há cerca de 30 anos e desde então muito caminho tem sido percorrido, a nível de legislação

e de organização de procedimentos. A necessidade de formação é, pois, uma constante, não

só devido a este último facto, como também devido ao surgimento de novas formas de mau

trato e à rotatividade dos profissionais.

Objetivo

Demonstrar a importância da formação dos profissionais de saúde na identificação e

notificação de situações suspeitas de maus tratos infantis.

Métodos

No período compreendido entre 1 de Janeiro de 2015 e 30 de Junho de 2016 (18 meses),

foram realizadas 15 acções de formação no Hospital Dona Estefânia, das quais 1 Curso

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com a duração de 8 horas, 4 acções de sensibilização/divulgação à comunidade hospitalar e

10 formações destinadas sobretudo a enfermeiros, em Unidades específicas. Foram

abrangidos um total de 408 profissionais.

Resultados

Foi constatado que após a realização das formações acima referidas, o número de

notificações aumentou: 126 em 2014, 157 em 2015 e 108 apenas no 1º semestre de 2016.

Verificou-se ainda, que após as formações, as solicitações de apoio de consultadoria aos

elementos que integram o NHACRJ aumentaram, no que respeita à sinalização e

encaminhamento de diversos casos.

Conclusões

A formação é uma importante vertente do trabalho dos Núcleos de Apoio à Criança e

Jovem em Risco e tem efeitos imediatos na identificação e notificação das situações de

maus tratos Infantis; a especificidade dos vários grupos profissionais e especialidades dum

hospital pediátrico, justificam a realização de acções com desenho diverso, de modo dar

resposta às necessidades particulares de cada um.

Keywords: Maus-Tratos, Formação, Notificação.

ICCA 2017-83503 -Platelet to lymphocyte ratio and homeostasis model assessment of

insulin resistance in pediatric obesity and overweight

Constança Soares dos Santos (1); João Picoito (1); Ana Luisa Teixeira (1); Carlos

Rodrigues (1); Sofia Ferreira (1)

1- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Cova da Beira

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ICCA-Comunicação Oral

Background: There is a complex interplay between obesity, inflammation and insulin

resistance. We aimed to evaluate the relationship between inflammatory markers, as

platelet-to-lymphocyte ratio (PLR) and neutrophil-to-lymphocyte ratio (NLR), and insulin

resistance, measured by homeostasis model assessment of insulin resistance (HOMA-IR),

in a sample of overweight and obese children and adolescents.

Methods: In this cross-sectional retrospective study, a total of 92 pediatric patients were

enrolled (77 obese, 15 overweight) from our general pediatric outpatient clinic. All subjects

had a complete blood cell count, glucose, insulin and lipid panel measurements performed

in fasting blood samples.

Results: HOMA-IR was positively associated with PLR (P<0,001) and NLR (p<

0,05). After adjustment for age, sex and BMI, the association between HOMA-IR and PLR

remained statistically significant.

Conclusion: The positive and independent association between PLR and HOMA-IR may

stem from a pro-inflammatory status associated with obesity, and from the complex

interplay between platelets, insulin signaling and inflammation. As PLR is an easily

available inexpensive marker of inflammation, it is a potential biomarker of insulin

resistance and severity of obesity and it could be useful in the follow-up of these patients in

daily clinical practice.

Keywords: obesity, insulin resistance, platelet-to-lymphocyte ratio, inflammation

ICCA 2017-84478 -A CONSULTA DE SAÚDE INFANTIL (CSI) E O PAPEL NO

ENSINO DOS CUIDADOS DE SAÚDE ORAL (SO)

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Ana Rita Carvalho (1); Ana Isabel Duarte (2); Margarida Marques (3); Lívia Fernandes (4)

1- Hospital Pediátrico, Centro Hospital e Universitário de Coimbra, EPE; 2- Hospital

Pediátrico, Centro Hospital e Universitário de Coimbra, EPE.; 3- Laboratório de

Bioestatística e Informática Médica, IBILI - Faculdade de Medicina, Universidade de

Coimbra; 4- Centro de Saúde de São Martinho do Bispo, ACES Baixo Mondego I

Poster

Introdução e objetivos:

A divulgação dos cuidados de SO em idade pediátrica deve constituir uma

prioridade na CSI, sendo a educação dos cuidadores essencial para melhorar os hábitos de

higiene.

Pretende-se avaliar se os cuidados fundamentais de SO divulgados pela DGS estão

ser cumpridos pelos cuidadores.

Métodos:

Estudo prospetivo, amostra constituída por utentes de um Centro de Saúde (CS),

dos 2-17 anos, Junho a Agosto de 2016. Recolha de dados por questionário anónimo

preenchido pelo cuidador.

Analisou-se o nível académico, número de filhos, atitudes corretas de escovagem

dos dentes de acordo com a idade, utilização de fio dentário, a ingestão de alimentos

cariogénicos, a existência de cáries e a utilização do cheque-dentista. Análise estatística

com SPSS22 (p<0,05).

Resultados:

Foram incluídos 131 questionários preenchidos pelo cuidador, em 83,2% dos casos

a mãe, idade média das crianças 7,9±1,4 anos. Em 49,6%, pelo menos um dos pais

frequentaram o ensino superior; 75,6% têm pelo menos 2 filhos. Relativamente às atitudes

corretas de SO, não houve diferenças estatisticamente significativas tendo em conta o nível

académico ou a existência de pelo menos 2 filhos.

57,3% referem que a escovagem dos dentes não se iniciou após a erupção do

primeiro dente.

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A pasta dentífrica fluoretada (1000-1500 ppm) é utilizada em 65,6%; 24,4%

desconhecem a concentração de flúor da pasta utilizada. Os cuidadores, que receberam os

ensinamentos de escovagem dos dentes no CS ou no dentista, têm uma melhor atitude

relativamente à utilização de pasta com flúor (p=0,037).

Quanto à quantidade de pasta utilizada, 62,3% dos cuidadores de crianças com

idade inferior ou igual a 6 anos referem não ser correspondente ao tamanho da unha do 5º

dedo da criança; 29,1% dos cuidadores de crianças com mais de 6 anos utilizam uma

quantidade diferente de 1 cm.

Entre os 2 e os 3 anos, a escovagem é realizada pela própria criança em 25% dos

casos. Os cuidadores que receberam os ensinamentos de escovagem dos dentes no dentista,

tem atitude mais correta relativamente a quem faz a escovagem (p=0,046). 77,1% efetua a

escovagem dos dentes pelo menos 2 vezes/dia (87% antes de deitar). O fio dentário não é

utilizado em 71% dos casos.

O médico dentista constituiu o principal veículo de informação (48,9%); 26% dos

cuidadores referem ter aprendido a escovar os dentes no CS, sendo que 12,2% referem

nunca terem tido acesso a informação relacionada.

Em crianças com idade inferior ou igual a 6 anos, foi referido a existência de cáries

em 13,2%. Destas, 71,4% usufruíram do cheque-dentista.

Em crianças com mais de 6 anos, 73,4% dos cuidadores beneficiaram do cheque-

dentista, 43,1% dos quais referem cárie dentária. Relativamente às razões para a não

utilização do cheque-dentista, 23,2% referem desconhecimento da sua existência e 21,4%

esquecimento da sua utilização.

Relativamente aos alimentos cariogénicos, 77,1% ingere pelo menos um, numa

frequência média de 2-3 vezes/semana; destes 48,5% consomem todos os dias.

Conclusão:

Grande parte dos cuidadores desconhece os cuidados fundamentais de SO em idade

pediátrica. Salienta-se a importância da promoção desses cuidados e da divulgação do

cheque-dentista na CSI.

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Keywords: consulta de saúde infantil, saúde oral

ICCA 2017-84912 -Consultoria de Pedopsiquiatria e Pediatria do Desenvolvimento nos

Cuidados de Saúde Primários – partilha de uma experiência

Ana Maria Ferreira (1); Ana Sousa (2); Ana Paula Correia (3); Andreia Magina (3); Claudia

Barroso (1); Margarida Leão (1); Silvia Tavares (1); Virginia Monteiro (1)

1- Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga; 2- ACeS Entre Douro e Vouga Feira-Arouca;

3- ACeS Entre Douro e Vouga Oliveira de Azeméis

Poster

São cada vez mais frequentes os pedidos de atendimento de crianças e jovens com quadros

de alterações de comportamento associados a disfunções do neurodesenvolvimento. Estas

situações, em regra complexas quer na abordagem, quer na intervenção terapêutica,

requerem uma articulação próxima entre todos os técnicos envolvidos e destes com as

famílias.

Iniciou-se em maio de 2015 nos dois Agrupamentos de Centros de Saúde (ACeS) de Entre

Douro e Vouga reuniões de consultoria conjunta entre Pedopsiquiatria e Pediatria do

Desenvolvimento.

Esta iniciativa surgiu com o objetivo de promover uma articulação facilitada entre o Centro

Hospitalar de Entre Douro e Vouga (CHEDV) e os ACeS da sua área de influência na

abordagem multiprofissional das crianças e jovens portadores de problemática psicomotora,

comportamental e/ou socioeducativa.

A equipa médica do CHEDV, formada por pedopsiquiatra e pediatra do desenvolvimento,

desloca-se às sedes dos ACeS de forma alternada e com regularidade quinzenal.

Nestas reuniões estimula-se a discussão dos casos apresentados não só pela equipa dos

cuidados de saúde primários (médica/os e enfermeira/os de família), mas também pelos

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profissionais da área da educação, psicologia e membros de outras instituições da

comunidade, como por exemplo, as CPCJ da área geográfica em questão, Agrupamentos de

Escolas e IPSS´s bem como outros técnicos envolvidos em projetos comunitários. Entre as

situações mais frequentemente observadas encontram-se as alterações de comportamento, o

compromisso neurodesenvolvimental e as dificuldades de aprendizagem de causa

multifatorial, com predomínio da faixa etária escolar/ início da adolescência e do sexo

masculino. Foram feitas orientações individualizadas a cada caso, privilegiando a

intervenção ao nível da comunidade, o que incluiu não só medidas educativas e sociais mas

também o apoio à família, sempre que possível.

As reuniões têm-se revelado muito produtivas não só para os profissionais envolvidos, mas

também e principalmente para as crianças e jovens, na medida em que a abordagem

multiprofissional agiliza todo o processo de avaliação e orientação terapêutica, além de

evitar duplicação de consultas e referenciação por vezes desnecessária ao hospital.

Para esta população tão diversificada nas características sociais e demográficas, o

conhecimento da realidade local e dos recursos existentes ao nível da saúde, educação e

apoios mais específicos, tem sido fundamental na elaboração, concretização e manutenção

dessas intervenções.

Keywords: multidisciplinar, consultoria, cuidados de saúde primários, pediatria,

pedopsiquiatria

ICCA 2017-85055 -Insuficiência suprarrenal: caso clínico

Sara Peixoto (1); Joana de Brito Chagas (2); Rita Cardoso (3); Nelson Neves (4); Lia Gata

(5); Joana Serra Caetano (3); Isabel Dinis (3); Alice Mirante (3)

1- Unidade de Endocrinologia Pediátrica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar

Universitário de Coimbra EPE, Portugal; Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar de Trás-

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os-Montes e Alto Douro, EPE Portugal; 2- Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar

Universitário de Coimbra EPE, Portugal; 3- Unidade de Endocrinologia Pediátrica,

Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE; 4- Serviço de

Pediatria Medica, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE; 5-

Serviço de Urgencia, Hospital Pediátrico, Centro Hospitalar Universitário de Coimbra EPE

Poster

INTRODUÇÃO

A insuficiência suprarrenal primária é uma patologia pouco frequente, com uma

prevalência estimada de 35-60 casos por milhão. Na população pediátrica é mais

comumente atribuída à hiperplasia suprarrenal congénita, seguida da etiologia autoimune.

Esta última caracteriza-se pela presença de auto-anticorpos responsáveis pela destruição do

córtex suprarrenal, conhecida por doença de Addison. Em 20% dos rapazes pode ter como

causa uma adrenoleucodistrofia ligada ao X.

DESCRIÇÃO DO CASO

Adolescente de 17 anos, sexo masculino. Mãe e avó materna com patologia tiroideia

nodular. Sem antecedentes pessoais de relevo. Um mês antes da admissão teve um primeiro

episódio de síncope interpretado como crise vasovagal. Iniciou quadro progressivo de

adinamia, com astenia e dispneia para médios e depois pequenos esforços, anorexia, perda

ponderal de 6% e polidipsia (3L/dia) de agravamento progressivo. Noção de melanodermia

que atribuiu ao facto de ter iniciado trabalho de verão na praia. Retrospetivamente noção de

avidez por sal. Na semana anterior à admissão agravamento do quadro descrito com

náuseas sem vómitos, tendo sido avaliado por médico assistente e iniciado soro de

reidratação oral. Por agravamento das queixas, associadas a novos episódios sincopais, dor

abdominal epigástrica e mialgias recorreu ao SU. À admissão estava hipotenso,

melanodermia evidente, com pregas palmares, plantares e mucosa gengival

hiperpigmentadas, analiticamente a realçar ureia elevada (9.2mmol/L), hiponatrémia grave

(128mmol/L) e sódio urinário aumentado (124mmol/L).

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Efetuado o diagnóstico de insuficiência suprarrenal, iniciou fluidoterapia e hidrocortisona

em dose de stress e no dia seguinte fludrocortisona 0,1mg. Doseamentos hormonais –

renina ativa 9730uU/mL (N 7–76); aldosterona 11.8pg/ml (N 40–310); Androstenediona

<0.3ng/ml (N 0.7-3.6); DHEA-SO4 19.0 µg/dL (N 50-560); ACTH >1250.0 pg/ml (N

<46.0); cortisol 2.6 µg/dl (N 5-25). Pesquisa de anticorpos anti-glandula suprarenal

fortemente positivos e AcTPO 429 UI/mL (N <35) e AcGAD2 1.6 UI/ml (N <1.0). Os

exames realizados permitiram concluir tratar-se de uma insuficiência suprarrenal primária

autoimune, em contexto provável de síndroma poliglandular autoimune.

A evolução clínica foi favorável, com alta hospitalar após 5 dias, orientado para a consulta

de Endocrinologia Pediátrica. Manteve terapêutica de substituição oral com hidrocortisona

15 mg/m2/dia de 8/8 horas e fludrocortisona na dose de 0,1 mg id. Dois meses depois em

consulta de reavaliação mantém ligeira hiperpigmentação das pregas, cicatrizes, mucosa

oral mas com evolução clinicamente favorável.

CONCLUSÃO

O diagnóstico de insuficiência suprarrenal requer um elevado grau de suspeição clínica,

dada a inespecificidade e instalação insidiosa da sintomatologia. Os profissionais de saúde

devem estar alerta para as manifestações clínicas e alterações analíticas desta patologia de

forma a fazer um diagnóstico precoce, para uma rápida instituição de terapêutica. De

realçar, neste caso, o surgimento sequencial dos sinais e sintomas classicamente descritos

não esquecendo a melanodermia como fator-chave do diagnóstico, mesmo quando surge

num doente durante o verão. Um estudo adequado e o diagnóstico etiológico precisos são

essenciais para o controlo e vigilância de outras doenças autoimunes que podem estar

associadas, ou outras manifestações como a evolução neurológica em rapazes associada a

adrenoleucodistrofia.

Keywords: melanodermia; insuficiência suprarrenal; doença Addison; síndroma

poliglandular autoimune

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ICCA 2017-85395 -DIÁLOGOS ENTRE A PSICANÁLISE E A PEDIATRIA NO

PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO CURSO DE MEDICINA DO

ADOLESCENTE NA FACULDADE SANTA MARCELINA- SÃO PAULO, BRASIL.

Élcio Gomes Mascarenhas (1); Joselita Batista Azuma (2)

1- Faculdade Santa Marcelina ( São Paulo- Brasil); 2- Faculdade Santa Marcelina( São

Paulo- Brasil)

Poster

A adolescência como importante período do crescimento e desenvolvimento humano tem se

tornado cada vez mais objeto de estudos e debates sobre os acontecimentos e experiências

que transformam o sujeito e o implicam numa nova ordem biopsicossocial. No âmbito da

formação médica, utilizar o olhar psicanalítico e suas ferramentas conceituais na

problematização e contextualização do processo do adolescer aproxima de forma

considerável o jovem médico à esta faixa etária ainda bastante negligenciada em nossa

atualidade.

Utilizando de feedback dos alunos sobre a experiência de implementação do curso foi se

constatando a importância deste diálogo interdisciplinar na ampliação do saber constituído,

necessidade de reformulação contínua do processo, perspectivas, métodos de ensino e

avaliação, visando haver maior aproveitamento à aprendizagem e conhecimento sobre o

devir sujeito na atualidade que produz subjetividades, sintomas, novas formas de

linguagem, comportamentos, sexualidades e identidades.

Cuidar do adolescente em atenção integral se constitui em produzir formas preventivas

mais adequadas à promoção da saúde e novas abordagens às patologias contemporâneas,

balizadas por princípios do ensino médico humanista e realizadas na relação médico-

paciente.

Transportar a realidade em que vivem os adolescente na contemporaneidade para

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discussões em sala de aula é dar forma e sentido ao mal estar contínuo que habita o sujeito

em transformação e possibilita a criação de novas relações intersubjetivas.

Keywords: ADOLESCÊNCIA, PSICANÁLISE, PEDIATRIA, FORMAÇÃO MÉDICA

ICCA 2017-85886 -MAUS TRATOS: UMA DÉCADA DE MUDANÇAS?

Carlos Gil Escobar (1); Marta Ezequiel (1); Luisa Tavares (1); Catarina Escobar (1); Teresa

Vidal (1); Filipa Fonseca (1); Patricia Santos (1); Maria Lurdes Torre (1); Helena Almeida

(1)

1- NHACJR do Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE

Poster

Introdução:

Ao longo de uma década o país mudou a nível social e legal, o que pode ter tido influência

nas situações de maus tratos.

Métodos:

Estudo analítico comparativo das situações de maus tratos sinalizadas numa urgência

pediátrica em 2006 e 2016. Dados obtidos da ficha de sinalização preenchida pelo clínico

perante situações de suspeita de maus tratos. Avaliados dados em relação à vítima e

contexto familiar, tipo de mau trato, agressor e orientação das situações.

Resultados:

Em 2006 e 2016 houve 95 e 149 situações sinalizadas, respectivamente. A idade média foi

8±4,8 vs 10,4±5,5 anos (p<0,001). Os adolescentes foram os que mais aumentaram entre

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os dois anos: 26 vs 73 sinalizações (27 vs 49% do total; p=0,001). As vitimas de sexo

feminino foram também mais frequentes em 2016: 51,1% vs 67,1% (p=0.009),

principalmente no grupo dos adolescentes: 53,8 vs 73,6% (p=0.05). No geral, as vítimas

inserem-se mais frequentemente em tipologias familiares diferentes da nuclear: 34.7 vs

61.7% (p=0,02), sendo destas a monoparental materna a mais comum.

Houve um aumento de sinalizações de abusos emocionais (4,2 vs 27,5%; p<0,001), de

situações de negligência (10,5 vs 16%) e de abandono (1 vs 4%). As situações de violência

física e suspeita de abuso sexual têm valores semelhantes: 73,7 vs 61,1% e 25,3 vs 23,5%,

respectivamente. A sinalização por bullying também incrementou: 5,3 vs 10%.

O agressor continua a ser frequentemente um coabitante: 50,5 vs 61,1%, especialmente

algum dos progenitores (42,1 vs 41,6%). Salienta-se um aumento nos colegas da escola

agressores (6 vs 16), assim como namorados (0 vs 8).

A maioria teve alta do serviço de urgência, sendo a taxa de internamento semelhante: 10,5

vs 10,7%. No entanto, houve uma maior saída para centros de acolhimento de emergência:

3,2 vs 8,7% (p=0,05).

No geral, existe em 2016 uma maior articulação com outras entidades competentes, por

exemplo, CPCJs: 49,5 vs 58,4% e NACJR dos centros de saúde: 0 vs 15,4% (p<0,001).

A referenciação para consulta de seguimento também é superior: 3 vs 25,5% (p<0,001).

Conclusão:

O alargamento da idade pediátrica até aos 18 anos em 2010 fez aumentar o número de

situações sinalizadas: em 2016 o grupo dos 16-18 anos corresponde a cerca de 25% dos

casos. O grupo dos adolescentes no seu conjunto aumentou o seu peso no número de

sinalizações, o que pode ser devido, entre outros, ao aumento de sinalizações por bullying.

Múltiplos factores contribuem para actualmente existir uma melhor detecção, orientação e

referenciação destas situações: a nível nacional, entre outros, a publicação desde 2007 de

documentos orientadores na área da saúde, a criação em 2008 dos N(H)ACJR e em 2015 a

alteração da Lei de Protecção de Crianças e Jovens; a nível do nosso hospital: a criação de

um grupo multidisciplinar dedicados a esta área no fim de 2006, a implementação desde

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2008 de cursos de formação e em 2009 de consultas de seguimento, em 2011 a

informatização da ficha de sinalização, assim como um trabalho constante de sensibilização

e articulação.

Keywords: maus tratos, abuso físico, abuso sexual

ICCA 2017-86232 -Vocal cord dysfunction: diagnostic difficulties

Ana Isabel Sequeira (1); Bruno Corte (1); Cecília Pereira (1); Francisco Pereira (1); Beatriz

Sousa (1)

1- Unidade Local de Saúde do Alto Minho

ICCA-Comunicação Oral

The vocal cord dysfunction is characterized by paradoxical adduction of the vocal folds

during the respiratory cycle, predominantly during inspiration. The variable subsequent

obstruction to air flow is manifested by dyspnoea, stridor, dysphonia and hoarseness,

mimicking asthma symptoms. The etiopathogenesis of this entity is probably multifactorial.

Several triggering factors have been identified, such as gastroesophageal reflux, exercise,

airway irritants, infections and psychological factors, among others. Definitive diagnosis

requires visualization of paradoxical adduction of the vocal cords during the crisis period.

The authors present a 13 years old female adolescent, several times admitted in the

emergency department with respiratory distress and stridor after accidental exposure to

deodorant sprays. There were no accompanying signs or symptoms. The objective

examination showed inspiratory stridor, silent chest. Peripheral O2 saturation - 100%.

Despite all the pharmacological treatment (therapy with Inhaled bronchodilator, EV

corticosteroid, oral antihistamine and IM adrenaline), only the nebulization with adrenaline

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was able to reverse the situation. The study included cervicothoracic TAC, laryngoscopy,

spirometry and allergology screening which revealed no changes. The methacholine

challenge test was positive, so the patient was treated with inhaled corticosteroids daily for

a period of three months and autoinjector of epinephrine in SOS. However, the clinical

condition didn't change.

It was put the hypothesis of vocal cord dysfunction during a multidisciplinary meeting of

Otolaryngology, Pediatrics and Allergology. The laryngoscopy with provocation test

showed inspiratory adduction of the vocal cords. The patient was referred for speech

therapy and she is asymptomatic for about two years, even after regular contact with

deodorant aerosol.

This report illustrates the difficulties inherent in the diagnosis of vocal cord dysfunction.

This teenager had symptoms that suggested bronchial hyperreactivity / non-allergic

asthma / anaphylaxis. The recurrence of crises and the refractoriness to the pharmacological

treatments led to a revision of the case. The therapeutic approach is essentially non-

pharmacological, and about 95% of patients benefit from speech therapy and respiratory

exercices, as was noted. Despite the paradoxical adduction of the vocal cords be not a

common patology, we should be aware of this clinical entity.

Keywords: vocal cord, adduction, stridor, speech therapy

ICCA 2017-86674 -PROTELAMENTO DE ALTA SOCIAL DE RECÉM-NASCIDOS

NUM HOSPITAL DA ÁREA DE LISBOA

Patrícia Santos (1); Luisa Tavares (2); Catarina Escobar (2); Cláudia Simões (1)

1- Serviço Social; Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE; 2- Enfermagem; Hospital

Prof. Doutor Fernando Fonseca, EPE

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ICCA-Comunicação Oral

Introdução:

De acordo com a Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo, os Hospitais englobam-

se no primeiro nível de atuação, o que pressupõe que tenham prioridade de intervenção

junto das crianças e jovens em risco.

Objectivo:

Descrever a necessidade de atuação do Serviço Social numa população de recém-nascidos

dum hospital da área de Lisboa.

Material e métodos:

Estudo retrospectivo entre Janeiro e Junho de 2016 das situações em que houve avaliação

pelo serviço social e ocorreu protelamento da alta por motivos sociais de recém-nascidos de

um hospital da área de Lisboa.

Resultados:

Foram avaliadas 390 situações de recém-nascidos, existindo 18 em que o Serviço Social

aplicou o regime de protelamento da alta, por se revelarem situações de perigo. Foram

sinalizados previamente ao nascimento 6 e detetados no internamento 12 situações.

A mediana de dias de protelamento foi de 18 dias (min. 6 – max. 107), tendo em

consideração que não foram contabilizadas as situações onde a alta clinica e a alta social

foram coincidentes.

A estrutura familiar destes recém-nascidos apresentava uma grande variedade, sendo mais

frequente as famílias biparentais nucleares com irmãos (4) e as famílias monoparentais

maternas alargadas (4).

Quanto aos diagnósticos sociais e/ou os motivos pelos quais os recém-nascidos ficaram

retidos, os mais frequentes foram: carência económica (12), a falta de condições

psicológicas da família (9), a falta de cuidados parentais (8), o ambiente familiar

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problemático (7), a negligência dos cuidados pré-natais (7) e a falta de disponibilidade de

apoio familiar (6). De referir que na mesma situação se verificavam mais do que um

motivo.

Quinze das dezoito situações foram encaminhadas para as Comissões de Protecção de

Crianças e Jovens, tendo duas delas transitado posteriormente para Tribunal. Três casos

foram directamente referenciados ao Tribunal, uma vez que segundo a alteração da Lei nº

142/2015 de 8 de Setembro, compete ao Serviço Social sinalizar diretamente ao Tribunal os

recém-nascidos cujos irmãos já possuam processo no mesmo.

Após a avaliação das situações por parte das entidades competentes, foram aplicadas as

seguintes medidas: acolhimento residencial (11) – individual 9 e conjunta 2 –, e apoio junto

dos pais (7).

Conclusão:

Na sua maioria as situações de risco são detetadas durante o internamento. A sinalização

prévia das situações permitiu uma identificação/conhecimento mais atempado das situações

de risco. Assim, considera-se importante uma história social pormenorizada efetuada nos

cuidados de saúde primários e articulação com o hospital. No entanto este facto não

permitiu uma resolução rápida, uma vez que tratavam de situações de maior complexidade.

A grande maioria das situações foram encaminhadas para as entidades de níveis superiores,

é assim prioritário a rápida articulação das situações de risco ou perigo de forma a diminuir

os dias de protelamento bem como o impacto do internamento das crianças e famílias.

Keywords: recém-nascido, protelamento social, risco, perigo

ICCA 2017-89721 -“Time before bed” – influência na qualidade do sono em

adolescentes

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Rosário M.1,2 (1); Reis e Melo A.1,2 (1); Porfírio J.3 (2); Rodrigues D.2 (3); Moreira C.2

(3); Faria S.2 (3); Almeida Santos L.2, 4, 5 (4); Lourenço L1,2 (1)

1- 1 – Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE;

2- Serviço de Urgência Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João

EPE; 2- 3- ACES Marão e Douro Norte, USF Corgo; 3- 2- Serviço de Urgência Pediatria,

Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE; 4- 2- Serviço de Urgência

Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar S. João EPE; 4- Faculdade de

Medicina Universidade do Porto; 5- CINTESIS – Centro de Investigação em Tecnologia e

Sistemas de Informação em Saúde

Poster

O sono é um processo fisiológico, que pode ser influenciado por factores internos ou

externos ao ser humano e é determinante para o desenvolvimento e desempenho escolar. Ao

longo da vida o ciclo vigília-sono vai sofrendo modificações progressivas, em particular na

adolescência, altura em que as prevalências de baixa duração, má qualidade do sono e

sonolência diurna excessiva tendem a aumentar. Nos tempos atuais o acesso e uso de

equipamentos electrónicos como parte do ritual de dormir torna-se cada vez mais frequente,

e contribuem para as perturbações do sono presentes na adolescência.

O presente estudo tem como objectivo caracterizar o tipo de atividades praticadas

antes de dormir e averiguar qual a sua influência na qualidade do sono de uma população

de adolescentes. Pretendemos, ainda, verificar qual a sua influência sobre a qualidade do

sono e o aproveitamento académico, caracterizando o aproveitamento escolar do ano letivo

de 2015/2016.

Foi elaborado um questionário anónimo, destinado apenas a adolescentes, idades

compreendidas entre os 10-17 anos, onde as variáveis idade, sexo, ano de escolaridade,

reprovação ou aproveitamento no ano escolar anterior, actividades praticadas antes de

dormir, uso ou não de aparelhos electrónicos antes de adormecer, sonolência matutina,

sonolência diurna e prática de exercício físico foram incorporadas. Acrescenta-se, ainda, a

Escala de Pittsburgh para a avaliação da qualidade do sono, validada para a população

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portuguesa e aplicada pela Associação Portuguesa do Sono. O questionário encontra-se a

ser aplicado no Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de São João, durante um período

mínimo de aplicabilidade de 2 meses.

Esperamos com este estudo demonstrar que o uso de aparelhos electrónicos, pode

prejudicar o tempo efectivo de sono, contribuindo para a sonolência diurna e para o mau

aproveitamento escolar, alertar e motivar os profissionais de saúde para esta problemática

atual e para a motivação estratégica dos pais e adolescentes de uma boa higiene do sono,

como base fundamental para a consolidação da memória e sucesso académico futuro.

Keywords: Adolescentes, sono, Pittsburgh,

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Psychiatry

ICCA 2017-33135 -Abordagem da intoxicação por Metilfenidato no Serviço de

Urgência: a propósito de um caso clínico

Sandra Pereira (1); Sylvia Jacob (1); M Armanda Passas (1); Alda Mira Coelho (2);

Almeida Santos (1)

1- Serviço de Pediatria, Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João; 2-

Serviço de Psiquiatria, Centro Hospitalar de São João

Poster

Introdução: O risco de intoxicação acidental ou intencional e o uso ilícito de metilfenidato

(MFD) tem ganho importância paralelamente ao aumento da sua utilização na terapêutica

da Perturbação de Hiperactividade e Défice de Atenção (PDHA). Dados do Centers for

Disease Control (CDC) revelam que, em 2004, ocorreram 8336 casos de intoxicação com

MFD e a taxa anual de idas ao SU por uso ilícito foi de 1,7/100.000.

Descrição de caso: Os autores, relatam o caso de um adolescente de 17 anos, observado no

SU após tentativa de suicídio com Ritalina® (460 mg) sendo desconhecido o tempo

decorrido desde a ingestão. À admissão, apresentava-se agitado com períodos de

agressividade, tremor generalizado, diaforético, com midríase, taquicárdico e polipneico

com alcalose respiratória (pH 7,73; pCO2 13; HCO3- 16.8). O electrocardiograma de 12

derivações revelou taquicardia sinusal. O estudo analítico seriado, incluindo doseamento de

enzimas cardíacas e musculares, não mostrou alterações de relevo. A pesquisa de

substâncias tóxicas na urina e alcoolemia foram negativas. Após contacto com o Centro de

Informação Antivenenos iniciou de imediato fluidoterapia endovenosa e carvão activado,

sendo necessária a administração de bólus de diazepam IV e haloperidol para controlo da

agitação psicomotora e agressividade. O adolescente não tinha antecedentes psiquiátricos

conhecidos com excepção de diagnóstico de PDHA na infância medicado com Ritalina®

entretanto suspensa por abandono escolar.

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Discussão

A intoxicação por MFD pode ser potencialmente fatal, sendo fundamental alertar para os

riscos de sobredosagem. Na literatura existe pouca informação relativamente à intoxicação

por este psicoestimulante. A similitude entre o MFD e as anfetaminas nomeadamente a

nível da metabolização e efeitos adversos requerem precaução na sua prescrição. Os

estudos sugerem que, na idade pediátrica, doses de MFD até 1 mg/Kg não se associam a

eventos adversos, contudo, a dose tóxica de MFD permanece uma incógnita. Não existe um

antídoto para a intoxicação de MFD assim, o tratamento consiste em medidas de suporte,

carvão ativado e tratamento sintomático.

Keywords: metilfenidato, uso ilícito, intoxicação

ICCA 2017-44064 -Viver com doença crónica – A saúde mental em crianças e

adolescentes com doença celíaca: consequência das alterações na qualidade de vida ou

da fisiopatologia da doença?

Mafalda Marques (1); Sofia Neiva (1); Vera Santos (1)

1- Hospital Pediátrico de Coimbra, CHUC

Poster

Objetivo:

Este trabalho pretende efetuar uma revisão da literatura existente no sentido de perceber se

a maior prevalência de sintomas psiquiátricos, mais especificamente sintomas depressivos,

em crianças e adolescentes com doença celíaca é um resultado indireto das consequências

fisiológicas, nomeadamente no crescimento e, por conseguinte, autoestima e autoimagem,

nas alterações da qualidade de vida e limitações diárias ou resultante direta dos processos

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fisiopatológicos da doença.

Métodos:

Revisão da literatura existente pesquisada em motores de busca como a PubMed com as

palavras-chave: psychopathology, celiac disease, child and adolescents.

Discussão:

Um estudo de 2014 realizado no Reino Unido demonstrou menores índices de bem-estar

psicológico em adultos jovens com patologia intestinal. Estudos prévios demonstraram

maior prevalência de sintomas depressivos (30%-69%) e perturbação depressiva (42%) em

adultos com doença celíaca, comparativamente com controlos. Em adolescentes com a

mesma patologia, outro estudo de 2004 realizado na Finlândia, revelou maior prevalência

de perturbações depressivas e disruptivas do comportamento, particularmente na fase pré-

tratamento com dieta sem glúten.

No que concerne aos mecanismos fisiopatológicos, em 2012, um estudo revelou uma

menor disponibilidade de triptofano na doença celíaca, o que condiciona uma disfunção

serotoninérgica e, consequentemente, maior vulnerabilidade para sintomas depressivos. A

dieta sem glúten melhorou positivamente os resultados.

Em 2012 um outro estudo veio dar maior relevância à auto-perceção da doença e noção de

maior auto-eficácia, que podem melhorar o prognóstico da mesma. Sugerem ainda que os

resultados podem ser otimizados através de intervenções psicológicas específicas. O

processo de adaptação das crianças e adolescentes a esta patologia difere bastante, como

demonstrado num estudo de 2014 na Suíça onde foram identificadas diferentes formas de

coping.

Conclusão:

Há cada vez mais evidência de que a sintomatologia depressiva na doença celíaca resulta

não só das alterações na qualidade de vida das crianças e jovens como da própria

etiopatogenia da doença. A análise dos sintomas psiquiátricos neste quadro exige, por isso,

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a ponderação de três variáveis: os sintomas da doença; as exigências e limitações da dieta; e

os processos fisiopatológicos.

Assim sendo, são vários os pontos importantes tanto para o tratamento como para a

prevenção das complicações psiquiátricas: a resiliência, os grupos de pares, apoio social ou

mesmo intervenção medicamentosa.

Esta é uma patologia desafiante, especialmente se tivermos em conta que as limitações

surgem normalmente na 2ª infância e adolescência, fases pautadas por um marcado

crescimento e desenvolvimento psicoemocional.

Keywords: crianças e adolescentes; doença celíaca; psicopatologia.

ICCA 2017-49304 -UMA CAUSA TRATÁVEL DE REGRESSÃO COGNITIVA E

LINGUÍSTICA

Maria João Palha (1); Teresa Guterres (2)

1- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria; 2- Psiquiatra no Centro Desenvolvimento

Diferenças

ICCA-Comunicação Oral

Os indivíduos com Trissomia 21 têm, ao longo da sua vida, igual ou maior probabilidade de

desenvolver doenças psiquiátricas do que o resto da população. Sabe-se que quase todos

evoluem para uma demência precoce por volta dos 60 anos. No entanto, existe uma

escassez evidente de literatura publicada sobre a morbilidade psiquiátrica em idades mais

precoces, nomeadamente em adolescentes e jovens adultos.

