apostila_segurança_agricola

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A motosserra, ao lado da desfribadora de sisal e do trator agrícola, é uma das máquinas utilizadas na zona rural das mais perigosas. Entretanto, são inegáveis os benefícios que ela representa devido ao seu alto rendimento operacional. Isso ficou demonstrado na construção da rodovia e colonização da Transamazônica, ou quando uma Concessionária de Energia tem de correr contra o tempo para desmatar a área a ser tomada pelo reservatório de uma hidrelétrica. Os riscos na operação de uma motosserra estão associados, principalmente a: ferimentos com a lâmina ruídos e vibrações corte e queda da árvore A máquina é tão perigosa que mereceu um Anexo na Norma NR-12 - MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS do Ministério do Trabalho. Entre os Equipamentos de Proteção Individual - EPI recomendados para o operador de motosserras estão: capacete, óculos, protetor auricular (de concha), macacão, luvas e botas. A máquina em si, por Norma, deverá possuir os seguintes dispositivos de segurança: a) freio manual de corrente b) pino pega corrente c) protetor de mão direita d) protetor de mão esquerda e e) trava de segurança do acelerador. Ainda segundo as Normas, todas as motosserras só deverão ser comercializadas com o relativo MANUAL DE INSTRUÇÕES, contendo informações relativas à segurança e à saúde do operador, especialmente: a) riscos de segurança e saúde ocupacional; b) especificações de ruído e vibração; e c) penalidades e advertências.

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A motosserra, ao lado da desfribadora de sisal e do trator agrícola, é uma das

máquinas utilizadas na zona rural das mais perigosas.

Entretanto, são inegáveis os benefícios que ela representa devido ao seu alto rendimento operacional. Isso ficou demonstrado na construção da rodovia e colonização da Transamazônica, ou quando uma Concessionária

de Energia tem de correr contra o tempo para desmatar a área a ser tomada pelo reservatório de uma hidrelétrica.

Os riscos na operação de uma motosserra estão associados, principalmente a:

ferimentos com a lâmina ruídos e vibrações corte e queda da árvore

A máquina é tão perigosa que mereceu um Anexo na Norma NR-12 - MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS do Ministério do Trabalho.

Entre os Equipamentos de Proteção Individual - EPI recomendados para o operador de motosserras estão: capacete, óculos, protetor auricular (de concha), macacão, luvas e botas. A máquina em si, por Norma, deverá possuir os seguintes dispositivos de segurança:

a) freio manual de corrente b) pino pega corrente c) protetor de mão direita d) protetor de mão esquerda e e) trava de segurança do acelerador.

Ainda segundo as Normas, todas as motosserras só deverão ser comercializadas com o relativo MANUAL DE INSTRUÇÕES, contendo informações relativas à segurança e à saúde do operador, especialmente:

a) riscos de segurança e saúde ocupacional; b) especificações de ruído e vibração; e c) penalidades e advertências.

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Há que ser oferecido, também, um Treinamento Obrigatório para os Operadores de Motosserras, com carga horária mínima de 8 (oito) horas, com conteúdo programático relativo à utilização segura da motosserra, constante do Manual de Instruções.

Todos os modelos de motosserras (diz ainda a Norma) deverão conter, em local bem visível, a seguinte advertência:

O uso inadequado da motosserra pode provocar acidentes graves e danos à saúde.

Derrubada de Árvores com Motosserras

A motosserra é uma máquina muito perigosa e só deve ser operada por pessoas treinadas no seu uso. Cerca de 85% dos acidentes com motosserra são provocados pela corrente (elemento cortante) em movimento. Os casos fatais, por outro lado, em sua maioria, devem-se à queda de árvores, derrubadas sem a devida técnica.

1 - Checagem inicial

Nos serviços em que as motosserras são usadas intensamente (e mesmo nos casos esporádicos), deve-se examinar a máquina diariamente, para ter certeza de que ela está operando eficientemente. Deve-se checar a tensão da correia, a lubrificação, ventoinha, etc., segundo as recomendações do Catálogo do Fabricante e os Manuais de Operação e Manutenção que acompanham o equipamento.

Cuidado ao abastecer, para evitar incêndio.

2 - Uso dos E.P.I.

