apostilha10.pdf

143
Universidade Estadual do Norte Fluminense etodos Matem´ aticos Liliana A. L. Mescua Rigoberto G. S. Castro Junho de 2011

Upload: kebeck75

Post on 20-Jan-2016

34 views

Category:

Documents


2 download

TRANSCRIPT

Page 1: apostilha10.pdf

Universidade Estadual do Norte Fluminense

Metodos Matematicos

Liliana A. L. Mescua

Rigoberto G. S. Castro

Junho de 2011

Page 2: apostilha10.pdf

Sumario

Introducao 1

1 Equacoes Diferenciais Ordinarias 3

2 Equacoes Diferenciais de 1a Ordem 6

2.1 Problema de Valor Inicial (P.V.I.) ou Problema de Cauchy . . . . . . . 6

2.2 Interpretacao Geometrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2.3 Equacoes de Variaveis Separaveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.3.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

2.4 Equacoes Lineares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

2.4.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

2.5 Equacoes Exatas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

2.5.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.6 Fatores Integrantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

2.6.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.7 Equacoes Homogeneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

2.7.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

2.8 Metodos de Substituicao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

2.9 Equacoes Redutıveis a um dos Tipos Anteriores . . . . . . . . . . . . . 29

ii

Page 3: apostilha10.pdf

2.9.1 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

3 EDO’s Lineares de Ordem Superior 35

3.1 EDO Incompleta com Coeficientes Constantes . . . . . . . . . . . . . . 36

3.1.1 Caso I: Raızes Reais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

3.1.2 Caso II: Raızes Reais Repetidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

3.1.3 Caso III: Raızes Complexas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

3.2 EDO Completa com Coeficientes Constantes . . . . . . . . . . . . . . . 40

3.2.1 Metodo dos Coeficientes a Determinar (MCD). . . . . . . . . . . 41

3.3 EDO Completa com Coeficientes Variaveis . . . . . . . . . . . . . . . . 46

3.3.1 Metodo de Variacao de Parametros (MVP) . . . . . . . . . . . . 46

3.4 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

4 Sistema de Equacoes Diferenciais Lineares 52

4.1 Sistemas Homogeneos de 1ra Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

4.1.1 Autovalores Reais Distintos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

4.1.2 Autovalores Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

4.1.3 Autovalores Repetidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

4.1.4 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

4.2 Sistemas Nao Homogeneos de 1ra Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 60

4.2.1 Coeficientes Indeterminados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61

4.2.2 Variacao de Parametros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

4.3 Sistemas Homogeneos de 2da Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66

4.3.1 Aplicacoes a Mecanica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67

4.4 Sistemas Nao Homogeneos de 2da Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . . 70

iii

Page 4: apostilha10.pdf

5 Transformada de Laplace 73

5.1 Transformada Inversa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77

5.2 Teoremas de Translacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79

5.3 Derivada e Integral de uma Transformada . . . . . . . . . . . . . . . . 81

5.4 Funcao Degrau Unitario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84

5.5 A Convolucao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85

5.6 Aplicacao as Equacoes Lineares com Coeficientes Constantes . . . . . . 88

6 Equacoes Diferenciais Parciais 93

6.1 Series Infinitas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93

6.1.1 Series de Potencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

6.1.2 Series de Fourier . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

6.2 Equacoes Diferenciais em Derivadas Parciais (EDP) . . . . . . . . . . . 108

6.3 Equacoes Fundamentais da Fısica-Matematica . . . . . . . . . . . . . . 112

6.3.1 Equacao do Calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 113

6.3.2 Equacao de Onda ou da Corda Vibrante . . . . . . . . . . . . . 116

6.3.3 A Solucao Geral da Eq. de Onda. Metodo de D’Alembert . . . 131

6.3.4 Equacao de Laplace . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

6.4 Exercıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135

A 137

A.1 Numeros Complexos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 137

iv

Page 5: apostilha10.pdf

Introducao

Ao estudar um fenomeno fısico com frequencia nao e possıvel achar de imediato

as leis fısicas que relacionam as magnitudes que caraterizam dito fenomento. Assim,

obtemos equacoes que contem as funcoes desconhecidas, escalares ou vetoriais sob o

sinal da derivada ou da diferencial.

As equacoes nas quais a funcao desconhecida, escalar ou vetorial se encontra sob

o sinal da derivada ou da diferencial, se chamam equacoes diferenciais. Vejamos

alguns exemplos de equacoes diferenciais.

1.d x

dt= kx e a equacao da desintegracao radioactiva, onde k < 0 e a constante

de desintegracao; x = x(t) e a quantidade da substancia nao desintegrada no

tempo t. Em outras palavras, a velocidade de desintegracaodx

dte proporcional a

quantidade de substancia que se desintegra.

2. md2r

dt2= F

(

t, r,dr

dt

)

e a equacao do movimento de um ponto de massa m, sobre

a influencia de uma forca F dependente do tempo, do vetor posicao r e de sua

velocidadedr

dt. A forca e igual ao produto da massa pela aceleracao.

3.∂2u

∂t2−a2

(∂2u

∂x2+

∂2u

∂y2+

∂2u

∂z2

)

= 0 e a equacao de ondas que modela a propagacao

de som, da luz ou de outros fenomenos ondulatorios.

A busca das funcoes incognitas, determinadas pelas equacoes diferenciais, e precisa-

mente o problema fundamental da teoria das equacoes diferenciais.

Se na equacao diferencial as funcoes desconhecidas, escalares ou vetoriais, sao

funcoes de uma so variavel, a equacao e chamada de Equacao Diferencial Ordinaria

1

Page 6: apostilha10.pdf

(por exemplo as equacoes 1. e 2.). Por outro lado, se a funcao desconhecida e funcao

de duas ou mais variaveis independentes, a equacao diferencial se chama Equacao

Diferencial Parcial (por exemplo a equacao 3.).

2

Page 7: apostilha10.pdf

Capıtulo 1

Equacoes Diferenciais Ordinarias

Definicao 1.1. Chama-se equacao diferencial ordinaria (EDO) a uma equacao

que estabelece uma relacao entre a variavel independente x, a funcao desconhecida y(x)

e suas derivadas y′, y′′, y′′′, . . . , y(n)(

y′ =dy

dx= Dy, y′′ =

d2y

dx2= D2y, y′′′ =

d3y

dx3=

D3y, . . . , y(n) =dny

dxn= Dny

)

.

Simbolicamente, pode-se escrever:

F (x, y, y′, y′′, . . . , y(n)) = 0

sendo, x ∈ I (I intervalo aberto em R).

Exemplo 1.1. A seguir algumas equacoes diferenciais ordinarias

a) y′ = x b) y′′ + y = 0 c) (1 + x2)y′ = arctan x d) y′ =xy

x2 + y2.

Equacoes diferenciais sao classificadas de acordo a ordem e linearidade:

Definicao 1.2. A ordem de uma equacao diferencial e o maior ordem (grau) da

derivada que figura nessa equacao.

Exemplo 1.2. Do exemplo anterior concluimos que

i) As equacoes a), c), d) sao de ordem 1. Diz-se que sao equacoes de 1ra ordem.

ii) A equacao b) e de ordem 2. Equacao de 2da ordem.

iii) y(4) + y′′ − y3 = sen x, com x ∈ R e de 4a ordem.

3

Page 8: apostilha10.pdf

Definicao 1.3. (EDO Linear) Sejam as funcoes ai(x), i = 1, 2, . . . , n, e b(x)

contınuas em (a, b) e a0(x) 6= 0, ∀ x ∈ (a, b). Uma equacao da forma

a0(x) y(n) + a1(x) y(n−1) + a2(x) y(n−2) + · · · + an−1(x) y′ + an(x) y = b(x), (1.1)

chama-se equacao diferencial ordinaria linear de ordem n (n ≥ 1).

Pode-se escrever a equacao (1.1) na forma:

y(n) + p1(x) y(n−1) + p2(x) y(n−2) + · · · + pn−1(x) y′ + pn(x) y = q(x), (1.2)

ou

[

D(n) + p1(x) D(n−1) + p2(x) D(n−2) + · · ·+ pn−1(x) D + pn(x)]

y = q(x). (1.3)

Observacao 1.1. Denotando a expressao a esquerda de (1.3) pelo operador linear

L(D) y, obtemos L(D) y = q(x), ou abreviadamente

L(y) = q(x). (1.4)

Se q(x) = 0 para todo x, a equacao (1.4) e chamada homogenea ou incompleta.

Se q(x) 6= 0 para algum x, a equacao (1.4) se diz nao homogenea ou completa.

Exemplo 1.3. A equacao y′′ − 2y′ + y = 0 e uma EDO de 2da ordem linear homogenea

Exemplo 1.4. As equacoes yy′′ − 2y = x e y′′′ + y2 = 0 sao EDO’s nao

lineares, de 2da e 3a ordem respectivamente (a EDO e nao-linear quando nao for de

primeiro grau em y ou em suas derivadas).

Definicao 1.4. A EDO dada na definicao (1.1) esta na forma normal quando se

encontra explicitada em relacao a derivada de maior ordem que nela figura, isto e

y(n) = G(x, y, y′, y′′, . . . , y(n−1)).

As equacoes diferenciais a) e d) do exemplo (1.1) estao na forma normal. As outras

nao o estao, mas e possıvel po-las escrevendo y′′ = −y e y′ =arctan x

1 + x2. A equacao

do item (iii) do exemplo (1.2) em sua forma normal escreve-se y(4) = sen x − y′′ + y3.

Observacao 1.2. Nem sempre e possıvel escrever uma equacao em sua forma normal.

4

Page 9: apostilha10.pdf

Exemplo 1.5. As equacoes

a) y = xy′ − 1

4(y′)2

b) (y′)4 − (x + 2y + 1)(y′)3 − 2xyy′ = 0

sao equacoes de 1ra ordem, em que y′ nao pode ser explicitada em funcao de y e de x.

Definicao 1.5. Solucao de uma EDO F (x, y, y′, . . . , y(n)) = 0 num intervalo I, e uma

funcao y = φ(x) tal que

F (x, φ(x), φ′(x), . . . , φ(n)(x)) = 0, ∀ x ∈ I

Dependendo do contexto do problema, I pode ser un intervalo aberto (a, b), um

intervalo fechado [a, b], um intervalo infinito (a,∞), etc.

Exemplo 1.6. A funcao y = x2 e solucao em (−∞,∞), da equacao y′ = 2x. Mais

ainda y = x2 +1, y = x2 +π, y = x2 +ln 3 sao tambem solucoes de y′ = 2x. A solucao

y = x2 +C e chamada de solucao geral da equacao diferencial y′ = 2x onde C e uma

constante arbitraria.

Exemplo 1.7. A funcao y = sen x e solucao de y′′ + y = 0. De fato, se y′ = cos x,

entao y′′ = − sen x. Logo, − sen x + sen x = 0, ∀ x ∈ R.

5

Page 10: apostilha10.pdf

Capıtulo 2

Equacoes Diferenciais de 1a Ordem

As EDO’s de primeira ordem se apresentam sob duas formas equivalentes:

1. Forma Normal: y′ = f(x, y).

2. Forma Diferencial: P (x, y) dx + Q(x, y) dy = 0.

2.1 Problema de Valor Inicial (P.V.I.) ou Problema

de Cauchy

Trata de resolver uma EDO de primeira ordem

dy

dx= f(x, y)

sujeita a condicao inicial

y(x0) = y0.

Em termos geometricos, procuramos uma solucao para uma EDO, definida em algum

intervalo I tal que o grafico da solucao passe por um ponto (x0, y0) ∈ I determinado

apriori.

Exemplo 2.1. Resolver o problema de valor inicial em I = (−∞,∞).

y′ = y,

y(0) = 3.(2.1)

6

Page 11: apostilha10.pdf

Sol.: E simples de ver que y = Cex satisfaz a equacao y′ = y em I, onde C e uma

constante arbitraria (Ver Fig. 2.1). Embora, y = 3ex e a unica funcao da famılia que

satisfaz a condicao y(0) = 3e0 = 3.

Figura 2.1: Famılia de Solucoes de y′ = y.

Observacao 2.1. O exemplo anterior, levanta duas questoes funtamentais:

1. Existe sempre uma solucao para o problema de Cauchy?

2. Se existe ela e unica?

Em outras palavras, por cada ponto fixo (x0, y0) passa uma unica solucao y = y(x)?.

O seguinte exemplo, mostra que a resposta a segunda pergunta as vezes e nao.

Exemplo 2.2. Uma simples substituicao permite verificar que as funcoes y =x4

16e

y = 0 satisfazem o P.V.I,

y′ = xy1/2,

y(0) = 0.(2.2)

7

Page 12: apostilha10.pdf

Figura 2.2: Solucoes de y′ = xy1/2.

O Teorema de Picard nos garante as condicoes de existencia e unicidade das solucoes

do P.V.I.

Teorema 2.1. (Existencia e Unicidade) Seja o problema de valor inicial

y′ = f(x, y)

y(x0) = y0

(2.3)

onde (x0, y0) ∈ R = {(x, y) ∈ R2/a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d}. Se f(x, y) e ∂f/∂x sao

contınuas em R, entao existe um intervalo I centrado em x0 e uma unica funcao y(x)

definida em I que satisfaz o problema de valor inicial (2.3) (Veja a Figura 2.3).

2.2 Interpretacao Geometrica

O ponto de vista geometrico e util no caso de equacoes de primeira ordem, isto e,

equacoes da forma:

y′ = f(x, y) (2.4)

Uma vez que a solucao da equacao diferencial (2.4) e uma funcao y = y(x), a repre-

sentacao geometrica de uma solucao e o grafico de uma funcao. Geometricamente

a equacao (2.4) afirma que em qualquer ponto (x, y), o coeficiente angular y′ da

8

Page 13: apostilha10.pdf

Figura 2.3:

solucao neste ponto e dado por f(x, y). Podemos representar graficamente esta situacao

tracando um pequeno segmento de reta no ponto (x, y) com coeficiente angular f(x, y).

O conjunto de segmentos de reta e conhecida como o campo de direcoes da equacao

diferencial (2.4).

Exemplo 2.3. Seja a equacao diferencial y′ = y, onde f(x, y) = y. O campo de

direcoes desta equacao diferencial e mostrada na Figura 2.4. Note que a solucao e a

funcao y(x) = Cex, onde C ∈ R.

Figura 2.4: Campo de direcoes da equacao y′ = y.

Exemplo 2.4. Seja a equacao diferencialdy

dx=√

x2 + y2. Para a construcao do

campo de direcoes desta equacao, acha-se o lugar geometrico dos pontos nos quais as

tangentes as curvas integrais (ou grafico das solucoes) procuradas conservam

9

Page 14: apostilha10.pdf

Figura 2.5: Campo de Direcoes e Isoclinas da eq.dy

dx=√

x2 + y2.

uma direcao constante. Tais linhas chamam-se isoclinas (Fig. 2.5). A equacao

das isoclinas obtem-se considerandody

dx= k, onde k e uma constante. Logo, para

este exemplo temos√

x2 + y2 = k, ou x2 + y2 = k2. Consequentemente as isoclinas

sao circunferencias com centro na origem de coordenadas, e o coeficiente angular da

tangente as curvas integrais procuradas e igual ao raio de ditas circunferencias. Para

construir o campo de direcoes, damos a constante k certos valores determinados.

2.3 Equacoes de Variaveis Separaveis

Uma equacao diferencial ordinaria de 1ra ordem e separavel se for possıvel, por mani-

pulacoes algebricas elementares, reescrever a equacao na forma diferencial

M(x) dx + N(y) dy = 0 (2.5)

ou equivalentemente

N(y) dy = −M(x) dx. (2.6)

Para resolver (2.6) simplesmente se reduz a uma integracao em cada variavel.

Exemplo 2.5. Resolva a EDO y′ = 2x e−y.

Sol.: Como dy/dx = 2x e−y, entao podemos escrever ey dy = 2x dx. Assim, integrando

temos ey = x2 + C. Observemos que devido a que ey > 0 teremos que x2 + C deve ser

10

Page 15: apostilha10.pdf

positivo. Logo, tomando o logaritmo neperiano resulta que

y(x) = ln(x2 + C), onde x2 + C > 0. (2.7)

Exemplo 2.6. Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI)

y′ = 2√

y

y(−1) = 0(2.8)

Sol.: Como dy/dx = 2√

y, entaody

2√

y= dx. Logo,

√y = x + C. Fazendo x = −1 e

y = 0 temos que C = 1. Logo,√

y = x + 1, ( note que x + 1 ≥ 0 e o domınio de y e

[−1,∞]). Portanto, a solucao e

y(x) = (x + 1)2, x ≥ −1. (2.9)

Exemplo 2.7. Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI)

y′ = y2 − 4

y(0) = −2(2.10)

Sol.: Se y2 − 4 6= 0 entao dy/(y2 − 4) = dx, entao integrando∫

dy

(y − 2)(y + 2)=

dx

1

4

( 1

y − 2− 1

y + 2

)

dy =

dx

ln(y − 2)

(y + 2)= 4x + C

(y − 2)

(y + 2)= e4x+C . (2.11)

Portanto,

y(x) = 21 + Ce4x

1 − Ce4x(2.12)

Fazendo x = 0 e y = −2 chegmos a que 1 = −1. Observamos que y deve ser distinto

de −2 (condicao imposta) em (2.12).

Porem y = −2 e solucao da equacao dada. Mais ainda, de (2.12) observamos:

1. Solucoes limitadas quando C < 0, −2 < y(x) < 2, x ∈ R.

2. Solucoes ilimitadas quando C > 0. Veja a Figura 2.6.

11

Page 16: apostilha10.pdf

Figura 2.6:

2.3.1 Exercıcios

1. Usando variaveis separaveis determine a solucao da equacao.

(a) y√

1 − x2 y′ = x

(b) x5y′ + y5 = 0

(c) x dy = (1 − 2x2) tan y dx;

(d) e−xdy + (xey + e−x+y)dx = 0

(e) xyy′ = y + 2 ; y(0) = −2

(f) y′ − y = 3 ; y(1) = −3

(g) y′(1 + y) = (1 − x2); y(−1) = −2

(h)dy

dx=

3x2

3y2 − 4; y(1) = 0

2. A equacao diferencial p dv + kv dp = 0 descreve a variacao adiabatica (processo

de transformacao de um sistema no qual no ha trocas termicas com o exterior)

do estado do ar, com p = pressao; v = volume; k = constante. Exprima p como

funcao de v.

3. O planeamento dum sistema de abastecimento de agua para uma povoacao baseia-

se no modelo matematicodp

dt= kp(pM − p)

em que k = 10−6 habitante/ano; pM = 105 habitantes; p = populacao no instante

t. A populacao inicial e de 104 habitantes. Determine o tempo aproximado,

necessario para a populacao atingir 15000 habitantes.

12

Page 17: apostilha10.pdf

4. Sabendo que a velocidade de resfriamento de um corpo, num ambiente de temper-

atura constante, e proporcional a diferenca entre a sua temperatura T (t) em cada

instante e a temperatura do meio ambiente Tm (Lei do resfriamento de Newton),

isto e:dT

dt= k(T − Tm)

Resolva o seguinte problema: Um objecto metalico a temperatura de 100o e mer-

gulhado num rio. Ao fim de cinco minutos a temperatura do objecto desceu para

60o. Determine o instante em que a temperatura do objecto e de 31o, sabendo

que a temperatura da agua do rio e de 30o.

5. A velocidade de desintegracao radioactiva de um elemento e proporcional a sua

concentracao em cada instante:dA

dt= kA. Sabendo que a meia vida (o tempo

gasto para metade dos atomos de uma quantidade inicial A0 se desintegrar ou se

transmutar em atomos de outros elemento) do radio e de 1590 anos, determine a

percentagem de massa que se desintegra ao fim de 100 anos.

6. A populacao de uma certa comunidade cresce a uma taxa proporcional ao numero

de pessoas presentes em qualquer instante. Se a populacao duplicou em 5 anos,

quando ela triplicara?. Quando quadriplicara?

7. Use o campo de direcoes gerado pelo computador para esbocar, a mao, uma curva

integral aproximada que passe pelos pontos indicados.

a) dydx

= xy; y(4) = 2.

b) dydx

= e−0,001xy2; y(0) = −4.

c) dydx

= sen x cos y; y(1) = 0.

d) dydx

= 1 − xy; y(−1) = 0.

2.4 Equacoes Lineares

Uma equacao diferencial da forma

a0(x)y′ + a1(x)y = g(x) (2.13)

e chamada de equacao linear de primeira ordem.

Dividindo pelo coeficiente a0(x) obtemos a forma mais util de uma equacao linear

y′ + p(x)y = q(x) (2.14)

13

Page 18: apostilha10.pdf

Para resolver esta equacao multiplicamos a equacao diferencial por um fator inte-

grante µ(x) apropriado e assim coloca-la em uma forma integravel. Temos entao

µ(x)y′ + µ(x)p(x)y = µ(x)q(x) (2.15)

e queremos reconhecer o lado esquerdo de (2.15) como a derivada de alguma funcao.

Como um dos termos e µ(x)y′ sugere que o lado esquerdo da eq. (2.15) pode ser a

derivada do produto µ(x)y. Para que seja verdade µ′(x)y = µ(x)p(x)y que por sua

vez significa que µ(x) deve satisfazer a equacao diferencial

µ′(x) = p(x) µ(x). (2.16)

Se µ(x) > 0 a equacao (2.16) pode ser escrita como

µ′(x)

µ(x)= p(x), ou (2.17)

(lnµ(x))′ = p(x). (2.18)

Entao, integrando ambos os termos temos

ln µ(x) =

p(x) dx + k. (2.19)

Escolhendo k = 0 obtemos a funcao µ na sua forma mais simples, ou seja

µ(x) = e∫

p(x) dx. (2.20)

Uma vez determinado µ voltamos a eq. (2.15) e obtemos que

(e∫

p(x) dx y)′ = e∫

p(x) dxq(x). (2.21)

Integrando ambos membros de (2.21) obtemos

e∫

p(x) dx y =

e∫

p(x) dx q(x) dx + C, ou

y(x) = e−∫

p(x) dx[

e∫

p(x) dx q(x) dx + C]

(2.22)

Portanto, esta e a solucao geral da equacao (2.15).

Exemplo 2.8. Ache uma solucao geral de (x2 + 1)y′ + 3xy = 6x.

14

Page 19: apostilha10.pdf

Sol.: Dividindo por (x2 + 1) a anterior equacao fica

y′ +3x

x2 + 1y =

6x

x2 + 1.

Entao, p(x) =3x

x2 + 1e q(x) =

6x

x2 + 1.

O fator integrante e dado por:

µ(x) = e

3x

x2 + 1dx

= e

3 ln(x2 + 1)

2 = (x2 + 1)3/2.

Logo, a solucao e dada por

y(x) = (x2 + 1)−3/2[

(x2 + 1)3/2 6x

x2 + 1dx + C

]

= (x2 + 1)−3/2[

6x(x2 + 1)1/2 dx + C]

= (x2 + 1)−3/2 [2(x2 + 1)3/2 + C]

= 2 + C (x2 + 1)−3/2, C ∈ R (2.23)

Exemplo 2.9. Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI)

y′ − 3y = e2x

y(0) = 3(2.24)

Sol.: Temos que p(x) = −3 e q(x) = e2x. O fator integrante e µ(x) = e∫

−3 dx = e−3x.

Logo, a solucao e dada por

y(x) =(

e−3x e2x dx + C)

e3x =(

e−x dx + C)

e3x (2.25)

=(

− e−x + C)

e3x = −e2x + C e3x. (2.26)

Pela condicao inicial temos

y(0) = −1 + C = 3 =⇒ C = 4.

Logo, a solucao do PVI e dado por y(x) = 4e3x − e2x.

Exemplo 2.10. Resolva o Problema de Valor Inicial (PVI)

x2 y′ + x y = sen x

y(1) = 2(2.27)

15

Page 20: apostilha10.pdf

Sol.: Dividindo por x2 temos que y′ + y/x = sen x/x2, de modo que o fator integrante

e µ(x) = e∫

1x dx = elnx = x. Assim, a solucao e

y(x) =(

xsen x

x2dx + C

)

x−1 =(

sen x

xdx + C

)

x−1. (2.28)

Observamos que a antiderivada de sen x/x nao e possivel calcular. Podemos usar

o Teorema Fundamental do Calculo para escrever uma antiderivada de uma funcao

contınua arbitraria f(x) na forma F (x) =∫ x

af(t) dt. Logo, temos que:

y(x) =(

∫ x

0

sen t

tdt + C

)

x−1. (2.29)

O limite de integracao a = 0 e permissıvel porque sen t/t → 1 quando t → 0.

Aplicando a condicao inicial temos

y(1) =

∫ 1

0

sen t

tdt + C = 2.

Logo, C = 2 −∫ 1

0sen t

tdt, de onde substituindo em (2.29) obtemos

y(x) =(

∫ x

0

sen t

tdt + 2 −

∫ 1

0

sen t

tdt)

x−1.

Portanto, y(x) =2

x+

1

x

∫ x

1

sen t

tdt e a solucao do PVI.

2.4.1 Exercıcios

1. Determine a solucao geral para os problemas seguintes

(a) y′ − xy = 0

(b) y′ + xy = x

(c) y′ + y = 11+e2x

(d) y′ + y = 2xe−x + x2

(e) (1 + x2)y′ + 2xy = cot x

(f) y′ + y = 5 sen 2t

(g) y′ − 2y = t2e2t

(h) y′ + (1/x)y = 3 cos 2x

(i) ty′ + 2y = sen t , t > 0

(j) (1 + t2)y′ + 4ty = (1 + t2)−2 , t > 0

(k) ty′ − y = t2e−t

(l) 2y′ + y = 3t2

2. Ache a solucao do problema de valor inicial proposto

16

Page 21: apostilha10.pdf

(a) xy′ + y = 3xy ; y(1) = 0

(b) xy′ + 3y = 2x5 ; y(2) = 1

(c) y′ + y = ex ; y(0) = 1

(d) xy′ − 3y = x3 ; y(1) = 10

(e) y′ + 2xy = x ; y(0) = −2

(f) y′ = (1 − y) cosx ; y(π) = 2

(g) (1 + x)y′ + y = cos x ; y(0) = 1

(h) y′ = 1 + x + y + xy ; y(0) = 0

(i) xy′ = 3y + x4 cos x ; y(2π) = 0

(j) y′ = 2xy + 3x2ex2; y(0) = 5

(k) (x2 + 4)y′ + 3xy = x ; y(0) = 1

(l) 2xy′ = y + 2x cos x ; y(1) = 0

3. Expresse a solucao geral de y′ = 1 + 2xy em termos da funcao de erro

erro(x) =2√π

∫ x

0

e−t2dt

4. Em um circuito em serie contendo somente um resistor e um indutor, a segunda

lei de kirchhoff diz que a soma da queda de tensao L (di/dt) e da queda de tensao

do resistor iR e igual a voltagem E(t) no circuito, isto e:

Ldi

dt+ Ri = E(t)

onde L e R sao conhecidas como a indutancia e a resitencia, respectivamente. A

corrente i(t) e a chamada resposta do sistema.