Relata-se o caso clínico de uma adolescente de 14 anos de idade, portadora de Trissomia

21, com um bom desenvolvimento, sobretudo se pensarmos na doença de base. Foi levada à

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consulta de Neurodesenvolvimento por quadro com 3 meses de evolução caracterizado por

quebra da interacção social, sinais de regressão cognitiva e linguística (deixou de falar com

os familiares mais próximos), alteração do padrão de sono (com insónia), recusa alimentar

e irritabilidade. Nos dois últimos meses, associou-se ao quadro intensa actividade de falar

sozinha. Sem nenhum sinal de tristeza. No exame objectivo: fenótipo de Trissomia 21;

muito pouco colaborante e comunicativa, não emitindo qualquer palavra; dificuldade de

fixação do olhar no interlocutor; durante a observação, falou permanentemente, como se

estivesse em diálogo com alguém, embora o fio condutor da conversa não fosse perceptível;

alguma irritabilidade; foi necessário a ajuda dos familiares para despir e vestir; exame por

sistemas sem outras alterações significativas.

Foi elaborado o diagnóstico de Perturbação Depressiva Major com características

psicóticas não congruentes com o humor.

Realizou avaliação analítica, foi referenciada a uma consulta de Psiquiatria e iniciou

terapêutica com aripiprazol e fluvoxamina. A partir do terceiro mês de terapêutica, começou

a notar-se evolução positiva, embora lenta, de todas as manifestações relatadas. Volvidos 18

meses sobre o diagnóstico, são observadas melhorias significativas em todos os sinais

clínicos referidos, com particular realce para a cessação do falar sozinha. Continua a fazer a

medicação e a beneficiar de apoio psicológico.

As manifestações de Perturbação Depressiva nos indivíduos portadores de Trissomia 21

podem apresentar-se de modo diferente do resto da população. A tristeza poderá não estar

presente, podendo ser notada irritabilidade, tal como aconteceu neste caso. Em muitos

casos verifica-se ocorrência de Perturbação Depressiva Major com características psicóticas

e perda de faculdades cognitivas previamente adquiridas.

A ocorrência de Perturbação Depressiva Major não é rara na Trissomia 21 e deve ser

suspeitada sempre que forem notadas alterações do prévio funcionamento comportamental

e emocional do sujeito. Amiúde, são notadas características psicóticas, mormente delírio, e,

de forma empírica, uma terapêutica eficaz poderá corresponder à associação de um

neuroléptico a um anti-depressivo. A recuperação é lenta, embora nos intervalos típicos

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conhecidos para a população em geral.

Keywords: trissomia 21; depressão; regressão cognitiva

ICCA 2017-65395 -INTOXICAÇÃO VOLUNTÁRIA POR PARACETAMOL NA

ADOLESCÊNCIA: A PONTA DO ICEBERG?

Maria João Palha (1); Ana Isabel Lopes (1)

1- Hospital Santa Maria

ICCA-Comunicação Oral

Introdução. Actualmente, na Europa, o suicídio é a segunda causa de morte em

adolescentes, sendo o paracetamol o fármaco mais utilizado em intoxicações voluntárias e a

principal causa de insuficiência hepática fulminante neste contexto. Casos. Relatam-se dois

casos de intoxicação voluntária por paracetamol em adolescentes, num Serviço de Urgência

de Pediatria, e respectivo perfil toxicológico. Caso 1. Rapaz de 17 anos com seguimento em

Consulta de Psiquiatria que recorreu ao SUP após ingestão voluntária de 26g de

paracetamol (intuito suicida). Desenvolveu insuficiência hepática aguda (IHA), que

reverteu sob terapêutica standard (incluindo n-acetilcisteína), embora face à gravidade

clínica tenha sido considerada potencial indicação para transplante hepático. Caso 2.

Rapariga de 14 anos, com história de Síndrome de Tourette, levada ao SUP após tentativa

de suicídio por ingestão 14g de paracetamol, sem evidêndia de alteração dos testes

hepáticos. Nos 2 casos tratou-se da primeira apresentação de tentativa de suicídio (ingestão

referida espontaneamente), com remissão clínica/bioquímica (lenta no 1º caso). Em

contraste com a intoxicação acidental na criança pequena, a morbi-mortalidade associada à

ingestão voluntária é superior, ocorrendo a maioria dos casos de morte (evitável) fora do

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hospital. A ocorrência de 2 casos num curto espaço de tempo alertou para uma potencial

realidade emergente em Portugal, favorecida pela acessibilidade (venda livre) e consumo

generalizado na população. A prevenção do suicídio é uma prioridade, bem como o

conhecimento sobre as substâncias utilizadas. Salienta-se ainda a importância de elevado

índice de suspeição e reconhecimento da expressão clínica da intoxicação pelo paracetamol

para intervenção terapêutica atempada.

Keywords: adolescente; suicídio; intoxicação medicamentosa voluntária

ICCA 2017-68465 -O impacto da sintomatologia afectiva materna prenatal na

metilação do gene do receptor de glucocorticoides no recém-nascido e lactente: revisão

da literatura

João Picoito (1); Constança Soares dos Santos (2)

1- Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência, Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra; 2- Serviço de Pediatria, Centro Hospitalar Cova da Beira

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: Os mecanismos epigenéticos representam o elo de ligação entre o ambiente e a

sua influência na regulação da expressão genética. A desregulação do eixo Hipotálamo-

Hipófise-Suprarrenal tem sido consistentemente envolvida no desenvolvimento de

psicopatologia, havendo um especial impacto das experiências adversas precoces. A

metilação do promotor e exão 1F do gene do receptor de glucocorticoides, NR3C1, tem

sido alvo de intensa investigação em modelos animais de stress perinatal. O presente

trabalho pretende analisar qualitativamente estudos que tenham avaliado a relação entre

sintomatologia afectiva materna prenatal e a metilação do gene NR3C1.

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Métodos: Pesquisa da literatura na base de dados médica Pubmed utilizando a fórmula

“(maternal(Title) OR mother(Title)) AND depress*(Title) AND NR3C1(Title)”. Foram

excluídos estudos que não reportassem a metilação do gene NR3C1, que não avaliassem

sintomatologia ansio-depressiva materna, ou estudos em animais.

Resultados: Foram incluídos 5 estudos na análise qualitativa. Todos os estudos reportaram

uma associação positiva entre a gravidade da sintomatologia ansio-depressiva materna

prenatal e o grau de metilação do exão 1F ou promotor do NR3C1. Adicionalmente, 3

estudos apresentam alterações fenotípicas relacionadas com o nível de metilação. O estudo

de Oberlander e colaboradores a metilação do NR3C1 apresentou uma correlação positiva

com os níveis de cortisol salivar após aplicação de stressor a recém-nascidos. Conradt e

colaboradores encontraram uma correlação positiva significativa entre a metilação do gene

e alterações do comportamento neurológico dos recém-nascidos. No estudo de Murgatroyd

e colaboradores, a metilação do NR3C1 reverteu nas primeiras semanas de vida, nos recém-

nascidos cujas mães reportaram maior frequência de carícias.

Discussão e conclusões: A metilação do gene do receptor de glucocorticoides é um

mecanismo epigenético importante que mostra a influência precoce que a depressão

materna tem na reactividade ao stress na infância, contribuindo para o desenvolvimento de

psicopatologia futura.

Keywords: factores epigenéticos; depressão materna; eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal

ICCA 2017-74484 -Adolescent population with mental disorders in an pediatric

emergency department

Mariana Abreu (1); Paulo Éden Santos (2); Lara Lourenço (2); Alda Mira Coelho (3); Ana

Maia (2); Almeida Santos 1 (2)

1- Pediatric Department, Centro Hospitalar de São João, E.P.E; 2- Pediatric Department,

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Hospital Pediátrico Integrado, Centro Hospitalar de São João, E.P.E; 3- Psychiatric

Department, Centro Hospitalar de São João, E.P.E

Poster

Introduction: The Pediatric Emergency Department of Oporto attends all the children and

adolescents emergency cases from the metropolitan area of Oporto. The purpose of this

study was to describe the adolescent population admitted in that department which needed a

pedopsychiatric emergent evaluation in a two years period of time (2012-2013).

Material and methods: Retrospective study based on the analysis of informatic clinical

process (jONE®, SClínico®) of the above mentioned patients. The International

Classification of Diseases (ICD-10) was used to categorize the different disorders. The

statistical analysis was made on Excel®.

Results: There were 411 adolescents referred for pedopsychiatric evaluation. 66% were

female, with an average age of 15.5 years. In 27.2% of patients there was a previous

attendance for similar complaints, 63.5% of patients had already known psychiatric disease

and 48% have been in psychiatric or psychology consultation. 27.9% had history of mood

(affective) disorders and 13.4% history of major depressive disorder. In 49.4% of patients

were detected risk factors for psychiatric disfunction; the most prevalent was family

dysfunction. 38.4% had a previous psychoactive drug prescription and 20.4% were

polymedicated. The majority drugs prescribed were anxiolytics. New diagnosis of mood

(affective) disorders were performed in 49.9% of patients, being the most prevalent one the

major depressive disorder, with voluntary drug ingest (27%) and suicide attempt (16.5%).

Discussion: Pediatricians should be aware of the importance of known risk factors and the

first signs of mental disorders. An early referral to psychological and pedopsychiatry

assessment could avoid dangerous situations for our patients.

Keywords: mental disorders, adolescents, pediatric emergency department, pedopsychiatry

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Psychology

ICCA 2017-10143 -A Avaliação da Criança no Contexto da Parentalidade: Uma

Revisão Sistemática da Literatura

Letícia Paulino Pereira (1); Luciana Suárez Grzybowski (1); Camila Selau Pereira (1)

1- UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

ICCA-Comunicação Oral

O tema parentalidade é relativamente recente, surgiu por volta de 1960 na literatura

psicanalítica francesa, sendo entendido como processo de construção e do exercício da

relação entre pais e filhos. Estes autores destacam o papel primordial das relações parentais

suficientemente boas como facilitadoras de um desenvolvimento saudável. A parentalidade

se relaciona a diversos fatores que compõe a realidade psíquica de cada um dos pais e como

estas se modificam durante o processo de transição à parentalidade. O modo como se da a

parentalidade, bem como a exposição à um ambiente familiar estressor, conflitos conjugais,

variáveis socioeconômicas e contextuais estáveis da família, estão associadas ao

surgimento e ou perseveração de problemas emocionais e de comportamento nos filhos. A

percepção dos filhos acerca dos gestos, atitudes e palavras dos pais irá influenciar na

construção dos vínculos, na capacidade empática, no sentimento de segurança e de suporte

emocional. Deste modo, faz-se necessário investigar as diferentes variáveis e óticas

envolvidas na parentalidade e o modo como os filhos percebem os cuidados parentais e são

influenciados por estes. O presente estudo buscou verificar na literatura internacional,

através de uma revisão sistemática, estudos sobre as relações entre parentalidade e

comportamento infantil a partir de instrumentos que avaliassem a percepção da criança

sobre o modo que os pais exercerem a parentalidade, em especial, sob a ótica das crianças

pré-escolares. A busca foi realizada em setembro de 2016, nas bases BVS, SCOPUS e

PUBMED, utilizando-se os seguintes descritores: Instruments AND Assessment AND

Children AND Parenting. As buscas limitaram-se aos artigos publicados nos últimos 10

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anos (2006 a 2016), a qual resultou em 246 artigos através das três bases de dados

consultadas. Retirados os artigos duplicados, restaram 200 artigos dos quais foi realizada

análise de títulos e resumos, excluindo aqueles que não se relacionavam com o processo de

parentalidade. Desta análise, somente 54 artigos tratavam sobre parentalidade, e destes,

apenas 5 continham algum tipo de avaliação com criança. Foram encontrados 8

instrumentos: Plenk Story-Telling Test (PST), The Co-parenting Behavior Questionnaire

(CBQ), Structured Child Assessment of Relationships in Families (SCARF), Child-Parent

Relationship Test (CHIP-C), Children's Depression Inventory (CDI); Columbia Impairment

Scale (CIS); Multidimensional Anxiety Scale for Children (MASC); Children's Global

Assessment Scale (CGAS), sendo 4 relacionados a avaliação da parentalidade pelos filhos e

4 relacionados a avaliação de problemas emocionais. Apenas o Plenk Story-Telling Test

(PST) é destinado a avaliação de crianças pré-escolares, por se tratar de uma técnica semi

projetiva de contação de histórias, as demais escalas são destinadas as crianças em idade

escolar. Entende-se que novas buscas na literatura se fazem necessárias a fim de explorar de

forma mais abrangente a temática. Emerge a necessidade de novos estudos envolvendo a

percepção das crianças sobre o modo como a parentalidade é exercida pelos pais e como

esta lhes influencia. Destaca-se também a escassez de instrumentos adaptados a população

infantil, em especial para crianças pré-escolares.

Keywords: Comportamento Infantil; Parentalidade; Avaliação

ICCA 2017-13274 -Using a mentalization-based approach in supporting families in

need of ‘recovery’

Isabella Bernardo (1)

1- Wandsworth Family Recovery Project

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ICCA-Comunicação Oral

In 2011, a government agenda was introduced in England to support families who were

deemed as ‘troubled’ or a term preferred and used in this paper ‘in need of

recovery’ (DCLG, 2013). Identified families include those who are involved in crime or

anti- social behaviour, families that have a child not in school and families that have a

parent who is not in employment. These families are often described as ‘hard to reach’

where individual professional services have not brought enough change. The Troubled

Families governmental policy has led to the coordination of local family intervention

programmes which include a team of professionals from multiple disciplines, including the

police, health visitors, child psychology and family outreach workers.

In this paper I will outline my journey in adopting a ‘mentalizing stance’ as a child

psychologist, working in a multi-disciplinary team called the ‘Family Recovery Project’ in

inner London under the Troubled Families agenda. Mentalization refers to the imaginative

activity of making sense of the actions of oneself and others on the basis of intentional

mental states such as desires, feelings and beliefs (Bevington et al., 2013). In clinical

practice mentalization is a helpful frame to consider how professionals make sense of

clients’ behaviour. Often in clinical practice we are working with clients whose behaviour is

very confusing and complex, this can lead to high anxiety in the network encompassed by

feelings of 'stuckness', helplessness and frustration. This is especially apparent in families

that have entrenched inter-generational problems and where there are a number of

presenting difficulties.

In this paper I will outline the structure of the team I work in and the remit of the child

psychologist role within it. I will briefly describe AMBIT (Adolescent Mentalization Based

Integrative Therapy) a mentalization-based framework in working with children and

families with complex needs. The core stance for AMBIT practitioners has eight

components and is designed to shape practice and support the capacity to deliver systematic

and structured interventions when often anxiety in the network is high (Figure 1.)

I will describe how mentalization based practice can be applied not only directly to clients

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but also to parts of the multi- disciplinary network to support helpful interactions and

connections between team members. I will outline the explicit mentalizing tools ‘Thinking

Together and ‘Dis-integration Grid’ in AMBIT and how these can be applied by

professionals working in a multi-disciplinary team.

I will conclude how the psychologist role can play a key role in both supporting the

mentalizing of colleagues as well as increasing connections directly with clients be it

children or families. Mentalizing is a demanding task and one that is sometimes both

consciously and unconsciously resisted against. However, even with this resistance I will

argue that it is a containing frame to underpin practice when working with young people

and families with complex needs and those in need of recovery.

Keywords: mentalization, AMBIT, multi-disciplinary, families

ICCA 2017-14437 -A GESTÃO FAMILIAR DA DOENÇA E A ADAPTAÇÃO

PSICOLÓGICA DE CRIANÇAS/ADOLESCENTES COM CANCRO: O PAPEL

MEDIADOR DA AUTOESTIMA

Ágata Salvador (1); Ana Tavares (1); Mariana Fernandes (1); Carla Crespo (1); Susana

Santos (2); Luísa Barros (1)

1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa; 2- Faculdade de Psicologia e de

Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: A doença oncológica em idade pediátrica constitui uma experiência disruptiva

para a criança/adolescente. A literatura tem demonstrado que esta condição crónica de

saúde pode associar-se a um risco acrescido para dificuldades de adaptação psicológica,

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bem como para dificuldades em áreas específicas como o autoconceito (e.g., autoestima).

Dado que grande parte do tratamento é implementado em regime de ambulatório, i.e., no

contexto da família, reconhece-se o impacto dos fatores familiares na trajetória de

adaptação da criança/adolescente doente. Contudo, a identificação dos mecanismos

subjacentes à relação entre as variáveis familiares e a adaptação psicológica dos pacientes

constitui uma importante lacuna na literatura.

Objetivo: Este estudo examinou as associações entre a gestão familiar da doença

oncológica pediátrica e a adaptação psicológica de crianças/adolescentes com cancro, de

forma direta e indireta, através da autoestima.

Metodologia: A amostra deste estudo transversal consistiu em 221 díades constituídas por

crianças/adolescentes com diagnóstico de cancro, acompanhados nas unidades de oncologia

pediátrica de dois hospitais portugueses, e seus principais cuidadores familiares

(amostragem consecutiva). As crianças/adolescentes, com idades entre oito e 20 anos (M =

13.01, SD = 3.18), estavam na sua maioria na fase pós-tratamento (n = 127, 57.5%). Os

cuidadores familiares eram maioritariamente mães (n = 191, 86.4%). A versão portuguesa

da Medida de Gestão Familiar (FaMM; subescalas: Vida diária da criança, Capacidade de

gestão da condição, Esforço na gestão da condição, Dificuldades na vida familiar, Perceção

do impacto da condição, e Mutualidade parental) foi preenchida pelos cuidadores

familiares. As crianças/adolescentes preencheram as versões portuguesas da subescala de

Autoestima e do Questionário de Capacidades e de Dificuldades (SDQ; subescala: Total de

problemas). Os médicos oncologistas pediátricos forneceram informação clínica relevante.

Como procedimentos estatísticos, foram efetuadas análises de correlação (SPSS) e testados

dois modelos de mediação (PROCESS).

Resultados: Os resultados mostraram uma associação negativa entre as dificuldades na

vida familiar e a autoestima, e uma correlação positiva entre a capacidade de gestão da

condição e a autoestima das crianças/adolescentes. Não foram encontradas correlações

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significativas entre as dimensões da FaMM e o total de problemas. Adicionalmente, foi

encontrada uma correlação negativa entre a autoestima e o total de problemas reportado.

Finalmente, confirmou-se o papel mediador da autoestima nas relações entre as

dificuldades na vida familiar e capacidade de gestão da condição e o total de problemas.

Conclusão: Considerando as disrupções na vida familiar decorrentes de uma doença e

tratamentos altamente exigentes, estes resultados sugerem que a forma como a família gere

esta condição de saúde parece influenciar a autoestima da criança/adolescente e,

consequentemente, a sua adaptação psicológica. Ao clarificar o impacto das variáveis

familiares na vivência da doença oncológica em idade pediátrica, este estudo identifica o

sistema familiar como um potencial alvo de intervenção, como forma de promover a saúde

mental da criança/adolescente nesta situação de adversidade.

Keywords: cancro pediátrico; variáveis familiares; ajustamento psicológico; autoestima

ICCA 2017-14809 -Relacionar-se primário em crianças de seis meses de vida

Thiala Lima Barreto (1); Cristiane Ajnamei dos Santos Alfaya (1)

1- Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

Poster

A maternidade é um fenômeno que provoca diversas mudanças, tanto físicas quanto

psíquicas. Autores como Stern e Winnicott têm sugerido que com a maternidade a mulher

entra numa condição psíquica especial colocando-a num estado de grande disponibilidade

emocional para o bebê. O presente estudo buscou compreender como esse evento é

vivenciado pela mãe de um bebê de seis meses de vida de um município do interior do

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estado da Bahia - Brasil, para tal foi realizada uma revisão bibliográfica e entrevistas sobre

a experiência da maternidade e desenvolvimento do bebê, as quais eram gravadas e

posteriormente transcritas para que seu conteúdo fosse analisado segundo o que propõe

Bardin (1977). As respostas da mãe entrevistada foram analisadas com base no eixo

temático da Constelação da Maternidade, sobre o relacionar-se primário de Stern. O

material coletado indica a presença do estado de preocupação materna primária como

propõe Winnicott, bem como intimidade no relacionar-se primário apontando para a

capacidade da mãe de reconhecer os sinais comunicativos do bebê, como o choro,

preferência e as características. Os resultados do estudo reafirmam a importância da relação

mãe – bebê para o desenvolvimento físico e mental saudável do bebê e da própria mãe.

Keywords: Maternidade, Desenvolvimento do bebê, Preocupação Materna Primária.

ICCA 2017-15817 -Fatores de risco associados a gestação na adolescência

Luciana Leonetti Correia (1)

1- Universidade Federal da Grande Dourados/ MS- Brasil

ICCA-Comunicação Oral

A gravidez é acompanhada inevitavelmente de uma série de mudanças emocionais

importantes. A intensidade destas mudanças dependerá de fatores familiares, conjugais,

sociais, culturais e da personalidade da gestante. Em relação as características individuais, a

gravidez na adolescência pode ser considerada um fator de risco relacionada ao aumento da

incidência de prematuridade, baixo peso ao nascer, crescimento intra-uterino restrito,

anemia, pré-eclâmpsia, doença hipertensiva da gestação, sofrimento fetal agudo e aumento

na incidência do parto cesáreo. Portanto, a relevância do presente estudo está relacionada

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com a vulnerabilidade do adolescente aos agravos de saúde física e mental. Dessa forma, o

presente estudo tem por objetivo identificar os principais fatores de risco associados a

gestação na adolescência, através de um estudo descritivo e transversal, realizado na

maternidade de um Hospital Universitário na região Centro-Oeste do Brasil. Participaram

do estudo por 67 adolescentes -até os 19 anos de idade- puérperas, que foram atendidas na

maternidade. A coleta de dados foi realizada durante a passagem aos leitos da maternidade

por meio de um protocolo, o qual era composto por questões sobre a gestação e o puerpério.

Em relação aos resultados, 90% das adolescentes puérperas tinham idade entre 15 a 19

anos, encontravam-se em um relacionamento estável (67%), 45% tinham até quatro anos de

escolaridade e quanto à ocupação, 55% das não trabalhavam fora de casa. Em relação ao

perfil obstétrico, 98% haviam realizado o pré-natal, sendo que 57% tiveram o parto cesáreo

e de 43% para o parto vaginal. Pouco mais de um terço das adolescentes puérperas

considerou sua gestação atual como de risco (37%) e 10% relatou histórico de aborto em

gestações anteriores. Quanto ao consumo de substâncias, o álcool e o tabaco foram as mais

consumidas antes e após a gestação. Durante a gestação, o consumo de álcool apresentou

redução de 10%, ao passo que a redução do consumo de tabaco foi apenas de 1%. Os dados

obtidos apontam para condições de risco em relação à gestação na adolescência, as quais

podem influenciar negativamente o trabalho de parto, o parto e o puerpério, assim como a

condição de nascimento e o vínculo com o bebê. Além disso, os achados do presente estudo

apresentam desdobramentos importantes no cuidado à assistência e ao atendimento de

gestantes, de modo que os serviços direcionados à prevenção de fatores de risco na

gestação atendam as necessidades biológicas e psicológicas das adolescentes gestantes.

Keywords: Gravidez. Adolescente. Fatores de risco.

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ICCA 2017-16071 -Quando o conflito interparental é mantido em silêncio: O papel

mediador dos rituais familiares entre o conflito e a satisfação com a vida nas crianças/

adolescentes

Ana Tavares (1); Carla Crespo (1); Maria Teresa Ribeiro (1); Ágata Salvador (1); Mariana

Fernandes (1)

1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

ICCA-Comunicação Oral

Introdução: O conflito parental tem um impacto negativo na adaptação psicossocial das

crianças/adolescentes. No entanto, quando se trata de conflito silencioso, i.e. quando o

conflito não é manifestado de forma direta através de desentendimento verbal ou físico, a

investigação é escassa. Até à data, pouco se sabe sobre como este tipo específico de conflito

influência a vivência familiar e a adaptação individual dos filhos.

Objetivos: O presente estudo investigou as associações entre o conflito silencioso

interparental e a satisfação com a vida de crianças/adolescentes, de forma direta e indireta,

através do significado de rituais familiares na perspetiva dos filhos.

Metodologia: O estudo incluiu uma amostra total de 308 participantes, composta por

díades de mães (n = 154) com idades compreendidas entre os 34 e os 57 anos (M = 43.68,

DP= 2.98) e crianças/adolescentes (n= 154) entre os 8 e os 19 anos (M = 12.98, DP=4.89).

A amostra foi recolhida na comunidade através do método “bola de neve”. As mães

preencheram o questionário relativo à perceção de conflito silencioso interparental (SICS;

Kiepikowski, Pryor, & Jose, sd; versão portuguesa de Tavares, Crespo, &

Ribeiro, sd). As crianças/adolescentes preencheram os questionários referentes ao

significado dos rituais familiares (FQR; Fiese & Kline, 1993; versão portuguesa de

Crespo & Lind, 2004) e à satisfação com a vida (SWLSC; Huebner, 1991; versão

portuguesa de Marques, Pais Ribeiro, & Lopez, 2007).

Resultados: Verificou-se que existia uma associação negativa entre o conflito silencioso

interparental e o significado dos rituais familiares avaliado pelas crianças/adolescentes e

uma correlação positiva entre este e a satisfação com a vida. Não foi encontrada uma

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correlação significativa entre o conflito silencioso interparental e a satisfação com a vida de

crianças/ adolescentes. Adicionalmente, os resultados confirmaram o papel mediador do

significado dos rituais familiares nas relações entre o conflito silencioso interparental e a

satisfação com a vida dos filhos.

Conclusão: A presente investigação contribui para a compreensão a influência do

subsistema parental na vivência familiar e satisfação com a vida dos filhos. Verificou-se

que mesmo quando os pais adotam estratégias de silêncio entre si, o facto de estarem em

conflito está associado a resultados negativos a nível familiar (menor significado dos rituais

familiares) e consequentemente, a nível individual (satisfação com a vida dos filhos). Deste

modo, a intervenção familiar em casos de divergências e conflitos torna-se fundamental

para promover sistemas familiares saudáveis e, consequentemente, a satisfação com a vida

de crianças/adolescentes.

Keywords: conflito interparental silencioso, rituais familiares, satisfação com a vida;

crianças/adolescentes

ICCA 2017-18720 -A reconstrução narrativa, o EMDR e os vínculos.

Veloso, João (1); Gomes, Luis (2)

1- Pratica Privada, Centro Trauma - Universidade de Coimbra, SAMS - Centro Clínico de

Lisboa; 2- Prática privada, Hospital da Luz - Clínica Amadora

ICCA-Comunicação Oral

No desenvolvimento existem muitas vezes dificuldades ao nível da estabilização dos

vínculos com as figuras mais segurizantes. Neste contexto desenvolvem-se angustias de

separação, medos, ritualizações, etc. O EMDR tem demonstrado grande eficácia na

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potenciação da reorganização das narrativas de vida ou históricas nas crianças, permitindo

recontar histórias, reestabelecer vínculos e promover a resolução de conflitos ou

inseguranças que ajudam a adquirir crenças positivas que favorecem a reorganização dos

vínculos. Esta apresentação utilizará vídeos que demonstram o resultado da utilização do

EMDR nesta reconstrução de narrativas e dos vínculos com a aplicação de histórias

fotográficas ou de narrativas participadas pelos pais em sessão. A reconstrução de

narrativas é consideradas como uma das terapias mais importantes na intervenção

psicoterapêuticas com crianças porque permite trabalhar situações tão importantes como os

vínculos.

Keywords: narrativas, reconstrução, vinculos, emdr

ICCA 2017-19049 -CARACTERIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA FÍSICA COMETIDA

CONTRA CRIANÇAS E ADOLESCENTES E NOTIFICADA PELO SETOR SAÚDE

DE UMA METRÓPOLE DA REGIÃO NORTE DO BRASIL

Milene Maria Xavier Veloso (1); Celina Maria Colino Magalhães (2); Isabel Rosa Cabral

(3)

1- Faculdade de Psicologia da Universidade Federal do Pará; 2- Programa de Pós-

Graduação em Teoria e Pesquisa do Comportamento da Universidade Federal do Pará; 3-

Faculdade de Biomedicina da Universidade Federal do Pará

ICCA-Comunicação Oral

A violência cometida contra crianças e adolescentes é um sério problema de saúde pública

mundial e pode trazer prejuízos para o desenvolvimento biopsicossocial das vítimas. O

presente estudo objetivou analisar os casos de violência física notificados nos serviços de

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saúde. Os dados foram retirados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação

(SINAN-Net) registrados no município de Belém-Pará-Brasil entre os anos de 2009 a 2013.

Foram identificados 6.380 casos de violência (F= 5169; M= 1211). A violência física foi

relatada em 2.600 casos (40,75%), sendo que 73,84% dessas estavam associadas à violência

sexual. Nos 680 casos de violência física sem violência sexual, foi mais prevalente no

grupo do sexo masculino (21,14%) que no feminino (8,20%), diferença estatisticamente

significativa (p<<0,001). A média de idade das meninas agredidas apenas fisicamente

foi de 12,7 anos (±5,0), maior que dos meninos (9,4±5,2 anos), com diferença significativa

na distribuição segundo faixa etária, sendo que 77,36% dessas meninas tinham idade maior

que 10 anos, o que foi observado somente para 44,53% dos meninos (p<<0,001). A

proporção diferiu segundo o sexo independente da faixa etária, sendo que a faixa etária

mais atingida foi a de 15 a 19 anos de idade. Trinta por cento das notificações de violência

física sem violência sexual foram realizadas em unidades de pronto atendimento e

hospitais. Esse tipo de violência foi cometido principalmente por conhecidos, pais e

desconhecidos, sendo que entre os adolescentes (15 a 19 anos) os conhecidos e

desconhecidos assumem a liderança entre os agressores. Os resultados sugerem que a

violência física está presente na vida de crianças e adolescentes, mas com variações

dependendo da idade e do vínculo com o agressor. As crianças são mais agredidas por

parentes e os adolescentes mais por conhecidos ou desconhecidos, o que confirma a

naturalização da violência tanto nas práticas parentais como na interação entre os adultos e

os adolescentes. Vale ressaltar que as unidades de pronto atendimento e hospitais foram as

que mais notificaram, o que demonstra o impacto da violência cometida. Conclui-se que

que aspectos socioculturais, de gênero e as práticas parentais abusivas estão presentes na

caracterização do fenômeno assim como as características maturacionais das vítimas. A

notificação da violência surge como um importante instrumento de proteção e combate ao

fenômeno e para dimensionar a problemática em questão, bem como, apontar a necessidade

de investimento em núcleos de vigilância e assistência, estruturas dos serviços e pesquisas

que possam subsidiar tais políticas.

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Keywords: Crianças, adolescentes, violência física

ICCA 2017-21398 -Impact of neonatal severe morbidity on developmental outcomes

among 24 months old children born very preterm

Raquel Costa (1); Carina Rodrigues (2); Sandra Brochado (3); Jurgita Saulyte (3); Henrique

Barros (3); EPICE Portugal

1- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Universidade

Europeia - Laureate International Universities, Lisbon, Portugal; 2- EPIUnit - Institute of

Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Department of Clinical Epidemiology,

Predictive Medicine and Public Health, University of Porto Medical School, Porto,

Portugal; 3- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto; Department of

Clinical Epidemiology, Predictive Medicine and Public Health, University of Porto Medical

School, Porto, Portugal

ICCA-Comunicação Oral

Background: In the last years, the perinatal and neonatal mortality rates have been

decreasing among very premature infants (born before 32 weeks of gestational age). Even

so, risks of developmental delay, motor and cognitive deficiencies are higher among

preterm children than among children born at term. In fact, cognitive impairment and

neurodevelopmental difficulties have been described for very preterm populations

throughout their lives until adolescent hood. Nonetheless, some variability is observed in

preterm infant’s developmental trajectories. This variability might be due at least in part to

perinatal circumstances, namely the extent of neonatal morbidity. Developmental outcomes

of very premature infants are a concern for families and health professionals, and yet in

Portugal this is still an under analysed issue.

Objective: To analyse the impact of neonatal morbidity on language and psychomotor

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developmental outcomes of 2 years-old children born very preterm, adjusting for

gestational age.

Methods: Parents that are part of the sample of a prospective population-based cohort

study - the Effective Perinatal Intensive Care in Europe (EPICE) project -, were contacted

at 24 months corrected age of their children whose births occurred between 22+0 and 31+6

weeks of gestation in the northern and Lisbon and Tagus Valley regions of Portugal from

June 1st, 2011 and May 31st 2012. 408 parental questionnaires were obtained, including

questions about the child’s health and development, namely the Parent Report of Children’s

Abilities Revised (PARCA-R). Generalized Linear Models were conducted using

developmental outcomes as dependent variable, and neonatal severe morbidity (Severe

morbidity considered if diagnosis of Bronchopulmonary Dysplasia and/or Retinopaty of

Prematurity stage ≥3 and/or diagnosis of Cystic Periventricular Leukomalacia) as a

predictor, adjusting for gestational age.

Results: Children without neonatal severe morbidity (n=314) had better psychomotor

outcomes when compared to children with neonatal severe morbidity (n=78) (β= 2.685,

IC95% ]1.012; 4.358[, p=0.002) even when the model was adjusted for gestational age (β=

2.625, IC95%]0.823; 4.426[, p=0.004). Additionally, children without neonatal severe

morbidity had better language outcomes when compared to children with neonatal severe

morbidity (β= 0.447, IC95% ]0.141; 0.753[, p=0.004), nonetheless the model was no longer

significant when adjusted for gestational age (β= 0.276, IC95%]-0.049; 0.601[, p=0.096).

Conclusion: Developmental outcomes of children born very premature are a major concern

for families and health professionals. To assess and monitor these outcomes is crucial for

the implementation of early intervention programs aimed at specific needs of these infants

and families.

Keywords: Neonatal morbidity; Developmental outcomes; Prematurity

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ICCA 2017-22660 -Association between maternal age and parental education

evaluated at birth and children’s cognitive performance at the age of 10

Ana Raquel Carvalho (1); Raquel Costa (2); Débora Pereira (1); Ana Cristina Santos (1);

Henrique Barros (1)

1- EPIUnit - Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; 2- EPIUnit -

Institute of Public Health, University of Porto, Porto, Portugal; Universidade Europeia -

Laureate International Universities, Lisbon, Portugal

ICCA-Comunicação Oral

Background: Cognitive development is the result of biological and environmental

circumstances. Some studies show that gestational age, parental education and parental age

have an impact on children’s cognitive abilities. Nonetheless, the extent to which each of

those factors influences children’s cognitive abilities is still unclear, since most studies

focus on only one of them. Objective: To estimate the association between maternal age and

parental education and the cognitive performance of 10 years-old children adjusting for

perinatal factors. Methods: Data was collected as part of the Generation XXI birth cohort.

At baseline, information was collected on maternal age and parental educational level. In

the 10 years-old follow-up, the Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC-III) was

administered by trained clinical psychologists and verbal Intelligence Quotient (IQ),

performance IQ and global IQ was obtained. Data for the initial consecutive 1284 children

are presented. Regression coefficients (β) and 95% confidence intervals (CI) were

computed using generalized linear models. Multivariate model were adjusted for

gestational age, Apgar index at the 5th minute and sex. Results: Children’s verbal IQ is

higher with higher educated fathers (β= 0.568, CI 95%: 0.339 to 0.797, p<0.001) and

mothers (β= 0.826, CI 95%: 0.598 to 1.054, p<0.001), older mothers (β= 0.251, CI 95%:

0.082 to 0.419, p=0.004) and lower for girls (β= -6.042, CI 95%: -7.581 to 4.503, p<

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0.001). Children’s performance IQ is higher with higher educated fathers (β= 0.393, CI

95%: 0.162 to 0.624, p=0.001) and mothers (β= 0.524, CI 95%: 0.295 to 0.754, p<

0.001). Children’s global IQ is higher for children of fathers (β= 0.588, CI 95%: 0.352 to

0.823, p<0.001) and mothers (β= 0.809, CI 95%: 0.575 to 1.043, p<0.001) with more

education, older mothers (β= 0.213, CI 95%: 0.004 to 0.387, p=0.016) and lower for girls

(β= -4.226, CI 95%: -5.808 to -2.645, p<0.001). Conclusion: At age 10, children’s

cognitive performance is significantly influenced by environmental factors after adjusting

for perinatal factors.

