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1 ETEC João Belarmino TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES Planejamento Técnico da Construção Civil Ms. Eliane Gallo Aquino* [email protected] *Doutoranda em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas, Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Especialista em Educação, Criatividade e Tecnologia pela Metrocamp e Arquiteta e Urbanista pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas. Amparo - SP

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ETEC João Belarmino

TÉCNICO EM EDIFICAÇÕES

Planejamento Técnico da Construção

Civil

Ms. Eliane Gallo Aquino* [email protected]

*Doutoranda em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas, Mestre em Educação pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Especialista em Educação, Criatividade e Tecnologia pela Metrocamp e Arquiteta e Urbanista pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas.

Amparo - SP

Planejamento Técnico da Construção Civil

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O que é o Técnico em Edificações? Este profissional ainda é pouco conhecido da nossa população, mas pode realizar muitas atividades relacionadas à construção civil e atividades afins que podem contribuir muito no melhoramento da qualidade técnica das obras e projetos em geral. Suas atribuições profissionais são muitas além da responsabilidade permitida de assinar projetos de até 80,00 m2 e dentre elas podemos citar:

Executar, fiscalizar, orientar, coordenar diretamente serviços de construção, instalações e manutenção; Executar ensaios tecnológicos; Selecionar documentação específica para processos construtivos; Dimensionar equipes de trabalho;

Conduzir equipes técnicas; Elaborar relatórios e diários de obras; Realizar medições e vistorias; Controlar a qualidade de materiais e sistemas construtivos; Elaborar orçamentos de materiais, equipamentos e mão-de-obra, com cotação de preços de insumos e serviços; Elaborar e cumprir cronograma físico-financeiro, planilha de quantidade e de custos; Fazer composição de custos diretos e indiretos; Negociar preços, prazos de entrega e condições de pagamentos de produtos e serviços.

Na Escola Técnica João Belarmino o Curso é oferecido gratuitamente no período de 3 semestres e no horário noturno. O Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é obrigatório para a finalização do curso, sendo que o Estágio é opcional, mas de grande importância para a formação do aluno. O profissional de nível técnico vem sendo reconhecido no mercado de trabalho pelo seu conhecimento técnico e prático e na área de construção civil o técnico pode desenvolver seu trabalho em construtoras, escritórios autônomos, lojas de materiais de construção, prefeituras, etc. Já no primeiro semestre do curso há a possibilidade do aluno iniciar estágio na área e assim muitos conseguem o seu primeiro emprego ou então dão seqüência na sua vida profissional que muitas vezes estava estagnada. As aulas são teóricas e práticas e contamos com um corpo docente competente e com vasta experiência na área da construção civil. A Escola convida a todos os interessados para nos visitar.

Sejam Bem Vindos!

Eliane Gallo Aquino

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Planejamento Urbano

O planejamento urbano é o processo de criação e desenvolvimento de programas que

buscam melhorar ou revitalizar certos aspectos (como qualidade de vida da população) dentro de

uma dada área urbana (como cidades ou vila); ou do planejamento de uma nova área urbana em

uma dada região, tendo como objetivo propiciar aos habitantes a melhor qualidade de vida possível.

O planejamento urbano, segundo um ponto de vista contemporâneo lida basicamente com os

processos de produção, estruturação e apropriação do espaço urbano.

Os profissionais que lidam com este processo, aconselham municípios, sugerindo possíveis

medidas que podem ser tomadas com o objetivo de melhorar uma dada comunidade urbana, ou

trabalham para o governo ou empresas privadas que estão interessadas no planejamento e

construção de uma nova cidade ou comunidade, fora de uma área urbana já existente.

Os planejadores urbanos trabalham tradicionalmente junto das autoridades locais,

geralmente, para a municipalidade da cidade ou vila, embora nas últimas décadas tenham se

destacado os profissionais que trabalham para organizações, empresas ou grupos comunitários que

propõem planos para o governo. O dia-a-dia de um planejador urbano inclui principalmente

melhorias na qualidade de vida dentro de certa comunidade. Uma comunidade é vista por um

planejador urbano como um sistema, em que todas as suas partes dependem umas das outras.

Uma ideia muito comum, ainda que com certo nível de imprecisão teórica, é a de que os

planejadores urbanos trabalhem principalmente com o aspecto físico de uma cidade, no sentido de

sugerir propostas que têm como objetivo embelezá-la e fazer com que a vida urbana seja mais

confortável e proveitosa. Porém, o trabalho de planejamento envolve especialmente o contato com o

processo de produção, estruturação e apropriação do espaço urbano, e não apenas sua configuração

a posteriori, como quer a afirmação anterior. Sob este ponto de vista, os planejadores são atores de

um perpétuo conflito de natureza eminentemente política, e por este motivo, seu trabalho não deve

ser considerado como neutro. Também precisam prever o futuro e os possíveis impactos,

positivos e negativos, causados por um plano de desenvolvimento urbano, os quais muitas vezes

vão favorecem ou contrariam os interesses econômicos dos grupos sociais para os quais trabalham.

Urbanismo

O Urbanismo trabalha (historicamente) com o desenho urbano e o projeto das cidades, em

termos genéricos, sem necessariamente considerar a cidade como agente dentro de um processo

social conflitivo, enquanto que o planejamento urbano, antes de agir diretamente no ordenamento

físico das cidades, trabalha com os processos que a constroem (ainda que indiretamente, sempre

atue no desenho das cidades).

História do Planejamento Urbano

As civilizações humanas têm trabalhado com planejamento urbano em escala limitada

remonta a 3500 a.C. Muitos historiadores consideram como pai do planejamento urbano o grego

Hippodamus e suas teorias e idéias sobre o uso ideal da terra e da localização de ruas e edifícios

nas cidades de Mileto e Pireu.

Antiguidade

De acordo com pesquisas arqueológicas, o sítio de Jericó, localizado no vale do Jordão, região

do mar Morto, entre Jerusalém e Amã, é considerado o mais antigo do mundo descoberto até aos

nossos dias. A determinação da data por meio do carbono-14 indicou que Jericó havia sido

construído em 7000 a. C..

O repentino aparecimento das grandes cidades, bem como o crescimento e a formação

organizada delas, parece ser o resultado de um esforço planejado e deliberado. Habitantes de

cidades da antiguidade criaram certas áreas destinadas para encontros, recreação, comércio e culto

religioso. Muitas destas cidades possuíam muralhas em volta, cujo objetivo era impedir (ou, ao

menos, de dificultar) o acesso de possíveis inimigos à cidade.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Figura 1. O Coliseu e o Arco de Constantino em Roma.

A construção de prédios públicos e monumentos são outros exemplos de planejamento

urbano nos tempos antigos, das quais, as cidades mais famosas são Roma (Fig. 1) e Atenas. A

última foi uma das mais influentes e importantes cidades-estado grega, Fig.2.

Figura 2. Acrópole de Atenas com o Parthenon no topo.

Idade Média

O sistema feudal era um sistema essencialmente agrário e a sua sociedade, também agrária,

foi tradicionalmente definida como imóvel, isto é, como uma sociedade dividida em três camadas

que não se misturam: dos que lutam (os nobres), dos que rezam (o clero) e dos que

trabalham (os servos).

Muitas cidades e feudos medievais (Fig. 3) eram protegidos por muros. Com o crescimento

populacional, muitas delas tornaram-se densamente ocupadas. Para solucionar este problema,

algumas cidades derrubavam seus muros (e muitas vezes construindo outros muros para proteger

uma área maior), e outras simplesmente deixavam seus muros antigos de pé, e construíam novas

cidades e vilas ao redor da antiga cidade.

Figura 3. Desenho representado um feudo medieval.

A religião fazia parte integral da vida política, cultural e social da Europa da Idade Média, e

isto se reflete nas cidades da época, nas quais na maioria das vezes, a principal igreja estava

localizada no centro da cidade, e era a maior, a mais alta e a mais cara estrutura.

Renascimento

Durante o Renascimento que foi um período de grande desenvolvimento artístico,

planejadores urbanos desenhavam partes de uma cidade em grande escala (Fig. 4), criando grandes

áreas para solucionar a lotação de tempos antigos. Exemplos são: a Catedral de São Pedro, em

Veneza, e a Basílica de São Pedro, no Vaticano.

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Figura 4. Catedral de São Pedro na Itália.

Já um exemplo de uma área que foi inicialmente planejada, antes de ter sido construída, é o

Palácio de Versailles (Fig. 5), na França, uma mini-cidade por si mesma.

Fig. 5. O Palácio de Versalhes e seu jardim.

Alguns artistas conhecidos, como Leonardo da Vinci e Michelangelo, por exemplo,

desenharam e ajudaram a embelezar algumas cidades italianas, no século XV e XVI, enquanto

Georges Eugene Haussmann planejou grandes avenidas e praças, em Paris, no século XVIII, que

ajudaram a cidade francesa a se tornar reconhecida como uma das cidades mais belas do mundo.

Figura 6. Washington, DC.

Algumas cidades dos Estados Unidos, na América colonial foram planejadas de antemão,

antes de terem sido construídas. Exemplos incluem Charleston, Filadélfia e Savannah. O exemplo

mais famoso, porém, é o da atual cidade de Washington, DC (Fig. 6), a atual capital do país. George

Washington contratou Pierre Charles L'Enfant, um arquiteto francês, para planejar a cidade. No

Brasil temos os exemplos de Brasília e Belo Horizonte1.

Revolução Industrial

Com a Revolução Industrial, nos séculos XVIII e XIX, e a criação de fábricas em cidades, a

população de muitas cidades européias e americanas começaram a aumentar rapidamente,

recebendo milhares de pessoas vindas dos campos, abandonando trabalhos nas áreas rurais, para

trabalhar na indústria. Isto fez com que cidades da época ficassem superlotadas, sujas, insalubres e

barulhentas.

1 Projetada pelo engenheiro Aarão Reis entre 1894 e 1897, Belo Horizonte foi uma das primeiras cidades brasileiras

planejadas (algumas fontes a citam como primeira; outras como terceira, após Teresina e Aracaju). Elementos chaves do seu traçado incluem uma malha perpendicular de ruas cortadas por avenidas em diagonal, quarteirões de dimensões regulares e uma avenida em torno de seu perímetro, a Avenida do Contorno.

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Figura 7. A pobreza na época da Revolução Industrial.

Muitas pessoas viviam em bairros que possuíam péssimas condições sanitárias, onde famílias

inteiras viviam espremidas em casas de um ou dois cômodos, perto das fábricas (Fig.7).

Reformistas sociais começaram a pedir ao governo que melhorassem tais condições precárias

de vida, sugerindo planos como um novo zoneamento, com casas, jardins e áreas verdes. Também

sugeriu a separação de zonas industriais e residenciais, cada uma em zonas separadas da cidade.

Fig. 8. National Mall, um exemplo desse movimento.

Várias municipalidades e governos tomaram medidas para melhorar a qualidade de vida nas

cidades, mas à medida que estas continuavam a crescer rapidamente, as poucas medidas tomadas

foram insuficientes para surtir algum efeito.

Planejadores urbanos tentaram mostrar a imagem de uma cidade ideal, na Feira Mundial de

Chicago, em 1893. Largas e grandes avenidas, com grandes estruturas públicas, eram dois dos

muitos aspectos numa cidade ideal. A exposição marcou o início do movimento City Beautiful2 (Bela

Cidade, em inglês), nos Estados Unidos. Um exemplo dessa reforma é o Nacional Mall (Fig.8).

Século XX - Tempos atuais

Até o final do século XIX, o planejamento urbano na maioria dos países industrializados era

de responsabilidade de arquitetos, que eram contratados por empresas particulares ou, raramente,

pelo governo. Mas o crescimento dos problemas urbanos durante o final do século 19 forçou

governos de muitos países, em especial, o dos Estados Unidos, a participar mais ativamente no

processo de planejamento urbano.

2 A City Beautiful Movement (em português: Movimento da Cidade Bonita) foi uma reforma arquitetônica americana surgida entre 1890 e 1900 com a intenção de revitalizar e tornar mais emblemáticos os espaços públicos das cidades americanas. O movimento floresceu em Chicago, Detroit e Washington, D.C. e mais tarde se espalhou por outros estados norte-americanos. Defensores do movimento acreditam que essa reforma arquitetônica ajudou a melhorar a imagem social dos grandes centros urbanos americanos e a qualidade de vida da população.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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O Movimento moderno na Arquitetura e no Urbanismo pregava que a atividade de planejar as

cidades era matéria de ordem eminentemente técnica, e que, portanto, possuía a neutralidade

política inerente ao trabalho científico. Tal pensamento se formalizou especialmente com o trabalho

dos CIAM (Congressos internacionais da Arquitetura moderna) e, especialmente, com a Carta de

Atenas. Reflexos deste pensamento urbanístico podem ser observados em projetos de novas áreas

de expansão urbanos totalmente desvinculados das necessidades efetivas das comunidades que aí

morariam. O plano-piloto da cidade de Brasília é considerado o exemplo mais perfeito deste tipo de

urbanismo modernista.

Entre 1900 e 1930, muitas cidades nos Estados Unidos introduziram comissões de

planejamento urbano e leis de zoneamento. Um dos mais famosos planos de revitalização urbana

desse período foi o Plano Burhan, que revitalizou uma grande parte da cidade de Chicago.

A explosão populacional da década de 1950 e da década de 1960 criou problemas como

congestionamentos, poluição, aparecimento ou crescimento de favelas, e falta de moradia. Para

vencer os novos desafios destas cidades em crescimento, agências de planejamento urbano

precisaram expandir seus programas, incluindo novas residências, áreas recreacionais e melhores

distritos comerciais e industriais.

Atualmente, o planejamento urbano de uma cidade é geralmente feito por acordos entre

agências governamentais e empresas privadas, especialmente nos países desenvolvidos. Nos países

subdesenvolvidos, porém, o Planejamento Urbano passa por um momento de redefinição. Se, por

um lado, tais países atravessaram longos períodos de planejamento centralizador e autoritário (não

raro resultando em periferias urbanas espraiadas, estruturadas por projetos residenciais movidos

mais pelo caráter quantitativo que pelo qualitativo), nas últimas duas décadas, o Planejamento

Urbano no Brasil, por exemplo, tem procurado colocar-se como possível mediador no conflito social

pelo solo urbano.

Um plano diretor, plano compreensivo ou plano mestre, é um plano criado por um grupo de

planejadores urbanos que tem impacto válido para toda a comunidade da cidade, por certo período

de tempo. Um plano diretor mostra a cidade como ela é atualmente e como ela deveria ser

no futuro. Um plano diretor mostra como o terreno da cidade deve ser utilizado e se a

infraestrutura pública de uma cidade como educação (escolas e bibliotecas), vias públicas (ruas e

vias expressas), policiamento e de cobertura contra incêndio, bem como saneamento de água e

esgoto, e transporte público, deve ser expandida, melhorada ou criada.

Limites impostos pelo plano diretor incluem a altura máxima de estruturas em algumas ou

em todas as regiões da cidade, por exemplo.

Desenvolvimento do plano diretor

Durante o processo de elaboração do plano diretor, os planejadores urbanos, representados

por profissionais de várias áreas, como engenheiros, arquitetos e urbanistas, economistas,

sociólogos, geógrafos, juristas, estatísticos, biólogos, analisam a realidade existente do município e,

com a participação da sociedade civil, representada por comerciantes, agricultores, associações de

moradores, ONGs e movimentos sociais, propõe novos rumos de desenvolvimento do município,

buscando-se alcançar a realidade desejada por toda a população.

Desde 2001, a legislação brasileira exige que a elaboração e a revisão de um plano diretor

sejam realizadas de forma participativa e democrática, por meio de debates públicos, audiências,

consultas e conferências. Se não houver participação da sociedade civil, o plano diretor pode

ser invalidado.

Atualmente, muitos especialistas em planejamento urbano usam computadores no trabalho.

Computadores processam a informação que os planejadores analisam ao formar o plano diretor.

Computadores são usados também para a criação de mapas.

Geralmente, em pequenas cidades, um plano diretor é desenvolvido por uma companhia

privada, que então manda o plano para o governo ou município, para aprovação. Já em cidades

maiores, é uma agência pública que desenvolve o plano diretor. Grandes cidades costumam possuir

um departamento próprio para o planejamento urbano, que é responsável por desenvolver, alterar e

implantar o plano diretor.

Propostas do plano diretor

O alvo de um plano diretor é fazer a vida urbana mais confortável, aproveitável, segura, além

de fornecer um terreno propício ao crescimento econômico da cidade. Um plano diretor inclui quase

Planejamento Técnico da Construção Civil

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sempre instalações de transporte público, bem como áreas de recreação, escolas e facilidades

comerciais.

Um plano diretor recomenda como o terreno da cidade deve ser usado. O plano geralmente

divide a comunidade em seções separadas para casas e edifícios de apartamentos, comércio,

indústria e áreas para instalações públicas. A altura-limite das estruturas também é delimitada,

sendo que geralmente o centro financeiro possui os maiores limites. Pode-se permitir apenas a

construção de pequenas casas em um dado bairro, enquanto em que outro, permite-se a construção

de prédios de apartamentos e de casas geminadas. Planos diretores de certas cidades, porém, não

impõem restrições quanto ao limite de altura de qualquer estrutura e/ou zoneamento, em qualquer

área da cidade, como em Houston, Texas, Estados Unidos.

Um plano diretor também pode pedir a demolição de prédios em uma dada região e regular

os tipos de serviços a serem oferecidos dentro de uma dada região, permitindo, por exemplo, a

presença de pequenas indústrias e estabelecimentos comerciais, mas proibindo grandes indústrias.

Alguns planos podem permitir o desenvolvimento de áreas de uso misto, com uma

combinação de indústrias, comércio e residências.

Além disso, um plano diretor também sugere meios de melhorar a aparência e a beleza da

comunidade, com a construção de parques, grandes avenidas e centros cívicos. Outros serviços

públicos como a criação ou a expansão do sistema de saneamento básico e vias públicas (tais como

ruas e vias expressas) também podem ser incluídos.

Planejadores urbanos, desde o século XIX, preocupam-se muito com o a aparência de uma

cidade, embora atualmente preocupam-se mais com problemas econômicos e sociais. Planos

diretores podem incluir também propostas para um melhor crescimento econômico, educação e

assistência social para os necessitados.

Da teoria para a prática

Planejadores urbanos precisam de duas coisas para fazer seus projetos saírem do papel, e

sejam realizados em prática: suporte e dinheiro. Ambos vêm das autoridades que suportam os

planejadores urbanos, sendo o dinheiro, indiretamente, pelos impostos, vindo da população da

cidade a ser afetada por tais planos.

Suporte público

Grande oposição pública pode fazer com que as autoridades municipais ou governamentais

recusem-se a suportar um dado plano diretor. Oposição pública acontece porque ou grande parte da

população acha que tal plano irá beneficiar apenas uma pequena parcela da população da cidade ou

que sairá caro demais para cidade, seja em termos econômicos ou culturais (ex: demolição de

patrimônios históricos, etc.).

Por outro lado, se um plano diretor inclui propostas para a solução ou minimização de certos

problemas da cidade, tal plano geralmente tende a receber maior apoio da população. Isto inclui a

construção de ruas, autoestradas e/ou metrô em cidades com grandes problemas de trânsito, casas

que podem ser alugadas ou compradas a baixos preços para uma grande população de classe baixa,

abrigos para uma grande população de sem-tetos e de parques e outras facilidades de lazer.

Suporte econômico

Planejadores urbanos precisam ter influência sobre a comunidade, e o desenvolvimento físico

desta. Isto é possível através da municipalidade e o poder desta de fazer com que as leis de

zoneamento e regras sobre a construção de casas e prédios sejam efetivamente cumpridas pela

população em geral. Planejadores urbanos também dependem das autoridades municipais para a

expropriação de propriedades e terrenos, quando necessária para a realização do projeto.

Leis de zoneamento urbano designam os tipos de estruturas que são permitidas em uma

dada área da comunidade. Quando planejadores urbanos pretendem fazer com que uma dada zona

seja apenas residencial, então, apenas casas e, talvez, prédios de apartamentos, serão permitidas.

As leis de zoneamento urbano também limitam o tamanho dos terrenos a ser vendida, a localização

de placas e sinais.

Já as regras sobre a construção de casas e prédios regulam a qualidade e a segurança da

construção destas, a altura e o tamanho das estruturas, o número máximo de ocupantes por

estrutura, bem como a qualidade dos canos de água e esgoto, e do sistema elétrico.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Novas cidades

O termo planejamento urbano também vale para a criação e desenvolvimento de novas

cidades ou comunidades, que se diferenciam de subúrbios por uma razão: enquanto subúrbios são

desenhados geralmente apenas como comunidades residenciais de baixa densidade, para pessoas

que trabalham em cidades próximas, o planejamento e a construção de novas cidades têm o

objetivo de tornar tais cidades totalmente independentes e autossustentáveis, com, por exemplo, a

designação de grandes áreas comerciais ou industriais, que, em volta, irão atrair habitantes à

cidade.

Planejadores urbanos encarregados da construção de novas cidades fazem o possível para

garantir que a nova comunidade possua suficientes oportunidades de trabalho para todos os

habitantes, tornando possível a construção destas cidades em áreas relativamente isoladas. Porém,

novas cidades também são projetos extremamente caros, sendo poucas as cidades de grande porte

que foram criadas com planejamento. Exemplos incluem Brasília, a capital do Brasil, Canberra, a

capital da Austrália e Washington-DC, a capital dos Estados Unidos.

Outra opção, mais barata, é a construção de vilas em torno de uma cidade. Vilas provêm

seus habitantes com oportunidades de trabalhos, que, porém, são insuficientes para atender boa

parte da força de trabalho. Muitos trabalhadores têm de trabalhar em outras cidades próximas, e,

por esta razão, vilas precisam estar localizadas perto de uma cidade. O Reino Unido, a Suécia a

Noruega e a Dinamarca são os países que mais constroem novas vilas de tempos em tempos. Os

governos destes países ajudam com contribuições econômicas e a compra da terra necessária para

as novas municipalidades.

