apostila_turismo e meio ambiente

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Apostila do programa de capacitação do turismo (curso on line) que discorre sobre as noções de turismo e meio ambiente, assim como a relação entre estas áreas.

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Page 1: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Page 2: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 01 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 03 O conceito de turismo

CAPÍTULO 02 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 05 O conceito de meio ambiente / ecoturismo

CAPÍTULO 03 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 10 Turismo sustentável

CAPÍTULO 04 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 13 Fenômenos naturais que influenciam o turismo

CAPÍTULO 05 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 20 Impactos da atividade turística sobre o meio ambiente

CAPÍTULO 06 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 22 Turismo e conservação ambiental

CAPÍTULO 07 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 24 Água e energia

CAPÍTULO 08 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 27 Poluição sonora e atmosférica

CAPÍTULO 09 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 29 Resíduos sólidos (lixo)

CAPÍTULO 10 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 32 Importância da educação ambiental

CAPÍTULO 11 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 33 Importância da educação ambiental

CAPÍTULO 12 - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - 36 Mensagem Final

Page 3: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 01 O CONCEITO DE TURISMO

Pensar em turismo nos remete logo a realização de uma

viagem, seja ela por motivo de lazer, esporte, cultura, gastronomia,

religião ou repouso, dentre tantas outras razões. Existem inúmeras

definições para o tema e dentre tantas, escolhemos a definição dada pela

Organização Mundial de Turismo/Nações Unidas sobre Estatísticas de

Turismo:

"as atividades que as pessoas realizam

durante suas viagens e permanência em

lugares distintos dos que vivem, por um

período de tempo inferior a um ano

consecutivo, com fins de lazer, negócios e

outros.”

Utilizando esse conceito como parâmetro, percebemos

então que o turismo envolve atividades realizadas fora do lugar de

origem, ou seja, do domicílio de uma pessoa, denominada nessa situação

de “turista”, mas que existe uma exigência, ou uma característica

específica – o tempo de permanência dessa pessoa fora do lugar onde

vive. Observa-se então que a atividade turística é limitada e dentro dessas

limitações deve-se desenvolver de forma a propiciar conforto, satisfação e

prazer, porque não? Tarefa nada fácil se considerarmos a diversidade

dentro do ramo e dentre as pessoas que fazem turismo, não só pela

questão da variação de culturas e valores, mas também de diversidade

étnica, econômica e de faixa etária.

Page 4: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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A vocação turística do Brasil é inegável: somos um país rico

em cultura, fruto de toda a nossa miscigenação em termos culturais,

advinda da nossa rica colonização, resultando numa diversidade de raças

e costumes que atraem pessoas do mundo todo. Nossas festas populares

são atrativos turísticos que trazem milhares de turistas para o nosso país

e temos um povo extremamente hospitaleiro, o que faz realmente o turista

se sentir bem.

Sendo um dos ramos da economia que mais gera fontes de

divisas, o turismo pode propiciar também o desenvolvimento sócio-

econômico e cultural de um país, se for conduzido com um planejamento

adequado às características biológicas, físicas, econômicas e sociais das

localidades em que opera.

Partindo dessa premissa, temos ainda muito mais a oferecer:

Talvez o alicerce de toda a estrutura turística nacional: as nossas belezas

naturais. Sendo um país rico em ecossistemas ainda conservados, com

regiões de florestas como a Floresta Amazônica, o Pantanal e nossa Mata

Atlântica, além da nossa vasta costa litorânea, é quase impossível se falar

de turismo sem associá-lo ao meio ambiente.

Mas podemos fazer um questionamento: O que é o Meio

Ambiente? Que características o definem? Sua associação ao Turismo

pode ir além do óbvio? São questões que discutiremos a seguir.

Page 5: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 2 O CONCEITO DE MEIO AMBIENTE / ECOTURISMO

Assim como para a definição de Turismo, o conceito de Meio

Ambiente também é muito diverso. Podemos citar alguns deles.

De acordo com a resolução do CONAMA (Conselho Nacional do

Meio Ambiente) de nº 306:2002: “Meio Ambiente é o conjunto de

condições, leis, influencia e interações de ordem física, química, biológica,

social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas

as suas formas”.

Um conceito interessante é o encontrado na ISO 14001:2004:

“circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água,

solo, recursos naturais, flora fauna, seres humanos e suas inter-relações.”

Uma organização é responsável pelo meio ambiente que a cerca,

devendo, portanto, respeitá-lo, agir como não poluente e cumprir as

legislações e normas pertinentes (ISO 14001).

Para o turismo o meio ambiente está muito próximo, é à base do

turismo. Meio ambiente, aqui, tem uma definição mais ampla: “meio

Page 6: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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ambiente se refere não somente ao meio físico, o qual é formado por

componentes naturais e construídos, que envolve parâmetros como clima

e temperatura, água, topografia e solos, flora e fauna etc. Relaciona-se

também ao meio ambiente construído, aquele fabricado pelos homens.

Podemos ir ainda além: não se pode falar de meio ambiente sem citar

também a importância da qualidade de vida da população que vive em um

ambiente, fundamentada no respeito aos seus valores sociais e culturais,

aliada a uma prática econômica que permita a essa populações ter

condições dignas de sobrevivência e um meio ambiente natural

ecologicamente conservado, para si e para as próximas gerações.