Nos trabalhos com motosserra, torna-se necessário (e obrigatório) o uso de vários dos Equipamentos de Proteção Individuais, tais como:

capacete protetor de ouvidos do tipo concha óculos (de preferência viseira, como a da foto) luvas de couro macacão e botas

3 - Técnica de Derrubada

Os procedimentos para a derrubada (ou o corte) de uma árvore variam muito, conforme ela esteja localizada na cidade ou no campo. No 1o. caso, o trabalho é feito, em geral, pelo Departamento de Parques e Jardins da Prefeitura da cidade.

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No 2o., por funcionários de uma empresa reflorestadora ou mesmo pelo agricultor treinado, operando numa floresta nativa, por exemplo. Na cidade, após a análise de vários aspectos (cujos principais são: a proximidade de fios energizados; de bens públicos ou particulares; e a segurança do operador e dos transeuntes), deve-se

muitas vezes amarrar ou ancorar todos os galhos principais a serem cortados; fazer-se um nó adequado na corda para, após o corte, descê-lo como no caso de uma roldana até o chão, para só depois cortar-se o tronco da árvore. Os pedaços ou toras, de 20 a 30 cm cada, também deverão ser amarrados e descidos até o solo, até que o tronco fique com uma altura de 1 a 1,5 m para então, cortarmos o que sobrou. A partir daqui, tudo o que dissermos sobre corte e derrubada de árvores, estará referido à zona rural.

Praticamente todas as técnicas de corte da árvore em pé, consistem em proferirem-se 2 cortes ou talhos no tronco, com a motosserra. O primeiro consiste na retirada de uma cunha (num ângulo de 90 graus e a cerca de 1/4 a 1/3 do diâmetro), no lado onde se deseja que a árvore caia. O segundo corte é feito no lado oposto do tronco (cerca de 5 cm acima do corte em V inicial), provoca a queda da árvore. Antes disso porém, convem conhecer algumas Regras Operacionais

3.1 - Aprenda a avaliar a árvore que vai ser abatida: observe o seu tamanho, diâmetro, estado, posição em relação às vizinhas, etc. Assim, por exemplo, se o seu diâmetro for cerca de duas vezes maior do que o tamanho da lâmina da motosserra, isto irá requerer uma técnica especial de corte.

3.2 - Antes do corte, há 12 itens a considerar:

inclinação do tronco distribuição da copa limpeza em redor da árvore (área de trabalho) escolha da direção de tombamento escola da rota para uma possível fuga localização do companheiro de trabalho posição do veículo ou de benfeitorias presença de linhas de energia próximas uso da técnica de corte apropriada a presença de áreas podres ou ocas no tronco velocidade e direção do vento, e

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observar quaisquer objetos (frutos, galhos, etc.) que possam vir de cima.

3.3 - Observe a posição correta da mão esquerda durante o corte, tanto para fixar bem a motosserra, como para acionar com o dedo indicador, quando preciso, o mecanismo de

segurança.

3.4 - O equilíbrio do operador é muito importante, para controlar a máquina e mantê-la segura com firmeza. Há o perigo de ricolchete e mesmo de tombamento do homem, devido ao peso da motosserra. Evite cortes acima do ombro.

3.5 - Deve-se sempre acelerar a máquina antes do corte.

3.6 - Se o operador é iniciante e não tem experiência, deve inicialmente treinar a derrubada de árvores pequenas, para aprender e praticar, antes de se aventurar a cortar as árvores de maior porte.

4 - Remoção do Tronco e Pilhas

Os riscos de acidente no uso da motosserra não param depois que a árvore é tombada e já se encontra no chão. Uma vez no chão, o tronco deve ser removido, ocasião em que a árvore será desgalhada. O tronco é, em geral, dividido em toras,

que serão devidamente empilhadas ou transportadas.

As árvores caidas estão, em geral, sob tensão, dependendo do modo como esteja apoiada no chão. Via de regra o tronco fica submetido a duas forças de sentidos opostos: a tensão numa extremidade e a compressão na extremidade oposta. Há, portanto, de avaliar previamente essas forças, ante de iniciar a divisão do tronco em

toras, pois pode haver o perigo de quebra da lâmina

A foto ao lado mostra a técnica correta para fracionar o tronco caído. Observa-se que o tronco está apoiado sobre roletes formados com galhos de diâmetro pequeno e, assim, a extremidade do tronco está em balanço e, portanto, sob tensão, não havendo (no caso), perigo de quebra da lâmina da motosserra.