Planejamento e Estética

Em países desenvolvidos, muitas pessoas são contra o uso excessivo de artigos humanos

como propagandas, sinais, placas, que geram poluição visual. Outros assuntos relacionados são

tensões entre o crescimento da periferia, a densidade populacional em crescimento as cidades e o

planejamento e construção de novas cidades.

Planejadores urbanos de sucesso levam o caráter, de "casa" e "senso de lugar", identidade

local, respeito por heranças naturais, artísticas e históricas, e o entendimento dos (possíveis)

principais problemas como tráfego, transporte, utilidades e desastres naturais.

Embora as cidades que sejam planejadas desde o começo - como no caso de Brasília - os

planejadores são importantes em planejar o crescimento destas cidades. Examinadas

historicamente, várias cidades, atualmente consideradas como uma das mais belas do mundo é o

resultado de restritos planos diretores. Algumas cidades são planejadas desde o começo, e embora

nem sempre os resultados saiam como o esperado, evidências do plano diretor inicial muitas vezes

permanecem. Algumas das cidades planejadas de maior sucesso consistem de células que incluem

parques e espaços abertos, repetindo por várias vezes esta célula. Geralmente, as células são

separadas por ruas. Muitas vezes cada célula possui monumentos e características únicas, tornando

as células diversas entre si. Estas diferenças ajudam a instituir um "senso de lugar" na cidade,

enquanto as similaridades das células fazem cada lugar da cidade familiar aos habitantes da cidade.

Segurança

Muitas cidades são construídas em lugares vulneráveis a enchentes, tempestades, guerra e

desastres naturais como terremotos, furacões e vulcões ativos. Os planejadores urbanos, ao

planejar uma cidade, também devem levar em conta estes fatores. Se os perigos estão localizados e

podem ser prevenidos, como enchentes, por exemplo, uma solução pode ser a construção de

parques e espaços abertos. Outra solução, mais prática, é simplesmente construir a cidade em

terrenos de alta altitude e os parques, espaços verdes e fazendas em terrenos de menor altitude.

Quando a cidade é vulnerável a desastres naturais, enchentes, guerra ou outras

emergências, a construção de um sistema eficiente de transporte, adaptado para evacuações,

quando necessário, é considerada, bem como a construção de centros operacionais de emergência,

como abrigos, por exemplo. Podem ser muitas vezes de baixo custo, e muitos consideram esta

medida como cuidados razoáveis para qualquer espaço urbano. Outras cidades também planejam e

constroem muros e canais como medida de proteção.

Alguns métodos de planejamento urbano, no entanto, podem servir como métodos de

segregação, ajudando uma elite a controlar cidadãos ordinários. Um exemplo foi a cidade de Roma

Planejamento Técnico da Construção Civil

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na década de 1930, quando o fascismo da década de 1930 criou vários bairros nos limites da cidade,

onde criminosos e a classe baixa foi despejada, longe do centro da cidade. A França utiliza

atualmente métodos parecidos para controlar a população árabe de classe baixa.

Transportes

Existe uma clara conexão entre a densidade de uma dada região urbana e a quantidade de

transporte dentro desta região. Transporte de boa qualidade - que inclui desde uma malha de

transporte pública bem planejada até um sistema de vias públicas capazes de atender tráfego com

eficiência - é muitas vezes procedida por desenvolvimento. Porém, este sistema eficiente de

transportes pode ser arruinado quando esta região desenvolve-se demais, tornando-se mais densa

que um dado limite.

Um planejamento urbano eficiente tenta colocar zonas comerciais e residenciais de alta

densidade próximos a meios de transporte em massa. Por exemplo, algumas cidades permitem

prédios comerciais e residenciais somente quando elas estão a um quarteirão de distância de

estações de trens, metrô ou vias públicas tais como ruas e avenidas de duas faixas por sentido ou

mais, enquanto posicionam casas de família e parques mais longe destes pontos de transporte.

A densidade de uma área é geralmente medida como a área total das estruturas (incluindo

todos os andares) dividida pela área do terreno que estas propriedades ocupam. Quando o total é

menor que 1,5, a área é de baixa densidade, enquanto totais maiores do que 5 são áreas de alta

densidade.

A maioria dos centros de cidade, por exemplo, possuem totais significantemente maiores do

que 5. Locais ocupados por arranha-céus podem atingir um total de 30 ou mais. Municípios tentam

muitas encorajar densidades menores, porque isto reduz custos de infraestrutura, embora alguns

especialistas observassem que baixas densidades podem não acomodar população suficiente para

tal infraestrutura (educação, saúde, etc.). Carros são eficientes como meio de transporte em regiões

de densidade de até 1,5. Densidades entre 1,5 a 5 são mais eficientemente servidas por ônibus e

densidades maiores que 5 são mais eficientemente servidas por trens e metrô.

Entendendo as Leis de uso e ocupação do solo

Conforme os princípios consagrados na Constituição Federação de 1988 (dita Constituição

Cidadã), e reafirmados no Estatuto da Cidade3, podemos definir a gestão urbana como um conjunto

de atividades e procedimentos que visam garantir a função social da cidade e da propriedade

urbana, através do ordenamento do uso, da ocupação e da expansão do solo urbano. A gestão

urbana compete aos três níveis governamentais da Federação:

União, estados e municípios, sendo, no entanto, este último, o que maior competência

possui, na medida em que é de sua responsabilidade a elaboração do Plano Diretor,

constitucionalmente reconhecido como o instrumento básico da política urbana.

Além do plano diretor, o município possui um rol de instrumentos urbanísticos que compõem

o arcabouço jurídico da gestão urbana, dos quais destacaremos os quatro principais:

1) Lei de uso e ocupação do solo urbano (zoneamento);

2) Lei do parcelamento do solo urbano (loteamentos);

3) Lei 10.257 de 10/07/2001, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana (Estatuto da

Cidade);

4) Código de obras.

1) Lei de uso e ocupação do solo urbano (zoneamento)

O zoneamento urbano é, certamente, o mais difundido instrumento urbanístico e, também, o

mais criticado, tanto por sua eventual ineficácia, quanto por seus efeitos perversos (especulação

imobiliária e segregação sócio-espacial). Sua forma mais tradicional é o zoneamento de uso e

ocupação do solo, de matriz funcionalista, que prevê uma segregação de usos – industrial, comercial

e residencial - com maior ou menor grau de flexibilidade.

Em sua implementação, o zoneamento usualmente é definido em duas escalas: a primeira,

denominada de macrozoneamento, que consiste na delimitação das zonas urbana, de expansão

urbana, rural e especial (geralmente de proteção ambiental) do município. A segunda, o

Planejamento Técnico da Construção Civil

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zoneamento propriamente dito, que irá estabelecer as normas de uso e ocupação para cada

macrozona, em especial da zona urbana, haja vista que sobre a zona rural o poder local possui

pouca competência regulatória.

O macrozoneamento envolve do ponto de vista ambiental, duas questões fundamentais. A

primeira refere-se à definição da área de expansão urbana e a segunda refere-se ao problema do

adensamento urbano.

Na definição do perímetro de expansão urbana, um parâmetro básico a ser observado pelas

municipalidades para a delimitação da zona de expansão urbana é a Lei Federal 6766/79,

modificada pela Lei 9.785/99, que proíbe o parcelamento do solo para fins urbanos nos seguintes

casos:

I - em terrenos alagadiços e sujeitos as inundações;

II - em terrenos que tenham sido aterrados com materiais nocivos à saúde;

III - em terrenos com declividade superior a 30 %;

IV - em terrenos com condições geológicas impróprias;

V - em áreas de preservação ecológica.

Os aspectos de maior visibilidade do zoneamento, como instrumento de gestão ambiental,

referem-se à definição dos usos:

1) Critérios de suporte ambiental para a localização de cada tipo de uso do solo no tecido urbano;

2) Segregação dos usos ambientalmente incompatíveis e;

3) Definição de zonas especiais de proteção ambiental.

Em geral, qualquer empreendimento, público ou privado, deve solicitar à Prefeitura Municipal

as diretrizes urbanas básicas das atividades permitidas segundo a localização do terreno em

determinada zona urbana. A partir disto, dependendo do empreendimento, será necessário o

licenciamento ambiental segundo a Lei Federal 6.9387/81, que deverá passar pelas seguintes

instituições – no caso do Estado de São Paulo:

· CETESB – Companhia de tecnologia de Saneamento Ambiental;

· DEPRN – Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais sujeitos ao licenciamento com

avaliação de impacto ambiental;

. CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.

De maneira geral deve-se procurar no zoneamento um equilíbrio nas densidades de uso do

solo. Se, do ponto de vista ambiental, as baixas densidades apresentam algumas vantagens

relativas (menor impacto ambiental e maior possibilidade de áreas mais verdes e de lazer), do ponto

de vista socioeconômico, as baixas densidades apresentam, do mesmo modo, algumas vantagens

que não podem ser negligenciadas (principalmente a maior eficiência na alocação de infraestrutura

urbana).

O controle da densidade de ocupação de cada zona de uso é normalmente feito através da

especificação e controle dos seguintes índices urbanísticos:

a) coeficiente de aproveitamento: a razão entre a área construída e a área do lote, na qual a área

construída é a soma das áreas dos pisos cobertos do edifício;

b) taxa de ocupação: a razão entre a área ocupada e a área do lote, na qual a área ocupada é a

área da projeção horizontal do edifício no lote;

c) recuo: a distância que separa as divisas do lote da projeção horizontal do edifício, podendo ser

frontal, lateral ou de fundos;

d) área mínima do lote;

e) frente mínima do lote;

f) gabarito: indica geralmente a altura máxima permitida dos edifícios, podendo ser indicado pelo

número de pavimentos ou pela altura em metros; muitas vezes é indicado em proporção à largura

do logradouro. É adotada com menor freqüência do que os demais índices. Este índice vem sendo

substituído pelo coeficiente de aproveitamento, ou utilizado em conjunto com o mesmo, como nos

caso de entorno de patrimônio tombado.

A legislação de uso e ocupação do solo é fundamental para a vida urbana, por normatizar as

construções e definir o que pode ser feito em cada terreno particular, interfere na forma da cidade e

também em sua economia. Mas, em geral, trata-se de um conjunto de dispositivos de difícil

entendimento e aplicação, e as leis não são muito acessíveis aos cidadãos por seu excesso de

detalhes e termos técnicos. O grande nível de detalhe dificulta também a fiscalização que se torna

praticamente impossível de ser realizada, deixando a maioria da cidade em situação irregular. Além

Planejamento Técnico da Construção Civil

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disso, raramente fica explicitado seu impacto econômico na distribuição de oportunidades

imobiliárias.

Em muitos municípios, a legislação de uso e ocupação do solo é uma "caixa preta", que

poucos conhecem profundamente e que, em não raros casos, é usada para atender interesses

particulares. Por má fé, desconhecimento ou casuísmo vai sendo alterado sem nenhuma

preocupação com a totalidade. O resultado é uma legislação cada vez mais complexa e abstrata, que

acentua as desigualdades existentes na cidade.

Um governo comprometido com a promoção da cidadania e da qualidade de vida não pode se

permitir conviver com uma legislação de uso e ocupação do solo nessas condições, sob pena de ver

crescer as desigualdades sociais enquanto o capital imobiliário se apropria dos destinos da cidade.

O instrumento técnico-jurídico central da gestão do espaço urbano é o Plano Diretor, que

define as grandes diretrizes urbanísticas. Tradicionalmente, estas diretrizes incluem normas para o

adensamento, expansão territorial, definição de zonas de uso do solo e redes de infraestrutura. Para

grande parte das cidades, no entanto, o Plano Diretor, quando existe, "fica na gaveta". É um

documento distante do dia a dia ou por ser elaborado apenas para cumprir uma formalidade ou por

desrespeito às suas normas por interesses políticos.

O Plano Diretor organiza o crescimento e o funcionamento da cidade. No Plano Diretor está o

projeto da cidade. Ele diz qual é o destino de cada parte da cidade. Sem esquecer, claro, que essas

partes formam um todo. O Plano Diretor vale para todo o município, ou seja, para as áreas urbanas

e também para as rurais.

O Estatuto dá as regras gerais para o planejamento de todas as cidades. O Plano Diretor diz

quais regras serão usadas em cada município. Ele define o futuro da cidade decidido por seus

moradores.

Etapas do Plano Diretor

1. Identificar bem a realidade da cidade e seus problemas.

2. Escolher os temas e objetivos a serem trabalhados.

3. Escrever a proposta do Plano Diretor.

4. Enviar a proposta para a Câmara Municipal, para os vereadores discutirem e aprovarem.

5. Estabelecer prazos e maneiras de colocar o Plano Diretor em prática.

6. Revisar o Plano Diretor. A cidade sofre mudanças difíceis de prever. E a lei que orienta seu

destino precisa acompanhar essas mudanças, por isso o Plano Diretor deve ser revisto pelo

menos a cada 10 anos.

O Estatuto diz que devem OBRIGATORIAMENTE ter Plano Diretor as cidades que:

• têm mais de 20 mil habitantes;

• fazem parte de regiões metropolitanas, como a grande São Paulo;

• são turísticas ou

• têm grandes obras que colocam o meio ambiente em risco ou que mudam muito a região, como

hidrelétricas.

Tradicionalmente, a legislação de uso e ocupação do solo concentra-se em normas técnicas

de edificações e no zoneamento da cidade. As normas de edificações procuram estabelecer

parâmetros detalhados sobre todos os aspectos das construções, incluindo tanto a relação da

edificação com seu entorno (recuos, número de pavimentos, altura máxima) quanto a sua

configuração interior (insolação, ventilação, dimensão de cômodos). A virtual impossibilidade de dar

conta do excessivo nível de detalhe, em muitos casos, joga na ilegalidade a maior parte das

edificações.

O zoneamento é uma concepção da gestão do espaço urbano baseada na idéia de eleger os

usos possíveis para determinadas áreas da cidade. Com isso, o que se pretende é evitar

convivências desagradáveis entre os usos. A cidade é dividida em zonas industriais, comerciais,

residenciais, institucionais e em zonas mistas, que combinam tipologias diferentes de uso. Em

alguns casos, esse zoneamento da cidade inclui várias categorias para cada um dos tipos de zonas.

Essas categorias diferenciam-se, normalmente, em termos de adensamento dos lotes (pela

regulamentação do percentual máximo da área dos terrenos que pode ser edificada, do número de

andares das edificações ou da área máxima construída).

A determinação dos tipos de usos, muitas vezes, acontece em função de usos já

consolidados, ou seja, a legislação apenas reconhece esses usos. Nesse caso, seu papel de

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direcionar a ocupação da cidade fica resumido à legitimação do espaço construído,

independentemente da dinâmica, ainda que perversas e excludentes que tenham definido esta

construção.

O zoneamento tem impacto direto sobre o mercado imobiliário. A adoção de um zoneamento

rígido leva à criação de monopólios fundiários para os usos: por exemplo, se só há um lugar para a

instalação de estabelecimentos comerciais, essas áreas disponíveis serão automaticamente

valorizadas. As restrições do zoneamento podem inviabilizar empreendimentos e impedir a expansão

de algumas atividades econômicas.

Com todo esse impacto sobre o mercado imobiliário, e o fato de a legislação ser detalhista e

tecnicista, praticamente incompreensível para os nãos iniciados, é muito fácil que a lei de

zoneamento se transforme em moeda de troca. Empreendedores imobiliários, interessados na

mudança de classificação de uma determinada área, chegam a pagar muitos milhares de dólares

para que ela seja efetivada.

Além disso, essa concepção aumenta a segregação social: os ricos tendem a se concentrar

em áreas legisladas de forma mais restritiva (normalmente são áreas residenciais, com pouco

tráfego, com tamanhos mínimos de lote e padrões de adensamento que inviabilizam moradias de

baixo custo). Aos pobres são reservadas áreas cujas características de zoneamento, ao mesmo

tempo em que viabilizam a ocupação de baixo custo, não lhe conferem qualidade de vida.

Agravando o quadro, os governos municipais tendem a fiscalizar mais fortemente a ocupação das

áreas mais nobres da cidade, preservando assim suas características de áreas privilegiadas. As

áreas mais pobres não quase não recebem atenção, e seu padrão de ocupação e de edificações

afasta-se das exigências mínimas da legislação, em função das necessidades e capacidades

econômicas de seus moradores.

A existência desses problemas não significa que seja melhor não dispor de legislação

urbanística. Sem nenhuma regulamentação, a competição livre das formas de ocupação

simplesmente estimula a proliferação das mais lucrativas, com graves prejuízos para a qualidade de

vida e reduzem as oportunidades de acesso a terra e à cidade.

2) Lei do parcelamento do solo urbano

O parcelamento do solo é atualmente um dos itens de maior importância, tanto sob o aspecto

técnico quanto no jurídico, no que se refere ao ordenamento da cidade, principalmente na

organização espacial de novas áreas urbanas.

O parcelamento do solo realizado sob forma de loteamento ou desmembramento e é um dos

instrumentos urbanísticos utilizados para promover a organização territorial dos municípios

brasileiros,

É através desse instrumento que o município pode exigir uma distribuição adequada dos

lotes, equipamentos e vias públicas, bem como suas respectivas dimensões, taxas de ocupação,

áreas de recreação e outros usos comunitários e infraestrutura mínima. Essa organização do solo é

regulamentada por legislação específica e são elas:

- Constituição Federal - principais posturas nacionais;

- Constituição Estadual - posturas estaduais que respeitem as disposições da Constituição

Federal, sendo que esta determina para os municípios:

“A lei municipal estabelecerá, em conformidade com as diretrizes do plano diretor, normas sobre

zoneamento, loteamento, parcelamento, uso e ocupação do solo, índices urbanísticos, proteção ambiental e demais limitações administrativas pertinentes.”

A regulamentação técnica e jurídica do parcelamento do solo se faz através de legislação

urbanística. No universo dessas leis se destaca a Lei Federal 6.766/79, devido a ser a lei de

abrangência nacional que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano e também por determinar

parâmetros para as legislações estaduais e municipais. Lembrando que as leis estaduais e

municipais não poder se opuser a leis federais.

Grande parte dos códigos de obras brasileiros bebe na fonte do Código Sanitário do Estado de

S. Paulo, de 1894. Naquela época, há cem anos, a preocupação com a saúde pública (determinante

das exigências para a edificação) elegia os cortiços, onde se aglomerava a população pobre, como o

grande inimigo a ser combatido. Esta forma de residência era considerada insalubre e perigosa, pois

poderia se transformar em foco de epidemias. O cortiço também era visto como centro estimulador

do crime e da desordem social. O Código Sanitário proibiu sua construção e determinou que as vilas

operárias não fossem mais erguidas na área central da cidade, onde residiam e trabalhavam as

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elites. Mais tarde, em 1934, o Código de Obras do Município de S. Paulo inspirou-se no código de

1894, mantendo a proibição aos cortiços, enquadrando nesta categoria qualquer forma de habitação

em que duas ou mais residências compartilhassem o mesmo acesso à via pública, excetuando-se os

prédios de apartamentos.

Este código influenciou a elaboração da legislação de várias outras cidades. Consolidou-se um

modelo urbanístico caracterizado por prédios de apartamentos e residências unifamiliares

totalmente isoladas em lotes mínimos relativamente grandes. Os prédios de apartamentos não

permitem a ampliação posterior das unidades habitacionais; a exigência de lotes maiores dificulta

sua aquisição pela população de baixa renda. As especificações técnicas de construção expressam

na legislação tornaram-se obstáculos que não são completamente absorvidas pela população, que

busca alternativas nas favelas e na autoconstrução sem orientação técnica. São predominantes,

portanto, as construções fora das exigências da legislação. Estas "cidades ilegais" são

periodicamente regularizadas pelas anistias do poder público.

A opção pelo automóvel como meio de transporte privilegiado na cidade implicou, por sua

vez, o superdimensionamento das vias e a valorização de alternativas em que o automóvel tem

acesso direto à edificação. Mesmo cidades com pouco tráfego adotam sistemas viários abertos, em

malha, com vias largas e asfaltadas, ainda que destinadas apenas ao uso local. O espaço que

poderia ser apropriado pela população para moradia ou lazer é destinado a facilitar a locomoção da

minoria proprietária de automóveis.

Assim, a produção da cidade fica limitada pelos padrões de construção ultrapassados ou

inaplicáveis (que não conseguem ser seguidos pela maioria da população) e pela visão de cidade em

que o automóvel, e não o pedestre é o principal ator. Dentro do processo de urbanização acelerada

e de supervalorização da terra urbana, a conseqüência inevitável é o agravamento do déficit

habitacional.

Piorando o quadro, a complexidade da legislação alimenta a criminosa prática de criar

dificuldades para vender facilidades.

3) Lei 10.257 de 10/07/2001, que estabelece as diretrizes gerais da política urbana

(Estatuto da Cidade);

O Estatuto da Cidade é uma lei que cria regras para se organizar a cidade. O objetivo do

Estatuto é que todos tenham uma vida de qualidade nas cidades. O Estatuto não se limita a dizer o

que é permitido ou proibido no uso do solo urbano. Ele diz que o solo deve ter um uso bom para

toda a cidade. Veja como o Estatuto pode pressionar as pessoas a darem um bom uso para sua

propriedade com alguns dos seus instrumentos:

1ª. Pressão - Parcelamento e edificação compulsórios: Se uma propriedade não está cumprindo sua

função social como manda o Plano Diretor, o proprietário vai ser pressionado a dar um bom uso a

seu imóvel. Por essa regra, o proprietário tem o prazo de dois anos para dividir seu terreno,

construir ou reformar seu imóvel.

2ª. Pressão - IPTU progressivo no tempo: Se o proprietário não atender a 1ª. Pressão, ele será

punido com o IPTU progressivo por não ter usado seu terreno ou prédio para uma função social,

como manda o Plano Diretor.

3ª. Pressão - Desapropriação: Se o proprietário pagar o IPTU Progressivo durante cinco anos e não

der um uso social para seu terreno ou imóvel, ele perde a propriedade. A prefeitura desapropria e

paga pela propriedade. Mas não paga o valor de mercado, nem dá o dinheiro de uma vez. O que a

pessoa ganha são títulos da dívida pública. Os títulos são como dez cheques pré-datados, para

serem descontado um a cada ano, ou seja, proprietário só receberá o dinheiro todo depois de dez

anos.

