apostila_historia da igreja

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INSTITUTO TEOLGICO BETEL DO ABCDRua Laureano n.877 Utinga- Camilpolis- Santo Andr SPEntidade Mantenedora: I.E.A.D.U. C.N.P.J.: 43.342.617/0001 06C.E.P. : 09320 610

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Fone/fax: (0**11)4461.1396/4461.3041

01

HISTRIA DA IGREJA...Ao nico soberano, o Rei dos reis e Senhor dos senhores"; o nico que possui imortalidade, que habita em luz inacessvel, a quem homem algum jamais viu, nem capaz de ver. E Ele honra e poder eterno.Amm. I Timteo 6:16

RUBENS DA COSTA CARREIRA PASTOR

02CAPTULO I A PREPARAO PARA O CRISTIANISMO Uma das coisas que tornam o estudo da Histria da Igreja Crist uma inspirao que esse estudo nos convence de que Deus est, realmente, operando a salvao do gnero humano no mundo em que vivemos. Em parte alguma verificamos esta operao divina mais claramente do que na maneira extraordinria e maravilhosa como foi o mundo antigo preparado para a vinda de Jesus Cristo. Ele veio na plenitude dos tempos, quando todas as coisas tinham sido dispostas de tal modo, pela mo do Pai, que a vinda do Filho obteve pleno xito. Podemos compreender melhor esta preparao do mundo para o advento do Cristianismo, considerando, primeiramente, a contribuio de trs grandes povos. Cada um, no seu tempo, pela providncia divina, criou as condies da sociedade em que o Cristianismo apareceu realizando as suas primeiras conquistas. I. A CONTRIBUIO DOS POVOS Os Romanos ( o domnio mundial de Roma ) Quando o Cristianismo surgiu, e durante os primeiros sculos de sua existncia, os romanos eram senhores do mundo. Assim o consideramos, no obstante haver muitssimas regies fora de seu domnio, porque parte de que governaram foi aquela onde a civilizao do mundo estava realizando os seus notveis progressos. Os habitantes desse imprio o consideravam abrangendo o mundo, pois ignoravam o que existia alm das suas fronteiras. Alm disso, o mundo romano inclua todas as terras que seriam alcanadas pelo Cristianismo durante os trs primeiros sculos de era crist. L pelos anos de 50 d.c., o imprio abrangia a Europa ao sul do Reno e do Danbio, a maior parte da Inglaterra, o Egito e toda a costa norte da frica, com grande parte da sia, desde o Mediterrneo Mesopotmia. No era somente pela fora que os romanos dominavam todas essas regies; eles os governavam uma civilizao incomparavelmente superior anteriormente existente naquelas terras. O poder desse imprio foi o maior acentuado, e sua administrao mais eficiente nas terras adjacentes ao Mediterrneo, exatamente onde o Cristianismo foi primeiramente implantado. Com o seu imprio, os romanos os mais teis instrumentos de Deus no preparo do mundo para o advento do Cristianismo (os povos unificados). Esse imprio, que inclua grande parte do gnero humano, foi uma lio objetiva que provava ser a humanidade uma s. Pr muitas eras, governos separados formaram grupamentos humanos que se sentiam diferentes e isolados de todos os outros grupos; mas, com o imprio romano, os povos se unificaram, no sentido em que todos os governos tinham sido derrubados e um poder nico dominava em toda parte. O Cristianismo uma religio de carter universal, no conhecendo distines de raa, apelando para os homens simplesmente como homens, tornando todo UM em Cristo. Para tal religio, a preparao mais valiosa foi unificao de todos os povos sob o poder poltico de Roma.

03 Alm disso, o poder de Roma trouxe uma paz universal, a PAZ ROMANA (paz universal). As guerras entre as naes tornaram-se quase impossvel sob a gide desse poderoso imprio. Esta paz entre os povos favoreceu extraordinariamente a disseminao, entre as naes, da religio que pretendia um domnio espiritual universal. Finalmente, a administrao romana, sbia forte e vigilante, tornou fceis e seguras as viagens e comunicaes entre diferentes partes doem mundo. Os piratas, que estorvavam a navegao, foram varridos dos mares. Pr terra, as esplndidas estradas romanas davam acesso a todas as partes do imprio. Essas estradas notveis realizaram naquela civilizao o mesmo papel das nossas estradas de rodagem e estradas de ferro da atualidade. E to policiadas eram essas vias de comunicao, que os ladres desistiram dos seus assaltos. De modo que as viagens e o intercmbio comercial tiveram extraordinrio incremento. provvel que, durante os primeiros tempos do Cristianismo, o povo se locomovia de uma cidade para outra ou de um pas para o outro, muito mais do que em qualquer outra poca, exceto depois da Idade Mdia. Os que sabem como as atuais facilidades de transporte tm auxiliado o trabalho missionrio, podem compreender o que significava esse estado de coisa para a implantao do Cristianismo. Teria sido impossvel ao apstolo Paulo realizar sua carreira missionria sem essa liberdade e facilidade de trnsito possibilitadas pelo imprio romano. Contriburam muitssimo para o progresso do Cristianismo nos seus primeiros anos, as portas abertas que encontrou atravs de todo mundo civilizado, as quais facilitaram o livre intercmbio entre os pases onde novas idias deveriam ser pregadas e encorajaram os movimentos dos primeiros missionrios. b. Os gregos (sua grande influncia) Ao surgir o Cristianismo, os povos que habitavam as regies do Mediterrneo tinham sido profundamente influenciados pelo esprito do povo grego. Colnias gregas, algumas das quais com centenas de anos, foram amplamente disseminadas ao longo das costas de todo o Mediterrneo. Com seu comrcio, os gregos foram a todas as partes. A sua influncia espalhouse e foi mais acentuada nas cidades e pases que se constituam nos mais importantes centros do mundo de ento. To poderosa foi a influncia dos gregos que denominados de grego romano a este mundo antigo, porque Roma governava politicamente, mas a mentalidade dos povos desse imprio tinha sido moldada fundamentalmente pelos gregos Por muitos sculos antes da era crist os gregos forma detentores da visa intelectual mais vigorosa, mais desenvolvida do mundo. Problemas sobre os quais os homens cogitavam: a origem e significado do mundo, a existncia de Deus e do homem, o bem e o mal, enfim tudo quanto se relacionava com as pesquisas filosficas foi objeto de meditao dos gregos como de nenhum outro povo. verdade que os hebreus tinham recebido uma revelao de Deus e sua vontade, que os gregos jamais possuram, mas os judeus no eram dados s pesquisas, s indagaes, nem se interessavam pela discusso dessas questes, como o fizeram os gregos.

04 Do sexto ao terceiro sculo antes de Cristo, um grande movimento intelectual sobre assuntos filosficos e teolgicos ocorreu entre os gregos, movimento no qual pontificaram os mais profundos e influentes pensadores do mundo, ensinando muita coisa de valor que ainda hoje perdura. Como conseqncia disto, verificou-se um desenvolvimento maravilhoso da mentalidade do povo grego que aprendeu a pensar muito e profundamente nas questes debatidas pelos seus filsofos. O raciocnio e a curiosidade dessa gente desenvolveram-se ao mximo. Como exemplo dessa influncia, temos Scrates aparecendo nas praas pblicas de Atenas, a fazer perguntas e a debater assuntos e idias que obrigavam os homens a meditar em problemas que jamais tinham entrado em suas cogitaes. Isso resultou em que o grego tpico tornou-se um homem vivaz, inquiridor, polemista, ansioso por falar em assuntos profundos e coisas que se relacionavam com o cu e a terra. fcil compreender o resultado do contato do grego com outros povos (os gregos levam os povos a pensar). A sua influncia estende-se por toda parte, aprofundando o pensamento dos homens nessas idias e pesquisas que se relacionavam com grandes problemas da vida. Esse tipo de curiosidade intelectual e esta prontido de raciocnio prevalecia nos centros principais do mundo grego-romano, lugares esses que depois foram alcanados pelos primeiros missionrios com a pregao do Cristianismo. Assim, os povos desses lugares estavam mais dispostos a receber a nova religio do que estariam se no fosse a influncia dos gregos. Os gregos fizeram outra contribuio importante ao preparo do mundo para o advento do Cristianismo, disseminando a lngua (lngua Universal) em que este seria pregado ao gnero humano pela primeira vez. Uma prova da extenso da influncia do grego v-se no fato de que a lngua mais falada nos pases situados s margens do Mediterrneo era o dialeto grego conhecido como KOIN ou dialeto comum. Era esta lngua universal do mundo grego romano usado para todos os fins no intercmbio popular. Quem quer que o falasse seria entendido em toda a parte, especialmente nos grandes centros onde o Cristianismo foi primeiramente implantado. Os primeiros missionrios, como por exemplo, Paulo, fizeram quase todas as suas pregaes nesta lngua e nela foram escritos os livros que vieram a constituir o nosso Novo Testamento. De modo que a religio universal encontrou, para sua propaganda e conhecimento, entre os homens, uma lngua universal; e esse auxlio inestimvel foi, por Deus, providenciado por intermdio do povo grego. c. Os Judeus Os hebreus os judeus, constituram o povo divinamente indicado para mordomos da verdadeira religio. A misso deles foi receber de Deus uma revelao em especial a respeito do prprio Deus e de sua vontade, assenhorar-se desse ensino divino, proporo que iam recebendo numa revelao progressiva, preservar tais ensinos na sua

05 pureza e integridade, de modo que, na plenitude dos tempos, eles, os judeus, se constitussem numa beno para todos os povos. No podemos entender a grandeza da vida nacional desse povo sem que reconheamos a sua historia como uma preparao divina do mundo para o aparecimento da religio pela qual Deus se propusera salvar o gnero humano. Os judeus, como se tem dito com muito acerto, prepararam o Bero do Cristianismo, fizeram os preparativos para o seu nascimento e o alimentaram na sua primeira infncia. Prepararam antecipadamente a vida religiosa em que foram instrudos, o Senhor Jesus mesmo e todos os cristos primitivos, inclusive os apstolos e os primeiros missionrios. Em parte alguma do mundo, ao surgir o Cristianismo, havia uma vida religiosa to pura e to forte como a existente entre os melhores representantes da religio judaica, cujos caractersticos essenciais eram dois: a mais alta concepo conhecida entre os homens, como resultado do ensino do Velho Testamento; e o mais alto ideal da vida moral que se conhecia, resultante dessa sublime concepo de Deus. Humanamente falando no podemos ver a vida e os ensinos de Jesus pudessem ter procedido da vida religiosa de qualquer outro povo a no ser os judeus. No podemos ver como outro povo, a no ser o judeu, podia se dispor a receber no seu inicio, a religio que Cristo trouxe, e estend-la a toda parte. Preparados naquela religio mais antiga (o judasmo), religio que era to intimamente apresentada com o Cristianismo, os judeus foram necessrios para estenderem e pregarem a nova religio. Para quem conhece bem a vida dos gregos e romanos fcil sentir a impossibilidade de arrebanhar entre eles, homens que fossem para o Cristianismo o que vieram a ser os primeiros discpulos, um Paulo e os apstolos. Em segundo lugar, os judeus prepararam o caminho o Cristianismo porque se constituram numa raa que aguardava o que o Cristianismo oferecia: um Salvador divino. A esperana de um Messias era acariciada por todos os judeus como a mais preciosa das suas possesses. verdade que muitos alimentavam tal esperana com uma concepo grosseira, materialista. Mas em todas as concepes havia um elemento essencial: a ardente expectao de um enviado de Deus para redimir o seu povo. Jamais houve entre os demais povos uma esperana ou perspectiva do futuro comparvel esperana messinica dos judeus. O que havia, realmente, no mundo romano era uma forte dose de desespero, de cansao, de desiluso. O cristianismo encontrou todos os seus primeiros seguidores entre os judeus, e o elemento que os habitou receberem a nova religio, foi a esperana de um Salvador divino. Em terceiro lugar, os livros Sagrados dos judeus foram um auxlio inestimvel. O nosso Velho Testamento foi eles entesourados como um relato de manifestao do prprio Deus na sua vida nacional.