Sob essa ótica, o conceito dado pela ISO 14001 nos parece mais

abrangente e mais condizente com a proposta do curso, que é analisar as

implicações das atividades turísticas com o Meio Ambiente. Assim, não se

pode deixar de lado a presença do homem nesse ambiente natural, como

também não podemos considerar como meio ambiente somente nossos

recursos naturais.

Manter a qualidade desses recursos é fundamental, obviamente,

até mesmo por que a conservação do meio ambiente não só tem

importância ecológica, mas vem trazendo em muitos casos, incluindo a

hotelaria e ecoturismo, benefícios financeiros e sociais, tornando-se ainda

mais importante sob o ponto de vista empresarial. Manter a qualidade do

Meio Ambiente envolve também manter a qualidade dos parâmetros

sócio-ambientais que garantam a manutenção da qualidade dos recursos

naturais e de forma mais abrangente, dos nossos ecossistemas.

Percebe-se então que há um encadeamento lógico nessas

questões: conservar a Natureza deve estar aliado à conservação da

qualidade de vida, o que acabará resultando numa maior qualidade para o

Turismo. A manutenção dessa qualidade é que propiciará a satisfação

Page 7: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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dos nossos turistas, e turista satisfeito não só retorna como também traz

mais turistas.

Ao pensarmos em Meio Ambiente, relacionando-o ao Turismo, é

comum a associação a um dos ramos da atividade turística que é o

Ecoturismo.

O Ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza de

forma sustentável o patrimônio natural e cultural, incentiva sua

conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista

através da interpretação do ambiente, promovendo o bem estar das

populações envolvidas.

É uma atividade que não envolve somente a utilização dos nossos

recursos naturais como uma proposta de atividade lúdica e de lazer, ou

seja, não é somente levar turistas para um lugar natural e conservado

para que possam admirar de forma mais próxima as belezas naturais e

interagir com as mesmas. Claro que isso faz parte. Tocar, interagir, sentir

o ar, a terra, a água, caminhar, fazer trilhas, dentre outras atividades

fazem parte da essência do ecoturismo, mas seu conceito é muito mais

amplo.

Envolve a conservação daquele ambiente natural, na busca da

sustentabilidade, tema sobre o qual discorreremos a seguir. Infelizmente,

ainda há muitos erros na prática do ecoturismo, como a falta de um

programa de educação ambiental que leve à sensibilização e

conscientização dos turistas sobre a importância da conservação da

Natureza e do respeito às comunidades e populações que residem

naquele ecossistema que está sendo visitado.

Page 8: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Podemos perceber esses equívocos principalmente na questão do

lixo. Não é raro encontrar vestígios da passagem de turistas em um

parque ecológico ou até mesmo em áreas de preservação, o que acaba

prejudicando a imagem do ecoturismo.

Pela riqueza de ecossistemas e de biodiversidade, o Brasil é um

país privilegiado para a exploração dessa atividade. Segundo a

EMBRATUR, foram identificados 96 pólos de ecoturismo, divididos nas

cinco regiões brasileiras. É uma das atividades que mais cresce no nosso

país, pela associação que o mesmo faz com a Natureza de forma direta,

através da prática de “eco-esporte, como escaladas, rapel, rafting,

canoagem, trilhas e passeios de bicicleta, por exemplo.

No entanto, a implementação de atividades sustentáveis e de

educação ambiental são imprescindíveis, não somente para a

conservação dos recursos naturais, mas pela própria natureza dessa

atividade, para o sucesso e continuidade do empreendimento turístico,

Page 9: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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seja eles na oferta de serviços de hotelaria, produtos de artesanato,

alimentação ou atividades de lazer.

Existem alguns pressupostos para se considerar uma atividade

turística como “ecoturismo”.

(1) Promover a qualidade de vida das populações residentes no local

de destino;

(2) Respeitar a sociodiversidade da comunidade receptora, por meio da

conservação da herança cultural das populações locais; e

(3) Conservar os recursos naturais e paisagísticos desse local.

Dentro da proposta eco turística então é essencial o

desenvolvimento de atividades educativas que promovam uma relação

saudável, de respeito e de cordialidade entre os atores sociais envolvidos:

a comunidade, os turistas, os prestadores de serviço associados á

conservação do meio ambiente.

Somente teremos condições de sustentabilidade caso haja

harmonia e equilíbrio no "diálogo" entre os seguintes fatores: resultado

econômico, mínimos impactos ambientais e culturais, satisfação do

ecoturista e da comunidade visitada.

Page 10: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 3 TURISMO SUSTENTÁVEL

A questão da sustentabilidade ambiental vem sendo discutida em

nível mundial principalmente a partir da segunda metade do século XX,

quando então se percebeu a necessidade de se reavaliar a forma como

nós, seres humanos, vínhamos utilizando nossos recursos naturais. Foi a

partir de então que as discussões em torno de um modelo econômico que

fosse menos prejudicial ao meio ambiente, e consequentemente também

ao homem, se tornaram urgentes e necessárias. Como fazer uso da

Natureza sem destruí-la? Sempre foi uma das grandes questões em

debate desde então.