Outros instrumentos do Estatuto da cidade

1)ZEIS

As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) é uma área da cidade que fica destinada pelo

Plano Diretor para abrigar moradia popular. O Estatuto da Cidade estendeu para todo o país a regra

das ZEIS, que já existia desde os anos 80 em algumas cidades. As ZEIS servem para:

• reservar terrenos ou prédios vazios para moradia popular;

• facilitar a regularização de áreas ocupadas e;

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• facilitar a regularização de cortiços.

A ZEIS reserva espaço para moradia popular em áreas com boa infraestrutura. Uma

propriedade vazia no centro da cidade pode virar uma ZEIS. Aí fica mais fácil para a prefeitura exigir

que nela sejam construídas moradias populares.

Quando uma área ocupada vira ZEIS, seus moradores conseguem regularizar sua moradia de

forma mais rápida. E também fica mais fácil lutar por melhorias para aquela região.

2) Outorga onerosa do direito de construir

O proprietário não pode construir o quanto quiser no terreno. O Plano Diretor diz quantos

metros quadrados a pessoa pode construir, de acordo com o tamanho do terreno e sua localização.

Tudo o que se constrói além do que é permitido chama-se Solo Criado. Para construir a mais

é preciso pagar à prefeitura pelo solo criado, Mas não é só pagar e construir o que quiser. O Plano

Diretor deve dar um limite máximo de construção, para que certa região não fique com área

construída demais.

No Estatuto da Cidade, essa regra tem o nome de OUTORGA ONEROSA DO DIREITO DE

CONSTRUIR.

4) Usucapião especial de imóvel urbano

O Estatuto da Cidade trata da usucapião especial de imóvel urbano, regulamentando o artigo

183 da Constituição Federal, que estabelece a aquisição de domínio para aquele que possuir área ou

edificação urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente

e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, com a ressalva de que não seja

proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Onde não for possível identificar os terrenos ocupados

por cada possuidor, poderá ocorrer a usucapião coletiva, desde que os possuidores também não

sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural.

5) Direito de superfície

O direito de superfície possibilita que o proprietário de terreno urbano conceda, a outro

particular, o direito de utilizar o solo, o subsolo ou o espaço aéreo de seu terreno, em termos

estabelecidos em contrato – por tempo determinado ou indeterminado – e mediante escritura

pública firmada em cartório de registro de imóveis.

6) Direito de preempção (preferência)

O direito de preempção é instrumento que confere, ao poder público municipal, preferência

para a compra de imóvel urbano, respeitado seu valor no mercado imobiliário, e antes que o imóvel

de interesse do município seja comercializado entre particulares.

Para usufruir deste direito, o Município deverá possuir lei municipal, baseada no Plano

Diretor, que delimite as áreas onde incidirá a preempção. A lei que fixa as áreas objeto de incidência

deste direito não poderá vigorar por mais de cinco anos, porém, pode ser renovada após um ano de

seu término. Ao instituir o direito de preferência, a lei municipal deve enquadrar cada área em uma

ou mais finalidades relacionadas no Estatuto.

O instrumento permite, ainda, que o poder público tenha preferência na aquisição de imóveis

de interesse histórico, cultural ou ambiental, para que estes recebam usos especiais e de interesse

coletivo. Permite, também, a aquisição de áreas para a construção de habitações populares,

atendendo a uma demanda social, bem como para a implantação de atividades destinadas ao lazer e

recreação coletivos, como, por exemplo, parques, ou mesmo para a realização de obras públicas de

interesse geral da cidade.

7) Transferência do direito de construir

Este instrumento compreende a faculdade conferida, por lei municipal, ao proprietário de

imóvel, de exercer em outro local o direito de construir previsto nas normas urbanísticas e ainda não

exercido.

Trata-se de um instrumento que já está sendo usado por alguns municípios, trazendo

flexibilidade na aplicação da legislação urbanística e na gestão urbana, tendo inúmeras aplicações,

Planejamento Técnico da Construção Civil

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como, por exemplo, a preservação de imóveis de interesse histórico, proteção ambiental ou

operações urbanas.

O direito de transferência previsto no Plano Diretor, ou em legislação urbanística dele

decorrente, só poderá ser aplicado quando o referido imóvel for considerado necessário para fins de:

a) implantação de equipamentos urbanos e comunitários;

b) preservação, quando o imóvel for considerado de interesse histórico, ambiental, paisagístico,

social ou cultural;

c) servir a programas de regularização fundiária, urbanização de áreas ocupadas por população de

baixa renda e habitação de interesse social.

8) Operações urbanas consorciadas

As operações urbanas consorciadas referem-se a um conjunto de intervenções e medidas,

coordenadas pelo poder público municipal, com a finalidade de preservação, recuperação ou

transformação de áreas urbanas contando com a participação dos proprietários, moradores, usuários

permanentes e investidores privados. O objetivo é alcançar, em determinada área, transformações

urbanísticas estruturais, melhorias sociais e a valorização ambiental.

9) Estudo do impacto de vizinhança

O Estatuto da Cidade estabelece que lei municipal definirá os empreendimentos e atividades

privados ou públicos em área urbana, que dependerão de elaboração de estudo prévio de impacto

de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou

funcionamento, a cargo do poder público municipal.

O EIV será executado de forma a contemplar a análise dos efeitos positivos e negativos do

empreendimento ou atividade na qualidade de vida da população residente na área e em suas

proximidades.

O estudo de impacto de vizinhança incluirá, ao analisar os impactos do novo

empreendimento, pelo menos: o aumento da população na vizinhança; a capacidade e existência

dos equipamentos urbanos e comunitários; o uso e a ocupação do solo no entorno do

empreendimento previsto; o tráfego que vai ser gerado e a demanda por transporte público; as

condições de ventilação e de iluminação; bem como as conseqüências, para a paisagem, da inserção

deste novo empreendimento no tecido urbano e, também suas implicações no patrimônio cultural e

natural.

4) Código de obras

A providência inicial, uma vez decidida a elaboração de um projeto de edificação, é a

verificação, junto aos Orgãos Públicos, particularmente junto às Prefeituras Municipais, das

exigências a serem observadas.

Tais exigências estão contidas no Código de Obras específico de cada Município. Esses

códigos têm por objetivos, entre outros:

- coordenar o crescimento urbano,

- regular o uso do solo,

- controlar a densidade do ambiente edificado,

- proteger o meio ambiente,

- garantir espaços abertos destinados a preservar a ventilação e iluminação naturais adequadas a

todos os edifícios,

- eliminar barreiras arquitetônicas que impedem ou limitam a possibilidade de deslocamento de

pessoas portadoras de deficiência ou com dificuldade de locomoção.

Assim, os Códigos de Obras definem, entre outros, os seguintes itens:

- tipo de ocupação permitido para um determinado lote; se residencial, comercial, industrial ou de

uso misto,

- a projeção máxima do edifício sobre o terreno (taxa de ocupação),

- área máxima permitida para a construção (coeficiente de utilização),

Planejamento Técnico da Construção Civil

17

- recuos a serem observados com relação às divisas, e

- dimensões mínimas e detalhes construtivos de corredores, escadas e rampas.

Algumas definições comuns aos diversos Códigos de Obras

Acréscimo - aumento de área ou altura de uma construção ou edificação.

Afastamento - menor distância entre duas edificações, ou entre uma edificação e as divisas do lote

ou eixo da via pública, ou entre a construção e algum elemento de destaque, como rios, encostas,

etc. O afastamento pode ser frontal, lateral ou de fundos.

Alinhamento - linha que delimita o terreno e a via pública.

Andar - espaço compreendido entre dois pavimentos, ou entre um pavimento e sua cobertura.

Área NON AEDIFICANDI - área reservada em legislações de uso e ocupação do solo na qual não

se permite construir ou edificar.

Ático - pavimento de cobertura, coberto e com área inferior à dos demais pavimentos,

normalmente onde se localizam casa de máquinas e caixas d água, conforme Fig.9.

Fig. 9. Detalhe de prédios com ático.

Circulação - elemento de composição arquitetônica, horizontal ou vertical, cuja função é possibilitar

a interligação entre unidades autônomas, compartimentos ou ambientes de qualquer natureza.

Demolição - derrubada total de uma edificação; quando esta derrubada é parcial, caracteriza

reforma.

Divisas - limites oficiais de um lote, podendo estar fisicamente demarcadas ou não.

Edícula - edificação complementar à principal, sem comunicação direta com a casa principal.

Edificação - construção executada com o objetivo de abrigar alguma atividade humana.

Guarda-corpo - elemento de proteção para escadas, rampas, mezaninos, patamares, terraços,

varandas, etc.

Habite-se - autorização para a utilização de uma edificação, dada por autoridade de um órgão do

governo ou concessionária de serviços públicos.

Logradouro público - parte da superfície estadual reservada para o trânsito público; recebe

denominações oficiais para identificação (ruas, avenidas, etc.)

Lote - fração autônoma de um loteamento ou desmembramento, com divisa confinante a um

logradouro.

Mezanino - pavimento que subdivide em parte um andar em dois andares.

Pérgula - elemento decorativo para jardins ou varandas, constituído por elementos vazados. Ver

Figura 10.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Fig. 10. Exemplo de pérgula.

Reentrância - espaço sem cobertura, recuado em relação ao plano da fachada.

Reparo - mesmo que conserto de uma edificação.

Reconstrução - recuperação e recomposição de uma edificação, após sinistro, e que mantém suas

características originais; sem alteração de uso, ou mudança de área, ou de estrutura, ou do número

de pavimentos ou da forma da construção, nem das circulações e aberturas para iluminação e

ventilação.

Saliência - elemento da edificação que se projeta além do plano da fachada.

Testada do lote - linha frontal do lote separando-o do logradouro público e coincidente com o

alinhamento aprovado pelo governo.

Unidade autônoma - todo ou parte de uma edificação comporta de compartimentos e instalações

privativas.

Uso predominante - principal tipo de ocupação de uma edificação.

Uso residencial - o uso predominante é o de habitação permanente ou transitória.

Via pública - mesmo que logradouro público.

Avaliação do Impacto Ambiental

Impacto ambiental é a alteração no meio ou em um de seus componentes por determinada

ação ou atividade. Estas alterações precisam ser quantificadas, pois apresentam variações relativas,

podendo ser positivas ou negativas, grandes ou pequenas.

O objetivo de se estudar os impactos ambientais é, principalmente, o de avaliar as

conseqüências de algumas ações, para que se possa haver a prevenção da qualidade de

determinado ambiente que poderá sofrer a execução de certos projetos ou ações, ou logo após a

implementação dos mesmos.

Antes de se colocar em prática um projeto, seja ele público ou privado precisamos antes

saber mais a respeito do local onde tal projeto será implementado, conhecer melhor o que cada área

possui de ambiente natural (atmosfera, hidrosfera, litosfera e biosfera) e ambiente social

(infraestrutura material constituída pelo homem e sistemas sociais criados).

O estudo para a avaliação de impacto permite que certa questão seja compreendida:

proteção e preservação do ambiente e o crescimento e desenvolvimento econômico.

Muitas vezes podemos encontrar grandes áreas impactadas, ou até mesmo países e estados,

devido ao rápido desenvolvimento econômico, sem controle e manutenção dos recursos naturais. A

conseqüência pode ser a poluição, uso incontrolado de recursos como água e energia etc. E também

podemos encontrar áreas impactadas por causa do subdesenvolvimento, que traz como

conseqüência a ocupação urbana indevida em áreas protegidas e falta de saneamento básico.

Avaliar para planejar permite que desenvolvimento econômico e qualidade de vida possam

estar caminhando juntas. Depois do ambiente, pode-se realizar um planejamento melhor do uso e

manutenção dos recursos utilizados.

Sabemos que ambiente tem vários significados para pessoas e realidades diferentes. Não

seria então estranho compreendermos que muitos são propostos para ambientes diversos. Então,

fazer uma análise ambiental é antes de tudo estudar as possíveis mudanças de características sócio-

econômicas e biogeofísicas de um determinado local (resultado do plano proposto).

Devemos levar em consideração que nosso planeta é composto por muitos ecossistemas e

ambientes com características próprias, não podendo haver um padrão único para o estudo.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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O Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (Rima)

Constituem-se atualmente em um importante documento de avaliação, controle e

monitoramento da implantação de uma atividade econômica ou empreendimento, podendo tornar-se

um instrumento valioso na luta pela preservação do meio ambiente e de melhoria da qualidade de

vida.

O capítulo V, artigo 225, da Constituição da República, exige, na forma da lei, um estudo

prévio de impacto ambiental para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de

significativa degradação do meio ambiente.

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) considera impacto ambiental “qualquer

alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer

forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou diretamente,

afetam”:

1. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

2. as atividades sociais e econômicas;

3. a biota (conjunto dos seres animais e vegetais de uma região)

4. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

5. a qualidade dos recursos ambientais”

As atividades modificadoras do meio ambiente que, segundo a legislação, necessitam

obrigatoriamente, de EIA-Rima são:

estradas de rodagem;

ferrovias;

portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;

aeroportos;

oleodutos, gasodutos, minerodutos, coletores e emissários de esgotos sanitários;

linhas de transmissão de energia elétrica;

obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos;

extração de combustível fóssil;

extração de minérios;

aterros sanitários, processamento e destino final de resíduos tóxicos ou perigosos;

usinas de geração de eletricidade;

complexos industriais e agroindustriais;

distritos industriais e zonas estritamente industriais;

exploração econômica de lenha ou madeira;

projetos urbanísticos, acima de 100 há ou em áreas de relevante interesse ambiental;

qualquer atividade que utiliza carvão vegetal, em quantidade superior a dez toneladas

por dia.

Deve-se lembra de que a SEMA (Secretaria do Meio Ambiente) fornece o Roteiro

Básico para a elaboração do EIA/RIMA e a partir do que poderá se desenvolver um Plano de

Trabalho que deverá ser aprovado pela secretaria.

DICIONÁRIO AMBIENTAL E DA VIABILIDADE TÉCNICA

Áreas especiais de interesse turístico

“São trechos contínuos do território nacional, inclusive suas águas territoriais, a serem

preservados e valorizados no sentido cultural e natural, destinados à realização de planos e

projetos de desenvolvimento turístico, e que assim forem instituídas na forma do dispositivo no

presente Decreto" (Decreto nº 86.176 de 06.07.81).

Área estadual de lazer

É uma área de domínio público estadual (podendo incorporar propriedades privadas), com

Planejamento Técnico da Construção Civil

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atributos ambientais relevantes, capazes de propiciar atividades de recreação ao ar livre, sob

supervisão estadual que garanta sua utilização correta.

Áreas de expansão urbana

São as situadas na periferia das áreas urbanas, com potencial para urbanização, e definidas por

legislação específica.

Área industrial

“Área geográfica bem definida, reservada ao uso industrial pela potencialidade dos recursos

naturais que possui e que servem como um processo de desenvolvimento industrial" (CODIN,

s/data).

Áreas de interesse especial

Áreas a serem estabelecidas, por decreto, pelos Estados ou a União, para efeito do inciso I do

artigo 13 da Lei nº 6.766 de 19.12.79, que diz: "Art. 13. Caberá aos Estados o exame e a

anuência prévia para a aprovação, pelos Municípios, de loteamentos e desmembramento nas

seguintes condições: I quando localizadas em áreas de interesse especial, tais como as de

proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural, histórico, paisagístico e arqueológico, assim

definidas por legislação estadual ou federal".

Área metropolitana

“Extensão territorial que compreende a unidade político-administrativa da cidade central, assim

como todas as unidades político administrativas das localidades contíguas que apresentam

características urbanas, tais como áreas de trabalho, ou locais de residências de trabalhadores

dedicados ao trabalho agrícola, e que mantêm uma relação sócia econômica direta, constante,

intensa e recíproca com a cidade central” (SAHOP, 1978).

Área de preservação permanente

“São aquelas em que as florestas e demais formas de vegetação natural existente não podem

sofrer qualquer tipo de degradação" (Proposta de decreto de regulamentação da Lei nº 690 de

01.12.83, FEEMA, 1984).

“São áreas de preservação permanente: I- os manguezais, lagos, lagoas e lagunas e as áreas

estuarinas; II- as praias, vegetação de restinga quando fixadoras de dunas; costões rochosos e as

cavidades naturais subterrâneas cavernas; III - as nascentes e as faixas marginais de proteção de

águas superficiais; IV- as áreas que abriguem exemplares ameaçados de extinção, raros,

vulneráveis ou menos conhecidos, da fauna e flora, bem como aquelas que sirvam como local de

pouso, alimentação ou reprodução; V- as áreas de interesse arqueológico histórico, científico,

paisagístico e cultural; VI- aquelas assim declaradas por lei; VII - a Baía de Guanabara" (art. 266

da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, 1989).

Áreas de proteção ambiental - APA

“Áreas a serem decretadas pelo Poder Público, para a proteção ambiental, a fim de assegurar o

bem-estar das populações humanas e conservar ou melhorar as condições ecológicas locais" (art.

9º, Lei nº 6.902 de 27.04.81).

Área de relevante interesse ecológico

“As áreas que possuam características naturais extraordinárias ou abriguem exemplares raros da

biota regional, exigindo cuidados especiais de proteção por parte do Poder Público" (Decreto nº

89.336, de 31.01.84).

“São áreas de relevante interesse ecológico, cuja utilização depende de prévia autorização dos

órgãos competentes, preservados seus atributos essenciais: I- as coberturas florestais nativas; II-

a zona costeira; III-o rio Paraíba do Sul; lV- a Baía de Guanabara; V- a Baía de Sepetiba" (art.

267 da Constituição do Estado do Rio de Janeiro, 1989).

Área rural

É a área do município, excluídas as áreas urbanas, onde são desenvolvidas, predominantemente,

atividades rurais.

Área urbana

“É a cidade propriamente dita, definida de todos os pontos de vista geográfico, ecológico,

demográfico, social, econômico etc. Em outras palavras, área urbana é a área habitada ou

urbanizada, a cidade mesma, mais a área contígua edificada, com usos do solo de natureza não

agrícola e que, partindo de um núcleo central, apresenta continuidade física em todas as direções

até ser interrompida de forma notória por terrenos de uso não urbano, como florestas,

semeadouros ou corpos d'água" (SAHOP, 1978).

Biocida

"Substâncias químicas, de origem natural ou sintética, utilizadas para controlar ou eliminar plantas

ou organismos vivos considerados nocivos à atividade humana ou à saúde" (ACIESP, 1980).

Planejamento Técnico da Construção Civil

21

Bioma

A unidade biótica de maior extensão geográfica, compreendendo várias comunidades em diferentes

estágios de evolução, porém denominada de acordo com o tipo de vegetação dominante: mata

tropical, campo etc.

Biosfera

Tudo o que vive no ar, no solo, no subsolo e no mar formam a biosfera.

Biota

Conjunto dos componentes vivos (bióticos) de um ecossistema.

“Todas as espécies de plantas e animais existentes dentro de uma determinada área" (Braile,

1983).

Cidade

Centro populacional permanente, altamente organizado, com funções urbanas e políticas próprias.

“Espaço geográfico transformado pelo homem através da realização de um conjunto de construções

com caráter de continuidade e contigüidade. Espaço ocupado por uma população relativamente

grande, permanente e socialmente heterogênea, no qual existem atividades residenciais, de

governo, industriais e comerciais, com um grau de equipamento e de serviços que assegure as

condições de vida humana. A cidade é o lugar geográfico onde se manifestam, de forma

concentrada, as realidades sociais, econômicas, políticas e demográficas de um território" (SAHOP,

1978).

“É o espaço contínuo ocupado por um aglomerado humano considerável, denso e permanente, cuja

evolução e estrutura (física, social e econômica) são determinadas pelo meio físicas, pelo

desenvolvimento tecnológico e pelo modo de produção do período histórico considerado e cujos

habitantes têm status urbano" (Ferrari, 1979).

Dano ambiental

“Considera-se dano ambiental qualquer lesão ao meio ambiente causado por ação de pessoa, seja

ela física ou jurídica, de direito público ou privado. O dano pode resultar na degradação da qualidade

ambiental (alteração adversa das características do meio ambiente), como na poluição, que a Lei

define como a degradação da qualidade ambiental resultante de atividade humana" (Oliveira,

1995).

DER

É missão do Departamento de Estradas de Rodagem administrar o sistema rodoviário estadual, sua

integração com as rodovias municipais e federais e sua interação com os demais modos de

transporte, objetivando o atendimento aos usuários no transporte de pessoas e cargas.

Definição do EIA

Definição dos temas e questões que devem ser objeto de detalhamento e aprofundamento quando

da elaboração de um estudo de impacto ambiental (EIA), de modo que tal estudo esclareça as

questões relevantes para a tomada de decisão e para a efetiva participação dos interessados no

projeto que se avalia. Os resultados da definição do escopo consolidam-se nos termos de referência

que orientam o EIA (no Estado do Rio de Janeiro, Instrução Técnica).

“Processo prévio de definição do conjunto de questões a serem consideradas (num estudo de

impacto ambiental) e de identificação das questões importantes relacionadas com a ação proposta"

(Beanlands, 1983).

Desmembramento

Subdivisão de um imóvel em lotes para edificação, desde que seja aproveitado o sistema viário e

não se abram novas vias de circulação ou logradouros, nem se prolonguem ou modifiquem os

existentes, inclusive a subdivisão feita por inventários decorrentes de herança, doação ou extinção

de comunhão de bens.

"É o parcelamento (do solo) sem urbanização, isto é, sem abertura de logradouro" (Moreira Neto,

1976).

"Subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação, com aproveitamento do sistema viário

existente, desde que não implique na abertura de novas vias ou logradouros públicos, nem no

prolongamento, modificação ou ampliação dos já existentes " (Lei nº 6.766, de 19.12.79).