06 Assim, a nova religio foi suprida, no seu nascimento, por uma literatura religiosa que ultrapassou, infinitamente, qualquer outra desse gnero ento existente, e que confirmou os ensinos cristos, prenunciando Cristo pelas profecias. O Cristianismo, antes de produzir seus prprios livros, encontrou, prontos para o seu uso, os antigos manuscritos que lhe foram do maior auxlio. Jesus fez uso constante do Velho Testamento para nutrir a sua prpria vida e basear os seus ensinos, e, consoante seu exemplo, as escrituras judaicas eram lidas regularmente nas reunies de culto dos primitivos cristos. Todos os cristos, judeus ou no, retiraram delas instruo e inspirao incalculveis. Nota-se tambm que o Velho Testamento era conhecido de numerosos gentios que tinham sido atrados para a religio judaica, como a mais pura que podiam encontrar, e, assim, esta religio se tornou um meio pelo qual muito desses homens vieram a Jesus. Julgamos tambm ser necessrio dizer algo sobre a importante contribuio que os elementos judaicos da Dispero (=Dispora) (sua importncia) fizeram preparao para o Cristianismo. Trata-se dos Judeus que foram espalhados em virtude dos cativeiros que sofreram. Esses judeus podiam ser encontrados em quase todas as cidades do antigo mundo greco-romano. Em qualquer parte onde tivessem, conservavam a sua religio e mantinham as suas sinagogas. Em muitos lugares realizavam trabalho missionrio ativo. Assim, ganharam entre os gentios numerosos proslitos e tornaram conhecidos os ensinamentos da sua religio a muitos outros que, embora s em parte, os aceitaram. Esta misso judaica foi uma precursora muito til das misses crists, porque espalhou, extensivamente, entre os gentios, certos elementos religiosos bsicos que so essenciais tanto ao Cristianismo como ao judasmo. Um desses elementos era a crena monotesta, a crena em um Deus. Outro foi uma lei moral elevada que tanto o judasmo como o Cristianismo ensinavam ser parte integrante da religio. Nisto ambas se diferenciavam das religies pags que nada ensinavam sobre a conduta humana. Um terceiro elemento foi esperana de um Salvador. Muitos gentios, pelo contato com os judeus, tinham sido inspirados por essa expectao, preparando-se, desse modo, para a aceitao de Cristo como aquele Salvador que havia de vir. II O MUNDO AO SURGIR O CRISTIANISMO (a) As condies Religiosas (declnio da velha religio clssica) A velha religio dos deuses e das deusas da Grcia e de Roma, que conhecemos atravs da Histria da Mitologia Clssica, tinha perdido quase toda vitalidade e influncia ao tempo do advento do Cristianismo. No obstante as formas de o seu culto serem, ento, de certo modo, ainda conservadas, os homens cultos geralmente no mostravam crena nessa religio; nem mesmo entre o povo comum exercia ela muita influncia. O Imperador Augusto que reinava ao tempo em que Cristo nasceu, muito se preocupou com esse declnio da velha e tradicional religio, e enviou esforos extraordinrios para reaviva-la, sendo quase tudo em vo.

07 Todavia, no se pode afirmar que esta poca se caracterizava pela irreligiosidade. Augusto tambm estabeleceu a religio do Estado. Conforme o seu desenvolvimento posterior, veio ela a se constituir na venerao de imagens e esttuas dos imperadores que ento reinavam e dos que os antecederam, como smbolos do poder de Roma. O Estado foi endeusado como nos modernos regimes totalitrios. Tomaram vitalidade considervel certo cultos primitivos e a adorao de divindades associadas a certas localidades, ocupaes ou profisses, aspectos de vida, etc. Os antigos mistrios helnicos exerciam grande atrao nas massas. Esses mistrios eram cerimnias secretas e dramticas que realavam certas idias concernentes perpetuao da vida. O orfismo, antigo movimento grego de religio mstica que ensinava doutrinas de salvao e vida depois da morte era representado por muitas irmandades. Mais poderosas e mais influentes, porm, eram as religies orientais que se espalhavam pelas margens do Mediterrneo, tendo conseguido muitos adeptos. da Frgia, veio o culto de sis com Serpis ou Osris. Essas religies influncia no comeo da era crist. Mais tarde, a mais popular das religies orientais, a deusas Mitras, veio do leste da sia Menor, e era a deusa mascote do exrcito romano por onde ele ia. Essas religies misteriosas tinham uma semelhana superficial com o Cristianismo, por organizarem sociedades, agrupando indivduos independente de raa ou posio social, os quais faziam refeies em comum, praticavam certas ablues que eram consideradas como purificaes espirituais, e, em muitos casos, pelo culto de divindades que supostamente tinham sofrido morte e ressuscitado, comunicando, assim, vida imortal aos seus seguidores. Em aspectos mais profundos, essa religies muito se distanciavam do Cristianismo. Foi uma era de religiosidade aquela em que o Cristianismo alcanou as suas primeiras conquistas. Nesse tempo havia muito interesse no conhecimento das vrias formas de religio e muita ansiedade por idias e crenas que trouxeram mais satisfao alma. significativo que em relao ao Cristianismo, houvesse trs coisas preeminentes: uma crena progressiva num s Deus universal; um sentimento de culpa, de pecado, muito generalizado e, em conseqncia, um anseio, um desejo intenso de purificao; e, por fim, um grande interesse nos problemas do alm-tmulo. J dissemos que, antes do aparecimento do cristianismo a melhor religio existente era o judasmo. Mas este no podia satisfazer plenamente as necessidades do mundo. Mesmo enquanto Jesus vivia, o judasmo deu provas de que no era capaz de se constituir numa religio universal. Isto se verifica no carter dos seus lderes, que eram sacerdotes, os saduceus e os mestres, os fariseus. Subestimamos o valor dos fariseus em virtude da oposio deles a Jesus. Mas, apesar de seu vigor moral, entre os fariseus da Palestina desenvolvia-se um estreito preconceito racial com o objetivo de limitar a religio judaica exclusivamente ao povo judeu e, por isso, se opunham obra missionria entre os gentios, obra que tinha sido iniciada durante o cativeiro. b. As Condies Intelectuais O grande movimento filosfico grego chegou ao seu fim no que se relaciona com a pesquisa da verdade, muito tempo, mesmo antes da era crist.

08 Quando surgiu o Cristianismo. O pensamento grego no fazia mais progresso. Duas filosofias gregas__ o Epicurismo e o Estoicismo__ tinham alcanado considervel crdito, ou, melhor, estavam em voga no imprio romano durante os primeiros anos de Cristianismo. Mas nenhuma delas satisfaziam a mente dos homens no que respeitava s questes fundamentais e urgentes, como as do pecado e da vida futura que, por assim dizer, os preocupavam. Ambas essas filosofias eram falhas como mtodos de vida. O Epicurismo, era muito superficial, interesse egosta. O Estoicismo, no obstante seus nobres ensinos de moral exercerem larga influncia, era muito falho no que respeitava simpatia humana. Entre os homens de raciocnio profundo havia um forte sentimento de insatisfao, um desejo ardente de encontrar soluo para os problemas cruciais da vida. Por ocasio da morte da filha, Plnio, o Moo, escreve a um amigo: D-me algum alvio, algum conforto que seja grande e forte, tal que eu nunca tenha ouvido ou lido. Porque tudo o que tem chegado ao meu conhecimento, e de que me posso lembrar, no me ajuda, pois minha tristeza por demais profunda para ser removida pelo que sei. c. As Condies Morais Tem-se pintado, habitualmente, o estado moral do mundo civilizado durante os primeiros tempos do Cristianismo com as mais negras cores, como se no existisse qualquer coisa boa digna de meno. Os fatos que conhecemos no justificam, de todo, esse julgamento. Talvez essa idia seja o resultado da leitura generalizada dos escritos satricos daquela poca que vergastavam os vcios da sociedade, e dos escndalos referidos biogrficos da aristocracia. As classes mais altas, sem dvida, estavam tremendo corrompidas. Entre as classes mdia e baixa, todavia, muitos homens e mulheres levavam vida virtuosa, com alguns gestos de nobreza e de bondade. Quando, porm, reunidos os elementos favorveis e os desfavorveis, o resultado realmente negro. A poca era decadente. Os homens tinham seus espritos perturbado e insatisfeitos. As religies e filosofias ento existentes exerciam pouca influncia sobre a vida. Como resultado disso, o nvel moral era baixo. Nada existia que pudesse melhorar a situao, at que o Cristianismo comeou a exercer a sua influncia. A tendncia da sociedade era para um constante declnio moral. Em conseqncia de tudo isso, havia um sentimento vcuo de cansao entre muitos homens, e especialmente entre os melhores e mais inteligentes deles. Foi a um mundo entenebrecido, sem esperana e muito corrompido, que os primeiros missionrios cristos trouxeram suas boas-novas de salvao. CAPTULO II O Primeiro Sculo I. JESUS E SUA IGREJA (a) Jesus e seus discpulos

09 Jesus teve compaixo das multides, e lutou por alcanar, com o seu ministrio, o maior nmero possvel de pessoas. Mas, evidentemente, planejou fazer muito mais a favor do mundo, tendo ao seu lado alguns homens escolhidos, cheios do seu Esprito, para continuarem a sua obra, do que Ele mesmo levar todo o tempo em pregaes pblicas. Logo no inicio de seu ministrio, Jesus convidou alguns para serem seus companheiros e participantes da sua misso. Depois, dentre os que creram nele, fez a escolha de doze, para que fossem seus companheiros mais ntimos. Numa ocasio, tambm escolheu setenta, aos quais preparou para o ministrio especial da pregao. As relaes de Jesus para com os doze constituem uma das partes caracterstica mais importante de sua obra. A este ministrou ensinos que no deu aos demais de modo geral, e os preparou, de sorte que, aps sua volta aos cus, esses apstolos pudessem revelar um conhecimento perfeito do Mestre, do seu ensino, da Revelao de Deus e da Salvao que, pelo Filho, mandou ao mundo, e tambm a conduta de vida para a qual Cristo chamou todos os homens. Prximo ao fim do seu ministrio, Jesus dedicou-se mais e mais a esta natureza de trabalho com seus discpulos. Suas ltimas palavras foram uma ordem definida para que levassem o anncio do Evangelho a todas as naes e uma promessa de assisti-los com poder, atravs de todos os tempos, enquanto estivessem realizando a sua misso por todo mundo. b. Jesus Funda Sua Igreja Evidentemente, Jesus deixou claro a necessidade de haver uma sociedade constituda dos seus seguidores, a fim de oferecer ao mundo o Evangelho e ministrar, em esprito, os ensinos que lhe dera. O objetivo era propagar o Reino de Deus. Ele no modelou qualquer organizao ou plano de governo para esta sociedade. No indicou oficiais para exercerem autoridade sobre os membros de tal organizao. Credo algum prescreveu para ela. Nenhum cdigo de regras lhe fora imposto. No prescreveu ordens ou formas de culto. Apenas deu aos seus os ritos religiosos mais simples: o batismo, com gua, para significar a purificao espiritual e consagrao ao seu discipulado; e a Ceia do Senhor, no qual usou um pouco de elementos mais comuns da alimentao, com uma comemorao ou lembrana de prprio, especialmente da sua morte para a redeno dos homens. Conseqentemente, em nada que Jesus fez podemos descobrir a organizao da Igreja. Ele fundou a igreja, ou, melhor, Ele mesmo a criou. Jesus formou uma sociedade dos seus seguidores, agrupando-os ao redor de si mesmo. Comunicou a esse grupo, at onde era possvel, sua prpria vida, seu esprito e propsito. Prometeu dar, atravs dos sculos, vitalidade a esta sociedade, sua igreja. E sua grande ddiva a ela foi o Dom dele prprio. Nele, a Igreja teria de encontrar os seus princpios, os seus objetivos, o seu poder. Deixou a Igreja livre para escolher as formas de organizao e de culto, afirmaes de crena, mtodos e trabalhos, etc. O propsito de Cristo era que a vida da sua igreja, isto , a vida do Salvador, latente em seus seguidores, se expressasse pelos modos que lhe parecessem mais apropriados para a consecuo do grande objetivo em vista. II. A IGREJA APOSTLICA (at ao ano 100 d.c.)