Resolva o seguinte problema: Uma bateria de 12 volts e conectada a um circuito

em serie no qual a indutancia e de 1/2 henry e a resistencia, 10ohms. Determine

a corrente i se a corrente inicial e zero.

5. Se A e a quantidade de sal (em gramas) no tanque no instante t. A taxa de

variacao de A(t) e dada por:

dA

dt= (taxa de entrada de sal) − (taxa de saıda de sal) = R1 − R2

sendo que:

• taxa de entrada de sal = concentracao (g/l) × velocidade de entrada (l/min)

• taxa de saıda de sal = concentracao (g/l) × velocidade de saida (l/min)

Resolva o seguinte problema: Um tanque contem 200 litros de fluido no qual

foram dissolvidos 30 gramas de sal Uma salmoura contendo 1 grama de sal por

litro e entao bombeada para dentro do tanque a uma taxa de 4 L/min; a solucao

17

Page 22: apostilha10.pdf

bem misturada e bombeada para fora a mesma taxa. Ache o numero A(t) de

gramas de sal no tanque no instante t.

6. Forma-se um lago quando a agua e recolhida numa depressao conica de raio a

e profundidade h. Suponhamos que a agua aflutua a vazao constante k e que o

lago sofra evaporacao a uma taxa proporcional a area superficial da agua.

a) Mostrar que o volume V (t) da agua no lago, no instante t, satisfaz a equacao

diferencial

dV/dt = k − απ(3a/πh)2/3V 2/3

b) Achar a profundidade de equilıbrio da agua no lago.

c) Achar a condicao para que o lago nao transborde.

2.5 Equacoes Exatas

Definicao 2.1. Uma expressao diferencial

M(x, y) dx + N(x, y) dy

e uma diferencial exata em uma regiao R do plano xy se ela corresponde a diferen-

cial total de alguma funcao f(x, y). Isto e, df = M(x, y) dx + N(x, y) dy onde∂f

∂x= M e

∂f

∂y= N .

Definicao 2.2. Uma equacao diferencial da forma

M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0 (2.30)

e chamada uma equacao exata se a expressao do lado esquerdo e uma diferencial

exata.

Observacao 2.2. Dizemos que (2.30) e uma equacao exata se existe f(x, y) tal que

∂f

∂x= M,

∂f

∂y= N,

e a solucao e dada implıcitamente por f(x, y) = C .

18

Page 23: apostilha10.pdf

Exemplo 2.11. A equacao diferencial x2y3 dx + x3y2 dy = 0 e exata. De fato,

d(1

3x3y3

)

= x2y3 dx + x3y2 dy. Logo, a solucao e implıcitamente pela equacao

1

3x3y3 = C.

Teorema 2.2. (Criterio para uma Diferencial Exata) Sejam M(x, y) e N(x, y) funcoes

contınuas com derivadas parciais contınuas numa regiao R = [a, b] × [c, d]. Entao,

M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0 (A equacao e exata) ⇐⇒ ∂M

∂y=

∂N

∂x(2.31)

Demonstracao: ⇒) Se M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0 e uma equacao exata, entao

existe uma funcao f = f(x, y) tal que

df =∂f

∂xdx +

∂f

∂ydy = M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0, ∀ (x, y) ∈ R = [a, b] × [c, d].

Logo,

∂f

∂x= M(x, y) e

∂f

∂y= N(x, y) (2.32)

Portanto,

∂M

∂y=

∂y

(∂f

∂x

)

=∂2f

∂y ∂x(2.33)

∂N

∂x=

∂x

(∂f

∂y

)

=∂2f

∂x ∂y. (2.34)

Como M e N sao funcoes contınuas com derivadas contınuas (ver (2.32-2.34), temos

que:

∂M

∂y=

∂2f

∂y ∂x=

∂2f

∂x ∂y=

∂N

∂x. (2.35)

⇐) Devemos provar que existe uma funcao f = f(x, y) tal que

∂f

∂x= M(x, y) e

∂f

∂y= N(x, y). (2.36)

Integrando∂f

∂x= M obtemos f(x, y) =

M(x, y) dx + ϕ(y). Note que ϕ e tal que

∂f

∂y=

∂y

(

M(x, y) dx)

+ ϕ′(y) = N(x, y). (2.37)

Logo, ϕ′(y) = N(x, y) − ∂∂y

(

M(x, y) dx)

.

19

Page 24: apostilha10.pdf

Devemos provar que ϕ′ e uma funcao que depende de y. Derivando em relacao a x,

temos

∂ϕ′

∂x=

∂xN(x, y) − ∂

∂x

[

∂y

(

M(x, y) dx)

]

=∂

∂xN(x, y) − ∂

∂y

[

∂x

(

M(x, y) dx)

]

=∂

∂xN(x, y) − ∂

∂yM(x, y)

= 0 (2.38)

Portanto, integrando (2.37) obtemos:

f(x, y) =

M(x, y) dx +

N(x, y) dy −∫

M(x, y) dx =

N(x, y) dy.

Consequentemente,∂f

∂y= N(x, y).

Analogamente se prova que∂f(x, y)

∂x= M(x, y).

Exemplo 2.12. Determine se a equacao 2xy dx + (x2 − 1) dy = 0 e exata.

Figura 2.7: Solucoes da equacao 2xy dx + (x2 − 1) dy = 0.

Sol. Com M(x, y) = 2xy e N(x, y) = x2 − 1 temos:

∂M

∂y= 2x =

∂N

∂x.

Logo, pelo Teorema anterior existe uma funcao f(x, y) tal que

∂f

∂x= 2xy e

∂f

∂y= x2 − 1 (2.39)

20

Page 25: apostilha10.pdf

Integrando em x a primeira das equacoes anteriores temos

f(x, y) = x2y + ϕ(y)

e derivando esta em funcao de y

∂f

∂y= x2 + ϕ′(y) = x2 − 1

Logo, ϕ(y) = −y.

Assim, f(x, y) = x2y − y = (x2 − 1)y = C. Portanto,

y(x) =C

x2 − 1e a solucao. Veja Figura 2.7.

Exemplo 2.13. Resolva

(x + y)2 dx + (2xy + x2 − 1) dy = 0

y(1) = 1(2.40)

Sol.: Facamos M(x, y) = (x + y)2 e N(x, y) = 2xy + x2 − 1, entao

∂M

∂y= 2(x + y) =

∂N

∂x.

Logo, (2.40) e uma EDO exata. De fato, seja f = f(x, y) tal que

∂f

∂x= (x + y)2 e

∂f

∂y= 2xy + x2 − 1.

Entao,

f(x, y) =

(x2 + 2xy + y2) dx =x3

3+ x2y + y2x + ϕ(y). (2.41)

Daı

∂f

∂y= x2 + 2xy + ϕ′(y) = 2xy + x2 − 1.

o que implica que ϕ(y) = −y.

Portanto, f(x, y) =x3

3+ x2y + y2x − y = C e solucao da equacao (2.40).

Usando a condicao inicial temos que C = f(1, 1) = 1/3+1+1−1 = 4/3. Portanto,

f(x, y) =x3

3+ x2y + y2x − y =

4

3e sol. do problema (2.40).

21

Page 26: apostilha10.pdf

2.5.1 Exercıcios

1. Nos problemas a seguir, verifique se a equacao dada e exata. Se for, resolva.

(a) (2x − 1)dx + (3y + 7)dy = 0

(b) (5x + 4y)dx + (4x − 8y3)dy = 0

(c) (2y2x − 3)dx + (2yx2 + 4)dy = 0

(d) (x + y)(x− y)dx + x(x − 2y)dy = 0

(e) (1 − 2x2 − 2y)dy = (4x3 + 4xy)dx

(f) xdy = (2xex − y + 6x2)dx

(g) dx =y

1 − x2y2dx +

x

1 − x2y2dy

(h) −1

ysen

x

ydx +

x

y2sen

x

ydy = 0

(i) (2x − y)dx− (x + 6y)dy = 0

(j) (x3 + y3)dx + 3xy2dy = 0

(k) (3x2y+ey)dx+(x3+xey−2y)dy = 0

(l)(

1 + ln x +y

x

)

dx = (1 − ln x)dy

2. Nos problemas a seguir, resolva a equacao diferencial dada sujeita a condicao

inicial indicada.

(a) (x + y)2dx + (2xy + x2 − 1)dy = 0, y(1) = 1

(b) (4y + 2x − 5)dx + (6y + 4x − 1)dy = 0, y(−1) = 2

(c) (ex + y)dx + (2 + x + yey)dy = 0, y(0) = 1

3. Determine uma funcao M(x, y) para que a seguinte equacao diferencial seja exata:

M(x, y)dx +

(

xexy + 2xy +1

x

)

dy = 0

2.6 Fatores Integrantes

Se a equacao diferencial

M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0 (2.42)

nao e exata, o procedimento sera tentar achar uma funcao µ(x, y) (fator integrante)

que ao ser multiplicada pela equacao (2.42) a transforme numa equacao exata, isto e:

∂y[µ M ] =

∂x[µ N ].

22

Page 27: apostilha10.pdf

Logo, temos

∂µ

∂yM + µ

∂M

∂y=

∂µ

∂xN + µ

∂N

∂x

∂µ

∂yM − ∂µ

∂xN = −µ

(

∂M

∂y− ∂N

∂x

)

1

µ

∂µ

∂y

M

N− 1

µ

∂µ

∂x= −

(

∂M/∂y − ∂N/∂x

N

)

(2.43)

• Suponhamos agora que exista um fator integrante dependente so da variavel x,

isto e, µ = µ(x). Entao,

1

µ

dx=

(

∂M/∂y − ∂N/∂x

N

)

. (2.44)

Note que o lado esquerdo da equacao anterior e uma funcao de x. Portanto, o mesmo

acontece com o lado direito. Assim, denotando por

g(x) =

(

∂M/∂y − ∂N/∂x

N

)

temos a equacao em variavies separaveis:

1

µ

dx= g(x)

cuja solucao e

µ(x) = e∫

g(x) dx onde g(x) =∂M/∂y − ∂N/∂x

N. (2.45)

• Se o fator integrante for dependente so da variavel y, isto e, µ = µ(y). Entao, de

forma analoga temos que:1

µ

dy= h(y)

cuja solucao e

µ(y) = e∫

h(y) dy onde h(y) =∂N/∂x − ∂M/∂y

M. (2.46)

Observacao 2.3. Embora na teoria sempre exista um fator integrante, na pratica so

ha dois casos em que a determinacao de um fator integrante e facil, se:

1. µ e uma funcao que so depende da variavel x.

23

Page 28: apostilha10.pdf

2. µ e uma funcao que so depende da variavel y.

Exemplo 2.14. Determine um fator integrante da equacao

(3xy + y2) dx + (x2 + xy) dy = 0. (2.47)

Sol. Sejam M(x) = 3xy + y2 e N(x) = x2 + xy. A equacao (2.47) nao e exata, pois

∂M

∂y= 3x + 2y 6= ∂N

∂x= 2x + y.

A seguir,∂M/∂y − ∂N/∂x

N=

x + y

x(x + y)=

1

x

depende apenas de x. Assim, bastara supor que a expressao anterior sera nosso g(x),

logo

µ(x) = e∫

g(x) dx = e∫

1x

dx = x, x > 0. (2.48)

Portanto, multiplicando (2.47) pelo fator integrante µ(x) = x, temos a equacao exata,

(3x2y + xy2) dx + (x3 + x2y) dy = 0.

Usando o metodo anterior e possivel resolver a equacao anterior.

Exemplo 2.15. Determine um fator integrante para a seguinte equacao:

y dx + (2x − yey) dy = 0 (2.49)

Sol.: Se M(x) = y e N(x) = 2x − yey, entao:

∂N/∂x − ∂M/∂y

N=

2 − 1

y=

1

y.

Concluımos que, no caso de existir um fator integrante µ(y) que dependa apenas de y,

µ(y) = e∫

1y

dy = y, y > 0.

Logo, a equacao exata e:

y2 dx + (2xy − y2ey) dy = 0. Resolva esta equacao!!..

24

Page 29: apostilha10.pdf

2.6.1 Exercıcios

1. Nos problemas a seguir, resolva a equacao diferencial dada, verificando qua a

funcao indicada µ(x, y) seja um fator de integracao.

(a) 6xydx + (4y + 9x2)dy = 0, µ(x, y) = y2

(b) (2y2 + 3x)dx + 2xydy = 0, µ(x, y) = x

(c) y(x + y + 1)dx + (x + 2y)dy = 0, µ(x, y) = ex

2. Use o metodo do fator integrante para resolver as equacoes diferenciais seguintes

(a) (xy − 1)dx + (x2 − xy)dy = 0

(b) 2xy dx + (y2 − x2)dy = 0

(c) (4xy2 + y)dx + (6y3 − x)dy = 0

(d) (4x + 3y3)dx + 3xy2 dy = 0

(e) (x + 2) sen y dx + x cos y dy = 0

(f) (y ln y − 2xy)dx + (x + y)dy = 0

2.7 Equacoes Homogeneas

Definicao 2.3. Uma funcao f(x, y) e uma funcao homogenea de grau α, onde α e

um numero real, se

f(tx, ty) = tα f(x, y), para todo t > 0.

Exemplo 2.16. Determine se as funcoes dadas a seguir sao homogeneas.

(a) f(x, y) = −3xy + y2

(b) f(x, y) = 3√

x2 + y2

Sol.:

(a) Como f(tx, ty) = −3t2xy + t2y2 = t2f(x, y), entao f e homogenea de grau 2.

(b) Como f(tx, ty) = 3√

t2x2 + t2y2 = t2/3 3√

x2 + y2 = t2/3f(x, y), diremos que f e

homogenea de grau 2/3.

Observacao 2.4. Muitas vezes uma funcao homogenea pode ser reconhecida exami-

nando o grau de cada termo

(a) f(x, y) = 6xy3 − x2y2 homogenea de grau 4

(b) f(x, y) = x2 − y nao e homogenea pois os graus de x2 e y sao diferentes.

25

Page 30: apostilha10.pdf

Definicao 2.4. Uma equacao diferencial da forma

M(x, y) dx + N(x, y) dy = 0 oudy

dx= −M(x, y)

N(x, y)

e chamada homogenea se ambos os coeficientes M e N sao funcoes homogeneas do

mesmo grau.

Uma equacao diferencial homogenea M(x, y) dx+N(x, y) dy = 0 pode ser resolvida

por meio de uma substituicao algebrica,

y = µ x ou x = ν y

desde que µ e ν sejam as novas variaveis independentes.

Esta substituicao transformara a equacao em uma equacao diferencial de primeira

ordem de variaveis separaveis.

Se por exemplo y = µ x, entao dy = µ dx + x dµ. Logo, substituindo na equacao

obtemos

M(x, µx) dx + N(x, µx) [µ dx + x dµ] = 0.

Do fato de M e N serem funcoes homogeneas de grau n temos:

xn M(1, µ) dx + xn N(1, µ) [µ dx + x dµ] = 0,

ou equivalentemente xn [M(1, µ)+µ N(1, µ)] dx+xn[x N(1, µ)] dµ = 0. Consequente-

mente,

dx

x+

N(1, µ)

[M(1, µ) + µ N(1, µ)]dµ = 0, (2.50)

e uma equacao diferencial separavel.

Exemplo 2.17. Resolva a equacao diferencial (x2 + y2) dx + (x2 − xy) dy = 0.

Sol.: Observe que a equacao diferencial nao e exata, porem e homogenea. Fazendo

y = µ x temos,

(x2 + (µ x)2) dx + (x2 − x (µ x)) [µ dx + x dµ] = 0

(1 + µ2) dx + (1 − µ) [µ dx + x dµ] = 0

26

Page 31: apostilha10.pdf

Logo,

dx

x+

1 − µ

1 + µdµ = 0

dx

x+

1 − µ

1 + µdµ = 0

dx

x+[

− 1 +2

1 + µ

]

dµ = 0

ln |x| + 2 ln |1 + µ| − µ = ln |C|

ln |x| + 2 ln∣

∣1 +

y

x

∣− y

x= ln |C|. (2.51)

2.7.1 Exercıcios

1. Nos problemas a seguir, determine se a funcao dada e homogenea. Especifique o

grau de homogeneidade quando for o caso.

(a) x3 + 2xy2 − y4/x

(b)x3y − x2y2

x + 8y

2

(c) cosx2

x + y

(d)1

x2 + y2

(e)x

y2 +√

x4 + y4

(f)ln x3

ln y3

2. Nos problemas a seguir, resolva a equacao diferencial usando uma substituicao

apropriada.

(a) (x2 − 2y2)dx + xydy = 0

(b) (y2 + yx)dx − x2dy = 0

(c) −ydx + (x +√

xy)dy = 0

(d) x seny

x

dy

dx= y sen

y

x+

x

y+ x

(e) xdx

dy= y + 2xe−y/x

(f) (x + y)dx + xdy = 0

(g)dy

dx=

x + 3y

3x + y

(h) xdy

dx− y =

x2 + y2

(i)dy

dx=

y

xln

y

x

(j) (x2e−y/x + y2)dx = xy dy

3. Nos problemas a seguir, resolva a equacao diferencial dada sujeita a condicao

inicial indicada.

(a) xy2 dy

dx= y3 − x3, y(1) = 2

(b) (x + yey/x)dx − xey/xdy = 0, y(1) = 0

27

Page 32: apostilha10.pdf

4. Suponha que M(x, y)dx + N(x, y)dy = 0 seja uma equacao homogenea. Mostre

que a substituicao x = r cos θ, y = r sen θ leva a uma equacao separavel.

5. Seja f(x, y) uma funcao homogenea de grau n. Mostre que

x∂f

∂x+ y

∂f

∂y= nf

2.8 Metodos de Substituicao

Uma equacao pode parecer diferente de todas as que vimos e estudamos, mas mudando

a variavel, tal vez um problema aparentemente difıcil possa ser resolvido de forma facil.

Exemplo 2.18. Resolva a EDO x e2y dy

dx+ e2y =

ln x

x.

Sol.: Facamos µ = x2 e2y e observemos que:

dx= 2x e2y + 2x2 e2y dy

dx= 2x

(

e2y + x e2y dy

dx

)

= 2xln x

x= 2 ln x.

Logo,

dµ = 2 ln x dx ⇒ µ = 2 (x ln x − x) + C. (2.52)

Portanto,

x2 e2y = 2x ln x − 2x + C.

Exemplo 2.19. Resolva a EDO y′ + y ln y = y ex

Sol.: Fazendo w = ln y temos que:

dw

dx=

1

y

dy

dx=

y′

y,

de onde resulta a eq. linear.

dw

dx+ w = ex.

Multiplicando a eq. anterior pelo fator integrante µ(x) observamos que

(w µ(x))′ = µ(x) ex ⇔ µ′(x) = µ(x) ⇔ µ(x) = ex.

28

Page 33: apostilha10.pdf

Logo,

w(x) ex =

(w(x) ex)′ dx =

µ(x) ex dx =

e2x dx =e2x

2+ C. (2.53)

Portanto,

w(x) =1

2ex + Ce−x.

Consequentemente

ln y =1

2ex + Ce−x.

2.9 Equacoes Redutıveis a um dos Tipos Anteriores

Caso 1: Uma equacao da forma

y′ = f(ax + by + c), b 6= 0, (2.54)

pode-se reduzir a uma equacao de variaveis separaveis, por meio da subtituicao:

w = ax + by + c. (2.55)

Exemplo 2.20. Resolva a EDO y′ =2

2x + y + 3

Sol.: Fazendo w = 2x + y + 3 temos

dw

dx= 2 +

dy

dx⇒ dy

dx=

dw

dx− 2.

Logo, substituindo na EDO a ser resolvida, temos

dw

dx− 2 =

2

w,

ou que implica que

dw

dx=

2

w+ 2 =

2 + 2w

ww

2 + 2wdw = dx

dw

2− dw

2(1 + w)= dx

w

2− ln |w + 1|

2= x + C.

29

Page 34: apostilha10.pdf

Consequentemente

2x + y + 3 − ln(2x + y + 4) = 2x + 2C

Caso 2: Considere a equacao da forma

y′ = f( ax + by + c

a1x + b1y + c1

)

. (2.56)

• Se c = c1 = 0 a equacao e homogenea.

• Se c e c1 nao sao nulos simultaneamente temos que: as retas ax + by + c = 0 e

a1x+b1y+c1 = 0 no plano XY intersectam-se em um ponto ou elas sao paralelas.

a) Se em (2.56) as retas intersectam-se num ponto (x0, y0)

Observa-se que no caso da eq. homogenea

y′ = f( ax + by

a1x + b1y

)

as retas ax + by = 0 e a1x + b1y = 0 intersectam-se na origem dos eixos coordenados.

Isto sugere que no caso em que c e c1 nao sao nulos simultaneamente se efectue uma

translacao dos eixos coordenados, de modo que a nova origem coincide com (x0, y0).

Exemplo 2.21. Resolva a EDO y′ =−7x + 3y + 7

3x − 7y − 3.

Sol.: Calculando o ponto de intersecao das retas −7x + 3y + 7 = 0 e 3x− 7y − 3 = 0

obtemos o ponto x0 = 1 e y0 = 0. Ver Figura 2.8.

Logo, fazendo

X = x − 1

Y = y(2.57)

e substituindo na EDO temos

y′ = Y ′ =−7(X + 1) + 3Y + 7

3(X + 1) − 7Y − 3,

a qual e uma equacao homogenea da forma:

Y ′ =−7X + 3Y

3X − 7Y.

30

Page 35: apostilha10.pdf

Figura 2.8:

Logo, para resolver esta ultima equacao usamos a substituicao Y = µ X. Assim, temos

que:

µ′ X + µ =−7X + 3µX

3X − 7µX=

−7 + 3µ

3 − 7µ,

µ′ X =−7 + 3µ

3 − 7µ− µ =

−7 + 7µ2

3 − 7µ(2.58)

Se −7 + 7µ2 6= 0, tem-se

(

3 − 7µ

−7 + 7µ2

)

dµ =dX

X3 − 7µ

(µ − 1)(µ + 1)dµ =

7

XdX

−2

µ − 1dµ +

−5

µ + 1dµ =

7

XdX. (2.59)

De onde integrando cada termo resulta

− 2 ln |µ − 1| − 5 ln |µ + 1| dµ = 7 lnX − ln C,

ln

( |µ − 1|−2

|µ + 1|5)

= lnX7

C. (2.60)

Logo,

C = |µ + 1|5X7|µ − 1|2. (2.61)

31

Page 36: apostilha10.pdf

Portanto,

C =

(

Y

X+ 1

)5

X7

(

Y

X− 1

)2

,

C = (Y + X)5(Y − X)2,

C = (y + x − 1)5(y − x + 1)2. (2.62)

Exercıcio: Determine a solucao da equacao diferencial

(4y + 2x − 5) dx + (6y + 4x − 1) dy = 0

y(−1) = 2(2.63)

b) Se em (2.56) as retas sao paralelas

Neste caso temos que

ax + by + c = 0

a1x + b1y + c1 = 0.⇒

y = −a

bx − c

b

y = −a1

b1x − c1

b1= 0.

⇒ a

b=

a1

b1(2.64)

Assim, fazendo λ =a

a1=

b

b1∈ R na equacao (2.56) temos:

y′ = f(λa1x + λb1y + c

a1x + b1y + c1

)

= f(λ(a1x + b1y) + c

a1x + b1y + c1

)

.

Introduzindo a nova variavel z = a1x + b1y obtem-se

dz

dx= a1b1

dy

dx= a1 + b1y

e consequentemente (2.56) reduz-se a uma equacao de variaveis separaveis da forma:

z′ − a1

b1

= f(λz + c

z + c1

)

,

dz

b1 f(

λz+cz+c1

)

+ a1

= dx (2.65)

Exemplo 2.22. Resolva a EDO y′ =2x + y − 1

4x + 2y + 5.

Sol.: Resolvendo, as seguintes equacoes temos que sao retas paralelas (Ver Figura2.9):

2x + y − 1 = 0

4x + 2y + 5 = 0⇒

y = −2x + 1

y = −2x − 5

2

(2.66)

32

Page 37: apostilha10.pdf

Figura 2.9:

Fazendo z = 2x + y temosdz

dx= 2 + y′. Logo, z′ − 2 =

z − 1

2z + 5,

dz

dx=

z − 1

2z + 5+ 2 =

z − 1 + 4z + 10

2z + 5=

5z + 9

2z + 5.

Consequentemente, para z 6= −9/5,

2z + 5

5z + 9dz = dx. (2.67)

Integrando

2z + 5

5z + 9dz =

2

5

dz +7

5

1

5z + 9dz

2

5z +

7

25ln |5z + 9|. (2.68)

Portanto, de (2.68)

2

5z +

7

25ln |5z + 9| = x + C

Substituindo o valor de z = 2x+y na equacao anterior obtemos a solucao na sua forma

implıcita.

2

5(2x + y) +

7

25ln |5(2x + y) + 9| = x + C

2.9.1 Exercıcios

1. Determine a solucao para os problemas seguintes

33

Page 38: apostilha10.pdf

(a) y′ =2x − 3

x + y − 3

(b) y′ =x − 1

3y + 2

(c) y′ =1 − x − y

x + y

(d) y′ =1

x + y

(e) (2x + 4y − 5)dx − (4x + 6y − 1)dy =

0; y(−1) = 2

(f) (x + 2y − 1)dx − (2x − 3)dy = 0; y(1) = 0

(g) y′ =1 − 2y − 4x

1 + y + 2x; y(1) = 0

(h) y′ =x + y − 1

x − y + 1; y(1) = 1

2. Resolva a equacao y′ = cos2(y − x) usando a substituicao y − x = u

3. Resolva o problema de Cauchy y′ = cos2(y − x), y(0) = π. A solucao encontrada

e uma solucao particular de (2). Justifique.

4. Verifique que a equacao da forma y′ + a(x)y = b(x)yk (Eq. de Bernoulli),

com k 6= 0 se pode transformar numa eq. linear, usando a mudanca de variavel

z = y−k+1.( Sugestao: multiplique ambos os membros da eq. dada por y−k).

5. A equacao dy/dt = q1(t)+q2(t)y+q3(t)y2 e conhecida como a ”Eq. de Ricatti”.

Suponhamos que uma certa solucao y1 seja conhecida. Uma solucao mais geral,

com uma constante arbitraria, pode ser conseguida pela substituicao y = y1 +

1/ν(t). Mostrar que ν(t) obedece a eq. linear de primeira ordem dν/dt = −(q2 +

2q3y1)ν − q3.