Estudo de impacto ambiental (EIA)

Um dos documentos do processo de avaliação de impacto ambiental. Trata-se da execução por

equipe multidisciplinar das tarefas técnicas e científicas destinadas a analisar, sistematicamente, as

conseqüências da implantação de um projeto no meio ambiente, por meio de métodos de AIA e

técnicas de previsão de impacto. O estudo realiza-se sob a orientação da autoridade ambiental

responsável pelo licenciamento do projeto em questão, que, por meio de termos de referência

Planejamento Técnico da Construção Civil

22

específicos, indica a abrangência do estudo e os fatores ambientais a serem considerados

detalhadamente. O estudo de impacto ambiental compreende, no mínimo: a descrição das ações do

projeto e suas alternativas, nas etapas de planejamento, construção, operação e, no caso de

projetos de curta duração, desativação; a delimitação e o diagnóstico ambiental da área de

influência; a identificação, a medição e a valoração dos impactos; a comparação das alternativas e a

previsão da situação ambiental futura da área de influência, nos casos de adoção de cada uma das

alternativas, inclusive no caso de o projeto não se executar; a identificação das medidas

mitigadoras; o programa de gestão ambiental do empreendimento, que inclui a monitoração dos

impactos; e a preparação do relatório de impacto ambiental (RIMA).

Favela

Denominação dada, no Brasil, em especial no Rio de Janeiro, a assentamentos humanos

espontâneos e não convencionais, por isso carente de arruamento e serviços de saneamento básico,

nos quais as habitações são construídas geralmente pelos próprios moradores, em áreas de domínio

público ou em propriedades particulares abandonadas. As favelas surgem quase sempre em

terrenos de menor valor imobiliário, situados em encosta ou sujeitos a inundação, como resultada

de condições econômicas estruturais que provocam o êxodo da população das zonas rurais para as

cidades, em busca de emprego.

“A primeira favela surgiu no Morro da Providência, junto à Central, no início do século. Sua

população era formada pelos (soldados) sobreviventes da Guerra de Canudos, que não encontraram

melhores condições de sobrevivência na cidade do Rio de Janeiro. Este morro passou a ser

denominado Morro da Favela, talvez por uma alusão a uma planta do sertão da Bahia que tinha o

nome favela. O termo popularizou-se e hoje existem favelas em todos os pontos da cidade" (Nunes,

1976).

FIPE

A Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - Fipe é uma entidade de direito privado, sem fins

lucrativos, criada em 1973 para apoiar o Departamento de Economia da Faculdade de Economia,

Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), com destacada atuação nas

áreas de pesquisa e ensino.

O que faz a Fipe:

A FIPE estuda os fenômenos econômicos e sociais com base no instrumental teórico e

metodológico da Economia, com o propósito de contribuir para:

- o debate dos problemas econômicos e sociais do país;

- a formulação de políticas econômicas e outras políticas públicas;

- a avaliação da importância dessas políticas para o crescimento sustentável da economia brasileira,

o fortalecimento do sistema produtivo, o aumento da competitividade do país, a melhor distribuição

da renda e a eliminação da pobreza.

Como opera:

Para alcançar seus objetivos, a FIPE conta com uma equipe de profissionais especializados,

com larga experiência nas áreas de ensino e pesquisa, e uma estrutura adequada para:

- colaborar com instituições públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, acadêmicas ou não, na

elaboração, gestão e avaliação de programas de desenvolvimento econômico e social;

- promover cursos, simpósios, seminários, conferências e estudos que estimulem o ensino e o

debate sobre teoria econômica, e contribuam para o aprimoramento de profissionais liberais, de

empresas, da administração pública e demais entidades da sociedade civil isoladamente ou em

parceria com entidades nacionais, internacionais e multilaterais;

- apoiar a divulgação de conhecimentos econômicos e correlatos por meio de publicações técnicas,

periódicos, monografias, internet e outros canais de comunicação;

- realizar pesquisas demandadas pelos setores público e privado, dentro dos padrões acadêmicos,

que permitam simultaneamente a produção de informações e a capacitação de pessoal

especializado;

- fornecer bolsas de estudo a alunos e professores ligados ao Departamento de Economia da FEA-

USP, colaborando para a formação de profissionais de elevado nível técnico.

Gestão ambiental

O conceito original de gestão ambiental diz respeito à administração, pelo governo, do uso

dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências

institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade do meio ambiente,

assegurar a produtividade dos recursos e o desenvolvimento social. Este conceito, entretanto, tem

se ampliado nos últimos anos para incluir, além da gestão pública do meio ambiente, os programas

Planejamento Técnico da Construção Civil

23

de ação desenvolvidos por empresas para administrar suas atividades dentro dos modernos

princípios de proteção do meio ambiente.

GRAPROHAB

Grupo de Análise e Aprovação de Projetos Habitacionais do Estado de São Paulo foi reestruturado

através do Decreto Estadual nº. 52.053, de 13 de agosto de 2007, e tem por objetivo centralizar e

agilizar os procedimentos administrativos de aprovação do Estado, para implantação de

empreendimentos de parcelamentos do solo para fins residenciais, conjuntos e condomínios

habitacionais, públicos ou privados.

Habitat

“Hábitat de um organismo é o lugar onde vive ou o lugar onde pode ser encontrado (...). O hábitat

pode referir-se também ao lugar ocupado por uma comunidade inteira (...). Por analogia, pode-se

dizer que o hábitat e o 'endereço' do organismo e o nicho ecológico é, biologicamente falando, sua

'profissão'“ (Odum, 1972).

“Conceito encontrado originalmente nas ciências biológicas, mas que foi adotado pelas ciências

sociais. Neste sentido, tende a converter-se na categoria fundamental e unificadora das disciplinas

que se ocupam da modificação e organização do espaço e de sua valoração e uso no tempo, com o

fim de torná-lo habitável pelo homem, entendendo o homem como parte de um modelo social, em

um determinado momento histórico" (SAHOP, 1978).

“O local físico ou lugar onde um organismo vive, e onde obtém alimento, abrigo e condições de

reprodução" (USDT, 1980).

IBGE

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, mais conhecido por sua sigla IBGE, é uma fundação

pública da administração federal brasileira criada em 1934 e instalada em 1936 com o nome de

Instituto Nacional de Estatística; seu fundador e grande incentivador foi o estatístico Mário Augusto

Teixeira de Freitas. O nome atual data de 1938. A sede do IBGE está localizada na cidade do Rio de

Janeiro, estado do Rio.

O IBGE tem atribuições ligadas às geociências e estatísticas sociais, demográficas e econômicas, o

que inclui realizar censos e organizar as informações obtidas nesses censos, para suprir órgãos das

esferas governamentais federal, estadual e municipal, e para outras instituições e o público em

geral.

Impacto ambiental

Qualquer alteração significativa no meio ambiente em um ou mais de seus componentes provocada

por uma ação humana.

"Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por

qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou

indiretamente, afetem: (I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população; (II) as atividades

sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a

qualidade dos recursos ambientais" (Resolução nº 001, de 23.01.86, do CONAMA).

Lago

“Um dos hábitats lênticos (de águas quietas). Nos lagos, as zonas limnéticas e profundas são

relativamente grandes em comparação com a zona litoral" (Odum, 1972).

“Massa continental de água superficial de extensão considerável" (DNAEE, 1976).

"Depressões do solo produzidas por causas diversas e cheias de águas confinadas, mais ou menos

tranqüilas, pois dependem da área ocupada pelas mesmas. As formas, as profundidades e as

extensões dos lagos são muito variáveis. Geralmente, são alimentados por um ou mais 'rios

afluentes'. Possuem também 'rios emissários', o que evita seu transbordamento" (Guerra, 1978).

Lagoa

“Um dos hábitats lênticos (águas quietas) (...) são extensões pequenas de água em que a zona

litoral é relativamente grande e as regiões limnética e profunda são pequenas ou ausentes" (Odum,

1972).

“Pequeno reservatório natural ou artificial" (DNAEE, 1976).

Manancial

Qualquer corpo d'água, superficial ou subterrâneo, utilizado para abastecimento humano, industrial

ou animal, ou irrigação. "Conceitua-se a fonte de abastecimento de água que pode ser, por

exemplo, um rio um lago, uma nascente ou poço, proveniente do lençol freático ou do lençol

profundo" (CETESB, s/d).

Medidas mitigadoras

São aquelas destinadas a prevenir impactos negativos ou reduzir sua magnitude. Nestes casos, é

preferível usar a expressão 'medida mitigadora' em vez de 'medida corretiva', também muito usada,

Planejamento Técnico da Construção Civil

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uma vez que a maioria dos danos ao meio ambiente, quando não podem ser evitados, podem

apenas ser mitigada ou compensada.

Meio ambiente, Ambiente

Apresentam-se, para meio ambiente, definições acadêmicas e legais, algumas de escopo limitado,

abrangendo apenas os componentes naturais, outras refletindo a concepção mais recente, que

considera o meio ambiente um sistema no qual interagem fatores de ordem física, biológica e sócio-

econômica.

SEADE

A Fundação Seade é, hoje, um dos mais especializados centros nacionais de produção e

disseminação de pesquisas, análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas. Descendente da

Repartição de Estatística e Arquivo do Estado, criada em 1892, transformou-se em Fundação, em

dezembro de 1978.

Vinculada à Secretaria de Economia e Planejamento do Governo do Estado de São Paulo, a Fundação

Seade é hoje um centro de referência nacional na produção e disseminação de pesquisas, análises e

estatísticas socioeconômicas e demográficas, sendo responsável pela criação de uma inovadora série

de procedimentos e metodologias nesses campos. Sua extensa linha de produtos e serviços busca

sempre oferecer à comunidade e especialmente aos agentes públicos um quadro de informações

atualizado e indispensável à compreensão da realidade paulista.

A origem da Fundação Seade remonta ao final do século XIX, quando da criação, em março de

1892, da Repartição da Estatística e Arquivo do Estado.

Subordinada à Secretaria do Interior, incorporou aquela Repartição um importante patrimônio de

informações estatísticas, publicadas com maior regularidade a partir de 1888, e passou desde então

a ser responsável "pelos originais de toda documentação administrativa e de interesse público para

o Estado de São Paulo, bem como por todos os serviços de estatística e cartografia oficiais ou

entregues por particulares”.

Em 1936, a Convenção Nacional de Estatística, ratificada por todos os Estados brasileiros,

estabeleceu a obrigatoriedade da publicação padronizada e regular de anuários estatísticos

estaduais. Para articular e sistematizar a produção necessária criou-se em São Paulo o

Departamento Estadual de Estatística - DEE. Regulamentado por decreto de outubro de 1938, o DEE

assumiu os serviços antes respondidos pela Repartição da Estatística e do Arquivo e passou a ser o

novo órgão central de estatísticas estaduais.

Entre 1938 e 1947, o Departamento se configura como uma instituição moderna para os padrões

técnicos da época. Em virtude da II Grande Guerra Mundial, a estatística torna-se essencial para as

diretrizes do governo. É nesse período que são lançados o Anuário Estatístico do Estado de São

Paulo e o Boletim do Departamento Estadual de Estatística.

Em 1950, outra mudança: o DEE dá lugar ao Departamento de Estatística do Estado de São Paulo -

DEESP, cuja modesta atuação, desproporcional ao desenvolvimento econômico do Estado, levou-o a

ser absorvido, em 1976, pela Coordenadoria de Análise de Dados - CAD, órgão então responsável

também pela coordenação do Sistema Estadual de Análise de Dados Estatísticos, legalmente

instituído no ano anterior, 1975. Em 1978, a Lei nº 1.866, de 4 de dezembro, criou a Fundação

Sistema Estadual de Análise de Dados - Seade, que em janeiro do ano seguinte teve seus estatutos

aprovados pelo Decreto nº 13.161, ganhando assim existência jurídica e regras definidas de

funcionamento.

Sustentabilidade

Diz-se que uma sociedade ou um processo de desenvolvimento possui sustentabilidade quando por

ele se consegue a satisfação das necessidades, sem comprometer o capital natural e sem lesar o

direito das gerações futuras de verem atendidas também as suas necessidades e de poderem

herdar um planeta sadio com seus ecossistemas preservados.

Talude

Inclinação natural ou artificial da superfície de um terreno.

Tombamento

“Forma de intervenção do Estado na propriedade privada, limitativa de exercício de direito de

utilização e de disposição, gratuita, permanente e indelegável, destinada à preservação, sob regime

especial de cuidados, dos bens de valor histórico, arqueológico, artístico ou paisagístico. Os bens

tombados móveis ou imóveis permanecem sob domínio e posse particulares, mas sua utilização

passa a ser disciplinada" (Moreira Neto, 1976).

“É a declaração, pelo Poder Público, do valor histórico, artístico, paisagístico ou científico de coisas

que, por essa razão, devem ser preservadas de acordo com a inscrição no livro próprio. É ato

administrativo do órgão competente e não função abstrata da lei. A lei estabelece normas para o

Planejamento Técnico da Construção Civil

25

tombamento, mas não o faz. O tombamento pode acarretar uma restrição individual, reduzindo os

direitos do proprietário, ou uma limitação geral, quando abrange uma coletividade, obrigando a

respeitar padrões urbanísticos ou arquitetônicos, como ocorre com o tombamento de núcleos

históricos" (Meireles, 1976).

Transgênicos

São plantas criadas em laboratório com técnicas da engenharia genética que permitem "cortar e

colar" genes de um organismo para outro, mudando a forma do organismo e manipulando sua

estrutura natural a fim de obter características específicas. Não há limite para esta técnica; por

exemplo, é possível criar combinações nunca imaginadas como animais com plantas e bactérias.

Zoneamento

“A destinação, factual ou jurídica, da terra a diversas modalidades de uso humano. Como instituto

jurídico, o conceito se restringe à destinação administrativa fixada ou reconhecida" (Moreira Neto,

1976).

“É o instrumento legal que regula o uso do solo no interesse do bem estar coletivo, protegendo o

investimento de cada indivíduo no desenvolvimento da comunidade urbana" (Gallion apud Ferrari,

1979).

“É o instrumento legal de que dispõe o Poder Público para controlar o uso da terra, as densidades

de população, a localização, a dimensão, o volume dos edifícios e seus usos específicos, em prol do

bem estar social" (Carta dos Andes apud Ferrari, 1979).

Zoneamento ambiental

Em trabalho realizado pelo corpo técnico da FEEMA em 1982, definiu-se zoneamento ambiental

como "a integração sistemática e interdisciplinar da análise ambiental ao planejamento dos usos do

solo, com o objetivo de definir a melhor gestão dos recursos ambientais identificados".

O zoneamento ambiental foi declarado como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio

Ambiente (inciso II, artigo 9º, Lei nº 6.938, de 31.08.81). A Constituição do Estado do Rio de

Janeiro, de 1989, determina que o Estado, com a participação dos municípios e da comunidade,

promoverá o zoneamento ambiental do seu território (art. 263). Na maioria dos demais estados

brasileiros, o zoneamento ambiental também faz parte dos preceitos constitucionais. O zoneamento

ambiental tem sido utilizado como parte dos planos diretores de manejo das áreas de proteção

ambiental, criadas a partir de 1981.

Dicionário da acessibilidade - Norma Brasileira ABNT NBR 9050:2004

Para os efeitos desta Norma, aplicam-se as seguintes definições:

acessibilidade: Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização

com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos.

acessível: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que possa ser

alcançado, acionado, utilizado e vivenciado por qualquer pessoa, inclusive aquelas com mobilidade

reduzida. O termo acessível implica tanto acessibilidade física como de comunicação.

adaptável: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características

possam ser alteradas para que se torne acessível.

adaptado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características

originais foram alteradas posteriormente para serem acessíveis.

adequado: Espaço, edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento cujas características

foram originalmente planejadas para serem acessíveis.

altura: Distância vertical entre dois pontos.

área de aproximação: Espaço sem obstáculos para que a pessoa que utiliza cadeira de rodas

possa manobrar, deslocar-se, aproximar-se e utilizar o mobiliário ou o elemento com autonomia e

segurança.

área de resgate: Área com acesso direto para uma saída, destinada a manter em segurança

pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, enquanto aguardam socorro em

situação de sinistro.

área de transferência: Espaço necessário para que uma pessoa utilizando cadeira de rodas possa

se posicionar próximo ao mobiliário para o qual necessita transferir-se.

Planejamento Técnico da Construção Civil

26

barreira arquitetônica, urbanística ou ambiental: Qualquer elemento natural, instalado ou

edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço, mobiliário ou

equipamento urbano.

calçada: Parte da via, normalmente segregada e em nível diferente, não destinada à circulação de

veículos, reservada ao trânsito de pedestres e, quando possível, à implantação de mobiliário,

sinalização, vegetação e outros fins - Código de Trânsito Brasileiro.

calçada rebaixada: Rampa construída ou implantada na calçada ou passeio, destinada a promover

a concordância de nível entre estes e o leito carroçável.

circulação externa: Espaço coberto ou descoberto, situado fora dos limites de uma edificação,

destinado à circulação de pedestres. As áreas de circulação externa incluem, mas não

necessariamente se limitam a, áreas públicas, como passeios, calçadas, vias de pedestres, faixas de

travessia de pedestres, passarelas, caminhos, passagens, calçadas verdes e pisos drenantes entre

outros, bem como espaços de circulação externa em edificações e conjuntos industriais, comerciais

ou residenciais e centros comerciais.

deficiência: Redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do

ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e

elementos, em caráter temporário ou permanente.

desenho universal: Aquele que visa atender à maior gama de variações possíveis das

características antropométricas e sensoriais da população.

elemento: Qualquer dispositivo de comando, acionamento, comutação ou comunicação.

São exemplos de elementos: telefones, intercomunicadores, interruptores, torneiras, registros,

válvulas, botoeiras, painéis de comando, entre outros.

equipamento urbano: Todos os bens públicos e privados, de utilidade pública, destinados à

prestação de serviços necessários ao funcionamento da cidade, implantados mediante autorização

do poder público, em espaços públicos e privados.

espaço acessível: Espaço que pode ser percebido e utilizado em sua totalidade por todas as

pessoas, inclusive aquelas com mobilidade reduzida.

faixa elevada: Elevação do nível do leito carroçável composto de área plana elevada, sinalizada

com faixa de travessia de pedestres e rampa de transposição para veículos, destinada a promover a

concordância entre os níveis das calçadas em ambos os lados da via.

faixa livre: Área do passeio, calçada, via ou rota destinada exclusivamente à circulação de

pedestres.

faixa de travessia de pedestres: Sinalização transversal às pistas de rolamento de veículos,

destinada a ordenar e indicar os deslocamentos dos pedestres para a travessia da via - Código de

Trânsito Brasileiro.

fatores de impedância: Elementos ou condições que possam interferir no fluxo de pedestres. São

exemplos de fatores de impedância: mobiliário urbano, entradas de edificações junto ao

alinhamento, vitrines junto ao alinhamento, vegetação, postes de sinalização, entre outros.

foco de pedestres: Indicação luminosa de permissão ou impedimento de locomoção na faixa

apropriada - Código de Trânsito Brasileiro.

guia de balizamento: Elemento edificado ou instalado junto aos limites laterais das superfícies de

piso, destinado a definir claramente os limites da área de circulação de pedestres, perceptível por

pessoas com deficiência visual.

impraticabilidade: Condição ou conjunto de condições físicas ou legais que possam impedir a

adaptação de edificações, mobiliário, equipamentos ou elementos à acessibilidade.

linha-guia: Qualquer elemento natural ou edificado que possa ser utilizado como guia de

balizamento para pessoas com deficiência visual que utilizem bengala de rastreamento.

local de reunião: Espaço interno ou externo que acomoda grupo de pessoas reunidas para

atividade de lazer, cultural, política, social, educacional, religiosa ou para consumo de alimentos e

bebidas.

mobiliário urbano: Todos os objetos, elementos e pequenas construções integrantes da paisagem

urbana, de natureza utilitária ou não, implantados mediante autorização do poder público em

espaços públicos e privados.

orla de proteção: Elemento edificado ou instalado, destinado a constituir barreira no piso para

proteção de árvores, áreas ajardinadas, espelhos d’água e espaços similares.

passarela: Obra de arte destinada à transposição de vias, em desnível aéreo, e ao uso de pedestres

- Código de Trânsito Brasileiro.

Planejamento Técnico da Construção Civil

27

passeio: Parte da calçada ou da pista de rolamento, neste último caso separada por pintura ou

elemento físico, livre de interferências, destinada à circulação exclusiva de pedestres e,

excepcionalmente, de ciclistas - Código de Trânsito Brasileiro.

pessoa com mobilidade reduzida: Aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada

sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por pessoa com mobilidade

reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante entre outros.

piso cromo-diferenciado: Piso caracterizado pela utilização de cor contrastante em relação ás

áreas adjacentes e destinado a constituir guia de balizamento ou complemento de informação visual

ou tátil, perceptível por pessoas com deficiência visual.

piso tátil: Piso caracterizado pela diferenciação de textura em relação ao piso adjacente, destinado

a constituir alerta ou linha guia, perceptível por pessoas com deficiência visual.

rampa: Inclinação da superfície de piso, longitudinal ao sentido de caminhamento. Consideram-se

rampas aquelas com declividade igual ou superior a 5%.

reforma: Intervenção física em edificação, mobiliário, equipamento urbano ou elemento que

implique a modificação de suas características estruturais e funcionais.

rota acessível: Trajeto contínuo, desobstruído e sinalizado, que conecta os ambientes externos ou

internos de espaços e edificações, e que possa ser utilizado de forma autônoma e segura por todas

as pessoas, inclusive aquelas com deficiência. A rota acessível externa pode incorporar

estacionamentos, calçadas rebaixadas, faixas de travessia de pedestres, rampas, etc. A rota

acessível interna pode incorporar corredores, pisos, rampas, escadas, elevadores etc.

rota de fuga: Trajeto contínuo, devidamente protegido proporcionado por portas, corredores,

antecâmeras, passagens externas, balcões, vestíbulos, escadas, rampas ou outros dispositivos de

saída ou combinações destes, a ser percorrido pelo usuário, em caso de um incêndio de qualquer

ponto da edificação até atingir a via pública ou espaço externo, protegido do incêndio.

superfície de trabalho: Área para melhor manipulação, empunhadura e controle de objetos.

uso comum: Espaços, salas ou elementos externos ou internos que são disponibilizados para o uso

de um grupo específico de pessoas (por exemplo, salas em edifício de escritórios, ocupadas

geralmente por funcionários, colaboradores e eventuais visitantes).

uso público: Espaços, salas ou elementos externos ou internos que são disponibilizados para o

público em geral. O uso público pode ocorrer em edificações ou equipamentos de propriedade

pública ou privada.

uso restrito: Espaços, salas ou elementos internos ou externos que são disponibilizados

estritamente para pessoas autorizadas (exemplos: casas de máquinas, barriletes, passagem de uso

técnico e espaços similares).

visitável: Parte de unidade residencial, ou de unidade para prestação de serviços, entretenimento,

comércio ou espaço cultural de uso público que contenha pelo menos um local de convívio social

acessível e um sanitário unissex acessível.