10 (a) O Comeo Num certo sentido, a Igreja Crist teve seu nascimento quando Jesus chamou seus primeiros discpulos. Comumente, porm, se diz que a Histria da igreja teve incio no dia de Pentecoste que se seguiu ressurreio, pois foi quando teve comeo a vida ativa da Igreja. Aps a ascenso de Jesus aos cus, os discpulos, no obstante terem recebido ordens de anunciar o Evangelho ao mundo, permanecerem, todavia, quietos, tranqilos em Jerusalm. Estavam aguardando, segundo a ordem do Mestre, o poder prometido que viria do alto. Dez dias depois no Pentecostes, o Esprito Santo prometido por Jesus veio sobre eles revestindo-os de poder. Tornaram-se ento, testemunhas intimoratas54 do Mestre, plenos de nobre atividade. Verifica-se tal mudana no prprio discurso de Pedro no Pentecostes. O que sucedeu a Pedro naquele dia expressa o esprito de todos os primeiros cristos, daquele dia em diante. E desde ento, a Igreja Crist, como uma comunidade destinada a dar testemunho de Cristo, vem proclamando o Evangelho, edificando o Reino de Deus na terra. b. A Extenso da Igreja A primeira pregao do Evangelho, no Pentecostes, foi dirigida unicamente aos judeus. Por algum tempo, talvez dois ou trs anos, as misses crists eram limitadas aos judeus, comeando em Jerusalm e da estendendo-se a toda a Palestina. Os primitivos cristos no perceberam logo a extenso do propsito divino, na salvao do mundo. Como hebreus, reconhecendo que Jesus era o Messias esperado pelo seu povo. Portanto o consideravam como Salvador somente ou principalmente dos judeus, apesar de Jesus, por palavras e atos, ter-lhes ensinado coisa diferente. A perseguio foi o meio pelo qual a Igreja nascente chegou a uma compreenso mais segura do Evangelho que Jesus lhe dera a pregar, e por ela alcanou uma viso mais ampla da obra que Jesus lhe propusera. As autoridades religiosas judaicas que tinham tentado embaraar a pregao evanglica levantaram-se por causado audaz desafio que foi o discurso de Estevo, e empreenderam uma campanha selvagem, violenta e sistemtica contra o Cristianismo. Com esse ataque, a comunidade crist de Jerusalm, que j contava alguns milhares, foi dissolvida. Seus elementos procuraram segurana, espalhando-se por toda a Palestina. No obstante fugirem para salvar a vida e, por causa da sua f, levavam o Evangelho aonde quer que fossem. Alguns deles foram at grande cidade de Antioquia, na Sria. Ali, os seguidores de Cristo foram, pela primeira vez, chamados cristos, nome que, parece, lhes foi dado por zombaria. Nesta cidade, vivendo no meio de uma populao grega, esses exilados tornaram Jesus conhecido tanto de gregos como de judeus.

11 Desse modo, certos obscuros e desconhecidos deram o grande peso para tornarem o Cristianismo uma religio universal. Um pouco mais tarde, essa Igreja de Antioquia enviou Barnab e Paulo, os primeiros expressamente designados para pregarem Cristo aos gentios. Foi Paulo quem concluiu, sob a direo divina, a obra de libertar o Cristianismo. Paulo realizou o que sempre estivera no propsito divino: fazer do Cristianismo pregado a todos os homens no mesmo p de igualdade. Comeando assim sua grande carreira missionaria, o Cristo espalhou-se, de sorte que, pelo ano 100 d.c., havia igrejas em inmeras cidades da sia Menor e em muitos lufares da Palestina, Sria, Macednia e Grcia, em Roma e Puteoli, na Itlia, em Alexandria, e, provavelmente, na Espanha. Paulo foi naturalmente o missionrio que mais contribuiu para esse resultado. O novo testamento refere os nomes de alguns outros, como Priscila e quila. O que a tradio relata sobre a pregao dos apstolos nos leva a pensar que todos eles deram testemunho intimorato, levando s pragas mais longnquas as boasnovas, no obstante conhecermos com mais segurana apenas o trabalho de Pedro e Joo. Todavia, muito da tarefa herica de to grande esforo evangelstico foi realizado por discpulos e missionrios cujos nomes desconhecidos. Cada crente era missionrio ansiosos por oferecer a alegria de que gozava em Cristo s pessoas que encontrava no trabalho, nas comunidades e em outros meios. Em virtude do zelo que tinham em anunciar a Cristo, esses cristos desconhecidos foram os mais eficazes missionrios da sua religio. c. A Vida da Igreja Naquele tempo uma Igreja crist era comumente um pequeno grupo de crentes vivendo numa grande comunidade pag. Quase todos eram pessoas pobres, alguns escravos, embora houvesse cristos nas classes mais altas, especialmente na igreja de Roma. Caractersticas dos cristos: 1 = Amor Fraternal 2 = Zelo e Pureza Moral 3 = Prazer e Confiana. Em toda parte havia muita coisa que distinguia em cristo dos vizinhos pagos. Eles se tratavam mutualmente por irmos em Cristo, e realmente agiam como irmos. Cuidavam desveladamente dos rfos, dos doentes, das vivas, dos desamparados. As coletas e administrao dos fundos de caridade constituam uma das partes mais importantes da vida dessas Igrejas primitivas. Dentro da Igreja todas as distines foram abolidas. Escravos e senhores foram nivelados. As mulheres alcanaram uma posio de honra e de influncia que jamais conseguiram na sociedade profana. Distinguiam-se tambm os cristos por fervor e pureza moral jamais conhecidos em qualquer parte.

12 As epstolas de Paulo aos Corntios nos fala de um povo que estava longe de ser perfeito como era de se esperar daqueles recm convertidos do paganismo e que viviam no meio de suas tentaes. No obstante as vidas dos cristos gentios demonstravam o poder que tem o Evangelho de conceder aos homens uma nova justia. Alm disso, a atitude dominante dos cristos era de contentamento e confiana admirveis Regozijavam-se no amor de Deus, o Pai; na comunho com Cristo redivivo; no perdo dos pecados; na certeza da imortalidade. Assim desconheciam a tristeza e o desespero que oprimiam a vida de muitos que os cercavam. Essas caractersticas dos cristos primitivos constituam uma poderosa recomendao para o Cristianismo, promovendo o seu desenvolvimento. Todas essas caractersticas derivavam parte do seu vigor da constante expectao em que viviam esses discpulos quanto iminente vinda do Senhor, em glria visvel, para restabelecer seu Reino triunfante sobre a terra. A predominncia desta esperana na Igreja. verdade que esses cristos primitivos cometeram, certos erros sobre este assunto da volta do Senhor, mas a esperana de que se achavam possudos muito contribui para fortalecer e purificar suas vidas. Os cristos necessitavam de um auxilio especial, pois estavam constantemente expostos a sofrimentos por causa da sua f. Muitas vezes foram assolados pelos judeus inimigos do Cristianismo. Os cristos eram tambm odiados por muitos, por suas vidas constiturem permanente condenao dos costumes e da conduta moral dos pagos. A partir de Nero (54 a 68 D.C.), o governo romano comeou a hostilizar o Cristianismo, tentando elimin-lo, cruel e rigorosamente. Essa perseguio variava de intensidade medida que variavam os governos. Consideraremos as razes dessa hostilidade no prximo captulo. No esqueamos, porm, de que durante o primeiro sculo o Cristianismo enfrentou o poder oficial como seu inimigo rancoroso. Muitos cristos, tanto famosos lderes, como Paulo, como outros heris, desconhecidos, receberam a coroa de martrio. d. O Culto na Igreja A pobreza e a perseguio impossibilitam a Igreja primitiva de construir seus templos durante o primeiro sculo, razo por que os cristos se reuniam para o culto em casas particulares. Deduzimos das Epistolas de Paulo, especialmente as enviadas aos Corntios, que havia dois tipos de reunies de Culto. Um era o tipo de culto de orao. O culto era dirigido conforme o Esprito os movia no momento. Faziam oraes, davam testemunhos, ministravam ensinos, cantavam Salmos. A apareceram tambm os primeiros hinos cristos do primeiro sculo . Eram lidas e explicadas as Escrituras do Velho Testamento. Havia tambm leituras de citaes, de memrias, dos atos e ensinos de Jesus. Quando os apstolos enviavam cartas s Igrejas, como s que encontramos no Novo Testamento, essas cartas eram lidas para todos. Nessas reunies o entusiasmo do Cristianismo primitivo encontrou livre expresso.

13 E esse entusiasmo s vezes era to ardoroso que resultava em certa desordem. Eram admitidas os estranhos a essa reunies e nelas alguns deles se levantavam confessando seus pecados e declarando que aceitavam a Jesus. A outra era conhecida como a Festa do Amor ou Fraternidade. Era uma refeio comum, muito alegre e sagrada, smbolo do amor fraternal cristo. Dela somente os cristo podiam participar. Cada um trazia a sua parte da refeio e este elemento eram repartidos entre todos igualmente. Paulo repreende o egosmo dos que comiam o que eles mesmos traziam e se recusavam a dividir o que tinham com os que no podiam trazer coisas boas. Durante as refeies o dirigente dava graas. Ao fim de tudo celebra-se a Ceia do Senhor em que se usava uma parte do po que tinha sido servido na festa. Esta reunio era no Dia do Senhor, o primeiro dia da semana, que os cristo guardavam como a Festa para comemorar a ressurreio de Cristo. Na obstante haver bastante incerteza sobre este assunto, provvel que, a princpio, a Festa do Amor fosse realizada noite. J no fim do primeiro sculo a Ceia do Senhor o Eucaristia era celebrada pela manh do dia de Domingo, chamado Dia do Senhor. (E) A Crena da Igreja Na Igreja do primeiro sculo no se compuseram credos ou declaraes formais de f. O Credo s apareceu no segundo sculo. Para conhecermos a crena dos cristos primitivos, devemos recorrer ao Novo Testamento. Criam eles em Deus, o Pai; em Jesus, como o Filho de Deus e Salvador ; criam no Esprito Santo, de cuja presena estavam conciso. Criam no perdo dos pecados. A base de seu ideal moral eram o ensino de Jesus sobre o amor todos o homens. Aguardavam a volta de Jesus para exercer o julgamento final e dar a vida eterna a todos que crescem nele. Suas idias doutrinrias, se assim o podemos chamar, eram muito simples. Todos seus pensamentos sobre a vida religiosa tinham como centro a Pessoa de Cristo. Duas influncias levavam os crentes do primeiro sculo a cair em alguns erros doutrinrios, os quais, de certo modo, ameaaram a pureza do Evangelho. Os judaizantes ensinavam que os cristos deviam cumprir todas as cerimnias exigidas pela Lei Judaicas. Paulo condenou-os porque viu que, se o ensino deles prevalecesse, o Cristianismo no podia ser a religio de todas as raas. Encontramos no Novo Testamento advertncias solenes contra os erro do chamados Gnosticismos. Esta seita surgiu no primeiro sculo, e veio depois a se tornar muito poderosa. Consistia de uma estranha mistura de idias crists, judaicas e pags. Era muito parecida com o Cristianismo, de modo a confundir alguns. (F) O Governo da Igreja As Igrejas primitivas eram independentes, com o governo prprio decidindo todos os seus negcios e problemas. Os cristo insistentemente afirmavam que pertenciam nica Igreja Universal, pois todos eram um em Cristo, mas nenhuma organizao e carter geral exercia controle sobre as inmeras Igrejas espalhadas por toda parte.