Dentre tantos conceitos relacionados à conservação e preservação

do Meio Ambiente, aliando-se à utilização racional dos recursos naturais

surge então o conceito de sustentabilidade, que a grosso modo podemos

definir como uma forma de se realizar atividades que ao mesmo tempo

em que promova o desenvolvimento social, econômico e cultural de um

povo, dentre outros aspectos, também promovam a qualidade no nosso

ambiente. Ou se já, é um conceito que antes de tudo deve ter como

premissa a promoção da qualidade de vida como um todo.

Dar às pessoas o direito de ter uma vida digna, o que inclui um

Meio Ambiente limpo e preservado, direito garantido pela Constituição

Federal. Dessa forma, seria ideal que toda e qualquer atividade

econômica tivesse em vista a sustentabilidade de seus serviços, inclusive

o ramo do turismo. Vale à pena ressaltar que a sustentabilidade não

envolve apenas a preservação do Meio Ambiente natural, mas também a

valorização da cultura, da religião, dos valores sociais e o fomento de

atividades econômicas que visem a melhoria da renda de forma digna,

honesta e que promova uma melhor qualidade de vida.

Page 11: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Muito se tem discutido em termos de turismo sustentável, ou seja,

de uma prática turística que envolva o desenvolvimento de atividades que

aliem a satisfação do cliente, no caso, o turista, com a manutenção da

qualidade de vida das pessoas e comunidades que estão envolvidas no

setor turístico, de forma direta ou indireta, como por exemplo: pessoal de

apoio, população local, artesãos, vendedores, grupos folclóricos e

culturais, setor de transporte e tantos outros.

É muito importante não aliar a sustentabilidade ambiental apenas

às atividades eco turísticas. Queremos dizer que a sustentabilidade

ultrapassa a questão ambiental, tão somente. Claro que toda proposta de

ecoturismo também deve levar em conta práticas sustentáveis, mas toda

e qualquer atividade ligada ao turismo deve desenvolver atitudes que

levem à sustentabilidade, não se deve ficar restrito apenas ao ecoturismo.

Por sua rica diversidade de fauna, flora, ecossistemas e variedade

socioeconômica, o debate sobre o desenvolvimento do turismo no Brasil

(incluindo o ecoturismo) vem buscando caminhos para maior

conscientização e compromisso da parte do setor privado com posturas

responsáveis, capazes de contribuir para a sustentabilidade ambiental,

econômica e social do setor.

A grande questão é: seria possível aliar o turismo sustentável ao

turismo de massa? Isso quer dizer: podemos diminuir os impactos

causados pelo turismo na Natureza, no nosso turismo mais comum? O

turismo de lazer, realizado em qualquer cidade, nos hotéis de uma forma

geral, ou no comércio ligado ao turismo, como em quiosques de

souvernis, em lojinhas de artesanato, em feiras de comidas típicas e em

passeios à praia ou a um parque?

Page 12: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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O problema reside na falta de planejamento. No turismo de massa,

o planejamento turístico para um determinado destino deve considerar

uma análise da sua capacidade de carga e a participação dos seus

cidadãos no processo de tomada de decisões referentes às atividades

turísticas a serem ali praticadas. Isto quer dizer que não adianta levar

cinco mil pessoas, turistas, para uma praia que só comporta duas mil, isso

lógico, levando em consideração a segurança e o oferecimento de

serviços de qualidade, não só para quem é de fora, o turista, mas também

para a população.

É preciso levar em consideração que toda atividade turística é uma

intervenção no meio ambiente, desde a instalação de um

empreendimento turístico até a realização de atividades de lazer. O que

precisa ser discutido é:

- Como essas atividades estão sendo pensadas e como serão

inseridas na comunidade?

Em resumo, deve-se considerar os aspectos culturais, econômicos,

sociais, religiosos e políticos na realização de qualquer atividade turística,

que vise promover a sustentabilidade. Não estamos nos referindo apenas

à sustentabilidade ambiental, mas à do próprio negócio, que se não for

garantida, colocará em risco o sucesso e a continuidade da atividade

turística.

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CAPÍTULO 4 FENÔMENOS NATURAIS QUE INFLUENCIAM O TURISMO

O turismo está ligado diretamente ao meio ambiente. O uso dos

recursos naturais dentro deste ramo de atividade não está relacionado

somente a passeios, como uma viagem às praias, a um parque,

montanhas, rios, dunas, florestas e tantos outros lugares que são pontos

turísticos no nosso país.

Devemos refletir sobre algo muito mais sutil e delicado: precisamos

do meio ambiente e dos recursos naturais em toda e qualquer atividade,

inclusive o turismo. Só para citar como exemplo, a água que utilizamos

nas nossas atividades diárias, a energia elétrica e a energia da queima do

petróleo (utilizada nos veículos), o lixo que produzimos, todos os tipos de

poluição, os impactos da devastação ambiental e da construção civil

desordenada, dentre tantos outros aspectos que influenciam a qualidade

do serviço oferecido e que estão relacionados ao turismo.