Keywords: IQ, Cognitive Development, Parental Education, Neonatal Characteristics,

Socio-Demographic Characteristics

ICCA 2017-23234 -Deixar a instituição e ser adotado: o potencial recuperador da

adoção

Raquel Barroso (1); Maria Barbosa-Ducharne (1); Vanessa Coelho (1)

1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto

ICCA-Comunicação Oral

A adoção constitui-se como uma intervenção de sucesso na vida de crianças que não

puderam crescer com as suas famílias de nascimento, permitindo a recuperação física,

cognitiva e socio-emocional. Neste contexto, o presente estudo tem como objetivos analisar

a autoperceção do ajustamento psicológico, das relações de vinculação aos pais e da

competência social num grupo de adolescentes adotados, através da comparação com um

grupo de adolescentes que não foram separados da família de nascimento e de um grupo de

adolescentes em acolhimento residencial. Participaram neste estudo 150 jovens, com idades

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compreendidas entre os 11 e os 17 anos, dos quais 50 foram adotados, 50 estão em

acolhimento residencial e 50 vivem com as famílias de nascimento. O ajustamento

psicológico foi avaliado através do Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ), as

relações de vinculação aos pais foram avaliadas através do Inventory of Parent and Peer

Attachment (IPPA) e a competência social foi avaliada através do Social Skills

Improvement System-Rating Scales (SSIS-RS). Em todos os instrumentos utilizou-se os

próprios como informantes. Os resultados demonstram que existem diferenças

estatisticamente significativas entre os três grupos de adolescentes em todas as medidas

analisadas, sendo que os adolescentes em acolhimento residencial são os que manifestam

maiores dificuldades. No respeita à autoperceção do ajustamento psicológico, os resultados

evidenciam que o grupo de adolescentes que vive com a família de nascimento é o que

apresenta melhores resultados, sendo que a sub-escala dos comportamentos prossociais é a

única onde não existem diferenças estatisticamente significativas entre este grupo e o grupo

dos adotados. Contudo, em todas as escalas, os adotados manifestam uma perceção de

ajustamento psicológico mais positiva comparativamente aos adolescentes em acolhimento

residencial. Relativamente à autoperceção das relações de vinculação aos pais os resultados

revelam que os adolescentes adotados percecionam a relação com os seus pais de forma

muito semelhante aos adolescentes que vivem com a família de nascimento, e apresentam

resultados muito mais favoráveis quando comparados com os adolescentes em acolhimento

residencial. Por fim, no que respeita à competência social, são também os adolescentes que

vivem com a família de nascimento o grupo que apresenta uma maior autoperceção de

competência social, seguidos do grupo dos adotados e do grupo de adolescentes em

acolhimento residencial, que apresenta mais problemas de comportamento e menos

habilidades sociais. Estes resultados ajudam a clarificar o papel protetor da adoção, visto

que demonstram que existe uma recuperação efetiva dos adotados comparativamente aos

seus pares que permaneceram em acolhimento residencial realçando o impacto das

experiências posteriores à adoção. De facto, ser adotado, pode oferecer a possibilidade de

viverem uma relação familiar e de contruírem relações de qualidade com os seus pais

adotivos que permitam reverter trajetórias de vida e possibilitar mudanças

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desenvolvimentais positivas.

Keywords: adoção; adolescentes; medida recuperação

ICCA 2017-24919 -Maternal depression, social support and schoolage children

behavior

Fernanda Aguiar Pizeta (1); Ana Paula Casagrande Silva (2); Sonia Regina Pasian (1);

Sonia Regina Loureiro (2)

1- Psychology Department - Faculty of Philosophy, Sciences and Languages of Ribeirão

Preto - University of São Paulo; 2- Neurosciences and Behavioral Sciences Department -

Faculty of Medicine of Ribeirão Preto - University of SãoPaulo

Poster

Multiple contextual conditions of risk and protection coexist in the family environment of

children living with maternal depression, being relevant to identify the variables of social

support against such adversity. This study aimed to compare and correlate the child

behavioral problems and social support for children living with maternal depression

compared to children whose mothers did not have depression or any psychiatric disorder.

We evaluated 100 dyads mother-children identified in health care city in a medium-sized

city in the state of São Paulo - Brazil, distributed in two groups: G1 - 50 dyads whose

mothers had recurrent depression history; and G2 - 50 dyads whose mothers had no history

of any psychiatric disorder. The identification of the participating mothers was made in

health services, and children of both sexes, aged between seven and 12, were identified by

their mothers. Mothers answered the instruments: (a) Structured Clinical Interview for

DSM-IV; (B) General Questionnary; (C) Strengths and Difficulties Questionnaire; (D)

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Inventory of Home Environment Resource; (E) Adverse Events Scale; (F) Chronic

Adversity Scale and (g) Semi-Structured Interview for the assessment of social support.

Children responded the Teste das Matrizes Progressivas de Raven - inclusion criteria

(intellectual level greater than or equal to the average lower). The data were processed by

statistical procedures and adopted the 0.05 significance level. Comparisons between the

groups, it was found that the children of G1 had significantly more behavioral problems as

indicators of the Total Difficulties (G1 = 15.12; G2 = 9.08) and Scales Symptoms

Emotional (G1 = 5.20; G2 = 2.80), Hyperactivity (G1 = 4.74; G2 = 3.22) and colleagues

Relationship Problems (G1 = 2.62; G2 = 1.24). It was also identified statistically significant

differences between G1 and G2 on the resources of the family environment (G1 = 57.76;

G2 = 62.12), adverse events ( G1 = 14.08; G2 = 8.38), the chronic adversity (G1 = 3.92; G2

= 2.22) and total score of social support (G1 = 33.19; G2 = 37.14), and on the support

network (G1 = 26.83; G2 = 31.35). It was found moderate correlations and significant

correlations of behavioral problems of children of G1 with full social support score and

support network score. For G2, there were no significant correlations between children

behavior problems and social support. These data point to the presence of multiple

adversities in the familiar environment of living with maternal depression, and social

support as a protective condition for children exposed to this environment. It is considered

that these data can contribute to the planning of prevention and intervention strategies in

maternal and child mental health

Keywords: Maternal depression; children behaviour; mothers; social support

ICCA 2017-25150 -A(s) Violência(s) em contexto escolar

Mónica Soares (1); Joana Topa (2); Manuel Loureiro (1); Ema Oliveira (1)

1- FCSH - Universidade da Beira Interior; 2- ISMAI/CIEG/ISCSP - Universidade de

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Lisboa

ICCA-Comunicação Oral

A violência em contexto escolar não é um fenómeno recente e mantém-se a preocupação

crescente de perceber esta realidade social. Com o objetivo de compreender melhor este

fenómeno e criar respostas eficazes de intervenção no contexto escolar foi realizado um

estudo que teve como principais objetivos: i) perceber quais os conflitos que mais

acontecem na escola; ii) conhecer a perceção de apoio que os alunos têm por parte dos

professores, dos pares e das suas famílias; iii) identificar quais os comportamentos que os

alunos percecionam em si e que vão contra as normas escolares; iv) verificar quais os

comportamentos autopercecionados de vitimização e de agressão entre pares no que diz

respeito à violência física, social, verbal e de ataque à propriedade, e v) identificar que tipo

de crenças sobre a violência predominam nos alunos. No estudo participaram 1106 alunos

do 2º e 3º ciclo do Ensino Básico de escolas do concelho de Matosinhos, distribuídos de

modo equitativo em termos de ano de escolaridade e sexo. Como instrumentos de recolha

de dados usou-se a adaptação portuguesa (Veiga, 2007) da “Multidimensional Peer

Victimization Scale” de Mynard e Joseph (2000), o “Cuestionario de Convivencia” (Cangas

et al., adaptado por Ildefonso e Veiga, 2011), a “Escala de Disrupção Escolar Professada

pelos Alunos” (Veiga, 1990) e a “Escala de Crenças da Criança sobre a Violência” (Sani,

2003). Os resultados sugerem que os alunos percecionam a sua relação com as famílias,

com os professores e com os pares como positiva. A maioria dos alunos não perceciona

muitos conflitos na escola e não se sente pessoalmente afetada por eles. Os resultados

também indicam que a maioria dos alunos não considera adotar comportamentos

disruptivos, contudo há comportamentos que são percecionados como sendo mais comuns,

nomeadamente, a transgressão de normas, a violência entre pares e o desafio à autoridade.

Quanto às crenças sobre a violência, os resultados sugerem que a maioria dos alunos possui

crenças disfuncionais sobre a violência e os seus determinantes.

Assim, os resultados vêm alertar para a vulnerabilidade dos alunos de 2º ciclo face ao

fenómeno da violência. Este levantamento de necessidades incita a um (re)direccionamento

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da prevenção da violência nos contextos escolares, colocando a ênfase mais numa vertente

de prevenção secundária, dando enfoque ao trabalhar de prevenção com públicos

específicos em detrimento das abordagens universais. Também nos alerta para a

necessidade de trabalhar estas questões logo desde o 1º ciclo evitando que as crenças

disfuncionais permaneçam inalteradas ao longo do percurso escolar inicial. Deste modo,

parece-nos fulcral a implementação de uma política escolar que seja transversal entre os

diferentes ciclos de ensino, que se alicerce em pilares de igualdade para todos e todas e que

esteja focada no combate a toda e qualquer forma de violência.

Keywords: Violência entre pares, população juvenil, resolução de conflitos

ICCA 2017-29663 -Sobre o suicídio: Explicação do fenómeno, Factores de risco,

Factores de protecção, Modelo de avaliação e Modelo compreensivo

João Serra de Almeida (1)

1- APIPC - Associação Portuguesa de intervenção em Psicologia Clinica

Poster

O suicídio tem vindo a caracterizar-se como sendo um fenómeno complexo e multivariado,

provocando um clima de alarme, quer a nível mundial (WHO, 2016) quer a nível nacional

onde, inevitavelmente, se tem vindo a demonstrar por de entre a população num sentido

geral (DGS, 2013-2017).

Segundo a Organização Mundial de saúde (OMS), suicidam-se diariamente 3000 sujeitos -

um a cada 40 segundos - e, por cada sujeito que se suicida, 20 ou mais cometem tentativas

de suicídio (WHO, 2013). Segundo os dados da OMS as taxas de suicídio aumentaram 60%

nos últimos 45 anos, atingindo à escala mundial, uma taxa de mortalidade de 16 por

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100.000 habitantes (Mann, et al., 2005).

A nível mundial, o suicídio apresenta-se também, como sendo a 13ª causa de morte, a 3ª no

grupo etário dos 15-34 anos, e a segunda nos jovens dos 15 aos 19 anos (Mann, et al.,

2005).

Em Portugal, o registo de morte por suicídio tem vindo a aumentar desde o início do Séc.

XX, (DGS, 2013-2017), tendo atingido em 2014 o número de 1.223, provocando uma

subida de 16,1% face a 2013 (INE, 2016).

Neste sentido, propõe-se pensar sobre a conceptualização do suicídio, da análise de

factores de riso e de protecção, de um sistema de avaliação útil à triagem, bem como de

sucinta referenciação a um modelo compreensivo do suicídio.

Por último, o referente quadro proposto será exemplificado com um caso clinico.

Keywords: Suicídio, conceptualização, factores, avaliação, compreensão

ICCA 2017-30246 -Comportamentos Autolesivos e Adolescência: Que riscos e

vulnerabilidades?

Cláudia Chasqueira (1)

1- CADIn - Centro de Apoio ao Desenvolvimento Infantil

Poster

Sendo a adolescência o estadio desenvolvimentista primordial de transformações e

mudanças do ponto de vista fisiológico e psicossocial, importa dedicar atenção à sua

heterogeneidade, modelos de construção da identidade, de autonomia e condutas. Se os

comportamentos de risco poderão ser entendidos como processos normativos desta etapa do

ciclo de vida, a sua frequência, intensidade e tipologia deverão merecer um olhar mais

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cuidado por parte da comunidade clínica e científica, de forma a melhor compreender para

intervir e para que não se instalem processos adolescentis patológicos.

A autolesão em adolescentes é um dos indicadores de adolescência patológica e tem vindo

a revelar uma especial incidência, quer na população comunitária, quer na população

clínica, sendo amplamente descrita a associação com quadros psicopatológicos e risco

aumentado de suicídio.

Paralelamente, os comportamentos autolesivos (CAL) têm sido alvo de alguma

controvérsia no que diz respeito à sua definição na comunidade científica, nomeadamente

no que diz respeito à sua intencionalidade – suicidária ou não.

Esta exposição tem como principais objetivos promover a reflexão acerca da consertada

caracterização conceptual e clínica dos comportamentos autolesivos, partindo de um caso

clínico de uma adolescente seguida nas consultas de psicologia e pedopsiquiatria. Pretende-

se caracterizar a tipologia dos comportamentos autolesivos não suicidários, distingui-los

dos atos suicidas, caracterizar os adolescentes em risco de os adotarem, bem como as

variáveis biopsicossociais em interação de forte relevância neste grupo clínico.

Keywords: Adolescência, Comportamentos autolesivos, Risco

ICCA 2017-30646 -Crenças em relação ao HIV/SIDA em adolescentes moçambicanos.

O caso das cidades de Maputo, Beira e Lichinga

Benvindo Felismino Samuel Maloa (1)

1- Universidade Pedagogica

ICCA-Comunicação Oral

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O estudo analisa as crenças em relação ao HIV/SIDA nos alunos das cidades de Maputo,

Beira e Lichinga. Participaram 357 alunos, idade mínima foi de 12 anos, a máxima, 27

anos, sendo a média 17 anos, com um DP (desvio padrão) de 2,3. Para a coleta de dados

foram utilizados o Questionário Sociodemográfico e o Questionário de Crenças em relação

ao HIV/SIDA. Sobre as crenças que tem a ver com as ações de prevenção do HIV/SIDA e

as de quem pode vir a ficar infetado pelo vírus, não foram encontradas diferenças

estatisticamente significativas. Na Beira compartilha se mais com crenças de que os

seropositivos ficam doentes durante muito tempo. No desenho e implementação das ações

de prevenção e mitigação do HIV/SIDA devem ter se em conta as particularidades

socioculturais das regiões e cidades do país, por causa de sua grande diversidade.

Keywords: /SIDA; Educação para a saúde; Crenças; Atitudes

ICCA 2017-33053 -Núcleo de Psicologia Pediátrica: a chegada à maioridade

Joana Raposo (1); Filipa Fonseca (1); Leonor Ferreira (1); Rita Novais (1)

1- Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E. – Departamento de Pediatria

Poster

Apresenta-se o trabalho desenvolvido pelo Núcleo de Psicologia Pediátrica (NPP) de um

hospital do distrito de Lisboa. Numa breve resenha histórica será dada a conhecer que a

intervenção do psicólogo no Departamento de Pediatria teve início há 18 anos e a

constituição oficial do NPP verificou-se no ano 2000. A visão holística e humanista que

caracteriza a Pediatria deste hospital levou ao crescente reconhecimento dos aspetos

psicológicos nas condições médicas pediátricas, ditando um aumento gradual e substancial

da atividade do NPP ao longo dos anos.

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Contextualizando a realidade do NPP e afirmando a Psicologia Pediátrica, serão

apresentados os seus objetivos funcionais, as características da sua população alvo, os

modelos teóricos de referência e a tipologia da sua atividade. Desta forma, pretende-se dar

a conhecer o trabalho desenvolvido pelo psicólogo nas diferentes valências do

Departamento de Pediatria, designadamente no Ambulatório, na Enfermaria de Pediatria, na

Unidade de Cuidados Intensivos e Especiais Neonatais e Pediátricos, na Urgência

Pediátrica e na articulação com a Comunidade. Com recurso a dados assistenciais

comparativos entre os anos 2000 e 2015, é possível identificar um aumento perto dos 300%

da atividade realizada no Ambulatório, o que espelha o crescimento do NPP. De seguida

exploram-se os desafios com que o NPP se tem deparado e finaliza-se com uma reflexão

sobre orientações futuras, enquadradas no atual debate sobre o reconhecimento da

Psicologia Pediátrica como especialidade avançada.

Keywords: Psicologia, Pediatria, Núcleo de Psicologia Pediátrica

ICCA 2017-35997 -Da Terapia Familiar à Mediação de Conflitos - O Divórcio, a

Criança e os Pais

João Serra de Almeida (1)

1- APIPC - Associação Portuguesa de intervenção em Psicologia Clinica

Poster

Num trabalho de revisão teórica sobre o divórcio, em primeiro lugar, e de forma sucinta,

serão debatidos os novos tipos de família.

Posteriormente, e tendo em conta o fenómeno complexo denominado de divórcio, estudar-

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se-a as fases e o processo de separação.

Daqui resultam diversos tipos da família, sendo estritamente necessária a explanação sobre

ora o processo de avaliação e regulação das responsabilidades parentais, as consequências

face à criança ao adulto e à família, bem como, conceitos associados à parentalidade em si.

Num último momento abordar-se-á conceitos relativos à terapia familiar e à mediação,

com a apresentação de um caso, onde se pensará o lugar quer de uma, quer de outra, bem

como, o lugar do sujeito perante o pressuposto.

Keywords: Família, Divórcio, Avaliação, Mediação Familiar, Terapia Familiar

ICCA 2017-36680 -Social vulnerability associated with maternal depression:

predictors of behavior and cognitive performance in schoolage children

Fernanda Aguiar Pizeta (1); Sonia Regina Loureiro (2); Sonia Regina Pasian (3)

1- Psychology Department - Faculty of Philosophy, Sciences and Languages of Ribeirão

Preto - University of São Paulo; 2- Neurosciences and Behavioral Sciences Department -

Faculty of Medicine of Ribeirão Preto - University of São Paulo; 3- Faculty of Philosophy,

Sciences and Languages of Ribeirão Preto - University of São Paulo

ICCA-Comunicação Oral

Maternal depression, associated with other conditions of risk and vulnerability, has been

configured as a relevant condition for the prediction of children' developmental outcomes.

The identification of possible multiple risk factors involved in this scenario becomes an

important strategy to implement professional practices in the context of public policies

aimed at childhood care. This study aimed to evaluate the predictive effect of maternal

depression and contrasting levels of social vulnerability to behavioral problems and

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cognitive achievement of schoolage children living with mothers with recurrent depression.

We evaluated 100 dyads mother-children identified in health services of a medium-sized

city in the state of São Paulo - Brazil, 50 mothers diagnosed with recurrent depression with

moderate or severe episodes, and 50 mothers without mental disorders, aged 25 and 45

years, and their biological children, 7 to 12 years old, with no apparent deficiencies.

Mothers responded to the Structured Clinical Interview for DSM-IV for diagnostic

confirmation, the General Questionnary to identify sociodemographic data (prepared for the

research) and the Sthenghts and Difficulties Questionnaire-SDQ on the behavior of the

children included in the study. It was used with children the Teste das Matrizes Progressivas

de Raven to assess the cognitive performance as level of general intelligence. It was

included as social vulnerability indicators sociodemographic variables recognized as

adverse conditions and the Paulista Index of Social Vulnerability-PISV, public management

instrument used in the context of Brazil, for identification data of household housing area.

The results were examined by analysis of the data by descriptive statistics and multivariate

linear regression, adopting 0.05 significance level. Multivariate regression models tested

showed that: (a) maternal depression and less educated mothers were predictive of higher

scores of schoolage children behavior problems; (b) such variables associated with greater

vulnerability indicators, assessed by PISV, also had impact more relationship problems with

peers scores. For internalizing symptoms in children, maternal depression proved to be the

only predictor condition, while for cognitive performance, education of household head and

maternal depression were predictive of lower scores of cognitive resources on the RAVEN

test. It is evident, in accordance with the literature, the negative impact of maternal

depression on use of resources of general intelligence and behavior of schoolage children,

especially to identify internalizing symptoms that were predicted exclusively by such

psychopathology. However, the data put into focus the parental education and

socioeconomic resources of the neighborhood as variables that add up composing

indicators of vulnerability to child development in the presence of maternal depression.

Thus, early identification of maternal depression and social-familial variables may favor

intervention actions to minimize the impact of these multiple conditions unfavorable to

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maladaptive developmental outcomes of children

Keywords: Maternal depression, social vulnerability, child behaviour, intelligence,

schoolage children

ICCA 2017-38097 -NÃO SOU DOENTE, SOU APENAS DIFERENTE: ESTUDOS DE

CRIANÇAS NAS MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E SUAS DIFERENTES

PERSPECTIVAS

DENISE HOSANA MOREIRA (1)

1- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

Poster

Em um mundo globalizado, as migrações humanas internacionais constituem um relevante

campo de estudo com diversos subtemas, entre os quais as crianças inseridas nessa

dinâmica. Uma das áreas de concentração das pesquisas sobre essas crianças envolve seu

processo adaptativo. Esta investigação teve o propósito de compor um quadro de referência

de diferentes perspectivas, interpretações e propostas de solução para problemas

evidenciados nos processos adaptativos de crianças em ambiente multicultural. O campo de

investigação deste estudo foi constituído de publicações de pesquisas sobre crianças em

diferentes países. O levantamento privilegiou estudos de caso e envolveu, como base

primária, artigos publicações em periódicos indexados e banco de teses de Universidades.

Como base secundária, foram considerados trabalhos apresentados em eventos científicos.

O propósito do levantamento não foi de esgotar o universo das publicações sobre o tema,

mas de identificar diferentes abordagens. Para esta análise, foram selecionados 11 estudos

de pesquisadores brasileiros e estrangeiros e trabalhos publicados do ano de 1995 a 2015.

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Da leitura das pesquisas selecionadas nesta investigação, foi possível classificar os estudos

em três grupos. Como em toda classificação, o seu caráter arbitrário deve ser considerado

em decorrência da existência de características comuns e distintas nos três grupos

suficientes para produzir outras classificações. Os dois primeiros identificados, conforme

classificação adotada aqui, abordam fatores relacionados às causas e às consequências das

interações entre crianças em ambientes multiculturais em ambiente escolar. Os estudos com

maior aproximação e participação dos sujeitos investigados dentro e fora do ambiente

escolar, compôs um terceiro grupo, menos atendo a causas e consequências e mais dedicado

ao cotidiano das crianças em seus processos adaptativos, a partir do olhar dirigido para as

singularidades comportamentais e os diferentes modos de vida das crianças. Em

decorrência da maior aproximação e participação das crianças nas pesquisas, ocorreu uma

consequente destituição da abordagem patológica das diferenças individuais. Este

levantamento possibilitou concluir que a prevalência das pesquisas destinadas a investigar a

competência social da criança para sua integração tende a reforçar o discurso de negação

das diferenças e desvalorização da diversidade em favor da homogeneidade. Esta tendência

está relacionada à perspectiva escolar adotada como campo preferencial de recolha de

dados, onde, de um modo geral, a busca pelo alcance dos objetivos institucionais de

aprendizagem dos conteúdos curriculares tende a prevalecer sobre a atenção às

necessidades individuais das crianças. O deslocamento deste campo para fora da escola ou

para o universo particular das crianças possibilitou aos pesquisadores identificar crianças

menos permeáveis às uniformizações promovidas pela integração e mais vinculadas às suas

culturas de origem. Esta constatação sugere a necessária atenção das pesquisas sobre

crianças nas migrações internacionais na construção dos seus processos identitários.

Keywords: Criança, migração internacional, saúde, doença

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ICCA 2017-39182 -Avaliação de desenvolvimento de bebês prematuros: idade

cronológica versus idade corrigida

Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues (1); Taís Chiodelli (1); Veronica Aparecida Pereira

(2)

1- Universidade Estadual Paulista - Brasil; 2- Universidade Federal da Grande Dourados -

Brasil

ICCA-Comunicação Oral

A prematuridade está entre as causas de risco para o desenvolvimento. Os prejuízos

causados podem ser minimizados pela identificação precoce de defasagens

comportamentais, avaliadas por meio de escalas de desenvolvimento, cujos resultados

subsidiam a implementação de programas de intervenção. Esses resultados podem ser

considerados tendo em vista a idade cronológica do bebê e a idade corrigida, calculada em

função da idade gestacional dos bebês e a data prevista para o parto. O presente estudo

caracterizou possíveis efeitos da prematuridade no desenvolvimento de bebês de quatro e

seis meses de idade, considerando a idade corrigida do grupo de bebês nascidos

prematuros, quando comparados aos desempenhos dos grupos controle. Participaram deste

estudo 221 bebês prematuros, sendo: 125 bebês de quatro meses (51 nascidos com até 32

semanas de gestação e 74 bebês com 33 a 36 semanas de gestação) e 96 bebês com seis

meses de idade (40 nascidos com até 32 semanas de gestação e 56 nascidos com 33 a 36

semanas de gestação). Foram estabelecidos dois grupos controle, de quatro e seis meses de

idade, com o respectivo número de participantes dos grupos de prematuros. Eram bebês

nascidos a termo, com idade gestacional entre 39 e 40 semanas. Com o pareamento dos

grupos, o estudo contou com 442 participantes. Os bebês foram recrutados a partir de um

banco de dados do projeto “Acompanhamento do desenvolvimento de bebês: avaliação e

orientação aos pais”. Para avaliação de desenvolvimento utilizou-se o Inventário Portage

Operacionalizado (IPO), nas áreas de Socialização, Cognição, Linguagem, Autocuidados e

Desenvolvimento Motor. Os dados de desenvolvimento foram analisados a partir da idade

cronológica e corrigida dos bebês prematuros. Para bebês nascidos até 32 semanas de

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gestação, houve um acréscimo de dois meses e bebês nascidos entre 33 a 36 semanas de

gestação tiveram a correção da idade com o acréscimo de um mês. Os dados obtidos

apontaram para diferenças significativas entre os prematuros, em quatro das cinco áreas

avaliadas, quando as idades cronológicas foram consideradas, quando os bebês tinham 4

meses, independente das semanas gestacionais e, em duas áreas com seis meses, também

independente das semanas de gestação. Considerando as idades corrigidas os bebês

prematuros superaram os bebês controle em todas as análises realizadas. Os dados obtidos

apontam o risco de, ao corrigir a idade, concluir para a não necessidade de serviços de

intervenção precoce, desconsiderando necessidades específicas desta população nos

primeiros meses de vida e impactos futuros em seu desenvolvimento. O acompanhamento

dos pais e a orientação sobre a implementação de rotinas pautadas nas necessidades de seus

bebês mostra-se como estratégia efetiva para a estruturação de práticas educativas

essenciais ao desenvolvimento infantil.

Keywords: intervenção precoce; prematuridade; idade corrigida

ICCA 2017-43353 -A ENTREVISTA FORENSE EM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL: EXPERIÊNCIA DO

DEPARTAMENTO MÉDICO-LEGAL DE PORTO ALEGRE/ RS, BRASIL

Luiziana Souto Schaefer (1); Angelita Maria Ferreira Machado Rios (1); Marcio Magalhães

Arruda Lira (2); Ana Carolina Weissbach Rodrigues (3); Arthur Novak Daudt (3); Vanessa

Machado Rios (3)

1- Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (CRAI) e Departamento Médico-

Legal de Porto Alegre, Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;

2- Instituto Médico-Legal de Fortaleza, Brasil; 3- Pontifícia Universidade Católica de Porto

Alegre (PUCRS), Brasil

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ICCA-Comunicação Oral

A violência sexual contra crianças é caracterizada pelo alto índice de negatividade no

exame físico, ou seja, a ausência de evidências que comprovem a materialidade do delito

durante a avaliação pericial. Como na maioria dos casos denunciados à polícia raramente

existem outras evidências além do relato da vítima, a entrevista forense realizada por

profissional qualificado é uma ferramenta utilizada para obtenção do testemunho infantil. O

objetivo deste trabalho é apresentar os dados levantados em entrevistas forenses realizadas

com os responsáveis e as vítimas de supostos abusos sexuais entre junho de 2015 e junho

de 2016 em um centro especializado na cidade de Porto Alegre, Brasil. Foram avaliados 89

casos, referentes a crianças com idades entre 2 e 17 anos, sendo que 76% delas pertenciam

ao sexo feminino. Em 77,5% dos casos, a ocorrência policial foi motivada a partir da

própria revelação da criança. Do total dos casos, 73% referiam-se a abusos intrafamiliares e

48% referiam-se a episódios múltiplos de abuso sexual. Em 84,25% dos casos de entrevista

forense, houve o relato da vítima e a presença de sinais e sintomas de sofrimento psíquico.

A complexidade investigativa nos crimes sexuais contra crianças e adolescentes demandou

à Psiquiatria Forense e à Psicologia Jurídica o desafio de apresentar como prova pericial o

testemunho da vítima e/ou os sinais e sintomas de sofrimento psíquico. Na ausência dos

vestígios físicos, foi possível demonstrar, na maioria dos casos analisados neste estudo, que

houve um ato delituoso.

Keywords: abuso sexual; crianças; adolescentes; entrevista forense

ICCA 2017-44311 -Estudo da participação, em atividades na comunidade, de crianças

e adolescentes com e sem necessidades adicionais de suporte

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Susana Oliveira Martins (1); Manuela Sanches Ferreira (1)

1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

ICCA-Comunicação Oral

Participação é um dos constructos que nos últimos anos muito tem sido explorado na

literatura científica, sendo o seu uso enquanto mediador, no acesso de crianças e

adolescentes com necessidades adicionais de suporte (NAS) aos diferentes contextos de

vida, uma das dimensões mais estudadas. Desses contextos, a comunidade, pela sua

importância, tem sido um dos mais explorados, integrando atividades de natureza física,

recreativa, de lazer e de autoatualização. A participação neste tipo de atividades tem-se

encontrado associada a benefícios desenvolvimentais, académicos, de saúde e sociais para

todas as crianças, incluindo as crianças com NAS. E, embora estas apresentem interesses

semelhantes aos dos pares, os estudos, maioritariamente internacionais, têm mostrado de

forma consistente que este grupo apresenta menor frequência, menor diversidade e menor

intensidade de participação em atividades na comunidade.

Atendendo à importância do constructo em estudo, assim como ao pouco conhecimento da

participação das crianças e adolescentes no nosso país, pretendemos com este estudo

caracterizar a participação das crianças e adolescentes portugueses, com e sem NAS, em

atividades na comunidade assim como os fatores ambientais que afetam esta participação.

Para caracterizar a participação na comunidade foram reunidos dados de 390 crianças, das

quais 152 foram reportadas como apresentando algum tipo de incapacidade. A idade média

da amostra de crianças era de 11,5 anos (DP =3,38) e a idade variava entre os 5 e os 17

anos, sendo 208 do sexo masculino e 182 do sexo feminino. As informações acerca da

participação foram recolhidas junto dos pais e cuidadores através da versão portuguesa da

Participation and Environment Measure for Children and Youth (PEM-CY), mais

especificamente, da subescala referente à participação na comunidade. Foram recolhidos

dados relativos à frequência, ao envolvimento e ao desejo de mudança em dez atividades

típicas neste contexto (e.g. atividades físicas organizadas, estar com outras crianças e

jovens na comunidade, frequentar aulas e cursos não escolares), assim como a identificação

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de barreiras e suportes à participação neste contexto.

Os resultados obtidos mostraram que as crianças com NAS participavam em menos

atividades, e quando participavam, faziam-no com menor frequência e, de forma geral com

um envolvimento também ele menor. Este resultado era mais evidente nas atividades que

apresentavam maiores complexidade e estrutura e que implicavam o domínio de

competências físicas e cognitivas. Quando questionados acerca deste padrão de

participação das suas crianças, os pais e cuidadores referiam o desejo de contrariar as

atividades dos filhos, maioritariamente sedentárias, por atividades com maiores exigências

físicas ou por atividades sociais informais realizadas fora do contexto doméstico. Por

último, um aspeto importante deste estudo diz respeito ao facto dos pais e cuidadores de

crianças com NAS considerarem que o ambiente colocava barreiras à participação das suas

crianças essencialmente no que se referia às características e exigência das atividades.

Concluindo, estes resultados pareciam mostrar que faltavam ainda na comunidade

programas de atividades físicas e sociais que considerassem aspetos como a

disponibilidade, a acessibilidade e a adaptabilidade dessas atividades para que todas as

crianças e adolescentes, com e sem NAS, pudessem participar.

Keywords: Participação; comunidade; incapacidade; crianças e adolescentes

ICCA 2017-45000 -Impactos Evidenciados em Irmãos de Crianças em Tratamento

Oncológico: Revisão de Literatura

Silvia Pucci (1); Francielly Linares (1)

1- UNISA - Universidade de Santo Amaro

Poster

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O processo de diagnóstico e tratamento de câncer em crianças é causador de grande

sofrimento às famílias, afetando todos os seus membros. O câncer infantil possui maiores

índices de recuperação do que em adultos, porém ainda é percebido como uma “sentença de

morte”. Com o adoecimento de uma criança, os pais mobilizam todos seus recursos (físicos,

emocionais, financeiros) em prol de seu acompanhamento. Neste aspecto, o irmão

considerado “sadio” pode ser negligenciado. O objetivo deste trabalho é, portanto, verificar

os possíveis impactos do adoecimento e tratamento de crianças com câncer na vida de seu

irmão que não possui a doença. A hipótese elaborada é de que o processo de adoecimento e

tratamento de câncer em crianças pode gerar impactos no irmão considerado saudável. Foi

utilizada metodologia de revisão bibliográfica, onde foram pesquisados 50 artigos e livros,

entre os anos 2000 a 2016, através das bases de dados Scielo, Pepsic, BVS, utilizando os

descritores: irmãos, fraternidade, relação fraterna, oncologia, câncer, oncologia pediátrica,

câncer infantil, cuidadores, famílias e processo de adoecimento. Dentre os arquivos

coletados, foram selecionados 08 artigos (brasileiros) com a temática específica de irmãos

de crianças em tratamento oncológico, com amostras na faixa etária de 04 a 18 anos.

Resultado: Após a pesquisa e análise dos dados coletados foi possível verificar que a

criança considerada saudável sofre impactos a nível biopsicossociais (negativos e positivos)

devido ao processo de adoecimento e tratamento de câncer de seu irmão. Conclusão: É de

suma importância conhecer tais impactos para elaborar estratégias de intervenção e

prevenção, pensando em todos os membros da família do paciente (não somente

cuidadores). Além disto, foi possível verificar a grande lacuna de pesquisas que englobam

os impactos no irmão da criança em tratamento oncológico, havendo uma necessidade de

explorar mais essas características e população.

Keywords: Câncer. Oncologia Pediátrica. Irmãos. Fraternidade.

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ICCA 2017-48982 -Consumo de álcool na infância e na adolescência e suas

consequências na idade adulta

A.C.Fonseca (1); J.T. Silva (1); M. Oliveira (1)

1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra

Poster

Existe actualmente uma literatura bastante extensa sobre os efeitos a longo prazo do

consumo de álcool na infância e na adolescência. Um dado referido em muitos desses

estudos é que quanto mais cedo se iniciar esse consumo mais graves e duradouras serão as

suas consequências. Baseando-se nessa conclusão alguns autores defendem que a melhor

maneira de prevenir esses problemas será aumentar a idade legal para compra e consumo de

bebidas alcoólicas enquanto outros sugerem que nas consultas de pediatria se faça, desde a

pré-adolescência, um rastreio do consumo de álcool.

Porém, uma tal posição está longe de ser consensual devido, em grande parte, às várias

limitações metodológicas de muitos dos estudos até agora efectuados sobre esta questão.

Por exemplo, tem-se prestado pouca atenção a outras variáveis da infância que poderão

aumentar ou reduzir o efeito negativo do consumo precoce de álcool. Do mesmo modo,

desconhece-se até que ponto essa relação pode ser afectada por factores de ordem cultural.

O presente estudo tem como objectivo examinar: 1) se o consumo precoce de bebidas

alcoólicas aumenta o risco de delinquência, consumo de drogas, insucesso escolar e

problemas de saúde mental nos primeiros anos da idade adulta, e 2) se esse efeito se

mantém quando se controlam outras variáveis concorrentes da infância, designadamente o

nível escolar dos pais, o tamanho da família ou os problemas de comportamento das

crianças.

Os dados são provenientes de uma investigação na qual várias centenas de participantes

foram seguidas desde os primeiros anos do ensino básico, em escolas públicas do concelho

de Coimbra, até à idade adulta.