A IMPLANTAÇÃO DO CANTEIRO DE OBRA

1. ESTUDO PRELIMINAR DO CANTEIRO DE OBRA

a) Estudo Preliminar do Canteiro de Obras:

No estudo preliminar do Canteiro de Obras, ainda na fase de planejamento, diversos itens de

vital importância devem ser considerados. Entre eles:

- Ligações de água, energia elétrica, esgoto e telefone, devendo ser solicitadas, junto às respectivas

Concessionárias, as informações necessárias.

- Localização e dimensionamento, em função do volume da Obra, de áreas para armazenamento de

materiais a granel (areia, brita, etc.).

- Localização e dimensionamento, em função do efeito máximo previsto para a Obra, das Áreas de

Vivência, com as seguintes instalações:

Sanitários.

Vestiários.

Alojamento.

Local de Refeições.

Cozinha (quando for previsto o preparo de refeições).

Lavanderia.

Área de Lazer.

Planejamento Técnico da Construção Civil

28

Ambulatório, quando se tratar de frentes de trabalho com 50

(cinquenta) ou mais trabalhadores.

b) Localização e dimensionamento das centrais de:

Massa (betoneira).

Minicentral de concreto, quando houver.

Armação de Ferro.

Serra Circular.

Armação de forma.

Pré-montagem de Instalações.

Soldagem e Corte a Quente.

Outras.

c) Localização e dimensionamento dos Equipamentos de Transporte de Materiais e Pessoas:

Grua.

Elevador de Transporte de Materiais (Prancha).

Elevador de Passageiros (Gaiola).

d) tapumes ou barreiras para impedir o acesso de pessoas estranhas aos serviços.

e) Verificação das diversas interferências com a comunidade e vice-versa.

f) Análise cronológica da instalação do Canteiro e das atividades de Máquinas e Equipamentos fixos,

para determinar, com antecedência, sua disposição e construção.

2. FASE E IMPLANTAÇÃO

a) Considerações Gerais

Na implantação de um Canteiro de Obras, deve-se procurar evitar, ao máximo, o

deslocamento das instalações durante a execução do projeto, evitando desperdício de material e

mão-de-obra.

Em terrenos de área reduzida, particularmente nos grandes centros urbanos, é muitas vezes

necessária a implantação de um Canteiro de Obras inicial, com muitas deficiências e pouco conforto

para os trabalhadores.

Nestes casos, somente após a desforma de duas ou três lajes, poderá a administração da

obra implantar um canteiro em condições satisfatórias.

b) Áreas de Vivência

O Canteiro de Obras deve dispor de:

1) Instalações Sanitárias: As instalações sanitárias devem:

a) Ter portas de acesso que impeçam o seu devassamento e ser construídas de modo a manter o

resguardo conveniente.

b) Estar situadas em locais de fácil e seguro acesso e no máximo a 150m

(cento e cinqüenta metros) de distância do posto de trabalho.

c) Ser constituídas de:

Um conjunto composto de lavatório, vaso sanitário e mictório, para cada grupo de 20 (vinte)

trabalhadores ou fração.

Um chuveiro, para cada grupo de 10 (dez) trabalhadores ou fração. A fim de estimar a área

necessária para as instalações sanitárias, devem ser considerados:

Número máximo de trabalhadores na obra.

Para cada vaso sanitário: 1,00m2.

Para cada chuveiro: 0,80m2.

Para lavatório, espaçamento: 0,60m2.

Para mictório, espaçamento: 0,60m2.

Planejamento Técnico da Construção Civil

29

2) Vestiário

Todo Canteiro de Obras deve possuir vestiário para troca de roupa dos trabalhadores que não

residam no local. Os vestiários devem:

Ter armários individuais dotados de fechadura ou dispositivo com cadeado.

Ter bancos, com largura mínima de 0,30cm (trinta centímetros).

3) Alojamento

O alojamento do Canteiro de Obras deve:

Ter área mínima de 3,00m2 (três metros quadrados) por

módulo cama/armário, incluindo a circulação.

Ter no máximo duas camas na vertical (beliche).

Ter lençol, fronha e travesseiro por cama, em condições adequadas de higiene, e cobertor, quando

as condições climáticas o exigirem.

Ter armários duplos, individuais.

É obrigatório o fornecimento de água potável, filtrada e fresca no alojamento, na proporção de 1

(um) bebedouro para cada grupo de 25 (vinte e cinco) trabalhadores ou fração.

4) Local para as refeições

É obrigatória a existência de local adequado para as refeições, que deve:

Ter capacidade para garantir o atendimento de todos os trabalhadores no horário das refeições e

com assentos em número suficiente para atender os usuários.

Ter lavatório instalado em suas proximidades ou no seu interior.

Independentemente do número de trabalhadores e da existência ou não da cozinha, deve haver

local exclusivo para o aquecimento das refeições.

5) Cozinha, (quando houver preparo de refeições)

Quando houver Cozinha no Canteiro de Obras, ela deve:

Ter pia para lavar os alimentos e utensílios.

Possuir instalações sanitárias, que com ela não se comuniquem, de uso exclusivo dos

encarregados de manipular gêneros alimentícios, refeições e utensílios.

Possuir equipamentos de refrigeração, para preservação dos alimentos.

6) Lavanderia

Deve haver um local próprio, coberto, ventilado e iluminado, para que o trabalhador alojado possa

lavar, secar e passar suas roupas de uso pessoal. Neste local deve ter tanques individuais ou

coletivos em número adequado.

7) Área de Lazer

Devem ser previstos locais para recreação dos trabalhadores alojados, podendo ser usado o local de

refeições para este fim.

8) Ambulatório

As frentes de trabalho com 50 (cinqüenta) ou mais trabalhadores devem ter um ambulatório. Neste

ambulatório, deve haver o material necessário à prestação de Primeiros Socorros, conforme as

características da atividade desenvolvida. Este material deve ser mantido guardado e aos cuidados

de pessoa treinada para este fim.

9) Disposições Finais

Nas áreas de Vivência dotadas de alojamento, deve ser solicitada à Concessionária local a instalação

de um telefone comunitário ou público.

É obrigatório o fornecimento gratuito, pelo empregador, de vestimenta de trabalho e sua reposição,

quando danificada.

c) Escritórios e Depósitos

O escritório é uma construção, normalmente de madeira, cujo acabamento é feito com maior ou

menor esmero, conforme a previsão do prazo de funcionamento no local ou das características da

obra. Compõem-se, geralmente, de dependências para os seguintes elementos da Administração da

Obra:

1) Engenharia (Gerentes e Engenheiros).

Planejamento Técnico da Construção Civil

30

2) Estagiários e Técnicos.

3) Mestre-de-Obras.

4) Encarregado de Escritório e Auxiliares.

5) Segurança do Trabalho.

6) Ambulatório.

7) Sanitários.

8) Encarregados.

É comum prever-se uma sala de reuniões, destinada a estudar o planejamento e a coordenador os

serviços, além de controlar sua execução e desenvolvimento. De preferência, os escritórios do

Engenheiro e Mestre-de- Obras devem ter visão para o Canteiro de Obras.

Na sala do Encarregado de Escritório, deve ficar uma relação de telefones de emergência, e no caso

de a Obra não comportar enfermaria, ficar também um estojo de Primeiros Socorros.

A sala da Segurança do Trabalho deve atender também aos elementos de apoio da Obra, tais como:

Assistente Social do Trabalho, Psicóloga do Trabalho, Nutricionista, etc.

d) Portaria

A Portaria da Obra deve ficar junto à porta de acesso do pessoal e ser suficientemente ampla para

manter um estoque de EPI, a ser fornecido aos visitantes.

A guarita deve ser localizada de modo que o vigia possa controlar os acessos da Obra.

O Encarregado ou Chefe da Portaria, além de anotar o nome e a identidade dos visitantes, não deve

permitir a sua entrada na Obra, sem os Equipamentos de Proteção Individuais determinados pelas

normas da empresa, e deve consultar a administração ou gerência da Obra, para autorização do

acesso aos visitantes.

e) Almoxarifado

O almoxarifado deve ser construído, de preferência, separado dos escritórios, porém nas suas

proximidades e mantido limpo e arrumado. Deve também ficar próximo das entradas e ser

localizado de modo a permitir uma fácil distribuição dos materiais pelo canteiro.

Os depósitos são locais destinados a estocagem de materiais volumosos ou de uso corrente,

podendo ser a céu aberto ou cercados, para possibilitar o controle.

Planejamento Técnico da Construção Civil

31

TEXTOS, ENTREVISTAS, LEIS, DECRETOS, ETC.

Texto 1: Avaliação ambiental - Edição 133 - abril de 2008, Revista Téchne.

Atualmente, os conceitos relativos à sustentabilidade, decorrentes do aumento da

conscientização global sobre o assunto, estão influenciando cada vez mais as sociedades do planeta.

Questões como os impactos negativos gerados ao meio ambiente e as crescentes desigualdades

socioeconômicas passaram a ser abordadas em todas as escalas governamentais e privadas.

No setor da construção civil, especificamente, destacam-se as preocupações voltadas aos

impactos ambientais gerados pelas edificações, principalmente durante as fases de construção e

uso. Resultados de pesquisas mostram que, em algumas cidades do Estado de São Paulo, mais da

metade do volume diário de resíduos coletados são oriundos da construção civil. Nos países do

hemisfério Norte, a maior parte do consumo de energia é decorrente da climatização das

edificações.

Nesse contexto, a partir da década de 1990, muitos países desenvolveram mecanismos para a

avaliação do desempenho ambiental de edifícios por meio de processos de certificação voluntária,

com grande abrangência temática, enfatizando, porém, os aspectos que representam os maiores

desafios ambientais locais.

Um edifício com alto desempenho ambiental deve impactar pouco o meio ambiente, propiciando

boas condições de conforto e salubridade para os usuários. Dessa forma, deve-se considerar, entre

outros: baixo consumo de energia para ar-condicionado e iluminação; racionalização do consumo de

água potável (foto 1); uso de sistemas construtivos e execução da obra de modo a minorar a

geração de resíduos; localização do empreendimento de forma a facilitar o seu acesso pelos

usuários; não-perturbação da vizinhança, principalmente durante a obra, como cuidados no

espalhamento de poeira e outros (foto 2) .

Sistemas de avaliação ambiental de edifícios

A maioria dos sistemas de avaliação ambiental de edifícios baseia-se em indicadores de

desempenho que atribuem uma pontuação técnica em função do grau de atendimento a requisitos

Planejamento Técnico da Construção Civil

32

relativos aos aspectos construtivos, climáticos e ambientais, enfocando o interior da edificação, o

seu entorno próximo e a sua relação com a cidade e o meio ambiente global.

Esses indicadores possuem ponderações, explícitas ou não, que retratam os principais

problemas ambientais locais. Por exemplo, se em determinada região há altas taxas de geração de

resíduos na execução de edifícios, os critérios adotados em um mecanismo dessa natureza

incentivam a diminuição dessa geração, cabendo ao construtor escolher a melhor forma de atender

a essa exigência, seja pela melhor gestão do empreendimento ou pelo emprego de sistema

construtivo mais racionalizado.

Os métodos de avaliação possuem aspectos conceituais em comum na busca pela melhoria do

desempenho ambiental dos edifícios, que podem ser refletidos, de maneira simplificada, pelos

seguintes aspectos principais:

Impactos do Empreendimento no Meio Urbano, onde há itens sobre os incômodos gerados

pela execução, acessibilidade, inserção urbana; erosão do solo, espalhamento de poeira,

entre outros (foto 5);

Materiais e Resíduos, compreendendo gestão de resíduos no canteiro e uso do edifício,

emprego de madeira e agregados com origem legalizada, geração e correta destinação de

resíduos, emprego de materiais de baixo impacto ambiental, reúso de materiais (fotos 3 e 4);

Uso Racional da Água, visando à economia de água potável, como uso de equipamentos

economizadores, acessibilidade do sistema hidráulico, captação de água de chuva,

tratamento de esgoto etc.;

Energia e Emissões Atmosféricas, que analisam a eficiência da envoltória, do sistema de ar-

condicionado e iluminação artificial, entre outros assuntos e;

Conforto e Salubridade do Ambiente Interno, considerando a qualidade do ar e o conforto ambiental.

Planejamento Técnico da Construção Civil

33

Texto 2: Municípios têm só mais um ano para a criação de planos de gestão de resíduos da

construção, 23/Janeiro/2012 - Revista PINI

Resolução do Conama determina que planos estejam em funcionamento nos próximos 18 meses

O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama)

publicou, na última semana, a resolução 448, que traz

alterações para a resolução 307, estabelecendo

diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos

resíduos da construção civil. De acordo com a nova

resolução, os municípios têm 12 meses para a

elaboração do seu Plano Municipal de Gestão de

Resíduos da Construção Civil, que deverão ser

implementados em até seis meses após a sua

publicação. A resolução permite que os planos sejam

elaborados em conjunto por municípios.

Segundo o Conama, os planos deverão conter

"as diretrizes técnicas e procedimentos para o

exercício das responsabilidades dos pequenos geradores, em conformidade com os critérios técnicos

do sistema de limpeza urbana local e para os Planos de Gerenciamento de Resíduos da Construção

Civil a serem elaborados pelos grandes geradores, possibilitando o exercício das responsabilidades

de todos os geradores".

Além disso, o plano deverá estabelecer processos de licenciamento para as áreas de

beneficiamento e reserva de resíduos e de disposição final de rejeitos. A resolução traz também

mudanças nas áreas onde os resíduos de construção podem ser dispostos.

Texto 3: Retrofit de fachadas: tecnologias européias. Edição 136 - julho 2008, Revista Téchne.

A primeira discussão sobre retrofit diz respeito à sua definição, surgindo dessa forma alguns

questionamentos: os diferentes tipos de intervenção num edifício acabado são todos considerados

como retrofit? Quando se fala em renovação, fala-se em retrofit? Qual a diferença entre renovação,

retrofit e reabilitação? As operações de restauro coincidem com alguma dessas? Buscando

conceituar esses termos para facilitar a explicação do objeto deste artigo, adotam-se, baseado em bibliografia francesa e suíça (Choay, 1992 e Koelliker et al, 1999), as seguintes definições:

reabilitação: ação de restabelecer o empreendimento ao seu estado de origem, utilizando

tecnologias disponíveis, restabelecendo seu valor venal e prolongando sua vida útil, mas não

necessariamente incorporando novas tecnologias;

renovação: ação de restabelecer o empreendimento ao "novo" por "profundas"

transformações que tornam o empreendimento em melhor estado e com "novo" aspecto,

incorporando modernas tecnologias. A renovação, diferente da restauração, é sinônimo de

perda de características históricas;

restauro: ação de restabelecer o edifício ao estado original, buscando salvaguardar tanto a

obra de arte quanto o testemunho histórico. As operações de restauro são geralmente feitas

em edifícios tombados como patrimônio histórico e devem obedecer às regras específicas ditadas em documentos como a Carta de Veneza de maio de 1964.

Planejamento Técnico da Construção Civil

34

A norma de desempenho brasileira (NBR 157575-1)

define retrofit como remodelação ou atualização do edifício ou de

sistemas, pela incorporação de novas tecnologias e conceitos, o

qual, normalmente visa valorização do imóvel, mudança de uso,

aumento da vida útil e melhoria da eficiência operacional e

energética.

Comparando a definição de bibliografias européias e

brasileira, conclui-se que na Europa está sendo denominado de

"renovação" o que o setor da construção civil brasileira tem

denominado de retrofit.

No Brasil, o mercado de conservação e renovação de

edifícios, ou seja, aquele que considera operações de

reabilitação, renovação, restauro e conservação, é ainda

pequeno comparado ao Europeu, mas apresenta um grande

potencial de crescimento, especialmente nos grandes centros

urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e outros,

em razão:

da necessidade de modernizar fachadas e instalações face

às novas tecnologias e exigências funcionais ou estéticas atuais;

do número crescente de edifícios com mais de 40 anos, quase sempre carentes por

renovação;

do surgimento de leis fiscais que visam incentivar ações para revitalização ou renovação de

fachadas, como por exemplo as leis da cidade de São Paulo no 12.350 de 1997 e no 14.223

de 2006 (ambas prevêem descontos de IPTU para edifícios que recuperem ou renovem suas fachadas) etc.

Na Europa, o mercado de renovação é reconhecidamente

importante, tanto ou mais que o mercado de construções novas. Na

França, por exemplo, o volume de negócios do setor de construção,

particularmente do segmento de edificações, é expressivo para

obras de conservação e renovação, conforme ilustra a figura 1.

Observa-se que a participação das atividades de

manutenção e renovação é bastante expressiva no setor da

construção francesa, em razão, entre outras, das várias operações

de reurbanização das principais cidades da França (veja

www.grandsprojets.paris.fr) e da quantidade de edifícios antigos

que precisam ser conservados, renovados ou reabilitados (grande

quantidade de edifícios construídos no início do século 20).

As operações de reabilitação, ou renovação, especialmente

das fachadas dos edifícios europeus acontecem porque essas já não

atendem a algumas exigências de desempenho, sejam estéticos, de

durabilidade, de segurança ou outro. Especialmente na França,

uma das razões para renovar ou reabilitar as fachadas é o

incremento do desempenho térmico dessas fachadas, visando

melhorar a eficiência energética do edifício (o desempenho térmico

de um edifício depende, entre outros, do comportamento interativo da fachada, cobertura e pisos).

Cabe observar que a renovação na Europa não significa necessariamente alterar totalmente as

características arquitetônicas da fachada; pois caso as fachadas tenham alguma importância no

contexto histórico da região, pode-se, por exemplo, substituir os componentes antigos por outros

tecnologicamente mais apropriados, mantendo-se as características arquitetônicas originais.

Ainda, no processo de renovação e/ou reabilitação deve-se analisar a viabilidade técnico-

econômica dessas operações. Para tanto, quanto menos for necessário interferir nas fundações e na

estrutura do edifício, maior a probabilidade de que essas operações sejam viáveis.

Assim sendo, o emprego de componentes leves nesse tipo de operação é quase obrigatório. Por

isso, as tecnologias de fachadas leves são as tecnologias comumente empregadas nas operações de

renovação e reabilitação dos edifícios europeus.

Planejamento Técnico da Construção Civil

35

Texto 4: Bairro popular, Revista Infraestrutura Urbana, PINI.

Planejamento urbanístico, equipamentos públicos, variedade de tipologias e soluções técnicas e de

infraestrutura para minimizar o impacto ambiental são os diferenciais de conjunto residencial

popular construído em Cubatão (SP). Por Marina Pita.

Quando for completamente concluído, em junho de 2012, o conjunto residencial Rubens Lara

receberá, em Cubatão (SP), mais de 1,8 mil famílias retiradas de áreas de proteção ambiental e com

risco de desabamento da Serra do Mar, por onde passam as principais rodovias que ligam a capital

ao litoral do Estado de São Paulo. Segundo a Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano

do Estado de São Paulo (CDHU), responsável pelo empreendimento, o projeto executado em uma

área de 19,7 hectares procura combinar a necessidade de baixo custo de implementação com o

atendimento a itens de sustentabilidade.

Projeto conta com mais de 28 mil m2 de área verde, ciclovia, escola e sistema de transporte público local.

Os diferenciais do empreendimento começam pelo projeto urbanístico, desenvolvido para

integrá-lo aos bairros vizinhos. O conjunto Rubens Lara foi projetado com uma grande espinha

dorsal, atravessada por uma via que liga as duas maiores avenidas dos bairros vizinhos: Jardim São

Luís e ao Jardim Casqueiro.

FICHA TÉCNICA

Área do terreno: 197.456,04 m²

Área construída: 140.503,80 m² Ano do projeto: 2007 Previsão de conclusão da obra: junho de 2012 Capacidade: 1.840 famílias Arquitetura: Levisky Arquitetos Associados e Eduardo Martins Ferreira Arquitetos Gerenciadora: Consórcio Cobrape Engevix Construtora: Schahin Engenharia Engenharia: Humberto Emmanuel Schmidt Oliveira, superintendente de obras da Serra do Mar da CDHU; Eduardo Baldacci, gestor do programa de eficiência energética da CDHU; Marcelo Prado, gerente de obras da Serra do Mar da CDHU; Gil Scatena, assessor de sustentabilidade da CDHU

"Essa integração resolve um problema típico de conjuntos habitacionais, que são os

transtornos, para os bairros vizinhos, decorrentes da falta de infraestrutura e de vias adequadas ao

volume de pessoas que esses empreendimentos trazem", explica o engenheiro Humberto Schmidit,

superintendente de obras da CDHU na Serra do Mar. Equipamentos de saúde, educação e transporte

no local também foram previstos e seguem em construção em paralelo aos prédios de moradia.

Outra característica do residencial Rubens Lara é a sua divisão em pequenos conjuntos

habitacionais. As edificações são organizadas em espaços definidos e contam, por exemplo, com

áreas de convivência e churrasqueiras próprias. A CDHU acredita que essa configuração facilita a

relação entre os condôminos e, consequentemente, a manutenção futura dos edifícios.