6. Dada uma solucao particular, resolver cada uma das seguintes equacoesde Ricatti.

(a) y′ = 1 + t2 − 2ty + y2; y1(t) = t

(b) y′ = − 1

t2− y

t+ y2; y1(t) =

1

t

(c) y′ =2 cos2 t − sin2 t + y2

2 cos t; y1(t) = sin t

34

Page 39: apostilha10.pdf

Capıtulo 3

EDO’s Lineares de Ordem Superior

Uma EDO linear geral de ordem n (n > 1), e da forma

L[y] = y(n) + a1(x) y(n−1) + a2(x) y(n−2) + · · ·+ an−1(x) y′ + an(x) y = b(x), (3.1)

onde os coeficientes ai(x) e b(x) sao funcoes contınuas em algum intervalo I.

Associado a EDO (3.1) e considerado a EDO incompleta ou homogenea:

L[y] = y(n) + a1(x) y(n−1) + a2(x) y(n−2) + · · ·+ an−1(x) y′ + an(x) y = 0, (3.2)

Aqui o termo homogeneo tem significado diferente daquele usado na secao de Equacoes

Homogeneas.

Teorema 3.1. (Existencia e Unicidade) Seja x0 um numero real fixado no intervalo I.

Dados n-numeros reais y0, y1, . . . , yn−1, existe uma unica solucao y(x) da EDO (3.1)

definida no intervalo I, satisfazendo as seguintes condicoes iniciais:

y(x0) = y0, y′(x0) = y1, y′′(x0) = y2, . . . , y(n−1)(x0) = yn−1.

Teorema 3.2. Existem n-solucoes reais linearmente independentes (LI) y1, y2, . . . , yn

da equacao EDO incompleta (ou homogenea) (3.2) com a seguinte propriedade: qual-

quer solucao y(x) da EDO incompleta (3.2) e da forma

y(x) = C1 y1(x) + C2 y2(x) + · · ·+ Cn yn(x)

Em particular, a colecao S das solucoes de (3.2) e um espaco vetorial real de di-

mensao n e o conjunto B = {y1, y2, . . . , yn} e uma base para S.

35

Page 40: apostilha10.pdf

3.1 EDO Incompleta com Coeficientes Constantes

Na equacao linear geral de ordem n (3.2) consideramos ai(x) = ai, onde ai sao

constantes reais. Logo, a equacao linear incompleta com coeficientes constantes e da

forma

L[y] = y(n) + a1 y(n−1) + · · · + an−1y′ + any = 0, (3.3)

Seja a equacao linear incompleta de primeira ordem com coeficientes constantes

y′ + ay = 0.

E sabido que uma solucao geral desta equacao e da forma:

y = C e−a x

Isto, sugere que no caso geral (n > 1) de uma equacao linear incompleta com coefi-

cientes constantes (ai(x) = ai, ∀i = 1, 2, . . . , n), se procurem solucoes do tipo y = erx,

com r constante.

Se y = erx e solucao de L[y] = 0, entao existem

y′ = r erx, y′′ = r2 erx, . . . , y(n) = rn erx.

Substituindo em (3.3) temos

rn erx + a1rn−1 erx + · · · + an−2r

2 erx + +an−1r erx + an erx = 0

erx (rn + a1rn−1 + · · ·+ an−1r + an) = 0 (3.4)

Como erx 6= 0 ∀x ∈ R, entao:

rn + a1rn−1 + · · ·+ an−1r + an = 0 (3.5)

Esta ultima equacao denomina-se equacao caracterıstica ou polinomio carac-

terıstico e tem n-raızes reais ou complexas, e com estas raızes construiremos n-solucoes

reias L.I. da equacao (3.3)

36

Page 41: apostilha10.pdf

3.1.1 Caso I: Raızes Reais

(I1) As raızes r1, r2 . . . , rn sao reais e distintas.

Se as raızes r1 6= r2 6= r3 6= · · · 6= rn, entao as n-solucoes correspondentes sao:

y1 = er1x, y2 = er2x, . . . , yn = ernx.

Por outro lado, para estas solucoes o wronskiano e definido por

W (x) = det

er1x er2x ... ernx

r1 er1x r2 er2x ... rn ernx

. .

. .

rn1 er1x rn

2 er2x ... rnn ernx

(3.6)

e, usando propriedades do determinante, obtemos que:

W (x) = er1x er2x . . . ernx det

1 1 ... 1

r1 r2 ... rn

. .

. .

rn1 rn

2 ... rnn

. (3.7)

Como o determinante do lado direito da anterior equacao conhecido como o determi-

nante de Vandermond, e diferente de zero, pois as raızes ri sao diferentes, o wronskiano

e diferente de zero (W (x) 6= 0).

Logo, {er1x, er2x, . . . , ernx} e um conjunto linearmente independente do espaco

vetorial Cn(R) (Espaco vetorial das funcoes contınuas com derivadas contınuas ate

ordem n). Portanto, [{er1x, er2x, . . . , ernx}] e um subespaco vetorial de Cn(R). Conse-

quentemente, qualquer solucao de L[y] = 0, e combinacao linear dos elementos da base

B = {er1x, er2x, . . . , ernx}, isto e

y = c1 er1x + c2 er2x + · · · + cn ernx (3.8)

Exemplo 3.1. Resolva y′′′ − 3y′′ + 2y′ = 0

37

Page 42: apostilha10.pdf

Sol.: A eq. dada pode-se escrever na forma

(D3 − 3D2 + 2D) y = 0, (3.9)

de modo que a eq. caracterıstica e

r3 − 3r2 + 2r = 0. (3.10)

Daı, fatorando (3.10) temos que r(r2 − 3r + 2) = r(r − 2)(r − 1) = 0. Logo as raızes

desta equacao sao:

r1 = 0, r2 = 2, r3 = 1.

Uma base do espaco de solucoes da eq. (3.9) dada e: B = {e0x, e2x, ex} = {1, , e2x, ex}.Logo, a sol. geral e

y = c1 + c2 e2x + c3 ex.

3.1.2 Caso II: Raızes Reais Repetidas

Se existem k-raızes do polinomio caracterıstico associados a EDO L[y] = 0 tais que

r1 = r2 = · · · = rk = r, entao as respectivas solucoes da equacao diferencial sao iguais a

erx. Portanto, e necessario procurar k funcoes LI que sejam solucoes da eq. incompleta

L[y] = 0. Com a raiz r de multiplicidade k construiremos k solucoes LI, y1, y2, . . . , yk

da EDO da seguinte maneira:

y1 = erx, y2 = x erx, y3 = x2 erx, . . . . . . , yk = xk−1 erx.

Essa construcao e feita com todas as raızes da equacao caracterıstica, para obtermos

n solucoes LI da EDO, que formam uma base para o espaco das solucoes.

Exemplo 3.2. Resolva a equacao diferencial y′′′ − 2y′′ + y′ = 0.

Sol.: A equacao caracterıstica e r3 − 2r2 + r = 0. As raızes desta equacao sao r1 = 0

e r2 = r3 = 1, logo as solucoes LI sao dadas por:

y1(x) = e0x = 1 associado a raız r1 = 0

y2(x) = ex, y3(x) = x ex associados a raız r2 = 1 (3.11)

38

Page 43: apostilha10.pdf

Portanto, B = {1, ex, x ex} e uma base do espaco de solucoes da eq. dada., conse-

quentemente a solucao geral e

y(x) = C1 + C2 ex + C2 x ex.

Exemplo 3.3. Resolva a equacao diferencial y′′ − 6y′ + 9y = 0.

Sol.: A equacao caracterıstica e r2 − 6r + 9 = 0. Resolvendo esta equacao quadratica

temos a raiz dupla

r =6 ±

√36 − 36

2= 3,

com isso a solucao geral e

y(x) = C1 e3x + C2 xe3x = e3x(C1 + C2x).

3.1.3 Caso III: Raızes Complexas

Suponhamos que λ = a+bi, b 6= 0, e uma raiz complexa da equacao caracterıstica (3.5).

Como os coeficientes desta equacao sao reais, temos pela observacao A.1 (Apendice)

que o conjugado λ = a − bi e tambem uma raiz. E facil verificar que ϕ(x) = eλx

e uma solucao complexa da EDO (3.3) e as funcoes ϕ1(x) = Re(ϕ(x)) e ϕ2(x) =

Im(ϕ(x)) sao solucoes reais linearmente independentes. Assim, temos que as solucoes

correspondentes as raizes λ e λ sao

ϕ1(x) = Re(ϕ(x)) =1

2[ϕ(x) + ϕ(x)] = eax cos bx (3.12)

ϕ2(x) = Im(ϕ(x)) =1

2[ϕ(x) − ϕ(x)] = eax sen bx (3.13)

Quando houver multiplicidade da raiz λ (e, portanto de λ), aplicamos o processo

descrito para raızes repetidas.

Exemplo 3.4. Ache a solucao geral da EDO linear de ordem quatro y(4) + 9y = 0.

Sol.: A EDO linear de ordem quatro tem equacao caracterıstica λ4+9 = 0, cujas raızes

complexas sao λ1 =

√6

2(1 + i), λ2 =

√6

2(1 − i), λ3 =

√6

2(−1 + i), λ4 =

√6

2(−1 − i).

39

Page 44: apostilha10.pdf

Correspondendo as raızes λ1 e λ2 temos as solucoes reais:

ϕ1(x) = e√

62

x cos

√6

2x e ϕ2(x) = e

62

x sen

√6

2x

Correspondendo as raızes λ3 e λ4 temos as solucoes reais:

ϕ3(x) = e−√

62

x cos

√6

2x e ϕ4(x) = e−

62

x sen

√6

2x

Logo, a solucao geral e

y(x) = e√

62

x[

C1 cos

√6

2x + C2 sen

√6

2x]

+ e−√

62

x[

C3 cos

√6

2x + C4 sen

√6

2x]

.

Exemplo 3.5. Resolva a equacao diferencial y(4) + 2y′′ + y = 0.

Sol.: As raızes da equacao caracterıstica λ4 + 2λ2 + λ = (λ2 + 1)2 = 0 sao:

λ1 = i, λ2 = −i

ambas de multiplicidade 2.

Assim, as solucoes reais associadas a λ1 e λ2 sao:

ϕ1(x) = cos x e ϕ2(x) = sen x.

Pelo fato de essas raızes serem de multiplicidade 2, temos mais duas solucoes reais:

ϕ3(x) = x cos x e ϕ4(x) = x sen x.

Portanto, a solucao geral e:

y(x) = C1 cos x + C2 sen x + C3 x cos x + C4 x sen x.

3.2 EDO Completa com Coeficientes Constantes

Uma equacao linear completa com coeficientes constantes e da forma

L[y] = y(n) + a1 y(n−1) + · · · + an−1y′ + any = b(x), (3.14)

40

Page 45: apostilha10.pdf

Teorema 3.3. A solucao y da eq. completa L[y] = b(x) (3.14) obtem-se adicionando

uma solucao particular de (3.14) com a solucao geral da EDO incompleta associada

L[y] = 0.

Em simbolos, escrevemos:

y(x) = yH(x) + yP (x)

onde yH(x) e yP (x) representam, respectivamente, a solucao da EDO incompleta L[y] =

0 e uma solucao particular da EDO completa L[y] = b(x).

A seguir apresentamos dois metodos que nos permitem achar a solucao particular

yP (x) de (3.14).

3.2.1 Metodo dos Coeficientes a Determinar (MCD).

Este metodo como o mesmo nome sugere, inicia-se supondo conhecida a forma da

solucao particular yP , salvo as constantes multiplicativas, as quais uma vez determi-

nadas levaram a suposta solucao yP da EDO (3.14).

Este metodo e aplicado com sucesso para alguns casos especiais da funcao b(x).

• 1er Caso: Seja b(x) for um polinomio de grau k,

b(x) = a0 + a1 x + · · · + ak xk.

Se as solucoes do problema incompleto L[y] = 0 sao diferentes da expressao

yP (x) = A0 + A1 x + · · ·+ Ak xk

entao diremos que yP e uma solucao particular da (3.14).

Exemplo 3.6. Ache a solucao particular da EDO y′′ − 5y′ − 6y = 3x + 4

Sol.: A solucao do problema homogeneo y′′ − 5y′ − 6y = 0 e

yH(x) = C1 e6x + C2 e−x.

41

Page 46: apostilha10.pdf

Como a funcao b(x) e o polinomio de primeiro grau 3x + 4, entao suporemos que a

solucao particular yP e da forma:

yP (x) = A0x + A1.

Assim, substituindo na EDO original nos da:

0 − 5A0 − 6(A0X + A1) = 3x + 4

e, identificando os termos semelhantes, chegamos ao sistema algebrico:

− 6A0 = 3

− 6A1 − 5A0 = 4 (3.15)

de onde segue A0 = −1/2 e A1 = −1/4.

Consequentemente a solucao particular do problema e

yP (x) = −1

2x − 1

4

e a solucao geral desta EDO e

y(x) = C1 e6x + C2 e−x − 1

2x − 1

4.

• 2do Caso: Quando b(x) e do tipo

b(x) = (a0 + a1 x + · · · + ak xk) eα x

admitiremos como solucao particular a funcao

yP (x) = (A0 + A1 x + · · ·+ Ak xk) eα x

Exemplo 3.7. Encontre a solucao particular da EDO y′′ + 4y′ + 4y = (x + 2) e2x

Sol.: A solucao do problema homogeneo e

yH(x) = C1 e−2x + C2 x e−2x.

Por outro lado, ja que b(x) = (x+2) e2x uma suposta solucao particular sera da forma

yP (x) = (Ax + B) e2x = A e2xx + B e2x. Logo, substituindo yP no problema temos

que:

[2A + 2A + 4Ax + 4B] e2x + 4[A + 2Ax + 2B] e2x + 4(Ax + B) e2x = (x + 2) e2x

42

Page 47: apostilha10.pdf

Comparando as constantes das variaveis da mesma ordem, resulta que

8A + 16B = 2

16A = 1. (3.16)

Assim, A = 1/16 e B = 3/32. Portanto, a solucao geral da EDO proposta e:

y(x) = C1 e−2x + C2 x e−2x +1

16x e2x +

3

32e2x.

• 3er Caso: Quando b(x) for do tipo

b(x) = (a0 + a1 x + · · · + ak xk) eα x sen βx

ou

b(x) = (b0 + b1 x + · · ·+ bj xj) eα x cos βx

a solucao particular e da forma:

yP (x) = (A0 +A1 x+ · · ·+Ak xk) eα x sen βx+(B0 +B1 x+ · · ·+Bj xj) eα x cos βx

Exemplo 3.8. Ache a solucao particular da EDO y′′ − y′ − 2y = sen 2x

Sol.: A solucao do problema homogeneo e

yH(x) = C1 e2x + C2 e−x.

Como b(x) = sen 2x, entao suporemos que a solucao particular yP e da forma:

yP (x) = A sen 2x + B cos 2x,

a qual levada a EDO original nos da:

(−4A sen 2x−4B cos 2x)−(2A cos 2x−2B sen 2x)−2(A sen 2x+B cos 2x) = sen 2x

e, identificando os termos semelhantes, chegamos ao sistema algebrico:

− 6A + 2B = 1

− 2A − 6B = 0 (3.17)

43

Page 48: apostilha10.pdf

de onde segue A = −3/20 e B = 1/20.

Consequentemente a solucao particular do problema e

yP (x) = − 3

20sen 2x +

1

20cos 2x.

Portanto, a solucao geral desta EDO e

y(x) = C1 e2x + C2 e−x − 3

20sen 2x +

1

20cos 2x.

• 4er Caso: (Generalizacao) Quando a funcao b(x) e a soma (ou diferenca) de

funcoes dos casos anteriores, admitimos para solucao particular yP (x) a soma (ou

diferenca) das supostas solucoes correspondentes.

Quando algum termo da suposta solucao particular yP (x), sem considerar

as constantes multiplicativas, coincidir com algum termo da solucao geral

yH(x) da EDO homogenea associada, a solucao yP (x) deve ser modificada,

multiplicando-a pelo peso xm, de modo que elimine tal coincidencia. Isto,

afasta a possibilidade de chegarmos a igualdades obvias do tipo 0 = 0, ou

um sistema algebrico sem solucoes.

Exemplo 3.9. Ache a solucao geral da EDO y′′ + y = sen x.

Sol.: Observando que a solucao da equacao incompleta e yH = C1 cos x + C2 sen x, e

inspirados no caso das raızes repetidas, tentaremos para nossa solucao particular:

yP (x) = A0x cos x + A1x sen x.

substituindo yP na EDO original temos

(A0x cos x + A1x sen x)′′ + A0x cos x + A1x sen x = sen x

logo

−2A0 sen x + 2A1 cos x = sen x.

Assim, identificando os termos semelhantes, chegamos ao sistema algebrico:

A0 = −1/2

A1 = 0

44

Page 49: apostilha10.pdf

de onde segue que a solucao geral desta EDO e

y(x) = C1 cos x + C2 sen x − 1

2x sen x

Exemplo 3.10. Ache a solucao geral da EDO y′′ − 3y′ + 2y = ex − 2e2x + sen x.

Sol.: A solucao do problema homogeneo e

yH(x) = C1 ex + C2 e2x,

e, de acordo com a descricao do metodo, a solucao particular deveria ser do tipo

A ex + B e2x + C sen x + D cos x, que contem termos identicos aos que aparecem na

solucao yH(x). Logo, sera necessario substituir a solucao particular pela funcao:

yP (x) = A xex + B xe2x + C sen x + D cos x.

Assim, substituindo yP na EDO original temos

ex − 2e2x + sen x =[A(2 + x)ex + B(4 + 4x)e2x − C sen x − D cos x]

− 3[A(1 + x)ex + B(1 + 2x)e2x + C cos x − D sen x]

+ 2[A xex + B xe2x + C sen x + D cos x]

e, identificando os termos semelhantes, chegamos ao sistema algebrico:

−A = 1

B = −2

3D + C = 1 (3.18)

D − 3C = 0

de onde segue A = −1, B = −2, C = 1/10 e D = 3/10.

Consequentemente a solucao particular do problema e

yP (x) = −xex − 2 xe2x +1

10sen x +

3

10cos x.

Portanto, a solucao geral desta EDO e

y = C1 ex + C2 e2x − xex − 2 xe2x +1

10sen x +

3

10cos x.

45

Page 50: apostilha10.pdf

3.3 EDO Completa com Coeficientes Variaveis

As equacoes lineares completas com coeficientes variaveis da forma

L[y] = y(n) + a1(x) y(n−1) + · · ·+ an−1(x)y′ + any = b(x), (3.19)

serao tratadas pelo Metodo de Variacao de Parametros (MVP) que, a grosso modo,

pode ser visto como generalizacao do Metodo de Coeficientes a Determinar.

3.3.1 Metodo de Variacao de Parametros (MVP)

Consideremos a equacao de segunda ordem

L[y] = y′′ + a1(x) y′ + a2(x)y = b(x), (3.20)

Seja B = {y1, y2} uma base do espaco de solucoes da eq. incompleta L[y] = 0 associada

a EDO (3.19), entao y = C1 y1 + C2 y2 e solucao geral da eq. incompleta L[y] = 0.

Admitindo que as constantes C1, C2 sao parametros que dependem de x, isto e:

C1 = C1(x), C2 = C2(x), entao:

y′ = C ′1 y1 + C1 y′

1 + C ′2 y2 + C2 y′

2.

Escolhendo C1(x), C2(x) de modo que:

C ′1 y1 + C ′

2 y2 = 0,

temos que:

y′ = C1 y′1 + C2 y′

2

y′′ = C ′1 y′

1 + C1 y′′1 + C ′

2 y′2 + C2 y′′

2 . (3.21)

Logo, substituindo (3.21) na equacao (3.20) temos

(C ′1 y′

1 + C1 y′′1 + C ′

2 y′2 + C2 y′′

2) + a1(x)(C1 y′1 + C2 y′

2) + a2(x)(C1 y1 + C2 y2) = b(x)

C1(y′′1 + a1(x) y′

1 + a2(x) y1) + C2(y′′2 + a1(x) y′

2 + a2(x) y2) + C ′1 y′

1 + C ′2 y′

2 = b(x).

46

Page 51: apostilha10.pdf

Como y1, y2 sao solucoes da equacao L[y] = 0, entao a ultima equacao se reduz a

expressao:

C ′1 y′

1 + C ′2 y′

2 = b(x).

Consequentemente, da hipotese inicial e do anterior temos que

C ′1 y1 + C ′

2 y2 = 0

C ′1 y′

1 + C ′2 y′

2 = b(x),

ou equivalentemente, em forma matricial

y1 y2

y′1 y′

2

C ′1

C ′2

=

0

b(x)

. (3.22)

Se W = det

y1 y2

y′1 y′

2

6= 0, entao

C ′1

C ′2

=

y1 y2

y′1 y′

2

−1

0

b(x)

=1

W

y′2 −y2

−y′1 y1

0

b(x)

=1

W

−b(x) y2

b(x) y1

Portanto,

C ′1(x) = − 1

Wb(x) y2(x) e C ′

2(x) =1

Wb(x) y1(x)

ou

C1(x) = −∫

1

Wb(x) y2(x) dx e C2(x) =

1

Wb(x) y1(x) dx

Consequentemente a solucao particular de (3.20) e

yP (x) =

(

−∫

1

Wb(x) y2(x) dx

)

y1 +

(∫

1

Wb(x) y1(x) dx

)

y2 (3.23)

Exemplo 3.11. Determine a solucao geral da eq. completa y′′ + y = tan x.

Sol.: Observa-se que a solucao da equacao y′′ + y = 0 e:

yH(x) = C1 cos x + C2 sen x,

47

Page 52: apostilha10.pdf

onde {cos x, sen x} e um conjunto LI no espaco das solucoes do problema homogeneo

associado, isto pois o wronskiano

W = det

cos x sen x

− sen x cos x

= 1 6= 0

Consequentemente,

yP (x) =

(

−∫

tanx sen x dx

)

cos x +

(∫

tan x cos x dx

)

sen x

=

(

tan x cos x −∫

cos x sec2 x dx

)

cos x +

(∫

sen x dx

)

sen x

=

(

sen x −∫

sec x dx

)

cos x − cos x sen x

=

(

sen x − ln | sec x + tanx|)

cos x − cos x sen x

= − ln | sec x + tan x| cos x (3.24)

Exemplo 3.12. Determine a solucao geral da eq. completa

(1 − x) y′′ + x y′ − y = ex (1 − x)2, ∀ x > 1

sabendo que B = {x, ex} forma uma base do espaco de solucoes da eq. homogenea

associada.

Sol.: A EDO proposta equivale a resolver a equacao diferencial

y′′ +x

1 − xy′ − 1

1 − xy = ex (1 − x), (3.25)

onde B e uma base do espaco de solucoes da equacao

y′′ +x

1 − xy′ − 1

1 − xy = 0. (3.26)

Logo,

yH(x) = C1 x + C2 ex.

Como o wronskiano e:

W = det

x ex

1 ex

= (x − 1) ex 6= 0

48

Page 53: apostilha10.pdf

entao, a solucao particular e dada por

yP (x) =

(

−∫

1

(x − 1) exex (1 − x) ex dx

)

x +

(∫

1

(x − 1) exex (1 − x) x dx

)

ex

=

(∫

ex dx

)

x −(∫

x dx

)

ex

= x ex − x2

2ex. (3.27)

Portanto, a solucao geral de (3.25) e:

y(x) = C1 x + C2 ex + x ex − x2

2ex. (3.28)

Exemplo 3.13. Determine a solucao geral da eq. completa y′′′ − 2y′′ − y′ + 2y = ex.

Sol.: Uma base do espaco de solucoes da equacao homogenea associada e B = {e−x, ex, e2x}cujo wronskiano e:

W = det

e−x ex e2x

−e−x ex 2e2x

e−x ex 4e2x

= 6e2x 6= 0.

Usando o metodo de Variacao de Parametros temos que

yP = C1(x) e−x + C2(x) ex + C3(x) e2x, (3.29)

sendo C ′1(x), C ′

2(x), C ′3(x) as solucoes do sistema

C ′1(x) e−x + C ′

2(x) ex + C ′3(x) e2x = 0

−C ′1(x) e−x + C ′

2(x) ex + 2C ′3(x) e2x = 0 (3.30)

C ′1(x) e−x + C ′

2(x) ex + 4C ′3(x) e2x = ex.

Calculando estas solucoes temos:

C ′1(x)

C ′2(x)

C ′3(x)

=

e−x ex e2x

−e−x ex 2e2x

e−x ex 4e2x

−1

0

0

ex

=1

6e2x

2e3x 6ex −2

−5e3x 3ex 0

e3x −3ex 2

T

0

0

ex

(3.31)

C ′1(x)

C ′2(x)

C ′3(x)

=1

6e2x

2e3x −5e3x e3x

6ex 3ex −3ex

−2 0 2

0

0

ex

=1

6e2x

e4x

−3e2x

2ex

=

16

e2x

−12

13

e−x

(3.32)

49

Page 54: apostilha10.pdf

Integrando obtemos

C1(x) =1

12e2x, C2(x) = −x

2, C3(x) = −1

3e−x. (3.33)

Logo, a solucao particular e dada por

yP (x) =1

12e2x e−x − x

2ex − 1

3e−x e2x

=1

12ex − x

2ex − 1

3ex

= −1

4ex − x

2ex. (3.34)

Portanto, a solucao geral e:

y(x) = C1 e−x + C2 ex + C3 e2x − 1

4ex − x

2ex. (3.35)

3.4 Exercıcios

1. Determine a solucao geral de cada uma das equacoes.

(a) y′′ − y = 0

(b) y′′ − 2y′ − 8y = 0

(c) y′′ − 2y′ + 3y = 0

(d) y′′ + 3y′ − 10y = 0

(e) y′′′ − 3y′′ − 3y′ + y = 0

(f) y′′′ + 10y′′ + 25y′ = 0

(g) y(4) + 2y′′ + y = 0

(h) y(5) − 2y(4) + 17y′′′ = 0.

2. Determine a solucao geral de cada uma das equacoes.

(a) y′′′ + 5y′ = 0

(b) y(4) − 7y′′ − 18y = 0

(c) y(4) + 2y′′ + y = 0

(d) y(5) + 16y′ = 0

(e) y(5) + 5y(4) − 2y′′′ − 10y′′ + y′ + 5y = 0

(f) y′′′ + 12y′′ + 36y′ = 0

3. Resolva as seguintes equacoes diferenciais sujeitas as condicoes iniciais indicadas.

(a) y′′ + 16y = 0; y(0) = 2, y′(0) = −2

(b) y′′ + 6y′ + 5y = 0; y(0) = 0, y′(0) = 3

(c) y′′′ − 8y = 0;

y(π/3) = 0, y′(π/3) = 2, y′′(π/3) = 0

(d) y′′ − y = 0; y(0) = 1, y′(0) = 1

(e) y′′ + y = 0; y(0) = 0, y′(0) = −1,

(f)d4y

dx= 0; y(0) = 2, y′(0) = 3,

y′′(0) = 4, y′′′(0) = 5

50

Page 55: apostilha10.pdf

4. Determine a solucao geral de cada uma das equacoes usando o metodo dos coe-

ficientes a determinar (MCD).