Vamos nos deter em alguns desses aspectos, que de forma direta

ou indireta afetam a atividade turística, principalmente porque podem

comprometer a qualidade dos recursos naturais que são diretamente

utilizados dentro deste ramo. Merecem destaque:

Page 14: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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o aquecimento global e as mudanças climáticas;

a poluição do ar e a chuva ácida;

a escassez e poluição da água;

a perda da biodiversidade;

os desastres naturais.

Aquecimento global e mudanças climáticas

O aquecimento global é uma consequência das alterações

climáticas ocorridas no planeta. Diversas pesquisas confirmam o aumento

da temperatura média global. Conforme cientistas do Painel

Intergovernamental em Mudança do Clima (IPCC), da Organização das

Nações Unidas (ONU), o século XX foi o mais quente dos últimos cinco,

com aumento de temperatura média entre 0,3°C e 0,6°C. Esse aumento

pode parecer insignificante, mas é suficiente para modificar todo clima de

uma região e afetar profundamente a biodiversidade, desencadeando

vários desastres ambientais. As regiões que mais correm riscos diante

das mudanças climáticas (zonas costeiras, pequenas ilhas, terras baixas

e áreas úmidas) estão entre as principais atrações turísticas ao redor do

mundo.

São várias as causas do aquecimento global. O mesmo poderia até

ser considerado um fenômeno natural, se não fosse a rapidez com que

vem afetando nosso planeta. Essa rapidez parece estar relacionada às

atividades humanas, que intensificam o efeito de estufa através do

aumento na queima de gases de combustíveis fósseis, como petróleo,

carvão mineral e gás natural. A queima dessas substâncias produz gases

como o dióxido de carbono (CO2), o metano (CO4) e óxido nitroso (N2O),

que retêm o calor proveniente das radiações solares, como se

funcionassem como o vidro de uma estufa de plantas, esse processo

causa o aumento da temperatura. Outros fatores que contribuem de forma

Page 15: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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significativa para as alterações climáticas são os desmatamentos e a

constante impermeabilização do solo.

Mas como esse aquecimento pode afetar o turismo? O raciocínio é

bem simples: As regiões que mais correm riscos diante das mudanças

climáticas (zonas costeiras, pequenas ilhas, terras baixas e áreas úmidas)

estão entre as principais atrações turísticas ao redor do mundo. Isso quer

dizer que, se a temperatura do nosso planeta continuar a subir nos níveis

atuais, provavelmente toda a nossa região costeira será afetada. As

nossas praias podem ser inundadas, com o aumento do nível das marés,

ilhas podem ter seu tamanho reduzido, o regime de chuvas pode mudar,

como já estamos presenciando, inundações fora de época e em

proporções maiores do que o esperado, ou grandes períodos de

estiagem.

É importante dizer que o aquecimento global não é mais um

problema para o futuro, pois ele já tem provocado alterações climáticas

em todo o mundo, inclusive no Brasil.

Page 16: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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A poluição do ar e as chuvas ácidas

A chuva ácida é uma das principais consequências da poluição do

ar. As queimas de carvão ou de petróleo liberam resíduos gasosos. A

reação dessas substâncias com a água forma ácido nítrico e ácido

sulfúrico, presentes nas precipitações de chuva ácida.

Os poluentes do ar são carregados pelos ventos e viajam milhares

de quilômetros; assim, as chuvas ácidas podem cair a grandes distâncias

das fontes poluidoras, prejudicando outros países.

O solo se empobrece, a vegetação fica comprometida. A

acidificação prejudica os organismos em rios e lagoas, comprometendo a

pesca. Monumentos de mármore são corroídos, aos poucos, pela chuva

ácida.

Os danos as florestas e a perda de espécies da fauna devido à

acidificação significam a degradação de recursos turísticos primordiais. A

deposição ácida em construções históricas e outros monumentos obrigam

o aumento dos custos de manutenção e recuperação.

Page 17: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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A escassez e a poluição da água

Se a água é um dos mais importantes recursos do turismo,

enquanto elemento básico de inúmeros atrativos, como insumo é

indispensável, estimando-se que nos países desenvolvidos os turistas

usam dez vezes mais água nas suas atividades diárias do que os

habitantes locais.

Sendo um dos recursos naturais mais utilizados, é com a água que

devemos ter maior cuidado. O Brasil é detentor da maior bacia

hidrográfica do mundo, isso quer dizer que temos abundância de água

doce, mas infelizmente também somos campeões do desperdício e da

poluição da água.

O uso indiscriminado, sem controle, a poluição causada

principalmente pelos esgotos domésticos, industriais e comerciais jogados

sem nenhum tratamento nos nossos rios e mares são alguns dos

principais fatores que provocam a perda da qualidade de água, o que

pode comprometer não só o abastecimento como também a qualidade

dos nossos ambientes naturais.

Page 18: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Perda da biodiversidade

O turismo e a recreação encontram na natureza e nos

componentes da sua biodiversidade – a diversidade de espécies (da

fauna e flora) e a diversidade de ecossistemas (terrestres e aquáticos)-,

uma fonte de recursos cada vez mais valorizados para o seu

desenvolvimento.