Tomando como critério a idade legal para o consumo de álcool no nosso país, os

participantes foram distribuídos em três grupos: os que começaram a beber antes dos 16

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anos de idade, os que começaram a partir dessa idade e os que nunca consumiram bebidas

alcoólicas. Estes três grupos foram depois comparados em diversos aspectos do seu

funcionamento na idade adulta.

Os resultados mostraram que um número considerável de participantes tinha começado a

consumir álcool antes dos 16 anos, e que este grupo apresentava na idade adulta mais

comportamentos anti-sociais, e mais consumo de droga, designadamente mais problemas

relacionados com o consumo excessivo de álcool. Além disso, o nível de escolaridade (anos

concluídos) era significativamente mais baixo nesse mesmo grupo. De modo geral, estas

diferenças mantinham-se estatisticamente significativas quando se controlava o efeito das

variáveis da infância acima referidas. Porém, não se encontraram diferenças entre grupos

em diversas outras medidas de saúde mental aqui utilizadas (v.g. ansiedade, depressão,

índice geral de psicopatologia ou satisfação com a vida).

No conjunto estes resultados confirmam o efeito nocivo, a longo prazo, do consumo de

álcool, mesmo numa cultura tolerante como a nossa em relação a essa bebida, fornecendo à

primeira vista um argumento adicional às políticas de prevenção que passam pelo aumento

da idade legal para o consumo de bebidas alcoólicas.

Keywords: Consumo precoce de álcool; consequências negativas na idade adulta

ICCA 2017-49620 -Triplo P - Programa de Parentalidade Positiva: um estudo piloto

com famílias em situação de risco psicossocial

Sandra Nogueira (1); Cátia Costa (1); Isabel Macedo Pinto (1); Orlanda Cruz (1)

1- FPCEUP

ICCA-Comunicação Oral

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Famílias em situação de risco psicossocial enfrentam desafios complexos no desempenho

das suas funções parentais. Verificam-se, frequentemente, situações graves de carência

socioeconômica, violência doméstica, maltrato ou negligência infantil, assim como, abuso

de substâncias. Habitualmente, residem em áreas com elevados níveis de desemprego e

possuem cuidados de saúde inadequados ou insuficientes. Os adultos tendem a experienciar

índices elevados de stress parental, humor depressivo, desregulação emocional, insatisfação

parental e múltiplos acontecimentos negativos de vida. A literatura científica tem

consistentemente associado estes fatores ao desenvolvimento e manutenção de problemas

comportamentais e emocionais na criança/adolescente, problemas acadêmicos, situações de

maltrato e negligência infantil, assim como, abuso de substâncias tóxicas e comportamentos

desviantes.

O maltrato, a negligência infantil e os problemas parentais associados, incluem geralmente

práticas parentais coercivas, interações familiares negativas, padrões de comunicação

desadequados, conflitos conjugais, estratégias de disciplina negativa e controlo restritivo. A

maioria dos pais, no desempenho deste papel confronta-se com inúmeras dificuldades

sendo imprescindível abordar a parentalidade como um assunto de saúde pública.

Uma intervenção parental adequada contribui amplamente para a promoção de ambientes

familiares consistentes e responsivos, para o desenvolvimento saudável da criança que se

sentirá aceite e afetivamente nutrida no seio familiar, capaz de se expressar e regular

emocionalmente. Não é por isso surpreendente que os programas parentais estruturados

baseados em modelos de aprendizagem social sejam considerados, pela literatura científica,

a resposta mais eficaz na redução dos níveis de maltrato infantil, promoção da saúde mental

e bem-estar da comunidade.

Este estudo teve como objetivo avaliar a eficácia do Triple P – Positive Parenting Program

com mães portuguesas em situação de risco psicossocial. Trata-se de um programa de

promoção de competências parentais desenvolvido através de evidências empíricas.

Selecionamos um formato de grupo de nível 4 e delineamos um estudo experimental

randomizado aleatoriamente com dois grupos, o grupo de intervenção (GI, n = 10) e grupo

usual de controlo (GC, n = 10). Os grupos foram avaliados em dois momentos temporais

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diferentes, pré e pós intervenção.

Participaram 33 mães provenientes de famílias com baixos recursos socioeconómicos em

situação de risco psicossocial com crianças na faixa etária dos 3-12 anos. A idade média das

participantes era 37 anos (DP = 9,32, 24-60) sendo a grande maioria solteira (62,5%) ou

divorciada (33,3%) e possuindo apenas o ensino básico (33,5%). As crianças

maioritariamente do sexo feminino (59%), com idade média de 8 anos (DP = 2,48, 3-12).

Foram avaliadas as seguintes dimensões: práticas disciplinares parentais, sentimento de

autoeficácia parental, problemas emocionais/comportamentais da criança, stress parental,

depressão, stress e ansiedade das participantes, risco psicossocial e redes de suporte social.

Como esperado, GI obteve uma redução significativa ao nível dos problemas

comportamentais e emocionais da criança, um aumento da satisfação e do sentido de

competência parental. Foram ainda encontradas alterações significativas ao nível das

práticas parentais e diminuição dos níveis de stress parental. Apesar destes resultados serem

preliminares evidenciam a eficácia do Triplo P na redução dos problemas da criança e da

adoção de práticas parentais adequadas nesta população.

Keywords: parentalidade, educação parental, Triplo P, exclusão social

ICCA 2017-50577 -O papel do espaço virtual no desenvolvimento afectivo-sexual dos

adolescentes: as novas dinámicas dos relacionamentos interpessoais juvenis

Joana Topa (1); Ana Castro Forte (2); Yolanda Rodriguez Castro (2); Sofia Neves (1)

1- ISMAI; CIEG-ISCSP ULisboa; 2- Facultade de Educación - Universidade de Vigo

Poster

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Os contextos virtuais são cada vez mais um novo prolongamento da vida dos/as jovens,

tendo adquirido um importante papel ao nível do estabelecimento e manutenção dos

relacionamentos interpessoais. As relações juvenis de intimidade não fogem a estas

mudanças e o sexting adolescente surge como uma nova prática de estabelecimento e

manutenção de laços afetivos no emergente espaço de cibersocialização Estes novos

contextos de socialização se, por um lado, proporcionam oportunidades para a

sociabilidade, desenvolvimento afectivo-sexual (Lievens, 2014), expressão pessoal,

aprendizagem, criatividade e participação (Goggin & Hjorth, 2014) podem, por outro

lado, acarretar alguns riscos, uma vez que são meios que pela conetividade permanente e

usos individualizados não monitorizados podem ser palco de perpetração de múltiplas

violências. O sexting tem vindo a ser conceptualizado como um fenómeno emergente na

vida dos/as adolescentes associado ao aparecimento de novos riscos psicossociais juvenis.

A literatura tem vindo a indicar que o sexting ora é visto como forma de sedução, prazer e/

ou ter atenção romântica, como forma de acordo numa relação consensual, enquanto

elemento constituinte de uma fase experimental em regime de liberdade, ora como

resultado de pressões/ameaças/violências por parte do/a parceiro/a (Cooper, Quayle,

Jonsson & Svedin, 2016) que parece relacionar-se com comportamentos sexuais de

risco e de desafio (Ybarra & Mitchell, 2014), impulsividade e consumo de substâncias

(Temple, Le Berg, Ling, Paul & Temple, 2014). O presente trabalho pretende alertar

para a necessidade de realização de estudos empíricos com populações juvenis que nos

posibilitem aprofundar o conhecimento deste fenómeno a nível nacional, tentando explorar

os riscos psicossociais no processo de desenvolvimento afetivo-sexual dos/as jovens

adolescentes e nos seus primeiros relacionamentos de intimidade (Cooper et al., 2016).

Keywords: jovens, sexting, desenvolvimento afectivo-sexual e espaços virtuais

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ICCA 2017-51966 -Percepção da influência do padrão estético na imagem corporal de

adolescentes

Vivianne Oliveira Gonçalves (1); Juan Parra Martínez (2)

1- Universidade Federal de Goiás (Brasil); 2- Universidad de Castilla-La Mancha

(Espanha)

ICCA-Comunicação Oral

O objetivo do estudo é conhecer as diferenças de gênero em uma amostra de adolescentes

em relação à percepção da imagem corporal e à percepção da influência da mídia, através

de uma abordagem quantitativa e qualitativa. O interesse por esta investigação se relaciona

com a importância do ideal estético corporal propagado pela mídia e sua influência na

imagem corporal dos adolescentes. A fase quantitativa da pesquisa está formada por um

total de 237 adolescentes de 14 a 18 anos (50,2% do sexo feminino 49,8% do sexo

masculino) de distintos centros educativos de Toledo (Espanha). Dentro da amostra

anterior, e para a fase qualitativa da pesquisa, formou-se um segundo grupo amostral

constituído por 10 grupos de discussão, separados por sexo e por ciclo educativo,

totalizando 60 alunos. Foram utilizados o Body Shape Questionnaire (BSQ), o Cuestionario

de Influencias del Modelo Estético Corporal (CIMEC-26) e o grupo de discussão como

técnica de coleta de dados. Os dados obtidos na fase quantitativa foram analisados com o

programa SPSS, versão 17.0 para Windows. Os dados da fase qualitativa foram analisados

com o programa Atlas ti. Os resultados da fase quantitativa indicam a existência de uma

maior insatisfação corporal, assim como maior influência da mídia em adolescentes do sexo

feminino. Para conhecer a associação entre a influência do modelo estético e a insatisfação

corporal, realizou-se uma análise de correlação de Spearman. Os resultados mostraram uma

correlação positiva entre o BSQ e o CIMEC-26, o que evidencia que o aumento da

insatisfação corporal relaciona-se com a influência dos modelos estéticos e sociais A

insatisfação corporal encontrada no sexo feminino é corroborada pelos resultados do estudo

qualitativo. Além disso, foram constatadas diferenças nos discursos dos grupos de

discussão no que se refere ao corpo, assim como uma grande variedade de mediadores na

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construção da imagem corporal na atualidade: a norma da magreza, o impacto da influencia

da mídia e a evidência social de que as pessoas magras são mais aceitas em todas as esferas

sociais. Foi possível verificar que a magreza do corpo aparece conectada a uma diversidade

de significados que influem na construção da imagem corporal na atualidade: a associação

entre magreza e beleza, e entre beleza e sucesso pessoal e profissional, geram condutas de

comparação e insatisfação corporal, apesar de que os modelos de corpo propagados pela

mídia sejam representativos de uma realidade distinta a sua própria realidade e composição

corporal.

Keywords: Imagem Corporal, padrão estético, meios de comunicação massivos

ICCA 2017-52837 -O papel mediador da parentalidade na empatia interpessoal dos

pais e ajustamento psicológico dos filhos em famílias com desvantagem social e

económica

Mariana Fernandes (1); Isabel Narciso (1); Marta Pedro (1); Ágata Salvador (1); Ana

Tavares (1)

1- Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa

Poster

Introdução: As famílias em situação de desvantagem social e económica enfrentam desafios

acrescidos no seu quotidiano. A literatura científica identifica fatores de risco ao nível do

funcionamento familiar e estudos referem que viver em condições de pobreza influencia o

desenvolvimento das crianças. É fundamental estudar não só a parentalidade, pelo seu

impacto no ajustamento dos filhos, mas também fatores individuais dos pais, como a

empatia interpessoal. Estudos apontam que níveis mais elevados de empatia nos pais

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conduzem a interações mais harmoniosas no subsistema parental. Assim, destaca-se a

relevância de estudos que contribuam para a compreensão dos fatores que fomentam o

ajustamento psicológico das crianças, no contexto específico de desvantagem social e

económica.

Objetivo: Este estudo pretendeu identificar a relação entre a empatia interpessoal parental e

o ajustamento psicológico de crianças, de forma direta e indireta, através da parentalidade,

em famílias em desvantagem social e económica.

Metodologia: O presente estudo, de caráter transversal, foi constituído por uma amostra de

pais (n = 65), maioritariamente do sexo feminino (n = 54), de famílias em situação de

desvantagem social e económica. Quanto à configuração familiar, 33 famílias eram

biparentais (50.8%) e 32 eram monoparentais (49.3%). A amostra foi recolhida através do

contacto com diversas instituições portuguesas de solidariedade social, em que se solicitou

a participação de pais, com pelo menos um filho com a idade compreendida entre os seis e

os 12 anos (M = 9.29, SD = 2.01). Destas crianças, 50.8% eram do sexo feminino. As

versões portuguesas do Índice de Reatividade Interpessoal (IRI; subescalas: Tomada de

perspetiva, Preocupação empática), do Questionário de Estilos Parentais (QDEP; subescala:

Parentalidade negativa - Estilo autoritário, Estilo Permissivo) e do Questionário de

Capacidades e Dificuldades (SDQ; subescalas: Total de problemas, Problemas de

externalização, Problemas de internalização) foram oralizadas por um investigador da

equipa, que também registava as respostas dos pais. Através da análise quantitativa dos

dados, foram testados três modelos de mediação (PROCESS).

Resultados: Os resultados revelaram uma correlação negativa entre a empatia interpessoal

parental e a parentalidade negativa e uma associação positiva entre a parentalidade negativa

e o total de problemas. Verificaram-se também correlações positivas entre a parentalidade

negativa e problemas de externalização e internalização nas crianças. Porém, não foram

identificadas associações diretas significativas entre a empatia dos pais e as dimensões do

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SDQ-Por utilizadas. As análises de mediação mostraram o papel mediador da parentalidade

negativa na relação entre a empatia e o total de problemas, entre a empatia e os problemas

de externalização, e entre a empatia e os problemas de internalização.

Conclusão: Os resultados sugeriram que a empatia interpessoal parental parece contribuir

diretamente para a qualidade da parentalidade, e indiretamente para o ajustamento

psicológico dos filhos. Assim, os resultados obtidos indiciam a necessidade de, na

intervenção com famílias em situação de desvantagem social e económica, se considerar a

importância do desenvolvimento de competências empáticas dos pais.

Keywords: Desvantagem social e económica; Empatia interpessoal parental; Parentalidade

negativa; Ajustamento psicológico

ICCA 2017-57409 -Crenças sobre castigo corporal: um estudo com estudantes de

Medicina

Maria João Vidal Alves (1); Luiziana Souto Schaefer (2); Madalena Sofia Oliveira (1);

Teresa Magalhães (1)

1- Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), Portugal; 2- Instituto-Geral

de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS), Brasil;Faculdade de Medicina da Universidade

do Porto (FMUP), Portugal

Poster

A violência, como um problema social e de saúde, pode ser perpetuada através de atitudes e

crenças que reproduzem e legitimam conceções culturais dominantes acerca dos atos

violentos em diferentes âmbitos: físico, sexual, psicológico, entre outros. As estratégias de

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prevenção da violência devem, portanto, incluir a formação e informação da comunidade e,

prioritariamente, dos profissionais da saúde, designadamente os médicos, que

desempenham um importante papel na deteção e diagnóstico destes casos. Assim, tendo

como objetivo conhecer as crenças que estudantes de Medicina possuem acerca do castigo

corporal a crianças, foi desenvolvido um estudo que inclui 50 estudantes, com idades

compreendidas entre os 20 e os 29 anos, que frequentam o 4º ou 5º ano do mestrado

integrado em Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Para o efeito,

utilizou-se a “Escala de Crenças sobre Punição Física” (E.C.P.F) de Machado, C.,

Gonçalves, M. & Matos, M. (2007) composta por 21 itens. A Escala foi administrada

em dois momentos: antes e após a lecionação da matéria sobre vítimas e violência. Os

resultados preliminares do estudo reforçam a ideia de que o fenómeno da violência está

relacionado com as representações sociais. Conceções diversas acerca do que é ou não

tolerado na educação dos filhos, como por exemplo, a falta de consenso sobre o uso do

castigo corporal como estratégia de punição e correção, apontam para a necessidade de que

tais tópicos sejam introduzidos e amplamente discutidos no âmbito da formação dos

profissionais da saúde. Uma vez que as crenças podem favorecer discursos que legitimam

os atos de violência, é crucial que estes profissionais reflitam sobre o seu papel enquanto

agentes de saúde e promotores de estratégias alternativas para a solução de conflitos. Os

seus diagnósticos e intervenções terão de partir da evidência científica e dos resultados, e

não mais de meras opiniões baseadas na sua experiência pessoal, pré-conceitos e

preconceitos.

Keywords: crenças, castigo corporal, estudantes de Medicina

ICCA 2017-57802 -Atitudes, percepções e práticas frente a violência doméstica na

comunidade de Campo Limpo - SP

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William Edgar Comfort (1); Tiago Ogura (2); Fernanda Rocha; Paula Petta; Katyanne

Farias (2); Fabilla Lira (2); Érica Cazol (2)

1- Centro Universitário FIEO; 2- ONG Núcleo Espiral

ICCA-Comunicação Oral

Introdução

A violência sempre esteve presente na sociedade, se manifestando em diversas formas e

independe de classe social, no entanto identifica-se que a maioria dos problemas sociais

geradores de violência são o analfabetismo, má distribuição de renda, mortalidade infantil e

o crescimento das cidades sem planejamento efetivo que possa sanar as principais

necessidades da sociedade: saúde, serviços públicos, segurança. São fatores que geram uma

crise de valores éticos e morais na população. Sob esta perspectiva, um questionário sobre a

violência doméstica foi aplicado com parentes de crianças usuários de instituições sócio-

assistenciais na região de Campo Limpo, São Paulo. Este questionário visou o efeito de

intervenções para combater a violência sobre os atitudes, percepções e práticas frente a

situações de violência doméstica e familiar nas comunidades sob estudo pela ONG Núcleo

Espiral.

Metodologia

Participantes: Foram entrevistados parentes de crianças usuários de instituições sócio-

assistenciais na região de Campo Limpo (N = 187).

Materiais: O questionário desenvolvido por uso no estudo (Questionário de Violência

Comunitária - QVC) foi validado por testes pilotos antes da aplicação na comunidade. Os

resultados obtidos antes (Marco Zero: N = 96) e depois da intervenção (Marco Final: N =

91) foram extraídos de amostras independentes.

Análise: Os atitudes, percepções e práticas frente a situações de violência doméstica e

familiar foram avaliados por questionário quantitativo. O questionário avaliou os

participantes com perguntas em formato binário (Verdadeiro/Falso), múltipla-escolha, e

escala Likert. A coleta de dados foi realizada antes e depois da intervenção.

Resultados

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Na taxa de incidência de violência pessoal, observou-se uma diminuição na incidência da

agressão verbal e a agressão doméstica; houve uma diminuição geral de 9% no marco final

(agressão verbal: 59% no marco zero e 50% no marco final; agressão doméstica: 15% no

marco zero e 6% no marco final).

Na percepção da violência doméstica, mais sujeitos concordavam que a violência

doméstica era na maioria cometida por pessoas conhecidas (aumento de 16% entre Marco

Zero e Final). Também houve um aumento no número de indivíduos que discordavam que o

abuso sexual pode ser provocado pelo comportamento da mulher (7%).

Nas práticas a serem tomadas frente a situações de violência, houve um aumento de 18%

no número de sujeitos que chamariam a polícia, e de 5% no número de sujeitos que

ajudariam a vítima. Já na opção de chamar os vizinhos, houve uma diminuição de 9%.

Conclusões

O Núcleo Espiral, organização social sem fins lucrativos fundada em 2002, busca uma

proposta de intervenção que foca na pesquisa, assistência e prevenção da violência contra

crianças e adolescentes de acordo com a qual o público vítima de violência é olhado dentro

de seu contexto social, abarcando as suas possibilidades. Desde sua fundação, o Núcleo

Espiral vem procurando estimular em seu público-alvo o desenvolvimento de novas formas

de relacionamento com o mundo, visando a redução dos danos provocados por vivências

negativas oriundas das mais variadas exposições a situações de violência e, acima de tudo,

oferecendo possibilidades para que o ciclo da violência seja rompido.

Keywords: Violência; violência doméstica; psicologia comunitária;

ICCA 2017-58705 -Effect of storytelling and parental education on 10 years-old

children’s cognitive performance

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Débora Pereira (1); Raquel Costa (2); Ana Raquel Carvalho (1); Ana Cristina Santos (3);

Henrique Barros (3)

1- Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; 2- Universidade Europeia, Lisboa;

3- Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto; Departamento de Epidemiologia

Clínica, Medicina Preditiva e Saúde Pública da Universidade do Porto

ICCA-Comunicação Oral

Background: Storytelling is a learning opportunity in a home environment associated with

positive outcomes in terms of infant’s language development and solving problems skills,

as well as in terms of pre-school children’s vocabulary and literacy skills. Although some

studies have analyzed the contribution of storytelling in the development of language in

young children, few have looked at the long term impact of storytelling on both children’s

verbal abilities and global cognitive performance. Aim: To evaluate the effect of frequency

of storytelling and parental education on 10 years-old children’s verbal and global IQ.

Methods: Data was collected as part of the Generation XXI, a Portuguese birth cohort that

follows the development of 8647 children from birth. For this study, participants were

contacted for the 7 years-old follow-up and parents provided information on frequency of

storytelling. At the 10 years-old follow-up the Wechsler Intelligence Scale for Children

(WISC-III) was administered by trained clinical psychologists. Information on verbal and

global IQ was obtained for 1225 children. Parental education was computed in 3 categories,

according to the compulsory education in Portugal (both parents with 12 or less years of

education [LE; n=690], one parent with 12 or less years of education [ME; n=281] and both

parents with more than 12 years of education [HE; n=254]). The frequency of storytelling

was computed in 4 categories (never [n=227]; less than once a week [n=177]; once or more

a week [n=497], every day [n=324]). Regression coefficients (β) and 95% confidence

intervals (CI) were computed using generalized linear models, adjusting for maternal age.

Results: Children of HE parents and to whom stories were read in a daily bases had the

highest average Verbal IQ (M=111,262). A significant lower Verbal IQ was observed in

children of ME (β= -3.367, CI: -5.830 to -0.905, p=0.007) and LE (β= -9.515, CI: -11.729

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to -7.302, p<0.001) parents. A significant lower Verbal IQ was observed in children to

whom stories were read once or more a week (β= -2.640, CI: -4.688 to -0.592, p=0.012), to

whom stories were read less than once a week (β= -4.341, CI: -7.059 to -1.624, p=0.002),

and to whom stories were never read (β= -4.897, CI: -7.446 to -2.349, p=0.000). Children

of HE parents and to whom stories were read in a daily bases had the highest average

Global IQ (M=108,030). A significant lower Global IQ was observed in children of ME (β=

-3.678, CI: -6.184 to -1.172, p=0.004) and LE (β= -9.913, CI: -12.167 to -7.660, p<

0.001) parents. A significant lower Global IQ was observed in children to whom stories

were read once or more a week (β= -3.190, CI: -5.274 to -1.105, p=0.003), to whom stories

were read less than once a week (β= -3.844, CI: -6.610 to -1.077, p=0.006), and to whom

stories were never read (β= -4.698, CI:-7.292 to -2.104, p=0.000). Conclusion: Storytelling

was associated with 10 years-old children’s cognitive abilities. Therefore, promoting

regular reading times on a daily basis should be a priority in families.

Keywords: Storytelling, Verbal IQ, Global IQ, cognitive performance, WISC

ICCA 2017-64273 -Razões para Consumo de Álcool na adolescência: Uma Revisão de

Literatura Brasileira

Silvia Pucci (1); Luana Souza (1)

1- UNISA - Universidade Santo Amaro

Poster

Introdução: O consumo de álcool pode acarretar prejuízos em esfera biopsicossocial no

desenvolvimento dos adolescentes. Nesta fase transitória e de construção de identidade, as

vulnerabilidades apresentadas pelos jovens podem favorecer o uso e abuso de psicoativos,

Page 272: Approved abstracts by Theme · com hidrocefalia. Maira Lavalhegas ... Notamos uma acentuada culpa por cometer erros, sempre pedindo desculpa. Há resistência também no enfrentamento

possivelmente como um recurso para enfrentar as situações difíceis e desconhecidas por

eles. Neste cenário as conseqüências podem perdurar até a vida adulta, além de tornar o

álcool uma problemática para a saúde pública mundial. O objetivo deste estudo foi

identificar razões envolvidas no consumo de álcool na adolescência e verificar possíveis

alterações neste cenário ao longo dos anos. A metodologia utilizada foi uma revisão de

literatura brasileira, realizada por um meio de estudo exploratório nas bases de dados

SCIELO, MEDLINE, LILACS, PEPSIC, do ano de 2000 a 2016 no qual foram encontrados

28 artigos envolvendo os descritores: consumo de álcool, motivos, adolescente(s), razão,

adolescência e drogas psicoativas. Os resultados indicaram que as principais razões que

envolviam o consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes estavam diretamente

atreladas à fatores sociais, como por exemplo, a estrutura familiar, a dinâmica do grupo de

amigos, a qualidade dos relacionamentos interpessoais ou ainda à influência da mídia. Além

disso, os aspectos psicológicos como, obtenção de prazer, busca por alívio do estresse e

fuga imediata de situações conflitantes também foram identificados. Conclusão: Os fatores

sociais são prevalentes nas razões que motivam os adolescentes a consumir bebidas

alcoolizadas e este cenário não sofreu mudanças significativas no decorrer dos anos onde

foram evidenciados estudos que abrangessem a temática.

Keywords: Palavras- chaves: Álcool. Adolescência. Consumo. Motivos

ICCA 2017-64629 -What’s in a mother’s smile? Effects of maternal sensitivity and

infants’ self-regulation on early social engagement behavior

Gonçalves, J. (1); Lopes-dos-Santos, P. (1); Fuertes, M. (1); Ferreira-Santos, F. (1);

Loureiro, A. (1)

1- University of Porto

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ICCA-Comunicação Oral

The Developmental Affective Neuroscience approach conceives that early social

development is a process resulting from complex multidimensional transactions between

biological and environmental factors. Several studies suggest that maternal sensitivity –

defined as the mother`s ability to contingently, warmly, and promptly respond to the signals

or communications implicit in her baby’s behavior – seems crucial for fostering infants’

engagement in social interactions. The aim of the present study was to understand the

impact of maternal sensitivity, infant self-regulation and postnatal age on infants’ social

engagement. This study was conducted with 41 dyads recruited after delivery in the

neonatology and obstetrics services of two hospitals within the district of Porto. In order to

increase postnatal age variability we selected healthy neonates born between 34 and 41

weeks. Observations were scheduled correcting the age for all infants whose birth occurred

before 40 weeks of gestation. Approximately at 54 weeks, infants were videotaped with

their mothers in two laboratorial procedures: (1) a 5-minute unstructured play-session and

(2) the Face-to-Face-Still-Face situation. Ratings of maternal sensitivity and scores of

infants’ self-regulation and social engagement were then obtained. Using path analysis we

found direct significant effects of postnatal age, infants’ self-regulation and maternal

sensitivity on infants’ social engagement. Conversely, self-regulation partially mediated the

effects of maternal sensitivity but not the effects of postnatal age. Furthermore, effects of

maternal sensitivity were moderated by infants’ postnatal age. Our results suggest a

hierarchical development of infants’ socialization skills whereby self-regulation supports

infants’ ability for social engagement mediating the role of maternal sensitivity. These

findings are in agreement with the hypothesis that early social development is

simultaneously dependent on infants’ regulatory capabilities as well on the regulatory

scaffolding provided by the caregiver.

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Keywords: infant, self-regulation, social engagement behavior, maternal sensitivity

ICCA 2017-67166 -Promoção da inteligência emocional em contexto educativo de

creche

Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)

1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-

Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

Recentes referenciais teóricos no âmbito da Psicologia e em particular da Psicologia do

Desenvolvimento têm manifestado a relevância de as crianças em idade precoce serem

integradas em contextos educativos de elevada qualidade (McMullen & Apple, 2012).

A qualidade dos contextos é determinada por um vasto conjunto de fatores. No entanto,

aqui, cingir-nos-emos às questões que procuram promover a felicidade humana, no que

especificamente diz respeito ao desenvolvimento da Inteligência Emocional (IE), uma vez

que, muito frequentemente têm sido abordadas questões relacionadas com o bem-estar do

ser humano, especialmente em torno da saúde mental, tema do recente relatório da

Comissão Europeia "Mental health Systems in the European Union Member States, Status

of Mental Health in Populations and Benefits to be Expected from Investments into Mental

Health" (European Commission, 2013), que salienta como eixo prioritário o

desenvolvimento da saúde mental através da aplicação de Programas de IE. Deste modo,

consideramos que os contextos educativos poderão, efetivamente, possuir características de

qualidade elevada, sobretudo, quando os seus profissionais investem no desenvolvimento

das próprias competências emocionais, por se tratar de referências importantes para as

crianças, no desenvolvimento da IE, numa lógica de promoção do “aprender a ser

feliz” (Queirós, 2016). No que especificamente se refere à IE, trata-se da habilidade para

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prestar atenção às emoções, compreender os sentimentos e ser capaz de regular os estados

emocionais em si próprio e nos outros de uma forma eficaz (Queirós, 2012).

Ainda em relação ao facto de os adultos serem referências cruciais para as crianças,

também tem sido significativo o recente contributo das neurociências para a perceção do

neurodesenvolvimento, essencialmente ao nível das mudanças comportamentais e

aprimoramento de habilidades, que são concomitantemente moldadas por fatores

maturacionais e ambientais (Fusaro & Nelson, 2009). Neste sentido, o

desenvolvimento na primeira infância sofre uma influência direta de acordo com o

ambiente. Assim, tendo em linha de conta que a elevada qualidade de um contexto é

determinada pelo desenvolvimento da IE que, consequentemente promove o aumento de

competências emocionais, é nosso objetivo, neste trabalho, realçar práticas adequadas ao

desenvolvimento da IE em crianças de idade precoce, com base na adoção da abordagem

curricular High-Scope. Esta abordagem curricular, iniciada por David Weikart, assume-se

como um modelo de abordagem construtivista e de orientação cognitivo

desenvolvimentista, cuja aprendizagem ativa, as interações positivas entre adulto e criança,

o ambiente de aprendizagem, a rotina diária e a avaliação se apresentam como princípios

básicos. Ainda no que se refere a esta abordagem curricular, é considerada por muitos

especialistas, da área da educação de infância, como um modelo de qualidade elevada,

plausível de ser aplicado no contexto português da educação de infância. Evidenciaremos,

assim, o seu posicionamento em relação à expressão das emoções na primeira infância, uma

vez que se trata de um aspeto essencial ao desenvolvimento da IE, e também, a sua

importância no desenvolvimento das relações interpessoais.

Keywords: contexto educativo de creche; inteligência emocional; abordagem curricular

High-Scope

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ICCA 2017-68033 -A violência sofrida na infância e o uso de álcool e outras drogas:

resultados preliminares

MARIA CAROLINA FREGONEZI GONCALVES (1); Cibele Alves Chapadeiro (1)

1- Universidade Federal do Triângulo Mineiro

Poster

O uso abusivo e dependente de drogas lícitas e ilícitas é um dos principais problemas de

saúde pública na sociedade atual e sua relevância traz à tona diversas preocupações,

considerando a pluralidade de problemas que os envolvem. Dentre os diversos danos

sociais relacionados, destaca-se a violência. A exposição a experiências traumáticas na

infância tem sido associada a transtornos por uso de substância, relacionado ao abuso e

dependência do álcool e de outras drogas, segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de

Doenças Mentais (DSM V). O objetivo desse estudo é compreender a relação da história

familiar e social de violência de internos em tratamento em uma comunidade terapêutica

(CT), e o seu uso de álcool e outras drogas e violência. Trata-se de um estudo qualitativo,

baseado no referencial da Teoria Familiar Sistêmica. Foram realizadas 12 entrevistas semi-

estruturadas com indivíduos com transtornos por uso de substância, internos de uma CT,

sendo estas audiogravadas e transcritas na íntegra. Até o presente momento, foi feita uma

proposta de análise de conteúdo das entrevistas de dois internos, de 32 e 39 anos de idade.

As categorias que emergiram das falas dos internos foram: História familiar e violência

interpessoal e Violência e sociedade. Na categoria “História familiar e violência

interpessoal”, os internos revelaram episódios frequentes de violência sofridos na infância e

uso de álcool pelo pai. Referiram agressão física e verbal do pai contra a mãe, os irmãos e a

si próprio quando o pai estava sob o efeito do álcool ou não. Os dois internos não se

reconheceram violentos na infância com a família, mas um deles refletiu sobre a relação da

violência que praticou sob o efeito de drogas e a violência vivida na infância. Na categoria

“Violência e Sociedade”, um dos internos apontou que sofreu violência na escola quando

criança, em que era severamente punido por professores, como puxões de orelha, ajoelhar

em caroço de milho e tampa de garrafão. Mas, eles indicaram ser violentos com a sociedade

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na infância, com o roubo, segundo eles como forma de suprir as privações da pobreza. Após

a dependência química, o roubo ocorreu para a satisfação de desejos de consumo e prazer.

Observou-se nesta análise preliminar, que as famílias praticaram violência em relação aos

internos na sua infância e entre seus membros familiares. Os próprios internos também já

realizavam atos agressivos, como o roubo, mas não reconheceram como violência. Após a

ocorrência da dependência química, os internos praticaram violência interpessoal

direcionada à família e à comunidade, contra a sociedade e até se auto-agrediram. Estes

dados preliminares parecem indicar que a violência vivida ou presenciada na infância pode

ser fator predisponente ao transtorno de uso de substâncias, mas também à própria violência

exercida após o uso de álcool e outras drogas. Somente o uso de substâncias psicoativas

pode não ser o único responsável pela ocorrência da violência nesta fase. Ainda, os atos de

violência como o roubo na infância, que não foram devidamente reprimidos, também

podem levar à sua ocorrência com o uso de álcool e outras drogas, além da própria fissura

pelo uso das substâncias.

Keywords: Infância, família, violência, dependência química.

ICCA 2017-68314 -Violência e vulnerabilidade na infância e adolescência e o uso de

álcool e outras drogas

MARIA CAROLINA FREGONEZI GONCALVES (1); Cibele Alves Chapadeiro (1)

1- Universidade Federal do Triângulo Mineiro

ICCA-Comunicação Oral

O abuso de álcool e outras drogas é um dos principais problemas de saúde pública na

sociedade atual, que leva a consequências, como a violência. Entretanto, episódios de

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violência e situações de vulnerabilidade também podem se apresentar em uma época

anterior ao abuso de substâncias psicoativas. A Organização Mundial de Saúde define

violência como uso intencional da força física ou poder, real ou ameaça, contra si mesmo,

outra pessoa, contra um grupo ou comunidade, que resulta ou tem alta probabilidade de

resultar em lesão, morte, dano psicológico, privação ou mau desenvolvimento,

comprometendo o bem-estar do indivíduo, família e comunidade. A definição abrange,

além de atos físicos, ameaças, intimidações e danos psicológicos. Vulnerabilidade se

refere a um conjunto de situações em que a pessoa fica impossibilitada de responder às

demandas com seus próprios recursos. Este estudo teve por objetivo analisar e discutir

artigos sobre a violência e outros eventos de vulnerabilidade na infância e adolescência e

sua relação com o uso de álcool e outras drogas. Foi realizada uma revisão narrativa,

baseada em artigos das bases de dados LILACS, SciELO, PePSIC e PubMed, entre os anos

de 2006 e 2016. Foram selecionados dez estudos. As pesquisas indicaram diversas formas

de violência e situações de vulnerabilidade na infância e/ou adolescência anteriores ao uso

de álcool e outras drogas. Nesta etapa do ciclo de vida, os ambientes familiares dos

usuários de álcool e outras drogas, foram caracterizados por agressões, brigas, desemprego

e pobreza. Adolescentes e jovens indicaram os frequentes conflitos na família, como as

brigas, agressões e separação dos pais; a falta de diálogo e a cultura do uso de drogas no

ambiente familiar como predisponentes para iniciação ao uso de drogas lícitas e ilícitas. As

questões familiares incluíram também o falecimento de um membro, doenças, abuso

sexual, violência física e psicológica direcionadas às crianças e adolescentes, assim como a

negligência. O uso de drogas na idade adulta foi estatisticamente relacionado aos maus-

tratos na infância, no que se refere à negligência e abuso físico. A dependência química

iniciou na infância em alguns casos e o uso de substâncias psicoativas nesta fase pode ser

interpretada como forma de suportar os problemas sofridos, numa tentativa de lidar com as

experiências adversas, fugir do sofrimento e resistir à violência e ao desamparo, diante da

impotência frente as emoções negativas. A caracterização da relação entre a violência

familiar e social, situações de vulnerabilidade na infância/adolescência e a ocorrência da

dependência de álcool e outras drogas a posteriori, reafirma o papel da família e do

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ambiente social na corresponsabilidade do problema. Estas relações reafirmam ainda a

importância da intervenção junto às dificuldades e problemas das famílias com filhos

pequenos e adolescentes, como prevenção à dependência química e violência.