(a) y′′ + 3y′ − 10y = 6e4x

(b) y′′ − y′ − 6y = 20e−2x

(c) y′′ − 2y′ + 5y = 25x2 + 12

(d) y′′ + 4y′ + 8y = x + ex

(e) y′′ − 3y′ + 2y = 14 sen 2x − 18 cos 2x

(f) y′′ − 2y′ + 2y = ex sen x.

5. Encontre a solucao do problema de valor inicial

y(4) − y′′′ − y′′ − y′ − 2y = 8x5

com as condicoes iniciais y(0) = y′(0) = y′′(0) = y3(0) = 0

6. Seja a equacao mx′′+kx = F0 cos wt que descreve oscilacoes nao amortecidas

de um sistema mecanico massa-mola. Ache a solucao geral para esta equacao.

7. Resolva o problema de valor inicial:

y′′ + 9y = 80 cos 5x , y(0) = y′(0) = 0.

8. Determine a solucao geral de cada uma das equacoes usando o metodo de variacao

dos parametros (MVP).

(a) y′′ + 2y′ + y = e−x ln x

(b) y′′ − 3y′ + 2y = (1 + e−x)−1

(c) y′′ − 2y′ − 3y = 64xe−x

(d) y′′ − y′ = tan 2x

(e) y′′ + y = sec x tan x

(f) y′′′ + y′ = sec x

(g) y′′ + y = sec x

(h) x2y′′ − 2y = (x − 1)x−2, y1 = 1/x, y2 = x2.

51

Page 56: apostilha10.pdf

Capıtulo 4

Sistema de Equacoes Diferenciais

Lineares

Um sistema de equacoes diferenciais ordinarias e um conjunto de equacoes que en-

volve dois ou mais variaveis dependentes que dependem de uma variavel independente.

No decorrer deste capıtulo, trabalharemos apenas com sistemas lineares com Coe-

ficientes Constantes.

4.1 Sistemas Homogeneos de 1ra Ordem

Consideremos o sistema de n-equacoes diferenciais com coeficientes reais

x′1 = a11x1 + a12x2 + ... + a1nxn

x′2 = a21x1 + a22x2 + ... + a2nxn

.

.

.

x′n = an1x1 + an2x2 + ... + annxn

(4.1)

Em forma matricial, escreve-se (4.1) da forma:

X′ = A X, (4.2)

52

Page 57: apostilha10.pdf

onde

X =

x1

...

xn

e A =

a11 a12 . . . a1n

a21 a22 . . . a2n

...... . . .

...

an1 an2 . . . ann

n×n

.

O sistema (4.2) e chamado de Sistema Linear Homogeneo de Primeira Or-

dem, cuja solucao em um intervalo I e qualquer vetor X cujos elementos sao diferen-

ciaveis que verificam o sistema (4.2) no intervalo.

Definicao 4.1. Qualquer conjunto X1, X2, . . . ,Xn de n-vetores solucao linearmente

independentes do sistema homogeneo (4.1) em um intervalo aberto I (isto e, onde o

Wronskiano W (X1,X2, . . . ,Xn) 6= 0 para t ∈ I) e chamado um conjunto funda-

mental de solucoes no intervalo. A matriz

Φ =[

X1 X2 · · · Xn

]

=

x11 x12 · · · x1n

x21 x22 · · · x2n

......

xn1 xn2 · · · xnn

, onde Xi =

x1i

x2i

...

xni

(4.3)

e chamada uma matriz fundamental do sistema no intervalo.

Teorema 4.1. (Princıpio de Superposicao) Sejam X1, X2, . . . ,Xn n-solucoes L.I.

do sistema homogeneo (4.1) no intervalo aberto I. Se c1, c2, . . . , cn sao constantes,

entao a combinacao linear X = c1 X1 + c2 X2 + · · · + cn Xn e tambem solucao de

(4.1) em I.

Definicao 4.2. Seja X1, X2, . . . ,Xn um conjunto fundamental de solucoes do sis-

tema homogeneo (4.1) em um intervalo I. Define-se a solucao geral do sistema no

intervalo como

X = c1 X1 + c2 X2 + · · ·+ cn Xn = ΦC, C =

c1

c2

...

cn

(4.4)

onde Φ e a matriz fundamental e os ci sao constantes arbitrarias.

53

Page 58: apostilha10.pdf

Teorema 4.2. (Existencia de uma solucao unica) Seja t0 um ponto pertencente

ao intervalo I, tal que

X′ = A X

X(t0) = X0

(4.5)

Entao, existe uma unica solucao X(t) definida em I que satisfaz o problema de valor

inicial (4.5).

A Partir de (4.4) temos que X(t) = Φ(t)C. Logo, substituindo a condicao inicial

X(t0) = X0, encontramos que

X(0) = Φ(0)C

X0 = Φ(0)C

C = Φ(0)−1X0

Portanto, a solucao do problema de valor inicial homogeneo e dado por

X(t) = Φ(t)Φ(0)−1X0.

Para determinarmos uma solucao geral X que satisfaza (4.2) usaremos um metodo

analogo ao que foi empregado para resolver equacoes lineares de 1ra ordem incompletas

com coeficientes constantes. Isto e, procuramos solucoes de (4.2) da forma:

X(t) = ~v eλ t (4.6)

onde o expoente λ e o vetor constante ~v sao grandezas a determinar.

Substituindo (4.6) em (4.2) temos λ ~v eλ t = A(~v eλ t) ⇒ λ ~v = A(~v), logo

(A− λI) ~v = 0. (4.7)

Note-se da ultima identidade que o problema agora consiste em achar os autovalores λ

e autovetores ~v associados a matriz A.

4.1.1 Autovalores Reais Distintos

Como consequencia do Principio de Superposicao temos que, a solucao corres-

pondente ao sistema (4.1) quando a matriz A tem n-autovalores reais diferentes (λ1 6=

54

Page 59: apostilha10.pdf

λ2 6= · · · 6= λn) e da forma

X(t) = c1−→v1 eλ1t + c2

−→v2 eλ2t + · · ·+ cn−→vn eλnt (4.8)

onde −→v1,−→v2, . . . ,

−→vn sao os correspondentes autovetores de λ1, λ2, . . . , λn.

Exemplo 4.1. Ache a solucao geral do sistema

X′ =

1 1

4 1

X.

Sol.: Suponhamos que X(t) = ~v eλt e uma solucao do sistema, logo

(A− λ I) ~v =

1 − λ 1

4 1 − λ

v1

v2

=

0

0

. (4.9)

O polinomio caracterıstico sera denotado por p(λ), que e o determinante da matriz

associada a equacao caracterıstica. Assim p(λ) = (1 − λ)2 − 4, isto e

p(λ) = (1 − λ)2 − 4 = 1 − 2λ + λ2 − 4 = λ2 − 2λ − 3 = (λ + 1)(λ − 3) = 0

Portanto, os autovalores de A, que sao as raızes da equacao caracterıstica, sao: λ1 = −1

e λ2 = 3.

Para cada um destes autovalores precisamos calcular previamente os autovetores ~v

associados.

Assim, em (4.9) substituindo o valor de λ1 temos:

(A − λ1 I) ~v =

2 1

4 2

·

v1

v2

=

0

0

⇒ v2 = −2v1

Logo, o autovetor ~v e do tipo

v1

−2v1

= v1

1

−2

.

Note que o auto-espaco associado a λ1 e Sλ1 = [(1,−2)]. Portanto, uma solucao

do sistema e X1(t) =

1

−2

e−t.

55

Page 60: apostilha10.pdf

Por outro lado, calculando o autovetor ~v associado ao autovalor λ2 do sistema (4.9)

temos:

(A − λ2 I) ~v =

−2 1

4 −2

.

v1

v2

=

0

0

⇒ v2 = 2v1

Logo, o autovetor ~v e do tipo

v1

2v1

= v1

1

2

.

Note que o auto-espaco associado a λ2 e Sλ2 = [(1, 2)]. Portanto, uma solucao do

sistema e X2(t) =

1

2

e3t.

Assim, a solucao do sistema proposto constitue um conjunto fundamental L.I de

solucoes (W [X1,X2] 6= 0). Logo, a solucao geral do sistema e:

X(t) = c1 X1(t) + c2 X2(t) = c1

1

−2

e−t + c2

1

2

e3t.

4.1.2 Autovalores Complexos

Mesmo se alguns dos autovalores sao complexos, desde que sejam distintos, o metodo

descrito anteriormente, ainda fornece n-solucoes linearmente independentes. A unica

complicacao e que os autovetores associados aos autovalores complexos, sao normal-

mente complexos, assim, teremos solucoes complexas.

Teorema 4.3. (Solucoes complexas correspondentes a autovalores complexos)

Seja A a matriz de coeficientes do sistema homogeneo (4.2) e seja v um autovetor cor-

respondente ao autovalor complexo λ = α + iβ, com α e β reais (v o autovetor

conjugado correspondente ao autovalor conjugado λ). Entao,

X1(t) = v.eλt e X2(t) = v.eλt

sao solucoes complexas de (4.2).

Exemplo 4.2. Encontre as solucoes complexas do sistema

dx

dt= 6x − y

dy

dt= 5x + 4y

56

Page 61: apostilha10.pdf

Sol.: Os autovalores sao as raızes do polinomio caracterıstico

p(λ) = det(A− λI) =

6 − λ −1

5 4 − λ

= (6 − λ)(4 − λ) + 5 = λ2 − 10λ + 29 = 0. (4.10)

Assim, os autovalores sao: λ1 = 5 + 2i e λ2 = 5 − 2i.

Para λ1 = 5 + 2i, vemos que seu autovetor associado v = (v1, v2) e solucao do

sistema

1 − 2i −1

5 −1 − 2i

v1

v2

=

0

0

(1 − 2i)v1 − v2 = 0

5v1 − (1 + 2i)v2 = 0⇔

v1 = 1

v2 = 1 − 2i

Portanto o autovetor v associado a λ1 e:

1

1 − 2i

.

Em consequencia do Teorema 4.3, as duas solucoes complexas do sistema, sao

X1 =

1

1 − 2i

e(5+2i)t e X2 =

1

1 + 2i

e(5−2i)t.

Teorema 4.4. (Solucoes reais correspondentes a um autovalor complexo)

Seja λ = α + iβ um autovalor complexo da matriz A de coeficientes reais no sistema

homogeneo (4.2) e v seu autovetor correspondente.

Se B1 = Re(v) =1

2[v + v] e B2 = Im(v) =

i

2[−v + v], entao:

X1 = Re(veαt) = (B1 cos βt −B2 sen βt) eαt (4.11)

X2 = Im(veαt) = (B2 cos βt + B1 sen βt) eαt (4.12)

sao solucoes reais linearmente independentes do sistema homogeneo (4.2).

Exemplo 4.3. Ache uma solucao geral real do sistema

dx

dt= 6x − y

dy

dt= 5x + 4y

Sol.: No exemplo anterior, vimos que:

57

Page 62: apostilha10.pdf

Para λ1 = 5 + 2i seu autovetor associado e:

1

1 − 2i

=

1

1

+ i

0

−2

e

para λ2 = λ1 = 5− 2i seu autovetor associado e:

1

1 + 2i

=

1

1

+ i

0

2

.

Em consequencia do Teorema 4.4, as duas solucoes reais do sistema sao:

X1 =

(

1

1

cos 2t −

0

−2

sen 2t

)

e5t =

cos 2t

cos 2t + 2 sen 2t

e5t (4.13)

X2 =

(

0

−2

cos 2t +

1

1

sen 2t

)

e5t =

sen 2t

−2 cos 2t + sen 2t

e5t. (4.14)

Usando o princıpio da superposicao, concluimos que a solucao geral do sistema e:

X = c1

cos 2t

cos 2t + 2 sen 2t

e5t + c2

sen 2t

−2 cos 2t + sen 2t

e5t.

4.1.3 Autovalores Repetidos

Seja A a matriz n × n de coeficientes do sistema homogeneo (4.2). Se λ e um

autovalor de multiplicidade m (m ≤ n), distinguimos duas possibilidades:

1. Existem m autovetores linearmente independentes −→v1,−→v2, . . . ,

−→vm correpondentes

ao autovalor λ. Neste caso, a solucao geral do sistema contem a combinacao

linear

c1−→v1 eλt + c2

−→v2 eλt + · · · + cm−→vm eλt.

2. Se ha apenas um autovetor correspondendo ao autovalor λ de multiplicidade m.

Este caso nao sera tratado pois requer de um estudo mais detalhado.

Exemplo 4.4. Ache uma solucao geral do sistema

dx

dt= 9x + 4y

dy

dt= −6x − y

dz

dt= 6x + 4y + 3z

ou X′ =

9 4 0

−6 −1 0

6 4 3

X

58

Page 63: apostilha10.pdf

Sol.: Os autovalores sao as raızes do polinomio caracterıstico

p(λ) = det(A− λI) =

9 − λ 4 0

−6 −1 − λ 0

6 4 3 − λ

= (λ − 5)(λ − 3)2 = 0. (4.15)

Assim, os autovalores sao: λ1 = 5 e λ2 = λ3 = 3 (λ2 de multiplicidade 2).

Para λ1 = 5, vemos que o sistema

4 4 0

−6 −6 0

6 4 −2

v1

v2

v3

=

0

0

0

v1 = −v2

v1 = v3

⇔ ~v = v1

1

−1

1

Para λ2 = 3, vemos que o sistema

6 4 0

−6 −4 0

6 4 0

v1

v2

v3

=

0

0

0

⇔ 3v1 = −2v2 ⇔ ~v = v1

1

−3/2

0

+ v3

0

0

1

Considerando v1 = 2 e v3 = 0 temos o autovetor associado a λ2,

2

−3

0

.

Quando v1 = 0 e v3 = 1 temos outro autovetor associado a λ2, dado por:

0

0

1

.

Como o conjunto de vetores {(1,−1, 1), (2,−3, 0), (0, 0, 1)} sao linearmente in-

dependentes, usando o princıpio da superposicao, concluimos que a solucao geral do

sistema e:

X(t) = c1

1

−1

1

e5t + c2

2

−3

0

e3t + c3

0

0

1

e3t.

4.1.4 Exercıcios

1. Achar a solucao geral do sistema de equacoes

59

Page 64: apostilha10.pdf

(a) X′ =

5 −1

0 3

X (b) X′ =

5 5 2

−6 −6 −5

6 6 5

X

(c) X′ =

1 0 0

2 1 −2

3 2 1

X (d) X′ =

1 −10

−7 10

X

2. Resolver o problema de valor inicial proposto

(a) X′ =

5 −1

3 1

X, X(0) =

2

−1

(b) X′ =

1 −5

1 −3

X, X(0) =

1

1

(c) X′ =

1 1 2

0 2 2

−1 1 3

X, X(0) =

2

0

1

(d) X′ =

−2 1

−5 4

X, X(0) =

1

3

(e) X′ =

−3 2

−1 −1

X, X(0) =

1

−2

(f) X′ =

0 0 −1

2 0 0

−1 2 4

X, X(0) =

7

5

5

3. Resolver o problema de valor inicial proposto

(a) X′ =

3 −4

4 −7

X, X(0) =

3

2

(b) X′ =

−5/2 1 1

1 −5/2 1

1 1 −5/2

X, X(0) =

2

3

−1

4.2 Sistemas Nao Homogeneos de 1ra Ordem

Um sistema linear de primeira ordem nao homogeneo e da forma

X′ = AX + B(t), (4.16)

onde B(t) e contınua em um intervalo I.

Uma solucao geral de (4.16) e da forma:

X(t) = Xh(t) + Xp(t), (4.17)

60

Page 65: apostilha10.pdf

onde Xh e a solucao geral do sistema homogeneo X′ = AX e Xp e uma solucao

particular de (4.16).

Teorema 4.5. (Existencia de uma solucao unica) Suponhamos B(t) uma funcao

contınua em um intervalo I que contenha o ponto t0. Entao, existe uma unica solucao

X(t) definida em I que satisfaz o problema de valor inicial

X′ = A X + B(t)

X(t0) = X0

(4.18)

Calculo da Solucao Particular Xp: Dois metodos podem ser usados

1. Coeficientes Indeterminados

2. Variacao de Parametros

4.2.1 Coeficientes Indeterminados

Este metodo e restrito a sistemas lineares de equacoes com coeficientes constantes da

forma

X′ = AX + B(t) (4.19)

onde A e uma matriz constante n × n e B(t) e uma combinacao linear de productos

de polinomios, funcoes exponenciais e senos e cosenos.

Exemplo 4.5. Encontre uma solucao geral do sistema

x′ = 4x + 2y − 8t

y′ = 3x − y + 2t + 3⇔

x

y

=

4 2

3 −1

x

y

+

−8t

2t + 3

(4.20)

Sol.: Desde que a solucao geral e X = Xh + Xp procederemos em duas etapas.

1ra Etapa: Para calcular a solucao Xh determinamos as raızes do polinomio caracte-

ristico

p(λ) = det(A−λ I) = det

(

4 2

3 −1

−λ

1 0

0 1

)

= (λ+1)(λ−4)−6 = (λ−5)(λ+2)

61

Page 66: apostilha10.pdf

Assim, temos para λ = 5 que:

(A− λI)~v =

−1 2

3 −6

v1

v2

=

0

0

⇒ v1 = 2v2 ⇒ ~v = v2

2

1

.

Analogamente, para λ = −2,

(A− λI)~v =

6 2

3 1

v1

v2

=

0

0

⇒ v2 = −3v1 ⇒ ~v = v1

1

−3

.

Portanto,

Xh(t) = c1

2

1

e5t + c2

1

−3

e−2t.

2da Etapa: Suponhamos que a solucao particular e da forma Xp =

xp(t)

yp(t)

= ~a t+~b,

onde ~a =

a1

a2

e ~b =

b1

b2

. Entao:

X′p =

a1

a2

=

4 2

3 −1

a1t + b1

a2t + b2

+

−8t

2t + 3

=

4a1 + 2a2

3a1 − a2

t +

4b1 + 2b2

3b1 − b2

+

−8t

2t + 3

=

4a1 + 2a2 − 8

3a1 − a2 + 2

t +

4b1 + 2b2

3b1 − b2 + 3

. (4.21)

Portanto,

4a1 + 2a2 = 8

3a1 − a2 = −2e

4b1 + 2b2 = a1

3b1 − b2 + 3 = a2

(4.22)

Resolvendo o sistema anterior resulta que

a1 = 2/5 b1 = 2/25 (4.23)

a2 = 16/5 b2 = 1/25 (4.24)

62

Page 67: apostilha10.pdf

Consequentemente, Xp(t) =

2/5 t + 2/25

16/5 t + 1/25

Concluımos de ambas etapas que:

X(t) = c1

2

1

e5t + c2

1

−3

e−2t +

2/5 t + 2/25

16/5 t + 1/25

.

4.2.2 Variacao de Parametros

Seja Xh uma solucao do problema homogeneo X′ = AX, onde

Xh(t) = c1 X1(t) + c2 X2(t) + · · ·+ cn Xn(t),

onde X1, X2, . . . , Xn sao solucoes fundamentais.

Denotemos por Φ(t) a matriz fundamental cujos vetores coluna sao: X1, X2, . . . , Xn

e C =

c1

...

cn

, entao:

Xh(t) = Φ(t) C ⇔ Φ′(t) = A Φ(t). (4.25)

Uma solucao Xp (particular) do sistema linear nao homogeneo

X′ = AX + B(t) (4.26)

sera asssumida da forma

Xp(t) = Φ(t) ~u(t).

O proposito agora e determinar ~u(t) de forma que Xp(t) satisfaca (4.26). Assim,

X′p(t) = Φ′(t) ~u(t) + Φ(t) ~u′(t) = AΦ(t) ~u(t) + B(t). (4.27)

Portanto, de (4.25) segue-se que

Φ(t) ~u′(t) = B(t). (4.28)

63

Page 68: apostilha10.pdf

Consequentemente,

~u′(t) = Φ−1(t)B(t) ⇒ u(t) =

Φ−1(t)B(t) dt ⇒ Xp(t) = Φ(t)

Φ−1(t)B(t) dt.

(4.29)

Logo, a solucao geral de (4.26) e da forma:

X(t) = Xh(t) + Xp(t)

= Φ(t) C + Φ(t)

Φ−1(t)B(t) dt. (4.30)

Observacao 4.1. Deve-se notar que:

1. A escolha da constante em (4.29) e irrelevante pois precisamos apenas de uma

solucao particular.

2. Em problemas de valor inicial e convenienete escolher a constante de integracao

de modo que Xp(0) = 0, e desta maneira integrar de 0 para t,

Xp(t) = Φ(t)

∫ t

0

Φ−1(s)B(s) ds.

Desta maneira temos que a solucao geral e

X(t) = Φ(t) C + Φ(t)

∫ t

0

Φ−1(s)B(s) ds.

Exemplo 4.6. Ache a solucao geral do PVI

X′ =

4 2

3 −1

X −

15

4

t e−2t (4.31)

X(0) =

1

−1

(4.32)

Sol.: Dividiremos a solucao do exercıcio em duas etapas:

1ra Etapa: (Solucao do Problema Homogeneo X′ = AX).

Calculando as raızes de p(λ) = det

4 − λ 2

3 −1 − λ

= (λ−5)(λ+2) = 0, obtemos

os autovalores λ1 = 5 e λ2 = −2.

64

Page 69: apostilha10.pdf

Para λ1 = 5 temos o autovetor −→v1 =

2

1

e para λ2 = −2 o autovetor −→v2 =

1

−3

.

Portanto,

Xh(t) = c1

2

1

e5t + c2

1

−3

e−2t =

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

c1

c2

= Φ(t) C (4.33)

2da Etapa: (Solucao Particular do Problema Nao Homogeneo X′ = AX + B(t) ).

Pelo que foi visto, Xp(t) = Φ(t)∫

Φ−1(s) B(s) ds, sendo

Φ−1(t) =1

det Φ[Cof Φ]T =

1

−7e3t

−3e−2t −e5t

−e−2t 2e5t

T

= − 1

7e3t

−3e−2t −e−2t

−e5t 2e5t

=1

7e3t

3e−2t e−2t

e5t −2e5t

. (4.34)

Logo, uma solucao particular e

Xp(t) =

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

∫ t

0

1

7e3s

3e−2s e−2s

e5s −2e5s

−15 s e−2s

−4 s e−2s

ds

=

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

∫ t

0

1

7e3s

−49 s e−4s

−7 s e3s

ds

=

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

∫ t

0

−7 s e−7s

−s

ds

=

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

−7∫ t

0s e−7s ds

−∫ t

0s ds

=

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

s e−7s + 1/7 e−7s∣

t

0

−1/2 s2∣

t

0

=

2e5t e−2t

e5t −3e−2t

t e−7t + 1/7 e−7t − 1/7

−1/2 t2

=

e−2t(2t + 2/7 − 2/7 e5t − 1/2 t2)

e−2t(t + 1/7 − 1/7 e5t + 3/2 t2)

(4.35)

65

Page 70: apostilha10.pdf

Consequentemente a solucao geral e:

X(t) = Xh(t) + Xp(t).

4.3 Sistemas Homogeneos de 2da Ordem

Consideremos o sistema de n-equacoes diferenciais com coeficientes constantes

x′′1 = a11x1 + a12x2 + ... + a1nxn

x′′2 = a21x1 + a22x2 + ... + a2nxn

.

.

.

x′′n = an1x1 + an2x2 + ... + annxn

(4.36)

Em forma matricial, escreve-se (4.36) da forma:

X′′ = A X, (4.37)

onde

X =

x1

.

xn

e A =

a11 a12 ... a1n

a21 a22 ... a2n

. . . .

an1 an2 ... ann

n×n

.

O sistema (4.37) e chamado de Sistema Linear Homogeneo de Segunda Ordem.

Para determinarmos uma solucao de (4.37) usaremos uma solucao tentativa da

forma:

X(t) = ~v eα t (4.38)

onde ~v e um vetor constante.

Entao, X′′(t) = α2 ~v eαt. Assim, substituindo em (4.37) tem-se α2 ~v eαt = A ~v eαt,

o que implica que

A ~v = α2 ~v.

Portanto, X(t) = ~v eαt e solucao de X′′ = AX, se e somente se, A ~v = α2 ~v.

66

Page 71: apostilha10.pdf

4.3.1 Aplicacoes a Mecanica

Consideremos tres massas ligadas uma a outra e a duas paredes por quatro molas,

Suponhamos que as massas deslizam sem atrito e que cada mola obedece a “lei de

Hooke”(sua extensao ou comprenssao x e forca F de reacao e relacionada pela formula

F = −kx).

Se os deslocamentos para a direita x1, x2, x3 das tres massas (apartir de suas

posicoes de equilibrio) sao todos positivos, entao:

• A primeira mola esta esticada da distancia x1;

• A segunda mola esta esticada da distancia x2 − x1;

• A terceira mola esta esticada da distancia x3 − x2;

• A quarta mola esta comprimida da distancia x3.

Portanto, aplicando a 2da lei de Newton (ma = F ), temos para as tres massas suas

equacoes de movimento

m1x′′1 = −k1x1 + k2(x2 − x1) = −(k1 + k2)x1 + k2x2

m2x′′2 = −k2(x2 − x1) + k3(x3 − x2) = k2x1 − (k2 + k3)x2 + k3x3 (4.39)

m3x′′3 = −k3(x3 − x2) − k4x3 = k3x2 − (k3 + k4)x3

Chamando X =

x1

x2

x3

o vetor deslocamento, de M =

m1 0 0

0 m2 0

0 0 m3

a matriz de

67

Page 72: apostilha10.pdf

massa, e a matriz de rigidez de K =

−(k1 + k2) k2 0

k2 −(k2 + k3) k3

0 k3 −(k3 + k4)

temos que

(4.39) toma a forma matricial

MX′′ = KX.

Como o det M = m1m2m3 6= 0, entao existe M−1, logo

X′′ = M−1KX.

Chamando A = M−1K temos um sistema matricial de 2da ordem homogeneo, da forma

X′′ = AX. (4.40)

Logo, X(t) = ~v eαt e uma solucao de (4.40) se e somente se

A ~v = α2 ~v. (4.41)

Portanto, λ = α2 e um autovalor de A e ~v um autovetor associado.

Como X′′ = AX modela um sistema mecanico, e tıpico que os autovalores sejam

numeros reais negativos. Se λ = α2 < 0 ⇒ α = ±i√

|λ|.