Algumas das nossas espécies são verdadeiros representantes do

nosso país, como as araras, golfinhos, onças e micos. Isso sem falar na

nossa diversidade de espécies vegetais, muitas delas ainda

desconhecidas pela Ciência. A destruição de rios e florestas, seja ela pela

poluição, pelo desmatamento, pelo tráfico de espécie afeta e poderá

afetar ainda mais nossos ecossistemas.

Nesse ponto sofrerá especialmente o ecoturismo, pois sua relação

com a Natureza é mais íntima e próxima, já que o contato direto com a

mesma, a interação do turista com o ambiente é um ponto forte desse tipo

de turismo.

Os desastres naturais

Referem-se às alterações ou fenômenos que podem ser ditos

como naturais, ou seja, fazem parte da dinâmica natural do nosso

planeta. Nesta categoria podemos incluir os terremotos, erupções

vulcânicas, tufões, maremotos, nevascas ou secas prolongadas.

Page 19: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Tais desastres podem ter sérios efeitos no turismo, quando afetam

regiões ou destinações preferenciais tanto do turismo internacional como

do doméstico.

Algumas dessas calamidades, quando ocorrem em regiões

subdesenvolvidas das Américas, África e Ásia são agravadas diante da

pobreza e da falta de mecanismos de prevenção e de assistência.

Page 20: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 5 IMPACTOS DA ATIVIDADE TURÍSTICA SOBRE O MEIO AMBIENTE

Qualquer atividade humana exerce impacto sobre o ambiente

natural, se considerarmos como impacto qualquer tipo de interferência de

ordem não natural, ou seja, praticada pelo homem em suas atividades. No

caso do turismo, podemos enumerar alguns efeitos dessa atividade sobre

o meio ambiente, de acordo com a implicação de cada um deles. Não

podemos perder de vista o fato de que tais impactos podem ser

minimizados, quando negativos, ou podem ser benéficos, se forem

decorrentes de uma visão global, sustentável e socialmente justa, na

elaboração, planejamento, execução e acompanhamento de um

empreendimento ou atividade turística. IMPACTOS POSITIVOS:

O turismo pode assumir um importante papel no aumento da

consciência ambiental e na educação para o consumo sustentável

por meio de sua vasta rede de distribuição de serviços, e prover

incentivos econômicos para a proteção de hábitat naturais que

sofrem pressão de outros usos ecologicamente insustentáveis.

O turismo pode ainda trazer significativa contribuição para a

conservação das áreas protegidas.

IMPACTOS NEGATIVOS:

O turismo exerce impactos sobre o ambiente por ser um

grande consumidor de combustíveis, eletricidade, alimentos e

outros recursos da água e da terra, gerando significativas

quantidades de lixo e de emissões neste mesmo ambiente.

Page 21: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Os impactos ambientais negativos do turismo podem ocorrer

sobre o ambiente natural e seus componentes básicos, assim

como sobre o ambiente construído pelo homem, especialmente

sobre o seu patrimônio material.

As necessidades e as condições para a oferta turística como

o suprimento de água e de energia, os meios de hospedagem, os

restaurantes e as estruturas recreativas, alem de estradas, acessos

e aeroportos, demandam por matérias primas muitas vezes

extraídas de forma ilegal e destrutiva de locais como dunas, leito e

margem de rios, praias e encostas de morros.

Impactos sobre ecossistemas naturais, com destruição de

florestas, avanço desordenado da construção civil sobre a linha

costeira, aceleração do processo de erosão do solo e do equilíbrio

em ecossistemas aquáticos são outros exemplos.

O turismo na sua forma mais intensiva, que é o turismo de

massa, onde se verifica a concentração excessiva de turistas,

equipamentos e infra-estrutura, tem deixado uma marca indelével e

irreversível em destinações preferenciais pelo mundo todo, varias

delas experimentando uma decadência, como conseqüência do

conjunto de impactos ambientais anteriormente relacionados.

Como o turismo é um grande intercâmbio de pessoas, a

coexistência dessas pessoas pode aumentar as tensões sociais, e

provocar a xenofobia. Nesse intercâmbio, a interação entre turistas e

comunidade local tem que ser satisfatória, para não aflorar ou aprofundar

os problemas sociais, econômicos e culturais da comunidade.

Page 22: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 6 TURISMO E CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Para falar de conservação ambiental, é importante diferenciá-la

de outro conceito, o de preservação ambiental.

O termo “preservação” relaciona-se ao preservacionismo.

Aborda a proteção da natureza independentemente de seu valor

econômico, não considerando se a mesma pode ser útil para o homem.

Pelo contrário, este, o homem, é apontado como o causador dos

desequilíbrios nas relações entre os seres vivos e o meio ambiente. De

caráter explicitamente protetor, propõe a criação de santuários, intocáveis,

sem sofrer interferências relativas aos avanços do progresso e sua

consequente degradação. Em outras palavras, “tocar”, “explorar”,

“consumir” e, muitas vezes até “pesquisar”, torna-se, então, uma atitude

que fere tais princípios.