Planejamento Técnico da Construção Civil

36

As quadras do novo bairro mesclam usos residenciais, comerciais e institucionais. Os

equipamentos públicos institucionais e de lazer previstos no projeto devem atender não apenas o

loteamento, como era feito tradicionalmente, mas toda a vizinhança. Dessa forma, busca-se atender

não apenas as necessidades dos novos moradores, mas também promover a boa convivência e

integração com os habitantes do entorno, além de se estimular a criação de um vínculo com o novo

local de assentamento.

Ao todo, o conjunto habitacional terá oito áreas verdes - cinco delas com áreas de lazer e

instalações esportivas de uso público. São quiosques, playgrounds, ciclovias, campos de futebol de

areia, pistas de bocha, rampas de skate e outros equipamentos adaptados à cultura local para

integrar o empreendimento à vizinhança já consolidada. Uma ciclovia contorna todo o conjunto e faz

a divisa com a área protegida de mangue vizinha ao empreendimento.

Entre as peculiaridades do residencial estão a diversidade de tipologias e a convivência entre

construções horizontais e verticais, algo raro em conjuntos habitacionais que buscam a padronização

de layouts e a consequente redução de custos. O empreendimento da CDHU em Cubatão conta com

edifícios de apartamentos com elevador, sem elevador e casas (sobrados) sobrepostas. Neste

projeto, a companhia também passou a trabalhar com o terceiro dormitório e a área útil da moradia

passou de 42 m² para 64 m². Outra novidade é a concepção dos apartamentos do piso térreo com

base nas exigências do desenho universal, que os torna mais adequados às necessidades das

pessoas com mobilidade limitada. Uma equipe da CDHU faz um trabalho de levantamento e

cruzamento de informações que resulta na seleção e direcionamento de cada família à tipologia mais

adequada às suas necessidades.

Planejamento Técnico da Construção Civil

37

Durante a execução do projeto, a

companhia também adotou práticas de

construção sustentável, como a reciclagem do

lixo no canteiro de obras, reaproveitamento

de água da chuva e reutilização dos resíduos

sólidos quando possível. Parte do

material gerado com a demolição de 5,3 mil

moradias, cerca de 70 mil m³ de resíduos, foi

usada no reforço de base de pavimentação,

aterro de valas e em muros de pedras

argamassadas.

Onde encontrar recursos para

eficiência energética

A CDHU procurou a

concessionária de energia elétrica para

arrecadar recursos financeiros e viabilizar o

sistema de aquecimento solar da

água do residencial Rubens Lara. A solução

se baseia na lei 9.991/2000, que obriga

as concessionárias a investir pelo menos

0,5% de seu faturamento em programas de eficiência energética e 0,5% em pesquisa e

desenvolvimento na área. Por isso, é possível estabelecer convênios com as empresas antes de elas

submeterem seus projetos à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que regula o setor e deve

aprová-los antes da execução.

Soluções de projeto

Pisos drenantes

A drenagem na região do conjunto residencial

Rubens Lara é um problema crônico. O nível elevado

do lençol freático e o movimento das marés

comprometem os sistemas de captação e escoamento,

e o sistema público invariavelmente assoreado.

O projeto do empreendimento empregou

soluções para favorecer a drenagem no próprio

terreno. Uma delas é a ampla cobertura de áreas

verdes - 28.224 m², 14,29% da área total -

especialmente grande para o padrão em habitação

popular. Outra iniciativa foi o uso de piso drenante em

todas as áreas pavimentadas de circulação de

pedestres e de veículos, públicas e condominiais. A

opção foi pelo piso intertravado em pré-moldado de

concreto de quatro e 16 faces. O piso articulado também se adapta melhor às deformações do

pavimento, assentado sobre solo de baixa resistência que apresenta acomodações com o uso.

Diferentemente da padronização de layouts de conjuntos residenciais econômicos, o Rubens Lara viabilizou tipologias variadas e construções horizontais e verticais

Planejamento Técnico da Construção Civil

38

Medição individualizada de água

A CDHU adotou a medição individualizada e

remota de água para que cada unidade habitacional

pague apenas o que consumiu. Isso evita desacordos

entre condôminos em casos de inadimplência; ajuda no

controle do consumo, pois quem gasta menos paga

menos; e auxilia na identificação de fraudes e

vazamentos.

No projeto piloto da CDHU, a redução no

consumo de água foi de 30%, não só pela mudança no

comportamento do usuário, mas também pela

identificação mais precisa das perdas na rede hidráulica

proporcionada pela tecnologia.

Um medidor de água é instalado em cada apartamento e, por meio de um sistema de

comunicação por radiofrequência, envia os dados para uma central instalada na guarita de cada

condomínio. A solução dispensa o deslocamento do leiturista até o local de consumo, garantindo

segurança para o consumidor, agilizando a leitura e aumentando a confiabilidade do trabalho de

medição feito pela concessionária.

Os sistemas de medição individualizada são aprovados pela ProAcqua, um programa da

Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) e do Centro de Desenvolvimento e

Documentação da Habitação e Infraestrutura Urbana (Cediplac), que mantém convênio com a Escola

Politécnica da USP.

Esquadrias

No projeto foram especificadas esquadrias de alumínio

com pintura eletrostática de cor branca. As janelas têm

quatro folhas de correr nas áreas de longa

permanência - sendo quatro vidros internos e quatro

venezianas nas áreas dos dormitórios - para permitir

maior ventilação e iluminação. As tipologias mais

comuns da CDHU têm janelas com 1,40 m x 1,20 m

nas salas e dormitórios, mas no residencial Rubens

Lara as janelas têm 2,00 x 1,20 m.

Este critério de esquadrias foi usado nas

tipologias multifamiliar e de blocos de casas geminadas

e sobrepostas do projeto. Nas unidades com desenho

universal e em algumas unidades do térreo dos

edifícios, por exigência da norma NBR 9050:2004, os peitoris têm 60 cm nas áreas de estar, para

dar maior visibilidade do exterior para cadeirantes.

Planejamento Técnico da Construção Civil

39

Ventilação para gás encanado

Atendendo às exigências da companhia de abastecimento de gás,

foram instaladas venezianas nas portas dos shafts e na alvenaria

para garantir ventilação das prumadas de gás dos prédios de cinco

e nove andares. Nos edifícios assobradados há uma abertura de

ventilação na parede externa da área de serviço, integrada

à cozinha, para ventilação do ambiente em caso de vazamento de

gás. O dimensionamento dos vãos de ventilação foi definido pela concessionária.

Pastilha de vidro

Em geral as fachadas das construções da CDHU são apenas

pintadas. No residencial Rubens Lara, os edifícios receberam

revestimento de pastilhas, que demanda menos manutenção que

a pintura, de acordo com a companhia. O consumo de energia na

produção da tinta, no planejamento e na execução da repintura,

além da emissão de CO2 no transporte de materiais e mão de obra

são alguns dos itens considerados no comparativo. Em vez da

especificação da pastilha cerâmica, mais comum nestes casos, a

opção neste caso foi pela pastilha de vidro reciclado, que, segundo

a CDHU, reforça o caráter sustentável do empreendimento e é mais barato do que o material tradicional.

Acessibilidade

Algumas unidades habitacionais do residencial estão

totalmente equipadas para receberem pessoas com

restrições de locomoção. Localizadas no térreo dos

edifícios de cinco andares, contam com itens adicionais

como barras de segurança nos banheiros e portas de

correr. O critério da CDHU é destinar, pelo menos, 2%

das unidades para este público. Os edifícios de cinco

pavimentos originalmente não possuem elevadores,

mas eles poderão ser instalados posteriormente, se os

moradores desejarem.

Nas áreas de uso comum, públicas e

condominiais, não há degraus ou obstáculos

que impeçam a circulação de cadeirantes. E um

projeto de mobilidade urbana foi desenvolvido para as

ruas do empreendimento e para o sistema viário

limítrofe, de forma a organizar a circulação de

pedestres e veículos sem conflitos nas travessias, além de disciplinar a implantação dos

equipamentos e mobiliário urbano.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Revestimentos cerâmicos em todos os cômodos

Como o morador de baixa renda tem dificuldades em fazer melhorias

e investir na manutenção de sua residência, as unidades foram

entregues com pisos cerâmicos em todos os cômodos e azulejos nos

banheiros. O uso de revestimentos mais resistentes e duráveis visa

melhorar a qualidade das habitações e reduzir custos e frequência de

manutenção. As cerâmicas usadas têm 35 cm x 35 cm e os azulejos 25 cm x 35 cm.

Telha branca

A cobertura dos edifícios do residencial Rubens Lara

conta com telhas onduladas de fibrocimento - sem

amianto - de 8 mm de espessura. O material atende às

recomendações do programa One Degree Less, do

Green Building Council Brasil, que incentiva o uso de

telhados pintados na cor branca para refletir os raios

solares e, dessa maneira, diminuir o efeito das ilhas de

calor urbanas. A pintura foi feita com uma mistura à

base de cal, água e resina acrílica aplicada sobre as

telhas umedecidas. Atualmente, no entanto, a CDHU

afirma que alguns fornecedores já estão entregando as

telhas em cores claras e até brancas pelo mesmo preço.

Aquecimento solar da água

O conjunto residencial conta com coletores solares e

reservatórios de água quente individualizados. A

circulação da água entre os coletores de calor e os

reservatórios térmicos ocorre naturalmente por efeito

de termossifão (diferença de densidade entre a água

fria e a quente), dispensando bombas elétricas. Para

evitar problemas no tempo de recebimento da água

quente, os reservatórios dos andares baixos estão

mais próximos da prumada de descida. Assim, o

tempo médio de espera nos pontos de consumo é de

30 segundos. Todas as unidades contam com um

chuveiro elétrico comum de 4.500 W, que os

moradores acionam no caso de eventual insuficiência

do sistema de aquecimento solar.

O sistema de aquecimento solar com distribuição

individualizada requer uma área de telhado adequada.

A CDHU entende que prédios de até seis andares

comportam o número de equipamentos para

individualização. Em edifícios mais altos - de sete a nove andares - é usado o sistema com

reservatório coletivo.

Planejamento Técnico da Construção Civil

41

DECRETO ESTADUAL 12.342/78 PRIMEIRA PARTE Saneamento LIVRO I Saneamento Ambiental e Organização Territorial TITULO ÚNICO Artigo 1.º - O Saneamento Ambiental e Organização Territorial serão tratados em Normas Técnicas Especiais. LIVRO II Saneamento Básico

TÍTULO I

Sistemas de Abastecimento de Água e Disposição de Esgotos

Artigo 2.º - Todo e qualquer serviço de abastecimento de água ou de coleta e disposição de esgotos deverá sujeitar-se ao controle da autoridade sanitária competente.

Artigo 3.º - Os projetos de sistemas de abastecimento de água e de coleta e disposição de esgotos deverão ser elaborados em obediência às normas e especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT e às normas e especificações adotadas pelo órgão técnico encarregado de aprová-los.

Artigo 4.º - Nos projetos e obras de sistemas de abastecimento de água deverão ser obedecidos os seguintes princípios gerais, independentemente de outras exigências técnicas estabelecidas em normas e especificações:

I - a água distribuída obedecerá aos padrões de potabilidade estabelecidos pela autoridade competente;

II - as tubulações, peças especiais e juntas deverão ser de tipos e materiais aprovados pela ABNT, tendo em vista conservar inalteradas as características da água transportada;

III - para fins de desinfecção ou de prevenção contra contaminações, à água distribuída deverá ser adicionado, obrigatoriamente, teor conveniente de cloro ou equivalente em seus compostos. A juízo da autoridade sanitária competente, poderão ser adotados, com a mesma finalidade, outros produtos ou processos, desde que utilizados, para esse fim, teores e aparelhamentos apropriados;

IV - a fluoretação da água distribuída obedecerá às normas expedidas pelos órgãos competentes;

V - em qualquer ponto dos sistemas de abastecimento, a água natural ou tratada deverá estar suficientemente protegida.

Artigo 5.º - É vedada a instalação de tubulações de esgoto em locais onde possam representar risco de contaminação de água potável.

Artigo 6.º - Sempre que os sistemas públicos não tiverem condições de atendimento, os conjuntos habitacionais e as unidades isoladas deverão possuir sistemas de abastecimento de água e sistema de esgotos, aprovados pela autoridade competente.

Artigo 7.º - A disposição de esgotos nas praias e nos corpos de água, bem como em áreas adjacentes ou de influência, só poderá ser feita de modo a não causar riscos à saúde.

TÍTULO II

Instalações Prediais de Água e Esgotos

Artigo 8.º - As instalações prediais de água e esgotos deverão seguir as normas e especificações da ABNT e aquelas adotadas pelas entidades responsáveis pelos sistemas, às quais caberá fiscalizar estas instalações, sem prejuízo da fiscalização exercida pela autoridade sanitária.

§ 1.º - As normas referidas neste artigo deverão atender ao estabelecido no presente Regulamento e ser submetidas à apreciação da autoridade sanitária competente, sempre que solicitadas.

§ 2.º - A autoridade sanitária poderá estabelecer que as normas sejam revistas na forma que indicar, bem como solicitar informações sobre a fiscalização das instalações.

Artigo 9.º - Todo prédio deverá ser abastecido de água potável em quantidade suficiente ao fim a que se destina, e dotado de dispositivos e instalações adequados destinados a receber e a conduzir os despejos.

§ 1.º - Onde houver redes públicas de água ou de esgotos, em condições de atendimento, as edificações novas ou já existentes serão obrigatoriamente a elas ligadas e por elas respectivamente abastecidas ou esgotadas.

§ 2.º - É vedada a interligação de instalações prediais internas entre prédios situados em lotes distintos.

Artigo 10 - Sempre que o abastecimento de água não puder ser feito com continuidade e sempre que for necessário para o bom funcionamento das instalações prediais, será obrigatória a existência de reservatórios prediais.

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§ 1.º - A capacidade mínima dos reservatórios prediais, adicional à exigida para combate a incêndios, será equivalente ao consumo do prédio durante vinte e quatro horas e calculada segundo os critérios fixados pela ABNT.

§ 2.º - São obrigatórias a limpeza e a desinfecção periódica dos reservatórios prediais, na forma indicada pela autoridade sanitária.

Artigo 11 - Os reservatórios prediais deverão:

I - ser construídos e revestidos com materiais que não possam contaminar a água;

II - ter a superfície lisa, resistente e impermeável;

III - permitir fácil acesso, inspeção e limpeza;

IV - possibilitar esgotamento total;

V - ser suficientemente protegidos contra inundações, infiltrações e penetrações de corpos estranhos;

VI - ter cobertura adequada;

VII - ser equipados com torneira de bóia na tubulação de alimentação, à sua entrada, sempre que não se tratar de reservatório alimentado por recalque;

VIII - ser dotados de extravasor com diâmetro superior ao da canalização de alimentação, havendo sempre uma canalização de aviso, desaguando em ponto perfeitamente visível;

IX - ser providos de canalização de limpeza, funcionando por gravidade ou por meio de elevação mecânica.

Artigo 12 - Não será permitida:

I - a instalação de dispositivos para sucção de água diretamente das redes de distribuição.

II - a passagem de tubulações de água potável pelo interior de fossas, ramais de esgotos, poços absorventes, poços de visita e caixas de inspeção de esgotos, bem como de tubulações de esgoto por reservatórios ou depósitos de água;

III - a interconexão de tubulações ligadas diretamente a sistemas públicos com tubulações que contenham água proveniente de outras fontes de abastecimento;

IV - a introdução, direta ou indireta, de esgotos em conduto de águas pluviais: V - qualquer outra instalação, processo ou atividade que, a juízo da autoridade sanitária, possa representar risco de

contaminação da água potável;

VI - a ligação de ralos de águas pluviais e de drenagem à rede de esgotos, a critério da autoridade competente.

Artigo 13 - A admissão de água nos aparelhos sanitários deverá ser feita em nível superior ao de transbordamento, ou

mediante dispositivos adequados, para evitar a aspiração da água do receptáculo para a tubulação de água potável.

Artigo 14 - Os despejos somente serão admitidos às tubulações prediais de esgotos através de aparelhos sanitários de características e materiais adequados e que atendam às normas e especificações da ABNT.

Artigo 15 - É obrigatória:

I - a existência, nos aparelhos sanitários, de dispositivos de lavagem, contínua ou intermitente;

II - a instalação de dispositivos de captação de água no piso dos compartimentos sanitários e nas copas, cozinhas e

lavanderias;

III - a passagem dos despejos das pias da copa e cozinha de hospitais, hotéis, restaurantes e estabelecimentos

congêneres, por caixa de gordura, a critério da autoridade competente.

Parágrafo único - A critério da autoridade sanitária, poderá ser exigida a instalação do dispositivo previsto no inciso II em outros compartimentos ou locais.

Artigo 16 - É proibida a instalação de:

I - pias, sanitários, lavatórios e outros aparelhos sanitários construídos ou revestidos com cimento, madeira, ou outro

material não aprovado pela autoridade sanitária competente;

II - peças, canalizações e aparelhos sanitários que apresentem defeitos ou soluções de continuidade que possam, acarretar infiltrações, vazamentos ou acidentes.

Artigo 17 – A utilização de privadas químicas será regulamentada em Norma Técnica Especial.

Artigo 18 - Toda habitação terá o ramal principal do sistema coletor de esgotos com diâmetro não inferior a 100 milímetros e provido de dispositivo de inspeção.

Artigo 19 - É expressamente proibida a introdução direta ou indireta de águas pluviais ou resultantes de drenagem nos

ramais prediais de esgotos.

Artigo 20 - Os tanques e aparelhos de lavagem de roupas serão obrigatoriamente ligados à rede coletora de esgotos através de fecho hidráulico.

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Artigo 21 - Os aparelhos sanitários quaisquer que sejam os seus tipos, serão desconectados dos ramais respectivos por meio de sifões individuais, com fecho hidráulico nunca inferior a 5 centímetros, munidos de opérculos de fácil acesso à limpeza ou terão seus despejos conduzidos a um sifão único, segundo a técnica mais aconselhada.

Artigo 22 - Todos os sifões, exceto os auto-ventilados, deverão ser protegidos contra dessifonamento e contrapressão, por

meio de ventilação apropriada.

Artigo 23 - As instalações prediais de esgotos deverão ser suficientemente ventiladas e dotadas de dispositivos adequados para evitar refluxo de qualquer natureza, inclusive:

I - tubos de queda, prolongados acima da cobertura do edifício;

II - canalização independente ascendente, constituindo tubo ventilador.

Parágrafo único – O tubo ventilador poderá ser ligado ao prolongamento de um tubo de queda acima da última inserção do

ramal de esgotos.

Artigo 24 - Os poços de suprimento de água considerados inservíveis e as fossas, que não satisfizerem às exigências deste Regulamento, deverão ser aterrados.

Artigo 25 - A autoridade sanitária poderá estabelecer outras medidas de proteção sanitária, relativas às instalações prediais de águas e esgotos, além das previstas neste Título. TÍTULO III

Condições Gerais

Artigo 26 – Os edifícios, sempre que colocados nas divisas dos alinhamentos, serão providos de calhas e condutores para

escoamento das águas pluviais.

§ 1.º - Para efeito deste artigo excluem-se os edifícios cuja disposição dos telhados orientem as águas pluviais para o seu próprio terreno.

§ 2.º - As águas pluviais provenientes das calhas e condutores dos edifícios deverão ser canalizadas até as sarjetas, passando sempre por baixo das calçadas.

LIVRO III

Saneamento das Edificações

TÍTULO I

Disposições Gerais

Artigo 27 - Nenhuma construção, reconstrução ou reforma de prédio, qualquer que seja o fim a que se destine, poderá ser

autorizada ou iniciada, sem projetos e especificações previamente aprovados pela autoridade sanitária estadual competente.

Parágrafo único - A competência para a aprovação prévia mencionada neste artigo poderá ser delegada à autoridade municipal para determinados tipos de projetos, na forma disposta em Norma Técnica Especial.

Artigo 28 - Nenhum prédio de construção nova ou modificada poderá ser habitado ou utilizado sem o correspondente alvará de habite-se ou de utilização, da autoridade sanitária competente.

Parágrafo único – A expedição de alvará de habite-se, ou de utilização, pela autoridade municipal estará condicionada à

manifestação favorável da autoridade sanitária estadual, segundo as condições em que for concedida a delegação prevista no Parágrafo único do artigo anterior.

Artigo 29 – Independem de prévia manifestação das autoridades sanitárias, as construções de habitações unifamiliares do tipo moradia econômica que obedeçam a projetos-tipo padronizados e elaborados pelo Poder Público Municipal, desde que tais projetos-tipo já tenham sido previamente aprovados pelo órgão de engenharia da Secretaria de Estado de Saúde.

§ 1.º - Entende-se por moradia econômica, para os efeitos deste artigo, aquela que assim for considerada pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da 6ª Região.

§ 2.º - Ao Poder Público Municipal caberá zelar pelo fiel cumprimento das exigências e especificações constantes dos projetos-tipo, sob pena de ser revista a aprovação prévia concedida pela Secretaria de Estado da Saúde a tais projetos.

Artigo 30 - Se a autoridade sanitária verificar, em qualquer construção, reconstrução ou reforma, a inobservância das disposições deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais, intimará o responsável pela obra a suspender sua execução e solicitará aos poderes municipais as providências de sua alçada.

Artigo 31 - Os projetos deverão compreender as seguintes partes:

I - plantas de todos os pavimentos com a indicação do destino de cada compartimento;

II - elevação das fachadas voltadas para as vias públicas;

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III - cortes, transversal e longitudinal;

IV - planta de locação na qual se indique a posição do edifício a construir, em relação às divisas do lote e às outras

construções nele existentes e sua orientação; perfis, longitudinal e transversal do terreno, tomado como referência de nível, o nível do eixo da rua;

V - memoriais descritivos dos materiais, processos e equipamentos a serem empregados na construção, e memorial industrial, quando se tratar de indústria ou fábrica, ou memorial de atividade, nos demais casos.

VI - indicação da forma pela qual os prédios serão abastecidos de água potável e do destino a ser dado às águas residuarias e ao lixo.

§ 1.º - A documentação prevista neste artigo deverá ser complementada com a que for solicitada pela autoridade sanitária, para efeito de proteção à saúde, e, quando for o caso, com aprovação da autoridade competente no que se refere à proteção e defesa do meio ambiente.