Portanto,

X(t) = ~v eαt = ~v e−i√

|λ| t = ~v[

cos√

|λ| t + i sen√

|λ| t]

(4.42)

As partes real e imaginaria sao:

x1(t) = cos√

|λ| t e x2(t) = sen√

|λ| t.

Entao,

X(t) =[

c1 cos√

λ t + c2 sen√

λ t]

~v (4.43)

Teorema 4.6. Se a matriz A ∈ Mnxn tem autovalores negativos distintos −w21, −w2

2,

. . . , −w2n com autovetores associados ~v1, ~v2, . . . , ~vn, entao a solucao geral de X′′ = AX

e dada por:

X(t) =

n∑

j=1

[aj cos wjt + bj sen wjt] ~vj (4.44)

68

Page 73: apostilha10.pdf

onde aj e bj sao numeros reais. No caso especial que de um autovalor nulo nao-repetido

λ0 = 0 com autovetor associado ~v0, a parte correspondente da solucao geral e:

X0(t) = (a0 + b0t)~v0 (4.45)

Importante

• A frequencia natural interna e definida por ωi =√−λi ∈ R, onde λi e um

autovalor de A.

• O perıodo e definido por P =2π

ωi

=2π√−λi

.

Exemplo 4.7. Ache a solucao do sistema massa mola MX′′ = KX, quando m1 =

2, m2 = 1, k1 = 100, k2 = 50.

Como nao ha uma terceira mola ligada a uma parede direita, no sistema (4.39)

fazemos k3 = 0. Assim,

m1 x′′(t) = −(k1 + k2)x(t) + k2 y(t) = −150 x(t) + 50 y(t)

m2 y′′(t) = k2 x(t) − k2 y(t) = 50 x(t) − 50 y(t), (4.46)

ou dito de outra forma,

2 0

0 1

X′′ =

−150 50

50 −50

X, onde X =

x

y

. (4.47)

Resolvendo este sistema obtemos:

X′′ =

2 0

0 1

−1

−150 50

50 −50

X =1

2

1 0

0 2

−150 50

50 −50

X =

−75 25

50 −50

X.

69

Page 74: apostilha10.pdf

Entao,

X(t) = ~v eα t onde A~v = α2 ~v.

Calculando os autovalores atraves do polinomio caracterıstico p(λ) = det(A−λ I) = 0,

obtemos

det

−75 − λ 25

50 −50 − λ

= 0 ⇔ λ = −100 ou λ = −25.

Para λ = −100 temos que o autovetor ~v = (v1, v2) e solucao do sistema

(A + 100 I)~v =

25 25

50 50

v1

v2

=

0

0

⇔ ~v =

v1

v2

=

v1

−v1

= v1

1

−1

.

Para λ = −25 temos que o autovetor ~v = (v1, v2) e solucao do sistema

(A + 25 I)~v =

−50 25

50 −25

v1

v2

=

0

0

⇔ ~v =

v1

v2

=

v1

2v1

= v1

1

2

.

Consequentemente, pelo Teorema 4.6

X(t) = (a1 cos 10t + b1 sen 10t)

1

−1

+ (a2 cos 5t + b2 sen 5t)

1

2

. (4.48)

4.4 Sistemas Nao Homogeneos de 2da Ordem

Suponha agora que a i-esima massa de um sistema massa-mola e submetida a uma

forca externa F em acrescimo as forcas exercidas pelas molas a ela ligadas. Entao, a

equacao homogenea MX′′ = KX e substituida pela eq. nao homogenea

MX′′ = KX + F ou X′′ = M−1K X + M−1F = AX + f . (4.49)

Caso Particular: Forca Externa Periodica f = F0 cos ωt.

Uma solucao particular neste caso e:

Xp(t) = C cos ωt, (4.50)

onde C e o vetor coeficiente a ser determinado.

70

Page 75: apostilha10.pdf

Assim, temos que:

−C ω2 cos ωt = AC cos ωt + F0 cos ωt

(AC + C ω2) cosωt = −F0 cos ωt

(A + ω2I) C = −F0. (4.51)

Se a matriz (A + ω2 I) e nao singular, entao C = (A + ω2I)−1 F0 com o que teremos

resolvido (4.49), a nao ser que −ω2 = λ seja um autovalor de A. Deste modo, uma

solucao particular periodica Xp = C cos ωt existe, desde que a frequencia forcada

externa ω nao se iguale a uma das frequencias naturais ω1, ω2, . . . , ωn (autovalores do

sistema (A + ω2I)~v = ~0).

Exemplo 4.8. Ache a solucao do sistema de massa-mola X′′ = M−1K X + f (4.49),

quando m1 = 2, m2 = 1, k1 = 100, k2 = 50. Suponha que a segunda massa m2 e

submetida a forca externa periodica de 50 cosωt.

Sol.: Substituindo os dados no sistema obtemos a eq. nao homogenea

X′′ =

−75 25

50 −50

X +

0

50 cosωt

.

Supondo que Xp(t) = C cos ωt e solucao particular de (4.49), por (4.51) C =

c1

c2

satisfaz:

(

−75 25

50 −50

+ ω2

1 0

0 1

)

C =

0

−50

. (4.52)

71

Page 76: apostilha10.pdf

Logo,

ω2 − 75 25

50 ω2 − 50

C =

0

−50

⇒ C =

ω2 − 75 25

50 ω2 − 50

−1

0

−50

.

Portanto,

C =1

(ω2 − 100)(ω2 − 25)

ω2 − 50 −25

−50 ω2 − 75

0

−50

=1

(ω2 − 100)(ω2 − 25)

1250

−50(ω2 − 75)

. (4.53)

Assim, a oscilacao forcada resultante e descrita por

x1(t) =1250

(ω2 − 100)(ω2 − 25)cos

√50t (4.54)

x2(t) =−50(ω2 − 75)

(ω2 − 100)(ω2 − 25)cos

√50t. (4.55)

• No caso em que ω2 = 50, obtem-se de (4.53) que C =

−1

−1

. Neste caso, a oscilacao

e descrita por:

Xp(t) =

x1(t)

x2(t)

=

−1

−1

cos√

50t =

− cos√

50t

− cos√

50t

(4.56)

o que quer dizer que as duas massas oscilam com amplitudes e direcoes iguais. Portanto,

de (4.48-4.56) temos que a solucao geral e

X(t) = Xh(t) + Xp(t)

=

a1 cos 10t + b1 sen 10t + a2 cos 5t + b2 sen 5t

−a1 cos 10t − b1 sen 10t + 2a2 cos 5t + 2b2 sen 5t

+

− cos√

50t

− cos√

50t

(4.57)

Observacao 4.2. No exemplo anterior verifica-se que a frequencia externa ω tem que

ser diferente as frequencias internas ω1 = 10 e ω2 = 5. E evidente, pois quando

ω → ω1 ou ω → ω2, as componentes da amplitude C, c1 e c2 aproximam-se de ∞.

Este fenomeno se conhece como ressonancia.

72

Page 77: apostilha10.pdf

Capıtulo 5

Transformada de Laplace

Muitos problemas praticos de engenharia envolvem sistemas mecanicos ou eletricos

atuados por agentes descontınuos ou impulsivos. Um metodo apropriado a estes proble-

mas embora tenha utilidade muito mais geral, esta baseado na transformada de Laplace.

Definicao 5.1. Uma integral impropria sobre um intervalo infinito e definida como

um limite de integrais sobre intervalos limitados; isto e,

∫ ∞

a

g(t) dt = limx→∞

∫ x

a

g(t) dt. (5.1)

Se o limite em (5.1) existe, entao dizemos que a integral impropria converge. Do

contrario, ela diverge ou deixa de existir.

Definicao 5.2. Seja f uma funcao definida para t ≥ 0. Entao, a transformada de

Laplace de f e a funcao F de s definida como segue:

L[f(t)] = F (s) =

∫ ∞

0

e−stf(t) dt (5.2)

para todos os valores de s onde a integral impropria converge.

Observe que o integrando da integral impropria em (5.2) contem o parametro s adi-

cionalmente a variavel de integracao t. Portanto, quando a integral em (5.2) converge,

ela nao converge meramente para um numero, mas para uma funcao F de s.

Exemplo 5.1. Calcule a transformada de Laplace de f(t) = 1, para t ≥ 0.

73

Page 78: apostilha10.pdf

Sol.: Usando a definicao temos que

L[1] =

∫ ∞

0

e−st dt = limb→∞

∫ b

0

e−st dt

= limb→∞

− 1

s(e−sb − 1)

=1

s, para s > 0. (5.3)

Teorema 5.1. Se f(t) e seccionalmente contınua para t ≥ 0 e de ordem exponencial

(existem constantes k e a tais que |f(t)| ≤ k eat, para todo t ≥ M > 0). Entao,

L[f(t)] existe para s > a.

Exemplo 5.2. Calcular L[f(t)] sendo f(t) =

2, se 0 ≤ t < c

1, se t ≥ c.

Sol.: Na figura seguinte e facil observar que f e seccionalmente contınua e de ordem

exponencial.

Logo, temos que

L[f(t)] =

∫ ∞

0

e−stf(t) dt = limx→∞

∫ x

0

e−stf(t) dt.

74

Page 79: apostilha10.pdf

Calculando temos que,

∫ x

0

e−stf(t) dt =

∫ c

0

e−stf(t) dt +

∫ x

c

e−stf(t) dt

=

∫ c

0

2e−st dt +

∫ x

c

e−st dt

= −2

se−st

c

0

− 1

se−st

x

c

= −2

s(e−sc − 1) − 1

s(e−sx − e−sc). (5.4)

Supondo s > 0 temos que

limx→∞

∫ x

0

e−stf(t) dt = limx→∞

{

− 2

s(e−sc − 1) − 1

s(e−sx − e−sc)

}

=1

s(2 − e−sc). (5.5)

Portanto,

L[f(t)] =1

s[2 − e−sc], para s > 0.

Teorema 5.2. Se α, β sao constantes e f, g funcoes cujas transformadas de Laplace

existem, entao:

L[α f(t) + β g(t)] = α L[f(t)] + β L[g(t)].

Demonstracao: Se L[f(t)], L[g(t)] existem, entao se prova que a transformada de

Laplace e uma transformacao Linear, isto e,

α L[f(t)] + β L[g(t)] = α

∫ ∞

0

e−stf(t) dt + β

∫ ∞

0

e−stg(t) dt

=

∫ ∞

0

e−st(α f(t) + β g(t)) dt

= L[α f(t) + β g(t)]. (5.6)

Exemplo 5.3. Calcular L[3t − 5 sen 2t].

Sol.: Usando o Teorema anterior temos que

L[3t − 5 sen 2t] = 3L[t] − 5L[sen 2t]

= 3

∫ ∞

0

e−stt dt − 5

∫ ∞

0

e−st sen 2t dt. (5.7)

75

Page 80: apostilha10.pdf

Calculando separadamente cada uma das integrais temos:

∫ ∞

0

e−stt dt = limx→∞

∫ x

0

e−stt dt

= limx→∞

{−t

se−st

x

0+

∫ x

0

1

se−st dt

}

= limx→∞

{−x

se−sx − 1

s2e−sx +

1

s2

}

=1

s2(5.8)

e

∫ ∞

0

e−st sen 2t dt = limx→∞

∫ x

0

e−st sen 2t dt

= limx→∞

{

− e−st cos 2t

2

x

0−∫ x

0

s e−st cos 2t

2dt

}

= limx→∞

{−e−sx cos 2x

2+

1

2− s

4e−sx sen 2x − s2

4

∫ x

0

e−st sen 2t dt

}

=1

2− s2

4lim

x→∞

∫ x

0

e−st sen 2t dt

=1

2− s2

4

∫ ∞

0

e−st sen 2t dt. (5.9)

Portanto,

L[t] =1

s2e L[sen 2t] =

2

4 + s2.

Segue-se entao que

L[3t − 5 sen 2t] =3

s2− 10

4 + s2=

12 − 7s2

s2(4 + s2)(5.10)

Teorema 5.3. (Transformada de Algumas Funcoes Basicas)

1. L[1] =1

s

2. L[tn] =n!

sn+1, n = 1, 2, . . . .

3. L[eat] =1

s − a

4. L[sen kt] =k

s2 + k2

5. L[cos kt] =s

s2 + k2

76

Page 81: apostilha10.pdf

6. L[sinh kt] =k

s2 − k2

7. L[cosh kt] =s

s2 − k2

Demonstracao: Fazer como exercicio.

5.1 Transformada Inversa

O problema agora e dada uma funcao F (s), tentaremos encontrar uma funcao f(t) cuja

transformada de Laplace seja F (s). Dizemos que f(t) e a Transformada Inversa de

F (s) e escrevemos

f(t) = L−1[F (s)].

A transformada de Laplace inversa L−1 goza das mesmas propriedades de L.

Teorema 5.4. (Transformada Inversa de Algumas Funcoes Basicas)

1. L−1

[

1

s

]

= 1

2. L−1

[

n!

sn+1

]

= tn, n = 1, 2, . . . .

3. L−1

[

1

s − a

]

= eat

4. L−1

[

k

s2 + k2

]

= sen kt

5. L−1

[

s

s2 + k2

]

= cos kt

6. L−1

[

k

s2 − k2

]

= sinh kt

7. L−1

[

s

s2 − k2

]

= cosh kt

Demonstracao: Uma consequencia do teorema anterior.

77

Page 82: apostilha10.pdf

Observacao 5.1. Para a funcao

f(t) =

1, se; t ≥ 0, t 6= 1, t 6= 3

2, se; t = 1

0, se t = 3,

(5.11)

tem-se que: L[f(t)] = 1/s.

De fato,

L[f(t)] = limx→∞

{∫ 1

0

e−st dt +

∫ 3

1

e−st dt +

∫ x

3

e−st dt

}

= limx→∞

{

− e−st

s

1

0− e−st

s

3

1− e−st

s

x

3

}

= limx→∞

{

− e−s

s+

1

s− e−3s

s+

e−s

s− e−sx

s+

e−3s

s

}

= 1/s. (5.12)

Consequentemente,

L−1

[

1

s

]

=

f(t), dado em (5.11)

1, para todo t > 0.

O que implica que a transformada inversa pode nao ser necessariamente unica, mais

isso nao e tao ruim, pois se,

L[f1(t)] = L[f2(t)],

pode-se mostrar que f1 e f2 sao essencialmente iguais, isto e, elas podem ser diferentes

somente nos pontos de discontinuidade, como no caso de f(t) e 1.

78

Page 83: apostilha10.pdf

Exemplo 5.4. Calcular L−1[ 1s2+64

]

Sol.:

L−1

[

1

s2 + 64

]

=1

8L−1

[

8

s2 + 82

]

=1

8sen 8t. (5.13)

Exemplo 5.5. Calcular L−1

[

1

(s − 1)(s + 2)(s + 4)

]

Sol.: Desde que

1

(s − 1)(s + 2)(s + 4)=

A

s − 1+

B

s + 2+

C

s + 4

A(s + 2)(s + 4) + B(s − 1)(s + 4) + C(s − 1)(s + 2)

(s − 1)(s + 2)(s + 4)

A(s2 + 6s + 8) + B(s2 + 3s − 4) + C(s2 + s − 2)

(s − 1)(s + 2)(s + 4)

s2(A + B + C) + s(6A + 3B + C) + (8A − 4B − 2C)

(s − 1)(s + 2)(s + 4),

entao, A = 1/15, B = −1/6, C = 1/10.

Segue-se daı que:

L−1

[

1

(s − 1)(s + 2)(s + 4)

]

=1

15L−1

[

1

s − 1

]

− 1

6L−1

[

1

s + 2

]

+1

10L−1

[

1

s + 4

]

=1

15et − 1

6e−2t +

1

10e−4t. (5.14)

5.2 Teoremas de Translacao

Usar a definicao para calcular uma transformada de Laplace pode resultar extremada-

mente trabalhosa, por exemplo a integracao por partes no calculo de L[ett2 sen 3t]. A

seguir um teorema que vai a facilitar estes calculos.

Teorema 5.5. (Primeiro Teorema de Translacao) Se a ∈ R e L[f(t)] = F (s), entao:

L[eat f(t)] = F (s − a). (5.15)

79

Page 84: apostilha10.pdf

Demonstracao:

L[eat f(t)] =

∫ ∞

0

e−steatf(t) dt =

∫ ∞

0

e−(s−a)tf(t) dt = F (s − a). (5.16)

Exemplo 5.6. Calcular L[e5t t3] e L[e−2t cos 2t]

Sol.: Aplicando o Teorema de translacao, temos

L[e5t t3] = F (s − 5) =3!

(s − 5)4=

6

(s − 5)4(5.17)

e

L[e−2t cos 2t] = F (s + 2) =s + 2

(s + 2)2 + 4. (5.18)

Exemplo 5.7. Calcular L−1

[

s

s2 + 6s + 11

]

.

Sol.: Desde que,

s

s2 + 6s + 11=

s

(s + 3)2 + 2=

s + 3

(s + 3)2 + (√

2)2− 3

(s + 3)2 + (√

2)2, (5.19)

entao,

L−1

[

s

s2 + 6s + 11

]

= L−1

[

s + 3

(s + 3)2 + (√

2)2

]

−L−1

[

3

(s + 3)2 + (√

2)2

]

= L−1

[

s + 3

(s + 3)2 + (√

2)2

]

− 3√2L−1

[√

2

(s + 3)2 + (√

2)2

]

.

(5.20)

Lembremos que

F1(s) = L[cos√

2t] =s

s2 + (√

2)2⇒ F1(s + 3) =

s + 3

(s + 3)2 + (√

2)2

F2(s) = L[sen√

2t] =

√2

s2 + (√

2)2⇒ F2(s + 3) =

√2

(s + 3)2 + (√

2)2.

80

Page 85: apostilha10.pdf

Logo, do Teorema de translacao,

L[eatf(t)] = F (s − a) ⇒ L−1[F (s − a)] = eatf(t).

Portanto,

L−1[F1(s + 3)] = e−3t cos√

2t

L−1[F2(s + 3)] = e−3t sen√

2t.

Consequentemente,

L−1

[

s

s2 + 6s + 11

]

= e−3t cos√

2t − 3√2

e−3t sen√

2t. (5.21)

Exemplo 5.8. Calcular L−1

[

s

(s + 1)2

]

.

Sol.: Desde que

s

(s + 1)2=

A

s + 1+

B

(s + 1)2=

As + A + B

(s + 1)2, (5.22)

entao, A = 1, B = −1.

Logo,

L−1

[

s

(s + 1)2

]

= L−1

[

1

s + 1

]

− L−1

[

1

(s + 1)2

]

. (5.23)

Lembrando que

L[eat] =1

s − ae L[t] =

1

s2,

temos que

L−1

[

s

(s + 1)2

]

= e−t − L−1[F (s + 1)]

= e−t − te−t, (pelo teor. de translacao). (5.24)

5.3 Derivada e Integral de uma Transformada

Teorema 5.6. (Derivadas de Transformadas) Para n = 1, 2, 3, . . . ,

L[tnf(t)] = (−1)n dn

dsnF (s), onde F (s) = L[f(t)]. (5.25)

81

Page 86: apostilha10.pdf

Demonstracao: Como F (s) = L[f(t)] =∫∞

0e−stf(t) dt,

d

dsF (s) =

d

ds

(∫ ∞

0

e−stf(t) dt

)

=

∫ ∞

0

d

ds

(

e−stf(t) dt

)

=

∫ ∞

0

−te−stf(t) dt

= −∫ ∞

0

e−st(tf(t)) dt

= −L[tf(t)]. (5.26)

Portanto,

L[tf(t)] = − d

dsF (s)

Analogamente,

L[t2f(t)] = L[t(tf(t))] = − d

dsL[tf(t)] = − d

ds

[

− dF (s)

ds

]

=d2F (s)

ds2. (5.27)

Exemplo 5.9. Calcular L[t sen t], L[te−t cos t] e L[te−t cosh t].

Sol.: De fato,

L[t sen t] = − d

dsL[sen t] = − d

ds

[

1

s2 + 1

]

=2s

(s2 + 1)2. (5.28)

L[t e−t cos t] = − d

dsL[e−t cos t]

= − d

dsF (s + 1), onde F (s) = L[cos t] =

s

s2 + 1

= − d

ds

[

s + 1

(s + 1)2 + 1

]

=s2 + 2s

(

(s + 1)2 + 1)2 . (5.29)

82

Page 87: apostilha10.pdf

L[t e−t cosh t] = − d

dsL[e−t cosh t]

= − d

dsF (s + 1), onde F (s) = L[cosh t] =

s

s2 − 1

= − d

ds

[

s + 1

(s + 1)2 − 1

]

= −s2 + 2s + 2

(s2 + 2s)2. (5.30)

Teorema 5.7. (Transformada de Laplace de uma Derivada) Se f(t), f ′(t), . . . , f (n−1)(t)

forem contınuas em [0,∞), de ordem exponencial, e se f (n)(t) for contınua por partes

em [0,∞), entao:

L[f (n)(t)] = snF (s) − sn−1f(0) − sn−2f ′(0) − . . . . . . − f (n−1)(0), (5.31)

onde F (s) = L[f(t)].

Exemplo 5.10. Calcular L[2 sen t cos t].

Sol.: De fato,

L[2 sen t cos t] = L[

d

dtsen2t

]

= s L[sen2t] − sen20

= s L[

1 − cos 2t

2

]

=s

2L[1] − s

2L[cos 2t]

=s

2

[

1

s

]

− s

2

[

s

s2 + 22

]

=2

s2 + 4. (5.32)

Teorema 5.8. Se existirem L[f(t)] = F (s), L[

f(t)

t

]

e∫∞

sF (p) dp, entao:

L[

f(t)

t

]

=

∫ ∞

s

F (p) dp. (5.33)

Exemplo 5.11. Prove que

∫ ∞

0

sen t

tdt =

π

2.

Sol.: Desde que L[sen t] =1

s2 + 1= F (s), entao pelo Teorema anterior,

L[

sen t

t

]

=

∫ ∞

s

1

p2 + 1dp. (5.34)

83

Page 88: apostilha10.pdf

Desenvolvendo cada um dos termos anteriores e considerando s = 0 temos

L[

sen t

t

]

=

∫ ∞

0

e−st sen t

tdt =

∫ ∞

0

e0t sen t

tdt =

∫ ∞

0

sen t

tdt

e

∫ ∞

0

1

p2 + 1dp = lim

M→∞

∫ M

0

1

p2 + 1dp

= limM→∞

arctan p∣

M

0= lim

M→∞arctan M

2.

Logo, substituindo em (5.34) segue-se o resultado procurado.

Teorema 5.9. Se existe L[f(t)] = F (s), entao:

L[∫ t

0

f(τ) dτ

]

=F (s)

s. (5.35)

Exemplo 5.12. Calcule∫ t

0sen 2τ dτ .

Sol.: De fato,

∫ t

0

sen 2τ dτ = L−1

[

2

s(s2 + 4)

]

= L−1

[

1

2s− s

2(s2 + 4)

]

=1

2L−1

[

1

s

]

− 1

2L−1

[

s

s2 + 4

]

=1

2− 1

2cos 2t. (5.36)

5.4 Funcao Degrau Unitario

A funcao degrau unitario U(t − a), onde a e um numero real, e definido por

U(t − a) =

0, 0 ≤ t < a

1, t ≥ a

(5.37)

Exercıcio: Grafique U(t − 5) e U(t)

84

Page 89: apostilha10.pdf

Observacao 5.2. Se a funcao f definida para t ≥ 0 e multiplicada por U(t − a), a

funcao degrau unitario “desliga” uma parte do grafico dessa funcao. Veja-se o seguinte

grafico:

(a) f(t) = 2t − 3 (b) f(t) U(t − 1)

A funcao degrau unitario e usada tambem para escrever funcoes por partes em

forma compacta. Por exemplo,

f(t) =

g(t), 0 ≤ t < a

h(t), a ≤ t.= g(t) − g(t)U(t− a) + h(t)U(t − a)

Teorema 5.10. (Segundo Teorema de Translacao) Se a ∈ R e L[f(t)] = F (s), entao:

L[f(t− a) U(t − a)] = e−asF (s) (5.38)

ou

L[g(t) U(t − a)] = e−asL[g(t + a)] (5.39)

Exemplo 5.13. Calcule L[sen(t − π/6) U(t − π/6)]

Sol.: Usando o segundo teorema de translacao temos:

L[sen(t − π/6) U(t − π/6)] = e−sπ/6L[sen t] =e−sπ/6

s2 + 1

5.5 A Convolucao

As vezes encontramos que a transformada de Laplace H(s) e produto de duas transfor-

madas F (s) = L[f(t)] e G(s) = L[g(t)] conhecidas, no entanto ja que a transformada

85

Page 90: apostilha10.pdf

de Laplace nao conmuta com a multiplicacao usual, nao e possıvel afirmar que que

H(s) seja a transformada do produto de f e g. Por outro lado, se definirmos, conve-

nientemente, um ”produto generalizado”, entao a situacao muda, conforme enunciado

no teorema a seguir.

Teorema 5.11. Se ambas F (s) = L[f(t)] e G(s) = L[g(t)] existem para s > a ≥ 0,

entao

H(s) = F (s)G(s) = L[h(t)], s > a,

onde

h(t) =

∫ t

0

f(t − τ)g(τ)dτ =

∫ t

0

f(τ)g(t − τ)dτ.

A funcao h e conhecida como a convolucao de f e g, f ∗ g, isto e

h(t) = (f ∗ g)(t).

A convolucao f ∗ g tem muitas propriedades da multiplicacao usual. Por

exemplo, e simples provar que:

1. f ∗ g = g ∗ f (conmutatividade)

2. f ∗ (g1 + g2) = f ∗ g1 + f ∗ g2 (distributividade)

3. (f ∗ g) ∗ h = f ∗ (g ∗ h) (associatividade)

4. f ∗ 0 = 0 ∗ f = 0

Observacao 5.3. No entanto, a multiplicacao tem outras propriedades que a convolucao

nao tem. Por exemplo, nao e verdade que:

1. f ∗ 1 = f (falso!), pois

(f ∗ 1)(t) =

∫ t

0

f(t − τ).1 dτ =

∫ t

0

f(t − τ) dτ 6= f(t).

Assim, para f(t) = cos t, temos que:

(f ∗ 1)(t) =

∫ t

0

cos(t − τ) dτ = − sen(t − τ)

t

0

= sen t 6= f(t).

86

Page 91: apostilha10.pdf

2. f ∗ f ≥ 0 (falso!), pois

(f ∗ f)(t) =

∫ t

0

f(t − τ).f(τ) dτ.