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Os silos e os armazéns são construções indispensáveis ao armazenamento da produção agrícola e influem decisivamente na sua qualidade e preço. Entretanto, por sua dimensão e complexidade, podem ser fonte de vários e graves acidentes do trabalho. Por serem os silos locais fechados, enclausurados, perigosos e traiçoeiros, são conhecidos como espaços confinados e são objeto da NR33 - Espaços Confinados, da NBR 14.787 da ABNT e de alguns itens da NR 18 - Construção Civil do MTE. A Revista Proteção (N.181, janeiro de 2007, p.63) apresenta um excelente artigo de Ary de Sá (Eng.de Seg. e especialista em ventilação industrial e controle de riscos ambientais com poeiras explosiva) intitulado Efeito devastador, sobre explosões em locais onde existe muita poeira acumulada.

Essas explosões ocorrem frequentemente em instalações agrícolas ou industriais onde são processados: a) farinhas = de trigo, milho, soja, cereais, etc.; e b) particulados = acúcar, arroz, chá, cacau, couro, carvão, madeira, enxofre, magnésio, eletrometal (ligas), etc. O milho é considerado um dos grãos mais voláteis e perigosos, embora toda poeira de grãos possa ser tida como MUITO PERIGOSA. Na Agricultura, existem ainda os chamados espaços confinados móveis: os tanques que são levados para o campo, onde são armazenados os agrotóxicos usados na lavoura; e os caminhões-tanque transportadores de combustível ou de água (carros-pipa).

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Exemplos de espaços confinados que podem ser encontrados nas diversas atividades ligadas à agroindústria são: tonéis (de vinho/aguardente, p.ex.), reatores, colunas de destilação, vasos, cubas, tinas, misturadores, secadores, moinhos, depósitos e outros.

Um espaço confinado apresenta sérios riscos com danos à saúde, sequelas e morte. São riscos físicos, químicos, ergonômicos, biológicos e mecânicos e são uma triste realidade no Brasil inteiro.

Vejamos alguns dos riscos dos acidentes em Silos e Armazéns agrícolas:

1 - explosões; 2 - problemas ergonômicos; 3 - lesões do trato respiratório (poeiras) e do globo ocular; 4 - riscos físicos (ruído, iluminação, umidade, vibrações, etc.); e 5 - acidentes em geral (quedas, sufocamento, etc.).

Riscos de explosões

As indústrias que processam produtos alimentícios e as unidades armazenadoras de grãos, apresentam alto potencial de risco de incêndios e explosões, pois o trabalho nessas unidades consiste basicamente em receber os produtos, armazenar, transportar e descarregar. O processo inicia com a chegada dos caminhões graneleiros e ao descarregar seu produto nas moegas, produzem uma enorme núvem de poeira, em condições e concentrações propícias a uma explosão.

O acúmulo de poeiras no local de trabalho, depositada nos pisos, elevadores, túneis e transportadores, apresentam um risco de incêndio muito grande. Isso ocorre quando, uma superfície de poeira de grãos é aquecida até o ponto de liberação de gases de combustão que, com o auxílio de uma fonte de ignição com energia, dá início ao incêndio. Além disso, a decomposição de grãos pode gerar vapores inflamáveis; se a umidade do grão for superior a 20%, poderá gerar metanol, propanol ou butanol. Os gases metano e etano, também produzidos pela decomposição de grãos, são igualmente inflamáveis e podem gerar explosões.

A poeira depositada ao longo do tempo, quando agitada ou colocada em suspensão e na presença de uma chama, poderá explodir, causando vibrações subsequentes pela onda de choque; isto fará com que mais pó depositado no ambiente entre em suspensão e mais explosões aconteçam. Cada qual mais devastadora que a anterior, causando

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prejuizos irreversíveis ao patrimônio, paradas no processo produtivo e o pior, vidas humanas são ceifadas ou ficam permanentemente incapacitadas para o trabalho.