§ 2.º - Alterações nos projetos e especificações aprovados só poderão ser feitas mediante aprovação da autoridade sanitária competente.

Artigo 32 - As peças gráficas obedecerão às seguintes escalas: 1:100 para as plantas do edifício; 1:50 ou 1:100 para

cortes e fachadas; 1:200 para planta de locação e perfis do terreno. Outras escalas só serão usadas quando justificadas tecnicamente.

§ 1.º - As escalas não dispensam o emprego de cotas para indicar as dimensões dos diversos compartimentos, pés-direitos e posição das linhas limítrofes.

§ 2.º - Nos projetos de reforma, acréscimo ou reconstrução serão representados:

I - a tinta preta ou azul as partes a serem mantidas;

II - a tinta vermelha, as partes a construir;

III - a tinta amarela, as partes a demolir.

Artigo 33 - Todas as peças gráficas e memoriais do projeto deverão ter, em todas as vias, as assinaturas:

I - do proprietário ou seu representante legal;

II - do responsável técnico pela construção;

III - do autor do projeto.

Parágrafo único - O responsável técnico e o autor do projeto deverão indicar o número de registro no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.

Artigo 34 - A autoridade sanitária competente poderá determinar correções ou retificações bem como exigir informações, complementações, esclarecimentos e documentos, sempre que necessário ao cumprimento das disposições deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais.

TÍTULO II

Normas Gerais de Edificações

CAPÍTULO I

Dimensões Mínimas dos Compartimentos

Artigo 35 - Os compartimentos deverão ter conformação e dimensões adequadas à função ou atividade a que se destinam,

atendidos os mínimos estabelecidos neste Regulamento e em suas Normas técnicas Especiais.

Artigo 36 - Os compartimentos não poderão ter áreas e dimensões inferiores aos valores estabelecidos nas normas específicas para as respectivas edificações de que fazem parte, e, quando não previsto nas referidas normas específicas, aos valores abaixo:

I - salas, em habitações: 8,00m² ;

II - salas para escritórios, comércio ou serviços: 10,00m² ; III - dormitórios: 8,00m²;

III - dormitórios coletivos: 5,00m² por leito;

IV - quartos de vestir, quando conjugados a dormitórios: 4,00m² ;

V - dormitório de empregada: 6,00m² ;

VI - salas-dormitórios: 16,00m² ;

cozinhas: 4,00m² ;

VII - compartimentos sanitários:

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a) contendo somente bacia sanitária: 1,20m², com dimensão mínima de 1,00m;

b) contendo bacia sanitária e lavatório: 1,50m² , com dimensão mínima de 1,00m;

c) contendo bacia sanitária e área para banho, com chuveiro, 2,00m² ; com dimensão mínima de 1,00m;

d) contendo bacia sanitária, área para banho, com chuveiro e lavatório, 2,50m², com dimensão mínima de 1,00m;

e) contendo somente chuveiro, 1,20m²; com dimensão mínima de 1,00m;

f) antecâmaras, com ou sem lavatório, 0,90m², com dimensão mínima de 0,90m;

g) contendo outros tipos ou combinações de aparelhos, a área necessária, segundo disposição conveniente a proporcionar a cada um deles, uso cômodo;

h) celas, em compartimentos sanitários coletivos, para chuveiros ou bacias sanitárias, 1,20m² , com dimensão

mínima de 1,00m;

i) mictórios tipo calha, de usos coletivo, 0,60m em equivalência a um mictório tipo cuba;

j) separação entre mictórios tipo cuba, 0,60m, de eixo a eixo.

X - vestiários: 6,00m²;

XI - largura de corredores e passagens:

a) em habitações unifamiliares e unidades autônomas de habitações multifamiliares, 0,90m;

b) em outros tipos de edificação:

- quando de uso comum ou coletivo, 1,20m; - quando de uso restrito, poderá ser admitida redução até 0,90m.

XII - compartimentos destinados a outros fins, valores sujeitos a justificação.

Artigo 37 - As escadas não poderão ter dimensões inferiores aos valores estabelecidos nas normas especificas para as respectivas edificações de que fazem parte e, quando não previstas nas referidas normas específicas, aos valores abaixo:

I - degraus, com piso (p) e espelho (e), atendendo à relação: 0,60m: 2e + p 0,65m ;

II - larguras:

a) quando de uso comum ou coletivo: 1,20m;

b) quando de uso restrito poderá ser admitida redução até 0,90m;

c) quando, no caso especial de acesso a jiraus, torres, adegas e situações similares: 0,60m.

Parágrafo único - As escadas de segurança obedecerão às normas baixadas pelos órgãos competentes.

Artigo 38 - Os pés-direitos não poderão ser inferiores aos estabelecidos nas normas específicas para a respectiva edificação e, quando não previstos, aos valores a seguir:

I - nas habitações;

a) salas e dormitórios: 2,70m;

b) garagens: 2,30m;

c) nos demais compartimentos: 2,50m.

II - nas edificações destinadas a comércio e serviços:

a) em pavimentos térreos: 3,00m;

b) em pavimentos superiores: 2,70m;

c) garagens: 2,30m.

III - nas escolas:

a) nas salas de aulas e anfiteatros, valor médio 3,00m, admitindo-se o mínimo em qualquer ponto 2,50m;

b) instalações sanitárias 2,50m.

IV - em locais de trabalho:

a) indústrias, fábricas e grandes oficinas, 4,00m, podendo ser permitidas reduções até 3,00m, segundo a natureza

dos trabalhos;

b) outros locais de trabalho, 3,00m podendo ser permitidas reduções até 2,70m, segundo a atividade desenvolvida.

V - em salas de espetáculo, auditórios e outros locais de reunião: 6,00m, podendo ser permitidas reduções até 4,00m, em locais de área inferior a 250m² ; nas frisas, camarotes e galerias: 2,50m;

VI - em garagens: 2,30m ;

VII - em porões ou subsolos, os previstos para os fins a que se destinarem;

VIII - em corredores e passagens, 2,50m ;

IX - em armazéns, salões e depósitos, excetuados os domiciliares, 3,00m ;

X - em outros compartimentos, os fixados pela autoridade sanitária competente, segundo o critério de similaridade ou analogia.

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CAPITULO II

Insolação, Ventilação e Iluminação

Artigo 39 - Para fins de iluminação e ventilação natural, todo compartimento deverá dispor de abertura comunicando-o diretamente com o exterior.

§ 1.º - Excetuam-se os corredores de uso privativo, os de uso coletivo até 10,00m de comprimento, poços e saguões de elevadores, devendo as escadas de uso comum ter iluminação natural, direta ou indireta.

§ 2.º - Para efeito de insolação e iluminação, as dimensões dos espaços livres, em planta, serão contadas entre as projeções das saliências, exceto nas fachadas voltadas para o quadrante Norte.

Artigo 40 - Consideram-se suficientes para insolação, iluminação e ventilação de quaisquer compartimentos, em prédios de um pavimento e de até 4,00m de altura:

I - espaços livres fechados, com área não inferior a 6,00m² e dimensão mínima de 2,00m;

II - espaços livres abertos nas duas extremidades ou em uma delas (corredores), de largura não inferior a 1,50m, quer quando junto às divisas do lote, quer quando entre corpos edificados no mesmo lote, de altura não superior a 4,00m;

Parágrafo único - A altura referida neste artigo será a altura média no plano da parede voltada para a divisa do lote ou para outro corpo edificado.

Artigo 41 - Consideram-se suficientes para insolação, iluminação e ventilação de dormitórios, salas, salões e locais de trabalho, em prédios de mais de um pavimento ou altura superior a 4,00m:

I - os espaços livres fechados, que contenham em plano horizontal, área equivalente a H2/4 (H ao quadrado, dividido por quatro), onde H representa a diferença de nível entre o teto do pavimento mais alto e o piso do pavimento mais baixo a ser insolado, iluminado ou ventilado, permitindo-se o escalonamento:

II - os espaços livres abertos nas duas extremidades ou em uma delas (corredores), junto às divisas do lote ou entre corpos edificados, de largura maior ou igual a H/6, com o mínimo de 2,00m.

§ 1.º - A dimensão mínima do espaço livre fechado, referido no inciso I, será sempre igual ou superior a H/4 não podendo ser inferior a 2,00m e sua área não inferior a 10,00m², podendo ter qualquer forma, desde que nele possa ser inscrito, no plano horizontal um círculo de diâmetro igual a H/4.

§ 2.º - Quando H/6 for superior a 3,00m, a largura excedente deste valor poderá ser contada sobre o espaço aberto do imóvel vizinho, desde que constitua recuo legal obrigatório, comprovado por certidão da Prefeitura ou apresentação da legislação municipal.

Artigo 42 – Para iluminação e ventilação de cozinhas, copas e despensas serão suficientes:

I - os espaços livres fechados com:

a) 6,00m² em prédios de até 3 pavimentos e altura não superior a 10,00m;

b) 6,00m² de área mais 2,00m² por pavimento excedente de três; com dimensão mínima de 2,00m e relação entre

seus lados de 1 para 1,5 em prédios de mais 3 pavimentos ou altura superior a 10,00m;

II - espaços livres abertos de largura não inferior a:

a) 1,50m em prédios de 3 pavimentos ou 10,00m de altura;

b) 1,50m mais 0,15m por pavimento excedente de três, em prédios de mais de 3 pavimentos;

Artigo 43 – Para ventilação de compartimento sanitário, caixas de escada e corredores com mais de 10,00m de comprimento será suficiente o espaço livre fechado com área mínima de 4,00m² em prédios de até 4 pavimentos. Para cada pavimento excedente haverá um acréscimo de 1,00m² por pavimento. A dimensão mínima não será inferior a 1,50m e relação entre os seus lados de 1 para 1,5;

Parágrafo único – Em qualquer tipo de edificação será admitida a ventilação indireta ou ventilação forçada de compartimentos sanitários mediante:

I - ventilação indireta através de compartimento contíguo, por meio de duto de seção não inferior a 0,40m² com dimensão vertical mínima de 0,40m e extensão não superior a 4,00m. Os dutos deverão se abrir para o exterior e ter as aberturas teladas;

II - ventilação natural por meio de chaminé de tiragem atendendo aos seguintes requisitos mínimos:

a) seção transversal dimensionada de forma a que correspondam no mínimo, 6cm² (seis centímetros quadrados) de

seção, para cada metro de altura da chaminé, devendo em qualquer caso, ser capaz de conter um circulo de 0,60m de diâmetro;

b) ter prolongamento de, pelo menos, um metro acima da cobertura;

c) ser provida de abertura inferior, que permita limpeza, e de dispositivo superior de proteção contra a penetração de águas de chuva.

Artigo 44 – A área iluminante dos compartimentos deverá corresponder, no mínimo à:

I - nos locais de trabalho e nos destinados a ensino, leitura e atividades similares: 1/5 da área do piso;

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II - nos compartimentos destinados a dormir, estar, cozinhar, comer e em compartimentos sanitários: 1/8 da área do piso, com o mínimo de 0,60m² ;

III - nos demais tipos de compartimentos: 1/10 de área do piso, com o mínimo de 0,60m².

Artigo 45 - A área de ventilação natural deverá ser em qualquer caso de, no mínimo, a metade da superfície de iluminação natural.

Artigo 46 - Não serão considerados insolados ou iluminados os compartimentos cuja profundidade a partir da abertura iluminante for maior que três vezes seu pé direito, incluída na profundidade a projeção das saliências, alpendres ou outras coberturas.

Artigo 47 - Em casos especiais poderão ser aceitas ventilação e iluminação artificiais, em substituição às naturais, desde que comprovada sua necessidade e atendidas as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Parágrafo único - Para os subsolos, a autoridade sanitária competente poderá exigir a ventilação artificial ou demonstração técnica de suficiência da ventilação natural.

Artigo 48 - Poderá ser aceita, para qualquer tipo de edificação, como alternativa ao atendimento das exigências dos artigos

anteriores, referentes a insolação e ventilação natural, demonstração técnica de sua suficiência, na forma que for estabelecida em Norma Técnica Especial.

CAPÍTULO III

Especificações Construtivas Gerais Artigo 49 - Os materiais empregados nas construções deverão ser adequados ao fim a que se destinam e atender às normas e especificações da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

Artigo 50 - Toda edificação deverá ser perfeitamente isolada da umidade e emanações provenientes do solo, mediante impermeabilização entre os alicerces e as paredes e em todas as superfícies, da própria edificação e das edificações vizinhas, sujeitas à penetração de umidade.

Artigo 51 - As paredes terão espessuras e revestimentos suficientes a atender às necessidades de resistência, isolamento térmico, acústico e impermeabilidade, segundo sua posição e os materiais nelas empregados.

Artigo 52 - A cobertura dos edifícios será feita com materiais impermeáveis, incombustíveis e maus condutores de calor.

Artigo 53 - As instalações prediais de água e esgotos obedecerão ao disposto no Capítulo próprio deste Regulamento.

Artigo 54 – As cozinhas, instalações sanitárias, depósitos, armazéns, despensas, adegas e compartimentos similares, terão o piso e as paredes revestidas até a altura de 2,00m no mínimo, de material liso, resistente, impermeável e lavável, ou na forma que for prevista em normas específicas.

§ 1.º - O disposto neste artigo se aplica a locais de trabalho, segundo a natureza das atividades a serem neles desenvolvidas, a critério da autoridade sanitária competente.

§ 2.º - Nas cozinhas e instalações sanitárias de habitações, exceto das coletivas, a altura da barra impermeável poderá ser reduzida a 1,50m, no mínimo.

§ 3.º - Para compartimentos de tipos não previstos, adotar-se-á o critério de similaridade.

CAPÍTULO IV

Disposições Diversas

Artigo 55 – Os sistemas privados de abastecimento de água ou de disposição de esgotos deverão ser submetidos à aprovação da autoridade sanitária.

§ 1.º - Os poços e fossas, bem como a disposição de efluentes no solo, deverão atender às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas e as que forem estabelecidas neste Regulamento e em suas Normas Técnicas Especiais.

§ 2.º - Os poços de suprimento de água considerados inservíveis e as fossas, que não satisfizerem as exigências deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais, deverão ser aterrados.

§ 3.º - Cada prédio deverá ter um sistema independente de afastamento de águas residuais. Artigo 56 - Todos os edifícios situados no alinhamento da via pública deverão dispor de calhas e condutores adequados e suficientes a conduzir as águas pluviais até às sarjetas, passando por baixo das calçadas. Artigo 57 - As edificações no fundo dos lotes e nos denominados “lotes de fundo”, excetuadas as edículas, serão regulamentadas por Norma Técnica Especial. Artigo 58 - As parcelas de terreno, correspondentes à habitação uni-familiar serão fixadas em Norma Técnica Especial. TÍTULO III

Normas Específicas das Edificações

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CAPÍTULO I

Habitações Unifamiliares - Casas

Artigo 59 - Toda habitação deverá dispor de pelo menos um dormitório, uma cozinha, uma instalação sanitária e uma área

de serviço.

Artigo 60 - As salas, dormitórios e cozinhas das habitações deverão apresentar áreas não inferiores às seguintes:

I - salas: 8,00m²;

II - dormitórios:

a) quando se tratar de um único além da sala: 12,00m²;

b) quando se tratar de dois: 10,00m² para cada um;

c) quando se tratar de três ou mais: 10,00m² para um deles, 8,00m² para cada um dos demais, menos um, que

se poderá admitir com 6,00m²;

d) quando se tratar de sala-dormitório: 16,00m² ;

e) quartos de vestir, quando conjugados a dormitórios: 4,00m² ;

f) dormitórios de empregada: 6,00m² ;

III - cozinhas: 4,00m².

Artigo 61 - As cozinhas terão paredes, até a altura de 1,50 metros no mínimo e os pisos revestidos de material liso,

resistente, impermeável; não se comunicarão diretamente com dormitórios ou compartimentos providos de bacias sanitárias.

Parágrafo único – Nas cozinhas, deverá ser assegurada ventilação permanente.

Artigo 62 – A copa, quando houver, deverá ser passagem obrigatória entre a cozinha e os demais cômodos da habitação.

Artigo 63 – Nas casas que não disponham de quarto de empregada, os depósitos, despensas, adegas, despejos, rouparias e

similares, somente poderão ter:

I - área não superior a 2,00m² ; ou

II - área igual ou maior que 6,00m², devendo neste caso, atender às normas de insolação, iluminação e ventilação aplicáveis a dormitórios.

Artigo 64 – Em toda habitação deverá haver pelo menos um compartimento provido de bacia sanitária, lavatório e chuveiro,

com:

I - área não inferior a 2,50m²;

II - paredes até altura de 1,50m, no mínimo, e os pisos revestidos de material liso, resistente, impermeável e lavável.

Parágrafo único – Nestes compartimentos deverá ser assegurada ventilação permanente.

Artigo 65 – Os pisos e paredes dos demais compartimentos serão revestidos com materiais adequados ao fim a que se destinam.

Artigo 66 – A largura dos corredores internos e das escadas, não poderá ser inferior a 0,90m.

Parágrafo único – A largura mínima das escadas destinadas a acesso e jiraus, torres, adegas e outras situações similares, será de 0,60m

Artigo 67 – Os pés-direitos mínimos serão os seguintes:

I - salas e dormitórios: 2,70m;

II - garagens: 2,30m;

III - demais compartimentos: 2,50m.

Parágrafo único - Os compartimentos situados em subsolos ou porões, deverão atender aos requisitos acima, segundo seu destino. CAPÍTULO II

Habilitações Multifamiliares – Edifícios de Apartamentos

Artigo 68 – Aplicam-se aos edifícios de apartamentos as normas gerais referentes às edificações e as específicas referentes às habilitações, no que couber, complementadas pelo disposto neste Capítulo. Artigo 69 – Nos edifícios de apartamentos deverão existir dutos de queda para lixo e compartimento para seu depósito com capacidade suficiente para 24 horas, no mínimo.

§ 1.° - Os dutos deverão ter abertura acima da cobertura do prédio, provida de tela; serão de material que permita lavagens e desinsetizações periódicas, devendo sua superfície ser lisa e impermeável.

§ 2.° - A critério da autoridade sanitária, poderá ser dispensada a exigência deste artigo.

§ 3.° - No recinto das caixas de entrada não poderão existir aberturas diretas para equipamentos ou dispositivos de coleta de lixo. Artigo 70 – É obrigatória a instalação de elevadores na forma disposta no artigo 209 deste Regulamento. Artigo 71 – É obrigatória a existência de depósito de material de limpeza, compartimento sanitário, vestiário e chuveiro para uso exclusivo do pessoal de serviço. O vestiário não terá área inferior a 6,00m².

Planejamento Técnico da Construção Civil

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Parágrafo único – Essa exigência poderá ser dispensada, a juízo da autoridade sanitária, nos edifícios que, comprovadamente, pelas suas dimensões e características a justifiquem. Artigo 72 – As piscinas em edifícios, quando não privativas de unidades autônomas, serão consideradas de uso coletivo restrito, sujeitas, no que lhes for aplicável, ao disposto neste Regulamento e em suas Normas Técnicas Especiais.

Parágrafo único – As piscinas privativas serão consideradas piscinas de uso familiar. Artigo 73 – Nos prédios de apartamentos não será permitido depositar materiais ou exercer atividades que, pela sua natureza, representem perigo ou sejam prejudiciais à saúde e ao bem-estar dos moradores e vizinhos.

CAPÍTULO III

Conjuntos Habitacionais

Artigo 74 – Os conjuntos habitacionais deverão observar as disposições deste Regulamento e de suas Normas Técnicas Especiais referentes a loteamentos e parcelamento de imóveis, assim como as referentes às habitações e a outros tipos de edificações que os componham. Artigo 75 – Deverão, segundo a população que abrigam, prever áreas ou edificações necessárias para atividades de comércio, serviços, recreação e ensino. Artigo 76 – Para aprovação pela Secretaria de Estado da Saúde de projetos de conjuntos habitacionais, situados em áreas não beneficiadas pelos sistemas públicos de água e de esgotos, será exigida indicação da solução a ser dada ao abastecimento de águia e ao afastamento de esgotos e comprovação de que a mesma está aprovada pelos órgãos competentes. Artigo 77 – O disposto neste Capítulo será complementado por Norma Técnica Especial que conterá também, dispositivos especiais aplicáveis aos conjuntos de habitações de interesse social. CAPÍTULO IV

Habitações Coletivas

SEÇÃO I

Hotéis, Motéis, Casas de Pensão, Hospedarias e Estabelecimentos Congêneres

Artigo 78 – Os hotéis, motéis, casas de pensão, hospedarias e estabelecimentos congêneres obedecerão as normas e especificações gerais para as edificações e as específicas para habilitações, no que aplicáveis, complementadas pelo disposto nesta Seção. Artigo 79 – Nos hotéis, motéis, casas de pensão, hospedarias e estabelecimentos congêneres, todas as paredes internas, até a altura mínima de 1,50m, serão revestidas ou pintadas com materiais impermeáveis, não sendo permitidas paredes de madeira para divisão de dormitórios. Artigo 80 – As instalações sanitárias de uso geral deverão:

I - ser separadas por sexo, com acessos independentes;

II - conter, para cada sexo, no mínimo, uma bacia sanitária, um chuveiro em box e um lavatório para cada grupo de 20 leitos, ou fração, do pavimento a que servem;

III - nos pavimentos sem leitos, ter, no mínimo, uma bacia sanitária e um lavatório para cada sexo;

IV - atender às condições gerais para compartimentos sanitários.

Parágrafo único – Para efeito do inciso II, não serão considerados os leitos de apartamentos que disponham de instalações sanitárias privativas. Artigo 81 – Os estabelecimentos deverão ter reservatórios de água potável, com capacidade que atenda ao estabelecido pelas normas da ABNT. Artigo 82 – Os dormitórios deverão ter área correspondente a, no mínimo, 5,00m² por leito e não inferior, em qualquer

caso, a 8,00m²; quando não dispuserem de instalações sanitárias privativas, deverão ser dotados de lavatório com água corrente. Artigo 83 – Os hotéis, motéis, casas de pensão, hospedarias e estabelecimentos congêneres, que forneçam alimentação, deverão obedecer a todas as disposições relativas a estabelecimentos comerciais de gêneros alimentícios no que lhe forem aplicáveis. Artigo 84 – Os estabelecimentos de que trata esta Seção, estão sujeitos a vistoria pela autoridade sanitária, para efeito de registro perante a autoridade competente.