Assim, para f(t) = sen t, temos que:

(f ∗ f)(t) =

∫ t

0

sen(t − τ) sen τ dτ =1

2

∫ t

0

(cos(t − 2τ) − cos t) dτ

= −sen(t − 2τ)

4+

τ

2cos t

t

0

=sen t

4+

t

2cos t 6= f(t).

As convolucoes aparecem em diversas aplicacoes onde o comportamento do sistema

em qualquer instante t nao depende apenas do estado no instante t, mas tambem da

sua historia passada. Sistemas de esse tipo sao chamados, algumas vezes, de sistemas

hereditarios e ocorrem em campos tao diversos quanto transporte, viscoelasticidade

e dinamica populacional.

Exemplo 5.14. Encontre a inversa de:

H(s) =a

s2(s2 + a2)

Sol. Ja que

F (s) =a

s2 + a2= L[sen at] e G(s) =

1

s2= L[t]

entao H(s) = F (s)G(s). Logo, pelo Teorema anterior temos que H(s) = L[h(t)], onde

h(t) e a convolucao de sen t e t. Portanto, a transformada inversa de H(s) e

h(t) =

∫ t

0

sen a(t − τ)τdτ =at − sen at

a2

Exemplo 5.15. Encontre a inversa de:

H(s) =a

s2(s2 + a2)

Sol. Ja que

F (s) =a

s2 + a2= L[sen at] e G(s) =

1

s2= L[t]

entao H(s) = F (s)G(s). Logo, pelo Teorema anterior temos que H(s) = L[h(t)], onde

h(t) e a convolucao de sen t e t. Portanto, a transformada inversa de H(s) e

h(t) =

∫ t

0

sen a(t − τ)τdτ =at − sen at

a2.

87

Page 92: apostilha10.pdf

5.6 Aplicacao as Equacoes Lineares com Coeficientes

Constantes

Exemplo 5.16. Resolva o problema de Cauchy seguinte usando transformada de Laplace

y′′ + 5y′ + 4y = 0,

y(0) = 1,

y′(0) = 1.

(5.40)

Sol.: Aplicando a transformada de Laplace na eq. anterior temos

L[y′′ + 5y′ + 4y] = L[0]

L[y′′] + 5L[y′] + 4L[y] = 0

(5.41)

Chamando F (s) = L[y], do Teorema 5.7 temos

[s2F (s) − s y(0) − y′(0)] + 5[s F (s) − y(0)] + 4F (s) = 0

(s2 + 5s + 4) F (s) = s y(0) + y′(0) + 5y(0) = s + 1 + 5

F (s) =s + 6

s2 + 5s + 4. (5.42)

Portanto,

y(t) = L−1

[

s + 6

s2 + 5s + 4

]

= L−1

[

s + 6

(s + 4)(s + 1)

]

= L−1

[

− 2

3

(

1

s + 4

)

+5

3

(

1

s + 1

)]

= −2

3L−1

[

1

s + 4

]

+5

3L−1

[

1

s + 1

]

= −2

3e−4t +

5

3e−t, (Lembre que: L[eat] =

1

s − a). (5.43)

Exemplo 5.17. Resolva o seguinte problema de Cauchy usando transformada de Laplace

y′′ + y = sen t,

y(0) = −1,

y′(0) = 1.

(5.44)

88

Page 93: apostilha10.pdf

Sol.: Aplicando a transformada de Laplace na eq. anterior temos

L[y′′ + y] = L[sen t]

L[y′′] + L[y] = L[sen t] (5.45)

Se F (s) = L[y], do Teorema 5.7 temos:

[s2F (s) − s y(0) − y′(0)] + F (s) =1

s2 + 1

(s2 + 1) F (s) =1

s2 + 1+ s y(0) + y′(0)

F (s) =1

(s2 + 1)2− s

s2 + 1+

1

s2 + 1. (5.46)

Portanto,

y = L−1

[

1

(s2 + 1)2− s

s2 + 1+

1

s2 + 1

]

= L−1

[

1

(s2 + 1)2

]

−L−1

[

s

s2 + 1

]

+ L−1

[

1

s2 + 1

]

= sen t − cos t + L−1

[

1

(s2 + 1)2

]

. (5.47)

Calculo de L−1

[

1

(s2 + 1)2

]

:

Supondo F (s) =1

s2 + 1temos que f(t) = L−1

[

1

s2 + 1

]

= sen t. Assim, pelo

Teorema 5.6,

− d

dsF (s) = L[t f(t)]. (5.48)

Logo,

L−1

[

2s

(s2 + 1)2

]

= t sen t.

Por outro lado, aplicando o Teorema 5.9 quando F (s) =2s

(s2 + 1)2, temos

L−1

[

F (s)

s

]

= L−1

[

2

(s2 + 1)2

]

=

∫ t

0

τ sen τ dτ

= −τ cos τ∣

t

0+

∫ t

0

cos τ dτ

= −t cos t + sen t. (5.49)

89

Page 94: apostilha10.pdf

Logo,

L−1

[

1

(s2 + 1)2

]

=sen t − t cos t

2.

Portanto,

y(t) = sen t − cos t +sen t − t cos t

2. (5.50)

Exemplo 5.18. Encontre a solucao do problema de valor inicial:

y′′ + 4y = cos t + U(t − 2π) cos(t − 2π)

y(0) = 0, y′(0) = 1

Sol. Usando a transformada de Laplace obtemos,

s2F (s) − 1 + 4F (s) =s

(s2 + 1)+ L[U(t − 2π) cos(t − 2π)]

Pelo segundo teorema de translacao:

(s2 + 4)F (s) − 1 =s

(s2 + 1)+ e−2πsL[cos(t)]

Logo,

F (s) =1

s2 + 4+

s

(s2 + 1)(s2 + 4)+ e−2πs s

(s2 + 1)(s2 + 4)

=1

s2 + 4+

{

s

3(s2 + 1)− s

3(s2 + 4)

}

+ e−2πs

{

s

3(s2 + 1)− s

3(s2 + 4)

}

Portanto, aplicando a transformada inversa e a inversa do segundo teorema de translacao

resulta que

y(t) =sen 2t

2+

cos t

3− cos 2t

3+

U(t − 2π) cos(t − 2π)

3− U(t − 2π) cos 2(t − 2π)

3

Exemplo 5.19. Encontre a solucao do problema de valor inicial:

y′′ + 4y = g(t)

y(0) = 3, y′(0) = −1

Sol. Usando a transformada de Laplace obtemos,

s2F (s) − 3s + 1 + 4F (s) = G(s)

90

Page 95: apostilha10.pdf

entao:

F (s) =3s − 1

s2 + 4+

G(s)

s2 + 4= 3

s

s2 + 4− 1

2

2

s2 + 4+

1

2

2

s2 + 4G(s)

Portanto,

y = 3 cos 2t − 1

2sen 2t +

1

2

∫ t

0

sen 2(t − τ)g(τ)dτ.

Exemplo 5.20. Encontre a solucao do problema de valor inicial:

ay′′ + by′ + cy = g(t)

y(0) = y0, y′(0) = y1

Sol. Usando a transformada de Laplace obtemos,

(as2 + bs + c)F (s) − (as + b)y0 − ay1 = G(s)

entao:

F (s) =(as + b)y0 + ay1

as2 + bs + c+

G(s)

as2 + bs + c= Φ(s) + Ψ(s).

Portanto,

y = L−1[Φ(s)] + L−1[Ψ(s)].

EXERCICIOS:

1. Encontre a transformada de Laplace inversa da funcao dada usando o teorema

sobre convolucao.

a) F (s) =1

s4(s2 + 1)

b) F (s) =s

(s + 1)(s2 + 4)

c) F (s) =1

(s + 1)2(s2 + 4)

d) F (s) =G(s)

s2 + 1

2. Encontre a transformada de Laplace da funcao

a) f(t) =

∫ t

0

(t − τ)2 cos 2τ dτ

b) f(t) =

∫ t

0

e−(t−τ) sen τ dτ

c) f(t) =

∫ t

0

(t − τ)eτ dτ

d) f(t) =

∫ t

0

sen(t − τ) cos τ dτ

3. Exprese a solucao do PVI dado, em funcao de uma convolucao.

91

Page 96: apostilha10.pdf

(a) y′′ + ω2y = g(t); y(0) = 0, y′(0) = 1

(b) y′′ + 2y′ + 2y = sen αt; y(0) = 0, y′(0) = 0

(c) 4y′′ + 3y′ + 2y = cos αt; y(0) = 1, y′(0) = 0

(d) y(4) − y = g(t); y(0) = y′(0) = y′′(0) = y′′′(0) = 0

(e) y′′ + 4y′ + 4y = g(t); y(0) = 2, y′(0) = −3

4. Use a transformada de Laplace para obter a corrente i(t) em um circuito em serie

de malha simples contendo somente um resistor e um indutor, onde a segunda lei

de kirchhoff diz que a soma da queda de tensao L (di/dt) e da queda de tensao

do resistor iR e igual a voltagem E(t) no circuito, isto e:

Ldi

dt+ Ri = E(t)

onde L e R sao conhecidas como a indutancia e a resistencia, respectivamente.

a) Determine a corrente i se a corrente inicial e zero e se L = 1 henry, R = 10

ohms e E(t) = sen t − U(t − 3π/2) sen t.

b) Use um programa grafico para fazer o grafico de i(t) no intervalo 0 ≤ t ≤ 6.

Estimar os valores maximo e mınimo da corrente.

5. A deflexao estatica y(x) de uma viga uniforme de comprimento L suportando

uma carga de w(x) por unidade de comprimento satisfaz a equacao de 4ta ordem

EId4y

dx4= w(x)

onde E e o modulo de elasticidade de Young e I e um momento de inercia de

uma secao transversal da viga

Encontre a deflexao da viga de comprimento L fixa em ambos extremos (engas-

tada, isto e y(0) = y(L) = 0, y′(0) = y′(L) = 0); quando a carga e dada por:

w(x) =

w0, 0 < x < L/2

0, L/2 < x < L.

92

Page 97: apostilha10.pdf

Capıtulo 6

Equacoes Diferenciais Parciais

6.1 Series Infinitas

Um processo que intrigou matematicos por seculos foi a soma de infinitos termos, a

qual pode resultar em um numero, como em

1

2+

1

4+

1

8+

1

16+ . . . = 1.

Outras veces a soma infinita era infinita, como em

1 +1

2+

1

3+

1

4+

1

5+ . . . = +∞,

e algumas vezes era impossıvel definir a soma infinita, como em

1 − 1 + 1 − 1 + 1 − 1 + . . . =?

Nesta secao, estudaremos como as series infinitas formam a base para uma tecnica

notavel que nos permite expressar funcoes diferenciaveis como polinomios infinitos

(chamados de series de potencias) e, ao mesmo tempo, calcular o erro quando trun-

camos esses polinomios para torna-los finitos. Veremos tambem como usar somas in-

finitas de termos trigonometricos, chamados series de Fourier, para representar funcoes

importantes usadas nas aplicacoes da ciencia e engenharia.

93

Page 98: apostilha10.pdf

6.1.1 Series de Potencias

Definicao 6.1. Uma serie de potencia de (x − a) e uma soma infinita da forma

∞∑

n=0

cn(x − a)n = c0 + c1(x − a) + c2(x − a)2 + . . .

A seguir uma tecnica mais geral para a construcao de series de potencias que repre-

sentam funcoes diferenciaveis.

Teorema 6.1. (Teorema de Taylor) Se f(x) e uma funcao que tem todas as derivadas

ate a (n + 1)−esima ordem, numa vizinhanca I do ponto a (i.e: I e um intervalo que

contem o ponto a), entao para cada x ∈ I existe um numero c entre x e a tal que

f(x) = f(a) +f ′(a)

1!(x − a) +

f ′′(a)

2!(x − a)2 + . . . +

f (n)(a)

n!(x − a)n + Rn(x) (6.1)

onde o termo complementario Rn(x) se calcula segundo a formula

Rn(x) =f (n+1)(c)

(n + 1)!(x − a)n+1. (6.2)

Observacao 6.1. Se Rn(x) → 0 quando n → ∞ para todo x ∈ I, dizemos que a serie

de Taylor gerada por f em torno de a converge para f em I e escrevemos

f(x) =

∞∑

k=0

f (k)(a)

k!(x − a)k. (6.3)

Exemplo 6.1. Represente em series de Taylor as seguintes funcoes com a = 0.

1. ex

2. sen x

3. cos x

4. sinh x

5. cosh x

6. ln(1 + x)

7.1

1 − x

8. (1 + x)n

Sol.:

1. Se f(x) = ex, entao f(0) = 1, f ′(0) = 1, f ′′(0) = 1, . . .. Logo,

ex = 1 +1

1!x +

1

2!x2 + . . . +

1

n!xn + Rn(x)

= 1 + x +x2

2+ . . . +

xn

n!+ Rn(x) (6.4)

94

Page 99: apostilha10.pdf

onde

Rn(x) =f (n+1)(0)

(n + 1)!xn+1 =

1

(n + 1)!xn+1 −→

n→∞0, ∀ x ∈ (−1, 1). (6.5)

Consequentemente,

ex =∞∑

k=0

xk

k!.

2. Se f(x) = sen x, entao f(0) = 0, f ′(0) = 1, f ′′(0) = 0, f ′′′(0) = −1, f (iv)(0) =

0 . . ., logo

sen x = 0 +1

1!x +

0

2!x2 +

−1

3!x3 +

0

4!x4 +

1

5!x5 + . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x)

= x − x3

3!+

x5

5!− x7

7!+ . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x), (6.6)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

R2n−1(x) =(−1)n+1

(2n − 1)!x2n−1 −→

n→∞0 e R2n(x) = 0 −→

n→∞0. (6.7)

Consequentemente,

sen x =

∞∑

k=0

(−1)k

(2k + 1)!x2k+1.

3. Se f(x) = cos x, entao f(0) = 1, f ′(0) = 0, f ′′(0) = −1, f ′′′(0) = 0, f (iv)(0) =

1 . . ., logo

cos x = 1 +0

1!x +

−1

2!x2 +

0

3!x3 +

1

4!x4 +

0

5!x5 + . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x)

= 1 − x2

2!+

x4

4!− x6

6!+ . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x), (6.8)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

R2n−1(x) = 0 −→n→∞

0 e R2n(x) =(−1)n

2n!x2n −→

n→∞0. (6.9)

Consequentemente,

cos x =∞∑

k=0

(−1)k

2k!x2k.

95

Page 100: apostilha10.pdf

4. Se f(x) = sinh x, entao f(0) = 0, f ′(0) = 1, f ′′(0) = 0, f ′′′(0) = 1, f (iv)(0) =

0 . . ., logo

sinh x = 0 +1

1!x +

0

2!x2 +

1

3!x3 +

0

4!x4 +

1

5!x5 + . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x)

= x +x3

3!+

x5

5!+

x7

7!+ . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x), (6.10)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

R2n−1(x) =1

(2n − 1)!x2n−1 −→

n→∞0 e R2n(x) = 0 −→

n→∞0. (6.11)

Consequentemente,

sinh x =∞∑

k=0

x2k+1

(2k + 1)!.

5. Se f(x) = cosh x, entao f(0) = 1, f ′(0) = 0, f ′′(0) = 1, f ′′′(0) = 0, f (iv)(0) =

1 . . ., logo

cosh x = 1 +0

1!x +

1

2!x2 +

0

3!x3 +

1

4!x4 +

0

5!x5 + . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x)

= 1 +x2

2!+

x4

4!+

x6

6!+ . . . +

f (n)(0)

n!xn + Rn(x), (6.12)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

R2n−1(x) = 0 −→n→∞

0 e R2n(x) =x2n

2n!−→n→∞

0. (6.13)

Consequentemente,

cosh x =

∞∑

k=0

x2k

2k!.

6. Se f(x) = ln(1 + x), entao f(0) = 0, f ′(0) = 1, f ′′(0) = −1!, f ′′′(0) =

2!, f (iv)(0) = −3! . . ., logo

ln(1 + x) = 0 +1

1!x +

−1

2!x2 +

2!

3!x3 +

−3!

4!x4 + . . . +

(−1)n+1(n − 1)!

n!xn + Rn(x)

= x − x2

2+

x3

3− x4

4+ . . . +

(−1)n+1

nxn + Rn(x), (6.14)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

Rn(x) =(−1)n+2

(n + 1)!xn+1 −→

n→∞0. (6.15)

96

Page 101: apostilha10.pdf

Consequentemente,

ln(1 + x) =

∞∑

k=1

(−1)k+1

kxk.

7. Se f(x) =1

1 − x, entao f(0) = 0, f ′(0) = 1, f ′′(0) = 2!, f ′′′(0) = 3!, f (iv)(0) =

4! . . ., logo

1

1 − x= 1 +

1

1!x +

2!

2!x2 +

3!

3!x3 +

4!

4!x4 + . . . +

n!

n!xn + Rn(x)

= 1 + x + x2 + x3 + x4 + . . . + xn + Rn(x), (6.16)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

Rn(x) = xn+1 −→n→∞

0. (6.17)

Consequentemente,

1

1 − x=

∞∑

k=0

xk.

8. Se f(x) = (1 + x)α, entao f(0) = 1, f ′(0) = α, f ′′(0) = α(α − 1), f ′′′(0) =

α(α − 1)(α − 2), . . ., logo

(1 + x)α =1 +α

1!x +

α(α − 1)

2!x2 +

α(α − 1)(α − 2)

3!x3 + . . . . . . . . .

. . . +α(α − 1) . . . (α − (n − 1))

n!xn + Rn(x), (6.18)

onde para cada n ∈ N e ∀ x ∈ (−1, 1),

Rn(x) =α(α − 1) . . . (α − n)

(n + 1)!xn+1 −→

n→∞0. (6.19)

Consequentemente,

(1 + x)α = 1 +

∞∑

k=1

α(α − 1) . . . (α − (k − 1))

k!xk.

6.1.2 Series de Fourier

Definicao 6.2. A serie de funcoes da forma

a0

2+ a1 cos

πx

L+ b1 sen

πx

L+ a2 cos

2πx

L+ b2 sen

2πx

L+ ... (6.20)

97

Page 102: apostilha10.pdf

ou simplificadamente

a0

2+

∞∑

k=1

{

ak coskπx

L+ bk sen

kπx

L

}

(6.21)

chama-se de serie trigonometrica. Os numeros constantes a0, a1, ..., ak e b1, b2, ..., bk

sao os coeficientes da serie.

Definicao 6.3. No conjunto de pontos x em que a serie (6.21) for um numero finito,

ela define uma funcao f cujo valor em cada ponto x, e a soma da serie para este valor.

Neste caso, a serie (6.21) e chamada de serie de Fourier de f e

f(x) =a0

2+

∞∑

k=1

{

ak coskπx

L+ bk sen

kπx

L

}

. (6.22)

O nosso objetivo e determinar que funcoes podem ser representadas como a soma

de uma serie de Fourier e achar um processo para calcular os coeficientes da serie de

Fourier.

Previamente lembremos a seguinte definicao.

Definicao 6.4. Uma funcao f e periodica, se f(x + T ) = f(x) ∀ x ∈ Dom(f).

Diremos que o menor valor T 6= 0 que satisfaz a igualdade anterior e o perıodo de f .

Exemplo 6.2. A funcao f(x) = sennπx

L, e uma funcao periodica de perıodo T = 2L/n.

De fato, f e periodica se,

f(x) = sennπx

L= sen

nπ(x + T )

L= f(x + T ), ∀x ∈ R

ou seja,

sennπx

L= sen

nπx

Lcos

nπT

L+ cos

nπx

Lsen

nπT

L. (6.23)

Logo, para x = L/2n temos:

senπ

2= sen

π

2cos

nπT

L+ cos

π

2sen

nπT

L

1 = cosnπT

L. (6.24)

Por outro lado, da identidade sen2θ + cos2 θ = 1, segue que:

sennπT

L= 0. (6.25)

98

Page 103: apostilha10.pdf

Como estamos interessados no menor valor positivo de T que satisfaca (6.24) e

(6.25), simultaneamente, obtemos que:

nπT

L= 2π ⇒ T =

2L

n.

Observacao 6.2. Como as funcoes seno e cosseno sao periodicas entao a funcao (6.22)

e periodica, de perıodo P = 2L.

Calculo dos coeficientes de Fourier de f(x)

Queremos calcular os coeficientes de Fourier de uma funcao f(x) definida num intervalo

com ponto medio na origem, isto e [−L, L]. Supondo que f seja integravel em [−L, L],

os seguintes casos serao considerados:

1. f e uma funcao definida no intervalo [−L, L].

2. f e uma funcao definida no intervalo [−π, π].

3. f e uma funcao par ou ımpar.

4. f e uma funcao definida no meio intervalo [0, L].

1.- f definida em [−L, L].

Seja F (x) uma funcao periodica em R, de modo que F (x) = f(x) em [−L, L], da

definicao 6.3 resulta que

F (x) = f(x) =a0

2+

∞∑

k=1

{

ak coskπx

L+ bk sen

kπx

L

}

∀x ∈ (−L, L). (6.26)

Integrando ambos lados de (6.26) no intervalo [−L, L], temos∫ L

−L

f(x) dx =

∫ L

−L

a0

2dx +

∞∑

k=1

∫ L

−L

(

ak coskπx

L+ bk sen

kπx

L

)

dx. (6.27)

Calculando por separado cada integral do segundo membro temos∫ L

−L

a0

2dx = a0 L

∫ L

−L

ak coskπx

Ldx = ak

L

kπsen

kπx

L

L

−L

= akL

(

sen kπ − sen(−kπ))

= 0, ∀ k ∈ N

∫ L

−L

bk senkπx

Ldx = −bk

L

kπcos

kπx

L

L

−L

= −bkL

(

cos kπ − cos(−kπ))

= 0, ∀ k ∈ N.

99

Page 104: apostilha10.pdf

Logo, substituindo as equacoes anteriores em (6.27) temos que

∫ L

−L

f(x)dx = a0L.

Portanto,

a0 =1

L

∫ L

−L

f(x) dx. (6.28)

Por outro lado, multiplicando ambos os termos da equacao (6.26) por cosnπx

Le

integrando em [−L, L] temos:

∫ L

−L

f(x) cosnπx

Ldx =

a0

2

∫ L

−L

cosnπx

Ldx +

∞∑

k=1

∫ L

−L

cosnπx

L

{

ak coskπx

L+ bk sen

kπx

L

}

dx

= Lan, (6.29)

ja que

∫ L

−L

cosnπx

Lcos

kπx

Ldx =

0, n 6= k,

L, n = ke

∫ L

−L

cosnπx

Lsen

kπx

Ldx = 0, ∀ k, n.

(6.30)

Logo,

ak =1

L

∫ L

−L

f(x) coskπx

Ldx (6.31)

Analogamente, multiplicando (6.26) por sennπx

Le integrando esta expressao em

[−L, L] temos

∫ L

−L

f(x) sennπx

Ldx =

a0

2

∫ L

−L

sennπx

Ldx +

∞∑

k=1

∫ L

−L

sennπx

L{ak cos

kπx

L+ bk sen

kπx

L} dx.

(6.32)

Usando (6.30) e a seguinte identidade,

∫ L

−L

sennπx

Lsen

kπx

Ldx =

0, n 6= k,

L, n = k (6.33)

100

Page 105: apostilha10.pdf

obtem-se que

bk =1

L

∫ L

−L

f(x) senkπx

Ldx (6.34)

Os coeficientes determinados pelas formulas (6.28), (6.31) e (6.34) chaman-se coe-

ficientes de Fourier da funcao f , e a serie trigonometrica (6.21) com tais coeficientes e

chamada serie de Fourier da funcao f .

Exemplo 6.3. Calcular a serie de Fourier da funcao periodica definida em [−3, 3] por:

f(x) =

1, se 0 ≤ x ≤ 3;

0, se − 3 ≤ x < 0.(6.35)

Sol.:

Usando (6.28)-(6.31)-(6.34) temos que

a0 =1

3

∫ 3

−3

f(x) dx =

∫ 3

0

1 dx = 1

ak =1

3

∫ 3

−3

f(x) coskπx

3dx =

1

3

∫ 3

0

coskπx

3dx =

1

kπsen

kπx

3

3

0

= 0 (6.36)

bk =1

3

∫ 3

−3

f(x) senkπx

3dx =

1

3

∫ 3

0

senkπx

3dx = − 1

kπcos

kπx

3

3

0

=1

kπ(1 − cos(kπ))

Portanto,

f(x) =1

2+

∞∑

k=1

bk senkπx

3=

1

2+

∞∑

k=1

1

kπ(1 − cos(kπ)) sen

kπx

3

=1

2+

∞∑

k=1

2

(2k − 1)πsen

(2k − 1)πx

3. (6.37)

Na Figura (4.3) e mostrada a aproximacao da funcao.

101

Page 106: apostilha10.pdf

Figura 6.1: Aprox. da funcao f(x) em [−3, 3] para k ≤ 3, k ≤ 15, k ≤ 30

2.- f definida em [−π, π].

Para obter um desenvolvimento de Fourier da funcao f bastara fazer L = π em

(6.22). Assim,

f(x) =a0

2+

∞∑

k=1

{ak cos kx + bk sen kx}. (6.38)

onde os coeficientes de Fourier da funcao f obtem-se de modo analogo ao caso anteior-

mente considerado. Logo,

a0 =1

π

∫ π

−π

f(x) dx. (6.39)

ak =1

π

∫ π

−π

f(x) cos kx dx (6.40)

bk =1

π

∫ π

−π

f(x) sen kx dx (6.41)

Exemplo 6.4. Ache a serie de Fourier da funcao periodica f no intervalo [−π, π]

f(x) =

0, x ∈ [−π, 0]

x, x ∈ (0, π](6.42)

Sol.:

Como esta funcao e periodica em [−π, π] (Fig. 4.1), entao usando (6.39), (6.40) e

(6.41) temos

a0 =1

π

∫ π

−π

f(x) dx =1

π

∫ π

0

x dx =π

2(6.43)

102

Page 107: apostilha10.pdf

Figura 6.2:

ak =1

π

∫ π

−π

f(x) cos kx dx =1

π

∫ π

0

x cos kx dx

=1

π

{

xsen kx

k

π

0

−∫ π

0

sen kx

kdx

}

= − 1

k π

∫ π

0

sen kx dx =cos kx

k2 π

π

0

=1

k2 π

(

cos(kπ) − 1)

(6.44)

bk =1

π

∫ π

−π

f(x) sen kx dx =1

π

∫ π

0

x sen kx dx

=1

π

{

− xcos kx

k

π

0

+

∫ π

0

cos kx

kdx

}

=1

π

{

− π

kcos kπ +

sen kx

k2

π

0

}

= −1

kcos kπ (6.45)

Consequentemente,

f(x) =a0

2+

∞∑

k=1

(

ak cos kx + bk sen kx)

4+

∞∑

k=1

{

1

k2 π

(

cos(kπ) − 1)

cos kx − 1

kcos kπ sen kx

}

(6.46)

Observacao 6.3. Se f e uma funcao periodica em [−π, π] entao∫ π

−π

f(x) dx =

∫ λ+2π

λ

f(x) dx (6.47)

3.- f e par ou ımpar, definida em [−L, L].