Nos Estados Unidos, que estudam as explosões de poeira de grãos há mais tempo, recomenda-se que a concentração máxima de poeira de grãos no ambiente de trabalho seja de 4 g/m3 de ar. A faixa mais perigosa para gerar uma explosão, varia entre 20 e 4.000 g/m3 de ar. Se uma lâmpada de bulbo (incandescente) de 25 watts pode ser vista a 2 m de distância num ambiente empoeirado, isso significa que a concentração de poeira é inferior a 40 g/m3 de ar mas, mesmo assim, dentro do limite da explosividade. Foi criado nos Estados Unidos um equipamento experimental para testar peiras explosivas, com sensores diversos que permitem conhecer as características das peiras explosivas. Nesta página há, inclusive, uma simulação de explosão (clipe) com o dispositivo mostrado acima.

Para o trabalho em espaços confinados, existem pequenos aparelhos (como o da foto ao lado) que indicam a concentração de gases perigosos no interior dos silos (e demais espaços confinados), que dão segurança ao operário que vai adentrar esse recinto.

Há umas poucas REGRAS BÁSICAS a observar para ver se uma determinada poeira apresenta RISCO DE EXPLOSÃO: > a poeira deve ser combustível; > ela deve ser capaz de permanecer em suspensão no ar; > deve ter um arranjo e tamanho passível de propagar a chama; > a concentração da poeira deve estar dentro da faixa explosiva; > uma fonte de ignição com energia suficiente deve estar presente; e > a atmosfera deve conter oxigênio suficiente para suportar e sustentar a combustão. Se todas essas condições estiverem presentes, pode ocorrer a explosão da poeira. A melhor maneira de evitá-la é anular a maior parte dessas pré-condições.

PARÂMETROS CRÍTICOS PARA A EXPLOSÃO DE POEIRAS

1. tamanho da partícula: < 0,1 mm; 2. concentração da poeira: 40 a 4.000 g/m3; 3. teor de umidade do grão: <11 %; 4. índice de oxigênio no ar: > 12%; 5. energia de ignição: > 10 a 100 mJ (mega Joule); e 6. temperatura de ignição: 410 a 600oC.

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Outras temperaturas de ignição da núvem, adotadas nos EUA (NFPA, Revista Proteção N.181) para poeiras agrícolas, em graus centígrados (oC) são: > açúcar em pó = 400 > amido de milho = 350 > arroz = 450 > cacau 19% gordura = 240 > café instantâneo = 350 > café torrado = 270 > canela = 230 > casca de amêndoa = 210 > casca de amendoim = 210 > casca de arroz = 220 > casca de coco = 220 > casca de noz de cacau = 370 > casca de semente de pêssego = 210 > casca de noz preta = 220 > celoluse = 270; e > celulose alfa = 300

Para diminuir o risco de explosões, deve-se: 1 - proceder à limpeza frequente do local; 2 - evitar fontes de ignição (solda, fumo, etc.); 3 - manutenção periódica dos equipamentos; 4 - peças girantes devem trabalhar sem pó; 5 - instalar bom sistema de aterramento (eletricidade estática); 6 -nunca varrer o armazém; usar o aspirador de pó; 7 - equipar elevadores, balanças e coletores de alívios contra pressões; 8 - usar sistemas corta-fogo em dutos de transporte, e outros; 9 - cuidados com ventiladores e peças girantes (faíscas); e 10 - manter umidade do local => 50% (ambiente sêco é explosivo).

Recomenda-se, sempre que possível, a VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA, que é a solução ideal. Ela tem como objetivo principal a proteção da saúde do trabalhador, uma vez que capta os poluentes da fonte, antes que os mesmos se dispersem no ar do ambiente de trabalho, ou seja, antes que atinjam a zona de respiração do trabalhador. Os sistemas de controle de particulados para a atmosfera, são compostos basicamente de: > captores no ponto de entrada ou de captação; > dutos para o transporte do produto granulado; > ventiladores industriais para mover os gases; e > equipamentos de coleta de poeiras (filtros, ciclones, lavadores e outros).