Parágrafo único – Constatado em vistoria, que o local apresenta condições sanitárias satisfatórias será expedido o correspondente “Certificado de Vistoria Sanitária”. Artigo 85 – Os motéis serão providos, obrigatoriamente, dentro de suas divisas, de locais para estacionamento de veículos, na proporção de um local para cada quarto ou apartamento.

SEÇÃO II

Asilos, Orfanatos, Albergues e Estabelecimentos Congêneres

Artigo 86 - Aos asilos, orfanatos, albergues e estabelecimentos congêneres aplicam-se as normas gerais referentes a edificações e as específicas das habitações no que couber, complementadas pelo disposto nesta Seção. Artigo 87 – As paredes internas, até a altura mínima de 1,50m, serão revestidas ou pintadas de material impermeável não sendo permitidas divisões de madeira.

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Artigo 88 – Os dormitórios coletivos deverão ter área não inferior a 5,00m² por leito, os dormitórios dos tipos quarto ou apartamento deverão ter área não inferior a 5,00m² por leito, com o mínimo de 8,00m². Artigo 89 – As instalações sanitárias serão na proporção mínima de uma bacia sanitária, um lavatório e um chuveiro para cada10 leitos, além do mictório na proporção de 1 para cada 20 leitos.

Artigo 90 - Os locais destinados ao armazenamento, preparo, manipulação e consumo de alimentos deverão atender às

exigências para estabelecimentos comerciais de alimentos, no que aplicáveis.

Artigo 91 - Quando tiverem 50 ou mais leitos, deverão ter locais apropriados para consultórios, médico e odontológico, bem como quarto para doentes.

Artigo 92 – Deverão ter área para recreação e lazer, não inferior a 10% da área edificada.

Parágrafo único – A área prevista neste artigo terá espaço coberto destinado a lazer, não inferior à sua quinta parte e o

restante será arborizado ou ajardinado ou, ainda, destinado a atividades esportivas.

Artigo 93 – Se houver locais para atividades escolares, estes deverão atender às normas estabelecidas para as escolas, no que aplicáveis.

SEÇÃO III

Estabelecimentos Militares e Penais, Conventos, Mosteiros, Seminários e Similares

Artigo 94 – Aos estabelecimentos militares e penais, sob a jurisdição do Estado bem como aos conventos, mosteiros,

seminários e similares, se aplicam as disposições da Seção anterior, adaptadas e complementadas, segundo as peculiaridades de cada tipo de edificação.

CAPITULO V

Habitações de Interesse Social

Artigo 95 – Considera-se habilitação de interesse social, a habitação com o máximo de 60,00m2, integrando conjuntos

habitacionais; construída por entidades públicas de administração direta ou indireta.

§1º - É também considerado de interesse social a habitação isolada, com o máximo de 60,00m², construída sob responsabilidade do proprietário segundo projetos-tipo elaborados pelo Poder Público Municipal.

§2º - Mediante atos específicos, poderão ser considerados de interesse social habitações construídas ou financiadas por outras entidades.

Artigo 96 – O projeto e a execução de habitações de interesse social, embora devam observar as disposições relativas à

aprovação gozarão, em caráter excepcional, das permissões especiais estabelecidas neste Capítulo.

Artigo 97 – No projeto e construção da casa de interesse social serão admitidos os seguintes mínimos:

I - pé direito de 2,40m em todas as peças;

II - área útil de 6,00m² nos quartos, desde que um, pelo menos, tenha 8,00m2 ;

III - área útil de 4,00m² na cozinha;

IV - área útil de 2,00m² no compartimento sanitário.

Artigo 98 – Todas as paredes poderão ser de meio tijolo de espessura e assentes com barro ou saibro, desde que:

I - sejam revestidas com argamassa de cal e areia;

II - haja impermeabilização entre os alicerces e as paredes;

III - os alicerces tenham espessura de um tijolo e sejam feitos com argamassa adequada.

Artigo 99 – A barra impermeável nas paredes, com 1,50m de altura, no mínimo, será obrigatória somente no compartimento sanitário. Na cozinha deverá ser feito pelo menos rodapé de ladrilho ou de argamassa de cimento.

Artigo 100 – É permitida na cozinha, no compartimento sanitário e nas passagens, pavimentação de tijolos com

revestimento de argamassa de cimento e areia de 1,50cm de espessura.

Artigo 101 – É obrigatória a ligação do prédio às redes urbanas de água e esgotos e, na falta destas, a construção de poço, com instalação de bomba e reservatório de quinhentos litros, no mínimo, com canalização para a cozinha e instalação sanitária, bem como é obrigatória a instalação de fossa séptica, obedecidas as prescrições deste Regulamento. CAPÍTULO VI

Edificações Destinadas a Ensino – Escolas

Artigo 102 – A área das salas de aula corresponderá no mínimo a 1,00m² por aluno lotado em carteira dupla e de 1,20m², quando em carteira individual. Artigo 103 – Os auditórios ou salas de grande capacidade das escolas, ficam sujeitos também às seguintes exigências:

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I - área útil não inferior a 0,80m² por pessoa;

II - ventilação natural, ou renovação mecânica de 50m² de ar por pessoa, no mínimo, no período de 1 hora. Artigo 104 – A área de ventilação natural das salas de aula deverá ser no mínimo igual à metade da superfície iluminante, a qual será igual ou superior a 1/5 da área do piso.

§ 1.º – Será obrigatória a iluminação natural unilateral esquerda, sendo admitida a iluminação zenital, quando prevenido o ofuscamento.

§ 2.º – A iluminação artificial, para que possa ser adotada em substituição à natural, deverá ser justificada e aceita pela autoridade sanitária e atender às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Artigo 105 – Os corredores não poderão ter larguras inferiores a:

I - 1,50m para servir a até 200 alunos;

II - 1,50m acrescidos de:

a) 0,007m (sete milímetros) por aluno, de 200 a 500;

b) 0,005m (cinco milímetros) por aluno, de 501 a 1.000;

c) 0,003m (três milímetros) por aluno excedente de 1.000.

Artigo 106 – As escadas e rampas deverão ter em sua totalidade, largura não inferior à resultante da aplicação dos critérios de dimensionamento dos corredores, para a lotação do pavimento a que servem, acrescida da metade daquela necessária para a lotação do pavimento imediatamente superior.

§ 1.º – Para os efeitos deste artigo serão considerados os dois pavimentos que resultem no maior valor;

§ 2.º – As escadas não poderão apresentar trechos em leque; os lances serão retos, não ultrapassarão a 16 degraus e estes não terão espelhos com mais de 0,16m, nem piso com menos de 0,30m, e os patamares terão extensão não inferior a 1,50m;

§ 3.º – As escadas deverão ser dotadas obrigatoriamente de corrimão;

§ 4.º – O número de escadas será de 2 no mínimo, dirigidas para saídas autônomas;

§ 5.º – As rampas não poderão apresentar declividade superior a 12% e serão revestidas de material não escorregadio, sempre que acima de 6%.

Artigo 107 – As escolas deverão ter compartimentos sanitários, devidamente separados para uso de cada sexo.

§ 1.º – Esses compartimentos, em cada pavimento, deverão ser dotados de bacias sanitárias em número correspondente, no mínimo, a uma para cada 25 alunas; uma para cada 40 alunos; um mictório para cada 40 alunos; e um lavatório para cada 40 alunos ou alunas.

§ 2.º - As portas das celas em que estiverem situadas as bacias sanitárias deverão ser colocadas de forma a deixar vãos livres de 0,15m de altura na parte inferior e de 0,30m, no mínimo, na parte superior.

§ 3.° - Deverão, também, ser previstas instalações sanitárias para professores que deverão atender, para cada sexo, à proporção mínima de uma bacia sanitária para cada 10 salas de aula; e os lavatórios serão em número não inferior a um para cada 6 salas de aula.

§ 4.° - É obrigatória a existência de instalações sanitárias nas áreas de recreação, na proporção mínima de 1 bacia sanitária e 1 mictório para cada 200 alunos; uma bacia sanitária para cada 100 alunas e um lavatório para cada 200 alunos ou alunas. Quando for prevista a prática de esportes ou educação física, deverá haver também chuveiros, na proporção de um para cada 100 alunos ou alunas e vestiários separados, com 5,00m², para cada 100 alunos ou alunas, no mínimo. Artigo 108 – É obrigatória a instalação de bebedouros de jato inclinado e guarda protetora na proporção mínima de 1(um) para cada 200 alunos, vedada sua localização em instalações sanitárias; nos recreios, a proporção será de 1(um) bebedouro para cada 100 alunos;

Parágrafo único – Nos bebedouros, a extremidade do local de suprimento de água deverá estar acima do nível de transbordamento do receptáculo. Artigo 109 – Os compartimentos ou locais destinados à preparação, venda ou distribuição de alimentos ou bebidas, deverão satisfazer às exigências para estabelecimentos comerciais de gênero alimentícios, no que lhe forem aplicáveis. Artigo 110 – As áreas destinadas à administração e ao pessoal de serviço, deverão atender às prescrições para locais de trabalho, no que aplicáveis. Artigo 111 – Nos intervalos, além das disposições referentes a escolas, serão observadas as referentes habitações, aos dormitórios coletivos, quando houver, e aos locais de preparo, manipulação e consumo de alimentos, no que lhe forem aplicáveis.

Parágrafo único – Deverá haver, também, nos internatos, local para consultório médico, com leitos anexos. Artigo 112 – Nas escolas de 1.º grau é obrigatória a existência de local coberto para recreio, com área, no mínimo, igual a 1/3 (um terço) da soma das áreas das salas de aula. Artigo 113 – As áreas de recreação deverão ter comunicação com o logradouro público, que permita escoamento rápido dos alunos, em caso de emergência; para tal fim, as passagens não poderão ter largura total inferior à correspondente a 1cm por aluno, nem vão inferiores a 2 metros. Artigo 114 – As escolas ao ar livre, parques infantis e congêneres, obedecerão às exigências deste Regulamento no que aplicáveis. Artigo 115 – Os reservatórios de água potável das escolas terão capacidade, adicional a que for exigida para combate a incêndio, não inferior à correspondente a 50 litros por aluno.

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Parágrafo único – Esse mínimo será de 100litros por aluno, nos semi-internatos e de 150 litros por aluno nos internatos.

CAPÍTULO VII

Locais de Reunião – Esportivos, Recreativos, Sociais, Culturais e Religiosos

SEÇÃO I

Piscinas

Artigo 116 – Para efeito deste Regulamento, as piscinas se classificam nas quatro categorias seguintes:

I - piscinas de uso público – as utilizáveis pelo público em geral;

II - piscinas de uso coletivo restrito – as utilizáveis por grupos restritos, tais como, condomínios, escolas, entidades, associações, hotéis, motéis e congêneres;

III - piscinas de uso familiar – as piscinas de residências unifamiliares;

IV - piscinas de uso especial – as destinadas a outros fins que não o esporte ou a recreação, tais como as terapêuticas e outras.

Artigo 117 – Nenhuma piscina poderá ser construída ou funcionar, sem que atenda às especificações do projeto aprovado pela autoridade sanitária, obedecidas as disposições deste Regulamento e das Normas Técnicas Especiais a elas aplicáveis.

§ 1.º - As piscinas de uso público e de uso coletivo restrito, deverão possuir alvará de funcionamento, que será fornecido pela autoridade sanitária após a vistoria de suas instalações.

§ 2.º - As piscinas de uso familiar e de uso especial ficam dispensadas das exigências deste Regulamento. Artigo 118 – É obrigatório o controle médico sanitário dos banhistas que utilizem as piscinas de uso público e de uso coletivo restrito.

Parágrafo único – As medidas de controle médico sanitário serão ajustadas ao tipo de estabelecimento ou de local em que se encontra a piscina, segundo o que for disposto em Norma Técnica Especial. Artigo 119 – As piscinas constarão, no mínimo, de tanque, sistema de circulação ou de recirculação, vestiários e conjuntos de instalações sanitárias. Artigo 120 – O tanque obedecerá às seguintes especificações mínimas:

I - revestimento interno de material resistente, liso e impermeável;

II - o fundo não poderá ter saliências, reentrâncias ou degraus;

III - a declividade do fundo, em qualquer parte da piscina, não poderá ter mudanças bruscas; e, até 1,80m de

profundidade, não será maior do que 7%;

IV - as entradas de água deverão estar submersas e localizadas de modo a produzir circulação em todo o tanque.

§ 1.° - O tanque deverá estar localizado de maneira a manter um afastamento de, pelo menos 1,50m das divisas.

§ 2.° - Em todos os pontos de acesso à área do tanque é obrigatória a existência de lava-pés, com dimensões mínimas de 2,00m x 2,00m e de 0,2m de profundidade útil, nos quais deverá ser mantido cloro residual acima de 25mg/litro. Artigo 121 – Os vestiários e as instalações sanitárias, independentes por sexo, conterão, pelo menos:

I - bacias sanitárias e lavatórios na proporção de 1 para cada 60 homens e 1 para cada 40 mulheres;

II - mictórios na proporção de 1 para cada 60 homens;

III - chuveiros, na proporção de 1 para cada 40 banhistas.

§ 1.° – Os chuveiros deverão ser localizados de forma a tornar obrigatória a sua utilização antes da entrada dos banhistas na área do tanque.

§ 2.° - As bacias sanitárias deverão ser localizadas de forma a facilitar a sua utilização antes dos chuveiros. Artigo 122 – A área do tanque será isolada, por meio de divisória adequada.

Parágrafo único – O ingresso nesta área só será permitido após a passagem obrigatória por chuveiro. Artigo 123 – A água do tanque deverá atender às seguintes condições:

I - permitir visibilidade perfeita, a observador colocado à beira do tanque, de um azulejo negro de 0,15x0,15m, colocado

na parte mais profunda do tanque;

II - pH entre 6,7 e 7,9;

III - cloro residual disponível entre 0,5 a 0,8 mg/litro. Artigo 124 – Serão regulamentados por Norma Técnica Especial, a qualidade da água utilizada nas piscinas, os projetos de piscinas, os requisitos sanitários de uso, de operação e de manutenção, bem como o controle médico sanitário dos banhistas.

SEÇÃO II

Colônias de Férias e Acampamentos

Artigo 125 – Às colônias de férias se aplicam as disposições referentes a hotéis e similares bem como as relativas aos locais de reunião e de banho, quando for o caso. Artigo 126 – As colônias de férias e os acampamentos de trabalho ou de recreação só poderão ser instalados em local de terreno seco e com declividade suficiente para o escoamento das águas pluviais.

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Artigo 127 – Quando o abastecimento de água da colônia de férias ou acampamento se fizer água de superfície, o manancial será convenientemente protegido; quando esse abastecimento se fizer por poços, estes atenderão às exigências previstas neste Regulamento. Artigo 128 – Nas colônias de férias e acampamentos é obrigatória a existência de instalações sanitárias separadas para cada sexo na proporção de uma bacia sanitária, um lavatório e um chuveiro para cada 20 pessoas. Artigo 129 – Nenhum local de acampamento poderá ser aprovado sem que possua:

I - sistema adequado de captação e distribuição de água potável e afastamento de águas residuarias;

II - instalações sanitárias, independentes para cada sexo, em número suficiente;

III - adequada coleta, afastamento e destino dos resíduos sólidos (lixo), de maneira que satisfaça às condições de higiene;

IV - instalações adequadas para lavagem de roupas e utensílios.

Parágrafo único – A qualidade da água de abastecimento deverá ser demonstrada pelos responsáveis por locais de acampamentos e colônias de férias, à autoridade sanitária, mediante resultados de exames de laboratório, semestralmente, e

sempre que solicitado.

SEÇÃO III

Cinemas, Teatros, Auditórios, Circos e Parques de Diversões de Uso Público Artigo 130 – As salas de espetáculos e auditórios, serão construídos com materiais incombustíveis. Artigo 131 – Só serão permitidas salas de espetáculos no pavimento térreo e no imediatamente superior, ou inferior, devendo em qualquer caso, ser assegurado o rápido escoamento dos espectadores. Artigo 132 – As portas de saída das salas de espetáculos, deverão obrigatoriamente abrir para o lado de fora, e ter na sua totalidade a largura correspondente a 1cm por pessoa prevista para lotação total, sendo o mínimo de 2,00m por vão. Artigo 133 – Os corredores de saída atenderão ao mesmo critério do artigo anterior.

Parágrafo único – Quando houver rampas, sua declividade não poderão exceder a 12%; quando acima de 6%, serão revestidas de material não escorregadio. A largura das rampas será a mesma exigidas para escadas. Artigo 134 – As escadas terão larguras não inferiores a 1,50m e deverão apresentar lances retos de 16 degraus, no máximo, entre os quais se intercalarão patamares de 1,50m de extensão, no mínimo, não podendo apresentar trechos em leque.

§ 1.° - Quando o número de pessoas que por elas devem transitar for superior a 150, a largura aumentará à razão de 8mm

por pessoa excedente.

§ 2.° - Os degraus não terão piso inferior a 0,30m nem espelho superior a 0,16m.

§ 3.° - O número de escadas será de 2, no mínimo, dirigidas para saídas autônomas. Artigo 135 – As salas de espetáculos serão dotadas de dispositivos mecânicos, que darão renovação constante de ar, com capacidade de 13,00m³ de ar exterior, por pessoa e por hora.

§ 1.° - Quando instalado sistema de ar condicionado será obedecida a norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas.

§ 2.° - Em qualquer caso, será obrigatória a instalação de equipamentos de reserva. Artigo 136 – As cabines de projeção de cinemas deverão satisfazer as seguintes condições:

a) área mínima de 12,00m² , pé direito de 3,00m;

b) porta de abrir para fora e construção de material incombustível;

c) ventilação natural ou por dispositivos mecânicos;

d) instalação sanitária. Artigo 137 – Os camarins deverão ter área não inferior a 4,00 m² e serão dotados de ventilação natural ou por dispositivos mecânicos.

Parágrafo único- Os camarins individuais ou coletivos serão separados para cada sexo e servidos por instalações com bacias sanitárias, chuveiros e lavatórios na proporção de 1 conjunto, para cada 5 camarins individuais ou para cada 20,00 m² de camarim coletivo. Artigo 138 – As instalações sanitárias destinadas ao público nos cinemas, teatros e auditórios, serão separadas por sexo e independentes para cada ordem de localidade.

Parágrafo único - Deverão conter, no mínimo, uma bacia sanitária para cada 100 pessoas, um lavatório e um mictório para cada 200 pessoas, admitindo-se igualdade entre o número de homens e o de mulheres. Artigo 139 – Deverão ser instalados bebedouros, com jato inclinado, fora das instalações sanitárias, para uso dos freqüentadores, na proporção mínima de um para cada 300 pessoas. Artigo 140 - As paredes dos cinemas, teatros, auditórios e locais simulares, na parte interna deverão receber revestimento ou pintura lisa, impermeável e resistente, até a altura de 2,00m. Outros revestimentos poderão ser aceitos, a critério da autoridade sanitária, tendo em vista a categoria do estabelecimento. Artigo 141 – Para os efeitos deste Regulamento, equiparam-se no que for aplicável, aos locais referidos no artigo anterior, os templos maçônicos e congêneres. Artigo 142 – Os circos, parques de diversões e estabelecimentos congêneres deverão possuir instalações sanitárias provisórias, independentes para cada sexo, na proporção mínima de uma bacia sanitária e um mictório para cada 200 freqüentadores em compartimentos separados.

§ 1.º - Na construção dessas instalações sanitárias poderá ser permitido o emprego de madeira e de outros materiais em placas, devendo o piso receber revestimento liso e impermeável.

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§ 2.º - Será obrigatória a remoção das instalações sanitárias construídas nos termos do parágrafo anterior, e o aterro das fossas, por ocasião da cessação das atividades que a elas deram origem. Artigo 143 – Os estabelecimentos previstos nesta Seção estão sujeitos a vistoria pela autoridade sanitária, para efeito de licenciamento pela autoridade competente.

Parágrafo único – Constatado em vistoria que o local apresenta condições sanitárias satisfatórias, será expedido o

correspondente “Certificado de Vistoria Sanitária”. Artigo 144 – Sobre as aberturas de saída das salas de espetáculo propriamente ditas é obrigatória a instalação de luz de emergência, de cor vermelha, e ligada a circuito autônomo de eletricidade. SEÇÃO IV

Locais de Reunião para fins religiosos Artigo 145 - Consideram-se locais de reunião para fins religiosos os seguintes:

I - templos religiosos e salões de cultos;

II - salões de agremiações religiosas.

Artigo 146 – As edificações de que trata esta Seção deverão atender, além das normas e especificações gerais para edificações, mais aos seguintes requisitos:

I - as aberturas de ingresso e saída em número de 2, no mínimo, não terão largura menor que 2,00m e deverão abrir para fora e serem autônomas;

II - o local de reunião ou de culto, deverá ter:

a) o pé-direito não inferior a 4,00m;

b) área do recinto dimensionada segundo a lotação máxima prevista;

c) ventilação natural ou por dispositivos mecânicos capaz de proporcionar suficiente renovação de ar exterior.

Parágrafo único – Quando instalado sistema de condicionamento de ar, este deverá obedecer às Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Artigo 147 – As edificações de que trata esta Seção, deverão dispor, além das privativas, instalações sanitárias para

eventual uso dos freqüentadores, separadas por sexo, com acessos, independentes, e constantes, pelo menos de:

I - um compartimento para homens, contendo bacia sanitária, lavatório e mictório;

II - um compartimento para mulheres, contendo bacia sanitária e lavatório.

Parágrafo único – Quando abrigarem outras atividades anexas, como escolas, pensionatos ou residências, deverão satisfazer as exigências próprias da respectiva norma específica.