14 Os primeiros apstolos eram reverenciados, em virtude do contato que tinham com Cristo, e exerciam certa autoridade, como se verifica da deciso tomada quanto aos Cristos gentios e lei judaica, como se v no captulo 15 de Atos. Paulo exercia autoridade em virtude de sua posio de apstolo e de trabalho extraordinrio. Mas a autoridade desses homens no deriva do seu ofcio, nem se expressava numa organizao formal. O novo testamento fala de oficiais que se ocupavam no ministrio da pregao e do ensino. So conhecidos como apstolos e profetas e mestres. O nome de apstolo no era restrito aos companheiros de Jesus, mas pertencia a outros pioneiros do Evangelho que levavam as boas-novas aos novos campos. Os profetas e mestres, ou doutores, esclareciam o significado dos Evangelhos s Igrejas. Todos esses exerciam seus ofcios no pela indicao de qualquer autoridade, mas porque revelavam estar habilitados para tais ofcios, estendia a toda a Igreja; no era restrito a congregaes particulares. Vemos muitos dos apstolos e profetas viajando por toda parte a servio da Causa. No primeiro sculo, a pregao e o ensino do Evangelho eram feitos principalmente por esses homens e por algumas mulheres, antes por oficiais de Igrejas locais. O Novo Testamento fala de outra natureza de ministrio que dizia respeito aos negcios das congregaes. Parece que no havia nenhum modelo de organizao para todas as Igrejas, mas estas agiam livre e independentes, e seus mtodos diferiam. Em algumas Igrejas fundadas por Paulo havia dois grupos de oficiais: os ancios ou presbteros, tambm chamados bispos, que eram superintendentes; o outro grupo era o de diconos. Os ancios ou bispo tinham o encargo do pastorado, da disciplina e dos negcios econmicos. Os diconos prestavam um servio especial o da beneficncia. Os presbteros presidiam Mesa do Senhor e pregavam quando no estavam presente algum apstolo, profeta ou mestre. Esses oficiais eram escolhidos pelo povo porque revelavam os dons e a vocao do esprito Santo para esse trabalho. Tal forma de distribuio de encargos no admitia qualquer oficial como os pastores atuais. Parece que havia outras Igrejas com diferentes formas de organizao; em alguns casos a liderana estava com indivduo; noutros, o governo era congregacional. Questionrio: 1. Fale das relaes de Jesus para seus discpulos. 2. Qual o propsito de Jesus em relao Igreja? 3. Em que sentido Jesus fundou a sua Igreja? 4.Quando teve inicio a vida ativa da Igreja e a quem foi o Evangelho inicialmente anunciado? 5. Como a Igreja espalhou o Evangelho e que parte teve Paulo em tornar o Cristianismo uma religio universal? 6. At onde o Cristianismo se estendeu no primeiro sculo e quais foram seus missionrios? 7. Que classes de pessoas constituam as Igrejas primitivas e quais as caractersticas distintivas das suas vidas? 8. Donde procedeu a perseguio dos cristos durante esse perodo? 9. Que tipos de reunies de cultos tinham esses primitivos cristos?

15 10. Qual era a crena deles? 11. Quais as influncias que deram origem s idias religiosas errneas entre eles? 12. Havia qualquer forma geral de governo nas Igrejas do primeiro sculo? 13. Qual era o ministrio da pregao e do ensino? Qual era o ministrio dos negcios da Igreja? CAPTULO III A Igreja Antiga 1a Parte (100-313 d.C) I. O MUNDO EM QUE A IGREJA VIVIA (Imprio Romano)

Durante o perodo abrangido por este captulo, o Imprio Romano alcanou a sua maior extenso. Na culminncia do seu desenvolvimento, sob o governo de Trajano (98-117), o imprio compreendia todas as terras ao norte do Reno e do Danbio, e se estendia para o oriente at ao Golfo Prsico e ao Mar Cspico. Todavia, as fronteiras normais limitavamse com o Reno e com o Danbio, e, no oriente, at ao rio Eufrates. Nestes dois sculos, o imprio comeou a apresentar sinais de decadncia. Possuindo um territrio muito extenso e uma populao variadssima, era to corruptos e opressores que findaram em runa. A escravido se espalhou no s na Itlia, mas em toda parte, e seus inevitveis efeitos desastrosos corromperam o carter de todas as camadas sociais, aniquilando todas as fontes de riqueza. Uma poltica econmica mal orientada enriqueceu uns poucos e empobreceu as classes mdia e baixa, provocando um decrscimo na populao. O poder e prestgio dos romanos e dos habitantes de varias provncias foram corrodos pela decadncia moral que atingiu no somente a aristocracia, mas tambm a todas as classes, provocando a imoralidade e a desonestidade no comrcio e nos governos, a sensualidade, o desprezo pelo casamento e a degradao das diverses populares. Enquanto o imprio se desmoronava internamente, comeou a receber tambm ataques externos por parte dos brbaros que eram, principalmente, as tribos germnicas, cujas terras se estendiam pelos baixos cursos dos grandes rios que desaguavam no Mar Bltico e nos Mares do Norte. Da, impelidos pelo crescimento de suas populaes, pela falta de recursos e ainda atrados por tribos, em direo ao Sul Sudoeste e sudeste. Este movimento de fixao, de estabelecimento definitivo de novos lares. Tais movimentos, que duraram cerca de cinco sculos, modificaram a face da Europa, levando novas populaes a muitas regies. Somente os seus primrdios ocupavam os dois sculos que estamos considerando. Antes mesmo da era crist, houve choque entre os romanos e os germanos. No primeiro sculo da nossa era, os romanos, reconhecendo o poder dos germanos, aceitaram a fronteira renodanubiana, exceto a Dcia (atual Romnia). Mais tarde, sculo segundo, os germanos foraram uma reduo das fronteiras do imprio, o bastante para reduzirem o poder romano ao mnimo. Da em diante, os imperadores os aplacaram aceitando muitas tribos germnicas como aliadas, dando-lhes terras e colocando muitos dos seus chefes guerreiros no exrcito romano, que se tornou, por essa razo, predominantemente germnico.

16 Enquanto o imprio estava relativamente forte, estadistas como Diocleciano (284305), vendo que o territrio era muito extenso para ser governado por um poder central, idealizaram uma diviso de autoridade entre quatro governadores, tendo como capitais Roma e Nicomdia, na sia Menor. Ele governava no ocidente ao fim deste perodo, e, em 323, tornou-se o nico imperador. II. A IGREJA (a) Extenso da Igreja EXPANSO DO CRISTIANISMO NO 2. e 3. SCULOS Entre o ano 100 d.C. e o reinado de Constantino, o Cristianismo alcanou maravilhoso progresso. Em 313, era a religio dominante na sia Menor, regio muito importante do mundo de ento, como na Trcia e na longnqua Armnia. A Igreja se constitua numa influncia civilizadora muito poderosa na Antioquia, na Sria, nas costas da Grcia e Macednia, nas ilhas gregas, no norte do Egito, a provncia da frica e na Espanha. Era menos forte em outras partes do imprio, inclusive a Britnia. Era fraca, naturalmente, nas regies mais remotas, como a Glia central e do norte. Em todas essas regies a Igreja alcanou povos das mais variadas lnguas, que no faziam parte da civilizao greco-romana. O Cristianismo j se mostrara mais inclusivo do que qualquer outra tradio cultural. O Cristianismo no tinha alcanado somente os limites do imprio; mesmo o leste da Sria e Mesopotmia receberam influncia poderosa. EXPANSO NA SOCIEDADE O Cristianismo introduziu-se em todas as classes sociais. Passara j o tempo de s se encontrarem cristos entre as classes pauprrimas e iletradas. A Igreja contava tambm no poucas pessoas das classes altas e ricas. Eram numerosos os cristos na corte imperial e entre os elementos do governo. No obstante haver na Igreja forte opinio de que o Cristianismo era incompatvel com a profisso de soldado, eram muitos os cristos no exrcito durante o 2. sculo; e eram numerosssimos os soldados cristos ao tempo de Diocleciano. Muitos homens de alta cultura tinha-se tornado discpulos e usaram sua influncia para desenvolver a causa crist. A classe mais poderosa no Cristianismo era, porm, constituda de artesos, pequenos negociantes, proprietrios de pequenas terras, todos pessoas humildes. Quem contribuiu para este extraordinrio crescimento do Cristianismo? No inicio deste perodo, como no primeiro sculo, houve muitos missionrios itinerantes que foram os pioneiros do cristianismo. Pelo ano 200 d.C. eram, porm, poucos esses heris. Os apologistas ou defensores intelectuais do Cristianismo realizaram uma grande obra missionria. Um deles foi Justino, o Mrtir (100-165). Era um grego natural de Palestina. Demonstrou sua origem grega, percorrendo as varias escolas filosficas procura da verdade. Numa dessas viagens, encontrou-se com um notvel cristo que o fez compreender que o clmax da verdade que ele procurava encontra-se em Cristo. O resto da sua vida, at ao seu martimo, Justino levou sua vida viajando como os filsofos de ento, ensinando o Cristianismo como filosofia perfeita. Escreveu tambm muitos livros com o propsito de explicar a verdade crist aos pesquisadores pagos. Outro apologista notvel foi Tertuliano (160-320), advogados cartagins, j em meia idade, convertidos ao Cristianismo.