Já quando falamos de “conservação ambiental”, nos

relacionamos ao cuidado com a natureza, mas aliado ao seu uso racional

e manejo criterioso pela nossa espécie, executando um papel de gestor e

parte integrante do processo. Isso quer dizer que o homem pode “usar” a

natureza de forma racional, planejada para não causar danos irreversíveis

a ela. O termo conservação estaria dentro de uma proposta de

sustentabilidade, ou seja, como dito anteriormente, toda e qualquer

atividade humana conservacionista visa não só a preservação ambiental

apenas, mas o uso racional dos recursos naturais, de forma equitativa e

qualitativa, preservando o direito de cada ser humano a um ambiente

natural e equilibrado, visando a melhoria da qualidade de vida das

populações, sem que com isso haja riscos de degradação da Natureza.

Page 23: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Nesse ponto existe uma importante questão: O turismo pode

incentivar a preservação e conservação ambientais? Ou seria o contrário,

a conservação e preservação ambientais estimulariam o turismo? Parece-

nos que é uma via de mão dupla. Sendo a Natureza conservada,

mantém-se seus atrativos para o turismo e para o turista, assim as

chances de desenvolvimento daquela atividade ou de o turista retornar

são bem maiores. Se for um lugar onde a Natureza por si só já é um

atrativo turístico, então a conservação desses recursos naturais se faz

ainda mais importante, para manter a atividade e o fluxo de turistas.

Em resumo, não podemos falar de turismo sem relacioná-lo à

conservação dos recursos naturais, porque de forma direta (visitas a

ambientes naturais, paraísos ecológicos) ou indireta (utilizando os

produtos da Natureza, como a água) dependemos dela para sobreviver.

Page 24: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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CAPÍTULO 7 ÁGUA E ENERGIA

Água e energia são dois dos recursos mais utilizados nas atividades

relacionadas ao turismo, como hotelaria e transporte, por exemplo. Seu

mau uso pode provocar situações no mínimo desconfortáveis, como por

exemplo, imagine numa estaca de verão, faltar água para o banho ou

para a cozinha? Existem várias formas então de se economizar tais

recursos, mas devemos refletir também sobre as causas do desperdício e

em alternativas de minimizá-lo.

O consumo excessivo de energia e água é um dos maiores

problemas ambientais dos empreendimentos hoteleiros.

A iluminação é responsável por 20% da energia consumida em

todo o País, sendo que 40% dessa provêm do setor de serviços,

incluindo, portanto, o segmento hoteleiro.

Para empreendimentos onde se identifica um alto consumo de

energia, recomenda-se uma auditoria energética, realizada por

consultores especialistas em conservação de energia.

Page 25: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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Novamente salientamos que investir num bom planejamento

evitará problemas futuros na execução das suas atividades turísticas.

AÇÕES:

- Promover um esforço conjunto para economizar água por meio da

divulgação de informações e sensibilização dos hóspedes e

funcionários.

- Adoção de novos hábitos e sejam cidadãos mais conscientes.

DICAS PARA ECONOMIZAR ÁGUA

Várias são as atitudes que podemos ter para economizar água.

Seguem algumas delas, de acordo com a SANEPAR (Companhia de

Saneamento do Paraná):

- Reduza o tempo da torneira aberta enquanto escova os dentes, ensaboa

as mãos ou faz a barba;

- Reduza o tempo no banho com o chuveiro aberto;

Page 26: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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- Antes de lavar a calçada, passe uma vassoura;

- Torneira pingando, descarga desregulada, caixa d’água com bóia que

não funciona: são alguns tipos de vazamentos que precisam de conserto.

- Reduza a lavagem diária de roupa. Acumule e use a capacidade máxima

da máquina de lavar.

- Verifique se há torneiras pingando ou vazamento em vaso sanitário e

nas demais instalações da rede interna.

No caso da energia elétrica, especialistas recomendam observar

os contratos de compra de energia, pois muitas empresas hoteleiras

desconhecem a existência de tarifas com preços diferenciados de acordo

com o horário de uso, e com isto não praticam nenhuma modulação de

carga, de forma que não auferem as vantagens disponíveis.

Além disso, Existem dispositivos para a automação nos

processos de controle de máquinas e equipamentos que demandam

energia, os quais também permitem controlar razão carga/demanda,

visando a melhoria do fator de carga das instalações. Além disso, o

controle automatizado fornece gráficos e tabelas de consumo em tempo

real, facilitando o monitoramento do consumo de energia.

Uma boa alternativa para evitar o desperdício de energia é

investir em fontes alternativas, como a energia solar. Ainda que o

investimento inicial seja relativamente alto, os resultados, a economia em

longo prazo pode ser compensatória. Além disso, a energia solar é

naturalmente renovável, não deixando resíduos na Natureza nem

causando alterações na mesma, como é o caso da energia elétrica que

usamos no nosso país, a maior parte vinda da geração através das usinas

hidrelétricas que tem alto impacto na Natureza e para as populações que

vivem nas regiões ribeirinhas.

Page 27: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

27

CAPÍTULO 8 POLUIÇÃO SONORA E ATMOSFÉRICA

Nada mais desagradável do que tirar uns dias para relaxar numa

viagem e se deparar com carros de alto-falante, sons de eletrodomésticos

ou de sons de veículos no volume máximo. Essas são apenas algumas

das fontes de poluição sonora.