Keywords: Infância, adolescência, violência, dependência química.

ICCA 2017-71166 -Projeto TEIA (Tu És Incrível Assim): Promoção de competências

com crianças em contexto de risco

Telma Marques (1); Lúcia Paço (1); Ana Cláudia André (1)

1- Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) - Associação Nós

ICCA-Comunicação Oral

O Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental inspirou-se nos princípios do

Modelo Ecológico do Desenvolvimento Humano (Bronfenbrenner, 1977) e na Teoria Geral

dos Sistemas (Bertalanffy, 1968) para desenvolver uma proposta de trabalho integrado com

famílias, com duas áreas de atuação.

Os alvos primários do projeto são crianças, dos 6 aos 12 anos, que pertencem a agregados

familiares anteriormente sinalizados pela existência (ou possibilidade) de risco associado

aos contextos em que a criança interage. Como alvos secundários temos os pais/figuras de

referência das crianças – que foram envolvidos em momentos-chave, dinâmicas e

atividades orientadas para a comunicação, expressão, compreensão e aceitação das emoções

e cognições num espaço que é relacional e securizante. O TEIA tem a duração equivalente à

de um ano letivo escolar, sendo as sessões semanais e de 60 minutos cada.

Este projeto constitui-se um programa preventivo com uma componente de educação

parental, desenhado e guiado por Abordagens colaborativas (Madsen, 2007) e de

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Resiliência familiar (Walsh, 2003), bem como por princípios da Terapia breve orientada

para soluções (Shazer, 1986) e das Terapias Narrativas (White & Epston, 1990). Tais

linhas teóricas permitiram traçar objetivos gerais, tais como: 1) promover o pensamento

reflexivo e o desenvolvimento de competências não-verbais; 2) criar oportunidades para as

crianças partilharem várias “estórias” num espaço que é seguro; 3) promover a

descentração, criando empatia; 4) criar oportunidades de modelagem de formas de

relacionamento mais positivas; 5) aprofundar temáticas difíceis de expressar verbalmente,

através da reflexão e dos produtos das sessões.

As sessões contaram com a utilização de várias técnicas expressivas características da

Terapia pela arte (que combinam expressões artísticas, musicais, dramáticas e corporais) e

com o recurso a estratégias terapêuticas narrativas. Através da autoexpressão,

autoexploração e autorreflexão, procurou-se o reenquadramento de acontecimentos com

impacto semelhante em várias crianças e a criação de histórias alternativas (mais

funcionais) em conjunto.

Através da avaliação da equipa técnica (mensal), da avaliação das crianças (semanal) e da

avaliação dos pais (final do projeto) percebeu-se o impacto do grupo como positivo e

promotor de mudanças na dinâmica familiar e na autorregulação individual das crianças. As

principais conclusões apontam para: 1) melhoria e reforço das redes formais e informação

de suporte (relações significativas com pares, com os adultos de referência e com os

dinamizadores do grupo como fatores protetores); 2) promoção de competências de

autorregulação e de comunicação/expressão emocional; 3) reorganização de

acontecimentos negativos em narrativas alternativas (reconstrução cognitiva); 4) maior

empatia pais-filhos e capacidade para regular estados emocionais das crianças; 5) ligações

familiares mais fortes e com padrões de comunicação mais claros.

Com esta comunicação pretende-se, portanto, apresentar as linhas gerais deste projeto, bem

como os principais resultados que sustentam a importância e necessidade de implementação

de programas na/para a comunidade, focados nas competências e nos fatores de proteção

que minimizam o risco de perpetuação de padrões de interação disfuncionais.

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Keywords: expressão emocional; movimento; criatividade; intervenção grupal

ICCA 2017-71411 -Trabalhar com aceitação para a criação de igualdade

Tiago Pimenta (1); Nuno Baptista (1); Francisco Machado (1)

1- Associação Projeto Be Equal

Poster

A importância de promover dimensões-chave como a aceitação interpessoal, empatia e

igualdade no contexto do desenvolvimento sócio-emocional, ajustamento psicológico e

prevenção de comportamentos de risco em crianças e adolescentes está bem documentado

na literatura científica. Para além disso, os modelos teóricos mais aceites dentro da

psicologia da psicologia da educação, sublinham a importância do desenvolvimento de

métodos educativos ecologicamente válida e ajustado às necessidades, características e

expectativas dos jovens na atualidade, aumentando assim a possibilidade de aprendizagem

significativa e desenvolvimento integrado. Dentro deste quadro, projeto BeEqual é um

programa de prevenção/intervenção, criado com o objetivo de promover conhecimentos e

competências essenciais para os alunos, utilizando formas conhecidas, preferenciais e

significativas de comunicação, ou seja, Facebook, YouTube e sites da internet. O projeto

combina técnicas expositivas tradicionais com uma variedade de formatos digitais e

conteúdos multimédia, com o objectivo final de promover os processos psicológicos

essenciais, nomeadamente a aceitação interpessoal, a inclusão e a empatia, que, por sua vez,

previnem o aparecimento de uma grande variedade de problemas psicológicos e

comportamentais nas escolas. Com um ano e meio de implementação, o projeto mostra

resultados promissores em termos de indicadores de Web (número de gostos, visualizações

e comentários), tendo sido implementada a primeira fase, com sucesso, em diferentes

escolas Portuguesas e um município, e em rede, com outras associações nacionais que

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promovem aceitação e igualdade. Estes resultados sublinham a ampla aceitação e sucesso

do nosso programa como método para apoiar o desenvolvimento e como um veículo de

promoção de aceitação interpessoal.

Keywords: Be Equal, associação projeto be Equal, aceitação-rejeição interpessoal,

dinâmicas, estratégias, direitos humanos, discriminação, igualdade

ICCA 2017-71716 -Adolescentes Institucionalizados: Características Afetivas e Sociais

Silvia Pucci (1); Luzenice da Silva (1); Paula Dionisio (1); Vanessa Fonseca (1); Elaine

Toledo (1)

1- UNISA - Universidade Santo Amaro

Poster

A institucionalização de adolescentes faz parte da história da família brasileira, sendo na

maioria das vezes decorrentes de negligência e violência doméstica. Pesquisas realizadas

nos últimos anos apontam para dificuldades no desenvolvimento desses adolescentes

ligadas a questões relacionadas à afetividade e a conflitos no convívio social. O objetivo do

presente trabalho foi investigar as características afetivas e sociais de adolescentes

institucionalizados, sob a hipótese de que o longo período em situação de abrigamento, a

qualidade do atendimento oferecido e a rede de apoio institucional, podem influenciar de

maneira significativa no processo do desenvolvimento do sujeito. A amostra foi de

conveniência, composta por 9 adolescentes de ambos os sexos com idade entre 12 e 18 anos

em situação de abrigamento, localizados na zona sul da cidade de São Paulo. Para avaliar

características psicológicas através do acesso a conteúdos internos inacessíveis ao discurso

manifesto, foi utilizada a técnica projetiva do desenho da figura humana (DFH), além de

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um questionário de caracterização dos sujeitos. Através da análise do desenho destacaram-

se as seguintes características: negativismo, introversão, oposição, emotividade, ansiedade,

atitudes hostis, desamparo, agressividade, interesse em aparência social aceitável, sentido

artístico de intuição, sensibilidade, iniciativa, curiosidade e contato com a realidade.

Conclui-se com essa pesquisa que as características afetivas e sociais tendem a apresentar

mais aspectos negativos a positivos, visto que esses surgiram em maior proporção. As

técnicas projetivas foram capazes de revelar características significativas dos adolescentes

pesquisados, podendo ser considerada uma ferramenta importante no trabalho com os

mesmos.

Keywords: Institucionalização. Vínculo. Afetividade. Desenvolvimento. Desenho da Figura

Humana (DFH)

ICCA 2017-72808 -Capacitação de cuidadores para atuar no combate de violência e

promoção de resiliência em crianças e adolescentes na região metropolitana de São

Paulo

William Comfort (1); Rafael Tinelli; Caio Rebouças (2); Ingrid Abrão (2); Érica Cazol (2);

Paula Petta; Amana Machado Comfort (2)

1- Universidade Fundação Instituto de Ensino para Osasco; 2- ONG Núcleo Espiral

Poster

Introdução

No Brasil, a violência configura-se como um importante problema social que exige de

todos nós um posicionamento pró-ativo. Uma vez que a violência tem raízes na ação

simultânea de muitos fatores (biológicos, sociais, culturais, econômicos e políticos),

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diversos âmbitos de atuação devem contribuir para o combate e/ou a diminuição da mesma.

Sob esta perspectiva, o Programa APOIAR do Núcleo Espiral ministra cursos de

capacitação que têm, principalmente, a intenção de melhorar o contexto relacional onde

crianças vítimas de violência estão inseridas, através do aprimoramento técnico e pessoal

daqueles que são os responsáveis pelos seus cuidados.

Metodologia

Participantes: Foram atendidos quatro grupos de profissionais na área de assistência social

(N = 57).

Duração: O curso de capacitação teve oito encontros (1 encontro semanal por 2 meses) na

sede do Núcleo Espiral, com duração de duas horas cada.

Conteúdo: Aulas teóricas e vivências sobre os temas: desenvolvimento infantil e do

adolescente, aspectos físicos, emocionais e cognitivos; violência e agressividade; resiliência

e recursos, o corpo e sua importância, o papel do cuidador, abuso sexual, aliciamento,

psicopatologia/psicossomática, abrigamento e desabrigamento, abrigo e família, cuidador

ferido.

Análise: O conhecimento, práticas e percepção dos participantes trabalhando com crianças

e adolescentes foram avaliados através de um questionário quantitativo. O questionário

avaliou os participantes com perguntas em formato binário (Verdadeiro/Falso), múltipla-

escolha, e escala Likert. A coleta de dados foi realizada antes e depois do curso de

capacitação.

Resultados

As médias das respostas binárias nas duas condições (Antes/Depois) foram comparadas

com teste T uni-caudal de amostras-pareadas, que revelou uma diferença significativa entre

a condição Antes (Média = 0,84, Desvio Padrão = 0,011) e a condição Depois (Média =

0,879, Desvio Padrão = 0,017); t(56) = -2,199, p = 0,016.

Figura 1. Porcentagem média de resposta correta nas duas condições (Antes e Depois).

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Barras de erro representam +/- 1 EP (erro padrão).

Figura 2. Se você percebe que uma criança recém-chegada está causando um transtorno

dentro da instituição, o que você faria?

Figura 3.Com que frequência suas opinões foram ouvidas dentro da instituição no ultimo

mês?

Conclusões

Foi avaliada a compreensão, absorção de conceitos e aquisição de novos comportamentos

dos cuidadores para possibilitar um desempenho melhor de seu papel, acolhendo,

protegendo e garantindo um desenvolvimento saudável e menor risco para a reintegração de

suas crianças ou adolescentes.

Espera-se que os cuidadores

• Conscientizem-se do seu papel de cuidador e de modelo para a criança e o

adolescente.

• Compreendam os diferentes tipos de comportamento nas diferentes faixas etárias, o

que permitirá um desempenho mais adequado de seu papel como educador e cuidador.

• Desenvolvam uma atitude de respeito, promovendo resiliência em suas crianças e

adolescentes.

Keywords: Violência; Resiliência; Infância; Adolescência;

ICCA 2017-73523 -A Framework to support transition of children with Autism in the

Early Years.

Dr Jennifer Greene (1)

1- Dr Greene Psychology Ltd.

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Poster

The impact of young children’s biological, familial and social-cultural contexts on

adjustments to school life is now well established. This includes the relationship between

positive transition experiences from home or an Early Years/Preschool setting to school and

later outcomes for children and young people. Children whom have additional needs, are at

greater risk of experiencing challenging transitions to school. In recent years, there has

been a rapid increase in the number of children diagnosed with autism spectrum disorders

(ASD) in the early years (2-5 years old). Since children with ASD have limited social

interaction & communication and social imagination skills, they are particularly

vulnerable to experiencing challenging transitions from one stage of their life to another.

Transitions from home or pre-school to school are increasingly becoming a critical issue of

concern for educators and parents of young children with ASD.

This paper outlines evidence-informed strategies which may be employed to minimise the

potentially adverse impact of such a change for young children with autism, with an

emphasis on Ready Schools. Local case studies are described to illustrate these arguments.

To conceptualise this approach a framework is outlined, based on these evidence based

approaches. Finally, this paper explores key issues faced by psychologists applying the

Framework for Early Years Autism Transitions (FEYAT) in the current political and

educational contexts.

Keywords: Transition planning, Preschool, Autism spectrum disorder

ICCA 2017-74475 -Sintomas Depressivos e Enurese Secundária na Infância - Relações

Psicodinâmicas

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Letícia Paulino Pereira (1); Tatiana Prade Hemesath (2)

1- UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre; 2- HCPA -

Hospital de Clínicas de Porto Alegre

ICCA-Comunicação Oral

A depressão é uma das psicopatologias mais frequentes na infância, trazendo prejuízos

importantes nos aspectos sociais, emocionais e cognitivos da vida da criança. Estudos

realizados evidenciam a existência de outros núcleos psicopatológicos associados à

depressão, dentre eles a enurese e tendências de comportamento agressivo e opositor. A

literatura relaciona características de personalidades neuróticas como insegurança,

ansiedade e medo em crianças enuréticas, assim como baixa autoestima, hiperatividade e

comportamentos antissociais (Calderaro & Carvalho, 2005; Molilanen, 1998).

A enurese enquanto sintoma , seria a expressão de um mal estar ou desconforto da criança

através do corpo, que dá um sentido ou vazão ao que se passa em seu psiquismo. Tudo

aquilo que perturba a evolução normal do desenvolvimento, como a exigência prematura do

controle esfincteriano, cria pontos de fixação que irão dar inicio ao desenvolvimento do

conflito neurótico que pode ou não se consolidar. Quando não for possível que a

organização libidinal siga uma tendência à progressão, contrabalançando a fixação

neurótica, deve se temer uma neurose (Henriques, Correia & Salgado, 2002; Freud. A,

1965/1980).

Investigar a presença de sintomas depressivos em crianças com enurese secundária e

relacionar hipóteses descritivas acerca dos conflitos dinâmicos que embasam a presença de

ambos (enurese e depressão).

Foi realizado um estudo de casos múltiplos com quatro sujeitos para análise, com idades

ente 7 e 12 anos, sendo dois do sexo masculino e dois do sexo feminino, pacientes de um

hospital geral da região metropolitana de Porto Alegre. Os dados foram coletados

individualmente, mediante a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

pelos responsáveis. Fora realizada entrevista clínica e a aplicação de instrumentos de

avaliação psicológica: Teste das Fábulas e Inventário de Depressão Infantil (CDI).

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Considerou-se neste estudo as fábulas de número 2 (Aniversário de Casamento) e de

número 7 (Objeto Fabricado), por explorar conflitos psicodinâmicos relacionados a

enurese, segundo a literatura. Posteriormente os dados foram analisados segundo Bardin

(1977) e classificados em categorias a priori baseadas no manual dos instrumentos.

Os resultados não evidenciaram a presença de depressão clínica nos casos estudados,

contudo houve significativa pontuação no CDI para traços neuróticos como baixa

autoestima, desinvestimento das relações e dos acontecimentos externos, subvalorização

das capacidades físicas, intelectuais e autônomas em situações comparativas.

Ao interpretar os resultados obtidos pelo Teste das Fábulas (TF), a partir das fábulas de

número 2 e de número 7, que dizem respeito respectivamente aos conflitos suscitados pela

cena primária e pela fase anal, emergiram indicativos de traços neuróticos importantes. A

análise dos conteúdos verbais apresentou, principalmente, ambivalência passivo-agressiva e

sentimentos de impotência, desvalia e rejeição em relação as figuras parentais.

Neste sentido, a enurese seria uma tentativa de expressão de um mal estar psíquico através

do corpo. Os traços depressivos parecem estar latentes, podendo evoluir

psicopatologicamente (depressão) a partir do sentimento de inadequação gerado pelo

comportamento desadaptativo (enurese) e a consequente repressão dos pais. Há uma

retroalimentação entre os sintomas, exacerbando a ambivalência passivo-agressiva da

criança e os sentimentos de impotência, desvalia e rejeição perante o temor da perda do

objeto de amor.

Keywords: Enurese secundária; Depressão; Aspectos psicodinâmicos

ICCA 2017-75793 -O EMDR como modelo terapêutico nos eventos traumático infantis

Veloso, João (1); Gomes, Luis (2)

1- Atividade Privada, Centro de Trauma - Universidade de Coimbra e SAMS - Centro

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Clinico de Lisboa; 2- Atividade Privada e hospital da Luz - Clínica Amadora

ICCA-Comunicação Oral

A utilização do EMDR (Eye movement Desensitization and reprocessing) no campo das

intervenções psicoterapêuticas na área do trauma, PSPT, tem demonstrado a eficácia da

resolução do evento traumático permitindo, num baixo numero de sessões, eliminar os

focus traumáticos ou memórias traumáticas. A utilização de um protocolo e da estimulação

bilateral do cérebro, seja por toque corporal, movimentos oculares ou sons, permite aceder

de uma forma diferenciada, às memórias do trauma reestruturando o continuum espaço/

temporal, organizando e integrando a narrativa que permite aliviar as causas do trauma.

Esta apresentação será realizada com apoio e utilização de casos reais e de video. A grande

especificidade desta intervenção em crianças assume, no plano das psicoterapias infantis,

resultados muito importantes ao nível da resolução de eventos que têm grande influência na

forma como se desencadeia o desenvolvimento das estruturas pre-identitárias ou mesmo

identitárias das crianças, promovendo o aparecimento de crenças limitadoras do

desenvolvimento.

Keywords: EMDR, trauma, terapia, crianças

ICCA 2017-75956 -O sono na infância: perspetivas e práticas sociais e culturais

Marco Martins Bento (1); Mafalda Leitão (2)

1- Centro PIN - Progresso Infantil; Faculdade de Psicologia e Ciências da Universidade do

Porto; 2- Centro PIN - Progresso Infantil; Hospital Beatriz Ângelo

ICCA-Comunicação Oral

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O sono é um processo biopsicossocial que implica a interação entre mecanismos

fisiológicos e cronobiológicos ligados à dinâmica homeostática e fatores psicológicos,

contextuais, económicos, sociais e culturais relacionados com a parentalidade, crenças

familiares, costumes e valores subjacentes a uma comunidade ou cultura.

Estão documentados diversos aspetos do sono que são influenciados pela diversidade

cultural. Como se dorme, com quem se dorme e onde se dorme são alguns exemplos de

como a cultura e os costumes moldam os hábitos de sono. Desta constatação não é

surpreendente que encontremos uma grande variabilidade nas caraterísticas do sono, na

presença ou ausência de rituais específicos e até mesmo na determinação do que é

considerado um sono normativo ou patológico.

A evidência demonstra que também as caraterísticas da criança e os fatores parentais são

preponderantes na qualidade e duração do sono. A regulação do ciclo de sono-vigília

depende em grande parte de fatores extrínsecos pelo que, de modo precoce, as práticas

parentais influenciam a adaptação e comportamento da criança perante o sono. Há

investigações que documentam a associação negativa entre a qualidade do sono na criança

e as crenças parentais de incompetência e incapacidade de estabelecer limites relativos ao

sono. Estas cognições predizem práticas parentais desadaptativas que, não

intencionalmente, conduzem a perturbações de sono crónicas nos filhos.

Esta comunicação pretende apresentar o estado de arte da influência dos aspetos sociais e

culturais no sono nas crianças e na modelação das práticas parentais, assim como, na

determinação do que é um sono normativo ou uma perturbação do sono infantil.

Assim, propomos enquadrar as perspetivas socioculturais e a sua influência no

comportamento dos pais e hábitos de sono das crianças, analisando as práticas e rotinas no

deitar, as caraterísticas e elementos associados ao sono (e.g., cosleeping, objetos

transicionais, chupetas, presença do adulto, práticas alimentares durante a noite …), os

padrões de sono (e.g., duração, despertares, sestas …), e predição de comportamentos

futuros associados ao sono perante um sono já perturbado na infância (e.g., manutenção de

hábitos de sono na adolescência e vida adulta).

Pediatras, pedopsiquiatras, psicólogos e demais profissionais de saúde devem estar aptos a

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dotar as famílias de estratégias que melhorem a adaptação da criança ao sono, respeitando

normas e costumes sociofamiliares. Atendendo a que o sono e as suas particularidades não

podem ser encarados como uma medida única, sob a qual todas as crianças funcionam do

mesmo modo. Como, porquanto, não há consenso sobre a melhor forma de dormir

entendemos ser vantajoso explorar estratégias culturais específicas no desenvolvimento de

planos de intervenção no sono infantil, considerando o impacto que os valores e crenças

culturais têm no sono. Quanto mais ecológicas forem as estratégias de sono recomendadas,

maior será a probabilidade de adesão e sucesso percebido por pais e crianças, com a

conquista de um sono repousante e saudável para toda a família.

Keywords: sono, cultura, crianças, práticas parentais

ICCA 2017-76596 -Desenvolvimento aos seis meses de idade: influência de variáveis

maternas, familiares e do bebê

Olga Maria Piazentin Rolim Rodrigues (1); Veronica Aparecida Pereira (2)

1- Universidade Estadual Paulista - Brasil; 2- Universidade Federal da Grande Dourados -

Brasil

ICCA-Comunicação Oral

É possível considerar que importantes contribuições no âmbito do desenvolvimento infantil

podem resultar de investigações sobre como identificar precocemente fatores de risco e

proteção para o bebê e seus familiares. Os fatores de proteção poderão minimizar condições

de risco e contribuir para a implementação de rotinas familiares favoráveis ao

desenvolvimento. Este é um dos grandes desafios da área de intervenção precoce. Para

tanto, os profissionais envolvidos deverão atentar-se à compreensão de variáveis presentes

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no ambiente, a família e relações estabelecidas neste contexto, e a história de

desenvolvimento da criança e suas implicações. Esta compreensão será norteadora para o

processo de intervenção, que tomará como base não somente o que se espera em

determinada idade ou área do desenvolvimento, mas sim, o que será relevante no contexto

familiar, capaz de promover maior envolvimento e interação. Diante do exposto, o presente

estudo pretendeu relacionar o desenvolvimento de bebês de seis meses de idade com

variáveis maternas (idade, escolaridade e trabalho fora de casa), da família (idade e

escolaridade paterna, tipo de família e número de filhos), da gestação e parto (saúde na

gestação, número de consultas durante o pré-natal, tipo de parto e problemas no parto) e do

bebê (sexo, peso ao nascer, saúde ao nascer). Participaram 246 mães de bebês com seis

meses de idade que frequentam um projeto de extensão de uma universidade pública no

Brasil. As mães responderam a uma entrevista inicial, semi-estruturada, para caracterização

das variáveis em estudo. Para a avaliação do desenvolvimento de bebês, foram utilizados

protocolos para anotações do desempenho da criança específicos para as áreas de

Socialização, Autocuidado, Cognição, Linguagem e Desenvolvimento Motor, adaptados a

partir do Inventário Portage Operacionalizado. Os resultados apontaram que a idade

materna menor, assim como paterna pode ser um fator de proteção para o desenvolvimento

de habilidades de Autocuidados e Desenvolvimento Motor. Este resultado pode estar

relacionado a maior disponibilidade e interesse de estimulação dos bebês nestas áreas por

pais mais jovens, favorecendo melhor exploração do ambiente, locomoção e

desenvolvimento da autonomia. Em relação às condições de nascimento, observou-se

melhor resultado na área de Cognição em bebês que nasceram de parto natural, embora o

parto cesáreo ainda esteja acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde. Isso

reforça a necessidade da promoção de orientações às mães, durante o pré-natal, e agentes de

saúde, sobre os benefícios do parto natural para o desenvolvimento infantil, assim como, os

benefícios para a saúde materna. Entre as características familiares, a família estendida e o

menor número de filhos foram as variáveis associadas a melhores resultados nas áreas de

Autocuidado, Socialização e Desenvolvimento Motor. Mães que foram sozinhas ao projeto

e permaneceram mais tempo mostraram-se mais envolvidas nas atividades propostas, o que

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esteve associado a melhores resultados na área de desenvolvimento cognitivo. Os dados

obtidos reforçam a importância da rede de apoio e da disponibilidade de serviços que

informem as mães sobre o desenvolvimento de seus bebês, orientando-as a partir de seu

contexto.

Keywords: Avaliação do desenvolvimento; Inventário Portage Operacionalizado; Variáveis

maternas; variáveis do bebê

ICCA 2017-78811 -Escola Rita Leal: A complexa construção da empatia: preparação

dos psicólogos e pares

António Serra (1); Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Rodrigues (1)

1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica

Poster

O compromisso de ensinar e aprender não surge espontaneamente, a metodologia da Escola

Rita Leal (ERL) permite criar e recriar de forma significativa, interativa e sistemática

momentos relacionais e de cooperação adequados à evolução de cada criança. O objetivo

prático da intervenção da ERL assenta no desenvolvimento da base relacional necessária à

promoção da confiança básica imprescindível para a motivação de aprender.

Todas as atividades foram filmadas com o objetivo de conseguir uma otimização da

eficácia da intervenção. As sessões foram supervisionadas em grupo por forma a promover

a qualidade atentiva e relacional dos técnicos e pares.

Foi solicitado pelos supervisores que técnicos e pares competentes gravassem as

impressões de cada dia / experiência. Fez-se a análise destas com recurso ao software The

ObserverXT12 em conjunto com o modelo de investigação da evolução do material

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qualitativo Análise dos Núcleos de Significação para a Apreensão da Constituição dos

Sentidos (Junqueira e Ozella 2015). Este método visa apreender os sentidos que constituem

o conteúdo do discurso da amostra através dos núcleos de significação.

Verificou-se o potencial reflexivo-formativo da autoscopia e heteroscopia com a

supervisão clínica em vídeo feedback (Ergonomia Francesa Sócio Histórica). O processo de

auto e hetero análise teve como resultado a reflexão sobre o exercício da profissão, o desejo

da cientificação da atividade e a criação de hábitos de observação individualizada de cada

criança para uma intervenção mais personalizada.

O propósito é conseguir uma equipa cada vez mais empática, mais descentrada, onde cada

elemento (re)constrói a sua própria identidade profissional.

Keywords: Autismo, Empatia, Pares, Supervisão

ICCA 2017-82650 -The importance of teacher acceptance in student´s and teacher´s

psychological adjustment, empathy and classroom environment

Ana Gama (1); Francisco Machado (1); Márcia Machado (2)

1- Instituto Universitário da Maia - ISMAI; 2- Colégio Júlio Dinis

ICCA-Comunicação Oral

The quality of interpersonal relations between teachers and their students plays an

important role for every human being physical, psychological, social and emotional

development. When the relationships between teacher and students are based on

acceptance, affection and empathy, it’s possible to promote psychological adjustment for

both of them, through the development of a good classroom environment. As so, this study

aims to get a better understanding of the connection between the perception of teacher

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acceptance or rejection and the psychological adjustment and empathy levels of both

students and teachers. Additionally, we try to analyze the role that these connections might

have on classroom environment. To achieve our goals, we applied the Teacher Acceptance-

Rejection Questionnaire (TARQ, Rohner, 2005), the Personality Assessment Questionnaire

(PAQ, Rohner, 2005), the Multidimensional Reactivity Davies Scale (EMRI, Davies, 1983)

and the Classroom Processes Inventory (IPSA, Bastos, Barbosa, Oliveira e Dias, 2009), to a

group of Portuguese students and teachers from several public schools in northern Portugal.

Results show a connection between teacher acceptance and psychological adjustment for

both students and teachers. Also, we found a connection between higher levels of teacher

acceptance and higher quality of classroom environment. Empathy was found to be

associated with classroom environment dimension. Our results suggest that teacher

acceptance is an important variable to take in account in improving interpersonal relations

in schools, as well as psychological well being in both teachers and students.

Keywords: teacher acceptance-rejection; psychological adjustment; classroom environment

ICCA 2017-86641 -Treino da relação dialógica para a promoção da aprendizagem

cooperativa - Análise da qualidade relacional através do software "The Observer XT

12"

António Serra (1); Pedro Ferreira Alves (1); Tâmara Rodrigues (1)

1- Associação Portuguesa de Psicologia Relacional-Histórica

Poster

Na abordagem relacional-histórica, a génese do desenvolvimento humano está na relação.

Ao mesmo tempo que o desenvolvimento infantil é realizado através de mediadores

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externos como o brinquedo, o desenho ou a construção, promovidos na ludoterapia,

também devem ser introduzidas tarefas de promoção de desenvolvimento das funções

nervosas superiores que respondam à crescente curiosidade da criança. Desde que através

da orientação do adulto, a presença de um par mais competente incrementa o interesse a o

prazer na aprendizagem pela criança com autismo. Na criança que está a aprender

despertam-se vários processos internos de desenvolvimento, que operam somente quando

esta interage e coopera com os seus pares. Uma vez internalizados esses processos, tornam-

se parte das aquisições do desenvolvimento independente da criança.

Procedeu-se a uma análise comportamental recorrendo ao programa The Observer

XT12. Dos 66 descritores definidos para a análise da qualidade relacional, destacaram-se os

que evidenciavam o comportamento relacional entre crianças com autismo, como o

contacto visual, chamar pelo nome e o toque. No caso de pares treinados e de profissionais

surgiram também técnicas mais comuns que criam condições para haver aprendizagem

cooperativa. Estas são, por exemplo, a focagem através do nome da criança, a chamada de

atenção e o apontar para objectos aos quais devem estar atentos. A análise possibilitou

perceber que existem determinados comportamentos, relacionais e técnicos, que permitem

que aconteçam momentos de aprendizagem cooperativa. Pretende-se demonstrar que

através de uma relação dialógica entre crianças com autismo e pares competentes é possível

criar as condições necessárias a uma aprendizagem cooperativa.

Keywords: Autismo, Par Competente, Análise da Qualidade Relacional, Mediadores

Externos

ICCA 2017-87711 -O desenvolvimento psicológico da criança em contexto educativo de

creche

Ana Mafalda de Castro e Pinho (1); Maria Lourdes Cró (2); Maria da Luz Vale Dias (1)

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1- Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra; 2-

Escola Superior de Educação - Instituto Politécnico de Coimbra

ICCA-Comunicação Oral

Esta investigação enquadra-se na área da Psicologia do Desenvolvimento, particularmente,

no que se refere à promoção do desenvolvimento psicológico da criança considerando o

contexto educativo. Pretendeu-se, especificamente, estudar a importância para o

desenvolvimento psicológico das crianças da sua permanência, em idades precoces, em

contextos educativos de creche, baseando a intervenção educativa na utilização de um

programa de intervenção desenvolvido, fundamentado na aprendizagem ativa e em

experiências-chave da abordagem curricular High/Scope (Post & Homann, 2011) bem

como no modelo Portage (Williams & Aiello, 2009), abrangendo diversos domínios

específicos.

Uma vez que o cuidado e a educação de crianças em idades precoces têm vindo a ser

transferidos do domínio privado da família para o domínio público, em instituições, como

resposta às alterações ocorridas durante as últimas décadas em Portugal, relativamente às

condições económicas, sociais e culturais, torna-se necessário que tal contexto e o seu

efeito sobre o desenvolvimento das crianças sejam objeto de investigações contextualizadas

e sistemáticas neste país. De facto, face à ausência de orientações específicas que definam a

intervenção educativa em contexto de creche, é imprescindível estabelecer linhas de

orientação que permitam aos educadores de infância, a desempenhar funções nesse

contexto, monitorizar, aperfeiçoar e elevar qualitativamente a sua intervenção, com base na

adoção de práticas adequadas ao desenvolvimento de crianças deste nível etário. Assim, na

presente investigação, contando com a participação de crianças (N= 59) com cerca de 2

anos de idade, assim como com os respetivos educadores de infância (N= 4), pretendeu-se,

através de um estudo comparativo entre grupos de crianças sujeitas ou não ao programa

acima referido e perspetivado no âmbito desta pesquisa, conhecer o seu impacto no

desenvolvimento psicológico utilizando, nas fases de pré e pós-teste, grelhas de apreciação/

avaliação desse desenvolvimento para crianças em idade de creche, construídas e aferidas

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anteriormente (Pinho, 2008). Na pesquisa, foi também controlado o efeito do percurso

profissional e académico dos educadores de infância envolvidos.

Preconizámos assim desenvolver um estudo, mais precisamente uma investigação-acção

com uma componente quasi-experimental, cujos resultados permitissem perspetivar um

curriculum para o contexto de creche, suscetível de ativar o desenvolvimento psicológico

das crianças e de elevar qualitativamente a intervenção educativa. Em suma, com esta

investigação, ambicionámos contribuir para a reflexão acerca da importância para o

desenvolvimento psicológico das crianças de uma intervenção educativa cientificamente

informada durante os três primeiros anos de vida, retirando implicações suscetíveis de ser

aplicadas no âmbito da política educativa da infância em Portugal.

No que particularmente diz respeito aos dados recolhidos é possível avançar que as

crianças que fizeram parte dos grupos experimentais, e que foram sujeitas ao programa de

intervenção, apresentaram ganhos superiores, na fase de pós-teste, ao nível do

desenvolvimento da motricidade glogal, da motricidade fina, da linguagem recetiva, da

linguagem expressiva, do desenvolvimento cognitivo e do desenvolvimento afetivo-

relacional, relativamente às crianças dos grupos de controlo, que vivenciaram uma

intervenção educativa natural.

Keywords: Desenvolvimento psicológico dos 0 aos 3 anos, contexto educativo de creche,

programa de intervenção

ICCA2017-88880 -ARQUA-P: Sistema de Avaliação Compreensiva do Acolhimento

Residencial

Mariana Leal (1)

1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

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Comunicação em simpósio

Neste contexto o conceito de qualidade AR surge como a adequação das características da

casa de acolhimento às necessidades das crianças. Os conceitos de qualidade e avaliação

são, nesta perspectiva, indissociáveis. A fim de acomodar aspetos subjetivos e contextuais

do conceito de qualidade é essencial o envolvimento de todos os intervenientes do contexto

(incluindo as crianças) na avaliação. Partindo do pressuposto que a recolha de informações

a partir de diferentes fontes permite obter uma multiplicidade de perspetivas e percepções e

com o objetivo de avaliar o estado atual do AR Português foi desenvolvido o Sistema de

Avaliação Compreensiva do Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P), baseado no

modelo ecológico e usando uma versão Portuguesa adaptada do sistema de avaliação

ARQUA espanhol, tendo por referência normas internacionais atuais de qualidade e a

legislação e características do acolhimento residencial nacional. A metodologia ARQUA-P

inclui uma listagem de informações sociodemográficas das crianças e cuidadores, uma

grelha de observação que permite o registo da visita às instalações e da documentação

consultada, entrevistas a crianças, cuidadores, diretor(a) técnico(a), professores e técnicos

de articulação da entidade tutelar e, ainda, questionários de hetero e autorrelato que avaliam

o ajustamento psicológico (indicadores de ajustamento psicológico das crianças,

autoestima, satisfação com a vida, felicidade subjetiva e bem-estar pessoal). As

comunicações seguintes apresentam os resultados do estudo piloto do Estudo de Avaliação

da Qualidade do Acolhimento Residencial Português (EQAR). Foram visitadas 5 CA e

foram recolhidos dados junto de 61 jovens e 77 cuidadores participantes.

Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Qualidade do acolhimento

residencial, Sistema de avaliação da qualidade, Estudo de Avaliação da Qualidade do

Acolhimento Residencial Português (EQAR).

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ICCA2017-88881 -Avaliação da qualidade do acolhimento residencial: diferentes vozes

diferentes perspetivas.