17 Era portador de dons extraordinrios, de pensamento agudo, de linguagem vigorosa, elegante, vvida e satrica. Esses dons, aliados a um zelo profundo por Cristo e um severo senso de moralidade, deram-lhe notvel e poderosa influncia. Em muitos escritos refutou falsas acusaes contra os cristos e o Cristianismo, salientando o poder da verdade crist. OS MESTRES (ORGENES TERTULIANO) Os homens que realizaram o trabalho de mestre nas Igrejas foram de utilidade extraordinria no desenvolvimento do Cristianismo daqueles dias. Exemplo notvel de mestre foi Orgenes de Alexandria (185-253). Nascido de pais crentes, recebeu a melhor educao que era possvel obter naquela poca. Na cultura e poder intelectual no houve quem o superasse no seu tempo. Ele e Tertuliano foram os dois maiores homens da Igreja dos 2 e 3 sculos. Com apenas dezoito anos de idade, Orgenes tornou-se mestre de uma escola de catequese da Igreja da Alexandria. Veio a ser uma fortaleza que tornou o Cristianismo conhecido dos cristos e no cristos.Escreveu muitos livros que expunham as verdades evanglicas, inclusive bom nmero de comentrios de alguns livros da Bblia e que ainda so de valor para os estudiosos. Na perseguio movida pelo imperador Dcio, foi vitima de grande crueldade que apressaram sua morte. O CRISTO COMUM Todavia, a maior parte da obra que contribui poderosa e decisivamente para espalhar a causa da cruz, foi realizada pelos cristos em geral. Por suas vidas, especialmente pelo seu grande amor fraternal e tambm pelo amor aos decrescentes ,pela fidelidade e coragem sob as perseguies e pelo testemunho oral da histria do Evangelho, estes desconhecidos servos de Cristo trouxeram aos ps do Salvador a quase totalidade dos que foram ganhos para a Causa do Evangelho naquele tempo. PERSEGUIES SUAS CAUSAS Nunca faremos uma apreciao segura das conquistas que a Igreja fez nestes sculos se esquecermos que elas foram alcanadas em meio a mais feroz perseguio. A partir de Nero (54-68), o governo romano hostilizou tenazmente o Cristianismo. Qual a causa dessa atitude? O governo permitia a livre prtica de muitas religies. Mas o Cristianismo era diferente da outras religies. Os crentes prestavam obedincia e lealdade supremas ao seu Salvador. E para os romanos, o Estado era a suprema fora, e a religio era uma forma de patriotismo. Os deuses reconhecidos pelo Estado eram cultuados com o objetivo de beneficiar o governo e a nao. Qualquer adepto de outra religio estava disposto a prestar tributo aos deuses nacionais, ao mesmo tempo em que realizava o seu prprio culto. Mas o Cristianismo era exclusivista. No condescendia em prestar culto outra divindade. Os cristos sustentavam a inutilidade dos deuses, exceto o que eles adoravam. De modo algum prestariam culto aos deuses romanos, por ordem por que, aos olhos dos governos romanos, o Cristianismo parecia um ensino desleal e perigoso para o Estado e para a sociedade. Assim os cristos foram acusados de anarquistas, sacrlegos, ateus e traidores. O governo, ento, hostilizava o Cristianismo porque o considerava uma ameaa ao Estado Supremo.

18 Usava de um meio muito conveniente para por prova a lealdade dos cristos. Estes eram trazidos a juzo e obrigados a participarem das cerimnias da religio do Estado, na adorao das esttuas de Roma e dos imperadores. Quando os cristos, naturalmente, se recusavam a prestar esse culto, as autoridades os consideravam traidores. Era bastante algum confessar: Sou Cristo, para tal testemunho constituir desobedincia ao Estado. RAZES ESPECIAIS Dois fatos contriburam para a oposio oficial ao Cristianismo: primeiro, seu crescimento a despeito da represso; segundo, suas principais reunies, com a Ceia do Senhor, eram realizadas a portas fechadas. A Igrejas parecia aos olhos do governo uma perigosa arma secreta que crescia assustadoramente. Por muito tempo o governo fez s vezes do povo no ataque ao cristianismo. At o 3. sculo, quando os cristos se tornaram mais bem conhecidos, o Cristianismo era odiado pelo povo. O repdio dos cristos ao culto do Estado, smbolo de patriotismo, tornava-os traidores aos olhos do povo. E era como se algum se recusasse a prestar homenagem bandeira da sua ptria. Os cristos repudiaram todos os deuses antigos, cujo culto era necessrio para a felicidade Social. A sociedade tinha muitas fases da sua vida ligadas a essas formas de culto. Os cristos, por essas razes, eram tidos como a pior classe de revolucionrios, destruidores de fundamentos da civilizao; no obstante serem, como afirmavam e o eram, sujeitos e obedientes s outras leis. Os cristos consideravam-se um povo parte, escolhidos peculiar mente por Deus, e, agindo como tais, no se conformava com os costumes populares, naquilo em que a religio crist os impediam. Essa atitude criou ambiente hostil. Boatos de indecncia praticadas pelos cristos em suas reunies de carter privado aumentaram a hostilidade pblica que se traduziu em ataques violentos da populao, ataques de que os oficiais do governo, algumas vezes, os livraram. No houve uma perseguio continua, de Nero a Constantino. O tratamento dado aos cristos variava de acordo com as atitudes dos imperadores ou dos governos regionais. Houve muitas pocas de trguas em certas regies ou no imprio todo.Mas durante todo tempo Cristianismo esteve fora da lei, e em qualquer ocasio, os cristos podiam ser presos e acusados diante de um magistrado. A recusa de participao no culto oficial significava tortura e, para os obstinados, a morte. Nenhum crist, nesse sculo, pode viver sem sofrer perseguio, de um modo ou de outro. At primeira parte do 3. sculo, os ataques ao Cristianismo eram principalmente de carter local. Depois de se experimentar a paz por uma gerao, desencadeou-se a pior perseguio jamais sofrida, sobre o governo de Dcio e seus dois sucessores (250-260). Lanaram eles mo de todo o poder de que dispunham, numa tentativa sistemtica em impiedosa de varrer o Cristianismo do imprio romano. Milhares foram martirizados e milhares abandonados a f. A Igreja estava seriamente ameaada, enfraquecida e em perigo mortal quando a perseguio foi suspensa pelo imperador Galieno.

19 Seguiu-se, ento, a Pax Longa (260-303), durante a qual a Igreja muito conseguiu em nmero, poder e organizao. Assim, ela ficou habilitada a suportar a ltima das perseguies, sob Diocleciano. Esta foi cuidadosamente organizada e ferocssima, mas de pouca durao em algumas partes, prejudicando, relativamente pouco,a Igreja. Em 331, apareceu um dito de Tolerncia, publicado por Galrio, imperador no oriente, no qual se reconhecia a insnia da perseguio aos cristos. Dois anos mais tarde, o dito de Milo, de Constantino e Licnio,imperadores no oriente, no qual se reconhecia a insnia da perseguio aos cristos. Dois anos mais tarde, o dito de Milo, de Constantino e Licnio, imperadores do ocidente e do oriente, estabelecia a liberdade religiosa para todos. Tal dito foi destinado a pr fim perseguio ao Cristianismo. (b) A Vida na Igreja Essas grandes perseguies tiveram como resultado moldar em grande o Carter moral da Igreja. S uma pessoa zelosa e fiel professaria a f em Cristo quando tal ato constitua hostilidade ao governo. A vida crist foi assim mantida num alto nvel moral. Durante perodos de paz, muita gente entrava na igreja. Muitos, porm, entravam sem a verdadeira converso, o que resultava no rebaixamento do nvel moral da igreja. Voltando a perseguio, os fracos desistiam ante o terror e o sofrimento que tinham que enfrentar por amor a Cristo. Desse modo, a Igreja era expurgada dos membros nominais, e os fiis se tornavam mais vigorosos no testemunho do Senhor. No 2 e 3 sculos o carter geral dos cristos permaneceu como desde o principio, bastante elevado o que os tornava distintos do resto do mundo. No obstante haver algumas excees, os cristos, em geral, eram conhecidos por sua moralidade superior. A fraternidade crist, a pureza, a honestidade, a bondade eram os seus principais caractersticos. O mundo ficou especialmente impressionado com a expresso de amor fraternal desses cristos, qualidade esta que era estranha para o mundo. Era comum a necessidade entre eles, pois havia muitos pobres. As perseguies deixavam muitas vivas e rfos e provocavam confiscao de bens. O amor cristo era somente aos irmos na f. Em poca de calamidade, como pestilncias, etc., os cristos cuidavam dos necessitados, sem distino, numa era quando ningum se atrevia a faz-lo. Nesses dois sculos aparecem duas tendncias que mais tarde influenciaram poderosamente a vida dos cristos. Uma delas foi o ascetismo, o que vem a ser a disciplina do carter alcanada pela absteno voluntria de coisas que em si mesmo so lcitas. Havia pessoas que jejuavam e renunciavam a vida em sociedade por uma existncia solitria. Pensavam desse modo que seriam possvel alcanar uma justia especial. A outra tendncia foi o legalismo. Era uma interpretao do sentido moral da religio, como obedincia a certas leis e regras definidas. Os legalistas oravam muito e jejuavam em certos dias da semana e davam esmolas regularmente.

20 A liberdade da vida crist ensinada por Paulo foi, de certo modo, substituda por um sistema de regras e praticas de certas obras. J fizemos referencia ao fato que, no intervalo das perseguies, gente no convertida, por alguma razo, uniam-se Igreja, rebaixando, assim, o nvel mdio do carter dos cristos. Isso tornou insatisfeito muitos cristos sinceros, fiis. Entristeceramse eles com o padro de vida que a Igreja estava permitindo existir no seu seio. Surgiu, desse modo, uma distino que criou dois tipos de conduta crist. As exigncias do Evangelho eram para os cristos em geral. Os avisos Do Evangelho, para os que aspiravam uma vida espiritual mais perfeita. Havia, ento, em processo, um duplo padro de vida crist: as exigncias constituam a simples guarda de certas regras e preceitos da Igreja; os avisos eram para os que desejavam uma vida asctica de voluntrios absteno com o fim de alcanar ainda mais a santidade. Os elementos de realce dessa vida moral mais elevada eram: pobreza e celibato. (c) O Culto e os Sacramentos da Igreja Pelos meados do 2 sculo era j costume estabelecido ter-se, no Dia do Senhor (=Domingo), uma reunio para a leitura da Escritura, orao, cntico de salmos e hinos e pregao, encerrando-se tudo com a Ceia do Senhor. Como este fosse um dia comum de trabalho, as reunies eram pela manh muito cedo. A primeira parte dos servios religiosos tinham carter pblico, mas somente os crentes podiam estar presentes ministrao dos sacramentos. Nos 2. e 3. sculos, comearam a aparecer certas frmulas para orao, liturgias ou ordens expressas de culto. J ao fim do 2. sculo, o batismo era ministrado com um ritual elaborado. Surgiu a crena de que o batismo lavava os pecados. A ceia do Senhor ou Eucaristia comeou a ser ministrada por meio de uma certa forma litrgica. Especulaes sobre o seu significado deram origem, no 3 sculo, a uma doutrina que tinha duplo aspecto. Primeiro, a Ceia era considerada sacramento em Cristo estava realmente presente, de sorte que o comungante tinha comunho pessoal com Ele. Segundo, era considerada tambm como um sacrifcio que movia o sentimento de Deus a favor dos comungantes e daqueles por quem estes orassem. (d) A Crena da Igreja Neste perodo a Igreja comeou a desenvolver e aprofundar seu pensamento sobre os elementos fundamentais da sua f, pesquisas estas que deram origem aos credos dos 4. e 5. sculos. O primeiro impulso para isto, procedeu do Gnosticismo. No 2. sculo, este movimento espalhou-se no oriente, especialmente na sia Menor. O Gnosticismo era uma teoria muito aproximada do Cristianismo, por isto mesmo tempo, se distanciava da doutrina crist pois negava que cristo tivesse tido uma vida fsica real. Para que os catecmenos ou candidatos ao batismo fossem devidamente instrudos, como tambm para defender o Cristianismo dos erros dos gnsticos, foram estabelecidas certas declaraes breves sobre o que constitua objetivo de f para os cristos. Certos credos, muito semelhantes ao Credo dos Apstolos, apareceram em vrios lugares durante o 2 sculo.