Este tipo de poluição ocorre quando num determinado ambiente o

som altera a condição normal de audição. Embora ela não se acumule no

meio ambiente, como outro tipo de poluição causa vários danos ao corpo

e à qualidade de vida das pessoas.

Efeitos negativos da poluição sonora na saúde dos seres

humanos:

· Insônia (dificuldade de dormir);

· Estresse e Depressão;

· Perda de audição;

· Agressividade;

· Perda de atenção e concentração;

· Perda de memória;

· Dores de Cabeça;

· Aumento da pressão arterial;

· Cansaço.

Limites de intensidade

Ruído com intensidade de até 55 dB não causa

nenhum problema.

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Ruídos de 56 dB a 75 dB podem incomodar, embora

sem causar malefícios à saúde.

Ruídos de 76 dB a 85 dB podem afetar a saúde, e

acima dos 85 dB a saúde será afetada, a depender do tempo da

exposição.

No que se refere à poluição atmosférica, seus efeitos são bem

mais perceptíveis. Os problemas que advêm da atmosfera representam

perigo para os organismos e muitos estudos relacionam o aumento da

poluição atmosférica ao efeito estufa, a destruição da camada de ozônio e

as chuvas ácidas.

De que formas essas duas formas de poluição podem ser evitadas,

para que se mantenha a qualidade do turismo oferecido?

Com relação à poluição sonora, pode-se evitar fontes sonoras em

alto volume em locais de circulação coletiva. Outras medidas seriam

estabelecer horários para a realização de eventos que provoquem ruídos

e fazer manutenção constante dos aparelhos que possam ser fontes de

poluição sonora, como motores de carros e equipamentos elétricos.

Algumas medidas para se evitar a poluição atmosférica são:

Oferecer aos hóspedes e empregados a opção de transporte

coletivo do hotel. Com isto haverá uma redução de gases que

promovem o efeito estufa e que são produzidos durante o processo

de combustão que ocorre nos motores veiculares.

Monitorar possíveis fontes poluidoras como motores de veículos

utilizados;

Incentivar o uso de transportes não poluentes, como bicicletas,

charretes e caminhadas.

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CAPÍTULO 9 RESÍDUOS SÓLIDOS (LIXO)

O lixo é sem dúvida um dos maiores problemas ambientais deste

século. Só para se ter uma idéia, Em Florianópolis cada pessoa produz

770 gramas (0,77 kg) de resíduos sólidos por dia, segundo a Pesquisa de

Caracterização dos Resíduos Sólidos Urbanos, realizada pela

COMCAP/CEFET/UFSC, em 2002.

A maior parte desse lixo ainda é jogada em lixões a céu aberto,

sem nenhum tipo de tratamento ou de seleção. Muitos dos materiais que

vão para os lixões são de difícil decomposição, como plásticos e metais,

que podem levar milhares de anos para se decompor, ou nunca se

decomporem, como é o caso do vidro.

Nas atividades turísticas o cuidado com o lixo deve ser constante.

Não só pelo comprometimento da saúde ou com aspectos visuais, mas

principalmente pelo comprometimento dos nossos recursos naturais. É

importante adotar formas de se evitar o desperdício e de

reaproveitamento do lixo, através de programas de educação ambiental e

Page 30: Apostila_Turismo e Meio Ambiente

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de reciclagem de materiais, que envolvam todos os setores e níveis

envolvidos na atividade turística.

Os turistas são pessoas cada vez mais bem informadas,

exigentes e preocupadas com a preservação ambiental. Por isso, a

adoção de um programa desse tipo beneficia, sem dúvida, a imagem do

estabelecimento, o que é um benefício adicional para os negócios e para

a região onde o hotel está localizado.

Cuidar do lixo depende muito mais da boa vontade de quem

realiza e planeja um empreendimento do que da implementação ou

aquisição de materiais ou mão-de-obra especializada. Seguem algumas

medidas que podem ajudar a gerenciar essa questão:

Separar o lixo, para que se possa avaliar o volume que se produz

de cada tipo de lixo. A partir daí, buscar um destino adequado para

cada tipo;

Incorporar o conceito de pré-ciclar, isto é, reduzir já na hora de

abastecer o hotel, dando preferência a produtos com menos

embalagens ou a fornecedores comprometidos com práticas

sustentáveis;

O lixo orgânico (restos de comida, papéis sujos, cascas de fruta,

grama cortada, cinzas de lareira, etc.), que constitui em torno de

50% dos resíduos sólidos, pode ser totalmente reciclado, por

processos de decompostagem, e transformado em excelente

adubo.

Garrafas tanto de vidro como PET podem ser usadas para

preencher blocos de concreto ou formar canteiros na horta.

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Cascas de ovo caipira viram uma nutritiva farinha de cálcio;

Sabonetinhos usados são reaproveitados como sabão líquido em

máquinas de lavar, óleo de cozinha transforma-se em sabão em

barra;

Velas são recicladas e novamente utilizadas, latas pintadas de

várias cores tornam-se charmosos vasos, que podem adornar

escadas ou paredes.