Ana Martins (1)

1- entro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Comunicação em simpósio

Para uma avaliação compreensiva e ecológica da qualidade do Acolhimento Residencial é

essencial a participação dos vários intervenientes do contexto. Através de uma abordagem

multi-informante, este estudo pretende ouvir as perspetivas das crianças, cuidadores,

diretores, técnicos de articulação na entidade tutelar e investigadores, bem como analisar o

grau de acordo entre cada um dos grupos de participantes relativamente à qualidade do

contexto de Acolhimento Residencial. Participaram neste estudo 211 crianças/jovens em

acolhimento, 146 cuidadores, 12 técnicos de articulação na entidade tutelar, 6 diretores. A

qualidade do acolhimento residencial foi avaliada através do Sistema de Avaliação

Compreensiva do Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P). Os resultados

demonstram que existem diferenças significativas entre os diferentes grupos, sendo as

crianças/jovens o grupo que avalia mais positivamente a qualidade do acolhimento

residencial, seguido dos cuidadores, diretores e técnicos de articulação com a tutela. A

avaliação dos diferentes intervenientes foi confrontada com a avaliação realizada pelos

investigadores. Relativamente ao grau de acordo entre os grupos, não se encontraram

correlações significativas no que respeita à qualidade total. Contudo, verificaram-se

correlações significativas positivas fortes entre os diferentes grupos de participantes ao

nível de dimensões específicas da avaliação do acolhimento residencial. Estes resultados

salientam a importância da avaliação deste contexto através de diferentes vozes, de forma a

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alcançar uma avaliação da qualidade mais real e abrangente.

Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Avaliação da qualidade, Voz das

crianças e jovens, Abordagem multi-informante.

ICCA2017-88882 -A qualidade do acolhimento residencial e o ajustamento psicológico

dos adolescentes

Joana Campos (1)

1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Comunicação em simpósio

Em Portugal, existe um grande número de adolescentes (56,1%) entre os 12-17 anos em

casas de Acolhimento Residencial (AR). A utilização de uma avaliação da prevalência de

indicadores de sintomatologia de saúde mental baseada empiricamente é crucial, uma vez

que permite a concepção de intervenções clínicas adequadas a esta população. O Sistema de

Avaliação Empiricamente Validado de Achenbach (ASEBA) permite a recolha de

informações em vários contextos (e.g. escola, casa de acolhimento), através de vários

informadores (e.g. cuidadores, adolescentes). O ASEBA caracteriza-se por apresentar um

formato de resposta rápido e de baixo custo para realizar uma avaliação de indicadores

do(s) problema(s) apresentado(s) por essa população. Foram visitadas 5 casas de AR e

foram recolhidos dados junto de 61 jovens. A qualidade do AR foi avaliada através do

Sistema ARQUA-P. O ajustamento psicológico foi avaliado a partir do YSR (autorrelato) e

através da CBCL 6-18 (heterorrelato). O presente estudo revelou que os jovens em

acolhimento tendem a apresentar índices mais elevados de sintomatologia psicológica e de

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dificuldades psicossociais do que os encontrados na população normativa. Paralelamente,

comparando as avaliações realizadas pelos jovens e pelos cuidadores, foi possível observar

correlações significativas sendo estas superiores nas escalas de externalização, como

também evidenciado na literatura. Este estudo para além dos objetivos assumidos no estudo

piloto, permitiu refletir sobre a importância da promoção de uma avaliação da saúde mental

ampla e cuidada, fornecendo o apoio necessário para as crianças com o objetivo de prevenir

ou reduzir os sintomas psicopatológicos observados.

Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Ajustamento psicológico,

Frequência de indicadores de sintomatologia de saúde mental em jovens em acolhimento

residencial, Sistema de avaliação empiricamente validado de Achenbach (ASEBA)

ICCA2017-88883 -A autoestima das crianças e Jovens e a sua perceção da qualidade

no acolhimento residencial em Portugal

Rita Ribeiro (1)

1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Comunicação em simpósio

As crianças e jovens em AR encontram-se frequentemente em risco de desenvolver

problemas emocionais, comportamentais e sociais. No entanto, há pouca evidência sobre os

níveis de autoestima desta população. Este estudo visa avaliar a autoestima dos jovens em

AR, a sua perceção de qualidade das casas de AR e explorar as relações entre estas duas

variáveis. Participaram no estudo 61 jovens, com idades compreendidas entre os 12 e os 20

anos. A autoestima foi avaliada através da Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES). A

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qualidade das casas foram avaliadas através do Sistema de Avaliação Compreensiva do

Acolhimento Residencial Português (ARQUA-P). Os jovens em AR apresentaram níveis

médios de autoestima, embora significativamente mais baixos do que na população

normativa. Os rapazes apresentaram níveis mais elevados de autoestima do que as

raparigas. No geral as avaliações da qualidade do AR foram positivas. Jovens que se

encontravam em casas de pequena dimensão, assim como os rapazes tendem a avaliar de

forma mais elevada a qualidade das casas de AR. A autoestima jovens está

significativamente correlacionada com algumas dimensões da qualidade de AR. Esses

resultados trazem algumas implicações para futuras investigações e planeamento de

intervenção, sublinhando a importância de promover a autoestima nos jovens em AR.

Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Autoestima, Qualidade do

acolhimento residencial, Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES).

ICCA2017-88884 -Bem-estar pessoal e felicidade subjetiva nos jovens em acolhimento

residencial em Portugal

Sílvia Azevedo (1)

1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Comunicação em simpósio

Nos estudos em contexto de acolhimento residencial (AR) são frequentemente exploradas

variáveis que identificam dificuldades e problemas nas crianças e jovens acolhidos.

Contudo, são reduzidas as investigações que se centram em variáveis positivas, existindo

pouca evidência científica relativamente aos índices de bem-estar e de felicidade subjetiva

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da população em AR. Neste estudo pretende-se avaliar o bem-estar pessoal e a felicidade

subjetiva num grupo de jovens acolhidos, juntamente com a percepção de Qualidade do

contexto de AR e explorar a relação entre estas variáveis. Participaram neste estudo 61

jovens que vivem em 5 casas de acolhimento (CA). O bem-estar dos jovens foi avaliado

através do Índice de Bem-estar Pessoal e a felicidade foi avaliada através da Escala de

Felicidade Subjetiva. A percepção de qualidade do AR foi aferida através do ARQUA-P. Os

resultados indicam níveis médios positivos de bem-estar e felicidade nos jovens em AR. Os

jovens do sexo masculino relataram níveis superiores de bem-estar e de felicidade

comparativamente com o sexo feminino. As percepções dos jovens, relativamente às

dimensões de qualidade do contexto de AR mostraram-se positivas. Verificou-se que os

jovens acolhidos em CA de pequena dimensão e os jovens do sexo masculino avaliaram

melhor o contexto de AR que os jovens acolhidos em CA de média/grande dimensão, e de

sexo feminino. O bem-estar e a felicidade destes jovens correlaciona-se positiva e

significativamente com algumas dimensões de avaliação da qualidade de AR.

Keywords: Acolhimento residencial de crianças e jovens, Índice de Bem-Estar Pessoal,

Felicidade Subjetiva, Qualidade do acolhimento residencial.

ICCA2017-88885 -Avaliação nacional da qualidade do acolhimento residencial

Português

Sónia Rodrigues (1)

1- Centro de Psicologia da Universidade do Porto │Faculdade de Psicologia e Ciências da

Educação da Universidade do Porto

Comunicação em simpósio

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Tal como se observa no resto do mundo, a história do Acolhimento Residencial (AR) em

Portugal mostra uma evolução paralela com a evolução dos direitos das crianças. Durante

séculos, as crianças eram vistas como seres desprovidos de direitos. A Convenção das

Nações Unidas sobre os Direitos da Criança foi ratificada por Portugal em 1990 e a lei

Portuguesa (recentemente aprovada) utiliza a terminologia AR pela primeira vez,

substituindo institucionalização como o conceito oficial. Atualmente em Portugal, cerca de

8000 crianças e jovens estão em 433 diferentes casas de acolhimento (CA), representando

mais de 90% de todas as crianças sob medidas de proteção extrafamiliares. A maioria das

crianças mantêm-se em AR por mais de 2 anos. Mais de 60% destas crianças vivem em

casas de AR grandes e mais de 50% vivem em casas segregadas pelo género. Contra todas

as recomendações internacionais, 99% dos bebés com menos de três anos de idade sujeitos

a medidas de proteção extrafamiliares estão colocados em CA. Uma análise do contexto

histórico e atual de AR em Portugal revela alguma ignorância sobre a forma como é

realizada a intervenção nestas CA, qual a qualidade dos serviços que prestam e sua

adequação às necessidades reais das crianças/jovens aí acolhidos. Sublinha-se a

importância de um estudo que permita avaliar a qualidade do sistema de AR Português e

cujos resultado consubstanciem decisões políticas e de gestão. Para esse fim, foi planeado

um estudo piloto afim de treinar os investigadores na metodologia de avaliação e testar os

instrumentos.

Keywords: Acolhimento Residencial de crianças e jovens, História dos direitos da criança,

Evolução do acolhimento residencial, Caracterização do acolhimento residencial de

crianças e jovens em Portugal, Qualidade em acolhimento residencial.

ICCA 2017-89137 -Tentativas de suicídio na infância: um fenômeno (in)visível

ANA PAULA ANTERO LÔBO (1); ANA PAULA VASCONCELLOS ABDON (1); IGHO

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LEONARDO DO NASCIMENTO CARVALHO (1); ADRIANA ROLIM CAMPOS

BARROS (1)

1- UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR)

ICCA-Comunicação Oral

Suicídio é um fenômeno complexo, considerado um grave problema de saúde pública.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as taxas de suicídio na faixa etária entre

5 e 14 anos são de 1,5/100 mil habitantes, nos meninos, e 0,4 em meninas. Pesquisa

realizada no Brasil entre 2000 e 2012 registrou 61 óbitos por suicídio em menores de 10

anos. As fronteiras entre ser criança e adulto sempre foram alvo de teorizações, mostrando-

se ambíguas na contemporaneidade. As crianças têm sofrido um processo de “adultização”.

Exemplo disso é a mudança no perfil de morbimortalidade infantil que, no Brasil, era

voltado para doenças como diarreia, verminose, doenças respiratórias e outras infecções.

Atualmente, destaca-se a crescente prevalência de doenças crônicas, como a obesidade e a

depressão. O suicídio infantil corrobora com esse processo, demonstrando que as crianças

também apresentam sofrimento existencial. O estudo investigou as características das

tentativas de suicídio (TS) por intoxicação medicamentosa na faixa etária infantil (0-9

anos). Retrospectivo, documental, com abordagem quantitativa, foi realizado no Centro de

Assistência Toxicológica de Fortaleza/Ceará/Brasil. As fichas de notificação, resultantes de

atendimento presencial no período de 2010 a 2014, foram coletadas de junho a agosto de

2015. A análise consistiu nas frequências simples das características sociodemográficas,

ocupacional e da intoxicação. Foram registrados três casos (0,3% das notificações), sendo

todos do sexo masculino. Nessa faixa etária, há uma predominância masculina nos casos de

acidentes domésticos. As crianças manifestam desejo de morte, sendo que muitas vezes é

interpretado como “coisa de criança” ou confundido com acidente doméstico. Assim,

questiona-se a respeito das subnotificações ou registros inadequados desses casos, fazendo

repensar aspectos socioculturais envolvendo questões de gênero, infância e morte. As

intoxicações por medicamentos aumentam significativamente com a idade. Na presente

pesquisa, essa média foi de 7,0 ± 1,0 anos, estando dentro de um espectro onde o conceito

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de morte pode estar mais desenvolvido e a TS possa ser a manifestação de uma dor/

sofrimento que se deseja eliminar. Dois casos eram de estudantes e um registro de trabalho

infantil. A escola exerce função importante no desenvolvimento global do infante. Porém,

atualmente, há um elevado número de crianças com queixas escolares encaminhadas para

atendimento. O "bullying" também tem sido considerado problema de saúde pública

mundial. A inserção da faixa etária de 5 a 13 anos em atividades econômicas no Brasil é

proibida por lei, pois está associada a efeitos complexos, como perda da capacidade lúdica,

essencial para o desenvolvimento da afetividade. As classes farmacológicas utilizadas

foram dos “ansiolíticos e hipnóticos”, “antidepressivos” e “antipsicóticos e neurolépticos”,

com predomínio da forma líquida. Os agentes tóxicos são encontrados normalmente no

ambiente domiciliar, apontando para uma vigilância inadequada e facilidade de acesso. As

intoxicações demonstraram baixa letalidade, reforçando a ideia de que crianças utilizam

métodos menos eficazes do que as demais faixas etárias. Apesar das baixas taxas, a OMS

alerta para um dos grandes mitos que é o fato de que crianças não se suicidam, sendo

importante dar visibilidade e refletir sobre esse fenômeno, ainda que incipiente em seus

dados ou subnotificado.

Keywords: Tentativa de suicídio; Criança; Envenenamento

ICCA2017-99997 -Crianças e adolescente que fumam: análise dos seus problemas na

idade adulta.

José Tomás da Silva (1); Marta Oliveira (1); Teresa Sousa Machado António Castro

Fonseca (1); António Castro Fonseca (1)

1- Universidade de Coimbra

Poster

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É geralmente reconhecido que o consumo de tabaco conduz facilmente à dependência física

ou psicológica bem como a um vasto leque de outros problemas na idade adulta. Esse risco

parece particularmente elevado nos indivíduos que começam a fumar na infância ou cedo

na adolescência. Em consequência, os profissionais da saúde e da educação defendem que a

prevenção primária constitui a melhor forma de intervenção nesse domínio.

Apesar disso, a ideia de uma ligação directa entre a iniciação precoce do consumo de

tabaco e futuros problemas de saúde mental ou de adaptação social tem merecido algumas

reservas da parte de vários investigadores. As razões para tal são variadas: falta de estudos

longitudinais prospectivos, análise das consequências do fumar limitada a um pequeno

número de aspectos da vida adulta, pouca atenção prestada a outros factores da infância ou

da adolescência susceptíveis de interferir com essa relação ou, ainda, a existência de

resultados contraditórios em muitos estudos.

O objectivo do presente trabalho é analisar se os indivíduos que começam a fumar na

infância ou na adolescência apresentam índices mais elevados de psicopatologia, de

comportamentos desviantes, de insucesso escolar na idade adulta e de consumo de

substâncias lícitas ou ilícitas. Além disso, analisar-se-ão diversos relativos à prevalência do

fumar por idades e por sexo nessa amostra.

Os dados foram recolhidos no âmbito de um estudo em que se seguiram várias centenas de

rapazes e raparigas desde o 2º e 4 º anos do ensino básico até à idade adulta. Com base na

informação por eles fornecida, os participantes foram distribuídos em 4 grupos: os que

começaram a fumar antes dos 16 anos, os que começaram aos 16-17 anos, os que

começaram aos 18 anos ou mais tarde, e os que nunca fumaram. Estes grupos foram depois

comparados em diversos aspectos do seu funcionamento na idade adulta. Nalgumas das

análises utilizaram-se também dados da primeira avaliação, no ensino básico: problemas de

atenção/hiperactividade, autocontrolo, nível socioeconómico, dificuldades de aprendizagem

reportadas por pais ou professores.

Os resultados mostraram (1) que uma percentagem considerável de participantes começou

a fumar antes dos 16 anos de idade e (2) que, quando comparados com os abstémicos, os

fumadores apresentavam mais défices em diversos domínios da vida adulta. As diferenças

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eram particularmente notórias nas comparações entre fumadores de início precoce e não-

fumadores. Concretamente, os primeiros apresentavam mais consumo de droga, mais

comportamento anti-social, um percurso académico mais pobre, mais agressividade, mais

problemas de saúde mental e menos satisfação com a vida. Porém, algumas dessas

diferenças diminuíam ou desapareciam quando se controlava o efeito de variáveis

concorrentes da infância. Em contrapartida, registaram-se poucas diferenças entre

fumadores de início precoce e os outros dois grupos de fumadores bem como entre estes e

os não-fumadores.

Concluindo, os participantes que começam a fumar na infância ou cedo na adolescência

parecem correr maiores riscos de futuros problemas no domínio pessoal e social; mas esse

impacto negativo pode, em parte, ser explicado por outros factores da infância, aos quais

deverá ser prestada maior atenção em futuros programas de prevenção.

Keywords: Fumar; crianças e adolescentes; consequências negativas; prevenção.

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Social work

ICCA 2017-11821 -EU QUERO SER: E DEPOIS DA ESCOLA?

Patrícia Marques (1); Alexandra Lobato (2); Cláudia Taveira (2); Elizabeth Vieira (2);

Helena Miguel (2); Leila Valente (2); Luísa Cotrim (2); Mafalda Antunes (2); Rita Gomes

(2); Maria João Palha (3)

1- Assistente Social do Centro Desenvolvimento Diferenças; 2- Centro Desenvolvimento

Diferenças; 3- Interna de Pediatria do Hospital Santa Maria

ICCA-Comunicação Oral

Todos os indivíduos com Necessidades Educativas Especiais de caráter Permanente

(NEEP) têm direito à inclusão laboral. Em Portugal, não existe um programa nacional

estruturado e eficiente para a sua colocação profissional.

Foi criado um programa de formação e colocação ocupacional para estes indivíduos, com o

apoio do Centro de Desenvolvimento Infantil DIFERENÇAS (CDID) e dos Empresários

Pela Inclusão Social (EPIS). Este programa pretende mapear uma rede de apoio eficaz,

intervindo o mais precocemente possível na definição de um objetivo de vida profissional

viável, com respeito pelas necessidades e prioridades individuais do indivíduo e da sua

família.

O programa foi implementado pela primeira vez em 2015, em Lisboa e no Porto. Os

sujeitos foram referenciados a pedido dos pais para o Sector Social do CDID. Foi realizada

uma entrevista para avaliação das necessidades formativas e inserção num programa de

profissionalização. Foi procurado um posto de trabalho adequado às capacidades dos

indivíduos e estes foram inseridos num programa de autonomia e orientação vocacional.

Durante o processo de inserção no trabalho, foram acompanhados por um mediador

(conhecedor do seu perfil) e por um tutor (trabalhador da empresa) durante períodos

progressivamente menores, até à autonomização.

Foram integrados 16 indivíduos com NEEP em hotéis no período de 2 meses. Foram

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conseguidos vários estágios e 4 contratos de trabalho. As principais dificuldades

experimentadas prenderam-se com a pesquisa de posto de trabalho e com a falta de

disponibilidade de mediadores.

Actualmente, em Portugal, a integração dos indivíduos com NEEP em idade escolar está

relativamente facilitada. A escola é inclusiva e tem à sua disponibilidade recursos eficientes

para o seu acompanhamento, nomeadamente Psicologia, Terapia da Fala, Ensino Especial e

Terapia Ocupacional. Deste modo, a principal dificuldade que se coloca é a orientação

profissional e integração laboral destes indivíduos. O programa aqui proposto é um

exemplo que pode ser adoptado e reproduzido a uma escala nacional.

Keywords: integração laboral; indivíduos com necessidade educativas especiais;

profissionalização

ICCA 2017-23398 -"A FAMÍLIA DANÇA?" - Um convite à intervenção com famílias

com crianças e jovens em situação de risco

Lúcia Paço (1); Telma Marques (1); Ana Cláudia André (1)

1- Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental (CAFAP) - Associação Nós

ICCA-Comunicação Oral

A Associação Nós, fundada em 1982 por pais e técnicos com foco na intervenção centrada

na pessoa com deficiência e sua família, alargou posteriormente o seu campo de

intervenção às necessidades que emergiram na comunidade (Barreiro e Moita),

nomeadamente com crianças e jovens em situação de risco e suas famílias. Assim foi criado

o Centro de Apoio Familiar e Aconselhamento Parental cuja vocação se liga à prevenção e

reparação de situações de risco psicossocial mediante o desenvolvimento de competências

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parentais, pessoais e sociais das famílias. Através da literatura sobre o tema e suportados

pela experiência deste serviço, estas famílias com crianças e jovens em risco situam-se, na

sua maioria, numa posição involuntária à intervenção, chegando alguns a serem

mandatados. É objetivo deste workshop compartilhar a experiência de uma abordagem

colaborativa, integrativa e centrada nas soluções. Tendo por base uma leitura compreensiva

das famílias e musas teóricas sistémicas, multissistémicas, ecológicas, narrativas e

construtivistas, propõe-se um modelo de intervenção centrado nas forças das famílias com

pequenas propostas de ensaios de mudança. Uma dança para a autonomia das famílias, um

convite à re-autoria e ao sentido de liberdade de escolha para que possam reconstruir as

suas coreografias, através da música das suas próprias visões preferidas.

Keywords: clientes involuntários; colaboração; re-autoria; autonomia

ICCA 2017-33322 -Especificidades da Relação de Ajuda desenvolvida com crianças

Sofia Veiga (1); Ana Lúcia Oliveira (1)

1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto

ICCA-Comunicação Oral

O presente artigo procura debruçar-se sobre o desenvolvimento de relações de ajuda

profissionais com crianças, refletindo sobre as especificidades do(s) pedido(s), da praxis e

do papel de cada interveniente.

Constituindo-se uma das possibilidades de intervenção psicossocial junto dos mais novos,

a relação de ajuda assenta numa experiência relacional onde, num clima afável de

proximidade e de segurança, o profissional se assume como facilitador do desenvolvimento

dos mesmos.

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Através dos encontros regulares ou da (con)vivência quotidiana, são criadas condições para

que, em conjunto com o profissional, a criança se descubra, otimize os seus recursos

internos e/ou externos, e evidencie uma maior capacidade de enfrentar as adversidades que

a sua existência coloca. Por serem dependentes dos demais, o exercício da relação de ajuda

pressupõe que se equacione, complementarmente, uma intervenção ao nível do

microssistema da criança, nomeadamente, com a família e a escola.

O encontro relacional, que sustenta a relação de ajuda, exige do profissional determinadas

qualidades como a autenticidade, a congruência e a empatia, assim como a valorização, o

respeito e a aceitação incondicional do outro, seja este a criança ou os seus cuidadores.

Dada a exigência do compromisso pessoal que a relação de ajuda com crianças obriga,

torna-se necessário que o profissional, para além de ser detentor de uma formação rigorosa,

seja emocionalmente maduro e apresente disponibilidade afetiva e interesse pelo mundo da

criança e seus significativos.

Tendo por base os contributos teóricos explanados, procurar-se-á, por fim, analisar a

narrativa de uma relação de ajuda desenvolvida por um trabalhador social em contexto

institucional.

Keywords: Relação de ajuda; Profissional; Criança

ICCA 2017-33720 -A Relação de Ajuda desenvolvida com adolescentes

Sofia Veiga (1); Hugo Ferreira (2); Pedro Ferreira (2)

1- Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico do Porto; 2- Casa do Vale

ICCA-Comunicação Oral

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O presente trabalho propõe-se refletir sobre as especificidades do desenvolvimento de uma

Relação de Ajuda profissional com adolescentes, debruçando-se sobre a praxis e o papel de

cada interveniente no processo de mudança.

Partindo da narrativa da história de vida e da relação co construída entre um profissional e

um adolescente institucionalizado, procura-se, por um lado, analisar a importância da

edificação de uma vinculação segura potenciadora de um gradual crescimento, autonomia,

confiança e empoderamento deste último, e, por outro, evidenciar as atitudes relacionais

que o profissional de relação de ajuda deve desenvolver, nomeadamente, a aceitação, o

respeito, a congruência, a valorização da pessoa e do seu potencial para a mudança.

Podendo ocorrer em diferentes contextos e em circunstâncias diversas, a edificação de

relações de ajuda no quotidiano de Centros de Acolhimento Temporário tem-se revelado

uma condição fundamental para a co construção da(s) mudança(s) necessárias e almejadas,

como é possível verificar-se no caso que se apresenta e analisa.

Keywords: Relação de Ajuda; Profissional de Ajuda; Adolescência; vinculação segura,

atitudes relacionais

ICCA 2017-44350 -A influência dos determinantes sociais na saúde das crianças e

adolescentes. uma análise em contexto hospitalar

Mário A. Macedo (1)

1- Hospital Dr Prof Fernando da Fonseca

Poster

Introdução: As desigualdades em saúde são reconhecidamente um problema de saúde

pública. A relação entre determinantes sociais e as desigualdades em saúde assenta em

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evidência robusta. A sua influência estende-se até ao cuidar em situação de urgência e

emergência. Por este motivo foi efetuada uma revisão da literatura sobre a influência dos

determinantes sociais na saúde na idade pediátrica, de modo a contribuir para um melhor

planeamento de cuidados em contexto de urgência.

Objectivos: Investigar a relação entre os determinantes sociais e o seu efeito na saúde das

crianças e adolescentes em contexto hospitalar. Explicar um possível mecanismo subjacente

adverso aos resultados de saúde encontrados.

Metodologia: A pesquisa da literatura foi efetuada segundo as normas PRISMA, com base

nos seguintes termos MeSH: Social Class, Pediatric, Hospital, Emergency Treatment,

Socioeconomic factor e Healthcare Disparities, na PubMed, Scielo e nas bases de dados da

Cochrane. Foram excluídos artigos de revisão, artigos de opinião bem como artigos que

tratavam de questões de acesso aos cuidados. Foi efetuada uma descrição quantitativa e

qualitativa dos resultados.

Resultados: Após a aplicação dos critérios de exclusão foram selecionadas 17 publicações,

todas referentes a estudos observacionais analíticos, excepto uma do tipo descritiva, a

maioria usando dados retrospetivos. Encontrou-se forte evidência na relação entre

desigualdades em saúde e os fatores socio económicos na idade pediátrica, inclusive com

influência em contexto de serviço de urgência. É possível concluir, que existe uma forte

evidência na relação entre desigualdades em saúde na idade pediátrica e os fatores

socioeconómicos. É interessante constatar, que alguns estudos não se limitaram a descrever

a desigualdade, mas conseguiram observar um gradiente social que protege os grupos

economicamente mais favorecidos.

Conclusão: Face aos resultados obtidos é importante estudar mais esta área, identificar os

determinantes sociais mais importantes bem como as populações mais vulneráveis, para

melhor poder planear as políticas públicas assim como o acesso aos cuidados de saúde, e

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deste modo, combater as desigualdades sociais

Keywords: Desigualdades em saúde, Pediatria, urgência pediátrica, equidade

ICCA 2017-47668 -Fragility of girls associated with armed forces and/ or groups in

Sub-Saharan Africa

Katri Tukiainen, doctoral student (1)

1- University of Tampere, Peace and Conflict Studies Institute, Finland

Poster

Academic researcher has to be very innovative and careful about the used methodology

while researching very often severly traumatized child soldiers including girls.The Eastern

part of the Democratic Republic of Congo is a good example of the complexity and

challenging nature of boy and girl soldier problematic.

The key word for ex-girl combattants participation is to let girls themselves determine how

and in what way they want to be re-educated back to their communities and normal life.

Stigmatization of these girl victims is a huge problem. Girls themselves have means to

overcome this.

In many African armed conflict zones girl combattants constitute sometimes 40 % of the

man/ woman power in the field. They very seldom participate into official DDRR

(Disarmament, Demobilization, Rehabilitation and Reintegration) programmes piloted by

the local goverments and the UN. The DDRRs are mainly designed for adult male soldiers.

Girl combattants have many roles in the battle zones like soldiers, cooks, servants,

ammunition carriers and sex slaves just to mention a few. Almost every girl soldier comes

back from war with one or several children born in the combat zones, either these girls are

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rape victims or forcely married to some guerilla officer.

Sometimes a girl soldier becomes very masculine figure and wants to hide her feminity,

because the example of boy soldiers carrying AK-47s shows them that this is one way of

emanzipation.

The preventional educational activities for these vulnerable girls would be imperative, and

also a proper possiblity to continue studies and/ or vocational training after war in order to

get back their peaceful lives. These girls are worth it.

Keywords: girl soldier, DDRR, Democratic Republic of Congo, stigmatization

ICCA 2017-48462 -BREAKING THE SILENCE OF BOYS AND MEN ON SEXUAL

AND GENDER BASED VIOLENCE , a small research in Sierral Leone

Rutger van Oudenhoven (1); Muhamed Turay (2)

1- International Child Development Initiatives; 2- One Family People, Sierra Leone

ICCA-Comunicação Oral

This study was a collaborative effort of International Child Development Initiatives (ICDI)

and its Sierra Leone partner organization One Family People (OFP), and took place in

March 2014.

OFP had begun several initiatives to involve men and boys in the fight against sexual and

gender based violence (SGBV) as part of the so-called Girl Power Programme (GPP). GPP

focuses on improving opportunities and rights of adolescent girls and is being implemented

by several Dutch organizations with southern counterparts in 10 countries around the world

in the period 2011 to 2016. This study was designed to build on lessons learned so far in the

GPP and gain deeper insight into the positive role men and boys could play in fighting

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SGBV in Sierra Leone.

It was also a reaction to the call by many that men and boys should be more involved in

projects fighting SGBV in order to create more impact and effectiveness. Until now this has

been largely overlooked and neglected by stakeholders.

Group and individual discussions with a range of relevant people –both male and female-

and carefully listening to them formed the main vehicle in this information-gathering

exercise.

Involving men in the GPP Sierra Leone programme has until now been limited to a few

awareness campaigns, community theatre performances and the establishment of Men

Support Groups and Boys Clubs. We found it useful to see what worked and in what way or

whether we/OFP/GPP should continue with these initiatives, and if so, what obstacles need

to be overcome to involve men and boys in a constructive way. To this end we arranged

group discussions with men and boys involved in these groups and other stakeholders,

including women and girls, to vet their opinion. The interviews were conducted by OFP’s

Mohamed Turay and ICDI’s Rutger van Oudenhoven and took place during the month of

March, 2014 in the towns of Grafton, Hastings and Dwarzark in Sierra Leone.

In short the discussions focused on the following questions:

• What has your role in the GPP been until now?

• What is the role of men and boys in the protection of girls against violence?

• What obstacles are there for men and what can they bring to the table?

• How do you want to be involved in the GPP in the future and how can OFP help?

With limited resources, OFP might be able to make a strong first effort to engage men and

boys (in some joint activities with women and girls – in addition to some separate activities

for boys alone), but to involve and transfer responsibility to other stakeholders in the

community.

But in general, OFP should continue what it is doing, and use the current credit they have

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to continue to engage the whole community.

Concerning obstacles facing men, there have been lots of extensive reports, training

sessions and discussions about this. Maybe we need to accept that at present that traditional

values and role models and culture have a strong influence on the lives of women, their

status and opportunities. These values-in our eyes- inhibit women from fully reaching their

potential, and stop men from treating women as their equals. Listening to Sierra Leoneans

does make clear, however, that these values are not static, and even more so, state that

women and girls should be respected, and that abuse of power and violence cannot be

tolerated. That is something to build upon.

Keywords: Engae Boys and Men, West Africa, Gender Based Violence, listening to

children and youth, particiaption, SRHR. Girl Power,

ICCA 2017-57420 -Sinalização ao Serviço Social na gravidez/puerpério - Realidade de

um Hospital de Nível I

Daniela Silva (1); Juliana Maciel (1); Maria Manuel Zarcos (1)

1- Centro Hospitalar de Leiria, E.P.E. – Hospital de Santo André

Poster

Objetivo: Caracterizar a população de grávidas e recém-nascidos sinalizados ao Serviço

Social (SS) e a sua orientação.

Material e métodos: Estudo retrospectivo descritivo com componente analítica, através da

consulta do processo das grávidas e recém-nascidos sinalizados ao SS durante o ano de

2015. Variáveis analisadas: variáveis demográficas, motivo de referenciação e orientação.

Processamento de dados com o programa SPSS 22®.

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Resultados: Obteve-se uma amostra de 119 grávidas referenciadas ao SS, cujas idades

variaram de 14 a 44 com mediana de 27 anos. Tinham naturalidade portuguesa 85,7%,

4,2% eram brasileiras, 3,4% ucranianas e 2,5% romenas. Cerca de 12% das grávidas eram

de etnia cigana. Em 37,8% dos casos encontravam-se desempregadas, e em 23,5% eram

estudantes. Relativamente ao estado civil, 31,9% vivia em união de facto, 29,4% estavam

casadas e 34,5% solteiras. Tinham 1 ou mais filhos 45,2% das grávidas. A gestação foi mal

vigiada em 27% dos casos e não vigiada em 9%. Foram eutócicos 55,5% dos partos.

Relativamente à sinalização para o SS, ocorreu em 45,5% dos casos da consulta hospitalar,

e em 46,2% do internamento após o parto. Os motivos de referenciação foram o baixo nível

socio-económico da família (32,8%), pedido de apoio económico (21,8%), discussão da

parentalidade (15%), mãe adolescente (13,4%) e perturbação psiquiátrica materna (5,9%).

Da amostra, 19,3% foi encaminhada para o Núcleo de Apoio do CS, 15,1% para o Tribunal

(discussão da parentalidade), 12,6% mantiveram seguimento pela CPCJ, em 3,5% mãe e

filho foram institucionalizados, e em 2,5% as crianças foram encaminhadas para adopção,

correspondendo a 3 casos (mãe toxicodependente, doente psiquiátrica e baixo rendimento

económico).

Conclusões: Nesta amostra o baixo rendimento económico e a elevada taxa de

desemprego, constituem o principal motivo para intervenção do SS. No entanto, também se

verificaram casos de disfunção familiar, por vezes com necessidade de retirada da mãe e do

filho do ambiente onde vivem. Houve ainda um número significativo de grávidas

adolescentes, com necessidade de sinalização para outras entidades da comunidade.

Salienta-se ainda a percentagem elevada de gravidezes mal/não vigiadas, tornando-se

relevante a intervenção do sistema de referenciação.

Keywords: Serviço Social; Grávidas

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ICCA 2017-59658 -Constructing disability in the public discourse: the presence of

parents of children with disabilities in the media in Poland

Lukasz Koperski, MA (1)

1- Institute of Sociology, Adam Mickiewicz University in Poznan, Poland

ICCA-Comunicação Oral

In Poland, for over 50 years in the public discourse functioning social model of disability,

which supplanted the medical model. The political and economic transformation process

led to transfer part of the public tasks in the field of care and support for non-governmental

organizations. The social change caused by an increasing democratic tendencies

decentralization of activities and ineffective social policy led to the acquisition of some of

the tasks for parents of disabled children. Parents and carers of people with disabilities

participate in the creation of a new social order. The aim of the paper is to show the

mechanism of construction disability in the public discourse by the actions taken by the

parents / caregivers. I will present the results of two research carried out by them: research

whose aim was to diagnosing the difficulties experienced by parents (2013) and research

indicating the new socio-cultural tendency associated with the search for support on the

Internet through online forums, social networks (2015). Results of research allow an

indication of trends in the construction of disability in the public discourse.

Keywords: discourse, online counseling, disability

ICCA 2017-69911 -SIMPOSIO: A interdisciplinaridade nas práticas de proteção &

Participação da Criança.

Jorge Manuel Leitão Ferreira (1); Maria João Pena (1); Cristina Herrero Villoria y Antonia

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Picornell-Lucas (2); Enrique Pastor (3); Cidália Queiróz (4); Mariel Gross (4); Elsa

Montenegro (4)

1- ISCTE - Instituto Universitário Lisboa; 2- Universidade Salamanca - Espanha; 3-

Universidade Múrcia - Espanha; 4- Associação Qualificar para Intervir - Porto

Comunicação em simpósio

Através deste simpósio pretendemos criar um espaço de reflexão e debate sobre práticas

interdisciplinares na protecção da criança em diferentes contextos comunitários, sociais e

institucionais.

Apresentar programas e projectos de investigação e de intervenção inovadores no domínio

da protecção e promoção da cidadania da infância.

Integrar no debate a componente participativa da Criança em programas e acções do seu

superior interesse. A participação da infância na efectivação do seu bem-estar.

Difundir resultados de avaliação e perspectivas críticas sobre o sistema de protecção

através de estudos de 3º ciclo em Serviço Social e outras Ciências.

Criar oportunidades de estudos e pesquisas comparadas entre diferentes áreas do

conhecimento e entre diferentes países ao nível internacional.

Jorge M. Leitão Ferreira (PhD): «A interdisciplinaridade no modelo de proteção à criança»

Maria João Pena (PhD): “O papel da linha telefónica SOS Criança no sistema de proteção

à criança: uma prática interdisciplinar”

Cristina Herrero Villoria (Máster en Criminalidad e Intervención Social en Menores) y

Antonia Picornell-Lucas (EdD. Doctor of Education): “Adolescentes víctimas de la

violencia cibernética: cambio de rol para el Trabajo Social”.