Se uma funcao g(x) e uma funcao par em [−L, L] (g(x) = g(−x)), entao∫ L

−L

g(x) dx = 2

∫ L

0

g(x) dx.

103

Page 108: apostilha10.pdf

Figura 6.3: Aprox. da funcao f(x) para k ≤ 3, k ≤ 10, k ≤ 20

De fato,

∫ L

−L

g(x) dx =

∫ 0

−L

g(x) dx+

∫ L

0

g(x) dx =

∫ L

0

g(−x) dx+

∫ L

0

g(x) dx = 2

∫ L

0

g(x) dx

Analogamente, se g(x) e uma funcao ımpar em [−L, L] (g(x) = −g(−x)), entao

∫ L

−L

g(x) dx = 0.

De fato,

∫ L

−L

g(x) dx =

∫ 0

−L

g(x) dx +

∫ L

0

g(x) dx =

∫ L

0

g(−x) dx +

∫ L

0

g(x) dx

= −∫ L

0

g(x) dx +

∫ L

0

g(x) dx = 0. (6.48)

• Se uma funcao par f(x) se desenvolve em serie de Fourier em [−L, L], o produto

f(x) cos

(

kπx

L

)

e tambem par e o produto f(x) sen

(

kπx

L

)

e uma fucao ımpar, ja que

104

Page 109: apostilha10.pdf

a funcao cos

(

kπx

L

)

e par e sen

(

kπx

L

)

e ımpar, entao

a0 =2

L

∫ L

0

f(x) dx

ak =2

L

∫ L

0

f(x) coskπx

Ldx (6.49)

bk =1

L

∫ L

−L

f(x) senkπx

Ldx = 0.

• Analogamente, se uma funcao ımpar f(x) se desenvolve em serie de Fourier em

[−L, L], o produto f(x) cos

(

kπx

L

)

e tambem ımpar e o produto f(x) sen

(

kπx

L

)

e

uma funcao par, entao

a0 =1

L

∫ L

−L

f(x) dx = 0

ak =1

L

∫ L

−L

f(x) coskπx

Ldx = 0 (6.50)

bk =2

L

∫ L

0

f(x) senkπx

Ldx.

Exemplo 6.5. Ache a Serie de Fourier da funcao periodica f(x) = x2 em [−1, 1].

Sol.: Como f(x) e par e periodica em [−1, 1], entao usando (6.49) temos

a0 =2

1

∫ 1

0

x2 dx =2

3

ak =2

1

∫ 1

0

x2 cos kx dx = 2

{

x2 sen kx

k

1

0

−∫ 1

0

2xsen kx

kdx

}

=2

ksen k − 4

k

{

− xcos kx

k

1

0

+

∫ 1

0

cos kx

kdx

}

105

Page 110: apostilha10.pdf

=2

ksen k +

4

k2cos k − 4

k2

sen kx

k

1

0

=2

ksen k +

4

k2cos k − 4

k3sen k

bk = 0. (6.51)

Figura 6.4: Aprox. da funcao f(x) = x2 para k ≤ 2, k ≤ 5, k ≤ 20

Consequentemente,

f(x) =1

3+

∞∑

k=1

ak cos kx =1

3+

∞∑

k=1

{

2

ksen k +

4

k2cos k − 4

k3sen k

}

cos kx. (6.52)

Exemplo 6.6. Calcular a serie de Fourier da funcao periodica f(x) = x definida em

[−π, π]

106

Page 111: apostilha10.pdf

Sol.: Como esta funcao e ımpar e periodica em [−π, π], entao usando (6.50) temos

a0 = 0

ak = 0 (6.53)

bk =2

π

∫ π

0

x sen kx dx =2

π

{

− xcos kx

k

π

0

+

∫ π

0

cos kx

kdx

}

= −2

π

{

πcos kπ

k

}

=

2

k, se k e ımpar

−2

k, se k e par

(6.54)

Figura 6.5: Aprox. da funcao f(x) = x para k ≤ 3, k ≤ 10, k ≤ 20

Consequentemente,

f(x) =∞∑

k=1

bk sen kx =∞∑

k=1

(−1)k+1 2

ksen kx = 2

∞∑

k=1

(−1)k+1 sen kx

k(6.55)

4.- f nao periodica.

Suponhamos que a funcao contınua por partes esteja definida num intervalo [a, b].

Podemos representar esta funcao f(x) nos pontos de continuidade por uma serie de

Fourier. Para isso, devemos considerar uma funcao arbitraria periodica g(x) de perıodo

2µ > |b − a| que coincida com a funcao f(x) no intervalo [a, b]. Logo, como g(x) se

desenvolve em serie de Fourier, f(x) tambem se desenvolvera em serie de Fourier.

g(x) =a0

2+

∞∑

k=1

(ak cos kx + bk sen kx)

f(x) = g(x)

[a,b]

. (6.56)

107

Page 112: apostilha10.pdf

Por outro lado, se f(x) e definida no intervalo [0, L] completamos a funcao de modo

arbitrario no intervalo [−L, 0]. Logo, podemos desenvolver em serie de Fourier a funcao

f periodica de perıodo 2L em [−L, L]. Podemos completar a funcao de forma par ou

ımpar dependendo se desejarmos que a serie esteja em funcao de cossenos ou de senos.

6.2 Equacoes Diferenciais em Derivadas Parciais (EDP)

Definicao 6.5. A forma geral de uma equacao diferencial parcial de segunda

ordem em duas variaveis independentes x e y e

a(x, y)∂2u

∂x2+ b(x, y)

∂2u

∂x ∂y+ c(x, y)

∂2u

∂y2= f

(

x, y, u,∂u

∂x,∂u

∂y

)

. (6.57)

108

Page 113: apostilha10.pdf

No caso particular que a funcao

f

(

x, y, u,∂u

∂x,∂u

∂y

)

= d(x, y)∂u

∂x+ e(x, y)

∂u

∂y+ g(x, y)

diremos que a EDP e linear. Neste caso, se g(x, y) = 0 a equacao se diz homogenea,

em caso contrario, e nao-homogenea.

Definicao 6.6. (Classificacao de Equacoes) A equacao diferencial parcial de segunda

ordem (6.57) e

1. Hiperbolica em (x0, y0), se b2(x0, y0) − 4a(x0, y0)c(x0, y0) > 0

2. Parabolica em (x0, y0), se b2(x0, y0) − 4a(x0, y0)c(x0, y0) = 0

3. Elıtica em (x0, y0), se b2(x0, y0) − 4a(x0, y0)c(x0, y0) < 0

Exemplo 6.7. A Equacao da onda∂2u

∂t2− ∂2u

∂x2= f(x, t) e linear, nao homogenea,

e desde que a(x, t) = −1, b(x, t) = 0 e c(x, t) = 1 sera tipo hiperbolica no domınio de

f .

Exemplo 6.8. A Equacao do Calor∂u

∂t− ∂2u

∂x2= f(x, t) e linear, nao homogenea,

e como a(x, t) = −1, b(x, t) = 0 e c(x, t) = 0 sera tipo parabolica no domınio de f .

Exemplo 6.9. A Equacao de Laplace∂2u

∂x2+

∂2u

∂y2= f(x, y) e linear, nao homogenea,

e ja que a(x, y) = 1, b(x, y) = 0 e c(x, y) = 1 sera tipo elıtica no domınio de f .

Exemplo 6.10. A Equacao de Tricomi y∂2u

∂x2+

∂2u

∂y2= 0 e linear, homogenea, e

visto que a(x, y) = y, b(x, y) = 0 e c(x, y) = 1, sera de tipo misto.

De fato, ja que b2(x, y) − 4a(x, y)c(x, y) = −4y,

1. no semiplano y < 0, a eq. sera hiperbolica,

2. no eixo y = 0, a eq. sera parabolica,

3. no semiplano y > 0, a eq. sera elıtica.

109

Page 114: apostilha10.pdf

Exercıcios: Classifique as equacoes abaixo

1. 4uxx + 12uxy + 5uyy = 6ux − uy

2. uxx − 4uxy + 4uyy = 4 + 2ux

3. 2uxx + 9uxy + 9uyy = xy u

4. (1 + x2)2uxx − 2(1 + x2)(1 + y2)uxy + (1 + y2)2uyy = 0

5. (1 + x2)2uxx − (1 + y2)2uyy = 0

6. uxx − (1 + x2)2uyy = 0.

Definicao 6.7. Uma solucao de uma EDP de duas variaveis independentes x e y e

uma funcao u(x, y) que possui todas as derivadas parciais que comparecem na equacao

(6.57) e que satisfaz a equacao em alguma regiao do plano xy.

Para achar solucoes particulares de uma EDP usaremos um metodo chamado metodo

de separacao de variaveis, o qual consiste em procurar solucoes u(x, y) da forma

u(x, y) = X(x)Y (y), (6.58)

de modo que a EDP seja reduzida a duas EDO’s.

Exemplo 6.11. Ache a solucao da EDP uxx = 4uy.

Sol.: Se u(x, y) = X(x)Y (y) entao substituindo na EDP temos:

X ′′(x)Y (y) = 4X(x)Y ′(y). (6.59)

Logo,

X ′′(x)

4X(x)=

Y ′(y)

Y (y)= α ( constante). (6.60)

Como o membro esquerdo da igualdade anterior e independente de y e e igual ao

membro direito, que e independente de x, concluımos que cada membro da eq. (6.60)

deve ser uma constante. Distinguimos os seguintes casos:

110

Page 115: apostilha10.pdf

Caso I Se α = λ2 > 0, entao

X ′′(x)

4X(x)=

Y ′(y)

Y (y)= λ2. (6.61)

conduzem a

X ′′(x) − 4λ2X(x) = 0 e Y ′(y) − λ2Y (y) = 0. (6.62)

Estas equacoes admitem as solucoes X(x) = c1e2λx + c2e

−2λx e Y (y) = c3 eλ2y ou

X(x) = c1 cosh 2λx + c2 sinh 2λx e Y (y) = c3 eλ2y.

Consequentemente

u(x, y) = (C1 cosh 2λx + C2 sinh 2λx)eλ2y (6.63)

Caso II Se α = −λ2 < 0, entao

X ′′(x)

4X(x)=

Y ′(y)

Y (y)= −λ2. (6.64)

conduzem a

X ′′(x) + 4λ2X(x) = 0 Y ′(y) + λ2Y (y) = 0. (6.65)

Estas equacoes admitem as solucoes

X(x) = c4 cos 2λx + c5 sen 2λx e Y (y) = c6 e−λ2y.

Consequentemente

u(x, t) = (C3 cos 2λx + C4 sen 2λx) e−λ2y (6.66)

Caso III Se α = 0, entao

X ′′(x)

4X(x)=

Y ′(y)

Y (y)= 0. (6.67)

conduzem a

X ′′(x) = 0 Y ′(y) = 0. (6.68)

111

Page 116: apostilha10.pdf

Estas equacoes admitem as solucoes

X(x) = c7 x + c8 e Y (y) = c9

Consequentemente

u(x, t) = C5 x + C6. (6.69)

Note-se que a solucao adotada vai depender das condicoes iniciais e de fronteira

para obter solucoes nao nulas..

Observacao 6.4. A separacao de variaveis nao e um metodo geral para achar solucoes

particulares, algumas EDP’s lineares simplesmente nao sao separaveis. Por exemplo,

uxx − uy = x

Teorema 6.2. (Principio de Superposicao) Se u1, u2, . . . , un sao solucoes de uma

equacao de derivadas parciais linear homogenea, entao a combinacao linear

u = c1u1 + c2u2 + . . . + cnun,

tambem e solucao, quaisquer que sejam os valores das constantes c1, c2 . . . , cn.

6.3 Equacoes Fundamentais da Fısica-Matematica

Chamam-se equacoes fundamentais da fısica-matematica (para o caso de funcoes de

duas variaveis independentes) as seguintes equacoes diferenciais com derivadas parciais

de segunda ordem

1. Equacao de Onda (D’Alembert -1949): Aplicada na analise de processos

de vibracoes transversais de uma corda, oscilacoes eletricas em um condutor,

oscilacoes de um gas, etc. Esta equacao e a mais simple do tipo hiperbolico.

2. Equacao de Transferencia de Calor: Ajuda na analise de processos de

propagacao de calor, filtracao de lıquido e gas em um meio poroso (por exemplo

filtracao de petroleo e gas em areniscos subterraneos). Esta equacao e a mais

simple do tipo parabolico.

112

Page 117: apostilha10.pdf

3. Equacao de Laplace. Aplica-se ao estudo de campos electricos e magneticos

sobre o estado termico estacionario, e em problemas de hidrodinamica, difusao,

etc. Esta equacao e a mais simple do tipo elıtico.

6.3.1 Equacao do Calor

Consideremos uma vara que se estende ao longo do eixo x. Assumimos que a vara

tem secao transversal perpendicular ao eixo x, com area A que e feita de um material

homogeneo, de forma que possamos supor que:

• A secao transversal da vara e tao pequena que u e constante em cada secao

transversal;

• A superfıcie lateral da vara e isolada de modo que nao passe calor atraves dela;

• A vara tem comprimento L e que sua funcao-temperatura e f(x) no instante

t = 0.

Se cada extremo da vara fosse fixada num bloco grande de gelo terıamos as condicoes

de fronteira

u(0, t) = u(L, t) = 0.

Assim, combinando tudo isto, temos o problema de contorno:

ut − c ∂2xu = 0 em Q = (0, L) × (0, T )

u(0, t) = u(L, t) = 0 t ∈ (0, T )

u(x, 0) = f(x), x ∈ (0, L),

(6.70)

onde c e a condutividade termica do material da vara. A equacao (6.70) modela a

variacao de temperatura u(x, t) com a posicao x e o tempo t numa vara aquecida que

se estende ao longo do eixo x.

113

Page 118: apostilha10.pdf

Solucao por Separacao de Variaveis da Equacao do Calor

Procuraremos uma solucao particular da forma:

u(x, t) = X(x)T (t)

Substituindo-se na equacao (6.70) obtemos:

X(x)T ′(t) = cX ′′(x)T (t)

Separando as variaveis obtemos

X ′′(x)

X(x)=

T ′(t)

cT (t)= α, α constante. (6.71)

1er Caso Se α = −λ2 < 0, entao temos as seguintes EDO’s

a)T ′(t)

T (t)= −λ2c ⇒ (ln T (t))′ = −λ2c ⇒ T (t) = C e−λ2ct, C = cte.

b) X ′′(x) + λ2X(x) = 0 (E.D.O. de 2aordem), cujo polinomio caracterıstico e

p(r) = r2 + λ2 = 0, com raızes r = ±λi. Logo, a solucao desta EDO e

X(x) = A cos λx + B sen λx

Portanto, uma solucao particular e:

u(x, t) = (A cosλx + B sen λx)C e−λ2ct

Utilizando as condicoes de fronteira, obtemos que:

u(0, t) = A C e−λ2ct = 0 ⇒ A = 0 (6.72)

u(L, t) = B C e−λ2ct sen λL = 0 ⇒ λL = nπ ⇒ λ =nπ

L(6.73)

Consequentemente, para cada n ∈ N temos solucoes particulares da forma

un(x, t) = B C sen(λ x) e−λ2ct = B C sen

(

nπx

L

)

e−(

nπL

)2

ct.

Portanto, pelo princıpio de superposicao, a solucao geral de (6.70) e

u(x, t) =

∞∑

n=0

Bn e−(

nπL

)2

ct sen

(

nπx

L

)

. (6.74)

114

Page 119: apostilha10.pdf

Por outro lado, se f(x) admite um desenvolvimento em series de Fourier em [0, L],

das condicoes de fronteira obtemos que

u(x, 0) =∞∑

n=0

Bn sen

(

nπx

L

)

= f(x) =a0

2+

∞∑

n=1

{

an cos

(

nπx

L

)

+ bn sen

(

nπx

L

)}

.

Da igualdade acima e claro que a0 = 0, an = 0, e

Bn = bn =2

L

∫ L

0

f(x) sen

(

nπx

L

)

dx

Para o caso α = 0 e α > 0 obtemos solucoes nulas.

Exemplo 6.12. Suponha que uma vara de 50 cm de comprimento e imersa em vapor

ate que sua temperatura seja de 100o C ao longo dela toda. No instante t = 0, sua

superfıcie lateral e isolada e suas duas extremidades sao enterradas em gelo a 0oC.

Calcule a temperatura no seu ponto medio apos meia hora, se a vara e feita de:

1. ferro (c = 0, 25).

2. concreto (c = 0, 005)

Sol.: Seja L = 50 e f(x) = 100, entao o problema consiste em achar u(x, t) tal que

ut − c ∂2xu = 0

u(0, t) = u(50, t) = 0

u(x, 0) = 100, ∀ x ∈ (0, 50).

(6.75)

Usando (6.74) temos que

u(x, t) =

∞∑

n=0

Bn e−(nπ50

)2 c t sen

(

nπx

50

)

,

onde

Bn =2

50

∫ 50

0

100 sennπx

50dx = −4

(

50

)

cosnπx

50

50

0

=200

nπ[1 − cos nπ]

=

0, se n for par400

nπ, se n for ımpar.

(6.76)

115

Page 120: apostilha10.pdf

Consequentemente

u(x, t) =∑

n= ımpar

400

nπe−(nπ

50)2 c t sen

(

nπx

50

)

. (6.77)

Assim, quando o material e ferro, a temperatura no ponto medio x = 25 cm, no

instante t = 30 min = 1800 seg. e:

u(25, 1800) =400

π

n ımpar

1

ne(−450 n2π2

502) sen

(

2

)

=400

π

∞∑

n=1

(−1)n−1

2n − 1e(−9 (2n−1)2π2

50) ≈ 21, 54oC. (6.78)

Quando o material e concreto, a temperatura no ponto medio x = 25 cm, no

instante t = 30 min = 1800 seg. e:

u(25, 1800) =400

π

n∈ ımpar

1

ne(−9 n2π2

502) sen

(

2

)

=400

π

∞∑

n=1

(−1)n−1

2n − 1e(−9 (2n−1)2π2

502) ≈ 100oC. (6.79)

6.3.2 Equacao de Onda ou da Corda Vibrante

Estuda as pequenas vibracoes transversais de uma corda flexıvel. O fenomeno tem

lugar num plano (x, u) e supoe-se que a corda vibre em torno da posicao de repouso

116

Page 121: apostilha10.pdf

ao longo do eixo x.

Consideremos uma corda uniforme, fina e flexıvel, com comprimento L a qual esta

fortemente esticada entre dois suportes fixos, em um mesmo nıvel horizontal, de modo

que o eixo coordenado x seja coincidente com a corda.

Suponhamos que a vibracao da corda seja no plano vertical (x, u), de tal maneira

que cada ponto da corda se mova na direcao perpendicular ao eixo x e paralelamente ao

eixo das ordenadas u (vibracoes transversais). Isto e, nao existe movimento na direcao

horizontal pois as componentes horizontais das tensoes se anulam. A corda elastica

pode ser a corda de um violino, ou um cabo de retencao, ou uma linha de transmissao.

O objetivo e determinar a forma da corda em qualquer momento e a lei de movimento

de cada ponto da corda em funcao do tempo.

A fim de determinar a equacao diferencial que rege o movimento da corda, consi-

deramos as forcas que atuam sobre um pequeno elemento de corda de comprimento

∆x situado entre os pontos x e x + ∆x.

Denotemos por u(x, t) o deslocamento vertical no instante t > 0 do ponto x da

corda desde sua posicao de equilıbrio. Entao, para qualquer valor fixo de t, a forma da

corda no instante t e definida por u = u(x, t). Logo, temos algumas suposicoes para

encontrar uma solucao:

• A corda e perfeitamente flexıvel e nao oferece resistencia a vibracao.

117

Page 122: apostilha10.pdf

• A corda e homogenea, isto e, com densidade linear constante ρ (ρ e a massa por

unidade de comprimento).

• Os deslocamentos u(x, t) sao pequenos se comparados com o comprimento da

corda.

• Como a corda e perfeitamente flexıvel a tensao T (x, t) no ponto (x, t) atua tan-

gencialmente ao longo da onda e seu modulo e o mesmo em todos os pontos dela.

Esta forca e infinitamente maior do que o peso da corda, por isso a atuacao da

gravidade e nula.

Com estas suposicoes podemos esperar solucoes u(x, t) que descrevam bem a realidade

fısica. Assim, num determinado instante t visualizamos a corda fixa nos pontos 0 e L

como na figura seguinte:

Consideremos I = [x, x + ∆x], onde 0 < x < L. Como nao existe movimento na

direcao horizontal, as tensoes se anulam e daı temos que:

T (x + ∆x, t) cos(θ + ∆θ) − T (x, t) cos θ = 0 (6.80)

Pela Segunda Lei de Newton a resultante das forcas verticais e igual ao produto da

massa m (m = ρ ∆x) pela aceleracao. Sendo assim, temos:

T (x + ∆x, t) sen(θ + ∆θ) − T (x, t) sen θ = ρ ∆x utt(x, t) (6.81)

118

Page 123: apostilha10.pdf

onde x e a coordenada do centro de massa do elemento da corda que esta sendo anali-

sado. Como e claro, x esta no intervalo (x, x + ∆x). Note-se que o peso da corda que

atua na vertical para baixo, nao aparece em (6.81), pois, esta e considerada desprezıvel.

Denotando por TV = T (x, t) sen θ a tensao vertical e TH = T (x, t) cos θ a tensao

horizontal (nao depende de x), de (6.80-6.81) temos que:

TH(x + ∆x, t) = TH(x, t)

TV (x + ∆x, t) − TV (x, t) = ρ ∆x utt(x, t) (6.82)

Logo, dividindo por ∆x a segunda igualdade temos

TV (x + ∆x, t) − TV (x, t)

∆x= ρ utt(x, t)

Consequentemente, tomando o limite quando ∆x → 0 temos que x → x e

d

dxTV (x, t) = ρ utt(x, t).

Por outro lado, tan θ =TV (x, t)

TH(x, t)=

TV (x, t)

TH(t), entao

d

dx[TH(t) tan θ] = ρ utt(x, t)

Porem, tan θ = ux(x, t), logo

TH(t)d

dx[ux(x, t)] = ρ utt(x, t).

Portanto,

utt(x, t) − c2 uxx(x, t) = 0, onde c2 =TH(t)

ρ(6.83)

Para pequenos movimentos da corda e possıvel assumir TH = T nao dependendo de t.

Como T = massa × aceleracao e ρ =massa

comprimento, entao:

c =

massa × aceleracao × comprimento

massa=

comprimento2

tempo2= velocidade

E possıvel identificar c com a velocidade com que uma pequena perturbacao (a onda)

se desloca ao longo da corda.

119

Page 124: apostilha10.pdf

Observacao 6.5. De acordo com o tipo de forcas temos os seguintes casos:

1. Vibracoes Livres, quando as unicas forcas atuantes sao as de tensao, logo

utt − c2uxx = 0

2. Vibracoes Forcadas, quando a corda esta sujeita a uma forca exterior, logo

utt − c2uxx = F (x, t)

3. Vibracoes Amortecidas, quando a corda esta imersa em um fluıdo (ou ar) que

opoe uma resistencia ao movimento. Nesse caso, ha uma forca externa F (x, t)

dependendo de forma linear ou nao linear da velocidade. Por exemplo, no caso

linear temos:

utt − c2uxx = −but(x, t) (b > 0)

4. Vibracoes sob acao de uma Forca Restauradora, quando existe uma forca tendente

a trazer a corda a posicao inicial u ≡ 0. Por exemplo,

utt − c2uxx = −au(x, t) (b > 0)

Condicoes Iniciais e de Fronteira

Sob o ponto de vista matematico e importante conhecer as Condicoes Iniciais do

problema, isto e, o deslocamento inicial da corda, representado por u(x, 0), e o modo

como a corda e abandonada nesta posicao, o que e traduzido pela velocidade inicial

ut(x, 0). Resumindo,

u(x, 0) = f(x), ut(x, 0) = g(x) 0 ≤ x ≤ L.

Embora, a descripcao do processo vibratorio de uma corda finita so ficara completo

se considerarmos o tipo de articulacao das extremidades, chamadas Condicoes de

Fronteira, vejamos alguns casos:

1. Corda Finita com Extremidades Fixas. Implica que u(0, t) = u(L, t) = 0.

120

Page 125: apostilha10.pdf

2. Corda Finita com Extremidades Livres. Implica que ux(0, t) = ux(L, t) = 0.

3. Outras condicoes de Fronteira. Por exemplo, o caso de uma corda cujas extre-

midades se movem, transversalmente

u(0, t) = a(t), u(L, t) = b(t), para t ≥ 0

Solucao da Eq. de Onda por Series de Fourier

A seguir usando o metodo de Separacao de Variaveis e as series de Fourier resolveremos

o problema de deslocamento vertical de uma corda vibrante com extremidades fixas:

utt(x, t) = c2uxx(x, t) 0 < x < L, t ≥ 0

u(0, t) = u(L, t) = 0, t ≥ 0

u(x, 0) = f(x), ut(x, 0) = g(x) 0 ≤ x ≤ L

(6.84)

Observe-se que a corda e perturbada de sua posicao de equilıbrio f(x) e depois libertada

com velocidade g(x) no instante t = 0, a fim de vibrar livremente.

Para resolver o problema (6.84) usaremos o metodo de separacao de variaveis ou

tambem chamado metodo de Fourier.

Supondo u(x, t) = X(x)T (t) entao

X(x) T ′′(t) = c2 X ′′(x) T (t). (6.85)

Pelas condicoes de fronteira u(0, t) = X(0) T (t) = 0 e u(L, t) = X(L) T (t) = 0

resulta que

X(0) = 0 e X(L) = 0. (6.86)

Separando as variaveis temos

X ′′(x)

X(x)=

1

c2

T ′′(t)

T (t)= α, com α sendo uma constante. (6.87)

Consideramos tres casos:

1o Caso Se α = λ2 > 0 , entao

X ′′(x)

X(x)=

1

c2

T ′′(t)

T (t)= λ2. (6.88)

121

Page 126: apostilha10.pdf

Logo,

X ′′(x) − λ2X(x) = 0

X(0) = X(L) = 0e T ′′(t) − λ2c2T (t) = 0 (6.89)

Resolvendo a EDO X ′′ − λ2X = 0 usando a equacao caracterıstica: r2 − λ2 = 0,

encontramos que r = ±λ, logo

X(x) = C1eλx + C2e

−λx.