21 natural que muitos deles viessem a se construir, substancialmente, regra de f da Igreja, e como tal, fossem geralmente aceitos. Cristo era supremo objeto do pensamento cristo, pois era o alicerce e a fora do Cristianismo. As idias que a seu respeito surgiram foram simplificadas nestes dois aspectos: sustentar a crena em um nico Deus e dar a Cristo o lugar que lhe era devido. (e) A Organizao da Igreja 1. Organizao Eclesistica Local Como vimos, no 1. sculo no havia um padro uniforme de organizao eclesistica. Algumas igrejas eram governadas por grupos de presbteros ou bispos, auxiliados pelos diconos. J nos meados do 2. sculo havia uniformidade de organizao. Praticamente, cada igreja tinha um bispo que dirigia, alm do grupo de presbteros e diconos. A palavra bispo, aqui, no deve ser mal-entendida. Esses bispos no tinham seu governo exercido pelos di grupos. Em certos casos, um s homem pode dirigir melhor do que vrios . 2. A Igreja Catlica Vimos como no primeiro sculo as igrejas eram independentes. No havia governo que exercesse autoridade sobre mais de uma igreja. No segundo, ainda permaneceu a mesma situao. Mas no terceiro quartel do segundo sculo, comeou a surgir uma organizao que depois veio a ser conhecida como Igreja Catlica. O termo catlica quer dizer universal. Esta foi uma federao ou associao de igrejas que eram ligadas por um acordo formal, com trs aspectos. No 1. sculo, as igrejas tinham unidade espiritual, atravs do amor, unidade baseada na f em Cristo. No 2. sculo, alm da unidade espiritual havia tambm uma unidade externa. As igrejas que faziam parte da associao chamada catlica eram unidas, primeiro por terem uma s forma de governo, isto , bispos, presbteros, diconos; segundo, pela adoo de um s credo, substancialmente o Credo dos Apstolos; e terceiro, por todas reconhecerem e receberem uma s coleo de livros do Novo Testamento. Havia igrejas que no tinham a forma de governo acima descrita, nem concordavam todas com o mesmo credo, nem recebiam alguns dos livros aprovados. Essas igrejas eram reputados pela Igreja Catlica como herticas. A organizao da Igreja Catlica tornou-se necessria em face de um grande perigo. O gnosticismo lanava confuso nas massas a respeito da verdade crist. Outro movimento estava tambm produzindo dissenso: o montanismo . Os montanistas tambm desejava uma igreja como a do 1 sculo, sob a direo do governo direto do Esprito Santo. Sustentavam que as autoridades da direto do Esprito Santo. Sustentavam que as autoridades da igreja estornavam a ao do esprito, e se opunham ao poder sempre crescente que se desenvolvia no ministrio. A crena deles a respeito da direo imediata do Esprito levou-os a uma estranha e fantica emisso de sons e palavras. Para preservar a religio crist de se perder na confuso, foram necessrios certos meios de unidade externa.

22 O meio de que lanaram mo foi organizao da Igreja Catlica, uma instituio que pretendia possuir autoridade, excluindo do seu seio os que se recusassem a lhe obedecer. Esse resultado funesto posteriores, mas era necessrio naquele tempo. 3. Outro Desenvolvimento na Organizao da Igreja Durante estes sculos verificaram-se varias mudanas na atitude do ministrio. A distino entre um clrigo e um leigo, desconhecido no primeiro sculo, foi aparecendo gradualmente. Bispos, presbteros e diconos eram separados, distintos na posio que ocupavam, dos demais membros das igrejas. O desenvolvimento da idia de uma moral mais alta deu lugar crena de que o clero deveria celibatrio. Isto veio a se constituir lei na Igreja ocidental no 4. sculo. Nas igrejas maiores comearam aparecer clrigos oficiais de graduao inferior, tais como sub-diconos e eleitores. No ano 251 a Igreja Roma, a maior das igrejas, tinha para mais de 150 clrigos de varias categorias. A idia de que o ministrio crist um sacerdote, isto , que ele permanece entre o homem de Deus, comeou a prevalecer no 3. sculo. Tal idia correu paralela com a crena de que a Ceia do Senhor um sacrifcio oferecido a Deus em favor do povo. Naturalmente, a idia do sacerdcio ligava-se especialmente pessoa do bispo. O oficio de bispo era ento muito elevado. Atribui-se lhe autoridade divina que o capacitava a mais poder divino para declarar os pecados perdoados. Vimos que em algumas igrejas teve lugar uma centralizao de poder pela qual um dirigente tornou-se o nico cabea da igreja local. A este, segue-se outro passo na centralizao. No 2. sculo o bispo era o pastor de uma igreja numa cidade. proporo que crescia o nmero de crentes outros grupos se formavam na mesma cidade e nas adjacncias. Todos esses grupos ficavam sob o governo do bispo da igreja me (= matriz). Cada uma das outras igrejas era dirigida por um presbtero, e o bispo exercia superintendncia sobre todo o distrito ou diocese. No tinha ainda surgido no 2. sculo nenhum governo geral, organizado, da Igreja. Havia snodos ou reunies de bispos para tratarem das necessidades particulares. Neste sculo, desenvolveram-se duas idias de unidade. Uma, foi que a unidade repousava na concordncia com os pontos de vista da parte dos bispos. A outra, foi que a unidade consistia na aceitao da autoridade de um bispo, o bispo de Roma. Sendo a igreja da capital do imprio a maior e mais rica de todas as igrejas, naturalmente crescendo em poder e influncia. A partir do 2. sculo, os Bispos de Roma comearam a reivindicar no ocidente, no porm, no oriente. Questionrio: 1. Quais foram s causas internas do declnio do Imprio Romano? 2. Quais as relaes dos germanos para o Imprio Romano, nesta poca?

23 3. Descreva a expanso geogrficas do Cristianismo de 110 a 313 d.C. 4. Descreva sua Expanso na sociedade. 5. Por que meios conseguiu o Cristianismo esse crescimento. 6. Qual s causa principal da perseguio imperial ao Cristianismo? 7. Descreva a poltica geral do governo com relao aos cristos. 8. Descreva as perseguies do 3. e 4. sculo. 9. Como terminou a perseguio. 10. Qual o carter dos cristos, geralmente falando, durante essa poca? 11. Explique o que foi o ascentismo e o legalismo. 12. Descreva o culto dominical neste perodo. 13. Quando foi adotado o Credo dos Apstolos e por qu? 14. Qual o padro de governo eclesistico local que prevaleceu no 2. sculo. 15. O que era a Igreja Catlica do 2 sculo? 16.Qual a idia do sacerdcio ministerial? 17. Descreva como apareceu o bispo diocesano.

CAPTULO IV A Igreja Antiga 2. Parte (313-590 d.C.) O quarto e o quinto sculos viram a continuao do declnio do imprio romano e, finalmente, a sua queda no ocidente. Constantino governou o imprio a partir de 323, com energia e sabedoria. Transferiu a capital para a sua nova e belssima cidade de Constantinopla (=Istambul). Depois dele, verificou-se novamente a diviso de autoridade at Teodsio, o qual, j governando no oriente, obteve o poder total que manteve de 392 a 395. Foi ele o ltimo a manter o domnio de todo o mundo romano. Depois dele, houve duas linhas de imperadores, os do oriente e os do ocidente, com as capitais em Constantinopla e Roma. Durante todo esse tempo o imprio vinha se esfalecendo internamente enquanto se acentuavam os ataques externos dos brbaros. Em 373, verificou-se em Adrianpolis uma das mais decisivas batalhas do mundo, em que os visigodos, que habitavam o baixo Danbio derrotaram os romanos sob o comando de Valncio, e mataram este imperador.

24 Depois desses eventos, os visigodos, sob as ordens de Alarico, procederam ao saque de Roma, em 410. Seguiram-se varias outras conquistas de varias tribos germnicas, que arrebataram uma boa parte do imprio. Os visigodos tribos germnicas, que arrebataram uma boa parte do imprio . Os visigodos estabeleceram um reino na Espanha e outro no sudeste da Frana e oeste da Alemanha; os borgndios se espalharam pelo sudeste da Frana; os francos dominaram o norte da Frana; os anglos e saxes se apossaram da Inglaterra. No oeste, somente a Itlia permaneceu sob a autoridade Imperial. Esta foi apenas uma sombra, pois por muitos anos os verdadeiros governantes e dominadores tinham sido lderes do exrcito germnico, Odoacro, destronou Rmulo Augusto, o ltimo imperador romano do ocidente, e ocupou o governo. Muito antes disso vrias partes do imprio ocidental j se encontrava em anarquia, que se prolongou muito depois do sculo 6. As tribos germnicas que se apoderaram de partes do imprio comearam a guerrear entre si. No surgiu nenhum governo forte semelhante ao de Roma, e o ocidente europeu caiu na misria e no caos. No oriente, os imperadores mantiveram seu poder em Constantinopla; no obstante, sofreram ataques externos e enfraquecimento interno. Muitos deles governaram efetivamente os seus domnios no oriente europeu, ocidente da sia e nordeste da frica. Um deles Justiniano (527-556), foi um dos maiores imperadores romanos. Retomou muito do antigo territrio que o imprio controlava no Mediterrneo, e no seu governo a civilizao se desenvolveu substancialmente. Depois dele, embora o imprio ainda permanecesse, no foi, todavia, to prspero. No obstante haver portanto tempo dos imperadores, o imprio no era considerado dividido; era-o somente o seu governo. Os povos o consideravam um nico imprio romano e ambos os governos como imperadores romanos. Depois da queda do ocidente, os monarcas de Constantinopla pretendiam ser os ;nicos governantes do imprio romano. II. A IGREJA (a) A Extenso da Igreja 1. Nos Territrios Romanos Antes de Constantino, o Cristianismo vivia em conflito com o mundo; com ele, o Cristianismo passou a domina-lo. No so muitas as razes, nem claras, para essa mudana de situao. Sem dvida, Constantino sentiu que o Cristianismo no podia ser destrudo, pois se fortificava cada vez mais. Isso, talvez, o convenceu de que o Deus dos cristos era bastante forte, e o fez desejar as oraes dos cristos a fim de alcanar bnos para o seu governo. Sem dvida, percebeu tambm que, se o Cristianismo fosse ajudado e se tornasse bastante forte, seria um poderoso elemento para a unificao de todos os povos de imprio . Sem dvida, teve simpatia pessoal pelo Cristianismo, mas nunca demonstrou em sua conduta qualquer influncia da moral crist. Constantino revolucionou a posio do Cristianismo em todos os aspectos. Primeiramente, como j foi dito, ele e Licnio, em 313, estabeleceram completa liberdade religiosa que proporcionou igualdade de direitos a todas as religies.