Enrique Pastor (PhD): «Mecanismos de participación de los jovenes en las políticas

autonomicas de juventud en España».

Cidália Queiróz (PhD): «O objeto do Serviço Social na escola: construir uma comunidade

socializadora»

Mariel Gross (PhD): «Combate precoce às desigualdades de acesso à língua e ao

desenvolvimento cognitivo (0-4 anos)»

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Elsa Montenegro (PhD): «Combate às desigualdades de acesso à língua e ao

desenvolvimento cognitivo na escolaridade primária»

Keywords: Interdisciplinaridade; Proteção; Criança ; Serviço Social

ICCA 2017-70008 -Percursos com Famílias _ Um Modelo de Intervenção

O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL (1); Dulce Coutinho (1)

1- O Fio de Ariana - Educação e Terapia CRL

ICCA-Comunicação Oral

Baseado na ideia de que ninguém existe sozinho, o Fio de Ariana desenvolveu um Modelo

de Intervenção que valoriza a compreensão dos problemas individuais através da relação

com os que nos estão próximos; no labirinto de cada estória pessoal, desenrolamos o Fio

que nos poderá conduzir à saída, depois de aniquilado o Minotauro. O processo é centrado

numa solução/resolução abrangente, no sentido que o objectivo não é apenas aniquilar o

Minotauro (foco) mas também conseguir sair do Labirinto (rede).

Assim, desenhamos uma abordagem sistémica do atendimento/intervenção, no sentido de

que “o problema já não é encarado como uma perturbação(…) inerente a um indivíduo mas

como um nó interactivo nas tensões familiares e extrafamiliares” (M. Andolfi).

Qualquer intervenção com uma criança ou jovem, é iniciada desde logo com uma

intervenção / atendimento à família, na perspectiva de facilitarmos uma avaliação

compreensiva; mais do que identificar dificuldades ou “problema”, focamo-nos também na

identificação de recursos facilitando o melhor acesso a estes, desencadeamos as

potencialidades auto terapêuticas dos sistemas em presença e mediamos a relação entre

eles. Organizamos sessões/consultas regulares com pais que podem vir a integrar grupos de

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pais. O objectivo é aumentar a compreensão sobre os seus filhos, adequar expectativas e

mudar interacções. Neste processo, movemo-nos articuladamente entre individuo e família,

famílias e contextos, dificuldades e recursos; temos em conta as estórias, narrativas,

culturas e particularidades de cada família bem como do contexto onde se inserem.

Sabemos todos que a rede social é uma forma objectiva de prevenir e resolver dificuldades

e sabemos todos como a vida no mundo actual encolheu estas redes de apoio e nos tornou

mais sozinhos numa comunidade com um conjunto invisível de exigências (e onde

paradoxalmente comunicamos mais); o nosso trabalho inside no reforço e estruturação de

apoios funcionais que organiza a maneira como os indivíduos (membros de uma família)

interagem. Com um foco mais alargado, vamos tirando “retratos” que nos permitem, no

final, construir um “álbum” que dá sentido à nossa estória e (re)organiza o nosso futuro. A

prática clínica em mais de 30 anos de Fio de Ariana permite afirmar que a metodologia de

intervenção com famílias assim desenhada (retractável com um caso prático), é

capacitadora e promotora de mudança ao nível do indivíduo, das famílias e das estruturas

sociais, promovendo maior harmonia e realização.

Keywords: Família, redes, recursos, capacitação

ICCA 2017-72977 -“A Brincar também se Aprende” – Campo de Férias para crianças/

jovens com VIH/SIDA e suas Famílias- experiência de 15 anos

Sofia Castro Pereira (1); Rosa Gomes (2); Graça Rocha (3); Elisabete Marçal (1)

1- Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria; 2- Centro Hospitalar e

Universitário de Coimbra - Hospital Pediátrico; 3- Centro Hospitalar e Universitário de

Coimbra - Hospital Pediátrico e Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra

Poster

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Introdução: No que respeita à temática/problemática da Infeção VIH, é essencial uma

intervenção holística, desenvolvida por uma equipa interdisciplinar, integrada e em rede,

quer no âmbito de actuação da prevenção, quer na redução dos danos, inerentes à

problemática. Fazer emergir o valor da família é reconhecê-la como um bem social a

proteger e promover, dotando-a de competências para lidarem de forma adequada com os

desafios do quotidiano. Constitui uma prioridade das estruturas da Saúde, implementar

medidas que proporcionem a melhoria do bem-estar social e psicológico das famílias,

assegurando a humanização dos cuidados. Tendo por base o princípio de uma

responsabilidade educativa partilhada e o incremento do envolvimento parental, desde há

15 anos que se realiza o Projeto “A Brincar também se Aprende”, dotado de um corpo

técnico multidisciplinar, coadjuvado por voluntários.

Objetivos: Sensibilizar/educar para adesão ao tratamento; Melhorar a informação sobre o

VIH; Refletir sobre atitudes parentais, relacionais e comunicacionais de forma a ajudar a

lidar com emoções e comportamentos; Ajudar a encontrar estratégias para melhor lidarem

com a doença e tratamentos; Promover o bem-estar psicológico-afetivo, de modo a

proporcionar adequada inserção na escola/comunidade e família; Cultivar ambientes de

afetos e lúdicos, promovendo autoestima; Promover a convívio inter/pares; Fomentar a

criação de grupos de entreajuda; Promover estilos de vida saudáveis.

Material e métodos: Projeto anual com duração de 5 dias. A população-alvo são as

crianças/jovens infetadas pelo VIH, seguidas no Hospital Pediátrico – CHUC e no Hospital

de Santa Maria – CHLN e suas famílias. O paradigma que orienta este modelo, é a inclusão

de toda a população-alvo como parceiros no planeamento e avaliação das atividades. São

utilizadas metodologia activas, que potenciam não só a participação como a reflexão sobre

o percurso pessoal e familiar, bem como a adaptação à doença.

Resultados: Abrangidas, aproximadamente, 430 crianças/adolescentes, com idades

compreendidas entre os 3 meses e os 20 anos, provenientes de vários distritos,

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acompanhadas por mãe/pai/irmãos; avós; famílias de acolhimento e famílias adoptivas.

Principais benefícios: promoção da resiliência; diminuição do isolamento social e

emocional; aprendizagem com a experiência entre pares; compreensão da doença e

esclarecimento de dúvidas.

Conclusão: Cumpre-se a missão de promover atividades que propiciam a capacitação/

responsabilização para o exercício de uma cidadania ativa e a inclusão intergeracional. O

pressuposto orientador da intervenção é a autonomização da família/criança/adolescente,

desenvolvendo competências para a mudança, elaborando estratégias de “cooping”, com

recurso a atividades lúdicas e formativas. Em ambiente extra-hospitalar e conjugado com

atividades lúdicas, promove-se o respeito pelas diferenças, a aprendizagem sobre a

infecção, formas de prevenção, a importância da adesão à terapêutica e o conhecimento

sobre os fármacos e outras temáticas de prevenção em saúde. Da avaliação feita ressalta a

convicção da extrema relevância de dar continuidade ao Projeto.

Keywords: VIH/SIDA; Família; Crianças/Jovens

ICCA 2017-74997 -Ser Família de Acolhimento de Crianças em Portugal: Motivações e

experiências

Elisete Diogo (1); Francisco Branco (1)

1- Universidade Católica Portuguesa

ICCA-Comunicação Oral

Contextualização: O acolhimento familiar (AF) de crianças está fracamente representado no

sistema de proteção português. Não obstante ser considerada legalmente a resposta

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preferencial para a colocação de crianças, dados recentes mostram que, em 2015, das 8.600

crianças em situação de acolhimento apenas 3.5% estavam em AF (CASA, 2016).

A invisibilidade do AF é uma realidade inclusivamente na comunidade científica

portuguesa (cf. Delgado, 2007).

Neste contexto a presente investigação contribui para dar maior visibilidade ao AF de

crianças, pretendendo dar voz às famílias de acolhimento e compreender nomeadamente

motivações, expectativas, necessidades e impactos na vida pessoal e familiar.

Algumas das questões de investigação consistem em: i.) Como e porquê se tornam famílias

de acolhimento? ii) Qual a experiência das famílias de acolhimento na aplicação da medida

de proteção a crianças em perigo? iii) Que contributos podem as famílias de acolhimento

dar para a melhoria da medida do acolhimento familiar em Portugal?

Metodologia: Assente na abordagem qualitativa, o desenho empírico consistiu na

realização de entrevistas narrativas a famílias de acolhimento, entrevistas semiestruturadas

a técnicos das equipas de acompanhamento e na análise dos processos sociais.

A amostragem teórica, atende ao critério de variação máxima, inclui famílias de

acolhimento: com filhos biológicos no agregado; no primeiro acolhimento; no segundo (ou

mais) acolhimento; que vivenciaram uma cessação; que acolhem crianças com deficiência,

e que deixaram de acolher, num total de 10 famílias enquadradas por duas entidades ao

nível do acompanhamento (um Centro Distrital de Segurança Social e uma Fundação). O

trabalho de campo desenvolveu-se entre dezembro de 2015 e abril de 2016.

A análise qualitativa dos dados assentou no quadro da Grounded Theory, com vista à

elaboração de uma teoria enraizada, preconizada por Charmaz (2006 e 2014).

Resultados: A motivação destas famílias está enraizada nos valores do altruísmo, suportada

pelo afeto por crianças e pela sensibilidade à desproteção infantil. Estes fatores, associados

à biografia pessoal e profissional, e ao contacto direto ou indireto com o acolhimento

residencial ou outros contextos de desproteção, produzem a predisposição para se tornarem

família de acolhimento.

A resiliência familiar para acolher crianças com percursos de vida traumáticos e

comportamentos desafiantes, a qualidade do acompanhamento técnico, e a manutenção do

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contacto com a criança após a cessação, contribuem para renovar a disposição para ser

família de acolhimento.

A experiência é vivenciada com desafios e recompensas. Para os participantes ser família

de acolhimento constitui uma experiência compensadora considerando o reconhecimento

da criança, da família, da comunidade e dos técnicos.

Conclusões e implicações: A experiência positiva das famílias de acolhimento deste estudo

consiste numa evidência de modo a apoiar o alargamento e reforço do acolhimento familiar

como uma resposta privilegiada da colocação de crianças, no sistema português,

considerando os seus benefícios.

A qualidade dos serviços e o desempenho dos profissionais formam um elemento-chave

para o sucesso do acolhimento e da experiência das FA. Esta pesquisa é um contributo para

as políticas de proteção da criança, e para a melhoria da prática profissional, do ponto de

vista dos direitos laborais, fiscais e sociais.

Keywords: Proteção Infantil; Acolhimento Familiar; Famílias de Acolhimento; Serviço

Social

ICCA2017-99990 -A interdisciplinaridade no modelo de proteção à criança

Jorge M. Leitão Ferreira (1)

1- ISCTE-IUL DE LISBOA

Comunicação em simpósio

Uma análise qualitativa do modelo de proteção à criança sobre as convergências e as

divergências entre os saberes sociais e os saberes jurídicos na efetivação dos direitos da

criança. Falamos de um modelo de controlo ou de um modelo emancipatório de

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reconhecimento da cidadania da infância. Potencialidades, limites e condicionantes do

modelo de proteção à criança em Portugal: perspetiva crítica e analítica.

Keywords: Proteção; Interdisciplinaridade; Criança

ICCA2017-99991 -O papel da linha telefónica SOS Criança no sistema de proteção à

criança: uma prática interdisciplinar

Maria João Pena (1)

1- ISCTE-IUL DE LISBOA

Comunicação em simpósio

A Comissão Europeia, em 2007, reconhece as linhas telefónicas para a criança como

serviços de valor social e atribui-lhes o número 116 111. Em Portugal este número foi

atribuído à linha telefónica do SOS Criança da responsabilidade do Instituto de Apoio à

Criança (IAC). Propõe-se aqui a análise da prática profissional na linha telefónica, na sua

dimensão interdisciplinar, como resposta às necessidades apresentadas pelas crianças, assim

como a sensibilização da comunidade para a efetivação dos direitos da criança e a própria

monitorização das medidas de política nesta área.

Keywords: SOS; Criança; Prática

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ICCA2017-99992 -Adolescentes víctimas de la violencia cibernética: cambio de rol

para el Trabajo Social

Cristina Herrero Villoria e Antonia Picornell-Lucas (1)

1- Universidad de Salamanca

Comunicação em simpósio

Cuando la violencia adolescente y juvenil se convierte en acoso y traspasa la escuela,

utilizando la tecnología para conseguir su fin, su identificación y erradicación se vuelve

más difícil, mostrándonos la fragilidad del sistema social y el cambio conveniente en las

prácticas del Trabajo Social. Con el fin de diagnosticar la importancia otorgada en la

investigación científica en España al Ciberbullying y Grooming, e identificar su incidencia,

se plantea una revisión sistemática de los estudios realizados en los últimos seis años,

identificando el tipo de estudio, la muestra y sus características, las modalidades de acoso

estudiadas y los resultados obtenidos, entre otros factores.

Keywords: Adolescente; Vitima; Violencia; Trabajo Social

ICCA2017-99993 -Mecanismos de participación de los jóvenes en las políticas

autonomías de juventud en España

Enrique Pastor (1)

1- Universidad Murcia

Comunicação em simpósio

La ponencia presentara los resultados de una investigación centrada en conocer los

mecanismos de participación juvenil que ofrecen cada una de las comunidades y ciudades

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autónomas de España. Para ello se ha elaborado un protocolo de recogida de datos validado

que permite analizar la oferta de oportunidades de participación que las entidades sociales

vinculadas con la juventud disponen para influir en las políticas públicas de juventud. Los

resultados, entre otros, señalan la escasa oferta de oportunidades y la débil influencia en las

políticas de juventud.

Keywords: Participación; Jovenes; Políticas

ICCA2017-99994 -O objeto do Serviço Social na escola: construir uma comunidade

socializadora

Cidália Queiróz (1)

1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto

Comunicação em simpósio

A heterogeneidade social e cultural dos frequentadores da escola e os constrangimentos que

pesam sobre a vida familiar são, na sociedade atual, dois fatores que comprometem a

socialização das crianças e jovens e fragilizam a coesão social na escola. Neste contexto, o

Serviço Social tem um papel específico a cumprir na escola: envolver, com a implicação

ativa dos professores e dos pais, as crianças e jovens na partilha de valores, princípios e

regras e fazer da escola uma comunidade coesa. Relato do trabalho de investigação/ação

desenvolvido pela Qualificar para Incluir em contexto escolar.

Keywords: Escola; Comunidade; Serviço Social

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ICCA2017-99995 -Combate precoce às desigualdades de acesso à língua e ao

desenvolvimento cognitivo (0-4 anos)

Mariel Gross (1)

1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto

Comunicação em simpósio

Os estudos sobre o desenvolvimento cerebral da criança na primeira infância mostram que

as experiências precoces são o principal motor do desenvolvimento linguístico e cognitivo.

Para prevenir processos de reprodução intergeracional do insucesso escolar, cabe ao

Serviço Social planear, implementar e avaliar intervenções precoces que, colocando os pais

e cuidadores no centro da ação, envolvam as crianças, desde muito pequenas, em interações

e rotinas prazerosas e divertidas que reforçam a vinculação e estimulam o desenvolvimento

precoce de uma linguagem rica.

Keywords: Desigualdade; Língua; Desenvolvimento cognitivo

ICCA2017-99996 -Combate às desigualdades de acesso à língua e ao desenvolvimento

cognitivo na escolaridade primária

Elsa Montenegro (1)

1- Instituto Superior De Serviço Social Do Porto

Comunicação em simpósio

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O combate às desigualdades em matéria de desenvolvimento linguístico tem que ser

continuado no próprio contexto escolar para garantir uma efetiva igualdade de

oportunidades em matéria de acesso a qualificações escolares socialmente valiosas. Para ser

realmente eficaz, tem que envolver não somente as crianças mas, também, os professores e

os pais, em projetos de intervenção/investigação que recorrem à narração regular, no

próprio espaço e horário escolares, de histórias infantis a fim de fomentar as competências

conversacionais e, simultaneamente, os laços sociais graças à partilha de significados,

valores e interesses.

Keywords: Desigualdade; Escolaridade; Competências

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Sociology

ICCA 2017-14073 -ACABOU A MERENDA E JÁ NEM TINHA VENTILADOR: A

QUALIDADE DAS ESCOLAS E O RISCO DE DOENÇAS PARA CRIANÇAS EM

ESCOLAS PÚBLICAS NO MUNICÍPIO DE URUÇUÍ, PIAUÍ, BRASIL

DENISE HOSANA MOREIRA (1); Vanessa Silva, Kátia Rocha, Matias Júnior Salazar,

Igor Silva (1)

1- UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ

Poster

O Brasil atravessa uma crise política com repercussão negativa sobre os compromissos dos

governos de Estado com o serviço público de educação no país. No município de Uruçuí,

cidade em destaque no agronegócio, a escassez de recursos para as escolas contrasta com as

riqueza local dos grandes produtores de alimentos para exportação. Este estudo aborda a

perspectiva das crianças acerca do sucateamento de recursos às suas escolas e tem o

objetivo de compreender seus pontos de vista. A metodologia adotada neste estudo

consistiu em estudos de casos, através de trabalhos etnográficos, com observações, notas de

campo e entrevistas semi-estruturadas com crianças de 5 a 10 anos de idade, em 4 escolas

públicas sitiadas no município de Uruçuí, no Piauí. Cada escola foi visitada por um

estudante pesquisador que acompanhou o cotidiano escolar de 6 crianças e recolheu delas,

mediante seu consentimento informado, de seus pais e educadores escolares, impressões do

controle de suas professoras sobre elas. A pesquisa teve início em setembro de 2016, com

previsão de término de sua primeira fase em junho de 2017, após a conclusão do estudo

exploratório do campo de ocupação dos sujeitos observados e da desconstrução da

familiaridade e naturalização das concepções paradigmáticas a realidade observada. Apos a

primeira fase do estudo, deverá ocorrer diversificação regional do terreno da pesquisa para

a realização de estudos comparativos com outras realidades educacionais. Os resultados

obtidos até aqui revelaram uma compreensão das crianças acerca de incoerências

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discursivas por parte dos seus educadores em relação aos recursos necessários para a sua

educação escolar. Incoerências como a não aceiração das frutas que cultivam em seus

quitais ou a proibição de ficarem mais tempo fora da sala de aula em dias de muito calor.

As crianças revelaram ter capacidade suficiente para propor alternativas para as crises que

atravessam junto aos adultos. Esta e outras constatações feitas neste estudo sugerem a

necessária, devida e merecida atenção às vozes das crianças.

Keywords: Criança, voz da criança, escola, saude

ICCA 2017-18029 -Jovens, consumo e identidade: uma trilogia contemporânea?

Estudo de caso.

Cristina Santos (1)

1- Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias

ICCA-Comunicação Oral

Apesar de a construção identitária ser um jogo problemático e complexo, característico das

sociedades contemporâneas, e transversal a qualquer indivíduo, é durante a juventude que o

processo assume uma maior relevância, pois é neste período que a identidade se encontra

em plena formação. É no decorrer da fase juvenil que se desenvolve, no sujeito, a

consciência de estar situado na sociedade que o rodeia, sendo uma etapa particularmente

vulnerável à conciliação da auto-percepção com as imagens de si formadas pelos outros

(Pinto, 1995; Pais, 2010; Ribeiro, 2010). Por outro lado, a dificuldade juvenil em integrar-

se na esfera laboral, encarada como uma fonte identitária, mas também enquanto uma

ocupação e forma de participação e de integração societais, conduziu a juventude a procurar

uma alternativa no universo do consumo, o qual se tornou, por esse motivo, fundamental

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(Brusdal e Lavik, 2008; Deutsch e Theodorou, 2010). Paralelamente, denota-se ainda a

particular relevância que a aparência apresenta na adolescência (Campos, 2010), com

especial destaque para o vestuário e o calçado (Galhardo, 2006; Brusdal e Lavik, 2008).

Este é o enquadramento da nossa investigação, decorrente do doutoramento que

finalizámos em 2015. Pretende-se, com o presente paper, compreender de que forma o

consumo, a identidade e a juventude poderão formar uma trilogia contemporânea, tendo em

conta, nomeadamente, o género e a classe social de origem dos indivíduos. Para o efeito,

recorremos à análise de um consumo de bens específicos (vestuário e calçado), para tentar

compreender qual o lugar que as dinâmicas de consumo de marcas do sector poderão

ocupar na construção identitária juvenil. Apostámos num pluralismo metodológico, ao

utilizarmos, numa fase inicial, o inquérito por questionário, seguindo-se a realização de

grupos focais, ambos aplicados à amostra da nossa pesquisa, constituída por estudantes, do

sexo feminino e masculino, dependentes residencial e monetariamente do agregado

familiar, que se encontravam a frequentar o 9º ano de escolaridade (ano lectivo 2012/2013),

num dos três estabelecimentos de ensino de Cascais participantes no nosso estudo: o

Colégio do Amor de Deus, a Escola Salesiana de Manique e a EB 2,3 Escola Matilde Rosa

Araújo.

Tendo como base as percepções da nossa população em estudo, detectámos uma ligação

estabelecida entre o consumo e o processo identitário, com particular destaque junto das

raparigas, numa dinâmica por vezes paradoxal. As práticas e as representações de consumo

poderão funcionar enquanto um marcador ambivalente, ou seja, reportando-se não só à

esfera individual dos sujeitos, inclusive de género e etário, mas também assinalando

pertenças grupais, num claro processo de estereotipação. Desta forma, esperamos que o

nosso artigo possa dar o seu contribuindo para um maior conhecimento das dinâmicas

juvenis e das suas problemáticas, numa reflexão que pretende caracterizar e compreender a

adolescência na contemporaneidade. Trata-se, pois, de uma temática pertinente e

emergente, que acaba por influenciar as vivências dos adolescentes, e que, por esse motivo,

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importa conhecer e aprofundar, dadas as suas implicações quotidianas.

Brusdal, R. e Lavik, R. (2008). Just shopping?: a closer look at youth and shopping in

Norway, Young, 16 (4), 393-408.

Campos, R. (2010). Juventude e visualidade no mundo contemporâneo: uma reflexão em

torno da imagem nas culturas juvenis, Sociologia, Problemas e Práticas, (63), 113-137.

Deutsch, N. e Theodorou, E. (2010). “Aspiring, consuming, becoming: youth identity in a

culture of consumption”, Youth & Society, 42 (2), 229-254. Disponível em: http://

yas.sagepub.com/content/42/2/229.full.pdf+html

Galhardo, A. (2006). Marcas com que me identifico – o ponto de vista de um grupo de

jovens consumidores, em Cardoso, P. et al. (orgs.), Jovens, marcas e estilos de vida, Porto,

Edições Universidade Fernando Pessoa, 225-234.

Pais, J. (2010). Lufa-lufa quotidiana: ensaios sobre cidade, cultura e vida urbana, Lisboa,

ICS - Imprensa de Ciências Sociais.

Pinto, C. (1995). Sociologia da escola, Amadora, McGraw-Hill.

Ribeiro, R. (2010). Sociologia do consumo: aplicado ao marketing e à comunicação,

Lisboa, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.

Keywords: consumo, identidade, juventude

ICCA 2017-20747 -Políticas sociais para a infância entre 2000 - 2010: uma análise

retrospetiva entre a standardização e a diversidade de mundividências na infância

Florbela Samagaio (1); Manuela Mendes (2)

1- Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti; 2- Instituto Universitário de Lisboa

(ISCTE-IUL) - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL) e Faculdade de

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Arquitectura da Universidade de Lisboa (FAUL

ICCA-Comunicação Oral

Esta proposta de comunicação tem como objetivos fundamentais proceder a uma análise

retrospetiva (2000-2010) das políticas sociais dirigidas à infância e à juventude (de acordo

com o limite etário patente na Convenção dos Direitos da Criança), procurando, a partir de

um quadro teórico sistematizado, elencar as tendências de evolução das mesmas de acordo

com as seguintes dimensões: objetivos das políticas sociais; áreas de intervenção das

políticas sociais; destinatários diretos das medidas de política social e representações

sociais sobre a criança e sua família subjacentes às próprias medidas de política social. Esta

análise resulta de uma abordagem de pendor qualitativo, tendo por base uma análise de

conteúdo temática sobre as políticas sociais fundamentalmente destinadas ao combate à

pobreza e à exclusão social em contexto nacional, concebidas para o período já

mencionado.

O trabalho que se apresenta integra-se num paradigma da infância onde a criança é

considerada como sujeito no processo de socialização (Berger e Luckmann 1997) sendo,

por conseguinte, um ser socialmente competente e capacitado/a para a participação social

(Corsaro, 1992,1993, 2002; Percheron, 1993; Qvortrup, 1991, 1995, 2000; Prout, 2000,

2010; Sirota, 2006; Sarmento, 2000, 2004, 2007; Samagaio, 2014). Procura-se ainda

discutir em que medida a política social, destinada à infância se poderá constituir como um

espaço de participação social da criança particularmente junto de contextos de exclusão

social assim como se a política social existente dispõe de capacidade de alcance para um

entendimento do mundo da infância na sua diversidade social e cultural.

A apresentação deste tipo de análise afigura-se de extrema pertinência pois vivemos uma

época pautada por incertezas (Beck,2002), por preocupações sociais de vária índole e onde

se coloca com acuidade a questão da (in) sustentabilidade do Estado-Providência assim

como emergem preocupações ao nível de uma nova contratualização social (Rosanvallon,

1995; Mendes, 2011).

Em termos de discussão de dados, a comunicação propõe elencar as grandes áreas de

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atuação das políticas sociais e dar conta do confronto ambivalente entre a standardização

das medidas de política social e a pluralidade dos mundos culturais da infância (Sarmento,

2003; Almeida 2009; Mendes, 2007). Por exemplo, entre as crianças e jovens ciganos

portugueses, a criança muito rapidamente se torna num jovem adulto, uma vez que o tempo

da adolescência e juventude quase não existe. A transição da condição de criança à de

jovem adulto apesar de ser um pouco mais tardia para os rapazes do que para as raparigas,

faz-se ainda hoje em idade precoce, muito devido às fortes pressões familiares e do

ingroup. O prematuro afastamento das mulheres face ao sistema de ensino e o casamento

para ambos em idades muito precoces, continuam a ser um facto, ainda, na atualidade. Pese

embora, as políticas sociais implementadas tenham implicado ganhos relevantes ao nível da

continuidade das trajetórias escolares, as mudanças ao nível das práticas sociais são ainda

tímidas e com resultados pouco conhecidos (Mendes, 2007).

Keywords: politicas sociais; infância; culturas; ciganos

ICCA2017-29999 -Ética e Investigação com crianças: algo de novo?

Natália Fernandes (1)

1- Universidade do Minho

ICCA-Comunicação Oral

Esta proposta de trabalho discute as questões da infância, da pesquisa e da ética que devem

informar todos os procedimentos desencadeados no processo de pesquisa com crianças.

Será inicialmente apresentado o estado da arte acerca das discussões que têm caraterizado

este debate, que, sendo recente, conta com uma significativa reflexão. Apresentamos, ainda,

alguns desafios que é fundamental serem enfrentados para que se consiga uma ética viável

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na investigação com crianças, nomeadamente a exigência de se ponderarem as questões de

poder que se estabelecem entre adultos e criança, bem como por um questionamento crítico

relativamente à forma como é salvaguardada a autoria, quer de crianças, quer de adultos, na

análise, interpretação e produção dos dados.

Especial atenção será dada aos processos de pesquisa que envolvem temas designados por

alguns de ‘sensitive topics’, nomeadamente os relacionados com as questões do abuso e da

protecção a crianças.

Keywords: infância, investigação, ética

ICCA2017-39999 -Infância e violência doméstica - olhares interdisciplinares

Natália Fernandes (1); Ana Isabel Sani (1); Catarina Tomás (1); Paula Cristina Martins (1);

Margarida Tavares (1); Maria João Gonçalves (1)

1- Universidade do Minho

ICCA-Comunicação Oral

Sendo o direito à família um dos direitos de provisão mais consensuais e dos que têm uma

história mais longa no percurso de construção de direitos para as crianças, ele é, também,

decorrente da nossa vulnerabilidade inerente um direito central, aspeto que é, também,

sempre reiterado pelas crianças.

A questão que aqui se coloca é a de saber das possibilidades de concretização deste direito

na vida das crianças, considerando a complexidade crescente que caracteriza a sociedade

atual, nomeadamente através da crescente visibilidade de casos de violência doméstica, que

nos dão conta de uma imagem de família afastada da imagem idealizada de família

protetora e cuidadora, tal como reiteradamente tem vindo a ser sustentado em termos

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académicos.

Esta (não)família não permite à criança experiencia-la como núcleo de identidade, de

protecção ou de partilha de valores ou projectos. Em contextos de violência doméstica as

crianças estão direta e indiretamente expostas não havendo, contudo, em Portugal,

uniformização nos procedimentos de sinalização destes casos, nem respostas sociais

conformes com as suas necessidades.

Esta comunicação pretende apresentar dados preliminares no âmbito do Projeto JUST

CHILD, o qual tem como objetivo caraterizar e compreender o fenómeno da violência

doméstica desocultando no mesmo as crianças, convocando neste processo olhares

multidisciplinares, nomeadamente a partir da psicologia e da sociologia. Num primeiro

momento faremos uma caraterização, a partir de informantes-chave a nível nacional,

tentando perceber se em Portugal há uma estratégia objetiva, concertada e focalizada na

identificação das crianças e jovens vítimas (diretas ou indiretas) de violência doméstica.

Num segundo momento, convocaremos uma análise crítica das políticas que a este respeito

têm vindo a ser desenvolvidas.

Keywords: -

ICCA 2017-51584 -Nos interstícios das culturas. Interculturalidade nos jovens da

região Île-de-France

Marta Maia (1)

1- Centro em Rede de Investigação em Antropologia

Poster

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Observaram-se as relações de sociabilidade e amorosas de jovens dos 14 aos 20 anos,

inscritas em contextos sociais e escolares distintos. Por um lado, os alunos de dois

estabelecimentos públicos, em Montreuil-sous-Bois, o liceu Jean Jaurès e o colégio Fabien,

que recebem alunos de origens culturais diversas e das classes média e baixa; e, por outro

lado, os alunos de dois estabelecimentos privados, a instituição Notre-Dame de la

Providence e o liceu Gregor Mendel, em Vincennes, cuja população estudantil é

culturalmente mais homogénea e das classes média e alta. As relações e os comportamentos

destas populações inscrevem-se em contextos sociais de maior ou menor interculturalidade

e de maior ou menor vulnerabilidade social.

Keywords: Escola, interculturalidade, relações amorosas, socialização

ICCA 2017-54836 -Para uma intervenção sensível ao género no sistema de justiça

juvenil: dados de uma investigação

Ana Guerreiro (1); Vera Duarte (2)

1- ISMAI/UICCC; 2- ISMAI; CICS.NOVA.Uminho

ICCA-Comunicação Oral

O propósito desta comunicação é apresentar as principais conclusões de um projeto de

investigação sobre “Delinquência juvenil feminina: padrões, necessidades e intervenção”.

Este projeto teve como principal objetivo explorar e compreender a necessidade de uma

intervenção focada no género (gender-responsive) no sistema de justiça juvenil português.

Usando métodos qualitativos, particularmente o focus group, pretendeu-se dar voz às

jovens em cumprimento de medida de internamento em centro educativo e aos/às

profissionais que com elas trabalham, de forma a compreender e aprofundar as práticas, as

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necessidades e as áreas-críticas e prioritárias de intervenção com raparigas delinquentes.

Os dados do projeto mostram-nos que, apesar de ambos os grupos identificarem

necessidades idiossincráticas na intervenção com raparigas, proporem melhoramentos nessa

intervenção, e considerarem que os serviços e as atividades direcionadas para as

especificidades femininas serem baseadas num modelo tradicional que reproduz papéis de

género (gravidez, maternidade, formação profissional), assumem uma certa postura de

resignação com o modelo corrente (que é politicamente neutral) e uma desvalorização da

dimensão de género na intervenção.

Keywords: Delinquência feminina; intervenção gender-responsive; sistema de justiça

juvenil; metodologias qualitativas

ICCA 2017-63881 -A cidadania da infância: analise de experiências participativas de

crianças e adolescentes no Ceará/Brasil.

Maria Andréa Luz da Silva (1); Mônica Sillan de Oliveira (2); Francisco Horacio da Silva

Frota (2)

1- Universidade de Coimbra; 2- Universidade Estadual do Ceará

ICCA-Comunicação Oral

Os diversos olhares sobre a infância marcaram os avanços conceituais à respeito dos

direitos de criança e adolescente no século XX. A multidisciplinaridade possibilitou novas

abordagens e garantiu, a esse grupo social, seu reconhecimento como sujeitos de direitos. A

infância passou a ser estudada, não só nos seus aspectos tradicionais, biológico e

psicológico, como também em toda a sua pluralidade social e cultural. A Convenção sobre

os Direitos da Criança da ONU (1989) reconheceu a individualidade e a personalidade de

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cada criança através de três categorias de direitos: direitos de provisão, que garantem o

acesso as políticas públicas (saúde, educação, segurança social, convivência familiar, lazer

e cultura); direitos de proteção contra abuso físico e sexual, exploração, injustiça e conflito

e; direitos de participação que possibilitam a infância uma cidadania ativa (direito de ser

consultada e ouvida, acesso a informação, à liberdade de expressão e opinião e de tomar

decisões em seu benefício). No ano de 2002, através da pactuação do documento “Um

Mundo para Crianças” da ONU, a cúpula das nações assumiu o compromisso de garantir a

escuta qualitativa e o enfrentamento da lógica adultocêntrica. O Brasil integra esse conjunto

de nações. O despontar para o exercício da cidadania de tal grupo social, nesse sentido,

passou a ser uma preocupação dos que atuam na área da infância, não só para a possibilitar

espaços de participação, como também de criar espaços e mecanismos para garantir

metodologias que ampliem essa participação. O presente estudo caminha no registro e

análise de duas experiências significativas que incluam crianças e adolescentes como

protagonistas no Ceará/Brasil. A primeira experiência avaliada é o projeto Educomunicação

desenvolvido pelo Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente –

CONANDA e foi aplicado nas 9ª (2012) e 10ª (2015) Conferências Nacionais dos Direitos

de Crianças e Adolescente. A proposta do Educomunicação é trabalhar uma metodologia

participativa com os adolescentes durante as Conferências Nacionais, através da cobertura

jornalística do evento. O intuito desse projeto é tanto oportunizar a fala das crianças e dos

adolescentes que participam das Conferências, como também, fortalecer o protagonismo

dos mesmo para que criem pautas, organizem matérias e interajam por meio das mídias

sociais. Outra experiência avaliada é o Núcleo de Desenvolvimento e Participação dos

Adolescentes – NUCA, proposto pelo UNICEF para municípios brasileiros que pleiteiam

ganhar o Selo UNICEF Município Aprovado, que avalia o desempenho dos municípios na

gestão da Política dos direitos da criança e do adolescente. O NUCA é um espaço destinado

à organização de lideranças adolescentes em diversas áreas a eles pertinentes, que nasce de

uma abordagem protagônica, mas dependendo do empoderamento do coletivo de

adolescentes pode tornar-se uma proposta participativa e autônoma. A pesquisa tem como

objetivo realizar a escuta dos participantes dos projetos acima referidos, tentando

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compreender se tais experiências estão possibilitando a participação e o protagonismo de

crianças e adolescentes.

Keywords: Cidadania; Participação; Crianças e Adolescente; Protagonismo

ICCA 2017-67401 -Comportamentos antissociais nos/as jovens: estudo preliminar na

região norte

Madalena Sofia Oliveira (1); Ana Guerreiro (2); Gina Curralo (1); Miguel Fernandes (1);

Luísa Salazar (1); Joana Correia (1); Fátima Silva (1); Marina Almeida (1)

1- Instituto CRIAP; 2- UICCC

Poster

Nos últimos anos, a compreensão da delinquência juvenil sofreu notáveis avanços. Apesar

da noção de delinquência ser um termo essencialmente jurídico, autores como

Negreiros (2001) considera a expressão antissocial mais abrangente. Também Ferreira

(1997), considera que os comportamentos antissociais englobam atos que são tipificados

como crime, e outros que não constituindo crime, apresentam-se como desviantes, porque

infringem as regras/normas presentes numa sociedade. Vários estudos

demonstram que se trata de um comportamento com várias formas de expressão e com

trajetórias também elas distintas (Matos, Negreiros, Simões e Gaspar, 2009).