A reciclagem de materiais como o vidro e alumínio tem sido fontes

de renda para muitas populações de baixa renda que se organizaram em

formas de cooperativa e encontraram na reciclagem uma forma de

desempenhar uma atividade lucrativa de forma digna e honesta. Graças a

essas iniciativas, o Brasil é hoje um dos países campeões na reciclagem

de alumínio, material usado na confecção da maior parte das latinhas de

bebidas. Desta forma, uma medida eficaz é implementar a coleta seletiva

no seu estabelecimento, dando a destinação correta a cada um dos

componentes do lixo.

No entanto, é importante saber que para o sucesso dessas

iniciativas todos os atores sociais envolvidos devem estar cientes e

mobilizados: desde o pessoal da cozinha, camareiras, porteiros,

motoristas até os hóspedes, gerentes, comunidade e prefeitura. É um

esforço coletivo para melhoria não só da qualidade ambiental, mas sim da

qualidade de vida para todos.

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CAPÍTULO 10 INICIATIVAS TURÍSTICAS SUSTENTÁVEIS

• Aquecimento solar da água;

• Reciclagem de água para irrigação dos jardins;

• Uso preferencial de papéis reciclados;

• Utilização de lâmpadas de baixo consumo de energia e uso de luz

natural através de construções que favorecem o seu uso;

• Transformação do lixo orgânico em composto orgânico para uso

nas áreas verdes;

• Seleção do lixo, destinado à reciclagem local;

• Uso preferencial de madeira renovável (com certificação do

IBAMA), preservando as matas naturais, além do uso de madeira

de demolição;

• Apoio às iniciativas sociais e manifestações culturais locais;

• Valorização de hábitos, crenças, arte e histórias locais através do

respeito e não interferências indevidas.

Aquecimento solar da água

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CAPÍTULO 11 IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Não se pode negar que o impacto do turismo sobre o meio

ambiente é inevitável, então o que se pode fazer é manter a atividade

dentro dos limites aceitáveis, para que não coloque em risco o meio

ambiente, causando danos irreversíveis, assim os visitantes poderão

usufruir melhor do local.

Também é importante ressaltar que o turismo não é o único vilão

deste processo de modificação ambiental, pois existem outros processos

econômicos que também contribuem para as mudanças ambientais

ocorridas nos destinos turísticos.

Acreditamos que a manutenção da qualidade de vida, quando a

relacionamos diretamente ao meio ambiente, só será possível se

levarmos em consideração que mudanças de comportamentos e atitudes

só podem ser possíveis através de um processo educativo e neste caso

se aplica perfeitamente a adoção de programas voltados para a educação

ambiental.

Entende-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para

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a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (Lei n° 9.795, de 27 de abril de 1999).

A educação ambiental tem como um de seus objetivos formar

cidadãos conscientes de sua relação com a natureza e com seu habitat.

Ela deve primar pela formação de pessoas conscientes de seu papel e de

sua relação com o meio ambiente, visando à sustentabilidade, através do

uso racional dos recursos naturais, para que tanto esta quanto as futuras

gerações possam também deles usufruir.

Assim, o principal objetivo da educação ambiental é o

desenvolvimento sustentável, que inclui a prática do turismo sustentável.

Esta prática visa a melhoria da qualidade de vida da comunidade

receptora e oferece aos visitantes uma experiência enriquecedora, além

de manter a qualidade do meio ambiente do qual todos dependem.

A educação ambiental para uma sustentabilidade equitativa é um

processo de aprendizagem permanente, baseado no respeito a todas as

formas de vida. Tal educação afirma valores e ações que contribuem para

a transformação humana e social e para a preservação ecológica.

Ela estimula a formação de sociedades socialmente justas e

ecologicamente equilibradas, que conservam entre si relação de

interdependência e diversidade.

Para que esta sustentabilidade ocorra é necessário que as pessoas

tomem consciência de que se deve preservar o meio ambiente, através de

programas de educação ambiental onde todos os envolvidos na atividade

turística ou não, deveriam participar. É nesse sentido que a escola tem o

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papel fundamental, pois esta é responsável pela educação e formação do

cidadão, num sentido formal.

No segmento turístico, a educação ambiental também poderá ser

desenvolvida por meio de programas não-formais, convidando o turista a

dotar práticas pessoais e coletivas que promovam a proteção do meio

ambiente não somente durante o seu passeio e a sua viagem, mas que

tais mudanças se tornem permanentes e o mais importante, que eles se

tornem agentes multiplicadores desses valores

A proposta de educação ambiental requer atitudes simples e

cotidianas. Pequenas mudanças que num contexto coletivo farão a

diferença para todos os envolvidos, garantindo a qualidade do ambiente e

propiciando um ambiente mais agradável aos olhos e aos sentidos.

Manter o que nos foi dado para que as próximas gerações possam

usufruir das nossas belezas naturais não é somente um mérito, mas um

dever de cada cidadão consciente da sua responsabilidade.

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CAPÍTULO 12 MENSAGEM FINAL

“As cidades educativas devem ensinar a seus filhos e aos filhos de outras

cidades que as visitam, o respeito mútuo que as pessoas devem ter na

rua, nas lojas, o respeito pelas coisas, o trato com o bem público, com

os muros das casas, a disciplina de horários reflete na maneira

como a cidade trata seus habitantes, suas lideranças, o trato com o

meio ambiente, como cuida de seu lixo.”

Paulo Freire