25 Depois mostrou-se favorvel ao Cristianismo, fazendo ofertas valiosas para a construo de igrejas, manuteno do clero e isentando-o dos impostos. Juntou as guias dos seus estandartes ao lbaro, o smbolo de Cristo. Afinal, entrou ativamente nos assuntos da Igreja, tentando dirimir disputas doutrinarias. Por todo esse tempo no foi cristo professo, pois no recebeu religio oficial do imprio. A antiga religio do Estado foi mantida, e Constantino continuou como seu pontfice maximus ou sumo sacerdote. Mas seu interesse e auxilio deram ao Cristianismo uma posio de indiscutvel prestgio. A nova situao da Igreja no mundo trouxe-lhe rpido desenvolvimento que, por um lado, foi bem para ela, e, por outro, um grande mal. Livre de perseguio, disciplina e purificada pelas provaes por que passou, desenvolveu poderosamente a sua obra, tanto nos antigos como nos novos campos de trabalho . Dentro do imprio, muitos da antiga populao no eram cristos, e inmeros pagos brbaros vieram se estabelecer no imprio. Muitos bispos cristos pregavam aos descrentes em suas dioceses e encorajavam o trabalho missionrio em toda parte. Na Frana central, no 4. sculo, Martinho, bispo de Tours, homem dotado de grande eloquncia e caridade extraordinria, fortaleceu grandemente o Cristianismo, por seu incansvel labor, auxiliado por discpulos preparados nos mosteiros que ele mesmo fundara, Ao mesmo tempo, Ulfilas realizava uma extraordinria obra missionria entre os godos, nas regies do Baixo Danbio. Traduziu grande parte da Bblia para a lngua desses povos, preparando antes um alfabeto apropriado . Principalmente por causa desse trabalho, os visigodos, quando capturaram Roma em 410, j eram cristos. As obras de filantropia da Igreja, seus hospitais, hospcios para os estrangeiros , orfanatos, auxlio s vivas e aos pobres, atraram muita gente, embora muitos no fossem realmente convertidos. Naquela sociedade que se desintegrava, no 4 e no 5 sculo, a Igreja era o nico refgio e esperana dos pobres. Em parte, por motivo desses esforos da Igreja, o Cristianismo espalhou-se rapidamente nesses sculos, nas partes do imprio onde a religio ainda no se tinha formado, especialmente na Grcia, alto Egito, norte da Itlia, Espanha, Frana e nas terras ao longo do Reno e do Danbio. Na Britnia, onde o Cristianismo j tinha penetrado desde antes do ano 300, surgiu, no 4. sculo, uma igreja vigorosa. Alm dos esforos da igreja, o poder oficial contribuiu para o nmero de cristos se dilatar. Este beneficio foi, porm, duvidoso. Logo que Constantino se constituiu patrono do Cristianismo, este tornou-se uma religio cheia de heresias e de inovaes. Os sucessores desse imperador seguiram seu exemplo, e com mais nfase. Eles sustentavam o Cristianismo, interferiram e exerciam autoridade nos negcios da igreja. Desse modo o Cristianismo, embora no fosse de forma nominal, veio a ser praticamente a religio oficial do imprio. Isto resultou na entrada de muita gente para a igreja somente por ser a religio apoiada pelo governo. Esta posio do Cristianismo sofreu um colapso no governo de Juliano (361-363), que tentou muito esforo intil, restaurar o paganismo.

26 Diz a histria que, ao aproximar- se da morte e vendo sua luta perdida, disse: Venceste, Galileu! Poucos anos depois (380), Teodsio, imperador cristo do oriente, baixou um decreto pelo qual todos os sditos do imprio cristo do oriente, deveriam aceitar a f crist como estabelecida pelo Conclio de Nicia. Continuou com essa poltica at que se tornou governador do mundo romano, em 392. Assim o Cristianismo veio a ser uma parte da lei imperial. Esse ato deu, naturalmente, o golpe de morte no paganismo dentro do imprio. Muitos templos pagos e dolos foram destrudos, e pelo ano 400 o culto pago avia desaparecido. Isto parecia uma vitria extraordinria, pois a religio que avia um sculo tinha sido perseguida tenazmente, tornava-se a religio oficial do imprio. Na realidade, tal situao no constitua uma vitria, pois o novo estado de coisa veio aprovar que nas igrejas haviam multides que nada o conheciam do Cristianismo, nem o possuam . 2. Fora dos Territrios Romanos O Cristianismo estendeu-se extraordinariamente muito alem das fronteiras do imprio romano. Na mesopotmia havia muitos cristos do credo Nestoriano, de que trataremos mais adiante. Provavelmente, a prpria ndia foi alcanada pelas alturas do ano 500. Na Etipia o Evangelho entrara antes de 350. No sculo seguinte alcanou a Irlanda, o limite mais ocidental do mundo de ento. Ali o notvel pioneiro Patrcio, embora outros cristos tivesse estado ali antes dele. Nascido na Britnia, de pais cristos, foi, na infncia, capturado pelos piratas irlandeses e levado como escravo para a Irlanda. Conseguiu fugir para a Frana, vivendo certo tempo num mosteiro e voltando a Britnia. Mas vivia dominado pelo desejo de evangelizar os irlandeses que tinham sede de Cristo. Parecia ouvir a voz dos habitantes da floresta Fochlad, chamado-me a ir ter com eles. Mais tarde, depois de alguns anos de estudo na Frana, foi a Irlanda, em 433. Ali, por trinta anos, foi um missionrio de singular devoo, de vida profundamente crist, e pde lanar naquela terra duradouros alicerces cristos. Enquanto isto, no sudeste da Esccia, Niniam um notvel missionrio, fazia um grande trabalho. Os fundamentos desse trabalho, porm, foram lanados por Columba que, logo depois do ano 550, conduziu uma companhia de monges irlandeses para uma pequena ilha, na costa oriental da Esccia. Do mosteiro ali estabelecido, Columba e seus companheiros partiram para seu trabalho missionrio que se espalhou largamente pela Inglaterra e Esccia, estendendose depois ao continente: Frana, sul da Alemanha e Sua. Nenhuma narrativa da histria crist primitiva tem mais brilho do que a histria do trabalho desses monges irlandeses e escoceses. Seu ensino tinha um simplicidade apostlica raramente encontrada em outra parte, e suas vidas eram de uma pureza e consagrao extraordinria. Isto contrasta chocantemente com um trabalho de missionrio que encontramos no 5 sculo, trabalho de cristianizao superficial de um povo. Clvis, rei dos Francos, tinha uma esposa crist que de h muito tentava convert-lo. Achando-se ele em apertos numa batalha, fez o voto de tornar-se cristo, caso Cristo o auxiliasse a conseguir a vitria . Alcanando-a, declarou-se cristo e obrigou o seu povo a aceitar o Cristianismo. No natal de 496, ele e trs mil dos seus guerreiros foram batizados. Foi assim que as mais poderosas tribos germnicos tornaram-se nominalmente crists. A histria posterior de Clvis e dos francos prova que esse cristianismo era realmente superficial.

27 b) A Vida na Igreja A nova posio da Igreja, aliada ao sculo, de modo algum foi benfica sua vida. A entrada de multides nas igrejas impediam-na de manter aquela vigilncia a aquele escrpulo necessrio ao preparo e exame cuidadosos nos candidatos, como sempre o fizera. A maioria dos que entravam para a Igreja era realmente pag, gente de vida reprovvel. Era natural que aparecesse uma queda no nvel moral do carter cristo. Para enfrentar esta situao, a Igreja desenvolveu sua disciplina, isto , seu mtodo de tratar as ofensas contra a moral, etc. No entanto, as pessoas s eram instrudas quanto aos deveres da vida crist, depois de entrarem na Igreja, em vez de serem antes. Para certos atos julgados imorais, havia penas severas; para ofensas menores, havia penitncia, tais como: confisses pblicas, jejuns e oraes; para as faltas mais graves, havia a excomunho. Por esse tempo, muitssimos cristos sinceros tornaram-se ansiosos por uma vida mais elevada, mais piedosa do que a que existia ao redor deles. Foi por isso que surgiu uma forma de vida que estava destinada a se tornar uma das poderosas foras na histria da cristandade o monarquismo. O que levou o homem a se tornar monges foi o desejo da salvao. Sob dois aspectos, a vida do claustro parecia um meio mais seguro de salvao do que a vida comum dos demais homens. Era uma vida separada do mundo, portanto, pensava-se, livre dos embaraos que a vida crist encontrava na sociedade. Nos primeiro sculos, os cristos viviam numa sociedade pag cheia de tentaes. Depois que a sociedade tornou-se nominalmente crist, continuou por muito tempo praticamente pag. Alem disso, a Europa esteve por muitos sculos, os cristos viviam em uma sociedade pag cheia de tentaes. Depois que a sociedade tornou-se nominalmente crist, continuou por muito tempo praticamente pag. Alem disso, a Europa esteve por muitos sculos em guerra constante. Na Igreja mesmo havia muita maldade. Os que desejavam fortemente uma vida crist mais profunda comearam a pensar que o nico meio para alcana-la seria fugir da vida comum da sociedade. Em segundo lugar, a vida monstica oferecia uma oportunidade de se alcanar santidade pela completa negao dos desejos. Tudo girava em torno do pensamento que o mal estava na matria, inclusive o prprio corpo. Portanto acreditava-se que se podia obter a santidade libertando, at onde possvel, o esprito do corpo. isto se conseguia, negando se ao corpo o que este desejasse. Uma forma muita apreciada de negao pessoal era a da completa pobreza. Chegou-se, assim, a pensar que a verdadeira vida religiosa, tanto para os homens como para as mulheres, seria renunciar a todos os bens, viver em pobres alojamentos, vestir-se sem conforto, alimentar-se muito pouco, dormir pouco, flagelar-se em penitncia, viver em celibato. Desde o segundo sculo havia no oriente, especialmente no Egito, milhares de monges ermites, morando em lugares desertos e vivendo em extrema pobreza. Eram considerados, pela maioria, como homens peculiarmente santos.

28 No 4. sculo, a idia monstica chegou ao ocidente, porm a vida monstica tomou uma forma diferente da do oriente. O monge tpico do oriente era uma solitrio; no ocidente ele era membro de uma sociedade e entravam em comunidades favorveis a vida crist, governadores por uma rgida disciplina. Na parte oriental da igreja, a vida monstica era social, uma vida de irmandade, de fraternidade crist em que todos os bens eram comuns e quase todas as coisas eram feitas em comum. No 4. sculo, a famosa regra de beneditina foi organizada por Bento de Nrsia, na Itlia. Em pouco tempo, em todo o ocidente, ela tornou-se praticamente a lei geral da vida monstica. Bento verificou que a vida dos monges precisava de direo e pureza, e tentou alcanar esses elementos por meio da sua regra ou sistema monstico. Nela, o voto feito pelo monge era por toda vida, de modo que a pessoa morria pelo mundo. Requeria-se o abandono de todas as propriedades. Eram prescritas as virtudes que deveriam cultivar: Abstinncia, obedincia aos superiores, silncio, humildade, etc. Os deveres eram tambm prescritos detalhadamente, dividindo-se o tempo entre o culto, os trabalhos manuais em casa, trabalhos nos campos e estudos. A reforma produzida pela regras disciplinares deu grande popularidades a vida monstica, ensejando o aparecimento de muitos novos mosnteiros que se enchiam, to prontas estivessem as novas edificaes. O monarquismo estavam pronto para realizar a sua grande obra no inicio da idade mdia. (c) A Crena da Igreja O 4. e o 5. sculos foram o principal perodo da histria da igreja no que respeita a manifestao da sua crena. Foi nesta poca que surgiram os credos ainda hoje aceitos pelos cristos e todo o mundo. No perodo precedente, como vimos, Jesus Cristo era o assunto fundamental do pensamento da igreja. A discusso quanto natureza do Cristo cresciam cada vez mais; especialmente no oriente, onde a influncia grega produziu um profundo interesse em questes de doutrina. No comeo do sculo 4., rio, presbtero de Alexandria , ensinou que Cristo nem era homem nem Deus, mas um ser intermedirio entre a divindade e a humanidade. Tal ponto de vista espalhou-se rapidamente no oriente. A disputa sobre este assunto dividiu a igreja e causou mesmo perturbao da ordem pblica. A fim de pacificar os nimo, Constantino convocou o Primeiro Conclio geral da igreja, em Nicia, na sia menor, em 325. Ali Atansio teve uma grande vitria. Ele foi o principal oponente de rio e seu partido. O conclio afirmou a divindade de cristo, pela qual lutou Atansio, e foi declarado que cristo era da mesma substncia que o pai. Foi grande a influncia do imperador na deciso. Ao mesmo tempo ela correspondia com o pensamento de quase todos os bispos. Durante a intensa disputa teolgica no conclio, verificou-se que a maioria dos bispos no era composta de telogos, mas de pastores; e o que influenciou foi o apelo feito por Atansio f, convico deles o resultado da sua experincia crist. Eles criam que o cristo, a quem conheciam como constituiu a maior parte do chamado credo niceno, o qual foi confirmado pelo de calcednia, no sculo seguinte. O ensino deste credo tem sido aceito desde ento por toda a igreja crist.