Neste sentido, e por forma a melhor compreender a problemática desenvolvemos um

estudo que pretende analisar os comportamentos antissociais dos jovens do 3ª ciclo do

ensino básico, propondo-se uma abordagem detalhada ao fenómeno. Neste estudo, foi

tomada a opção por um modelo de investigação quantitativo, de forma estratégica e em

função dos objetivos que concebemos. A amostra é composta por 409 jovens em 4 escolas

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da região norte com idades compreendidas entre os 12 e os 18 anos, distribuídos de igual

forma por ambos os sexos. Para este estudo foi utilizado um questionário de autorrelato que

aborda diversos comportamentos que a literatura aponta como sendo habituais nos/as

jovens.

Os resultados indicam-nos que cerca de 10% já conduziu veículos a motor sem ser detentor

de carta de condução, 5% furtou no supermercado, 13% já insultou/humilhou

alguém próximo e 21% admite já ter agredido um/a colega. Os resultados preliminares

deste estudo sugerem a necessidade de continuar a estudar a

problemática, por forma a garantir a criação de mais medidas preventivas e interventivas

de combate ao fenómeno.

Keywords: jovens, comportamentos de risco, delinquência

ICCA2017-77770 -Crianças do século XXI. (I)mobilidade e autonomia

Catarina Sales Oliveira (1)

1- Universidade da Covilhã, CIES – Centro de Investigação e Estudos de Sociologia,

ISCTE-IUL

Comunicação em simpósio

Resumo: Os estudos recentes sobre mobilidade das pessoas no ocidente apontam de uma

maneira generalizada para o seu aumento. Este aumento expressa distâncias percorridas

mas também tempos, o tempo passado em mobilidade aumentou exponencialmente,

sobretudo nas grandes metrópoles. Para grande parte dos cidadãos e cidadãs, a mobilidade é

uma parte integrante do estilo de vida devido sobretudo ao uso do automóvel particular, que

possibilitou que as escolhas, de residência, locais ou serviços passasse a estar cada vez

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menos dependente do fator proximidade. Esta forma de estar é típica sobretudo das pessoas

adultas ativas mas as crianças são necessariamente afetadas e envolvidas. Menos de metade

das crianças cujos pais e mães iam a pé para a escola fazem hoje esse trajeto dessa forma

(Lopes, Cordovil e Neto, 2014). Ao mesmo tempo sabemos que o excesso de peso que afeta

gravemente a nossa população é particularmente preocupante na infância. Nesta

comunicação procuraremos convocar o paradigma da mobilidade (Urry , 2002) para refletir

sobre o quotidiano das crianças, nomeadamente sobre as consequências prováveis desta

automobilização desde tenra idade e sobre os efeitos de crescer numa sociedade em que

mobilidade substituiu proximidade e a primeira é exaltada simultaneamente enquanto valor

e enquanto direito.

Keywords: mobilidade; autonomia; automobilização; infância

ICCA2017-77771 -Para uma pedagogia da velocidade e qualidade de vida

Emília Araújo (1)

1- Universidade do Minho, Instituto de Ciências Sociais, CICS – Centro de Estudos de

Comunicação e Sociedade

Comunicação em simpósio

Resumo: A regulação e o controle de velocidade têm constituído um dos principais focos de

intervenção política na área da segurança rodoviária. Todavia, a velocidade em transporte

individual e coletivo continua a ser um dos principais motivos identificados para a

ocorrência de acidentes rodoviários e não só. Vivemos sob universos culturais que, de

diversas formas e através de vários meios (incluindo particularmente os média), favorecem

a generalização do lado entusiasta, aventureiro e emancipador da velocidade no e do

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transporte. Não só se deseja chegar cada vez mais rápido aos locais, como se robustecem e

investem os meios de transporte dessa qualidade. Considerando que vivemos também em

contextos ambíguos e paradoxais relativamente ao entendimento e à prática da cidadania e

da liberdade individual, observa-se que, ao contrário do que se esperaria numa sociedade

informada e mais instruída, há essa tendência

já mencionada para a circulação a alta velocidade.

Quando a velocidade é dada como um dos principais motivos dos acidentes ligeiros, de

morte e de incapacitação envolvendo crianças, todo este cenário nos faz pensar em medidas

de intervenção que possam alterar as práticas dos condutores, em favor de mais segurança

efetiva que as crianças merecem. Com efeito, ainda que se tenha progredido muito, a

respeito dos direitos das crianças e do seu “interesse superior”, muitos dos riscos e perigos

que as envolvem, são relegados para segundo plano no contexto do planeamento e

implementação de políticas públicas. O risco da velocidade a volante é um deles e envolve

tanto pais, enquanto agentes da velocidade, como a comunidade, em geral, composta,

igualmente, de sujeitos ativos e outros

passivos da prática da velocidade perigosa.

Nesta comunicação e sob este enquadramento mais vasto sobre a dimensão política e

cultural da velocidade, damos conta dos problemas mais básicos que enfrentam as crianças

e as suas famílias em vários contextos de vida para a análise dos quais contam as dinâmicas

socio espaciais

2

da mobilidade diária em contexto urbano e rural. É nosso objetivo demonstrar, com recurso

a análise de alguns dados, assim como informação documental de observação e recolha de

testemunhos, fotos e outros materiais, os problemas que enfrentam as crianças, face ao uso

continuado e intenso do carro no dia-a-dia, no contexto da circulação rodoviária, assim

como no tempo livre, por efeito da deficiente existência de vias adequadas a atividades

recreativas e/ou desportivas, protegidas da velocidade. Ainda que os contextos urbanos

sejam mencionados, a nossa preocupação principal é o território mais rural, caraterizado

por ruas estreitas, e ainda deficientemente sinalizado e pobre em vigilância policial.

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Argumentaremos, portanto, ser de importância vital a integração das políticas de

mobilidade e de promoção de territórios sustentáveis e, por isso, facilitadores da qualidade

de vida na infância e juventude. Tal significa pensar a velocidade no plano legal mas e

sobretudo no plano da mudança de comportamentos e de atitudes por parte da população

em geral, bem assim como de entidades que envolvem diretamente crianças, tantos nos

tempos escolares, como nos tempos livres. Estamos a referir- nos a organizações, tais como

escuteiros, grupos religiosos e recreativos e outros, incluindo

escolares, a quem falta a sensibilização para os motivos, efeitos e expressão da velocidade.

Keywords: Velocidade; regulação; qualidade de vida; segurança rodoviária

ICCA2017-77772 -Uma Viagem Segura. Representações sociais sobre segurança

rodoviária infantil

Helena Patronilho (1)

1- Universidade de Évora

Comunicação em simpósio

Resumo: Fortemente presente no quotidiano, o automóvel faz parte da nossa cultura.

Simultaneamente, é produto e produtor de cultura, como bem demonstram as evidências

que advêm da centralidade que ocupa no pequeno e grande ecrã ou das diversas, por vezes

monumentais, infraestruturas que lhe são especificamente dedicadas. Apropriado

individualmente, o automóvel pode ser perspetivado enquanto prolongamento do indivíduo,

uma “segunda casa” que não apenas o prolonga mas que também constrói, que lhe permite

concretizar os seus sonhos e desejos aliando flexibilidade, tecnologia e personalização. O

automóvel é também apropriado pelas famílias, acompanhando-as quotidianamente nos

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pequenos trajetos que compõem o quotidiano, como o ir e vir do trabalho ou o levar e trazer

as crianças da escola ou das atividades de tempos livres. No calendário anual, o automóvel

é ainda o principal meio que transporta as famílias para as férias. Para além destas imagens

idílicas de tempo em família, todos os anos surgem nos média as estatísticas da

sinistralidade rodoviária. Estas estatísticas acentuam-se em época de férias e em fins de

semana prolongados. Apesar de o número de vítimas mortais ter vindo a diminuir desde

2006 até 2015, os feridos graves e ligeiros continuam a ser preocupantes e destes, um

número especialmente elevado é composto por crianças, facto que faz da sinistralidade

rodoviária infantil um problema social particularmente preocupante. Sendo que por detrás

do volante está sempre um adulto, o qual é, em última instância, responsável pela segurança

dos passageiros (adultos e/ou crianças), é importante conhecer as representações sociais em

torno da segurança rodoviária infantil. Esta comunicação propõe-se apresentar resultados

exploratórios de um projeto de investigação em curso na Universidade de Évora que visa,

em concreto, comparar e contrastar perspetivas com recurso a uma metodologia qualitativa

que permite captar simultaneamente as vozes de adultos e crianças sob o assunto.

Keywords: Automobilização; família; infância; segurança rodoviária.

ICCA2017-77773 -Promoção de uma cultura de segurança rodoviária – percursos e

experiências

António Adérito Araújo (1)

1- GARE – Associação para a Promoção de Uma Cultura de Segurança Rodoviária

Comunicação em simpósio

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Resumo: Esta comunicação pretende apresentar o percurso e discutir algumas das

experiências da GARE – Associação para a Promoção de Uma Cultura de Segurança

Rodoviária. Em concreto, espera-se que esta apresentação possa estimular a reflexão crítica

e empiricamente sustentada em torno dos principais desafios colocados à educação e

prevenção rodoviária, particularmente no que respeita à (in)segurança e sinistralidade

rodoviária infantil.

Keywords: Segurança rodoviária; educação; prevenção; sinistralidade

ICCA2017-77774 -Jogar e aprender a educação para o trânsito

Sílvia Pinto Ferreira (1)

1- QUARTA PAREDE – Associação de Artes Performativas da Covilhã

Comunicação em simpósio

Resumo: Esta comunicação propõe-se como espaço de reflexão mais ampla sobre o lugar

da arte na capacitação e educação para o trânsito. Como ponto de partida toma-se a

experiência concreta de um projeto desenvolvido com crianças pela QUARTA PAREDE, a

Associação de Artes Performativas da Covilhã. O recurso ao jogo pedagógico ancorado na

performance e no teatro será o mote para discutir a importância da educação no combate à

sinistralidade rodoviária.

Keywords: Segurança rodoviária; educação; arte; jogo

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ICCA 2017-81921 -AS TAXAS DE HOMICÍDIOS CONTRA A JUVENTUDE

PARAIBANA: UM RETRATO DA REALIDADE BRASILEIRA

Joseneide Souza Pessoa (1); Helder Vieira da Silva (1); Hilderline Camera de Oliveira (2)

1- Universidade Federal da Paraíba; 2- Universidade Potiguar

Poster

Este trabalho faz parte de uma das iniciativas de pesquisa de um grupo de estudo na

Universidade Federal da Paraíba/Brasil que tem por finalidade sistematizar dados,

pesquisas e práticas em gestão pública na área de Segurança Pública. No Brasil, a violência

contra adolescentes/jovens é um dos problemas públicos mais sérios na década atual. Nos

estudos mais recentes, percebeu-se que a partir da década de 1980, a violência no país

dispara, fruto da marginalidade social que quando associada à criminalidade, atinge

diretamente as populações mais vulneráveis, dentre elas, os adolescentes/jovens. Diante

disso, os procedimentos adotados na pesquisa foram de caráter descritivo a partir de

análises de dados abertos disponibilizados no Anuário da Segurança Pública, Atlas da

Violência do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Mapa da Violência. Tomamos

como amostra o estado da Paraíba, relacionando-o com os dados gerais do país. As taxas de

homicídios contra os jovens representam um perfil da violência contra a juventude

brasileira. No estudo foi priorizada uma análise da série histórica de 2004 a 2014 e as taxas

estudadas são equivalentes a cada por 100mil habitantes. No período de 2004 a 2014,

tivemos uma taxa de homicídios do país junto ao grupo etário de 10 a 14 anos de 14,0%; na

escala entre 15 a 19 anos, essa taxa ficou em 46,2%. Focalizando-se na população de 15 a

29 anos, a taxa já se diluiu, alcançando 23,6% no mesmo período. Considerando que no

Brasil, a taxa geral de homicídio alcançou 29,1% em 2014, quando compara-se com as

taxas relacionadas aos adolescentes/jovens, percebe-se que são elas responsáveis pela

elevação da taxa geral de homicídio no país. Ao analisar a série histórica das taxas de

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homicídios nas cinco regiões do Brasil (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul)

percebemos que o fenômeno da violência contra os jovens é linear, ele atinge todas as

regiões, com pequenos declínios no período de 2004 a 2014, apenas para a região Sudeste,

que partiu com uma taxa de 66,0% em 2004 e em 2014 chegou a 42,4%, tendo uma

variação de -35,7%. Na região Nordeste, onde localiza-se o estado da Paraíba, as taxas

ascenderam, partiu de 2004 com 43,3% e atingiu em 2014, uma taxa de 90,0%,

apresentando uma variação de 107,7% durante o período indicado. No caso em particular

do estado da Paraíba, partiu em 2004 com uma taxa de homicídio de 32,6% e atingiu em

2014, 85,5%, apresentando uma variação de 162,3%. Os resultados apontaram que o país

conta com dados assustadores, os quais requerem atenção maior por parte do Estado e da

sociedade de forma geral. Por fim, as taxas de homicídios analisadas são retratos de que a

violência contra a juventude brasileira e paraíbana representam um quadro de exclusão,

descaso público e omissão político-social.

Keywords: Violência. Homicídios. Adolescentes/jovens. Segurança Pública

ICCA 2017-82139 -Obesidade, crianças, famílias e sociedade: configurações e

dinâmicas sociais

Sílvia Maria Clemente da Silva (1)

1- ISCTE-IUL, Câmara Municipal de Torres Vedras

ICCA-Comunicação Oral

A obesidade infantil é atualmente considerada como um problema macrossocial, transversal

a vários territórios e culturas, apresentando o nosso país uma das percentagens mais

elevadas da União Europeia. A par desta preocupação generalizada da opinião pública,

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constata-se que o modelo biomédico não se tem demostrado suficientemente abrangente na

explicação causal e intervenção sobre este fenómeno.

Esta realidade esteve na origem de uma pesquisa sociológica profunda, recorrendo a

diversas metodologias complementares, com o objetivo de se compreender

sociologicamente a obesidade infantil.

A pesquisa e análise bibliográfica e as entrevistas exploratórias deram origem a quatro

planos de problematização complementares: Plano de enquadramento - abordando a

evolução civilizacional, das famílias, da infância e da obesidade ao longo do tempo; Plano

especializado – contemplando as sociologias da infância, corpo, alimentação, família, saúde

e doença; Plano transversal - abrangendo as teorias sociológicas contemporâneas sobre a

modernidade; e Plano de problematização das mudanças biográficas, que por seu turno

inspiraram o modelo de análise que norteou as opções metodológicas efetuadas.

Considerando-se que o território e os meios sociais em que a criança cresce são essenciais

no seu processo de socialização e construção social, foi igualmente essencial perspetivar a

obesidade tendo em conta a sua territorialização, espaços e contextos. A abordagem

efetuada contempla diferentes níveis de análise desde o transnacional, com as

particularidades espácio-temporais inerentes à globalização e contemporaneidade, ao local

(tendo aqui sido considerado o concelho de Torres Vedras), compreendendo os reais

cenários e contextos de interação social em que as infâncias destas crianças decorrem.

O recurso a metodologias extensivas, tendo como protagonistas as famílias, escolas, e

autarquias, constituiu uma primeira abordagem aos atores sociais tendo possibilitado o

mapeamento de aspetos essenciais para a definição de perfis locais em torno da obesidade

infantil.

O estudo de casos deu voz às crianças, principais atores e protagonistas deste fenómeno, e,

nas situações mais relevantes, às famílias e aos agentes educativos, permitindo aprofundar

as configurações e dinâmicas sociais do objeto de estudo.

Concluiu-se que a família, de diferentes modos e formas, ocupa um lugar central nas

questões relacionadas com o excesso de peso das crianças tendo-se delineado uma tipologia

de estruturações familiares a partir das suas especificidades sociais e relacionais.

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Esta investigação possibilitou delinear um modelo sociológico explicativo da obesidade

infantil, onde as tensões, alterações biográficas e mudanças nas relações sociais são

preponderantes; mas também também, a definição dos contornos de estratégias de

intervenção renovadas, tendo em conta os princípios da investigação-ação.

Nesta comunicação pretende-se expor os principais contornos desta pesquisa com um

especial enfoque no modelo sociológico de interpretação da obesidade infantil produzido a

partir da mesma, assim como, nas estruturações familiares relacionadas com a obesidade

identificadas, considerando-se que poderá ser dado um importante contributo no diálogo

sobre as questões sociais da infância, mais concretamente na compreensão e intervenção

em torno da obesidade infantil, uma temática tão pertinente na contemporaneidade.

Keywords: Obesidade, estruturações familiares, sociedade contemporânea, estilos de vida

ICCA 2017-84520 -Cuidar das crianças num mundo de incertezas e riscos – os

químicos no quotidiano

Susana Fonseca (1)

1- Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa

Poster

A relação entre fatores ambientais e saúde humana tem merecido a atenção internacional

desde o final da década de 80. A atenção a esta relação é ainda mais marcada quando se

trata de crianças, dada a sua particular vulnerabilidade ao efeito negativo de fatores

ambientais durante as diferentes fases de desenvolvimento.

Na última década, várias tomadas de posição apelaram a uma intervenção pedagógica e de

aconselhamento junto das famílias (em particular das grávidas), por parte dos profissionais

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de saúde, sobre os potenciais riscos ambientais para a saúde das crianças.

Estudos sobre as práticas de aconselhamento dos profissionais de saúde sobre o tema

apontam para a sua pouca familiaridade, o reconhecimento da falta de preparação para

responder a questões sobre o tema, o pouco tempo disponível por paciente, a gestão dos

temas prioritários a abordar e a incerteza sobre o grau de perigo subjacente às exposições

ambientais a substâncias químicas, como principais argumentos para a abordagem do tema

ser pouco frequente.

Em Portugal, a confiança das mães no aconselhamento médico e de enfermagem ao longo

da gestação e após o nascimento parece ser significativa, corroborando a perspetiva de que

os profissionais de saúde se estão a tornar os guardiões morais da parentalidade

contemporânea. A perceção sobre o impacto de diversos fatores de risco do quotidiano na

saúde das crianças ainda é pouco marcada, tendência confirmada por estudos que indicam

que em Portugal é menos comum que se reconheça a presença de substâncias químicas em

produtos como cosméticos, brinquedos e alimentação e é mais comum que se confie na

segurança das substâncias químicas colocadas no mercado, do que na média da UE28. A

tendência mantém-se quanto à preocupação com o impacto que os produtos químicos

podem ter na saúde.

Mas o contexto de “maternidade intensiva”, onde a criança é o elemento central da

preocupação da mãe e onde a validação externa por parte de especialistas assume um lugar

central, é propícia à integração deste tipo de preocupações, particularmente no âmbito de

uma sociedade de risco, onde a criança tende a ser perspetivada como vulnerável.

Esta investigação, que está ainda no seu início, procura contribuir para aumentar o

conhecimento científico numa área ainda pouco explorada do ponto de vista sociológico,

quer a nível nacional, quer internacional. Procura-se analisar se o tema emergente da

relação entre ambiente e saúde, mais concretamente os efeitos que as substâncias químicas

presentes em produtos do quotidiano (ao nível do cuidado pessoal, da alimentação, da casa,

do vestuário) podem ter na saúde das crianças, é reconhecido como relevante e está

integrado nas práticas médicas e de enfermagem de aconselhamento às mães e quais os

reflexos deste debate e controvérsia nas perceções e práticas das mães durante a gestação e

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o primeiro ano de vida da criança. Para tal serão combinados métodos quantitativos e

qualitativos, entre eles, entrevistas, inquéritos e, análise de conteúdo de blogs de mães ou a

elas direcionados.

Keywords: crianças, ambiente, químicos, perceções

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Speech Therapy

ICCA2017-10000 -CASO CLÍNICO: QUANDO ISOLAMENTO SOCIAL EM IDADE

PEDIÁTRICA E PERTURBAÇÃO DO ESPECTRO DO AUTISMO NÃO SÃO

SiNÓNIMOS

Lia Mano (1); Miguel Palha (2)

1- Interna de Pediatria do Hospital Dona Estefânia, Centro Hospitalar de Lisboa Central,

EPE; 2- Diretor Clínico do Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças

Poster

INTRODUÇÃO: O isolamento social em idade pediátrica pode ser notado em múltiplas

perturbações e contextos, tais como: Perturbação do Desenvolvimento Intelectual;

Perturbação da Linguagem; Perturbação da Fala; Perturbação do Espectro do Autismo

(critério fundador e egossintónico); Perturbação da Comunicação Social (critério fundador

e egossintónico); estigmas físicos do próprio ou dos pais/irmãos ou outros familiares

(isolamento reativo, para não ser estigmatizado pelos pares); timidez não sindromática

(variante do normal).

O diagnóstico de Perturbação do Espectro do Autismo, quando baseado tão-somente, numa

aparência (isolamento social), poderá revelar-se precipitado e levar ao sofrimento das

famílias e a intervenções desajustadas e ineficazes.

CASO CLÍNICO: Criança de oito anos de idade, sexo feminino, referida a centro

pediátrico especializado em neurodesenvolvimento por a professora notar isolamento

social, isto é, interacção social pobre, descrita desde o seu ingresso na escola de primeiro

ciclo. Sem alterações comportamentais ou emocionais relativas ao funcionamento prévio.

Antecedentes familiares irrelevantes. Gestação, parto e período peri-natal sem eventos

relevantes. Nega administração medicamentosa prévia. Função visual adequada. Evolução

somática no P50. No que concerne aos aspetos familiares, sociais e culturais, a criança

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pertence a uma família de classe média-baixa, residente no concelho de Loures. Agregado

familiar composto pelos pais e pela criança em epígrafe. Alimentação e sono sem

características relevantes. Nega prática desportiva. Evolução convencional relativamente ao

neurodesenvolvimento exceto na fala, área que apresenta perturbações significativas,

tornando-se incompreensível para muitos dos ouvintes. Manifestou sempre interesse

relacional pelas pessoas, particularmente pelos adultos. A sua linguagem é convencional.

Evolução académica favorável, exceto na língua portuguesa onde comete erros ortográficos

sistemáticos em determinados sons. Sem alterações no exame físico por sistemas. Bom

contato visual. Boa interação com o observador e reciprocidade emocional e social

adequadas. Linguagem adequada (léxico, morfo-sintaxe, semântica, pragmática,...). Grave

perturbação dos sons da fala. Na prova do ditado, foram detectados erros ortográficos

sistemáticos nos sons [v], [z], [k] e [d].

Presumiram-se os diagnósticos de Perturbação do Som da Fala (DSM 5), Perturbação da

Aprendizagem Específica com défice na expressão escrita (Precisão Ortográfica) (DSM 5)

e alterações comportamentais não sindromáticas (isolamento reativo gerado pela

perturbação da fala).

Genericamente, o plano terapêutico incluiu referenciação a terapia da fala; e, no âmbito

escolar, apoio pedagógico personalizado, designadamente na área da ortografia.

Doze meses após a consulta inicial, a evolução académica tem sido bastante favorável,

com grandes avanços em matéria de precisão ortográfica e de som da fala, embora

persistam alterações fonéticas residuais. A interação social com os pares melhorou

consideravelmente, de acordo com todos os observadores.

DISCUSSÃO/CONCLUSÕES: Em casos graves de alterações da fala são de esperar

alterações fonético-fonológicas geradoras de erros ortográficos sistemáticos. Os problemas

da linguagem e da fala podem interferir não só no desempenho escolar, mas também na

interação social, podendo levar a isolamento reativo, pela dificuldade de comunicação

interpessoal e para evitar estigmatização pelos pares.

Assim, perante referenciação de uma criança com dificuldades no relacionamento social,

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não deveremos de imediato, como é frequente, evocar o diagnóstico de Perturbação do

Espectro do Autismo, mas antes tentar perceber a razão de tal isolamento.

Keywords: -

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Sports science

ICCA 2017-23116 -THE TREND OF POSTURAL DISORDERS IN CHILDHOOD

Branka Protic - Gava (1); Zeljko Krneta (1); Visnja Djordjic (1); Tatjana Tubic (1)

1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia

Poster

Children's growth and development do not take place evenly in all parts of an organism.

Rather it follows a rhythmic pattern characterized by so-called „growth crises“. During

these periods, a developing organism is exposed to various loads that may cause postural

disorders. The aim of this research is to determine the trend of frequency of postural

disorders in childhood. Research is performed on 1730 preschool and younger school

children, at the age of 6.57±1.77 decimal years from four towns in Vojvodina, Serbia, i.e.

907 boys (6.56±1.79) and 823 girls (6.58±1.74). On the basis of decimal years, the total

sample is divided into seven approximately equal percentile groups that are used for

analysis of differences and frequency trend of postural disorders in children at the age of

3.5-10.5 decimal years. Postural status was established using a clinical method that includes

the assessment of 8 indicators: Head Posture, Shoulder Posture, Shoulder Blades Posture,

Level of Chest Development, Deviation of the Spinal Column in the Frontal Plane, Posture

of Anterior Abdominal Wall, Leg Shape and Feet Arch. A grading scale that comprises three

levels was used, where grade 0 was assigned to the normal condition, grade 1 to slight

deviations (functional changes), and grade 2 was assigned to considerable deviations from

the normal status (structural changes). Measuring was done by trained measures abiding by

the unique and standard assessment protocol. The participants were barefoot and with

minimum clothes on. Testing the differences between male and female children in terms of

posture was done using the Mann Whitney U test and differences between age-based

subsamples was done using the Kruskal Wallis Test. Assessing the existence of significant

trends in the changing of postural status was performed using the Jonckheere-Terpstra test.

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The statistical significance was established at the assessment level of p < 0.01. The data

were analyzed using IBM SPSS Statistics 20.0 (SPSS ID: 729225). The findings indicate

that the gender-related differences are not statistically significant, neither in the total sample

nor in particular age categories. Consequently, further analyses are done irrespective of

gender. The testing of postural status in groups of children formed according to decimal

years has revealed that most indicators show statistically significant difference between the

analyzed categories. The maximum change effects account for foot status (Cohen’s d=.

380), shoulder blades (Cohen’s d=.363) and spine (Cohen’s d=.311), all of which belong to

small-to-medium change effects, according to Cohen’s criteria. It is especially noticeable

that the highest rise of functional disorders on the cost of normal status occurs during 6.51

– 8.50 decimal years. During this period, structural disorders increase simultaneously with

most analyzed indicators. This is followed by a period of stagnation while the increased

levels of functional disorders of the analyzed postural status indicators remain stable.

Results of this research indicate that it is just the school start period during which postural

disorders take place, due to which it is necessary to prevent them by timely engagement of

children in different physical activities.

Keywords: postural disorders, development, childhood

ICCA 2017-35843 -Prevalence of surf injuries in portuguese children and adolescents

competitor

Beatriz Minghelli (1); Ana Brotas (2); David Tavares (2); Décio Baganha (2); Inês Jorge

(2); Joana Rosa (2); José Spusa (2); Mariana Guerreiro (2); Sara Leiria (2); Vera Pernicha

(2)

1- Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Algarve, Instituto Piaget, Research in Education

and Community Intervention (RECI); 2- Escola Superior de Saúde Jean Piaget de Algarve,

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Instituto Piaget

ICCA-Comunicação Oral

Introduction: The practice of competitive surfing level require several high intensity

valences, such as strength and endurance muscular, balance and neuromuscular

coordination. Additionally, it is also dependent of external factors such as different ocean

currents, wind orientation, the sea floor type, the waves sizes, the water temperature, the

contact with the board and other surfers, among others factors; these factors impose to

athletes quick and efficient adaptations. A surf session usually lasts about 2 hours, but the

surfers who participate in competitions are 3 to 4 hours in water and surfing more than once

a day, 5 times a week. Surfing involves long paddling periods and this repetitive arm

movement associated to the hyperextension of the trunk can cause chronic overuse injuries

of shoulder, back and neck. Surfing has become a more acrobatic and dynamic sport,

particularly at the competitive levels, increasing the number of acute injuries acquired

while riding waves. For to allow greater diversity and complexity of the maneuvers, the

materials used for surfing, such as the boards, are becoming more lighter and shorter,

providing greater speed and improved hydrodynamics, increasing the injury risk and

requiring more efficient neuromotor control mechanisms. Thus, the intensity and duration

of surf session, the external factors, repetitive movements, the nature of maneuvers, and the

material are considered as factors associated with surf injuries. The aim of this study was to

determine the prevalence of musculoskeletal injuries in the competitive children and

adolescent surfers and analyze the associated determinants.

Methods: The sample included 380 Portuguese surfers, aged between 8 and 18 years

(14.12±2.55 years), being 302 (79.5%) male who participated in a Regional Circuit Surf of

Portugal in 2016. The measure instrument was a questionnaire applied in ten stages of all

Regional Circuit Surf of Portugal in 2016, except Azores.

Results: Hundred and ten (28.9%) surfers had injury in the last year, being 180 the total of

injuries. Since it was only allowed to describe a maximum of three injuries per surfer, the

following results account for 179 lesions in total (only one surfer mentioned 4 or more

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injuries). The most common injury type were laceration (29.61%) and joint injury

(22.35%), located in knee (13.41%), and lumbar spine (11.17%). Impact of the board

(31.28%), impact with marine animals, rocks, and coral (15.64%), during paddling

(13.96%) and during a maneuver (12.85%) were the more prevalent injury mechanisms.

Individuals who surf for less than five years had 1.86 (95%CI: 1.19-2.91; p=0.007)

compared with those who surf more years, who train more or equal to 3 times a week had

1.67 (95% CI: 1.12-2.51; p=0.013) than surfers who train until 2 times a week. Considering

Portugal regions and comparing with Lisbon, those who surf in the center region had 2.65

(95% CI: 1.51-4.65; p≤0.001) probability to had an injury.

Conclusion: Injuries were frequent among Portuguese surfers, being the laceration and

joint injury the most common type, the knee and lumbar spine the segments of major

injuries and the impact of the board the principal injury mechanism.

Keywords: surf, injury, prevalence, children

ICCA 2017-81706 -Sport against depression in adolescent girls: a reality or not?

Tatjana Tubic (1); Visnja Djordjic (1); Branka Protic - Gava (1)

1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia

ICCA-Comunicação Oral

Epidemiological studies suggest that risk for developing depression is increasing in youth.

It is estimated that 10-15% of youth shows symptoms of depression, adolescent girls more

often than boys. At the same time, there is the rapid decline of physical activity with

increasing age, as well as higher levels of inactivity in female than in men (Hardman

& Stensel, 2009). Although the beneficial effects of sports participation in reducing

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depression symptoms have been recorded in adolescents (Dinas, Koutedakis, &

Flouris, 2011), it is not clear whether these effects are associated with sports participation in

general, or it is the type and duration of sports participation that makes a difference.

The aim of the study was to examine the relationship between self-perceived depression

state and sports participation of adolescent girls, depending on sports participation (athletes,

non-athletes), type of sport (individual, team) and duration of sports engagement (less than

3 years, 3-5 years, more than 5 years). The sample consisted of 81 secondary school female

students, of whom 41 were athletes and 40 were non-athletes.

The applied Depression state scale (Novovic, Biro, & Nedimovic, 2009), measures

current variations in depressive mood, cognitive, behavioral and social functioning in

general population. The five-degree scale comprises 20 items, and internal consistency was

proved to be high, both in a non-clinical and clinical sample (Cronbach’s alpha = .94 and .

90, respectively).

Mann-Whitney U test, and Kruskal-Wallis H test were applied for testing the differences

among groups formed by independent variables.

Results. Significant differences were identified between athletes and non-athletes in self-

percieved depression state (U=558.00; p= .02); non-athletes reported a higher level of

depressive mood. Involvement with team sports in comparison to individual sports was

related to lower scores on depression scale (H=5,755; p= .05). Duration of sports

participation also relate to self-perceived depression (H=8,415; p= .04), and adolescent

girls who had participated in sports for more than 5 years were less depressed than girls

who were engaged in sports for a shorter period of time.

The study empirically confirms that sports participation might be beneficial for physical

and mental health, and adolescent girls in particular. Designing the physical activity

programs which include constant group interaction and support, striving for goals’

fulfillment, coping with competition stress and providing a lot of experiences of success,

might contribute to adolescents’ mental health and promote happier and healthier

adolescence.

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Dinas, P.C., Koutedakis, Y., & Flouris, A. D. (2011). Effects of exercise and physical

activity on depression. Irish Journal of Medical Science, 180, 319–325.

Hardman, A.E. & Stensel, D.J. (2009). Physical Activity and Health, New York:

Routledge.

Novovic, Z., Biro, M., i Nedimovic, T. (2009). Procena stanja depresivnosti [Perception of

depressive state]. U M. Biro, S. Smederevac, & Z. Novovic (Ur.), Procena psiholoških

i psihopatoloških fenomena (str. 19–28). Beograd: Centar za primenjenu psihologiju.

Keywords: depressive state, adolescent girls, sports participation

ICCA 2017-83732 -Self-concept of overweight and nonoverweight primary school

students

Visnja Djordjic (1); Tatjana Tubic (1); Branka Protic - Gava (1)

1- Faculty of Sport and Physical Education, University of Novi Sad, Serbia

ICCA-Comunicação Oral

According to WHO, childhood obesity is one of the most serious public health concerns of

the 21st century. In Serbia, the prevalence rates for overweight (including obesity) in

primary-school children reaches 23.1% (Djordjic et al., 2016). Obesity may have negative

physical, social and psychological consequences, Since there are inconsistent findings on

the association between obesity and mental health in children and adolescents, the study

aim was to examine self-concept of overweight, normal-weight and underweight primary

school students. The sample consisted of 386 fifth-grade students (188 girls, 198 boys),

who were assigned to overweight (including obesity), normal-weight and underweight

groups according to IOTF cut-offs points. The students’ self-concept was measured by

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SPPC (Harter, 1985; rev. 2012). The instrument includes five specific self-concept

domains: Scholastic competence, Athletic competence, Social competence, Physical

appearance, and Behavioral conduct, as well as Global self-worth subscale. In order to

analyze differences in self-concept between overweight and normal-weight students, two

gender-separated MANOVA analyses were conducted. Results revealed a significant

multivariate main effect for the nutritional status (p < .001), with significant univariate

effects obtained for Physical appearance and Athletic competence in both genders, and

Behavioral conduct in boys. Tukey’s post hoc test identified the overweight groups to have

the significantly more negative self-concept in these domains in comparison to normal and

underweight groups. The results obtained suggest that the physical domains might be the

most vulnerable dimensions of self-concept in overweight children. Since physical self-

concept is associated with physical activity in children and adolescents (Babic et al., 2014),

negative self-perceptions of physical appearance and sports abilities may further prevent

overweight children from participating in physical activity and sport. On the other hand,

exercise may be effective in improving self-concept in children and young people (Ekeland,

Heian, & Hagen, 2005), so overweight children should be targeted for a quality

physical activity intervention.

References

Babic, M.J., Morgan, P.J., Plotnikoff, R.C., Lonsdale, C., White, R. L, & Lubans, D.

R. (2014). Physical activity and physical self-concept in youth: systematic review and

meta-analysis. Sports Medicine, 44, 1589-1601.

Djordjic, V., Radisavljevic, S., Milanovic, I., Bozic, P., Grbic, M., Jorga, J., & Ostojic,

S. M. (2016). WHO European Childhood Obesity Surveillance Initiative in Serbia: a

prevalence of overweight and obesity among 6-9-year-old school children. Journal of

Pediatric Endocrinology and Metabolism. 29(9), 1025-1030.

Ekeland, E., Heian, F., & Hagen, K. B. (2005). Can exercise improve self esteem in

children and young people? A systematic review of randomised controlled trials. British

Journal of Sports Medicine, 39, 792–798.

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Harter, S. (1985, rev. 2012). Self-Perception Profile for Children: Manual and

questionnaires (Grades 3 – 8). Denver: University of Denver, Department of Psychology.

Keywords: self-concept, primary school students, nutritional status, physical activity