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Alguns fumigantes contêm produtos inflamáveis: dissulfeto de carbono, dicloreto de etileno, fosfina e outros. Fumigantes e pesticidas são um risco habitual para os trabalhadores das unidades armazenadoras de grãos. Normalmente implicam na exposição ao tetracloreto de carbono, dissulfeto de carbono, dibrometano, fosfeto de alumínio e dióxido de enxofre, todos potencialmente perigosos. A foto acima mostra o EPI (máscara) indicado para gases.

A maior parte dos acidentes ocorre nas regiões em que a umidade relativa do ar atinge valores inferiores a 50%, e onde se armazenam produtos de risco como: trigo, milho e soja, ricos em óleos inflamáveis.

Problemas ergonômicos

Os problemas ergonômicos, normalmente, estão associados às reduzidas dimensões do acesso ao espaço confinado (exigindo contorsões do corpo, o uso das mãos e dificultando o resgate em caso de acidente) e ao transporte de grãos ensacados. São eles:

1. portinhola de acesso; 2. agressões à coluna vertebral; 3. lombalgias; 4. torções; e 5. esmagamento de discos da vértebra.

A figura ao lado mostra um operário entrando num espaço confinado. A seção transversal, normalmente, é circular mas a da foto é quadrada. Observe que ele leva, pendurado no pescoço, um instrumento para verificar a existência e a concentração de gases perigosos no interior do recinto. O aparelhinho é mostrado em detalhes, à direita. Porta, também, o indispensável capacete e luvas.

A figura esquemática abaixo mostra a forma errada (ou não ergonômica) de levantar peso, à esquerda e a forma correta, à direita.

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Da mesma forma, para transportar sacos...

Problemas com os pulmões e os olhos

Alguns grãos armazenados, como o arroz em casca, desprendem uma poeira que pode causar lesão aos olhos ou dificuldades respiratórias.

A soja, por ser uma planta de porte baixo, ao ser colhida com colheitadeira, leva consigo muita terra. Assim, ao ser armazenada, ao movimentar-se, desprende essa poeira, que pode provocar uma doença terrivel chamada silicose ou o empedramento dos pulmões.

Os Equipamentos de Proteção Individual - EPI's recomendados são: a) máscaras contra poeiras; e b) óculos de segurança.

Riscos físicos (ruídos, iluminação, etc.)

Além dos riscos físicos já relacionados anteriormente, juntam-se: a falta de aterramento de motores, o uso de lâmpadas inadequadas e a temível eletricidade estática.

Os EPI's recomendados são: a) protetores auriculares; b) óculos ray-ban (para raios ultravioletas) nas fornalhas à lenha; e c) capacete de segurança.

Acidentes em geral

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Vários tipos de acidente podem acontecer com os trabalhadores de silos e armazéns. Nos silos grandes, como o do croqui abaixo, quando o operário entrar sozinho no seu interior e tentar andar sem o cinto de segurança sobre a superfície dos grãos, aparentemente firmes. Na figura ao lado, pode-se ver o que restou de uma bateria de silos de concreto, após uma explosão em cadeia, que causou prejuizos de monta ao patrimônio.

O interior de um silo é um ambiente hostil. Há necessidade que a pessoa designada para executar qualquer tarefa em seu interior esteja devidamente treinada, orientada quanto aos riscos de acidentes e com boa saúde. Antes de entrar num silo para executar qualquer tarefa, recomenda-se que:

1. O operário nunca entre sozinho num silo; 2. Use equipamento de descida (como o da foto menor ao lado); 3. Tenha permissão prévia do seu superior; 4. Verifique se há gases e poeiras perigosas;

Sempre que houver necessidade, pode-se lançar mão de aparelhos de comunicação, como o da foto, seja para transmitir orientações por alguém que esteja do lado de fora do silo, como quando obstáculos físicos impeçam a sinalização visual entre parceiros.

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Nos casos em que foi constatado previamente (pelo detector de gases mostrado acima) que a atmosfera no interior do silo está pobre em oxigênio, pode-se utilizar o equipamento portátil ao lado, fabricado para esse fim.

Em casos extremos, poderíamos utilizar um equipamento externo que fornecesse oxigênio, através da ventilação forçada, com a mangueira que aparece na imagem ao lado.

Sérios acidentes também podem ocorrer no sistema transportador de grãos dos silos (a rosca sem-fim) que, por ser um elemento girante, é muito perigoso.