Mais pelas condicoes iniciais X(0) = X(L) = 0, resulta que

C1 = −C2 e C1eλL = −C2e

−λL. (6.90)

Uma vez que L > 0 temos que C1 = C2 = 0, logo X(x) = 0, ∀ x ∈ [0, L]. Portanto,

u(x, t) = 0 (6.91)

2o Caso Se α = 0, entao

X ′′(x)

X(x)=

1

c2

T ′′(t)

T (t)= 0. (6.92)

Consequentemente X ′′(x) = 0 cuja solucao e X(x) = Ax + B. Pelas condicoes de

fronteira X(0) = 0 e X(L) = 0 resulta que A = 0 e B = 0, logo X(x) = 0. Portanto,

u(x, t) = 0. (6.93)

3o Caso Se α = −λ2 < 0, entao

X ′′(x)

X(x)=

1

c2

T ′′(x)

T (t)= −λ2. (6.94)

Logo,

X ′′(x) + λ2X(x) = 0

X(0) = X(L) = 0e T ′′(t) + λ2c2T (t) = 0 (6.95)

Para resolver a EDO X ′′ + λ2X = 0 usamos a equacao caracterıstica: r2 + λ2 = 0,

cujas raizes sao r = ±λi. Logo

X(x) = A cos λx + B sen λx (6.96)

122

Page 127: apostilha10.pdf

onde A e B sao constantes reais.

Usando a condicao de fronteira X(0) = 0 em (6.96) tem-se que, A + 0 = 0 e

portanto A = 0. Analogamente, de X(L) = 0, resulta que A cos λL + B sen λL = 0,

o que implica que B sen λL = 0. Como B 6= 0, entao sen λL = 0. Isto e, λL = nπ ,

λ =nπ

L, n = 1, 2, 3, ....

Portanto, uma solucao da EDO dada em (6.95) e

Xn(x) = B sennπx

L, n = 1, 2, 3, ...

Agora para cada λn =nπ

Lresolvemos o problema:

T ′′(t) + λ2n c2 T (t) = 0. (6.97)

A equacao caracterıstica associada a (6.97) e dada por r2 + λ2nc2 = 0 a qual tem por

solucao r = ± λn c i = ± nπc

Li. Portanto,

Tn(t) = C cos

(

nπc t

L

)

+ D sen

(

nπc t

L

)

. (6.98)

Consequentemente, para cada n ∈ N obtemos solucoes da equacao de onda da

forma:

un(x, t) = sen

(

n π x

L

)(

an cos

(

nπct

L

)

+ bn sen

(

nπct

L

))

, (6.99)

que satisfazem a condicao de fronteira u(0, t) = u(L, T ) = 0. Estas solucoes sao

chamadas de ondas estacionarias, pois para x, tal que n π x/L = kπ, isto e, se

x = kL/n, k = 1, 2 . . . , n, temos sen(n π x/L) = 0. Portanto esses pontos, e apenas

esses, permanecem parados se a vibracao da corda e descrita apenas pela funcao un

(nos da onda estacionaria).

Logo, pelo princıpio de superposicao, uma solucao formal do problema (6.84) e

u(x, t) =

∞∑

n=1

αn un(x, t)

=

∞∑

n=1

αn

(

an cos

(

nπct

L

)

+ bn sen

(

nπct

L

))

sen

(

nπx

L

)

=

∞∑

n=1

(

An cos

(

nπct

L

)

+ Bn sen

(

nπct

L

))

sen

(

nπx

L

)

(6.100)

123

Page 128: apostilha10.pdf

e tambem solucao se a serie for convergente.

Resta apenas escolher {An} e {Bn} para que seja satisfeita a condicao inicial. Para

isto, devemos supor que as funcoes f, f ′, f ′′ e g, g′ sejam contınuas em [0, L] e f ′′′ e

g′′ seccionalmente contınuas em [0, L].

Como, u(x, 0) = f(x), entao

∞∑

n=1

An sen

(

nπx

L

)

= f(x) ∀ x ∈ [0, L].

Mas isto e a serie de Fourier em senos de f(x) desde que escolhamos:

An =2

L

∫ L

0

f(x) sen

(

nπx

L

)

dx (6.101)

Por outro lado, como ut(x, 0) = g(x) entao

∞∑

n=1

nπc

LBn sen

(

nπx

L

)

= g(x), (6.102)

de onde resulta que

Bn =2

n π c

∫ L

0

g(x) sen

(

nπx

L

)

dx. (6.103)

Exemplo 6.13. Encontre a solucao da equacao da onda

∂2u

∂t2− 25

∂2u

∂x2= 0

u(0, t) = u(3, t) = 0

u(x, 0) =1

4sen πx, ut(x, 0) = 10 sen 2πx

(6.104)

124

Page 129: apostilha10.pdf

Sol.: Substituindo L = 3, c = 5 e a funcao f(x) =1

4sen πx em (6.101), temos:

An =2

3

∫ 3

0

1

4sen πx sen

(

nπx

3

)

dx =1

6

∫ 3

0

sen πx sen

(

nπx

3

)

dx

=

1

6

∫ 3

0

1

2

{

cos

(

πx − nπx

3

)

− cos

(

πx +nπx

3

)}

dx, se n 6= 3

1

6

∫ 3

0

1

2

{

1 − cos(2πx)

}

dx, se n = 3

=

1

12(π − nπ3

)sen

(

πx − nπx

3

)

− 1

12(π + nπ3

)sen

(

πx +nπx

3

)∣

3

0

, se n 6= 3

x

12− sen(2πx)

24π

3

0

, se n = 3

=

0, se n 6= 3

1

4, se n = 3

(6.105)

Analogamente, para g(x) = 10 sen 2πx, substituindo em (6.103), obtemos:

Bn =2

5nπ

∫ 3

0

10 sen 2πx sen

(

nπx

3

)

dx =4

∫ 3

0

sen 2πx sen

(

nπx

3

)

dx

=

4

∫ 3

0

{

cos(2πx − nπx3

) − cos(2πx + nπx3

)

2

}

dx, se n 6= 6

4

∫ 3

0

{

1 − cos(4πx)

2

}

dx, se n = 6

=

2

nπ(2π − nπ3

)sen

(

2πx − nπx

3

)

− 2

nπ(2π + nπ3

)sen

(

2πx +nπx

3

)∣

3

0

, se n 6= 6

x

3π− sen(4πx)

12π2

3

0

, se n = 6

=

0, se n 6= 6

1

π, se n = 6

(6.106)

Assim, a solucao exata de (6.104) e

u(x, t) =1

4cos 5πt sen πx +

1

πsen 10πt sen 2πx.

125

Page 130: apostilha10.pdf

Exemplo 6.14. Encontre a solucao da equacao de onda

utt(x, t) = uxx(x, t)

u(0, t) = u(1, t) = 0, t ≥ 0

u(x, 0) = x(x − 1), ut(x, 0) = 0, 0 ≤ x ≤ 1

(6.107)

Sol.: Em (6.107) temos que f(x) = x(x − 1), g(x) = 0, c = 1 e L = 1, entao de

(6.100)

u(x, t) =

∞∑

n=1

An cos(nπt) sen(nπx), (6.108)

onde

An = 2

∫ 1

0

(x2 − x) sen(nπx) dx = 2

∫ 1

0

x2 sen(nπx) dx − 2

∫ 1

0

x sen(nπx) dx

= −2 x2 cos(nπx)

1

0

+ 4 xsen(nπx)

(nπ)2

1

0

+ 4cos(nπx)

(nπ)3

1

0

+ 2 xcos(nπx)

1

0

− 2sen(nπx)

(nπ)2

1

0

= −2cos nπ

nπ+ 4

cos nπ

(nπ)3− 4

(nπ)3+ 2

cos nπ

nπ= 4

cos nπ − 1

(nπ)3

=

0, se n for par

− 8

(nπ)3, se n for ımpar.

(6.109)

126

Page 131: apostilha10.pdf

Portanto,

u(x, t) =∑

n=ımpar

−8

(nπ)3cos(nπt) sen(nπx)

=∞∑

n=1

−8

(2n − 1)3π3cos(

(2n − 1)πt)

sen(

(2n − 1)πx)

. (6.110)

A Solucao da Eq. de Onda com Extremidades Fixas pelo Metodo de

D’Alembert

Supondo que os dados iniciais f e g sao funcoes reais tais que f e de classe C2([0, L])

e g de classe C1([0, L]), satisfazendo f(0) = f(L) = f ′′(0) = f ′′(L) = g(0) = g(L) = 0.

Se F e G sao as extensoes periodicas ımpares de f e g, respectivamente, com perıodo

2L, entao a unica solucao da equacao (6.84), tal que u(x, t) ∈ C2(R), e da forma:

u(x, t) =1

2(F (x + ct) + F (x − ct)) +

1

2c

∫ x+ct

x−ct

G(s)ds.

De fato, e facil verificar que

u(x, t) = z(x, t) + w(x, t) (6.111)

127

Page 132: apostilha10.pdf

onde z = z(x, t) e w = w(x, t) sao solucoes dos problemas

ztt(x, t) = c2zxx(x, t) x ∈ [0, L]

z(0, t) = z(L, t) = 0

z(x, 0) = f(x), zt(x, 0) = 0,

wtt(x, t) = c2wxx(x, t) x ∈ [0, L]

w(0, t) = w(L, t) = 0

w(x, 0) = 0, wt(x, 0) = g(x).

(6.112)

Deste modo, a usando as series de Fourier resulta que:

z(x, t) =∞∑

n=1

An cos

(

nπct

L

)

sen

(

nπx

L

)

(6.113)

w(x, t) =∞∑

n=1

Bn sen

(

nπct

L

)

sen

(

nπx

L

)

. (6.114)

Sabendo que sen A cos B =sen(A + B) + sen(A − B)

2em (6.113) temos que

z(x, t) =1

2

∞∑

n=1

An

{

sen

(

nπx

L+

nπct

L

)

+ sen

(

nπx

L− nπct

L

)}

=1

2

∞∑

n=1

An

{

sen

(

L(x + ct)

)

+ sen

(

L(x − ct)

)}

z(x, 0) =∞∑

n=1

An sen

(

nπx

L

)

= F (x), ∀ x. (6.115)

onde F (x) e a extensao ımpar em [−L, L] da funcao f(x). Logo,

z(x, t) =1

2

{

F (x + ct) + F (x − ct)

}

(6.116)

Analogamente, verifica-se que

wt(x, t) =

∞∑

n=1

Bnnπc

Lcos

(

nπct

L

)

sen

(

nπx

L

)

=1

2

∞∑

n=1

Bnnπc

L

{

sen

(

nπx

L+

nπct

L

)

+ sen

(

nπx

L− nπct

L

)}

=1

2

∞∑

n=1

Bnnπc

L

{

sen

(

L(x + ct)

)

+ sen

(

L(x − ct)

)}

wt(x, 0) =∞∑

n=1

Bnnπc

Lsen

(

nπx

L

)

= G(x), ∀ x. (6.117)

onde G(x) e a extensao ımpar em [−L, L] da funcao g(x). Logo,

wt(x, t) =1

2

{

G(x + ct) + G(x − ct)

}

(6.118)

128

Page 133: apostilha10.pdf

Portanto,

∫ t

0

wt(x, s) ds =1

2

∫ t

0

{

G(x + cs) + G(x − cs)

}

ds

w(x, t) − w(x, 0) =1

2

∫ t

0

G(x + cs) ds +1

2

∫ t

0

G(x − cs) ds

w(x, t) =1

2c

∫ x+ct

x

G(y) dy − 1

2c

∫ x−ct

x

G(y) dy

=1

2c

∫ x+ct

x

G(y) dy +1

2c

∫ x

x−ct

G(y) dy

=1

2c

∫ x+ct

x−ct

G(y) dy (6.119)

Finalmente, resulta que

u(x, t) =1

2

{

F (x + ct) + F (x − ct)

}

+1

2c

∫ x+ct

x−ct

G(y) dy (6.120)

Observacao 6.6. E importante notar que a solucao (6.120) satisfaz as condicoes ini-

ciais impostas. Assim, desde que F e G sao ımpares temos que

u(0, t) =1

2

{

F (ct) + F (−ct)

}

+1

2c

∫ ct

−ct

G(y) dy = 0. (6.121)

Por outro lado, desde que F e G sao periodicas em [−L, L], F (x + 2L) = F (x) e

G(y + 2L) = G(y). Mais ainda, ja que F e G sao ımpares, para x = ct − L e

y = cs − L, temos que

F (ct + L) = F (ct−L) = −F (L− ct) e G(cs + L) = G(cs−L) = −G(L− cs),

entao

u(L, t) =1

2

{

F (L + ct) + F (L − ct)

}

+1

2c

∫ L+ct

L−ct

G(y) dy

=1

2

{

− F (L − ct) + F (L − ct)

}

+1

2c

∫ L

L−ct

G(y) dy +1

2c

∫ L+ct

L

G(y) dy

=1

2c

∫ L

L−ct

G(y) dy +c

2c

∫ t

0

G(L + cs) ds =1

2c

∫ L

L−ct

G(y) dy − 1

2

∫ t

0

G(L − cs) ds

=1

2c

∫ L

L−ct

G(y) dy +1

2c

∫ L−ct

L

G(y) dy

= 0 (6.122)

129

Page 134: apostilha10.pdf

Exemplo 6.15. Encontre a solucao para os tempos t = 1.8 e t = 3 da equacao de

onda

utt(x, t) = uxx(x, t)

u(0, t) = u(1, t) = 0, t ≥ 0

u(x, 0) = x(x − 1), ut(x, 0) = 0 0 ≤ x ≤ 1

(6.123)

Sol.: Dos dados do problema (6.123) temos que f(x) = x(x − 1), g(x) = 0, c = 1 e

L = 1, e de (6.120) resulta que

u(x, t) =1

2

{

F (x + t) + F (x − t)

}

(6.124)

e a solucao de (6.123), sendo F a extensao periodica ımpar de f(x) em [−1, 1].

Assim, para t = 1.8 temos da periodicidade de F , F (ξ + 2) = F (ξ), que

F (x + 1.8) = F (x − 0.2) = −F (0.2 − x) e F (x − 1.8) = F (x + 0.2).

Desde que 0 ≤ x < 0.2, F (x− 0.2) = −F (0.2− x) = −f(0.2− x). Por outro lado se,

0.8 ≤ x ≤ 1, F (x+0.2) = F (x+0.2−2) = F (x−1.8) = −F (1.8−x) = −f(1.8−x).

Logo,

u(x, 1.8) =1

2

{

F (x + 1.8) + F (x − 1.8)

}

=1

2

{

F (x − 0.2) + F (x + 0.2)

}

=

−f(0.2 − x) + f(x + 0.2)

2, se 0 ≤ x < 0.2

f(x − 0.2) + f(x + 0.2)

2, se 0.2 ≤ x < 0.8

f(x − 0.2) − f(1.8 − x)

2, se 0.8 ≤ x ≤ 1

=

(1/5 − x)(x + 4/5) + (x + 1/5)(x− 4/5)

2, se 0 ≤ x < 0.2

(x − 1/5)(x − 6/5) + (x + 1/5)(x − 4/5)

2, se 0.2 ≤ x < 0.8

(x − 1/5)(x − 6/5) − (9/5 − x)(4/5 − x)

2, se 0.8 ≤ x ≤ 1

=

−3x/10, se 0 ≤ x < 1/5

x2 − x + 1/25, se 1/5 ≤ x < 4/5

3x/5 − 3/5, se 4/5 ≤ x ≤ 1

(6.125)

130

Page 135: apostilha10.pdf

Para t = 3 temos que

F (x + 3) = F (x + 1) = F (x − 1) e F (x − 3) = F (x − 1).

Logo,

u(x, 3) =1

2

{

F (x + 3) + F (x − 3)

}

= F (x − 1) = −F (1 − x)

= −f(1 − x) = −(1 − x)(−x)

= x(1 − x) (6.126)

6.3.3 A Solucao Geral da Eq. de Onda. Metodo de D’Alembert

Um enfoque alternativo ao metodo de separacao de variaveis foi dado por d’Alembert.

Este metodo, estuda as oscilacoes de uma corda de comprimento infinito (idealizacao

matematica para uma corda muito longa), neste caso nao ha condicoes de fronteira a

satisfazer, e, assim o problema consiste em buscar uma funcao u(x, t) definida no

semiplano fechado x ∈ R e t ≥ 0, tal que:

utt(x, t) = c2uxx(x, t) x ∈ R, t ≥ 0

u(x, 0) = f(x), ut(x, 0) = g(x) x ∈ R.

(6.127)

Assim, introduzindo as variaveis

ξ = x + ct η = x − ct

e a funcao

v(ξ, η) = v(x + ct, x − ct) = u(x, t)

131

Page 136: apostilha10.pdf

temos que

ux =du

dx=

dv

dx+

dv

dx=

dv

dξ+

dv

dη= vξ + vη

uxx =d

dx

(

du

dx

)

=d

dξ(vξ + vη)

dx+

d

dη(vξ + vη)

dx= vξξ + 2vξη + vηη (6.128)

e

ut =du

dt=

dv

dt+

dv

dt= c

dv

dξ− c

dv

dη= cvξ − cvη

utt =d

dt

(

du

dt

)

=d

dξ(cvξ − cvη)

dt+

d

dη(cvξ − cvη)

dt= c2vξξ − 2c2vξη + c2vηη.

(6.129)

Logo, substituindo na equacao (6.127) resulta que:

−4vξη = 0.

Portanto, integrando resulta que

v(ξ, η) = F (ξ) + G(η),

onde F, G : R → R. Consequentemente,

u(x, t) = F (x + ct) + G(x − ct). (6.130)

Por outro lado, das condicoes iniciais temos que

u(x, 0) = F (x) + G(x) = f(x) (6.131)

u′(x, 0) = cF ′(x) − cG′(x) = g(x) (6.132)

Integrando em (6.132) tem-se

F (x) − G(x) =1

c

∫ x

0

g(s) ds + K, (Kconstante). (6.133)

Logo, de (6.131) e (6.133), obtemos:

F (x) =1

2f(x) +

1

2c

∫ x

0

g(s) ds +K

2(6.134)

G(x) =1

2f(x) − 1

2c

∫ x

0

g(s) ds − K

2. (6.135)

Finalmente substituindo em (6.130) resulta a conhecida formula de D’Alembert

u(x, t) =1

2(f(x + ct) + f(x − ct)) +

1

2c

∫ x+ct

0

g(s) ds − 1

2c

∫ x−ct

0

g(s) ds

=1

2(f(x + ct) + f(x − ct)) +

1

2c

∫ x+ct

x−ct

g(s) ds. (6.136)

132

Page 137: apostilha10.pdf

6.3.4 Equacao de Laplace

A equacao de Laplace descreve a distribuicao de temperatura numa placa retangular em

estado estacionario (nao existe dependencia do tempo). Portanto, nao tem condicoes

iniciais, somente condicoes de contorno.

Assim, o problema consiste em achar u = u(x, y) tal que

∂2xu + ∂2

yu = 0 em Q = (0, a) × (0, b)

u(x, 0) = f1(x) u(x, b) = f2(x)

u(0, y) = g1(y) u(a, y) = g2(y)

(6.137)

Solucao por Separacao de Variaveis da Equacao de Laplace

Consideremos

f1(x) = f2(x) = 0, ∀ x ∈ [0, a] (6.138)

g1(y) = 0, ∀ y ∈ [0, b] (6.139)

Procura-se uma solucao particular da forma:

u(x, y) = X(x)Y (y)

Substituindo-se na equacao (6.149) obtem-se:

X ′′(x)

X(x)= −Y ′′(y)

Y (y)= α, α constante. (6.140)

Consequentemente, temos as EDO’s

X ′′(x) − αX(x) = 0, X(0) = 0 (6.141)

Y ′′(y) + αY (y) = 0, Y (0) = Y (b) = 0. (6.142)

1er Caso Se α = λ2 > 0, as solucoes das EDO’s sao

X(x) = C1 eλx + C2 e−λx ; X(0) = C1 + C2 = 0 (6.143)

Y (y) = C3 cos λy + C4 sen λ y ; Y (0) = C3 = 0, Y (b) = C4 sen λ b = 0. (6.144)

133

Page 138: apostilha10.pdf

Logo, de (6.143) e (6.144) temos que: C2 = −C1, C3 = 0, C4 6= 0 e λ b = nπ.

Consequentemente,

X(x) = C1

(

eλx − e−λx)

= 2C1 sinh λx = 2C1 sinhnπx

b(6.145)

Y (y) = C4 sennπy

b. (6.146)

Portanto, para cada n ∈ N uma solucao particular e:

un(x, y) = C sinhnπx

bsen

nπy

b.

Logo, pelo princıpio de superposicao, temos que a solucao geral de (6.149) e

u(x, y) =∞∑

n=1

Cn sinhnπx

bsen

nπy

b. (6.147)

Por outro lado, se g2(y) admite um desenvolvimento em series de Fourier em [0, b],

das condicoes de fronteira obtemos que

u(a, y) =∞∑

n=1

Cn sinhnπa

bsen

(

nπy

b

)

= g2(y) =a0

2+

∞∑

n=1

{

an cos

(

nπy

b

)

+bn sen

(

nπy

b

)}

.

Da igualdade acima e claro que a0 = 0, an = 0, e

Cn sinhnπa

b= bn =

2

b

∫ b

0

g2(y) sen

(

nπy

b

)

dy,

isto e,

Cn =2

b sinh nπab

∫ b

0

g2(y) sen

(

nπy

b

)

dy (6.148)

Para o caso α = 0 e α < 0 temos solucoes nulas.

Exemplo 6.16. Achar u = u(x, t) tal que

∂2xu + ∂2

yu = 0 em Q = (0, 1) × (0, 1)

u(x, 0) = 0 u(x, 1) = 0

u(0, y) = 0 u(1, y) = y

(6.149)

134

Page 139: apostilha10.pdf

Sol.: Desde que

Cn =2

sinh nπ

∫ 1

0

y sen(nπy) dy

=2

sinh nπ

{

− ycosnπy

1

0

+1

∫ 1

0

cos(nπy) dy

}

=2

sinh nπ

{

− cos nπ

nπ+

1

(nπ)2sen(nπy)

1

0

}

= − 2

sinh nπ

(−1)n

nπ, (6.150)

entao,

u(x, y) =∞∑

n=1

2

sinh nπ

(−1)n+1

nπsinh nπx sen nπy. (6.151)

6.4 Exercıcios

1. Usando o Metodo de Fourier, resolva a equacao das ondas

∂2u

∂t2− c2∂2u

∂x2= 0

u(0, t) = u(L, t) = 0

u(x, 0) = f(x)

u′(x, 0) = g(x)

com os dados abaixo.

135

Page 140: apostilha10.pdf

(a) f(x) = 110

sin 2x; g(x) = 0; c = 2; L = π.

(b) f(x) = 14cos πx; g(x) = 0; c = 5; L = 3.

2. Usando o Metodo de Fourier, encontre a solucao da equacao do calor

∂u

∂t− c

∂2u

∂x2= 0

u(0, t) = u(L, t) = 0

u(x, 0) = f(x)

com os dados abaixo.

(a) f(x) = 4 sin 2x; c = 3; L = π.

(b) f(x) =

x 0 ≤ x ≤ L2

1 − x L2≤ x ≤ L

Resp: u(x, t) =4L

π2

∞∑

k=0

(−1)k

(2k + 1)2e−

(2k+1)2π2ct

L2 sin(2k + 1)πx

L.

136

Page 141: apostilha10.pdf

Apendice A

A.1 Numeros Complexos

Seja C = {z = a + bi, a, b ∈ R} o conjunto dos numeros complexos, onde definimos

as operacoes de adicao e multiplicacao da forma:

(a + bi) + (c + di) = a + c + (b + d)i (A.1)

(a + bi) · (c + di) = ac − bd + (ad + bc)i. (A.2)

Dado um numero complexo z = a + bi, destacamos os objetos:

1. Modulo de z: |z| =√

a2 + b2.

2. Parte Real de z: Re(z) = a.

3. Parte Imaginaria z: Im(z) = b.

4. Conjugado de z: z = a − bi

e temos as seguintes propriedades:

a)|z| = |z| b)|z|2 = z · z

c)z + w = z + w d)zw = z · w

e)Re(z) =1

2(z + z) f)Im(z) =

1

2(z − z) (A.3)

g)z = z ⇔ z ∈ R h)1/z = z/|z|2, z 6= 0.

137

Page 142: apostilha10.pdf

Observacao A.1. Como consequencia destas propriedades, e facil verificar que, se um

numero complexo z e raız de um polinomio P (z) com coeficientes reais, entao o conju-

gado z de z tambem o e. Como as raızes complexas aparecem aos pares concluımos que

todo polinomio de grau ımpar, com coeficientes reais, possui ao menos uma raiz real.

Um numero complexo z = a + bi tambem pode ser representado na forma polar,

considerando as coordenadas polares (r, θ) do ponto P = (a, b). Logo, temos que

a = r cos θ e b = r sen θ, de modo que

z = r(cos θ + i sen θ) e z = r(cos θ − i sen θ)

Mais ainda, denotando por e±i θ = cos θ ± i sen θ obtemos a notacao simplificada

z = r ei θ e z = r e−i θ

Note-se que r = |z|. Alem disso, se z1 = r1eiθ1 e z2 = r2e

iθ2 , entao z1z2 = r1r2ei(θ1+θ2)

Formula de De Moivre. Consideremos um numero complexo z = r ei θ dado na

forma polar, e seja n um numero natural. Usando as propriedades de funcao exponen-

cial obtemos zn = rn ei n θ, ou, de maneira equivalente:

zn = rn(cos θ + i sen θ)n = rn(cos n θ + i sen n θ)

de onde segue a conhecida formula de De Moivre:

(cos θ + i sen θ)n = cos n θ + i sen n θ.

Raızes de um Numero Complexo. Para n ∈ N definimos as raızes n-esimas de z

como sendo

z1/n = |z|1/n

[

cos

(

θ + 2kπ

n

)

+ i sen

(

θ + 2kπ

n

)]

, k = 0, 1, . . . , n − 1.

138

Page 143: apostilha10.pdf

Referencias Bibliograficas

[1] ABELL, MARTHA L., BRASELTON, JAMES P. Modern Differential Equations.

Harcourt Brace & Company, Florida,USA, 1995

[2] BOYCE, W. E., DIPRIMA, R. C. Elementary Differential Equations and Bounda-

ry Value Problems. 3a ed., John Wiley & Sons, 1977.

[3] ZILL, DENIS G., CULLEN, MICHAEL R. Equacoes Diferenciais, Vol 1 e 2.

MAKRON Books Ltda, Sao Paulo,Brasil, 2001

[4] ZILL, DENIS G. Equacoes Diferenciais, com Aplicacoes em Modelagem. Pioneira

Thomson Learning, Sao Paulo, Brasil, 2003

139