29 A questo da divindade de cristo, tem sido vitoriosa, A discusso votou-se para o assunto da relao entre sua natureza divina e humana. Foram tremendas as divergncias de opinio que chegaram a provoca divises na igreja. O quarto conclio geral de calcednia, 451, apresentou o pronunciamento final da igreja sobre este assunto, declarado que em cristo as duas naturezas divina e humana existiam em plena integridade. As grandes verdades que so vitais f crist, como as da encarnao e da trindade, foram examinadas e expressas pela igreja e nessa Era dos Conclios. Tais decises tem sido aceitas desde ento pela cristandade. Ao lado desta vitria surgiu um prejuzo, em virtude da tendncias de se pensar que a coisa mais importante no Cristianismo era defender e guardar as definies corretas da verdade crist. A prova de f crist de uma pessoa no era tanto a sua lealdade a Cristo, em esprito e pelo comportamento moral, se no a sua aquiescncia ao que a igreja declarava ser a doutrina correta, isto , a sua ortodoxia. Quem no fosse considerado ortodoxo era expulso como herege, embora sua vida fosse um testemunho continuo de lealdade de Cristo. Dois grandes homens que influenciaram o pensamento de toda a vida da igreja foram Jernimo e Agostinho. Jernimo nasceu em 340, na Pannia, nas proximidades da atual Viena. Converteu-se ao Cristianismo com mais ou menos 25 anos de idade, quando era estudante em Roma. Depois de viver algum tempo em companhia de alguns amigos, dedicou-se aos estudos das escrituras prtica monstica, indo passar vrios anos, feito monge, num deserto perto da Antioquia. Ali passou muitas dificuldades, mas sempre estudando. Indo para Roma, continuou os seus estudos. Em razo ao seu grande amor ao Cristianismo, poder intelectual e extraordinrio raciocnio, exerceu grande influncia nas aristocracia romana, particularmente em algumas mulheres da nobreza. Em 385, o entusiasmo pela vida monstica o levou a viver numa cela de certo mosteiro em Belm. Ali viveu at sua morte em 420, estudando e escrevendo. A principal de suas obras foi traduo que fez da Bblia. O velho testamento foi pela primeira vez vertido para o latim, diretamente do hebraico, e a ento existe traduo latina do novo testamento foi cuidadosamente revista. Desse modo, Jernimo deu ao mundo uma das verses das Escrituras mas largamente usadas, que foi depois conhecida como a vulgata, a Bblia da idade mdia. Revista depois, ainda hoje aceita pela igreja Catlica como texto autorizado das Escrituras. Em adio a este trabalho, Jernimo escreveu comentrios, tratados de teologia, livros em defesa da vida monstica e inmeras cartas. Agostinho escreveu sua vida de jovem no seu maravilhoso livro titulado Confisses . Nasceu na morte da frica em 345. Sua me foi uma mulher da vida crist muito profunda. Ele, porm , no seguiu o exemplo da mocidade. Aos trinta anos era um mestre brilhante de retrica e oratria em Cartago. No obstante ter medicado em bastante assuntos religiosos, era, praticamente, irreligioso, e sua vida era intil e vergonhosa, segundo os padres morais existentes. Da frica foi a Romana para ensinar, e da a Milo. Nesta cidade, a pregao de Ambrsio, o nobre bispo, abalou-o profundamente. Comeou a estudar o cristianismo, e quase se tornou persuadido.

30 Mas ainda no estava pronto para seguir inteiramente a Cristo. Um dia, seu amigo cristo falou-lhe sobre Antnio, o famoso monge e egpcio, e como dois seus amigos tinha, se convertido pelo estudo da vida do mesmo. Noutra ocasio, estranhamente abalado, correu para o jardim de sua casa, ouvindo ali uma criana do vizinho dizer-lhe Tolle, Leger (=toma e l). Tomou um volume das epistolas de Paulo, e ,ao abri-lo, seus olhos encontraram romanos 13:13,14. Isto o fez decidir- se por Cristo, e entre 387 foi recebido igreja. Entre Paulo e Lutero, o cristianismo teve em Agostinho o maior de seus mestres, cuja influncia aparece em ambas s partes da Cristandade: No protestantismo e no Catolicismo. Oito anos aps sua converso, Agostinho tornou-se bispo de hipona, uma das mais importantes cidades Africanas. . Ali passou trinta e cinco anos devotados ao seu povo e escrevendo livros sobre vrios aspectos da verdade crist. Teve srias dificuldades com os donatistas, grande corpo de cristos que estavam separados da Igreja Catlica, e que possua igreja prpria. A separao realizara-se muitos anos atrs, porque os donatistas pensavam que a Igreja fora excessivamente tolerantes para com os que negavam a f nos tempos de perseguio, e que, por isso, tinha perdido o carter da verdadeira Igreja. Pela sua argumentao a influncia pessoal, Agostinho ganhou muitos deles. Infelizmente, a insensatez e a violncia de outros o levaram a sancionar o uso da fora imperial para compelir os donatistas deu origem a sua influncia doutrina sobre a Igreja, doutrina que foi fundamentalmente importante para a Igreja Catlica, tanto na Idade Mdia como na atual. (d) O culto na Igreja A liberdade que o cristianismo desfrutava e o desenvolvimento de suas riquezas deram origem a importantes formas de culto seguiram certas linhas j pr-estabelecidas. Surgiram muitas liturgias e formas de orao. O elemento musical do culto tornou-se mais notvel. Foram introduzidos coros na Igreja, cnticos e antfonas. A parecem nesse tempo muitos hinos, entre os quais, no 4. sculo, o Te Deum. Os tempos tornaram-se maiores e cheios de decoraes. Desenvolveu-se a arquitetura, as paredes e as colunas das igrejas combinaram-se de pinturas, mosaicos e desenhos. Os cultos tornaram-se mais solenes e impressionantes. Agostinho narra como ficou impressionado na magnfica Igreja de Ambrsio, em Milo, com a msica solene, com o ritual, com a reverncia das multides, e com a notvel pregao do bispo. A celebrao da Eucaristia tornou-se uma cerimnia importante, conformas fixas, com muitas atenes dispensadas aos detalhes, tornando enfticas a idia de que o sacramento era um sacrifcio oferecido pelo sacerdote a favor do povo, sacrifcio eficaz para salvao. No obstante este fato tornar a pregao menos importante, colocando-a em planos secundrios, houve nessa poca grandes pregadores, entre os quais Ambrsio, que teve a coragem de proibir o imperador Teodsio de entrar na Igreja at que se arrependesse do massacre dos Tessalonicense; e Joo de Constantinopla, cuja eloqncia lhe granjeou o ttulo de Crisstomo ou boca de ouro. O Paganismo afetou o culto cristo nesse sculo, porque a igreja viveu no meio desse paganismo at 400 d.C., e tambm porque, depois de Constantino muitssimos pagos entraram a igreja, sem converso.

31 O culto dos santos um exemplo frisante dessa tendncia. Era natural que se tributasse venerao aos mrtires e a outros homens e a mulheres , famosos por sua santidade. Para essa gente que estava acostumada aos deuses das suas cidades e aos seus lugares sagrados, e que no estava bastante cristianizada, a venerao dos santos transformou-se rapidamente em adorao. Os santos passaro a ser considerados como pequenas divindades cuja intercesso era valiosa diante de Deus. Os lugares onde nasceram e viveram passaro a ser considerados santos. Surgiram as peregrinaes. Comearam a venerar relquias, partes de corpos e objetos que pertenceram aos santos e a tributar a esses objetos poderes miraculosos. Tudo isso foi fcil para aqueles que ainda persistiam nas superties do paganismo. A idia do culto dos santos foi mais acentuada no caso da Virgem Maria. Ao fim deste perodo, j o culto da Virgem estava vitorioso. (e) A Organizao da Igreja (CONCLIOS GERAIS) 1. Como a Igreja se tornou Catlica. Neste perodo apareceu um governo geral da Igreja Catlica nos conclios gerais ou ecumnicos. A autoridade desses conclios era exercida pela publicao dos credos que decidiam quanto doutrina provado pela Igreja Catlica. Tais conclios eram, em teoria, compostos de todos os bispos, embora nem todos estivessem presentes aos conclios do 4 e 5 sculos. O engrandecimento do oficio do bispo tinha ido to longe que se considerada a Igreja constituda somente deles; a Igreja era o bispo e aqueles em comunho com ele. Quando se reuniam todos bispos, julgavam-se que um conclio de bispos tinham a direo do Esprito Santo prometido Igreja. Poder do Bispo. Temos visto na Igreja Catlica um processo de centralizao de autoridade co o aparecimento do bispo com carter monrquico, isto , do bispo que a principio dirigente de uma Igreja e depois aparece como governador de uma diocese. Por essa poca a idia de diocese tomou grande desenvolvimento, tornando cada vez maio o poder dos bispos. Mais adiante, os bispos metropolitanos, e cada um exercia superintendncia sobre os demais bispos e suas diocese. Com um passo mais adiante na centralizao, cinco bispo se levantaram acima dos demais, e foram considerados patriarcas, e que eram: o bispo de Roma. O de Constantinopla, o de Alexandria, o de Antioquia e de Jerusalm. Pelo ano 400 j se verifica o completo desenvolvimento da Igreja Catlica, com sua organizao e hierrquica completa, o clero exercendo demasiado domnio espiritual sobre o povo, os conclios criando leis eclesisticas, o culto impressionante e cheios de mistrio, seus dogmas autoritrios e a condenao, como hereges, dos cristos que no concordavam ou no se conformam com eles. Alem disso, foi aceita a doutrina de Agostinho a respeito da Igreja Catlica. Ele cria que os primeiros bispos da Igreja foram escolhidos pelos apstolos.

32 Estes receberam de Jesus os dons do Esprito Santo para cuidarem da Igreja e legaram esses dons aos seus sucessores, os primeiros bispos, que receberam seus encargos numa sucesso regular, possuindo, todos eles, desde o primeiro, a plenitude desses dons do Esprito. Por essa razo somente eles preservaram a f pura e original e que conduz salvao. Mais ainda:unicamente eles foram os guardas do verdadeiro sacramento, por meio dos quais vm os homens divina graa salvadora. Agostinho ensinava que a verdadeira Igreja se caracterizava por seus bispos possurem a legitima sucesso apostlica. Somente na Igreja Catlica, a Igreja desses bispos, havia salvao. 2. Engrandecimento do Bispo de Roma Ainda um novo passo foi dado para a centralizao do governo da Igreja. Entre os cinco patriarcas, os dois mais importantes eram: o de Roma e o de Constantinopla, as duas principais cidades do Imprio. Muitas foram s causas que contriburam para o engrandecimento do bispo da antiga capital do mundo. Aa principal que ele era o bispo da antiga capital do mundo inteiro. Inevitavelmente, seu bispo dispunha de um poder que nenhum outro poderia conseguir. Outra causa foi o costume mais e mais acentuado de se apelar para o bispo de Roma nas disputas eclesisticas. Tal habito no deixava deter seu apoio na influncia e prestigio com os imperadores cercavam esses bispos. A partir do sculo 5, a conhecida pretenso petrina, ou papal, veio a ser geralmente aceita. Essa pretenso baseada na s