Equipamentos de Proteção

A Revista Proteção (N.158, fev./05), que trás como reportagem de capa os ESPAÇOS CONFINADOS, relaciona os equipamentos de proteção individual (EPIs), equipamentos de proteção coletiva (EPCs) e instrumentos mais usados no Brasil para prevenir os acidentes nesses locais. Confira a relação:

EPIs:

1. Capacete com jugular 2. Luvas (PVC ou raspa) 3. Trava-quedas e acessórios 4. Botas de segurança 5. Óculos de segurança

EPCs:

1. Ventilador/insuflador de ar 2. Rádio para comunicação 3. Tripé 4. Detector de gases e/ou poeiras 5. Lanternas apropriadas 6. Sistema autônomo com peça facial

Instrumentação:

1. Detector de gases 2. Cromatógrafo

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3. Explosímetro

O trator presta serviços inestimáveis ao homem do campo mas também é fonte de muitos acidentes, alguns dos quais conduzem a morte do operador e de terceiros.

O uso indevido do trator agrícola pode ocasionar riscos de acidentes de tres naturezas:

relacionados ao terreno onde opera (AMBIENTE); provocados pelo trator em si (AGENTE); e/ou pela imperícia ou desconhecimento do operador (HOMEM).

FATORES HUMANOS NOS ACIDENTES

Na maioria das ocorrências o acidente é a evidência do erro humano. Quase sempre o erro humano resulta em custosos danos ao equipamento e na perda de tempo para os reparos. Uma máquina pode ser reparada ou substituída; o que nem sempre é possível quando o erro causa um dano ao corpo humano.

Os principais fatores que causam esses êrros são:

falta de atenção fadiga preocupação falta de treinamento incompatibilidade homem-máquina outros

As limitações humanas que influem nos acidentes podem ser classificadas em:

Físicas Fisiológicas e Psicológicas.

Fatores Físicos:

As características físicas ou as limitações de uma pessoa, podem ser comparadas às especificações de projeto de uma máquina --- seu tamanho, peso, potência, voltagem, etc. --- coisas que não são mudadas facilmente. Se você reconhece as suas limitações físicas e trabalha dentro delas, você terá menos acidentes do que alguém que tenta trabalhar além dos seus limites. Assim você terá melhor controle do ambiente e da máquina que você opera. Você será capaz de evitar acidentes mais facilmente.

Força

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Algumas pessoas são mais fortes do que outras. Um homem pode ser capaz de mover uma escada pesada com segurança, mas isso pode ser perigoso para alguém mais baixo ou mais fraco, com o risco de atingir uma segunda pessoa. Conheça os seus limites de força e peça ajuda se precisar ! Os músculos representam cerca de 45% do peso do corpo. Quando em trabalho, eles convertem a energia química dos alimentos em energia mecânica. A quantidade de energia utilizada, depende do tamanho e estado atual dos músculos, do suprimento de sangue, temperatura, respiração e do tipo de trabalho executado. Uma estimativa prática da habilidade humana de trabalhar continuamente é de cerca de 1/10 a 1/5 HP (cavalos de

força = Horse Power, em Inglês). Precisa-se de 1/10 HP para acender uma lâmpada incandescente de 75 watt.

Para trabalhar com segurança, evite a fadiga muscular:

1 - Trabalhe em posição confortável. Quando o assento está alto, a pressão nos músculos da coxa podem provocar caimbras.

2 - Opere dentro das suas limitações. Não exija demais dos seus músculos. As máquinas simples, como as alavancas e chaves de boca, foram criadas justamente para multiplicar a força do homem: use-as sempre que precisar.

3 - Mantenha-se em movimento constante. O movimento do corpo no trabalho dinâmico ajuda a circulação sanguínea, exercita uma grande variedade de músculos e é mais indicado do que o trabalho parado ou com menos movimento.

4 - Faça pausas frequentes e curtas. Elas são mais eficazes na recuperação das energias, do que as longas e raras.

Tempo de reação

O tempo de reação ou reflexo do indivíduo tem início com uma mensagem enviada ao cérebro e termina quando o corpo executa uma resposta ou reação física. Por exemplo, quando o tratorista avista um obstáculo (a mensagem), isso é registrado no cérebro e resulta numa reação ao perigo: numa freiada, desvio do obstáculo ou outra manobra apropriada. Para que o cérebro receba a mensagem e diga ao corpo para executar uma ação leva tempo --- o tempo de reação. O melhor tempo de reação do homem é lento, quando comparado com a alta velocidade da máquina. O tempo de reação humana é de cerca de 1/3 de segundo, sob condições ideiais. Vide a figura abaixo:

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Da ilustração acima concluimos que: a) a reação do tratorista sóbrio dará tempo para evitar o perigo, parando à tempo; b)no caso do tratorista cansado, o longo tempo de reação, fará com que pare o trator quase em cima do obstáculo; e c)o tratorista doente, embreagado ou intoxicado, não evitará um acidente (às vezes) grave.

Pense em como você reagiria às várias situações de emergência, antes que seja submetido a elas. Isso pode ajudá-lo a reagir mais rápido nessa emergência. Sabendo que o cansaço e o álcool, por exemplo, diminuem o seu tempo de reação, evite-os quando for dirigir o trator.

Peso e tamanho

A estatura de uma pessoa geralmente determina os tipos de trabalho que ela pode realizar com segurança. Considere as diferenças em tamanho do corpo de um jóquei e de um jogador de basquete. Embora esses sejam os casos extremos, ninguém se ajusta exatamente às dimensões médias.

É porisso que os assentos de muitas máquinas são ajustáveis. Esteja certo de manter o seu ajustado --- para você. Assim você ficará mais confortável, eficiente e alerta.

O painel de controle e a localização dos comandos têm um efeito significativo no seu

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desempenho e segurança na condução da máquina.

Idade

As habilidades físicas variam com a idade, atingindo geralmente o ideal entre 25 e 30 anos e, a partir daí, diminuindo progressivamente. Assim, a visão, a audição e a força física diminuem com a idade. Em estudo realizado nos Estados Unidos, ficou provado estatisticamente que, entre os jovens menores de 16 anos e os idosos maiores de 65 anos de idade, ocorrem a maioria dos acidentes com equipamento agrícola.

Visão

Mais de 90% do nosso trabalho é controlado pelos olhos. Contudo ela tem as suas limitações e necessita de proteção e de cuidados. A boa visão depende:

da intensidade de luz adequada ao tipo de trabalho do tamanho visível do objeto focalizado da cor e contraste do objeto e o fundo da estabilidade do objeto focalizado e da claridade e nitidez do objeto.

Fatores Fisiológicos:

Nosso corpo tem certas características e limitações de ordem fisiológica. Algumas delas são: tono muscular e força; eficiência metabólica (quanto de alimento é usado para fazê-lo funcionar); sua resistência a certas doenças; e as horas de sono e de descanso que são exigidos pelo seu corpo.

Limitações fisiológicas como essas são comparáveis ao desempenho de uma máquina: quanto de combustível ela consome; a temperatura de operação; as ligações do sistema elétrico; etc. Estas limitações variam muito entre as diferentes pessoas e podem variar, na mesma pessoa, de dia para dia.

Os limites fisiológicos são afetados por:

fadiga drogas, álcool e fumo produtos químicos (agrotóxicos) doenças e condições ambientais: temperatura, umidade, vibração, ruído, poeira, etc.

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Fatores Psicológicos:

A segurança e o desempenho pessoal dependem grandemente dos fatores psicológicos. Neste aspecto, as pessoas são muito diferentes das máquinas. O homem tem emoções e sentimentos --- as máquinas não.

Os problemas psicológicos resultam de uma série de situações:

conflitos pessoais --- confusão e incerteza na mente do indivíduo tragédia pessoal --- a perda de um amigo ou parente problemas interpessoais --- problemas em casa, atrito entre pessoas problemas profissionais --- dificuldades no serviço dificuldades financeiras a insegurança (ou introversão) --- impede o indivíduo de solicitar informações que seriam úteis à prevenção de acidentes.

Os resultados dos problemas emocionais --- que causam reações de cólera, retaliação, desatenção a detalhes, como não observar avisos importantes (as placas de sinalização, por exemplo) --- criam situações de acidentes.